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SINOPSE
Até a imortalidade pode ter suas
tragédias.
Os impressionantes poderes de Jane lhe permitiram garantir a
segurança de sua família, mas a um custo terrível. Agora, com uma
mensagem de dois seres misteriosos, uma nova série de provas
começa no coração, na mente e na alma de Jane.
A praga foi apenas o começo. Entre as criaturas mais perversas,
ela aprenderá mais verdades sobre os mitos e monstros de seu
mundo, além de descobrir a extensão do poder que ela possui. No
entanto, é a fonte de seu poder que é seu rival mais maligno e, desta
vez, a Morte não estará lá para salvá-la. Ela terá que enfrentar seu
demônio interior e novos inimigos por conta própria.

A ausência da morte dá a Lúcifer uma oportunidade maior de


adquirir Jane do que nunca. O interesse dele por ela não é claro, mas
uma coisa é certa: ele deseja vê-la cair. Talvez, entretanto, esse tenha
sido o destino de Jane o tempo todo.

De que outra forma a escuridão pode acabar se ela, o monstro


mais maligno de todos, permanecer?

“—Não —, ela disse. —Eu não sei o que realmente penso. Quero
confiar em você, mas não tenho ideia do porquê, ou por que você está
oferecendo ajuda. O que você quer dizer com me entregar a você?
—Eu quero você. Só você. — Ele acariciou sua bochecha. —Você é tão
frágil, mas está destinada à grandeza. Quero você ao meu lado. Quero que
você seja minha rainha.
Jane se inclinou: —Sua rainha? Como casar com você?
—Não no sentido de marido e mulher, não. Você seria minha igual,
governando ao meu lado.
—Governante do Inferno?
—Onde quer que você queira.
A escolha é sua,

desde que você me aceite de todos os modos. ”

PROLOGO
—O que aconteceu?
Lúcifer não respondeu ao escravo ou desviou o olhar do avião
desaparecendo nas nuvens. Embora os servos de Lúcifer tivessem
testemunhado seu retorno escoltado do reino de seu pai, eles não
sabiam por que ele havia sido levado. Os caídos não eram convidados
a comparecer diante do Pai, e Gabriel não ia ao mais alto nível do Céu,
a menos que o Pai o permitisse.
—Mestre? — Lancelot chamou, chegando ao seu lado, seu olhar
também fixo na aeronave que carregava os cavaleiros. E Jane. —Isso
tinha a ver com a fêmea?
—Sim. Eu terei domínio sobre a garota — ele finalmente disse,
ignorando os assobios de desaprovação ao seu redor. —Vá para o
norte enquanto reabastece suas tropas. — Ele enviou a cada um deles
um olhar de desaprovação pela perda de centenas de lobisomens e
vampiros. Mesmo a uma milha do campo de batalha, o cheiro da
morte era espesso no ar úmido.
Eles haviam descartado o poder de Jane e sofrido. Eles também
esqueceram do que os humanos eram capazes quando unidos contra a
escuridão.
Lancelot abaixou o olhar. —Mestre, como você pediu, eu estava
fora de alcance durante a batalha. Se você me permitir...
—Você teve sua chance contra os cavaleiros. Suas feras — disse
ele com repulsa — quase destruíram uma alma poderosa porque você
não abandonou sua luta adolescente com os cavaleiros de David e
Arthur. Eu te disse que queria a garota. — Ele olhou para o cachorro,
respirando o medo emanado de Lancelot. — E sua provocação tola
não apenas a empurrou ainda mais para o abraço do cavaleiro, mas
também deu ao meu irmãozinho a chance de resgatá-la novamente.
Lúcifer puxou sua manga quando ele finalmente se afastou do
horizonte iluminado pela lua para encontrar os olhares cautelosos
daqueles em seu comando. —Reagrupem. O próximo fracasso contra
os cavaleiros terá consequências para as quais vocês não estão
preparados.
—E a garota? — Ares levantou os olhos, mas manteve a cabeça
baixa. —Ela está aprendendo sobre seu poder.
—Claro que ela está. — Lúcifer olhou para Ares e Hermes. Seus
vampiros sempre tiveram o cuidado de não questioná-lo, mas ele
podia ver o quanto eles estavam curiosos sobre Jane. Eles queriam
saber o que ele queria com ela. —Você acha que eu desejaria um
monstro incapaz de exercer o poder dado a eles? Eu já tenho vocês
três — ele avisou Lancelot com um olhar aguçado que ele estava
incluído. — Para me decepcionar.
Eles mantiveram a cabeça baixa, sem dúvida mais amedrontados
por ele, como Lancelot teria deixado escapar que seu poder
aumentara. As regras de seu pai não se aplicavam mais a Lúcifer. Ele
podia tocar e prejudicar qualquer alma - divina ou mortal. Ele só
precisava de mais uma coisa, então ele teria poder para rivalizar com
todos os que se opunham a ele.
—Mestre? — Hermes chamou, endireitando-se. —Devemos
cruzar com eles novamente, o que você gostaria que fizéssemos com
ela?
Lúcifer olhou nos olhos escuros de seus escravos. —Convoque-
me. Quera inteira. Imaculada e confiante. Ela vai ligar os cavaleiros.
Lancelot fez uma careta, mas ele manteve a boca fechada e fez
um sinal para que os outros o seguissem.
Um a um eles se curvaram, saindo.
Mudanças duplas no ar roçaram as costas de Lúcifer.
—Bem? — A voz familiar retumbou.
Lúcifer se virou, absorvendo o estado agredido de Thanatos. Sua
asa e rosto mutilados estavam se recuperando lentamente. —Como
você escapou dele? — Lúcifer perguntou.
—Mania foi de uso surpreendente. — Disse Thanatos, olhando
para o rei dos demônios ao lado dele.
Ambos eram generais de Lúcifer - Thanatos controlava a elite
dos Caídos, enquanto Asmodeus comandava várias legiões de
demônios.
—Por que você está sorrindo? — Thanatos rosnou para o rei
demônio.
Asmodeus riu, suas asas de dragão se contorcendo o suficiente
para fazer a terra girar ao seu redor. —Você deveria saber melhor do
que confiar em demônios. Embora eu esperasse que o ex-general da
Morte tivesse alguma vantagem contra ele. Você parece terrível.
—Estou vivo e de pé. — Thanatos grunhiu, massageando seu
ombro. —Mais do que a maioria pode dizer após uma batalha com a
Morte. Você não me respondeu, Lúcifer... O que ele disse?
Lúcifer não havia planejado isso. —Elas são a mesma garota.
Asmodeus franziu o cenho. —Isso significa-
—Eu sei. — Lúcifer passou um dedo pelo pulso. —Você conhece
seus pedidos. Nada muda.
Asmodeus lançou um olhar sombrio para Thanatos antes de
desaparecer.
Thanatos permaneceu, encarando-o por um longo momento.
—A Morte vai concordar com o acordo. — Disse Lúcifer,
observando nenhuma mudança no olhar vermelho de Thanatos.
Sem nenhuma emoção, Thanatos disse: —Quebre-a.
—Eu vou. — Lúcifer desviou o olhar do general. —Ela cairá, e
minha rainha se levantará.
1
JASON
—Vocês são vampiros? — Jason segurou o olhar de Arthur
quando a pergunta ridícula saiu de sua boca. É verdade que ele
passou a aceitar que zumbis eram reais, e acabara de fugir do que
podia assumir como lobisomens e outros 'humanos' com
extraordinária velocidade e força que rivalizavam com os homens de
Arthur, mas isso ainda o fazia se parecer um tolo.
—Usamos a classificação de vampiros porque é o termo mais
moderno - mas, sim, somos imortais. — Arthur disse com um sorriso
descontraído. Embora no momento em que um gemido abafado
encheu o avião, seus olhos se acenderam como uma tempestade de
raios.
A raiva de Jason ao ver Jane cair sobre David voltou. Porque este
não era um grito de dor. Havia prazer no som masculino. O prazer de
David.
Somente a imaginação de Jason conseguia conjurar o que estava
acontecendo do outro lado do divisor que havia sido colocado ao
redor de sua esposa e do vampiro, e nem um grama encorajava-o a
agradecer ao homem que arriscou a vida pelo filho.
—A prata é perigosa para a nossa espécie —, disse Arthur, a luz
ardente em seus olhos escurecendo. —David foi ferido com um novo
estilo de munição projetado para destruir nossa espécie. A quantidade
de prata que ele sustentou é inédita. Ele não deveria ser nada além de
um cadáver agora.
Isso não tinha sido surpreendente para Jason; David estava
morrendo quando o ajudou a entrar no avião. Ele estava delirando,
falando da morte e de seus sentimentos por Jane. O homem sabia que
ele ia morrer, mas ele não morreu. —Essa luz. Aqueles homens —
Jason começou a dizer antes de mudar de rumo; ele não queria saber o
que eram aqueles homens ou por que Jane falou em voz alta com eles
como se estivessem conversando com sua mente. —Como ela o
salvou?
—Eu disse que ela é diferente. — Arthur encolheu os ombros. —
Não há outros imortais como ela. E David é importante para ela.
Jason lançou um olhar amargo para Arthur. —Sim, ela deixou
isso claro.
—Você não entende a conexão deles. — Arthur parou na frente a
Jason, sentado com os braços apoiados nos joelhos agora. —David
salvou Jane quando ela fugiu de sua casa.
Jason lembrou que Jane foi embora, lembrou que deveria ter sido
a última vez que ele veria o rosto dela. O que exatamente aconteceu,
ele ainda estava perdido, mas eles deixaram claro que David tinha
sido o único a resgatá-la. Ele fez algo com ela, algo que a fez diferente
- perigosa. Teria sido melhor se houvesse algum tipo de droga militar
que simplesmente agisse como um esteroide, mas agora ele entendia.
Assim como um filme ridículo, David transformara sua esposa em um
monstro.
—Eles vão se alimentar —, disse Arthur, observando Jason
enquanto sua mandíbula se cerrava. —Bem, David irá alimentá-la.
Uma vez que ele estiver saudável, é isso.
—Não. — Jason balançou a cabeça, recusando-se a acreditar que
estava perdendo Jane novamente. —Ela é minha esposa.
—Ela não é mais humana —, Arthur respondeu. —Ela não é a
mesma esposa que era antes - a mesma mulher.
As palavras foram como um soco no estômago. Claro que ela
não era humana. Jason a tinha visto fazer coisas que não deveriam ser
possíveis. Ele assistiu suas presas nuas em bestas três vezes o tamanho
dela antes que ela as matasse com força que ele nunca teria.
—Este não será um arranjo fácil. — Arthur olhou rapidamente
para o divisor quando o barulho se acalmou. Alguém estava trazendo
itens. Ataduras e sacos de líquido vermelho. Sangue. —Jane e David
são outros. Somos os únicos da nossa espécie a ter esse presente, e ele
esperou muito tempo para encontrá-lo. — Ele parou por um
momento. —Isso significa que David foi quem deu a imortalidade
quando ela estava prestes a sucumbir ao vírus. Era isso ou a morte.
Assim que a palavra vampiros surgiu, Jason reuniu a informação
de que Jane havia sido transformada por David ou o cara Ryder que
não estava mais por perto. —Eu acho que a morte teria sido a escolha
dela. — Disse Jason, irritado consigo mesmo por parecer tão
mesquinho.
Um lampejo de sorriso apareceu no rosto de Arthur. —Talvez,
mas eu prometo que você não gostaria do que Jane escolher a Morte
realmente significa.
A morte significava desaparecer, algo que ele começou a aceitar
sobre Jane. Ponderar sobre a escolha da morte quando ela já tinha -
tantas vezes antes - não era algo que ele faria.
Ele esfregou os olhos cansados antes de olhar de volta para onde
Jane estava com David. Gawain estava removendo o divisor e Jane, a
esposa de Jason, estava dormindo nos braços de David. O vampiro a
abraçou enquanto seus lábios estavam pressionados contra sua testa.
—É preciso muita energia de nós quando alimentamos nossos
Outros —, comentou Arthur. —Jane já estava fraca da batalha e o que
ela fez por David. Quando os dois se recuperarem, poderemos
discutir mais.
—Não há mais nada para discutir com você. — Jason voltou sua
atenção para Arthur. —Meu casamento não é seu ou é da preocupação
de David. Ela é minha esposa. Decidimos o que acontece entre nós.
Você não. Ele não.
Arthur exalou, balançando a cabeça. —Se as circunstâncias
fossem diferentes, eu concordaria com você. Como elas não são
simples, suas simples expectativas não são permitidas.
—Tudo o que posso dizer é que eles precisam um do outro, e
você deve aprender a aceitar que Jane é mais do que apenas sua
esposa. Ela é um ser poderoso, que confiará no meu cunhado pelo
resto de seus dias.
—Seu cunhado. — Jason riu amargamente. —Deixe-me
adivinhar, a irmã dele é a rainha Guinevere.
—Sim. — Foi tudo o que Arthur disse.
Não era o que Jason esperava. Ele estava tentando uma piada
esfarrapada porque isso superaria o bolo paranormal para descobrir
que o homem diante dele não era apenas um soldado chamado
Arthur, mas o lendário rei Arthur. Era um esforço demais para ele
pensar nisso, mas ele estava se perguntando sobre os nomes estranhos
deles. Na verdade, eram as crenças infantis de Jane em todas as coisas
paranormais e mitológicas que até lhe permitiam lembrar seus nomes.
Ela o fez assistir a um filme sobre o rei Arthur e adorava os
diferentes cavaleiros, especialmente aquele chamado Gawain.
—Cavaleiros vampiros —, Jason murmurou. —Esta é a merda
mais ridícula que eu já ouvi.
—Assim como os zumbis. — Arthur - rei Arthur - sorriu para ele.
—Essa foi a primeira vez para nós também. Devo dizer que você está
aceitando isso melhor do que Jane.
—Tenho certeza que ela estava tonta como o inferno. — O
estômago de Jason revirou quando ele imaginou sua excitação por
conhecer o rei Arthur e os cavaleiros da Távola Redonda, em cima de
seu próprio vampiro.
Jane de repente choramingou e ficou tensa durante o sono. Um
pesadelo. Jason sabia que ela os tinha frequentemente. Não era como
se ele pudesse impedi-la de ter pesadelos, então ele sempre fazia tudo
o que podia fazer - de costas para ela e bloquear seu drama. Não
adiantaria se ele perdesse o sono. Afinal, era ele quem ia trabalhar
enquanto ela ficava em casa.
Sua mandíbula se apertou enquanto observava David - ainda
dormindo - esfregar o braço dela até que ela parou de respirar rápido
e rolou para mais perto dele. Pior, David deslizou a mão na parte
inferior das costas e a puxou para ele antes que ele começasse a
massagear suas costas.
Toda a rigidez na postura de Jane desapareceu. Ela colocou uma
mão sobre o coração de David, depois esfregou o rosto ali até que
ambos pareciam cair em um sono mais profundo e pacífico.
Isso não era algo que Jason estava disposto a apenas esperar e
assistir. Ele não se importava se David amava Jane ou se ele era o
criador dela, ou se ele era algum imortal poderoso que poderia
quebrar seu pescoço sem sequer tentar. Jane era sua esposa. Não de
David.
—Falaremos mais tarde — disse Arthur, de pé. —Descanse. Se a
sua lesão o incomoda, chame Bedivere, aquele que vestiu sua ferida.
Jason suspirou enquanto observava Arthur sair. Ele esperaria até
Jane acordar antes de confrontá-la. Ela teria que escolher, e ele sabia
que ela o escolheria. Mesmo se ela gostasse de David, faria qualquer
coisa pelos filhos. Ficar com ele era o que os filhos deles precisavam.
Afinal, não era como se Jane precisasse estar com seu Outro. Se
esses outros homens pudessem funcionar sem os deles, Jane e David
poderiam se dar bem sem se agarrar um ao outro como um casal de
adolescentes apaixonados. Ele a faria dizer adeus a David, e ela faria
isso porque era sua esposa.
—Papai?
Jason se virou e encontrou Nathan olhando para ele. —Estou
aqui, bebê. — Ele acariciou a cabeça, estremecendo quando seu ombro
ardeu.
—David está bem? — Nathan murmurou sonolento.
Jason franziu a testa, não gostando que seu filho estivesse
preocupado com David. Nem Nathan nem Natalie pareciam afetados
por seus próprios ferimentos a bala, por isso doía que ficassem
preocupados com outro homem e não com seu próprio pai. Eles
estavam chorando enquanto assistiam Jane gritar como uma mulher
louca enquanto ela pairava sobre David.
—Sim, ele vai ficar bem. — Disse ele, balançando a cabeça. Ele
não queria sentir ciúmes porque seus filhos se importavam com o
homem que salvou a mãe deles - e que salvou Nathan. Jason estava
pelo menos grato pelos bons atos de David.
—Ele... Mamãe feliz. Mamãe feliz. — Foi tudo o que Nathan
disse antes de fechar os olhos e adormecer rapidamente novamente.
Jason olhou para o filho por um momento antes de voltar o foco
para Jane e David. O imortal agora a segurava mais perto, embalando
sua cabeça enquanto seus lábios praticamente descansavam no topo
de sua cabeça, enquanto Jane sorria enquanto dormia com a mão
ainda presa entre eles, bem no coração de David.
Ele não sabia como se sentir sobre as palavras de Nathan. Claro,
Jane parecia deprimida a maior parte do tempo, mas na maioria das
vezes mantinha seus choros escondidos das crianças ou dizia que
estava doente. Ele não achava que eles achavam que ela estava infeliz
- o suficiente para Nathan apontar que aquele homem que eles haviam
acabado de conhecer a fazia feliz.
Jason gemeu, passando a mão pelo rosto antes de levar Natalie
para se deitar.
Sua mente percorreu sua vida com Jane, tentando identificar um
momento em que ela parecia genuinamente feliz - onde ela riu e sorriu
como se ele a tivesse visto sorrir com David e os outros homens. Mas
o cansaço venceu, e ele estava dormindo com um pensamento final
em sua mente: Jane é um monstro.
2
BELEZA CERCADA PELA ESCURIDAO
Calorosa e amada. Era assim que David a fazia se sentir. Mesmo
dormindo, ele fazia pequenas coisas como protegê-la contra seu corpo
quente e acariciar seus cabelos com amor. Não era muito, mas quando
você era Jane, um toque ou sorriso pensativo não era algo que ela
esperava. Não até David, pelo menos.
Ela sorriu, deslizando os dedos sobre o peito dele enquanto se
lembrava da batalha. Seus ferimentos. Ele estava disposto a morrer
por Nathan, mas ele estava vivo. Ele cumpriu sua promessa e não foi
embora.
Ela se mexeu na cama para se aproximar quando a mão dele
segurando a cabeça dela se moveu para o lado do rosto. Ela sorriu
mais. Ele acordou e estava lhe dando aquele lindo sorriso.
Ele acariciou sua bochecha com o polegar. —Oi Bebê.
Ela suspirou quando ele empurrou os cabelos para trás. —Oi.
—Você se sente bem?
—Estou bem. — Ela deslizou a mão entre eles para tocar sua
bochecha. —Eu estava tão assustada.
—Eu sei, mas eu vou ficar bem. — Ele sorriu, inclinando o rosto
contra a palma da mão. —Graças à você. Meu bebê deu um chute no
traseiro, não foi? — Ele riu quando o rosto dela esquentou. —Estou
orgulhoso de você. Você salvou todos nós... Tanto poder e um coração
tão bonito. Tão corajosa.
Puxa, ela adorava ouvir a voz dele. Ele parecia um cara que tinha
acabado de acordar, mas mais sexy. Seus complementos eram um
pouco demais, no entanto. Ela não estava pronta para ser elogiada
quando tudo que ela fez foi gritar como uma pessoa louca. —Eu tive
ajuda. Alguns aviões militares e helicópteros vieram quando eu não
aguentava mais.
Ele esfregou a mão em sua mão novamente e suspirou. —Um dia
você realmente aceitará quando alguém te elogiar. E não há problema
em ter ajuda, Jane. Quem melhor que nossos aliados humanos?
—Humanos? — Nem sequer passou pela sua cabeça quem eram
os pilotos das diferentes aeronaves.
—A maioria são ex-militares de todo o mundo que adquirimos
ao longo dos anos —, explicou. —Embora existam alguns serviços
ativos. Eles são descendentes de famílias com as quais desenvolvemos
relacionamentos. Eles dirigem nossas missões de vôo, pois precisamos
de soldados diurnos. Cada equipe tem dois imortais, mas eles confiam
nos humanos para realizar ataques diurnos.
—Isso é bem legal. — Ela deslizou a mão para segurar o pescoço
dele. —Eu sempre quis estar em uma batalha com aviões e
helicópteros.
Ele riu, passando o polegar sobre o lábio dela. —Realmente?
Ela estremeceu, tentando se concentrar em responder a ele. —Eu
não sabia o que estava acontecendo. O que é um Assustador?
Ele pareceu confuso por um momento, depois sorriu. —É um
indicativo de chamada para um AC-130U, o avião que você
provavelmente viu. Eles são usados para Fechar o Suporte Aéreo. Se
ficarmos enxameados e enfrentarmos mais do que apenas humanos
infectados, é melhor tê-los lá. Perdemos o contato via rádio com eles
ontem - Arthur não achou que eles receberam nossa mensagem. Estou
feliz que eles receberam.
Ela sabia que tinha o maior sorriso no rosto. —Foi tão incrível.
Quero dizer, eu estava apavorada, e isso machucou meus ouvidos,
mas foi incrível demais.
David riu, puxando-a para mais perto para que ele pudesse
beijar sua testa. Ela suspirou, abaixando o braço para abraçá-lo. Seus
dedos tocaram as bordas de suas feridas curativas. Ele se encolheu,
mas não disse nada.
—Eles eram realmente arcanjos? — Ela perguntou, referindo-se
aos homens - Michael e Gabriel - que apareceram da mesma maneira
que a Morte aparecia ao seu redor.
—Eles não disseram quem eles eram?
—Não, eles disseram. Bem, eu podia ouvi-los na minha cabeça, e
eles disseram que eram Michael e Gabriel. Eles acabaram de me dizer
como remover a prata com minhas habilidades.
—Entendo. — Ele começou a brincar com o cabelo dela. —Bem,
pelo que entendi, a menos que seja imortal ou vinculado a alguém, é
devastador ouvi-los falar em voz alta. Eles provavelmente estavam
protegendo os outros no avião de ouvi-los ou mesmo vê-los
completamente. Eu acredito que suas vozes podem matar um mortal.
Embora eu tenha ouvido alguns anjos usarem um glamour e alterarem
sua fala.
—Oh. O que Michael disse a você?
Ele olhou nos olhos dela por um tempo e beijou sua testa
novamente.
—Ele disse que nosso tempo juntos não vai durar.
Seu coração apertou tão dolorosamente que ela não conseguiu
responder.
—Ele disse que há muitos segredos em torno de sua criação e —
David beijou sua testa novamente. —e para ser cauteloso ao seu redor.
Ele, como eu, não entende por que certos eventos se desenrolaram da
maneira que aconteceram.
—Sinto muito, David. — Ela sentiu vontade de chorar, mas
estava tentando permanecer no controle.
—Não, eu não entendo por que as coisas acabaram, mas eu não
vou embora.
—Mas até Michael não tem certeza. — Disse ela.
David parecia totalmente confiante sobre ela enquanto sorria e
dizia: —Ele foi mantido no escuro por causa de seu vínculo comigo.
Mas ele tem fé em nós - assim como eu. Não importa o que aconteça,
enfrentaremos juntos. Eu não vou te deixar.
Ela o abraçou. —Obrigada.
—Pelo quê?
—Por ser você. Por manter sua promessa.
—Sempre, meu amor. — Ele riu. —Obrigado por não desistir de
mim. E me perdoe pelo meu carinho; Eu preciso te abraçar e te falar
como eu te vejo.
Ela o abraçou mais. —Eu gosto do seu carinho. Eu preciso disso
agora.
Todo o seu corpo relaxou ao seu redor. —Então você terá.
Jane realmente não se importava que ele a chamasse de bebê.
Fazia muito tempo que Jason não usava seu termo favorito de carinho
para falar com ela; portanto, as palavras de David e seu toque, ela o
aceitaria por enquanto.
Os olhos dela se fixaram em uma das feridas curativas dele
quando um sentimento afundou em seu estômago. —A Morte não
veio, David.
Não houve nenhuma mudança em seu domínio quando ele
disse: —Bem, talvez ele soubesse que eu não morreria. Talvez ele
soubesse que você me salvaria.
Ela mordeu o lábio, pensando nisso por um segundo. —Não dê
desculpas por ele.
David sorriu, puxando-a mais contra ele. —Por mais que eu
goste de você estar mais satisfeita comigo do que com ele, não quero
ser o motivo pelo qual você está chateada com ele. Eu não sou
importante para a Morte. Não acho que ele seja capaz de cuidar de
ninguém além de você.
Uma parte dela adorava a Morte, mas ela ainda estava de
coração partido por ele ter deixado que ela passasse por algo tão
horrível só porque era David.
—Ele poderia ter voltado. — Ela murmurou. — Os arcanjos sim.
Eles podem não ter sido capazes de salvá-lo, mas ainda vieram
quando eu orei por sua vida.
Ela sentiu o sorriso de David no topo de sua cabeça antes que ele
beijasse seus cabelos. —Não fique com raiva dele, meu amor. Eu não
esperava que a Morte viesse em meu auxílio. Ele mostrou que não
será o único a poupar o outro, a menos que essa pessoa seja você. —
David respirou fundo e suspirou. — Estou seguro e feliz por ter sido
você quem me salvou. Portanto, não tenha raiva no seu coração por
isso. Eu sei que machuca você não tê-lo, mas sei que machucará mais
você pensar do jeito que está agora. Concentre-se em sua realização.
Se ele viesse me salvar, você não se tornaria minha garota corajosa.
—Estou feliz que você esteja bem. — Ela sussurrou contra o peito
dele, enquanto optava por ouvir os conselhos de David.
—Eu também. — Disse ele, acariciando seus cabelos.
Ela fechou os olhos e o abraçou com mais força. — David?
—Sim, bebê?
Ela sorriu; sim, ela realmente adorava ouvir um termo tão
simples de seu vampiro. —Eu nem chequei meus filhos ou Jason... E
agora estou com muito medo de me virar. Jason sabe, eles sabem, que
eu sou um monstro.
—Você não é um monstro. — Ele puxou a cabeça dela para trás
para que eles pudessem se ver. — Mantive Nathan protegido na maior
parte do tempo, e não sei quanto Natalie viu, mas Jason viu você lutar
bravamente para proteger todos nós. Vi seus ferimentos antes de
desmaiar - eram superficiais.
Ela se sentiu vontade de vomitar. —Deus, eu esqueci que o vi
sendo enfaixado. Ele está acordado?
David respondeu sem olhar. —Ele está.
—Ah não. — Ela fechou os olhos. —Ele está assistindo?
—Ele acordou logo depois de nós.
—Eu sou a pior pessoa do mundo —, ela gemeu. —Por que eu
sou assim? Se não é a Morte com quem estou machucando, é com você
que estou machucando Jason.
David moveu a mão para a parte de trás do pescoço dela
enquanto olhava nos olhos dela. —Você não é a pior pessoa do
mundo. Você está lidando com mais do que qualquer pessoa deveria,
e pelo que aprendi sobre você, esse é sempre o caso.
—E se você colocar suas necessidades em primeiro lugar? Todos
podem fazer o melhor por si mesmos, mas você acredita que tudo
deve ser para os outros - que você não importa. — Ele balançou a
cabeça, acrescentando: — Você importa tanto quanto todos nós. E
você só estava preocupada comigo. Jason pode não gostar, mas
mesmo ele deve entender que você não se afastaria de mim naquele
momento.
—Mas eu nem sequer o verifiquei. — Disse ela cheia de culpa.
Ele assentiu, mas não havia julgamento em seus olhos. —Você
não é mortal, Jane. Você nem sempre vai pensar como um. Não
importa o quanto você permaneça a mesma, seus instintos
frequentemente direcionam suas ações quando estão sob estresse.
Leva anos para controlar os impulsos que temos por causa daquilo em
que fomos criados.
—Como minha Outra, seus instintos lhe pediram para me
ajudar. Tenho certeza de que, em algum lugar em sua mente, você
procurou informações suficientes para aceitar que Jason e seus filhos
não estavam em perigo depois de entrar no avião. Você sentiu a
necessidade de ter certeza de que eu estava seguro. São apenas seus
instintos.
—É mais do que isso. — Disse ela rapidamente.
Eles se entreolharam por um momento antes que ele sorrisse. —
É mais para mim também.
Os olhos de Jane lacrimejaram e ele a puxou para perto
novamente, descansando o queixo no topo da cabeça dela.
—Não posso machucá-lo, David. Ele é meu marido - e uma parte
de mim ainda o ama. Ele fez coisas que me machucaram, mas e...
—Eu sei. — Ele murmurou, sua temperatura corporal subindo
antes de cair para uma mais suportável.
—Estou machucando-o agora —, disse ela. —Estou com muito
medo de enfrentá-lo. Sempre acreditei que ele merecia mais do que
eu. Eu gostaria de nunca ter existido apenas para que ele pudesse ser
feliz com outra pessoa. Mas ele me aturou. Eu sempre tive medo de
perdê-lo, perder todos eles. Mas o maior medo é que sou eu quem o
causou. Agora eu sou.
—Duvido que ele pense que você arruinou a vida dele — disse
David calmamente. —E eu sei com certeza que você não existir apenas
diminuiria a grandeza da vida dele.
Ela zombou. —Você ainda não me conhece - eu sou uma
bagunça.
Ele apertou os lábios contra os cabelos dela, e ela choramingou
porque odiava o pensamento dele conhecê-la de verdade.
—Você se verá como eu, um dia, meu amor. Tudo o que posso
fazer é prometer que não vejo bagunça quando olho para você -
nenhum monstro ou fardo. Eu vejo a beleza cercada pela escuridão.
Ela fungou. —Pare de ser tão doce.
Ele riu, abraçando-a. —O que você quer fazer, Jane?
Ela não respondeu, mas muito lentamente, ela se afastou dele e
espiou por cima do ombro. O avião estava silencioso e parecia que
quase todo mundo estava dormindo. Todos, exceto Jason.
Quando ela e Jason finalmente fizeram contato visual, a
realidade realmente se estabeleceu. Ela era casada. Ela ainda era a
esposa de Jason, e ele era a razão pela qual ela lutava tanto contra seu
desejo por David. Mesmo que ela sentisse que a Morte era o homem
com quem deveria ser leal, Jason era o homem com quem se casou. E
ela o traiu.
Uma respiração saiu da boca dela. Jane desviou o olhar do
coração partido de Jason e voltou para David.
David olhou para Jason por alguns segundos antes de voltar sua
atenção para ela. Ele colocou a mão na lateral do rosto dela enquanto
ela lutava para não chorar. Havia tanta adoração naqueles olhos azuis.
Ela queria encará-los todos os dias, mas sabia que era isso para eles.
—Eu não posso machucá-lo. — Ela sussurrou.
David suspirou e assentiu. —Eu te amo.
Ela soluçou baixinho, estendendo a mão para segurar o pulso
dele, para que ele não se levantasse e fosse embora.
Ele sorriu e beijou sua testa, deixando os lábios no lugar
enquanto sussurrava: —Eu entendo.
—David. — Disse ela, segurando seu pulso com mais força
quando ele finalmente começou a se afastar. Ela não queria isso, mas
ela tinha que fazer o que era certo por Jason.
Ele encontrou o olhar dela e sorriu tristemente. Ela não
conseguia parar de tocar o canto da boca dele. O sorriso dele era
mágico para ela.
— Antes de adormecer — ele disse suavemente, sem afastar o
rosto da mão dela. — ouvi Arthur explicando o que somos para ele.
Jason sabe, e ele não acha que você é um monstro - ele não quer
desistir de você. Você não precisa temer voltar para ele, mas os dois
precisam entender que não podem ser como eram antes. — Ele beijou
os dedos dela. —Acho que você deveria esperar um pouco antes de
tentar ficar sozinha - e antes de retomar o sexo.
—Nós não vamos fazer sexo, David. — Ela sussurrou
rapidamente.
Sua postura era muito tensa, mas seu lado racional era frontal e
central. —Jane, se vocês tentarem permanecer como marido e mulher,
provavelmente retomará um relacionamento físico. Eu só quero que
você adie a retomada da atividade sexual. É muito perigoso, e eu
odiaria ver você se destruir porque o machucou por acidente.
Ela balançou a cabeça. —Não é por isso, David.
Ele ficou em silêncio por um momento. — Você não precisa se
preocupar com meus sentimentos, Jane. Eu amo você, somente você,
mas eu não era o homem por quem se apaixonou ou se casou. Não
estou com raiva de você por nada disso.
Nada além de amor estava em seus olhos. —E se você quiser que
as coisas deem certo entre vocês dois, eu entendo. Não tenho direito
sobre você, então vou me afastar. Tudo o que acrescentarei é que estou
aqui, caso precise de mim. Embora eu ache que será difícil para você e
eu permanecermos próximos das circunstâncias. — Ele suspirou
enquanto olhava ao redor do avião. —Eu ainda estarei aqui - não vou
a lugar nenhum, mas conversarei com os outros sobre como ajudar. Só
causará tensão ter Jason e eu com você ao mesmo tempo.
—Não, David - eu preciso de você. Eu só...
— Eu sei. — Ele beijou a mão dela. —Acredite, eu queria que a
situação fosse diferente, mas não posso ser o outro homem. Se você
deseja terminar seu casamento com ele, eu estarei aqui. Até lá, farei o
possível para estar ao seu lado da maneira que você precisar. — Ele se
moveu novamente, grunhindo enquanto continuava sentado.
—David. — Jane rapidamente se sentou também.
Ele sorriu, apertando a mão dela. —Estou bem.
Jane espiou por cima do ombro brevemente antes de se
concentrar em David. Seus lábios tremiam, e ela provavelmente
parecia uma bagunça completa enquanto olhava para o rosto bonito
dele. —Sinto muito, David.
Ele levantou a mão dela, beijou-a e depois a segurou na
bochecha por um momento antes de beijá-la mais uma vez. —Não há
razão para se desculpar. Você está apenas fazendo o que acha que fará
sua família feliz. Eu te amo ainda mais porque você é tão altruísta. —
Ele apertou a mão dela. —Eu só queria que você percebesse que a sua
felicidade também importa.
Ele soltou a mão dela e estendeu a mão para enxugar as
lágrimas. —Você não deveria mais chorar por mim na frente de seus
filhos. Tenho certeza de que eles estão confusos sobre o que viram
acontecer.
Ela assentiu, concordando. Ela não sabia como iria explicar
alguma coisa para eles.
Ele olhou nos olhos dela por um longo tempo. —Você deve se
alimentar antes de ir até eles. Você ainda está pálida.
Ela olhou para Jason novamente; ele não tinha se mexido.
—Vou ficar de olho em você —, disse ele com um pequeno
sorriso. —Entrarei quando você precisar, mas você deve querer de
estar de volta com sua família.
Depois que ele terminou de falar, Arthur apareceu atrás deles
com um copo de sangue. Ela imaginou que ele deveria estar ouvindo.
Todo mundo provavelmente estava ouvindo.
Ela pegou a bebida, mantendo os olhos em David enquanto
bebia. Tinha um sabor amargo e frio. Ela queria cuspir, pois uma parte
dela gritava apenas se alimentar do homem que a olhava.
Finalmente terminou, ela devolveu a Arthur.
Arthur pegou e falou suavemente quando ele estendeu a mão
para acariciar seus cabelos. —Eu te admiro por colocar sua família em
primeiro lugar. Lembre-se, eles só serão felizes se você for. E não se
esqueça, você não pode ficar sozinha com eles. Pode parecer que não
confiamos em você, mas estamos apenas fazendo o possível para
mantê-los seguros.
Jane assentiu, sentindo-o se afastar para deixá-la sozinha com
David.
—Não deveríamos ter chegado perto. — Disse ela a David.
—Jane. — Disse ele em desaprovação.
Mesmo que não fosse um tom malvado dele, doeu, e ela se
encolheu como se tivesse levado um tapa. Ela não era querida ou bebê
agora, apenas Jane. Seus olhos lacrimejaram, mas ela segurou as
lágrimas desta vez.
—Nunca se arrependa de um momento entre nós. — Ele pegou a
mão dela novamente, apertando-a suavemente. —É por isso que devo
ficar longe, porque nunca quero que você olhe para trás e se
arrependa de algo mais acontecendo entre nós. Nós dois sabemos o
que acontece quando nos tocamos... Você entende?
Ela entendia, mas isso não a impedia de desejar ter feito as coisas
de alguma maneira diferente. Ela sabia que o perderia. Talvez não
fosse por um tiro ou por ela mesma matá-lo, mas ela o estava
perdendo. A dor que rasgava seu peito poderia ter sido evitada se ela
nunca tivesse aberto seu coração para ele.
—Eu entendo. — Disse ela.
—Falo com você mais tarde, está bem?
—Ok. — Ela se levantou e foi até Jason. Cada passo parecia que
uma parte dela estava sendo arrancada, mas ela se sentou ao lado do
marido e ignorou o desejo de voltar para David.
Jason lançou os olhos na direção de David antes de voltar sua
atenção para ela. —Você está bem?
Mesmo que ela não estivesse nem um pouco bem, ela assentiu.
—Estou bem. Eu só tenho que ter certeza de que estou alimentada.
Jason apareceu para debater algo consigo mesmo antes de falar.
—Você o ama?
Os outros haviam acordado; ela podia senti-los olhando, mas
eles estavam em silêncio enquanto seu coração continuava batendo
forte. Seu mundo inteiro estava girando quando ela olhou, vendo
David a observando. Ele a estava deixando ir.
Ela desviou o olhar quando Arthur colocou a mão no ombro de
David e olhou para os suplicantes olhos castanhos de Jason. Ele era o
marido dela. —Não. — Ela não reconheceu sua própria voz e sentiu
seu coração acelerar de repente. A dor era tão intensa, mas ela só
podia olhar para Jason, ofegando baixinho quando seu coração
começou a bater novamente.
Pelo canto do olho, ela viu David fechar os olhos antes que ele se
levantasse e seguisse Arthur.
Não vá.
Ela não queria que ele fosse embora. Tudo o que ela queria era
gritar para que David voltasse, gritar com a Morte por deixá-la
novamente, gritar consigo mesma por ser uma pessoa terrível. Ela era
casada e tinha filhos, mas queria dois outros homens.
Não havia como melhorar as coisas. A única coisa que ela podia
fazer era tentar compensar Jason. Ela tinha que colocar ele e os filhos
primeiro.
Jason pegou a mão dela e a levou aos lábios. Ela sentiu os lábios
dele nos dedos, mas não pôde sentir o amor que sentiu quando David
ou Morte fizeram o mesmo. Sem formigamentos, sem fogo - sem
sensação de estar inteira. Ela não sentiu nada.
—E Ryder? — Ele perguntou.
Jane lançou seus olhos para os de Jason. —Eu não sei como
explicar meu relacionamento com ele.
—Apenas explique o que você pode —, ele disse. —Eu sei que
me senti um idiota antes, e me desculpe. Fiquei impressionado ao
perceber que você estava viva. Eu pensei que você tivesse morrido. —
Ele suspirou, beijando a mão dela novamente. —Veja da minha
perspectiva, Jane. Eu pensei que você estivesse morta, então me
disseram que você estava viva, e eu recebo o meu desejo ao vê-la
novamente, mas dois homens estão pairando sobre você, e me
disseram que você vai com eles e eles também com meus filhos.
Parecia ruim, e ela tinha vergonha de si mesma por não colocá-lo
em primeiro lugar. Ela colocou David na frente dele.
—Eu estava com raiva —, disse Jason. —Eu pensei que estava
perdendo você de novo. Apenas, por favor, me diga o que está
acontecendo com você e Ryder. Eu preciso saber.
Jane sentiu-se lentamente se afastando novamente. Jason a
amava e ela o estava machucando, assim como ela estava machucando
David.
Eu não mereço nenhum deles. Tudo o que faço é causar dor.
—Eu o amo —, disse ela, não pretendendo deixar escapar. Ela
fez uma pausa, olhando para os filhos adormecidos, longe da tristeza
nos olhos dele. —Eu não posso te dizer o que ele é, mas eu o amava
mesmo antes de conhecer você. Sei que isso não faz sentido ou faz
diferença, e lamento ter traído você, mas eu o amo e ele me ama. Eu o
beijei várias vezes. — Ela exalou. —Eu sinto muito.
Não pareceu surpreender Jason, e ele fez a pergunta: —Você
quer ficar com ele?
Isso a surpreendeu, e sua reação instantânea ao balançar a cabeça
com as palavras dele. —Sou sua esposa. Eu não deveria ter te traído.
Seus ombros relaxaram e ele respirou mais fácil. —Ryder
também é um vampiro?
Ela sorriu tristemente. Pelo menos ele não estava correndo ou
rindo da insanidade de toda a situação. —Ele não é como o resto de
nós. Acho que não posso lhe dizer o que ele é.
Jason estava obviamente confuso, mas assentiu de qualquer
maneira. —Jane, se você está me escolhendo, então precisa entender
que não posso assistir você com eles.
O alarme a consumiu, mesmo que ela esperasse. Seu coração
disparou e sua respiração acelerou.
—Eu entendo que David estava prestes a morrer —, disse Jason,
observando-a tentando manter a calma. —Eu não descobri o que
exatamente você fez para salvá-lo, mas estou feliz por você que ele
está bem. Ele manteve Nathan seguro, e sou grato pelo que ele fez,
mas não vou mais vê-lo com ele. O que quer que ele faça, arranje uma
maneira que não envolva que eu veja você cair um sobre o outro.
Nenhum barulho a deixou, embora sua boca se abrisse para
implorar para ele entender. Mas então ela se lembrou das palavras de
David: ele não seria o outro homem. Ele fez sua escolha porque ela
estava escolhendo sua família. Ela tinha que honrar seus desejos, e ela
tinha que honrar os pedidos de Jason. —É difícil não estar perto de
David —, disse ela. —Mas nós dois concordamos em nos distanciar.
Choque fez seus olhos se arregalarem. —Vocês concordaram?
—Com Ryder desaparecido, ele é o único que tem uma chance
de me parar se eu perder o controle. Ele precisa estar perto, mas
concordou em voltar atrás. — Ela assistiu Jason receber as notícias e
sabia que era tolice esperar, mas enviou um pedido final e silencioso
de que ele dissesse para ela deixá-lo. Ele não fez. —Por favor, não
direcione sua raiva para ele. — Ela sussurrou enquanto aceitava Jason
não era David. Nem ele era a Morte. — David é um homem bom. Não
vou deixar você falar mal dele como antes. Ele está apenas fazendo o
melhor para mim.
—Parece mais do que isso, Jane. — Jason lançou-lhe um olhar
amargo. —Eu sei que ele transformou você, e isso significa algo para
eles, mas você é minha esposa.
—Eu sei. — Ela sussurrou.
Jason suspirou. —Nós não éramos perfeitos, mas eu nunca trairia
você - você sabe disso. Eu te perdoo pelo que você admitiu, mas eu
não vou se você continuar. — Ele esfregou a aliança com o polegar. —
Sei que temos muito o que enfrentar e entendo, em grande parte, o
que você é. Eu aceito. No entanto, podemos ficar juntos, eu quero.
Mas você precisa terminar o que tem com eles. Eu não vou assistir
você em seus braços. Você honestamente ficaria bem se fosse o
contrário? Se eu estivesse me alimentando de uma mulher e a
chamasse de minha outra?
Jane olhou para o colo. Honestamente, ela não achava que Jason
voltaria para ela e as crianças se os papéis fossem revertidos, mas ela
não podia dizer isso. E esse era o lado mais mesquinho dela pensando
assim. Ele ficou e colocou os filhos em primeiro lugar, afinal.
—Eu acho que não ficaria bem com isso. — Ela murmurou,
porque honestamente partiria seu coração ao testemunhar.
—Exatamente —, ele disse como se isso tivesse removido toda a
maravilha que veio com Davis e Morte. —Você precisa terminar o que
tem com eles.
Ela sentiu como se estivesse em um penhasco com Jason atrás
dela, pedindo-lhe para pular. Terminar tudo com David e Morte
significava acabar com ela. Eles eram seus protetores. Os guerreiros
dela.
Ela percebeu que, se ela realmente estivesse apaixonada por
Jason, ela não teria se metido nessa situação. Se ela se sentisse amada
por Jason, ela não teria desejado o carinho que a Morte e David a
banharam. Nada disso importava, no entanto. Ela se comprometera
com Jason e era aí que ela ficaria. Ela balançou a cabeça em acordo
silencioso, mas ela queria chorar. Pela primeira vez, porém, ela não
tinha lágrimas.
—Eu vou acabar com isso —, ela sussurrou. —David tem que
estar perto de mim, mas vou parar o que está acontecendo entre nós.
Jason exalou, abraçando-a. Ela descansou a cabeça no peito dele
e ouviu o coração dele. Não era a mesma coisa. O dele não bateu mais
rápido quando ela se aproximou, depois relaxou como o de David, ou
a confortou como a Morte. Não havia mágica ou faísca. Sua pele não
formigava ou queimava em contato, seu estômago não se apertava
com deliciosas borboletas quando Jason sorria, e ela não tremia de
tanto rir. Ela amava Jason; ela sempre amaria, mas não era o tipo certo
de amor. Ela sabia disso agora. O amor deles deveria ter permanecido
uma amizade, mas era tarde demais; ela era sua esposa e mãe de seus
filhos.
Seu coração se foi agora, mas ela ficaria com Jason, porque isso a
deixaria abandoná-lo também - quem destruiria tudo. Ele era o
símbolo da lealdade dela. Sua família era a única coisa que restava.
Ela tinha que honrar seu casamento.

David entregou a Arthur o copo vazio de sangue que ele havia


acabado enquanto ouvia Jane e Jason conversando. Se já houve um
tempo para a audição aprimorada de David ser uma maldição, era
agora.
—Sinto muito. — Arthur disse a ele.
David permaneceu em silêncio enquanto ouvia Jane confessar
seu amor pela Morte depois que ela admitiu que não o amava. Não foi
surpresa para David, mas ouvi-la dizer que o matou. Ela não me ama.
—Isso não é verdade —, argumentou Arthur. —É por isso que
ela não se deixaria amar você de volta. Você tem o coração dela,
irmão. Ela ainda não pode aceitar seus sentimentos por você.
—Ainda não existe. — Disse ele, rosnando.
—Não desista dela.
—Não posso tê-la, Arthur. — David fez uma careta para si
mesmo por parecer um garoto adolescente. —Ela nunca foi minha.
Arthur olhou para ele. —Você e a Morte sempre farão parte dela
- nada e ninguém mudará isso. Seja forte por ela, porque Jason nunca
será para quem ela se destina.
David suspirou enquanto passava a mão pelos cabelos. Ele ouviu
Jane prometendo terminar com ele e com a Morte. Ele olhou para o
cunhado.
Arthur balançou a cabeça. —Ele está pedindo o impossível.
—O que eu faço, então? — David estava fazendo todos os
exercícios mentais para permanecer fiel a si mesmo e não marchar
pelo avião como um bárbaro e jogá-la por cima do ombro, marido e
filhos sejam condenados. —Eu sei o que eu disse a ela —, disse ele,
respirando profundamente. —mas ela está concordando com mais do
que eu esperava.
Arthur empurrou o balcão. —Mostre paciência e apoie-a. Acima
de tudo, mantenha seu coração. Chegará o dia em que ela precisará de
volta. Não falhe com ela agora e lembre-se de que você foi escolhido
por um motivo. Só nos é dado o que podemos lidar.
David assentiu, ouvindo Jane cumprimentando Nathan e
Natalie. Ele fechou os olhos ao ouvir o amor e a tristeza na voz dela.
Ela parecia tão perdida.
—É porque o coração dela se foi. — A voz de Arthur cortou sua
dor no coração. —Quando ela se levantou da cama e se afastou, ela
deixou com você. Ainda não é hora de ela abraçar seu amor, irmão.
Sem você e a Morte, ela não é inteira.
David apoiou as mãos no balcão e fechou os olhos com força.
Gawain estava fazendo o que ele fazia de melhor, distraindo Jane de
persistir em sua dor. O vazio na voz dela o esmagou. Ela tinha amor
suficiente para dar aos filhos. Todo o resto se foi. —Então, até a hora
chegar, eu espero?
—Sim. — Arthur suspirou. —Deixá-la ver você com dor só a
despedaçará. Mostrar sua força lhe dará o que ela precisa para
continuar. Esteja lá para ela e os filhos. Seja amigável com Jason. Você
vai querer estar perto dela, mas deve evitar o contato habitual.
—Eu sei que ela não deveria estar com Jason, mas em sua mente,
ela precisa. Sempre soubemos que a lealdade dela era com ele.
Sinceramente, não a vejo se beneficiando escolhendo você. Ela
provavelmente ficaria mais instável por causa da culpa que forçaria
sobre si mesma.
David assentiu. —O quê mais?
—Ela terá que aumentar sua ingestão de sangue dos doadores.
Farei o meu melhor para monitorar seus pensamentos, mas ela está
aprendendo a me bloquear. Não acho que ela saiba que está fazendo
isso, mas está. Vou ajudá-la e Jason a entender que eles não podem se
envolver em intimidades conjugais normais.
David se virou. Ele não suportava o pensamento de observá-los
juntos. Aquele beijo do marido, ver o choque em seu rosto que lhe
dizia que ela nem estava acostumada ao ato de ser beijada por ele era
doentio. Pelo menos ela estava feliz com a Morte. Pelo menos a Morte
a fazia se sentir amada, não balançada como um prêmio. Bem, aquele
filho da puta gostava de pendurá-la na frente dele, mas ele não a
deixou ver - era a concorrência deles.
—Sinto muito. — Arthur deu-lhe um tapinha no ombro. —Eu
apenas quis dizer que mesmo ela morando no mesmo espaço com eles
será proibido. Ela entende o perigo, mas será difícil para Jason aceitar.
—Onde eles vão ficar, então?
Arthur olhou nos olhos dele. —O quarto ao lado do seu é grande
o suficiente para Jason e as crianças.
David gemeu, sabendo o que Arthur diria a seguir.
—Eles vão ficar lá, e Jane estará na sua frente. Sei que isso torna
as coisas mais difíceis, mas se ela for uma ameaça para eles, você os
manterá a salvo dela.
David assentiu rigidamente. Ele só confiava em si mesmo para
garantir que nada acontecesse com relação aos filhos dela. Isso a
arruinaria se algo acontecesse. Ele se perguntou freneticamente como
o reino levaria a Jane.
—Vou esclarecer minha posição sobre Jane —, Arthur respondeu
seus pensamentos. —Ela é uma de nós. Sempre soubemos que sua
Outra tomaria o lugar deles como minha cavaleira final. Espero que
ela seja tratada com respeito como cavaleira e seu Outro.
David pensou na recente conversa que teve com Gawain. Como
as mulheres reagirão a ela?
Arthur abordou isso também. —Eu vou lidar com quaisquer
reações inadequadas por você ter a Outra.
—Obrigado. — David murmurou. Ele não seria capaz de superar
isso sem a orientação de Arthur.
—De nada, irmão. Você quer um tempo sozinho?
David assentiu. Ele precisava ficar sozinho para se preparar para
a guerra pela frente. Isso nunca é fácil.
—Não, não é —, disse Arthur. —É por isso que ela é tão preciosa.
Ela vale a pena, não é?
David sorriu e não hesitou ao responder: —Sempre.

3
AINDA AQUI
O som de Natalie rindo com Gawain fez Jane levantar a cabeça.
Havia uma verdadeira felicidade na voz da filha enquanto ela
conversava com o cavaleiro, e isso ajudou a acalmar a dor oca no
peito.
Natalie fez beicinho enquanto cruzava os braços. —Eu estou com
fome.
Gawain sorriu, pegando-a antes de carregá-la para uma mesa
próxima. —Hmm, que tal alguns waffles?
Natalie sorriu brilhantemente e bateu palmas. —Com calda?
—É claro —, disse Gawain. —Quem come waffles sem calda?
—Nathan. — Disse Natalie imediatamente.
Gawain riu e virou-se para Nathan, que estava sentado ao lado
de sua irmã. —Nathan, o que você está fazendo comendo waffles sem
calda?
Nathan simplesmente respondeu: —Sanduíche de waffle.
Jane soltou uma risada triste. Seu bebê ainda era o mesmo, e essa
era a melhor coisa de todas.
Gawain franziu o cenho para ela. —O que é um sanduíche de
waffle?
Jane sorriu, soltando a mão de Jason antes de caminhar até eles.
—Eu inventei. É apenas um waffle cortado ao meio com uma tira de
bacon no meio. É tudo o que ele come de manhã. Esse é o meu bebê.
—Viu? — Natalie enviou um sorriso convencido para Gawain.
Ele riu de Natalie. —Tudo certo. Vamos fazer um waffle com
calda e faremos um sanduíche de waffle para Nathan.
Quando Jason veio se juntar a eles, Gawain levou Jane para a
pequena área da cozinha, onde ela começou a reunir itens para fazer o
café da manhã. Ela tentou sorrir para ele, mas sabia que ele via através
dela e não estava comprando seu ato pela maneira como a estudava.
Seus olhos ardiam com lágrimas não derramadas quando ela
juntou os pratos. Sim, ela estava feliz por ter seus filhos de volta, mas
a tarefa simples a levava de volta a como tudo estava antes da praga.
Vazia. Perdida.
Ela estava de volta com Jason e não queria estar lá.
Ela tinha que ficar, no entanto. Seus filhos mereciam ter a família
juntos. Ela queria que eles tivessem o que não tinha.
—Estou aqui, Jane. — Gawain sussurrou, e ela quase berrou os
olhos.
Ela se afastou, encarando o olhar preocupado dele através das
lágrimas não derramadas, enquanto tentava se impedir de quebrar.
Ela não sabia o que fazer.
Gawain suspirou, puxando-a para um abraço. —Vai dar tudo
certo, amor. Você vai superar isso. Lembre-se de que você não está
sozinha e nós a adoramos.
Ela acenou com a cabeça em seu peito, depois respirou fundo
antes de se afastar e voltar a preparar o café da manhã. Ela queria
acreditar nele, mas sabia que não seria bom. Nada do que ela fazia
ficaria bem. Toda escolha que ela fizesse teria um resultado negativo.
—Você deve comer, Jane. — Disse Gawain depois de dar comida
às crianças.
Ela o ignorou e se dirigiu a Jason. —Você quer algo para comer?
— Por alguma razão, a deixou tão brava que ele estava apenas
sentado lá. Ela sabia que ele estava ferido, mas tinha visto que ele só
tinha sido ferido na perna e no ombro. Ela não queria perguntar a ele
sobre sua lesão enquanto David ainda curava vários ferimentos a bala.
Jason franziu o cenho, olhando brevemente para Gawain antes
de acenar para ela. —Claro, tudo está bem.
Jane se virou rapidamente. Se ela olhasse para ele sentado
esperando para ser servido, ficaria mais irritada.
Gawain de repente agarrou seus ombros e a deteve. —Jane, você
não está controlando sua velocidade.
Os cavaleiros, exceto David, a observavam com expressões
preocupadas. Eles não estavam chateados com ela, mas o olhar
alarmado no rosto de Jason a atingiu com força.
Ela tinha visto aquele olhar dele antes de se tornar uma vampira.
Era o olhar que disse: algo está errado com você. Isso a fez querer se
esconder até que ela viu as expressões de terror nos rostos de Nathan
e Natalie. Ela quase sorriu, mas sabia que não havia nada para estar
feliz. Ela era perigosa. Ela sempre foi perigosa.
—Sinto muito. — Ela sussurrou enquanto se perguntava o
quanto ela poderia ter machucado um deles se ela se movesse com
muita rapidez ou força.
Gawain a deixou ir. —Está tudo bem.
Ela assentiu e terminou de fazer outro conjunto de waffles e
bacon, mas desta vez ela se certificou de se mover mais devagar
quando voltou para a mesa. Jason pegou o prato quando ela o
ofereceu, mas ele ainda a encarava como se ela fosse uma bomba-
relógio.
Jane desviou o olhar quando se sentou, com muito medo de
deixá-los ver qualquer um de seus traços mais monstruosos.
—Mamãe rápida. — Nathan de repente aplaudiu.
Jane levantou a cabeça, os olhos arregalados.
Nathan olhou bem nos olhos dela e sorriu antes de continuar seu
café da manhã. Ela olhou para Natalie e, embora tivesse alguma
confusão nos olhos, ela sorriu e voltou para a comida também.
Uma centelha de esperança encheu Jane. Isto é, até que ela notou
Jason. Ele estava tenso, com a mão flexionando como se estivesse
pensando em pegar as crianças para correr.
Ela empurrou a comida dele para ele. —Aí está a sua comida.
—Você vai comer? — Jason empalideceu e acrescentou
rapidamente: —Não importa. Eu esqueci.
Jane tentou esconder sua devastação, concentrando-se em
Nathan e Natalie. —Isso está bom?
—Mhm. — Eles cantarolavam juntos.
Arthur se aproximou e colocou a mão no ombro de Gawain. Ela
notou Gawain olhando furioso para Jason, mas não culpou Jason por
estar nervoso ou se arrepender de ter vindo com ela.
Ela suspirou enquanto observava Gawain desviar o olhar dele da
família.
—Na verdade, nós comemos Jason. — Disse Arthur, sentando-se
ao lado dela e em frente a Jason.
—Oh. Eu apenas imaginei... — Jason parou, dando-lhe um olhar
de desculpas. —Sinto muito, acho que não entendo tudo.
—Está tudo bem. Jane também fez suposições semelhantes. —
Arthur voltou sua atenção para ele: —Eu preciso falar com vocês dois.
Antes que eles pudessem concordar, Arthur virou-se para os
filhos: — Nathan, Natalie, vocês já terminaram?
—Sim. — Natalie sorriu para ele.
Arthur apontou para Gawain. —Você vai entretê-los?
—É claro. — Disse ele.
—Não há necessidade de se preocupar. — Disse Arthur, e Jane
percebeu que Jason parecia que estava prestes a salvar os filhos de um
urso pardo em vez do ursinho de pelúcia que Gawain realmente era.
— Cuide bem deles. — Arthur fez um gesto para Gawain sair: —
Devo informar vocês dois sobre o que esperar quando pousarmos.
Jane esperou, embora não quisesse saber o que estava por vir.
Por mais que se beneficiasse de saber tudo, muitas vezes adiava
aprender ou abordar questões que enfatizava até o último minuto.
Essa era geralmente a melhor maneira de obter algo feito.
—Bem, vou começar por dizer que muitos dos mitos que você
acredita contem alguma verdade —, disse Arthur. —no entanto,
somos um grupo exclusivo criado para proteger a humanidade, não
vou entrar em todos os detalhes agora, mas vou admitir que, embora
eu diga que somos bons, ainda somos perigosos. Temos que fazer o
nosso trabalho: matar aqueles que prejudicam os mortais.
—Como eu disse durante nossa conversa anterior, Jason, é
necessário que bebamos sangue para viver. Existem pessoas que têm
habilidades extras e precisam mais do que nós. Devido ao incrível
poder e habilidades de Jane, ela exige mais sangue do que o resto de
nós. Isso não significa que ela seja ruim, apenas diferente.
Surpreendentemente, Jason deu a Arthur toda sua atenção,
absorvendo as informações com um olhar sério. —Acho que faz
sentido —, disse ele. —Como se ela usasse mais energia?
—Sim. — Arthur relaxou. —Estamos aqui para ajudá-la, no
entanto.
Jason estava assentindo da mesma maneira que acenava para um
vendedor de carros: —Você diz que mata aqueles que prejudicam a
humanidade... Vocês matam humanos?
— Sim. —Arthur respondeu.
Jason olhou nervosamente ao redor do avião.— Você continua
mencionando que Jane e David são diferentes do resto de vocês...
— Acho que não posso entrar em detalhes sobre qualquer um
deles —, disse Arthur. — Essa é uma questão da qual nem meus
homens estão totalmente cientes.
—Tudo bem —, Jason disse laconicamente. —Onde você está nos
levando exatamente?
—Minha casa. Está em uma parte muito remota do norte do
Canadá. Eu domino tanto humanos quanto imortais lá. Eles seguem
minhas regras em troca de vida e segurança. Qualquer um que não
seja banido ou coisa pior. Eu não tolero insubordinação.
Jane ficou quieta durante a conversa. Ela ouvia Arthur, mas ela
não se importava.
—Então os outros imortais, que são como vampiros, estão
acostumados com humanos? — Perguntou Jason.
Arthur suspirou. —Sim e não. O castelo é ocupado por meus
homens e nossas esposas, mas há alguns outros convidados que
também ficam lá. A maioria dos outros vive em casas ao redor da
propriedade. Os outros vampiros existem. Não como nós; eles se
alimentam mais e tendem a ser mais agressivos.
—É por isso que você ficará no castelo. Jane e sua família são de
grande importância para mim, e vou garantir que todos estejam
cientes disso. Também deixarei claro que atividades inapropriadas
não serão permitidas com nenhum de vocês.
—Mas você tem regras —, Jason interrompeu. —Quão agressivas
elas devem ser para você considerá-las inadequadas?
Arthur olhou para ele por um momento antes de falar
novamente: —Como eu disse antes, somos a exceção. Embora esses
imortais tenham se jurado para mim, eles não são seguros para os
mortais estarem por perto. Os humanos que vivem lá nasceram. O
comportamento que você testemunhou com Jane é cotidiano para eles,
mas mesmo eles não sendo imortais tão fortes quanto ela. É também
por isso que ela não poderá ficar com você e as crianças.
—Não tem como ela estar separada de mim —, disse Jason
enquanto olhava entre ela e Arthur. —Eu disse que viríamos, mas isso
significava que Jane estaria conosco.
Arthur permaneceu calmo. —Jason, eu também lhe informei que
você deveria seguir minhas regras. Não estou fazendo isso para irritá-
lo - é para sua proteção. Não se preocupe, ela estará por perto.
—Ela não vai nos machucar. — Jason retrucou.
Enquanto Jane apreciava as palavras de Jason, ele não tinha ideia
do que estava dentro dela.
Arthur bateu na perna dela e falou com uma mistura de
reverência e tristeza. —Ela é a mais perigosa de todas as criaturas
imortais, Jason. Foi por isso que enfatizei a importância de David e
Ryder. Eles são os únicos seres capazes de controlá-la ou dominá-la.
Sinto muito, mas vocês não podem ficar juntos.
Jason apenas fez uma careta, seus lábios afinando enquanto ele
provavelmente lutava dizendo algo mau.
—Não é um absurdo —, disse Arthur, encarando o marido. Os
olhos de Jason se arregalaram e Arthur sorriu, deixando Jason ver que
poder ele tinha. —Estamos sendo cautelosos... ela já atacou alguns dos
meus homens.
Jason engoliu, os olhos piscando.
—Sim, eu posso ler seus pensamentos —, disse Arthur. —
Embora eu esteja atento e lhe conceda privacidade quando puder.
—Hum —, Jason disse calmamente antes de encará-la. Ele estava
pegando a habilidade de Arthur surpreendentemente bem ou
poupando seu surto para mais tarde. —Quem você atacou?
—Eu tentei matar Gareth. — Jane imediatamente procurou o
vampiro mais jovem. Ele piscou na direção dela, o que a aliviou um
pouco, mas ela ainda se lembrava de como o episódio inteiro tinha
sido horrível. Jason precisava saber a verdade, então ela contou o resto
do que aconteceu. —Eu dominei David com minha mente na mesma
noite. Eu não sou segura. Não posso ficar no mesmo quarto e
machucar nenhum de vocês. Eu nem pensei nisso antes.
Jason finalmente desviou os olhos de Jane antes de encarar
Gareth por um longo tempo.
—Eu disse que ela é diferente. — Disse Arthur a Jason.
Jason balançou a cabeça. —Se ela dominou David, como ele é
capaz de controlá-la?
Arthur sustentou seu olhar curioso antes de falar: —Jane, você
precisa comer ou então vai ficar fraca.
Ela não sabia por que ele mudou de assunto de repente, mas
estava deprimida demais para sequer pensar em comer. — Vou comer
algo mais tarde. — A realidade que ela não estaria com seus filhos
esmagado ela. Ela observou, desolada, como Gawain brincava com
eles por alguns segundos, mas o som de um prato que estava sendo
colocado sobre a mesa roubou seu foco sobre eles.
Ela olhou para o comida na frente dela, então voltou enquanto
seu coração batia forte. David.
—Você não quer beber mais do que já precisa —, disse ele, seus
olhos apenas nela. —Por favor, coma alguma coisa, Jane.
Ela balançou a cabeça rapidamente, fazendo-o sorrir para ela, e
incapaz de se conter, ela sorriu brilhantemente. Ela quase chorou com
o calor repentino que encheu o buraco invisível em seu peito.
—É um pouco mais do que isso. — Disse Arthur afastando a
atenção de Jane e David. Jane viu Jason olhando para Arthur. Ela
imaginou que, pela maneira como os dois olhavam irritados, Arthur
devia estar respondendo ao que Jason estava pensando. O momento
de felicidade com David desapareceu. O pobre Jason a observara e
David fazendo exatamente o que ele acabara de dizer que não
suportava ver.
Ela manteve os olhos na mesa, mas sentiu a raiva de David. Isso
só pioraria as coisas se ele se chateasse com Jason. Então ela olhou
para ele na esperança de que seus olhos mostrassem que precisava
que ele estivesse calmo.
David obviamente entendeu. Ele respirou fundo e visivelmente
relaxou ainda mais, depois se dirigiu ao marido. —Olá Jason.
Jane lançou um olhar para Jason, mas descobriu que seu olhar
mortal ainda estava no lugar, então ela pediu ajuda a Arthur. No
entanto, David continuou: —Eu queria me desculpar pela nossa
reunião inicial. Eu não deveria ter me comportado dessa maneira.
Talvez, por Jane, mas, podemos começar de novo?
Eles esperaram que Jason respondesse ou mostrasse alguma
aceitação da oferta de David, mas sua expressão enfurecida não
vacilou.
Arthur estendeu a mão para segurar a mão dela quando ela se
virou. —Jane, por que você não passa algum tempo com seus filhos?
Vou lhe contar tudo mais tarde. Leve sua comida com você.
Sim, era uma boa ideia. — Ok.
David se moveu atrás dela e puxou a cadeira. O gesto de
cavalheiro a fez derreter enquanto ela olhava nos olhos dele. Ou seja,
até Jason zombar.
Jane suspirou, porque tudo o que ela queria era pegar David e
nunca o soltar.
Ele sorriu, mas ela viu como era forçado. David não merecia ser
desrespeitado, mas ela entendia a raiva de Jason.
Ela desviou os olhos dos de David, mas antes que ela pudesse
sair correndo, ele a agarrou seu braço.
—Tome o seu café da manhã, Jane. — Ele estendeu o prato para
ela.
Foi a primeira vez que ela realmente notou a refeição que ele lhe
dera. Seus waffles pareciam muito mais apetitosos que os dela. Ele até
cortou morangos e os colocou no topo em forma de uma flor.
Ela estendeu a mão para o prato, saboreando o calor se
espalhando através de seu braço onde ele a segurava e ele estabeleceu-
se em seu peito, onde seu coração estava, e ela percebeu que o calor
que estava pulsando para coincidir com seu batimento cardíaco era
parte dele.
Fechando os olhos, ela sorriu e sussurrou: —Obrigada, David.
—De nada, Jane. — Ele a soltou, tirando a vida que sua presença
lhe dava. Ela abriu os olhos, de volta à prisão, onde só podia ficar
sentada ali e observar as coisas que queria, enquanto permaneciam
fora de alcance. O vazio se infiltrou quando ela puxou o prato de sua
mão e deu a volta nele, mas não antes de inalar o cheiro dele. Ele
acalmava a sua separação. Ela sabia que ele a ouviu, e ela espiou ele,
satisfeita com o sorriso mais sincero espalhando sobre seus lábios.
—Seja corajosa, — ele sussurrou: —Eu ainda estou aqui.
4
NEVE
O som de vários zíperes lembrou Jane de todas as vezes que ela
tinha embalado e reembalado suas malas durante a peste Não era
sábio para falar sobre como as coisas horríveis que tinha acontecido.
Ela estava tentando ser melhor para todos
Ela olhou para Nathan enquanto ela se agachava na frente dele.
Ele estava confuso sobre tudo, mas ele não estava estressado como ela
esperava. Jane acariciou sua bochecha gordinha. Por alguma razão, ela
sentiu que Nathan entendia todas as emoções que ela tinha
experimentando, e ela não queria que ele se preocupasse. Se ele
pudesse se ajustar a algo que normalmente o assustava ou o oprimia,
ela também poderia.
Jane mordeu o lábio enquanto puxava mais a jaqueta inchada
para terminar de fechar o zíper. Ela se mexeu e lançou-lhe um olhar
frustrado. Ela sabia que as camadas deviam estar incomodando-o,
mas não tinha outra escolha senão enchê-lo de roupas se quisesse
mantê-lo aquecido.
Arthur dissera que estavam voando para o território de Yukon e
seria bem abaixo de zero quando eles chegassem lá. Novembro no
Texas era agradável, quente mesmo. Os invernos mais frios não eram
nada comparados ao que ela esperava ao chegar ao Canadá.
O inverno quente e quase inexistente na região central do Texas
também dava a Jane poucas razões para investir em equipamentos
para clima frio. As últimas jaquetas decentes que ela tinha para eles
eram do inverno anterior e já eram pequenas demais. Então, quando
ela fez as malas, pegou o maior número de camisas e suéteres de
mangas compridas e acrescentou seus próprios capuzes com zíper
para finalizá-los. Jason era o único que tinha uma boa jaqueta, porque
ele trabalhava frequentemente fora.
David riu e Jane lançou um olhar de soslaio para ele. Ele deve ter
sentido seu olhar quando ele rapidamente fez contato visual com ela.
O sorriso que ela amava se espalhou pelos lábios dele e, novamente,
ela sorriu de volta. Antes que ela se envolvesse demais nele, ela
desviou os olhos.
Jason estava a poucos metros dela, ajudando Natalie a se
arrumar, e ela não queria que ele ficasse chateado novamente. Ainda
assim, ela não conseguia impedir que o calor se espalhasse por suas
bochechas. David apenas tinha esse efeito nela.
Suas reações em torno de David eram tão frustrantes. Uma coisa
era ser assim sem a família por perto, mas outra era agir como uma
colegial apaixonada, com seus filhos e marido à vista.
Ela soltou um suspiro para ajudar a removê-lo, mas ele riu
novamente. Aquela risada maldita dele sempre fazia seu corpo
acelerar demais. Ela estava começando a se sentir como um gato no
cio ao seu redor. Tudo o que ela queria era se esfregar nele.
Imagens dela esfregando ou rosto por todos os músculos dele
surgiram em sua cabeça... Controle-se! Ela enxugou a transpiração
repentina na testa antes de abanar as bochechas quentes, na esperança
de obter a imagem mental de ser uma gata enquanto David era o
dono.
Jason fez uma careta para ela quando ela acidentalmente fez
contato visual com ele. Ela tentou se dar bem, movendo o olhar ao
redor do avião; não haveria paz se Jason soubesse o que ela estava
pensando. Esperando que ele a achasse estranha e tivesse esquecido
que David, simplesmente sendo David, a deixava perturbada.
Quando Jane realmente observou os outros, ela mordeu o lábio;
as jaquetas eram mais isoladas do que as que ela vestira para os filhos.
Bem, todos os cavaleiros, exceto David. Ele estava vestindo uma
camisa de mangas compridas e nada mais, ao que parecia.
Ela franziu o cenho, imaginando se David havia deixado sua
jaqueta no Texas. Era possível, já que muitos dos suprimentos não
eram suficientes. Mesmo que não fosse muito, ela tinha sorte de ter o
casaco velho que estava usando.
—Jane. — David chamou suavemente atrás dela.
Ela apertou os lábios para não dizer nada de mal quando notou
Jason olhando para David e virou a cabeça. Desde que ela ainda
estava agachada na frente de Nathan, seu vampiro se elevou sobre ela.
—Aqui —, disse ele, oferecendo-lhe uma jaqueta. —Vai mantê-lo
aquecida.
Ela olhou para ele, percebendo agora que era por isso que ele
não estava usando uma; ele estava dando a dele para ela.
—David, você precisa disso.
—Não querida. — Ele rapidamente limpou a garganta, olhando
brevemente para Jason antes de continuar em um tom mais firme. —
Não, eu quero que você esteja quente. Apenas coloque, está bem?
Apesar de seu tom mais severo, ela se aqueceu um pouco ao
ouvi-lo chamar de querida novamente. Embora o escárnio de Jason
roubou a doçura de uma coisa tão pequena.
—Obrigada. — Os dedos dela roçaram os de David, e ela o
puxou da mão dele para evitar agarrá-lo. Se a reação exagerada dela o
incomodou, David não mostrou nenhuma decepção.
Depois de colocar rapidamente a jaqueta, ela olhou para baixo
frustrada; a engoliu. Jane bufou ao ver como ela caía de joelhos. Ela
levantou a mão, franzindo a testa, porque as pontas dos dedos nem se
destacavam.
Suspirando, ela olhou para cima e viu um sorriso se espalhar por
seus lábios. —Não é engraçado.
—Eu não disse nada. — Disse ele, ainda sorrindo.
Ela tentou, sem sucesso, passar as mãos pelas mangas. —Você
vai me ajudar?
Ele riu enquanto se ajoelhava e enrolava as mangas o melhor que
podia, e ela se permitiu um breve momento de calma.
Um pequeno gemido desviou sua atenção de David e foi para
Jason. Ele estava sentado em uma cama com os cotovelos apoiados
nos joelhos enquanto segurava o rosto com as duas mãos. —Só pode
estar a brincar comigo. — Suas palavras eram suaves, mas ela
imaginou que Jason talvez não percebesse o quão bem todos podiam
ouvir.
Ela olhou para o vampiro. Pelo menos ele não parecia chateado.
Na verdade, ele sorriu e enfiou a mão debaixo da manga dela, depois
apertou delicadamente o pulso dela. O polegar dele acariciou a pele
dela por apenas um segundo antes que ele soltasse e se levantasse.
A devastou ao ver o contraste entre David e Jason. Tudo o que
David mostrava era amor, e ele tentou fazê-la ver algo de bom em si
mesma. Jason, por outro lado, apenas a lembrava o quanto havia de
errado com ela, e qualquer carinho que ele dava era oferecido com a
expectativa de sexo em troca.
Seu estômago revirou quando ela pensou em abrir as pernas
para Jason novamente. Levou toda sua força mental para evitar deixar
sua mente seguir esse caminho.
Ela pegou a mão de Nathan, removeu todos os sinais de como
ela se sentia sobre qualquer coisa do rosto e deu um passo para trás.
—David, o que acontecerá depois que pousarmos?
Em sua visão periférica, ela viu Jason abaixar as mãos e olhar
para elas. O alívio que ele deixou passar por seu rosto ao vê-la sem
emoção a quebrou. Tudo o que importava era que ela não mostrasse
nenhuma felicidade ou aceitação do amor de David.
Um brilho feroz brilhou nos olhos de David, e ela sabia que era
devido ao seu olhar vazio. Como se ele quisesse que ela sentisse como
ele se sentia, ela o observou esvaziar toda a emoção do rosto dele. Jane
odiava, e estripava-a ouvir a maneira indiferente que ele falava com
ela agora.
—Vamos pousar em um aeroporto particular em breve —, disse
ele. —Haverá uma caravana nos esperando lá. Depois que
transferirmos todos para os veículos, partiremos para a propriedade.
Levará apenas vinte minutos para chegar lá, mas está ficando tarde.
Como o sol se põe mais cedo do que no Texas agora, sua família
precisará ser transferida para o quarto rapidamente, para evitar
confrontos com outros imortais.
—Existem alguns que estarão lá para nos receber com as esposas,
mas elas não devem ser um problema. Amanhã, podemos anunciar ao
reino inteiro as expectativas de Arthur em relação ao tratamento de
sua família.
—Enquanto colocamos Jason e as crianças em seu quarto, as
refeições serão preparadas e trazidas para que você possa jantar.
Podemos garantir que as crianças gostem, então deixarei você
descansar em seu quarto.
Jane sentiu-se nervosa de repente; ela não queria ficar sozinha.
David parecia saber o que a preocupava e acrescentou
rapidamente: —Seu quarto fica em frente ao meu, Jane. Sua família
estará ao meu lado. Não se preocupe, tudo ficará bem. As esposas são
mulheres muito agradáveis - e minha irmã Guinevere ficará
emocionada em conhecê-la. — Ele sorriu no final, finalmente
mostrando emoção ao pensar em sua irmã.
Jane, no entanto, ficou horrorizada. —Sua irmã?
David parou de sorrir. —Sim. Arthur é meu cunhado através do
casamento com minha irmã.
—Oh. — Ela murmurou. Ela tinha esquecido completamente
essa parte.
David falou em um tom mais suave. —Ela vai te amar. E eu
tenho certeza que todos vão dar boas-vindas aos seus filhos. Nenhum
dos homens tem filhos, lembra?
—Sim. — Ela não podia acreditar que estava apenas atingindo-a
agora que havia outras pessoas envolvidas com David e os cavaleiros.
Não era como se ela pensasse que ela era a única pessoa, mas era real
agora, e ela estava prestes a fique cara a cara com um grupo inteiro -
um reino - de pessoas que julgariam ela e sua família.
—Ninguém sabe sobre você vir —, disse David. —Mas eu sei
que eles terão prazer em conhecê-la. Você não precisa se preocupar
em conhecer todo mundo ainda. Haverá um grupo de servos junto
com as esposas e talvez alguns outros convidados para nos
cumprimentar. Os homens provavelmente partirão com suas esposas
imediatamente. — Ele a observou morder o lábio por alguns
segundos. —Jane, se você se sentir sobrecarregada, basta me dizer e
eu vou levá-la direto para o seu quarto. Não se deixe mexer.
Ela assentiu quando Jason se aproximou e pegou a mão dela.
—Ela fica nervosa com outras pessoas — Jason disse a David
enquanto a olhava com uma suavidade que ela não estava
acostumada. Jason sorriu, levantando sua a mão. —Ela ficava em casa
na maioria das vezes porque ficava estressada. As pessoas eram cruéis
com ela no passado. Ela sempre tentava, no entanto. — Os lábios dele
roçaram a mão dela novamente antes de baixá-la. —Não se preocupe,
querida. Eu estarei lá com você, e David está certo, como eles podem
não te amar?
Jane não conseguiu deixar de aceitar o afeto de Jason depois de
desejá-lo por tanto tempo. Ela sorriu e apertou a mão dele para
agradecer.
—Ah. — Jason se encolheu, tentando soltar a mão.
Os olhos dela se arregalaram. —Oh, merda! Sinto muito, Jason...
Você está bem? — Ela inspecionou a mão dele, notando que estava
um pouco vermelha.
Ele riu. —Está bem. Isso me surpreendeu. Acho que você não
precisa mais que eu abra potes de vidro.
Sua dor de cabeça aliviou um pouco. —Não, acho que não.
Ela ouviu passos e virou a cabeça para ver David se afastando.
Seu peito parecia que alguém tinha arrancado tudo. Tanto para isso.
Parecia que não importasse o que ela fizesse, ela machucava um deles.
Seus olhos ficaram um pouco vítreos, mas Jason agarrou seu
queixo e virou o rosto para ele antes que ela derramasse uma lágrima.
—Vamos. Vamos terminar de preparar as crianças.
Ela assentiu e Jason sorriu. Então ele a surpreendeu
completamente com um beijo nos lábios.
Seus olhos se arregalaram quando ela congelou. Ele não pareceu
notar o quão desconfortável ela estava, quando ele simplesmente se
virou para pegar Natalie.
Jane engoliu em seco quando emoções agitadas a assaltaram. Ela
não sabia como deveria agir ou sentir. Os últimos beijos de Jason
foram quando ela foi infectada e quando ele se reuniu com ela, mas
antes disso, ele geralmente só a beijava quando queria sexo, e ela
apenas o deixava...
Ela olhou para o chão por alguns momentos enquanto a culpa e a
tristeza a pressionavam. Não deveria haver um problema com Jason
beijando-a, mas havia. Havia um problema há muito tempo.
Seus olhos ardiam, mas ela ainda se virou para o homem que
sentia olhando para ela. Os olhos normalmente de safira de David
eram mares congelados, enquanto o rosto dele não continha o calor
que ela havia se acostumado.
O desejo de pedir desculpas a dominou, mas ela só conseguiu
sustentar seu olhar frio até que ele finalmente piscou, e aqueles olhos
de safira dele novamente aqueceram seu corpo inteiro. David
finalmente deu um sorriso doce antes de se virar para falar com
Gawain.
—Você está bem, Jane? — Tristan perguntou, descansando a
mão no ombro dela.
Ela sorriu. Os outros cavaleiros não falaram tanto com ela
quanto com o time David e Arthur, mas ela sentiu uma conexão com
Tristan. Sua habilidade extra deu aos dois algo em comum, e ela se
sentiu mais aceita por ele do que pelos outros cavaleiros.
—Eu vou ficar bem, Tristan. Obrigada.
—Bem, não hesite em procurar um de nós se precisar de algo. —
Quando ele se virou para sair, ela notou que ele ainda era a favor da
perna que havia sido baleada com uma bala de nitrato de prata.
—Espere —, disse ela, fazendo-o se virar. —Sua perna - está
curando?
Ele olhou para ele e deu de ombros. —Ainda sinto a prata
queimando dentro de mim. Acho que não vai curar tão cedo. —
Apesar das más notícias, ele sorriu. —Não se preocupe comigo. Eu
cresci recebendo todos os tipos de feridas quando jovem cavaleiro. Eu
vou conseguir.
Tristan foi embora novamente, mas ela agarrou o braço dele,
parando-o.
—Eu sei que não deveria —, disse ela, ainda encarando a perna
dele. —Mas eu gostaria de ver se posso ajudá-lo da maneira que
ajudei David.
Ele deu um sorriso gentil. —Jane, claro. Obrigada.
—Não me agradeça ainda. — Jane caiu de joelhos enquanto
mantinha o foco em onde sabia que estava o ferimento dele. —Eu
posso acabar olhando para você e me dando dor de cabeça.
Ele riu, ficando muito quieto. —Respire fundo e concentre-se.
Acima de tudo, lembre-se de que você já realizou uma façanha maior
que essa.
Sim, isso era verdade, embora o lado duvidoso dela se
perguntasse se os anjos haviam intervindo.
Não, ela respirou lentamente. Ela tinha feito isso e podia
novamente.
Ela levantou as mãos sobre a perna dele e fechou os olhos. Assim
como antes, ela visualizou a prata até sentir sua mente se conectar
com tudo dentro e ao redor dele. Ela sentiu seus órgãos, sua
respiração e a prata.
Os dedos dela roçaram o tecido da calça dele e, com apenas um
pensamento, ela a ouviu rasgar sob a mão. O suspiro chocado de
Tristan mal tocou seus ouvidos, mas ela já estava concentrada na
prata, atraindo-a para si mesma.
Ele se juntou em sua mão e ela abriu os olhos para ver uma
pequena bola de prata girando na palma da mão.
—Jane. — Tristan respirou enquanto os dois assistiam seu
ferimento fechar.
—Isso parece melhor? — Ela perguntou enquanto deixava a
conexão desaparecer. Isso a deixou cansada, mas satisfeita consigo
mesma.
—Sim, parece perfeito. — Ele inspecionou a pele a alisando. —
Você realmente exerce um poder incrível, Jane. Obrigado.
—Claro. — Ela disse tristemente. Seus poderes tinham um preço,
e ela não tinha certeza de que era a pessoa certa para deter esse poder.
Tristan franziu a testa e levantou o queixo com o dedo. —O que
aconteceu?
Ela encolheu os ombros. Embora estivesse feliz por tê-lo
ajudado, a percepção de quão diferente estava abafou qualquer alegria
resultante de suas habilidades. Ela sabia que o poder dentro dela não
era dela. Algo terrível era o verdadeiro portador desse poder, e
embora a Morte enfraquecesse sua entidade, ela sabia que estava lá.
Esperando.
—Jane? — Tristan chamou.
Ela não respondeu e ouviu-o suspirar quando ele se sentou em
uma cama.
—Você deve se orgulhar do que pode fazer —, disse ele. —Você
é a razão pela qual todos fizemos isso no avião. Você é a razão pela
qual David ainda está conosco - a razão pela qual não sinto mais um
fogo em minhas veias.
—Você não entende —, ela sussurrou. —Quero dizer, estou feliz
por ter ajudado, e os poderes são muito legais.
—Então por que você parece tão chateada por usá-los?
—Tristan. — Ela esperava que não estivesse cometendo um erro
confiando nele. —Sou diferente de todos os outros - ninguém pode
fazer o que eu posso. Nem sei o que estou fazendo exatamente.
Ele deu outro sorriso. —Você é especial, Jane. O que você pode
fazer é incrível - você está manipulando a matéria. Isso significa que
você pode fazer qualquer coisa. Então você pode liberar energia e
aproveitá-la o suficiente para criar um campo de força tão grande
quanto um campo de pouso. Isso é incrível.
—Sim. — Disse ela, com medo de que ele soubesse o quão escuro
seu poder realmente era.
—Jane, eu quero que você me diga se você sentir que está
perdendo o controle, ok?
Jane assentiu. —Certo.
—Eu não sei o que é que cria seu poder —, disse ele calmamente.
— Existem outros imortais, além de você e eu, que podem afetar nosso
ambiente, mas não encontrei alguém como você. Eu imaginaria que o
único que poderia levá-la a uma luta justa seria a Morte.
Jane riu tristemente, mas ela se perguntou se a Morte teria que
realmente encará-la quando ela finalmente fosse espancada por sua
besta.
—Isso te assusta, não é?
—Sim.
—O poder pode consumir qualquer pessoa. — Ele a observou
por um momento. —É preciso uma mente forte para controlá-lo. Sei
com certeza que você é a pessoa certa para receber esse poder. E não
se esqueça, você tem todos nós para se apoiar enquanto se fortalece.
Quando isso te assustar, corra para David. Ele a ajudará mesmo se
você for mais poderosa que ele.
Seu coração afundou. Tristan e os outros não entendiam o que
ela e David estavam passando. Eles não podiam mais se apoiar. Ela
não podia olhar para Jason ou seus filhos sem medo de machucá-los.
Inferno, ela nem tinha mais seus animais de estimação.
Ela quase chorou ao lembrar que seus cães haviam escapado
durante a luta. Eles aparentemente foram vistos correndo em sua
direção, mas ninguém sabia o que havia acontecido com eles. Então
seus gatos se recusaram a se aproximar dela. Arthur havia dito a ela
que eles iriam aparecer, que o cheiro dela provavelmente não cheirava
bem para eles, mas ela sabia por que eles não a procuravam. Eles
sabiam que havia algo ruim nela.
Não havia ninguém para ela.
Tristan deu um tapinha no joelho dela e a tirou de seus
pensamentos. —Você vai superar isso. Se você precisar conversar,
sempre fico feliz em ouvir e oferecer os conselhos que puder.
—Obrigada. — Ela sabia que não fazia sentido falar com ele ou
com alguém, porque ninguém poderia ajudá-la.
—Bom, mas deixe-me saber se você precisar de alguma coisa. —
Tristan olhou para ela por um momento e ela assentiu rapidamente.
—Eu tenho que terminar de arrumar as malas.
Ela acenou para ele com um sorriso e o viu se afastar antes de
olhar para os filhos. Eles estavam rindo enquanto brincavam juntos
em uma cama. Um leve sorriso cresceu enquanto ela observava o
quanto eles se esforçavam para se mover e percebeu que ela poderia
ter exagerado um pouco com todos os suéteres debaixo do casaco.
Jason chamou sua atenção e fez um gesto para ela se juntar a ele.
Jane sabia que teria que, eventualmente, mas estava cansada demais
para fingir ser feliz perto dele agora. Sua frente feliz era normal para
ele; ela esquecera essa parte porque não havia socializado desde o
início do vírus.
Ela desviou o olhar de Jason, direto para David.
Era ridículo como ela sempre o procurava, mas ela suspirou e
continuou observando-o. Ele estava sentado em uma cama sozinho,
mas ele não estava apenas sentado relaxando - seus olhos estavam
mudando entre ela e as crianças, mantendo um olho em todos eles.
Consolou-a que ele ainda estivesse tentando estar lá com ela, mas o
buraco que ela sentia em seu peito não desapareceu.
Ela engoliu em seco para não soltar um grito. O olhar de Jason
apenas a enchia de pavor, mas ela conseguiu esconder sua tristeza e
ansiedade com um sorriso falso antes de se levantar para se juntar a
ele e seus bebês. Tudo o que ela precisava fazer era manter suas
emoções escondidas e o mundo continuaria bem. Isso era tudo o que
importava. Desde que ninguém mais se machucasse, ela manteria
toda a sua dor trancada por dentro.

Jane apertou o apoio de braço com força enquanto a van


desviava. Ela olhou pela janela de um dos cinco veículos que levavam
a comitiva e tentou admirar a floresta ao seu redor. Estava escuro, e a
floresta circundante bloqueava facilmente o luar acima, mas sua visão
aprimorada lhe permitia distinguir cada imponente árvore de abeto
por onde passavam.
A natureza sempre fora algo que ela gostava. De fato, ela
frequentemente sonhava em viver longe da civilização, mesmo de sua
família, nas profundezas de uma floresta, com apenas as árvores e os
animais como sua companhia. Lá ela não machucaria ninguém. Lá ela
seria esquecida e a vida de todos seria melhor.
Ela expirou e encostou a cabeça no vidro. Havia tantas pessoas
maravilhosas ao seu redor agora. A família dela e os cavaleiros.
David. No entanto, ela estava aterrorizada com o que aconteceria
depois que chegassem à casa dos cavaleiros.
A floresta os cercava, não importava para onde ela olhasse, mas
ela não sonharia acordada com uma solidão pacífica, porque tinha
medo de conhecer essas novas pessoas. Bem, vampiros.
Não tinha muito a ver com o fato de serem criaturas míticas que
a incomodavam, mas mais do que simplesmente serem pessoas novas
que a encarariam. Eles sussurrariam e a julgariam. Se David pensou
que eles gostariam dela ou não, era irrelevante. As pessoas pensavam
o pior dela. A crueldade que ela sofreu quando era mais nova não se
aplicava apenas à sua juventude; os adultos eram rápidos em julgar
antes de descobrir os fatos, e Jane sabia que isso doeria tanto quanto
quando ela era criança.
A calma que sentia com os cavaleiros e a maneira divertida de
agir com eles não eram a norma para ela. Era por isso que ela gostava
de estar perto deles. Na maior parte, eles pareciam aceitá-la em seu
círculo. Ela não precisava se preocupar com uma mulher dizendo
coisas desagradáveis ou tentando se encaixar com um grupo deles
com quem ela não tinha nada em comum.
Ela não sabia o que mais a incomodava: sentir-se patética por ser
excluída ou patética porque, quando era incluída, era por pena ou por
uma piada cruel.
Como ela deveria lidar com conhecer um grupo de mulheres
imortais que provavelmente admiravam David? Por que era tão fácil
para as pessoas se encaixarem com outras pessoas e não com ela? Por
que ela não podia simplesmente fazer o que Jason queria e apenas
melhorar? Ele era um idiota, mas se encaixava.
Ela riu tristemente de seus pensamentos e continuou olhando
pela janela, enquanto se perdia nas lembranças de todas as vezes em
que ela era ridicularizada por garotas, e os ataques de pânico que ela
sofreu simplesmente por ter saído em público. Porque agora, se ela
reagia à crueldade com que estava acostumada, não era apenas uma
ameaça para si mesma - era uma ameaça para o mundo.

David observou Jane através do visor na frente dele. Ele sabia


que sentar ao lado dela na van não seria uma boa ideia, mas ele se
recusou a andar separadamente dela. Ele podia sentir a ansiedade
saindo dela em ondas. Tinha crescido a alturas perigosas desde que se
separaram, e ele estava ficando louco com o desamparo da situação.
Ele mudou o olhar para Jason. O marido dela estava sentado ao
lado dela, mas ele não mostrava nenhuma reação à angústia em que
ela estava. Não que Jason estivesse fazendo isso de propósito também
- ele simplesmente não estava preocupado com ela. Irritou David a
ponto de querer sangrá-lo. Bastardo estúpido que não a merecia.
Uma garganta limpou atrás dele. Ele sabia que era Arthur antes
mesmo de olhar. David apertou a mandíbula, mas assentiu enquanto
suas presas recuavam. Ele odiava que sempre houvesse algo que o
impedisse de ficar com Jane. Não fazia sentido para ele. Ela precisava
dele, e não havia nada que ele pudesse fazer por ela. Ele se perguntou
brevemente se deveria apenas dizer, para o inferno com isso, e levá-la
de Jason. Obviamente, a Morte não tinha problemas em fazer o que
fosse necessário para fazê-la feliz. Por que ele não podia fazer o
mesmo?
A voz nervosa de Jane o impediu de responder sua própria
pergunta. —Arthur, onde estamos exatamente?
Arthur respondeu: —Estamos na parte sudeste do território de
Yukon. Faz parte da Floresta Boreal e é bastante isolada. A cidade
mais próxima é Watson Lake. Nós vamos lá de vez em quando, mas,
caso contrário, tudo o que precisamos está disponível em casa.
—Mas como é que ninguém sabe que vocês são vampiros?
David sorriu. Ele sabia que ela provavelmente estava morrendo
de vontade de aprender mais sobre eles, mas ela estava consumida
demais por tudo o mais no momento.
—Bem, na verdade não nos misturamos com os mortais com
muita frequência —, disse Arthur. —Existem muitos que moram
conosco. Suas famílias estão conosco há gerações - a maioria é do meu
reino original. Os humanos mais novos escolheram ajudar nossa
causa. Eles lidam com a maioria dos nossos problemas com os
mortais. Muitos deles também são doadores.
—Quanto à população à nossa volta, a maioria das cidades nesta
região do Canadá é baixa. Se alguém aparecesse, meu reino seria
confundido com qualquer outra cidade pequena nas proximidades.
Existem humanos suficientes aqui para nos ajudar a permanecer
ocultos. — Ele apontou para as árvores. —Estamos pegando a entrada
particular em vez de dirigir pela vila. Mas quando você ver isso mais
tarde, será fácil entender como gerenciamos o sigilo.
Jane espiou pela janela, terminando a conversa.
David perguntou silenciosamente a Arthur se ele sabia o que
estava acontecendo com ela. A única resposta de Arthur foi um rápido
aceno de cabeça, mas ele murmurou: —Fique perto dela.
David voltou sua atenção para ela. Ela estava perdida em sua
cabeça. Não como ela estava antes, onde estava escondida até de si
mesma. Agora ela estava se torturando. Querida, não faça isso consigo
mesma.
Rasgou-o vê-la infligir esse sofrimento a si mesma pelo bem de
seu casamento de merda. Ele se recusava a separá-los - ela fez sua
escolha e ele tinha que respeitar sua decisão.
Enquanto a observava de repente, ele olhou rapidamente pela
janela, esperando uma ameaça. Quando ele viu que não havia, ele
olhou para trás, surpreso ao vê-la sorrindo enquanto ela continuava
olhando para fora.
Ele notou que havia rajadas de neve caindo entre as árvores. Ele
sorriu e voltou o olhar para Jane. Os olhos dela estavam colados na
neve. Mal media meia polegada no chão, mas ela olhou com
admiração quando os flocos passaram por sua janela.
—Mamãe, está nevando! — Natalie gritou.
Jane sorriu mais; foi a visão mais linda para David. Ela parecia
uma jovem garota sem preocupações.
Ela puxou Nathan no colo e apontou para fora. —Olha, Nathan.
Neve.
Nathan tocou o vidro. —Neve.
David sorriu até Jason se aproximar deles. Ele suspirou. É assim
que seria a partir de agora.

Jane estava tão distraída com a neve que começou a esquecer


seus problemas, mas todos voltaram quando a van atravessou a linha
das árvores e saiu de baixo do dossel de sempre-vivas altíssimas.
Toda vez que fantasiava sobre o rei Arthur e os cavaleiros da
Távola Redonda, imaginava Camelot. Sua imaginação precisava
melhorar, porque o castelo de conto de fadas para o qual estavam
dirigindo era muito mais bonito e mágico do que ela jamais poderia
ter sonhado.
Tudo estava iluminado na escuridão com tochas. A luz do fogo
fazia a neve agarrada às estátuas, telhados e arbustos aparados brilhar
como diamantes.
Jane sorriu. Estou em Camelot.
Quando se aproximaram, seu sorriso vacilou ao ver a multidão
parada no pé da escada que levava às portas principais do castelo.
Claro, ela sabia que havia treze cavaleiros, o que significava doze
esposas, já que David era o único que não era casado.
As esposas eram fáceis de achar enquanto se aconchegavam,
acenando e sorrindo. Jane estava feliz por finalmente terem chegado
em casa com suas esposas, mas ela não conseguia impedir que a careta
cruzasse seu rosto quando notou os lindos vestidos e casacos de grife
que usavam.
Ela avaliou seu jeans sujo e a jaqueta de David. Como sempre,
ela era uma pequena patética forasteira. Ela parecia uma vagabunda.
Provavelmente ainda havia sangue grudado em seu rosto e mais
emaranhados em seus cabelos do que jamais tivera antes.
Quando Jane olhou para o grupo que os esperava, seu olhar se
voltou para três mulheres que estavam separadas de todos os outros.
Pareciam deusas e exalavam confiança que Jane não tinha. Elas
imediatamente trouxeram lembranças das garotas populares que a
provocavam.
Ela tentou não se deixar ficar presa no passado, mas algo sobre a
loira no centro a encheu de pavor. Os olhos esmeralda perversos da
mulher estavam fixos em sua van. O jeito que ela olhou avidamente
fez Jane engolir.
Quando a van diminuiu a velocidade, Jane manteve os olhos na
loira intimidadora. O jeito possessivo que ela olhou para a van fez
parecer que algo dentro dela era dela.
Jane começou a respirar mais rápido. Essa mulher não estava no
grupo dos doze que provavelmente eram as esposas; esta mulher
estava aqui por outra pessoa, e havia apenas um cavaleiro sem esposa.
David.
Jane rangeu os dentes e rapidamente verificou se os outros
pareciam chateados com essa mulher. Eles não estavam, e Jane se
perguntou se era amiga deles ou se ela era próxima de David. E o que
ela faria se ela fosse? Afinal, Jane havia escolhido seu casamento em
vez de David. Ela não tinha direito a ele e teria que sorrir quando ele
saísse com outra mulher. Uma sensação latejante no peito a fez ofegar
suavemente, mas ela apertou os lábios, tentando fazê-lo parar.
A van parou, e ela prendeu a respiração quando alguns homens
se adiantaram para abrir as portas.
Ela respirou mais rápido e viu David ainda sorrindo enquanto
ele acenava, e seu coração se despedaçou quando viu a loira acenar
ansiosamente de volta para ele.
Oh Deus...

5
PROMESSA
O ar gelado do Canadá soprava através das portas abertas da
van. Jane se encolheu e cobriu o rosto de Nathan porque ele
geralmente entrava em pânico quando o vento o atingia, mas depois
de se certificar de que ele estava bem, ela rapidamente observou a
cena se desenrolando lá fora.
Arthur saiu do veículo, instantaneamente puxando uma linda
morena em seus braços e beijando-a apaixonadamente.
Jane desviou o olhar da reunião íntima, mas observou os outros
cavaleiros cumprimentando as esposas da mesma forma. Ela ficou
feliz em vê-los reunidos, mas não pôde deixar de se sentir triste com a
visão. Parecia que ela os estava perdendo de certa forma. Eles nunca
foram dela, e ela tinha vergonha de estar chateada porque não seria
mais o foco deles. Ela também não seria o foco de David.
Um pequeno grito chamou sua atenção para a esquerda e ela viu
Gawain girando uma loira voluptuosa em círculos. Aquilo doeu um
pouco para testemunhar, e Jane recostou-se na cadeira. Ela olhou para
baixo, longe de toda a felicidade, porque tinha medo de ver David
cumprimentar alguém.
Ela estava quase chorando ao pensar nele abraçando aquela
loira, quem quer que ela fosse para ele. Era lágrimas ou sangue em
que ela se sentia encharcada, e sabia que era melhor ficar triste do que
estar pronta para matar uma mulher que claramente importava para
David. Uma parte dela tentou pensar que era possível que David nem
estivesse acenando para a mulher. Ainda assim, sua mente a provocou
que ele estava.
Ela estava com medo de vê-lo ir embora. Era errado esperar que
ele a observasse com Jason, mas ela o queria com ela.
A porta da frente se fechou. David estava no banco da frente, o
que significava que ele estava agora fora do carro. Jane levantou o
olhar antes que ela pudesse se conter, e seus batimentos cardíacos
aceleraram quando ele se virou para ela. No entanto, ele parou no
momento em que alguém gritou seu nome e ele se virou.
Jane prendeu a respiração quando uma mulher morena correu
até ele.
Era a mulher que Arthur havia cumprimentado. —David!
David se afastou da van e puxou a mulher para ele. Ele sorriu
brilhantemente quando a abraçou e beijou sua bochecha.
Uma pontada de ciúmes esfaqueou o coração de Jane.
—Irmã. — David disse enquanto se afastava.
Jane sentiu-se ridícula por ter ciúmes de sua irmã, mas ela
assistiu com um pouco de raiva a mulher bonita tocar a bochecha de
David e olhar nos olhos dele como se ele fosse uma das pessoas mais
importantes em sua vida. Claro que um irmão seria para sua irmã,
mas ainda assim.
Guinevere sorriu para ele. Jane quase ficou feliz ao ver a
semelhança em seus sorrisos, mas sua auto piedade não a deixava
sentir nada de positivo. Ela queria algo especial para compartilhar
com David, e tinha estragado tudo com a melhor das intenções.
Jane viu a aparência de Guinevere. Ela tinha olhos verdes
deslumbrantes e cabelos ondulados castanhos claros. Suas maçãs do
rosto altas elogiavam seu rosto oval, dando-lhe uma aparência suave e
clássica. Ela se sustentou com grande postura, mostrando toda a graça
condizente com uma rainha.
—Senti sua falta terrivelmente, irmão —, disse Guinevere. —
Você está bem? A missão correu bem? — Ela até inclinou o rosto de
um lado para o outro, como se estivesse procurando uma lesão. —
Querido, você está muito pálido.
—Fui ferido, mas estou bem —, disse ele. —E sim, a missão
correu bem.
Guinevere sorriu de volta, mas deu-lhe um olhar estranho
enquanto continuava a observá-lo. —Há algo que você não está me
dizendo.
Arthur apareceu atrás dela, e David lançou-lhe um olhar, mas
olhou de novo para sua irmã quando ele se dirigiu ao comentário. —
Há algo mais. — Ele sorriu e acrescentou: —Mais alguém.
Guinevere ofegou, puxando as mãos para cobrir a boca. Seus
olhos brilhavam de felicidade e ela murmurou animadamente em sua
mão. —Você a encontrou, não encontrou?
David assentiu e sorriu mais. Guinevere gritou e pulou,
envolvendo os braços em volta do pescoço dele.
—Oh, graças aos céus! Eu estava começando a temer que você
nunca a encontrasse. Onde ela está? Ela é bonita? Que bobagem da
minha parte, é claro que ela deve ser linda... Qual é o nome dela?
Deus, eu não posso acreditar nisso. Eu gostaria de ter preparado seu
quarto. Finalmente tenho uma cunhada! — Ela ficou muito animada
para ver a repentina retirada de David.
Jane entrou em pânico enquanto observava a dor passar pelo
rosto de David enquanto ele pegava as mãos de sua irmã para chamar
sua atenção. Ele olhou nos olhos dela quando Arthur colocou a mão
no ombro dela.
O sorriso de Guinevere caiu quando ela olhou entre o marido e o
irmão.
—O nome dela é Jane — disse David, fazendo uma pausa e
limpando uma rouquidão repentina em sua voz. —Ela está aqui com
seus filhos e seu marido.
A boca de Guinevere se abriu e ela olhou tristemente nos olhos
do irmão. A irmã dele apertou os lábios quando começaram a tremer,
e Arthur esfregou as mãos nos braços dela por trás. Seus lindos olhos
lacrimejavam enquanto se lançavam entre os de David, claramente
tentando julgar o quanto ele estava sofrendo com algo que era culpa
de Jane.
—Eu estou bem. — Ele sorriu, recebendo um pequeno aperto de
sua irmã. —A família dela é maravilhosa e estou feliz por termos
conseguido trazê-los conosco. Você gostaria de conhecê-la?
Guinevere olhou por cima do ombro e recebeu um pequeno
aceno de Arthur antes de voltar o olhar para David. —Sim irmão. Eu
adoraria conhecê-la.
Ele sorriu mais e voltou para a van.
As alegres reuniões cessaram quando David alcançou a porta da
van em que Jane estava sentada. Gawain e sua esposa se aproximaram
lentamente de Arthur, mas os outros ficaram para trás, enquanto o
trio de mulheres que Jane temia ficou em silêncio.
David inclinou a cabeça pela porta aberta. —Jane, você está
pronta para conhecer minha irmã?
Ela olhou para ele, querendo que ele a escondesse, depois olhou
para a grande multidão antes de olhar freneticamente para os filhos.
Ela não poderia fazer isso.
David pegou a mão dela do colo. —Vai dar tudo certo. Eu estou
bem aqui. Você será apresentada apenas a Guinevere, já que isso é
esperado, e então entraremos. Os outros te encontrarão amanhã. Não
tenha medo, ela mal pode esperar para conhecê-la.
Jane fechou os olhos e assentiu. Ela estava tentando saborear o
pequeno contato com ele. Ela podia sentir o corpo de Jason ficar rígido
perto dela, mas ela precisava disso agora. Ela quase gritou quando seu
calor maravilhoso deixou sua mão quando ele a soltou.
Jane abriu os olhos, observando David procurar seu rosto.
—Fique comigo, Jane —, ele sussurrou. —Seja corajosa, querida.
Você só precisa passar por esses próximos minutos e depois eu a
levarei embora.
Jason deu um sorriso nervoso, mas parecia irritado quando ele
saiu da van. Natalie seguiu o pai rapidamente, e Jason a agarrou antes
que ela pudesse correr para brincar na neve. Jane estava agradecida
por ele estar pelo menos preocupado com os filhos o suficiente para
saber que ainda era perigoso para esses imortais.
Um suspiro impediu Jane de se mover, e ela notou as mulheres
encarando Natalie. Elas estavam sorrindo e sussurrando
animadamente para os maridos. Jane olhou para Natalie para se
certificar de que estava bem, mas além de um sorriso tímido, ela
parecia feliz com o ambiente.
Jane suspirou, desejando poder se parecer mais com a filha, mas
simplesmente não era. Ela era ela - uma bagunça maldita.
Antes que ela pudesse sair, Jane soltou um grande suspiro e saiu
da van. Ela não fez contato visual com ninguém e rapidamente se
virou para pegar Nathan. Era importante mantê-lo seguro, mas ela
também o estava usando como um amortecedor.
Ele parecia precisar dela de qualquer maneira enquanto se
apegava a ela rapidamente. Jane acariciou a cabeça dele e murmurou
palavras reconfortantes em seu ouvido quando ela finalmente teve
coragem de pelo menos olhar para David. Era um enorme alívio ele
não ter cumprimentado aquela loira, e ela esperava que ele ficasse
perto dela por mais algum tempo.
David fez um gesto para ela segui-lo. Ela queria pegar a mão
dele para ter algum tipo de tábua de salvação, mas não podia. Então,
ela apertou Nathan mais forte até ele gemer.
—Sinto muito, bebê. — Ela sussurrou, afrouxando o aperto
enquanto chorava, temendo que o machucasse.
—Ele está bem, Jane —, disse David enquanto ela examinava o
filho. —Vamos. Vamos nos apressar para que possamos levá-lo para
dentro.
Jason inclinou a cabeça para que ela fosse primeiro, e assim que
ela encontrou os olhos de Guinevere, ela não conseguiu desviar o
olhar. A mulher era linda, seu sorriso era genuinamente feliz, mas a
tristeza ainda estava lá. Jane engoliu em seco porque fora ela quem
causara aquela tristeza em David e sua irmã.
Jane mordeu o lábio enquanto olhava em volta. Todos estavam
olhando para ela.
Seus olhos se arregalaram quando ela acidentalmente fez contato
visual com a mulher loira. No começo, foi apenas um choque, porque
ela não queria ver aquela mulher, mas agora era outra coisa ver a
dama olhando abertamente para ela.
Jane desviou o olhar rapidamente, sem saber como deveria agir.
Uma parte dela exigia que ela enfrentasse a ameaça flagrante com
força, mas outra dizia para ela recuar, que não era bem-vinda e que
não tinha o direito de estar aqui.
—Gwen, essa é Jane —, disse David. —E esses são os filhos dela,
Nathan e Natalie, e este é Jason Winters, seu marido... Jane, Jason, esta
é minha irmã, Guinevere.
Jane sorriu, tentando se curvar um pouco. Ela sabia que eles
eram da realeza, mas nunca olhou para Arthur dessa maneira. Com
Guinevere ao seu lado, Arthur parecia o rei lendário que ela havia
lido.
—É um prazer conhecê-la — sussurrou Jane, abaixando os olhos
enquanto ainda tentava abaixar a cabeça. Ela se sentiu estúpida por se
fazer de boba e um pouco zangada por David não ter lhe dito como
ela deveria cumprimentar uma rainha. Ele continuou sorrindo, no
entanto.
Ela finalmente encontrou os olhos de Guinevere e entrou em
pânico porque a mulher parecia à beira de um colapso. Jane estava
prestes a se desculpar, pois considerou que poderia ter feito algo
ofensivo, mas foi rapidamente puxada para um abraço pela rainha.
—Estou muito feliz em conhecê-la —, disse Guinevere,
chorando. —Oh, você é tão bonita. Bem-vinda à nossa casa. — Ela se
afastou, sorrindo enquanto algumas lágrimas escapavam.
—Obrigada. — Disse Jane, tentando se afastar.
Guinevere a soltou, mas lançou um olhar para Nathan, e ela
sorriu da mesma maneira que David sorriu para ele.
Jane percebeu que Guinevere esperava uma apresentação para
seus filhos, então sussurrou no ouvido de Nathan para levá-lo. —Diga
olá.
Nathan olhou para ela brevemente, depois de volta para a
mulher sorrindo largamente na frente dele. —Olá.
Se possível, o sorriso de Guinevere cresceu e ela estendeu a mão
para a mãozinha dele. —Olá Nathan.
Nathan apenas olhou para a mão dela, como costumava fazer.
Jane estava prestes a ajudá-lo, mas David venceu.
Ele cuidadosamente pegou a mão do filho e a colocou na de
Guinevere. —Assim, Nathan.
Jane quase chorou. Jason nunca ajudou Nathan com essas
pequenas coisas, mas David já estava fazendo isso.
Guinevere parecia tão emocionada ao ver David ajudando-o,
mas ela voltou sua atenção para Nathan e gentilmente apertou a mão
dele. Depois de soltá-lo, ela riu como uma garotinha e sussurrou para
Arthur: —Ele é adorável.
Arthur sorriu quando colocou a mão nas costas dela e a
conduziu para Jason.
Jane suspirou enquanto David acariciava levemente a cabeça
dela, mas ele retirou a mão antes que ela pudesse buscar mais dele.
O sorriso de Guinevere vacilou um pouco, mas ela permaneceu
amigável enquanto estendia a mão para Jason. —É um prazer recebê-
lo em nossa casa, Sr. Winters.
Jason apertou a mão dela, um pouco atordoado. Jason está bem.
Obrigado.
Os olhos da rainha caíram sobre Natalie, e um sorriso animado
apareceu em seu rosto quando ela sussurrou para Arthur. —Ela se
parece com ela.
—Ela parece. — Concordou Arthur.
Guinevere levantou a mão para Natalie. —Olá querida. Espero
que você goste de estar aqui conosco.
Natalie sorriu timidamente e se inclinou para Jason em busca de
conforto, até que um escárnio soou atrás deles.
Todo mundo virou a cabeça para ver Gawain abrir caminho
entre a multidão. Ele ficou na frente de Jason e brincalhão olhou para
Natalie. —Natalie —, disse ele em um tom de repreensão. —Desde
quando você é tímida?
Jane ficou surpresa ao ver Natalie rir e estender os braços para
Gawain. Ele sorriu, rapidamente tirando-a de Jason antes de se virar
para Guinevere com um olhar presunçoso.
Guinevere olhou para ele, mas era um olhar brincalhão e Jane
imaginou que o par era quase tão próximo quanto Gawain e David.
—Suponho que ela apenas gosta mais de mim, não é, Natalie? —
Gawain perguntou.
Natalie lançou seus pequenos olhos castanhos entre eles e
lentamente acenou para Gawain.
David balançou a cabeça e se aproximou de Jane. —Acho que
devemos colocá-los dentro. Eles não estão acostumados com as
temperaturas rigorosas e nosso voo nos deixou exaustos. Tenho
certeza de que podemos terminar as apresentações amanhã.
—Oh, certamente —, disse Guinevere. —A cozinha já está
preparando as refeições favoritas de todos. Eles não se importarão de
ganhar mais.
David sinalizou para Jane que ela o seguisse novamente, e com
Nathan ainda agarrado ao pescoço, ela o fez rapidamente.
Ela olhou para trás para se certificar de que Gawain estava bem
com Natalie, e ele piscou, aliviando um pouco do estresse. Jane se
adiantou, seguindo Arthur e Guinevere, que lideravam o caminho
com David logo atrás deles.
Ela olhou para as costas dele até Jason aparecer do lado
esquerdo. Jane olhou para ele, mas franziu a testa quando percebeu
que ele nem estava olhando para ela. De fato, ele parecia absorvido
em outra coisa. Ela assumiu que era simplesmente o castelo, mas
quando seguiu o olhar dele, percebeu que era alguém, e não algo, que
mantinha seu interesse.
Jane evitou causar uma cena ao fazer contato visual com a loira
novamente. Um sorriso cruel apareceu na boca da linda mulher, e Jane
rapidamente olhou para frente novamente.
Seus olhos arderam quando muitas realizações caíram sobre ela:
seu marido estava admirando outra mulher, uma que claramente
estava de olho em David, e embora ela não tivesse o direito de se
preocupar com quem poderia estar interessado em David, ela odiava
pensar nele estando perto dessa mulher. Se o marido dela não
conseguisse tirar os olhos dela, David a abandonaria com a mesma
facilidade.
Mantendo os olhos grudados nas costas de David, ela fez o
possível para manter a cabeça erguida enquanto passavam pelas três
mulheres, enquanto sabia que Jason ainda era incapaz de se impedir
de encará-la.
Ela apertou os lábios, pelo menos aliviada que David não as
reconheceu, mas ainda assim viu as mulheres sufocando uma risada
enquanto olhavam para Jane.
Jane tentou agir como se não visse nada, mas a loira se virou e
sussurrou para a amiga ruiva: — Não é de admirar que David nunca
tenha escolhido uma dama. Claramente, ele deseja camponeses
caseiras. Espero que eles a mantenham fora dos móveis. Ela é
absolutamente repulsiva.
As palavras foram ditas suavemente o suficiente para que a
conversa ao redor a tivesse afogado, mas Jane ouviu, e ela sabia que a
mulher pretendia. Foi como tantos incidentes que ela encontrou no
passado.
Os passos de Jane vacilaram quando a respiração saiu de sua
boca. Ela olhou para a jaqueta fofa e sabia que devia parecer um
doida. Ela instantaneamente viu imagens de si mesma sendo
intimidada por meninas na escola.
—Ela veste a mesma coisa toda semana —, disseram elas, rindo
juntas. Ela não tinha para onde ir; elas a cercaram. —Eu nem sei por
que os caras gostam dela - ela é apenas uma putinha feia.
Os olhos de Jane se arregalaram de lágrimas quando uma
lembrança após a seguinte apareceu em sua cabeça. Ela ofegou
quando um calafrio antinatural subiu pela espinha, mas pulou de
surpresa quando David se virou rapidamente.
Arthur o alcançou, mas já era tarde demais. David estava com a
mão em volta da garganta da loira, suas presas à mostra enquanto
rosnava no rosto da mulher assustada.
Arthur gritou enquanto a mulher arranhava o pulso de David. —
David, deixe-a ir!
Todos ofegaram, mas cada um deles, incluindo Jane, estava
congelada no lugar.
Jane não entendeu o que estava acontecendo, por que ele estava
atacando uma mulher, uma loira linda com um corpo para morrer.
Jane era tudo o que Jane não era: bonita, alta, refinada - perfeita em
todos os aspectos. O tipo de mulher que ela imaginou que David
amaria. Ela era uma deusa, e ela estava absolutamente certa sobre ela.
Ela era uma garota pouco atraente, indigna e patética.

David ignorou a tentativa de Arthur de fazê-lo largar Melody.


Ele ficou furioso. Ele sabia que Jane estava tendo dificuldade em estar
lá. Ele queria levá-la para dentro do momento em que percebeu que
ela estava em pânico por conhecer tantas pessoas. Quaisquer que
fossem os problemas de ansiedade dela, ele sabia que isso havia
afetado. Ele não queria reconhecer o pânico que ela estava tentando
esconder, temendo que pudesse fazê-la se sentir pior, mas era tarde
demais para esconder seus sentimentos agora.
David rosnou ao lembrar a expressão dela desmoronando depois
que ele acenou para a irmã. Ela pensou que ele estava acenando para a
criatura vil em sua mão. Ele queria quebrar o pescoço de Melody.
David apertou mais e sentiu seu corpo tremer enquanto
observava o rosto dela ficar vermelho.
—Você vai matá-la! — Arthur gritou.
Bom, ele pensou. David estava pronto para acabar com sua vida
porque Melody nunca parava.
—David. — A voz de Nathan o congelou.
David afrouxou um pouco o aperto e olhou por cima do ombro
para onde Jane estava com Nathan nos braços. O garotinho estava
abraçando Jane enquanto ele não mostrava medo do monstro que
David era; ele estava preocupado. Por David.
David soltou Melody e a viu cair de joelhos enquanto ela ofegava
por ar enquanto suas duas amigas se agachavam imediatamente para
ajudá-la.
—Melody, você está bem? — uma das mulheres perguntou.
Ele não suportava ouvir o nome dela e quase se virou para gritar
com ela, mas Nathan o alcançou. Jane nem parecia mais estar ciente
do que estava acontecendo, e ele foi até ela rapidamente enquanto
pegava Nathan de seus braços flácidos.
Ele abraçou Nathan e gentilmente levantou o queixo de Jane com
a outra mão. Ele segurou o rosto dela enquanto acariciava sua
bochecha com o polegar. Ela estava olhando para ele, mas ele sabia
que ela não estava realmente o vendo.
Nathan apertou o pescoço de David e murmurou: —David
bravo.
David soltou o rosto de Jane e esfregou as costas de Nathan
suavemente, mas ele nunca desviou o olhar dos olhos cor de azeitona
de Jane. —Shh, eu estou bem agora. Eu sinto muito.
Guinevere aproximou-se deles enquanto Arthur estava parado
sobre a garota vampira que ainda tossia. Suas companheiras tentaram
ajudá-la, mas Arthur rosnou: — Fique abaixada, Melpomene. David,
leve-os para o quarto deles. Vou lidar com nossos outros convidados.
O resto de vocês estão dispensados.
Os servos e outros convidados fugiram rapidamente para o
castelo, longe da ira de Arthur, mas David sabia que seus irmãos
ficaram. Eles talvez não soubessem o que aconteceu, mas o conheciam
o suficiente para saber que ele não reagiria tão violentamente com
uma mulher, a menos que ela apresentasse algum tipo de ameaça a
Jane.
Ele notou as esposas pedindo que saíssem e finalmente desviou
o olhar de Jane. Ele fez contato visual com Gawain e depois com
Jason. David quase deu um soco na cara dele porque ele viu como
Jason imediatamente admirou as mulheres quando saiu da van.
Ele rosnou, mas se silenciou quando Nathan apertou o pescoço.
—David? — Gareth chamou.
Ele balançou sua cabeça. —Mais tarde. — Ele sabia que eles
entenderiam que ele estava muito chateado e, dada a criança em seus
braços e Jane parecendo que ela estava prestes a desmoronar, ele
precisava se controlar melhor.
—Chame se precisar de nós. — Disse Gareth antes de se virar
com um gesto para os outros seguirem.
David observou-os recuar antes de olhar para Jane. Ela estava
chateada demais para ser deixada sozinha. Ela precisava dele, e ele
estava quase acabando com ela.
Ele encontrou o olhar de Jason e usou todo o seu controle para
manter o rosto em branco. O bastardo tinha a coragem de encará-lo
por estar perto dela quando ele estava observando outra mulher ao
seu lado. Provavelmente devastou Jane, mesmo estando perto dele e
da Morte muitas vezes.
A questão era que ela tomou a decisão de ficar com o marido, e
ele a estava desrespeitando quando ela mais precisava do apoio dele.
David debateu suas opções. Ele disse que ficaria para trás, mas
também prometeu intervir se ela precisasse dele. Ele não ia apenas
sentar e vê-la reverter para uma concha de uma pessoa, e ele já a via
se desligar desde que ela escolheu ficar com Jason. Ela estava
colocando toda a sua felicidade de lado para este homem e seus filhos,
e isso a estava destruindo.
Ele balançou a cabeça e voltou-se para Jane. Ela estava olhando
diretamente para o peito dele agora, parecendo totalmente perdida.
David inclinou o rosto para cima. Suas bochechas normalmente
quentes eram como gelo, e era como se ela nem o visse. Isso lembrou a
David o tempo que ela desligou antes e como ela direcionava seu
olhar por cima do ombro dele. Ela estava presa na cabeça, mas ele
percebeu que ela não estava entorpecida dessa vez. Não, desta vez ela
estava vendo demais.
David fez sua escolha.
Ele olhou para Jason e, depois de soltar o rosto dela, ele agarrou
a mão dela. —Vamos, querida. — Ele olhou para Jane. —Vamos levá-
la para dentro, e todos nós jantaremos.
Jason deu um passo em sua direção, a fúria estampada em seu
rosto, mas David não estava deixando baixo dessa vez. Ele deu a ele o
olhar mais feroz que já havia dado a uma pessoa antes, desafiando o
bastardo a experimentá-lo. Ele terminou com a justiça própria deste
homem. Jane vinha primeiro.
Jason parou de se aproximar, mas David não perdeu mais tempo
com ele.
Quando David desviou o olhar de Jason, ele sorriu para Jane,
embora ela não fosse muito receptiva. Ele apertou a mão dela. —Vem
cá bebê.
Jane piscou, e ele quase a beijou por mostrar um pouco de vida
em sua voz. Ele sabia que ela gostava quando ele a chamava de bebê;
ela corava toda vez. É claro que ele não iria piorar as coisas beijando-a,
então ele puxou a mão dela, sorrindo quando ela se concentrou nele.
Ele só tinha que impedi-la de entrar naquela escuridão.
Gawain, que ainda carregava Natalie, aproximou-se dele. —Eu
te avisei.
David balançou a cabeça porque sabia que Gawain estava se
referindo a uma conversa que eles tiveram sobre as mulheres não
terem sido gentis com Jane. —Bem, eu não vi você ou Elle entrando,
então...
Gawain sorriu. —Eu vencerei a próxima bruxa malvada. — Ele
fez cócegas em Natalie, que olhou preocupada para a mãe. —Não há
bruxas, certo, Natalie?
David sorriu quando a garotinha riu e se virou para Nathan. —
Você está bem, homenzinho?
Nathan o abraçou e apontou para Jane.
David apertou a mão de Jane. —Eu cuidarei dela. Eu prometo.

6
PIZZA
Jane observou o interior do castelo. O piso de mármore brilhava
e os retratos dourados eram impressionantes - ela imaginaria que cada
peça de mobiliário tinha séculos de idade ou valia mais do que
qualquer coisa que já havia comprado. Era fantástico. Ela deveria estar
admirada, mas estava presa na miséria por causa das lembranças que
se recusavam a deixá-la em paz. Elas pareciam amplificadas agora, e
ela não conseguia parar de se sentir a pessoa mais patética do mundo.
Ela estremeceu, mas o calor em sua mão afastou o frio e um
pouco de sua tristeza. Um pequeno sorriso apareceu em sua boca
enquanto ela observava David esfregar o polegar sobre os nós dos
dedos, e ela olhou para ele. Ele parecia absolutamente adorável com
Nathan em volta dele. Ele pareceu sentir o olhar dela e olhou para
baixo.
Ele rapidamente examinou o rosto dela antes de procurar em
seus olhos. —Você está bem?
—Estou bem. — Ela estava cansada de todo mundo,
especialmente David, se machucando por causa de sua mera
existência. Claro, suas memórias eram quase incapacitantes, mas ela
lembrou a si mesma que era assim que ela era. Suas horríveis
lembranças nunca desapareciam, e isso a fazia se odiar porque não
conseguia se acostumar.
David suspirou. —Você não está bem, mas eu estarei ao seu lado
de qualquer maneira.
Ele realmente era o melhor homem que ela já conhecera.
—Obrigada. — Ela sussurrou, inclinando a cabeça no braço dele
por apenas um segundo.
—Sempre, querida. — Ele apertou a mão dela. —Você gostou do
castelo?
—É lindo. — Ela murmurou quando eles passaram por uma
pintura de alguma batalha, e ela sorriu suavemente quando
reconheceu os cavaleiros junto com David.
—Vamos fazer uma turnê amanhã —, disse ele. —Agora, eu me
pergunto o que você gostaria de alimentar as crianças?
—Pizza. — Disse Nathan, levantando a cabeça do ombro de
David.
David riu enquanto Jane balançou a cabeça.
—Não, Nathan —, ela disse a ele. —Acho que não podemos
comer pizza.
—Pizza. — Nathan repetiu.
Jane abriu a boca, mas David falou. —Podemos pegar um pouco
para ele. Se está tudo bem com você, é claro.
Ela quase riu das expressões semelhantes de David e Nathan,
especialmente quando viu o mesmo olhar esperançoso no rosto de
Gawain quando ele espiou David.
Ela suspirou e perguntou: —Você tem certeza? Quero dizer, você
tem alguma?
—Querida, estamos no Canadá, não na Lua —, disse David. —Se
ele quer pizza, a cozinha pode preparar uma para ele. Não é grande
coisa, e tenho certeza que o resto de nós também gostaria. Então está
tudo bem?
A fofura de toda a situação destruiu qualquer chance de protesto
que ela pudesse desistir de pedir pizza em Camelot. Ela lutou para
não se apoiar nele pelo calor e amor que ele a banhava.
—Tudo bem —, disse ela. —Contanto que não haja problemas.
Todos os rostos dos três garotos se iluminaram e ela soltou uma
pequena risada; era tão fácil agradá-los.
Jane olhou para Natalie e sorriu, mas quando viu a confusão em
seu rostinho, o sorriso de Jane caiu. O foco de Natalie estava nas mãos
dela e de David.
O peito de Jane latejava, mas ela enterrou a dor enquanto a
estudava e as mãos de David novamente. Seu calor a chamava.
Implorava que ela apertasse mais o punho e deixasse os braços dele a
envolverem - para deixá-lo amar e protegê-la.
Você é casada. Você é horrível.
Os olhos dela ardiam com os pensamentos repentinos. Por que
ela sempre deixava isso acontecer? Ela e David nunca poderiam estar
juntos, então por que se divertir?
Ela admitiu que cometeu um erro ao escolher Jason, mas a
reação de Natalie era exatamente por que ela o escolheu. Natalie e
Nathan queriam a mãe e o pai. David não era o pai deles. Não
importava se Jane estava infeliz; seus filhos precisavam que ela
aguentasse e fosse uma mãe decente.
Nenhuma parte dela queria soltá-lo, mas ela puxou a mão da de
David. Ela sentiu ele olhando para ela, e sentiu o olhar de Jason
apontado para suas costas. Era uma situação de merda, mas ela
prometeu a Jason que ficaria com ele e não se envolveria com David.
Se Jason olhasse para outras mulheres como ele havia feito lá
fora, ela tinha que lidar com isso. Os homens olhavam para as
mulheres. Inferno, ela olhou David e Morte inúmeras vezes. Não era
como se ela já não soubesse que Jason gostava de outras mulheres. Ela
simplesmente não queria ver, especialmente com testemunhas. Era
muito doloroso lembrar que ela não era suficiente para o marido. Ela
nunca seria suficiente para qualquer homem. Ela nunca seria feliz.
Ninguém disse nada enquanto subiam as escadas, mas ela
repetidamente sentiu o olhar de David. Era como se alguém estivesse
brilhando com ela a cada poucos segundos sempre que ele a olhava.
Ela sabia que ele estava lhe dando uma chance de voltar para ele -
dando-lhe a chance de escolhê-lo, mas ela disse a si mesma para ser
forte porque Natalie e Nathan mereciam uma família. Ela tinha que
dar isso a eles.
Ainda assim, mesmo com o calor do corpo de David ameaçando
puxá-la de volta, ela se afastou dele. Não havia necessidade de
sobrecarregá-lo. Ela tomou a decisão de tentar colocar tudo dentro e
mantê-lo lá.
—Jane? — Gawain ligou.
Ela limpou todo o pânico de perder David do rosto. —Sim?
—Você acha que podemos comer calabresa?
David lançou um olhar para ele, enquanto a esposa de Gawain
lhe lançou um olhar interrogativo. Gawain manteve o sorriso no
lugar, no entanto.
Jane tinha honestamente esquecido a pizza, mas estava feliz que
a pergunta insignificante a afastasse dos pensamentos negativos que
passavam por sua cabeça.
—Pepperoni é o favorito de Nathan. — Disse ela com um sorriso
forçado.
Gawain sorriu para o filho. —Bom homem, Nathan.
Ela estava prestes a dizer algo, mas David parou de repente em
frente a uma porta.
Ele apontou para ela. —É aqui que Jason e as crianças ficarão. —
Ele apontou para a porta mais abaixo no corredor. —Esse é o meu
quarto. — Ele então acenou com a mão em direção a outra porta, em
frente à dele, e acrescentou: —Esse será seu.
Jane olhou para a última porta que ele apontou por um
momento. Ela pensou que a porta de cor creme era uma porta tão
bonita. No lado de fora. Poderia ser uma bagunça total por dentro, no
entanto. E ninguém saberia o que estava escondido por dentro - assim
como ela.
Era tão sozinho quanto ela sem outras portas para compartilhar
uma parede com ela. As portas de David e de sua família estavam do
outro lado de um corredor estreito - eles não sabiam o que estava
acontecendo com ela. Ela estaria lá, silenciosa e escondida, atrás de
uma porta bonita - quebrada - porque seu coração não podia entrar.
—É um quarto agradável, Jane —, David sussurrou enquanto ela
tentava não chorar. —Eu vou te levar lá depois que comermos e
ajudá-los a se instalar.
Jane não queria mostrar sua tristeza. Ela poderia ser como a
porta - bonita por fora. Enquanto o exterior fosse agradável, ninguém
saberia ou se importaria com o que acontecia lá dentro.
Então, com um sorriso brilhante no lugar, ela olhou para ele. Ele
a surpreendeu instantaneamente soltando a maçaneta que ele estava
segurando para segurar sua bochecha.
Ela queria suspirar e se apoiar na mão quente dele, mas não o
fez.
David soltou um suspiro frustrado e acariciou seu queixo. —Eu
sempre estarei aqui. Você não está sozinha, Jane.
Apesar de seu sofrimento interno, ela sorriu novamente. —Eu
sei.
Deve ter sido crível, porque David soltou-se e voltou a abrir a
porta do quarto da família dela.
O quarto era adorável. E enorme. Parecia mais um apartamento
de tamanho médio do que o quarto que ela esperava.
Ela entrou e deu a volta. Havia uma sala de estar dentro do
quarto com um sofá, duas poltronas grandes e uma TV grande na
parede. Também havia uma cozinha com uma sala de jantar.
—Existem dois quartos —, disse David, apontando para a porta
atrás dele. —Esta é o quarto principal e este — ele apontou para a
porta atrás dela. —Nathan e Natalie podem compartilhar. Podemos
adicionar qualquer coisa que os torne mais confortáveis. Sei que
perdemos muitos itens quando saímos do Texas, mas tenho certeza de
que podemos juntar alguns brinquedos.
Jane olhou para Jason. Ela não queria olhar para ele desde o
incidente lá fora. É claro que não havia como Jason ouvir o que foi
dito pela loira, mas foi David quem a apoiou, não o marido. Não, ele
estava muito ocupado olhando para a cadela.
Ela balançou a cabeça quando encontrou o olhar de Jason
brevemente. Suas emoções estavam por todo o lugar. Em um
momento ela estava triste, no seguinte, estava sozinha - então estava
pronta para arrancar a cabeça de Jason. Às vezes, ser bipolar pode
realmente ser péssimo.
—Você gostou, Jane? — Jason perguntou.
Com medo de gritar com ele, Jane não respondeu. Em vez disso,
ela foi para o quarto que David havia apontado como o quarto das
crianças. Era perfeito para eles. Havia duas camas de solteiro com
uma pequena mesa lateral entre elas.
Enquanto exalava sua frustração, ela entrou e tentou imaginar
Natalie e Nathan dormindo lá. Sem ela.
Sua visão ficou turva por um momento minúsculo enquanto ela
passava os dedos sobre a cômoda. Ela se sentia tão fora de controle.
Ela olhou por cima e viu David segurando as mãos de Nathan
enquanto seu filho e filha pulavam em suas camas. Puxa, ele ajudou
muito.
—Eu acho que ele escolheu esta. — David sorriu. Ele hesitou
enquanto a observava, mas depois apontou para a porta atrás dela. —
Isso é um armário, e ali está o banheiro. O quarto de Jason está
arrumado da mesma forma.
Jane evitou seu olhar e foi até a porta que ele apontou. Ela não
queria que ele visse ou quanto isso quebrava. Era fantástico que eles
fossem presenteados com acomodações maravilhosas, mas ela estava
morrendo por dentro porque ainda estava perdendo todo mundo.
O banheiro era bonito. A elegante banheira com pés e a pia
combinando pareciam sair de uma revista, mas ela odiava os
banheiros.
Ainda assim, ela ficou lá porque impedia David e qualquer outra
pessoa de testemunhar a devastação que ela sabia mostrar em seu
rosto.
—Acabei de pedir à cozinha que prepare pizza para todos. — A
voz de Guinevere a levou de dentro do banheiro. —A equipe trará
seus pertences. Fui informada de que a maioria de seus itens pessoais
foi deixada para trás, então terei alguém para reunir itens essenciais
até que vocês possam fazer uma lista do que pode ser necessário.
Jane voltou e sentou na cama ao lado de Nathan. Ele tocou o
rosto dela, e ela o puxou para um abraço sem dizer uma palavra. Ele a
acalmou um pouco. O fato de parecerem gostar do quarto também
ajudou. Provavelmente era um conforto para ele, pois lembrava a
configuração que ele tinha em casa.
Desde a praga, ele lutara para se acostumar a dormir na sala de
estar, e agora tinha um quarto de verdade com uma cama adequada.
Jane estava alisando os cabelos quando David se aproximou.
Ele roçou a bochecha dela com os dedos, com preocupação nos
olhos quando eles caíram sobre o rosto dela. —Você precisa fugir um
pouco?
—Não —, ela disse rapidamente. —Obrigada pelo quarto. Ele
gosta disso.
David a observou por mais um tempo, mas assentiu. —Diga-me
se você precisar ir. Eu quero falar com você sobre o que aconteceu lá
embaixo também.
Jane não queria falar sobre isso, mas assentiu e virou-se para
Gawain quando ele entrou no quarto.
—Jane, esta é minha esposa, Ragnelle. — Disse ele com um
sorriso que ela nunca tinha visto em seu rosto antes.
Jane podia entender o deleite dele; a mulher era de tirar o fôlego.
Seus cabelos loiros ondulados caíam ao redor do rosto em forma de
coração e seus olhos azuis bebê brilhavam de felicidade. Jane ficou
imediatamente constrangida novamente, mas ela sorriu para a loira
curvilínea e recebeu um sorriso gentil em troca.
Jane estendeu a mão para ela. —É um prazer conhecê-la,
Ragnelle.
A mulher sorriu e apertou a mão de Jane. —Prazer em conhecê-
la também. E por favor, me chame de Elle. — Ragnelle voltou para o
lado de Gawain. —Nunca vi meu marido olhar para outra mulher
com tanta adoração. Ele está se comportando como se você fosse sua
irmã perdida há muito tempo. Você realmente reivindicou todos os
seus corações.
Gawain fez uma careta para a esposa. —Elle, você está me
envergonhando.
David riu e balançou a cabeça. —Não. Você é apenas um idiota.
Gawain virou-se para Jane com um beicinho exagerado. —Jane
não me acha idiota. Você acha, Jane? Diga à minha esposa que fui eu
quem lhe ensinou tudo o que você sabe sobre luta. David não teve
nada a ver com seu talento extraordinário. Não sou bobo eu poderia
ser o responsável por sua grandeza. — Gawain piscou para Jane antes
de se dirigir novamente à esposa: —Você deveria tê-la visto, minha
querida. Ela tem todos os ingredientes de uma grande cavaleira.
Arthur entrou atrás dele e bateu na parte de trás da cabeça de
Gawain. —O talento dela na batalha é dela. Você ainda é um palhaço.
Nenhum de nós entende por que ela gosta de você. Nós apenas
assumimos que ela tem um coração de ouro.
Jane riu, mesmo que ela não pudesse aceitar nenhum elogio.
Arthur lançou-lhe um olhar decepcionado, mas ela esvaziou seus
pensamentos e sorriu para ele.
Arthur suspirou e caminhou ao redor de Gawain. —Jane, peço
desculpas pelo que aconteceu lá fora. — Ela tentou pedir para ele
parar, mas ele continuou assim mesmo. —Não, Jane. Ela não deveria
ter dito essas coisas, e elas são falsas. Você significa muito para todos
nós, minha querida garota. Não deixe que ela faça você pensar de
outra maneira. Melody é uma alma contaminada. Só a mantenho aqui
por obrigação do pai e para monitorá-la. Deixei claro que seu
comportamento não será tolerado novamente. — Ele tocou sua
bochecha. —Ela não tem permissão para entrar na ala de David do
castelo. Acredito que ele tenha deixado isso claro para ela no passado.
—Está tudo bem. — Disse ela, não querendo falar sobre isso.
—Não, não está, Jane —, Arthur murmurou. —Você não é nada
disso que ela disse, mas eu sei o quanto eles te machucam. O que você
experimentou apenas então...
— Eu prefiro não falar sobre isso, Arthur —, Jane interrompeu.
Ninguém mais precisava ouvir o quão bagunçada ela estava. Era ruim
o suficiente ter Jason tratá-la como lixo por ser assim; perfeito
vampiros eram obrigados a considerá-la ainda mais patética. —
Obrigada pelo que você fez, mas estou bem. Já passei por coisas
piores.
Embora ele parecesse querer dizer mais, Arthur soltou a
bochecha dela. — Eu sei que você passou.
David acenou para Gawain quando uma batida soou na porta
principal.
Gawain pareceu debater com quem entregar Natalie, mas ela
alcançou Jason e o cavaleiro fraternal a entregou para Jason e foi até a
porta.
Jane sabia Natalie era uma filhinha de papai de certa forma,
doeu que Natalie escolheu Jason mais do que ela, mas ela entendeu.
Por que alguém iria escolher ela?
David pegou Nathan levantou-se e, quando começou a colocá-lo
em seus braços, Guinevere aproximou-se dele. Ele olhou para sua
irmã, que parecia desesperada por abraçá-lo. David lançou um olhar
rápido para Jane, e ela só pôde concordar para ela segurar seus filhos
agora. O olhar de David se suavizou quando ele a observou, mas ele
sussurrou baixinho no ouvido de Nathan. Surpreendeu Jane a rapidez
com que Nathan estendeu os braços para Guinevere. Foi outro golpe
no coração de Jane, mas ela sorriu quando a rainha guinchou e
instantaneamente pegou seu filho.
—Cuidado com ele. — David tentou posicionar as mãos de sua
irmã.
—Oh, me deixe em paz. — Guinevere afastou a mão. —Vá para
Jane. Vou estragar este anjinho e servir a melhor pizza que sua barriga
já teve.
David hesitou, mas acariciou a cabeça de Nathan antes de voltar
para Jane. —Bebê, deixe-me levá-la a algum lugar.
Jane balançou a cabeça. —Estou bem. E estou com fome de
qualquer maneira.
Ele se virou para os outros. —Eu preciso falar com ela sozinha.
Arthur assentiu e caminhou até a esposa. Jason ficou no quarto
até Arthur pisar ao lado dele. —Ele precisa ajudá-la. Não interfira.
Jason olhou para Arthur, depois para David e Jane. —Jane, eu
gostaria que você comesse conosco. As crianças ficarão felizes em ter
você lá.
—Estou indo —, disse Jane. —Eu estarei lá em um segundo.
Jason bufou, mas saiu.
Arthur começou a fechar a porta, mas Jane o deteve. —Ele só vai
ficar bravo. Deixe aberto. Estamos saindo logo.
—Jane. — Disse Arthur, gesticulando para a esposa ir embora.
—O que você não entendeu? — Jane olhou para os dois homens.
—Estou bem.
— Arthur, deixe-nos. — Disse David, sem desviar os olhos do
olhar dela.
Ela sabia que Arthur foi embora e se voltou para David
novamente. Ela não deveria estar com raiva, mas essa era sua defesa
pela tristeza. —David, eu juro, estou bem. Eu já fui provocada antes.
Só estou cansada e com pena de mim mesma por causa de tudo. Eu
não quero deixar meus filhos. Isso é tudo.
—Não é seguro, Jane.
Ela choramingou um pouco e puxou as mãos do colo quando ele
foi segurá-las. —Eu sei, mas você pode parar de me tocar?
Ele olhou entre os olhos dela. —Jane, acho melhor ficarmos perto
enquanto você estiver chateada.
Jane olhou para o lado do quarto. — Eu sei, David. Mas isso me
machuca. Meus bebês não entendem por que você está perto de mim,
e prometi a Jason que nos distanciaríamos. E olhe, eu já precisava que
você segurasse minha mão. Ele vai ficar bravo.
David rosnou. —Jane, ele não estará ajudando você quando você
precisar.
—Ele nunca esteve! — Ela quase caiu em prantos. —Estou
acostumada com isso.
Parecia que ela lhe deu um soco no estômago. —Bebê, não faça
isso consigo mesma. Ninguém pode se acostumar a nunca ser
ajudado. Eu tive ajuda com a minha solidão. Minha irmã, Gawain,
Arthur, todos ajudaram.
Ela balançou a cabeça. —Não é o mesmo.
—Exatamente —, disse ele. —Eu disse que estaria aqui. Deixe-
me estar aqui por você.
O coração de Jane bateu forte e a imagem do rosto confuso da
filha lhe veio à mente. —David, eu escolhi Jason. Isso significa que
você e eu não podemos fazer o que temos feito. Eu nem vou permitir
que a Morte esteja comigo como ele esteve.
David cruzou os braços. —Isso é mentira e você sabe disso.
Quando ele voltar, você irá correr para ele. Eu entendo, bebê, eu
realmente entendo. Você o ama e não a mim, mas ele não está aqui -
eu estou. E eu sei que você ama seu marido e quer fazer o que é certo
por sua família; Quero respeitar seu pedido, mas não posso sentar e
assistir a isso.
—Você terá.
Ele a encarou pelo que pareceu uma vida inteira. —Você está se
recusando a me deixar ajudar?
—Eu não quero sua pena, David. — Ela tentou ser tão
desagradável com ele quanto podia. Ela se odiava por isso, mas estava
morrendo toda vez que tinha que deixá-lo ir.
—Eu não estou ajudando por pena. Eu estou apoiando você
porque eu amo você.
Os olhos de Jane lacrimejaram. —Eu não te amo, David.
Seus olhos empalideceram quando ele assentiu. —Eu sei, você
não ama. Mas sou a única pessoa aqui com você que pode ajudar. Se
alguma coisa, pense em sua família; eles não se beneficiariam de
observá-la enquanto você está infeliz e instável.
—Eu sei que sou louca —, ela murmurou. —Eles sabem que eu
também.
—Pare. — Ele deu-lhe um olhar sombrio, mas não era mau. Ele
estava com raiva... —Você não é louca. Você precisa pensar
racionalmente. Não me amar não significa que você deva
desconsiderar o fato de eu ter sido escolhido para ficar com você.
Puxa, ela odiava que ele pensasse assim. Ela ia arruiná-lo. —
David, eu não posso passar por isso.
—Pelo quê?
—Sinto muito por dizer isso. — Ela chorou quando o nó na
garganta ficou dolorido. —Que eu não te amo, quero dizer. Eu só...
Ele suspirou e falou suavemente. —Você não precisa se
desculpar por isso. Apenas pare de me afastar quando estiver claro
que estou tentando ajudar.
—Você não entende —, disse ela. —Eu não posso te amar. — As
palavras estavam vazias antes que ela pudesse processá-las, e ela não
teve tempo, porque ele já estava respondendo.
—Eu sei. Isso não significa que vou te abandonar. Vou ajudá-la
quando você precisar.
—Eu não quero que você ajude atacando uma mulher que só está
fazendo o que todas as outras garotas fizeram comigo.
Havia decepção em seus olhos, mas não arrependimento. —Você
está certa. Eu não deveria ter atacado ela. Peço desculpas por reagir
dessa maneira. Só luto com mulheres em batalha e não gosto muito
disso. Melody, no entanto, ela... — Ele balançou a cabeça novamente.
—Meu passado com ela dificulta para mim não vê-la como inimiga.
Peguei o que ela disse como ataque, suponho. Não desculpa minhas
ações; prejudicar uma mulher está errado. Simplesmente vi o que você
fez: Jason olhando para ela e senti uma dor que não era minha. Sua
dor... Eu sinto muito. Não há muitos homens que possam ignorá-la.
Jane não respondeu e se perguntou quantas vezes David não
poderia ignorá-la.
Ele parecia saber o que ela estava pensando e falou rapidamente.
—Se você está pensando que eu tive um relacionamento com ela, ou
tenho tido intimidade com ela, você está enganada.
Ela sorriu tristemente. —Você é livre para ir com quem quiser.
Eu não tenho direito a você. Você tem todo o direito de estar com ela.
Ela é maravilhosa. Ela é alta, loira - ela tem um corpo perfeito e roupas
caras. Se eu fosse homem, também a escolheria.
—Talvez outros homens prefiram uma mulher como ela —, disse
ele. —Mas eu não. Pare de supor que eu sou qualquer outro homem. E
eu gosto muito de você vestindo minhas roupas. — Ele segurou suas
bochechas e se inclinou. —Bebê, por favor, veja o que faço quando
olho para você: minha linda Jane. Você não precisa se parecer com
mais ninguém. E, sim, você está certa, estou livre. Você escolheu
manter sua família unida e ainda ama a Morte, mas eu ainda sou seu,
mesmo que você me aceite ou não.
Jane balançou a cabeça. —Mas você não me vê. E você merece
melhor que eu. Não posso ser a única a arruinar você.
David acariciou suas bochechas com os polegares. —Eu te vejo.
Só você. E você não vai me arruinar. Você me faz um homem melhor.
— Seu sorriso era como um abraço muito necessário. —Não importa
que seu coração não seja meu. O meu ainda é seu.
Ela queria chorar. —Acho que não tenho mais coração.
Ele se inclinou para frente e beijou sua testa. —Você tem. É lindo.
— Ele esfregou uma lágrima da bochecha dela. —Você não se lembra -
você deixou comigo por segurança. — David recuou apenas o
suficiente para descansar a testa na dela. —Eu te amo. Afaste-me se
precisar, mas eu vou ficar. Eu acho que você se acostumou a afastar
todo mundo e nunca deixar ninguém voltar. Você não precisa se
preocupar com isso comigo. Eu nunca partirei.
Jane soluçou e colocou os braços em volta da cintura dele.
Ele se endireitou e a levantou.
—David, eu sinto muito —, ela chorou. — Não sei o que fazer...
Só estou tentando fazer o que é certo. Por favor, perdoe-me, não
pretendo ser assim.
Ele riu e a abraçou com força. —Sente-se ao meu lado no jantar e
eu vou te perdoar. Nós vamos descobrir o que fazer juntos.
Ela o abraçou o mais forte que pôde. —Sinto muito pelo jeito que
sou.
—Eu te amo por quem você é. Tão corajosa, meu amor. Tudo
bem se apoiar em mim. Eu respeito suas escolhas, mas se apoie em
mim. — Ele inclinou o rosto para cima. —Deixe-me alimentá-la antes
de sairmos lá.
Jane soltou e deu um passo para trás. —Eu não posso.
Ele olhou para ela severamente. —Jane-
—David, você ainda está machucado, e eu não posso gemer
como uma prostituta com meus filhos e marido ali.
O olhar dele se suavizou. —Mas você precisa de sangue.
Jane balançou a cabeça e recuou; ele ainda estava se curando, e
ela deixaria seus sentimentos e hormônios tirar o melhor dela. —Não,
David.
Ele a alcançou, mas ela disparou pela porta. —Jane-

David olhou para Jason, que estava olhando para Jane. Ela pelo
menos manteve sua palavra e sentou-se ao lado de David, mas
recusava-se a olhá-lo ou a falar com ele desde que ele a seguiu para
fora do quarto. Ela até tirou a jaqueta dele. Ele não sabia se ela tinha
feito isso porque estava com calor ou porque ele disse que gostava
dela em suas roupas.
Ele entendeu as razões dela para não se alimentar, mas desejou
que ela se escolhesse algumas vezes. Na verdade, ela se sentiu mal por
tentar ser feliz. Sua visão de si mesma e de como as outras pessoas
deveriam tratá-la estava distorcida, e ele estava perdido em como
fazê-la ver claramente.
—Jane, você está se sentindo bem? — Arthur perguntou.
—Estou bem. — Disse ela, entregando a Nathan outra fatia de
pizza.
David a observou o mais discretamente possível por um minuto,
enquanto ela sorria para o filho. Além de sua óbvia tentativa de fingir
que tudo estava bem, ela parecia bem. Ele se perguntou se isso era
normal para ela, já que Jason parecia não perceber nada de estranho.
David olhou para ele antes que Gawain lhe desse uma cotovelada.
—Pare de encará-lo. Você é mais feio do que o normal quando
olha.
David deu uma cotovelada nele e pegou uma fatia de pizza. Ele
odiava as coisas, mas estava morrendo de fome. —Você sabe que,
quando soltar muitas mentiras, acabará tendo um gosto...— David
hesitou quando chamou a atenção de Natalie: —Brilhante?
Gawain jogou a cabeça para trás, rindo alto. David riu e tentou
quebrar o contato visual com a menina. Ele se sentia como um
garotinho que estava prestes a ser repreendido por sua mãe.
—DAVID! — Arthur gritou, pulando.
David se virou em um instante, puxando Jane de volta quando
ela se lançou para Nathan. Arthur fez o mesmo com Nathan, mas
David estava muito ocupado com a mulher sibilante em seus braços
para garantir que o menino não se machucasse.
Ela se debateu quando ele a agarrou com força e rapidamente
caminhou até a porta. —Não, Jane! Controle-se.
—Ele está bem, David. Tire-a daqui! — Arthur gritou.
Jane soltou o rosnado mais cruel quando gritos eclodiram atrás
deles. David abriu a porta com uma mão enquanto ela focava no
pescoço dele. Ele agarrou a parte de trás da cabeça dela enquanto
observava os olhos dela mudarem de tons de jade para preto.
—Fique comigo, bebê. — Ele puxou as pernas dela ao redor dele
quando deu o primeiro passo para fora da sala. — Eu vou alimentá-la.
Acalme-se.
Sua luta cessou, e ela se concentrou em seu pescoço novamente.
David colocou as mãos na maçaneta da porta, assim como as crianças
choraram mais alto e Nathan chamou por ela.
Ela assobiou, e ele correu para a porta que seria seu quarto.
—Beba, agora. — Ele ordenou severamente quando ela lutou
com ele, e ele empurrou a porta aberta.
Felizmente, ele não precisou falar novamente. Ela mordeu com
força o pescoço dele. David bateu a porta atrás dele. Apesar do medo
do que quase aconteceu, ele não queria nada mais do que prendê-la e
levá-la até que ela estivesse rouca de gritar o nome dele.
—Foda-se. — Disse ele, forçando-se a continuar andando.
Ela gemeu e apertou as pernas ao redor dele. Quando ele a
alcançou cama, ele imaginou como seria largá-la e apenas arrancar
suas roupas. De alguma forma, ele controlou seus impulsos e sentou-
se. Ela a abraçou enquanto ela montava nele, chupando seu sangue e
moendo seus quadris contra os dele.
David estava tão zangado consigo mesmo. Ele deveria ter feito
ela beber. Ele deveria ter prestado mais atenção.
Ele apertou seus quadris para impedi-la de se mover tanto. Ele se
sentia mais fraco que o normal. Felizmente, ela já parecia satisfeita.
Sua sede de sangue, pelo menos.
Ela soltou, mas lambeu seu pescoço e chupou sua mordida até
curar. David gemeu, mas ficou no controle de seu desejo por ela. Ele
sabia que essa era Jane, a vampira. Ela corria o risco de ser consumida,
não apenas por suas necessidades imortais, mas também pela besta
negra que esperava dentro dela.
Ele agarrou o rosto dela, e o olhar lascivo nos olhos dela o fez
engolir. —Querida, você precisa se concentrar. Esta não é você. Volte
para mim.
Demorou alguns segundos, mas ela piscou, franzindo a testa
antes de olhar ao redor do quarto. Ela tinha aquele olhar inocente que
geralmente usava quando não estava completamente ciente do que
acabara de fazer.
Os gritos de Nathan e Natalie subitamente alcançaram seus
ouvidos, e ela rapidamente o olhou horrorizada. —David —, ela
choramingou, seus olhos se enchendo de lágrimas. —Oh Deus... Por
favor.
Ele alisou o cabelo dela para trás. —Ele está bem. Eu parei você,
Arthur o agarrou a tempo.
—Eu tentei matar meu bebê —, ela chorou. —É como antes!
—Shh...
—David. — Ela chorou de novo. —Meu bebê.
—Eu sei. Eu juro que ele está seguro.
Os gritos foram cortados com o som de várias portas. David
percebeu que a porta de Jane não havia se fechada completamente e
imaginou que ele também não devia ter fechado a outra porta.
Ele continuou a enxugar as lágrimas e se sentiu terrível quando
ela soltou um pequeno soluço. Ele a silenciou e puxou a cabeça dela
para o ombro dele. —Sinto muito, meu amor.
—Não. — Ela choramingou, apertando-o com força.
—Não o quê? — Ele perguntou enquanto ela tremia em seus
braços. —Jane?

Você é um monstro.
Jane abriu os olhos, empurrando David de volta enquanto ela se
arrastava para a cabeceira da cama.
David levantou as mãos em um gesto de rendição. —Jane,
acalme-se. Todo mundo está bem. Eles nem sabem o que aconteceu.
Venha aqui. Deixe-me cuidar de você como conversamos.
Isso é tudo culpa dele.
Ela balançou para frente e para trás. Não era culpa dele. Ela
queria ouvi-lo e deixá-lo cuidar dela.
Se não fosse por ele, você não seria o monstro que é agora.
—Não, me deixe em paz! — Ela gritou, sem saber se estava
falando com ele ou com os pensamentos em sua cabeça. —Deixe-me
em paz.
—Querida-
—Não, David. Eu não sou sua querida. Eu não posso mais fazer
isso. Por favor, não quero machucar ninguém. Eu sou um monstro! Eu
tentei matar meu filho.
—Você não o machucou. Não me afaste novamente. Por favor,
ba...
Ela o interrompeu novamente, gritando: —Não, David!
Você destruirá todos eles.
—Não —, ela gritou. —Fique longe de mim. Eu não te quero
aqui. Eu não quero você perto de mim. Isto é culpa sua!
Seus olhos ficaram tristes, mas ele a olhou com firmeza enquanto
se levantava.
Jane não podia acreditar que dissera isso, mas tinha que afastá-
lo. Ela ia matar todos eles. Eles eram estúpidos ao pensar que ela
poderia ser impedida.
David se ajoelhou na cama antes de agarrar o queixo dela. Ele
gentilmente a forçou a olhar para ele quando ela tentou se virar e
olhou nos olhos dela enquanto ele falava. —Bebê, eu vejo você. Não
vejo monstro nenhum. Você estava fraca e estressada. Não se destrua.
Essa foi uma série de erros cometidos em ambas as partes, mas vamos
superar isso. Você já sabia que havia riscos. Temos que aprender a
lidar com eles.
—Apenas vá. — Disse ela, totalmente derrotada.
Sua ternura não enfraqueceu. Os olhos dele ainda eram macios,
como piscinas de água morna implorando para que deixassem que
lavassem toda a escuridão que a cercava. —Vou deixar você em paz,
mas nunca vou deixar você. — Ele parou por alguns segundos e
acrescentou: —Eu te amo, Jane. Nada jamais mudará isso e nada
impedirá que seus filhos também a amem. Seu filho me viu atacar
outra pessoa e ainda entendeu que eu não era eu mesmo.
—Nem Nathan não poderá dizer isso —, ela respondeu, muito
chateada consigo mesma para aceitar sua doçura. —E nós dois ainda
somos capazes de matar.
Ele a encarou por um tempo até que finalmente assentiu e se
inclinou para beijar sua bochecha. Ela choramingou porque realmente
não queria que ele fosse embora.
David não recuou quando sussurrou contra a pele dela: —Eu
sempre estarei aqui. Eu sempre vou esperar. Nunca pense que você
me perdeu.
Ele beijou sua bochecha novamente e se levantou. —Vou checar
todos e depois vou para o outro lado do corredor. Se precisar de
alguma coisa, venha me pegar ou gritar... vou deixar minha porta
aberta. —Com isso, ele deu as costas para ela e saiu do quarto.
Jane deslizou para o lado e se enrolou em uma bola enquanto
chorava. —Morte, por favor, volte. Por favor, me pare. Eu não quero
machucar ninguém. Não quero mais me machucar.
Minutos se passaram. Nada. Ele não estava vindo.
Mesmo assim, ela continuou a chamá-lo. Ela se sentiu esgotada e
perdida. Os sussurros de ódio se foram, mas isso não os impediu de
estar certos.
—Morte. — Sua voz falhou após horas de súplica. —Eu irei com
você. — Ela fechou os olhos, exausta, mas continuou pedindo
silenciosamente que a levasse. Ele os manteria a salvo dela.
Uma sensação entorpecente percorreu seu braço. Jane abriu os
olhos, acalmando-se um pouco enquanto o frio se espalhava por ela.
Suas lágrimas ainda estavam secando e mais caíram quando a
dormência varreu sua bochecha. Abafou a dor até que seus olhos se
fecharam novamente, e ela suspirou, deixando o abraço frio levá-la.

David cruzou os braços e encostou as costas na porta dela


enquanto a ouvia gritar por Morte. O quarto podia ser à prova de
som, mas ele podia ouvi-la todos os soluços e pedidos que ela enviava
ao seu anjo.
Ele suspirou, olhando para o teto. Depois de um tempo, seus
gritos pararam, e ele percebeu que ela finalmente desmaiara.
—Se ela escolher você, leve-a —, ele sussurrou, mesmo sabendo
que a Morte não havia chegado. —Se você pode fazê-la feliz, leve-a. —
Ele deslizou para o chão e segurou a cabeça. —Mas se você vai
decepcioná-la, fique longe. Porque se você não estiver aqui quando ela
acordar, não vou sair do lado dela novamente. Eu terminei de voltar.
Então vá até ela agora ou se afaste.
David sentiu-se estúpido por falar assim, mas acabou. Não com
Jane, nunca com Jane, mas ele acabou de ser inútil. Ele a deixou fazer
suas escolhas, e agora ele havia feito as suas.
7
QUENTE E FRIO
Os raios do sol espreitando através das cortinas fizeram Jane
fechar os olhos com mais força. Tudo o que ela queria era ficar onde
não havia sonhos, nem pesadelos. Nada. Nada, exceto pelo frio que a
envolvia por trás.
Uma carícia fria de penas varreu sua bochecha e ela suspirou,
relaxando ainda mais. Seu corpo e mente estavam completamente
anestesiados. Tudo da noite passada foi deixado de lado. O desejo
constante de estar perto de David e a necessidade desesperada de
morte estavam ausentes.
Não se preocupe - apenas aí. Tudo parecia melhor sem realmente
estar diferente.
O casulo congelado envolveu mais seu corpo, e uma sensação de
gelo roçou sua bochecha. Então, tão de repente quanto apareceu,
desapareceu. E com isso, a dormência se foi.
Jane arregalou os olhos. Toda a dor e tristeza que ela sentiu antes
arranharam sua mente com uma vingança. Suas horríveis lembranças
da noite anterior colidiram com a força de um trem de carga.
Ela apertou as mãos contra o peito enquanto lágrimas caíam em
seus olhos. Ela atacou Nathan. Ela afastou David de novo e estava
disposta a deixar a Morte levá-la.
Tudo era culpa dela. O fato de ela estar viva, o fato de seus filhos
estarem em perigo, o fato de David estar infeliz - tudo era culpa dela.
Jane engoliu o choro e sentou-se, enxugando as lágrimas.
Os olhos dela esvoaçavam sobre o bonito quarto. Não era nem
do tamanho da família dela - mais perto de um quarto de hotel
modesto. Era apenas um quarto com paredes creme e tinha tecido
turquesa combinando em sua cama, bem como as cortinas.
Jane pressionou a palma da mão no peito e interrompeu suas
observações. Ela precisava encontrar David e garantir que todos
estivessem bem.
Ela caminhou até a porta, mas hesitou em abri-la porque sentia
que alguém estava lá fora. Ela não ouvia muito, mas tinha certeza de
que havia presença lá.
Jane enxugou as bochechas molhadas novamente e depois girou
a maçaneta de cristal. Ela apenas abriu uma fenda e suspirou assim
que viu David caído no batente da porta, dormindo profundamente.
Seu pânico e mágoa chegaram a um impasse pacífico. Mesmo
dormindo, e precisando de um banho como ela, David ainda era
incrivelmente bonito. Tão absolutamente agradável aos olhos.
Ele estava de costas contra o batente da porta dela, com as
pernas compridas e musculosas estendidas na frente dele. Seus braços
estavam cruzados e sua cabeça estava levemente inclinada para o
lado, como um garotinho que adormeceu em um passeio de carro.
Um sorriso pequeno e triste se formou em seus lábios. Ela não
pôde evitar; David a fazia se sentir melhor. Não da maneira que a
Morte ou seus filhos, mas apenas melhor.
Uma lágrima caiu rapidamente, mas ela a enxugou enquanto
tentava descobrir o que fazer. O que ela precisava não era o mesmo
que ela queria. O que ela queria era rastejar no colo de David e nunca
deixá-lo ir. Ele não a decepcionava como Jason. Ele não fazia
promessas que não podia cumprir, ao contrário da Morte.
A Morte não te amava o suficiente para vir ontem à noite... Mas David
ficou.
Sua cabeça balançou quando ela concordou com esse
pensamento. David ficou. Ele garantiu que ela não machucasse
ninguém e os guardou a noite toda.
Ele poderia ter saído, mas não saiu. Ele lhe disse para não
assumir que ele era como outros homens, e ela percebeu que não
havia homem como David.
Jane se agachou e observou as olheiras sob seus olhos. Ele a
alimentou, embora ainda estivesse se recuperando da perda de
sangue. Ela se sentiu tão idiota por fugir dele quando ele se ofereceu
para alimentá-la antes, mas ela não era uma idiota; ela sabia que agia
de maneira inadequada quando se alimentava dele. Ainda assim, ela
deveria ter escutado ele. Eles poderiam ter se desculpado para que ela
pudesse se alimentar. Ele provavelmente se alimentaria depois e não
estaria no estado em que estava agora. Acima de tudo, se ela tivesse
escutado, ela não teria matado Nathan.
Ela olhou para a porta onde sua família estava. Não havia como
ela ir até eles em breve. Eles deveriam ter medo dela, e Jason
provavelmente a odiava mais do que nunca.
Jane voltou-se para David. Ele não a odiava, mesmo quando ela
lhe mostrava o pior. Ela sorriu tristemente e estendeu a mão para
tocar seu rosto. Ele acordou imediatamente e cobriu a mão dela com a
dele, mas ele parecia desorientado.
—Shh, está tudo bem. — Ela sussurrou.
David a examinou rapidamente. Jane sabia que ele estava
procurando por ferimentos e ela sorriu novamente.
—Vamos. — Ela ficou de pé, estendendo a mão. —Você precisa
dormir na sua própria cama.
David pegou, mas murmurou sonolento para ela quando ele
estava de pé. —Estou bem, querida. Você pode voltar para a cama.
—Estou bem —, ela disse, adorando o quão fofa sua voz
sonolenta soava. —Mas você definitivamente precisa ir para a cama.
Ele parecia mais alerta e a seguiu sem mais protestos.
Depois que eles entraram, ela olhou em volta. Era idêntico ao
quarto dela, mas cheirava a ele. Céu.
Jane respirou fundo quando o levou para a cama. Quando ela se
virou e olhou para ele, ela corou. Ele tinha aquele olhar nos olhos que
fazia seu interior ficar todo arrepiado.
—Você tem certeza de que está bem? — ele perguntou,
levantando a mão para segurar sua bochecha.
Ela balançou a cabeça. —Estou triste com o que fiz ou quase fiz.
A compreensão aqueceu seus olhos. —Eu verifiquei Nathan. Ele
estava perfeitamente bem. Arthur disse que parecia mais preocupado
com você do que com medo.
Jane fungou, assentindo. —Sinto muito por gritar com você
ontem à noite. Não quero que você vá embora.
Ele sorriu brilhantemente. —Nunca te deixarei. Mesmo quando
você me disser para ir embora, e eu lhe darei um pouco de espaço, eu
estarei lá. Eu prometo.
— Eu sei que você estará aqui. — Ela se apoiou na mão dele,
desejando poder aceitar plenamente sua força e apoio. —Eu só não
quero machucar você ou qualquer outra pessoa.
—Eu só machuco quando você está com dor —, ele disse a ela. —
Eu vou manter os outros seguros para você.
—Mas eles estão em perigo por minha causa. E se eu for embora?
— Ela olhou para ele, em pânico. —Talvez seja a única maneira...
David a interrompeu, em seu tom gentil: —Se você fosse embora,
isso me arruinaria como você continua acreditando que vai. Isso
machucaria seus filhos também. Sei que você se preocupa em não
devolver meus sentimentos, mas preciso de você em minha vida. —
Embora ela soubesse que David não era nada disso, o sorriso que ele
lhe dava lembrava um jovem inocente que não sabia nada sobre a
crueldade do mundo e então disse: —Você é meu bebê.
Ah, era por isso que ele era especial. —Eu também preciso de
você na minha vida. — Ela resmungou.
Ele soltou o rosto dela e a abraçou. —Você me tem. Prometo que
vamos descobrir tudo. — Ele a esfregou nas costas quando Jane
colocou os braços em volta da cintura dele. —Eu sempre estarei aqui,
ok? — Ele segurou uma mão na cabeça dela enquanto ela assentia
contra o peito dele. —Vou encontrar uma maneira de você estar em
segurança com sua família.
—Como? Eu vou machucá-los. E eu sempre faço coisas estúpidas
como não me alimentar quando deveria.
Aquela paciência compreensiva que ele andava com ela ainda
estava lá. —Eu te disse que cometemos erros ontem à noite. Seremos
mais cautelosos, mas devemos concordar em trabalhar juntos. Você
precisa confiar em mim. Chega de acreditar que você tem que fazer
tudo sozinha.
Ela saiu do abraço e olhou para aqueles olhos azuis. —Eu não
quero sobrecarregar você.
Ele colocou um pouco de cabelo atrás da orelha dela. —Quando
você verá que eu aprecio cada momento que passo com você?
Ela virou a cabeça para esconder o sorriso. —Pare de ser perfeito.
Ele não a deixou ir quando se sentou em sua cama. —Eu sou
perfeito o suficiente para você parar de me afastar?
Jane mordeu o lábio e ficou tensa quando ele colocou uma mão
na cintura dela. —Acho que é da minha natureza afastar as pessoas
com quem me preocupo.
Uma tristeza apareceu em seu rosto, mas ele sorriu e disse: —É
da minha natureza abraçar a mulher que amo.
Jane olhou para o rosto bonito dele enquanto debatia suas
opções.
Talvez seja melhor apenas estar com ele...
Era um pensamento irresistível a considerar. Jane sustentou o
olhar dele enquanto a observava com um olhar preocupado. Por que
ela não podia tê-lo? Talvez ela pudesse ser feliz apenas uma vez.
Você merece ser feliz.
Quando Jane apareceu nos olhos dele, ela ainda manteve o
pensamento de que talvez devesse ficar longe para deixá-lo seguro,
não usar a máquina e arruinar sua chance de felicidade. Ela não queria
ter esperanças, porque não sabia o que fazer com Jason ou Morte.
Manter a família unida e dar aos filhos uma mãe e um pai era muito
importante. A felicidade dela poderia ser reservada para eles. Era a
coisa certa a se fazer. Mas...
David te ama mais do que Jason jamais amará. Talvez até a Morte.
Ela começou a entrar em pânico. Ela não queria magoar David,
mas não queria trair ninguém.
Você não quer ver como é ser amada completamente? Você não quer ver
como é quando alguém está ao seu lado?
Sim, ela pensou rapidamente.
Escolha David.
—Jane?
Ela olhou para cima, confusa com seus pensamentos. Seria tão
fácil ouvi-los. Normalmente, sua mente discutia com David sobre
David, mas agora a encorajava a ceder ao seu desejo. Ela tentara tanto
não aceitá-lo porque sabia que, uma vez que o fizesse, não haveria
como voltar atrás. Ela teria que desmembrar sua família e teria que
terminar seu amor pela Morte.
David ainda esperava, parecendo mais cansado a cada segundo.
Ela se sentiu mal por esquecer que ele precisava dormir. —Deite-
se. — Ela disse a ele. Quando ele apenas esfregou o rosto, ela sabia
que ele se oporia, então se inclinou para desatar as botas dele.
Ele riu enquanto a observava. —Eu posso tirar minhas botas.
Ela sorriu porque podia ouvir o sorriso na voz dele. —Deixe-me
cuidar de você pela primeira vez. — Quando ela olhou para ele, ela
sabia que ele podia ver o olhar esperançoso em seu rosto. Ela
realmente queria cuidar dele.
—Obrigado, querida.
Era raro ter alguém feliz porque ela tinha feito algo que queria
ou gostava.
Ela terminou com as botas dele e as tirou, sorrindo o tempo todo.
Por alguma razão estúpida, ela sentiu como se tivesse conseguido algo
ótimo pelo pequeno ato. —Ok, durma um pouco. — Ela empurrou
seus ombros. A sensação de seus músculos sob os dedos dela tornava
difícil não corar, e ele exibia um leve sorriso no rosto enquanto se
deitava.
Jane notou que as pernas dele ainda estavam do lado e as
levantou rapidamente na cama.
—Jane, pare. — Ele riu. —Eu sou capaz de ir para a cama.
—Shh... O que foi que eu disse?
Seu sorriso a deixou tensa e ela respirou mais rápido quando ele
agarrou sua mão. —Que você queria cuidar de mim.
Ela puxou a mão da dele e fez um gesto para ele se sentar
melhor. Ele seguiu a ordem silenciosa dela, fugindo até a cabeça dele
no travesseiro. Enquanto ela arrumava os cobertores, ela começou a se
sentir um idiota. É claro que ela ainda queria cuidar dele, mas ele era
um homem adulto, e ela o tratava como uma criança pequena.
Os olhos deles se encontraram quando ela se inclinou e afastou
os cabelos dele. —Durma um pouco, David.
—Onde você vai? — Ele perguntou antes de tocar sua bochecha.
— E pare de franzir a testa. Seu sorriso é o que eu gosto de ver antes
de adormecer.
O calor da mão dele fez sua pele mais quente do que
normalmente estava em sua presença. —Eu só quero que você durma.
Não faça isso consigo mesmo de novo, ok? Não quero que você sofra
por minha causa.
—Não se preocupe comigo. Eu não quero que você vá a lugar
algum. Eu posso descansar depois.
—David não. Por favor, durma — ela implorou. —Você parece
muito cansado.
Ele começou a se sentar. —Eu não quero você sozinha.
Claro que ele não a queria sozinha; ela poderia atacar o castelo
inteiro. A incomodava, mas ela não podia culpá-lo por querer manter
os outros a salvo dela.
Fique com ele.
Sua cabeça balançou junto com seu pensamento. —Ok, que tal eu
sentar aqui enquanto você dorme?
Ele sorriu com a oferta dela. —Você quer me ver dormir?
Ela bufou. —Na verdade não.
Sua cabeça inclinou-se para o lado adoravelmente. —Então o que
você quer fazer?
Jane deu de ombros e se colocou contra a cabeceira da cama. —
Vá dormir, David.
Ele agarrou a mão dela e fechou os olhos.
Jane estudou as mãos e sorriu quando ele juntou os dedos. —
Você está se certificando de que eu não vá embora?
—Talvez. — Ele apertou a mão dela gentilmente. —Você é
sorrateira quando quer ser.
Uma risadinha saiu de sua boca. —Eu não vou embora, prometo.
Ele apertou seu aperto. —Mhm.
—E eu não sou sorrateira.
—Ok bebê.
Ela suspirou e estremeceu quando um calafrio subiu
subitamente por sua espinha. Jane imediatamente pensou que o ar
condicionado estava ligado e olhou em volta para localizar a abertura.
Seus olhos pareciam tão pesados, no entanto. Ela piscou para tentar se
livrar de sua repentina sonolência, mas só piorou.
—Você está bem? — Ele perguntou.
—Sim, eu estou bem, só com um pouco de sono. — Ela bocejou
suavemente. —Não sei por que estou tão cansada agora.
Outro calafrio varreu seus braços, fazendo-a estremecer
novamente.
Dessa vez, David soltou a mão dela e rolou de lado. Ele começou
a esfregar a mão para cima e para baixo no braço dela antes de
levantar a manga dela para esfregar diretamente em sua pele. Foi
maravilhoso. —Sua pele parece gelo. — Disse ele.
—Estou bem. — A fadiga tomou conta dela novamente, junto
com outro estremecimento involuntário, e agora ela estava lutando
para manter os olhos abertos.
David sentou-se rapidamente, e ela olhou para ele quando ele
começou a se descobrir.
Ela imediatamente o repreendeu. —David, o que você está
fazendo?
Ele a ignorou e deslizou a mão sob as pernas dela enquanto a
outra passava por trás do pescoço dela. Ela tentou se soltar de seu
abraço, não que ela realmente quisesse, mas ele a agarrou com mais
força.
—David! — Ela estava envergonhada com o som estridente de
sua voz.
Ele apenas riu e cuidadosamente a deitou no travesseiro. Jane
tentou se sentar, mas ele facilmente a empurrou de volta pelo ombro.
Ela olhou para ele, mas não ficou chateada com a posição em que ele a
estava.
Um olhar sério surgiu em seu rosto quando ele se inclinou sobre
ela. —Você está com sono e com frio. Estou cansado e não vou deixar
você sair da minha vista. — A cabeça dela girou com a proximidade
dele e seu cheiro maravilhoso. Ele continuou falando. —Vamos tirar
uma soneca juntos.
Ela tentou falar, mas ele a interrompeu.
—Não brigue comigo, Jane.
Tudo bem, esse pensamento persuasivo retornou. É só uma soneca.
Vocês já dormiram juntos antes.
Ela olhou nos olhos dele e saboreava o calor que seu corpo lhe
oferecia. —Você é tão quente. — Ela deixou escapar, arregalando os
olhos quando percebeu o que acabara de dizer.
Ele sorriu, divertido e riu. —Obrigado, querida.
Ela olhou para ele humilhada e cuspiu enquanto falava: —
Quero dizer, seu corpo está quente. Porcaria! Quero dizer, você me
deixa quente. Oh meu Deus! — Ela gemeu e cobriu o rosto com a mão.
Ele riu e afastou a mão dela do rosto. —Bebê, não tenha
vergonha.
Ela virou o rosto vermelho.
—Jane? — Não houve tentativa dele de esconder sua diversão
com a idiotice dela.
Ela finalmente teve coragem de olhar para ele. —Eu quis dizer
que sua pele está quente.
Ele sorriu. —Eu sei o que você quis dizer.
—Por que é assim? — Ela nunca havia sentido nada parecido
com nenhuma outra pessoa antes.
David deitou-se e rolou de lado para encará-la. —Por que minha
pele é quente?
Jane assentiu.
—Não tenho certeza se devo lhe contar.
—O que? Por quê?
—É um pouco sexual.
—Oh. — Disse ela, sem esperar a resposta.
—Nem tudo é sexual —, acrescentou. —Sinto-me assim porque
fui feito para você. Meu calor a conforta e acalma. Seu toque faz o
mesmo para mim. A parte sexual é porque é isso que a estimula,
suponho. Eu não sabia que me sentia quente com você.
—Normalmente, eu odeio o calor —, ela admitiu. —Está muito
quente e úmido no Texas. Na verdade, eu costumava ficar doente por
ficar muito tempo lá fora.
—Isso é interessante. — Ele sorriu: —Talvez você fique doente
de mim.
—Eu duvido. — Jane corou e desviou o olhar de sua expressão
satisfeita. —O que eu pareço para você?
—Você realmente quer saber?
Ela engoliu em seco e se virou como ela balançou a cabeça.
Mesmo que ele estivesse errado, ela esperava que ele sentisse algo
similar.
—Não se mova. — David alcançou lentamente o zíper no capuz
que ela usava. Ele manteve contato visual com ela enquanto o
deslizava para baixo, e o coração de Jane ameaçou explodir em seu
peito. Depois de tirá-lo do zíper, ele estendeu a mão para tirá-lo do
braço.
Ele observou os dedos arrastando o braço dela enquanto falava.
—Você se parece incrivelmente suave e macia. Você está com frio
agora, mas normalmente você é o calor perfeito. — Ele fez uma pausa
e continuou assistindo sua mão deslizar para baixo. Ela teve que
morder o lábio para não gemer. —Eu posso sentir você ficando mais
quente. — Sua voz profunda e a maneira como ele olhou para ela
fizeram muitas coisas com ela. —Você se parece perfeito. Você é tudo
que eu quero sentir.
—Realmente? — Ela estava completamente sem fôlego.
David assentiu e agarrou a mão dela novamente, ligando os
dedos.
Oh, meu Deus. Ela não queria nada além de beijá-lo, mas sua
mente corria por tudo. Ela pensou em Jason e como ele seria se a
encontrasse assim com David. Ela pensou em Nathan e Natalie, como
eles ficariam confusos ao observá-la sem o pai deles. Então ela pensou
na morte.
Ele a abandonou. No entanto, a ignorou. A abandonou.
Olhe para David.
Ela olhou. Ninguém nunca olhou para ela do jeito que ele
olhava.
Ele ama você. Tudo bem estar com ele.
— David? — Ela sussurrou.
—Sim, querida?
Oh, ela tinha a sensação de que ele iria se esgueirar nesses
termos de carinho o mais rápido possível agora. —Está tudo bem?
Estar aqui com você.
Ele estendeu a mão e acariciou seus cabelos. —Espero que sim.
—É errado eu querer ficar com você? Que eu quero me sentir
assim por um tempo? Que eu não quero me preocupar com todo
mundo?
David sorriu e balançou a cabeça. —Não. Você deveria querer
estar comigo - isso não é culpa sua. Não há nada errado em querer ser
feliz. Tudo o que me importa é você. Se você estiver feliz, todo mundo
também ficará.
Não há problema em ser feliz, incentivou o pensamento. David pode
fazer você feliz.
—Mas e Jason e a Morte? — Ela perguntou. —Isso vai machucá-
los.
Seu rosto endureceu um pouco, mas ele continuou gentilmente
acariciando seus cabelos. —Você realmente quer saber o que eu penso
sobre eles?
Jane assentiu.
—Tudo bem —, disse ele em um tom mais formal. —A Morte é
um menino grande - ele será capaz de lidar com o que for jogado nele.
Ele não ficará bravo com você por tentar ser feliz. Eu não gosto dele,
mas eu o respeito. Ele fez o possível para proteger você todos esses
anos; Não posso agradecer o suficiente por isso, mas acho que ele se
aproveitou do seu amor por ele. Eu entendo o desejo dele de estar com
você, acredite em mim. As escolhas dele de ter intimidade com você
para salvá-la de sua entidade eram uma questão, mas ter continuado
enquanto você está tão confusa está errado.
Ele hesitou, dando-lhe um sorriso de menino. —Sou um pouco
hipócrita, porque também fomos muito afetuosos, mas fiz o possível
para respeitá-la. — Mais uma vez ele ficou sério. —Ele sabe que você
não vai dizer não, no entanto. E ele tira proveito desse conhecimento.
Jane franziu o cenho com o desejo de assumir a Morte e a si
mesma. —Eu o impedi de fazer mais. Ele vai parar se eu disser não.
David riu. —Perdoe-me, então. Estou errado ao supor que você
sempre permita que ele faça o que ele quiser com você. — Ele puxou a
mão dela e a beijou. —O que eu deveria ter dito é: ele não deve colocá-
la na posição de dizer não. Houve muitas vezes em que eu imaginei
beijando-a, mas eu me seguro porque sei que isso só vai machucá-la.
—Oh.
—Isso eu não posso ajudar. — Ele sorriu, beijando a mão dela
novamente. —Então, novamente, eu sou um hipócrita.
Jane suspirou enquanto o observava esfregar os lábios nas costas
da mão. —Eu acho que eu imploraria para você continuar fazendo
isso se você tentasse parar.
—Então sou um hipócrita afortunado. — Ele beijou a mão dela
novamente, sorrindo contra a pele dela. —Você ainda deseja saber
meus pensamentos sobre Jason?
Ela assentiu.
—Espero que você me perdoe por falar tão francamente —, ele
disse, —mas eu não dou a mínima para o que Jason pensa de nós. Sei
que ele é seu marido, mas já vi o que ele fez com você. Ele te ama;
Entendo isso também, mas ele também escolhe aumentar sua dor por
razões egoístas e tira proveito do seu compromisso com ele.
—Uma coisa é honrar o casamento, mas você ainda honra sua
esposa. Pelo que tenho visto e ouvido, ele não. — Seus olhos
brilhavam com um raio azul. —Seu desrespeito aberto por você, e sua
preocupação apenas com suas necessidades e sentimentos me enojam.
Ele repetidamente a decepcionou enquanto você confiava nele, e ele
ainda escolhe machucá-la, sabendo que você ficará arrasada.
—Eu não vou permitir que ele te machuque mais. Espero que
você veja que ele está errado e pare de desculpar suas ações, porque
você pensa tão negativamente em si mesma. Marido ou não — ele
conteve um rosnado. — Ele falhou com você e não tem o menor
cuidado de estar matando seu lindo coração. Se ele realmente te ama,
ele buscará perdão pelo que fez com você e lhe dirá para ser feliz,
mesmo que essa felicidade esteja sem ele como seu marido.
—Jason não é uma pessoa má —, disse ela na defensiva. —Eu o
fiz assim.
David parecia chateado e ele rosnou. —Não, Jane. Ele pode não
ser tão ruim quanto as outras pessoas, mas ele te machucou. Um
homem não precisa espancar sua mulher ou trapacear, pois continua
jogando na sua cara, para ser um marido ruim. Ele não pode
negligenciá-la quando você está em mal simplesmente porque ele não
entende, ou porque você caiu para baixo mais de uma vez.
—Não, ele cuidou de mim e das crianças. Ele pagou pela nossa
casa e tudo. Ele me deixou ficar em casa porque eu sofria ataques de
pânico e desmoronava tantas vezes que chorava no caminho para o
trabalho, ou esperava morrer apenas para não precisar estar lá. — Ela
esfregou os olhos para não chorar; era uma coisa tão patética admitir
sobre si mesma para ele. —Ele me levou para longe daquela casa —,
disse ela. —Ele me aturou.
Atordoado e preocupado; foi o que o olhar dele disse a ela. —
Escute a si mesma. Na maioria das vezes, essas são coisas que um
marido deve fazer. Isso não significa que ele possa tratá-la da maneira
que ele tem ou negligenciar você. Não compensa o que ele fez. Então
ele foi e fez você se sentir mal por coisas que não são sua culpa.
—Tudo o que você passou é compreensível, mas ele fez de
errado com você e, em vez de parar o que estava fazendo e admitir
suas falhas, ele a culpou. Eu sei que ele bateu em você também. Não
posso nem discutir isso sem mostrar a ele como é ser atingido por um
homem.
Jane cobriu os olhos com a mão livre, com medo de ver o olhar
no rosto dele. —Eu o provoquei, e foi apenas uma vez. Já fui atingida
antes, mas mal me importo ou penso nesses tempos.
—Jane, não desculpe o que ele fez porque você sofre mais com
seu abuso emocional e sexual. Um marido não deve bater na esposa
ou em alguém significativo.
—Mas você atacou aquela mulher.
—Eu ataquei —, ele disse suavemente. —Eu exagerei o que eu fiz
com ela. Isso não desculpa meu comportamento, mas ela não é minha
esposa que prometi proteger. Ela é um monstro que matou e torturou
inocentes. Eu vejo uma cobra manipuladora quando olho para ela.
—A aliança de seu pai com Arthur e sua capacidade de
manipular outras pessoas para que ela acredite que é uma mulher
decente são as únicas razões pelas quais ela não foi destruída. Ela não
me engana, mas Arthur ainda a pegou em suas mentiras. Ele acredita
que sua capacidade de ler a mente dela é suficiente, mas ele não
entende que ela pode manipular o que ele vê.
—Como ele não tem provas de que ela continua a praticar atos
perversos, portanto, em sua boa consciência, ele não pode autorizar
sua sentença de morte. Eu ainda não deveria tê-la atacado,
principalmente por palavras, mas imaginei o pior dela e vi apenas a
necessidade de protegê-la.
Jane abaixou a mão, relaxando com a explicação dele; ela tinha
que lembrar que não eram pessoas aqui, e David não trataria ameaças
da mesma maneira que trataria um humano. —Obrigada por me
defender. Faz muito tempo que ninguém faz isso.
Sua suavidade retornou como um cobertor quente envolvendo-a.
—Bebê, eu não vou ficar parado e deixar alguém te tratar mal. Sejam
palavras ou uma ameaça física, eu intervirei.
O calafrio voltou repentinamente, penetrando em seus ossos
tanto que seus dentes bateram.
David a puxou um pouco mais para perto e tocou sua testa com
as costas dos dedos. —Você está doente?
Os dentes dela continuaram batendo. —Não me sinto doente,
estou com tanto frio e cansada. Eu não entendo.
Ele é tão quente. Ele fará você se sentir melhor.
—Tudo bem —, disse ele. —Não vamos mais falar sobre isso,
apenas durma. Arthur cuidará de todos até que possamos encontrá-
los.
A sonolência e o frio tornaram-se insuportáveis. —Ok, eu vou
dormir só um pouco. — Ela estremeceu novamente.
Durma com ele. Está bem. Apenas fique.
Sim, esse era um pensamento tentador, ela concordou. —David,
você vai me abraçar?
Ele hesitou e olhou para os arrepios que surgiram em seus
braços. —Claro, querida. Inversão de marcha.
Ele a ajudou a rolar e agarrou sua cintura para puxá-la para seu
corpo. Jane suspirou e fechou os olhos quando o calor dele a
envolveu. Era tão bom estar em seus braços fortes com o peito duro
pressionado contra as costas dela.
—Isto está melhor? — David perguntou suavemente em seu
ouvido enquanto colocava o cobertor sobre eles.
—Mhm.
Ele riu e beijou seus cabelos. —Boa. Bons sonhos, Jane.
Ela sorriu e murmurou: —Noite, David.
Uma carícia gelada varreu seus lábios e ela jurou que viu a
imagem do sorriso de um homem. Boa menina...
—O que?
—Eu não disse nada. — Disse David.
—Oh. — Ela murmurou confusa, mas sorriu quando ele a
abraçou com mais força.
David uniu os dedos e os colocou sobre o estômago dela.
Perfeito. Isso é todo o momento que poderia estar entre eles. —
Durma, Jane.
—Ok.

8
CALCINHAS
O corpo mole nos braços de David se mexeu, despertando-o do
melhor sono que ele já teve há algum tempo. Ele sorriu com a visão
que o cumprimentou. Jane ainda estava dormindo profundamente e
pressionou-se contra ele.
Ele levantou a cabeça e examinou o rosto dela. Ela levou a mão
dele à boca. Seus lábios sorridentes estavam apenas descansando em
sua pele, mas ele amava esses gestos afetuosos dela quando a guarda
estava baixa.
Antes que ele percebesse o que estava fazendo, ele se inclinou e
beijou sua bochecha. Jane suspirou enquanto apertava a mão dele.
Ele puxou os lábios para trás, imaginando acordar assim todos
os dias. Isso estava muito longe, mas não parecia mais um sonho
impossível. Eles ainda tinham muito a resolver, mas ele acreditava
que havia uma chance maior de um futuro juntos. Não seria fácil ou
logo, mas sua esperança por mais do que companhia foi renovada.
Ele recostou-se e se perguntou se ela o afastaria novamente. Era
uma possibilidade infeliz para Jane. Ela pensava, duvidava e se
arrependia de suas escolhas mais do que qualquer um que ele já
conhecera. Não era culpa dela; ela estava sempre tentando proteger os
outros, mas sempre se considerava a maior causa de dor para os que a
cercavam. Era por isso que ela sempre afastava as pessoas.
O que quer que tenha acontecido, se ela o afastou ou o aceitou
por um tempo ou outra coisa, ele estaria lá por ela. Ele acreditava
agora que esse era seu objetivo com ela: manter ela e seu coração
unidos. Ele recebeu força física para lutar contra seus inimigos, mas
ela era seu verdadeiro teste. Não era a batalha deles contra a
escuridão, era dela. A Jane dele era leve, mas ela estava se afogando
na escuridão, e ele tinha que lutar com ela ou segurá-la enquanto ela
lutava consigo mesma.
David bufou quando a Morte surgiu em sua mente. O anjo tinha
que saber que ela estava sentindo uma dor incrível desde a partida
dele. Ele devia ter ouvido ela chamando por ele - era um dos pedidos
mais tristes que David já ouvira, e ela foi ignorada. Ele ficou surpreso
com o quão bem ela estava funcionando, mas sabia que ela estava com
o coração partido porque a Morte não veio para ela. Ela estava
aterrorizada com o que quase fizera. Foi a coisa mais terrível que ela
poderia fazer, e ela contou com a Morte para estar lá. Mas ele não
estava.
A capacidade de Jane de funcionar sempre surpreendia David,
mas ele sabia que tudo mudaria assim que ela visse sua família
novamente.
Franzindo a testa, ele tentou decidir como lidar com essa tarefa.
Uma coisa era certa; David não estava deixando Jane fazer isso
sozinha. Jason certamente expressaria sua opinião, e provavelmente
seria um idiota para Jane no processo.
David estava disposto a recuar enquanto Jane colocava a família
em primeiro lugar; ele ainda estava, mas ele não seria uma sombra
que eles ignorariam enquanto Jane se desfazia. Ter que assistir a luz
desaparecer de seus lindos olhos por um homem que se importava
mais consigo mesmo do que com seu bem-estar e felicidade, não era
algo que David aceitaria. Ele não deixaria que ela se tornasse uma
concha de uma pessoa pelo bem de Jason.
David sabia que poderia ser difícil para as crianças aceitar sua
proximidade com Jane, especialmente Natalie, mas elas eram espertas.
Ele tinha certeza de que não queriam ver a mãe em perigo, então
talvez aceitassem o que ele fazia por Jane.
Ele esperava que não estivesse colocando muita esperança nas
ações anteriores de Nathan. Um dos dois filhos do lado dele era um
bom começo, mas Natalie não seria facilmente conquistada. Era
comum uma filha se apegar ao pai, como ele havia visto com
Guinevere e o pai deles, e Natalie não estava sendo diferente da
maioria das meninas.
Enquanto Jane provavelmente estava feliz com o amor que Jason
e Natalie compartilhavam, David viu a dor de Jane quando Natalie
olhou para eles confusa, e talvez um pouco acusadora.
Ao contrário de Nathan, que parecia entender as emoções de
Jane, Natalie parecia não entender o quanto sua mãe sofria, apenas
para que não precisassem sofrer. Não que ela tivesse que entender,
sendo uma criança tão pequena, mas certamente ajudaria se ela
entendesse que não era certo Jane sofrer assim. Se Jane ainda fosse
humana, seria diferente, mas ela não era; ela era uma imortal perigosa
agora. E todos viram ontem à noite o que ela poderia se privar por
causa dos filhos.
Se houvesse uma maneira de fazer Natalie entender o quanto
Jane se beneficiaria por estar perto dele, David sentiu que a garotinha
aceitaria o relacionamento que ele e Jane compartilhavam, e sua
aprovação ajudaria Jane a aceitá-lo em troca.
Mesmo que Jane não o amasse, ele sabia que ela se importava
com ele e o via como mais do que um companheiro. Ela estava se
segurando, assim como ele, mas eles estavam desenvolvendo algo
incrível juntos. Então, por enquanto, ele ocuparia um lugar como o
Outro dela. Era um começo, e ele acreditava que Jane estava pronta
para aceitá-lo totalmente nesse papel.
Ela ainda ia e voltava entre aceitá-lo e empurrá-lo para longe;
Era o que ela fazia, mas ele sentia que ela finalmente sabia que eles
deveriam estar juntos de alguma maneira.
Ele a abraçou com mais força e beijou sua nuca. —Eu te amo.
Jane não respondeu oralmente, mas o ritmo cardíaco dela
acelerando com as palavras dele foi suficiente para colocar um sorriso
em seu rosto. Ele nunca perderia a esperança de que um dia eles
pudessem ser mais, mas ele quis dizer o que disse; ele era dela o
tempo todo. Mesmo que seu coração terminasse com outro, ela ainda
teria todo o dele.
David ficou lá um pouco mais e decidiu simplesmente
aproveitar esse momento de paz com ela. Mesmo com as paredes à
prova de som, ele sempre ouvia barulho, e podia perceber pelo
silêncio ao lado que a família dela já se fora. Arthur deve ter lido seus
pensamentos e sabia que Jane havia entrado em seu quarto, então ele
provavelmente os levou para outro lugar ao redor do castelo.
David geralmente se irritava que Arthur pudesse mergulhar em
seus pensamentos à vontade, mas estava feliz que seu cunhado se
encarregasse da situação.
David olhou para as roupas deles. Ela estava de camiseta desde
que ele tirara o capuz, mas o jeans estava imundo. Ela ainda cheirava
doce, mas ele também podia cheirar o sangue seco e o suor em seu
corpo. Como Jane não havia comentado, ele não sabia, mas estava
feliz por ela não ter nenhum problema em estar perto dele enquanto
ele estava sujo e fraco. Houve inúmeras vezes que ele assistiu
mulheres afastarem homens porque estavam suados ou sujos da
batalha. Ele gostava que Jane ainda o olhasse admirada.
Ele olhou para ela novamente - dormindo profundamente. Ele
não queria acordá-la, mas achou que seria o melhor momento para
tomar um banho rápido, então separou cuidadosamente as mãos. Ela
tentou apertar ainda mais, mas ele conseguiu se libertar e saiu de trás
dela.
Quando Jane choramingou, ele congelou antes de sair da cama
completamente e a observou sonolenta dar um tapinha na cama atrás
dela. Ele sorriu; ela estava procurando por ele. Ainda assim, ele queria
tomar um banho para que ela não tivesse que ficar sozinha enquanto
estava acordada, então ele pressionou travesseiros e seu cobertor atrás
dela até que ela parou de procurá-lo.
Ela murmurou algo incoerente e rolou de bruços quando David
finalmente saiu da cama e caminhou ao seu lado. Havia a chance de
ela entrar em pânico se acordasse sozinha, então ele pegou seu diário
e escreveu uma nota rápida para ela.
David arrancou a folha de papel e quase riu. Ela havia
conseguido se enterrar na maioria dos travesseiros, mas tinha o maior
agarrado ao peito enquanto as pernas estavam espalhadas na diagonal
sobre a cama. Divertia-o ver uma mulher tão pequena ocupar uma
cama enorme, mas isso significava algo incrível; ela estava inquieta
sem ele.
Por causa disso, David saiu rapidamente para tomar um banho.

Com um pequeno gemido, Jane abriu um olho. Lembrou-se de


entrar no quarto de David e adormecer com ele. O fato de seu cobertor
favorito estar faltando a fez perceber que David não estava mais na
cama. Foi decepcionante, mas seu lado estava quente pelo menos.
A visão de um pedaço de papel colocado debaixo do travesseiro
a fez sorrir, e ela rapidamente o pegou. O papel era mais um
pergaminho que você veria em filmes antigos.
Ela riu porque era um lembrete simples de quantos anos David
tinha, mas balançou a cabeça e se concentrou na mensagem escrita.

Meu amor,

Espero que você ainda esteja descansando em paz quando eu voltar. No


entanto, você sempre me surpreende, por isso estou escrevendo para explicar
minha ausência.

Se você ouvir, perceberá que só me resta tomar banho - não demorarei


muito. Devo enfatizar, porém, em hipótese alguma você deve sair do meu
quarto. Na verdade, quero te encontrar na minha cama quando voltar.
Ouvirei se você for embora, então, a menos que você deseje que eu corra nu
pelo castelo para encontrá-la, sugiro que fique onde está.

Só estou brincando, é claro. Eu só queria fazer você sorrir. Mantenha


isso em seu rosto adorável para mim. É realmente a minha visão favorita.

