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SINOPSE
Até a imortalidade pode ter suas
tragédias.
Os impressionantes poderes de Jane lhe permitiram garantir a
segurança de sua família, mas a um custo terrível. Agora, com uma
mensagem de dois seres misteriosos, uma nova série de provas
começa no coração, na mente e na alma de Jane.
A praga foi apenas o começo. Entre as criaturas mais perversas,
ela aprenderá mais verdades sobre os mitos e monstros de seu
mundo, além de descobrir a extensão do poder que ela possui. No
entanto, é a fonte de seu poder que é seu rival mais maligno e, desta
vez, a Morte não estará lá para salvá-la. Ela terá que enfrentar seu
demônio interior e novos inimigos por conta própria.
“—Não —, ela disse. —Eu não sei o que realmente penso. Quero
confiar em você, mas não tenho ideia do porquê, ou por que você está
oferecendo ajuda. O que você quer dizer com me entregar a você?
—Eu quero você. Só você. — Ele acariciou sua bochecha. —Você é tão
frágil, mas está destinada à grandeza. Quero você ao meu lado. Quero que
você seja minha rainha.
Jane se inclinou: —Sua rainha? Como casar com você?
—Não no sentido de marido e mulher, não. Você seria minha igual,
governando ao meu lado.
—Governante do Inferno?
—Onde quer que você queira.
A escolha é sua,
PROLOGO
—O que aconteceu?
Lúcifer não respondeu ao escravo ou desviou o olhar do avião
desaparecendo nas nuvens. Embora os servos de Lúcifer tivessem
testemunhado seu retorno escoltado do reino de seu pai, eles não
sabiam por que ele havia sido levado. Os caídos não eram convidados
a comparecer diante do Pai, e Gabriel não ia ao mais alto nível do Céu,
a menos que o Pai o permitisse.
—Mestre? — Lancelot chamou, chegando ao seu lado, seu olhar
também fixo na aeronave que carregava os cavaleiros. E Jane. —Isso
tinha a ver com a fêmea?
—Sim. Eu terei domínio sobre a garota — ele finalmente disse,
ignorando os assobios de desaprovação ao seu redor. —Vá para o
norte enquanto reabastece suas tropas. — Ele enviou a cada um deles
um olhar de desaprovação pela perda de centenas de lobisomens e
vampiros. Mesmo a uma milha do campo de batalha, o cheiro da
morte era espesso no ar úmido.
Eles haviam descartado o poder de Jane e sofrido. Eles também
esqueceram do que os humanos eram capazes quando unidos contra a
escuridão.
Lancelot abaixou o olhar. —Mestre, como você pediu, eu estava
fora de alcance durante a batalha. Se você me permitir...
—Você teve sua chance contra os cavaleiros. Suas feras — disse
ele com repulsa — quase destruíram uma alma poderosa porque você
não abandonou sua luta adolescente com os cavaleiros de David e
Arthur. Eu te disse que queria a garota. — Ele olhou para o cachorro,
respirando o medo emanado de Lancelot. — E sua provocação tola
não apenas a empurrou ainda mais para o abraço do cavaleiro, mas
também deu ao meu irmãozinho a chance de resgatá-la novamente.
Lúcifer puxou sua manga quando ele finalmente se afastou do
horizonte iluminado pela lua para encontrar os olhares cautelosos
daqueles em seu comando. —Reagrupem. O próximo fracasso contra
os cavaleiros terá consequências para as quais vocês não estão
preparados.
—E a garota? — Ares levantou os olhos, mas manteve a cabeça
baixa. —Ela está aprendendo sobre seu poder.
—Claro que ela está. — Lúcifer olhou para Ares e Hermes. Seus
vampiros sempre tiveram o cuidado de não questioná-lo, mas ele
podia ver o quanto eles estavam curiosos sobre Jane. Eles queriam
saber o que ele queria com ela. —Você acha que eu desejaria um
monstro incapaz de exercer o poder dado a eles? Eu já tenho vocês
três — ele avisou Lancelot com um olhar aguçado que ele estava
incluído. — Para me decepcionar.
Eles mantiveram a cabeça baixa, sem dúvida mais amedrontados
por ele, como Lancelot teria deixado escapar que seu poder
aumentara. As regras de seu pai não se aplicavam mais a Lúcifer. Ele
podia tocar e prejudicar qualquer alma - divina ou mortal. Ele só
precisava de mais uma coisa, então ele teria poder para rivalizar com
todos os que se opunham a ele.
—Mestre? — Hermes chamou, endireitando-se. —Devemos
cruzar com eles novamente, o que você gostaria que fizéssemos com
ela?
Lúcifer olhou nos olhos escuros de seus escravos. —Convoque-
me. Quera inteira. Imaculada e confiante. Ela vai ligar os cavaleiros.
Lancelot fez uma careta, mas ele manteve a boca fechada e fez
um sinal para que os outros o seguissem.
Um a um eles se curvaram, saindo.
Mudanças duplas no ar roçaram as costas de Lúcifer.
—Bem? — A voz familiar retumbou.
Lúcifer se virou, absorvendo o estado agredido de Thanatos. Sua
asa e rosto mutilados estavam se recuperando lentamente. —Como
você escapou dele? — Lúcifer perguntou.
—Mania foi de uso surpreendente. — Disse Thanatos, olhando
para o rei dos demônios ao lado dele.
Ambos eram generais de Lúcifer - Thanatos controlava a elite
dos Caídos, enquanto Asmodeus comandava várias legiões de
demônios.
—Por que você está sorrindo? — Thanatos rosnou para o rei
demônio.
Asmodeus riu, suas asas de dragão se contorcendo o suficiente
para fazer a terra girar ao seu redor. —Você deveria saber melhor do
que confiar em demônios. Embora eu esperasse que o ex-general da
Morte tivesse alguma vantagem contra ele. Você parece terrível.
—Estou vivo e de pé. — Thanatos grunhiu, massageando seu
ombro. —Mais do que a maioria pode dizer após uma batalha com a
Morte. Você não me respondeu, Lúcifer... O que ele disse?
Lúcifer não havia planejado isso. —Elas são a mesma garota.
Asmodeus franziu o cenho. —Isso significa-
—Eu sei. — Lúcifer passou um dedo pelo pulso. —Você conhece
seus pedidos. Nada muda.
Asmodeus lançou um olhar sombrio para Thanatos antes de
desaparecer.
Thanatos permaneceu, encarando-o por um longo momento.
—A Morte vai concordar com o acordo. — Disse Lúcifer,
observando nenhuma mudança no olhar vermelho de Thanatos.
Sem nenhuma emoção, Thanatos disse: —Quebre-a.
—Eu vou. — Lúcifer desviou o olhar do general. —Ela cairá, e
minha rainha se levantará.
1
JASON
—Vocês são vampiros? — Jason segurou o olhar de Arthur
quando a pergunta ridícula saiu de sua boca. É verdade que ele
passou a aceitar que zumbis eram reais, e acabara de fugir do que
podia assumir como lobisomens e outros 'humanos' com
extraordinária velocidade e força que rivalizavam com os homens de
Arthur, mas isso ainda o fazia se parecer um tolo.
—Usamos a classificação de vampiros porque é o termo mais
moderno - mas, sim, somos imortais. — Arthur disse com um sorriso
descontraído. Embora no momento em que um gemido abafado
encheu o avião, seus olhos se acenderam como uma tempestade de
raios.
A raiva de Jason ao ver Jane cair sobre David voltou. Porque este
não era um grito de dor. Havia prazer no som masculino. O prazer de
David.
Somente a imaginação de Jason conseguia conjurar o que estava
acontecendo do outro lado do divisor que havia sido colocado ao
redor de sua esposa e do vampiro, e nem um grama encorajava-o a
agradecer ao homem que arriscou a vida pelo filho.
—A prata é perigosa para a nossa espécie —, disse Arthur, a luz
ardente em seus olhos escurecendo. —David foi ferido com um novo
estilo de munição projetado para destruir nossa espécie. A quantidade
de prata que ele sustentou é inédita. Ele não deveria ser nada além de
um cadáver agora.
Isso não tinha sido surpreendente para Jason; David estava
morrendo quando o ajudou a entrar no avião. Ele estava delirando,
falando da morte e de seus sentimentos por Jane. O homem sabia que
ele ia morrer, mas ele não morreu. —Essa luz. Aqueles homens —
Jason começou a dizer antes de mudar de rumo; ele não queria saber o
que eram aqueles homens ou por que Jane falou em voz alta com eles
como se estivessem conversando com sua mente. —Como ela o
salvou?
—Eu disse que ela é diferente. — Arthur encolheu os ombros. —
Não há outros imortais como ela. E David é importante para ela.
Jason lançou um olhar amargo para Arthur. —Sim, ela deixou
isso claro.
—Você não entende a conexão deles. — Arthur parou na frente a
Jason, sentado com os braços apoiados nos joelhos agora. —David
salvou Jane quando ela fugiu de sua casa.
Jason lembrou que Jane foi embora, lembrou que deveria ter sido
a última vez que ele veria o rosto dela. O que exatamente aconteceu,
ele ainda estava perdido, mas eles deixaram claro que David tinha
sido o único a resgatá-la. Ele fez algo com ela, algo que a fez diferente
- perigosa. Teria sido melhor se houvesse algum tipo de droga militar
que simplesmente agisse como um esteroide, mas agora ele entendia.
Assim como um filme ridículo, David transformara sua esposa em um
monstro.
—Eles vão se alimentar —, disse Arthur, observando Jason
enquanto sua mandíbula se cerrava. —Bem, David irá alimentá-la.
Uma vez que ele estiver saudável, é isso.
—Não. — Jason balançou a cabeça, recusando-se a acreditar que
estava perdendo Jane novamente. —Ela é minha esposa.
—Ela não é mais humana —, Arthur respondeu. —Ela não é a
mesma esposa que era antes - a mesma mulher.
As palavras foram como um soco no estômago. Claro que ela
não era humana. Jason a tinha visto fazer coisas que não deveriam ser
possíveis. Ele assistiu suas presas nuas em bestas três vezes o tamanho
dela antes que ela as matasse com força que ele nunca teria.
—Este não será um arranjo fácil. — Arthur olhou rapidamente
para o divisor quando o barulho se acalmou. Alguém estava trazendo
itens. Ataduras e sacos de líquido vermelho. Sangue. —Jane e David
são outros. Somos os únicos da nossa espécie a ter esse presente, e ele
esperou muito tempo para encontrá-lo. — Ele parou por um
momento. —Isso significa que David foi quem deu a imortalidade
quando ela estava prestes a sucumbir ao vírus. Era isso ou a morte.
Assim que a palavra vampiros surgiu, Jason reuniu a informação
de que Jane havia sido transformada por David ou o cara Ryder que
não estava mais por perto. —Eu acho que a morte teria sido a escolha
dela. — Disse Jason, irritado consigo mesmo por parecer tão
mesquinho.
Um lampejo de sorriso apareceu no rosto de Arthur. —Talvez,
mas eu prometo que você não gostaria do que Jane escolher a Morte
realmente significa.
A morte significava desaparecer, algo que ele começou a aceitar
sobre Jane. Ponderar sobre a escolha da morte quando ela já tinha -
tantas vezes antes - não era algo que ele faria.
Ele esfregou os olhos cansados antes de olhar de volta para onde
Jane estava com David. Gawain estava removendo o divisor e Jane, a
esposa de Jason, estava dormindo nos braços de David. O vampiro a
abraçou enquanto seus lábios estavam pressionados contra sua testa.
—É preciso muita energia de nós quando alimentamos nossos
Outros —, comentou Arthur. —Jane já estava fraca da batalha e o que
ela fez por David. Quando os dois se recuperarem, poderemos
discutir mais.
—Não há mais nada para discutir com você. — Jason voltou sua
atenção para Arthur. —Meu casamento não é seu ou é da preocupação
de David. Ela é minha esposa. Decidimos o que acontece entre nós.
Você não. Ele não.
Arthur exalou, balançando a cabeça. —Se as circunstâncias
fossem diferentes, eu concordaria com você. Como elas não são
simples, suas simples expectativas não são permitidas.
—Tudo o que posso dizer é que eles precisam um do outro, e
você deve aprender a aceitar que Jane é mais do que apenas sua
esposa. Ela é um ser poderoso, que confiará no meu cunhado pelo
resto de seus dias.
—Seu cunhado. — Jason riu amargamente. —Deixe-me
adivinhar, a irmã dele é a rainha Guinevere.
—Sim. — Foi tudo o que Arthur disse.
Não era o que Jason esperava. Ele estava tentando uma piada
esfarrapada porque isso superaria o bolo paranormal para descobrir
que o homem diante dele não era apenas um soldado chamado
Arthur, mas o lendário rei Arthur. Era um esforço demais para ele
pensar nisso, mas ele estava se perguntando sobre os nomes estranhos
deles. Na verdade, eram as crenças infantis de Jane em todas as coisas
paranormais e mitológicas que até lhe permitiam lembrar seus nomes.
Ela o fez assistir a um filme sobre o rei Arthur e adorava os
diferentes cavaleiros, especialmente aquele chamado Gawain.
—Cavaleiros vampiros —, Jason murmurou. —Esta é a merda
mais ridícula que eu já ouvi.
—Assim como os zumbis. — Arthur - rei Arthur - sorriu para ele.
—Essa foi a primeira vez para nós também. Devo dizer que você está
aceitando isso melhor do que Jane.
—Tenho certeza que ela estava tonta como o inferno. — O
estômago de Jason revirou quando ele imaginou sua excitação por
conhecer o rei Arthur e os cavaleiros da Távola Redonda, em cima de
seu próprio vampiro.
Jane de repente choramingou e ficou tensa durante o sono. Um
pesadelo. Jason sabia que ela os tinha frequentemente. Não era como
se ele pudesse impedi-la de ter pesadelos, então ele sempre fazia tudo
o que podia fazer - de costas para ela e bloquear seu drama. Não
adiantaria se ele perdesse o sono. Afinal, era ele quem ia trabalhar
enquanto ela ficava em casa.
Sua mandíbula se apertou enquanto observava David - ainda
dormindo - esfregar o braço dela até que ela parou de respirar rápido
e rolou para mais perto dele. Pior, David deslizou a mão na parte
inferior das costas e a puxou para ele antes que ele começasse a
massagear suas costas.
Toda a rigidez na postura de Jane desapareceu. Ela colocou uma
mão sobre o coração de David, depois esfregou o rosto ali até que
ambos pareciam cair em um sono mais profundo e pacífico.
Isso não era algo que Jason estava disposto a apenas esperar e
assistir. Ele não se importava se David amava Jane ou se ele era o
criador dela, ou se ele era algum imortal poderoso que poderia
quebrar seu pescoço sem sequer tentar. Jane era sua esposa. Não de
David.
—Falaremos mais tarde — disse Arthur, de pé. —Descanse. Se a
sua lesão o incomoda, chame Bedivere, aquele que vestiu sua ferida.
Jason suspirou enquanto observava Arthur sair. Ele esperaria até
Jane acordar antes de confrontá-la. Ela teria que escolher, e ele sabia
que ela o escolheria. Mesmo se ela gostasse de David, faria qualquer
coisa pelos filhos. Ficar com ele era o que os filhos deles precisavam.
Afinal, não era como se Jane precisasse estar com seu Outro. Se
esses outros homens pudessem funcionar sem os deles, Jane e David
poderiam se dar bem sem se agarrar um ao outro como um casal de
adolescentes apaixonados. Ele a faria dizer adeus a David, e ela faria
isso porque era sua esposa.
—Papai?
Jason se virou e encontrou Nathan olhando para ele. —Estou
aqui, bebê. — Ele acariciou a cabeça, estremecendo quando seu ombro
ardeu.
—David está bem? — Nathan murmurou sonolento.
Jason franziu a testa, não gostando que seu filho estivesse
preocupado com David. Nem Nathan nem Natalie pareciam afetados
por seus próprios ferimentos a bala, por isso doía que ficassem
preocupados com outro homem e não com seu próprio pai. Eles
estavam chorando enquanto assistiam Jane gritar como uma mulher
louca enquanto ela pairava sobre David.
—Sim, ele vai ficar bem. — Disse ele, balançando a cabeça. Ele
não queria sentir ciúmes porque seus filhos se importavam com o
homem que salvou a mãe deles - e que salvou Nathan. Jason estava
pelo menos grato pelos bons atos de David.
—Ele... Mamãe feliz. Mamãe feliz. — Foi tudo o que Nathan
disse antes de fechar os olhos e adormecer rapidamente novamente.
Jason olhou para o filho por um momento antes de voltar o foco
para Jane e David. O imortal agora a segurava mais perto, embalando
sua cabeça enquanto seus lábios praticamente descansavam no topo
de sua cabeça, enquanto Jane sorria enquanto dormia com a mão
ainda presa entre eles, bem no coração de David.
Ele não sabia como se sentir sobre as palavras de Nathan. Claro,
Jane parecia deprimida a maior parte do tempo, mas na maioria das
vezes mantinha seus choros escondidos das crianças ou dizia que
estava doente. Ele não achava que eles achavam que ela estava infeliz
- o suficiente para Nathan apontar que aquele homem que eles haviam
acabado de conhecer a fazia feliz.
Jason gemeu, passando a mão pelo rosto antes de levar Natalie
para se deitar.
Sua mente percorreu sua vida com Jane, tentando identificar um
momento em que ela parecia genuinamente feliz - onde ela riu e sorriu
como se ele a tivesse visto sorrir com David e os outros homens. Mas
o cansaço venceu, e ele estava dormindo com um pensamento final
em sua mente: Jane é um monstro.
2
BELEZA CERCADA PELA ESCURIDAO
Calorosa e amada. Era assim que David a fazia se sentir. Mesmo
dormindo, ele fazia pequenas coisas como protegê-la contra seu corpo
quente e acariciar seus cabelos com amor. Não era muito, mas quando
você era Jane, um toque ou sorriso pensativo não era algo que ela
esperava. Não até David, pelo menos.
Ela sorriu, deslizando os dedos sobre o peito dele enquanto se
lembrava da batalha. Seus ferimentos. Ele estava disposto a morrer
por Nathan, mas ele estava vivo. Ele cumpriu sua promessa e não foi
embora.
Ela se mexeu na cama para se aproximar quando a mão dele
segurando a cabeça dela se moveu para o lado do rosto. Ela sorriu
mais. Ele acordou e estava lhe dando aquele lindo sorriso.
Ele acariciou sua bochecha com o polegar. —Oi Bebê.
Ela suspirou quando ele empurrou os cabelos para trás. —Oi.
—Você se sente bem?
—Estou bem. — Ela deslizou a mão entre eles para tocar sua
bochecha. —Eu estava tão assustada.
—Eu sei, mas eu vou ficar bem. — Ele sorriu, inclinando o rosto
contra a palma da mão. —Graças à você. Meu bebê deu um chute no
traseiro, não foi? — Ele riu quando o rosto dela esquentou. —Estou
orgulhoso de você. Você salvou todos nós... Tanto poder e um coração
tão bonito. Tão corajosa.
Puxa, ela adorava ouvir a voz dele. Ele parecia um cara que tinha
acabado de acordar, mas mais sexy. Seus complementos eram um
pouco demais, no entanto. Ela não estava pronta para ser elogiada
quando tudo que ela fez foi gritar como uma pessoa louca. —Eu tive
ajuda. Alguns aviões militares e helicópteros vieram quando eu não
aguentava mais.
Ele esfregou a mão em sua mão novamente e suspirou. —Um dia
você realmente aceitará quando alguém te elogiar. E não há problema
em ter ajuda, Jane. Quem melhor que nossos aliados humanos?
—Humanos? — Nem sequer passou pela sua cabeça quem eram
os pilotos das diferentes aeronaves.
—A maioria são ex-militares de todo o mundo que adquirimos
ao longo dos anos —, explicou. —Embora existam alguns serviços
ativos. Eles são descendentes de famílias com as quais desenvolvemos
relacionamentos. Eles dirigem nossas missões de vôo, pois precisamos
de soldados diurnos. Cada equipe tem dois imortais, mas eles confiam
nos humanos para realizar ataques diurnos.
—Isso é bem legal. — Ela deslizou a mão para segurar o pescoço
dele. —Eu sempre quis estar em uma batalha com aviões e
helicópteros.
Ele riu, passando o polegar sobre o lábio dela. —Realmente?
Ela estremeceu, tentando se concentrar em responder a ele. —Eu
não sabia o que estava acontecendo. O que é um Assustador?
Ele pareceu confuso por um momento, depois sorriu. —É um
indicativo de chamada para um AC-130U, o avião que você
provavelmente viu. Eles são usados para Fechar o Suporte Aéreo. Se
ficarmos enxameados e enfrentarmos mais do que apenas humanos
infectados, é melhor tê-los lá. Perdemos o contato via rádio com eles
ontem - Arthur não achou que eles receberam nossa mensagem. Estou
feliz que eles receberam.
Ela sabia que tinha o maior sorriso no rosto. —Foi tão incrível.
Quero dizer, eu estava apavorada, e isso machucou meus ouvidos,
mas foi incrível demais.
David riu, puxando-a para mais perto para que ele pudesse
beijar sua testa. Ela suspirou, abaixando o braço para abraçá-lo. Seus
dedos tocaram as bordas de suas feridas curativas. Ele se encolheu,
mas não disse nada.
—Eles eram realmente arcanjos? — Ela perguntou, referindo-se
aos homens - Michael e Gabriel - que apareceram da mesma maneira
que a Morte aparecia ao seu redor.
—Eles não disseram quem eles eram?
—Não, eles disseram. Bem, eu podia ouvi-los na minha cabeça, e
eles disseram que eram Michael e Gabriel. Eles acabaram de me dizer
como remover a prata com minhas habilidades.
—Entendo. — Ele começou a brincar com o cabelo dela. —Bem,
pelo que entendi, a menos que seja imortal ou vinculado a alguém, é
devastador ouvi-los falar em voz alta. Eles provavelmente estavam
protegendo os outros no avião de ouvi-los ou mesmo vê-los
completamente. Eu acredito que suas vozes podem matar um mortal.
Embora eu tenha ouvido alguns anjos usarem um glamour e alterarem
sua fala.
—Oh. O que Michael disse a você?
Ele olhou nos olhos dela por um tempo e beijou sua testa
novamente.
—Ele disse que nosso tempo juntos não vai durar.
Seu coração apertou tão dolorosamente que ela não conseguiu
responder.
—Ele disse que há muitos segredos em torno de sua criação e —
David beijou sua testa novamente. —e para ser cauteloso ao seu redor.
Ele, como eu, não entende por que certos eventos se desenrolaram da
maneira que aconteceram.
—Sinto muito, David. — Ela sentiu vontade de chorar, mas
estava tentando permanecer no controle.
—Não, eu não entendo por que as coisas acabaram, mas eu não
vou embora.
—Mas até Michael não tem certeza. — Disse ela.
David parecia totalmente confiante sobre ela enquanto sorria e
dizia: —Ele foi mantido no escuro por causa de seu vínculo comigo.
Mas ele tem fé em nós - assim como eu. Não importa o que aconteça,
enfrentaremos juntos. Eu não vou te deixar.
Ela o abraçou. —Obrigada.
—Pelo quê?
—Por ser você. Por manter sua promessa.
—Sempre, meu amor. — Ele riu. —Obrigado por não desistir de
mim. E me perdoe pelo meu carinho; Eu preciso te abraçar e te falar
como eu te vejo.
Ela o abraçou mais. —Eu gosto do seu carinho. Eu preciso disso
agora.
Todo o seu corpo relaxou ao seu redor. —Então você terá.
Jane realmente não se importava que ele a chamasse de bebê.
Fazia muito tempo que Jason não usava seu termo favorito de carinho
para falar com ela; portanto, as palavras de David e seu toque, ela o
aceitaria por enquanto.
Os olhos dela se fixaram em uma das feridas curativas dele
quando um sentimento afundou em seu estômago. —A Morte não
veio, David.
Não houve nenhuma mudança em seu domínio quando ele
disse: —Bem, talvez ele soubesse que eu não morreria. Talvez ele
soubesse que você me salvaria.
Ela mordeu o lábio, pensando nisso por um segundo. —Não dê
desculpas por ele.
David sorriu, puxando-a mais contra ele. —Por mais que eu
goste de você estar mais satisfeita comigo do que com ele, não quero
ser o motivo pelo qual você está chateada com ele. Eu não sou
importante para a Morte. Não acho que ele seja capaz de cuidar de
ninguém além de você.
Uma parte dela adorava a Morte, mas ela ainda estava de
coração partido por ele ter deixado que ela passasse por algo tão
horrível só porque era David.
—Ele poderia ter voltado. — Ela murmurou. — Os arcanjos sim.
Eles podem não ter sido capazes de salvá-lo, mas ainda vieram
quando eu orei por sua vida.
Ela sentiu o sorriso de David no topo de sua cabeça antes que ele
beijasse seus cabelos. —Não fique com raiva dele, meu amor. Eu não
esperava que a Morte viesse em meu auxílio. Ele mostrou que não
será o único a poupar o outro, a menos que essa pessoa seja você. —
David respirou fundo e suspirou. — Estou seguro e feliz por ter sido
você quem me salvou. Portanto, não tenha raiva no seu coração por
isso. Eu sei que machuca você não tê-lo, mas sei que machucará mais
você pensar do jeito que está agora. Concentre-se em sua realização.
Se ele viesse me salvar, você não se tornaria minha garota corajosa.
—Estou feliz que você esteja bem. — Ela sussurrou contra o peito
dele, enquanto optava por ouvir os conselhos de David.
—Eu também. — Disse ele, acariciando seus cabelos.
Ela fechou os olhos e o abraçou com mais força. — David?
—Sim, bebê?
Ela sorriu; sim, ela realmente adorava ouvir um termo tão
simples de seu vampiro. —Eu nem chequei meus filhos ou Jason... E
agora estou com muito medo de me virar. Jason sabe, eles sabem, que
eu sou um monstro.
—Você não é um monstro. — Ele puxou a cabeça dela para trás
para que eles pudessem se ver. — Mantive Nathan protegido na maior
parte do tempo, e não sei quanto Natalie viu, mas Jason viu você lutar
bravamente para proteger todos nós. Vi seus ferimentos antes de
desmaiar - eram superficiais.
Ela se sentiu vontade de vomitar. —Deus, eu esqueci que o vi
sendo enfaixado. Ele está acordado?
David respondeu sem olhar. —Ele está.
—Ah não. — Ela fechou os olhos. —Ele está assistindo?
—Ele acordou logo depois de nós.
—Eu sou a pior pessoa do mundo —, ela gemeu. —Por que eu
sou assim? Se não é a Morte com quem estou machucando, é com você
que estou machucando Jason.
David moveu a mão para a parte de trás do pescoço dela
enquanto olhava nos olhos dela. —Você não é a pior pessoa do
mundo. Você está lidando com mais do que qualquer pessoa deveria,
e pelo que aprendi sobre você, esse é sempre o caso.
—E se você colocar suas necessidades em primeiro lugar? Todos
podem fazer o melhor por si mesmos, mas você acredita que tudo
deve ser para os outros - que você não importa. — Ele balançou a
cabeça, acrescentando: — Você importa tanto quanto todos nós. E
você só estava preocupada comigo. Jason pode não gostar, mas
mesmo ele deve entender que você não se afastaria de mim naquele
momento.
—Mas eu nem sequer o verifiquei. — Disse ela cheia de culpa.
