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RELATÓRIO & CONTAS

2021
RECREDIT
Índice

MENSAGEM DO PCA .............................................................................................................................................................. 8


PREÂMBULO........................................................................................................................................................................... 9
1. SUMÁRIO EXECUTIVO ..................................................................................................................................................... 11
2. MODELO DE GOVERNAÇÃO CORPORATIVA ................................................................................................................... 13
2.1. Estrutura do Modelo de Governação ....................................................................................................................... 13
2.2. Estrutura Orgânica .................................................................................................................................................... 13
2.3. Nomeação do Novo Conselho de Administração ..................................................................................................... 14
3. CAPITAL HUMANO .......................................................................................................................................................... 17
3.1. Caracterização do Efectivo em 2021......................................................................................................................... 17
3.2. Número de Colaboradores ....................................................................................................................................... 17
3.3. Distribuição por Género ........................................................................................................................................... 17
3.4. Distribuição de Colaboradores com Cargos de Gestão por Género ......................................................................... 18
3.5. Distribuição por Idade .............................................................................................................................................. 18
3.6. Antiguidade dos Colaboradores................................................................................................................................ 18
3.7. Nível Académico ....................................................................................................................................................... 19
3.8. Distribuição do Quadro por Áreas ............................................................................................................................ 19
3.9. Mapa de Funções ...................................................................................................................................................... 20
3.10. Capacitação de Quadros ........................................................................................................................................... 21
4. IDENTIDADE CORPORATIVA ........................................................................................................................................... 23
4.1. Princípios Estratégicos .............................................................................................................................................. 23
4.2. Responsabilidade Social ............................................................................................................................................ 24
5. ENQUADRAMENTO MACROECONÓMICO ...................................................................................................................... 27
5.1. Contexto Internacional ............................................................................................................................................. 27
5.1.1. Evolução do PIB Global & das Economias ................................................................................................................. 27
5.1.2. Inflação ..................................................................................................................................................................... 28
5.2. Contexto Nacional .................................................................................................................................................... 29
5.2.1. Evolução do PIB Nacional.......................................................................................................................................... 29
5.2.2. Inflação ..................................................................................................................................................................... 30
5.2.3. Dívida Titulada .......................................................................................................................................................... 30
6. GESTÃO DE RISCO ........................................................................................................................................................... 32
6.1. Principais Desenvolvimentos em 2021 ..................................................................................................................... 32
6.2. Governo e Organização da Gestão do Risco ............................................................................................................. 32
6.3. Modelo de Gestão de Risco ...................................................................................................................................... 33
6.4. Categorias de Risco ................................................................................................................................................... 33
6.4.1. Riscos Financeiros ..................................................................................................................................................... 33
6.4.2. RISCO DE CRÉDITO .................................................................................................................................................... 34
6.4.2.1. Exposição por tipo de instrumento financeiro ....................................................................................................... 34
6.4.2.2. Exposição por estágio de risco ............................................................................................................................... 35
6.4.2.3. Exposição cambial .................................................................................................................................................. 35
6.4.3. Riscos Não Financeiros ............................................................................................................................................. 35
6.4.3.1 Metodologia de Gestão do Risco Operacional ......................................................................................................... 35
6.4.3.2 Medidas de Detecção de Eventos de Risco .............................................................................................................. 36
6.4.3.3 Metodologia de Classificação de Eventos de Risco Operacional .............................................................................. 36
6.4.3.4 Risco Tecnológico...................................................................................................................................................... 36
6.4.3.5 Risco de Compliance ................................................................................................................................................. 37
6.4.3.6 Compliance Regulatório ............................................................................................................................................ 37
6.4.3.7 Compliance PBC/FT-PADM ....................................................................................................................................... 38
1. DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS .................................................................................................................................... 40
2. NOTAS ÀS CONTAS ......................................................................................................................................................... 45
1. Nota Introdutória ........................................................................................................................................................... 45
2. Políticas Contabilísticas .................................................................................................................................................. 45
2.1. Bases de Preparação ................................................................................................................................................. 45
2.2. Comparabilidade da Informação e Reexpressão ...................................................................................................... 46
2.3. Especialização dos Exercícios .................................................................................................................................... 50
2.4. Transacções em Moeda Estrangeira ......................................................................................................................... 50
2.5. Instrumentos Financeiros ......................................................................................................................................... 50

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RECREDIT
2.5.1. Classificação .............................................................................................................................................................. 50
2.5.2. Activos Financeiros ao Custo Amortizado................................................................................................................. 51
2.5.3. Activos Financeiros ao Justo Valor Através de Outro Rendimento Integral ............................................................. 52
2.5.4. Activos Financeiros ao Justo Valor Através de Resultados ....................................................................................... 52
2.5.5. Crédito a Clientes ...................................................................................................................................................... 53
2.5.6. Passivos Financeiros ................................................................................................................................................. 57
2.5.7. Reconhecimento Inicial e Mensuração Subsequente ............................................................................................... 57
2.5.7.1. Mensuração ao Justo Valor .................................................................................................................................... 57
2.5.7.2. Identificação e Mensuração de Imparidade .......................................................................................................... 58
2.5.8. Compensação de Instrumentos Financeiros ............................................................................................................. 59
2.6. Instrumentos de Capital ........................................................................................................................................... 59
2.6.1. Desreconhecimento .................................................................................................................................................. 59
2.7. Outros Activos Tangíveis ........................................................................................................................................... 60
2.7.1. Reconhecimento e Mensuração ............................................................................................................................... 60
2.7.2. Custos Subsequentes ................................................................................................................................................ 60
2.7.3. Amortizações ............................................................................................................................................................ 60
2.8. Activos intangíveis .................................................................................................................................................... 60
2.8.1. Software .................................................................................................................................................................... 60
2.8.2. Encargos com Projectos de Investigação e Desenvolvimento .................................................................................. 60
2.9. Activos não Correntes Detidos para Venda (IFRS 5) ................................................................................................. 61
2.10. Benefícios aos Empregados ...................................................................................................................................... 61
2.11. Reconhecimento de Juros ......................................................................................................................................... 62
2.12. Normas contabilísticas e interpretações recentemente emitidas ............................................................................ 62
2.12.1. Alterações voluntárias de políticas contabilísticas ................................................................................................... 62
2.12.2. Novas normas e interpretações aplicáveis ao exercício ........................................................................................... 62
2.12.3. Novas normas e interpretações já emitidas, que irão entrar em vigor em exercícios futuros ................................. 63
3. Principais Estimativas e Julgamentos Utilizados na Elaboração das Demonstrações Financeiras ................................. 65
3.1. Justo Valor dos Instrumentos Financeiros e Outros Activos e Passivos Financeiros Valorizados ao Justo Valor ..... 66
3.2. Activos Financeiros ao Justo Valor Através de Outro Rendimento Integral ............................................................. 67
4. Impostos sobre os Lucros e Impostos Diferidos ............................................................................................................. 67
4.1. Imposto sobre os Lucros (IAS 12) .............................................................................................................................. 67
4.2. Imposto Corrente...................................................................................................................................................... 68
5. Caixa e Equivalentes de Caixa......................................................................................................................................... 68
6. Activos Financeiros ao Justo Valor através de Outro Rendimento Integral ................................................................... 69
7. Activos Financeiros ao Custo Amortizado ...................................................................................................................... 71
8. Crédito a Clientes ........................................................................................................................................................... 71
9. Activos Fixos Tangíveis ................................................................................................................................................... 72
10. Activos Intangíveis .......................................................................................................................................................... 73
11. Outros Activos ................................................................................................................................................................ 74
12. Outros Passivos .............................................................................................................................................................. 75
13. Capital Próprio ................................................................................................................................................................ 77
14. Mapa de Registo dos Activos e Passivos ao Justo Valor em 31 de Dezembro de 2021 e 2020 ...................................... 78
15. Margem Financeira......................................................................................................................................................... 81
16. Resultados Cambiais ....................................................................................................................................................... 82
17. Resultados de alienação de outros activos .................................................................................................................... 82
18. Mapa de Outros Resultados de Exploração ................................................................................................................... 83
19. Custo com o Pessoal ....................................................................................................................................................... 83
20. Fornecimento e Serviços de Terceiro ............................................................................................................................. 84
21. Imparidades de Crédito a Clientes e de Activos Financeiros .......................................................................................... 84
22. Impostos sobre os Lucros ............................................................................................................................................... 85
23. Eventos Subsequentes ................................................................................................................................................... 86
3. CONCLUSÃO ................................................................................................................................................................... 87

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RECREDIT

Índice de Figuras
Figura 1 – Organigrama da RECREDIT .................................................................................................................................. 14
Figura 2 – Logomarca da RECREDIT ..................................................................................................................................... 23
Figura 3 – Estrutura de governação de riscos ...................................................................................................................... 32
Figura 4 – Categorias de risco .............................................................................................................................................. 33

Índice de Gráficos
Gráfico 1 – N.º de colaboradores por grupos funcionais ..................................................................................................... 17
Gráfico 2 – Distribuição por género ..................................................................................................................................... 18
Gráfico 3 – Distribuição por género dos cargos de gestão.................................................................................................. 18
Gráfico 4 – Distribuição por idade ....................................................................................................................................... 18
Gráfico 5 – Antiguidade dos colaboradores ......................................................................................................................... 19
Gráfico 6 – Nível académico................................................................................................................................................. 19
Gráfico 7 – Distribuição do quadro de pessoal por áreas .................................................................................................... 19
Gráfico 8 – Distribuição por horas de formação .................................................................................................................. 21
Gráfico 9 – Projecções do crescimento económico ............................................................................................................. 27
Gráfico 10 – Revisão das projecções do crescimento económico para 2022 e 2023 .......................................................... 27
Gráfico 11 – Mudança na inflação, Dezembro de 2020 ....................................................................................................... 28
Gráfico 12 – Evolução do %. PIB ........................................................................................................................................... 29
Gráfico 13 – Dívida titulada %. PIB ....................................................................................................................................... 30
Gráfico 13 – Exposição Cambial ........................................................................................................................................... 35

Índice de Tabelas
Tabela 1 – Estrutura funcional ............................................................................................................................................. 20
Tabela 2 – Exposição do risco por tipo de instrução financeiro em 31 de Dezembro de 2021 ........................................... 34
Tabela 3 – Exposição do risco por estágio em 31 de Dezembro de 2021 ............................................................................ 35
Tabela 4 – Metodologia de classificação de eventos de risco operacional ......................................................................... 36
Tabela 5 – Balanço ............................................................................................................................................................... 40
Tabela 6 – Demonstração de resultados .............................................................................................................................. 41
Tabela 7 – Demonstração de resultados e outro rendimento integral ................................................................................ 41
Tabela 8 – Demonstrações dos fluxos de caixa para o período findo em 31 de Dezembro de 2021 e 2020 ....................... 42
Tabela 9 – Demonstração das alterações nos capitais próprios para o período findo em 31 de Dezembro de 2021 e 2020
............................................................................................................................................................................................. 43
Tabela 10 – Estrutura accionista .......................................................................................................................................... 45
Tabela 11 – Taxa de câmbio em 31 de Dezembro de 2019 e 2020 ...................................................................................... 46
Tabela 12 – Mapa do período de vida útil do imobilizado corpóreo ................................................................................... 60
Tabela 13 – Caixa e equivalentes de caixa em 31 de Dezembro de 2021 e 2020 ................................................................ 68
Tabela 14 – Activos financeiros ao justo valor através de outro rendimento integral em 31 de Dezembro de 2021 e 2020
............................................................................................................................................................................................. 69
Tabela 15 – Detalhes dos Activos financeiros ao justo valor através de outro rendimento integral em 31 de Dezembro de
2021 ..................................................................................................................................................................................... 70
Tabela 16 – Detalhes dos Activos financeiros ao justo valor através de outro rendimento integral em 31 de Dezembro de
2020 ..................................................................................................................................................................................... 70
Tabela 17 – Activos financeiros ao custo amortizado a 31 de Dezembro de 2021 e 2020 .................................................. 71
Tabela 18 – Crédito a clientes em 31 de Dezembro de 2021 e 2020 ................................................................................... 71
Tabela 19 – Distribuição do Crédito a Clientes por sector de actividade a data de 31 de Dezembro de 2021 e 2020 ....... 72
Tabela 20 – Distribuição do Crédito a Clientes por tipo de processo a data de 31 de Dezembro de 2021 e 2020 ............. 72
Tabela 21 – Variações ocorridas nos meios do activo imobilizado corpóreo a data de 31 de Dezembro de 2021 e 2020 . 73
Tabela 22 – Variações ocorridas nos meios do activo imobilizado corpóreo a data de 31 de Dezembro de 2020 e 2019 . 73
Tabela 23 – Mapa dos activos intangíveis em 31 de Dezembro de 2021 e 2020................................................................. 74
Tabela 24 – Mapa dos activos intangíveis em 31 de Dezembro de 2020 e 2019................................................................. 74
Tabela 25 – Outros activos correntes em 31 de Dezembro de 2021 e 2020 ....................................................................... 74
Tabela 26 – Mapa resumo de outros passivos em 31 de Dezembro de 2021 e 2020 .......................................................... 75
Tabela 27 – Mapa de passivos por impostos correntes em 31 de Dezembro de 2021 e 2020 ............................................ 76
Tabela 28 – Mapa de Provisões em 31 de Dezembro de 2021 e 2020 ................................................................................ 76
Tabela 29 – Mapa de outros passivos correntes em 31 de Dezembro de 2021 e 2020 ...................................................... 76

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RECREDIT
Tabela 30 – Estrutura dos capitais próprios em 31 de Dezembro de 2020 e 2021 ............................................................. 77
Tabela 31 – Mapas de registo dos activos e passivos ao justo valor em 31 de Dezembro de 2021 e 2020 ........................ 79
Tabela 32 – Mapa de registo da margem financeira em 31 de Dezembro de 2021 e 2020 ................................................ 81
Tabela 33 – Mapa de registo de resultados cambiais em 31 de Dezembro de 2021 e 2020 ............................................... 82
Tabela 34 – Resultados de alienação de outros activos em 31 de Dezembro de 2021 e 2020 ........................................... 82
Tabela 35 - Mapa de registos de outros resultados de exploração 31 de Dezembro de 2021 e 2020 ................................ 83
Tabela 36 – Mapa de registo dos custos com pessoal em 31 de Dezembro de 2021 e 2020 .............................................. 83
Tabela 37 – Mapa de registo dos custos com fornecimentos e serviços de terceiros em 31 de Dezembro de 2021 e 2020
............................................................................................................................................................................................. 84
Tabela 38 – Imparidades de Crédito a Clientes e de Activos Financeiros em 31 de Dezembro de 2021............................. 84
Tabela 39 – Imparidades de Crédito a Clientes e de Activos Financeiros em 31 de Dezembro de 2020............................. 85
Tabela 40 – Mapa das demonstrações de resultados fiscais em 31 de Dezembro de 2021 e 2020 .................................... 86

Relatório & Contas 2021 5


RECREDIT

Siglas e Acrónimos

ADM Administrador
AQA Avaliação da Qualidade dos Activos
BNA Banco Nacional de Angola
BNI Banco de Negócios Internacional
BPC Banco de Poupança e Crédito
CA Conselho de Administração
CE Comissão Executiva
CF Conselho Fiscal
CSM Contractual Service Margin
DAP Departamento de Administração e Património
DCF Departamento de Contabilidade e Finanças
DGA Departamento de Gestão de Activos
DRC Departamento de Recuperação de Créditos
ECL Expected Credit Loss
FMI Fundo Monetário Internacional
FVTOCI Fair Value Through Other Comprehensive Income
FVTPL Fair Value Through Profit and Loss
IAS International Accounting Standards
IASB International Accounting Standards Board
IFRIC International Financial Reporting Interpretations Committee
IFRS International Financial Reporting Standards
ISIN International Securities Identification Number
Kz Kwanzas
LIBOR London Interbank Offered Rate
mKz Milhares de Kwanzas
mM Mil milhões
OGE Orçamento Geral do Estado
OIC Organismo de Investimento Colectivo
OT Obrigações do Tesouro
OTC Over-the-counter (Mercado fora da bolsa)
PCA Presidente do Conselho de Administração
PCF Presidente do Conselho Fiscal
PD Past Due
SFA Sistema Financeiro Angolano
USD Dólar Norte Americano

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RECREDIT

Órgãos Sociais

Conselho de Administração

Valter Rui Dias de Barros


Presidente do Conselho de Administração

Mirian Estrela Mendes Custódio Ferreira


Administradora Executiva

Edna Judite Quiosa da Silveira Caposso


Administradora Executiva

Conselho Fiscal

Raquel Vanda Pires da Costa


Presidente do Conselho Fiscal

Sónia Isabel da Costa Carvalho Guilherme


Vogal

Hermenegildo Franklin Mimoso Kosi


Vogal

Auditores Externos

Ernst & Young Angola, Lda

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RECREDIT

MENSAGEM DO PCA
O ano de 2021 continuou marcado pelo impacto da pandemia do COVID -19 no mundo de uma maneira
geral e em Angola, tendo se reflectido na vida das empresas e das famílias. Alinhado à um quadro de
maior controlo da situação pandémica, o governo começou a introduzir medidas para aliviar as restrições
impostas pela pandemia que começaram a ter reflexo na economia.

A actividade económica iniciou em 2021 uma trajectória de recuperação, com perspectivas para os
próximos anos, muito mais animadoras. Segundo dados do INE, depois de vários anos de recessão, o PIB
voltou a crescer em 2021, tendo registado um crescimento de 0,7% em relação ao ano de 2020.

O ambiente de retoma económica reflectiu-se também na vida dos clientes/mutuários da RECREDIT,


tendo se registado um aumento significativo dos pagamentos dos seus créditos, o que possibilitou a
RECREDIT ultrapassar os objectivos de recuperação definidos para o ano 2021.

Com o abrandar da pandemia, perspectiva-se uma trajectória de recuperação da economia mundial que
poderá, contudo, ser condicionada pelos efeitos do conflito entre a Ucrânia e a Rússia, principalmente
devido ao aumento da incerteza e da instabilidade nos mercados financeiros internacionais e das
restrições nas cadeias de produção, com um impacto significativo na economia angolana devido a ainda
elevada dependência das importações.

A RECREDIT terminou o ano de 2021 com uma recuperação de mKz 21 836 681, resultado de um
extraordinário desempenho das equipas de recuperação em particular e dos colaboradores em geral.
Demonstrando a resiliência do modelo de actuação da empresa e dos seus processos operacionais,
71,54% desta recuperação foi em activos imobiliários, dados em cumprimento, o que coloca um outro
desafio às equipas da RECREDIT em 2022, nomeadamente, a rentabilização, a manutenção e a alienação
destes activos.

Em 2022, para além da RECREDIT continuar empenhada e focada na maximização da recuperação do


crédito malparado, terá também de perceber o sector imobiliário, de maneira a reduzir a elevada exposição
a este sector e maximizar a monetização dos activos imobiliários registados no seu balanço.

Apesar da pandemia se encontrar mais controlada, a RECREDIT continua preocupada com a proteção
dos colaboradores e das suas famílias, tendo melhorado a cobertura do seguro de saúde dos mesmos.

Destacamos também, o reforço de algumas áreas da empresa com novos colaboradores, nomeadamente,
as áreas de controlo de gestão, de maneira a incrementar os níveis de controlo interno dentro da empresa.

Em 2022, o Conselho de Administração continuará a ter os colaboradores no centro das suas atenções,
promovendo políticas de capacitação e desenvolvimento pessoal dos mesmos, condição fundamental para
continuar a vê-los crescer com competências técnicas e comportamentais para enfrentarem novos
desafios considerando o limite de vigência da RECREDIT.

Os desafios com que a RECREDIT se depara no presente ano são imensos, mas está ciente que com
uma gestão rigorosa e prudente, a RECREDIT continuará a sua trajectória de crescimento e rendibilidade,
com o objectivo de maximizar a devolução ao tesouro nacional dos recursos recuperados no âmbito da
sua actividade.

O Conselho de Administração está confiante que continuará a merecer o indispensável suporte dos nossos
accionistas, clientes, colaboradores e de outros stakeholders e agradece a todos pelo apoio e confiança
dedicado a este Conselho de Administração e a toda família RECREDIT no ano de 2021.

Valter Rui Dias de Barros


Presidente do Conselho de Administração

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RECREDIT

PREÂMBULO
A RECREDIT – Gestão de Activos, S.A. foi constituída aos 04 de Agosto de 2016,
pelo Governo de Angola, com o propósito especial de sanear o crédito malparado do Banco
de Poupança e Crédito. A RECREDIT é uma sociedade anónima de direito privado e de
capitais públicos que prossegue o objectivo de recuperar, reestruturar e revitalizar activos,
nomeadamente, creditícios.