Atenciosamente,
David
As bochechas de Jane doíam porque seu sorriso era tão grande.
Ela suspirou feliz, mas olhou surpresa quando o chuveiro foi
desligado abruptamente.
Sua respiração acelerou quando ela olhou com os olhos
arregalados para a porta do banheiro. Seu pânico parecia bobo, até
para ela, mas ela atribuiu o fato de que David estava do outro lado da
porta. Nu.
Ela fechou os olhos e rezou para que ele saísse apenas com uma
toalha.
Que diabos, Jane, ela repreendeu mentalmente a si mesma por
pensar uma coisa dessas.
Parecia que sua mente estava contra ela. A imagem imediata de
seu corpo duro e perfeito era impossível de banir. Ela dormiu com
aquela obra-prima de um homem. Seu corpo magnífico esteve contra
o dela a manhã toda.
Ela se levantou, pronta para fugir enquanto se repreendia. Como
ela poderia ir de quase matar seu filho a engatinhar na cama com
David?
A nota amassou em seu punho fechado. —Oh, não. — Ela
sussurrou e imediatamente se inclinou para suavizar as rugas.
—Bebê?
Jane congelou antes de lentamente olhar para cima para ver
David. Sem camisa.
Oh, doce Jesus.
Ela fechou os olhos com força e cobriu o rosto com as duas mãos.
—Por que você está nu? Eu não fui a lugar nenhum!
Ele riu, muito mais perto do que ela esperava, e simplesmente
respondeu: —Boa tarde, querida.
Jane tirou as mãos do rosto e, apesar de já saber que ele estava
sem camisa, ela o examinou. Não era justo o quão perfeito ele era.
David sorriu inocentemente enquanto passava os dedos pelos
cabelos molhados, mas ele rapidamente estendeu a mão e envolveu a
mão dela. Foi só então que ela percebeu que havia tentado tocar seu
abdômen.
—Oh, me desculpe. — Ela ergueu os olhos para vê-lo olhando-a
divertida.
—Não. Peço desculpas. Na minha pressa de voltar para você,
deixei de pegar uma camisa.
Jane olhou para ele por mais um momento antes que ela baixasse
o olhar para as calças dele. Ela ofegou enquanto olhava para as veias
ao longo do V que descia.
—Você consegue encontrar uma camisa agora? — Ela sussurrou,
incapaz de desviar o olhar.
Com uma risada profunda, ele soltou a mão dela e se virou. Ela o
observou com admiração. Até o jeito que ele andava era atraente. No
entanto, todos os pensamentos sobre a sensualidade de David
cessaram quando ela notou as fracas cicatrizes cintilantes nas costas
dele quando ele entrou no armário. Ela poderia ter removido a prata,
mas deixou sua marca.
—Jane? — Ele chamou da porta do armário.
Ela piscou para longe a sensação de ardência nos olhos antes de
olhar para o rosto dele. Ele estava franzindo a testa enquanto ele
estava lá com uma camiseta branca na mão.
Ela tentou sorrir, mas seu lábio tremia.
David se aproximou lentamente e depois levou o rosto entre as
mãos. —O que há de errado?
Ela olhou para ele com tristeza e encolheu os ombros. —Estou
apenas me sentindo emocionada.
—Você pode ser emocional. — David se inclinou para dar um
beijo suave na testa dela, depois se afastou e alisou os cabelos do
rosto. —Ainda assim, você pode me dizer qualquer coisa.
Ela segurou o pulso dele no lugar; ela não queria que ele tomasse
as mãos depois do lembrete de quando ela quase o perdeu. —Eu
estava apenas olhando para as suas cicatrizes.
O entendimento apareceu em seu rosto e ele sorriu. —Estou
bem, lembra? — Ele a olhou até que ela assentiu. —Essas cicatrizes me
lembram que Nathan está seguro e que você me salvou. Eu as uso com
orgulho.
Quando ele colocou assim, ela se sentiu melhor. —Talvez eu
possa descobrir como apagá-las —, disse ela, incerta. —Como quando
minha entidade consertou a ferida que recebi do lobisomem.
—Não. Eu quero ficar com elas. — Ele beijou a testa dela quando
a porta do quarto se abriu.
—Oh, David, eu sinto tanto...— Uma mulher parou
imediatamente quando fez contato visual com Jane. Era a mulher da
noite passada, e seus venenosos olhos verdes tomaram sua posição
rapidamente antes de olhar para Jane.
Parecia comprometedor, com certeza. David ainda estava sem
camisa e no meio do afastamento do beijo inocente na testa dela, mas
com as mãos no rosto dela e Jane ajoelhada enquanto segurava o
pulso dele, parecia mais do que era.
Jane não se importava com o quão incriminador o momento
deles parecia. Essa mulher já havia sido adicionada à lista de pessoas
em que Jane não confiava e estava bem ciente do interesse que a loira
tinha em David.
Não deveria importar que outra mulher viesse ver David, mas
Jane estava pronta para destruir essa garota.
—Melody, o que você está fazendo aqui? — A raiva na voz de
David fez com que Jane e Melody se separassem de sua luta gritante.
Melody... Jane odiou instantaneamente esse nome.
Melody rapidamente transformou seu olhar azedo em um
angelical, enquanto ela respondia com uma voz doce. —David, vim
pedir desculpas pela noite passada. Você sabe que não quis dizer nada
com o meu comentário, e não estou chateada com você por me
agarrar. Estou perfeitamente bem. —Ela afastou o cabelo para mostrar
o pescoço para ele. —Eu estava simplesmente ansiosa para vê-lo
novamente. Eu disse que esperaria por você, mas você voltou com
esta mulher.
David rosnou, mas Melody continuou como se nada estivesse
errado.
—Você não pode me dizer honestamente que esqueceu o nosso
último encontro.
A maneira sugestiva que Melody estava olhando para ele fez o
sangue de Jane ferver, mas a reação de David fez o fogo ferver sob sua
pele.
Ele estava tenso, pronto para atacar, e sua temperatura corporal
aumentava tanto que era quase insuportável estar perto dele.
—Se por encontro, — ele disse, sua raiva contida enquanto
prendia Melody no lugar com seu olhar frio. —você quer dizer o dia
em que entrou aqui e eu ordenei que você parasse sua busca e
encontrasse outro homem para assediar, então, sim, eu me lembro.
—David, você sempre-
Ele interrompeu Melody. —Você sabe muito bem que eu não
tenho interesse em você. — Sua voz estava ficando mais alta e mais
violenta a cada palavra, mas ele ainda embalava o rosto de Jane com
cuidado. —Ou minhas mãos em torno de sua garganta não deixaram
meus sentimentos claros para você?
—David. — Jane murmurou enquanto esfregava as mãos para
cima e para baixo nos antebraços.
Ele lançou seu olhar furioso para ela, mas rapidamente
desapareceu.
Jane sorriu e acrescentou: —Bebê, acalme-se. — Seus olhos se
arregalaram junto com os dele com suas palavras, mas ela não os
estava devolvendo.
Ele soltou um suspiro profundo e se endireitou quando soltou o
rosto dela. Ele rapidamente vestiu a camiseta e pegou a mão dela
antes de voltar a atenção para a intrusa. —Eu não quero ver você no
meu quarto ou em qualquer lugar perto da minha ala do castelo.
Nunca. Você sabe que eu não gosto da sua companhia. Sua iniquidade
me repugna, e sua incapacidade de saber quando se retirar de sua
busca por mim não é nem um pouco divertida.
—Você insultou minha Outra ontem à noite. Não esquecerei ou
perdoarei seus comentários inapropriados sobre ela. Não desejo mais
olhar para você ou ouvir sua voz irritante novamente. Você me
entendeu?
Melody olhou para ele em choque.
David rosnou. —Minha paciência com a sua presença não vai
continuar, então saia da minha vista.
Melody ficou boquiaberta para ele e rapidamente olhou para
Jane enquanto ela balançava os braços em sua direção. — David, ela é
casada! Você não pode me dizer honestamente que pretende tirar uma
mulher casada do marido. Você a escolheu em vez de mim?
David rangeu os dentes. —Eu nunca considerei você. Ela é
minha única escolha. Saia.
—Eu faria o que ele disse. — Disse Jane, surpreendendo-se ao
abrir a boca. Mas agora que ela tinha, ela sorriu quando o olhar
furioso de Melody virou-se para ela. —Você está envergonhando a si
mesma e me dando nos nervos.
Os olhos surpresos, mas satisfeitos de David, caíram sobre Jane.
Ela procurou seu olhar e sentiu seu coração disparar quando um
sorriso lindo se espalhou por seu rosto.
Então, Jane voltou sua atenção para Melody. —Por que você
ainda está aqui?
Quando Melody soltou disparates, Jane deu-lhe um olhar mais
violento e permitiu que seu poder pulsasse ao seu redor enquanto
falava. — Não tenho a paciência nem a bondade de David. Saia do
quarto e nem pense em voltar. Porque prometo que não será uma
visão bonita se você o fizer.
Os olhos de Melody brilharam quando ela abriu a boca.
Jane não a deixava dizer outra palavra. —Você não tem ideia de
com quem está brincando, vadia. Saia da porra do quarto dele antes
que eu te jogue fora.
A loira saiu correndo, batendo a porta atrás dela.
Jane olhou para ele, esperando para ver se ela voltaria. Ela não
mostraria fraqueza em torno desta mulher novamente. De fato, ela
sentiu a necessidade de mostrar a todos que era superior em poder.
Uma mão quente gentilmente virou a cabeça para que ela não
pudesse mais ousar a próxima alma a entrar no quarto de David.
—Bebê, essa foi a coisa mais sexy que eu já vi.
Ela piscou e depois de ver sua expressão exaltada, ela pressionou
o desejo de destruir todos os que se opunham a ela.
Ele riu, beijando o nariz dela, mas agora sua humilhação se
instalou. Ela não podia acreditar que tinha acabado de fazer isso.
Ela virou a cabeça, tentando esconder as bochechas coradas. —
Eu não quis envergonhá-lo.
Ele gentilmente a forçou a olhar para ele novamente. —Você não
fez. Isso foi incrível, e estou tão orgulhoso que você se levantou.
—Eu não gosto dela —, disse ela, testando a reação dele. —E eu
não gostei dela sugerindo que ela era melhor que eu. Eu sei que não
deveria me importar com o que você faz... —Ele não estava reagindo
mal, mas ela estava duvidando de si mesma agora. —Oh, Deus, talvez
não fosse o meu lugar para intervir. Quero dizer, não estamos-
David franziu a testa e balançou a cabeça. —O que eu te disse
repetidamente?
Ela mordeu o lábio e depois murmurou: —Que você é meu, se eu
escolho ficar com você ou não.
—Exatamente. Você é tudo para mim, Jane. Não há mais
ninguém para mim. Seu lugar estará sempre ao meu lado, se você
quiser levá-lo.
Ela olhou para ele e perguntou algo que ela realmente não
queria, mas não podia evitar. —Aconteceu alguma coisa entre você e
ela?
—Nunca —, ele respondeu imediatamente. —Eu sei que você e
eu não estamos juntos, e não estou pressionando você, mas nunca
haverá outra para mim. Você é tudo que eu quero.
Puxa, ela não conseguiu se conter, começou a derramar sua
turbulência interior. —David, você sabe que não posso prometer-lhe
um relacionamento romântico. Quero dizer, você falou sobre a Morte
se aproveitando do meu amor, mas eu sinto que estou fazendo o
mesmo com você. Preciso que saiba que não posso ficar com você. —
Ela assistiu um lampejo de emoções atravessar seu rosto, mas
continuou mesmo que isso a machucasse. —Pelo menos não agora.
Mas eu desenvolvi sentimentos fortes por você. — Ela sorriu quando
ele o fez. —Tenho medo de considerá-los mais, porque não tenho
certeza de que posso lidar com o que aconteceria se o fizesse. Isso faz
sentido?
Ele deu um sorriso doce. —Eu não espero que você tome essas
decisões tão cedo. Nossa situação não é simples. Eu estou bem em
seguir seu ritmo. E se você nunca me escolher, eu ainda vou ficar
você, no entanto, precisa de mim.
—Mas você não precisa esperar por mim. — Ela não pretendia
deixar escapar isso, mas era verdade: —Quero dizer, não consigo me
fazer pensar em mais entre nós, mas vou entender se você mudar de
ideia sobre permanecer leal a mim. — Enquanto sua ansiedade
tomava conta, ela se viu falando mais rápido e perdendo o fôlego. —
Eu não quero que você siga em frente, mas quero que você seja feliz. E
eu sei que milhares de outras mulheres podem torná-lo mais feliz do
que que nunca poderia. — Os olhos dela arderam quando as lágrimas
começaram a crescer. —Eu queria poder, realmente. Quero que você
seja tão feliz, mas tenho medo. Não sou o que você pensa. E Jason e
Morte. Eles-
—Shh, relaxe. Eu entendo. Eu sei que você está muito
comprometida com a Morte, assim como Jason. Não estou pedindo
para você fazer nada, mas isso não significa que minha mente não
esteja decidida. Eu sou seu. — Ele parou e acariciou seus cabelos. —
Então é uma coisa que você pode parar de se estressar.
—Mas você pode me dizer se mudar de ideia —, ela sussurrou.
—Prefiro saber imediatamente.
—Não vou mudar de ideia, mas se isso faz você relaxar, prometo
lhe contar.
—Obrigada.
—De nada —, disse ele. —Agora você pode me fazer uma
promessa?
Ela queria dar tantas coisas a ele. —Ok.
—Prometa que não tentará brigar comigo quando ambos
soubermos que você se beneficiará da nossa proximidade. Eu sou seu
Outro; quero abraçar totalmente esse papel com você.
—Nós realmente não conversamos sobre toda a coisa de Outra.
O que envolveria abraçar completamente você ser meu Outro?
Ele se sentou ao lado dela com um brilho de satisfação nos olhos:
—Bem, talvez não o abraçar completamente, já que todos os outros
anteriores se tornaram esposos - mas tudo o mais.
—Oh. — O rosto dela se aqueceu diante da súbita imagem de
David pedindo que ela se casasse com ele. Felizmente, foi apenas um
vislumbre: —Acho que presumi que Outras eram apenas esposas.
Ele franziu o cenho e pegou a mão dela: — Jane, um Outro é
mais que uma esposa, mas a esposa de um homem é mais do que
apenas sua esposa também.
—Sim. — Ela olhou para as mãos deles. —Então, o que é tudo
mais?
David riu e levou a mão aos lábios dele para um beijo rápido. —
Você se alimenta de mim, principalmente. Normalmente nós
revezávamos a comida do outro. Nossa situação é diferente, pois você
precisa de mais sangue. O meu parece ser o mais potente. Para que
você fique no controle, então eu só quero que você beba sangue doado
se eu estiver ferido. Se você o quiser extraído e armazenado, estou
disposto a fazer isso. Além da alimentação, contamos um com o outro.
Tem que haver uma confiança incrível na outra pessoa, seja em
batalha ou em qualquer outro cenário. — Ele piscou.
—David — Ela riu. —Eu pensei que estávamos falando sério.
—Me perdoe meu amor. — Um sorriso feliz se espalhou por seu
rosto quando o coração dela acelerou: —Bem, há muito mais, mas
meu principal problema conosco é intervir quando alguém te
machuca. — A mão dele apertou a dela. —Você teve a Morte, mas
quando ele está realizando outras tarefas, não teve ninguém a quem
pedir ajuda. Nem mesmo Jason, ao que parece. Você começou a
simplesmente aceitar maus-tratos e negligência. Eu não vou ficar
parado e assistir apenas porque você se acostumou. Mesmo se Jason
for a pessoa que eu tenho que enfrentar, eu o farei. Marido ou não,
minha Outra - minha Jane - não será desrespeitado ou prejudicada por
alguém sem que eles me respondam.
Ela engoliu nervosamente: —O que você fará se for Jason?
David olhou nos olhos dela. —Se ele te deixar triste ou machucá-
la de alguma forma, eu o colocarei no lugar dele. Não vou matar ou
infligir ferimentos graves; sei que ele não tem chance de brigar
comigo, mas eu vai garantir que ele saiba que eu não vou permitir que
você seja maltratada.
—Você promete não machucá-lo, no entanto.
Ele suspirou. —Se ele te machucar, eu estou entrando. Vamos
deixar por isso mesmo.
Jane ficou quieta enquanto diferentes cenários de David
atacando Jason passavam por sua mente.
—Jane?
—Hmm?
—Bebê, eu posso ver sua mente acelerada. Prometo que não
abusarei do meu direito como seu Outro. — Ele beijou a mão dela
novamente: —Você confia em mim?
Ela olhou para aqueles incríveis olhos azuis. —Eu confio em
você. Eu sei que sou difícil de suportar...
David levantou-se abruptamente e virou-se para ela. Ela ainda
estava ajoelhada na cama e prendeu a respiração quando ele a colocou
ambas as mãos de ambos os lados, enjaulando-a. Ele sorriu quando
abaixou o rosto a centímetros do dela.
Medo e emoção surgiram em suas veias, mas ela ficou parada.
Ela disse que confiaria nele e queria provar isso.
David sorriu e beijou sua bochecha. —Eu não acho, e nunca,
pense isso de você. — Ele se inclinou para trás e depois beijou a outra
bochecha dela. —Amor, amar e proteger você são apenas algumas
coisas que farei. Mas nunca vou tolerar isso vindo de você. Você não é
um fardo para mim. Você é meu maior tesouro, Jane. Tenha fé em
mim. Não vou decepcioná-la - e nunca desistirei de você ou de nós.
Ele disse tudo o que ela precisava ouvir naquele momento e, pela
primeira vez desde a Morte e Jason, ela deu a David sua total
confiança. Uma espécie de risada escapou dela quando ela jogou os
braços em volta do pescoço dele, pegando-o de surpresa. —Obrigada.
David trouxe seus braços em volta dela. Seu abraço a fez
levantar-se de joelhos, e ela quase derreteu quando suas mãos
esfregou cima e para baixo suas costas. —Sempre, querida. — A
respiração dele beijou a pele do pescoço dela e tornou terrivelmente
difícil não virar o rosto para compartilhar um beijo de verdade com
ele.
—Deseja tomar banho agora? — Ele perguntou, acariciando seu
pescoço. —Eu acredito que minha irmã trouxe algumas roupas para
você. Depois que você se refrescar, podemos ir ver sua família. — Seu
corpo ficou tenso quando ela se lembrou de tudo. Os braços de David
se apertaram ao redor dela e ele falou novamente. —Eu estarei com
você, lembra?
Ela assentiu.
—Ok, não se preocupe com eles. Eu vou cuidar de tudo isso.
Você tem que confiar em mim.
Ela soltou um suspiro, balançando a cabeça enquanto ela o
soltou. David surpreendeu, agarrando sua cintura e levantando-a para
fora da cama.
—David. — Ela chiou. Isso a envergonhou porque ela não tinha
uma cintura super estreita como a maioria das mulheres que tinha
visto ontem. —Não faça isso.
Ele deu a ela um olhar de menino que a fez tremer de barriga. —
Mas eu já estava tocando em você. Um cavalheiro deve ajudar uma
dama quando ela se levantar.
Jane golpeou as borboletas. —Só não me surpreenda. Eu não
quero que você pegue a minha — Ela hesitou. —gorda.
Ele lançou-lhe um olhar irritado. —Você não é gorda - você tem
um corpo maravilhoso. Isso deve ser óbvio pela frequência com que
eu toco e puxo você para perto de mim. Macia e perfeita, lembra? —
Ele sorriu e levou-a para fora de seu quarto. —Além disso, meus
instintos masculinos insistem em mostrar-lhe o quão forte eu sou.
Jane suspirou enquanto o deixava arrastá-la pelo corredor até o
quarto. Era difícil aceitar que David a visse da maneira que ele
descreveu, mas ela sentia o coração disparar sempre que ele o fazia.
Ele fechou a porta, soltando a mão dela antes de ele abrir,
olhando para dentro com uma expressão ilegível. Jane não sabia o que
estava procurando e caminhou ao lado dele enquanto pegava alguma
coisa.
Os olhos de Jane se arregalaram, e ela olhou horrorizada. Ele
tirou uma tanga de renda preta e estava inspecionando-a como se
nunca tivesse visto uma antes.
—Pare de olhar! — Ela pegou-a das mãos dele e jogou-a na
gaveta antes de fechá-la com força.
David deu um olhar assustado quando ela o empurrou para trás
e se apoiou na frente da cômoda. Ela estendeu as mãos como se
pudesse impedi-lo de passar ela se ele quisesse.
Ele lentamente apontou para a cômoda. —O que foi isso?
—Nada. — O rosto dela ficou quente.
Ele olhou para ela e depois a cômoda até que um olhar de
compreensão tomou conta de seu rosto.
Jane balançou a cabeça para frente e para trás enquanto um
brilho provocador apareceu em seus olhos.
—Sim, elas eram. — Ele sorriu e cruzou os braços. —Você está
envergonhada por ter tocado sua calcinha?
—Eles não eram calcinhas! — Ela gritou.
David riu enquanto caminhava em direção à cama e sentava.
Jane o observava com os olhos arregalados. —O que você está
fazendo?
—Vou esperar aqui enquanto você toma banho — ele disse com
facilidade. —Eu disse que não quero você em lugar nenhum sem mim
agora. Vá em frente, eu vou esperar.
Ela deu um pequeno aceno com a cabeça e decidiu acabar com
toda a situação. Quando ela procurou no quarto por sinais de onde ir,
ele apontou para uma das portas.
—Esse é o banheiro. — Ele disse — E ali tem algumas roupas
extras no armário.
Jane tentou se acalmar e caminhou até o armário. Ela estava
ciente de que ele estava observando todos os movimentos que ela
fazia, mas tentou ignorar aqueles olhos azuis penetrantes e acendeu o
interruptor. Para sua surpresa, encontrou uma grande variedade de
vestidos e trajes formais. Jane não era uma fã de vestidos ou roupas
extravagantes, então ela procurou até que encontrou um par de jeans e
uma T-shirt. Se David estava vestindo apenas calças de moletom,
roupas ocasionais eram apropriadas.
Ela agarrou o que ela precisava e voltou para o quarto. David
ainda estava em sua cama, observando-a como um predador. Isso a
fez desejar nada mais do que ser sua presa desavisada. Pare com isso,
Jane, ela se repreendeu mentalmente.
Com um sorriso nervoso , ela sussurrou: —Vou demorar apenas
alguns minutos.
Ele se inclinou para trás e colocou as mãos atrás da cabeça.
Oh, uau, ela pensou. A visão era perfeita demais.
Ele levantou a cabeça para olhá-la nos olhos. —Aproveite o seu
banho... grite se precisar de alguma coisa.
—Ok. — Ela começou em direção à porta do banheiro.
—Não esqueça sua calcinha. — Havia uma pitada de sorriso em
suas palavras: —Gostei das azuis, a propósito.
Ela olhou por cima do ombro e viu-o olhando para ela com um
sorriso sexy no rosto. Sim, ele definitivamente estava aproveitando
seu momento para provocá-la. Mais rápido que o flash, ela correu
para a cômoda e pegou objeto de sua humilhação, colocou na gaveta e
a fechou antes de correr para o banheiro.
Com mais força do que o necessário, ela fechou a porta. —David,
seu grande malvado!
9
FANTASMAS
Embora ela ainda odiasse tudo o que havia acontecido desde que
saíra de casa e ainda tinha medo de tudo o que estava por vir, um
sorriso vertiginoso permaneceu no rosto de Jane durante todo o
banho. Ela queria terminar rápido, embora sempre rápido, então ela
correu através de sua rotina em tempo recorde e desligou a água. Ela
não percebeu que estava tão quente e tentou fechar rapidamente a
porta do chuveiro para impedir que um pouco de vapor enchesse o
banheiro inteiro antes de caminhar até a pia onde ela colocou as
roupas.
Enquanto ela estava lá, a lembrança de colocar Melody em seu
lugar de repente surgiu em sua cabeça. Foi bom se defender. Algo
sobre David a fazia querer ser mais corajosa. Ele a fazia querer ser
boa, ela sabia que nunca seria tão boa quanto ele, ou suficientemente
boa para ele, mas ela sentiu o desejo de lutar por ele de lutar por si
mesma.
Ela finalmente levantou-se a uma menina média.
Naquele lembrete, ela riu e rapidamente bateu a mão sobre a
boca enquanto lançava os olhos para o porta. Ela sabia que David
ouvia praticamente tudo; surpreendeu-a o quanto a audição dele era
mais sensível que a dela e a dos outros. Ele parecia superar a todos.
Isso o tornava muito mais atraente do que ele já era, e ela não podia
deixar de pensar que ele parecia melhor a cada vez que o via. Pare de
pensar nele assim.
Ela tirou as mãos da boca. Mesmo que ela se sentisse estúpida,
porque ele provavelmente estava pensando que ela era uma esquisita
por rir sozinha, ela ainda sorria. David a fazia sorrir. Ela queria vê-lo
sorrindo para ela, então decidiu se apressar.
Jane voltou para a pia. Os banheiros sempre a incomodavam; ela
nunca gostou de ficar sozinha neles, mas se sentia melhor porque ele
estava lá fora.
E a Morte?
Seu peito palpitava com a mudança abrupta de pensamento. A
Morte já existia muitas vezes quando ela precisava de consolo no
chuveiro. Ele sabia...
Ele não estava mais lá para ela. Ela o chamou e ele a ignorou.
Por mais que David a fizesse feliz, a Morte fazia algo que David
não podia; ele a trazia à vida. Quando a Morte estava com ela, um
pedaço que ela não sabia que estava faltando voltava subitamente e
ela não sabia o que aquilo significava.
Ela ficou parada, atordoada, por um momento, pensando em
como Morte e David eram partes tão enormes dela. Se ela perdesse
um deles, não achava que seria capaz de sobreviver. Seus
pensamentos errantes a fizeram se sentir horrível. Ela estava
pensando em quem tinha o lugar maior dentro dela: Morte ou David -
enquanto ignorava o fato de que Jason não fazia parte da equação. Ela
olhou para o anel de casamento. Jason era seu marido, e ele não era
uma parte dela como eles eram.
Você nunca foi feita para ser dele.
O repentino pensamento a assustou, e ela teve que apoiar as
mãos na pia. Jane fechou os olhos, expirando lentamente. Ela
realmente não queria pensar em tudo isso de novo, mas estava se
preparando para ver Jason com David ao seu lado. Eles estavam
prestes a andar na frente de todos juntos. Como Outros.
Sua mente girou com todos os piores cenários: Jason atacando
David, ela atacando Jason e as crianças - ou até David matando Jason.
Isso seria um desastre. Ela apertou os olhos com mais força.
Jason ficaria chateado. Não, ele ficaria furioso. Não apenas ela tinha
que responder por seu comportamento ontem à noite, mas teria que
enfrentar a ira dele por ela e por David se tornar próximo novamente.
Mais perto. Sim, ela e David estavam mais próximos do que nunca.
Ela percebeu que Jason provavelmente diria a ela para se afastar
de David e apertou seu aperto no balcão. Tanta raiva borbulhou
dentro dela ao pensar em alguém ou qualquer coisa entre ela e David.
Ela já sentia que estava prestes a dar espuma na boca se Jason
sugerisse que David fosse embora. Quase não importava mais que ela
tivesse concordado em ficar longe por causa de seu casamento e
família. Tudo o que importava agora era manter David.
Jane bufou, irritada e confusa. Esses eram pensamentos ruins.
Jason ainda era seu marido. Ela ainda queria manter sua família
unida. É claro que ela havia percebido que seu relacionamento com
Jason não seria o mesmo, mesmo que o tivesse escolhido - mas
também sabia que não sentia tanto por Jason. Era mais do que isso -
ela não se importava mais. Ela se sentia entorpecida quando pensava
neles - nele. Como ela poderia ser assim? Ela olhou para o anel de
casamento novamente.
Ele trouxe isso para si mesmo.
Jane balançou a cabeça.
Ele fez você se odiar - fez você se sentir louca.
Sim, Jason a fez se odiar. Tudo o que ele fez para machucá-la foi
outro pedacinho de sua sanidade que ele a afastou. Tantas vezes ele
lhe disse que ela estava sendo paranoica - louca. Havia tantas noites
em que ele dizia que não estava bebendo, quando estava.
Ele era um mestre em mudar tudo para ela. Não importava como
ou quando ela o questionasse, ele poderia manipular a discussão deles
em seu proveito e fazê-la se sentir louca. Então havia aquele olhar em
seu rosto quando ele finalmente admitia as coisas. Ele nunca mostrou
remorso. Ele nem disse que estava arrependido. O olhar dele dizia que
ela não era suficiente para ele. Ela não era suficiente. O melhor que
podia - sim, ela dera tudo o que podia - e não era suficiente. Ela
pensou que o estava fazendo feliz, e ele não se importava. Era por isso
que ela não entendia o comportamento dele e beijos na frente de
todos.
Não pense sobre isso, ela disse a si mesma.
Jane abriu os olhos quando ela soltou um suspiro. Ela não podia
se dar ao luxo de se excitar agora. Não quando ela estava prestes a
ficar cara a cara com Jason.
Além disso, David disse que iria lidar com tudo. Ela assentiu,
dizendo a si mesma que ele estaria lá com ela. Ele garantiria que,
quando Jason olhasse para ela como se ela não fosse nada, ela ainda
saberia que significava algo para ele. Deus, pare de pensar assim!
Jane olhou para o espelho enevoado à sua frente antes de
estender a mão e limpar a condensação. Enquanto ela observava sua
mão deslizar pelo espelho fumegante, seus olhos se arregalaram com
o reflexo que ela viu.
Ela ofegou, girando ao redor quando seu peito subiu e desceu.
Ela se pressionou contra o balcão, lançando os olhos ao redor do
banheiro vazio. Ela sabia que viu alguma coisa. Alguém. Uma sombra.
Na forma de um homem.
Jane respirou mais rápido, com os olhos cheios de lágrimas. Ele -
ele estava inclinado lá. Observando-a. Embora parecesse uma sombra,
ela tinha certeza de que tinha sido um homem encostado na parede
com os braços cruzados sobre o peito. Observando-a. Assim como...
—Jane? — David chamou da sala.
Ela virou os olhos para a porta, mas olhou em volta novamente.
Seu coração estava batendo forte e ela tinha certeza de que David
podia ouvir.
—Sim? — Ela tentou parecer relaxada, mas sua voz saiu trêmula
- assustada. Jane soltou um suspiro e tentou se acalmar. Ela não queria
preocupá-lo. Não, ela não queria que ele pensasse que estava
enlouquecendo.
—Bebê, você está bem aí? — Ele estava mais perto da porta.
—Sim —, disse ela, tentando pensar em algo para dizer. —Eu
apenas escorreguei. Estou bem, porém... não caí.
Ela se sentia péssima por mentir, mas tinha medo de dizer a ele
que talvez ela visse algo quando não havia nada para provar. Os
fantasmas eram reais? Ela não achou que fosse um fantasma, mas
provocou muitas emoções e memórias nela.
Jane continuou olhando ao redor do quarto. Ela já tinha visto
sombras antes - sombras que andavam no meio do dia. Sombras que a
deixaram tão aterrorizada que ela tinha medo de se mover. Ela nunca
tinha dito a Morte sobre elas. A única pessoa que ela contou foi sua
tia, e ela riu. Sua tia dissera que, se estava vendo coisas, era culpa dela
que fantasmas e demônios só seguiam pessoas más.
Jane tropeçou na parede mais próxima da porta, mexendo na
toalha enquanto continuava a procurar com os olhos.
—Você tem certeza? — David perguntou.
Sua cabeça balançou quando ela secou seu corpo sem se
descobrir. —Sim, estou bem. — Ela se repreendeu por parecer tão
estressada. —Eu vou sair em um segundo.
Calma. Ela precisava se acalmar. Seu lábio tremia, no entanto.
Ela não conseguia se acalmar. Suas mãos continuavam tremendo
enquanto ela lutava com seu jeans, e ela nunca parava de olhar ao
redor do banheiro.
Seu pânico aumentou ao pensar no modo como o homem-
sombra estava ali. Foi como naquele dia com o garoto que a agrediu.
Garota suja e danificada... Por que alguém iria querer você?
Os olhos dela lacrimejaram e ela quase saiu correndo apenas
com a toalha, mas sabia que isso iria assustar David.
Está bem. Foi apenas a sua imaginação.
Jane conteve as lágrimas quando finalmente conseguiu vestir a
camisa sem remover a toalha. Sua cabeça doía de todos os
pensamentos conflitantes.
Você está bem. Não era ele.
Ela assentiu para si mesma, mas ainda deslizou rapidamente
pela parede até chegar à porta. Assim que sua mão tocou a maçaneta,
ela a abriu.
David estava ali. Ela não hesitou em colocar os braços em volta
da cintura dele antes de enterrar o rosto no peito dele e apertá-lo com
força.
David rapidamente a abraçou de volta. —Jane, o que aconteceu?
Eu ouvi você rindo e então você parecia assustada. Tem certeza de
que não se machucou?
Toda a presença dele a acalmava, e ela rapidamente respirou seu
perfume antes de acenar contra o peito dele. —Sim eu estou bem. Só
não estava prestando atenção e escorreguei.
David a segurou. Ela manteve o rosto neutro e olhou para trás.
Jane não queria que ele a deixasse louca como Jason.
Ele a estudou por alguns segundos antes de olhar para trás. Ela
congelou, assumindo que havia algo lá, e tentou puxá-lo para perto.
—Bebê, o que há de errado? — Ele parecia desesperado.
Jane soltou um suspiro. Nada estava lá. —Eu apenas senti sua
falta.
Uma carranca rapidamente se formou em seu rosto. —Você pode
falar comigo.
—Eu sei. Não é nada.
David olhou de volta para o banheiro. Ela rezou silenciosamente
para que ele não achasse que ela estava louca. Se David a olhasse
como Jason, seu pequeno coração poderia quebrar.
Por favor, veja algo, ela implorou.

O banheiro estava vazio. David olhou pela porta e ouviu


atentamente, mas não havia nada óbvio.
Com Jane ainda agarrada a ele, ele esfregou um pouco do cabelo
dela entre os dedos. Ele evitou rosnar; seu cabelo estava molhado. Ela
não tinha escovado também. Ela também tinha uma quantidade
significativa de umidade nos braços e no rosto. A camisa dela estava
grudada no corpo molhado. Ela estava com pressa de sair dali, de se
afastar de algo.
Ele a ouviu rir, e logo depois ela ofegou e tropeçou. Seu
batimento cardíaco também decolou a uma velocidade assustadora.
Essas eram reações que alguém exibia se algo as tivesse assustado.
Isso o irritou. Algo, ou alguém, a assustou, mas ela não estava
chorando por isso. Sim, ele viu as lágrimas transbordarem em seus
olhos quando ela abriu a porta, e ela o agarrou como uma criança
assustada, mas não estava gritando por socorro. Ela estava tentando
esconder seu medo por algum motivo.
Ele se perguntou se ela estava envergonhada - talvez ela visse
uma aranha e não quisesse que ele visse um medo bobo. Não. Ele
rapidamente descartou essa ideia. Jane ficava suja e não reclamava.
Ela havia trabalhado com animais, limpando bagunças vis que
deixavam as pessoas doentes. Ela correu para lutar contra zumbis e
caçar lobisomens. Um inseto não a assustaria.
David esfregou as costas dela suavemente e sorriu quando sua
postura tensa relaxou. —Ok. Você quer secar e escovar os cabelos? —
David fez questão de manter sua voz despretensiosa. Ele queria que
ela lhe dissesse o que aconteceu sozinha.
O rosto dela permaneceu vazio de emoção, mas ele sentiu o
pequeno salto em seus músculos enquanto continuava a esfregar suas
costas. Era a única confirmação que ele precisava; ela estava
apavorada, e estava escondendo isso dele.
—Hm sim. — Ela virou a cabeça levemente e olhou para o
banheiro. O flash de pânico que iluminou seus olhos foi rápido, mas
não passou despercebido. —Acho que não vi a escova. Eu vou buscá-
la. — Ela continuou olhando para a porta do banheiro, mas não fez
nenhum esforço para se mover.
David queria implorar que ela dissesse a ele por que ela estava
com medo; ele sabia que devia haver uma razão para isso. Ele só tinha
que descobrir por que ela não confiaria nele logo após declarar que
sim.
—Vou pegar a sua escova —, disse ele, ainda a observando olhar
para o banheiro vazio. —Vá esperar na cama.
Ela assentiu e lentamente olhou para ele. Se ele não tivesse
recebido a visão mais impressionante, ele teria perdido a tensão nos
olhos dela. Medo. Ela não quer que eu a deixe.
David deu um sorriso reconfortante antes de levá-la para a cama.
Desde que ela não fez nenhuma tentativa de se sentar sozinha, ele
gentilmente a empurrou para baixo. Ele se perguntou o que ela estava
pensando quando seus lindos olhos se fixaram nos dele. Todo o seu
mundo tinha sido virado de cabeça para baixo, e agora, dentre todos
os monstros que havia lutado com ele nas últimas semanas, ela
parecia mais assustada do que nunca.
Ele se inclina e beija sua testa. —Eu volto já. Você precisa de
mais alguma coisa?
Ela balançou a cabeça, mas depois assentiu rapidamente. —Ah,
hum... Você poderia me arrumar outra toalha? — Ela lançou os olhos
de volta para o banheiro vazio.
David segurou suas bochechas para impedi-la de olhar mais. —
Você tem certeza de que está bem?
Ela parecia estar debatendo a pergunta simples. Seus olhos
ficaram nele, mas ela não parecia tão consciente dele. De fato, parecia
que estava quase conversando com outra pessoa - e quem quer que
fossem, não deram uma resposta agradável.
Seu lábio tremeu pelo menor momento. —Tenho certeza. Eu
apenas... se apresse, por favor.
David sorriu para aliviar sua angústia. —Eu volto já. Apenas
sente-se bem, você me verá do outro lado da porta. — Ele se inclinou e
beijou sua bochecha, deliberadamente tentando acalmá-la com seu
toque. Funcionou.
Um suspiro doce saiu de sua boca, satisfazendo-o o suficiente
para ir embora.
Ele sentiu o olhar dela nas costas dele. Ela estava assistindo
todos os movimentos que ele fazia, então ele não queria assustá-la,
sendo óbvio em sua busca.
Quando David entrou no banheiro, ele parou. Não havia nada lá
agora, isso era certo, mas ele não estava enganado. Algo, ou alguém,
estava lá com ela. Ele inalou profundamente e foi quando ele sentiu o
cheiro. Fogo.
Ele ficou tenso, olhando em volta novamente. Ainda nada, mas
ele reconheceu o perfume. Ele já sentiu o cheiro de Jane antes -
quando ela retornou a ele depois de fugir para encontrar Lúcifer.
Ele caminhou até a pia, procurando no banheiro por sinais
deixados pelo intruso, mas nada se destacou. Ele ficou furioso ao
perceber que ela tinha sido observada enquanto tomava banho. Ele
sabia que, devido ao passado dela, provavelmente fazia mais do que
apenas assustá-la.
David encontrou a escova e pegou outra toalha da prateleira. Ele
viu pequenas poças de suas pegadas no chão. Estavam firmes desde o
chuveiro até a pia, mas então ele pôde ver onde ela se arrastara em
direção à parede oposta e se pressionou contra ela. Havia até uma
marca molhada em seus cabelos porque ela se afastara muito.
Ele olhou para aquele local. A toalha dela estava lá onde seus pés
molhados a carregaram. Ela se afastou o mais longe possível da área
da pia.
Em sua visão periférica, ele podia vê-la observando-o. Isso partiu
seu coração. Alguém ainda estava atrás dela, assustando-a, e ela
estava tentando lidar com isso sozinha. Ele também tinha uma boa
ideia de quem era. Lúcifer. Era ele ou outro demônio.
—Você encontrou a escova?
Ele levantou a cabeça com a voz dela e sorriu, segurando-a para
mostrar que havia encontrado.
Ela estendeu a mão para ela. David lançou mais um olhar ao
redor do banheiro antes de sair e fechar a porta. Tudo o que ele queria
fazer era abraçá-la e dizer que tudo ficaria bem, que ele não iria sair
do lado dela - mas ficou quieto. Se ela soubesse com o que ele estava
preocupado, isso a assustaria mais.
Ele colocou a escova na mão dela e se moveu para sentar atrás
dela na cama. Jane não se mexeu. Em vez disso, ela olhou para o colo.
Ele podia ver a agitação nela, talvez ela estivesse decidindo o que
dizer a ele. Ele esperava que ela contasse a ele. Ele faria qualquer coisa
para impedir que ela se assustasse ou se machucasse. Ela só precisava
contar a ele.
Sua postura rígida não era um bom sinal, no entanto. Ela tinha
medo de contar a ele, e ela iria lidar com isso sozinha.
Ele esperava que ela não pensasse que ele não poderia mantê-la
segura, mas ele não conseguiu protegê-la desde que se conheceram.
Foi a Morte quem a salvou a cada vez.
Talvez fosse isso o que era. Ela queria confiar nele, mas sabia que
ele não podia fazer o que a Morte podia. Era um duro golpe para seu
orgulho, mas era verdade: a Morte era melhor em mantê-la segura.
Ele a observou em seu estado perdido por um momento antes de
pegar a toalha e secar os cabelos. Ela ficou quieta, aceitando-o
cuidando dela. Pelo menos ele tinha algo para trabalhar.
David colocou a toalha sobre os braços úmidos, mas ela ainda
não se mexeu nem falou. Quando ele terminou de secá-la, ele pegou a
escoca nas mãos dela. Seu aperto estava solto, e a escova escorregou
facilmente de seus dedos.
—Jane?
Ela ficou quieta, então ele se concentrou por um momento em
sua tarefa e levantou o cabelo para arrumar uma seção por cima do
ombro. Ele começou a escovar e sentiu um pouco de alívio quando ela
fechou os olhos, sua postura relaxando.
—Querida, você sabe que eu não vou a lugar nenhum, certo?
Jane abriu os olhos. —Eu sei.
—E você sabe que pode vir até mim para qualquer coisa?
A cabeça dela balançou. —Eu sei.
Ele colocou alguns dos cabelos lisos dela por cima do ombro e
continuou escovando por mais algum tempo. Ela ficou quieta e ele
acabou desistindo da esperança de que ela confiasse nele por conta
própria.
Finalmente, ele parou e reorganizou os cabelos atrás das costas.
Ele ficou sentado por alguns segundos antes de abraçá-la. Ela colocou
a mão sobre a dele, mas não disse nada.
David descansou a bochecha na cabeça dela. —Eu costumava
sonhar com você.
Jane virou a cabeça um pouco para ele. —O que você quer dizer?
David a puxou um pouco mais para perto. —Antes de nos
conhecermos, eu sonhei com você. Eu nunca vi você inteira, apenas
seu rosto. Você estava embaçada, mas eu podia ver seus olhos. Você
nunca falou comigo também, mas sorria. Quando nos vimos naquela
primeira noite em Austin, vi aqueles mesmos olhos olhando para
mim. Foi assim que soube que finalmente tinha encontrado você. —
Ele beijou a cabeça dela. —Mas eu já estava apaixonado por você há
séculos.
—Oh. — Ela sussurrou, inclinando-se mais contra ele.
Ele suspirou, puxando-a para que ela sentasse no colo dele. —
Bebê, algo te assustou?
Seu corpo inteiro ficou tenso.
Ele esfregou as mãos nos braços dela. —Você não precisa ter
medo de me dizer.
—Eu não posso. — O corpo dela tremia.
—Porque não?
Ela choramingou e pegou uma das mãos dele, apertando-a com
força. —Eu não posso ter você me olhando como eles olharam.
Ele franziu a testa e esfregou o polegar ao longo dos dedos dela.
—Você quer dizer quando tentou contar às pessoas sobre o seu abuso?
—Sim, e outras vezes também.
—Oh meu amor. Você acha que eu não vou acreditar em você se
você me contar uma coisa?
—Eu não sei. Eu só não quero que você olhe para mim como...—
Ela balançou a cabeça.
Ele suspirou, tentando entender o que ela queria dizer. Uma
coisa que ele aprendeu sobre Jane era o quanto ela realmente via
naqueles ao seu redor. Um único olhar de alguém lhe dizia muito
mais do que palavras jamais poderiam:
—Eu já fiz você se sentir como se não acreditasse em você?
Ela ficou quieta por um tempo, mas finalmente sussurrou: —
Não.
—Eu já olhei para você de uma maneira que a deixou triste ou
desconfortável?
—Acho que não.
Ele sorriu e ficou em silêncio por um tempo antes de falar
novamente: —Eu sei que você viu alguma coisa. — Ele a abraçou
quando ela se enrijeceu. —Eu acredito que algo te assustou. O que
quer que fosse, se foi. Eu não vou deixar você sozinha de novo, ok?
Ela relaxou. —Obrigada.
—Sempre. — Ele beijou a cabeça dela. —Você quer me dizer o
que viu?
Ela balançou a cabeça. —Eu quero esquecê-lo. Por favor, não me
faça lhe contar.
—Você não precisa me dizer. Ainda vou acreditar em você, se
você quiser.
Ela começou a brincar com os dedos e se inclinou mais contra
ele. Ele não queria nada além de agarrá-la e deitá-la para beijá-la até
que ela esquecesse tudo, menos ele. Era perigoso ter esses
pensamentos, mas ele não podia evitar. Ela era a mulher mais atraente
que ele já vira os olhos. Pelo menos para ele. Ele não se importava com
o que os outros pensavam. Ela era perfeita aos olhos dele. Perfeita,
bonita e sexy.
Ele não podia decidir que característica ele mais amava: seus
olhos, cabelos longos, seus lábios rosados. Ele sabia que ela era
autoconsciente sobre seu corpo, mas ele amava seu corpo. Ele não
conseguia obter a imagem dela naquela noite. Ele tentou ser
respeitoso, mas ela estava quase nua para ele naquela noite. Apenas
suas pequenas peças de roupa os separaram. Ele queria passar as
mãos por todas as curvas e gostos...
Porra. Ele repreendeu a si mesmo. Não pense nessa merda agora.
Ela estava assustada, e ele de repente estava pensando nela nua. Ele a
abraçou. Aproveitando o que estava recebendo dela naquele momento
e tentando ignorar seu desejo de ser íntimo dela. Se isso era tudo que
ele conseguiria, ele ainda seria feliz.
—Sonhei com seus olhos naquela noite —, ela sussurrou de volta
de repente. —Na noite em que você me salvou do enxame.
—A primeira vez que nos vimos, você quer dizer?
—Sim —, ela disse. —Eu sabia que havia três de vocês, mas eu só
vi você. Seus olhos. Naquela noite, discuti com Jason porque ele
estava chateado por não pedir ajuda a vocês. — Ela riu, mas não havia
alegria no som. —Tenho certeza que ele estaria de mau humor se eu
tivesse te trazido para casa naquela noite. — Ela suspirou, virando a
cabeça um pouco enquanto acariciava o braço dele. —Eu tentei não
pensar em você. Queria correr até você no momento em que o vi e não
entendi o porquê. Mas eu não conseguia parar de pensar em como
você poderia ser. Seus olhos eram tudo que eu realmente podia ver,
mas eu sabia que eles eram especiais. Quando eu fechava meus olhos,
eu os via olhando de volta para mim. — Ela sorriu contra o braço dele.
—Eles me fazem sentir como se estivesse em casa.
Ele sorriu e a apertou com mais força. Ele ficou emocionado ao
ouvi-la realmente admitir que a fazia se sentir melhor. —Você está em
casa, bebê. — Ele sabia que ela não iria contar o que tinha acontecido,
mas pelo menos ela não estava mais assustada. —Devemos descer
agora. Você está pronta?
Ela hesitou em responder, mas acabou assentindo.
— Estarei com você o tempo todo. — Ele lembrou.
— Eu sei que você estará. — Seu corpo esquentou contra ele, e
ele sorriu quando ela acariciou seu braço novamente.
Ele achava essas pequenas ações dela adoráveis. Ela lembrou-lhe
um gatinho, ainda mais porque ela ronronava quando ele acariciava
suas costas. Meu bebê... minha gatinha.

10
OUTROS
Enquanto eles caminhavam por um longo corredor, Jane agarrou
apertado a mão de David.
—Além de sua família, apenas a Arthur, Gwen, Gawain, e Elle
estarão lá —, disse ele. —Todo mundo está provavelmente dormindo.
—Por que eles estariam dormindo? É meio dia.
David sorriu para ela. —Você esqueceu que somos vampiros? A
maioria dos servos e outros convidados também estão dormindo.
Mantemos apenas um punhado de humanos para trabalhar durante o
dia.
Ela franziu o cenho para ele. —Mas não nos machucamos ao sol.
—Sim, não nos machucamos - mas todo mundo o faz. Até as
esposas são afetadas até certo ponto. Estou realmente surpreso que
Elle esteja acordada, mas tenho certeza de que Gawain queria ver que
você está bem.
Agora ela se lembrava: ela e os cavaleiros eram os únicos
imortais terrenos concedidos imunidade à luz do sol.
O lembrete a fez parar: —David, e se eu precisar me alimentar?
Eu não quero assustá-los. Eu posso faça isso de novo. E você? Você
ainda está tão pálido. Talvez não seja uma boa ideia. — Ela
provavelmente parecia histérica, mas seria terrível ter algo como a
noite passada acontecendo de novo.
David agarrou seus ombros. —Fique calma. Você se alimentou
ontem à noite. Eu vou me satisfazer e alimentá-la novamente em
breve. Eu não vou deixar ir da sua mão. Você não vai machucar
ninguém.
Jane soltou um suspiro e olhou para o rosto dele enquanto ele
falava tão suavemente:
—Você pode fazer isso, Jane. Seja corajosa. Seus filhos vão querer
vê-la, e será bom para você ver que eles estão seguros. Além disso, nós
dois devemos comer, e eu preciso de sangue. Se você sente que sua
sede é muito grande, podemos sair mais cedo. — Ele hesitou, mas
acrescentou: —Lembre-se, eu só quero que você beba de mim.
—Eu lembro. — Ela mordeu o lábio. —E isso é normal para os
outros?
Ele sorriu. —Isso é manso para os outros.
—David. — Ela deu-lhe um olhar severo, mas riu com o sorriso
de menino que ele lhe deu:
—Sim, é normal que os outros se alimentem com sangue. — Ele
olhou para o final do corredor. —Eles estão terminando. Vamos nos
apressar.
Ela o parou antes que ele pudesse andar. —David, eu não quero
machucar Jason.
Ele suspirou, segurando suas bochechas. —Eu sei que você não
quer machucá-lo, mas eu não vou deixar você ir novamente. Nós dois
sabemos que isso vai acabar mal se eu fizer. Isso vai ser difícil para
todos, mas não há outra maneira de contornar isso. Jason terá que
entender que as coisas não serão como eram. Ele ficará com raiva, mas
eu posso lidar com ele.
—Ok.
David acariciou os cabelos dela. —Seja a garota corajosa que eu
sei que você é. Eu cuidarei de tudo o mais.
Ela o abraçou novamente antes de recuar. Sabia que isso seria
um desastre, mas seria pior se ela o afastasse.
David pegou a mão dela novamente e a levou para a abertura
onde a luz estava derramando no corredor.
Jane parou e olhou para todos sentados ao redor da mesa
grande. Ela imediatamente procurou Nathan e Natalie e sentiu-se
ofegada pela visão do medo em seus olhos arregalados.
David apertou sua mão e sussurrou: —Respire, bebê.
Ela assentiu e tomou um gole de ar.
David pigarreou e falou mais alto desta vez. —Boa tarde a todos.
Minhas desculpas por chegar atrasado.
Arthur estava dando a David um olhar desapontado que deixou
Jane nervosa, mas David o encarou. É quase como se David estivesse
silenciosamente lhe dizendo para recuar.
Surpreendentemente, Arthur deu a David um aceno de cabeça e
recostou-se na cadeira. — Juntem-se a nós. Vocês devem estar com
fome.
David puxou-a em direção à mesa antes que ela pudesse se
afastar, e foi então que ela finalmente olhou para onde sabia que Jason
estava sentado. Ela viu exatamente o que esperava encontrar: ódio. O
olhar feroz dele estava concentrado nas mãos dela e de David. Jane
entrou em pânico e tentou se afastar, mas David apertou mais a mão
dela enquanto sussurrava: —Deixe-me lidar com ele.
Jane deu um sorriso tenso para David.
— Essa é minha garota — ele disse tão suavemente quanto
puxou uma cadeira para ela. Era ao lado de Gawain. Ele tinha Natalie
entre ele e sua esposa, enquanto Nathan sentava do outro lado da
mesa entre Arthur e Guinevere. Jason estava sentado à esquerda de
Arthur.
Jane sentou-se com a postura rígida quando Gawain sorriu para
ela. Era muito difícil responder a ele, então ela se afastou dele e de
seus bebês. Jason estava indo para dar-lhe o inferno.
Jane olhou para a esquerda, como David tomou o seu lugar do
outro lado do Jason.
Ela soltou um suspiro e se encontrou com o olhar de Jason e ele
mudou o seu olhar para o dela depois de não conseguir encarar
David.
—Como você está se sentindo, Jane? — Arthur perguntou.
Ela desviou o olhar da fúria visível nos olhos castanhos de Jason
e olhou para Arthur. —Tudo bem, eu acho. Todos aqui estão bem? —
Ela queria saber se eles sabiam o que realmente aconteceu ontem à
noite.
Arthur deu um sorriso gentil. —Todo mundo está bem, Jane.
Estou feliz que você esteja se sentindo melhor. — Ele olhou para
Nathan: —Nathan, conte à mamãe o que Guinevere fez para você?
Nathan olhou para ele e depois para ela. Ela ficou chocada ao ver
o grande sorriso em seu rosto. Nathan respondeu com mais emoção
do que ela esperava naquela manhã. Foi um choque ainda maior para
ver Nathan tinha respondido alguém sem ser solicitado sobre o que
dizer.
Jane desviou os olhos de Nathan quando Natalie começou a falar
com tanto entusiasmo.
—Sim. Mamãe! Ela também nos balançou. E está lá dentro!
Gawain me empurrou e brincamos de esconde-esconde. E comemos
rosquinhas no café da manhã! Gawain disse que são rosquinhas de
princesa porque estamos em um castelo.
David estendeu a mão e agarrou a mão de Jane novamente. Ele
deu um pequeno sorriso antes de se inclinar para frente e falar com
Natalie. —Isso parece divertido. Você bateu Gawain em esconde-
esconde? Eu sempre o encontro.
Com um grande sorriso, Natalie acenou para ele. —Uh-huh! Eu
o encontrei imediatamente. Ele não podia caber debaixo dos
cobertores. Podemos ir jogar de novo, mamãe?
Jane olhou em volta da mesa, sem saber o que realmente dizer.
Ela não entendia por que eles estavam conversando como se tudo
estivesse bem.
—Eu acho que parece uma boa ideia —, disse David a Natalie. —
Mas mamãe precisará vir ver você daqui a pouco. Ela precisa comer
alguma coisa e precisamos conversar com seu pai.
Os rostos de Natalie e Nathan caíram quando olharam para ela.
Jane não sabia como deveria confortá-los. Mesmo que por algum
milagre eles não tivessem medo, ela ainda os machucaria.
David continuou quando Jane não disse nada. —Vocês
gostariam que Gawain e Elle fossem brincar com vocês de novo?
Eles balançaram a cabeça repetidamente, esquecendo-se dela.
Gawain se levantou rapidamente, mas se inclinou e beijou o topo
da cabeça de Jane. —Vemo-nos em breve. Aproveite o seu almoço,
Jane.
Ela ainda não conseguia responder enquanto observava Elle
ajudando Natalie da mesa e Guinevere fazendo o mesmo por Nathan.
—Tchau, mamãe! — Natalie gritou por cima do ombro quando
Elle pegou as mãos de Nathan e ela.
—Tchau, querida. — Jane sussurrou odiando não poder abafar o
medo de machucá-los.
Ela olhou para eles até que desaparecessem. A mão de David
apertou a dela novamente, fazendo-a desviar o olhar da entrada vazia.
Ela olhou para ele e depois para Jason.
Ele olhou para eles e finalmente soltou sua raiva. — O que
diabos é isso? Pensei ter dito que não queria você com ele.
Jane ficou quieta e tentou se concentrar no polegar de David
esfregando o dela.
—É onde você esteve esse tempo todo? — Jason gritou, irritado,
apontando para David com a mão. — Na cama com ele?
Jane podia sentir o corpo de David ficando mais quente, mas ela
sabia que Jason precisava tirar tudo, mas David parecia entender isso
também, mas pela maneira como o corpo dele continuava tenso ao
lado dela, ela sabia que ele não gostava de vê-la nessa situação.
—Bem, não é que você vai me responder? — Jason continuou: —
Ou você tem que esperar ele dizer que está tudo bem?
—Basta —, disse Arthur. —Vamos discutir isso de uma maneira
civilizada —, disse Arthur. —Não fale com sua esposa nesse tom,
Jason.
—Não me diga como falar com ela —, disse Jason, estreitando os
olhos nela. —Ela não vai foder com quem quiser e obter o meu
respeito.
Foi David quem respondeu: —Não ouse falar sobre ela assim.
Ela também teve coragem de falar e balançou a cabeça. —Não é
assim, Jason.
Depois de encarar David, Jason olhou rapidamente para ela: —
Oh, bem, acho que isso melhora tudo, não é? Você é arrastada com as
pernas enroladas em torno deste imbecil, para fazer Deus sabe o que,
e então decido vir checar nossos filhos depois que a metade do dia
acabar. Eu sinceramente não esperava que você viesse aqui de mãos
dadas com o homem que você disse que não amava - um homem que
você me disse que iria parar seja qual for a porra que vocês estavam
tentando começar juntos.
Ele deu a ela um olhar sujo cheio de ódio. —E não finja que você
estava machucada e precisava que ele cuidasse de você - você não
parecia ferida quando se envolveu com ele. Eu nem quero pensar
sobre isso. O que você fez com ele. Uma coisa é fazer isso, Jane, mas
não minta na minha cara quando a vi com meus próprios olhos.
Ela se encolheu. Ela não gostava de ser chamada de mentirosa.
Ela não estava mentindo. Era ele que sempre mentia. O calor brilhava
em seu peito enquanto ela lutava para manter o controle. Ela sabia
que ele ficaria bravo, mas ser chamada de mentirosa por ele era
demais.
Felizmente, foi David quem falou antes que ela dissesse algo de
que se arrependeria: —Recue. Você claramente tem a ideia errada
sobre o que aconteceu. Ela não fez nada de errado.
—Foda-se! — Jason gritou para ele. —Você pode ser mais forte
do que eu, mas eu deixei você levar minha esposa sempre que lhe
apetecer. Você acha que eu dou a mínima para o que você pensa?
Você acha que eu respeitar um homem que tenta tirar uma mulher
casada do marido? Bem na frente dos filhos?
A mão de David tremia: —Você acha que eu respeito um homem
que lhe disse que ela não passa de uma esposa para ele? Um homem
que a fez acreditar que ela não vale a pena amar - que ela não é
suficiente? — Os olhos de David empalideceram em uma cor azul
gelada. —Não se chame de marido. No dia em que você disse a ela
que não estava apaixonado por ela, e no momento em que levantou a
mão para ela, você perdeu o direito.
Jane olhou para David em estado de choque. Ela sabia que sua
entidade tinha revelado coisas sobre ela e Jason, mas ela não sabia que
importava muito para David. Ela sentiu patética. Ele sabia que ela não
era boa o suficiente.
—Jane —, Jason sussurrou. Seu olhar suplicante a chocou, e ele a
surpreendeu ainda mais quando falou de novo. —Querida, eu pensei
que tínhamos passado disso. Eu disse que estava arrependido.
Ele não se desculpou por tê-lo revidado, mas nunca pareceu
arrependido ou tentou compensá-lo. Ele apenas agiu como se nunca
tivesse acontecido. Não foi o golpe que a incomodou. Era em uma
discussão acalorada, e ela atirou uma espátula para ele, então ele a
atacou por instinto. Ela o perdoou porque sentiu que havia trazido a si
mesma. O golpe não a perturbou tanto quanto provavelmente deveria
O que a apunhalou no coração foi o fato de que seu melhor não tinha
sido suficiente para ele. Era as fotos dela sorrindo ao lado dele, e ela
acreditando estupidamente que ela tinha uma vida boa quando ele
nem a amava. Isso foi o que a quebrou.
Foram as mentiras sobre beber. Ela nunca foi capaz de esquecer a
primeira vez que percebeu que ele bebia álcool nas costas. Foi em uma
festa da empresa e ele recebeu uma bebida. Jane já havia dito às
pessoas que não bebiam, mas Jason pediu uma bebida como um
profissional. Na frente de seus colegas de trabalho. Os olhares de
piedade que eles deram a ela a destruíram. Ela ficou sentada, olhando
para a mesa enquanto ele bebia, sabendo que seus colegas de trabalho
estavam percebendo que ela não tinha ideia de que ele bebia.
Ela não sabia como todos sabiam que ele sabia, mas o fato de os
outros conhecerem mais o marido do que ela mudou tudo. Ela foi feita
de boba e Jason não se importou. A desculpa dele era que ele não
queria que ela fizesse um grande negócio do nada, e ela deveria
aceitar.
—É por isso que você está fazendo isso? — Jason perguntou,
voltando sua atenção para ele. —Você disse que me perdoou... Isso é
para me vingar? Você realmente iria transar com ele para se vingar?
David empurrou a cadeira para trás, com um brilho assassino
nos olhos.
—Nem fale com ela! Ela não está fazendo nada para se vingar de
você.
Jason não se encolheu. —Eu não estava falando com você.
—Eu não dou a mínima. — David rosnou. —Fui eu quem disse
isso para você, não ela. Ela pode ter perdoado você, mas isso não
significa que a dor que ela sentiu desapareceu.
Jason bateu a mão na mesa, gritando: —Nosso relacionamento
não diz respeito a você.
—Você não tem um relacionamento! — David gritou mais alto.
A sala ficou em silêncio, e ele respirou fundo, sua postura relaxando o
suficiente para mostrar que ele não estava tentando ameaçar
fisicamente Jason. Ele olhou para o marido enquanto continuava em
um tom mais calmo. —Eu sei que isso enfurece você nos ver juntos,
mas você não tem ideia do que ela está passando. Não vou permitir
que você a ataque por algo que não é culpa dela - por algo que ela não
está fazendo. Nós não transamos. — A palavra era como um chicote,
mas ele tentou manter a calma enquanto ainda dava golpes duros. —
Pela primeira vez, supere a sua idiotice e escute - preste atenção no
que está acontecendo com ela, em vez de pensar em seu maldito eu.
Ela tem o suficiente para lidar sem toda sua merda.
Jason ficou lá, estupefato, e David não parou. —Você sabe o que
viu na noite passada? Vou te contar. Você a viu perder o controle
porque ela não queria decepcioná-lo. Ela estava com medo de
machucá-lo, então se deixou instável ao recusar se alimentar de mim.
Toda vez que ela faz uma escolha, ela pensa em você. Ela escolhe se
machucar, se sacrificar e desistir de qualquer felicidade que receber
por você.
David entrelaçou os dedos antes de olhar de volta para Jason. —
Eu sei que vocês dois são casados, mas eu sou o Outro dela. Você
pode ficar bem em vê-la se transformar em uma concha de pessoa,
mas eu não estou.
—Ela está lutando contra algo que você não pode compreender -
algo mal e poderoso, e eu preciso estar lá por ela. Ela lutou comigo
por ajudá-la porque está tentando permanecer leal a você e honrar seu
casamento, mas ontem à noite é algo que nenhum de nós está disposto
a repetir. Jane e eu não podemos nos separar. Se ela machucar seus
filhos, ou você, ela ficará arrasada e eu não poderei ajudá-la.
— Mas não ouse desrespeitá-la novamente. Não estou lhe
dizendo isso porque sou mais forte que você. Estou lhe dizendo isso
porque eu a amo. Você já sabe disso - ela também. Eu a amo mais do
que você pode imaginar, e farei tudo ao meu alcance para proteger ela
e seus filhos. Eu vou te proteger. Mas não vou deixar você derrubá-la
novamente.
O coração de Jane estava batendo forte quando ele parou, mas
ela só pôde olhar para o lado do rosto bonito dele quando ele
começou a falar novamente.
—Agora —, disse David. —ela tem que ter meu sangue e minha
presença para ajudá-la a manter a calma. Se isso significa que devo
ficar sentado no quarto dela a noite toda, ou ela precisar dormir
comigo no meu, então isso acontecerá. Ela finalmente me aceitou por
isso. Eu não vou tirar vantagem dela; Eu respeito ela e seu casamento,
mas darei carinho e atenção a ela. Culpe a necessidade dela de mim
em si mesmo - ela claramente não tem o seu carinho há algum tempo.
—David. — Disse Arthur, balançando a cabeça.
—Peço desculpas —, disse David rapidamente. — Não quero
mencionar suas falhas, Jason - mas só quero enfatizar que ela foi
levada a esse ponto por você. Eu não. Ela não. Você. Você sabe muito
bem que eu falo a verdade. Você a afastou de você através de suas
ações ao longo dos anos. Ela estava disposta a morrer dentro de si
mesma por você e seus filhos. Isso não vai acontecer enquanto eu
estiver por perto.
Jane olhou para Jason; ela não podia acreditar que David estava
dizendo tudo isso.
—Não vou mentir —, David disse a ele. —fomos íntimos, mas
não no sentido que você possa pensar. Enquanto desejo mais com ela,
tudo o que aconteceu entre nós - fisicamente - foi aprimorado por
causa do que somos e do que está dentro de Jane. Eu não vou deixar
isso tirá-la de mim. Então, ao lado dela, é onde eu estarei a partir de
agora.
Jason e David se entreolharam por um tempo antes de Jason
baixar o olhar para a mesa. O corpo de David ainda estava tenso e ele
estava olhando ferozmente para Jason. Seu peito estava subindo e
descendo, então ela puxou a mão dele para chamar sua atenção.
Jane apertou a mão dele como uma maneira de dizer obrigada.
Ele sentou-se novamente e ela olhou para Jason.
Ela se sentiu mal por ele. Ele sempre argumentou no passado,
mas David apenas o deixou sem palavras. Uma parte dela realmente
entendeu a raiva de Jason. Se fosse o contrário, e ela tivesse que
assistir Jason com uma vampira como ela estava com David, ela ficaria
com o coração partido. Ela estava triste agora. Ela ainda estava com
David muito mais do que deveria. Ela estava errada também.
—Jason. — Ela disse suavemente.
—Jane? Você vai me dizer que acabou para nós? — Jason
levantou o olhar. Havia raiva, mas principalmente tristeza. —Sinto
muito pela merda que fiz de errado. Quando pensei que você tivesse
morrido, odiei não poder compensar nada. Eu disse que nos queria.
Você se desculpou pelo que fez com aquele idiota de Ryder e disse
que queria ficar como minha esposa - você está mudando de ideia
agora?
Jane olhou para ele em silêncio e David apertou a mão dela
quando ela se sentiu entrando em transe. Ela piscou, balançando a
cabeça. —Eu estou escolhendo manter todos vocês seguros. Eu preciso
dele. Não apenas porque eu preciso do sangue dele e que ele é o mais
forte para me impedir, mas porque ele me faz sentir melhor. Você não
tem ideia de como é para mim. Eu me sinto como um monstro há mais
tempo em nosso casamento, e agora sou um.
—Porque ele fez você assim. — Jason retrucou.
A mão de David tremia na dela.
—Eu já era um —, ela respondeu. —Você me faz sentir mal,
Jason. — Lá; ela nunca tinha dito isso antes. Isso a encheu de uma
onda de força e ela soltou mais. —Você me faz me odiar mais do que
eu já faço sozinho. Quando você olha para mim, me sinto inútil. Meu
único valor para você foi cuidar das crianças e do sexo quando você
queria. Você percebe que essa é a única vez que você me beijou? Tudo
isso traz à tona o meu monstro.
A mão dela começou a tremer e os olhos lacrimejaram. A mão de
David apertou a dela.
Ela esfregou os olhos com a mão livre e choramingou. —Você
nem se importou quando eu chorei porque estava tendo flashbacks
ou...— Ela gemeu. —Eu não posso nem dizer.
—Está tudo bem, bebê. — David sussurrou baixinho o suficiente
para que Jason não o entendesse.
Jane soltou um suspiro enquanto olhava nos olhos de Jason. —
Eu estava disposta a desistir dele para nos manter juntos. Eu estava
disposta a desistir da felicidade que ele me faz sentir só porque somos
casados. Mas eu vou desmoronar sem ele. Se eu desmoronar, matarei
todos. Como realmente matar todo mundo.
—Agora, eu admito que gosto dele. Eu gosto muito dele. Mas
não é por isso que estou fazendo isso. Eu não peguei ele. Eu estava
praticamente possuída e tentei estuprá-lo, mas ele e Ryder me
pararam. Deus, David até me disse para lembrar de você quando não
era eu quem controlava meu corpo.
—Que diabos você está falando? — Jason gritou.
—Eu não sou humana! — Ela gritou. —Quero dizer, eu era, mas
sou outra coisa agora. Eu nem sou como eles. Eu sou pior. Mas ele
pode me ajudar. A última coisa que quero é magoar você ou as
crianças. Você sabe que eu sempre quis que você fosse feliz. Já te disse
tantas vezes que prefiro morrer do que te ver infeliz.
Ela podia sentir o olhar de David, mas manteve os olhos fixos
nos de Jason.
—Eu não ficaria feliz com você morta, Jane. — Disse Jason,
suspirando. — Não sei o que você quer que eu diga. Você está
escolhendo terminar o nosso casamento para poder ficar com ele?
Jane suspirou e olhou para ela e as mãos de David. Ela não sabia
o que estava dizendo. Ela só sabia que precisava de David. —Eu estou
escolhendo manter todos vocês seguros. A única maneira de fazer isso
é aceitar David como meu outro. Eu juro, mesmo tendo sentimentos
por ele, e ele me ama, não estamos juntos assim. Eu gostaria de poder
dizer que não gostei da atenção dele, mas gostei. Eu sinto muito.
A expressão de Jason não se alterou, e ele olhou para David. Eles
viram uns aos outros, nem quebraram seus olhares.
—Você promete mantê-la segura? — Jason perguntou a ele.
David olhou para ela brevemente antes de acenar com a cabeça e
se voltar para Jason. —Eu vou, ou vou morrer tentando.
—Eu a machuquei —, disse Jason, enquanto o coração de Jane
batia tão rápido que doía. —Eu gostaria de poder recuperá-la. Eu não
posso... Eu não vou desistir dela, no entanto. Ela ainda é minha
esposa. Mas vou dar um passo atrás e deixar que você a ajude com
isso. Cometi muitos erros antes, mas uma coisa que fiz de errado foi
forçá-la a ficar longe de outras pessoas que ela achava que poderiam
ajudar. — Ele cerrou os dentes: —Espero que isso mostre que estou
tentando compensar isso.
Jason olhou de novo para Jane. —Eu ainda não posso assistir
vocês um ao outro. No entanto, o que você precisa fazer como Outros,
façam em particular. E lembre-se de que ainda estou aqui antes de
você decidir continuar seu relacionamento.
—Seremos discretos —, David disse a ele. —Ela nem sempre tem
um tempo fácil para se controlar por causa do que está
experimentando, mas farei o possível para tornar as coisas menos
dolorosas para vocês dois. Como eu disse, no entanto, mostrarei seu
carinho.
—Certo. — Jason se levantou, um olhar passando rapidamente
por seu rosto quando ele encontrou seu olhar. —Eu preciso de tempo.
—Claro. Obrigada. — Ela disse rapidamente.
—Sim. — Jason olhou para David mais uma vez antes de se
afastar.
Arthur soltou um suspiro alto quando Jason virou a esquina. —
Ele planeja checar as crianças e pedir a Gawain que as observe
durante o dia. Você está bem, Jane?
Jane continuou olhando na direção que Jason partiu. —Eu não
sei.

11
UM BEIJO
David deu um beijo nas costas da mão de Jane. Ela desviou os
olhos do ponto em que assistiu Jason sair e olhou para ele.
Ele sorriu com os lábios ainda na pele dela. —Você está bem?
—Eu vou ficar —, disse ela, suspirando quando o calor do toque
dele se espalhou pelo braço dela. —Obrigada por dizer o que você
disse. Eu não queria machucá-lo, mas ajudou a dizer essas coisas para
ele. Ele sempre gritava quando eu tentava explicar alguma coisa, e eu
deixava.
David sorriu, beijando seus dedos novamente antes de abaixar as
mãos.
—Sempre, querida.
—Você fez muito bem, Jane —, disse Arthur. —Será bom para
você expressar suas tristezas e medos com os outros.
Ela e David se voltaram para Arthur. Ele sorriu para os dois
enquanto segurava a mão de sua esposa. Jane não sabia como se sentir
em relação a Guinevere. A mulher estava olhando para David com o
sorriso mais largo que Jane já vira.
—É difícil. — Disse Jane.
—Vai ficar mais fácil, querida. — David se inclinou e beijou sua
têmpora. —Você foi muito corajosa.
Uma risadinha animada veio de Guinevere quando David estava
recostado. Jane e David estavam sentados em suas cadeiras e olhavam
de olhos arregalados para a rainha.
Guinevere estava radiante para David antes de sussurrar para o
marido. —Arthur, ele a chamou de querida.
O rosto de Jane ficou quente e ela viu uma pequena coloração
rosa nas bochechas pálidas de David. Isso deixou sua irmã ainda mais
tonta.
Arthur riu de sua esposa quando ele deu um beijo suave na mão
dela. —Minha rainha, acredito que você está envergonhando seu
irmão.
Guinevere deu a Arthur um olhar envergonhado antes de se
dirigir a David. —Oh, perdoe-me, irmão. Você também, Jane. Estou
tão feliz que você finalmente está aqui conosco. Você não tem ideia de
quanto tempo Davis esperou por você. Enche meu coração de alegria
vê-lo sorrir e te amar.
—Irmã —, disse David, parecendo mais humilhado. —Nós não
somos um casal. — Ele espiou Jane rapidamente, acrescentando: —
Agora, pelo menos.
Guinevere não parece importar com esse fato, pois sorria ainda
mais loucamente do que antes. —Olha, Arthur, ele está agindo como
um adolescente.
David olhou para ela.
—Oh, que maravilha. — Ela sussurrou com um suspiro feliz.
Jane queria rir de suas provocações, mas estava muito
humilhada sendo a fonte da angústia de David. Ela apertou a mão que
ele abaixou abaixo da mesa. Ele olhou para ela, seus olhos azuis
praticamente implorando que ela o perdoasse. Era mais do que fofo, e
Jane nem estava ciente do que estava fazendo quando se inclinou e
beijou sua bochecha.
David congelou no momento em que todo o arrulhar de
Guinevere parou. Jane lentamente retirou os lábios do rosto dele e os
tocou. Ela não conseguia desviar o olhar dele, mas percebeu que tinha
feito algo que nunca havia feito com ele - algo que tinha evitado fazer
com ele. Claro, houve várias vezes em que ela o beijou em algum
lugar - mas nunca enquanto ela própria, ou enquanto David não
estava perto da morte.
Seus lábios doíam de um jeito bom. Ela quase podia provar a
doce pele dele em sua língua. Isso a fez desejá-lo muito mais do que
ela já fazia.
Por alguma razão, era diferente dos outros beijos para ele. Ela
realmente o sentiu dessa vez. Ela sentiu todo o seu amor, ternura e
desejo, junto com seu intenso desejo por seu amor e toque. Todo o seu
desejo derramou nela, aumentando as chamas que já acendiam sob
sua pele.
Ela o estudou, observando a retidão de seu nariz, a curva de seus
lábios perfeitos, seu belo rosto - e a maneira como seus deslumbrantes
olhos azuis ficavam mais intensos sempre que se fixavam em seus
olhos ou boca. Era tão diferente da maneira como Jason, ou mesmo a
Morte, olhava para ela.
Toda vez que David olhava para ela, ele não continha nada sobre
seu compromisso com ela - sua total fé de que ela era a pessoa certa
para ele. Ele nunca a pressionou, mas garantiu que estaria lá, mesmo
que ela nunca retornasse seu amor. Ele a fez se sentir bem consigo
mesma. Na pior das hipóteses, ele ficou, mas não porque se sentia
obrigado. Porque ele queria. Ela até implorou por outro homem, e ele
ficou - a abraçou - enquanto tentava confortá-la dizendo que a Morte
voltaria.
Ainda estava errado. Ela já havia quebrado sua palavra para
Jason. Estava se tornando mais difícil aceitar que ela poderia salvar
qualquer parte do casamento quando sentia seus sentimentos cada
vez mais fortes por David. Ainda assim, ela deveria tentar se
controlar.
Você pode tê-la - felicidade - por mais um tempo.
Sim, só um pouquinho, ela concordou com os primeiros
pensamentos.
Foi preciso um tremendo esforço para não sorrir como uma
pessoa louca, mas ele pegou os lábios dela se contraírem um pouco e
deu um sorriso brilhante. Depois disso, ela não pôde deixar de sorrir
de volta.
Nenhum deles quebrou o contato visual até Arthur rir.
O casal sentado à frente deles sorriu de volta para ela, mas o
momento ainda parecia irreal. Ela ainda estava muito atenta a um par
de olhos e encontrou David ainda a observando com o mesmo olhar
extasiado que ele usava momentos antes.
—Bem. — Arthur pigarreou. —Tenho certeza que vocês estão
prontos para comer agora.
David e Jane o encararam com confusão, e ela logo se lembrou
que eles estavam esperando o almoço. Arthur soltou uma risadinha, e
ela observou David dar a ele um olhar infeliz antes de desviar o olhar
para sua irmã, que estava sorrindo ainda mais insanamente do que ela
estava antes.
Um sorriso nervoso apareceu nos lábios de David. —Jane, o que
você gostaria de comer? — Ele parecia ansioso para desviar a atenção
dela da irmã.
Era estranho pedir comida em um momento como este. Tantas
emoções e desenvolvimentos corriam por sua cabeça - mas acima de
tudo, ela ainda podia provar David em seus lábios. Ela revirou os
lábios na boca.
Ela sentiu que ele a estava observando, então, em vez de ser um
esquisita e tentar chupá-lo para provar mais dele como ela queria, ela
mordeu para não fazer papel de boba.
—Por que não deixamos vocês comerem sozinhos —, disse
Arthur. —Vamos verificar os outros.
Guinevere parecia pronta para protestar, mas Arthur a silenciou
com um breve beijo.
—Venha, minha querida esposa. Deixe-os comer em paz. — Ele
se levantou e a levou embora, enquanto David lhe dava um olhar
agradecido.
—As crianças pediram hambúrgueres e batatas fritas —, disse
Arthur por cima do ombro. — Tenho certeza de que William pode
lhes preparar mais dois sem problemas. Venham nos encontrar na sala
de jogos quando terminar. Os outros se juntarão a nós em breve.
David assentiu com a cabeça e observou-os desaparecerem de
vista antes de se voltar para ela. —Você quer um hambúrguer?
O movimento dos lábios dele a fascinou e, sem saber, Jane
molhou os lábios. David gemeu, fazendo-a olhar para cima. Ela o
encontrou fechando os olhos como se estivesse com dor.
—David, o que há de errado?
Ele balançou a cabeça, sorrindo e depois abriu os olhos. Ele
soltou a mão dela e segurou o queixo com os dedos. —Querida, eu
estou bem.
—Por que você está gemendo, então?
Ele riu baixinho quando se inclinou e deu um beijo no nariz dela.
—Porque você dificulta para mim não te beijar.
Os olhos dela se arregalaram, o que apenas pareceu diverti-lo
quando ele riu novamente. Ela desviou os olhos na tentativa de fazê-lo
parar. Quando ele não soltou o queixo, ela teve que olhar para ele.
Ele parou de rir e gemeu novamente. —Jane, pare. — Ele soltou
o queixo dela e cobriu a boca.
Ela deu a ele um olhar estranho enquanto esperava ele remover a
mão.
Ele finalmente fez isso, seus olhos totalmente fixos nos dela. —
Você sabe o quão bonita você é para mim?
—Não. Eu meio que acho que você está sendo legal como todo
mundo.
Ele franziu a testa antes de inclinar o rosto para mais perto do
dela. —Você é a mulher mais bonita que eu já vi. Se eu pudesse ver
uma coisa pelo resto da minha vida, seria o seu rosto adorável.
—Oh. — Ela sussurrou.
—Oh. — Ele copiou com um leve sorriso. Seu rosto se aproximou
quando seu olhar caiu nos lábios.
Ele vai me beijar.
Jane fechou os olhos. Seu coração queria isso mesmo que sua
mente dissesse outra coisa. Mas não importava. Tudo o que ela podia
sentir era o calor maravilhoso do corpo dele enquanto a envolvia.
—Mestre David. — Interrompeu uma voz masculina.
Jane abriu os olhos rapidamente.
Ele levantou os olhos para ela, desejo e aborrecimento duelando
em seu rosto.
Ela piscou, recuando quando ela olhou para o visitante. Era um
jovem-homem que parecia estar nos seus vinte anos. Ele tinha uma
boa aparência, com cabelos castanhos lisos e olhos cinzentos e macios.
Humano.
David suspirou antes de se recostar. —Sim, William?
Jane voltou-se para William, e ela foi rapidamente surpreendida
para encontrar o homem olhando para ela um pouco atentamente.
—William? — O tom severo de David fez Jane pular, junto com o
jovem.
William lançou seu olhar para David e empalideceu. Depois de
perceber o medo óbvio de William, ela olhou surpresa, ao ver David
olhando para o homem. Um músculo em sua mandíbula tremeu
quando seus olhos estreitaram.
—David. — Ela sussurrou, e instantaneamente, seu olhar
violento foi destinada a ela.
Ele não a assustava, e ela sorriu como o brilho assassino em seus
olhos azuis escuros desapareceu, seu corpo aqueceu, se enchendo de
alegria. David era um animal aterrorizante, mas sempre suave e
compreensivo com ela.
David bufou e agarrou a mão dela novamente antes de olhar
para o homem que ele parecia pronto para derrotar apenas por olhá-
la.
Ela quase desmaiou ali mesmo.
—William —, ele disse em um tom mais controlado, mas seus
olhos disseram: 'Vou te despedaçar se você olhar para ela novamente'.
—Estamos com fome.
William assentiu. —Sim, é claro. Os outros solicitaram
hambúrgueres. Eu sei que essa não é sua preferência habitual.
Gostaria de outra coisa?
David virou-se para ela: —Você tem algo específico que gostaria
de comer?
Ela sorriu e balançou a cabeça para ele. —Não. Eu terei o que
você estiver tendo.
David sorriu de volta para ela. —Bebê, como muita carne: peito
de frango, bifes, alguns peixes e quase todos os vegetais.
Jane torceu o nariz.
David riu. —Eu pensei assim. Você gosta de hambúrgueres?
Que pergunta boba; hambúrgueres e batatas fritas gordurosos
eram vida. —Sim.
—Prepare um hambúrguer para ela —, disse David a William. —
Coloque os condimentos e coberturas ao lado... Batatas fritas, querida?
Jane assentiu, corando porque queria pedir batatas fritas quentes
e douradas.
—E batatas fritas. — Disse David.
Ela podia ouvir o sorriso na voz dele.
—E para você, mestre David?
David suspirou. —Minha refeição do dia de sempre, mas me
faça um hambúrguer também.
—Você precisa de um pouco de sangue dos doadores? —
William perguntou.
—Sim. Um duplo, no entanto.
—E a dama? — William perguntou em um tom de esperança.
Jane notou David sorrindo enquanto olhava para o homem. Ele
então levou a mão dela aos lábios dele, beijando-a antes de dizer: —
Ela só se alimenta de mim.
William pareceu desapontado, mas curvou-se antes de sair, e
isso não fez nenhum sentido para ela.
—Por que você parece chateado, mas orgulhoso de si mesmo? —
Ela perguntou.
David riu e baixou a mão. —William é um doador.
—Ok... eu ainda não entendo.
Ele se virou, dando-lhe toda a atenção. —Muitos humanos doam
sangue ao tê-lo retirado e armazenado para nós. No entanto, muitos
desfrutam do prazer que vem das refeições vivas. William é um dos
poucos homens que se oferecem para refeições vivas. Ele só faz isso
para quem ele considera mulheres atraentes.
—Que horrível.
David deu um sorriso tenso: —Os humanos podem ser tão vis
quanto os imortais mais perversos. William não é o único - a maioria
dos imortais no reino participa de refeições vivas. Arthur tem regras
para eles. — Ele gesticulou na direção que William tinha ido. —Ele é
popular com as mulheres. Eu estava mostrando a ele que ele não tinha
chance de ter seus lábios na pele ou o sangue patético na língua. —
Seu olhar flutuou sobre o rosto dela. —Seus lábios só vão provar meu
sangue. Agora, ele sabe disso, e passará a mensagem para os outros.
— Seus olhos brilharam com a luz. —Você é minha.
—Oh, meu Deus. — Ela quase desmaiou com o domínio que ele
estava mostrando sobre qualquer homem em contato com ela.
O barulho de dois pratos na mesa os fez desviar o olhar. David
ficou claramente satisfeito com o olhar inferior no rosto de William.
Ele puxou os pratos para mais perto. Havia um copo grande de
sangue, que David agarrou primeiro. Ele prendeu William com um
olhar perigoso e lentamente o levou aos lábios.
— Existe mais alguma coisa, mestre David? — Perguntou
William.
Jane não se importava com o domínio de David agora, porque de
repente ela estava interessada no copo que ele segurava. Ela suspirou,
lambendo os lábios.
David se inclinou e a beijou no templo. —Vou alimentá-la em
um momento bebê. — Ele sentou-se: —Você está dispensado, William.
— Ele riu, vendo o homem sair antes de olhar para ela.
Jane empurrou seu braço. —Você é horrível.
Ele deu de ombros e inspecionou o hambúrguer. — O filhote
precisava aprender o seu lugar. — Ele cheirou o hambúrguer: — O
que ele agora sabe que não está nem perto de você.
Ela sorriu e colocou picles e mostarda em seu hambúrguer,
notando que ele estava assistindo tudo o que ela estava fazendo. —
Não me diga que você nunca comeu um hambúrguer.
Ele lançou um olhar irritado para ela: — Estou me perguntando
por que você está comendo mostarda e picles.
—É bom. — Ela deu uma mordida e sorriu com a boca fechada,
mastigando a comida.
David sorriu enquanto a observava por alguns segundos e
depois retornava ao seu hambúrguer. —Eu costumo evitar esse lixo de
comida.
Jane engoliu em seco e pegou uma batata frita. —Hambúrgueres
e batatas fritas não são lixo. Mais comida dos deuses, se você me
perguntar.
Aquele sorriso de adoração dele brilhou por apenas um
segundo: —Não é isso que os americanos chamam de fast food? — Ele
deu uma mordida enquanto esperava.
—Sim —, disse ela, observando-o. —Mas eu vou comer um
hambúrguer gorduroso e batatas fritas sobre a comida mais
sofisticada do restaurante.
Ele pegou sua água. —Eu lembrarei disso. — Então ele terminou
seu hambúrguer com apenas algumas mordidas. Mesmo que comesse
rapidamente, ele conseguia parecer gracioso ao fazê-lo.
—Esse foi o seu primeiro hambúrguer?
David empurrou seu prato de hambúrguer vazio e puxou para o
outro com dois peitos de frango grelhado e legumes. —Sim.
Jane ofegou e soltou a batata frita. —Você gostou?
—Foi adequado. — Ele começou a cortar o frango, um leve
sorriso tocando o canto da boca.
—Sim, certo. — Ela continuou olhando seu rosto, imaginando
como ele nunca tinha comido antes. —Eu nunca vi alguém comer um
hambúrguer tão rápido. Você amou muito.
Ele riu e balançou a cabeça. —Eu disse que era adequado.
Um bufo saiu sem o seu consentimento, e ela corou quando os
olhos dele se voltaram para ela, claramente divertidos com a maneira
como ele ainda lutava sorrindo. —Você já comeu batatas fritas? — Ela
perguntou a ele.
—Não.
Jane ofegou novamente e segurou uma na boca. —Coma uma
agora.
Ele olhou para a batata e depois para ela. —É uma batata frita,
Jane.
Ela acenou sob o nariz dele: —É uma delícia. Experimente. Eu só
quero ver se você gosta.
David riu, mas se inclinou para a frente e mordeu a batata frita.
Os lábios dele tocaram seu dedo, e ela apertou os dela quando o olhar
dele encontrou o dela quando se inclinou para trás e mastigou.
Jane não percebeu que estava prendendo a respiração até sugar
um grande gole de ar e abaixar a mão.
Ele sorriu e começou a cortar sua comida novamente. —Você
tem um gosto melhor.
12
BOM DEMAIS
David abriu a porta do quarto e puxou Jane para trás. Depois de
ligar o interruptor, ele a levou para a cama. Ela estava quieta desde
que deixaram o refeitório. Seu hábito de pensar demais era sem
dúvida o responsável, e ele esperava que ela não estivesse se
arrependendo de nada entre eles.
Sua preocupação teria que esperar. Agora, ele precisava
esclarecer as coisas antes de alimentá-la novamente. Se ela se
arrependia de beijar sua bochecha ou qualquer outra coisa com ele, ela
definitivamente se arrependeria de como estavam durante a
alimentação dela.
Ele se virou e a viu franzindo a testa em um canto do quarto. —
Jane?
—Hum? — Ela cantarolou uma resposta, mas não olhou para ele.
—O que está passando pela sua cabeça, bebê?
Agora ela o olhou nos olhos: —Eu não deveria ter me divertido
muito com você.
—Por que?
O olhar dela caiu no chão. —Eu não queria machucar ou mentir
para Jason. Mas eu o machuquei, e você e eu acabamos agindo como
se estivéssemos no nosso primeiro encontro juntos.
—Você saberá quando eu te levar para um encontro, Jane. —
David sorriu, segurando sua bochecha. —Não se arrependa do nosso
tempo juntos e tente não se sentir tão culpada por ser feliz. Você está
triste há tanto tempo. Quero que seja feliz.
Ela fez beicinho aqueles lábios perfeitos dela. —Mas eu não
deveria ser feliz.
Surpreso, David se afastou: —Por que você acha isso?
—Porque eu não pretendo.
Ele viu que ela acreditava nisso, então ele beijou sua testa e disse:
—Você merece toda a felicidade que seu coração deseja, Jane. Vamos
descobrir tudo. Nossa situação é complicada, mas vamos trabalhar
com isso.
—Sim. — O fogo faiscou em seus olhos, e sua cabeça balançou o
máximo que pôde, já que ele ainda a segurava. —Eu faço tudo
complicado. Eu complico a vida de todos.
—Eu posso lidar com coisas complicadas, bebê. Dê-me o seu pior
e darei o meu melhor. — Ele sorriu para ela. —E não vejo bagunça
quando olho para você. Já falamos sobre isso antes.
Suas bochechas coraram, mas seu olhar endureceu. —Talvez sua
visão não seja tão boa quanto você acredita que é.
David riu: —Você quer brigar comigo, não é?
—Você deveria ficar bravo. — Ela tentou encará-lo, mas ele viu
através dela:
—Não posso ficar bravo com você —, disse ele. — mas vejo o
que você está fazendo.
—Que é? — Seu tom agudo deveria tê-lo perturbado, mas não.
—Você usa a raiva para se proteger, meu amor. — Ele a
observou franzir os lábios. —Você não precisa se proteger de mim. Eu
não vou machucá-la.
Um suspiro derrotado saiu de sua boca, e o fogo diminuiu em
seus olhos. —Mas eu vou machucá-lo, David.
—E seu coração adorável leva a batida para me proteger. — Ele
beijou a testa dela novamente: —Eu te amo mais porque você está
disposta a fazer o que for preciso para me manter a salvo. Você é
assim para todos que ama também. Mas não vou deixar você se
destruir por mim.
Seus olhos estavam vidrados quando eles olharam fixamente. —
Eu não posso ser a única a machucá-lo. Não você.
Ele sentiu um calor incrível em seu peito; ela se importava com
ele mais do que ele originalmente acreditava. —Eu posso me proteger.
Eu também posso protegê-la. — David olhou para a cama: —Você tem
certeza disso? Eu não acho que você corre o risco de se tornar instável
demais, mas você sabe que podemos esperar que eu a espante para
você.
A determinação se estabeleceu em seus olhos. —Eu quero fazer
isso. Eu sei que você garantirá que eu não faça nada que me deixará
chateada mais tarde. Confio em você.
Sua fé nele o fez sorrir de novo. —Eu sei que você confia em
mim, querida. Estou preocupado. Você estava apenas se
arrependendo de ter uma tarde agradável juntos, e agora estou prestes
a alimentá-la novamente. Não me entenda errado, sei com certeza que
só quero que você se alimente de mim, mas estou preocupado com
sua reação depois que tudo estiver pronto.
Ela estendeu a mão para tocar sua bochecha. —Eu sei que você
vai nos impedir de fazer algo errado.
David olhou para ela por um momento antes de suspirar. —
Tudo bem. Prometo garantir que você pare antes que algo impróprio
aconteça. Acho que você deve tirá-lo do meu pulso novamente.
Jane já estava balançando a cabeça. —Eu quero me acostumar a
beber do seu pescoço.
Ele continuou olhando para ela. Ela estava falando sério, e ele
sabia que ela estava apenas tentando controlar sua própria reação a
ele. As chupadas de seu pulso acabavam sendo mais impróprias do
que as de seu pescoço - e era muito mais rápido para se alimentar do
pescoço de alguém do que no pulso, mas quando ela se movia um
pouquinho, ele sempre queria jogá-la na cama. O pensamento
repentino dela procurando outro para se alimentar entrou em sua
mente e ele apertou a mandíbula. Havia outros por aí que lutariam
para que ela se alimentasse deles. Sangue fresco era mais desejável do
que sangue ensacado. Se Jane tivesse a oportunidade, em seu estado
recém-transformado, ela poderia não ser capaz de resistir a um
doador disposto e as necessidades sexuais gostariam de ser satisfeitas.
—Tudo bem, Jane —, disse ele, sem vontade de suportar a ideia
de ela se alimentar de outro homem ou acidentalmente prejudicar
alguém. —Vamos tentar dessa maneira. Mas se isso se tornar muito
difícil para você para se controlar, vou encontrar outra maneira. Você
entendeu?
— Sim, eu entendo.
Ele estudou o rosto dela. Ele queria ter certeza de que essa era a
Jane dele, e não um truque. Era ela. Ele sabia disso quando olhou nos
olhos castanhos que ele tanto amava.
— Tudo bem —, disse ele, puxando-a pelo resto do caminho
para a cama. Ele se sentou e a moveu para que ela ficasse entre as
pernas dele. Ele sorriu antes de esticar a mão para acariciar sua
bochecha. —Você está pronta?
Jane acariciou a palma da mão e assentiu, então ele se afastou
um pouco, nunca soltou a mão dela e a puxou para que ela ficasse na
frente dele. —Você quer se ajoelhar ao meu lado ou...
Jane olhou para ele ansiosamente antes de agarrar seu ombro. —
Eu acho que vou acabar em cima de você de qualquer maneira. É
melhor deixar você me segurar bem.
—Tudo certo. — Ele deslizou a mão pela cintura dela, amando
cada vez mais a bela curva do seu corpo.
Depois de agarrar a parte de trás da coxa e colocar o joelho na
cama, ele a observou levantar a outra perna para que ela pudesse
montá-lo enquanto ela segurava seus ombros com as duas mãos, e ela
se aproximava. David apertou a mão em seu quadril, observando sua
boca abrir um pouco enquanto ela apertava as pernas ao redor dele.
Merda.
Soltando seu quadril, ele segurou sua bochecha novamente. —
Eu prometo parar você, Jane. Apenas me ajude. Tente se controlar.
Tenho certeza de que com o tempo, nós dois vamos melhorar.
—Vou tentar.
—Eu sei que você vai. — Disse ele, observando-a atentamente.
Ela brincou com o cabelo dele, e ele teve que se forçar a não
tremer enquanto deslizava a mão atrás do pescoço dela. Lentamente,
ele começou a puxá-la para mais perto e quase gemeu quando suas
pernas se apertaram ao redor dele novamente.
Seus instintos assumiram. Ela suspirou, suas presas alongando a
revelar o seu vampiro bonito. Ela estava completamente em modo de
alimentação agora, e seu único foco era o pulso rapidamente batendo
no pescoço.
Ela se inclinou e o mordeu com os lábios quentes moldando a
pele dele. Eles se apertaram mais, gostando de como se encaixavam
juntos. Jane gemeu enquanto enroscava os dedos nos cabelos dele.
Sugando mais rápido.
David lutou para bloquear os sons que ela estava fazendo,
juntamente com seu aroma doce, mas não adiantava. Ela
continuamente estava tentando puxá-lo para ela, então ele tinha que
ter uma segurança mais firme, que ela só parecia gostar mais pela
mais alto lamentar que ela lhe deu.
Leve-a, um pensamento surgiu em sua mente.
David pare. Ele fechou os olhos e deslizou as mãos pelas costas
dela. Jane gemeu e pressionou os seios contra ele. Era como se ela
estivesse implorando para ele tocá-los - e ele queria. Ele queria
arrancar a blusa dela e cobri-los com a boca.
A imagem de Jane nua brilhou em sua mente, e ele rapidamente
abriu os olhos, olhando em volta. Jane não estava nua; ela ainda
estava bebendo dele. Ele apertou os quadris dela para impedi-la de
balançar contra ele e fechou os olhos novamente, grunhindo quando
ela o mordeu com mais força.
Quase instantaneamente, ela se afastou de se alimentar dele para
beijar ao longo de sua mandíbula. Ele podia sentir sua pele macia sob
as mãos e não conseguiu se conter. Ele soltou um grunhido e a jogou
de costas, como ele sempre imaginou fazer antes.
Ela gemeu quando ele passou as mãos pela coxa nua enquanto
ele usava o joelho para afastar as pernas dela e, em seguida, pegou o
botão da calça.
Não, ele gritou consigo mesmo.
Ela quer você, uma voz encorajada.
Jane colocou as pernas em volta da cintura dele e ergueu os
quadris para ele. Ele passou o polegar sobre o osso do quadril dela,
sorrindo enquanto ela resistia contra ele. Ela olhou nos olhos dele e
sorriu. David não conseguiu mais se conter e colocou os lábios nos
dela, sentindo os dela se moverem instantaneamente com os dele. Ele
não esperou e enfiou a língua na boca dela, explorando e provando
toda a doçura dela.
Eles beliscaram e chuparam os lábios um do outro. David nem
percebeu que suas roupas haviam desaparecido até que ele a sentiu
levantar os quadris para ele novamente, esperando que ele entrasse
nela. Ele trancou os olhos nela. Ela estava sorrindo para ele,
encorajando-o a continuar.
Ele fez.
David empurrou nela, com força. Ela gritou, mas ele não parou.
Ele não a deixou se acostumar com ele; ele se enterrou profundamente
dentro dela várias vezes enquanto ela gritava o nome dele. Suas
respirações quentes se misturaram com seus gemidos, e ele apertou a
cintura dela, levantando-a mais para poder ir mais fundo quando se
inclinou sobre ela, quase fazendo um buraco no colchão com a força
que ele a segurava. Ela gritou mais alto.
—David. — Ela sussurrou, mas sua voz não parecia o mesmo
tom em que ela estava gemendo.
Ele abriu os olhos. Eles ainda estavam sentados na cama, e Jane
estava bebendo dele. David piscou, confuso. Ele não estava despido e
ela também não.
Uma gota de suor escorria pelo lado do rosto. Ele fechou os
olhos novamente e novamente se viu entrando e saindo dela enquanto
as unhas dela afundavam em seus braços e costas. Ele podia sentir o
corpo dela como se estivesse embaixo dele, quente e macio. Ele quase
podia senti-la apertar em torno de seu pau.
David soltou um grunhido e abriu os olhos. Nada mudou. Ele
ainda estava se vendo devastando seu belo corpo. Ele não sabia o que
estava acontecendo com ele.
Leve ela.
De repente, David viu a conversa deles se desenrolando em sua
mente.
—David, eu sei que você nos impedirá de fazer algo errado...
—Eu confio em você.
Ele piscou e viu quando prometeu detê-la. —Tudo certo. Prometo
garantir que você pare antes que algo impróprio aconteça.
As imagens ficaram borradas e o quarto voltou ao foco. Mais
uma vez, ele estava segurando uma Jane vestida enquanto ela
simplesmente se alimentava dele.
Sua respiração estava pesada, mas ele levantou a mão na cabeça
dela. —Pare, Jane.
Ela começou a chupar com mais força, não querendo parar a
sessão de alimentação.
LEVE ELA!
Ele segurou os cabelos dela e levantou a voz. —Pare! — Ele não
estava gritando com ela; ele estava gritando com os pensamentos em
sua cabeça, mas Jane se encolheu com seu tom áspero e o soltou
rapidamente. David manteve o cabelo dela nas mãos e tentou
diminuir a respiração.
Ela não se mexeu, mas choramingou. Imediatamente ao ouvir
seu medo, ele se acalmou e soltou os cabelos dela para abraçá-la. —
Shh, querida. — Ele deslizou a mão pelas costas dela.
Ela o abraçou e enterrou o rosto na curva do pescoço. — Sinto
muito por não ter parado — ela sussurrou. — Eu te machuquei.
David odiava que ela pensasse que era culpa dela. Ele beijou o
lado de sua cabeça.
—Eu sinto muito. — Ela se desculpou novamente, a tristeza
enchendo sua voz suave.
—Oh, querida. Você não fez nada errado, e eu não estou ferido.
— Ele se inclinou para trás para poder ver o rosto dela, mas ela
desviou o olhar. David levantou as mãos e segurou o rosto dela. —
Olhe para mim, Jane.
Ela hesitou, mas finalmente o obedeceu.
—Não foi você. Foi minha culpa —, disse ele. —Eu... eu estava...
— Ele suspirou, tentando descobrir o que dizer a ela. — imaginando
coisas que eu não deveria estar imaginando e fiquei com raiva de mim
mesmo.
Jane não parecia convencida, então ele falou quando ela abriu a
boca para provavelmente questioná-lo.
—Eu não estou mentindo, você fez muito bem.
Ela ficou lá por um momento, mas finalmente deu a ele aquele
sorriso que ele amava. Ele sorriu de volta e puxou seu rosto para
beijar sua testa antes de guiá-la para descansar em seu ombro. Ele não
tinha ideia do que tinha acabado de acontecer, mas estava feliz ele
podia se impedir de fazer algo que arruinaria o relacionamento deles e
o coração de Jane.
Era intenso, porém, e ele ainda estava tentando diminuir o ritmo
cardíaco.
—Quem pensaria que David era capaz de ter pensamentos
desobedientes? — Seu tom de provocação o fez relaxar.
—Eu não pretendia. — Disse ele.
—Mhm.
—Não mesmo. — Ele repetiu. Ele honestamente se sentia mal
porque não tinha sido nem um pouco amoroso com ela em seus
devaneios.
—Eu acredito em você. — Disse ela rindo.
David beliscou seu lado suavemente ela soltou pequeno chiado e
tentou pular de seu colo, mas ele a abraçou e riu.
Depois de alguns segundos, ele falou com mais seriedade. —
Sinto muito, Jane.
Ela parou de rir. —Eu sei. Eu não estou brava com você.
—Obrigado, querida. Você conseguiu o suficiente? — Ele
procurou o rosto dela, certificando-se de que ela estava satisfeita.
—Sim, eu me sinto ótima.
—Bom. — Disse ele antes de tirá-la do colo.
A camisa dela havia subido, e embora ele quisesse ver isso subir
mais alto, ele a consertou e depois a levou para fora do quarto.

Lúcifer cruzou os braços sobre o peito e os observou sair. —Bem,


a Morte estava certa sobre David... Ele é bom demais.
Ele olhou ao redor do quarto vazio, seu olhar brevemente na
carta que David havia escrito para Jane antes de fechar os olhos e
desaparecer em um brilho de luz branca.
13
DOADORES
O eco dos passos de Jane encheu o silêncio enquanto ela e David
caminhavam pelo corredor de mármore. Bem, ele estava andando.
Ela, por outro lado, estava praticamente correndo para acompanhar
seus longos passos. De repente ele diminuiu a velocidade. Graças a
Deus. O pequeno alívio que seu ritmo mais lento deu deve ter
aparecido em seu rosto, porque ela o ouviu rir. Ótimo.
—Estou andando rápido demais para a minha pequena
vampira? — Ele perguntou, rindo novamente.
Ela fez uma careta e tentou puxar a mão da dele, mas ele riu e
apertou a mão dela com mais força.
—Estou apenas brincando com você. Não fique brava comigo.
Ela bufou, mas parou de tentar remover a mão. Era inútil de
qualquer maneira. — Não é minha culpa que você é um fisiculturista
de dois metros e meio de altura... Eu sou baixa, ok?
—Eu tenho um metro e oitenta —, ele corrigiu, e acrescentou: —e
eu peso apenas cento e quatro quilos.
Jane deu-lhe um olhar de qualquer modo.
Ele riu. —Eu nunca fiz levantamento de peso também.
—Eu não acredito nisso. — Disse ela.
—Não estou mentindo. A única vez que estou em nossa
academia é para treinar.
Ela zombou, ainda não acreditando nele. —Bem, então não vejo
como você se parece.
—Como exatamente eu pareço com você?
—Perfeito. — Disse ela sem pensar. Seus olhos se arregalaram,
chocados, enquanto suas bochechas ardiam. Ela quase podia sentir o
sorriso dele, mas tentou fingir que não tinha dito isso e continuou
andando.
A mão dele apertou a dela. —Jane?
—O que? — Ela sabia que parecia mal-humorada agora, mas
estava envergonhada.
De repente, ele parou em seus passos. Ela parou também, mas
evitou olhar para ele.
David a puxou para ele, colocando as duas mãos nos quadris
dela.
Oh caro senhor! Jane cruzou os braços sobre o peito para criar
algum espaço entre ela e o vampiro sexy. Ficar brava era sua melhor
arma contra ele, e com a proximidade dele, ela realmente precisava de
algum apoio.
—Não tenha vergonha —, ele murmurou, puxando-a um pouco
mais perto. —Adoro ouvir você ter pensamentos tão lisonjeiros sobre
mim. Você já sabe que eu acho que você é a mulher mais bonita do
mundo. Você é perfeita, Jane.
Ela quase desmaiou e apenas deixou suas doces palavras
aliviarem parte de sua humilhação. Ela olhou para cima para vê-lo
agachado para que ele pudesse olhá-la nos olhos. Isso só a fez soltar
um suspiro que ele teve que literalmente descer ao nível dela. —
Obrigada —, ela murmurou. —Ainda sou baixa, no entanto, e não
gosto de como você me provoca. Todos os caras são gigantes, e apenas
ver as mulheres amazônicas ontem prova que eu sou a estranha. Isso
me faz sentir como uma criança. Quero dizer, elas parecem
supermodelos, e eu tenho essas pernas curtas. Eu sou como uma
criança perto de você.
—Eu não penso em você como uma criança. — Sua voz profunda
acariciou sua pele de maneiras que nunca havia sentido antes. —
Adoro o seu tamanho e forma - como uma ampulheta. — Seus dedos
flexionaram como se ele quisesse deslizá-los pelos lados dela, e
naquele momento, ela o deixaria. —Você é linda. — Ele fez uma pausa
e ela não conseguiu impedir que o sorriso se formasse em seus lábios.
Ainda era difícil ignorar ser chamada de bonita por ele. —Nós nos
encaixamos perfeitamente de alguma forma —, disse ele. —e se você
fosse alta, eu não teria uma desculpa para buscá-la tanto.
—Eu pensei que era para me mostrar o quão forte você é.
Ele riu. —Bem, isso também.
Ela revirou os olhos para ele. —Tecnicamente, ainda posso
dominar você com minhas habilidades.
David sorriu. —Gosto quando você me domina.
Jane riu para ele. —Você é impossível.
Ele sorriu e a puxou um pouco mais para perto. —Sério, Jane,
não há nada errado com sua altura ou forma. Eu amo cada parte de
você. Não devo dizer isso, mas acho que você deve saber o quão
bonita você é para mim.
Um gemido erótico o impediu de explicar mais alguma coisa, e
eles olharam para a porta da qual provavelmente vinha o barulho.
David ficou tenso, mostrando suas presas.
—O que está acontecendo lá? — Ela perguntou baixinho.
Obviamente, parecia que alguém estava fazendo sexo, mas parecia
uma porta de armário. Ela não achava que as pessoas realmente
faziam esse tipo de coisa.

David desviou o olhar irritado da porta para ela. Ela ficou


surpresa com o olhar zangado nos olhos dele. —Algo que não deveria
estar acontecendo neste salão.
Ele olhou para a porta quando os gemidos ficaram mais altos e a
soltou antes de caminhar até a porta, batendo nela com o lado da mão.
Ela se encolheu, mas ficou em silêncio quando o gemido
interrompeu imediatamente e foi seguido por uma maldição
murmurada.
—Abra! — David gritou, parecendo mais irritado depois de
ouvir a voz do homem.
Seus olhos ficaram duros na porta quando de repente se abriu
para revelar um homem jovem. Assim que o homem viu que David o
estava interrompendo, sua expressão mudou para uma mais
submissa.
—Olá, David. — O homem se encolheu quando desviou o olhar
de David.
—Apolo —, disse David, rosnando. —Você sabe que não deve
trazer suas refeições aqui.
Os olhos de Jane se arregalaram. Ela estava realmente olhando
para o deus Apolo? Ela olhou para o rosto bonito dele. Ele certamente
se assemelhava a um deus grego com suas feições cinzeladas e cabelos
castanhos. Ela quase corou ao ver o corpo musculoso de pele de
bronze através da camisa aberta e rapidamente abaixou os olhos, não
querendo ser pega olhando para ele. Ela o achava bonito, com certeza,
mas ninguém se comparava a David. Exceto a Morte. Ops.
—Peço desculpas, David —, disse Apolo. —Eu estava indo para
fazê-lo em — ele se interrompeu, vendo-a. —Quem é essa criatura
adorável?
Jane ficou assustada quando seus olhos negros penetraram nela
enquanto ele lhe dava um sorriso deslumbrante e afiado. Ela ficou
ainda mais surpresa quando ele deu um passo repentino em sua
direção.
David se colocou entre eles, e Apolo parou quando David soltou
um rosnado mortal.
Apolo sorriu para ele. —Quando você começou a usar doadores?
—Ela não é uma doadora. — Disse David bruscamente.
Jane estendeu a mão, esfregando as costas quando seus músculos
flexionaram como se ele fosse atacar. Ele relaxou sob o toque dela,
mas não tirou os olhos de Apolo.
Apolo levantou as mãos em sinal de rendição, mas David ainda
estava olhando para ele.
Ela deslizou as mãos pelos lados dele. —David, está tudo bem.
Ele soltou um suspiro de raiva quando alcançou a mão dela. Ela
rapidamente a pegou e a deixou puxá-la ao seu redor.
Apolo levantou uma sobrancelha enquanto os observava. —Bem,
parece que você finalmente encontrou sua garota. Parabéns.
David olhou para ele por mais alguns segundos antes de
finalmente relaxar. Ele colocou Jane debaixo do braço e depois deu um
beijo no topo da cabeça dela. —Eu encontrei. Obrigada. —Ele sorriu
para ela. — Jane, este é Apolo. Apolo, esta é minha Jane.
—Bem, isso é emocionante. — Apolo estendeu a mão para ela. —
É um prazer conhecê-la, Jane.
Ela olhou para David.
—Vá em frente, querida. Ele é inofensivo —, disse ele quando
Apolo grunhiu. David sorriu para ele antes de insistir. —Está tudo
bem, Jane.
Ela virou-se para Apolo, o deus do sol, como sempre acreditou
que ele era, e colocou a mão na dele. Prazer em conhecê-lo também.
Apolo beijou sua mão. Quando ele não a soltou, ela ficou tensa e
David a abraçou.
Apolo riu, soltando.
Uma voz feminina chamou da porta escura. —Apolo?
Uma loira bonita estava lá, esperando. Ela sorriu para Apolo,
mas, ao avistar David, voltou sua atenção para ele.
A mulher esqueceu tudo sobre Apolo e nem pareceu notar Jane.
Seu sorriso era todo para David. —Sir David, ouvi dizer que você
estava de volta. — Ela deu um passo em sua direção. —Ele não tirou
muito de mim —, disse ela, balançando a cabeça na direção de Apolo.
—Gostaria que eu voltasse para o seu quarto com você?
Quando ela não ouviu David dispensar a mulher, Jane olhou
para ele.
Ele abriu a boca, mas nunca falou.
A mulher levantou a mão como se fosse tocar o peito de David.
Oh, inferno, não. Jane soltou um suspiro feroz, pisando na frente
de David.
A mulher afastou a mão, mas deu uma olhada de novo em Jane e
riu: — E quem é você?
—Eu sou dele. — Jane respondeu sem pensar.
David passou os braços em volta dela por trás e sussurrou em
seu ouvido. —Shh... acalme-se, bebê. Ela não vai me tirar de você. Eu
sou seu. Eu sou seu.
Não importava o que ele dissesse. Tudo o que Jane sabia era que
ela estava preparada para lutar por David, e estava cansada de
mulheres tentando pegá-lo. Talvez nem todas as mulheres quisessem
pegá-lo, mas com certeza era assim.
Ela lutou para se libertar, e David garantiu seus braços em volta
dela melhor.
Apolo pôs a mão no ombro da garota, mas ele não pareceu estar
muito preocupado com a segurança dela na verdade, ele parecia
divertir com o que estava acontecendo. — Você deveria se desculpar e
tirar sua bunda daqui.
David beijou a bochecha de Jane quando ele sussurrou para ela
se acalmar. Isso a distraiu e a acalmou, mas ela queria lutar.
—Você não vai me proteger? — A mulher deu um passo em
direção a Apolo.
O deus do sol arreganhou as presas quando ele a agarrou
bruscamente pelo braço. —Peça desculpas a sua companheira. Agora!
—Eu sinto muito. — Ela gaguejou, olhando para Jane e David.
—É melhor você sentir. — Disse Jane, agarrando a mão de David
quando a garota ainda tinha coragem de olhá-lo.
Apolo empurrou a mulher ao redor de David. —Vá.
—Mas...— A garota tropeçou para trás, mas estendeu a mão para
Apolo.
—Mas o quê? — Apolo riu: —Você é comida, nada mais. E você
é uma tola ignorante se honestamente pensa que eu gostaria de ter
algo a ver com você depois que você apenas tentou se oferecer a ele.
— Ele balançou a cabeça para ela. —Humana estúpida. Você tem sorte
que David é bom. Eu teria deixado que ela a rasgasse e se banhasse
com seu sangue azedo. Agora vá.
Ela saiu correndo pelo corredor e sumiu de vista. Apolo
suspirou, caminhando de volta para eles com um olhar de desculpas
no rosto.
David a virou e a abraçou enquanto gritava: —Droga, Apolo.
Você já foi avisado antes.
—Peço desculpas por ignorar as regras. Vou garantir que eu me
alimente onde Arthur designou a partir de agora —, disse Apolo. —
Eu não sabia que você trouxe alguém com você. Eu não teria feito isso,
especialmente se eu sabia que havia uma recém-transformada no
castelo.
—Bem, existem mortais aqui também —, David disse a ele. —
Trouxemos a família dela conosco, portanto, mantenha suas
atividades fora da vista.
Apolo o olhou confuso: —A família dela?
David suspirou: —Sim, seus dois filhos e marido.
—Marido? — A boca de Apolo ficou boquiaberta. —Ela é casada,
mas...
David assentiu. —É complicado.
—Entendo. — Apolo estudou seu rosto. —Ela é diferente de nós.
Poderosa.
—Ela é —, disse David. —Ainda não fomos interrogados, mas
tenho certeza de que você será chamado. Tivemos que ajudar sua irmã
e conheci seu tio.
—Você viu Ártemis e Hades? — Ele perguntou surpreso.
—Eu não sabia que ele realmente existia —, disse David,
passando os dedos pelos cabelos de Jane. —Você deveria ter nos
avisado.
Apolo estava balançando a cabeça. —Eu não sabia que ele ainda
estava por aí. Poseidon está morto há anos; eu pensei que Hades
também. Havia rumores de que Hades havia feito um acordo com a
Morte, mas eu acreditava que ele estava simplesmente morto. —
Apolo sorriu: —Eu sabia que Ártemis estava se comportando
estranhamente nos últimos cinquenta anos - ele deve ser o segredo
dela. Ele sempre favoreceu minha irmã... Espere, minha irmã a viu? —
Os olhos dele voltaram-se para Jane.
Jane estava muito mais calma agora, e ela se tornara ciente de
como David ficou tenso com a pergunta. Como David não estava
respondendo, ela o encontrou olhando furioso para Apolo.
—Não, ela e Hades foram embora rapidamente. — Disse David.
Apolo assentiu.— Bem, isso é provavelmente o melhor.
Jane estreitou os olhos para Apolo. —Por que isso seria o
melhor?
—Bem... é só que...— Apolo olhou para David, encolhido.
Jane voltou sua atenção para seu vampiro silencioso. David?
Ele suspirou. —Apolo, eu vou te ver mais tarde. Não me deixe te
encontrar fazendo essa merda novamente. Se alimente onde você foi
informado.
—Eu irei. Vejo vocês mais tarde —, disse Apolo antes que seu
olhar se voltasse para ela. Ele estremeceu ao erguer os olhos para
David. —Desculpe, David. — Ele então se afastou antes que qualquer
um deles pudesse dizer mais alguma coisa.
Jane voltou seu foco para David.
Ele empurrou alguns cabelos para trás da orelha. —Ártemis é
irmã de Apolo - eu os conheço há muito tempo. Há muitas mulheres
imortais que desejam homens de alto escalão. A maioria dos homens
com maior poder já tem mulheres com quem estão comprometidos ou
foram amaldiçoados. Isso torna difícil para algumas mulheres
encontrar um parceiro adequado.
—Vá direto ao ponto —, disse ela, já sabendo e temendo aonde
isso estava indo. —Por que eu não deveria tê-la conhecido? Você não
disse nada antes.
David soltou um suspiro frustrado. —Eu sempre esperei o dia
em que você apareceria. Você sempre foi o que eu queria, mas houve
momentos em que duvidei que você fosse vir até mim. Que talvez
você não fosse real ou que eu perdi minha chance de encontrá-la...
Então, uma vez, considerei pegar outra.
Os olhos de Jane ficaram lacrimejantes, mas ela não reagiu.
—Eu rejeitei esses pensamentos antes que eu pudesse tomar
qualquer ação —, disse ele rapidamente. —É que Ártemis era a
mulher que eu considerava. Ela estava sempre muito interessada e
comparada à outras, ela teria sido uma escolha decente. A notícia se
espalhou sobre isso de alguma forma, e eu fui forçado a descartar as
noções de que eu a chamaria de Minha por anos. Sinto muito, Jane. Eu
nunca deveria me deixar duvidar que eu acabaria encontrando você.
Foi um momento de fraqueza. Prometo que nada aconteceu entre nós
- não sou romântico com ninguém desde minha mudança. — O olhar
suplicante dele disparou entre os olhos magoados dela:
—Você nunca esteve com ela?
David balançou a cabeça e beijou a testa dela. —Eu só a
considerei porque, depois de tantos anos sem nada, simplesmente tive
aqueles dias em que duvidava que a encontrasse. Eu não tinha
sentimentos por ela. A única razão pela qual eu disse alguma coisa foi
porque fiquei frustrado com as perguntas dos meus irmãos e de
outros imortais. Entre a maioria das mulheres que desejam
abertamente que eu as nomeie como Minha Outra, Ártemis era a mais
respeitável, e ela era a única com quem eu realmente havia
conversado. Isso é tudo.
—O nome dela saiu, e alguém contou. Depois que percebi que
havia um boato de que eu a estava chamando de Outra, neguei a ela e
a qualquer outra pessoa que fofocasse sobre isso.
Jane apertou os lábios enquanto uma mistura de emoções corria
desenfreada dentro dela. —Se todo mundo soubesse que você estava
esperando alguém específico, por que eles forçariam outra pessoa a
você?
—Ninguém sabe sobre o que aconteceu quando eu fui
transformado. Eles também não sabem o que me disseram sobre você.
Arthur e eu achamos melhor considerar que isso poderia fazer de você
um alvo para me machucar ou para usar uma imortal profetizada que
seria a mais poderosa... Por favor, não fique chateada com isso. Nada
aconteceu.
Jane desviou o olhar do olhar preocupado e murmurou: —Você
fez o que ele estava fazendo? Com aquela garota, quero dizer. Você se
alimentou de doadores assim? — Ela tentou manter a voz o mais
firme possível, mas ainda tremia.
—Jane? — Ele chamou e esperou.
Ela finalmente olhou com um tremor nos lábios, com medo do
que ela o ouviria dizer.
—Desde que se tornou clinicamente possível coletar e armazenar
sangue com segurança —, ele disse. — Eu só peguei sangue dessa
maneira. Isso só mudou quando eu te conheci.
—E antes que você pudesse armazená-lo?
Ele sorriu tristemente. —Alimentei-me de humanos, mas nunca
os usei por prazer sexual, nem lhes dei em troca. Alimentei-me deles e
saí. — Ele procurou o rosto dela, mas ela não mostrou nenhuma outra
reação. —Eu não vou mentir, sempre houve mulheres que queriam
mais, mas eu as recusei. Se elas faziam alguma tentativa de progredir
na troca, nunca mais as vi. Prometo que não participei de nada
parecido com o que você acabou de testemunhar.
—Você quer dizer que nunca esteve com outra? — Ela
perguntou esperançosa.
A expressão de David vacilou e Jane sentiu como se seu peito
tivesse sido arranhado ali. Um pequeno suspiro saiu de sua boca e seu
peito subiu e desceu rapidamente, esperando que ele continuasse.
—Eu não sou virgem, Jane. — David segurou o rosto dela.
Ela apertou os punhos ao lado do corpo, balançando a cabeça
enquanto tentava mostrar que entendia, mas David falou novamente.
—Antes de me transformar, eu tinha amantes. Mas nunca uma que eu
chamei de minha. Eu não tinha sentimentos por elas.
—Eu sei que isso não melhora, mas quero que você saiba a
verdade. Eu era um jovem príncipe imprudente de 27 anos. Fiz o que
quis sem pensar. Eu me arrependo disso todos os dias, e odeio que lhe
doa saber disso. Eu gostaria de poder dizer que sou puro por você,
mas não sou. — Ele fez uma pausa, olhando-a com olhos doloridos. —
No entanto, prometo que, uma vez que me transformei e me disseram
que um dia te encontraria, não deitei com outra. Também não
coloquei meus lábios nos de outra. Não toquei em nenhuma mulher
ou homem de maneira sexual. Farei tudo o que puder para compensar
você.
Jane deu um sorriso triste. —Você não sabia de mim de qualquer
maneira. Na verdade, estou muito feliz que você tenha se contido
depois que soube de mim, mas ainda dói. — Ela gemeu. —Me
desculpe, isso está me perturbando. Não é justo e muito egoísta da
minha parte, mas não posso deixar de querer você apenas para mim.
Não tenho o direito de dizer essas coisas para você. Deus! Por que é
assim? Nós nem estamos juntos.
David lançou-lhe um olhar terno. —Jane, você tem todo o direito
de se sentir assim. Eu sinto o mesmo. É inteiramente esperado que,
mesmo não sendo um casal, nos sintamos muito possessivos um com
o outro. Para nossas almas, pertencemos apenas um ao outro. —
Houve um recuo imediato dentro dela, mas ela o ouviu. —É por isso
que nós dois reagimos de forma tão agressiva a alguém que mostra o
mínimo de interesse pelo outro - eles estão surgindo como uma
ameaça em potencial. Está bem... E obrigado por não estar chateada
comigo. Eu gostaria de poder voltar atrás.
Ela expirou, deixando-se acalmar. Sua mente sabia que ela estava
agindo dessa maneira por causa dela e de David. Os novos
sentimentos que ela estava desenvolvendo para ele eram o verdadeiro
problema. Estava ficando mais difícil se impedir de aceitá-lo. Ela
amava a Morte, sabia disso e ainda não queria magoar Jason, mas
havia algo sobre David, sobre eles juntos, e ela se viu querendo mais.

David olhou para ela, esperando que ela respondesse, e isso o


encheu de alívio quando ela passou os braços em volta da cintura
dele. Ele imediatamente retribuiu o abraço dela, segurando a cabeça
dela contra o peito dele enquanto a outra mão a esfregava nas costas.
Eles ficaram em silêncio por um momento antes que ela
quebrasse o silêncio. — David?
—Sim, bebê? — Ele respondeu, afastando os cabelos do rosto
quando ela inclinou a cabeça para cima.
—Aquele era realmente o deus Apolo?
David riu e assentiu. —Sim, mas ele não é deus. Isso é
exatamente o que o homem o rotulou. Alguns de nós são identificados
como deuses, anjos ou heróis. Outros são nomeados vampiros,
monstros e demônios - até alienígenas. As pessoas sempre apresentam
suas próprias explicações para coisas que não entendem.
Jane assentiu e voltou a abraçá-lo. —É fascinante.
—Sim. Os mortais nunca consideraram que estávamos
conectados. Em vez de perceber que somos iguais, eles criaram algo
novo. Apolo é como Tristan - ambos manipulam fogo. Suponho que
foi assim que ele se tornou o deus do sol. Helios é o anjo que o criou.
Ele começou a passar os dedos pelos cabelos dela, sorrindo
quando ela estremeceu e o agarrou com mais força. Ele sabia que ela
estava se acalmando agora, e mesmo que não estivesse
completamente de acordo com o fato de que ele já tinha feito sexo com
outras mulheres antes, ela estava tentando aceitá-lo. No entanto, ele
ainda se sentia péssimo. Não importava que ela casasse com Jason e
tivesse filhos, ele ainda tinha vergonha de seu comportamento
passado. Mesmo que Jane não o tivesse escolhido em vez da Morte,
não estava fazendo sexo com vários homens.
—Ele é amaldiçoado? — Ela perguntou depois de alguns
momentos de silêncio.
—Sim. Lembre-se de que todos eles são amaldiçoados. Apolo é
um dos poucos gregos que está tentando redimir seus crimes. É por
isso que ele está aqui.
—E Ártemis?
—Ela também é amaldiçoada, mas nunca violou as regras
impostas a elas. Como eu disse, ela era a escolha mais respeitável. Ela
não é condenada ao inferno como Apolo. A deusa virgem é precisa,
tanto quanto eu sei. Bem, é assim que ela prefere ser chamada, em vez
de vampira.
—Oh. — Ela respondeu suavemente.
Ele poderia dizer que ela se retirou para si mesma novamente.
Ela estava descansando a bochecha no peito dele, olhando para a
frente, pensando. Ele sabia que ela estava pensando sobre ele e
Ártemis.
—Bebê?
—Hum? — Ela respondeu, um pouco distante.
—Eu não me importo com ela, nunca me importei. E eu juro que,
além de nos juntarmos em batalha, eu não tinha mais nada a ver com
ela. Ela era apenas uma consideração sem sentido, e eu nunca pensei
mais nela. Suas esperanças surgiram quando ela ouviu os rumores,
mas expliquei meus sentimentos a ela o máximo que pude sem
machucá-la. Ela ainda tem esperanças de que eu mude de ideia, mas
acho que ela desistiu quando a vi em Austin.
—O que você quer dizer? O que aconteceu?
David sorriu, esperando que sua explicação a acalmasse. —Ela
começou sua busca habitual. Não queria envergonhá-la ou machucá-la
antes de uma batalha, mas ela ficou sabendo que encontrei minha
Outra. — Ele fez uma pausa, esfregando a bochecha com o polegar. —
De fato, Hades notou sua paixão e deixou escapar as notícias. Ela
estava chateada, mas sabia que eu estava feliz e o quanto você já
significava para mim. Eu acho que Hades sabia que ela precisava de
mais evidências, então ele expressou o quanto eu queria voltar para
você, em vez de estar lá ajudando-a. Estranho. Eu nunca esperei que
um servo da Morte me ajudasse em relação a você.
Jane sorriu um pouco. —Ele era estranho.
—Você sente falta da Morte, não é? — Ele perguntou quando o
sorriso dela caiu.
Os olhos dela se arregalaram, mas ela respondeu: —Sinto muito,
mas sinto... Não sei por que ele não veio.
—Não se desculpe. Não há problema em sentir falta dele. Eu sei
o quanto ele significa para você. — Ele engoliu em seco,
acrescentando: —Eu sei o quanto você o ama.
Ouro brilhou em seus olhos. —Oh, David. Eu sinto muito.
Ele balançou a cabeça. —Jane, Morte ganhou o seu amor. Ele
merece ser amado por você depois de tudo que ele fez. Você mal me
conhece, e eu não posso esperar que você mude seus sentimentos ou
compromisso só porque nós foram profetizados para estar juntos. —
Ele sorriu e decidiu mudar de assunto: —Agora, você está pronta para
ver seus filhos? Acho que alguns dos outros também podem estar lá.
—Ok, sim. Obrigada, David.
David sorriu e a pegou de repente, deslizando uma mão no meio
das costas, enquanto seu antebraço apoiava sua bunda perfeita. Ela
soltou um suspiro, envolvendo os braços em volta do pescoço, mas
antes que ela pudesse gritar com ele, ele levou os lábios à bochecha
dela, sorrindo mais quando arrepios irromperam em sua pele.
Ele beijou a bochecha dela. —Desde que eu possa te abraçar de
vez em quando, e eu sei que você está segura, serei feliz.
Ela soltou um som ininteligível, fazendo-o rir, mas ele deixou os
lábios em sua pele por um momento. O roçar suave de sua bochecha
parecia inebriante quando ele moveu a boca e sussurrou em seu
ouvido: —Eu te amo, Jane.
Seu corpo ficou um pouco mole, então ele a apertou para mantê-
la em pé. David podia sentir seu coração batendo forte no peito e seus
lábios se abrindo enquanto ela lutava para dar uma resposta.
Ele balançou a cabeça. — Eu só preciso dizer. Por favor, deixe-
me dizer.
—Eu-uh—, ela gaguejou. —Sim. Você pode me dizer.
Ele se afastou, admirando a beleza dela por alguns segundos. —
Vamos ver o que os outros estão fazendo?
A cabeça dela balançou, e David sorriu antes de beijar sua
bochecha mais uma vez.

Jason não estava prestando atenção aonde estava indo depois de


deixar seus filhos com Gawain. Por vinte minutos, ele estava vagando
pelos corredores do castelo quieto, pensando. Nunca lhe ocorreu que
ele estaria realmente perdendo Jane um dia. Mesmo perdendo-a para
a praga, não parecia real. Não era real - ela ainda estava viva graças a
esses homens que não deveriam existir.
Jason balançou a cabeça e soltou um suspiro frustrado. Ela pode
não ter morrido, mas ele a perdeu de qualquer maneira. Ela escolheu
David ao invés dele. Ela se jogou no vampiro mais vezes do que ele
conseguia se lembrar. Ela o envergonhou, revelou coisas que ele
nunca esperava que ela contasse a ninguém, e ela escolheu David. Ela
até sorriu para o bastardo quando ele o repreendeu como um
incômodo patético.
—Você me faz sentir mal, Jason —, é o que ela disse. —Ele me
faz sentir melhor.
Jason estava pronto para fazer um buraco na parede. Como ela
pôde dizer isso? E na frente de outras pessoas! Ele estava prestes a
voltar para o refeitório, onde quer que fosse, e fazê-la voltar para ele,
mas um par de vozes femininas o fez parar.
—Não acredito que David fez isso comigo —, disse uma mulher
chorando. —Fui falar com ele e, quando entrei no quarto, vi-o sem
camisa, segurando a mulher enquanto ela estava em sua cama. A
pequena vagabunda tem um marido, mas ela se arrastou na cama com
David depois de dar um ataque.
Os ouvidos de Jason se animaram, já deixando seus pensamentos
recuarem para aquele lugar escuro enquanto ouvia atentamente a
resposta de outra pessoa.
—Oh, Melody. Estou certa de que não foi nada. Ele
provavelmente estava apenas alimentando-a - ela é sua recém-
transformada, afinal de contas.
—Não —, Melody chorou. —Eles são mais que outros. E não
apenas meu coração parte da infidelidade de David, mas minha alma
chora pela família dessa mulher. Ela não tem coração. Ela não hesitou
em me ameaçar e pediu que David me expulsasse. Quando tentei
fazê-los ver a razão; ela tem um marido - filhos - ela usou algum tipo
de poder que eu nunca senti antes. Eu nunca estive tão aterrorizada;
ela é um monstro absoluto. Eu corri pela minha vida. Não consigo
nem imaginar o que eles fizeram um com o outro.
—Oh, aquele pobre marido dela. Ouvi dizer que eles o estavam
alimentando mentiras de que ela e David tinham que estar sempre
próximos. O homem nem sabe que a maioria de nós sobrevive com
sangue armazenado. Ela não é diferente, mas eles mentiram para ele
para que possam continuar seu caso.
Jason fechou as mãos. Ele não podia acreditar. Eles o enganaram
com tanta facilidade, fingindo ser todos nobres e inventando razões
ridículas por que eles tinham que ficar juntos. Ela provavelmente
estava rindo dele com David nas costas. Ela provavelmente já dormiu
com ele várias vezes. Jason não ficaria surpreso se ela tivesse dormido
com Ryder também. Aqueles dois idiotas a estavam compartilhando.
Ela está transando com os dois.
—Eu gostaria que houvesse alguma maneira de que o pobre
marido dela não se machucasse, mas ele não tem chance contra David.
—Não, ele não tem. — A outra mulher concordou.
Jason tinha ouvido o suficiente. Ele se afastou bruscamente da
parede e caminhou para o outro lado, sua raiva subindo a alturas que
ele nunca tinha conhecido.
14
PEGASUS
—Mamãe! — Natalie gritou enquanto descia um escorregador
amarelo.
Jane ficou lá, estupefata por um momento. Primeiro, ela se
perguntava como eles haviam conseguido um playground de madeira
completo, com balanços e escorregadores, construídos no interior - e
segundo, que a filha estava sorrindo para ela. Sim, Natalie estava
sorrindo... e correndo em direção a ela.
Jane ficou tensa e se virou para sair, com medo de machucar a
bebê, mas David passou um braço em volta da cintura dela e a puxou
contra o lado dele.
—Está tudo bem, querida —, disse ele, agarrando uma das mãos
dela com a mão livre. —Jane, você não vai machucá-la. Eu tenho você.
Ela apertou a mão dele e ficou rígida quando Natalie parou bem
na frente deles. Jane não se mexeu. Sua mente não parava de
interpretar cenários terríveis de perder o controle sobre si mesma.
Tudo o que ela podia ver eram as imagens que Mania a forçara. Não
importava se ela havia sido alimentada ou se David estava ao seu
lado, ela estava aterrorizada porque nunca deixou sua mente que ela
poderia dominá-lo, se quisesse.
—Veja mamãe! — Natalie respirou fundo, sorrindo e apontando
para o balanço. —Eu disse que eles tinham um escorregador lá dentro.
Jane ouviu Natalie falando, mas ela não conseguia se concentrar
em nada que estava sendo dito a ela. Ela continuou se vendo matando
a filha. Isto é, até Natalie começar a franzir a testa enquanto olhava
entre Jane e David.
—Isso é maravilhoso, Natalie. — Disse David, esfregando o
polegar suavemente contra a cintura de Jane.
O olhar de Natalie se concentrou na mão de David e ele parou de
mexer o dedo.
—Onde está o meu pai? — Perguntou Natalie.
Jane ficou sem fôlego, finalmente tirando-a das possibilidades
terríveis que corriam por sua cabeça apenas para encarar Natalie,
aterrorizada com o que sua filhinha poderia estar pensando.
David apertou delicadamente a mão dela. —Ele veio te ver, não
foi? Acho que ele queria algum tempo para explorar o castelo sozinho.
Isso não satisfez Natalie. —Por que você está com minha mãe o
tempo todo?
O pânico encheu o coração de Jane, mas ela não conseguiu falar.
Arthur começou a se aproximar, mas David balançou a cabeça e se
agachou, forçando Jane a copiá-lo.
—Você se lembra como sua mãe disse que eu a fiz melhorar? —
Ele perguntou, mantendo a voz calma.
Natalie começou a balançar a cabeça e olhou para a mãe por um
momento antes de David continuar.
—Bem, eu ainda tenho que lhe dar remédios para evitar que ela
fique doente. Quando seguro a mão de sua mãe, ela não se sente tão
doente. Não quero que ela se sinta mal, então faço o possível para
ajudá-la.
Jane virou a cabeça, observando-o explicar a proximidade deles.
David estava se acalmando, e ele não estava nem um pouco
preocupado.
—Então, você é o remédio da minha mãe? — Perguntou Natalie.
David sorriu e assentiu. —Sim, eu sou como o remédio dela. Eu
tenho que dar a ela este remédio para beber, e quando eu a toco, isso
ajuda a funcionar... Ela já te beijou onde você se cortou ou bateu a
cabeça?
O entendimento iluminou os olhos de Natalie e ela assentiu. —
Sim! Você a deixa melhor, então?
—Exatamente! — David olhou para Jane e, enquanto ela estava
aliviada, Natalie parecia ter uma verdade muito extensa sobre ela e
David, ainda estava com medo de machucar seus filhos.
—Então, você beija as dores da mamãe e ela fica melhor? —
Natalie perguntou, desta vez sem parecer desconfiada.
David se encolheu um pouco, mas falou calmamente. —Bem, às
vezes eu dou a ela um beijo onde dói... Às vezes a cabeça dói, então eu
a beijo na cabeça ou na bochecha. Outras vezes, eu poderia lhe dar um
beijo na mão.
—Mamãe costumava fazer isso comigo quando eu ficava doente.
— Disse Natalie, ainda sorrindo.
—Sim, assim mesmo —, disse David. —Mas ainda preciso de
ajuda para me certificar de que mamãe não dói. Você acha que pode
ser uma menina grande e me ajudar com isso?
Um sorriso largo se estendeu pelo rosto de Natalie, e ela assentiu
ansiosamente.
David riu e começou a esfregar a mão no braço de Jane agora. —
Bem, eu quero que você sempre se mova muito devagar em torno
dela. Você deve perguntar a alguém primeiro se você pode vê-la
também.
—Por quê?
—Porque se a mamãe não tiver o suficiente do meu remédio, ela
pode fazer coisas que podem machucá-la. — Disse ele com seriedade,
mas não de uma maneira assustadora. —Ela nunca machucaria você
de propósito, mas poderia machucar você ou seu irmão por acidente.
Você se lembra de como ela se moveu muito rápido e como ficou com
raiva ontem à noite?
Jane franziu a testa, envergonhada.
David apertou a mão dela. —Está tudo bem, querida.
—Você quer dizer, eu me mudei rápido demais para mamãe,
então ela ficou brava? — Perguntou Natalie.
—Não, princesa—, David disse rapidamente. —Mamãe não
tinha o suficiente do meu remédio nela, então ela ficou doente. Às
vezes, se estiver doente, fica com raiva e pode machucar alguém
acidentalmente. É por isso que vamos garantir que ela tome o remédio
e que você não chegue muito perto, caso ela se sinta mal. E preciso da
sua ajuda para manter Nathan longe também. Você pode me ajudar
com isso?
—Ela tem o remédio agora?
—Sim, eu apenas lhe dei um remédio e estou segurando a mão
dela.— Ele levantou as mãos um pouco. —Ela está triste porque quer
estar com você como antes.
David sorriu para ela e levou a mão dela aos lábios dele,
beijando-a suavemente sem nunca tirar os olhos dos dela.
—Ele beijou sua mão —, Natalie sussurrou em reverência. —
Você se sente melhor, mamãe?
Jane soltou uma risada triste e sorriu enquanto os outros na sala
riam junto com ela.
—Você se sente melhor, Jane? — David perguntou, dando-lhe
aquele sorriso lindo dele.
Jane desviou os olhos dele e sorriu o melhor que pôde para
Natalie. —Sim, querida, me sinto melhor.
Natalie voltou sua atenção para David e lançou-lhe um olhar
sério. —Posso ir com ela agora?
Jane estava prestes a dizer que não, mas ele se aproximou dela,
sussurrando: —Você pode fazer isso. — Ele voltou o olhar para
Natalie e falou mais alto. —Sim, acho que faria mamãe muito feliz.
Jane ficou quieta enquanto David se situava atrás dela. As mãos
dele pousaram nos quadris dela, e ele sussurrou em seu ouvido. —Eu
estou bem aqui. Não vou deixar você machucá-la. — Ele a aninhou tão
suavemente que ela mal sentiu. —Seja corajosa, meu amor.
Arthur veio atrás de Natalie com Nathan nos braços.
—Deixe-a tentar apenas com Natalie. — Disse David.
Arthur sorriu e continuou segurando Nathan enquanto Gawain,
Gareth e Tristan criavam uma espécie de semicírculo na frente deles.
Jane fez contato visual com cada um deles brevemente,
recebendo seus sorrisos encorajadores. Aqueceu seu coração tê-los
todos lá, dispostos a ajudá-la e a manter seus filhos em segurança.
O calor do toque de David trouxe sua atenção de volta para ele, e
ela virou a cabeça levemente para ver o rosto dele perto do dela.
Ele apertou sua cintura e beijou sua bochecha. —Você conseguiu
isso. — Ele assentiu para Natalie. —Ok, Natalie, lembre-se do que
conversamos... Vá devagar.
Natalie não parecia tão animada agora.
Gawain se agachou, ganhando sua atenção. —Vamos, Natalie.
Apenas vá devagar, como David instruiu. Tenho certeza que mamãe
adoraria um forte abraço seu.
Jane olhou para as outras quatro mulheres que estavam de pé ao
lado. Ela reconheceu Guinevere e Ragnelle, mas não as outras duas.
—Foco, Jane. — David a puxou contra seu peito um pouco.
Jane fez, voltando o olhar para Natalie enquanto ela lentamente
estendia as mãos para Natalie ir até ela.
No começo, Natalie ficou parada, mas ela finalmente apertou os
lábios e caminhou até Jane. Ela tocou sua bochecha primeiro, depois
alcançou o pescoço de sua mãe e a abraçou.
Jane soltou um soluço suave e puxou a filha para mais perto. Ela
apertou os olhos com força, balançando um pouco para estender o
abraço, o tempo todo sentindo o toque encorajador de David ao seu
lado. Isso a lembrou da primeira vez que ela se reuniu com sua
família. Desta vez, porém, David teve força e conforto suficientes para
fazê-la passar por isso.
Jane empurrou Natalie para trás o suficiente para ver seu rosto.
—Mamãe te ama muito, menina.
—Eu também te amo, mamãe. — Disse Natalie.
David deu um beijo no lado da cabeça de Jane antes de passar a
boca ao ouvido dela. —Boa menina. Acho que Nathan precisa de um
abraço agora.
Ela suspirou quando ele a beijou novamente antes de se inclinar
para trás. O tempo todo, Natalie os observou com o maior sorriso no
rosto.
—Muito bem, princesa —, disse David. —Vamos deixar Nathan
tentar?
Natalie assentiu repetidamente e se afastou da mãe para onde
Arthur estava. Arthur riu quando Natalie deu a ele um olhar de
urgência, e ele colocou Nathan no chão. Natalie imediatamente pegou
a mão do irmão e virou-se para ele, dizendo: —Vá devagar, Nathan.
Não a queremos doente de novo.
—Ela é mandona. — David riu no ouvido de Jane.
Nathan ficou quieto enquanto Natalie o puxava.
— Respire fundo, bebê. — David sussurrou, beijando sua
bochecha e apertando seus quadris.
Jane seguiu suas instruções e ofegou quando Nathan caminhou
direto para ela sem qualquer hesitação.
Ela o abraçou, chorando contra seu pequeno ombro enquanto ele
olhava de David para ela. Embora ela amasse seus filhos igualmente,
Nathan sempre residia em uma parte mais delicada do coração de
Jane. Nathan precisava de Jane. Pelo menos, era nisso que ela tentava
acreditar de tempos em tempos. Mesmo que ele se saísse melhor com
uma mãe diferente, ela achava que o garotinho contava com ela. Ele
era seu bebê, enquanto Natalie era sua garotinha independente.
Jane segurou a nuca de Nathan e encostou-se ao peito de David.
Ele beijou a cabeça dela. —Essa é a minha menina corajosa.
Era disso que Jane precisava tanto. Ela precisava segurar seus
bebês e David precisava segurá-la.
—Eu acho que os meninos querem que você conheça suas
esposas —, disse ele suavemente. —Tudo bem?
Jane assentiu, sorrindo quando ele beijou a cabeça dela antes de
se levantar. Ele a ajudou a se levantar e, em seguida, colocou uma mão
em sua cintura enquanto a conduzia os poucos passos para onde
Gareth estava.
Como Jane ainda estava com Nathan agarrado ao pescoço, ela
abraçou desajeitadamente o cavaleiro mais jovem.
—Muito bem, querida —, disse Gareth, dando um passo para
trás e gesticulando para a mulher ao lado dele. —Esta é minha esposa,
Lyonesse.
Jane sorriu para a mulher pequena e estendeu a mão para
cumprimentá-la. Ela era adorável, com cabelos cor de mel e suaves
olhos verdes. Jane sabia que Gareth era um dos mais jovens dos
cavaleiros, e sua esposa também. Ambos pareciam estar no final da
adolescência ou nos vinte e poucos anos. Obviamente, porém, Gareth
e Lyonesse eram séculos mais velhos que ela.
—Me chame de Ness —, disse ela. — E é adorável conhecê-la,
Jane. Gareth me contou muito sobre você, tudo de bom, eu garanto.
Jane sorriu. —É um prazer conhecê-la também. Ele deve ter
deixado de fora o fato de que eu o envergonhei na frente dos outros.
Gareth brincalhão olhou para Jane. —Devo trazer seus
momentos mais humilhantes, querida?
—Não. — Jane corou. —O que acontece no Texas fica no Texas.
David riu e apontou para a mulher ao lado de Tristan. —Jane,
esta é a esposa de Tristan, Iseult.
A mulher era linda, como o resto delas. Seus cabelos castanhos
ondulados caíam até a cintura e ela sorriu para Tristan antes de
estender a mão para Jane. —Prazer em conhecê-la, Jane. Todos nós
estamos incrivelmente felizes em ter você e sua família aqui conosco.
—Obrigada. — Disse Jane, apertando a mão dela.
Com Guinevere carregando Natalie no quadril, Arthur e sua
esposa se aproximaram deles. —Senhoras. — Disse Arthur. —Os
outros vão se mudar em breve, e acho que Jane gostaria de passar
algum tempo com os filhos por um tempo. No entanto, precisamos
discutir alguns assuntos com ela e David. Todos vocês nos dariam
licença por um momento e talvez observem as crianças um pouco?
—Claro, Arthur. — Responderam em uníssono.
Os homens deram beijos nas esposas das mulheres antes de
mandá-las embora. Guinevere colocou Natalie nos braços de Ragnelle
antes de se aproximar dela.
—Devo levá-lo? — Perguntou Guinevere.
—Oh. — Jane disse, não querendo realmente deixar Nathan ir,
mas entendendo que eles tinham coisas a tratar. Ela começou a tentar
remover os braços de Nathan do pescoço, mas ele não se mexeu. Ela
sabia que isso lhe causaria um ataque se o removessem à força; ele
fora levado com muita frequência.
David a virou para encará-lo, acariciando sua bochecha antes de
esfregar as costas de Nathan.
—Ei, homenzinho —, disse ele, o que apenas fez Nathan apertar
ainda mais. David continuou assim mesmo. —Você gostaria de ir com
Guinevere até que mamãe e eu voltemos?
—Mamãe. — Nathan murmurou contra o ombro de Jane.
David sorriu suavemente enquanto a olhava novamente. —Acho
que ele pode ficar, Jane. Está tudo bem com você? — Jane assentiu e
David falou novamente. —Nathan, você gostaria de ficar com a
mamãe?
—Mamãe. — Disse Nathan.
Jane estava preocupada que David pudesse ficar frustrado com a
falta de um simples sim ou não, mas ele apenas sorriu e esfregou as
costas do filho enquanto falava com ele. —Tudo bem, homenzinho,
apenas fique quieto e seja um bom menino. — David desviou o olhar
para a irmã. —Desculpe irmã. Pelo menos você ainda tem Natalie.
Guinevere sorriu para Jane. —David sabe onde me encontrar se
você precisar que eu o leve.
—Obrigada. — Jane disse enquanto David colocava a mão nas
costas dela. Ela corou quando ele beijou o topo de sua cabeça e sua
irmã sorriu.
—Você está indo tão bem. — Disse ele humildemente enquanto
eles seguiam os cavaleiros.
—Eu não seria capaz de fazer isso sem você.
Ele sorriu e deslizou a mão até que pousou no quadril dela. —
Estou feliz por poder ajudar.
Eles saíram da sala de jogos e seguiram na direção em que Jane
não tinha estado antes.
—David? — Jane chamou calmamente.
—Hum?
—Você disse que a esposa de Tristan é Iseult... Mas eu pensei
que todas as histórias diziam que o nome dela era Isolde. As histórias
estavam erradas? — Ela se sentiu tola por perguntar se as lendas eram
verdadeiras, mas não podia evitar.
—Eles são meio verdadeiros. Iseult não é Isolde, no entanto.
Assim como todas as suas lendas, há alguma verdade nelas - no
entanto, com o tempo, ou apenas para inventar uma história
romântica, os detalhes mudam.
Jane ouviu atentamente; ela estava muito fascinada pelas várias
lendas, e agora aprendendo a verdade além dessas lendas, sentia-se
como uma criança novamente.
—Havia um Isolde —, disse ele. —E Tristan a amava, mas ela
deveria ser a esposa do tio dele. Eles pensaram em fugir um com o
outro, mas Tristan é um homem bom; ele não suportava o pensamento
de machucar seu tio. Ele terminou o relacionamento e Isolde
continuou com o casamento arranjado.
—Depois que eles se casaram, Tristan deixou o Reino de Marcos.
Mais tarde, ele conheceu e se apaixonou por Iseult. Os nomes de
ambas as mulheres são variações do outro; isso é simplesmente
coincidência. Suponho que seja por isso que existem versões
diferentes do que realmente aconteceu. A história dele morrendo
pelas mãos de Mark, acho que veio do fato de que ele desapareceu
depois de um tempo. Obviamente, não podíamos ficar por aqui sem
envelhecer, ou as pessoas notariam. Alguns dos homens inventaram
suas próprias histórias para a morte, enquanto outros apenas se
desenvolveram a partir da imaginação das pessoas.
Jane ficou espantada com o fato de tantas histórias que ela ouvia
serem verdadeiras. Ela mordeu o lábio, nervosa para perguntar outra
coisa. Algo estúpido.
—Você tem outra pergunta?
Ela olhou para ele. —Hum...
—Você pode me perguntar, Jane.
Jane hesitou, mas finalmente deixou escapar: —Por favor, diga-
me que unicórnios e dragões são reais.
Sua boca se abriu, mas ele finalmente soltou uma risada. —Eu
nunca vi um unicórnio ou um dragão. — O rosto de Jane caiu, e ele riu
antes de falar novamente. —Mas suponho que seja possível que eles
existam ou ainda existam.
Jane levantou a cabeça, animada. —Você pensa?
Ele encolheu os ombros. —Havia um sujeito, há muito tempo,
que jurou que tinha visto um Pegasus.
—Um Pegasus? Oh meu... Realmente?
—Isso foi o que ele disse. — Ele riu baixinho.
—Uau —, ela respirou. —Não estou perdendo a esperança de
que os unicórnios sejam reais, e tenho certeza de que os dragões
estavam pelo menos naquela época. Deve ter havido tantas histórias.
— Ela se virou, deixando sua mente refletir sobre todas as
possibilidades que cercavam criaturas míticas.
—Tenho certeza que houve, bebê. — Ele esfregou o lado dela. —
Talvez você encontre um dia.
—Isso seria incrível. — Disse ela, sorrindo.
—Tenho certeza que ele pensaria o mesmo sobre você.
Ela sorriu e se inclinou contra ele um pouco. —Ele não iria.
—Ele deveria. Meu bebê é incrível.
Jane sorriu mais.
15
UM DIA
—Recebi uma mensagem ontem à noite —, disse Arthur,
encarando David do seu assento atrás de sua grande mesa de
madeira. Eles estavam no escritório particular de Arthur com Gawain,
Gareth e Tristan. —Era de Hades, ele está vindo aqui com vários
outros.
—Quem são os outros? — Jane perguntou quando notou David
estremecer.
—Hades está viajando com Ártemis e sua equipe. — Esclareceu
Arthur.
Jane olhou para a mesa em silêncio. De todas as pessoas que
estavam por vir, tinha que ser a única mulher que David considerava
levar em vez de esperar pela sua Outra. Ártemis era uma mulher que
ele respeitava e considerava digna do lugar ao seu lado. Nenhuma
profecia ou crença em almas gêmeas o levou a buscá-la; ele gostava
dela. Não importava que ele dissesse que nada havia acontecido, ele
tinha interesse suficiente nela para nomeá-la especificamente como
uma Outra potencial.
Eu não deveria me importar, ela disse a si mesma. Ele é livre para
fazer o que quiser.
Embora isso fosse verdade, e ela não tivesse escolhido David
como ele esperava por todos esses anos, ela ainda não queria que mais
ninguém o tivesse. Era egoísta e errado, mas ela não conseguia parar
de querer que David a visse apenas.
David gentilmente apertou sua mão em torno da dela. —Quando
eles vão chegar?
—Eles pousaram cerca de cinco minutos atrás. — Disse Gawain,
fazendo com que os olhos de Jane se arregalassem. Ela não tinha
tempo de se preparar, mas talvez fosse melhor assim.
Tudo o que ela conseguia pensar era em como Ártemis era
bonita. David recusou Melody, uma deusa por direito próprio, e
Ártemis era uma mulher que tinha sido adorada como uma deusa.
Uma deusa, Jane repetiu em sua cabeça. Ela estava contra uma deusa.
Ela não era ninguém - uma mãe de 26 anos, dois filhos, que nem
sequer deu certo. Jane sabia que David considerara Ártemis, ela devia
ser mais bonita do que qualquer mulher na terra. Oh, Deus, não tenho
chance. Eu vou perdê-lo.
—Jane. — Disse David.
—O que? — Ela olhou para cima, distraída.
Ele soltou a mão dela para que pudesse acariciar sua bochecha.
—Você vai ficar bem?
Ela lançou os olhos entre os dele e já sabia que não ia ficar bem.
Ela temia o que estava por vir, mas podia fingir ser forte. Ela queria se
agarrar àquela pessoa corajosa que saía dela de vez em quando. —Eu
vou ficar bem. — Ela sorriu quando os dedos dele seguraram seu
queixo.
Ele procurou nos olhos dela por qualquer angústia oculta.
—Estou bem, David —, disse ela. —Você disse que ela não era
nada para você, e eu acredito em você. Não é como se estivéssemos
juntos de qualquer maneira.
O rosto de David caiu, e ela imediatamente se sentiu um idiota
por dizer isso.
—Jane. — Ele disse.
Ela o interrompeu. —Me desculpe, eu não quis dizer isso. Só
quis dizer que não deveria ficar chateado com uma pessoa que vem
aqui por sua ajuda.
Ele soltou um suspiro frustrado, e Jane sabia que não estava
enganado pela explicação dela. Ainda assim, ela lhe deu um sorriso,
que ele retornou.
—Bom —, disse Arthur, chamando a atenção deles novamente.
—Vejo que vocês já falaram sobre o assunto. A outra questão que eu
queria discutir é o treinamento de Jane. Eu quero que você pratique
suas habilidades com Tristan. Hades pode até ser capaz de ajudá-la,
embora eu não tenha certeza de suas habilidades extras. Só posso
supor que eles estão nos pedindo ajuda, o que significa que
provavelmente iremos embora novamente em breve.
Ela puxou Nathan para mais perto; ela não queria deixá-los
novamente.
Arthur sorriu para ela suavemente. —Jane, tente não se estressar.
Passe o tempo com sua família. Hoje à noite, nos reuniremos na sala
redonda. — Ele olhou para David. —Nove horas. Prepare-a para o
que esperar.
David suspirou enquanto se levantava. —Eu vou.
Jane não conseguia mais ouvir sem entrar em pânico. Ela se
levantou e saiu do escritório sem dizer adeus a ninguém. Ela só deu
alguns passos no corredor quando uma mão agarrou a dela. Era
David, é claro, e ela o deixou ficar quieto.
Ele se aproximou, seu calor corporal se espalhando pelo dela. —
Jane. — Ele deslizou os dedos pela bochecha dela e pelos cabelos. —
Não faça isso. Sei que você está preocupada com ela, mas juro que
você é tudo que eu sempre desejarei.
—Eu não deveria me importar. — Disse ela, olhando-o nos
olhos. Aqueles olhos azuis a torturavam e a acalmavam ao mesmo
tempo.
—E eu não deveria me importar com Jason ou Morte em sua
vida, mas eu me importo. — Ele sorriu, aproximando-se. — Quero
você toda para mim e não devo. Você não foi informada do nosso
destino juntos, então não há motivo para deixar de lado aqueles em
seu coração, porque de repente eu entrei em sua vida. Eu aceito isso.
Mas não vou jogá-la de lado simplesmente porque nossa situação não
é o que eu esperava. Sinto-me possessivo por você, assim como você
sente por mim e pela Morte.
—Você não age assim.
Ele riu e deslizou os dedos pelos cabelos dela. —Eu tenho um
excelente controle sobre minhas emoções. Acredite, sinto o desejo de
lutar contra qualquer homem na sua proximidade que ainda não
esteja acasalado. Não se preocupe se isso parecer errado ou fizer você
se sentir egoísta por me manter em segredo. Não há nada errado sobre
nós. Você pode ser tão egoísta quanto quiser comigo, porque eu já sou
seu.
Seu coração se aqueceu ao ouvi-lo dizer isso. Ela se viu querendo
mais e mais dele a cada minuto que passava entre eles. Mas ela ainda
não podia fazer nada sobre seus sentimentos crescentes. Nathan
descansando frouxamente em seus braços a lembrou exatamente por
que ela não podia permitir que esses novos sentimentos a
consumissem.
—Estou apenas um pouco estressada por conhecê-la —, ela
sussurrou. —Eu não me dou bem com outras mulheres.
David sorriu e abaixou o rosto para pairar centímetros acima do
dela. —Não fique estressada; ela não tem nada como você.
Jane deu a ele um olhar inexpressivo. —David, ela é uma deusa.
—Ela não é uma deusa de verdade. Ela é uma vampira, assim
como você e eu. E ela não é uma pessoa má. Ela está muito
comprometida com seu dever, assim como nós. — Ele se inclinou e
beijou sua bochecha, depois acrescentou suavemente: — Ela nunca
teve meu coração, Jane. Ela nunca vai ter. — Os lábios dele roçaram
sua pele quando ela soltou um suspiro e fechou os olhos. — Você é
minha vida, Jane. Nunca pense que alguém possa se comparar a você,
meu amor.
Suas palavras e voz encheram seu corpo inteiro. Ela nem
percebeu que estava segurando o lado dele com a mão livre, tentando
puxá-lo para mais perto. Quando ela começou a mover os lábios em
direção aos dele, David se afastou.
Ela abriu os olhos e olhou fixamente nos dele por um momento e
depois observou como seu olhar se dirigia para Nathan, que dormia
profundamente em seu ombro. Jane apertou os lábios, com vergonha
de si mesma.
David beijou sua testa. —Um dia, meu amor.
16
MEU E SEU
Jason ficou em silêncio no corredor, observando David segurar
seu filho adormecido enquanto acariciava a bochecha de Jane,
encorajando-a a ser corajosa. Seja lá o que diabos fosse. Não era difícil
ser mãe, mas ela estava sorrindo e suspirando toda vez que David a
elogiava por algo estúpido.
David se inclinou, sussurrando em seu ouvido, e Jane sorriu
brilhantemente para ele. Era um sorriso que Jason nunca tinha visto
em seu rosto. Foi com aquele sorriso que ela foi até Natalie.
Jason sabia que era melhor não entrar lá e começar uma briga -
ele não podia derrotar David. O homem era praticamente um deus, e
ele estava de olho em Jane e sua família.
Foi preciso todo o controle para ficar ali, enquanto observava
David sorrir para Jane e depois para Nathan. O vampiro estúpido não
tinha o direito de abraçar seus filhos, tocar em sua esposa ou dizer a
ele que marido de merda ele pensava que era. David era quem
transava com uma mulher casada, enquanto ele tinha uma namorada
com quem nem sequer terminara as coisas corretamente. David estava
roubando sua família, separando-os. David era um monstro.
Jane colocou o cobertor em volta de Nathan mais uma vez antes
de se virar para sair do quarto. Ela olhou para cima, encontrando o
olhar de David. Ele estava encostado na porta, sorrindo como ele
estava enquanto ela colocava seus filhos na cama.
—Desculpe —, disse ela uma vez que estava perto dele. —Ele
provavelmente está mais estressado sem mim.
David pegou a mão dela e a ergueu, inspecionando os pequenos
arranhões que curavam seu antebraço. Ela não estava esperando que
ele se inclinasse, nem estava preparada para a língua dele deslizando
pelo rastro de sangue deixado em seu braço.
—Ele sempre arranha você assim? — Ele perguntou, mas ela só
podia olhar para ele com os olhos arregalados.
Ele lambeu o lábio. —Desculpas, meu amor. Eu não tenho a
chance de ter seu sangue quantas vezes eu quiser. Eu não deveria.
Jane balançou a cabeça. —Está bem. Você acabou de me
surpreender.
Ele gesticulou com a cabeça em direção à sala principal. —Jason
está aqui.
—Oh. — Disse ela, voltando-se para os filhos mais uma vez. Ela
não sabia o que o amanhã traria após o encontro com Hades.
—Vamos lá. Você os verá novamente. — David colocou a mão
nas costas dela e a levou para fora do quarto. Eles imediatamente se
encontraram diante de Jason.
—Oi, Jason —, ela disse suavemente. —Hum - nós os
alimentamos e apenas os colocamos para dormir durante a noite.
—Nós? — Jason perguntou, sem olhar para David.
Jane olhou brevemente para David e ficou um pouco mais alta
quando os dedos de David se flexionaram contra suas costas. —David
me ajudou. Não me sinto confortável sozinha com eles.
Jason riu amargamente. —Que gentil da parte dele.
—Jason —, disse David. —Se você tem algo a dizer para mim,
diga.
—Não tenho nada para lhe dizer —, disse Jason, caminhando
para a cozinha. —Você vai ficar com ele de novo?
Ela mordeu o lábio e se afastou de David. Ela podia senti-lo se
aproximando enquanto se aproximava de Jason, mas ele a deixava
fazer isso sozinha. —Temos uma reunião para ir. Os outros estão
todos acordados à noite. Vampiros, lembra?
Jason olhou para ela, seus olhos perdendo um pouco de sua
frieza. —Você realmente precisa estar nesta reunião?
—Sim. Outro grupo de imortais está chegando.
—Ryder? — Ele perguntou.
Ela balançou a cabeça quando seu peito doeu de repente. —Não.
Mas eles provavelmente terão notícias sobre ele.
Ele suspirou e cruzou os braços antes de dirigir o olhar para
David. —Divirtindo-se brincando de papai?
—Jason —, disse Jane, movendo-se entre os dois homens. —Não
é desse jeito.
—Claro que não é. — Jason caminhou em sua direção. —
Lembre-se de que não decidimos terminar as coisas entre nós, Jane.
Ele deveria mantê-la seguro, assim como todos os outros a salvo de
você. Você não deveria se esquecer de nós, de nosso casamento.
—Eu não esqueci. — Ela sussurrou enquanto seu coração batia
dolorosamente rápido.
Jason deu um sorriso tenso. —Tente controlar as coisas para ficar
sozinha conosco. Essa é a única maneira de trabalharmos conosco. Eu
quero. Você deveria também. Você não deveria querer estar com ele.
Você não deveria querer ficar longe dos nossos filhos. E pense no
fardo que você está colocando nele, se ele significa muito para você.
Ele teve uma vida antes de você, assim como você. Descubra como
você pode voltar ao seu normal para que ele possa voltar ao dele.
Ela ficou parada quando ele a aproximou e beijou sua bochecha.
—Divirta-se na sua reunião, mas tente descansar um pouco para não
ficar cansada demais para ver as crianças amanhã.
—Tudo bem. — Disse ela, observando-o encarar David por um
segundo antes de caminhar para o quarto.
Ela ficou chocada ao ver seus dois gatos saírem de debaixo do
sofá para segui-lo. Jason odiava os gatos, mas ele os deixou entrar e
fechou a porta atrás deles.
David pegou a mão dela. —Você está bem?
Jane olhou para as mãos deles. Ela adorava o calor que se
espalhava entre eles. —Sinto muito por Jason. É apenas difícil para ele.
David entrelaçou os dedos deles. —Você não fez nada errado.
Ela sorriu tristemente. —Ele tem todo o direito de ficar bravo
conosco. Comigo.
—Talvez— , disse ele, puxando-a para fora o quarto e fechando a
porta silenciosamente antes de levá-la pelo corredor. —Pego a raiva
dele, mas não gosto de ver alguém tentando te virar contra alguém, ou
fazer você se sentir culpada ou mal consigo mesma. Você não vai ficar
longe porque quer. Eu vejo o quanto você quer estar com eles, mas
você conhece o perigo e está comprometida com seu dever como
minha Outra na luta contra o mal. Você está fazendo isso por eles, não
por diversão. E você não é meu fardo. Me irrita que ele tente fazer
com que pareça assim, e bem na minha frente. Ele tem bolas.
Jane não respondeu. Ele só ficaria chateado e estava claramente
bravo com Jason. Ela não culpava nenhum deles. Sua existência
estragava a vida de todos.
—Desculpe, querida —, disse ele enquanto desciam um
corredor. —Não quero parecer zangado.
Ela sorriu e encostou a cabeça no braço dele por um segundo.
Não era realmente uma ação pensada, e ela sempre percebeu depois
que havia consolado ou procurado conforto físico de David e da
Morte. Isso provavelmente aumentava seus problemas com Jason,
mas ela precisava de um tempo. Se ela se estressasse com Jason
enquanto iria conhecer Ártemis, ela teria um colapso.
—Não peça desculpas —, disse ela. —Jason tem a capacidade de
me irritar mais do que ninguém. Lúcifer é provavelmente uma
companhia mais agradável que Jason.
A mão de David apertou a dela brevemente. —Bem, eu não sei
se Lúcifer é mais agradável, considerando que ele tentou tirar você de
todos, mas não duvido que as ações de Jason afetem você. Eu não
desejo criticá-lo, no entanto. Então, deixe-me prepará-la para o que
está prestes a acontecer.
Ela puxou a cabeça do braço dele. —Preparar-me?
—Eu pretendia antes —, ele disse. —mas eu não queria estragar
o nosso dia... Além da pequena reunião de imortais na chegada, você
não entrou em contato com outras pessoas como nós. Vampiros,
basicamente. Como você viu com Apolo, Melody e até os doadores,
verá que eles são muito diferentes dos outros cavaleiros e de mim.
—Provavelmente mais parecidos com os livros de romance
paranormal que li, certo?
Ele sorriu para ela. —Você já gostava de vampiros, Jane?
Ela corou e virou a cabeça para frente. —Não.
David riu quando deu outra volta. —Então, você gostou dos
cavaleiros do rei Arthur, ainda acredita em dragões e unicórnios e lê
sobre vampiros se apaixonando por mulheres... Interessante.
—David —, disse ela, rindo. —Quieto. Nem todos eles eram
vampiros.
—Oh, está certo. — Ele sorriu, seus olhos brilhando. —Eu
esqueci que você também acreditava que os lobisomens tinham
companheiras que eles reivindicavam e corriam como matilhas de
lobos à noite. E acho que você queria ser jogada sobre o ombro de um
lobisomem alfa.
Suas bochechas estavam doendo. —Eu não disse nada sobre ser
jogada por cima do ombro.
Ele bateu no queixo com a mão livre. —Tenho certeza que você
pensou que Lancelot iria reivindicar você, e ele jogaria você por cima
do ombro.
—Não, você disse que na hora certa, você diria... Oh, cale-se!
Apenas me diga o que vai acontecer.
Embora ele risse novamente, ela podia dizer que ele estava se
sentindo desconfortável, porque ele falava no tom mais firme que ele
usava quando a preparava para uma briga. —Temos que atravessar o
salão principal. Os outros imortais - vampiros - estarão reunidos lá.
Arthur é muito tradicional quando se trata de corte em seu palácio.
Esta não é apenas a nossa casa, eles vêm aqui muito como você pode
ver nos seus filmes que envolvem famílias reais.
—Oh, uau.

Ele abre a mão dela. —Não é agradável, Jane. Eles fofocam e


disputam status mais altos. Eu sou uma atração principal que não diz
respeito ao prêmio. Mulheres de todo o mundo se reúnem aqui para
procurar minha atenção. Não dou nenhuma. — Adicionou ele
rapidamente. —Mas é isso que você provavelmente notará mais.
—Linhagens mais originais, como a Apolo, são frequentemente
convidados aqui, e elas vêm procurar companheiros. Arthur sabe que
é melhor não me empurrar para o absurdo diário deles, mas eu faço
parte do jogo, você poderia dizer. O que ninguém percebe, porém, é
que nunca planejei me juntar a eles. Todos eles acham que eu estava
esperando as coisas, ou eu estava muito focado na minha posição. Eles
não tinham ideia de que eu já amava outra... Eu simplesmente não
tinha te conhecido.
Jane o encontrou sorrindo para ela. —Oh. — Era tudo o que ela
podia dizer.
Ele a observou por um momento e perguntou: —Você me
deixaria mostrar que estou fora dos limites a partir de agora?
Jane parou, fazendo com que ele parasse também. —O que você
quer dizer?
David suspirou e soltou a mão dela para cobrir seu rosto. —
Essas mulheres se jogam em mim há séculos; Estou cansado disso.
Estou muito ciente de que você e não estamos juntos, e embora minha
esperança para nós tenha aumentado desde a noite passada, entendo
minhas chances com você romanticamente são reduzidas... — Seu
olhar flutuou sobre o rosto dela antes que ele olhasse novamente em
seus olhos. —Mas eu sou levado, meu amor. — Ele beijou a testa dela.
—Eu fui e sempre serei seu - quero que eles vejam isso.
—David. — Disse ela, sem saber o que ia dizer a seguir.
Isso não importava. Ele se aproximou e falou antes que ela
pudesse. —Jane, eu sou seu, mesmo que nunca estejamos juntos como
homem e mulher.
Ela exalou suavemente quando o pensamento deles juntos como
um casal brilhou em sua mente. Isso a fez apertar a barriga enquanto
seu coração ansiava por algo maior com ele.
—Deixe-me pôr um fim à perseguição deles — Ele murmurou,
deslizando a mão nos cabelos dela. —Isso aliviará qualquer estresse
extra que possa surgir por causa deles. Você não tem ideia de como
eles são persistentes.
Ouvir isso a deixou com raiva. A sensação de felicidade que ela
começara a ter com o simples pensamento deles juntos desapareceu, e
ela apertou a mandíbula para se impedir de dizer algo estúpido.
David apertou o rosto dela com mais força. —Você vê? Mesmo
ouvindo isso, você está ficando chateada.
Ela sabia o que ele queria dizer e fechou os olhos para se
concentrar em seu toque e perfume calmantes. Ajudou. Ele sempre
ajudava, mas o pensamento de alguém se aproximar dele com essas
intenções a enfurecia. Não havia como ela ficar parada e assistir outra
mulher bajular sobre ele. Já era bastante difícil se preparar para
conhecer Ártemis.
O som das paredes rangendo chegou aos ouvidos dela.
David soltou o rosto dela e ela abriu os olhos para encontrá-lo
olhando para ela. Aqueles olhos de safira a trouxeram de volta de sua
raiva, de volta para ele.
—Aí está você. — Ele colocou os braços em volta da cintura dela.
Ela não pôde evitar, e o puxou contra ela.
—É isso que eu quero dizer —, disse ele. —Não só quero que
todos saibam que sou seu, mas quero que você fique bem. Você confia
em mim?
—Ok, mas o que eu devo fazer, se elas... ainda te perseguirem?
David esfregou as costas dela e riu. —Mostre a elas minha
valente Jane.
Ela sorriu, finalmente calma. David sorriu, afastando os cabelos
do rosto. Ela sentia seu monstro enfraquecer sempre que ele olhava
para ela como estava agora.
—Jane corajosa? — Ela perguntou.
—Sim, minha corajosa Jane —, disse ele. —Não esqueça que você
tem mais poder do que todos nós. Assim como ninguém é tolo o
suficiente para me atravessar, eles serão os mesmos com você. Você
apenas tem que mostrar a eles.
—E se não der certo? — Ela não queria machucar ninguém, mas
principalmente, ela não queria ser humilhada.
Uma expressão fria e sem coração caiu sobre seu rosto. —Então
eles aprenderão o que acontece quando estou com raiva. Não vou
deixar ninguém te machucar.
Apesar da fúria óbvia, ela sorriu. —Eu sei que você não vai.
Sua postura relaxou. —Então, você me deixará mostrar a eles
que eu sou seu?
Enquanto sua mente corria, as imagens constantes de Melody e
da mulher doadora surgiram em sua cabeça. O ciúme e o medo de
perder David - a patética sensação de não ser bonita o suficiente - tudo
causava pensamentos violentos, ações horríveis. Ela mataria por ele
sem nem perceber que tinha feito isso até que fosse tarde demais. Ele
não era dela. Ela não era digna, mas se recusava a deixá-lo ir agora.
—Ok. Se é isso que você quer, eu estou pronta.
Ele sorriu e segurou a mão dela. —Obrigado, querida.
—David, Jane! — Gritou Gawain.
Ela olhou por cima do ombro para ver um dos seus cavaleiros
favoritos.
—O que aconteceu? — David perguntou.
—Eu vim avisar vocês dois. — O olhar de Gawain focou nela por
um momento antes de ele voltar sua atenção para David. —Chegou a
notícia sobre Jane.
David puxou Jane para mais perto. —O que aconteceu?
Gawain esfregou a parte de trás do pescoço. —Nada, exceto todo
imortal não acasalado, passou para ver por si mesmo.... As mulheres
solteiras e os homens.
Jane sentiu o corpo de David esquentar e começou a esfregar o
lado dele.
Surpreendentemente, a hostilidade que ele estava exibindo
desapareceu, e ele sorriu para ela. —Sou seu.
Seu coração disse a ela para dizer sim, mas outra parte dela
gritou para não fazer isso.
Antes que ela pudesse responder, Gawain falou novamente. —
Os meninos estão prontos para ajudar da maneira que puderem.
—O que devo fazer? — Ela perguntou.
—Você não precisa fazer nada, Jane —, disse David. —Mas se
você quiser mostrar quem eu sou para você, não tenha medo de
marcar seu território. Mostre a eles que você não será deixada de lado,
mesmo que eu nunca deixe ninguém fazer isso. Mas ver uma Outra
forte ao meu lado colocará medo neles.
—Eu não acho isso sábio, David. — Disse Gawain.
Ele encolheu os ombros. —Por quê? Se não nos reivindicarmos
publicamente, de alguma forma, as mulheres continuarão a me
perseguir, e você sabe que os homens a procurarão. — Ele arreganhou
as presas por uma fração de segundo. —Nosso vínculo cresceu. Se um
de nós testemunhar isso, existe apenas um resultado: lutaremos e
mataremos as ameaças.
—Entendo que vocês dois têm dificuldade em permitir que
alguém se aproxime, mas vocês estão brincando com fogo —, disse
Gawain. —Vocês não devem fingir serem algo que não são.
Ela e David se abraçaram com mais força.
Gawain suspirou. —Façam do seu jeito, então.
Jane soltou David e tentou dar um passo atrás, mas David
segurou a mão dela.
—Você pode fazer isso. — Disse David.
—Eu sei. — Ela sorriu para ele quando ele entrelaçou seus
dedos.
—Essa é a minha garota —, disse ele. —Não tenha medo - seu
domínio virá naturalmente. Agora, vamos acabar logo com isso.
Gawain virou-se sem esperar e seguiu pelo longo corredor.
Ela reconheceu a abertura à sua frente, e seus batimentos
cardíacos aceleraram quando os sussurros chegaram aos seus ouvidos.
Gawain parou um pouco antes de sair do corredor, mas David
apontou a cabeça em direção à abertura. —Vá.
Seu cavaleiro fraternal olhou para ela uma última vez antes de
sair com um suspiro.
David a puxou para ele e respirou fundo várias vezes enquanto
fechava os olhos. Ela o observou por alguns segundos e percebeu que
ele estava se acalmando.
De repente, ele levantou a mão livre e segurou o lado do rosto
dela. —Minha Jane. — Ele sussurrou, sem abrir os olhos.
Jane suspirou e acariciou a palma da mão. Casa. Ela fechou os
olhos e respirou o cheiro dele como ele estava fazendo com ela.
O nariz dele roçou o dela de repente, e ela realmente lutou para
não inclinar o rosto para que seus lábios se tocassem.
—Eu preciso tocar em você. — Ele disse suavemente.
A respiração dela a deixou em um suspiro silencioso. —Ok.
Ele se moveu um pouquinho, e ela o sentiu beijar o nariz, depois
a testa, ainda a respirando. Então ele pressionou os lábios contra as
pálpebras fechadas antes de dar alguns beijinhos até chegar à
bochecha.
Ela abriu os lábios, tremendo quando arrepios irromperam por
seus braços.
Os lábios de David se curvaram contra a pele dela e ele beijou
sua bochecha. —Você é tão linda, meu amor. — Ele deixou cair uma
mão na cintura dela. — Ninguém nunca se compara a você aos meus
olhos, Jane. Eu vejo apenas você. — Ele beijou sua bochecha
novamente. —Não dê ouvidos ao que eles dizem. Lembre-se apenas
da minha voz e do que lhe digo agora.
—Tudo bem. — Ela respirou.
—Eu te amo, Jane. Você é meu tudo, e eu nunca vou querer outra
pessoa. Eu teria você e te chamaria de minha agora, se pudesse, mas
por enquanto vou esperar por você. —Ele parou, apenas respirando
por um segundo. —Eles dirão qualquer coisa para seduzi-la, mas não
os escute. Eles mentem e dizem que foram meus, mas isso não é
verdade. Você sabe disso, não é?
O medo de que isso seja verdade machucou, e ela choramingou.
David deu um beijo mais firme em sua pele. —Não, meu amor,
você sabe a verdade. Eu esperei por você e só vou esperar por você.
Sou seu.
Jane o agarrou com mais força quando uma palavra saiu de sua
boca. —Meu.
David assentiu, abaixando os lábios no pescoço dela. —Seu. —
Ele murmurou antes de beijar o local onde ele se alimentou dela.

17
APOCALIPSE
O silêncio completo cumprimentou Jane quando ela e David
entraram no grande salão. Ela prendeu a respiração enquanto
observava os inúmeros pares de olhos fixos nela. Alguns eram de
cores vibrantes, assim como os cavaleiros, enquanto outros eram
pretos. Nenhum deles era acolhedor.
Ela tentou não se demorar em um único par de olhos frios, e
finalmente respirou um pouco mais quando encontrou a reunião de
cavaleiros no outro extremo do corredor. Por que eles tinham que
estar o mais longe da entrada, ela não sabia, mas estava mais calma ao
ver seus rostos familiares.
O leve conforto não durou. Quando ela continuou a sentir os
olhares, olhou para a multidão silenciosa e instantaneamente se sentiu
vulnerável e inferior. Ela não parecia nada com eles. Embora ela
nunca se considerasse bonita, ela imediatamente classificou essas
mulheres de lindas e reais. Ela era apenas uma garota simples do
Texas, e elas provavelmente eram todas nobres durante seu tempo
como seres humanos. Suas roupas elegantes e reveladoras também
não a ajudavam a confiar em si mesma. Toda mulher tinha uma figura
que invejara a vida toda, e elas estavam exibindo.
Jane olhou para baixo e pegou seus jeans e camiseta. Ela queria
chorar quando uma sensação de déjà vu tomou conta dela. Ela já
esteve nessa situação muitas vezes, riu por causa de sua aparência e
falta de estilo. Sua mãe não estava lá para ensiná-la a ser uma garota -
uma mulher. E sua tia nunca se importou em lhe dizer como lidar com
a puberdade. Ela não tinha ideia de como se encaixar com as meninas,
e elas sempre faziam questão de que ela soubesse. Ela não podia
nomear uma marca de designer para salvar sua vida.
Algumas risadinhas ao redor do salão quebraram o silêncio, e ela
estremeceu, afastando as lágrimas enquanto David gentilmente
apertava sua mão.
—Venha, meu amor. — Disse David, seu tom claro e orgulhoso.
Jane levantou a cabeça, os olhos vidrados encontrando o lindo
par azul que só a via. —Seja corajosa. — E le murmurou, sem
desviar o olhar ao som dos suspiros e sussurros. Ela não sabia se
podia ser corajosa, mas quando ele sorria para ela assim, parte de sua
ansiedade desaparecia.
A aprovação em seu olhar foi instantânea e ela sorriu para ele,
seu corpo inteiro esquentando como se de repente estivesse de pé sob
o sol brilhante. Ela se virou ao som de fracos assobios e olhou de volta
para os muitos pares de olhos cheios de ódio.
Não havia como saber quem havia manifestado sua antipatia
pela reivindicação aberta de David, mas ela sabia que não era
completamente bem-vinda. Enquanto alguns simplesmente pareciam
curiosos, a maioria da multidão não estava feliz em vê-la. Eles
estavam olhando para ela como se ela fosse a nova criança indesejada
na escola, mas talvez estivesse tudo bem. Não fazia sentido tentar se
encaixar quando você deveria se destacar. E se ela fosse a Outra de
David, ela se destacaria.
De todas as mulheres, seus olhos foram rapidamente atraídos
para um violento par verde. Era engraçado como ela podia amar um
par de olhos verdes além da explicação, mas detestava completamente
outro.
De pé, Jane encontrou o olhar de Melody e sorriu.
Surpreendentemente, porém, Melody sorriu de volta. Não, ela estava
sorrindo para David.
Jane olhou para cima, esperando ver raiva no rosto de David,
mas parou de respirar quando viu o contrário. Ele estava sorrindo.
Para Melody.
Ela virou a cabeça de volta para a mulher que David jurou que
não precisava mais se preocupar e sentiu seu coração se partir. David
já estava caminhando em sua direção, ainda sorrindo.
—David. — Jane sussurrou, seus olhos formigando quando ele
acariciou a bochecha de Melody e se inclinou, beijando-a bem nos
lábios.
Uma pressão intensa apertou sua mão, e ela olhou para baixo
apenas para ver um par de mãos ao redor de seu estômago. Ela tentou
afastá-las, mas estava congelada e depois foi forçada a olhar para a
cena que destruiu seu coração. David estava lá, seus braços fortes em
volta de Melody, a mão em seus cabelos dourados, puxando-o
enquanto ele lhe dava o beijo que Jane sonhava em receber dele.
—Não. — A palavra estrangulada deixou os lábios de Jane
enquanto os dedos afundavam em sua pele. As mãos estrangeiras
agarraram seus seios enquanto mais afastavam suas pernas. Jane abriu
a boca para gritar por ajuda, mas nenhum barulho a deixou. Tudo o
que ela podia fazer era olhar para a frente enquanto vários pares de
mãos tateavam seu corpo e arrancavam suas roupas.
Ela sentiu suas lágrimas quentes enquanto continuava tentando
gritar. O sorriso de David foi cruel quando ele se inclinou e mordeu o
pescoço de Melody.
Jane tentou balançar a cabeça - tentou perguntar o que estava
acontecendo. Mas ela só pôde ficar parada quando a multidão
começou a rir. Alguns aplaudiram que David finalmente escolheu
Melody, enquanto outros riram de Jane.
—Você realmente achou que ele iria querer uma garota patética
como você? — Uma voz masculina suave sussurrou. Como cobras,
mais sussurros deslizaram ao redor de seu corpo, seu coração,
apertando, cortando a vida.
—Ele mentiu para você. — Disseram vozes em uníssono.
Sua boca se abriu e fechou em um grito silencioso enquanto seu
coração partido sangrava. Seus cavaleiros estavam rindo com a
multidão de monstros. Ela implorou mentalmente que terminasse,
parasse de ver e ouvir o riso deles, mas isso só se intensificou. Não
importava o quanto tentasse se mover, para cobrir seu corpo nu que
estava sendo apontado e uivado de diversão e nojo, ela não podia. Só
podia deixar a tortura continuar enquanto se amaldiçoava por
acreditar que David a amava. Para sempre acreditar que alguém a
amava ou se importava com ela.
David finalmente puxou a boca do pescoço de Melody, seus
lábios perfeitos alinhados em sangue rubi que ele lambeu, fechando os
olhos enquanto saboreava o sabor. Ele abriu os olhos, encarando Jane
enquanto sorria. —Ela tem um gosto muito mais doce que você.
Mais lágrimas dificultaram a visão, mas ela ainda podia vê-lo
rindo antes que ele se voltasse para beijar Melody.
—Bem, isso não é legal. — Disse uma voz masculina um tanto
reconhecível.
Quando um grito de gelar o sangue saiu dos lábios de Jane, a
multidão também gritou antes de tudo escurecer.
Meus olhos estão fechados.
Jane parou de gritar, mas todo mundo continuou. Abrindo os
olhos, ela instantaneamente viu Apolo do outro lado da sala,
segurando um homem pelos cabelos enquanto ele usava a mão nua
para rasgar a garganta do homem.
Sangue jorrou por toda parte, cobrindo homens e mulheres
gritando enquanto todos os cavaleiros pulavam para ajudar Apolo.
Jane gritou de novo, sem saber o que estava acontecendo quando
sentiu um par de mãos a puxando.
—Jane! — David gritou, afastando-a do massacre.
—Cai fora! — Ela o empurrou, sem entender sua expressão
confusa e dolorida.
—Bebê, acalme-se. — Ele dominou as tentativas dela de se
afastar dele e puxou o corpo dela para o dele. —Shh... Eu entendi
você. Sou eu, Jane. Acabou.
Finalmente, aceitando que ele a estava abraçando por um
momento, Jane o agarrou, abraçando-o enquanto ela chorava contra
seu peito. Ele as afastou, mas ela não conseguiu se conter. Ela não
tinha ideia do que acabara de acontecer, e os gritos dos cavaleiros e os
gritos da multidão não a ajudaram a entender melhor.
David acariciou seus cabelos enquanto ela continuava chorando.
Seu coração batendo sob a orelha dela tornou muito mais difícil se
acalmar. —Você está bem.
—David. — Disse ela, sem saber por que estava dizendo o nome
dele, exceto pelo fato de que ainda não tinha cem por cento de certeza
de que ele estava lá.
—Estou aqui. Não era real. — Ele embalou a cabeça no peito
dele. —Fique comigo, Jane.
Ela o apertou com força, choramingando de alívio quando ele
devolveu o abraço. A multidão estava em silêncio sob as ordens de
Arthur, e ela tentou o seu melhor para respirar relaxadamente.
—Patética. — Alguém disse.
—Já chega! — Arthur gritou. —A próxima pessoa a falar se
arrependerá do dia em que procurou abrigo em minha casa.
Jane empurrou David para longe ao som de alguém zombando.
David veio atrás dela, colocando uma mão no ombro dela
enquanto deslizava a outra pelo braço dela. Ela não reagiu a ele
segurando a mão dela. Não, sua atenção estava muito focada nos
sorrisos divertidos de um pequeno grupo de mulheres ao redor de
Melody. Foi quando ela também notou Hades e a bela morena ao lado
dele. Ártemis.
—Isso não acabou, sua putinha —, uma voz feminina sussurrou
de repente em sua mente. —Já tivemos David antes. Nós o teremos
novamente.
—Bebê. — David murmurou, apertando sua mão.
—Quem? — Ela perguntou, encarando Ártemis antes de olhar
para Melody. Ela poderia não gostar da ideia de Ártemis estar lá, mas
ela não achava que essa voz estava vindo dela. Tinha que ser uma das
mulheres cujos olhos brilhavam com alegria maliciosa.
—Você está ouvindo alguma coisa? — Ele sussurrou.
Jane não respondeu a ele. Ela desviou o olhar entre cada sorriso
malicioso, sem ter certeza de qual era, mas ela estalou quando viu os
olhos verdes de Ártemis em David.
Ártemis era muito mais bonita que ela. Ela não se parecia com
Melody ou o grupo de mulheres exibindo todos os bens que tinham
para atrair a atenção de David. Jane viu exatamente o que David fez, e
ela não aguentou.
Ela sentiu mais palavras tentando penetrar em sua mente e
percebeu que isso era muito parecido com sua experiência com Mania.
Bem, se ela pudesse lutar contra esse demônio, ela poderia lutar
contra um casal de vampiros.
Com a mão livre fechada em punho, ela se concentrou em
empurrar os sussurros para longe dela.
—Jane? — David disse, apertando a mão dela.
—Deixe-me em paz. — Disse ela, não reconhecendo a frieza de
sua própria voz.
David escutou, apenas apertando sua mão mais uma vez,
enquanto ela usava toda a sua força para afastar o riso zombeteiro
dançando ao seu redor.
Então ela fez contato visual com um par de olhos ônix. Peguei
vocês.
Jane soltou a mão de David e deu um passo à frente, nunca
tirando os olhos estreitos da morena perto de Melody. Não era
alguém que ela reconheceu, mas sabia que essa era a pessoa
responsável pela segunda voz em sua cabeça.
Mais uma vez, Jane sentiu a sensação de pensamentos estranhos
tentando entrar, só que desta vez ela não chorou. Ela sorriu.
A mulher caiu no chão, gritando enquanto apertava a cabeça. —
Sua puta!
Jane sorriu, caminhando em direção ao grupo confuso de
mulheres que lançavam seus olhos freneticamente entre ela e a imortal
condenada no chão.
David estendeu a mão para ela, mas ela levantou a mão para
detê-lo.
—O que você está fazendo, Jane? — Ele perguntou, mas não a
agarrou.
—Diga. — Disse ela, erguendo os olhos para os de Melody.
—Alguém a detenha. — Gritou uma pessoa da multidão.
Houve gritos dos cavaleiros e movimentos ao seu redor, mas
Jane sabia o que tinha acontecido agora. Ela podia vê-lo com tanta
clareza enquanto continuava a olhar naqueles olhos esmeralda
rodopiantes.
—Não está funcionando, está? — Ela perguntou a Melody no
mesmo momento em que liberou um pulso muito concentrado de
energia. Honestamente, Jane não sabia como estava fazendo isso, mas
quando um estrondo baixo sacudiu o salão, todos que estavam
correndo por ali congelaram onde estavam.
Assim como ela fez quando foi atacada pelos demônios, e
quando impediu que David e Morte se matassem, ela segurou todos
eles, forçando-os em seus lugares.
—Jane! — David chamou, e ela instintivamente soltou-o.
—Eu sei o que estou fazendo. — Ela disse, sem se virar, embora
o sentisse lentamente voltando para o lado dela.
Todos os olhos estavam nela, mas ninguém falou. Eles não se
mexeram ou piscaram. Eles eram seus fantoches, a seu gosto.
Quando ela estava em pé na frente da mulher de olhos pretos no
chão, olhou para sua expressão de agonia sem um pingo de simpatia.
—Bebê, pare. — Disse David, mas ela o ignorou.
Sem nenhum sinal externo, ela as forçou a ficar de joelhos. O
chão tremia com a força que ela usara nelas. No entanto, ela controlou
seu poder e permitiu que seus cavaleiros, juntamente com Hades e
Ártemis, permanecessem em pé.
—Jane. — Disse Gawain em voz baixa.
Ela balançou a cabeça, sem desviar os olhos da vampira a seus
pés por vários segundos. Então, novamente, sem mover um músculo,
ela as forçou de quatro.
A multidão gritou de choque e medo, mas Jane sabia que seu
rosto estava vazio de emoção. Se ela não sentisse as lágrimas secas no
rosto ao inclinar a cabeça, pareceria como se nada tivesse acontecido
com ela apenas alguns minutos atrás.
Elas me torturaram, ela pensou. Enganaram e me humilharam.
Jane olhou de volta para a atacante, aquela que Apolo não havia
massacrado com as próprias mãos, e forçou a mulher de bruços.
Ela gritou, amaldiçoando Jane, mas Jane não se encolheu com os
insultos. Não, ela assistiu, silenciosamente, enquanto o sangue
derramava da boca da mulher vampira enquanto ela implorava para
que ela parasse.
— Chega, Jane — disse David, dando um passo atrás dela.
Ela assentiu, mas não soltou nenhuma delas. Em vez disso, ela
ergueu o olhar sem emoção para o olhar petrificado de Melody. —Este
é o seu último aviso. — Ela manteve os olhos em Melody por mais
cinco segundos antes de voltar sua atenção para Ártemis. Isso vale para
você também, ela acrescentou mentalmente, sabendo que a mensagem
foi recebida alta e clara quando os olhos da deusa virgem se
arregalaram.
Os gritos da mulher se intensificaram, e Jane finalmente olhou de
volta para sua vítima contorcida. Ela viu o sangue se aproximar de
seus pés, depois piscou, deixando todo mundo ir.
O grito de alívio da multidão foi instantâneo. Ninguém falou
quando eles se levantaram. O único barulho continuado veio da
mulher no chão - a mulher que ela torturou apenas com sua mente.
David colocou a mão no ombro dela e a virou para encará-lo.
Eles não tiraram os olhos um do outro enquanto os outros se
dispersavam em voz alta, tentando fugir da ira de Arthur enquanto
ele gritava ordens.
Finalmente, ele tocou sua bochecha e foi quando sua dor a
esmagou. Ela choramingou quando ele a puxou para ele.
Ela mal sabia o que sentia, mas sabia que não estava nem um
pouco orgulhosa do que acabara de fazer. Não havia entidade
controlando-a naquele tempo; era tudo ela. Ela estava se defendendo,
mas propositalmente torturou outro ser. Em sua visão periférica, ela
podia ver alguém ajudando a vampira do chão, enquanto outros
arrastavam os pedaços restantes de seu primeiro atacante para fora do
salão.
O cheiro de seu sangue morto atingiu seu nariz, e ela se sentiu
completamente enojada de si mesma. Sim, o homem infligiu horror e
desespero a ela, mas valeria mesmo a pena Apolo matá-lo por isso?
Ela sentiu um nó no estômago e seu coração estava chorando, sem
saber o que chorar por mais: ela mesma ou o que tinha feito.
David a envolveu em seus braços. —Oh bebê. — Ele abaixou o
rosto, beijando a têmpora dela e colocando os braços em volta do
pescoço dele. Jane o abraçou e permitiu que ele a levantasse.
Seu corpo tremia, e ela percebeu pela primeira vez o quão
incrivelmente zangado e preocupado ele estava.
—Sinto muito, meu amor —, ele sussurrou em seu pescoço. —Eu
nunca os imaginei te atacando dessa maneira.
Doía saber que ele estava tão chateado. Por alguma razão,
mudou toda a sua preocupação de si mesma e para ele. Ninguém
deveria estar tão chateado com ela.
—Eu estou bem —, disse ela, beijando seu pescoço. Ele ficou
tenso e ela lhe deu outro beijo. —Estou bem.
Ele inclinou a cabeça para trás, enxugando as lágrimas restantes.
—Deixe-me levá-la de volta ao seu quarto, Jane. Eu posso descobrir o
que está acontecendo mais tarde.
Ela balançou a cabeça. —Não, eu estou bem. Vamos acabar logo
com isso.
David franziu o cenho quando o polegar roçou o lábio dela. —
Você não precisa passar por mais esta noite.
Um sorriso triste se formou em sua boca. —O mundo não acaba
apenas para mim. — Ela suspirou, encostando o rosto na mão dele. —
De qualquer forma, eu gostaria de ver Hades. Quero saber se ele tem
notícias sobre a Morte.
A quietude a fez desviar o olhar dele pela primeira vez, e ela
percebeu que eles estavam sozinhos no corredor. David estava
estudando seu rosto, e ela se perguntou se suas palavras o
machucaram. Ela não quis mencionar a Morte quando ele estava
tentando cuidar dela.
Então, ela cobriu a mão dele com a dela e acariciou sua palma. —
Estou bem. Viu? Se você estiver comigo, eu estou bem.
—Querida, você não está bem.
Jane abriu os olhos lentamente. — David. Eu tenho você. Eu
ficarei bem.
Isso deve ter afetado ele quando ele assentiu e esfregou sua
bochecha com o polegar. —Sim, você me tem. — Ele a puxou para
perto, embalando a parte de trás de sua cabeça enquanto ela
descansava a bochecha no ombro dele. —Você tem certeza? — ele
perguntou. —Eu não me importo de voltar para nossos aposentos.
Sua maneira de falar a fez sorrir. —Sim. Vamos acabar logo com
isso. Estou cansada.
David beijou o lado de sua cabeça, e ela suspirou porque
desejava poder parar de vê-lo se beijando e se alimentando de
Melody, mas as imagens estavam queimadas em sua mente.
—Você acabou de se alimentar —, disse ele. —Eu acho que você
ficará bem, mas deixe-me saber se você quer ser dispensada para se
alimentar.
—Tudo bem. — Disse ela, tentando manter a voz trêmula
enquanto continuava vendo ele rindo dela enquanto ele dizia que
Melody tinha um gosto mais doce.
Ela se sentiu sendo abaixada no chão e tentou desesperadamente
afastar as imagens, odiando que algo que nem acontecesse pudesse
atormentá-la tanto.
David a deixou ir o suficiente para que ela pudesse ficar sozinha
e afastou os cabelos do rosto antes de colocar as duas mãos nas
bochechas. —Vejo você sofrendo —, disse ele, abaixando o rosto. Ele
beijou o nariz dela uma vez antes de tocá-lo com o dele. —Eu falhei
com você novamente.
Suas palavras e tom desamparado a deixaram.
Ela se aproximou e beijou sua bochecha. —Estou bem. Você não
sabia o que estava acontecendo. — Ela o beijou novamente no mesmo
lugar. —Eu queria ser sua corajosa Jane. — Seus lábios ardiam, mas
ela os deixou quando o sentiu sorrir.
—Você definitivamente foi minha corajosa Jane. — Ele abaixou o
rosto, mas parou quando a voz de Arthur chamou.
—David.
Os dois se viraram, afastando-se um do outro quando Arthur
deu a David um olhar duro.
—Ela está bem —, disse David, pegando a mão dela. —Eu queria
ter certeza de que ela estava confortável em ir à reunião.
Arthur não pareceu satisfeito, mas fez um gesto para que eles
avançassem e se afastou, revelando um enorme conjunto de portas.
Eles entraram rapidamente, e ela ficou impressionada ao ver a
enorme mesa redonda onde os cavaleiros já estavam sentados. Seu
espanto ao ver a Mesa Redonda de Arthur desapareceu quando ela
viu os olhares apreensivos dos cavaleiros que não eram tão próximos.
Ela baixou os olhos para o chão e deixou David levá-la.
—Jane, você está bem? — Gawain perguntou.
Ela realmente não sabia, mas assentiu. —Sim eu estou bem.
David apertou a mão dela e a puxou para um assento vazio ao
lado do que Arthur havia tomado. Havia outro do outro lado de
Arthur, mas David não a levou até lá. Em vez disso, ele soltou a mão
dela, puxou a cadeira e sentou-se.
Jane olhou para ele por um segundo, e enquanto ela caminhava
ao redor dele para sentar na outra cadeira, ele agarrou a mão dela e a
puxou para o colo.
Isso não era o que ela esperava, e ela examinou os rostos dos
cavaleiros, seus olhos arregalando quando David colocou uma mão
em sua coxa e deixou a outra no apoio de braço nas costas.
Ela mordeu o lábio e sentiu as bochechas esquentarem quando
ele sorriu.
—Hades —, Arthur disse com uma risada leve. —Eu acredito
que David está oferecendo a você o assento de Jane.
Jane virou a cabeça e encontrou um Hades muito divertido
observando-a enquanto ele caminhava para o assento vazio.
— Apolo — disse Arthur. — pegue duas cadeiras para você e
sua irmã.
Jane não tinha percebido que Apolo estava na sala. Agora,
quando ele voltou correndo com dois assentos, ela notou sangue seco
nas mãos dele.
Ele fez contato visual com ela, seus olhos escuros a engolindo até
que ele piscou. —Essa foi uma demonstração impressionante de
poder, jovem.
Honestamente, ele parecia mais jovem que ela, mas ela se sentiu
como uma criança quando seu olhar deslizou sobre ela. Ela deu um
sorriso nervoso e se inclinou contra o peito de David, sorrindo mais
quando David apertou sua coxa.
—Obrigada —, disse ela, sentindo-se mais à vontade sob o olhar
sombrio de Apolo. —Eu aprecio você me defender.
Apolo sorriu para ela. —O prazer é meu, linda.
David a puxou mais para ele. —Podemos começar?
Jane foi olhar para David, mas ela se virou para Hades quando
ele riu.
—Sir David, ele não está tentando cortejá-la. — Disse Hades.
Ela corou quando David resmungou algo e virou Apolo para o
dedo médio. A boca dela se abriu, não esperando isso dele quando ele
colocou a mão de volta na perna dela.
—David, ele interveio quando Jane estava sendo atacada —,
disse Arthur, com um sorriso nos lábios. —Relaxe.
Seu vampiro bufou e a puxou um pouco mais para perto
enquanto ele acenou para Apolo. —Sua assistência é apreciada. — Ele
mostrou suas presas, no entanto. —Mas pare de olhar para ela como
você tem olhado. Você e eu não somos amigos tão próximos.
Apolo piscou para ela, ganhando um rosnado de David, mas ela
colocou a mão sobre a dele, o que pareceu acalmá-lo um pouco.
—Ah, é bom finalmente te ver com uma mulher. — Apolo riu
com alguns dos cavaleiros. —Acho que todos esperamos ver sua
proteção sobre ela. Tem sido chato lidar com esses mortos-vivos e
condenados. Nosso cavaleiro campeão, que destrói alguns Malditos
tolos, deve ser bastante divertido.
Arthur lançou um olhar penetrante para David, mas começou
sua reunião. —Jane, você já conhece Hades, e vejo que você se
familiarizou brevemente com Apolo, seu sobrinho.
—Sim, nós nos conhecemos nos corredores antes. — Disse ela
suavemente, corando ao se lembrar de ter declarado abertamente que
o encontrou na frente de Apolo e o humano doador.
Arthur olhou para Apolo. —Você sabe melhor.
—Desculpa, Arthur. — Apolo levantou as mãos. —Não vai
acontecer novamente.
Jane ficou um pouco impressionada com o fato de Arthur ter
tanto respeito e poder de seres que ela sempre acreditou serem
deuses.
—Você conhece as penalidades —, disse Arthur. —Agora, Jane
— Ele acenou com a mão para a pessoa sentada ao lado de Apolo. —
esta é Ártemis, irmã gêmea de Apolo e sobrinha de Hades.
A sala ficou em silêncio enquanto ela e Ártemis faziam contato
visual.
Essa era ela. Esta era a mulher - deusa - com quem David a teria
substituído se David nunca a conhecesse. Quem sabia quanto tempo
ele realmente teria durado sem conhecê-la. Para sempre, o coração de
Jane esperava, mas ela não estava confiante. Ela ainda não tinha
certeza de que ele realmente iria ficar por aqui desde que ela lhe deu
poucas razões. Afinal, Ártemis era adorável, uma verdadeira deusa
comparada à sua aparência e personalidade simples. Pior ainda,
Ártemis não parecia estar tentando chamar a atenção de David - e ela
o teve sem tentar no passado. Não havia garantia de que ela não
voltaria a ter.
Apesar da falta de se jogar em David ou de exibir sua beleza,
uma coisa ficou evidente para Jane: Ártemis não gostava dela. O
desagrado ficou claro como o dia em que os olhos verdes de Ártemis
se estreitaram um pouquinho nela enquanto elas continuavam se
avaliando.
Ameaça, a mente de Jane assobiou.
Finalmente, Ártemis quebrou o silêncio e Jane se amaldiçoou por
não ter sido a primeira a fazê-lo. —Jane. — Disse ela. A única
profusão de seu nome no tom condescendente poderia muito bem ter
sido uma bofetada.
As bochechas de Jane aqueceram de raiva quando suas emoções
se chocaram entre o ódio por Ártemis e a fúria de si mesma por não se
comparar a essa mulher!
David virou a mão que ainda estava sob a dela e entrelaçou os
dedos enquanto a outra mão deslizava por trás do pescoço dela. Jane
não se mexeu, sem saber exatamente o que ele estava fazendo, mas
notou que Ártemis estava seguindo todos os movimentos que David
fazia.
Com uma persuasão suave, ele a puxou para perto e beijou sua
têmpora antes de lhe dar um outro doce beijo.
Seu coração disparou, e ela quase vibrou quando Ártemis torceu
o rosto com amarga decepção e se virou.
—Ártemis —, ela finalmente disse - não friamente, apenas
confiante. Ela nunca se sentiu assim conhecendo mulheres com Jason,
mas David, mesmo sem ser namorado ou esperar mais, a fez sentir
como se fosse algo especial. Ela se sentiu importante para ele por esse
público e doce sinal de afeto.
—Caramba. — Disse Apolo, sem esconder uma risadinha
quando sua irmã olhou para ele.
Jane queria rir, mas conseguiu se conter. Não há necessidade de
se gabar.
Hades balançou a cabeça para o sobrinho. —Bem, eu continuarei
com o porquê de termos vindo aqui. — Ele olhou para Jane. —A
Morte me enviou.
Os olhos dela se arregalaram e ela lhe deu toda a atenção. —Por
que?
—Ele queria que eu garantisse sua segurança, jovem beleza. —
Hades lançou a David um olhar de desculpas. —Ele pede desculpas
por não ter vindo em seu auxílio durante sua batalha final no Texas.
—Tenho certeza que sim. — Disse David, e ela sabia - todos
sabiam - a Morte não estava arrependida por não ter vindo ajudá-la.
David beijou seus cabelos quando ela quase deixou escapar sua
exigência de saber por que a Morte não havia chegado. Esse tinha sido
um dos momentos mais comoventes que ela já havia experimentado, e
tudo que a Morte tinha que fazer era ajudá-la.
—Não se permita pensar mal dele —, disse David. —Ele tem um
dever, e não é para mim.
Jane apertou os lábios. Seus pensamentos estavam gritando para
ela ficar furiosa com a Morte, mas seu coração estava pedindo que ela
ficasse calma, pensando que David estava certo. A Morte não se
importava com ninguém.
Hades falou novamente. —Ele queria que você soubesse o que
descobrimos. Thanatos, junto com outros demônios de alto escalão,
estão movendo tropas de Malditos.
—Onde? — Tristan perguntou.
—Norte —, respondeu Ártemis, sentando-se reto. —Podemos ter
aprendido mais, mas o anjo caído Thanatos distraiu a Morte de obter
mais informações. Estávamos procurando a localização dos meus cães.
—Ártemis. — Disse Hades, sua voz repreendendo.
—Ele está bem? — Jane perguntou. Ela sabia que a Morte
poderia cuidar de si mesmo, mas Thanatos parecia mais ameaçador
do que os demônios que ele enfrentou quando a salvou.
—Ele foi esfaqueado por Mania quando estava ocupado
perguntando sobre você. — Disse Ártemis.
—O suficiente! — Hades bateu na mesa, olhando para sua
sobrinha.
Os olhos de Jane lacrimejaram quando seus pensamentos
giraram fora de controle.
David esfregou a perna dela. —Tenho certeza que ele está bem.
—Ele está —, disse Hades, desviando o olhar de Ártemis quando
ela finalmente abaixou o olhar. —Não fique chateada, Jane. A Morte
sempre a colocará acima de qualquer negócio que ele tenha. Você não
é uma distração; seu papel no destino do mundo é importante não
apenas para a Morte, mas para todos nós.
Arthur se inclinou para a frente, apoiando os cotovelos na mesa.
—Sabemos mais sobre essa aliança entre Caídos, Demônios e
Malditos?
Hades suspirou. —Os Caídos sempre se comportaram mais
como guardas dos demônios do Inferno, mas agora eles estão
trabalhando juntos. Nem todos os Caídos alcançarão a redenção
completa, portanto isso não é muito chocante. Há quem não tenha
esperança de retornar à luz. Thanatos, por exemplo, que já foi um dos
mais altos generais do Céu, agora é a mão direita de Lúcifer.
—Realmente? — Jane perguntou, sua mente voltando aos olhos
vermelhos do anjo caído que ordenou que Mania a atacasse.
Hades sorriu tristemente. —Sim, pensava-se que ele era muito
leal a seu dever, mas, como Lúcifer, seu coração e caminho foram
afogados na escuridão. De qualquer forma, eles se uniram. Tudo isso
se conecta. Os lobos infectados, a praga, a aliança de forças das trevas
e outros assuntos no céu e no inferno - é claro que estamos
testemunhando apenas o início de uma grande guerra. A praga não
foi manifestação acidental.
—O que você quer dizer? — Jane perguntou rapidamente.
Ele olhou para ela com seus olhos azuis pálidos. —Quero dizer
que os mortos que andam na Terra foram apenas o começo. Em breve,
muito em breve, os anjos do Céu se unirão a nós para lutar contra o
mal. O inferno está construindo seu exército, e agora estamos em
menor número com eles se unindo. Os exércitos individuais crescem
mais a cada dia. Eles reúnem vítimas inocentes e as forçam ao
comando de Lancelot, Ares ou Hermes. Tenho outros, tenho certeza,
mas esses são quem já vimos. E isso são apenas lobisomens e
vampiros.
—O que mais está lá? — Ela perguntou, notando Ártemis revirar
os olhos.
David estava lá, no entanto, beijando a têmpora dela novamente
antes de explicar. —Existem mais do que vampiros e lobisomens
amaldiçoados, Jane. Todos nós podemos ser da mesma origem, mas
há mais pesadelos com os quais lutamos regularmente.
Hades assentiu para David. —Keres nos surpreendeu no Texas.
É por isso que lutamos para obter mais informações, a propósito, não
por sua causa, Jane.
—Eu achava que não existia mais. — Disse Gawain.
—Nem eu —, disse Hades. —Eles são numerosos também.
Claramente, eles estão se reproduzindo e, sem dúvida, escondidos
esse tempo todo pelos mais poderosos do inferno. Se não fosse pela
Morte, poderíamos ter enfrentado mais baixas. É lamentável que nem
mesmo sua equipe de Luz tenha ajudado contra eles.
Jane foi abrir a boca, mas David falou antes que ela pudesse.
—Querida, Keres é difícil para um imortal normal matar. Keres
podem voar e são mais rápidos que qualquer um de nós. Na verdade,
menos de um punhado pode alegar ter matado pelo menos uma. E o
que ele quer dizer com Luz é que eles são os anjos do céu.
Aparentemente, a Morte tem uma equipe — ele olhou para Hades e
recebeu um aceno de cabeça. — a quem ele emprega, suponho que
você poderia dizer. No entanto, os exércitos do Céu são proibidos de
levantar suas espadas contra elas.
—Mas por que?
—O céu proíbe porque Keres são descendentes de humanos —,
disse David. —Elas estavam entre os primeiros imortais do inferno.
Um demônio criou um, criado com ela, e o resto surgiu de sua criação
incessante. Elas estão o mais perto possível de um demônio
verdadeiro, mas o exército do Céu está proibido de destruí-los. É para
isso que somos.
—Você matou alguém? — Ela olhou para David, os cavaleiros e
Hades.
—Eu matei apenas um pequeno número —, disse David,
apontando para Hades. —O Deus do submundo, no entanto, é famoso
por matar centenas. Acreditava-se que ele causou a extinção deles.
—Mentira, claramente —, disse Hades com uma risada. —Mas
ele está certo sobre eu matar centenas dessas harpias. Um benefício
quando você está no emprego da Morte é as armas às quais você tem
acesso.
—Ainda assim, tio —, disse Ártemis, ignorando o olhar de
desaprovação que Apolo deu a ela. —A Morte poderia ter sido mais
útil se ele não tivesse sido distraído pelas provocações de Thanatos.
Hades cerrou o punho, mas não se virou para Ártemis quando
ele se dirigiu a ela. —Preciso lembrá-lo, minha sobrinha querida, o
que ele prometeu fazer com você, caso sua atitude continuasse?
—Além de Jane, que assuntos a Morte tinha com Thanatos? —
David perguntou, esfregando a mão na perna de Jane enquanto ela
olhava as palavras ao redor da borda da mesa, sua mente voltando à
Morte. Ela não entendia por que suas ações sugeriam que ele queria
protegê-la, mas ele a abandonou e a ignorou quando ela o chamou.
—Estamos tentando localizar o irmão dele há mais de um ano —,
disse Hades. —Thanatos e outros membros de alto escalão do Inferno
também foram impossíveis de encontrar. Quando se soube que
Thanatos e Mania foram vistos no Texas, a Morte aproveitou a chance
para capturá-los.
—Mas ele falhou. — Jane murmurou, sem olhar para cima.
—Ele foi pego de surpresa pela Mania, sim —, disse Hades. —
Ela usou uma lâmina amaldiçoada para esfaqueá-lo nas costas, o que
permitiu a Thanatos e Mania a chance de escapar. Mas ele conseguiu
obter algumas informações antes disso: Thanatos revelou onde Pest
pode estar.
—A lâmina amaldiçoada —, Jane disse lentamente enquanto seu
coração doía. Talvez fosse por isso que ele não a procurou. —Isso fez
alguma coisa com ele?
—Além de levar mais tempo para curar, não. — Disse Hades.
—Oh. — Jane suspirou e se inclinou contra David.
—Quando a Morte encontrar seu irmão —, continuou Hades. —
aprenderemos mais sobre como a praga eclodiu e quem está
planejando o ataque.
—Pensamos que Lancelot estava por trás da praga —, disse
Arthur. —A primeira vítima foi nomeada Zev Knight.
Hades estava assentindo. —Cavaleiro Lobo... Eu sei. Lancelot
deve estar envolvido, mas ele não pode causar a praga. Parece que
muitos estão envolvidos no surto.
—O que o irmão da Morte tem a ver com a praga? — Jane
perguntou. —Ele nunca mencionou um irmão o tempo todo que eu o
conheço.
—Ele tem três. — Disse Hades, hesitante.
—Oh. — Ela ainda não sabia por que a Morte nunca disse uma
coisa dessas. —Mas o que seu irmão tem a ver com tudo isso? Por que
ele está procurando por ele?
—Jane. — Disse Hades com um sorriso triste. — A Morte é um
dos quatro cavaleiros. O irmão dele, Pestilência, é o único ser capaz de
desencadear essa praga.
Ela olhou para cima e agora tudo que ela podia fazer era olhar
para Hades. Por que ela nunca fez essa conexão? Por que ela nem
considerara que a Morte era um dos cavaleiros do apocalipse?
—Eu sempre presumi que os Cavaleiros só seriam revelados no
final —, disse Gawain em voz baixa. —Eu também acreditava que o
Anjo da Morte e o Quarto Cavaleiro eram diferentes.
—Muitos acreditam —, disse Hades. — E muito poucos sabem
quem são os outros cavaleiros. Eles são quase um mito entre sua
própria espécie. Até eu, um servo da Morte, nunca olhei para os
outros três.
—Tristeza —, Jane disse de repente. —A Tristeza é o cavalo
pálido.
—Sim. — Disse Hades.
—Por que ele não me disse quem ele era? Quero dizer, quem ele
realmente era?
—Jane —, disse Hades como se estivesse falando com uma
garotinha. —você era uma criança humana quando ele a conheceu.
Até nós imortais não somos informados de tais coisas. Eu nem deveria
ser o único a lhe dizer isso, mas sinto que não há razão para esconder
isso agora. Isso não muda seus sentimentos por você ou por quem ele
é. Ele sempre foi o Cavaleiro final do Apocalipse.
Ela se sentiu tão confusa. Tudo fazia sentido agora, mas ela não
queria acreditar. Seu amado protetor não era outro senão o fim do
mundo. Ele não era apenas um anjo da morte, ele era o fim de tudo.
Ele sabia que eles morreriam - que seus bebês pereceriam na praga de
seu irmão, e ele não disse nada.
David a abraçou com mais força enquanto sussurrava em seu
ouvido: — Vai ficar tudo bem, meu amor. Estamos todos juntos.
Nosso dever permanece o mesmo, e a Morte ainda é o mesmo anjo
que te protegeu todos esses anos. Ele te ama. Ele sempre irá protegê-
la. Estou certo disso.
Ela não estava mais. Talvez seja por isso que ele não veio, ela
pensou. Talvez ele saiba que não há sentido em vir; ele está se
preparando para acabar com o mundo.
—Onde está a Pestilência? — Arthur perguntou.
—Tártaro —, respondeu Hades. —A Morte enviou sua equipe
para localizar o portão. Ele se move e leva tempo até que ele localize.
—Por que ele não foi com eles? — Ela perguntou a Hades.
—Ele não disse. Ele ordenou que eu viesse aqui, alertar vocês
sobre a ameaça e fortalecer nossos números, porque todos lutaremos
muito em breve. A praga é o menor dos nossos problemas agora.
Precisamos estar preparados.
—Ele quer os cães. — Disse Arthur, chamando a atenção de
Hades.
—Sim. Lycaon os tem. Precisarei de sua ajuda para resgatá-los, e
precisaremos deles com os lobos de Nyc ainda fora do radar. A Morte
não confia em Nyc agora. Com sua experiência no passado e os
métodos que os Caídos estão usando para esconder tantos imortais, a
Morte acredita que algo semelhante pode ter acontecido com Nyc. Ele
acha que os cães serão necessários.
David soltou um suspiro. —Vi Nyc pela última vez no Colorado,
há um ano. Ele está lá fora, mas não tenho ideia de por que nenhum
de nós nunca teve notícias dele.
—Quando você está planejando sair? — Arthur perguntou a
Hades: —Lycaon não será uma luta fácil. Ele tende a permanecer no
deserto implacável também.
—Acho que devemos sair o mais rápido possível. Se o inferno
estiver trabalhando com Lancelot e outros exércitos imortais, Lycaon
provavelmente também receberá ajuda. Preciso obter mais
informações sobre sua localização exata, mas tenho uma boa ideia de
onde podemos preciso ir. Vou precisar da sua ajuda com isso, Arthur.
Arthur assentiu, mas olhou em volta da mesa. —Passem um
tempo com suas esposas. Provavelmente partiremos mais cedo do que
esperávamos. Vocês estão dispensados.
Os outros não esperaram para saber mais, e Jane não pôde culpá-
los. Eles só descobriram que o apocalipse final estava em cima deles.
David levantou Jane de seu colo como Hades levantou e
caminhou ao redor da mesa.
Hades segurou suas bochechas —Jane, eu sei que você está
confusa, e talvez você sinta que ele deliberadamente escondeu
informações de você, mas você ainda é o tesouro mais precioso da
Morte.
Seus olhos ardiam. —Obrigada por me dizer a verdade sobre ele.
Hades franziu a testa e abriu a boca, mas David a puxou de
volta.
—Acho que ela precisa de tempo para processar o que aprendeu
—, disse ele. —Se ela quiser conversar mais com você sobre ele,
procurará você.
—É claro —, disse Hades, enquanto sorria de novo. —Ela teve
uma noite difícil, deveria descansar.
—Venha, Jane. — David puxou a mão dela.
Quando ela se virou para ele, percebeu que Ártemis havia se
atrasado. Jane sentiu tanta raiva quando aqueles estúpidos olhos
verdes se voltaram para David por um breve momento.
Ela rangeu os dentes. De todas as coisas horríveis que ela tinha
que lidar ela tinha que adicionar mulheres ciumentas à mistura, ela
nem sabia por que elas estavam com ciúmes. Sua vida era horrível e,
embora ela considerasse David e a Morte dela, em certo sentido, eles
realmente não eram. Afinal, a Morte estava provando cada vez mais
que ele não era dela.
Jane apertou a mandíbula para controlar os pensamentos
violentos que se formavam dentro dela. Ela se sentiu traída e perdida -
estúpida. Como ela podia acreditar em qualquer coisa que ele
dissesse? Agora, ou qualquer coisa que ele já lhe disse? Ele a deixou.
Ele fazia parte desse caos, e ele a deixou. Ele negociou sua alma e a
jogou de lado quando ela se tornou um fardo demais. Talvez ele
quisesse algo mais dela. Talvez ele a visse como uma arma. Por que
mais ele e Lúcifer poderiam apostar nela?
Um leve lampejo dela sorrindo no centro de destruição tocou sua
mente. Ela estaria ao lado da Morte quando ele destruísse a
humanidade, ou lideraria legiões do inferno com Lúcifer?
Ela fechou os olhos com força antes de olhar de volta para o
vampiro.
David a observou, e seu olhar preocupado e amoroso quase a
terminou. Ele era o único a seu lado, e ela estava sempre o afastando.
Não vou perdê-lo, ela prometeu a si mesma antes de alcançá-lo. Ele
sorriu suavemente e a levantou, puxando as pernas em volta da
cintura dele enquanto a abraçava.
—Estou aqui, querida. — Disse ele, esfregando-a de volta.
Ela enterrou o rosto no pescoço dele, respirando-o. — Leve-me
para a cama, David.
—Apolo, Ártemis. — A voz de Arthur invadiu seu momento de
paz. —Vocês dois também estão dispensados.
David já a estava carregando pela porta quando Jane os ouviu se
aproximar.
—Queixo, linda —, disse Apolo ao passar. —Lutamos muitas
guerras em nossas vidas longas. Esta não será diferente.
Ela o viu acenar para David antes que ele disparasse. Ártemis, no
entanto, demorou a passar por eles.
—David —, disse Ártemis, soando muito doce para o gosto de
Jane. —Esse quarto em frente ao seu está disponível? O que você me
diz sobre eu ficar sempre que eu visito?
Jane enfiou os dedos no pescoço de David. Ele parou de andar,
agarrando-a com mais força. Jane não conseguiu respirar, enquanto
esperava sua resposta. Se a Morte mentiu para ela, talvez David
também.
—Não —, disse ele, com a voz baixa. —Encontre outro quarto,
Ártemis. Minha ala está ocupada.
—Oh—, disse Ártemis. —Devo assumir que você a está
mantendo lá? Não sabia que você a colocaria em uma sala de
doadores.
O corpo de David ficou quente. —Você sabe que eu não uso
doadores. Pare de sugerir coisas que não são verdadeiras.
—O que você quer dizer? — A resposta inocente quase fez Jane
ficar vermelha. —Você me permite ficar como sua convidada.
Ele rosnou. —Você fará beicinho como uma criança até que eu
tenha pena de você. Não desejo envergonhá-la ou magoá-la, mas você
está pressionando a bondade que lhe mostrei. Você sabe que ela
acabou de ter um encontro difícil com mulheres, mas está sugerindo
que você e eu somos mais que conhecidos. Você é um camarada
ocasional em batalha, só isso.
—Eu só estava perguntando se o quarto estava disponível. —
Ártemis disse calmamente.
—Você está agindo como uma pirralha adolescente —, ele
retrucou. — Não sou bobo. Sei que seus desejos são nomeados como
ser minha Outra, mas você é ilusória. Ela é minha outra. Eu a vejo
apenas. Eu sempre a vi.
Jane se inclinou para trás para encará-lo. Ele não olhou para ela,
e ela ficou surpresa ao ver o olhar mortal que ele estava dando à
deusa.
—Ela é tudo que eu já desejei —, disse ele, esfregando a mão na
espinha de Jane. —Quaisquer fantasias que você e as outras tenham
tido são apenas isso - fantasias. Continue com elas silenciosamente, se
precisar, mas saiba que você é apenas uma aliada de Arthur. Ela é
minha mulher. — Ele ficou tenso, mas Jane esfregou o polegar na
nuca, esperando que ele entendesse que ela estava bem com ele a
chamando assim, e ele suspirou. —Agora, vá antes que você me veja
finalmente perder meu último pedaço de paciência com você.
Jane virou a cabeça, mas Ártemis se foi.
David deslizou a mão pelas costas dela e a abraçou. —Me
desculpe meu amor. — Ele respirou fundo e beijou o ombro dela. —
Sinceramente, não esperava que ela, de todas as pessoas, se
comportasse dessa maneira. Nada do que ela sugeriu é verdade.
Ela sorriu suavemente e acariciou seus cabelos. —Me leve para a
cama.
—Tudo bem, querida.