Ele assentiu, mas não havia julgamento em seus olhos. —Você
não é mortal, Jane. Você nem sempre vai pensar como um. Não
importa o quanto você permaneça a mesma, seus instintos
frequentemente direcionam suas ações quando estão sob estresse.
Leva anos para controlar os impulsos que temos por causa daquilo em
que fomos criados.
—Como minha Outra, seus instintos lhe pediram para me
ajudar. Tenho certeza de que, em algum lugar em sua mente, você
procurou informações suficientes para aceitar que Jason e seus filhos
não estavam em perigo depois de entrar no avião. Você sentiu a
necessidade de ter certeza de que eu estava seguro. São apenas seus
instintos.
—É mais do que isso. — Disse ela rapidamente.
Eles se entreolharam por um momento antes que ele sorrisse. —
É mais para mim também.
Os olhos de Jane lacrimejaram e ele a puxou para perto
novamente, descansando o queixo no topo da cabeça dela.
—Não posso machucá-lo, David. Ele é meu marido - e uma parte
de mim ainda o ama. Ele fez coisas que me machucaram, mas e...
—Eu sei. — Ele murmurou, sua temperatura corporal subindo
antes de cair para uma mais suportável.
—Estou machucando-o agora —, disse ela. —Estou com muito
medo de enfrentá-lo. Sempre acreditei que ele merecia mais do que
eu. Eu gostaria de nunca ter existido apenas para que ele pudesse ser
feliz com outra pessoa. Mas ele me aturou. Eu sempre tive medo de
perdê-lo, perder todos eles. Mas o maior medo é que sou eu quem o
causou. Agora eu sou.
—Duvido que ele pense que você arruinou a vida dele — disse
David calmamente. —E eu sei com certeza que você não existir apenas
diminuiria a grandeza da vida dele.
Ela zombou. —Você ainda não me conhece - eu sou uma
bagunça.
Ele apertou os lábios contra os cabelos dela, e ela choramingou
porque odiava o pensamento dele conhecê-la de verdade.
—Você se verá como eu, um dia, meu amor. Tudo o que posso
fazer é prometer que não vejo bagunça quando olho para você -
nenhum monstro ou fardo. Eu vejo a beleza cercada pela escuridão.
Ela fungou. —Pare de ser tão doce.
Ele riu, abraçando-a. —O que você quer fazer, Jane?
Ela não respondeu, mas muito lentamente, ela se afastou dele e
espiou por cima do ombro. O avião estava silencioso e parecia que
quase todo mundo estava dormindo. Todos, exceto Jason.
Quando ela e Jason finalmente fizeram contato visual, a
realidade realmente se estabeleceu. Ela era casada. Ela ainda era a
esposa de Jason, e ele era a razão pela qual ela lutava tanto contra seu
desejo por David. Mesmo que ela sentisse que a Morte era o homem
com quem deveria ser leal, Jason era o homem com quem se casou. E
ela o traiu.
Uma respiração saiu da boca dela. Jane desviou o olhar do
coração partido de Jason e voltou para David.
David olhou para Jason por alguns segundos antes de voltar sua
atenção para ela. Ele colocou a mão na lateral do rosto dela enquanto
ela lutava para não chorar. Havia tanta adoração naqueles olhos azuis.
Ela queria encará-los todos os dias, mas sabia que era isso para eles.
—Eu não posso machucá-lo. — Ela sussurrou.
David suspirou e assentiu. —Eu te amo.
Ela soluçou baixinho, estendendo a mão para segurar o pulso
dele, para que ele não se levantasse e fosse embora.
Ele sorriu e beijou sua testa, deixando os lábios no lugar
enquanto sussurrava: —Eu entendo.
—David. — Disse ela, segurando seu pulso com mais força
quando ele finalmente começou a se afastar. Ela não queria isso, mas
ela tinha que fazer o que era certo por Jason.
Ele encontrou o olhar dela e sorriu tristemente. Ela não
conseguia parar de tocar o canto da boca dele. O sorriso dele era
mágico para ela.
— Antes de adormecer — ele disse suavemente, sem afastar o
rosto da mão dela. — ouvi Arthur explicando o que somos para ele.
Jason sabe, e ele não acha que você é um monstro - ele não quer
desistir de você. Você não precisa temer voltar para ele, mas os dois
precisam entender que não podem ser como eram antes. — Ele beijou
os dedos dela. —Acho que você deveria esperar um pouco antes de
tentar ficar sozinha - e antes de retomar o sexo.
—Nós não vamos fazer sexo, David. — Ela sussurrou
rapidamente.
Sua postura era muito tensa, mas seu lado racional era frontal e
central. —Jane, se vocês tentarem permanecer como marido e mulher,
provavelmente retomará um relacionamento físico. Eu só quero que
você adie a retomada da atividade sexual. É muito perigoso, e eu
odiaria ver você se destruir porque o machucou por acidente.
Ela balançou a cabeça. —Não é por isso, David.
Ele ficou em silêncio por um momento. — Você não precisa se
preocupar com meus sentimentos, Jane. Eu amo você, somente você,
mas eu não era o homem por quem se apaixonou ou se casou. Não
estou com raiva de você por nada disso.
Nada além de amor estava em seus olhos. —E se você quiser que
as coisas deem certo entre vocês dois, eu entendo. Não tenho direito
sobre você, então vou me afastar. Tudo o que acrescentarei é que estou
aqui, caso precise de mim. Embora eu ache que será difícil para você e
eu permanecermos próximos das circunstâncias. — Ele suspirou
enquanto olhava ao redor do avião. —Eu ainda estarei aqui - não vou
a lugar nenhum, mas conversarei com os outros sobre como ajudar. Só
causará tensão ter Jason e eu com você ao mesmo tempo.
—Não, David - eu preciso de você. Eu só...
— Eu sei. — Ele beijou a mão dela. —Acredite, eu queria que a
situação fosse diferente, mas não posso ser o outro homem. Se você
deseja terminar seu casamento com ele, eu estarei aqui. Até lá, farei o
possível para estar ao seu lado da maneira que você precisar. — Ele se
moveu novamente, grunhindo enquanto continuava sentado.
—David. — Jane rapidamente se sentou também.
Ele sorriu, apertando a mão dela. —Estou bem.
Jane espiou por cima do ombro brevemente antes de se
concentrar em David. Seus lábios tremiam, e ela provavelmente
parecia uma bagunça completa enquanto olhava para o rosto bonito
dele. —Sinto muito, David.
Ele levantou a mão dela, beijou-a e depois a segurou na
bochecha por um momento antes de beijá-la mais uma vez. —Não há
razão para se desculpar. Você está apenas fazendo o que acha que fará
sua família feliz. Eu te amo ainda mais porque você é tão altruísta. —
Ele apertou a mão dela. —Eu só queria que você percebesse que a sua
felicidade também importa.
Ele soltou a mão dela e estendeu a mão para enxugar as
lágrimas. —Você não deveria mais chorar por mim na frente de seus
filhos. Tenho certeza de que eles estão confusos sobre o que viram
acontecer.
Ela assentiu, concordando. Ela não sabia como iria explicar
alguma coisa para eles.
Ele olhou nos olhos dela por um longo tempo. —Você deve se
alimentar antes de ir até eles. Você ainda está pálida.
Ela olhou para Jason novamente; ele não tinha se mexido.
—Vou ficar de olho em você —, disse ele com um pequeno
sorriso. —Entrarei quando você precisar, mas você deve querer de
estar de volta com sua família.
Depois que ele terminou de falar, Arthur apareceu atrás deles
com um copo de sangue. Ela imaginou que ele deveria estar ouvindo.
Todo mundo provavelmente estava ouvindo.
Ela pegou a bebida, mantendo os olhos em David enquanto
bebia. Tinha um sabor amargo e frio. Ela queria cuspir, pois uma parte
dela gritava apenas se alimentar do homem que a olhava.
Finalmente terminou, ela devolveu a Arthur.
Arthur pegou e falou suavemente quando ele estendeu a mão
para acariciar seus cabelos. —Eu te admiro por colocar sua família em
primeiro lugar. Lembre-se, eles só serão felizes se você for. E não se
esqueça, você não pode ficar sozinha com eles. Pode parecer que não
confiamos em você, mas estamos apenas fazendo o possível para
mantê-los seguros.
Jane assentiu, sentindo-o se afastar para deixá-la sozinha com
David.
—Não deveríamos ter chegado perto. — Disse ela a David.
—Jane. — Disse ele em desaprovação.
Mesmo que não fosse um tom malvado dele, doeu, e ela se
encolheu como se tivesse levado um tapa. Ela não era querida ou bebê
agora, apenas Jane. Seus olhos lacrimejaram, mas ela segurou as
lágrimas desta vez.
—Nunca se arrependa de um momento entre nós. — Ele pegou a
mão dela novamente, apertando-a suavemente. —É por isso que devo
ficar longe, porque nunca quero que você olhe para trás e se
arrependa de algo mais acontecendo entre nós. Nós dois sabemos o
que acontece quando nos tocamos... Você entende?
Ela entendia, mas isso não a impedia de desejar ter feito as coisas
de alguma maneira diferente. Ela sabia que o perderia. Talvez não
fosse por um tiro ou por ela mesma matá-lo, mas ela o estava
perdendo. A dor que rasgava seu peito poderia ter sido evitada se ela
nunca tivesse aberto seu coração para ele.
—Eu entendo. — Disse ela.
—Falo com você mais tarde, está bem?
—Ok. — Ela se levantou e foi até Jason. Cada passo parecia que
uma parte dela estava sendo arrancada, mas ela se sentou ao lado do
marido e ignorou o desejo de voltar para David.
Jason lançou os olhos na direção de David antes de voltar sua
atenção para ela. —Você está bem?
Mesmo que ela não estivesse nem um pouco bem, ela assentiu.
—Estou bem. Eu só tenho que ter certeza de que estou alimentada.
Jason apareceu para debater algo consigo mesmo antes de falar.
—Você o ama?
Os outros haviam acordado; ela podia senti-los olhando, mas
eles estavam em silêncio enquanto seu coração continuava batendo
forte. Seu mundo inteiro estava girando quando ela olhou, vendo
David a observando. Ele a estava deixando ir.
Ela desviou o olhar quando Arthur colocou a mão no ombro de
David e olhou para os suplicantes olhos castanhos de Jason. Ele era o
marido dela. —Não. — Ela não reconheceu sua própria voz e sentiu
seu coração acelerar de repente. A dor era tão intensa, mas ela só
podia olhar para Jason, ofegando baixinho quando seu coração
começou a bater novamente.
Pelo canto do olho, ela viu David fechar os olhos antes que ele se
levantasse e seguisse Arthur.
Não vá.
Ela não queria que ele fosse embora. Tudo o que ela queria era
gritar para que David voltasse, gritar com a Morte por deixá-la
novamente, gritar consigo mesma por ser uma pessoa terrível. Ela era
casada e tinha filhos, mas queria dois outros homens.
Não havia como melhorar as coisas. A única coisa que ela podia
fazer era tentar compensar Jason. Ela tinha que colocar ele e os filhos
primeiro.
Jason pegou a mão dela e a levou aos lábios. Ela sentiu os lábios
dele nos dedos, mas não pôde sentir o amor que sentiu quando David
ou Morte fizeram o mesmo. Sem formigamentos, sem fogo - sem
sensação de estar inteira. Ela não sentiu nada.
—E Ryder? — Ele perguntou.
Jane lançou seus olhos para os de Jason. —Eu não sei como
explicar meu relacionamento com ele.
—Apenas explique o que você pode —, ele disse. —Eu sei que
me senti um idiota antes, e me desculpe. Fiquei impressionado ao
perceber que você estava viva. Eu pensei que você tivesse morrido. —
Ele suspirou, beijando a mão dela novamente. —Veja da minha
perspectiva, Jane. Eu pensei que você estivesse morta, então me
disseram que você estava viva, e eu recebo o meu desejo ao vê-la
novamente, mas dois homens estão pairando sobre você, e me
disseram que você vai com eles e eles também com meus filhos.
Parecia ruim, e ela tinha vergonha de si mesma por não colocá-lo
em primeiro lugar. Ela colocou David na frente dele.
—Eu estava com raiva —, disse Jason. —Eu pensei que estava
perdendo você de novo. Apenas, por favor, me diga o que está
acontecendo com você e Ryder. Eu preciso saber.
Jane sentiu-se lentamente se afastando novamente. Jason a
amava e ela o estava machucando, assim como ela estava machucando
David.
Eu não mereço nenhum deles. Tudo o que faço é causar dor.
—Eu o amo —, disse ela, não pretendendo deixar escapar. Ela
fez uma pausa, olhando para os filhos adormecidos, longe da tristeza
nos olhos dele. —Eu não posso te dizer o que ele é, mas eu o amava
mesmo antes de conhecer você. Sei que isso não faz sentido ou faz
diferença, e lamento ter traído você, mas eu o amo e ele me ama. Eu o
beijei várias vezes. — Ela exalou. —Eu sinto muito.
Não pareceu surpreender Jason, e ele fez a pergunta: —Você
quer ficar com ele?
Isso a surpreendeu, e sua reação instantânea ao balançar a cabeça
com as palavras dele. —Sou sua esposa. Eu não deveria ter te traído.
Seus ombros relaxaram e ele respirou mais fácil. —Ryder
também é um vampiro?
Ela sorriu tristemente. Pelo menos ele não estava correndo ou
rindo da insanidade de toda a situação. —Ele não é como o resto de
nós. Acho que não posso lhe dizer o que ele é.
Jason estava obviamente confuso, mas assentiu de qualquer
maneira. —Jane, se você está me escolhendo, então precisa entender
que não posso assistir você com eles.
O alarme a consumiu, mesmo que ela esperasse. Seu coração
disparou e sua respiração acelerou.
—Eu entendo que David estava prestes a morrer —, disse Jason,
observando-a tentando manter a calma. —Eu não descobri o que
exatamente você fez para salvá-lo, mas estou feliz por você que ele
está bem. Ele manteve Nathan seguro, e sou grato pelo que ele fez,
mas não vou mais vê-lo com ele. O que quer que ele faça, arranje uma
maneira que não envolva que eu veja você cair um sobre o outro.
Nenhum barulho a deixou, embora sua boca se abrisse para
implorar para ele entender. Mas então ela se lembrou das palavras de
David: ele não seria o outro homem. Ele fez sua escolha porque ela
estava escolhendo sua família. Ela tinha que honrar seus desejos, e ela
tinha que honrar os pedidos de Jason. —É difícil não estar perto de
David —, disse ela. —Mas nós dois concordamos em nos distanciar.
Choque fez seus olhos se arregalarem. —Vocês concordaram?
—Com Ryder desaparecido, ele é o único que tem uma chance
de me parar se eu perder o controle. Ele precisa estar perto, mas
concordou em voltar atrás. — Ela assistiu Jason receber as notícias e
sabia que era tolice esperar, mas enviou um pedido final e silencioso
de que ele dissesse para ela deixá-lo. Ele não fez. —Por favor, não
direcione sua raiva para ele. — Ela sussurrou enquanto aceitava Jason
não era David. Nem ele era a Morte. — David é um homem bom. Não
vou deixar você falar mal dele como antes. Ele está apenas fazendo o
melhor para mim.
—Parece mais do que isso, Jane. — Jason lançou-lhe um olhar
amargo. —Eu sei que ele transformou você, e isso significa algo para
eles, mas você é minha esposa.
—Eu sei. — Ela sussurrou.
Jason suspirou. —Nós não éramos perfeitos, mas eu nunca trairia
você - você sabe disso. Eu te perdoo pelo que você admitiu, mas eu
não vou se você continuar. — Ele esfregou a aliança com o polegar. —
Sei que temos muito o que enfrentar e entendo, em grande parte, o
que você é. Eu aceito. No entanto, podemos ficar juntos, eu quero.
Mas você precisa terminar o que tem com eles. Eu não vou assistir
você em seus braços. Você honestamente ficaria bem se fosse o
contrário? Se eu estivesse me alimentando de uma mulher e a
chamasse de minha outra?
Jane olhou para o colo. Honestamente, ela não achava que Jason
voltaria para ela e as crianças se os papéis fossem revertidos, mas ela
não podia dizer isso. E esse era o lado mais mesquinho dela pensando
assim. Ele ficou e colocou os filhos em primeiro lugar, afinal.
—Eu acho que não ficaria bem com isso. — Ela murmurou,
porque honestamente partiria seu coração ao testemunhar.
—Exatamente —, ele disse como se isso tivesse removido toda a
maravilha que veio com Davis e Morte. —Você precisa terminar o que
tem com eles.
Ela sentiu como se estivesse em um penhasco com Jason atrás
dela, pedindo-lhe para pular. Terminar tudo com David e Morte
significava acabar com ela. Eles eram seus protetores. Os guerreiros
dela.
Ela percebeu que, se ela realmente estivesse apaixonada por
Jason, ela não teria se metido nessa situação. Se ela se sentisse amada
por Jason, ela não teria desejado o carinho que a Morte e David a
banharam. Nada disso importava, no entanto. Ela se comprometera
com Jason e era aí que ela ficaria. Ela balançou a cabeça em acordo
silencioso, mas ela queria chorar. Pela primeira vez, porém, ela não
tinha lágrimas.
—Eu vou acabar com isso —, ela sussurrou. —David tem que
estar perto de mim, mas vou parar o que está acontecendo entre nós.
Jason exalou, abraçando-a. Ela descansou a cabeça no peito dele
e ouviu o coração dele. Não era a mesma coisa. O dele não bateu mais
rápido quando ela se aproximou, depois relaxou como o de David, ou
a confortou como a Morte. Não havia mágica ou faísca. Sua pele não
formigava ou queimava em contato, seu estômago não se apertava
com deliciosas borboletas quando Jason sorria, e ela não tremia de
tanto rir. Ela amava Jason; ela sempre amaria, mas não era o tipo certo
de amor. Ela sabia disso agora. O amor deles deveria ter permanecido
uma amizade, mas era tarde demais; ela era sua esposa e mãe de seus
filhos.
Seu coração se foi agora, mas ela ficaria com Jason, porque isso a
deixaria abandoná-lo também - quem destruiria tudo. Ele era o
símbolo da lealdade dela. Sua família era a única coisa que restava.
Ela tinha que honrar seu casamento.
3
AINDA AQUI
O som de Natalie rindo com Gawain fez Jane levantar a cabeça.
Havia uma verdadeira felicidade na voz da filha enquanto ela
conversava com o cavaleiro, e isso ajudou a acalmar a dor oca no
peito.
Natalie fez beicinho enquanto cruzava os braços. —Eu estou com
fome.
Gawain sorriu, pegando-a antes de carregá-la para uma mesa
próxima. —Hmm, que tal alguns waffles?
Natalie sorriu brilhantemente e bateu palmas. —Com calda?
—É claro —, disse Gawain. —Quem come waffles sem calda?
—Nathan. — Disse Natalie imediatamente.
Gawain riu e virou-se para Nathan, que estava sentado ao lado
de sua irmã. —Nathan, o que você está fazendo comendo waffles sem
calda?
Nathan simplesmente respondeu: —Sanduíche de waffle.
Jane soltou uma risada triste. Seu bebê ainda era o mesmo, e essa
era a melhor coisa de todas.
Gawain franziu o cenho para ela. —O que é um sanduíche de
waffle?
Jane sorriu, soltando a mão de Jason antes de caminhar até eles.
—Eu inventei. É apenas um waffle cortado ao meio com uma tira de
bacon no meio. É tudo o que ele come de manhã. Esse é o meu bebê.
—Viu? — Natalie enviou um sorriso convencido para Gawain.
Ele riu de Natalie. —Tudo certo. Vamos fazer um waffle com
calda e faremos um sanduíche de waffle para Nathan.
Quando Jason veio se juntar a eles, Gawain levou Jane para a
pequena área da cozinha, onde ela começou a reunir itens para fazer o
café da manhã. Ela tentou sorrir para ele, mas sabia que ele via através
dela e não estava comprando seu ato pela maneira como a estudava.
Seus olhos ardiam com lágrimas não derramadas quando ela
juntou os pratos. Sim, ela estava feliz por ter seus filhos de volta, mas
a tarefa simples a levava de volta a como tudo estava antes da praga.
Vazia. Perdida.
Ela estava de volta com Jason e não queria estar lá.
Ela tinha que ficar, no entanto. Seus filhos mereciam ter a família
juntos. Ela queria que eles tivessem o que não tinha.
—Estou aqui, Jane. — Gawain sussurrou, e ela quase berrou os
olhos.
Ela se afastou, encarando o olhar preocupado dele através das
lágrimas não derramadas, enquanto tentava se impedir de quebrar.
Ela não sabia o que fazer.
Gawain suspirou, puxando-a para um abraço. —Vai dar tudo
certo, amor. Você vai superar isso. Lembre-se de que você não está
sozinha e nós a adoramos.
Ela acenou com a cabeça em seu peito, depois respirou fundo
antes de se afastar e voltar a preparar o café da manhã. Ela queria
acreditar nele, mas sabia que não seria bom. Nada do que ela fazia
ficaria bem. Toda escolha que ela fizesse teria um resultado negativo.
—Você deve comer, Jane. — Disse Gawain depois de dar comida
às crianças.
Ela o ignorou e se dirigiu a Jason. —Você quer algo para comer?
— Por alguma razão, a deixou tão brava que ele estava apenas
sentado lá. Ela sabia que ele estava ferido, mas tinha visto que ele só
tinha sido ferido na perna e no ombro. Ela não queria perguntar a ele
sobre sua lesão enquanto David ainda curava vários ferimentos a bala.
Jason franziu o cenho, olhando brevemente para Gawain antes
de acenar para ela. —Claro, tudo está bem.
Jane se virou rapidamente. Se ela olhasse para ele sentado
esperando para ser servido, ficaria mais irritada.
Gawain de repente agarrou seus ombros e a deteve. —Jane, você
não está controlando sua velocidade.
Os cavaleiros, exceto David, a observavam com expressões
preocupadas. Eles não estavam chateados com ela, mas o olhar
alarmado no rosto de Jason a atingiu com força.
Ela tinha visto aquele olhar dele antes de se tornar uma vampira.
Era o olhar que disse: algo está errado com você. Isso a fez querer se
esconder até que ela viu as expressões de terror nos rostos de Nathan
e Natalie. Ela quase sorriu, mas sabia que não havia nada para estar
feliz. Ela era perigosa. Ela sempre foi perigosa.
—Sinto muito. — Ela sussurrou enquanto se perguntava o
quanto ela poderia ter machucado um deles se ela se movesse com
muita rapidez ou força.
Gawain a deixou ir. —Está tudo bem.
Ela assentiu e terminou de fazer outro conjunto de waffles e
bacon, mas desta vez ela se certificou de se mover mais devagar
quando voltou para a mesa. Jason pegou o prato quando ela o
ofereceu, mas ele ainda a encarava como se ela fosse uma bomba-
relógio.
Jane desviou o olhar quando se sentou, com muito medo de
deixá-los ver qualquer um de seus traços mais monstruosos.
—Mamãe rápida. — Nathan de repente aplaudiu.
Jane levantou a cabeça, os olhos arregalados.
Nathan olhou bem nos olhos dela e sorriu antes de continuar seu
café da manhã. Ela olhou para Natalie e, embora tivesse alguma
confusão nos olhos, ela sorriu e voltou para a comida também.
Uma centelha de esperança encheu Jane. Isto é, até que ela notou
Jason. Ele estava tenso, com a mão flexionando como se estivesse
pensando em pegar as crianças para correr.
Ela empurrou a comida dele para ele. —Aí está a sua comida.
—Você vai comer? — Jason empalideceu e acrescentou
rapidamente: —Não importa. Eu esqueci.
Jane tentou esconder sua devastação, concentrando-se em
Nathan e Natalie. —Isso está bom?
—Mhm. — Eles cantarolavam juntos.
Arthur se aproximou e colocou a mão no ombro de Gawain. Ela
notou Gawain olhando furioso para Jason, mas não culpou Jason por
estar nervoso ou se arrepender de ter vindo com ela.
Ela suspirou enquanto observava Gawain desviar o olhar dele da
família.
—Na verdade, nós comemos Jason. — Disse Arthur, sentando-se
ao lado dela e em frente a Jason.
—Oh. Eu apenas imaginei... — Jason parou, dando-lhe um olhar
de desculpas. —Sinto muito, acho que não entendo tudo.
—Está tudo bem. Jane também fez suposições semelhantes. —
Arthur voltou sua atenção para ele: —Eu preciso falar com vocês dois.
Antes que eles pudessem concordar, Arthur virou-se para os
filhos: — Nathan, Natalie, vocês já terminaram?
—Sim. — Natalie sorriu para ele.
Arthur apontou para Gawain. —Você vai entretê-los?
—É claro. — Disse ele.
—Não há necessidade de se preocupar. — Disse Arthur, e Jane
percebeu que Jason parecia que estava prestes a salvar os filhos de um
urso pardo em vez do ursinho de pelúcia que Gawain realmente era.
— Cuide bem deles. — Arthur fez um gesto para Gawain sair: —
Devo informar vocês dois sobre o que esperar quando pousarmos.
Jane esperou, embora não quisesse saber o que estava por vir.
Por mais que se beneficiasse de saber tudo, muitas vezes adiava
aprender ou abordar questões que enfatizava até o último minuto.
Essa era geralmente a melhor maneira de obter algo feito.
—Bem, vou começar por dizer que muitos dos mitos que você
acredita contem alguma verdade —, disse Arthur. —no entanto,
somos um grupo exclusivo criado para proteger a humanidade, não
vou entrar em todos os detalhes agora, mas vou admitir que, embora
eu diga que somos bons, ainda somos perigosos. Temos que fazer o
nosso trabalho: matar aqueles que prejudicam os mortais.
—Como eu disse durante nossa conversa anterior, Jason, é
necessário que bebamos sangue para viver. Existem pessoas que têm
habilidades extras e precisam mais do que nós. Devido ao incrível
poder e habilidades de Jane, ela exige mais sangue do que o resto de
nós. Isso não significa que ela seja ruim, apenas diferente.
Surpreendentemente, Jason deu a Arthur toda sua atenção,
absorvendo as informações com um olhar sério. —Acho que faz
sentido —, disse ele. —Como se ela usasse mais energia?
—Sim. — Arthur relaxou. —Estamos aqui para ajudá-la, no
entanto.
Jason estava assentindo da mesma maneira que acenava para um
vendedor de carros: —Você diz que mata aqueles que prejudicam a
humanidade... Vocês matam humanos?
— Sim. —Arthur respondeu.
Jason olhou nervosamente ao redor do avião.— Você continua
mencionando que Jane e David são diferentes do resto de vocês...
— Acho que não posso entrar em detalhes sobre qualquer um
deles —, disse Arthur. — Essa é uma questão da qual nem meus
homens estão totalmente cientes.
—Tudo bem —, Jason disse laconicamente. —Onde você está nos
levando exatamente?
—Minha casa. Está em uma parte muito remota do norte do
Canadá. Eu domino tanto humanos quanto imortais lá. Eles seguem
minhas regras em troca de vida e segurança. Qualquer um que não
seja banido ou coisa pior. Eu não tolero insubordinação.
Jane ficou quieta durante a conversa. Ela ouvia Arthur, mas ela
não se importava.
—Então os outros imortais, que são como vampiros, estão
acostumados com humanos? — Perguntou Jason.