Missão
A RECREDIT tem como principal missão a
aquisição e recuperação, de modo exclusivo e
com propósito específico, de crédito malparado
pertencente ao Banco de Poupança e Crédito,
pelo seu justo valor de mercado, num período
determinado de 10 anos e, acessoriamente, a
gestão dos activos advenientes da sua
recuperação.

Visão
A RECREDIT pretende ser uma
sociedade de referência, ao nível
nacional e internacional, na recuperação
de créditos malparados, contribuindo
para a estabilidade do sistema
financeiro e desenvolvimento da
economia nacional.

Valores
“Compromisso Ético; Transparência;
Excelência; Eficácia; Orientação para
Resultados”.

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RECREDIT

Sumário Executivo

Relatório & Contas 2021 10


RECREDIT

1. SUMÁRIO EXECUTIVO
No exercício de 2021 assistiu-se a um clima económico-financeiro de retoma, demonstrando
por um lado, a confiança dos agentes económicos e por outro reflectindo a evolução do preço
do barril de petróleo. O desagravar das medidas restritivas de contenção da pandemia
proporcionaram uma melhor prestação dos sectores público e privado.
O Conselho de Administração da RECREDIT indicou, como meta para 2021, a recuperação
de mKz 19 853 486, implementando uma estratégia cuidada e focada. Nesse quesito, foi
recuperado o montante de mKz 21 836 681 de crédito adquirido, superando assim a
expectativa da meta anual em cerca de 9,99%.
Importa destacar a constituição formal do Comité de Estratégia e Monitorização da
RECREDIT em Maio, presidido por Sua Excelência, Ministra das Finanças, Dra. Vera Daves
de Sousa, coadjuvada pela Presidente do Conselho de Administração da Comissão do
Mercado de Capitais e um órgão independente. O CEM tem entre as suas atribuições a
supervisão da actuação da RECREDIT e, de igual modo, a definição das directrizes de
negociação dos créditos, impostos ao Conselho de Administração da RECREDIT.
O início de funções daquele órgão permitiu a aprovação dos critérios de negociação, dotando
o Conselho de Administração de ferramentas de parametrização da sua actuação, bem como
a aprovação dos Planos Estratégico e de Negócios da instituição.
A RECREDIT gerou um resultado líquido de mKz 11 631 940, tendo assim alcançado uma
recuperação considerável face ao período homólogo.
Os Proveitos da Recuperação do Crédito tiveram um incremento de 1119% em relação a
2020. Os mesmos tiveram um impacto sobre a Margem Financeira na ordem de 20% e
consequentemente contribuíram para o aumento do Activo.
Considerando a redução do stock do crédito em incumprimento, resultante da negociação e
celebração de acordos com os devedores da nossa carteira, foram reconhecidas imparidades
da primeira carteira em 100% e, da segunda carteira na ordem dos 88% tendo em conta as
garantias prestadas e os pagamentos efectuados pelos mutuários. Para o fecho do exercício
em 2021 e 2020, o valor líquido da carteira cifrou-se em Kz 5 736 509 e mKz 10 741 511,
respectivamente.
Quanto aos custos com o pessoal, houve um incremento em 24,68% resultante das novas
nomeações, contratação de novos colaboradores e alteração dos membros do Conselho de
Administração.

Relatório & Contas 2021 11


RECREDIT

Modelo de Governação Corporativa

Relatório & Contas 2021 12


RECREDIT

2. MODELO DE GOVERNAÇÃO CORPORATIVA


2.1. Estrutura do Modelo de Governação

Assembleia Geral
A Assembleia Geral da RECREDIT é o órgão constitutivo e deliberativo da sociedade com
poderes previstos pelo estatuto e na lei.
Integrantes:
 Um Presidente; e
 Uma Secretária de Mesa.

Conselho de Administração
O Conselho de Administração da RECREDIT é o órgão responsável pela gestão estratégica
e governance da Empresa.
Integrantes:
 Um Presidente; e
 Dois Administradores Executivos.

Conselho Fiscal
O Conselho Fiscal da RECREDIT é o órgão responsável pelo controlo da legalidade,
regularidade e boa gestão financeira e patrimonial da instituição.
Integrantes:
 Um Presidente; e
 Dois Vogais.

2.2. Estrutura Orgânica


Por deliberação do Conselho de Administração, a RECREDIT efectuou a seguinte
reestruturação orgânica:
 Alterou de Gabinete para Direcção de Assessoria Jurídica e Contencioso, com a
criação de dois novos Departamentos, nomeadamente: Departamento de Assessoria
Jurídica e Departamento de Contencioso;
 Instituiu a figura de Director Coordenador, que além de coordenar as Direcções de
Desenvolvimento e Negócios, Assessoria Jurídica e Contencioso e o Gabinete de
Risco, presta assessoria ao Conselho de Administração, respondendo directamente
ao Conselho de Administração;
 Criou, de acordo as boas práticas de governance, o Gabinete de Planeamento e
Controlo.
Relatório & Contas 2021 13
RECREDIT

Deste modo, após reformulações supras, a estrutura organizacional reflecte-se na figura


seguinte:

Figura 1 – Organigrama da RECREDIT

2.3. Nomeação do Novo Conselho de Administração

Por deliberação unânime por escrito, aos 29 de Outubro de 2021, os accionistas da


RECREDIT, nomearam os seguintes membros:
1. Recondução do presidente do Conselho de Administração — Valter Rui Dias de
Barros;
2. Nomeação de Administradoras Executivas:
a. Mirian Estrela Mendes Custódio Ferreira;
b. Edna Judite Quiosa da Silveira Caposso.

Na sequência, foi ajustada e actualizada a distribuição dos pelouros, para o normal exercício
das funções do CA, da seguinte forma:
Presidente do Conselho de Administração, Dr. Valter Barros:
 Gabinete de Apoio ao Conselho de Administração (GACA);
 Direcção de Desenvolvimento e Negócios (DDN);
 Gabinete de Recursos Humanos (GHR); e
 Gabinete de Risco (GR).
Administradora Executiva, Dr.ª Edna Caposso:
 Gabinete de Auditoria Interna (GAI);
 Gabinete de Compliance (GC);
 Direcção de Assessoria Jurídica e Contencioso (DAJC).

Relatório & Contas 2021 14


RECREDIT

Administradora Executiva, Dr.ª Mirian Ferreira:


 Direcção Administrativa e Financeira (DAF);
 Gabinete de Planeamento e Controlo (GPC);
 Gabinete de Tecnologia e Sistemas de Informação (GTSI);
 Gabinete de Organização e Comunicação Institucional (GOCI).

Relatório & Contas 2021 15


RECREDIT

Capital Humano

Relatório & Contas 2021 16


RECREDIT

3. CAPITAL HUMANO
3.1. Caracterização do Efectivo em 2021

A Pandemia da COVID-19 mudou a dinâmica mundial corporativa, as relações sociais e de


trabalho e propiciou o surgimento do mundo BANI (frágil, ansioso, não linear e
incompreensível). A RECREDIT, diante da evolução do quadro epidemiológico, manteve a
dinâmica de trabalho adoptada desde o surgimento da Pandemia, que primou pela
valorização do capital humano a sua estabilidade emocional, para manter os níveis de
produtividade na empresa.
De modo assessório, a RECREDIT, intensificou as suas acções de prevenção e segurança
de todo colectivo de colaboradores, e assim, reduziu o nível de instabilidade e insegurança
emocional geradas pelo quadro pandémico.
A luz do supra, cogita-se que as estratégias de actuação implementadas pela RECREDIT e
o empenho de cada integrante da equipa evidenciado com bastante zelo, garantiram a
continuidade do negócio e a maximização dos resultados.
Outrossim, reitera-se que, o valor do capital humano da RECREDIT continua assente na sua
capacidade nata de resiliência, de adaptação a mudança, de flexibilidade e iniciativa, de
buscar soluções para resolver situações anómalas, e assim, continuar a garantir o
cumprimento dos propósitos da empresa.

3.2. Número de Colaboradores

Como resultado do programa de captação, atracção e retenção de quadros, a estrutura de


pessoal da RECREDIT era composta por 55 (cinquenta e cinco) colaboradores, denotando-
se o aumento de 4 (quatro) novos quadros, comparativamente ao ano de 2020.

Gráfico 1 – N.º de colaboradores por grupos funcionais

3.3. Distribuição por Género

Em relação ao género, reduziu-se a preponderância do sexo masculino em


aproximadamente 3% e aumentou-se a do sexo feminino na mesma proporção,
comparativamente ao ano 2020. Tendo se registado uma ocupação do quadro de pessoal de
62% (34) pelo sexo masculino e de 38% (21) pelo sexo feminino.

Relatório & Contas 2021 17


RECREDIT
Gráfico 2 – Distribuição por género

3.4. Distribuição de Colaboradores com Cargos de Gestão por Género


Ao nível dos cargos de gestão, também se observou uma tendência para a redução da
preponderância do sexo masculino, tendo reduzido em 13% o peso do género masculino
em cargos de gestão e concomitantemente aumentado na mesma proporção no género
feminino.
Gráfico 3 – Distribuição por género dos cargos de gestão

3.5. Distribuição por Idade


Nos últimos 2 anos, manteve-se a predominância da faixa etária, dos 31 aos 40 anos de
idade, e com as variações apuradas no ano de 2021, a média de idade ficou fixada nos 37
anos de idade, conforme ilustra o gráfico.
Gráfico 4 – Distribuição por idade

3.6. Antiguidade dos Colaboradores


A RECREDIT, até ao fim do período em análise, registou como antiguidade máxima dos
colaboradores 4 (quatro) anos de efectividade, considerando os 5 anos de existência da
empresa.

Relatório & Contas 2021 18


RECREDIT
Gráfico 5 – Antiguidade dos colaboradores

3.7. Nível Académico


No que concerne ao grau académico, cerca de 91% (50) dos colaboradores da RECREDIT
são detentores de títulos de formação superior, dos quais, 32 (trinta e dois) possuem
Licenciatura, 10 (dez) Mestrado, 4 (quatro) Pós-Graduação/Especialização e 4 (quatro)
Bacharelato.
Gráfico 6 – Nível académico

3.8. Distribuição do Quadro por Áreas


No período em referência, os colaboradores encontraram-se distribuídos pelas diversas
áreas operacionais da empresa, conforme consta do gráfico abaixo.
Gráfico 7 – Distribuição do quadro de pessoal por áreas

Relatório & Contas 2021 19


RECREDIT

3.9. Mapa de Funções


No período em referência, a estrutura funcional da RECREDIT era composta por 5 (cinco)
grupos funcionais que interagem entre si, de modo a garantir o melhor funcionamento da
empresa, conforme a tabela abaixo ilustrada.

Tabela 1 – Estrutura funcional


QUADRO DE PESSOAL (2021)

Grupo Conselho de Administração Família Nº de Quadros


Presidente do Conselho de Administração Gestão 1
Órgãos Sociais
Administradores Gestão 2
Sub-Total 3
Grupo Conselho de Fiscal Família Nº de Quadros
Presidente do Conselho Fiscal Fiscalização 1
Órgãos Sociais
Vogais Fiscalização 2
Sub-Total 3

Grupo Funções de Carreira de Gestão Família Nº de Quadros


Director Coordenador Financeira 1
Director de Desenvolvimento de Negócios Financeira 0
Director de Gabinete de Assessoria Jurídica e Contencioso Jurídica e Compliance 1
Director de Gabinete de Tecnologias de Informação e Sistemas Tecnologias de Informação e Segurança 1
Director de Administração e Finanças Financeira 1
Director de Gabinete de Risco Financeira 1
Director de Gabinete de Organização e Comunicação Institucional Comunicação e Marketing 1
Director de Gabinete de Auditoria Interna Auditoria 1
Direcção e Chefia
Director de Gabinete de Compliance Jurídica e Compliance 1
Director de Gabinete de Recursos Humanos Recursos Humanos 1
Director de Gabinete de Apoio ao Conselho de Administração Apoio Administrativo 1
Director de Gabinete de Planeamento e Controlo Financeira 1
Chefe de Departamento de Recuperação de Crédito Financeira 1
Chefe de Departamento de Gestão de Activos Financeira 1
Chefe de Departamento de Administração e Património Financeira 1
Chefe de Departamento de Contabilidade Financeira 1
Sub-Total 15
Grupo Funções de Carreira Técnica Família Nº de Quadros
Analista de Gestão de Activos Financeira 2
Analista de Riscos Financeira 4
Analista de Sistemas Tecnologias de Informação e Segurança 1
Analista de Redes Tecnologias de Informação e Segurança 1
Gestor de Organização e Métodos Comunicação e Marketing 1
Jurista Jurídica e Compliance 5
Técnico de Marketing e Comunicação Comunicação e Marketing 1
Técnico de Compliance Jurídica e Compliance 0
Técnico Técnico de Auditoria Interna Auditoria 1
Técnico de Recuperação de Crédito Financeira 5
Técnico de Contabilidade Financeira 1
Técnico de Finanças Financeira 1
Técnico de Suporte Aplicacional Tecnologias de Informação e Segurança 1
Técnico de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho Recursos Humanos 1
Técnico Administrativo Apoio Administrativo 1
Técnico de Recursos Humanos Recursos Humanos 2
Secretária Executiva Apoio Administrativo 1
Sub-Total 29

Grupo Funções de Carreira Técnica Família Nº de Quadros


Motorista Apoio Administrativo 5
Não Técnico
Estafeta Apoio Administrativo 0
Sub-Total 5

Total do Quadro de Pessoal 55

Relatório & Contas 2021 20


RECREDIT

3.10. Capacitação de Quadros


Partindo do princípio que, o processo de formação é o instrumento de gestão estratégica que
permite o desenvolvimento do CHA (conhecimentos, habilidades e atitudes) das equipas
multidisciplinares da RECREDIT, e consequentemente, viabiliza a melhoria da performance
de todos os colaboradores, envidou-se esforços para garantir a capacitação técnica dos
colaboradores, e potenciar a concretização dos objectivos macro de recuperação de crédito.
Assim sendo, no processo de execução do plano de formação, do ano em evidência, 54
(cinquenta e quatro) colaboradores das diversas áreas da empresa beneficiaram de
formações, tendo as acções de formação sido ministradas ao nível local e no estrangeiro,
com maior predominância para a modalidade online. As formações proporcionadas aos
colaboradores, evidenciaram um total de 5035 horas de formação, correspondendo a 40
(quarenta) acções formativas e envolvendo 213 (duzentos e treze) participações.
Gráfico 8 – Distribuição por horas de formação

Relatório & Contas 2021 21


RECREDIT

Identidade Corporativa

Relatório & Contas 2021 22


RECREDIT

4. IDENTIDADE CORPORATIVA
O ano de 2021 foi marcado por uma presença consolidada da marca RECREDIT,
nomeadamente, nos atributos (Confiança, Solidez, Governance, Ética e Transparência)
considerados essenciais à sustentabilidade da instituição.
Sendo a RECREDIT pioneira como empresa de recuperação de crédito malparado, o ano de
2021 marcou a existência da instituição, visto que foi pela primeira vez desde a sua criação,
que foram recuperados mKz 21 836 681, montante que correspondeu a 110% (cento e dez
por cento) do objectivo anual estabelecido.
Num mercado extremamente exigente, com elevada incorporação de tecnologia, a
RECREDIT desde a sua criação, iniciou uma clara aposta na formação dos seus quadros,
como factor de diferenciação das demais instituições do mercado financeiro nacional.
Consciente da sua responsabilidade corporativa, a RECREDIT, assente no lema da sua
Missão, definiu como acções os projectos que beneficiem gerações futuras, permitindo
solidificar a credibilidade da Instituição, assim como, transmitir aos demais que, juntos somos
mais fortes, e juntos recuperamos mais.
Estes desafios traduzem a razão social da criação da RECREDIT, em que se assume como
uma marca institucional umbrella, determinada, de valor para os seus clientes/mutuários, e
que é garantida a qualidade nos serviços, eficácia, transparência e sigilo profissional.
A RECREDIT representa um activo importante para o Estado Angolano, cuja actuação
assenta em pilares como o compromisso ético, a eficiência e a orientação para os resultados.
Hoje, a RECREDIT orgulha-se em fazer parte das instituições que, por via de instituições
internacionais como o FMI, promovem o reconhecimento do nosso país e melhoram a
imagem do sistema financeiro nacional.

Figura 2 – Logomarca da RECREDIT

4.1. Princípios Estratégicos


No quadro das metas estruturais e dos objectivos definidos para a RECREDIT, importa
salientar que as deliberações do Executivo, no que se referem ao seu mandato e linhas de
actuação, influenciam de forma relevante o modelo organizacional e de governação adoptado
Relatório & Contas 2021 23
RECREDIT

pela instituição.
Deste modo, a RECREDIT norteia a sua actividade com base nos seguintes princípios:
i. Maximizar a recuperação dos créditos malparados adquiridos;
ii. Promover o reconhecimento da Instituição no mercado financeiro nacional; e
iii. Melhorar a eficiência processual e organizacional da empresa.

A concretização do primeiro objectivo depende de uma maior assertividade no processo


negocial com os mutuários e na concretização de planos de amortização exequíveis.
No que tange ao cumprimento do segundo objectivo, pretende-se melhorar a imagem e
identidade corporativa, por via de comunicação transparente e de proximidade com o seu
público alvo, tirando maior proveito de mecanismos de comunicação, usando os meios de
comunicação institucionais e credíveis.
Finalmente, a RECREDIT perspectiva com o terceiro objectivo, atingir a optimização
operacional dos processos, procedimentos e fluxos de trabalho, incidindo no mapeamento
processual e posterior modelação com notação padrão BPMN (Business Process Model and
Notation), para a eliminação de desperdícios, duplicidades e burocracias, almejando a
melhoria contínua.

4.2. Responsabilidade Social


A RECREDIT realizou iniciativas de carácter social, previamente definidas no quadro dos
objectivos traçados para o ano 2021, assim como, deu continuidade aos esforços
desenvolvidos para garantir o pleno cumprimento das regras de higiene, segurança e saúde
no trabalho, tais como:
 Criação do projecto social denominado “Madrinhas da RECREDIT”, em alusão ao dia
Internacional da Mulher (celebrado a 8 de Março), constituído pelas suas
colaboradoras, com a finalidade de apoiar instituições que cuidam de pessoas
carenciadas. Assim, efectuou a doação de bens (alimentos, medicamentos e meios
de biossegurança) ao Centro Médico Nossa Senhora da Boa Nova, localizado no
município de Viana, que cuida de crianças com problemas de desnutrição entre outras
patologias.
 Realização pelas “Madrinhas da RECREDIT”, no dia 16 de Junho de 2021, da 2ª acção
de solidariedade no âmbito das iniciativas de responsabilidade social, que se
constituiu na visita e doação de bens perecíveis e não perecíveis, ao Centro Médico
Nossa Senhora da Boa Nova, localizado em Viana. A iniciativa teve também o apoio
e contribuição de alguns colaboradores (considerados Padrinhos da RECREDIT).
 Criação de condições para a prestação de trabalho remoto por parte dos
Colaboradores.
 Distribuição de material de biossegurança para todos os Colaboradores (máscaras,
gel desinfectante, etc.).

Relatório & Contas 2021 24


RECREDIT

 Descontaminação periódica de todas as Instalações.


 Testagem periódica a todos os colaboradores contra a Covid-19.
 Disponibilização de comunicados regulares sobre a actual situação do país e sobre
medidas a serem implementadas em resposta à mesma.
 Medição da temperatura corporal de todos os Colaboradores que prestam trabalho
presencial.
 Disponibilização de formação sobre a propagação da Covid-19 e respectivas medidas
de segurança.
 Garantir o uso obrigatório de máscaras em todas as Instalações.
 Garantir que o cumprimento do distanciamento social entre cada posto de trabalho
está a ser respeitado, tendo instalado separadores em acrílico entre os postos de
trabalho dos colaboradores.