Jane virou-se nos braços de David para encarar a porta que ele
estava prestes a abrir.
—O que? — Ele perguntou, olhando para a porta do quarto dela.
—Eu não quero ficar lá.
Ele riu, puxando-a para perto. —Ela não fica lá há muitos anos e
é sempre bem limpo.
—Eu não ligo. Minha mente está muito bagunçada agora.
Ele olhou para a porta e suspirou. —Não tenho outros quartos
no meu andar.
—Eu quero ficar com você. — Disse ela, movendo lentamente o
olhar para encontrar o dele.
—Você tem certeza?
Ela assentiu e fez o possível para sorrir. —Eu preciso de você
esta noite.
Sua expressão suavizou, e ele a puxou para perto. —Eu preciso
de você também. — Ele beijou sua testa antes de levá-la para seu
quarto.
Sem se preocupar com as luzes, ele a levou direto para a cama e
a deitou.
—Deixe-me ir recuperar algumas de suas roupas para que você
possa dormir confortavelmente.
Jane pegou a mão dele e balançou a cabeça. —Apenas me
empreste uma de suas camisas. Eu gosto delas.
Ele sorriu e levantou a mão dela, beijando-a rapidamente antes
de soltar. —Eu gosto quando você as veste.
Ela corou quando ele se virou.
—Você precisa que eu consiga suas calças?
—Eu gosto de usar a sua.
Ele riu e vasculhou sua gaveta. —Vou me lembrar disso quando
for a hora de pedir mais. — Depois de selecionar alguns itens, ele
fechou a gaveta e voltou. —Meus boxers provavelmente se encaixam
melhor em você. — Ele entregou-lhe uma camisa e uma cueca preta.
—Vou deixar você se vestir. Então você pode descansar um pouco
para que possamos visitar seus filhos quando eles acordarem.
—Ok.
Assim que ele fechou a porta, ela tirou tudo, exceto o sutiã e a
calcinha, antes de puxar rapidamente as roupas dele. Como no
passado, a camisa dele atingiu suas coxas, fazendo parecer que ela
estava apenas vestindo uma camisa.
Jane cruzou as pernas, sorrindo quando de repente o ouviu fazer
xixi. Era tão estranho imaginar David como um cara normal. Ele era
tão bom, mas definitivamente era um macho alfa. Ela sorriu de novo
quando se lembrou dele com Apolo. Ele deu ao deus do sol o dedo
médio por olhá-la!
Jason de repente surgiu em sua mente e seu sorriso desapareceu.
Ele não gostava de homens olhando para ela. Só que ele não disse
para parar como David; ele disse para ela parar de chamar atenção
para si mesma.
Ela franziu a testa, olhando a cama de David. Ela estava indo
dormir com ele. Novamente. O que eu estou fazendo? Ela sabia que era
uma má ideia, mas não queria ficar sozinha. Ela não queria estar em
um quarto em que Ártemis também estivesse, e não podia ir até Jason.
Ela queria o conforto de David. Ela queria senti-lo lá depois de tudo o
que havia aprendido. Seu coração exigia que ela ficasse perto dele.
David abriu a porta lentamente antes de caminhar para o lado da
cama. —O que você está pensando?
Jane deu de ombros, desviando os olhos do olhar preocupado
dele. —Eu só não quero te perder. Eu não quero perder ninguém. E
estou triste. — Ela olhou para ele novamente. —Ele não me disse.
—Oh meu amor. — Ele sentou na cama. —Você deve se lembrar
que quando a Morte te conheceu, você era uma criança humana.
—Mas eu cresci com ele. — O lábio dela tremeu quando a
verdadeira dor de cabeça começou. — Ele sempre sai. Ele sempre diz
que não está mentindo, mas não vem quando eu imploro por ele,
quando eu implorei que alguém me ajudasse e respondesse
perguntas, ele escondeu isso de mim.
David a puxou para seu colo, abraçando sua estrutura trêmula.
—Jane, ele é um anjo. Alguém que provavelmente tem a maior
posição e carga a suportar. Ele te amou antes mesmo de perceber,
tenho certeza. Como ele pôde dizer a uma garota, a única mulher que
significava alguma coisa para ele, que ele era o Cavaleiro Final do
Apocalipse? — Ele alisou o cabelo dela para trás. —Acho que nem eu
poderia lhe dizer algo tão terrível. Ele provavelmente ficou com medo
de você descobrir desde que te conheci.
Jane levou a mão ao coração dele e abaixou a cabeça para que a
orelha também ficasse perto dela. —Eu o teria aceito.
David passou os dedos pelos cabelos dela. —Eu sei que você
teria. Ainda assim, como um homem que te ama, prometo que é
aterrorizante encarar o pensamento de você não me aceitar.
Ela olhou para cima, mas não afastou a cabeça. —Podemos
dormir agora? Não quero pensar nele ou no fim do mundo. Tudo o
que quero é olhar meus filhos e não posso fazer isso.
Ele ficou quieto, mas puxou o cobertor para o lado antes de
gesticular para que ela entrasse. Ela o fez, mas agarrou a mão dele,
caso ele decidisse deixá-la.
—Eu posso dormir no chão, Jane. — Disse ele, mas entrou ao
lado dela.
—Eu sei —, ela sussurrou, olhando para a porta como se alguém
pudesse entrar. —Eu só preciso ouvir seu coração para que eu possa
dormir.
Ele levantou a cabeça e sorriu suavemente. —Era isso que ele
fazia por você? Ele segurava você para que você pudesse dormir?
Mordendo o lábio, ela assentiu. —Eu tenho pesadelos. Vejo
coisas ruins mesmo quando não estou dormindo. Quando eu era
pequena, ele me disse para ouvir seu coração e pensar em ir a algum
lugar mágico com ele, e ele vinha me encontrar nos meus sonhos. —
Ela sorriu quando seus olhos lacrimejaram. —Exceto pelo meu cochilo
com ele, eu não tive nada próximo até que você me segurou.
David puxou a cabeça dela contra o peito. —Ele estava com você
todas as noites?
—Quase. — Ela fechou os olhos. —Ele me deixava algumas
vezes e, quando o fazia, coisas ruins aconteciam. Ele tirou minha
memória, mas agora que a tenho de volta, lembro que houve noites
em que jurei ouvir um batimento cardíaco que não correspondia
exatamente ao meu - era ele. Ele sabia que eu precisava dele para
dormir.
—Seu coração está acelerado —, David disse calmamente
enquanto colocava o braço atrás dela. —O meu te acalma?
Ela assentiu, embora seu lábio tremesse. —Sim, mas vocês dois
são diferentes.
Ele suspirou. —Lamento que ele não tenha retornado para você,
Jane.
—Não tenho certeza se quero que ele volte.
—Você quer —, ele murmurou. —Você está machucada.
—Por que você é tão bom? Você não precisa aceitar ele ou Jason,
mas sempre tenta me ajudar a ver o melhor neles.
—Porque você os ama, bebê. Eu não posso falar mal de alguém
que você ama. E não quero aumentar a dor que você já está sentindo.
Ela virou o rosto e beijou o peito dele. —Obrigada por ser você.
Ele acariciou sua bochecha, mas não disse nada, e naquele breve
momento, ela desejou ter o encontrado primeiro.
—David, você promete nunca me machucar? — Ela não sabia
por que havia perguntado, mas simplesmente saiu da boca e queria
ouvir a resposta dele.
David parou de mexer os dedos. —Eu nunca vou te machucar,
Jane. Você não tem ideia do quanto eu te amo. Prefiro sofrer a morte
mais dolorosa do que nunca te machucar.
—Por favor, não diga nada sobre você morrer. — Ela sentiu
lágrimas brotando nos olhos novamente. Havia muita coisa
acontecendo, e ela tinha pavor de algo acontecer com ele. —Se eu tiver
que passar por isso de novo, acho que não vou conseguir.
Ele a aproximou um pouco e beijou o topo de sua cabeça. —Você
não vai me perder. — Mais uma vez, ele beijou a cabeça dela, e de
repente ela jogou a perna sobre a cintura dele e agarrou a parte de trás
do pescoço dele para puxá-lo para baixo, desesperada por ter os lábios
nos dela.
—Não, Jane. — Disse ele, os olhos arregalados enquanto a
segurava.
Ela parou de puxar e observou-o examinar o rosto como se
tivesse enlouquecida.
—Jane, por favor, não chore —, disse ele, enxugando as lágrimas,
mas ela só chorou mais. —Ainda não, meu amor. Assim não. Você
está chateada e cansada. Eu sei que você vai se arrepender de tudo o
que acontece entre nós agora.
Vergonha e rejeição a atingiram com força. Não havia nenhum
pensamento em sua mente quando ela o puxou para baixo, mas agora
que ela tinha feito isso, ela percebeu que era isso que ela queria mais
do que qualquer coisa.
—Sinto muito. — Disse ela, fungando e removendo a perna.
David balançou a cabeça. —Está bem. Você está estressada e
estamos cada vez mais próximos; a culpa é minha. Eu deveria ser mais
cauteloso com minhas ações e palavras ao seu redor.
Ela soltou um soluço sufocado, tentando esconder o rosto, mas
decidiu que a única coisa a fazer era fugir. Ela se fez de boba -
envergonhou-se. Ela tinha que fugir.
David tentou segurar ela quando ela o empurrou e correu para a
porta. Ela não queria que ele a visse, e ela não podia suportar o
pensamento dele ter pena dela.
—Jane, acalme-se. — De alguma forma, ele se moveu mais
rápido e bloqueou o caminho dela. —Nada aconteceu.
—Deixe-me ir! — Ela gritou. —Eu não posso ficar aqui.
—Sim, você pode —, ele disse suavemente. —podemos
descansar e conversar mais pela manhã.
O lábio dela tremeu. —Mova-se, David.
Ele balançou a cabeça novamente: —Não. Fique comigo. Você
não queria estar naquele quarto e não deveria ficar sozinha depois de
tudo o que aconteceu.
—Por favor —, ela choramingou. —Eu não posso estar perto de
você agora.
—Jane.
Ela se moveu para passar por ele e apresentou a dureza que ela
queria apontar para si mesma e jogou para ele. —Eu não quero estar
perto de você.
Sua expressão caiu, e ele assentiu: —Vou deixar você sair hoje à
noite, mas não vou deixar você, ok? Estou aqui.
—Eu sei. — Disse ela, mal se mantendo em um pedaço.
—Eu te amo. — Ele abriu a porta. —Estarei aqui quando você
quiser voltar. Estou sempre aqui, meu amor.
Jane passou por ele tão rápido que ela estava caindo em sua
cama antes mesmo de processá-lo.
Você sabia que o perderia.
Ela chorou alto, concordando com o pensamento doloroso. Era
certo, e ela sabia que era o monstro terrível que ela sempre temia. Não
havia nenhuma entidade lá dentro, ela decidiu. Ela os arruinaria
porque era o ser mais monstruoso de todos. Porque sabia que David
estava machucado. Ela estava machucando-o, machucando Jason e
seus filhos, e ela destruiria todos eles quando perdesse o controle.
Você merece isso.
Seus gritos aumentaram e ela abraçou os joelhos contra o peito
enquanto tentava impedir seu coração de partir. E mesmo se sentindo
traída, ela não podia ajudar mas gritou: —Morte. Por favor, volte.

A Morte estava perto da parede do quarto de Jane, observando-a


gritar por ele. Ele não deveria ter vindo; ele sabia que ela o sentiria,
então ficou quieto e se recusou a se aproximar.
—Por favor, venha até mim. — Seu corpo tremia quando ela
soltou os soluços mais comoventes que ele a viu chorar há muito
tempo. —Por que você não me contou? — Sua respiração ficou
frenética quando ela olhou pela janela: a lua estava à vista. —Você
realmente me amava? — Ela ofegou. —Eu sinto muito. Sinto muito
por gostar tanto dele. — Ela começou a ofegar cada vez mais rápido.
—Eu sinto muito. Por favor, não me deixe.
Estou aqui, doce Jane, ele pensou enquanto seu peito se apertava.
Ela ficou tensa. —Morte?
Ele prendeu a respiração, sabendo que ela não podia ouvi-lo ou
vê-lo, mas percebeu que o vínculo deles era forte demais para ela não
detectar.
—Você está aqui? — Ela sussurrou, sua voz embargada. —Por
favor. Por favor venha. Não sei o que fazer.
A Morte assistiu com raiva absoluta como o ser que ele conhecia
estava lá o tempo todo se aproximando do lado dela.
Lúcifer deslizou os dedos pelo braço nu e ela congelou.
—Estou aqui, doce Jane. — A voz de Lúcifer imitou a dele
perfeitamente.
A Morte ficou parada como uma estátua, vendo Jane relaxar sob
o toque de Lúcifer.
Um sorriso triste se formou em seus lábios. —Você não me
deixou.
—Nunca, doce Jane. — Disse Lúcifer, novamente usando a voz
da Morte.
A raiva da Morte não tinha limites quando Lúcifer abaixou o
rosto perto do dela. Não havia como ele ficar parado e assistir, mas, de
repente, os olhos de Jane se fecharam e sua cabeça girou para o lado.
A Morte prendeu a respiração quando Lúcifer se afastou,
inclinando a cabeça, tão confuso quanto ele. Ela estava dormindo.
—Ela já teve o suficiente por hoje. — Disse uma voz ao lado da
Morte.
Ele virou a cabeça e encontrou Hypnos, com um leve sorriso no
rosto.
Nunca a Morte sentiu tanto apreço por alguém como naquele
momento. Hypnos apenas assentiu quando ambos se viraram para ver
a raiva na expressão de Lúcifer.
—Ele não será capaz de acordá-la —, acrescentou Hypnos,
confiante. —Venha, Morte, encontramos o portão para o Tártaro. Os
outros esperam.
A porta do quarto de Jane se abriu silenciosamente, e a Morte
sorriu ao ver David entrando. O sorriso dele cresceu quando Lúcifer
se afastou quando David chegou ao lado dela e a levantou da cama,
embalando sua forma inconsciente enquanto beijava sua testa e a
carregava para fora do quarto.
—Eu devo ter lembrado a ele —, disse Hypnos, sorrindo. —Às
vezes, quando uma garota diz que quer ficar sozinha, isso significa:
não me deixe ir.
A Morte riu enquanto observavam Lúcifer desaparecer com um
rosnado.
—Venha —, disse Hypnos novamente. —Ele não vai tocá-la esta
noite.
—Obrigado. — A Morte disse calmamente.
Hypnos assentiu e, sem esperar, desapareceu em um lampejo de
luz branca.
Por alguns segundos, a Morte só pôde olhar para a porta vazia
antes de sussurrar: —Não a deixe ir, David. — Então ele também
desapareceu na escuridão.
18
GATINHA MA
A Morte abriu os olhos e zombou das criaturas miseráveis que
estavam diante dele. —Bem, não posso dizer que estou surpreso em
ver vocês três envolvidos. — Ele examinou os prisioneiros brevemente
e depois se virou para Moros. —Por que você os manteve?
Moros suspirou com um leve aceno de mão. —Eles se renderam
e ofereceram informações em troca de suas vidas.
A Morte sabia que Moros devia ter percebido alguma coisa, se
ele estivesse pensando em ouvi-los. Ele olhou para o exército de três,
depois olhou para o demônio mais poderoso - o Rei dos Demônios. —
Que informação você tem, Asmodeus? — Ele não confiava neles, mas
sabia que eles fariam qualquer coisa por autopreservação, até se
virariam por conta própria.
—O tipo que envolve a vingança de seu irmão contra você. —
Asmodeus sorriu. Ele usava coroa e armadura - a cabeça de um touro
estava em um ombro de sua roupa impressionante e a cabeça de um
carneiro estava no outro. Suas asas de dragão estavam atadas
enquanto sua cauda de serpente se contorcia abaixo dele.
—Vingança contra mim? — Morte perguntou, sem saber por um
momento o que estava sendo sugerido.
Asmodeus assentiu antes de responder. —Há uma razão pela
qual o inferno conhece sua mulher, Morte.
Agora, a Morte sabia o que o demônio implicava, e ele só podia
ficar em silêncio enquanto sua mente rugia de raiva.
—Nem sempre era suportável que a Pestilência fosse
considerada inferior a você —, continuou Asmodeus. —Enquanto ele
desencadeia doenças no homem, você sempre aparece, levando toda a
glória e os benefícios de colhê-las. E o que a Pestilência recebeu?
Nada. Você tem mais poder do que todos nós, e ele lidou com isso
porque era seu dever. Afinal, você é seu irmão. Então, como você está
agora, ele se viu encantado por uma mulher. Ele se apaixonou por
uma, assim como você. A dele não era humana, era? Ela era uma
Maldição - uma Sirene... fúria - e quando Arthur e seus cavaleiros
vieram para destruir ela e seu clã, seu irmão pediu que você a
poupasse.
Nemesis caminhou até a Morte e colocou a mão no ombro dele.
—Você o recusou, obviamente. — Disse o rei dos demônios,
sorrindo para a fúria absoluta que a Morte sabia que era exibida em
seu rosto.
O segundo demônio começou a falar. —Asmodeus fala a
verdade, Cavaleiro. — Ele riu. —Sim, nós sabemos quem você é. Não
se preocupe, os outros não. Ainda. E Pestilência manteve seu voto
escondido, e é por isso que estamos aqui. Os outros não conseguem
ver quem você e Pestilência são, e o que significa se essa agenda para
destruir os protetores do Céu for bem-sucedida. Não queremos
queimar por toda a eternidade. Estamos bastante contentes em
atormentar as almas que conseguimos seduzir. Elas são as almas
verdadeiramente más, não as infelizes que receberam uma mão
infeliz.
Asmodeus falou novamente. —Você sabe muito bem - nós três
nunca criamos nossos próprios demônios terrestres, Morte. Nós só
queremos os maus. Alguns amaldiçoados acabam aqui, como eu
tenho certeza que você percebeu, então não temos nenhum problema
com os cavaleiros. Também queremos que você saiba que isso não é
totalmente culpa do seu irmão. Ele tem um encantamento sobre ele,
que suponho que você já sabia, considerando sua recusa imediata em
poupar a sirene.
A Morte deu um olhar de reconhecimento enquanto ele
fumegava.
—Ela está trabalhando para alguém —, disse Asmodeus. —Ela
enfeitiçou seu irmão muito antes de ele pedir que você a poupasse.
Quando você a levou, Pestilência ficou chateado, mas ele aceitou que
você não poupava ninguém. O vínculo dele com você superou os
encantos dela, então ele não fez mais. Tudo isso mudou quando ele
descobriu que você tinha uma humana. Isso o levou a procurar sua
sirene no submundo. Então ela, sob ordens, tentou-o a se vingar de
você, desencadeando essa praga. O que eles prometeram ao seu
irmão, não tenho certeza, mas ele aceitou a oferta e a liberou.
Acreditamos que há mais envolvimento com os Amaldiçoados e
Caídos, mas temo que apenas ele saiba.
—Há algo mais que você pode oferecer para se poupar? — Morte
perguntou.
O terceiro demônio sorriu. —Podemos libertá-lo de seu
encantamento.
—Cuspa, Sonneillon. — A Morte estalou. Ele estava ficando mais
furioso com o envolvimento de seu irmão e com o fato de ele ser o
culpado.
—Muito bem —, Sonneillon demorou. —Como Asmodeus e
Succorbenoth apontaram, seu irmão foi seduzido pela luxúria e busca
vingança... Ele está cheio de ódio e é cegado pelo ciúme. Você sabe
que dominamos essas emoções e desejos. Obviamente, nossa oferta é
recuperar o que nos foi ordenado que lhe apresentássemos.

Antes que Jane sequer abrisse os olhos, ela sabia onde estava e
com quem estava. David. Seu corpo duro e seu cheiro o denunciaram,
mas era a posição em que estavam que fazia sua mente girar.
Ela sentiu as bochechas esquentar enquanto apreciava
completamente como ele a segurava. Ela estava montando nele, é
claro. Ele tinha uma mão apoiada na parte de trás da coxa dela,
enquanto a outra estava deitada de costas.
—Eu não coloquei você em mim, se você está preocupada com
isso. — A voz sonolenta de David a assustou, fazendo-a pular.
—Droga, David. Você me assustou.
Ele riu, abraçando-a. A mão em sua coxa ficou parada e a
apertou antes de deslizar pela pele exposta.
Ai Jesus! Eu realmente tenho que perceber essas coisas?
—Sinto muito, bebê —, ele murmurou, beijando a cabeça dela. —
Eu só pensei em apontar minha inocência antes de você começar a se
perguntar se eu tinha tirado vantagem de você.
Jane sorriu, gostando de que ele parecesse feliz. —Eu sei que
você não tiraria vantagem de mim.
—Realmente? — Ele perguntou enquanto o polegar esfregava
para frente e para trás ao longo de sua coxa.
Isso a distraiu um pouco, e ela esqueceu o que eles estavam
falando, então ela acabou de dizer a primeira coisa que lhe veio à
mente. —Não?
A mão de David parou de se mover. —Não?
Merda, eu deveria ter dito que sim?
Ela tentou se salvar. —Hum, eu quero dizer sim.
Ele a esfregou nas costas e riu. —Você não se lembra do que
estávamos falando, lembra?
—Cale a boca. — Ela murmurou.
Ele riu de novo. —Tudo bem, peço desculpas. Eu só estava
curioso por que você sabia que eu não tiraria vantagem de você. Eu
desejo muito tirar vantagem de você.
—Oh. — Ela sentiu seu corpo esquentar novamente.
—Eu não vou —, acrescentou. —Mas você dificulta às vezes.
—Como?
A cabeça dela saltou no peito dele enquanto ele ria.
—Bem, para começar —, disse ele. —a posição em que você está
agora que não a coloquei.
Jane levantou a cabeça. Ela olhou para ele antes de olhar para
sua situação ridícula. Ela podia senti-lo olhando para ela, então ela
finalmente olhou para trás, colocando o queixo no peito dele para
tentar algum tipo de casualidade. —Não sei o que quer dizer. Eu sei
que não adormeci aqui. Você obviamente começou isso.
Seus olhos estavam arregalados quando ele a encarou.
—De qualquer forma —, acrescentou ela, —eu sempre durmo na
beira da cama.
—Você não! — Ele apontou para o lado da cama. —Eu coloquei
você no limite quando a trouxe de volta aqui. Eu estava tentando ser
um cavalheiro e não alarmar você, mas quase imediatamente você se
arrastou até aqui e subiu em cima de mim.
Jane manteve o rosto em branco; o que parecia fazer David ficar
mais defensivo.
—Eu juro, Jane. Eu até tentei te afastar, mas você cravou suas
unhas em mim. Você era como uma gatinha, recusando-se a deixar ir.
Você até rosnou.
Ela quase riu disso, mas estava se divertindo demais vendo-o
ficar histérico. —Eu não acredito nisso.
David olhou chocado. —Eu não estou inventando isso. Eu estava
preocupado com você; Eu não queria que você ficasse sozinha, então
pedi para você voltar, mas você já estava dormindo. Então, eu trouxe
você aqui, pois sabia que você não queria estar naquele quarto. Eu
esperava que você ficasse dormindo, mas você não me deixaria em
paz. Então, finalmente deixei você fazer o que queria. Você me pegou
e só então ficou parada.
Jane não pôde mais evitar. Ela começou a rir.
David a observou por um momento antes de finalmente encará-
la. —Isso não foi engraçado, Jane.
Ela soltou uma risadinha e assentiu. —Sim, foi.
Ele rosnou e desviou o olhar. —Igual a um gato. Arranhe um
homem e depois esfregue-o como se você fosse uma criatura inocente.
—Aww —, ela murmurou. —Pouco me machucou o grande
David ruim?
Ele manteve o olhar irritado e a encarou. —Pare com isso.
Jane sorriu e estendeu a mão para beliscar sua bochecha. —
David está chateado com sua gatinha?
Ele soltou a perna dela e pegou a mão dela na bochecha. —Pare
com isso.
Jane apenas riu de seu rosto carnudo.
Ele a olhou irritado. —Mas admita novamente, você é minha
gatinha.
Ela riu mais alto, e ele finalmente riu.
—Você acredita em mim, então? — Ele acariciou sua bochecha.
—Eu não estava tirando vantagem de você.
—Eu acredito em você. Eu sei que você não faria isso.
—Você é minha gatinha? — Seu sorriso era tão malditamente
bonito.
—Só se você não estiver com raiva de mim. — disse ela, um
pouco atordoada com a maneira como ele a olhava.
—Com raiva de você? Pelo que?
Ela fez uma careta. —Por tudo que fiz. Com os outros vampiros,
Ártemis, e depois tentando forçar você em mim.
Ele acariciou sua bochecha. —Não estou com raiva, Jane. Eu
acho que suas reações eram esperadas sob as circunstâncias lá
embaixo. Não acho que você desejasse machucar alguém, mas foi
atacada - você se defendeu, permitindo que seus instintos se
manifestassem. — Com um sorriso, ele esfregou o lábio dela. —Tanto
quanto se forçar a mim, acho que seria impossível para mim ficar com
raiva disso. Não quero nada além de ter esse tipo de relacionamento
com você, mas não quero que você se arrependa de começar um
comigo, porque está apenas buscando conforto. Sempre farei o
possível para confortá-la, mas não tirarei vantagem da sua tristeza.
Jane se aproximou e beijou sua bochecha. —Eu sou sua gatinha,
David.
Ele suspirou, virando o rosto para beijar sua testa. —Você está
fazendo isso de novo.
Jane se afastou. —Fazendo o que?
—Você está dificultando não tirar vantagem de você. — O olhar
dele caiu nos lábios dela antes de descer para onde seus seios estavam
pressionados contra o peito dele.
—Oh. — Ela balançou a cabeça e também olhou para a posição
deles. —Eu gosto disso, no entanto. Às vezes eu gostaria de poder
ficar aqui com você e esquecer todo o resto.
O dedo dele deslizou sob o queixo dela, e ele inclinou o rosto
para cima, para que seus olhos se encontrassem. —Eu também desejo
isso. Mas, a menos que você queira levar nosso relacionamento para o
próximo passo e encerrar as coisas com Jason, precisamos nos esforçar
mais para combater nossos desejos um pelo outro. — Ele apertou sua
coxa. —Eu realmente queria que estivéssemos prontos, mas não acho
que agora é a hora. Seria injusto pedir que você escolha uma coisa
dessas com tudo acontecendo.
Ela assentiu rapidamente e começou a sair dele, mas ele a puxou
de volta.
—Podemos esperar mais alguns minutos, se você quiser.
—Você não se importa? — Ela perguntou baixinho, temendo
rejeição novamente.
—Bebê, eu te disse que quero tudo com você - não, eu não me
importo. — Ele deslizou o dedo pelos lábios dela, pelo queixo dela
antes de seguir um caminho ardente ao longo de sua mandíbula. —Eu
poderia olhar para você o dia todo - tocá-lo a cada segundo.
Jane soltou um suspiro trêmulo e recostou a cabeça no peito dele.
Ele continuou acariciando sua bochecha e ocasionalmente
passando os dedos pelos cabelos dela.
Ela suspirou e olhou para a parede oposta. Seus pensamentos
faziam o que faziam de melhor: analisavam e insultavam-na sobre
cada pequena coisa. Ela deveria estar preocupada com Jason e Morte.
Claramente, Jason não esperava que ela estivesse nos braços de David,
tentando beijá-lo e a Morte... Tanta coisa precisava ser tratada com ele.
Sua vida amorosa deveria ser irrelevante, certo? Mas ela não poderia
deixar de pensar em estar mais perto de David. O que Jason diria para
ela? O que a Morte pensaria? Ela não sabia o que ele esperava; ele
nunca contou muito a ela. David estava certo? Não era apenas a hora
certa? Ela era uma pessoa terrível por se concentrar nele mais do que
se preocupar com sua família e o fim do mundo?
—Você está bem, Jane? — Ele perguntou, silenciando seu debate
interior.
Ela pulou um pouco, mas relaxou quando ele abaixou a mão e a
esfregou nas costas.
—Eu só estou pensando.
—Hmm. — Ele cantarolava como se entendesse. —Você quer
falar sobre alguma coisa?
Ela pensou em tentar falar sobre seus sentimentos em relação a
ele, mas sabia que não podia. Então, em vez de reconhecer que
poderia haver mais sentimentos dela com ele do que ela poderia se
dar ao luxo de ter, ela fez a primeira pergunta aleatória em que pôde
pensar. —Eu realmente rosnei para você?
Ele riu e começou a massagear sua perna. Ela imaginou que ele
não sabia o que estava fazendo. Mas ela com certeza sentia.
—Sim, foi fofo. — Disse ele.
—Fofo?
—Muito. Você parecia um gatinho recém-nascido. Você
cambaleou como se nunca tivesse engatinhado um dia em sua vida,
mas estava determinada, e conseguiu chegar em cima de mim, apesar
das minhas tentativas de convencê-la a voltar ao seu lugar. Seus
grunhidos eram adoráveis, mesmo que eu saiba que você é uma
predadora mortal. — Ele riu. —Ainda assim, eu sabia que não iria te
irritar, então deixei você fazer o que quisesse. Depois que você parecia
confortável, caiu em um sono profundo novamente.
Jane poderia dizer que ele realmente gostava de vê-la se fazer de
boba, mas ela não se importava tanto. Ela gostava de ouvi-lo parecer
feliz por algo que ela fez. —Bem, você é confortável. — Ela acariciou
seu peito, respirando profundamente. —Eu realmente poderia ficar
assim por pelo menos metade do dia.
—Um dia Bebê.
Ela sorriu e fechou os olhos. —Você diz um dia, mas você
realmente acha isso?
—Espero - isso é tudo, Jane.
—E se eu nunca escolher? E se as coisas nunca parecerem certas?
Você gostaria de...
—Nem pergunte se eu escolheria outra pessoa —, disse ele com
firmeza. —Você é tudo para mim. Se apenas alguns minutos por dia
forem tudo o que eu vou conseguir de você, então ficarei ansioso por
esses poucos minutos por dia.
—Mas não é justo para você. Você não quer ser feliz?
—Estou feliz —, disse ele instantaneamente. —Cada segundo ao
seu lado - simplesmente sabendo que te encontrei - me faz mais feliz
que já me senti. Eu te amo. Não consigo imaginar minha vida com
outra mulher. Você é meu anjo Minha Jane. — Ele esfregou a lágrima
que apareceu de repente sob o olho dela. —Shh...
Ela odiava estar sempre chorando, mas ele dizia as coisas mais
doces, e ela estava com tanta raiva que não conseguia retribuir seus
sentimentos do jeito que ele merecia tê-los. Ele estava certo, porém -
havia muita coisa acontecendo, e ela não estava no estado de espírito
certo para terminar seu relacionamento com Jason ou a Morte. Como
ela poderia dizer a Jason que acabara depois de saber que a Morte
estava prestes a destruir o mundo? Ela deveria estar fazendo tudo ao
seu alcance para impedir a Morte, manter seus filhos e Jason a salvo, e
descubrir o que exatamente ela deveria fazer para ajudar os
cavaleiros. Não se preocupar com David e ela, ou se ele escolheria
outra mulher. Mas ela não podia sequer suportar o pensamento de ele
estar com outra. Partia seu coração com a fraca possibilidade de que
ele deixasse, sabendo ao mesmo tempo que ela estava arruinando o
resto da vida.
— É só isso —, ela começou novamente. — Se sua Outra fosse
alguém como Ártemis ou Melody, então você poderia estar junto e
não ter que suportar toda a minha bagunça. O fim do mundo pode
realmente acontecer amanhã, e você está aqui comigo. Você não quer
o que os outros têm?
—Eu tenho isso, Jane. Eu tenho a mulher que amo nos meus
braços - e ela está segura.
Oh Deus. Ele fez o coração dela bater tão rápido. —Mas você não
quer - você sabe - estar com uma mulher?
—Eu quero estar com você como eu puder.
—David, eu não sou burra... Os homens precisam de sexo. —
Sua mandíbula apertou quando uma onda de emoções conflitantes a
atacou. —Se eu não der para você, você encontrará de outra pessoa. É
assim que funciona.
—Jane —, ele disse, sua voz baixa, mas ela podia ouvir a
restrição que ele estava usando para não aumentá-la. —Não é assim
que funciona. Os homens desejam procriar, assim como as mulheres,
mas nem todos nós vamos satisfazer nossos impulsos primordiais.
—Mas você os tem. — Disse ela, tentando reprimir suas
emoções.
—Sim, eu tenho vontade, Jane. Eu os tenho por você, no entanto.
Eu não satisfaria meus desejos por você com outra ou por qualquer
outro meio.
—Você quer dizer, você não vai assistir nada para te tirar, ou
alguém tem ajudá-lo?
Ele ficou quieto por um longo tempo, e ela quase chorou,
pensando que ele diria que de alguma forma essas eram exceções.
—Jason teve um caso, Jane?
Os olhos dela lacrimejaram e ela apertou o rosto contra o peito
dele. —Vamos parar de falar sobre isso. — Ela finalmente sussurrou,
tremendo quando ele começou a esfregar suas costas novamente. —E
não - não realmente. Eu não posso falar sobre isso.
—Tudo bem, meu amor. — Ele enxugou as lágrimas dela. —Mas
eu não faria isso. — Ele respirou fundo, apertando-a suavemente. —A
única tentação em que vou ceder é sonhar acordado juntos um dia.
Esse é o único desejo em que vou ceder: pensando em você,
mostrando todos os dias o quanto eu amo você e somente você. Se não
é algo que você possa me perdoar, eu pararei. Mas sentirei falta de
pensar que um dia você e eu estaremos juntos.
Ela sorriu tristemente quando a imagem apareceu em sua cabeça
também. Ela imaginou acordando com ele, assim como fez momentos
antes, mas beijando-o, sorrindo e rindo com ele, tendo seus filhos lá,
ele lá para protegê-los dela e de qualquer ameaça que se aproximasse.
Ela até teve um vislumbre deles com um recém-nascido, e seu coração
ansiava que isso se tornasse realidade. —Eu não quero que você pare
—, disse ela com um suspiro surpreso. —Eu quero sonhar com isso
também.
—Venha aqui. — Disse ele, movendo as mãos para que pudesse
agarrá-la um pouco mais sobre ele, então a abraçou.
Ela o deixou situá-la para que seu rosto estivesse bem próximo
ao dele antes de se inclinar para frente e beijar sua bochecha. —Eu vi –
nós... — Ela beijou o mesmo lugar. —Por favor, não desista de mim.
—Nunca, bebê. — Ele sussurrou, e ela beijou sua bochecha
novamente.

Por quase dez minutos, David a abraçou, deixando-a relaxar


novamente quando sua mente começou a atormentá-lo com
possibilidades de Jason ter machucado Jane de uma maneira que ele
não achava possível. Claro, ele viu o olhar de Jason demorando-se em
Melody, mas ele não achava que alguém pudesse se afastar de Jane.
Ela claramente fez tudo o que pôde para agradar Jason antes de vir
aqui, e mesmo agora, ela colocou Jason diante de seus desejos mais
vezes do que ele desejava.
—Hmmm — Ela gemeu antes de murmurar: —Você cheira tão
bem.—
David não tinha certeza se ela estava falando enquanto dormia,
então ficou quieto. Então ela o cheirou.
—Eu gosto disso. — Ela soltou um gemido mais sexy e excitado.
—Você cheira a casa. Eu nem sei o que isso significa. Porra.
Ele riu e mentalmente começou a contar quantas horas se
passaram desde que ela se alimentou dele. —Você está bem?
—Fantástica. Eu amo o jeito que você se parece. E cheira. Nós
nos encaixamos. Uau.
—Eu acho que você precisa se alimentar. — Ele afastou o cabelo
do rosto dela. —Você está com sede?
—Muito. — Ela respirou o cheiro dele. —Estou te assustando?
Ele sorriu e passou a mão pelos cabelos dela. —Você está me
divertindo, mas acho que você deveria se alimentar agora antes que
isso ganhe o controle.
—Mas você não precisa beber primeiro? Eu posso esperar... Não
posso. Estou prestes a morder você.
David se virou, beijando sua testa enquanto ria novamente. —Vá
em frente, Jane. Sua fome está claramente atingindo seu limite. Eu me
sinto bem. Não se preocupe comigo.
—Obrigada. — Disse ela, mordendo imediatamente o pescoço
dele. Ela o pegou de surpresa, embora ele lhe dissesse que podia, e ele
agarrou suas coxas quando ela começou a apertá-lo.
Ela se afastou abruptamente, e ele sabia que ela não tinha
conseguido o suficiente enquanto ela empurrava seus ombros para se
segurar. Seus lábios estavam alinhados com o sangue dele, e ela os
lambeu lentamente.
Porra.
—O que está errado? — Ele perguntou, engolindo porque ela
estava tão bonita assim.
Ela deslizou as mãos para o peito dele. —Eu sinto muito. Eu não
quis agir assim. — Ela respirou fundo e ele a observou tentando forçar
suas presas a recuar, mas ela não podia.
—Não se desculpe. Continue se alimentando, Jane.
Seus olhos se fecharam por alguns segundos e ela sussurrou. —
Diga que você é meu David.
Ele sorriu, suas mãos deslizando para cima e para baixo em suas
coxas lisas. —Você sabe que eu sou seu David. Assim como você é
minha Jane.
Ela assentiu, mas manteve os olhos fechados. —Eu sou sua Jane.
—Sim, você é, e você, meu amor, também é minha pequena
vampira com fome.
—Estou com tanta fome, David. — Ela abriu os olhos, as presas
ainda pressionando o lábio. Ela parecia tão inocente, mas mortal ao
mesmo tempo. —Quase dói. — Acrescentou ela, movendo-se um
pouco, e ele percebeu o que estava errado. Seus hormônios a estavam
deixando louca.
—Beba Jane. Você vai se sentir melhor.
—Eu não gosto de ter que tirar muito de você.
Ela estava perdendo. Ele precisava distraí-la. —Você está bonita
nas minhas roupas.
O olhar dela se concentrou nele, como se finalmente o estivesse
vendo. —Você está me distraindo.
Ele assentiu, deslizando os dedos pelas pernas dela. —Venha
aqui.
Sem tirar os olhos dos dele, ela abaixou o corpo. Ela beijou seu
pescoço e depois lambeu, chupando suavemente antes de mordê-lo
novamente. Ela estava realmente tentando matá-lo agora.
O desejo dele por ela aumentou. Ela sempre o ligava, mas
quando ela o pressionava assim e ele podia ouvir os barulhinhos
incríveis que saíam dela enquanto ela movia o corpo de uma maneira
que ele não aguentava, ele estava pronto jogar de lado sua moral.
Ela gosta quando você a toca.
Os dedos de David se contraíram e ela se empurrou na direção
da mão dele. Ele se conteve, mas quando ela soltou um pequeno
gemido e se ajoelhou para lhe dar mais espaço para explorar, ele
cedeu.
Afinal, era outro devaneio.
Lentamente, David deslizou as duas mãos ao longo da parte de
trás de suas coxas. Ela fez um pequeno barulho de satisfação enquanto
continuava a beber dele. Foi um som encorajador. Ela queria que ele
continuasse.
Então, quando os dedos dele roçaram a borda da cueca que ela
usava, ele não parou. Ele deslizou as mãos sob a bainha até chegar à
bunda dela. Seu corpo estava tenso, mas ela estava sorrindo enquanto
continuava bebendo o sangue dele.
David tinha as duas bochechas nas mãos, apertando. Um grito
animado saiu de sua boca, fazendo-o sorrir.
Porra, ela é perfeita, ele pensou, massageando sua bunda
quando ela freneticamente começou a beber mais rápido. Ela era um
punhado para ele, e ele adorou.
Ele puxou uma mão, gemendo para que ela soubesse que estava
gostando do que sentia, e apertou sua bunda novamente quando ele
colocou a mão livre sob a camisa dela.
Ela se moveu, seu corpo balançando enquanto segurava a lateral
do rosto dele antes de deslizar os dedos pelos cabelos dele. Seu corpo
tremia e ele sabia que ela estava ficando sobrecarregada com o toque
dele.
—Continue se alimentando. — Disse ele, pressionando a mão na
parte inferior das costas dela.
Ela gemeu quando a pele quente dele fez contato dos lados dela,
ao mesmo tempo que ele gemeu em profunda satisfação.
Apertando-a suavemente, ele deixou o polegar deslizar sobre o
sensível osso pélvico. Ela choramingou, querendo mais, então ele lhe
deu mais. Ele continuou a apertar e acariciar sua bunda enquanto a
outra mão deslizava pelas costas dela. Ela moveu seu corpo,
mostrando a ele onde ela queria que suas mãos fossem, e ele seguiu
suas ordens silenciosas, deixando seus dedos deslizarem pelas curvas
de seu corpo.
David tirou a mão da bunda dela, amando que ela parecesse
entrar em pânico com o pensamento dele parar. Ele sorriu e passou os
dedos logo abaixo da linha de calcinha.
Ela se contorceu mais e empurrou-se na mão dele, então ele
finalmente enfiou a mão por baixo para agarrar sua bochecha inteira, e
ele suspirou, feliz com a suavidade de sua pele. Jane gemeu em um
som mais agudo antes de se levantar novamente para que as mãos
dele caíssem um pouco. Ele sabia o que ela queria e deslizou a mão,
passando os dedos pela parte de fora da calcinha dela até chegar a sua
área mais sensível.
Jane ficou rígida, depois gritou com a boca ainda presa a ele
enquanto os dedos dele mal roçavam sua entrada. Ele não deu a ela
mais do que isso antes de chegar ao seu traseiro. David agarrou a
ponta da calcinha dela.
Ela parou de beber, sua expectativa clara, e quando ele deu um
leve puxão neles, ela afastou a boca com um suspiro. —Tire-as. — As
respirações ofegantes dela contra o pescoço dele o fizeram abrir os
olhos. Ela abaixou a boca, sem morder, apenas chupando e gemendo
enquanto o limpava. —David, me toque.
—Merda, isso é real? — Ele olhou para o teto quando ela
começou a beijar seu pescoço.
Ela não respondeu enquanto ele permanecia quieto, mas ela se
moveu para que sua calcinha se mexesse e voltasse a colocar a mão
sobre a dele, e o ajudou a empurrá-la para baixo. —Fora. Eu preciso
de você em mim. — Ela gemeu mais alto e puxou a mão dele sobre ela
quente...
Porra. —Jane, olhe para mim!
Seu tom urgente a assustou, e ela levantou a cabeça, encontrando
o olhar dele. A mão dele ainda estava cobrindo o sexo dela, e ela
estava pronta para ele.
—Me desculpe amor. — Ele começou a afastar a mão, mas ela o
segurou. Ele a observou morder os lábios vermelhos e respirar
lentamente enquanto ela revirava os quadris um pouquinho, o
suficiente para que o dedo médio dele deslizasse entre suas dobras
molhadas.
—Oh. — Ela respirou, seu corpo vibrando.
Ele não queria nada mais do que continuar, mas ele retirou a
mão e a abraçou. —Relaxe. Deixe seu corpo se acalmar.
Jane balançou a cabeça. —Eu não quero. — Ela foi beijar seu
pescoço novamente, mas ele agarrou seus ombros e a segurou.
—Pare!
Os olhos dela estavam brilhantes, mas ele viu a Jane. Ela o
queria.
Ela confirmou isso com suas palavras. —Eu quero isso.
Ele rosnou, balançando a cabeça. —Não, querida, precisamos
parar. Você sabe que não podemos fazer isso. Acabamos de falar sobre
tudo isso.
Ela choramingou quando beijou sua mandíbula. —Mas eu quero
mais.
—Porra, Jane. — Ele respirou, tentando se controlar. —Nós
realmente precisamos parar. Nós não podemos fazer isso. — Ele
ergueu as mãos, no entanto, e a abraçou em vez de empurrá-la para
longe.
Ela começou a deslizar para baixo, para que eles se alinhassem, e
apenas quando ela mal sentiu a excitação dele, ela ofegou. —Por
favor, David.
Ele rosnou porque ela estava certa sobre ele. Tudo o que ele
tinha que fazer era arrancar a calcinha dela ou empurrá-la para o lado,
deslizar as calças para baixo, e ele estaria em seu próprio paraíso
pessoal.
—Pare. — Ele disse com mais força quando a agarrou pela lateral
do pescoço dela para afastá-la.
Jane suspirou e parou sua tentativa de lutar com ele. —Eu quero,
no entanto. — Ela levantou os olhos para os dele. —Parece certo. Isso
é bom.
As palavras dela o agradaram. —Você sabe que eu quero você,
Jane. Mas nós não podemos. Pense no que isso faz. Pense na Morte e
Jason.
David viu a preocupação dela. Ela realmente os esquecera. Nada
disso era natural.
—Oh, Deus. — Disse ela, olhando para baixo como ela estava
nele.
—Eu não deveria ter me deixado tocar em você assim —, ele
disse rapidamente. —Eu pensei que era outro devaneio.
Ela olhou de volta para ele. —Você imagina estar comigo assim?
—Bebê, o tempo todo, porra. — Disse ele rindo.
Um leve sorriso brincou em seus lábios. —É horrível que eu
ainda te queira?
Ele riu e balançou a cabeça. Ela parecia tão inocente. —Não
querida. — Ele esfregou o polegar entre os lábios inchados e olhou em
seus lindos olhos enquanto ele falava novamente. —Mas quando eu
finalmente te levar, quero que você seja toda minha. Não quero outro
homem com algum tipo de reclamação sobre você, e não quero que
nenhum de nós se arrependa.
Jane suspirou, respirando fundo com os olhos fechados.
David estudou seu rosto, completamente cativado por sua
beleza, enquanto ela simplesmente se concentrava em se acalmar. —
Então, até que você seja minha namorada ou esposa —, ele disse,
fazendo uma pausa quando ela sorriu. —teremos que esperar. Porque
não vou chamá-la assim até que seu coração seja verdadeiramente
meu.
Ela assentiu, encostando o rosto na palma da mão dele. —Ok.
—Você é tão bonita. — Ele disse suavemente.
Ela abriu os olhos. —Eu sinto muito.
—Eu realmente queria estar —, disse ele enquanto a puxava para
que ela não estivesse acima de seu pau. —Bebê, você não tem ideia do
que faz comigo.
Ela sentou-se, pressionando a mão no peito dele. Ele colocou as
mãos sob a bunda dela para impedi-la de sentir sua ereção, mas ela
deliberadamente se afastou e riu. —Eu meio que sei.
Ele riu, puxando-a para que ela estivesse mais perto de seu peito.
—Gatinha má.
Suas bochechas coradas ficaram ainda mais vermelhas. —Estou
indo para o inferno.
—Não, você não está. — Disse ele, mudando as mãos para que
ela estivesse em seus braços.
Jane soltou um suspiro e olhou ao redor do quarto. —Eu devo.
David não gostou de como ela disse isso, principalmente porque
sabia que Lúcifer estava atrás dela. —Você realmente quer ficar
comigo, Jane?
Os olhos dela voltaram para os dele, arregalados e cheios de
surpresa. —Eu... Eu... — Ela examinou o rosto dele. —Eu acho que eu
quero.
Ele sorriu antes de mover um braço debaixo dela para puxá-la
para baixo. Ela estava tremendo quando ele trouxe o rosto a poucos
centímetros dele.
—Quando não for mais 'eu acho', estaremos juntos —, disse ele,
sem quebrar o contato visual. —Quando chegar a hora, e você souber
que me ama, quando me escolher em detrimento dos outros, eu nos
tornarei um. Vou me enterrar tão profundamente dentro de você que
todo homem sentirá meu cheiro em você, não importa quantas vezes
você se purifique. Minha.
—Você não está me ajudando a me acalmar —, ela sussurrou
antes de morder o lábio por alguns segundos. —Eu quero beijar você.
Ele gemeu e a puxou para baixo. Levou toda sua força mental
para beijar sua bochecha em vez de seus lábios. —Em breve. Eu sei
que será em breve.
Ela choramingou, esfregando a bochecha contra os lábios dele.
—Você pode esperar, bebê? — Ele perguntou a ela. —Você pode
aguentar até que as coisas estejam certas?
Sua respiração tremia, mas ela assentiu. —Sim.
Ele beijou sua bochecha novamente. —Boa menina. — Ele lhe
deu mais um beijo e a afastou. Ela parecia envergonhada, mas
necessitada. Era o olhar mais sexy que ela já olhou para ele.
—Eu preciso de calcinha nova. — Ela sussurrou, olhando para o
cobertor.
Ele sorriu. —Eu sei.
Seu olhar foi instantâneo.
—O que? Eu preciso de um banho frio, se isso faz você se sentir
melhor. — Disse ele rindo.
Ela sorriu e virou a cabeça, rindo. —Isso te deixa louco, no
entanto?
—Por que eu ficaria louco?
Ela mordeu o lábio. —Porque eu não o aliviei.
Ele sentou-se, usando o antebraço debaixo da bunda dela
novamente, para que ela não estivesse montando seu pau, e segurou
sua bochecha. —Você só me agrada, Jane. — Ele suspirou enquanto
refletia sobre o que Jason havia feito para fazê-la pensar dessa
maneira. Então, novamente, ela sempre se sentiu usada para o sexo,
então ele precisava ajudá-la a ver o amor por trás de suas ações. —Eu
me sinto mais aliviado por saber que não tirei vantagem de você.
—Mas isso te frustra? — Ela parecia tão perdida agora. Era por
isso que eles tinham que esperar.
—Não.
—Você vai ter que ir... hum... você sabe? — Ela olhou para baixo.
—Eu não faria isso com você sentada bem aqui. Eu já fiz antes,
não enquanto eu estava com você, é claro - mas eu me masturbava no
passado, Jane.
Seus olhos lacrimejaram e sua respiração acelerou
Ele esfregou sua bochecha. —Bebê, eu não faço isso desde que te
conheci. Eu não fiz isso com o pensamento de outra mulher, mesmo
antes de você. Sim, como humano, eu fiz, mas depois de aprender
sobre você, eu só sonhei com você. Às vezes, acordei, excitado,
incapaz de me controlar porque apenas pensava em você. Então, no
passado, me aliviei ao pensar em você.
—Mas você não me conhecia.

—Vi seus olhos, o contorno do seu rosto e seu sorriso pelo tempo
que eu sinto, Jane. Imaginando você, é isso que faz comigo... mas não
vou me divertir com você estando aqui. Nunca. — Ele beijou a
bochecha dela. — Será completamente diferente quando estivermos
juntos. Qualquer versão estará dentro de você.
—David. — Ela disse, gemendo um pouco.
Ele a engoliu e a segurou mais forte. —Não diga meu nome
assim, Jane. Foda-se. Você torna tão difícil ser nobre. — Ele acariciou
sua bochecha, desejando poder beijá-la. —Eu te amo —, disse ele. —E
peço desculpas por tê-la despertado. Prometo que nunca vou deixá-la
insatisfeita quando chegar a hora.
—Você não está ajudando novamente, David.
Ele descansou a testa contra a dela e sorriu. —Desculpas, meu
amor. Deixe-me tomar banho e me trocar. Fique aqui e continue
tentando se acalmar. Quando eu terminar, trarei algo para você
mudar.
Quando ele a levantou, ela falou de novo: —Se você precisar,
pode...
Ele congelou, olhando nos olhos dela. Ela realmente pensou que
era algo que ele tinha que fazer. —Se eu fizesse isso, faria com você.
Haverá dias em que não seremos capazes de ficar juntos, e se você
sentir o desejo, darei de bom grado o que você deseja, mas só o farei se
você estiver lá, aproveitando a experiência comigo.
—Como assistir você fazer isso?
—Se lhe agrada, sim.
Ela mordeu o lábio, e ele podia praticamente vê-la imaginando-o
se masturbando bem na frente dela.
—Eu mostraria respeito, meu amor. Mas vou agradá-la da
maneira que nós dois gostamos. De qualquer maneira, você é quem eu
vou ver e sentir quando eu conseguir gozar.
Jane se arrastou para fora dele, ajustando a roupa de baixo e a
camisa que ela usava quando ele se levantou.
David se inclinou e beijou sua testa. —Eu gostei de tudo o que
acabamos de compartilhar. — Ele respirou fundo.
19
NAO VA
Usando as costas da mão, Jane enxugou o suor da testa,
inclinando-se, apoiando-se com a outra mão no joelho, enquanto
mostrava as presas para os três homens à sua frente, mas o mais
mortal ficou parado, sorrindo enquanto a observava.
—Muito bem, querida —, disse ele, embainhando sua espada. —
Volte, Jane.
Ela assobiou, ficando mais irritada quando ele simplesmente
sorriu.
Deu um passo para a frente, e ela apoiou-se, estendendo a mão,
pronta para desencadear todo o seu poder sobre ele.
—Meu amor. — Disse ele, inclinando a cabeça.
Ela rosnou ao vê-lo sorrir novamente.
—Você precisa se concentrar —, disse ele. —Estamos lutando,
não somos inimigos. Você realmente quer me machucar?
—Sim. — Ela disse, tomando uma posição ofensiva, sua visão de
túnel, completamente focada nele.
Ele imitou a sua posição ofensiva, forçando-a mover-se em uma
postura defensiva. Ela sussurrou, furiosa por ele a intimidar assim.
—Sabe quem eu sou Jane? — Ele perguntou.
Ela sabia exatamente quem ele era, mas ela não lhe respondeu.
—Sim, você me conhece. Você quer que eu te abrace?
Um rosnado baixo saiu de sua boca. Ele deu dois passos, e ela
mudou-se novamente, fazendo-o rir. O timbre profundo de sua voz a
fez tremer, e ela mordeu o lábio até que ela provou seu próprio
sangue.
—Não se machuque. — Ele disse a ela.
— Lute comigo! — Ela gritou.
David, quem era ele, sorriu e olhou para os outros dois homens
que ela estava lutando. Era a distração que ela precisava. Ela se
lançou.
Ele se moveu bem a tempo e agarrando-a pelos braços antes de
bater contra uma parede. Não doeu, mas ela rugiu, estalando as
mandíbulas enquanto tentava atingi-lo. Ele apenas apertou as mãos
dela e pressionou seu corpo contra o dela deslizando uma das pernas
dele entre as dela para segurá-la um pouco do chão.
Era bom.
—Saia de cima de mim! — Ela rugiu em seu rosto.
—Shh...— Ele abaixou o rosto na direção do dela, e ela deu as
boas-vindas ao seu perfume.
Casa.
Ele sorriu, esfregando a bochecha contra a dela. A pele dele
estava quente, e ela não queria nada além de sentir tudo dele. Ela o
conhecia. Meu David.
Lentamente, ele soltou os braços dela e segurou sua bochecha
com uma mão enquanto sussurrava em seu ouvido: —Aí está você.
Jane piscou, a necessidade de lutar contra o desbotamento
quando o desejo de estar mais perto dele a consumiu.
Ele se recostou um pouco e roçou o nariz no dela. —Oi, querida.
Ela suspirou, colocando as mãos nos ombros dele. —Como eu
estou?
Aquele sorriso lindo dele iluminou seu rosto, e ele beijou o nariz
dela antes de voltar mais. —Incrível. Você se sente bem?
—Sim, acho que sim.
—Muito impressionante, Jane. — Disse Hades, afastando a
atenção um do outro.
—Oh, eu sinto muito. — Jane olhou entre Hades e Tristan. Eles
estavam encostados a uma mesa, suas roupas rasgadas e
ensanguentadas.
Tristan sorriu e se afastou da mesa. —Você lutou bem, Jane. O
controle sobre suas habilidades está indo muito bem.
—Você está machucado gravemente? — Ela perguntou, corando
quando David beijou sua bochecha antes de colocá-la de pé e pegar
sua mão.
—Nós ficaremos bem —, disse Tristan. —Eu acho que vou
decolar. — Ele olhou para David. —A mesma hora amanhã?
—Eu vou deixar você saber. — Disse David.
Tristan assentiu, e depois de apertar a mão de Hades, ele saiu da
sala de treinamento.
—Acho que também vou embora —, disse Hades enquanto
caminhava em direção à mesa de armas, retornando com sua espada
emprestada. — Deixe-me saber a que horas você gostaria de treinar
amanhã. Podemos resolver alguns dos problemas que você teve com
sua telecinesia.
—Tudo bem —, disse ela antes de deixar escapar uma pergunta.
—Hades, você tem as armas que você mencionou que a Morte lhe
deu?
Seus olhos azuis pálidos brilhavam para ela. —Eu sempre as
tenho à minha disposição.
Ela franziu o cenho e observou David encolher os ombros para
ela. —Por que não usá-las? Elas são muito perigosas?
Hades sorriu: —Na verdade, eu não sei se elas vão prejudicá-la,
pois vêm da Morte. Gostaria de ver?
—Se está tudo bem com você. — Disse ela.
Em um instante, um brilho verde sinistro se formou em torno de
seus antebraços e correntes, antes que duas espadas demoníacas
aparecessem, uma em cada mão. Elas eram mais curtas do que as que
os cavaleiros lutavam, incluindo as dela. Havia crânios gravados nos
punhos, e esculturas estranhas cobriam as duas lâminas.
— Para que servem as correntes? — Ela perguntou.
Hades franziu a testa antes que ele respondesse. —Ataques de
longo alcance.
—Realmente? — Perguntou David.
Hades repentinamente jogou uma de suas espadas em direção a
um saco de pancadas que estava no chão. A espada se acendeu em
chamas verdes instantaneamente e se transformou em uma arma
semelhante a uma garra que voou com força na direção deles.
David puxou-a para longe quando o saco de pancadas estava a
poucos centímetros dela, mas Hades balançou a outra espada,
cortando o saco de pancadas ao meio para que ela voasse ao redor
deles.
David rosnou, colocando o braço por cima do ombro de Jane. —
Talvez, da próxima vez, peça que ela se afaste antes de enviar um
objeto tão pesado quanto direto para ela!
—Estou bem. — Disse ela, esfregando o lado dele, mas sem tirar
os olhos da arma com garras.
David grunhiu, murmurando algo que ela não entendeu.
—Não, ele está certo. — Disse Hades, sorrindo. — O mestre me
torturaria por semanas se soubesse que eu tinha feito isso.
Jane revirou os olhos. —É assim que você mata as coisas
chamadas de Keres?
Hades assentiu. —Sim. Eu posso arrancá-las do céu enquanto
elas fogem.
Jane notou que seu sorriso desapareceu. —Isso te incomoda?
Trabalhando para ele?
—Me incomode? Não. Eu pedi isso.
—Mas você já era imortal, não era? — ela perguntou. —E você
parece chateado.
Hades suspirou e as correntes, junto com as espadas,
desapareceram. —Tudo tem um preço, bela jovem. Esse é o meu. As
correntes são meu lembrete de que estou preso à Morte e que nunca
encontrarei paz. Mesmo se o mundo acabar, eu o seguirei. Eu nunca
alcançarei o céu.
—Por que ele fez isso com você? — Ela estava achando difícil
perceber tudo o que a Morte era responsável.
—Não fique tão chateada, Jane —, disse Hades. —Eu pedi a ele
por esta vida. Busquei vingança contra os responsáveis pela morte de
minha amada. A Morte tentou me desencorajar, mas eu fui
persistente. Eu já era imortal, mas ele me deu uma pequena vantagem
sobre o resto. — Ele apontou para David. —Não sou tão
impressionante quanto o seu Outro, ou até a si mesma, mas posso
fazer coisas que nenhum de vocês pode. Poucos podem me escapar, se
eu quiser destruí-los. Então, porque estou vinculado à Morte, posso
segui-lo por vários outros reinos. O único em que estou proibido de
entrar é o céu.
—O que aconteceu com sua amada? — ela perguntou.
—Outro dia, Jane —, disse ele. —Eu preciso me alimentar, e
tenho certeza que depois do seu dia com sua família, você precisará
descansar também.
—Oh, sim. — Jane disse com um sorriso enquanto o observava
sair rapidamente.
—Estou realmente orgulhoso de você, querida—, disse David
enquanto a levava a uma das mesas para colocar suas armas. —Como
você está se sentindo?
—Bem —, disse ela, olhando para a porta vazia. Ela estava
cansada, mas queria passar mais tempo sozinha com David. O dia
deles com as crianças, tentando não se tocar porque Jason os
observava como um falcão, e evitar os sussurros da equipe do castelo
sobre seus poderes era quase como não estar com ele. Agora, ela só
queria se aconchegar com ele e dormir.
—Está com fome? — Ele perguntou enquanto arrumava várias
armas.
—Não. Mas se você está, eu quero sobremesa.
Ele riu. —Eu poderia ter um lanche. Que tipo de sobremesa você
gostaria?
—Qualquer coisa. — Ela se inclinou contra a mesa, observando-o
atentamente. —Eu machuquei você?
Ele ergueu o olhar para o dela e sorriu. —Eu acho que você
acertou quando eles foram apontados para mim. Mesmo governada
por seus instintos, você tenta me proteger. — Ele se inclinou e beijou
sua bochecha. —Tão doce. Acho que vou pegar um sorvete para
ajudar a esfriar suas bochechas quentes. — Ele a beijou novamente,
rindo enquanto se inclinava para terminar o que estava fazendo.
Ainda corando, ela o viu organizar tudo, mas falou novamente
quando se lembrou de algo. —David?
—Hum?
—Aconteceu alguma coisa com Jason quando eu não estava com
você? — Ela o viu pausar o que estava fazendo. —Quero dizer, eu sei
que vocês não gostam um do outro, mas vocês dois pareciam muito
tensos. E isso está dizendo muito.
David suspirou e guardou mais algumas coisas. —Quando você
estava tomando banho esta manhã, eu o encontrei quando estava
saindo do seu quarto. Conversamos um com o outro, mas não achei
que valesse a pena estragar o seu dia trazendo à tona.
—O que vocês disseram um para o outro?
Ele jogou uma adaga de lado e ficou parado na frente dela. —
Não foi nada que não dissemos antes. Ele ficou chateado quando eu
lhe disse que você estava tomando banho no meu quarto depois que
ele me viu segurando suas roupas. Ele perguntou por que você ficou
comigo, então eu lhe dei um breve resumo dos eventos na noite
passada e o lembrei do fato de que você está constantemente passando
por provações. Ele ainda não gostou da ideia de ficarmos juntos essa
noite. Não fiquei surpreso com a raiva dele, mas não gosto de como
ele descarta sua necessidade de mim.
Jane estendeu a mão e segurou o lado dele. —Ele gosta que eu
lide com as coisas por conta própria - ele diz que sim e acha que eu
também deveria.
David riu sombriamente. —Em outras palavras, ele escolhe
ignorá-la quando você precisar dele.
Jane deu de ombros, soltando a cintura dele e cruzando os braços
enquanto desviava o olhar do olhar irritado dele. —Eu acho. Mas ele
tem razão - você e a Morte me amam.
—Você é meu bebê —, ele disse rapidamente. —Eu esperei tanto
tempo para ter você na minha vida, Jane. Eu quero estar lá para você.
Eu quero ajudar você. Se é para deixá-la chorar no meu ombro,
alimentá-la, fazê-la sorrir ou ajudar seus filhos para que você possa
descansar - eu quero fazê-lo. Essas são coisas que me fazem feliz.
—Você não é como a maioria dos homens —, disse ela, dando-
lhe um pequeno sorriso. —Isso era tudo?
David suspirou e pegou uma das mãos dela. Ele olhou para os
dedos dela, seu anel de casamento. —Ele me lembrou que você não é
minha esposa - e que não importa qual seja o nosso vínculo, eu nunca
serei seu marido. Que ele já tem esse papel.
Jane prendeu a respiração enquanto observava a agonia
atravessar o belo rosto de David. Ela odiava isso. Ela odiava que ele
tivesse que machucar por causa dela.
Ele levantou a mão dela e beijou as costas dela. —Eu o agarrei.
Eu não deveria, mas fiquei com raiva porque ele está certo. Então, com
ciúmes, eu disse a ele que, embora ele possa ser seu marido, ele nunca
terá o que você e eu compartilhamos. Eu disse que ele nunca faria seu
batimento cardíaco rápido e dez vezes mais rápido do que já é. Eu
disse a ele que ele nunca faria você corar por simplesmente sorrir para
você, ou fazer você rir - realmente rir. Eu prometi a ele que ele nunca
faria você se sentir do jeito que eu faço você, não apenas fisicamente,
mas emocionalmente também. Eu disse a ele que ele nunca seria capaz
de dizer que ele foi feito apenas para você, porque esse é o meu papel.
E, marido ou não, sempre serei seu.
—Oh. — Ela sussurrou enquanto seus olhos focavam no anel em
seu dedo.
—Lamento não ter contado a você, e peço desculpas por descer
ao nível dele. Sou melhor que isso, mas não gosto de ser lembrado de
que você não é minha.
Seus olhos lacrimejaram enquanto seu coração e mente
discutiam. Ela estava errada por estar com David do jeito que tinha
estado, mas seu coração implorava - não, exigia que ela lutasse por
ele. Era mais do que ele manter sua família e os outros seguros agora.
Ela não deveria, mas ela o queria do jeito que ele a queria.
—Sinto muito, David. — Ela tentou desviar o olhar, mas ele
segurou suas bochechas e abaixou a cabeça, de modo que viu nos
olhos dela. —Eu não sei o que fazer.
—Jane, você não precisa fazer nada. Esse argumento não foi sua
culpa - eu posso lidar com ele. Eu posso lidar com o conflito que
surgirá de nós estarmos próximos. É um preço pequeno a pagar,
considerando que você está em meus braços com mais frequência.
Ela sorriu tristemente. —Mas está errado.
O rosto dele caiu. —Bebê, não estamos errados. Estamos apenas
presos na hora errada. Tudo o que precisamos fazer é apoiar um ao
outro até chegar a nossa hora.
Ele quer dizer até Jason morrer... Quando você falhar em manter sua
família segura... Quando você o escolher sobre sua família.
Jane ofegou e sacudiu a cabeça das mãos dele. —Eu acho que
preciso ir me limpar e encerrar a noite.
—Jane —, disse ele, agarrando a mão dela quando ela tentou se
afastar. —Ei, o que há de errado?
—Nada. — Disse ela, fechando os olhos quando a imagem de
seus filhos chorando por Jason surgiu em sua cabeça. Oh, Deus, como
posso ser tão cruel? Ela estava esperando Jason morrer para poder
ficar com David. Ela estava esperando o pai de seus filhos morrer!
David a puxou para perto, seu calor corporal se espalhando por
ela. —Algo está errado. Eu sei que não deveria ter discutido com ele.
Pedirei desculpas pela manhã e encontraremos uma maneira de
manter todos felizes.
Ela balançou a cabeça.
Ninguém ficará feliz se você estiver.
—Bebê —, ele murmurou enquanto a abraçava. —O que está
acontecendo? Eu vejo você escorregando.
Jane soltou um soluço silencioso e o empurrou de volta. —Eu só
preciso de um tempo para pensar. — Ela deu um passo em direção à
porta. —Dissemos a ele que agiríamos apenas como os outros, mas
praticamente fodemos a seco esta manhã.
—Jane! — Seu tom agudo a fez gritar. Ele caminhou até ela, mas
ela estendeu a mão, fazendo-o parar. Ele olhou para ela. —Não use
seu poder para me segurar. Agora vamos conversar. Você está
chateada com o que fizemos juntos - tudo bem. Mas foi exatamente
por isso que nos impedimos de fazer mais. Nós não somos um erro,
no entanto. Estamos construindo nosso relacionamento, e sei que isso
assusta e entristece você pensar no que isso faz não apenas com seu
casamento, mas também com a Morte - mas me recuso a acreditar que
o que está acontecendo entre nós é ruim.
Ela estremeceu sob o olhar gelado que ele estava dando a ela. —
Eu só preciso de tempo.
Ele cruzou os braços sobre o peito. —Você está fugindo de mim?
—Não. — Disse ela quando a imagem de David matando Jason
surgiu em sua mente.
—Bebê, você está vendo coisas? — Seu olhar frio desapareceu e
ele abaixou os braços.
As lágrimas quase escaparam, mas ela se virou. —Eu só estou
pensando. — Ela ficou aterrorizada ao dizer que via coisas mesmo
sem outro imortal para forçar as imagens a entrar. Ela não seria capaz
de suportar se ele a olhasse como se ela fosse louca. Eu sou louca, no
entanto.
—Vamos voltar para o quarto —, ele disse suavemente. —Você
pode tomar banho enquanto eu tomo seu sorvete. Se você quiser falar
comigo, você pode. Se você quer apenas descansar, você pode fazer
isso também.
—Eu estou indo para o meu quarto. — Ela virou as costas para
ele, com medo de ver a reação dele.
—Por quê? Você não gostou da ideia de ficar lá.
—Eu dou conta disso. — Ela manteve suas palavras cortadas. —
Eu não preciso ser um bebê. Eu posso lidar com o quarto pessoal da
sua fangirl.
David a agarrou pelo ombro e a virou. Seus olhos estavam
escuros e seu rosto parecia esculpido em pedra enquanto ele respirava
fundo. —Pare com isso agora. Você está tentando lutar comigo, e eu
não vou deixar você fazer isso conosco. Eu não vou te deixar em paz.
Você está chateada. Não estou te amando, mas acho que devemos
pelo menos ficar juntos enquanto passamos por tudo isso.
—Esse é o problema, David. Nós! Não estamos juntos, mas
agimos como um casal! Estamos apenas esperando Jason morrer! —
Ela cobriu a boca e se virou novamente.
—Isso não é verdade, Jane. — Ele esfregou as mãos nos braços
dela enquanto ela se abraçava. —Protegerei Jason com a minha vida,
se for o caso. Ele é seu marido, exatamente como ele disse. Sei que
estava fora da linha e vou acertar. Mas não estou esperando que ele
morra. Não quero nada mais do que você ter uma vida feliz com sua
família, no entanto, podemos tornar isso possível. Eu sei que há uma
maneira de fazê-lo funcionar. — Ele beijou o topo da cabeça dela. —
Vamos para o nosso quarto.
—Seu quarto. — Ela sussurrou, lágrimas nos olhos enquanto
outra imagem surgiu em sua cabeça: ela sozinha enquanto David
recuava para que ela pudesse estar com Jason, mas sozinha porque
Jason nunca a fazia se sentir em casa.
—É o seu quarto —, disse ela mais alto, saindo de seu abraço. —
Vejo você amanhã.
Desta vez, ele não a seguiu. Desta vez, ele a deixou ir.
Jane chorou até o quarto dela - e no chuveiro. Sozinha.
Ela chorou enquanto tirava a roupa suja. As imagens estavam
ficando mais fortes, mais nítidas. Era seu passado, mas ela não estava
tão preocupada com essas memórias ultimamente.
Jane ficou embaixo da água e chorou. Ela não pretendia ir
embora, mas não sabia o que fazer. Ela não podia desejar a morte de
Jason ou mesmo ficar ao lado de David com esse pensamento em sua
cabeça. E não importava o que ela fizesse, ela continuava vendo coisas
que não suportava ver.
Tudo o que viu foi tão vívido. Tornava difícil dizer o que era
real, porque nada os fazia ir embora. Ela saiu cambaleando do
chuveiro, nem mesmo se lavando completamente e só se vestindo de
camisa e calcinha antes de correr para a cama. Ela odiava os banheiros
e tinha pavor deste. As imagens que a assombravam tornavam o fato
de que ela estava sozinha em uma muito pior.
—Por favor, pare —, ela sussurrou, abraçando as pernas
molhadas contra o peito. —Por favor. — Toda a força e poder que ela
possuía dentro de si mesma não fizeram nada quando sua mente era
seu maior inimigo.
Você é nojenta.
Ela assentiu com o pensamento enquanto as coisas terríveis que
lhe haviam sido feitas quando criança e adolescente se repetiam em
sua cabeça. Lágrimas caíram de seus olhos e um grito silencioso
morreu em sua boca aberta quando ela viu seu primo entrando em
seu quarto. —Pronta para brincar, pequena Jane? — Ela tentou gritar
com o som da voz de seu primo, mas nada saiu.
Você está arruinada... Suja.
Cada palavra, grunhido e respiração de Stephen soava como se
estivesse sendo dito em seu ouvido. Ela quase podia senti-lo tocando-
a enquanto fazia as coisas mais indizíveis para ela de novo e de novo.
Você não contou a David como gostou... Como você pediu para ele fazer
mais.
Jane balançou a cabeça para frente e para trás.
Você gostou.
Ela discutiu com seus pensamentos quando seu corpo começou a
tremer, seus soluços tão violentos que seu peito parecia que estava
prestes a desabar. Eu pensei que era um jogo... — Eu apenas gostei da
atenção. — Ela sussurrou para si mesma.
Então, por que você se molhou com o outro garoto? Prostituta.
—Não. — Ela chorou.
Você é patética. Você nem contou a David o que mais Jason fez... Tudo
porque você não era suficiente para ele... Como você será suficiente para
alguém como David?
—Morte... Por favor, faça parar.
Não parou.
Em vez disso, ela foi torturada com imagens da morte de sua
família, do corpo frágil de Wendy e a horrível lembrança de ver o
olhar vazio de sua amiga fixado no teto depois que ela faleceu.
Não mais. Ela choramingou. Morte, por favor, faça parar.
Mas o horror do que ela era capaz veio à tona. Ela viu a má
intenção por trás de seus olhos negros e se viu destruir todos que
amava. Ela viu David desistir dela quando ele percebeu que ela nunca
estaria realmente com ele. Ela o observou com Ártemis, beijando-a,
segurando-a sorrindo para ela. Ele parecia feliz.
Sem Jane.
Ela balançou a cabeça enquanto fechava os olhos, mas isso só lhe
mostrava mais.
Ela viu a Morte aguardando, observando-a em agonia, mas ele
nunca ajudou. Ele a deixou sofrer, e a única explicação que ela podia
entender era que ele nunca a amara.
Por favor, não me deixe, ela implorou para ele de qualquer
maneira.
Ele nunca esteve realmente lá, aquela voz interior cruel voltou. Ele
nunca se importou com você. Você é um fardo para todos eles. Seria melhor
para todos se você estivesse morta.
Foi quando as imagens mudaram de assistir todo mundo que ela
amava deixando-a para testemunhar seu fim.
Ela não hesitou quando segurou a faca sobre o pulso. O metal
frio brilhava ao luar enquanto ela cortava com força a pele,
derramando sangue pelo corpo enquanto desmaiava.
Jane choramingou, sem se importar que suas lágrimas
encharcassem seu travesseiro quando outra imagem de sua morte se
formou. Ela se viu pendurada com os mesmos olhos vazios de seus
entes queridos falecidos. Então, de repente, ela estava de pé,
apunhalando uma adaga no coração, porque a dor não parava.
Sua respiração veio tão rápida, mas ela não podia sentir o alívio
do doce oxigênio ao se olhar no espelho, sua pele pálida - e os olhos
afundados - vazios. Ela não chorou ou se encolheu. Ela simplesmente
apontou uma arma para a têmpora e apertou o gatilho.

—Bebê? — David sentou-se na cama, os olhos arregalados


quando a porta do quarto se abriu.
Jane correu para ele, soluçando histericamente enquanto pulava
na cama com ele. Ela enterrou o rosto no pescoço dele. Seu corpo
inteiro estava tremendo e coberto de suor, mas seu corpo estava frio
como gelo.
David rapidamente a abraçou. —Jane, o que aconteceu? Você
está machucada? — Ele tentou escanear seu corpo em busca de
ferimentos, mas ela o abraçou com mais força e lamentou.
Ele a balançou. —Oh, bebê, por favor, me diga o que há de
errado.
Ela enfiou os dedos na pele dele. —Me deixe morrer.
David congelou, sem saber se a ouvira direito, mas ela
confirmou o medo quando falou novamente.
—Por favor, me deixe morrer.
Seu coração parecia ter parado de bater com a facada
insuportável que ele sentia pelo simples pensamento de ela estar
morta. —Não. Não diga isso. Por favor não diga isso. Eu preciso de
você. Natalie e Nathan precisam de você.
Ele puxou o cobertor para o lado e a trouxe por baixo para
segurá-la mais perto. Jane continuou a tremer, mas ele nunca a deixou
ir. —Por favor, me conte o que aconteceu. Diga-me o que fazer, Jane.
Ela balançou a cabeça e apertou-o com mais força, como se fosse
arrancada. —Não vá.
David respirou e balançou a cabeça enquanto a segurava com
força. —Eu não estou indo a lugar nenhum. — Ele a beijou
novamente. —Oh, bebê, o que está acontecendo com você?
—Não me deixe ir. — Ela murmurou novamente, soando como
se não soubesse que alguém realmente estava lá.
— Eu não vou. Eu ouço você. — David não sabia mais o que
fazer. Ele sabia que algo estava acontecendo com ela; isso não era
apenas estresse. Isso era algo grande. Algo a estava atacando, ele já
tinha visto isso antes, e ele estava se odiando por não segui-la.
Depois de alguns minutos, seus gritos e tremores diminuíram, e
respirações superficiais substituíram sua respiração frenética. Ele a
balançou algumas vezes e depois rolou cuidadosamente para que eles
estivessem deitados. Não havia como ele tentar se libertar, mas ele
inclinou o rosto para checá-la.
Doeu, devastou-o, vê-la assim. Triste... Era uma palavra tão
pequena, mas combinava com ela. A Jane dele estava triste. Ela estava
desaparecendo diante dos olhos dele - bem nos braços dele.
Incapaz de se segurar, ele se inclinou para beijar o canto da boca
dela. —Eu te amo, Jane —, ele sussurrou, sem tirar os lábios. —Eu não
vou deixar ir, bebê. Apenas aguente firme. Não desista.
Com mais um beijo, ele viu a angústia sair do rosto dela. Tudo o
que ela estava sendo torturada tinha terminado. Por enquanto, pelo
menos.
Horas se passaram. Ele lutou contra o sono e continuou a
observá-la dormir profundamente, mas sabia que a paz dela
terminaria quando ela acordasse novamente.
—Seja você quem for, eu mato você por fazer isso com ela. —
Disse ele em voz alta, mas não desviou o olhar dela. Ele sabia que
alguém estava lá - alguém estava infligindo tormento à mente e ao
coração dela.
Então, ele orou por ela. Ele rezou por força para segurá-la
através de tudo o que ela estava enfrentando. Ele rezou pela paz para
encontrá-la, mesmo que isso lhe custasse uma chance de viver com
ela. Ele até orou à Morte para aliviar seu coração partido. Se ele
precisava deixá-la na morte para que ela fosse feliz e livre desse
inferno em que ela estava, ele estava disposto a sacrificar sua
felicidade e amor por ela. —Me ajude a consertá-la.
20
AINDA NAO
Havia muito pouco que pudesse acordar David. Realmente, não
havia uma visão mais perfeita do que acordar e ver o rosto dele a
centímetros do dela. Ele estava completamente desmaiado, com o
braço apoiado sobre a cintura dela, mas seu aperto ainda estava firme,
como se, mesmo dormindo, ele estivesse se certificando de que ela
estivesse lá.
Ela começou a sorrir, seus olhos doloridos se ajustando quando
as lágrimas secas em suas bochechas estalaram com o movimento.
Antes que seu sorriso pudesse se formar completamente, ele caiu. A
preocupação e a raiva de David ficaram claras como o dia em que ela
viu como o queixo dele estava cerrado e as sobrancelhas unidas. Uma
pontada abrupta em seu peito a fez respirar, e em segundos, imagens
de antes tomaram conta de sua mente. Ela pensou que a única razão
de não estar chorando era porque estar nos braços dele de alguma
forma a mantinha unida.
Jane examinou o rosto dele e entrou em pânico. Ela só conseguia
imaginá-lo morrendo ou deixando-a. Diferentes cenários continuavam
destruindo sua mente. Ela não queria perdê-lo. Ela não conseguia. Ela
o queria ao seu lado, como ele prometeu que estaria.
Através dos olhos lacrimosos, ela continuou a encarar o rosto
bonito dele, e sabia que queria ser dele. Por favor, não me machuque,
David.
Ela se inclinou para frente, observando-o atentamente por um
momento. Ele não estava acordado, e ela fez o possível para
estabilizar a respiração enquanto seus lábios pairavam sobre os dele.
Eu não deveria fazer isso, ela pensou, mas fechou os olhos e fechou a
distância entre eles de qualquer maneira.
A queimadura que ela sempre sentiu ao tocar a pele deles não
era nada comparada ao calor abrasador que ela agora sentia em seus
lábios. Ela suspirou em êxtase, deixando o fogo espalhar-se pelos
lábios antes de afundar nos poros.
Parecia horas, mas demorou apenas um segundo antes que ela
sentisse seus lábios se moverem contra os dela. Ela quase gemeu
quando ele a puxou mais apertado, e sua masculinidade endureceu
contra ela. Ela havia jogado a perna por cima da cintura dele em
algum momento do sono, então estavam alinhados perfeitamente.
Sem mencionar, ela usava apenas uma camisa e calcinha.
David sorriu e murmurou sonolento: —Eu te amo, Jane.
Jane ofegou, tentando empurrar os lábios de volta aos dele, mas
David abriu abruptamente os olhos. Ele olhou para ela em choque
completo, e quando ela tentou beijá-lo novamente, ele a afastou.
—O que você está fazendo? — A dureza de seu sussurro quase a
derrubou.
Ela congelou e olhou para trás, magoada. —Eu estou beijando
você. Eu escolho você.
Ele não disse nada, não fez nada, por segundos - talvez minutos,
antes de finalmente balançar a cabeça e falar. —Jane, nós já discutimos
isso - você não está falando sério.
Ela tentou puxar o rosto dele para o dela, mas ele afastou as
mãos dela. Lágrimas brotaram em seus olhos enquanto ele a
observava, completamente confuso.
—Eu quero você. — Ela choramingou.
—Oh, querida —, ele disse suavemente antes de remover a perna
dela da cintura dele. —Não há nada que eu queira mais do que isso
seja verdade, mas você não está pensando claramente. Você está triste
e sofrendo agora. —Jane balançou a cabeça, mas ele continuou, seu
tom se tornando mais firme. — Não posso tirar proveito da sua dor.
Por favor, entenda, eu te amo mais do que tudo, mas isso não está
certo.
Ele não quer você, a voz horrível, mas honesta, retornou. Ele acha
que você está quebrada. Ele quer perfeição.
—David, por favor, eu estou escolhendo você. — Ela tentou de
novo. Seu coração estava pronto para se destruir se ele a recusasse. Ela
finalmente admitiu que o queria, escolhendo-o sobre Jason e a Morte,
mas ele não a queria.
David alisou os cabelos dela para trás. —Não, Jane. Não posso
nos deixar acontecer assim. —Ele a encarou, e ela se perguntou se ele
podia ver seu coração se partir.
Isso era um pesadelo - tinha que ser.
Um barulho angustiado saiu de sua boca antes que ela pudesse
detê-lo, e ela balançou a cabeça, na esperança de se livrar da cruel
maneira que sua vida tinha que acontecer.
Rejeitada. Solitária. Abandonada. Ninguém a queria, e o homem
que ela mais desejava a estava recusando.
A Morte tinha feito isso com ela também. Ele a rejeitou, com
gentileza, sim, mas mesmo assim ele a rejeitou quando ela declarou
seus sentimentos por ele. Agora David estava fazendo o mesmo. Ele
era apenas outra forma de tortura para ela. Eles eram mentiras. O
amor não era real. Ou talvez fosse apenas ela. Talvez ela realmente
não devesse ser amada.
Eu deveria ter aceitado minha vida com Jason.
—Jane. — Disse David.
Ela ficou parada, presa em sua miséria. Ele não me quer.
Ele agarrou o rosto dela para fazê-la olhar para ele. —Eu não
estou dizendo nunca. Só estou dizendo que não agora. Você não está
pronta para isso. Eu quero você. Quero tanto que você seja minha,
mas temos que esperar.
Mentiras, sua mente gritou. São apenas palavras vazias. Ele está
apenas dizendo isso para me manter controlada.
Ela não podia mais esperar. Era realmente disso que se tratava?
Controlando ela?
—Eu amo você, Jane —, disse ele, olhando para ela. Ele se
inclinou para a frente e beijou a testa, o nariz e as bochechas. —Eu te
amo. — Ele repetiu, abraçando-a.
Jane terminou, no entanto. Toda a sua força estava quase
desperdiçada e, embora pudesse ouvir suas doces palavras, não podia
mais acreditar nelas. Fazer isso a destruiria completamente agora.
—Eu preciso me alimentar, David. — Sua voz soou como se
alguém estivesse falando. Tão vazia, derrotada.
David se afastou. — Não desligue, Jane. Você me disse para não
deixar você ir, e eu não vou. Eu estou bem aqui. Eu simplesmente não
posso nos deixar começar assim. Você me entendeu?
Um lampejo de esperança se agitou em seu coração, mas ela o
empurrou para trás, como sempre fazia. —Sim —, ela disse. —Eu só
quero me alimentar para poder ir para minha família. Você vai me
alimentar, ou eu tenho que ir buscar um pouco de outra pessoa?
—Jane. — Ele tentou recomeçar, mas ela o interrompeu.
—Está bem. — Você simplesmente não me quer, foram seus
pensamentos finais.
Ele suspirou, concordou e lentamente se afastou para que ele
pudesse se sentar. Jane ficou parada por um momento, apenas
observando-o ficar situada até que ele recebesse a mão para ela pegar.
Ela fez, e deixou que ele puxasse para perto dele, mas desta vez se
recusou a montá-lo como sempre. Isso tornava o ângulo estranho, mas
ela conseguiria.
Em vez disso, ela ficou ajoelhada ao lado dele, tentando afastar
todos os seus pensamentos abusivos sem sucesso.
A mão de David segurou sua bochecha, assustando-a antes que
ela pudesse começar. —Eu amo você. — Disse ele.
Em vez de confortá-la, a irritou. —Por favor, pare de dizer isso.
O olhar dele flutuou freneticamente no rosto dela, e Jane não
esperou que ele respondesse. Ela se inclinou, sem testar sua
localização, e mordeu.
David ficou tenso debaixo dela, e embora ela sentisse todas as
mesmas explosões do céu que o doce sabor dele trazia, ela não se
permitiu nenhum sentimento de prazer.
David agarrou seus braços, mas ela desligou qualquer prazer
que o toque dele trouxesse. Surpreendentemente, ela se sentia cada
vez menos enquanto bebia. Parecia fácil agora que ela aceitava que
não era nada para ele.
Jane removeu a boca e observou brevemente as feridas de
punção curarem diante de seus olhos. —Obrigada —, ela murmurou,
finalmente encontrando o olhar dele. —Acho que vou voltar para o
meu quarto agora.
—Não, fique comigo. — Ele segurou suas bochechas. —Eu não
quis magoar seus sentimentos. Estou tentando fazer o que é certo.
Você sabe que não é isso.
Ele quer dizer você - você não está certa.
Ela olhou para baixo, longe do seu olhar suplicante. —Eu só
quero ficar sozinha por um tempo. Eu sinto muito por tudo. Sinto
muito pelo que sou; Não quero ser assim. Não pretendo machucar
você ou qualquer outra pessoa.
—Não há nada errado com quem você é —, ele disse como se
realmente quisesse. —Coisas horríveis foram feitas com você e elas a
transformaram na pessoa forte que você é. Essas coisas não são você,
bebê. Elas são dolorosas e terríveis, mas não é você. Para mim, você é
perfeita, mas é exatamente disso que estou falando. Você precisa
superar essa maneira de pensar de si mesma. Quero que você me
escolha porque tem certeza de que me ama, não porque está sofrendo
e sente que esta é a única maneira de ser cuidada. Eu sempre cuidarei
de você. — Ele olhou para ela com ternura e virou o rosto para cima.
—Vou parar de dizer essas palavras para você por enquanto, mas elas
não deixarão de ser verdadeiras.
Tanto que ela queria acreditar nisso, mas ela não podia ter
esperança. Jason disse as mesmas coisas, apenas para depois admitir
que não estava apaixonado por ela. A Morte mal declarou seu amor e
ele foi embora. Ele a abandonou. Eu não valho a pena amar.
—Tudo bem —, disse ela, sua voz mais oca. —Mas eu realmente
quero me trocar. Quero estar lá quando as crianças almoçarem. — Ela
fez uma pausa, preocupada com sua mentalidade delicada. —Você
vem comigo? Não quero que nada aconteça.
—Claro —, ele respondeu rapidamente. —Vá se trocar, e eu vou
buscá-la.
Ela queria chorar, seu coração doía tanto. Ela não queria ir, mas
tinha medo de ver seus medos se tornarem realidade.
Ainda havia aquela pequena voz, a que sussurrava para não
desistir e ter fé em David. Isso dizia a ela para ter fé em si mesma.
Ele acariciou sua bochecha antes de beijar sua testa. —Você sabe
que eu sou verdadeiro. Acredite em mim. — O polegar dele acariciou
sua bochecha quando ele deu outro beijo em sua testa, e ela estendeu a
mão para cobrir a mão dele, aterrorizada de repente por deixá-lo ir. —
Estou aqui. Eu não vou embora, Jane.
Ela não queria desligar como antes. Quando olhou para cima,
apertou a mão dele com mais força na bochecha e olhou nos olhos
azuis dele. —Estou escorregando.
Seus olhos se arregalaram, mas ele apenas pegou a mão dela e a
agarrou. —Bebê, eu não vou deixar você cair. Se você escorregar, eu
puxo você de volta.
Seu peito esquentou e ela soltou um suspiro de pânico quando
ele a puxou para um abraço.
—Oh meu amor. Diga-me como ajudá-la.
Ela fechou os olhos e respirou o cheiro dele, seu batimento
cardíaco diminuindo ao invés de acelerar. —Você não pode.

David assistiu Jane olhar para Nathan enquanto ele desenhava


uma imagem. Ele sorriu suavemente, notando que o menino estendeu
a mão para manter uma mão na dela, mas quando David olhou para
Jane, viu que ela não estava realmente lá. Ele tinha visto esse olhar
nela antes, um vazio. Ela estava se afastando novamente, mas desta
vez não estava se escondendo. Ela estava se deixando atormentar.
—Bebê. — Jason disse a ela.
Ela piscou, e David franziu a testa enquanto a observava
claramente sair do que sua mente estava lhe infligindo. Ele olhou para
Jason e sabia que Jason não estava reconhecendo nenhuma das suas
aflições. Suas presas cresceram, mas ele manteve os lábios
pressionados enquanto ela respondia.
—O que?
—Por que você não fica aqui esta noite? Ou pelo menos deixa
David fazer o que ele faz por aqui? Você deveria estar conosco por um
tempo.
Os olhos dela se arregalaram e ela ergueu o olhar para David.
Ele a viu implorando e ficando com medo, e falou antes que
Jason pudesse culpá-la a cometer um erro. —Jason, ela não está bem.
Fico fora do seu caminho pelo bem de seus filhos. Não se esqueça, ela
vem primeiro para mim. E sua primeira prioridade são eles. Farei o
necessário para garantir que ambos sejam mantidos em segurança.
Jason olhou para ele. —Você não precisa tratá-la como se ela
fosse uma bomba-relógio.
David olhou para ele em silêncio por alguns segundos. —Por
causa dela e de seus filhos, não direi o que gostaria que você fizesse.
Não fale sobre ela dessa maneira novamente. —Ele olhou para Jane e
viu que ela tinha saído de novo. — Jane? Respire fundo. Lembre-se de
que estou aqui se precisar de mim.
Aqueles olhos castanhos se fixaram nos dele, e ele viu a mulher
que amava mal aguentando. —Eu sei. — Ela mudou o olhar para o
marido. —Ele precisa ficar, Jason.
Jason zombou e se levantou. —Já que você está brincando de
casinha com ele, eu vou cuidar dos seus gatos que você esqueceu.
David apertou o punho e olhou para Jane. A dor cintilou em seu
lindo rosto, e ele não queria nada além de beijá-la.
Ela se levantou e os olhos dele a seguiram enquanto passava por
Jason. —Eu sinto muito. Eu esqueci. Eu cuidarei disso. Vá relaxar.
Jason ficou parado, atordoado quando ela acelerou, rápido
demais para parecer humana, e desapareceu no quarto que Jason
ocupava.
David a ouviu fungando e suspirou. Ele esperava que Jason
voltasse para seus filhos, mas ele realmente foi relaxar na sala de
jantar, lendo uma revista na mesa. Ele manteve seus sentidos
treinados em Jane, sua descrença e raiva aumentando enquanto ele
pensava no que fazer.
—Mamãe está bem? — Perguntou Natalie.
David voltou seu olhar para ela e sorriu. —Ela estará, princesa.
Apenas dê a ela tempo. Ela está realmente cansada, mas você não
precisa se preocupar; Eu cuidarei dela.
Natalie olhou para ele por alguns segundos antes de se levantar
e caminhar até Jason. Ela fez a mesma pergunta ao pai, e ele
respondeu: —Ela está bem.
O fogo nas veias de David estava se tornando insuportável
quando ele olhou em direção à porta do quarto. Era impróprio entrar
nos aposentos de Jason, mas ele estava pronto para levar Jane e sair.
Ela não precisava disso agora.
—Fique. — Uma voz calma sussurrou. Nathan.
—O que foi isso, homenzinho? — David perguntou.
Nathan não levantou os olhos do desenho. —David fica para a
mamãe.
Seu coração doía. —Eu não vou deixá-la. Eu te dou minha
palavra.
Nathan não o reconheceu e continuou desenhando sua imagem.
David suspirou e virou a cabeça, ouvindo Jane. Ele a ouviu
tentando convencer seus gatos debaixo da cama, sua voz falhando
quando ela prometeu que não os machucaria. Ele começou a se
levantar, mas, novamente, Nathan falou.
—Ainda não.
David ficou confuso e rasgado. Ele não queria magoar os
sentimentos de Nathan, mas estava confuso com o discurso
enigmático que usava. Obviamente, Nathan não se comunicava
oralmente, assim como sua irmã, mas ele parecia mais sintonizado
com Jane do que com os outros membros da família.
—O que você quer dizer com ainda não?
—Ainda não. — Nathan repetiu, ainda fazendo um desenho.
David olhou para ele e notou que o menino era muito talentoso.
Não havia como confundir o que era tudo. Ele até desenhava sem
levantar o lápis para cada imagem. Havia vários dinossauros, mas
também um dragão, um lobo, um cavalo e quatro homens espalhados
pela página. Ele franziu a testa quando notou uma figura feminina no
meio. Ela estava afastada no desenho com o que pareciam palavras
entrando em seus ouvidos, embora ele não pensasse que eram
palavras reais, mais como hieróglifos, e a mulher estava com as mãos
estendidas na frente dela. David percebeu que cada homem tinha algo
bloqueando-os dela. O maior estava com um cavalo. Enquanto ele se
afastava da mulher, o cavalo estava entre eles, sua atenção nela. O
homem seguinte tinha dois dragões bebês e um lobo entre ele e a
mulher. O homem e um dos dragões menores olhavam para a
esquerda da página, enquanto o outro bebê dragão e lobo olhavam
para a mulher.
David olhou para Nathan, mas o garoto nunca olhou para cima.
Quando David voltou a estudar a imagem, olhou para o terceiro
homem. Este tinha um dragão ao seu lado, mas David percebeu que
outra figura estava escondida atrás do homem. A princípio, parecia
uma sombra, mas David percebeu que a sombra não correspondia à
forma do corpo do homem. Era maior e parecia diferente demais para
ser o homem. Considerando que as habilidades de desenho de Nathan
eram tão impressionantes, David assumiu que isso foi feito de
propósito, mas não entendeu o que isso representava.
Finalmente, David olhou para o quarto homem mais próximo da
mulher. Enquanto procurava o que deveria estar o bloqueando, ele
percebeu que esse homem estava realmente atrás dos outros três, não
perto, afinal. Só parecia assim, porque ele estava no meio da foto,
diretamente em frente à mulher. Ele tinha um caminho claro, se
quisesse, mas estava ficando para trás.
—Nathan, o que você está desenhando? — ele perguntou
devagar, a imagem fazendo os cabelos arrepiarem em seu pescoço.
—Ainda não. — Foi a única resposta de Nathan.
Quando David foi inspecionar o desenho novamente, uma
batida soou e ele se virou para encontrar Jason caminhando em
direção à porta. Nesse mesmo momento, Jane saiu do quarto. Ela não
olhou para ele ou mais ninguém e foi automaticamente para a
cozinha, onde juntou os pratos. Aquele olhar vago estava em seus
olhos novamente, mas ele notou seus lábios tremendo de vez em
quando antes que ela ficasse em branco mais uma vez.
—Ainda não. — Nathan sussurrou.
David fechou os olhos por alguns segundos, orando por
compreensão, porque algo em seu intestino estava lhe dizendo para
ouvir essa criança. —Homenzinho, ela precisa de mim.
Nathan finalmente olhou para cima. Eles se entreolharam, mas
lentamente Nathan olhou para Jane. A tristeza nos olhos castanhos do
garoto fez o peito de David doer.
—Ainda não. — Nathan disse novamente antes de se levantar e
caminhar até Jane.
David levantou-se rapidamente e se aproximou quando Jason
colocou uma bandeja de pizza no chão. Surpreendeu-o que eles
quisessem comer aquilo de novo, mas Jane sorriu suavemente na
época e disse que era geralmente o que Nathan gostava de comer. Eles
não tinham sido capazes de lhe dar nada desde a praga, e ela queria
lhe dar algo de antes para focar.
David recuou para observar por um momento. Jane começou a
preparar cada prato, e Jason pegou uma bebida e foi para a mesa sem
ajudá-la, sem pegar as crianças ou Jane uma bebida, só ele.
—Bebê. — Disse David quando ele veio atrás dela. Ele ficou
longe o suficiente para que eles não estivessem se tocando, porque ela
estava se afastando dele e constantemente olhando para os filhos
sempre que ele estava perto dela.
—Você quer comer isso? — Ela perguntou, sem olhar para ele.
Ele percebeu que ela só tinha três. —Tudo bem, Jane. Contanto
que você esteja comendo também. Você quer que eu peça outra coisa
para você?
—Não. — Ela puxou outro prato e o carregou com cinco fatias.
—Você pode carregar o seu e um outro?
David queria tanto beijá-la; ela estava servindo a todos, menos a
si mesma. —Eu vou pegar os pratos deles. Faça o seu.
Ela finalmente se virou para ele, com a testa enrugada enquanto
o encarava. —Obrigada, David.
Ele levantou a mão e assistiu novamente enquanto os olhos dela
disparavam para sua família, sua respiração engatada. Isso o quebrou,
mas ele abaixou a mão e evitou tocá-la. —Faça seu prato, Jane. Vou
levar a refeição deles.
Desta vez, ela se virou e pegou um prato. Ele se demorou o
suficiente para vê-la comer uma fatia antes de pegar os três pratos e
caminhar até a mesa de jantar. Ele sentiu o olhar de Jason, todos eles.
Eles o encararam como se isso fosse algo antinatural.
Depois de pousar os pratos, ele ignorou o olhar de Jason e voltou
para a cozinha. Jane estava na frente da geladeira, a cabeça inclinada
para o lado enquanto ela olhava para o nada.
Ele parou, observando os lábios dela tremerem, e ele
rapidamente se aproximou dela. —Jane, bebê, eu estou aqui.
Ela chegou atrás dela freneticamente, e ele agarrou sua mão,
agradecido quando ela lhe permitiu tocá-la.
—Da-vid? — Sua voz estava tão trêmula que ela estava
gaguejando.
—Sim, Jane. — Ele gentilmente apertou a mão dela. —Estou
aqui. Fique comigo.
—Estou tentando. — Ela sussurrou e soltou, deixando-o depois
de pegar sucos na geladeira junto com o prato.
Ele se virou e viu que ela havia comido uma fatia sozinha. Agora
ela estava ajudando Nathan e Natalie com a comida deles, enquanto
Jason comia em silêncio, com a revista novamente na frente dele
depois que ele deu a David outro sorriso maroto. Tudo o que Jane
estava fazendo parecia agradar inteiramente a Jason. Desde que ela
mantivesse seus problemas para si mesma e se comportasse como
mãe, o homem não se importaria.
David enviou uma rápida oração aos céus pedindo forças para
ajudar Jane antes de se sentar onde ela claramente escolhera para ele.
Ela o colocou entre ela e Nathan.
Era difícil não estender a mão e segurar a mão dela. Ela estava
sendo tão corajosa, tão forte, mas ela estava quebrando. O olhar dela
permaneceu fixo em seus filhos comendo, mas da maneira que eles
constantemente se concentravam e fora de foco, ele sabia que ela
ainda estava vendo algo que ele não podia. Sua máscara estava
quebrando; seu bebê estava quebrando.
Eu mantive isso longe, ele pensou de repente. A Morte e eu
mantemos seu tormento à distância.
—David, brincar. — Nathan disse, tirando David de seus
pensamentos.
Ele piscou e olhou para Nathan, que já havia conseguido
terminar sua fatia de pizza. David não entendeu o comportamento de
Nathan, mas não queria incomodar nenhum deles. —O que você
gostaria de brincar?
—Brincar —, disse Nathan.
David franziu a testa e tentou novamente. —Você quer brincar
com seus dinossauros?
—Di-saurs. — Disse Nathan e deixou a mesa.
David olhou para Jane e sorriu. —Querida, você está bem
sozinha?
Natalie sacudiu a cabeça para olhar para a mãe. Jane parecia
confusa, como se não soubesse o que estava acontecendo novamente.
—Jane. — Ele disse quando ela não respondeu.
—Ela está bem —, Jason retrucou. —Ela não está sozinha - está
com sua família real.
David virou-se para encará-lo, mas viu a expressão preocupada
de Natalie e parou. Era uma reação que Jason estava querendo dele, e
David não iria subir à provocação. Então, ele olhou de volta para a
garota que amava. —Ja-
Natalie o interrompeu. —Dê um beijo na mamãe como antes.
Isso acordou Jane, e ela e David encararam Natalie em choque.
Levou apenas alguns segundos até Jane olhar para Jason. Seu choque
desapareceu e pura agonia fez seu rosto se enrugar.
—Natalie, vá brincar com Nathan. — Jason ordenou, mal
mantendo a voz calma.
—Mas eu não terminei.
—Você pode terminar mais tarde. Vá — disse Jason entre dentes.
A garotinha olhou para David, depois para a mãe e o pai. —Por
que mamãe está triste? David, dê-lhe o seu remédio.
Jane lutou para não chorar, e ela se afastou de poder ver sua
filha.
David suspirou enquanto esfregava o rosto. —Natalie, ouça seu
pai. Mamãe vai ficar bem. Vá ver Nathan para mim, princesa.
Natalie se levantou, tentando ver o rosto de sua mãe, e franziu a
testa ao ver seu pai encará-lo. —David, você vai torná-la melhor?
Jane choramingou e se levantou da mesa antes de ir direto para o
quarto de Jason.
David olhou para Natalie e tentou sorrir. —Sim princesa. Vá
brincar agora.
Ele podia ouvir Jane chorando no banheiro, mas ela estava
tentando cobri-lo correndo a água. Finalmente, Natalie deixou a mesa,
olhando por cima do ombro o tempo todo, até desaparecer em seu
quarto.
—Então —, disse Jason. —David beija a mamãe para deixá-la
melhor?
David suspirou e recostou-se na cadeira. Ele se sentia péssimo
por tudo o que estava fazendo com que Jane passasse. Ele nunca
pensou que Natalie deixaria escapar que ele a beijou na frente deles.
Era inocente, na maior parte, mas Jason não sabia disso. Jason também
não sabia que Jane o beijara naquela manhã.
—Você sabe —, Jason falou novamente. — eu acreditava naquela
besteira alta e poderosa lá no começo; você realmente me teve. Mas
não achei que você se abaixaria tanto a ponto de permitir que meus
filhos o vissem acariciar a mãe deles. Fazer isso na minha frente já é
bastante ousado, mas dizer à minha filha de cinco anos que você beija
melhor a mãe dela e lhe dá remédios desse modo por que está doente.
—Eu sou novo em interagir com crianças —, ele disse a Jason. —
Natalie perguntou por que Jane e eu estávamos tão perto, então eu
vim com uma explicação que não envolvia dizer que sua mãe é
imortal e precisa beber meu sangue... Eu dobrei a verdade pelo bem
de Jane e Natalie. E eu não estava acariciando Jane na frente deles. Eu
beijei sua bochecha e segurei sua mão porque ela tinha medo de
perder o controle. Você já sabe do que ela é capaz - não faça de
ignorante que espera que um de nós a deixe aberta para prejudicá-los.
—E o que há de errado com ela agora? — Jason perguntou, seu
olhar mudando para a porta do quarto antes de voltar para ele. —Por
mais perto que você tenha estado, ela está evitando você como ela...
Deixa pra lá.
—Você quer dizer o jeito que ela evitava você? — David sorriu e
acrescentou: —Acredite, as razões pelas quais ela está me evitando
não têm nada relacionado aos erros que você fez com ela.
—Você acha que porque ela lhe contou algumas partes de merda
do nosso relacionamento, você pode me julgar?
David respondeu, mas manteve sua atenção nos soluços suaves
de Jane enquanto ele falava. —Deus irá julgá-lo, Jason, não eu. Você
pode optar por acreditar em mim ou não, mas eu quero que Jane
tenha sua família. Eu daria tudo para que ela me olhasse nos olhos e
dissesse que ela é casada com um homem que a trata como se fosse
sua rainha. Se eu a visse feliz quando está com você, ficaria feliz por
vocês dois. Mas ela não é feliz. Ela está desaparecendo.
David soltou um suspiro e lutou para não ir até Jane quando ela
choramingou novamente. —Eu desistiria de todas as esperanças que
tenho com ela se ela se sentisse completamente amada por você, mas
suas ações esmagaram tanto seu lindo coração que ela acha que não é
digna de amor.
—Você não sabe nada sobre nós. — Jason se levantou da mesa.
— Ela é minha esposa! Minha.
As presas de David roçaram seus lábios enquanto ele rosnava. —
Se eu fosse você, teria muito cuidado agora. Não estou com disposição
para a sua reclamação mesquinha sobre Jane. Se ela chorar lá por mais
um minuto, porque está chateada com o vínculo que estamos
destinados a compartilhar - um vínculo que ela quer comigo - eu a
levarei e mostrarei que não há razão para ter vergonha de nós. Marido
ou não, Jane ainda é minha Outra. Eu sempre a colocarei em primeiro
lugar. Algo que acho que você nunca fez.
Jason soltou uma risada amarga. —Agora você mostra suas cores
verdadeiras... Monstro.
—Sim, Jason, eu sou um monstro. — David arreganhou as presas
e fechou o punho, flexionando o braço. —Lembre-se disso antes de
tentar agir como um homem na minha presença. Talvez eu tenha me
contido hoje para que Jane possa lidar com as coisas, mas não terei
problemas em cuidar dela de uma maneira que sei que ela responde.
—Você vai tirar as mãos da minha esposa —, Jason retrucou. —
Ela não precisa de você, eu sou capaz de cuidar dela.
—Você fala sobre você se sentar para que ela possa atendê-lo,
como você estar cuidando dela?
Jason riu e se levantou. —Você não está em um relacionamento
real com ela; Eu lidei com ela de maneira pior do que você. Eu sei
como cuidar dela, e não estive beijando seus pertences... Agora, vou
checar minha esposa. Se você entrar lá, farei com que ela nunca mais
queira vê-lo. E você já sabe que ela fará o que for necessário quando se
trata de nós.
David se levantou, pronto para rasgá-lo, mas Nathan entrou na
cozinha segurando dois dinossauros.
—Brincar. — Disse Nathan.
David forçou sua raiva e sorriu, apesar de ouvir Jason entrar no
quarto com Jane. Ele esperou brevemente que ele a ouvisse atacá-lo,
mas ele rapidamente empurrou esse pensamento de lado. Só
arruinaria Jane se ela fosse a responsável por machucar alguém que
amava.
Com um gemido suave, ele esfregou o rosto e pegou a mão de
Nathan. —Ok, vamos brincar com seus dinossauros.
Nathan o puxou para o quarto que dividia com Natalie e o levou
a um lugar no chão onde ele havia alinhado vários brinquedos. Mais
uma vez, o garotinho o surpreendeu, porque além de organizá-los do
menor para o mais alto, ele também agrupou herbívoros e carnívoros.
—Você os colocou assim? — David perguntou, sentando-se no
chão, mas ele se inclinou e espiou pela porta. Ele tinha uma vista da
porta de Jason, e ela ainda estava fechada.
Nathan acenou com um brinquedo na cara dele. —Ainda não.
David pegou o brinquedo de Nathan, notando que, embora o
garotinho estivesse dizendo isso, ele também parecia em pânico.
—Nathan, por que você continua dizendo isso? — David
perguntou.
Quando Nathan não respondeu, ele suspirou e tentou o máximo
para desligar o outro quarto e dar privacidade a Jane e Jason. Ela
queria que as coisas fossem civilizadas, e ela não conseguiria isso com
ele forçando seu caminho toda vez que eles precisassem conversar. Ele
disse o que queria com Jason e esperava que Jason fizesse a coisa certa
pela primeira vez e a apoiasse.

Ao ouvir a porta do quarto abrir e fechar, Jane rapidamente


jogou água fria no rosto e se preparou para enfrentar David. Ela não
queria que ele visse o quanto ela estava perdendo. Se ele soubesse que
ela não sabia quando algo era real ou sua mente a estava enganando,
ele iria embora.
A porta do banheiro se abriu e foi a voz de Jason que ela ouviu.
—Jane?
Ela abaixou a toalha. Por um segundo, ela jurou ter visto David,
mas o rosto de seu vampiro desapareceu quando ela piscou, e o olhar
de Jason era tudo que ela podia ver.
—Jason, o que você está fazendo aqui?
A raiva passou por seu rosto enquanto ele se aproximava. —Por
que eu não estaria aqui?
—Eu não quis dizer nada com isso, desculpe. — Ela sussurrou,
colocando a toalha no balcão, seu coração se partindo.
—Você pensou que ele viria em vez de mim, não é?
—Não. — Jane levantou a mão para cobrir os olhos porque
estava quase chorando de novo: David não veio.
—Bebê —, Jason disse com um suspiro quando sua mão quente
puxou a dela para longe de seus olhos antes que ele segurasse seu
rosto. —Olhe para mim.
Ela o fez, enquanto pensava em como não havia faísca em seu
toque. Não havia fogo. Ele não era o homem que ela queria confortá-
la, mas ele era tudo o que ela tinha. David acabara de provar que não
valia a pena procurá-lo.
Você deveria querer seu marido, não David.
—Ele te machucou? — Jason perguntou, forçando sua mente
confusa a se concentrar novamente nele.
Ela olhou nos olhos castanhos dele. Ao mesmo tempo, eles eram
iluminados com fogo por ela. Na verdade, eles quase brilhavam de
raiva quando ele prometeu mantê-la segura. Eles eram apenas
adolescentes, quase amigos, mas ele a olhava com tanta paixão
naquela época. Não era luxúria; havia inegável adoração e desejo em
seu olhar, e ela acreditava que ele estava realmente apaixonado por
ela. Nunca fazia sentido que ele tivesse perdido uma vez que ela
estivesse a salvo de qualquer dano potencial de seu tio e tia - mas ele
fez. A única vez que ela viu algum tipo de carinho foi quando ele a
queria por sexo. Foi só então que ele a beijou, tocou nela, mas o fato é
que ele só fez isso então. Se ela estivesse lutando com suas emoções,
veria olhares de desdém ou repulsa.
É sua culpa que ele parou de te amar...
—Ele não fez nada —, disse ela, tentando se concentrar na
pergunta de Jason e não em sua voz interior que a estava destruindo.
— E Natalie não quis dizer o que você pensa. Acabamos de dizer a ela
que, para fazê-la entender, ele precisa me ajudar. Não posso machucá-
los, Jason.
—Eu não estou bravo com você —, disse ele. —Eu sei que você
tem medo de machucá-los. Eu sei que você fará qualquer coisa para
protegê-los, no entanto. Você não precisa dele do jeito que ele
continua dizendo.
—Não, eu preciso.
O queixo de Jason se contraiu. —Eu sei que ele lhe contou coisas
para fazer você pensar isso. Ele te virou contra mim porque ele te
quer. Essa outra merda não faz sentido. E eu sei que você não iria
procurá-lo por conta própria. Ele está usando seu poder e seu desejo
de nos proteger para controlá-la.
Jane balançou a cabeça. —Isso não é verdade. Eles têm seus
Outros, e ele está esperando por mais tempo do que qualquer um
deles precisava. Ele quer o melhor para mim.
—O melhor para você não é estar com sua família?
Seu peito palpitava. —Ele não me machucou, Jason, e você sabe
que não é assim. Eu não posso estar perto de você. Você nem deveria
estar sozinho comigo.
Jason franziu a testa e balançou a cabeça. —Eu deveria. É com ele
que você não deveria ficar sozinha. Você sabe o quanto me machuca
vê-la pendurada nele? Não estou culpando você - sei que isso é dele.
Ele está fazendo você pensar mal de mim. Você nunca teria dito as
coisas que fez ontem se não fosse por ele.
Ele se aproximou para que seus corpos se tocassem, mas ela
ainda não sentia nada da presença dele. —Sou real. Nathan e Natalie
são reais. Nós somos sua vida, não ele.
Jane choramingou ao ouvi-lo dizer isso. Ela ainda queria David,
mas acreditava no que Jason estava dizendo. Afinal, ela não merecia a
grandeza de David.
—Se ele se importasse com você —, Jason disse. —ele estaria
aqui agora, não? Mas ele não está. Ele sabia que você estava chateada
e fui eu quem entrou aqui.
Seus olhos ardiam e ela assentiu. David a rejeitara naquela
manhã, assim como a Morte fez quando ela era uma garota
confessando seu amor. Ela se abriu para eles e eles a rejeitaram.
—Entende? — Jason enxugou uma lágrima que deslizou por sua
bochecha. —Estou aqui. Eu sempre fui quem esteve lá. Eu estava com
você durante tudo isso, não ele. Não Ryder. Eles não se importam com
você. Seu lugar é comigo. Ainda podemos ser uma família. Você não
quer isso para Nathan e Natalie?
Ela assentiu e Jason sorriu. Ela queria isso. Eles mereciam uma
vida boa, onde não precisavam ter os pesadelos que ela tinha. Uma
que não estava cheia de más lembranças que os assombravam onde
quer que fossem.
—Volte para mim, Jane —, disse Jason. —Você não pertence a
eles. Nós não somos como eles. Eles são monstros. Você viu o que são.
Você viu as mulheres que David tem atrás dele.
O rosto de Jane se enrugou e mais lágrimas escorreram.
—Você realmente acha que ele não as fodeu? — Jason
perguntou, esfaqueando seu coração novamente. —Se ele lhe disse
que não, ele está mentindo. Mesmo andando por aí hoje, eu os ouvi
conversando sobre estar com ele. Ele está mentindo para você.
Um soluço sufocado rasgou sua garganta. Ela achava difícil
acreditar que David fosse celibatário há tanto tempo. Ela sabia muito
bem o que o sexo fazia com os homens. Eles ansiavam por isso.
Consumia-os até que eles conseguissem, como precisavam. Isso era o
que mais a machucava: ela se ofereceu a David e à Morte em
diferentes ocasiões, e eles a recusaram a cada vez.
Você sabe que ele está certo... David poderia ter quem ele quisesse. Ele
recusou você, então o que isso lhe diz?
—Você vai voltar para mim? — Jason perguntou.
É aqui que você pertence. Você fez um compromisso com ele. Você é tão
horrível? Você não fez o suficiente para sua família?
Jason falou novamente: —Ok, deixe-me perguntar uma coisa. Ele
está pedindo para você ficar com ele? Ele está pedindo que você me
deixe para que você possa ser sua namorada ou esposa?
Ele poderia ter, mas você não é boa o suficiente para ele. Talvez ele
queira alguém que não seja louca.
Os lábios dela tremeram e ela balançou a cabeça porque David
havia perdido a chance de reivindicá-la como ele havia dito.
Jason balançou a cabeça também. —Ele não está. Eu estou, no
entanto. Eu quero minha esposa de volta. Eu quero você aqui comigo.
Você deveria estar aqui cuidando das crianças em família comigo.
Você deveria estar ao meu lado, dormindo na minha cama, me
deixando te beijar quando você estiver caindo aos pedaços. Eu cuidei
de você através de tudo, não ele. Eu. Seja a esposa que prometeu que
seria.
Você não quer fazer uma coisa certa? Você está se enganando se acha
que David realmente quer uma garota louca, porque é isso que você é - você é
louca. Ele está apenas tentando controlar você. Você não é nada.
David, ela chorou de coração partido.
David não te quer. Até a Morte te deixou. Eles não querem você.
O peito de Jane se apertou e ela tremeu enquanto tentava não
gritar.
Pelo menos Jason quer você... Apenas se entregue a ele. Você deve a ele.
Ele lidou com todos os seus problemas. O mínimo que você pode fazer é seu
dever como esposa... A Morte te deixou e David não te quer. Você é inútil.
Você não é nada. Desista deles.
Por entre suas lágrimas, ela percebeu que Jason estava se
inclinando em sua direção. —Jason, não.
—Shh, está tudo bem —, disse ele. — Você é minha esposa, Jane.
Minha.
—Não. — Ela começou a se afastar, mas ele a agarrou com mais
força.
—Jane, você sabe que eu te amo —, ele disse suavemente. —
Prove que você me ama. É assim que você me mostra. A menos que
você estivesse mentindo quando disse que ainda me amava.
—Sim, Jason, mas-
Ele a interrompeu. —Então aja como uma esposa. David teria
pedido que você estivesse com ele se ele quisesse. Ele não pediu. Ele
não vai, porque ele não quer você.
Jane olhou para ele, seus olhos e coração ardendo com as
palavras dele.
Finja que ele é David, o pensamento foi tão reconfortante.
Ela piscou quando o rosto de David apareceu de repente. Ele
sorriu e abaixou o rosto até que seus lábios se tocaram.
Eles não eram tão macios como tinham sido naquela manhã. Eles
não queimaram ou doeram de uma maneira que a fizeram implorar
por mais.
Jane começou a se afastar, mas David estava lá, conversando
com ela. —Sou eu, bebê.
Ela fechou os olhos e a imagem do rosto bonito dele se formou
em sua mente. Ele sorriu. Meu David.
A presença poderosa que David exalava, e a atração que ela
sentia por ele estava ausente, mas ela sentiu um corpo pressionando
contra o seu. Quando ela começou a registrar como eles não se
encaixavam mais, uma carícia estranha deslizou por seu braço quando
outra tocou sua têmpora. Estava tão frio, no entanto. Tão frio que
queimava, e ela suspirou quando o calor se espalhou por seu corpo.
—Nathan, por que você continua dizendo isso? — Perguntou
David.
Jane abriu os olhos, confusa com a pergunta, e percebeu que era
Jason, não David, a beijando.
Ela ouviu a voz de David novamente. —Feche seus olhos. Deixe-
me tocar em você.
O calor queimou sua têmpora, e ela fechou os olhos quando o
beijo dele voltou. Seus pensamentos estavam confusos, e ela ainda não
entendia por que isso não parecia certo.
Outra sensação gelada, mas ardente, deslizou sobre ela, desta
vez em seus lábios. Com isso, o belo rosto de David se reformou e ela
suspirou quando mais calor e pressão se fecharam ao seu redor.
David a beijou com mais força enquanto a movia de volta para
baixo. Ela não podia dizer o que estava acontecendo com certeza
agora. Cada vez que ela tentava abrir os olhos, algo os mantinha
fechados, e o rosto de David ficava mais claro em sua cabeça.
Ele tirou a roupa, mas ela se sentiu em pânico. David a rejeitou -
por que ele estava fazendo isso agora?
Um forte desejo de resistir venceu Jane. Lute com ele.
—Shh, querida... Estou aqui. — Um par de mãos quentes e
ásperas a arrastou pelo estômago. Mais uma vez, ela tentou abrir os
olhos. As mãos de David pareciam perfeitas e nunca eram apenas
quentes.
Suas pernas foram abertas quando aquelas mãos quentes
agarraram as costas de suas coxas.
—Sim. — Disse uma voz masculina, a vitória revestindo suas
palavras quando ela de repente se sentiu sendo empurrada.
Os olhos dela lacrimejaram. Ela sabia que algo estava errado.
Os batimentos cardíacos de Jane dispararam quando ela
empurrou o peso e abriu os olhos. David estava sobre ela, entrando e
saindo dela. Não parecia certo. Ela se sentia usada, entorpecida.
Ele olhou para cima, seus olhos se encontraram, e ela não estava
mais olhando para David.
—Ele nunca será eu. — A voz de David ecoou em sua mente.
Ela não conseguia se mexer - não conseguia falar - não conseguia
chorar. Jason a colocou no chão. Eles ainda estavam no banheiro dele.
De todos os lugares, ele a colocou no chão de um banheiro.
Uma lágrima deslizou em seus cabelos quando ela ficou
paralisada, incapaz de parar Jason, incapaz de parar as imagens que
bombardeavam sua mente.
Ela estava lá novamente, uma garotinha presa no chão do
banheiro, debaixo de um garoto que ela não conhecia enquanto ele
usava seu corpo minúsculo para agradar a si mesmo. Ela era uma
garotinha quando o primo aproveitou o relacionamento e a
ingenuidade para satisfazer o desejo e a curiosidade dele.
Sua boca se abriu e seu grito silencioso passou despercebido. Ela
experimentara essas memórias mais vezes do que podia contar, mas
isso era diferente. Desta vez, ela não pôde bloquear nenhuma das
imagens - os sons deles respirando pesadamente em seu ouvido - a
sensação de seu corpo sendo esmagado no chão duro.
David, ela pensou. Ajude-me.
Ele não ama você.
Outra lágrima caiu quando sua cabeça rolou para o lado. Jason
estava grunhindo, depois beijando e mordendo seu pescoço exposto.
Sem ternura. Não percebeu que, mais uma vez, ele a estava
submetendo a pura tortura para satisfazer suas próprias necessidades.
Morte, ela gritou. Ela tinha uma pequena esperança de que ele se
importasse, mas escapava a cada respiração ofegante de Jason.
As imagens que a destruíam repentinamente mudaram de seu
abuso para memórias com Jason. O desgosto em seu rosto depois que
ela teve seus filhos e suas estrias vermelhas brilhantes eram visíveis.
—Essas marcas vão desaparecer? — Ele perguntou a ela apenas
semanas depois do parto. Ela nunca se sentiu tão feia em toda a sua
vida do que naquele momento.
Seu olhar de repulsa foi subitamente substituído por
aborrecimento quando ele sacudiu a cabeça quando ela chorou que
queria morrer. —Então se mate! — Ele gritou. E ela tentou. Um frasco
inteiro de ibuprofeno havia acabado no estômago naquele dia.
Finalmente, um gemido suave escapou de sua boca e seu corpo
estremeceu. Ela virou a cabeça, fazendo contato visual com Jason.
Seus olhos estavam arregalados e ela sabia que estava chorando, mas
ele não reagiu além de sorrir antes de enterrar o rosto na dobra do
pescoço dela e mais fundo dentro do corpo.
Seu corpo tremia enquanto ela chorava silenciosamente, e mais
lembranças passaram por seus pensamentos, impedindo-a de lutar
contra Jason, prendendo sua mente enquanto ele a fodia sem se
importar que ela estivesse morrendo.
Ela fechou os olhos, o rosto em agonia quando de repente estava
sentada em frente ao computador, olhando para os milhares de
arquivos que causavam a falha contínua. Pornô. Havia capturas de
tela de grupos de bate-papo em que Jason havia feito pedidos de
mulheres para posar para ele, para se masturbar na tela para ele. Sua
expressão quebrada foi refletida na tela enquanto ela estudava as
datas e o número de arquivos que realmente estavam lá. Eles dataram
anos atrás. Os carimbos de hora eram as horas em que ela
normalmente dormia, quando trabalhava nos fins de semana, quando
visitava Wendy. No aniversário dela. No aniversário deles.
—Você está assistindo pornô e conversando com mulheres de
novo. — Ela dissera na segunda vez que encontrara os arquivos, com
os olhos vermelhos das lágrimas que já havia chorado.
Jason encolheu os ombros. —Isso? Não é grande coisa, apenas
supere isso e pare de chorar.
Você é tão patética que esse pensamento ameaçador voltou. Você não
podia nem satisfazer seu marido. Como você seria capaz de satisfazer alguém
como David? Ou Morte?
Ela tentou gritar, tentou implorar para que tudo parasse - para
parar de ver, mas não conseguia. Tudo o que via era o marido que não
amava, empurrando-se cada vez mais forte nela, o rosto dele
mudando constantemente do dele para o rosto de seu primo e amigo.
Ela ouviu Jason dizendo a uma mulher cujo nome não era dela o que
ele gostava e queria que ela fizesse.
Sua garganta doía com os gritos e gritos que não podiam
escapar. Levou cada grama de força para fechar os olhos e virar a
cabeça novamente, e tudo o que ela pôde fazer foi tremer quando
Jason chupou sua pele.
—David. — Ela chorou silenciosamente, mas nenhum som saiu
de sua boca.
—Você não está mais apaixonado por mim, está? — Ela
perguntou a Jason um dia no parque.
Ele olhou para os filhos antes de olhá-la nos olhos. Sem amor,
sem calor, nada. —Você é minha esposa, Jane... Eu amo você, mas isso
não é um conto de fadas.
Um vazio se abriu em seu coração. —Você realmente não está
apaixonado por mim?
Jason suspirou e voltou sua atenção para as crianças. —Não, eu
não estou apaixonado por você. Você acabou de se tornar minha
esposa.
Outra lágrima escorreu por seu nariz quando a memória não tão
distante desapareceu. Essas palavras a arruinaram. Roubaram
qualquer esperança para eles, por amor. Elas a quebraram.
Agora, mesmo sua suposta alma gêmea não a amava o suficiente
para estar com ela. Seu anjo, em quem ela confiava sempre estaria lá
para confortá-la e amá-la, não estava à vista. Porque ela não era boa o
suficiente.
Seu corpo se moveu bruscamente contra os azulejos. A constante
visão trêmula dela como uma garotinha presa debaixo de um garoto
mais velho, olhando para o teto enquanto ele a machucava misturado
com a percepção de que ela ainda era aquela garotinha; ela nunca
estaria livre do horror que lhe fora infligido.
O peso não natural de seu corpo aumentou quando as investidas
de Jason se tornaram mais rápidas. Ela tentou afastar a sensação e,
finalmente, sentiu-se entorpecida quando ele gemeu, ele veio
enchendo-a.
Ela olhou para o banheiro, seu olhar vazio, sua alma soluçando
enquanto seu coração se despedaçava.
Boa menina...
Esses pensamentos não faziam sentido. Era quase como se não
fossem apenas pensamentos, e isso a fez perceber o quão insana ela
realmente era.
Nunca se esqueça, é isso que você é: um corpo quente. Uma ferramenta.
Isso é tudo que você sempre será.
Jason caiu sobre ela, suas respirações pesadas e beijos ásperos em
seu pescoço, o único lembrete de que ela ainda estava presa dentro de
seu corpo. Ele começou a se mover dentro dela novamente, e foi aí
que as restrições invisíveis que a mantiveram imóvel estalaram.
—Pare. — Sua voz estava rouca, mas ela foi capaz de empurrar o
ombro de Jason e fazê-lo olhar para ela.
—Por quê? — Ele tentou se mover novamente, seu membro
macio endurecendo a cada golpe dentro dela.
—Apenas, por favor pare.
Ele balançou a cabeça enquanto soltava um suspiro irritado, mas
pelo menos se retirou e se moveu para deixá-la em paz.
Jane rolou para o lado dela, como costumava fazer no passado,
não querendo ver seu desgosto quando ele via suas estrias
desbotadas.
Ele tocou seu ombro e ela se encolheu. —O que você tem?
—Nada. — Ela disse enquanto se sentava. Um buraco aberto
continuou a aumentar em seu peito. Era tão doloroso, mas tão
entorpecedor ao mesmo tempo. Jane colocou as roupas de volta, sem
olhar para ele, mas sabendo que ele a estava observando. —Eu estou
indo para a cama.
—Com ele?
Jane parou na porta quando a lembrança da rejeição de David
veio à tona. —Não, Jason. — Seu coração tentou juntar pedaços de si
mesmo. —Sozinha.

David entrou na sala de estar e sentou no sofá. Estava quieto no


quarto de Jason, mas ele se certificou de não se escutar sempre que
ouvia um deles falar. Ele não queria invadir lá e matar Jason bem na
frente dela, mas esperava que ela mantivesse sua mente reta se ele a
chateasse.
Algo está errado. O pensamento foi tão abrupto que o fez virar a
cabeça para encarar a porta. Ele ouviu, mas não ouviu nada.
Estranhamente nada.
Quando ele foi investigar e simplesmente convencer Jane de que
era hora de descansar, Nathan estava lá, puxando sua mão.
—Deixe-me ver sua mãe, Nathan. — Disse ele enquanto
levantava o garoto para colocá-lo no sofá por enquanto.
—Ainda não. — Disse Nathan, mas desta vez, David olhou para
ele e viu uma tristeza que nunca tinha visto nos olhos do menino.
—O que há de errado, homenzinho?
Nathan olhou para a porta do quarto de Jason, sua respiração
acelerando quando David começou a balançá-lo. Ele não sabia o que
fazer.
—Ele faz isso quando mamãe está machucada.
David sacudiu a cabeça e percebeu que Natalie estava sentada
do outro lado.
—Quando seu coração dói. — Acrescentou Natalie.
O pânico aumentou em David, e ele olhou com olhos
arregalados para Nathan quando o menininho falou. —Agora.
A porta do quarto se abriu antes que David pudesse correr para
o quarto, mas ele virou a cabeça e congelou quando Nathan enterrou o
rosto no ombro de David.
—Bebê. — David disse, sua voz quase um sussurro quando seu
olhar caiu sobre ela. Ela estava pálida e suada. O cabelo dela estava
uma bagunça e as roupas amassadas, a blusa de dentro para fora.
Lentamente, ele olhou para o rosto dela, os olhos trancados, e ele
testemunhou algo que ele nunca imaginou. Era como se ele pudesse
ver cada pingo de horror e tristeza naqueles olhos cor de avelã. Os
lábios dela tremiam e o rosto bonito se enrugou de agonia quando
duas lágrimas finalmente caíram.
Ele sentiu o cheiro então. O cheiro dos corpos dela e de Jason se
misturava. A raiva que ele sentia rugia a alturas impensáveis, e ele
não conseguia impedir que o olhar furioso se espalhasse por seu rosto.
—Sinto muito. — Ela sussurrou antes de correr da sala e sair
para o corredor.
David ainda estava paralisado por emoções e choque. Ele
precisava ir atrás dela e começou a se levantar quando a porta se abriu
novamente. Dessa vez, Jason ficou lá, vestindo apenas calças de
pijama, seu corpo ainda escorregadio de suor quando ele sorriu na
direção de David.
—Mamãe está bem ?— Natalie perguntou suavemente.
Soltando um suspiro profundo, ele ouviu o som da porta do
banheiro de Jane batendo, seus soluços ecoando em seus ouvidos
sensíveis, mesmo que aqueles quartos fossem à prova de som.
David abriu os olhos. Ele olhou para as lágrimas de Nathan e as
esfregou antes de beijar o menino na cabeça e tirá-lo do colo. Natalie
tocou o lado dele e ele olhou para ela. Ela se parecia tanto com Jane, e
ele viu no rosto preocupado de Natalie como ele imaginava que sua
Jane poderia parecer uma garotinha depois de ser abusada.
Sabendo que ele estava prestes a cometer um assassinato e
encontrar Jane em um estado em que ninguém deveria estar, ele
soltou o rugido mental mais alto para Arthur ouvir.
—Eu não sei. — David respondeu Natalie com suas presas à
mostra. Ele se esforçou ao máximo para não olhar para a garotinha
com raiva, mas ela não demonstrou medo quando assentiu e se
moveu para o lado de Nathan.
Finalmente, David se levantou e olhou Jason nos olhos. —O que
você fez com ela?
Jason apenas cruzou os braços. —O que um homem faz com sua
esposa.
David estava do outro lado da sala, levantando Jason pela
garganta e batendo-o contra uma parede. Ele se conteve quando a
porta se abriu e as crianças gritaram. Ele pretendia que Arthur o
ouvisse. Ele sabia que precisaria ser impedido de assassinar esse
homem na frente de seus filhos.
—Gwen, tire as crianças daqui. — Disse David, sem tirar os
olhos do par aterrorizado de Jason.
—David! — Arthur gritou quando vários pares de mãos
agarraram seus ombros e braços. —Você vai matá-lo.
Os gritos dolorosos de Jane finalmente o alcançaram, porque
alguém deve ter ido para o quarto dela. Ele rugiu, apertando o
pescoço de Jason com mais força enquanto suas presas cortavam seus
lábios. Seus irmãos tentaram afastá-lo, mas não conseguiram.
—David, pare! — Arthur gritou.
Ele não sabia como ele fez isso, mas ele finalmente deixou Jason
ir. Ele olhou para baixo, seu peito arfando enquanto observava Jason
tossir no chão.
—Como você pode fazer isso com ela? — Sua voz era tão alta
que seus próprios ouvidos estavam tocando. Ele foi pegar Jason,
pronto para matá-lo, mas Arthur o segurou enquanto os outros se
firmaram entre ele e o bastardo ainda ofegando por ar.
—Foda-se! Ela é minha esposa! — Jason gritou.
—Você a estuprou, porra —, David gritou, jogando Arthur nas
costas enquanto tentava empurrar Tristan, Gareth, Kay e Lamorak
para fora do caminho. —Eu vou te matar por isso, seu pedaço de
merda. Você não vê o que fez?
—Eu não a estuprei! — Jason ficou de pé, mas recuou. — Jane é
minha esposa. Eu posso foder minha esposa quando quiser!
Os outros afrouxaram seus braços enquanto encaravam Jason em
choque.
David pulou, atacando Jason em vez de arrancar a cabeça porque
Arthur também o atacou.
Ele rugiu na cara de Jason enquanto lutava para não matar esse
homem. —Você viu o rosto dela? — Seus olhos ardiam quando ele se
lembrou da devastação nos olhos dela que antes eram brilhantes. —
Ela parecia ter gostado? Você sente que a fez feliz? Você não pode ver
o que você fez com ela? Você sabia que ela não estava em condições
de estar assim com ninguém.
—Acabei de fazer sexo com minha esposa! — Jason gritou
quando Arthur começou a sufocar David com um golpe de cabeça.
David recuou e afastou o punho a centímetros do rosto vacilante
de Jason. O azulejo rachou sob sua mão, cortando sua pele. Ele rosnou
e mentalmente ordenou que Arthur o libertasse, prometendo que não
o mataria.
Arthur obedeceu e David se inclinou, mostrando suas presas
enquanto falava em voz baixa. —Você acabou de colocá-la no mesmo
horror que seus agressores fizeram. Você provavelmente sempre
colocou.
Os olhos de Jason se arregalaram quando um olhar de realização
se espalhou por seu rosto.
—Você vê isso agora, não é? — David rosnou, pressionando
mais o punho no chão para não bater na cabeça de Jason. — Se você
tocá-la novamente, eu vou te matar. — Ele balançou a cabeça e
empurrou os outros para longe dele enquanto ele se levantava. —
Fique longe dela. Você não faz mais parte da vida dela.
—David, vá —, disse Arthur, movendo-se entre ele e Jason
novamente. —Gwen está com ela. Bedivere está chegando. Nós vamos
lidar com Jason e as crianças.
David não ficou mais, e rapidamente entrou no quarto de Jane a
tempo de encontrar sua irmã correndo com toalhas ensopadas de
sangue.
Os dois congelaram quando se viram. O mesmo acontecia com a
chegada repentina de Gawain, Hades e Bedivere.
—Gwen. — David sussurrou, completamente aterrorizado com o
que sua irmã estava prestes a lhe dizer.
Os olhos dela encheram de lágrimas. —Ela limpou a pele. — O
coração de David batia forte e ele deu um passo à frente, mas
Guinevere levantou a mão dela. —Ela está curando.
Bedivere passou correndo pelos outros.
Ela permitiu que ele passasse, mas balançou a cabeça para
David. —Ainda não, irmão. Deixe-a fazer o que for necessário.
Uma lágrima caiu de seus olhos quando Gawain e Hades
colocaram as mãos em seus ombros. Ele os sacudiu. Ele esperou muito
tempo para procurá-la; ele falhou com ela.
—Não. — Disse Guinevere. —Ainda não.
—Eu tenho que vê-la—, disse ele, sua respiração muito dolorosa
agora enquanto sentia fogo dentro dele. —Eu tenho que cuidar dela.
Eu preciso consertá-la.
Ela balançou a cabeça novamente. —Você não pode consertar
isso, irmão.
David afastou os outros e caminhou até a porta dela. Eles
fizeram para ir contê-lo, mas pararam quando ele pressionou a testa
contra a porta. Ele colocou uma mão contra ela e fechou os olhos
enquanto ela chorava para Bedivere.
—Não David —, ela chorou. —Não David.
—Não, querida. — Disse Bedivere. — Ele está lá fora. Ele vem
vê-lo em um minuto.
—Não David.
—Estou aqui, querida —, disse ele, apertando a garganta ao som
dos gritos dela aumentando. Eu te amo muito, Jane... Eu nunca vou
embora, meu amor. Eu sinto muito.
A mão de sua irmã desceu sobre seu ombro, e ela o virou,
abraçando-o enquanto ele chorava. Pela primeira vez em sua vida, ele
chorou.
—Shh, irmão —, ela acalmou. —Você deve permanecer forte por
ela. Ela precisa que você fique forte.
Ele assentiu e a abraçou com força. Ele odiava estar recebendo
conforto enquanto o amor de sua vida chorava sem ele.
—Por favor, deixe-me ir com ela. — Ele sussurrou, seu corpo
tremendo enquanto os gritos de Jane continuavam.
—Ela disse para não deixar você ver. — Guinevere esfregou as
costas enquanto fechava os olhos com força.

21
VENHA BRINCAR
Parecia que tinha sido dias. As primeiras horas da manhã
estavam se aproximando, e David estava andando, sem tirar o foco da
porta do banheiro. Eu não poderia salvá-la, ele pensou consigo mesmo
pela centésima vez. Eu estava lá e falhei com ela. Eu não conseguia
nem ouvi-los.
Arthur interrompeu seu tormento interior. —David, você não
sabia o que estava acontecendo.
David não desviou o olhar da porta. —Eu deveria saber que ela
precisava de mim... Eu sabia! Ignorei meus instintos...
—Não — disse Arthur. — você ouviu o filho dela.
—Ele não sabia do que estava falando —, David retrucou. —Eu
deveria ter verificado ela. Por que eu nem ouvi o que estava
acontecendo?
—Você estava ocupado com os filhos dela e tentando dar-lhes
privacidade —, disse Hades. — Não há como você saber, David,
nenhum de vocês. O garoto provavelmente sentiu a angústia dela, e
essa era a maneira dele de lhe dizer que ela lida com isso sozinha.
David o ignorou e se dirigiu a Arthur. —Você sabe o que está
acontecendo? Ela está pensando claramente? Ela esteve...
Arthur assentiu e falou antes que ele pudesse terminar. —Eu sei.
Eu tenho descoberto a partir de seus pensamentos do jeito que ela está
agindo. Algo não está certo.
—Eu sei disso —, disse David e, finalmente, virou a cabeça para
encarar o cunhado. —O que está acontecendo em sua mente?
Com um suspiro, Arthur disse a ele: —Ela está presa em algum
tipo de psicose. Ela não sabe o que é real porque suas memórias são
muito vivas e dolorosas. Eu acho que, pelo que você está pensando na
noite passada, ela tem visto seu passado como se estivesse presente.
Ela tem um pouco de consciência de que isso não deveria ser verdade,
e tentou lutar contra isso, mas Jason...
David rosnou e olhou para a porta. —Ela ainda está presa? Ela
sabe o que está acontecendo agora?
—Às vezes. — Arthur suspirou. — Mas ela é arrastada de volta
para as memórias; ela não pode detê-las. Elas são mais poderosas do
que eu já as vi em sua mente. Antes que ela pudesse se esconder.
Agora, ela está praticamente paralisada dentro de sua própria mente,
forçada a observá-las.
—Irmão, me diga que eu não a perdi. — Disse ele, fechando os
olhos.
Antes que Arthur pudesse responder, Bedivere saiu do banheiro.
David abriu os olhos e avançou. —Eu posso vê-la?
Bedivere já estava assentindo. —Sim, mas deixe-me prepará-la.
Eu realmente não entendo tudo o que aconteceu, mas presumo que
seja mais o fato de ela se sentir comprometida com você e com a
Morte. Tenho certeza que você a ouve murmurando ocasionalmente
'Não David'?
Seu coração partiu. —Ela não me quer?
—Não é isso que ela quer dizer. — Disse Bedivere tristemente.
Arthur suspirou atrás de David. —Ela pensou que era você com
ela, irmão. Ela pensou que ele era você.
David estava passando por Bedivere antes que Arthur pudesse
dizer mais. Assim que ele entrou, ele hesitou. Jane estava no chão,
com uma toalha enrolada em volta dela, olhando para o teto enquanto
Guinevere passava os dedos pelos cabelos molhados.
—Bebê. — Disse ele, aproximando-se.
—Não David. — Seu rosto se enrugou de medo por alguns
segundos antes de ficar em branco.
Bedivere passou por ele e se ajoelhou ao lado de Guinevere. —
Jane, David está aqui agora.
—Não David. — Sua voz falhou e uma lágrima deslizou em seu
rosto.
David caiu de joelhos e segurou a mão trêmula sobre a pele
inflamada. —Bebê, eu estou aqui. Eu nunca saí. — Ele assumiu o risco
e tocou sua mão fria. O choque de eletricidade a fez estremecer, mas
ela não soltou a mão dele. Ela também não olhou para ele.
—Não David. — Disse ela novamente, seu corpo tremendo desta
vez.
Ele se inclinou e acariciou sua bochecha. —Sou eu, meu amor.
Ela respirou em pânico várias vezes, mas ele segurou a mão dela
e continuou acariciando sua bochecha gelada.
— David? — Os olhos dela se voltaram do teto para ele.
—Sim, bebê. — Ele sorriu e se inclinou para beijar sua testa. —
Sou eu. Estou aqui. Oh, amor, sinto muito. — Ele colocou a palma da
mão na bochecha dela. —Ela está com frio.
— David? — Ela inclinou levemente o rosto na direção da mão
dele.
—Sou eu, Jane.
Mais uma vez, seus olhos focaram nele, mas ele sabia pela
maneira como as pupilas dela dilatavam continuamente que ela ainda
estava vendo outra coisa.
Ele aproximou o rosto, pressionando os lábios no nariz e
bochecha enquanto deslizava a mão nos cabelos dela. —Você pode me
sentir? Lembra como me pareço quente? — Ele moveu a mão da
cabeça dela para segurar a nuca. —Lembra como nossos lábios se
sentiam um contra o outro? — Ele beijou sua bochecha. —Bebê, eu
não estava te rejeitando. Eu te amo. Estou aqui. E eu sou real. O que
quer que você esteja vendo e ouvindo, ignore. Concentre-se em mim.
Meu calor, meus lábios. — Ele beijou suas pálpebras fechadas. —
Sinta-me.
Jane levantou uma mão para o rosto dele.
Ele rapidamente soltou o pescoço dela e o cobriu, apoiando-se na
palma da mão. —Lá. Continue retornando. Eu estou bem aqui. —
David se virou e beijou a palma da mão antes de passar a mão para o
pescoço dele. —Espere, bebê.
—Você está aqui? — Ela agarrou seu pescoço enquanto seu olhar
confuso travava com o dele quando ele se levantou.
David sorriu e beijou sua testa novamente. —Sempre.
—Gwen, pegue algo para ela vestir. — Disse Bedivere.
David levantou Jane para que ele pudesse colocar o rosto ao lado
do dela. O aroma doce e florido que ele só poderia descrever como
Jane agrediu seu nariz. Ele a respirou, rindo quando ela o copiou. —
Sou eu, eu prometo.
Guinevere voltou e, finalmente, David levantou a cabeça. Ele
sorriu, embora pudesse ver uma ruína completa nos olhos de Jane.
Sua irmã desdobrou uma de suas camisas e apontou para o
balcão. —Arthur sugeriu que eu trouxesse suas roupas para ela...
Sente-a lá, e eu a ajudarei a se vestir.
Ele fez o que lhe foi pedido, mas manteve a mão nas costas de
Jane quando o olhar de pânico dela encontrou o dele. —Eu não estou
indo a lugar nenhum.
Guinevere levantou a camisa. —Segure a toalha dela no lugar, e
eu vou colocar isso.
Mais uma vez, David fez o que lhe foi dito e segurou
cuidadosamente a parte superior da toalha dela, sorrindo ternamente
ao olhar ansioso no rosto de Jane. Pareceu acalmá-la um pouco, mas
ela ainda parecia insegura do que estava acontecendo ao seu redor.
—Respire fundo, bebê. — Disse ele, voltando o foco para ele
quando ela parecia estar escapando.
David nunca deixou a mente de Jane ter algo escuro dentro dela.
A entidade, fosse o que fosse, era pura maldade. Enquanto pensava
nisso, ele se perguntou por que não estava se manifestando agora. Ela
estava completamente vulnerável, então por que não estava
assumindo o controle? Por que não apareceu e matou Jason?
O rosto de Jane desapareceu por um momento quando a irmã
dele deslizou a camisa por cima da cabeça. Quando seus olhos
arregalados voltaram à vista, um pensamento sombrio surgiu em sua
cabeça. Quer que ela sofra.
Ele engoliu em seco quando seu coração chorou por ela e tentou
manter a expressão calma. Ele ficou arrasado. Receoso. Ela só saiu do
seu tormento anterior por causa da Morte. Agora, tudo o que ela tinha
era ele.
—Jane —, disse Guinevere. —Eu preciso que você coloque suas
roupas de baixo. Vou pedir que David e Bed se virem, certo?
Jane olhou para David enquanto ele falava. —Eu ainda estou
aqui.
Ele entregou a toalha à irmã e se virou.
—Ela terminou. — Anunciou Guinevere.
Quando David se virou, ele sorriu e caminhou perto de Jane. Ela
parecia perdida, e ele notou que o olhar dela estava fixo no chão do
banheiro. Seu coração parecia ter sido apertado. O bastardo a
estuprou no chão de um banheiro... Assim como ela foi quando
criança.
Ele segurou sua bochecha enquanto a persuadia a olhar para ele.
—Vamos tirar você daqui, ok?
—Não aqui. — Disse ela, e naquele momento, olhando em seus
olhos, ele viu a pequena Jane.
—Eu sei, Bebê. Não aqui, nunca mais. — Ele deslizou as mãos
sob ela e a levantou em seus braços, não esperando mais um segundo
para alguém lhe dizer o que fazer por ela.
Ele a sentiu tensa ao ver Arthur, Hades e Gawain.
—Jane, eles estão aqui apenas para verificar você —, ele disse
suavemente em seu ouvido. —Fique comigo.
—David —, Arthur disse enquanto avançava. —Ela precisa estar
em algum lugar onde se sinta segura - este quarto já contém
lembranças surpreendentes para ela. Leve-a para o seu quarto. Fique
lá até Bedivere vir examiná-la amanhã. Gawain e Elle vão cuidar das
crianças.
—Ela precisa de alguma coisa daqui, irmão? — Perguntou
Guinevere.
David balançou a cabeça. —Ela não tem nada importante aqui.
Jane deitou a cabeça no ombro dele e ele se voltou por instinto
para dar um pequeno beijo na testa.
—Jane! — Gritou Gawain, fazendo David parar.
Ele olhou para ela e viu os olhos dela arregalados de medo.
—Bebê, é Gawain... Está tudo bem se ele te ver antes de irmos
para o nosso quarto?
Os lábios dela tremeram. —Eu não estou limpa.
Ele ouviu Gawain parar de caminhar até eles, e levou tudo nele
para não caçar Jason.
—Você é Jane. Outros estão sujos. — Ele a beijou na têmpora. —
Gawain, você pode vê-la amanhã.
Gawain soltou um suspiro de raiva. —Claro. Eu cuidarei dos
gêmeos. Cuide dela, irmão.
—Eu vou. — Disse David, saindo e sem olhar para trás. Ele sabia
que Jason havia sido retirado de seu quarto e esperava sinceramente
que nunca mais o vissem.
Depois de entrar no quarto, ele a levou para a cama. —Você
pode ficar aqui por apenas um momento?
Ela não respondeu verbalmente, mas pegou o travesseiro. Ele
rapidamente a colocou na cama e a observou rastejar até a
extremidade mais distante. Ela apertou o travesseiro enquanto se
enrolava em uma bola.
David ficou lá por um segundo e se perguntou quantas vezes
Jane se afastou de Jason da mesma maneira. “Eu sempre durmo na beira
da cama.” Dissera ela.
Mais uma vez, ele se forçou a não caçar Jason e simplesmente
desamarrou os sapatos. Ele a observou o tempo todo. Ela não se
mexeu, mas ele não achou que ela tivesse fechado os olhos ainda.
—Jane, eu vou me trocar. Eu estarei bem aqui, no entanto.
—Ok. — Ela sussurrou.
Ele pegou suas coisas rapidamente e se trocou em seu armário
mais rápido do que jamais se vestira antes.
Quando ele saiu, ele decidiu ir até onde ela se situara. Assim
como ele pensou, ela estava olhando para o nada.
—Jane —, disse ele, agachando-se na frente dela. Ele alisou o
cabelo dela para trás, sorrindo porque pelo menos ela não estava
vacilando. —Você precisa que eu durma aqui ao seu lado?
Ela lentamente arrastou os olhos para ele. —Você é real?
Assentindo, ele acariciou sua bochecha. —Você me sente?
—Quente.
Ele riu, pressionando a palma da mão inteira contra a bochecha
dela para que ela pudesse sentir mais. —Viu? Sou real. Você disse que
ninguém se parece como eu.
—David. — Ela disse suavemente, e seu coração doía. Ela não
parecia como ela mesma; ela parecia uma criança.
—Isso mesmo, querida. David. Você quer que eu durma ao seu
lado ou no chão?
—Estou cansada.
—Eu sei meu amor. Está tudo bem dormir ao seu lado? Isso vai
ajudar? Meu batimento cardíaco?
Ela não respondeu. Ela se afastou e foi para o lado oposto da
cama.
David levantou-se, inicialmente desapontado por ela não o
querer, mas sorriu quando ela espiou por cima do ombro.
—Você vai dormir ao meu lado?
Não era o que ele esperava, mas era mais do que ele esperava. —
Claro, Jane. — Ele levantou a coberta e, depois de se deitar a alguns
centímetros dela, cobriu os dois. Mas antes de se deitar, ele se inclinou
e beijou a parte de trás da cabeça dela. —Eu te amo. Tanto, Jane.
Ela assentiu, mas ficou quieta.
—Se você precisar de mim, eu estou aqui.
Mais uma vez, ela assentiu, mas fechou os olhos. Por um tempo,
ele ficou no meio do caminho, inclinando-se sobre ela até que sua
respiração diminuiu. Uma vez que ele teve certeza de que ela estava
dormindo, ele deitou a cabeça, mas manteve os olhos abertos para
observá-la.
Ele tentou não pensar no que ela experimentou junto com a
culpa que ele sentia. Não faria nenhum bem a nenhum deles. Então,
ele tentou pensar nas próximas semanas. No início do dia, ele e Jane
haviam participado de um reunião de instrução sobre sua missão
futura de recuperar os cães de caça para Ártemis. Era algo que ele
secretamente esperava ansiosamente, porque sabia que Jane gostaria
de conhecê-los. Se ela já não estivesse fugindo, ele a teria educado
mais, mas ficou quieto.
Seus pensamentos sobre os animais pararam abruptamente
quando os batimentos cardíacos de Jane aceleraram, e ela começou a
respirar freneticamente. Ela estava hiperventilando enquanto dormia.
David rolou e colocou o braço em volta dela enquanto
sussurrava em seu ouvido: —Shh, bebê, eu estou bem aqui. — Ele a
puxou para mais perto. Ela começou a entrar em pânico, então ele
parou e simplesmente a abraçou. —Eu estou aqui por você. Você não
está aí, Jane. Você está comigo. — Ele beijou a parte de trás da cabeça
dela. —Eles não podem mais te machucar.
Sua respiração irregular diminuiu e ela relaxou contra ele. Então,
ele rapidamente beijou a cabeça dela e passou o braço em volta dela.
Não havia como ele a deixar dormir sozinha. Ele se perguntou
quantas noites ela passou por isso, e ele entendeu o contato constante
da Morte com ela agora. Porque, embora ele não entendesse por que a
Morte não estava vindo para ela agora, ele sabia que o anjo a amava.
Somente ela. A Morte tinha certeza de que ela não estava sozinha, mas
agora era o trabalho dele. Ele tinha que mantê-la inteira, dar-lhe
tempo para ficar mais forte para combater a guerra dentro de si
mesma e o mal que a atraía por razões que ele ainda não conseguia
entender.
Por horas, David orou por ela e orientação até que a exaustão o
dominasse, puxando-o para pesadelos de sua Jane, presente e como
ele a imaginava como uma garota - a garota derrotada e moribunda
que ele amava. Mas de vez em quando, ele a via, sua beleza alta
enquanto ela rugia na escuridão ao seu redor, apenas para ser
engolida inteira.

A pilha de brinquedos parecia interminável quando David


estava sentado no chão, tentando ajudar Nathan a encontrar um
dinossauro em particular. Fazia cinco dias desde o incidente com
Jason, e David não havia deixado o lado de Jane por mais de alguns
minutos de cada vez.
Infelizmente, ela só piorou. Ela não estava exatamente fechada
porque ele podia ver a dor em seus olhos; ela ainda estava vendo
coisas, ouvindo coisas, mas não confiava nele. Arthur lhe dissera em
particular, quando ela tomava banho, sob os cuidados de Guinevere,
que estava com vergonha e nojo de si mesma. Mas ela sabia que ele
estava lá e estava tentando se segurar.
Era terrível testemunhá-la dessa maneira. Ela olhava, evitando o
contato visual com todos. Normalmente, seu rosto se enrugava de
agonia, e ele a pegava e a carregava de volta para o quarto deles, mas
ele sempre a trazia para sentar com seus filhos. Ela nunca interagiu
com eles, mas os assistia. Eles pareciam saber não falar com ela, mas
também tentavam ocasionalmente fazê-la ir até eles.
Era comovente ver a tristeza deles. Nathan, especialmente,
parecia ser afetado. David muitas vezes se via segurando Nathan no
colo enquanto os dois se sentavam ao lado de Jane. Ela nunca olhou
para eles por mais de alguns segundos antes de seus olhos brilharem.
Eles treinaram juntos também, mas seu demônio nunca veio à
tona. A guerreira que ele sabia que ela era nunca apareceu também.
Ela estava simplesmente fazendo isso para agradá-lo. Tudo o que ele
tentou teve pouca reação. Ele leu para ela, conversou com ela, andou
com ela pelo castelo, mas ela nunca se envolveu com ele. Se ele fizesse
uma pergunta específica, ela responderia com uma resposta simples e
depois se afastaria, com o corpo tenso como se estivesse sempre se
preparando para um ataque. Até a hora de dormir e a alimentação
eram sem intercorrências. Ela não se alimentava mais dele; agora ele
estava tirando seu sangue várias vezes ao dia para ela beber, e ela
nunca se arrastou até ele dormindo como tinha feito antes.
A única mudança positiva de eventos foi Jason ficar longe dela.
Embora ele aparecesse sempre que Jane visitava as crianças, ele nunca
chegava perto. David se certificou disso, junto com Gawain e Arthur.
Jason não lutou com eles. Ele apenas a observou, e ele parecia
entrar em sua própria depressão.
David olhou para cima; ele sabia que Jason estava do outro lado
da sala e ele estava certo. Jason sentou em uma cadeira, olhando na
direção de Jane. David já sabia que ela não sabia.
Ele a checou onde a deixou sentada em um balanço. Ela ainda
estava lá, apenas olhando para o nada, mas vendo algo mesmo assim.
Normalmente, ele a procurava, mas Nathan e Natalie precisavam da
atenção de alguém que não fosse a esposa e os cavaleiros. Eles
queriam estar perto de Jane, que estava perto dele.
Depois de aceitar que ela não estava testemunhando algo
horrível demais, ele olhou para a pilha de brinquedos.
Independentemente de que ela não estivesse sofrendo o pior de seus
tormentos, ele a abraçaria novamente assim que pudesse.
David procurou um pouco mais a pilha e deu um suspiro
frustrado. —Nathan, eu não acho que está aqui.
Quando ele olhou para Nathan, ele percebeu que o garoto estava
assistindo Jane. David seguiu seu olhar e encontrou Jane no mesmo
estado. Como ele desejava vê-la sorrir novamente.
—Mamãe triste. — Disse Nathan.
David desviou o olhar de Jane. —Ela vai ficar bem.
Nathan inclinou a cabeça para David e olhou para sua mãe. —
David feliz.
David franziu a testa, sem entender o que ele estava tentando lhe
dizer. Obviamente ele não estava feliz, e ele não achava que Nathan
estava tentando dizer isso.
—Ele quer que você faça mamãe feliz novamente. — Disse
Natalie.
David nem percebeu que ela estava brincando com suas bonecas
ao lado dele. Ele olhou para ela com esperança e sorriu tristemente. —
Eu não sei como.
Nenhum dos gêmeos respondeu a ele, então David voltou sua
atenção para Jane. Ele precisaria levá-la embora em breve.
—Você faz a mamãe sorrir. — Natalie falou novamente.
David voltou os olhos surpresos para ela.
A versão em miniatura de Jane sorriu. —Faça ela sorrir. Ela
nunca sorriu como antes de você.
David ficou atordoado. É claro que ele imaginou que Jane estava
frequentemente deprimida, mas ter um par de crianças de cinco anos
ciente de que ele causou uma diferença era chocante.
Ele olhou para Jane e depois ao redor da sala. Seu olhar pousou
em Arthur. Seu cunhado tinha o hábito de sentar com ele quando Jane
estava perto dos gêmeos.
Eles fizeram contato visual e, com um leve sorriso, Arthur deu
de ombros.
David sabia que Arthur estava simplesmente dizendo que ele
também estava perdido. Por que não ouvir as crianças?
Jason foi a próxima pessoa que ele procurou. Não o surpreendeu
encontrar Jason já o observando. David pôde ver o protesto nos olhos
de Jason. Mesmo que Jason sentisse remorso, ele ainda parecia querer
se apegar a Jane. Para David, além do título de marido e pai dos
gêmeos, Jason não era nada.
—Mamãe gosta de você. — Disse Natalie após o silêncio
contínuo de David.
Ele voltou o olhar para a garotinha. —Você acha?
Natalie geralmente não falava com ele, então ele ficou surpreso
ao vê-la sorrir encorajador.
—Ela te ama. — Disse ela, olhando para sua mãe.
A boca de David se abriu e ele ficou sem palavras quando
Nathan balançou a cabeça no que parecia um acordo silencioso.
Natalie voltou sua atenção para ele. —Você ama ela?
David não tinha certeza de como responder. Eles obviamente
sabiam que ele amava Jane, mas ele tinha a sensação de que
perceberam que era mais do que um amor platônico. Ele estava
completamente apaixonado por Jane, e sabia que ela estava se
apaixonando por ele antes que tudo isso acontecesse.
Ele olhou para Jane. Ela não se mexeu, mas ele sabia que toda a
atenção estava nele. Os outros na sala de jogos, Arthur, Guinevere,
Gawain, Elle e Gareth - todos o observavam. Até Jason, que ele
conhecia, ouvira Natalie desde que ela não se incomodou em falar
baixinho.
Finalmente, ele assentiu. —Sim princesa, eu amo sua mãe. Ela é
meu coração, a razão pela qual vivo e respiro.
Seu alívio ao ver Natalie sorrir amplamente fez seu coração
acelerar.
—Diga a ela, então —, disse ela. —Isso a fará sorrir.
Seu coração afundou. —Princesa, eu disse a ela. Não é tão
simples assim.
Natalie fez beicinho e depois bufou. —Diga a ela novamente.
—Agora —, disse Nathan. —Agora.
David fechou os olhos, orando por um milagre antes de abri-los.
—Nathan, o que você quer dizer?
—Agora. — Foi tudo o que o menino disse.
Por alguns segundos, David observou Jane. Ela não parecia
ciente da conversa que eles estavam tendo, mas ele sabia que Jason
estava. Parecia que ele havia descoberto o que estava acontecendo
com a maneira como seus olhos se estreitaram em David.
—Queremos mamãe feliz. — Disse Natalie calmamente.
David não desviou os olhos de Jason. —Eu quero que ela seja
feliz também.
—David e mamãe felizes. — Disse Nathan.
O sentimento de aprovação dessas crianças pequenas aqueceu
seu peito.
Natalie olhou para a mãe e depois para David, que estava
encarando Jason. David podia vê-la observando-o pelo canto do olho,
mas esperou para ver se ela diria mais alguma coisa.
Ela disse. —Nós queremos que você a faça feliz. Papai machucou
muito a mamãe. Ela acha que não sabemos, mas ouvimos quando ela
chora. Papai costumava gritar com ela porque ela estava triste, mas ele
simplesmente a ignora agora. — Ela respirou fundo. —Nós queremos
que você a ame... Como papai deveria.
Lentamente, David virou-se para os gêmeos. —Você está bem
comigo amando mamãe?
Nathan já estava assentindo, e Natalie sorriu tristemente. —
Estamos bem.
Era disso que David precisava. —Fiquem aqui. Vou ver se
consigo trazer a mamãe de volta para nós.
Eles assentiram ansiosamente, e ele beijou cada uma das cabeças
antes de se levantar.
Ele ouviu Jason tentando se levantar, mas Gawain o estava
calando. —Deixe para lá, Jason.
David não parou; ele nem os reconheceu. Nada o impediria de
fazer isso agora. Quando ele ficou na frente dela, respirou fundo. Ela
não estava olhando para ele ou reagindo, mas ele não deixou que isso
o dissuadisse.
Ele pegou a mão de Jane. Ela estremeceu e olhou para ele, mas
ele sorriu e a puxou para seus pés. Nada importava agora, apenas ela.
Ele deslizou os dedos pela bochecha gelada dela, entristecido por ela
não ter mais seu calor único, mas sorriu quando um sorriso sereno se
espalhou por seus lábios.
—David. — Ela sussurrou, como se finalmente estivesse
aceitando que ele era real.
Ele não disse nada e colocou uma mão na cintura dela. Ela olhou
nos olhos dele, e ele a puxou para que seus corpos se tocassem. As
mãos dela foram para o peito dele e ela olhou para ele, mas ainda não
como a Jane. Ele ia mudar isso agora.
Ainda segurando o lado dela, ele moveu a mão para as costas
dela e, com a outra mão, inclinou o rosto para cima. Por alguns
segundos, ele estudou o rosto dela antes de olhar de novo nos olhos
dela. Aqueles olhos tinham sido sua salvação, seus sonhos, seu futuro.
Um leve brilho de ouro brilhou nos dois olhos, e ele sorriu. —
Chega disso, bebê.— Antes que ela pudesse responder, ele pressionou
seus lábios nos dela.
Ela ficou tensa em seu abraço, mas quase imediatamente relaxou
e agarrou seus ombros. Então seus doces lábios responderam,
pressionando contra os dele.
O coração de David bateu forte, e ele a agarrou com mais força
enquanto a beijava com mais força. Ela apertou as mãos nos ombros
dele também, e ele deslizou a mão nos cabelos dela. David mordeu o
lábio inferior, puxando os cabelos para inclinar mais o rosto. Quando
ela estava como ele a queria, ele abriu a boca e Jane estava ali, a língua
dela encontrando a dele, beijando-o tão ferozmente quanto ele.
Os dois soltaram sons agradáveis quando Jane o puxou mais
para baixo. Ele sorriu contra sua boca brevemente, sabendo que ela já
estava na ponta dos dedos dos pés.
Então, não puxando a boca da dela, ele a levantou e deslizou o
antebraço sob a bunda dela. Ela não o deixou ir também. Com um
braço em volta do pescoço e um no cabelo, ela o segurou como se
nunca quisesse deixá-lo ir.
David garantiu que seu beijo nunca pudesse ser substituído pelo
de outro. Ele a beijou até saber que ela precisava respirar, mas ele não
se afastou. Ele esfregou os lábios nos dela enquanto recuperavam o
fôlego e sorria quando os lábios dela se curvaram para cima.
— Aí está meu amor. — Ele sussurrou, beijando-a suavemente.
Ela tinha gosto de frutas vermelhas, e ele as provaria todos os dias até
morrer.
Sabendo que eles tinham que parar, ele se afastou, sorrindo
quando seu sorriso sonhador o cumprimentou. Seus olhos estavam
fechados, mas ela nunca parecia tão pacífica do que naquele
momento.
—Abra seus olhos, bebê. Estou aqui.
Aqueles olhos que estavam sem brilho ou doloridos durante
toda a semana estavam agora abertos e ardiam intensamente com fogo
dourado. David se inclinou para capturar os lábios dela mais uma vez,
mas manteve isso breve.
Ele estava orgulhoso. Ele colocou essa felicidade no rosto dela.
Ele a fez feliz, e esse foi o melhor sentimento que ele poderia pedir.
Havia algo sério para discutir, no entanto. —Jane. — Disse ele,
observando-a sorrir vacilante. Não fique triste... Eu só quero deixar
algo claro.
—Tudo bem. — Ela disse suavemente.
—Você é minha agora —, disse ele, observando-a com cuidado.
—Você me entende, amor? De ninguém mais. Se você me aceitar, você
nos aceitará sem nenhuma dúvida.
Jane olhou para ele com um olhar alarmado no rosto. Ele sabia
que ela estava ciente de todos os assistindo agora, o que significava
que ela sabia que seus filhos e Jason estavam assistindo.
Ele balançou a cabeça para ela e beijou seus lábios. —Não se
preocupe com eles. Isto é sobre nós... Eu te amo. Só você. Sempre foi
você.
—Mas você disse que não agora. — Ela sussurrou, os olhos ainda
arregalados e seu aperto ficando mais forte nele.
—Eu sei o que disse antes. Mas conversei com duas crianças de
cinco anos muito persuasivas, e elas me fizeram perceber que só estou
machucando você por ficar para trás. — Ele moveu a mão para
embalar sua bochecha. —Eu nunca vou te machucar novamente. Se
você nos quer, como eu penso que você quer, diga que você é minha
agora.
Quando ela continuou olhando entre os olhos dele, ele
aproximou o rosto, tocando o nariz dela com o dele. —Você vai ser
minha, Jane?
Ele esperou antes de se aproximar e observou os olhos dela
dispararem entre os dele. Ele sabia que ela estava assustada. Ainda
havia muita coisa acontecendo, muita coisa pela frente e muito depois
disso. Ela tinha um longo caminho de recuperação pela frente, mas ele
estava lá para ajudá-la em tudo isso.
—Eu vou —, ela respondeu, com a voz embargada, mas seu
sorriso brilhante e feliz. —Eu sou sua, David.
Sorrindo, ele puxou seus lábios nos dele, beijando-a longa e
duramente. —Eu te amo. — Disse ele, sorrindo enquanto continuava
colocando pequenos beijos em seus lábios inchados.
Ela assentiu, uma das lágrimas cobrindo o polegar dele.
—Está tudo bem agora —, ele disse suavemente. —Vamos
trabalhar juntos em tudo.
Ela deu um leve aceno de reconhecimento e pressionou seu
próprio beijo nos lábios dele.
Ele suspirou e a beijou de volta, seu peito estremecendo ao senti-
la tentando puxá-lo para mais perto. Ele sabia que eles precisavam
parar, no entanto.
Ela choramingou novamente quando ele parou, então ele a
beijou mais duas vezes e riu enquanto se inclinava.
—A propósito, Jane —, disse ele com um sorriso. —Você está
nisso.
—O que-
Ele riu e beijou seus lábios mais uma vez antes de colocá-la de pé
e disparar em direção aos gêmeos.
—Eu marquei mamãe. Ela é ela. Corram! — Ele gritou, e Natalie
decolou gritando, Gawain rindo quando ela correu em sua direção.
Nathan não correu. Em vez disso, ele estendeu os braços para
David e rapidamente pegou o menino antes de levá-lo ao jogo de
madeira. Ele colocou Nathan na torre e se virou para ver Jane parada
lá. Ela piscou algumas vezes e olhou, parando quando Gawain gritou,
gritando: — Ela nos viu, Natalie! Corra! — Então, seu amigo e a
menina correram para um conjunto de sofás onde Arthur e Guinevere
estavam sentados.
—Bebê. — David disse depois de sinalizar para Nathan se
esconder no canto da torre.
Jane lentamente olhou para ele. —O que está acontecendo?
Ele riu e curvou o dedo. —Venha nos pegar, bebê. Eu vou te
mostrar o que está acontecendo.
Ela olhou em volta mais uma vez antes de voltar o olhar para ele,
e ela sorriu.
—Aqui está minha garota corajosa. Venha brincar, querida.
E ela foi.

22
SOU ALGO PARA VOCE
Jane sorriu enquanto observava David cuidadosamente perto da
porta do quarto de reposição de Gawain. Era onde seus filhos estavam
hospedados, e ela estava testemunhando, realmente testemunhando, o
quanto David se tornara parte de sua rotina.
Após passar o dia brincando com eles, David a dava um beijo
quando eles não estavam olhando, até que ele disse que era hora de
dormir. Eles pularam e seguiram Gawain para fora da sala de jogos
sem nenhum protesto. Ela tinha perdido tudo isso. David, os
cavaleiros e suas esposas haviam transitado suavemente em uma
espécie de família extensa para seus bebês. E David, ele era o melhor.
Depois de marcharem pelos corredores até os aposentos de Gawain,
Jane viu David se encarregar de tudo.
Ele se certificou de que eles foram banhados, seus dentes foram
escovados e até contou uma história para dormir sobre uma de suas
batalhas em que ele e Gawain salvaram uma princesa.
—Você sempre terá esse sorriso sonhador em seu lindo rosto,
bebê?
Ela sorriu mais e olhou para ele. —Eu simplesmente não percebi
o quanto você faz com eles.
David colocou as mãos na cintura dela. —Gosto de estar perto
deles. Eles me fazem sentir mais perto de você, e eu sei que você não
quer nada além de tê-los felizes e amados. Se posso fazer parte dessa
felicidade e sei que isso ajuda a tornar seu dia mais fácil, sou um
homem feliz.
—Obrigada, David.
Ele sorriu e ela prendeu a respiração quando ele se inclinou. —
De nada meu amor. — Com essas palavras sussurradas entre eles, ele
deu o vigésimo beijo do dia.
Jane suspirou, segurando os lados do rosto para mantê-lo perto
enquanto ela o beijava de volta. Sempre tão quente. Sempre perfeito.
Ele era o fogo que a consumia sem destruí-la.
David pegou as mãos dela e começou a levá-la para fora da suíte
de Gawain.
Ragnelle os encontrou na porta e inclinou a cabeça para David.
—Arthur me pediu para informar que ele e os outros estão treinando,
e eles farão uma reunião de instrução sobre a próxima missão. No
entanto, ele gostaria que você e Jane passassem uma noite tranquila
juntos. Amanhã vocês três podem revisar os detalhes. — Ela sorriu
para Jane. —O resto dos homens foi informado das notícias e espera
felicitar vocês dois amanhã à noite.
David levantou a mão de Jane e beijou as costas dela, enquanto
ele respondia à esposa de Gawain. —Obrigado, Elle... Tem certeza de
que não se importa de vê-los?
—Nem um pouco —, disse Ragnelle. —Gosto de cuidar deles.
—Bem, deixe-nos saber se há algum problema. — disse David.
—Claro. — Ragnelle inclinou a cabeça novamente. — Sir David.
—Boa noite, Elle. — David abriu a porta. —Vem cá bebê.
—Obrigada por assisti-los. — Jane disse a Ragnelle antes que
David pudesse puxá-la para fora do quarto.
—De nada, Jane. Tenha uma agradável primeira noite como
Outros verdadeiros.
David riu quando o rosto de Jane ficou quente, e ele a puxou
para perto. —Nós vamos. Obrigado.
—David. — Jane sussurrou depois que ouviu a porta se fechar.
—Hum?
—Isso tudo está realmente acontecendo?
Ele parou e olhou para ela. —Sim, Jane.
Ela assentiu, olhando para longe dele. —Acabei de sonhar com
coisas semelhantes acontecendo com você e comigo, mas sempre
acordo com elas.
David se virou e de repente a levantou. —Coloque suas pernas
em volta de mim, Jane.
Ela seguiu o comando dele e descansou as mãos nos ombros
dele, enquanto ele a segurava melhor. —Você já fez isso nos meus
sonhos antes.
Ele sorriu, segurando a coxa dela antes de deslizar a mão sob a
bunda dela. —Isso também? — Ele apertou sua bunda.
—Especialmente isso. — Ela sussurrou quando estendeu a mão
para tocar sua bochecha.
—Hum... — Seus olhos brilharam para uma cor azul pálida. —O
riacho?
Jane ofegou e tentou balançar a cabeça, mas ele sorriu e começou
a carregá-la na direção de sua asa.
—Eu me perguntei sobre isso. — Ele baixou o rosto para o oco
do pescoço dela. —Você disse que era um sonho muito bom, eu me
lembro.
Ela colocou os braços em volta do pescoço dele, suspirando
quando ele pressionou os lábios contra a pele dela. —Foi um sonho
maravilhoso.
—Eu prometo, Jane, nenhum sonho se compara à coisa real.
—Mostre-me. — Ela respirou, apertando os dedos nos cabelos
dele.
Ele levantou a cabeça e a beijou suavemente. —Hoje não, meu
amor.
Jane virou a cabeça para o lado quando uma leve pontada
ressoou dentro de seu peito. David não disse mais nada enquanto a
carregava para o quarto. Ela não sabia o que pensar. Tudo estava
perfeito desde que ele pediu que ela fosse a dele antes; não parecia
real. Talvez ela não estivesse acordada.
—O que você está pensando, provavelmente é falso —, disse
David enquanto a colocava em sua cama. Ele pairava sobre ela, mas
seu toque era suave enquanto segurava sua bochecha. —Fique aqui.
Eu preciso tomar banho.
Ela olhou para as costas dele enquanto ele se afastava. O som da
água correndo alcançou seus ouvidos em pouco tempo.
Jane suspirou e tirou os sapatos. Não havia sentido em enfrentá-
lo se ela iria acordar e hoje nada é verdade. Talvez fosse por isso que
parecia tão perfeito.
—Tire sua camisa e calça.
Assustada com a voz de David, e o que ele disse, Jane olhou em
direção ao banheiro. Lá ele estava usando apenas sua cueca boxer,
com todos os seus deliciosos músculos em exibição.
—O que? Por que? — Ela perguntou, congelada no lugar.
Ele caminhou até ela e pegou o sapato da mão dela. —Estamos
tomando banho. Juntos. Deixe suas roupas de baixo, mas tire sua
camisa e calça.
Seus olhos dispararam em direção ao banheiro enquanto seu
pulso repentinamente pulsava perigosamente rápido em seus
ouvidos.
—Jane —, disse ele, pegando o rosto dela em suas mãos. —Eu
estarei com você.
—Eu não quero tomar banho. — A voz dela falhou.
Ele se inclinou e beijou sua testa. —Eu vou ajudá-la a se despir.
Apenas relaxe. Eu já vi você antes, e sempre fiquei admirado com o
que vejo.
Seus olhos arderam, mas ela ficou parada. Ela estava com
vergonha de deixá-lo vê-la, mas tinha mais medo de ir ao banheiro;
ela não tinha parado de ver coisas horríveis sempre que a forçaram a
entrar na última semana.
David cuidadosamente tirou a blusa dela antes de levantá-la o
suficiente para poder empurrar o jeans dela para baixo. —Eu sei que
você tem medo do banheiro mais do que nunca.
—Você sabe? — Ela perguntou quando ele a levantou em seus
braços.
Ele a levou para sua suíte de banho. —Eu sei. É por isso que
vamos ter uma boa memória aqui.
Jane olhou para ele, os olhos arregalados enquanto procurava
seu belo rosto. —Como?
David acenou com a cabeça para a banheira cheia. —Não é um
riacho, mas imaginei que, já que qualquer sonho travesso que você
teve provavelmente foi demais por agora, poderíamos pelo menos
reencenar parte da noite.
—David. — Ela sussurrou enquanto ele acendia uma única vela
e a colocava perto da banheira.
—Eu sei que não foi o melhor dos eventos que nos levou até lá,
mas foi nosso primeiro mergulho juntos, nossa primeira vez tocando
porque queríamos tocar. Eu vi meu bebê ao luar naquela noite...
Continua sendo uma das minhas atrações favoritas na minha longa
vida.
Ela não sabia o que dizer. Ela nunca pensou em fazer lembranças
felizes onde experimentara coisas terríveis.
—Eu esquentei, mas você pode aguentar —, ele disse enquanto a
ajudava a entrar na banheira. —Continue de pé, eu vou sentar atrás de
você.
Jane estava queimando, e não era da água quente quando ela
espiou por cima do ombro para ver David, ainda vestindo sua cueca
boxer, se afundando na água logo atrás dela.
Ela gritou e virou-se para frente quando ele a olhou nos olhos.
Era difícil ficar lá. Pelo menos ela estava olhando para o outro lado,
mas de repente ficou horrorizada que sua bunda estivesse bem no
rosto dele e tentou deslizar discretamente uma mão para esconder
suas nádegas.
Ele riu e empurrou a mão dela. —Não se esconda. — Ele agarrou
seus quadris, e ela podia sentir a respiração dele em sua bunda. —
Milímetros... Sente-se antes de eu fazer algo que provavelmente não
deveria.
Seu corpo tremia quando ela se situou entre as pernas dele.
—Como é isso? — Ele perguntou, puxando-a de volta contra o
peito. Ele beijou a lateral do pescoço dela. O beijo dele parecia uma
marca, e ela teve que apertar os lábios para não gemer.
—Vamos continuar fazendo boas lembranças aqui. — Ele passou
os lábios pelo pescoço dela antes de beijar atrás da orelha. —E então
um dia você verá somente nós quando entrar em uma suíte de banho.
Só nós.
David começou a lavá-la com um pano, e Jane, ela estava no céu.
—Feche os olhos, bebê —, ele sussurrou em seu ouvido. —Tudo
bem se você adormecer.
Jane inclinou a cabeça para poder ver os olhos dele. —Eu tenho
medo.
Ele levantou uma mão da água e segurou a bochecha dela
enquanto a beijava. —Jane, eu não sou um sonho. Pedi para você ficar
comigo esta tarde. Você é minha e eu sou seu.
—Eu sou sua. — Ela sussurrou e recebeu um beijo mais longo e
profundo.
—Sim meu amor. Agora feche os olhos. Você teve um longo dia.
Ela o fechou os olhos, e sorriu sonolenta quando ele abaixou a
boca no ouvido dela.
—Minha Jane. — Ele beijou o cabelo dela. —Eu te amo.
—Eu...
—Não diga, Jane... Ainda não. — Ele deslizou o pano pelo
pescoço dela.
—Meu David. — Ela murmurou com um leve sorriso.