Arthur suspirou. —Sim e não. O castelo é ocupado por meus
homens e nossas esposas, mas há alguns outros convidados que
também ficam lá. A maioria dos outros vive em casas ao redor da
propriedade. Os outros vampiros existem. Não como nós; eles se
alimentam mais e tendem a ser mais agressivos.
—É por isso que você ficará no castelo. Jane e sua família são de
grande importância para mim, e vou garantir que todos estejam
cientes disso. Também deixarei claro que atividades inapropriadas
não serão permitidas com nenhum de vocês.
—Mas você tem regras —, Jason interrompeu. —Quão agressivas
elas devem ser para você considerá-las inadequadas?
Arthur olhou para ele por um momento antes de falar
novamente: —Como eu disse antes, somos a exceção. Embora esses
imortais tenham se jurado para mim, eles não são seguros para os
mortais estarem por perto. Os humanos que vivem lá nasceram. O
comportamento que você testemunhou com Jane é cotidiano para eles,
mas mesmo eles não sendo imortais tão fortes quanto ela. É também
por isso que ela não poderá ficar com você e as crianças.
—Não tem como ela estar separada de mim —, disse Jason
enquanto olhava entre ela e Arthur. —Eu disse que viríamos, mas isso
significava que Jane estaria conosco.
Arthur permaneceu calmo. —Jason, eu também lhe informei que
você deveria seguir minhas regras. Não estou fazendo isso para irritá-
lo - é para sua proteção. Não se preocupe, ela estará por perto.
—Ela não vai nos machucar. — Jason retrucou.
Enquanto Jane apreciava as palavras de Jason, ele não tinha ideia
do que estava dentro dela.
Arthur bateu na perna dela e falou com uma mistura de
reverência e tristeza. —Ela é a mais perigosa de todas as criaturas
imortais, Jason. Foi por isso que enfatizei a importância de David e
Ryder. Eles são os únicos seres capazes de controlá-la ou dominá-la.
Sinto muito, mas vocês não podem ficar juntos.
Jason apenas fez uma careta, seus lábios afinando enquanto ele
provavelmente lutava dizendo algo mau.
—Não é um absurdo —, disse Arthur, encarando o marido. Os
olhos de Jason se arregalaram e Arthur sorriu, deixando Jason ver que
poder ele tinha. —Estamos sendo cautelosos... ela já atacou alguns dos
meus homens.
Jason engoliu, os olhos piscando.
—Sim, eu posso ler seus pensamentos —, disse Arthur. —
Embora eu esteja atento e lhe conceda privacidade quando puder.
—Hum —, Jason disse calmamente antes de encará-la. Ele estava
pegando a habilidade de Arthur surpreendentemente bem ou
poupando seu surto para mais tarde. —Quem você atacou?
—Eu tentei matar Gareth. — Jane imediatamente procurou o
vampiro mais jovem. Ele piscou na direção dela, o que a aliviou um
pouco, mas ela ainda se lembrava de como o episódio inteiro tinha
sido horrível. Jason precisava saber a verdade, então ela contou o resto
do que aconteceu. —Eu dominei David com minha mente na mesma
noite. Eu não sou segura. Não posso ficar no mesmo quarto e
machucar nenhum de vocês. Eu nem pensei nisso antes.
Jason finalmente desviou os olhos de Jane antes de encarar
Gareth por um longo tempo.
—Eu disse que ela é diferente. — Disse Arthur a Jason.
Jason balançou a cabeça. —Se ela dominou David, como ele é
capaz de controlá-la?
Arthur sustentou seu olhar curioso antes de falar: —Jane, você
precisa comer ou então vai ficar fraca.
Ela não sabia por que ele mudou de assunto de repente, mas
estava deprimida demais para sequer pensar em comer. — Vou comer
algo mais tarde. — A realidade que ela não estaria com seus filhos
esmagado ela. Ela observou, desolada, como Gawain brincava com
eles por alguns segundos, mas o som de um prato que estava sendo
colocado sobre a mesa roubou seu foco sobre eles.
Ela olhou para o comida na frente dela, então voltou enquanto
seu coração batia forte. David.
—Você não quer beber mais do que já precisa —, disse ele, seus
olhos apenas nela. —Por favor, coma alguma coisa, Jane.
Ela balançou a cabeça rapidamente, fazendo-o sorrir para ela, e
incapaz de se conter, ela sorriu brilhantemente. Ela quase chorou com
o calor repentino que encheu o buraco invisível em seu peito.
—É um pouco mais do que isso. — Disse Arthur afastando a
atenção de Jane e David. Jane viu Jason olhando para Arthur. Ela
imaginou que, pela maneira como os dois olhavam irritados, Arthur
devia estar respondendo ao que Jason estava pensando. O momento
de felicidade com David desapareceu. O pobre Jason a observara e
David fazendo exatamente o que ele acabara de dizer que não
suportava ver.
Ela manteve os olhos na mesa, mas sentiu a raiva de David. Isso
só pioraria as coisas se ele se chateasse com Jason. Então ela olhou
para ele na esperança de que seus olhos mostrassem que precisava
que ele estivesse calmo.
David obviamente entendeu. Ele respirou fundo e visivelmente
relaxou ainda mais, depois se dirigiu ao marido. —Olá Jason.
Jane lançou um olhar para Jason, mas descobriu que seu olhar
mortal ainda estava no lugar, então ela pediu ajuda a Arthur. No
entanto, David continuou: —Eu queria me desculpar pela nossa
reunião inicial. Eu não deveria ter me comportado dessa maneira.
Talvez, por Jane, mas, podemos começar de novo?
Eles esperaram que Jason respondesse ou mostrasse alguma
aceitação da oferta de David, mas sua expressão enfurecida não
vacilou.
Arthur estendeu a mão para segurar a mão dela quando ela se
virou. —Jane, por que você não passa algum tempo com seus filhos?
Vou lhe contar tudo mais tarde. Leve sua comida com você.
Sim, era uma boa ideia. — Ok.
David se moveu atrás dela e puxou a cadeira. O gesto de
cavalheiro a fez derreter enquanto ela olhava nos olhos dele. Ou seja,
até Jason zombar.
Jane suspirou, porque tudo o que ela queria era pegar David e
nunca o soltar.
Ele sorriu, mas ela viu como era forçado. David não merecia ser
desrespeitado, mas ela entendia a raiva de Jason.
Ela desviou os olhos dos de David, mas antes que ela pudesse
sair correndo, ele a agarrou seu braço.
—Tome o seu café da manhã, Jane. — Ele estendeu o prato para
ela.
Foi a primeira vez que ela realmente notou a refeição que ele lhe
dera. Seus waffles pareciam muito mais apetitosos que os dela. Ele até
cortou morangos e os colocou no topo em forma de uma flor.
Ela estendeu a mão para o prato, saboreando o calor se
espalhando através de seu braço onde ele a segurava e ele estabeleceu-
se em seu peito, onde seu coração estava, e ela percebeu que o calor
que estava pulsando para coincidir com seu batimento cardíaco era
parte dele.
Fechando os olhos, ela sorriu e sussurrou: —Obrigada, David.
—De nada, Jane. — Ele a soltou, tirando a vida que sua presença
lhe dava. Ela abriu os olhos, de volta à prisão, onde só podia ficar
sentada ali e observar as coisas que queria, enquanto permaneciam
fora de alcance. O vazio se infiltrou quando ela puxou o prato de sua
mão e deu a volta nele, mas não antes de inalar o cheiro dele. Ele
acalmava a sua separação. Ela sabia que ele a ouviu, e ela espiou ele,
satisfeita com o sorriso mais sincero espalhando sobre seus lábios.
—Seja corajosa, — ele sussurrou: —Eu ainda estou aqui.
4
NEVE
O som de vários zíperes lembrou Jane de todas as vezes que ela
tinha embalado e reembalado suas malas durante a peste Não era
sábio para falar sobre como as coisas horríveis que tinha acontecido.
Ela estava tentando ser melhor para todos
Ela olhou para Nathan enquanto ela se agachava na frente dele.
Ele estava confuso sobre tudo, mas ele não estava estressado como ela
esperava. Jane acariciou sua bochecha gordinha. Por alguma razão, ela
sentiu que Nathan entendia todas as emoções que ela tinha
experimentando, e ela não queria que ele se preocupasse. Se ele
pudesse se ajustar a algo que normalmente o assustava ou o oprimia,
ela também poderia.
Jane mordeu o lábio enquanto puxava mais a jaqueta inchada
para terminar de fechar o zíper. Ela se mexeu e lançou-lhe um olhar
frustrado. Ela sabia que as camadas deviam estar incomodando-o,
mas não tinha outra escolha senão enchê-lo de roupas se quisesse
mantê-lo aquecido.
Arthur dissera que estavam voando para o território de Yukon e
seria bem abaixo de zero quando eles chegassem lá. Novembro no
Texas era agradável, quente mesmo. Os invernos mais frios não eram
nada comparados ao que ela esperava ao chegar ao Canadá.
O inverno quente e quase inexistente na região central do Texas
também dava a Jane poucas razões para investir em equipamentos
para clima frio. As últimas jaquetas decentes que ela tinha para eles
eram do inverno anterior e já eram pequenas demais. Então, quando
ela fez as malas, pegou o maior número de camisas e suéteres de
mangas compridas e acrescentou seus próprios capuzes com zíper
para finalizá-los. Jason era o único que tinha uma boa jaqueta, porque
ele trabalhava frequentemente fora.
David riu e Jane lançou um olhar de soslaio para ele. Ele deve ter
sentido seu olhar quando ele rapidamente fez contato visual com ela.
O sorriso que ela amava se espalhou pelos lábios dele e, novamente,
ela sorriu de volta. Antes que ela se envolvesse demais nele, ela
desviou os olhos.
Jason estava a poucos metros dela, ajudando Natalie a se
arrumar, e ela não queria que ele ficasse chateado novamente. Ainda
assim, ela não conseguia impedir que o calor se espalhasse por suas
bochechas. David apenas tinha esse efeito nela.
Suas reações em torno de David eram tão frustrantes. Uma coisa
era ser assim sem a família por perto, mas outra era agir como uma
colegial apaixonada, com seus filhos e marido à vista.
Ela soltou um suspiro para ajudar a removê-lo, mas ele riu
novamente. Aquela risada maldita dele sempre fazia seu corpo
acelerar demais. Ela estava começando a se sentir como um gato no
cio ao seu redor. Tudo o que ela queria era se esfregar nele.
Imagens dela esfregando ou rosto por todos os músculos dele
surgiram em sua cabeça... Controle-se! Ela enxugou a transpiração
repentina na testa antes de abanar as bochechas quentes, na esperança
de obter a imagem mental de ser uma gata enquanto David era o
dono.
Jason fez uma careta para ela quando ela acidentalmente fez
contato visual com ele. Ela tentou se dar bem, movendo o olhar ao
redor do avião; não haveria paz se Jason soubesse o que ela estava
pensando. Esperando que ele a achasse estranha e tivesse esquecido
que David, simplesmente sendo David, a deixava perturbada.
Quando Jane realmente observou os outros, ela mordeu o lábio;
as jaquetas eram mais isoladas do que as que ela vestira para os filhos.
Bem, todos os cavaleiros, exceto David. Ele estava vestindo uma
camisa de mangas compridas e nada mais, ao que parecia.
Ela franziu o cenho, imaginando se David havia deixado sua
jaqueta no Texas. Era possível, já que muitos dos suprimentos não
eram suficientes. Mesmo que não fosse muito, ela tinha sorte de ter o
casaco velho que estava usando.
—Jane. — David chamou suavemente atrás dela.
Ela apertou os lábios para não dizer nada de mal quando notou
Jason olhando para David e virou a cabeça. Desde que ela ainda
estava agachada na frente de Nathan, seu vampiro se elevou sobre ela.
—Aqui —, disse ele, oferecendo-lhe uma jaqueta. —Vai mantê-lo
aquecida.
Ela olhou para ele, percebendo agora que era por isso que ele
não estava usando uma; ele estava dando a dele para ela.
—David, você precisa disso.
—Não querida. — Ele rapidamente limpou a garganta, olhando
brevemente para Jason antes de continuar em um tom mais firme. —
Não, eu quero que você esteja quente. Apenas coloque, está bem?
Apesar de seu tom mais severo, ela se aqueceu um pouco ao
ouvi-lo chamar de querida novamente. Embora o escárnio de Jason
roubou a doçura de uma coisa tão pequena.
—Obrigada. — Os dedos dela roçaram os de David, e ela o
puxou da mão dele para evitar agarrá-lo. Se a reação exagerada dela o
incomodou, David não mostrou nenhuma decepção.
Depois de colocar rapidamente a jaqueta, ela olhou para baixo
frustrada; a engoliu. Jane bufou ao ver como ela caía de joelhos. Ela
levantou a mão, franzindo a testa, porque as pontas dos dedos nem se
destacavam.
Suspirando, ela olhou para cima e viu um sorriso se espalhar por
seus lábios. —Não é engraçado.
—Eu não disse nada. — Disse ele, ainda sorrindo.
Ela tentou, sem sucesso, passar as mãos pelas mangas. —Você
vai me ajudar?
Ele riu enquanto se ajoelhava e enrolava as mangas o melhor que
podia, e ela se permitiu um breve momento de calma.
Um pequeno gemido desviou sua atenção de David e foi para
Jason. Ele estava sentado em uma cama com os cotovelos apoiados
nos joelhos enquanto segurava o rosto com as duas mãos. —Só pode
estar a brincar comigo. — Suas palavras eram suaves, mas ela
imaginou que Jason talvez não percebesse o quão bem todos podiam
ouvir.
Ela olhou para o vampiro. Pelo menos ele não parecia chateado.
Na verdade, ele sorriu e enfiou a mão debaixo da manga dela, depois
apertou delicadamente o pulso dela. O polegar dele acariciou a pele
dela por apenas um segundo antes que ele soltasse e se levantasse.
A devastou ao ver o contraste entre David e Jason. Tudo o que
David mostrava era amor, e ele tentou fazê-la ver algo de bom em si
mesma. Jason, por outro lado, apenas a lembrava o quanto havia de
errado com ela, e qualquer carinho que ele dava era oferecido com a
expectativa de sexo em troca.
Seu estômago revirou quando ela pensou em abrir as pernas
para Jason novamente. Levou toda sua força mental para evitar deixar
sua mente seguir esse caminho.
Ela pegou a mão de Nathan, removeu todos os sinais de como
ela se sentia sobre qualquer coisa do rosto e deu um passo para trás.
—David, o que acontecerá depois que pousarmos?
Em sua visão periférica, ela viu Jason abaixar as mãos e olhar
para elas. O alívio que ele deixou passar por seu rosto ao vê-la sem
emoção a quebrou. Tudo o que importava era que ela não mostrasse
nenhuma felicidade ou aceitação do amor de David.
Um brilho feroz brilhou nos olhos de David, e ela sabia que era
devido ao seu olhar vazio. Como se ele quisesse que ela sentisse como
ele se sentia, ela o observou esvaziar toda a emoção do rosto dele. Jane
odiava, e estripava-a ouvir a maneira indiferente que ele falava com
ela agora.
—Vamos pousar em um aeroporto particular em breve —, disse
ele. —Haverá uma caravana nos esperando lá. Depois que
transferirmos todos para os veículos, partiremos para a propriedade.
Levará apenas vinte minutos para chegar lá, mas está ficando tarde.
Como o sol se põe mais cedo do que no Texas agora, sua família
precisará ser transferida para o quarto rapidamente, para evitar
confrontos com outros imortais.
—Existem alguns que estarão lá para nos receber com as esposas,
mas elas não devem ser um problema. Amanhã, podemos anunciar ao
reino inteiro as expectativas de Arthur em relação ao tratamento de
sua família.
—Enquanto colocamos Jason e as crianças em seu quarto, as
refeições serão preparadas e trazidas para que você possa jantar.
Podemos garantir que as crianças gostem, então deixarei você
descansar em seu quarto.
Jane sentiu-se nervosa de repente; ela não queria ficar sozinha.
David parecia saber o que a preocupava e acrescentou
rapidamente: —Seu quarto fica em frente ao meu, Jane. Sua família
estará ao meu lado. Não se preocupe, tudo ficará bem. As esposas são
mulheres muito agradáveis - e minha irmã Guinevere ficará
emocionada em conhecê-la. — Ele sorriu no final, finalmente
mostrando emoção ao pensar em sua irmã.
Jane, no entanto, ficou horrorizada. —Sua irmã?
David parou de sorrir. —Sim. Arthur é meu cunhado através do
casamento com minha irmã.
—Oh. — Ela murmurou. Ela tinha esquecido completamente
essa parte.
David falou em um tom mais suave. —Ela vai te amar. E eu
tenho certeza que todos vão dar boas-vindas aos seus filhos. Nenhum
dos homens tem filhos, lembra?
—Sim. — Ela não podia acreditar que estava apenas atingindo-a
agora que havia outras pessoas envolvidas com David e os cavaleiros.
Não era como se ela pensasse que ela era a única pessoa, mas era real
agora, e ela estava prestes a fique cara a cara com um grupo inteiro -
um reino - de pessoas que julgariam ela e sua família.
—Ninguém sabe sobre você vir —, disse David. —Mas eu sei
que eles terão prazer em conhecê-la. Você não precisa se preocupar
em conhecer todo mundo ainda. Haverá um grupo de servos junto
com as esposas e talvez alguns outros convidados para nos
cumprimentar. Os homens provavelmente partirão com suas esposas
imediatamente. — Ele a observou morder o lábio por alguns
segundos. —Jane, se você se sentir sobrecarregada, basta me dizer e
eu vou levá-la direto para o seu quarto. Não se deixe mexer.
Ela assentiu quando Jason se aproximou e pegou a mão dela.
—Ela fica nervosa com outras pessoas — Jason disse a David
enquanto a olhava com uma suavidade que ela não estava
acostumada. Jason sorriu, levantando sua a mão. —Ela ficava em casa
na maioria das vezes porque ficava estressada. As pessoas eram cruéis
com ela no passado. Ela sempre tentava, no entanto. — Os lábios dele
roçaram a mão dela novamente antes de baixá-la. —Não se preocupe,
querida. Eu estarei lá com você, e David está certo, como eles podem
não te amar?
Jane não conseguiu deixar de aceitar o afeto de Jason depois de
desejá-lo por tanto tempo. Ela sorriu e apertou a mão dele para
agradecer.
—Ah. — Jason se encolheu, tentando soltar a mão.
Os olhos dela se arregalaram. —Oh, merda! Sinto muito, Jason...
Você está bem? — Ela inspecionou a mão dele, notando que estava
um pouco vermelha.
Ele riu. —Está bem. Isso me surpreendeu. Acho que você não
precisa mais que eu abra potes de vidro.
Sua dor de cabeça aliviou um pouco. —Não, acho que não.
Ela ouviu passos e virou a cabeça para ver David se afastando.
Seu peito parecia que alguém tinha arrancado tudo. Tanto para isso.
Parecia que não importasse o que ela fizesse, ela machucava um deles.
Seus olhos ficaram um pouco vítreos, mas Jason agarrou seu
queixo e virou o rosto para ele antes que ela derramasse uma lágrima.
—Vamos. Vamos terminar de preparar as crianças.
Ela assentiu e Jason sorriu. Então ele a surpreendeu
completamente com um beijo nos lábios.
Seus olhos se arregalaram quando ela congelou. Ele não pareceu
notar o quão desconfortável ela estava, quando ele simplesmente se
virou para pegar Natalie.
Jane engoliu em seco quando emoções agitadas a assaltaram. Ela
não sabia como deveria agir ou sentir. Os últimos beijos de Jason
foram quando ela foi infectada e quando ele se reuniu com ela, mas
antes disso, ele geralmente só a beijava quando queria sexo, e ela
apenas o deixava...
Ela olhou para o chão por alguns momentos enquanto a culpa e a
tristeza a pressionavam. Não deveria haver um problema com Jason
beijando-a, mas havia. Havia um problema há muito tempo.
Seus olhos ardiam, mas ela ainda se virou para o homem que
sentia olhando para ela. Os olhos normalmente de safira de David
eram mares congelados, enquanto o rosto dele não continha o calor
que ela havia se acostumado.
O desejo de pedir desculpas a dominou, mas ela só conseguiu
sustentar seu olhar frio até que ele finalmente piscou, e aqueles olhos
de safira dele novamente aqueceram seu corpo inteiro. David
finalmente deu um sorriso doce antes de se virar para falar com
Gawain.
—Você está bem, Jane? — Tristan perguntou, descansando a
mão no ombro dela.
Ela sorriu. Os outros cavaleiros não falaram tanto com ela
quanto com o time David e Arthur, mas ela sentiu uma conexão com
Tristan. Sua habilidade extra deu aos dois algo em comum, e ela se
sentiu mais aceita por ele do que pelos outros cavaleiros.
—Eu vou ficar bem, Tristan. Obrigada.
—Bem, não hesite em procurar um de nós se precisar de algo. —
Quando ele se virou para sair, ela notou que ele ainda era a favor da
perna que havia sido baleada com uma bala de nitrato de prata.
—Espere —, disse ela, fazendo-o se virar. —Sua perna - está
curando?
Ele olhou para ele e deu de ombros. —Ainda sinto a prata
queimando dentro de mim. Acho que não vai curar tão cedo. —
Apesar das más notícias, ele sorriu. —Não se preocupe comigo. Eu
cresci recebendo todos os tipos de feridas quando jovem cavaleiro. Eu
vou conseguir.
Tristan foi embora novamente, mas ela agarrou o braço dele,
parando-o.
—Eu sei que não deveria —, disse ela, ainda encarando a perna
dele. —Mas eu gostaria de ver se posso ajudá-lo da maneira que
ajudei David.
Ele deu um sorriso gentil. —Jane, claro. Obrigada.
—Não me agradeça ainda. — Jane caiu de joelhos enquanto
mantinha o foco em onde sabia que estava o ferimento dele. —Eu
posso acabar olhando para você e me dando dor de cabeça.
Ele riu, ficando muito quieto. —Respire fundo e concentre-se.
Acima de tudo, lembre-se de que você já realizou uma façanha maior
que essa.
Sim, isso era verdade, embora o lado duvidoso dela se
perguntasse se os anjos haviam intervindo.
Não, ela respirou lentamente. Ela tinha feito isso e podia
novamente.
Ela levantou as mãos sobre a perna dele e fechou os olhos. Assim
como antes, ela visualizou a prata até sentir sua mente se conectar
com tudo dentro e ao redor dele. Ela sentiu seus órgãos, sua
respiração e a prata.
Os dedos dela roçaram o tecido da calça dele e, com apenas um
pensamento, ela a ouviu rasgar sob a mão. O suspiro chocado de
Tristan mal tocou seus ouvidos, mas ela já estava concentrada na
prata, atraindo-a para si mesma.
Ele se juntou em sua mão e ela abriu os olhos para ver uma
pequena bola de prata girando na palma da mão.
—Jane. — Tristan respirou enquanto os dois assistiam seu
ferimento fechar.
—Isso parece melhor? — Ela perguntou enquanto deixava a
conexão desaparecer. Isso a deixou cansada, mas satisfeita consigo
mesma.
—Sim, parece perfeito. — Ele inspecionou a pele a alisando. —
Você realmente exerce um poder incrível, Jane. Obrigado.
—Claro. — Ela disse tristemente. Seus poderes tinham um preço,
e ela não tinha certeza de que era a pessoa certa para deter esse poder.
Tristan franziu a testa e levantou o queixo com o dedo. —O que
aconteceu?
Ela encolheu os ombros. Embora estivesse feliz por tê-lo
ajudado, a percepção de quão diferente estava abafou qualquer alegria
resultante de suas habilidades. Ela sabia que o poder dentro dela não
era dela. Algo terrível era o verdadeiro portador desse poder, e
embora a Morte enfraquecesse sua entidade, ela sabia que estava lá.
Esperando.
—Jane? — Tristan chamou.
Ela não respondeu e ouviu-o suspirar quando ele se sentou em
uma cama.
—Você deve se orgulhar do que pode fazer —, disse ele. —Você
é a razão pela qual todos fizemos isso no avião. Você é a razão pela
qual David ainda está conosco - a razão pela qual não sinto mais um
fogo em minhas veias.
—Você não entende —, ela sussurrou. —Quero dizer, estou feliz
por ter ajudado, e os poderes são muito legais.
—Então por que você parece tão chateada por usá-los?
—Tristan. — Ela esperava que não estivesse cometendo um erro
confiando nele. —Sou diferente de todos os outros - ninguém pode
fazer o que eu posso. Nem sei o que estou fazendo exatamente.
Ele deu outro sorriso. —Você é especial, Jane. O que você pode
fazer é incrível - você está manipulando a matéria. Isso significa que
você pode fazer qualquer coisa. Então você pode liberar energia e
aproveitá-la o suficiente para criar um campo de força tão grande
quanto um campo de pouso. Isso é incrível.
—Sim. — Disse ela, com medo de que ele soubesse o quão escuro
seu poder realmente era.
—Jane, eu quero que você me diga se você sentir que está
perdendo o controle, ok?
Jane assentiu. —Certo.
—Eu não sei o que é que cria seu poder —, disse ele calmamente.
— Existem outros imortais, além de você e eu, que podem afetar nosso
ambiente, mas não encontrei alguém como você. Eu imaginaria que o
único que poderia levá-la a uma luta justa seria a Morte.
Jane riu tristemente, mas ela se perguntou se a Morte teria que
realmente encará-la quando ela finalmente fosse espancada por sua
besta.
—Isso te assusta, não é?
—Sim.
—O poder pode consumir qualquer pessoa. — Ele a observou
por um momento. —É preciso uma mente forte para controlá-lo. Sei
com certeza que você é a pessoa certa para receber esse poder. E não
se esqueça, você tem todos nós para se apoiar enquanto se fortalece.
Quando isso te assustar, corra para David. Ele a ajudará mesmo se
você for mais poderosa que ele.
Seu coração afundou. Tristan e os outros não entendiam o que
ela e David estavam passando. Eles não podiam mais se apoiar. Ela
não podia olhar para Jason ou seus filhos sem medo de machucá-los.
Inferno, ela nem tinha mais seus animais de estimação.
Ela quase chorou ao lembrar que seus cães haviam escapado
durante a luta. Eles aparentemente foram vistos correndo em sua
direção, mas ninguém sabia o que havia acontecido com eles. Então
seus gatos se recusaram a se aproximar dela. Arthur havia dito a ela
que eles iriam aparecer, que o cheiro dela provavelmente não cheirava
bem para eles, mas ela sabia por que eles não a procuravam. Eles
sabiam que havia algo ruim nela.
Não havia ninguém para ela.
Tristan deu um tapinha no joelho dela e a tirou de seus
pensamentos. —Você vai superar isso. Se você precisar conversar,
sempre fico feliz em ouvir e oferecer os conselhos que puder.
—Obrigada. — Ela sabia que não fazia sentido falar com ele ou
com alguém, porque ninguém poderia ajudá-la.
—Bom, mas deixe-me saber se você precisar de alguma coisa. —
Tristan olhou para ela por um momento e ela assentiu rapidamente.
—Eu tenho que terminar de arrumar as malas.
Ela acenou para ele com um sorriso e o viu se afastar antes de
olhar para os filhos. Eles estavam rindo enquanto brincavam juntos
em uma cama. Um leve sorriso cresceu enquanto ela observava o
quanto eles se esforçavam para se mover e percebeu que ela poderia
ter exagerado um pouco com todos os suéteres debaixo do casaco.