Relatório & Contas 2021 25


RECREDIT

Enquadramento Macroeconómico

Relatório & Contas 2021 26


RECREDIT

5. ENQUADRAMENTO MACROECONÓMICO
5.1. Contexto Internacional
5.1.1. Evolução do PIB Global & das Economias
Apesar do surgimento de novas variantes e consequentes constrangimentos originados pela
COVID-19, relativamente à economia global, verificou-se uma recuperação de 0,9 pp em
2021 face ao período homólogo, conforme dados do gráfico abaixo:
Gráfico 9 – Projecções do crescimento económico

Fonte: World Economic Outlook (WEO) de Janeiro de 2022

Prevê-se uma dissipação dos factores de desaceleração do crescimento para 2022 e como
resultado, um crescimento mais acelerado da produção global em 2023. No entanto, o
crescimento global de 2023 não será suficiente para compensar as perdas devido à
depreciação em 2022. O gráfico seguinte ilustra a revisão das projecções do crescimento
económico para 2022 e 2023, feita pelo FMI em Janeiro de 2022.
Gráfico 10 – Revisão das projecções do crescimento económico para 2022 e 2023

Fonte: World Economic Outlook (WEO) de Janeiro de 2022

Relatório & Contas 2021 27


RECREDIT

5.1.2. Inflação
O exercício económico de 2021 continuou marcado pelas dificuldades advindas da
pandemia. De acordo com o relatório do FMI e o World Economic Outlook (WEO) de Janeiro
de 2022, a inflação continuou a subir, ao longo do segundo semestre do período em análise,
impulsionada por vários factores de importância variável entre as regiões. Interrupções
contínuas na cadeia de suprimentos em portos, no ar e em terra, precipitaram uma alta
demanda por mercadorias e levaram a pressões de preços dos alimentos e de outros
produtos importados, contribuindo desse modo para uma inflação mais alta pelo mundo, com
particular realce para regiões como África Subsaariana, Estados Unidos, América Latina e
Caribe.
Gráfico 11 – Mudança na inflação, Dezembro de 2020

Fonte: World Economic Outlook (WEO) de Janeiro de 2022

Relatório & Contas 2021 28


RECREDIT

5.2. Contexto Nacional


5.2.1. Evolução do PIB Nacional
A economia nacional registou um cenário desanimador em 2020 em consequência dos
efeitos da pandemia, com uma recessão de 5,4%. De igual modo, no primeiro trimestre de
2021, a economia voltou a contrair 3,4% em termos homólogos, devido a forte contracção do
sector petrolífero na ordem de 18,6%, incluindo a produção de gás, no entanto, amortecida
pelo crescimento do sector não petrolífero, em 5,2%.
Dados mais recentes do INE, apontam para sinais mais animadores de recuperação
económica, com o PIB real a registar no segundo trimestre de 2021 um crescimento de 1,2%,
em termos homólogos, justificado exclusivamente pelo crescimento do sector não petrolífero
na ordem dos 6,9%, para compensar a queda do sector petrolífero, incluindo o gás natural,
em cerca de 12,3%. O gráfico abaixo apresenta a evolução do PIB em termos percentuais
de 2016 a 2020.
Gráfico 12 – Evolução do %. PIB

Fonte: Relatório de Fundamentação - Orçamento Geral do Estado 2022

Segundo os dados, as políticas implementadas e o comportamento das variáveis


macroeconómicas têm permitido um desempenho positivo do PIB. No segundo trimestre de
2021 assinala-se uma taxa de crescimento de 0,2%, contrariamente a estagnação prevista
no OGE para o período.
Deste modo, torna-se crucial o crescimento do sector não petrolífero para a redução dos
níveis elevados de desemprego causados pelo recente período de recessão, agravados pela
crise económica induzida pela pandemia da Covid -19, bem como, a necessidade da quebra
da ociosidade da força de trabalho como consequência dos baixos níveis de crescimento
verificados nos anos anteriores.

Relatório & Contas 2021 29


RECREDIT

5.2.2. Inflação
De acordo com dados do Relatório de Fundamentação do Orçamento Geral do Estado de
2022, denota-se que a economia angolana tem registado uma forte pressão nos preços,
essencialmente, explicada por factores do lado da oferta, em consequência das disrupções
sobre as cadeias de fornecimento de bens mundiais, causadas pela evolução da pandemia.
Por outro lado, as recentes perturbações climáticas têm provocado escassez de insumos
essenciais e a redução da actividade de manufactura em vários países, levando a que os
mercados internacionais assistam a um aumento continuado nos preços dos produtos
alimentares, produtos esses com elevado peso na estrutura do Índice de Preços no
Consumidor Nacional. Agrega-se a isto a subida dos preços das commodities agrícolas nos
mercados internacionais
A inflação anual foi de 27,03% contra os 25,10% apurados em 2020, impulsionada,
maioritariamente, pela contribuição da classe de Alimentação e Bebidas Não-Alcoólicas, que
no acumulado de doze meses representou, em termos médios, cerca de 70% da inflação
total.

5.2.3. Dívida Titulada


Em conformidade com os dados macroeconómicos de 2021, Angola termina o ano com uma
melhoria na notação de crédito soberano das agências de ratings denominadas Fitch e a
Standard and Poors (S&P) com perspectivas igualmente estáveis. No que corresponde aos
resultados macroeconómicos positivos do ano precedente, apesar da permanência do efeito
negativo da COVID-19 nos mercados internacional e nacional, a melhoria da nota tem
respaldo nos preços do petróleo mais elevados, na estabilização do Kwanza e no
compromisso contínuo para com a consolidação fiscal que reduz o risco de liquidez do país.
Gráfico 13 – Dívida titulada %. PIB

Fonte: Tradingeconomics.com | African Development Bank

Relatório & Contas 2021 30


RECREDIT

Gestão de Risco

Relatório & Contas 2021 31


RECREDIT

6. GESTÃO DE RISCO
6.1. Principais Desenvolvimentos em 2021
Com referência a 2021, no âmbito da Gestão de Risco, foram desenvolvidas as seguintes
actividades:
 Participação na realização do simulacro e evacuação das instalações, promovida pela
área de segurança da empresa;
 Supervisão do Plano de Contingência; e
 Realização de sessões de conscientização de riscos.

6.2. Governo e Organização da Gestão do Risco


A RECREDIT está sujeita aos diversos riscos, no âmbito do desenvolvimento da sua
actividade, tendo em conta as características específicas do seu negócio. Deste modo, a
gestão do risco é um elemento central da estratégia da empresa, através do qual, identifica,
avalia, monitoriza e controla sistematicamente os riscos inerentes ao negócio, visando
garantir a conformidade legal, a solidez financeira e a confiança dos parceiros e de outros
stakeholders, de acordo as melhores práticas do mercado.
A estrutura de governação dos riscos compreende os seguintes elementos e
responsabilidades:
Conselho de Administração (CA), Comité do Controlo Interno (CCI) e o Gabinete de Risco
(GR).

Linhas de Defesa
Figura 3 – Estrutura de governação de riscos

Relatório & Contas 2021 32


RECREDIT

6.3. Modelo de Gestão de Risco


O modelo de gestão e controlo de riscos da RECREDIT baseia-se num conjunto de princípios
comuns, numa cultura de risco integrada, numa forte estrutura de gestão, documentada e
monitorada através de políticas, processos, procedimentos e ferramentas de gestão de risco.
Os princípios de gestão de riscos são de aplicação obrigatória em toda a empresa e devem
ser aplicados a todo o momento. Por outro lado, a sua implementação é feita em consonância
com os seguintes princípios:
 Universalidade;
 Totalidade;
 Adequabilidade;
 Independência;
 Segregação de Funções;
 Tempestividade;
 Homogeneidade e Transparência.

6.4. Categorias de Risco


Na RECREDIT, os riscos são subdivididos em duas grandes categorias:
Figura 4 – Categorias de risco

Riscos Financeiros Riscos Não Financeiros

Operacional
Crédito
Compliance
Cambial
Tecnológico
Liquidez
Reputação
Taxa de juro
Estratégico

6.4.1. Riscos Financeiros


Possibilidade de a RECREDIT sofrer perdas financeiras, resultantes de transacções
financeiras diversas ou investimentos. Os riscos financeiros na RECREDIT estão
segregados em:
a) Risco de crédito: consiste na possibilidade de a RECREDIT sofrer perdas financeiras,
resultantes do incumprimento dos compromissos contratualmente estabelecidos, por
parte de uma contraparte nas operações financeiras (ex.: Estado, Bancos e
Mutuários);
b) Risco cambial: consiste na possibilidade de a RECREDIT sofrer perdas financeiras,
resultantes das variações negativas ou positivos nas cotações de moedas
estrangeiras, sobre as quais os seus activos e passivos estão indexados e/ ou
cotados;
c) Risco de liquidez: consiste na possibilidade de a RECREDIT não honrar
eficientemente suas obrigações financeiras esperadas e inesperadas, correntes e
Relatório & Contas 2021 33
RECREDIT

futuras, incluindo a dificuldade de transformar os seus activos em liquidez, sem afectar


suas operações diárias e incorrer em perdas significativas;
d) Risco de taxa de juro: consiste na possibilidade de a RECREDIT sofrer perdas
económicas resultantes de alterações adversas nas taxas de juro, com impactos sobre
o valor de mercado dos activos e passivos, os resultados e os fluxos de caixa
associados aos instrumentos financeiros (ex.: títulos da dívida) atrelados às taxas de
juro de mercado, fixas e variáveis.

A gestão do risco financeiro é feita em duas ópticas fundamentais:


Na óptica de recuperação de crédito malparado que, a partida o risco já foi materializado.
Neste contexto o que se faz é tentar minimizar o impacto das perdas financeiras assumidas.
Esta tarefa exige uma análise profunda sobre o estado do crédito (Exposição, tempo de
incumprimento e garantias associadas), modalidades de recuperação e propostas de
pagamentos apresentados pelos mutuários.
Por outo lado, é necessário ter em atenção todas as informações relacionadas ao mutuário
e certificar-se sempre que se está a recuperar o máximo possível, com base na
documentação disponível, informações dos mutuários quer ao nível do seu património, como
ao nível do seu volume de actividades.
Na óptica dos investimentos financeiros, que consiste em avaliar o risco que cada
contraparte representa para empresa e, este processo começa com a atribuição de rating
com base num modelo interno, actualizado trimestralmente, tendo como suporte as
informações financeiras que as contrapartes (bancos) reportam.
Esta avaliação prévia, permite ter uma visão holística do nível de solidez da contraparte e dá
margem para se tomar medidas imediatas sempre que o nível de risco de este aumentar
significativamente. Esta tarefa exige a definição de critérios para o sistema de classificação
interna dos bancos (SCIB) e a respectiva actualização.

6.4.2. RISCO DE CRÉDITO


6.4.2.1. Exposição por tipo de instrumento financeiro
Em termos de risco de crédito da contraparte, no reconhecimento inicial a maior exposição
bruta estava alocada nos créditos a clientes. Porém, com o cálculo das perdas por
imparidade, para este cenário, o Estado Angolano passou a ter o maior peso, como indicado
no seguinte mapa:
Tabela 2 – Exposição do risco por tipo de instrução financeiro em 31 de Dezembro de 2021
(Em milhares de Kwanzas)
Exposição Exposição
Contraparte Notas Imparidade
bruta Líquida
Estado Angolano 6 108 792 984 1 483 480 107 309 504
Aplicações em Bancos Comerciais 5e7 54 639 857 360 010 54 279 847
Crédito a Clientes 8 278 722 327 272 985 817 5 736 509
Total 442 155 168 274 829 308 167 325 860

Relatório & Contas 2021 34


RECREDIT

6.4.2.2. Exposição por estágio de risco


Em observância ao emanado pela IFRS 9, a exposição da RECREDIT com relação as suas
contrapartes, distribui-se pelos estágios 1 e 3, mediante o nível de risco que cada uma delas
representa para a empresa no momento do seu reconhecimento inicial, como indicado no
seguinte mapa:
Tabela 3 – Exposição do risco por estágio em 31 de Dezembro de 2021

(Em milhares de Kwanzas)


Contraparte Notas Stage 1 Stage 2 Stage 3
Estado Angolano 6 107 309 504 - -
Aplicações em Bancos Comerciais 5e7 54 279 847 - -
Crédito a Clientes 8 - - 5 736 509
Total 161 589 351 0 5 736 509

6.4.2.3. Exposição cambial


O risco cambial apesar de ser latente, uma vez materializado, os seus impactos serão
mitigados pelos ganhos provenientes dos activos não sensíveis a variação das taxas de
câmbio, razão pela qual, actualmente a empresa manifesta preferência pelos mesmos, como
referenciado no gráfico abaixo:

Gráfico 14 – Exposição Cambial

Exposição cambial

11%

89%

KZ USD

6.4.3. Riscos Não Financeiros


Consiste na possibilidade de a RECREDIT registar perdas, por conta da inadequação dos
processos internos, pessoas ou sistemas, fraudes internas e externas, bem como dos
eventos externos.

6.4.3.1 Metodologia de Gestão do Risco Operacional


A metodologia para a gestão do risco operacional tem como principal objectivo minimizar a
ocorrência de perda. Assim, o conjunto de procedimentos se consubstanciam no seguinte:
Relatório & Contas 2021 35
RECREDIT

 Identificação;
 Avaliação;
 Mitigação;
 Monitoramento; e
 Comunicação (reporte).

6.4.3.2 Medidas de Detecção de Eventos de Risco


As medidas de detecção adoptadas no processo de gestão de risco visam garantir que os
erros e irregularidades sejam identificados e corrigidos oportunamente. Elas incluem:
 Avaliação dos controlos;
 Auto- Avaliação do risco de cada área;
 Avaliações comparativas entre resultados dos reportes financeiros de período a
período, orçamentação e execução.

6.4.3.3 Metodologia de Classificação de Eventos de Risco Operacional


A metodologia de classificação de eventos de risco operacional se consubstancia na
avaliação de risco dos processos, foi feita em conjunto com as áreas, tendo estado presentes
os membros indicados pelos responsáveis das áreas.
O processo consiste na avaliação de todos os processos das áreas, de forma a determinar,
os riscos que cada processo está exposto face a escala de impacto aprovada pelo Conselho
de Administração, categorizar o risco, identificar as causas e efeitos, os controles
implementados bem como a qualidade dos mesmos visando conhecer o risco inerente e o
risco residual.
Assim, a metodologia permitiu a classificação do risco com um determinado nível, utilizando
um critério para referida classificação.
Tabela 4 – Metodologia de classificação de eventos de risco operacional

Escala de frequência (Probabilidade)


Nível de risco Frequência do evento de risco
5 – Muito alto Mais de 52 vezes ao ano
4 – Alto Entre 12 e 52 vezes ao ano
3 – Moderado Entre 1 e 12 vezes ao ano
2 – Baixo Entre 1 vez em 5 anos e 1 vez ao ano
1 – Muito baixo Menos de 1 vez em 5 anos

6.4.3.4 Risco Tecnológico


Relativamente ao Risco Tecnológico, a RECREDIT desenvolveu políticas e procedimentos
que visam identificar e mitigar os riscos que podem comprometer alguns dos pilares da
segurança da informação, tais como:

Relatório & Contas 2021 36


RECREDIT

 Políticas Gerais de Segurança de Sistemas de Informação;


 Manual de Helpdesk para utilizadores de TI;
 Procedimento de ServiceDesk;
 Procedimento para Actualização de website institucional;
 Documentação da Infraestrutura de TI.
A não observância do acima exposto, pode ser pernicioso para a instituição e as
consequências podem envolver:
 Prejuízos financeiros;
 Fraudes;
 Roubo de dados e arquivos confidenciais;
 Redução na produtividade.

6.4.3.5 Risco de Compliance


O risco de compliance resulta da possibilidade de ocorrer um acontecimento futuro com
impacto negativo nos fundos próprios da RECREDIT provenientes de violações ou
incumprimento de leis, regras, regulamentação, contratos, práticas prescritas ou standards
(padrões) éticos.
A vista disto, as actividades do compliance têm incidido, tendo como missão, a promoção,
definição, aprovação e implementação de políticas e processos que visam assegurar que o
órgão de gestão, as estruturas funcionais e todos os colaboradores cumpram com as leis,
normas e regulamentos a que a RECREDIT se encontra sujeita.
Com a produção destes actos, busca-se efectuar uma gestão adequada do risco de
compliance, ao nível quer estratégico como operacional, de modos a lograr a mitigação da
ocorrência de riscos para a RECREDIT que se possam traduzir na aplicação, entre outras,
de sanções, de carácter legal e em prejuízos de ordem financeira ou reputacional, nocivos
ao seu negócio.
A função de Compliance assenta em duas grandes vertentes que se complementam,
nomeadamente, a Regulatória e a da Prevenção ao Branqueamento de Capitais (PBC),
agindo, neste âmbito o Compliance Officer com autoridade e independência.

6.4.3.6 Compliance Regulatório


De modos a garantir a conformidade legal dos processos, procedimentos e políticas, a
RECREDIT:
 Disseminou a legislação que impacta na sua actividade, e neste âmbito elaborou
comunicados e circulares para garantir a correcta aplicação, implementação e
cumprimento dos novos normativos externos que impactam directamente sobre a sua
actividade, definindo planos de acção, em conjunto com as áreas funcionais
responsáveis;
 Elaborou e reviu os normativos internos;
Relatório & Contas 2021 37
RECREDIT

 Mapeou e monitorou os eventos de risco de compliance;


 Acompanhou os reportes prudenciais (incluído os tributários) junto das entidades
competentes;
 Envidou acções tendentes a mitigar o risco de incumprimento dos prazos
regulamentares.

6.4.3.7 Compliance PBC/FT-PADM


Ao abrigo da Lei n.º 05/20, de 27 de Janeiro, a RECREDIT implementa políticas de aplicação
transversal a toda instituição, que visam a prevenção e combate ao branqueamento de
capitais, financiamento ao terrorismo e proliferação de armas de destruição em massa.
Internamente, sobre a matéria de PBC/FT versam os seguintes normativos:
 Política de Prevenção e Combate ao Branqueamento de Capitais, Financiamento ao
Terrorismo;
 Política de Identificação de Clientes;
 Política de Aceitação de Clientes;
 Manual de Compliance;
 Manual de Recuperação de Crédito Malparado;
 Política e Manual de Externalização e Contratação de Bens e Serviços; e
 Código de Ética e Deontologia profissional.

No esteio da obrigação de identificação e diligência, imposição da Lei n.º 05/20, de 27 de


Janeiro, a RECREDIT, através dos procedimentos KYC e KYS implementados, identifica e
verifica a identidade tanto dos clientes, prestadores de serviços, bem como de eventuais
parceiros, e dos respectivos representantes e beneficiários efectivos, visando o seu
conhecimento, para efeitos de aferição da sua reputação, idoneidade e confiabilidade.
Ainda para garantir o cumprimento das normas legais em sede de BC/FT, a RECREDIT, o
GC desenvolveu as seguintes actividades relevantes:
i. Emissão de pareceres sobre as diligências de verificação da identidade efectuadas
aos terceiros;
ii. Realização de testes/monitorização aos processos;
iii. Comunicação com a PGR;
iv. Definição de formações em PBC/CFT e PADM, sendo que no ano 2021, os
colaboradores da RECREDIT beneficiaram de formações sobre Branqueamento de
Capitais, Financiamento do Terrorismo e Proliferação de Armas Massivas e Conflitos
de Interesses.
O contexto da pandemia da COVID-19, justificou a adopção primacial do formato de
videoconferências, como forma de se reduzir a propagação do vírus no seio dos
colaboradores.

Relatório & Contas 2021 38


RECREDIT

Demonstrações Financeiras

Relatório & Contas 2021 39


RECREDIT

Notas às Contas

Relatório & Contas 2021 44


RECREDIT

2. NOTAS ÀS CONTAS
1. Nota Introdutória
A RECREDIT é uma sociedade anonima criada através do Despacho Presidencial n.º 192/16,
de 24 de Junho, em que autorizou o Ministro das Finanças a criar, ao abrigo da Lei das
Sociedades Comerciais e da Lei n.º 19/12, de 11 de Junho, a sociedade RECREDIT – Gestão
de Activos (Sociedade Unipessoal), S.A. (doravante Sociedade ou RECREDIT).
Neste contexto, a Sociedade foi formalmente constituída, por escritura pública, a 4 de Agosto
de 2016, tendo como objecto social “a aquisição e recuperação de créditos concedidos e,
acessoriamente, a gestão, com vista à sua alienação, de participações financeiras e de
patrimónios, cuja titularidade lhe advenha por virtude daquele seu objecto principal”.
A estrutura de acionistas é composta pelo Instituto de Gestão de Activos e Participações do
Estado (IGAPE), com uma participação de 5% do capital social, conferindo-lhe maior
flexibilidade na prossecução do seu objecto social. Assim, apresenta-se abaixo a estrutura
Accionista da RECREDIT:
Tabela 10 – Estrutura accionista
Accionista % Participação Representação
Estado Angolano 95% MINFIN
IGAPE 5% IGAPE

As demonstrações financeiras referentes ao exercício findo a 31 de dezembro de 2021 foram


aprovadas pelo Conselho de Administração e autorizadas para emissão em 5 de Maio de
2022.