Jane atraiu a multidão que Arthur estava prestes a abordar no


salão principal. Era véspera de sua partida e era hora de anunciar sua
missão no reino de Arthur. Ela e David já haviam sido informados de
que estavam saindo para um local não revelado para encontrar e
resgatar os cães que Ártemis e Hades estavam procurando. Jane ainda
não sabia ao certo quais eram os cães, mas estava mais preocupada em
deixar os filhos. Era a última coisa que ela queria, mas sabia que
David era necessário e sabia que deixá-la para trás estava fora de
questão.
Esse anúncio era outra coisa que ela não queria fazer. Foi bom
acordar envolto nos braços de David. Não era algum truque cruel
jogado por sua mente, afinal. Tudo o que ela queria fazer hoje à noite
era ficar perto de seus filhos e saborear a segurança que o castelo
fornecia com David ao seu lado. Arthur disse a ela que entendia os
sentimentos dela e prometeu que ela teria o dia inteiro para relaxar,
mas achou importante que o reino a visse bem e aceitasse plenamente
o papel de Outra de Davi. Rumores de seu ataque contra os outros
vampiros na noite em que Hades chegou e seu estado mental instável
corria desenfreado pelo reino. Ele, David e todos os cavaleiros
disseram a ela que seria sensato mostrá-la sob uma luz completamente
positiva antes de partirem, e cada um prometeu estar à procura de
alguém que a desejasse.
Jane desviou os olhos para o encontro de mulheres que
continuavam sussurrando atrás de suas mãos enquanto olhavam na
direção dela e de David. Ela não se sentia ameaçada, mas não gostava
dos olhos delas continuamente devastando David. Ela percebeu que
muitos dos vampiros pareciam aceitá-la como a escolha de David, mas
era difícil ignorar os pequenos grupos de mulheres que claramente
não gostavam que ela estivesse lá.
Jane se inclinou contra David enquanto ela levemente acariciava
seu peito. Não era muito, mas ela sentiu que era uma maneira de
mostrar que lhe era permitido esse contato com ele. Não elas.
—Divertindo-se? — David perguntou enquanto colocava o braço
sobre o ombro dela, puxando-a ainda mais para perto.
Os lábios dela se contraíram quando ela lutou sorrindo e olhou
para ele. —Não sei o que quer dizer... Eu adoraria ficar sozinha com
você e as crianças, não aqui.
Ele riu, lançando um rápido olhar atrás dela. —Mas se
estivermos sozinhos, você não mostrará a todos que você é minha
Jane. Você tem alguma ideia de como estou feliz por poder dizer isso e
é verdade?
Ela sorriu dessa vez. —Eu sei; Sinto o mesmo, mas esses grupos
continuam olhando e sussurrando. Eu estava apenas... não sei.
—Tenho certeza de que você foi admirada com frequência, Jane.
Infelizmente, ser minha Outra e também minha namorada — ele deu
um sorriso sexy. — vai atrair mais atenção para você. Aquelas que
parecem infelizes são esperançosas ilusórias para o título como minha
Outra. Alguns homens, no entanto, têm outras razões para encará-la.
—Esperançosas ilusórias. — Disse ela com um escárnio amargo.
Ele franziu o cenho para ela, então ela explicou sua atitude antes que
ele pudesse perguntar qualquer coisa. —Ártemis está do outro lado da
sala. Ela está olhando para você o tempo todo em que estivemos aqui
também. E ela não era tão ilusória.
David soltou um suspiro enquanto estudava o rosto dela. —
Fique parada.
—Por quê? Existe um inseto em mim? — Jane tentou olhar sem
se mexer muito, mas parou quando percebeu que ele estava fazendo o
possível para não rir. —Não ria. Tira isso!
Ele sorriu e rapidamente segurou sua bochecha antes de abaixar
o rosto e capturar seus lábios com os dele.
—Oh. — Ela sussurrou, sua pele pegando fogo quando ela
começou a beijá-lo de volta.
Cada beijo entre eles era mágico. David sempre controlava os
beijos, guiando-a - dominando-a - e não demorou muito para Jane
esquecer tudo sobre seus sentimentos amargos em relação a Ártemis e
à multidão.
As mãos de Jane tremiam quando ela agarrou sua cintura. Tudo
o que ela queria era estar mais perto, sentir mais dele. O fato de ela ter
adormecido durante o banho e o tempo que passaram com os filhos
tornara impossível fazer as coisas que ela fantasiava com ele. Tendo a
atenção dele para si mesma agora, ela esqueceu tudo e tentou
empurrar a camisa dele para cima.
Um rosnado baixo retumbou dentro de seu peito. Isso a lembrou
onde eles estavam. Ela ficou decepcionada, mas secretamente adorava
ser repreendida por ele. Ele sabia disso também, o que era evidente
quando ele de repente sorriu contra os lábios dela.
David lentamente terminou o beijo chupando o lábio inferior. Ela
não queria que terminasse, mas abriu os olhos quando ele a soltou.
Ele estava sorrindo, seus olhos felizes, apesar de parecer que ele
queria devorá-la ali. —Eu te amo muito.
Suas bochechas quase doíam com o sorriso que se formou em
seu rosto. —Eu também te amo demais.
David riu e a beijou novamente antes de se endireitar. —Vou
começar a acompanhar suas provocações, Jane. Eu prometo, seu
castigo está chegando.
Ela mordeu o lábio sensível enquanto se perguntava o que ele
faria. Por mais que ela desejasse fazer mais com ele, ela também
estava aterrorizada. E se ele não gostasse dela depois? E se ele dissesse
as mesmas coisas que Jason disse?
—Você está se metendo em mais problemas. — Seu tom de
provocação ainda era uma ameaça, mas ela não sabia o que estava
fazendo agora; sua mente começou a levá-la a algum lugar perigoso.
Quando ela olhou para cima novamente, ela engoliu em seco o
predador olhando para ela.
—Pare de morder o lábio. — Disse ele em voz baixa, seu olhar
completamente focado na boca dela.
Jane chiou e soltou o lábio; ela não tinha percebido que estava
mordendo. Quando ele continuou olhando para sua boca, ela desviou
o olhar.
Ele riu, beliscando levemente o lado dela. —Ela é uma gatinha e
um rato.
Ela não se atreveu a olhar para ele. Em vez disso, ela apenas se
abraçou e olhou ao redor da grande multidão de vampiros. Talvez se
ela se concentrasse neles, ela esquecesse suas preocupações sobre
David ficar com nojo dela.
Depois de soltar um suspiro, ela observou os diferentes rostos,
mas de repente se viu encarando os rostos dos demônios. Era dela que
eles estavam se escondendo de medo. Ela sabia que era superior.
Você ainda é um monstro.
—Jane, fique aqui comigo. — David disse suavemente.
Ela fechou os olhos e se apoiou nele quando ele trouxe uma mão
para cobrir seu rosto, protegendo-a dos outros.
—Vamos lá —, disse ele, pegando a mão dela enquanto olhava
para onde Arthur estava entrando na frente do corredor. —Nós
voltaremos. Talvez.
Arthur olhou para ela e sorriu tristemente. —Não se apresse,
mas tente voltar antes que eu dispense todos.
David não respondeu e rapidamente a levantou. —Enrole suas
pernas em volta de mim e me olhe nos olhos, Jane.
Ela ainda estava com os olhos fechados, mas segurou o aperto e
respirou fundo quando levou uma mão ao rosto dele. As imagens dela
com um sorriso malicioso enquanto ela ficava ao lado de um homem
com um exército de demônios atrás deles não deixavam sua mente.
—Pare de pensar sobre isso. — David finalmente parou de andar
e segurou a bochecha dela com a mão livre. —Abra seus olhos.
—Eu tenho medo. — Ela sussurrou quando tudo que ela podia
ver era sangue.
—Não tenha medo. Estou aqui. —Ele lhe deu um beijo
carinhoso. — Você me sente?
—Sim. — Ela o beijou de volta, choramingando quando ele
rapidamente abriu a boca, aprofundando o beijo.
Suas costas encontraram a parede, e David apertou o quadril
antes de pegar a mão que ainda tremia contra sua bochecha.
Ele entrelaçou os dedos e puxou afastou os lábios, mas beijou-lhe
a bochecha, o nariz e os lábios mais uma vez. —Jane —, ele sussurrou,
roçando o nariz contra o dela. —Abra os olhos.
Ela ainda viu chamas e a si mesma diante deles com um homem
ao seu lado, mas estava escuro, agora sombreado. Então, espiando um
olho primeiro, ela viu o rosto de David e choramingou quando abriu o
outro.
Ele balançou a cabeça. —O que você está vendo?
—Eu não quero dizer... Você vai pensar mal de mim.
—Jane, mesmo possuída por sua entidade, me dominando,
beijando a Morte, atacando meus irmãos e eu, pensei mal de você?
Certamente não pensarei mal de você por ver coisas que não pode
controlar.
—Você não sabe que tipo de coisas eu vejo.
—Porque você não me conta, Jane.
Ela suspirou, tentando absorver o máximo possível da presença
dele. Tanto quanto sua mente ordenou que ela não o dissesse, seu
coração pediu que ela confiasse nele. Seu coração venceu. —Eu me
vejo. Estou liderando um exército de demônios. Há sangue e fogo, e
estou sorrindo ao lado de um homem, mas não sei dizer quem ele é.
— Lentamente, ela olhou para ele. Ele estava franzindo a testa, mas
não parecia chateado.
—Quantas vezes você vê isso? — Ele deslizou o polegar para
frente e para trás ao longo de sua mandíbula.
—Só hoje. Vi algo semelhante quando falamos com Arthur antes.
Eu estava olhando para aquela pintura sua e de repente me vi, mas
parecia louca - mal. Normalmente eu vejo outras coisas.
—Como o quê?
Ela o encarou por um longo tempo, sem querer contar, mas
deixou escapar um suspiro duro e disse um pouco: —Eu vejo meu
passado - as coisas ruins, apenas as coisas ruins. Eu me vejo sofrendo
e matando você e os cavaleiros, ou eu me vejo cometendo suicídio. —
Não havia como ela estar dizendo a ele o que muitas vezes se via
fazendo aos filhos, ou os detalhes do que seu passado realmente
infligia a ela.A expressão dele se transformou em algo que ela não
sabia como descrever, além do que ele parecia estar em agonia. —Oh,
meu amor. — Ele rapidamente a beijou e descansou a testa na dela. —
Eu sabia que você via coisas, mas nunca imaginei isso.
—Eu sinto muito.
—Não. Não se desculpe. Você sempre viu essas coisas? Ou isso
começou recentemente?
Jane estava muito chocada para responder. Ele não estava
olhando para ela como Jason ou os outros tinham. Ele estava olhando
para ela com amor e segurando-a com força.
—Jane?
—Você acredita em mim?
Ele olhou entre os olhos dela. —É claro. Eu posso ver quando
sua mente está torturando você. Eu simplesmente não tinha ideia do
que você via... Sempre foi assim?
Uma lágrima escorregou de seus olhos quando ela deu de
ombros. —Foi pior na semana passada. Eu não sabia o que era real...
Você realmente acredita em mim?
David a beijou repetidamente: —Sim, querida. Eu acredito em
você. — Ele beijou as bochechas e o nariz dela. —Foi por isso que você
desligou antes, não foi? Você não podia mais ver essas coisas, então se
escondeu delas.
Jane chorou e passou os braços em volta do pescoço dele,
enquanto assentia. Ele entendeu e não a estava julgando. Ele não
estava olhando para ela como se ela estivesse louca ou a chamando de
mentirosa. Ele se importava. Ele acreditava nela.
David suspirou, abraçando-a enquanto ele a esfregava nas costas
e murmurava palavras suaves em seus cabelos. —Eu sempre estarei
aqui. Você pode vir até mim, ok?
Ela assentiu novamente e apertou-o. —Você acredita em mim.
—Eu acredito em você, e sempre acreditarei que você é mais
forte do que essas imagens. Sempre acreditarei que, mesmo que você
tenha medo, seja corajosa o suficiente para superar esses pesadelos.
Mas não tenha medo de se apoiar em mim quando se tornar grande
demais. Não posso lutar essas batalhas por você, mas posso mantê-la
unida através delas.
A voz de Gawain a deixou tensa e abraçou David com mais
força. —David, Jane... está tudo bem?
—Não —, disse David, dando um beijo no lado de sua cabeça. —
Mas estamos chegando lá.
Jane virou a cabeça para ver seu cavaleiro fraternal e sorriu
quando ele avançou e a esfregou nas costas.
—Eu também estou aqui, Jane.
—Obrigada. — Disse ela, olhando para David.
Ele beijou sua bochecha, mas rapidamente se dirigiu a Gawain.
—Ele está quase pronto?
Gawain suspirou e assentiu: —Se vocês dois acham que está
tudo bem, devem voltar agora como uma unidade forte. — Ele sorriu
para Jane. —Basta fazer o que Elle faz, Jane. Ela chama isso de cara de
cadela em repouso.
Jane riu alto enquanto David ria e a abaixava:
—Não acredito que você acabou de dizer isso. — Jane esfregou
as lágrimas restantes do rosto com uma mão enquanto David a
pegava com outra,
Gawain cutucou seu ombro com o dele quando começaram a
andar, sorrindo seu sorriso despreocupado de sempre. —Ela faz isso
muito bem. Vi um desses memes e mostrei ela... Ela não se divertiu.
Ela não me deixou me alimentar dela por uma semana inteira.
Ela riu e descansou a cabeça no braço de Gawain por apenas um
segundo. Ela sabia que ele estava dizendo isso para animá-la. —
Obrigada, Gawain.
—É claro, amor ... Agora, levante o queixo, sem sorrir, a menos
que esteja mostrando suas presas e inicie o rosto de cadela em
repouso.
David empurrou Gawain para longe. —Vá, seu palhaço. Vamos
nos juntar a todos em breve.
Gawain piscou enquanto se afastava para se juntar aos outros no
salão principal.
—Apenas fique de pé. — Disse David enquanto ajeitava os
cabelos no lugar.
Ela revirou os olhos, mas sorriu. — Isso é uma piada sobre a
minha altura?
Ele beijou sua testa: —Bebê, na maioria das vezes, olho para você
e acho que você é mais alta que eu por causa das coisas corajosas que
você faz.
As batidas do seu coração dispararam, e todo o seu corpo
esquentou. —Só você poderia me fazer sentir feliz por ser pequena.
Ele sorriu e abaixou o rosto para beijá-la mais uma vez, desta vez
nos lábios. —Abrace você, meu amor. Você é tão incrível se você
apenas se permitir ver o que eu faço. Agora, permita-me a honra de
anunciar você como minha outra e mulher.
Ela corou, mas endireitou as costas quando ele a puxou para o
salão principal.
— Muitos de vocês sabem — Arthur estava dizendo ao entrarem
no enorme salão. — nossa recente missão resultou em voltar para casa
com quatro indivíduos. A Outra de Sir David.
Os sussurros tomaram conta do corredor quando David colocou
a mão nas costas dela. Ele olhou para a multidão sem um pingo de
emoção, lembrando Jane dos momentos em que ela pegou a Morte
olhando para outra pessoa que não ela.
Arthur continuou, gesticulando nela —Tenho o prazer de
anunciar que Jane está passando bem para a imortalidade. Ela estava
bravamente lutando contra a praga antes que David a reivindicasse
como sua Outra, e sua força e habilidade adicionais à sua coragem
apenas a tornaram um membro mais inestimável do nosso reino. Ela é
uma guerreira feroz, e poucos, se houver, podem derrotá-la em
batalha.
Jane teve que se esforçar para manter uma cara séria; ela não
podia acreditar que ele disse isso! Nem a reunião de vampiros pela
maneira como eles olhavam para ela. Ela não sabia o que deveria
fazer, mas David claramente não sabia seria o jeito que eles estavam
olhando, porque ele mostrou suas presas, fazendo com que todos
olhassem para trás.
Arthur falou novamente: —Jane é a mais talentosa e imortal que
já testemunhamos. Os rumores de que ela possui poder e habilidades
inigualáveis são verdadeiros. Assim são os rumores de que sua família
humana vive dentro do castelo. Eles são uma adição querida ao nosso
reino. Cada um dos meus cavaleiros jurou a Jane e sua família. — Os
sussurros cresceram novamente: —Desde que Sir David e Jane
levaram recentemente seu relacionamento além do criador e se
declaram Outro um do outro, considero Jane e a família de seus filhos
como parte da coroa. Eles serão respeitados e tratados como membros
da família real a partir desse dia em diante.
—Ela é casada com um humano! — Alguém gritou, puxando
suspiros e conversas chocadas.
—Silêncio! — Arthur rosnou e deu um passo à frente: —Os
assuntos que envolvem o casamento de Jane não são da sua conta. Ela
é a outra de David, sua companheira; ela e seus filhos são da família.
Qualquer ameaça a eles ou a seu marido afastado não será tolerada.
Exílio ou morte esperam quem teste minha paciência.
Imediatamente, o salão se acalmou e Jane relaxou um pouco
contra David.
—Agora. — Arthur se recompôs e falou calmamente: —Quando
eu lhes informei sobre nossa próxima partida, uma guarda completa
foi colocada dentro do castelo. Eles foram autorizados a eliminar
qualquer ameaça a esta família com ou sem a aprovação prévia da
minha rainha.
Jane sentiu-se tremer, mas manteve a expressão neutra e
encontrou cada par de olhos que ela olhava. Ela não tinha planejado
olhar para Ártemis, mas Jane não gostou mais uma vez que estava
recebendo um ciúme imerecido. Ártemis desviou os olhos de Jane
para onde as mãos de David descansavam nas costas.
Honestamente, Jane estava cansada de todo o drama que estava
passando com essas mulheres. Ela tinha problemas suficientes e já
havia lidado com essa merda. Quando ela era mais jovem, sabia que
as histórias de deuses e deusas estavam cheias de ciúmes, sexo e
assassinato, mas ela ficou surpresa ao ver que eles realmente se
comportavam dessa maneira. Jane percebeu que a primeira impressão
que causara com Ártemis era um abuso antes de se tornar uma
bagunça emocional. Ela não tinha sido corajosa ou confiante como
David havia dito que deveria. Talvez tenha sido por isso que seu
primeiro aviso pareceu ter sido desconsiderado.
Ela mudou sua postura para ficar na frente de David, de frente
para ele. Ártemis e Jane encontraram seus olhos e Jane tentou fazer
possível para não parecer afetada quando Ártemis olhou para ela.
Quando Jane não reagiu, Ártemis rosnou, apenas para ser
abruptamente silenciada por seu tio. Hades puxou a sobrinha para o
lado ao mesmo tempo em que David enfiou o dedo na cintura de Jane
e a puxou de volta para ele.
No começo, ela pensou que ele a estava segurando com medo de
atacar Ártemis, mas ela rapidamente percebeu o quão tenso ele estava,
e o barulho baixo dentro de seu peito.
Ela olhou para cima e viu que ele estava olhando em uma
direção diferente. Porra, Jane pensou ao ver Melody assistindo David.
Não era como se todas as mulheres estivessem manifestamente
interessadas em David, mas essas duas mulheres não mostravam
nenhum sinal de que respeitavam que David tivesse escolhido outra
pessoa que não elas. Não apenas isso, mas Jane tinha um
pressentimento - e seus sentimentos estavam geralmente certos - de
que Melody havia feito algo para fazer com que outros vampiros a
atacassem.
—Vamos. — Disse David, puxando-a para mais perto.
Jane olhou para ele, chocada ao ver a hostilidade que ele estava
olhando para Melody. Então, novamente, ele acabou de descobrir que
ela estava vendo coisas, e talvez ele estivesse pensando a mesma coisa
sobre Melody estar por trás dos ataques a ela. O pobre rapaz
realmente recebeu uma mão ruim por tê-la como sua Outra.
O olhar enfurecido em seu rosto não estava saindo. Enquanto
Jane estava feliz por ele estar ao seu lado, ela não queria que ele
ficasse chateado antes que eles tivessem que partir para a missão.
Então, levantando-se na ponta dos pés, ela beijou sua mandíbula antes
que ele pudesse levá-los para fora do corredor.
Ele praticamente pulou, e ela sorriu quando ele rapidamente
voltou sua atenção para ela e para longe de Melody.
—Para o que foi aquilo? — Ele perguntou.
Jane deu a ele seus melhores olhos de cachorrinho. —Eu só
quero que você me olhe hoje à noite.
David deixou de parecer pronto para matar alguém para
vampiro sexy em um único segundo. Ele agarrou o queixo dela e
sorriu. —Não adormeça hoje à noite, então.
Ela apertou as palmas das mãos contra o estômago dele e olhou
para ele. —Sem roupa, também.
Antes que ela pudesse piscar, ele a jogou por cima do ombro e
estava marchando na direção que os levaria ao seu quarto.
A risada de Gawain tocou seus ouvidos. —David, você está
bem?
—Jane está cansada. — Disse ele, não se virando ou diminuindo
a velocidade.
—Ah, inferno, David! — Gareth gritou. —Não a quebre antes de
sairmos. Ela é a nossa melhor lutadora.
David rosnou algo em um idioma que ela não entendeu, mas os
cavaleiros claramente o entenderam enquanto todos rugiam de tanto
rir.
Pendurada de cabeça para baixo, ela se esforçou para ver os
outros e afastou os cabelos do rosto. O calor que queimava suas
bochechas era suficiente para fazê-la suar, mas ela estava
completamente feliz em ver os sorrisos de seus colegas cavaleiros. —
Boa noite, garotos. — Ela acenou, ganindo quando David bateu em
sua bunda.
—Boa noite, Jane. — Disseram os cavaleiros antes de uivar como
lobos, enquanto suas esposas os repreendiam.
Jane só podia rir. Ela sabia que eles estavam zombando deles
pelos comentários que ela havia feito sobre lobisomens alfa.
Quando avistou Apolo, Hades e Ártemis, ela sorriu mais e
acenou. —Boa noite, meus gregos!
Gawain e Gareth riram mais alto quando Apolo riu e caminhou
até eles, deixando Ártemis muito irritada com um Deus divertido do
mundo subterrâneo, mas frustrado.
23
LIBERTACAO
David estava ao pé de sua cama, olhando para Jane. Ela estava
dormindo. Não, na verdade, ela não estava dormindo. Ele a observou
por apenas alguns segundos antes de descobrir que ela estava
fingindo. A pergunta que passava por sua cabeça era 'por quê?'
Depois que ele a carregou para o quarto deles, ela se soltou das
garras dele e depois fugiu para sua suíte de banho. Ele ficou muito
atordoado e consumido com a necessidade de tê-la debaixo dele, que
ficou parado por um minuto sólido antes de bater na porta para
descobrir o que estava errado.
—Eu tive que fazer xixi —, ela disse. Ela parecia frenética, mas
não parecia assustada. —Eu vou sair em breve.
A mudança repentina de eventos o despertou de seu desejo
irresistível de tê-la, e o lembrou que agora não era a hora. Claramente,
ela estava percebendo isso também, e provavelmente estava em
pânico por ser mais íntima com ele, que era exatamente o que ele não
queria. Ela precisava aprender a ser amada adequadamente, e ele
estava mais do que disposto a ser o único a mostrá-la lentamente.
Ele ficou emocionado por ter a oportunidade de experimentar
isso com Jane, mas ele estava triste por ela porque ela realmente não
conhecia o amor físico. Ele lembrou que ela nunca teve um orgasmo
antes, e ela nem experimentou o que ele lhe dera; sua entidade tinha
experimentado no entanto.
Então, agora ele precisava descobrir como ajudá-la a ver a
diferença. Ele estava apavorado que ela se sentisse como se estivesse
usando seu corpo. Enquanto seus hormônios estavam gritando por
ele, ela estava obviamente nervosa por fazer mais com ele. Ele estava
bem em esperar; ele não tinha planejado empurrá-la, mas ela o fez
trabalhar lá em baixo. Ele sabia que ela queria mais do que seu beijo,
no entanto. A Jane dele era uma criatura sensual, sabendo disso ou
não. Ela tinha uma megera interior, arranhando para alcançá-lo, mas
ela não estava completamente pronta para ele. Sem mencionar, ela
estava vendo coisas - questionando sua realidade, e ele queria mantê-
la lá com ele. Isso significava que ele precisava tranquilizá-la de que
era real e que realmente queria estar com ela.
Os olhos de David caíram para as costas dela. Ela vestiu uma das
camisas dele depois de entrar na suíte de banho. Ele poderia tê-la
jogado na cama depois de vê-la nela, mas quando a viu nervosamente
evitando seu olhar, ele decidiu recuar. Então, ele se desculpou com a
suíte de banho também.
Agora, cerca de dez minutos depois, ela estava fingindo que
estava dormindo.
Ele olhou para o rosto dela e sorriu. Ela estava tentando muito
parecer natural, mas suas bochechas estavam coradas. Todos tinham
visão melhorada, mas ela não percebia o quão bem ele via no escuro.
Ele debateu o que fazer. Ela dormiu noite passada no banho, e
ele a carregou para a cama sem incomodá-la. No entanto, hoje era a
última noite no castelo. Ele queria se lembrar disso e queria que ela
ficasse relaxada antes de partirem para a missão.
Mais uma vez, ele olhou para a pele exposta da parte inferior das
costas. A camisa havia subido o suficiente para provocá-lo, mas ela
manteve tudo abaixo da cintura coberto pelos lençóis. Essa era outra
coisa que se destacou nessa imagem dela dormindo; ela gostava de
cobrir todo o caminho. Muitas vezes ela estava enrolada em
cobertores, a menos que estivesse dormindo nele. Então, isso quase
parecia um show deliberado.
Ele a observou morder o lábio e sorriu. Ela estava fazendo isso
de propósito. Ou ela queria provocá-lo, ou estava nervosa e queria
que ele desse o primeiro passo.
David tirou a camisa e a jogou no chão antes de tirar as calças,
deixando-o apenas com a cueca boxer. O pulso dela estava zumbindo
nos ouvidos dele agora, e ele tomou muito cuidado para não rir
quando se deitou na cama com ela.
Ela ficou tensa quando ele se aproximou, e ele se inclinou para
vê-la se contorcer. O cheiro dela mudou e ele inalou profundamente.
Ela estava excitada.
O cheiro doce exigia que ele fosse mais agressivo, mas ele
respirou calmamente e lembrou a si mesmo o que ela havia passado
ultimamente. Ele queria mais com ela, mas não queria dominá-la. A
questão não estava recuando, no entanto. Jane precisava ver que ela
era desejada, e ele tinha que se colocar lá fora. Se ela dissesse não, ele
daria a ela mais tempo.
Então, com esse pensamento, ele se inclinou e beijou as costas
dela. Foi um beijo fraco, apenas uma carícia de seus lábios, mas ela
gemeu alto antes de calar a boca.
Ele sorriu e moveu os lábios um pouco, beijando-a novamente
enquanto colocava levemente uma mão no topo do cobertor,
puxando-a para baixo apenas uma polegada para beijá-la um pouco
mais baixo.
Seu corpo se curvou em sua direção como um gato, oferecendo-
lhe as costas de uma maneira muito primitiva. Embora ela ainda
estivesse coberta, ele quase ronronou com o convite. Ainda não estava
certo, mas ele queria testá-la um pouco mais - dar-lhe mais uma
chance de interromper essa farsa e experimentar esta última noite com
ele.
Apertando seu quadril suavemente, ele deslizou a mão sob o
cobertor. Ele pensou que sua mão encontraria a boxer dele que ela
usava normalmente, mas não.
Ele congelou e então lentamente levantou o cobertor para ver o
que ele não estava esperando. Minha namorada é pura maldade, ele
pensou, sentindo suas presas se estenderem.
Ele quase enlouqueceu ao ver a calcinha azul marinho com
pequenos laços brancos na borda de suas nádegas. Como um presente
maldito.
Ele olhou para o rosto dela. Ela estava mordendo o lábio com
mais força, mas continuou com o ato de estar dormindo. O leve
sorriso que ela estava tentando esconder a denunciou. Ele sorriu antes
de cuidadosamente empurrar a blusa dela um pouco mais. Isso lhe
permitiu acessar o mergulho em sua cintura. Por tanto tempo, ele
doeu para passar as mãos sobre ela, e agora ela era sua.
Jane poderia não se sentir confiante com sua figura, mas ele
amava seu corpo. Ela não tinha o tônus muscular que a maioria das
mulheres imortais tinha, e embora fosse pequena, não era
excessivamente magra, do que ele gostava muito. Ela era macia e
feminina, como uma ampulheta. Ele não tinha perdido as leves
cicatrizes ao longo de seu estômago, e ele sabia que Jane estava
incomodada por elas. Ele não estava. Ele tentou provar isso beijando
uma das cicatrizes mais visíveis, sorrindo contra a pele dela quando
ela choramingou.
David se inclinou enquanto passava as pontas dos dedos pelas
costas dela, sorrindo novamente quando a pele dela formigou.
Ele deslizou a mão pela cintura antes de deslizar sobre o quadril
e a coxa. —Bebê. — Ele murmurou, beijando a pele logo acima da
linha da calcinha.
—O que? — Sua voz ofegante o fez sorrir.
—Por que você está me provocando?
Ela estremeceu, mas não se mexeu mais do que isso. —Eu não
estou.
—Hum. — Ele beijou sua espinha e deslizou a mão sobre sua
bunda. —Então, isso— Ele apertou sua bochecha. —não é um método
cruel de tortura para mim?
A respiração dela tremia. —Eu esqueci.
David riu, deslizando os lábios pela espinha dela. Ele levantou a
blusa dela até perceber que ela também não estava usando sutiã. —E
isto? — Ele a beijou de volta, onde sabia que seu sutiã normalmente se
juntava. —Você esqueceu de usar seu sutiã também?
—Bem, as meninas geralmente não as usam na cama.
Ele sorriu e beijou seu corpo trêmulo. —Por que você está
nervosa, bebê?
—Eu não estou.
David deslizou a mão pelas costas dela, beijando-a no mesmo
lugar em que o sutiã estaria. —Você está tremendo e fingindo estar
dormindo.
—Eu não estava fingindo.
—Eu podia ver você corando no escuro, meu amor. — Ele
esfregou a mão de volta, amando a curva da coluna dela. Depois de
arrastar lentamente a mão pelo arco do quadril dela, ele a colocou ali e
falou novamente. —Eu não vou fazer amor com você hoje à noite,
Jane.
—Oh. — Ela sussurrou, seu corpo relaxando um pouco.
—Isso é o que te preocupou?
Ela ficou quieta por alguns segundos. —Receio que você não
goste de estar comigo.
Beijando sua espinha até que ele alcançou sua blusa, ele tirou o
cabelo dela do caminho e beijou a nuca dela. —Cada momento que
passei com você foi a melhor experiência da minha vida, Jane. Não
tenho dúvidas de que, quando dermos esse passo, serei um homem
muito satisfeito. E prometo que as intimidades que já compartilhamos
são melhores do que qualquer experiência que tive com outra mulher.
—Realmente?
—Realmente. — Ele beijou a nuca dela novamente. —Você não
tem nada com o que se preocupar. — Ele acariciou o lado dela antes
de deslizar os dedos pela espinha dela novamente. Desta vez, porém,
ele provocou a ponta da calcinha dela, apenas deslizando as pontas
dos dedos sob a costura. —Você deseja dormir na nossa última noite
aqui, ou posso continuar brincando com o presente que você deixou
para mim? — Ele puxou um dos laços da calcinha dela.
Ela finalmente riu e espiou por cima do ombro. —Essa é minha
calcinha favorita. Fiquei tão feliz que elas chegaram aqui.
—Não são as com tiras? — Ele riu ao ver seus olhos arregalados.
—Não uso tanga com muita frequência.
—Não? — Ele abaixou os lábios e beijou as costas dela, sorrindo
quando ela gemeu baixinho. —Eu pensei que as mulheres usavam
lingerie rendada para seduzir os homens.
—Sou uma garota de calcinha de algodão e não sei como seduzir
um homem.
Ele riu e beijou um dos laços antes de puxá-lo com os dentes. —
Elas são apenas para mostrar, Jane.
Ela riu e cobriu o rosto. —Eu sei! Elas não são lingerie. Eu não
estava pensando.
Ele mordeu o laço novamente, mas o puxou para deslizar um
pouco. —Relaxe —, disse ele, segurando sua calcinha no lugar, logo
acima do inchaço de sua bunda. —Aqui está minha covinha. — Ele se
inclinou e beijou a covinha que ela tinha no topo de sua bunda.
—David! — Ela tentou rolar para longe, mas ele a segurou
imóvel. —Oh meu... Não olhe para isso.
—Porque? — Ele passou a língua por cima. —Eu sonhei
acordado com essa covinha desde a noite em que verifiquei o tamanho
da sua calcinha.
Ela cobriu o rosto. —Você não sonhou com isso! Eu nem tenho
duas como a maioria das pessoas. Eu sou desigual.
—Você é minha Jane. — Ele beijou sua covinha novamente. —Eu
amo tudo em você.
—Deus, você é tão perfeito. — Ela murmurou, gemendo quando
ele lambeu sua espinha até o meio das costas.
—Eu sou perfeito para você, Jane... Eu fui feito para você. — Ele
colocou a mão do lado dela e começou a deslizar sobre seu estômago,
e ela ficou tensa demais. —Você confia em mim?
—Sim.
Beijando-a de volta, ele deslizou a mão pelo estômago dela. —
Sinto meu anjo sob minhas mãos... Eu vejo minha deusa. — Ele a
rolou de costas, mas ficou ao seu lado, ao lado dela. Ele a observou
nervosamente evitar olhá-lo enquanto ela tentava puxar a blusa para
baixo. —Olhe para mim.
—David, por favor.
Ele balançou a cabeça e se inclinou sobre o estômago dela. —
Minha linda garota. — Ele beijou cada cicatriz que restou da gravidez
dela, sorrindo quando ela finalmente suspirou.
—Eu não estou enojando você? — A voz dela falhou.
Ele beijou profundamente a cicatriz mais visível e a ouviu soltar
um soluço suave enquanto ela cobria a cabeça dele com as mãos.
—Você é a mulher que eu amo, Jane. Eu amo cada centímetro de
você. Suas cicatrizes são um pouco mais caras para mim, porque cada
uma representa algo que você experimentou ou viveu. — Ele virou os
lábios para beijar a palma da mão e depois beijou um caminho no
meio de seu estômago, sorrindo quando seus olhos lacrimosos
encontraram os dele. —Você me faz algo?
Ela assentiu, os lábios tremendo enquanto segurava o rosto dele.
—Eu faço algo por você.
—Não chore. — Ele beijou suavemente os lábios dela antes de
sacudir a língua para prová-los.
Jane ofegou, apoiando as mãos trêmulas nos ombros dele. —
Estou apenas feliz.
Ele afastou as pernas dela com o joelho. —Eu também estou
feliz. — Beijando-a novamente, ele equilibrou seu peso em um
antebraço e esfregou sua coxa.
Jane começou a beijá-lo com mais força, então ele retornou sua
repentina ferocidade, segurando sua coxa com força antes de deslizar
a mão para sua bunda.
Ela gemeu, ofegando antes que ele enfiasse a língua em sua boca.
David apertou sua bochecha e a levantou levemente, sorrindo
contra a boca quando ela gemeu mais alto.
—Oh, Deus, David. — Ela ofegou quando ele deixou cair a boca
no pescoço e chupou.
Suas presas se estenderam, e ele mordeu cuidadosamente sua
pele, sugando seu doce sangue pela primeira vez desde sua
recuperação.
Ela gritou o nome dele, puxando o cabelo dele quando ela rolou
os quadris contra ele. —David... Mais.
Retirando as presas, ele ainda chupou o ferimento dela até a pele
selar, e ele rosnou porque ansiava mais pelo sangue dela. Não, ele
ansiava por Jane.
Ele procurou o rosto dela, sorrindo quando ela usou as pernas
para atraí-lo para mais perto. —Diga-me se você precisa se alimentar
antes que a noite acabe, ok?
Ela balançou a cabeça rapidamente e depois puxou o rosto dele
para o dela, beijando-o bruscamente. Ele pressionou seu corpo sobre
ela mais, rosnando instintivamente em sua exibição dominante. Ela
não recuou como ele esperava. Em vez disso, ela puxou o cabelo dele
e rosnou de volta.
Ele riu antes de morder o lábio dela. Isso o empolgou ao vê-la se
levantar contra ele, poucos o fizeram, mas ele sabia que teria que ser o
único a controlar a noite. Jane era tudo ou nada. Ela precisava que ele
fosse o líder, mesmo que ele quisesse se perder com ela. Então, isso
significava que ele precisava mostrar a ela que estava no comando
agora.
Chupando o lábio, ele colocou mais de seu peso nela. Ela abriu
os olhos, olhando para ele enquanto tentava erguer os quadris
novamente. Ele sabia que ela estava usando sua maldita coxa para se
esfregar.
—Controle-se. — Disse ele, soltando o lábio dela. Ele se esquivou
quando ela estalou os dentes em seu rosto. O monstro dela estava se
mostrando e o queria.
David mostrou suas presas, fazendo-a recuar. —Você tem que
aprender a controlar esse lado de si mesma.
O fogo dela não estava apagado, e ela levantou a cabeça,
tentando colocar os lábios nos dele.
Ele a beijou, mas se afastou, sorrindo quando ela assobiou. —
Calma, gatinha... Te agradarei se você for uma boa garota.
O olhar dela se fixou nos lábios dele, e ele se inclinou para beijá-
la novamente, tirando um pouco do peso dela. Ele manteve esse beijo
lento.
Ela choramingou e ergueu os quadris em um gesto de
impaciência. David decidiu naquele momento que a deixaria saciada
esta noite, mesmo que isso o matasse.
Com um beijo mais doce, ele então moveu a boca para o ouvido
dela. —Aqui está minha garota. Você ainda quer mais?
—Sim. — Ela arqueou o corpo.
David chupou seu lóbulo da orelha antes de beijar seu pescoço,
murmurando: —Quanto mais?
Jane virou o rosto para ele, e ele a encontrou com um beijo,
sorrindo porque ela parecia mais no controle. —Muito mais. Quero
uma nova memória antes de partirmos. Uma lembrança de nós...
Porque desta vez é realmente você e não ele.
Ele beijou seus lábios com força enquanto sua mente lutava com
ele. Ele queria apagar a memória de Jason da mente dela, mas nunca
seria capaz de fazer isso. Tudo o que ele podia fazer era tornar a
memória dele mais poderosa do que as que ela já possuía.
Ela choramingou e segurou o rosto dele enquanto o beijava de
volta. —Por favor, me toque. Quero suas mãos, não as dele.
Desta vez, David respondeu com ações. Ele pressionou seus
lábios nos dela mais uma vez antes de beijar sua bochecha. Ele fez
uma trilha pelo pescoço dela e deslizou uma mão por baixo da blusa.
O peito dela encheu a mão dele, e ele apertou, sorrindo ao ouvir o
suspiro dela.
Ela estava respirando mais rápido, mas não estava
demonstrando nenhuma angústia, então ele apertou mais e abaixou a
cabeça. Ele beijou a barriga dela, olhando para o rosto nervoso dela, e
depois empurrou a blusa dela mais alto. Ele a viu nua antes, mas isso
era diferente. Ela não estava ferida, e ela era dele.
O corpo dela tremia quando ele a levou. Ele segurou o seio dela
que ele havia apertado mais cedo e deslizou o polegar sobre o mamilo.
Ela balançou os quadris, gemendo enquanto cobria o rosto
rapidamente.
David puxou a mão dela e beijou a parte interna do pulso dela
antes de segurá-la ao lado do rosto. —Você me afastará se for demais.
Ela respirou trêmula e assentiu, então ele massageou seu seio
novamente, desta vez abaixando a boca.
Quando ele lambeu o inchaço do peito, ela arqueou o corpo,
ofegando: —Oh, Deus.
Ele riu e passou a língua sobre o mamilo. —Não Deus, querida.
— Sorrindo quando ela olhou para ele, ele então fechou a boca e
chupou. Ela tinha gosto de doce. Tudo o que ele conseguia pensar era
vermelho, ela tinha gosto de doce vermelho, mas ele não sabia qual.
Soltando-a, ele lambeu novamente, acrescentando: —Eu sou apenas
seu David.
Ela choramingou e jogou a cabeça para trás quando ele
continuou seu ataque, movendo-se entre seus dois seios enquanto
tentava desesperadamente levantar os quadris.
David voltou e beijou seus lábios. Ela estava ofegante,
constantemente tentando beijá-lo com mais força.
—Você tem um gosto de doce. — Ele chupou o lábio dela e a
beijou novamente.
—Você tem gosto de você. — Ela soltou uma risada nervosa,
fazendo-o sorrir.
—Isso é muito descritivo. — Ele beijou seu queixo fofo e depois
tirou a blusa completamente.
—David. — Ela sussurrou, tentando se cobrir.
—Shh... — Ele a beijou até saber que ela precisava respirar e
baixou a boca de volta aos seios.
Ela ofegou e resistiu, ficando mais carente.
—Mais? — Ele perguntou, iniciando um caminho pelo estômago
dela.
Seu corpo ficou tenso, então ele colocou os antebraços em cada
lado dela e lambeu seu estômago, esperando.
Ela olhou para ele, mordendo o lábio enquanto assentia. —Mais.
Ele pressionou os lábios no estômago dela. —Essa é a minha
menina corajosa.
Quando ele alcançou sua calcinha, ele sorriu e beijou o pequeno
laço que ele não tinha notado no meio. —Se esses não fossem seus
favoritos, eu arrancaria esses laços falsos.
—O que você vai fazer? — Ela estava nervosa novamente.
Ele manteve contato visual com ela e se abaixou para beijar seu
núcleo. Sua calcinha estava molhada, e ele lambeu o lábio para obter
uma amostra dela. —Mais doce que o seu sangue.
Todo o seu corpo começou a tremer, e ela se abaixou,
empurrando seus ombros, dando-lhe o sinal de que era demais.
—Shh... Não irei além, a menos que você queira que eu vá.
Ela respirou fundo e olhou para o teto. —Eu acho que não
posso... Ele nunca fez isso.
David inclinou a cabeça, percebendo que Jason realmente não
tinha tentado agradá-la. Ele assentiu, mas a beijou no mesmo lugar,
acrescentando mais pressão para que ela soubesse da próxima vez que
a recompensa seria ótima.
—Oh! — Ela gemeu, empurrando seus quadris.
Ele a beijou mais uma vez, mas subiu, beijando seu estômago
enquanto ela gemia, frustrada consigo mesma.
—Não fique chateada. — Ele disse suavemente.
—Eu preciso. — Ela balançou a cabeça e cobriu o rosto.
David sorriu, beijando, lambendo e abrindo caminho de volta -
parando quando chegou aos seios dela. Ele beijou o meio do peito
dela antes de empurrar e puxar as mãos do rosto. —Eu vou te dar
uma coisa, bebê. — Ele se inclinou sobre ela e a beijou. —Está tudo
bem por enquanto? — Ele deslizou a mão na calcinha dela, exalando
quando ele apenas a segurou.
—David. — Ela sussurrou, ficando vermelha.
Ele beijou a bochecha dela e a provocou, mal empurrando o
dedo médio entre as dobras dela. —Diga-me se você quer que eu
continue. — Ele beijou seus lábios desta vez, aplicando a menor
pressão ao pacote de nervos que ele sabia que a provocaria.
Jane ofegou, assentindo freneticamente. —Mais.
Sorrindo, ele lhe deu mais. —Você pode dizer a diferença? — Ele
esfregou círculos enquanto colocava beijos no pescoço dela.
—Sim! — Ela resistiu contra a mão dele. —Oh maldito.
David empurrou um dedo enquanto chupava o pescoço dela. Ela
estava tremendo e ofegando quando ele começou a aplicar mais
pressão, alternando entre bombear os dedos nela e massageando
aquele botão sensível. Ela estava apertada e quente. Perfeita.
—É assim que deve ser, bebê. — Ele beijou a coluna do pescoço
dela antes de agarrar o mamilo direito. Ele chupou, esfregando mais
rápido quando ela começou a respirar mais rápido. —Eu fazendo você
se sentir tão bem.
—David, acho que vou...
Ele esfregou mais rápido, sua própria respiração acelerando
enquanto ele trabalhava para levá-la até lá. Ele voltou para a boca
dela, beijando-a enquanto ela gemia.
—Oh, merda! — Ela respirou, apertando as coxas em volta da
mão dele.
Ele sorriu e deslizou dois dedos para dentro, segurando-a
enquanto os movia exatamente como ele sabia que ela precisava dele.
—Você está quase lá. Deixe ir.
Seu corpo ficou tenso quando ela o olhou nos olhos, ofegando os
sons mais doces que ele já ouvira de uma mulher. Então ela gritou,
empurrando os quadris quando arrepios subiram por sua pele.
Ela soluçou, tentando afastá-lo, mas constantemente o puxava
para trás quando ele curvava os dedos. —Oh, merda, pare! — Ela riu,
tremendo nas mãos dele. —Eu não aguento.
David riu e diminuiu os movimentos, mas não parou. —Bebê,
esta é apenas a minha mão.
Ela o observou de olhos arregalados quando ele levou os dedos à
boca e os chupou.
—Mmm. — Ele abaixou a mão e depois olhou para o rosto dela
com um sorriso. —Aquelas balas de goma... Os ursos.
—O que?
Ele riu e se inclinou sobre ela. —Você tem gosto daquelas balas
de goma que têm a forma de ursos pequenos. Gareth e Gawain me
fizeram experimentá-las; eles os encontraram em uma das lojas
abandonadas... Você tem gosto dos vermelhos.
A boca de Jane estava aberta e ela finalmente riu. —Ursinhos de
goma?
—Acho que sim. — Ele baixou os lábios no pescoço dela, pois ela
estava rindo tanto.
—Eu não consigo imaginar você comendo isso.
Dando-lhe uma piscadela, ele baixou o rosto de volta para os
seios dela novamente. —Eu não preciso mais. Eu tenho todos os doces
que preciso aqui.
Ela estremeceu e apertou as pernas ao redor dele. —Eu sou
muito sensível.
—Você está viva. — Ele empurrou as pernas dela para que não
apertassem tanto. Ela era fisicamente mais forte que outros imortais,
além dele, ou seja, e estaria matando um homem normal agora.
—Você vai pegar minhas coisas com você. — Disse ela, torcendo
o nariz.
Ele se inclinou para frente e beijou seus lábios. —Eu quero você
em mim.
Ela sorriu, mas rapidamente ofegou quando sua ereção roçou
contra ela. —Oh!
David se inclinou para longe. Eles não iam fazer sexo hoje à
noite, e ele sabia que se ela sentisse mais dele, tentaria convencê-lo.
—Você quer que eu... hum... — Ela parou.
—Não, Jane. — Ele a beijou novamente. —Isso era sobre você.
—Oh. — Ela disse suavemente.
Recostando-se, ele estudou o rosto dela. Ela estava evitando o
contato visual e não se esfregando mais nele. —Por que isso te
incomoda?
Seus lábios inchados fizeram beicinho, e ela virou a cabeça.
—Jane —, ele disse, rindo enquanto acariciava sua bochecha. —
Bebê fale comigo.
—Por que você não quer que eu faça alguma coisa com você? —
Olhos castanhos ferozes se fixaram nele. —É porque você acha que eu
não sei como? Eu sei. Era o que eu tinha que fazer. Eu deveria fazer o
cara gozar. — Ela respirou fundo e desviou o olhar. —Bem, tudo faz
sentido agora...
Ele observou o lábio dela tremer quando ela fechou os olhos. —
Jane?
—Está bem. — Ela tentou sair debaixo dele, mas ele se
pressionou contra ela.
—Você não deveria me fazer gozar —, disse ele com firmeza. —
Pare de pensar que eu vou ser como os outros.
—Eu não era boa o suficiente.
Ele rosnou e virou o rosto dela. —Pare. Você não é mais dele.
Você nunca foi, está me ouvindo?
—Eu sinto muito.
—Não. — Ele afrouxou o aperto e a beijou suavemente. —Você
me sente contra você?
Ela assentiu e tentou se virar, mas ele a beijou, parando-a.
—Isso é o que você faz comigo. Eu quero estar dentro de você,
mas nós dois sabemos que não é isso que você precisa.
—Mas você não está satisfeito —, ela sussurrou. —Você nunca
quer que eu te satisfaça.
Ele a observou por alguns segundos. —Você me quer satisfeito
ou acha que esse é o seu trabalho?
Ela encolheu os ombros. —Ambos.
—Não é um trabalho —, disse ele. —Sim, é ótimo que você
queira me agradar como eu agradei você, mas não é para isso que
você é. Você não é mais uma ferramenta de prazer.
Os olhos dela lacrimejaram. —Eu preciso agradar você, no
entanto.
Ele suspirou e se afastou, parando quando ela estendeu a mão
para ele.
—Eu sinto muito. — Ela o puxou para baixo, abraçando-o. —Eu
sinto muito. Não vá embora.
Era por isso que ele estava esperando para estar completamente
com ela.
Beijando seus cabelos, David inclinou o rosto para cima e a
beijou. —Como você quer me agradar?
Ela olhou para ele, com lágrimas nos cílios. —Eu não sei.
David debateu suas opções antes de decidir que não queria fazer
nada que ela havia sido solicitada ou forçada a executar antes. —O
que você costuma fazer?
Ela choramingou e apontou para a boca e depois mostrou a mão
para ele.
—Mas ninguém nunca fez nada para agradá-la?
Os olhos dela lacrimejaram mais e ela balançou a cabeça.
Seu coração rugiu com fogo. Ela havia praticado sexo oral, quem
sabe quantas vezes, sem recebê-lo em troca, e ela disse a ele antes de
ser tocada para lubrificá-la.
—Eu te amo. — David agarrou seus cabelos, puxando sua cabeça
para que ela não pudesse se virar novamente.
—Eu sei. — Ela disse rapidamente.
Ele soltou o cabelo dela e sentou-se.
—David. — Disse ela, sua voz trêmula quando ele agarrou a
barra de sua calcinha.
—Diga-me agora se você não quiser isso. — Ele olhou nos olhos
dela.
Ela levantou os quadris, e isso foi uma resposta suficiente para
ele deslizar sua calcinha para baixo.
Ele abaixou a boca na dela. Este beijo foi mais suave do que os
outros beijos que ele havia dado a ela hoje à noite. Se ele estava indo
para ajudá-la com isso, ele tinha que fazer algo diferente. —Diga-me
se alguma coisa que eu fizer for demais para você, ok?
Jane respirou fundo e começou a abaixar a mão, mas ele a
agarrou.
—Ainda não. — David levou os dedos aos lábios e os beijou uma
vez antes de soltá-los. —Apenas confie em mim, mas me diga para
parar se estiver desconfortável.
—Ok.
—Essa é minha garota. — Ele desceu, beijando o joelho dela
enquanto deslizava a calcinha pelo resto do caminho. Depois de jogá-
la de lado, ele arrastou os dedos pelas panturrilhas dela. Quando ele
alcançou a parte de trás dos joelhos dela, ele a puxou para mais perto
e depois deslizou as mãos sobre as coxas dela até chegar ao centro
dela.
—Isso não é para você. — Ela sussurrou, ainda arqueando o
corpo em direção à mão dele.
Ele sorriu e esfregou o polegar nela. —Você tem certeza sobre
isso?
—Você está apenas me tocando. — Ela ofegou suavemente. —
Você não está recebendo nada.
—Oh, eu estou conseguindo alguma coisa. — Ele empurrou os
quadris para a frente e ela gemeu quando ele pressionou contra seu
núcleo. —Dar-lhe prazer e assistir você apreciar o que estou fazendo
com você é muito gratificante.
Ela sorriu, corando. —Mas você não está fazendo nada.
Ele riu, afastando as mãos, deslizando-as pelas coxas dela
novamente. —Você deseja que eu consiga liberação?
—Sim. — Ela sorriu e cobriu os seios com as mãos. Isso fez o pau
dele tremer, mesmo que ele soubesse que ela estava apenas
descansando as mãos em algum lugar. —Eu preciso que você goze.
David levantou o olhar para o dela. Isso iria tomar todo o seu
controle. —Hum... Diga-me se você quer que eu pare.
—Eu vou. — Ela mordeu o lábio quando seus olhos percorreram
seu corpo.
Ele olhou para baixo. Ele estava duro - não completamente - mas
o suficiente. E Jane estava nua. Ela vai me matar.
David se ajoelhou e colocou os polegares sob o cós. Seu coração
acelerou, mas ela o observou em antecipação. —Minha gatinha está
carente hoje à noite. — Ele empurrou sua cueca para baixo, liberando
sua ereção.
Jane suspirou, observando-o atentamente enquanto ele tirava a
cueca pelo resto do caminho.
Ah, merda. Ele estava com problemas. —Lembre-se, não vamos
fazer sexo hoje à noite.
—Eu sei. — Ela respirou mais rápido, os dedos se curvando, os
seios demais para as mãos pequenas quando ela apertou.
Ele ficou mais duro.
David agarrou suas coxas e a levantou um pouco mais
bruscamente, abrindo suas pernas para que ele pudesse se estabelecer
entre elas novamente. Ele ainda estava ajoelhado entre ela,
recostando-se nas panturrilhas. Eles estavam a centímetros de fazer
sexo e, de certa forma, estavam.
Jane gemeu quando seu pau simplesmente estava sobre seu sexo.
—Oh, Deus, eu quero você em mim. — Ela corou com as
palavras, mas tentou levantar os quadris para que ele tivesse mais
facilidade em entrar nela.
—Hoje não, meu amor. — Ele avançou lentamente, porém,
observando seu eixo deslizar sobre ela enquanto seus sucos o cobriam.
— Não quero que ser como eles, Jane. Você receberá tanto prazer
quanto eu.
Ela olhou para cima, os lábios abertos enquanto ela balançava a
cabeça. — Você se parece diferente... E é bom.
—Bom. — Ele pegou uma das mãos dela e apertou-a lentamente.
—Só para que você possa me sentir.
Seus olhos estavam arregalados, e ela soltou um gemido quando
ele gemeu ao sentir a mão dela em volta dele. Ele manteve a mão
sobre a dela e a ajudou a ritmo antes de abaixar a outra mão na bunda
dela. Dando-lhe um puxão firme, ele a levantou parcialmente em suas
coxas. Agora, seu pau e mão estavam esfregando a parte mais sensível
dela.
—Oh, Deus!
Ele riu e a levantou pela bunda e começou a empurrar,
aumentando a pressão e movendo-a com ele. Ele rosnou e moveu os
quadris para trás, guiando a ponta de seu pênis para a entrada dela.
Gemendo enquanto ela ofegava, ele deslizou a ponta ao longo de sua
fenda. Era mais difícil do que ele esperava, não apenas dar a ambos o
que eles queriam. —Foda-se, bebê.
—Oh, por favor, David... Apenas faça.
Ele mostrou suas presas para ela, mantendo-a imóvel enquanto
ele empurrava um pouco. Seu pau estava doendo por ela. —Ainda
não.
—Droga. — Ela sussurrou, fazendo-o sorrir.
David soltou seu quadril e começou a esfregar seu clitóris. Ela
choramingou, empurrando-se contra a mão dele.
—Bebê, eu não vou conseguir aguentar como pensei que
poderia. — Ele apertou a mão sobre a dela e bombeava com mais
força.
—Nós vamos?
Ele balançou a cabeça rapidamente. —Nós não podemos...
Venha aqui. — Ele parou de massagear e levantou-a para que ela
estivesse em volta dele. Eles estavam se beijando instantaneamente, as
mãos ainda entre eles, mas ele soltou. —Mantenha sua mão - assim
mesmo, ok?
Ele a beijou quando ela assentiu e agarrou as duas bochechas de
sua bunda para balançá-la com ele. Ele sabia que tinha atingido o
lugar certo quando ela jogou a cabeça para trás e gemeu, então ele
continuou movendo-a enquanto ela bombeava a mão em torno de seu
pau.
David não sabia o que era mais excitante, que ela estava lhe
dando um trabalho de mão incrível, ou que ele estava a centímetros
de se empurrar dentro dela. Tê-la toda suada e segurando-o com
força, choramingando de uma maneira sexy enquanto ele trabalhava
seu clitóris contra seu pau era quase demais para não fazer mais. Ele
se sentia como um garoto adolescente, mas isso ainda era melhor do
que qualquer coisa que ele tinha feito com uma mulher.
—David —, ela respirou contra os lábios dele, e ele sorriu
quando os arrepios começaram a se espalhar por suas pernas. —Por
favor, entre dentro de mim.
Ele não respondeu verbalmente. Apertando sua bunda com
força, ele a moveu mais rápido, fazendo-a ofegar e gritar. Ela parou de
mover a mão, mas o agarrou com força, então ele empurrou para
frente, fodendo a mão dela quando ela gozou.
Sentindo seus sucos encharcando seu pênis, ele gemeu. Ela
estava apertando com força, e ele sentiu sua própria libertação se
aproximando.
David rapidamente a deitou quando seu orgasmo sugou a
energia dela. —Solte.
Ela o soltou, cansada, e ele agarrou seu pau para se acariciar.
—Oh, Deus. — Disse ela, gemendo enquanto observava a mão
dele.
—Venha comigo, bebê. — Ele empurrou com mais força, mas
começou a esfregá-la novamente com o polegar e enfiou dois dedos
dentro dela.
Ela resistiu, chorou, e ele rosnou quando ela apertou os seios
com as duas mãos.
Ele bateu os dedos mais algumas vezes e depois começou a
esfregar vigorosamente quando se sentiu chegando perto. —Onde
você me quer, bebê?
—O que- — Ela ofegou e choramingou.
—Onde?
Ele sorriu para os olhos arregalados, sabendo que ela entendeu o
que ele queria dizer.
—Lá em baixo. Quero perto. — Ela ofegou com mais força, e ele
empurrou mais rápido.
David baixou o olhar entre as pernas dela; buceta mais bonita
que ele já tinha visto. Ela estava aparada, exceto por um pequeno
pedaço de cabelo. Ele nunca tinha visto uma mulher assim porque não
estava com ela desde que era mortal. Ao vê-la nua, rosa e brilhando
com seus sucos, ele precisava de sua semente dentro dela.
—Porra. — Ele soltou um grunhido alto, e ela gritou quando ele
pressionou a cabeça de seu pênis no seu núcleo e veio ao mesmo
tempo que ela.
—Oh Deus! — Ela estava tremendo e se abaixou, esfregando
mais dele nela.
—Foda-se, bebê. — Ele se acariciou devagar, dando a ela o que
havia guardado por muito tempo enquanto ela entreabria os lábios e
esfregava a boca dele. Felizmente, ela não corria o risco de engravidar
no momento, mas ele não sabia se seria capaz de impedi-la de fazer
algo tão sexy, mesmo que ela estivesse. Era ela dizendo a ele de uma
maneira muito primitiva que ela queria sua semente nela, e isso fez
seu coração bater forte.
—Eu quero mais —, ela sussurrou, arrastando os dedos
pegajosos até os seios. Ela apertou, mas manteve os olhos nele. —Eu
quero mais.
Ele sentiu como se estivesse em transe, mas se livrou do aperto
dela. —Você sabe que é uma má ideia.
Ela balançou a cabeça e sorriu. Ele sorriu de volta, porque essa
era sua megera sexy olhando para ele. Ele já a tinha visto lá, mas ela
estava escondida atrás de montanhas de insegurança e tristeza.
—Sim, você sabe. — Ele riu e olhou para baixo entre as pernas
dela. —Você gostou disso?
—Sim. — Ela o estava olhando como uma predadora. Isso fez
seu pênis se contrair. —Obrigada, David.
—Bebê, não diga meu nome assim agora. — Ele desviou o olhar
de seus lindos olhos e usou o lençol para limpar o excesso dos dois.
—David. — Ela disse da maneira sexy novamente.
Ele voltou a olhar para ela, sorrindo. —Pare.
—Porque?
Enrolando o lençol, ele o jogou da cama. —Você sabe porquê. Eu
quase fiz o que disse que não faria.
—Então por que não podemos? Você já estava um pouco
dentro... Eu vou enlouquecer porque ainda sinto você.
Ele cuidadosamente a levantou. Se ele estivesse duro, como se já
estivesse se tornando, apenas teria que deslizá-la sobre ele.
Ela colocou os braços em volta do pescoço dele, enquanto ele
deslizava uma mão pelas costas dela. Ele a beijou suavemente. —Bebê,
vamos esperar um pouco, ok? Você estava nervosa e não queria antes
de começarmos... Prometo que sim, mas só estamos juntos há um dia.
— Ele sorriu, acrescentando: —E eu amo que você vai me sentir até eu
te levar completamente.
Ela franziu a testa e olhou para o lado. —Ouvi alguém falando
sobre a rapidez com que outros cavaleiros levaram suas esposas. Eles
estavam cochichando sobre como eu não tinha cheiro de você.
David suspirou e a abraçou. —Você cheira a mim agora. Eles
podiam dizer que eu não tinha feito sexo com você, mas nós
basicamente fizemos. Então agora você cheira a mim. Desaparecerá
quando não formos íntimos, mas você deve carregar meu perfume por
mais ou menos um dia.
—Eu não posso dizer.
Ele sorriu e beijou sua bochecha enquanto os abaixava para a
cama. —Isso é porque você está acostumada com o meu perfume.
Você está tentando se destacar vestindo minhas roupas sem perceber.
—O que? — Ela olhou para o pau dele e corou.
—Bebê, pare de olhar para isso. Você está cortada pela noite... E
sim, você vestindo minhas roupas e às vezes me esfregando eram seus
instintos procurando ser reivindicados, em certo sentido.
—Como lobisomens!
Ele riu enquanto arrumava o edredom sobre eles. —Qual é o seu
fascínio por essas bestas? Você prefere que eu me transforme em um
lobo deformado ou seja um vampiro?
—Eu acho que você seria quente como um lobisomem, mas você
é meu vampiro. — Ela sorriu, passando a perna pela cintura dele. Ela
sorriu mais e tentou juntá-los.
—Eu tenho que envolvê-la em um cobertor como uma criança?
—Você está cansado?
Ele riu e beijou sua testa. —Não, mas acho que devemos tentar
dormir. Passaremos o dia com as crianças e precisamos falar com
Jason antes de sairmos.
Jane parou sua tentativa de colocá-lo em cima dela. —Oh.
David segurou sua bochecha. —Eu vou lidar com ele. Quero que
você termine com ele, mas não tem nada a temer; Estarei com você o
tempo todo. E ele já sabe que estamos juntos. Ele sabia que tinha
acabado entre vocês na noite em que eu o bati contra a porra do chão.
Ela assentiu e esfregou a mão no peito dele. —Você acha que ele
está com raiva ou triste?
—Provavelmente os dois, meu amor... Tente não se preocupar.
Eu sei que você o ama, e sempre amará, mas vocês dois não eram bons
um para o outro. Suas ações contra você naquela noite são
imperdoáveis aos meus olhos.
—Eu não quero deixar meus bebês novamente.
David deslizou a mão pelas costas dela. Ele nunca se cansaria de
tocá-la. —Eu sei. Eu gostaria que você não tivesse que deixá-los
também, mas você precisa vir conosco. E eles aproveitarão seu tempo
aqui; Gwen e Elle vão cuidar muito deles. Eles vão estragá-los além do
reparo quando voltarmos.
—Eu não quero machucá-lo. — Ela sussurrou, pressionando o
rosto no peito dele.
Ele fechou o punho atrás das costas dela. —Eu sei. Seu coração é
bom demais para desejar que ele sofra. Eu, no entanto, só me importo
se você está bem. Se ele tentar alguma coisa, estou entrando. E você
não sairá sozinha com ele.
Ela beijou seu peito antes de se aconchegar mais perto. —
Estamos nus na cama, e não fizemos o desagradável.
Sua tensão desapareceu e ele riu. —O desagradável?
—Sim —, ela disse, sorrindo contra o peito dele. —Os feios, feios
e desagradáveis, desossados, dançando no colchão, fazendo bebês,
transando, fodendo - oh, isso parece ruim, no entanto.
David se abaixou e apertou sua bunda. —Bebê, você é muito
engraçada. E foi... é muito difícil não fazer as coisas desagradáveis
com você.
—Bem, agora parece bobagem
Ele fechou os olhos e continuou esfregando as costas dela. —Não
vai parecer bobo quando eu finalmente tiver você.
—Quando vamos?
—Não pergunte, Jane. Vamos quando for a hora certa.
—Será que vai contar se você acordar e já estivermos fazendo
isso?
Ele riu e bateu em sua bunda. —Vá dormir. Garanto que não vou
dormir quando fizermos amor.
—Você me beijou enquanto dormia.
—Isso foi diferente. Naquela época, eu pensava que estar com
você só poderia ser um sonho. Agora, não somos um sonho.
—Obrigada por esta noite. Eu nunca esquecerei isso.
David abriu os olhos. —Eu te amo, amor.
Ela sorriu quando se levantou, e David a levantou pela bunda
para que seus lábios pudessem se tocar.
—Eu também tenho algo para você.

24
BEIJO DE DESPEDIDA
Jane enrolou uma toalha fofa em volta de Natalie antes de
levantá-la da banheira. Ao dar um tapinha na filha, ouviu David
conversando com Nathan.
—Garotões escovam os dentes, Nathan. Sei que você quer ser um
garoto grande, faça o que lhe disserem.
—Pizza. — Nathan disse a ele.
Jane secou o cabelo de Natalie e espiou por cima do ombro,
sorrindo enquanto observava David e Nathan. David estava aplicando
pasta de dente na escova de dentes de Nathan novamente, porque o
filho já a havia jogado três vezes. Quando David a ouviu tendo
problemas, disse-lhe para terminar com Natalie e que ajudaria o filho.
Seu vampiro estava aprendendo o quão difícil conseguir Nathan
fazer uma tarefa simples, como escovar os dentes.
— Chega de pizza — disse David, com firmeza. —De fato, o
cozinheiro não fará mais pizza, a menos que você escove os dentes.
Então, primeiro, escove os dentes e depois poderá comer pizza
amanhã.
—Primeiro dentes, depois pizza. — Disse Nathan, olhando para
David.
David entregou a escova de dentes. —Não. Primeiro dentes,
então amanhã você pode comer pizza.
—Primeiro dentes, amanhã pizza. — Nathan pegou a escova de
dentes e, apesar de fazer uma careta pelo gosto de menta que não
estava acostumado, ele escovou.
David ficou ali, de braços cruzados, esperando que ele
terminasse, mas ele tinha um leve sorriso que fez o coração de Jane
vibrar. Ela adorava vê-lo com seus filhos. Ele estava constantemente
entrando quando ela estava lutando com eles. Ele era paciente e
atendeu suas necessidades rapidamente. Nem uma vez ela se sentiu
sobrecarregada porque ele estava ali, ajudando onde quer que ela
precisasse de ajuda.
Jason sempre se sentava entre os gritos deles e os ignorava
quando eles pediam coisas. Ele diria que eles não precisavam do que
estavam pedindo imediatamente, e descobririam como consegui-las,
se realmente quisessem. Ele disse a ela que ela os estava estragando, e
eles nunca aprenderiam se ela fizesse tudo por eles. Ela sabia que ele
estava certo, mas ela não podia sentar lá e sintonizar seus gemidos e
lágrimas constantes. Então, o método de Jason de deixá-los esperar
significava que ela pulava quando choravam ou pediam alguma coisa.
—Bom trabalho, homenzinho —, disse David. —Coloque sua
escova de dentes onde ela estiva.
Jane levou Natalie até eles, seu sorriso tão largo que estava
começando a doer.
—Ei, querida —, disse ele, inclinando-se para beijar sua
bochecha. —Você ainda está bem?
O sorriso dela caiu tão rápido que foi chocante. Não ajudou que
seus sentimentos passassem de impressionados pela fofura para
completar o medo e a tristeza.
David olhou nos olhos dela antes de lhe dar um beijo nos lábios.
—Eu sei.
Seu peito doía quando ela se inclinou contra ele por um
segundo. A respiração parecia difícil de repente.
—Venha aqui, Natalie —, disse David, puxando a filha para fora
de seus braços. —Mamãe precisa de um minuto.
—Obrigada. — Jane se virou quando ele levou os filhos para fora
da suíte de banho.
Seus olhos lacrimejaram e sua garganta estava tensa. Ela colocou
as mãos no balcão e fechou os olhos. Ela não queria se despedir. De
novo não.
—Oh, meu amor. — Disse David, passando os braços em volta
dela por trás.
—Eu não posso fazer isso. — Jane tentou muito não chorar, mas
as lágrimas vieram.
Ele a virou e a abraçou. —Você fará isso porque eles precisam,
Jane. Você sempre fará o que eles precisam.
Jane o abraçou, seu corpo tremendo enquanto lutava para se
controlar. —Por favor, não me faça dizer adeus, David. Por favor... Eu
não posso fazer isso. Por favor, deixe-me ficar com eles.
Ele suspirou, inclinando o rosto para cima. —Bebê, eu também
não quero que você faça isso, mas devemos ir. Eu sou um cavaleiro e
tenho um dever para com este mundo. Você sabe que é importante eu
ir, e você sabe que eu não vou te deixar. Por mais que eu queira
acreditar que você tem total controle sobre sua imortalidade e a
entidade, nós dois sabemos que você não tem. Mesmo que você tenha,
seu dever é proteger o mundo.
Ela tentou se afastar, mas ele a segurou imóvel.
—Não fique com raiva de mim. — Ele a beijou rapidamente. —
Estou simplesmente explicando por que você não pode ficar.
—Existem muitos outros. — Disse ela, sua tristeza se
transformando em raiva. Por que as esposas sentavam-se no castelo e
não ela?
—Jane, há muito pouca ameaça no castelo. Se ficássemos,
estaríamos sentados aqui, exatamente como estamos desde que
chegamos aqui. Você realmente acha que nós, você e eu, os dois
imortais mais poderosos do planeta, devemos sentar enquanto nossos
companheiros lutam contra ameaças maiores?
Ela desviou o olhar do dele, mas ele ainda não a deixou ir.
—Você pode ficar com raiva de mim como quiser —, ele disse. —
mas você sabe que estou certo. Você sentirá uma culpa incrível se
descobrir que um dos homens acabou ferido ou morto em batalha.
Você sabe o que está em jogo. Como minha Outra, você está destinada
a lutar ao nosso lado. Esta é a próxima missão. Cada batalha em que
triunfamos significa que estamos um passo mais perto de viver em
paz.
Ele estava certo, mas ela não se importava. Estes eram os bebês
dela. Ela já havia se despedido uma vez antes; ela nunca mais queria
experimentar.
—Você pode chorar o quanto precisar, certo? — Ele olhou para
ela, um doce meio que implorando que ela entendesse em seus olhos.
—Eu não estou pedindo para você simplesmente sugar isso. Só posso
imaginar a dor e o medo que você está sentindo, e não espero que
você esteja bem em deixá-los ou em dizer a eles que vamos embora. Se
apoie em mim, ok?
O lábio dela tremeu. —E se eu não voltar? E se algo acontecer
aqui?
David pressionou seus lábios nos dela e depois beijou sua testa.
—Você vai voltar. Acredito em você e acredito que somos ambos
necessários nesta missão. E, na medida em que algo está acontecendo
aqui, é improvável. A maior parte do Canadá está livre da praga.
Existem sobreviventes, mas estamos tão isolados que poucos
procuram abrigo aqui.
—Mas os vampiros aqui não gostam de nós. — Disse ela.
—Isso não é verdade. Há alguns que estão chateados com a sua
presença e estão sendo monitorados ou já foram tratados. Há muitos
felizes em ter você e sua família conosco. Você não compareceu ao
enterro de Dagonet; ele era respeitado por muitos, e todos os guardas
juraram imediatamente proteger sempre as crianças que ele deu a
vida para manter em segurança.
Seu coração palpitava. —Eu gostaria de ter ido embora. Eu sei
que ele era um bom amigo seu, e ele se importava muito com Nathan.
David acariciou seus cabelos e sorriu. —Ele era um bom amigo.
Eu acho que morrer por Nathan foi o melhor, no entanto. Ele salvou
um menino que amava tanto quanto seu próprio filho - ele fez o que
falhou como mortal. Os outros guardas sentem o mesmo e juraram
proteger ele e Natalie. Seus filhos estarão seguros. Eles são apreciados
e serão adorados por todos que os conhecerem. Tenha em mente que
Gwen e Elle são guerreiras incrivelmente habilidosas, assim como as
outras esposas. Eu confio que as crianças estão em boas mãos. E
Arthur já falou com Jason. Ele sabe que estamos indo embora e que
minha irmã intervirá quando julgar necessário. Ele concordou sem
qualquer argumento.
—Eu ainda não quero ir. — Ela sabia que estava sendo chorona,
mas não queria deixar seus filhos novamente.
—Eu sei. — Ele segurou o rosto dela. —Você deve, no entanto.
Voltaremos e você lhes dirá como a mãe deles lutou bravamente com
seus cavaleiros.
Através dos olhos lacrimosos, ela sorriu e o abraçou com força.
—Sinto muito por estar com raiva. Eu sei que temos que ir.
David passou os dedos pelos cabelos dela. —Bebê, você pode
lutar comigo o quanto quiser. Eu sei que isso não é fácil, por qualquer
meio. Devemos acabar com isso, no entanto. Dei o vestido a Natalie,
mas ouvi-a pulando na cama o tempo todo.
Jane riu enquanto ele ria. —Me dê apenas mais um minuto. Eu
preciso lavar meu rosto.
—Estaremos esperando. — Ele a beijou mais uma vez e depois a
deixou sozinha.
Mais algumas lágrimas caíram quando ela encarou seu reflexo
no espelho. Como ela se despediu deles antes? Como alguém se
despedia de seus filhos quando sabia que não voltaria ou, pelo menos,
acreditava que não voltaria? Seu rosto se enrugou de agonia quando
ela lembrou que Wendy tinha feito exatamente isso com seus filhos.
Sua melhor amiga sabia que ela não estaria lá para eles, e ela se
despediu. Bravamente.
—Natalie, como você colocou isso de dentro para fora? — David
falou do quarto.
Jane soltou uma risada misturada com um soluço antes de
rapidamente espirrar um pouco de água fria no rosto. Depois de dar
um tapinha no rosto, ela saiu, sorrindo tristemente com o que viu.
David estava com a mão sobre os olhos enquanto Natalie estava de pé
na cama na frente dele, ajeitando a camisola. Ela estava rindo o tempo
todo, ocasionalmente acenando com a mão na frente do rosto dele.
David estendeu a mão para Jane, mas ele manteve a outra mão
sobre os olhos.
Quando ela se aproximou, ele colocou o braço sobre o ombro
dela e a puxou para ele. —Melhor?
Envolvendo os braços em volta da cintura dele, ela respirou seu
perfume e suspirou. —Na verdade não, mas eu sei que você está certo.
—Gostaria de não estar, mas tenho orgulho de você.
Jane sorriu, afastando-se dele para poder ajudar a filha. —Bebê,
essa é a cava do braço.
—Mamãe, você está triste? — Natalie perguntou, finalmente
colocando o vestido corretamente.
—Sim, querida, estou muito triste.
David esfregou as costas de Jane enquanto falava com Natalie. —
Você está vestida, princesa?
—Sim, você pode olhar agora.
David riu, abaixando a mão. —Muito bem, princesa. Agora,
vamos nos sentar, porque precisamos conversar com vocês dois sobre
algo muito sério.
Natalie sentou-se rapidamente na cama, dando um tapinha em
Nathan, que silenciosamente tomou seu lugar ao lado dela.
Jane olhou para eles, incapaz de desviar o olhar ou respirar. O
peito dela parecia ceder.
David sentou-se na cama e a puxou para o colo, mas falou com
Natalie e Nathan. —Agora, o que vocês sabem sobre o trabalho que
sua mãe e eu fazemos?
Natalie olhou entre eles, mas foi Nathan quem respondeu. —
Princesa do cavaleiro.
David riu e beijou a lágrima na bochecha de Jane. —Isto é uma
grande verdade. Eu sou um cavaleiro, e mamãe é minha princesa. —
Ele enxugou as lágrimas e continuou falando com eles. —Mas ela
também é uma cavaleira em treinamento. Ela luta contra os monstros
ruins comigo e com os outros cavaleiros. Fazemos isso para mantê-los
seguros.
— E o resto do mundo. — Disse Natalie, sem tirar o olhar
preocupado de Jane.
—Está certa —, disse David. —Deus me deu, Arthur, tio Gawain
e os outros, presentes para que pudéssemos proteger o mundo. Há
coisas ruins por aí, e Deus nos deu o dever de proteger todos. Sua mãe
foi escolhida, assim como eu. Você sabia que a mamãe é mais
poderosa que eu?
Eles olharam para ela com a boca aberta. —Realmente? —
Perguntou Natalie.
—Realmente. — David beijou a cabeça de Jane. —Você se lembra
de Ryder? — Eles assentiram. —Mamãe até tem poder sobre ele. Ela
pode fazer nós dois fazermos o que ela quiser, porque ela é muito
poderosa.
—E porque vocês dois a amam —, disse Natalie. —Ryder ama
mamãe também.
Jane sorriu tristemente, mas tinha medo de conversar.
David assentiu. —Sim, Ryder a ama tanto quanto você e eu. Ele é
forte e poderoso, mas sua mãe recebeu presentes que nem ele pode
dominar.
—Uau. — Natalie sussurrou.
—Sim. Uau —, disse David. —Agora, você se lembra dos
monstros em sua casa?
—Quais? — Perguntou Natalie, fazendo o coração de Jane doer.
Ela não queria que eles tivessem medo.
—Todos eles—, disse David. —Você sabia que eles estão em todo
o mundo?
Natalie balançou a cabeça enquanto Nathan mantinha os olhos
em Jane.
—Bem, eles estão. O mundo depende de nós para protegê-lo, e
isso significa que devemos lutar. Ryder está lutando, assim como
outros guerreiros como eu, mas o mundo precisa sua mãe. O mundo
depende daqueles que são mais fortes para lutar pelos fracos e
amedrontados.
—Você está indo embora — disse Natalie, os lábios tremendo
enquanto os olhos se enchiam de lágrimas. — Você e mamãe estão
indo embora.
David suspirou, mas ele respondeu honestamente: —Sim,
princesa. Temos que sair para ajudar os outros.
Nathan não disse nada. Ele não precisou, no entanto. Suas
lágrimas e gritos enquanto se arrastava até Jane disseram o suficiente.
David ajudou as duas crianças no colo dela antes de envolver os
braços em torno de todos eles enquanto ouvia seus gritos.
—Mamãe, fique. — Nathan disse, suas respirações em pânico
piorando as dela.
Natalie chorou. —Não vá, mamãe. Vamos ficar bem. Prometo
que seremos bons. — As respirações de Natalie saíram rápidas
quando seu pânico tomou conta dela. —Mamãe, não nos deixe.
Novamente. Por favor, mamãe... M-mamãe!
A filha dela chorou e Nathan chorou tanto que ele estava
tremendo.
—Eu vou voltar —, disse Jane, soluçando tão dolorosamente
quanto eles. —Eu vou voltar.
—Eu vou trazer a mamãe de volta. Eu juro —, disse David,
apertando-os gentilmente. —Shh... Vai dar tudo certo. Mamãe vai vê-
los novamente. Eu vou vê-los novamente. Eu sei que vocês entendem
por que ela é necessária.
Jane o olhou, com os lábios trêmulos enquanto o observava.
David beijou os dois filhos na cabeça antes de beijá-la. — Eu vou
trazer a mamãe de volta. Eu prometo. — Ele descansou a cabeça na
dela, balançando-os enquanto ela chorava com os filhos.
Ela se inclinou contra ele, deixando que ele compartilhasse parte
dessa dor com ela. Ele beijava seus cabelos, murmurava em seu
ouvido que ele estava lá e que ele a traria de volta para eles. Ele
levantava uma mão e esfregava as costas de Nathan ou Natalie. Eles
ficavam quietos cada vez que ele os tocava, e ela se perguntava se o
calor dele era algo que eles também podiam sentir.
Jane fechou os olhos quando ela embalou os dois bebês e girou
os dedos pelos cachos de Natalie e acariciou a bochecha gorda de
Nathan. Ela não queria isso. Ela queria desesperadamente ser uma
boa mãe e, embora soubesse que nunca poderia ficar sozinha com eles,
ela esperava com David ao seu lado que ela pudesse ser uma mãe
melhor.
—Eles estão dormindo —, David sussurrou, dando um beijo em
sua têmpora. —Fique quieta, eu vou pegar Nathan.
Jane choramingou quando ele cuidadosamente afastou o filho.
—Eu sei, querida. — David beijou a têmpora dela e, em seguida,
levantou-se completamente. —Mas é hora de partir. Temos que
conversar com Jason antes de encontrarmos os outros.
Ela respirou em pânico enquanto o observava deitar o filho na
cama. —David, por favor.
Ele se virou para ela e levantou Natalie de seus braços. —Seja
corajosa, meu amor.
Ela cobriu a boca e, através dos olhos lacrimosos, ela viu seu
vampiro beijar a cabeça de seus filhos quando ele mais uma vez
prometeu que a traria de volta a eles.
O coração de Jane estava sendo esmagado. Ela não conseguia
desviar o olhar de seus rostos adoráveis. Ela nunca quis ver a tristeza
gravada em seus rostos no dia em que os deixou antes - mas ela via
agora.
David a puxou para cima, abraçando-a enquanto ela lutava
gritando sua dor no coração. —Jane, eu vou te trazer de volta.
—Eu só não quero deixá-los.
Ele a esfregou nas costas enquanto passava os dedos pelos
cabelos dela. —Eu sei, mas voltaremos.
Ela confiava nele. Sabia que ele faria todo o possível para trazê-
los para casa em segurança, mas ela estava quebrando. E estava
prestes a terminar oficialmente o casamento com o pai.
—Dê-lhes um beijo. Eles sabem que você não estará aqui quando
eles acordarem.
Jane esfregou as lágrimas antes de se aproximar de seus bebês.
Ele as colocou na mesma cama, e ela sabia que eles precisariam um do
outro mais do que nunca. —Mamãe ama vocês —, ela sussurrou,
acariciando gentilmente a testa de Nathan. Ela se abaixou e beijou a
cabeça dele, lutando para não fazer barulho. Então ela fez o mesmo
com Natalie. —Sempre. Eu amo vocês dois.
David esfregou as costas dela quando ela não se mexeu. Ele a
segurou e os dois ficaram ali, observando-os enquanto dormiam.
Finalmente, David se afastou, mas ele agarrou a mão dela. —
Jason está esperando.
Tomando várias respirações rápidas, ela o deixou puxá-la do
quarto, apenas perder de vista deles, quando ele fechou a porta. Seu
soluço macio não poderia ser contido, e ele abraçou-a rapidamente.
—Shh...— David beijou o topo de sua cabeça. —Seja corajosa,
Jane.
Uma risada baixa ecoou na sala de estar, deixando Jane e David
tensos um contra o outro.
—Eu acho que é por isso que você é melhor para ela —, Jason
disse suavemente. —Você diz a ela para ser corajosa, e eu sempre digo
para ela não ser algo que ela não era.
David pegou a mão dela e se colocou na frente dela enquanto
caminhavam até Jason. —Ela é a pessoa mais corajosa que eu já
conheci —, disse ele, apertando a mão dela com mais força. —Ela só
precisa de alguém para lembrá-la de que é.
Jane olhou para o marido. Ele estava mais magro, mais pálido. A
confiança e o olhar presunçoso que ele geralmente não estava à vista.
—Você a vê — disse Jason, sem desviar o olhar do rosto. — Você
a vê mesmo com lágrimas. Não. Via fraqueza, covardia. Via a feiura
do que havia sido feito com ela, o que havia sido deixado para trás -
mas você ainda a vê, não é?
David ainda estava tenso, mas falou calmamente: —O choro não
deixa a pessoa fraca. É preciso mais coragem para chorar do que
esconder a dor ou a tristeza. Eu a vejo toda. As partes ruins também
estão lá, tentando esconder quem ela realmente é, mas eu aceito toda
ela. Essa é a única maneira que eu consigo ver a luz dentro dela.
Jason sorriu e olhou para sua mão, seu anel. —Eu não queria me
casar. Eu não queria uma esposa ou filhos, não na época, pelo menos.
Eu amava Jane, mas não queria dedicar minha vida a ela. Ela era
muito trabalho para mim, mas eu me acostumei a tê-la por perto.
Quando vi outros atraídos por ela, eu não gostei, e me recusei a deixá-
la ir.
— Eu acho que também vi vislumbres da pessoa que ela poderia
ser, e eu queria isso para mim. Ela às vezes se iluminava, do jeito que
ela faz com você e, especialmente, como eu a testemunhei com Ryder.
Eu não queria que mais ninguém a tivesse. Nem sei o que a trouxe,
mas às vezes eu via o que imagino que você vê o tempo todo.
—Então esse era o seu problema —, disse David, sem raiva,
ainda controlado. —Ryder e eu amamos essas partes vulneráveis e
frágeis dela tanto quanto os lados brilhantes, doces e poderosos dela.
Ela prospera quando todos dizem que ela é amada. É uma pena que
você não possa olhar além da tristeza dela.
Jason assentiu. —Seu amigo Dagonet disse algo parecido antes
de morrer. Eu não entendi. Ainda tenho dificuldade, mas nesta
semana passada, observando-a, observando você cuidar dela quando
ela olhava de lado - ela sempre olhou para o lado, e você sabe que ela
está vendo algo horrível... Eu já vi isso, mas nunca ajudei; não sabia
como... Então eu a ignorei. Era impossível ignorá-la dessa vez.
—Você não se afastou ou esperou que ela finalmente desistisse
como sempre fiz. Não tenho dúvidas de que ela voltaria dessa vez
também - para as crianças. Nunca para si mesma, mas sim para elas.
Ela é a única. Eu sabia disso. Eu sabia que quando ela os tinha, eles lhe
deram uma razão para revidar. Mas eu a deixei para lutar sozinha.
Mas você não.
—Jason. — Jane sussurrou, com a voz embargada. Ela nunca
tinha ouvido falar dessa maneira. Ela nunca tinha acreditado que ele
viu ou tinha entendido, mas ele fez, até certo ponto, e ele estava
admitindo que ele a tinha abandonado.
Jason levantou a mão dele. —Deixe-me dizer isso, Jane. Preciso
que ele me ouça e preciso que você entenda antes de ir.
David abraçou-a e puxou-a para perto.
O olhar de Jason se fixou no movimento, mas ele falou
calmamente: — Eu não sabia que você viu seu abuso, Jane. Não sei o
que pensei quando você se afastava ou quando você choraria depois.
Eu não sabia por que você chorava no chuveiro. — Ele a encarou nos
olhos. —Arthur me contou quando eu discuti com ele. Ele me contou
o que você só contou a David.
Lágrimas deslizaram por suas bochechas quando ela olhou para
seus olhos vidrados.
—Eu sei por que você não me contou —, disse ele, ainda sem
desviar o olhar de seu rosto. —Eu nunca lhe dei uma razão para
acreditar que ouviria. Que eu me importaria. Eu não queria saber o
que aconteceu com você. Eu não queria falar sobre isso. Ainda não sei.
Na verdade, acho que não tinha nada a ver com pedir para você confie
em mim quando nos conhecemos... Mas eu sei que David estará lá
para você. Eu odeio que ele a ame tão ferozmente, mas também estou
aliviado que alguém a ama.
—Oh, Jason. — Disse ela, enxugando as lágrimas.
Jason sorriu tristemente. —Quando eles me disseram que você
estava viva, fiquei tão aliviado porque finalmente seria capaz de fazer
as pazes com você. Eu sabia que tinham te levado, por certo, e pensei,
esta é minha chance. O destino me deu uma segunda chance com
você. Mas então eu o vi ao seu lado, e eu sabia que havia perdido
você. A maneira como ele olhava para você e no caminho você o
protegeu de mim, como se eu pudesse machucá-lo. — Ele sorriu
tristemente de novo. —Eu sabia que tínhamos terminado. Eu sabia
que ele deixaria você ver como você deveria ter sido tratada. Inferno,
acho que Ryder até mostrou mais amor do que nunca.
Mais lágrimas caíram, deslizando por seu queixo e pescoço. Ela
não sabia como se sentir.
—Eu ainda não queria que ele tivesse você —, disse ele, sua voz
mais forte. —Eu não queria suportar você ou o que você se tornou,
mas eu não queria que nenhum deles tivesse o sorriso que ele estava
colocando em seu rosto. Mas eu tenho agora.
Jason ergueu o olhar para David. —Eu nunca quero vê-la da
maneira que eu a fiz parecer. Você deu a ela uma segunda chance na
vida; eu quero que ela viva. Então, cuide dela. Mantenha-a segura.
David a apertou quando suas pernas começaram a tremer. —Eu
vou cuidar dela, Jason.
Jason caminhou até eles, parando a poucos metros de distância.
—Quando vocês dois voltarem, descobriremos como ser uma família.
— Ele olhou para David: —Todos nós.
Jane jogou os braços em volta do pescoço de Jason. —Obrigada,
Jason. — Ela chorou quando ele a esfregou nas costas. —Sinto muito.
—Não há motivo para desculpar —, disse ele. —parei de ser
marido e fico feliz que David esteja lá para me chamar. Eu te perdi e
só tenho a culpa.
Ela esfregou os olhos, inclinando-se para trás para olhá-lo. —Eu
ainda...
Ele balançou a cabeça. —Eu sei que não podemos obter um
divórcio adequado, mas você está livre de mim. Espero que um dia
você possa perdoar e você pode se lembrar de algo de bom em mim.
Nenhuma palavra veio à sua mente, e ela engasgou quando ele
levantou a mão esquerda, o polegar e o indicador se fechando em
torno de sua aliança de casamento.
—Eu quero manter isso —, ele disse suavemente. —Você não
deve usar meu anel se você estiver com ele.
Os olhos dela ardiam quando ele puxou o anel que ela nunca
tirara do dedo. Estava realmente acabado. Ela não era mais a esposa
dele.
Jason sorriu tristemente enquanto o segurava na mão. —Quando
eu olhar, lembrarei-me de que houve uma época em que eu tinha a
esposa mais bonita. — Ele olhou para David brevemente antes de
olhar para ela. Ele segurou suas bochechas, enxugando as lágrimas
antes de repentinamente pressionar seus lábios nos dela.
David rosnou, mas ele não se mexeu. Jason já havia se afastado
de qualquer maneira.
Jason sorriu para ele. — Um beijo de despedida. Ela é toda sua.
Faça-a feliz.
Jane ficou parada, entorpecida. Ela só sentiu algo quando as
mãos de David deslizaram por seus braços em um movimento suave.
—Farei tudo o que puder para fazê-la feliz. Cuide-se, Jason. Não
se esqueça de chamar Gwen e Elle. Elas estarão com você todos os
dias. Por favor, deixe-as ajudá-lo com as crianças.
Jason assentiu e esfregou os olhos. —Eu irei. Vocês dois estão
indo agora. Vejo vocês quando você voltarem.
—Vamos —, disse David, pegando a mão dela. —Venha, Jane.
Precisamos conhecer os outros.
Jane ficou lá, olhando as costas de Jason enquanto ele se
afastava.
—Bebê, nós temos que ir. — Disse David, beijando o topo de sua
cabeça.
—Tudo bem... Tchau, Jason.
25
ENTRETENIMENTO DE VOO
Jane agarrou a ponta do assento e afastou-se do ombro de David.
Ela estava encostada nele, atordoada, desde que decolaram.
David colocou o braço em volta dela e a puxou de volta para ele.
É apenas turbulência.
Ela suspirou e relaxou contra ele. —Eu só voei uma vez com
você, e nem me lembro do avião decolando.
—Você estava preocupada.
A imagem de um David sangrando e inconsciente brilhou em
sua cabeça, e ela o abraçou. —Deus, isso foi horrível. Não me faça
pensar nisso.
—Desculpa, meu amor. No entanto, gosto de lembrar o
momento em que minha corajosa garota salvou minha vida.
Ela olhou para ele. —Eu não era corajosa. Estava com medo de
perder você.
David beijou sua testa antes de lhe dar um olhar severo. —Você
pode estar assustada e ser corajosa. Na verdade, eu acho que te faz
mais corajosa do que se não tivesse medo. Apesar do seu medo, você
ficou ao meu lado quando outros desistiram, e usou seus poderes de
uma maneira que você nunca pensou ser possível. Você tentou,
mesmo com medo de falhar. Isso é bravura, meu amor. O mesmo
pode ser dito para a força que você demonstrou para seus filhos.
Ela bufou e olhou para a frente novamente. —Eu não sou forte.
Eu não conseguia nem ficar sem chorar por tempo suficiente para sair.
—Chorar não a deixa fraca —, disse ele, confiante. —Você
precisava chorar com eles. Eu posso estar lá para me agarrar a você
enquanto você faz. Você não precisa fazer tudo sozinha.
Os olhos dela lacrimejaram. Nunca lhe disseram que chorar era
bom. Ninguém reagia como ele quando chorava. Houve várias vezes
que ela conteve as lágrimas e sentiu-se um pouco satisfeita por não ter
chorado. Ela se sentia fraca, mas lá estava ele, dizendo a ela que estava
tudo bem, e ele não pensava menos dela.
—Oh, Jane. — Disse ele, erguendo-a em seu colo. Ele enxugou as
lágrimas e ela franziu a testa porque ela não tinha percebido que ela
realmente começou a chorar.
—Sinto muito.
David olhou nos olhos dela. —Não se desculpe por isso. Sei que
outros fizeram você acreditar que você é fraca pela maneira como
lidou com as coisas horríveis que experimentou, mas são tolos de
mente pequena. Aposto que muitos que disseram ou pensaram que
você era fraca se sairiam muito pior que você. É fácil descartar alguém
como fraca quando você não viveu a vida que ela tem. E muito poucos
têm a capacidade mental de compreender o que você realmente sofreu
- o que você ainda sofre.
—Assim como Jason disse, ele não queria saber. Se alguém se
recusar a tentar entender, a opinião deles sobre você não terá sentido.
Não que você deva se importar tanto com o que eles pensam, mas eu
sei que é difícil para ignorar a negatividade deles. Tenho fé que você
um dia vai superar. Mas, por enquanto, sei que eu, seu belo
namorado, não a acho fraca por chorar.
Ela beijou seus lábios rapidamente: —Você é tão bom que dói.
—Duvido que outros concordem com você. — Ele sorriu antes
de acariciar sua bochecha.
—Eles são tolos de mente pequena, então. — Disse ela, rindo
quando ele riu contra seu pescoço.
Ele sorriu, seus olhos brilhando de felicidade. —Precisamente,
meu amor.
Ela estremeceu, seus olhos se fechando quando ele beijou seu
pescoço.
—Meu ursinho de goma.
Jane riu e cobriu o rosto, notando que ainda tinha lágrimas, e
enxugou-as. —Esse é o pior apelido que já ouvi. Só posso me imaginar
com uma pequena roupa de urso vermelho e você me perseguindo.
Ele riu, e o som profundo fez suas pernas se apertarem. —Eu
posso sentir o cheiro da sua mudança de humor, bebê. Os outros
também o fazem se você não acalmar seus hormônios. Garanto-lhe
que apertar as pernas não esconde nada.
Ela corou. —Bem, pare de me beijar.
Os lábios dele se voltaram contra o pescoço dela. —Você
realmente espera que eu defenda essa demanda?
—David. — Jane empurrou contra ele, mas ele a segurou e beijou
seu pescoço lentamente.
Ela não pôde evitar. Ela gemeu.
Ele sorriu contra sua pele, beijando-a mais uma vez antes de se
afastar. A satisfação em seu rosto a fez formigar por todo o corpo.
—Você adora me fazendo parecer como uma menina burra, não
é? sempre começando coisas.
David a agarrou pela nuca e a beijou: —Primeiro, você começa
algo toda vez que sorri para mim.
Sua barriga ficou com aquela sensação de agitação.
—E segundo, minha garota está longe de ser burra. No entanto,
ela se torna uma bagunça corada quando eu a toco.
—Estou com raiva de você. — Ela não estava.
Ele balançou a cabeça. —Eu não acho que você está.
—Tão cheio de si mesmo.
—Confiante. — Ele sorriu, e os sorrisos de David faziam coisas
devastadoramente bonitas para as emoções dela. —E observador —,
continuou ele. —Desde que te conheci, eu vi todas as vezes que suas
bochechas coravam, cada arrepio, cada ingestão de meu perfume que
você tomava, e toda vez que você morde o lábio, porque o queria
contra o meu.
Ela olhou nos olhos dele, sem saber por quanto tempo, mas
pareceu uma eternidade antes que ela finalmente se afastasse.
—Você merece uma medalha, meu amor. — Ele riu, acariciando
seus cabelos. —Você aprendeu a se controlar ao meu redor, afinal.
—Morda-me, David! — Ela olhou para o rosto sorridente dele.
—Eu pensei que estávamos controlando nossos desejos, Jane —,
disse ele, totalmente divertido. —Isso não sairia bem. Você se lembra
da última vez que mordi você.
Ela corou quando viu Gareth rindo do outro lado da cabine do
avião.
—O que? — O sorriso dele se estendeu ainda mais:
—Você está tentando me fazer dizer algo estúpido.
—Estou tentando fazer você sorrir, querida, e você está me
fazendo trabalhar mais do que o normal.
Suspirando, ela se virou para ele e sorriu. —Pronto. Feliz agora?
Ele beijou o nariz dela. —Quase. Seu sorriso é sempre a minha
visão favorita, mas eu gosto mais quando você fala sério.
Jane sorriu e tentou desviar o olhar. Ela adorava a maneira como
ele falava com ela.
—Aí está. — Ele murmurou antes de beijar os lábios sorrindo.
Ela beijou mais forte, respirando o cheiro dele. Seu coração batia
violentamente no peito.
— Ela age como uma adolescente hormona. — Uma voz
feminina sussurrou para outra pessoa, e havia apenas uma outra
mulher no avião: Ártemis.
Quando Jane tentou se afastar, envergonhada e com raiva, David
a agarrou com mais força e aprofundou o beijo até que ela não
conseguisse nem pensar nas palavras da deusa.
—Ela é muito mais nova que você, querida irmã. — O tom de
humor de Apolo rompeu o véu quando David mordeu o lábio.
—Somente em anos mortais! — Ártemis bufou, e Jane sorriu
quando Gareth e Gawain riram com Apolo. —Minha idade física é
mais jovem que a dela.
—Então David parece apreciar como o corpo de uma mulher se
completa ao longo do tempo e após o parto —, disse Apolo, rindo. —
Talvez seja por isso que você permaneceu sozinha - sua aparência
jovem não apela para homens como David.
Jane escondeu o rosto no pescoço de David, sorrindo enquanto
ele ria e a esfregava nas costas. Ela não queria que Ártemis fosse
provocada, mas ela deveria aprender a manter a boca fechada,
especialmente ao seu redor.
—David! — Gareth gritou, rindo quando Apolo balançou a
cabeça para ele, enquanto o rosto de Ártemis ficou vermelho de fúria:
—Diga-nos, homens de seu status preferem frutas suculentas e
maduras ou você está tão ansioso que morde bananas verdes e
azedas?
Jane cobriu o rosto com a mão enquanto tentava não rir, mas
alguns dos cavaleiros o fizeram, e Ártemis foi para outro lugar do
avião.
—Uma banana, Gareth? — David riu, passando os dedos pelos
cabelos de Jane. —E você sabe que eu prefiro frutas prontas.
—Eu entrei em pânico —, disse Gareth, rindo. —Se eu a
comparasse com uma uva azeda que você engasgaria, acho que ela
poderia ter me castrado.
—Gareth. — Jane abaixou a mão e riu dele. —Você é tão terrível.
Pare de comparar mulheres com frutas.
Gareth sorriu. —Pergunte a David qual fruta você tem gosto,
Jane. Ele me disse e admito que estou com ciúmes. O Goma de Urso
vermelho também era o meu favorito.
Jane sentiu o calor subir pelo pescoço e cobriu o rosto para
esconder o rubor. —David!
Ele riu e afastou-os dos outros. —Não fique envergonhada.
—Como ele descobriu?
David inclinou o rosto para cima. —Perguntei se ele tinha mais.
—Mais o que? — Jane desviou os olhos, seu rosto imitando o
doce maldito que ele a comparava quando ela percebeu o que ele
queria dizer. —Você vai desintoxicar se não desistir.
Ele sussurrou em seu ouvido: —Você pode fazer o mesmo?
—Não se preocupe, irmão! — Gareth gritou, rugindo de tanto
rir. —Ela não pode desistir de você!
David beijou a têmpora dela. —Estamos tentando animá-la,
querida.
Ela assentiu e beijou sua bochecha. —Eu sei. Obrigada, mas pare
de me excitar. Sei que os meninos já sabem que sou impossível, mas
não quero parecer uma garota hormonal.
—Você é uma garota hormonal —, disse ele rapidamente. —
Estou cativado por sua inocência e personalidade boba. E eu amo suas
reações hormonais ao meu redor.
—Eu devo agir mais madura, no entanto. Eu sou mãe.
Ele riu. —Então você deve perder a graça porque é mãe?
—Até certo ponto, eu acho. — Disse ela, mordendo o lábio. Na
verdade, ela estava sentindo uma dor no peito com o comentário de
Ártemis. Ela era uma garota boba em torno da Morte; ela sempre fora
uma, e era desaprovada pela maioria das pessoas com quem já lidara.
David abaixou a voz. —Não fique chateada com o que ela disse.
Eu amo tudo em você.
Jane falou em um tom igualmente suave. —Mas ela está certa. Eu
vou te envergonhar. Haverá mais mulheres que pensam como ela.
—Primeiro —, ele disse. —eu nunca ficaria envergonhado com
você. Tenho orgulho de dizer que você é minha Outra e namorada. E
segundo, você está certa - haverá pessoas que pensam ou dizem
coisas, mas isso não significa que elas sejam verdadeiras ou que sejam
importantes. Realmente, Jane, o que importa o que uma mulher, ou
várias, pensa?
—É só que ela é uma deusa —, ela murmurou. —E sua irmã é
uma rainha, e as esposas são todas, bem, eu não sei o que são. Ladys?
Seja como for, eu não sou apenas uma delas, e sei que vou me deparar
com outras deusas, e então você me pegou. É como se eu fosse a irmã
mais nova de Gawain, entre um monte de deusas que se gostam.
Talvez nem todas sejam más, mas eu nunca me encaixarei. Nunca.
—Você é a melhor irmã caçula de todos os tempos, amor —,
disse Gawain em voz alta. —Esse é o melhor título que existe.
Jane corou, mas não olhou para trás para onde eles estavam. —É
que, eu tento ser corajosa e dou de ombros, mas ainda fica difícil ouvi-
las falar como se eu não pudesse ouvi-las. Não estou mentindo
quando digo que, além de Wendy, não tive experiências positivas com
meninas ou mulheres. Sua irmã e Elle foram muito gentis, mas não é
como se fôssemos amigas. Eu não consigo me ver saindo com
nenhuma delas - eu nem sabia como agir. Às vezes eu só quero ser
normal e me encaixar.
David inclinou o rosto para cima enquanto olhava para baixo,
procurando os olhos dela, e ele falou naquele tom - aquele tom
profundo, mas suave que ele usava com ela e mais ninguém. —Uma
verdadeira deusa não se abaixa para se misturar com outras pessoas
ao seu redor. Ela é alta, admirada e muitas vezes invejada. Não tente
ser o que a sociedade pensa que deveria ser. Você é minha Jane, um
farol brilhante entre a luz das velas tremeluzente e moribunda. Deixe
elas queimarem. Seu lindo coração manterá sua luz acesa o tempo
todo, e eu não poderia pedir um presente melhor do que assistir
minha deusa brincalhona dançando na escuridão.
Ficou em silêncio por um longo tempo, e Jane só pôde olhar para
ele.
—Droga. — A voz de Gareth carregou por todo o avião.
Ela sorriu e beijou David antes de apoiar a cabeça no ombro dele,
rindo quando Gareth elogiou as habilidades de David.
—Ele aprendeu me observando com Elle. — Disse Gawain,
parecendo completamente confiante enquanto os outros riam dele.
—Sim —, disse Gareth. —Ele aprendeu o que não fazer com uma
mulher, seu palhaço.
Jane continuou sorrindo até ver Ártemis sentar-se com Hades. —
David, onde exatamente estamos indo?
David virou o rosto para ela. —Você não prestou atenção
durante nenhuma das reuniões, prestou?
—Acho que não —, disse ela, um pouco envergonhada. Ela sabia
que era para recuperar as coisas do cão de caça, mas ignorou para
onde estavam indo. —É longe?
—Na verdade não —, disse ele, ainda sorrindo. —Asgard é
muita remoto, no entanto.
Jane sentou-se ereta. —Asgard? Você disse Asgard!
Um leve sorriso brincou em seus lábios. Sim, Jane. O chamado
reino dos deuses nórdicos.
—Você está falando sério? — Ela disse, não se importando que
todo mundo estivesse olhando para ela porque sua voz estava
estridente. —Como Thor e Odin? Oh meu Deus! Você está falando
sério?
David riu da explosão dela e assentiu. —Estou falando sério.
—De jeito nenhum!
Ele riu enquanto falava. —Por que você está tão chocada?
—É Thor! — Obviamente, ela pensou.
Um olhar irritado passou por seu rosto, mas desapareceu
rapidamente. —Bebê, o rei Arthur e os cavaleiros da Távola Redonda
conheceram você no Texas. Seu namorado é um desses cavaleiros. —
Ele apontou para trás dela. —Hades, o Deus do submundo, está
sentado ao lado de Ártemis, e onde diabos está Apolo?
—Por aqui, jovem. — Disse Apolo, acenando para ela.
David assentiu. —Isso! Você conheceu os arcanjos, Michael e
Gabriel - e Lúcifer! Deus, Jane, seu companheiro mais antigo é a
própria Morte. Não me diga que Thor de todos os seres é mais
impressionante do que qualquer um de nós.
Ela balançou a cabeça. —Mas ele é Thor! Caramba, ele tem
Mjölnir?
—Ele é um imortal como todos nós, Jane. Um vampiro, não um
deus.
—OUTRO! — Ela jogou a garrafa de água no chão.
—Outro o que? Por que você jogou isso? — David observou a
garrafa rolar para longe.
Arthur riu ao pegá-la do chão. —Ela está citando uma adaptação
cinematográfica de Thor.
—Sério, Jane? — David balançou a cabeça. —Ele não é como as
adaptações de Hollywood dos quadrinhos. E eu posso levantar o
maldito martelo dele.
—Você pode? — Ela olhou para David, os olhos arregalados. —
Apenas Thor pode levantá-lo, no entanto.
—Eu sou mais forte que Thor. — Disse ele, parecendo
extremamente irritado agora.
—Oh, uau —, disse ela suavemente, tocando seu peito com as
pontas dos dedos. —Gostaria de saber se posso levantá-lo.
—Tenho certeza que você pode —, disse ele, sua voz tensa, assim
como seus músculos. —Não vejo qual é o problema. Ele é bem
conhecido porque não pode fazer algo tão simples como se misturar.
Ele gosta de mostrar sua força, e isso é tolice. Muitas vezes tive que
limpar a bagunça que ele causou. O pai dele não tem controle sobre
ele.
—Bem, Thor matou monstros nas lendas com as quais eu cresci.
— Ela gostava das lendas sobre Thor.
David lançou-lhe um olhar penetrante. —O que você acha que
eu faço? O fato de não haver lendas sobre mim significa apenas que
fiz bem meu trabalho, protegendo nossa existência.
—Ah, eu sei. Você destrói o mal — ela murmurou, dando um
beijo nos lábios dele. —Você é o vampiro mais assustador da Terra, e
o homem mais sexy que eu já vi.
Ele sorriu e a apertou contra ele. —Eu já sei que você acha a
Morte mais atraente, mas aceitarei o elogio assustador.
Ela não sabia como ele sabia disso sobre a Morte, mas isso não
importava. —Bem, ele tem uma vantagem injusta, então você é o
humano mais sexy. Sim, o mais sexy. Eu já vi muitas fotos de caras
quentes. Você é o mais quente.
—Mais quentes? — Ele levantou uma sobrancelha para ela. —
Você tem certeza que desta vez não está falando da temperatura do
meu corpo? Lembro que você insistiu que só sentia calor.
Ela riu de novo, olhando por cima do ombro. —Oh, Deus.
Simplesmente pare.
—Você deveria estar acariciando meu ego, Jane. — Disse David,
rindo.
—Oh, está certo! — Ela olhou para cima, rindo quando ele
balançou a cabeça. —Você não é apenas quente, mas você é o
cavaleiro mais corajoso e nobre. — Ela olhou em volta quando todos
os cavaleiros se viraram em sua direção. —Olá meninos.
—Continue, Jane —, disse Gareth, rindo. —Este é o melhor
entretenimento a bordo que já tivemos.
Suas bochechas estavam doendo, mas ela amava o jeito que
David estava olhando para ela. Então ela continuou novamente. —
Você mata os monstros mais perigosos com facilidade, todo mundo
tem medo de você e as mulheres querem você. Mas você é meu!
Os lábios dele se contraíram, fazendo-a sorrir largamente.
—Você é o melhor e o mais forte que existe. Somente a Morte
pode tocar em você, e até ele lutou. — Ela assentiu, orgulhosa de si
mesma por fazê-lo parecer feliz. —Você é meu David e me ama, então
isso também é um grande bônus.
—O melhor? — Ele perguntou, divertido.
—Dos melhores. — Disse ela, recebendo um beijo dele.
—Vou tentar me lembrar do seu elogio quando eu vir você rindo
de Thor.
—Juro que tentarei manter a calma. Mas é como conhecer Zeus.
Ele balançou sua cabeça. —Pelo menos Zeus tem menos controle
sobre seus hormônios do que você.
Ela ofegou. —Você o conhece?
David deu-lhe outro olhar irritado, e ela lutou para manter o
sorriso sob controle.
Ele riu. —Ele é o pai de Apolo e Ártemis, bebê. Hades é seu
irmão; sim eu conheço ele. Ele é um Maldito.
O sorriso dela caiu. —Oh, bem, isso é muito ruim. Gostei das
histórias sobre Zeus.
—Muitos gostam. — Disse ele calmamente.
Jane suspirou e recostou-se. Ela sabia que, mesmo que o
divertisse, ele estava um pouco dolorido por não ser uma de suas
lendas favoritas. Ela sabia que ele teria sido se houvesse histórias
escritas sobre ele.
—David? — Ela sussurrou, olhando através do avião.
—Hum?
—A espada de Arthur é Excalibur?
Ele beijou a cabeça dela. —Não é chamada assim.
Ela fez beicinho. —Isso é meio chato. Eu esperava que tivesse
poderes ou que ele tivesse puxado de uma pedra.
—Essas são duas espadas diferentes, Jane.
—Oh. — Ela realmente precisava aprender sobre elas. —Bem,
acho que há muitas histórias... A espada dele é mágica? Você sabe,
como Hades tem uma espada da Morte.
—Talvez ele lhe conte um dia. Arthur, Kay, Bedivere, Gawain,
Gareth e Gaheris são muito mais velhos que o resto de nós, o que
explica por que existem tantas lendas. As lendas com as quais você
cresceu são falsas. No entanto, uma espada foi retirada de uma pedra
e Arthur recebeu uma - a de uma dama de um lago.
A boca dela se abriu. —Oh, você tem que me dizer!
—Eu pensei que você estaria mais interessada em Thor e para
onde estamos indo. — Ele esperou, observando-a morder o lábio.
Sua vertigem ao ouvir tudo a tinha rasgado. —Ok, vou pedir a
Arthur e aos outros que me contem a história deles, e você pode me
preparar para Thor. Presumo que não vamos para outro reino.
—Correto —, ele disse. —Assim como estamos em uma parte
completamente diferente do mundo das suas lendas, os nórdicos
mudaram para manter suas identidades ocultas. É algo que todos nós
fizemos para nos tornar mitos e lendas, em vez de história verdadeira.
Eles estão em um lugar chamado Asgard na ilha Baffin. É uma
montanha, na verdade. Montanha Asgard. Há também uma
montanha Thor e Odin nas proximidades. Então, isso mostra que eles
não se mantiveram tão ocultos quanto gostaríamos que fossem. Eles
não estão diretamente na montanha, mas você pode vê-los na casa
deles. Você verá vários malditos por lá, incluindo Thor e Odin. Todos
eles esperam restaurar sua honra.
—O que você quer dizer?
—Eu acabei de lhe dizer que eles são os Malditos.
—Porquê? — Jane olhou para ele, sem saber por que isso a
irritou.
—Bebê, eles se reproduziram —, disse ele, seu olhar flutuando
sobre ela enquanto ela bufava. —Eles não cumpriram seu dever e
violaram as leis de Deus. É assim que funciona. Por que isso te
chateia?
Ela deu de ombros, virando a cabeça para encarar Apolo. —Acho
que só tenho uma queda por deuses gregos e nórdicos. Eu sempre
pensei neles como heróis, e agora estou aprendendo que a maioria
está condenada ao inferno. Não quero que sejam ruins. —Ela franziu a
testa quando a verdade a deixou ainda mais triste. — E é injusto que
pessoas como Dagonet sejam condenadas ao inferno. Apolo também.
Ele não parece tão ruim para mim. E quanto a outros deuses e lendas?
Como egípcios, astecas, maias e todos os outros?
—Quase toda mitologia tem alguma precisão —, disse ele. —Eles
foram criados pelo inferno ou foram escolhidos para trazer ordem.
Nós somos os executores, você poderia dizer. Você vê Apolo aqui; ele
está redimindo seus pecados da única maneira que pode. Ele está
lutando contra os monstros que sua família deixou escapar, ou que
foram gerados por ele e vários membros da família. Nós matamos a
maior parte da família dele porque eles estavam fora de controle. Se
ele caísse em seus velhos hábitos, criando, pecando, matando
inocentes, eu o destruiria para que ele pudesse ser julgado na vida
após a morte.
—Ai, David — disse Apolo, empurrando o lábio enquanto fingia
enxugar as lágrimas dos olhos negros. —Minha amizade não significa
nada para você?
—Você conhece a lei. — Disse David, sem olhar.
—Isso é horrível. — Jane olhou para Apolo, que não parecia
chateado. —Quantos amigos você matou porque não conseguiu ficar
bem?
David olhou para ela calmamente. —O suficiente para me fazer
parar de fazer amigos.
—Oh. — Ela disse suavemente.
—Eu tenho um dever, e eles sabiam o preço de seus crimes.
Ela havia desistido de amigos porque eles nunca eram amigos,
mas ela não podia imaginar ter que matar alguém com quem se
importava.
—Vamos discutir outra coisa? — Ele perguntou, aconchegando-a
novamente.
—Sim. Conte-me sobre a montanha. Como pousamos lá?
—Nós não vamos pousar —, disse ele, seu sorriso retornando. —
Nós caímos.
A boca dela se abriu. —Você quer dizer pular?
David sorriu, apertando-a suavemente. —É assim que chegamos
à maioria dos destinos por causa de quão remotos eles são. Além
disso, geralmente precisamos ocultar nossa chegada porque estamos
lá para destruir.
—Acho que faz sentido —, disse ela, olhando ao redor do avião.
—Mas não sei usar paraquedas. Podemos fazer o tipo em que estou
amarrado a você?
—Ela é adorável. — Disse Apolo, rindo com Gareth.
—Eu só não sei como usá-los. — Ela murmurou, olhando para
Apolo.
—Bebê, nós não usar paraquedas. — Disse David.
Ela olhou para ele —Mas você disse que pulamos.
David disse, ficando quieto quando ela finalmente entendeu:
—Nós estamos pulando sem paraquedas? — Ela o abraçou por
algum motivo, fazendo-o rir.
—Está tudo bem, Jane. Todos nós estávamos... planejando
carregar você.
—Não vamos nos machucar? E se você me deixar?
—Eu nunca te abandonaria. — Ele beijou sua bochecha, e Jane
ouviu distintamente Ártemis gemer antes que ela se levantasse e
saísse.
—Eu não sei por que ela é tão irritada —, disse Gareth. —Eu
gostaria de gravar David mole. Você sabe que ele não vai ficar assim,
muito depois de pousarmos.
David olhou para Gareth. —Eu sou legal com ela. Todo mundo
pode se foder se tiver um problema com o carinho que eu dou a Jane.
— Ele não virou a cabeça, mas ela viu seu olhar desviar para onde
Ártemis havia ido.
— Você é o melhor namorado de todos os tempos. — Ela
sussurrou, sem querer falar em voz alta.
Ele riu e virou-os para que eles não pudessem ver os outros. —
Estou feliz que você pense assim. Ele está certo, no entanto. Vou
mudar assim que estivermos por perto dos Amaldiçoados e Malditos.
Farei o meu melhor para permanecer o mesmo em torno de você, mas
suponho que você esteja preparada por minha indiferença. Você só
me viu com você e meus irmãos, assim como não testemunhou a
Morte em seu verdadeiro elemento.
—Vou tentar não envergonhá-lo.
—Eu já te disse que nunca vou ter vergonha de você. — Ele
beijou sua bochecha e sussurrou em seu ouvido: —Sentirei inveja
porque a mulher mais bonita, mais doce e mais corajosa que já conheci
me aceitou como ela.
—Sim. Sim. — Ela sorriu.
—Eu continuarei dizendo a você até que você se veja do jeito que
eu vejo. Mesmo assim, eu vou lembrá-la. — Ele deslizou as mãos
pelos braços dela antes de sussurrar em seu ouvido novamente: —
Você deseja saber mais sobre os cães?
Ela assentiu, suspirando quando ele mordiscou sua orelha. —
Isso não está me dizendo sobre eles.
—Eu me distraí. — Ele riu, afastando-se: —Você já ouviu falar
dos cães de caça de Ártemis?
—Eu ouvi, mas não me lembro de muita coisa.
—Bem, isso é o melhor, já que não são o que a maioria das lendas
os descrevem. Eles são descendentes de lobisomens. Eles não
necessariamente pretendem se reproduzir, como você se lembra, eles
se tornam irracionais quando se transformam. No entanto, o estupro é
comum entre os diferentes grupos e espécies de lobisomens. Lembra,
eu disse a você que existem categorias diferentes?
—Sim, você disse que Lancelot foi um dos primeiros e ele
controla o dele. Você disse que havia outro, mas acho que não me
contou nada sobre ele.
—Lancelot é o único lobisomem criado, e ele constrói sua
matilha infectando humanos. — David beijou a cabeça dela, e Jane
sentiu que ele nem queria pronunciar o nome ao seu redor. —Os cães
vêm de sua matilha e a outra matilha com características semelhantes
às de Lancelot. O líder daquele se chama Lycaon, o rei lobo. Suas
origens não são claras, e há muitas histórias sobre quem são seus pais
ou criadores. A maioria acredita que ele é simplesmente uma mutação
da união de um imortal e um demônio. Sou amigo de um de seus
filhos, Nyctimus, mas sim. Não pergunto sobre seus pais por respeito.
—De qualquer forma, suas matilhas são semelhantes. Os
humanos que eles infectam perdem a cabeça toda noite e são
controlados por um vínculo mental de Lancelot e Lycaon. Nenhum
líder permite que seus membros façam transformações. No entanto,
isso acontece se um lobisomem não termina uma matança. Lancelot e
Lycaon geralmente caçam o lobo selvagem e o matam. Pode parecer
que eles estão assumindo a responsabilidade, mas estão apenas no
controle de quem eles transformam.
—As mulheres não são valorizadas por Lance ou Lycaon, mas
eles transformam algumas para satisfazer suas fileiras. Muitas
mulheres não sobrevivem por muito tempo. Sua forma de lobo é mais
fraca, mais lenta, e Lancelot, juntamente com Lycaon, são
frequentemente incomodados por elas. Eles as matam, principalmente
se engravidarem.
Jane ofegou, cobrindo a boca. —Isso é terrível.
—É. — Ele assentiu. — Mas é o melhor. Os filhos não são
humanos. É raro Lancelot ou Lycaon manterem seus filhos jovens.
Acontece, talvez se eles veem a promessa em um deles, mas
geralmente matam a fêmea, a menos que ela os agrade. Se o fizer, eles
permitem que ela dê à luz e assassine a criança.
—Então, o bebê seria como Lancelot?
—Sim, apenas mais uma marionete para ele controlar. Mais forte
que os outros, mas igual aos demais.
—Então, como os cães entram nisso?
—Geralmente não são mulheres que Lancelot ou Lycaon
dormiram —, disse ele. —Eu sei que Lance prefere manter suas
fêmeas perto dele, se ele permitir que elas continuem com a gravidez.
Sua proteção é o que mantém a mulher leal. Ele é cruel, mas é
charmoso quando deseja. Ele usa esse charme para fazê-las se
apaixonar por ele, o que raramente faz, por isso fará a mulher se sentir
especial. Síndrome de Estocolmo, realmente.
—Como eu mencionei, porém, ele transforma mulheres para
entreter suas fileiras. Escravas sexuais, basicamente. Essas mulheres
geralmente não desejam estar entre as outras e são tratadas
horrivelmente. No entanto, como a maioria das mães, elas são
protetoras de seus filhotes. É isso que é única sobre elas.
—Elas têm uma transformação, mas são incapazes de retornar à
sua forma humana. E, em vez de perder a cabeça, permanecem
intactas. Elas sabem que serão mortos neste momento. Não apenas
elas têm controle sobre suas mentes novamente, mas não são mais
forçadas sob o controle de Lance. Então, elas escapam. Quando elas
finalmente dão à luz, não é um humano ou uma cópia de sua forma, é
um lobo. Bem, parece ser um filhote de lobo.
—Ártemis se deparou com um quando estava caçando a mãe.
Ela rapidamente percebeu o que havia acontecido e se apaixonou pelo
filhote, incapaz de destruí-lo. A mãe finalmente voltou à sua forma
humana, explicou sua situação e implorou que Ártemis o poupasse.
—Ártemis concordou. No entanto, ela explicou à mulher que não
havia como permitir a mesma misericórdia. A mulher entendeu, com
medo de que, quando o anoitecer voltasse, ela mudasse e Lancelot a
localizasse. Ela deu a vida por vontade própria e Ártemis levou o
filhote.
—Ele nunca se transformou em um humano, mas ela sabia que
ele era inteligente. Ela formou um tipo de vínculo mental, e conseguiu
captar a linguagem. À medida que crescia, ele começou a sentir outras
mentes e a levou até eles - eles eram exatamente como ele. Eles foram
encontrados por um imortal chamado Pan - ele os estava usando
como cães de caça. Ele era um pequeno animal desagradável, uma
criação de um dos demônios do Inferno. Ele usava lâminas de prata
para torturá-los, sempre mantendo um refém para controlar os outros.
—Ártemis e o filhote que ela criou atacaram o acampamento. Os
cães de Pan receberam ordens de defendê-lo. O filhote de Ártemis
lutou contra eles, não destruindo-os, mas derrotando-os mesmo assim.
Ártemis atacou Pan e os outros com ele. Ela destruiu ele e seus
seguidores, deixando apenas os lobos.
—Como o filhote de lobo dela era o mais forte, ele se tornou o
alfa. Ártemis levou todos eles com ela, escondendo-se quando saiu a
notícia de que ela tinha as abominações sob seus cuidados. Arthur a
encontrou, com a intenção de puni-la e destruir os animais, mas ele
percebeu que eles não eram selvagens. Eles eram inteligentes e
podiam se comunicar com ele. Eles haviam adquirido habilidades
linguísticas, assim como uma criança humana. Então, depois de
aprender com Ártemis sobre suas origens, ele determinou que eram
almas e mentes humanas, presas na forma de lobo. Ele permitiu que
ela os mantivesse sob a condição de que ela assumisse a
responsabilidade, caso eles se voltassem contra os humanos.
—Isso é incrível —, Jane sussurrou, seus olhos se movendo para
onde Ártemis estava. —Ela pode nos ouvir, David?
—Não. Se você mantiver a voz baixa, os outros não entenderão
tudo o que discutimos.
—Então, eles se parecem com lobos normais? — Ela perguntou.
Ele balançou sua cabeça. —Maiores. A Tristeza é o maior cavalo
que eu já vi antes, e mesmo de quatro, eles são mais altos que ele.
—Oh, uau. Então, as mulheres ainda escapam e têm esses
filhotes de lobo?
—Não. — Ele suspirou. —Depois que Lancelot aprendeu o que
poderia acontecer, ele parou de transformar as mulheres que estavam
lá como escravas sexuais. Tenho certeza de que ele escorrega de vez
em quando, mas ele deve matá-las rapidamente se suspeitar que a
concepção ocorreu. Eu acredito que ele tentou fazer o seu próprio com
suas fêmeas, mas nenhuma transformou como essas mães. Arthur
acredita que as outras mulheres poderiam por causa de seus instintos
maternos. Elas estavam em um ambiente hostil, sendo tratadas
horrivelmente, e seus instintos para proteger seus filhos
desencadearam a transformação. As mulheres com Lance se sentem
amadas. Portanto, seus instintos não lhes dizem para proteger a
criança. Elas acreditam que ele vai amá-las.
—Isso é tudo tão triste.
—Sim, mas os cães, como Ártemis os chama, foram satisfeitos.
Eles nunca tiveram uma vida humana, por isso não perdem nada por
serem humanos. Por mais cruel que pareça, Lance matar sua prole é
uma bênção. Eu acho que ele sabe disso, caso contrário, por que não
deixá-los crescer em mais soldados? Ele mantém alguns, mas matá-los
poupa-os da vida que eles terão. Eles se tornariam assassinos -
monstros. Eu acho que ele acredita que essas crianças recebem paz se
ele as matar antes que elas se transformem. Os humanos também
fazem isso. Eles matam seus próprios filhos para salvá-los de mais
horror ou dor.
—Deus, eu não posso imaginar ter que tomar essa decisão. — Ela
não conseguia entender Lancelot cuidando de uma criança depois do
que ele havia feito com aquele garotinho. —Prefiro morrer a machucar
uma criança... Então, Ártemis, ela os entende?
—Em certo sentido —, disse ele. —Ela foi capaz de aprender
mais com Arthur interagindo com eles. Suponho que você possa
descrevê-la como alguém muito boa com animais, mas em um nível
superior. Ela pensa como eles quando está perto deles - rastreando,
matando, sabendo o que seus ataques envolverão e oferecendo os
seus. É incrível testemunhar.
Jane fez uma careta. Ártemis era a deusa favorita dela na
mitologia por causa de seu amor por animais, e ela não era consumida
pela luxúria como as outras. Agora, ela sabia que era porque Ártemis
havia escolhido alguém que não a escolheria. Jane queria tirar David
da cena apenas para restaurar seu fascínio pela deusa virgem.
David a apertou. —O que está errado?
Ela saboreava o carinho dele, fechando os olhos para aproveitar
ainda mais. —Nada.
Ele pressionou os lábios contra o pescoço dela, sussurrando: —
Não minta. Você está pensando nela e em mim?
Jane soltou um suspiro. —Parece que você gosta muito dela.
Ele sorriu contra a pele dela. —Você está com ciúmes, bebê?
Ela apertou os lábios, mas decidiu ser honesta. —Sim está bem?
Ela é uma deusa e é linda e talentosa. Ela soa como uma guerreira
incrível e claramente ama a natureza do jeito que você fala sobre ela.
Não gosto mais que ela tenha os mesmos interesses que eu. Na
verdade, eu gostava dela das outras deusas porque ela gostava de
animais, mas agora não. Tudo o que vejo é que você é a razão pela
qual ela é a Deusa Virgem. E você gostou dela.
David se afastou do pescoço dela e virou o rosto para ele. Por um
momento, ele a estudou, seu olhar lentamente examinando cada uma
de suas feições. Ela mal conseguia controlar a respiração.
Finalmente, ele falou de novo, baixo o suficiente para que os
outros não o entendessem. —Ártemis é atraente, Jane. Tenho olhos e
formei essa conclusão ao longo dos anos em que a conheço.
Os lábios de Jane tremeram, mas ela assentiu, tentando ser forte.
—Ok.
Ele sorriu e falou novamente. —Sua aparência não significa que
eu gosto dela em um sentido romântico. Eu considerei me contentar
com menos do que a perfeição quando fiz esse comentário sobre ela.
Jane, decidindo. Decidir significaria abrir mão da grandeza, abrir mão
da minha verdadeira deusa.
—Acredite em mim quando digo isso, querida, você é a mulher
mais bonita que já vi. Não há contestação quando vejo outra mulher;
nunca houve realmente. Eu já te disse, mesmo antes de te encontrar,
eu te vi nos meus sonhos - seus olhos e seu sorriso, e nenhuma mulher
me fez sentir como a mulher que assombra meus sonhos. Eu nunca vi
seu sorriso em nenhum deles, e isso imediatamente me impediu de
vê-las tão bonitas quanto a garota dos meus sonhos. E eu recusei
Ártemis, lembra? Recusei todos elas porque sabia que você estava lá
fora, e decidir era uma dispensa fácil para mim.
Ele beijou a testa dela. —Eu te amo. Ninguém mais. Ártemis é
um camarada. Eu respeitei sua justiça e habilidade em batalha.
Admiro que ela tenha passado tanto tempo sem cair na escuridão, e
qualquer elogio que lhe dou é merecido. Ela não é uma pessoa má,
embora minha visão dela esteja enfraquecendo. Não esperava que ela
fosse tão hostil e negativa com você. Gawain sempre dizia que eu era
um tolo por não perceber como ela e as outras estavam ligados à ideia
de que um dia eu pudesse escolher uma delas.
—Por mais que você esteja chateada por ela ser como você com
seu amor por animais, não fique. Sua criação deu-lhe qualidades que a
atraíram para a natureza. Você foi atraída pela natureza porque é
quem você é. Então, não tenha ciúmes. Ninguém se compara a você.
—David! — Arthur chamou, estourando a bolha que eles fizeram
para si mesmos.
—Estamos perto? — David perguntou, colocando-a no colo para
que pudessem ver Arthur.
—Sim. Prepare-a para pular com você.
David a ajudou a se levantar, e ela olhou para ele quando
Ártemis tirou a blusa, revelando um sutiã esportivo. Jane percebeu
que estava simplesmente trocando de equipamento de batalha, mas
não podia acreditar que estava tão aberta a se trocar dessa maneira.
David olhou também para ela:
—Você está pronta para isso? — Ele perguntou, agarrando a mão
dela e conduzindo-a por Ártemis.
Jane sorriu, seus pensamentos e emoções ainda completas com o
caos dentro dela. —Apenas não me deixe.
David sorriu, soltando a mão dela apenas para agarrá-la. Ele a
ergueu, mas continuou andando, forçando-a a segurar seus ombros
enquanto ele sorria para ela. —Eu vou ter certeza de ter uma boa
aderência — Ele apertou sua bunda. —em você.
—David! — Ela corou e rapidamente escondeu o rosto na curva
do pescoço dele.
Ele apertou sua bunda com mais força. —Você se encaixa na
minha mão. Bem, quase. — Ele beijou seu ombro, ainda a carregando
o tempo todo. —Você é um punhado. Eu amo isso.
—Estou feliz que você ama, mas os outros estão assistindo.
—Deixe-os. Eu amo sua bunda.
Ela cobriu o rosto quando ele parou.
—Olhe para mim. — Disse ele em um tom sério que ela não
podia ignorar.
Ela abaixou as mãos. —O que?
—Nunca fique envergonhada pelo carinho que eu lhe dou. Jane.
—Eu não estou, mas não estou acostumada a isso, especialmente
perto de outras pessoas.
—Acostume-se a isso. — Ele a beijou, uma carícia apressada de
seus lábios antes de colocá-la em pé. —Eu gosto de mostrar minha
garota.
Jane sorriu, incapaz de falar.
—David atordoou nossa Jane e a deixou em silêncio novamente.
— Disse Gareth, balançando a cabeça em desaprovação.
Gawain assentiu enquanto colocava um cinto em volta da
cintura. —Teremos de convencer os outros que podemos levá-la se ele
a quebrar. Olhe para ela. Ela tem um brilho cintilante nos olhos. Ele
deve ter usado um pouco de magia negra. Prepare os outros, irmão.
Jane riu antes de se inclinar para beijar o peito de David. —Você
pode me mostrar.
David segurou suas bochechas, curvando-se para que ele
pudesse alcançá-la. —Obrigado, bebê.
—Depressa, irmão —, disse Gawain mais alto. —Ele está
tentando comê-la agora.
Sorrindo, ela caminhou em direção aos dois cavaleiros,
balançando a cabeça. —Eu não acho que você poderia levá-la.
Gareth passou o braço por cima do ombro dela enquanto David
ria, escolhendo os suprimentos para o equipamento deles. —
Bobagem, querida, somos capazes de grandes feitos quando donzelas
mais bonitas estão em perigo. Vamos lutar até a morte.
—O único perigo que ela enfrenta é o absurdo que vocês dois
falam. — David sorriu para Jane quando ele jogou um colete preto
para ela. —Não se dispa como ela. Coloque isso sobre sua camisa.
—David possessivo deu as caras. — Gareth murmurou, fazendo-
a rir junto com Gawain.
David, no entanto, não. Ele ficou em silêncio enquanto ela vestia
o colete. —É muito apertado?
Jane corou, envergonhada e um pouco humilhada porque era. —
Hm. Sim, um pouco. É diferente do que eu tinha antes.
—É diferente —, disse ele, não parecendo desapontado por ela
ser muito grande. —Acho que posso ajustar isso. — Ele começou a
mexer nas tiras e, felizmente, estava ficando mais solto.
—Isso é bom. — Ela sussurrou, vislumbrando Ártemis
observando-os. A deusa parecia incrível em seu traje branco e cinza.
Embora não parecesse que ela estava lutando para sair dele.
Ele apertou a cintura dela e aproximou a boca do ouvido dela.
Ele respirou o cheiro dela. —Pare de se comparar a ela. É apertado
porque você tem curvas que ela não tem. Isso não é uma coisa ruim.
No momento, ela provavelmente está desejando que ela complete esse
traje da maneira que você faz. E ela provavelmente está chateada por
ela não ter escolhido preto.
Jane respirou trêmula quando ele deslizou as mãos em volta da
cintura dela e puxou seu corpo contra o dele. Seu calor se espalhou
pelo corpo dela e seu perfume ficou mais forte.
Ele beijou a bochecha dela e depois voltou para o suprimento
como se não tivesse acabado de deixá-la toda excitada. Jane olhou
para Gawain. Que sorriu, e Gareth importunou David para ensinar-
lhe os seus caminhos. Então ela olhou para Ártemis.
Ela sorriu para si como a deusa embainhou uma espada e
sussurrou algo para Hades.
Eu o preencho melhor do que ela.
—Finalmente viu? — David perguntou enquanto caminhava de
volta para ela, carregando suas espadas.
—Eu acho que não é tão ruim. — Ela sorriu quando o olhar dele
caiu em seu peito.
—Não é. É perturbador. — Ele levantou o olhar de volta para o
rosto dela.
Jane obedeceu, sorrindo quando ele soltou um gemido frustrado.
Ele passou o cabelo por cima do ombro e ajustou outra alça. —
Não consigo decidir qual é a vista que eu mais gosto.
Puxa, ele estava deixando-a tonta, mas ela ainda estava
envergonhada. —Bem, eu estou quase fugindo disso. De onde elas
vieram?
David riu e, depois de embainhar a espada dela, ele abaixou a
voz: — A costureira usou as medidas de Ártemis porque ela está mais
próxima da sua altura. — Ele agarrou a cintura dela antes de deslizar
uma mão para baixo para agarrar sua bunda onde o tecido era mais
apertado.
—David. — Ela disse suavemente, fechando os olhos quando ele
a apertou com mais força.
Ele soltou e entregou-lhe um rabicó. —Prenda seu cabelo. Você
usará uma máscara, mas o vento o fará girar se você sair para baixo.
Ela se virou para ele, observando-o observá-la enquanto ela
rapidamente fazia uma trança bagunçada.
Seus olhos tinham escurecido. —Perfeito.
—Precisamos de nossos rifles? — Ela perguntou, tocando
algumas de suas espadas e adagas:
—Coloquei-as em uma bolsa para facilitar o transporte.
Nesse momento, a porta do hangar do avião bateu e começou a
baixar. Os ventos severos encheram a cabine imediatamente, picando
seus olhos e bochechas. Jane observou todos puxando máscaras
pretas, cinza ou brancas sobre o rosto.
David segurava duas máscaras negras na mão, mas ele a beijou
antes de entregá-la a ela. —Eu não vou largar você.
—Eu sei.
Ele abaixou o rosto, seus lábios quase tocando os dela enquanto
falava sobre o barulho que enchia a cabine agora: —Sabe, a última vez
que pulei, sabia que minha vida mudaria. — Ele segurou a parte de
trás da cabeça dela e deu-lhe um beijo longo e profundo. Os assobios
dos lobos foram afogados pelo barulho e o próprio coração batia nos
ouvidos.
David interrompeu o beijo. —Eu sabia que minha garota estava
me chamando. Eu não vou deixá-la ir. — Ele a beijou mais uma vez
antes de vestir sua máscara. Assim como a primeira vez que ela o viu,
apenas seus olhos de safira se destacaram. —Esconda seu rosto de
mim apenas desta vez.
Jane não parava de sorrir enquanto vestia a máscara. O material
era fino, mas quente, e ela percebeu que David estava sorrindo,
mesmo que a boca dele estivesse escondida.
—Venha. — Ele disse, pegando a mão dela e levando-a a esperar
atrás dos outros enquanto empurravam enormes caixas de
suprimentos.
Jane olhou para a impressionante reunião de imortais. Ela se
sentia como se estivesse em um filme. Embora estivesse nervosa,
apavorada ao pular de um avião e enfrentar o desconhecido, estava
animada, pronta para seja qual for a aventura em que ela faça parte:
—Segure-se em mim —, disse David, erguendo-a nos braços. —
Isso é tudo o que você precisa fazer e aprecie a vista.
Ártemis se afastou deles quando Hades lhe deu um tapinha no
ombro. Todos os gregos deram um pulo, um após o outro, deixando
apenas ela e David.
—Pronta, bebê? — Ele perguntou.
Ela apertou os braços ao redor de seu pescoço. —Eu estou
pronta.
Ele caminhou até a borda: —Essa é minha garota corajosa.
Em seguida, ele pulou.

26
ADMIRAVEL
O rugido do vento gelado era ensurdecedor. Apavorada demais
para abrir os olhos, cada rajada tinha Jane apertando seus braços
apertados em torno do pescoço de David.
Ele riu, puxando-a para mais perto. —Abra os olhos.
—Não. — Ela não tinha medo de altura, mas pular de um avião
não era algo que ela achasse legal.
—Por favor, bebê. Eu prometo que você não vai se arrepender.
Ela não queria olhar, mas espiou um olho aberto, apertando os
olhos contra os ventos fortes.
—Olhe para mim. — Disse ele, aproximando o rosto.
Ela abriu os olhos e olhou para ele. Era como mágica. Ela sabia
que eles estavam caindo, mas segurando seu olhar fazia parecer que
eles estavam flutuando.
—Você quer ver a montanha? — Ele virou a cabeça para o lado.
Jane seguiu sua linha de visão e ofegou. Era como se ela tivesse
ido para um mundo diferente. A lua pálida iluminava a neve e o gelo
que pendiam das encostas das montanhas. Uma montanha se
destacava com dois picos achatados lado a lado, como torres de vigia,
do centro de sua longa cordilheira.
—Essa é a montanha Asgard. — Disse David.
Ao ouvir sua voz no ar uivante, Jane lembrou que eles estavam
realmente caindo e ela viu o terreno rochoso para o qual estavam se
aproximando.
—Olhe para mim, Jane.
Ela rapidamente levantou a cabeça. A máscara dele cobria seu
rosto, mas ela o viu. Aqueles olhos a faziam sentir tantas coisas. Eles
iluminavam a escuridão, acenando-a para segui-lo enquanto o calor
inundava seu corpo. A temperatura fria que a entorpecia desapareceu
e ela expirou lentamente, só agora percebendo que estava respirando
em pânico:
—Eu nunca vou deixar ir, meu amor. — Sua promessa tinha
muitos significados entre eles.
Ela começou a sorrir até que os olhos dele se arregalaram, e ele
olhou para baixo. Jane também.
—David! — Ela gritou ao ver a massa de corpos lutando no chão.
Eles estavam aterrissando bem no meio de uma grande batalha,
juntando-se imediatamente aos outros para combater seus atacantes.
David finalmente levantou a cabeça e encontrou o olhar dela. Por
um momento, eles se entreolharam em silêncio antes de seus olhos
empalidecerem. —Assim que eu tocar o chão—, ele disse. —eu estou
jogando você atrás de mim. Puxe sua espada e não hesite em se juntar
à luta. — Ele apertou seu aperto. —Há vampiros e lobisomens lá em
baixo, e estamos em menor número. Fique perto de mim. Se eu me
mover, você segue. Não corra a não ser que eu diga. Você pode fazer
isso. Use seus poderes com sabedoria. A luta não terminará
rapidamente e você precisará de sua força. Você me entendeu?
—Entendi.
Eles olharam um para o outro.
Quase lá.
Jane começou a tremer. Ela não estava em batalha desde o Texas.
Seu treinamento havia sido útil, mas ela estava se amaldiçoando por
ser tão fraca nos últimos dias lá.
—Você é uma vampira, Jane —, disse David, cortando seus
pensamentos com seu tom severo. — Você é a mais poderosa que já
foi criada. Não os tema. Você foi feita e está destinada a destruí-los. —
Sua voz suavizou-se, mais calma: —Tenho plena fé em você. Não
duvide de si mesma.
Algo mudou nela, como aconteceu em Austin. Sua confiança
nela a fez se sentir capaz de tudo. —Eu não vou. — Disse ela.
—Essa é a minha garota corajosa. — Ele pressionou a testa contra
a dela. —Eu te amo. Lute bem.
Ela fechou os olhos, ouvindo os rugidos da batalha ficarem mais
altos.
Ele beijou a testa dela através de suas máscaras e reorganizou as
mãos em volta dela. —Seja corajosa, meu amor.
O chão estava ficando mais próximo. Só mais alguns segundos, e
eles pousariam. Jane respirou fundo quando os pés de David
atingiram a superfície rochosa. Ele dobrou as pernas para absorver o
impacto e, em pé, a jogou por cima do ombro.
Ela não pensou como ela puxou a meio caminho a espada no ar,
e não viu o lobisomem se lançando para ela até que seus pés tocaram
o chão. Não havia nenhuma possibilidade para ela a balançar, e ela
não precisava. David arrancou-o do ar e bateu no chão antes de socar
sua cabeça enorme com tanta força que sua mão passou por seu
crânio. Jane não o observou por muito tempo. Ela se virou, seus olhos
se conectando com dois pares de pretos vindo direto para ela.
Os homens vampiros, rosnando como animais selvagens. Ela
apertou o punho da sua espada com as duas mãos e a arma carregada
de volta à direita.
Já, ela sabia que David não poderia ajudá-la com eles. Depois de
matar o primeiro lobisomem, ele estava lutando mais quando eles se
fecharam ao redor deles. O vampiro dela era cruel, o rugido dele
enchendo suas veias com fogo. Ele acreditava nela. Ele lutava por ela.
Ele a amava. Ela lutaria tão bravamente quanto ele acreditava que ela
podia.
Então, sorrindo, ela balançou a espada. O primeiro bloqueou seu
ataque com a espada e, quando o segundo levantou a espada para
atacar, ela o chutou no estômago. Ele voou de volta, caindo no chão.
Um assobio saiu da boca de Jane e ela voltou seu ataque ao
primeiro vampiro. Ele bloqueou novamente, mas ela se moveu mais
rápido que ele, rapidamente o dominando. Ela se abaixou e ele não
pôde bloquear dessa vez. Ela o cortou do lado do pescoço até o peito.
Uma gargalhada estrangulada soou dele quando seu sangue
preto espirrou na neve como tinta sobre papel.
Um grito de outro vampiro soou atrás dela. Jane se virou, apenas
para receber um soco na lateral do rosto. O golpe a cegou por um
segundo. David gritou o nome dela e ela viu o mundo novamente.
—Lute de volta! — Ele gritou, sua fúria a sacudindo de seu
torpor e inflamando sua própria raiva.
O atacante tentou agarrar a cabeça dela, mas ela segurou o braço
dele e o jogou por cima do ombro no chão. Ele caiu em uma pedra
afiada, e ela rugiu quando o estalo de sua espinha alcançou seus
ouvidos.
O vampiro gritou de dor, mas ele já estava se curando. Então,
sem se segurar, ela olhou nos olhos escuros dele e esfaqueou a lâmina
no rosto dele. A bagunça irreconhecível do vampiro a enojou quando
ela soltou sua espada.
Não mais com medo ou capaz de sentir a dor do golpe, ela
rosnou e se virou. O olhar pálido de David encontrou o dela
brevemente antes de retornar ao inferno que ele estava
desencadeando em quatro vampiros. Ele nunca parou seu ataque.
Depois de cortar a barriga de um homem de cabelos escuros, ele girou
a espada para bloquear um ataque de um segundo e chutou o
vampiro na frente dele. Ele era rápido e brutal. Sua lâmina cortou
através de um antes de pisar a cabeça de outro tentando ficar de pé.
Jane correu para ele porque mais estavam chegando. Seu
vampiro estava impedindo que muitos a alcançassem. Assim que
alguém se virou na direção dela, ele os estava lançando na floresta
circundante.
—Mais lobos estão chegando! — Ele gritou, nunca parando seu
ataque. —As árvores. Esteja pronta.
Jane se virou para outro vampiro, e este não teve chance de
bloqueá-la. Ela assistiu em vitória enquanto a cabeça dele navegava no
ar.
—Jane! — David gritou.
Ela já sabia que ele estava alertando-a dos seis lobisomens
correndo para ela. Ela gritou, sua batalha gritando mais alto, abafando
seus grunhidos enquanto atacava o primeiro lobo a alcançá-la,
cortando o braço dele antes de enfiar a espada no peito.
Um monte de elogios tocou seus ouvidos, e ela sorriu. Seus
cavaleiros se aproximaram, criando uma formação de círculo, mas não
a prendendo por dentro como na primeira vez que lutaram. Desta vez,
ela segurou parte do círculo. David à direita, com Gawain e Gareth à
esquerda. Ninguém olhou para ela, mas ela sabia que a alegria era por
ela quando chutou outro, cortando a cabeça do corpo dele num piscar
de olhos.
Os outros quatro ainda estavam vindo em sua direção, e mais
vampiros e lobisomens estavam saindo da linha das árvores.
Encontrando o brilho dos olhos de ônix do próximo monstro à
sua frente, ela se abaixou quando ele golpeou suas enormes garras em
seu rosto. Jane agarrou a perna, puxando até cair no chão. Ela ficou de
pé e rapidamente mergulhou a espada no coração. Não se mexeu
novamente.
Quando ela soltou a lâmina, o sangue disparou, atingindo-a no
rosto, encharcando a máscara e ardendo nos olhos.
Ela fechou os olhos com força e sentiu uma mão empurrá-la de
volta. David pegou o próximo atacante, e todo o time mudou, se
ajustando.
—Estou bem! — Jane esfregou os olhos, piscando para afastar o
borrão. Ela viu David destruir o lobo que a teria matado por causa de
sua breve cegueira.
Ele rosnou, cortando o lobo do ombro até a virilha. Ele oscilou
antes de David empurrá-lo para fora do seu caminho para lutar contra
o próximo.
—Então volte aqui! — Ele finalmente gritou.
Ela esfregou os olhos e sacudiu o sangue da lâmina. David não
olhou para ela quando voltou ao seu lugar, e ela ficou maravilhada
com a forma como o grupo inteiro se ajustou mais uma vez.
—Cuidado! — Um grito veio atrás dela. Ela virou a cabeça,
fracamente fazendo contato visual com os olhos arregalados de David
quando foi abordada por trás.
—Jane! — Ele gritou.
Ela já estava sendo arrastada por sua trança em direção às
árvores. Gritando, ela tentou agarrar qualquer coisa que pudesse. Os
lobos invadiram David e os cavaleiros, impedindo-os de persegui-la.
Jane gritou, estendendo a mão, agarrando a mão deformada do
lobisomem correndo com ela. —Seu filho da puta!
—Jane! — Gawain gritou desta vez, mas ela não podia ver
nenhum deles entre a horda.
Então ela viu alguém enfrentar o lobo arrastando-a. A mão dele
deixou o cabelo dela. Ela se virou para ver quem a salvou e parou
quando outro lobisomem a jogou de volta no chão. Suas costas
pousaram em uma pedra afiada, arqueando-a e fazendo-a gritar. Jane
tentou levantar a espada, mas foi arrancada da mão.
A enorme cabeça de um lobo se aproximou. Ela deu um soco,
mas não foi perturbado. Ele virou a cabeça para trás, estalando as
mandíbulas no rosto dela. Foi quando ela olhou nos olhos dele. Sem
escuridão, apenas vazio. Olhos brancos medonhos de um lobisomem
mutante.
Seu batimento cardíaco disparou para novas alturas quando o
medo a consumiu. Tudo o que viu foi um conjunto semelhante de
olhos que quase havia tirado a vida. Em pânico, ela deu um soco
novamente, esquecendo o poder que possuía.
A fera não sentiu nada. Ela agarrou suas mandíbulas, mantendo
a boca fechada, mas uma dor ardente explodiu em sua perna.
Jane gritou quando o monstro esmagou sua coxa, suas garras
cortando seus músculos. —David!
Vários corpos voaram acima dela.
—Estou chegando!
As mãos de Jane tremiam e, quando a dor se espalhou como fogo
por sua perna, ela soltou o focinho do lobisomem. Ele recuou como se
preparasse para morder, mas Jane pegou sua adaga.
Ela esfaqueou repetidamente até que a mão com garras bateu em
seu rosto. Sua visão ficou turva novamente quando ela sentiu a
bochecha se dividir.
Jane tentou libertar a perna, mas não a liberou.
—Ajude-a! — David rugiu, sua voz abafada, e ela fracamente o
viu a cerca de vinte metros de distância, arrancando vampiros e
lobisomens de suas costas. Seus olhos estavam nela e não nos
atacantes. Eles aproveitaram a distração dele, não deixando que ele
voltasse para ela.
—Ahhh! — Jane gritou. A sensação de queimação na perna era
tão avassaladora que ela tinha vontade de desmaiar.
Um grunhido de outro lobisomem soou. Ela viu isso correndo de
quatro para ela e o lobo zumbi. No entanto, antes que pudesse
alcançá-la, uma corrente verde brilhante envolveu seu pescoço,
arrancando-a da vista.
Ela não procurou, mas podia dizer que o grupo inteiro havia se
aproximado mais, mas ainda havia muitos contra a equipe deles - eles
não podiam alcançá-la.
Mais uma vez, Jane tentou segurar as mandíbulas do lobo
fechadas, mas se soltou e mordeu a mão dela. Seu grito de gelar o
sangue fez sua garganta queimar tanto quanto sua perna.
De alguma forma, ela manteve as mãos nela para impedir que
mordesse o rosto, mas estava em agonia.
O lobo balançou a cabeça, sacudindo o braço. Algo em seu
ombro estalou, mas o peso que a segurava de repente desapareceu.
O sangue de Jane espirrou em seu rosto, e ela segurou a mão
machucada contra o peito, gritando quando o fogo se espalhou por
seu braço agora.
Pelo canto do olho, ela viu David agarrar as mandíbulas enormes
do lobo que acabara de atacá-la, rugindo quando ele as abriu. O
monstro não teve chance, e ela fechou os olhos quando David abriu a
boca.
—David. — Ela sussurrou, sentindo as mãos na cabeça.
—Abra os olhos, Jane. — Disse ele, retirando a mão e
pressionando a perna ferida.
Um grito saiu de sua boca da dor que causou, e ela abriu os
olhos.
—É prata —, disse ele, levantando uma mão para empurrar sua
máscara. A explosão gelada a fez gritar novamente. —Você precisa
remover a prata. Assim como você fez comigo. Você consegue.
Ela olhou nos olhos dele, sua visão embaçando mais. —Eu não
posso.
—Sim, você pode! — Ele olhou para a mão na perna dela. —Você
não vai se curar se não o fizer. Agora faça isso!
—Queima!
—Eu sei. Coloque para fora. Agora.
Chorando, ela fechou os olhos, tentando ser a garota corajosa
que ele continuava dizendo que ela era.
—Encontre, Jane. — Ele acariciou levemente a bochecha dela. —
Eu não estou perdendo você assim.
—Entendi. — Disse ela, sentindo sua mente se conectar com a
substância estranha que se espalhava por suas veias.
—Boa menina.
Jane não abriu os olhos. Ela se concentrou na prata. Não era
tanto quanto a de David, mas se espalhara mais.
—Está vindo pelos meus dedos —, disse ele. —Continue. Pegue
tudo.
Jane abriu os olhos. Ela o observou olhando para sua perna, sua
energia diminuindo.
David olhou para ela. —É isso?
—Eu acho que sim. — Ela sussurrou.
Ele levantou a mão, mas rapidamente aplicou pressão
novamente. —Não está curando.
—Estou muito cansada, David.
—Eu sei, Bebê. — Ele levantou a máscara e, depois de remover a
luva, mordeu o pulso e a segurou na boca dela. —Beba.
Ela obedeceu, sugando o sangue dele, observando-o desviar os
olhos entre o rosto dela e onde ele ainda segurava a perna dela. Ela o
sentiu remover a mão e ofegou, soltando o pulso dele quando ele
apertou sua coxa ferida.
—É profundo —, disse ele, rindo quando ela assobiou. Ele olhou
de volta para o rosto dela. —Aqui está minha garota. Você foi ótima.
—Foda-se. — Ela cuspiu, empurrando a mão dele.
—Pare, ainda não está selado. — Ele olhou em volta.
Ela olhou para os outros lutando ao seu redor. Eles formaram
com sucesso um círculo para protegê-los. —David, temos que lutar.
Ele balançou a cabeça, encontrando o olhar dela com o seu. —
Você não. Você está machucada.
Jane mostrou suas presas antes de procurar sua espada. Quando
a viu a alguns metros de distância, ela estendeu a mão.
David empurrou a mão dela para baixo. —Não use seu poder. —
Ele ignorou o olhar dela enquanto se levantava e o recuperava. Ele
voltou para o lado dela e inspecionou a perna dela. —Você morrerá se
desperdiçar sua energia usando suas habilidades.
—Eu preciso lutar. — Disse ela.
David passou os dedos pela bochecha dela. Ela podia sentir o
sangue grudando nos dedos dele e a separação da pele. Ela não estava
curando rápido o suficiente. —Fique aqui. Não se junte à luta. Se eu
disser para você correr, você corre para lá. — Ele apontou para trás
dele. —A fortaleza de Odin não está longe.
—David. — Disse ela, pronta para discutir, mas ele rosnou,
calando-a.
—Você está machucada! Fique aqui. — Ele respirou fundo
quando ela se encolheu e falou mais suavemente. —Sua ferida é grave
- não sei por que você não está se recuperando. Por favor fique. Não
posso lutar se souber que você está em perigo. Deixe curar mais.
Ela bufou, sua raiva de si mesma e dele correndo por suas veias.
David soltou a perna dela, verificando-a novamente e rosnando,
mas ele segurou o rosto dela e abaixou o dele. —Por favor, entenda
meu amor. Fique.
—Bem.
Ele beijou a testa dela. —Obrigado. — Ele colocou a espada na
mão. —Só se você precisar.
Ele ficou de pé, seu olhar mortal flutuando sobre ela enquanto
mostrava suas presas e corria para uma brecha crescente em suas
defesas.
Jane se levantou mais, finalmente sentando-se de pé. Ela o viu
lutar por alguns segundos. Violento e bonito. Ele era mais rápido e
mais brutal do que qualquer um deles. Seus ataques poderosos
deixavam o inimigo em pedaços. Ele agarrava à força aqueles que
tentavam passar e os batia no chão, batendo as cabeças ou enfiando a
espada nos corações. Ele destruia tudo.
Observando-o olhar frequentemente em sua direção, ela sorriu
suavemente. Sentia uma dor insuportável e sabia que ele estava certo.
Ela não seria útil, mas ainda o estava distraindo, então sorriu,
tentando mostrar a ele que estava bem.
Pareceu aliviá-lo, e ele olhou para ela com menos frequência.
Jane passou os dedos pela perna. Ela sentiu a pele selar, mas não ficou
selada por muito tempo. Algum tecido se sustentaria, mas era muito
mais lento do que ela pensava que deveria ser.
Jane ouviu o comando de David para alguém, e ela o observou
chutar os corpos se acumulando na frente dele. Ele rugiu, abrindo os
braços. Ele estava dando boas-vindas às bestas pela morte deles.
O som de correntes chicoteando no ar chamou sua atenção de
seu belo monstro. Hades mostrava um espírito de batalha semelhante,
mas mais selvagem e mais perverso que David. Seus olhos estavam
mais pálidos que os dos cavaleiros, mas o brilho neles a fez pensar que
ele estava sorrindo enquanto jogava as espadas no final de suas
correntes através de suas vítimas antes de balançar, rasgando-as em
pedaços.
—Pegue a porra do lobo! — David gritou.
Jane ouviu o rápido bater de pés atrás dela. Um único lobo havia
superado suas defesas armadas e seus olhos estavam nela.
Jane se levantou, tropeçando quando sua perna quase cedeu.
Não havia como ela simplesmente deitar lá e deixá-lo matá-la.
—Hades! — David gritou.
O deus do submundo não decepcionou. Justo quando dobrou as
pernas para pular nela, a espada mágica de Hades atravessou seu
peito e o puxou para longe. Pareceu um momento vitorioso até que
ela ouviu um grito feminino.
Era Ártemis, é claro, e Jane assistiu horrorizada o time da deusa
cair um por um enquanto a horda descia sobre eles. Ártemis nunca
desistia. Ela saltou pelo ar graciosamente, cortando os braços daqueles
que a alcançavam. Ela era rápida, não tão forte com seus ataques, mas
isso não a tornava menos mortal. Ainda assim, com os números ao seu
redor e todos os seus homens mortos no chão, Jane sabia que Ártemis
não aguentaria muito mais. Especialmente quando ela notou sangue
vermelho se espalhando pela perna da deusa.
—David! — Jane gritou.
Sua atenção estava nela em um instante, confusa quando ele a
procurou.
Ela percebeu que ele pensava que ela estava em perigo e apontou
para Ártemis. —Os homens dela estão mortos. Ela está ferida.
Ele olhou por cima, examinando rapidamente a situação. Ele era
o mais distante dela, mas estava mais próximo de Jane. Ficou claro
que ele não estava deixando seu lugar para Ártemis. Por mais que
aquecesse Jane ser escolhida em vez de Ártemis, ela queria que a
mulher vivesse a luta.
—Apolo! — David gritou. —Salve a porra da sua irmã! — Ele
voltou-se para seus oponentes.
Jane procurou por Apolo ou Hades. Eles estavam lutando mais
perto de Ártemis, mas parecia que Ártemis estava sendo isolada,
expulsa dos outros. Eles a estavam separando.
Quatro lobisomens circulavam Ártemis enquanto ela lutava com
dois homens vampiros. A deusa matou um, mas estava lutando com o
outro e tentando evitar ser agarrada pelos lobos.
—David! — Jane gritou. Ele tinha que ajudar Ártemis.
Em vez de dizer que não a deixaria como ela esperava, ele
gritou: —Corra, Jane!
Ela se virou, vendo-o atacando em sua direção. Suas fileiras
haviam sido quebradas, e o foco do exército que os atacava estava
todo nela.
—Corra! — Ele rugiu, cortando aqueles em seu caminho.
Seu coração batia forte, mas ela correu na direção que ele lhe
dissera. Ela não foi muito longe antes de ver os contornos de vampiros
e lobisomens a flanqueando.
Uma erupção de luz verde iluminou o campo de batalha. Jane
virou a cabeça, sorrindo ao ver Tristeza atravessando os lobos.
—Vá com ele, Jane! — David ordenou que o cavalo bloqueasse
seu caminho.
Tristeza relinchava alto, jogando a cabeça para trás antes de
abaixá-la, um gesto para seguir em frente. Jane não hesitou. Ela
agarrou a juba de Tristeza e se levantou nas costas dele, mas seus
olhos arderam em lágrimas quando ela percebeu uma coisa. A Morte
não tinha chegado.
A Tristeza permaneceu alta depois que ela se acomodou e
decolou na direção que lhe disseram para seguir. Jane encontrou as
rédeas, segurando-as com força enquanto ele galopava a uma
velocidade incrível.
—Onde está a Morte, Tristeza? — Ela perguntou, sentindo-se
estúpida porque ele obviamente não podia responder. O movimento
da cabeça e o bufo foram uma resposta suficiente.
Fúria e dor irradiavam por todo o peito. Ele não tinha vindo até
ela. Jane piscou para afastar as lágrimas geladas e virou a cabeça
quando passaram por Ártemis.
—Tristeza, volte! Temos que levá-la conosco.
Tristeza sacudiu rapidamente a cabeça e continuou em direção
às árvores.
Jane puxou as rédeas, mas ele sacudiu a cabeça, não obedecendo
à tentativa dela de guiá-lo de volta a Ártemis.
Ela retrucou, seus sentimentos feridos pela Morte deixando-a
por conta própria, enquanto ela gritava com o cavalo. —Só porque seu
mestre deixa as pessoas morrerem, não significa que eu sim. Volte
para ela! AGORA! Ou eu vou pular.
A Tristeza relinchou, mas ele mudou de direção, fazendo um
amplo círculo para onde Ártemis estava. A deusa estava de costas,
como ela estava, com um lobisomem estalando as mandíbulas na cara.
—Ártemis! — Jane gritou, segurando sua espada alta.
Jane fez contato visual com a vampira que lutava, e rugiu junto
com ela quando ela usou sua força escorregadia para empurrar o lobo
o mais alto possível. Jane aceitou a oferta e desceu quando Tristeza as
alcançou. A lâmina dela entrou no meio da cavidade torácica, e Jane
teve que chutá-lo para libertar sua espada.
Quando ela fez, Jane virou-se para balançar em outro lobo. —
Suba!
Ela sentiu Ártemis atrás dela em um instante, e Tristeza decolou
novamente. Jane sabia que eles estavam sendo caçados. Ela sentiu
Ártemis agarrando-a com força e lutou para segurar sua espada e o
chifre de sua sela.
—Eles estão nos alvejando por algum motivo —, Ártemis gritou
atrás dela. —Provavelmente por você!
Jane arreganhou as presas, enfiando os dedos na sela quando
Tristeza acelerou. —Um agradecimento por salvar sua vida seria bom.
Ártemis rosnou e se abraçou a Jane quando o terreno se tornou
mais irregular. Um borrão de movimento de cada lado chamou sua
atenção. Jane esperava que fossem os cavaleiros, mas não eram.
—Viu! Eles estão atrás de você! — Ártemis apontou para um
lado enquanto Jane olhou para outro. Elas estavam sendo
flanqueadas. —É sempre você.
—Bem, pelo menos você não tem ciúmes de homens me
perseguindo. — Jane retrucou. Elas estavam ferradas.
—Use seus poderes!
Tristeza saltou sobre um tronco, fazendo com que as duas quase
caíssem. Jane esforçou-se para apertar seu aperto com o jeito que
Ártemis estava apoiando nela.
—O que você está esperando? — Ártemis gritou quando
lobisomens começaram a pular, ficando aquém graças à velocidade de
Tristeza.
—Estou ferida! Eu não tenho energia... Eu vou desmaiar ou
morrer.
—Pare de ser dramática. Apenas faça!
Jane balançou a cabeça. —Foda-se, Ártemis. — Ela sentiu mais
sangue saindo da perna. Os reparos devem ter sido desfeitos com toda
a sua execução.
Todo o lado de Tristeza estava coberto de sangue. Ele parecia
saber que ela estava desaparecendo e correu mais rápido, relinchando
de uma maneira que ela sentiu que queria dizer: 'Eu não vou deixar
você morrer'.
Esfregando a mão no pescoço dele, ela abriu a boca para
confortá-lo, mas um corpo enorme bateu neles, derrubando Jane e
Ártemis.
A respiração de Jane correu para fora dela quando ela bateu no
chão frio. Ela puxou o rosto do chão gelado e cuspiu sujeira da boca
sangrando. Ela lutou, mas conseguiu ficar de quatro quando Ártemis
se arrastou ao lado dela. Ambas estavam sangrando em vários
lugares, mas se viraram depois de sofrer os ferimentos uma da outra
quando rosnados ecoaram ao seu redor.
A princípio, Jane não viu nada, mas gritou, empurrando Ártemis
para fora do caminho quando um lobisomem veio voando do nada.
Ela deveria ter sido a única atingida, mas não foi.
Tristeza atingiu o lobo com sua cabeça enorme, lançando-o nas
árvores. O cavalo rapidamente ficou de guarda quando mais rosnados
e rosnados soaram ao redor deles.
Jane ouviu os gritos dos outros, mas ela e Ártemis estavam com
muito medo de gritar.
Dois lobos atacaram Tristeza. Jane gritou quando o cavalo os
chutou ou usou a cabeça e o corpo para jogá-los nas árvores.
Ártemis puxou Jane para cima. —Nós temos que correr. A
fortaleza é ali.
—Eu não vou sair de Tristeza. — Jane olhou em volta em busca
de sua espada. —Você vê minha espada? Onde está a sua?
Ártemis começou a dar tapinhas na neve e Jane seguiu o
exemplo, procurando freneticamente por suas armas.
—Encontrei a minha. — Ártemis ficou ereta e Jane levantou a
cabeça bem a tempo de ver um lobo agarrar a deusa pelas pernas,
derrubando-a no chão antes que ele a arrastasse para longe.
—Não! — Jane gritou, correndo atrás deles. Suas pernas e
pulmões queimaram, mas ela não parou. Lembrou-se da adaga e a
agarrou enquanto usava uma árvore caída para se lançar nas costas do
lobisomem. Não havia pensamentos em sua cabeça naquele momento.
Foi apenas puro instinto quando ela repetidamente esfaqueou seu
pescoço.
O animal rugiu e jogou Ártemis na escuridão antes de arrancar
com força a adaga da mão de Jane e jogá-la fora de vista. Ela não o
soltou, no entanto. Ela apertou as pernas em volta das costas grandes
dele, gritando enquanto segurava sua mandíbula superior.
O lobo coçou as mãos e mordeu os dedos, mas ela se recusou a
desistir. Ela enfiou os calcanhares no lado dele, gritando enquanto
usava toda a força que lhe restava para forçar a boca dele como ela
tinha visto David fazer.
Um estalo doentio soou, e ela sentiu o topo da cabeça do lobo
arrancar em suas mãos. O lobisomem balançou antes de cair no chão
com ela ainda de costas.
Jane gemeu quando ela levantou o corpo. Sua mão estava
dormente, mas ela continuou tentando se levantar. —Ártemis?
Não houve resposta da deusa, mas Jane podia ouvir os relinchos
distantes de Tristeza junto com a batalha. Ela sorriu, percebendo que
os cavaleiros estavam vindo para elas. O alívio de saber que David
devia estar perto parecia minar a energia que ela havia deixado.
Seu corpo desabou nas costas peludas do lobo, e ela se afastou
do sangue fedorento em vez de tentar ficar de pé. —Ártemis? — Ela
chamou calmamente.
Ela ouviu um galho estalar, mas o rosnado alertou Jane que não
era Ártemis.
Jane apertou os lábios presos, tentando ficar quieta porque sabia
que agora o monstro estava logo atrás dela. E aqui estava ela, de
bruços, indefesa e fraca. Lentamente, ela virou a cabeça.
Uma mão com garras agarrou sua perna, e ela foi jogada pelo ar.
Em segundos, suas costas bateram em uma árvore. Ela nem teve
chance de gritar. Ela não podia gritar quando seu corpo deslizou pelo
tronco. Ela só podia ficar sentada lá, com o corpo quebrado, enquanto
observava a sombra do atacante se aproximar.
Deveria tê-la assustado. Deveria ter gritado por ajuda, mas só
conseguiu sorrir quando os dentes babados dele apareceram.
Ele virá agora, ela pensou tristemente. O sangue pingando em seu
rosto e na parte de trás de sua cabeça antes de se misturar com a poça
abaixo da perna lhe dizia isso. Se ele a salvaria ou a aceitaria para
sempre, ela não sabia, mas estava tão cansada, tão brava por ter
falhado novamente e tão fraca que não se importava. Ela era inútil.
—Mate-me, seu filho da puta. — Ela sussurrou, seus olhos mal
abertos. Seu único desejo era que ele a terminasse rapidamente.
O lobo rosnou alto e se lançou. Ela não conseguia nem levantar
os braços para se proteger.
Ela não precisava.
Um enorme martelo veio voando pelo ar, derrubando o lobo.
Jane não estava emocionada, no entanto. Ela morreria mais devagar
agora.

—JANE! — Os gritos de David por ela estavam mais distantes,


então ele não era seu salvador, nem a grande sombra caminhando em
sua direção.
De alguma forma, Jane foi capaz de olhar para o homem. Ela não
conseguia entender nenhum dos traços dele, mas sabia que ele não era
ninguém da equipe deles.
Sua voz profunda retumbou em seus ouvidos entupidos. —Ele
fez uma bagunça com você, não foi?
Uma mão grande tocou sua bochecha. —Você é corajosa, eu vou
te dar isso. — Acrescentou, inspecionando a destruição de seu corpo.
Outro homem caminhou até a pessoa agachada na frente dela. —
Eles vão ficar chateados, Thor. Eu disse para você esperar antes de
procurar essas bestas. Você os levou direto para Arthur.
O primeiro homem, que ela agora entendia ser Thor, suspirou
antes de falar. —Perdoe me pai. Eu estava cansado de esperar. — Ele
olhou para a perna dela e começou a aplicar pressão. —Eu vejo o meu
erro agora.
Seu pai, Odin, zombou. —Não sou eu que você deve pedir
perdão.
Thor o ignorou. —Ela está morrendo... Quem você acha que ela
é?
Odin soltou uma risada incrédula. —Seu garoto tolo, você não
ouviu? David encontrou sua Outra.
—Merda. — Disse Thor, aplicando mais pressão na perna dela.
—E parece que ele encontrou você. — Disse Odin, afastando-se
rapidamente.
Foi quando Jane ouviu David rugir e Thor foi arrancado dela.
Houve gritos e o som de vários golpes sendo entregues.
—Sua Outra está desaparecendo, Sir David. — Disse Odin.
A silhueta de David apareceu e ela tentou sorrir, mas não achou
que seu rosto se mexesse. —Faça-me um torniquete —, disse ele,
segurando a perna dela. —Porra!
Jane tentou falar, mas sentiu o sangue subir pela garganta.
—Bed! — David gritou quando seu rosto ficou borrado, se
transformando em uma sombra junto com várias outras figuras ao seu
redor. —Espere, bebê.
—Sim, bem ali. — Ela ouviu Bedivere falar enquanto a escuridão
se fechava ao seu redor.
Uma mão sentiu a parte de trás de sua cabeça e ela ouviu um
grito estrangulado de David enquanto ele falava. —Bed, sinto parte de
seu crânio saindo.
Alguém afastou a mão e Jane tentou falar novamente, mas o
sangue jorrou da boca dela.
As mãos quentes de David envolveram suas bochechas, e ela as
sentiu movendo-a para algo plano. Ele estava firmando seu pescoço
enquanto pairava sobre ela.
—Amarre-a! — Alguém disse.
A voz de David era baixa, mas ela sentiu o hálito quente em sua
boca antes que ele a beijasse. —Fique comigo, meu amor. Lute. — Ele
beijou seus lábios novamente. Desta vez, ela o sentiu sugar o sangue
coletando em sua boca. —Ela está sufocando com o sangue. — Disse
David enquanto puxava a boca. Ele voltou a sugar o sangue. Ele
conseguiu o suficiente para que ela sentisse o retorno do ar; ela nem
tinha percebido que estava sufocando.
—David. — Ela sussurrou, sentindo um beijo nos lábios.
—Estou aqui. Não desista. Você vai ficar bem.
Ela esperava estar sorrindo enquanto a escuridão se
intensificava. —Eu tenho algo por você. — Então ela caiu no
esquecimento.
27
VIOLACAO
A Morte estava à beira de um penhasco com sua equipe de anjos
e demônios. Eles ficaram quietos enquanto estudavam o Tártaro, a
maior prisão do inferno. Suas paredes escuras e negras eram
iluminadas pelo inferno que cercava sua base.
—Eles dizem que nunca foi violado, Cavaleiro. — Disse o Rei
dos Demônios.
Morte ficou quieto. Ele nunca tinha ido ao Tártaro. Ele enviou
almas ao purgatório, já sabendo quem seria restaurado em seus
corpos físicos para cumprir suas sentenças em qualquer reino do
Inferno a que estavam destinados. Ele conhecia a reputação do Tártaro
por nunca perder um prisioneiro ou ter uma violação bem sucedida.
Todo anjo e demônio sabia.
—Será hoje à noite. — Disse ele, ainda observando o layout dos
pátios e posições dos guardas.
Os três demônios riram, sua risada maligna fazendo com que o
time de anjos da Morte batesse suas asas em agitação.
—Mostrem seus valores, demônios —, disse Morte. —Eu não
hesitarei em trancá-los nesse buraco de merda.
—Não se preocupe com a nossa participação. Ansiamos pelo dia
em que mais uma vez mataríamos os verdadeiramente iníquos.
Minhas correntes imploraram para serem revestidas com sangue. —
Disse Asmodeus.
A Morte riu e estalou o pescoço. —Você deveria ter ficado na luz,
rei dos demônios. Fazer isso teria lhe dado muitas oportunidades para
se banhar em sangue maligno.
—Bem, talvez eu seja perdoado, Cavaleiro. — Respondeu
Asmodeus, seu olhar de rubi encontrando brevemente o da Morte
antes que ambos olhassem para os milhares de demônios e anjos
caídos.
—Morte, alguns são caídos se redimindo. — Disse Nemesis.
A Morte olhou para ela brevemente antes de voltar sua atenção
para a grande prisão. Ele observou os Caídos com suas asas da meia-
noite enquanto vigiavam os trabalhadores. Nem todos estavam
tentando perdoar, mas aqueles que estavam, esse era o trabalho deles,
o castigo.
—Eles podem ganhar se se juntarem a nós. Se eles se voltarem
contra você, destrua-os. Eles não têm valor — disse Morte, esfregando
o peito enquanto seu batimento cardíaco acelerava. Ele olhou para
cima e suspirou antes de falar novamente. —Quando entrarmos,
encontrem Pestilência e esperem por mim. Se aquela cadela que
cravou suas garras nele estiver lá, segure-a. Eu a castigarei.
Nemesis tocou seu ombro. —Deixe-me, Morte.
—Por quê? — Ele perguntou, examinando o rosto dela enquanto
seus olhos cor de água brilhavam intensamente.
—Por Jane —, disse ela. —Pelo sofrimento causado pela
ganância da sirene. Eu entregarei vingança em nome dela.
Ele olhou para ela por mais um momento antes de finalmente
concordar. —Puna-a.
Um sorriso satisfeito se espalhou por seus lábios. —Severamente,
meu senhor.
A Morte desviou o olhar dela. Ele não a queria beijando sua
bunda agora. O sentimento de ansiedade vindo de seu vínculo com
Jane o deixou tenso. Ele sabia que ela não estava ferida - ainda - mas
sabia o que tinha sido feito.
—Algo está errado? — Asmodeus perguntou a ele.
—Ele está pensando na garota. — Disse Nemesis.
Asmodeus assentiu, esfregando o queixo. —Pelo que foi dito,
parece que ele não se conteve ao torturá-la.
A Morte rosnou, olhando entre o anjo e o demônio. —Cuide de
sua vida. Nenhum de vocês tem permissão para falar dela! — Ele
apontou para Nemesis. —Você não deveria ter me seguido. Você não
deveria me ver com ela, muito menos contar aos outros. Eu deveria
arrancar suas malditas asas.
Ela inclinou a cabeça. —Me perdoe. Não é o meu lugar me
preocupar com a garota ou seu relacionamento com ela. Eu só queria
ajudá-lo depois de vê-lo tão chateado.
—Você sabia muito bem o que já estava acontecendo. E você
sabe que ela não é uma mera garota — ele disse, com o ritmo cardíaco
disparado. — Nunca mais me desobedeça, Nemesis. Há uma alma
que me interessa, e você não é ela.
Nemesis se curvou e se afastou.
Asmodeus riu. —Nemesis, você de todos os seres deve saber
para não interferir com a Morte. Eu acho que o corpo quebrado do seu
irmão é prova suficiente do que acontece com quem o faz. E é o
suficiente para fazer com que os mais leais caiam da graça.
A espada de Nemesis apareceu em sua mão, e ela a pegou contra
a garganta de Asmodeus. —Não fale de Thanatos, Caído.
—Além de Lúcifer, minha querida — Asmodeus sorriu. —O que
é o mais célebre Caído no Inferno.
A Morte puxou Nemesis pelos cabelos antes de empurrá-la para
Hypnos. —Ela está usando minha paciência.
Hypnos balançou a cabeça para sua irmã antes de abraçá-la.
—Você já terminou? — Morte perguntou a ela.
Embora seus olhos azuis brilhavam com lágrimas não
derramadas, ela usava a expressão de uma guerreira sem emoção. —
Sim, meu senhor.
A Morte não a reconheceu e, novamente, ele olhou para cima.
Jane estava machucada agora. Seriamente.
—Vamos admirar essa merda o dia todo ou ter uma luta? —
Perguntou Succorbenoth.
A Morte apertou sua mandíbula e desviou o olhar do vazio
acima deles.
Moros deu um tapinha em seu ombro, e Morte o sacudiu antes
de acenar para eles. —Vão.
Eles fizeram como lhes foi dito. A Morte viu cada um deles pular
do penhasco. A luz deles correu atrás deles quando caíram. Por um
momento, ele observou as três correntes brancas pertencentes a seus
anjos e as três nuvens negras de fumaça enquanto caíam em direção a
um pátio cheio de demônios.
A Morte fechou os olhos, concentrando-se em seu vínculo com
Jane. —Perdoe-me, doce Jane. — Com essas palavras, ele pulou.
Chamas verdes rugiram ao seu redor enquanto ele inclinava seu corpo
para acelerar. Eles pousaram diante dele, levantando uma nuvem de
poeira, mas sua aterrissagem teve um impacto muito maior quando
ele se agachou sobre um joelho.
A Morte olhou para frente, sua visão aguçada permitindo que ele
visse através do pó enquanto demônios e anjos caídos os cercavam.
Ele sentiu que eram esperados quando notou que nenhuma dessas
criaturas parecia surpresa com a chegada deles. A Morte sorriu,
convocando sua foice. O clarão de verde iluminou suas silhuetas, e
isso causou uma reação.
Os demônios e caídos assobiaram enquanto sacavam suas armas.
Alguns expandiram suas asas de morcego na tentativa de parecer
intimidadores.
Se eles quisessem ver intimidação, ele os mostraria.
Um demônio destemido se aproximou da nuvem de poeira que
ainda os escondia. Sua bravura fez com que a horda que se formava
ao redor deles vibrasse animadamente. Isto é, até uma corrente
arrancar do pó e cortar a criatura ao meio.
A Morte observou o corpo balançar quando o rei dos demônios
retirou sua corrente. O medo encheu o ar, e Morte e sua equipe
respiraram o cheiro familiar com sorrisos em seus rostos.
Gritos aterrorizados chegaram aos seus ouvidos sensíveis, e a
Morte assentiu. Ele observou os outros se espalharem em direções
diferentes. Agora era a vez dele. Ele abandonou a ilusão, revelando
sua verdadeira forma, e levantou-se. Seu capuz caiu baixo,
escondendo o rosto, mas ele sabia que não havia dúvida sobre sua
identidade agora.
A Morte bateu suas asas, limpando a nuvem de poeira e
encarando a horda diante dele. Ele apertou a mão em torno de sua
foice enquanto chamas verdes se acenderam novamente. Os demônios
rosnaram e cuspiram nele, mas ele sorriu. Muitos pereceriam de toda
a existência hoje.
O fogo em sua mão e perna se intensificou, e ele rosnou antes de
liberar toda a sua raiva em seu ataque. Ele se moveu muito
rapidamente para qualquer um deles reagir adequadamente. A fúria
bombeou por suas veias quando a dor - a dor de Jane - se espalhou
por ele. Ele rugiu, balançando sua foice tão violentamente que suas
vítimas estavam explodindo com o impacto.
A dor diminuiu, mas a Morte sabia que Jane estava lutando. E
perdendo. Ele derrubou a foice, martelando um monstro alado em sua
lâmina. A Morte olhou por cima do ombro e viu Sonneillon matando
seu próprio conjunto de demônios, mas seu novo aliado não estava
ciente dos três se aproximando por trás.
A Morte agarrou sua foice com força e jogou o demônio
empalado nos atacantes de Sonneillon. O estalo doentio de seus
corpos esmagados o fez sorrir, e ele observou seus corpos se partirem
em pedaços sangrentos. —Tome cuidado!
Sonneillon assentiu para ele. —Muito obrigado, cavaleiro.
Morte não deu mais nenhum reconhecimento e, em segundos,
ele estava cortando outro. Ele rasgou neles, rosnando como um animal
selvagem enquanto os observava cair. Seus corpos mutilados estavam
em ruínas ao redor de seu exército de elite. Eles não mostraram
piedade. Eles esmagaram e abriram caminho na carne nojenta de suas
vítimas.
O pânico encheu o coração da Morte, mas não era dele. Ele olhou
para cima apenas por um momento quando um flash de verde
irrompeu ao seu lado.
Tristeza relinchou, abaixando a cabeça, um gesto para montá-lo.
—Fora —, disse a Morte, seus olhos se erguendo quando Tristeza
bateu em seus cascos. —Eu não posso ir com ela!
A Morte balançou sua foice, matando cinco demônios, e
estendeu a mão, lançando um campo de morte ao seu redor.
Demônios e Caídos dentro de seu campo caíram no chão, sua pele
apodrecendo de seus ossos em segundos.
Rosnando, ele olhou Tristeza nos olhos. —Me ajude a lutar ou
saia.
Tristeza o encarou enquanto ele segurava o campo de morte. Ele
sabia que Jane precisava de ajuda, mas ele não iria até ela.
As chamas que só se formavam ao redor de Tristeza quando ele
estava em batalha ou com raiva, acenderam.
A Morte balançou a cabeça. —Deixe-a.
As chamas ardiam mais e Tristeza correu para o outro lado,
desaparecendo - indo para Jane.
Morte liberou o campo de morte e correu em direção ao portão
principal. Ele não a salvaria. Ela estava sozinha.

Nemesis soltou um assobio, sentindo uma lâmina cortar sua


pele. Ela balançou a espada, decapitando o diabo ao seu lado, mas
outra fatia ardente atravessou suas costas. Ela gritou e chutou outro
demônio no chão. Rugindo como um gato selvagem, ela desencadeou
sua devastação sobre a crescente multidão ao seu redor.
Sua velocidade era um presente, mas muitas vezes a separava de
seus irmãos. O caminho dos corpos mostrava sua eficácia mortal, mas
ela estava sozinha. Sozinha no Tártaro onde não algum lugar que a
Morte deveria estar.
Uma mão com garras apareceu em seu rosto. Nemesis caiu no
chão. Doeu, mas ela não gritou. Ela rapidamente enfiou a espada no
intestino da criatura negra, mas outro conjunto de mãos monstruosas
a agarrou. Eles envolveram firmemente em torno de sua garganta,
sufocando-a. Ela tentou bater as asas para se libertar, mas não
conseguia se soltar.
Sua visão começou a embaçar, não veio ar, e ela se perguntou se
era por isso que a Morte tinha sido tão cruel. Ele sabia que ela iria
morrer?
De repente, seu atacante se foi.
Nemesis se virou e viu uma figura na frente dela. Ela esperava
que fosse a Morte, mas era outra.
Asmodeus destruiu aqueles ao seu alcance. Ele era cruel e
aterrorizante ao testemunhar com suas asas de dragão batendo,
levantando poeira enquanto ele balançava sua corrente. Ele era
destruição.
Os demônios e os anjos caídos que ele matava não eram mais
distinguíveis depois que os destruia. O rei dos demônios passou a
corrente em volta de uma das gargantas de seus inimigos mais
próximos e a puxou com força. Sua cabeça se soltou e caiu no chão
com um baque, mas ele já estava balançando com mais maldade.
Sua armadura negra pingava carne e sangue fedorento. Nemesis
viu seus olhos vermelhos fixarem-se nela, e ele estendeu a mão,
puxando-a pela mão dela. —Minha senhora, você está em condições
de lutar?
Nemesis zombou dele e apontou a espada para perto dele.
Asmodeus desviou o olhar para onde ela apontou a espada e
sorriu. —Eu sabia que seus olhos adoráveis não estavam me
devorando com nojo.
Ela abriu a boca para insultá-lo, mas um olhar sério cruzou seu
rosto, parando-a.
—Corra, beleza. Eles estão vindo. Vou segurá-los.
Ela estava prestes a discutir, mas outra figura caiu ao lado dele.
Este balançou sua lâmina negra nos demônios circundantes e chutou a
mais próxima do chão. Ela olhou para Asmodeus. O rei dos demônios
piscou e voltou seu próprio ataque para a horda.
O anjo emplumado que caiu ao lado deles de repente a jogou no
chão. Ela lutou para se levantar, pensando que ele a estava atacando,
mas percebeu que ele a estava deixando fora do caminho de outro
ataque. Ele jogou o demônio no chão e bateu a cabeça com a bota.
—Thanatos. — Ela respirou.
Os olhos vermelhos de seu amado irmão se conectaram com os
dela. —Shh, irmã.
Ela balançou a cabeça, não acreditando que estava olhando para
ele.
—Mas...
—Deixe-o. Não interfira. Eu não quero isso para você. — Ele
então voou.
—Irmã! — Hypnos e Moros vieram correndo em sua direção.
Eles empunhavam espadas maciças como gigantes, cortando
demônios ao meio e passando por eles antes que pudessem cair no
chão.
—Onde está a Morte? — Moros gritou com ela.
Nemesis balançou a cabeça logo antes de ouvirem o rugido da
Morte.
Eles se viraram, vendo a Morte dividir sua foice em duas versões
menores de sua arma favorita. Ele rosnou enquanto girava em círculos
rápidos. Cabeças, membros e asas caíram ao seu redor.
A multidão principal o invadiu, mas ele se moveu com uma
força graciosa, mas poderosa, enquanto cortava suas vítimas. Sua
destruição era diferente de tudo que eles já haviam testemunhado. Os
demônios saltaram sobre ele, mas ele os estava roubando
instantaneamente - ou esmagando-os no chão ou jogando-os com
violência suficiente para estar quebrando contra os outros.
—Precisamos ajudá-lo —, disse Nemesis quando o resto de seus
companheiros se juntou a eles nos portões da prisão. —O vínculo com
a garota está distraindo ele.
Moros a segurou pelo ombro quando ela começou a correr, e um
brilho ofuscante de verde iluminou o pátio inteiro.
—Ele está bem. — Moros disse a eles.
Um rugido estrondoso soou. Era mais alto do que qualquer
Nêmesis jamais ouvira antes. Ela e os outros assistiram em choque
quando a montanha de atacantes na Morte explodiu e três explosões
de luz verde dispararam, revelando três figuras encapuzadas.
—Então, as histórias são verdadeiras —, disse Asmodeus. —A
Morte pode dividir sua alma.
Três mortes sombrias desencadearam uma ruína devastadora no
enxame de demônios. Eles eram idênticos às suas asas esqueléticas
semelhantes a fantasmas, cada um com um par de olhos verdes
brilhantes.
O do centro parecia mais violento, rugindo a cada golpe de sua
foice. —LUTE, JANE!
Nemesis cobriu a boca.
—Sua fêmea estava em batalha —, disse Moros calmamente. —
Ela está morrendo.
—Por que ele não envia uma alma para ela? — Perguntou
Sonneillon enquanto todos assistiam a segunda e a terceira Morte
rugir o nome de Jane.
Suas vítimas finalmente perceberam que ele estava enlouquecido
e aqueles que tentaram fugir caíram no chão, gritando de agonia
enquanto sua carne secava. Uma das novas Mortes trocou sua foice
pelo par duplo, enquanto a outra começou a balançar um martelo
enorme, esmagando ou atingindo vítimas pelas outras duas Mortes.
A Morte empunhando as duas lâminas correu, cortando centenas
pela metade. Os demônios não tiveram chance contra suas lâminas
giratórias. Ele os balançava com tanta velocidade que pareciam serras
circulares.
A Morte com a foice soltou um rugido, empalando os que
estavam ao seu alcance. Ele os cortou de todos os ângulos, parecendo
gostar de cortá-los da virilha.
—Vamos —, ordenou Moros. —Não podemos chegar perto dele
sem sermos mortos agora; ele não está pensando claramente. E se a
garota morrer, ele será imparável.

Asmodeus observou a Morte por mais um momento antes de


seguir os outros pelo portão.
Quando eles entraram, ficaram surpresos ao encontrar outra
batalha já ocorrendo. Muitos de seus irmãos caídos estavam lutando
contra a guarda demoníaca lá dentro. Ainda havia algo bom aqui, e
estava pronto para lutar ao lado do Cavaleiro e seu exército.
As espadas de Moros e Hypnos brilhavam intensamente antes
de se transformar em enormes luvas com garras ao redor de cada uma
das mãos dos irmãos. Eles correram para a frente, derrubando aqueles
que se levantavam contra eles.
Asmodeus riu para si mesmo, testemunhando a pior virada do
inferno um para o outro. Não querendo perder a glória, ele enviou
suas correntes através de suas vítimas, surpreendendo os Caídos que
não tinha certeza de que lado ele estava. Ele não se importava. Se o
lutassem por engano, ele os mataria.
Puxando a cabeça de um antigo anjo, Asmodeus se virou ao som
de um grito de guerra. Era um jovem caído que estava em menor
número. O garoto não estava disposto a cair, no entanto.
Asmodeus sorriu com a fúria do anjo e se aproximou de seus
atacantes diabólicos por trás. Ele agarrou um pelo braço, esmagando-o
em alguns outros antes de convocar suas correntes de volta para
derrubar seus corpos quebrados. Ele se virou quando o jovem anjo
arrancou sua espada do último de seus atacantes, mas mais estavam
sobre eles em questão de segundos.
O Rei Demônio lutou lado a lado com os jovens Caídos,
destruindo juntos todos os que estavam no seu caminho, criando um
caminho para a equipe da Morte seguir adiante.
Um som estrangulado fez Asmodeus olhar por cima do ombro.
Seu novo camarada de batalha acabara de ser empalado por uma
lâmina amaldiçoada, uma lâmina que havia sido feita para ele. Um
sentimento violento surgiu dentro de seu peito quando ficou claro que
o jovem anjo saltou no caminho, salvando-o.
Asmodeus rugiu, balançando as correntes enquanto o rabo de
serpente se debatia atrás dele. Sua equipe demoníaca se juntou a ele
agora, mas ele estava desencadeando um inferno para aqueles que
haviam tomado seu novo aliado. Quando ele alcançou o anjo
quebrado, ajoelhou-se para inspecionar a lâmina retorcida que havia
atravessado sua barriga. O medo era evidente nos olhos de rubi do
anjo caído quando ele se engasgou com o sangue.
O rei dos demônios sentiu um nó no peito enquanto observava o
jovem morrendo. —Obrigado, jovem anjo do Senhor.
O corpo do anjo iluminou-se de repente em luz branca e
disparou para cima, através da escuridão.
Asmodeus riu e se levantou. —Bem, você não vê isso todos os
dias.
—Redenção? — Perguntou Succorbenoth.
Ele assentiu. —Assim parece.

Nemesis correu pelos corredores escuros da prisão. Os internos


gritaram com ela, chamando-a de o mais vil dos nomes, enquanto
alguns pediram perdão. Seus irmãos pararam de se aproximar dela,
então ela acelerou, ignorando o quão tolo era se aventurar tão
profundamente no Tártaro. Os presos mais perigosos eram mantidos
aqui, e ela estava sozinha novamente.
Ainda assim, ela ignorou a voz dizendo para esperar. Seu
coração estava acelerado, e a única coisa em que ela se concentrava era
em satisfazer a Morte.
Finalmente, uma porta de mármore branco apareceu. Ela
derrapou até parar e olhou em volta. Ninguém estava aqui. Sem
outras portas, sem vozes. Ninguém deveria estar aqui.
Nemesis colocou a mão sobre a porta, tossindo sangue e
sufocando ao ver sua linda pele verde-oliva ficando pálida e doentia.
Ela tropeçou para trás, o ar correndo em seus pulmões que
começaram a falhar.
—Pestilência. — Ela sussurrou, vendo sua pele voltar ao seu belo
estado mais uma vez.
—Mova-se. — Uma voz profunda que ela conheceria em
qualquer lugar, disse atrás dela.
—Meu senhor. — Disse ela, inclinando a cabeça quando Morte se
aproximou da porta.
Ele parecia maior que o normal, mais desequilibrado, enquanto
estudava as marcações na porta.
—Você está bem, mestre? — ela perguntou, se aproximando. —
Você nunca dividiu sua alma em nossa presença antes. Isso dói?
Ele rosnou, virando a cabeça para o lado. —Você acha que
despedaçar uma alma é bom?
Ela baixou o olhar para o chão, incapaz de olhar nos violentos
olhos verdes dele. —Me perdoe.
Ele não disse mais nada e inclinou a cabeça para o lado antes de
olhar para o teto. Um rosnado baixo retumbava dentro dele, e ela
sabia que ele estava se concentrando na garota vampira, e não na
situação em questão.
—Morte, e se seu irmão escapar?
—Cale a boca. — Disse ele, sem desviar o olhar do teto.
—O que está acontecendo? — Moros perguntou, parando ao
lado dela. Ele também olhou para cima, mas não disse mais nada.
—Perdição. — Disse a Morte, referindo-se ao destino que Moros
governava.
Os olhos de Moros ficaram brancos por alguns segundos e então
ele falou. —Os cavaleiros foram bem sucedidos. Um retiro foi feito do
outro lado. Jane e a outra mulher, Ártemis, sofreram ferimentos na
batalha. Thor chegou para ajudá-los. Ártemis se recuperará. O destino
de Jane está envolto em escuridão, como eu tenho certeza que você
também vê. — Moros inclinou a cabeça para o lado. —O que é isso?
Ela está...
—Silêncio. Não é nada. — Disse Morte, voltando sua atenção
para a porta e segurando a mão sobre ela. Sua mão brilhou verde
antes que chamas esmeraldas disparassem em direção à porta.
Chamas brancas dispararam das esculturas na porta,
encontrando o fogo esmeralda antes que ele pudesse alcançá-lo.
Nemesis cobriu os olhos, incapaz de ver a mágica se desenrolar.
No entanto, o alto estalo de mármore e a repentina liberação de poder
que a empurraram de volta ao peito de seu irmão disseram-lhe que
tinha acabado.
Ela espiou os olhos abertos, impressionada com a visão de
mármore enegrecido caindo em pó.
A Morte entrou na sala primeiro, e Nemesis parou quando
Moros estendeu o braço, bloqueando-a.
—O que você viu? — Ela perguntou a ele.
Moros olhou para ela. —Cuide do seu lugar, irmã.
—Nemesis. — A Morte chamou por ela, e ela rapidamente ficou
ao lado dele.
Ela prendeu a respiração quando finalmente olhou para
Pestilência. Ela nunca o tinha visto antes, mas sabia que era ele
quando viu seus cabelos e olhos brancos. Ele não parecia ciente do que
estava acontecendo.
Nemesis olhou para o arco deitado a seus pés, depois para a
sirene morena sussurrando em seu ouvido. O que estava sendo
sussurrado para ele causou uma reação, no entanto.
Pestilência pegou seu arco, mas Morte chutou seu peito,
prendendo-o com sua bota.
—Nemesis —, disse a Morte, sem desviar o olhar de seu irmão
rosnado. —Eu a quero viva.
—Sim, mestre. — Disse ela, caminhando em direção à sirene.
—Asmodeus —, disse Morte, olhando para o teto. —Amarre
meu irmão em suas correntes.
—Você falhará, Cavaleiro — disse a sirene. Ela gargalhou, seus
lábios tremendo de medo, enquanto Nemesis convocava suas facas. —
Sua Jane vai cair. Todos vocês cairão no final desta guerra. Ele previu
isso. Meu senhor governará tudo.
Nemesis observou Morte encarar o teto, empurrando o peito do
irmão como se estivesse pensando em esmagá-lo.
—Nemesis —, disse Morte, fechando os olhos quando os três
demônios se aproximaram de Pestilência, todos segurando armas que
ela nunca tinha visto. —Eu mudei de ideia... Destrua-a.
Ela sorriu, trocando as adagas pela espada. Não querendo perder
a contenção de Pestilência, ela atacou a sirene que ajudou a
desencadear a praga da humanidade. Ela retirou os braços, as pernas e
a cabeça antes de enfiar a espada no coração.
Assobiando, Nemesis baniu sua espada e tomou um lugar entre
seus irmãos, vendo a Morte remover seu pé.
Pestilência foi rápido em se levantar e ele se lançou para a Morte.
Asmodeus não o deixou ir longe. O rei dos demônios tinha o
Cavaleiro Branco amarrado num piscar de olhos, e ele puxou,
puxando-o para o chão.
Morte os circundou enquanto Pestilência falava em um idioma
que ela não entendia. O nome de Jane era a única palavra que
Nemesis conseguia entender, e ela estava tremendo ao ver uma
máscara de caveira se formando no rosto da Morte.
Ele balançou a cabeça antes que pudesse se formar
completamente e respondeu na mesma língua desconhecida, sua voz
tão alta que ela e os outros tiveram que tapar os ouvidos. Ele se
inclinou sobre o irmão, os olhos ardendo de fúria enquanto
continuava. Novamente, o nome de Jane era a única palavra que ela
entendia.
Pestilência disse o nome de Jane mais uma vez e cuspiu no rosto
da Morte.
Morte rosnou, limpando o rosto antes de olhar para Asmodeus.
—A prostituta está morta. Quando a música dela desaparecerá de sua
mente?
—Semanas —, respondeu Asmodeus. —Mais se não
removermos nossos encantamentos dele.
—Então comece. Ele não sairá deste lugar até estar limpo.
Os três demônios começaram a cantar, fazendo Pestilência gritar
e se contorcer de dor. Morte observou por um momento antes de
olhar para Moros. —Crie uma barreira. Ninguém entra ou sai até eu
dizer.
Moros assentiu e saiu da sala.
—Hypnos, verifique se ele fica acordado. Ele deve sentir toda a
dor que está causando nele. Você entendeu?
Hypnos suspirou, mas ele avançou e se ajoelhou ao lado de
Pestilência, segurando a mão sobre a cabeça enquanto impedia o
Cavaleiro Branco de desmaiar.
—Mestre. — Disse Nemesis, pisando ao lado da Morte quando
ele mais uma vez olhou para cima.
— Deixe-me em paz, Nemesis. Ajude Moros, se desejar, ou
mesmo os prisioneiros feridos, mas fique longe de mim.
Hypnos lançou um olhar que ela conhecia muito bem. Ela
assentiu, curvando-se enquanto recuava para a porta. Ela olhou para
Morte mais uma vez, mas ele não prestou atenção a nenhum deles. Ele
simplesmente olhou para o teto, sem piscar ou mesmo se encolher ao
ouvir o irmão sendo torturado a seus pés.
Então, Nemesis se virou, deixando todos eles para encontrar
uma saída do Tártaro.

28
CULPA
A sensação latejante na mão de David não o perturbou quando
ele empurrou a porta do seu novo quarto. Ele imediatamente foi até os
dois homens trabalhando em Jane. —Como ela está? — Ele perguntou,
inclinando-se para beijar sua testa. Ela mal estava reconhecível. A
perda de sangue a deixara mais pálida do que ela já era, os lábios
estavam abertos e o grande corte na bochecha de um dos vários
golpes que ela levara ao rosto ainda escorria de prata e sangue. Pelo
menos o inchaço de seus olhos inchados finalmente estava
diminuindo.
—Ela vai ficar bem, David. — Disse Bedivere, abaixando a mão
mutilada de Jane para a cama.
David olhou para os dedos triturados. Se ela fosse mortal, não
haveria como repará-las. O lobo quase arrancou a mão dela, mas,
milagrosamente, Jane conseguiu impedir que rasgasse os dedos e a
mão, e os pedaços de pele e osso que restavam estavam lentamente se
juntando. O mesmo poderia ser dito sobre o corte em seu antebraço,
onde as garras de um lobo a haviam rasgado enquanto tentava se
libertar.
Eles descobriram por que ela não curou corretamente. O lobo
morto-vivo estava coberto de prata. No momento em que ele
conseguiu que ela usasse seu poder para removê-lo, muito já havia
sido bombeado através de seu sistema. Ela foi envenenada e nem
percebeu que não estava fazendo tudo isso.
David deu uma olhada em sua perna mutilada e teve que se
virar. O lobo a arrancou da coxa até o interior da panturrilha. Ele não
tinha ideia de como ela corria, e muito menos como ela era capaz de
destruir completamente o lobo que quase matara Ártemis.
Apesar de sua tristeza, ele sorriu. Ela o deixou orgulhoso. Ela
não via dessa maneira, mas lutara bravamente e salvara uma mulher
que provavelmente não se arriscaria a salvá-la.
Jane tossiu, seu corpo inteiro tremendo bruscamente até que ela
parou. David a observou com cuidado; ela não estava acordada ainda.
Ele soltou um suspiro e deu um beijo em seus lábios sangrentos.
—Sinto muito, querida.
—David, você precisa se alimentar. — Disse Kay, seu tom tão
severo quanto o de Arthur quando ele não se alimentava.
—Eu vou me alimentar mais tarde.
Kay balançou a cabeça, pegando uma pinça. —Apenas alimente.
Ela estará melhor em breve, como antes. Ela sangrou quase toda a
prata.
David fechou os olhos, expirando lentamente. O fato de que ela
sangrou tanto era a única razão pela qual ela estava se curando agora.
—O quanto você o machucou? — Bedivere perguntou sem
desviar o olhar da perna de Jane.
David por acaso olhou para o estrago novamente. —Não o
suficiente.
Bedivere suspirou enquanto ele borrifava uma solução de
limpeza na parte que ele estava limpando. —Thor não sabia que
estávamos vindo. Jane não o culparia.
David desviou o olhar. —Ela nunca culpa ninguém, mas eu
posso. Esse pedaço arrogante de merda merece mais do que o rosto
quebrado que eu lhe dei. Ele tem sorte de deixar os outros me segurar.
— Ele respirou com raiva, tentando se acalmar. Isso não ajudou. —
Jane não apenas está quase viva, mas Ártemis está gravemente ferida
e lamentando a perda de seus homens. É isso o que era preciso para
ele ver que suas ações tolas afetam os outros tão grandemente?
Kay e Bedivere assentiram, concordando com o fato de que Thor
havia deixado sua impaciência e busca constante pela glória causar
toda essa destruição.
—Bem, talvez agora ele veja o erro de seus caminhos —, disse
Kay. —Ele não lutou com você, então isso diz muito.
David resmungou. —Só porque ele sabia que eu o mataria se ele
revidasse.
—Ela ficará chateada quando acordar e se ver. — Disse Bedivere.
—Eu vou ajudá-la. — David acariciou sua testa. —Eu ainda a
vejo.
—É uma pena que ela tenha se machucado novamente —, disse
Kay, passando um pouco de gaze no ferimento. —Ela estava indo tão
bem com você. Espero que isso não atrapalhe o progresso dela. Ela
tem uma auto-imagem muito pobre. É triste testemunhar.
David ignorou os comentários de Kay enquanto passava os
dedos por um pedaço de pele que não estava pintada com sangue ou
machucados. —Eu não deveria ter dito a ela para segurar suas
habilidades.
—Por que você disse isso a ela? — Perguntou Bedivere.
—Eu não queria que ela fosse drenada muito rapidamente —,
disse ele calmamente, odiando-se por cometer o erro. —Depois que eu
vi o tamanho da luta, tudo que eu conseguia imaginar era ela jogando
toda a sua energia e não tendo o suficiente para permanecer em pé.
Você sabe como ela está disposta a se sacrificar... Ela me ouviu e não
lutou com eles do jeito que podia. Então, quando chegou a hora de
usá-los, ela entrou em pânico ou esqueceu; Eu não tenho certeza. Não
é culpa de Thor, é minha.
Kay riu, jogando um pano ensopado de sangue no chão. —Você
sabe que ela não vai deixar você se culpar.
—Eu sei que ela não vai —, disse David, sorrindo tristemente
enquanto tirava um galho do cabelo dela. —Ela vai se culpar. Espero
que ela veja o quão incrível ela realmente estava.
—Ela era implacável —, disse Bedivere. —Certifique-se de que
ela saiba que estamos orgulhosos dela quando ela acordar.
—Quando você acha que vai ser? — Ele perguntou, removendo
mais detritos do cabelo dela.
Bedivere ficou em pé. —Algumas horas. Quanto mais ela
descansar, melhor. Ela sentirá dor, então alimente-a assim que puder.
—Eu vou. — Disse ele, pensando em quanto sangue ele
precisaria para cuidar adequadamente dela.
Bedivere começou a arrumar suas ferramentas. —Sua artéria
femoral finalmente começou a se curar, então ela começará a se
recuperar rapidamente agora, mas você ainda precisa mantê-la
relaxada. A fratura de seu crânio também está se fundindo muito bem.
E esses cortes vão fechar em breve, mas ela poderá desfazer os reparos
se se estressar.
David assentiu enquanto os observava limpando ao redor dela.
—Quero tirá-la desses lençóis sujos.
—Claro, pegue isso. — Bedivere entregou-lhe o cobertor
ensanguentado que cobria Jane parcialmente para mantê-la aquecida.
David enrolou o cobertor e começou a pegar pedaços de suas
calças desfiadas que eles tiveram que cortar.
—Você quer trocá-la? — Bedivere perguntou enquanto voltava.
—Sim, eu não acho que ela vai querer acordar assim.
Bedivere apontou para suas malas. —Encontre algo solto para
vestir. Eu vou ajudá-lo a vesti-la.
David foi até as malas e começou a olhar através das roupas
dela. Ele decidiu apenas deixá-la usar calcinha e uma de suas camisas.
Incomodaria suas feridas usar qualquer outra coisa de qualquer
maneira. Quando ele alcançou a área com seus íntimos, ele hesitou.
Ela tinha muitos estilos.
O riso de Kay chamou sua atenção. —Pegue algumas algodão
para ela, David. Você pode esperar até que ela esteja bem para pedir a
ela que experimente os estilos mais ousados.
David balançou a cabeça e vasculhou a calcinha de algodão
semelhante à que ela usava na noite em que o seduziu. Ele sorriu
quando uma calcinha branca chamou sua atenção. Eles tinham uma
imagem de desenho animado de um gatinho preto impresso na frente.
Minha gatinha.
Ele juntou tudo e voltou para Jane, dando de ombros quando
Kay sorriu e perguntou: —Um gatinho?
—Elas parecem confortáveis e são fofas.
Bedivere riu levemente. —Elas combinam com ela. Eu adoro sua
inocência brincalhona. Ela é uma alma refrescante para estar por
perto.
Kay deu um tapinha no ombro de David. —Vou deixar vocês
dois para terminar. Bed, encontro você no quarto de Ártemis.
—Eu estarei lá em breve. — Disse Bedivere.
Com outro tapinha nas costas, Kay saiu.
David suspirou e esfregou o rosto. —Você tem certeza de que
não devemos iniciar uma transfusão?
—Eu poderia —, disse Bedivere. —mas ela se beneficiará do
descanso.
—Ok. — David pegou o botão da calça dela, mas levantou o
olhar para Bedivere.
—Você deseja que eu feche meus olhos? — Bedivere riu.
David mostrou suas presas. —Eu sei que você a viu, mas...
Bedivere levantou a mão. —Estou brincando. Eu vou desviar o
olhar. Desabotoe suas calças, mas rasgue-as junto com ela em roupas,
em vez de tentar levantá-la. Em seguida, deslize cuidadosamente o
par limpo.
—Tudo bem. — Disse David, soltando um suspiro calmante. Ele
não gostava de se sentir chateado com Bedivere.
Como se entendesse sua linha de pensamento, Bedivere disse: —
Não se decepcione com suas reações. Ela é sua Outra, e você está em
um novo relacionamento juntos. Vocês dois serão excessivamente
possessivos até consumar seu relacionamento.
David levantou a cabeça tão rápido que seu pescoço estalou. —O
que?
Sorrindo, Bedivere respondeu: —Sinto seu cheiro nela, mas
conheço você, David - você ainda não teve relações sexuais com ela.
Eu sei que você está tentando o seu melhor para levar as coisas
devagar.
Ele soltou um suspiro duro. —Ela não sabe o que é o amor físico.
Quero que ela o experimente adequadamente e entenda que sexo não
é tudo que quero dela.
Bedivere sorriu de uma maneira orgulhosa, grande e fraternal.
—Então você é perfeito para ela. Agora, faça o que eu instruí para que
vocês possam descansar.
Assentindo, David desabotoou e abriu o zíper de sua calça antes
de agarrar as costuras de cada lado para rasgá-las ao meio. Tudo o
que ele tinha que fazer agora era puxá-las para debaixo dela.
Ele olhou para cima e observou Bedivere sorrir antes de virar a
cabeça, dando-lhes privacidade enquanto rasgava a calcinha dela. Ele
silenciosamente esperava que o par decorado com pequenos corações
não fosse o favorito dela quando os removeu.
Não era tão fácil colocar o novo par, mas ele conseguiu impedir
que o tecido esfregasse suas feridas e gentilmente levantou a parte
inferior das costas para localizá-las. Depois de abaixá-la, ele arrancou
sua blusa e sutiã. Isso era mais complicado, pois ele estava com medo
de tocar seu crânio quebrado.
—Talvez você deva deixá-la de topless até que seu crânio se
funda mais. — Disse Bedivere, sem olhar, mas obviamente
entendendo a hesitação de David.
—Você me traria uma toalha para cobri-la?
Bedivere não respondeu, mas rapidamente pegou uma toalha da
suíte de banho.
David pegou a toalha e cobriu os seios. —Ela está coberta. Me
ajude a limpar um pouco do sangue.
—Aqui. — Bedivere entregou-lhe um pano limpo e molhado. —
Você pode fazer o rosto e os braços dela. Vou limpar a perna dela.
Trabalharam em silêncio até Bedivere se endireitar. —Eu acho
que isso é tão bom quanto ela vai conseguir. Eu devo ir cuidar de
Ártemis.
David assentiu, ainda limpando os braços. —Estenda minhas
condolências a ela.
—Eu vou. — Bedivere assentiu solenemente. — E mandarei
chamar as camareiras para limpar essa bagunça. Depois de terminar,
levante-a cuidadosamente e segure-a sem colocar muita pressão na
parte de trás da cabeça. Apoie o pescoço dela, mas não toque muito a
cabeça dela. Depois que eles terminarem, você pode descansar com
ela. Mas alimente-a assim que ela acordar. Você deve estar preparado
para se devorar depois que ela o fizer - ela já tomou muito do seu
sangue.
—Eu vou beber quando ela beber.
Bedivere sorriu. —Garoto teimoso. Bem, certifique-se de não
esperar. Estou de folga agora.
—Obrigado.
—De nada. Dê a Jane meu amor.
David observou Bedivere partir e depois voltou sua atenção para
Jane. —Por favor, não acorde ainda. — Ele deslizou as mãos sob ela,
tomando cuidado enquanto colocava o braço sob o pescoço dela. Ele
estremeceu quando ela fez um barulho, mas ainda a levantou nos
braços.
Quando se sentou em uma cadeira, soou uma batida leve e a
porta se abriu.
— Sir David? Sir Bedivere nos enviou para cuidar de seus
aposentos.
—Sim —, disse ele, tentando garantir que Jane estivesse coberta
o máximo possível pela toalha. —Vocês podem entrar.
Duas mulheres entraram. A primeiro ofereceu a ele um sorriso
gentil enquanto ela carregava uma cesta contendo lençóis novos. O
sorriso da segunda mulher não era um estranho para ele, então ele
evitou olhá-la novamente e se dirigiu à primeira. —Apenas a cama e
reabasteça as toalhas. Rápido por favor.
Ela inclinou a cabeça. —Claro, sir David.
David as ignorou enquanto trabalhavam juntas, mantendo os
olhos no rosto de Jane e monitorando a respiração dela. Ele sabia que
a segunda mulher os observava com frequência e esperava que ela
tivesse algum senso de não incomodá-lo.
—Você precisa de uma doadora, Sir David?
Aparentemente não. David olhou para cima e não ficou surpreso
ao descobrir que a segunda mulher havia perguntado isso. Ela sorriu,
o mesmo sorriso que ele havia dado a vida toda.
—Todo mundo sabe que eu não participo de sugar sangue dos
vivos. — Ele manteve o olhar neutro. —Faça seu trabalho e vá
embora.
—Perdoe-a, sir David —, disse a primeira empregada. —
Vivienne é mais nova nesta vida e só veio aqui duas temporadas atrás.
—Então informe-a do que os outros já sabem. — Disse ele,
irritado.
—Sim, sir David —, disse ela, puxando o segundo pelo cotovelo.
—Vivienne, pegue a roupa de cama suja e espere no corredor.
Vivienne zombou, mas fez o que foi dito.
Jane soltou um gemido, fazendo David se concentrar nela, e não
na empregada.
—Shh... — Ele acariciou a testa de Jane. —Está tudo bem,
querida.
—Eu já terminei, sir David. Você precisa de mais alguma coisa?
—Não, por favor, deixe-nos. E certifique-se de que os outros
servos sejam informados sobre o comportamento delas ao meu redor.
Não vou tolerar os jogos que as mulheres jogam para ganhar minha
atenção. Não estou interessado e não ficarei feliz se minha Jane
testemunhar qualquer oferta de servas esperançosas.
Um leve sorriso brincou na boca da empregada. —Vou garantir
que elas sejam informadas. Não hesite em me solicitar pessoalmente,
caso não deseje incômodos. Estou noiva de um homem que amo.
Garanto-lhe que não tenho interesse. Meu nome é Hela.
David assentiu. —Eu vou manter isso em mente. Você está
dispensada, Hela.
Ela inclinou a cabeça. —E meus parabéns a você por reivindicar
sua Outra, sir David. Muitos de nós estamos muito felizes por você.
Ele não olhou para ela, mas assentiu. Depois de ouvir a porta se
fechar, ele ouviu as mulheres discutindo umas com as outras antes de
se afastarem.
—Tudo certo. Vamos levá-la para a cama. — Ele se levantou,
segurando-a longe de seu corpo, para que ela se movesse menos.
Depois de colocá-la na cama limpa, ele beijou seus lábios curados,
lambendo o sangue deixado neles.
Surpreendendo-o, ela gemeu, mas não acordou.
David riu e a beijou novamente. —Cure rapidamente, meu amor,
e eu darei mais a você. — Ele sorriu com os arrepios que irromperam
por seu corpo e rapidamente a cobriram. —Eu volto já.
Ele entrou na suíte de banho, tirando o colete e a camisa. Era
necessário tomar um banho para limpá-lo dos restos da batalha, mas
ele se recusava a dar-se qualquer luxo até que Jane pudesse se
entregar a eles também. Ele lavou as mãos e fez o possível para
remover a maior parte do sangue do peito e do estômago. Uma vez
satisfeito, ele voltou para o quarto.
Felizmente, Jane ainda estava dormindo, e havia um pouco de
cor voltando para suas bochechas agora. Ele odiava vê-la sofrendo. Ele
nunca testemunhou uma pessoa suportar tragédia após tragédia.
Começou a fazê-lo pensar como ela.
É para isso que ela é destinada?
David afastou o pensamento e tirou uma calça de corrida para si.
Ele não se incomodou em esconder sua nudez e se despiu. A imagem
de Jane corando ou gaguejando cintilou em sua mente, e ele riu. Ela
era boba, mas era uma pequena criatura carente. Carente por ele.
Ele viu seu pau se contorcer com o pensamento. —Pare com isso.
— Disse ele à masculinidade, divertido por estar se dirigindo dessa
maneira.
David riu e terminou de se vestir antes de voltar para Jane. Ele
cuidadosamente deslizou na cama e ajeitou os cobertores ao redor
deles. Ela estava deitada de costas, imóvel. Por mais que ele quisesse
abraçá-la, ele não o fez. Ele simplesmente segurou sua mão menos
machucada e olhou para o teto. Sua sede estava começando a se tornar
incômoda, mas ele ainda pretendia aguentar até poder deixá-la se
alimentar. Era tolice, sim, mas ele se sentia culpado por pensar em se
sentir confortável.
Jane soltou um suspiro durante o sono, um tipo irritado de som.
Ele sorriu e se perguntou se ela sabia que ele estava lá e como estava
sendo imaturo sobre o assunto.
—Eu vou beber quando você beber, bebê. — Disse ele, sorrindo
quando ela franziu a testa. David apoiou-se no cotovelo e a observou
inalar profundamente, sentindo o cheiro dele. —Isso mesmo, Jane. Eu
estou aqui. Descanse um pouco mais. Estarei aqui quando você
acordar.
Ela soltou um suspiro, então David deitou-se e fechou os olhos.

Jason abaixou a caneca de café enquanto observava a queda de


neve enchendo o pátio. Seus filhos pediram para ficar com Ragnelle
durante a noite, e ele ficou aliviado por ter seu tempo sozinho
novamente. Não parecia certo estar perto deles. Eles ainda pediam por
Jane, ainda choravam por ela, e ele só podia pensar que, quando ela
voltasse, ela retornaria apenas para continuar sua vida com David.
—Oh, perdoe-me. — Disse uma voz feminina atrás dele.
Jason se virou, reconhecendo imediatamente a mulher bonita
como aquela que David atacou na noite em que chegaram.
—Eu posso voltar outra hora. — Sisse ela quando ele continuou
parado lá.
—Você não precisa ir —, disse ele quando ela se virou para sair.
—Não consegui dormir... Eu esqueço que todo mundo está acordado à
noite aqui.
Ela sorriu, um sorriso doce e inocente. —Se você tem certeza, não
há problema. Eu posso voltar; Eu não me importo em esperar.
—Não. — Ele disse rapidamente. —Eu não me importo. Eu
simplesmente não conseguia dormir.
A mulher sorriu brilhantemente e estendeu a mão. —Eu sou
Melody.