Jason chamou sua atenção e fez um gesto para ela se juntar a ele.
Jane sabia que teria que, eventualmente, mas estava cansada demais
para fingir ser feliz perto dele agora. Sua frente feliz era normal para
ele; ela esquecera essa parte porque não havia socializado desde o
início do vírus.
Ela desviou o olhar de Jason, direto para David.
Era ridículo como ela sempre o procurava, mas ela suspirou e
continuou observando-o. Ele estava sentado em uma cama sozinho,
mas ele não estava apenas sentado relaxando - seus olhos estavam
mudando entre ela e as crianças, mantendo um olho em todos eles.
Consolou-a que ele ainda estivesse tentando estar lá com ela, mas o
buraco que ela sentia em seu peito não desapareceu.
Ela engoliu em seco para não soltar um grito. O olhar de Jason
apenas a enchia de pavor, mas ela conseguiu esconder sua tristeza e
ansiedade com um sorriso falso antes de se levantar para se juntar a
ele e seus bebês. Tudo o que ela precisava fazer era manter suas
emoções escondidas e o mundo continuaria bem. Isso era tudo o que
importava. Desde que ninguém mais se machucasse, ela manteria
toda a sua dor trancada por dentro.
5
PROMESSA
O ar gelado do Canadá soprava através das portas abertas da
van. Jane se encolheu e cobriu o rosto de Nathan porque ele
geralmente entrava em pânico quando o vento o atingia, mas depois
de se certificar de que ele estava bem, ela rapidamente observou a
cena se desenrolando lá fora.
Arthur saiu do veículo, instantaneamente puxando uma linda
morena em seus braços e beijando-a apaixonadamente.
Jane desviou o olhar da reunião íntima, mas observou os outros
cavaleiros cumprimentando as esposas da mesma forma. Ela ficou
feliz em vê-los reunidos, mas não pôde deixar de se sentir triste com a
visão. Parecia que ela os estava perdendo de certa forma. Eles nunca
foram dela, e ela tinha vergonha de estar chateada porque não seria
mais o foco deles. Ela também não seria o foco de David.
Um pequeno grito chamou sua atenção para a esquerda e ela viu
Gawain girando uma loira voluptuosa em círculos. Aquilo doeu um
pouco para testemunhar, e Jane recostou-se na cadeira. Ela olhou para
baixo, longe de toda a felicidade, porque tinha medo de ver David
cumprimentar alguém.
Ela estava quase chorando ao pensar nele abraçando aquela
loira, quem quer que ela fosse para ele. Era lágrimas ou sangue em
que ela se sentia encharcada, e sabia que era melhor ficar triste do que
estar pronta para matar uma mulher que claramente importava para
David. Uma parte dela tentou pensar que era possível que David nem
estivesse acenando para a mulher. Ainda assim, sua mente a provocou
que ele estava.
Ela estava com medo de vê-lo ir embora. Era errado esperar que
ele a observasse com Jason, mas ela o queria com ela.
A porta da frente se fechou. David estava no banco da frente, o
que significava que ele estava agora fora do carro. Jane levantou o
olhar antes que ela pudesse se conter, e seus batimentos cardíacos
aceleraram quando ele se virou para ela. No entanto, ele parou no
momento em que alguém gritou seu nome e ele se virou.
Jane prendeu a respiração quando uma mulher morena correu
até ele.
Era a mulher que Arthur havia cumprimentado. —David!
David se afastou da van e puxou a mulher para ele. Ele sorriu
brilhantemente quando a abraçou e beijou sua bochecha.
Uma pontada de ciúmes esfaqueou o coração de Jane.
—Irmã. — David disse enquanto se afastava.
Jane sentiu-se ridícula por ter ciúmes de sua irmã, mas ela
assistiu com um pouco de raiva a mulher bonita tocar a bochecha de
David e olhar nos olhos dele como se ele fosse uma das pessoas mais
importantes em sua vida. Claro que um irmão seria para sua irmã,
mas ainda assim.
Guinevere sorriu para ele. Jane quase ficou feliz ao ver a
semelhança em seus sorrisos, mas sua auto piedade não a deixava
sentir nada de positivo. Ela queria algo especial para compartilhar
com David, e tinha estragado tudo com a melhor das intenções.
Jane viu a aparência de Guinevere. Ela tinha olhos verdes
deslumbrantes e cabelos ondulados castanhos claros. Suas maçãs do
rosto altas elogiavam seu rosto oval, dando-lhe uma aparência suave e
clássica. Ela se sustentou com grande postura, mostrando toda a graça
condizente com uma rainha.
—Senti sua falta terrivelmente, irmão —, disse Guinevere. —
Você está bem? A missão correu bem? — Ela até inclinou o rosto de
um lado para o outro, como se estivesse procurando uma lesão. —
Querido, você está muito pálido.
—Fui ferido, mas estou bem —, disse ele. —E sim, a missão
correu bem.
Guinevere sorriu de volta, mas deu-lhe um olhar estranho
enquanto continuava a observá-lo. —Há algo que você não está me
dizendo.
Arthur apareceu atrás dela, e David lançou-lhe um olhar, mas
olhou de novo para sua irmã quando ele se dirigiu ao comentário. —
Há algo mais. — Ele sorriu e acrescentou: —Mais alguém.
Guinevere ofegou, puxando as mãos para cobrir a boca. Seus
olhos brilhavam de felicidade e ela murmurou animadamente em sua
mão. —Você a encontrou, não encontrou?
David assentiu e sorriu mais. Guinevere gritou e pulou,
envolvendo os braços em volta do pescoço dele.
—Oh, graças aos céus! Eu estava começando a temer que você
nunca a encontrasse. Onde ela está? Ela é bonita? Que bobagem da
minha parte, é claro que ela deve ser linda... Qual é o nome dela?
Deus, eu não posso acreditar nisso. Eu gostaria de ter preparado seu
quarto. Finalmente tenho uma cunhada! — Ela ficou muito animada
para ver a repentina retirada de David.
Jane entrou em pânico enquanto observava a dor passar pelo
rosto de David enquanto ele pegava as mãos de sua irmã para chamar
sua atenção. Ele olhou nos olhos dela quando Arthur colocou a mão
no ombro dela.
O sorriso de Guinevere caiu quando ela olhou entre o marido e o
irmão.
—O nome dela é Jane — disse David, fazendo uma pausa e
limpando uma rouquidão repentina em sua voz. —Ela está aqui com
seus filhos e seu marido.
A boca de Guinevere se abriu e ela olhou tristemente nos olhos
do irmão. A irmã dele apertou os lábios quando começaram a tremer,
e Arthur esfregou as mãos nos braços dela por trás. Seus lindos olhos
lacrimejavam enquanto se lançavam entre os de David, claramente
tentando julgar o quanto ele estava sofrendo com algo que era culpa
de Jane.
—Eu estou bem. — Ele sorriu, recebendo um pequeno aperto de
sua irmã. —A família dela é maravilhosa e estou feliz por termos
conseguido trazê-los conosco. Você gostaria de conhecê-la?
Guinevere olhou por cima do ombro e recebeu um pequeno
aceno de Arthur antes de voltar o olhar para David. —Sim irmão. Eu
adoraria conhecê-la.
Ele sorriu mais e voltou para a van.
As alegres reuniões cessaram quando David alcançou a porta da
van em que Jane estava sentada. Gawain e sua esposa se aproximaram
lentamente de Arthur, mas os outros ficaram para trás, enquanto o
trio de mulheres que Jane temia ficou em silêncio.
David inclinou a cabeça pela porta aberta. —Jane, você está
pronta para conhecer minha irmã?
Ela olhou para ele, querendo que ele a escondesse, depois olhou
para a grande multidão antes de olhar freneticamente para os filhos.
Ela não poderia fazer isso.
David pegou a mão dela do colo. —Vai dar tudo certo. Eu estou
bem aqui. Você será apresentada apenas a Guinevere, já que isso é
esperado, e então entraremos. Os outros te encontrarão amanhã. Não
tenha medo, ela mal pode esperar para conhecê-la.
Jane fechou os olhos e assentiu. Ela estava tentando saborear o
pequeno contato com ele. Ela podia sentir o corpo de Jason ficar rígido
perto dela, mas ela precisava disso agora. Ela quase gritou quando seu
calor maravilhoso deixou sua mão quando ele a soltou.
Jane abriu os olhos, observando David procurar seu rosto.
—Fique comigo, Jane —, ele sussurrou. —Seja corajosa, querida.
Você só precisa passar por esses próximos minutos e depois eu a
levarei embora.
Jason deu um sorriso nervoso, mas parecia irritado quando ele
saiu da van. Natalie seguiu o pai rapidamente, e Jason a agarrou antes
que ela pudesse correr para brincar na neve. Jane estava agradecida
por ele estar pelo menos preocupado com os filhos o suficiente para
saber que ainda era perigoso para esses imortais.
Um suspiro impediu Jane de se mover, e ela notou as mulheres
encarando Natalie. Elas estavam sorrindo e sussurrando
animadamente para os maridos. Jane olhou para Natalie para se
certificar de que estava bem, mas além de um sorriso tímido, ela
parecia feliz com o ambiente.
Jane suspirou, desejando poder se parecer mais com a filha, mas
simplesmente não era. Ela era ela - uma bagunça maldita.
Antes que ela pudesse sair, Jane soltou um grande suspiro e saiu
da van. Ela não fez contato visual com ninguém e rapidamente se
virou para pegar Nathan. Era importante mantê-lo seguro, mas ela
também o estava usando como um amortecedor.
Ele parecia precisar dela de qualquer maneira enquanto se
apegava a ela rapidamente. Jane acariciou a cabeça dele e murmurou
palavras reconfortantes em seu ouvido quando ela finalmente teve
coragem de pelo menos olhar para David. Era um enorme alívio ele
não ter cumprimentado aquela loira, e ela esperava que ele ficasse
perto dela por mais algum tempo.
David fez um gesto para ela segui-lo. Ela queria pegar a mão
dele para ter algum tipo de tábua de salvação, mas não podia. Então,
ela apertou Nathan mais forte até ele gemer.
—Sinto muito, bebê. — Ela sussurrou, afrouxando o aperto
enquanto chorava, temendo que o machucasse.
—Ele está bem, Jane —, disse David enquanto ela examinava o
filho. —Vamos. Vamos nos apressar para que possamos levá-lo para
dentro.
Jason inclinou a cabeça para que ela fosse primeiro, e assim que
ela encontrou os olhos de Guinevere, ela não conseguiu desviar o
olhar. A mulher era linda, seu sorriso era genuinamente feliz, mas a
tristeza ainda estava lá. Jane engoliu em seco porque fora ela quem
causara aquela tristeza em David e sua irmã.
Jane mordeu o lábio enquanto olhava em volta. Todos estavam
olhando para ela.
Seus olhos se arregalaram quando ela acidentalmente fez contato
visual com a mulher loira. No começo, foi apenas um choque, porque
ela não queria ver aquela mulher, mas agora era outra coisa ver a
dama olhando abertamente para ela.
Jane desviou o olhar rapidamente, sem saber como deveria agir.
Uma parte dela exigia que ela enfrentasse a ameaça flagrante com
força, mas outra dizia para ela recuar, que não era bem-vinda e que
não tinha o direito de estar aqui.
—Gwen, essa é Jane —, disse David. —E esses são os filhos dela,
Nathan e Natalie, e este é Jason Winters, seu marido... Jane, Jason, esta
é minha irmã, Guinevere.
Jane sorriu, tentando se curvar um pouco. Ela sabia que eles
eram da realeza, mas nunca olhou para Arthur dessa maneira. Com
Guinevere ao seu lado, Arthur parecia o rei lendário que ela havia
lido.
—É um prazer conhecê-la — sussurrou Jane, abaixando os olhos
enquanto ainda tentava abaixar a cabeça. Ela se sentiu estúpida por se
fazer de boba e um pouco zangada por David não ter lhe dito como
ela deveria cumprimentar uma rainha. Ele continuou sorrindo, no
entanto.
Ela finalmente encontrou os olhos de Guinevere e entrou em
pânico porque a mulher parecia à beira de um colapso. Jane estava
prestes a se desculpar, pois considerou que poderia ter feito algo
ofensivo, mas foi rapidamente puxada para um abraço pela rainha.
—Estou muito feliz em conhecê-la —, disse Guinevere,
chorando. —Oh, você é tão bonita. Bem-vinda à nossa casa. — Ela se
afastou, sorrindo enquanto algumas lágrimas escapavam.
—Obrigada. — Disse Jane, tentando se afastar.
Guinevere a soltou, mas lançou um olhar para Nathan, e ela
sorriu da mesma maneira que David sorriu para ele.
Jane percebeu que Guinevere esperava uma apresentação para
seus filhos, então sussurrou no ouvido de Nathan para levá-lo. —Diga
olá.
Nathan olhou para ela brevemente, depois de volta para a
mulher sorrindo largamente na frente dele. —Olá.
Se possível, o sorriso de Guinevere cresceu e ela estendeu a mão
para a mãozinha dele. —Olá Nathan.
Nathan apenas olhou para a mão dela, como costumava fazer.
Jane estava prestes a ajudá-lo, mas David venceu.
Ele cuidadosamente pegou a mão do filho e a colocou na de
Guinevere. —Assim, Nathan.
Jane quase chorou. Jason nunca ajudou Nathan com essas
pequenas coisas, mas David já estava fazendo isso.
Guinevere parecia tão emocionada ao ver David ajudando-o,
mas ela voltou sua atenção para Nathan e gentilmente apertou a mão
dele. Depois de soltá-lo, ela riu como uma garotinha e sussurrou para
Arthur: —Ele é adorável.
Arthur sorriu quando colocou a mão nas costas dela e a
conduziu para Jason.
Jane suspirou enquanto David acariciava levemente a cabeça
dela, mas ele retirou a mão antes que ela pudesse buscar mais dele.
O sorriso de Guinevere vacilou um pouco, mas ela permaneceu
amigável enquanto estendia a mão para Jason. —É um prazer recebê-
lo em nossa casa, Sr. Winters.
Jason apertou a mão dela, um pouco atordoado. Jason está bem.
Obrigado.
Os olhos da rainha caíram sobre Natalie, e um sorriso animado
apareceu em seu rosto quando ela sussurrou para Arthur. —Ela se
parece com ela.
—Ela parece. — Concordou Arthur.
Guinevere levantou a mão para Natalie. —Olá querida. Espero
que você goste de estar aqui conosco.
Natalie sorriu timidamente e se inclinou para Jason em busca de
conforto, até que um escárnio soou atrás deles.
Todo mundo virou a cabeça para ver Gawain abrir caminho
entre a multidão. Ele ficou na frente de Jason e brincalhão olhou para
Natalie. —Natalie —, disse ele em um tom de repreensão. —Desde
quando você é tímida?
Jane ficou surpresa ao ver Natalie rir e estender os braços para
Gawain. Ele sorriu, rapidamente tirando-a de Jason antes de se virar
para Guinevere com um olhar presunçoso.
Guinevere olhou para ele, mas era um olhar brincalhão e Jane
imaginou que o par era quase tão próximo quanto Gawain e David.
—Suponho que ela apenas gosta mais de mim, não é, Natalie? —
Gawain perguntou.
Natalie lançou seus pequenos olhos castanhos entre eles e
lentamente acenou para Gawain.
David balançou a cabeça e se aproximou de Jane. —Acho que
devemos colocá-los dentro. Eles não estão acostumados com as
temperaturas rigorosas e nosso voo nos deixou exaustos. Tenho
certeza de que podemos terminar as apresentações amanhã.
—Oh, certamente —, disse Guinevere. —A cozinha já está
preparando as refeições favoritas de todos. Eles não se importarão de
ganhar mais.
David sinalizou para Jane que ela o seguisse novamente, e com
Nathan ainda agarrado ao pescoço, ela o fez rapidamente.
Ela olhou para trás para se certificar de que Gawain estava bem
com Natalie, e ele piscou, aliviando um pouco do estresse. Jane se
adiantou, seguindo Arthur e Guinevere, que lideravam o caminho
com David logo atrás deles.
Ela olhou para as costas dele até Jason aparecer do lado
esquerdo. Jane olhou para ele, mas franziu a testa quando percebeu
que ele nem estava olhando para ela. De fato, ele parecia absorvido
em outra coisa. Ela assumiu que era simplesmente o castelo, mas
quando seguiu o olhar dele, percebeu que era alguém, e não algo, que
mantinha seu interesse.
Jane evitou causar uma cena ao fazer contato visual com a loira
novamente. Um sorriso cruel apareceu na boca da linda mulher, e Jane
rapidamente olhou para frente novamente.
Seus olhos arderam quando muitas realizações caíram sobre ela:
seu marido estava admirando outra mulher, uma que claramente
estava de olho em David, e embora ela não tivesse o direito de se
preocupar com quem poderia estar interessado em David, ela odiava
pensar nele estando perto dessa mulher. Se o marido dela não
conseguisse tirar os olhos dela, David a abandonaria com a mesma
facilidade.
Mantendo os olhos grudados nas costas de David, ela fez o
possível para manter a cabeça erguida enquanto passavam pelas três
mulheres, enquanto sabia que Jason ainda era incapaz de se impedir
de encará-la.
Ela apertou os lábios, pelo menos aliviada que David não as
reconheceu, mas ainda assim viu as mulheres sufocando uma risada
enquanto olhavam para Jane.
Jane tentou agir como se não visse nada, mas a loira se virou e
sussurrou para a amiga ruiva: — Não é de admirar que David nunca
tenha escolhido uma dama. Claramente, ele deseja camponeses
caseiras. Espero que eles a mantenham fora dos móveis. Ela é
absolutamente repulsiva.
As palavras foram ditas suavemente o suficiente para que a
conversa ao redor a tivesse afogado, mas Jane ouviu, e ela sabia que a
mulher pretendia. Foi como tantos incidentes que ela encontrou no
passado.
Os passos de Jane vacilaram quando a respiração saiu de sua
boca. Ela olhou para a jaqueta fofa e sabia que devia parecer um
doida. Ela instantaneamente viu imagens de si mesma sendo
intimidada por meninas na escola.
—Ela veste a mesma coisa toda semana —, disseram elas, rindo
juntas. Ela não tinha para onde ir; elas a cercaram. —Eu nem sei por
que os caras gostam dela - ela é apenas uma putinha feia.
Os olhos de Jane se arregalaram de lágrimas quando uma
lembrança após a seguinte apareceu em sua cabeça. Ela ofegou
quando um calafrio antinatural subiu pela espinha, mas pulou de
surpresa quando David se virou rapidamente.
Arthur o alcançou, mas já era tarde demais. David estava com a
mão em volta da garganta da loira, suas presas à mostra enquanto
rosnava no rosto da mulher assustada.
Arthur gritou enquanto a mulher arranhava o pulso de David. —
David, deixe-a ir!
Todos ofegaram, mas cada um deles, incluindo Jane, estava
congelada no lugar.
Jane não entendeu o que estava acontecendo, por que ele estava
atacando uma mulher, uma loira linda com um corpo para morrer.
Jane era tudo o que Jane não era: bonita, alta, refinada - perfeita em
todos os aspectos. O tipo de mulher que ela imaginou que David
amaria. Ela era uma deusa, e ela estava absolutamente certa sobre ela.
Ela era uma garota pouco atraente, indigna e patética.
6
PIZZA
Jane observou o interior do castelo. O piso de mármore brilhava
e os retratos dourados eram impressionantes - ela imaginaria que cada
peça de mobiliário tinha séculos de idade ou valia mais do que
qualquer coisa que já havia comprado. Era fantástico. Ela deveria estar
admirada, mas estava presa na miséria por causa das lembranças que
se recusavam a deixá-la em paz. Elas pareciam amplificadas agora, e
ela não conseguia parar de se sentir a pessoa mais patética do mundo.
Ela estremeceu, mas o calor em sua mão afastou o frio e um
pouco de sua tristeza. Um pequeno sorriso apareceu em sua boca
enquanto ela observava David esfregar o polegar sobre os nós dos
dedos, e ela olhou para ele. Ele parecia absolutamente adorável com
Nathan em volta dele. Ele pareceu sentir o olhar dela e olhou para
baixo.
Ele rapidamente examinou o rosto dela antes de procurar em
seus olhos. —Você está bem?
—Estou bem. — Ela estava cansada de todo mundo,
especialmente David, se machucando por causa de sua mera
existência. Claro, suas memórias eram quase incapacitantes, mas ela
lembrou a si mesma que era assim que ela era. Suas horríveis
lembranças nunca desapareciam, e isso a fazia se odiar porque não
conseguia se acostumar.
David suspirou. —Você não está bem, mas eu estarei ao seu lado
de qualquer maneira.
Ele realmente era o melhor homem que ela já conhecera.
—Obrigada. — Ela sussurrou, inclinando a cabeça no braço dele
por apenas um segundo.
—Sempre, querida. — Ele apertou a mão dela. —Você gostou do
castelo?
—É lindo. — Ela murmurou quando eles passaram por uma
pintura de alguma batalha, e ela sorriu suavemente quando
reconheceu os cavaleiros junto com David.
—Vamos fazer uma turnê amanhã —, disse ele. —Agora, eu me
pergunto o que você gostaria de alimentar as crianças?
—Pizza. — Disse Nathan, levantando a cabeça do ombro de
David.
David riu enquanto Jane balançou a cabeça.
—Não, Nathan —, ela disse a ele. —Acho que não podemos
comer pizza.
—Pizza. — Nathan repetiu.
Jane abriu a boca, mas David falou. —Podemos pegar um pouco
para ele. Se está tudo bem com você, é claro.
Ela quase riu das expressões semelhantes de David e Nathan,
especialmente quando viu o mesmo olhar esperançoso no rosto de
Gawain quando ele espiou David.
Ela suspirou e perguntou: —Você tem certeza? Quero dizer, você
tem alguma?
—Querida, estamos no Canadá, não na Lua —, disse David. —Se
ele quer pizza, a cozinha pode preparar uma para ele. Não é grande
coisa, e tenho certeza que o resto de nós também gostaria. Então está
tudo bem?
A fofura de toda a situação destruiu qualquer chance de protesto
que ela pudesse desistir de pedir pizza em Camelot. Ela lutou para
não se apoiar nele pelo calor e amor que ele a banhava.
—Tudo bem —, disse ela. —Contanto que não haja problemas.
Todos os rostos dos três garotos se iluminaram e ela soltou uma
pequena risada; era tão fácil agradá-los.
Jane olhou para Natalie e sorriu, mas quando viu a confusão em
seu rostinho, o sorriso de Jane caiu. O foco de Natalie estava nas mãos
dela e de David.
O peito de Jane latejava, mas ela enterrou a dor enquanto a
estudava e as mãos de David novamente. Seu calor a chamava.
Implorava que ela apertasse mais o punho e deixasse os braços dele a
envolverem - para deixá-lo amar e protegê-la.
Você é casada. Você é horrível.
Os olhos dela ardiam com os pensamentos repentinos. Por que
ela sempre deixava isso acontecer? Ela e David nunca poderiam estar
juntos, então por que se divertir?
Ela admitiu que cometeu um erro ao escolher Jason, mas a
reação de Natalie era exatamente por que ela o escolheu. Natalie e
Nathan queriam a mãe e o pai. David não era o pai deles. Não
importava se Jane estava infeliz; seus filhos precisavam que ela
aguentasse e fosse uma mãe decente.
Nenhuma parte dela queria soltá-lo, mas ela puxou a mão da de
David. Ela sentiu ele olhando para ela, e sentiu o olhar de Jason
apontado para suas costas. Era uma situação de merda, mas ela
prometeu a Jason que ficaria com ele e não se envolveria com David.
Se Jason olhasse para outras mulheres como ele havia feito lá
fora, ela tinha que lidar com isso. Os homens olhavam para as
mulheres. Inferno, ela olhou David e Morte inúmeras vezes. Não era
como se ela já não soubesse que Jason gostava de outras mulheres. Ela
simplesmente não queria ver, especialmente com testemunhas. Era
muito doloroso lembrar que ela não era suficiente para o marido. Ela
nunca seria suficiente para qualquer homem. Ela nunca seria feliz.
Ninguém disse nada enquanto subiam as escadas, mas ela
repetidamente sentiu o olhar de David. Era como se alguém estivesse
brilhando com ela a cada poucos segundos sempre que ele a olhava.
Ela sabia que ele estava lhe dando uma chance de voltar para ele -
dando-lhe a chance de escolhê-lo, mas ela disse a si mesma para ser
forte porque Natalie e Nathan mereciam uma família. Ela tinha que
dar isso a eles.
Ainda assim, mesmo com o calor do corpo de David ameaçando
puxá-la de volta, ela se afastou dele. Não havia necessidade de
sobrecarregá-lo. Ela tomou a decisão de tentar colocar tudo dentro e
mantê-lo lá.
—Jane? — Gawain ligou.
Ela limpou todo o pânico de perder David do rosto. —Sim?
—Você acha que podemos comer calabresa?
David lançou um olhar para ele, enquanto a esposa de Gawain
lhe lançou um olhar interrogativo. Gawain manteve o sorriso no
lugar, no entanto.
Jane tinha honestamente esquecido a pizza, mas estava feliz que
a pergunta insignificante a afastasse dos pensamentos negativos que
passavam por sua cabeça.
—Pepperoni é o favorito de Nathan. — Disse ela com um sorriso
forçado.
Gawain sorriu para o filho. —Bom homem, Nathan.
Ela estava prestes a dizer algo, mas David parou de repente em
frente a uma porta.
Ele apontou para ela. —É aqui que Jason e as crianças ficarão. —
Ele apontou para a porta mais abaixo no corredor. —Esse é o meu
quarto. — Ele então acenou com a mão em direção a outra porta, em
frente à dele, e acrescentou: —Esse será seu.
Jane olhou para a última porta que ele apontou por um
momento. Ela pensou que a porta de cor creme era uma porta tão
bonita. No lado de fora. Poderia ser uma bagunça total por dentro, no
entanto. E ninguém saberia o que estava escondido por dentro - assim
como ela.
Era tão sozinho quanto ela sem outras portas para compartilhar
uma parede com ela. As portas de David e de sua família estavam do
outro lado de um corredor estreito - eles não sabiam o que estava
acontecendo com ela. Ela estaria lá, silenciosa e escondida, atrás de
uma porta bonita - quebrada - porque seu coração não podia entrar.
—É um quarto agradável, Jane —, David sussurrou enquanto ela
tentava não chorar. —Eu vou te levar lá depois que comermos e
ajudá-los a se instalar.
Jane não queria mostrar sua tristeza. Ela poderia ser como a
porta - bonita por fora. Enquanto o exterior fosse agradável, ninguém
saberia ou se importaria com o que acontecia lá dentro.
Então, com um sorriso brilhante no lugar, ela olhou para ele. Ele
a surpreendeu instantaneamente soltando a maçaneta que ele estava
segurando para segurar sua bochecha.
Ela queria suspirar e se apoiar na mão quente dele, mas não o
fez.
David soltou um suspiro frustrado e acariciou seu queixo. —Eu
sempre estarei aqui. Você não está sozinha, Jane.
Apesar de seu sofrimento interno, ela sorriu novamente. —Eu
sei.
Deve ter sido crível, porque David soltou-se e voltou a abrir a
porta do quarto da família dela.