2. Políticas Contabilísticas
2.1. Bases de Preparação
As demonstrações financeiras da RECREDIT são preparadas de acordo com as Normas
International Financial Reporting Standards (IFRS), incluindo os requisitos determinados pela
Norma IFRS 9 – Instrumentos Financeiros.
As Normas IFRS incluem as normas contabilísticas emitidas pelo International Accounting
Standards Board (IASB) e as interpretações emitidas pelo International Financial Reporting
Interpretation Committee (IFRIC), assim como pelos respectivos órgãos antecessores.
As Demonstrações Financeiras da RECREDIT, actualmente apresentadas, reportam-se ao
exercício findo em 31 Dezembro de 2021. As mesmas estão expressas em milhares de
Kwanzas e foram preparadas de acordo com o princípio do custo histórico, com excepção
dos activos e passivos registados ao justo valor, nomeadamente instrumentos financeiros
derivados, activos e passivos financeiros através de resultados e activos financeiros
disponíveis para venda, quando aplicável.
As taxas de câmbio de referência face ao Kwanza, a 31 de Dezembro de 2021 e 2020, são
as seguintes:

Relatório & Contas 2021 45


RECREDIT
Tabela 11 – Taxa de câmbio em 31 de Dezembro de 2019 e 2020
Moeda 31/12/2021 31/12/2020
USD 554,981 649,604
EUR 629,015 798,429

A preparação das Demonstrações Financeiras, de acordo com as Normas IFRS, requer que
a RECREDIT efectue e utilize pressupostos que afectem a aplicação das políticas
contabilísticas e os montantes de proveitos, custos, activos e passivos. As alterações em tais
pressupostos ou diferenças, destes, face à realidade, poderão ter impactos sobre as actuais
estimativas e julgamentos.

2.2. Comparabilidade da Informação e Reexpressão


As políticas contabilísticas apresentadas nesta nota foram aplicadas de forma consistente
com as utilizadas nas demonstrações financeiras a 31 de Dezembro de 2020.
O Despacho Presidencial n.º 133/19, de 22 de julho, que fixa a vigência do mandato da
RECREDIT até Julho de 2029, com o objectivo de gerir e recuperar carteiras de Non
Performing Loans (“NPLs”) que foram originados no Banco de Poupança e Crédito (“BPC”).
Adicionalmente, a RECREDIT adquiriu até ao momento duas carteiras de créditos NPL ao
BPC, a primeira em Junho de 2018 e a segunda em Junho de 2020, bem como um conjunto
de títulos do Tesouro Nacional e outros activos financeiros. Neste sentido, a RECREDIT
desenvolveu uma abordagem metodológica que permitiu dar resposta às exigências das
Normas Internacionais de Contabilidade e Relato Financeiro (“IAS/IFRS”) ao nível (i) do
apuramento do justo valor da carteira de títulos e valores mobiliários, nomeadamente dos
títulos do tesouro Nacional e (ii) do apuramento das perdas de crédito esperadas, conforme
previsto na Norma IFRS 9 – Instrumentos Financeiros (“IFRS 9”).
A Norma IFRS 13 – Justo Valor (“IFRS 13”) aplica-se, em geral, a todas as normas IAS/IFRS
que exigem ou permitem medições de justo valor ou divulgações sobre medições de justo
valor. E vem explicitar a é possibilidade de calcular e referir o justo valor para as respectivas
divulgações financeiras.
Contudo, esta norma não exige medições de justo valor para além das já exigidas ou
permitidas por outras IFRS e não se destina a estabelecer padrões de avaliação ou afectar
práticas de avaliação fora das divulgações financeiras.
A adopção da IFRS 13 não exige, por si só, a mensuração ao justo valor de qualquer activo,
passivo ou transacção, mas aplica-se sempre que uma outra norma assim o exija ou permita.
Com vista à coerência e à comparabilidade efectiva nas divulgações relativas à mensuração
pelo justo valor, a IFRS 13 estabelece uma hierarquia de justo valor definindo três níveis de
classificação das metodologias e técnicas subjacentes à mensuração do justo valor,
nomeadamente:

Instrumentos financeiros de nível 1


 A valorização de um instrumento financeiro de nível 1 corresponde ao preço de

Relatório & Contas 2021 46


RECREDIT

cotação em mercado activo na data da mensuração.


 Os preços e cotação em mercado activos fornecem a indicação mais fiável do justo
valor e devem ser utilizados na mensuração pelo justo valor sempre que disponíveis.

Instrumentos financeiros de nível 2


 A valorização de um instrumento financeiro de nível 2 passa pela utilização de
informação directa ou indirectamente observável em mercado activo. A título de
exemplo podem ser considerados:
o Preços de cotação de entidades semelhantes (com ou sem ajustamento);
o Taxas de juro, prémios de risco e outras características de instrumentos
financeiros considerados semelhantes; e
o Outra informação que possa ser directa ou indirectamente observável no
mercado.
Para os instrumentos de dívida devem ser seleccionados dados observáveis de títulos
com a mesma maturidade residual do instrumento a valorizar.

Instrumentos financeiros de nível 3


 A valorização de instrumentos financeiros de nível 3 é utilizada quando não é possível
a valorização de nível 1 ou de nível 2, ou seja, quando não existem preços de cotação
ou informações directa/indirectamente observáveis que permitam a valorização do
instrumento.
À data actual, Angola já apresenta uma bolsa de valores que possibilita transacções em
mercado secundário, denominada Bolsa de Valores e Derivativos de Angola (“BODIVA”), e
que apresenta níveis de liquidez adequados que permitam uma análise de valorização “pura
de mercado” com apoio das taxas de referência praticadas pelo BNA (metodologia de
valorização de nível 1 ao abrigo da IFRS 13).
Na sequência do referido Despacho, e de acordo com o Plano de Reestruturação e
Recapitalização (PRR) do BPC, em 2020 procedeu-se a transacção do segundo lote de
créditos em incumprimento, uma carteira com o valor de exposição total de mKz 951 973 185.
Ainda de acordo com o DP n.º 133/19 procedeu-se a transacção dos activos tóxicos, pelo
real valor de mercado, usando como referência o resultado da Avaliação da Qualidade dos
Activos realizada ao BPC, ou seja, foi aplicado um desconto médio de 94% ao valor do activo,
o que corresponde ao valor pago de mKz 57 058 029.
O Conselho de Administração da RECREDIT com referência a 31 de Dezembro de 2020 e
2019 efectuou a reexpressão dos activos financeiros titulados e entregues ao BPC e das
dívidas de terceiros refentes a aquisição do segundo lote de crédito malparado adquiridos ao
BPC em 2020, apurando deste modo o justo valor da dos títulos cedidos pelo Estado para
capitalização do BPC e o registo das imparidades da carteira de crédito malparado.

Relatório & Contas 2021 47


RECREDIT

A Norma IFRS 9, emitida em Julho de 2014 pelo International Accounting Standards Board
(“IASB”), substituiu a Norma Internacional de Contabilidade 32 – Instrumentos Financeiros:
Apresentação (“IAS 32”) e a Norma Internacional de Contabilidade 39 – Instrumentos
Financeiros: Reconhecimento e Mensuração (“IAS 39”), estabelecendo novas regras de
tratamento de instrumentos financeiros, nomeadamente:
 Classificação e mensuração: Estabelece novos requisitos de classificação e
mensuração de instrumentos financeiros e de certos tipos de contratos de compra ou
venda de itens não financeiros;
 Metodologia de imparidade: Define uma nova metodologia de reconhecimento das
perdas por imparidade de activos financeiros com base em perdas esperadas
(“expected loss model ou ECL”), contrariamente à IAS 39 cujo modelo se baseava em
perdas incorridas;
 Contabilidade de cobertura: apresenta novas possibilidades de aplicação das regras
contabilísticas de cobertura através de um maior número de relações de cobertura
entre os itens objecto de cobertura e os instrumentos cobertos.
A IFRS 9 define que o risco de uma carteira de crédito deve ser analisado e avaliado através
da realização de análises individuais (para exposições individualmente significativas) ou de
análises colectivas. No entanto, tendo em consideração as limitações de informação
existentes ao nível das carteiras de crédito adquiridas pela RECREDIT e que a mesma
desenvolve a sua actividade há pouco tempo, não existe ainda informação disponível que
permita criar um modelo de análise colectiva para apuramento da imparidade da carteira de
crédito.
Importa também salientar que a carteira de crédito da Gestora é composta por activos
financeiros adquiridos ou originados em imparidade de crédito (“POCI”). Em relação a esta
situação, a IFRS 9 define que os POCI são activos que apresentam evidências objectivas de
imparidade de crédito no momento do seu reconhecimento inicial, isto é, no momento da sua
aquisição e que têm por isso um enquadramento específico. Adicionalmente, segundo a
referida IFRS, um activo está em imparidade de crédito se um ou mais eventos tiverem
ocorrido com um impacto negativo nos fluxos de caixa futuros estimados do activo. Os dois
eventos que levam à origem de uma exposição POCI são os seguintes:
 Activos financeiros originados na sequência de um processo de recuperação, em que
se tenham verificado modificações nos termos e condições do contrato original, o qual
apresentava evidências objectivas de imparidade, que tenham resultado no seu
desreconhecimento e no reconhecimento de um novo contrato que reflecte as perdas
de crédito incorridas; ou
 Activos financeiros adquiridos com um desconto significativo, na medida em que a
existência de um desconto significativo reflecte perdas de crédito incorridas no
momento do seu reconhecimento inicial.
O modelo de análise individual de imparidade da RECREDIT foi concebido tendo por base o
enquadramento regulamentar relativo às IFRS, a tipologia de carteira e a informação
disponível e as necessárias adaptações ao enquadramento regulamentar em Angola,

Relatório & Contas 2021 48


RECREDIT

nomeadamente tendo por base os requisitos definidos nos seguintes normativos:


 IFRS 9 – Instrumentos financeiros: Esta norma destina-se a melhorar a informação
financeira de instrumentos financeiros, abordando as preocupações que surgiram
neste domínio durante a crise financeira. Em especial, a IFRS 9 implementa uma
modelo que permite avançar-se para um modelo mais preditivo em matéria de
reconhecimento das perdas esperadas relativas a activos financeiros;
 Instrutivo n.º 08/2019, de 27 de Agosto, sobre perdas por imparidade para a carteira
de crédito, emitido pelo Banco Nacional de Angola (“BNA”) assim como os respectivos
Anexos. Este Instrutivo inclui um conjunto de requisitos que devem ser considerados
no âmbito do desenvolvimento do modelo de imparidade e das exposições analisadas
individualmente;
 Directiva nº 01/DSB/2020 de 30 de Outubro - Avaliação de Imóveis, que rege as
condições para a validação dos relatórios de avaliação, dos peritos avaliadores e dos
relatórios dos peritos avaliadores;
 Aviso n.º 10/2014 de 10 de Dezembro, emitido pelo BNA, no que respeita ao
enquadramento regulamentar das garantias para a carteira de crédito, nomeadamente
quanto à sua classificação, alocação e reavaliação;
 Directiva n.º 13/DSB/DRO/2019 de 27 de Dezembro – Guia de recomendações de
implementação das metodologias utilizadas no AQA para análise individual à carteira
de crédito.
Tendo em consideração o estado actual da regulamentação sobre esta matéria e as
potenciais alterações a esta regulamentação, tanto a nível nacional como internacional, a
RECREDIT efectua um acompanhamento regular deste enquadramento legal no sentido de
garantir, em cada momento, a adequação do modelo de imparidade à legislação em vigor.
Assim, e em termos das normas IFRS, no reconhecimento inicial os POCI não têm
imparidade e, consequentemente, no reconhecimento inicial, o valor contabilístico bruto dos
POCI é igual ao valor contabilístico líquido antes de ser reconhecido como POCI. Desta
forma, as perdas esperadas do crédito (Expected Credit Loss ou “ECL”) ao longo da vida útil
dos mesmos é reflectida na determinação dos fluxos de caixa futuros expectáveis a receber
do activo financeiro, que gera uma taxa de juro efectiva. Qualquer alteração a esta taxa de
juro efectiva inicial gera posteriormente reconhecimento de perdas ou ganhos.
Uma vez que a RECREDIT não tem ainda informação que permita calcular uma ECL para a
totalidade da carteira, propõe-se a utilização de uma abordagem simplificada, que consiste
na análise individual das operações de crédito, por forma a que seja apurada a ECL para
cada crédito.
De acordo com o Decreto Presidencial que estabelece o tempo de vigência da RECREDIT e
com a reexpressão das contas em 2020, houve então a necessidade de se efectuar a
provisão de meios monetários para salvaguardar as possíveis indemnizações que resultarem
do encerramento da empresa nos termos da Lei Geral de Trabalho.
Os detalhes das reexpressões acima indicadas, estão descritos nas notas: 2.5.5, 8, 12, 13,
14, 15, 16, 19, 21 e 22.
Relatório & Contas 2021 49
RECREDIT

2.3. Especialização dos Exercícios


Os proveitos e ganhos, assim como os custos e perdas, são reconhecidos em função do
período de vigência das operações, de acordo com o princípio contabilístico da
especialização de exercícios, sendo registados à medida que são gerados,
independentemente do momento do seu recebimento ou pagamento.

2.4. Transacções em Moeda Estrangeira


As transacções, em moeda estrangeira, são convertidas para a moeda nacional à taxa de
câmbio em vigor na data da transacção. Os activos e passivos monetários denominados em
moeda estrangeira, são convertidos para a moeda nacional à taxa de câmbio em vigor na
data do Balanço. As diferenças cambiais resultantes da conversão são reconhecidas em
resultados.
Os activos e passivos não monetários denominados em moeda estrangeira e registados ao
justo valor, tal como os activos financeiros ao justo valor através de outro rendimento integral,
são reflectidos numa rubrica específica do resultado integral até à sua alienação.

2.5. Instrumentos Financeiros


Os instrumentos financeiros são apresentados, classificados e mensurados, de acordo com
os princípios definidos em:
a) Norma IAS 32 – Instrumentos financeiros; e
b) Norma IFRS 9 – Instrumentos financeiros.
Em conformidade com a Norma IFRS 9 — Instrumentos Financeiros, os activos financeiros
podem ser classificados em três categorias com diferentes critérios de valorização:
a) Custo amortizado;
b) Justo valor por contrapartida de resultados; e
c) Justo valor através de outro rendimento integral.
2.5.1. Classificação
A RECREDIT reconhece contas a receber e a pagar, depósitos, títulos de dívida emitidos e
passivos subordinados na data que são originados. Todos os outros instrumentos financeiros
são reconhecidos na data da transacção, que é o momento a partir do qual a RECREDIT se
torna parte integrante do contrato e são classificados, de acordo com a intenção que lhes
está subjacente.
De acordo com a IFRS 9 - Instrumentos financeiros, os activos financeiros podem ser
classificados em três categorias com diferentes critérios de mensuração (custo amortizado,
justo valor através dos resultados e justo valor através do outro rendimento integral). A
classificação dos activos depende das características dos fluxos de caixa contratuais e do
modelo de negócio associado aos mesmos. No que diz respeito às características dos fluxos
de caixa contratuais, o critério consiste em avaliar se os mesmos apenas reflectem o

Relatório & Contas 2021 50


RECREDIT

pagamento de capital e juros (SPPI - Solely Payments of Principal and Interest). Quanto ao
modelo de negócio associado, a norma identifica dois com relevância para a actividade
desenvolvida pela RECREDIT:
 Modelo de negócio cujos objectivos são atingidos através da obtenção dos fluxos de
caixa contratuais do activo (Hold to collect); e,
 Modelo de negócio cujos objectivos são alcançados tanto através da obtenção dos
fluxos contratuais do activo como através da sua venda (Hold to collect and sell).

2.5.2. Activos Financeiros ao Custo Amortizado


Na carteira dos instrumentos financeiros ao custo amortizado, são registados como activos
financeiros quando são cumpridas as duas condições seguintes:
a) Os pressupostos de gestão têm como base um modelo de negócio, cujo objectivo é
manter o instrumento financeiro para receber os fluxos de caixa contratuais; e
b) Os termos e condições contratuais dão origem a fluxos de caixa em datas específicas,
que são apenas pagamentos de capital e juros sobre o montante do capital em dívida.
Os rendimentos e custos de instrumentos financeiros ao custo amortizado, são reconhecidos
de acordo com os seguintes critérios:
a) Os juros são registados em resultados, utilizando a taxa de juro efectiva da transacção
sobre o valor contabilístico bruto da transacção (excepto no caso de activos com
imparidade em que a taxa de juro é aplicada sobre o valor contabilístico líquido de
imparidade);
b) As restantes alterações de valor serão reconhecidas como receita ou despesa quando
o instrumento financeiro for desreconhecido do balanço, quando for reclassificado, e
no caso de activos financeiros, quando ocorrerem perdas por imparidade ou ganhos
por recuperação.
As Obrigações do Tesouro emitidas em moeda nacional, indexadas à taxa de câmbio do
Dólar dos Estados Unidos da América e as indexadas ao Índice de Preço ao Consumidor,
estão sujeitas a actualização do valor nominal do título de acordo com a variação dos
respectivos indexantes. Deste modo, o resultado da referida actualização, do valor nominal
do título, é reflectido na demonstração dos resultados do exercício em que ocorre na rubrica
“resultados cambiais”.
Quando existe evidência objectiva de que um investimento ao custo amortizado está com
imparidade, a eventual perda por imparidade corresponde à diferença entre a quantia
escriturada do activo financeiro e o valor de actualização dos fluxos de caixa futuros
estimados (excluindo o efeito de eventos futuros), descontados à taxa de juro efectiva original
calculada no reconhecimento inicial, devendo a mesma ser registada por contrapartida de
resultados.
Se num período subsequente o montante da perda diminui e essa redução puder ser
objectivamente relacionada com um evento que ocorreu após o reconhecimento da
imparidade, esta é revertida por contrapartida de resultados.
Relatório & Contas 2021 51
RECREDIT

2.5.3. Activos Financeiros ao Justo Valor Através de Outro Rendimento Integral


Na carteira dos instrumentos financeiros ao justo valor através de outro rendimento integral
são registados como activos financeiros (instrumentos de dívida) quando são cumpridas as
duas condições seguintes:
c) Os pressupostos de gestão têm como base um modelo de negócio, cujo objectivo
inclui não só o recebimento dos fluxos de caixa contratuais dos activos financeiros,
mas também a venda destes activos; e
d) Os termos e condições contratuais dão origem a fluxos de caixa em datas específicas,
que são apenas pagamentos de capital e juros sobre o montante do capital em dívida.
Os rendimentos e custos de instrumentos financeiros ao justo valor através de outro
rendimento integral são reconhecidos de acordo com os seguintes critérios:
a) Os juros são registados em resultados, procedimento semelhante ao registo dos
activos ao custo amortizado;
b) As diferenças cambiais são reconhecidas em resultados cambiais, no caso de activos
financeiros monetários e em outros rendimentos integrais, no caso de activos
financeiros não monetários;
c) No caso dos instrumentos de dívida, as perdas por imparidade ou ganhos na sua
recuperação são reconhecidas na rubrica “Resultados em activos financeiros ao justo
valor através de outro rendimento integral” ou “imparidade de outros activos
financeiros” na demonstração de resultados; e
d) As restantes variações de valor são reconhecidas em outro rendimento integral.
Todos os activos financeiros que não sejam mensurados, de acordo com os critérios
anteriormente definidos, ao custo amortizado ou justo valor através de outro rendimento
integral, são mensurados ao justo valor através de resultados.

2.5.4. Activos Financeiros ao Justo Valor Através de Resultados


Na carteira dos instrumentos financeiros obrigatoriamente contabilizados ao justo valor
através de resultados são incluídos todos os instrumentos para os quais se cumpra, no
mínimo, uma das seguintes condições:
a) Sejam originados ou adquiridos com o objectivo de os transaccionar a curto prazo;
b) Façam parte de uma carteira de investimentos financeiros, identificados e geridos
conjuntamente, para os quais existam evidências de acções recentes com o objectivo
de obter ganhos no curto prazo; e
c) Sejam instrumentos derivados que não cumpram a definição de contrato de garantia
financeira, nem tenham sido designados como instrumentos de cobertura.
As receitas e despesas de instrumentos financeiros ao justo valor através de resultados são
reconhecidos de acordo com os seguintes critérios:
a) As variações no justo valor são registadas directamente em resultados, sendo
separada a parte atribuível aos rendimentos do instrumento, como juros ou dividendos
Relatório & Contas 2021 52
RECREDIT

de acordo com a sua natureza e o remanescente se regista como resultado de


operações financeiras na rubrica correspondente; e
b) Os juros relativos a instrumentos de dívida são apurados pela aplicação do método da
taxa de juros efectiva.