29
APAIXONADO
—Ow. — Jane gemeu, sem abrir os olhos. Tudo doía,
principalmente a perna e a cabeça.
A cama mudou e David falou enquanto a segurava. —Calma,
Jane. Eu estou bem aqui. Você está segura e logo se sentirá melhor.
—Eu não morri. — Disse ela, sem saber por que disse isso a ele.
Os lábios de David pressionaram os dela. —Não meu amor.
Você lutou bravamente.
O beijo dele a distraiu de sua dor, mas voltou assim que ele se
afastou.
—David, dói.
—Eu sei, Bebê.
—Ártemis está viva? Os outros?
Ela sentiu a mão dele deslizar por baixo do pescoço. —Além dos
homens de Ártemis, não houve outras vítimas do nosso lado. E
Ártemis se recuperará dos ferimentos.
Jane teria assentido, mas não conseguia se mexer. —Minha
cabeça. Algo está errado.
—Eu sei. Vou te levantar para que você possa se alimentar do
meu pescoço. Você vai curar mais rápido assim.
Ela entrou em pânico quando ele começou a levantá-la. —David,
minha cabeça! Algo está realmente errado!
—Eu sei —, ele murmurou. —Eu prometo que você se sentirá
melhor em breve.
Lágrimas deslizaram por suas bochechas doloridas quando ele a
posicionou em seu colo. Ela ainda não conseguia abrir os olhos, mas
chorou de dor que explodiu por todo o corpo. Parecia que sua pele
estava sendo arrancada enquanto alguns de seus ossos estavam se
separando dos músculos.
David deslizou os dedos pela mandíbula dela. —Concentre-se
em mim, Jane.
—Eu não posso. — Disse ela, apertando os olhos com mais força.
Seu rosto estava inchado e muito tenso, como se estivesse prestes a se
abrir.
—Você pode —, disse ele, puxando-a para mais perto. Ele beijou
seu pescoço, enviando uma sensação diferente através dela. —Você
sente isso?
—Sim, mas por favor, me nocauteie.
Ele riu, e ela ofegou ao sentir a respiração dele em seu pescoço.
—Eu nunca iria bater em você. Eu prometo que você vai se sentir
melhor depois de se alimentar.
—Não consigo abrir os olhos! David, meu cérebro está caindo.
Os lábios dele pressionaram contra o pescoço dela novamente. —
Seu cérebro não está caindo. Seu crânio está fraturado, mas está se
recuperando. Parece estranho.
—Isso dói!
—Eu sei. — Ele deslizou os lábios pela pele dela. —Você sabe o
que vai ser bom, embora?
—Nada. — Disse ela, tremendo de agonia em que estava. Seu
corpo estava pegando fogo e os ossos em seu crânio pareciam
deslocados.
—Nem mesmo nossos corpos se enroscando nesses lençóis?
Jane parou de choramingar. Ela parou de respirar quando
percebeu que não estava vestindo roupas. —David, eu estou nua.
Ele sorriu contra o pescoço dela. —Você está de calcinha. Eu
escolhi o par com o gatinho preto para você.
Ainda sem conseguir abrir os olhos, ela levantou um dedo para
tocá-lo. —Você está nu.
—Eu tenho calças. — Ele riu quando colocou a boca na orelha
dela. —Você vai ser minha garota corajosa e abrir seus olhos para
poder se alimentar adequadamente?
—Estou cansada de ser corajoso. Eu não sou boa nisso. — Ela
estava tremendo, parando. Ela estava com medo de ver o dano
causado a ela. Ela estava com medo de ver como ele a olharia.
—Você é mais forte que isso, meu amor. Abra seus lindos olhos
para mim. Quero que você se alimente para poder se curar. Não há
razão para ficar chateada consigo mesma - você lutou bravamente e
estou muito orgulhoso de você. Todos nós estamos.
Uma lágrima deslizou por seus lábios. Ela podia sentir a picada e
sabia que seus lábios estavam presos. —David, o que há de errado
comigo?
Ele se moveu novamente, e desta vez ela sentiu a respiração dele
na boca. —Você está ferida da luta. — Ele deu a ela o menor beijo
possível. —Nada está errado. Agora, abra seus olhos para que você
possa se alimentar de mim.
Ela tentou, mas rapidamente fechou os olhos quando tudo o que
ela podia ver era luz brilhante. —Eu não posso ver!
—São apenas os seus sentidos, Jane. — A paciência dele com ela
era como um banho quente, deslizando por todo o corpo quebrado. —
Sua visão está tentando reparar. A única luz acesa é a da suíte de
banho.
—Suíte de banho?
—Chegamos à fortaleza. Estamos nas câmaras reservadas para
mim. É muito bom. Sei que você vai gostar de conhecer tudo aqui,
tente novamente. Você consegue fazer isso.
Ela começou a abrir os olhos, e foi mais difícil do que ela jamais
imaginou. Na verdade, foi preciso muito esforço para mantê-los
abertos. Ela lutou contra o inchaço e o brilho porque precisava ver o
rosto dele.
—Espere alguns segundos. — Disse ele, roçando o nariz no dela.
Jane o alcançou e ele ajudou a guiar a mão dela para o rosto dele.
Ele beijou a palma da mão, ainda silenciosamente pedindo que ela o
visse, e ela soluçou quando finalmente viu o contorno do rosto dele.
—David.
Ele sorriu, acariciando sua mão. —Aqui estão aqueles olhos
bonitos.
Seu rosto ficou mais claro, e ela ficou tão feliz em vê-lo ileso que
se esqueceu dos ferimentos. —Nós estamos bem?
—Sim, Jane. Alimente agora. — Ele beijou o nariz dela e
cuidadosamente guiou o rosto dela até o pescoço dele.
Assim que seus lábios tocaram a pele dele, ela mordeu. Ela
chupou o sangue dele, completamente vencida pela necessidade de
saciar sua fome.
Depois de um minuto mais ou menos, David exalou, apertando
sua bunda antes de deslizar a mão pela coxa dela. Quando ele afastou
a mão, ela registrou a sensação latejante na perna. Jane o soltou,
olhando para baixo onde ele colocou a mão novamente. Ela ofegou,
cobrindo a boca. Era uma das coisas mais terríveis que ela já viu. O
músculo de sua perna parecia ter passado por um moedor de carne.
—Oh meu Deus! — Ela soluçou, abaixando a mão para tocá-lo.
—Está curando —, disse ele, cobrindo a mão dela antes que ela
pudesse alcançá-lo. —Veja, o músculo está se recuperando.
Não importava, ainda parecia horrível. Ela estava prestes a dizer
isso quando viu a mão dele deslizar da dela.
—David! — Ela alcançou seu rosto quando ele se inclinou contra
a cabeceira da cama. —Oh, o que eu fiz?
—Estou bem. — Ele sorriu fracamente. —Me dê um momento.
Lágrimas embaçaram sua visão, mas ela podia ver como ele
estava pálido. —Eu sinto muito. Eu não pretendia levar tanto.
—Eu sei. Eu queria que você quisesse. — Ele levantou a mão na
bochecha dela. —Seu rosto está se curando.
Jane segurou a mão dele. —Não olhe para mim. Oh, Deus, sinto
muito.
Ele deu aquele sorriso que sempre a deixava sem fôlego. —Não
meu amor. Me dá prazer cuidar de você. E prometo que não estou em
perigo.
Ela tentou não se sentir mal, mas o fez. Ela não pretendia
aguentar tanto; ela ainda tinha tão pouco controle sobre si mesma. —
Eu ainda sinto muito. — Disse ela, puxando a mão dele. Ela podia
sentir os nós dos dedos dele quebrados. Quando ela olhou para a mão
inchada dele, no entanto, ela engasgou com a visão dela. —Oh meu
Deus!
—Jane —, disse ele, segurando sua mão mutilada. —Tudo vai
dar certo.
Ela balançou a cabeça enquanto continuava a perceber a
gravidade de seus ferimentos. A mão dela parecia terrível e o braço
estava rasgado tão mal quanto a perna. Ela não podia imaginar o quão
ruim seu rosto deveria parecer. —Eu estou horrível.
—Jane, olhe para mim.
—Não —, disse ela, cobrindo o rosto com a mão boa e tentando
esconder a mão mutilada. —Por favor saia. Eu não posso lidar com
isso.
—Você pode. — Ainda tão paciente. —E eu nunca irei embora.
Ela chorou. Ela sempre se sentia indigna de ficar ao lado de
David. Agora ela era verdadeiramente uma fera monstruosa; não
havia como ele continuar a amá-la.
—Olhe para mim agora, Jane. — Seu repentino tom feroz ecoou
em seus ouvidos.
Ela levantou a cabeça, encarando com um David muito irritado.
Seus olhos de safira pareciam pretos e sua mandíbula estava apertada
enquanto ele respirava fundo.
—Por favor, me deixe —, disse ela, tremendo. —Eu não quero
que você me veja assim.
O olhar sombrio em seu rosto se suavizou, e ele se sentou,
falando calmamente: —Estou vendo minha Jane. — Ele segurou sua
bochecha danificada. —Minha corajosa garota que, apesar de seus
ferimentos graves, lutou e destruiu monstros mutantes. Essas feridas
são marcas de sua bravura, suas vitórias.
—Eu não ganhei minhas lutas.
Ele sorriu e beijou-a gentilmente nos lábios.
Ela fechou os olhos, suspirando quando ele os lambeu antes de
chupar o lábio inferior.
—Isso dói? — Ele murmurou.
—Não. — Ela suspirou novamente quando ele continuou a beijá-
la.
David cuidadosamente a moveu, deslizando uma mão pelas
costas nuas e depois novamente para segurar o pescoço dela. A outra
mão dele fez um rastro na mandíbula, no pescoço. Ele abriu os dedos,
queimando-a com aquele belo fogo dele enquanto arrastava a mão
entre os seios dela. Ela estava ofegando quando ele acariciou seu
estômago. Segurando seu pescoço, ele não a deixou afastar a boca. Ele
a beijou até que ela só pudesse ofegar por ar entre os lábios dele antes
de passar para sua bochecha.
Ela estava recuperando o fôlego até que ele beijou seu pescoço e
subitamente segurou seu seio, massageando tão bem que ela parou de
sentir qualquer dor.
—David. — Ela ofegou, tentando se mover, mas não conseguiu.
—Oh, por favor, me beije novamente.
Ele riu e levantou o rosto. —Só se você parar de falar e pensar
mal de si mesma.
O êxtase em que ele a nadou desapareceu. —Isso é mau.
Ele sorriu, apertando o peito dela novamente. —É mau da sua
parte falar da minha garota do jeito que você estava.
—Mas é tudo verdade. Olhe para mim!
—Eu vejo meu bebê. — David segurou sua bochecha, virando o
rosto para que ele pudesse beijar o corte ali. —Você está viva,
respirando, discutindo comigo... É tudo o que eu poderia pedir depois
de encontrar você coberta pelo seu próprio sangue - engasgando com
ele enquanto você sangrava até a morte.
Jane baixou o olhar. Ele não estava olhando para ela de maneira
diferente. —Mas eu estou desfigurada. Tenho medo de ver como está
o meu rosto. Não serei digna de ser sua Outra.
Os olhos dele se estreitaram para ela com desaprovação. —Bebê,
eu seria indigno de você se pensasse nisso. Eu não dou a porra
mínima para o que alguém pensa de nós dois.
David xingar era raro... e uma vez por ela.
Ele inclinou o rosto para que ela o olhasse nos olhos novamente.
—Se eu me machucasse assim, você pensaria assim de mim?
Os olhos dela se arregalaram. —Não! Você ainda seria meu
David.
—Então, por que eu pensaria diferente?
Ela sabia o que ele estava dizendo, mas seus lábios tremiam. —
Mas eu quero ser bonita para você.
Ele a beijou com firmeza e depois se afastou. —Eu sempre vou
olhar para você e ver a mulher mais bonita. Você é a perfeição aos
meus olhos. Deve ser nisso que você se concentra.
—Eu não sou perfeita. — Ela odiava que ele fosse assim. —Essa é
a diferença entre nós. Você é lindo, bom e verdadeiramente o homem
mais perfeito que já existiu enquanto eu não sou nenhuma dessas
coisas. E agora, eu vou ser muito feia. Eu vou rir até não aguentar
mostrar meu rosto ao redor de alguém. E por causa da minha audição
estúpida e avançada, não poderei calar a boca o que eles dizem - o que
as pessoas sempre dizem quando estou perto de alguém: por que ele
está com ela?
Ele a observou em silêncio, e ela não conseguiu conter as
lágrimas. Eles picaram seus cortes, mas ela tinha medo de limpá-las.
—Só porque os outros não veem sua beleza não significa que eu
vejo. — Seu tom escureceu. —E não me diga que não estou vendo a
mulher mais bonita que já vi - sei o que vejo. Não me diga que minha
definição de perfeição está errada. E não diga que sou bobo quando
digo que você é boa. Você tem o coração mais adorável que eu já vi.
Apesar de todo o inferno que você passou, você ainda tenta fazer o
que é certo e o que for preciso para proteger todos ao seu redor. Você
nunca se coloca em primeiro lugar. Você é altruísta e, por mais que me
preocupe, eu amo isso em você.
Ele aproximou o rosto do dela, retornando seu tom mais doce. —
Você é minha linda Jane. Essas feridas vão sarar. Por serem causadas
pela prata, elas cicatrizam, mas eu as beijarei, agradecidas a cada vez,
porque todas significam que você sobreviveu a uma luta que não
deveria. Todos elas significam que você foi feroz enquanto lutava ao
meu lado. Elas querem dizer que mesmo quando eu falhei em
protegê-la, você lutou com toda a força que pôde. Você parecia má
com seus olhos e rugia antes de rasgá-los.
Jane agarrou a mão dele e beijou as juntas machucadas. —Veja,
você é perfeito.
Ele riu e levou a mão danificada à boca dele, beijando-a como ela
havia feito na dele. —Se você diz, querida. Então acredite em mim
quando digo o mesmo de você.
—Vou tentar. Só não diga as coisas porque você não quer que eu
fique triste. Se você me acha feia, por favor, diga.
David puxou o rosto dela para ele, beijando-a suavemente. —
Você nunca poderia ser feia. Você pode pensar que parece tão ruim
quanto provavelmente se sente, mas juro que não. Você está curando a
cada segundo que eu olho para você. Mesmo assim, apenas estando
em sua presença, acho difícil não ficar excitado.
Jane riu tristemente e passou os braços em volta do pescoço dele.
—Você não está excitado. Mas obrigada.
Um sorriso malicioso brincou em seus lábios. —Bebê, eu queria
afastar suas pernas a primeira vez que te abracei. Você estava
infectada, morrendo nos meus braços, transformando-se em um dos
mortos-vivos, mas um dos meus primeiros pensamentos foi me
enterrar dentro de você.
Seu rosto queimava enquanto ela ria. —Acho isso difícil de
acreditar.
—É verdade —, disse ele, deslizando os dedos pela espinha dela.
—E eu prometo que estou pensando o mesmo agora.
Ela se recostou. —Você não está! Eu pareço um zumbi sangrento.
—O fato de o pouco sangue deixado no meu corpo estar
correndo para o meu pau diz o contrário.
—David! — Jane cobriu a boca, encarando o sorriso provocador
nos lábios dele.
—Jane. — Ele disse em tom sério, enquanto ainda sorria.
—Você não deveria falar assim. — Ela murmurou em sua mão.
—Por quê? Eu sou um homem. E minha linda namorada está no
meu colo - de topless. Eu posso ter uma moral forte que me impede de
apressar as coisas entre nós, mas ainda sou um homem. Eu fantasiei
sobre nós juntos muitas vezes.
—Realmente? — Ela chorou. —Mesmo assim? Você não precisa
imaginar outra mulher? — Ela cobriu os olhos, pensando nas reações
de Jason ao corpo durante e após a gravidez - no seu vício em
pornografia que não tinha nada além de mulheres que nem se
pareciam com ela. Ela mal conteve o soluço. É claro que David teria
que imaginar outra pessoa. Se Jason tivesse que usar outras mulheres
para se satisfazer, e ela não estivesse desfigurada como estava agora,
David definitivamente precisaria.
David tirou as mãos do rosto, mas ela manteve os olhos
fechados. —Isso é por sua causa, Jane. — Ele abaixou uma das mãos
dela para a protuberância em suas calças.
Ela ofegou, chocada e ligada, enquanto abria os olhos. —Eu nem
comecei nada.
—Bebê, eu já te disse isso antes, você começa algo toda vez que
sorri para mim. — Ele levou a mão dela aos lábios. —Você não tem
ideia do quanto eu quero tocar e beijar você. Eu quero que você
melhore primeiro, no entanto. O sangue que você tirou de mim
precisa fazer o seu trabalho, e você ainda precisará de mais, além de
tempo para se curar completamente. Se eu fizesse o que queria fazer
com você - e, sim, mesmo no estado em que você está atualmente -
correria o risco de desfazer toda a recuperação que você fez.
—De qualquer forma, meus esforços só me beneficiariam porque
não me alimento desde que saí de casa. Além do Texas, meu corpo
nunca ficou tão sem sangue antes. Se eu fosse um imortal comum,
ficaria inconsciente. Eu não estou, no entanto, e estou lutando contra
mim para não arrancar sua calcinha. Então, tome tudo isso como
prova de que eu a acho linda e que me excita.
Jane ficou parada enquanto ele gentilmente enxugava as
lágrimas. —Eu não mereço você.
Havia um olhar tão quebrado em seus olhos quando ele a olhou.
—Meu amor, quando você verá o quão incrível você é?
Ela olhou para a perna e a mão mutiladas. Elas foram
arruinadas. Elas deixariam as cicatrizes mais horríveis. Se ele fizesse o
que estava dizendo, ficaria enojado.
Ele suspirou e colocou a mão sobre a dela. —Eu te amo.
—Eu sei —, ela sussurrou, deslizando os dedos sobre os dele. —
Sua mão parece quebrada, David.
—Provavelmente está —, disse ele, virando-o para vê-lo melhor.
—Você está mudando de assunto de propósito?
—Sim. — Ela sorriu tristemente. —Por favor, deixe ir.
—Só porque não quero estressar você, mas farei tudo o que
puder para que você finalmente se veja. Eu quero que você acredite
em mim. Eu não mentiria para você.
Ela o encarou enquanto seu coração e mente lutavam entre si. —
Quero tanto ser o que você diz, mas ainda não estou lá.
Ele exalou, assentindo. —Você será.
Jane olhou para a mão dele. —Então, por que sua mão fica
assim? Foi causado por prata? É por isso que não curou?
—Não é de prata —, disse ele. —Eu apenas não me alimentei; Eu
não poderia machucar você. Não gosto da ideia de estar bem quando
você não está. Não se preocupe com isso, no entanto. Reparará
quando eu me alimentar novamente.
—Quero que você alimente agora, então.
Um pequeno sorriso se formou em sua boca. —E eu quero que
você se veja do jeito que eu faço.
—Estou tentando —, ela bufou, chateada por ele não desistir. —
Eu preciso que você se sinta melhor, no entanto. O que aconteceu
afinal? Isso era de um lobo?
—Não, não fui ferido durante a batalha. Lutei com Thor depois.
—Thor? — Ela olhou para ele, franzindo a testa. —Por quê? Eu
pensei que éramos aliados. E tenho certeza que ele me salvou de ser
morta.
David fechou a mão quebrada em um punho fechado.
—Pare! — Ela tentou soltar a mão dele. —David, por favor.
Ele ouviu e relaxou a mão, mas o estrago estava feito.
—Porque você fez isso? — Jane chorou, inspecionando a mão
agora sangrando.
—Porque Thor é a razão pela qual você quase morreu! — Ele
gritou, fazendo-a recuar.
—Eu não entendo. — Ela sussurrou, tentando acalmá-lo quando
ele começou a respirar duramente, com raiva.
—Aqueles malditos lobos não deveriam estar lá! Nenhuma
dessas bestas havia sido relatada ao piloto porque se esperava que
estivesse a centenas de quilômetros de distância. Mas Thor, o deus
que você tanto ama, era burro o suficiente para envolvê-los por conta
própria. O bastardo estúpido não teve escolha senão recuar para a
fortaleza. Só que o bêbado esqueceu que chegaríamos ontem à noite.
Odin foi a única razão pela qual eles vieram nos encontrar. Ele ficou
horrorizado quando percebeu o que o filho havia feito depois que ele
entrou tropeçando. Foi por isso que você foi salva. Mesmo assim, você
e Ártemis tiveram sorte.
—O que você está dizendo agora? — Ela não tinha certeza de
como lidar com essa situação. David já havia expressado sua antipatia
por Thor, e a maneira como ele estava agindo agora a preocupava que
ele pudesse caçar Thor na segunda rodada.
David respirou fundo antes de puxá-la para ele para um beijo
duro. Quando ele se afastou, ele deu outro beijo na testa dela. —
Arthur conseguiu captar ordens da mente dos lobos. Eles deveriam
recuperar uma mulher ou destruí-la se não pudessem capturá-la.
Jane gaguejou: —Eles estavam atrás de uma mulher?
—Eles estavam atrás de você. — Ele beijou sua testa mais uma
vez antes de abraçá-la. —Foi por isso que você se machucou. Um dos
homens de Thor foi capturado há uma semana. Thor o recuperou, mas
ele já havia revelado que estávamos chegando. Ele já havia revelado
que minha Outra era uma imortal poderosa, capaz de coisas que
nenhum outro imortal realizou. Você não achou estranho eles estarem
perseguindo vocês duas? Eles estavam trabalhando como uma
unidade, nos separando das fêmeas. O fato de eles terem tentado
matar você significa que você era um oponente muito grande para
capturar.
—Os homens de Ártemis morreram por minha causa?
—Foda-se, Jane. — Disse ele, soltando as mãos.
Ela se encolheu e desviou o olhar. —Eu sinto muito.
—Eu sei que você sente —, disse ele, pegando a mão dela. —
Você se culpa por tudo.
—Porque me existir só traz dor para os outros! — Ela olhou para
ele. —Todos ao meu redor serão destruídos, e você espera que eu
esteja bem com isso, porque você acredita que sou algo especial.
—Você é especial, caramba! — Ele olhou de volta. —Pare de me
atacar quando estou simplesmente respondendo suas perguntas. Você
queria saber por que lutei com Thor - lutei com ele porque ele é um
bárbaro tolo que não pensa em nada além de glória na batalha. Eu
quase perdi a mulher que amo por causa de sua estupidez! No
entanto, tudo em que você pode se concentrar é que você foi um alvo
no ataque. Você não foi quem fez algo errado! Sua existência é tudo
certo no meu mundo, então não ouse dizer que existe errado. Você me
traz alegria de tal maneira que nem consigo expressá-la com palavras.
Sempre há dor, mas também há beleza e amor, e você, Jane, traz
muitas delas para todos ao seu redor. Então, pare de pensar assim.
Seu coração estava martelando no peito. David falando com ela
assim era difícil de aceitar. Ela sabia que afastava todo mundo, e
odiava não poder deixar de sempre fazer isso com ele. Ela só não
queria que ninguém se machucasse por causa dela. O fato de David
voluntariamente se colocar em perigo por não alimentar e lutar com
Thor era a prova de que ela era a causa da destruição.
—Jane —, ele disse mais suave, expirando enquanto seu corpo
relaxava. —Me desculpe, eu levantei minha voz.
—Está tudo bem —, disse ela calmamente. —Eu mereço.
—Você não merece. — Ele baixou os olhos para a perna dela. —
Você está se sentindo péssimo, e eu devo estar atenta ao que digo.
—Você não deveria ter que andar na ponta dos pés ao meu
redor. — Seus olhos ardiam e ela cobriu a bochecha quando sentiu a
pele selar.
—Não é uma ponta do pé —, disse ele. —É respeitar e entender o
seu lado das coisas. Minha raiva e medo de perder você me fazem
dizer coisas que não devo. Eu entendo ok? Entendo por que você se
sentiria culpada ou pensaria que falhou na batalha, mas honestamente
não deveria.
Jane balançou a cabeça. —Mas eu me machuco em todas as lutas.
Eu sou a razão pela qual você e os outros foram feridos. Todo mundo
pensa que eu sou uma poderosa imortal, e não sou. Eu sou tão
aborrecida quanto você pensa que Thor é.
—Você não é como Thor. — Ele riu. —Jane, você lutou em várias
batalhas e realmente só caiu em duas.
—Não, eu sempre falhei.
—Você caiu duas vezes na batalha —, disse ele com
naturalidade. —A primeira com os lobos mutantes e esta. Você chutou
a bunda nas três batalhas que teve no Texas, e mesmo sendo ferida
nesta, você foi incrível.
Jane ficou quieta enquanto pensava em todas as suas lutas. Ele
estava certo. A luta que ela teve na escola tinha sido um sucesso, e ela
não fracassou ao enfrentar Thanatos e Mania. Ela os segurou, fez algo
que ninguém mais fez, e segurou o ataque por tempo suficiente
quando eles estavam tentando chegar ao avião. Por causa dela, eles
conseguiram e David viveu quando estava disposto a morrer pelo
filho dela.
—Você vê agora? — Ele beijou a cabeça dela. —Você é incrível.
Você salvou muitas vidas, destruiu centenas de criaturas, mesmo
como humana; você matou vários mortos-vivos. Pare de ser tão dura
consigo mesma. Eu diria para você ficar para trás se não achasse que
você era valiosa nesta guerra.
—Obrigada, David —, disse ela, inclinando-se contra ele
enquanto observava mais músculos da perna fecharem. —Eu sinto
muito.
—Eu também. — Ele beijou o cabelo dela. —E me desculpe, eu
não posso rolar você nesta cama agora e seguir meu caminho com
você.
—Você está excitado. Pelo menos me alimente e me deixe tomar
banho. — Ela arregalou os olhos quando ele suspirou e segurou um
de seus seios. — David?
—Eu sei —, disse ele, soltando-se e se inclinando para o lado da
cama. —Deixe-me trazer um pouco de sangue para que eu possa lhe
dar um banho e alimentá-la novamente. Eu quero relaxar com você
corretamente.
—Eu amo como podemos discutir e logo ficar bem. — Disse ela,
observando-o levantar um telefone antigo no ouvido.
—É sobre sexo com maquiagem? — Ele mudou o telefone para a
outra mão e agarrou sua bochecha. —Eu já ouvi isso antes.
Jane sorriu, estremecendo quando sentiu a bochecha se abrir. —
Ow!
David soltou sua bunda e segurou o rosto dela quando ele
começou a falar. —Envie dois copos de A Positivo para o meu quarto.
Não, não um maldito doador. — Ele desligou e inclinou o rosto para o
lado.
—Eu estou bem —, disse ela quando gotas de suor se formaram
na testa dele. Ela o empurrou gentilmente sobre os travesseiros. —Oh,
bebê, você está piorando.
Ele sorriu, mas ainda ficou mais pálido. —Isso é duas vezes
agora que você me chamou assim. Você sente o mesmo por mim
quando eu te chamo de bebê?
Ela corou, acariciando seu rosto enquanto o obrigava a recostar-
se mais nos travesseiros. —Você quer dizer que você tem borboletas
na barriga?
David riu, fechando os olhos. —É assim que as mulheres
chamam? Embora o meu não seja meu estômago, a sensação que sinto
é mais ao sul.
—David. — Disse ela, batendo levemente no peito dele.
—Estou brincando. — Ele abriu um olho. —Não, meu coração
bate mais rápido quando você diz meu nome de uma certa maneira, e
parece o mesmo quando você me chama de bebê.
Ela desmaiou mentalmente. —Os meninos estão certos sobre
você - você me deixa sem palavras, mesmo sem tentar.
Ele sorriu e, de alguma forma, mesmo enfraquecido até o ponto
em que estava, ele a levantou e ela o montou. —Cuide de mim.
Jane colocou as mãos no peito dele para se preparar. —David,
você precisa relaxar.
—Eu estou relaxado. Só espero que eles cheguem aqui em breve.
— Ele apertou sua bunda com as duas mãos.
Ele estava enviando seus hormônios para a excitação, mas vê-lo
ficar mais pálido a cada segundo a fazia enlouquecer. —David, você
precisa se alimentar de mim agora?
—Não —, ele disse, batendo na bunda dela. —Eu juro que estou
bem. Apenas me sentindo um pouco inútil.
—Você não é inútil. — Disse ela, inclinando-se para beijá-lo.
—Mm —, disse ele, lambendo os lábios e deslizando as mãos
pela bunda dela. —Meu bebê é o mais doce. Estou ansioso pelo dia em
que nos revezarmos para nos alimentarmos.
Ela sorriu quando ele não pareceu notar que estava sugando
sangue do lábio. Obviamente não era muito, mas ele estava pegando
um pouco do corte dela. Quando as mãos dele se moveram
novamente, ela gemeu, pressionando os seios contra o peito dele.
David soltou um ruído baixo e ronronante, ainda sem soltar o
lábio e começou a apertar sua bunda e um dos seios.
Ele é realmente bom nisso.
Ela estava ofegando e alcançando entre eles para agarrá-lo.
Quando ela o fez, ela ofegou, surpresa por ele estar tão duro em sua
condição. Ela choramingou. Ele não soltou o lábio dela e estava
apertando com mais força, combinando com o ritmo que ela começara
com a mão. Ela estava doendo por ele, moendo-se contra o seu eixo
duro e sua mão quando ele empurrou sua calcinha para o lado e
empurrou dois dedos o mais longe que pôde alcançar de suas costas.
—David. — Disse ela, puxando sua ereção livre e subindo de
joelhos, não se importando com o som de sua pele rasgando.
David não pareceu notar que ela estava se machucando. Ele a
levantou, deslocando sua calcinha mais enquanto a alinhava acima
dele. —Você está pronta?
Jane olhou nos olhos dele quando ele soltou o lábio dela. Seus
olhos estavam escuros, quase pretos, e suas presas estavam
estendidas. Ele parecia um predador faminto. E ela não estava com
medo. —Sim.
Ele a puxou para um beijo e começou a abaixá-la sobre ele. Tudo
parecia estar se movendo em câmera lenta, mas ele estava lá, logo na
entrada dela. Sua barriga estava apertada, e ela estava ofegando
quando a ponta grossa começou a esticá-la.
E então houve uma batida. —Eu tenho a sua ração. — Alguém
disse, fazendo os dois congelarem.
David piscou, olhando entre os olhos dela e depois entre eles. Ele
rosnou quando houve outra batida e começou a abaixá-la de qualquer
maneira.
Ela gritou, mas percebeu que algo estava seriamente errado com
ele, e ela usou toda sua força para impedi-lo de entrar nela. Ele ficaria
tão chateado consigo mesmo se o fizesse, e ela não queria que ele se
arrependesse da primeira vez. —David!
—O que? — Ele mostrou suas presas para ela.
Ela arregalou os olhos, mas rapidamente o beijou, empurrando-o
contra os travesseiros. —Não, David —, disse ela, pressionando
pequenos beijos em suas bochechas. —Oh, me desculpe. Por favor
acalme-se.
Mais uma vez, ele rosnou, mas ela continuou a beijá-lo, não
deixando que ele se perdesse assim. —Por favor, David, saia daqui. —
Ela beijou suas bochechas, abraçando-o quando ele rugiu na porta. —
David, você precisa de sangue. Você está perdendo o controle.
—Eu quero minha companheira! — Ele gritou, mas ela o
observou empalidecer novamente. Ele piscou, balançando a cabeça.
—Shh...— Jane beijou seus lábios e todas as partes do seu rosto.
—Você me terá. Eu quero você, mas você não está pensando como
você. Por favor acalme-se. — Ela passou os dedos pelos cabelos dele.
—Você realmente nos quer assim?
Ele soltou a bunda e o peito de repente. —Porra.
Ela chorou, sentindo os braços dele a envolverem. Ele estava
definitivamente fraco, mas estava tentando confortá-la.
—Sinto muito, meu amor.
—Está tudo bem —, ela sussurrou, puxando o lençol sobre eles.
—Deixe-me dizer para eles entrarem, para que você possa beber. Você
ficará bem.
David assentiu e ajudou a cobri-los, mas nenhum deles tinha
forças para se mover mais do que isso. —Me perdoe, querida.
Sua voz quebrada trouxe lágrimas aos olhos dela. —Eu perdoo.
— Ela virou-se para a porta. —Entre.
A porta se abriu e uma mulher usando um vestido que lembrou
Jane do tipo que você veria em um show burlesco entrou. Seu
espartilho estava apertado, empurrando os seios para o mundo inteiro
ver enquanto ela girava em um carrinho contendo dois jarros de
sangue.
—Apenas deixe o carrinho ao lado da cama. — David ordenou a
mulher antes de virar o rosto de Jane em direção ao dele. Ele parecia
mais irritado agora, não chateado consigo mesmo como ele estava.
Jane tentou olhar para a mulher novamente quando ouviu o
carrinho se aproximar, mas David puxou os lábios nos dele.
—Mais alguma coisa? — A mulher perguntou.
David mal separou os lábios para poder falar. —Saia.
Jane sorriu quando ele a beijou. Era um pouco embaraçoso estar
em cima dele em sua condição. Ela sabia que a mulher tinha visto seu
rosto, e sabia que provavelmente parecia que eles estavam no meio de
fazer sexo. Certamente cheirava a David vezes mil, e ela tinha certeza
de que seu perfume também era amplificado por seus hormônios.
A porta se fechou e Jane se afastou de David. —Por que você está
agindo assim? Você está com raiva de mim ou... — Ela olhou entre
eles e corou. David era o homem mais bem-dotado que ela já vira. —
Oh meu Deus! Esqueci que peguei.
Ele riu, alcançando entre eles para empurrar sua ereção de volta
para dentro de suas calças. —Deixe-me beber isso. Estou lutando com
os dois desejos agora.
—Ambos?
Tudo o que ele fez foi assentir e rapidamente começou a beber
da enorme jarra. Ele manteve os olhos nela o tempo todo, deixando-a
em um estado um pouco paralisado, especialmente quando ele
colocou a mão na cintura dela e começou a deslizar para frente e para
trás antes de alcançar sua bunda. Ele suspirou enquanto bebia e
apertou sua bochecha. Seus olhos empalideceram para um azul gelo
antes de mudar para um azul mais escuro enquanto ele massageava
sua bunda.
Jane apertou os lábios, sem saber o que estava acontecendo
naquele momento, exceto David, que estava muito excitado, e ela
também. Era sua preocupação se ela fizesse algo para aborrecê-lo que
a impedia de puxar as calças de volta. Mais importante, era o medo de
que ela não fosse a verdadeira razão pela qual ele estava tão excitado.
Ele deve ter sentido a mudança de humor dela e a soltou quando
chegou à última gota. —Eu não estou bravo com você. Porque você
pensaria isso?
Ela o viu lamber o sangue dos lábios. —Porque eu tirei vantagem
da sua fome para fazer você me querer.
—Meu estado enfraquecido não tem nada a ver comigo
querendo você — afirmou em um tom quase formal. —Isso só me faz
esquecer as consequências de satisfazer meu desejo por você. Quando
tenho sede, quero me agradar, e é só nisso que consigo pensar. Eu
sempre deveria colocá-la em primeiro lugar, especialmente se formos
íntimos.
—Estou agradecido que você me fez parar. Eu estava
machucando você, não me importando com isso ou o que poderia
acontecer com você, se eu tivesse sido muito duro. Eu só queria estar
dentro de você. Eu poderia até sangrar você se eu fosse mais longe. —
Ele se inclinou para frente e beijou os lábios dela, depois a bochecha.
—Você não estava se aproveitando de mim. Mesmo agora, estou
muito ciente de quão fácil seria deslizar você em mim.
Ela lutou para não gemer. —Mas por que você estava assim
quando ela entrou?
Ele suspirou e beijou os lábios dela antes de se recostar. —Essa
mulher estava esperançosa de pedir que ela fosse minha doadora.
—O que? — Jane quase riu do tom dele.
David riu e agarrou a mão dela como se estivesse preocupado
que ela corresse atrás da dama. Ela estava considerando. Cadela.
—É algo que você terá que se acostumar —, ele disse a ela. —Ela
ofereceu quando você estava inconsciente, e eu a recusei. Não é muito
gentil também. Ainda assim, ela não recebeu a mensagem,
aparentemente. Eu estava mostrando a ela que tenho o que quero
aqui.
Todos os tipos de emoções pulsavam através de Jane. Ciúme e
tristeza rugiram mais alto de todos eles. —Ela era muito bonita. — Ela
sussurrou, assistindo David beber. Ela não sentia sede de sangue,
embora ainda precisasse desesperadamente.
—Talvez para alguns homens. — Ele encolheu os ombros. —
Tudo o que vejo é uma mulher sem respeito próprio. Infelizmente,
existem numerosas no nosso mundo. Na verdade, também no mundo
mortal.
—Ela ainda é bonita. — Jane deslizou os dedos sobre a pele
curada. Ela nunca teria uma pele lisa e intocada como aquela mulher.
—Assim?
Jane levantou a cabeça. —Você acha que ela também é?
—Eu te disse o que pensava dela. — Ele observou Jane
silenciosamente por alguns segundos. —O fato de ela ter retornado
aqui com um vestido mais inapropriado serve apenas para provar que
eu estava certo sobre seus motivos quando ela se ofereceu como
doadora.
—Mas você está atraído por ela?
—Não —, ele disse, arrastando ligeiramente a palavra. —Eu
estou atraído por você. Ninguém mais.
—Tanto faz. — Disse ela, baixando o olhar para a mão.
David não respondeu. Ele simplesmente começou a beber
novamente. Seu coração estava partido. Não importava o que ele
dissesse. Aquela mulher era bonita e Jane não. Ela era um monstro
desfigurado.
Ele abaixou o copo antes de terminar e levantou o queixo dela.
—Não tenha pena de si mesma porque está machucada. Eu apenas
mostrei o que você me faz sentir. Eu vejo seus ferimentos; Não sou
cego, mas acho você mais bonita do que nunca.
—Pare de ser doce —, disse ela, inclinando o rosto em direção à
palma da mão. —Eu não vou me ver do jeito que você diz. Esse é o
problema.
—Eu sei, Bebê. Deixe-me terminar isso e talvez eu possa lhe
mostrar, corretamente, como eu te acho linda.
Ela olhou de volta para o rosto dele, observando enquanto ele
levantava o copo novamente. Agora ele não estava mostrando muita
reação enquanto bebia. Ele não estava tentando alcançá-la. Se alguma
coisa, ele parecia estar se forçando a beber algo nojento.
—Esse sangue tem um gosto ruim? — Ela perguntou.
Ele parou de beber. —Todo o sangue, além do seu, tem gosto
amargo.
—Mas você estava apenas bebendo o outro copo. — Ela não
estava comprando essa mentira.
—Fiquei impressionado com a minha fome de sangue e de ter
você. Agora que tenho um pouco mais em mim, estou mais calmo.
Antes eu estava imaginando me alimentar de você enquanto fazia
amor com você.
—Você não estava. — Ela cobriu o rosto.
Ele inclinou a caneca para trás e engoliu o resto antes de colocá-
lo no carrinho. —Você já teve um shake de proteína?
—Sim. — Ela disse lentamente.
—Você gostou do sabor? — Ele colocou as mãos de volta na
bunda dela.
—Oh não. — Ela mordeu o lábio, tentando não moer contra ele.
—Você já imaginou beber algo que ama, digamos, um sorvete?
Ela assentiu, encarando os lábios dele apenas com o desejo de
prová-los.
—Você é meu sorvete, Jane. — Ele gentilmente a levantou pela
bunda e a beijou. —Meu shake com ursinhos de goma ao lado.
—Eu não sou seu shake. — Ela queria sorrir, mas doía. —E eu sei
que você bebeu sangue antes de mim, então você teve que se divertir.
—Bebê, você chupou o sangue de Gareth, então não tente jogar
isso na minha cara. — Ele deslizou a mão para o lado dela. —Confie
em mim, depois de me alimentar da primeira vez que nos
conhecemos, eu apenas desejei você.
—Então, se você bebeu de um doador, você acha que não
gostaria?
—Primeiro, eu não solicitaria um doador se não fosse necessário.
Segundo, seria o mesmo que forçar uma refeição desagradável na
minha garganta.
—Mas eu vi Apolo...
Ele a interrompeu. —Apolo não tem uma Outra. O ato de
alimentar-se de uma pessoa aproxima esses dois indivíduos. É difícil
não tornar o ato sexual - mas estou apaixonado por você; a ideia de
me alimentar de outra pessoa me dá nojo.
—Você acha que sua atração por mim é porque meu sangue é
seu favorito?
—Seu doce sangue é um bônus. Você diria que meu sangue é o
seu sangue preferido para beber?
—Claro!
Ele sorriu, deslizando a mão pelas costas dela. —É isso que te
atrai para mim?
Ela percebeu o que ele estava dizendo, mas não era atraente
como ele. —Não é o mesmo. Eu não estou... Deixa pra lá.
—Hm —, foi tudo o que ele disse enquanto olhava para uma das
portas. —Você se sente bem o suficiente para tomar banho?
—Eu acho.
Antes que ela pudesse processar qualquer coisa, ela estava sendo
carregada para o banheiro. David beijou a cabeça dela quando a
sentou na bancada de pedra.
—David, está frio pra caralho!
Ele apertou os lados dela quando se inclinou e beijou seu ombro.
—Por alguma razão, seu uso de linguagem obscena me desperta mais.
Jane riu, mas congelou quando se virou e viu seu reflexo no
espelho. Todo o lado do rosto estava descolorido com manchas
vermelhas e roxas. Seus olhos estavam inchados e parcialmente
fechados, lembrando-a de como conseguiu aquilo. Ela choramingou,
levantando a mão igualmente desfigurada para tocar a fenda em sua
bochecha. Suas lágrimas quentes eram impossíveis de esconder, e ela
se encolheu quando David tentou enxugá-las.
—Pare! — Ela o empurrou para trás e cobriu o rosto enquanto
tentava cobrir os seios.
Ele a abraçou. —Não faça isso.
Ela soluçou contra o peito dele. —Como você pode dizer que sou
bonita quando pareço um monstro?
—Jane, você não parece um monstro. — Ele a esfregou nas
costas, beijando seus cabelos. —Eu quis dizer tudo o que disse.
—Você mentiu e sabe disso.
Ele a soltou e foi embora sem dizer nada. Jane chorou mais. Ela
sabia que ele iria embora.
—Você acha que água morna e sabonetes vão machucá-la? —
David perguntou quando a onda de água corrente soou.
Ela abaixou uma mão o suficiente para ver que ele estava parado
perto de uma banheira. Ele estava olhando através dos diferentes
recipientes, cheirando-os e parecendo encontrar um que ele gostasse.
—O que você está fazendo? — Ela perguntou, tentando esconder
o rosto quando ele olhou.
—Estou arrumando um banho para você. — Ele começou a
derramar um pouco de pó.
Jane fungou, limpando algumas lágrimas dela enquanto ele
estava lá, testando a temperatura da água. Os músculos de suas costas
ficaram tensos. Ela estudou as cicatrizes nas costas dele. Elas eram de
um branco pálido, quase prateado, ao lado de sua pele dourada. De
alguma forma, mesmo que a pele dele não fosse mais perfeita, ela
ainda o via dessa maneira. As cicatrizes significavam algo para os
dois, e ele era mais bonito nos olhos dela por causa do que tinha feito
para obter essas cicatrizes.
David desligou a água e sacudiu a mão molhada enquanto
caminhava até ela. Ela não sabia o que dizer. Ela sabia que ele estava
tentando mostrar que sentia o mesmo; ele sempre a achava linda, mas
ela não podia ver além de seu reflexo estragado. Não era uma que ela
já gostara de ver, e era difícil ver o rosto perfeito ao lado dela.
Ele ficou lá, sem dizer nada. Ele estava apenas olhando nos olhos
dela. Jane não sabia o que ele estava esperando. Ela sentiu que deveria
pedir desculpas, mas não queria mais que ele a visse.
David de repente agarrou suas coxas e as separou.
Os olhos dela se abriram quando ele deslizou a mão por baixo da
perna boa e puxou a parte de trás do joelho para que ela deslizasse até
a beira do balcão. O movimento rápido a fez agarrar seus ombros. Ela
olhou para ele, não mais conseguindo esconder o rosto desde que o
estava segurando.
Ele não disse nada quando soltou as pernas dela, agora que
estava entre elas e ergueu as mãos para o rosto dela. Cuidadosamente,
ele afastou o cabelo dela, expondo cada centímetro de seu rosto para
ele. Ela sentiu duas lágrimas escorrendo pelo rosto e observou os
olhos dele seguirem o de seu lado danificado. Elas picaram nos seus
cortes e ficaram presas lá, fazendo-a chorar ao saber que seu rosto
estava tão desfigurado que uma lágrima não podia mais deslizar por
sua bochecha.
David acariciou a ponta do corte dela com o polegar, nunca
deixando seus olhos deixarem o local onde a lágrima ficou. E então ele
a beijou.
Ela chorou em silêncio, fechando os olhos enquanto os lábios
dele se moviam sobre cada parte do rosto ferido. Ele era tão suave,
mas pareciam os beijos mais poderosos que ele lhe dera. Os lábios
dele pressionaram suavemente contra a pálpebra dela antes de beijar o
caminho para os lábios trêmulos.
Um soluço saiu de sua boca quando ele beijou seus lábios tão
suavemente. Seu coração estava batendo tão rápido e doía, como se
estivesse rachando em um milhão de pedaços, mas ele estava lá,
recusando-se a deixá-lo desmoronar. Jane tremeu, sua garganta doía
quando ele a beijou novamente. Ela não queria que ele fizesse isso,
mas não conseguia encontrar a vontade de afastá-lo, não quando ele
estava tentando colocar os pedaços quebrados dela de volta no lugar.
Não os consertando, apenas segurando-os - mantendo-os juntos,
aquecendo-os para que não congelassem e morressem.
—Minha Jane —, ele sussurrou, beijando sua bochecha. —Eu
vejo minha Jane.
Ela engoliu em seco quando ele tirou a mão machucada do
ombro dele. Mais uma vez, ele beijou cada parte de sua pele
danificada, subiu pelo antebraço e voltou aos dedos, que pareciam ter
sido quase arrancados.
—Eu vejo uma guerreira. Minha corajosa garota. — Ele fechou os
olhos, beijando as piores partes antes de abaixar o rosto para beijar
sua coxa. Os lábios dele queimaram sua pele machucada, e ela colocou
a mão no cabelo dele quando ele se afastou da panturrilha, onde a
lesão terminou, de volta à ferida mais profunda na parte interna da
coxa. Ele pressionou um beijo mais firme lá e depois descansou a
bochecha na perna dela. —Vejo força que nunca vi em toda a minha
vida. — Ele virou o rosto e o beijou novamente. —Vejo a bondade
conquistando o ódio.
Ele colocou a mão sobre a dela e beijou a palma da mão
enquanto se levantava. Segurando o rosto dela novamente, ele sorriu.
—Eu vejo minha linda deusa enquanto ela ruge na escuridão.
Ainda chorando silenciosamente, ela assentiu novamente,
entendendo que não importava o quanto ela mudasse do lado de fora,
ele a amaria e a veria da mesma maneira que ela o via. —Eu tenho
algo por você. — Disse ela, suas palavras quebrando quando tocou
sua bochecha.
Seu sorriso lindo a fez sorrir tristemente, e ele sorriu antes de lhe
dar um beijo que roubou toda a respiração.
David arrancou a calcinha dela, sorrindo enquanto puxava as
pernas dela ao redor dele e a levantava em seus braços. Ele deslizou o
antebraço sob a bunda dela, o outro deslizando pelas costas dela. —E
eu amo o que você sente. — Ele a levou para a banheira, mas ainda
não a colocou na água. — Eu te amo mais do que você jamais saberá,
Jane. Nada jamais mudará a maneira como vejo você, exceto me
surpreendendo pelo fato de, de alguma forma, te amar mais quando
não acreditava que isso fosse possível.
Jane enxugou as lágrimas, rindo tristemente enquanto ele lambia
algumas delas por ela. —Você sabe que o lobo provavelmente babou
em mim, certo?
Ele sorriu e a lambeu novamente. —Eu sentiria o cheiro. Tudo o
que eu cheiro é você.
Ela passou os dedos sobre as partes favoritas do rosto dele,
especialmente o sorriso dele, que ficava tão amplo e bonito que ela
não pôde deixar de beijá-lo. —Estou me apaixonando muito por você,
David.
Ele se afastou o suficiente para falar. —Essa será a única vez que
eu deixarei você cair, meu amor. Mesmo assim, eu vou te pegar.
30
VALHALLA
Jane apertou mais a mão de David enquanto caminhavam pelos
corredores lotados. Era impossível alguém ignorar David, mas era
nela que todos estavam atentos. Suas reações foram exatamente o que
ela esperava; eles estavam sussurrando, identificando-a como a Outra
de David, mas também comentando sobre seus ferimentos. Alguns
expressaram admiração, mas tudo em que ela pôde se concentrar
foram os comentários negativos. Eles tinham pena de David por ter
uma Outra desfigurado. Seus medos estavam se tornando realidade -
ela era uma vergonha para ele.
Ela olhou para baixo quando um grupo de criadas carregando
cestas de roupa de cama parou para deixá-las passar. Elas inclinaram
a cabeça, mas espiaram David e ela. Algumas sorriram suavemente
para ela, uma até acenou timidamente para ela, mas algumas - aqueles
com aquele brilho lascivo nos olhos quando seus olhares se
demoraram um pouco demais em David foram as reações que
picaram. Enquanto elas estavam claramente admiradas com ele, elas
não ficaram impressionados com ela. Na verdade, elas estavam
escondendo o riso quando viram seu rosto preso.
David agarrou sua mão com mais força, puxando-a mais rápido.
Ele não parecia envergonhado; ele parecia chateado.
—David. — Ela sussurrou, recebendo sua atenção instantânea.
—Não dê ouvidos a elas. — Disse ele, levantando a mão dela
para beijá-la.
Seus olhos arderam porque ela percebeu que ele podia ouvir
muito mais do que ela era capaz, e ele deve estar ouvindo as coisas
mais terríveis para estar tão bravo. Seu rosto e outros ferimentos
pareciam muito melhores, mas ela ainda parecia horrível. Ela estava
machucada por toda parte, e seu olho esquerdo estava inchado e azul-
arroxeado escuro. O corte na bochecha dela era o pior. A pele tinha
selado, mas estava levantada e havia uma cor vermelha furiosa onde
se juntara. David prometeu que ficaria mais suave e leve, mas levaria
tempo. Sua cabeça, perna e mão eram o foco principal de seu corpo;
portanto, embora essas lesões fossem mais visíveis, elas eram
superficiais e seu corpo sabia disso.
Jane sabia que David a amava; ele provou isso tão bem antes.
Isso a deixou triste por ele ter sido afetado. Ele poderia estar
orgulhoso dela, mas para todos os outros, ela era uma vergonha para
ele. Ela não o queria chateado com tudo isso, então tentou mostrar que
não estava desmoronando como ele provavelmente esperava. —Hum,
eu estava me perguntando por que parece que estamos no
subterrâneo. Não há janelas.
Seu olhar violento desapareceu e ele sorriu. —Nós estamos no
subterrâneo. Parte da fortaleza fica sob a montanha Asgard. Esta é
Valhalla.
Ela conhecia esse nome, mas não conseguiu identificar. —
Valhalla é o nome da fortaleza?
—Você nunca ouviu falar de Valhalla? — Ele olhou para cima,
arreganhando as presas quando um grupo de homens parou de andar
apenas para encará-los - bem, ela. —Continue andando.
Os homens ouviram, baixando o olhar antes de correrem na
outra direção.
Ele rosnou quando mais homens apareceram. —Se um de vocês
pensar em me desafiar por ela, vou massacrar todo esse salão.
Ela o empurrou quando ele diminuiu a velocidade. —David,
pare. Nem todos eles estão olhando para mim. — Ela não entendeu
por que eles estavam, ou sobre o que ele estava realmente falando.
Ele olhou para ela, então ela apontou para um homem passando.
—Lá, ele não está olhando para mim.
O homem de repente levantou o olhar, mas ele piscou para
David.
Na verdade, David não pareceu surpreso, mas mostrou as presas
para o homem. —Você tem um segundo para sair da minha vista!
Jane escondeu o sorriso enquanto o homem corria para o outro
lado. —Ah, não seja mau. É difícil não olhar para você.
Aparentemente, também para homens.
Ele balançou a cabeça enquanto continuava andando e perdeu
parte da postura tensa. —Por que você não é afetada quando um
homem mostra interesse em mim?
Ela sorriu para ele. —Eu simplesmente não acho que você
balance dessa maneira. Não que eu tenha um problema com pessoas
que são gays - você ama quem ama.
Um leve sorriso tocou seus lábios. —Bebê, eu tenho o mesmo
interesse em outras mulheres que os homens. Nenhum. Talvez você
deva imaginar isso quando começar a se comparar com as mulheres
que estão interessadas em mim.
—Diz o homem que ameaçou massacrar um salão inteiro de
pessoas porque alguns caras estavam olhando para os meus
ferimentos - não querendo me bater.
—Seus termos me divertem. Mas eles estavam olhando para
bater em você, meu amor. Eu podia sentir o cheiro.
Ela cheirou o ar. —Eu não sinto cheiro de nada.
Ele sorriu para ela. —Isso é um sinal de que você não deseja
outro homem.
—Bem, duh. — Ela sorriu para ele quando ele riu.
—Essa é minha garota... Embora eu não possa me ajudar.
Embora eu saiba que você pode se defender, meu instinto básico
masculino é protegê-la. Homens imortais são frequentemente
destruídos por levar as mulheres à força.
Jane balançou a cabeça, enojada e em pânico. —Vamos parar
essa conversa. Eu quero saber sobre este lugar. Acho que eu deveria
saber, porque faz parte da mitologia nórdica?
—Sim —, ele disse, beijando a mão dela. —Pense no que
acontecia quando seus guerreiros morriam.
Jane pensou por um momento antes que finalmente a atingisse.
—Nós morremos?
—O que? — Ele balançou sua cabeça. —Não, Jane.
—Mas eu lembro agora; é para onde eles vão quando morrem! —
Ela olhou em volta, em pânico, enquanto tentava descobrir o que isso
significava.
—Acalme-se —, disse ele severamente. —Nós não estamos
mortos, mas você está lembrando o que a humanidade traduziu da
verdade em mito. Pense nisso; Amaldiçoados perderam suas vidas
mortais. Muitos são como Dagonet - eles não têm batimentos
cardíacos porque pararam quando se transformaram. Eles são
diferentes dos mortos-vivos causados pela praga, porque suas almas
permanecem ligadas aos seus corpos. A imortalidade os impede de
apodrecer, mas seu coração não pode bater de novo.
Ela olhou para as tochas e aberturas ao longo das paredes e
depois outro grupo de soldados passando. Desta vez, esses homens
assentiram sem sequer olhar para ela. Ainda assim, ela viu seus olhos
negros e de repente tudo fez sentido. —Então, ainda é um lugar onde
os mortos chegaram.
—Exatamente —, disse ele, abrindo uma enorme porta de
madeira que revelou uma reunião de muitos homens, incluindo
Arthur e os cavaleiros. —Eles morreram, em certo sentido, mas estão
esperando.
—Esperando pelo quê? — ela perguntou, sorrindo timidamente
para Gawain e Gareth quando David a levou para as cadeiras vazias
ao lado deles.
—Ragnarök —, disse o homem sentado à cabeceira da mesa. Ele
usava peles de animais de algum tipo, segurando um cajado em uma
mão enquanto levantava uma caneca em saudação à outra. Ele tinha
cabelos loiros e curtos, barba penteada e uma mancha no olho direito.
—Bem-vindos. Estávamos começando a pensar se você conseguiria,
sir David.
David puxou uma cadeira, acenando para ela se sentar e
respondeu: —Você sabe muito bem que eu estava cuidando da minha
Outra.
Jane espiou o homem que ela supôs ser Odin. Parte dela queria
bancar a fã obcecada, mas ele era tão intimidador, que ela só podia
olhar para ele enquanto ele treinava seu bom olho em David.
—Todo mundo está ciente de sua Outra ser ferida durante a
batalha —, disse Odin. —Eles também sabem que você procurou meu
filho para eliminar suas frustrações.
David sentou-se e, depois de colocar a mão na coxa ferida,
dirigiu-se a Odin. —Eu responsabilizei seu filho por suas ações tolas,
o que levou toda a nossa equipe a cair em uma armadilha.
—Foi um erro. — Disse Odin, erguendo a voz e batendo a caneca
na mesa.
—Então considere meu punho esmagando seu rosto também um
erro. — David olhou para Odin.
Jane já ouvira David falar com Arthur antes, mas esperava que
ele mostrasse respeito pelos líderes. Certamente, mesmo como um
Maldito, Odin ainda era um governante a ser respeitado.
—Você percebe — Odin olhou para o homem ruivo barbudo
sentado ao lado dele. — Quantos doadores quase morreram para
revivê-lo?
—Talvez você devesse ter deixado ele morrer. — David olhou
para o homem ruivo e sorriu. —Parece que ele ainda precisa de alguns
doadores.
A boca de Jane caiu aberta. Ele não era o que ela estava
esperando quando pensou em Thor. Claro, ela sabia que ele seria
diferente dos filmes, mas ela já havia designado um homem atraente
com longos cabelos loiros como o deus do trovão. Seus cabelos e barba
ruivos a jogaram fora. Além disso, ele parecia horrível. David tinha
batido nele.
—Se eu o deixasse perecer —, disse Odin, olhando para David.
—você seria responsável pela morte da pessoa que salvou sua Outra.
David mostrou suas presas enquanto apertava a mão dela. —Se
eu desejasse a morte dele, ele estaria morto. Deixei-o vivo o suficiente
para se recuperar por conta própria. Não é minha culpa que ele seja
tão desmiolado com sua alimentação quanto em batalha.
Thor abriu a boca, mas Odin levantou a mão e falou em seu
lugar. —E sua outra, sir David - ela é tão sem cérebro em batalha?
Afinal, ela fugiu para salvar sua própria pele e se colocar em perigo
quando não conseguiu se defender adequadamente.
—Você sabe muito bem que ela foi alvejada graças aos seus
próprios homens que não morreram com honra. — Disse David,
levantando-se. Ela o agarrou, assim como Arthur.
Odin riu alto. —Honra? Que honra ela demonstrou deixando
você para trás para se salvar? Que honra você tem para atacar o
homem que a impediu de encontrar seu fim? Meu filho pode ser tolo,
mas ele não levantou a mão para se defender quando você perdeu
todo o sentido. Ele permitiu que você o castigasse. Isso é honra. Parece
que reivindicar a sua Outra o distraiu do seu.
O coração de Jane estava batendo tão rápido. Ela estava
preocupada, mas também furiosa por esse homem falar sobre ela
dessa maneira, e como se ela nem estivesse na sala.
David rugiu, jogando a mão dela enquanto ele se preparava para
atacar.
—Pare! — Jane gritou, levantando-se. — David, pare. Por favor.
A julgar pelo olhar sombrio que David deu a ela, Jane sabia que
ele não estava feliz por ela o ter parado. Ainda assim, ele sacudiu
Arthur antes de ir para o lado dela.
Jane sorriu suavemente para ele, suspirando quando ele beijou o
topo da cabeça dela e deslizou os dedos sob a cintura dela, segurando-
o como se ele estivesse preocupado que ela pudesse atacar.
—Ah, então ela influencia suas escolhas. — Disse Odin, rindo.
A mão de David apertou a cintura dela quando ela se voltou
para Odin.
—Bebê. — David sussurrou em seu ouvido enquanto ele dava
um leve puxão.
—Estou bem —, disse ela, olhando para Odin. —Sabe, quando
David me disse que estávamos vindo para cá, tínhamos começado
nosso relacionamento juntos depois que terminei meu casamento com
meu marido. Acabei de deixar meus filhos pela segunda vez também.
Dizer que eu estava emocionada e não estou no estado para lidar com
tudo está colocando a situação de maneira moderada... No entanto,
quando ele me disse que eu chegaria a Asgard, encontrando Odin e
Thor, sorri através da minha tristeza porque ia encontrar os deuses
nórdicos que eu adorava crescer.
—Eu não entendi a atitude de David quando ele viu o quanto eu
estava empolgada em conhecê-lo, mas agora vejo que ele sabia que
esperava encontrar minhas fantasias tolas quando, na verdade, é
apenas um homem que não pode controlar seu filho.
—Agora não vou atacar Thor porque ele não se explicou aqui,
mas vou expressar minha decepção em você, senhor. Você sabe muito
bem que seu filho cometeu um erro - ouvi dizer isso quando eu estava
morrendo. Mas agora que estamos na frente de todos, você está nos
insultando e provocando David, para que ele pareça o cara mau
quando realmente foi apenas um erro que levou à tragédia.
—Só direi isso uma vez: não me desrespeite ou a David na
minha presença ou na dele novamente. Ele pode ter a restrição de
deixá-lo vivo, mas eu não dominei esse tipo de controle. E prometo
que você não vai gostar de mim quando estiver com raiva. — Jane
sorriu com sua piada escondida de super-herói quando Arthur riu.
Odin riu, uma risada alta e calorosa quando deu um soco no
ombro do filho com força. —Eu não disse que ela seria tão feroz
quanto David? — Ele riu de novo e deu um tapa na nuca de Thor. —
Deixe que a companheira de David seja a única a defender sua
posição contra nós.
—Isso foi necessário, Odin? — Arthur perguntou, balançando a
cabeça enquanto gesticulava para David se sentar. —Você sabe que ele
está estressado, e ela está se curando. Não se divirta às custas deles. —
Ele olhou para Jane, sorrindo. —E você pode se acalmar, Bruce. Não
há necessidade de ficar com raiva.
Jane corou quando David resmungou e sentou-se novamente.
Dessa vez, porém, ele a puxou para o colo e a abraçou.
—Bobagem —, disse Odin, ainda rindo. —Ela é uma boa
guerreira em mente, corpo e espírito. David, meu filho, é bom ver que
ela só trouxe mais fogo ao seu coração. Muito bem, rapaz. Ela é uma
excelente Outra de fato.
Jane piscou algumas vezes antes de olhar ao redor da mesa.
Cada um dos cavaleiros e Hades olhou para Odin com desaprovação,
mas os outros que ela não reconheceu estavam rindo junto com ele.
Odin olhou para ela. —Jane, me dá um grande prazer conhecê-la
e vê-la se curando. Você deve perdoar um homem velho como eu;
Não vejo esses meninos há muitos anos. É um grande dia em que Sir
David coloca algum sentido no meu imprudente filho.
Thor esfregou sua bochecha inchada, e Jane percebeu que David
definitivamente levara tempo para infligir o que ele provavelmente
sentia ser igual à dor que ela sofria. —Pai, você deveria elogiá-lo por
me atacar?
—Eu devo —, disse Odin, levando uma caneca aos lábios. Ele
tomou um gole alto antes de bater na mesa novamente. —Você tem
toda a fortaleza tratando você como um bebê que precisa da atenção
de sua mãe. David tinha o direito de punir você. Agora, faça as pazes
para que possamos continuar com os negócios. Um banquete está
sendo preparado em sua homenagem, e não sentirei falta, porque você
aborreceu nossos convidados.
David rosnou quando Thor olhou para eles.
Havia um claro sinal de arrependimento no olhar suave de Thor
quando ele a encarou, mas ela podia ver que ele ainda estava com
raiva pelo aperto firme em sua mandíbula e seu punho cerrado. —
David, Jane, espero que aceitem minhas sinceras desculpas. Não era
sensato da minha parte envolver Fenrir por conta própria. Estou
aliviado por você estar segura, e felizmente recebê-la em Valhalla.
—Obrigada. — Disse Jane ao mesmo tempo em que David
falava.
—Você colocou minha mulher em perigo por uma luta que não
pode vencer?
Estava silencioso. Tão quieto.
—E você acha que pode derrotar Fenrir sozinho? — Thor
perguntou, apertando o punho sobre a mesa.
—Eu sei que posso. — Disse David, seus músculos flexionando
em torno dela enquanto a temperatura do corpo disparava.
Um sorriso assustador se formou nos lábios presos de Thor. —E
se ele colocasse as mãos nela antes que você pudesse derrotá-lo? Você
se sentiria tão confiante, então?
—Deixe Jane fora disso —, disse David, suas presas se revelando
novamente. —Eu não falharia com ela, como você falhou com Sif. Eu
nunca a colocaria em perigo em que você colocou sua própria esposa.
Um rugido furioso rasgou a boca de Thor quando ele se
levantou, levantando um enorme martelo do chão. —Não fale o nome
dela! Você não sabe nada sobre a noite em que Sif morreu, seu
príncipe mimado!
David levantou-a do colo tão rápido que ela quase caiu de
bunda, mas Gawain a pegou enquanto David se levantava, agarrando
a mesa como se estivesse pensando em jogá-la para fora do caminho.
—Eu sei o que todo mundo sabe - você prometeu protegê-la e a usou
como isca para buscar a glória predita sobre você. Você matou sua
esposa, e foi sua mesma busca tola que quase custou a vida da mulher
que eu amo!
—NÃO MATEI MINHA ESPOSA! — Thor jogou o martelo
enorme direto em David.
Jane gritou quando ela saltou do aperto de Gawain e pulou na
frente de David, rugindo quando ele tentou puxá-la para fora do
caminho.
O martelo parou abruptamente a uma polegada do rosto e
pairou lá, enquanto ela usava toda a raiva para segurá-lo com a
mente. A mesa estava limpa. Alguns estavam recuando enquanto os
cavaleiros desembainhavam suas espadas, prontos para lutar.
—Feitiçaria! — Thor berrou, vendo seu martelo flutuar. —
Controle sua garota, David.
David começou a tirá-la do caminho do martelo, mas ela soltou
um grito e levantou uma mão, enviando uma explosão de energia
bem no peito de Thor. O deus do trovão voou de volta, colidindo com
o muro de pedra, e seu martelo voou de volta para ele.
Ela gritou, segurando a outra mão como se estivesse guiando o
martelo, movendo-o alguns centímetros para a direita quando atingiu
a parede. Bem ao lado do rosto enfurecido de Thor.
—Jane. — David disse, segurando-a quando suas pernas
dobraram um pouco.
Ela se recusou a mostrar fraqueza e ficou o mais alto que pôde.
—Estou bem.
Thor lentamente se arrastou para fora dos escombros, rosnando
enquanto puxava o martelo.
Jane arreganhou as presas e estendeu a mão novamente. —Jogue
de novo e veja se eu poupo você.
Thor olhou para David e depois para o pai.
Odin pareceu achar divertido quando deu de ombros. —Faça
sua escolha sabiamente, meu filho. Não acredito que ela goste da visão
de seu companheiro sob ataque.
A pele de Jane estava tensa e ela respirava pesadamente
enquanto tentava controlar o poder que surgia em seu corpo. Ela
estava brava. Mais do que louca. Ela estava disposta a aceitar seu
pedido de desculpas, mas não se sentaria e observaria David ser
atacado.
A imagem de todos na sala sangrando enquanto ela ria a fez
recuar de volta para David.
Ele a puxou contra seu peito, acariciando seus braços trêmulos
enquanto ela tentava esconder seu medo. Ela sabia o que estava
vendo. Ela sabia que seu poder vinha de algum lugar escuro e estava
aterrorizada em abraçá-lo. Isso a transformava em algo que ela tinha
pesadelos. Ela não achava que era forte o suficiente para liberar tudo o
que era capaz sem liberar sua entidade também.
—David, Jane —, disse Arthur, colocando a mão no ombro de
David. —Sentem-se. Nossos temperamentos não podem tirar o
melhor de nós em um momento como este.
Jane olhou para ele, sabendo que ele estava lendo seus
pensamentos quando ele balançou a cabeça.
—Essa não é você. — Disse ele. — Uma tristeza percorreu suas
feições antes que desaparecesse rapidamente. Você é boa, Jane. Não
caia antes de ter a chance de ver como você é realmente boa.
David levantou a mão, gesticulando para que Arthur ficasse
calado enquanto a puxava de volta para o assento deles. Ele se sentou
e a levantou no colo, abraçando-a enquanto enterrava o rosto na dobra
do pescoço dela. —Não solte, meu amor. Respire. — Ele pegou uma
das mãos trêmulas dela e entrelaçou os dedos nos dela enquanto
beijava seu pescoço. —Respire.
Foi quando Jane percebeu que estava prendendo a respiração.
Ela ofegou e finalmente desviou o olhar assassino do de Thor.
David sorriu contra a pele dela. —Minha guerreira. — Ele beijou
logo abaixo da orelha dela. —Minha garota lutando contra os deuses
nórdicos para me proteger.
Jane fechou os olhos, sentindo-se péssima pelo que uma parte
dela desejava infligir a Thor, mas também ronronando com os elogios
que estava recebendo de David. Ela virou o rosto na direção dele,
permitindo que seus cabelos os escondessem enquanto dava um beijo
para se acalmar. Ele sempre a impedia de pisar muito no escuro.
—Ela é tudo o que eles disseram que seria. — Disse Odin, com
um sorriso em sua voz enquanto ouvia o som de cadeiras sendo
arrastadas de volta no lugar.
David segurou sua bochecha para lhe dar um beijo mais firme
antes de se virar para Odin. —Ela é mais. Pare de instigá-la a aprender
do que ela é capaz. Ela não tem nada a provar para nenhum de vocês.
E prometo que não mostrarei contenção quando ela estiver bem.
Odin inclinou a cabeça. —Eu admito, fiquei curioso sobre o
poder dela, mas você sabe que Sif é uma memória terna.
David bufou quando ela se curvou contra ele. Ela estava
cansada, mas agora estava sobrecarregada com o desejo de estar mais
perto dele.
Jane olhou para Thor quando ele se sentou ao lado de seu pai, e
ela mostrou suas presas para ele quando ele fez contato visual com
ela.
David rapidamente pegou sua bochecha e guiou o rosto para ele.
Ele a beijou, acariciando-a depois enquanto sussurrava: —Bebê, é hora
de ficar calma.
—Estou cansada. — Disse ela, pressionando os lábios nos dele.
Ela só queria ficar sozinha com ele novamente.
—Eu sei. Você não deveria ter usado suas habilidades enquanto
está curando. Você precisa se alimentar agora? — Ele empurrou o
cabelo dela para trás, ignorando completamente as conversas
acontecendo ao seu redor.
—Eu posso esperar. — Ela esfregou os dedos nos lábios dele. —
Você está bem?
Ele sorriu e beijou as pontas dos dedos. —Estou bem.
A porta se abriu e Jane virou a cabeça para ver Ártemis entrar na
sala.
—Perdoe meu atraso. — Disse ela, com a voz baixa e áspera
quando se sentou ao lado de Hades.
Jane olhou para David e notou que ele estava olhando
intensamente para Ártemis. Ela apertou o punho com força suficiente
para fazer sua ferida reabrir.
David fungou e rapidamente abriu o punho dela, encarando-a
enquanto levava a mão dela à boca. Ele chupou o sangue. —Pare com
isso.
Ela apertou os lábios e se virou, encontrando os olhos lacrimosos
de Ártemis. Jane notou que ela também estava se recuperando de
ferimentos, mas não parecia que ela tivesse feridas de prata que
cicatrizariam - apenas inchaço e cortes.
Não que Ártemis se recuperasse sem um único defeito que
deixou Jane triste. Um nó se formou em sua garganta porque
reconheceu a tristeza nos olhos da deusa. Era uma perda tremenda
que a moldava como pessoa pelo resto da vida.
Jane olhou para a mesa, ignorando a pequena conversa entre
Arthur e Odin.
David aproximou a boca da orelha dela. —Bebê, eu não quis
parecer chateado. Fico triste com as perdas que ela sofreu. Aqueles
homens foram seus únicos companheiros por centenas de anos. — Ele
beijou sua bochecha. —Não tenha ciúmes.
Ela assentiu rapidamente. —Eu sei. Eu sinto muito. Só estou
sentindo tantas emoções.
—Eu acho que você precisa se alimentar. — Ele disse e depois
mordeu a própria língua.
Antes que Jane pudesse dizer qualquer coisa, ele a beijou,
empurrando sua boca aberta. Ela sorriu contra seus lábios antes de
beijá-lo avidamente e engolir seu sangue.
—David, existem maneiras mais discretas de alimentá-la. —
Disse Arthur.
—O garoto está bem, Arthur! — Odin berrou. —Deixe ele. Ele
sabe do que ela precisa. Gostaria que começássemos agora que
estamos todos aqui... Ártemis, minha querida menina, você precisa de
uma ração? Você ainda parece mal alimentada.
—Estou bem. — Disse Ártemis, sem mordida em seu tom, como
Jane tinha esperado da deusa.
Jane beijou David com força, sugando o máximo de sangue
possível antes de se afastar e permitir que David a reposicionasse em
seu colo.
Hades empurrou uma caneca para Ártemis. —Não há vergonha
no luto. É tolice ficar fraca, no entanto.
—Estou bem, tio. Vou me alimentar quando estiver sozinha.
David suspirou enquanto checava a mão de Jane. Era curativo,
mas ela sabia que ele estava chateado por Ártemis. Ela também. Por
mais que ela não gostasse da mulher, Jane ainda entendia a dor
envolvida em perder entes queridos.
Ela virou a cabeça, assistindo Thor enquanto ele bebia de sua
própria caneca. —Você pediu desculpas a ela?
Todo mundo se acalmou com a pergunta de Jane e olhou entre
ela e Thor.
Thor abaixou a caneca. —Não se sente à mesa do meu pai e
assuma que, porque você tem poder, eu não vou me ajoelhar.
Jane deu um sorriso doce. —Se eu quisesse que você se
ajoelhasse comigo, eu o forçaria de joelhos.
—Não admira que Fenrir te desejasse —, disse Thor. —Você tem
uma escuridão em você que eu nunca vi antes.
David a abraçou com força. —Cuidado com o que você diz a ela.
Thor acenou para ele. —Sua fêmea pode lutar suas próprias
batalhas. Se ela quer me desafiar, deixe-a. Não serei tratado como
covarde ou tolo por alguma bruxa.
Todos os cavaleiros rosnaram e se mexeram em seus assentos.
Jane permaneceu calma, no entanto. —Não há necessidade de
desafiá-lo. David e eu podemos derrotá-lo por conta própria. Você é
quem está se fazendo de bobo. Não conheço os detalhes da sua esposa
que o aborreceram e exponho minhas condolências pela sua perda.
Ainda assim, o fato é que você agiu sem se preocupar com os outros.
Ou você não ouviu quando soube da nossa chegada ou não se
preocupou com a nossa segurança quando voltou para casa.
Thor começou a se levantar, mas ela estendeu a mão, encarando
enquanto usava seu poder para forçá-lo a se sentar novamente. Ele
tentou se levantar novamente, mas ela o segurou no lugar.
—Você vai me ouvir. — Ela enquanto sua mão tremia do poder
que ela continha.
—EU NÃO VOU! — Thor rugiu. —Liberte-me! Não me lembrei
de sua chegada.
—Tudo bem, você esqueceu que estávamos vindo —, disse ela
com facilidade. —Você foi sincero quando me salvou. Bem, você
supôs que eu morreria, e somente quando você percebeu que eu era a
Outra de David você tentou controlar meu sangramento. Ainda assim,
você me salvou. Agradeço, mas você precisa ver quanta devastação
um ato causou.
Jane apontou para Ártemis. —Os companheiros dela se foram.
Eu os assisti cair, um por um, enquanto eles lutavam para protegê-la.
Eles não eram páreo por causa do grande número de pessoas nos
comprimindo... Ela nunca mais os verá.
—Agora, nós não gostamos um do outro, mas até eu estou com o
coração partido por ela. Você experimentou claramente uma grande
perda, por isso espero que se redima e honre aqueles que caíram
protegendo os mais fracos que você. — Ela fez uma careta quando seu
braço começou a ficar fraco, mas continuou falando. —E eu entendo
como é sentir a necessidade de provar a si mesmo. Sei como é falhar,
estar na mesma sala com alguém que não me respeita - que me odeia
ou pensa que sou fraca e patética. Mas faço o possível para me elevar
acima dos pensamentos, dizendo-me para infligir dor igual aos meus
inimigos. É difícil. É realmente.
—Adorei os mitos que ouvi quando criança, mas todos sabemos
os rumores de que David a escolheria um dia. Doía muito saber que a
deusa que eu idolatrava estava atrás dele. Doeu ouvir os sussurros me
comparando com ela, e me destruiu saber que David realmente a
considerava.
—ONDE VOCÊ QUER CHEGAR? — Thor gritou, ainda lutando
contra seu aperto nele.
—O que quero dizer é que ainda escolhi fazer o que era certo
quando poderia deixá-la morrer. Eu mesma poderia matá-la, se
quisesse, mas teria sido glorioso vê-la despedaçada pelas criaturas que
me caçaram.
Ela sorriu enquanto observava o horror se espalhar pelo rosto
dele. —Entende? Eu sou escura. Eu sou má com um sorriso inocente
no rosto. Não se torne o que eu já sou por dentro. Eu prometo a você
que derrotar a escuridão que se forma dentro de você de toda a dor e
ódio que você acumulou ao longo dos anos será sua maior batalha.
Portanto, se é a glória que você procura, supere a si mesmo e peça
desculpas a ela quando realmente quiser. Não faça o que aquele
sussurro sombrio está dizendo para você fazer. Lute contra isso e
então você será digno da grandeza que eu acreditava que fosse.
Jane abaixou a mão, soltando Thor. David pressionou a testa
contra a cabeça dela, e ela o aninhou antes de se virar para Ártemis. —
Por favor beba. Pense nos seus camaradas caídos; eles morreram para
você viver. Honre o sacrifício deles.
Lágrimas deslizaram pelas bochechas de Ártemis. Hades sorriu
para Jane quando Ártemis de bom grado bebeu o sangue oferecido a
ela.
—Bem dito, Jane. — Odin levantou a caneca na direção dela
antes de olhar para baixo da mesa. —Ártemis, querida garota, venha
me ver depois do banquete.
Ártemis assentiu e aceitou uma segunda caneca de sangue de
Apolo, fazendo Jane sorrir, mas seu coração estava triste. A deusa
pode ter perdido homens, mas ela tinha sua família. Ela tinha o irmão
e um tio que a amavam profundamente.
Jane desviou o olhar e se aconchegou nos braços de David.
—Você está bem? — Ele perguntou, beijando a cabeça dela.
—Sim. — Disse ela, pensando o contrário. Ela enfrentava sua
própria batalha interior, que ela não acreditava que venceria, e
lembrou-se do fato de não ter família. Seus filhos provavelmente
nunca seriam dela. Enquanto ela fosse perigosa, ela não teria
permissão para se aproximar deles como uma mãe de verdade. Jason
encontraria alguém eventualmente, e eles teriam outra mulher que era
melhor em ser mãe do que ela jamais foi.
Não eram apenas os filhos que ela havia perdido. A dor nunca
desapareceu por ela não ter mãe ou pai. Ela não tinha irmão, nem
mesmo tia, tio e primos. Eles eram sua família, e quem se importava
estava trancado no momento em que ela descobriu que a amava como
uma irmã. Agora, Adam provavelmente estava morto, junto com os
outros. Ela era tão covarde que nem podia perguntar a Morte se ele
estava vivo ou mesmo a família de Wendy.
Por causa de suas próprias escolhas, ela estava sozinha. Os
cavaleiros estavam lá, mas não eram da família. David estava lá, mas
sempre havia a chance de as coisas não funcionarem entre eles. Havia
a chance de um ou todos eles morrerem, porque ela aceitou agora que
a Morte havia desistido dela.
—Você não sabe disso, Jane —, disse Arthur, suspirando antes
de olhar para a mesa. —Vamos continuar para que possamos
aproveitar a noite antes de partirmos amanhã.
Jane enxugou uma lágrima que caíra e enterrou o rosto no
pescoço de David. Sua mente não a deixaria ter paz.
David cobriu o rosto dela com a mão e abaixou a voz. —Bebê,
você está tremendo e chorando. O que está errado?
—Nada. Eu só estou pensando. — Ela deu a ele seu melhor
sorriso falso. —Estou bem.
Ele a observou por um momento antes de lhe dar um beijo. —
Vamos terminar em breve, ok?
—Ok. — Ela apoiou a cabeça no ombro dele e ouviu a conversa
já ocorrendo.
—. . . Fenrir — disse Odin.
Apolo bufou e riu. —Ele não é Fenrir, velho.
—De quem eles estão falando? — Jane perguntou calmamente a
David enquanto tentava afastar seus pensamentos das coisas terríveis
que sempre estavam esperando no fundo de sua mente.
Apolo parecia tê-la ouvido e respondido sua pergunta. —
Estamos discutindo Lycaon, o líder lobisomem que enviou sua
matilha atrás de você. — Ele acenou com a mão em direção a Odin. —
Os nórdicos acreditam em mitos que existiam antes deles. Eles
acreditam que Lycaon é Fenrir de suas lendas.
—Eles são o mesmo homem, Apolo. — Disse Hades.
—Como eles são iguais? — Ela perguntou.
—Eles não são os mesmos. — Odin retrucou.
David suspirou em seus cabelos. —Eles sempre discutem sobre
isso. Eles tiveram seus mitos e lendas antes de se tornarem imortais.
Não há como saber com certeza quem está certo. Poucos sobrevivem
às batalhas com o chamado Lycaon ou Fenrir.
—Eu o chamo de rei lobo. — Disse Gawain, estendendo a mão
para dar um tapinha na perna dela.
—Faria sentido se eles fossem iguais. — Disse ela em voz baixa.
Odin obviamente a ouviu e olhou diretamente para ela. —Eles
não são os mesmos, menina.
—Não importa —, Arthur disse, mas olhou para ela e continuou:
—Jane, você verá que muitas figuras lendárias são as mesmas pessoas,
elas apenas usam nomes diferentes. Realmente não há como saber
com certeza quem elas realmente são. Elas são mais velhas que muitos
de nós.
—Saberemos durante Ragnarök. — Disse Odin.
—O que é isso? — Ela perguntou a ele.
—A última batalha. — Odin sorriu para o filho. —Será uma
morte gloriosa.
David balançou a cabeça. —Ragnarök é o que você pode
considerar Revelações, Jane. Como você aprendeu, muitos mitos
decorrem da verdade. Odin negociou com Mímir, um Caído que
alegou conhecer o futuro. Nos eventos preditos a Odin, uma grande
batalha seria o fim para eles. Odin será morto por Fenrir e Thor
derrotará Jörmungandr, a grande serpente. Embora se diga que Thor
triunfará, ele não sobreviverá. É nisso que eles acreditam. Colocamos
nossa fé em Deus, não nos anjos, especialmente nos Caídos que
esculpiram os olhos com prata.
Odin zombou. —Espere e veja, rapaz.
—Por que vocês estão ansiosos para abraçar algo assim? — Jane
perguntou, olhando para o povo nórdico.
—Quando você vive tanto quanto nós, minha menina, está
ansiosa pela morte. — Disse Odin.
Jane fez uma careta com a ironia; ela também esperava ver sua
Morte.
Odin continuou: —Morrer em uma batalha tão grande será uma
morte gloriosa.
—E a serpente? — Ela olhou ao redor da mesa. —É uma cobra de
verdade como Fenrir é um lobisomem?
Thor foi quem respondeu. —Jörmungandr só será revelado na
grande batalha.
—Oh —, disse ela, sentindo-se boba por suas perguntas. Ela
parecia estar segurando a reunião. —Eu sinto muito. Eu vou ficar
quieta agora. Obrigada pelas explicações.
David sussurrou em seu ouvido: —Eu vou educá-la depois do
jantar. — Ele mordeu seu lóbulo da orelha. —Você gosta das minhas
lições, não gosta, bebê?
Ela corou e deu uma cotovelada nele. Ele era tão bom em distraí-
la de sua tristeza. —Talvez eu não me importe com os mitos agora.
Você não estava nos mitos que eu conhecia e, até agora, meus
favoritos tentaram começar uma briga conosco.
Ele riu e beijou logo abaixo da orelha dela. —Então, você não
deseja ouvir sobre fadas e elfos?
Jane ofegou, mas rapidamente cobriu a boca. —Você está
mentindo.
—Eu não estou. — Ele beijou a testa dela. —Preste atenção, e eu
prometo que vou lhe contar mais tarde.
Arthur pigarreou. —David, estávamos discutindo as alianças
entre lobos e vampiros que estamos vendo. Hades já explicou que
alguns estavam trabalhando com os Caídos. Acreditamos que é assim
que eles estão viajando, além de esconder seus aromas - os Caídos e o
Inferno os estão ajudando. O que vimos quando deixamos o Texas
tem sido difícil de explicar. Lancelot não estava presente na batalha,
mas ele claramente enviou seus lobos para ajudar os vampiros que
atacaram.
—Então, o problema que estamos enfrentando não é apenas os
nórdicos lutando contra lobos e vampiros que uniram forças, eles
encontraram sinais que indicam que Lancelot e o rei lobo estão aqui.
Não temos ideia de quantos exércitos combinaram, mas eles parecem
estar se reunindo aqui.
—Viemos aqui para os cães —, disse David, olhando para
Ártemis. —Ainda acreditamos que Lycaon os tem?
Arthur assentiu e apontou para um mapa na frente dele e de
Odin. —Este foi o último lugar em que foram vistos, que era um
acampamento em que Lycaon estava confirmado. Ele encontrou uma
maneira de contê-los, e eles acham que ele está simplesmente
quebrando o espírito deles até que se submetam a seguir suas ordens.
—Isso é terrível —, Jane deixou escapar, cobrindo a boca. —Eu
sinto muito.
Arthur sorriu para ela. —Não peça desculpas; isto é terrível. Os
cães não merecem esse destino; isso é algo em que todos
concordamos. Eles seriam valiosos nas batalhas vindouras também.
Com as notícias das alianças se formando sob um único governante,
suponho que estamos em menor número. Se eles não tiverem brigas
um com o outro, eles nos esmagarão juntos. Odin já enviou
mensageiros para espalhar notícias para mais de nossos aliados,
informando que provavelmente será onde estamos.
David esfregou a mão em sua coxa enquanto estudava o mapa.
—Lance e Lycaon foram vistos juntos?
—Não —, disse Arthur, balançando a cabeça. —Eles estão
próximos, mas mantendo distâncias. Muito provavelmente, a luta pelo
poder é grande demais para que eles se tornem um grupo, mas há
uma boa chance de um único indivíduo estar reunindo todos eles. Eu
imagino que se eles estão seguindo um líder, eles eventualmente não
terão escolha a não ser se unir.
Jane engoliu em seco ao pensar em seu último encontro com
Lancelot. Ela olhou para David e se preocupou com o que Lancelot
havia lhe dito: uma vez que David visse como ela era realmente má,
ele partiria. David também não sabia que a Morte a havia negociado
com Lúcifer, e ela não tinha certeza do significado da ausência deles.
A Morte havia dito que eles conversariam sobre isso, mas ele se foi.
—David. — Ela chamou suavemente.
—Hum? — Ele não desviou o olhar dos mapas.
—Lancelot me disse algo quando eu estava sozinha com ele.
Ele se virou para ela rapidamente. —O que ele disse?
—Quando você está falando, Jane? — Arthur perguntou, e ela
sabia que ele estava procurando seus pensamentos.
—A luta na escola... Quando eu corri atrás do garoto. — Ela
engoliu em seco, observando a cor dos olhos de David escurecer. —
Ele disse que seu mestre tinha planos para mim. Eu acho que ele
estava falando sobre Lúcifer.
—Lúcifer —, disse Odin, olhando ao redor da mesa. —Não há
sinal de Lúcifer há séculos.
Os olhos de Jane ardiam quando David a encarou sem nenhuma
emoção. Ainda assim, ela explicou sua teoria. —Eu conheci Lúcifer.
Ele está muito envolvido e ele me quer. Eu acho que ele é o mestre de
Lancelot, o que faz sentido se Lúcifer o criou. Poderia haver um líder
separado, no entanto. Quando Thanatos e Mania tentaram me levar,
eu não acreditava que eles foram enviados por Lúcifer, mesmo que
eles dissessem que foram. Por que ele me assustou quando eu estava
de bom grado, sabe? Portanto, pode haver outro indivíduo se opondo
a Lúcifer ou trabalhando com ele.
—Por que você iria de bom grado para Lúcifer? — Thor
perguntou.
—Eu pensei que ele poderia me ajudar.
—Garota tola —, disse Odin, apontando para Arthur. —Você
sabia que o diabo tinha garras nessa garota, mas você a trouxe aqui.
Eles provavelmente sabiam dos seus planos de pegar os cães, e ele
enviou seus exércitos para capturá-la. É claro que ele a deseja, ela é
poderosa.
Arthur levantou a mão. —Eu não sabia tudo o que ela disse.
Também não sabia que Lancelot tinha vindo para cá.
—Ela vai nos arruinar —, disse Odin, olhando para ela. —Ela
mesma disse que é má. Ela sabe e escolhe abraçar a escuridão dentro
dela.
David bateu na mesa. —Ela não é má! Ela lutou contra essa
escuridão e derrotou todas as vezes. Não fale dela como se ela tivesse
derrubado o inferno em você. Estamos em guerra desde a nossa
criação. E ela não sabia disso!
Odin se levantou da mesa. — Não deixarei minha fortaleza cair.
Você é um bom garoto, David, mas trouxe a amante do diabo para sua
cama. Não vou deixar que ela nos destrua.
Jane cobriu o rosto. Ela sabia que poderia colocar Odin no lugar
dele, mas temia que tudo o que fizesse fosse provar que ele estava
certo.
—Ela não é a porra da amante de Lúcifer —, David respondeu,
sua voz tão alta que ricocheteou nas paredes rochosas. —Ela é minha
Outra e a mulher que amo.
—Então ela é tão astuta quanto seu mestre. — Disse Odin,
batendo o cajado no chão.
David começou a tirá-la dele, mas ela colocou os braços em volta
do pescoço dele e chorou. Ele rosnou, mas a abraçou de volta e não fez
nenhum movimento para ir atrás de Odin.
—Você foi longe demais! — Gritou Gawain, levantando-se com
os outros cavaleiros.
Arthur levantou as mãos para acalmar a todos, mas ele parecia
assassino enquanto olhava para Odin. —Você vai parar de falar sobre
ela dessa maneira. Ela não tem culpa.
Odin olhou para ela enquanto ele falava. —Ela pode ter sido
inocente, mas isso não muda o fato de ser uma ferramenta nesta
guerra. Se Lúcifer colocar as mãos nela, todos nós pereceremos.
Hades estava junto com Apolo e Ártemis. —Jane tem o poder de
terminar a Grande Guerra. Ela é mais poderosa que a própria Morte.
Se você a tornar sua inimiga hoje, você cairá. Não a empurre para a
escuridão quando pudermos oferecer a ela tanta luz. Ela tem um bom
coração e fica mais forte a cada dia. Você realmente quer abandoná-la,
deixá-la sem opção a não ser ficar ao lado de Lúcifer?
Odin rosnou e olhou para ela. —Você será a minha morte,
garota. Eu sinto isso nos meus ossos.
Jane balançou a cabeça. —Por favor, só estou tentando ajudar.
Não sei por que sou importante.
—Você não é importante —, disse Odin, fazendo com que David
se levantasse rapidamente. Ele a colocou atrás dele, mas não se mexeu
quando Odin falou novamente. —Você pode ser inocente, criança -
um receptáculo -, no entanto, você é uma destruidora. Nada de bom
virá de você agora que eu entendo por que você recebeu tais
habilidades.
—Pai —, disse Thor, colocando a mão no ombro de Odin. —
Talvez seja muito cedo para julgá-la. Ela tem o poder de destruir, mas
não o tem. Ela salvou inúmeras vidas e, embora possa ter origens mais
sombrias, está lutando contra isso - assim como nós. Nossa casa é para
aqueles que buscam redenção. Seria errado abandonar alguém que
ainda não cometeu um crime contra Deus. Deixe ela ficar. Deixe-os
usar nossa casa como base enquanto recuperam os cães. Se você ainda
a vê como um mau presságio, eles podem pedir transporte de volta
para casa. Então, se o inferno a seguir, você pode decidir se iremos
ajudá-los. Eu atenderei ao chamado deles. Eles nunca nos
abandonaram. Deveríamos mostrar a eles o mesmo apoio.
Odin olhou entre eles antes de perfurá-la com seu único olho
bom. —Você tem uma chance, garota. Fique nos seus aposentos, longe
dos meus soldados. Você cumprirá sua missão e partirá. Pegue seus
cavaleiros, se eles forem tolos o suficiente para segui-la ao inferno. No
entanto, qualquer um é bem-vindo para ficar e se juntar às nossas
fileiras, se a virem como realmente é.
Jane agarrou a mão de David. —Eu juro que não quero ser ruim.
—Você não é! — David disse, tremendo com tanta raiva. —Você
vai se arrepender do que disse sobre ela.
Odin zombou e caminhou em direção à porta. —Abra seus
olhos, garoto. Ela encantou você assim como encantou seus irmãos e
meu filho. Ela não é sua companheira; ela pertence ao diabo. Você não
vê? Esses lobos foram enviados para trazê-la para ele ou destruí-la
porque ele não quer que outro tenha uma arma tão poderosa. Ela é
destruição. Rezo para que você não esteja no caminho dela quando ela
liberar esse poder.
Arthur segurou o ombro de David quando ele rosnou.
—Odin, se você quebrar a nossa aliança, haverá consequências.
— Disse Arthur.
—Não estou prestando juramento a você — disse Odin, olhando
para o chão. —Farei o que eu disse; lutaremos com você para
recuperar os animais. Partimos amanhã. — Odin então bateu as portas
e saiu.
Jane soluçou quando David a puxou contra seu peito. —Eu sinto
muito.
—Shh... — Ele beijou a cabeça dela.
—David, Arthur. — Era Thor. —Perdoe o pai. Você sabe que ele
acredita que Lúcifer é responsável pela morte da mãe há tantos
séculos atrás. Ele está delirando com a escuridão se aproximando há
anos. Ele apenas se preocupa com o nosso povo.
David rosnou, abraçando-a enquanto ele bloqueava a visão de
Thor sobre ela. —E você?

—Protegerei meu povo também, mas não acredito que Jane seja
má. Sim, vejo a escuridão dentro dela, mas ela, sua outra, é pura. Eu
sinto isso. Hades está certo; ela precisa ter a chance de crescer forte o
suficiente para vencer a batalha dentro dela antes que Lúcifer a
alcance. Não duvido que ele venha, se tudo isso for verdade. Se ela é
tão forte quanto Hades diz - mais forte que a Morte -, ela tem a chance
de derrotar todo o mal. Vou ajudá-la de qualquer maneira que puder.
Por favor, me dê a chance de provar isso e permita-me acompanhá-lo
em sua missão.
David apontou um dedo para Thor. —Se você nos trair, não
hesitarei em destruir você e seu pai. Matarei todos os Malditos e
Amaldiçoados nesta fortaleza se você a colocar em perigo. Agora, pare
seu pai antes que ele bêbado espalhe boatos sobre ela.
—Vou elogiar o nome dela. — Disse Thor antes de sair também.
David ainda estava tremendo, mas ele a levantou quando o
silêncio se estendeu e a levou até a porta. —Peça para alguém buscar o
jantar para nós. Verifique se não está envenenado e se está fresco. Vou
levar Jane para descansar.
Ela olhou para ele e tocou o rosto dele quando alguém
concordou em lhes trazer algo para comer. —Sinto muito, David. Me
desculpe, eu não te contei.
—Eu também. — Disse ele.
Jane escondeu o rosto entre as mãos enquanto entendia que ele
queria dizer que estava arrependido por não saber, e ela temia que ele
estivesse se arrependendo de tudo entre eles.
Uma porta bateu e Jane abaixou as mãos enquanto David a
carregava para a cama. Ele a colocou no chão e foi embora. Ela
apertou os lábios, tentando impedir que seus gritos arrancassem
enquanto o observava entrar no banheiro.
Ela fechou os olhos quando o tinha acabado de o perder. —
Lancelot estava certo. — Ela sussurrou no momento em que um pano
frio e molhado estava pressionado em seu rosto.
—Certo sobre o que?
Ela arregalou os olhos e olhou para ele. —O que você está
fazendo?
Ele olhou para o pano na mão. —Estou limpando seu rosto.
—Porque? — Ela não entendeu o que estava acontecendo.
—Porque você está chorando. — Ele começou a limpar
cuidadosamente a bochecha dela. —Agora, pare de protelar e me diga
o que Lance estava certo.
—Você vai me deixar? — Ela tentou não parecer tão patética,
mas ficou impressionada que ele não estava olhando para ela como se
ela fosse a arma secreta de destruição em massa de Lúcifer.
—Por que eu iria embora? — Ele balançou sua cabeça. —Estou
com raiva de muitas coisas, Jane, especialmente pelo fato de você ter
escondido as coisas de mim, mas não vou deixar você.
Ela sorriu tristemente quando o alcançou.
Ele a deixou abaixar o rosto e a beijou suavemente, mas voltou
rapidamente. —Você precisa parar de assumir o pior sobre mim e
nosso relacionamento. Eu sei que é difícil, porque seus únicos
relacionamentos foram com Jason e Morte, e eles não eram saudáveis,
mas eu não sou eles. Por favor, faça um esforço para acreditar em
mim. Acredite no meu amor por você e nos sentimentos que você está
desenvolvendo por mim. Confie em nós. Essa é a única maneira de
passarmos pelos testes que estamos sendo apresentados. Eu estou
bem com o que vier a nós; Estou pronto para lutar por você, mas você
precisa fazer o mesmo.
Ela assentiu rapidamente e segurou a mão dele quando ele
trouxe o pano de volta ao rosto dela. —Eu sinto muito. Eu sei que
preciso me esforçar mais - tentarei. Eu só tenho tanto medo de te
perder. E machucando você e todos ao meu redor.
David sentou-se ao lado dela. —Você só vai me perder se desistir
de mim. Mesmo assim, tentarei me agarrar a você da maneira que
puder. — Ele a puxou para montar em seu colo, sorrindo enquanto
limpava mais lágrimas dela. —Eu te amo. Não acredite no que ele
disse. Eu sei que você é forte. Seja o que for que produz o seu poder,
está destinado a estar lá. Deus tem um plano, e precisamos confiar
Nele.
—Mas eu tenho medo, David —, ela sussurrou. —Por que eu
passei pelas coisas que tenho? Nada faz sentido.
David jogou a toalha fora. —Eu sei, mas sei que você é a mulher
que me disseram que conheceria. Você é a mulher que Michael disse
que teria o poder de destruir toda a escuridão. Nós vamos descobrir
tudo. Juntos.
Ela assentiu, os olhos lacrimejando, mas manteve as lágrimas
para trás. —Ok.
Ele deu aquele sorriso especial e puxou seus lábios nos dele. Ele
respirou fundo, beijando-a algumas vezes antes de se afastar. —Diga-
me o que você guardou para si mesma. Prometo que ainda a apoiarei
e não a abandonarei. Entenderei que você estava sob tremendo
estresse e pressão quando tudo aconteceu, e você sabia muito pouco
sobre mim ou que podia confiar verdadeiramente em mim, então
tentarei não ficar com raiva. Se sim, sei que não é com você, mas com
o que você está me dizendo, ok?
—Ok, eu vou te dizer.
David a beijou novamente. —Aí está minha garota corajosa.
Jane respirou fundo. —A primeira vez que Morte e eu estávamos
sozinhos, minha memória dele voltou. Foi muito avassalador porque
acreditei que durante toda a minha vida eu estava sozinha, mas de
repente me lembrei de todos os nossos momentos juntos. De qualquer
forma, enquanto conversávamos, ele confessou ter feito algo terrível.
O corpo inteiro de David estava apertado, pronto para lutar, e
doía saber que ela o devastaria com isso.
—A Morte formou um vínculo comigo quando ele tirou minha
memória; ele pode sentir minhas emoções, eu acho. Sei que às vezes
posso senti-lo, mas acho que ele basicamente sente o que estou
experimentando, seja físico ou mental... Ele veio quando a praga
começou. Ele usou a persuasão para me levar para dentro de minha
casa, e quando eu corri para pegar armas. Ele estava preparado para
me proteger, eu acho, mas ele ainda estava se escondendo. Uma vez
que ele sentiu que eu estava segura, ele foi embora para descobrir por
que a praga estava sempre se aproximando de mim.
—Ele não sabia que eu seria infectada. Ele disse que quando
sentiu que o vírus havia me infectado, voltou, mas você já estava lá.
Então, ele esperou para ver por que você estava me protegendo e foi
quando ele descobriu que você me reconheceu como sua Outra.
—Aparentemente, ele não teria sido capaz de remover o vírus.
Ele tinha planejado impedir que isso me matasse, mas ele teria que
encontrar uma maneira diferente de me salvar. Só que você estava lá e
poderia me salvar quando ele não pudesse. Então, ele deixou você.
—Mais uma vez, ele saiu para fazer o que estava fazendo - ele
assumiu que eu estaria segura com você. Então eu fui machucada pelo
lobo. Ele voltou imediatamente e, quando ia intervir, viu que Lúcifer
estava lá, me observando. Ele disse que achava que Lúcifer estava lá
apenas por Lancelot, mas ficou claro que Lúcifer estava interessado
em mim. A Morte tinha medo de revelar nosso passado juntos, então
ele ficou escondido para formar um plano.
—O plano dele era me salvar mais uma vez; Eu ainda estava
morrendo depois que eles operaram, então ele precisava de uma
maneira de expulsar Lúcifer. Ninguém poderia saber que ele tinha um
relacionamento com uma humana. Então, ele disse que agia como se
estivesse lá para reivindicar minha alma. Michael e Gabriel vieram,
como ele antecipou por sua causa, mas Lúcifer se revelou também.
Esta é a parte que você não vai gostar.
David deu um sorriso tenso. —Eu não vou ficar com raiva de
você.
Jane fechou os olhos e disse a ele. —A Morte percebeu que ele
me amava; ele não sabia o que sentia por mim, mas finalmente
reconheceu. Ele simplesmente não queria interferir na vida que ele me
deu. Quando acabou, ele decidiu fazer o possível para me manter.
—Manter você onde?
Jane abriu os olhos. —Eu não sei, mas ele disse que eu era boa
demais para ir com ele. Ele disse que eu precisaria ter uma alma
neutra. — Ela engoliu em seco. —Então, ele pediu a Lúcifer que me
desse seu sangue para introduzir a escuridão no meu.
David olhou para ela sem respirar por um momento antes de
falar. —Você tem o sangue de Lúcifer em você?
—Sim. — Sua garganta doía enquanto ela continuava. —Ele
disse que achava que nos protegeria de todo o inferno, sabendo que
ele tinha uma fraqueza: eu. Ele disse que achava que eu era tão boa
que me tornaria neutra e, quando ele voltasse à minha memória, eu
lembraria que o amava e iria com ele... Ele simplesmente não sabia
que algo já estava dentro de mim.
David fechou os olhos. —Ele queria tirar você de mim? Ele
colocou sangue ruim em você para levá-la embora?
—Ele pensou que era a única maneira de me manter segura.
—Você estava segura comigo!
Ela balançou a cabeça rapidamente e segurou o rosto dele. —
David, eu estava morrendo. Eu já estava em perigo porque Lúcifer
havia me procurado por algum motivo. Ele veio com um plano...
—Para tirar você de mim! — David rosnou, apertando seus
quadris.
—Sim, ele admitiu que só me queria, mas ele também estava
pensando em me manter segura. Ele está lutando contra demônios por
mim há tanto tempo. Ele estava com medo.
—Pare de inventar desculpas para ele —, ele disse. —Qualquer
esquema que ele tenha pensado a beneficiou. O que eu quero saber é
por que Lúcifer concordou em ajudá-lo.
Ela apertou os lábios, mas finalmente deixou escapar o que
estava escondendo. —Ele fez uma barganha de que, de qualquer
maneira que minha alma mudasse, o vencedor me reivindicaria sem
nenhuma interferência da outra. Se eu fosse má, iria para Lúcifer. Se
eu fosse neutra, ele me reivindicaria. E se eu ficasse boa, você me
venceria e eles nos deixariam em paz. Ele deu a Michael o poder de
aplicar a punição se alguém quebrasse as regras.
David esfregou o rosto, rosnando. —Ele negociou sua alma com
Lúcifer para que ele tivesse a chance de ficar com você?
—Ele tinha certeza de que venceria assim que eu me lembrasse
dele. — Ela começou a morder o lábio, esperando ele explodir.
—Por que você não foi com ele, então? — Ele olhou para ela
novamente. —Ele restaurou suas memórias naquela noite. Por que
você está aqui?
Ela não entendeu o que ele quis dizer, mas lembrou-se daquela
noite e lembrou-se por que não apenas seguiu com a Morte. —Por sua
causa.
David examinou o rosto dela como se estivesse procurando uma
mentira. —Você o recusou por mim? Naquela época?
—Eu ficava vendo seu rosto toda vez que pensava em meus
sentimentos por ele. Vi Jason também, mas era você que não queria
sair ou machucar. — Ela levou os dedos aos lábios dele. —Eu veria
seu sorriso e não poderia aceitá-lo.
David não se moveu por vários segundos, mas então a abraçou,
beijando repetidamente seus cabelos ou testa. —Eu te amo.
Lágrimas deslizaram por suas bochechas quando ela registrou o
quanto ele estava tremendo. —Me desculpe, eu não te contei. Ele não
me contou muito mais, além de estar bem com a vitória, e garantiria
que Lúcifer perdesse.
—Está bem. Não estou com raiva; sei que você sempre o
protegerá, principalmente depois. — Ele a beijou suavemente: —É por
isso que ele foi tão inflexível de você ficar comigo?
Jane assentiu. —Acho que ele decidiu parar de tentar vencer.
Não tenho certeza, mas acho que foi por isso que ele foi embora.
Talvez ele não pudesse se perdoar pelo que fez depois de descobrir
que Lúcifer quase me tinha.
David levou a mão dela aos lábios: —Não tenho certeza se ele
desistiria de você tão facilmente, mas se esse for o motivo de sua
ausência, considerarei perdoá-lo pelo que ele fez com você. — Ele
suspirou: —Você sabe quando o negócio termina?
—Não. Eu sei que havia um limite de tempo, mas ele estava
confiante se eu ficasse longe de Lúcifer, eu estaria a salvo.
David assentiu, parecendo pensar em tudo. Ela ficou tão aliviada
que ele não a jogou fora ou a olhava de maneira diferente porque ela
tinha o sangue de Lúcifer.
Assim que ela pensou nisso, ele falou. —Você disse que havia
algo já está em você, algo que ele não sentiu, estou assumindo que
seja...
—Sim, ele disse que estava escondido ou que eu o havia
escondido bem. Eu não sabia nada sobre isso, mas ele acreditava que o
sangue de Lúcifer o liberava de onde quer que eu o tivesse prendido.
David suspirou quando começou a esfregar as pernas dela. —
Então, o que Lancelot te contou?
Jane desviou o olhar dele. —Ele disse que queria me matar, mas
seu mestre tinha planos para mim. Ele sabia sobre o acordo que a
Morte fez com Lúcifer, e ele queria que você me perdesse. Quando eu
disse que não, fui a Lúcifer, ele disse que podia sentir o mal dentro de
mim e disse que eu não sou digna de você.
—Isso não é verdade. — Disse ele sinceramente.
Ela não olhou para ele enquanto continuava: —Ele disse que
conhecia você, e você me jogaria fora quando visse o que eu realmente
era.
—Oh meu amor. — David a virou para encará-lo. —Você sabe
que isso não é verdade. Você é minha Jane. Seja o que for dentro de
você, lutaremos. Se houver uma maneira de removê-lo, faremos. Se
não, tudo bem; eu ainda vou te amar e ficar ao seu lado.
Eu amo você, ela pensou de repente, chorando quando a
realização encheu seu coração tanto que explodiu, mas de alguma
forma foi instantaneamente reconstituída quando ela olhou nos olhos
dele. Ela ofegou, querendo dizer a ele, mas não conseguiu. Mas as
palavras foram detidas por causa de um homem. Morte.
Isso partiu seu coração. Ela aceitou que ele a abandonou, parou
de amá-la, a abandonou, mas ela ainda o amava. Ela não podia parar e
não podia contar a David enquanto ela sentia-se assim. Ele a queria
para si mesmo, e ela não podia deixar de lado seu anjo mortal.
Ela jogou os braços em volta do pescoço dele, soluçando contra
seu ombro enquanto ele a abraçava com força.
—Eu te amo, bebê. — Disse, beijando seu ombro
Jane fechou os olhos, as lágrimas encharcando sua camisa
enquanto ela engolia as palavras que queria dizer a ele: Eu amo você,
também.
31
NUNCA ESQUECIDO
Lucifer estreitou os olhos para a serva que tinha trazido a Jane e
David sua comida. A mulher não calava a boca sobre o quanto
admirava Jane ou o quão bonita ela pensava que era. Ela também não
parava de tagarelar sobre o quão corajosa ela e outras pessoas na
fortaleza pensavam que Jane era por salvar Ártemis.
—Como você ouviu tantos detalhes sobre isso? — Jane
perguntou à camareira.
—Oh, no banquete hoje à noite. — Disse a camareira, recolhendo
itens sujos ao redor do quarto. —Odin começou a contar a todos os
presentes o incrível poder que a Outra de Sir David tinha, e Thor
insistiu que ele recontasse a batalha. Ele contou a todos como você
lutou ferida com prata, e você até enfrentou lobos infectados sem uma
arma! Ter esse tipo de coragem e força, sem mencionar a bondade em
seu coração, arriscar sua vida quando você já estava ferida... Incrível.
David colocou um prato para Jane. —Eu disse a ela o mesmo.
Talvez ela acredite nisso de outro.
Jane bateu na mão dele quando ele roubou uma batata frita do
prato dela. —Você tem sua própria comida.
David comeu a batata frita de qualquer maneira, sorrindo. —Foi
você quem insistiu que eu experimentasse essas batatas fritas. É sua
culpa que eu goste delas.
Lúcifer suspirou de onde estava, encostado na parede com os
braços cruzados; ele não gostava de assistir a brincadeira entre eles.
—Bem, peça batatas fritas para si. — Jane disse, colocando várias
delas na boca.
—Gostaria que eu lhe trouxesse algumas, sir David? — A
camareira perguntou enquanto carregava uma cesta de lençóis sujos
na porta.
David acenou para ela quando ele pegou seu próprio prato. —
Não. Obrigado, Hela. Você pode sair.
Lúcifer se concentrou em Jane, observando-a enquanto ela gemia
enquanto mastigava sua comida. A mulher o confundia. Ele sabia por
que ela pulava de uma emoção para a seguinte, nunca um meio termo,
mas ficou surpreso ao vê-la tão feliz depois de tudo o que se
desenrolara. Nada disso estava nos planos dele para ela, mas ela ainda
estava no caminho que ele havia escolhido. Ele ainda tinha tempo.
—Ela foi muito legal. — Jane disse a David.
—Sim, ela era a outra empregada de quem eu estava falando.
Pedi que ela assumisse a responsabilidade pelo nosso quarto.
—Oh, bom —, disse Jane. —Eu não gostei da outra. Não sei se
consigo lidar com alguém tão bonita se jogando em você. Hela é
bonita também, mas ela não está olhando para você como se quisesse
pular em seus ossos.
David riu. —Eu jogaria qualquer mulher fora de mim, mas, sim,
a outra era desagradável. Não se preocupe com ela, porém, eu
expressei que não queria que ela voltasse para o nosso quarto, a
menos que fosse absolutamente necessário.
Jane ficou quieta enquanto comia. Lúcifer estudou seus cortes e
contusões de cura. Ele não ficou satisfeito ao vê-la ferida tão
severamente. Haveria consequências para os responsáveis. Ele não a
queria marcada assim.
Lúcifer olhou para David enquanto bebia uma ração de sangue.
O cavaleiro estava provando que ele estava errado a todo momento,
mas sabia que David cometeria um erro em breve.
Empurrando a parede, Lúcifer se aproximou do lado de Jane. Só
ela o ouviria e assumiria que eram seus próprios pensamentos quando
ele sussurrou em seu ouvido: —Você está com sede, Jane.
Ela lambeu os lábios e deslizou o olhar para David. Lúcifer
sorriu enquanto suspirava, suas bochechas corando quanto mais
David bebia.
—Sua fome está incomodando você, bebê? — David perguntou,
colocando sua caneca de lado.
Jane balançou a cabeça. —Não, eu estou bem.
—Por que você não termina de comer e depois eu vou te
alimentar?
Mais uma vez, Lúcifer foi para o lado dela, desta vez tocando
sua têmpora enquanto ele sussurrava para ela: —Lembre-se. — Ele
então empurrou a memória dela e David quase fazendo sexo em sua
mente, e ele sorriu quando ela apertou as pernas e soltou um suspiro
trêmulo.
—Estou cheia. — Disse ela, fazendo Lúcifer rir.
David a observou, um leve sorriso se formando em seus lábios.
—Bebê, eu prometo que vou te alimentar e lhe dar o que você deseja,
mas eu quero que você coma. Você não come direito há dias.
Lúcifer se inclinou, percebendo que o cavaleiro era correto. Ele
sempre esquecia que ela precisava de outro alimento além do sangue.
—Tudo bem. — Disse Jane, pegando os frutos do mar em seu
prato.
—Tudo bem —, disse David, rindo enquanto terminava a
refeição. Quando ele se levantou para colocar o prato e o copo no
carrinho deixado para trás, ele falou novamente. —Você está
realmente bem? Eu posso dizer quando você está pensando demais.
Foi o que Odin disse ou algo mais?
Ela franziu a testa e olhou para David. —Eu sempre penso
demais.
David estava deitado na cama e se aproximou o suficiente para
esfregá-la nas costas. —Eu sei que você tem problemas para desligar
seus pensamentos, mas eu posso ver você se concentrando em algo.
Eu não acho que seja Odin, no entanto. Então fale comigo.
Ela suspirou enquanto pegava o guardanapo. —Há várias coisas,
incluindo Odin, mas continuo tentando descobrir por que tudo isso
está acontecendo. Você tem muita fé em nós - no plano de Deus - mas
eu não vejo isso. Estou pensando que talvez Odin esteja certo. Se eu
pretendia nos salvar, por que eu já teria algo de mal dentro de mim?
Por que eu passaria pelas coisas que tenho a vida toda? Eu tenho
orado; as pessoas sempre diziam para rezar, mas eu rezo. E eu nunca
recebi uma resposta.
—É difícil acreditar em Deus, mesmo sabendo sobre os anjos,
porque eu não entendo o porquê. Por que as coisas são do jeito que
são? Se Deus ama todos nós, por que estou machucada assim? Por que
Ele não responde minhas orações e por que Ele permitiu as coisas que
aconteceram? Eu simplesmente não entendo. Eu tentei ir a diferentes
igrejas no passado, e eu ficava lá, ouvindo enquanto eles falavam de
pecados, mas eles nunca falavam das vítimas.
Ela hesitou, respirando com mais dificuldade. —Eu odiava como
eles não ofereciam nada além de perdão a quem pecava. Eles eram
quase recompensados por admitir que haviam feito coisas terríveis,
mas a menos que você tivesse câncer ou dor nas costas, você era
ignorado. — Suas palavras ficaram amargas. —Era tudo sobre a
pessoa que fazia errado. Eu me sentia julgada, abandonada. Como eu,
e todo mundo como eu, estávamos lá apenas para sermos
machucados, para que as pessoas pecassem e fossem perdoadas.
—Orei e orei porque muitas pessoas, fossem ministros ou apenas
frequentadores de igrejas, costumavam dizer que Deus falava com
eles - eu queria isso. Eu queria respostas ou apenas para saber que não
fui esquecida. No entanto, todos os domingos, as mensagens eram
destinadas a salvar pessoas que fizeram más escolhas. Não sei quantas
vezes vi pessoas louvando a Deus porque alguém caminhava para a
frente para receber oração por estar lutando com algum tipo de
pecado.
—Por que diabos não eram pessoas como eu? — Ela bateu no
peito. —Pessoas que foram feridas por esses indivíduos? Realmente,
se você não tinha uma doença ou estava pecando, Deus não tinha uma
mensagem para você. Lembro-me de uma vez que fiquei tão brava
quando começaram o serviço e alguém se aproximou para conversar,
dizendo que o Espírito Santo falava com eles. Eles disseram que o
Espírito Santo lhes disse que alguém ali precisava ser tocado por
Deus. Eu pensei 'talvez seja isso!' Então eles disseram que havia
alguém sofrendo com dores nas costas, que Deus sabia que eles
estavam sofrendo e que eles deveriam subir para receber oração.
Ela zombou, jogando o guardanapo no colo. —Eu tive dor nas
costas, porra! Eu tinha dores de cabeça tão fortes que vomitava o dia
todo - tanto que mal conseguia ver, mas ainda me levantei, cuidei dos
bebês, fui trabalhar, tanto faz, e nunca pedi ajuda com isso. Mas vi
uma mulher subir e todos aplaudindo enquanto vinte pessoas subiam
para orar por ela de volta. Ela estava enlouquecendo andando, então
não era como se ela estivesse paralisada. Quero dizer, lamento que ela
estivesse sofrendo, mas não entendi por que aquilo estava focado. É
como se questões emocionais e mentais nem importassem na igreja ou
mesmo para Deus.
Lúcifer riu, divertida com seu discurso retórico. Ele não esperava
isso dela, e gostava de vê-la questionar sua fé. Ela tinha muito ódio e
amargura que estava guardando para si mesma.
—Chorei tantas noites, implorando por ajuda. Eu implorei que
os maus pensamentos e memórias me deixassem em paz. Eu implorei
que Wendy fosse curada. Rezei para ser uma mãe melhor, para fazer
Jason ver o quanto ele estava me machucando, e eu só queria um
sinal. Qualquer tipo de sinal ou orientação, e eu não tenho nada.
Ela enxugou uma lágrima que de repente caíram e continuou,
sua voz falhando enquanto falava. —Eu parei de ir à igreja quando
eles estavam falando sobre vício em pornografia. Jason estava comigo
naquele dia, e eu o observei enquanto ele ouvia. Eles conversaram
sobre a tensão no casamento, mas, como sempre, era tudo sobre a
pessoa viciada. Quando pediram que as pessoas aparecessem,
pediram aos que lutavam contra o vício em pornografia ou a distração
com a carne.
Ela enxugou mais lágrimas. —Vários homens subiram e,
novamente, as pessoas vieram orar por eles, colocando as mãos sobre
eles enquanto o ministro elogiava sua coragem. Ele não pediu para as
afetadas pelo vício do marido. Não houve menção de quão devastador
poderia ser para a outra pessoa. Nada.
—Eu ainda orei enquanto estava sentada lá. Rezei para que Jason
mudasse como esses outros homens. Eu pensei que seria um sinal se
ele se levantasse e subisse até lá, mas ele não o fez. Ele ficou sentado,
balançando a cabeça, sem me olhar, embora eu saiba que ele me viu
olhando para ele. Foi nesse dia que decidi que não voltaria à igreja.
—Oh, meu amor. — Disse David, pegando a mão dela.
Jane começou a falar de novo, mais ferozmente, enquanto
evitava olhar para David. —Eu ainda acreditava em Deus. Eu ainda
rezei. Eu até tentei fazer Wendy acreditar.
—Ela não acreditou em Deus? — David perguntou, sentando-se
para puxá-la para mais perto.
Jane balançou a cabeça. —Ela não acreditou em nada. Ela disse
que era uma boa ideia, mas não podia acreditar que havia um Deus
amoroso quando estava morrendo e tudo que ela queria era viver e
criar seus filhos. Ela pensou que eu a odiaria por não acreditar, mas
prometi que não. Eu disse a ela que só queria saber que a veria
novamente, porque sempre ouvi pessoas que não acreditam que vão
para o inferno. Ainda assim, ela não podia acreditar. Como ela pôde,
quando estava morrendo, depois de orar para ser curada? Porque ela
orou. Assim como eu, ela não teve uma resposta. Assim como eu, o
mal ainda veio, não importava quão boa ou bonita ela fosse. Não
importava o quanto ela queira viver sua vida, ela sofre e morre.
—Então, agora estou me perguntando de novo, por quê? O que
eu fiz errado? O que ela fez de errado para merecer isso? Por que eu
sou uma espécie de escolhida, mas deixada para lidar sozinha com
isso? Eu vejo você morto, David. Às vezes vejo todo mundo morto
pela minha mão e não entendo. Deus não deixaria tudo isso acontecer
com alguém que amava. Então, posso apenas assumir que não sou
amada. Todas essas pessoas eram dignas o suficiente para receber
redenção e conforto, mas eu não era.
David beijou a têmpora dela. —Isso não é verdade. Você é boa,
querida. Você é tão forte e definitivamente amada por Deus.
Ela balançou a cabeça e zombou. —Eu amo meus filhos, David.
Se somos filhos de Deus, Ele deve nos proteger, nos confortar quando
coisas ruins acontecem e, definitivamente, tentar curar-nos quando
estivermos quebrados.
—Você não estava?
Jane olhou à sua frente, olhando diretamente para Lúcifer,
dando-lhe um vislumbre do inferno rugindo em seus olhos. —Do que
você está falando?
—Quem estava com você quando você foi quebrada, quando
coisas ruins aconteceram?
—Ninguém.
—Jane —, David disse em um tom sério. —Eu não acho que a
Morte gostaria de ouvir isso.
A boca dela se abriu, mas ela ficou em silêncio.
David sorriu enquanto acariciava seu braço danificado. —O anjo
mais poderoso que Deus já criou ficou ao seu lado quando você não
tinha família, quando chorou quando menina e como mulher adulta;
ele te confortou da única maneira que sabia. O anjo mais poderoso fez
o possível para protegê-la dos demônios e salvou sua vida
repetidamente. Um anjo que não deve sentir nenhuma emoção, de
alguma maneira descobriu como confortá-la quando criança e,
eventualmente, se apaixonou por você, permitindo que você se
sentisse amada quando pensava que ninguém a amava. Você nunca
esteve sozinha, Jane. Mesmo quando você não sabia, a Morte estava lá
para você. Você nunca foi esquecida.
—Agora, eu não acho que Deus ordenou que a Morte fosse até
você, mas não acho que seja uma coincidência que ele esteja em sua
vida. Creio que Deus lhe deu o que não deu a nenhuma outra alma: o
amor e o conforto de Seu anjo mais poderoso e belo.
Ele levantou a mão dela e a beijou. —Ele me escolheu para entrar
na sua vida, que aconteceu no momento em que a Morte foi chamada
do seu lado. Deus me escolheu para amar você, e sabia que eu nunca
desistiria de você. Ele não enviou o mal atrás de você, mas deu-lhe os
melhores homens para amar e proteger você. Ele te deu um melhor
amigo a quem você estimaria além da Morte, e até colocou Jason em
sua vida.
Ele sorriu tristemente. —As coisas podem não ter dado certo
entre vocês dois, e Jason é responsável por muita da sua dor, mas ele é
o único homem que lhe daria Nathan e Natalie. Aquelas crianças
preciosas foram escolhidas para ter você como mãe, e todas aquelas
vezes que você sofria de doenças ou tristezas, elas eram o motivo de
se levantar, não eram?
—Você é amada ferozmente por Deus, Jane. A pergunta nunca
deveria ter sido: por que você, por que essas coisas aconteceram, ou
para lhe dar um sinal - ou até para torná-la “melhor”. A pergunta que
você deveria ter feito é: o que você quer que eu faça, pai?
—Você foi moldada na pessoa mais bonita que eu já conheci,
meu amor. Todo evento terrível impactou você e influenciou a mulher
que eu vejo agora. Eu não acho que Deus colocaria a Morte em sua
vida se você não tivesse preocupações ou tristeza. Tudo o que
aconteceu com você levou a outra coisa, e suas maiores tragédias
parecem ter trazido você para mais perto de Deus do que você jamais
imaginou ser possível. Simplesmente não parece assim quando você é
atormentada tanto que tudo que você pode sentir é tristeza, raiva e
ódio.
Sua expressão atordoada combinava com a de Lúcifer enquanto
o silêncio se tornava desconfortável. Ele olhou para David. Isso
apenas traria esperança e paz, e ambos arruinariam tudo.
David deslizou o prato para Jane e beijou sua têmpora. —Coma.
Você não precisa dizer nada, mas o que eu disse é para você se
segurar. Acredite em Deus como você acredita no meu amor por você.
Um dia isso fará sentido, e acredito que estará em paz.
Ela sorriu tristemente, limpando outra lágrima, mas pegando sua
comida novamente.
—Essa é minha garota —, disse David, dando-lhe mais um beijo.
—Você poderia me dar licença por um momento?
—Onde você vai?
David riu quando saiu da cama. —Eu preciso mijar, Jane.
—Oh, me desculpe. — Ela corou e olhou para o prato. —
Continue.
Mais uma vez, David riu, mas ele entrou na suíte de banho e
fechou a porta.
Lúcifer se aproximou de Jane e a olhou enquanto comia. Ele
sabia que ela estava pensando em tudo o que David havia dito e ela
estava feliz. Ainda insegura sobre as coisas, tentando ver a imagem
maior, mas ela estava sorrindo e seus olhos estavam brilhantes, vivos.
Lúcifer franziu a testa, pensando no que deveria acontecer agora. Ele
esperava que ela se demorasse no incidente com Odin, mas ela sempre
conseguia surpreendê-lo com a maneira como sua mente trabalhava.
Agora, David havia descoberto os olhos dela. Ele iluminou o caminho
certo, dando a ela a chance de segui-lo.
—Ele estava certo. Tudo fará sentido um dia — disse Lúcifer,
não deixando que ela o ouvisse desta vez. Ele deslizou o dedo pelo
braço dela e observou sua pele formigar. —E isso vai te destruir. Isso o
destruirá.
Jane virou-se para ele, olhando diretamente para o rosto dele,
mas sem vê-lo. Ele olhou fixamente para seus olhos castanhos
hipnotizantes e admirou como eles mudavam dos tons mais escuros
dos verdes da floresta para os tons de azeitona que dançavam em
torno de seu centro marrom-dourado. Bonita. E era exatamente por
isso que ele tinha que arruiná-la.
Ele acariciou sua bochecha danificada e a observou suspirar ao
sentir seu toque entorpecedor. Ela engoliu a comida antes de fechar os
olhos, inclinando levemente o rosto na direção da mão dele.
—Continue comendo, bebê —, disse David, saindo para o quarto
novamente. —Quero seu prato vazio antes de te alimentar.
Lúcifer recuou contra a parede para vê-los novamente.
—Eu já estou tão cheia, no entanto. — Disse ela, esfregando o
estômago.
David balançou a cabeça para ela. —Você não faz uma refeição
adequada há algum tempo. Coma, porque enquanto estivermos fora,
uma refeição quente não será possível.
—Mas dói. — Disse ela antes de soltar um arroto alto.
Os olhos surpresos de Lúcifer combinaram com os de David
quando ela bateu as mãos na boca.
—Oh meu Deus —, ela murmurou em sua mão. —Eu sinto
muito.
Lúcifer não sabia o que pensar sobre sua exibição não-infantil.
Deveria tê-lo enojado; os seres humanos eram criaturas vis, mas ele
não sabia como descrever o que sentia observando seus olhos
arregalados e rosto rosado enquanto ela ficava mais envergonhada.
David riu e começou a procurar em uma bolsa. Jane ainda estava
com as mãos pressionadas sobre os lábios. Ela ficou parada como se
isso de alguma forma fizesse o incidente desaparecer.
—Bebê, não tenha vergonha —, disse David, sem desviar o olhar
da bolsa. —Eu acho que tudo que você faz é sexy ou adorável,
especialmente quando eu sei que você estará usando a calcinha mais
fofa e nada mais depois.
David sorriu para as bochechas coradas dela e rapidamente tirou
a camisa antes de tirar as calças.
Lúcifer foi para o lado dela, mais uma vez falando, para que
apenas ela o ouvisse e assumisse que era sua própria mente. —Você
está pronta para ele te levar.
Ela suspirou e Lúcifer se curvou, pressionando os lábios no
ombro dela. Ela estremeceu e ficou mais excitada ao ver David.
Lúcifer acariciou sua bochecha danificada, entorpecendo a dor ali,
assim como sua perna e mão. Ele viu o alívio passar por seu rosto e
depois tocou sua têmpora. —Sem tristeza ou dúvida. Sem flashbacks.
Apenas David.
Ela exalou, seus olhos iluminando junto com o sorriso em seus
lábios. Ela estava feliz.
Lúcifer se moveu para que ele pudesse abraçá-la por trás. Ele a
abraçou e sussurrou em seu ouvido enquanto ela encarava David, que
ainda estava apenas de cueca. —Você é linda e sexy. Não se esconda
dele. Ele quer você. Só você, Jane. — Ele deslizou uma mão entre as
pernas dela, rindo quando ela ficou tensa, mas abriu as pernas um
pouco, não que ele realmente precisasse, mas ela estava respondendo,
completamente sob o feitiço dele. Ele aplicou pressão e calor. —Deixe-
o provar você onde ninguém antes o fez. Não tenha medo. — Ela
começou a recostar-se contra ele, e ele a esfregou em um movimento
circular lento antes de beijar seu pescoço e soltá-la. —Boa menina.

David obviamente percebeu a excitação dela quando respirou e a


viu corar as bochechas. Ela estava praticamente ofegante.
—David, acho que preciso de sangue. — Disse ela, apertando as
pernas.
David abriu a boca para dizer algo, mas ela de repente correu
para a suíte de banho. Lúcifer rosnou quando ela bateu a porta no
rosto de David. Ele não tinha tempo para ela ser difícil.
—Jane? — David bateu na porta. —Você está bem?
—Me dê um segundo. Só estou escovando os dentes! — Ela
gritou.
Lúcifer balançou a cabeça; ela era uma tola se pensava que David
se importava com ela escovando os dentes. Ele se virou para o
cavaleiro quando David limpou o prato e bebeu antes de tirar o pó das
migalhas que ela havia deixado para trás.
—Bebê, você é uma criança bagunçada quando come, você sabe.
— Disse David, rindo.
Lúcifer não entendeu por que aquilo era divertido, mas ele
precisava de David com um humor diferente. Então, ele se mudou
para ele, tocando sua têmpora enquanto falava, e agora apenas David
o ouviria. —Ela ainda sente vergonha de suas feridas. Mostre a ela
como você a vê.
David congelou e pegou um pano ensanguentado que caíra. Ele
segurou-o nas mãos, franzindo a testa.
Mais uma vez, Lúcifer tocou sua têmpora. —Você sabe que ainda
pode perdê-la. Leve-a antes que ela duvide do seu amor novamente.
— Ele empurrou várias lembranças na mente de David, variando dela
nua ou íntima, até ela com a Morte. —A Morte voltará para ela—,
disse Lúcifer, empurrando mais imagens de Jane e Morte se beijando.
—Ele nunca a teve do jeito que você tem, mas ela pode deixá-lo
quando ele voltar. A menos que ela tenha total fé em você. A única
maneira de ela acreditar é se você a fizer sua.
Lúcifer e David olharam quando ela saiu. David engoliu em seco
quando ela saiu apenas de camisa e calcinha. Ela colocou os cabelos
compridos atrás da orelha, revelando as bochechas rosadas. Ela olhou
para David com aqueles olhos grandes e inocentes e nervosamente
mordeu o lábio enquanto puxava a blusa, apenas lembrando-os de
que não estava vestindo calças.
Não havia necessidade de fazer mais nada com nenhum deles.
Ambos eram a fraqueza um do outro. Tudo o que Lúcifer precisava
fazer era sugerir o que já estava lá e esperar.
—Você está linda, querida —, disse David, caminhando para ela.
Ele levantou o queixo e acariciou sua bochecha machucada. —Está
curando bem. Você viu o quão suave está se tornando?
Ela sorriu e tentou olhar para baixo. —Sim. Parece melhor
também. Todas elas.
—Isso é bom. — David esfregou os lábios dela com o polegar. —
Você quer que eu vista roupas para que eu possa alimentar você?
Jane olhou nos olhos dele. —Por que eu precisaria que você
fizesse isso?
David inclinou o rosto para cima e se inclinou para beijá-la,
sussurrando contra seus lábios: —Porque eu estou prestes a alimentá-
la e quero você em sua calcinha fofa e nada mais. — Ele a levantou
sem aviso, mas Jane foi rápida em proteger os braços e as pernas ao
redor dele enquanto David a apertava.
Lúcifer cruzou os braços, observando-os se beijarem enquanto
David a colocava no colo depois de se sentar na beira da cama.
David deslizou a mão por baixo da blusa e pelas costas dela,
para que ele pudesse se aproximar ainda mais, mas Jane empurrou
seus ombros e arrancou sua boca da dele.
Lúcifer a observou e riu quando ela rapidamente puxou a blusa
por cima da cabeça. Agora David e ele, ele supunha, tinham o que eles
queriam: uma Jane de topless em nada além de uma calcinha de
algodão azul com corações brancos. A vampira sorriu com seu prêmio
antes de guiar seus lábios até o pescoço dele.
—Alimente. — Disse David, massageando um dos seios. Jane
não precisava ser avisada novamente. Sua fome estava no auge, e ela
se agarrou ao pescoço dele em um instante, gemendo quando
começou a rolar os quadris. Jane pode não ter sido uma participante
ansiosa do sexo antes, mas certamente sabia como mover seu corpo
quando estava livre.
Quando Jane terminou de se alimentar, ela lambeu o sangue que
derramou e David os mexeu para que ela estivesse deitada na cama.
Ele sorriu quando a beijou, nunca tirando as mãos do corpo dela, e ela
nunca parou de arquear as dela.
David beijou seus ferimentos; ele chupou seus lábios e pele. Ele
lambeu e beliscou as áreas que a fizeram se contorcer, pressionando os
mais carinhosos beijos e carícias nas áreas em que Jane se sentia
inconsciente. David estava adorando-a da maneira que um homem
deveria.
Jane ofegou quando David a lambeu através da calcinha. —Ah!
Merda! — Ela cobriu a boca, olhando para o vampiro entre as pernas.
David sorriu para ela antes de lamber o mesmo local e depois
chupar, provocando-a apenas com o tecido que os separava. —Você
vai me deixar alimentar também, bebê?
Lúcifer observou a hesitação durar um segundo antes de ela
erguer os quadris para David, permitindo que ele removesse sua
calcinha. Ele rosnou quando foi jogada aos pés. Ele olhou quando ela
gemeu quando David finalmente teve o banquete que ele estava
desejando. Jane também não se conteve. Assim como a boa garota que
Lúcifer queria que ela fosse, ela estava confiante. Ela colocou uma
mão na cabeça de David, puxando os cabelos dele enquanto balançava
aqueles belos quadris, mostrando ao cavaleiro que estava no céu com
ele.
Lúcifer admitiu para si mesmo que ela era bonita assim - como
um anjo caído. Com os cabelos espalhados como uma auréola escura,
seu lindo peito arfava enquanto ela gemia e ofegava, com sua doce
boca aberta em êxtase.
David estendeu a mão, massageando um dos seios dela
enquanto ele continuava transando com ela com a boca e puxando-a
para mais perto do clímax.
—David. — Disse ela, os olhos arregalados quando as pernas
começaram a tremer.
O cavaleiro rosnou e apertou sua bunda e peito com força,
fazendo-a cair sobre o precipício em que estava há dias.
Os soluços dela teriam sido música para os ouvidos de Lúcifer,
mas ela estava chorando o nome de David, seu corpo tenso enquanto
o cavaleiro continuava a torturá-la com a boca.
—Oh, por favor, David —, disse ela, puxando fracamente o
cabelo dele. —Eu não aguento. Oh meu Deus. Eu não sabia que
poderia ser assim.
David riu, limpando a boca enquanto beijava a parte interna da
coxa até o quadril. Ele lambeu o estômago dela quando Jane tentou
puxá-lo para cima. Somente porque David permitiu que ela pegasse
seus lábios novamente, e Lúcifer observou quando ela alcançou seu
prêmio. Esta era a única razão pela qual ele permaneceu; ele não
gostava de assistir isso entre eles.
—Eu ainda acho que devemos esperar, Jane. — Disse David,
fazendo Jane e Lucifer rosnarem.
—Eu não quero mais esperar. — Disse ela, colocando a mão
dentro da cueca e acariciando-o.
David balançou a cabeça e a beijou rapidamente, mas afastou a
mão dela. —Eu acho que é uma má ideia. Quero, preciso de você, mas
não parece o momento certo.
Ela franziu a testa e empurrou o peito dele.
David se afastou dela, esfregando o rosto quando a frustração
tomou conta dele. —Bebê, eu não quero incomodá-la. Acredite, eu
quero.
Jane observou David sentar na cama e rosnar enquanto ele
segurava o rosto, tentando se acalmar, ao que parecia.
—David. — Ela sussurrou, saindo da cama. Ela ficou lá, nem
mesmo se cobrindo enquanto o observava.
—Apenas me dê um momento, Jane. Não quero machucá-la
porque é realmente difícil não apenas levá-la.
Jane não disse nada. Em vez disso, ela se aproximou de David,
afastou as mãos do rosto e se ajoelhou entre as pernas. —Você disse
que eu só poderia provar você quando você me provasse. — David
ficou lá, tão atordoado quanto Lúcifer, quando ela sorriu e apalpou a
ereção de David através da cueca. —Se você quiser esperar, tudo bem,
mas eu quero o meu gosto agora.
—Você não precisa. — David disse a ela, colocando a mão sobre
a dela.
Ela sorriu para ele. —Levante-se... A menos que você não me
queira assim.
David foi lento, mas ele se levantou e ela tirou a cueca. —Você
tem certeza, bebê?
Jane respondeu sorrindo e empurrando David de volta para a
posição sentada. —Hum. Jason não é tão grande e nem era... — Ela
balançou a cabeça e sorriu para ele. —Apenas me diga se você não
gostar.
—Jane, você não precisa. Eu só preciso...
Ela não o deixou terminar sua frase. Com um olhar inocente,
mas sexy, para David, ela o lambeu da base até a ponta de seu pênis,
sorrindo antes de dar um beijo ali.
David sibilou, afastando os cabelos que haviam caído sobre o
rosto. —Porra, Jane.
—Está tudo bem? — Ela perguntou, segurando e lentamente
bombeando a mão enquanto lambia mais uma vez.
—Sim, bebê. Perfeito.
—Bom. — Ela sorriu e beijou seu pau mais uma vez, fazendo
David grunhir. —Você tem um gosto bom.
Lúcifer balançou a cabeça e fechou os olhos quando ela
finalmente colocou a boca em volta do pau de David. O gemido de
satisfação do cavaleiro fez o sangue de Lúcifer ferver. Ele abriu os
olhos, rosnando ao ver David segurando o cabelo dela para que ele
pudesse vê-la levá-lo o mais longe que podia. E ela certamente sabia o
que fazer depois de anos fazendo isso. Ela aprendeu a fazê-lo tão bem,
apenas para que pudesse acabar logo com isso.
Jane olhou para cima, encarando o príncipe.
Ela não estava com pressa.
Lúcifer já tinha visto o suficiente. Ele poderia ficar e terminar o
que pretendia fazer, mas não o fez. —Hoje não. — Disse ele, fechando
os olhos e deixando-os para si.

32
IRMAOS
—Sinto muito, doce Jane.
Jane acordou ofegante, os olhos arregalados quando uma
lágrima deslizou em seus cabelos. Ela não virou a cabeça, mas lançou
um olhar ao redor do quarto escuro, rasgando quando a sensação de
formigamento em seus lábios e coração começou a desaparecer.
Ela tocou a boca, ainda procurando no quarto e ainda não
encontrando ninguém. A única pessoa lá era David. Ele estava
dormindo profundamente, mas não era ele que ela estava procurando.
—Morte —, ela sussurrou, jurando que podia sentir a bela
sensação que seu toque lhe deu após as lágrimas caírem agora. Ela não
podia acreditar no quanto realmente sentia falta depois de sentir de
novo. O formigamento desapareceu, e ela entrou em pânico,
estendendo a mão, mas sem tocar em nada. —Não vá.
Quando ela começou a se sentar, David apertou o braço em volta
dela, o que a fez perceber como eles estavam expostos. Os dois
estavam nus com os lençóis apenas parcialmente cobrindo-os da
cintura para baixo.
Ela cobriu os olhos e chorou quando uma dor insuportável se
espalhou de seu coração. —Eu sinto muito. — A dor não foi embora.
Um sentimento vazio se instalou em seu estômago quando sua
garganta se apertou devido a seu esforço para controlar a devastação
que estava sofrendo. —Me perdoe. Ainda te amo. — O rosto dela se
enrugou quando tudo de repente estalou dentro dela. —Oh, Morte,
sinto muito.
David se mexeu enquanto dormia, murmurando, mas não
acordando, lembrando-a de que precisava esconder sua dor. Ela não
queria deixá-lo ver o quanto ela ainda ansiava pela morte - o quanto
ela precisava de seu anjo.
Jane colocou as mãos sobre a boca enquanto soluçava
silenciosamente, seu corpo tremendo porque nada poderia impedir
seu coração partido. —Por favor, não me deixe.
Uma pressão repentina que ela não havia notado até agora
levantou-se do quarto, e ela respirou fundo, soluçando alto desta vez
porque não sentiu nada.
—O que há de errado bebê? — David levantou-se em um braço
quando descobriu o rosto dela e começou a enxugar as lágrimas. —
Jane?
Ela balançou a cabeça, mantendo os olhos fechados. —Estou
bem.
—Não, você não está. — Ele esfregou as lágrimas dela e cobriu
os dois com o lençol. —Fale comigo. — Ele beijou sua testa,
acariciando-a enquanto falava. —Você teve um pesadelo?
—Eu não sei. — Ela finalmente olhou para ele, os olhos ardendo
enquanto tentava evitar gritar com a dor que sentia. —Eu acho que foi
apenas um sonho. Sinto muito por acordar você.
Ele balançou a cabeça e a beijou. —Não se desculpe. Você quer
falar sobre isso?
—Não —, disse ela, se acalmando quando ele começou a passar
os dedos pelos cabelos dela. —Eu ficarei bem. Acho que estou
estressada.
—Pensei ter ouvido você pedindo pela Morte. — Disse ele.
Ela ficou quieta enquanto lentamente encontrava o olhar
preocupado dele. —Acho que conversar sobre ele me fez sentir falta
dele.
Ele sorriu e a beijou antes de se deitar ao lado dela. — Não se
desculpe. Eu sei que você sente falta dele. Tenho certeza que ele sente
sua falta também. Ele voltará para você em breve.
Ele não vai mais, ela pensou, enxugando as lágrimas quando
David a abraçou:
—Acho que vou tomar banho. — Ela tentou se sentar, mas ele a
segurou:
—Eu não quero que você entre lá para chorar sozinha. — Ele
esfregou os olhos cansados antes de pegar sua bochecha e fazê-la
olhar para ele. —Eu sei que você está sofrendo mais do que está me
dizendo. Eu não vou deixar você se punir afogando-se em tristeza por
causa do que você está pensando.
Ela sorriu tristemente e virou-se para beijar a palma da mão. Por
isso o amava. —Eu ficarei bem.
Ele se inclinou e a beijou nos lábios. Era lento, ardente e, de
alguma forma, tão terno com todo o fogo que ele criou. —Eu sei que
você estará, mas quero estar com você, caso precise de mim.
—Obrigada. — Ela puxou os lábios sorridentes de volta para os
dela.
—Sempre, meu amor. — Ele deslizou a mão para o lado dela. —
Podemos tomar banho e enviar para o café da manhã. Quero que você
faça uma boa refeição antes de partirmos. Preciso de sangue e para
alimentá-la também.
Jane tocou sua bochecha. —Você parece pálido.
Ele sorriu e beijou o nariz dela. —Acho que minha pequena
vampira me drenou. E não sugando meu sangue.
Ela corou e escondeu o rosto enquanto ele ria. Ele beijou seu
ombro antes de sair da cama.
—Eu vou esquentar o chuveiro para nós. Se você não se juntar a
mim em cinco minutos, eu vou buscá-la.
Ela olhou enquanto ele se afastava. Nu. Sorriu mesmo que
doesse. Ela não se arrependia do que eles fizeram, mas ela se
arrependia de não ter se acabar tudo com a Morte antes de iniciar seu
relacionamento com David. Se era ele, e não sua imaginação , ela
nunca se perdoaria por ele descobrir assim.
—Quatro minutos, querida. — Disse David, interrompendo sua
tristeza interna.
—Estou voltando. — Ela sentou-se, rindo quando o ouviu fazer
xixi.
—Merda. Não entre aqui ainda. — Ele riu e havia o som de algo
caindo.
—Você está em bem? — Ela se aproximou lentamente.
—Foda-se. — Ele riu de novo.
Ela alcançou a porta e cobriu a boca enquanto ele estava em
frente ao banheiro, urinando, mas claramente levando-o a toda parte.
—Bebê, eu disse para você esperar. — Ele continuou rindo
enquanto tentava alcançar o rolo de papel higiênico.
Ela riu e se aproximou para lhe entregar o papel higiênico e lhe
deu um beijo nas costas. —Alguém não tem nenhum há algum tempo.
Ele chegou atrás dele e conseguiu bater em sua bunda. —Eu sei
que vou mijar após qualquer tipo de liberação, bebê. Alguém queria
abraçar, e eu estava cansado quando você parou de esfregar sua
bunda contra mim.
—Você pode dizer boquete. — Ela riu e beijou as costas dele
novamente antes de caminhar até o enorme chuveiro de pedra. —E
certifique-se de limpar o assento. Se eu sentar no seu xixi, não vou
esfregar minha bunda em você novamente.
Assim que ela ficou sob o jato d'água, sentiu um braço em volta
dos seios e outro em volta do estômago. —Sua bunda é como um
gatinho carente, Jane. Você não tem controle sobre o que faz. Ela me
ama.
Ela sorriu e encostou a cabeça no peito dele, sorrindo mais
quando ele começou a esfregar sabão sobre o corpo dela.

Jane olhou para a mochila enquanto David falava com Thor.


Todo o seu grupo estava reunido em uma saída, e eles estavam
esperando Odin.
—Papai honrará nossa aliança, Sir David —, disse Thor, olhando
para ela por apenas um segundo antes de David rosnar. —Eu estava
indo apenas para cumprimentá-la.
—Você já disse o suficiente para ela. — Disse David,
bloqueando-a com o corpo, mas ela suspirou e foi para o lado dele.
—Olá, Thor. — Disse ela, colocando rapidamente o braço de
David em volta dos ombros.
Thor olhou para David antes de inclinar a cabeça para ela. —
Saudações, Jane. Você parece bem; Espero que você esteja se sentindo
revigorada. Temos uma longa jornada a pé pela frente.
—Estou revigorada e estou me sentindo muito melhor. — Ela
tocou sua bochecha. Agora era apenas rosa, e o inchaço praticamente
desapareceu. —Obrigada.
—Claro —, disse Thor, esfregando a barba ruiva. Ela ainda não
estava acostumada a vê-lo como ruivo. —Eu também queria me
desculpar pelas minhas palavras e comportamento ontem. Eu não
deveria ter deixado minhas emoções tirarem o melhor de mim.
Ela sorriu e olhou para David. Ele não estava sorrindo.
—Desculpas aceitas —, disse ela. —Eu sei que David se
arrepende de ter dito algumas das coisas que ele disse. — David
resmungou, mas ela continuou falando. —E peço desculpas também.
Eu não deveria ter abusado do meu poder.
Thor riu quando olhou de volta para David. —Eu não deveria ter
jogado Mjölnir. Você tinha todo o direito de defendê-lo como o fez e
devo dizer que estou impressionado. Também tenho vergonha de
dizer que David é o único ser, além de mim, que o levantou, e agora
devo admitir humildemente que sua companheira, a pequenina que
ela é, pode levantá-lo simplesmente porque ela queria tirar minha
cabeça.
Jane corou. —Sinto muito por isso. Eu realmente não estava
pensando. Juro que não vou contar a ninguém.
David riu e beijou o topo da cabeça dela. —Vou contar a todos
por você, então.
—David. — Jane disse, dando uma cotovelada nele.
Ele piscou para ela, sorrindo para Thor. —Ele chamou minha
mulher de pequenininha. Estou dizendo a todos.
Ela balançou a cabeça, suspirando quando se virou para pedir
desculpas.
Thor levantou a mão para ela. —Eu aceitarei o castigo dele. Eu
mereço.
—Você sabe —, disse David, flexionando o braço em volta dela.
—Seu pai merece pior, no entanto.
—Eu entendo —, disse Thor. —Farei o meu melhor para manter
o espaço e a paz entre as nossas partes.
—Obrigada. — Disse Jane, sorrindo.
Thor sorriu de volta, o que fez David rosnar.
—Esse seu lado protetor é divertido —, disse Thor, rindo. —Não
é à toa que as mulheres estavam desmaiando com a menção do seu
nome durante o banquete da noite passada.
—O que? — Jane perguntou. Seu tom combinava com o olhar
sombrio que ela sabia que estava dando a ele.
—Tolo —, disse David, balançando a cabeça. —Vá ver seus
homens para que eu possa vê-la.
Thor curvou-se, sorrindo enquanto saía, apenas para ser atingido
na nuca por Gareth e Gawain.
David a guiou para um canto da sala antes que ela pudesse ver o
que era aquilo, cruzando os braços como uma criança enquanto ele
balançava a cabeça para ela. —Bebê, você sabe muito bem que fui
procurado por mulheres.
—Parabéns. — Disse ela, virando a cabeça para o lado, longe da
visão de Ártemis entrando na sala.
—Jane. — David segurou suas bochechas. —Você está
seriamente chateada? Você deveria se sentir lisonjeada, o que eu acho
que era a intenção dele, mas ele é um tolo e não sabe o que significa
manter uma mulher solteira.
Ela olhou para ele. —Com o que eu ficaria lisonjeada? E ele era
casado.
Ele passou a mão pelo rosto. —Jane, casamento nem sempre
significa fiel... E ele quis dizer que eu nunca fui protetor ou territorial
com uma mulher antes - todos os imortais podem atestar isso.
—Sério? — Ela apertou os lábios, olhando para longe do rosto
divertido e sexy dele.
Ele manteve as mãos no rosto dela e se aproximou. —Então, é
surpreendente que alguém me veja dessa maneira sobre uma mulher.
Ele está dizendo que elas provavelmente têm inveja de que você tenha
me causado um comportamento tão fora do personagem, e elas sem
dúvida entendem que eu sou assim por causa do meu incrível amor
por você.
Ela descruzou os braços e olhou de volta para ele. —Você
realmente não deu atenção às mulheres antes de mim?
Esse sorriso lindo se espalhou por seus lábios. —Não, Jane. Além
da minha irmã e das esposas, eu quase não pronunciei algumas
palavras para nenhuma. As empregadas que você via geralmente
tiveram mais contato comigo. Expressei minhas ordens para que elas
realizassem tarefas de limpeza ou refeição, as dispensei quando
demonstravam muito interesse ou as ignorava até que me deixassem
em paz. — Ele alisou o cabelo dela para trás. —Isso te agrada?
—Eu acho. — Ela deu de ombros, sorrindo quando ele colocou as
mãos na cintura dela.
—Tão adorável, bebê. — Ele a puxou contra seu corpo e inclinou
o rosto para cima. Ela era tão baixa ao lado dele, que ele parecia gostar
por algum motivo. —A única mulher pela qual eu vou ser assim é
você. E talvez eu intimide os homens quando Natalie ficar mais velha.
Ela sorriu tanto que doeu.
A voz de Gareth interrompeu seu pequeno momento. —Você
não pode revidar.
—Porque não? — Thor perguntou quando Gareth apertou sua
própria mão como se estivesse se preparando para lutar.
Gawain massageou os ombros de Gareth e olhou para Thor. —
Porque este é o nosso direito.
Thor balançou a cabeça e apontou o martelo na direção de Jane e
David. —Ela é companheira de David, não sua.
—Ele está ocupado —, disse Gawain, balançando a cabeça. —E
Gareth e eu a adotamos como nossa irmã, então este é o direito
fraternal que estamos exercitando.
—Idiotas —, disse David, rindo quando ele se inclinou e beijou
sua testa. —Deixe-me ir salvar seus irmãos antes que eles se
machuquem.
Jane sorriu quando ele se afastou, dizendo a Gareth para parar
de envergonhá-los.
—Fora, irmão —, disse Gareth, acenando para David. —
Defenderei a honra de Jane com meus poderosos punhos.
—E quem irá defendê-lo, seu palhaço? — David perguntou,
parando ao lado de Gawain.
Ela sorriu, cobrindo a boca para não rir quando Gareth apontou
que ele esperava que ele - David - ajudasse, caso ele morresse em
batalha.
—Eles são bons companheiros para você.
Jane se virou e viu Hades parado ao lado dela. Ela sorriu e se
virou, notando que David imediatamente pegou alguém que estava
com ela, mas relaxou quando ele parecia confiar em Hades e voltou-se
para Gareth.
—Eu os amo. — Disse ela, vendo Gareth espetar o ar enquanto
os outros cavaleiros começaram a gritar como melhorar sua técnica,
caso desejasse sobreviver.
—E eles você —, disse Hades, rindo quando Gareth bateu no
peito como um gorila. —Você percebe que eles se comportam como
você, não é?
Ela inclinou a cabeça e perguntou: —Como assim?
Ele apontou para os irmãos. —Eles usam o humor para distrair
ou melhorar o humor daqueles que amam. — Hades sorriu para ela.
—Você faz isso, assim como a Morte quando ele está com você.
O sorriso dela sumiu e ela olhou para baixo ao se lembrar do que
havia acontecido quando acordou. —Você o viu?
Hades suspirou, colocando a mão em seu ombro. —A última vez
que vi meu mestre foi no Texas, quando ele me ordenou que
encontrasse um caminho para você. Ele desligou a conexão comigo.
Houve momentos em que procurei orientação e não sinto nada da
nossa conexão.
Ela chorou. —O que isso significa?
—Só que ele deseja ficar sozinho —, ele acalmou. —e ele
provavelmente está ocupado. Como você, sinto suas emoções quando
ele as possui. É só quando as coisas envolvem você, Jane. Você sabe
disso, certo?
Ela encolheu os ombros. —Eu não tenho certeza se ele sente
mais.
—Isso não é verdade.
Jane levantou a cabeça e esfregou os olhos para não chorar. —É
possível para ele romper seu vínculo comigo? — Seu peito palpitava
com tanta dor que ela cobriu seu coração.
Hades esfregou as costas dela. —Seria como se vocês dois
tivessem sido destruídos. O que aconteceu, jovem beleza?
Ela balançou a cabeça. —Não é nada. Acho que ele deixou nosso
vínculo intacto, mas acho que ele sabe sobre David e eu.
Ele a puxou para um abraço, estendendo a mão quando David
começou a se aproximar.
—Ela está bem —, Hades disse a ele antes de sussurrar em seu
ouvido, —Ele sabia que você se aproximaria de David, Jane. Ele não é
bobo; ele sabia que você desenvolveria sentimentos por seu cavaleiro.
Ela chorou contra o peito dele. —Então ele me deixou
completamente?
—Não —, ele disse. —Eu não faria suposições assim. Ele é muito
particular; ele não tem ninguém com quem se importe, mas você.
Imagine sua confusão e frustração quando ele percebeu que você foi
predita como companheira de David.
—Eu não escolhi David enquanto ele estava comigo, no entanto.
Só não entendo por que ele me abandonou.
Hades acariciou sua cabeça, ainda sussurrando tão baixo que os
outros não ouviam, exceto talvez David. —Ele nunca te abandonaria.
Não conheço os planos dele, mas sei que ele voltará um dia. Se você
estiver feliz, ele ficará feliz por você. — Ela se inclinou para trás e ele
sorriu, esfregando as lágrimas enquanto continuava. —Não sinta
culpa por aceitar David. Se alguma coisa, ele pode estar lhe dando
espaço porque sabia que acabaria.
—Mas eu preciso dele. — Ela cobriu a boca e olhou para David,
que já a observava.
Hades virou o rosto para ele novamente. —Você precisa do seu
companheiro. Você é a Outra de David, Jane... A Morte entende isso.
Está na hora de você abraçar essa verdade.
Um inferno violento rugiu dentro dela. —Eu sei quem eu sou
para David. — Ela deu um passo atrás. —Mas não posso desistir da
Morte. Ninguém pode me forçar a fazê-lo.
Hades olhou para trás quando os braços de David a puxaram
contra ele.
—Bebê, ninguém vai forçar você. Muito menos eu. — Ele a
abraçou, seu corpo a impedindo de ver todos enquanto ela se virava
para abraçá-lo. —Você poderia nos dar licença, Hades?
—Claro. Peço desculpas por incomodá-la, Jane. Esqueça o que eu
disse; Estou certo de que ele voltará.
Jane não respondeu, e ela enxugou as lágrimas enquanto ouvia
Hades se afastar e os cavaleiros irritando Gareth.
—Jane, o que aconteceu? — David inclinou o rosto para cima e
ela não conseguiu esconder sua angústia.
—Ele estava lá. — Mais lágrimas caíram e ela tentou se
desculpar, mas não conseguiu.
David observou o colapso dela por um momento antes de
finalmente falar. —Esta manhã, você quer dizer... Por isso ficou
chateada? — Sua mandíbula apertou, mas ele tentou respirar sua raiva
óbvia. —Por que você não me acordou quando ele chegou lá?
Ela balançou a cabeça. —Eu não o vi, mas sei que deve ter sido
ele. Eu o ouvi e o senti. Pelo menos acho que sim. Pode ter sido um
sonho, mas tenho certeza que ele veio e nos viu dormindo assim. Não
queria que ele descobrisse dessa maneira.
Ele assentiu e a abraçou, apoiando a cabeça no peito dele. —
Compreendo. Me desculpe, meu amor. Eu sei que você não deseja
machucar ninguém que você ama. Tente não se estressar - ele parece
entender você mais do que ninguém. Eu sei que ele nunca poderia
ficar bravo com você.
—Sinto muito, David. — Ela olhou para cima, sorrindo até que
de repente viu chamas ao seu redor. Ela começou a recuar, mas elas
desapareceram quando David agarrou seu rosto.
Seus olhos estavam arregalados, mas ele relaxou rapidamente e
beijou sua testa. —Está bem. Também não estou com raiva. Eu amo
você e aceito a Morte em sua vida. Quando ele voltar, você não terá
medo de afastá-lo. Não vou pedir para você deixá-lo ir. Ok?
Jane assentiu, respirando com mais facilidade enquanto olhava
nos olhos preocupados dele.
Um sorriso tenso se formou em seus lábios quando ele
constantemente trocava o olhar, estudando os olhos dela.
—Há algo de errado com meu rosto? Meus olhos estão inchados?
— Ela levantou a mão para tocar embaixo do olho.
—Não. — Ele balançou a cabeça e beijou sua testa novamente. —
Você está linda.
—Eu pareço o Quasimodo. — Ela sorriu quando ele olhou para
ela. —Ok, irmã de Quasimodo.
—Jane —, ele disse, franzindo a testa mais. —Você se parece com
a minha Jane.
Ela ficou na ponta dos pés e franziu os lábios. —Beije-me.
Ele riu, mas deu um beijo em seus lábios. —Vamos salvar seus
irmãos agora?
Eles olharam a tempo de ver Thor entregar seu martelo a
Gawain, que o derrubou.
—Eu só o derrubei porque não sou seu servo —, disse Gawain,
cruzando os braços. —Não porque era muito pesado. Minha
irmãzinha jogou esse martelo, você sabe. Como o chocalho de um
bebê.
David agarrou a mão dela e a puxou para a multidão: —Não nos
envergonhe, Gareth.
—Não se preocupe, irmão. Eu triunfarei. — Disse Gareth,
piscando para ela.
—Gareth, por favor, pare. — Disse ela, rindo enquanto ele
balançava a cabeça.
—Eu seria indigno de me chamar de seu irmão, querida. Devo
lutar com ele.
Jane olhou para Thor. Na verdade, ele era muito maior que
Gareth, talvez até David.
Ele riu de seu olhar preocupado. —Não tema pelo seu
companheiro cavaleiro, Jane. Permitirei isso sem perder a paciência
para provar a você e a Davi, eu ficarei bem.
Gareth ofegou: —Eu sou o irmão dela!
—Eles estão brigando com palavras, mano. — Disse Gawain.
David cobriu o rosto. —Eu não os conheço.
Jane riu quando Gareth levantou dramaticamente as mãos,
lembrando-a daquelas fotos antigas de boxe.
—Coloque-se em posição. — Disse Gareth, movendo os punhos
em movimentos circulares.
Thor riu, mas imitou Gareth, fazendo a multidão aplaudir.
David puxou-a na frente dele, abraçando-a em volta do pescoço
e no peito. —Gareth, eu estou batendo na sua bunda se ele acertar
você.
—Não me distraia - eu o tenho exatamente onde eu o quero. —
Gareth fez vários movimentos estranhos com suas pernas, fazendo
com que os cavaleiros gargalhassem.
Suas bochechas estavam sofrendo e rosto de Thor estava ficando
vermelho de tentar não rir.
Assim como Gareth deu um soco adequado, Thor estendeu a
mão e pegou isto.
—Eu exijo SABER O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI!
Todo mundo olhou enquanto Odin entrava no círculo. Ele olhou
entre seu filho e Gareth e depois para ela e David. Arthur entrou atrás
dele, mas ele apenas balançou a cabeça.
—Pai, estávamos apenas entretendo as tropas antes de partir. —
Disse Thor, soltando o punho.
Gareth apertou a mão dele, mas fez um gesto de 'eu estou de
olho em você' para Thor antes de ir embora.
—Você está se fazendo de bobo! Pegue seus equipamentos e
homens para que possamos partir. — Odin passou por ela e David,
sem olhar para nenhum deles.
Jane olhou para baixo, suspirando. Ela não iria ficar do lado bom
de Odin e não o culpava.
—Vamos arrumar seu cabelo para a sua máscara, Jane. — David
disse, acenando para ela ir na direção que Gareth e Gawain tinham
ido.
Ela assentiu, sorrindo suavemente quando ele bateu na bunda
dela e disse-lhe para se apressar.
— Eu tenho pernas curtas —, disse ela, rindo e gritando quando
ele a levantou, jogando-a por cima do ombro. —David!
—Você disse que suas pernas eram curtas. Estou ajudando.
—Olha, irmão —, disse Gawain, rindo. —Jane transformou nosso
David em seu companheiro alfa, finalmente.
Jane cobriu o rosto, rindo. —Vocês são idiotas.
—Ela disse para todos vocês. — Gareth riu, mas sibilou quase
imediatamente: —Porra, acho que ele quebrou minha mão.
David bateu na bunda dela uma vez antes de levantá-la. No
entanto, ele não a colocou de pé. Ele segurou-a - com o braço afastado
- rindo. —Você quer que eu veja se eles têm um portador de bebê,
meu amor? Talvez possa carregá-lo para que suas pernas curtas não se
cansem. Preciso delas suficientemente fortes para me envolver.
—Droga, David —, disse Gareth, puxando um dos dedos retos
enquanto fazia um barulho estridente. —Eu disse para você não
quebrá-la. Diga-me se ele quebrar você, querida. Eu vou vingar você.
Ela sorriu para ele, mas olhou para David. —Você não deveria
tirar sarro de mim por ser baixa.
Ele a aproximou, colocando os antebraços embaixo da bunda
dela, de modo que suas pernas balançaram. Ela empurrou seus
ombros para que ele não conseguisse um beijo.
—Boa garota, Jane! — disse Gareth, gritando. — Castigue ele e
sua estatura.
David riu e puxou-a para ele, beijando seu beicinho. —Você está
com raiva de mim, meu amor?
—Eu não estou bravo com você, meu David —, disse Gawain,
pegando um maço e sua espada. —Você sabe que eu nunca posso ficar
bravo com você, querido.
Jane sorriu e beijou David novamente.
—Ele é bastante sonhador. — Acrescentou Gareth, fazendo-a rir
contra os lábios de David.
—Certo! — Gawain disse, embainhando sua espada. —Eu acho
que são os olhos dele ou talvez aquele - como você chama isso, irmão?
—Um sorriso de cair a calcinha. — Disse Gareth, abaixando um
copo de sangue.
—Sim, obrigado! — Gawain puxou uma máscara preta por cima
da cabeça, mas a empurrou para que parecesse um gorro. —Um
sorriso de cair a calcinha. Embora não queira imaginar as roupas de
baixo de nossa irmã voando pela sala. Vamos nos preparar para a
partida.
Jane abraçou David enquanto ele ria e disse para eles pararem.
—Bem, agora tudo o que vejo na minha cabeça são as calças de
Jane voando na velocidade do som. Você viu o jeito que ela olha para
ele. — Disse Gareth, ganindo quando David parecia dar um soco nele.
Ela sorriu porque David ainda não a derrubaria. Ele a estava
segurando seriamente como uma criança com um braço embaixo de
sua bunda enquanto pegava coisas da mesa. Jane apenas sorriu e
olhou ao redor da sala. Ela sabia que eles estavam sendo tolos demais
para animá-la, e ela amava todos eles por isso.
O sorriso dela vacilou quando avistou Ártemis. A deusa parecia
melhor; ela parecia preparada para a missão deles, mas Jane
reconheceu o olhar ansioso que Ártemis usava e sabia que era David,
talvez até os cavaleiros, que Ártemis ansiava.
David a virou, bloqueando a visão de Ártemis enquanto ele
segurava duas presilhas de cabelo elástico. —Sinto muito por ter
esquecido de dizer para você organizá-lo para que caiba bem sob a
sua máscara.
Ela as pegou quando ele a abaixou para que ela pudesse ficar de
pé. —Obrigada. — Ela imediatamente separou o cabelo para colocá-lo
em tranças baixas de cada lado. —Devo trançar ou está bem?
David estava apenas olhando para ela, sem piscar.
Gareth bufou e deu um soco no ombro de Gawain. —Olha, ela
fez isso com ele. Ela o quebrou.
David balançou a cabeça. —O que você disse, bebê?
Gawain e Gareth uivaram de rir.
Ela só podia sorrir quando terminou de arrumar o cabelo. David
nada. —Eu acho que você respondeu minha pergunta.
Gareth apontou para ela. —Jane, se você trançar, eu acredito que
você pareceria uma princesa nativa americana.
Gawain bateu palmas. —Príncipe David e princesa Jane. Espero
que estejamos convidados para o casamento.
Por um momento, David olhou para ela novamente. —Bebê,
você é nativa americano?
—Abençoe-o, ele está imaginando. — Gareth deu um tapa em
David no ombro dele enquanto Gawain jogava uma mochila para ele.
Ela corou. —Eu realmente não sei, na verdade. Minha tia nunca
me disse o que ela e mamãe eram. E tudo o que sei é o sobrenome do
meu pai, que é o meu nome de solteira: Mortaime.
Os olhos de David se arregalaram, assim como os de Gareth e
Gawain.
—O que? — Ela perguntou. —Eu sei que ele era francês, mas não
sei se ele está inteiro ou o quê, e não sei o que minha mãe era.
—Bebê, você sabe o que essas duas palavras se traduzem em
francês?
Ela fez uma careta. —Não. Nunca pensei em duas palavras.
— Mort e aime, Jane — disse Gareth, balançando a cabeça. —
Mort se traduz em morte, enquanto aime se traduz como amor. Não
tenho certeza se você sabe que Jane significa: “Deus é gracioso” ou
“presente de Deus”. Então, seu nome significa: Presente de Deus que
ama a Morte.
33
O REI LOBO
Jane estava morrendo de frio. Não ajudava que ela estivesse de
barriga para baixo, expondo suas partes do corpo mais vulneráveis ao
chão congelado abaixo dela. Ela estava arrependida de todos os maus
pensamentos que já teve sobre o verão quente em casa.
—Burra do caralho. — Ela deixou escapar, tremendo tanto que
quase rolou para o lado. Ela ignorou as risadinhas ao seu redor e
fechou os olhos. O vento forte na beira de uma montanha era uma
tortura. Bem, a missão deles tinha sido tortura, e eles só estavam
viajando até agora.
Eles não tiveram que lutar ou matar nada ainda. Ainda assim,
haviam sido três dias de ventos gelados, neve e sendo levantados ou
lançados em penhascos. Ela até caiu por acidente quando Thor
deveria pegá-la e sua luva escorregou. David ficou furioso - quase
lutando contra Thor, e depois daquele incidente, ele foi colado ao lado
dela. Ele estava irritado com todos, menos com ela, rosnando toda vez
que um dos cem homens com eles se aproximava do que ele parecia
necessário. Enquanto Jane era sexy e ao seu lado tinha macho alfa, e os
cavaleiros o achavam divertido, ela estava preocupada. Ele estava
dormindo em cima dela. A princípio, ela pensou que ele estava
brincando, ou apenas ajudando com o frio, mas percebeu que ele
estava garantindo que ela estivesse segura enquanto ele dormia.
Jane abaixou a cabeça no braço enquanto uma forte rajada de
vento rugia ao redor deles. As montanhas eram implacáveis, e
explorar o penhasco mais alto era uma das coisas mais estúpidas de
todos os tempos, na opinião de Jane.
Seus dentes começaram a bater e ela fechou a boca para tentar
detê-lo. Parecia apenas fazer seu corpo tremer mais. Ela fechou os
olhos, tentando pensar nos terríveis verões do Texas, esperando que
de alguma forma a aliviasse desse pesadelo congelado.
De repente o calor a envolveu, e ela parou de tremer quando
uma mão forte deslizou sob sua caixa torácica e a levantou do chão
congelado, puxando-a para um corpo firme.
Jane abriu os olhos, sorrindo quando percebeu que David a
estava protegendo e aquecendo com seu corpo. Ele estava fazendo
uma flexão com uma mão enquanto a outra mão estava espalhada
pelo estômago dela.
Eles usavam máscaras, mas ele acariciou sua bochecha com a
dele antes de sussurrar em seu ouvido. —Melhor?
Ela assentiu, sabendo que não deveriam falar alto, e virou o rosto
para ele. Quando o peito dele flexionou, e ela sentiu nas costas, ela
gemeu baixinho e até empurrou a bunda para ele.
O corpo de David tremeu quando ele riu silenciosamente e
baixou o rosto para o lado do pescoço dela. —Disse que sua bunda me
amava.
Jane queria rolar do penhasco. Ela sabia que todo mundo tinha
ouvido e talvez a tivesse visto se mexendo contra ele como um gato
maldito.
—Estou com frio também, David — Gawain murmurou
baixinho. Ele estava bem ao lado deles, e Jane quase morreu quando
ela olhou para ele e viu seus olhos praticamente brilhando de tanto rir
quando ele falou novamente. —Você pode vir me abraçar a seguir?
David a puxou para mais perto. —Cale a boca, idiota.
Houve algumas risadas silenciosas ao redor deles, mas Jane
sentiu essa tensão em seus músculos. Preocupava-a o quão agitado ele
estava ficando, e ela sabia que ele estava perto de estalar quando seus
dedos flexionaram ao longo de seu estômago.
—Shh... — Ela esfregou sua bochecha contra a dele.
Ele imediatamente relaxou e retornou o gesto, mas Gawain não
pareceu entender o quão voláteis as emoções de David estavam se
tornando.
—Aww —, disse Gawain, suspirando. —Eu quero ser a colher
grande.
Jane sabia que David estava atingindo seu limite, então ela
pensou em defendê-lo. Ela estalou o rosto na direção de Gawain. —
Pare com isso, Gawain. Enquanto estávamos bem e quentes ontem à
noite, você estava congelando suas bolas tentando fazer de Gareth a
colher grande.
Os olhos de Gawain se arregalaram e ela podia ouvir todo
mundo lutando com suas risadas.
—Jane disse bolas. — Gareth chiou.
David finalmente relaxou e abafou o riso na curva do pescoço
dela.
Gawain bufou e se aproximou do penhasco. —Eu só quero
alguém para ser a colher.
—Bem, pare de me perguntar —, Gareth sussurrou, rastejando
ao lado de seu irmão. —Elle vai bater na minha bunda se ela descobrir
que você pediu para compartilhar meu saco de dormir comigo.
—Essa é minha garota. — David murmurou em seu ouvido.
O timbre profundo em sua voz enviou um calafrio através dela.
Ela parou de sorrir e apertou as pernas. Estava deixando-a louca por
não poder beijá-lo sempre que ela queria, especialmente quando ele
estava tão perto.
Ele deu um beijo na cabeça dela e sussurrou: —Mais tarde, meu
amor. — Ele fez um leve movimento de empurrão, fazendo a boca
dela se abrir e os olhos arregalados quando ele acrescentou baixinho:
—E nesta posição.
—David. — Ela sussurrou, inclinando a cabeça.
Seu olhar feroz já estava trancado nela. —Eles não viram. — Ele
baixou a boca na orelha dela. —Mas eles vão ouvi-la hoje à noite se
não acalmar seus hormônios.
A promessa fez seu corpo queimar, mas ela rapidamente voltou
sua atenção para a situação séria abaixo deles.
—Boa menina. — David beijou a cabeça dela antes de voltar a
observar o campo de lobisomens.
—David, você vê como eles os ancoram? — Arthur perguntou.
—Eles têm correntes de prata embutidas nas pernas e no
pescoço. — Disse David.
—O que esse homem está fazendo? — Jane perguntou,
observando um grupo de homens prendendo um dos lobos.
—Eles estão injetando algo —, disse David enquanto o lobo
enorme uivava, soltando uivos e choramingos dos outros. —Deve ser
prata. Estão envenenando-os para impedir que se libertem daquelas
correntes.
Jane cobriu a boca enquanto repetiam o processo em outro lobo.
Ela assistiu a primeira tentativa de levantar-se e cair de bruços,
enquanto o lobo menor a que estava acorrentado se contorcia em
agonia sob os homens que o injetavam.
—Nós os libertaremos, Jane. — David beijou a cabeça dela. —Por
enquanto, você precisa continuar observando.
Era difícil olhar para eles, mas ela se forçou a procurar os
ingredientes do enorme acampamento. Havia centenas de tendas.
Algumas eram grandes, enquanto a maioria era pequena, mas
abrigava cinco pessoas. Uma coisa que se destacava era o quão
diferentes todos os homens pareciam. Muitos eram cruéis, enquanto
outros mancavam ou se encolhiam de medo.
—Existem poucas mulheres. — Disse Arthur calmamente.
David assentiu, abraçando-a. —Parece um acampamento
bastante pequeno para Lycaon. Eu acho que ele deve ter vários. Talvez
ele mantenha as vítimas separadas para impedir que sejam abatidas a
cada mudança.
Jane ficou observando os homens; David já havia dito que,
embora estivesse escuro, ainda havia luz do dia, e os lobisomens
mudariam em breve. —David, alguns desses homens não parecem
ruins.
Ele parou de falar com Arthur e a abraçou. —Jane, eles foram
arrancados de suas casas e transformados. Quase todos são vítimas,
mas são monstros controlados por um mais perigoso. — Ele cutucou a
cabeça dela para a esquerda. —Aquele homem que você vê mancando
provavelmente matou centenas de pessoas inocentes. Ele pode odiar o
que fez, mas ainda é um monstro. Ele não tem controle e mata porque
é isso que ele se tornou. — Ele a cutucou novamente para ver outro
homem chutando um homem que não parecia capaz de andar. —É
isso que eles acabam se tornando. Muito poucos têm vontade de lutar
contra o que são. Aqueles que são desafiadores são mortos por Lycaon
ou aqueles a quem ele tem maior autoridade. Os fracos quebram e se
tornam tão maus quanto aquele homem, ou morrem como o homem
que você o vê chutando. — David beijou atrás da orelha dela e
suspirou. —Nós devemos destruir todos eles, Jane. Não há como
voltar dessa maldição.
Seu nariz queimava junto com os olhos enquanto tentava
controlar suas emoções. Estava claro agora por que eles tinham sido
tão tolos com ela e por que David se permitiu ser o centro de sua
diversão - eles sabiam que isso iria partir seu coração.
David a abraçou mais forte quando ela tremeu, não pela
temperatura congelante, mas pela tristeza que enchia sua alma. Ela
não tinha visto os lobisomens como humanos. Lancelot era a exceção,
mas ele provou ser tão mortal e maligno sem se transformar em um
lobisomem. Era difícil processar que eles passaram de homens, muitos
contra a vontade, para os monstros que tentaram matá-la em mais de
uma ocasião.
Jane focou nos cães novamente. Realmente, eles eram apenas
grandes lobos. Havia treze, e eles eram enormes. Assim como David
havia dito, eles eram maiores que Tristeza.
—Os seis lobos grandes são os machos —, disse David. —Os sete
cinza e marrom são do sexo feminino. Normalmente, eles são muito
bonitos de se ver.
Jane não tinha dúvidas de que seriam. Agora, porém, eles
estavam sujos e ensanguentados. Eles pareciam mal alimentados e
incapazes de manter o calor adequado devido à falta de músculos em
seus ossos.
Jane olhou para Ártemis. A deusa não falou muito com ela desde
que deixaram Valhalla. Além do olhar persistente para David de
tempos em tempos, Ártemis ficava quieta e se isolava principalmente
do grupo. Quando Jane sugeriu a David que ela falasse com ele, ele
imediatamente interrompeu a ideia.
Enquanto Jane observava Ártemis agarrar a beira do penhasco,
seu coração doía. Ocorreu-lhe que esses lobos eram os cães que
Ártemis basicamente criara. Eles também eram sua família e, assim
como seus homens, ela os havia perdido.
O estalo alto de um chicote e o uivo que se seguiu
imediatamente depois fizeram Jane pular. Ela se virou e viu um
homem enorme e sem camisa chicoteando os lobos. Ele estava
gritando em um idioma que ela não entendia enquanto ele continuava
a vencê-los.
—Não. — Disse Hades, grunhindo enquanto jogava seu peso em
Ártemis para impedi-la de pular do penhasco.
—Pare, irmã. — Apolo agarrou a mão dela e a segurou quando
ele começou a falar no que parecia o mesmo idioma que o homem
abaixo estava falando.
O som dos uivos dos lobos e do chicote fez Jane choramingar.
Ela sentiu as lágrimas congelarem no rosto e fechou os olhos enquanto
Ártemis soluçava baixinho nos braços de Hades.
—Shh. — David segurou Jane com mais força. —Nós vamos
salvá-los.
Ela esfregou os olhos o melhor que pôde e olhou para a tortura
novamente. Ela sentiu um nó no estômago quando sangue e pedaços
de pele e carne voaram.
—Esse é Lycaon, Jane —, disse David. —O rei lobo, ou como os
nórdicos o chamam, Fenrir.
A tristeza que a estava debilitando lentamente morreu
instantaneamente quando um furioso inferno de fúria tomou conta.
Lycaon tinha cabelos pretos extremamente curtos, quase
raspados até o couro cabeludo, e ele era enorme. Ela não podia
acreditar no tamanho dele, porque ele era definitivamente mais alto e
volumoso que David, talvez até a Morte. Ele era um monstro. Ele a fez
pensar em gladiadores romanos - os campeões que estavam invictos.
Lycaon - o rei lobo - destacou o maior lobo, um preto e branco, e
ele começou a rir na cara dele antes de socá-lo com tanta força que ela
ouviu um osso estalar no penhasco. Felizmente, Lycaon se afastou,
mas não antes de chutar uma pequena loba. Jane sibilou. Sua pele
estava pegando fogo pela primeira vez em três dias. Nunca quis
machucar alguém tanto quanto naquele momento.
—Bebê, acalme-se. — David deu uma pequena sacudida.
Ela queria dizer a ele para se foder, e quando ela percebeu que
quase disse isso, sua raiva diminuiu. Ainda estava lá, mas ela não
podia acreditar que pensava isso em relação a David.
Respire. Jane pegou a ordem interna e fechou os olhos,
inspirando e expirando lentamente.
—Não conseguiremos movê-los, Arthur. — Disse Odin.
Mais uma vez, Jane sentiu o fogo acender. Odin não havia
melhorado seu humor ou chegado perto de aceitá-la. Ele fingia que ela
não existia, e ela estava começando a detestá-lo por isso.
—Os homens estão armados —, disse Apolo, apontando os
guardas ao redor do campo. —Eles podem estar nos esperando.
—Eu não duvido disso. — Disse Odin, deslizando seu olhar para
ela.
Levou cada grama de restrição de Jane para não perguntar a ele
que porra ele estava olhando, mas ela se virou e continuou tentando
se acalmar.
—Teremos que ser furtivos —, disse Arthur. —Talvez os lobos
saiam para caçar quando a mudança acontecer. Se esses homens são
humanos, eles podem estar dispostos a vir conosco. Se eles lutarem,
nós os subjugaremos e os tornaremos como prisioneiros.
Jane lembrou agora que eles não matavam humanos. Parecia
tolice trazer humanos hostis de volta com eles, mas ela imaginou que
isso era burro da parte dela. Afinal, eles eram vampiros e podiam se
proteger.
Odin balançou a cabeça e apontou para os lobos. —Eles não
serão capazes de superar Lycaon ou sua matilha. Seus ferimentos são
grandes demais com a prata neles. Não faz sentido arriscar salvá-los.
Se eles fossem unidos, seria diferente. Mas não temos como tirar a
prata.
Jane falou sem pensar. —Eu posso removê-la. Eu fiz isso comigo
mesma, David e Tristan. Eu posso fazer isso de novo.
Dessa vez Thor falou. —Pode ser, mas o pai está certo,
precisaríamos tirá-los do campo antes que você pudesse tentar.
Ela se afastou deles para encarar os lobos. Os machos estavam
rastejando até as fêmeas, lambendo suas feridas enquanto tentavam
confortá-las, embora também estivessem machucadas. —Ataque o
acampamento do outro lado. Atraia-os do seu jeito, e eu removerei a
prata para que eles possam escapar.
David imediatamente começou a sacudir a cabeça. —Não. Fora
de questão.
Ela olhou para ele. —Eu posso libertá-los.
—Não me dê esse olhar —, disse ele, beijando-a na cabeça. —
Você sabe que é uma missão suicida. Não pense que eu vou me afastar
e ver você ser destruída quando a descobrirem. Você irá drenar toda a
sua energia. A resposta é não: vamos encontrar outro caminho ou tirá-
los de sua miséria com uma bala de prata depois de recuar para uma
distância segura.
Jane ofegou junto com Ártemis.
—Eu não vou deixá-los —, disse Ártemis, cessando seus gritos.
—E você não os tirará da miséria deles.
David ergueu o olhar para Ártemis. —Pode ser o único caminho.
Isso acabará com o sofrimento deles e os impedirá de quebrar sua
vontade. Você sabe que eu estou certo. Eu não diria se não fosse
verdade.
Ártemis olhou para ele, seu olhar piscando para Jane antes de
focar nele novamente. —O David que eu conhecia nunca sugeriria
isso. Você está muito preocupado com ela!
Todo mundo olhou para os três quando os olhos de David
empalideceram.
Jane não sabia o que dizer. Uma parte dela estava pronta para
lutar com essa mulher, mas sabia que Ártemis estava dizendo a
verdade: David não era o mesmo homem que ele era antes dela. Ela
podia ver isso da maneira como ele continuava com outras pessoas
fora do círculo de cavaleiros.
—Deixe Jane fora disso. — Disse ele, seu tom sombrio.
Ártemis olhou para os lobos novamente. —Você não é o homem
que pensei que fosse. Você não é o David que todos os imortais temem
e respeitam. Você não desistiria se não fosse por ela.
—Ártemis, não fale com ele dessa maneira. — Disse Hades,
balançando a cabeça.
—Você sabe que estou certa, tio. Assim como a Morte mudou
para ela, David fez o mesmo. Eles a colocam acima de todos, não
importa o custo para os outros.
—Chega, irmã — disse Apolo, rastejando do lado dela para onde
Jane e David estavam. — Ela é a mulher dele. Claro, ele é protetor.
Ártemis balançou a cabeça. —Todos vocês são covardes agora.
Todos vocês caíram no comando dela sem perceber.
Jane não podia acreditar no que estava ouvindo. Ela olhou em
volta para os outros, e todos evitaram encontrar seu olhar. —Eu não
pedi para eles se importarem comigo, Ártemis.
A deusa virou a cabeça para olhá-la. —Claro que não, você
nunca fez. Tentei deixar de lado minha antipatia por você, mas a
verdade é que você não é como nós. Você é a morte. Todo mundo vai
morrer por você, se você pedir ou não.
—Cale a boca, Ártemis —, David retrucou, mal impedindo a voz
de subir. —Não vou mais ouvir isso. Ela salvou sua vida, e é assim
que você a trata? Cresça e pare de agir como uma criança ciumenta.
Odin se intrometeu. —Ela pode ser uma garota ciumenta, mas
tem razão, sir David. Você mudou. No entanto, você também está
certo sobre esta missão. — Ele olhou para Ártemis. —Os cães devem
acabar com sua miséria, em vez de arriscar a vida de cem homens.
Mesmo que Jane possa remover a prata, ela não pode removê-la de
todos eles a tempo de escaparem.
Jane esfregou o rosto e olhou para os lobos. Cães, sejam eles
quais fossem. Não havia como ela deixá-los. Seus próprios cães
estavam perdidos para ela, e mesmo que não fossem cães, eles
desencadearam a perda que ela mantinha para Kuma e Rocky. Eles
foram atrás dela, talvez para ajudá-la, e provavelmente estavam
mortos.
O esforço necessário para não chorar fez seu corpo inteiro doer.
—Eu não vou deixá-los —, disse ela em voz baixa. —Eu não ligo para
quem pensa que sou má ou estúpida. Isso é sobre os lobos. Eles não
merecem isso. Vocês podem me ajudar ou podem assistir a partir
daqui, mas eu vou lá embaixo - sozinha, se for preciso - e vou tentar o
meu melhor para salvá-los. Se vocês querem ser misericordiosos,
fiquem aqui em cima e coloquem uma bala na minha cabeça com a
deles, se eu falhar.
A temperatura do corpo de David disparou. —Eu não vou
deixar você descer lá sozinha! E você nunca sugira que eu te mate.
Ela sorriu tristemente sem desviar o olhar do maior lobo quando
ele deixou uma fêmea para tentar arrastar a fêmea solitária para mais
perto da fêmea original que ele estava confortando. Ela não sabia por
que aquela estava sozinha, e só podia imaginar que nunca teve um
companheiro ou seu companheiro se perdeu. —Nós dois sabemos que
você não pode me parar.
O silêncio era agonizante, mas ela sabia que não podia voltar
atrás. Ela estava indo para salvar esses lobos.
David exalou e baixou o rosto para a curva do pescoço dela. Ele
respirou o cheiro dela enquanto a apertava. —Bebê, por favor, não
faça isso.
Ela fechou os olhos. As lágrimas nos cílios grudaram uma na
outra, mas ela ainda chorou. Ela odiava fazê-lo se sentir assim, mas ela
não podia simplesmente ir embora. —Eu tenho que ir. Meu coração
não sobreviverá se eu os deixar.
—Mas eu não posso te perder. — Ele beijou seu pescoço, e ela
desejou tanto que pudesse sentir os lábios dele em sua pele
novamente. Ela nunca poderia senti-los depois que tudo acabasse.
—Eu vou com ela. — Disse Ártemis.
David levantou a cabeça e olhou para a deusa. —Eu sei que você
quer seus cães de volta, e você é uma boa lutadora, mas agora vejo
que você não lutará por Jane como ela tem por você. Ela ficará fraca ao
usar suas habilidades, e você a deixará. Não, você não irá com ela. Se
ela for, eu irei com ela.
—Não. — Jane disse ao mesmo tempo que Odin e Arthur.
—David, essa é uma ideia pior. — Disse Arthur.
David rosnou. —Você sinceramente espera que eu a deixe ir
sozinha?
—Eu irei com elas —, disse Hades, olhando entre ela e David. —
A Morte ordenou que eu a protegesse. Você sabe que não sou tolo o
suficiente para deixá-la para trás.
Por um momento, David ficou quieto, mas ele rosnou e a
abraçou com mais força. —Eu não posso deixá-la
Jane estendeu a mão e segurou sua bochecha. —David.
—Não diga isso, Jane. — Disse ele, tremendo agora.
Arthur começou a implorar a David agora. —Pense
razoavelmente, irmão. Se fizermos isso, você precisará estar no centro
da luta. Lycaon não é bobo - ele procurará você em batalha assim que
perceber que estamos lá. E se você não for, ele saberá o porquê.
Quanto mais perto você estiver dela, maior o perigo que ela está.
Agora, eu concordo com você, esta é uma situação terrível, e não
devemos esperar que Jane coloque sua vida em risco, mas ela tomou
sua decisão. A única chance de ela ter sucesso e sobreviver é se lhe
dermos tempo.
—Se Fenrir tiver ordens para capturá-la ou matá-la, ele não
hesitará —, disse Thor, olhando para David. —Ela tem um plano
decente e está determinada. Mas ela não terá chance se ele perceber
que ela não está lá. Ele a espera onde quer que você esteja. Assim
como ele fez antes, ele enviará o bando para ela. A melhor chance dela
é fazê-lo acreditar que ela está em nossa comitiva.
David a agarrou com força e pressionou o rosto em seu pescoço
novamente. Ela sabia que doía ter que escolher entre ela e o que era
certo. Ele tinha sido tão insistente em ficar ao seu lado, protegendo-a
após o ataque horrível que ela sofreu, e agora ela não estava lhe dando
outra opção a não ser deixá-la se colocar em grande perigo.
Jane notou que os outros tinham virado a cabeça. Eles sabiam
que ele teria que deixá-la ir se ela fizesse isso. Eles sabiam que ela
estava pedindo para ele ir contra todos os ossos protetores e amorosos
de seu corpo. Ele estava tremendo, ocasionalmente rosnando ou
beijando seu ombro. Partiu seu coração senti-lo em guerra consigo
mesmo.
—Eu vou ficar segura —, ela prometeu em um sussurro
enquanto acariciava sua bochecha. Ele pressionou o rosto no pescoço
dela mais. —Hades e Ártemis estarão comigo. Vamos fugir, mas você
tem que lutar com os outros. Você sabe que estamos certos.
Ele balançou a cabeça contra o pescoço dela, mas não afrouxou o
aperto. —Você entra e sai —, ele murmurou em seu pescoço. —Você
me entendeu, Jane?
Ela assentiu.
—Eu quero que você diga —, disse ele, apertando seu aperto. —
Diga-me que você os libertará e fugirá.
—Eu entendo, David. Sim, vou libertá-los e fugir.
De repente, ele se arrastou para trás enquanto ainda a segurava
antes de se levantar e levá-la para longe de todos. Ele ainda estava
tremendo quando arrancou a máscara dela, removendo-a logo depois.
O medo em seus olhos azuis apunhalou seu coração, e ela chorou
quando ele esmagou seus lábios nos dela.
Seu beijo era zangado e assustado, mas ela ainda podia sentir
todo o seu amor por ela. Ela beijou de volta com tanta emoção,
ofegando quando o ar frio voltou em sua boca quando ele a levantou e
começou a beijar seu pescoço.
David a apoiou com uma mão segurando sua bunda enquanto a
outra segurava a parte de trás de seu pescoço. Ele beijou o caminho de
volta aos lábios dela, deixando-os lá enquanto falava. —Por favor, não
me faça deixar você ir. Eu não posso te perder.
Ela chorou ao ver como a voz dele quase falhou. —Shh... — Ela o
beijou várias vezes quando o vento gelado picou suas bochechas. —
Você não vai me perder. Eu ficarei bem. Vou me lembrar de usar
meus poderes se estiver com problemas. E Hades estará comigo. Ele
vai me manter a salvo.
David parecia tão magoado com o pensamento de perdê-la, e
tudo o que ela pôde fazer foi beijá-lo novamente e depois abraçá-lo.
Ele a apertou, pressionando o rosto no pescoço dela, respirando
profundamente. —Ainda temos uma hora até a transformação.
—Ok. — Ela assentiu e tentou conter as lágrimas. Tinha que ser
forte por ele, mas estava assustada e odiava vê-lo tão chateado.
—Eu não posso acreditar que estou deixando você fazer isso —,
disse ele antes de beijar seu pescoço. —Você tem certeza? Você não
precisa fazer isso.
Ela sorriu tristemente e virou o rosto para beijar sua bochecha. —
Eu tenho. Eu tenho que usar o que me foi dado. Você sabe que há uma
razão pela qual eu posso fazer o que posso. — Ela beijou sua bochecha
novamente e se afastou. David levantou a mão e segurou o rosto dela,
mas Jane permaneceu corajosa, olhando nos olhos tristes dele,
tentando confortá-lo. —Eu devo fazer isso. Eu sei isso. Não posso
deixar esse homem fazer isso com eles. Ele vai matá-los ou coisa pior.
Não vou deixar isso acontecer.
—Eu sei que você não vai —, ele sussurrou, acariciando sua
bochecha com o polegar. —Basta fazer o que você tem que fazer e me
deixar.
Jane franziu o cenho, balançando a cabeça, pronta para discutir,
mas ele falou novamente.
—Jane, me prometa que você irá embora. A quantidade de
energia necessária para libertá-los vai drená-la significativamente. Por
favor, não discuta comigo. Preciso saber que depois de libertá-los e
remover a prata, você estará em segurança.
O desejo de discutir com ele sobre isso era grande; ela também
não gostava da ideia de deixá-lo. Ela o beijou.
Ele estreitou os olhos quando ela não disse nada. —Diga que
você vai embora. Um beijo seu não é uma resposta para isso.
—Eu prometo que vou embora, David.
Ele sorriu e puxou seus lábios nos dele. —Você está tentando ser
sorrateira, meu amor.
Ela sorriu, feliz por ele estar se sentindo mais à vontade com sua
promessa.
—Eu te conheço mais do que imagina, Jane.
Por alguns minutos, ele a abraçou, acariciando-a onde podia,
descansando o rosto próximo ao dela entre beijos. —Talvez um
milagre aconteça, e eu não vou ter que deixar você ir.
Ela sentiu uma lágrima escapar e tentou limpá-la discretamente.
Ela não queria que ele a visse chorar mais. —Eu prometo que você
pode me segurar pelo tempo que quiser depois que isso acabar. Nua.
Nessa posição, se você quiser.
Ele riu e a beijou. —Minha garota hormonal. Eu sei que você
deseja isso tanto quanto eu. — Ele olhou para o céu e suspirou. —Está
na hora, se você vai fazer isso. Eu acho que você é tão corajosa e boa
por querer. Tenho orgulho de você, mesmo que eu queira impedir
você de fazer isso. — Ele alisou os cabelos para trás e a encarou. —Eu
te amo.
Seus olhos ardiam com o esforço que levava para não chorar
quando ela pensou: eu também te amo. Ela queria contar a ele; ela
queria contar a todos, mas só podia sorrir e torcer para que seus olhos
lhe mostrassem o suficiente de seus sentimentos.
David sorriu finalmente e puxou seu rosto para ele, beijando-a
com tanta ternura que ela queria chorar. Quando ele se recostou, ele
riu e disse: —Eu sei.
Os olhos de Jane se arregalaram. Ele sabe?
Ele sorriu, um sorriso verdadeiramente feliz, e pressionou seus
lábios nos dela novamente. —Diga-me mais tarde, bebê.
Ela soluçou e o abraçou enquanto ele balançava com ela.
—Você não tem ideia de como estou feliz, Jane. E eu te amo
também. Muito. Eu nunca vou parar de te amar. Então volte para
mim, ok? Faça o que for necessário para voltar aos meus braços.
Ela assentiu, abraçando-o o mais forte que pôde. —Eu voltarei.

Os gritos horríveis e estilhaços de ossos enquanto os lobisomens


se moviam aterrorizados e entristeciam Jane. Ela fechou os olhos,
esperando que, de alguma forma, mudasse o que estava prestes a
acontecer, mas os gritos de agonia que passaram para rosnados
provaram que tudo era real. Não havia como escapar deste inferno.
Ela apertou as costas contra as pedras irregulares que estavam
escondidas atrás, os lábios tremendo enquanto se preocupava com
David. Ela sabia que ele era o melhor, mas ele poderia cometer erros
se não estivesse pensando direito. Ela temia que ele se tornasse mais
instável agora que sabia que ela o amava. Era estúpido pensar que ele
iria, mas ela sempre perdia aqueles que mais amava. E aqueles que a
amavam.
Hades colocou a mão na dela, fazendo-a abrir os olhos. Ela olhou
por cima e segurou o olhar dele enquanto ele a dava um aperto suave.
Jane assentiu, tentando mostrar que estava bem. Ela não estava, no
entanto. David lideraria os outros no ataque a qualquer momento, e
ela, Hades e Ártemis estariam em uma corrida para libertar os cães.
Hades deu um tapinha na mão dela antes de avançar. Ele espiou,
mas recostou-se assim que gritos de guerra e aço encontrando carne
encontraram seus ouvidos.
—Tudo bem, Jane. — Sussurrou Hades. — Os cães estão a
cinquenta metros daqui. Vamos nos infiltrar e começar a puxar suas
correntes. Quero que você comece imediatamente a tirar a prata do
sistema deles. Se você se sentir esgotada, me diga. Nós vamos ter que
deixá-los. Não vou deixar você se sacrificar.
—Eu sei o que fazer. — Disse ela, movendo-se para a beira do
mirante, vislumbrando a batalha se afastando.
—Boa menina. — Hades convocou sua espada antes de se afastar
da parede de pedra. —Vamos lá.
Eles decolaram, mantendo-se no chão. Jane olhou para a
carnificina, com os olhos cheios de lágrimas quando jurou ter ouvido
o rugido de David entre centenas.
Ela se virou, calando os sons da batalha. Vou te deixar orgulhoso
hoje à noite. Jane estava determinada a provar a todos que não era o
que pensavam. Ela começou a se concentrar em sua respiração. As
bordas de sua visão escureceram, escavando um túnel. Ela correu,
seguindo Hades até que ele se mexesse, revelando o enorme lobo que
vira Lycaon bater.
Jane parou na frente dele, encarando o macho enorme. Ele tinha
olhos azuis que a lembraram dos de David quando ele estava se
preparando para a batalha.
Ainda respirando pesadamente, ela estendeu a mão para ele. Ele
inclinou a cabeça enorme, como os cachorros costumavam fazer, e
fechou os olhos antes de abaixar a cabeça para que ela pudesse tocá-lo.
Ela ofegou, deixando escapar um grito suave enquanto passava os
dedos pelo pelo sujo dele. O mundo se iluminou novamente, e ela
podia ouvir Hades a repreendendo.
—Você pode acariciá-lo mais tarde, Jane. Retire a prata do
sangue dele. Rápido!
Jane afastou a mão e deu a volta no lobo que ela estava
acariciando. Lembrou-se de que o injetado em uma das pernas
traseiras e procurado. —Shh. Eu vou ajudar. — Jane olhou por cima e
observou Hades e Ártemis puxando as correntes do chão antes de
tentar descobrir como libertá-las. O lobo choramingou e ela olhou
para baixo para ver que tinha sangue na mão. —Aí está. Isso pode
doer, mas eu tenho que tirar isso de você. Fique parado. — Ela sorriu
quando o lobo acenou com a cabeça enorme.
Segurando as mãos sobre o ferimento, ela usou sua mente para
encontrar a prata. —Porra, isso é muito. — Ela soltou um suspiro, mas
começou o processo de retirá-lo dele. A fêmea mais próxima dele
rosnou para Jane, mas ela continuou, sorrindo quando ele rosnou para
a fêmea. Eles a lembraram de como as coisas estavam com ela e David
algumas vezes. —Eu não estou machucando ele. Você é a próxima,
querida.
Jane respirou, sorrindo como uma bola ondulante de prata do
tamanho de uma bola de futebol coletada em suas mãos. Ela o jogou
para longe e deu um tapinha no lobo grande. —Ok, garotão. Vamos
consertar sua garota.
Ele roçou o pescoço de Jane. Mais uma vez, a fêmea rosnou, mas
ele mostrou suas presas para a fêmea até que ela ficou de bruços. Ele a
lambeu também e ficou em cima dela. Jane imaginou que ele estava se
certificando de que ela ficasse parada ou não mordesse sua cabeça,
então ela começou a trabalhar.
Embora ainda fosse muito mais do que ela havia tirado de um
humano, era menos que o do macho grande. —Eu acho que peguei
tudo.
O macho lambeu o ferimento da fêmea, empurrando Jane em
direção ao próximo lobo.
—Muito bem, Jane. — Disse Hades, caindo ao lado dela quando
ele começou a quebrar as correntes nos dois lobos que ela limpou.
Jane não disse nada. Ela queria fazer isso depois de ver como se
saíra com os dois primeiros. E ela continuou a se sair bem, mal
reconhecendo Hades e Ártemis enquanto trabalhavam ao seu redor.
Uma gota de suor rolou em seus olhos, congelando. Ela ofegou,
deixando cair a prata quando Hades deu um tapinha nas costas dela.
—Bravo, Jane. Você fez isso.
Ela olhou em volta, percebendo que ele estava certo - ela passara
por todos os lobos. —Eu fiz isso.
Hades assentiu, mas ambos se viraram quando Ártemis chorou.
—O que está errado? — Jane perguntou, apoiando-se em Hades
quando eles foram até ela. Ela estava com um dos lobos menores, e
Jane percebeu o que estava errado. —Oh Deus. — Ela caiu de joelhos e
tocou levemente as correntes e arames embutidos na perna da loba.
Ela choramingou e se encolheu, então Jane puxou a mão de volta.
Hades começou a inspecionar os danos e balançou a cabeça. —
Tudo depende do osso. Ela pode se curar se a tirarmos, mas eu teria
que cortar as pernas dela. Ela não pode se recuperar disso.
Jane olhou para os olhos cor de mel da pequena fêmea ruiva. —E
se eu tentar liquefazer as correntes e o arame? Você acha que ela vai se
curar o suficiente para fugir?
Ele encolheu os ombros. —Talvez. Mas não sei se você será
capaz.
—Tudo que eu preciso é que ela corra. Eu vou ficar bem. — Ela
não estava bem e sabia disso.
—Tente, mas se você não puder, devemos deixá-la. — Ele
colocou a mão na cabeça da loba, e o coração de Jane apertou quando
acenou para ele.
Jane percebeu que esta também era a loba que o grande macho
havia arrastado para ele com sua fêmea. Ela não tinha um
companheiro. Seus olhos ardiam, mas ela sorriu, tentando mostrar
que estava confiante enquanto segurava as mãos sobre as correntes. —
Me desculpe se isso doer.
Hades segurou as mandíbulas da loba enquanto Ártemis
ajudava a firmar a perna para ela.
Estava funcionando. Ela teria gritado quando viu as correntes
começarem a pingar no chão, mas ficou o mais quieta possível. Ela
começou o processo novamente, mas todos olharam quando o rugido
de David sacudiu o ar.
—Algo está errado —, sussurrou Hades. —Rapidamente, Jane.
Temos de ir.
Mais cavaleiros começaram a gritar, e ela entrou em pânico. Ela
não sabia se estava tremendo de medo ou porque estava se drenando.
—Eles estão tentando chamar a atenção para si mesmos —, disse
Ártemis. —Longe de nós.
Jane chegou à terceira perna. A loba cutucou sua mão, mas ela a
afastou. —Eu não vou te deixar, garota. Estou quase pronta.
—Droga, Ártemis. — Disse Hades, em pânico.
Jane virou os olhos para ele, percebendo que Ártemis havia solto
uma flecha. Bem em Lycaon.
—Oh, merda. — Jane disse, quando Lycaon se moveu,
permitindo que a flecha de Ártemis empalasse um de seus
lobisomens.
Hades se levantou, convocando sua lâmina e correntes. —
Corram! — Ele gritou com Ártemis. —Pegue-os e corra, garota
estúpida!
Jane desviou o olhar de Hades repreendendo Ártemis e
diretamente em um par de olhos negros. Ele sorriu e um grande
número de lobos se afastou da batalha e começou a correr em sua
direção. Ela respirou fundo e olhou para a loba, tentando terminar o
trabalho que estava fazendo.
—Jane, deixe ela.
Ela olhou para as mãos trêmulas e balançou a cabeça. —Eu não
posso deixá-la.
Hades tentou afastá-la, mas ela estendeu uma mão na direção
dele. —Vou drenar mais rápido se eu lutar com você também. Me dê
trinta segundos, porra!
Hades rugiu e se afastou, balançando as espadas, gritando para
os outros. O céu brilhava com chamas, e Jane podia ouvir Tristan e
Apolo usando suas habilidades.
Jane foi para a última perna. —Estamos quase lá, garota. E então
você pode ir com Ártemis e seus amigos. — Ela olhou em volta e
percebeu que Ártemis e os outros lobos se foram. —Puta do caralho.
Jane colocou as mãos sobre a perna. —Você não. Sua mestra...
Fique parada.
Mais uma vez, ela fez maravilhas e riu quando a loba de repente
ficou com as pernas trêmulas. Ela a cutucou e desabou, mas foi capaz
de se erguer novamente.
—Boa menina —, disse Jane, acariciando-a. —Vá encontrar
Ártemis. Estou chegando. — A loba abaixou a cabeça, tentando pegá-
la de costas, mas caiu de novo.
Desta vez, lágrimas caíram dos olhos de Jane e ela empurrou a
loba. —Você não pode me carregar nessas pernas. Vá. Estou
chegando.
Um assobio soou das árvores, e a loba levantou a cabeça,
olhando na direção em que Jane imaginou que Ártemis tinha ido.
—Vá —, disse Jane. —Eu vou para o outro lado e vejo você em
breve. Vá. Eles vão nos alcançar se eu for com você.
Outro assobio soou e, desta vez, a loba fugiu.
David rugiu de dentro da massa. —LYCAON!
Jane observou a loba chegar às árvores e finalmente se virou
para ver o rei lobo caminhando em sua direção. Ele estava
completamente nu com sujeira e sangue cobrindo seus músculos
enormes.
Hades gritou: —Corra, Jane! David!
Ela não podia, e soluçou enquanto tentava se arrastar para longe
do líder lobisomem, que agora estava a um metro e meio dela.
—Eles não chegarão a tempo —, disse Lycaon, sorrindo. —Devo
dizer que estou bastante decepcionado. Eu esperava que a Grande
Jane fosse uma lutadora. Não é uma garota encolhida pronta para ter
outros lutando por ela.
Jane olhou para ele enquanto usava uma pedra para se erguer.
Quando ela caiu, ele jogou a cabeça para trás e riu.
Ela continuou tentando ficar de pé enquanto o observava
caminhar até uma caixa.
—Aqui. — Ele jogou um pequeno pacote para ela. —Se vamos
lutar, quero você pelo que realmente é.
Jane olhou para o chão, para uma bolsa de sangue que ele jogara
para ela.
—Você é uma vampira, não é? Tolos. Você poderia ter trazido
uma mala com você... Ele cruzou os braços e desviou o olhar. —Ele
está preocupado com sua companheira, não é? Ele nunca deveria ter
trazido você. — Ele olhou para ela. —Beba isso agora. Eu só vou te
matar se você lutar. Se não, eu vou levá-la, te foder e deixar seu corpo
quebrado para o príncipe. Você me entendeu, garota?
Ela pegou o sangue, seu coração se partiu quando David gritou.
—Depressa, pequena vampira—, Lycaon disse, rindo. —Ele está
realmente destruindo a maioria das minhas fileiras. Ainda assim, eles
o manterão ocupado demais para chegar até nós a tempo.
Jane mordeu a bolsa, engolindo o sangue amargo o mais rápido
que pôde, sem derramar nada.
Sinto muito, David.
Lycaon riu enquanto se aproximava. —Isso não era tão ruim
agora, era? Eu posso ser um cara legal, sabia?
—Você é um monstro!
Seus olhos se iluminaram e antes que ela pudesse piscar, ele deu
vários passos rápidos para alcançá-la e a agarrou pela garganta. Jane
não teve tempo de gritar. A mão grande dele estava apertando a vida
dela quando ela chutou e deu um soco. Ele puxou o rosto para uma
polegada dele e sorriu, revelando uma boca cheia de dentes afiados.
—Hmm. — Ele rosnou e cheirou os cabelos dela. —Vou gostar
de provar sua carne, pequena vampira.
Não havia ar entrando, mas ela chutou com todas as suas forças,
procurando ao redor por suas armas. Quando as pontas dos dedos
roçaram a adaga de David, ela não hesitou em puxá-la e apunhalá-la
ao lado dele.
Lycaon rugiu e a jogou no chão. A força dele bateu com o pouco
de fôlego que lhe restava, mas ela finalmente ofegou, tossindo
enquanto tentava respirar novamente nos pulmões.
O rei lobo gritou mais alto quando puxou a lâmina do seu lado.
Ele rosnou enquanto a observava rastejar. Ele começou a procurá-la,
mas um borrão de pelo castanho avermelhado bateu nele,
derrubando-o no chão.
Jane esfregou os olhos lacrimejantes e levantou-se, apenas para
gritar ao ver Lycaon rasgando o lobo pelas garras.
—NÃO! — Jane chorou de horror quando ele a rasgou
completamente ao meio, mordendo um pedaço do pescoço enquanto
ele rugia e jogava sua carcaça em direções opostas. Lycaon riu quando
a olhou, limpando as mãos pelo torso coberto pelo sangue do lobo.
Com lágrimas escorrendo pelo rosto, Jane gritou e arrancou a
máscara, jogando-a no chão enquanto ela se encarava.
—SIIIM! — O rei lobo jogou seus braços enormes para cima,
provocadoramente. —Deixe-me ver o que você conseguiu, cadela!
—Não, Jane! — David gritou.
—Você tem medo de me levar sozinha, pequena vampira? —
Lycaon perguntou enquanto apontava para David. Ele estava
correndo em sua direção, mas estava constantemente tendo que lutar
contra lobos. —Eu vou matá-lo também. Você vê o quão tolo ele é por
sua causa? O garoto não será capaz de se concentrar quando vir seu
corpo, e eu vou rasgá-la, exatamente como esse vira-lata patético.
Jane balançou a cabeça para ele e estendeu a mão para David.
—Não —, David rugiu quando sua barreira foi levantada. —
Jane, não faça isso!
Lycaon riu. —Bem, isso é impressionante. É melhor sermos
rápidos agora. Eu não acho que seu namorado vai gostar se eu
demorar muito com você.
David começou a socar sua barreira, gritando para ela largá-la.
Thor chegou a correr ao lado dele e começou a bater com o martelo.
Ela podia sentir seus ataques como se estivessem batendo nela, mas
ela continuou e olhou de volta para o homem à sua frente. —Perdoe-
me, David.
—NÃO, JANE!
Ela o bloqueou e olhou para os olhos mortos de sua loba. Seu
coração se abriu totalmente. Ela viu tantos pares de olhos vazios
daqueles que amava. Ela tinha muito poder e tinha medo de usá-lo, e
foi isso que aconteceu quando ela falhou. Era o que aconteceria com
David se ela não tivesse sucesso.
Jane voltou o olhar para o rei lobo.
Ele sorriu e apontou para ela. —Eu te vejo. Saia e brinque, vadia.
Eu estive esperando por você.
A imagem do rosto de Jane, sorrindo aquele sorriso perverso e
sem coração, brilhou em sua mente. O sorriso que ela tentou tanto
afastar. O sorriso que a aterrorizava chamava-a - ela começou a pedir
que surgisse quando uma lança voou direto no ombro de Lycaon.
Odin entrou no seu caminho, impedindo-a de Lycaon. —
Perdoe-me, Jane... E prove que estou errado.
—Bem, se não é meu velho amigo, Odin. — Disse Lycaon
enquanto arrancava a lança do seu ombro enorme.
—Fenrir. — Odin se aproximou de Lycaon.
—Diga-me, Ole Pai, como é saber que você morrerá em breve
com o conhecimento de que o inferno está dentro de suas paredes?
Jane não entendeu isso, mas Odin pareceu entender. Seus olhos
se arregalaram, claramente juntando algo em sua cabeça pouco antes
de Lycaon rir e atacar.
Eles vieram juntos com um estrondo alto. Odin foi rápido e
poderoso, mas Jane percebeu que ele não era tão forte quanto Lycaon.
Ela pensou em derrubar a parede, mas ainda imaginava David se
enrolando como sua loba, então ela ficou mais forte e se virou a tempo
de ver Lycaon cair no chão.
Odin abaixou os punhos de novo e de novo em seu rosto. Ele
estava dando golpes mortais, e Jane se perguntou se ele poderia
provar as lendas erradas ao derrotar seu inimigo.
Lycaon soltou um rugido estrondoso e se transformou em um
lobisomem horrível. Ele rapidamente se levantou com duas pernas e
mordeu o pescoço de Odin com suas mandíbulas enormes. Lycaon
arrancou metade do ombro e pescoço de Odin. Jane só pôde ficar
congelada com os outros quando o sangue de Odin se espalhou no ar
enquanto o lobisomem rugia sobre sua morte.
Jane gritou quando o corpo sem vida de Odin foi jogado aos seus
pés e soluçou ao ouvir o grito de Thor ecoar nas montanhas como um
trovão.
Ela olhou para Lycaon quando ele começou a se aproximar dela.
Ele parecia ainda maior do que como homem. Eu não posso ganhar
sozinha.
David gritou por ela: —Jane! — Ele continuou batendo em sua
parede com tanta força que ela sentiu os golpes deixando um impacto
contra o seu lado. —Bebê, solte a porra da parede!
Ela olhou para Odin e depois para a loba que se sacrificou por
ela. Lycaon rosnou, e ela olhou para ele antes de se virar para David
quando aquele fogo e risos perversos encheram sua mente...

—Não! — David gritou ao ver o preto substituindo os olhos


castanhos de Jane. Ela desviou o olhar dele para encarar Lycaon, e os
passos do rei lobo vacilaram. O par de olhos pretos do lobisomem
brilhava quando a luz da lua se derramava na clareira em que
estavam. Quando Jane deu aquele sorriso perverso que ele não via há
tanto tempo, David jurou que o lobisomem sorria de volta para ela.
—Não, querida. — Disse ele, batendo na parede novamente.
Ela olhou para ele por um momento, detendo-o antes que ele
atingisse a barreira invisível. Ele nunca tinha visto tanto mal em uma
longa vida em um único olhar. Nenhum de seus inimigos o fez sentir
como se estivesse olhando para os Portões do Inferno, mas ela o fez.
Uma cintilação de ouro e verde em seus olhos durou menos de
um segundo antes de ela rosnar e olhar para Lycaon, que ainda estava
em sua forma de lobisomem.
—David, o que está acontecendo com Jane? — Thor perguntou,
socando a parede em derrota.
—Essa não é Jane. — Era tudo o que ele podia dizer.
Lycaon rosnou e David olhou para trás, horrorizado, quando o
enorme lobisomem a atacou. Jane era tão pequena, tão fácil de quebrar
com a força que todos sabiam que Lycaon tinha, mas ela ficou lá com
um sorriso, apenas se esquivando de ataques no último momento.
Ela soltou uma risada assustadora, sem parecer a mulher que
David amava. Toda vez que o rei lobo a carregava, ela o arranhava ou
o socava uma vez e se afastava antes que ele pudesse tocá-la.
Lycaon rosnou, estalando as mandíbulas na cara dela, mal
sentindo a falta dela.
—Ela está brincando com ele. — Disse Thor quando Hades veio
até eles.
—Sinto muito, David —, disse Hades, passando a mão sobre a
barreira. —Ela ameaçou usar seu poder em mim e se drenar se eu não
a deixasse terminar de libertar a loba.
David não disse nada. Ele só podia ver como a entidade dentro
de Jane dançava, enfurecendo o Rei Lobo com golpes rápidos e
poderosos.
Lycaon jogou a cabeça para trás e rugiu, mas de repente ele
começou a se afastar de Jane. Para ele. David estava bem com isso,
mas fez contato visual com esta versão maligna de Jane e sabia que
não iria lutar contra o lobisomem.
Ela assobiou e estendeu a mão até que a adaga voou até ela antes
de correr e bloquear o caminho de Lycaon. —O príncipe é meu! — A
maneira como ela disse isso não fez David se sentir da mesma
maneira que quando Jane disse. Não era uma reivindicação
possessiva, como no caso de Jane. Era algo muito mais sombrio.
O rei lobo rosnou e ela rosnou de volta.
Lycaon devolveu seus rosnados cruéis com mais altos, e Jane se
lançou. Ela jogou o enorme lobisomem no chão, mas Lycaon
conseguiu um arranhão horrível no ombro esquerdo. Seu sangue
jorrou, cobrindo o rosto de Lycaon enquanto ela gritava.
Com o punho direito, ela deu um soco no homem lobo e o
agarrou pelo focinho, forçando a cabeça dele para trás. Ela rugiu em
seu rosto, e todos ficaram congelados quando carne e pelo começaram
a derreter do corpo de Lycaon.
O lobisomem se contorcia abaixo dela, uivando ao que parecia
que Jane estava derramando ácido nele.
—Querido Deus. — Disse Arthur, de pé ao lado dele junto com
os outros cavaleiros agora. Nenhum deles conseguia desviar o olhar, e
David nem checou se todos os seus irmãos haviam sobrevivido.
Mais uma vez, ele viu aquele sorriso maligno se espalhar por
seus belos lábios antes que ela rugisse e apunhalasse a cabeça maciça
de Lycaon várias vezes.
David balançou a cabeça, recusando-se a acreditar que isso
estava acontecendo. Estava, no entanto. Jane não parou. Pedaços de
carne e sangue voaram ao seu redor enquanto Lycaon tentava
combatê-la. Ele não conseguiu. O rosto dele começou a ceder e ela
finalmente parou, inclinando a cabeça para o lado enquanto
observava a vida desaparecendo de seu oponente.
Ela se inclinou, cara a cara com a cabeça mutilada de Lycaon, e
beijou seu focinho antes de dizer: —Diga olá ao pai por mim. Vou
garantir que você se reencontre com o inferno em breve. — Sem
esperar por uma resposta, ela rugiu e apunhalou a adaga no peito
dele.
Lycaon tentou empurrá-la, mas ela removeu a adaga e alcançou
a abertura com a mão.
Ela sorriu quando Lycaon se contorceu em agonia até que ele
finalmente parou de respirar.
David não desviou o olhar do rosto dela, longe do sorriso que
não era bem o de Jane. Ela puxou o coração de Lycaon e o mordeu,
sugando o sangue enquanto mais gotejava em seu braço.
Arthur desviou o olhar, colocando a mão no ombro de David. —
Você tem que trazer Jane de volta. Essa coisa vai matar todos nós.
—Temos que nos apressar —, disse Thor, parecendo enjoado. —
Meus homens dizem que há rosnados do leste vindo em nossa
direção.
David engoliu em seco e levantou a mão na barreira enquanto a
chamava. —Jane.
Ela instantaneamente se virou para ele, aqueles olhos escuros
examinando seu rosto lentamente enquanto abaixava o coração na
mão.
—Bebê, venha aqui.
Ela se levantou, sorrindo antes de começar a limpar o sangue do
rosto, o que apenas causou manchas na pele de porcelana.
A barreira desapareceu, e ele abaixou o braço enquanto ela
caminhava até ele. Ela ignorou os outros e finalmente ficou bem na
frente dele, estudando-o como se ela estivesse tentando descobrir o
que ela queria fazer com ele.
Essa não era a Jane dele, mas ele esperava que ela ainda estivesse
lá dentro. Ele cuidadosamente colocou as mãos no rosto dela e olhou
para aqueles olhos escuros. —Volte para mim, Jane. Você prometeu,
querida. Volte.
O olhar dela era irado, mas ele esmagou os lábios nos dela,
empurrando a boca aberta e aprofundando o beijo, embora ele
estivesse completamente enojado e com o coração partido. Suas presas
cortaram seus lábios, mas ele não a soltou, nem mesmo quando suas
unhas cravaram em seus ombros e pescoço enquanto ela o beijava de
volta.
Ele manteve a boca contra a dela, sussurrando: —Por favor, meu
amor. Eu sei que você esta ai. — Ele a beijou novamente, mais suave, e
sentiu suas presas se retraírem.
Ele se afastou o suficiente para olhar para o rosto dela e riu,
beijando-a várias vezes quando olhos castanhos o encararam. —Eu
sabia que você estava lá.
A voz de Jane finalmente abençoou seus ouvidos. —David. —
Ela tentou se agarrar a ele, mas caiu no aperto dele.
—Eu tenho você. — Disse ele, levantando-a.
Ela soluçou, olhando para si mesma e depois ao redor deles. —O
que eu fiz? — Ela chorou ao ver a carcaça de Lycaon junto com Odin e
o lobo.
Ele a segurou melhor e beijou a cabeça dela. —Você fez bem.
Ela balançou a cabeça, cobrindo o rosto enquanto chorava. —Eu
sinto muito. Não pude salvá-los.
David balançou a cabeça e a virou para que ela não visse Thor
levantando o que restava do corpo de Odin. —Não, a culpa não é sua.
Ela não respondeu, mas soltou as mãos do rosto e encostou a
cabeça no ombro dele.
—David, há um grande grupo se aproximando —, disse Gawain
enquanto acariciava a cabeça de Jane. —Temos que recuar.
—Vá, David —, disse Arthur. —Leve Gawain e Gareth com você.
Estaremos bem atrás de você. Hades, mostre a eles onde Ártemis foi.
David e os outros imediatamente seguiram Hades para a
floresta.
—Sinto muito —, Jane disse para ninguém em particular,
enquanto a fadiga se instalava nela e seus olhos se fecharam. —Ela
queria você.
—Descanse, meu amor. Ela se foi. — Ele disse, beijando a cabeça
dela enquanto desmaiava, e toda a situação se abateu sobre ele: Jane
matou o rei lobo.
34
HEROINA
Jane acordou dentro da tenda que ela e David estavam
compartilhando desde que deixaram Valhalla. Ela olhou para cima
quando o tecido bateu mais ou menos com os fortes ventos lá fora. A
maneira como os lados da tenda desabaram poderia tê-la assustado no
passado, mas ela não estava agora. O homem que a segurava, os
lábios pressionados levemente contra a parte de trás da cabeça dela
enquanto dormia, mantinha o monstro real longe.
Mesmo em seus braços, lágrimas brotaram em seus olhos. Ela
tentou mantê-las dentro, com o rosto franzido e fazendo com que as
secas se quebrassem em suas bochechas. Não importava o quanto
tentasse parar de chorar, ela não conseguia. Assim como ela falhou
com todos ontem à noite.
—Jane? — David se mexeu, inclinando-se um pouco sobre ela. —
Você está acordada?
Ela começou a assentir e deixou que ele a virasse para encará-lo.
Ele se apoiou no cotovelo e segurou a bochecha dela com a outra mão.
Quando ela viu como ele estava preocupado, ela choramingou e
soltou um soluço. —Sinto muito, David. — Ela respirou fundo quando
as imagens de todos que morreram brilharam em sua mente. —Eu
sinto muito. Eu não quis que eles morressem.
—Shh... — David limpou gentilmente as lágrimas dela.
—Ele a matou.
—Eu sei, mas estamos todos muito orgulhosos de você. Você não
fez nada de errado. Tenho orgulho de você ter ficado para salvá-la.
Ela respirou fundo várias vezes. —Ela estava com muita dor. Eu
não poderia deixá-la.
Ele sorriu, acariciando sua cabeça enquanto ela continuava
tentando respirar normalmente. —É claro que eu queria que você
corresse por segurança, mas você ficou e a libertou. Isso foi tão
corajoso, querida.
Jane balançou a cabeça. —Mas ela morreu. Odin morreu, e tudo
foi minha culpa. Eu deveria ter tentado ajudá-lo ou deixá-lo passar
pela barreira, mas tinha medo de que Lycaon o matasse.
—Oh bebê. — Ele alisou o cabelo dela para trás. —Realmente
não é sua culpa. Eles fizeram suas escolhas, assim como você, e
escolheram lutar por você. Eles queriam protegê-la, mesmo que isso
lhes custasse a vida. Você estava fazendo o mesmo... Você lutou
bravamente e manteve sua promessa. Você deixou sua entidade sair,
mas voltou para mim.
Ela tremeu um pouco e cheirou. —Thor está bravo comigo?
David balançou a cabeça. —Ele é realmente grato a você por
vingar o pai dele. E, com suas crenças, ele disse que seu pai teria
ficado feliz por ter morrido conforme suas profecias predisseram. Ele
não está bravo e nem eu.
—Essa loba me salvou. — Ela sussurrou, sentindo outra lágrima
deslizar em seus cabelos.
—Eu sei. — Ele murmurou e deu outro beijo em seus lábios
rachados. —Ela não poderia deixar você também.
Um sentimento apertado envolveu seu peito, e ela apertou os
lábios, balançando a cabeça para frente e para trás. Ela estava se
esforçando tanto para não desmoronar, mas estava tão triste.
Ninguém deveria morrer por ela.
—Bebê. — David sussurrou, inclinando-se mais sobre ela.
Jane percebeu que eles estavam embrulhados em um único saco
de dormir. David usava o mesmo tipo de calça que usava em missões,
mas tirara a camisa e ela só usava a camiseta de antes.
Ele colocou os braços em cada lado da cabeça dela e se inclinou,
dando-lhe um beijo suave na bochecha. Queimou sua pele gelada e
afastou a dor insuportável que ameaçava rasgá-la. —Eles estão felizes
agora, Jane. — Disse ele, situando-se com um joelho entre os dela. Ele
brincou com os cabelos dela e a beijou. Era uma daquelas longas
junções de seus lábios que era amorosa, mas podia facilmente se
transformar em algo mais. David deu-lhe um beijo mais curto antes de
se afastar e olhar nos olhos dela. —Eles tiveram vidas longas e
morreram sabendo que estavam tentando salvá-la. Nenhum deles teve
que se colocar em perigo, mas vale a pena proteger, e você deu uma
parte de si a eles. Não se importe com algo que você não pode
controlar.
—Você está sujo. — Ela soltou de repente, absorvendo seus
cabelos bagunçados, junto com as manchas de sangue e sujeira em
seus braços.
David olhou para ela por um momento antes de rir e abaixar a
cabeça para descansar em seu peito. —Sinto muito, meu amor. Não há
chuveiros por aqui, e de jeito nenhum eu estou pulando na água
gelada. Prometo que, quando voltarmos à fortaleza, a primeira coisa
que faremos é tomar banho.
Jane sorriu e estendeu a mão para enxugar os olhos novamente.
Ele beijou sua clavícula, passando os dedos pelo braço dela. —
Você está um pouco melhor?
—Eu o matei —, disse ela, porque não estava melhor. —Eu me vi
fazendo isso. Eu a vi fazendo isso. — Ela fez uma pausa e pensou em
dizer mais, mas a confiança que tinha nele a fez continuar. —Gostei,
David. Eu gostava de machucá-lo pelo que ele fez. Queria que ele
sentisse dor, e ela deu a ele.
David se estabeleceu sobre ela novamente e beijou seus lábios. —
Você se sente mal por tirar a vida dele?
Jane pensou por um momento. —Eu acho que eu sinto. Em
algum lugar dentro dele, havia um homem, certo?
Ele franziu a testa, pensando. —As origens de Lycaon são
incertas. Na maior parte, acredito que ele era próximo de um homem
normal. Acho que ele pode ter amado, mas ele viveu uma vida muito
longa, onde não fez nada além de infligir sofrimento aos outros.
—Ele teria matado você.
—Normalmente, eu me sentiria ofendido por sua falta de fé em
minhas habilidades — Ele sorriu. — mas eu sei que ele te assustou,
acreditando que eu morreria. Ele te provocou até você dar o que ele
queria.
Jane virou a cabeça para olhar para o lado da tenda. —Eu não
quis dizer que não tenho fé em você - eu sei que você é o melhor. Mas
é verdade o que todos dizem; Eu enfraqueço e distraio você.
—Isso não é verdade. — Ele a fez olhar para ele novamente. —
Você sabe disso. Não se deixe começar a pensar dessa maneira. Eu sei
que você se sente mal, mas você não é a culpada pela morte deles. E
eu amo o quanto você tenta proteger todos. Sim, me frustra que você
sempre acabe nessas situações em que eu não posso te salvar, mas
você sempre luta tanto. Não importa a consequência para você, você
dá tudo o que tem para manter os outros em segurança.
Ela acariciou sua bochecha, deslizando as pontas dos dedos
sobre as maçãs do rosto, depois o queixo antes de traçar os lábios. —
Eu preciso que você esteja seguro. Farei tudo ao meu alcance para
mantê-lo seguro. Se isso significa afastar você de mim, que assim seja.
Ele se recostou, fazendo a mão dela cair no peito. —Não diga
isso. Essa é a pior coisa que você pode fazer comigo.
Os lábios dela tremeram. —Ela queria você.
David a observou antes de assentir. —Você a sentiu
ultimamente? Além da noite passada?
Ela esfregou os olhos e balançou a cabeça. —Na verdade não. Eu
vejo coisas - fogo - eu rindo, mas acho que ela está me deixando em
paz por nossa causa. Eu acho que você ajuda a mantê-la longe.
Ele parecia hesitante, mas suspirou e falou novamente. —Eu a vi
nos seus olhos na noite em que deixamos Valhalla. Foi só por um
momento, mas eu a vi. — Ele beijou a testa dela antes de abaixar a
cabeça para apoiá-la no peito dela. —O que você sente com ela, Jane?
Você tem medo do que ela quer fazer comigo ou com todos?
O cabelo dele estava ficando mais comprido, ela percebeu,
sorrindo tristemente enquanto passava os dedos por ele. —Ela me
assusta. Não há bondade nela, nem um pouquinho. E ela me odeia.
Não sei o que ela quer com você, mas ela me odeia. Eu não posso lutar
com ela.
Ele segurou a mão dela no rosto e beijou a parte interna do pulso
dela. —Você é mais forte que ela. É por isso que ela te odeia. Ela sabe
que você pode derrotá-la.
Jane não acreditava nisso. O poder que sua entidade possuía era
o maior poder de todos os imortais; ela era apenas seu receptáculo.
Um receptáculo fraco que eventualmente se afogaria na escuridão. O
que a assustou foi que ela escolheria se afogar para que outros
pudessem nadar.
David inclinou a cabeça, apoiando o queixo no peito dela. —
Você sabe que eu te amo, não importa o que ela seja.
Os olhos dela lacrimejaram. —Você não precisa. Eu entenderia se
você parasse.
Ele se levantou e se inclinou para beijá-la, antes de olhá-la nos
olhos. —Meu amor por você não tem fim, Jane.
Ela sorriu tristemente enquanto assentia, tentando dizer o
mesmo com seus olhos lacrimosos: eu te amo.
—Eu sei que sim, bebê. — Disse ele sorrindo.
—Você é tão bom. — Ela colocou a mão no peito dele. —Eu
gostaria de ser boa e forte como você.
Os músculos de seu peito ondularam quando ele flexionou. Ele
sorriu quando ela ficou olhando, antes de colocar seu peso de volta
em um de seus antebraços.
Depois de cobrir a mão dela com a dele, bem sobre o coração, ele
disse: —Um dia você olhará além da escuridão que a cerca e verá
minha linda garota que é brilhante e boa. Você removeu a prata de
treze lobos, Jane. Você estava esgotada, mas ficou e descobriu como
tirar as correntes da que era considerada impossível. Você poderia ter
corrido, mas ficou e se esforçou para realizar uma façanha incrível.
Você fez isso, não sua entidade.
—A entidade confiou na força dentro de você para fazer o que
ela fez. Quando olhei nos olhos dela e pedi para você voltar, você
lutou com ela para que pudesse. Todo esse poder dela não é nada
comparado à força que nunca se desvanece de você.
Ele olhou para o peito. —Eu tenho um tipo diferente de força,
mas me esforço para ter a força que você tem. Eu lutei muitas batalhas
e guerras, mas para lutar a cada minuto da minha vida - lutar contra
minha própria mente e, no seu caso, algo tão ruim que até os monstros
mais sombrios têm medo de você - bebê, você é mais forte que eu.
Ela esfregou o peito dele. —Me desculpe, eu disse que você não
pode me parar. Eu sei que você é fisicamente mais forte que eu; Eu
não deveria ter dito isso. Quero dizer, olhe para esses músculos. Seus
peitos são maiores que os meus.
Ele riu, observando as mãos dela quando ela o tocou. —Eu
preciso de algo para atrair você para mim. E cada parte de você se
encaixa muito bem nas minhas mãos. — David sorriu e segurou um
de seus seios, apertando-o suavemente. —Viu? Você é um punhado.
Sua bunda bonitinha é um pouco mais difícil, mas eu aprovo porque
me deu um gosto especial.
—Não tem. Pare de falar sobre isso como se estivesse separado
de mim.
Ele não olhou para ela; ele ainda estava brincando com os seios
dela. —Eu acho que é meu amor. Mesmo quando você dorme, ela me
procura, me implorando para tocá-la.
Jane cobriu o rosto, mas gritou quando uma dor aguda disparou
de seu ombro pelo braço.
David finalmente soltou seus seios e inspecionou uma ferida. —
Bedivere disse que seria bom esperar até que você acordasse. — Ele
beijou a borda do arranhão profundo. —Não há prata, por isso vai
curar quando você se alimentar.
—Dói. — Disse ela, tentando olhar para ele.
—Eu acho que sim. — David se moveu, sentando-se e também a
ajudando. —Venha aqui para que eu possa melhorar tudo.
Ela corou, ainda não sabendo o quão lindo ele era quando ela
montou nele depois que ele abriu espaço para as pernas dela.
—Meu amor, seu coração está acelerado. — Um sorriso sexy se
espalhou por seus lábios quando ele deslizou as mãos pelos lados
dela. —Deixe-me alimentá-la - então você pode me mostrar por que
está tão animada.
Jane inclinou a cabeça para trás, suspirando quando ele
empurrou os cabelos para trás da orelha antes de arrastar uma mão
entre os seios, os olhos seguindo o movimento.
—Minha linda Jane. — Ele deslizou a mão pelo estômago dela
antes de se sentar ereto e mover a mão para a parte inferior das costas
dela. —Alimente silenciosamente, ok?
Ela assentiu quando um gemido suave saiu de sua boca e ele a
puxou para mais perto.
—Isso não é quieto, Jane. — Ele sorriu, colocando a mão atrás do
pescoço dela para guiá-la até ele. —Provavelmente sempre teremos
alguém por perto que possa nos ouvir, então pratique.
—Bem, pare de me excitar.
Ele a beijou rapidamente e virou a cabeça. —Alimente-se.