O quarto era adorável. E enorme. Parecia mais um apartamento
de tamanho médio do que o quarto que ela esperava.
Ela entrou e deu a volta. Havia uma sala de estar dentro do
quarto com um sofá, duas poltronas grandes e uma TV grande na
parede. Também havia uma cozinha com uma sala de jantar.
—Existem dois quartos —, disse David, apontando para a porta
atrás dele. —Esta é o quarto principal e este — ele apontou para a
porta atrás dela. —Nathan e Natalie podem compartilhar. Podemos
adicionar qualquer coisa que os torne mais confortáveis. Sei que
perdemos muitos itens quando saímos do Texas, mas tenho certeza de
que podemos juntar alguns brinquedos.
Jane olhou para Jason. Ela não queria olhar para ele desde o
incidente lá fora. É claro que não havia como Jason ouvir o que foi
dito pela loira, mas foi David quem a apoiou, não o marido. Não, ele
estava muito ocupado olhando para a cadela.
Ela balançou a cabeça quando encontrou o olhar de Jason
brevemente. Suas emoções estavam por todo o lugar. Em um
momento ela estava triste, no seguinte, estava sozinha - então estava
pronta para arrancar a cabeça de Jason. Às vezes, ser bipolar pode
realmente ser péssimo.
—Você gostou, Jane? — Jason perguntou.
Com medo de gritar com ele, Jane não respondeu. Em vez disso,
ela foi para o quarto que David havia apontado como o quarto das
crianças. Era perfeito para eles. Havia duas camas de solteiro com
uma pequena mesa lateral entre elas.
Enquanto exalava sua frustração, ela entrou e tentou imaginar
Natalie e Nathan dormindo lá. Sem ela.
Sua visão ficou turva por um momento minúsculo enquanto ela
passava os dedos sobre a cômoda. Ela se sentia tão fora de controle.
Ela olhou por cima e viu David segurando as mãos de Nathan
enquanto seu filho e filha pulavam em suas camas. Puxa, ele ajudou
muito.
—Eu acho que ele escolheu esta. — David sorriu. Ele hesitou
enquanto a observava, mas depois apontou para a porta atrás dela. —
Isso é um armário, e ali está o banheiro. O quarto de Jason está
arrumado da mesma forma.
Jane evitou seu olhar e foi até a porta que ele apontou. Ela não
queria que ele visse ou quanto isso quebrava. Era fantástico que eles
fossem presenteados com acomodações maravilhosas, mas ela estava
morrendo por dentro porque ainda estava perdendo todo mundo.
O banheiro era bonito. A elegante banheira com pés e a pia
combinando pareciam sair de uma revista, mas ela odiava os
banheiros.
Ainda assim, ela ficou lá porque impedia David e qualquer outra
pessoa de testemunhar a devastação que ela sabia mostrar em seu
rosto.
—Acabei de pedir à cozinha que prepare pizza para todos. — A
voz de Guinevere a levou de dentro do banheiro. —A equipe trará
seus pertences. Fui informada de que a maioria de seus itens pessoais
foi deixada para trás, então terei alguém para reunir itens essenciais
até que vocês possam fazer uma lista do que pode ser necessário.
Jane voltou e sentou na cama ao lado de Nathan. Ele tocou o
rosto dela, e ela o puxou para um abraço sem dizer uma palavra. Ele a
acalmou um pouco. O fato de parecerem gostar do quarto também
ajudou. Provavelmente era um conforto para ele, pois lembrava a
configuração que ele tinha em casa.
Desde a praga, ele lutara para se acostumar a dormir na sala de
estar, e agora tinha um quarto de verdade com uma cama adequada.
Jane estava alisando os cabelos quando David se aproximou.
Ele roçou a bochecha dela com os dedos, com preocupação nos
olhos quando eles caíram sobre o rosto dela. —Você precisa fugir um
pouco?
—Não —, ela disse rapidamente. —Obrigada pelo quarto. Ele
gosta disso.
David a observou por mais um tempo, mas assentiu. —Diga-me
se você precisar ir. Eu quero falar com você sobre o que aconteceu lá
embaixo também.
Jane não queria falar sobre isso, mas assentiu e virou-se para
Gawain quando ele entrou no quarto.
—Jane, esta é minha esposa, Ragnelle. — Disse ele com um
sorriso que ela nunca tinha visto em seu rosto antes.
Jane podia entender o deleite dele; a mulher era de tirar o fôlego.
Seus cabelos loiros ondulados caíam ao redor do rosto em forma de
coração e seus olhos azuis bebê brilhavam de felicidade. Jane ficou
imediatamente constrangida novamente, mas ela sorriu para a loira
curvilínea e recebeu um sorriso gentil em troca.
Jane estendeu a mão para ela. —É um prazer conhecê-la,
Ragnelle.
A mulher sorriu e apertou a mão de Jane. —Prazer em conhecê-
la também. E por favor, me chame de Elle. — Ragnelle voltou para o
lado de Gawain. —Nunca vi meu marido olhar para outra mulher
com tanta adoração. Ele está se comportando como se você fosse sua
irmã perdida há muito tempo. Você realmente reivindicou todos os
seus corações.
Gawain fez uma careta para a esposa. —Elle, você está me
envergonhando.
David riu e balançou a cabeça. —Não. Você é apenas um idiota.
Gawain virou-se para Jane com um beicinho exagerado. —Jane
não me acha idiota. Você acha, Jane? Diga à minha esposa que fui eu
quem lhe ensinou tudo o que você sabe sobre luta. David não teve
nada a ver com seu talento extraordinário. Não sou bobo eu poderia
ser o responsável por sua grandeza. — Gawain piscou para Jane antes
de se dirigir novamente à esposa: —Você deveria tê-la visto, minha
querida. Ela tem todos os ingredientes de uma grande cavaleira.
Arthur entrou atrás dele e bateu na parte de trás da cabeça de
Gawain. —O talento dela na batalha é dela. Você ainda é um palhaço.
Nenhum de nós entende por que ela gosta de você. Nós apenas
assumimos que ela tem um coração de ouro.
Jane riu, mesmo que ela não pudesse aceitar nenhum elogio.
Arthur lançou-lhe um olhar decepcionado, mas ela esvaziou seus
pensamentos e sorriu para ele.
Arthur suspirou e caminhou ao redor de Gawain. —Jane, peço
desculpas pelo que aconteceu lá fora. — Ela tentou pedir para ele
parar, mas ele continuou assim mesmo. —Não, Jane. Ela não deveria
ter dito essas coisas, e elas são falsas. Você significa muito para todos
nós, minha querida garota. Não deixe que ela faça você pensar de
outra maneira. Melody é uma alma contaminada. Só a mantenho aqui
por obrigação do pai e para monitorá-la. Deixei claro que seu
comportamento não será tolerado novamente. — Ele tocou sua
bochecha. —Ela não tem permissão para entrar na ala de David do
castelo. Acredito que ele tenha deixado isso claro para ela no passado.
—Está tudo bem. — Disse ela, não querendo falar sobre isso.
—Não, não está, Jane —, Arthur murmurou. —Você não é nada
disso que ela disse, mas eu sei o quanto eles te machucam. O que você
experimentou apenas então...
— Eu prefiro não falar sobre isso, Arthur —, Jane interrompeu.
Ninguém mais precisava ouvir o quão bagunçada ela estava. Era ruim
o suficiente ter Jason tratá-la como lixo por ser assim; perfeito
vampiros eram obrigados a considerá-la ainda mais patética. —
Obrigada pelo que você fez, mas estou bem. Já passei por coisas
piores.
Embora ele parecesse querer dizer mais, Arthur soltou a
bochecha dela. — Eu sei que você passou.
David acenou para Gawain quando uma batida soou na porta
principal.
Gawain pareceu debater com quem entregar Natalie, mas ela
alcançou Jason e o cavaleiro fraternal a entregou para Jason e foi até a
porta.
Jane sabia Natalie era uma filhinha de papai de certa forma,
doeu que Natalie escolheu Jason mais do que ela, mas ela entendeu.
Por que alguém iria escolher ela?
David pegou Nathan levantou-se e, quando começou a colocá-lo
em seus braços, Guinevere aproximou-se dele. Ele olhou para sua
irmã, que parecia desesperada por abraçá-lo. David lançou um olhar
rápido para Jane, e ela só pôde concordar para ela segurar seus filhos
agora. O olhar de David se suavizou quando ele a observou, mas ele
sussurrou baixinho no ouvido de Nathan. Surpreendeu Jane a rapidez
com que Nathan estendeu os braços para Guinevere. Foi outro golpe
no coração de Jane, mas ela sorriu quando a rainha guinchou e
instantaneamente pegou seu filho.
—Cuidado com ele. — David tentou posicionar as mãos de sua
irmã.
—Oh, me deixe em paz. — Guinevere afastou a mão. —Vá para
Jane. Vou estragar este anjinho e servir a melhor pizza que sua barriga
já teve.
David hesitou, mas acariciou a cabeça de Nathan antes de voltar
para Jane. —Bebê, deixe-me levá-la a algum lugar.
Jane balançou a cabeça. —Estou bem. E estou com fome de
qualquer maneira.
Ele se virou para os outros. —Eu preciso falar com ela sozinha.
Arthur assentiu e caminhou até a esposa. Jason ficou no quarto
até Arthur pisar ao lado dele. —Ele precisa ajudá-la. Não interfira.
Jason olhou para Arthur, depois para David e Jane. —Jane, eu
gostaria que você comesse conosco. As crianças ficarão felizes em ter
você lá.
—Estou indo —, disse Jane. —Eu estarei lá em um segundo.
Jason bufou, mas saiu.
Arthur começou a fechar a porta, mas Jane o deteve. —Ele só vai
ficar bravo. Deixe aberto. Estamos saindo logo.
—Jane. — Disse Arthur, gesticulando para a esposa ir embora.
—O que você não entendeu? — Jane olhou para os dois homens.
—Estou bem.
— Arthur, deixe-nos. — Disse David, sem desviar os olhos do
olhar dela.
Ela sabia que Arthur foi embora e se voltou para David
novamente. Ela não deveria estar com raiva, mas essa era sua defesa
pela tristeza. —David, eu juro, estou bem. Eu já fui provocada antes.
Só estou cansada e com pena de mim mesma por causa de tudo. Eu
não quero deixar meus filhos. Isso é tudo.
—Não é seguro, Jane.
Ela choramingou um pouco e puxou as mãos do colo quando ele
foi segurá-las. —Eu sei, mas você pode parar de me tocar?
Ele olhou entre os olhos dela. —Jane, acho melhor ficarmos perto
enquanto você estiver chateada.
Jane olhou para o lado do quarto. — Eu sei, David. Mas isso me
machuca. Meus bebês não entendem por que você está perto de mim,
e prometi a Jason que nos distanciaríamos. E olhe, eu já precisava que
você segurasse minha mão. Ele vai ficar bravo.
David rosnou. —Jane, ele não estará ajudando você quando você
precisar.
—Ele nunca esteve! — Ela quase caiu em prantos. —Estou
acostumada com isso.
Parecia que ela lhe deu um soco no estômago. —Bebê, não faça
isso consigo mesma. Ninguém pode se acostumar a nunca ser
ajudado. Eu tive ajuda com a minha solidão. Minha irmã, Gawain,
Arthur, todos ajudaram.
Ela balançou a cabeça. —Não é o mesmo.
—Exatamente —, disse ele. —Eu disse que estaria aqui. Deixe-
me estar aqui por você.
O coração de Jane bateu forte e a imagem do rosto confuso da
filha lhe veio à mente. —David, eu escolhi Jason. Isso significa que
você e eu não podemos fazer o que temos feito. Eu nem vou permitir
que a Morte esteja comigo como ele esteve.
David cruzou os braços. —Isso é mentira e você sabe disso.
Quando ele voltar, você irá correr para ele. Eu entendo, bebê, eu
realmente entendo. Você o ama e não a mim, mas ele não está aqui -
eu estou. E eu sei que você ama seu marido e quer fazer o que é certo
por sua família; Quero respeitar seu pedido, mas não posso sentar e
assistir a isso.
—Você terá.
Ele a encarou pelo que pareceu uma vida inteira. —Você está se
recusando a me deixar ajudar?
—Eu não quero sua pena, David. — Ela tentou ser tão
desagradável com ele quanto podia. Ela se odiava por isso, mas estava
morrendo toda vez que tinha que deixá-lo ir.
—Eu não estou ajudando por pena. Eu estou apoiando você
porque eu amo você.
Os olhos de Jane lacrimejaram. —Eu não te amo, David.
Seus olhos empalideceram quando ele assentiu. —Eu sei, você
não ama. Mas sou a única pessoa aqui com você que pode ajudar. Se
alguma coisa, pense em sua família; eles não se beneficiariam de
observá-la enquanto você está infeliz e instável.
—Eu sei que sou louca —, ela murmurou. —Eles sabem que eu
também.
—Pare. — Ele deu-lhe um olhar sombrio, mas não era mau. Ele
estava com raiva... —Você não é louca. Você precisa pensar
racionalmente. Não me amar não significa que você deva
desconsiderar o fato de eu ter sido escolhido para ficar com você.
Puxa, ela odiava que ele pensasse assim. Ela ia arruiná-lo. —
David, eu não posso passar por isso.
—Pelo quê?
—Sinto muito por dizer isso. — Ela chorou quando o nó na
garganta ficou dolorido. —Que eu não te amo, quero dizer. Eu só...
Ele suspirou e falou suavemente. —Você não precisa se
desculpar por isso. Apenas pare de me afastar quando estiver claro
que estou tentando ajudar.
—Você não entende —, disse ela. —Eu não posso te amar. — As
palavras estavam vazias antes que ela pudesse processá-las, e ela não
teve tempo, porque ele já estava respondendo.
—Eu sei. Isso não significa que vou te abandonar. Vou ajudá-la
quando você precisar.
—Eu não quero que você ajude atacando uma mulher que só está
fazendo o que todas as outras garotas fizeram comigo.
Havia decepção em seus olhos, mas não arrependimento. —Você
está certa. Eu não deveria ter atacado ela. Peço desculpas por reagir
dessa maneira. Só luto com mulheres em batalha e não gosto muito
disso. Melody, no entanto, ela... — Ele balançou a cabeça novamente.
—Meu passado com ela dificulta para mim não vê-la como inimiga.
Peguei o que ela disse como ataque, suponho. Não desculpa minhas
ações; prejudicar uma mulher está errado. Simplesmente vi o que você
fez: Jason olhando para ela e senti uma dor que não era minha. Sua
dor... Eu sinto muito. Não há muitos homens que possam ignorá-la.
Jane não respondeu e se perguntou quantas vezes David não
poderia ignorá-la.
Ele parecia saber o que ela estava pensando e falou rapidamente.
—Se você está pensando que eu tive um relacionamento com ela, ou
tenho tido intimidade com ela, você está enganada.
Ela sorriu tristemente. —Você é livre para ir com quem quiser.
Eu não tenho direito a você. Você tem todo o direito de estar com ela.
Ela é maravilhosa. Ela é alta, loira - ela tem um corpo perfeito e roupas
caras. Se eu fosse homem, também a escolheria.
—Talvez outros homens prefiram uma mulher como ela —, disse
ele. —Mas eu não. Pare de supor que eu sou qualquer outro homem. E
eu gosto muito de você vestindo minhas roupas. — Ele segurou suas
bochechas e se inclinou. —Bebê, por favor, veja o que faço quando
olho para você: minha linda Jane. Você não precisa se parecer com
mais ninguém. E, sim, você está certa, estou livre. Você escolheu
manter sua família unida e ainda ama a Morte, mas eu ainda sou seu,
mesmo que você me aceite ou não.
Jane balançou a cabeça. —Mas você não me vê. E você merece
melhor que eu. Não posso ser a única a arruinar você.
David acariciou suas bochechas com os polegares. —Eu te vejo.
Só você. E você não vai me arruinar. Você me faz um homem melhor.
— Seu sorriso era como um abraço muito necessário. —Não importa
que seu coração não seja meu. O meu ainda é seu.
Ela queria chorar. —Acho que não tenho mais coração.
Ele se inclinou para frente e beijou sua testa. —Você tem. É lindo.
— Ele esfregou uma lágrima da bochecha dela. —Você não se lembra -
você deixou comigo por segurança. — David recuou apenas o
suficiente para descansar a testa na dela. —Eu te amo. Afaste-me se
precisar, mas eu vou ficar. Eu acho que você se acostumou a afastar
todo mundo e nunca deixar ninguém voltar. Você não precisa se
preocupar com isso comigo. Eu nunca partirei.
Jane soluçou e colocou os braços em volta da cintura dele.
Ele se endireitou e a levantou.
—David, eu sinto muito —, ela chorou. — Não sei o que fazer...
Só estou tentando fazer o que é certo. Por favor, perdoe-me, não
pretendo ser assim.
Ele riu e a abraçou com força. —Sente-se ao meu lado no jantar e
eu vou te perdoar. Nós vamos descobrir o que fazer juntos.
Ela o abraçou o mais forte que pôde. —Sinto muito pelo jeito que
sou.
—Eu te amo por quem você é. Tão corajosa, meu amor. Tudo
bem se apoiar em mim. Eu respeito suas escolhas, mas se apoie em
mim. — Ele inclinou o rosto para cima. —Deixe-me alimentá-la antes
de sairmos lá.
Jane soltou e deu um passo para trás. —Eu não posso.
Ele olhou para ela severamente. —Jane-
—David, você ainda está machucado, e eu não posso gemer
como uma prostituta com meus filhos e marido ali.
O olhar dele se suavizou. —Mas você precisa de sangue.
Jane balançou a cabeça e recuou; ele ainda estava se curando, e
ela deixaria seus sentimentos e hormônios tirar o melhor dela. —Não,
David.
Ele a alcançou, mas ela disparou pela porta. —Jane-
David olhou para Jason, que estava olhando para Jane. Ela pelo
menos manteve sua palavra e sentou-se ao lado de David, mas
recusava-se a olhá-lo ou a falar com ele desde que ele a seguiu para
fora do quarto. Ela até tirou a jaqueta dele. Ele não sabia se ela tinha
feito isso porque estava com calor ou porque ele disse que gostava
dela em suas roupas.
Ele entendeu as razões dela para não se alimentar, mas desejou
que ela se escolhesse algumas vezes. Na verdade, ela se sentiu mal por
tentar ser feliz. Sua visão de si mesma e de como as outras pessoas
deveriam tratá-la estava distorcida, e ele estava perdido em como
fazê-la ver claramente.
—Jane, você está se sentindo bem? — Arthur perguntou.
—Estou bem. — Disse ela, entregando a Nathan outra fatia de
pizza.
David a observou o mais discretamente possível por um minuto,
enquanto ela sorria para o filho. Além de sua óbvia tentativa de fingir
que tudo estava bem, ela parecia bem. Ele se perguntou se isso era
normal para ela, já que Jason parecia não perceber nada de estranho.
David olhou para ele antes que Gawain lhe desse uma cotovelada.
—Pare de encará-lo. Você é mais feio do que o normal quando
olha.
David deu uma cotovelada nele e pegou uma fatia de pizza. Ele
odiava as coisas, mas estava morrendo de fome. —Você sabe que,
quando soltar muitas mentiras, acabará tendo um gosto...— David
hesitou quando chamou a atenção de Natalie: —Brilhante?
Gawain jogou a cabeça para trás, rindo alto. David riu e tentou
quebrar o contato visual com a menina. Ele se sentia como um
garotinho que estava prestes a ser repreendido por sua mãe.
—DAVID! — Arthur gritou, pulando.
David se virou em um instante, puxando Jane de volta quando
ela se lançou para Nathan. Arthur fez o mesmo com Nathan, mas
David estava muito ocupado com a mulher sibilante em seus braços
para garantir que o menino não se machucasse.
Ela se debateu quando ele a agarrou com força e rapidamente
caminhou até a porta. —Não, Jane! Controle-se.
—Ele está bem, David. Tire-a daqui! — Arthur gritou.
Jane soltou o rosnado mais cruel quando gritos eclodiram atrás
deles. David abriu a porta com uma mão enquanto ela focava no
pescoço dele. Ele agarrou a parte de trás da cabeça dela enquanto
observava os olhos dela mudarem de tons de jade para preto.
—Fique comigo, bebê. — Ele puxou as pernas dela ao redor dele
quando deu o primeiro passo para fora da sala. — Eu vou alimentá-la.
Acalme-se.
Sua luta cessou, e ela se concentrou em seu pescoço novamente.
David colocou as mãos na maçaneta da porta, assim como as crianças
choraram mais alto e Nathan chamou por ela.
Ela assobiou, e ele correu para a porta que seria seu quarto.
—Beba, agora. — Ele ordenou severamente quando ela lutou
com ele, e ele empurrou a porta aberta.
Felizmente, ele não precisou falar novamente. Ela mordeu com
força o pescoço dele. David bateu a porta atrás dele. Apesar do medo
do que quase aconteceu, ele não queria nada mais do que prendê-la e
levá-la até que ela estivesse rouca de gritar o nome dele.
—Foda-se. — Disse ele, forçando-se a continuar andando.
Ela gemeu e apertou as pernas ao redor dele. Quando ele a
alcançou cama, ele imaginou como seria largá-la e apenas arrancar
suas roupas. De alguma forma, ele controlou seus impulsos e sentou-
se. Ela a abraçou enquanto ela montava nele, chupando seu sangue e
moendo seus quadris contra os dele.
David estava tão zangado consigo mesmo. Ele deveria ter feito
ela beber. Ele deveria ter prestado mais atenção.
Ele apertou seus quadris para impedi-la de se mover tanto. Ele se
sentia mais fraco que o normal. Felizmente, ela já parecia satisfeita.
Sua sede de sangue, pelo menos.
Ela soltou, mas lambeu seu pescoço e chupou sua mordida até
curar. David gemeu, mas ficou no controle de seu desejo por ela. Ele
sabia que essa era Jane, a vampira. Ela corria o risco de ser consumida,
não apenas por suas necessidades imortais, mas também pela besta
negra que esperava dentro dela.
Ele agarrou o rosto dela, e o olhar lascivo nos olhos dela o fez
engolir. —Querida, você precisa se concentrar. Esta não é você. Volte
para mim.
Demorou alguns segundos, mas ela piscou, franzindo a testa
antes de olhar ao redor do quarto. Ela tinha aquele olhar inocente que
geralmente usava quando não estava completamente ciente do que
acabara de fazer.
Os gritos de Nathan e Natalie subitamente alcançaram seus
ouvidos, e ela rapidamente o olhou horrorizada. —David —, ela
choramingou, seus olhos se enchendo de lágrimas. —Oh Deus... Por
favor.
Ele alisou o cabelo dela para trás. —Ele está bem. Eu parei você,
Arthur o agarrou a tempo.
—Eu tentei matar meu bebê —, ela chorou. —É como antes!
—Shh...
—David. — Ela chorou de novo. —Meu bebê.
—Eu sei. Eu juro que ele está seguro.
Os gritos foram cortados com o som de várias portas. David
percebeu que a porta de Jane não havia se fechada completamente e
imaginou que ele também não devia ter fechado a outra porta.
Ele continuou a enxugar as lágrimas e se sentiu terrível quando
ela soltou um pequeno soluço. Ele a silenciou e puxou a cabeça dela
para o ombro dele. —Sinto muito, meu amor.
—Não. — Ela choramingou, apertando-o com força.
—Não o quê? — Ele perguntou enquanto ela tremia em seus
braços. —Jane?
Você é um monstro.
Jane abriu os olhos, empurrando David de volta enquanto ela se
arrastava para a cabeceira da cama.
David levantou as mãos em um gesto de rendição. —Jane,
acalme-se. Todo mundo está bem. Eles nem sabem o que aconteceu.
Venha aqui. Deixe-me cuidar de você como conversamos.
Isso é tudo culpa dele.
Ela balançou para frente e para trás. Não era culpa dele. Ela
queria ouvi-lo e deixá-lo cuidar dela.
Se não fosse por ele, você não seria o monstro que é agora.
—Não, me deixe em paz! — Ela gritou, sem saber se estava
falando com ele ou com os pensamentos em sua cabeça. —Deixe-me
em paz.
—Querida-
—Não, David. Eu não sou sua querida. Eu não posso mais fazer
isso. Por favor, não quero machucar ninguém. Eu sou um monstro! Eu
tentei matar meu filho.
—Você não o machucou. Não me afaste novamente. Por favor,
ba...
Ela o interrompeu novamente, gritando: —Não, David!
Você destruirá todos eles.
—Não —, ela gritou. —Fique longe de mim. Eu não te quero
aqui. Eu não quero você perto de mim. Isto é culpa sua!
Seus olhos ficaram tristes, mas ele a olhou com firmeza enquanto
se levantava.
Jane não podia acreditar que dissera isso, mas tinha que afastá-
lo. Ela ia matar todos eles. Eles eram estúpidos ao pensar que ela
poderia ser impedida.
David se ajoelhou na cama antes de agarrar o queixo dela. Ele
gentilmente a forçou a olhar para ele quando ela tentou se virar e
olhou nos olhos dela enquanto ele falava. —Bebê, eu vejo você. Não
vejo monstro nenhum. Você estava fraca e estressada. Não se destrua.
Essa foi uma série de erros cometidos em ambas as partes, mas vamos
superar isso. Você já sabia que havia riscos. Temos que aprender a
lidar com eles.
—Apenas vá. — Disse ela, totalmente derrotada.
Sua ternura não enfraqueceu. Os olhos dele ainda eram macios,
como piscinas de água morna implorando para que deixassem que
lavassem toda a escuridão que a cercava. —Vou deixar você em paz,
mas nunca vou deixar você. — Ele parou por alguns segundos e
acrescentou: —Eu te amo, Jane. Nada jamais mudará isso e nada
impedirá que seus filhos também a amem. Seu filho me viu atacar
outra pessoa e ainda entendeu que eu não era eu mesmo.
—Nem Nathan não poderá dizer isso —, ela respondeu, muito
chateada consigo mesma para aceitar sua doçura. —E nós dois ainda
somos capazes de matar.
Ele a encarou por um tempo até que finalmente assentiu e se
inclinou para beijar sua bochecha. Ela choramingou porque realmente
não queria que ele fosse embora.
David não recuou quando sussurrou contra a pele dela: —Eu
sempre estarei aqui. Eu sempre vou esperar. Nunca pense que você
me perdeu.
Ele beijou sua bochecha novamente e se levantou. —Vou checar
todos e depois vou para o outro lado do corredor. Se precisar de
alguma coisa, venha me pegar ou gritar... vou deixar minha porta
aberta. —Com isso, ele deu as costas para ela e saiu do quarto.
Jane deslizou para o lado e se enrolou em uma bola enquanto
chorava. —Morte, por favor, volte. Por favor, me pare. Eu não quero
machucar ninguém. Não quero mais me machucar.
Minutos se passaram. Nada. Ele não estava vindo.
Mesmo assim, ela continuou a chamá-lo. Ela se sentiu esgotada e
perdida. Os sussurros de ódio se foram, mas isso não os impediu de
estar certos.
—Morte. — Sua voz falhou após horas de súplica. —Eu irei com
você. — Ela fechou os olhos, exausta, mas continuou pedindo
silenciosamente que a levasse. Ele os manteria a salvo dela.
Uma sensação entorpecente percorreu seu braço. Jane abriu os
olhos, acalmando-se um pouco enquanto o frio se espalhava por ela.