2.5.5. Crédito a Clientes


As dívidas de clientes e outros créditos a receber são reconhecidas inicialmente ao justo
valor, sendo subsequentemente mensuradas ao custo amortizado (usando o método do juro
efectivo) e apresentadas no balanço, deduzidas de eventuais perdas por imparidade, de
forma a reflectir o seu valor realizável líquido.
As perdas por imparidade são registadas na sequência de eventos ocorridos que indiquem,
objectivamente e de forma quantificável, que a totalidade ou parte do saldo em dívida não
será recebida. Para tal, a empresa tem em consideração informação de mercado que
demonstre que o cliente esteja em incumprimento nas suas responsabilidades, bem como
informação histórica dos saldos vencidos e não recebidos.
No caso de disponibilidade de informação judicial que comprove a existência de ameaças à
continuidade das operações do devedor ou à capacidade de satisfazer os seus
compromissos ou ainda, a partir do momento em que a RECREDIT tenha em curso alguma
acção judicial com vista à cobrança dos seus créditos, são reconhecidas perdas por
imparidade correspondentes à totalidade do crédito, deduzido, eventualmente, do valor do
imposto sobre o valor acrescentado a recuperar e do montante coberto por seguros de
crédito, se existir.
Na análise individual às exposições creditícias é efectuado o apuramento do valor
recuperável de cada crédito (fluxos de caixa esperados) e são considerados os aspectos
intrínsecos que caracterizam cada exposição creditícia e/ou cliente/grupo económico.
A imparidade a ser apurada corresponde à diferença entre o valor de balanço dos créditos e
o valor actual dos fluxos de caixa esperados. Naturalmente os fluxos de caixa esperados
dependerão dos pressupostos assumidos quanto à definição do cenário de recuperação
utilizado, nomeadamente, se a expectativa de recuperação é baseada na continuidade da
actividade do devedor (“Going concern”) ou na execução de colaterais (“Gone concern”). No
entanto, tendo por base a situação actual de default dos créditos adquiridos pela RECREDIT,
é esperado que grande parte das análises individuais sejam enquadradas no “Gone
Concern”, e a recuperação seja por via de execução de colaterais.
No entanto, a classificação entre gone concern ou going concern foi efectuada com recurso
aos seguintes critérios (listagem não exaustiva, mas uma ou mais respostas afirmativas são
indicativas de possível classificação de gone):
 Verificam-se atrasos nos pagamentos superiores a 18 meses no originador?
 Os fluxos de caixa operacionais são reduzidos ou negativos?
 A execução do colateral é crítica para a recuperação da dívida pela RECREDIT?
 Execução do plano de negócios dos anos anteriores tem falhado e levado a resultados
baixos ou negativos?
Relatório & Contas 2021 53
RECREDIT

 EBITDA dos últimos 2 anos é negativo?


 Não existe informação suficiente para efectuar uma análise de going concern?
Foram considerados os seguintes aspecetos para os diferentes cenários de recuperação:
 De forma a determinar o montante de imparidade individual para os clientes analisados
individualmente, a RECREDIT efectua uma estimativa do valor recuperável do crédito,
tendo por base a informação disponível e o trabalho realizado em matéria de
negociação da recuperação com o cliente, e determina qual o cenário mais adequado
às características de cada cliente/grupo económico e ao seu processo de
recuperação, nomeadamente entre:
o Cobrança;
o Reestruturação;
o Dação, ou
o Recuperação judicial.

Cobrança/Reestruturação:
O cenário de cobrança/reestruturação é aplicável às situações em que o cliente negoceie a
regularização do montante em divida (parcial ou total), sendo definido posteriormente um
novo plano de pagamentos. Este novo plano de pagamentos pode compreender: uma
alteração de prazo de pagamento, um perdão parcial de dívida ou a concessão de um novo
prazo de carência de capital.
Neste cenário assume-se geralmente que a recuperabilidade da dívida depende da
capacidade de reembolso do devedor, considerando por isso os fluxos de caixa a gerar pelo
negócio (ver os “Principais aspectos a considerar na análise da situação económica e
financeira do cliente/grupo económico”). Desta forma, neste cenário de recuperação é
fundamental considerar a forma do acordo celebrado, a existência de outras entidades
envolvidas no acordo, a natureza dos fundos utilizados para liquidação do acordo e a
informação histórica sobre o cumprimento de acordos anteriores, assim como a informação
financeira sobre o desempenho da empresa ou o padrão de rendimentos do cliente particular
que permitirá concluir sobre a capacidade de retomar os planos de pagamentos acordados
inicialmente.
No entanto, e por questões de prudência, para os clientes com os quais foram celebrados
acordos de pagamento e enquanto os clientes não cumpriram uma parte significativa do
acordo, não deve ser considerada qualquer perspectiva de recuperação (i.e., imparidade de
100%), uma vez que o registo histórico no BPC não lhes é favorável.
Assim, estes clientes devem estar provisionados a 100%, e deverá ocorrer uma revisão da
imparidade à medida que vão ocorrendo os pagamentos ou se verificarem outros indícios
que permitam aferir pela capacidade de liquidar a dívida.

Dação:
Caso o devedor não gere fluxos de caixa futuros suficientes para assegurar o cumprimento
do serviço da dívida, a recuperabilidade da mesma dependerá dos fluxos de caixa que

Relatório & Contas 2021 54


RECREDIT

possam resultar da dação de um activo, ou da execução não judicial das garantias


associadas.
De acordo com este cenário, o cliente acorda com a RECREDIT a entrega de um activo de
forma a assegurar o cumprimento da dívida, sendo para isso estimados os fluxos de caixa
com base no montante de avaliação do referido activo e no prazo em que é expectável que
a referida dação ocorra e seja posteriormente alienada.
O prazo de recuperação considerado pela RECREDIT nos cenários de dação é o
estabelecido no Anexo III do Instrutivo n.º 08/2019, de 27 de Agosto, sobre Perdas por
Imparidade para a Carteira de Crédito e depende do grau de acabamento do activo imobiliário
e do método de avaliação utilizado pelo avaliador no relatório de avaliação que está a ser
considerado na análise individual de imparidade (devidamente reflectidos na ficha de análise
individual).
Nas situações em que a avaliação do projecto tenha por base o método comparativo ou o
método do custo, deverão ser considerados factores de desconto temporal no apuramento
do valor actual dos fluxos de caixa futuros estimados, de forma a reflectir o tempo expectável
até à venda dos activos, de acordo com os seguintes cenários de referência, excepto nos
casos em que a RECREDIT possua dados devidamente verificáveis que justifiquem a
aplicação de outros prazos:
 Mínimo de 6 (seis) anos para projectos em desenvolvimento (grau de acabamento
inferior a 50%) ou ainda não iniciados (incluindo terrenos);
 Mínimo de 5 (cinco) anos para projectos em desenvolvimento (grau de acabamento
superior a 50%) ou já concluídos.
Nas situações em que a avaliação do projecto tenha por base o método do rendimento ou o
método residual, e os pressupostos utilizados sejam considerados aceitáveis (um exemplo é
a renda cobrada por m2 face à localização), não é necessário aplicar qualquer factor de
desconto temporal.
Caso a avaliação do activo tenha uma antiguidade superior a 1 ano aplicam-se os
haircuts/descontos definidos nos aspectos a ter em consideração em relação às garantias
reais.
Sempre que a dação esteja iminente ou já em curso os prazos de recuperação devem ser
reduzidos em 1 ano, ou seja, 5 anos para projectos com grau de acabamento inferior a 50%
e 4 anos para os restantes.
Adicionalmente foram ser considerados os seguintes custos de recuperação:
 Custos de venda no mínimo de 5% sobre o valor de venda a serem considerados no
final do período;
 Custos de manutenção de 2% para impostos, pequenas obras, reparações, segurança
ou outros (0,5% para terrenos) a serem considerados ao longo do período de
recuperação;
Nas situações em que a recuperação da dívida resulte da dação / execução de outras
garantias recebidas, nomeadamente carteira de títulos, participações sociais, ou outros, a

Relatório & Contas 2021 55


RECREDIT

determinação do valor recuperável deve ter em conta o preço de venda do activo, deduzido
de eventuais custos de venda ou manutenção e descontado pelo período remanescente até
à data prevista para o recebimento dos correspondentes fluxos de caixa.

Recuperação judicial
No cenário de recuperação judicial, são incluídas três situações:
 A RECREDIT já deu a vários processos judiciais de execução de colaterais associados
a determinadas operações de clientes e/ou grupos económicos;
 Não existindo colaterais, ou sendo estes insuficientes para garantir a recuperação do
crédito, a RECREDIT toma a decisão de avançar com um processo de acção
executiva de forma a penhorar outro património do cliente ou de outros intervenientes
nas operações em causa. O património a penhorar pode incluir activos imobiliários,
activos financeiros ou rendimentos obtidos pelos intervenientes nas operações de
crédito; e
 O cliente encontra-se num processo de insolvência ou a existência de um processo
de insolvência é muito provável. O processo de insolvência pode ser interposto pela
RECREDIT, por outro credor (incluindo Segurança Social ou Finanças), pelo Ministério
Público ou pelo próprio cliente.
No âmbito deste cenário de recuperação foram considerados os seguintes aspectos:
 A fase do processo de acção executiva ou penhora;
 Os factores associados ao processo de execução e que poderão ter algum impacto
no seu andamento;
 A informação existente sobre património detectado do cliente / avalistas;
 A informação sobre ónus existentes sobre o património identificado;
 A fase do processo de insolvência;
 A perspectiva de celebração de um plano de recuperação ou liquidação ou o valor da
massa insolvente e dos créditos reconhecidos, incluindo crédito com privilégio
creditório.
Os fluxos de caixa são estimados com base no valor de avaliação dos activos no caso de se
tratar de uma execução de uma garantia real ou nos montantes que possam resultar de
acordo ou do próprio processo judicial.
O prazo de recuperação considerado pela RECREDIT nos cenários de execução judicial é o
estabelecido no Anexo III do Instrutivo n.º 08/2019, de 27 de Agosto, sobre Perdas por
Imparidade para a Carteira de Crédito e depende do grau de acabamento do activo imobiliário
e do método de avaliação utilizado pelo avaliador no relatório de avaliação que está a ser
considerado na análise individual de imparidade.
Nas situações em que a avaliação do projecto tenha por base o método comparativo ou o
método do custo, deverão ser considerados factores de desconto temporal no apuramento
do valor actual dos fluxos de caixa futuros estimados, de forma a reflectir o tempo expectável
até à venda dos activos, de acordo com os seguintes cenários de referência, excepto nos
casos em que as Instituições possuam dados devidamente verificáveis que justifiquem a
aplicação de outros prazos:

Relatório & Contas 2021 56


RECREDIT

 Mínimo de 7 (sete) anos para projectos em desenvolvimento (grau de acabamento


inferior a 50%) ou ainda não iniciados (incluindo terrenos);
 Mínimo de 6 (seis) anos para projectos em desenvolvimento (grau de acabamento
superior a 50%) ou já concluídos.
Nas situações em que a avaliação do projecto tenha por base o método do rendimento ou o
método residual, e os pressupostos utilizados sejam considerados aceitáveis pela
RECREDIT, não é necessário aplicar qualquer factor de desconto temporal.
Caso a avaliação do activo tenha uma antiguidade superior a 1 ano aplicam-se os haircuts /
descontos definidos na secção seguinte, de “aspectos a ter em consideração em relação às
garantias reais”)
Sempre que a execução judicial esteja iminente ou já em curso os prazos de recuperação
devem ser reduzidos em 2 anos, ou seja, 5 anos para projectos com grau de acabamento
inferior a 50% e 4 anos para os restantes.
Adicionalmente foram também considerados os seguintes custos de recuperação:
 Custos de venda no mínimo de 5% sobre o valor de venda a serem considerados no
final do período;
 Custos de manutenção de 2% para impostos, pequenas obras, reparações, segurança
ou outros (0,5% para terrenos) a serem considerados ao longo do período de
recuperação.
Nas situações em que a recuperação da dívida resulte da dação/execução de outras
garantias recebidas, nomeadamente carteira de títulos, participações sociais, ou outros, a
determinação do valor recuperável deve ter em conta o preço de venda do activo, deduzido
de eventuais custos de venda ou manutenção e descontado pelo período remanescente até
à data prevista para o recebimento dos correspondentes fluxos de caixa.

2.5.6. Passivos Financeiros


Um instrumento financeiro é classificado como passivo financeiro quando existe uma
obrigação contratual de uma liquidação a ser efectuada mediante a entrega de dinheiro ou
outro activo financeiro, independente da sua forma legal.
Os passivos financeiros não derivados incluem empréstimos, responsabilidades
representadas por títulos, outros passivos subordinados e vendas a descoberto.
Os passivos financeiros são inicialmente reconhecidos ao justo valor e, subsequentemente,
ao custo amortizado. Os juros são periodizados pelo prazo das operações e reconhecidos
em resultados.
As mais e menos valias apuradas no momento de recompra de outros passivos financeiros
são reconhecidas em resultados de activos e passivos avaliados ao justo valor através de
resultados no momento em que ocorrem.

2.5.7. Reconhecimento Inicial e Mensuração Subsequente


2.5.7.1. Mensuração ao Justo Valor
O justo valor é o preço que seria recebido ao vender um activo ou pago para transferir um
Relatório & Contas 2021 57
RECREDIT

passivo numa transacção corrente entre participantes de mercado à data da valorização ou,
na sua ausência, o mercado mais vantajoso a que a sociedade tem acesso para efectuar a
transacção àquela data. O justo valor de um passivo também reflecte o risco de crédito da
própria sociedade.
Quando disponível, o justo valor de um investimento é mensurado utilizando a sua cotação
de mercado num mercado activo para aquele instrumento. Um mercado é considerado activo
se houver frequência e volume de transacções suficientes de forma a que exista uma cotação
de preços numa base constante.
O justo valor é determinado de acordo com a possibilidade de observar no mercado o seu
justo valor, nomeadamente:
a) Nível 1 – o justo valor é determinado com base em preços formados em mercados
activos;
b) Nível 2 – o justo valor é determinado com base em técnicas de avaliação, sendo que
os principais pressupostos dos modelos de avaliação são observáveis no mercado; e
c) Nível 3 – o justo valor é determinado com base em modelos de avaliação, mas os
principais pressupostos não são observáveis no mercado.

2.5.7.2. Identificação e Mensuração de Imparidade


A RECREDIT calcula a imparidade sobre os seus instrumentos financeiros com base no
modelo de perda esperada (Expected Credit Loss – ECL). Neste modelo, os activos sujeitos
ao cálculo de imparidade ocorrem sempre que:
a) A partir do reconhecimento inicial do activo e sempre que não exista uma degradação
significativa do risco de crédito desde essa data, os activos são classificados em
estágio 1. Para estes activos, deverá ser reconhecida uma imparidade correspondente
ao ECL para o horizonte temporal de 1 ano, a contar da data de referência do reporte;
b) Exista uma degradação significativa de risco a partir do momento em que se processa
o reconhecimento inicial. Nesta categoria, a imparidade corresponderá ao ECL para a
restante vida desse activo. Neste estágio incluem-se instrumentos financeiros que
tiveram um aumento significativo no risco de crédito desde o reconhecimento inicial,
mas ainda não apresentam evidência objectiva de imparidade; e
c) Os activos em situação de imparidade deverão ser classificados nesta categoria com
imparidade correspondente ao ECL. Neste estágio incluem-se activos financeiros que
já apresentam evidência objectiva de imparidade na data da demonstração financeira,
os quais são analisados individualmente.
Dependendo da classificação da operação, as perdas de crédito são estimadas de acordo
com:
a) Perdas Esperadas a 12 meses – resultantes de um evento de perda que ocorra nos
12 meses após a data de cálculo; e
b) Perdas Esperadas até à maturidade – obtidas através da diferença entre os fluxos
de caixa contratuais e os fluxos de caixa que a entidade espera vir a receber até à
Relatório & Contas 2021 58
RECREDIT

maturidade do contrato. Ou seja, a perda esperada resulta de todos os potenciais


eventos até à maturidade.
A Norma IFRS 9 — Instrumentos Financeiros — não define um conceito de incumprimento,
no entanto, a RECREDIT aplica o critério de vencimento superior a 90 dias, conforme o
Instrutivo n.º 05/16, de 08 de Agosto, do BNA — Perda Por Imparidade para a Carteira de
Crédito.
Na carteira dos instrumentos financeiros, as imparidades são calculadas atribuindo:
a) Uma probabilidade de incumprimento (PD) – que deriva da notação da dívida do
emitente ou contraparte, respectivamente; e
b) Uma perda dado o incumprimento (LGD) – que resulta de parâmetros de mercado.

2.5.8. Compensação de Instrumentos Financeiros


A RECREDIT procede à compensação de activos e passivos financeiros, apresentando um
valor líquido no balanço quando, e apenas quando, existe direito irrevogável de os compensar
numa base líquida e tem a intenção de os regularizar numa base líquida ou de receber o
valor do activo, e liquidar o passivo respectivo simultaneamente.
Ganhos e perdas apenas são compensados quando tal é permitido pelas Normas IFRS ou
para ganhos e perdas decorrentes de um grupo de transacções de natureza similar.

2.6. Instrumentos de Capital


Um instrumento financeiro é classificado como instrumento de capital quando não existe uma
obrigação contratual da sua liquidação a ser efectuada mediante a entrega de dinheiro ou de
outro activo financeiro a terceiros, independentemente da sua forma legal, evidenciando um
interesse residual nos activos de uma entidade após a dedução de todos os seus passivos.
Os custos de transacção directamente atribuíveis à emissão de instrumentos de capital são
registados por contrapartida do capital próprio, tal como quando ocorre uma dedução ao valor
da emissão. Os valores pagos e recebidos, pelas compras e vendas de instrumentos de
capital, são registados no capital próprio líquido dos custos de transacção.

2.6.1. Desreconhecimento
A RECREDIT desreconhece os seus activos financeiros quando vencem todos os direitos
dos fluxos de caixa futuros. Numa transferência de activos, o desreconhecimento apenas
pode ocorrer quando, substancialmente, todos os riscos e benefícios dos activos financeiros
forem transferidos ou na qual a RECREDIT, nem transfere e nem retém, substancialmente,
todos os riscos e benefícios e não mantém controlo dos activos financeiros.
A RECREDIT procede ao desreconhecimento de passivos financeiros quando estes são
cancelados ou extintos.

Relatório & Contas 2021 59


RECREDIT

2.7. Outros Activos Tangíveis


2.7.1. Reconhecimento e Mensuração
Os outros activos tangíveis encontram-se registados ao custo de aquisição, deduzido das
respectivas amortizações acumuladas e perdas por imparidade. O custo inclui despesas que
são directamente atribuíveis à aquisição de bens.

2.7.2. Custos Subsequentes


Os custos subsequentes são reconhecidos como activos separados, apenas se for provável
que deles resultarão benefícios económicos futuros para a RECREDIT. As despesas com
manutenção e reparação são reconhecidas ao custo, à medida que são incorridas de acordo
com o princípio da especialização dos exercícios.

2.7.3. Amortizações
As amortizações são calculadas pelo método das quotas constantes, de acordo com os
seguintes períodos de vida útil esperada:
Tabela 12 – Mapa do período de vida útil do imobilizado corpóreo
Descrição Vida útil (anos)
Imóveis de uso próprio 25
Equipamento de carga e transporte 4
Equipamento administrativo 3-8
Equipamento básico 3

Quando existe indicação de que um activo possa estar em imparidade, a Norma IAS 36 —
Imparidade de Activos — exige que o seu valor recuperável seja estimado, devendo ser
reconhecida uma perda por imparidade sempre que o valor líquido de um activo exceda o
seu valor recuperável. As perdas por imparidade são reconhecidas na demonstração de
resultados.
O valor recuperável é determinado como o mais elevado entre o seu preço de venda líquido
e o seu valor de uso, sendo este calculado com base no valor actual dos fluxos de caixa
estimados e que esperam vir a obter do uso continuado do activo e da sua alienação no fim
da sua vida útil.
2.8. Activos intangíveis
2.8.1. Software
Os custos incorridos com a aquisição de Software a terceiras entidades são capitalizados,
assim como as despesas adicionais suportadas pela RECREDIT e necessárias à sua
implementação. Estes custos são amortizados pelo método das quotas constantes durante
o período de vida útil estimado de 3 anos.

2.8.2. Encargos com Projectos de Investigação e Desenvolvimento


Os custos directamente relacionados com o desenvolvimento de aplicações informáticas,
Relatório & Contas 2021 60
RECREDIT

sobre as quais seja expectável que venham a gerar benefícios económicos futuros para além
de um exercício, são reconhecidos e registados como activos intangíveis.
Todos os restantes encargos relacionados com os serviços informáticos são reconhecidos
como custos, quando incorridos.
Até à presente data, por não terem ocorrido factos patrimoniais que o permitissem, a
RECREDIT não registou qualquer activo intangível gerado internamente.