—Pare de me olhar assim. — Disse Jane, curvando-se na


pequena tenda enquanto apertava o sutiã.
Ele deitou-se e segurou sua virilha antes de se reorganizar. —Ele
sabe que você está perto.
Jane bufou e corou quando ele a lançou um olhar divertido. —
Pare.
—Eu não estou fazendo nada para você. — Seu olhar deslizou
sobre ela quando ela ficou de quatro para puxar sua calcinha por todo
o caminho. —Bem, eu poderia, se você permanecer despida nessa
posição por muito mais tempo. Prometi ter você nessa posição
novamente.
Ela recostou-se na bunda, sorrindo quando ele franziu a testa.
—Você é o que eles chamam de provocação, meu amor. — Ele se
reorganizou novamente.
—Duvido que minha bunda pálida te provoque em torno de
uma pequena tenda maldita seja atraente. — Ela olhou em volta. —
Onde diabos estão as minhas meias?
Ele riu e os jogou para ela. —Talvez seja a sua linguagem suja
que faz meu sangue bombear.
Ela começou a calçar uma meia. —Desculpa.
—Você é adulta, Jane. Isso me diverte porque você tem a voz
mais doce, o rosto e o sorriso mais bonitos - mas fica frustrada e se
transforma em um marinheiro que pode fazer chorar os homens mais
difíceis.
Jane riu e arrumou a meia até o joelho. —Sinto falta das minhas
roupas.
Ele a observou quando ela começou a colocar o outro. —Você
quer dizer as meias de desenho animado e super-herói?
—Sim. Não me julgue.
Ele sentou-se e vasculhou uma mochila. —Eu não estou te
julgando, eu amo como você fica em suas roupas. Aqui. Coloquei aqui
para você. — Ele entregou a ela um par de meias azuis e brancas. —O
rosto do soldado me lembra a carranca da Morte, então eu pensei que
você poderia gostar delas.
Jane ofegou quando percebeu o que ele havia lhe dado. —
Vegeta! — Ela se inclinou e o beijou. —Obrigada, David. Eu pensei
que as perdi.
Ele colocou a mão na bunda dela e a puxou em cima dele
enquanto ele caia de costas novamente. —Eu não tenho certeza de
como me sinto sobre você ficar tão excitada com mais um homem. —
Ele sorriu, apertando sua bunda e puxando-a para um beijo.
—David, você não está ajudando. — Ela ainda o beijou de volta.
Ele os rolou para ficar em cima dela. —Acho que temos um
pouco de tempo antes de precisarmos sair com os outros.
Jane nem se importava com mais ninguém naquele momento,
apenas assentiu e o puxou mais para ela. David sorriu e agarrou sua
coxa nua. Ela gemeu, mas ele a silenciou e cobriu sua boca novamente
com a dele.
Ela queria mais dele. Ele está com muitas roupas. Ela pegou a
camisa dele, mas David foi rápido em impedi-la. Ele colocou as mãos
sobre a cabeça e Jane abriu os olhos para encará-lo. Ele apenas sorriu
quando soltou uma mão enquanto mantinha as mãos dela presas na
outra.
Ela abriu a boca para repreendê-lo.
—Shh... — Ele segurou o dedo sobre os lábios dela. Ela estalou
os dentes no dedo dele, fazendo-o arrancar com uma risada. —
Comporte-se.
—Morda-me! — Ela assobiou, sem pensar nisso de uma maneira
sexual. Ela não gostava de não poder tocá-lo.
David não a deixou ir. Em vez disso, ele deslizou a mão sobre os
seios dela. Ela mordeu o lábio e arqueou-se na palma da mão dele. —
Onde? — Ele perguntou, apertando gentilmente seu seio direito. —
Aqui?
Ela choramingou quando ele sorriu, revelando que suas presas já
estavam estendidas.
Ele soltou o peito dela e arrastou a mão pelo estômago para o
lado, acariciando a pele sensível sobre o osso do quadril com o
polegar. Ela ficou tensa.
David fez uma pausa, sorrindo. —Ou aqui?
—David, por favor. — Ela mordeu o lábio quando ele puxou o
olhar da mão para olhar o rosto dela.
Ele não quebrou o contato visual enquanto brincava com a ponta
de seus dedos. Ele não disse nada; ele apenas a viu tremer embaixo
dele. Em vez de deslizar a calcinha para baixo como ela pensava, ele
moveu a mão, tocando levemente a pele dela enquanto a apertava. —
Aqui? — Ele puxou a parte de trás do joelho dela e agarrou sua
panturrilha. —Eu gosto do jeito que isso parece em você. — Seu toque
era mais firme quando ele deslizou a mão de volta, apertando de vez
em quando.
Ela estava tremendo quando ele abaixou a boca na dela. Ele mal
a beijou. Não importava o quanto ela arqueava para se aproximar, ele
permanecia fora do alcance dela para conseguir o que queria. —Pare
de me provocar!
Ele sorriu, afastando-se da boca dela. Ela estava prestes a
realmente gritar com sua bunda sexy, mas fechou a boca quando ele
pressionou os lábios contra a parte superior do peito esquerdo, logo
acima do sutiã.
Ele olhou para cima e a beijou através do sutiã. —Acho que aqui
é onde quero morder. — Ele a lambeu através do sutiã, e ela gemeu
quando ele usou os dentes para puxá-lo um pouco para baixo. Ele não
se mexeu até o fim, e ela choramingou quando ele parou.
—Shh... — Ele beijou a pele exposta antes de mergulhar a língua
o suficiente para roçar o mamilo. Ela se contorceu, passando a perna
pela cintura dele e puxando. Ele não a deixou movê-la e a prendeu
enquanto cutucava o sutiã para expor completamente o peito. Um
sorriso perigoso se espalhou por seus lábios antes que ele lambesse o
mamilo e depois afundou as presas e chupou.
—OH DEUS! — As palavras foram divulgadas antes que ela
pudesse detê-las, mas ele não parou de chupar enquanto movia a mão
do quadril para o topo da calcinha.
—Uh... David? — Arthur chamou do lado de fora da tenda.
Eles congelaram, e David olhou nos olhos dela quando ele soltou
seu seio, lambendo o sangue rapidamente antes de falar. —Sim?
—Nós, uh... Precisamos que você e Jane se juntem a nós. Está
tudo bem, mas precisamos nos mexer.
David suspirou e soltou os pulsos dela. —Tudo bem, estamos
chegando. — Ele a beijou suavemente. —Depois, meu amor. Eu
prometo.
—Eles realmente precisam fazer isso agora? — A voz de Ártemis
parecia mais amarga do que nunca. —Estamos esperando ela se
acalmar, curar ou ouvir sua nojenta falta de controle sobre sua luxúria.
Jane sentiu a fúria borbulhar dentro dela ao som da voz da
deusa. David parecia se sentir da mesma maneira, porque seus olhos
de repente brilharam em uma cor azul gelada.
—Mantenha a voz baixa —, disse Apolo. —Você sabe que eles
podem ouvi-la.
Ártemis zombou. —E nós devemos sentar e ouvi-la gemer
assim?
David saiu lentamente de Jane e entregou-lhe as roupas.
Apolo riu. —Sua amargura é pouco lisonjeira, irmã. Já ouvimos
coisas piores em missões e eles merecem esse tempo juntos. Se fosse
você, você não se importaria. Ninguém disse que você tinha que
permanecer casta. Escolha um homem que realmente se importa com
você. Talvez você seja verdadeiramente feliz.
Jane vestiu rapidamente o resto de suas roupas, suas presas
cortando os lábios enquanto tentava de tudo para manter a boca
fechada.
—Bebê, acalme-se. — Disse David, esfregando o rosto antes de
começar a procurar a tenda por sua espada.
Jane balançou a cabeça para ele e ele suspirou. Ela o deixou
amarrar as botas enquanto colocava o cabelo em tranças o melhor que
podia.
David terminou e agarrou o queixo dela, forçando-a a olhar para
ele. —Não se preocupe com nada do que ela diz. Todos podem sair se
tiverem um problema comigo cuidando de você, e eles sabem disso.
—Ela não deveria falar sobre nós. — Ela fechou os olhos quando
as maneiras mais horríveis de matar Ártemis vieram à mente.
—Boa menina. — Ele a beijou suavemente. —Respire fundo.
Você não é tão cruel quanto esses pensamentos estão sugerindo.
Ela assentiu rapidamente, sorrindo um pouco para que ele
pudesse entender tão facilmente o que estava acontecendo. Quando
ela abriu os olhos, ele estava sorrindo. Jane tocou sua bochecha
enquanto exalava, deixando de lado a imagem de Ártemis sufocada
até que ela ficou azul. Ela tentou mostrar que estava se acalmando e
esperava que seus olhos lhe dissessem o que ela não podia dizer em
voz alta.
David sorriu e a beijou suavemente. —Eu também te amo. — Ele
se inclinou para frente, beijando-a embaixo da orelha e sussurrou: —
Vá devagar com ela. Você já ganhou.
Jane agarrou o rosto dele e o beijou com mais força, gemendo
quando ele o aprofundou, e mordeu a língua para que ela recuperasse
um pouco de sangue.
Ele riu quando ela ficou de joelhos, agarrando-o enquanto ela
pensava em pegá-lo de qualquer maneira. Foda-se o que os outros
queriam.
David rosnou contra sua boca, batendo em sua bunda, com
força. —Em breve. — Ele sorriu para ela e fez beicinho. —Muito em
breve.
—Estou segurando você nisso. — Disse ela, beijando-o mais uma
vez antes de rastejar para a abertura da tenda.
Ele estava logo atrás dela, e ela sentiu as mãos dele em cada lado
de seus quadris quando ele apertou. —Nós realmente precisamos
voltar para casa. — Ele apalpou sua bochecha enquanto a puxava de
volta.
Ela empurrou sua bunda de volta para ele, rindo quando ele
assobiou, mas ela calou a boca rapidamente.
Ele apertou a bochecha de sua bunda e deslizou uma mão entre
as pernas dela, segurando seu sexo, enquanto apertava sua bunda
com mais força. Jane espiou por cima do ombro, gemendo baixinho
quando eles olharam.
—Shh... — Suas presas estavam fora.
Jane assentiu, chocada quando de repente ele desabotoou as
calças dela e as puxou com a calcinha para baixo o suficiente para
expor sua bunda. Ela ofegou, observando-o apertar sua bunda e
abaixar o rosto.
—David. — Ela murmurou, ainda mantendo contato visual com
ele. Ela estava tremendo.
Ele sorriu, segurando o dedo nos lábios antes de pressionar os
lábios na covinha.
Ela choramingou e depois soltou um grito quieto quando seus
dedos grossos deslizaram entre suas pernas. Jane arqueou a bunda,
suspirando quando ele rosnou e beijou sua covinha novamente.
Ele agarrou as duas bochechas, espalhando-as. Seus olhos azuis
escureceram quando ele olhou para seu núcleo palpitante, fazendo
Jane choramingar novamente. O ar frio estava torturando sua pele
quente, e ele estava apenas olhando.
David manteve a voz baixa. —Não faça barulho.
Ela estava prestes a dizer para ele parar o que quer que ele
planejasse, mas congelou porque a boca quente dele repentinamente
estava sobre seu sexo.
—Foda-se. — Ela sussurrou, curvando os dedos no saco de
dormir enquanto ele a devorava por trás. Ela estava um pouco
mortificada porque temia que ele fizesse algo em sua entrada dos
fundos, mas também não se importava com o que ele fazia no
momento.
Ofegando, ela espiou, encarando-o novamente enquanto ele
lambia e chupava. Os dedos dele estavam lá, empurrando nela desta
vez, e ela choramingou, mordendo o lábio.
—David. — Ela estava tremendo. Com cada movimento de seus
dedos, ele estava atingindo o local que ela nunca tinha conhecido até
ele.
Ele continuou com a mão, mas ele a dominou novamente. Ele
beijou o pescoço dela, antes de levar a boca ao ouvido dela, rosnando
quando falou. —Se você me provocar de novo, eu vou puni-la. — Ele
empurrou para frente, e ela gemeu sentindo sua ereção em suas
costas. —Você entendeu?
Ela assentiu, mas recuou, sorrindo quando ele rosnou.
David colocou a mão nos cabelos dela, mas foi gentil quando a
puxou para os joelhos, para que ambos estivessem de pé. Ele apertou
o peito dela uma vez antes de deslizar a mão pela frente dessa vez.
Seus dedos estavam de volta dentro dela, e seu pau estava ainda mais
duro quando esfregou sua bunda nua através de suas calças.
—Você sabe qual será o seu castigo? — Ele ainda mantinha a voz
baixa, mesmo que suas palavras fossem tensas.
Ela balançou a cabeça e chorou quando ele afastou a mão.
—David. — Ela olhou para ele quando ele abaixou a boca na
dela.
—Seja uma boa gatinha, e eu serei legal. — Ele colocou a mão
sobre ela, apenas desenhando círculos em torno de seu clitóris.
—Serei boa. Eu sinto muito. — Ela estendeu a mão, apalpando-o
pelas calças.
Ele grunhiu, batendo na mão dela. Ela estava prestes a gritar
com ele, mas gemeu quando ele colocou a mão de volta em seu pênis
exposto.
—Oh! — Ela o agarrou, tentando alinhá-lo, mas ele a deteve.
—Você precisa praticar ainda mais o silêncio. — Ele sorriu,
movendo a mão dela sobre ele, então seu pau estava se movendo
entre as bochechas dela e sua mão. Ele suspirou, empurrando a mão
dela quando voltou a brincar com ela.
Jane fechou os olhos e gemeu. Alto. Ela não se importava com
quem os ouvia agora.
David aumentou seus movimentos. —Arthur está voltando. Eu
vou fazer você vir. Faça silenciosamente.
Jane assentiu enquanto ele enfiava dois dedos dentro dela,
segurando seu sexo. Ele sacudiu os dedos novamente, atingindo o
mesmo local que fez seus olhos revirarem, e ele fez isso várias vezes.
—Oh, merda. — Ela sussurrou, apertando seu pau enquanto ele
continuava empurrando em sua mão, mas nunca parando com os
dedos.
Suas pernas começaram a tremer e ela respirou, gemendo
baixinho quando ele virou o rosto para ele. Ele sorriu, segurando-a
com força quando ela convulsionou em torno de sua mão.
—Essa é minha boa garota. — Ele provocou seu clitóris, fazendo-
a empurrar. Ela se sentiu tão cansada, mas sentindo seu pau duro, ela
lutou contra a repentina sonolência.
Virando-se rapidamente, ela o beijou nos lábios, dando-lhe
aquele olhar que lhe dizia como se sentia por ele.
Ele sorriu. —Eu também te amo.
Jane suspirou, beijando-o mais uma vez, mas abaixou a cabeça
tão rápido para levá-lo em sua boca, que ele não conseguiu reagir.
Ele assobiou, juntando os cabelos dela para que ele pudesse
assistir. —Oh, porra.
Jane gemeu. Ela adorava quando ele xingava por algum motivo,
e sabia que seu gemido o provocaria.
David mostrou suas presas na saída da tenda antes de empurrá-
la de costas. Ela riu quando ele tentou abrir as pernas e falhou por
causa de suas calças, então ele olhou, sacudindo-a em sua barriga e
calando-a.
Ele a levantou, semelhante a como ele a segurava na montanha,
mas se masturbando, roçando a ponta do pau na entrada dela.
—Ah merda. — Jane sentiu outro orgasmo chegando. Ela
começou a ofegar, gemer e balançar os quadris quando ele foi mais
rápido. Ele nem estava nela, e ele estava soprando sua mente. —
David.
Ele rosnou, segurando-a com força quando ela gozou. Ele fez um
grunhido mais alto, empurrando a ponta de seu pênis nela enquanto
ele gozava. —Porra.
—DAVID! — Arthur estalou.
David beijou a nuca dela docemente, mas retrucou Arthur. —
SAIA! Estava vindo.
Jane sorriu enquanto ouvia Gareth rindo ao longe.
—Eu não acho que ele precisava nos dizer que eles estavam
vindo. — Disse Gareth.
—Sinto náuseas. — Disse Gawain.
Gareth riu mais alto, e David riu quando deu um tapa na bunda
dela antes de puxar as calças para cima. Ele a levantou de joelhos
novamente, segurando o pescoço dela enquanto a beijava. —Você é
minha, e eu sou seu. Se queremos estar um com o outro, isso é para
nós. Qualquer um que tenha um problema pode se irritar. — Ele a
beijou mais uma vez antes de abotoar as calças. —Se você deseja ter
suas palavras com ela, é melhor você ir, porque estou prestes a dizer a
todos para nos deixar para trás.
Por uma fração de segundo, ela ficou excitada até se lembrar do
que estava com tanta raiva. Ela rosnou e empurrou a tenda aberta. O
vento gelado picou seus olhos, mas ela rapidamente se levantou e foi
em direção à morena sentada ao longe.
—Agora você conseguiu —, Apolo murmurou, levantando-se e
estendendo as mãos. —Jane, ela não quis dizer nada com isso.
Jane parou na frente dele e mal olhou para Ártemis, que estava
atrás dele. David já estava atrás dela, deslizando uma mão pelo
estômago. Ela foi brevemente distraída pelo corpo duro dele
pressionando contra suas costas, mas ela ficou concentrada e olhou
para Apolo. —Oh, ela quis dizer tudo isso. E estou farta das coisas
dela.
Apolo olhou para ela por um momento antes de olhar para
David. —O que você quer que eu faça?
David beijou Jane no topo da cabeça dela. —Deixe-as se falarem.
Apolo suspirou antes de olhar para Ártemis enquanto se
afastava. —Você está por sua conta, irmã.
Jane fixou os olhos em Ártemis, mas nenhuma delas se mexeu ou
falou ainda.
David se inclinou e beijou sua têmpora. —Lembra do que eu
disse, certo?
Jane não olhou para ele, mas ela assentiu com firmeza e apreciou
o olhar de Ártemis estreitando ao ver David beijando sua têmpora.
—David, você tem certeza disso? — Apolo perguntou enquanto
olhava entre ela e sua irmã.
—Jane pode se controlar. — Ele a deixou ir. —É sua irmã que,
apesar de sua idade significativa sobre Jane, não consegue controlar
sua boca.
—Ouch. — Disse Gareth, parando ao lado de Apolo.
Gawain e os outros se reuniram ao redor deles.
—Jane, David, não temos tempo para isso. — Disse Arthur,
empurrando todos para fora do caminho.
David acenou e cruzou os braços. —Dê a elas cinco minutos. Se
elas ficarem fora de controle, eu entrarei.
—Isso poderia ter sido evitado se Arthur lhe desse dois cinco
minutos. Vou impedi-lo da próxima vez, irmão. — Gareth cutucou
David.
David apenas o encarou, mas não disse nada.
Nem mesmo quando Gareth sorriu e disse: —Esse é o meu
garoto.
David voltou o olhar para ela. —Continue com isso, meu amor—
Jane os ignorou e caminhou até Ártemis. —Por quê?
Ártemis cruzou os braços, lançando a David um olhar sujo
quando inalou o perfume de Jane. —Porque o que?
—Você sabe o que! — Jane respirou calmamente. —Por que você
chamaria atenção para nós? Você sabia que eu quase a tinha livre.
Então por que?
Desdém escorria de cada palavra que Ártemis falava. —Você não
a libertaria a tempo. Ele estava indo nos encontrar. Eu tive uma
chance, então eu tomei.
—Você não teve a porra da chance —, Jane disse, seu pulso
cantando em seus ouvidos enquanto ela lutava para se impedir de dar
um tapa nessa mulher. —Não me diga que você é tão estúpida em
acreditar que uma de suas flechas pode matar a porra do lobo rei!
Ártemis olhou para ela. —Minhas pequenas flechas destruíram
milhões.
Jane sorriu docemente. —Bem, elas não fizeram nada com
Lycaon, mas adivinha quem diabos fez com as próprias mãos?
—Jane —, disse David, rindo. —Bebê, diga o que você precisa
dizer.
Ártemis zombou e falou antes que ela pudesse dizer algo a
David. —Você confiou naquele monstro dentro de você para matar
Lycaon. Você não fez nada além de chorar e engatinhar.
—Você não sabe nada sobre o que realmente aconteceu. — Jane
fechou os punhos.
—Eu sei que você é o mal encarnado.
Jane respirou fundo. —Talvez eu seja, mas tenho controle sobre
essa cadela por enquanto, e fui eu quem a soltou. Você, no entanto,
correu o mais rápido possível. Você é uma covarde de merda!
—Fiz o que me disseram para fazer. — Ártemis levantou o nariz
como uma criança.
—Besteira. — Jane mostrou suas presas. —Eu não posso
acreditar em você. Eu estava fraca, mas você sabia que eu não a
deixaria. Você sabia que aquele filho da puta estava me procurando e
aproveitou a chance para se livrar de mim. Você estava disposta a
sacrificá-la para me ver morrer de onde quer que estivesse se
escondendo.
Todos ficaram em silêncio enquanto esperavam que Ártemis
respondesse. Ela não respondeu.
Jane riu. —Fui tratada como merda por meninas e mulheres a
vida toda, mas não esperava isso de uma mulher que deveria ser uma
deusa. Inacreditável. Aposto que você não achou que sua loba
voltaria, no entanto. Isso estragou seu plano, não foi?
A expressão de Ártemis a denunciou. David deu um passo em
direção a Jane, mas ela levantou a mão para ele parar.
—Eu sei que você o quer. — Jane fez um gesto para David. —
Quando você vai perceber que ele não quer nada com você? Seu
ciúme custou a vida de duas almas que não precisaram morrer na
noite passada. Matar-me vale muito para você? Só para você ter uma
chance melhor com ele?
—Você não deveria estar aqui! — Ártemis gritou. —Você não é
uma de nós. Você é uma aberração! Eles não deveriam lutar por você.
E David estava me considerando. Você tem seu marido e a Morte. Por
que você é tão egoísta?
Parecia um golpe no peito, mas Jane não seria atingida. —Deixe
Jason e Morte fora disso. Você nem quer ir lá comigo.
Ártemis sorriu, olhando para David. —David sabe como a Morte
está ligada a você?
Jane não respondeu. Ela olhou para David.
Ele parecia assassino, mas sorriu para Jane. —Bebê, você não
precisa explicar seu relacionamento com ele para ninguém. Ou nosso
relacionamento, por sinal.
Ártemis balançou a cabeça. —Ela não deveria estar viva. A
Morte não deveria tê-la salvado. Você não deveria tê-la salvado. Ela
deveria estar morta com sua família patética.
Jane recuou e deixou o punho voar no rosto de Ártemis antes
que alguém pudesse piscar. Ártemis gritou, segurando o nariz
sangrando no chão.
Quando Jane se lançou, David a agarrou e a puxou contra seu
peito, mas ela gritou e lutou contra ele. —Não fale sobre minha
família!
Apolo e Hades também se mudaram para guardar Ártemis, mas
Jane estava vendo vermelho. Ela se debateu com David e rugiu para
ela.
—Bebê, pare. — David os afastou, mas Jane os forçou a voltar.
—David não quer você! — Jane arreganhou os dentes, sibilando
quando Apolo ajudou Ártemis a se levantar.
—Ela sabe. — Disse David, beijando a cabeça dela.
Jane parou de lutar contra ele e olhou para Ártemis. —Na
próxima vez que você for morta, eu vou deixar você morrer. Por
enquanto, porém, você terá que viver com a culpa de saber que Odin e
sua loba estão mortos porque você quer um homem que não a quer de
volta. David nunca te quis. Você foi um momento de dúvida para ele.
Mesmo se ele te escolhesse, ele estaria se estabelecendo. Nunca seria
porque ele te amava. Foi porque ele considerou se estabelecer por uma
fração de segundo. Agora, deixe-nos em paz. E fique de boca fechada.
Porque, adivinhe, querida? Eu grito.
David cobriu a boca e a levou embora, enquanto ria com vários
homens. —Eu acho que eles poderiam ter descoberto por conta
própria, meu amor.
Ela beijou a mão dele, puxando-a para baixo quando estavam
longe o suficiente. —Eu deveria matá-la.
—Não, você não deveria. — Ele levantou a mão dela e usou sua
camisa para limpar o sangue de Ártemis, fazendo-a sorrir por dentro,
porque ela pensou que ele poderia lambê-lo. Ele checou a mão dela
antes de falar novamente. —Ela não deveria ter dito isso. E ela não
deveria ter exposto você a Lycaon, porque ainda espera ter um
relacionamento romântico comigo. Eu perdi todo o respeito que uma
vez eu tinha por ela agora.
Jane colocou as mãos em volta da cintura dele e olhou para ele.
—Você está bravo com a Morte, David?
Ele suspirou, mas balançou a cabeça. —Seus relacionamentos
com a Morte e Jason ocorreram antes de eu entrar na sua vida. Eu lhe
disse que não pediria que você afastasse a Morte, e você deixou as
coisas claras onde elas estão com Jason. Ele está em nossa vida, mas eu
sei e confio que você me escolheu. Não se preocupe com ela ou com o
que mais alguém diz sobre os amores que você tem. Informarei se, ou
quando, tenho um problema. Na verdade, vou informar a Morte. —
Ele sorriu, acariciando sua bochecha fria quando seus dentes
começaram a bater. —Eu sei que esse bastardo vai tentar a minha
paciência, mas eu juro, posso lidar com isso.
Jane abriu a boca, mas fechou-a quando ouviu um cachorro
choramingar. Não, não era um cachorro. Ela e David olharam para
trás e perceberam que estavam ao lado dos doze lobos.
—Perdoe nossa intrusão. — Disse David, agarrando a mão dela
quando o grande se levantou.
—Não, eu quero falar com eles. — Disse Jane, caminhando
lentamente para a frente.
O maior caminhou até ela e abaixou a cabeça, fazendo com que
os outros abaixassem a cabeça também.
—Eles chamam você de Pequena Lua —, disse Arthur, ficando
ao lado de David. —Eles estão agradecendo por salvar suas vidas e
sua dedicação em garantir que todos eles cheguem à segurança.
Os olhos de Jane lacrimejaram e ela sorriu de volta para o grande
lobo. —Me desculpe, eu não a salvei. Não queria que ela voltasse por
mim. Eu sinto muito.
O grande balançou a cabeça enorme antes de acariciar seu
pescoço. Jane chorou ao abraçá-lo o máximo que pôde e chorou em
seu pelo.
—Akakios diz que ela era Heroína — Arthur disse. — A loba que
você salvou, ignorou a ordem que Ártemis pediu que ele desse. Ela
esteve sem seu companheiro por muitos anos e se recusava a viver
enquanto o grande cavaleiro que esperou por sua companheira tão
honrosamente sofre por causa dela. Eles estão jurando lealdade, Jane.
Eles virão quando você precisar deles. Eles sabem que as decisões de
Ártemis são afetadas pelos sentimentos dela.
—O nome dela era Heroína? — O peito de Jane se encheu de
calor.
Akakios acenou com a cabeça e lambeu sua bochecha. A
pequena fêmea rosnou ao lado dele, e ele se virou, mostrando suas
presas.
Jane riu nervosamente, apontando para ele. —Não flerte. Você é
um garoto bonito, Akakios, mas tenho mulheres suficientes atrás de
mim. Não quero que sua linda dama seja uma daquelas contra as
quais tenho que me defender.
David veio ao seu lado e olhou para o grande macho. — Posso
emprestar minha dama, Akakios? Precisamos conversar com Thor.
Akakios assentiu e cutucou Jane para David.
Jane acenou para eles, sorrindo quando o macho grande lambeu
o rosto de sua mulher. —Ele vai me causar problemas.
David riu. —Ele gosta quando ela fica chateada com ele. Eu
nunca o vi usar uma mulher para alcançá-la. Outro homem que meu
bebê atraiu. O que vou fazer com você?
—Chame-a de deusa e entre em muitas lutas com homens
menores que tentam encantá-la —, disse Thor, caminhando até eles.
Ele apertou a mão de David, sorrindo amplamente. —Já é hora de
você ter um motivo para bater em alguém que não seja eu.
Jane sorriu suavemente enquanto ela estava lá. Ela poderia dizer
que Thor estava bebendo, especialmente quando ele se abaixou e a
levantou em um abraço de urso, cheirando fortemente a álcool.
—A Grande Jane! — Ele beijou as bochechas dela e riu quando
David a puxou de seus braços. —Ah, me perdoe.
David ficou um pouco no caminho dela. —Você está bêbado.
—Só um pouco. Eu tinha que honrar o pai. —Thor sorriu para
Jane. —Toda Asgard é grata a você por dar ao pai sua batalha com
Fenrir. O exército de Valhalla sempre estará atrás de você. Você é
realmente uma grande guerreira, Jane. Nunca duvide de si mesma,
porque não vou cometer esse erro novamente.
Ela soltou David e agarrou uma das mãos dele. —Thor, quero
que você saiba o quanto estou agradecida por seu pai ter entrado no
meu lugar. Ele não precisava, mas mesmo assim foi.
Seu sorriso desapareceu e ele pareceu ficar sóbrio. —Jane, o pai
lamentou suas ações em relação a você. Ele sabia, depois de assistir
você terminar a briga entre David e eu, que ele estava errado. Ele viu
seu bom coração segurando a escuridão. E ele me disse que se Fenrir
fosse atrás de você, tentaria segurá-lo por tempo suficiente para você
fugir. — Uma lágrima escorreu de seu olho, e ele a enxugou. —Você
não é o que ele disse, e ele sabia disso. Por isso o pai morreu. Ele viu a
verdade: você vai nos salvar.
David a afastou, abraçando-a para aquecê-la, porque seus dentes
estavam batendo novamente. —Tente não se esquecer do
esquecimento. Espere até voltarmos a Valhalla para realizar a
cerimônia em homenagem a seu pai.
Arthur deu um tapinha no ombro de Thor. —Vá preparar seus
homens. Estamos de saída.
David olhou para ela antes de olhar para Arthur. —O que
aconteceu?
—Batedores avistaram Lancelot. Ele não está sozinho. — Arthur
esfregou o rosto e depois olhou para Jane. —E ele está procurando por
Jane.
35
O HORROR DE LANCELOT
Uma forte rajada de vento fez David apertar os olhos, mas ele se
recusava a perder de vista a tenda que estava assistindo há algumas
horas. Outra rajada de vento chicoteou os galhos da árvore em que ele
e Jane estavam escondidos. Ele bloqueou o rosto dela quando um
galho quase a atingiu. Mesmo que ele não devesse desviar o olhar do
que estava acontecendo, ele olhou para sua linda garota e a puxou
para mais perto. Ela estava tremendo, aterrorizada. E ela tinha todos
os motivos para estar com a merda em que acabaram de se encontrar.
David a abraçou mais, sorrindo, apesar da situação horrível em
que estava, ela relaxou um pouco. Aqueles olhos cor de avelã que ele
tanto amava finalmente se separaram do terror à frente para olhá-lo.
Ela precisava de conforto, mas ele não podia arriscar falar com ela.
Eles estavam cercados.
O tamanho do exército ao seu redor era tão grande que eles
foram forçados a se esconder e rezar para que passassem rapidamente
por eles. Isso não aconteceu. Todo o exército parou para descansar, e
seu grupo de cem estavam espalhados por toda a floresta, no centro
do campo.
David acariciou o rosto dela. Ela tinha sido corajosa desde que
soube que Lancelot estava procurando por ela, mas finalmente estava
permitindo que seu medo aparecesse.
Os batedores que retornaram com a notícia mal conseguiam
respirar por causa da rapidez com que corriam sem comida ou água.
Eles nem tinham tomado sua ração de sangue depois de avistar
Lancelot e dois líderes de vampiros não identificados discutindo Jane
e ordens para capturá-la.
Jane não desviou o olhar de David. Ele sabia que ela estava
pensando em enfrentar Lancelot e essa era a última coisa que David
queria. Lance era dele para lutar. Havia uma grande possibilidade de
Jane o encontrar primeiro, no entanto. Se Lance a estivesse
procurando, ele usaria seu bando para separá-la dele.
David a avisara sobre isso, e ela dissera algo que ele não queria
ouvir: —Não posso vencê-lo, David. Ele me assusta mais do que
ninguém - não posso explicar isso para você. Se eu o enfrentar
sozinho, falharei.
David sabia por que ela temia Lancelot. Ela o via como algo mais
do que um imortal ou lobisomem comum. Ela viu dentro de Lancelot
e viu o mesmo mal que a assombrava há tanto tempo. Ela não podia
superar seu passado, então ela não acreditava que ela era capaz de
enfrentar um monstro real que invocava a escuridão que ela
reconheceu em Lancelot. Ela sabia quem poderia enfrentá-lo, no
entanto.
Ele não queria que Jane confiasse em sua entidade. O que quer
que ela fosse, ela não estava lá para Jane. Ela queria enterrar Jane tão
profundamente dentro dela que ele nunca mais veria seu bebê. Ela
matou Lycaon, mas David sabia que quando ele olhava nos olhos
dele, o demônio de Jane não estava lá para salvá-los. Ela matou o rei
lobo porque gostou do massacre.
Quando David percebeu que Jane estava pensando em usar sua
entidade, ele sabia que precisava conversar com ela, assegurar-lhe que
ela era forte por si mesma, porque ele estava com medo de perdê-la
para o demônio. Na época, porém, ele não podia dizer nada para ela.
Eles estavam com pressa, e ele não queria que os outros o ouvissem
duvidar da capacidade de Jane de controlar sua entidade. Eles não
entenderiam.
Sua esperança era que eles ultrapassassem Lancelot e então ele
pudesse trabalhar com ela mais sobre como usar seus poderes, mas
não era assim que as coisas acabaram acontecendo.
David abraçou Jane com força quando ouviu o bater de asas e
gritos de morte. Ela começou a tremer quando centenas de Keres
mergulharam entre as árvores. Jane só tinha ouvido um pouco sobre
essas criaturas, apenas que elas foram criadas a partir de demônios e
feitas imortais. Sua capacidade de voar os aproximava de alvos
impossíveis.
Parecia que o intervalo era alimentar. Lancelot provavelmente
não se importava com as Keres matando retardatários, porque as
Keres estavam trazendo o jogo selvagem do exército da floresta.
Jane ficou sem fôlego, e ele cobriu a boca dela, puxando-a para
ele quando três voaram pela árvore em que estavam. Ele podia sentir
as lágrimas quentes dela através de sua luva enquanto observavam
um homem se debatendo gritar por sua vida.
David manteve os olhos no trio enquanto eles puxavam um
homem, lutando por seu corpo. O pobre homem ainda estava vivo
também. Ele não queria que Jane visse isso, mas ela precisava saber o
que estava enfrentando. Então, ele a deixou assistir enquanto elas
arranhavam o homem, arrancando sua carne e o comendo enquanto
ele gritava por ajuda. As Keres não lhe deram atenção, elas
simplesmente comiam, deixando seu sangue escorrer por seus corpos
nus enquanto batiam suas asas demoníacas.
Os gritos do homem foram finalmente cortados quando sua
garganta foi arrancada. David fechou os olhos por um momento,
odiando que eles não pudessem ajudá-lo. Ninguém deveria sofrer
assim, mas eles tinham que esperar isso. O exército era demais para o
time deles. Sim, eles tinham cem homens e cães, mas estavam
cercados por dezenas de milhares, incluindo cerca de cem Keres.
David examinou as árvores e pedras ao redor para ver como
seus companheiros estavam se saindo. Ele não tinha certeza sobre o
tempo, mas haviam passado pelo menos duas horas deles parando
completamente imóveis. Quando ele encontrou o olhar de Arthur a
trinta metros de onde ele e Jane estavam, ele perguntou mentalmente
se havia algum sinal de Lance saindo em breve.
Arthur piscou uma vez: não.
Porra. David não sabia quanto tempo Jane poderia lidar com
isso. Observar inocentes massacrados assim era raro, mesmo para ele.
Certamente, muitos deles eram simplesmente lobisomens que, porque
ainda era dia, estavam em suas formas humanas indefesas, mas
também eram inocentes.
Enquanto David continuava procurando a área ao seu redor, viu
que seus irmãos pareciam estar se saindo bem. Arthur, Hades, Thor,
Tristan e Gawain eram os mais próximos dele e de Jane. Ninguém
queria se separar dela. Até Akakios tentou ficar com ela, mas David
prometeu que só a colocaria em mais perigo. Ele também não queria
que Ártemis se tornasse mais ciumenta que o alfa estivesse
favorecendo Jane. Akakios ainda não queria ir embora, mas Jane
sussurrou no ouvido do lobo enorme que ela precisava que ele
estivesse seguro e protegesse sua companheira. Ela prometeu que
lutaria por ele, mas precisava dele fora de seu caminho. David estava
tão orgulhoso dela. Ela chorou vendo o bando sair com Ártemis, mas
estava fazendo a coisa certa. Eles seriam descobertos se ficassem com
ela.
David parou de pensar nos cães e olhou para Arthur,
perguntando mentalmente se o inimigo havia percebido o cheiro
deles. Outro piscar de olhos. Isso era bom. O tamanho dos exércitos
unidos era provavelmente o motivo pelo qual não haviam sido
descobertos. Muitos aromas misturados com os deles. Contanto que os
lobisomens não se transformassem enquanto descansavam, eles
tinham uma boa chance de não serem encontrados.
Era uma pena que quase não houvesse luz do dia. Se os imortais
tivessem o sol impedindo-os, eles poderiam facilmente destruir esse
exército maciço. Mas havia uma razão pela qual Odin escolheu esse
lugar para sua fortaleza; A Ilha de Baffin tinha menos luz do que sua
casa. Não havia nada para os vampiros temer aqui, exceto o frio. Pelo
menos os lobos de Lance estavam em um ciclo que não era tão
facilmente influenciado por eles viajando. Com o tempo, eles se
adaptariam, mas ainda não tinha acontecido. Lance não deveria estar
aqui há muito tempo.
—Eles fugiram assim que começamos a atacá-los. — Disse
Hermes, saindo de uma barraca com Lancelot ao seu lado; eles
estiveram na barraca a maior parte do intervalo.
—Eles provavelmente estão dentro dos muros de Valhalla agora
—, disse Ares, bocejando. —Teremos que esperar a chegada dos
outros. Não cobrarei a fortaleza até que tenhamos a capacidade de
destruí-la por dentro. Também não estou ansioso para lutar contra
David - depois de encontrar Lycaon no estado em que ele estava.
Lancelot resmungou, caminhando em direção a uma mulher
amarrada no chão. David sentiu sua raiva explodir ao ver o rosto
surrado da pobre garota. Ela gritou, mas Lance a puxou para ele antes
de se sentar com os outros. —David não matou o rei lobo. Era a
mulher dele. Eu podia cheirá-la por todo o corpo dele. A cadela está
ficando ainda mais capaz com seus poderes. — Lancelot pegou a
jaqueta que a mulher usava e a rasgou.
David sentiu Jane tensa e a apertou mais perto. Ele sabia o que
estava prestes a acontecer, e era a última coisa que Jane precisava
testemunhar.
Lancelot riu na cara da mulher antes de beijá-la rudemente e
então ele riu novamente.
—Por que você está rindo? — Ares perguntou.
Lancelot apontou um dedo para a garota. —Fique ali mesmo. —
Ele se levantou e tirou a roupa.
Jane estava tremendo agora, e David estava aterrorizado por ela
sair do seu poder.
—Porque Lycaon ia morrer logo de qualquer maneira —, disse
Lancelot. — Só me surpreendo que tenha sido a cadela que o matou,
especialmente a maneira selvagem que ela fez - pensei que ela duraria
mais. Mal posso esperar para enfrentá-la.
David olhou para Jane e tentou o seu melhor para confortá-la
com seu toque.
—Você sabe que ela não deve ser ferida. — Disse Hermes,
olhando para longe da mulher que chorava quando Lancelot começou
a tateá-la e acariciar-se.
—Eu posso me divertir com ela até a entregarmos —, disse
Lancelot, apertando o peito da garota enquanto chorava. —Suas
regras são para eles, não para nós. Arthur e David morrerão pela
minha mão, e essa prostituta é a chave para a queda deles.
David quase rosnou, mas Jane cobriu a mão dele ainda
segurando a bochecha dela e a esfregou. Ele soltou a respiração, se
acalmando.
—Ele ficará chateado se você a tocar —, disse Hermes. —Você
sabe que ele a quer para si. — Hermes pegou sua própria mulher do
grupo de garotas espancadas. A mulher se aproximou de bom grado e
sentou no colo dele. Felizmente, Hermes parecia apenas interessado
em seu sangue. Ele esperou a mulher desfazer a jaqueta e depois
começou a se alimentar.
—Ele se distraiu com ela —, disse Lancelot, agarrando a mulher
pelo pescoço. —Você viu o jeito que ele olhou para ela. Não tenho
certeza se confio mais nele. Até ele está sendo cuidadoso com as
informações que são passadas para Lúcifer. Por que você acha que
eles enviaram aqueles outros para interceptá-la? — Ele fez uma pausa
e forçou a garota ainda. —Tudo o que me interessa é destruir Arthur e
seus cavaleiros. Se eu tiver a chance de quebrar a mulher de David, eu
estou aceitando. Eu não ligo para o que Lúcifer diz. Eu estou
protegido dele.
—O anjo dela pode tocar em você —, disse Ares. — Além disso,
se ela foi a única a matar Lycaon, você deve temê-la. A barbárie dela
rivaliza com a sua, mas ela claramente tem poder que nós não temos.
Lancelot sorriu para Ares. —Ela é uma selvagem. Eu a deixei ir
para Lúcifer antes, mas não vou me segurar quando a encontrar
novamente. Deixe que ela me tente - eu sei como derrotá-la. Ela é
fraca. E a Morte a abandonou.
David olhou para Jane e viu confusão e mágoa.
—Não há provas de que ele tenha —, disse Hermes. —Eles
dizem isso, mas eu não confio nos Caídos.
—Porque? — Ares perguntou.
Hermes jogou a garota quase viva no chão. —Eles podem ser
redimidos e retornar ao céu. Eu consideraria traí-lo se isso significasse
perdão e redenção.
—Então você é uma vagina. — Lancelot lambeu os dedos e
depois empurrou a mão entre as pernas da garota amarrada. —E eles
não estavam errados ainda. Pelo que ouvi, a Morte não ajudou Jane
uma vez.
—O fato de o cavalo dele ter vindo em seu socorro sugere que
sim. — Disse Hermes.
Lancelot riu da mulher chorando. —O cavalo pálido pode agir
por conta própria. Vi outra de suas feras agindo sem o Cavaleiro. Eu
prometo a você que a Morte não veio atrás dela.
Jane caiu para a frente. Se David não a estivesse segurando, ela
teria caído no chão. Ele não teve tempo para refletir sobre essas
informações sobre a Morte por muito tempo. Tanto ele como Jane
ficaram retos ao som de uma mulher gritando.
Lance deu um tapa na garota, fazendo-a soluçar em vez de
gritar.
—Como você tem tanta certeza de que o anjo dela não está por
perto? — Ares perguntou.
—Eu tenho minhas fontes. — Lancelot se inclinou sobre a
mulher e lambeu o rosto. —Eles disseram que ele deixou esse reino,
mas houve avistamentos dele ao norte do Texas, alguns dias atrás. —
Lancelot acenou com a cabeça em direção ao enorme acampamento.
—Agora, deixe-me foder essa cadela para que eu possa me preparar
para liderar meus lobos. Eles vão se tranformar a qualquer momento
agora. Preciso me concentrar se você quiser que seus exércitos vivam.
O que?
David olhou para o céu e depois olhou para Arthur. Duas
piscadas. Sim. Ele voltou os olhos para o trio. Ele havia perdido a
noção do tempo. Eles estavam prestes a ser cercados por milhares de
lobisomens, vampiros e pelo menos cem Keres.
A garota gritou novamente, soluçando quando Lancelot se
empurrou com força nela. David cobriu a boca de Jane para impedir
que ela gritasse, mas ele sabia que ela não aceitaria isso. Eles teriam
que lutar.
David afastou Jane do estupro e observou como seus olhos se
alternavam entre avelã e preto. Ela estava perdendo para o demônio
ou pedindo que se apresentasse. Ele não queria nenhum desses
resultados, mas sabia que Jane era muito volátil para pensar
racionalmente.
Os gritos da mulher ricochetearam nas montanhas quando
David mentalmente disse a Arthur para estar pronto.
Quando David notou seus irmãos se armando de seus
esconderijos, ele se concentrou em Jane. Seu demônio estava perto da
superfície, mas sua Jane ainda estava aguentando. Por favor não caia.
David levantou sua máscara para expor sua boca, e ela soluçou
silenciosamente quando levantou a dele.
—Eu te amo. — Ele sussurrou, pressionando seus lábios nos
dela.
Ela choramingou quando a garota implorou para morrer, e os
grunhidos de Lancelot se aceleraram.
Quando os homens começaram a gritar de agonia e os ossos
começaram a estalar, David terminou o beijo. Ele olhou ao redor para
o maior grupo de lobisomens que já vira antes de olhar para Jane. Ele
acariciou sua bochecha fria e a beijou mais uma vez. Ela estava
segurando o tempo suficiente para ele ver o que ela sentia por ele, e
ele sorriu, beijando-a novamente. —Eu sei, Bebê.
Ela tocou sua bochecha e lábios quando ele puxou sua máscara
de volta no lugar.
Ele suspirou, beijando seus dedos. —Volte para mim.
Jane assentiu e puxou a máscara para ele.
Ele ouviu Lance terminando com a garota e suspirou enquanto
desembainhou a espada. Ele colocou a mão de Jane no punho dela e
sorriu quando ela a soltou.
Ambos olharam quando os gritos da mulher se intensificaram
novamente. David sabia o que estava acontecendo; Lancelot fez isso
com muitas de suas vítimas.
—Você não marca uma há algum tempo. — Disse Ares,
levantando-se.
—Eu não tinha um interesse. — Disse Lance, inspecionando as
letras que ele gravou em seu estômago.
David olhou para ele e viu o sangue escorrendo entre as pernas
dela e pelo tronco.
—E esta sim? — Ares perguntou.
Lancelot afastou o cabelo escuro da mulher e a virou na direção
de Ares, que também estava na linha de visão de David.
David sentiu algo estalar dentro dele enquanto olhava nos olhos
da mulher.
—Ela se parece com ela —, disse Lance, beijando sua bochecha.
—Quase os mesmos olhos também.
Avelã.
Ares riu. —Você está mais doente do que eu pensava.
—Eu posso ver por que eles são atraídos por ela —, Lancelot
acrescentou e se inclinou para beijar os lábios presos da mulher. —Eu
aposto que ela é uma boa foda. Eu me pergunto se David já a teve.
Dizem que ele é celibatário desde a sua transformação, no qual ainda
acho difícil de acreditar.
Os lobos começaram a se reunir perto de Lancelot, e David
imaginou que os estava chamando mentalmente.
—Estamos todos atraídos por ela. — Disse Hermes, jogando seu
osso para um lobisomem próximo.
—É a metade mais sombria dela. Vem e vai. — Disse Ares.
—Talvez a garota tenha aprendido a suprimir a atração que
emite. — Hermes olhou para a lua. —Ou o maligno não deseja ser
descoberto.
—Os anjos também a protegeram. — Ares se espreguiçou. —
Estou cansado deste lugar.
—Ela me lembra a lua. — Lance acariciou os cabelos da garota
como se ela fosse um cachorro. —Talvez ela ande de bicicleta
empurrando e puxando-nos para ela.
Hermes olhou para Lancelot da mesma maneira que David
imaginou.
—Você acha que ela está amarrada à lua? Como um ser celeste?
— Hermes perguntou.
Lance cheirou o cabelo da garota e gemeu. —Foda-se se eu
souber... Qual deles você acha que Davi aprecia mais? Gwen ou sua
cadela?
David olhou para Jane. Ela estava completamente focada em
Lancelot, mais ninguém.
—Hmm. — Lancelot cheirou o cabelo da garota. —Ela quase
cheira a ela também: flores e frutas.
—Você terá mais do que David para lidar se a tocar. — Disse
Hermes quando ele também começou a se levantar.
Lancelot sorriu e puxou os cabelos da menina, forçando-a a olhar
para ele. —Observar aqueles olhos castanhos me encarando enquanto
eu a quebro valerá uma eternidade no inferno. Só espero ter um
vislumbre do rosto de David quando ele perceber que eu peguei e
destruí a pessoa que ele mais ama.
Ares balançou a cabeça. —Lúcifer vai puni-lo se ela for
prejudicada. Ele a quer intacta.
Lancelot deu de ombros e apertou os seios da garota uma última
vez antes de jogá-la com as outras mulheres amarradas. —Como eu
disse, ela valerá a pena. Meu pau estremece com a porra do
pensamento dela.
O fogo nas veias de David estava se tornando insuportável. Ele
não podia cobrar, no entanto. Ele não poderia deixá-la novamente.
Um galho estalou à esquerda de David, e ele olhou por cima,
percebendo que um dos homens de Thor havia pisado nele.
David rapidamente voltou sua atenção para Lancelot, que já
estava olhando para o mato onde o soldado de Thor estava escondido.
Lancelot sorriu e examinou lentamente as árvores e arbustos ao
redor. —Tenho certeza que David acha que ela vale a pena. — Ele
finalmente encontrou o olhar de David. —Não está certo, David?
Lancelot riu e centenas de rosnados rugiram ao redor deles. Os
gritos das Keres encheram as árvores quando suas asas levantaram
poeira e vento.
David avançou ao mesmo tempo em que seus irmãos Hades,
Apolo e os cães se juntaram a ele e Jane. —Ela vale tudo. — Ele
ignorou o riso de Lancelot junto com Ares e Hermes preparando seus
exércitos para atacar e acariciou a bochecha de Jane. —Seja corajosa,
meu amor. — Quando uma lágrima escorregou de seus olhos, ele
sorriu. —Você é mais forte que ela.
—Eu não sou. — Ela se virou para olhar Lancelot e falou com ele.
—Mas muito em breve ele desejará que eu fosse.
Lancelot sacudiu a cabeça. —Eu quero você quando meu pau
deslizar em sua doce boceta. Como ela está, David? — Um sorriso
cruel se espalhou pelo rosto de Lancelot quando ele olhou entre eles.
—Você não a fodeu?
David ficou quieto.
—Você realmente deveria ter transado com ela quando teve a
chance, meu príncipe. — Lancelot riu e olhou para seu pau. —Você
fica duro pelo cheiro dela como eu?
—Cale a boca, porra! — David gritou, apenas ficando no lugar
porque Jane tocou seu braço.
Lancelot sorriu enquanto olhava para Jane. —Ele já olhou para
você com nojo? Do seu demônio, os rumores que ouvi sobre você
cicatrizaram da cabeça aos pés, ou o que foi feito com você? Você
percebe que há mais no seu passado do que jamais imaginou, não é?
— O sorriso dele se alargou. —Ele sabe o quanto você está arruinada?
Quão suja você está?
—Pare de falar com ela! — David apertou a mão em volta da
espada.
—Ela já contou sobre o jogo deles? — Lancelot perguntou,
encarando-o novamente, sorrindo quando David não respondeu. —
Ela sabe. Garota corajosa, eu vou dar isso a ela. Afinal, não é todo dia
que Lúcifer permite que seu sangue entre em outro. — Ele olhou para
Jane. —Você se lembra como o Mestre provou? Isso significa que você
é dele. Não há como voltar agora. Você está condenada.
—Foda-se! — Jane gritou, enxugando as lágrimas.
—Não chore, garota tola —, disse Lancelot, rindo. —E eu vou te
foder em breve. Eu acho que uma parte doente de você quer que eu
faça. É divertido ver como as vítimas de abuso lidam. Eu acho que
você gostou do que aqueles garotos fizeram com você. Aposto que se
eu colocasse minhas mãos entre suas pernas agora, você estaria
molhada pelo que me viu fazer com aquela garota. Aposto que você
gemeria e arquearia aquele traseiro perfeito na minha mão enquanto
me implorava por mais.
—PARE DE FALAR COM ELA! — David rugiu, sua respiração
pesada enquanto lutava contra o desejo de cobrar e deixar Jane
sozinha. Ele sabia que era o que Lance estava esperando.
—Você sabe o que eu ouvi? — Lancelot perguntou a Jane,
ignorando a raiva de David. —Ouvi dizer que Lúcifer gosta de
atormentá-la quase tanto quanto ele gosta de estimular sua luxúria.
David olhou para Jane e viu a confusão cintilar em seus olhos.
Lancelot riu e se esfregou enquanto a olhava. —Eu me pergunto
quantas vezes ele toca em você sem você saber... Gostaria de saber se
ele provou mais do que apenas seus lábios carnudos. — Ele olhou
para David. —Por favor, diga-me que você pelo menos a envolveu
com aquela boca doce em torno de seu pênis. Eu posso dizer quando
uma mulher sabe chupar um homem adequadamente, e ela tem essa
aparência.
David apontou a espada para Lance. —Se você se esconder atrás
de seus vira-latas hoje à noite, eu vou te caçar e fazer você me
implorar para deixar você morrer.
—Então, isso é um sim na porra da boca dela, pelo menos. Bom
garoto. Eu sabia que ela estava satisfazendo você de alguma forma. —
Lancelot esfregou as mãos enquanto seu bando rosnava. —Ainda é
uma pena que você não tenha estado dentro dela. Suponho que
sempre haja a chance de ela escapar, mas prometo que ela não será a
mesma depois que eu terminar com ela. E quando meu mestre
terminar com ela, apenas a escuridão permanecerá. Esses lindos olhos
dela se irão para sempre. — Lancelot olhou para Jane e sorriu. —Você
engoliu, não foi? O David de que me lembro levou apenas alguns
segundos das prostitutas que o fizeram.
David não aguentou.

36
NAO HA LUZ
Branco.
Isso era tudo o que Jane podia ver antes de se colocar de quatro.
Ela olhou para a mancha sangrenta na neve onde fora jogada e tossiu.
Seus pulmões ardiam com cada respiração que ela respirava enquanto
tirava a máscara. O ar frio instantaneamente tornou mais difícil
respirar, mas ela não conseguia manter a máscara molhada de sangue.
Ela continuou ofegando enquanto os sons da batalha e os gritos
de morte rugiam ao seu redor. Jane pegou sua espada, sua mão
tremendo incontrolavelmente enquanto seus dedos se curvavam ao
redor do punho.
—Jane —, disse Hades, ajudando-a a se levantar. —Vamos lá,
beleza. Não desista ainda.
Imagens borradas dos cavaleiros lutando ao seu redor ficaram
mais claras quando ela se apoiou em Hades. Ele a apoiou quando ela
olhou para seu último atacante e o encontrou despedaçado.
—De nada. — Disse Hades, rindo, apesar do fato de que
provavelmente estavam prestes a morrer.
Ela ouviu o rugido de David, e seu coração bateu forte enquanto
examinava a loucura para encontrá-lo. Hades apontou por cima do
ombro, e ela rapidamente se virou para vê-lo ainda lutando contra
Lancelot, além de dez outros lobisomens e vampiros.
Sua mão apertou seu punho quando Lancelot acertou um tiro
barato do lado de David. Ela deu um passo na direção dele, mas
Hades a manteve imóvel.
—Não, Jane.
—Eu preciso ajudá-lo. — Disse ela, soltando sua raiva em um
apelo desesperado.
Os rugidos de David continuaram e ela olhou novamente. Ele
estava cercado, completamente isolado dos outros.
Lágrimas ameaçaram cair de seus olhos quando ela viu os
numerosos prisioneiros humanos presos em poças de sangue. Os
lobos enlouqueceram quando Lancelot se soltou e as Keres também.
Hades tocou o lado dela. —Você está machucada.
Como um filme, ela olhou para o lado e viu o vermelho escoar
através de suas roupas. Então ela sentiu. Ela o agarrou com as mãos,
sentindo-se instantaneamente tonta. —Hades.
—Eu peguei você. — Hades rapidamente suportou seu peso e
começou a arrastá-la para o lado. Ele continuou olhando ao redor, mas
até agora, os outros estavam mantendo-a protegida.
David atacou Lancelot, derrubando-o várias centenas de metros
no grande exército, mas ele a deixou vulnerável. Os cavaleiros e lobos
a escolheram sobre David.
Jane não o deixaria lutar sozinho, e ela levou os outros o mais
perto possível dele. Ela estava administrando bem seus poderes. Ela
afastou os atacantes para manter os cavaleiros e a si mesma em
segurança ou os jogou em árvores e penhascos irregulares. Estava
funcionando, e ela sentiu que eles realmente conseguiriam fazer isso,
mas tudo mudou quando as Keres finalmente decidiram se juntar à
batalha.
Elas eram muito rápidas. David conseguiu matar cinco, e Hades
também derrubou alguns, mas ninguém mais conseguiu um único
golpe. As Keres, no entanto, raramente erram. Elas atacaram suas
presas como raptores. Quem quer que elas agarraram se foi,
completamente fora de vista em questão de segundos. Não importava
para elas quem elas matavam. Às vezes elas pegavam vampiros
feridos de suas próprias fileiras, mas depois voltavam sua atenção
para os homens de Thor e os cativos humanos. Foi quando Jane
perdeu todo o senso de autopreservação.
Elas gargalharam quando ela apontou seus ataques para elas, e
começaram a acertar ataques nela porque havia muitos. Elas voaram,
arranhando-a enquanto ela tentava atacar uma. Alguém até conseguiu
agarrá-la e jogá-la em uma pilha de lobisomens. Felizmente para ela,
Lamorak e Percivale estavam por perto, e eles foram capazes de
arrastá-la para fora do bando antes que pudessem carregá-la.
Havia tanto caos. Ela nunca tinha visto tanta destruição de uma
só vez antes. Não importava onde ela olhasse, alguém estava sendo
morto ou arrastado. O fogo de Apolo e Tristan havia incendiado as
árvores, então a fumaça estava começando a fazer todo mundo
engasgar e se esforçar para ver.
—Apenas respire. — Disse Hades, inclinando-a contra uma
pedra.

Ele criou uma blusa e um exame de ferimento. A maneira como


seus olhos se arregalaram e dispararam para os dela disse-lhe tudo o
que precisava saber.
—É ruim—, ela declarou de qualquer maneira e o viu assentir. —
Eu sempre me machuco. É porque eu devo morrer?
—Não me pergunte isso, Jane... Você está esgotada demais para
curá-lo, não está? — Ele aplicou pressão no ferimento dela.
Ela assentiu, estremecendo com o toque doloroso dele.
—Foda-se. — Disse ele, olhando ao redor.
Não havia ninguém que pudesse ajudá-los. Já era demais que ele
estivesse cuidando dela, porque ela podia ver onde os outros estavam
lutando para manter a brecha que lhes restava. Ela nem sabia quando
recebeu o ferimento. O único ataque que ela considerou ruim o
suficiente foi quando uma das Keres caiu e a jogou na neve.
Jane ofegou enquanto tentava olhar para baixo. Os olhos dela
lacrimejaram quando viu o sangue saindo lentamente do seu lado.
—Algo está rasgado. Talvez o seu baço. — Hades olhou nos
olhos dela. —Eu não sei como consertar isso. Onde diabos está
Bedivere?
—Ajude David. — Disse ela, ofegando enquanto ele ainda
tentava pressionar seu ferimento.
Hades examinou a batalha até encontrar David. —Eu preciso
pegá-lo para você, Jane. Você não precisa tanto do sangue dele para
curar.
Ela balançou a cabeça. —Não! Ele é sua única esperança, Hades.
Não deixe que ele se distraia.
—Jane. — Ele disse, mas ela o interrompeu.
—A Morte virá? — Ela perguntou, finalmente deixando suas
lágrimas caírem.
Hades estendeu a mão para segurar sua bochecha. —Sinto
muito, Jane.
Ela assentiu, deixando mais lágrimas escaparem. Era inútil
segurá-las agora. Ela falhou e não havia mais razão para fingir ser
corajosa. —Amo eles. Por favor, diga a David que eu o amo. Eu o amo
tanto. — Ela soluçou, suas lágrimas encharcando seu rosto. —Diga à
Morte que nunca vou parar de amá-lo. E me desculpe.
Hades a puxou para ele. —Shh, jovem beleza. Ainda não acabou.
As palavras reconfortantes fizeram pouco por ela, e ela chorou
mais. Ela sabia que tinha acabado. Seu ferimento era grave e ela não
tinha força suficiente para ter uma chance de se curar. Ela precisava
de sangue. Muito disso.
Parecia que o pensamento também surgiu na mente de Hades, e
ele se afastou. —Alimente-se de mim, Jane.
—Eu não vou conseguir parar, Hades. Eu vou drenar você. Vá
ajudar David. Por favor.
Hades removeu sua máscara. —Não, se alimente. — Ele
começou a puxá-la de volta. Jane tentou o seu melhor para lutar com
ele, porque ela não achava que seria capaz de resistir a ele se ele a
aproximasse demais. —Eu preciso, Jane. Não posso deixar que isso
aconteça com você. Não é assim que você morrerá.
—Hades, não faça isso!
—Eu prometi proteger você. — Disse ele, posicionando-a em seu
colo.
Jane chorou quando ele colocou as mãos nos ombros dele. —
Hades, por favor. — Ela olhou para o pulso rápido no pescoço dele,
com o estômago dolorido e com água na boca.
—Está tudo bem, Jane.
Ela olhou freneticamente ao redor deles, esperando que alguém
viesse e a parasse. Alguém. Mas ere tudo um borrão. Havia corpos e
partes de corpos espalhados pelo chão. As Keres estavam voando
acima e mergulhando para pegar as vítimas. Apolo e Tristan estavam
protegendo os outros com suas chamas, mas logo se enfraqueceriam,
como ela.
Jane respirou fundo quando viu três vampiros correndo na
direção deles ao mesmo tempo em que ouviu asas batendo atrás dela.
—Depressa, Jane. — Disse Hades quando algo os derrubou um
do outro.
Eles rolaram e ela gritou de dor, mas imediatamente ouviu as
correntes de Hades chicoteando no ar. Ele os girou ao seu redor
enquanto ela lutava para se levantar da barriga. Ela estava tão
exausta, no entanto, e desmaiou, vendo Hades tentando salvar os dois
agora. Ele estava lutando contra os três vampiros, mas ela sabia que
algo mais havia colidido com eles.
Jane virou a cabeça o máximo que pôde. Ela não entendeu o que
estava vendo. Ela reconheceu o homem lutando contra o lobisomem
atrás dela, mas não fazia sentido vê-lo lutando contra um -
protegendo-a disso.
Jane o observou, mal conseguindo distinguir seus ataques
porque ele era incrivelmente rápido. Ele também foi ferido. Não o
impediu de matar o lobisomem e correr em sua direção.
Ela entrou em pânico quando ele se ajoelhou ao lado dela e abriu
a boca para gritar. Não havia como deixá-lo levá-la viva.
—Shh... — Ele segurou seu lado enquanto ele levantava a blusa
dela. —Você precisa de sangue ou você vai morrer.
—Eu não vou com você.
Ele deu um sorriso encantador e afastou o cabelo loiro sujo. —Eu
prometo que não estou aqui para machucá-la ou levá-la a qualquer
lugar.
Jane olhou para Hades; ele ainda estava totalmente envolvido
com outro grupo de vampiros.
—Eu sou Hermes. — Ele tocou sua bochecha. —Você precisa
viver.
—Então salve David para mim.
Hermes sacudiu a cabeça e a levantou no colo. —Ele precisa
lutar. Alimente-se de mim. Você não tem muito tempo.
—Afaste-se dela. — Rosnou Hades, segurando sua espada contra
a garganta de Hermes.
Hermes não se mexeu. Jane mal conseguia manter os olhos
abertos agora. —Ela está morrendo, tio —, disse Hermes. —Estou
tentando ajudar. Por favor, deixe-me fazer isso.
Jane apertou os olhos para Hades e o viu pensando sobre isso.
Hades olhou para ela antes de voltar seu olhar para Hermes. —
Por que você está fazendo isso?
—Não temos tempo. — Disse Hermes sem responder à pergunta.
O grito de Ártemis ricocheteou em seus ouvidos, e Hermes e Hades
viraram a cabeça na direção dela. —Eu posso salvar Jane. Vá para
minha irmã, tio.
Hades se ajoelhou para olhar nos olhos de Jane. Ela realmente
não sabia como responder ao que estava acontecendo. Tudo o que ela
podia ouvir eram os outros gritando e os lobos rosnando com os
dentes afiados estalando no ar.
Ártemis gritou de novo, e Jane quase sentiu vontade de mandá-
la calar a boca para que ela pudesse pelo menos morrer em paz.
Mas ela não fez. — Vá salvar sua bunda idiota, Hades. Está bem.
Estou bem. Nem dói mais.
Hades ficou olhando entre Jane, Hermes e a direção de onde
Ártemis deveria estar. Ele olhou para o ferimento de Hermes e
suspirou, retirando a espada. —Boa sorte, sobrinho. Que você
encontre paz na vida após a morte. — Hades se foi antes que ela
percebesse.
Hermes voltou seu foco para ela e sorriu.
—Você não é a Morte ou meu David —, ela disse grogue. —mas
você é bonito. Esta é uma boa maneira de morrer. Não deixe que eles
me comam, e por favor não deixe David ver.
—Estou lisonjeado com o seu elogio. — Ele sorriu, colocando-a
no colo. -— E não se preocupe com seu cavaleiro. Juro que se é a
última coisa que faço, seu cavaleiro a encontrará em segurança. — Ele
empurrou o cabelo dela para trás. —Eu gostaria que tivéssemos nos
conhecido em diferentes circunstâncias, Jane. Talvez nos encontremos
em outra vida e pedirei um encontro antes de esperar que você chupe
meu pescoço.
—Eu não quero te matar. — Ela sussurrou, mas suas presas já
estavam se estendendo.
Ele exibia um sorriso triste quando segurou sua bochecha. —
Você não vai - eu prometo. Agora se alimente, anjo. Nós dois estamos
ficando sem sangue.
Jane chorou quando ele puxou a boca para o pescoço dele.
—Shh, tudo ficará bem.
—Me perdoe. — Sua fome substituiu qualquer bem nela, e ela
fechou a boca no pescoço dele. Seu sangue quente escorreu por sua
garganta ressecada, e ela gemeu quando o puxou para mais perto.
Nada mais importava para ela, e embora ela estivesse
registrando que não era David, ela não se importava. Ele era a refeição
dela e tinha um gosto delicioso. Aquela garota perversa de olhos
negros apareceu na mente de Jane e exigiu sua morte. Ela queria mais
sangue. Ela queria se alimentar de todos eles. Jane o agarrou com mais
força, mordendo asperamente.
Ele a estava segurando delicadamente, mas agora lutava para
arrancá-la. Jane não estava tendo. Ela rosnou e bebeu mais.
—Jane —, Hermes ofegou. O clique de uma arma soou enquanto
ele a empurrava contra o peito dela. —É prata.
Ela assobiou e soltou-o.
Ele caiu contra a pedra, ainda segurando a arma na mão trêmula
enquanto olhava para o lado dela. Ela o viu sorrir enquanto olhava de
novo para o rosto dela. —Pelo menos eu fiz uma coisa certa na minha
vida.
Jane piscou, sentindo sua sede liberar sua mente. Ela olhou para
o lado dela. Ainda estava sangrando, mas selando-se lentamente. Ela
rapidamente olhou para o rosto pálido dele, finalmente percebendo o
que tinha feito. —Eu sinto muito. — Ela chorou e pressionou a mão na
ferida dele. —Eu deveria ter parado. Espere, eu ajudo você.
Um grito alto soou de repente, e Jane se levantou, mas uma
figura alada caiu sobre as Keres prestes a atacá-la. Jane ficou
boquiaberta para o homem alado enquanto ele balançava uma espada
de aparência elegante para as Keres, removendo a cabeça.
Ele se levantou quando mais saltou das árvores e dos penhascos.
Eles estavam mirando seus corpos na direção das Keres voando baixo
e os pegando de surpresa. Era óbvio que elas não estavam voando,
mas as grandes alturas de onde estavam pulando permitiram que elas
deslizassem na direção que quisessem.
—Parece que seu apoio chegou. — Hermes sussurrou quando o
salvador disparou em direção à luta principal.
Jane percebeu que Hermes ainda estava apontando a arma para
ela. —Por favor, me mate rapidamente.
Hermes balançou a cabeça e tentou alcançar sua bochecha.
Jane levantou a mão para ele e deu um beijo nela. —Por que você
fez isso?
—Você não me matou. — Ele sorriu e Jane observou a cor escura
escorrer de seus olhos. —Você me salvou, anjo. — Jane olhou para ele,
confusa, e sentiu o polegar mal esfregar as lágrimas. — Não deixe isso
consumir você, Jane. Você é luz escondida na escuridão. Tudo bem se
você cair. Eu sei que você vai voltar.
—Eu sinto muito. — Ela não o conhecia, mas esse imortal
amaldiçoado, um vampiro que seguia um dos homens mais maus que
ela já tinha visto, havia dado a vida por ela. —Eu não sou boa. Eu sou
má. Você não deveria ter me deixado fazer isso. Eu não queria te
matar.
Os olhos agora castanhos de Hermes lacrimejaram. —Você é boa.
Você é amor e força. Nunca pense que você é ruim. — Ele fechou os
olhos por um momento.
Jane prendeu a respiração, pensando que ele havia escapado,
mas então ele sibilou e abriu os olhos. Ela respirou fundo e ficou
surpresa ao ver um pequeno sorriso nos lábios dele.
—Eu disse que você não me mataria. — Ele sorriu, mas caiu
rapidamente. — Você é uma boa pessoa, Jane. Nada disso é culpa sua.
Eles estão fazendo isso.
—Eu não entendo o que você quer dizer. Quais eles?
Ele sorriu de novo. —Lembre-se, você não me matou e é luz.
Você é como a lua - tão bonita. Eu gostaria de poder ver quando você
faz. Prometa que continuará lutando contra isso.
Ela não sabia do que ele estava falando, mas assentiu. —Eu
prometo.
—Obrigado anjo. — Ele então levou a arma à cabeça e atirou.
Jane gritou, sentindo o sangue dele espirrar em seu rosto. A
arma caiu ao seu lado e Jane deixou cair a mão que estava segurando
na bochecha.
Ela olhou chocada para os olhos vazios e observou a luz os
deixar. —NÃO! — Ela lamentou, abraçando seu corpo imóvel. —
Porque? — Suas lágrimas estavam geladas, mas ela ficou com ele,
segurando a jaqueta dele. Era tão errado segurar alguém que não
estava mais lá. Ela podia ouvir a batalha prosseguindo. Os ventos
fortes fizeram seus cabelos voarem ao seu redor, mas ela não o moveu
do rosto.
O sorriso adorável de Hermes surgiu em sua mente. —Você é luz
escondida na escuridão.
—Eu não sou luz. — Disse ela com uma voz rouca.
O som da voz de David a fez se virar. Antes de encontrá-lo, ela
viu pilhas dos homens de Thor mortos na neve - ela viu Akakios
tentando alcançá-la, mas ele estava protegendo sua fêmea, que estava
ferida, ao que parecia. Bom garoto. Jane sorriu fracamente e olhou
para os cavaleiros. Muitos deles ficaram feridos, mas todos estavam
de pé - todos lutando.
Eles pareciam aliviados com os aliados alados ao lado deles. Ela
não sabia quem ou o que eram. Suas auras etéreas sugeriam que eram
anjos, mas nem todos tinham asas, e aqueles que possuíam não
tinham as enormes asas que ela já vira antes.
—Jane? — David gritou por ela.
Ela se virou, finalmente o vendo no centro da batalha. Ele estava
examinando os corpos no chão. Meu David.
Ele parou de procurar no campo de batalha e virou-se para se
defender quando Lancelot atacou novamente. David bloqueou a
espada apontada para o pescoço dele, rosnando quando ele
imediatamente lançou seu próprio ataque. Seu vampiro parecia tão
magnífico como sempre. Ela nunca se cansaria de vê-lo lutar.
Ela notou que ele a procurava novamente enquanto ele lutava.
Seu coração doía; Lancelot estava certo - ela realmente era a queda de
David.
Jane voltou sua atenção para Lancelot. Ele estava economizando
energia, usando seus lobos para desgastar David e impedi-lo de
ajudar qualquer outra pessoa.
Lancelot pegou um de seus lobos e o usou para bloquear um
golpe da espada de David. O lobo estava completamente cortado ao
meio, e David rugiu, tentando chutá-lo para fora do caminho, mas
Lancelot tinha mais lobos bloqueando-o. Era fácil ver por que David
nunca conseguiu matar Lancelot; ele nunca teve uma luta justa. Lutar
contra Lancelot significava lutar contra um exército inteiro de
lobisomens.
Mesmo com seus novos aliados, os exércitos de Lancelot e Ares
os esmagariam. Parecia que o plano deles era apenas um pequeno
grupo de trinta indivíduos de qualquer maneira. Era melhor que
nada, mas eles estavam em menor número e cansados. Era apenas
uma questão de tempo antes que começassem a cair.
As Keres restantes ainda voavam sobre ela, procurando por suas
próximas vítimas. Jane soltou um suspiro antes de olhar para David.
Ela podia ver o pânico dele. Ele ainda estava procurando por ela,
distraído. Ela percebeu que Lancelot estava segurando alguns de seus
lobos, e então ficou horrorizada quando Lancelot deu a ordem para
que eles atacassem David.
Jane rapidamente se levantou, choramingando quando o olhar
vazio de Hermes a encarou. Ela não podia chorar por ele agora. Ela
tinha que ajudar David. Ela estava cansada dos outros morrendo por
ela. Ela não era especial; ela não era luz dentro da escuridão ou
salvadora de qualquer tipo. Ela era apenas Jane. E David não poderia
morrer por causa dela.
Dentro de si, uma garota chorando balançou a cabeça para Jane.
Jane sabia que isso era apenas uma parte dela, a parte dela que queria
ser amada e aceita. Essa era a garota que esperava ser feliz - desejava
ser alguém ótima, a guerreira que todos diziam que era. Ela queria
tudo de bom, não importasse quanta dor e sofrimento fosse
necessário. Ela queria grandeza. Ela queria viver. Ela queria ser amada
por David.
Ela queria a chance de amá-lo.
Essa era a garota frágil, mas poderosa, que Jane desejava ser.
Essa garota tinha esperança, força e amor - mas ela vinha com muita
dor, perda, escuridão. Jane não podia se permitir ter esperança se isso
acabasse em destruição.
Mais uma vez, a menina chorando balançou a cabeça. Ela tentou
dizer a Jane que era boa - que essas perdas deveriam acontecer - elas
deveriam ser sentidas e amadas por ela. Ela disse a ela que algo de
bom viria disso tudo. Ela disse a ela para ter coragem e fé. Jane queria
acreditar nela, ela realmente acreditava, mas um rugido alto sacudiu
sua mente, e uma garota quase idêntica agarrou Jane por baixo.
Essa garota exibiu um sorriso malicioso ao dizer as coisas mais
terríveis para Jane. Ela mostrou o que aconteceria se ela escutasse a
garota que chorava. Ela mostrou seu sangue. Ela mostrou a morte de
David - prometeu que seria uma realidade se ela acreditasse nessa
garota. A garota perversa enfiou os dedos no tornozelo de Jane,
puxando enquanto a garota que chorava tentava segurar Jane.
A garota com o sorriso maligno disse a Jane para olhar para trás.
Ela fez e viu Hermes. A neve estava começando a cobrir seu corpo
morto.
A garota de olhos escuros forçou Jane a continuar olhando para
o corpo de Hermes. —Serão seus cavaleiros. Será todo mundo que
você ama. Você é muito fraca. Você não é o que eles dizem. Você não é
o que ela diz. Eu sou
Os olhos de Jane se encheram de lágrimas. —Não há luz. — Ela
sussurrou, soltando a garota que chorava e abraçou o demônio rindo
dentro dela.
O cabo de aço da espada de Jane de repente entrou em contato
com a mão dela. Ela apertou e abriu os olhos, muito consciente de que
ela não era a única olhando através deles, percebendo o caos que ela
estava prestes a entrar. Ela podia sentir a garota má ao seu lado. Não
era como antes, onde Jane estava submersa na escuridão,
ocasionalmente se libertando para ver o que sua entidade permitia.
Desta vez elas eram uma. Ela sabia que seu demônio não estava feliz -
o monstro de olhos pretos não queria que Jane tivesse nenhum
controle.
Honestamente, Jane não sabia como estava fazendo isso. Era
como se uma força separada se recusasse a deixá-la se sacrificar.
Quase como se as palavras 'ainda não' estivessem sendo sussurradas
para ela.
Um rosnado saiu da boca de Jane sem o seu consentimento.
Jane procurou dentro de si mesma, olhando para a escuridão
onde uma luz dourada piscava, revelando a garota triste com olhos
castanhos. Ela estava brava com ela, mas Jane a alcançou e pediu que
ela ficasse com ela. A garota triste agarrou a mão de Jane, apertando-a
com mais força quando a garota malvada tentou arrancar Jane.
—Ela está vindo com a gente. — Jane falou em voz alta, mas ela
estava falando com sua colega maligna.
Embora houvesse ódio óbvio, a garota de olhos pretos parecia
incapaz de combatê-las.
Jane passou por cima dos nórdicos caídos, sem olhar para eles
com medo de reconhecer alguém que amava e manteve os olhos em
David. A garota triste ao seu lado estendeu a mão para ele, e David
rapidamente olhou em sua direção.
Um olhar aliviado brilhou dentro de seu olhar, mas seus olhos se
arregalaram quando a olhou mais de perto. Ele continuou lutando,
mas ela viu sua devastação. Ela sabia o que ele via, porque podia
sentir o sorriso sinistro nos lábios. Ele viu o demônio dela.
Lancelot riu para o lado. Havia vários lobisomens entre ele e
David, mas ele estava olhando para ela.
—Não resistiu a ela, não é? — Lancelot perguntou.
O sorriso de Jane se alargou e ela caminhou na direção dele, em
vez da de David. A menina triste tentou puxá-la na direção de David,
mas o monstro de olhos pretos cravou as unhas no braço de Jane e
puxou. Jane sentiu um nó no estômago porque podia sentir como seu
demônio estava reagindo ao corpo nu de Lancelot. Ela o queria dentro
dela.
—Eu sabia que havia uma prostituta suja dentro de você. —
Lancelot enrolou o dedo. —Vamos, cadela. Vou te dar o que ele não
vai.
Ela gemeu e tirou a jaqueta.
—Jane, o que diabos você está fazendo? — David gritou ao
mesmo tempo que ela sentiu um fogo rugir em seu peito.
Ela parou de andar e olhou em volta, encontrando o olhar de
David antes de voltar para Lancelot.
Ele sorriu quando seus olhos escuros examinaram seu corpo. —
Mesmo com cicatrizes, ela envia sangue para o seu pau, não é?
—Jane, acorde, bebê. Volte. —David tentou procurá-la, mas ele
foi derrubado.
Lancelot falou com ela como se David não estivesse matando
tudo em seu caminho para alcançá-la.— Você vem ou não? Ele
acabará se esgotando com meus animais de estimação para matar.
A menina triste lá dentro ficou mais ereta, enxugando as
lágrimas.
Lancelot a observou por alguns segundos antes de sorrir. —Você
ainda está lutando com ela. Boa garota. Quero que você lute comigo
enquanto eu quebro você. Você é corajosa o suficiente para me aceitar
sozinha? Ou você precisa daquela cadela em você e no seu cavaleiro?
Acho que David não vai querer você depois disso, seu cheiro excitado
está lhe dizendo tudo o que ele precisa saber. Se você vier a mim,
como uma boa garota, Vou recuar minhas fileiras para que seus
cavaleiros possam chegar a Valhalla - deixe-os viver para lutar outro
dia. Só por você. — O olhar dele se fixou em sua boca: —Você só tem
que vir e me prometer que vai engolir.
Jane sentiu raiva de ambas as versões de si mesma. Enquanto a
garota triste sentia nojo, sua metade escura estava furiosa por ele
oferecer uma coisa dessas a Jane. As duas olharam para ele, e ele
parecia saber que ela não era mais alguém que ele queria perto dele.
Seus lobos rosnaram e moveram-se entre eles.
Desta vez, Jane sorriu. Ela tornou-se hiper-consciente de tudo o
que estava acontecendo ao seu redor. Na verdade, ela podia ver mais
do que o que estava em seu campo de visão. Sua mente estava
conectada com tudo e todo mundo. Agradou-a, e ela gostou da
sensação que criou dentro de seu corpo. Eles eram seus fantoches.
—Eu não serei a segunda dela! — As palavras de sua entidade
cuspiram na boca de Jane como ácido, enquanto ela afundava as
garras no coração de Jane, rosnando e mostrando suas presas para
Lancelot.
Lancelot olhou para David e riu. —A garota que David ama. Ele
não dá a mínima para você. Todo o meu exército poderia te foder, e
ele não se importaria. Mas se é ela, e eu a quebrarei, eu a destruirei.
—É aí que você está errado. — Ela conectou sua mente com a
prata, puxando-a das correntes de sangue dos cavaleiros. —Destruirei
o príncipe. Não você.
Os cavaleiros começaram a curar, lutando com vigor renovado.
—O que você está fazendo? — Lancelot se afastou mais, mas ele
sorriu para ela antes de olhar para David, que estava lutando contra
lobos, tentando alcançá-la. —Está com raiva só porque eu não vou te
foder? Só vai demorar mais tempo para arruiná-la sem mim. Jane
tema-me. Ela já te derrotou várias vezes. Neste momento, eu vejo seus
lindos olhos me encarando. Qualquer controle que ela lhe deu é
apenas temporário. Escolha suas ações com sabedoria, cadela. Quem
sabe, talvez ela possa te matar e salvar o mundo como David acredita
que ela fará.
—Ou eu poderia matar todos vocês —, disse ela, observando-o
enquanto ele continuava se afastando dela. —Isso quebraria seu
coração puro.
Jane olhou para a garota triste. Ela tinha lágrimas nos olhos, mas
um inferno dourado ardia dentro dela. —Você está deixando ela nos
destruir. — Disse ela, balançando a cabeça em decepção.
Lancelot olhou para seu membro semi-ereto. —Bem, se você
quer ser minha prostituta, traga sua bunda aqui. Eu só quero transar
com ela uma vez, mas vou deixar você ir primeiro, se isso significa
muito para você.
—Não. Você será minha prostituta. — Ela sorriu ao ver sua fúria.
—Você aprenderá a não me privar do que eu quero. Você sofrerá por
querer ela em vez de mim.
Os olhos de Lancelot se arregalaram, e ele assobiou. Uma porção
maior de lobisomens os cercou enquanto as Keres gritavam e voavam
em sua direção.
A garota triste chorou. —Não faça isso.
—JANE! — David gritou, jogando vários vampiros e lobisomens
nas costas. Jane fechou os olhos quando seu lado mais sombrio riu e
ela soltou a garota que chorava. Ele precisa sofrer, pensou ela,
afastando-se da garota triste e olhou para cima para ver muitas Keres
circulando-a. Ela queria que todos pagassem, e a escuridão de sua
cópia maligna só aumentou sua sede de sangue.
Várias Keres subitamente mergulharam em sua direção. Elas
riam enquanto se revezavam passando em seu rosto, mas Jane não o
fez. Ela se esquivou dos ataques, um sorriso cruel nos lábios quando o
demônio a elogiou, arrulhando todo tipo de tortura doentia que ela
poderia infligir a eles.
Os olhos brancos pertencentes a um dos lobos mutantes de
Lancelot se conectaram aos dela. Deixando que se aproximasse, rugiu
quando o lobo rosnou. Neste exato momento, várias Keres
mergulharam para atacá-la. Jane, com seu demônio sorrindo ao seu
lado, levantou a mão e as deteve, deixando-as suspensas no ar. O lobo
estava preso também. Ele rosnou enquanto começava a estalar as
mandíbulas, mas ela não o deixou ir.
Jane olhou para Lancelot e falou as palavras que seu demônio
sorridente sussurrou em seu ouvido. —Da próxima vez que nos
encontrarmos, Sir Lancelot, você vai implorar para me foder. Reze
para que eu ainda queira você dentro de mim quando chegar a hora.
— Ela mandou um beijo para ele antes de voltar para os cinco
monstros que mantinha no lugar. Elas gritaram quando ela as apertou
com seu poder e depois jogou seus corpos repetidamente no chão, até
que apenas pilhas de carne ensanguentada foram deixadas na neve.
Quando mais Keres começaram a voar em sua direção, ela as
deteve e as segurou no ar. Ela sorriu quando Lancelot fugiu com
metade do bando dele, mas teria certeza de que ele soubesse que ela
era superior. Então, ela as apertou até elas explodirem. Sangue e carne
voaram em todas as direções, e ela gemeu, lambendo os lábios quando
alguns pousaram nelas.
Três vampiros atacaram de repente, e Jane pulou no primeiro
homem, agarrando seus cabelos e puxando até que sua cabeça se
separou de seu corpo. Ela jogou a cabeça no segundo vampiro antes
de atacar o terceiro no chão, fechando os dentes ao redor da jugular
dele no momento em que eles pousaram.
Jane rasgou selvagemente tudo o que podia caber em sua boca.
Ela rosnou quando cuspiu a carne dele e o agarrou pela perna. Ela
sorriu ao ver a vida dele terminando antes de balançar o corpo para o
outro vampiro.
A força jogou sua vítima de volta ao ar, mas ela estendeu a mão e
o puxou de volta para suas mãos. Ela fez isso enquanto as Keres acima
dela ficavam congeladas no ar. Ela ficou encantada com o som dos
gritos delas, especialmente quando pediram que Lancelot voltasse
para elas.
A verdadeira Jane sentiu-se empurrada para trás de seu demônio
quando elas olharam para ver Lancelot se virar para assistir. Seu
demônio sorriu, segurando seu olhar enquanto ela forçava o homem
vampiro em suas costas. Ela montou nele e forçou-o a agarrar seu
peito enquanto se apoiava no homem, gemendo e nunca perdendo o
contato visual com Lancelot. Jane entrou em pânico, horrorizada com
o que estava fazendo, e tentou recuperar o controle, mas foi forçada a
voltar, paralisada dentro de si mesma quando seu demônio libertou a
ereção do homem de suas calças.
Nenhuma palavra saiu de sua boca, mas ela gritou e cravou as
próprias unhas nas costas de seu demônio quando começou a gemer e
a foder com esse vampiro que agora estava participando ativamente
do ataque. Jane procurou a menina triste e a viu no chão. —Você a
deixou fazer isso —, disse ela, cobrindo os olhos. —Lute com ela.
Jane voltou-se para o demônio, olhando para Lancelot quando
ele começou a acariciar-se enquanto observava a uma distância
segura. Ela queria vomitar e gritou quando seu demônio se levantou e
começou a desfazer as calças. De alguma forma, Jane conseguiu
enfrentar seu demônio. Seu corpo físico recaiu sobre o vampiro
excitado, que imediatamente começou a tateá-la.
Seu rugido sacudiu o chão, e Jane perdeu todo o controle sobre si
mesma enquanto segurava seu demônio e começou a rasgar o
vampiro em pedaços com as próprias mãos.
—JANE! — David gritou, o tom horrorizado despertando-a da
loucura. —Bebê.
Ela olhou para as mãos ensanguentadas e o vampiro morto,
soluçando enquanto tentava manter o demônio em luta. A menina
triste estava ajudando, dizendo para ela não soltar, mas ela estava
rachando de novo. —Oh Deus! O que eu fiz?
David rugiu, e ela se virou para vê-lo lutando. Thor se juntou a
ele junto com Ártemis. Seu desgosto por ela estava claro como o dia
enquanto eles continuavam a lutar. Ela observava David, seus olhos
mais escuros do que o normal quando ele esmagou e separou seu
inimigo.
Ele olhou para ela, mostrando suas presas agora que ele havia
rasgado sua máscara em algum momento também.
—Ele te odeia. — Seu demônio riu abaixo dela. —Você partiu o
coração dele.
Jane soluçou, fechando os olhos quando o olhar furioso de David
apontou para ela. Ela sentiu seu demônio começar a se levantar
quando a menina triste disse a ela para parar com isso. Ela disse para
ela acordar, mas Jane estava quebrando.
Duas Keres se aproximaram dela, mas seu demônio reagiu
facilmente, esmagando-as e segurando-as no chão congelado. Ela
ficou de pé, deixando seu demônio fazer o que desejava,
envergonhada e quebrada com os sons dos gritos das Keres. Ela não
conseguia tirar o rosto de David da cabeça. Então, ela ficou de pé,
observando o demônio considerar o que fazer com as duas Keres.
Uma loira e uma morena.
—A pele delas é impecável - vamos consertar isso. — Seu
demônio falou em voz alta, estendendo a mão enquanto observava a
carne delas derreter.
—PARE ELA! — A menina triste gritou.
Não posso, Jane pensou, odiando o que ela se tornara.
Um leve formigamento a tocou nas costas e ela chorou. A garota
triste dentro dela rugiu, no entanto. Ela alcançou a fonte desse
formigamento, implorando para ajudá-la. MORTE!
Jane olhou para o pesadelo que ela criara. Duas Keres olhavam
para cima, seus olhos negros mais vazios do que nunca.
—Volte —, a menina triste dentro dela gritou para ele. —Nós
precisamos de você.
Ele - ele nunca a alcançou. Ela sentiu uma tristeza que não era
dela, mas ele ainda estava lá. Assistindo.
Jane tentou procurá-lo; ela não queria ser assim. Ela o queria de
volta. A garota torturada agarrou sua mão e tentou correr com ela,
mas a atenção de seu demônio na morena lutando ao lado de David os
fez parar. Ele bloqueou um ataque que teria pegado o braço de
Ártemis e a empurrou para trás enquanto destruía o lobisomem que
os atacava.
—Parece que já fomos substituídas —, disse seu demônio,
levantando-se novamente. —Ele aprenderá também - eu não sou a
segunda de ninguém.
Jane e até a garota triste sentiram fogo dentro do peito enquanto
David continuava salvando Ártemis quando os lobos de Lancelot a
destacaram. Jane olhou para onde tinha visto Lancelot pela última vez
e o observou piscar.
A fúria pulsou nas veias de Jane, e ela disse à garota triste para
calar a boca quando o sorriso perverso de seu demônio se espalhou
por seus lábios.
Esse formigamento se espalhou por sua barriga e por seu peito,
mas seu demônio riu quando ela ficou atrás de Ártemis. A deusa
estava lutando com dois lobisomens, e Jane estendeu a mão, fazendo-
os implodir em um mero segundo.
—Bebê. — David disse, alcançando-a, mas ela o empurrou no
peito, empurrando-o para trás vários metros antes de erguer uma
barreira ao redor dela e de Ártemis.
—Pare! — Ele gritou, incapaz de passar pela barreira.
Ártemis virou-se para ela, os olhos arregalados de medo quando
percebeu que David não poderia salvá-la desta vez.
Jane rapidamente a agarrou pela garganta e a levantou do chão,
seu demônio falando em voz alta para que todos pudessem ouvir, mas
Jane não se importava; ela estava furiosa. —Eu aguardei e permiti que
sua presença a irritasse, mas também não gosto da atenção que ele lhe
dá.
Ártemis cuspiu e arranhou a mão de Jane, mas ela apertou mais
forte.
—Sua morte será suficiente para devastá-la e me livrar da
atenção que você recebe. Basta lembrar que você não é nada. David
não te amava, a Morte mal notou você, e eu sou melhor que você em
todos os sentidos.
—Não, Jane! — David gritou, segurando as mãos
ensanguentadas contra a barreira dela. —Bebê, pare!
Ela olhou para ele, ainda mantendo o corpo agitado de Ártemis
na mão enquanto observava o deus do trovão derrubar o martelo em
um lobisomem que se aproximava de David por trás. Sua cabeça
explodiu com o impacto, emocionando-a com a barbárie de sua
matança.
David ignorou o que estava acontecendo ao seu redor, nem
mesmo observando como o exército de lobisomens estava começando
a recuar. —Por favor, meu amor —, disse ele. —Esta não é você. Você
teve chances de matá-la e optou por não. Porque você é boa, tão boa.
Empurre-a para trás, Jane.
Ela rosnou, voltando-se para a deusa crepitante em sua mão.
—Meu amor —, ele disse mais suave. —Por favor, não faça isso.
Quando seu demônio considerou rasgar sua garganta, Jane
aproveitou a chance. Ela agarrou a escuridão que envolvia seu coração
e começou a afastá-la. Seu demônio lutou contra ela, arranhando seu
coração e alma, deixando-os sangrando, mas Jane e a garota triste mas
corajosa dentro dela se abraçaram com mãos trêmulas.
O demônio rugiu. Ela queria manter uma vantagem. Ela rasgou
grandes pedaços do coração de Jane, rindo quando forçou Jane a ver
aqueles que estavam perdidos. Ela queria tirar suas risadas e
lembranças dela. Ela queria apenas uma dor deixada para trás.
Apenas tristeza e ódio. Quando ela encontrou David e a Morte, ela
sorriu e as alcançou, indo primeiro para a Morte, lembrando Jane de
sua ausência, dele abandonando-a. Lembrou que ela havia machucado
a Morte escolhendo David. E ela prometeu a Jane que sua recusa em
deixar a Morte iria destruir David.
—Por favor. — Jane disse, chorando ao senti-las escorregar dos
dedos.
—Lute com ela, Jane — David gritou quando os sorrisos dele e
da Morte brilharam em sua mente.
Jane ofegou, apertando seu aperto neles, seu desejo de segurar os
dois enviando uma explosão de força através dela quando sentiu o
demônio apertar seu coração. A menina triste estava lá, puxando seu
demônio, rugindo toda vez que o demônio se apertava com mais
força.
As risadas de David e Morte, como a provocaram juntas,
flutuaram em sua mente. Ela podia vê-los claramente, e se recusava a
deixar o demônio tirá-los dela. Jane os puxou para mais perto,
sorrindo quando uma nova imagem apareceu. Era David e Morte com
ela e seus bebês, naquela noite no Texas, quando ela voltou para sua
casa. Eles estavam felizes - ela estava feliz - e eles estavam lá
ajudando-a a segurar seus bebês.
—Você nunca será capaz de salvá-los. — O demônio dela riu.
Jane sabia que era uma possibilidade, mas com certeza tentaria.
Jane se afastou de seu demônio e agarrou aqueles que amava ao peito.
Ela gritou, tão sobrecarregada quando o ar fresco encheu seus
pulmões e a realidade do que ela havia feito caiu sobre ela.
—Deixe sair. — A menina triste ordenou, sangrando, mas
sorrindo ao vê-la segurando tudo o que importava para ela.
Jane fechou os olhos, liberando uma explosão cheia de todo o
ódio e escuridão que ela estava pronta para desencadear em Ártemis,
e a deixou ir.
A explosão de energia atingiu todos os lobisomens e vampiros
que permaneceram, reduzindo-os a pilhas fumegantes de carne e osso.
Jane olhou para Ártemis tossindo e chorando no chão antes de
olhar para David. Ela sabia que ele nunca a perdoaria, mas ela
removeu a barreira e se preparou para que ele a matasse por sua
maldade e traição. Ela abaixou a cabeça, rezando para que não tivesse
que ver o rosto dele quando ele a destruiu.
—Oh, querida. — Disse ele, levantando-a enquanto acariciava
seus cabelos.
Jane ficou lá chocada. Ela não conseguia chorar. Ela não
conseguiu falar. Ele não estava escolhendo Ártemis. Ele nem estava
olhando para a deusa - seu olhar preocupado estava nela. Só ela.
Jane olhou para fora e viu uma enorme cratera onde ela estava, e
a quantidade de cadáveres nela. Mais da metade havia escapado
deles, mas ela colheu todos os corações negros que restavam.
Esse formigamento voltou e roçou sua bochecha. Ela fechou os
olhos, percebendo que havia deixado uma lágrima escorrer por seu
rosto sangrento. O formigamento seguiu seu caminho, e ela sentiu um
pequeno momento de orgulho agridoce. A presença permaneceu, e ela
mentalmente a alcançou, mas desapareceu.
O calor maravilhoso de David estava lá, no entanto. Ele a
envolveu e empurrou seu amor dentro dos pedaços rachados de seu
coração. —Vai ficar tudo bem, Jane.
—Não, não está. — Ela sussurrou, agarrando-o quando ele
começou a procurar seu corpo.
Ele arreganhou as presas quando tocou suas calças desabotoadas
e rapidamente as abotoou. Ela chorou, envergonhada de tudo o que
tinha feito.
As mãos de David tremiam quando ele levantou a blusa.
Bedivere veio rapidamente. O sorriso inseguro que ele deu a fez
chorar mais, mas ele se ajoelhou ao lado de David enquanto eles
examinavam seu ferimento. Ela tinha esquecido completamente até
Bedivere pressionar.
David agarrou a mão dela quando ela se encolheu. Ela olhou
para o polegar dele esfregando as costas da mão enquanto Bedivere
dizia que ela ficaria bem. Ele não deveria tê-la confortado.
—Uma alimentação deve ser suficiente para uma recuperação
completa. — Disse Bedivere.
Hades se aproximou e abraçou Jane, mas rapidamente soltou
quando David rosnou.
—Estou apenas aliviado ao vê-la de pé —, disse Hades, puxando
sua máscara. —Como está a lesão dela?
—Ela vai se curar. — Disse Bedivere antes de caminhar para
Ártemis.
David olhou para a deusa chorando no chão. —Vá ver sua
sobrinha. Vamos discutir o que aconteceu depois. — Ele não deu
tempo para Jane processar o que estava acontecendo. Ele a levantou
nos braços e passou por todos. Até Arthur desviou o olhar dela
quando ela olhou para a destruição.
—Eu sinto muito. — Jane cobriu o rosto quando ele não disse
nada.
David parou, rosnando antes de falar. —Agora não, Akakios. Ela
não está bem.
Jane espiou para ver o bando os observando. Aliviou-a que todos
estivessem vivos, mas ela se sentiu horrível quando os olhos de
Akakios encontraram os dela. Ele apenas inclinou a cabeça para o lado
enquanto David caminhava ao redor deles.
—Ajude os feridos, Akakios. — Disse David, andando mais
rápido.
—David. — Disse ela, recusando-se a olhar para os cadáveres.
—Mais tarde, Jane. — Ele continuou carregando-a, e ela
percebeu que ele havia encontrado o lugar onde eles haviam jogado
seus suprimentos para se esconder. —Conversamos depois.
Ela assentiu, procurando dentro dela até encontrar aquela
pequena luz onde a garota triste se recusava a sair. Elas apenas se
entreolharam, sabendo que as coisas nunca mais seriam as mesmas.
—Não desista ainda, menina. — Veio um sussurro que ninguém
mais parecia ouvir. Ela soluçou quando a menina triste dentro
alcançou Morte novamente, e novamente, ele não a confortou mais do
que isso.
Jane abraçou David quando a presença da Morte desapareceu
novamente. Ela tentou se acalmar, mas estava tão perdida. Ela fez
coisas horríveis. Coisas imperdoáveis.
—Deixe-me pegar roupas novas e uma jaqueta. — David a
colocou no chão e procurou em uma bolsa. —Depois que você se
vestir, eu vou alimentá-la. Viajaremos sem parar até chegarmos a
Valhalla.
Ela pegou os lenços umedecidos que ele lhe entregou e começou
a limpar o rosto da melhor maneira possível. Enquanto esfregava
vigorosamente a pele, ela tentou pensar no que dizer ou fazer. David
poderia não ter ouvido tudo ou visto tudo, mas tinha visto e ouvido o
suficiente para odiá-la pelo resto da vida.
—David. — Disse ela, abrindo a boca para dizer mais, mas ela
fechou quando ele socou a bolsa.
—Agora não —, disse ele, sua voz levantada com raiva, como ela
já tinha visto antes. —Eu te amo, ok? — Não parecia amor. —Se isso é
algo que você teme, não faça. Eu disse que meu amor por você não
tem fim, mas não vamos falar sobre nada disso até que eu diga. — Ele
olhou nos olhos dela, seus olhos azuis a silenciando quando
escureceram.
Jane assentiu enquanto seu coração chorava, mas tentou mostrar-
lhe com os olhos o que ainda não conseguia dizer em voz alta: eu te
amo.
Ele suspirou e, depois de usar um lenço no rosto e no dela,
beijou-a nos lábios e sussurrou: —Eu sei, querida. Eu também te amo.
37
A MALVADA JANE
Jane olhou para seu reflexo no espelho nebuloso. Ela estava
ouvindo a conversa que David estava tendo com Arthur no quarto
deles. Estava errado, mas eles estavam falando sobre ela; ela não
resistiu em ouvir o que eles estavam dizendo, principalmente porque
ninguém havia falado com ela desde a batalha. Até David, mais tarde,
acabou dando apenas pequenos comandos sobre o que ela precisava
fazer - nunca realmente falando com ela.
—Ela não pode ficar sozinha com ninguém. — Arthur disse
calmamente.
—Eu sei disso! — O temperamento de David continuou a
aparecer; ele era baixo com todo mundo agora.
Houve um momento de silêncio antes de Arthur responder
como se David tivesse falado. Ela estava ciente. Ela permitiu que ela se
apresentasse - abraçou a entidade, você poderia dizer.
Os olhos de Jane estavam cheios de lágrimas. Ela os observou
ficar vermelhos enquanto cobria a boca, percebendo que David estava
perguntando mentalmente a Arthur se era ela quem fazia as coisas
horríveis.
Arthur começou a falar novamente. —Eu sabia que a entidade
era má, mas nunca havia testemunhado algo tão sombrio antes.
David, ela pode destruir o mundo inteiro, se quiser.
Houve silêncio por um tempo, e Arthur falou novamente: —
Não, é como se houvesse dois lados brigando dentro dela. Jane, nossa
Jane, é o que eu chamaria de Jane consciente, a doce garota que você
ama. Há uma garota inocente e pura dentro dela, e acredito que é
quem Jane realmente é. Ela sente tudo, experimenta tudo como Jane, e
é onde reside toda a bondade de Jane. É ela quem não desiste e não
quer abraçar nenhuma escuridão, mas muitas vezes está muito longe,
escondida, suponho, de Jane. Eu acho que é o trabalho desta versão
mais sombria. Ela é tão poderosa e assustadora - torna muito difícil
para Jane aceitar quem ela realmente é. Ela leva Jane a acreditar que
ela é um monstro, e assim Jane perde de vista aquela parte pura de si
mesma. Ela a procura, tenta acreditar que é quem ela é, mas é sempre
arrancada pelas coisas horríveis que acontecem.
—Então ela tem duas entidades?
—Acho que não — disse Arthur. —Eu nem tenho certeza se essa
versão mais escura é uma verdadeira entidade dentro de Jane. A
Morte disse que era uma parte dela, e ela morreria se ele a removesse.
De certa forma, acho que é tudo Jane. Ela é esculpida em pedaços
separados. Literalmente. Você sempre ouve as pessoas terem um lado
bom e um lado sombrio - acho que Jane foi alterada para o lugar em
que ambas existem separadamente dentro dela. Eu não tenho ideia do
porquê.
—Você pode pensar nisso como se todos tivéssemos a pessoa
que queremos ser - a pessoa que somos capazes de ser. Jane, a
consciente Jane, faz as escolhas e suas ações revelam quem ela é.
Todos somos capazes de fazer coisas horríveis ou incrivelmente boas e
corajosas. O problema é que, de alguma forma, o lado ruim de Jane se
tornou tão poderoso que ela pode sufocar a boa Jane. Ela pode até
dominar Jane para não ter escolha. Ela pode realmente calar Jane no
escuro se o estado mental de Jane enfraquecer o suficiente. Então, é a
versão sombria que escolhe fazer essas coisas horríveis. No passado,
Jane conseguiu apenas deixar que isso a machucasse, e acho que a
combinação de eventos, especialmente a ausência da Morte e a perda
de seus filhos, criou uma abertura nas defesas de Jane.
—Então, você acha que isso é mais uma personalidade múltipla?
— David perguntou.
—Eu acho que é mais complexo que isso. Sinceramente, não sei.
Seria fácil dizer que alguma entidade ou demônio entrou nela, mas ela
está tão entrelaçada com Jane que isso não faz sentido. Isso me faz
pensar em gêmeos siameses, de certa forma. Elas eram um, mas
separadas, por Jane ou outra pessoa.
—Isso é frustrante. — David suspirou.
—Eu sei —, Arthur concordou. —Não é de admirar que ela
tenha tentado tanto manter seus poderes contidos. Eu acho que em
um nível subconsciente, ela sabia que se entregasse seus poderes, ela
liberaria essa parte de si mesma. Eu acho que ela finalmente está
atingindo seu limite. Ela não parece tão forte desde a ausência Morte.
—O abandono que ela sente pela ausência dele está quebrando
uma parte dela, eu não entendo. O amor deles é profundo, irmão. Eu
sei que ela quer fazer o certo por você, devolver seu amor, mas ela não
o deixará ir. Eu me preocupo com o que acontecerá quando ele voltar.
Não tenho certeza de que ela escolherá você.
—Estou ciente disso, mas não lhe pedi para deixá-la ir — disse
David, rosnando. — Prometi a ela que ela não precisava se preocupar.
Acho que ela só precisa de um fechamento com ele antes que
possamos ir mais longe.
—Mas ela não acha isso justo —, disse Arthur. —Ela sabe que
todo mundo vai acreditar que você merece tudo dela - acho que você
merece tudo ela. Ela quer te dar isso. Essa parte dela, no entanto, a
doce e pura garota interior não o libertará - nem Jane, eu temo.
—Eu não ligo para o que alguém pensa —, David retrucou. —Se
ela precisa dele, ela precisa dele. — Ele soltou um rosnado frustrado.
—Ela está ouvindo?
—Eu te disse que não posso mais ouvir seus pensamentos. Não
sei se ela percebe que me bloqueou completamente. Sua atração
também enfraqueceu. Você percebeu?
—Sim. — David suspirou. —Quase não existe agora. Tornou
difícil localizá-la em batalha.
—Isso me faz considerar o comentário de Lancelot sobre ela se
parecer com a lua e os ciclos. Todos os três revelaram que são atraídos
por ela, mas acho que eles estavam sentindo esse puxão enfraquecer
também. É como se estivéssemos na maré, e ela nos puxa e nos
afasta...
—Estou simplesmente especulando; Eu estou perdido.
Provavelmente deveríamos discutir mais quando ela não está tão
perto. Eu não acho que ela entenderá minha preocupação com a
segurança de você e de todos os outros. Tenho orgulho dela por
revidar, mas ela quase matou Ártemis porque se afogou com o horror
do que havia feito. Quando você protegeu Ártemis, ela - sua Jane -
ficou com ciúmes também. Ela ficou furiosa ao vê-la salvá-la.
—Não deixarei Ártemis morrer simplesmente porque Jane é má!
Jane ofegou, mas ficou olhando fixamente para seu reflexo.
Não houve mais conversa, mas ela ouviu uma porta se fechar e,
depois de alguns segundos, a porta do banheiro se abriu. Ela não
olhou para ele; ela manteve os olhos na garota quebrada no espelho.
David se aproximou lentamente, parando logo atrás dela, mas
nunca a tocando. Ele também olhou para o reflexo dela, observando-a
lágrimas silenciosas e não fez nenhum esforço para confortá-la. Por
que ele iria?
—Como está sua ferida? — Ele finalmente perguntou.
Jane apertou os dedos em volta da toalha, pressionando-a no
peito enquanto ela o respondia. —Está curada.
David a observou por alguns segundos e esfregou o rosto. —
Bom. — Ele olhou para o chuveiro. —Você deixou isso por um
motivo?
—Deixei para você. — Ela desviou o olhar do reflexo dele
quando ele tirou a camisa.
—Você estava ouvindo? — Ele se sentou em um banquinho para
tirar as botas.
—Você não estava falando em voz baixa quando escolheu falar.
— As mãos dela começaram a tremer.
David suspirou, segurando o rosto nas mãos. —Eu estava
tentando evitar incomodá-la.
—Eu sei. — Disse ela, sua voz quase um sussurro.
—Então você manteve o chuveiro para fingir que ainda estava
lá?
Ela olhou para o rosto dele no espelho. —Por que isso é o que
você está focando?
—Porque eu não sei o que dizer para você. — Ele se levantou e
caminhou atrás dela. —Bebê, eu não sei o que fazer por você. Não sei
o que perguntar depois de tudo o que vi. Eu nem quero pensar nisso
de novo, e também não quero que você pense. Então, sim, estou
frustrado por você estar deliberadamente bisbilhotando quando
pergunto à única pessoa que conheço que pode me ajudar com isso.
Seu rosto começou a doer quando ela lutou para não mostrar o
quanto estava magoada. Ele estava dizendo a ela que não sabia como
lidar com ela. —Você poderia ter me perguntado.
Ele olhou para os olhos dela no espelho pelo que pareceu um
longo tempo antes de suspirar. —Deixe-me pegar algo para você
vestir. Você pode se trocar enquanto eu tomo banho.
Sua lágrima caiu tão rápido, mas ele se afastou dela antes que
pudesse ver a devastação visível em seu rosto. Ela olhou dentro de si
mesma e viu a menina triste chorando. Ela se sentia envergonhada
pelo que havia permitido que sua gêmea mais escura fizesse. Ela
ajudou Jane a recuperar o controle, mas elas falharam, as duas, porque
Jane havia permitido.
—Bebê? — David estava atrás dela quando ela se concentrou em
seu reflexo novamente.
Ela mal se reconheceu. Ela estava mais pálida, quebrada. Seus
lábios estavam levemente entreabertos, lembrando-a das vítimas logo
após um acidente - aquela expressão chocada e confusa que as pessoas
tinham quando seu mundo acabou de desmoronar.
—Jane —, disse ele, virando-a. Ele hesitou antes de tocar seu
rosto, e isso causou outra lágrima a cair. —Sinto muito, meu amor.
Não quis dizer o que disse por aí. Eu sinto muito.
Ela enxugou as lágrimas e tirou suas roupas. —Não foi você que
acabou sendo mau.
—Jane —, ele disse, caminhando em sua direção quando ela
começou a sair. —Onde você está indo?
Ela parou na porta, respondendo a ele sem olhar. —Não se
preocupe. 'Jane consciente' ainda está dirigindo este receptáculo
marcado. Jane malvada riu até dormir quando você e todo mundo
começaram a evitar falar comigo ou mesmo me olhar. Então, não se
preocupe, só vou dormir.
—Bebê, eu não acho que você vai matar alguém.
Ela olhou por cima do ombro, sorrindo tristemente enquanto
abria a porta do quarto. —Sim, David. Você diz... eu não disse nada
sobre matar alguém.

Jane desviou o olhar de assistir David discutir notícias sobre seus


aliados com Thor, Arthur e dois homens aos quais não fora
apresentada. Eles eram obviamente os líderes dos imortais que os
ajudavam, mas ninguém parecia interessado nela. Todo mundo ficou
longe ou David a manteve longe.
—Ei, amor. — Disse Gawain, sentando-se ao lado dela.
David rapidamente levantou os olhos da discussão, olhando
para Gawain, mas sem dizer nada.
Gawain acenou e sorriu para ela. —Como você está se sentindo?
Jane encontrou o olhar de David, segurando-o até que ele
finalmente voltou a conversar com os outros homens. —Não tenho
certeza se deveríamos falar sobre como me sinto.
Ele suspirou e colocou o braço sobre o ombro dela. —Não seja
tão dura consigo mesma.
Ela cobriu o rosto, inclinando-se contra ele, porque ele era o
único que a procurara em três dias. David ficou com ela sempre, mas
ele a sentava ao lado sempre que precisava conversar com alguém, e
ele nunca a beijava nos lábios. Eles dormiram na mesma cama, mas ele
não a puxou em seus braços nem fez nenhum movimento para se
aproximar. Ela até tentou seduzi-lo, de certa forma, vestindo uma
camisa apertada e uma tanga, mas ele a cobriu, beijou-a na testa e
disse: 'Eu te amo' antes de rolar para o lado dele.
—Oh, Jane —, disse Gawain, acariciando seus cabelos. —Você
me pegou, ok? Eu sei o que vi e vi você, horrorizada, dentro desse
demônio. Não tenho medo de você e amo você como a amo há um
tempo. Odeio que isso faça parte de você, mas acredito em você.
—Eu também.
Jane abaixou a mão enquanto outra pessoa se sentava à sua
esquerda.
Gareth sorriu, batendo no joelho dela. —Nós te amamos.
Sabemos que não era você mesma. Inferno, eu pessoalmente encontrei
sua entidade, seja ela qual for, e ainda estou aqui. Isso deve lhe dizer o
quanto vejo a diferença entre você e ela.
Ela sorriu quando ele segurou sua mão. —Obrigada rapazes.
Mas não quero que os outros os rejeitem por ficar comigo.
Gawain zombou. —Que tipo de irmãos seríamos se
abandonássemos nossa irmãzinha?
—Irmãos horríveis —, disse Gareth, sorrindo. —É muito
desonroso para um cavaleiro abandonar sua irmã com base nas
opiniões dos outros.
—Eu não mereço vocês dois.
Gareth beijou a mão dela. —Você merece felicidade e uma
chance de explicar ou, pelo menos, mostrar que você não é ela. Eles
não entendem o seu fardo, portanto não devem julgá-la.
—Eu não mereço uma chance. E, para não parecer mesquinha,
mas a única pessoa que eu quero explicar alguma coisa é ele. — Ela
viu David discutir com Thor sobre algo. —E ele acha que eu sou um
monstro.
—Ele não sabe, Jane. — Gawain balançou a cabeça. —Ele está
aterrorizado por você. Nenhum de nós tem chance contra ela, nem
mesmo ele. Isso o assusta, o faz se sentir fraco.
—Ele não vai me beijar. — Ela sussurrou antes que pudesse se
conter.
Gareth apertou a mão dela. —Dê tempo a ele. Ele está tentando o
seu melhor para protegê-la. Depois de ouvir o que Lancelot disse
sobre Lúcifer, tenho certeza de que ele está preocupado com o quão
íntimos vocês dois são.
Jane nem estava pensando em Lúcifer. Era bobo, mas ele parecia
a menor das preocupações dela. —Eu tenho certeza que ele não quer
me beijar por causa do que eu fiz com aquele vampiro e sugeri a
Lancelot.
—Bem, teria ajudado se ela não estivesse interessada em
Lancelot —, disse Gawain, sorrindo. —A mulher tem um gosto
horrível.
—Quero dizer, ela tem o receptáculo dos sonhos, David, mas ela
gosta desse idiota? — Gareth bateu no ombro dela. —Ele nem sabe se
vestir adequadamente.
—Um simplório, na verdade — disse Gawain, assentindo. —Os
seres humanos realmente deixaram cair a bola com suas histórias
sobre Sir Lancelot.
Jane sorriu e enxugou mais lágrimas. —Tenho certeza que
Lancelot era bonito, mas ele certamente não é David.
—Jane malvada deve gostar dos problemáticos. — Gareth
suspirou. —Garotas hoje em dia. Todas pensam que podem domar o
garoto mau.
Jane riu, mas uma voz fez os três olharem para cima.
—Vocês três terminaram de fazer uma piada sobre tudo isso? —
David olhou para Gawain e Gareth, mas ele não olhou para ela.
Gareth soltou a mão dela e se levantou. —Estamos tentando
animá-la e tratá-la da maneira que ela deve ser tratada - como nossa
Jane. Sua Jane.
Gawain também se levantou. —Jane voltou daquela luta, irmão.
Você precisa se lembrar disso.
David baixou o olhar para ela. —Você está pronta para ir?
—Íamos ver se ela gostaria de vir nos assistir. — Disse Gareth.
David balançou a cabeça. —Outra hora.
—Você não deve mantê-la trancada longe de todos —, disse
Gawain enquanto David estendia a mão para ela. —Isso só aumentará
o medo de que Jane seja essa coisa. E está machucando ela ficar
sozinha com você, especialmente com a maneira como você está
agindo em relação a ela.
Ele os ignorou. —Jane, devemos ir. Os outros se reunirão aqui
para discutir a chegada de outros aliados.
—Apenas deixe-a aproveitar por uma hora ou duas —, disse
Gareth, recebendo um olhar de David. —Somente nossos irmãos
estarão lá.
Jane pegou a mão de David. —Está bem. Estou cansada de
qualquer maneira. — Ela não queria que David brigasse com eles por
ela.
Gawain a afastou de David, abraçando-a com força. —Nós te
amamos. Nunca duvide disso. — Ele beijou o topo da cabeça dela.
Gareth foi o próximo. Ele a abraçou com força, levantando-a do
chão e sussurrando em seu ouvido. — Nós vimos você, Jane. Não
importa o quanto ela se pareça com você, você não é ela. — Ele beijou
o lado da cabeça dela. —Encontre-nos se precisar. Você pode ficar em
nossos aposentos sempre que o seu ficar desconfortável.
David a puxou para longe, rosnando. —Vamos lá.
Jane tentou se virar e acenar, mas David caminhou mais rápido.
—Você está indo rápido demais.
Ele lançou um olhar sombrio para ela, ao mesmo tempo em que
as portas se abriram com Hades, Ártemis e Apolo do outro lado.
Eles pararam e se entreolharam até Ártemis encarar David antes
de sair correndo da sala.
Apolo suspirou e seguiu sua irmã. —Vou ver que ela está bem e
voltar, tio.
Hades assentiu para David e passou por ele sem sequer olhar
para ela.
—Vamos lá, Jane. — Desta vez, David foi mais gentil quando a
conduziu para fora da sala de reuniões.
Jane o seguiu, atordoada em silêncio porque ela não tinha sido
informada da condição de Ártemis. Havia marcas de mãos que
pareciam ter sido queimadas no pescoço da deusa. Marcas de mãos
que correspondiam ao tamanho das mãos de Jane.
—Ela vai cicatrizar —, disse David calmamente. —Eu não queria
que você visse. Ninguém sabe o que você fez com ela, mas ela está se
curando como se tivesse sido queimada com prata.
Jane não conseguiu dizer nada. Era horrível, é claro, e ela não
sabia o que tinha acontecido, mas estava concentrada na escolha de
palavras dele: ninguém sabe o que você fez com ela.
Quando chegaram ao quarto, Jane soltou a mão dele e caminhou
até a cama. Ela ficou lá, olhando para ela, lembrando daquelas lindas
lembranças que ela tinha feito com David lá. Agora, ela temia forçá-lo
a dormir ao lado dela. Ele nunca a amaria da mesma maneira
novamente. Ele provou isso com seu óbvio medo e nojo. Claro, ele a
amava, mas Jason também.
—Se você deseja tomar banho, vá em frente. Vou pedir o jantar.
Eu preciso de sangue.
Ela se virou para encará-lo, seu coração pulsando. Ele a estava
alimentando mais do que o normal, insistindo que ela permanecesse
alimentada porque ele queria ter certeza de que a fome nunca a fizesse
perder o controle. Nada aconteceu entre eles, no entanto. Não
importava que ele ainda a excitasse, David era como pedra. Ele a
alimentaria e depois pediria um refil para si.
Jane olhou para a porta do banheiro quando ele se sentou,
pegando o telefone para pedir. Ela podia vê-lo olhando-a pelo canto
do olho enquanto hesitava em caminhar até o banheiro. Suas
memórias estavam se repetindo sempre que ela entrava lá, e não as
que ela havia feito com ele. Não, aqueles momentos maravilhosos, se
eles surgissem, estavam partindo seu coração, porque isso era tudo
que eles jamais seriam - memórias. —Você vai tomar banho comigo?
— Ela esperou a resposta dele, nunca tirando o olhar da porta
enquanto se perguntava que tormento ela encontraria.
David terminou seu pedido e desligou. —Eu preciso relaxar por
um momento. Talvez outra hora.
Ela virou a cabeça para que ele não a visse lágrimas e foi até a
porta. Um calafrio tomou conta dela, e ela fechou os olhos,
empurrando a porta para poder entrar em sua própria câmara de
tortura.
38
ELA COSTUMAVA SORRIR
Jason olhou para o colo dele, confuso. Ele não entendia por que
sempre esquecia onde estava quando estava perto de Melody. Ela
sempre o tranquilizava dizendo que ele devia estar cansado porque
estava passando um tempo com ela quando deveria estar dormindo, e
ele sempre se sentia satisfeito após a explicação dela.
O que ele não estava contente era Jane. Um momento ele estava
se odiando por toda a dor que ele havia causado e lamentando a
perda do casamento deles, mas no momento seguinte ele estava
olhando para aqueles olhos verdes, odiando Jane. Ele queria que ela se
machucasse tanto quanto ele. Ele queria que David sofresse. Jane não
merecia nem um pouco de felicidade ou amor. Ela o machucara,
arruinara o casamento e quebrara a família. Faça-a sofrer. Ele balançou
a cabeça, tentando se livrar daqueles pensamentos sombrios. Nada
parecia libertá-lo de seu tormento interior.
Era assim que acontecia todos os dias desde que conheceu
Melody. Ele gostava tanto da companhia dela; ela era linda, atenciosa
e gentil. Ela o fazia feliz. Ela disse que ele era um bom pai, um bom
homem que qualquer mulher teria sorte em ter. Ela disse que ele havia
feito tanto por Jane, sacrificado suas chances de ter mais por ela -
desistiu de coisas que ele amava por ela. Ele era tudo o que ele queria
ser como homem - como pai e marido. Sempre foi culpa de Jane. Ela
estava fraca. Ela queria atenção, por isso se recusava a melhorar. Não
foi culpa dele. Ele era melhor que David porque a deixou ir. David
teve essa chance, mas ele não amava Jane o suficiente para deixá-la
simplesmente ter sua família.
Isto está errado.
Aquele leve sussurro sempre dizia as mesmas coisas. Sempre
dizia que esses não eram seus pensamentos; ele fez as pazes com Jane
porque era a coisa certa a fazer por ela. Ele disse para ele parar de
ouvir Melody, mas ele sempre se esquecia do sussurro quando olhava
nos lindos olhos dela.
A faca tremia entre os dedos, seu metal brilhante brilhando à luz
da lua que entrava pela janela. Lágrimas queimaram seus olhos
enquanto os novos pensamentos se repetiam em sua cabeça, dizendo-
lhe para fazer algo tão maligno, tão impensável.
Ele desviou o olhar da faca e voltou para a loira ao lado dele.
Melody sorriu, acalmando alguns desses sentimentos dolorosos.
Meu anjo. —Esta é a única maneira de machucá-la. Ela merece sofrer
pelo que fez com você. — Ela acariciou sua bochecha com a mão
macia. —Nenhum de nós será capaz de chegar perto o suficiente para
destruí-la. Ela é muito forte e David não permitirá que você se
aproxime dela novamente. Temos que enfraquecê-la, e é assim que
faremos.
Jason assentiu, concordando, mas a dor aguda em seu coração o
forçou a desviar o olhar dela.
—Não, Jason. — A doce voz de Jane inundou sua mente.
Ele soltou um suspiro agudo, quase deixando cair a faca. Ele não
queria ouvir Melody. Ele amava Jane.
Isso não está certo.
Os dedos frios de Melody envolveram os dele, prendendo a faca
na mão. Ele ficou preso por aqueles olhos verdes novamente, e todo o
seu ódio voltou. O sorriso de Melody disse que ela se importava com
ele. Suas palavras lhe diziam que ele era a vítima, não Jane. Jane
merecia ser tratada como ele a tratava. Era seu direito, porque ele
cuidava dela; ela não tinha ninguém além dele, e deveria estar
agradecida.
Em vez disso, Jane deixou claro que ele não era suficiente. O
dinheiro dele não era bom o suficiente para ela, o sexo deles não era
bom o suficiente para ela - ele era um fracasso para ela. David, no
entanto, ele era perfeito aos olhos de Jane.
David tirou tudo dele. Os sorrisos que ele nunca viu de Jane
eram todos de David. A maneira como seus olhos se iluminavam
pertencia a David. Sua risada, sua doce risada, tudo pertencia a David.
Jason apertou a mão em torno da faca. Isso é tudo culpa da Jane.
—Ela odeia você, Jason —, disse Melody. —Ela o quer, não você.
Ela usou e culpou você por seus defeitos. Ela trouxe toda a sua dor
para si mesma. Não foi você. Não foi culpa de ninguém, mas dela
própria. Ela é má e egoísta. Ela quer tudo, e observa os que sofrem a
sua volta enquanto consegue o que quer.
—Ela enfeitiçou você a cuidar dela, mas correu para David
quando ele apareceu e se esqueceu de você. Ela o escolheu assim que
o viu, e você não era nada. E, embora David seja forte, ele não tinha
poder contra ela. Ela o enganou, assim como ela enganou você. Você
não se lembra do que me disse? Você disse que não entendia por que
queria protegê-la da família dela, que não queria se envolver. No
entanto, você se viu ameaçando um homem que não conhecia e
sentindo extrema devoção e amor por uma garota que mal conhecia.
Isso não é estranho?
—Eu queria salvá-la. — Disse ele, assentindo. — Não sei por
que. Eu apenas a vi e tive que salvá-la. Ela fez isso, não foi?
Os olhos verdes de Melody ardiam como chamas gêmeas. —Ela
fez. Sempre foi ela. Ela fez você se odiar. Você é um bom homem,
Jason. Ela fez de você a pessoa que você tem odiado. Você deve detê-
la. Tire o coração dela.
Sem questioná-la, ele se levantou, segurando a faca na mão agora
firme e abriu a porta do quarto adjacente.
As luzes estavam apagadas, mas o brilho fraco da TV lançava luz
suficiente para ver a pequena figura enrolada na cama. Melody
gentilmente o empurrou para o quarto até que ele ficou ao lado da
cama.
—Isso vai matá-la —, Melody sussurrou em seu ouvido. —Faça-
a sentir uma dor real.
Melody se moveu ao redor dele, e ela cuidadosamente puxou os
cobertores para revelar o menino pequeno que se parecia muito com
ele. Ele se parecia com ele apenas na aparência, enquanto suas
qualidades e coração correspondiam às de Jane. Toda a amargura que
Jason sentia por Jane agora estava focada em seu filho adormecido.
—Você a odeia —, Melody murmurou, tocando seu ombro
quando sua mão começou a tremer. —Você odeia tudo nela. Ela usou
você. Ela destruiu sua vontade e força. Ela culpou você por sua dor.
Ela nunca te amou.
Jason sentiu seu coração apertar com o último comentário. Sua
mão começou a tremer novamente quando ele olhou para seu bebê
dormindo. Ele sentiu tanto ódio e arrependimento. Por si mesmo, ele
gritou em sua cabeça. Ele piscou, sentindo uma mudança no
sentimento desorientador que o cercava.
—Ela o ama —, disse Melody rapidamente. —Ela quer agradá-lo,
não você. Você nunca, Jason. Você não passou de uma decepção, um
arrependimento. Nada do que você fez a fez feliz ou a fez te amar. —
Seus dedos frios esfriaram sua bochecha quando ela o acariciou. —Ela
adora quando ele a beija, quando ele diz que a ama. Ela sorri para ele
e quer as mãos dele no corpo dela. Ela corre para ele quando chora.
Ela sonha com o rosto dele à noite, enquanto o seu traz pesadelos e
nojo. Você a repulsa, Jason. Seu toque fez a pele dela arrepiar e a de
David a fez gritar de prazer.
Como as palavras estavam ocultas nos pensamentos que não
podiam banir sua mente quebrada. Tudo o que ela disse era seu pior
medo. Essas eram todas as coisas que ele havia se convencido ao
longo dos anos - mentiras que ele havia dito para aliviar sua culpa.
Toda a sua raiva estava pronta para explodir fora dele.
—Destrua o coração dela, Jason. Destrua-a e você estará livre do
tormento que ela colocou em você. — Ela colocou o rosto dentro da
linha de visão dele. Tudo o que ele podia ver eram os olhos dela.
Aqueles olhos lindos, honestos e amorosos. O inferno verde
rodopiante combinava com os pensamentos tumultuados girando em
sua cabeça: Jane. Ódio. Ciúmes. Dor. Raiva. Destrua. Assassinato.
Ele tentou se concentrar em um pensamento. Algo estava errado.
Ele não conseguia entender nada. Ele piscou, sentindo uma repentina
calma no distúrbio.
Melody estava lá novamente. Ela sussurrou essas palavras até
que ele se sentiu tonto e só conseguiu pensar: Destrua seu coração.
Ele estremeceu quando uma nova voz de repente caiu na
tempestade caótica. Estava rindo. Foi apenas por um momento, mas
ele já ouvira esse som antes.
—Pare, Jason! — A voz de Jane estava mais alta, mas não
assustada ou em pânico. Ela estava rindo de novo. Ele tentou olhar
através da névoa verde rodopiante para onde ele podia ouvi-la do
outro lado, e ele finalmente viu o rosto dela. Ela estava sorrindo e
rindo para ele parar de girá-la no carrossel. Jason se viu rindo
enquanto tentava desacelerar. Jane tinha um sorriso enorme no rosto e
ele percebeu o quanto ela estava tonta, mas estava feliz. Com ele.
—Jason, você me deixou com vontade de vomitar. — Ela o
repreendeu, mas seu sorriso nunca desapareceu. Ele a apoiou quando
ela finalmente se aproximou e a abraçou. Eles eram mais jovens na
época, apenas recém-saídos do ensino médio e estavam saindo em um
parque local.
A versão mais jovem de si mesmo sorriu quando ele passou o
braço em volta das costas dela. Ele estendeu a mão para arrumar o
cabelo dela com o outro. —Sinto muito, querida.
Ela tentou parecer chateada com ele, mas isso apenas o fez sorrir
de volta.
—Está melhor? — Ele perguntou a ela.
Jane tentou franzir a testa, e era óbvio que ela ainda estava se
sentindo enjoada, mas suspirou e assentiu, finalmente sorrindo que
aquele sorriso que ele havia esquecido era dele. Quanto mais jovem
ele a beijou rapidamente, e ela o beijou de volta, sorrindo o tempo
todo.
A cena mudou. Esse momento ocorreu quando eles ainda
estavam na escola. Foi a primeira vez que ele realmente parou para
olhar para ela. Ela estava usando um vestido azul com o cabelo em
um rabo de cavalo. Ele sempre a encarava quando ela passava pelo
armário dele. Apesar de haver garotas murmurando insultos ao lado
dele, ela sempre sorria e, com um rosto corajoso na maioria dos dias,
encontrava o olhar dele. —Olá Jason.
Esse era o momento. Aquele vestido azul e seu sorriso, apesar de
seus olhos brilharem com lágrimas não derramadas - era esse sorriso.
Isso foi antes que ele soubesse algo sobre ela, antes de sentir esse
desejo protetor. Ela o pegou com um sorriso e um olá de passagem, e
ele havia esquecido tudo.
Tudo ficou turvo novamente, mostrando a ele seu sorriso
quando ela disse: “Eu aceito.” no casamento deles. Ele a viu sorrir,
embora ela estivesse assustada quando revelou que estava grávida -
seu sorriso quando ela preparou a primeira refeição para ele em sua
casa, seu sorriso quando ele teve seu primeiro dia de trabalho,
desejando-lhe boa sorte e dizendo que ela estava grávida e estava
orgulhosa dele. Ele a viu sorrir enquanto ela cuidava dele sempre que
ele estava doente, quando ele vomitava por todo o lugar. Ela o limpou
sem fazê-lo sentir-se envergonhado.
Jason a viu sorrir quando ela pulou de trás da porta, gritando
para assustá-lo. Ela fazendo beicinho quando ele disse que não estava
assustado. Ele a viu sorrir quando ela segurou seus filhos, quando ela
agradeceu por ter dado a eles. Quando ela disse que o amava, ela
sorriu para ele. Ela realmente o amava e lhe dera tudo o que podia, e
ele a decepcionara.
Memória após horrível lembrança de seu choro, de seu rosto
histérico quando ela sofria flashbacks, do olhar quebrado em seu rosto
quando ele falhou com ela de novo e de novo. Quando ele a encontrou
segurando uma faca no pulso, ou gritando que ela queria morrer. Ele
a viu arruinar quando disse: “Então apenas se mate.” Ele a viu perder
a esperança quando a olhou nos olhos e disse: “Não estou apaixonado
por você... Você é apenas minha esposa.”
Ele sabia que estava chorando, mas as imagens dolorosas não
cessariam. Ele viu como ela ficaria ali, olhando para o nada. O olhar
torturado em seus olhos sem graça sempre que ele a culpava de fazer
sexo. Tudo o que ela pedia era que ele lhe mostrasse algum carinho, e
ele lhe disse que isso era estúpido - que eles eram casados, não
vivendo em um conto de fadas. Sexo era tudo o que precisava para
mostrar a ela que se importava. Ela daria a ele o que ele queria, mas se
enrolaria depois. Às vezes, ele a ouvia chorando no chuveiro,
implorando para que tudo parasse. Ela se esfregaria até sua pele ficar
vermelha, e ele não fez nada por ela.
—Eu não fui mordida eu juro! Eu não entendo.
Ele podia ver o rosto dela, o terror. Ela ia morrer e sabia disso. E
ela ainda escolheu protegê-los, sacrificando-se para que ele não tivesse
que machucar fazer a escolha de matá-la depois que ela se virasse. Ela
saiu para salvá-los, não para se juntar a David. Ela saiu para morrer
por eles.
Ele nunca pensou que a veria novamente. Mas lá estava ela, tão
linda quanto naquele dia em que ela passou e disse oi para ele. Não
era apenas a imortalidade que a tornava bonita, era o fogo queimando
em seus olhos. Ela estava vivendo novamente. Ele apagou o fogo dela
todos esses anos juntos, acendeu essa luz até que ela confiasse nele,
nunca acreditando em si mesma - mas esses homens, David e Ryder,
haviam libertado a garota destemida e amorosa que Jane realmente
era.
Ela brilhava quando olhava para eles. Ela era amada e protegida.
Ele viu o amor e a confiança brilhando nos olhos dela quando ela
olhava para Ryder. Eles eram tão devotados um ao outro, parecia
inquebrável. Ele sabia que havia tanta coisa que não entendia, mas
sabia que Ryder era algo que ninguém mais poderia ser para ela.
Então a paixão em seus olhos quando ela olhava para David.
Jane talvez não soubesse, mas ela amava David, e David, bem, ele
parecia e tratava Jane como uma deusa. Ele a tratava com tanto
cuidado, independentemente do fato de que ela deveria ser mais
poderosa que ele. Ela era seu sol, sua lua, seu tudo. David era o
homem que ele nunca seria - o homem a quem ela pertencia. Ele lhe
deu esperança, uma chance de ser quem ela realmente era, porque ele
a amava.
Os pensamentos turbulentos abrandaram na mente de Jason. O
ódio e os desejos violentos desapareceram. Eu amo Jane. Ele sempre a
amaria. Ele queria que ela fosse feliz, e ele não era o homem destinado
a ela.
Jason piscou repetidamente. Os sussurros não estavam mais em
sua cabeça, e tudo o que ele podia ver era o sorriso de Jane. Ela estava
feliz, e ele queria isso para ela.
O que eu estou fazendo? Ele se perguntou enquanto encarava a
faca na mão - a faca sobre o coração de Nathan.
Havia um sussurro sendo cantado em seu ouvido, um idioma
que ele não reconheceu. Ele olhou para Melody; ela estava cantando.
Ele a empurrou o mais forte que pôde. Ela era forte, mas ele a
surpreendeu o suficiente para impedir que Nathan visse.
—O que você está fazendo? — Ela perguntou quando seus olhos
verdes se iluminaram.
Como ele não tinha visto isso antes? Ela era má. Jason balançou a
cabeça. Ele sentiu, a raiva furiosa que tentava invadir sua mente
novamente. —Pare com isso! Pare de mexer com meus pensamentos!
— Ele gritou para ela. Ele sabia que tinha acordado os filhos quando
viu Natalie se mexer na outra cama.
—Ela não te ama, Jason —, disse Melody, aproximando-se. —
Você tem que fazer isso. Você tem que partir o coração dela.
—Não. — Jason balançou a cabeça, tentando garantir que
Nathan estivesse escondido em segurança atrás dele. Ele apertou a
faca nas mãos quando a loira deu um sorriso malicioso. —Você não
fez nada além de mentir para mim e me fazer pensar em coisas que
não são verdadeiras. Eu amo-a. Eu a amo o suficiente para deixá-la ir.
Melody riu, cruzando os braços. —Você é realmente patético.
Jason continuou observando os olhos dela brilharem e girarem,
mas a pressão em sua mente estava enfraquecendo. O sorriso de Jane
era tudo o que ele podia ver agora.
—Ela deve estar certa, então —, disse Melody. — Você não é
nada comparado a David. Ele faz uma mulher se sentir bem. Ele faz
uma mulher desejar seu toque. O prazer que ele pode trazer para o
corpo de uma mulher é indescritível. Você quer saber alguma coisa?
David fodeu centenas, talvez milhares de mulheres em sua vida. Ele
está usando sua esposa porque ela é poderosa, porque o sangue dela é
um pouco mais doce que o dos outros. Ele vai se cansar dela. Ele a
arruinará, e você assistirá enquanto ela abraça o monstro escondido
dentro dela. Ela matará todos vocês.
—Cale a boca! — Jason gritou, fazendo com que Natalie
começasse a chorar. —Você não sabe nada sobre ela! Você é apenas
uma bruxa ciumenta. David viu através de você - foi por isso que
quase te matou. Não era ele que mantinha você e ele em segredo. Ele
estava nos protegendo de você. Ele não queria você, e eu também.
Você não é nada comparado a ela.
O movimento de Melody foi tão rápido. Ele mal registrou o
golpe ao seu lado, mas a dor explodiu por todo seu corpo quando ele
bateu na parede em que ela o jogara. Natalie gritou quando Melody
estava sobre ele.
—Corra, Natalie! Nathan, corra!
Melody rosnou quando Natalie pulou da cama, mas Jason
encontrou forças para atacar a vampira que estava prestes a atacar sua
filha. Ele a jogou no chão, dando um suspiro de alívio ao ver Natalie
escapando.
—Seu humano estúpido. — Disse Melody antes de morder o
antebraço.
Ele gritou, tentando puxar o braço livre da boca poderosa dela.
Seu sangue espirrou em seus rostos, mas ele conseguiu se libertar. Ele
lamentou, no entanto, assim que viu quanta carne ela havia arrancado.
Sangue estava por toda parte, saindo rapidamente de seu corpo.
Sua reação natural foi pressionar o sangramento e isso permitiu
que as mãos de Melody se libertassem. Ela o agarrou, dando um soco
no rosto dele antes que ele sentisse seu corpo voando. Ele pousou em
algo macio, mas não sabia dizer onde estava. Ela era muito mais forte
que ele. Ele já havia lutado antes - sabia como dar um soco -, mas
estava indefeso contra a poderosa vampira.
Seu nariz e certamente partes do rosto estavam quebradas
quando o sangue quente deslizou em seus olhos. Ele tentou se mover,
mas não conseguiu.
Melody apareceu de repente. Ela montou nele e abaixou o rosto
acima do dele. Ela lambeu sua bochecha, gemendo enquanto lambia
mais.
Ele sabia que era isso. Ele não queria morrer, mas estava feliz por
seus filhos estarem seguros. Jane estaria em segurança. Todos eles
teriam David. Ele começou a sorrir, mas um gemido, um pouco de
barulho que já ouvira tantas vezes antes, o fez entrar em pânico e virar
a cabeça, mesmo sentindo os ossos esmagando.
Nathan estava lá. O menino não corria com a irmã. Ele estava
abraçando os joelhos, chorando enquanto observava esse monstro
bebendo seu sangue.
Melody notou Nathan e ela se afastou, rindo quando o menino
gritou.
O coração de Jason bateu forte no peito ao mesmo tempo em que
os olhos em pânico de Jane brilharam em sua mente, e ele se moveu.
Ele ainda tinha a faca, então a esfaqueou na lateral, enterrando-a até o
cabo.
Ela gritou tão alto que seus ouvidos tocaram e ele soltou a mão
da faca, sem energia. O cabo estava saindo do lado dela até que ela a
arrancou.
Ele piscou quando o sangue escorreu em seus olhos e não viu o
próximo golpe no rosto. Ou no peito dele. Ela estava rasgando-o com
as mãos.
—Você tinha que ser nobre. — Ela cuspiu nele, cravando as
unhas no peito dele.
Ele não conseguia gritar, mesmo que essa fosse a pior dor que já
experimentara. Todo o seu foco era permanecer consciente o tempo
suficiente para obter ajuda. Ele não queria que Melody estivesse
entediada com seu cadáver e atacando Nathan.
—Por que vocês todos a amam tanto? Por quê? — Ela gritou em
seu rosto, empurrando suas garras afiadas em seu peito.
Ele tossiu, sentindo o sangue escorrer dos lábios. Os gritos de
Nathan se intensificaram e seu coração começou a se partir. Ele
chorou, finalmente, porque Melody mudou-se para Nathan
novamente. Ele tinha que dizer algo para desviar sua atenção dele. Ele
se sentiu tão frio quando o sorriso de Jane de repente se formou em
sua mente novamente - ele sentiu paz. —Porque ela é Jane.
Melody parou e olhou para ele.
Tudo o que Jason pôde fazer foi sorrir de volta para a garota
bonita de vestido azul.
Seu sorriso delirante enfureceu a vampira em cima dele, mas
Jason não se importava mais. Nem mesmo quando ela o puxou e
afundou as presas em seu pescoço.
Jane continuou sorrindo para ele, e ele a ouviu dizendo: “Estou
grávida ... Eu te amo.” Todas essas coisas lhe trouxeram paz, e ele
estava quase pronto para deixar tudo ir, mas o grito de Nathan o
acordou de volta.
Jason fez contato visual com seu menino. —Vá, Nathan.
Melody o soltou e ela agarrou o braço de Nathan quando ele
tentou passar por eles.
—Deixe ele ir. Ele é apenas um bebê. — Jason manteve os olhos
abertos, rezando pedindo ajuda quando o sorriso perverso apareceu
nos lábios do monstro.
—Ele é o bebê dela e sofrerá por causa dela. — Melody agarrou o
braço de Nathan em suas mãos ensanguentadas.
Jason gritou quando Nathan gritou.
Jason chorou quando aqueles olhos castanhos cheios de lágrimas
olharam para ele. —Eu amo você, amigo. Mamãe e papai te amam.
Vai ficar tudo bem. Seja corajoso pela mamãe.
—Sim, seja corajoso pela mamãe. Vamos garantir que ela veja
como você foi corajoso. — Melody riu, abaixando a boca no pescoço
minúsculo de Nathan.

39
E DIFICIL FAZER AS PAZES
—Jane—, David disse, tocando seu braço. —O que você está
fazendo?
Ela olhou em volta, percebendo que tinha acabado de encarar o
canto do quarto enquanto estava no meio. Ela franziu a testa porque
se lembrava de voltar para o quarto como eles estavam fazendo
sempre. Por semanas, David fazia a rotina de levá-la para reuniões,
treinando - nunca com ela - e depois voltando para o quarto deles
quando todos estavam saindo.
David suspirou, segurando suas bochechas para que ela olhasse
para ele. —Bebê, isso está me matando. Não sei o que fazer.
Os lábios dela tremeram quando ela estendeu a mão para cobrir
as mãos dele. Ele não tinha dito nada sobre o que havia acontecido
durante a briga ou entre eles depois que ele contou a ela o que ela
havia feito com Ártemis. Quando ele falava, era sempre 'vamos', 'você
precisa se alimentar de novo', 'tomar banho', 'dormir'. Ele olhou para
ela como se não tivesse certeza de quem ela era.
—Eu quero minha Jane. — Ele disse suavemente.
—Eu ainda sou eu. — Uma lágrima escorregou livre. —Você
simplesmente não vai mais olhar para mim.
—Oh bebê. — Ele beijou a testa dela. —Eu quero, mas tenho
medo. Não quero fazer a coisa errada.
—Mas você está fazendo a coisa errada, e isso está me
quebrando! — Ela respirou em pânico quando um olhar angustiado
cruzou seu rosto. —Eu prometo que vou tentar protegê-lo dela. Minha
família, você, Morte e os meninos - você é tudo que me interessa. Farei
qualquer coisa para manter todos em segurança. Por favor, me perdoe
pelo que fiz. Eu não queria, eu juro. Eu estava tão cansada, mas não
queria fazer essas coisas; Eu apenas deixei ela. Mas ainda sou eu.
Ela começou a chorar histericamente. —Eu só quero meu David
de volta. Você não foi meu David e eu preciso dele. Morte, ele não me
ajudaria. — Ela ofegou, chorando mais. —Ele estava lá e não me
ajudou.
David pressionou seus lábios nos dela. —Shh... Sinto muito, meu
amor. — Ele a beijou de novo e de novo. —Eu te vejo. Perdoe-me.
Perdoe-me por ter medo de perdê-la. Não sei por que a Morte não
veio para você, mas ainda sou seu David.
Um fogo acendeu em seu coração, e ela se afastou, suas lágrimas
cessando em um instante. —Não, você não é!
Ele suspirou. —Eu sei que errei. Você tem que me ajudar porque
eu nunca tive um relacionamento romântico, Jane.
Ela esfregou as lágrimas antes de espetar o dedo no peito dele.
—Você me odeia. Você me acha um monstro. Meu David me via e me
fazia acreditar que eu não era ela. Meu David me amou mesmo
quando ela saiu.
—Jane. — Ele disse, mas ela rapidamente o interrompeu.
—NÃO! Não é bom, não é? Dizer que você não é quem você
acredita que é. Você me deixa chorar à noite e — Ela apontou para a
porta. —naquele banheiro! Você me manteve trancada aqui ou ao seu
lado como um cachorro ruim por duas semanas! Você não tentou falar
comigo sobre nada. Em vez de me dar uma chance, você decidiu que
eu era muito perigosa e má para estar perto de alguém. Você pediu a
Arthur para pensar na minha mente em vez de apenas me perguntar o
que aconteceu.
Ela enxugou as bochechas molhadas novamente. —Eu sei o que
fiz. Eu sei o que ela fez e o que ela queria. Eu sei que não deveria ter
desistido, mas desisti. — Ela fracamente ergueu os braços em derrota.
—Eu desisti porque estou cansada. Estou cansada de todo mundo me
dizer que sou uma ótima pessoa - essa garota bonita que é boa e
gentil. O maldito Hermes deu a vida por mim. Ele me disse que eu era
luz na escuridão antes de atirar em si mesmo com uma bala de prata
só para não ter que viver com a culpa de tirar a vida dele. Outros
estão se sacrificando porque acreditam que eu sou algo que não sou.
—Estou sozinha. Eu sei que isso soa horrível, porque você está
sempre comigo, mas me sinto sozinha. Algo está quebrado em mim, e
eu tenho um monstro aguardando seu tempo até que eu finalmente
abra totalmente ou talvez acenda, enquanto todo mundo continua
falando sobre os dados. Talvez seja isso o que ela está esperando.
—Então, eu desisti quando vi o que ela fez - o que eu fiz. Desisti
quando vi você protegendo Ártemis. — Ela chorou, seu peito doendo
tanto soluçando. —Você a colocou atrás de você, mas você me deixou
—, ela chorou. —E mesmo quando chegamos aqui, você se
preocupava com ela em vez de comigo. Você não se importava as
coisas ruins que você dizia; você as ignorou e me fez sentir pior pelo
que eu permiti que acontecesse. Você colocou todos na minha frente!
—Bebê, isso não é verdade. Estou pensando em você com todas
as decisões que tomo. Sim, eu protegi Ártemis quando ela quase se
matou, mas você também. Você não deixará os outros morrerem se
puder ajudá-los, e eu sou o mesmo. Não tem nada a ver com ela.
Certamente não me importo com ela como você, mas ela estava perto
de mim; eu a salvei.
—Mas você me deixou! — Ela apontou para si mesma: —Eu lutei
tanto para chegar até você e me machuquei. Todo mundo sabia que eu
estava morrendo, e foi um vampiro condenado que veio me salvar.
Hermes veio, me protegeu e ele também se machucou. Ele foi ferido.
Ele me confortou quando pensei que ia morrer sem você ou até a
Morte. Tentei mandá-lo para ajudá-lo, mas ele escolheu me ajudar.
—Eu não consegui encontrar você —, ele rugiu antes de cobrir o
rosto. Ele respirou antes de falar em um tom mais calmo. —Bebê, eu
não posso sentir você como costumava fazer. — Ele abaixou os braços,
seus olhos azuis presos nos dela. —Eu entrei em pânico quando perdi
o controle de você. Eu sei que não deveria ter saído; eu sabia que ele
estava me provocando para que eu deixasse você, mas eu soltei, então
tente entender que sou apenas um homem. Tenho tanto amor por
você, mas tenho raiva, ódio e medo correndo pelas minhas veias,
como todo mundo. Perdi o controle, mas não pretendia sair de perto
de você. Eu queria matá-lo. É assim que posso protegê-la dele. Todos
querem você, e sou apenas um homem contra todos eles.
Ela assentiu, fungando enquanto se afastava mais dele. —Eu
entendo. Eu sei que não é certo eu colocar essa pressão sobre você
para ser perfeito, mas aos meus olhos, você tem sido. Mesmo pulando
atrás de Lancelot e protegendo-a, mesmo que eu sofresse por isso,
entendi e vi isso como sua perfeição - mas não parei de falar com você
ou comecei a analisá-lo pelas costas.
Ela estreitou o olhar para ele. —Você disse que os outros não
entenderiam e eles me julgariam, mas você me julgou. Você me
chamou de má. Você disse que eu machuquei Ártemis. EU! — Ela deu
um tapa no peito. —Você parou de me separar daquela garota de
olhos pretos dentro de mim e me fez perceber, como eu sempre temia,
era tudo comigo. Você me deu as costas, como todo mundo.
—Eu não dei as costas para você! — Ele gritou. —Meus irmãos
também não.
—Como eu saberia disso, David? — Ela olhou para ele. —A
única vez que um deles tentou falar comigo, você veio e me arrastou
para longe depois de nos repreender. Você mal me tratava como uma
pessoa!
Ele desviou o olhar do olhar dela: —Bebê, eu estava fazendo o
que achava melhor.
—Não, você simplesmente não queria falar com um monstro do
mal —, ela cuspiu com o máximo de veneno que pôde reunir. —Você
não podia beijar algo tão ruim quanto eu, porque Lancelot estava
certo, você me jogaria fora quando você visse do que eu era capaz.
Ele a olhou nos olhos. —Jane, eu acho que ela é má. Eu sei que
você não é a mesma e que você não deseja ser nada como ela. Eu não a
joguei fora.
—Nós somos iguais, David. — Ela sorriu tristemente: —Ela sou
eu. E enquanto você não me expulsar exatamente do seu quarto, me
deixou de lado até poder me desfazer com segurança.
—Eu não irei —, ele disse com firmeza. —Eu tenho tentado
descobrir como ajudá-la. Eu sei que você é a pessoa boa sobre a qual
Arthur estava falando. Ela é quem você quer ser, quem você
realmente é. Essa coisa que quase fodeu um homem no campo de
batalha só para irritar Lancelot - meu inimigo - ela não é você. Você
nunca faria isso. Rasgou meu coração ver você assim, mas eu sei que
ela estava controlando você.
—Então, por que você parou de me amar?
Ele olhou para ela como se ela tivesse enlouquecido. —Eu não
parei. Eu digo todos os dias - manhã e noite - que eu te amo.
Outro sorriso triste se formou em seu rosto: —David, você ama
sua Jane. Você não me vê mais como sua Jane.
—Sim eu vejo.
—Está bem. — Ela caminhou até sua mochila. —Certificarei de
enviar seu amor para sua Jane, quem quer que ela seja. Se ela é aquela
garota que Arthur lhe contou, tenho certeza de que ela entenderá. Eu
também a repugno. Talvez até mais do que eu tenha nojo de você.
—Jane, por favor, deixe-me explicar.
Ela lhe lançou um olhar feroz. —Como você me deixou?
Ele se encolheu como ela o golpeou. —Bebê, eu te amo. Eu
sempre te amei. Continuarei amando você.
Ela caminhou até a porta do banheiro, seu coração acelerando
com o medo que crescia nela. —David, você se apaixonou por sua
garota dos sonhos. Você pensou que eu era ela - queria que eu fosse
ela - mas ninguém lhe contou sobre a maldita coisa que foi escrita em
meu coração e alma.
—Eu sei que você provavelmente nunca foi a uma concessionária
de automóveis usados, mas deixe-me explicar desta maneira —, disse
ela, com as mãos trêmulas, porque ela estava perdendo com cada
pedaço da verdade suja que ela vomitava para ele. —Eu sou como um
daqueles carros que foram dirigidos por todo o país e tiveram uma
colisão a cada centenas de quilômetros, mas eu ainda trabalho. E então
você veio, e seu sangue era como mágica. Meu motor começou a
ronronar um pouco mais alto; eu estava indo mais rápido e todos
pararam para olhar para mim porque eu parecia novinho em folha.
—Só que eu não sou novinho em folha, ainda sou apenas um
usado. Minhas peças estão gastas, meus circuitos são um pouco
duvidosos e meu limpador de janelas está definitivamente fora de
controle. — Ela riu amargamente. —Você começou a suspeitar que
algo estava errado quando eu comecei a queimar com gás e
superaquecimento. Eu até quebrei algumas vezes e precisava dar um
salto inicial. Claro, meu motor rugia para a vida, mas isso — ela a
bateu coração. —minha bateria - o que me faz eu ainda é a mesma
coisa.
— Eu tenho me excitado por você ou pela Morte, mas ainda
estou enfraquecendo a cada quilômetro. Não sei qual é a parte da Jane
Maligna, Eu diria que ela é o que quer que atraia todo mundo. Ela é
capaz de tocar todas as partes de mim. Talvez seja uma fiação ruim
porque ela gosta de fazer todas as minhas luzes de advertência
acenderem para que você saiba que estou quebrada. Ela quer que você
entre em pânico. Você entra em pânico sempre que eu não sou o que o
vendedor disse que eu seria. Você ainda me quer, mas sabe que pode
ter investido seu dinheiro em um pequeno carro quebrado.
—Aquela garota má, ela quer substituir minha bateria. Eu ainda
estarei aqui, suponho, no corpo e na mente, mas não serei a mesma.
Minha memória pode existir aqui e ali também. Talvez você veja um
arranhão na pintura ou lembre-se de mim quando você dirigir por
uma estrada familiar, mas minha pequena bateria estará no lixo -
esquecida. Vai desaparecer em um aterro sanitário ou na garagem
enquanto eu a ver decolar todos os dias em meu corpo, tocando sua
buzina apenas para me ferir ainda mais.
Ela soluçou enquanto observava a devastação crescer nos olhos
dele. —Você experimentou a versão remodelada de meu carro, mas
estou muito quebrada para você. Eu quebrei muitas vezes enquanto
você me teve, então você decidiu me afastar. Você tentou, realmente
tentou, e se importou comigo, tentou consertar as partes quebradas,
mas desistiu quando o mecânico - Arthur - disse que você colocava
seu dinheiro em uma causa perdida. Ele disse que você não podia
deixar ninguém me dirigir, ou eu poderia machucá-los. Ele disse que
você estava arriscando sua vida me mantendo tão perto. Ah, e então
ele disse: 'Você sabia que ela precisava de gasolina premium? Sim, é
grau de morte. Ela pode ligar, mas nunca vai correr como deveria sem
a Morte.
Ela olhou ao redor do quarto. —Quando voltamos aqui, você
colocou seu carro quebrado na garagem. Ele ainda é seu, mas você
decidiu não perder mais dinheiro com seu investimento. Então, você o
deixará aqui, longe de todos, porque é mais seguro. Talvez um dia
você queira que ele seja rebocado quando surgir um novo modelo sem
problemas. Você pode se sentir mal, porque sabe que vai doer nos
sentimentos do seu carro antigo quando começar a estacioná-lo do
lado de fora enquanto o novo fica na garagem limpa. Então, é melhor
deixá-lo ir.
—Bebê, não. — Ele caminhou até ela e segurou o rosto dela. —
Você não é meu carro avariado. Mesmo se você fosse, eu sempre o
amaria e faria todo o possível para mantê-lo funcionando. Mesmo se
eu tivesse que procurar no mundo a sua Morte.
—Não, você não faria. — Ela respirou fundo. —Você me colocou
aqui. Você nem queria descobrir o que estava quebrado em mim.
Ele sorriu. Foi um sorriso triste, mas foi a primeira vez que ele
fez isso desde que tudo aconteceu. —Talvez eu seja um mecânico
horrível, mas não confiei em ninguém para cuidar de você. Talvez eu
esteja pesquisando a história da minha Jane, mas não queria ler em
voz alta ou forçá-la a me dizer todas as vezes que ela foi destruída ou
quebrada. Talvez eu não quisesse que a cidade inteira soubesse toda
vez que meu lindo carro fosse levado para ser consertado por seu
mecânico de olhos verdes.
Ela sorriu, apoiando-se na mão dele. Ela sentia muita falta dele.
Ele acariciou sua bochecha com o polegar. —Talvez eu a ame
tanto que tive medo de tocá-la, temendo que isso causasse mais danos
- com medo de que, se tocasse a coisa errada, a quebraria. Só a tenho
há pouco tempo, e a deixo sofrer acidentes horríveis. Mesmo depois
de repará-la, eu não a cuidei direito. E agora não tenho como
encontrar seu mecânico pessoal. Então, eu ignorei as luzes de aviso
porque não queria acreditar que estava fazendo algo errado. Não
queria aceitar que poderia perdê-la.
Ele acariciou seus cabelos, deslizando os dedos pelos longos fios
enquanto puxava seus corpos ainda mais perto. —Amor eu te amo.
Seja o que for, eu te amo. Se ela é você, eu amo você, mas prefiro
pensar nela como uma parte que podemos remover. — Ele riu
enquanto olhava ao redor do quarto. —Perdoe-me, não sou
especialista em automóveis, portanto não sei quais peças são
descartáveis.
Jane riu, fungando enquanto o observava estudar seu rosto. —
Talvez ela seja um óleo ruim. Ela está passando por todo o meu
sistema e estragando tudo.
Ele sorriu, deslizando uma mão pela cintura dela para descansar
nas costas dela. —Eu esperava poder dizer algo inteligente, mas temo
que sugerir uma troca de óleo se traduza em uma dor de estômago.
Embora ela se pareça com óleo escuro e doentio.
Ela riu muito, fechando os olhos enquanto imaginava David
carregando-a para o banheiro repetidas vezes.
David empurrou os cabelos para trás. —Estou com você, não
importa o quê. Por favor, perdoe-me por ser um idiota para você.
Sinceramente, tenho tentado descobrir como ajudá-la. Receio perdê-la
para ela toda vez que ela se apresentar, mas nunca tive mais medo do
que quando pensava em sair com Lance.
—Eu não ligo para o que ela disse sobre me destruir ou mesmo
para o que ela queria fazer com Lance - mas eu temia que ela fosse
embora e te levasse com ela. Eu queria chorar porque a vi te batendo
pela primeira vez. Eu vi você desistindo. E ela admitiu que queria te
destruir.
—Eu temia isso, mas esperava que houvesse um propósito para
ela estar lá. Ela só parece destruição, no entanto. Você, meu amor, não
é destruição.
Ela abriu a boca para discutir, mas ele falou novamente. —
Intencionalmente destrutiva. Para acompanhar o tema do seu carro,
você seria meu carro bonito que um motorista perigoso roubou. Não é
culpa do carro que ela colocou outros em perigo. É minha culpa por
não mantê-la segura. E fiquei decepcionado comigo mesmo por não te
proteger.
—Você não pode me proteger se eu sou ela.
Ele franziu o cenho, uma expressão pensativa tomando conta de
seu rosto. —Eu acho que vocês duas são separadas. A mulher que está
me olhando agora - você - é a mulher que eu amo. Quanto a protegê-
la, você está certa; Não posso protegê-la de algo dentro de você, mas
posso estar lá para você. Eu posso te apoiar enquanto você luta com
ela. Eu falhei nisso, deixando meu medo de perder você me distrair.
Nunca me perdoarei por tratá-la dessa maneira. Eu juro que nunca
quis te machucar. Eu simplesmente não sei o que fazer.
—Honestamente, tenho orado por orientação. Eu até rezei para a
Morte voltar. Eu deixei você chorar no chuveiro, porque esperava que
ele viesse ajudá-la se visse a quantidade de dor que você estava
sentindo.
Ela ficou boquiaberta. —Você fez isso para que a Morte viesse?
Um som decepcionado retumbou dentro dele. —Eu te disse que
não sei o que fazer. Sei que ele te salvou mais do que ninguém, então
esperava que ele sentisse sua dor e voltasse. É terrível deixar você
chorar sozinha, mas eu também não queria chegar perto de você
porque sabia que poderia fazer algo para machucá-la.
—É tão difícil te ver e não te beijar. Eu sabia que estava fodendo,
e não queria que você pensasse que eu iria consertar as coisas com
sexo. Pequenos erros, talvez. — Ele riu e seu sorriso se tornou mais
genuíno. —Eu apenas tinha que mantê-la à distância até descobrir
como ajudá-la adequadamente.
—Não é porque você me odeia? — Seu coração batia forte,
esperançoso de que ela ainda o tivesse. —Por causa do que eu fiz com
aquele vampiro e Lancelot? Porque te faço sentir nojo e sou má?
—Eu nunca poderia te odiar. — Ele se inclinou e a beijou
suavemente. Era o tipo de beijo em que ela podia sentir o quão cheio
seus lábios eram, o beijo que ficava mesmo depois que ele removia
seus lábios dos dela. —Dói vê-la usando seu corpo dessa maneira —,
ele disse, sua voz profunda deslizando sobre a pele dela. —mas você
não me dá nojo. E eu não culpo você pelas coisas que ela fez. Toda a
minha distância e atitude tem sido eu zangado, com medo e incerto de
mim mesmo. Duvidei que minhas habilidades fossem de seu Outro e
namorado.
—Eu sou fraco. Sim, sou imortal. Sim, sou o mais forte da nossa
espécie, mas não sou do gênero Morte ou Lúcifer. — Ele estava nu,
mostrando ela ou o homem vulnerável que ela achava que não existia.
— Arthur disse que você estava arrasada por você me ver salvar
Ártemis, então eu tentei manter vocês duas afastadas uma da outra.
Eu definitivamente não queria que você me visse ao seu redor de
qualquer maneira que pudesse chatear você.
—Você não queria que eu pensasse que a estava salvando? — Ela
perguntou suavemente.
—Eu não queria que você pensasse sobre ela. É por isso que eu a
mantive perto de mim, ou eu lhe diria que tínhamos que sair. Eu
estava tentando mantê-la longe de qualquer um que possa incomodar
você ou alguém com quem possa se preocupar com minha interação.
Jane olhou para baixo. O que ele estava dizendo fazia sentido; ele
estava pulando abruptamente e dizendo que eles precisavam sair. Ele
provavelmente podia ouvir ou cheirar sua chegada. —Mas você me
culpou pelo que aconteceu com ela. Você disse que eu sou má.
—Eu nunca quis culpar você ou dizer que pensei que você era
má. É difícil discutir assuntos sobre esse lado sombrio de você,
especialmente sem parecer que eu perdi a cabeça. Se digo algo
negativo, quero dizer ela. Eu pensei que você se sentisse traída e
ciumenta ao me ver ajudando Ártemis porque, sim, eu a salvei mais
do que jamais cheguei perto de salvá-la de qualquer dano, mas sei que
você não a mataria ou machucaria por esses motivos. Talvez se
vangloriando um pouco me beijando na frente dela — Ele sorriu. —
mas nunca para causar dano. Você teve muitas chances de matá-la ou
deixá-la para trás, e você a salvou todas as vezes. Até Hades informou
a todos que você o enviou para salvá-la quando você foi ferida
fatalmente. Então, veja, eu sei que não foi você quem a machucou. Só
preciso de tempo para aprender a discutir as duas de uma maneira
que faça sentido.
—Eu não sei como eu - ou ela – te ajudarão nisso.
—Eu sei. — Ele alisou o cabelo dela para trás. —Eu senti sua
falta.
Ela observou enquanto ele examinava seu rosto. Ele estava
olhando para ela como costumava olhar, como se ela fosse algo
especial. —Eu também senti sua falta. — Ela colocou a mão sobre o
coração dele: —Eu entendo que não valho a pena, e provavelmente
nunca serei aquela garota que é tão corajosa e boa, então eu entendo a
sua distância.
—Bebê, eu estou tentando diminuir a distância entre nós. — Ele
sorriu, pressionando os lábios na testa dela novamente. —Eu não
mereço isso, mas estou pedindo que você me dê uma segunda chance.
O coração de Jane bateu forte e, por um momento, ela viu a
garota triste enxugar as lágrimas enquanto lhe dizia para ir até ele. —
Você vai fazer amor comigo, David?
Ele se afastou, levantando-se, mas não a deixando ir. —Não
tenho certeza de que seja uma boa ideia.
Seu coração palpitava: —Oh. Tudo bem.
David inclinou o rosto para cima, sorrindo suavemente antes de
se inclinar para beijá-la.
Jane suspirou quando ele afastou os lábios.
—Com seus olhos —, disse ele, acariciando suas bochechas. —
Essas três palavras que você diz com seus olhos. Eu não espero que
você as diga em voz alta ainda; eu sei que você precisa se terminar
com a Morte antes de dizê-las, mas... Eu quero ouvi-las.— Ele agarrou
a barra da blusa dela como se estivesse se preparando para tirá-la para
ela.
Ela levantou os braços: eu te amo.
Esse lindo sorriso dele se espalhou por seus lábios, e ele levantou
a blusa. Antes de remover tudo, ele colocou a mão na parte inferior
das costas e puxou seu corpo contra o dele, segurando os braços sobre
a cabeça. Ela não conseguia ver nada com a camisa ainda sobre os
olhos, mas sorriu quando os lábios dele pressionaram os dela.
—Eu também te amo. — Ele a beijou de novo e tirou a blusa
dela.
Ajoelhou-se, beijando seu estômago enquanto desabotoava e
deslizava pelas calças. —Você tem certeza disso?
Jane assentiu repetidamente enquanto se afastava. —Por favor,
David. Eu preciso de você. Mas tudo bem se você não quiser. Não
tenho certeza se poderia se você fizesse o que eu fiz.
Ele agarrou a calcinha dela, sorrindo para ela enquanto as
deslizava. —Acredite, eu quero. E não vamos falar sobre o que
aconteceu, ok?
—Ok.
Ele suspirou, acariciando seu estômago antes de beijá-lo. —
Minha linda Jane.
Jane estava tremendo quando ele pressionou os lábios em seu
estômago antes de arrastar beijos úmidos até seus seios.
Ele apertou sua bunda e de repente se levantou, levantando-a. —
Deixe-me te amar dessa vez e então você pode me punir.
Ela tocou o rosto dele. —Eu não quero te punir. Nunca. Eu só
quero que você me ame.
David colocou a mão na parte de trás do pescoço dela, puxando-
a para perto e beijando-a. —Eu sempre vou te amar, Jane. — Ele a
deitou de costas, inclinando-se para tirar a camiseta. Ele estava de
volta rapidamente, afastando as pernas dela com o joelho para que ele
pudesse se inclinar sobre ela. Seu beijo era suave e seu toque mais
suave.
—David, me beije mais forte.
Ele riu, pressionando um beijo mais firme nos lábios. —Estou
tentando fazer as coisas durarem. Pareceu uma vida inteira sem tocar
em você por essas duas semanas. Preciso me concentrar para não
estragar tudo.
—Você não vai estragar nada. — Ela suspirou, arqueando em
sua mão quando ele deslizou entre seus seios. Ela quase gemeu com a
forma como os olhos dele devastavam sua pele exposta. A única coisa
que a impedia de ficar completamente nua era seu sutiã. Os olhos de
safira escureceram quando finalmente encontraram os dela.
—Você me perdoa? — Ele perguntou, beijando sua bochecha
cicatrizada
Ela ofegou quando ele beijou seu pescoço.
Ele sorriu contra sua pele. —Prometa que você vai me dizer
quando eu for perdoado.
—Eu prometo. — Disse ela, puxando seus lábios nos dela.
David a beijou até que ela não conseguia respirar. Quando ele se
recostou, ela percebeu que havia rasgado o meio do sutiã, fazendo-o
cair.
—David, você poderia...
— Acabei de tirá-lo.
Havia um brilho malicioso em seus olhos quando ele olhou para
baixo como ela estava exposta a ele. —Vou fazer com que a costureira
te faça mais. Estou tentando fazer esse momento durar, mas senti
tanto a sua falta.
—Por favor, continue me tocando.
David puxou as pernas ao redor de sua cintura enquanto a
beijava novamente. Seu toque era gentil, mas a maneira como ele
deslizava a mão pelas coxas dela colocava seu corpo em chamas. Ele
era tão forte, mas tinha muito cuidado com ela.
Ele sorriu contra os lábios dela e apertou a bunda dela,
erguendo-a contra ele. Jane ofegou, deslizando a mão pela lateral do
corpo antes de rapidamente empurrar as calças para baixo o suficiente
para liberar sua ereção da calça e ela estava gemendo com ele quando
começou a apertar a mão.
—Bebê, você não precisa ir tão rápido. — Disse ele, mas
empurrou as calças para baixo mais, rindo quando ela usou os pés
para empurrá-las por todo o caminho.
—Eu não posso esperar mais. — Ela ofegou, levantando os
quadris para que ele deslizasse sobre ela. —Oh Deus.
Ele rosnou e a impediu de se alinhar com ele da maneira certa.
—Devagar, meu amor. Ainda tenho mais o que quero fazer com você.
Jane balançou a cabeça, contorcendo-se e ofegando quando ela
começou a esfregar-se contra ele.
Ele riu enquanto abaixava os lábios no pescoço enquanto tentava
impedir que ela o metesse dentro dela, mas ainda a provocava,
deixando-a aproximar-se.
—David. — Ela não aguentou.
Ele não respondeu. Em vez disso, ele começou a beijar mais
baixo. Jane rapidamente se inclinou para que ela pudesse beijar seu
pescoço. Ele congelou, obviamente gostando do que estava fazendo,
então o beijou. David agarrou seu cabelo com força, inclinando o rosto
para que ele pudesse beijá-la novamente, mas também agarrando sua
coxa e se alinhando com ela. Ela abriu os olhos quando ele cutucou
sua entrada e o encontrou encarando-a. Ele estava esperando que ela
lhe desse o prosseguimento, então ela sorriu, dizendo aquelas três
palavras com os olhos: Eu te amo.
—Eu também te amo, bebê. — Ele sorriu e empurrou lentamente
para a frente.
Estava realmente acontecendo. Jane agarrou seu ombro,
ofegando porque ele era muito mais grosso do que ela estava
acostumada. Ela estava tremendo nas mãos dele, mas ele a beijou e
continuou, observando seus olhos o tempo todo.
—Oh Deus. — Ela chorou, fechando os olhos quando ele estava
em todo o caminho.
Ele a beijou novamente antes de enterrar-se um pouco mais
profundo. —Olhe para mim, Jane.
—David. — Ela já se sentia quebrando quando abriu os olhos,
gemendo ao ver seu sorriso satisfeito e gritando quando ele apertou
sua bunda. Ela começou a ofegar enquanto ele a observava se
contorcer de prazer. Ele deu um empurrão profundo, e ela jogou a
cabeça para trás, quebrando-se sob ele. —Oh Deus. — Ela
choramingou, seu peito arfando enquanto o espiava, percebendo que
ele estava apenas observando-a ter um orgasmo.
Ele riu, deslizando para fora quando ela parou de tremer. —Eu
nem comecei, bebê.
Jane preguiçosamente o puxou pela nuca. —Me pareço bem?
Não me pareço arruinada?
Seu movimento para trás parou, e ele olhou nos olhos dela antes
de avançar. Ela ofegou quando ele pressionou seus lábios nos dela. —
Você se parece bonita, meu amor. Melhor do que eu jamais sonhei. —
Ele suspirou enquanto puxava os quadris para trás.
Batidas soaram na porta.
David parou de se mover e rosnou quando se virou para a porta.
Era Arthur. —David, preciso falar com Jane. Com vocês dois.
Agora.
Jane balançou a cabeça para David. Ela já sentiu outro orgasmo
chegando.
Ele olhou para ela, os olhos escuros quando ele encarou o rosto
dela. —Estamos ocupados. Vamos encontrá-lo daqui a pouco. — Ele
empurrou de volta, fazendo-a gemer alto. —Shh...— Ele a beijou antes
de cobrir a boca com uma mão e continuou, e ela ergueu os quadris,
movendo-se com ele. —Oh, droga, querida.
—É urgente, David.
Jane começou a ver estrelas. Ela sabia que estava sendo boba, e
eram apenas suas emoções e o acúmulo, mas ela se sentia tão sensível
com ele dentro dela.
David hesitou, virando o rosto para que ele pudesse sussurrar
em seu ouvido: —Eu te amo , mas eu vou parar. — Ele beijou sua
orelha, empurrando novamente. —Eu não quero me segurar.
Ela estava tão perdida nele, e sua única resposta foi erguer os
quadris, mantendo seu próprio ritmo abaixo dele.
Ele rosnou, empurrando com força.
Arthur levantou a voz. —David, isso é sério!
David mostrou suas presas, e ela abriu os olhos assim que suas
pernas começaram a tremer, e ela gemeu quando ele continuou
Ele ficou parado, mas ela estava tão perto que começou a se
mover de novo. Ele gemeu, observando-a ofegar embaixo dele. Ele
ignorou as vozes do lado de fora e se afastou, empurrando-se de novo
e de novo e de novo. Jane cravou as unhas seu ombro e sua bunda
quando ele soltou um rosnado frustrado que ela nunca tinha ouvido
antes e deu a ela esse impulso final final. Fechou os olhos, arqueando
as costas quando ela veio. Ficando dentro de si, ele beijou seu pescoço
enquanto ela gemia contra a mão dele.
Ela abriu os olhos, todo o corpo ainda tremendo, e David se
afastou para continuar.
—Droga, David - basta! — Gritou Arthur.
—Foda-se! Deixe-nos em paz! — David mostrou suas presas,
mas parou seu movimento.
—David. — Era Gawain. —Irmão, precisamos conversar com
vocês dois. Por favor, seja decente. Não interromperemos a menos que
seja urgente.
O vampiro dela baixou a cabeça no ombro dela enquanto ele
respirava fundo várias vezes. —Dê-nos um minuto. — Ele beijou
docemente o ombro dela antes de olhar para ela. —Assim que eles
saírem, podemos continuar.
Ela não queria parar. O lugar podia estar queimando e ela não
queria parar.
Ele lhe deu um impulso mais suave e a beijou enquanto a
levantava da cama com ele.
Ela jogou os braços em volta do pescoço dele, ofegando
novamente quando ele apertou sua bunda. Parecia que ele estava
muito mais profundo e ainda maior do que antes. —Oh, porra.
David a deslizou sobre ele por alguns segundos, gemendo
quando ela começou a se mover sozinha. —Não gema alto —, ele
sussurrou em seu ouvido. —Eu quero que você venha mais uma vez.
Ela assentiu, chupando o próprio lábio enquanto ele a ajudava a
se mover. —Por favor, continue. Quero que você vá comigo. Tudo
bem se for uma rapidinha.
Ele balançou a cabeça.
Ela percebeu que ele a carregava perto da cômoda.
Ele olhou entre eles, grunhindo enquanto a jogava sobre ela. —
Depressa, querida. Eu não quero que eles quebrem a porta.
Jane estava choramingando, seus olhos se enchendo de lágrimas
enquanto tentava segurá-lo. Doeu da maneira mais bonita, e ela estava
tão sobrecarregada que eles finalmente deram esse passo. Ele era
incrível, mesmo que estivesse claramente se negando tudo o que
queria levar.
—David. — Ela sussurrou, apertando ao redor dele enquanto ele
parecia considerar apenas transando com ela contra a cômoda.
Não, ele começou contra a cômoda.
—Oh, Deus! — Ela colocou uma mão na cômoda para segurá-la
imóvel. — Sim.
Ele rosnou, acelerando. A cômoda estava prestes a desmoronar.
—Venha bebê.
Jane agarrou seus ombros, mordendo-o para não gritar seus
nomes quando ela veio.
—Foda-se —, disse ele, beijando-a e saindo. —Eu tenho que
parar.
Ela ofegou quando ele não estava mais nela, e ele rapidamente a
sentou na cômoda enquanto segurava cada lado dela. Sua respiração
estava irregular e seu pau estava inchado. Ela tentou alcançá-lo,
apenas para dizer-lhe para terminar, mas ele a deteve.
—Assim não. Sei que ele está na minha cabeça e só quero você
para mim. — Ele beijou sua testa e caminhou para recuperar suas
roupas. Ele jogou para ela o que ela estava vestindo e puxou suas
calças, assobiando enquanto tentava se situar para que sua ereção não
fosse muito óbvia. —E juro que posso fazer melhor.
Ela sorriu quando ele puxou uma camisa sobre a cabeça dela. Ela
se sentia como mingau. Se esse não era o seu melhor, ela não podia
esperar que ele realmente tentasse.
—Eu te amo. — Disse ele, segurando o rosto dela. Ele a beijou
várias vezes antes de puxar sua calcinha e calça para cima,
deslizando-a para fora da cômoda. Ele fungou, sorrindo um pouco
quando ele pegou a mão dela e a levou para a porta. Ele parou
quando a notou mancando e rapidamente a levantou em seus braços.
—Estou perdoado?
—Foda-se sim —, ela sussurrou, tocando seus lábios carnudos.
—O que você fez de errado de novo?
Ele sorriu, puxando-a para perto para beijá-la enquanto
alcançava a maçaneta da porta. —Eu era um pau para você.
Ela o beijou de volta, fazendo beicinho quando ele a colocou em
pé. —Eu te perdoo, eu acho.
David passou os dedos pelos cabelos dela algumas vezes,
franzindo a testa enquanto ele parecia ouvir os outros conversando. —
Obrigado. Pronta?
—Não. — Ela sorriu quando ele sorriu e ficou na frente dele para
esconder sua ereção.
Arthur entrou rapidamente. Ele foi seguido por Gawain, Gareth,
Hades e Tristan. Eles caminharam para o centro do quarto, todos
evitando o contato visual.
—O que está ocorrendo? — Ela perguntou, observando os outros
cavaleiros entrarem. Eles começaram a pegar suas malas, também não
olhando para elas.
David apertou o antebraço ao redor dela, que estava apoiado em
seu peito. —O que aconteceu?
Arthur esfregou o rosto, suspirando quando ele finalmente fez
contato visual com David antes de se concentrar nela. Jane percebeu
que os olhos de Gawain estavam vermelhos, e não havia sequer um
sorriso no rosto de Gareth, o que ela esperava após ela e o pequeno
show de David para eles.
—Arthur, o que está acontecendo? Eles estão nos expulsando? —
Jane perguntou.
David a agarrou com mais força quando Arthur chorou.
—Jane, eu- — Arthur balançou a cabeça. —Eu sinto muito...
O coração de Jane estava disparado enquanto observava Gareth
cobrir as lágrimas. Seus olhos ardiam e ficou difícil de ver, difícil de
respirar.
—Irmão —, disse David, com a voz trêmula. —Por favor, não
diga o que eu acho que está acontecendo.
Arthur olhou nos olhos dele. —Sinto muito, irmão. Gwen ligou.
Houve um acidente.
—Não —, ela chorou, balançando a cabeça. —Não diga isso,
Arthur!
—Jane —, disse ele, aproximando-se enquanto todos os
cavaleiros a observavam começar a soluçar. —Minha querida garota,
me desculpe.
Ela cobriu a boca, as lágrimas encharcando a mão enquanto
balançava a cabeça para frente e para trás.
David a apoiou. —Vai ficar tudo bem.
Gawain e Gareth avançaram, ajoelhando-se quando ela caiu de
joelhos, para abraçar ela e David.
—Por favor, Arthur. — Ela chorou, abraçando o braço de David
enquanto Gawain acariciava seus cabelos e Gareth segurava a outra
mão. —Oh, Deus, por favor, não eles. Por favor. Você disse que eles
estariam seguros.
—Arthur? — David perguntou, seu corpo tremendo.
—Jason e Nathan. — Disse Arthur.
—Não! — Ela gritou, imaginando o corpo sem vida de Nathan,
com os olhos abertos, mas sem ver nada. Seu peito estava cheio de
soluços com tanta força que ela não conseguia respirar.
—Eles ainda estão vivos, Jane. — Disse Gawain rapidamente,
beijando a cabeça enquanto chorava.
Ela não queria ter esperanças. Ainda não significava que eles
estariam.
—Quão ruim? — David perguntou, balançando-a um pouco
enquanto a abraçava por trás.
—O braço de Nathan está quebrado. Ele estava sendo alimento,
mas Gwen conseguiu chegar lá pouco antes...
Jane chorou, aliviada, mas aterrorizada e com raiva.
—E Jason? — David perguntou, murmurando em seu ouvido
que Nathan ficaria bem.
Gareth agarrou a mão de Jane com mais força, e ela quebrou
novamente, balançando a cabeça enquanto gritava, mas não alto o
suficiente para abafar a resposta de Arthur.
—Ele não vai sobreviver.
40
ELA GOSTA DO DR. PEPPER
Jane, David, Arthur, Bedivere e Gawain rapidamente
atravessaram o castelo. Guinevere tinha saído para cumprimentá-los,
pois Arthur dispensava os outros para passar um tempo com suas
esposas - que ele os chamaria se fossem necessários.
Quando a visão de Jane começou a escurecer, ela piscou várias
vezes, tentando não perder de vista Guinevere.
David apertou a mão dela. —Controle sua respiração, Jane. Eu
sei que é difícil, mas você tem que ser forte quando entrarmos lá.
Ela levou a mão trêmula aos olhos doloridos, assentindo
enquanto começava a respirar com mais controle. Ela sofreu um
ataque de pânico quando eles entraram no avião, vomitando por todo
o chão até que alguém lhe trouxesse um balde. Ela não respondeu a
nenhum deles quando tentaram descobrir o que estava acontecendo
com ela. Bedivere teve que explicar o que estava passando e disse a
David como acalmá-la.
Eles tentaram fazê-la beber, mas ela recusou água, comida e até
alimentação de David. Nesse momento, sugeriu Bedivere, por causa
da quantidade de sofrimento que ela estaria experimentando, eles
começaram a receber fluidos intravenosos juntamente com uma
transfusão de sangue. David a segurou imóvel, mas ela não lutou.
Todo o seu corpo parecia que estava morrendo naquele momento.
Foi só quando eles carregaram a van para fazer a parte final de
sua viagem ao castelo que ela falou. David prometeu a ela que não
sairia do lado dela e a ajudaria a lidar com tudo. Ela sabia que ele
tinha boas intenções, mas tudo em que conseguia pensar era no que
estavam fazendo juntos enquanto o filho e o marido eram atacados.
Ela agiu como uma adolescente excitada enquanto seu bebê estava
gravemente ferido e Jason estava morrendo dolorosamente.
Jane chorou de novo. Ela sabia que os próximos momentos
mudariam tudo, e ela não estava pronta. Era tudo culpa dela, e ela não
estava pronta.
Gareth correu em direção a eles na direção em que estavam indo.
O carro em que ele havia deixado chegara ao castelo antes da van e,
passando pelos olhos vermelhos, ela sabia que ele já tinha visto a
família dela.
—Nathan e Natalie estão dormindo. — Disse ele, tentando não
olhar para ela.
—E Jason? — David perguntou quando Bedivere correu na
frente deles.
— Eu não entrei. Ele está em um quarto separado. Elle disse que
esteve acordado a maior parte do tempo.
David olhou para ela. —Bebê, acho que devemos checar os
gêmeos sem acordá-los e depois ir ver Jason.
—Ok. — A voz dela falhou. Ela sabia que não seria capaz de sair
do lado de Jason até... Ela fechou os olhos, choramingando, mas
andando mais rápido.
David rosnou, e ela abriu os olhos para ver que ele a estava
protegendo da visão de vários guardas.
—David, eles estão tão chateados quanto nós —, disse Arthur
sem olhar para trás; ele estava apenas alguns metros à frente deles. —
Eles estavam sob o feitiço dela também.
—Eles deveriam tê-la mantido longe da porra da minha ala! —
Ele arreganhou as presas para os guardas, que abaixaram a cabeça
quando Gawain e Gareth colocaram as mãos nos ombros para mantê-
lo em movimento.
—Agora não é hora de começar a culpar ninguém —, disse
Arthur, abrindo um par de portas duplas. —Discutiremos ações
disciplinares posteriormente. Agora, acalme-se.
David rosnou novamente e levantou a mão dela, beijando-a
enquanto ele respirava fundo algumas vezes.
Jane sabia que Melody tinha feito isso; ela ouvira Arthur
retransmitir o que Guinevere havia lhe dito. Aparentemente, Natalie
veio gritando pelos corredores antes de finalmente chegar à ala norte,
onde Guinevere estava realizando uma reunião. Guinevere disse que
Natalie estava histérica, então ela a pegou e correu para o quarto de
Jason. Elle seguiu, gritando ordens, pois obviamente temiam estar sob
ataque. Iseult veio da direção oposta e levou Natalie quando
Guinevere e Elle entraram no quarto com cheiro de sangue. Elas
chegaram quando Melody mordeu o pescoço de Nathan.
Melody jogou Nathan, mas ele foi pego por Elle e correu para a
ala médica, que deixou Guinevere para enfrentar Melody. Na época,
nem Elle nem Guinevere haviam notado Jason. Foi só depois que
Guinevere lutou não apenas com Melody, mas também com os
guardas sob a manipulação de Melody que outros chegaram e
ajudaram a rainha. E foi quando elas finalmente encontraram Jason.
Ele ainda estava consciente e só desmaiou quando garantiram que
Nathan e Natalie estavam vivos.
Jane não tinha ideia de que Melody era tão poderosa. Ela queria
vingança, mas estava muito consumida pela tristeza para buscá-la.
David fez sinal para os outros irem em frente e esperou que eles
entrassem na porta ao lado antes de rapidamente puxá-la para um
abraço. —Estarei com você o tempo todo; você não está sozinha. —
Ele inclinou o rosto para cima, beijando-a suavemente antes de se
afastar.
Ela entrou em pânico e segurou o pulso dele. —David, eu não
posso fazer isso.
—Você pode. — Ele a beijou, respirando profundamente antes
de pegar as mãos dela e segurá-las no peito. —Você é a pessoa mais
forte que eu conheço. Concentre-se em Nathan por enquanto. Se ele
acordar, ficará muito feliz em vê-la, querida. Você é sempre tão forte
por eles. Eu sei que você está cansada, mas você sempre tem essa força
incrível para eles. Encontre.
Os olhos de Jane lacrimejaram e seu peito doía quando ela tentou
tanto não desmoronar novamente. —Mas Jason... E você e eu
estávamos fodendo quando eles foram feridos.
Ele agarrou o rosto dela novamente. —Estávamos inventando da
maneira que precisávamos. Foi um momento horrível, mas não
comece a se arrepender de dar esse passo comigo. E não se sinta
culpada. Não tínhamos como saber o que havia acontecido. Você me
entendeu?
Ela ficou quieta. Ela não se perdoaria pela maneira como se
comportaram enquanto Arthur tentava dizer a eles que precisavam
sair.
David suspirou e beijou sua testa. —Eu te amo. Você pode se
apoiar em mim o quanto precisar.
Jane enxugou as bochechas, encarando seus preocupados olhos
azuis enquanto esperava que ela se recompusesse. —Não me deixe
perder o controle, David. Não perto deles.
Ele sorriu suavemente. —Se eu tiver que te levar embora, eu irei.
Vou mantê-los seguros, querida. Apenas se concentre no que você tem
que fazer.
Depois que ela assentiu, David silenciosamente abriu a porta.
Levou um segundo para seus pés seguirem a ordem que seu cérebro
estava emitindo para ela andar, mas ela finalmente entrou no quarto
escuro. Era mais como um longo corredor com fileiras de camas de
hospital. Havia algumas portas fechadas ao redor, mas seu olhar
estava fixo na cama onde os outros estavam reunidos.
Jane tremeu quando David a levou até eles. Ela observou Arthur
e Gawain abraçarem suas esposas enquanto Bedivere olhava por cima
de uma tabela, acenando com a cabeça para o que Guinevere estava
lhe dizendo. Jane tinha medo de olhar, mas ela congelou, cobrindo a
boca quando viu o rosto manchado de lágrimas de Nathan.
—Shh, meu amor. — David sussurrou, apoiando-a quando eles
se aproximaram do lado da cama de Nathan.
Eles ficaram ali por um momento até alguém lhes trazer uma
cadeira. David sentou-se, puxando-a para o colo enquanto exalava um
suspiro aliviado antes de descansar a testa no ombro dela. Só então se
lembrou de como David e as crianças estavam ligados um ao outro.
Por um tempo, eles estavam sendo cuidados por ele mais do que
Jason. Ela nem sequer considerou o quão chateado ele poderia estar,
mas ele estava lidando com ela em vez de mostrar suas emoções.
Ela colocou a mão sobre a dele, mas manteve a outra sobre a
boca, com medo de gritar.
David segurou a mão dela, sussurrando em seu ouvido quando
ele levantou a cabeça do ombro dela. —Ele vai ficar bem.
Jane assentiu repetidamente enquanto examinava Nathan. Havia
um curativo em volta do seu pescoço e sua bochecha estava
machucada. Quando ela abaixou o olhar, viu onde a maior parte do
dano havia sido causado. Ela já tinha ouvido falar sobre o braço
esquerdo dele sendo quebrado ao meio, quebrando o raio e a ulna.
Eles o colocaram em uma tala, mas estavam esperando até que
Bedivere chegasse para decidir que outros tratamentos ele deveria ter.
Nem Nathan nem Natalie haviam sofrido uma lesão grave antes.
Jane esperava que ele não estivesse lutando muito com isso; ele não
gostava de ter coisas novas ou qualquer coisa nas mãos ou nos pés,
mas ele parecia bem. Ela estendeu a mão para a mão livre dele que
estava na cama, mas ela não o tocou quando pegou a IV nessa mão.
Ela se perguntou se eles estavam lhe dando remédios contra a dor,
porque Nathan não gostava de tomar remédios por via oral.
Jane colocou a mão ao lado da dele, seus dedos um centímetro
de roçarem nos dele. Seu corpo tremia enquanto ela chorava
silenciosamente. Seu rostinho triste era demais para aguentar. Ele viu
seu pai ser brutalmente atacado antes que esse ataque fosse contra ele.
Por minha causa.
Era para isso que tudo se resumia. Se não fosse por ela, eles
teriam uma mãe melhor, nunca precisariam sair de casa; eles nunca
seriam deixados para trás ou teriam que escolher entre o pai e um
homem com quem a mãe queria estar. Se ela não fosse a mãe deles,
Melody os teria ignorado.
Guinevere estava conversando com Bedivere, e o que ela disse
fez Jane chorar mais. —Ele não tomou nenhum medicamento, então
começamos uma injeção intravenosa para administrá-los. Jason nos
disse que Jane sempre teve dificuldade em administrar medicamentos
orais.
—Ele lembrou —, Jane sussurrou, referindo-se a Jason
lembrando o quão difícil era fazê-lo tomar os remédios quando ele
estava doente. —Ele lembrou. Eu pensei que ele não percebeu.
David beijou sua bochecha. —Respire, bebê. — Ele a esfregou
nas costas, espalhando seu calor enquanto falava com sua irmã dessa
vez. —Com que frequência Jason está acordado?
—Ele acorda frequentemente, mas apenas por pequenas
quantidades de tempo —, disse Guinevere, com a voz embargada. —
Eu acho que ele tem se preocupado com as crianças em pânico sem ele
e Jane.
—Vamos vê-lo em um momento —, David sussurrou no ouvido
de Jane antes de falar com sua irmã novamente. —Ele os viu?
—Sim —, disse Guinevere. —Depois que o mantivemos estável,
ele acordou e pediu por eles. Foi horrível, David. Eu sinto muitíssimo.
Arthur a calou, mas ela não parou.
—Sinto muito, Jane. Eu não tinha ideia de que ele estava vendo
ela. Ela havia manipulado metade do castelo.
Jane não conseguiu responder porque acabou de perceber que
Natalie estava na cama ao lado de Nathan. Ela estava dormindo
também, sua mãozinha firmemente apertada na barra da camisa de
Nathan. O rosto normalmente calmo da menininha estava coberto de
lágrimas secas. Ela viu Natalie se encolher e choramingar enquanto
dormia. Ela estava tendo pesadelos de monstros.
Eu falhei.
—Aliviou-o vê-los em segurança, David—, disse Ragnelle. —Nós
os deixamos abraçá-lo, e ele falou com eles até ficar fraco novamente.
Nós o tomamos com morfina, mas ele lhes disse que você e Jane
estariam aqui em breve. — Ela fez uma pausa, soltando um suspiro
cheio de dor. —Eles sabem que ele não vai conseguir.
Jane cobriu o rosto quando seu coração se abriu.
—Ele disse a eles que teria que deixá-los —, continuou Ragnelle.
—Ele disse que Jane sempre diria a verdade, então ele não queria
fingir ou mentir sobre estar bem.
David balançou Jane. —Shh... Nós vamos passar por isso.
—Ele se despediu, David —, disse Ragnelle. —Ele nos pediu
para não trazê-los de volta. Acredito que ele esteja esperando por
Jane.
Jane mal conseguia manter seus gritos em silêncio. Porque? Ela
não conseguia pensar em mais nada, mas por quê? Por que ele? Por
que ela não?
—Deveríamos ir vê-lo, Jane — sussurrou David, mas ela não se
mexeu. Os lábios dele roçaram a cabeça dela novamente. —Ele está
esperando por você, meu amor.
Ela choramingou, fechando os olhos. Ela queria vê-lo, mas sabia
que seria a última vez que o faria. Todas as suas últimas lembranças
dela seriam ela se transformando em um monstro e escolhendo um
homem diferente.
—Gawain, você vai ficar com as crianças? — David perguntou
em voz baixa.
—Claro. — Gawain se ajoelhou ao lado de Jane e ele segurou
uma das mãos dela. — Jason foi corajoso por eles, Jane. Seja corajosa
por ele. Ele merece ter você ao seu lado. Deixe que ele saiba que você é
grata por ele ter lutado para salvá-los. Diga a ele o quanto você tem
orgulho dele e diga que o perdoou. Lembre a ele o quanto você
realmente o ama - todos sabemos que você nunca parou. Deixe-o
saber que você vai sair disso. Ele precisa saber disso, Jane.
—Eu sei. — Ela chorou.
Gawain apertou a mão dela antes de ajudá-la a se levantar. —Dê-
lhe paz para que ele possa descansar agora. Deixe-o ver que você está
em boas mãos.
Enquanto David estava atrás dela, Gawain e Gareth a abraçaram
entre eles, murmurando palavras encorajadoras em seus ouvidos
enquanto ela continuava a chorar. Ela chorou ainda mais quando
David foi abraçado por Arthur e sua irmã.
Quando ela finalmente se acalmou, David a puxou para ele. Ele
beijou sua testa antes de abraçá-la. Eles ficaram assim, ambos olhando
para seus bebês. Seu coração já sabia que quando eles acordassem, seu
pai teria ido embora.
—Vamos querida. — David agarrou a mão dela e a levou a uma
porta fechada.
Foi quando ela ouviu os bipes baixos vindos das máquinas,
obviamente monitorando os sinais vitais de Jason. Tornava-se mais
difícil respirar a cada passo que dava.
—Pronta? — David estava com a mão na maçaneta da porta.
Ela não estava, mas assentiu e o seguiu para dentro. O quarto
parecia uma suíte típica de UTI. Havia uma única cama médica com
várias máquinas com as quais Jane não estava completamente
familiarizada, mas sabia que o ritmo cardíaco que mostravam era
instável.
Jane cobriu a boca e quase desmaiou ao ver o marido. David a
pegou, segurando-a enquanto ela chorava. Era terrível demais; ela não
podia acreditar que ele estava respirando.
—Oh, Deus! — Ela cobriu os olhos.
—Não deixe ele te ouvir assim. Eu prometo que você pode
chorar o máximo que precisar mais tarde, mas você precisa ser
corajosa.
—Ele está realmente vivo? — Ela perguntou.
—Sim, bebê. — David manteve os braços em volta dela enquanto
se levantava. —Ele é forte, assim como você. — Ele beijou a cabeça
dela. —Tenho certeza que ele quer ver seu sorriso, então respire. Tudo
ficará bem.
Ela balançou a cabeça enquanto observava o estado em que
Jason estava. Havia uma máscara de oxigênio sobre a boca dele, mas
ela podia dizer que ele havia levado vários golpes no rosto pelo
inchaço e descoloração ao redor dos olhos e mandíbula. Sangue seco
grudava em seus cabelos e em partes do rosto onde eles claramente
evitavam se tocar.
—Não está. — Ela tentou enxugar as lágrimas, mas mais
continuaram vindo enquanto o olhava mais. O braço esquerdo de
Jason estava descansando ao seu lado. Estava enfaixado, mas o sangue
estava encharcado. O mesmo acontecia com o pescoço dele; Melody se
alimentou dele. —Não vai ficar tudo bem. — Ela sussurrou enquanto
fúria e tristeza a consumiam ao ver seu peito mutilado. Havia
enxertos de pele, que ela ouviu dizer que eles usavam da pele nas
coxas e nas costas, mas ela podia ver e cheirar o tecido moribundo. Ela
viu quando trabalhou no hospital de animais; ele teve muito dano. Ele
parecia ter sido atacado por um leão da montanha.
—O cirurgião não conseguiu reparar adequadamente os danos
nos vasos sanguíneos —, disse Guinevere suavemente. —Quando
percebemos que o tecido estava morrendo, dissemos a Jason que
poderíamos tentar a cirurgia uma vez que Bedivere chegasse, mas ele
não disse mais nada.
Bedivere estava lendo anotações, mas agora estava
inspecionando os ferimentos.
Jane rezou para ele olhar para cima e dizer que ele poderia
consertar isso, mas quando ele balançou a cabeça, ela perdeu toda a
esperança.
—A maior parte do seu tecido exposto está morrendo ou morto
—, disse ele. —Ele precisava de um cirurgião vascular, mas eles
fizeram o possível. As notas dizem que sua artéria jugular e radial foi
danificada. O fato de poderem reparar isso é por que ele durou tanto
tempo - mas ele já está mostrando sinais de falência de múltiplos
órgãos. Seus intestinos, pâncreas e fígado também foram danificados
além do reparo que poderíamos oferecer a ele. Mesmo se eu tivesse o
conhecimento, não acho que Jason sobreviveria a uma operação.
Jane se virou, enterrando o rosto no peito de David para abafar
seus gritos.
David embalou a cabeça dela enquanto falava com Bedivere. —
Você pode estabilizá-lo por tempo suficiente para encontrarmos outro
cirurgião?
—David, este é o ataque mais horrível que eu já vi um humano
passar. Se o mundo não estivesse em ruínas, ele poderia ter uma
chance, mas não tenho ideia de como poderíamos localizar um
cirurgião habilidoso o suficiente. Cuidados de suporte é tudo o que
podemos fazer agora... E ele não tem muito tempo como está.
—Jane?— A voz abafada de Jason fez com que todos parassem
de falar.
Ela se soltou do abraço de David e correu rapidamente para o
lado de Jason. —Jason. — Ela chorou, passando a mão sobre a
bochecha dele. —Sou eu, querido. Estou aqui. Estou aqui.
David colocou uma mão reconfortante nas costas dela antes de
agarrá-la pela mão direita. Ela desviou o olhar do rosto de Jason para
ver o que ele estava fazendo. David abriu cuidadosamente a mão de
Jason e colocou a dela dentro.
Jason apertou a mão dela enquanto David apertava seu ombro.
—Essa é Jane, Jason, — David disse, batendo as mãos. —Você
pode sentir a mão dela na sua?
—Você a manteve segura —, disse Jason, abrindo um olho. —
Obrigado.
—Não tão bem quanto eu esperava —, disse David, rindo. —Mas
Jane é uma lutadora. Não importa o quanto ela caia, ela se levanta.
Jane sorriu tristemente quando ouviu uma pequena risada de
Jason, e ela queria gritar quando Jason apertou sua mão. Ela sempre
quis sentir aquele pouco carinho dele.
—Você está bem, querida? — Ele perguntou, sua voz trêmula
sob a máscara. —Você está machucada?
—Não estou mais machucada. — Disse ela, passando a mão pelo
cabelo dele
—Eu estive preocupado. — Jason suspirou, fechando os olhos
quando uma lágrima escapou. —Sinto muito, Jane.
—Não se desculpe —, disse ela, balançando a cabeça. —Estou
tão orgulhosa de você, Jason. Você manteve nossos bebês em
segurança. Você os salvou. Por favor, não se desculpe. Sou eu quem
deveria me desculpar. Isso é tudo minha culpa.
Jason puxou a mão da dela. Quando Jane percebeu que ele
estava tentando levantar a mão no rosto dela, ela a agarrou
novamente e a segurou na bochecha.
—Bebê, sente-se aqui para que ele possa alcançá-la mais
facilmente. — David gentilmente a empurrou para sentar na cama ao
lado de Jason, mas ele manteve a mão nas costas dela também.
—Isso não foi sua culpa —, Jason sussurrou quando sua mão
começou a tremer. —Eu a ouvi. Eu a deixei entrar no meu quarto
porque acreditei nela. Ela me contou coisas sobre David - sobre vocês
dois juntos, e eu caí na armadilha dela. Guinevere me disse para ficar
longe dos outros, mas eu não ouvi. Eu acho que é isso que eu ganho
sempre olhando para as mulheres quando tinha minha linda esposa
bem na minha frente.
Jane chorou, balançando a cabeça novamente.
David começou a esfregar as costas dela. —Jason, Melody é uma
vampira muito talentosa. Não havia como resistir a ela. Se ela chegou
perto o suficiente para falar com você, é tudo o que precisava para
encantar você. Até onde sabemos, apenas Jane e eu conseguimos
resistir aos seus encantos. Você pode ter caído inicialmente sob o
feitiço dela, mas todos podemos dizer que você é o segundo homem a
resistir à magia dela.
Os dedos de Jason mal se moveram em sua bochecha, mas ela
podia dizer que ele estava tentando acalmá-la. —Eu ouvi você rindo.
E então eu vi seu rosto. Você estava rindo e me dizendo para parar.
Você se lembra do parque em que costumávamos ir?
Jane sorriu, virando o rosto para beijar a palma da mão. —
Aquele com o carrossel?
—Sim —, disse Jason, respirando trêmulo. —Eu estava te
girando e você ficou tonta. Eu vi aquele dia e lembrei o quanto eu te
amava. E eu vi o quanto você me amava. Eu nunca deveria ter tomado
você como garantia. Quando o fiz, esqueci como era o nosso amor. Eu
esqueci você... Eu me esqueci... Eu te amei tanto, Jane, e me deixei
esquecer porque me coloquei diante de você.
—Você não esqueceu. — Disse Jane, beijando a palma da mão
novamente.
Um olhar de dor apareceu em seus olhos. —Eu esqueci. Eu vejo
o que fiz agora. Sinto muito, e espero que você possa me perdoar um
dia, porque foi você quem quebrou o feitiço dela. Seu sorriso me tirou
disso.
—Eu te perdoo, Jason. — Ela sentiu um fogo acendendo dentro
de seu coração. —Por favor, não me deixe. Não posso perder mais
ninguém. Por favor, continue lutando. Vou encontrar uma maneira de
fazer você melhorar.
Jason soltou um suspiro aliviado. —Obrigado por me perdoar,
mas você sabe que não posso. Aceitei meu destino quando a
provoquei a me atacar para que ela deixasse Nathan em paz. Sinto
muito por ele ter se machucado, mas ele está sendo um menino
grande - ele sabe que tenho orgulho dele e sinto muito. Você sabe
como ele está tão sintonizado com você - acho que finalmente
consegui isso com ele. Ele me disse que estava tudo bem em ir.
Jane soluçou, seu corpo tremendo quando David a impediu de
cair em Jason. —Não está nada bem.
—Estará, querida. David cuidará de todos vocês. Ele é bom com
eles.
—Não, Jason. — Jane soluçou, balançando a cabeça. Ela não
podia acreditar que isso estava realmente acontecendo.
—Não chore —, Jason sussurrou, sua respiração ficando mais
rasa. —Você está em boas mãos. David é bom para você. Eu sei que
ele vai te amar e cuidar de você e de nossos filhos. Eu vi o jeito que ele
olha para eles - é quase tão poderoso quanto o jeito que ele olha para
você.
—Não, Jason. Eu preciso de você. Eles precisam de você. — Ela
abaixou a cabeça, todo o corpo tremendo quando o fogo começou a
destruí-la por dentro.
—Dê a ela Dr. Pepper. — Jason disse de repente, confundindo
Jane.
Ela olhou para o rosto dele novamente, mas ele estava olhando
para David.
—Ela gosta do Dr. Pepper. Ela não bebe álcool de nenhum tipo,
mas chama isso de coisa forte. — Jason riu, mas estava cheio de dor.
—Acho que ela não vai mais ficar doente, mas ela sempre quis um dr.
Pepper e um shake de chocolate depois que tinha uma dor de cabeça o
dia todo. Ela costumava ficar tão doente. Eu deveria ter me esforçado
mais para fazê-la se sentir melhor; ela sempre me disse o que a
ajudava. Ela me pedia para esfregar o pescoço e as costas ou pegar um
pano frio para ela, mas eu dizia que ela tinha o massageador que eu
comprei. Ela chorava, mas eu a ignorava porque não queria vê-la
dessa maneira. Tentava compensar com um Dr. Pepper ou um shake
para ela. Eu ganharia batatas fritas se me sentisse mais culpado.
David riu, mas Jane não conseguiu parar de chorar. Ela não sabia
que Jason pensava sobre tudo isso.
—Se ela estiver brava com você, você pode conquistá-la com um
hambúrguer e batatas fritas também —, disse ele a David. —Só não
espere que ela compartilhe.
—Eu já aprendi que ela não compartilha comida —, disse David,
rindo. —Especialmente as batatas fritas.
Jason soltou o rosto de Jane e estendeu a mão trêmula para
David. —Obrigado por salvá-la e por trazê-la para casa. Você poderia
ter nos deixado, mas estava disposto a desistir dela para que ela
pudesse estar conosco.
David apertou sua mão. —De nada. Obrigado por mostrar a ela
o amor que ela precisava de você.
Jason deu o menor aceno de cabeça. —Mantenha eles salvos.
Não os deixe ir.
—Dou minha palavra, Jason; Eu os protegerei com a minha vida.
Os alarmes começaram a disparar nas máquinas conectadas a
Jason.
Jason soltou a mão de David e fechou os olhos. —Nunca pare de
mostrar a ela o quanto você a ama. Eu fiz isso. Não seja como eu.
—Não, Jason! — Jane gritou histérica. —Por favor, não me deixe.
Eu farei qualquer coisa! Só por favor não vá embora.
—Oh, minha linda esposa. Eu te amo muito. — Jason levantou a
mão na bochecha dela novamente.
—Pare, Jason! — Ela gritou com ele e empurrou David para
longe dela, olhando ao redor do quarto enquanto esperava
desesperadamente que alguma resposta se apresentasse. Quando ela
encontrou o olhar preocupado de David, a resposta veio e ela sorriu,
olhando para Jason. —Eu posso transformar você!
—Não, querida. — Disse David, tentando voltar para ela.
Ela arreganhou as presas para ele. —Eu posso transformar ele!
—Querida, eu não quero ser um vampiro. — Jason disse,
puxando seu olhar frenético para ele.
—Porque? — Ela começou a respirar rápido. —Jason, eu posso
transformar você. Você pode morar comigo.
Jason balançou a cabeça. —Eu não quero ser um vampiro.
Arthur se aproximou do outro lado de Jason. —Jane, mesmo se
você o transformasse, você condenaria vocês dois ao inferno.
—Mas temos um Outro. — Disse ela, em pânico.
Arthur sorriu tristemente. —David é seu Outro, Jane. Você não
consegue fazer um imortal separado sem se condenar. Jason não
estava destinado a esta vida. Não faça isso com ele ou com você.
—Eu não quero essa vida, Jane. — Jason disse novamente,
fazendo-a olhar para ele.
Ela ficou arrasada. —Por favor! Não ligo para o que isso faz
comigo.
—Mas eu ligo —, ele discutiu com ela. — Estou pronto, Jane. Eu
sei que você está segura e amada. Eu sei que nossos filhos serão
atendidos. Não tenha medo. Todo mundo tem que morrer. É minha
vez.
Jane começou a chorar incontrolavelmente. Os monitores de
Jason continuavam a disparar alarmes, que Bedivere continuava
silenciando. Estava chegando perto.
David tentou se aproximar dela novamente, mas ela tentou
afastá-lo. —Me deixe em paz!
Ele a ignorou e a abraçou enquanto ela gritava como um bebê. —
Respire, meu amor.
—Eu não posso! — Ela chorou, tremendo tanto que David teve
que apertá-la com força para que ela não caísse da cama.
Uma mudança na atmosfera e um formigamento em sua
bochecha a fizeram gritar. —NÃO! — Ela sabia quem estava lá. —Por
favor, não agora. Eu farei qualquer coisa.
—Não há nada a ser feito, Doce Jane.
Jane chorou, agarrando a mão de Jason como se isso o
mantivesse a salvo do Anjo da Morte. —Por favor. Por favor. — Ela
mal conseguia distinguir o rosto de Jason através das lágrimas. —Por
favor, não o leve. — Ela foi capaz de dizer o momento em que Jason o
viu.
Os olhos de Jason se arregalaram. —Foi por isso que você a
conheceu. Você é ele.
—Eu sou. — A Morte respondeu Jason.
Jane tinha perdido tanto o som de sua voz poderosa. Era tão
profundo, mas suave ao mesmo tempo. Agora a enchia de pavor e
tristeza.
—Sim —, disse a Morte. —Eu a conheci quando ela era jovem,
quando estava morrendo. É assim que ela me vê. E agora, você
também.
—Não é à toa que ela sempre olhava quando um homem de
couro passava por ela. — Disse Jason.
A Morte riu. —Eu bloqueei suas memórias antes, mas acho que
uma parte dela foi incapaz de me esquecer.
—Morte, por favor, não faça isso. — Implorou Jane, ainda
incapaz de se virar para olhá-lo. Por tanto tempo, ela rezou para que
ele a procurasse - para confortá-la e protegê-la, mas fora deixada no
escuro. Agora ele decidiu vir, mas era para levar alguém que ela
amava. Novamente. —Você não pode fazer isso comigo.
—É a hora dele, garotinha —, disse ele naquele tom suave que
parecia veludo em sua pele. —Eu não estou fazendo isso para
machucá-lo. Você sabe que eu te amo, anjo.
Jane sentiu isso acontecer - a paz que sua presença dava a
alguém antes de morrer. —Pare!
—Bebê. — David tentou consolá-la.
—Eu posso salvar você —, Jane disse a Jason, segurando sua
mão. —Se você não me deixar te transformar, me dê um tempo para
descobrir como curá-lo. Eu posso fazer isso com meus poderes. Eu só
tenho que descobrir como.
A Morte falou antes que Jason pudesse responder. — Você não
terá sucesso, doce Jane. Agora é a hora dele. Este sempre foi o seu
tempo.
Jane manteve os olhos em Jason. —Por favor, deixe-me descobrir
como curá-lo.
—Você só pode salvar aqueles que devem ser salvos por você,
Doce Jane. Ele não.
—Você sabia que ele iria morrer?— Ela apertou a mão na de
Jason quando começou a ficar mole. —Você sabia que ele morreria e
não me contou.
—Eu não digo a ninguém, Jane. — Seu poder estava
continuamente lavando sobre ela. Formigamentos. Ele estava em toda
parte, tentando confortá-la, mas suas palavras a destruíram. —É assim
que deve ser. Eu não sabia como ele chegaria a esse momento, mas
sabia quando teria que vir. Estou aqui porque amo você. Queria que
você tivesse o adeus que não teve com os outros.
Jane abaixou a máscara de oxigênio de Jason. Ela podia ver seu
estado relaxado se estabelecendo. A Morte estava lhe dando paz. Ela
segurou suas bochechas, chorando ao ver o estrago no rosto dele. —
Eu te amo Jason. Eu te amo sempre. — Ela apertou os lábios nos dele,
tentando garantir que ele soubesse o quanto ela o amava. —Perdoe-
me por isso.
—Jane? — David chamou, caminhando de volta para ela, mas ela
o empurrou de volta com seus poderes.
Todos tropeçaram, e ela fez duas barreiras. Um mantinha David
e os outros afastados, enquanto o outro separava a Morte dela. Ela
precisava dele mais perto do que estava prestes a fazer.
Ela se virou, chorando quando o olhar de pânico de David a
encarou. —Eu sinto muito.
—Amor, o que você está fazendo? — Ele perguntou,
pressionando a mão contra a barreira enquanto olhava freneticamente
entre ela e a Morte.
Jane desviou o olhar dele sem responder sua pergunta para
finalmente ver seu anjo. Os lábios dela tremeram quando ela encarou
o rosto bonito dele. —Vou salvá-lo. Você não pode me parar.
A expressão da Morte não mudou. —É a hora dele. Você não tem
voz a dizer nisso.
Suas lágrimas caíram sobre sua pele quando ela estendeu o
antebraço cicatrizado. Ela olhou para o braço enfaixado de Jason,
assentindo para si mesma. —Se eu consertá-lo, você não pode levá-lo.
—Não funciona assim. — Disse Morte, sua voz era a única que
ela podia ouvir enquanto os outros conversavam freneticamente sobre
o que fazer.
Jane focou em seu braço enquanto ainda conseguia segurar as
duas barreiras separadas. Ela não iria falhar. —Então farei assim!
Ele balançou sua cabeça. —Se você consertar suas feridas, ele
ainda vai morrer de qualquer maneira. Não me mostrei machucá-lo.
Acalme-se e aceite o que estou lhe dando: uma chance de dizer adeus.
Ela olhou para ele. —Você me viu sofrer; Eu sei que você viu. Se
é isso que você está procurando, você poderia ter ficado covarde e
mantido o véu.
—Largue a barreira e diga adeus ao seu marido, Jane. — Ele
olhou para a mão dela pairando sobre o antebraço. —Não.
Ela sorriu enquanto chorava. —Se eu não conseguir descobrir,
ela pode. E eu vou deixar ela se é isso que é necessário para salvá-lo.
Faça a sua escolha.
Ele a olhou nos olhos, mas não disse nada, então ela voltou o
foco para o braço.
—Bebê, o que você está pensando em fazer, não faça. — David
disse quando ela começou a soluçar. —Ela não é a resposta.
A pele de repente começou a derreter do braço de Jane. Todos no
quarto começaram a gritar para ela parar, mas ela continuou tentando
curar suas cicatrizes. Se ela pudesse descobrir, ela poderia descobrir
como consertar Jason.
Ela gritou, seu corpo inteiro tremendo quando a carne de seu
braço caiu no chão.
—Jane! — David perfurou a barreira quando o sangue dela
começou a derramar no chão. —Morte, pare-a! Oh Deus. Querida, por
favor!
Ela chorou ao ver a pele derreter e se fundir, mas nunca ficou
melhor. Ela estava piorando. —Eu tenho que salvá-lo!
—Jane, pare! — Jason tentou gritar, mas sua voz foi abafada
pelos gritos e gritos aterrorizados das esposas que haviam entrado no
quarto.
Suas lágrimas caíram no chão, misturando-se com o sangue e a
carne que haviam caído ali. —Eu não posso perdê-lo! — Jane gritou
quando viu seus próprios ossos e veias. — Não posso perdê-lo. ELE É
O PAI DELES! Ele é o pai deles.
A morte não moveu um músculo. Ele apenas a observou.
—Eu te chamei todas as noites —, ela gritou, olhando para cima
para ver aqueles lindos olhos esmeralda. —Foi por causa de David
que você não apareceu?
A Morte lançou seu olhar esmeralda para David e os dois se
entreolharam por um tempo antes de voltar sua atenção para Jane. Ela
não conseguia ler a expressão no rosto dele, mas sentiu o vínculo deles
se fortalecendo novamente, fazendo-a sentir a frustração e os
pensamentos rasgados dele.
—Não —, disse a Morte. —Não foi por causa dele.
Jane lamentou quando olhou por cima do ombro para Jason. —
Ele não merece isso. Isto é minha culpa. Eu nunca deveria ter trazido
eles comigo. Eles nunca deveriam ter me conhecido. — Jason parecia
tão triste agora, mas ela podia ver que sua dor se foi. Ele estava lá
apenas porque a Morte estava permitindo. —Farei qualquer coisa para
mantê-lo vivo, Morte. Ou me ajude ou me veja deixá-la sair.
A Morte ficou quieta e a observou enquanto David começou a
perfurar a barreira o mais forte que podia.
A dor tornou-se tão insuportável que ela sentiu a visão
escorregar e parou de tentar consertar o braço. Se ela desmaiasse,
derrubaria suas barreiras.
—Oh, graças a Deus. — Disse David, assistindo como ela fez
quando seu braço começou a curar.
Jane olhou para Morte novamente. —Prometa que você o deixará
viver ou eu me renderei a ela.
A Morte ainda não disse uma palavra, mas ele estava olhando
para Jason agora. —Não posso fazer essa promessa, Jane. O tempo
dele termina agora.
Ela sentiu o sangue pingando do nariz, então deixou cair a
barreira que a separava da Morte, soluçando quando ele se aproximou
dela.
—Oh, minha linda garota. — Disse ele, levantando a mão para
segurar sua bochecha.
Aqueles formigamentos pelos quais ela ansiava faiscaram em
sua pele, fazendo-a chorar novamente. —Eu irei com você. Se você
prometer deixá-lo viver, eu serei sua. Você pode vencer. Leve-me no
lugar dele. Faça o que quiser comigo.
A Morte a encarou nos olhos enquanto o quarto ficou em
silêncio.
—Bebê —, David disse, sua voz com o coração partido. —Não
faça isso. Eu te amo. Por favor, pare e pense no que você está dizendo.
—Estou dizendo que quero que meus filhos tenham o pai deles!
— Ela gritou, sem desviar o olhar do olhar sem emoção de Morte. Ele
pode não estar demonstrando, mas ela sentiu o desejo dele de tê-la.
A Morte voltou seu olhar para David. Eles mantiveram o olhar
um do outro por um longo tempo, mas a Morte não se moveu nem
sequer piscou, então Jane tomou o assunto em suas próprias mãos
desesperadas. Ela puxou o braço da Morte para poder agarrar o rosto
dele e o beijou.
—Jane! — David gritou, fazendo seu coração partir.
A Morte não respondeu, e ela estava preparada para pedir que
seu demônio viesse se ela prometesse que todos estariam seguros, mas
a Morte agarrou a parte de trás da cabeça e beijou-a. Ele a puxou para
ele, inclinando o rosto mais para cima, para que estivessem o mais
perto possível. Aqueles pequenos choques e formigamentos dançaram
sobre sua pele antes de afundar profundamente em seus poros.
—Você não fará isso, Morte. — David rugiu.
Jane chorou, mas não soltou a Morte. Ela sabia que isso
terminava tudo o que ela e David tinham, mas ela tinha que salvar
Jason. Ela era a única coisa que a Morte queria. Sempre. Ela estava
pronta para dar sua vida para que sua família pudesse realmente ter a
que mereciam.
A Morte aprofundou o beijo, abrindo a boca, suspirando quando
a língua dele tocou a dela. Enviou uma explosão de fogo e gelo para
sua barriga antes de começar a procurar algo dentro dela. Ele esfregou
as lágrimas com os polegares, e ela chorou quando ele terminou o
beijo.
—Por favor, Morte. — Ela sussurrou, apertando as mãos nos
pulsos dele. — Você pode me ter. Como quer que você me queira,
você pode me receber. Você pode me levar para onde quiser. Só por
favor não o leve.
A Morte olhou para Jason, mas ele não falou.
Jason falou, no entanto, e ele sorriu para ela. —Eu te amo, Jane.
Seja feliz.
—Eu também te amo, Jason. Para sempre, querido. — Ela olhou
para David. Ela disse a ele com os olhos e seu coração se incendiou
quando ele falou.
—Eu também te amo, bebê.
Ela não conseguia mais se segurar, então ela disse a ele o que
queria durante semanas. —Eu te amo, David. Tanto, querido. Eu sinto
muito. — Ela chorou de novo, seus olhos parecendo que estavam
queimando junto com sua garganta, mas ela deixou escapar
novamente enquanto passava os braços em volta da cintura da Morte.
—Eu te amo. Por favor me perdoe.
Os olhos de David se arregalaram e ele perfurou a barreira
repetidamente. —JANE!
A Morte a segurou mais apertado. —Sinto muito, David.
Os gritos de David foram a última coisa que ela ouviu antes que
o chão caísse debaixo dela, e todo o ar fosse arrancado de seus
pulmões.