Suas lágrimas ainda estavam secando e mais caíram quando a
dormência varreu sua bochecha. Abafou a dor até que seus olhos se
fecharam novamente, e ela suspirou, deixando o abraço frio levá-la.
8
CALCINHAS
O corpo mole nos braços de David se mexeu, despertando-o do
melhor sono que ele já teve há algum tempo. Ele sorriu com a visão
que o cumprimentou. Jane ainda estava dormindo profundamente e
pressionou-se contra ele.
Ele levantou a cabeça e examinou o rosto dela. Ela levou a mão
dele à boca. Seus lábios sorridentes estavam apenas descansando em
sua pele, mas ele amava esses gestos afetuosos dela quando a guarda
estava baixa.
Antes que ele percebesse o que estava fazendo, ele se inclinou e
beijou sua bochecha. Jane suspirou enquanto apertava a mão dele.
Ele puxou os lábios para trás, imaginando acordar assim todos
os dias. Isso estava muito longe, mas não parecia mais um sonho
impossível. Eles ainda tinham muito a resolver, mas ele acreditava
que havia uma chance maior de um futuro juntos. Não seria fácil ou
logo, mas sua esperança por mais do que companhia foi renovada.
Ele recostou-se e se perguntou se ela o afastaria novamente. Era
uma possibilidade infeliz para Jane. Ela pensava, duvidava e se
arrependia de suas escolhas mais do que qualquer um que ele já
conhecera. Não era culpa dela; ela estava sempre tentando proteger os
outros, mas sempre se considerava a maior causa de dor para os que a
cercavam. Era por isso que ela sempre afastava as pessoas.
O que quer que tenha acontecido, se ela o afastou ou o aceitou
por um tempo ou outra coisa, ele estaria lá por ela. Ele acreditava
agora que esse era seu objetivo com ela: manter ela e seu coração
unidos. Ele recebeu força física para lutar contra seus inimigos, mas
ela era seu verdadeiro teste. Não era a batalha deles contra a
escuridão, era dela. A Jane dele era leve, mas ela estava se afogando
na escuridão, e ele tinha que lutar com ela ou segurá-la enquanto ela
lutava consigo mesma.
David bufou quando a Morte surgiu em sua mente. O anjo tinha
que saber que ela estava sentindo uma dor incrível desde a partida
dele. Ele devia ter ouvido ela chamando por ele - era um dos pedidos
mais tristes que David já ouvira, e ela foi ignorada. Ele ficou surpreso
com o quão bem ela estava funcionando, mas sabia que ela estava com
o coração partido porque a Morte não veio para ela. Ela estava
aterrorizada com o que quase fizera. Foi a coisa mais terrível que ela
poderia fazer, e ela contou com a Morte para estar lá. Mas ele não
estava.
A capacidade de Jane de funcionar sempre surpreendia David,
mas ele sabia que tudo mudaria assim que ela visse sua família
novamente.
Franzindo a testa, ele tentou decidir como lidar com essa tarefa.
Uma coisa era certa; David não estava deixando Jane fazer isso
sozinha. Jason certamente expressaria sua opinião, e provavelmente
seria um idiota para Jane no processo.
David estava disposto a recuar enquanto Jane colocava a família
em primeiro lugar; ele ainda estava, mas ele não seria uma sombra
que eles ignorariam enquanto Jane se desfazia. Ter que assistir a luz
desaparecer de seus lindos olhos por um homem que se importava
mais consigo mesmo do que com seu bem-estar e felicidade, não era
algo que David aceitaria. Ele não deixaria que ela se tornasse uma
concha de uma pessoa pelo bem de Jason.
David sabia que poderia ser difícil para as crianças aceitar sua
proximidade com Jane, especialmente Natalie, mas elas eram espertas.
Ele tinha certeza de que não queriam ver a mãe em perigo, então
talvez aceitassem o que ele fazia por Jane.
Ele esperava que não estivesse colocando muita esperança nas
ações anteriores de Nathan. Um dos dois filhos do lado dele era um
bom começo, mas Natalie não seria facilmente conquistada. Era
comum uma filha se apegar ao pai, como ele havia visto com
Guinevere e o pai deles, e Natalie não estava sendo diferente da
maioria das meninas.
Enquanto Jane provavelmente estava feliz com o amor que Jason
e Natalie compartilhavam, David viu a dor de Jane quando Natalie
olhou para eles confusa, e talvez um pouco acusadora.
Ao contrário de Nathan, que parecia entender as emoções de
Jane, Natalie parecia não entender o quanto sua mãe sofria, apenas
para que não precisassem sofrer. Não que ela tivesse que entender,
sendo uma criança tão pequena, mas certamente ajudaria se ela
entendesse que não era certo Jane sofrer assim. Se Jane ainda fosse
humana, seria diferente, mas ela não era; ela era uma imortal perigosa
agora. E todos viram ontem à noite o que ela poderia se privar por
causa dos filhos.
Se houvesse uma maneira de fazer Natalie entender o quanto
Jane se beneficiaria por estar perto dele, David sentiu que a garotinha
aceitaria o relacionamento que ele e Jane compartilhavam, e sua
aprovação ajudaria Jane a aceitá-lo em troca.
Mesmo que Jane não o amasse, ele sabia que ela se importava
com ele e o via como mais do que um companheiro. Ela estava se
segurando, assim como ele, mas eles estavam desenvolvendo algo
incrível juntos. Então, por enquanto, ele ocuparia um lugar como o
Outro dela. Era um começo, e ele acreditava que Jane estava pronta
para aceitá-lo totalmente nesse papel.
Ela ainda ia e voltava entre aceitá-lo e empurrá-lo para longe;
Era o que ela fazia, mas ele sentia que ela finalmente sabia que eles
deveriam estar juntos de alguma maneira.
Ele a abraçou com mais força e beijou sua nuca. —Eu te amo.
Jane não respondeu oralmente, mas o ritmo cardíaco dela
acelerando com as palavras dele foi suficiente para colocar um sorriso
em seu rosto. Ele nunca perderia a esperança de que um dia eles
pudessem ser mais, mas ele quis dizer o que disse; ele era dela o
tempo todo. Mesmo que seu coração terminasse com outro, ela ainda
teria todo o dele.
David ficou lá um pouco mais e decidiu simplesmente
aproveitar esse momento de paz com ela. Mesmo com as paredes à
prova de som, ele sempre ouvia barulho, e podia perceber pelo
silêncio ao lado que a família dela já se fora. Arthur deve ter lido seus
pensamentos e sabia que Jane havia entrado em seu quarto, então ele
provavelmente os levou para outro lugar ao redor do castelo.
David geralmente se irritava que Arthur pudesse mergulhar em
seus pensamentos à vontade, mas estava feliz que seu cunhado se
encarregasse da situação.
David olhou para as roupas deles. Ela estava de camiseta desde
que ele tirara o capuz, mas o jeans estava imundo. Ela ainda cheirava
doce, mas ele também podia cheirar o sangue seco e o suor em seu
corpo. Como Jane não havia comentado, ele não sabia, mas estava
feliz por ela não ter nenhum problema em estar perto dele enquanto
ele estava sujo e fraco. Houve inúmeras vezes que ele assistiu
mulheres afastarem homens porque estavam suados ou sujos da
batalha. Ele gostava que Jane ainda o olhasse admirada.
Ele olhou para ela novamente - dormindo profundamente. Ele
não queria acordá-la, mas achou que seria o melhor momento para
tomar um banho rápido, então separou cuidadosamente as mãos. Ela
tentou apertar ainda mais, mas ele conseguiu se libertar e saiu de trás
dela.
Quando Jane choramingou, ele congelou antes de sair da cama
completamente e a observou sonolenta dar um tapinha na cama atrás
dela. Ele sorriu; ela estava procurando por ele. Ainda assim, ele queria
tomar um banho para que ela não tivesse que ficar sozinha enquanto
estava acordada, então ele pressionou travesseiros e seu cobertor atrás
dela até que ela parou de procurá-lo.
Ela murmurou algo incoerente e rolou de bruços quando David
finalmente saiu da cama e caminhou ao seu lado. Havia a chance de
ela entrar em pânico se acordasse sozinha, então ele pegou seu diário
e escreveu uma nota rápida para ela.
David arrancou a folha de papel e quase riu. Ela havia
conseguido se enterrar na maioria dos travesseiros, mas tinha o maior
agarrado ao peito enquanto as pernas estavam espalhadas na diagonal
sobre a cama. Divertia-o ver uma mulher tão pequena ocupar uma
cama enorme, mas isso significava algo incrível; ela estava inquieta
sem ele.
Por causa disso, David saiu rapidamente para tomar um banho.
Meu amor,
Atenciosamente,
David
As bochechas de Jane doíam porque seu sorriso era tão grande.
Ela suspirou feliz, mas olhou surpresa quando o chuveiro foi
desligado abruptamente.
Sua respiração acelerou quando ela olhou com os olhos
arregalados para a porta do banheiro. Seu pânico parecia bobo, até
para ela, mas ela atribuiu o fato de que David estava do outro lado da
porta. Nu.
Ela fechou os olhos e rezou para que ele saísse apenas com uma
toalha.
Que diabos, Jane, ela repreendeu mentalmente a si mesma por
pensar uma coisa dessas.
Parecia que sua mente estava contra ela. A imagem imediata de
seu corpo duro e perfeito era impossível de banir. Ela dormiu com
aquela obra-prima de um homem. Seu corpo magnífico esteve contra
o dela a manhã toda.
Ela se levantou, pronta para fugir enquanto se repreendia. Como
ela poderia ir de quase matar seu filho a engatinhar na cama com
David?
A nota amassou em seu punho fechado. —Oh, não. — Ela
sussurrou e imediatamente se inclinou para suavizar as rugas.
—Bebê?
Jane congelou antes de lentamente olhar para cima para ver
David. Sem camisa.
Oh, doce Jesus.
Ela fechou os olhos com força e cobriu o rosto com as duas mãos.
—Por que você está nu? Eu não fui a lugar nenhum!
Ele riu, muito mais perto do que ela esperava, e simplesmente
respondeu: —Boa tarde, querida.
Jane tirou as mãos do rosto e, apesar de já saber que ele estava
sem camisa, ela o examinou. Não era justo o quão perfeito ele era.
David sorriu inocentemente enquanto passava os dedos pelos
cabelos molhados, mas ele rapidamente estendeu a mão e envolveu a
mão dela. Foi só então que ela percebeu que havia tentado tocar seu
abdômen.
—Oh, me desculpe. — Ela ergueu os olhos para vê-lo olhando-a
divertida.
—Não. Peço desculpas. Na minha pressa de voltar para você,
deixei de pegar uma camisa.
Jane olhou para ele por mais um momento antes que ela baixasse
o olhar para as calças dele. Ela ofegou enquanto olhava para as veias
ao longo do V que descia.
—Você consegue encontrar uma camisa agora? — Ela sussurrou,
incapaz de desviar o olhar.
Com uma risada profunda, ele soltou a mão dela e se virou. Ela o
observou com admiração. Até o jeito que ele andava era atraente. No
entanto, todos os pensamentos sobre a sensualidade de David
cessaram quando ela notou as fracas cicatrizes cintilantes nas costas
dele quando ele entrou no armário. Ela poderia ter removido a prata,
mas deixou sua marca.
—Jane? — Ele chamou da porta do armário.
Ela piscou para longe a sensação de ardência nos olhos antes de
olhar para o rosto dele. Ele estava franzindo a testa enquanto ele
estava lá com uma camiseta branca na mão.
Ela tentou sorrir, mas seu lábio tremia.
David se aproximou lentamente e depois levou o rosto entre as
mãos. —O que há de errado?
Ela olhou para ele com tristeza e encolheu os ombros. —Estou
apenas me sentindo emocionada.
—Você pode ser emocional. — David se inclinou para dar um
beijo suave na testa dela, depois se afastou e alisou os cabelos do
rosto. —Ainda assim, você pode me dizer qualquer coisa.
Ela segurou o pulso dele no lugar; ela não queria que ele tomasse
as mãos depois do lembrete de quando ela quase o perdeu. —Eu
estava apenas olhando para as suas cicatrizes.
O entendimento apareceu em seu rosto e ele sorriu. —Estou
bem, lembra? — Ele a olhou até que ela assentiu. —Essas cicatrizes me
lembram que Nathan está seguro e que você me salvou. Eu as uso com
orgulho.
Quando ele colocou assim, ela se sentiu melhor. —Talvez eu
possa descobrir como apagá-las —, disse ela, incerta. —Como quando
minha entidade consertou a ferida que recebi do lobisomem.
—Não. Eu quero ficar com elas. — Ele beijou a testa dela quando
a porta do quarto se abriu.
—Oh, David, eu sinto tanto...— Uma mulher parou
imediatamente quando fez contato visual com Jane. Era a mulher da
noite passada, e seus venenosos olhos verdes tomaram sua posição
rapidamente antes de olhar para Jane.
Parecia comprometedor, com certeza. David ainda estava sem
camisa e no meio do afastamento do beijo inocente na testa dela, mas
com as mãos no rosto dela e Jane ajoelhada enquanto segurava o
pulso dele, parecia mais do que era.
Jane não se importava com o quão incriminador o momento
deles parecia. Essa mulher já havia sido adicionada à lista de pessoas
em que Jane não confiava e estava bem ciente do interesse que a loira
tinha em David.
Não deveria importar que outra mulher viesse ver David, mas
Jane estava pronta para destruir essa garota.
—Melody, o que você está fazendo aqui? — A raiva na voz de
David fez com que Jane e Melody se separassem de sua luta gritante.
Melody... Jane odiou instantaneamente esse nome.
Melody rapidamente transformou seu olhar azedo em um
angelical, enquanto ela respondia com uma voz doce. —David, vim
pedir desculpas pela noite passada. Você sabe que não quis dizer nada
com o meu comentário, e não estou chateada com você por me
agarrar. Estou perfeitamente bem. —Ela afastou o cabelo para mostrar
o pescoço para ele. —Eu estava simplesmente ansiosa para vê-lo
novamente. Eu disse que esperaria por você, mas você voltou com
esta mulher.
David rosnou, mas Melody continuou como se nada estivesse
errado.
—Você não pode me dizer honestamente que esqueceu o nosso
último encontro.
A maneira sugestiva que Melody estava olhando para ele fez o
sangue de Jane ferver, mas a reação de David fez o fogo ferver sob sua
pele.
Ele estava tenso, pronto para atacar, e sua temperatura corporal
aumentava tanto que era quase insuportável estar perto dele.
—Se por encontro, — ele disse, sua raiva contida enquanto
prendia Melody no lugar com seu olhar frio. —você quer dizer o dia
em que entrou aqui e eu ordenei que você parasse sua busca e
encontrasse outro homem para assediar, então, sim, eu me lembro.
—David, você sempre-
Ele interrompeu Melody. —Você sabe muito bem que eu não
tenho interesse em você. — Sua voz estava ficando mais alta e mais
violenta a cada palavra, mas ele ainda embalava o rosto de Jane com
cuidado. —Ou minhas mãos em torno de sua garganta não deixaram
meus sentimentos claros para você?
—David. — Jane murmurou enquanto esfregava as mãos para
cima e para baixo nos antebraços.
Ele lançou seu olhar furioso para ela, mas rapidamente
desapareceu.
Jane sorriu e acrescentou: —Bebê, acalme-se. — Seus olhos se
arregalaram junto com os dele com suas palavras, mas ela não os
estava devolvendo.
Ele soltou um suspiro profundo e se endireitou quando soltou o
rosto dela. Ele rapidamente vestiu a camiseta e pegou a mão dela
antes de voltar a atenção para a intrusa. —Eu não quero ver você no
meu quarto ou em qualquer lugar perto da minha ala do castelo.
Nunca. Você sabe que eu não gosto da sua companhia. Sua iniquidade
me repugna, e sua incapacidade de saber quando se retirar de sua
busca por mim não é nem um pouco divertida.
—Você insultou minha Outra ontem à noite. Não esquecerei ou
perdoarei seus comentários inapropriados sobre ela. Não desejo mais
olhar para você ou ouvir sua voz irritante novamente. Você me
entendeu?
Melody olhou para ele em choque.
David rosnou. —Minha paciência com a sua presença não vai
continuar, então saia da minha vista.
Melody ficou boquiaberta para ele e rapidamente olhou para
Jane enquanto ela balançava os braços em sua direção. — David, ela é
casada! Você não pode me dizer honestamente que pretende tirar uma
mulher casada do marido. Você a escolheu em vez de mim?
David rangeu os dentes. —Eu nunca considerei você. Ela é
minha única escolha. Saia.
—Eu faria o que ele disse. — Disse Jane, surpreendendo-se ao
abrir a boca. Mas agora que ela tinha, ela sorriu quando o olhar
furioso de Melody virou-se para ela. —Você está envergonhando a si
mesma e me dando nos nervos.
Os olhos surpresos, mas satisfeitos de David, caíram sobre Jane.
Ela procurou seu olhar e sentiu seu coração disparar quando um
sorriso lindo se espalhou por seu rosto.
Então, Jane voltou sua atenção para Melody. —Por que você
ainda está aqui?
Quando Melody soltou disparates, Jane deu-lhe um olhar mais
violento e permitiu que seu poder pulsasse ao seu redor enquanto
falava. — Não tenho a paciência nem a bondade de David. Saia do
quarto e nem pense em voltar. Porque prometo que não será uma
visão bonita se você o fizer.
Os olhos de Melody brilharam quando ela abriu a boca.
Jane não a deixava dizer outra palavra. —Você não tem ideia de
com quem está brincando, vadia. Saia da porra do quarto dele antes
que eu te jogue fora.
A loira saiu correndo, batendo a porta atrás dela.
Jane olhou para ele, esperando para ver se ela voltaria. Ela não
mostraria fraqueza em torno desta mulher novamente. De fato, ela
sentiu a necessidade de mostrar a todos que era superior em poder.
Uma mão quente gentilmente virou a cabeça para que ela não
pudesse mais ousar a próxima alma a entrar no quarto de David.
—Bebê, essa foi a coisa mais sexy que eu já vi.
Ela piscou e depois de ver sua expressão exaltada, ela pressionou
o desejo de destruir todos os que se opunham a ela.
Ele riu, beijando o nariz dela, mas agora sua humilhação se
instalou. Ela não podia acreditar que tinha acabado de fazer isso.
Ela virou a cabeça, tentando esconder as bochechas coradas. —
Eu não quis envergonhá-lo.
Ele gentilmente a forçou a olhar para ele novamente. —Você não
fez. Isso foi incrível, e estou tão orgulhoso que você se levantou.
—Eu não gosto dela —, disse ela, testando a reação dele. —E eu
não gostei dela sugerindo que ela era melhor que eu. Eu sei que não
deveria me importar com o que você faz... —Ele não estava reagindo
mal, mas ela estava duvidando de si mesma agora. —Oh, Deus, talvez
não fosse o meu lugar para intervir. Quero dizer, não estamos-
David franziu a testa e balançou a cabeça. —O que eu te disse
repetidamente?
Ela mordeu o lábio e depois murmurou: —Que você é meu, se eu
escolho ficar com você ou não.
—Exatamente. Você é tudo para mim, Jane. Não há mais
ninguém para mim. Seu lugar estará sempre ao meu lado, se você
quiser levá-lo.
Ela olhou para ele e perguntou algo que ela realmente não
queria, mas não podia evitar. —Aconteceu alguma coisa entre você e
ela?
—Nunca —, ele respondeu imediatamente. —Eu sei que você e
eu não estamos juntos, e não estou pressionando você, mas nunca
haverá outra para mim. Você é tudo que eu quero.
Puxa, ela não conseguiu se conter, começou a derramar sua
turbulência interior. —David, você sabe que não posso prometer-lhe
um relacionamento romântico. Quero dizer, você falou sobre a Morte
se aproveitando do meu amor, mas eu sinto que estou fazendo o
mesmo com você. Preciso que saiba que não posso ficar com você. —
Ela assistiu um lampejo de emoções atravessar seu rosto, mas
continuou mesmo que isso a machucasse. —Pelo menos não agora.
Mas eu desenvolvi sentimentos fortes por você. — Ela sorriu quando
ele o fez. —Tenho medo de considerá-los mais, porque não tenho
certeza de que posso lidar com o que aconteceria se o fizesse. Isso faz
sentido?
Ele deu um sorriso doce. —Eu não espero que você tome essas
decisões tão cedo. Nossa situação não é simples. Eu estou bem em
seguir seu ritmo. E se você nunca me escolher, eu ainda vou ficar
você, no entanto, precisa de mim.
—Mas você não precisa esperar por mim. — Ela não pretendia
deixar escapar isso, mas era verdade: —Quero dizer, não consigo me
fazer pensar em mais entre nós, mas vou entender se você mudar de
ideia sobre permanecer leal a mim. — Enquanto sua ansiedade
tomava conta, ela se viu falando mais rápido e perdendo o fôlego. —
Eu não quero que você siga em frente, mas quero que você seja feliz. E
eu sei que milhares de outras mulheres podem torná-lo mais feliz do
que que nunca poderia. — Os olhos dela arderam quando as lágrimas
começaram a crescer. —Eu queria poder, realmente. Quero que você
seja tão feliz, mas tenho medo. Não sou o que você pensa. E Jason e
Morte. Eles-
—Shh, relaxe. Eu entendo. Eu sei que você está muito
comprometida com a Morte, assim como Jason. Não estou pedindo
para você fazer nada, mas isso não significa que minha mente não
esteja decidida. Eu sou seu. — Ele parou e acariciou seus cabelos. —
Então é uma coisa que você pode parar de se estressar.
—Mas você pode me dizer se mudar de ideia —, ela sussurrou.
—Prefiro saber imediatamente.
—Não vou mudar de ideia, mas se isso faz você relaxar, prometo
lhe contar.
—Obrigada.
—De nada —, disse ele. —Agora você pode me fazer uma
promessa?
Ela queria dar tantas coisas a ele. —Ok.
—Prometa que não tentará brigar comigo quando ambos
soubermos que você se beneficiará da nossa proximidade. Eu sou seu
Outro; quero abraçar totalmente esse papel com você.
—Nós realmente não conversamos sobre toda a coisa de Outra.
O que envolveria abraçar completamente você ser meu Outro?
Ele se sentou ao lado dela com um brilho de satisfação nos olhos:
—Bem, talvez não o abraçar completamente, já que todos os outros
anteriores se tornaram esposos - mas tudo o mais.
—Oh. — O rosto dela se aqueceu diante da súbita imagem de
David pedindo que ela se casasse com ele. Felizmente, foi apenas um
vislumbre: —Acho que presumi que Outras eram apenas esposas.
Ele franziu o cenho e pegou a mão dela: — Jane, um Outro é
mais que uma esposa, mas a esposa de um homem é mais do que
apenas sua esposa também.
—Sim. — Ela olhou para as mãos deles. —Então, o que é tudo
mais?
David riu e levou a mão aos lábios dele para um beijo rápido. —
Você se alimenta de mim, principalmente. Normalmente nós
revezávamos a comida do outro. Nossa situação é diferente, pois você
precisa de mais sangue. O meu parece ser o mais potente. Para que
você fique no controle, então eu só quero que você beba sangue doado
se eu estiver ferido. Se você o quiser extraído e armazenado, estou
disposto a fazer isso. Além da alimentação, contamos um com o outro.
Tem que haver uma confiança incrível na outra pessoa, seja em
batalha ou em qualquer outro cenário. — Ele piscou.
—David — Ela riu. —Eu pensei que estávamos falando sério.
—Me perdoe meu amor. — Um sorriso feliz se espalhou por seu
rosto quando o coração dela acelerou: —Bem, há muito mais, mas
meu principal problema conosco é intervir quando alguém te
machuca. — A mão dele apertou a dela. —Você teve a Morte, mas
quando ele está realizando outras tarefas, não teve ninguém a quem
pedir ajuda. Nem mesmo Jason, ao que parece. Você começou a
simplesmente aceitar maus-tratos e negligência. Eu não vou ficar
parado e assistir apenas porque você se acostumou. Mesmo se Jason
for a pessoa que eu tenho que enfrentar, eu o farei. Marido ou não,
minha Outra - minha Jane - não será desrespeitado ou prejudicada por
alguém sem que eles me respondam.
Ela engoliu nervosamente: —O que você fará se for Jason?
David olhou nos olhos dela. —Se ele te deixar triste ou machucá-
la de alguma forma, eu o colocarei no lugar dele. Não vou matar ou
infligir ferimentos graves; sei que ele não tem chance de brigar
comigo, mas eu vai garantir que ele saiba que eu não vou permitir que
você seja maltratada.
—Você promete não machucá-lo, no entanto.
Ele suspirou. —Se ele te machucar, eu estou entrando. Vamos
deixar por isso mesmo.
Jane ficou quieta enquanto diferentes cenários de David
atacando Jason passavam por sua mente.
—Jane?
—Hmm?
—Bebê, eu posso ver sua mente acelerada. Prometo que não
abusarei do meu direito como seu Outro. — Ele beijou a mão dela
novamente: —Você confia em mim?
Ela olhou para aqueles incríveis olhos azuis. —Eu confio em
você. Eu sei que sou difícil de suportar...
David levantou-se abruptamente e virou-se para ela. Ela ainda
estava ajoelhada na cama e prendeu a respiração quando ele a colocou
ambas as mãos de ambos os lados, enjaulando-a. Ele sorriu quando
abaixou o rosto a centímetros do dela.
Medo e emoção surgiram em suas veias, mas ela ficou parada.
Ela disse que confiaria nele e queria provar isso.
David sorriu e beijou sua bochecha. —Eu não acho, e nunca,
pense isso de você. — Ele se inclinou para trás e depois beijou a outra
bochecha dela. —Amor, amar e proteger você são apenas algumas
coisas que farei. Mas nunca vou tolerar isso vindo de você. Você não é
um fardo para mim. Você é meu maior tesouro, Jane. Tenha fé em
mim. Não vou decepcioná-la - e nunca desistirei de você ou de nós.
Ele disse tudo o que ela precisava ouvir naquele momento e, pela
primeira vez desde a Morte e Jason, ela deu a David sua total
confiança. Uma espécie de risada escapou dela quando ela jogou os
braços em volta do pescoço dele, pegando-o de surpresa. —Obrigada.
David trouxe seus braços em volta dela. Seu abraço a fez
levantar-se de joelhos, e ela quase derreteu quando suas mãos
esfregou cima e para baixo suas costas. —Sempre, querida. — A
respiração dele beijou a pele do pescoço dela e tornou terrivelmente
difícil não virar o rosto para compartilhar um beijo de verdade com
ele.
—Deseja tomar banho agora? — Ele perguntou, acariciando seu
pescoço. —Eu acredito que minha irmã trouxe algumas roupas para
você. Depois que você se refrescar, podemos ir ver sua família. — Seu
corpo ficou tenso quando ela se lembrou de tudo. Os braços de David
se apertaram ao redor dela e ele falou novamente. —Eu estarei com
você, lembra?
Ela assentiu.
—Ok, não se preocupe com eles. Eu vou cuidar de tudo isso.
Você tem que confiar em mim.
Ela soltou um suspiro, balançando a cabeça enquanto ela o
soltou. David surpreendeu, agarrando sua cintura e levantando-a para
fora da cama.
—David. — Ela chiou. Isso a envergonhou porque ela não tinha
uma cintura super estreita como a maioria das mulheres que tinha
visto ontem. —Não faça isso.