2.9. Activos não Correntes Detidos para Venda (IFRS 5)


Os activos não correntes reconhecidos e grupos de activos detidos para venda e operações
descontinuadas são classificados como detidos para venda, quando existe a intenção de
alienar os referidos activos.
Imediatamente antes da sua classificação como activos não correntes detidos para venda, a
valorização — de todos os activos não correntes e todos os activos e passivos incluídos num
grupo de activos para venda — é efectuada de acordo com as Normas IFRS aplicáveis. Após
a sua reclassificação, estes activos ou grupos de activos são avaliados ao menor valor entre
o seu custo e o justo valor deduzido dos custos de venda.
As operações descontinuadas e as subsidiárias adquiridas exclusivamente com o objectivo
de venda, a curto prazo, são consolidadas até ao momento da sua venda.
O justo valor é baseado no valor de mercado, sendo este determinado com base no preço
expectável de venda, obtido através de avaliações periódicas independentes solicitadas pela
RECREDIT. A valorização subsequente destes activos é efectuada ao menor valor, entre o
seu valor contabilístico e o correspondente justo valor líquido dos custos de venda, não sendo
sujeitos a amortizações. Caso existam perdas não realizadas, estas serão registadas como
perdas por imparidade por contrapartida dos resultados do exercício.

2.10. Benefícios aos Empregados


Os benefícios de curto prazo dos empregados incluem: salários, retribuições eventuais por
trabalho extraordinário, prémios de produtividade e assiduidade, subsídio de alimentação,
transporte, férias e de natal, abonos para falhas e quaisquer outras retribuições adicionais
decididas pontualmente pelo Conselho de Administração. Para além disso, são ainda
incluídas as contribuições para a segurança social de acordo com a incidência contributiva
decorrente da legislação aplicável, as faltas autorizadas e remuneradas e, ainda, eventuais
participações nos lucros e gratificações, desde que o seu pagamento venha a decorrer dentro
dos 12 meses subsequentes ao encerramento do período.
As obrigações decorrentes dos benefícios de curto prazo são reconhecidas como custo no
período em que os serviços são prestados, numa base não descontada, por contrapartida do
reconhecimento de um passivo que se extingue com o pagamento respectivo.
De acordo com a legislação laboral aplicável, o direito a férias e o subsídio de férias relativo
ao período, por este coincidir com o ano, vence-se em 31 de Dezembro de cada ano, sendo
somente pago durante o período seguinte, pelo que os custos correspondentes se encontram
Relatório & Contas 2021 61
RECREDIT

reconhecidos como benefícios de curto prazo.


Os benefícios decorrentes da cessação do emprego, quer por decisão unilateral da Empresa,
quer por mútuo acordo, são reconhecidos como custos no período em que ocorrem.

2.11. Reconhecimento de Juros


Os resultados referentes aos juros de instrumentos financeiros activos e passivos avaliados
ao custo amortizado são reconhecidos nas rubricas de juros e rendimentos similares ou juros
e encargos similares, de acordo com os prazos das operações subjacentes, à excepção dos
juros de activos financeiros disponíveis para venda e investimentos detidos até à maturidade,
que são reconhecidos de acordo com o método da taxa de juro efectiva.
Os juros reconhecidos pelo método da taxa de juro efectiva de activos financeiros disponíveis
para venda são reconhecidos em margem financeira, assim como dos activos e passivos
financeiros ao justo valor através de resultados.
A taxa de juro efectiva corresponde à taxa que actualiza os pagamentos ou recebimentos
futuros estimados durante a vida útil do instrumento financeiro, para o valor líquido actual no
balanço do activo ou passivo financeiro.
Para a determinação da taxa de juro efectiva, a RECREDIT procede à estimativa dos fluxos
de caixa futuros considerando todos os termos contratuais do instrumento financeiro e não
considerando eventuais perdas por imparidade. O cálculo inclui as comissões pagas ou
recebidas consideradas como parte integrante da taxa de juro efectiva, custos de transacção
e todos os prémios ou descontos directamente relacionados com a transacção.
No caso de activos financeiros ou grupos de activos financeiros semelhantes para os quais
foram reconhecidas perdas por imparidade, os juros registados em resultados são
determinados com base na taxa de juro utilizada na avaliação da perda por imparidade.

2.12. Normas contabilísticas e interpretações recentemente emitidas

2.12.1. Alterações voluntárias de políticas contabilísticas


Durante o exercício não ocorreram alterações voluntárias de políticas contabilísticas, face às
consideradas na preparação da informação financeira relativa ao exercício anterior
apresentada nos comparativos

2.12.2. Novas normas e interpretações aplicáveis ao exercício


IFRS 9, IAS 39, IFRS 7, IFRS 4 e IFRS 16: Reforma das taxas de juro benchmark (IBOR
Reform) – Fase 2

O IASB emitiu em Agosto de 2020 alterações às IAS 39, IFRS 4, IFRS 7, IFRS 9 e IFRS 16,
que decorrem da segunda fase do trabalho desenvolvido para responder aos efeitos no
reporte financeiro da reforma dos índices de referência das taxas de juro (IBOR - Interbank
Offered Rates). As alterações introduzidas ao normativo incidem sobre modificações em
activos e passivos financeiros e passivos associados a contratos de locação, requisitos de

Relatório & Contas 2021 62


RECREDIT

contabilidade de cobertura e respectivas divulgações.


No que respeita às modificações em activos financeiros, passivos financeiros e passivos
associados a contratos de locação é introduzido um expediente que permite que todas as
situações directamente relacionadas com a reforma da IBOR sejam registadas
contabilisticamente mediante actualização da taxa de juro efectiva da operação, incidindo
sobre todas as restantes alterações as regras actualmente previstas nos normativos
relevantes.
Enfatiza-se que as relações de cobertura não são descontinuadas apenas em resultado da
reforma, devendo, no entanto, assegurar-se a actualização da documentação em função das
modificações ocorridas no âmbito dos elementos cobertos, elementos de cobertura e riscos
cobertos.
A nova relação modificada deve cumprir os requisitos de aplicação da contabilidade de
cobertura, incluindo ao nível da eficácia. São também reforçados os requisitos de divulgação
a efectuar pelas entidades afectadas pela reforma quanto à natureza e extensão dos riscos
a que se encontram expostas e quanto ao progresso do processo de transição para as novas
taxas de referência, incluindo informação quantitativa sobre derivados e outros activos e
passivos financeiros afectados por estas alterações, bem como sobre eventuais
ajustamentos introduzidos à estratégia de gestão de risco das instituições que lhe estejam
directamente associadas.

Estas alterações são de aplicação obrigatória em exercícios económicos iniciados em ou


após 1 de Janeiro de 2021. Da aplicação das normas, interpretações ou alterações acima
referidas não resultaram impactos na preparação das demonstrações financeiras da
RECREDIT.

2.12.3. Novas normas e interpretações já emitidas, que irão


entrar em vigor em exercícios futuros

IAS 1 (Alterações) e IFRS Practice Statement 2


As alterações introduzidas ao texto da norma e do Practice Statement visam clarificar os
requisitos que devem ser considerados na avaliação das políticas contabilísticas que devem
ser objecto de divulgação, substituindo a expressão “políticas contabilísticas significativas”
por “políticas contabilísticas materiais”, sendo igualmente introduzidos exemplos ilustrativos
que pretendem demonstrar a aplicação do conceito de materialidade. As alterações são de
adopção obrigatória para exercícios económicos iniciados em ou após 1 de Janeiro de 2023
e devem ser aplicados prospectivamente.

IAS 8 - Políticas Contabilísticas, Alterações nas Estimativas Contabilísticas e Erros


(Alterações)
As alterações realizadas ao texto da norma introduzem distinções relativamente à
apresentação e divulgação de diferentes naturezas de modificações efectuadas às
demonstrações financeiras, sendo introduzidos esclarecimentos quanto ao tratamento das
estimativas contabilísticas, e nomeadamente:
 Mensuração em conceito de incerteza;

Relatório & Contas 2021 63


RECREDIT

 Diferença entre modificação de estimativas contabilísticas e correcções de erros;


 Contabilização dos efeitos de modificações de estimativas contabilísticas.
As alterações são de adopção obrigatória para exercícios económicos iniciados em ou após
1 de Janeiro de 2023 e incidem sobre alterações de estimativas ou de políticas contabilísticas
ocorridas posteriormente a essa data.

IAS 12: Impostos sobre o rendimento (Alterações)


A alteração introduzida restringe o âmbito da isenção de reconhecimento nos parágrafos 15
e 24 da IAS 12 (isenção de reconhecimento) para que não seja aplicável a transacções que,
no reconhecimento inicial, dão origem a diferenças temporárias tributáveis e dedutíveis
iguais. Estas alterações são de aplicação obrigatória em exercícios económicos iniciados em
ou após 1 de Janeiro de 2023.

IAS 16: Activos fixos tangíveis (Alterações)


As alterações realizadas ao texto da norma clarificam que não podem ser deduzidos ao custo
de aquisição quaisquer proveitos obtidos com a utilização do activo até à sua instalação
definitiva no local em que irá operar de acordo com as condições definidas pela gestão para
o seu uso pretendido. A entidade reconhece os rendimentos obtidos da venda de tais
produtos e os custos da sua produção directamente em resultados. Estas alterações são de
aplicação obrigatória em exercícios económicos iniciados em ou após 1 de Janeiro de 2022.

A aplicação retrospectiva é obrigatória apenas para os activos elegíveis que tenham sido
instalados na sua localização pretendida após a data do primeiro período comparativo
apresentado.

IAS 37: Provisões, passivos contingentes e activos contingentes (Alterações)


As alterações realizadas ao texto da norma especificam o enquadramento dos custos
elegíveis para a classificação de um contrato como oneroso. Devem ser considerados para
este efeito todos os custos que possam ser directamente afectos ao cumprimento das
obrigações contratuais, podendo estes assumir natureza incremental (como por exemplo
bens, equipamentos ou honorários) ou mediante outros tipos de alocação desde que
claramente identificáveis (como por exemplo custos de amortização de equipamento utilizado
no cumprimento das referidas obrigações).

Estas alterações são de aplicação obrigatória em exercícios económicos iniciados em ou


após 1 de Janeiro de 2022, produzindo efeitos de forma prospectiva. No exercício da primeira
aplicação da alteração, encontram-se abrangidos todos os contratos cujas obrigações não
se encontrem integralmente cumpridas à data do início do primeiro período comparativo
apresentado, sem haver lugar à reexpressão do comparativo.

IFRS 3: Concentrações de actividades empresariais (Alterações)


As alterações realizadas ao texto da norma compreendem:
 Correcção da menção efectuada à estrutura conceptual aplicável, a qual ainda

Relatório & Contas 2021 64


RECREDIT

referenciava a versão emitida em 1989, em detrimento da mais recente (emitida em


2018);
 Introdução de uma clarificação relativamente ao tratamento de passivos adquiridos
em resultado de uma concentração de actividades empresariais, a qual deve ser
efectuada à luz da IAS 37 e IFRIC 21, quando estes são enquadráveis no seu âmbito
de aplicação;
 Explicitação no texto da norma que um adquirente não deve reconhecer activos
contingentes adquiridos em resultado de uma concentração de actividades
empresariais. Estas alterações são de aplicação obrigatória em exercícios
económicos iniciados em ou após 1 de Janeiro de 2022, produzindo efeitos de forma
prospectiva.

IFRS 17 - Contratos de seguro


A IFRS 17 aplica-se a todos os contratos de seguro (e.g., vida, não vida, seguros directos e
resseguros), independentemente do tipo de entidades que os emite, bem como a algumas
garantias e a alguns instrumentos financeiros com características de participação
discricionária. Algumas excepções serão aplicadas.
O objectivo geral da IFRS 17 é fornecer um modelo contabilístico para os contratos de seguro
que seja de maior utilidade e mais consistente para os emitentes.

O IASB decidiu propor a alteração da data de entrada em vigor da norma para exercícios
anuais com início em ou após 1 de Janeiro de 2023.
A 9 de Dezembro de 2021, o IASB emitiu ainda a uma alteração da IFRS 17 que vem agora
permitir que as entidades que preparam as demonstrações financeiras possam reduzir as
divergências contabilísticas na transição e os utilizadores dessas demonstrações financeiras
também possam beneficiar de informação mais útil, comparável e de melhor compreensão
na passagem da IFRS 4 e IAS 39 para a IFRS 17 e IFRS 9. A alteração vem assim alinhar
os requisitos relativos à aplicação inicial e respectiva informação comparativa da IFRS 17 e
IFRS 9 (mencionada de classification overlay).

Annual Improvements to IFRS Standards 2018-2020


 Alterações à IFRS 1 – Subsidiária enquanto adoptante das IFRS pela primeira vez (1-
Jan-2022);
 Alterações à IFRS 9 – Desreconhecimento de passivos financeiros (1-Jan-2022);
 Alterações à IAS 41 – Tributação e mensuração do justo valor (1-Jan-2022).

3. Principais Estimativas e Julgamentos Utilizados na Elaboração das


Demonstrações Financeiras
As Demonstrações Financeiras, anexas, foram preparadas no pressuposto da continuidade
das operações, a partir dos livros e registos contabilísticos da empresa, mantidos de acordo
com os princípios contabilísticos definidos nas Normas Internacionais de Relato Financeiro.
Na preparação das Demonstrações Financeiras de acordo com as Normas IFRS, a
administração da empresa utiliza estimativas e pressupostos que afectam a aplicação de
Relatório & Contas 2021 65
RECREDIT

políticas e montantes reportados. As estimativas e julgamentos são continuamente avaliados


e baseiam-se na experiência de eventos passados e outros factores, incluindo expectativas
relativas a eventos futuros considerados prováveis face às circunstâncias em que as
estimativas são baseadas ou resultado de uma informação ou experiência adquirida.
As estimativas foram determinadas com base na melhor informação disponível à data de
preparação das Demonstrações Financeiras. No entanto, poderão ocorrer situações em
períodos subsequentes que, não sendo previsíveis à data, não foram consideradas nessas
estimativas.
As alterações significativas a estas estimativas, que ocorram posteriormente à data das
demonstrações financeiras, serão corrigidas em resultados de forma prospectiva.
Os eventos ocorridos após a data do balanço que proporcionem provas ou informações
adicionais sobre condições que existiam à data do balanço — acontecimentos que dão lugar
a ajustamentos, são reflectidos nas Demonstrações Financeiras da Empresa àquela data. Os
eventos após a data do balanço que sejam indicativos de condições que surgiram após a
data do balanço — acontecimentos que não dão lugar a ajustamentos, quando relevantes,
são divulgados no anexo.

3.1. Justo Valor dos Instrumentos Financeiros e Outros Activos e


Passivos Financeiros Valorizados ao Justo Valor
O justo valor é baseado em cotações de mercado, quando disponíveis, e na ausência de
cotação, é determinado com base na utilização de preços de transacções recentes
semelhantes e realizadas em condições de mercado, ou com base em metodologias de
avaliação baseadas em técnicas de fluxos de caixa futuros descontados, considerando as
condições de mercado, o valor temporal, a curva de rentabilidade e factores de volatilidade.
Estas metodologias podem requerer a utilização de pressupostos ou julgamentos na
estimativa de justo valor.
Consequentemente, a utilização de diferentes metodologias ou de diferentes pressupostos
ou julgamentos na aplicação de determinado modelo, poderia originar resultados financeiros
diferentes daqueles reportados.
A RECREDIT utiliza a hierarquia de justo valor, na determinação da avaliação do valor do
instrumento, de acordo com as disposições apresentadas na Norma IFRS 13, mais
propriamente:
a) O justo valor é determinado com base em preços cotados não ajustados, capturados
nas transacções em mercados activos, envolvendo instrumentos financeiros idênticos
aos instrumentos a avaliar. Existindo mais do que um mercado activo para o mesmo
instrumento financeiro, o preço relevante é o que prevalece no mercado principal do
instrumento, ou o mercado mais vantajoso para os quais o acesso existe;
b) O justo valor é apurado a partir de técnicas de avaliação suportadas em dados
observáveis em mercados activos, sejam dados directos — preços, taxas, spreads —
ou indirectos — derivados, e pressupostos de valorização semelhantes aos que uma
parte não relacionada usaria na estimativa do justo valor do mesmo instrumento

Relatório & Contas 2021 66


RECREDIT

financeiro. Inclui ainda instrumentos cuja valorização é obtida através de cotações


divulgadas por entidades independentes, mas cujos mercados têm liquidez mais
reduzida; e
c) O justo valor é determinado com base em dados não observáveis em mercados
activos, com recurso a técnicas e pressupostos que os participantes do mercado
utilizariam para avaliar os mesmos instrumentos, incluindo hipóteses acerca dos riscos
inerentes à técnica de avaliação utilizada.

3.2. Activos Financeiros ao Justo Valor Através de Outro


Rendimento Integral
Estes instrumentos financeiros estão contabilizados ao justo valor. O justo valor tem como
base as cotações de mercado, sempre que estas se encontrem disponíveis. Caso estas não
existam, o cálculo do justo valor assenta na utilização de modelo interno para cálculo,
ajustado pelos factores associados, predominantemente o risco de crédito e o de liquidez,
determinados de acordo com as condições de mercado e prazos respectivos, bem como os
dados observáveis e do conhecimento do mercado, nomeadamente os elementos
disponibilizados pelo BNA.
4. Impostos sobre os Lucros e Impostos Diferidos
Para determinar o montante global de impostos sobre os lucros foi necessário efectuar
determinadas interpretações e estimativas. Existem diversas transacções e cálculos para os
quais a determinação dos impostos a pagar é estimada durante o ciclo normal de negócios.
Outras interpretações e estimativas poderiam resultar em um nível diferente de impostos
sobre os lucros, correntes e diferidos, reconhecidos no exercício.
As autoridades fiscais têm a possibilidade de rever o cálculo da matéria colectável efectuado
pela RECREDIT, durante um período de 5 anos. Desta forma, é possível que hajam
correcções à matéria colectável, resultantes principalmente de diferentes interpretações da
legislação fiscal, que pela sua probabilidade, o Conselho de Administração considere que
não terão efeito materialmente relevante ao nível das Demonstrações Financeiras.

4.1. Imposto sobre os Lucros (IAS 12)


Os impostos sobre os lucros registados em resultados incluem o efeito dos impostos
correntes e impostos diferidos. O imposto é reconhecido na demonstração dos resultados,
excepto quando relacionado com itens que sejam movimentados em capitais próprios, facto
que implica o seu reconhecimento em capitais próprios.
Os impostos diferidos reconhecidos nos capitais próprios decorrentes da reavaliação de
activos financeiros ao justo valor, através de outro rendimento integral e de derivados de
cobertura de fluxos de caixa, são posteriormente reconhecidos em resultados, no momento
em que são efectivados os ganhos ou perdas que lhes deram origem.

Relatório & Contas 2021 67


RECREDIT

4.2. Imposto Corrente


Os impostos correntes correspondem ao valor que se apura relativamente ao rendimento
tributável do período, utilizando a taxa de imposto em vigor ou substancialmente aprovada
pelas autoridades à data de balanço e quaisquer ajustamentos aos impostos de exercícios
anteriores.
Com a publicação do Código do Imposto Industrial aprovado pela Lei n.º 19/14, de 22 de
Outubro, que entrou em vigor a 1 Janeiro de 2015 e estabelece que o Imposto Industrial é
objecto de liquidação provisória numa única prestação a ser efectuada no mês de Agosto,
apurada através da aplicação de uma taxa de 2% sobre o resultado derivado das operações
de intermediação financeira, apurado nos primeiros seis meses do exercício fiscal anterior,
excluídos os proveitos sujeitos ao Imposto sobre Aplicação de Capitais.

5. Caixa e Equivalentes de Caixa


Em 31 de Dezembro de 2021 e 2020, a rubrica de Caixa e seus equivalentes, apresentava
os seguintes detalhes:
Tabela 13 – Caixa e equivalentes de caixa em 31 de Dezembro de 2021 e 2020

(Em milhares de Kwanzas)


Descrição 31.12.2021 31.12.2020
Depósitos a ordem em bancos Comerciais 114 887 191 551
Caixa 5 643 8 188
Total de Caixa e Equivalente de Caixa 120 529 199 739
Imparidade em Caixa e equivalente de Caixa -185 -921
Saldo de Caixa e equiv. de Caixa liquido no Balanço -185 198 818

Esta rubrica é composta pelos valores em caixa, valores em depósitos a ordem bem como
as respectivas imparidades.