41
A DOR DA MORTE
A dor explodiu por todo o corpo. Jane não conseguia gritar ou
falar. Ela só pôde se agarrar à Morte quando ele os transportou
através da escuridão, que não durou muito tempo. Era como se eles
tivessem saído de um túnel e de repente houvesse luz. Tanta luz. Isso
a cegou, forçou-a a fechar os olhos. Bem, por mais que ela pudesse
tentar mantê-los fechados. Era difícil não abri-los, considerando que
parecia que ela estava sendo arrastada pelo nada a uma velocidade
impensável enquanto seu corpo estava esmagado.
Então, tudo parou.
—Respire, isso vai passar. — A Morte acariciou sua bochecha.
Jane finalmente abriu os olhos, a respiração ainda pesada,
embora a sensação de esmagamento tivesse desaparecido
instantaneamente. Ela olhou ao redor do quarto escuro - um quarto -
antes de olhar para ele. Ela podia sentir sua frustração e preocupação
com o vínculo fortalecedor, mas uma completa sensação de paz a
impedia de desencadear seus próprios sentimentos sobre ele. —Onde
estamos?
Ele a levantou nos braços e a levou para uma cama. —Meu reino.
Jane olhou para a cortina preta ocupando uma parede inteira.
Não havia como ver o que havia do lado de fora, mas ela podia ver
vários tons de vermelho, verde, roxo e azul piscando na borda da
cortina. —O que está fazendo a luz?
A morte olhou para ela. —Vidas. É a morte, onde toda alma
passa depois que uma pessoa morre. A alma deles é apenas uma bola
de luz azul, como uma chama, mas eles veem, de certa forma, toda a
sua vida antes de seguir em frente.
Jane continuou observando as cores. —Você vê a vida deles?
Ele a deitou antes de se sentar ao lado dela. —Sim. Eu vejo eles;
Eu lembro de todos. — Ele a observou por um momento antes que um
leve sorriso tocasse seus lábios. —Eu nunca esqueço o que aconteceu
com eles ou o que eles viveram.
—Por que isso faz você sorrir?
—Não é nada - eu estava percebendo algo pela primeira vez. —
Ele levantou o braço que ela estava tentando curar e passou um dedo
pela pele vermelha. —Ainda dói?
—Não. Nada dói. Quase não sinto nada.
Ele olhou para ela com um sorriso triste. —Você está sentindo os
efeitos deste lugar. Não há dor na morte. Não há nada.
—É por isso que você é do jeito que é? Com todo mundo, quero
dizer?
A Morte acariciou a pele inflamada, olhando-a enquanto ele
falava. —Sim. Eu sinto você, no entanto. Só você. A primeira vez que
você estava morrendo, parecia que um pedaço de mim estava
escapando da existência. Em vez de deixar que um ceifeiro colhesse
sua alma, eu fui buscá-la pessoalmente. Quando você olhou para mim,
você se acalmou, mas era mais do que paz da morte, e eu também me
acalmei. Percebi que havia sentido algo pela primeira vez em minha
existência - entrei em pânico ao pensar em acabar com sua vida. Eu
não poderia te perder depois disso.
—Então por que você não veio? — Sua garganta se apertou
quando ela viu uma centelha de fogo verde queimar nos olhos dele. —
Por que você está me ignorando?
—Você já sabe que eu estava lá, doce Jane. — Ele deslizou os
dedos sobre os lábios dela, enviando aqueles arrepios pela pele, como
ela já havia sentido tantas vezes antes. —Você me sentiu, falou comigo
- você me implorou para me mostrar e não sair.
—Mas você saiu. — Os olhos dela lacrimejaram quando a dor na
garganta se espalhou. —Você me viu com David e foi embora.
—Não. Eu sabia que seus sentimentos por David iriam se
transformar em algo poderoso. Não gostei de vê-lo em seus braços,
mas não foi por isso que fiquei escondido.
—Então por que? — De repente tudo a esmagou. Ela mal
conseguia respirar, mas ofegou e continuou. —Por quê?
Ele colocou a mão sobre o coração dela. —Eu não posso explicar,
anjo. Respire. Quanto mais você ficar aqui comigo, mais começará a
sentir. Isso significa apenas uma breve pausa de uma existência para a
seguinte. Sua alma sabe que deveria ter passado aqui há muito tempo.
Ela está confusa.
—Eu não me importo com a minha alma! — Ela respirou em
pânico várias vezes ao imaginar os rostos de Jason e David. —Eu
mereço saber por que você deixou essas coisas acontecerem. Eu
precisei de você! Você disse que estaria lá por mim e não estava. —
Ela respirou mais rápido. —Eu o deixei. Eu deixei todos eles! — Os
olhos dela se encheram de lágrimas. —Eu deixei meu David.
—Shh... Eu sei anjo. — A Morte achatou a palma da mão sobre o
coração dela, e aquela sensação estranha, mas maravilhosa, de fogo
líquido e gelo floresceu em seu toque. Ele envolveu seu coração antes
de se ramificar, procurando. Sempre procurando. —Querida, quero
lhe contar tudo, mas estou proibido. Eu quebrei as regras trazendo
você aqui, mas não vou mais quebrar. Você não pode saber por que fiz
as coisas que tenho feito.
Jane respirou mais devagar quando seu calor a abraçou. —
Regras? Você quer dizer a aposta com Lúcifer?
Algo brilhou em seu olhar, algo escuro, e ele balançou a cabeça.
—Não é a aposta. Terminamos nossa aposta.
Ela olhou para ele. —Ele está me atormentando? Ouvi o que
Lancelot disse - ele também? Ou isso está nas suas regras? Ele é
poderoso demais para você? Então você deixou ele mexer comigo?
O polegar dele acariciou sua pele, e seu coração começou a
esquentar sob a mão dele. —Lúcifer não é mais poderoso do que eu.
Ele apenas tem uma vantagem que eu não tenho. Não posso explicar
mais, doce Jane.
Ela levantou a mão para empurrá-lo, mas quando ela tocou o
braço dele, ela não tinha forças. —O que aconteceu comigo?
—Você não tem poder aqui. Este é o meu reino; Eu controlo tudo
- quem vem, o que faz, quando sai. — Ele deslizou a mão entre os
seios dela, parando logo abaixo do esterno, onde todo o fogo e gelo
pareciam permanecer mais. Ele olhou para a mão enquanto falava. —
Você estava escorregando. Você foi empurrada até agora e estava
pronta para se render porque estava desesperada para salvá-lo. Eu
sabia que você cumpriria sua ameaça e não podia vê-la cair desse jeito.
Não por aqui... Não poderia ver você destruir todos por causa de algo
que sempre deveria passar.
—Você me levou apenas para salvá-los?
—Não tem nada a ver com eles. — Ele levantou o olhar para o
rosto dela. —Teria arruinado você vê-la destruir tudo o que você ama.
Você não é páreo para ela assim. Você culpa toda coisa ruim que
acontece em si mesma e se torna essa mulher louca desesperada e
abnegada. Sei que você quer dizer bem, mas não pensa no dano que
seu sacrifício causará.
Jane colocou a mão sobre a dele. —Mas você cumprirá essa
promessa? Eu por Jason?
A Morte voltou o olhar para a mão dela. —Mesmo agora, é só
nisso que você consegue pensar. Você ainda está disposta a fazer o
que for preciso para mantê-lo vivo.
Seu coração começou a bater dolorosamente rápido. —Mas foi
por isso que você me trouxe. Eu por ele.
—Jane—, ele disse suavemente enquanto seus dedos se
enrolavam nos dela. —Menina, eu...
Ela entrou em pânico, temendo o que ele diria, e empurrou a
mão dele sobre o peito esquerdo dela enquanto ela tentava puxá-lo
para baixo com a outra mão.
Ele desviou o olhar da mão sobre o peito dela para o dela no
ombro, antes de olhá-la nos olhos. —O que você está fazendo?
Jane sabia que ele lhe diria algo horrível. Ela não podia deixá-lo
voltar. Então ela sorriu, embora seu coração estivesse quebrado. —
Estou cumprindo minha promessa, Morte. — Ela apertou a mão sobre
a dele, para que ele massageasse seu peito enquanto ela tentava puxá-
lo com toda a força.
Ele não se mexeu, mas baixou o olhar para os seios dela e seus
olhos começaram a brilhar.
Ela sentiu aquele ponto dentro de seu aquecimento, então soltou
a mão dele e rapidamente puxou a camisa para cima antes de colocar
a mão de volta nela.
—Não se ofereça para mim, doce Jane. — Disse ele, apertando o
peito dela e se inclinando de qualquer maneira.
Uma lágrima escorregou livre e ela viu o corpo quebrado de
Jason junto com os rostos manchados de lágrimas de seus bebês. Eles
precisavam de Jason. Eles precisavam do pai deles. —Me ame.
Aqueles formigamentos se espalharam por seus lábios quando
ele roçou os dele sobre os dela. Ele respirou fundo. —Não. — Ele
pressionou um beijo leve nos lábios dela e tirou a mão do peito dela.
—Não, doce Jane.
—O que? — Ela enxugou as lágrimas e olhou nos olhos dele. —O
que diabos você quer dizer com 'não'?
Ele puxou a blusa dela de volta. —Isso não deveria acontecer. Eu
pretendia trazê-la aqui para que você não representasse uma ameaça
para os outros. Estou voltando para Jason e vou explicar tudo para
David.
Seus olhos lacrimejaram quando ela deu um soco fraco no peito
dele. —NÃO! Você prometeu! Você me levou em troca da vida de
Jason, seu filho da puta. Estou te dando tudo de mim! — Ela soluçou,
seu corpo tremendo mesmo quando ele a abraçou com força. —Morte,
por favor! Por favor, não faça isso comigo. Eles não podem perder o
pai. Ele é o pai deles.
—Eu preciso —, disse ele calmamente. —Jason foi feito para
morrer. Trouxe você aqui para mantê-los seguros. Eu não pretendia
ser íntimo com você; Sei que você está com David e não vou machucá-
lo dessa maneira. Se você destruir seu relacionamento com ele, ficará
arrasada.
—Seu idiota! — Ela continuou tentando atingi-lo, mas o abraço
dele a impedia de dar um bom golpe. — Estou te dando o que você
quer. Você me deve!
—Jason sabe que estou voltando —, disse ele. —Eu me identifico
brevemente com os moribundos e disse a ele que você destruiria todo
mundo se o assistisse morrer. Pretendo levá-lo de volta assim que
começar a pensar racionalmente e conseguir se controlar.
Ela gritou contra o ombro dele, ainda tentando atingi-lo. —Te
odeio! — Todo o seu corpo tremia. —Te odeio! Por que você não pode
simplesmente me levar? Você me tem.
Ele olhou para baixo, seu olhar fixo nos seios dela. —Você esteve
com David, Jane. Eu posso sentir o cheiro dele em você. Em você. —
Os olhos dele brilharam intensamente. —Você se entregou a ele
porque o ama e o escolheu. Estou chateado, mas não me machuco da
maneira que um homem humano sofre com isso. Eu ainda poderia te
levar sem se preocupar com os sentimentos dele, mas é você quem vai
quebrar. Você me ama, mas você o escolheu. Você está se entregando
a mim pelas razões erradas. Você está fazendo exatamente o que Jason
e aqueles filhos da puta a condicionaram a fazer: usar seu corpo como
a única maneira de agradar um homem. Eu não sou eles! Não vou
arruinar você.
Ela balançou a cabeça freneticamente quando ele se moveu para
sair da cama. —Morte, você não pode matar Jason. David ficará mais
feliz sem mim, então, por favor, não faça isso com meus bebês.
—Ninguém será mais feliz sem você, Jane. — Ele olhou para ela.
—E não é como se eu estivesse cortando a garganta de Jason; Estou
removendo sua alma e impedindo seu coração de bater novamente.
—Não! — Ela rastejou atrás dele, segurando seu braço. —Sim, eu
estou me entregando a você por eles, mas eu também te amo. Você
sabe que não consigo parar de te amar.
—E você ama Jason, Jane. — Ele balançou sua cabeça. —Você
está tão disposta a sacrificar sua felicidade pelos outros que deixa de
ver o dano que está causando.
A respiração dela parou quando ela olhou para ele através dos
olhos vidrados. —Minha felicidade não vale mais que meus filhos.
—Eles acreditavam nisso quando você se transformou em uma
concha de um ser humano? Quando o pai deles arruinou você? — Sua
voz sacudiu o quarto. —Não. Eles pediram ao seu companheiro para
fazer você feliz. Agora, eu amo você, mais do que você jamais saberá,
e farei qualquer coisa - qualquer coisa - se isso significa que você se
beneficiaria no final. Mas você merece viver uma vida feliz. Se isso
estivesse comigo, eu aceitaria sua oferta, mas você fez sua escolha.
Essa escolha foi David.
Ela piscou, tentando vê-lo através das lágrimas enquanto seus
soluços balançavam todo o seu corpo. —Mas eu o entreguei por meus
filhos e Jason.
—Sua mente está tão fodida por causa do que...— Ele balançou a
cabeça. —Você não desistiu dele —, ele rosnou. —Você pulou para
mim por medo. Eu entendo, eu realmente entendo; você não quer que
seus filhos sofram como você. Eu te conheço mais do que David
jamais conhecerá, anjo, mas você precisa pensar claramente. Você o
destruirá se se oferecer como uma prostituta. Você vai me destruir.
Você não é mais aquela garota!
Ele parou, olhando para ela como se ela simplesmente dissesse
tudo bem, eu entendo. —Você nunca deveria ter sido aquela garota.
David estava ensinando a você que você não é uma ferramenta do
caralho, e você volta a pensar que é quando não sabe o que fazer. Ele é
o homem para você, não eu.
Ela balançou a cabeça. —Não quero machucar nenhum de vocês,
mas não posso deixar meus filhos perderem o pai.
—É a porra do tempo dele, Jane! — Ele rugiu antes de respirar
calmamente. —A vida termina no mundo mortal, Jane - é assim que
ela deve ser. Eu sei que você teve pior do que algumas, mas você não
irá parar de experimentar o mal por causa disso.
—O que for pra ser será. Jason está destinado a morrer, e ele irá.
Eu o confortarei, assim como os outros, mas não o pouparei por causa
da dor que isso causará a você e a seus filhos. Eu gostaria que você
nunca tivesse sofrido perdas e sofrimentos, mas isso não é possível.
Ele suspirou, passando a mão pelos cabelos enquanto dizia: — E
falarei com David para que ele saiba que você está segura e por que eu
a levei. Pode levar tempo, mas eu sei que ele vai te perdoar. O vínculo
da mãe com o filho não se rompe com facilidade, e ele sabe disso.
Apenas dê tempo a ele. Reserve um tempo para lamentar e retomar
seu dever. Faça as pazes com David; você é boa nisso com ele. — Ele
desviou o olhar, bufando enquanto seu peito arfava por alguns
momentos.
—Você está fazendo isso porque eu o escolhi?
Ele virou a cabeça, olhando para ela. —Eu nunca lhe infligiria
porque você escolheu David, Jane. Estou cumprindo meu dever. Eu
sou a Morte! Meu amor por você é por que me revelei.
A mão dele passou sobre o coração. —Eu queria consolá-la
porque sabia o quanto isso doeria. Eu não consegui segurá-la
adequadamente durante a morte de seu amigo, então eu queria dessa
vez. Eu deveria saber que você o levaria para o lado pessoal, mas eu
esperava que você o visse como um sinal do meu amor por você. —
Calor se espalhou por seus olhos. —Eu sei que você sentiu minha
falta, querida. Eu também senti sua falta. Mas não posso parar meu
propósito.
Ela desviou o olhar, subitamente sentindo-se entorpecida. —Se
eu tirasse minhas roupas agora - deitasse nesta cama com as pernas
abertas - você faria uma coisa por mim? Você me escolheria sobre o
seu propósito? — Ela olhou para ele, absorvendo as narinas dilatadas
e a mandíbula cerrada antes de falar novamente. —Se eu dissesse que
escolhi você, você pouparia Jason? — Ela engoliu o nó na garganta,
ignorando as batidas rápidas do coração que ela própria estava
despedaçando. —Você me limparia da memória de David - da
memória de todos?
Ele respirou fundo várias vezes, seu olhar ocasionalmente a
levando antes de mudar para a cama. —Não se ofereça para mim
dessa maneira. Você não quer que eu lhe mostre do que sou capaz. Se
eu tiver que machucá-la por seu bem maior, eu irei. Então pare com
isso. Não estou poupando Jason e não vou apagar a memória de você
da existência! — Isso pareceu irritá-lo mais do que tudo. —Pare de me
empurrar, Jane, porque você não vai gostar quando eu empurrar para
trás.
Ela sentiu o controle dele escorregando, então ajoelhou-se e
agarrou a barra da blusa.
—Não. — Seu tom era mortal, e ainda mais mortal, o brilho
esmeralda iluminando suas feições afiadas, mostrando a ela o monstro
que muitos temiam. O monstro que ela sempre amou.
—Vou me machucar se isso significar que minha família não
será. — Ela levantou a camisa por cima da cabeça, jogando-a na cama
antes de soltar o sutiã. Ele não se mexeu, então ela desabotoou as
calças e as tirou. —Eu escolho você pelo bem da minha família. Eu te
amo. Então, por favor, me escolha pela primeira vez.
—Ele não quer você. — Disse o demônio, sorrindo no fundo de
sua mente.
Os olhos da Morte se estreitaram. —Coloque suas malditas
roupas.
Ela balançou a cabeça, ignorando a imagem do rosto de David.
Ela tinha que deixá-lo ir para seus filhos. Para Jason.
—Talvez ele precise ser pressionado com mais força. — Seu
demônio se aproximou, animado. —Deixe-me mostrar como fazer
isso... Nós não o vimos nu.
—Jane, não a escute.
Ela ofegou, estendendo a mão enquanto seu demônio solicitava
que elas removessem suas roupas.
Nada aconteceu.
Jane olhou para a mão dela, depois olhou para o demônio
enquanto aquela garota triste cobria seus ouvidos.
A Morte rosnou, pisando rapidamente nela. —Eu te disse, ela
não tem poder aqui. — Ele estalou os dedos, instantaneamente
fazendo com que suas roupas desaparecessem. —É isso que vocês
duas querem?
Jane ficou atordoada em muitos níveis para responder. Parte
dela estava apavorada com o olhar furioso que ele estava dando a ela,
enquanto a outra metade estava completamente cativada pela visão
dele nu.
—Eu disse para você não me empurrar. — Ele agarrou seu
quadril e a virou de bruços com um puxão forte. Quando ele rasgou
sua calcinha, ele empurrou a cabeça dela sobre o colchão e levantou
sua bunda. —É ISSO QUE VOCE QUER? — Ele rugiu, deixando-a
sentir a ponta do seu pênis em sua bunda. —Você está disposta a
deixar essa cadela me seduzir? Você está disposta a ser minha
prostituta para que seu marido de merda possa viver quando ele
estiver destinado a morrer?
Ela começou a soluçar novamente. —Meus bebês precisam do
pai! Não posso deixá-los perder o pai.
Ele agarrou seus cabelos, virando-a para que ela o visse. Ele
estava respirando pesadamente enquanto olhava para baixo entre
eles, apertando sua bunda com força. Pelo que pareceram horas, ele
continuou a olhar para onde poderia torná-los um e, finalmente, falou
com uma voz desapegada que ela não estava acostumada a ouvir dele.
—Eu fodi inúmeras mulheres nesta cama. — Ele não olhou para ela
quando ela respirou fundo, e ele continuou no mesmo tom sem
emoção. — Além de você e Hades, só posso trazer outros anjos ou
demônios aqui. Eu trago mulheres. — Ele lentamente levantou o olhar
para o rosto dela. —Na noite em que Jason estuprou você, eu trouxe
uma. Eu transei para entorpecer a imagem do que testemunhei
acontecendo com você. Eu a peguei em todas as posições que
fantasiava ter com você. Ela me agradou o suficiente para me dar
vários clímax.
Ela chorou tão dolorosamente que parecia que seu corpo havia
sido cortado em dois.
—Eu gritei o nome dela quando entrei nela. — Disse ele no
mesmo tom indiferente.
Jane caiu de bruços, com o peito e a garganta ardendo enquanto
gritava como um bebê.
—Eu não pensei em você quando ela gritou meu nome —, disse
ele, cortando seu coração em um milhão de pedaços. —Eu
simplesmente queria transar com ela novamente.
—Eu odeio você! — Ela gritou tão alto que sua voz quebrou. Seu
filho da puta. Te odeio. — Seu coração parou de bater até que ela
gritou novamente. —Oh Deus! O que eu fiz? — Ela o sentiu se afastar
e saiu da cama, batendo com força no chão de pedra antes que ele
pudesse pegá-la. —Fique longe de mim! — Seu corpo tremia quando
ela se arrastou para a parede. Ela não podia estar naquela cama. —
Fique longe de mim.
Ele se sentou na beira da cama, inclinando-se para a frente
enquanto segurava a cabeça com as duas mãos e murmurava palavras
que ela não podia ouvir por causa dos gritos.
—David, eu sinto muito —, ela sussurrou. —Por favor me
esqueça. Oh, por favor, deixe-me morrer, Morte. Não posso mais fazer
isso.
—Você pode, e David vai perdoá-la —, disse Morte em voz
baixa. —Eu vou falar com ele. Eu disse para você não me empurrar.
Peço desculpas por fazer isso, mas você me deixou pouca escolha.
—Você sempre faz isso, anjo. Agora percebo que é assim que
você foi criada, mas você precisa ver o seu valor. Você não é um
maldito pagamento. Você não é uma prostituta que levo para a cama.
Você não é como as prostitutas que David transava para competir com
outros cavaleiros. Veja o seu valor pela primeira vez! — Ele abaixou a
mão, olhando para ela. —Isso é uma coisa que David e eu tentamos
fazer você ver. Você não é o que eles condicionaram você a ser.
Ela fechou os olhos, sentindo-se tão fraca agora. —Eu não sou
nada. Mas fique longe de David. Fique longe de todos eles.
—Eu vou falar com ele depois que eu levar Jason. Tenho certeza
que ele está no seu lugar, sentado ao lado de Jason, como você deveria
estar. Por que você não vê, porra, isso é tudo que eu queria para você?
Queria que você fechasse. Era isso que você estava procurando
comigo, menina. Eu estava tentando lhe dar isso. — Ele exalou alto. —
Esqueça... Avisarei a David que você voltará assim que estiver estável.
Nós dois sabemos que você foi empurrada longe demais; Eu pensei
que minha presença ajudaria, não voltaria para um canto onde sua
única opção era deixar essa cadela sair.
—Ela é mais forte que eu. — Jane olhou para um canto. —Eu vou
deixar ela ter meu corpo, assim como eu vou deixar você, se isso
significa que os outros não precisam morrer.
—Você está fazendo exatamente o que eles querem. — Ele não
falou mais sobre quem eles eram, e ela não perguntou.
—Apenas prepare-se para voltar. Cabe a você quanto tempo isso
leva.
Ela abriu os olhos, mas continuou olhando para a parede,
recusando-se a olhá-lo. —Eu não estou voltando para ele. Mesmo se
você me levar de volta, eu irei para outro lugar. Em algum lugar ele
não vai me encontrar. E quando chegar a hora de eu morrer de novo,
não quero que você - ou Tristeza - me mantenham viva. Eu quero
morrer. Você entendeu? Eu quero morrer. Não posso voltar para ele.
—Vou dar um tempo para você se acalmar —, disse ele,
descartando o pedido dela. —Eu tenho que ir. Estou aqui há mais
tempo do que pretendia.
Ela zombou, olhando por cima e encontrando-o completamente
vestido. —Sim, não há necessidade de perder tempo comigo quando
você tem o seu pedaço de bunda, dando-lhe vários orgasmos. Vá. Vá
matar meu marido. Inferno, vá levar sua pequena vagabunda até
David e veja se ele quer uma vez, porque você quase me fodeu e
talvez seja assim que funciona para os caras. Não consegui tirá-lo
como sua preciosa namorada.
—Ela não é namorada, e você satisfaz David. Seu beijo me
satisfaz mais do que as mulheres que eu fodo, então pare de dizer essa
merda.
—Não, eu não irei parar. — Ela repetidamente balançou a cabeça
contra a parede. —Eu não deveria me importar que você transa com
outras mulheres quando eu deveria estar com David, mas eu me
importo. E me mata que você escolheu foder uma mulher quando eu
precisei de você. David é um homem melhor que você, mas depois de
tudo isso, não posso permitir que ele me leve de volta. Eu o perdi e
nunca tive você. Ele pode ser melhor que você, mas eu sou um
monstro comparado a você.
—Eu voltarei. — Ele suspirou. —Ouvir você ter pena de si
mesma e me insultar é inútil. E não fique no chão; a cama não está
suja.
—Foda-se! — Ela olhou para ele, com o coração muito bravo
para parar de dizer coisas que ela sabia que se arrependeria. Ela já se
arrependia de tudo, mas esse fogo não morreria. —Você sabe o que?
Eu gostaria de ter ido com Lúcifer naquele dia. Pelo menos ele é
honesto. Ele não faz as pessoas acreditarem que são amadas, e aposto
que ele honra os acordos que oferece.
—Você não sabe nada sobre Lúcifer. — Ele cerrou os punhos. —
Continue falando assim, e você ficará aqui por toda a eternidade.
—Beije minha bunda, Morte! Eu vou me matar se for preciso, seu
bastardo egoísta. Eu sei que você está apenas esperando que eu vá
embora, para que você possa trazer seu pedacinho de volta ao seu
apartamento de solteiro. 'Meu reino.' Seu idiota.
Ele suspirou e caminhou até um pequeno baú. Ele abriu,
remexendo antes de puxar uma de suas camisas velhas. Era uma
camisa preta extragrande com um ceifador. Ela comprou quando
tinha dezoito anos, depois que ele limpou sua memória.
—Onde você conseguiu isso?
Ele caminhou até ela, se agachado enquanto a colocava sobre ela.
—Eu estava com você no dia em que você a comprou - adorei
encontrá-la dormindo quase todas as noites com ela... Você o deixou
no seu antigo local de trabalho e um dos funcionários do sexo
masculino a pegou. Eu peguei de volta depois de assustá-lo.
Ela bateu na mão dele quando ele tentou puxar os braços dela. —
Não me toque.
Ele passou os dedos pelos cabelos. —Você entenderá minhas
escolhas um dia. Eu não quis que isso acontecesse. Você não pode se
oferecer para mim dessa maneira e não pode usar essa cadela contra
mim. Lá fora, ela pode me afastar. Ela pode até ter um jeito de me
machucar de verdade, mas aqui, eu dirijo. Não esqueça que da
próxima vez que você quiser tentar forçar minha mão.
Seu coração parecia estar sangrando. —Então você é o único que
pode fazer as coisas para um bem maior? Não posso me sacrificar pela
vida do meu marido?
—Ele é seu ex. — Ele deu-lhe um longo olhar. —Você escolheu
David não faz muito tempo, lembra? Você mal pensa nele em todos os
seus atos de auto-sacrifício. Eles são admiráveis, de certa forma, mas
você ainda precisa colocá-lo em primeiro lugar.
—Estou pensando nele, idiota! — Ela olhou para ele, desejando
ter poder para machucá-lo. Muito do que ela fez foi por David. —Eu
me odeio por tudo que fiz com que ele sofresse. Então, eu estou
livrando ele de mim. Ele se sente obrigado a ficar comigo porque eu
sou a Outra dele, mas nenhum dos outros cavaleiros está tão ferrado
quanto eu. Ele merece beleza, e eu sou feia. Sou feia por dentro e por
fora e quero que ele seja feliz com alguém que nunca partirá seu
coração.
—Você pode pensar isso e pode quebrar partes do coração dele,
mas ele nunca se afastará de você.
—Eu sei! — Ela gritou. —É por isso que tenho que machucá-lo.
Seria melhor se ele me esquecesse, mas você gosta de me machucar,
então estamos presos neste pequeno círculo. A única coisa é que
David é um santo, e nós somos dois monstros fodidos.
—Jane. — Ele suspirou.
Ela o interrompeu, seu coração sendo quebrado por suas
próprias mãos. —Eu amo-o! — Ela chorou, tremendo enquanto olhava
nos olhos de Morte; eles a deram paz agora mesmo. —Se olho nos
olhos de David, tenho esperança, mas não posso arriscar a vida e o
coração de todos porque ele acredita em mim.
—Ele não é o único que acredita em você, anjo. — Ele se inclinou
e beijou sua testa. —Gostaria de poder dizer a verdade. Fazer isso, no
entanto, mudaria tudo. Eu só quero que você veja o seu valor. Não
tem nada a ver com o seu poder. Ela não é o que faz você ser ótima.
—Eu tentei acreditar em mim, Morte. Só trouxe dor e custou a
vida de inocentes. — Ela choramingou. —Jason vai sentir isso?
—Não. Eu já aliviei sua dor. Ele está simplesmente esperando. —
Ele esfregou as lágrimas e ela não conseguiu mais afastá-lo. —Não se
machuque tanto. Você foi empurrada para o limiar tantas vezes. Eu
simplesmente não podia deixar você cair por isso.
—Você pode dizer a Jason que eu tentei? — Ela fechou os olhos
quando ele a levantou do chão e a levou de volta para a cama.
—Vou dizer a ele que você o amava tanto que estava disposta a
fazer qualquer coisa para salvá-lo, mas não vou mudar o destino dele.
— Ele a beijou nos lábios. —Eu te amo.
—Não diga isso para mim. — Ela rolou de lado, longe dele -
longe da paz que sua presença lhe dava, longe da magia que seu
toque criava. —Apenas me faça um favor, se você precisar foder sua
namorada ou qualquer outra pessoa, faça-o em algum lugar que
nunca irei, ou me tire daqui antes de você fazer.
Ele suspirou enquanto a esfregava nas costas. —Voltarei e ficarei
com você enquanto você lamentar sua perda.
—Não. — Ela se enrolou em uma bola. —Não quero ver você. Se
você tiver que vir, fique invisível ou o que for. Tenho certeza de que
você será capaz de determinar se sou louca demais para ser deixada
com o mundo. E se eu não estiver calma, mas você precisar da cama
para foder, talvez me leve até a Antártica até que você termine.
—Eu quero que você pense sobre isso, ok? — Ele passou os
dedos pelos cabelos dela. —Durante as suas últimas 48 horas na Terra,
você transou com David. Eu sei que foi sua primeira vez juntos
porque eu te vi no dia anterior. Você está sofrendo por causa da
maneira como ele te tratou, mas você deu um pulo na porra dele no
momento em que ele disse que estava arrependido. Isso é bom. Você
fez isso porque o amava e precisava de amor físico.
—Agora pense em mim; você era minha. Você gostou dele, mas
você era minha. Eu sabia que se eu fosse embora, você se apaixonaria
por ele; você estava se apaixonando por ele bem na minha frente, mas
você buscou conforto nele no momento em que eu a deixei.
—Eu sinto você, Jane. Sinto o que ele faz por você e sinto seu
êxtase quando ele ama seu corpo. Você buscou conforto em seus
braços, em sua cama - com seu corpo. Não procurei consolo - procurei
distração. Há um desejo constante de ser um com você. Não é luxúria,
mas é a única maneira de me impedir de arrancar você dos braços de
David. Então, mesmo que eu tenha machucado você por foder outras
mulheres, eu faço isso em seu benefício - então você fique com o
homem que seu coração escolheu.
Ela fechou os olhos quando tudo o que ele disse começou a fazer
sentido. A Morte não era humano; ele cumpria seu dever, e foi ela
quem o forçou a fazer essas coisas. —Isso só me faz sentir pior.
Apenas vá. Eu não quero falar com você se você não vai salvar Jason.
Você está apenas me machucando, e eu estou te machucando mais. Eu
não quero machucar ninguém. Eu só quero acabar.
Ele virou o rosto para ele, acariciando sua bochecha, enviando
sua presença nela com seu toque.
Ela suspirou, deixando-se ter isso por apenas um momento antes
de abrir os olhos.
—Eu nunca vou deixar você acabar, doce Jane. — Ele a beijou
suavemente, e parecia um vislumbre do céu das profundezas do
inferno. Ele manteve os lábios contra os dela enquanto falava. —Se
houvesse uma maneira de você ser minha, eu faria isso. Mas você vê,
minha linda garota, eu sempre vou te machucar. Não importa o
quanto eu te amo, vou levar mais do que posso lhe dar. — Ele a beijou
novamente. —David te dará tudo. Por isso seu coração o escolheu.
Sabe que ele não vai te machucar. Não importa o quanto isso e sua
alma me amem, eles sabem que eu só lhe causarei dor. David é amor.
Nós somos outra coisa.
Os lábios dela tremeram até ele deslizar os dedos sobre eles.
—Voltarei para você, doce Jane. Use o tempo que você tem aqui
para lamentar. Sem mim aqui, sua dor começará a entorpecer porque
não há dor na morte. Aproveite isso para se preparar mentalmente
para o que voltará.
Ela balançou a cabeça. —Quando você me levar de volta, nunca
mais quero vê-lo.
Ele ficou quieto por alguns segundos. —Bom. Pode ser melhor
assim. — A partida dele foi instantânea, e os gritos dela também.
Ela chorou por Jason e seus bebês. Ela chorou por David, por
todos que infelizmente se tornaram parte de sua vida miserável. Ela
chorou pela Morte. Mesmo agora, ela não queria perdê-lo. Ela se
sentia errada sem ele.
Ela não sabia quanto tempo chorou, mas sabia que era uma
quantidade considerável de tempo. Sua voz ficou rouca de seus
soluços até que apenas um leve barulho deixou seus lábios rachados.
Eventualmente, porém, a exaustão se instalou.
Quando ela acordasse, não teria ninguém.
Jason não. Sem filhos. David não. Sem Morte... Nada.
Seu demônio sorriu quando ela aceitou que sua vida terminara.
Mesmo que ela não estivesse morta, mesmo que David a perdoasse,
ela nunca se perdoaria ou se amaria novamente. E ela não tinha
ninguém além de si mesma para culpar.

42
MEU AMOR
Morte exalou quando os efeitos levemente desorientadores de se
tele transportar para seu reino desapareceram. Ele olhou para a cama
vazia e balançou a cabeça, caminhando ao redor para encontrar Jane
no chão. Ela estava olhando para cima, com os olhos desfocados e a
respiração tão superficial que parecia morta. O piso escuro fazia sua
pele pálida se destacar, esmagando ainda mais seu coração, porque o
lembrou da noite em que ele a encontrou após a overdose dela há
tantos anos.
Ajoelhou-se ao lado dela, observando o olhar fixo dela
permanecer inalterado. A cor oliva de seus olhos se misturava com o
preto de seus demônios. Os tons dourados e verdes brilhantes mal
estavam iluminados, mas um brilho fraco perto da pupila lhe dava
esperança suficiente para permanecer no caminho.
—É por isso que você nunca poderia vir comigo, menina. —
Disse ele, já ciente de que ela estava experimentando a morte por trás
de seus olhos sem piscar. Assim como as almas estavam por trás da
cortina, ela estava vendo sua vida novamente. Sem ele aqui para
manter sua chama acesa, ela se aproximaria lentamente da beira de
sua própria morte. É claro que ela não morreria completamente, mas
sua alma sabia que era para passar por aqui; estava tentando seguir
em frente.
—Você pode me ouvir? — Ele perguntou, tocando sua mão fria.
Ele só se foi por dois dias no tempo da Terra, mas, para ela, ela ficou
presa aqui por semanas.
Seus lábios se separaram quando uma lágrima deslizou
lentamente em seus cabelos. —Estou cansada, Jason. Eu fiquei com
Wendy o dia todo. — Sua expressão não mudou, mas ela abriu as
pernas enquanto outra lágrima deslizava pelo lado do rosto. —
Continue.
Ele cobriu os olhos por um momento, sua própria alma rugindo
dentro dele quando a alcançou, querendo resgatá-la dessas memórias.
Ela as experimentou mesmo sem estar aqui, mas vendo-a assim,
incapaz de acordar delas, seu coração mal podia suportar.
Ela fungou e ele tirou a mão do rosto, observando a luz fraca em
seus olhos. Ele não queria experimentar isso; ele sentiu esse tormento
tantas vezes dela. Ela deu seu corpo aos homens porque eles se
aproveitaram de sua confiança neles. Ela tinha sido condicionada, em
tenra idade, a se ver como uma ferramenta para o prazer de um
homem. Ela sempre seria assim. Até que ele a deixou ir.
A Morte gentilmente fechou as pernas. Ela ainda estava nua da
cintura para baixo, e ele estava se odiando mais por ter sido tão cruel
com ela antes. Ele segurou a mão dela, sabendo que não podia
simplesmente acordá-la. Como uma sonâmbula, ela precisava acordar
sozinha.
Mais uma vez, ela abriu as pernas. Sua voz era mais baixa, mais
inocente do que já era. Mais jovem. —Isso me faz sentir estranha aqui.
— Como ele estava segurando a mão dela, ela colocou a mão dele
entre as pernas. Ele fechou os olhos enquanto seu coração lutava para
bater quando ela empurrou o dedo em seu clitóris. —Não, Stephen.
Eu não gosto disso. — Ela choramingou, e ele retirou cuidadosamente
a mão da dela, fechando as pernas novamente e puxou o cobertor da
cama para cobri-la.
Ele pegou a mão dela novamente enquanto olhava para o rosto
dela. Lágrimas após lágrimas deslizaram em seus cabelos enquanto
sua alma continuava rugindo, exigindo que ele a salvasse. Não se
importava com nenhuma das regras impostas a ele ou com o dano que
suas ações poderiam causar - precisava que ela parasse de machucar.
A Morte deslizou um dedo pelo caminho de suas lágrimas,
sentindo algum alívio quando um sorriso triste tocou seus lábios
pálidos.
—Não me deixe. — Ela sussurrou, mas ela ainda não estava
acordada. Este era outro momento de sua vida, outra vez que ela o
chamou sem lembrar quem ele era. Ela só sabia que alguém estava lá.
—Eu nunca vou te deixar —, disse ele, inclinando-se para beijá-
la. — Acorde, doce Jane. Por favor, acorde com isso. — Ele sabia que
ela não iria até ver todas as lembranças, mas poderia guiá-la a se
concentrar nos momentos mais felizes que ela mantinha tão perto de
seu coração. Ele roçou a boca sobre a dela, enviando parte de sua alma
para confortá-la. —Eu estou aqui. Siga-me, menina. — Ele não deveria
fazer isso, mas não conseguia se conter quando ela continuou a
chorar. Ele viu o brilho esmeralda dançar em seu rosto quando sua
alma entrou ansiosamente em seu corpo.
—Morte —, disse ela, sorrindo, mas ainda presa no passado. —
Você deveria agir com medo.
Seu peito e garganta doíam tanto quanto a sensação de
queimação nos olhos. Ela estava lembrando dele com ela quando ela
era apenas uma adolescente. Ela sempre tentava assustá-lo, e ele
nunca entendeu o porquê.
Ele soltou a mão dela para segurar sua bochecha, continuando a
roçar seus lábios nos dela. Ele se perguntou que memória sua alma
tentaria mostrar a ela para aliviar o tormento que seu demônio
provavelmente estava causando.
—Eu te amo, Morte. — Ela respirou contra os lábios dele, assim
como ela disse em seu aniversário na primeira vez que ela disse a ele.
—E eu te amo, doce Jane. — Disse ele, embora ainda não o
tivesse dito.
—Isso é meio romântico, Morte —, disse ela, sorrindo
novamente. —Eu não esperava isso.
Ele sorriu, pressionando seus lábios nos dela enquanto recitava o
que havia dito a ela na noite em que a levaram de volta à sua família.
Eu não sou romântico... Eu imaginei mais do que apenas beijar quando vi a
lua. Amar você completamente nua sob o luar é definitivamente uma das
minhas fantasias recorrentes favoritas.
Ele sentiu sua alma procurando por algo dentro dela enquanto
ela falava novamente.
—Eu teria te seguido. — Ela sussurrou.
A Morte fechou os olhos quando ele chamou sua alma de volta.
Este momento era da conversa deles depois que ele restaurou a
memória dela. Mais uma vez, ele repetiu o que havia dito a ela. —Eu
sei. Mas eu queria que você fosse feliz. Não vi nada para nós.
—Oh, Morte —, disse ela, beijando-o por conta própria, como
havia feito na noite em que ele retornou. —Você sempre se tornou tão
volátil quando se tratava de algo acontecendo comigo.
Os lábios dele se voltaram contra os dela. —Você é tudo que
tenho, doce Jane.
Ela colocou os braços em volta do pescoço e murmurou contra a
pele dele. —Eu sei que deveria estar com raiva de você, mas eu te
perdoo. Eu acho que sou incapaz de ficar chateada com você, na
verdade. Além disso, vamos descobrir isso, e eu sei que você fará tudo
o que puder para me manter a salvo. O que quer que aconteça, por
favor, não me faça esquecer você.
A Morte acariciou seus cabelos. —Eu nunca vou fazer isso com
você novamente.
—Obrigada, Morte.
—Sempre, doce Jane.

A Morte pressionou seus lábios na cabeça dela. Ele a estava


segurando nos braços, mas eles estavam de volta à Terra - a um pé da
cama de David, onde o vampiro dela estava dormindo com os filhos.
Jane deveria ter sentido uma visão doce ou até triste ver seus
filhos dormindo nos braços de David. Deveria ter feito seu coração
doer com o quão apertado eles se agarravam à camisa dele. Deveria
ter aquecido sua pele e acelerado sua respiração para ver seu rosto
novamente, porque, mesmo exausto, David sempre seria
incrivelmente sexy. E um homem que cuida dos filhos de sua mulher,
especialmente crianças que não eram dele, era definitivamente algo
digno de pontos extras de atração.
No entanto, aqui estava Jane, sem a menor emoção se mexendo
dentro dela.
—Ele cuidou muito bem deles. — Disse Morte em voz baixa.
—Oh. — Isso foi tudo o que ela conseguiu pensar em responder.
Morte a puxou para mais perto. —Suas emoções voltarão em
breve.
Ela olhou para ele. Ele ainda estava segurando-a, embora eles
tivessem se tele transportado de seu reino há alguns minutos atrás. —
Eu entendo você.
Ele sorriu aquele sorriso que a assombrava mesmo em seus
sonhos. —Enquanto uma parte de você quiser, você sempre me
sentirá.
—Eu não queria vir aqui —, disse ela, sabendo o que eles
disseram e fizeram um ao outro antes que ele partisse para levar
Jason. Os efeitos do reino da Morte a impediam de atacá-lo, mas ela se
lembrava de tudo. Ela sabia que estava machucada, traída e triste. Ela
sabia que as coisas tinham acabado para ela. Ela sabia que suas
escolhas só levariam a mais destruição, mas não tinha outro jeito. A
única maneira era escolher qual caminho oferecia menos dor àqueles
que ela amava.
—Eu sei anjo. — Morte beijou sua bochecha. —Eu não podia
mais te ver assim, no entanto. Será bom para você estar com eles. Eles
sentiram sua falta.
Ela olhou para David e seus filhos. —Ele pode nos ouvir?
—Não. Diga-me quando você gostaria que eu derrubasse a
barreira do som, e eu irei. Eu apenas desejava esses momentos extras
com você.
—Então você vai embora? — Ela perguntou, subitamente
subindo um pânico. Ele deveria deixá-la, ela exigiu, mas ela realmente
não queria deixá-lo ir.
—Olhe para mim. — Ele sorriu quando ela o olhou. —Eu nunca
vou te deixar, doce Jane. Mesmo quando você me afastar, eu estarei
com você.
Jane voltou sua atenção para a cama. —Você parece um com o
outro - você e David. Gostaria de saber se sou apenas eu quem faz
com que vocês dois sejam quem são.
—Você causa muitas coisas, anjo. — Ele beijou a cabeça dela: —
Suponho que faça sentido David e eu pensemos e falemos da mesma
forma sobre você.
—É quase como se eu estivesse passando pelas mesmas
provações com cada um de vocês. — Disse ela, estudando seu
vampiro. Ele estava deitado de costas com Nathan e Natalie enrolados
em cada lado dele, e ele parecia tão cansado. Seu cabelo estava
bagunçado, ele tinha bolsas embaixo dos olhos. Até sua camisa estava
suja, lembrando-a de como ela estava com eles - nunca se cuidando.
Jane percebeu que sua camisa estava manchada de lágrimas secas de
seus filhos, onde ele os mantinha.
Morte suspirou, acariciando sua cabeça. —Quando eu falei com
ele, ele disse para você saber que não deveria se preocupar com as
crianças. Ele está cansado, mas se sente confortável nesse papel.
—Você quer dizer o novo pai deles? — Ela olhou para o rosto
bonito de David.
—Jason ainda é o pai deles —, disse Morte. —David é seu
namorado, no entanto, Jane. Espera-se que ele faça parte da vida
deles. Jason deu sua bênção antes de eu o levar.
Ela olhou para os lábios de David. Eles pressionaram contra sua
pele, todas as partes dela. Nunca mais.
—Menina, por favor, reconsidere sua decisão. David entende por
que você fez o que fez.
Jane olhou para Morte. —Ele sempre entende. Essa é uma das
coisas maravilhosas sobre ele. Ainda assim, sou uma ameaça para ele -
para todas elas. — Ela tocou os lábios da Morte, deslizando os dedos
ao longo deles. —Eu me ofereci a você. Fui ferida por você. Ainda não
sinto tudo, mas sei o que fiz de errado. Ele sempre me perdoará, e eu
não acho que é justo. Ele precisa desse empurrão, assim como eu
precisava do seu.
A Morte levantou o olhar para encontrar o dela. —Você não me
perdoou?
Essa pequena luz piscou dentro de onde a menina triste estava
sentada. Ela estava chorando, mas não falando com Jane. —Uma parte
de mim sempre vai perdoá-lo. Mas você me traiu. Você quebrou um
pedaço de mim com sua confissão sobre me deixar ir. Sei que deveria
ter esperado para descobrir o que havia entre você e eu antes de
iniciar meu relacionamento com David, mas foi você quem impediu
isso. Sua ausência me machucou de muitas maneiras, mas você ainda
me abandonou. Você fodeu uma mulher para se distrair de mim
quando eu precisava de você. Isso, eu não posso perdoar. Eu até
segurei em dizer a David que o amava porque parecia errado dizer
isso sem falar com você primeiro. Então, em vez de ele ouvir as
palavras quando as percebi, ele as ouviu antes de eu sair com você.
Sinceramente, não sei quanto ele pode realmente suportar.
Ele beijou os dedos dela. —David levará o quanto for necessário,
anjo, e eu sei que o que fiz foi cruel. Não vou me perdoar por isso, e é
também por isso que não aceitaria sua oferta. Não aceito te merecer
depois de machucá-la tanto.
Ela retirou a mão, olhando para David e seus filhos. —É assim
que somos iguais. Você me machucou e eu o machuquei. Pelo menos
assim, David pode continuar. Assim como meus filhos. Não posso ser
mais mãe deles - vou machucá-los, talvez até matá-los, mas David
cuidará deles. Ou pelo menos os achará um cuidador adequado. Ela
quer machucá-los tanto, Morte.
—Eu sei, anjo. Você não está sozinha, no entanto. David e eu
podemos ajudá-la. Você ainda pode fazer parte da vida deles.
—Você pensou sobre isso antes de me deixar?
Ele suspirou, apoiando a testa na cabeça dela. —Eu não posso
explicar minhas escolhas.
Ela sorriu tristemente. —É claro. Esse é sempre o caso, não é?
Antes que ele pudesse responder, David abriu os olhos e eles
imediatamente se encontraram com os dela. Ela não reagiu além de
ver a variedade de emoções cintilar em seu rosto: alívio, tristeza, raiva,
medo.
—Olá, David —, disse Morte, obviamente, levantando sua
barreira do som. —Eu não poderia mantê-la em meu reino sem infligir
mais danos à sua alma e mente, então a convenci a voltar.
Ela falou quando David abriu a boca: —Você não me convenceu.
Você está me forçando a estar aqui.
David franziu a testa, mudando o olhar entre ela e a Morte. —
Bebê, estou feliz que você esteja em casa. Sentimos sua falta.
Jane sentiu o fogo acender dentro de seu coração, e ela exalou,
esperando impedir que ele se espalhasse. —Esta é sua casa, David.
Não minha. Eu não queria vir aqui, mas ele não me levaria a nenhum
outro lugar. Ele sabe que eu pretendo sair, mas ele ainda está me
trazendo aqui na esperança de que eu fique.
—Jane —, David disse, olhando novamente para a Morte antes
de focar nela. —Bebê, este é o seu lar. Eu sei que ele não está cheio das
melhores lembranças, mas este ainda é o seu lar. Eu juro, quando a
guerra terminar, se você quiser ir para outro lugar, nós podemos.
—Eu não posso pedir para você fazer isso. E eu não esperaria
que você abandonasse seus entes queridos por mim. — Disse ela,
olhando para Morte enquanto seu demônio acordava com um sorriso.
—Morte, o que diabos você fez? A ela? — David
cuidadosamente se retirou dos filhos dela antes de sair da cama.
—Meu reino era o único lugar que eu poderia ir para neutralizar
a ameaça que ela estava disposta a desencadear - eu disse isso a você.
No entanto, após a troca que tive com ela e minha partida para colher
a alma de Jason, ela começou a experimentar a morte. Seu demônio
ainda estava perto da superfície, o que não ajudou em nada. Ela ficará
bem em um dia ou mais. E ela está com raiva de mim, não de você.
David ainda não se aproximou deles: —Bebê, você sabe que não
estou bravo com você, certo?
—Ele é um garoto tão doce —, sussurrou o demônio, circulando
a garota triste. —Ele tem um gosto ainda mais doce.
Jane ficou quieta por um momento, apenas encarando o rosto
perfeito de David enquanto seu demônio e a garota triste dentro de si
se encaravam.
—Ela sabe —, disse a Morte, cutucando-a com a cabeça. —Você
ainda está ouvindo?
—Sim. — Jane se concentrou em David. —Eu sei que você não
está com raiva de mim, mas deveria estar.
David assentiu, agitando os cabelos. —Eu entendo por que você
foi com ele. Está tudo bem. Eu deveria ter preparado você para ver
Jason, mas também não sabia o que esperar. E eu sei o que aconteceu
entre você e a Morte depois de você saiu, ele me disse. Estou chateado,
mas não vou me afastar de você. Podemos trabalhar com isso.
—Eu te disse. — Disse ela, olhando para a Morte.
—Disse a ele o que? — David perguntou, olhando entre eles.
Morte respondeu por ela. —Ela sabe que você a perdoará. Ela
não deseja ser perdoada. Ela quer que nós dois a deixemos.
David se aproximou: —Bebê, eu sei que você está sofrendo, e sei
que nós apenas começamos a resolver nossos próprios problemas,
mas isso não é motivo para você se punir ou o que quer que esteja
tentando realizar ou não está feliz com o que ele me disse; o
machucado sob seus olhos prova isso. Ainda assim, não vou me
afastar de você ou de nós.
Jane olhou para o olho roxo curativo de Morte, mas ela não
reagiu ao seu sorriso. Ele disse a David que David o acertou - várias
vezes - mas ela não estava confortada com isso.
—Eu não quero que você me perdoe, David. — Disse ela, vendo
seu demônio sorrir.
— Não depende de você, meu amor —, disse David. — E eu
ainda não o perdoei, então você pode se preocupar com isso quando
chegarmos lá.
O coração de Jane começou a bater forte quando ela se virou
para a Morte. —Se você ainda insistir em me deixar aqui, você deve ir.
Quero que você se lembre do que eu disse. Mas quero que prometa
que não vai me buscar até que seja a minha hora. E quando será a hora
de você me deixar ir. Não mais me mantendo aqui. Você sabe que eu
não pertenço mais a este mundo.
Morte ficou quieto. Ele simplesmente segurou-a olhar como ela
sentiu o suporte menina triste e alcance para ele. Ela estava gritando,
mas sem ruído deixou seus lábios.
—Você não vai voltar para o seu reino, Jane. — Disse David.
Ela não desviou o olhar da Morte. A garota triste chorava
enquanto o demônio a mantinha de pé, forçando-a a assistir Morte.
—Ela não está falando do meu reino —, disse a Morte em voz
baixa. —Ela quer que eu a deixe morrer na próxima vez. Ela está
fatalmente ferida.
—Jane, olhe para mim—, disse David, seu tom desesperado
chamando sua atenção. —Você está sofrendo. Você tomou uma
decisão impulsiva com base em suas emoções e na situação. Você teve
as melhores intenções - todo mundo sabe disso. Morte fez o que ele
pensou que era necessário manter você e todos que ama em
segurança. Não estou feliz com o que aconteceu enquanto você estava
com ele, mas sei que você me ama. — Ele sorriu e a garota triste o
alcançou também: —Eu sei que podemos resolver isso. Se o lado mais
sombrio de você está machucando você, podemos descobrir como
ajudá-la.
Jane estremeceu quando seu demônio rosnou, puxando a garota
triste.
David a observou, seus olhos se alternando entre os dela. —É
disso que se trata? Ela está assustando você para nos deixar?
—Morte, me coloque no chão. — Jane disse, sem desviar o olhar
de David.
—Doce Jane, por favor, ouça-o. Eu sei que você está furiosa
comigo, mas ele não fez nada de errado. Pelo menos, escute-o. Ele
pode te dar mais tempo.
—Coloque-me no chão. — Ela virou a cabeça, olhando furiosa,
mas erguendo a mão para o rosto dele quando a garota triste lutou
para alcançá-lo.
Morte acariciou sua mão.
Seus olhos lacrimejaram quando ela olhou nos olhos verdes dele.
Ela não queria ficar brava com ele. Ela não queria sentir a agonia que
sua confissão e traição infligiram em seu coração. Ela não queria que
ele fosse embora. Mas aquele demônio sorridente que forçava a garota
triste de joelhos não lhe deu escolha. —Eu tenho que fazê-lo. Estou
escorregando e não levarei nenhum de vocês para onde estou indo.
Não mais.
Ele beijou a mão dela, inspirando profundamente antes de
colocá-la de pé. —Eu vou segui-la.
Ela balançou a cabeça. —Não. Não vou conseguir suportar se
mais algum de vocês se machucar.
—Você esquece, querida. — Ele agarrou os lados do rosto dela e
rapidamente a beijou nos lábios. —Eu sou a Morte. — Ela sorriu
tristemente quando ele a beijou mais uma vez. —Eu irei buscá-la
quando você chamar. Está quase no fim.
Ela cobriu as mãos, soluçando de repente. —Sinto muito pelo
que fiz. Sinto muito pelo que disse. — Ela engasgou, vendo seu
demônio lutar com a garota triste no chão. —Eu te amo.
A Morte pressionou seus lábios na testa dela. —E eu te amo. Eu
irei para que você não precise me afastar, mas eu não estarei longe e
não vou desistir de você. Eu conheço você, ainda está lutando, lembre-
se de que nada do que você fará me fará perder tudo. Tudo o que faço
é para a sua felicidade. Agora, seja corajosa, minha linda garota, e eu
vou te ver no final. — Ele fez uma pausa, respirando estressado. Ele
beijou sua testa novamente, mas falou com David. —Por favor, não
seja muito duro com ela. Ela está fazendo o que acha que precisa, e
nenhum de nós pode detê-la.
—Jane. — Disse David.
Seu demônio rosnou, e Jane finalmente viu o quanto ela
realmente odiava David.
—Bebê, por favor, fale conosco. Você sabe que não está sozinha.
—Eu sei —, ela sussurrou, segurando as mãos da Morte. —É por
isso. É sempre por isso.
—Você é mais forte que ela. — Disse David.
Jane sentiu uma dor real em seu coração quando seu demônio
enfiou os dedos no peito da menina triste. Ela choramingou, caindo
um pouco até que a Morte a apoiasse. —Morte —, ela sussurrou, não
ela tocou o rosto dele novamente, precisando se lembrar dele
enquanto suas lágrimas tornavam mais difícil de ver com clareza. Seu
demônio cobriu os olhos da menina triste e aqueles arrepios
enfraqueceram. —Boa noite, Morte.
Um inferno esmeralda rugiu dentro de seus olhos quando ele
olhou para ela. —Boa noite— Ele pegou sua mão e beijou seu pulso.
—Minha lua.
Jane soluçou, olhando para o espaço agora vazio ao lado dela e
abaixou o braço.
—Bebê. — David agarrou sua mão trêmula. —Por favor, deixe-
me ajudá-la.
Ela olhou para a mão dele. Aquele calor estava lá, estendendo
seu braço. Seu demônio sibilou, cobrindo a boca da garota triste
enquanto ela a arrastava em direção à escuridão. —Você enterrou
Jason?
—Sim. Não sabia quando você voltaria. — Ele acariciou sua
bochecha. —Ainda podemos realizar um memorial particular para ele,
apenas nós.
Jane olhou lentamente para ele. —Onde está Melody? — Ela fez
a pergunta que seu demônio sussurrou para ela enquanto sorria,
acariciando os cabelos da menina triste.
David deixou cair a mão. —Querida, isso não é importante no
momento.
Seu demônio balançou a cabeça. —Ele está escondendo alguma
coisa.
—O que você está escondendo? — Ela perguntou, fazendo seu
demônio sorrir.
—Jane, eu não estou escondendo nada. Eu só quero que você se
concentre no que é importante - estar aqui conosco. Lutando
adequadamente.
—A assassina do meu marido não é importante?
—Eu não disse isso. — Ele suspirou, olhando de volta para a
cama.
—Então, onde ela está?
David tentou se aproximar, mas ela o empurrou.
Ele parecia derrotado quando finalmente respondeu. —Bebê, nós
a banimos. Eu não poderia deixar você procurar vingança. Isso só vai
te machucar mais.
Seu demônio beijou a cabeça da menina triste. —Ele a deixou ir.
Ele escolheu outra mulher em vez de nós. Novamente. Assim como a
Morte.
—Você a deixou ir? — Jane perguntou, seu sangue zumbindo
com eletricidade. —Você a manteve segura?
—Eu não me importo com a segurança dela, bebê —, David disse
lentamente. —Mas não é tão simples assim.
—Explique. — Ela olhou para ele, tentando arduamente não
provocar as provocações de seu demônio enquanto a garota triste
lutava fracamente para se libertar.
—Eu não quero incomodá-la, meu amor.
—É um pouco tarde para isso! — Ela olhou para ele enquanto
seu demônio ria.
—Eu sei. — Ele suspirou. —Por favor, tente entender que tenho
que pensar mais do que você e justiça para Jason. Você é minha
prioridade, mas há outros fatores a considerar.
—Como o fato, ela é uma das suas fãs?
—O que? — Ele balançou sua cabeça. —Não! Ela não significa
nada para mim, mas seu pai é um aliado importante nesta guerra. Eu
te disse antes, o pai dela é Zeus. Seu exército está viajando para
Valhalla para se juntar a nós. Isso complicaria nossa aliança se
condenássemos sua filha à morte.
Jane não esperava essa resposta, mas não importava. —Você a
deixou viver porque você quer o exército do pai dela?
—Eu a bani para ficar com o pai até depois da guerra, para que
possamos realizar um julgamento ou o que você quiser depois. Ainda
deve ser justo.
—Justo? — Ela o encarou, incrédula. —É justo que eu tenha
perdido meu marido porque alguma bruxa gosta de você? É justo que
meus filhos nunca mais vejam o pai?
—Diminua seu tom de voz. — Ele olhou para ela. —Você sabe
que não é isso que eu estou falando. Pare de tentar lutar comigo -
tomei uma decisão com o seu melhor interesse em mente. Se você
tivesse ficado, eu teria recebido sua opinião, mas você foi embora.
Bebê, por favor, tente entender. Não é minha intenção parecer cruel, e
não estou jogando na sua cara o que você deixou - mas você fez.
—Eu tinha Nathan e Natalie chorando por você e Jason enquanto
Arthur estava me perguntando qual era o meu pedido antes de ele
tomar sua decisão. Ele me avisou que Zeus estava ciente da situação e
aguardando nossa resposta em sua sentença. Fiz o que achei que era a
melhor decisão.
—É tudo culpa dele —, seu demônio sussurrou. —Ele escolheu
um aliado sobre você.
Jane olhou para o demônio. Aqueles olhos escuros estavam
brilhando de excitação, prontos para vê-la cair como a garota triste
escondida no escuro. Jane viu como a garota triste foi capaz de tirar a
mão do demônio de seus olhos e boca. —Salve ele. Eu não posso mais
lutar com ela. Salve-os.
—Eu me ofereci para a Morte. — Jane deixou escapar, enquanto
a garota triste sorria tristemente antes que o demônio cobrisse seus
olhos e boca novamente.
—Eu sei que você fez. — Disse David, procurando seus olhos
quando ela sentiu seu demônio atacá-la, apenas para a garota triste
segurá-la.
Suas lágrimas estavam frias quando deslizaram por suas
bochechas. —Tirei minhas roupas. Tentei despi-lo com meus poderes
para que ele me quisesse mais. Fiquei com ciúmes quando ele me
disse que tinha fodido outras mulheres em sua cama. Eu queria ser
elas!
David ficou calado.
Sua garganta doía, mas ela continuou; ela tinha que continuar. —
Eu implorei para ele me foder e me manter com ele, para não me
trazer de volta para você. Eu não queria voltar para você. É sua culpa.
A culpa é sua. Jason está morto. A culpa é sua que ela o matou. Ele se
foi agora! Os dois se foram e a culpa é sua!
Seu demônio riu, e Jane sentiu um sorriso malicioso provocando
seus lábios, então ela apressou mais palavras odiosas para fazê-lo sair.
—E você deixou essa cadela ir. Tenho certeza de que havia mais no
seu desejo de mantê-la viva do que uma aliança estúpida. Você teve
uma última transa com ela, ou eu voltei muito cedo? A Morte
mencionou suas prostitutas, e eu sei que você disse que não era
virgem - então finalmente brigou com ela desde que eu fui embora?
Ela te agradou? Eu sei que não fiz outro dia. Eu nunca fui boa o
suficiente para nenhum de vocês. Você é igual a eles!
David rapidamente agarrou o rosto dela, beijando-a com força.
Ela deu um soco nele, mas ele a segurou enquanto sussurrava: —Bebê,
eu sei o que você está fazendo. Não tenha medo dela. Eu vejo-a.
Ela soluçou, socando seu peito sem sucesso. —Te odeio!
Ele a abraçou, apoiando a cabeça no peito dele enquanto a
carregava para o corredor. —Shh... Por favor, fique comigo.
—Deixe-o ficar —, disse o demônio, acariciando o peito
sangrando da menina triste. —Vou comer o coração dele para que ele
esteja sempre conosco.
Jane pensou no demônio, passando os braços em volta da cintura
de David, beijando seu peito enquanto ela chorava. —Mantenha eles
salvos. — Ela olhou para cima, congelada por um momento sob seu
olhar amoroso. Casa.
David enxugou as lágrimas dela. —Por favor fique. Lute com ela,
Jane.
Seu demônio sibilou, arranhando o coração da menina triste.
Jane soluçou, tocando seus lábios. —Por favor, meu amor —,
disse ela, movendo a mão para sua bochecha enquanto seus olhos se
arregalaram. —Eu preciso que você faça isso. Eu não sou forte o
suficiente. Não mais.
—Bebê, você é. — Ele agarrou os cabelos dela, balançando a
cabeça. —Não pare de lutar.
A garota triste agarrou o braço do demônio, segurando-o longe
do coração enquanto sussurrava: —Salve-o.
Os olhos dela lacrimejaram quando ela se afastou dele. —Eu
preciso ficar sozinha. Não envie ninguém ou eu os machucarei. Vou
matar quem vier, David. Não me faça fazer isso. Mantenha eles salvos.
— Ela tentou mostrar-lhe com os olhos: deixe-me ir.
—Não, Jane. — Ele a alcançou, mas ela estendeu a mão.
—Por favor. — Sua mão tremia enquanto ela lutava contra seu
demônio por machucá-la. —Você é o único em quem confio para
mantê-los seguros. Não posso mais te machucar.
David abaixou a mão enquanto olhava de volta para a porta do
quarto. —Eu não vou falhar, bebê. Vou mantê-los em segurança, e
vamos esperar por você. Eu te amo. Seja corajosa, meu amor.
Com um último olhar nos olhos dele, ela se virou, entrando e
trancando-se no quarto. Não era longe o suficiente, então ela entrou
no banheiro, trancando-se dentro e desabando no chão. Jane chorou
enquanto tentava ajudar a tristeza. A menina contém seu animal
apenas um pouco mais. Elas tinham que se afastar de todos.
— Você os assistirá sofrer. — Disse seu demônio, rindo enquanto
a menina triste tentava se levantar de novo. Ela estava sangrando, o
peito aberto, o precioso coração danificado e exposto.
Jane se enrolou em uma bola enquanto pressionava as mãos
contra o peito. Ela ofegou, tentando respirar enquanto seu coração
batia loucamente fora de controle. —Por favor —, ela sussurrou para a
menina triste. —Por favor, segure-a.
Antes da menina triste pudesse responder, Jane congelou. Ela
prendeu a respiração, tremendo de uma carícia gelada em seu rosto.
Ela sabia o que era, quem era.
Seu demônio vaiou, mas ela congelou, bem como quando o frio
se infiltrou dentro de seu corpo.
Jane observou a menina triste apertar seu aperto no demônio,
mas ela chorou, sabendo o que estava acontecendo. Ainda assim, Jane
e a menina triste ficaram em silêncio quando elas foram acalmadas
pelo frio entorpecente que paralisou seu demônio. —Obrigada. — Elas
sussurraram juntas.
Um beijo como os ventos frios inverno escovou no canto de sua
boca, e ela fechou os olhos, aceitando o abraço frio quando ele apertou
seu corpo fraco, fazendo o frio ficar mais entorpecente. Ele a beijou no
rosto e pescoço antes de uma sacudida tirar o congelamento através
dela peito.
Jane tentou se mover, mas outro beijo roçou sua pele, como se
prometendo que estava tudo bem. Ela assentiu, confiando nele. Outro
beijo foi pressionada em seu pescoço, e um segundo choque tiro
através de seu peito. Ela soluçou, aliviada quando ela demônio entrou
em colapso. Ela não estava morta, mas foi subjugada de certa forma.
Ela nunca se sentiu assim antes. Pela primeira vez, ela não estava
lutando com ela. Pela primeira vez, ela não estava ouvindo ou vendo
coisas terríveis, ou temendo o que seu demônio desencadearia. A
guerra interna havia parado.
—Obrigada. — Ela murmurou.
A segurou mais apertado, recompensando-a com uma
sonolência pacífica. —De nada. — Lábios gelados pressionaram contra
o canto da boca antes de descansar na parte de trás da cabeça. —
Descanse agora.
Outra lágrima escapou, mas ela e a garota triste fecharam os
olhos quando uma paz que ela nunca experimentou antes, cobriu sua
alma.

43
O LAR DESFEITO
Acordar com a cabeça apoiada em um travesseiro frio não
deveria ter sido perturbador para Jane, mas era. Ela adormeceu no
chão frio de seu banheiro, o que significava que alguém a carregara
para a cama. Que alguém não tinha o cheiro de David, nem a magia
da Morte. Que alguém ainda estava com ela.
Ela não fez nenhum movimento para se levantar e simplesmente
olhou para a escuridão, desviando o olhar pelo quarto silencioso.
—Eu sei que você está aqui —, ela sussurrou antes de ser
rapidamente recebida com uma carícia fria na bochecha. Uma lágrima
escorregou, mas ela não estava com medo. Ela estava de coração
partido pelo que havia feito - pelo que sabia que estava prestes a fazer.
Outra lágrima deslizou por seu nariz, e ela fechou os olhos
quando a sensação fria se espalhou por seu rosto, acalmando seus
olhos inchados. Era entorpecedor, mas ainda a deixando com a
capacidade de pensar e ficar acordada.
—Você vai se mostrar? — Ela perguntou, suspirando quando o
frio tocou seus lábios. —Eu não estou com medo. — Ela respirou
fundo quando uma mão pálida apareceu de repente a centímetros do
rosto. O dono daquela mão - Lúcifer - ficou em silêncio enquanto se
observavam. Ele estava ajoelhado ao lado de sua cama, seus olhos
cinzentos seguindo as lágrimas que ela ainda derramava.
Jane não tinha medo do anjo diante dela. Não deveria ser assim,
ela sabia. Ela sabia que ele poderia estar atormentando-a todo esse
tempo, mas não sabia ao certo como ou quando. Por enquanto, tudo
em que ela conseguia se concentrar era que ele tinha chegado quando
ela estava prestes a perder a luta. Ele fez algo que nem a Morte falhou.
Ele havia parado o demônio dela.
—Eu não vou machucá-la. — Disse ele, movendo seu olhar
penetrante para o dela. Ele enxugou as lágrimas com cuidado debaixo
dos olhos, não demonstrando irritação quando ela derramou mais.
—Eu sei. Eu confio em você. — Havia apenas algo sobre ele.
Mesmo durante o primeiro encontro, ela sentiu vontade de confiar
nele. Não fazia sentido, mas ela tinha que descobrir o que ele poderia
fazer por ela. Afinal, ele foi o único que realmente parou a dor. Foi ele
quem se ofereceu para levá-la embora, para impedi-la de sentir e de
machucar todos.
Ele sorriu, um sorriso lindo. Isso a lembrou da Morte, que
causou uma pontada no coração. Se ela não tivesse empurrado a
Morte para longe, ela se perguntou se seria ele a confortando em vez
de Lúcifer. Não, ela não podia deixar a Morte voltar. Até ele admitiu
que seu demônio poderia impedi-lo no reino mortal. Lúcifer era sua
única esperança.
Ele esfregou o polegar nos lábios trêmulos dela. —Isso não teria
acontecido se você tivesse me procurado antes. Prometi fazer tudo
parar para você.
—Eu sei. — Ela choramingou, fechando os olhos quando as
mãos frias dele esfriaram sua pele quente. —Tentei vir, mas fui
parada. Você enviou Thanatos e Mania para me atacar?
Um lampejo de prata iluminou seus olhos. —Não. Eu estava
esperando por você onde disse que estaria. Quando soube do ataque
deles, a Morte já havia resgatado você.
De repente, ela se lembrou de quão longe ela estivera naquele
tempo. Ela se desligou e Lúcifer ajudou a mantê-la entorpecida com
tudo.
—Só se você quiser. Você mudou desde a última vez que nos
falamos. Essa foi uma defesa criada por sua mente para protegê-la
dela. No entanto, se você desejar, eu posso ajudar a entorpecê-la tanto
quanto você desejar.
Jane balançou a cabeça. —Não quero ficar entorpecida. Só não
quero que ela os machuque. Não ligo para o que acontece comigo.
Ele ficou quieto por um momento. —Como eu disse antes, posso
levá-la comigo, e você não terá medo de machucá-los. Você só precisa
confiar em mim.
—Você pode detê-la? — Ela perguntou, estudando seu olhar sem
emoção. —Como você fez ontem à noite?
—Ontem à noite eu a atordoei. Ela acordará em breve e ficará
furiosa.
—Mas você poderia fazer isso de novo? Você poderia impedir
que ela machucasse mais alguém?
—Eu posso paralisá-la como ela está agora —, ele disse. —
quantas vezes for necessário, mas isso começará a separá-la. No
entanto, se você se entregar a mim completamente, vou ganhar
controle absoluto sem prejudicá-la.
Ela olhou para ele, os olhos arregalados e a respiração mais
pesada. —Me entregar a você?
Ele deslizou um dedo pela mandíbula dela. —É por isso que vai
levar tempo, Jane. É por isso que eu queria que você viesse até mim
antes. Ela me quer com você - ela me chama. Mesmo agora, eu posso
senti-la dentro de você, mas eu preciso que você me queira também.
Tudo o que ela quer é destruir você, mas ela se preocupa com a
própria sobrevivência, já que você está disposta a morrer por todos ao
seu redor. Ela não tem certeza de sua capacidade de manter seu corpo
vivo sem simplesmente aprisionar você dentro dela.
—Ela quer que eu seja uma anfitriã viva para ela enquanto ela
ganha o controle? — Era mais assustador imaginar estar no escuro do
que morrer. —Então, eu não morreria - eu estaria no escuro de novo?
Ele assentiu, seu olhar fixo na boca dela. —A menos que eu a
controle por você, ela pode fazer o que quiser se você se render.
—E se eu continuar?
O olhar dele caiu lentamente sobre o rosto dela. —Você não pode
destruí-la, Jane. Você continuaria lutando e continuaria sendo uma
ameaça para aqueles que ama. — Ele tocou a têmpora dela. —Ela
continuará atormentando você com seus piores medos e lembranças.
A decisão é sua: lute contra ela sozinha e corra o risco de falhar, ou
você pode aceitar minha ajuda. Eu posso lhe dar o que David e Morte
não podem.
Jane desviou o olhar de seu olhar calmo, mais uma vez
percebendo que não havia dor, nem brigas com a própria mente, nem
ameaças. Nem um sussurro. Nada. —Eu não posso ouvi-la ou senti-la.
— Ela olhou nos olhos dele e o encontrou sorrindo. —Se eu me
entregar a você, você pode fazer isso durar?
—Sim, ela se curvará à minha vontade quando você se tornar
minha. — Ele não mostrou nenhum sinal do que isso significava para
ele. Era tudo informativo. —No momento, ela está mais ou menos
dormindo. Eu posso mantê-la assim ou simplesmente trancá-la na
escuridão, como ela fez com você antes. Eu posso impedi-la de acessar
seus pensamentos ou memórias, qualquer coisa que você gostaria que
eu fizesse. Você simplesmente precisa me aceitar e concordar em ser
minha em todos os sentidos. Tem que ser genuíno de sua parte, então
até então, você deve me permitir alimentá-la. Isso fortalecerá seu
compromisso comigo e, eventualmente, me concederá controle
absoluto sobre ela.
Jane mordeu o lábio enquanto tentava pensar. Havia apenas
silêncio. Até a garota triste parecia quieta demais. —A garota lá
dentro. — Ela olhou para ele. —Quem chora. Então é ela?
Os lábios dele se contraíram. —Ela é você. Sua alma, para ser
preciso.
A boca dela se abriu e ela viu quando ele tocou o centro do peito
- o mesmo lugar que a Morte costumava focar. —Ela é minha alma?
Lúcifer assentiu quando um brilho quente e prateado acendeu
sob a mão dele pairando sobre o peito dela. —Ela é adorável, assim
como você. Tão inocente, apesar de tudo o que vocês sofreram juntas.
Jane observou a luz da mão dele pulsando e ela finalmente viu
sua alma. Ela estava dormindo. Não, ela estava ferida, e a luz prateada
de Lúcifer pulsava sobre seu peito rasgado. —O que você está fazendo
com ela?
—Curando seus ferimentos. Assim como você caiu durante suas
batalhas, ela também. Esta última quase a destruiu. Foi por isso que
entrei.
Ela colocou a mão sobre a dele, sorrindo enquanto um raio de
luz prateada envolvia seu pulso. —É quentinho.
—A luz costuma ser —, ele disse, pegando a mão dela,
segurando-a sobre o peito enquanto mais luz entrava em seu corpo. —
Respire. Estou quase terminando.
Ela obedeceu, respirando lentamente enquanto olhava entre as
mãos e o rosto dele. Ele era pálido como ela, mas sua pele era
impecável, enquanto ela estava cheia de cicatrizes.
Ele parecia ter um ar de cara mau em volta dele, com os cabelos
lisos para trás e o terno branco, mas ele era realmente bonito. Ela
continuou observando o rosto dele. Às vezes, ele se parecia com a
Morte, especialmente quando todas as emoções estavam ausentes em
seu rosto. Uma parte dela desejava que ele fosse a Morte, fingindo ser
Lúcifer, apenas para estar perto dela, mas então ele a olhava com
aqueles olhos prateados, e ela sabia que não estava olhando para o
mesmo anjo.
—Ela é forte —, disse ele quando a luz diminuiu. —Quando a
outra acordar, ela também irá, e elas retomarão a batalha dentro de
você.
—Você não acha que ela é forte o suficiente?
Ele inspecionou suas cicatrizes sem nenhum sinal de emoção. —
Elas têm forças diferentes. Depende simplesmente de qual escolha
você faz. Se você optar por se isolar porque tem medo dos outros,
acredito que ficará fraca e não terá chance de se distanciar antes que
ela vença. Seu coração e sua alma estão apegados aos dois homens da
sua vida, assim como aos seus filhos. Suas emoções lhe dão força, mas
também são uma fraqueza. Você quer arriscar a vida deles porque não
pode controlar suas emoções quando a tragédia acontecer?
Jane balançou a cabeça rapidamente. —Eu tentei uma vez. Não
posso confiar em mim mesma depois de me ver cair tão baixo. E não
acho que Morte ou David ficariam muito felizes com isso, se eu
pedisse sua ajuda.
Um leve sorriso brincou em seus lábios. —Infelizmente, se você
ficar, eu não posso. Então, você estaria por sua conta e nem a Morte
nem David podem lhe dar o que eu posso.
—Entendo —, disse ela, observando enquanto ele deslizava os
dedos sobre o antebraço. Algumas das cicatrizes desapareceram
depois que ela derreteu a pele, mas ela ainda estava marcada pela
prata. —Você pode me ajudar a controlar o poder que ela tem?
Ele suspirou, retirando a mão. —Não. Eu posso, no entanto,
forçá-la a ajudá-la. Ela pode ensiná-la, ou você pode aprender por
conta própria como tem sido. Com a minha ajuda, você terá paz e
segurança em vez de temer o que seus poderes podem causar. Você
quer que eu lhe dê isso?
—Quero mantê-los seguros. Estou disposta a fazer o que for
preciso para mantê-los seguros, mas tenho medo de ser ruim.
—Você me vê tão mal? — Ele desviou o olhar da boca dela, sua
expressão ainda em branco.
—Não —, ela disse. —Eu não sei o que realmente penso. Quero
confiar em você, mas não tenho ideia do porquê, ou por que você está
oferecendo ajuda. O que você quer dizer com me entregar a você?
—Eu quero você. Só você. — Ele acariciou sua bochecha. —Você
é tão frágil, mas está destinada à grandeza. Quero você ao meu lado.
Quero que você seja minha rainha.
Jane se inclinou: —Sua rainha? Como casar com você?
—Não no sentido de marido e mulher, não. Você seria minha
igual, governando ao meu lado.
—Governante do Inferno?
—Onde quer que você queira. A escolha é sua, desde que você
me aceite de todos os modos.
Jane olhou para o teto por um longo tempo enquanto tentava se
concentrar. Sua mente não estava mudando através de um milhão de
coisas como normalmente fazia, mas ela ainda estava confusa. Estava
muito quieta. Pacífica, mas ela não tinha mais o lado que questionava
e analisava cada coisinha. —Eu tenho que fazer sexo com você?
—Quando você estiver pronta. Eu não levarei seu corpo até que
você o ofereça para mim. Seria melhor que o fizéssemos em breve. O
ato tornaria impossível para ela quebrar meu controle.
Essencialmente, dando-se voluntariamente estaria me dando todas
vocês.
Ela olhou para ele, novamente vendo uma semelhança com a
Morte em seus traços impressionantes. Suas maçãs do rosto altas,
queixo definido e olhar hipnotizante. —Eu me ofereci à Morte para
salvar Jason.
Sua expressão não mudou. —Eu sei. Eu posso ver suas memórias
quando olho nos seus olhos. Eu sei tudo.
Jane fechou os olhos e se virou, os lábios tremendo ao se lembrar
do que tinha feito com Morte e David. Ela os trairia da melhor ou pior
maneira possível se aceitasse a oferta de Lúcifer, mas eles estarão
seguros. Todos estarão seguros, ela disse a si mesma.
—Você não será minha prostituta, Jane —, disse ele, passando os
dedos sobre os lábios. —Eles tiveram muitas. Admiro os valores
morais de seu cavaleiro agora, mas ele não era santo. Sua contagem de
amantes como um mortal é mais do que o seu doce coração pode
suportar ouvir. Ele sabe disso, por isso não lhe contou tudo sobre o
passado dele. Temo que isso a devastará saber a verdade.
—Por favor, não diga mais. — Disse ela, chorando de repente.
Ela sabia que David não era virgem, mas ficou tão magoada com o
que a Morte havia feito que temeu que David fizesse o mesmo. Tudo o
que conseguia pensar era em como ela não deu a David a libertação
que ele precisava, e ela sabia o que os homens faziam sem libertação.
Uma dor aguda perfurou seu coração.
—Shh...— Ele se inclinou sobre ela, cutucando seu nariz com o
dele.
Jane abriu os olhos e prendeu a respiração enquanto ele se
aproximava.
—Deixe-me ajudar —, disse ele, pressionando um beijo frio no
canto da boca. O gelo se infiltrou rapidamente, correndo para o
coração dela, entorpecendo a dor instantaneamente. —Pronto —, ele
sussurrou, segurando sua bochecha enquanto ela suspirava. —Eu não
vou machucá-la como a Morte fez. Estarei com você quando precisar
de mim. Vou me fazer conhecido por você, não assistir você sofrer,
então sair para me distrair com outra. Se você estiver ameaçada, eu
destruirei a ameaça. Se você for ferida, eu também cuidarei de você.
Se você sangrar, vou me banhar no sangue de quem te machucou.
As lágrimas dela ainda caíram quando ela chorou: —Mas David
esteve lá por mim.
—Ele ficou? — Os dedos dele apertaram o rosto dela: —Ele te
protegeu dessas bestas que marcaram você? Ele não deixou você
vulnerável ao ataque para salvar outra mulher? — Ele esfregou seus
lábios trêmulos. —Ele não se voltou contra você, deixando-a sofrer
porque temia seu demônio? Ele não te chamou de má e depois
permitiu que uma sedutora realmente má fosse libertada?
Jane não queria pensar muito em David. Sabia que Lúcifer a
queria por algo mais, e ele a atingia onde mais doía. O triste era que
ele estava falando a verdade. Mesmo que David desse alguma
explicação para suas ações e palavras, ele ainda permitiu que ela
sofresse, assim como a Morte tinha sofrido. E ele ainda deixou Melody
ir.
—Eles nunca deveriam ter machucado você assim —, sussurrou
Lúcifer, traçando seus lábios novamente. —Eu prometo ficar com você
sempre. Sei que isso te entristece - sentindo-se abandonada. Você
nunca terá que se perguntar onde estou. Ficarei sob meu véu para
todos os outros, mas você sentirá e me ouvirá. Até que você decida,
ficarei ao seu lado. Dê ao seu demônio o que ela quer, para que ela
não os machuque.
—Quanto tempo eu tenho que decidir?
—Apenas alguns dias —, disse ele com um encolher de ombros.
—Como eu disse, seu corpo e sua alma não suportarão meus ataques
por muito tempo. Ela tem um enorme apetite por sangue e luxúria.
Posso satisfazer um pouco de sua luxúria, a menos que você me peça
para fazê-lo. Sangue é apenas algo que posso fornecer a você de
doadores, o que tenho em abundância. Ainda assim, ela a pressionará
a ficar com David ou outro porque ela deseja o toque de um homem.
Ela ansiava por Lancelot por causa das coisas vis que você o assistia
fazer. Ela é atraída pela escuridão, mas vai tirar de David porque sabe
que isso vai te machucar.
Ela sabia que seu demônio desejava o sangue de David mais do
que outros, mas não podia suportar o pensamento dele com seu
demônio. —Você disse que não precisaria fazer sexo com você até que
estivesse pronta. Você satisfará a luxúria dela?
—Eu posso tocá-la sob o meu véu. Onde você é tocada, ela
também. Isso a distrairá enquanto você decide e aprende a confiar em
mim. Lembre-se, eu só vou ganhar controle total quando você me der
tudo.
Ela virou o rosto e chorou. Ela não podia fazer isso com David
novamente. Mas esse era o único jeito. Ela já havia decidido deixá-lo
ir. Se Lúcifer era o único que podia controlar seu demônio, ela tinha
que fazê-lo. Seguindo-o. —Jure para mim que eles estarão a salvo
dela. Eu não me importo com o que você faz comigo, mas preciso ter
sua palavra. Você a impedirá, mesmo que isso signifique me matar.
—Não tenha medo —, ele sussurrou, movendo o cabelo do
pescoço dela e pressionando os lábios contra o pulso rápido. —Você
sabe que eu já estou dentro de você?
Ela assentiu, lembrando como a barganha da Morte a colocou no
meio do jogo com ela como troféu.
—Isso foi mais do que uma aposta que fiz com a Morte. Naquela
noite, prometi fazer de você minha rainha. Amei minha rainha. Se ela
deseja que seus entes queridos sejam protegidos de seu demônio, ela o
terá.
—Mesmo se você tiver que me matar? — Ela virou o rosto para
ele, tremendo quando o hálito frio dele beijou seus lábios.
—Sim. — Ele olhou nos olhos dela. —Mesmo se eu tiver que
drenar toda última gota de sangue de suas veias, eu a impedirei de
prejudicar aqueles que você ama.
Um soluço ficou alojado em sua garganta, então ela apenas
assentiu.
—Shh, feche seus olhos. — Disse ele, e quando ela o fez, seus
lábios frios pressionaram os dela.
Jane chorou, mas não se afastou, e ele não aprofundou o beijo. —
Isso a domina. — Ele beijou sua bochecha e sua mandíbula.Quando
alcançou seu pescoço, ele beliscou sua pele antes de chupá-la, e ela
sentiu todo o caminho até seu núcleo.Ela ofegou, pressionando as
pernas juntas quando começou a doer por mais.
Ele sorriu contra a pele dela. —Ela está acordando.
Jane só podia sentir a intensa sensação crescendo dentro de seu
corpo. Não era sua própria luxúria, era seu demônio, e a cadela sabia
que Lúcifer estava lá. —Eu não sei o que fazer.
Lúcifer virou o rosto para ele. —Confie em mim. Eu sei o que ela
quer e sei que você precisa de tempo. Estou fazendo isso por você,
assim como você faz pelos outros. Não faz de você uma pessoa má. Eu
prometo, meu desejo é apenas ver você sorrir. Quero que você se sinta
bem, mas entendo que seu coração e sua alma precisam de tempo.
Então, por enquanto, darei o necessário para impedir que ela te
domine.
—Que é? — Ela perguntou, tremendo quando ele deslizou a mão
pelo braço dela.
—Espero que ela precise apenas de um toque provocador
enquanto você se ajusta. — Ele massageou a parte interna do pulso
dela, encarando-o enquanto falava. —Você ainda deve dar o sangue
de David. Ela ficará irritada quando não receber mais de mim e vai
atacá-la por isso. Então, se alimente dele. Preencha a necessidade dela
do sangue dele, e eu a impedirei de tomá-lo. Você terá que confiar em
mim, Jane. Ela não é a garota doce que você é.
Ele moveu a mão para o estômago dela, balançando a cabeça
quando ela tentou empurrá-lo. —Você deve me permitir satisfazê-la,
se você quiser mantê-lo seguro. Você já sabe que ela estava pronta
para destruí-lo antes. Permita-me mantê-la distraída. Isso — ele
deslizou a mão dele até o estômago dela, cobrindo a mão esquerda. —
A distrairá. Ela quer mais; você sabe disso.
Ela queria chorar, mas sabia que ele estava certo. —Eu sei. Eu só
não quero machucar David. Eu já fiz muito com a Morte, e então
quando ela tinha aquele vampiro... Tem certeza de que tenho que
fazer isso?
—Tenho certeza. — Disse ele, baixando os lábios no pescoço
dela.
—Eu não posso acreditar que estou fazendo isso. — Ela chorou,
mas ficou parada enquanto ele beijava seu pescoço enquanto
massageava seu peito.
—Você não está fazendo nada errado —, ele murmurou contra a
pele dela. —Você está fazendo isso por eles. Estou ajudando você a
mantê-los seguros. Não fique triste por isso. Ela quebraria você antes
que eu pudesse tentar impedi-la.
—Mas eu o amo. — Ela sussurrou.
Ele rosnou em seu ouvido. —Não diga mais isso.
Jane se encolheu, fechando os olhos. —Eu sinto muito.
Lúcifer respirou fundo e beijou sua bochecha. —Perdoe-me,
Jane. Eu não quero você com medo de mim. Eu só quero que você faça
a transição sem infligir mais dor ao seu coração. Você será minha e
não gostarei de ouvir sobre os sentimentos que tem por outros
homens. Eles tiveram sua chance, mas nunca foram feitos para te
salvar. Eu sei que você os ama, mas não gosto de compartilhar. O
cavaleiro pode estar disposto a compartilhar você com a Morte, mas
eu não compartilharei minha rainha. Voce entendeu?
— Sim. — Disse ela, tentando impedir que seu corpo tremesse.
Ele agarrou seu queixo para virar o rosto em sua direção.
Enquanto a estudava, seus traços frios suavizaram por meros
segundos.— Diga-me o que você quer.
Jane torceu o rosto enquanto tentava conter sua tristeza, mas
respondeu: —Quero que você os mantenha a salvo dela. Quero que
você evite que ela me pegue. Quero que você a silencie para que eu
ainda possa ser “eu” satisfaça-a para que eu possa mantê-los longe de
sua ira. Quero que eles me esqueçam. — Ela chorou e ele começou a
esfregar sua bochecha carinhosamente. —Eu quero que você me tenha
quando chegar a hora.
Jane ficou quieta quando ele baixou o rosto para o dela. Ela
fechou os olhos quando os lábios frios dele roçaram os dela. —Tão
corajosa —, ele sussurrou contra sua boca. —Eu farei o que você
desejar, minha rainha. — Seu beijo suave era cheio de poder, e se
espalhou por sua pele. —Tão doce. Tão inocente e amorosa. — Ele a
beijou novamente, desta vez por mais tempo, mas se afastou.
Jane olhou nos olhos dele. —Eu não posso.
Ele inclinou a cabeça para o lado: —Minha oferta não lhe
agrada?
—Sou grata por sua ajuda, mas não estou feliz - não posso sorrir.
—Feche os olhos. — Disse ele, sem lhe dar idéia do que estava
pensando.
Ela obedeceu, não querendo irritá-lo.
—Imagine o rosto do seu cavaleiro. Imagine o sorriso dele. —
Seu tom era suave, e ela relaxou instantaneamente. — Você o vê?
—Sim —, ela sussurrou quando conseguiu ver David
imediatamente. Algo dentro mudou, e ela engasgou quando um
rosnado encheu sua mente. —Ela está aqui! O que devo fazer?
—Shh...— Ele tocou sua têmpora, e ela de repente viu imagens
dela e David se beijando e sorrindo. —Sorria para ele.
O coração de Jane bateu forte quando o rosnado ficou mais alto.
—Ela está vindo!
Ele agarrou o rosto dela dolorosamente. —Sorria para ele, Jane.
Ela choramingou, mas olhou para o rosto bonito de David em
sua mente, acalmando-se o suficiente para sorrir.
—Abra os olhos, mas continue sorrindo. — Disse ele.
Jane fez o que foi dito e choramingou, mas continuou sorrindo,
mesmo que o rosto de David não estivesse mais visível. Apenas
Lúcifer permaneceu.
Ele olhou para os lábios dela por alguns segundos antes de
finalmente olhar para ela. —Linda. — Disse ele, em seguida, colocou a
boca sobre a dela. Isso a chocou, mas ele continuou a beijá-la, e o
sorriso de David voltou. Os lábios dele esquentaram, e ela suspirou
quando o calor que David emitiu envolveu seu corpo.
Jane estendeu a mão para segurar o rosto dele, beijando-o
ansiosamente enquanto passava os dedos pelos cabelos dele.
Os lábios de David se foram e ela abriu os olhos para ver Lúcifer
mais uma vez olhando para ela. Ela cobriu a boca enquanto engasgava
com um soluço suave.
—Logo seu sorriso será para mim —, disse ele como se fosse
uma coisa simples de se esperar. —Tive que empurrar o rosto dele na
sua mente para você me beijar de volta. Você vai esquecê-lo, Jane .
Isso e o que eu quero.
—Você promete mantê-los seguros? — Ela sentiu a garganta se
fechar, sabendo que estava prestes a entregar sua vida ao anjo caído.
—Eu prometo.
Seus olhos se encheram de lágrimas. Perdoe-me, meus amores.
Lentamente, ela começou a acenar para ele. —Eu vou deixar
você alimentá-la. Por favor, apenas o necessário.
—Claro. — Ele pressionou seus lábios nos dela mais uma vez,
mas olhou para a porta. —Ele está esperando por você. Peça para ele
te alimentar - você não se alimenta há dias. Eu sinto a sede dela.
Jane olhou para a porta, seu coração batendo violentamente
quando um rosnado baixo ecoou em sua mente. —Ela não vai
machucá-lo?
—Eu ficarei contigo. Ele não saberá que eu estou lá, e eu a
distrairei para que ela não o domine e o mate. Beba o que você deve e
peça licença. Não deixe que ele te toque de qualquer outra maneira.
Ela ainda sente o que você deseja. Se seu desejo por ele é muito
grande, ela pode ignorar minhas tentativas. Você entende? Ela matará
ele e qualquer um ao seu redor.
—Eu sei e entendo.
—Não tema meu toque, Jane. — A mão dele se moveu do rosto
dela para o ombro dela. Ele a empurrou para que ela se deitasse
completamente de costas. Jane ficou quieta, fechando os olhos porque
sabia que ele a tocaria. —Abra seus olhos. — Ele estava olhando para
ela quando ela o fez. —Eu repulso você?
—Você é lindo. Só estou com nojo de mim mesma.
—Não fique. O que você está fazendo é por amor. — Lúcifer
sorriu, colocando uma mão ao lado da cabeça dela para se apoiar
enquanto deslizava a outra no peito dela. —Prove agora que você
pode ir até ele sem alertá-lo de que algo está acontecendo com você.
— Ele descansou a mão sobre o peito dela, sem tatear, apenas tocando.
—Boa menina. — Ele moveu a mão para baixo, acariciando sua
barriga e depois seu quadril. —Você apreciará meu toque a tempo.
Por enquanto, concentre-se no que você precisa fazer e não reaja
quando sentir minhas mãos em você. David está muito sintonizado
com você. Se ele temer que você esteja em perigo, ele pode fazer algo
que a enfurecerá.
—Ok.

Jane alisou os cabelos quando parou de bater na porta de David.


Ela não conseguia ouvir nada, mas sabia que ele estava esperando por
ela lá dentro.
Lúcifer descansou a mão no quadril. —Ela está ficando irritada.
Bata e acabe com isso.
Jane tentou estabilizar a respiração e suspirou quando um beijo
entorpecedor foi pressionado contra sua bochecha.
—Ai está. Agora bata. Ele não vai me ouvir quando eu falar com
você.
Ela mordeu o lábio, tentando se afastar um pouco dele. Ela sabia
que ele precisava ficar perto, então ela levantou a mão, batendo três
vezes.
A porta se abriu em menos de um segundo para revelar um
David preocupado. —Oi Bebê. — Ele examinou o rosto dela antes de
ver sua aparência desgrenhada. —Pedi a Gawain para cuidar das
crianças. Pensei que poderíamos conversar e sabia que você precisava
do meu sangue.
Jane ficou rígida quando Lúcifer se aproximou. —Eu só estava
vindo me alimentar, se está tudo bem com você. Não quero pedir
como você e correr o risco de machucar alguém.
—Claro que você pode se alimentar. Venha aqui. — Ele pegou a
mão dela e a puxou para dentro de seu quarto.
Ela permitiu que ele a levasse para a cama, mas quando ele se
virou e segurou suas bochechas, ela deu um passo para trás. —David,
não podemos mais ficar juntos.
Ele esfregou o rosto. —Podemos. Eu sei que você teme que algo
aconteça comigo, mas eu posso ajudá-la. Nós estávamos indo tão bem
antes.
—Antes que eu estragasse. — Sisse ela, ouvindo seu demônio
assobiar.
—Shh... — Lúcifer sussurrou, beijando seu pescoço e silenciando
seu demônio.
David a observou quando seus lábios se separaram e ela gemeu.
—O que está acontecendo com você?
Ela fechou a boca e respirou lentamente. —Estou fraca, David.
Eu não posso mais lutar com ela. Eu só preciso do seu sangue agora.
—Vou alimentá-la—, disse ele, examinando-a desconfiado. —
mas quero que você fique e converse depois que terminarmos.
O demônio dela sibilou quando a imagem de David deitado em
uma poça de seu próprio sangue brilhou em sua cabeça.
—Chega, Jane. — Disse Lúcifer, passando os braços em volta do
tronco dela.
Seu demônio ronronou e ela teve que se impedir de fazer o
mesmo.
David estudou o rosto dela e finalmente levou o pulso à boca
dela.
Ela rapidamente o agarrou, choramingando quando as garras de
seu demônio começaram a cavar em sua mente. Ela sentiu as lágrimas
jorrando, o desejo de fazê-lo sangrar todo seu sangue subindo
enquanto ela lutava contra mordê-lo.
—Alimente-se, bebê —, disse David. —Eu te vejo. Alimente-se.
Não tenha medo.
Lúcifer beijou sua têmpora, enviando gelo para a dor aguda que
estava sentindo em sua mente. —Alimente, Jane. Você precisa do
sangue dele.
Jane acenou para eles e mordeu, gemendo instantaneamente. Ela
se aproximou, puxando o braço dele para poder morder com mais
força. Fazia muito tempo. Muito tempo desde que ela teve o sangue
dele na língua e o corpo dele no dela. Quando ela agarrou sua cintura
e tentou levantar a camisa, ele empurrou a mão dela.
Seu demônio rosnou rapidamente, furioso com a recusa dele.
Jane estava confusa. Ela não sabia quem ela estava tentando satisfazer,
ela ou seu demônio.
—Ele está nos recusando. — Disse o demônio, sibilando quando
seu desejo de ser saciado por mais do que apenas o sangue de David
subiu a novas alturas. — Me deixe sair. Nós o teremos.
Lúcifer pressionou seu corpo contra as costas dela. —Você me
quer —, ele sussurrou em seu ouvido, assustando seu demônio. —
Deixe o príncipe ir. — Ele abaixou a mão entre as pernas dela,
aplicando uma pequena quantidade de pressão onde ela desejava ser
tocada. —Deixe-o ir, e eu darei o que você quer.
Jane gemeu, sem ter certeza do que estava gemendo enquanto os
desejos de seu demônio guerreavam dentro dela. Lúcifer a
massageava em um movimento circular, como se estivesse
provocando seu demônio que ele não daria mais até que ela
obedecesse, antes de deslizar a mão de volta ao quadril dela. Era tão
bizarro. Jane podia senti-lo como se ele fosse sólido, mas sabia que ele
não estava completamente lá.
Seu demônio olhou para David. Ela também estava confusa com
as sensações que Lúcifer estava dando ao seu corpo enquanto não o
via. David, no entanto, estava muito lá, e ele tinha um gosto delicioso.
Seu demônio sorriu maliciosamente, seus olhos apenas em David.
Lúcifer de repente apertou o peito. Jane ofegou, liberando David,
mas seu demônio a forçou a se agarrar a ele. Ela fechou os olhos,
esperando que David não visse seu demônio indo de encontro para
Lúcifer enquanto ele abaixava a mão entre as pernas dela.
—Bebê? — David chamou suavemente.
Ela apenas sentiu as mãos frias enquanto eles percorriam seu
corpo. Ela quase podia ver o sorriso de Lúcifer em sua mente
enquanto ele massageava seu peito enquanto ainda a esfregava onde
ela estava pulsando por ter David dentro dela. Seu demônio sorriu,
jogando a cabeça para trás enquanto Lúcifer beijava seu pescoço,
esquecendo David.
—Jane? — As mãos de David envolveram suas bochechas.
Assustada, ela abriu os olhos, odiando-se, mas tão aliviada que a
atenção de seu demônio não estava nele. —David. — Ela
choramingou, querendo tanto ir até ele.
O rosto de David ficou tenso. —Bebê, me diga o que fazer por
você. O que está acontecendo dentro de você?
O sorriso de Lúcifer brilhou em sua mente. —Diga-lhe boa noite.
— Parecia que seus lábios estavam chupando seu pescoço. Ela não
podia mais sentir a ira de seu demônio. Estava gostando das mesmas
sensações que ela estava sentindo. Lúcifer suavizou seu toque. —Ele
não precisa te ver assim. Afaste-se.
—Eu tenho que ir. — Ela disse a David, querendo o contrário.
—Não, querida, você não precisa sair. Fique aqui esta noite.
Podemos descobrir como superar isso. Não vou desistir de você.
—Ele não pode ajudá-la. — Lúcifer sussurrou, seu toque mais
afetuoso quando o demônio dela ronronou como um gatinho.
—Deixe-me ir, David. — Ela lutou para não se abraçar. —Por
favor, veja que estou tentando protegê-lo.
—Eu posso me proteger. — O tom agudo de David a fez recuar,
e ele suspirou, esfregando o rosto cansado. —Eu não quis levantar
minha voz. Eu te amo. Estou preocupado com você e tenho medo de
perdê-la novamente.
—Diga-lhe boa noite, Jane. — A voz de Lúcifer era suave e
carinhosa em seu ouvido. —Está bem; ela se foi agora. Diga a ele que
ele não pode ajudá-la.
Ela queria chorar, mas estava ficando tão acalmada pelas mãos
frias. — Você não pode me ajudar, David. Eu estou indo agora. Eu
acho que preciso de comida.
—Então eu irei com você —, disse David rapidamente. —Isso
não está em discussão.
Quando ele agarrou a mão dela, o calor estava lá, implorando
para ela voltar quando se chocou com o toque de Lúcifer.
Ela temia que isso despertasse seu demônio, então ela soltou sua
mão. —Não me toque.
Sua mandíbula apertou, mas ele deu um passo atrás. —Bem.
Lembre-se de que você está me recusando quando começa a sentir que
estou te negligenciando.
Suas palavras picaram seu coração, mas ela assentiu. Era por ele.
Ele podia odiá-la tudo o que queria. Sua segurança era tudo o que
importava. —Eu sei que sou eu, David.
Ele balançou a cabeça, rosnando enquanto liderava o caminho.
—Essa é a coisa. Isso não é tudo você. Eu não sei o que diabos está
acontecendo, mas não estou me afastando de você.
Ela o seguiu, com a cabeça baixa enquanto Lúcifer segurava sua
mão.
David abriu uma porta que levava a um canto do café da manhã.
Ele puxou uma cadeira para ela. — Sente-se. Vou buscar ir a cozinha
para preparar algo. Você quer café da manhã? Ou jantar?
Ela sentou, com os olhos ardendo enquanto murmurava: — O
café da manhã é bom.
Ele colocou a cadeira dela e beijou o topo de sua cabeça. —Eu
voltarei.
Jane inalou o cheiro dele, suspirando quando o sentiu sorrir
contra o cabelo dela. —Ok.
David deu mais um beijo no cabelo dela antes de deixá-la
sozinha.
Com Lúcifer.
—Você não deve fazer isso com você —, disse ele, parecendo
sentar-se na cadeira vazia ao lado dela. A mão dele deu um tapinha
em sua coxa, mas ela ainda não conseguia vê-lo. —Você está
aumentando suas esperanças. Coma e desculpe-se. Só vai machucá-lo
vê-lo sob meu toque. Afinal, ele pode sentir o cheiro da sua excitação.
Você realmente quer chegar ao clímax enquanto ele está por perto?
Ela balançou a cabeça.
— Boa garota. — Ele esfregou a mão ao longo de sua coxa. —Eu
acredito que você é mais sensível porque você ainda não está vestindo
roupas adequadas.
Os olhos de Jane se arregalaram. Ele estava certo! Ela só estava
de calça; o mesmo par que usava enquanto viajava de Valhalla. A
Morte rasgou sua calcinha em seu reino, e ela só podia vestir a calça.
Então ela percebeu que estava usando ela. Camisa do Ceifador e sem
sutiã.
—Relaxe —, disse Lúcifer, deslizando a mão para cima da coxa.
—Você pode se limpar quando voltarmos para o seu quarto. E, se
desejar, podemos fazer mais para que você fique mais confortável.
Não é uma boa ideia ficar perto dele. Seus sentimentos por ele são
fortes - eles a tornam volátil.
—Porque eu o amo. — Ela arreganhou as presas, virando-se para
onde ele estava sentado. —Eu o quero, mesmo sabendo que não sou
boa. Não sou estúpida; sei que ela quer transar com ele antes que o
mate. Apenas mantenha sua promessa e faça a calma dela.
Ele apertou a perna dela: —Não fale comigo dessa maneira, a
menos que deseje enfrentar as consequências.
Ela olhou para a cadeira vazia: —Eu não tenho medo de você.
Ele pareceu divertido quando respondeu: —Nem eu, minha
rainha. Observar seus olhos brilhando de fúria me excita de uma
maneira que não sinto há algum tempo. Ainda assim, você deve
aprender que sua atitude não será tolerada quando nós estivermos
entre os meus homens.
Jane estava com calor. Na verdade, ela estava suando e sua
perna estava queimando agora. —Por que você está com calor?
Ele riu, estendendo o que parecia ser seu dedo mindinho para
tocar seu núcleo. —Estou reagindo à sua raiva. Isso me desperta.
Acalme-se ou eu vou dobrá-la sobre esta mesa para saciar a fome que
você realmente tem.
Ela colocou a mão sobre a dele, ofegante, quando ela podia sentir
sua mão enquanto se movia para esfregá-la mais.
—Hm. — Ele apertou os dedos exatamente onde ela precisava
dele. —Não vai me afastar? — Ele aplicou mais pressão, fazendo as
pernas dela tremerem. —Você percebe que é você, não ela.
Ela empurrou a mão dele, encarando onde ela achava que o rosto
dele poderia estar.
A voz de David subitamente cortou o quarto: —Com quem você
está falando?
Ela virou a cabeça rapidamente, balançando a cabeça quando o
viu segurando dois pratos na entrada.
Ele olhou em volta: —A Morte está aqui?
Os olhos dela lacrimejaram. —Não. Eu só estou falando comigo
mesma.
David ainda examinava o quarto enquanto se aproximava. —
Você pode me dizer o que está acontecendo. — Ele colocou um prato
na mesa antes de se sentar à sua frente.
—Ele está esperando você responder. — Lúcifer sussurrou em
seu ouvido.
Balançando a cabeça, ela olhou para o olhar preocupado de
David. —Não há nada a dizer. — Disse ela. — Estou fazendo tudo o
que posso. Eu não sou seu problema. Só espero que você possa manter
as crianças seguras. Acho que você não precisa, pois não estamos
juntos.
—Primeiro, você não é meu problema. — O olhar de David era
como fogo, zangado e pronto para chamuscá-la. —Você é minha
Outra e namorada, e eu te amo mais do que você pode compreender.
Sim, você saiu e voltou com esse plano para me afastar, mas ainda
estamos juntos.
—Não, não estamos!
Ele balançou sua cabeça. —Você sempre temeu que eu me
afastasse de você, mas é você indo embora.
—Eu saí para salvar Jason! — Ela sabia que era, mas doía tê-lo
jogado em seu rosto. —E eu estou saindo agora para que você e todos
os outros possam estar seguros.
—Eu sei por que você foi embora. — Seu tom se suavizou. —Eu
gostaria que você não tivesse, mas entendo por que você tomou
medidas tão drásticas. Querida, eu também não queria que ele
morresse, mas não cabe a nós decidir quem vive ou morre.
—Sim, a Morte pode. — Ela olhou para a mesa. —Eu não era boa
o suficiente para o acordo, no entanto.
David suspirou, pegando o garfo. —Coma. E pare de dizer que
você não é boa o suficiente. Você sabe que você é tudo para mim. E até
a Morte. Esse bastardo não tem ninguém além de você.
Lágrimas embaçaram a visão de seu prato. — Ele tem alguém.
Ele a fodeu quando eu precisei dele.
David ficou quieto por alguns segundos. —Então você está
chateada por ele ter outra mulher? Quando você me tem?
—Diga a ele que sim —, Lúcifer sussurrou. —Isso o ajudará a
deixar você ir.
—Sim. — Disse ela, vendo suas lágrimas caírem em sua comida.
—Você se importa com os meus sentimentos? — David
perguntou incrédulo. —Ou você está intencionalmente tentando me
machucar para que eu grite e lhe diga para sair?
— Você não pode me ajudar. — Jane sussurrou, enxugando o
rosto.
—Não foi isso que perguntei.
Seu coração batia forte no peito. —Eu me preocupo com você
permanecer vivo! Eu me importo em não arrancar seu coração quando
eu finalmente perder. E, sim, me importo que a Morte tenha me
deixado quando Jason fez o que fez comigo. — Ela olhou nos olhos
dele enquanto falava. —Dói pra caralho! Assim como Jason, eu não
era o suficiente para ele, então ele foi se agradar em outra mulher.
Pelo menos Jason aderiu a mulheres online, que eu saiba, mas ter a
Morte admitindo que ele gostava de transar com ela, que ele veio
várias vezes enquanto eu estava no meu inferno pessoal, isso me
destruiu. Ok, isso me destruiu.
Ela apertou o peito como se isso ajudasse a impedir que ele se
abrisse. —Porque eu o amo, tanto quanto eu amo você. Sinto muito
por isso, mas eu o amava antes de conhecê-lo e não consigo parar.
Mesmo odiando-o tanto quanto eu o odeio agora por me machucar,
não consigo parar. E eu me odeio por isso. Eu odeio não poder te dar o
que você me dá. Eu odeio ainda precisar dele, então não terei nenhum
de vocês.
—Você não precisa desistir dele. — David largou o garfo,
olhando ao redor do quarto lentamente. —Eu só não quero você
transando com ele, mas sei que você vai amá-lo até o fim dos tempos.
Vejo que há algo incrível que vocês dois compartilham, mas sou eu
quem decide se quero passar por isso. E eu escolho você, Morte, seu
demônio - e dois filhos que não são meus - escolho tudo isso porque
amo você.
—Pare de ser perfeito —, ela chorou, cobrindo os olhos. —Por
que você não pode simplesmente me odiar como uma pessoa normal?
Eu tirei minhas roupas e me entreguei a ele, e você está agindo como
se estivesse bem.
Parecia que um fogo havia sido aceso quando David respondeu
bruscamente. — Não está bem. Eu bati nele quando ele me contou,
principalmente porque ele me disse o que fez com você depois de
recusar. Eu sei que ele me deixou porque sentiu que merecia, e ele
mereceu, mas não estou dizendo que está tudo bem. Estou dizendo
que te amo e podemos trabalhar com isso. Eu sei que há algo horrível
dentro de você; esse não é um desenvolvimento novo, mas acredito
que podemos administrá-lo até encontrar uma maneira de tirá-la de
você.
—Você não pode me ajudar! — Ela jogou a mão para baixo,
olhando para ele. —Por que você não vê isso? Até a Morte não pode
tocá-la. Eu devo ser assim, e você não é. Apenas me dê a porra da
chance de salvá-lo para que eu não acabe segurando os cadáveres dos
meus bebês ou os seus. É tudo o que estou pedindo. Não espero que
você permaneça fiel. Eu sei que essa coisa em mim quer foder cada
idiota que ela vê, e eu tenho medo do que ela vai fazer quando eu
finalmente perder contra ela para sempre. Eu não quero que você me
perdoe. Eu quero apodrecer. Não te mereço nem nada de bom. Eu
quero morrer.
Lúcifer esfregou sua perna suavemente, mas ele ficou quieto.
—Eu sei que ela é provavelmente a criatura mais sombria que eu
já encontrei —, disse David. —mas ela não é você. Qualquer ato que
ela faça não é seu. Não espero que vença todas as batalhas contra ela.
—Então, se Lúcifer ou um demônio viesse... — Ela ignorou como
Lúcifer apertou seu aperto em sua perna e olhou para David. —Diga,
se um deles viesse até mim, dizendo que ele poderia manter todos
vocês seguros, mas eu tive que ir com ele. Diga que ele era o único que
poderia domar ela, poderia impedir que ela me atormentasse, você
ficaria bem com isso?
O belo monstro que era David se mostrou quando suas presas
descobriram por um único segundo. —Não —, disse ele, seu tom
cortante. —Você não está saindo com mais ninguém. Se a Morte
precisar levá-la para impedir que você prejudique as crianças, tudo
bem, mas você não vai se sacrificar para salvar a todos, especialmente
a Lúcifer.
Lúcifer riu, mas ainda não disse nada.
—Você não sabe como é —, disse ela, puxando os cabelos. —
Você não sabe como é ver todos vocês mortos em sua cabeça, ouvir as
ameaças dela, senti-la atacar sua alma. Isso dói. O tempo todo!
—Bebê, eu venho lutando contra seres malignos há séculos. Vi
inúmeras mulheres e crianças inocentes mortas porque não cheguei lá
a tempo. Vi bebês despedaçados porque eu era um homem entre
centenas. Eu conheço o fardo.
—Você não é quem os separaria! — Ela gritou, desesperada por
ele entender que estava fazendo isso por ele. —Eu me vejo fazendo
isso! Eu me vejo matando você e limpando todo o sangue de seu
corpo e comendo seu coração. Eu vejo meus bebês com a garganta
arrancada porque eu arranquei.
—Nós vamos parar você. — Sua ferocidade era tão maravilhosa,
mas seria um erro. —Tem que haver uma razão para tudo isso —,
disse ele. —mas você e eu devemos ficar juntos.
—Porque? — Fogo acendeu em seu coração. —Porque Michael te
disse isso? E se ele não lhe der a mensagem inteira?
—Que seria o quê? — David perguntou, olhando nos olhos dela.
— E ele não me disse que Jane Mortaime era a mulher que eu deveria
cuidar. Eu vi você e sabia. Meu coração sabia que você era a mulher
com quem eu estava sonhando. Então, que mensagem ele deixaria de
fora?
Ela encolheu os ombros casualmente, mas seu coração batia forte
no peito. —Talvez você devesse me matar.
—Eu não deveria te matar .— Ele riu tristemente. —Eu nunca
faria mal a você.
—Então, como você me impediria de atacar você ou meus filhos?
Ele se recostou na cadeira, suspirando. —Eu não sei. E como
você vai parar com isso? Além de falar sozinha, você parece bem.
Ela ficou surpresa com as palavras dele: —Você está dizendo que
eu sou louca?
—Não —, ele disse calmamente. —Eu sei que você está
escondendo alguma coisa. Você está conversando com seu demônio
ou com outra pessoa. Então, eu quero saber por que você tem tanta
certeza de que seu caminho manterá todos seguros. Eu sei que você
não estaria aqui, a menos que você tenha fé em algum plano. Então,
quem ou o que está ajudando você a manter o controle?
—Fique calma. — Disse Lúcifer, ainda esfregando a perna.
—Deixe-o —, disse ela o mais rápido que pôde. —Você não
entenderia.
David bateu com os nós dos dedos na mesa, olhando em volta
novamente. —Alguém está falando com você. E eu não acho que seja
seu demônio. Acho que você pulou para alguém que alimentou de
mentiras para fazer você acreditar que está me afastando. Que seria
sua única chance de nos salvar. — Ele olhou nos olhos dela: —É
Lúcifer? Porque você precisa saber que ele não está aqui para ajudá-la.
—Não há ninguém aqui! — Ela respirou mais rápido. —Eu
estava falando com ela. Estou perdendo para ela, ok? Estou tentando
lutar com ela, mas ela vai vencer. Então, esqueça-me. Quero que você
me esqueça.
—Bem, isso não está acontecendo. — Ele não desviou o olhar do
olhar dela ou se escondeu embaixo dele. —Você é o meu mundo, Jane.
Não vou deixar você ir. Não acredito em você, mas ainda te amo.
—Por favor, não me ame. — Disse ela, com a voz embargada.
—Nem pergunte isso a mim —, disse ele, de alguma forma
brutal e amoroso. —E se você acha que esse é o seu jeito de não me
machucar, ou qualquer que seja o processo de pensamento que esteja
acontecendo em sua cabeça, você está errada. Esta é a única maneira
de alguém me machucar. Perder você é a maior dor que eu já poderia
receber, e você é a única a fazer isso.
—Sinto muito. — Ela sussurrou, fechando os olhos e esperando
que estivesse apenas sonhando.
—Não sinta. Não estou com raiva de você. Estou com raiva por
não poder ajudá-la... Sei que não posso consertar você, mas...
— Você não deveria me consertar —, ela o interrompeu,
encarando-o nos olhos e observando sua irritação surgir. — Não
quero falar sobre mais isso. Eu nem entendo tudo, apenas me deixe
em paz. É tarde demais.
—É tarde demais? — Ele perguntou, seu tom mais severo do que
antes.
Ela olhou para ele, os olhos arregalados ao ver como ele estava
furioso, dizendo que não estava bravo com ela.
—Ele não está bravo com você. — Disse Lúcifer. — Estou aqui.
Ela acenou com a cabeça para Lúcifer, e o olhar de David se
estreitou nela:
—Sim, é tarde demais ou você está acenando para alguém? —
David olhou em volta novamente.
—É tarde demais —, disse ela, mordendo o lábio enquanto
observava o queixo dele apertar. —Este é o único caminho.
—Então, você vai embora? Afastando-se de mim e de seus
filhos? De Gawain e Gareth - todos nós?
Jane estava prestes a responder a ele, mas um par de vozes do
corredor entrou no quarto.
—Eu preciso da refeição de Melody e da ração reservada para
ela. — Uma voz masculina falou para outra.
—Eu não sei por que eles a manteve aqui, muito menos viva —,
disse outro homem. — Aqui, espero que ela se engasgue com isso.
Os olhos de David estavam arregalados como pires quando ele
olhou para Jane, horrorizada.
—Seu bastardo! — Ela pulou, perdendo completamente o toque
calmante que Lúcifer tinha nela. —Você mentiu para mim!
David levantou-se rapidamente e bloqueou o caminho dela para
fora da sala. —Bebê, pare! Eu não sabia que ela ainda estava aqui até
hoje de manhã. Fiquei tão preocupado com os gêmeos - não me
disseram que o acordo foi adiado .
—Bom —, disse ela, movendo-se para contorná-lo, mas ele a
bloqueou novamente. —Saia do meu caminho, David!
—Não bebê. — Ele continuou tentando alcançá-la, mas ela bateu
nas mãos dele quando ele disse: —Eu não vou deixar você fazer algo
que você vai se arrepender.
—Não vou me arrepender disso. — Seu peito arfava quando ela
começou a respirar mais rápido. Ela não sabia onde estava Lúcifer,
mas ela não se importava. —Eu vou matá-la pelo que ela fez.
—Foi por isso que a bani, Jane —, disse David. —Não posso
deixar você matá-la a sangue frio.
—É vingança!
—Exatamente! — Ele gritou, levantando as mãos quando ela
tentou passar por ele. —É errado.
Jane estava pronta para arrancar os olhos dele. —Errado? Estou
errada?
Ele suspirou: —Jane, ela será punida.
Ela riu alto: —Você chama de mandá-la para o castigo de seu
pai? Você é hipócrita, David. Você mata pessoas inocentes que são
forçadas à imortalidade o tempo todo - pessoas que não têm controle
sobre o que fazem - e então você justifica isso dizendo que eles teriam
matado outros inocentes, mas quando é um dos seus malditos aliados,
você desobedece as regras.
Ela não conteve sua fúria. —Foda-se David! Foda-se todos vocês.
A culpa é sua, ela fez isso. A culpa é da sua irmã que minha família
estava perto dela! Você disse que eles ficariam bem. Você mentiu!
Assim como você mentiu para mim ontem à noite. Agora, vou fazer o
que você deveria ter feito na noite em que chegamos aqui!
Lúcifer finalmente se aproximou dela, passando os braços em
volta da cintura dela enquanto sussurrava em seu ouvido. —Garoto
tolo. Por que ele não vê que você precisa de justiça?
Jane acenou para ele. —Por que você não vê que eu preciso de
justiça? Jason merece justiça!
David balançou a cabeça. —Bebê, me escute. Quero que você
tenha justiça pelo que aconteceu. Queria que ela se fosse antes que
você voltasse, mas algo aconteceu com o avião e eles não conseguiram
afastá-la. Arthur está fazendo tudo em seu poder de levá-la ao pai.
—Oh, que gentil da parte de Arthur —, disse ela
sarcasticamente. —O homem que gosta de pegar na mente das
pessoas e acusar as pessoas de serem más quando deixa um monstro
sob o mesmo teto que meus bebês!
—Jane, por favor, tente pensar sobre o que você está fazendo.
Ela o encarou com seu olhar enquanto o ódio cantava alto em
suas veias. —Estou vendo que a justiça é servida.
—Não, você está em busca de vingança, e isso irá destruí-la.
Ela riu. —Acredite em mim, não vou me machucar com isso. Eu
me sentiria mais triste por ter matado Lycaon novamente do que essa
cadela. Ela matou meu marido e tentou matar meus bebês.
—Na verdade, — Lúcifer sussurrou. —Ela tentou fazer Jason
matar seus filhos. Eu o parei lembrando você. Coloquei seu sorriso em
sua mente.
Jane parou de respirar por um segundo. Seu coração parecia
estar sangrando quando viu seu demônio sorrindo ao lado da garota
triste que estava cobrindo seus ouvidos. —Ela tentou fazer Jason
matá-los?
A expressão de David vacilou: —Quem te disse isso?
Lúcifer beijou sua bochecha. —Ela o hipnotizou, deu-lhe uma
faca e ordenou que ele cortasse suas gargantas. Consegui quebrar seu
feitiço, lembrando a Jason o quanto você realmente o amava, e ele
você. — Lúcifer beijou sua bochecha novamente. —Eu a teria parado,
minha rainha, mas sou incapaz de matar uma imortal agora. Fiz o que
pude, o que foi acordá-lo. Mantive-o alerta o tempo suficiente para
revidar.
Jane olhou lentamente para David. —Você sabia que ela
enfeitiçou Jason para matá-los, e você ainda quer que ela viva? E se ela
tivesse conseguido, David? Você tem alguma ideia do que isso teria
feito comigo?
Quebrado, David estava quebrado; ele sabia que estava errado, e
ele estava fazendo tudo de qualquer maneira. —Eu sei, meu amor.
Vou ver que ela será punida, mas não posso deixar que você seja a
única a fazê-lo.
—Pergunte a ele onde ela está para que você possa pelo menos
confrontá-la. — Disse Lúcifer.
—Onde ela está? — A voz dela nem parecia a dela.
— Jane — disse David, aproximando-se. — Não faça isso.
—Ele só a deixará ir novamente. — Lúcifer deu um beijo gelado
no pescoço. —Os cavaleiros estão preocupados apenas em vencer a
guerra. Seu lindo coração não é nada comparado a isso. Ela vai se
safar com nada além de um aviso para nunca voltar. Ela merece
queimar dentro das muralhas do Tártaro. Envie-a para lá, e eu
assegurarei que sua tortura seja grande. — Outro beijo gelou sua pele
queimando antes de mais beijos subirem até sua mandíbula. —
Encontre-a e mate-a.
—Diga-me onde ela está, David. — Ela viu seu demônio
sorrindo maliciosamente, mas Jane não se importava mais.
David segurou suas bochechas e beijou sua testa. —Volte para
mim, meu amor. Eu sei que você está magoada e com raiva, mas essa
não é você.
Houve um rosnado furioso de Lúcifer em seu ouvido e um
assobio feroz de seu demônio, mas ela ouviu David.
Ele beijou sua testa novamente antes de falar. —Minha Jane não
quer machucar ninguém. Mesmo o mais vil dos animais, ela sente
pena. Meu bebê quer cuidar de seus filhos. Ela quer ser feliz e vê-los
sorrir. Meu bebê me ama. — Ele sorriu contra a pele dela. —Quero
ouvir essas palavras novamente. Quero cuidar de você para que
possamos cuidar de seus filhos juntos. Por favor, Jane. Volte. Você está
em casa. — Ele beijou a testa dela novamente e a segurou.
Ela começou a se inclinar contra ele, suspirando enquanto o calor
dele corria contra seu peito, mas ela congelou quando um choque
gelado perfurou seu coração sangrando.
—Jason era sua casa, Jane —, disse Lúcifer, os dedos dele
cavando o quadril dela enquanto o demônio ria e acariciava os cabelos
da menina triste. Lúcifer gentilmente a puxou de volta. —Sua família -
Jason, Natalie e Nathan - eles eram sua casa. David quebrou sua casa.
Ela abriu os olhos e afastou o rosto dos lábios de David.
—Ele quebrou sua casa —, Lucifer sibilou. —E Melody a
destruiu.
—Ela destruiu minha casa. — Disse Jane, sentindo o gelo ao
redor de seu coração.
—Ela o matou —, sussurrou Lúcifer. —Ela o rasgou e se
alimentou do sangue dele. Ela se alimentou de Nathan.
Jane empurrou David com força e mostrou suas presas. —Ela
matou minha casa!
—Bebê, pare.
—Ele não a matará por você —, disse Lúcifer, beijando sua
bochecha. —Você tem que destruí-la. Dê a ela a dor que ela lhe deu.
—Ela pegou tudo de mim! — Ela gritou. —Você vai deixá-la
escapar destruindo minha vida. Você está escolhendo seus aliados em
vez de mim. Eu te odeio!
Lúcifer beijou sua mandíbula, sussurrando em seu ouvido: —Ela
está nas masmorras.

44
E TODOS CAEM
—David, pare! — Gawain gritou, tirando-o de um dos guardas.
David tinha um vampiro desconhecido preso ao chão com a
mão, pronto para arrancar sua garganta. Ele resmungou e
aproximadamente ergueu-se, quebrando o rifle contendo rodadas de
prata na metade.
—Vá. — Gawain o empurrou em direção ao corredor destruído.
—Eles não serão capazes de matá-la de qualquer maneira. Vamos.
David jogou a arma demolida no chão antes de olhar para o
corredor onde os outros já haviam ido. As paredes e o chão estavam
completamente arruinados. Eles estavam cheios de buracos ou
derrubados completamente porque Jane a havia perdido
completamente.
Ele sabia que estava vivo. Porque ela mal estava se apegando a si
mesma, mas usou suas habilidades para mandá-lo através de várias
paredes antes de fugir para procurar Melody. Arthur e os outros
ouviram a destruição, que só ficou mais alta quando Jane se deparou
alguns dos guardas do palácio que tentaram detê-la. Até agora, ela
não havia matado ninguém, mas estava ficando cada vez mais
irritada. Os guardas atirando prata nela a fizeram perder o controle.
Ele sabia que ela precisava ser detida. Mas ele não iria vê-la levar um
tiro.
— Eles não pretendem atacá-la — disse Arthur, quando David
parou atrás dele. — Eles estão assustados.
David limpou o sangue de seu rosto. Sabia que não deveria ter
agredido os guardas, mas era impossível de parar uma vez que a viu
quase levar um tiro nas costas. —Eu sei. — Disse ele, olhando ao virar
da esquina.
—Ela está dentro de um dos quartos. — Disse Tristan.
David olhou para os outros. Eles estavam respirando com
dificuldade, cobertos de gesso e poeira, mas eles pareciam
preocupados com ele.
— As crianças estão longe? — David perguntou, olhando para
Gawain.
—Sim, Guinevere e Elle estão com elas. Elas fugiram para a
cabine de segurança.
David suspirou. —Obrigado.
Arthur rosnou antes de falar. —David, eu não sei como vamos
detê-la. Não consigo ler sua mente, e ela só está ficando mais violenta
com seus ataques. Ela está presa e ela vai nos matar se estivermos no
caminho dela.
—Pare de falar sobre ela como se ela estivesse fazendo isso! —
David olhou para o cunhado: —É por isso que ela foi empurrada para
este ponto! Ela ouviu tudo o que você disse sobre ela antes.
Arthur suspirou, esfregando um pouco de poeira na testa. —
David, é ela quem faz isso. Você disse que ela está segurando o
demônio de alguma forma, que ela quer matar a própria Melody.
—Você não? — David espiou pela esquina novamente,
recostando-se rapidamente quando um raio de energia azul apareceu
direto em seu rosto. —Porra!
Gawain o puxou de volta no tempo. —Você quase bateu em
David, Jane!
—Bom! — Ela gritou, fazendo David encarar o buraco que ela
acabou de atirar na parede.
Gareth riu. —Isso é realmente hilário.
Todos se viraram para olhá-lo.
—Bem, ela não está tentando nos matar —, disse ele, levantando
as mãos. —Mas ela ainda soa como ela, e é engraçado. Ela está
atirando em você com explosões de energia.
David balançou a cabeça e espiou, sendo menos óbvio: —Bebê,
não há saída lá embaixo. Por favor, não atire em mim novamente.
—Vá no inferno, DAVID!
—Bem, agora ela não soa como ela. — Disse Gareth calmamente.
—Ela ainda está lá —, disse David, não desistindo dela. —
Querida, por favor, me escute. Deixe-me ir até lá. Podemos conversar
sobre o que você gostaria de fazer e podemos chegar a um acordo
sobre como e quando ela será punida.
—Eu não preciso falar com você —, ela retrucou desagradável.
—Eu já conheço o castigo dela.
—Droga, Jane! — David estalou, socando a parede. —Esta não é
você.
De repente, Hades apareceu atrás deles, fazendo todos se
virarem. — Onde ela está?
Kay respondeu: — Um dos quartos no final do corredor.
Hades lançou um olhar a Arthur, que David reconheceu quando
alguém estava falando mentalmente com ele, e agarrou Hades pela
garganta, batendo-o na parede ao lado de Arthur. —Se você sabe de
algo, eu quero ouvi-lo agora. Você a julga duramente desde a nossa
última batalha. Quero saber o que está acontecendo.
Hades levantou as mãos em sinal de rendição. —David, certas
coisas devem acontecer. Não posso lhe contar o que sei. Isso não vai
ajudá-la.
—Que porra é essa? — David estalou e apontou um dedo para
Arthur. —Eu juro, irmão, se você souber de algo - algo que fez você se
virar contra a mulher que amo - não vou perdoá-lo.
Arthur suspirou e olhou para Hades antes de se voltar para
David. —David, ela não é a mulher que você ama. Jane se foi.
David soltou Hades, tropeçando para trás como se tivesse sido
fisicamente atingido. —O que?
Arthur olhou para Hades antes de olhar para David. —Sim, ele
sabe de algo, e eu descobri porque ele pensou nisso enquanto estava
minha presença. Eu teria lhe dito se não fosse o que ele também
incluiu aconteceria se isso fosse revelado. Mas os pensamentos de Jane
não estão mais ao meu alcance, então eu posso apenas supor que ela
se foi e você esteve com todo o demônio dela. desta vez.
—Essa é Jane. MINHA JANE! Ela não é um maldito demônio. —
David mostrou suas presas para Arthur enquanto Gawain e Gareth o
seguravam: — Tudo o que você precisa fazer é olhar nos olhos dela e
vê-la, mas você a julgou assim que perdeu a capacidade de ouvir seus
pensamentos. Ouça-me sobre Melody. Você deixou essa cadela te
enganar, e agora meu bebê está perdendo a guerra dentro da porra de
sua mente. Como você não pode esperar que ela reaja dessa maneira?
Você viu Jason?
—Todos nós o vimos, David —, disse Arthur. —Assumo total
responsabilidade por não remover Melody antes, mas não posso
permitir que Jane a mate.
David rosnou, fechando o punho. —Isso foi a coisa mais difícil
para eu dizer a ela. Que eu não posso garantir que a justiça seja dada
porque você precisa de Zeus para lutar conosco. Ela tem todo o direito
de ficar tão furiosa conosco. Melody merece morrer.
— Não é assim que Jane a matará — disse Arthur, balançando a
cabeça. — Ela a torturará e isso é errado.
—Se você a tivesse condenado à morte antes que ela voltasse, ela
não sentiria que estamos escolhendo Melody sobre ela.
—Vamos tentar conversar com ela novamente —, disse Gawain,
olhando para Arthur. —Eu sei que é Jane, irmão. Ela está machucada e
seu demônio provavelmente está alimentando sua raiva, mas Jane é
uma boa pessoa.
David deu um tapinha no ombro de Gawain. —Eu irei sozinho.
Acho que ela se sente ameaçada demais por todos que a perseguem.
—Ela atacou você também, David. — Arthur apontou.
David sorriu, mas estava além de pronto para acabar com
Arthur. —Jane teve a chance de me matar várias vezes hoje à noite. É
por isso que eu sei que ela é minha Jane. Ela se conteve e está
impedindo de matar alguém até agora.
Hades deu um pequeno sorriso e acenou para David. —Tenha
cuidado. Ela pode estar se segurando agora, mas acabará perdendo o
controle. Assim como sempre perdeu.
Foi preciso muita contenção para não atacar nenhum deles, mas
ele se abriu: —Bebê, eu estou indo para lá. Sou apenas eu. Os outros
vão ficar aqui.
Ela não respondeu, mas ela não atacá-lo com seus poderes
também. Isso era bom o suficiente para ele.
—Bebê? — ele disse quando chegou à porta onde sabia que ela
estava. —Querida, posso entrar?
Ele ouviu, e apenas devido à sua audição extra sensível, ele
percebeu seus sussurros fracos.
—Por favor, não faça isso —, ela sussurrou, soando à beira das
lágrimas. —Por favor, mantenha-os seguros. Eu não posso lutar com
ela mais.
—Bebê, eu vou entrar —, disse David, sabendo que ela estava
prestes a se perder. —Não tenha medo, sou só eu. — Lentamente, ele
abriu a porta danificada e espiou a cabeça para vê-la em pé no meio
do quarto com os braços abraçando o tronco.
Ele deu um pequeno sorriso, feliz por ela não o atacar, e entrou
na sala . —Oi bebê.
A cabeça dela balançou como se ela estivesse concordando com
alguém.
David caminhou até ela. —Jane —, disse ele, e finalmente seus
olhos se encontraram com os dele. —Sinto muito que você tenha
descoberto assim. Eu estava com raiva também. Eu quase lutei com
Arthur agora, porque isso poderia ter sido evitado.
Os olhos de Jane brilharam pretos, mas a maneira como seu rosto
se enrugou de dor lhe disse que ela ainda estava lá.
—Eu a vejo, bebê. Eu sei que ela está machucando você. — Deus,
ele queria protegê-la disso. —Não consigo imaginar como é, mas
quero estar lá para ajudá-la. Amo você e sei que você me ama. Você
me mataria se não me amasse.
Seus olhos cor de avelã se encheram de lágrimas. —Eu não
consigo parar.
—Bebê, você pode. — Ele sorriu, gesticulando para si mesmo: —
Eu não estou machucado. Você está falando comigo.
—Porque ele-— Ela balançou a cabeça.
David franziu a testa. —Ele?
—Não há ele.
David estudou a maneira como ela estava de pé. Parecia
antinatural. Ela estava se abraçando, mas parecia que ela iria cair - só
que ela não estava. —A Morte está com você?
Os olhos dela se arregalaram. —Não. Não o vejo desde que lhe
disse para sair. Eu não o sinto.
—Então me diga quem diabos está com você. — Ele não queria
machucá-la e sabia que não podia atacar exatamente algo invisível. —
Jane, me responda.
—Não. — Ela sussurrou, choramingando e inclinando a cabeça.
—Não dê ouvidos a isso. — David deslizou seu olhar pelo corpo
dela, notando que ela realmente parecia estar sendo segurada. —
Quem está com você, eles não estão aqui para ajudá-la. Confie em
mim, querida. Eu posso ajudar. Você só tem que me dar uma chance.
Ela ficou parada, a cor dos olhos mudando mais violentamente
enquanto inclinava a cabeça e choramingava algumas vezes.
—Jane, olhe para mim.
—David, eu não...— Ela balançou a cabeça, cobrindo os ouvidos.
—Diga-me o que está acontecendo.
Ela arreganhou as presas, encarando-o com olhos negros antes
de gritar e os olhos castanhos voltarem à vista.
—Você é mais forte que ela, Jane. — Seu coração batia forte
enquanto ele rezava para que ela tivesse força. —Eu sei que você é,
então empurre-a para baixo e volte para mim. Eu vou lidar com
Melody.
Ela assobiou, mas ele segurou suas bochechas, sorrindo quando
os olhos castanhos o olharam.
—Aí está você. Fique aqui, querida, e me escute. Eu te amo.
Ela chorou. —David, eu não posso.
—Shh... Está bem. Me escute. Respire mais devagar e ouça. —
Ele esperou que ela diminuísse a respiração e falou novamente. — Eu
te amo muito, Jane. Essa coisa dentro de você está tirando você de
mim, e eu não quero que isso aconteça. Eu sei que está fazendo você
pensar que precisa matar Melody - quer que você a mate para que ela
possa ganhar. Se você fizer isso, ela fará. Se ela vencer, nunca mais
vou te ver. Você nunca me verá, querida. Ela pode fazer o que quiser,
e acho que ela não gosta de mim.
—Ela te odeia. — Os lábios dela tremeram.
Ele alisou o cabelo dela para trás. —Eu sei. E sei que minha
garota não gosta quando estou ameaçado. — Ele sorriu quando ela fez
beicinho e balançou a cabeça. —Meu bebê é feroz quando sou
ameaçado, e ela é ainda mais cruel quando seus bebês são ameaçados.
Você precisa encontrar essa força. Sempre foi você, meu amor. Não foi
ela quem se levantou para me defender ou aos gêmeos. Então lembre-
se disso quando ela estiver me ameaçando, e você a colocará no lugar
dela. Porque eu quero você comigo por muito tempo, meu amor.
Quero que você crie seus bebês e quero ajudá-la a fazer isso. Eles
sentem tanto a sua falta, e eu quero levar você para casa.
O medo brilhou em seus olhos e seu corpo tremeu. —David, eu
vou machucá-los. Por favor, não.
—Me escute, Jane. Você é uma mãe maravilhosa. Eu não ligo
para o que você pensa. Eu sei pela maneira como eles falam sobre
você. Todo mundo sabe. Eles te adoram, querida. Eles querem que
você seja feliz. Isso só pode ser porque eles têm uma mãe que lhes
mostra todos os dias o quanto os amava.
—Mas você mentiu para mim. — Seus olhos escureceram, mas
ela os fechou antes de revelar avelã novamente.
—Você está indo tão bem, querida. — Ele esfregou as bochechas
dela com os polegares. —E eu não quis mentir. Sinceramente, pensei
que ela se foi. Eu sabia que Arthur era contra a execução de uma
sentença de morte, então sugeri bani-la até que todos pudéssemos
concordar com a punição dela.
—Ela merece morrer. — Disse ela, com o peito arfando
novamente.
—Eu sei. Concordo. Ela merece a penalidade máxima pelo que
fez com eles.
—Eu a quero morta, David. — Disse ela, olhando-o diretamente
nos olhos. Avelã.
Ele exalou, sabendo que essa seria a única maneira de mantê-la.
—Ok. Se você se acalmar e concordar em ficar comigo, cumprirei
qualquer sentença que você exigir. Se essa é a vida dela, eu aceito.
Ela procurou o rosto dele, recuando algumas vezes antes de
rosnar.
—Quem quer que esteja discutindo com você, ignore-os e foque
em mim. Eu sou seu David. Eu te amo. Quem está falando com você -
tentando fazer com que você me deixe - eles não amam você. Eles
estão mentindo para você e usando seus medos para fazer você
acreditar que eles se importam. Eu me preocupo com você. Então,
você me diz o que precisa que aconteça, e eu farei.
—Quero que ela pague pelo que fez. — Disse ela, mantendo os
olhos da mesma cor avelã.
—Ok. — Ele assentiu, esperando que estivesse escolhendo as
palavras certas. —Eu também. Você acha que podemos esperar até
que a guerra termine?
Preto. Ela cobriu as mãos dele, mas estava tentando se acalmar,
então ele ficou parado. Finalmente, abrindo os olhos, ela balançou a
cabeça. —Ela tirou a chance dos meus filhos de ter o pai e machucou
Nathan. Não, ela não espera.
—Você tem certeza? Você sabe que não posso trazer alguém de
volta. Não posso desfazer o que sua sentença de morte fará com que
aconteça na guerra. Não estou tentando influenciar você, estou me
certificando de que não se arrependa de nada.
Ela inclinou a cabeça, choramingando.
—Bebê, olhe para mim. Fique comigo. — Ele sorriu quando ela
olhou para algo que ele não podia ver. —Diga-me, Jane. Você quer a
vida dela pelo que ela fez com Jason e Nathan?
Os olhos dela lacrimejaram e ele sabia que estava entendendo o
que queria dizer. —Eu não sei. Sim, mas não quero que você faça.
Ele sorriu, alisando os cabelos dela para trás. —E por que isso,
bebê?
Ela franziu a testa, estudando o rosto dele enquanto ainda se
encolhia, mas agora ela estava agarrada às mãos dele no rosto. —O
que isso faria com você? Isso seria um pecado ou algo com o qual você
não poderia viver?
—Não importa o que acontece comigo —, ele disse
honestamente. —O que importa para mim é o que acontece com você.
Se isso lhe dá paz para vê-la morta, quero ser o único a lhe dar isso.
Uma lágrima caiu de seus olhos. —Você fará isso por mim? Você
a fará pagar pelo que ela fez?
—Sim, bebê.
Ela franziu a testa e fechou os olhos. Ele observou as feições dela
alternarem entre parecer ouvir e depois argumentar de volta.
—Por que você está fazendo isso, David? — ela perguntou com
os olhos fechados. —Você disse que é ruim fazer isso.
—Eu ainda farei qualquer coisa por você.
Ela abriu os olhos, mas ficou em silêncio.
Ele sorriu, rezando para que isso a traria de volta. —Eu amo
você, Jane.
Um sorriso trêmulo se formou em seus lábios, e ela estendeu a
mão para tocar sua boca. Ele continuou sorrindo para ela e se apoiou
na mão macia dela. Parecia mais fria que o normal, algo que ele
percebeu que acontecia com ela quando ela alcançava esses pontos de
ruptura.
—Obrigada, David —, ela sussurrou. —Você fará isso agora?
Não tenho certeza se posso mantê-la fora de minha mente por muito
tempo. Se estiver pronto, talvez haja uma chance de eu fazer isso.
Talvez possamos sair? Só você e eu, para que meus bebês e mais
ninguém se machuquem. Você não precisa, mas eu não quero ficar
sozinha. — Ela arreganhou as presas e olhou para a direita. Então ela
se encolheu, olhando para o lado.
Há dois com ela.
—Tudo bem, meu amor. — David sabia que isso estava errado,
mas ele tinha que salvá-la de si mesma. Ele não podia ver o amor de
sua vida se perder porque ela estava sendo manipulada. Ele se
sacrificaria por ela.
—Agora, David —, disse ela, seus olhos escurecendo antes de
virar avelã novamente. —Eu quero estar com você. Eu preciso vê-la
morrer.
Isso foi contra tudo o que sabia, mas ele faria isso se a salvasse.
—Você promete ficar comigo, Jane?
Ela se encolheu, choramingando enquanto cobria sua orelha
direita.
—Não ouça mais. Eu estou bem aqui.
—Estou tentando. — Ela apertou o pulso dele, respirando
profundamente quando começou a tremer. —Eu estou tentando.
—Bom bebê. Estou tão orgulhoso de você. — Ele beijou a testa
dela. Sua pele parecia gelo. —Nós iremos agora. Eu sei que dói. Eu
vou te aliviar, por favor, fique.
—Sinto muito, David. — Disse ela, olhando para ele.
David agarrou seu rosto com mais força e a beijou. Ela
respondeu instantaneamente, passando os braços em volta do pescoço
dele. Seus lábios sempre tinham um gosto tão doce e desta vez não era
diferente. Ela apertou seu abraço, choramingando quando ele sentiu
um puxão constante, como se algo estivesse tentando afastá-la.
Ele aprofundou o beijo deles, puxando-a contra ele. Mais uma
vez, algo a puxou, mas ela segurou. Ele sorriu, mordendo o lábio para
sangrar. Ela gemeu, chupando o lábio dele apenas para morder o seu
por ele. David rapidamente a levantou, puxando as pernas em volta
da cintura dele enquanto bebia seu doce sangue.
Ela chorou contra a boca dele. —Eu amo você, David.
—Deus, eu também te amo, bebê. — Disse ele, puxando seus
cabelos e beijando-a com mais força.
Ela se afastou o suficiente para falar. —Por favor, não me odeie.
Sinto muito por tudo que fiz. Sinto muito pelo que estou pedindo para
você fazer.
Ele balançou sua cabeça. —Eu nunca poderia te odiar, meu
amor. Eu quero que você tenha paz. Se é assim que você conseguirá,
que assim seja.
Ela choramingou novamente, chorando enquanto enfiava os
dedos no ombro dele. —Eu te amo! Me perdoe... Eu te amo. Eu te
amo. — Ela parecia histérica e desesperada por ele ouvir isso dela.
—Não tenha medo. — Ele sorriu, esfregando sua bochecha. —Eu
também te amo. Sempre. Meu amor - meu bebê, minha gatinha, minha
boneca. Eu te amo. Tudo vai ficar bem. Enquanto ficarmos juntos,
ficaremos bem.
Ela balançou a cabeça, acariciando sua bochecha com os dedos
frios. —Não vai ficar tudo bem. — Ela tocou seus lábios. —Nada vai
ficar bem.
—Estará. — Ele pressionou a palma da mão na bochecha dela;
ela estava tão fria. —Eu sei que seremos felizes e juntos quando tudo
acabar.
Ela deu a ele aquele olhar, aquele olhar que significava tudo para
ele.
Ele sorriu antes de beijá-la suavemente. —Eu também te amo.
—Não faça isso, David—, disse Arthur, seguindo atrás dele e
Jane.

David apertou a mão dela. —Eu preciso, irmão. Não vou deixar
que ela faça isso, e me recuso a perdê-la porque estamos colocando
táticas de batalha à frente do que é certo.
—Eu nunca quis que parecesse assim —, disse Arthur, ainda os
seguindo enquanto desciam a escada escura para a masmorra. — Mas
vocês dois devem entender que precisamos de todos os aliados.
Quanto mais temos, maior a chance de salvar este mundo, que inclui
Nathan e Natalie.
—Não traga as crianças para isso. — David lançou um olhar
sombrio para Arthur. —Ela é quem merece exigir uma sentença, e ela
terá. Se Zeus não pode ver que é justo, ele se torna meu inimigo.
—Isso vai colocar muitos contra nós —, disse Arthur. —Jane, por
favor, entenda que nossas intenções são para o bem de todos. Nosso
dever é manter o mundo seguro. Fazer isso quebrará nossas chances
de sucesso.
—Chega! — David gritou, parando no corredor frio. Ele se virou,
encarando Arthur. —Você quer que ela faça isso? Você quer que eu a
perca para sempre? Para ela se perder?
Arthur balançou a cabeça, suspirando. —Você sabe que eu não
quero nada disso.
—Então não interfira —, disse ele, sabendo que todos os seus
irmãos estavam ouvindo. — Também não quero machucar ninguém,
mas machucarei se você tentar me impedir. Ela precisa de justiça, e
este é o único caminho para ela encontrar a paz. Pelo menos assim, é
justo e rápido. Esta é a única maneira de eu salvá-la. — Ele não
esperou que nenhum de seus irmãos discutisse com ele e virou o
corredor novamente.
Jane estava choramingando o tempo todo, enquanto lágrimas
constantemente escorriam por seu rosto.
—Espere, bebê. — Disse ele, puxando-a para perto.
—Estou tentando. — Disse ela, abraçando o braço dele quando
ela parecia ser puxada um pouco na outra direção.
David não queria que os outros entrassem em pânico, então ele a
moveu para o outro lado antes de finalmente alcançar a porta que
procuravam. Ele não entrou imediatamente. Por um momento, ele
olhou para a porta de metal, rezando para que isso fosse suficiente
para, pelo menos, ajudá-la a escapar do que quer que a esteja
ameaçando.
—David. — Ela sussurrou, suas mãos tremendo enquanto
abraçava o braço dele novamente.
Ele olhou para baixo, sorrindo suavemente antes de se abaixar.
—Eu te amo. — Ele a beijou rapidamente. —Muito.
Ela tocou seus lábios, chorando. —E eu te amo.
Ele sorriu, beijando-a mais uma vez. —Deixe-me lutar esta
batalha por você. E eu prometo que lutaremos todas as batalhas juntos
a partir de agora. Seja minha garota corajosa, ok?
—David, por favor, pense bem. — Disse Arthur, derrotado.
Rosnando, David beijou os lábios de Jane, as bochechas
molhadas e a testa antes de encarar Arthur. —Eu penso. Não interfira.
— Ele olhou para os outros atrás de Arthur. —Qualquer um de vocês.
— Ele faria isso por ela, mesmo que isso lhe custasse a alma. E com
essa confirmação em seu coração, ele abriu a porta.
Estava escuro, mas ele instantaneamente trancou os olhos com
Melody enquanto ela pegava suas unhas.
Ela se sentou ereta, os olhos arregalados quando notou Jane e os
outros. —O que está acontecendo? — Ela saiu da cama, olhando
carrancuda para Jane, mas se afastando. Suas correntes caíram no
chão de pedra. Elas eram restrições bárbaras com pontas de prata que
cavavam a pele do usuário, projetadas especificamente para
enfraquecer sua espécie.
David não respondeu. Em vez disso, ele verificou se Jane estava
mantendo o controle. —Jane?
Seus lábios tremiam quando ela olhou para ele, mas ela assentiu,
estendendo a mão para tocar sua boca. Ele sempre se perguntou por
que ela fazia isso, e ele esperava descobrir.
—Eu te amo, amor. — Ele sorriu suavemente quando Melody
sibilou, mas manteve os olhos nos de Jane. Ela parecia tão rasgada
agora. —Não se preocupe mais, eu vou cuidar disso para você.
—Isso é sobre o quê? — Melody gritou, olhando para Arthur.
David manteve os olhos em Jane e levantou a mão livre para
acariciar sua bochecha gelada. Seus olhos castanhos estavam
escurecendo novamente, então ele deu um longo beijo nela.
—Melpomene —, disse Arthur, chamando Melody pelo seu
nome verdadeiro. —Minha sentença de banir você de minhas terras
não se encaixa nos seus crimes contra Jane e sua família. — Ele fez
uma pausa e David puxou os lábios dos de Jane. —David veio para
executar a punição que ela está solicitando.
—Que é? — Melody exigiu.
—Sua morte. — Disse Arthur.
—Você não pode me matar. — A surpresa e o medo de Melody
estavam claros em sua voz estridente. —Meu pai não permitirá. Você
conhece as regras, Arthur.
—Chega! — David gritou, impedindo-a de usar sua magia.
Melody recuou contra a parede. —David, você sabe o que vai
acontecer se você me matar.
—Você conhecia seu crime quando atacou Jason —, ele disse a
ela. —Quando você o enfeitiçou para matar seus próprios filhos.
—Ele me atacou! — Melody gritou, olhando para os outros, mas
eles haviam baixado o olhar para o chão para evitar cair sob seu
feitiço. —Eu estava me defendendo.
Quando ela olhou para ele, seus olhos rodando em tons de
esmeralda, ele arreganhou as presas. —Você sabe que seus encantos
não funcionam comigo.
Melody olhou para Jane. —Se você solicitar a minha morte, você
será o responsável pela deles. Será sua culpa quando o sangue de seus
filhos enche as barrigas da minha família.
David rosnou com seus irmãos e apertou a mão de Jane.
—Cale-se! — Jane gritou.
Melody sorriu maliciosamente, e Jane realmente se encolheu ao
vê-lo. —Ele era um homem patético de qualquer maneira —, disse
Melody. —Você sabe o quão perto ele chegou de cortar suas
gargantas?
—Cale-se! — A voz de Jane falhou.
—Ele estava tão perto —, disse Melody. —Ele tinha a faca nas
mãos, apenas esperando pressioná-la naquele pirralho.
—Chega, Melody. — Disse David, movendo-se para bloquear
Jane da visão de Melody.
—Eles vão matá-la, David. — Melody riu. —Eles vão matar
todos eles, e a culpa é sua. Eu só fiz o que todos vocês queriam fazer
de qualquer maneira. Eu vi o jeito que você olhava para ele; ele estava
no seu caminho. Eu te fiz um favor. Agora essa garota patética pode
chamá-la dela sem mais fingir ser leal.
—Ele não era fraco. — Jane sussurrou enquanto se movia
rapidamente ao redor de David. Ele teve que segurá-la.
Melody zombou dela. —Seu marido me disse o quanto você
chorou. Ele me disse como você nunca o satisfez. Que ele tinha que
buscar prazer em outro lugar.
—Pare. — Jane soluçou.
Melody não parou. —Ele me contou sobre o dia em que admitiu
não amar você. Ele me disse que eu era mais bonita que você. Ele disse
que meu corpo estava melhor que o seu. Que eu o agradava mais do
que você jamais fez em todo o seu casamento.
Jane se lançou, mas David a segurou, passando os braços em
volta dela com força.
—Não, querida. — Disse ele, beijando a cabeça dela enquanto ela
chorava.
—Você mente! — Um soluço silencioso sacudiu seu corpo. —Sua
puta de merda.
David sentiu seus irmãos se aproximando, mas eles estavam
honrando sua ordem de não interferir.
—Você não pode me tocar, putinha. — Melody riu. —É assim
que eles chamam você no inferno, sabia? A putinha da Morte e de Sir
David.
David estremeceu quando a temperatura do corpo de Jane caiu.
—Cale a boca, Melody.
Ela sorriu para Jane, ignorando-o. —Você vê como eu sou mais
importante? Ele não vai deixar você me tocar, vai? Talvez ele queira
me tocar como Jason. Talvez ele queira me tocar como antes.
—Melody, cale a boca. — David rugiu, segurando Jane enquanto
ela gritava.
—Ele te contou sobre o passado dele? Sobre suas conquistas que
destruíram todas as outras? Ele é um deus do sexo, e ele
definitivamente teve melhor que você. Ouvi anjos caírem do céu
apenas para transar com ele.
—Cale a boca! — Ele gritou, abraçando Jane. Seu poder estava
pulsando, e ele estava com medo de deixá-la ir. —Ela está mentindo,
querida. Você já sabe que tenho um passado, mas não sou mais esse
homem. Não sou esse homem desde que me disseram que te
encontraria. Confie em mim, meu amor. Deixe-me fazer o que vim
fazer. Eu farei isso, mas preciso que você se acalme para que eu possa
deixar você ir. Você não quer machucar ninguém aqui.
Melody continuou rindo dos gritos de Jane. —Sabe, eu não sei
quem fode melhor. David ou seu marido morto. Gostaria de
perguntar, mas tenho a sensação de que David é repelido por sua
carne cicatrizada e pelo corpo que levou Jason a se masturbar no
escuro. Ele teve que assistir mulheres perfeitas para se despertar,
porque você o enojou com suas estrias horríveis.
Jane gritou, se debatendo em seu abraço, mas chorando tanto
que ela não conseguia se concentrar.
—Você é tão patética. — Melody zombou. —Mal vejo o apelo
que eles têm por você. Mesmo sem a instrução deles, eu teria gostado
de terminar a doce vida deles.
A luta de Jane enfraqueceu. Mais uma vez, ela estava sendo
derrotada por um monstro que ele não podia ajudá-la a lutar.
—Mas não importa —, continuou Melody. —Todos eles
morrerão no final, e eu serei recompensada por causar a pequena
prostituta cair da graça.
David não entendeu do que Melody estava falando, mas sabia
que tinha que aproveitar a chance para cumprir a sentença de morte.
—Bebê?
Ela estava chorando quando olhou para ele.
Ele sorriu e se inclinou para beijá-la. —Deixe-me fazer isso agora.
Ela merece isso. — Seus lábios macios se voltaram para baixo de seus
gritos silenciosos, mas ele deu mais beijos neles, abraçando-a quando
ela parecia perder força. Aquele puxão voltou com seu frio ameaçador
ao redor dos dois. —Fique aqui. Farei isso rapidamente.
Ela abriu os olhos verde-oliva e tocou os lábios dele. —Obrigada,
David.
—De nada meu amor. Está quase acabando. — Ele pressionou
outro beijo nos lábios dela e olhou por cima do ombro. —Gawain, me
dê a lâmina.
Gawain não falou, nem os outros enquanto pegava uma faca de
prata.
Jane choramingou quando o frio os abraçou novamente, então
David a puxou para seu peito e a abraçou.
Ela rapidamente passou os braços pela cintura dele, enterrando o
rosto no peito dele. —Eu amo você —, disse ela. —Eu te amo.
—Eu também te amo. — Ele beijou o topo da cabeça dela.
—Você não pode estar falando sério! — Melody gritou, movendo
o mais longe que suas correntes permitiriam. — Você conhece as
regras, Arthur. Eu devo ser mantida longe do perigo.
—Não posso detê-lo, Melpomene — disse Arthur. —Vamos
apoiar a decisão de David, mesmo que isso derrube todos os exércitos
imortais sobre nós.
—Você não pode! — Ela gritou, puxando as correntes.
—Está fora do meu controle —, disse Arthur. —Que seu castigo
na vida após a morte traga a paz de Jane.
—Não! — Os gritos de Melody ricochetearam nas paredes,
machucando todos os ouvidos.
—David. — Gawain chamou atrás dele.
Ele pegou a faca e levou a mão de Jane aos lábios. —Fique com
Gawain.
Depois que Gawain a abraçou, David desviou o olhar e
caminhou em direção a Melody.
Ela gritou com ele, puxando suas correntes com mais força. —
Você não pode fazer isso! Eu estou protegida. Você está quebrando as
regras.
Ele ignorou as palavras dela e estendeu a mão mais rápido do
que ela poderia reagir, envolvendo os dedos em volta de sua garganta.
Ele apertou um pouco enquanto ela tentava sair do seu poder.
—Você vai queimar por isso, David —, ela cuspiu. —A alma dele
está em suas mãos, Jane. Você viverá sabendo que o condenou ao
inferno.
David apertou-a com mais força, calando-a. Ele ficaria feliz em
queimar por toda a eternidade se Jane pudesse ter a paz que merecia.
Ela começou a se debater no aperto dele, mas ele posicionou a
faca sobre o coração dela, ignorando a voz em sua cabeça, dizendo-lhe
para parar. Perdoe-me, pai, ele rezou, pressionando a lâmina na pele
dela.
—PARE! — Jane gritou. —David, pare!
David parou o movimento, mas não soltou Melody.
Uma mão tocou suas costas e ele sabia que era Jane. Ela o
alcançou e puxou seu pulso. —Não.
—Bebê? — Ele procurou os olhos dela quando ela apareceu.
Ela deu um sorriso fraco e deixou uma lágrima cair. Seus olhos
estavam completamente castanhos agora. Eles disseram essas três
palavras. —Não a mate. — Ela puxou mais a mão dele. —Não preciso
da morte dela. Eu apenas preciso de você.
Ele soltou um suspiro que não tinha percebido que estava
segurando e empurrou Melody do seu lado antes de puxar Jane para
ele. Ele segurou a bochecha dela, pressionando os lábios na testa dela.
Ela está quente de novo. —Você tem certeza?
Sua cabeça balançou e ela o abraçou. —Tenho certeza. Eu não
posso te perder. Você não.
Ele riu e beijou sua testa novamente antes de inclinar os lábios
nos dele. Ela tinha um sorriso no dela e ele os beijou rapidamente. —
Nunca meu amor.
Melody cuspiu, ofegando, a poucos metros deles, mas ele não se
importava mais com ela. Ele sorriu e deu mais alguns beijos no cabelo
de Jane antes de virar os olhos para os irmãos. Eles pareciam tão
aliviados quanto ele, mas sua felicidade vacilou ao ver a expressão
triste de Arthur.
—Meu pai vai ouvir isso. — Melody murmurou.
David decidiu tirar Jane de lá, e ele pegou a mão dela,
caminhando rapidamente para a porta.
—Tudo isso sobre uma humana sem sentido e uma garota
patética. Todos eles vão morrer e chorar, assim como Jason. O covarde
me pediu para poupar seus bastardos. Mas vou provar o sangue deles
com o resto deles. Você acabou de provar o quão intocável eu sou, sua
puta estúpida. — Ela riu rapidamente e começou de novo. —Eles me
disseram como seu anjo te abandonou.
David tentou arrastar Jane, mas ela cravou os calcanhares no
chão enquanto seu poder pulsava, impedindo-a de ser dominada.
—Não a escute, Jane. — Ele tentou puxá-la, mas ela ficou parada.
—Você não era digna o suficiente para tal guardião —, disse
Melody. —Aposto que ele ficou feliz por se livrar de você. Você vai
perder todos eles. Você vai perder tudo e ser deixada sozinha. Assim
como você sempre mereceu. Você é nada. Mesmo Deus não queria
que você tivesse felicidade. Você é uma aposta; um jogo entre o diabo
e Deus. Você não é nada de especial. Você é uma garotinha fraca e
triste, e eu vou rir quando você perder todos que ama. Sorrirei quando
os homens que você ama esquecerem de você, quando foderem
incontáveis pessoas que não se parecem em nada com você, você é um
brinquedo de merda.
Jane estava montando Melody antes que ele pudesse se virar. Ele
correu com os outros, mas eles foram bloqueados pela barreira dela.
—Jane! — Ele gritou, seu coração explodindo enquanto a
observava sufocando Melody. Estava acontecendo tudo de novo. —
Jane, não, amor. Pare!
Ela lamentou, mantendo a mão na garganta de Melody enquanto
dava um soco no rosto várias vezes.
—Jane! — Os outros gritaram ao redor dele, pressionando contra
a parede invisível.
David pressionou a mão na barreira fria. Parecia uma parede de
gelo.
Os gritos de Melody soavam junto com os de Jane enquanto ela
continuava a socá-la.
—Bebê, não faça isso! — Implorou.
Ela não parou, no entanto, e ele observou as feições dela afiarem
e contorcerem de raiva enquanto suas presas pressionavam seus
lábios. Seu rugido vibrou os itens soltos no lugar. Ele olhou
horrorizado quando ela começou a rasgar a pele do rosto e do peito de
Melody.
—Jane, não! — Ele bateu na parede, seus olhos ardendo em
lágrimas enquanto ela gritava, mas nunca parava de espancar a
vampira abaixo dela.
O sangue e a carne de Melody voaram pelo ar. Seus esforços
para revidar eram inúteis.
—Pare!
Ela chorou mais alto quando o frio se intensificou ao redor deles.
David não sabia o que fazer e olhou para Hades e Arthur ali de
pé, sem fazer nada. Todo mundo estava batendo na parede ou
gritando para ela parar, mas eles apenas assistiam.
Ele rugiu, virando-se para socar a parede dela novamente,
esperando que enfraquecesse o suficiente para ele passar. —Bebê. —
Ele fechou os olhos por um momento quando ela começou a derreter a
carne de Melody para longe de seu corpo, apenas para substituí-la e
fazê-la novamente. —Jane, você prometeu ficar comigo.—
—David! — Ela soluçou, olhando para ele. —Eu sinto muito. Eu
sinto muito.
—Bebê. — Ele balançou a cabeça, frenético. —PARE!
Ela apenas choramingou mais alto, e ele assistiu horrorizado,
enquanto o corpo de Melody parecia desmoronar. Ele nunca tinha
visto algo assim. Seu corpo estava sendo esmagado e reparado, depois
esmagado novamente.
—Eu amo você, David. — Jane chorou.
A faca que ele ainda segurava estava subitamente voando para a
mão estendida dela. —Não! — Ele gritou quando ela colocou as mãos
sobre a cabeça, pronta para mergulhar no coração de Melody.
A sala estourou com luz verde quando o rugido da Morte
sacudiu as paredes. A Morte chegou para puxar Jane, mas David
olhou chocado quando um homem de terno branco brilhou
subitamente à vista, os braços em volta de Jane por trás.
A Morte arrancou o homem, rugindo quando ele o bateu contra
a parede e o socou no rosto. —O suficiente!
O homem riu e disse: —Você está atrasado.
A Morte parou e os dois se voltaram para Jane.
Ela não estava se movendo de onde ela ainda estava montada
em Melody. Ela estava olhando para algo, e isso quebrou o coração de
David quando ele viu o que era.
—Não. — Ele sussurrou, vendo a lâmina saindo do peito de
Melody com as mãos de Jane ainda enroladas no cabo.
Jane levantou os olhos arruinados para encontrar os dele. —
David.
—Bebê. — Ele caiu de joelhos quando o preto começou a nublar
sua bela cor avelã.
—David. — Disse ela, as lágrimas escorrendo pelo rosto quando
o homem de branco apareceu de repente atrás dela.
Ele a levantou nos braços, e ela não lutou contra ele. —Está na
hora, Jane.
Ela assentiu, ainda chorando.
—NÃO! — David se levantou, socando a parede novamente.
A Morte tentou se aproximar dela, mas ele também foi
bloqueado. —Não, Lúcifer. Este não era o negócio! — Suas asas se
manifestaram quando ele rosnou, pressionando a mão na barreira. —
Não vá, menina. Isso não deveria acontecer. Por favor, deixe-me
entrar. Eu nunca saí. Eu nunca saí, querida.
—Morte? — Os olhos dela se voltaram para os do anjo.
—Sou eu, doce Jane. — As asas da Morte se expandiram, sua
aura pulsando com fogo verde. —Estou aqui. Estive aqui. Você não
precisa ir. Vou levá-la ao meu reino. Vou ficar com você. Não me
importo com as regras. É só você. Só você, anjo.
Mais lágrimas caíram quando a escuridão continuou a nublar
seus olhos. —Perdoe-me. Eu não pretendia.
Os olhos da Morte brilhavam. —Eu sei, menina. Está tudo bem.
Vai ficar tudo bem. Eu vou consertar isso.
—Morte, me mate! — Ela gritou. —Deixe-me ir.
A Morte balançou a cabeça quando uma expressão tensa cruzou
seu rosto. —Eu nunca vou te deixar.
—Jane —, David chamou, seus olhos ardendo com lágrimas não
derramadas quando ela olhou para ele. Um sorriso perverso torceu
em seus lábios quando Lúcifer sussurrou em seu ouvido. —Não,
querida, não ouça. Ele a quer. Você não. Não faça isso.
Ouro e verde encheram seus olhos. —Meu David. — Disse ela
diante de seus olhos completamente pretos.
—Vocês dois perderam —, disse Lúcifer antes de beijá-la nos
lábios. —Ela é minha. — Ele lambeu o sangue de sua bochecha e
sorriu quando ela procurou seus lábios novamente.
O rugido assustador da Morte só fez Lúcifer rir enquanto Jane
assobiava para o anjo que ela tanto amava.
—Bebê. — David disse, observando o demônio olhar para ele.
Ela puxou os lábios para trás em um rosnado, mas ele olhou para
aqueles olhos escuros que a corromperam. Um lindo rosto cor de
avelã durou apenas um segundo antes de se afogar na escuridão - mas
dizia tudo: —Eu também te amo.
O rugido da Morte sacudiu a pedra: —Vou arrancar sua maldita
alma da sua garganta!
Lúcifer beijou a bochecha de Jane. —Minha rainha diz o
contrário.
—Jane. — David disse, mas havia apenas o cadáver de Melody lá
agora.
David não conseguia se mexer. Ele olhou para o sangue
enquanto a Morte destruía o lugar e Hades tentava detê-lo.
Bedivere cobriu o corpo de Melody quando David finalmente
saiu de seu torpor.
Ele virou-se para a Morte, e eles olharam um para o outro por
um longo tempo antes de David falou. —Onde ele a está levando?
—Ele vai exibi-la —, disse Morte, suas feições se transformando
quando uma máscara esquelética brilhou sobre seu rosto por menos
de um segundo. —Não era para acontecer assim. Ela deveria ficar
bem.
—Bem, ela não está! — David retrucou: —Onde ela está?
A Morte balançou a cabeça. —Eu não posso segui-lo, David. Seu
demônio está protegendo-a. Não consigo localizá-la. É como se Jane
tivesse ido embora. Meu vínculo está bloqueado.
David empurrou a Morte contra uma parede. —Encontre-a! Ela
não se foi. Eu a vi!
—Eu pensei que isso a libertaria. — A Morte fechou os olhos
brilhantes.
—Diga-me o que você sabe! — David gritou em seu rosto,
socando-o uma vez antes de deixar alguém puxá-lo para longe.
—Vou lhe contar tudo. — Disse Morte, esfregando a mandíbula.
—Ela ainda estava lá dentro, — Arthur falou em voz baixa,
fazendo com que todos virassem para olhar para ele. Ele deu a Davi
um sorriso fraco antes de ele acenar para a Morte também. —Eu ouvi
a voz dela antes que eles desapareceram. Ela gritou meu nome. Tenha
fé, irmão. Foi o que ela deu a ele. — Ele acenou com a cabeça em
direção à Morte, sorrindo novamente: —Ela disse para dizer que ama
e perdoa você... e bom dia.
A Morte fez um barulho angustiado e se afastou.
O coração de David batia forte quando Arthur olhou para ele. —
Ela disse que voltaria para você, irmão—, Arthur continuou. —Ela
disse que não pararia de lutar. Ela é mais forte do que ela aparenta.
David encontrou o olhar da Morte quando Hades e Arthur
disseram as mesmas palavras:
—Ela estava destinada a cair.

45
PREMIO DE LUCIFER
Enquanto a escuridão desaparecia ao redor deles, Lúcifer
respirou o doce perfume de Jane. Ele a segurou com força, observando
enquanto ela ofegava e olhava freneticamente a caverna mal
iluminada para a qual ele os teletransportara. Era da sua rainha.
—Acalme-se. — Disse ele, rindo quando um par de avelã feroz e
olhos negros olhou para ele.
Ela vaiou, mostrando suas presas. Divertia-lo até a cor avelã
embotada, enchendo com a escuridão.
Lucifer ainda não estava com disposição para lidar com ela. —
Volte, Jane. — Quando apenas os olhos negros o olharam, ele rosnou.
—Por quê? — Ela alcançou para tocar seu rosto. —Você me
manteve reprimida enquanto brincava com ela. Quero ficar fora agora.
Ele afastou a mão ensanguentada e agarrou-lhe o rosto com
força: —Não vou lhe pedir novamente.
Ela levantou a mão e ele a encarou quando sentiu seu poder
subir. Nada aconteceu, é claro, e ela o encarou, a boca arregalada
quando ela começou a tremer de medo.
—Você esqueceu quem eu sou? — Ele apertou mais o queixo
dela.
Olhos castanhos amedrontados estavam instantaneamente
olhando de volta para ele. Jane, a verdadeira Jane, choramingou
quando ela tentou se soltar. Ele percebeu que ainda estava encarando
e apertando seu rosto, então ele soltou seu aperto. — Eu estava
conversando com ela. Ela se foi.
Ela soluçou, respirando em pânico enquanto continuava
vasculhando a caverna. —David? Morte?
—Pare de chorar —, ele ordenou. —Eu me recuso a ouvi-la
chorando por eles. Eles não estão nem perto de nós, e seu vínculo com
a Morte está bloqueado. Eles não serão capazes de encontrá-la a
menos que eu queira.
Ela respirou fundo várias vezes, segurando-as para impedir-se
de berrar como um bebê há muito tempo. O único problema era a
baixa temperatura. Em poucos segundos ela começou a tremer
incontrolavelmente e choramingar porque estava realmente fazendo
um esforço para ficar quieta.
—Boa menina —, disse ele, estudando seu traje. Ela estava com
as mesmas roupas sujas e agora estava coberta de sangue e poeira. —
Você está imunda.
Ela estendeu as mãos na frente dela, chorando de novo. —O que
eu fiz?
Lúcifer sacudiu a cabeça, irritado com a histeria: —Você tem
sorte de ter levado sua forma frágil em consideração quando preparei
esta caverna para você.
Seus dentes começaram a bater e então ela começou a gritar. —
DAVID! MORTE!
Qualquer gentileza que ele considerasse dar a ela desapareceu.
Ele rapidamente a colocou de pé e a agarrou pela garganta. —Pare de
gritar. Eu já disse que eles não vão ouvi-la.
Ela puxou seu pulso. —Por favor, me deixe ir. Eu não pretendia
fazer isso.
—Você é minha. Fizemos um acordo, e eu honro os acordos que
faço. Você também.
—Você disse que os manteria a salvo! — O fogo do inferno ardeu
nos olhos dela por um mero segundo. —Que você a manteria sob
controle para que eu tivesse tempo.
—David está morto? — Ele a observou imóvel, com o fogo
apagado: — Seus filhos estão mortos?
Ela chorou, sua voz suave como uma criança agora. —Não, mas
você me deixou matá-la.
—Isso nunca esteve em nosso acordo, estava? — Ele deixou isso
afundar. —Você nunca me pediu para impedi-la de matar seus
inimigos. E você a matou, Jane. Você. Sim, seu demônio estava
presente, e, assim como eu, ela gostava de ver você se perder para se
odiar. Você matou aquela mulher vampira. Eu disse para você me
ouvir, mas você queria deixar o cavaleiro ajudá-la.
—Porque eu queria ficar com ele. — Ela sussurrou, parando de
puxar enquanto parecia estar pensando em tudo.
—Sim, você queria ficar. Você pensou porque eu a estava
suprimindo toda vez que ela se apresentava em que você podia
confiar. A única razão pela qual você não estava destruindo David e
todos os outros foi porque eu a mantinha sob controle para você. Seu
companheiro não podia controlá-la - ele nunca foi capaz de fazê-lo.
—Mas você sabia que eu a queria morta. — Ela olhou para ele,
completamente perdida. —Você sabia que eu mesma a mataria se
tivesse a chance.
Ele riu, soltando o pescoço dela enquanto alcançava a barra da
blusa.
Ela tentou afastá-lo. —Pare! Você disse que me daria tempo
antes de dormir comigo.
—Eu não iria te foder no estado em que você está —, disse ele,
levantando rapidamente a blusa ensopada de sangue. Ele a jogou no
chão e rasgou sua calça, ignorando-a quando ela começou a chorar
novamente. Ela tentou acertá-lo várias vezes, mas ela não conseguiu.
—Pare de tentar me acertar. Não funcionará a menos que eu permita.
—Isso não é justo! — Ela lamentou, escondendo-se o melhor que
conseguiu:
—Assuntos em torno de você raramente são justos, minha
rainha.
Ela colocou um braço sobre os seios, enquanto o outro passou
entre suas pernas. No entanto, ela ainda tentou agarrar camisa com os
dedos dos pés.
Ele estendeu a mão, incinerando as roupas em um flash de luz
antes que ela pudesse alcançá-los.
Seus olhos brotaram em lágrimas quando um pedaço de tecido
preto passou por seu rosto. —Por quê?
Lúcifer a ergueu enquanto ela estava parada, estupefata. —Você
é tão densa? Estava imunda.
—Mas isso significou algo para mim. — Ela olhou para as mãos
como se reaparecesse: —Morte, por favor, volte.
—Eu tenho a nossa localização bloqueada; ele não vai encontrar
você desta vez —, disse Lúcifer, recuperando uma bacia e um pano. —
Pare de chamá-lo ou selarei seus lábios com a mesma luz. — Depois
de encher a bacia com água, ele levou para ela. —Lave-se. Eu tenho
roupas limpas para você, mas quero que você limpe. Se você tivesse
vindo comigo há muito tempo, eu teria mandado essa cadela te
ensinar a remover o sangue e a sujeira do seu corpo. Como você
insiste em aprender da maneira mais difícil, você tomará banho assim.
Talvez, se você se comportar, o próximo acampamento que eu
escolher terá instalações adequadas.
Ela ficou lá, tremendo incontrolavelmente do frio enquanto seu
olhar caía para o pano na mão e a tigela de água.
Ele respirou fundo antes de puxar o pano para longe dela e
mergulhá-lo na água. Ele puxou o braço com o qual ela cobriu os seios
e começou a esfregar o sangue. —Ela vai te ensinar amanhã. Esta é a
única vez que eu vou fazer isso. Você entendeu?
Ela cobriu os seios com o outro braço e assentiu.
—Eu já vi seu corpo muitas vezes. Não há razão para se
esconder. — Ele virou o braço dela, notando que o frio ainda a estava
afetando. Ela estava tremendo ainda mais e sua pele estava ficando
rosa e azul em alguns lugares. Ele suspirou e colocou a mão sobre a
água, aquecendo-a. —Você tem sorte de ter escolhido você como
minha rainha. Eu não faria esses esforços para vê-la à vontade de
outra maneira.
Ela fungou e ele olhou para cima para encontrá-la chorando
novamente.
—Vou queimar seus olhos se você não parar de chorar. — Disse
ele calmamente, mas sabia que ela levava a ameaça a sério.
Jane rapidamente enxugou os olhos antes de cobrir os seios
novamente. —Eu sinto muito.
Ele voltou a esfregá-la, passando o dedo pelas cicatrizes dela. —
Se você quiser, ela pode removê-las.
—Elas não me incomodam. — Ela fungou, seu corpo tremendo,
mas ela estava segurando as lágrimas.
—Mas as cicatrizes da sua gravidez incomodam? — Ele olhou
nos olhos dela quando ela ficou tensa.
Seu lábio tremeu antes que ela finalmente respondesse. —Sim.
Mas talvez eu queira parecer um monstro agora. Somente um monstro
faria o que eu fiz.
—Eu não teria uma rainha que se parecesse com um monstro —,
disse ele, soltando o braço dela para agarrar o outro. —Eu apenas a
trouxe porque pensei que você estava descontente com eles. Você
parece se comparar com outras pessoas que não têm manchas na pele.
— Ele passou o dedo sobre uma cicatriz desbotada em seu estômago,
observando-a tensa antes de olhar para o rosto. —Isso não é nojento.
Eu diria que se elas me repugnassem. Eu sei por que elas estão lá,
assim como eu conheço as outros marcando sua pele adorável - deixe-
as se desejar. No entanto, se desejar, pedirei que ela os remova.
Por um tempo, ela ficou quieta, tremendo, mas ele a estava
esquentando com seu toque, sem que ela percebesse.
—Por que você me quer? — Ela perguntou calmamente.
—Muitas razões —, disse ele, jogando a água ensanguentada e
substituindo-a por água fresca. —Eu preciso do seu demônio para
destruir meus inimigos. Isso é tudo que você precisa saber.
—Eu pensei que você impediria que ela machucasse minha
família. E David.
Ele limpou o rosto dela: —Tenho certeza que outros os
destruirão.
O lábio dela tremeu: —Você vai ter alguém para fazer isso?
Lúcifer suspirou e a olhou nos olhos. —Não enviarei ninguém
atrás de sua família ou dos cavaleiros, mas eles ainda têm inimigos
por conta própria. Você não me pediu para mantê-los a salvo de todo
dano. Somente do seu demônio.
Ela estava chateada, magoada, mas ficou quieta.
—Mova seus braços. — Disse ele quando alcançou o topo de
seus seios.
—Eu posso fazer isso. — Ela estendeu a mão.
—Você teve sua chance —, disse ele, gesticulando para que ela se
descobrisse. —Mova seus braços antes que eu os arranque.
Sem dizer nada, ela lentamente abaixou os braços e virou a
cabeça para o lado.
Ele deslizou a toalha entre os seios antes de limpar suavemente
cada um. — Você percebe que eu não fiz isso por outra pessoa antes.
Seja grata por ser gentil com você, mas não me acostume. Eu não serei
gentil ou paciente com você por muito tempo. Eu espero que você se
comporte depois de descansar. Não precisa mais chorar ou implorar
para voltar para casa. Eu fiz o que você pediu, mantendo seu demônio
de matá-los, e eu irei honrá-lo. Portanto, espero que você honre seu
lado do acordo.
Ela enxugou uma lágrima da bochecha, os lábios ainda um tom
de azul fraco enquanto tremiam. —Você já me tem.
Ele pegou uma das lágrimas dela quando deslizou por sua
bochecha. —Eu trouxe você comigo porque você se perdeu. Se eu não
tivesse te levado quando o fiz, ela teria esmagado você e destruído
todo o castelo. Eu não estava ligando. Ela foi adiante, Jane. Você
desistiu porque fez algo terrível, e eu ganhei uma quantidade
considerável de controle sobre seu demônio, ganhando controle sobre
você. Vocês duas se curvarão à minha vontade. No entanto, eu
gostaria que você me obedecesse, mas isso depende de você.
—Eu não sou um animal que você pode encomendar. — Disse
ela, os olhos brilhando com um lampejo de ouro.
Ele observou a cor dourada girar antes de desaparecer
novamente. —Eu não disse que você era um animal. Você é minha
rainha. E uma rainha obedece ao rei. — Ele apertou sua bunda. —E eu
quero que minha rainha aceite meu toque.
Mais uma vez, ela parecia perdida e quebrada enquanto olhava
para ele. —Eu preciso de tempo. — Ela apertou o peito, os olhos
lacrimejando enquanto respirava fundo. —Por favor. Se fizer parte do
nosso acordo, tudo bem, eu vou deixar você me foder, mas só estou
pedindo para você esperar. Estou apaixonada por David e estou sem a
Morte. Eu só — ela apertou a palma da mão contra o coração. —
Preciso de tempo. Oh Deus...
Ele observou quando ela cravou as unhas na pele, ofegando
enquanto procurava freneticamente o quarto novamente. —A imortal
mais poderosa já criada na Terra, e ela tem ataques de pânico.
—Por favor —, disse ela, com lágrimas nos olhos enquanto
choramingava. —Ow.
Lúcifer suspirou, levantando-a em seus braços antes de carregá-
la para o outro lado da cama. Ele puxou as grossas cobertas para trás e
a deitou. Ela se enroscou em uma bola, ainda segurando o centro do
peito quando seu ataque de pânico tomou conta dela.
—O que eu vou fazer com você? — Ele pressionou a palma da
mão nas costas dela, diretamente em frente a onde ela estava
segurando, e aqueceu a mão dele. —Respire. Vai passar.
Ela começou a respirar em vez de prender a respiração e trancar
o corpo. Ele a tinha visto tantas vezes por causa de sua capacidade de
acessar seu passado, e sabia onde a dor a afetava mais. O coração dela.
Ele já batia em um ritmo mais rápido que o normal e, quando ela
sofria esses ataques, ficava tão rápido que não havia como ela
funcionar. Ela simplesmente esperava que seu coração parasse,
temendo sua morte, mas também querendo tanto.
—Você percebe que eu não posso permitir que você sofra isso na
frente do meu exército —, disse ele, observando o corpo dela relaxar
lentamente enquanto a respiração e o ritmo cardíaco se estabilizavam.
—Vou chamá-la para a frente se você tiver esses ataques em público.
—Eu não me importo —, ela sussurrou, respirando fracamente.
—Vocês dois são perfeitos um para o outro. Tenho certeza que ela
adoraria discutir a destruição do mundo com você.
Ele riu, alisando os cabelos suados do rosto. O frio já estava
causando rigidez. —Vire de costas.
—Por favor, deixe-me dormir. — Disse ela, tentando se afastar
dele, mas tinha se desgastado, então desistiu rapidamente.
—Fazendo o que você mandou. — Ele abriu o baú ao lado da
cama e selecionou um suéter. Ela ainda estava do seu lado quando ele
se virou, então ele puxou o ombro dela e abaixou o rosto a centímetros
do dela.
—Sinto muito —, ela sussurrou, mordendo o lábio. —Eu só estou
cansada.
Ele levantou o suéter. —Eu deveria deixar você congelar.
—Não me desculpe. Posso?
Ele ficou quieto enquanto controlava sua raiva. Seu choro
constante era compreensível, mas ainda tentava sua paciência.
Ela pegou o suéter. —Por favor.
Uma parte dele queria jogar sua bunda no chão até que ela
implorasse e agradecesse, mas ele se deteve quando viu seus lábios
ficarem azuis. —Fique quieta.
Ela assentiu.
—Isso está parando? — Ele perguntou, movendo-se para
levantá-la um pouco.
O mais fraco dos sorrisos tocou o canto da boca, mas ela não
disse nada, e desapareceu quando ele a levantou o suficiente para
puxar o suéter por cima da cabeça.
—Não mostre mais problemas do que você merece —, disse ele,
deslizando os braços pelas mangas; ela estava fraca demais para se
mover sem tremer agora. Ele olhou para o rosto dela, balançando a
cabeça. —Se eu tivesse seu demônio, eu estaria desfrutando de todo o
prazer que esse corpo tem para oferecer. Em vez disso, escolhi deixar
você ficar.
—Porque? — Ela perguntou, mordendo o lábio quando ele a
encarou.
Ele deslizou a mão sob as costas dela, levantando-a para poder
puxar o suéter dela. Quando ele começou a deslizar sobre seus seios,
ele parou e respondeu. —Porque você ainda tem fogo em você. Eu
esperava uma mulher quase catatônica que só funcionaria se eu
chamasse seu demônio, mas aqui está você. Ainda de pé quando todo
mundo acreditava que você cairia. — Olhando para os seios dela, ele
se inclinou. —Não se mexa.
—Por favor, não. — Ela sussurrou, seu corpo tremendo.
Ele pressionou um beijo no topo do peito dela antes de lamber o
mamilo. —Eu não vou forçá-la a fazer mais. — Ele fechou a boca em
torno do mamilo, chupando enquanto arrastava a mão das costas dela
para a bunda dela. Enquanto ele continuava chupando e beijando, ele
apertou sua bochecha e depois separou as pernas dela.
—Por favor, pare. — Ela sussurrou, mas arqueou os seios para
ele. Ela apertou as pernas com força, prendendo a mão no lugar antes
que ele pudesse alcançar seu objetivo.
—Abra suas pernas para mim. — Ele riu, olhando para sua
expressão corada e preocupada. —Você não tem liberação há algum
tempo.
—Sim, eu tenho. — Disse ela, tentando apertar as pernas
trêmulas.
—Já passaram dias no tempo da Terra, mas semanas, até onde
sua mente e seu corpo podem dizer. Isso ajudará você a conseguir um
sono melhor.
—Se esse é o preço do sono, prefiro que não.
Ele sorriu, abrindo facilmente as pernas dela e mantendo-as
abertas quando ele ficou entre elas. —Eu te disse o que seu demônio
fará se eu chamar de volta. Você quer que eu a foda?
Ela não respondeu enquanto seus olhos estavam cheios de
lágrimas.
Acariciando o rosto dela, ele se inclinou e roçou os lábios nos
dela. —Quero você, minha rainha. Ela não. Ainda não.
Ela tremeu quando ele a deixou sentir o que ele poderia lhe dar.
—Por favor, me dê tempo —, ela sussurrou, suas lágrimas finalmente
caindo. —A qualquer hora, mas não hoje à noite.
—Tudo bem, mas eu ainda quero alguma coisa. — Disse ele,
empurrando os quadris para frente e vendo a boca dela abrir quando
ela soltou um gemido suave.
—Isso não é suficiente? — Ela cobriu o rosto, chorando. —David,
me desculpe.
Lúcifer puxou a mão do rosto, ignorando o choro assustado. —
Eu não quero ouvir o nome dele dos seus lábios na minha presença
novamente. Honrarei nosso acordo, mas se você não me respeitar,
farei com que ele deseje todas as mulheres que procuram sua
companhia e garanta que você sofra com as notícias sobre quantas
mulheres ele leva para substituí-lo.
—Sinto muito —, disse ela, soluçando. —Por favor, não o
machuque. Farei o que você quiser, apenas não o machuque.
—Você percebe o quão fraca você se torna por causa dele?
—Querê-lo seguro não é uma fraqueza. — Disse ela, tentando
dar um tapa nele com a mão livre.
Ele a deteve e segurou as duas mãos sobre a cabeça dela. —Olhe
para a posição em que você se coloca, minha rainha. Você sabe que eu
posso simplesmente imaginar minhas roupas desaparecerem e elas
desaparecerão?
Sua respiração acelerou. —Você prometeu.
—Então pare de ser difícil. Estou me oferecendo para satisfazê-la
e você está agindo como se eu fosse estuprá-la.
Seu corpo zumbia com energia quando o fogo iluminou seus
olhos. —Se uma garota diz não, é estupro.
Ele riu, colocando as duas mãos em uma das dele enquanto
deslizava a outra entre as pernas dela. —Diga-me não, então. — Ele
suspirou, empurrando um dedo dentro de sua boceta apertada.
Surpreendentemente, ela ficou quieta. Lúcifer se inclinou,
observando uma lágrima deslizar em seus cabelos antes que seu olhar
esvaziasse toda a emoção. Ela não fez barulho quando virou a cabeça
para o lado.
—Hum. — Ele beijou sua bochecha e tirou a mão. —É assim que
se faz. — Depois de puxar o suéter para baixo o mais longe possível,
ele se afastou dela, observando enquanto ela rolava de lado. —
Estranho que eles possam abusar do seu corpo quando você se desliga
assim. — Lambendo os dedos, ele riu. —Eles não estavam mentindo
quando disseram que você tem gosto de frutas.
Ela estremeceu, mas não disse nada quando finalmente fechou
os olhos. A pele ao longo de suas pernas estava toda arrepiada e
ficando rosada pelo frio.
Olhando para si mesmo, ele imaginou que suas roupas haviam
desaparecido e suspirou com as marcas negras que cobriam seu corpo.
Ela não podia vê-lo, mas o faria em breve. Ele foi para a cama atrás
dela e a puxou de volta para o peito. Ela tentou se segurar na cama,
mas ele a forçou a soltar.
—Meu corpo vai aquecer o seu —, disse ele, beijando-se atrás da
orelha dela. —Eu posso te aquecer mais se eu estiver dentro de você -
tudo seria melhor se eu estivesse dentro de você - mas vou permitir
que você escolha. De qualquer maneira, você está dormindo comigo.
Ela não disse nada quando chegou atrás dela e afastou a ereção
de sua entrada.
Ele riu, pressionando um beijo na parte de trás do pescoço dela.
—Você sabe quantas vezes eu já te toquei? Quase toda vez que você
estava com o príncipe, eu tinha minha mão entre suas pernas,
aumentando a dor que você sentia por ele. Eu a mantive nesta posição
muitas vezes, minha rainha. Quando seu anjo te ignorou, eu estava lá,
acalmando você. Você não gosta disso?
—Você tem que dormir nu? — Ela murmurou, virando o rosto
levemente.
—Eu nunca durmo —, disse ele, deslizando a mão sobre o
quadril dela. —No entanto, tornarei uma rotina passar esse tempo
com você.
—Você não precisa. — Disse ela, tentando rolar de bruços.
—Eu sei que você está curiosa para ver se posso satisfazê-la. —
Ele sorriu quando ela rosnou. —Mesmo rolando para longe de mim,
sua excitação é espessa no ar.
—Te odeio. — Ela tirou a mão do quadril.
Ele colocou de volta. —Eu não acho que você odeia. Eu acho que
você quer me odiar, mas você se odeia porque não odeia. Confunde
você não saber por que você é atraída por mim.
—É ela. — Disse ela rapidamente.
Ele segurou o quadril dela enquanto chupava o pescoço dela. Ela
ofegou baixinho, mas lutou para mostrar qualquer outra reação,
mesmo quando ele deslizou a mão entre as pernas dela novamente. —
Abra suas pernas.
—Você prometeu. — Sua voz falhou, e ela cravou as unhas em
seu pulso enquanto ele massageava seu clitóris.
—Beije-me, e eu vou parar. — Ele roçou os lábios na bochecha
dela, massageando-a mais rapidamente, sorrindo quando a respiração
dela acelerou.
—Por favor, não faça isso. — Ela sussurrou, ainda tentando
puxar a mão dele.
—Tudo o que eu quero é um beijo em que não precise empurrar
o rosto dele em sua mente.
Virando a cabeça levemente, ela mostrou suas presas para ele. —
A única maneira de isso acontecer é se você ganhar um lugar no meu
coração. Caso contrário, espere que cada beijo ou ato que você forçar
em mim seja aquele em que eu imagino o rosto bonito dele no lugar
do seu.
—Isso quase dói, minha rainha —, disse ele, retirando a mão,
sorrindo para o olhar furioso dela. Não estaria lá por muito mais
tempo. Ela ainda estava se levantando, mas ela cairia. —Você é muito
mais forte do que eles pensavam. Infelizmente para você, isso não é
uma coisa boa. — Ele estava deitado de costas e fechou os olhos. —
Descanse, minha rainha. Amanhã você encontrará nosso exército.
Você é meu prêmio, minha rainha, e eu quero te mostrar.
—Eu não sou um prêmio ou sua rainha.
Ele olhou para ela, notando que ela estava olhando para as
marcas dele. —Você é uma arma - você é minha rainha. Minha. Meu
prêmio no jogo que estou jogando.
—Com quem? Morte? — Ela examinou mais seu peito e
abdômen.
—Você tem muito a aprender. — Ele curvou um dedo para ela.
—Venha. Juro, como seu rei, que não tocarei em você dessa maneira
novamente esta noite. Eu simplesmente quero que você descanse. Eu
sei que você dorme melhor ouvindo um batimento cardíaco. Escute o
meu. Vou manter seus pesadelos longe e manter o sorriso malicioso
da sua mente.
Ela se aproximou lentamente. A pele dela ainda estava azul.
—Você está congelando. — Disse ele, afastando os cabelos do
rosto enquanto aquecia a mão.
Ela suspirou, instantaneamente virando o rosto para a palma da
mão e choramingando.
—Oh, minha pequena rainha. — Ele a puxou para baixo, para
que a cabeça dela descansasse em seu peito. —Aqui. — Ele tocou sua
têmpora, lembrando-a de toda vez que ela deitava com Morte e David
nessa mesma posição. Ela soluçou, segurando o pulso dele enquanto
ouvia o batimento cardíaco dele. —Um presente para você - apenas
entre nós. Só por esta noite.
—Obrigada. — Ela sussurrou, segurando a mão dele no lugar,
como se removê-la pudesse tirar as memórias.
Ele apertou a mão dela e começou a acariciar seus cabelos
quando ela choramingou. —Shh... Feche os olhos e mais virá. Só por
esta noite.
Eventualmente, suas lágrimas pararam e sua respiração se
estabilizou quando ela adormeceu.
—Apreciando o seu prêmio, meu rei? — Uma voz sombria
encheu a caverna, fazendo Jane chorar enquanto dormia. —Eu pensei
que você teria a outra no lugar dela agora.
Lúcifer não olhou para o convidado quando ele pressionou os
dedos na têmpora de Jane, empurrando lembranças mais felizes em
sua mente. Ela não precisava acordar para isso. Ainda não. —Boa
noite, minha rainha.