Ele deu a ela um olhar de menino que a fez tremer de barriga. —
Mas eu já estava tocando em você. Um cavalheiro deve ajudar uma
dama quando ela se levantar.
Jane golpeou as borboletas. —Só não me surpreenda. Eu não
quero que você pegue a minha — Ela hesitou. —gorda.
Ele lançou-lhe um olhar irritado. —Você não é gorda - você tem
um corpo maravilhoso. Isso deve ser óbvio pela frequência com que
eu toco e puxo você para perto de mim. Macia e perfeita, lembra? —
Ele sorriu e levou-a para fora de seu quarto. —Além disso, meus
instintos masculinos insistem em mostrar-lhe o quão forte eu sou.
Jane suspirou enquanto o deixava arrastá-la pelo corredor até o
quarto. Era difícil aceitar que David a visse da maneira que ele
descreveu, mas ela sentia o coração disparar sempre que ele o fazia.
Ele fechou a porta, soltando a mão dela antes de ele abrir,
olhando para dentro com uma expressão ilegível. Jane não sabia o que
estava procurando e caminhou ao lado dele enquanto pegava alguma
coisa.
Os olhos de Jane se arregalaram, e ela olhou horrorizada. Ele
tirou uma tanga de renda preta e estava inspecionando-a como se
nunca tivesse visto uma antes.
—Pare de olhar! — Ela pegou-a das mãos dele e jogou-a na
gaveta antes de fechá-la com força.
David deu um olhar assustado quando ela o empurrou para trás
e se apoiou na frente da cômoda. Ela estendeu as mãos como se
pudesse impedi-lo de passar ela se ele quisesse.
Ele lentamente apontou para a cômoda. —O que foi isso?
—Nada. — O rosto dela ficou quente.
Ele olhou para ela e depois a cômoda até que um olhar de
compreensão tomou conta de seu rosto.
Jane balançou a cabeça para frente e para trás enquanto um
brilho provocador apareceu em seus olhos.
—Sim, elas eram. — Ele sorriu e cruzou os braços. —Você está
envergonhada por ter tocado sua calcinha?
—Eles não eram calcinhas! — Ela gritou.
David riu enquanto caminhava em direção à cama e sentava.
Jane o observava com os olhos arregalados. —O que você está
fazendo?
—Vou esperar aqui enquanto você toma banho — ele disse com
facilidade. —Eu disse que não quero você em lugar nenhum sem mim
agora. Vá em frente, eu vou esperar.
Ela deu um pequeno aceno com a cabeça e decidiu acabar com
toda a situação. Quando ela procurou no quarto por sinais de onde ir,
ele apontou para uma das portas.
—Esse é o banheiro. — Ele disse — E ali tem algumas roupas
extras no armário.
Jane tentou se acalmar e caminhou até o armário. Ela estava
ciente de que ele estava observando todos os movimentos que ela
fazia, mas tentou ignorar aqueles olhos azuis penetrantes e acendeu o
interruptor. Para sua surpresa, encontrou uma grande variedade de
vestidos e trajes formais. Jane não era uma fã de vestidos ou roupas
extravagantes, então ela procurou até que encontrou um par de jeans e
uma T-shirt. Se David estava vestindo apenas calças de moletom,
roupas ocasionais eram apropriadas.
Ela agarrou o que ela precisava e voltou para o quarto. David
ainda estava em sua cama, observando-a como um predador. Isso a
fez desejar nada mais do que ser sua presa desavisada. Pare com isso,
Jane, ela se repreendeu mentalmente.
Com um sorriso nervoso , ela sussurrou: —Vou demorar apenas
alguns minutos.
Ele se inclinou para trás e colocou as mãos atrás da cabeça.
Oh, uau, ela pensou. A visão era perfeita demais.
Ele levantou a cabeça para olhá-la nos olhos. —Aproveite o seu
banho... grite se precisar de alguma coisa.
—Ok. — Ela começou em direção à porta do banheiro.
—Não esqueça sua calcinha. — Havia uma pitada de sorriso em
suas palavras: —Gostei das azuis, a propósito.
Ela olhou por cima do ombro e viu-o olhando para ela com um
sorriso sexy no rosto. Sim, ele definitivamente estava aproveitando
seu momento para provocá-la. Mais rápido que o flash, ela correu
para a cômoda e pegou objeto de sua humilhação, colocou na gaveta e
a fechou antes de correr para o banheiro.
Com mais força do que o necessário, ela fechou a porta. —David,
seu grande malvado!
9
FANTASMAS
Embora ela ainda odiasse tudo o que havia acontecido desde que
saíra de casa e ainda tinha medo de tudo o que estava por vir, um
sorriso vertiginoso permaneceu no rosto de Jane durante todo o
banho. Ela queria terminar rápido, embora sempre rápido, então ela
correu através de sua rotina em tempo recorde e desligou a água. Ela
não percebeu que estava tão quente e tentou fechar rapidamente a
porta do chuveiro para impedir que um pouco de vapor enchesse o
banheiro inteiro antes de caminhar até a pia onde ela colocou as
roupas.
Enquanto ela estava lá, a lembrança de colocar Melody em seu
lugar de repente surgiu em sua cabeça. Foi bom se defender. Algo
sobre David a fazia querer ser mais corajosa. Ele a fazia querer ser
boa, ela sabia que nunca seria tão boa quanto ele, ou suficientemente
boa para ele, mas ela sentiu o desejo de lutar por ele de lutar por si
mesma.
Ela finalmente levantou-se a uma menina média.
Naquele lembrete, ela riu e rapidamente bateu a mão sobre a
boca enquanto lançava os olhos para o porta. Ela sabia que David
ouvia praticamente tudo; surpreendeu-a o quanto a audição dele era
mais sensível que a dela e a dos outros. Ele parecia superar a todos.
Isso o tornava muito mais atraente do que ele já era, e ela não podia
deixar de pensar que ele parecia melhor a cada vez que o via. Pare de
pensar nele assim.
Ela tirou as mãos da boca. Mesmo que ela se sentisse estúpida,
porque ele provavelmente estava pensando que ela era uma esquisita
por rir sozinha, ela ainda sorria. David a fazia sorrir. Ela queria vê-lo
sorrindo para ela, então decidiu se apressar.
Jane voltou para a pia. Os banheiros sempre a incomodavam; ela
nunca gostou de ficar sozinha neles, mas se sentia melhor porque ele
estava lá fora.
E a Morte?
Seu peito palpitava com a mudança abrupta de pensamento. A
Morte já existia muitas vezes quando ela precisava de consolo no
chuveiro. Ele sabia...
Ele não estava mais lá para ela. Ela o chamou e ele a ignorou.
Por mais que David a fizesse feliz, a Morte fazia algo que David
não podia; ele a trazia à vida. Quando a Morte estava com ela, um
pedaço que ela não sabia que estava faltando voltava subitamente e
ela não sabia o que aquilo significava.
Ela ficou parada, atordoada, por um momento, pensando em
como Morte e David eram partes tão enormes dela. Se ela perdesse
um deles, não achava que seria capaz de sobreviver. Seus
pensamentos errantes a fizeram se sentir horrível. Ela estava
pensando em quem tinha o lugar maior dentro dela: Morte ou David -
enquanto ignorava o fato de que Jason não fazia parte da equação. Ela
olhou para o anel de casamento. Jason era seu marido, e ele não era
uma parte dela como eles eram.
Você nunca foi feita para ser dele.
O repentino pensamento a assustou, e ela teve que apoiar as
mãos na pia. Jane fechou os olhos, expirando lentamente. Ela
realmente não queria pensar em tudo isso de novo, mas estava se
preparando para ver Jason com David ao seu lado. Eles estavam
prestes a andar na frente de todos juntos. Como Outros.
Sua mente girou com todos os piores cenários: Jason atacando
David, ela atacando Jason e as crianças - ou até David matando Jason.
Isso seria um desastre. Ela apertou os olhos com mais força.
Jason ficaria chateado. Não, ele ficaria furioso. Não apenas ela tinha
que responder por seu comportamento ontem à noite, mas teria que
enfrentar a ira dele por ela e por David se tornar próximo novamente.
Mais perto. Sim, ela e David estavam mais próximos do que nunca.
Ela percebeu que Jason provavelmente diria a ela para se afastar
de David e apertou seu aperto no balcão. Tanta raiva borbulhou
dentro dela ao pensar em alguém ou qualquer coisa entre ela e David.
Ela já sentia que estava prestes a dar espuma na boca se Jason
sugerisse que David fosse embora. Quase não importava mais que ela
tivesse concordado em ficar longe por causa de seu casamento e
família. Tudo o que importava agora era manter David.
Jane bufou, irritada e confusa. Esses eram pensamentos ruins.
Jason ainda era seu marido. Ela ainda queria manter sua família
unida. É claro que ela havia percebido que seu relacionamento com
Jason não seria o mesmo, mesmo que o tivesse escolhido - mas
também sabia que não sentia tanto por Jason. Era mais do que isso -
ela não se importava mais. Ela se sentia entorpecida quando pensava
neles - nele. Como ela poderia ser assim? Ela olhou para o anel de
casamento novamente.
Ele trouxe isso para si mesmo.
Jane balançou a cabeça.
Ele fez você se odiar - fez você se sentir louca.
Sim, Jason a fez se odiar. Tudo o que ele fez para machucá-la foi
outro pedacinho de sua sanidade que ele a afastou. Tantas vezes ele
lhe disse que ela estava sendo paranoica - louca. Havia tantas noites
em que ele dizia que não estava bebendo, quando estava.
Ele era um mestre em mudar tudo para ela. Não importava como
ou quando ela o questionasse, ele poderia manipular a discussão deles
em seu proveito e fazê-la se sentir louca. Então havia aquele olhar em
seu rosto quando ele finalmente admitia as coisas. Ele nunca mostrou
remorso. Ele nem disse que estava arrependido. O olhar dele dizia que
ela não era suficiente para ele. Ela não era suficiente. O melhor que
podia - sim, ela dera tudo o que podia - e não era suficiente. Ela
pensou que o estava fazendo feliz, e ele não se importava. Era por isso
que ela não entendia o comportamento dele e beijos na frente de
todos.
Não pense sobre isso, ela disse a si mesma.
Jane abriu os olhos quando ela soltou um suspiro. Ela não podia
se dar ao luxo de se excitar agora. Não quando ela estava prestes a
ficar cara a cara com Jason.
Além disso, David disse que iria lidar com tudo. Ela assentiu,
dizendo a si mesma que ele estaria lá com ela. Ele garantiria que,
quando Jason olhasse para ela como se ela não fosse nada, ela ainda
saberia que significava algo para ele. Deus, pare de pensar assim!
Jane olhou para o espelho enevoado à sua frente antes de
estender a mão e limpar a condensação. Enquanto ela observava sua
mão deslizar pelo espelho fumegante, seus olhos se arregalaram com
o reflexo que ela viu.
Ela ofegou, girando ao redor quando seu peito subiu e desceu.
Ela se pressionou contra o balcão, lançando os olhos ao redor do
banheiro vazio. Ela sabia que viu alguma coisa. Alguém. Uma sombra.
Na forma de um homem.
Jane respirou mais rápido, com os olhos cheios de lágrimas. Ele -
ele estava inclinado lá. Observando-a. Embora parecesse uma sombra,
ela tinha certeza de que tinha sido um homem encostado na parede
com os braços cruzados sobre o peito. Observando-a. Assim como...
—Jane? — David chamou da sala.
Ela virou os olhos para a porta, mas olhou em volta novamente.
Seu coração estava batendo forte e ela tinha certeza de que David
podia ouvir.
—Sim? — Ela tentou parecer relaxada, mas sua voz saiu trêmula
- assustada. Jane soltou um suspiro e tentou se acalmar. Ela não queria
preocupá-lo. Não, ela não queria que ele pensasse que estava
enlouquecendo.
—Bebê, você está bem aí? — Ele estava mais perto da porta.
—Sim —, disse ela, tentando pensar em algo para dizer. —Eu
apenas escorreguei. Estou bem, porém... não caí.
Ela se sentia péssima por mentir, mas tinha medo de dizer a ele
que talvez ela visse algo quando não havia nada para provar. Os
fantasmas eram reais? Ela não achou que fosse um fantasma, mas
provocou muitas emoções e memórias nela.
Jane continuou olhando ao redor do quarto. Ela já tinha visto
sombras antes - sombras que andavam no meio do dia. Sombras que a
deixaram tão aterrorizada que ela tinha medo de se mover. Ela nunca
tinha dito a Morte sobre elas. A única pessoa que ela contou foi sua
tia, e ela riu. Sua tia dissera que, se estava vendo coisas, era culpa dela
que fantasmas e demônios só seguiam pessoas más.
Jane tropeçou na parede mais próxima da porta, mexendo na
toalha enquanto continuava a procurar com os olhos.
—Você tem certeza? — David perguntou.
Sua cabeça balançou quando ela secou seu corpo sem se
descobrir. —Sim, estou bem. — Ela se repreendeu por parecer tão
estressada. —Eu vou sair em um segundo.
Calma. Ela precisava se acalmar. Seu lábio tremia, no entanto.
Ela não conseguia se acalmar. Suas mãos continuavam tremendo
enquanto ela lutava com seu jeans, e ela nunca parava de olhar ao
redor do banheiro.
Seu pânico aumentou ao pensar no modo como o homem-
sombra estava ali. Foi como naquele dia com o garoto que a agrediu.
Garota suja e danificada... Por que alguém iria querer você?
Os olhos dela lacrimejaram e ela quase saiu correndo apenas
com a toalha, mas sabia que isso iria assustar David.
Está bem. Foi apenas a sua imaginação.
Jane conteve as lágrimas quando finalmente conseguiu vestir a
camisa sem remover a toalha. Sua cabeça doía de todos os
pensamentos conflitantes.
Você está bem. Não era ele.
Ela assentiu para si mesma, mas ainda deslizou rapidamente
pela parede até chegar à porta. Assim que sua mão tocou a maçaneta,
ela a abriu.
David estava ali. Ela não hesitou em colocar os braços em volta
da cintura dele antes de enterrar o rosto no peito dele e apertá-lo com
força.
David rapidamente a abraçou de volta. —Jane, o que aconteceu?
Eu ouvi você rindo e então você parecia assustada. Tem certeza de
que não se machucou?
Toda a presença dele a acalmava, e ela rapidamente respirou seu
perfume antes de acenar contra o peito dele. —Sim eu estou bem. Só
não estava prestando atenção e escorreguei.
David a segurou. Ela manteve o rosto neutro e olhou para trás.
Jane não queria que ele a deixasse louca como Jason.
Ele a estudou por alguns segundos antes de olhar para trás. Ela
congelou, assumindo que havia algo lá, e tentou puxá-lo para perto.
—Bebê, o que há de errado? — Ele parecia desesperado.
Jane soltou um suspiro. Nada estava lá. —Eu apenas senti sua
falta.
Uma carranca rapidamente se formou em seu rosto. —Você pode
falar comigo.
—Eu sei. Não é nada.
David olhou de volta para o banheiro. Ela rezou silenciosamente
para que ele não achasse que ela estava louca. Se David a olhasse
como Jason, seu pequeno coração poderia quebrar.
Por favor, veja algo, ela implorou.
10
OUTROS
Enquanto eles caminhavam por um longo corredor, Jane agarrou
apertado a mão de David.
—Além de sua família, apenas a Arthur, Gwen, Gawain, e Elle
estarão lá —, disse ele. —Todo mundo está provavelmente dormindo.
—Por que eles estariam dormindo? É meio dia.
David sorriu para ela. —Você esqueceu que somos vampiros? A
maioria dos servos e outros convidados também estão dormindo.
Mantemos apenas um punhado de humanos para trabalhar durante o
dia.
Ela franziu o cenho para ele. —Mas não nos machucamos ao sol.
—Sim, não nos machucamos - mas todo mundo o faz. Até as
esposas são afetadas até certo ponto. Estou realmente surpreso que
Elle esteja acordada, mas tenho certeza de que Gawain queria ver que
você está bem.
Agora ela se lembrava: ela e os cavaleiros eram os únicos
imortais terrenos concedidos imunidade à luz do sol.
O lembrete a fez parar: —David, e se eu precisar me alimentar?
Eu não quero assustá-los. Eu posso faça isso de novo. E você? Você
ainda está tão pálido. Talvez não seja uma boa ideia. — Ela
provavelmente parecia histérica, mas seria terrível ter algo como a
noite passada acontecendo de novo.
David agarrou seus ombros. —Fique calma. Você se alimentou
ontem à noite. Eu vou me satisfazer e alimentá-la novamente em
breve. Eu não vou deixar ir da sua mão. Você não vai machucar
ninguém.
Jane soltou um suspiro e olhou para o rosto dele enquanto ele
falava tão suavemente:
—Você pode fazer isso, Jane. Seja corajosa. Seus filhos vão querer
vê-la, e será bom para você ver que eles estão seguros. Além disso, nós
dois devemos comer, e eu preciso de sangue. Se você sente que sua
sede é muito grande, podemos sair mais cedo. — Ele hesitou, mas
acrescentou: —Lembre-se, eu só quero que você beba de mim.
—Eu lembro. — Ela mordeu o lábio. —E isso é normal para os
outros?
Ele sorriu. —Isso é manso para os outros.
—David. — Ela deu-lhe um olhar severo, mas riu com o sorriso
de menino que ele lhe deu:
—Sim, é normal que os outros se alimentem com sangue. — Ele
olhou para o final do corredor. —Eles estão terminando. Vamos nos
apressar.
Ela o parou antes que ele pudesse andar. —David, eu não quero
machucar Jason.
Ele suspirou, segurando suas bochechas. —Eu sei que você não
quer machucá-lo, mas eu não vou deixar você ir novamente. Nós dois
sabemos que isso vai acabar mal se eu fizer. Isso vai ser difícil para
todos, mas não há outra maneira de contornar isso. Jason terá que
entender que as coisas não serão como eram. Ele ficará com raiva, mas
eu posso lidar com ele.
—Ok.
David acariciou os cabelos dela. —Seja a garota corajosa que eu
sei que você é. Eu cuidarei de tudo o mais.
Ela o abraçou novamente antes de recuar. Sabia que isso seria
um desastre, mas seria pior se ela o afastasse.
David pegou a mão dela novamente e a levou para a abertura
onde a luz estava derramando no corredor.
Jane parou e olhou para todos sentados ao redor da mesa
grande. Ela imediatamente procurou Nathan e Natalie e sentiu-se
ofegada pela visão do medo em seus olhos arregalados.
David apertou sua mão e sussurrou: —Respire, bebê.
Ela assentiu e tomou um gole de ar.
David pigarreou e falou mais alto desta vez. —Boa tarde a todos.
Minhas desculpas por chegar atrasado.
Arthur estava dando a David um olhar desapontado que deixou
Jane nervosa, mas David o encarou. É quase como se David estivesse
silenciosamente lhe dizendo para recuar.
Surpreendentemente, Arthur deu a David um aceno de cabeça e
recostou-se na cadeira. — Juntem-se a nós. Vocês devem estar com
fome.
David puxou-a em direção à mesa antes que ela pudesse se
afastar, e foi então que ela finalmente olhou para onde sabia que Jason
estava sentado. Ela viu exatamente o que esperava encontrar: ódio. O
olhar feroz dele estava concentrado nas mãos dela e de David. Jane
entrou em pânico e tentou se afastar, mas David apertou mais a mão
dela enquanto sussurrava: —Deixe-me lidar com ele.
Jane deu um sorriso tenso para David.
— Essa é minha garota — ele disse tão suavemente quanto
puxou uma cadeira para ela. Era ao lado de Gawain. Ele tinha Natalie
entre ele e sua esposa, enquanto Nathan sentava do outro lado da
mesa entre Arthur e Guinevere. Jason estava sentado à esquerda de
Arthur.
Jane sentou-se com a postura rígida quando Gawain sorriu para
ela. Era muito difícil responder a ele, então ela se afastou dele e de
seus bebês. Jason estava indo para dar-lhe o inferno.
Jane olhou para a esquerda, como David tomou o seu lugar do
outro lado do Jason.
Ela soltou um suspiro e se encontrou com o olhar de Jason e ele
mudou o seu olhar para o dela depois de não conseguir encarar
David.
—Como você está se sentindo, Jane? — Arthur perguntou.
Ela desviou o olhar da fúria visível nos olhos castanhos de Jason
e olhou para Arthur. —Tudo bem, eu acho. Todos aqui estão bem? —
Ela queria saber se eles sabiam o que realmente aconteceu ontem à
noite.
Arthur deu um sorriso gentil. —Todo mundo está bem, Jane.
Estou feliz que você esteja se sentindo melhor. — Ele olhou para
Nathan: —Nathan, conte à mamãe o que Guinevere fez para você?
Nathan olhou para ele e depois para ela. Ela ficou chocada ao ver
o grande sorriso em seu rosto. Nathan respondeu com mais emoção
do que ela esperava naquela manhã. Foi um choque ainda maior para
ver Nathan tinha respondido alguém sem ser solicitado sobre o que
dizer.
Jane desviou os olhos de Nathan quando Natalie começou a falar
com tanto entusiasmo.
—Sim. Mamãe! Ela também nos balançou. E está lá dentro!
Gawain me empurrou e brincamos de esconde-esconde. E comemos
rosquinhas no café da manhã! Gawain disse que são rosquinhas de
princesa porque estamos em um castelo.
David estendeu a mão e agarrou a mão de Jane novamente. Ele
deu um pequeno sorriso antes de se inclinar para frente e falar com
Natalie. —Isso parece divertido. Você bateu Gawain em esconde-
esconde? Eu sempre o encontro.
Com um grande sorriso, Natalie acenou para ele. —Uh-huh! Eu
o encontrei imediatamente. Ele não podia caber debaixo dos
cobertores. Podemos ir jogar de novo, mamãe?
Jane olhou em volta da mesa, sem saber o que realmente dizer.
Ela não entendia por que eles estavam conversando como se tudo
estivesse bem.
—Eu acho que parece uma boa ideia —, disse David a Natalie. —
Mas mamãe precisará vir ver você daqui a pouco. Ela precisa comer
alguma coisa e precisamos conversar com seu pai.
Os rostos de Natalie e Nathan caíram quando olharam para ela.
Jane não sabia como deveria confortá-los. Mesmo que por algum
milagre eles não tivessem medo, ela ainda os machucaria.
David continuou quando Jane não disse nada. —Vocês
gostariam que Gawain e Elle fossem brincar com vocês de novo?
Eles balançaram a cabeça repetidamente, esquecendo-se dela.
Gawain se levantou rapidamente, mas se inclinou e beijou o topo
da cabeça de Jane. —Vemo-nos em breve. Aproveite o seu almoço,
Jane.
Ela ainda não conseguia responder enquanto observava Elle
ajudando Natalie da mesa e Guinevere fazendo o mesmo por Nathan.
—Tchau, mamãe! — Natalie gritou por cima do ombro quando
Elle pegou as mãos de Nathan e ela.
—Tchau, querida. — Jane sussurrou odiando não poder abafar o
medo de machucá-los.
Ela olhou para eles até que desaparecessem. A mão de David
apertou a dela novamente, fazendo-a desviar o olhar da entrada vazia.
Ela olhou para ele e depois para Jason.
Ele olhou para eles e finalmente soltou sua raiva. — O que
diabos é isso? Pensei ter dito que não queria você com ele.
Jane ficou quieta e tentou se concentrar no polegar de David
esfregando o dela.
—É onde você esteve esse tempo todo? — Jason gritou, irritado,
apontando para David com a mão. — Na cama com ele?
Jane podia sentir o corpo de David ficando mais quente, mas ela
sabia que Jason precisava tirar tudo, mas David parecia entender isso
também, mas pela maneira como o corpo dele continuava tenso ao
lado dela, ela sabia que ele não gostava de vê-la nessa situação.
—Bem, não é que você vai me responder? — Jason continuou: —
Ou você tem que esperar ele dizer que está tudo bem?
—Basta —, disse Arthur. —Vamos discutir isso de uma maneira
civilizada —, disse Arthur. —Não fale com sua esposa nesse tom,
Jason.
—Não me diga como falar com ela —, disse Jason, estreitando os
olhos nela. —Ela não vai foder com quem quiser e obter o meu
respeito.
Foi David quem respondeu: —Não ouse falar sobre ela assim.
Ela também teve coragem de falar e balançou a cabeça. —Não é
assim, Jason.
Depois de encarar David, Jason olhou rapidamente para ela: —
Oh, bem, acho que isso melhora tudo, não é? Você é arrastada com as
pernas enroladas em torno deste imbecil, para fazer Deus sabe o que,
e então decido vir checar nossos filhos depois que a metade do dia
acabar. Eu sinceramente não esperava que você viesse aqui de mãos
dadas com o homem que você disse que não amava - um homem que
você me disse que iria parar seja qual for a porra que vocês estavam
tentando começar juntos.
Ele deu a ela um olhar sujo cheio de ódio. —E não finja que você
estava machucada e precisava que ele cuidasse de você - você não
parecia ferida quando se envolveu com ele. Eu nem quero pensar
sobre isso. O que você fez com ele. Uma coisa é fazer isso, Jane, mas
não minta na minha cara quando a vi com meus próprios olhos.
Ela se encolheu. Ela não gostava de ser chamada de mentirosa.
Ela não estava mentindo. Era ele que sempre mentia. O calor brilhava
em seu peito enquanto ela lutava para manter o controle. Ela sabia
que ele ficaria bravo, mas ser chamada de mentirosa por ele era
demais.
Felizmente, foi David quem falou antes que ela dissesse algo de
que se arrependeria: —Recue. Você claramente tem a ideia errada
sobre o que aconteceu. Ela não fez nada de errado.
—Foda-se! — Jason gritou para ele. —Você pode ser mais forte
do que eu, mas eu deixei você levar minha esposa sempre que lhe
apetecer. Você acha que eu dou a mínima para o que você pensa?
Você acha que eu respeitar um homem que tenta tirar uma mulher
casada do marido? Bem na frente dos filhos?
A mão de David tremia: —Você acha que eu respeito um homem
que lhe disse que ela não passa de uma esposa para ele? Um homem
que a fez acreditar que ela não vale a pena amar - que ela não é
suficiente? — Os olhos de David empalideceram em uma cor azul
gelada. —Não se chame de marido. No dia em que você disse a ela
que não estava apaixonado por ela, e no momento em que levantou a
mão para ela, você perdeu o direito.
Jane olhou para David em estado de choque. Ela sabia que sua
entidade tinha revelado coisas sobre ela e Jason, mas ela não sabia que
importava muito para David. Ela sentiu patética. Ele sabia que ela não
era boa o suficiente.
—Jane —, Jason sussurrou. Seu olhar suplicante a chocou, e ele a
surpreendeu ainda mais quando falou de novo. —Querida, eu pensei
que tínhamos passado disso. Eu disse que estava arrependido.
Ele não se desculpou por tê-lo revidado, mas nunca pareceu
arrependido ou tentou compensá-lo. Ele apenas agiu como se nunca
tivesse acontecido. Não foi o golpe que a incomodou. Era em uma
discussão acalorada, e ela atirou uma espátula para ele, então ele a
atacou por instinto. Ela o perdoou porque sentiu que havia trazido a si
mesma. O golpe não a perturbou tanto quanto provavelmente deveria
O que a apunhalou no coração foi o fato de que seu melhor não tinha
sido suficiente para ele. Era as fotos dela sorrindo ao lado dele, e ela
acreditando estupidamente que ela tinha uma vida boa quando ele
nem a amava. Isso foi o que a quebrou.