Relatório & Contas 2021 68


RECREDIT

6. Activos Financeiros ao Justo Valor através de Outro Rendimento


Integral
A carteira de títulos da RECREDIT é composta por Obrigações do Tesouro da República de
Angola e, devido ao facto de o modelo de negócio da RECREDIT assentar na aquisição de
créditos, no âmbito do processo de saneamento e reestruturação do BPC e por títulos por si
adquiridos, no âmbito das aplicações financeiras resultantes do seu excedente de liquidez
fruto dos recebimentos dos juros dos respectivos instrumentos financeiros.
Pelo que, não é expectável que a entidade tenha como objectivo final manter estes papéis
até à sua maturidade, motivo pelo qual a carteira de títulos ter sido classificada como activos
financeiros ao justo valor através de outro rendimento integral, no âmbito da Norma IFRS 9
– Instrumentos Financeiros, conforme decomposição no quadro abaixo:
O detalhe da carteira de títulos detida pela RECREDIT, em 31 de Dezembro de 2021 e 2020,
é como se segue:
Tabela 14 – Activos financeiros ao justo valor através de outro rendimento integral em 31 de Dezembro de 2021 e 2020

(Em milhares de Kwanzas)

Descrição 31.12.2021 31.12.2020

Obrigações do Tesouro Indexados ao USD 33 401 120 54 022 773


Obrigações do Tesouro Não Reajustáveis 75 391 865 64 726 135
Total do Registo 108 792 984 118 748 908
Imparidade - 1 483 480 -
Total 107 309 504 118 748 908

Relatório & Contas 2021 69


RECREDIT
Tabela 15 – Detalhes dos Activos financeiros ao justo valor através de outro rendimento integral em 31 de Dezembro de 2021
(Em milhares de Kwanzas)

Variação Reserva de
Prémio Reserva de JV
Descrição Justo Valor Juros corridos Cambial Imparidade reavaliação
Acumulado Total
Acumulada Líquida

Obrigações do Tesouro Indexados ao USD 52 470 521 116 2 876 472 742 0 -8 945 583 023 3 061 603 956 -700 116 601 -2 361 487 355
Obrigações do Tesouro Não Reajustáveis 54 838 983 158 1 772 326 340 2 243 062 655 0 -5 042 998 666 -783 363 328 15 992 978 335

Total do Registo 107 309 504 274 4 648 799 082 2 243 062 655 -8 945 583 023 -1 981 394 710 -1 483 479 929 13 631 490 980

Tabela 16 – Detalhes dos Activos financeiros ao justo valor através de outro rendimento integral em 31 de Dezembro de 2020
(Em milhares de Kwanzas)

Variação Reserva de
Juros Prémio
Descrição Justo Valor Cambial Reserva de JV Imparidade reavaliação
Corridos Acumulado
Acumulada Líquida

Obrigações do Tesouro Indexados ao USD 77 641 897 751 374 0 27 914 205 2 060 869 -5 049 523 -2 988 654
Obrigações do Tesouro Não Reajustáveis 41 107 012 1 676 334 1 463 552 0 -5 967 995 -3 105 402 -9 073 397
Total do Registo 118 748 909 2 427 708 1 463 552 27 914 205 -3 907 126 -8 154 925 -12 062 051

Relatório & Contas 2021


70
RECREDIT

7. Activos Financeiros ao Custo Amortizado


Em 31 de Dezembro de 2021 e 2020, esta rubrica apresentava disponibilidades em
instituições financeiras aplicadas a medio prazo e com objectivo de benefícios dos cash flows
das mesmas. Os seguintes saldos justificam as rubricas abaixo:
Tabela 17 – Activos financeiros ao custo amortizado a 31 de Dezembro de 2021 e 2020

(Em milhares de Kwanzas)


Descrição 31.12.2021 31.12.2020
Depósitos a Prazo em bancos Comerciais 54 524 970 35 326 485
Juros a receber 2 149 984 228 809
Imparidades em Depósitos a Prazo -359 826 -1 007 148
Total do Activo ao Custo Amortizado 56 315 129 34 548 146

8. Crédito a Clientes
A 31 de Dezembro de 2021 e 2020, a rubrica de crédito a clientes, em conformidade com o
objecto principal da RECREDIT, apresenta os recebimentos efectuados na compra quer da
primeira quer da segunda carteira feita ao BPC em forma de títulos. De informar que a
primeira foi adquirida em cerca de mKz 231 127 400 tendo sido recuperado o montante de
mKz 3 800 000 por compensação de dívidas com o tesouro Nacional. O remanescente foi
reconhecido imparidades na ordem de 100% do justo valor da carteira.
A segunda carteira, tendo em conta as negociações efectuadas, foi adquirida pelo valor de
mKz 57 058 029, tendo o saldo bruto em carteira em 2021 e 2020 na ordem de mKz 51 394
927 e mKz 56 399 927, respectivamente.
Mantendo-se as imparidades nos dois exercícios na ordem de mKz 45 658 417. Em 31 de
Dezembro de 2021 e 2020 o valor líquido da segunda carteira fixou-se em mKz 5 736 509 e
mKz 10 741 511, respectivamente. No quadro abaixo é apresentado o resumo desta rubrica:

Tabela 18 – Crédito a clientes em 31 de Dezembro de 2021 e 2020


(Em milhares de Kwanzas)
Custo de 31.12.2020 -
Descrição 31.12.2021
Aquisição REEXPRESSO
Mutuários da Primeira Carteira de Crédito 231 127 400 227 327 400 227 327 400
Mutuários Segunda Carteira de Crédito 57 058 029 51 394 927 56 399 928
Total Bruto 288 185 429 278 722 327 283 727 328

Imparidades:
Imparidade Primeira Carteira 0 227 327 400 227 327 400
Imparidade Segunda Carteira 0 45 658 417 45 658 417
Total de Imparidades 0 272 985 817 272 985 817
Total Líquido 288 185 429 5 736 509 10 741 511

O modelo definido para o cálculo das imparidades, correspondente justo valor, bem como a
reexpressão efectuada em 2020, estão descritos na nota 2.5.4.

Relatório & Contas 2021 71


RECREDIT

No quadro abaixo é apresentado os sectores de actividade pelo qual foram concedidos os


respectivos créditos da segunda carteira:
Tabela 19 – Distribuição do Crédito a Clientes por sector de actividade a data de 31 de Dezembro de 2021 e 2020
(Em milhares de Kwanzas)
N.º
Sector de Actividade Valor exposição Justo Valor Imparidade
Processos
AGRICULTURA 7 5 738 008 344 280 -333 317
ASSOCIAÇÃO S/ FINS LUCRATIVOS 2 9 803 963 588 238 -588 238
AVIAÇÃO 4 6 172 689 370 361 -370 361
COMÉRCIO 95 384 641 062 23 078 464 -18 234 444
CONSTRUÇÃO 24 206 014 786 12 360 887 -9 607 922
EDUCAÇÃO 5 2 710 613 162 637 -155 064
ENTIDADE PÚBLICA 2 21 989 401 1 319 364 -285 779
HOTELARIA E TURISMO 18 24 939 925 1 496 396 -1 470 924
IMOBILIÁRIO 21 98 266 643 5 895 999 -5 762 843
INDÚSTRIA 17 30 018 395 1 801 104 -716 302
PESCAS 2 1 551 746 93 105 -58 193
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS 51 70 470 559 4 228 234 -2 755 708
SAÚDE 5 2 960 719 177 643 -177 643
Outros 195 85 694 676 5 141 681 -5 141 681
Total Geral 448 950 973 185 57 058 393 -45 658 419

Tabela 20 – Distribuição do Crédito a Clientes por tipo de processo a data de 31 de Dezembro de 2021 e 2020
(Em milhares de Kwanzas)

Tipo de processo N.º Processos Exposição total Justo Valor (6%) Imparidade

Cobrança 156 306 693 477 18 401 609 -18 284 756
Recuperação Judicial 92 327 617 948 19 657 077 -19 218 470
Reestruturação 27 257 244 627 15 434 678 -4 590 163
Outros 173 59 417 133 3 565 028 -3 565 028

Total Geral 448 950 973 185 57 058 391 -45 658 417

9. Activos Fixos Tangíveis


Os aumentos ocorridos em 2021, referem-se, essencialmente a aquisição de equipamentos
de carga e transporte, bem como a compra de alguns equipamentos administrativos e
mobiliário de escritório tais como: computadores, secretarias para a continuidade mais
efectiva das actividades da RECREDIT em todas as suas vertentes.
Os movimentos ocorridos nesta rubrica, foram os seguintes:

Relatório & Contas 2021 72


RECREDIT
Tabela 21 – Variações ocorridas nos meios do activo imobilizado corpóreo a data de 31 de Dezembro de 2021 e 2020
(Em milhares de Kwanzas)
Saldo em Alienações Saldo em
Descrição Aumento
31.12.2020 e/ou Abates 31.12.2021
Activo Bruto:
Equipamento de Transporte 338 248 484 359 32 591 790 016
Equipamento Administrativo 322 767 62 254 0 385 021
Integ. em conj. indus - Obras em edifício alheio 683 340 0 0 683 340
Activo Fixo Tangível em Curso 9 294 0 0 9 294
Outras Imob. Corpóreas - Obras de Arte 21 332 0 0 21 332
Valor Bruto 1 374 981 546 613 32 591 1 889 003
Depreciação:
Equipamento de Transporte 140 424 114 369 0 254 793
Equipamento Administrativo 51 041 114 045 0 165 086
Outras Imob. Corpóreas 0 6 919 0 6 919
Edifícios e outras construções 888 13 626 0 14 514
Total das Depreciações 192 353 248 959 0 441 312
Valor Líquido 1 182 628 297 654 32 591 1 447 691

Tabela 22 – Variações ocorridas nos meios do activo imobilizado corpóreo a data de 31 de Dezembro de 2020 e 2019

(Em milhares de Kwanzas)


Saldo em Alienações Saldo em
Descrição Aumento
31.12.2019 e/ou Abates 31.12.2020
Activo Bruto:
Equipamento de Transporte 376 288 84 000 122 040 338 248
Equipamento Administrativo 56 348 283 518 17 099 322 767
Integ. em conj. indus - Obras em edifício alheio 0 683 340 0 683 340
Activo Fixo Tangível em Curso 500 931 3 294 938 3 786 575 9 294
Outras Imob. Corporeas - Obras de Arte 0 22 085 752 21 332
Valor Bruto 933 567 4 367 880 3 926 466 1 374 981
Depreciação:
Equipamento de Transporte 101 782 127 691 89 049 140 424
Equipamento Administrativo 31 832 27 820 8 611 51 041
Outras Imob. Corpóreas 50 0 50 0
Edifícios e outras construções 0 888 0 888
Total das Depreciações 133 664 156 399 97 710 192 353
Valor Líquido 799 903 4 211 481 3 828 757 1 182 628

10. Activos Intangíveis


O valor registado nesta rubrica diz respeito essencialmente ao projecto SAP – Plataforma de
registo contabilístico que é a base da contabilidade na RECREDIT, bem como a depreciação
do referido bem, de acordo com o quadro abaixo:

Relatório & Contas 2021 73


RECREDIT
Tabela 23 – Mapa dos activos intangíveis em 31 de Dezembro de 2021 e 2020

(Em milhares de Kwanzas)


Saldo em Alienações Saldo em
Descrição Aumento
01.01.2021 e/ou Abates 31.12.2021
Activo Intangível - SAP 490 876 62 258 0 553 134
Outros Activo Intangíveis 47 547 0 0 47 547
Activo Fixo Intangível em Curso 28 762 0 0 28 762
Total 567 185 62 258 0 629 444
Depreciação:
Activos Intangíveis 278 336 258 247 0 536 583
Total das Depreciações 278 336 258 247 0 536 583
Valor Líquido 288 849 -195 988 0 92 861

Tabela 24 – Mapa dos activos intangíveis em 31 de Dezembro de 2020 e 2019


(Em milhares de Kwanzas)
Saldo em Alienações Saldo em
Descrição Aumento
01.01.2019 e/ou Abates 31.12.2020
Activo Intangível - SAP 337 381 153 495 0 490 876
Outros Activo Intangíveis 17 278 30 269 0 47 547
Activo Fixo Intangível em Curso 15 625 168 317 155 179 28 762
Total 370 283 352 081 155 179 567 185
Depreciação:
Activos Intangíveis 75 099 229 991 26 754 278 336
Total das Depreciações 75 099 229 991 26 754 278 336
Valor Líquido 295 184 122 090 128 425 288 849

11. Outros Activos


Em 31 de Dezembro de 2021 e 2020 esta rubrica, era composta da seguinte forma:
Tabela 25 – Outros activos correntes em 31 de Dezembro de 2021 e 2020
(Em milhares de Kwanzas)
Descrição 31.12.2021 31.12.2020
Processos em Dação e Pagamento 3 901 331 -
Processo 146 – Rentabilidade 24 103 600 24 103 600
Outros valores a receber - Terceiros diversos 47 575 7 156
Outros valores a receber - Estado - saldo devedor 10 368 130 148
Diferimentos 29 927 18 774
Total Bruto 28 092 801 24 259 679

A rubrica processos em dação em pagamento estão incluídos imóveis dados pelos mutuários
para liquidação de dívidas, nomeadamente:
 14 fracções localizadas no edifício Baía em Luanda, avaliados em mKz 10 916 598 e
justo valor na ordem de mKz 1 366 256;
 Prédio rústico (50 hectares) localizado em Luanda, avaliados em mKz 4 481 322 e

Relatório & Contas 2021 74


RECREDIT

justo valor na ordem de mKz 2 512 669;


 Estabelecimento de ensino e respectivo parque de estacionamento localizados em
Luanda, avaliado em Kz 164 304 e justo valor na ordem de mKz 16 924;
 Terreno localizado no Lubango, avaliado em mKz 41 221 e um justo valor na ordem
de mKz 5 482.

A rubrica “Processo 146 – Rentabilidade”:


 Registo referente ao Acordo de Assunção de Dívida e Promessa de Dação em
Pagamento, onde a RECREDIT assumiu a obrigação de reembolsar o valor
correspondente ao depósito que o BNA efectuou no BNI, no valor de mKz 24 103 600.
 Por contrapartida, a RECREDIT recebeu em forma de garantia, 3 (três) imóveis
localizados em Luanda, cuja tramitação e registo junto da Conservatória do Registo
Predial encontra-se em curso.

A rubrica “Outros valores a receber - Estado - saldo devedor” está relacionada com o
adiantamento de imposto industrial provisório referente ao exercício 2021 nos termos do n.º
2 do art.º 66.º da Lei n.º 19/14, de 22 de Outubro.

A rubrica de Diferimentos resultante da aplicação do principio da especialização, constam o


seguinte:
 Seguro automóvel no valor de mKz 10 043;
 Seguro de acidentes de trabalho, no valor de mKz 9 926;
 Seguro de saúde no valor de mKz 5 786;
 Renovação de licenças informáticas no valor de mKz 4 171.

12. Outros Passivos


Nesta rubrica estão registas as responsabilidade da RECREDIT com terceiros, nos
montantes de:
Tabela 26 – Mapa resumo de outros passivos em 31 de Dezembro de 2021 e 2020
(Em milhares de Kwanzas)
31.12.2020
Descrição 31.12.2021
REEXPRESSO
Outros Passivos 55 107 472 55 098 464

Nos quadros abaixo encontram-se os detalhes das rubricas que compõem o registo em
“Outros Passivos”:

Relatório & Contas 2021 75


RECREDIT
Tabela 27 – Mapa de passivos por impostos correntes em 31 de Dezembro de 2021 e 2020
Passivos por impostos correntes (Em milhares de Kwanzas)
Descrição 31.12.2021 31/12/2020
Segurança Social 23 647 10 910
Retenção - Imposto Industrial 2 473 1 997
Retenção – IRT 46 096 20 005
Total de Impostos e Taxas a Favor do Estado 72 215 32 912

Nesta rubrica constam os impostos e taxas retidos na fonte cujo pagamento deverão ocorrer
até 31 de Janeiro de 2022 nos termos dos respectivos códigos tributários.

Tabela 28 – Mapa de Provisões em 31 de Dezembro de 2021 e 2020


Provisões (Em milhares de Kwanzas)
31.12.2020
Descrição 31.12.2021
REEXPRESSO
Provisão p/ Indeminizações ao Pessoal 311 863 226 671
Provisão para Outros Riscos e Encargos 54 567 151 54 626 108
Total de Provisões 54 879 014 54 852 779

O registo em provisão para Indeminizações ao Pessoal foi calculada e registada de acordo


com o Decreto Presidencial n.º 133/19, de 22 de Julho (que define o tempo de vigência da
RECREDIT) conjugado com o art.º 119.º do Código Geral do Trabalho, a provisão que a data
de 31 de Dezembro de 2021 e 2020 ascendia a mKz 311 863.
O registo na rubrica “Provisão para Outros Riscos e Encargos” no valor de mKz 54 567 151,
resulta da provisão de custos/impostos pela dedução à matéria colectável – variação cambial
registada como proveito em 2019.

Tabela 29 – Mapa de outros passivos correntes em 31 de Dezembro de 2021 e 2020


Outros Passivos (Em milhares de Kwanzas)
Descrição 31.12.2021 31/12/2020

Outros Passivos Correntes 156 242 212 774


Total de Outros Passivos 156 242 212 774
Total da Dívida a Terceiros 55 107 472 55 098 464

Nesta rubrica estão incluídas as dívidas a fornecedores correntes no valor de mKz 74 587 e
subsídios de férias a pagar aos funcionários no valor de mKz 77 150.

Relatório & Contas 2021 76


RECREDIT

13. Capital Próprio


O movimento ocorrido no Capital Próprio, a data de 31 de Dezembro de 2021 e
comparativamente ao período homólogo, conheceu um aumento em cerca de 6,77%.
Apresenta-se o seu detalhe no quadro seguinte:
Tabela 30 – Estrutura dos capitais próprios em 31 de Dezembro de 2020 e 2021
(Em milhares de Kwanzas)
Saldo em 31 de
Saldo em 31 de
Dezembro de
Descrição Aumento Redução Dezembro de
2020 -
2021
Reexpresso
Capital Social 3 000 0 0 3 000
Outros Instrumentos de Capital 364 385 429 0 2 156 185 362 229 245
Reserva de Justo Valor -6 698 329 338 463 0 -7 036 792
Reservas Legais 600 0 0 600
Resultado Transitados -155 020 096 0 237 075 379 -222 820 625
Resultado Líquido -67 800 529 11 631 940 -67 800 529 11 631 940
Total 134 870 075 11 970 403 171 431 035 144 007 368

Capital social:
Em 31 de Dezembro de 2021 e 2020, o capital social da RECREDIT, subscrito e
integralmente realizado no valor de mKz 3 000 e encontra-se representado por 300
acções nominais, detidas por dois accionistas, nomeadamente:
 Ministério das Finanças com 95%
 IGAPE com 5%.

Outros Instrumentos de Capital:


Esta rubrica é composta pelas prestações suplementares realizadas pelo acionista
MINFIN. A diminuição da mesma resulta da compensação de crédito de mutuários que
por vez também é credora do Estado. O accionista ao efectuar o pagamento, faz a
retenção de parte da dívida a que a RECREDIT tem direito que por sua vez é
compensada nesta rubrica.

Reserva de Justo Valor:


As reservas de justo valor representam as mais e menos valias potenciais relativas à
carteira de activos financeiros ao justo valor através de outro rendimento integral,
líquidas de imparidade reconhecida em resultados no exercício e/ou em exercícios
anteriores.

Reservas Legais:
Esta rubrica é constituída integralmente pela reserva criada nos termos do Estatuto da
RECREDIT, em linha com o art.º 27.º da Lei n.º 11/13, de 3 de Setembro que aprova
a Lei de Bases do sector Empresarial Público.

Relatório & Contas 2021 77


RECREDIT

Resultado Líquido dos Exercícios/transitados:


Em 2020, foi efectuada a reexpressão as contas, tendo por objectivo a harmonização dos
registos dos factos patrimoniais de acordo com a IFRS/IAS e houve então a necessidade de
se efectuar a provisão de meios monetários para salvaguardar as possíveis indemnizações
que resultarem do encerramento da empresa nos termos da Lei Geral de Trabalho.
O impacto desta reexpressão das contas no exercício 2020, provocou alterações
materialmente relevantes nas rubricas de resultados líquidos, resultados transitados e na
classe de terceiros, nomeadamente:
a) Reclassificação dos títulos cedidos ao BPC ao abrigo do Decreto Presidencial n.º
165/17, de 12 de Julho, conjugado com o Decreto Presidencial n.º 119/20, de 22 de
Abril, resultando deste modo em:
o Redução dos resultados transitados em mKz 245 616 173, incluindo o aumento
de Dívidas a Terceiros, no valor de mKz 54 567 151, que resulta do registo da
provisão de custos/impostos pela dedução à matéria colectável – variação
cambial registada como proveito em 2019.
o Aumento dos resultados líquidos do exercício em mKz 169 274 250;
b) Redução das Dívidas de Terceiros em mKz 45 237 598, pelo reconhecimento de
imparidade da 2.ª carteira de crédito malparado adquirida ao BPC.
c) Aumento de dívida a terceiros por força do Decreto Presidencial n.º 133/19, de 22 de
Julho conjugado com o art.º 119.º do Código Geral do Trabalho, sendo necessária a
criação da provisão para eventuais indemnizações aos trabalhadores, tendo em conta
o tempo de vida útil da empresa. Nessa rubrica inclui o valor da provisão registada até
o ano 2020, no montante de mKz 226 671 e o deferencial refente a 2021.