Lúcifer abriu os olhos, surpreso ao perceber que tinha


adormecido. Jane ainda estava dormindo, mas agora estava deitada
completamente em cima dele. Sua nova posição não o incomodou. Era
o fato de ele ter adormecido. Ele havia dormido apenas uma vez
antes, e isso era simplesmente por curiosidade, já que tantos Caídos
receberam bem o estado de inconsciência.
Lúcifer olhou para Jane. Ela parecia tão pacífica quanto quando
dormia com seu vampiro. De fato, por causa das memórias que ele
despertou nela enquanto ela dormia, ela provavelmente pensou que
estava de volta nos braços de seu amante.
Ele a viu sorrir levemente para algo em seus sonhos enquanto
uma de suas mãos se apertava em seus cabelos. Carrancudo, ele
pensou em jogá-la no chão, mas ele se conteve. Ela deve ser a razão da
preguiça dele.
As mulheres não tinham permissão para permanecer em sua
presença por mais tempo do que o uso delas. Dormir, principalmente,
não era algo que ele permitia. Mesmo quando confortou Jane antes,
ele saiu depois que ela adormeceu e voltou quando ela acordou.
Ela puxou o cabelo dele, gemendo baixinho enquanto apertava
as pernas ao redor dele.
Isso é bom. Ele exalou, apertando sua bunda quando ela o
aninhou.
Lúcifer afastou os cabelos da testa dela antes de pressionar os
lábios ali. — Você não deveria durar, Jane... — Ela não deveria estar
nesse estado, mas ele não pôde deixar de querer mantê-la o maior
tempo possível antes...
—Mmm. — Ela gemeu, acariciando seu pescoço.
Ele apertou sua bunda com mais força. —Acorde, minha rainha.
Temos um longo dia.
Ela parou instantaneamente. Ele sabia que ela estava acordada
agora, mas continuou acariciando suas costas e bunda. Ela era
estimulada por ele, mas ele não sabia o quanto era simplesmente por
causa de sua outra metade.
—Eu sei que você está acordada, Jane. — Ele acariciou sua
bochecha. —Nós devemos começar o nosso dia. Você já dormiu
bastante.
Ela tentou se afastar dele. —Me deixe ir.
Ele apertou os braços em volta dela. —Você não pode me
dominar, Jane. Você me deu isso ao vir comigo. Eu nem preciso usar
minhas mãos, e você ficará exatamente onde eu quero.
Ela não respondeu.
—E fique chateada com você mesma, e não comigo; Eu não fiz
você subir em cima de mim. Você sabe que tende a se comportar dessa
maneira quando está chateada. Eu gostei de ter você muito mais do
que eu esperava.
Mais uma vez, ela tentou se mover, e desta vez ele provou que
ele simplesmente queria que ela ficasse.
Ele levantou as mãos, mas ela só conseguiu se mover uma
polegada antes de rosnar e aceitar que estava presa. —Pare de se
comportar como se você não gostasse do meu toque —, ele disse a ela.
—Você me pegou porque está confortável comigo, gostando ou não.
Você gosta de sentir minhas mãos em sua pele e gosta de saber que
sou suave apenas com você.
—Eu não. — Ela bufou. —E eu estava dormindo, sonhando com
outra pessoa.
Ele inclinou o rosto para cima. —Não me fale assim. Eu te dei
essas lembranças como presente. Eu poderia ter te atormentado, mas
deixei você sonhar seus momentos mais felizes.
Ela não disse nada enquanto procurava o rosto dele. Seus olhos
estavam mais sombrios esta manhã, mas ainda havia um leve brilho
de ouro no centro.
Esfregando o polegar sobre o lábio dela, ele falou baixinho: —
Você só terá esses momentos se eu permitir, minha rainha. Tente me
agradar, e eu vou recompensá-la, mesmo que não esteja tão
emocionada com o desejo do seu coração.
—Por que você me deixou pensar nele, neles, se isso o irrita?
Você nem me deixa dizer o nome deles.
Ele ficou quieto por um minuto, continuando a passar as mãos
pelas costas e coxas dela. —Porque você é minha rainha. Você será
mimada - até certo ponto. Isso vai ficar entre nós, e eu não vou fazer
isso todas as noites. Sugiro que você pergunte apenas quando for uma
rainha bem-comportada - uma que não seja tão desafiadora e
desagradável pelo meu carinho. Aceite meu toque, e eu serei gentil.
Devolva-o e eu farei quase tudo para trazer um sorriso ao seu rosto. —
Ele segurou o polegar sobre a boca dela. —Aberto.
Ela apertou os lábios.
—Você sabe o que ela fará quando eu lhe der esse pedido? — Ele
perguntou.
Seus olhos se arregalaram e ela balançou a cabeça. —Por favor,
não.
Ele pressionou o polegar nos lábios dela. —Abra então.
Ela fez isso dessa vez, e depois de esfregar o lábio inferior
novamente, ele cuidadosamente colocou o polegar na boca dela.
—Perto —, disse ele, observando o ouro em seus olhos brilhar
mais forte enquanto ela passava a boca em torno de seu polegar. Sim,
ela ainda está pronta para lutar. —Chupe.
Aqueles olhos ardiam de ódio quando ela fez o que foi dito.
Observando-a por um momento, ele falou novamente: —Por
favor, eu. Por alguma razão, desejo estar na sua companhia mais do
que na dela. Ela se parece com você, no entanto, e ficarei entediado
com seu desafio quando estiver sendo tão gentil. Ontem à noite, ela
teria me dado qualquer coisa que eu quisesse. Esta manhã, ela teria
acordado com os lábios - os seus lábios - em volta do meu pau. Tudo o
que peço é que você seja grata e aceite. Você entendeu?
Ela piscou os olhos como se dissesse sim, mas nunca parou com
a boca.
— Boa menina —, disse ele, deslizando o polegar para fora da
boca. — Temos um tempo antes que eles nos esperem. Prove que você
é minha rainha. Se você tentar me fazer mal, eu a convocarei e
permitirei que ela sacie sua luxúria por sexo e sangue. Há inocentes
por aí. Você sabe o que ela fará com eles se eu permitir?
Ela assentiu, com os olhos cheios de lágrimas.
— Seu doce coraçãozinho os salvará, não é?
—Por que você está assim? — Ela perguntou, enxugando as
lágrimas.
—Eu sou Lúcifer, Jane —, disse ele, levantando-a para que ela
pudesse alcançá-lo. —Beije-me. Prove que não preciso chamar ela.
Ela assentiu, aproximando o rosto. —Você pode me deixar vê-lo?
Ele apertou a bunda dela, irritado por ela perguntar isso. —Isso
responde à sua pergunta?
—Sinto muito. — Disse ela, abaixando o rosto.
—Eu não posso ter você imaginando-os ou dizendo seus nomes
na frente dos meus homens. Se você fizer isso, eu vou chamar ela e te
foder na frente de todos enquanto ela grita o meu nome.
Uma lágrima caiu em sua bochecha, e ela limpou. —Eu sinto
muito.
—Pare de se desculpar e faça o que eu pedi. É apenas um beijo
de merda. — Ele não deixou que ela respondesse e puxou seus lábios
nos dele, beijando-a bruscamente. Ela choramingou e não retribuiu o
beijo. Mesmo quando ele balançou seu corpo contra o dele, ela
choramingou e desleixadamente pressionou seus lábios contra os dele.
—Não trabalhe na frente de seu exército.
Empurrando-a, ele olhou nos olhos lacrimejantes e suspirou.
Talvez seja melhor assim, ele pensou antes de falar em voz alta: —
Venha, demônio.
—N- — O grito de Jane foi interrompido, e Lúcifer estava
subitamente encarando um par de olhos escuros.
Ela olhou para a posição deles, notando a falta de roupas em
cada um deles. —Não me diga que você a fodeu primeiro, —Ela disse,
estendendo a mão para tocar-se antes de levantar os dedos e lambê-
los. — Ainda não. Bom. — Ela agarrou o pau dele, apertando a mão
dela enquanto se movia para se posicionar em cima dele. Ele a parou,
observando seu rosto se contorcer de raiva e confusão antes de ele
agarrar um punhado de seus cabelos. —Eu não estou com vontade de
foder você.
Ela deslizou a mão para cima e para baixo em seu pênis, rindo.
—Eu acho que você está. E eu quero você dentro de mim.
Lúcifer apertou a mão em seus cabelos antes de empurrar a
cabeça para baixo. —Vou esperar para estar dentro dela.
—SEU DESGRAÇADO! — Ela tentou levantar a cabeça, mas ele
não a deixou. —Se você quer que seu pau seja uma merda, eu quero
algo primeiro.
—Coloque sua boca em volta do meu pau antes que eu rasgue
sua língua e impeça que você se recupere. — Ele a empurrou
novamente, forçando-a a abrir a boca. Ela começou a chupar
imediatamente, mas ela o encarou o tempo todo, tocando-se enquanto
balançava a cabeça.
Era bom, muito bom, mas ele não podia olhar para ela. Ele
suspirou, fechando os olhos, instantaneamente recebido por um par
de olhos castanhos. Era esse olhar que a verdadeira Jane lhe deu, onde
ela quase sorriu com o aborrecimento dele. Foi breve, mas foi o
primeiro sorriso genuíno que ela deu a ele.
A versão do mal de sua rainha gemeu como ela chupou ele, e ele
abriu os olhos, olhando para baixo. Ela encontrou seu olhar, e ele
quase sentiu-se amolecer.
—Vá—, disse ele, segurando a cabeça no lugar. —Vá. Ela vai
terminar.
Ela tentou se afastar, mas ele a forçou à escuridão. Avelã, os
olhos de Jane se arregalaram quando ela afastou a mão de sua vagina
e tentou puxar a cabeça para trás.
Ele a segurou, mantendo os olhos nos dela enquanto
transbordavam lágrimas. —Termine, Jane. Ela fez a maior parte.
Termine.
Ela engasgou, e ele afrouxou o aperto em seus cabelos sem
perceber, permitindo que ela levantasse a cabeça. Ela soluçou,
tentando fugir.
Ele agarrou o cabelo dela novamente. —Conclua. Preciso me
libertar para que eu possa colocar meu perfume dentro de você.
Conclua ou haverá uma consequência que você não está disposta a
pagar ainda.
Os gritos dela causaram uma sensação estranha no peito dele,
mas ele rosnou, forçando-a mentalmente a abrir a boca e retomar.
—Pare de chorar. — Disse ele, suspirando quando ela
rapidamente encontrou seu ritmo. Suas ordens foram seguidas. Suas
lágrimas cessaram, e ela se apresentou como uma profissional. Ele
estava completamente perdido para ela, e sentiu o clímax chegando
mais rápido do que esperava.
—Não engula. Segure na boca. — Disse ele, e veio assim que ela
olhou para ela. Segurando a cabeça no lugar, ele encheu a boca,
grunhindo e alisando os cabelos.
Ele sentiu lágrimas na perna e a deixou levantar. —Não engula.
Venha aqui.
Ela murmurou algo, fazendo com que alguns dele saíssem de
sua boca quando ela se levantou de joelhos.
Lúcifer balançou a cabeça enquanto se sentava. —Respire o nariz
por um momento. Abra a boca.
Ela fez, com as lágrimas escorrendo pelo rosto.
—Se você é inteligente, esta é a única lição que você precisará.
Quando eu lhe disser para fazer alguma coisa, faça-a ou ela fará. —
Ele mergulhou os dedos na boca dela, cobrindo-os com sua semente
antes de se abaixar e empurrá-los entre as pernas.
Ela deu um grito assustado e tentou se mover.
Ele a agarrou pelo quadril. —Pare. Deixe-me terminar. Expliquei
isso. Você precisa cheirar a mim. Eles vão se perguntar por que eu
ainda não te peguei se você sair por aí assim. — Ele repetiu o
processo, esfregando seu clitóris a cada vez, fazendo-a chorar porque
a estava estimulando. —Eu acho que é o suficiente. Engula.
Ela foi cuspir, mas ele agarrou o rosto dela. —Engula. Eu não
terei minha semente disponível para que alguém venha e pegue.
Engula. Eu sei que você pode.
Ele suspirou, beijando sua testa como ela. Ela chorou, e ele a
deixou.
—Eles consertaram você, não? — Ele murmurou, respirando ela.
Ela chorou, balançando a cabeça.
Ele beijou sua bochecha enquanto acariciava seus cabelos. —
Você finalmente aprendeu que seu corpo não é algo para ser usado
como uma ferramenta, apenas para ser forçada a fazê-lo.
—Eu odeio você. —, Ela sussurrou, olhando para ele.
Ele assistiu, horrorizado que seus olhos ainda estivessem acesos.
—Você cheirava a David, Jane. Imortais têm sentidos fortes. Anjos e
demônios têm sentidos ainda mais fortes que vampiros. Se eu tinha
deixado você lá fora com você ainda se afogando em seu perfume, eu
teria que explicar coisas que não estou disposto a explicar. — Ele
beijou a testa dela novamente: —Se você apenas parasse de lutar, seria
menos doloroso. Eu não quero ser tão brutal com você.
Por um tempo, ela simplesmente chorou, mas ele sabia que tinha
falado demais, e ela estaria analisando tudo o que ele revelava e fazia.
—Deite-se. — Disse ele, afastando-a.
—Não mais! Por favor. — Disse ela como ele a posicionou na
cama.
—Eu preciso do seu cheiro em mim. Não lute comigo, e talvez
você goste.
Ela olhou para ele antes de olhar para o teto da caverna, sua
expressão ficando em branco.
Ele precisava que ela estivesse alerta. Colocando a mão entre as
pernas dela, ele passou um dedo dentro dela. Enquanto a observava
deitada ali sem nenhuma reação, ele ficou irritado e começou a
massagear seus seios com uma mão enquanto adicionava um segundo
dedo. —Você percebe que estava excitada quando eu derramei minha
semente em sua boca, não é? Eu podia sentir seu cheiro.
Ela arqueou a palma da mão por uma fração de segundo antes
de gemer e tentar ficar rígida novamente.
—Veja, você gosta disso. — Ele sorriu; o castigo dela era mais
prazeroso.
Apertando o peito, ele encontrou o ritmo certo que a deixou
ofegante. Ela não conseguia se conter agora. Ela estava batendo os
quadris, gemendo enquanto tentava se manter quieta. — Pare. — Ela
disse, ofegando quando suas pernas começaram a tremer.
— Isso tem que acontecer, minha rainha. Eu não esperava que
você durasse. — Ele se inclinou sobre ela, afastando a mão dela do
rosto. Ele beijou suas lágrimas e depois seus lábios. —Deixe ir. Eu
preciso do seu cheiro em mim também. Estou tentando ser gentil,
dando a você o tempo que você desejar. Mas eles saberão. Não quero
envolver você em uma luta por causa disso.
Algo que ele disse deve ter chegado a ela. Ela abriu os olhos,
olhando diretamente para os dele. Seus cílios molhados eram
hipnotizantes, e ele se sentiu ficando duro novamente.
Ele cutucou seu nariz com o dele. —Isso é bom?
Um barulho angustiado saiu de sua boca.
Ele esfregou uma lágrima que deslizava em seus cabelos. —Eu
deveria apenas te foder.
—Por favor, não. — Ela soluçou, ofegando quando ela olhou
para baixo. Seu pau estava a vista para ela.
Ele tirou os dedos livres, sorrindo, quando ela praticamente
gemeu antes de fixar a boca fechada. Ela o viu acariciar seu pau,
esfregando seu perfume em cima dele.
— Isso seria mais simples se fôssemos —, disse ele, retomando
seu trabalho com ela. — Você está fazendo tudo tão difícil. Estou
reduzido a agir como um adolescente.
Ela ficou tensa, mas estava perto.
—Você gosta quando meu pau está tocando em você, não é? —
Ele alinhou a ponta de seu pênis até a entrada dela, rindo quando ela
gemeu e levantou os quadris. —Ah, essa é minha linda rainha. Aceite-
me, Jane. É melhor assim.
—Oh Deus! — Ela olhou para baixo, seu corpo inteiro tremendo,
e ele começou a se acariciar em vez de fodê-la com um dedo. Ele
deixou a ponta de seu pau no lugar, e ela levantou os quadris,
implorando.
—Você me quer em você? — Ele perguntou, largando a outra
mão para massagear seu clitóris.
Ela gritou, balançando a cabeça enquanto as lágrimas escorriam
pelo rosto. Ela abaixou os quadris, mas ele mentalmente a obrigou a
levantá-los novamente.
Ele deslizou o pau ao longo da fenda dela, ficando seu perfume
por todo o corpo. —Você vai vir? Ou você está pronta para se entregar
a mim?
—Eu odeio você! — Ela gritou, fazendo-o rir.
Lúcifer pressionou a ponta de seu pênis, observando seus olhos
se fecharem. —Abra seus olhos e venha, ou eu vou te foder até você
vir. Eu preciso do seu cheiro. Lutando só prolonga o inevitável. Você
está se machucando.
Ela abriu os olhos, soluçando, mas furiosa quando empurrou a
mão dele e começou a esfregar seu próprio clitóris. Ela gemeu,
balançando os quadris para que seu pau provocasse continuamente
sua entrada. Esta era a experiência que ele invejava David por ter. Era
a coisa mais sexy que ele já viu.
Ele se inclinou, beijando seu pescoço enquanto ela gemia, seus
quadris subindo cada vez mais rápido, combinando com o ritmo dele.
Ela agarrou o cabelo com a mão livre, arqueando o corpo enquanto ela
gozava. Ele sentiu os músculos dela vibrando em torno da ponta do
pau dele e gozou também, fazendo-a gemer novamente quando a
semente dele bombeou nela. Lúcifer baixou a cabeça no peito,
desapontado por não se confundir com o quão exausto e satisfeito ele
sentia: —Você sabe, eu não deixo as mulheres tocarem meu cabelo ou
compartilharem minha cama após o tempo que elas me agradam. —
Ele respirou fundo: —Nós cheiramos bem misturados.
—Eu não ligo. — O tom dela soou tão derrotado.
—Você se importa —, disse ele, beijando a parte superior de seus
seios. —Você está simplesmente com raiva, porque você não entende
por que eu me pareço tão bem com você. Você teve um orgasmo, e
você gostou...
—Não. Eu não quis. Não sei por que fiz.
Escovando levemente os lábios sobre ela, ele respondeu
enquanto ela gemia novamente. —Você fez porque me sinto bem com
você. Porque, Jane, fomos feitos para agradar um ao outro. Para
desejar um ao outro.
Ela tentou empurrá-lo. —Eu fui feita para David, e ele foi feito
para mim.
Rosnando, ele levantou a cabeça para olhar para ela. —Uma
dessas afirmações é verdadeira.
Lágrimas escaparam de seus olhos furiosos, e ele viu o fogo neles
começar a arder. —Por favor, saia. Você tem o meu perfume e eu
estou cheia do seu. A menos que você pretenda me estuprar, saia.
Ele voltou a colocar os antebraços nos dois lados da cabeça dela.
Ele estava duro novamente, e ele deixou seu pau deslizar sobre ela,
apreciando a maneira como seu corpo ficou tenso e seus mamilos
endureceram. —Dói no seu coração? Que quase copiámos o que você
compartilhou com David?
—Sim. — Disse ela, enxugando as lágrimas enquanto tentava
cobrir os seios.
Ele pressionou seu peito contra o dela e empurrou seus quadris.
—Você sente que traiu seu cavaleiro e anjo?
—Sim.
Ele beijou seus lábios trêmulos. —Bom. — Uma lágrima escapou
do olho dela, e ele a beijou. —Não diga o nome dele novamente.
Derrota. Ela assentiu.
—Boa menina. Agora vista calorosamente. Tudo o que você
precisa está nesse baú. Limpe seu rosto e, embora aprecie seu cabelo
sexual, peço que você pelo menos o escove. Meu cheiro dentro de você
é suficiente para afastar os outros. — Ele a viu se recompor. —Você
não tem ideia do que está causando, minha rainha.
Ela o encarou de uma maneira que o fez doer por estar dentro
dela.
—Beije-me. — Disse ele, lutando para não simplesmente
empurrar seu pau dentro dela.
Ela o olhou nos olhos, o fogo em seus olhos enfraquecendo
quando ela segurou suas bochechas e beijou-o do jeito que ele
desejava desde que provara seus lábios.
—Oh, minha doce pequena rainha —, ele sussurrou contra a
boca dela. —Seu beijo me lembra o céu. Infelizmente, devemos fazer
nossa aparição. Sua presença será uma grande surpresa.
Ela o surpreendeu jogando os braços em volta do pescoço dele.
—Por favor, deixe-me ficar aqui. Acho que ainda não aguento ver
esses monstros.
Ele riu, alisando os cabelos para trás enquanto a beijava
novamente. —Eu sou um monstro, minha rainha.
Depois de alguns segundos, ela sussurrou: —Não, você não é. Eu
acho que há algo bom em você.
Ele rosnou, empurrando o rosto para trás, mas não a deixando ir.
—Não diga coisas tão ridículas novamente. Você conhece todo o
horror que desencadeei? Você sozinha, eu a torturei repetidamente no
pouco tempo que te conheci.
Ela chorou, arranhando as mãos dele.
—Faz sentido agora, não é? Os pesadelos, a voz que instou você
a aceitar David, mas também o lembrou das coisas vis que sofreu.
Você percebe que eu a influenciei a tocar em você, a desejar você?
—Por favor pare. — Ela chorou, ainda tentando arrancá-lo.
Ele apertou seu aperto. —Eu sou o Caído mais cruel que já
existiu. Mas talvez você esteja um pouco correta em relação à minha
bondade com você. Não gostei de forçar todas essas imagens em sua
mente - esse não é o meu estilo usual. Eu só usei o que já havia sido
colocado lá e o amplifiquei. E desta vez, você tinha muito mais a
perder.
—Sou um pouco gentil com você, mas não confunda isso por eu
te amar. É apenas o seu poder que eu desejo. — Ele observou as
lágrimas dela por um momento. —Você me acha mais perverso
agora?
Ela choramingou, balançando a cabeça. —Não.
Ele rosnou, pairando sobre ela. —Devo provar isso para você?
Ela chorou, tentando afastá-lo. —Há um bem em você!
—Você vê essas marcas? — Ele apontou para os padrões pretos
em seu peito e braços. —Esta é minha prisão. Eles são meus pecados
escritos em uma maldição para que todos vejam - eu sou o único ser
que tem uma prisão no corpo, aprisionando a alma. Isto é o que eu
sou. Eu sou um verdadeiro monstro.
Ela olhou nos olhos dele por alguns segundos antes de olhar
para as marcas negras que cobriam seu corpo. Ela não seria capaz de
ler; foi escrito em uma linguagem angelical que apenas os anjos mais
antigos podiam decifrar.
Em vez de mostrar medo ou nojo, ou mesmo respeito como os
Caídos, ela as tocou, passando os dedos sobre eles. —Elas são lindas.
— Mais lágrimas deixaram seus olhos enquanto ela as estudava, mas
ela ficou quieta.
—Eu sou Lúcifer, Jane —, ele disse suavemente e a observou
assentir. —Eu não sou bom. Eu estou todo errado. Você também
estará. Juntos, mataremos milhões.
—Você não precisa ser ruim. — Disse ela, olhando nos olhos
dele.
Ele segurou o rosto dela. —Será mais fácil se você aceitar esta
vida comigo e se juntar ao meu lado sem lutar comigo. Se você fizer
isso, serei misericordioso com aqueles que você ama. Essa é a extensão
da minha bondade com você. Você é tão bonita, e eu tenho um apego
a você, então vou esquecer você dizendo coisas tão ridículas e pedir
perdão nos meus ataques contra você. Fiz isso porque era necessário
adquirir você. — Ele se inclinou, beijando-a suavemente. —Devo ver
que eles estão mais protegidos, você vai me perdoar?
Ela começou a chorar novamente. —Eu já te perdoei —, ela
soluçou. —Eu não sei o porquê.
Lúcifer a observou tentando se acalmar. Ele sabia que a
machucava perceber que ele realmente tinha feito tudo com ela. Ela já
ouvira algumas informações sobre ele a atormentando antes, mas
tinha dúvidas. Esperança. Ela esperava que ele não fosse tão ruim
quanto ele.
Ele precisava ser mais duro com ela, mas ainda a levantou em
seus braços enquanto se sentava na cama novamente. Ele fez suas
roupas reaparecerem e a cobriu com um lençol. —Pare com essas
histerias e se vista. Quero que você esteja composta antes de sairmos
para lá.
O olhar que ela deu a ele poderia tê-lo alarmado se ele fosse
outra pessoa, mas ele sorriu. —Dê-me esse olhar novamente, e eu vou
te trazer de volta aqui, fodando você até que você esteja soluçando
meu nome e depois deixarei você colocar a memória na mente de
David. — Ele se levantou, deixando-a cair no chão rochoso. —Vista-se.

—Não se afaste meu lado, — Lúcifer sussurrou em seu ouvido.


—Você está adorável, a propósito.
—Obrigada. — Disse ela, sem olhar para encontrar seu olhar.
Ela estava chateada. Ela passou de uma criança chorona para um
gatinho mal-humorado quando ele a deixou sozinha para se arrumar.
Ele trouxe uma doadora para alimentá-la, e Jane recusou, dizendo que
ela a mataria acidentalmente. Quando ele lhe disse que estava tudo
bem, ela ergueu o queixo e disse-lhe para encontrar um melhor
doador para ela. Um homem, de preferência. Um com cabelos escuros
e lindos olhos azuis ou verdes. Ele quase deu um tapa nela.
Lúcifer colocou a mão sobre a dela que segurava seu antebraço.
—Não trema. Mantenha sua cabeça erguida e não se esconda de
ninguém. Este é o nosso exército. Você é a rainha deles.
Seus passos vacilaram quando eles saíram da caverna. Ele tinha
uma barreira sonora para manter a conversa em segredo e impedir
que Jane soubesse o que a esperava, mas agora ela viu muitas tendas
para contar, fogueiras rugindo com vários imortais ao seu redor
enquanto treinavam, dormiam ou fodiam. Ele sabia que ela só via
parte do exército de Lancelot unida às duas legiões que Ares e Hermes
lideravam. Agora, ela estava testemunhando seu exército. Quase
todos os anjos e demônios caídos de suas numerosas legiões e os
imortais da Terra de todo o mundo que ela ainda nem ouvira falar
estavam lá. Seus cavaleiros não tinham chance.
Eles passaram por vários homens que todos pararam para se
curvar. Ela fez bem, mas suas mãos começaram a tremer quando sua
respiração acelerou.
—Sorria, minha rainha. Até o seu sorriso falso é adorável.
—Você controla todos os exércitos que estamos lutando?
—Claro. Bem, não até eu reivindicar você. A maioria já estava
sob meu comando, mas com você eu comando tudo agora. Mais virá.
—O que eu fiz? — A voz dela falhou.
—O que eu planejei para você fazer, minha rainha.
—Lúcifer. — Vários vampiros, lobisomens e demônios
começaram a murmurar antes de baixarem a cabeça.
Ele não os reconheceu e foi direto para o centro onde muitos de
seus atuais generais estavam localizados. Ela apertou a mão dele e
aproximou-se dele quando uma massa de demônios subiu no céu.
Eles foram seguidos pelas Keres restantes que sobreviveram ao
massacre durante a batalha com Lancelot. Os gritos delas soaram pelo
desfiladeiro rochoso, chamando a atenção para elas, mas ele
continuou puxando Jane.
—Eu não acho que minhas novas adições são fãs suas. — Disse
ele, rindo quando várias Keres assobiaram ao vê-la.
Jane abraçou o braço dele com mais força, mas ela levantou o
queixo e mostrou as presas para elas.
—Essa é minha rainha —, disse ele, batendo na mão dela. Ela
estava tremendo de raiva agora. —Só porque elas são nossas, não
significa que elas evitarão nossa ira. Em breve, elas se encolherão com
o simples pensamento de você.
—Ah, Lúcifer, você voltou. — Uma voz chamou adiante.
—Asmodeus. — Lúcifer cumprimentou.
A respiração de Jane parou, e ele passou o braço em volta das
costas dela, puxando-a contra o lado dele.
Asmodeus se curvou junto com muitos outros demônios que
agora se levantam.
—Minha rainha —, disse Lúcifer, gesticulando para o demônio
que a fez prender a respiração. —Este é um dos seus generais, rei
Asmodeus. Ele é o rei dos demônios e um príncipe do inferno.
Os olhos vermelhos de Asmodeus se iluminaram quando ele
ficou sob um joelho e estendeu a mão. —Minha rainha.
Jane olhou para a mão que lhe estava sendo oferecida antes de
olhar novamente para Lúcifer.
—Ela é tímida. — Disse Lúcifer, rindo com Asmodeus.
Surpreendentemente, ela soltou o braço dele e pegou a mão do
rei dos demônios. —Olá, rei Asmodeus.
Asmodeus sorriu antes de dar um beijo nas costas da mão. —É
uma honra, minha rainha. Ouvi falar muito de você e devo dizer que
histórias de sua beleza não fazem justiça.
—Ela é adorável, não é? — Lúcifer disse, dobrando a mão de
Jane em seu braço.
—De fato, uma rainha adorável para governar ao seu lado. —
Asmodeus abriu uma cortina na grande tenda aberta. —Depois de
você.
Eles entraram quando outra voz o chamou.
—Lúcifer.
Jane ficou rígida e ele riu quando se virou.
—Thanatos —, disse Lúcifer, acenando para Jane. —Eu acredito
que você conheceu Jane.
Os olhos vermelhos de Thanatos brilharam divertidos quando
ela olhou para ele. —Como eu poderia esquecer a visão daqueles
olhos ardentes?
Lúcifer riu enquanto a observava mostrar suas presas. —Acho
que ela se lembra de você. Não se preocupe, minha rainha, vi que ele
foi repreendido por seu ataque a você. Ele estava mal informado. Você
não estava, Than?
—Sim, você nunca pode confiar em demônios hoje em dia.—
Thanatos riu. —Minhas sinceras desculpas, minha rainha. Vou seguir
seu comando e protegê-la acima da minha própria vida.
Ela assobiou. —Eu não quero sua proteção.
—Bem, você quase não precisa disso —, disse Thanatos com um
arco. —Você terá, no entanto.
—Acalme-se, Jane. — Lúcifer a levou para a cabeceira da mesa.
—Ele é inofensivo. Esses dois agora são seus guardas mais leais. Se eu
não estiver por perto, eles a manterão a salvo de qualquer dano que
possa vir a você. Não que isso aconteça, mas quero que minha
pequena rainha tenha o melhor. — Ele olhou para Thanatos. —Ele
está aqui?
Thanatos riu com um aceno de cabeça. —Sim, ele não sabe sobre
ela, no entanto.
—Vou gostar de assistir a surpresa dele. — Asmodeus riu.
Lúcifer assentiu enquanto mais grupos de vampiros e demônios
inferiores inclinavam a cabeça em sua direção. —Sim, é exatamente o
que ela precisa. Foi tudo bem?
—Sim. — Disse Asmodeus.
—Boa. Ele estava questionando sua lealdade. — Disse Lúcifer,
examinando a multidão.
—Não há necessidade de questionar —, disse Asmodeus. —Foi
como planejado.
—Permita-me apresentá-la. — Disse Thanatos.
Lúcifer assentiu, observando o rosto de Jane enquanto olhava
para todos. Ela estava com medo, mas estava escondendo bem.
—Nosso príncipe voltou —, disse Thanatos, fazendo a multidão
ficar em silêncio. —Ele nos traz uma rainha poderosa e toma seu lugar
de direito como rei supremo.
A multidão aplaudiu, sacudindo o chão e fazendo com que mais
pessoas entrassem na tenda.
Thanatos levantou a mão, silenciando-as. —Muitos ouviram
falar de Jane, a imortal criada por David, o maior herói do Céu. Ela
abandonou seu criador e se juntou ao nosso rei. Claro, apenas o
melhor para o nosso príncipe.
Lúcifer pegou dois cálices, dando um a Jane quando ele a virou
para ele.
Thanatos ergueu seu próprio copo, assim como os outros. —Para
o nosso Rei e Rainha. Vocês podem destruir todos os que não se
curvarem a vocês. Rei Lúcifer e Rainha Jane.
—Nosso rei e rainha. — Veio o brinde sincronizado de suas
massas.
Lúcifer levantou o cálice em reconhecimento e virou-se para
Jane. Seus olhos continham muitas emoções, mas ela estava esperando
pacientemente para seguir sua ordem.
—Minha rainha. — Disse Lúcifer, bebendo do seu cálice.
Os olhos de Jane regaram, mas ela ergueu o cálice para ele antes
de beber. A multidão seguiu o exemplo.
Lucifer entregou o cálice a alguém e puxou-a para ele. — Meu
prêmio. — Ele sussurrou, beijando-a e a tenda trovejou com aplausos.
Ela devolveu o beijo, exatamente como ele havia pedido, o que o fez
sorrir quando se afastou.
Asmodeus puxou a cadeira atrás dela e ele fez um gesto para ela
se sentar. Ela o fez rapidamente. Asmodeus sentou-se ao lado dela e
ela deu a Lúcifer um olhar que dizia 'é melhor você se sentar ao meu
lado'. Ele se sentiu totalmente ridículo por conhecer um olhar assim,
mas acolheu o desejo dela de estar perto dele.
Lúcifer sentou-se e puxou a cadeira para mais perto da dele
antes de estender a mão. Ela pegou, e ele sorriu para o general. — Sua
aparência a assusta, Asmodeus.
—Desculpa, minha rainha. — Disse Asmodeus, sorrindo
enquanto continuava olhando as asas do dragão e a cauda da serpente
deslizando no chão.
—Não, está tudo bem —, ela sussurrou, sem desviar o olhar. —
Eles são legais. Eu sempre gostei de dragões e cobras.
—Estou lisonjeado, minha rainha—, disse Asmodeus, apontando
para o prato sendo colocado na frente dela. —Sua refeição está aqui.
Coma, você parece pálida.
Finalmente, ela desviou o olhar do general e ficou boquiaberta
com a comida.
Lúcifer sabia que ela não fazia uma refeição decente há algum
tempo, então ele lhe entregou um garfo. —Ele está certo, Jane. Coma
suas comidas favoritas antes de eu te trazer.
Ela o encarou por alguns segundos antes de murmurar: —
Obrigada.
Lúcifer se inclinou e a beijou. —De nada, minha rainha. Agora
coma. Tenho uma surpresa para você. Estará aqui em breve.
Ela assentiu e começou a comer com os outros vampiros e
lobisomens que eram classificados o suficiente para ganhar um lugar
na mesa dele.
—Onde eles estão? — Lúcifer olhou para Thanatos em resposta:
—Eles estavam vindo do lado deles do acampamento. Eles
estarão aqui a qualquer momento.
—Zeus foi informado da morte de sua filha? — Perguntou
Lúcifer, sorrindo quando a cabeça de Jane disparou:
—Quando ouvi a notícia, eu mesmo o informei. — Disse
Asmodeus.
Os olhos de Jane se lacrimejaram, percebendo que eles já haviam
arranjado a morte de Melody. Ela era esperta e não precisava mais
disso. Ele tinha posto em cima.
—Ele também está chegando a jurar sua fidelidade, como o
planejado. — Acrescentou Asmodeus.
—Boa. Termine sua refeição, Jane. Você vai precisar de sua força.
—Lúcifer estendeu a mão para acariciar sua bochecha. Ela se
encolheu, mas por outro lado, manteve suas reações sob controle.
—Quando chega o grande Zeus? — Lúcifer perguntou.
—Hoje à noite. — Respondeu Asmodeus.
Os olhos de Jane continuaram lacrimejando enquanto ela lutava
para se concentrar em sua refeição novamente. Sem dúvida, ela se
sentiu traída e estava ficando instável, assim como ele precisava que
ela fosse. Seu poder era pulsante, e ele sorriu.
—Hoje está cheio de ótimas notícias —, disse ele, enrolando uma
mecha do cabelo dela. —Como estão as outras reuniões
amaldiçoadas?
—Os clãs do sul estão quase aqui —, disse Thanatos. —Eles estão
distraídos pelos humanos sobreviventes. Estamos fazendo com que as
Keres rodem para garantir que eles não fiquem muito atrasados.
Nossos seguidores no exterior estão fazendo sua jornada no prazo.
Ah, seu presente finalmente chegou.
Jane olhou para a entrada da tenda ao mesmo tempo que ele.
—Lúcifer. — Disse Lancelot, caminhando até ele, mas seus olhos
negros estavam em Jane.
Lúcifer pegou sua mão trêmula. —Lancelot, acredito que você
conhece Jane, sua nova rainha.
Lancelot rosnou. —Que porra é essa?
Jane sibilou, tentando se levantar, mas Lúcifer a segurou imóvel
enquanto ele se dirigia ao seu escravo. —Eu disse que anunciaria uma
rainha.
—Eu não esperava que fosse ela. — Disse Lancelot, rosnando.
A tenda inteira estava focada neles agora.
—Não, eu duvido que você tenha pensado —, Lúcifer refletiu. —
Dizem que você mal podia esperar para enfrentá-la. — Ele viu o olhar
surpreso de Lancelot se aproximar dele. —Você queria se divertir com
ela, não foi isso que ele disse, Thanatos?
—Sim, acredito que ele sentiu que nosso rei estava distraído com
nossa adorável rainha —, disse Thanatos, sorrindo. —Nós caímos é
tão difícil confiar hoje em dia, e temos tantas regras difíceis a seguir.
—Sim, está certo —, disse Lúcifer, encarando sua criação. —Você
mal podia esperar para ter uma chance de transar com ela, se bem me
lembro. Pelo menos você vale a pena queimar por uma eternidade,
minha rainha. Você definitivamente valeu minha longa espera, mas
parece que o jovem Lancelot não aprecia minha generosidade ou
paciência em escolher uma rainha tão bonita.
—Eu não quis te ofender, Lúcifer. — Lancelot abaixou a cabeça.
—Perdoe-me, meu rei. Fui tolo em acreditar que poderia ter qualquer
contato com sua rainha. Minha dúvida em sua liderança foi um
momento de insanidade. Me perdoe.
—Ares? — Lúcifer chamou, ignorando os pedidos de perdão de
Lancelot. —Seu irmão mais novo, Hermes, lutou bravamente contra
os cavaleiros imortais.
Ares assentiu para ele.
—Eu entendo que os homens dele caíram em suas fileiras.
—Sim, Lúcifer. — Disse Ares, sem olhar para Jane, que agora
parecia pulsar com poder que nenhum deles jamais havia sentido
antes.
—Eu acredito que Jane foi bastante tomada com seu sacrifício,
assim como eu —, disse Lúcifer, acariciando os cabelos de Jane. —
Você seria tão nobre se sua rainha exigisse que sua vida salvasse a
dela?
—Sim, meu rei. — Ares se curvou.
—E você? — Lúcifer perguntou, olhando para Lancelot.
—Claro, meu rei. — Lancelot curvou-se mais, sem olhar para
cima.
—O que você acha, Jane? — Lúcifer beijou os dedos dela quando
os levou aos lábios.
—Prefiro morrer a beber o sangue nojento. — Disse ela, com os
olhos apenas focados em Lancelot.
Risos encheram a tenda.
—Hum. — Lúcifer beijou seus dedos novamente. —Lancelot,
parece que minha rainha está descontente com você. Como você vai se
desculpar pelo seu comportamento?
—Como quiser, Lúcifer. — Respondeu Lancelot.
—Minha rainha? — Lúcifer beijou sua bochecha quando ela
manteve seu olhar feroz treinado em Lancelot. —Eu concordo, o
sangue dele é sujo. Então, sugiro derramar até que você esteja
satisfeita. Este é o meu presente, Jane — ele sussurrou, colocando
outro beijo em sua bochecha. —Isso te agrada?
Ela finalmente desviou o olhar de Lancelot, rosnando até
encontrar o olhar de Lúcifer. —Sim. Obrigada.
O inferno ardente em seus olhos o excitou, e ele recompensou
seu comportamento e espírito com um longo beijo antes de murmurar:
—Ele é todo seu, Jane.
—O que? — Lancelot cuspiu. —Isso é uma piada?
—Você achou que eu perdoaria esses insultos? — Lúcifer
perguntou, recostando-se na cadeira. —Você achou que eu a deixaria
sem vigilância? Ou você?
—Eu não sabia que ela seria sua rainha. — Argumentou
Lancelot. — Ela nos atacou. Ela estava em suas fileiras.
Lúcifer encolheu os ombros. —Não senti necessidade de
informar minha escolha. Você é apenas um soldado sob meu
comando. Concedi-lhe muitos presentes e, no entanto, você nem me
respeitou depois de tanta generosidade e tantos anos comigo como
seu comandante. Eu lhe disse que ela não deveria ser ferida, e você
tinha planos de transar com ela, sabendo que eu a desejava.
—Foi um erro, Lúcifer. Isso não deve acontecer novamente.
—Não, não vai. Minha adorável rainha é bastante capaz de
liderar seu exército sozinha, embora duvide que ela queira estar na
presença de suas bestas infelizes depois que atacarem e marcarem sua
pele bonita. — Lúcifer levantou a mão de Jane, colocando um beijo
doce em sua cicatriz. —É justo que ela devolva o favor.
—Lúcifer, eu controlo seus lobos. — Disse Lancelot, franzindo a
testa.
—Você não me acha capaz de controlá-los eu mesmo? — Lúcifer
olhou para ele sem entender. —Eu controlo você, afinal. Além disso,
sempre detestei sua falta de respeito pelo corpo de uma mulher. Você
não consegue encontrar participantes dispostos a satisfazer seu apetite
sexual?
Jane assobiou, desta vez em pé, mas Lúcifer sorriu e a puxou
para seu colo. —Eu acredito que minha rainha acha suas atividades
extras nojentas.
Os itens ao redor da mesa começaram a tremer, causando muitos
suspiros enchendo a tenda.
—Vou descontinuar meu hábito. — Disse Lancelot quando Jane
rosnou.
—Não —, disse Lúcifer. —Você será um exemplo para aqueles
que questionam minha liderança e a escolha na rainha.
—Lúcifer. — Disse Lancelot, mas ele o ignorou.
—Você está pronta para apreciar o meu presente, Jane? —
Lúcifer perguntou, beijando seu pescoço.
—Sim. — Ela estava tremendo. —Eu vou matá-lo.
Asmodeus e Thanatos riram juntos.
—Vamos deixá-lo respirar. — Disse Lúcifer, rindo.
Ela olhou para ele, mas ele beijou seus lábios.
—Você está satisfeita? — Ele perguntou, sorrindo contra a boca
dela.
—Eu estou. Ele pagará pelo que fez. — Ela procurou os olhos
dele por alguns momentos. —Obrigada.
—Qualquer coisa para você, minha rainha. — Disse Lúcifer,
capturando seus lábios mais uma vez.

46
A VINGANCA DE JANE
—Você vai dar a ele regras, Lúcifer? — Perguntou Asmodeus,
observando Jane encarar Lancelot enquanto ele se retirava pelo campo
de batalha.
—Não, eu quero que ele lhe dê tudo o que tem —, disse Lúcifer,
agarrando o queixo de Jane para que ela olhasse para ele. —Não é isso
que você quer?
—Sim. — Os olhos dela brilharam como chamas douradas.
—Boa menina. — Ele acariciou sua bochecha gelada, aquecendo
a mão. Aqueles olhos dela suavizaram, provavelmente ao pensar em
David. Bom; ele a queria instável. Ele aqueceu mais a mão, esfregando
o polegar sobre os lábios trêmulos. —Ela será impiedosa com ele.
—Você não está preocupada com ele danificá-la? — Thanatos
perguntou, franzindo a testa enquanto observava Jane acariciando a
mão de Lúcifer.
—Tão preocupado com a segurança da sua rainha, Than? —
Lúcifer puxou Jane para perto, aquecendo a temperatura do corpo.
—Eu apenas pensei que algumas regras seriam aceitáveis. —
Thanatos olhou ao redor do campo onde todas as legiões do
acampamento estavam presentes.
—Espero que ele a machuque—, disse Lúcifer, concentrando-se
em Jane quando seus olhos se encontraram com os dele. —Você não
está totalmente no controle de suas habilidades, Jane. — Ele esfregou
sua bochecha, mostrando-lhe que não estava totalmente descontente
com isso. —Não se preocupe - você o terá para si mesma até que ele te
machuque.
—Eu posso levá-lo. — Disse ela rapidamente.
—Ele é mais habilidoso que você. — Lúcifer a abraçou mais
perto. —Você se tornou uma lutadora forte, mas é mais
impressionante quando se entrega a ela.
—Eu não a quero fora. — Ela mordeu o lábio por alguns
segundos enquanto o observava cuidadosamente. —Se você sabe o
que aconteceu antes, sabe o que ela fez - o que ela disse a ele. Ela o
quer.
Lúcifer sabia o que tinha acontecido - era parte da razão pela
qual isso estava acontecendo. —Não se preocupe com a sua metade
sombria. Ela é atraída pelo poder e pelas trevas e não estava satisfeita
ou controlada antes - agora está.
Jane olhou para Thanatos e Asmodeus. —Vocês sabem?
—Que ela queria o pau dele dentro dela? — Lúcifer respondeu
antes que eles pudessem. —Sim nós sabemos. Than e eu estávamos lá.
Ela bufou, olhando para ele um pouco, mas tentando se
controlar. —Então você me viu quase morrer e não fez nada? Você a
deixou fazer aquelas coisas terríveis sem interferir?
Ele agarrou seu queixo com força. —Não me questione em
público. Você tem sorte de confiar neles.
Ela apertou os lábios por um momento. —Desculpa. Estou
apenas confusa. Se você já sabia que me queria, por que deixá-la fazer
isso? Por que deixar Hermes se matar para que eu não morra?
Segurando o olhar dela, ele disse a verdade: —Porque isso
arruinou uma parte da sua alma, Jane.
Os olhos dela se contraíram quando ela olhou fixamente nos
dele. Quando chorou, olhou para Thanatos e Asmodeus. Eles ficaram
calados, é claro. Seu rosto se enrugou e ela baixou a cabeça antes que
as lágrimas caíssem.
Acariciando seus cabelos, ele falou baixinho: —Não esqueça
quem eu sou, Jane. Meu objetivo era adquiri-la e consegui. Agora,
pare de ser dramática e fale comigo como se eu fosse um namorado
simples. Eu sou Lúcifer, seu rei. E estou lhe dizendo para deixá-la
guiá-la. Se você deseja permanecer consciente por mais tempo,
precisarei que você execute as tarefas que ela pode executar com
facilidade. Você precisa mostrar todo o poder que ela tem sem se
tornar uma bagunça emocional. Desta vez, você não tem filhos ou
cavaleiros para proteger. Isso é sobre você. Lute para permanecer viva
e abraçar o poder dentro de você.
—E se ela não me deixar voltar? — Ela lentamente olhou para
ele.
—Eu posso controlá-la —, disse ele. — Você é uma menina
grande, e eu vou lhe dar a chance de enfrentá-la. Não lutarei em todas
as batalhas que você tiver com ela - mas você tem minha palavra, vou
mandá-la embora assim que a partida terminar. Nós temos um
acordo? Ou eu preciso dela por toda a duração dessa luta?
Os olhos dela se estreitaram nele. —Temos um acordo.
—Bom. — Ele ignorou o olhar que ela ainda lhe dava. —Agora,
você ficará no escuro por um momento enquanto eu falo com ela.
—Não. — Disse ela, segurando a mão dele.
Ele não tinha tempo de lidar com os medos de Jane. —Venha,
meu pequeno demônio.
Olhos castanhos foram substituídos pela escuridão em um
instante.
—Interessante. — Disse Asmodeus, ficando ao lado dele.
Thanatos a observou de onde ele estava, sem dizer nada quando
um sorriso malicioso se espalhou pelo rosto de Jane.
—Sentiu minha falta? — Lúcifer perguntou a ela.
Ela fez uma careta. —Eu nunca deveria ter sido colocada no
escuro.
Sua voz encantadora o irritou, e ele quase a afastou quando ela
tocou seu peito.
Ela inalou o cheiro dele. —Você cheira a ela, e ela a você. O que
você fez com ela? Não consigo ver a mente dela quando você me
trava.
—Isso significaria que eu não tenho vontade de incluí-la no meu
relacionamento com ela —, disse Lúcifer, sorrindo quando ela voltou.
—O que você acha que aconteceria? Você foi apresentada quando ela
estava comigo - nua. Eu te mandei embora enquanto sua boca ainda
estava em volta do meu pau. Como isso terminaria?
—Ela é uma garota patética e chorosa —, disse ela, rosnando. —
Por que você prefere ela? Ela está satisfeita, mas não tenho dor como
quando o príncipe a fodeu.
Lúcifer agarrou seu queixo, impedindo-a de rir como se estivesse
prestes a rir. — Você está certa - eu não transei com ela, mas foi ela
quem me fez chegar ao clímax. Duas vezes. Eu mal podia ficar ereto
olhando nos seus olhos. Portanto, não assuma, porque não tive
relações sexuais que não gostamos um do outro. Eu sei que você sente
o mesmo formigamento entre as pernas que ela tem nas últimas horas.
—Você se importa com ela? É por isso que você está se
segurando? — Ela gargalhou. —Terminarei o que comecei e vocês
dois sofrerão.
Ele apertou seu aperto. —Não me ameace ou a minha rainha.
—Eu sou sua rainha. — Ela tentou se libertar, mas estava presa.
Ainda assim, ela olhou para ele. —Ela não deveria estar aqui! Toda a
sua família e amante deveriam estar mortos. Eles deveriam estar
apodrecendo junto com ela. Você deveria estar me satisfazendo, não
ela.
—Pelo menos ela prefere os machos mais poderosos em sua
presença e não um cachorro.
O rosto dela ficou vermelho de fúria. —Você está com ciúmes!
Ele riu junto com seus homens. —Do que há ciúmes? Eu tenho
uma rainha que é muito mais talentosa com a boca do que você. Até
falar com ela é mais agradável do que qualquer encontro que
tenhamos compartilhado. Acho que vou passar mais tempo com ela.
—Você não pode estar falando sério. — Disse ela, olhando para
os três.
—Eu estou sério. Eu admito, ela é frágil e emocional, mas ela não
quebrou completamente. Essa doce menina ainda está lutando.
Embora fraca, mas ela ainda está lá. Quanto a impedir que você mate
seus entes queridos, tudo que você precisa saber é que fiz um acordo
com ela e pretendo honrá-lo. Você não deve prejudicá-los, a menos
que eu diga o contrário.
—Você não pode me parar! — Ela assobiou para ele, mas
desviou o olhar quando ele a encarou.
—Eu possuo você —, disse ele, com a voz baixa. —É por isso que
você está no escuro e por que prefiro a companhia dela. Ela responde,
mas ela tem todos os motivos para lutar comigo. Você, no entanto, foi
criada para servir. Lembre-se disso e de quem você chama de mestre.
Talvez, se você não me decepcionar, eu a convidarei para minha cama.
Me chateie, e eu darei a ela tudo o que seu belo coração deseja
enquanto você assiste da prisão em que ela estava presa antes.
Entendido?
Ela apertou o punho. — Sim, Mestre.
—Bom. Agora, quero que você a ajude — apontou para Lancelot
do outro lado do campo. — com ele.
Ela olhou em volta, olhando rapidamente para o campo. —O
líder lobisomem? — Os olhos dela se arregalaram de medo. —Você
está me punindo?
—E eu preocupado que você fosse ignorante —, disse ele,
virando a cabeça para encará-lo. —Esse é o seu castigo junto com o
dele. Por acaso também é um presente para minha rainha. Você verá
que ela consegue o que quer com ele, e você se lembrará disso antes
de abrir sua boca suja novamente. Não terei um prostituta como
rainha!
Seu poder pulsava, emitindo um brilho azul escuro em torno da
barreira do som que ele criara. —Eu só precisava ser fodida - ele
estava lá! Você poderia ter vindo a qualquer momento.
—Eu estava lá. Vi e ouvi o que aconteceu entre você e aquele
vira-lata — disse ele, apertando o queixo dela. —Você me enoja. Eu
poderia muito bem foder um cachorro raivoso. Eu escolheria o harém
de Lancelot se quisesse seus malditos segundos. — Ele balançou sua
cabeça. —Jane tem mais de um homem atrás dela, e ela controlou seus
desejos. Você é uma vergonha comparada a ela.
—Eu não vou ajudá-la —, disse ela, surpreendendo-o e irritando-
o. —Ele pode rasgá-la por tudo que eu me importo. Vou impedi-la de
curar só para que ela sofra. Talvez então ela se dê bem e você se
lembrará com quem vale a pena passar o tempo.
Apertando sua mandíbula até rachar, ele a ergueu até que ela
estivesse na ponta dos pés. —Você fará o que for mandado. Discuta
comigo novamente, e você será quem sofrerá. Deixe que ela sofra, e eu
suprimirei seus poderes e trancarei você na jaula da qual eu a libertei.
Agora vá para o lado dela. Você vai ver como eu a trato em
comparação com você. — Ele rosnou, vendo que ela queria atacá-lo,
mas ela sabia que era superada. —Jane, minha rainha? — Ele sorriu
com a maneira como o demônio dela sibilou, mas se retirou para
meramente observar. Os olhos castanhos de Jane brilharam à vista,
mas eles rodavam constantemente de preto quando seu demônio
circulou sua mente. —Ah, aí está você.
—Você está me machucando. — Disse ela, choramingando.
Soltando o aperto, ele esfriou a mão para aliviar a dor dela
enquanto suas habilidades reparavam sua mandíbula. —Pronto. Isto
está melhor?
Ela segurou o rosto, olhando para ele.
Ele beijou sua testa, sussurrando: — Perdoe-me, minha rainha.
Ela não é você e traz um lado de mim que não desejo que você veja.
—Meu queixo está quebrado —, ela murmurou, estremecendo
quando um estalo alto soou. —Ow, porra!
Asmodeus riu, entregando-lhe um copo de sangue.
—Beba, Jane. — Disse Lúcifer, levantando o copo aos lábios.
Ela rapidamente engoliu em seco, esfregando a pele machucada.
—Talvez me deixe no escuro se você vai machucá-la. Não é justo.
—Você não sente? — Ele perguntou, observando os olhos dela se
arregalarem. —Sim, ela ainda está com você. Ela será sua reserva.
Deixe-a ajudá-la ou guiá-la se estiver com dificuldades. Eu quero que
você faça uma impressão. Este é o seu exército - eles querem ver o
quão poderosa é sua rainha.
Ela examinou os milhares ainda reunidos. —Ela não é a pessoa
que você deveria exibir?
Ele segurou suas bochechas. —Eu disse a rainha deles, Jane.
Você é minha rainha. Ela, por outro lado, é simplesmente minha arma.
Ela não quebrou o contato visual com ele. —Se você acha que
estou tocada por esse monte de merda, você é mais burro do que eu
pensava.
Thanatos jogou a cabeça para trás, rindo enquanto Asmodeus
ria.
Lúcifer, no entanto, não desviou o olhar dela. Ele observou a
chama dourada pulsar antes de se inclinar e beijar seus lábios. —Aí
está minha rainha. — Quando Lúcifer se afastou, ele pegou a espada
que Thanatos estendeu e voltou-se para Jane. —Não tente nos matar;
você vai falhar.
Ela pegou a espada com um sorriso excessivamente doce. —E eu
pensei que isso deveria ser um presente. Você nunca me consegue o
que eu quero nos dias de hoje. Estou começando a pensar que você
não me ama, Luc.
—O atrevimento dela é divertido. Entendo por que você prefere
essa — disse Asmodeus, curvando-se para Jane. —Aproveite sua luta,
minha rainha.
Lúcifer observou-a com reverência para Asmodeus, e ela
realmente sorriu quando o rei dos demônios beijou sua mão.
Então, como se alguém apertasse um botão, ela endireitou as
costas e balançou a espada algumas vezes, testando a sensação. —Isso
vai funcionar. — Disse ela a ninguém antes de caminhar para
encontrar Lancelot no meio do campo.
—Você está preocupado? — Asmodeus perguntou, ficando ao
lado dele.
Lúcifer ficou quieto, observando um sorriso feroz se espalhar
por seus lábios enquanto Lancelot zombava.
—Ela te chamou de Luc. — Thanatos disse, rindo quando Jane
levantou os braços para a multidão, provocando aplausos de alguns.
—Eu a ouvi —, Lúcifer respondeu a Thanatos. —Ela deve ter
ouvido a Morte dizer isso antes.
—Sim, deve ser isso —, disse Thanatos, cruzando os braços. —
Então, você está preocupado?
—Não, ela ainda tem muita luta nela. Se essa cadela decidir
foder com ela, eu entrarei.
—Eu diria que nosso rei está apaixonado por sua doce rainha —,
disse Asmodeus, rindo. —Ela é bem divertida. Eu posso ver por que
você a deixou ficar.
Lúcifer ignorou seus comentários, concentrando toda sua
atenção em Jane e Lancelot.
—Você trouxe isso para nós, sua vadia —, disse Lancelot,
apontando o dedo na cara dela. —Há quanto tempo você está
transando com ele?
—Ele nunca aprende. — Asmodeus balançou a cabeça.
Jane fez um movimento de elevação com uma mão enquanto
apontava o dedo para Lancelot, a boca se movendo rapidamente
enquanto vomitava palavras que nenhum deles podia ouvir.
—Ela nos bloqueou? — Thanatos perguntou.
—Eu acredito que ela fez—, disse Lúcifer, quase sorrindo. —Ela
tem vergonha de si mesma pelo que aconteceu entre eles.
Os lábios de Lancelot se moveram com tanta raiva quanto ele se
aproximou dela. Ele estava claramente chateado, mas Lúcifer sabia
que Jane estava despertando o lobisomem.
Thanatos olhou para ele, percebendo também. —Se ele tiver a
chance, ele vai transar com ela bem na sua frente.
Lúcifer imaginou cinquenta maneiras diferentes de destruir
Lancelot antes que Jane de repente desse um tapa no rosto de
Lancelot.
A multidão rugiu, alguns aplaudindo e rindo, enquanto outros
vaiaram.
Jane fez outro movimento de mão, derrubando a barreira do som
enquanto recuava, girando a espada. —Lute comigo, vadia!
—Ela é muito mais forte do que esperávamos —, disse
Asmodeus, enquanto observavam Jane circular Lancelot. —Você sabe
o que isso significa.
Lúcifer manteve os olhos nela, escolhendo não pensar no que sua
força significava.
Jane correu perto de Lancelot e o coçou nas costas, rindo quando
ele a balançou.
—Ele já está atingindo seu limite. — Disse Thanatos.
Lancelot tremia visivelmente, mas ele ergueu a espada para ela,
sinalizando que estava pronto. Jane não hesitou. Ela o atacou com
velocidade que Lúcifer nunca testemunhara antes. Até sua habilidade
de alguma forma aumentou desde sua última luta. Ela mal parecia a
mesma vampira selvagem. Ela estava fodendo com seu oponente, mas
estava no controle.
Jane bloqueou a espada de Lancelot quando ele a balançou no
pescoço e o socou no estômago antes de se afastar.
Lancelot rugiu e a atacou. Jane apenas riu enquanto dançava ao
redor dele. Ela foi rápida demais para o homem grande tentando
matá-la. Ela encontrou todos os golpes da espada de Lancelot
enquanto ainda dava socos aqui e ali.
Lúcifer olhou em volta e encontrou uma grande porção da
multidão gritando para ela vencer. Rindo, ele voltou sua atenção para
a luta. Isso era apenas o começo - os dois estavam se segurando.
—Ooh — Ecoou por toda a multidão quando Jane deu um chute
enorme na perna de Lancelot antes de derrubar o punho da espada na
clavícula dele. Lancelot bateu no chão, mas ela se afastou, dando-lhe a
oportunidade de ficar de pé.
A multidão aplaudiu seu espírito esportivo, mas muitos riram da
humilhação de Lancelot. Lúcifer olhou para seu animal de estimação.
Lancelot estava ficando frustrado, e Lúcifer não ficou surpreso
quando ele a atacou como um touro, dando a ela tudo o que tinha.
Os olhos dela se arregalaram, mas ela manteve as defesas até
Lancelot lhe dar um tapa no rosto.
—Ah! — A multidão chorou, vendo-a cair no chão.
Lúcifer apertou o punho, mas não se mexeu mais do que isso.
O sangue escorria dos lábios de Jane, e ela ofegou quando
Lancelot a atacou novamente. Desta vez, ela jogou uma explosão de
energia para se dar tempo de ficar de pé.
Lancelot tropeçou, mas ele estava atrás dela novamente. Ela
rugiu, balançando a espada. Eles pareciam equilibrados, e nenhum
dos dois estava se segurando agora.
Lancelot deu um soco no lado de Jane. Ela rapidamente o
devolveu com um dos seus e o coçou no rosto. A multidão aplaudiu
quando Lancelot limpou o sangue dos olhos.
—Ele terminou agora. — Disse Asmodeus, pouco antes do rosto
de Lancelot se transformar, e ele explodiu em sua enorme forma de
lobisomem.
A multidão gritou de alegria, vendo sua transformação
impressionante. Os olhos de Jane se arregalaram um pouco, mas ela se
recompôs rapidamente. Ele podia ver seu demônio tentando assumir
o controle com a escuridão contínua nublando seus olhos, mas ela a
estava afastando.
Lancelot correu para ela, jogando-a rapidamente no chão, mas
ela pulou e cortou o braço dele. Ela estava segurando suas
habilidades, no entanto.
—O que ela está fazendo? — Thanatos perguntou quando ela o
circulou, derrubando-o de costas com apenas pequenas explosões de
energia.
—Ela está lutando contra seu demônio. Ela quer fazer isso
sozinha. — Disse Lúcifer em voz baixa.
Lancelot recuou, transformando-se novamente em sua forma
humana, completamente nu. —Isso é tudo o que vamos fazer, minha
rainha?
Jane não respondeu.
—Talvez você esteja esperando que seu bravo cavaleiro apareça
e salve você? — Um sorriso sombrio se espalhou pelo rosto de
Lancelot. —Ou talvez o anjo Morte seja o que você prefere? Você
parece encher muitas camas. Eu mal posso acompanhá-la.
Considerando que eu sinto o cheiro do nosso rei e o fedor do príncipe
vampiro ainda está em você, eu diria que você está tendo um tempo
igualmente difícil de lembrar para qual homem se curvar.
Os olhos de Jane brilharam em verde brilhante.
Lúcifer apertou a mandíbula quando a multidão riu.
Thanatos e Asmodeus abriram as asas de uma maneira
ameaçadora, silenciando as massas, mas Lúcifer manteve o olhar fixo
em Jane. Toda vez que seus olhos começavam a escurecer, ela
balançava a cabeça até que apenas avelã estivesse visível.
—Olhar para você agora me lembra nossa segunda reunião —,
disse Lancelot, coçando preguiçosamente o estômago. —Você se
lembra? A menina de olhos castanhos. — Os passos de Jane vacilaram
quando Lancelot continuou. —Gostei de olhos castanhos. Acho que
você também se lembra da beleza da minha última vítima na sua
presença.
Jane rugiu, apunhalando a espada no chão.
Lúcifer se moveu um pouco, pronto para dar um tapa nela por se
desarmar assim.
Asmodeus olhou para ele. —Meu rei?
Ele acenou e olhou para Jane. Ela estava com nojo da nudez de
Lancelot. Ele sabia que Lancelot instilou tantas emoções nela. Ela
precisava lutar e não ouvir essas provocações.
—Pegue sua espada, Jane. — Disse Lúcifer, fazendo-a e a
multidão se virar em sua direção.
Respirando pesadamente, ela trancou os olhos com ele e
balançou a cabeça. Lúcifer quase terminou a partida, mas ao observá-
la com mais cuidado, ele percebeu que ela não estava perdendo nada -
ela estava se concentrando. Em tudo. E ela estava subindo com mais
poder do que ele já havia sentido antes.
Ele riu de como era tolo por duvidar da força dela. —Como você
deseja, minha rainha.
Um lindo sorriso se espalhou por seus lábios. Foi apenas por
uma fração de segundo antes que ela se transformasse em um rosnado
cruel, arreganhando os dentes para Lancelot, mas ele sabia que era um
sorriso de verdade, e ela deu a ele.
—Você tem certeza disso, Lúcifer? — Thanatos perguntou
baixinho quando Jane e Lancelot começaram a se circundar
novamente, sem segurar suas espadas agora.
Lúcifer cruzou os braços, assentindo. —Eu estava enganado
sobre o controle dela. Ela vai destruí-lo.
Lancelot atacou de repente.
Lúcifer prendeu a respiração quando ela parecia estar se
preparando para ser atingida, mas ela contornou o ataque e deu um
soco devastador ao lado de Lancelot.
Os gritos da multidão sacudiram o chão.
Jane era cruel quando ela disparou e o arranhou de novo e de
novo. O lado de Lancelot estava muito machucado, mas ele não se
machucou o suficiente para atrasá-lo.
Jane deu outro soco poderoso em seu ferimento, mas Lancelot
agarrou seus cabelos dessa vez, levantando-a do chão enquanto ele
rugia em seu rosto.
Jane rugiu de volta, coçando a bochecha.
—CADELA! — Lancelot jogou-a no chão.
Um grito de dor saiu dos lábios de Jane, deixando Lúcifer tenso.
Quando ela rolou de lado, ela fez contato visual com Lúcifer. Ela se
machucou, mas sorriu e se levantou.
Lancelot voltou a procurá-la e Jane saltou no ar. Enquanto ela
voava sobre Lancelot, ela agarrou seu ombro e cabelo. Ela gritou,
aterrissando quando o jogou em uma pedra enorme, fazendo com que
ela explodisse com o impacto.
—Uau. — Disse Asmodeus.
Lúcifer riu, respirando mais fácil quando Jane se levantou.
Cuspiu sangue, mantendo os olhos nos escombros, esperando
Lancelot se levantar. Ela estava coberta de suor e sangue, mas era
feroz e bonita. Ele sorriu ao olhar orgulhoso que ela usava quando
Lancelot se levantou e revelou um grande corte em seu rosto. Estava
curando, mas ela o machucou.
—Então, minha rainha —, disse Lancelot, zombando enquanto
limpava o sangue dos olhos. —Você pode me dizer onde eu posso
encontrar David?
O olhar orgulhoso de Jane desapareceu.
Lancelot riu. —Você o deixou em casa com seus filhos? Tanto
quanto me lembro, e lembro bem, o príncipe David nunca se
interessou em se estabelecer com uma esposa e filhos de qualquer
maneira. Eu não duvidaria que ele tivesse alguns bastardos, mas devo
dizer que nunca esperei que ele cuidasse dos filhos de sua prostituta
enquanto ela corria para foder o rei do inferno.
Os lábios de Jane tremeram quando seus olhos lacrimejaram.
Lúcifer olhou em volta, notando que a multidão estava murmurando
e apontando para ela.
Lancelot sorriu para ela. —Como ele recebeu a notícia quando
descobriu que você estava abrindo as pernas para Lúcifer?
Lúcifer manteve sua expressão em branco, mas ele estava
absolutamente furioso.
—Estou surpresa que você esteja tão interessada no paradeiro de
David—, disse Jane, cuspindo mais sangue. —Toda vez que David te
convoca em uma luta, você corre para o outro lado. Covarde! Você usa
seus homens em vez de lutar porque sabe que é superado. Você até
fugiu de mim, seu pedaço de merda. Agora, pare de protelar. Você
não tem cães para protegê-lo desta vez, estuprador!
—É o que diz a prostituta que me pediu para transar com ela no
campo de batalha —, disse Lancelot, apontando para o pau dele. —
Assim como da última vez, gatinha. Você está molhada agora?
As asas cinzentas de Lúcifer se revelaram e se desenrolaram
sozinhas. Todo o campo de batalha ficou em silêncio, e todos caíram
de joelhos, inclinando a cabeça. Lúcifer olhou a seu lado, mal
conseguindo parar de incinerar todo o seu exército.
Asmodeus e Thanatos inclinaram a cabeça enquanto falaram: —
Meu rei.
Ele não disse nada a eles e caminhou até o centro do campo.
Lancelot já estava ajoelhado, mas Jane estava de pé, apertando os
punhos ao lado do corpo enquanto lutava para ficar quieta.
Quando Lúcifer os alcançou, ele parou na frente de Lancelot. Ele
rosnou, sua mão tremendo com o desejo de destruir uma de suas
criações mais poderosas.
Um silvo baixo de Jane distraiu Lúcifer, e ele olhou para ela. Ela
era uma predadora, observando sua presa, e isso acalmava a raiva
assassina que queimava sob sua pele.
—Minha rainha. — Disse Lúcifer, estendendo a mão em um
gesto para chegar até ele.
Ela olhou para ele, seus olhos castanhos iluminando o sorriso
presente de repente em seu rosto enquanto ela caminhava até ele. Ele
não sorriu de volta, mas acariciou sua bochecha machucada antes de
esfregar um pouco do sangue seco e da sujeira. Ele ainda estava muito
chateado para falar, para perguntar se ela estava bem, então ele
examinou seu corpo, verificando seus ferimentos.
—Estou bem, meu rei —, disse ela, fazendo-o se concentrar no
rosto. Ela nunca o chamou assim antes, mas estava fazendo isso agora
- na frente de todos. —Eu desejo continuar a luta, se estiver tudo bem
com você.
Ele procurou os olhos dela e depois continuou examinando seus
ferimentos. Ela estava machucada, mas escondia bem. Com um olhar,
ele tentou perguntar se ela tinha certeza disso e, parecendo entender,
ela deu um leve aceno de cabeça.
Lúcifer deslizou a mão em seus cabelos e depois na parte de trás
de sua cabeça antes de puxá-la para mais perto. —Como você quiser
—, disse ele, beijando seu lábio quebrado. Ficou emocionado por ela
não ter lutado, especialmente por um beijo tão público. Lambendo o
sangue de seu lábio cortado, ele sorriu, sussurrando: —Deixe-o vivo.
Finalmente, ela deu a ele o olhar que ele estava acostumado a
obter dela - o olhar que destruiria um homem fraco. Ele apertou mais
o cabelo dela, rosnando suavemente enquanto puxava o corpo dela
para mais perto dele.
—É claro. — Disse ela, dando-lhe um olhar final antes de desviar
o olhar para onde Lancelot ainda estava ajoelhado.
Soltando o aperto, ele sussurrou em seu ouvido. —Acho que é
mais adequado para outro tirar a vida dele, Jane.
—Eu entendo. — Disse ela, lentamente virando o rosto para ele.
Ele olhou nos olhos dela, observando as cores girarem. —Você
percebe que lutar com ela é uma tolice - ela pode ajudá-la.
Ela abaixou a voz. —As coisas que ela quer fazer com ele são
nojentas. Acho que não aguentaria se ela deixasse.
—Bem, ela está com raiva de você estar satisfeita e ela não. — Ele
sorriu, beijando-a rapidamente antes de ficar mais reto. —Deixe-a sair
se precisar. Ela sabe que haverá consequências para o seu
comportamento.
—Sim, meu rei. — Disse ela, seus olhos deslizando para as asas
dele.
A curiosidade iluminando seu rosto o divertia, mas ele tinha que
dar o exemplo agora. Então, rosnando, ele se virou para Lancelot. —
Levante-se!
Lancelot rapidamente se levantou. Eles fizeram contato visual
por um mero segundo antes de Lancelot ficar tenso e abaixar a cabeça.
Lúcifer sabia que sua raiva o levara a liberar parte do glamour. Ele
sabia que suas feições eram mais proeminentes e seus olhos eram
completamente prateados. Assustava todos os que eram tolos o
suficiente para irritá-lo tanto. —Você já esqueceu por que está sendo
punido?
—Não, Lúcifer. Minhas emoções simplesmente me dominaram.
Lúcifer agarrou Lancelot pela garganta e levantou-o a vários
metros do chão. A multidão ofegou, chocada com sua capacidade de
tocar e causar danos a alguém que não era de origem angelical ou
demoníaca. Era algo que todos estavam impedidos de fazer, com
exceção da Morte, e agora ele. E era tudo por causa da presença de sua
pequena rainha. —Minha adorável rainha deseja continuar esta
partida. Você aceita?
Lancelot cuspiu: —Sim, Lúcifer.
— Não vou ouvir essa sujeira da sua boca novamente, cachorro
— rosnou Lúcifer, apertando seu aperto. —Insulte minha rainha
novamente, e eu vou alimentá-lo com seus próprios filhos hediondos.
Lancelot começou a se debater, mas ele apertou mais forte até
que uma sensação maravilhosa irradiou por toda a asa.
Lúcifer rosnou, virando a cabeça. Surpreendeu-o encontrar Jane
lá. Ela parecia uma criança, com um sorriso largo nos lábios enquanto
passava os dedos pelas penas cinzas dele.
Ele voltou sua atenção para Lancelot. —Largue essa covardia e
lute com ela! Ela estava certa em todas as observações de suas
batalhas com David. Ela era dele. Agora, deixe-me ver o quanto você a
teme em comparação a ele. — Lúcifer jogou Lancelot no chão e bateu
as asas, ficando ofegante com Jane.
Ela tentou recompor seu rosto, mas ele viu um breve momento
de felicidade em seus olhos brilhantes. Ele estendeu a mão, acenando
para ele e, para seu deleite, ela se aproximou dele imediatamente.
Quando ela estava perto o suficiente, ele agarrou seu queixo,
inclinando o rosto sorridente para cima quando a multidão começou a
levantar a cabeça para assistir.
Ele levou um momento para admirar o brilho prateado que ela
emitia. Estava sempre lá, mas parecia mais brilhante agora, como se o
pequeno momento de fascínio por suas asas tivesse renovado toda a
força dela. Ela estava cantarolando com poder e era de tirar o fôlego.
—Você está me deixando orgulhoso, minha rainha —, ele disse
suavemente enquanto mantinha o queixo dela entre os dedos. Ela
sorriu para ele, ainda olhando para as asas dele a cada poucos
segundos. —Lembre-se, eu quero ele vivo.
Ela ficou sóbria então. —Eu lembrarei.
—Eu já te disse que há uma razão para sua luz ser prata? — Ele
perguntou, sorrindo quando ela ficou presa em seu olhar. —Talvez
um dia.— Ele pressionou seus lábios nos dela, respirando seu doce
aroma que se misturava aos dele.
—Combina com seus olhos. — Ela sussurrou, segurando o pulso
dele antes que ele pudesse libertá-la.
—Você combina —, disse ele, beijando-a mais uma vez, em
seguida, virou-se, deixando-a para continuar sua luta. No entanto, ao
se aproximar da beira do campo de batalha, ele olhou por cima do
ombro. —Ah, e Jane?
—Sim? — Ela perguntou, olhando para a multidão se levantando
antes de se concentrar nele.
—Eu acredito que você está certa sobre Lancelot —, disse ele,
observando-a franzir a testa. —Ele se parece com Stephen.
Seus olhos se arregalaram e ela chorou antes de se curvar a ele.
—Aproveite sua vingança, Jane. — Ele a observou assentir antes
que ela voltasse à posição.
Asmodeus e Thanatos sorriram quando ele retomou seu lugar
entre eles.
—Vocês dois são adoráveis. — Disse Asmodeus, rindo.
Lúcifer riu. —Não sorria a menos que esteja matando alguém,
Asmodeus. Isso me perturba.
Asmodeus riu mais alto.
—Quem é Stephen? — Thanatos perguntou e Asmodeus
também se virou para ele em busca da resposta.
Sorrindo enquanto observava Jane circulando Lancelot, Lúcifer
admirou a maneira como sua aura prateada brilhou de repente e
respondeu: —Seu agressor.
Asmodeus riu. —Você nunca deixa de me surpreender, meu rei.
De repente, Jane soltou um rugido estrondoso no mesmo
momento, todas as chamas do acampamento dispararam em direção
ao céu, sacudindo o chão rochoso sob seus pés.
Lúcifer sorriu quando os gritos selvagens arrancando seus lábios
machucados só ficaram mais altos. Seu poder ainda estava
aumentando. Ele não tinha ideia de como ela estava lidando com isso,
mas ela estava realmente atraindo poder ao seu redor.
—Maldito inferno. — Disse Thanatos.
Lúcifer riu com o olhar chocado no rosto de Lancelot antes de
voltar sua atenção para Jane. Surpreendeu-o que apenas olhos
castanhos estivessem à vista. Nem uma única mancha de escuridão.
Nenhum demônio estava fazendo isso. Isso era tudo, Jane.
Lancelot não esperou dessa vez e, com seu próprio rugido feroz,
ele se transformou no grande lobisomem.
Jane encontrou seu rugido, seu corpo minúsculo tremendo
enquanto puxava o suéter por cima da cabeça, revelando a camisola
que usava por baixo e a adorável forma de ampulheta dela. Ela jogou
o suéter, as mãos em punhos cerrados enquanto inclinava a cabeça
para trás, seu grito de batalha enchendo o céu, tudo com aquela luz
prateada pulsando ao seu redor.
Bonita.
—Uau. — Thanatos e Asmodeus falaram em uníssono.
Lúcifer gostava de ouvi-los admirá-la. Ela era dele.
Ela havia silenciado a multidão. Muitos deles estavam olhando
de soslaio pelas chamas brilhantes ao redor do acampamento
combinadas com sua luz interior. Jane e Lancelot começaram a dançar
de novo, mas Lúcifer ainda não conseguia tirar os olhos dela. Ela
parecia tão cheia de raiva, mas havia muita dor atrás dos olhos. Este
era o abuso sexual de toda a sua vida, olhando-a nos olhos na forma
de um verdadeiro monstro.
Lúcifer havia lhe dado a chance de enfrentar seu passado, e era
algo que ele sabia que a faria ou a destruiria.
Lancelot atacou, e surpreendendo a todos, Jane correu em
direção ao enorme lobisomem. Ela o derrubou no chão, gritando como
um gato selvagem, enquanto deslizavam pelas rochas. Assim que eles
pararam, Jane colocou os punhos pequenos em sua cabeça enorme.
Seus golpes eram poderosos, mas Lancelot era forte e ele alcançou o
rosto dela com sua mão gigante e com garras.
O golpe golpeou seu rosto para o lado, mas ela apenas gritou,
recuando para socá-lo novamente.
Lúcifer podia ver que ela estava usando suas habilidades para
prendê-lo, mas ela estava impedindo de fazer mais com eles. Era só
ela tirando toda a sua dor, tristeza e perda - tudo o que o abuso dela
havia tirado dela.
Seu grito fez Lúcifer dar um passo à frente, mas Asmodeus
disparou um braço para detê-lo. Lúcifer suspirou, forçando-se a
simplesmente assistir enquanto o sangue dela voava pelo ar e
manchava sua camisola branca depois que Lancelot deu um bom
arranhão no ombro.
Jane retomou seu ataque, no entanto. Ela estava chorando.
Lágrimas e soluços que ele nunca tinha ouvido dela o haviam
paralisado. E nenhum deles era de sua dor física. Ela estava vendo
seus agressores quando olhava nos olhos do lobisomem. Ela sempre
via Stephen quando olhava para Lancelot.
Freneticamente, lançou um olhar ao redor do campo,
concentrando-se em uma das mesas do arsenal. Ela estendeu a mão,
atordoando a multidão quando uma lâmina de prata veio voando
para ela. Não vacilando ou se afastando, ela a pegou no ar antes de se
inclinar sobre Lancelot. Ainda usando seu poder para segurar o
lobisomem, ela enxugou algumas lágrimas e segurou a lâmina sobre o
torso de Lancelot.
—Que porra ela está fazendo? — Thanatos perguntou.
O rugido de Lancelot foi doentio quando ela começou a cortá-lo.
—Droga. — Asmodeus riu. —Ela é implacável.
Depois que ela terminou, Jane se inclinou sobre o rosto de
Lancelot, os lábios se movendo, mas ela falou muito baixinho entre os
fogos e a multidão para que alguém entendesse o que estava dizendo.
Ela apontou a lâmina pingando no rosto de Lancelot e disse mais
palavras antes de cuspir nele e ficar de pé.
Ela se afastou para que Lancelot pudesse ficar de pé e jogou a
espada fora do alcance de sua luta.
Lúcifer ainda tinha que descobrir o que ela havia feito com ele,
mas riu quando Lancelot finalmente ficou de pé com quatro letras
altas esculpidas em seu estômago.
Ela usou prata para assustar a carne dele e copiou o que ela viu
Lancelot fazer para suas próprias vítimas.
Lancelot ergueu as garras para a mutilação escaldante e rosnou.
Ele levantou a cabeça, rosnando, mas parou quando observou Jane
chorando. Uma espécie de risada lupina escapou das mandíbulas
maciças de Lancelot e, para desgosto de Lúcifer, uma grande parte da
multidão começou a rir também. Elas eram principalmente Keres e
muitos dos escalões mais altos de Lancelot.
—Calma, meu rei. — Disse Thanatos, mudando um pouco.
—Ela está se recuperando da dor, Lúcifer. — Disse Asmodeus,
tão baixo quanto Thanatos.
Ele bufou, assistindo Jane circulando o monstro rindo e
enxugando as lágrimas dela para ter mais queda. Lúcifer não tinha
ideia de como eles poderiam encontrá-la fraca. Acabara de espancar
Lancelot e assustá-lo para que ele sempre soubesse que ela o
espancara.
Jane de repente olhou para Lúcifer. Lágrimas grudavam em seus
cílios escuros, mais misturadas com o sangue em seu rosto. Havia
tanta dor naqueles lindos olhos, e sua capacidade de ver o passado
dela apenas o permitia entender sua tristeza mais do que qualquer
um, exceto talvez a Morte.
Eles não desviaram o olhar um do outro, nem mesmo quando
lutas começaram a começar no meio da multidão, e ela sorriu. Estava
cheio de tristeza, mas ainda era a visão mais bonita de sua vida.
Lúcifer sorriu de volta.
O sorriso dela se alargou e ela se virou para voltar à luta.
—Eu acredito que sua rainha estava agradecendo a você. —
Disse Asmodeus.
Lúcifer parou de sorrir, mas ele ainda a via em sua mente.
—Parece que nossa rainha já tem sua própria seção de torcida
lutando por ela. — Disse Thanatos, apontando para onde vários
vampiros e até escravos humanos começaram a atacar aqueles que
riam de Jane.
Algumas mulheres demônios voaram, juntando-se a algumas
Keres que já voavam no céu cheio de fumaça. Lúcifer rosnou baixo no
peito. Estas eram muitas das mães e filhas de Keres, todas leais a
Lancelot.
Os olhos de Jane dispararam para elas quando mergulharam e
giraram no ar. A risada delas machucou seus ouvidos. Ele estava
prestes a ordenar que seus generais cuidassem delas, mas os olhos de
Jane encontraram os dele novamente. Eles eram tão brilhantes e cheios
de lágrimas, mas ela queria lutar.
Lancelot tentou usar seu momento distraído para carregá-la, mas
ela gritou, estendendo a mão para prendê-lo no lugar.
Enfureceu Lancelot e ele rugiu, olhando para as harpias em
busca de ajuda.
Jane olhou de volta para Lúcifer, e ele assentiu rapidamente. Ela
olhou para cima enquanto ainda estendia a mão para Lancelot,
mantendo-o quieto e depois levantou a outra mão para o céu.
Todo mundo olhou para cima, chocado ao ver as Keres
congelando no ar antes de serem repentinamente jogadas no chão com
gritos terríveis que ecoavam pelo campo.
A multidão gritou, vendo algumas delas se despedaçarem. Os
verdadeiros demônios pairavam enquanto gritavam insultos a ela e a
ele. Lúcifer voltou sua atenção para Jane. Ela estava olhando
diretamente para os demônios. O suor escorria pelo seu rosto e seu
braço estendido tremia enquanto Lancelot continuava a se debater no
aperto que tinha sobre ele.
Os lábios dela se moveram, e ele os leu quando ela disse a si
mesma: — Você pode fazer isso, Jane. — Então ela gritou para o céu
quando um estrondo alto e uma enorme bola de energia deixaram sua
outra mão. Atingiu os oito demônios, derrubando-os em direções
diferentes.
Ela não perdeu mais tempo olhando o céu vazio. Ela voltou os
olhos ferozmente para Lancelot que, ainda paralisado por seu poder, a
xingou.
—Localize os demônios e traga-os para mim —, disse Lúcifer a
Asmodeus. —Em cadeias.
—Eles já estão sendo recuperados. — Respondeu Asmodeus,
nenhum deles olhando para longe de Jane enquanto ela endireitava os
ombros.
As Keres que não morreram com o impacto começaram a se
levantar e três imediatamente a acusaram.
Jane virou a cabeça levemente, seu olhar focado nas enormes
chamas que estavam ao redor do acampamento. As chamas se
intensificaram. Ela sorriu e depois estendeu a mão.
O rugido do fogo fez muitos gritarem de medo. Então, de
repente, chamas de três infernos separados voaram em direção à
palma de Jane. Por um momento, Lúcifer temeu que batessem nela,
mas ela as pegou na mão.
Elas bateram na palma da mão dela, pairando alguns
centímetros de sua carne. Suas pernas e braços tremiam sob a pressão
enquanto ela rugia, segurando as três bolas de fogo.
As três Keres pararam e olharam por um momento antes de se
virar para fugir, mas Jane gritou e empurrou a palma da mão,
enviando as chamas na direção delas.
Gritos da multidão ecoaram e aqueles no caminho das chamas
correram por segurança. Ela não apenas bateu neles para enviá-los a
uma morte ardente. Em vez disso, ela fechou o punho e gritou,
observando as chamas se espalharem em um círculo enorme e girarem
em torno delas até que todos estivessem se abraçando enquanto
soluçavam de joelhos no centro.
Jane ficou olhando fixamente para a prisão ardente com a mão
tremendo incontrolavelmente, mas ela não fez mais nada. A escuridão
continuou sua tentativa de afogar os olhos; ela ainda estava lutando
contra seu demônio, mas lutou contra isso. Cada balançar de cabeça, a
cor avelã ficava mais brilhante.
Lúcifer sorriu com orgulho, mesmo sabendo que deveria sentir o
contrário.
O inferno rodopiante continuou mantendo as vítimas de Jane em
cativeiro, mas ela parecia rasgada ou distraída demais para acabar
com elas.
Sem dizer nada, Asmodeus e Thanatos bateram as asas e
subiram ao ar. Eles pousaram ao lado de Jane, mas ela ainda estava se
concentrando na prisão de fogo que havia criado.
Thanatos apertou o ombro dela quando ele sussurrou em seu
ouvido antes de ele e Asmodeus se aproximarem do tornado ardente.
Asmodeus acenou para ela quando suas correntes demoníacas
giravam em torno dele, e Thanatos estendeu a mão, convocando sua
foice. Oito outras figuras caíram ao redor do fogo estrondoso. Cada
demônio ou Caído segurava um dos demônios que Jane derrubara do
céu.
Jane olhou para os olhos de Lúcifer. Ele assentiu e ela retirou a
mão para deixar as chamas morrerem. As três Keres nuas gritaram,
mas Asmodeus disparou suas correntes e as conteve. Elas choraram e
arranharam as correntes, mas era inútil.
Lúcifer também voou para o céu antes de aterrissar atrás de
Lancelot. A multidão estava frenética, alguns tentando fugir, sem
saber o que aconteceria.
Segurando Lancelot pela garganta, Lúcifer chamou luz em sua
mão para queimar o lobisomem. —Deixe-o ir, Jane.
Ela se soltou e, rosnando, Lúcifer bateu Lancelot nas costas dele.
—Como você ousa desrespeitá-la e pedir que eles o ataquem por
você. — Ele pegou o pelo de Lancelot e levantou a cabeça para olhar
os onze demônios acorrentados e Keres. —Ares?
O vampiro saiu da multidão. —Sim, meu rei.
—Mate as prostitutas de seu amigo —, Lúcifer disse antes de
sussurrar para Lancelot: —Minha rainha não é prostituta, mas as suas
morrerão por você.
Lancelot uivou quando Ares assentiu e sacou a espada. Ares
caminhou até a primeira Keres nas correntes de Asmodeus,
balançando a espada no pescoço dela sem hesitar. O sangue dela
jorrou e ele foi para as próximas duas para repetir a execução. O
sangue delas jorrou como fontes, e Asmodeus soltou suas correntes,
deixando seus corpos caírem no chão.
Terminado, Ares se virou e se ajoelhou em sua direção.
A multidão gritou de medo quando as correntes de Asmodeus
envolveram dois demônios que os guardas seguravam. A primeira
explodiu quando ele a envolveu com força, e a segunda foi lentamente
separada. Sua carne rasgou, derramando seu interior através da terra.
Thanatos acenou com a cabeça para o primeiro anjo caído que
segurava outro demônio. Os Caídos forçaram o demônio suplicante
de joelhos e a mantiveram imóvel.
—Venha, Jane —, disse Lúcifer, sem desviar o olhar do massacre
que acontecia a vários metros de distância. —Descanse, minha rainha.
Você ainda tem uma luta para terminar.
—Obrigada. — Disse ela.
Ele olhou para cima e a viu a poucos centímetros dele e perdeu o
olhar feroz. Ela sorriu e tocou o rosto dele, estremecendo quando a
eletricidade brilhou entre eles.
Uma pequena risada escapou dele; ele ficou surpreso que isso
acontecesse agora. —Pegue Jane. Isso ajudará a renovar sua força. —
Ele sabia que ela o entendia enquanto assentia, mas ele a impediu de
usar a mão dela. —Dos meus lábios, minha linda rainha.
Lancelot rosnou e se debateu embaixo dele, e Lúcifer usou sua
luz para queimar mais a carne de Lancelot.
Jane se inclinou sobre Lúcifer, tocando os lábios dele com os
dedos trêmulos antes de pressionar os lábios nos dele.
—Essa é minha garota. — Ele murmurou contra a boca dela,
ignorando os gritos rugindo ao redor deles enquanto empurrava sua
luz nela com seu beijo.
—Linda, Jane. — Disse ele, observando seu brilho prateado
brilhar ainda mais. Ele se virou para ver seus generais punir seus
agressores.
Lúcifer estremeceu quando Jane se aproximou dele. Ele estava
ajoelhado sobre Lancelot, então ela estava acima dele. Ela arrastou os
dedos ao longo da asa dele, e ele teve que se concentrar em não puxá-
la para baixo dele para reivindicá-la.
Thanatos colocou a mão sobre a boca da demônio fêmea e
observou uma massa negra sair de seus lábios sibilantes.
—O que aconteceu? — Jane perguntou.
—A alma dela. — Respondeu Lúcifer enquanto Thanatos
fechava a mão, selando-a dentro dele.
Jane assistiu, brincando com as penas dele por alguns segundos,
mas ela se encolheu quando Thanatos trouxe sua maldita foice
angelical para a primeira vítima. Só foi preciso um único giro para
remover a cabeça.
Thanatos passou por cima de seu cadáver em desintegração para
ter o próximo abaixado na frente dele. Este chorou e se debateu, mas
Thanatos não mostrou reação ao retirar sua alma também.
—A propósito. — A respiração de Jane fez cócegas no ouvido de
Lúcifer.
Ele nem percebeu que ela se curvou para ele novamente. Seus
olhos se voltaram para ela, mas ele deu um soco no rosto rosnando de
Lancelot primeiro.
—Eu te perdoo —, disse ela, sorrindo quando seus olhos se
arregalaram. —Está tudo bem, Luc. Obrigada por isso. — Ela
pressionou um beijo na bochecha dele antes de se endireitar. Seus
dedos estavam lá no cabelo dele, e desta vez ele se permitiu apreciar o
toque dela.
Ele sentiu calor no peito, mas ignorou e observou Asmodeus
sussurrar para uma das mulheres demoníacas. Ela caiu de joelhos por
um momento e depois se levantou novamente. Um dos guardas de
Asmodeus entregou uma lâmina à fêmea demoníaca, enquanto outro
guarda arrastou outra demônio para ficar diante da outra mulher.
—Mãe, não! — A segunda mulher gritou.
Asmodeus era um demônio talentoso, e Lúcifer entendeu que ele
acabara de instruir o primeiro demônio a matar sua própria filha.
A respiração de Jane parou, e Lúcifer de repente sentiu vontade
de protegê-la disso. Ele virou o rosto na palma da mão dela. —Desvie
o olhar, Jane. Vou lhe dizer quando puder olhar novamente.
—Tudo bem. — Ela disse tristemente quando a filha gritou com
a mãe enquanto abaixava a lâmina várias vezes, até que a filha era
uma pilha de carne imóvel.
Lúcifer suspirou e deu um beijo na palma da mão por algum
motivo antes de se virar para ver o massacre continuar. A mãe
demônio gritou por sua filha depois que Asmodeus levantou seu
encantamento. Asmodeus não a fez esperar por sua morte. Ele
rapidamente estendeu a mão, agarrando a mãe histérica pela garganta
e a esmagou.
Eles continuaram, revezando-se nos dois últimos. Thanatos
puxou as almas de suas vítimas dentro dele antes de acabar com elas.
Lúcifer olhou para baixo e sorriu para a agonia nos olhos de Lancelot.
Ele conhecia muitos desses demônios e as Keres haviam
compartilhado a cama de Lancelot mais de uma vez. Algumas até
suportaram sua desova.
—Abra seus olhos, Jane. — Lúcifer notou suas lágrimas, mas ela
assentiu que estava bem e olhou na direção dos homens dele.
Eles rugiram sobre suas mortes por ela, então Asmodeus rugiu
mais alto quando ele se transformou em sua enorme forma de dragão.
Seu rugido sacudiu o céu enquanto vomitava fogo no ar. Alguns da
multidão aplaudiram enquanto outros fugiram por segurança.
Jane ofegou, apertando mais o cabelo de Lúcifer antes de deslizar
a mão para o lado do rosto dele.
—Está tudo bem, minha rainha. Ele está honrando você. —
Lúcifer beijou a mão dela novamente, quando Thanatos soltou seu
próprio rugido e se cercou na escuridão para revelar sua armadura e a
capa com capuz preto.
Ele bateu as asas de corvo e trouxe a foice para o lado antes que
ele e a forma de dragão de Asmodeus se ajoelhassem para eles.
—Vá até eles, Jane. — Lúcifer deu mais um beijo encorajador na
palma da mão.
Lentamente, ela caminhou em direção ao dragão preto e
vermelho de cinco metros de altura e ao ex-general do exército da
Morte. Eles mantiveram a cabeça baixa para ela, e Lúcifer sorriu ao
ver toda a multidão ajoelhada. Ela parecia uma deusa enquanto
atravessava o campo encharcado de sangue com sua luz prateada
ainda piscando. A luz dele combinava com ela.
Quando ela estava a apenas um pé deles, ela se virou para olhá-
lo. Lúcifer sorriu para o sorriso infantil que se espalhou por seu rosto
quando ela murmurou: —Um dragão. — Para ele. Ele assentiu,
observando-a voltar para o Rei dos Demônios com a mão estendida
para que ela pudesse acariciar suas escamas negras e lisas. O
estômago de Asmodeus roncou alto quando Jane ficou na ponta dos
dedos dos pés e beijou seu focinho.
Lúcifer riu quando ela assustou-se e recuou depois que
Asmodeus soltou um ronronar que soou mais como um rosnado
cruel, levantando a cabeça. Ela sorriu novamente, depois se mudou
para Thanatos. Ela não parecia tão animada com ele, mas Lúcifer viu o
apelo nos olhos de Thanatos quando ele ergueu o olhar para ela
depois que ela tocou seu ombro.
Surpreendeu-o quanto Thanatos parecia querer estar a seu favor.
Jane olhou para a foice, os lábios tremendo por um momento. Lúcifer
sabia que ela devia estar pensando na Morte e franziu a testa. Ele não
a queria mais pensando nele.
Jane empurrou o capuz de Thanatos para trás. Ela olhou para o
rosto dele por um momento antes de descansar a mão no ombro dele
para beijar sua bochecha.
—É assim que você deve honrar sua rainha, cachorro. — Lúcifer
rosnou para a cabeça gigante de Lancelot.
Lancelot gemeu sob sua mão quando o apertou com mais força.
Lúcifer simplesmente se levantou, puxando o corpo enorme de
Lancelot e arrastando-o para Jane e seus dois generais
impressionantes.
Jane olhou para Lancelot, mas sorriu quando Asmodeus rugiu,
batendo suas asas gigantescas.
Chegando a ficar ao lado de Jane, Lúcifer colocou a mão na
cintura e a puxou para perto, enquanto ele se dirigia a Lancelot. —
Tenho a sensação de que sua cabeça ainda está muito grossa para ver
como você tem sido tolo em relação às minhas ordens e à honra de sua
rainha.
Lancelot ficou de quatro enquanto observava os restos dos
demônios e Keres.
—Estou surpreso que você possa formar um apego ao sexo
oposto. — Disse Lúcifer, envolvendo uma asa em torno de Jane para
mantê-la relaxada. Ela se inclinou contra ele quando um calor
estranho surgiu entre seus corpos.
—Você sabe que elas eram mais que prostitutas. — Disse
Lancelot depois de se transformar em humano novamente.
—Realmente? — Lúcifer perguntou.
Lancelot assentiu, mas não olhou para cima.
—Bem, você não precisa que eu explique meu apego à minha
rainha. — Lúcifer apontou para os lobos mutantes acorrentados. —
Seus experimentos não me agradam. Receio que sejam tão
incontroláveis quanto você. Você deve destruí-los você mesmo, ou
preciso fazê-lo por alguém mais competente?
—Faça. Você. Mesmo! — Lancelot cuspiu a seus pés.
Jane sibilou e se moveu para atacar, mas Lúcifer a segurou e
inclinou a cabeça para o lado. Ela estava tremendo com tanta raiva
agora.
Ele abaixou os lábios e sussurrou em seu ouvido: —Minha
rainha?
Ela parou e ele continuou.
—Eu ainda quero que ele viva.
Ela cerrou os dentes, fazendo-o sorrir e beijar sua bochecha.
—Devo deixá-lo por seus cavaleiros para que a guerra deles com
ele possa finalmente terminar?
Ela olhou para ele, seus lábios roçando os dele quando falou: —E
se ele os machucar?
Ele riu e a beijou rapidamente. —Você duvida dos seus bravos
cavaleiros, Jane?
—Não. — Ela sussurrou.
—Bom. — Ele a beijou novamente. —Eles vão matá-lo com as
notícias que ele traz. Não se preocupe, minha rainha. Será uma
extensão do meu presente para você. Você me agradou muito esta
manhã.
Ela assentiu com a cabeça e olhou para baixo.
—Acredito que minha adorável rainha deseja continuar sua luta
com você. No entanto, ela não deseja honrá-lo com a morte, então
chamarei o fim da luta. Deste ponto em diante, você e seus lobos estão
sob o comando de Ares. Terei uma tarefa para você que deverá ser
executada rapidamente, mas não antes que você cumpra uma
sentença pequena. Agora fique de pé.
Lancelot levantou-se. Lúcifer riu, olhando as letras inflamadas
gravadas em sua pele.
—Rainha Jane, eu acredito que você poderia ser uma artista. —
Thanatos riu sombriamente.
—Você está pronta? — Lúcifer sussurrou no ouvido de Jane.
—Sim. — Disse ela, tremendo quando ele beliscou seu lóbulo da
orelha.
—Mesmo coberta de suor e sangue, você é tão bonita —, disse
ele antes de se afastar para encarar Lancelot. —A menos que você
esteja se desculpando, não abra a boca para ela novamente. Faça algo
que me desagrade ou a minha rainha, e eu forçarei você a comer suas
prostitutas e filhos. Agora vá; fique no lugar enquanto converso com
minha rainha.
Lancelot virou sem outra palavra e retomou um lugar no campo.
—Ela parece tão adorável com a sua luz dentro dela —, disse
Asmodeus em uma voz baixa e divertida quando Jane franziu o cenho
para ele por de repente retomar sua forma mais humana. —Sinto
muito, minha rainha. Vou honrá-la novamente com meu dragão em
outra ocasião.
Lúcifer riu. —Sim, combina com ela. Eu a chamaria de anjo, mas
isso tem um gosto amargo na minha língua.
Jane fez beicinho, e todos riram dela.
—Tudo bem, minha rainha. Você é meu anjo.
—Eu acho que os anjos são lindos —, disse ela baixinho quando
tocou suas penas. —Eu só vi alguns com suas asas. — Ela parou e
passou os dedos pela asa dele. —Eu gosto dessa cor cinza. Eu pensei
que havia apenas preto e branco.
—Seu rei é o único anjo que tem essa cor. — Disse Asmodeus a
Jane.
—Realmente? — Ela olhou para Lúcifer, seus olhos castanhos
brilhando quando ele assentiu. Ela sorriu para ele. —Eu acho que elas
são lindos, Luc.
—Você deseja usar sua espada? — Lúcifer perguntou a ela, sem
responder à sua lisonja. Ela não parecia se importar com o desprezo
pelo elogio e balançou a cabeça. —Então eu vou chamar para a
partida.
—Tudo bem. — Disse ela.
—Torne seu rei orgulhoso, rainha Jane —, disse Asmodeus,
curvando-se para ela. —Ele já está admirado com você.
Thanatos curvou-se para ela também. —Foi um prazer vê-la
lutar, minha rainha. Obrigado pelo seu perdão.
—De nada, Than —, disse ela, sorrindo. —Não me desaponte. Eu
não vou dar de novo.
—Claro que não, minha rainha. Não será necessário. — Thanatos
estendeu a mão para pegar a mão dela.
Ela deu, e ele rapidamente deu um beijo em seus dedos antes de
voltar.
—Aproveite o resto da sua luta, Jane. — Disse Lúcifer, apenas
dando-lhe um beijo rápido nos lábios antes de ir embora.
—Você está bem, Lúcifer? — Asmodeus perguntou em voz
baixa.
—Eu estou bem. Ela precisa se concentrar. Eu sou muito suave
com ela. Então vocês dois.
—Lúcifer, você sabe por que somos assim. — Thanatos
sussurrou, entendendo o que o estava incomodando.
—Jane? — Lúcifer gritou, fazendo-a se virar para olhá-lo. —
Escute o meu sinal. Você sentirá quando chegar a hora.
Ela sorriu brilhantemente e tocou seu peito.
Ele sorriu de volta, aliviado por ela o entender. Era mais do que
energia que ele lhe dera. —Seja ótima, Jane.
—Você ainda tem certeza de seus planos com ela? — Thanatos
perguntou quando Jane se virou.
—Deixe-o, Thanatos —, disse Asmodeus, balançando a cabeça.
—Isso deve ser feito.
—Os planos permanecem como discutimos. Nada muda — disse
Lúcifer, sentindo o calor pulsar exatamente como sua luz. —Porra!
—Tudo vai dar certo, Lúcifer. Atenha-se aos seus planos — disse
Asmodeus, suspirando. —Eu também não esperava isso.
Lúcifer exalou alto, batendo as asas antes de colocá-las atrás dele.
—É fascinante que ela ainda possa dominar essa escuridão. —
Disse Asmodeus.
—É. — Ele disse.
—Eu me pergunto como a amiga malvada reagirá quando você a
puxar para a frente novamente.
—O suficiente! — Lúcifer rosnou.
Eles inclinaram a cabeça e voltaram o foco para Jane quando ela
provocou Lancelot jogando as mãos para ele.
Lancelot andava de um lado para o outro, enquanto Jane olhava
em volta, fingindo estar entediada com ele. Mas como a multidão
ficou inquieta com a espera, ela começou a andar também.
Sua aura pulsava. Lúcifer sabia que ela estava sentindo sua luz e
estava brincando de controlá-la. Ela lhe lançou um sorriso tímido,
fazendo-o rir antes de se virar para Lancelot, pulsando mais forte
quando notou os olhos dele apertando os olhos diante da luz.
As nuvens e a fumaça escureceram o campo, já que ela não
permitia que sua energia produzisse aqueles fogos furiosos. Desde
que ela era a única luz, era como olhar para uma poderosa lanterna
em um lugar escuro. Parecia incomodar a maioria da multidão
também, mas não ele. Afinal, era dele. Ela assentiu, parecendo
elaborar um plano de jogo em sua cabeça e diminuiu a luz.
Lúcifer tinha uma boa ideia de qual era seu plano, porque
parecia despertar Lancelot quando ela também diminuiu a velocidade
da caminhada.
Thanatos riu baixinho. —Claro que ela seria uma fã de
quadrinhos.
Lúcifer balançou a cabeça em sua imaturidade, mas sorriu de
qualquer maneira.
Lancelot acenou para ela como se quisesse abordá-la em termos
neutros. Jane hesitou, mas assentiu e caminhou para encontrá-lo no
meio.
—O que ela esta fazendo? — Os olhos de Lúcifer se estreitaram.
As palavras de Lancelot eram muito baixas para serem ouvidas,
mas sua expressão se suavizou.
—Ela é muito perdoadora. — Disse Thanatos, balançando a
cabeça.
Lancelot sorriu como se estivesse aliviado, mas de repente lhe
deu um tapa com tanta força no rosto que ela caiu de joelhos. Lúcifer
rosnou e sentiu dois pares de mãos contê-lo quando Lancelot chutou o
lado dela para derrubá-la completamente no chão.
—Deixe-a lutar, Lúcifer —, Asmodeus sussurrou. —Não
interfira.
—Bem. — Lúcifer os sacudiu.
Eles se viraram para ver Lancelot apertar o pé no estômago dela.
Ela gritou de dor pela força e lágrimas caíram de seus olhos
novamente. O coração de Lúcifer bateu forte quando seus olhos
encontraram os dele por um breve momento.
Ela gritou, coçando a perna de Lancelot enquanto ele
pressionava com mais força.
A multidão gritou com ela quando Lancelot rapidamente a
montou e deu um soco na bochecha, dividindo a pele onde já estava
marcada.
Lúcifer apertou seu punho com força e lutou para permanecer no
lugar. Por que ela não está brigando? Foi quando ele percebeu que o
preto finalmente dominara seus olhos. A avelã mal estava visível no
centro - em cativeiro. Ela finalmente escorregou e estava à mercê de
seu demônio, e o monstro a estava fazendo ver e derrubar tudo.
—Aquela puta de merda. — Ele rosnou, batendo as asas em
agitação. Ele não poderia resgatá-la sem parecer fraco.
Lancelot agarrou os cabelos de Jane quando ele sussurrou em
seu ouvido. Jane soluçou, tentando se libertar quando Lancelot
empurrou a mão pelas calças dela. Ela gritou, as pernas chutando
quando Lancelot puxou a mão dele e cheirou os dedos antes de limpá-
los em seus lábios. —Assim como eu pensei - você fodeu o rei
enquanto o perfume de David ainda a marcava.
—Lúcifer. — Thanatos disse, sem esconder o tom preocupado.
—Não. — Ela soluçou.
Lúcifer não conseguia se mexer; ele se sentiu tão paralisado
quanto ela parecia, sabendo exatamente o que estava vendo. Foi a
mesma coisa que o garoto fez quando ela era criança.
—Eu sabia que você era uma garotinha suja —, disse Lancelot,
moendo-se contra ela. —Eu aposto que você está morrendo de
vontade de sentir meu pau em você. — Ele empurrou os quadris para
frente antes de de repente envolver as duas mãos em volta da
garganta dela, sufocando-a.
Lúcifer continuou observando o sorriso malicioso provocando os
lábios de Jane enquanto as lágrimas escorriam pelo seu rosto
ensanguentado. Suas pernas estavam se debatendo e ela agarrou os
braços de Lancelot, tentando alcançar o rosto dele. O sorriso não saiu
de seus lábios, provando que seu demônio ainda estava muito no
controle do corpo de Jane, e não se importava com a dor que ela
estava sentindo.
—Pare com isso, Lúcifer. — Thanatos disse, andando de um lado
para o outro.
—Jane —, Lúcifer mal sussurrou, mas seus olhos dispararam
para ele. A avelã parecia avançar um pouquinho. Ele tocou seu peito.
—Agora, minha rainha.
Lancelot se inclinou e lambeu sua bochecha ensanguentada com
uma risada. Jane gritou com uma voz estrangulada. Lancelot estava
sussurrando em seu ouvido, atormentando-a.
—Agora. — Lúcifer repetiu e a viu avelã voltar e brilhar quando
ela rugiu, chamando sua luz.
Ela iluminou com uma bola fantástica de luz branca enquanto
seu grito brotava de seus lábios. Lancelot uivou, soltando a garganta
quando a luz brilhou tão forte que quase todo mundo teve que cobrir
os olhos.
Não incomodou Lúcifer. Ele admirou o quão bonita ela parecia
cercada de luz e sorriu quando ela rapidamente deu um soco em
Lancelot quando ele foi proteger seus olhos. Seu soco o pegou
completamente de surpresa e o derrubou.
Lúcifer registrou os gritos vindos de todos os vampiros e
observou sua pele formigar e borbulhar. Jane também ouviu, e ele não
ficou surpreso ao vê-la erguer algum tipo de barreira ao seu redor e
Lancelot para evitar prejudicá-los ainda mais. Seus gritos de dor
desapareceram, mas Lancelot ainda lutava para não ficar cego pela luz
que ainda brilhava dentro dela.
—Eu não posso acreditar. — Asmodeus sussurrou.
Lúcifer ouviu Thanatos soltar um suspiro aliviado quando Jane
se levantou, mas estava segurando a garganta enquanto tossia
incontrolavelmente.
Pareceu atrair o foco de Lancelot, e ele ficou mais reto com os
olhos fechados e se transformou em seu lobo. A cabeça gigante virou
na direção dela.
Jane se levantou e tentou correr, mas Lancelot ainda a roçou com
as garras nas costas. Ela gritou, mancando enquanto o sangue
derramava de suas feridas.
Lancelot balançou a cabeça para frente e para trás, cobrindo os
ouvidos enquanto ele rosnava. Jane percebeu como a audição de
Lancelot era sensível nessa forma; a bolha que ela criou para protegê-
los provavelmente estava amplificando o volume como um sino.
Um sorriso de dor enfeitou seus lábios. Lúcifer sabia que estava
usando muita energia para manter a luz acesa e tentando curar,
enquanto ainda segurava sua barreira para proteger a multidão.
—Por que ela não interrompe a barreira? — Thanatos estalou,
suas asas batendo em agitação.
—Ela cuida até dos ímpios, Than —, respondeu Asmodeus. —
Ela não quer usá-lo para causar danos.
—Ela odeia seu poder. — Lúcifer respondeu sem pensar.
O grito de Jane deve ter desaparecido porque Lancelot se
concentrou nela novamente e atacou rapidamente. Ela correu
novamente, mas Lancelot a atacou por trás. Ela chorou quando bateu
no chão, mas rolou, chutando-o.
Os dois se levantaram, mas Lancelot estava balançando para ela
novamente. Desta vez, ela revidou e bloqueou seus golpes para dar
socos rápidos ao lado dele. Desta vez não foram tão eficazes e ela
pareceu perceber sua perda de força, mas se recusou a deixar sua luz
ir. Se ela desistisse, não seria forte o suficiente para ver Lancelot.
Ela se afastou e, quando ele tentou segui-la, ela gritou no topo de
seus pulmões. Lancelot cobriu os ouvidos, mas balançou loucamente
quando ela se moveu ao redor dele.
Jane gritou de novo, mas se afastou quando ele correu para ela.
Ela parou para recuperar o fôlego, apenas para Lancelot carregá-la
novamente. Ela repetiu sua tática de gritar e correr algumas vezes,
deixando o grito encher sua bolha. Então ela parou e correu para a
figura desorientada de Lancelot, pulando nas costas dele.
Ela segurou as pernas em volta do torso dele e passou os braços
em volta do pescoço enorme. Ela rugiu de raiva e apertou o mais forte
que pôde. Lancelot começou a se debater quando ele tentou derrubá-
la.
Jane apenas rugiu mais alto e atacou tudo o que tinha até
Lancelot finalmente cair de joelhos, apoiando-se de quatro. Ele caiu de
lado e rolou, mas ela levantou um pouco o pé e o puxou de volta com
força na virilha, fazendo Lancelot se enrolar de lado novamente.
—Ela vai matá-lo, Lúcifer. — Asmodeus o empurrou para frente.
—Pare-a antes que seja tarde demais.
Lúcifer correu rapidamente para Jane. Ela gritou e continuou
apertando seu aperto. Lúcifer sabia que a barreira dela não teria
nenhum efeito sobre ele e caminhou através dela para ficar ao lado
dela.
Quando ela percebeu que ele estava lá, ela olhou para ele. Ela
estava aliviada, mas com uma tremenda dor. Ajoelhou-se junto à
cabeça dela e sorriu até que ela gritou novamente. Lancelot estava
arranhando suas coxas.
Lúcifer rosnou antes de acenar para ela deixar ir. Ela o fez,
recuando quando Lúcifer empurrou Lancelot para fora dela. Lancelot
rosnou na direção de Jane quando toda a luz desapareceu, e sua
barreira caiu.
Lancelot se lançou para ela, mas Lúcifer agarrou sua garganta,
rugindo quando ele o jogou no chão. Lúcifer se encheu de raiva
quando ele começou a separar as mandíbulas de Lancelot. Eles
começaram a rasgar e estalar, mas uma sensação de formigamento na
asa de Lúcifer o fez vacilar.
As mãos de Jane vieram ao redor do pescoço dele por trás,
enquanto ela estava entre as asas dele, abraçando-o. —Não, Luc —, ela
respirou em seu pescoço. —Não preciso da morte dele. Deixe-o. Ele
morrerá em breve.
Ele não sabia por que a obedecia. Soltou as enormes mandíbulas
de Lancelot e recuou, socando Lancelot com força suficiente para
deixá-lo inconsciente.
Alguém tirou Jane de suas costas quando ela sussurrou: —
Obrigada.
—Boa luta, minha rainha. — Disse Thanatos, levantando-a em
seus braços.
—Vá para sua rainha, Lúcifer. Ela está machucada — disse
Asmodeus quando a multidão começou a aplaudir. —Deixarei ele
acorrentado até que você esteja pronto para ele.
Lúcifer se aproximou de Jane e a levantou dos braços de
Thanatos. Ela sorriu para ele, tocando seu rosto antes de fechar os
olhos.
—Ela precisa de sangue e descanso. — Disse Thanatos,
estendendo as asas para empurrar a multidão aplaudindo.
—Pegue tudo o que ela precisa e traga para mim. — Disse
Lúcifer antes de se teletransportar e Jane para a caverna. Ele
rapidamente a carregou para sua cama e a abaixou antes de se mover
para pegar um dos sacos de sangue que Jane havia recusado
anteriormente.
Ele se inclinou, afastando os cabelos do rosto. —Acorde por um
momento, Jane.
Ela abriu os olhos. —Oi Luc.
Ele deslizou a mão sob o pescoço dela. —Você lutou bem, minha
rainha. Beba isso agora. — Ele se inclinou para beijar seus lábios
presos antes de segurar a bolsa neles. Ela mordeu e deixou derramar
em sua garganta.
Ele segurou-a até ela engolir tudo, depois jogou-o no chão e
observou suas feridas mais horríveis se fecharem.
—Eu ganhei? — Ela perguntou.
—Sim, minha pequena rainha. Você bateu nele completamente.
Seus lábios se ergueram em um pequeno sorriso, mas ela estava
cansada. —Eu vi suas asas. Eu gosto delas.
—Descanse, Jane —, disse ele, sabendo que ela estava
simplesmente exausta agora. — Vou limpar seu corpo e vestir você.
Apenas relaxe.
—Eu não quero acordar com seu pau na minha boca. — Ela
murmurou.
—Eu não vou tocar em você de forma inadequada —, disse ele,
sorrindo. —Muito.
Thanatos entrou na caverna, carregando uma cesta de itens. —
Vamos distrair os exércitos com as comemorações de sua vitória.
Ele pegou, apontando para Thanatos sair.
Lúcifer voltou sua atenção para Jane. Ela estava tremendo mais
uma vez, fazendo-o suspirar. Ele se sentou ao lado dela, aquecendo
seu corpo e concentrando-se na luz dentro dela até que começou a
esquentar também. Ela parou de tremer, então ele começou a limpar o
sangue e a sujeira para tratar seus ferimentos. Ela não reagiu à água;
ela já estava dormindo.
Passando a mão sobre as marcas dos dedos ao redor da garganta
dela, ele rosnou.
—Está tudo bem —, ela sussurrou, não muito acordada quando
colocou a mão na coxa dele. —Estou bem.
Ele ignorou a paz que se espalhou por ele e continuou limpando-
a antes de rasgar suas roupas arruinadas. Eu preciso parar de reagir a ela
assim. Ela esfregou a coxa dele como se estivesse dizendo para ele se
acalmar.
—Você tem sorte de ser tão importante para mim —, ele
sussurrou, observando-a sorrir enquanto dormia. —Você realmente é
a criatura mais perigosa que já existiu. — Ele riu quando o sorriso dela
cresceu.
Quando ele terminou de limpar todo o sangue e sujeira, ele se
inclinou para inspecionar os cortes nas pernas dela e a rolou de bruços
para que ele pudesse ver os que foram rasgados em suas costas. Eles
estavam selados, mas inflamados. Pelo menos isso não vai cicatrizar, ele
pensou enquanto passava os dedos pelas bordas e se inclinava para
beijar uma.
Ela estremeceu, então ele tirou a camisa e tirou os lençóis sujos
debaixo dela antes de se deitar ao lado dela. Antes que ele pudesse
agarrá-la, ela estendeu a mão e se colocou em cima dele. Ele sabia que
ela ainda estava muito adormecida e puxou as cobertas ao redor deles,
suspirando quando ele apertou sua bunda. —Como você ainda me
desperta assim?
—Hmm. — Ela gemeu baixinho, fazendo-o sorrir e dar um beijo
em seu ombro. —Eu te amo —, ela sussurrou, fazendo-o congelar. —
David... Meu David.
Tantas emoções surgiram dentro dele, e uma se destacou.
Ciúmes.
Ele respirou com raiva, mas ficou parado por ela e fechou os
olhos para deixar sua mente se concentrar. —É por isso —, disse ele,
lembrando-se de seus planos. —Não mais.

47
O REI E A RAINHA
Lúcifer haviam memorizado todas as fendas e bordas irregulares
do teto rochoso acima dele. Era o único ponto de interesse em toda a
caverna que poderia impedi-lo de virar Jane em seus braços, ou
transar com ela ou cortar sua garganta.
Por seis horas, ela dormia - de topless - choramingando de vez
em quando. Ela estava obviamente com dor, mas sua nudez
combinada com seus chorinhos eram muito excitantes. Era uma pena
que ela o tivesse irritado falando o nome de David. Ele queria mais
tempo com ela.
Outro pequeno gemido tremeu de seus lábios e ela apertou as
pernas, abraçando-o com mais força enquanto passava os dedos pelos
cabelos dele. Ele suspirou, odiando que ele realmente gostasse de tê-la
perto dele assim. Nunca houve uma mulher que ele quisesse torturar
e acalmar ao mesmo tempo.
Ela havia conseguido deixá-lo mais calmo do que ele pretendia, e
mesmo que eles ainda estivessem indo na direção que ele havia
planejado, ela estava o distraindo de manter o rumo sem sequer
tentar. Não haveria mais se segurando dele, no entanto.
Lúcifer olhou para baixo. Tudo o que ele podia ver era o cabelo
dela e parte de suas costas, porque ela havia se arrastado mais alto, de
modo que a cabeça estava no ombro dele, virada para o outro lado. A
vontade de tocar sua pele macia subitamente o dominou.
Ele não tinha certeza de como as feridas dela ainda eram ruins,
então ele cuidadosamente moveu os cabelos para o lado e sorriu. As
abrasões rosadas foram completamente curadas, apenas
desaparecendo. Ainda gentil, ele deslizou as pontas dos dedos sobre a
pele dela, sorrindo enquanto ela tremia e se aproximava.
—Luc? —Ela chamou.
—É Lúcifer, Jane. — Ele a esfregou nas costas em vez de
simplesmente provocar sua pele. —Ou seu rei, o que você preferir.
Ele podia senti-la sorrindo contra seu ombro e sentiu vontade de
espancá-la por apreciar seu aborrecimento. Ele já sentiu sua raiva
anterior por ela se dissipar. Tudo o que ela precisava fazer era falar, e
sua magia o desarmava.
—Eu gosto de Luc. — Ela sussurrou.
A umidade em seu ombro o fez franzir a testa. —Você está
babando em mim?
Ele pensou que ela estava rindo quando seu corpo tremia, mas o
jeito que ela o apertou com força o fez perceber que estava chorando.
—Foda-se, Jane —, disse ele, rosnando. —Você não pode passar um
dia sem chorar?
Ela enxugou as lágrimas antes de abraçá-lo. —Eu sinto muito. Eu
apenas tive um pesadelo. Eu estava tentando me distrair.
—Qual era seu sonho? — Lúcifer nem sabia por que ele
perguntou, mas estava curioso para saber o que a incomodara tanto
durante o sono.
Quando a respiração dela não diminuiu a velocidade, ele passou
os dedos pelos cabelos dela e elevou a temperatura do corpo.
Ela se acalmou quase imediatamente antes de retornar o gesto,
brincando com o cabelo dele. —Eu não quero que você fique com
raiva de mim. — Ela sussurrou, tentando parecer mais calma, mas sua
tristeza ainda estava presente.
Lúcifer suspirou. Ele realmente não queria lidar com isso, mas
ainda estava curioso. —Eu vou ficar calmo. — O corpo de Jane ficou
um pouco tenso, então ele a apertou suavemente e baixou os lábios
nos cabelos. —Eu prometo, minha rainha. Eu quero saber.
Seu corpo relaxou e ela brincou nervosamente com o cabelo dele
antes de finalmente falar. —Eu estava sonhando com minha família e
com Jason sendo atacado por Melody. Às vezes, porém, mudava do
rosto dela para o meu.
Ele falou antes que ela pudesse continuar. —Você não foi a única
a matá-lo. Ele deixou seu ódio e arrependimento cegá-lo a acreditar
naquela cadela.
—Você estava dizendo a verdade quando disse que o parou? Ou
isso foi apenas para me levar com você?
Suspirando, ele respondeu, mesmo que isso só aumentasse a dor
mais tarde. —Eu o parei. Eu amplifiquei suas memórias de você. Era
tudo o que era necessário para quebrar o transe em que ela o metera.
A mão dela tremia enquanto o abraçava com mais força. —Por
que você o parou? Não era seu objetivo me destruir? Isso teria me
arruinado.
—Eu sei que teria —, disse ele, olhando para o teto rochoso. —
Suponho que o parei porque precisava que seus filhos segurassem sua
cabeça.
Por um momento, ela ficou quieta, massageando o couro
cabeludo, mas respirou fundo e balançou a cabeça levemente. —Eu
não acho que é por isso. Eu acho que você não queria que eu os
perdesse, principalmente assim.
—O que isso importa, Jane? — Ele lutou contra jogá-la através da
caverna. —Eu sabia que ela estava seduzindo Jason. Ela recebeu
ordens de fazer com que ele recebesse a ira de David, ou a sua, mas eu
não sabia até mais tarde que ela já tinha planos por causa de seu
ciúme. Não me faria bem que seus filhos morressem, então eu o parei.
Isso é tudo. Não tenho a menor preocupação se eles vivem ou
morrem, mas são ferramentas úteis para obter o que quero de você.
Ela continuou brincando com o cabelo dele. —Você está
mentindo. Você se importa comigo.
—Só porque você é minha rainha e o que acontece com você
reflete sobre mim —, disse ele, ficando mais irritado a cada segundo.
—Seu demônio é essencial, e essa é a única razão pela qual você
estava na minha vista.
—Então por que você está cuidando de mim e não transando
com ela? Ela poderia ter curado esses ferimentos com um estalar de
dedos, e eu sei que ela iria foder com quase qualquer um. Então, me
diga outra mentira.
O nervo desta mulher. —É isso que você quer? — Ele perguntou.
—Você quer que eu chame por ela e a deixe de fora para que ela possa
continuar torturando você?
—Isso soa muito como cuidar de mim.
Ele rosnou, apertando sua cintura, mas soltou quando ela
choramingou. —Pare de me fazer essas perguntas ou eu vou jogá-la
no escuro e transar com ela agora!
Ela beijou seu ombro, e ele suspirou com o alívio instantâneo que
isso deu a seu corpo e mente. Assim que ela retirou os lábios, a prisão
dele e toda a tortura infligida voltaram com vingança, o suficiente
para deixá-lo tenso por alguns segundos.
—Você está bem? — Ela perguntou, acariciando seus cabelos.
—Não me faça uma pergunta tão ridícula. — Ele esfregou o
rosto, retirando o suor de lá. —Saia de cima de mim antes que eu
jogue você.
Ela virou a cabeça para encará-lo. —Não fique com raiva.
—Você está me deixando com raiva. — Disse ele, encontrando
seu olhar.
Ela deslizou a mão para baixo para segurar sua bochecha. —Eu
só queria entender. Nada do que você faz, faz sentido.
—Não há nada para entender—, disse ele, controlando sua raiva.
—Eu escolhi você como minha rainha. Seu demônio é minha arma. Ela
me irrita e me dá nojo, então você é a única opção que tenho. Você
está começando a ser mais problemática do que vale a pena. Estou
certo de que posso ignorar seus traços menos atraentes, se isso
significa me livrar do seu gemido e ouvir sua crença absurda de que
há mais em nosso relacionamento e meus sentimentos em relação a
você. Eu a deixaria transar com todo o exército de lobisomens se isso
significasse que eu não precisava ouvir qualquer conto de fadas que
você inventou nessa sua mente insana.
Ela o encarou com os olhos arregalados e lacrimejantes enquanto
prendia a respiração. —Por favor, não tente mais me machucar.
—Então faça o que eu digo! — Ele olhou para ela antes de
desviar o olhar. Ele não podia continuar olhando naqueles olhos. Eles
ainda eram tão brilhantes quando não deveriam ser.
—Você sabe, uma vez eu acreditei que a Morte poderia me
consertar —, disse ela suavemente, apertando seu aperto enquanto ele
se preparava para se levantar e sair. —Apenas ouça por um segundo,
por favor.
Ele olhou para ela. —Bem. Se parar de reclamar, cuspa qualquer
bobagem que você tenha a dizer e deixe que isso seja o fim. Você já
sabe que não gosto de ouvir sobre nenhuma delas.
Um sorriso se formou em seus lábios por apenas um segundo
antes que ela assentisse. —Quando a Morte está comigo, algo
acontece. Eu acho que ele sabe mais, mas também acho que ele não
tem certeza, ou talvez ele esteja se recusando a acreditar em algo sobre
o motivo de termos nos conhecido. Enfim, o que eu sinto é mágico.
Quando nos tocamos, me sinto mais viva do que nunca, o que é
ridículo, considerando que ele é a Morte. Eu achava que ele poderia
consertar o que eu sentia. Eu a sinto o tempo todo. Mesmo quando ele
estava lá, ela estava no fundo da minha mente e coração, cravando as
unhas nelas. Queima e sinto que estou sangrando, mas sempre que ele
me tocava, aquele pequeno formigamento de sua pele na minha
infiltrava mais do que apenas meus poros - se espalhava. Quase
imagino que fogo e gelo de alguma forma se juntaram e formaram um
líquido.
—Isso seria água, minha rainha. — Disse ele, rindo quando, mais
uma vez, ela suavizou sua raiva.
—Não seja esperto.
—Sou inteligente, minha rainha. No entanto, estou
reconsiderando sua inteligência no momento.
—Posso continuar? — Ela olhou para ele.
—Você pode continuar —, ele a corrigiu. —Eu sei que você vai
me irritar se eu disser não, então continue.
Ela bufou, mas continuou. —Parecia mais grosso que a água,
como gel que eu não sabia dizer se estava quente ou frio. Ondularia
quase, não visivelmente, mas essa é a sensação. Rolaria sob minha
pele. Isso me fez pensar em remédios ou algo sendo aplicado. Sempre
terminava perto do meu coração - nunca dentro dele, apenas um
pouco ao lado. Eu podia sentir isso se movendo lá, procurando.
Ela encolheu os ombros. —Não sei o que é isso. Ele nunca disse
muito sobre isso, mas eu pensei que sua mágica estava me
consertando. Eu me sentia quase em paz, como ir com ele seria a
maior paz que eu já sentiria. Mas minha mente não parava. Mesmo
com ele lá, eu ainda sentia suas garras. Acho que seria suficiente se ele
tivesse ficado. Se tivéssemos nos tornado algo mais, você sabe? Eu não
acho que poderia ter feito isso; Eu não fiz isso, porque tive a chance de
ir com ele, mas fiquei. E ela ficou mais forte.
—Então havia David. Seu toque não é o mesmo. Ele é como o sol,
sempre quente, sempre queimando, mas nunca me destruindo. Não
sei se ela pode sentir isso. Talvez estivesse muito quente para ela lutar.
Tudo o que aconteceu deu a ela a chance de sair nos momentos mais
horríveis. Eu acho que você sabe disso, no entanto. Você foi a razão
disso.
Lúcifer olhou para o teto sem responder.
—Eu ainda te perdoo —, ela sussurrou. —Mas isso me
enfraqueceu. Isso me fez afastar David quando percebi que ela
realmente o odiava. Eu sabia que ela não gostava da Morte, mas acho
que ela o temeu depois que ele me drenou uma vez. David, porém, ela
queria matá-lo, e eu sabia que ela podia.
—Eu pensei que nosso amor seria outra maneira de lutar com
ela, mas me senti tão culpada. Eu terminei meu casamento com Jason,
mas era a Morte que eu ansiava. Aquela totalidade que senti com ele;
é diferente da maneira como David me faz sentir. Como David me
segura, mas a Morte...
— É mais. — Disse ele, terminando o que sabia que ela não
queria admitir.
Ela enxugou uma lágrima. —Sim. Isso destruiu uma parte de
mim. David é tão incrível, tão bom e bonito, e ele queria me dar tudo.
Eu sabia que ele poderia me dar a vida que eu desejava, e eu o amo.
Eu ainda o amo - não vou parar - mas isso me quebrou porque não
pude devolver o que ele me deu de bom grado. Eu pensei que se a
Morte viesse, eu poderia fechar o meu relacionamento com ele. Então
eu seria capaz de dar a David todo o amor que ele merecia, mas caí até
agora, sabia que não havia volta. Eu não podia deixar Jason morrer,
então aproveitei a chance para negociar com a Morte...
—Eu sei, Jane —, disse ele, acariciando suas costas. —Vi suas
lembranças de seu tempo no reino dele.
—Então você sabe como ela voltou. Como não havia mais em
mim para lutar com ela. Sem eles para me dar proteção e força extras,
ela estava pronta para queimar o mundo.
—Sim, ela estava. — Disse ele, olhando para a parede rochosa.
—Então você veio —, ela sussurrou. —Esse único toque seu a
deteve. Isso a derrubou e a trancou por um curto período de tempo. —
O polegar dela deslizou para frente e para trás na bochecha dele. —
Nunca senti tanto alívio em toda a minha vida. Você não me dá os
mesmos sentimentos que eles, e naquela noite, não era tão
entorpecente como antes, era apenas silêncio. Um tipo estranho de paz
como você pode se sentir sozinho no escuro, mas sem ter medo. E eu
sabia que nunca eram eles que eu estava esperando. Foi você.
—Eu não sou seu salvador, Jane. — Disse ele, ainda não olhando
para ela.
—Eu sei que você não é o herói, Luc. — A respiração dela
acariciou seu pescoço. —Mas você é algo que eu não esperava que
fosse. Ainda assim, acho que sempre soube que seria você quem
poderia detê-la. Você pode deixá-la me quebrar, deixá-la fazer as
coisas mais terríveis, você pode fazer sexo com ela sempre que quiser,
mas você a trancará para que eu possa ser eu. Para que eu possa me
sentir mais forte do que jamais me senti antes. Você me deixa encarar
meus demônios porque acredita que posso derrotá-los, mesmo que
não queira admitir que é isso que você quer. Você está me dando a
chance de me curar para que eu possa ser algo ótimo. Você é muito
cruel com tudo isso, mas acho que vejo por que tem que ser assim e
está tudo bem. — Ela beijou sua bochecha. —Obrigada.
—Você é uma garota tola —, disse ele, abraçando-a enquanto
fechava os olhos. —Tão cheia de sonhos bobos quando o mundo quer
ver você queimar.
—Você queimaria comigo?
Ele olhou para cima. —Sim, minha rainha. Vamos queimar
juntos.
As lágrimas dela deslizaram sobre a pele dele, de alguma forma
ainda acalmando o fogo constante sob sua força. —Eles estarão
seguros? — Ela perguntou. —Prometa que eles ainda estarão seguros.
Sei que, eventualmente, a morte virá para todos nós, mas não para ela
- não deixe que ela ou outro de seus monstros.
Ele acariciou seus cabelos quando seu próprio demônio rugiu
dentro dele. —Sim, minha rainha. Prometo que estarão a salvo dela e
de qualquer monstro que eu ordene.
—Obrigada, Luc.
Ele não respondeu.
—Você acha que ela nunca vai embora completamente?
Ele apertou os braços em volta dela. —Talvez um dia.
—Tudo bem. — Ela sussurrou, beijando seu pescoço e fazendo-o
suspirar. —Ok.
Sua alma rugiu em seu demônio, e ele virou a cabeça. —Eu não
desejo continuar esta discussão.
Aqueles olhos castanhos se fixaram em seu rosto, o fogo dourado
queimando mais do que nunca. —Compreendo. Obrigada por nos
deixar tê-lo. Sobre o que você quer falar?
—Eu não quero falar. — Disse ele, sorrindo.
Um olhar preocupado passou por seu rosto bonito. —Você pode
me dar um pouco mais de tempo? Por favor?
Sua alma bateu contra a gaiola quando ele roçou os lábios nos
dela. —É melhor assim, minha rainha. Mesmo que eu tenha que forçar
você, é melhor.
Os olhos dela se arregalaram. —Não, Luc. Depois de tudo o que
acabei de dizer, você ainda faria isso?
Ele fechou os olhos enquanto rugidos e rosnados consumiam sua
mente. —É melhor assim. Você vai sentir mais dor...
—Eu odiarei você se você me forçar, Luc. Sei que você pode
simplesmente pensar e farei o que você quiser, ou ela, mas acho que
você quer que eu te queira.
—Você nunca vai me querer, minha rainha. — Disse ele
rapidamente.
Ela tocou sua bochecha. —Você não quer que eu te veja da
maneira como vejo Stephen, Lancelot e os outros. É isso que eu sei, e
sei que quero que isso permaneça verdadeiro sobre você. Então não
me force. Me de tempo. É tudo o que peço.
Aquele inferno dentro de alguma forma ficou mais insuportável.
—É melhor assim.
—Mas vai me machucar. — A voz dela falhou.
—Minha rainha. — Disse ele, fechando os olhos enquanto ela
choramingava, tentando se segurar.
—E se eu me comportar muito bem hoje? — Ela perguntou, sua
voz trêmula. —E se eu não te der tudo de mim, mas eu te der uma
coisa.
Ele balançou sua cabeça. —Apenas seu beijo disposto vale mais...
Não, na verdade, isso não é verdade. Nada é melhor do que
simplesmente pegar seu corpo, especialmente pela força.
Ela se levantou um pouco. —Meu beijo significa muito para
você?
—Não. — Disse ele, olhando para aquelas chamas nos olhos
dela.
—Sim, é verdade —, disse ela, abaixando o rosto. —Se eu te
beijar sozinha, sem você me dizer ou me forçar, você me dará mais
tempo? Juro, mesmo que me machuque, porque sei que nunca
deixarei de amar David e a Morte - porque sei que meu coração chora
por estar com David - juro que me entregarei a você dia e noite.
Apenas ela não. Nunca ela.
Ele segurou a bochecha dela. —Oh, minha pequena rainha. Você
complica muito.
Ela sorriu tristemente. —Eu não esperaria que o rei do inferno se
aceitasse com facilidade.
—Você não sabe o que está perguntando, Jane. — Disse ele,
observando-a franzir a testa.
—Eu sei. Eu sei que você quer meu corpo e seu poder. Só estou
pedindo mais tempo. Não entendo o porquê, mas agora prefiro que
você me tenha a ela. É perturbador, mas eu gostaria de controlar a
quem entrego meu corpo. Sim— ela assentiu. — Acho que é isso. Eu
quero controle sobre meu corpo. Trairá David e meu coração, mas
preciso ser a única a me entregar voluntariamente a alguém. Acho que
isso não faz sentido, e ainda me vendi para você, mas é por isso que
quero tempo. Acho que você se importa comigo mais do que deixa
transparecer. Eu acho que você pode me amar um dia, e se o fizer,
será diferente.
Um pouco do cabelo dela caiu sobre os olhos, e ele o afastou,
segurando o rosto dela com as duas mãos. —Não ter controle sobre o
que ela faz te assusta? Pensei que se ela fosse quem controlava você,
isso faria você se sentir menos culpada.
Ela encolheu os ombros. —Acho que sim, mas sei que ela está tão
entrelaçada comigo que sempre serei responsável por seus atos. É
horrível ficar presa por dentro, especialmente testemunhando ela
fazer coisas terríveis e não ser capaz de detê-la. Não sei por que você
não a impediu ontem, mas estou assumindo que você estava me
dando a chance de enfrentá-la também.
—Não seja absurda. — Ele balançou sua cabeça. —Ela é
destinada a destruir, Jane. Ela matará tantos, mesmo sem a minha
ordem. Eu não a parei porque você trouxe isso para si mesma. Você
deu a ela a chance de derrubá-la depois que eu lhe dei ordens.
—Você não pode controlar tudo o que ela faz ainda?
Ele olhou nos olhos dela. —Não inteiramente. Você não se
rendeu o suficiente para mim. Eu já te disse isso.
Ela assentiu, passando os dedos pelo rosto dele. —Dê-me tempo,
então.
Seu coração começou a arder. —O que você mais deseja em
relação ao seu demônio, Jane?
—Me libertar dela —, disse ela sem hesitar. —Para sempre.
Os rugidos dentro dele cessaram. —Eu não vou me forçar a você,
minha rainha.
O sorriso dela o lembrou de casa. —Obrigada, Luc.
—Apenas me beije, Jane —, disse ele, tocando seus lábios
sorridentes. —Eu quero sentir o beijo que é meu enquanto você ainda
está ao meu redor assim.
Ela sorriu mais. —Isso significa que eu não estarei por perto em
breve, ou você está se referindo a mim estando de topless?
—Eu deixei nossas calças. — Disse ele, ignorando a primeira
pergunta e sorrindo, embora seu corpo doesse.
—Você vai ficar atento às suas mãos? — Ela aproximou o rosto.
—Sem forçar nenhum tipo? Sei que está errado, mas não posso mais
ser forçada.
Ele sorriu, roçando os lábios. —Agora você está pedindo muito,
minha rainha.
Aqueles olhos castanhos capturaram os dele, mas ela ficou
quieta, sem se mexer, apenas quieta e imóvel.
—Bem. — Ele rosnou. —Eu não vou forçar você a me tocar. Você
percebe que isso é tortura?
—Você me fez a Suprema Rainha do Inferno. — Ela sorriu, e ele
descobriu que gostava daquele olhar travesso no rosto dela.
Deslizando a mão pela espinha, ele sorriu. —O rei supremo
ainda quer tocar sua rainha. Só um pouco, no entanto. Ela ainda cheira
a meu cachorro.
Ela riu, realmente riu, e foi lindo. —Você está flertando comigo?
—Não —, disse ele, mordiscando o lábio enquanto apertava sua
bunda. —Estou simplesmente estendendo o aviso de que tocarei em
você. Não chore quando eu a tocar - prometo que não serei muito
vulgar. Quero lembrar disso e quero que você também lembre.
Os olhos dela brilhavam com lágrimas não derramadas, e ele
sabia que ela ainda se sentia culpada, mas ela sorriu. Era um sorriso
que ele só tinha visto apontado para ele - seu sorriso. —Eu prometo
que não vou chorar. — Aqueles olhos brilhavam como mil estrelas no
céu noturno. —Eu prometo lembrar.
Puxando-a para baixo por todo o caminho, seus lábios se
tocaram, e a rainha beijou seu rei pela primeira vez.
—Minha rainha. — Ele sussurrou, deslizando a mão pela perna
dela, os dedos roçando a pele dela onde estava rasgada.
Ela deslizou a mão nos cabelos dele enquanto uma lágrima ainda
escapava, caindo em sua bochecha. —Eu sinto muito. — Ela o beijou
mais forte.
Lúcifer enxugou a bochecha. —Está bem. Tudo vai dar certo.
Seu sorriso estava lá novamente, e seu beijo tinha um sabor
ainda mais doce. —Obrigada. — Ela suspirou quando ele enxugou
outra lágrima. — Meu rei.

48
A RAINHA CAIDA
—Peço desculpas novamente, meu rei. — Thanatos sussurrou,
sentando-se ao lado dele.
Lúcifer observou Jane começar a comer antes de olhar seu
general nos olhos. —Está tudo bem, Thanatos. Mesmo se você for o
maior bloco de pau de todos os tempos.
Jane riu, mas não levantou os olhos do café da manhã.
—Uma rainha não ri enquanto está com a boca cheia. — Disse
ele, movendo alguns dos cabelos para que pudesse ver seu rosto.
Ela olhou ao redor da tenda movimentada para os outros
imortais comendo. —Perdoe-me, meu rei. — Ela sorriu. —Eu
simplesmente esqueci que estava na classe de elite do inferno.
Ele colocou a mão na coxa dela, apertando, mas não com muita
força. —Cuidado com a sua idiotice. Não tenho problema em trocar
esta refeição por uma que você possa ter na minha cama.
—Oh, eu amo comer na cama. — Ela olhou para ele,
completamente inocente.
O general riu e Luc lançou-lhe um olhar antes de soltar a perna
de Jane. —Coma sua comida.
—Eu disse que poderia impedi-los. — Disse Thanatos.
Lúcifer soltou um suspiro, acenando para ele. —O suficiente. Eu
gostaria de manter as memórias que ganhei antes de ouvir de repente
você gritar meu nome em vez dela.
Thanatos sorriu, seus olhos vermelhos brilhando. —Bem, eu
pensei que você preferiria minha invasão a um deles.
—De quem vocês estão falando? — Jane perguntou depois de
engolir um pouco de comida.
—Boas maneiras, minha rainha. — Lúcifer suspirou, balançando
a cabeça.
Ela deu um tapinha na perna dele e murmurou: —Sinto muito.
O toque dela estava chegando nele. Ele colocou a mão sobre a
dela, observando como seus dedos pálidos deslizaram entre os dele
quando ela levantou a palma da mão. Ela apertou, e ele olhou nos
olhos dela, lembrando isso de suas memórias. Ela sempre desejou essa
pequena garantia. Ele apertou a mão dela para trás, e ela sorriu para
ele antes de soltar o cabelo atrás da orelha.
Thanatos lançou um olhar para ele, mas respondeu à pergunta
de Jane. —Alguns outros príncipes e comandantes do inferno.
Jane olhou para Lúcifer, seu corpo tremendo de repente. —
Quantos?
Ele acariciou sua bochecha. —Apenas cinco outros agora.
Asmodeus é um dos príncipes, assim como eu. Quando você se
tornou minha rainha, tomei meu lugar como rei supremo. Suponho
que eles estão aqui para vê-la por si mesmos. Provavelmente, eles
estão chateados com a minha ascensão ao trono. Eu esperava que
demorasse mais para que eles viessem.
—Mas quem são os que estão aqui? Eles vão me machucar?
—Ninguém vai machucá-la, minha rainha —, disse ele,
surpreendendo-se quando ele rosnou. —Exceto por mim, você está
acima de todos os outros.
Um leve sorriso tocou seus lábios, e ela olhou para Thanatos
quando ele não respondeu sua primeira pergunta.
—Seus visitantes são Belzebu, Belial, Astaroth, Berith e
Sonneillon — disse Thanatos, sorrindo enquanto ela acenava para ele
dizer mais. —Eles são acompanhados por vários outros demônios de
alto escalão - todos considerados príncipes, tenentes ou deusas do
inferno. Os três primeiros que listei são altos príncipes, assim como
seu rei e Asmodeus. Lúcifer não tem um relacionamento agradável
com eles. Eles estão em constante guerra pelo trono que você acabou
de dar ao nosso rei. Não são apenas o céu e o inferno que estão em
guerra.
—Eu não te dei nada. — Ela olhou para Lúcifer. —Eu pensei que
você já estava no comando. Pelo menos, é o que as pessoas costumam
dizer. Eu meio que pensei que havia mais na sua história, mas não
sabia o quê.
Ele colocou a mão na coxa dela novamente. —Quando eu te dei
meu sangue, comecei minha ascensão. O momento em que você
concordou em vir comigo é quando me tornei rei supremo, tornando-
a minha rainha. Agora, gostem ou não, eles são meus para governar. É
como qualquer reino, eles podem se rebelar e tentar me derrubar, mas
eu sou o rei deles e mais poderoso do que todos eles. Você também é.
A Morte seria o único que poderia destruir qualquer um de nós,
tecnicamente. Nós o igualamos no poder, mas nenhum de nós seria
capaz de realizar os feitos que ele faz - ele é e sempre será a Morte. No
entanto, o apego dele a você adicionará mais medo ao seu nome e,
com sorte, ajudará a manter a ordem.
—Eles ainda não conhecem sua identidade, Jane. — Disse
Thanatos.
Lúcifer se forçou a não sorrir quando ela segurou a mão dele
debaixo da mesa.
—Sim, estou ouvindo. — Disse ela, retomando a refeição, mas
não soltando a mão dele.
Thanatos notou o contato entre os dois, mas ele continuou. —
Quando eles perceberem que você é imortal, provavelmente reagirão
negativamente, especialmente considerando que David é o seu
criador. Ele e Arthur são os imortais considerados como rivais do
inferno.
Lúcifer olhou para ela e viu um pequeno sorriso em seus lábios.
Ela gostou que seus cavaleiros fossem tão temidos. Ele riu e ouviu
Thanatos falar novamente.
—Muitas mulheres também demonstram antipatia por você.
Ela bufou, escondendo rapidamente o sorriso. —Desculpa. É
engraçado agora. Como, realmente, meu mundo inteiro está sempre
desmoronando, mas elas estão com raiva de mim por causa de vocês,
meninos.
Ele apertou a mão dela. —Não bufe, minha rainha.
—Desculpa. — Ela sorriu quando ele balançou a cabeça.
Thanatos pigarreou. —Quaisquer que sejam as suas razões para
desentendimentos no passado com mulheres, isso não vem ao caso.
São demônios que lutaram e mataram na esperança de receber o título
que Lúcifer lhe deu.
Ela apertou os lábios. —Nossa, muito obrigada, Luc. Você pode
nunca ter me aturado se tivesse dado uma chance a uma delas.
—Você sempre foi minha única escolha. — Disse ele, sem olhar
para ela, mas podia senti-la olhando para ele.
Thanatos suspirou. —Muitos caídos de status superior evitam
relações sexuais com demônios. Seu rei é conhecido por ser o mais
seletivo.
—Há um ponto que você está tentando fazer, Thanatos? —
Lúcifer perguntou, sem olhar para nenhum deles. —Se você está
tentando aborrecê-la, ficarei aborrecido.
Jane riu, apertando a mão dele. —Está bem. Não ligo para quem
você transou ao longo dos anos. — Ela cobriu a boca, rindo quando ele
finalmente deslizou o olhar para ela. —Embora, eu direi que estou
feliz que seu ding dong não tenha estado... você sabe... como um
buraco com ventosas ou bocas agitadas.
—Minha rainha, isso é perturbador. — Lúcifer balançou a cabeça
enquanto tentava não rir. —Não, elas, pelo menos pelo que ouvi, não
têm bocetas horripilantes. O que mais você imagina? Vênus -
armadilhas com moscas ou bocas com os machos?
Ela ficou vermelha quando Thanatos se virou, escondendo o
sorriso dele.
—Bem, não bocas —, disse ela sorrindo. —Eu já vi alguns
demônios antes, então pensei que os machos poderiam ter chifres
naquela vizinhança geral. — Ela apontou para o pau dele com o garfo.
—Como piercings. Parece um desperdício ter chifres, mas parece
normal lá em baixo.
—Você me preocupa, minha rainha. — Disse Lúcifer.
—Cale-se —, ela sussurrou, escondendo o sorriso atrás do
guardanapo quando os outros começaram a olhar em sua direção. —
Eu estava apenas adivinhando - eu não sei.
—Claramente. — Disse ele, completamente divertido com ela.
—Mania está entre as deusas aqui hoje, rainha Jane. — Disse
Thanatos.
Jane parou de sorrir e entrelaçou os dedos nos de Lúcifer. Ele
não tinha certeza se ela estava com raiva ou medo, mas continuou
segurando a mão dela enquanto observava a reunião de imortais ao
seu redor.
—Eu vou ficar ao seu lado contra ela, minha rainha. — Disse
Thanatos.
Jane olhou para Thanatos. —Eu pensei que ela era sua amiga.
—Não, minha rainha —, Thanatos disse rapidamente. —Fui tolo
em acreditar nas mentiras dela, mas ela teve ajuda com sua decepção.
Lúcifer me perdoou por minha traição e entende as mentiras que
levaram ao meu erro em atacar você. Eu sou leal a você.
—Tudo bem —, disse ela, olhando para o prato. —Eu acredito
em você.
—Minha pequena rainha é tão perdoadora — disse Lúcifer,
soltando a mão dela para deslizar a mão pela coxa até que ela cravou
as unhas. — Bem, perdoa, mas firme.
—Você me quer de outra maneira? — Ela piscou para ele.
—Incontáveis maneiras, minha rainha —, disse ele, olhando nos
olhos dela. —Mas seu perdão e personalidade são dois traços que eu
não mudaria.
Ela apenas sorriu, mas era o sorriso dele - o que ela só dava por
ele.
—Apenas fique quieta, Jane. Vou falar por nós — ele disse,
ansioso novamente. —Eles tentarão extrair fraqueza de você. Eles não
são confiáveis. Você deve ficar forte ao meu lado e lembre-se de não se
curvar a eles.
—Entendi. — Ela assentiu.
Lúcifer se inclinou, beijando sua bochecha antes de sussurrar em
seu ouvido: —Eu posso chamá-la.
Ela ficou tensa. —Você prometeu.
Ele suspirou, dando um beijo em seu pescoço. —Eu não esperava
que eles chegassem tão cedo. Sei que você é forte, mas não está pronta
para as tarefas que ela precisará executar. Se eles virem você lutar, eles
se revoltarão e uma batalha como você nunca viu começará neste
campo.
—Isso não seria uma coisa tão ruim. — Ela tentou empurrar a
mão dele da perna dela.
Ele apertou com força. —Não comece nada aqui, Jane. Eu sei que
seria emocionante acabar com todo o inferno, mas você deve perceber
que existem inocentes aqui. Você está pronta para vê-los destruídos?
Ela parou de empurrá-lo. —Não.
—Eu pensei que não. — Ele beijou o pescoço dela novamente. —
Não há discussão comigo e você será capaz de ficar o maior tempo
possível.
—Tudo bem, mas eu gostaria que você me desse uma chance.
Não a quero depois da noite passada. E você disse que ela ainda pode
fazer muito sozinha. Você vai detê-la se ela fizer algo ruim?
—Não há nada que você possa fazer nessa situação, Jane. Eles
não deveriam estar aqui ainda, e você não deveria... — Ele rosnou,
mas beijou sua têmpora enquanto sussurrava: —Farei o meu melhor
para mantê-la no escuro. Talvez eu não perceba imediatamente se ela
fizer algo parecido com o de ontem, mas ficarei mais atento.
—Eu pensei que você teria mais controle depois desta manhã. —
Ela virou a cabeça, olhando para ele. —Você é mais forte que ela. Eu
sei isso. Não sei por que você está fazendo parecer que não pode detê-
la.
Ele agarrou o queixo dela. —Não é tão simples, minha rainha. Eu
gostaria que fosse. — Ele beijou seus lábios, respirando seu perfume
para acalmar o fogo queimando sob sua pele.
—Eles estão aqui, Lúcifer. 0— Disse Thanatos, levantando-se.
Lúcifer ainda não olhou para cima, mas notou outros se
levantando em relação aos príncipes entrando em sua tenda. Ele
pressionou os lábios contra os de Jane novamente, dando-lhe um
olhar firme.
Ela assentiu. —Eu entendo, Luc.
Uma voz masculina os cumprimentou. —Lúcifer.
Ele suspirou, soltando o queixo de Jane antes de se virar para o
grupo de demônios e Caídos de pé do outro lado da mesa. A
princípio, ele simplesmente os observou. Todos os olhos estavam fixos
em Jane, então ele pegou a mão dela e a apoiou na mesa. Todos os
olhares focados em suas mãos se uniram quando alguns assobios e
rosnados encheram a tenda. —Belzebu —, disse Lúcifer, assentindo
antes de olhar para os outros. —Belial, Astaroth, Sonneillon, Berith.
Todos eles se curvaram para ele.
Lúcifer examinou os seguidores inclinando a cabeça antes de
olhar para os três principais. —Presumo que todos vocês já ouviram
as notícias da minha ascensão e minha adorável rainha.
—Ela é uma vampira. — Disse Belzebu, levantando a mão
bronzeada para alisar os cabelos escuros. Seus olhos vermelhos
brilhavam enquanto observava o olhar de Jane contemplar sua
armadura dourada e asas negras.
Ela ofegou ao ver a reverência dele. Suas origens angélicas os
tornavam todos extremamente bonitos, e Belzebu não era exceção.
Como muitos demônios e Caídos, eles usavam sua identidade para
todos verem. Somente os mais altos, como Lúcifer, Morte, Gabriel e
Michael, escondiam suas verdadeiras formas - talvez porque fossem
as mais bonitas.
—Ela é mais, mas sim, uma vampira —, respondeu Lúcifer. —De
qualquer maneira, ela é sua rainha.
Belzebu sorriu, assentindo. —Uma bela escolha.
Lúcifer sorriu com seu elogio, mas ele sabia que eles estavam
apenas se sentindo. —Eu aceitaria nada menos. Você não vai se curvar
a ela?
Houve barulho baixo de desacordo, mas Lúcifer permaneceu
calmo, olhando-os para baixo. Sonneillon foi o primeiro a se ajoelhar.
Astaroth riu, mas também tomou um joelho. Berith rapidamente o
seguiu, deixando Belzebu e Belial de pé.
—Minha rainha. — Disse Belzebu, ajoelhando-se quando Belial,
que usava armadura preta e um olhar raivoso para Jane, também caiu.
Seus seguidores estavam em um momento perfeito com eles, mesmo
que alguns parecessem querer protestar.
—Levantem-se —, Lúcifer reconheceu seus respeitos e gesticulou
para as cadeiras em frente a eles. —Minha rainha precisa terminar sua
refeição antes de sairmos. — Ele beijou seus dedos quando rosnados
silenciosos irromperam das fêmeas em sua companhia antes que ele
soltasse.
Jane olhou em volta, o rosto neutro quando ela voltou a comer.
Seu corpo estava tenso, no entanto; ela respirou profundamente
quando começou a zumbir com energia.
Ele sorriu e a esfregou nas costas, ignorando a maneira como
todos analisavam seus movimentos. —Como estão suas legiões?
Thanatos se sentou à direita de Jane. Lúcifer não se importou, e
ele observou como os outros pareciam impressionados com o estado
visivelmente relaxado de Jane.
—Eles estão bem —, disse Belzebu, sem tirar os olhos de Jane. —
Eles estão preparando e realizando pequenos ataques ao longo das
fronteiras, nada importante. Estamos todos esperando.
Lúcifer olhou para Belial e sentiu o fogo rosnar dentro dele. Jane
cutucou o pé debaixo da mesa com o dela e, quando ele olhou para
ela, percebeu que ela estava dizendo para ele relaxar agora.
Lúcifer se afastou dela, notando as madeixas indomadas dos
cabelos de Mania. —Como você está, Nia?
Mania inclinou a cabeça. —Estou bem, meu rei. Parabéns por
adquirir sua rainha. Eu não tinha ideia de que ela seria companheira
do príncipe David.
Houve vários suspiros ao perceber a identidade de Jane, mas ele
sabia que os príncipes já haviam percebido quem ela era quando
viram que ela era uma vampira.
—Como o bravo cavaleiro recebeu a notícia, ou é com a Morte
que ela é parceira? — Mania sorriu docemente. —Ele foi muito
protetor com ela na última vez que nos conhecemos.
Jane arreganhou as presas quando seu poder disparou, fazendo
com que muitos se afastassem.
Lúcifer esfregou as costas, beijando a cabeça. —Shh...
Ela suspirou, fechando os olhos antes de voltar para a refeição.
Quando Lúcifer olhou para Mania, ele sorriu ao ver seus olhos
arregalados e temerosos. —Ela é minha rainha, Nia. Ela não pode
deixar de ter tantos admiradores. Ouvi dizer que o anjo das trevas não
foi muito gentil com o seu ataque a ela; nem eu. — Ele olhou e acenou
para o criado segurando sangue para Jane. O vampiro rapidamente
colocou na frente de Jane e saiu.
—Não, suponho que ele não fez. — Mania rosnou.
—Quantos ele tirou de você? — Lúcifer perguntou, girando uma
mecha do cabelo de Jane.
—Perto de mil, meu rei. Felizmente, tenho outros. Eu não estava
esperando tal ataque. Não vou cometer esse erro novamente. —Mania
parecia quase humilhada por ter sido espancada por alguém que
protegia Jane.
—Hum. — Lúcifer sorriu, voltando-se para os príncipes. —Sim,
ele é bastante protetor com ela. Ela tem esse efeito no sexo masculino.
Devo dizer que não estou chateado que ela tenha adquirido um
guarda tão poderoso.
—Ele ainda está a favor dela? — Astaroth perguntou, sorrindo
quando Jane colocou seu cálice em cima da mesa.
Lúcifer acariciou a bochecha de Jane. Ela virou os olhos odiosos
para ele, mas se acalmou rapidamente quando ele deslizou o dedo
pela mandíbula. —Sim, minha adorável rainha é difícil de resistir. Eu
acredito que ela é o único ser que a Morte se submete, além do Pai,
isso é. Não é, Jane?
—Sim —, ela sussurrou. —Morte é meu.
Lúcifer segurou seu queixo, inclinando-se para beijá-la
rapidamente. —Ele é uma escolha sábia, minha rainha. Termine.
Temos muito o que fazer.
Jane deu um sorriso e o beijou também, fazendo com que ele a
libertasse.
—Ela tem uma atração definitiva, não é? — Belzebu refletiu. —
A feiticeira não é apenas a capturadora como seu rei, mas também
dois encarregados da Morte, muito menos a própria Morte... E os
cavaleiros de Davis e Arthur? Eles estão dispostos a sacrificar tudo
por ela?
Jane ficou rígida, mas continuou bebendo enquanto passava os
olhos para ele. Esperando.
—Os cavaleiros estão proibidos por enquanto —, disse Lúcifer,
enquanto colocava a mão sobre a de Jane. —Um presente para minha
rainha. Ela deseja que eu mostre piedade de seus salvadores, e eu mal
posso recusá-la. Eles me permitiram ter uma beleza, afinal. Sem eles,
ela teria perecido na praga ou pelas mandíbulas dos seguidores do
meu ingrato vira-lata.
—Ah, onde está Lancelot? — Belzebu perguntou, recostando-se.
—Acorrentado. — Thanatos respondeu quando Lúcifer ficou em
silêncio.
—Realmente? — Sonneillon perguntou com um sorriso. —É aí
que está o rei demônio?
—Sim —, respondeu Lúcifer. —Eu dei à minha rainha a chance
de me vingar um pouco do agressor. Ela e Lancelot têm um passado, e
eu lhe dei a chance de se exibir enquanto ela se divertia lembrando a
ele quem ela é. Nosso exército não ficou desapontado com a
espetacular demonstração de poder que ela demonstrou. Asmodeus
até a honrou com seu dragão. Você gostou de vê-lo, não gostou, Jane?
— Ele olhou para trás e a viu terminar de beber.
Ela estava lutando para controlar o quanto queria cuspir o vil
sangue doado, mas lambeu os lábios e respondeu: —Ele era
magnífico. Vamos vê-lo hoje?
—É claro —, disse Lúcifer, de pé e segurando a mão dela. —
Vamos vê-lo agora.
Thanatos puxou a cadeira para fora enquanto a ajudava a se
levantar.
—Obrigada. — Disse ela, inclinando-se contra Lúcifer. Ele
percebeu que ela ainda estava desconfortável, então colocou a mão
nas costas dela para liderar o caminho para fora.
—Ela é um prêmio adorável, Lúcifer. — Disse Astaroth, dando
um passo ao lado de Thanatos e Sonneillon.
—Ela é. — Disse ele, saindo da tenda.
—Dizem que você está se livrando das bestas de Lancelot. —
Disse Belzebu do outro lado.
—Sim, acho-os incontroláveis demais. Estou removendo
Lancelot do comando e colocando-o sob Ares. — Belzebu soltou uma
risada calma enquanto Lúcifer continuava. —Essas mutações dele
devem ir embora.
—Eles são monstruosos —, concordou Belzebu. —Ouvi dizer
que ela destruiu o rei lobo. É uma pena que ele não possa assumir a
posição de Lancelot. Estou certo de que teria agradado ao pai. Talvez
um de seus filhos?
Lúcifer riu, colocando um beijo no topo da cabeça de Jane. —Ela
ficou um pouco fora de controle com ele. E estou pensando em
escolher um - posso deixar Jane conhecê-los e permitir que ela decida.
—Bem, ela teve experiência com os lobos, então essa é uma
decisão sábia. — Disse Belzebu.
O grupo riu ao avistar Lancelot, onde ele estava acorrentado ao
lado de suas mutações.
—Lycaon foi tolo em procurá-la —, acrescentou Lúcifer. —É
claro que ele não sabia quem ela era para mim, mas deveria saber que
não a tocaria quando eu demonstrasse interesse.
—Verdade —, disse Astaroth. —Todos nós nos perguntamos
sobre sua paixão. Vejo que agora era mais e não posso culpar seu
desaparecimento por persegui-la.
Jane se aproximou de Lúcifer, deixando-o consciente de seu
nervosismo em relação aos gigantes príncipes do inferno.
Ele apenas sorriu e deu-lhe um aperto reconfortante antes de
responder ao enorme príncipe. —Não havia nada que pudesse me
impedir dela.
—Aparentemente —, disse Sonneillon. —Nem mesmo a Morte.
Eles riram baixinho. Jane ficou quieta e sem sorrir até perceber
Asmodeus.
Um sorriso brilhante iluminou seu rosto quando ela se virou
para Lúcifer. —Posso dizer olá?
Ele beijou sua bochecha antes de gentilmente empurrá-la para
longe. Ela não perdeu um momento para ir até o rei dos demônios
como se estivesse se reunindo com um velho amigo.
—Ah, meu rei —, disse Asmodeus, levantando-se antes de
abaixar a cabeça e sorrir para Jane. —Minha rainha. — Ele estendeu a
mão para ela, esperando que ela o alcançasse. Ela nem parecia estar
ciente dos lobisomens e vampiros amarrados todos acorrentados
abaixo dela.
—Olá, Asmodeus. — Disse Jane, colocando a mão na dele.
Asmodeus sorriu e beijou seus dedos antes de se levantar para
encontrar os olhos dos outros governantes do inferno.
—O grande rei baixou a guarda da prisão para Lúcifer? — Belial
perguntou, carrancudo enquanto olhava para os prisioneiros.
Jane virou-se para encarar um de seus rivais mais odiados, e
Asmodeus colocou a mão calma no ombro dela quando Thanatos se
aproximou. A rainha e seus guardas.
—Você sabe que eu tenho qualquer chance de usar minhas
correntes e torturar lentamente os maus. — Asmodeus sorriu com
escárnio de Belial, enquanto Belzebu e Sonneillon riam.
—Eu não levei você como guarda-costas também. — Berith falou
ao lado de Belial.
Asmodeus deu de ombros, batendo levemente as asas. —Nossa
rainha merece o melhor.
Os outros riram da piada de que ele era o melhor deles,
enquanto Lúcifer sorria e caminhava para o local onde Lancelot estava
inconsciente. —Ela sabe —, disse Lúcifer, sorrindo para Asmodeus. —
É por isso que ela me tem.
Muitos de seu grupo riram alto com Lúcifer, exceto aqueles que
claramente seguiam Belial e Berith. Belzebu foi o segundo entre seus
rivais odiados, mas até ele riu.
—Ela bateu nele —, disse Belzebu, apontando para o estômago
de Lancelot. —E ela fez dele sua cadela também.
Astaroth e Sonneillon subiram para vê-lo também, sorrindo
antes de olhar para Jane.
—Sim, minha pequena rainha foi cruel com ele. Foi
definitivamente uma luta que não esquecerei — disse Lúcifer,
piscando para ela quando ela chamou sua atenção. —Viu? — Ele
balançou a cabeça em sua direção quando ela não conseguia tirar os
olhos de Lancelot. —Ela não ficará satisfeita até que ele seja
alimentado com seus cães. Eu tive que impedi-la de matá-lo, mas ela
teve que me lembrar que eu o queria vivo quando ele era tolo o
suficiente para atacá-la depois que eu terminei a luta.
—A rainha tem um jeito com o nosso rei —, disse Asmodeus. —
Embora, eu teria gostado de ver nosso rei supremo arrancar as
mandíbulas dessa imundície de seu crânio.
—Você pode machucá-lo? — Astaroth perguntou, dando a
Lúcifer um olhar impressionado.
—Minha rainha me deu muitos presentes. Não apenas seu rosto
adorável — disse Lúcifer, estendendo a mão para Jane. Ela se
aproximou dele, caminhando entre Astaroth e Sonneillon. Eles se
curvaram para ela, e ela manteve a cabeça erguida, exatamente como
ele havia dito.
—Você gostaria que eu o acordasse, Jane? — Lúcifer perguntou
uma vez que a mão dela estava na dele. —Ou você deseja deixá-lo
dormir através do massacre de seus filhos?
—Seus filhos? — Sua mão tremia, mas sua expressão não
vacilou.
—Sim, minha rainha. — Disse ele, apertando a mão na dela. Ela
não vai durar.
—Eu acho que ele gostaria de vê-los antes que eles morram. —
Disse ela, encarando-o como se quisesse convencê-lo.
Ele sabia que ela estava pensando nisso como um ato de
bondade, mas seria o oposto para Lancelot. —Sim, vê-los causará uma
impressão mais duradoura. — Disse ele, observando a luz fraca em
seus olhos.
Thanatos se moveu para o lado dela e estendeu o braço para ela
pegar. Jane pegou o braço de Thanatos antes de Lúcifer se virar para
Lancelot.
—Você vai matá-los agora? — Perguntou Belzebu.
—Não, minha rainha vai se divertir um pouco mais com seus
animais de estimação. Posso me juntar a ela, mas adoro quando ela
perde o controle— disse Lúcifer, virando-se para ver os olhos de Jane
implorando que ele a deixasse de fora. Ele quase podia sentir o
coração dela partir de onde ele estava. Ele afastou o desejo de olhá-la e
deu um tapa no rosto de Lancelot. —Acorde!
A bochecha de Lancelot se abriu quando ele acordou, rosnando.
—Você gostou da sua soneca? — Lúcifer perguntou.
Lancelot não respondeu e rapidamente olhou em volta para ver
seus filhos e seguidores amarrados a seu redor, depois viu a reunião
dos tenentes do inferno e, finalmente, Jane. —O que está acontecendo?
Lúcifer o agarrou pelos cabelos. —Você não se lembra do meu
aviso?
—Eu lembro, meu rei. Peço desculpas por perder o controle. Ela
simplesmente me faz perder a cabeça.
A multidão riu.
—Sim, ela faz com que alguém perca de vista seus objetivos —,
disse ele, olhando brevemente para Jane. —É preciso um rei para
manter o rumo, caso contrário ela pode me fazer fazer algo tolo.
Talvez poupe você da punição.
Lancelot olhou para Jane. —Estou certo de que ela não iria me
estender essa gentileza, principalmente porque ela cumpriu sua
palavra, marcando-me sua cadela para que todos vissem.
Os outros riram quando Lúcifer criou uma barreira sonora para
que ninguém os ouvisse. —Vou lhe contar um segredo... O demônio
que você viu durante sua batalha com os cavaleiros não é a rainha que
você está encarando agora.
—Eu percebi que havia mais na mulher quando a vi pela
primeira vez, mestre. Eu sabia que havia algo dentro dela.
—Sim —, Lucifer murmurou, observando os olhos de Jane
ficarem vermelhos de tensão. —Minha rainha é bastante forte, e ela
manteve esse demônio preso dentro dela a maior parte. Ela ficou
fraca, no entanto, depois de sua luta com você. Ela viu e ouviu o que
seu demônio lhe disse - sentiu-se culpada pelas vidas que destruiu
porque a deixou sair e começou a cair. Só que você não conseguiu
fazê-la cair completamente.
Os olhos de Lancelot se arregalaram quando ele olhou para Jane.
—Você vê isto agora? Sua rainha está aterrorizada por você.
Você lutou com essa garota ontem e ela bateu em você por razões que
você não consegue entender. Mas você vê, ela não é a criatura
perversa que você conheceu antes.
—O que você fez, mestre? — Lancelot perguntou, sem desviar o
olhar dos olhos preocupados de Jane.
—Soltei um monstro —, disse ele, espiando Jane. —Agora, eu
preciso que ela assuma o controle daquela garota bonita.
—Mestre? — Lancelot olhou para Jane. —Mas você disse que
esta é sua rainha.
Lúcifer trancou os olhos com Jane quando ele falou: —Ela é. No
entanto, ela provavelmente libertaria sua família. Talvez, se os
príncipes não tivessem vindo, eu poderia ter permitido alguma
misericórdia, mas você vê, o coração dela é bonito demais e perdoa. E
você sabe como isso vai parecer para os outros, não é? Afinal, quando
procurei os atormentadores dela, você pensou o mesmo, não foi?
—Sim mestre. Parece fraqueza.
Ele assentiu. —Então você entende que o demônio dela deve
mostrar aos outros como ela é realmente má?
Lancelot olhou para sua família. —Eu entendo. E eu não mereço
isso, mas peço que demonstre piedade da minha família, meu rei.
—Você ainda procura vingança em Arthur e David? — Lúcifer
perguntou em vez de responder ao pedido.
O olhar de Lancelot voltou para Jane. —Sim mestre. Sempre.
—Então você vai me ajudar agora. Quando o demônio chegar,
você seguirá qualquer ordem que ela der para mostrar sua lealdade a
mim. Faça isso, e eu lhe darei outra chance de enfrentar os cavaleiros.
Você entendeu? Caso contrário, eu o destruirei depois de matar
Guinevere.
Levou alguns segundos para Lancelot responder. —Sim, meu rei.
—Bom —, disse ele, removendo a barreira do som. —Para
responder sua pergunta, este é o extermínio de seus bichinhos de
estimação. Nossos convidados vieram ver sua rainha em ação desde
que perderam sua partida impressionante com você.
Lancelot abaixou a cabeça em derrota. —Peço desculpas por não
lhe agradarem. Eu só estava tentando criar uma arma mais útil contra
os cavaleiros, pois eles têm uma vantagem sobre todas as outras.
—Sim, eles tem —, disse Lúcifer. —No entanto, você não tem o
direito de criar uma arma dessas, e acontece que esses mesmos
cavaleiros são a razão da criação da sua poderosa rainha. Estou
começando a me perguntar se o nascimento das bestas nojentas tem
algo a ver com os cadáveres apodrecidos que vagam pela terra.
Lancelot ficou rígido, mas não olhou nos olhos.
—Acredito que minha rainha deseja a cabeça de seus filhos —,
disse Lúcifer, observando Lancelot rapidamente erguer os olhos
enquanto continuava: —Acho que também reivindicaremos seus
seguidores mais queridos para garantir que você não tenha mais
distrações.
—Eu imploro, Lúcifer. — Lancelot olhou para sua família,
particularmente um menino e uma menina pequenos. —Aceitarei
qualquer punição e destruirei minhas criações, mas peço que poupe as
que escolheu.
—Diga adeus. — Lúcifer o deixou ir antes de caminhar até Jane.
—Meu rei. — Disse ela, um leve tremor em sua voz.
Ele pegou a mão dela e a afastou da multidão antes de agarrar o
rosto dela e beijá-la suavemente. —Você deve ir agora.
Os gritos dos seguidores e companheiros de Lancelot começaram
a ecoar quando Lancelot lutou para rastejar até eles.
Ela respirou mais rápido enquanto observava a visão triste. —
Você prometeu. Não quero que ele sofra dessa maneira,
principalmente sua família.
—Eu disse que chamaria por ela. Estou chamando por ela agora,
porque sei que você não vai gostar disso.
Ela segurou os pulsos dele. —Eles não fizeram nada errado. Eles
são crianças e humanos acorrentados... Isto está errado.
Ele acariciou sua bochecha macia. —Eu disse para você não
brigar comigo, Jane. Ela fará isso por você.
—Por favor, não faça isso, Luc. — Ela tocou seus lábios. —Quero
que as mutações sejam destruídas, mas essas crianças são inocentes.
—Eles são sua família e as prostitutas com quem ele cria. Eu não
os quero vivos. Isso vai quebrar seu espírito. É o único castigo que
pode prejudicá-la.
—Não me faça fazer isso. — Ela começou a se livrar de seus
esforços para não chorar. —Isso vai me arruinar. Mesmo que seja ela,
ainda é minha mão. Ela ainda faz parte de mim... Por favor, poupe-os.
Deixe-a destruir as mutações e fazer outro show, mas não os mate.
Eles são apenas bebês e as mulheres dele.
—Está feito, Jane —, disse ele sem hesitar. —Eu te vejo mais
tarde.
Os olhos dela se arregalaram e ela balançou a cabeça
freneticamente, agarrando o pescoço dele. —Me beije.
Como ela não havia quebrado antes, ele pretendia que isso
acontecesse mais tarde, mas ele não tinha escolha agora. Então,
sabendo o que isso significava para eles, ele baixou os lábios nos dela.
Ela o beijou desesperadamente. Era o beijo deles, e ela estava
disposta a dar-lhe qualquer coisa neste momento.
A recusa dele acrescentaria mais devastação ao coração dela. —
Obrigado pelo beijo, minha rainha —, disse ele, observando as chamas
dançando em seus olhos enquanto ela se agarrava a ele. —Mas eu
preciso mandá-la embora agora.
—Eu vou deixar você me ter, se você os poupar —, ela deixou
escapar. —Agora mesmo. Não vou mais fazer você esperar, e falarei
sério quando me entregar a você. Então você terá controle total sobre
ela como queria. Eu sei que há algo bom em você, Luc. Por favor, não
me faça fazer isso.
—Você vai dizer isso? — Ele perguntou, encarando aquelas
chamas enquanto elas brilhavam.
—Sim. Eu juro. — Ela tinha tanta esperança. Ela quis dizer cada
palavra.
Ela era dele.
Lúcifer suspirou, abaixando os lábios nos dela para o seu beijo
mais doce ainda. Ela chorou contra a boca dele enquanto deslizava as
mãos ao redor do pescoço dele. Ele a puxou para ele, saboreando cada
gota de seu beijo antes de sussurrar: —Sinto muito, Jane.
—Não, Luc. — Ela tentou se segurar enquanto ele puxava as
mãos do pescoço dele.
Ele a beijou e deu uma última olhada em seus olhos. —Perdoe-
me, minha rainha.
Os olhos dela arregalaram os olhos: — Luc, por favor.
—Venha, demônio. — Ele observou os olhos de Jane enquanto
aquela chama dourada se iluminava em um inferno apenas para se
afogar na escuridão.
—Meu rei. — O demônio ronronou, aquele sorriso perverso se
estendeu sobre seus lábios quando ela o puxou para ela.
Lúcifer manteve o beijo curto, afrouxando seu abraço e em pé: —
Eu tenho um trabalho para você.
Ela olhou em volta, rindo ao ver Lancelot sussurrar para um de
seus filhos e filhas enquanto choravam. —Então, ela não o matou - e
você não o matou... O que isso poderia significar?
Ele ignorou a pergunta dela: —Quero que você faça um show.
Destrua suas criações e sua família.
Lentamente, seu olhar sombrio voltou para ele. —E a sua rainha?
Duvido que ela aprove isso. Você é tão suave que não pode forçá-la a
fazer isso sozinha?
Lúcifer olhou em seus olhos. Não havia ouro, mas ele sabia que
Jane estava lá. Ela o ouviria. —Destrua-a.
—Ela não te satisfez esta manhã? — ela perguntou, passando os
dedos pelo peito dele. —Ela tem um pouco de dor entre as pernas... O
que exatamente vocês fizeram juntos?
—Não é da sua conta —, disse ele, segurando-a pela nuca. —
Faça o que eu mandei.
—Sabe, eu senti você ficar macio na minha boca antes de chamar
por ela. Não tenho certeza se você pode me satisfazer. — Ela riu,
deslizando o olhar para Lancelot. —Aposto que sei quem poderia.
Ele rosnou, apertando seu pescoço enquanto chamas de ouro
repente acenderam em seus olhos, afastando a escuridão até que
apenas circulava suas íris. Seu aperto afrouxou em um instante.
—Luc, por favor. — Jane disse, apertando a mão dela contra seu
peito
—Jane, você não deveria estar aqui. Pare de lutar com ela.
Ela procurou os olhos dele. —Eu nunca vou parar de lutar com
ela. Você voltou à sua palavra, então eu vou.
Ele acariciou o rosto dela e a beijou mais uma vez: —Venha,
demônio.
—Luc. — Disse ela, soluçando, mas se transformou em risada.
—Oh, meu rei ficou mole. — O monstro de olhos pretos sorriu
quando ela deu um tapinha em sua bochecha. —Não se preocupe, eu
vou lembrá-lo quem você é, rei do inferno, e você e eu destruiremos o
mundo juntos. Eu sei exatamente como quebrá-la para que ela não o
distraia novamente.
Ele observou a chama dourada lutando pelo controle enquanto
falava. Lúcifer voltou para onde os outros esperavam, sabendo que ela
o seguiria.
Thanatos olhou para ela e se virou enquanto Asmodeus assentia,
mas ele também desviou o olhar.
—Bem, isso é uma surpresa —, disse Belial, sem olhar para Jane
como ele havia feito antes. —Ela pode ter algumas qualidades
agradáveis, afinal.
Lúcifer viu o demônio de Jane sorrir para seu rival e os outros
príncipes se reunirem.
—Hm. — Foi tudo o que Belzebu disse.
—Você tem suas instruções. — Lúcifer gesticulou para suas
futuras vítimas. —Divirta-se.
Em vez de pular direto para o massacre, ela tocou seu peito,
pressionando-se contra ele enquanto aquele sorriso perverso se
estendia pelo belo rosto de Jane. —Eu farei o meu pior, meu rei. Posso
dar um beijo antes de fazer o que você pede?
—É claro. — Ele disse e a puxou para ele para um beijo áspero. O
demônio sorriu, devolvendo o beijo cruel, mordendo o lábio enquanto
ele lutava para não jogá-la para longe dele. Ela até tinha um gosto um
pouco diferente de Jane.
Ela riu antes de me afastar e me curvar. —Eu ainda brincarei
com o cachorro como eu gosto? Estou ansiosa por prová-lo. Prometi
que ele seria meu.
Lúcifer olhou nos olhos dela, sabendo que ela estava tentando
arruinar não apenas Jane, mas também ele, porque ele escolheu Jane
em vez dela. —Se esse é o seu desejo, você pode fazer o que quiser
com ele. Apenas deixe-o respirar no final.
A risada mais sombria que ele já ouvira derramou de seus lábios.
—Um rei tão generoso. Vou brincar agora.
Thanatos suspirou quando ficou parado ao lado dele. Lúcifer
podia sentir os outros olhando para ele, obviamente percebendo que
ela era diferente da garota sorridente que cumprimentara Asmodeus.
—Ela tem mudanças drásticas de humor. — Disse Belzebu,
observando Jane deslizar os dedos pelos cabelos de Lancelot.
—Sim, esse lado dela é muito mais atraente. — Disse Belial,
enquanto Berith e seus seguidores concordavam, seus olhos fixos em
Jane.
—Eu discordo. —, disse Astaroth, tremendo enquanto ria com
vontade.
Sonneillon assentiu. —Sim, há algo nela que...
—A rainha Jane tem muitos lados nela —, disse Asmodeus, não
permitindo que Sonneillon dissesse mais alguma coisa. —No entanto,
todas as partes são leais ao nosso rei. Ele tem muita sorte de ter um
presente tão poderoso.
Lúcifer não reconheceu nenhum de seus comentários. Ele estava
muito concentrado em Jane quando ela levou uma mulher mais
próxima de Lancelot. A mulher gritou, tentando se agarrar a Lancelot,
e ele a ela.
—Então, todas essas mulheres bonitas não são suficientes para
saciar sua luxúria, cachorro? — Jane perguntou a Lancelot, passando
os dedos pelos seios da mulher. —Você ainda quer me foder?
Lancelot ficou quieto, seus olhos se deslocando entre Jane, a
mulher soluçando em suas garras, e depois Lúcifer.
—Por que você está olhando para o seu rei? — Ela perguntou a
ele. —Ele disse que eu posso fazer com você o que eu quiser, e eu
quero saber se você ainda quer me foder quando tiver essa beleza
aqui. — Ela puxou a cabeça da mulher para trás, agindo como se fosse
arrancá-la.
Lancelot falou rapidamente: —Se lhe agrada, minha rainha. Vou
lhe dar o que você quiser. — Ele lançou o olhar para a mulher antes de
olhar para Jane. — Qualquer coisa que você quiser, minha rainha.
Jane beijou a bochecha da mulher. —Eu acho que ele gosta de
você... Mas não o suficiente para que ele pudesse parar de querer estar
dentro de mim. Ele disse que me queria? Que se gabava de que iria
me foder, e eu valho a pena queimar uma eternidade por isso?
A mulher balançou a cabeça, sem tirar os olhos de Lancelot.
—Não é bom, não é? Ser uma segunda escolha? — Ela olhou
para Lancelot antes de sorrir sinistramente para Lúcifer.
—Não, minha rainha. — Disse a mulher.
—Não, não vale... Ele transa com você como um cachorro
também? — Jane empurrou a mulher de joelhos enquanto ela
simplesmente chorava.
Lúcifer respirou mais rápido quando um leve brilho de ouro
brilhou na escuridão. —Depressa, Jane. Tenho negócios a tratar.
Ela sorriu para ele, deslizando a mão para agarrar seu peito. —
Eu sofro, meu rei. Desejo mostrar ao cachorro que não sou sua cadela
como ele se gabava com seus amigos. Desejo terminar de fazê-lo meu.
Todos se voltaram para ele, e sua alma rugiu, batendo contra sua
prisão. —Como desejar.
Thanatos rosnou, mas não disse nada, quando Jane disse a
Lancelot para tirá-lo da calça e para a mulher prepará-lo para ela.
Lancelot beijou a mulher assim que ela o alcançou. Ela soluçou
quando ele sussurrou em seu ouvido até Jane a agarrar a garganta e
puxá-la para longe.
—Pegue-o com força ou vou arrancar sua garganta e forçá-lo a
comer seu cadáver!
Lancelot alcançou a mulher e colocou a mão em seu membro
enquanto ele a beijava, ainda murmurando palavras contra seus lábios
enquanto ela chorava:
—Eu já estou entediada —, disse Jane, afastando-se deles. —
Continue indo, querida. Retorne. — Ela agarrou um homem, beijando-
o nos lábios uma vez antes de mergulhar a mão em seu peito. A
multidão ofegou e aplaudiu quando ela arrancou seu coração.
—Lúcifer, não deixe Lancelot transar com ela. — Sussurrou
Thanatos enquanto Jane jogava o coração do homem em uma das
crianças chorando.
—Deixe-o, Than. — Disse Asmodeus.
Jane riu enquanto pegava outra mulher chorando. Ela tateou os
seios antes de arrancar a camisa, provocando mais aplausos. —Ela é
muito adorável — ela disse, arrastando as unhas pelo estômago da
mulher. —Bonita demais, eu acho. — Foi quando a carne da mulher
começou a derreter. Seus gritos se misturaram com a multidão de
demônios.
—Eu acho que ela é tão cruel quanto você mencionou. — Disse
Belzebu quando torceu o braço do menino, agarrando-o em vários
lugares. Ele também começou a gritar quando a pele dele derreteu.
—Ela é. — Lúcifer disse enquanto ria e mordia o pescoço
minúsculo de outro garoto. Ela estava fazendo o que Melody havia
feito ao filho de Jane.
A multidão aplaudiu ao vê-la selvagem, e ele queria rugir com
os aplausos que estavam dando a ela quando ela ria, tirando os lábios
ensanguentados do garoto sem vida e jogando-o no chão. A risada
perversa queimou seu interior, mas ele manteve o rosto vazio
enquanto ela dançava ao redor das vítimas desamparadas,
terminando lentamente suas vidas. Ela tomava banho no sangue e ria
na direção dele porque sabia que estava matando Jane também.
—Acho que você está pronta para mim. — Disse ela,
aproximando-se de Lancelot e sua mulher preferida. Jane estalou os
dedos e tirou as roupas mostrando todo o corpo de sua rainha ao
inferno. Os homens aplaudiram com aprovação quando ela deslizou
as mãos até os seios, apertando-os enquanto assentia para a mulher se
afastar. —Você gosta dela, não é? — Jane empurrou Lancelot de
joelhos quando ele acenou com a pergunta. Ela levantou a perna,
guiando a mão de Lancelot para segurá-la antes de empurrar o rosto
dele entre as pernas. —Gosto de manter meus cães alimentados.
Coma.
Belial e Berith riram alto com os outros demônios enquanto a
assistiam gemer.
Lúcifer estava tremendo enquanto ela gritava, já alcançando seu
clímax enquanto chutava Lancelot nas costas dele.
Ela piscou para a mulher. —Você é uma mulher de sorte - ele é
realmente bom nisso. — Jane estava em cima de Lancelot,
pressionando o pé no peito dele enquanto sorria com a ereção dele. —
Mesmo depois de matar uma parte da sua família, você ainda fica
duro. Bom garoto. — Ela montou nele, guiando seu pau dentro dela
quando o rugido de aplausos sacudiu o chão.
Thanatos virou a cabeça enquanto ela o fodia no campo
sangrento.
Asmodeus balançou a cabeça para Lúcifer quando ele rosnou. —
Fique no caminho, meu rei.
Um lampejo de ouro chamou sua atenção, e ele doeu ao ver Jane
perceber por um momento. Ela pegou Lancelot abaixo dela,
segurando os quadris enquanto o montava, e então os inúmeros
cadáveres espalhados pelo chão frio. Logo quando ela abriu a boca
para gritar, a avelã se afogou na escuridão.
Seu demônio jogou a cabeça para trás, gemendo, ofegando
quando outro orgasmo se aproximou. —Você não vem. Eu ainda
quero mais — ela ofegou, estremecendo quando o exército aplaudiu,
assobiando e aplaudindo. Alguns estavam saindo, mas muitos
ficaram, observando Jane rir e beijar Lancelot nos lábios. —Ela sente
pena de você, sir Lancelot. Ela já havia perdoado você antes e pediu
que ele poupasse você e seus parentes. Ela até perdoa você por isso...
Mas eu sou rainha. E eu desejo destruir vocês dois.
Lúcifer nunca viu Lancelot parecer tão derrotado.
—Você pode se transformar e ainda foder? — Ela perguntou,
jogando a cabeça para trás e rindo quando os demônios começaram a
se oferecer para satisfazê-la. —Agora não, meninos... Prometi brincar
com o cachorro há um tempo atrás. Um bom mestre mantém suas
promessas. — Ela se inclinou sobre Lancelot novamente, gemendo
enquanto continuava deslizando para cima e para baixo em seu pênis.
—Bem, você pode?
Lancelot assentiu depois de olhar para a mulher que chorava
perto de um menino e uma menina.
—Isso está indo longe demais —, Thanatos sussurrou quando
Jane ficou de quatro. —Ela não precisa de tudo isso.
—Se você não pode ficar, vá. — Lúcifer retrucou, incapaz de
desviar o olhar quando Lancelot se transformou em sua forma de
lobisomem.
—Ooh —, Jane disse, gemendo. —É muito maior do que eu
pensava. Espero que ele se encaixe.
A multidão riu.
Jane apontou para a mulher. —Ele já te fodeu assim antes?
A mulher assentiu. —Sim, minha rainha.
Jane sorriu, curvando o dedo para Lancelot. —Venha garoto.
Mostre-me o que você tem.
Assim que ele estava dentro dela, ele a fez gritar e gemer. As
legiões de demônios e os caídos adoraram tudo, enquanto a alma de
Lúcifer batia sua prisão, sacudindo-o quando chamas douradas o
olharam, morrendo no momento em que Lancelot finalmente entrou
nela.

Lúcifer olhou fixamente nos olhos de Jane, enquanto olhava para


o teto rochoso da caverna. Ela não se moveu quando uma lágrima
deslizou lentamente em seus cabelos. Ela mal parecia respirar. Ele
queria gritar e sacudi-la porque ela ainda estava lá. Ainda ciente, mas
apenas quieta.
Seu demônio não parava de exibir Lancelot transando com ela.
Não, ela fez Lancelot se alimentar de sua fêmea quando ele terminou
com ela, mas ela o deixou louco. Tão louco que começou a espancar a
mulher porque não conseguia mais pensar diretamente nas coisas que
Jane o estava forçando a assistir. Lúcifer não sabia o que era pior, Jane
matando-os ou fazendo com que o demônio enganasse Lancelot a
matar sua própria família. Até as criancinhas. Ela fez Lancelot fazer
isso, mas não antes de obrigá-lo a se transformar e dar um beijo de
despedida. Ela disse para eles darem as mãos, que o papai os salvaria
e depois cortou a garganta deles na frente de Lancelot. Bem na frente
de dois olhos castanhos com a chama dourada queimada escondida
na escuridão.
Lancelot havia perdido o controle e essa foi a única razão pela
qual tudo parou. Ele começou a atacar todo mundo, enquanto Jane ria
enquanto o fazia pensar que ele a estava atacando.
Lúcifer enxugou a lágrima solitária deslizando nos cabelos de
Jane. Os pálidos olhos castanhos estavam quase queimados. Eles eram
de uma cor cinza esverdeada escura com marrom, sem ouro. Apenas
marrom.
Apoiando uma mão na lateral da cintura dela, ele sussurrou: —
Jane?
Ela não respondeu.
—Por favor, minha pequena rainha.
Se não fosse por sua respiração e a batida lenta de seu coração,
ele diria que ela parecia morta.
—Sinto muito. — Ele sussurrou, não pensando mais em suas
palavras enquanto abaixava os lábios para o par que não respondeu.
Ele suspirou, deixando o rosto próximo ao dela enquanto esfregava a
bochecha com o polegar.
—Lúcifer —, Thanatos chamou, não escondendo seu ódio, e
Lúcifer não se importava que fosse direcionado a ele. Ele ficou com os
lábios contra os dela enquanto Thanatos continuava. —Você precisa
comparecer com ela para a celebração em sua homenagem.
Lúcifer não respondeu; ele continuou esfregando sua bochecha.
—Meu rei. — Asmodeus colocou a mão em seu ombro. —Esse
era o seu plano. É hora de deixar ir. Pare de segurar o pedaço de sua
alma e chame seu demônio de volta. Você tem mais que precisa ser
finalizado.
Ele não queria deixar ir, no entanto. —Ela ainda está lá. Ela não
desistiu.
—Lúcifer. — Asmodeus suspirou. —Você sabe o que precisa ser
feito.
Desta vez, ele se sentou e assentiu, levantando a mão. —Eu sei.
— Ele tocou seus lábios e estudou as curvas em seu rosto, cada
sardinha e marca de beleza que decoravam a linda garota que já
esteve lá. Ele beijou seus lábios antes de beijar sua bochecha e depois
seu nariz enquanto ele instruía sua luz dentro dela a seguir as ordens
que ele já havia dado. Prometo mantê-los seguros, Jane. Ele estava se
referindo a Nathan e Natalie. Outra pequena lágrima escorreu de seus
olhos sem piscar.
—Temos que ir, Lúcifer. — Disse Asmodeus.
Ele levou a mão flácida aos lábios e beijou os dedos dela. —
Perdoe-me, minha rainha. — Ele abaixou a mão dela e se levantou. —
Demônio. — Disse ele, vendo uma lágrima final cair antes que os
olhos castanhos sem vida fossem sufocados pela escuridão.
—Meu rei. — Um sorriso vitorioso e os olhos mais negros que a
noite o receberam de volta ao inferno.

Lúcifer desviou o olhar com um suspiro. Ele não queria ver o


demônio de Jane usando seu rosto adorável enquanto ela ria com
Belial e Berith. Eles a estavam elogiando por sua performance hoje.
—Você parece estressado, Lúcifer. — Disse Belzebu, enquanto se
aproximava dele.
Lúcifer manteve o rosto vazio de emoção e olhou Belzebu nos
olhos. —Você sabe que eu não gosto da companhia deles.
Belzebu fez um gesto para Jane. —Ela não é a mesma mulher de
antes.
Ele encolheu os ombros. —Ela gosta da destruição que cria. É
apenas um ponto alto para ela no momento.
—Hum —, Belzebu cantarolou e cruzou os braços sobre o peito.
—Esses olhos dela são bastante perturbadores.
Astaroth veio para o outro lado de Lúcifer e deu um tapinha nas
costas dele. —O que ela é, meu rei?
Lúcifer estava muito consciente de que o haviam fechado em
uma barreira de som para que outros não pudessem ouvi-los. Ele não
respondeu enquanto observava Jane sorrindo e passando o dedo pelo
braço de Belial.
—Lúcifer? — Astaroth repetiu.
—Ela é minha rainha. — Disse ele, enojado de chamá-la assim.
—Sua rainha era uma alma adorável —, disse Astaroth, também
olhando para Jane. —Espero que seu tempo com ela seja memorável.
Não era surpresa para Lúcifer que Astaroth tivesse atendido no
final de Jane. —Ela era linda. — Disse ele, não querendo dizer mais
nada. Era o suficiente que eles estavam se referindo a ela no passado.
—Cuidado com Belial, Lúcifer —, Astaroth disse enquanto Belial
se inclinava para sussurrar no ouvido de Jane. —Separe-a dele
rapidamente. Eles sabem...
Lúcifer estava pronto para explodir quando Jane riu e acenou
com a cabeça para o que ela estava sendo informada por seu rival
mais odiado. Lúcifer não queria estar perto dela depois de chamá-la e
não discutiu quando ela se afastou dele inicialmente. Ela não era Jane.
Tudo o que ele podia ver era um demônio usando o rosto bonito de
Jane enquanto ela se jogava nos inimigos dele. Ela estava amando a
atenção deles. Ela não hesitaria em seguir qualquer um dos poderosos
príncipes até suas camas.
Belial deslizou a mão pelas costas de Jane e ela sorriu,
pressionando-se mais perto dele.
—Vá, Lúcifer. — Disse Belzebu rapidamente, e ele o fez. Ele não
sabia ao certo por que os ouvia ou quais eram suas intenções quando
chegou lá; ele só sabia que não gostava de Belial tocá-la.
—Ah, meu rei. — Belial cumprimentou, ainda apoiando a mão
nas costas de Jane.
—Belial. — Lúcifer retornou sua saudação e parou a alguns
metros deles. —Minha rainha, você parece estar se divertindo.
—Ela está —, Belial falou antes que Jane pudesse responder. —
Eu posso fazer companhia a ela enquanto você entretém seus
convidados.
Lúcifer podia sentir o cheiro da luxúria entre eles e lutou para
não matar Belial ali. —Eu tenho certeza que você pode —, ele disse
enquanto encarava Jane antes de se virar e olhar Belial nos olhos. —
Mas você não vai. Aproveite a noite.
Ele ignorou o olhar no rosto de Belial, bem como Berith, que ele
não havia percebido se aproximar, e agarrou Jane pelo braço dela para
levá-la em direção à saída da tenda.
Thanatos abriu a aba da tenda, mas olhou para Lúcifer. —
Levando-a para a cama?
Asmodeus rapidamente colocou uma mão calma no ombro de
Thanatos. —Aproveite sua noite, meu rei.
Lúcifer estava ficando mais furioso a cada segundo e não
conseguia parar de agarrar Thanatos pela garganta e puxá-lo para
perto.
—Sim, eu vou levá-la para a cama —, ele rosnou na cara de
Thanatos. —Eu deveria ter feito isso na primeira noite que a tive!
Asmodeus se inclinou para sussurrar para ele: —Meu rei, vá.
Vamos vigiar os outros.
—Se não vamos foder, acho que alguém vai me levar para a
cama deles. — Jane disse, pressionando-se contra as costas dele
enquanto o alcançava.
Lúcifer agarrou a mão dela e a puxou na frente dele. —Controle-
se.
—Como quiser, meu rei. — Ela riu, olhando para Belial.
Lúcifer agarrou seu queixo, forçando-a a olhar para ele. —Não
olhe para outro homem aqui novamente.
Ela lutou para não gritar com seu poderoso aperto nela, mas o
olhar perverso não deixaria seu rosto. —Então me leve para sua cama.
Faça de mim sua rainha.
—Certifique-se de que ninguém nos incomode. — Disse Lúcifer,
agarrando seu braço.
—Sim, Lúcifer. — Thanatos respondeu ao seu lado.
Lúcifer não esperou outras interrupções e os cercou na
escuridão. Quando sua cama apareceu, ele puxou Jane para ele,
batendo seus corpos juntos. Ele abafou o riso torcido dela, cobrindo a
boca dela com a dele.
Ela deslizou os dedos sob a camisa dele e os enterrou na carne
do peito dele.
Ele rosnou, agarrando sua cintura e levantando-a para que suas
pernas e braços o envolvessem. Por tanto tempo, ele queria que Jane o
desejasse. Agora ele a arrancava as roupas do corpo, mas não era ela.
—Eu quero que você me foda —, disse ela, chupando o lábio. —
Foda-se sua rainha e diga adeus àquela putinha de uma vez por todas.
Ela se foi.
Ele apertou o lado dela, os levando em direção a sua cama. A
imagem de Jane sorrindo brilhou em sua mente. Seus olhos castanhos
brilhavam com amor e felicidade. Era o mesmo sorriso deslumbrante
que ela dava a David, que a Morte havia recebido por tantos anos.
Lúcifer parou de beijá-la e olhou para o rosto dela. Não havia cor
de avelã hipnotizante, apenas os mesmos olhos de ônix de antes o
encaravam enquanto o mesmo sorriso malicioso enfeitava o belo rosto
ao qual ele se apegara.
Ela ficou ansiosa com a hesitação dele e começou a pressionar
beijos no pescoço dele. Ele ficou quieto, fechando os olhos com força,
mas ainda viu Jane até que uma lembrança veio à tona.
—Incomoda você que eles ainda o confundam com ele? — Michael
perguntou, olhando para longe de Jane e David brincando com seus filhos.
Ela tinha acabado de aceitar o cavaleiro, e Lúcifer havia falhado em destruí-la
porque o vampiro a havia tirado do escuro.
Lúcifer apertou sua mandíbula. —Sempre.
Michael riu. —Sempre querendo ofuscar eles. Foi isso que colocou você
nessa confusão, irmão. Algumas coisas devem ficar fora de alcance.
Lúcifer lançou-lhe um olhar azedo. — Não quero ofuscar ninguém.
Mereço o respeito que ganhei.
—Entre os demônios e caídos? — Michael zombou antes de sorrir para
David enquanto beijava Jane. —Não é disso que eu me orgulho. Ele nunca vai
te perdoar por isso, Luc.
—Não me chame disso.
—Porque? — Michael sorriu. —Porque o pai te chamava de Luc? Nós
somos seus irmãos.
Lúcifer rosnou, olhando para Jane.
—Tudo o que você planejou, exorto você a repensar. A Morte nunca vai
parar de procurá-la. Ele destruirá o mundo se você voltar à sua palavra. Já o
está destruindo para ficar assim.
—A Morte não pode salvá-la —, disse Lúcifer, olhando para Michael.
—É por isso que ele concordou com isso.
—Não, ele não pode. Esse poder foi dado a você, irmão.
Lúcifer abriu os olhos e saiu do passado. O corpo nu de Jane
esfregando contra ele era demais. Ele nem tinha percebido que eles
estavam em sua cama agora, ou que ela havia se despido. Ele não
conseguia parar de deixar uma mão deslizar para o lado dela para
cobrir o peito e apertar. Ela gemeu e arqueou o corpo contra ele,
querendo que ele a tivesse da maneira mais carnal.
Ele encontrou os lábios dela novamente, sugando sua suavidade
enquanto saboreava seu beijo; só que agora não era tão doce quanto
antes.
Ela enfiou a mão nas calças dele, sorrindo enquanto agarrava seu
pau.
Outra lembrança veio à tona.
—Eles acham que você a salvará? — Asmodeus perguntou, rindo. —
Você quer?
Lúcifer riu. —Claro que não. Quero minha arma e farei o que for
preciso para obtê-la.
Outra lembrança veio à tona.
Thanatos massageou a asa quebrada e perguntou: —Elas são a mesma
garota?
Lúcifer olhou para a lua. —Sim. Eu não esperava isso.
—E a Morte concordou? — Thanatos perguntou, olhando para a lua de
prata.
—Ele fará qualquer coisa por ela. — Disse Lúcifer.
—O que você planeja fazer agora?
Lúcifer afastou as memórias enquanto olhava para o monstro
abaixo dele. —Olhe para mim.
Jane parou sua tentativa de alcançar o pescoço dele novamente e
obedeceu. Seus olhos negros o olhavam com fome. Lúcifer olhou por
seu rosto adorável, mas ele não viu a garota que queria.
O sorriso de Jane se formou em sua mente, o sorriso que ela dava
apenas para ele, e o tempo daquela manhã se esgotou para ele -
assombrando-o.
—Eu prometo que não vou chorar. — Ela disse enquanto seus olhos
brilhavam como mil estrelas no céu noturno.
Ele parou de respirar enquanto outra parte da conversa acontecia: —O
que você mais deseja em relação ao seu demônio, Jane? — Ele perguntou.
—Me libertar dela —, ela disse. —Para sempre.—
Os rugidos dentro dele cessaram e ele tomou sua decisão: —Não vou me
forçar a você, minha rainha.
O sorriso dela o lembrou de sua casa. —Obrigada, Luc.
Quando a lembrança daquela manhã desapareceu, Lúcifer olhou
nos olhos escuros começando por ele agora e procurou por ouro. —Eu
te amo, Jane.
O demônio olhou para trás, sem ser afetado. —Romântico.
Ele suspirou e beijou seus lábios novamente. Ela tentou
aprofundar o beijo, mas ele a deteve e beijou a base de seu pescoço. —
Por favor, me perdoe, minha rainha. — Ele murmurou contra a pele
dela antes de deixar os dentes afiarem e morderem suavemente o
pescoço dela.
Ela gemeu, se contorcendo em êxtase enquanto ele bebia seu
doce sangue. Ele parou de chupar e ela finalmente entrou em pânico
quando algo mais sombrio foi arrancado enquanto ele ordenava a sua
luz para capturar quando ele descobriu uma pequena chama de ouro
que tinha sido blindada.
O demônio engasgou, debatendo debaixo dele, sentindo sua vida
se esvaindo, mas ele a segurou com sua força sobre-humana. Só que
ele detinha o direito de dominá-la. Era parte do pacto que fez dele O
Rei Supremo. A barganha que fez Jane seu prêmio, uma aposta que
colocou sua alma em suas mãos.
Fragmentos de seu curto tempo juntos começou a piscar em sua
mente novamente, e pequenas conversas entre eles gritaram em seus
ouvidos.
Eventualmente, porém, a doce voz de Jane desapareceu em sua
mente, e os frenéticos esforços de seu demônio para se libertar
enfraqueceram até que ela finalmente parou de se mover.
Ela se foi. A escuridão que nascera dentro de Jane no momento
de sua criação - seu demônio - estava presa dentro dele agora, presa
na mesma prisão que sua alma. Apenas a prisão que ele havia
marcado em seu corpo.
Um suspiro suave chamou sua atenção, e ele parou de beber no
momento em que sangue doce e imaculado tocou sua língua.
Olhando para ela, ele tocou a bochecha de Jane - sua rainha -,
sorrindo quando os olhos castanhos se abriram.
Ela deu um sorriso fraco e pacífico. —Eu disse que havia algo
bom em você. — Ela respirou com mais força, seu corpo minúsculo
sacudindo cada vez, mas ela não parecia sentir dor. —Seu cabelo
mudou... Eu gosto da cor cinza.
Ele sentiu que isso acontecia, mas ele conseguia distinguir seu
reflexo nos olhos dela. —Você estava certa sobre ela. Ela queima. —
Lúcifer pressionou seus lábios contra os dela, respirando seu perfume
o máximo que pôde antes de sussurrar contra sua boca: —Morte.
O poder imediato que irradiava do Anjo da Morte encheu a
caverna, e Jane sorriu mais enquanto lutava para manter os olhos
abertos. O olhar aquecido da Morte em suas costas quase doeu, mas
Lúcifer se levantou, juntando o cobertor na cama para cobrir seu
corpo nu. Ele se levantou, lançando um rápido olhar de volta para
Morte antes de se abaixar para levantá-la em seus braços.
Enquanto ela tentava sugar um ar precioso, Lúcifer olhou para o
anjo furioso. —Eu sei —, disse ele, colocando-a cuidadosamente nos
braços da morte. —Lute comigo outra vez, irmãozinho. Ela precisa de
você agora.
Morte permaneceu quieto quando Lúcifer acariciou sua
bochecha. Ela sorriu carinhosamente para ele antes de chorar ao ver
seu anjo.
—Estou aqui, menina. — Disse Morte, seu olhar com o coração
partido quando ele inalou seu perfume.
—Você voltou. — Ela ofegou, soluçando. —O fim.
—Ainda não. — Disse a Morte, mas ela não parecia ouvi-lo.
Um rugido estrondoso soou do lado de fora da caverna,
derrubando as pedras do teto.
Lúcifer suspirou, pressionando um beijo na testa antes de acenar
para a Morte. —Leve ela. Eu o segurarei.
Ambos olharam para baixo quando o murmúrio de Jane
alcançou seus ouvidos. —Casa.
A Morte a puxou com força e se inclinou, roçando seus lábios
nos dela. Uma luz verde brilhante fluiu entre eles, lançando um belo
brilho esmeralda em seus rostos enquanto os dois suspiravam.
Lúcifer sorriu. Ela estava recebendo a magia de que falava. Ela
estava se reunindo com seu anjo.
—Sim, Jane —, disse Morte, beijando seus lábios quando a luz
retornou a ele. —Minha lua. — Ele a beijou novamente, fechando os
olhos quando ela tocou sua bochecha. —É hora de ir para casa. Para
David.
Jane sorriu e sussurrou: —Meu David.
A Morte roçou seus lábios nos dela. — Durma, doce Jane.
Quando você acordar, estará com seu cavaleiro. — Quando a Morte se
endireitou, ele olhou para a abertura da caverna. —Reze para que
você não me enfrente nesta guerra, Luc. A única razão pela qual você
está vivo é porque ela precisa de mim, mas não vou deixar você
esquecer sua traição ou o que você fez com ela.
—Como se alguém pudesse, irmãozinho. Vá. Você conseguiu o
que queria - ela é livre.
A Morte olhou para Jane. —Não, ela não é.
Lúcifer observou seus lábios tremerem. Ele sabia que a Morte
estava certa. Uma nova guerra havia começado. —Ela ainda é minha
rainha. Eu a protegerei contra eles. Agora leve-a. Vou ganhar tempo
para nós.
Quando Morte a abraçou, Jane deslizou a mão para descansar
sobre o coração do anjo e sorriu. Ela sorriu para a Morte. Não para ele.
—Adeus, minha rainha —, disse ele, olhando para onde estava a
Morte. —Por enquanto.

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