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Montaigne
Biografia e obra
Montaigne nasceu no Castelo de Montaigne, em Saint-Michel-de-Montaigne. Filho de família
rica e nobre foi criado por uma ama de leite numa casa de camponeses[6] de uma aldeia
vizinha e veio com três anos de volta para a família. Sua mãe descendia de judeus
portugueses.[7] Seu pai lhe deu um tutor alemão que lhe falava somente em latim. Assim, o
latim era quase a língua materna de Montaigne. Este tinha um espírito por um lado vigilante
e metódico e por outro, aberto às novidades. Estudou no célebre centro humanista Colégio
de Guiana, onde teve o português André de
Gouveia como diretor. Após estes estudos
enveredou pelo Direito. Exerceu a função Michel de
de magistrado primeiro em Périgueux (de
1554 a 1570) depois em Bordéus onde
[7]
Montaigne
travou profunda amizade com La Boétie.
Michel de Montaigne foi tio pelo lado
materno de Santa Joana de Lestonnac.
Nacionalidade francê
Quarto e escritório de Michel de Montaigne.
Alma Colégio
Viajou pela Suíça, Alemanha e Itália
durante dois anos (1580-1581). Fez o mater de
relato desta viagem no livro Journal de
Voyage, que só foi publicado pela primeira Guiana
vez em 1774. Em missão secreta a Paris, a
favor da paz, acabou preso por um dia na
Bastilha.[6]
Ocupação Filósofo,
Ao voltar, foi presidente da Câmara de escritor,
Bordéus durante quatro anos (1581-1585).
Regressou ao seu castelo e continuou a magistrado
corrigir e a escrever os Essais, tendo em
vista o estilo parisiense de exposição
Magnum Ensaios
doutrinária.
Se por um lado se interessa sobremaneira pela Antiguidade Clássica, esta não é totalmente
passadista ou saudosista. O que lhe interessa nos autores antigos, especialmente os latinos
mas também gregos, é encontrar máximas e reflexões, que o ajudem na sua vida diária e na
sua auto-descoberta. Montaigne tenta assim compreender-se, através da introspecção, e
tenta assim compreender os homens.
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Filosofia
Montaigne não tem um sistema. Não é um moralista, nem um doutrinador. Mas não sendo
moralista, não tendo um sistema de conduta, uma moral com princípios rígidos, é um
pensador ético. Procura indagar o que está certo ou errado na conduta humana. Propõe-se
mais estudar pelos seus ensaios certos assuntos do que dar respostas. No fundo,
Montaigne está naquele grupo de pensadores que estão a perguntar em vez de responder, e
é na sua incerteza em dar respostas, que surge um certo cepticismo em Montaigne.[10]
Como não está interessado em dar respostas apriorístico tem uma certa reserva em relação
a misticismos e crenças. É de notar um certo alheamento em relação ao Cristianismo e às
lutas de religião que se viviam em França na época.[7] Embora não deixe de refletir em
assuntos como a destruição das Novas Índias pelos espanhóis. Ou seja, as suas reflexões
visam os clássicos e a sua própria contemporaneidade. Tanto fala de um episódio de Cipião
como fala de algum acontecimento do seu século como fala de um qualquer seu episódio
doméstico.[11]
O facto de ter introduzido uma outra forma de pensar através de ensaios, fez com que o
próprio pensamento humano encontrasse uma forma mais legítima de abordar o real. A
verdade absoluta deixa de estar ao alcance do homem, sendo doravante, possível tão-
somente uma verdade por aproximações.
A filosofia de Montaigne influenciou em grande medida uma das crises principais da história
da filosofia moderna: a questão da consistência do homem e suas ações. Sua obra Ensaios
desafia a crença no Eu sólido e substancial para enfatizar a inconsistência natural do
homem, e assim traz uma mudança da valorização da profundeza do homem para sua
superficialidade.
A relação entre o indivíduo e seu
comportamento
Assim como Montaigne considera que mundo inteiro está em constante movimento,[12] o
homem carece de constância fixa, pois “a própria constância não é outra coisa além de um
movimento mais lânguido”.[12] Devido à falta de continuidade e coerência do homem, seu
comportamento torna-se imprevisível e portanto difícil de examinar. Em várias ocasiões de
Ensaios, Montaigne relata situações diferentes nos quais os comportamentos de diferentes
pessoas variam drasticamente e irracionalmente, salientando a inutilidade de procurar uma
ligação uniforme dos mesmos. A alegação da fluidez do Eu é especialmente clara no
capítulo “Sobre a inconstância de nossas ações”,[13] em que Montagne acerta que as ações
de uma pessoa dependem das circunstâncias presentes no momento da ação mais do que
da sua personalidade e do seu raciocínio.[14] Por conseguinte, é normal observar a mesma
pessoa agir de maneiras completamente diferentes de dia para dia. Pode haver tanta
diferença dentro de uma pessoa só quanto entre duas pessoas diferentes.[15] A inconstância
do homem deve-se a sua natureza e faz com que nada dele seja sólido; assim como a
comportamento muda dependendo das circunstâncias, também mudam suas opiniões e
costumes. “Flutuamos entre diversas opiniões: nada queremos livremente, nada
absolutamente, nada constantemente”.[16] Até o próprio julgamento de uma pessoa é fluido
segundo Montaigne. O nosso desejo do momento faz parte das circunstâncias que
determinam as nossas ações, o que traz espontaneidade e falta de controle: “Somos levados
como uma marionete de madeira pelos músculos de outro. Não vamos, somos levados:
como as coisas que flutuam, ora suavemente, ora com violência, dependendo se a água está
revolta ou serena”.[17] A falta de controle implica incerteza e incapacidade de previsão do
comportamento do homem, não só na observação de outras pessoas, mas também em
relação a si mesmo; além de não poder determinar as ações dos outros, o homem nem pode
determinar suas próprias ações, só tentar guiá-las.[18] Logo, não pode considerar-se que a
ação de uma pessoa necessariamente reflete sua personalidade. O que uma pessoa faz em
uma determinada situação corresponde ao estado em que a pessoa está, não ao que a
pessoa é, pois são as circunstâncias da situação que determinam a ação. Montaigne
transforma o conceito ser a uma pluralidade de estados e comportamentos diferentes.
No entanto, vale a pena salientar que Montaigne mostra certas contradições em relação à
explicação do comportamento do homem ao longo de Ensaios: embora o capítulo “Sobre a
inconstância das nossas ações” claramente expressa a incapacidade do homem de
governar suas ações, o capítulo “Sobre a crueldade” menciona a facilidade de uma pessoa
de “caráter naturalmente fácil e suave”[19] fazer “coisa muito bonita e digna”[20] em contraste
a uma pessoa de caráter oposto. Além disso, o capítulo enfatiza a virtude de quem consegue
controlar seu “furioso apetite de vingança”[19] e atuar de maneira virtuosa mesmo que seu
caráter seja o oposto, o que implica uma capacidade de dirigir seu comportamento bem
maior à mencionada no capítulo “Sobre a inconstância das nossas ações”.
Obras em português
Edições originais
Referências
Ligações externas
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title=Michel_de_Montaigne&oldid=67218668"
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