14. Mapa de Registo dos Activos e Passivos ao Justo Valor em 31 de


Dezembro de 2021 e 2020
O justo valor dos activos e passivos financeiros da RECREDIT em 31 de Dezembro de 2021
e 2020 é apresentado como se segue.

Relatório & Contas 2021 78


RECREDIT
Tabela 31 – Mapas de registo dos activos e passivos ao justo valor em 31 de Dezembro de 2021 e 2020

(Em milhares de Kwanzas)


Valorização ao Justo Valor
Modelo de Modelo de
Custo Cotações de Total Valor
Descrição Notas valorização c/ valorização c/ Justo Valor
Amortizado mercado de Balanço
parâmetros parâmetros
(Nível 1) (Nível 2) (Nível 3)
Saldos em 31 de Dezembro de 2021
Crédito a clientes 7 5 736 509 0 0 0 5 736 509 5 736 509
Activos financeiros ao custo amortizado 8 56 315 129 0 0 0 56 315 129 56 315 129
Activos Financeiros ao Justo valor através de outro rendimento integral 9 0 0 107 309 504 0 107 309 504 107 309 504
Outros Activos 10 28 092 801 0 0 0 28 092 801 28 092 801
Caixa e equivalentes de caixa 11 120 345 0 0 0 120 345 120 345
Activos Financeiros 90 264 783 - 107 309 504 - 197 574 288 197 574 288
Outros Passivos 12 -55 098 464 - - - -55 098 464 -55 098 464
Passivos Financeiros -55 098 464 - - - -55 098 464 -55 098 464

Valorização ao Justo Valor


Modelo de Modelo de Total Valor
Custo Cotações de
Descrição Notas valorização c/ valorização c/ de Balanço - Justo Valor
Amortizado mercado
parâmetros parâmetros Reexpresso
(Nível 1) (Nível 2) (Nível 3)
Saldos em 31 de Dezembro de 2020
Crédito a clientes 7 10 741 511 0 0 0 10 741 511 10 741 511
Activos financeiros ao custo amortizado 8 34 548 146 0 0 0 34 548 146 34 548 146
Activos Financeiros ao Justo valor através de outro rendimento integral 9 0 118 748 908 0 118 748 908 118 748 908
Outros Activos 10 24 259 679 0 0 0 24 259 679 24 259 679
Caixa e equivalentes de caixa 11 198 818 0 0 198 818 198 818
Activos Financeiros 69 748 154 0 118 748 908 - 188 497 062 188 497 062
Outros Passivos 12 -55 107 472 - - -55 107 472 -55 107 472
Passivos Financeiros -55 107 472 - - - -55 107 472 -55 107 472

Relatório & Contas 2021 79


RECREDIT

A RECREDIT utiliza a hierarquia de justo valor, com três níveis (descritos na nota 2.5.7.1.)
na valorização de instrumentos financeiros (activos ou passivos), a qual reflecte o nível de
julgamento, a observabilidade dos dados utilizados e a importância dos parâmetros aplicados
na determinação da avaliação do justo valor dos instrumentos financeiros, de acordo com o
disposto na Norma IFRS 13.
A RECREDIT considera um mercado activo para um dado instrumento financeiro, na data de
valorização, dependendo do volume de negócios e da liquidez das operações realizadas, da
volatilidade relativa dos preços cotados e da prontidão e disponibilidade da informação,
devendo, para o efeito verificar as seguintes condições mínimas:
a) Existência de cotações diárias frequentes de negociação no último ano;
b) As cotações acima mencionadas alteram-se com regularidade; e
c) Existem cotações executáveis de mais do que uma entidade.
Um parâmetro utilizado numa técnica de valorização é considerado como um dado
observável no mercado se estiverem reunidas as condições seguintes:
a) O seu valor é determinado num mercado activo;
b) Existe um mercado OTC e é razoável assumir-se que se verificam as condições de
mercado activo, com a excepção da condição de volumes de negociação; e
c) O valor do parâmetro pode ser obtido pelo cálculo inverso dos preços dos instrumentos
financeiros e ou derivados, onde os restantes parâmetros necessários à avaliação
inicial são observáveis num mercado líquido, ou num mercado OTC, que cumpram
com os parágrafos anteriores.
As principais metodologias e pressupostos utilizados na estimativa do justo valor dos activos
e passivos financeiros registados no balanço ao custo amortizado são analisados como se
segue:
i) Caixa e Equivalentes de Caixa
Estes activos são de muito curto prazo pelo que o valor de balanço é uma estimativa
razoável do seu respectivo justo valor.
ii) Activos Financeiros pelo Justo Valor através do Outro Rendimento Integral
Estes instrumentos financeiros estão contabilizados ao justo valor. O justo valor tem como
base as cotações de mercado do preço de compra (Bid-price), sempre que estas se
encontrem disponíveis. Caso estas não existam, o cálculo do justo valor assenta na
utilização de modelos numéricos baseados em técnicas de desconto de fluxos de caixa
que, para estimar o justo valor, utilizam as curvas de taxa de juro de mercado.
Os valores respeitantes às taxas de muito curto prazo são obtidos de fonte semelhante,
mas referentes ao mercado monetário interbancário. As taxas de juro para os prazos
específicos dos fluxos de caixa são determinadas por métodos de interpolação
adequados, quando possível.

Relatório & Contas 2021 80


RECREDIT

As taxas de juro de mercado, para o Kwanza, são apuradas com base nas taxas de juro
dos bilhetes do tesouro para as várias maturidades.
iii) Outros Activos e Passivos
O justo valor de outros activos e passivos é estimado com base na actualização dos fluxos
de caixa esperados de capital e juros, considerando que, os pagamentos das prestações
ocorrem nas datas contratualmente definidas. Estes activos e passivos são de muito curto
prazo pelo que o valor de balanço é uma estimativa razoável do seu respectivo justo valor.

15. Margem Financeira


O detalhe da Margem Financeira para o período findo em 31 de Dezembro de 2021 e 2020
é como se segue:
Tabela 32 – Mapa de registo da margem financeira em 31 de Dezembro de 2021 e 2020
(Em milhares de Kwanzas)
31.12.2020 –
Descrição 31.12.2021
REEXPRESSO
Juros e Rendimentos Similares:
Proveitos de recuperação de Crédito 5 130 562 420 819
Juros de Depósitos a Prazo 6 385 433 2 484 069
Juros de Obrigações do Tesouro 13 850 429 10 458 279
Comissão de Rentabilidade 518 376 416 020
Total dos rendimentos 25 884 800 13 779 187
Juros e Encargos Similares:
Despesas Bancárias 336 894 1 021 286
Total dos encargos 336 894 1 021 286
Margem Financeira 25 547 906 12 757 900

O Conselho de Administração da RECREDIT indicou como meta para 2021, a recuperação


de mKz 19 853 486. Tendo sido recuperado o montante de mKz 21 836 681 do crédito
adquirido, nas modalidades em numerário, crédito em dação e compensação de dívida com
o Tesouro Nacional (com detalhes na nota n.º 10). De acordo os respectivo justo-valores
individuais, foi apurado um proveito operacional na ordem de mKz 5 130 562 e mKz 420 819
apurado em 2020. Este último, reconhecido no momento da reexpressão.

Os juros apurados, prende-se com os rendimentos das aplicações financeiras em Depósito


a prazo e Obrigações do Tesouro.

A “Comissão de rentabilidade” foi paga pelo BNI no âmbito do “processo 146” (nota 11)
equivalente a USD 780 000 (referente a 4.ª prestação anual) nos termos do acordo de dação
em pagamento celebrado com aquele Banco.

As “Despesas bancárias”, inclui todas as comissões cobradas pelos bancos no âmbito de


aquisição de Obrigações de Tesouro e comissões de manutenção das contas.

Relatório & Contas 2021 81


RECREDIT

16. Resultados Cambiais


A decomposição desta rubrica nos períodos findos em 31 de Dezembro de 2021 e 2020 é
como se segue:
Tabela 33 – Mapa de registo de resultados cambiais em 31 de Dezembro de 2021 e 2020
(Em milhares de Kwanzas)
31.12.2020 -
Descrição 31.12.2021
REEXPRESSO
Variações Cambiais Favoráveis realizados 691 3 573 568
Variações Cambiais Favoráveis não realizadas 79 405 93 924 303
Variações Cambiais Desfavoráveis realizadas -38 080 -143 054
Variações Cambiais Desfavoráveis não realizadas -9 044 516 -129 520 104
Total -9 002 500 -32 165 286

A variação cambial desfavorável, não realizada no montante de mKz 9 044 516 registada em
2021, foi motivada pela valorização do Kwanza dos títulos indexados ao dólar norte
americanos registados ao justo valor e sofreram alterações após a sua actualização,
conforme descrito na nota.

Comparativamente ao exercício 2020, fruto da reexpressão as contas, registou-se a variação


cambial positiva no montante de mKz 93 924 303 e negativa de mKz 129 520 104,
respectivamente, nos termos do Decreto Presidencial 113/20, de 22 de Abril que culminou
com as anulações das variações cambiais registadas anteriormente pela subvalorização dos
títulos e consequente registo em resultados transitados.

17. Resultados de alienação de outros activos


A decomposição desta rubrica nos períodos findos em 31 de Dezembro de 2021 e 2020 é
como se segue:
Tabela 34 – Resultados de alienação de outros activos em 31 de Dezembro de 2021 e 2020
(Em milhares de Kwanzas)

Descrição 31.12.2021 31.12.2020

Abate de viaturas
Custo de aquisição 32 591 32 591
Amortizações Acumuladas -32 591 -21 722
Preço de venda 9 510 16 935
Mais/Menos Valias 9 510 6 066

Foram alienadas viaturas de acordo com a politica da empresa. Destes abates, após dedução
das amortizações acumuladas e valores contabilísticos, resultaram no apuramento de mais-
valias nos montantes de mKz 9 510 e mKz 6 066, nos exercícios 2021 e 2020,
respectivamente.

Relatório & Contas 2021 82


RECREDIT

18. Mapa de Outros Resultados de Exploração


Em 31 de Dezembro de 2021 e 2020, esta rubrica compreendia os seguintes encargos:
Tabela 35 - Mapa de registos de outros resultados de exploração 31 de Dezembro de 2021 e 2020
(Em milhares de Kwanzas)
Descrição 31.12.2021 31.12.2020
IAC – Imposto sobre aplicações de capitais 1 155 851 1 966 153
Imposto de selo 1 862 6
Taxas e licenças 3 602 98
Descontos de pronto pagamento -262 102
Donativos 3 000 0
Outros proveitos e ganhos n/ operacionais 494 19 418
Correções relativas a exercícios anteriores 452 0
Outros custos e perdas n/ operacionais 173 568 3 349
Total 1 338 743 1 989 125

A rubrica de IAC – Imposto sobre aplicações de capitais está associada as despesas de


retenção na fonte efectuada pelo Bancos comerciais no momento de entrega dos
rendimentos de aplicações em depósitos a prazo e Obrigações do Tesouro.
A rubrica de Outros custos e perdas não operacionais, refere-se ao IVA suportados nas
aquisições de bens e serviços não capitalizáveis.

19. Custo com o Pessoal


O detalhe da rubrica de custo com o pessoal para o período findo em 31 de Dezembro de
2021 e 2020 é como se segue:
Tabela 36 – Mapa de registo dos custos com pessoal em 31 de Dezembro de 2021 e 2020
(Em milhares de Kwanzas)
31.12.2020 -
Descrição 31.12.2021
REEXPRESSO
Remuneração - Órgãos Sociais 518 289 429 285
Remuneração - Pessoal 1 151 939 762 676
Contribuição p/Segurança Social - Entidade Patronal 111 810 80 075
Outras Remunerações 104 342 240 882
Total 1 886 379 1 512 918

Os custos com o pessoal tiveram um aumento em cerca de 24,68% face ao ano anterior
motivado pelas novas nomeações, contratação de novos colaboradores e alteração dos
membros do Conselho de Administração.

A rubrica “Outras remunerações” inclui o registo de provisões efectuadas em 2021 e 2020


nos valores de mKz 85 192 e mKz 226 671, respectivamente por força do Decreto
Presidencial n.º 133/19, de 22 de Julho conjugado com o art.º 119.º do Código Geral do
Trabalho.

Relatório & Contas 2021 83


RECREDIT

20. Fornecimento e Serviços de Terceiro


O movimento ocorrido nesta rubrica foi o seguinte:
Tabela 37 – Mapa de registo dos custos com fornecimentos e serviços de terceiros em 31 de Dezembro de 2021 e 2020

(Em milhares de Kwanzas)


Descrição 31.12.2021 31.12.2020
Consultoria 153 535 158 281
Contencioso e Notário 56 510 65 900
Material de Escritório 31 228 20 826
Comunicação 24 042 9 510
Seguros 18 850 8 788
Vigilância e segurança 18 091 12 364
Conservação e Reparação 16 692 6 417
Outros Fornecimentos 13 718 34 001
Limpeza, higiene e conforto 12 259 9 379
Publicidade e Propaganda 9 001 6 352
Combustíveis 547 326
Aluguer de Viatura 512 0
Quotas de Condomínio 0 3 651
Total 354 986 335 796

Em Dezembro de 2021, no geral os custos de fornecimento de serviços de terceiros teve um


ligeiro aumento face ao período homologo na ordem de 5,71% devido a contratação de novos
serviços face ao crescimento da empresa.

21. Imparidades de Crédito a Clientes e de Activos Financeiros


i) Crédito a Clientes
Esta rubrica tem a seguinte composição:
Tabela 38 – Imparidades de Crédito a Clientes e de Activos Financeiros em 31 de Dezembro de 2021
(Em milhares de Kwanzas)
Aumento/ Diminuições/
Descrição Notas 01.01.2021 31.12.2021
Constituição Reversões
Imparidades de Crédito Clientes
Primeira Carteira 8 227 327 400 0 0 227 327 400
Segunda Carteira 8 45 658 417 0 0 45 658 417
Total de imparidades de Crédito de Clientes 272 985 817 0 0 272 985 817
Imparidades de Activos Financeiros
Activo financeiro ao Custo Amortizado 7 1 007 148 359 826 1 007 148 359 826
Caixa e Equivalentes de Caixa 5 921 185 921 185
Activo financeiro ao Justo Valor 6 0 10 068 437 8 584 957 1 483 480
Total de imparidades Activos Financeiros 1 008 069 10 428 447 9 593 025 1 843 490
Total 273 993 886 10 428 447 9 593 025 274 829 308

Relatório & Contas 2021 84


RECREDIT
Tabela 39 – Imparidades de Crédito a Clientes e de Activos Financeiros em 31 de Dezembro de 2020
(Em milhares de Kwanzas)
Aumento/ Diminuições/ 31.12.2020 -
Descrição Notas 01.01.2020
Constituição Reversões REEXPRESSO
Imparidades de Crédito Clientes
Primeira Carteira 8 231 127 400 0 3 800 000 227 327 400
Segunda Carteira 8 0 45 658 417 0 45 658 417
Total de imparidades de Crédito de Clientes 231 127 400 45 658 417 3 800 000 272 985 817
Imparidades de Activos Financeiros
Activo financeiro ao Custo Amortizado 7 313 959 19 375 792 18 682 603 1 007 148
Caixa e Equivalentes de Caixa 5 2 480 1 326 871 1 328 430 921
Activo financeiro ao Justo Valor 6 6 405 044 19 237 239 25 642 283 0
Total de imparidades Activos Financeiros 6 721 483 39 939 901 45 653 316 1 008 069
Total 237 848 883 85 598 318 49 453 316 273 993 886

Nas rubricas acima encontram-se descritos os detalhes das alterações verificadas nas
rubricas de imparidades durantes os exercícios findos em 31 de Dezembro de 2021 e 2020.

22. Impostos sobre os Lucros


Os impostos sobre os rendimentos (correntes ou diferidos) são reflectidos nos resultados do
exercício, excepto nos casos em que as transacções que os originaram tenham sido
reflectidas noutras rubricas de capital próprio. Nestas situações, o correspondente imposto é
reflectido por contrapartida de capital próprio, não afectando o resultado do exercício.
O cálculo da estimativa de imposto corrente, dos exercícios findos em 31 de Dezembro de
2021 e 2020, foi apurado nos termos do n.º 1 do artigo 64.º do Código do Imposto Industrial,
aprovado pela Lei n.º 26/20, de 20 de Julho, sendo a taxa de imposto aplicável de 25%.
O Decreto Legislativo Presidencial n.º 5/11, de 30 de Dezembro — revisto e republicado
através do Decreto Legislativo Presidencial n.º 2/14, de 20 de Outubro — introduziu uma
norma de sujeição a IAC sobre os rendimentos dos títulos da dívida pública resultantes de
Obrigações do Tesouro e de Bilhetes do Tesouro emitidos pelo Estado Angolano.
Não obstante o exposto acima, e de acordo com o disposto no artigo 47.º do Código do
Imposto Industrial, na determinação da matéria tributável, deduzir-se-ão os rendimentos
sujeitos a IAC. Desta forma, na determinação do lucro tributável para os exercícios findos em
31 de Dezembro de 2021 e 2020, tais rendimentos foram deduzidos ao lucro tributável,
incluindo a variação cambial dos proveitos não realizados.
De igual forma, o custo apurado com a liquidação de IAC não é fiscalmente aceite para
apuramento da matéria colectável, conforme disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo 18.º do
Código do Imposto Industrial.
No quadro abaixo apresenta-se o resumo dos resultados fiscais que serviu da base para
elaboração do Modelo 1 de Imposto Industrial a submeter a AGT:

Relatório & Contas 2021 85


RECREDIT
Tabela 40 – Mapa das demonstrações de resultados fiscais em 31 de Dezembro de 2021 e 2020
(Em milhares de Kwanzas)
31.12.2020 -
Descrição 31.12.2021
REEXPRESSO
Resultado líquido de exercício 11 631 940 -67 800 529
Acréscimos à matéria colectável
Correções relativas a Exercícios anteriores 452 0
Multas fiscais 0 5 298
Variação Cambial não realizável 9 044 516 129 520 104
IAC 1 155 851 1 966 153
Total dos Acréscimos 10 200 819 131 491 555
Deduções à matéria colectável
Juros de Obrigações do Tesouro e dos DP (n.º 1, do Art.º 47.º do CII) -20 235 863 -12 942 348
Variação Cambial não realizável -79 405 -93 924 303
Total das deduções -20 315 268 -106 866 650
LUCRO TRIBUTÁVEL 1 517 491 -43 175 625
Deduções ao Lucro tributável
Imposto Industrial provisório 2021 -10 368
Prejuízos Fiscais Acumulados -125 550 116 -82 374 492
Total das deduções ao Lucro Tributável -125 560 484 -82 374 492
Matéria Colectável -124 042 992 -125 550 116
Lucro/Prejuízos Fiscais acumulados -124 042 992 -125 550 116
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Imposto Industrial a PAGAR - -

23. Eventos Subsequentes


A guerra na Ucrânia terá um impacto relevante na atividade económica e na inflação através
de preços dos produtos energéticos e das matérias-primas mais elevados e verificação de
perturbações a nível do comércio internacional e de uma confiança mais fraca.
A magnitude destes efeitos dependerá da evolução do conflito, do impacto das atuais
sanções e de possíveis medidas adicionais.
Contudo, dada a incerteza desses eventuais efeitos, o Conselho e Administração não
consegue estimar e quantificar à presente data, os impactos futuros ao nível da economia
Angolana e em particular ao nível do próprio negócio da RECREDIT, sendo a sua convicção
que os mesmos não colocam em causa a continuidade das operações.
A dívida do BNI descrita na nota 10, terá impacto em 2022, tendo em conta que, o BNI propôs
pagar a RECREDIT parte substancial da divida com obrigações subordinadas (Tier II). A
RECREDIT considera que este instrumento financeiro concentra um elevado risco, e em
alternativa, propôs que os pagamentos fossem realizados com recurso a emissão de
Obrigações Admitidas à Negociação, de acordo com as regras do Regulador do mercado de
capitais, CMC. Pelo que, aguarda-se pelo entendimento.
Com excepção das incertezas acima referidas, não foram identificados factos ou
acontecimentos posteriores a 31 de Dezembro de 2021, que justifiquem ajustamentos ou
divulgação adicional nas Notas às demonstrações financeiras.

Relatório & Contas 2021 86

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