Foram as mentiras sobre beber. Ela nunca foi capaz de esquecer a
primeira vez que percebeu que ele bebia álcool nas costas. Foi em uma
festa da empresa e ele recebeu uma bebida. Jane já havia dito às
pessoas que não bebiam, mas Jason pediu uma bebida como um
profissional. Na frente de seus colegas de trabalho. Os olhares de
piedade que eles deram a ela a destruíram. Ela ficou sentada, olhando
para a mesa enquanto ele bebia, sabendo que seus colegas de trabalho
estavam percebendo que ela não tinha ideia de que ele bebia.
Ela não sabia como todos sabiam que ele sabia, mas o fato de os
outros conhecerem mais o marido do que ela mudou tudo. Ela foi feita
de boba e Jason não se importou. A desculpa dele era que ele não
queria que ela fizesse um grande negócio do nada, e ela deveria
aceitar.
—É por isso que você está fazendo isso? — Jason perguntou,
voltando sua atenção para ele. —Você disse que me perdoou... Isso é
para me vingar? Você realmente iria transar com ele para se vingar?
David empurrou a cadeira para trás, com um brilho assassino
nos olhos.
—Nem fale com ela! Ela não está fazendo nada para se vingar de
você.
Jason não se encolheu. —Eu não estava falando com você.
—Eu não dou a mínima. — David rosnou. —Fui eu quem disse
isso para você, não ela. Ela pode ter perdoado você, mas isso não
significa que a dor que ela sentiu desapareceu.
Jason bateu a mão na mesa, gritando: —Nosso relacionamento
não diz respeito a você.
—Você não tem um relacionamento! — David gritou mais alto.
A sala ficou em silêncio, e ele respirou fundo, sua postura relaxando o
suficiente para mostrar que ele não estava tentando ameaçar
fisicamente Jason. Ele olhou para o marido enquanto continuava em
um tom mais calmo. —Eu sei que isso enfurece você nos ver juntos,
mas você não tem ideia do que ela está passando. Não vou permitir
que você a ataque por algo que não é culpa dela - por algo que ela não
está fazendo. Nós não transamos. — A palavra era como um chicote,
mas ele tentou manter a calma enquanto ainda dava golpes duros. —
Pela primeira vez, supere a sua idiotice e escute - preste atenção no
que está acontecendo com ela, em vez de pensar em seu maldito eu.
Ela tem o suficiente para lidar sem toda sua merda.
Jason ficou lá, estupefato, e David não parou. —Você sabe o que
viu na noite passada? Vou te contar. Você a viu perder o controle
porque ela não queria decepcioná-lo. Ela estava com medo de
machucá-lo, então se deixou instável ao recusar se alimentar de mim.
Toda vez que ela faz uma escolha, ela pensa em você. Ela escolhe se
machucar, se sacrificar e desistir de qualquer felicidade que receber
por você.
David entrelaçou os dedos antes de olhar de volta para Jason. —
Eu sei que vocês dois são casados, mas eu sou o Outro dela. Você
pode ficar bem em vê-la se transformar em uma concha de pessoa,
mas eu não estou.
—Ela está lutando contra algo que você não pode compreender -
algo mal e poderoso, e eu preciso estar lá por ela. Ela lutou comigo
por ajudá-la porque está tentando permanecer leal a você e honrar seu
casamento, mas ontem à noite é algo que nenhum de nós está disposto
a repetir. Jane e eu não podemos nos separar. Se ela machucar seus
filhos, ou você, ela ficará arrasada e eu não poderei ajudá-la.
— Mas não ouse desrespeitá-la novamente. Não estou lhe
dizendo isso porque sou mais forte que você. Estou lhe dizendo isso
porque eu a amo. Você já sabe disso - ela também. Eu a amo mais do
que você pode imaginar, e farei tudo ao meu alcance para proteger ela
e seus filhos. Eu vou te proteger. Mas não vou deixar você derrubá-la
novamente.
O coração de Jane estava batendo forte quando ele parou, mas
ela só pôde olhar para o lado do rosto bonito dele quando ele
começou a falar novamente.
—Agora —, disse David. —ela tem que ter meu sangue e minha
presença para ajudá-la a manter a calma. Se isso significa que devo
ficar sentado no quarto dela a noite toda, ou ela precisar dormir
comigo no meu, então isso acontecerá. Ela finalmente me aceitou por
isso. Eu não vou tirar vantagem dela; Eu respeito ela e seu casamento,
mas darei carinho e atenção a ela. Culpe a necessidade dela de mim
em si mesmo - ela claramente não tem o seu carinho há algum tempo.
—David. — Disse Arthur, balançando a cabeça.
—Peço desculpas —, disse David rapidamente. — Não quero
mencionar suas falhas, Jason - mas só quero enfatizar que ela foi
levada a esse ponto por você. Eu não. Ela não. Você. Você sabe muito
bem que eu falo a verdade. Você a afastou de você através de suas
ações ao longo dos anos. Ela estava disposta a morrer dentro de si
mesma por você e seus filhos. Isso não vai acontecer enquanto eu
estiver por perto.
Jane olhou para Jason; ela não podia acreditar que David estava
dizendo tudo isso.
—Não vou mentir —, David disse a ele. —fomos íntimos, mas
não no sentido que você possa pensar. Enquanto desejo mais com ela,
tudo o que aconteceu entre nós - fisicamente - foi aprimorado por
causa do que somos e do que está dentro de Jane. Eu não vou deixar
isso tirá-la de mim. Então, ao lado dela, é onde eu estarei a partir de
agora.
Jason e David se entreolharam por um tempo antes de Jason
baixar o olhar para a mesa. O corpo de David ainda estava tenso e ele
estava olhando ferozmente para Jason. Seu peito estava subindo e
descendo, então ela puxou a mão dele para chamar sua atenção.
Jane apertou a mão dele como uma maneira de dizer obrigada.
Ele sentou-se novamente e ela olhou para Jason.
Ela se sentiu mal por ele. Ele sempre argumentou no passado,
mas David apenas o deixou sem palavras. Uma parte dela realmente
entendeu a raiva de Jason. Se fosse o contrário, e ela tivesse que
assistir Jason com uma vampira como ela estava com David, ela ficaria
com o coração partido. Ela estava triste agora. Ela ainda estava com
David muito mais do que deveria. Ela estava errada também.
—Jason. — Ela disse suavemente.
—Jane? Você vai me dizer que acabou para nós? — Jason
levantou o olhar. Havia raiva, mas principalmente tristeza. —Sinto
muito pela merda que fiz de errado. Quando pensei que você tivesse
morrido, odiei não poder compensar nada. Eu disse que nos queria.
Você se desculpou pelo que fez com aquele idiota de Ryder e disse
que queria ficar como minha esposa - você está mudando de ideia
agora?
Jane olhou para ele em silêncio e David apertou a mão dela
quando ela se sentiu entrando em transe. Ela piscou, balançando a
cabeça. —Eu estou escolhendo manter todos vocês seguros. Eu preciso
dele. Não apenas porque eu preciso do sangue dele e que ele é o mais
forte para me impedir, mas porque ele me faz sentir melhor. Você não
tem ideia de como é para mim. Eu me sinto como um monstro há mais
tempo em nosso casamento, e agora sou um.
—Porque ele fez você assim. — Jason retrucou.
A mão de David tremia na dela.
—Eu já era um —, ela respondeu. —Você me faz sentir mal,
Jason. — Lá; ela nunca tinha dito isso antes. Isso a encheu de uma
onda de força e ela soltou mais. —Você me faz me odiar mais do que
eu já faço sozinho. Quando você olha para mim, me sinto inútil. Meu
único valor para você foi cuidar das crianças e do sexo quando você
queria. Você percebe que essa é a única vez que você me beijou? Tudo
isso traz à tona o meu monstro.
A mão dela começou a tremer e os olhos lacrimejaram. A mão de
David apertou a dela.
Ela esfregou os olhos com a mão livre e choramingou. —Você
nem se importou quando eu chorei porque estava tendo flashbacks
ou...— Ela gemeu. —Eu não posso nem dizer.
—Está tudo bem, bebê. — David sussurrou baixinho o suficiente
para que Jason não o entendesse.
Jane soltou um suspiro enquanto olhava nos olhos de Jason. —
Eu estava disposta a desistir dele para nos manter juntos. Eu estava
disposta a desistir da felicidade que ele me faz sentir só porque somos
casados. Mas eu vou desmoronar sem ele. Se eu desmoronar, matarei
todos. Como realmente matar todo mundo.
—Agora, eu admito que gosto dele. Eu gosto muito dele. Mas
não é por isso que estou fazendo isso. Eu não peguei ele. Eu estava
praticamente possuída e tentei estuprá-lo, mas ele e Ryder me
pararam. Deus, David até me disse para lembrar de você quando não
era eu quem controlava meu corpo.
—Que diabos você está falando? — Jason gritou.
—Eu não sou humana! — Ela gritou. —Quero dizer, eu era, mas
sou outra coisa agora. Eu nem sou como eles. Eu sou pior. Mas ele
pode me ajudar. A última coisa que quero é magoar você ou as
crianças. Você sabe que eu sempre quis que você fosse feliz. Já te disse
tantas vezes que prefiro morrer do que te ver infeliz.
Ela podia sentir o olhar de David, mas manteve os olhos fixos
nos de Jason.
—Eu não ficaria feliz com você morta, Jane. — Disse Jason,
suspirando. — Não sei o que você quer que eu diga. Você está
escolhendo terminar o nosso casamento para poder ficar com ele?
Jane suspirou e olhou para ela e as mãos de David. Ela não sabia
o que estava dizendo. Ela só sabia que precisava de David. —Eu estou
escolhendo manter todos vocês seguros. A única maneira de fazer isso
é aceitar David como meu outro. Eu juro, mesmo tendo sentimentos
por ele, e ele me ama, não estamos juntos assim. Eu gostaria de poder
dizer que não gostei da atenção dele, mas gostei. Eu sinto muito.
A expressão de Jason não se alterou, e ele olhou para David. Eles
viram uns aos outros, nem quebraram seus olhares.
—Você promete mantê-la segura? — Jason perguntou a ele.
David olhou para ela brevemente antes de acenar com a cabeça e
se voltar para Jason. —Eu vou, ou vou morrer tentando.
—Eu a machuquei —, disse Jason, enquanto o coração de Jane
batia tão rápido que doía. —Eu gostaria de poder recuperá-la. Eu não
posso... Eu não vou desistir dela, no entanto. Ela ainda é minha
esposa. Mas vou dar um passo atrás e deixar que você a ajude com
isso. Cometi muitos erros antes, mas uma coisa que fiz de errado foi
forçá-la a ficar longe de outras pessoas que ela achava que poderiam
ajudar. — Ele cerrou os dentes: —Espero que isso mostre que estou
tentando compensar isso.
Jason olhou de novo para Jane. —Eu ainda não posso assistir
vocês um ao outro. No entanto, o que você precisa fazer como Outros,
façam em particular. E lembre-se de que ainda estou aqui antes de
você decidir continuar seu relacionamento.
—Seremos discretos —, David disse a ele. —Ela nem sempre tem
um tempo fácil para se controlar por causa do que está
experimentando, mas farei o possível para tornar as coisas menos
dolorosas para vocês dois. Como eu disse, no entanto, mostrarei seu
carinho.
—Certo. — Jason se levantou, um olhar passando rapidamente
por seu rosto quando ele encontrou seu olhar. —Eu preciso de tempo.
—Claro. Obrigada. — Ela disse rapidamente.
—Sim. — Jason olhou para David mais uma vez antes de se
afastar.
Arthur soltou um suspiro alto quando Jason virou a esquina. —
Ele planeja checar as crianças e pedir a Gawain que as observe
durante o dia. Você está bem, Jane?
Jane continuou olhando na direção que Jason partiu. —Eu não
sei.
11
UM BEIJO
David deu um beijo nas costas da mão de Jane. Ela desviou os
olhos do ponto em que assistiu Jason sair e olhou para ele.
Ele sorriu com os lábios ainda na pele dela. —Você está bem?
—Eu vou ficar —, disse ela, suspirando quando o calor do toque
dele se espalhou pelo braço dela. —Obrigada por dizer o que você
disse. Eu não queria machucá-lo, mas ajudou a dizer essas coisas para
ele. Ele sempre gritava quando eu tentava explicar alguma coisa, e eu
deixava.
David sorriu, beijando seus dedos novamente antes de abaixar as
mãos.
—Sempre, querida.
—Você fez muito bem, Jane —, disse Arthur. —Será bom para
você expressar suas tristezas e medos com os outros.
Ela e David se voltaram para Arthur. Ele sorriu para os dois
enquanto segurava a mão de sua esposa. Jane não sabia como se sentir
em relação a Guinevere. A mulher estava olhando para David com o
sorriso mais largo que Jane já vira.
—É difícil. — Disse Jane.
—Vai ficar mais fácil, querida. — David se inclinou e beijou sua
têmpora. —Você foi muito corajosa.
Uma risadinha animada veio de Guinevere quando David estava
recostado. Jane e David estavam sentados em suas cadeiras e olhavam
de olhos arregalados para a rainha.
Guinevere estava radiante para David antes de sussurrar para o
marido. —Arthur, ele a chamou de querida.
O rosto de Jane ficou quente e ela viu uma pequena coloração
rosa nas bochechas pálidas de David. Isso deixou sua irmã ainda mais
tonta.
Arthur riu de sua esposa quando ele deu um beijo suave na mão
dela. —Minha rainha, acredito que você está envergonhando seu
irmão.
Guinevere deu a Arthur um olhar envergonhado antes de se
dirigir a David. —Oh, perdoe-me, irmão. Você também, Jane. Estou
tão feliz que você finalmente está aqui conosco. Você não tem ideia de
quanto tempo Davis esperou por você. Enche meu coração de alegria
vê-lo sorrir e te amar.
—Irmã —, disse David, parecendo mais humilhado. —Nós não
somos um casal. — Ele espiou Jane rapidamente, acrescentando: —
Agora, pelo menos.
Guinevere não parece importar com esse fato, pois sorria ainda
mais loucamente do que antes. —Olha, Arthur, ele está agindo como
um adolescente.
David olhou para ela.
—Oh, que maravilha. — Ela sussurrou com um suspiro feliz.
Jane queria rir de suas provocações, mas estava muito
humilhada sendo a fonte da angústia de David. Ela apertou a mão que
ele abaixou abaixo da mesa. Ele olhou para ela, seus olhos azuis
praticamente implorando que ela o perdoasse. Era mais do que fofo, e
Jane nem estava ciente do que estava fazendo quando se inclinou e
beijou sua bochecha.
David congelou no momento em que todo o arrulhar de
Guinevere parou. Jane lentamente retirou os lábios do rosto dele e os
tocou. Ela não conseguia desviar o olhar dele, mas percebeu que tinha
feito algo que nunca havia feito com ele - algo que tinha evitado fazer
com ele. Claro, houve várias vezes em que ela o beijou em algum
lugar - mas nunca enquanto ela própria, ou enquanto David não
estava perto da morte.
Seus lábios doíam de um jeito bom. Ela quase podia provar a
doce pele dele em sua língua. Isso a fez desejá-lo muito mais do que
ela já fazia.
Por alguma razão, era diferente dos outros beijos para ele. Ela
realmente o sentiu dessa vez. Ela sentiu todo o seu amor, ternura e
desejo, junto com seu intenso desejo por seu amor e toque. Todo o seu
desejo derramou nela, aumentando as chamas que já acendiam sob
sua pele.
Ela o estudou, observando a retidão de seu nariz, a curva de seus
lábios perfeitos, seu belo rosto - e a maneira como seus deslumbrantes
olhos azuis ficavam mais intensos sempre que se fixavam em seus
olhos ou boca. Era tão diferente da maneira como Jason, ou mesmo a
Morte, olhava para ela.
Toda vez que David olhava para ela, ele não continha nada sobre
seu compromisso com ela - sua total fé de que ela era a pessoa certa
para ele. Ele nunca a pressionou, mas garantiu que estaria lá, mesmo
que ela nunca retornasse seu amor. Ele a fez se sentir bem consigo
mesma. Na pior das hipóteses, ele ficou, mas não porque se sentia
obrigado. Porque ele queria. Ela até implorou por outro homem, e ele
ficou - a abraçou - enquanto tentava confortá-la dizendo que a Morte
voltaria.
Ainda estava errado. Ela já havia quebrado sua palavra para
Jason. Estava se tornando mais difícil aceitar que ela poderia salvar
qualquer parte do casamento quando sentia seus sentimentos cada
vez mais fortes por David. Ainda assim, ela deveria tentar se
controlar.
Você pode tê-la - felicidade - por mais um tempo.
Sim, só um pouquinho, ela concordou com os primeiros
pensamentos.
Foi preciso um tremendo esforço para não sorrir como uma
pessoa louca, mas ele pegou os lábios dela se contraírem um pouco e
deu um sorriso brilhante. Depois disso, ela não pôde deixar de sorrir
de volta.
Nenhum deles quebrou o contato visual até Arthur rir.
O casal sentado à frente deles sorriu de volta para ela, mas o
momento ainda parecia irreal. Ela ainda estava muito atenta a um par
de olhos e encontrou David ainda a observando com o mesmo olhar
extasiado que ele usava momentos antes.
—Bem. — Arthur pigarreou. —Tenho certeza que vocês estão
prontos para comer agora.
David e Jane o encararam com confusão, e ela logo se lembrou
que eles estavam esperando o almoço. Arthur soltou uma risadinha, e
ela observou David dar a ele um olhar infeliz antes de desviar o olhar
para sua irmã, que estava sorrindo ainda mais insanamente do que ela
estava antes.
Um sorriso nervoso apareceu nos lábios de David. —Jane, o que
você gostaria de comer? — Ele parecia ansioso para desviar a atenção
dela da irmã.
Era estranho pedir comida em um momento como este. Tantas
emoções e desenvolvimentos corriam por sua cabeça - mas acima de
tudo, ela ainda podia provar David em seus lábios. Ela revirou os
lábios na boca.
Ela sentiu que ele a estava observando, então, em vez de ser um
esquisita e tentar chupá-lo para provar mais dele como ela queria, ela
mordeu para não fazer papel de boba.
—Por que não deixamos vocês comerem sozinhos —, disse
Arthur. —Vamos verificar os outros.
Guinevere parecia pronta para protestar, mas Arthur a silenciou
com um breve beijo.
—Venha, minha querida esposa. Deixe-os comer em paz. — Ele
se levantou e a levou embora, enquanto David lhe dava um olhar
agradecido.
—As crianças pediram hambúrgueres e batatas fritas —, disse
Arthur por cima do ombro. — Tenho certeza de que William pode
lhes preparar mais dois sem problemas. Venham nos encontrar na sala
de jogos quando terminar. Os outros se juntarão a nós em breve.
David assentiu com a cabeça e observou-os desaparecerem de
vista antes de se voltar para ela. —Você quer um hambúrguer?
O movimento dos lábios dele a fascinou e, sem saber, Jane
molhou os lábios. David gemeu, fazendo-a olhar para cima. Ela o
encontrou fechando os olhos como se estivesse com dor.
—David, o que há de errado?
Ele balançou a cabeça, sorrindo e depois abriu os olhos. Ele
soltou a mão dela e segurou o queixo com os dedos. —Querida, eu
estou bem.
—Por que você está gemendo, então?
Ele riu baixinho quando se inclinou e deu um beijo no nariz dela.
—Porque você dificulta para mim não te beijar.
Os olhos dela se arregalaram, o que apenas pareceu diverti-lo
quando ele riu novamente. Ela desviou os olhos na tentativa de fazê-lo
parar. Quando ele não soltou o queixo, ela teve que olhar para ele.
Ele parou de rir e gemeu novamente. —Jane, pare. — Ele soltou
o queixo dela e cobriu a boca.
Ela deu a ele um olhar estranho enquanto esperava ele remover a
mão.
Ele finalmente fez isso, seus olhos totalmente fixos nos dela. —
Você sabe o quão bonita você é para mim?
—Não. Eu meio que acho que você está sendo legal como todo
mundo.
Ele franziu a testa antes de inclinar o rosto para mais perto do
dela. —Você é a mulher mais bonita que eu já vi. Se eu pudesse ver
uma coisa pelo resto da minha vida, seria o seu rosto adorável.
—Oh. — Ela sussurrou.
—Oh. — Ele copiou com um leve sorriso. Seu rosto se aproximou
quando seu olhar caiu nos lábios.
Ele vai me beijar.
Jane fechou os olhos. Seu coração queria isso mesmo que sua
mente dissesse outra coisa. Mas não importava. Tudo o que ela podia
sentir era o calor maravilhoso do corpo dele enquanto a envolvia.
—Mestre David. — Interrompeu uma voz masculina.
Jane abriu os olhos rapidamente.
Ele levantou os olhos para ela, desejo e aborrecimento duelando
em seu rosto.
Ela piscou, recuando quando ela olhou para o visitante. Era um
jovem-homem que parecia estar nos seus vinte anos. Ele tinha uma
boa aparência, com cabelos castanhos lisos e olhos cinzentos e macios.
Humano.
David suspirou antes de se recostar. —Sim, William?
Jane voltou-se para William, e ela foi rapidamente surpreendida
para encontrar o homem olhando para ela um pouco atentamente.
—William? — O tom severo de David fez Jane pular, junto com o
jovem.
William lançou seu olhar para David e empalideceu. Depois de
perceber o medo óbvio de William, ela olhou surpresa, ao ver David
olhando para o homem. Um músculo em sua mandíbula tremeu
quando seus olhos estreitaram.
—David. — Ela sussurrou, e instantaneamente, seu olhar
violento foi destinada a ela.
Ele não a assustava, e ela sorriu como o brilho assassino em seus
olhos azuis escuros desapareceu, seu corpo aqueceu, se enchendo de
alegria. David era um animal aterrorizante, mas sempre suave e
compreensivo com ela.
David bufou e agarrou a mão dela novamente antes de olhar
para o homem que ele parecia pronto para derrotar apenas por olhá-
la.
Ela quase desmaiou ali mesmo.
—William —, ele disse em um tom mais controlado, mas seus
olhos disseram: 'Vou te despedaçar se você olhar para ela novamente'.
—Estamos com fome.
William assentiu. —Sim, é claro. Os outros solicitaram
hambúrgueres. Eu sei que essa não é sua preferência habitual.
Gostaria de outra coisa?
David virou-se para ela: —Você tem algo específico que gostaria
de comer?
Ela sorriu e balançou a cabeça para ele. —Não. Eu terei o que
você estiver tendo.
David sorriu de volta para ela. —Bebê, como muita carne: peito
de frango, bifes, alguns peixes e quase todos os vegetais.
Jane torceu o nariz.
David riu. —Eu pensei assim. Você gosta de hambúrgueres?
Que pergunta boba; hambúrgueres e batatas fritas gordurosos
eram vida. —Sim.
—Prepare um hambúrguer para ela —, disse David a William. —
Coloque os condimentos e coberturas ao lado... Batatas fritas, querida?
Jane assentiu, corando porque queria pedir batatas fritas quentes
e douradas.
—E batatas fritas. — Disse David.
Ela podia ouvir o sorriso na voz dele.
—E para você, mestre David?
David suspirou. —Minha refeição do dia de sempre, mas me
faça um hambúrguer também.
—Você precisa de um pouco de sangue dos doadores? —
William perguntou.
—Sim. Um duplo, no entanto.
—E a dama? — William perguntou em um tom de esperança.
Jane notou David sorrindo enquanto olhava para o homem. Ele
então levou a mão dela aos lábios dele, beijando-a antes de dizer: —
Ela só se alimenta de mim.
William pareceu desapontado, mas curvou-se antes de sair, e
isso não fez nenhum sentido para ela.
—Por que você parece chateado, mas orgulhoso de si mesmo? —
Ela perguntou.
David riu e baixou a mão. —William é um doador.
—Ok... eu ainda não entendo.
Ele se virou, dando-lhe toda a atenção. —Muitos humanos doam
sangue ao tê-lo retirado e armazenado para nós. No entanto, muitos
desfrutam do prazer que vem das refeições vivas. William é um dos
poucos homens que se oferecem para refeições vivas. Ele só faz isso
para quem ele considera mulheres atraentes.
—Que horrível.
David deu um sorriso tenso: —Os humanos podem ser tão vis
quanto os imortais mais perversos. William não é o único - a maioria
dos imortais no reino participa de refeições vivas. Arthur tem regras
para eles. — Ele gesticulou na direção que William tinha ido. —Ele é
popular com as mulheres. Eu estava mostrando a ele que ele não tinha
chance de ter seus lábios na pele ou o sangue patético na língua. —
Seu olhar flutuou sobre o rosto dela. —Seus lábios só vão provar meu
sangue. Agora, ele sabe disso, e passará a mensagem para os outros.
— Seus olhos brilharam com a luz. —Você é minha.
—Oh, meu Deus. — Ela quase desmaiou com o domínio que ele
estava mostrando sobre qualquer homem em contato com ela.
O barulho de dois pratos na mesa os fez desviar o olhar. David
ficou claramente satisfeito com o olhar inferior no rosto de William.
Ele puxou os pratos para mais perto. Havia um copo grande de
sangue, que David agarrou primeiro. Ele prendeu William com um
olhar perigoso e lentamente o levou aos lábios.
— Existe mais alguma coisa, mestre David? — Perguntou
William.
Jane não se importava com o domínio de David agora, porque de
repente ela estava interessada no copo que ele segurava. Ela suspirou,
lambendo os lábios.
David se inclinou e a beijou no templo. —Vou alimentá-la em
um momento bebê. — Ele sentou-se: —Você está dispensado, William.
— Ele riu, vendo o homem sair antes de olhar para ela.
Jane empurrou seu braço. —Você é horrível.
Ele deu de ombros e inspecionou o hambúrguer. — O filhote
precisava aprender o seu lugar. — Ele cheirou o hambúrguer: — O
que ele agora sabe que não está nem perto de você.
Ela sorriu e colocou picles e mostarda em seu hambúrguer,
notando que ele estava assistindo tudo o que ela estava fazendo. —
Não me diga que você nunca comeu um hambúrguer.
Ele lançou um olhar irritado para ela: — Estou me perguntando
por que você está comendo mostarda e picles.
—É bom. — Ela deu uma mordida e sorriu com a boca fechada,
mastigando a comida.
David sorriu enquanto a observava por alguns segundos e
depois retornava ao seu hambúrguer. —Eu costumo evitar esse lixo de
comida.
Jane engoliu em seco e pegou uma batata frita. —Hambúrgueres
e batatas fritas não são lixo. Mais comida dos deuses, se você me
perguntar.
Aquele sorriso de adoração dele brilhou por apenas um
segundo: —Não é isso que os americanos chamam de fast food? — Ele
deu uma mordida enquanto esperava.
—Sim —, disse ela, observando-o. —Mas eu vou comer um
hambúrguer gorduroso e batatas fritas sobre a comida mais
sofisticada do restaurante.
Ele pegou sua água. —Eu lembrarei disso. — Então ele terminou
seu hambúrguer com apenas algumas mordidas. Mesmo que comesse
rapidamente, ele conseguia parecer gracioso ao fazê-lo.
—Esse foi o seu primeiro hambúrguer?
David empurrou seu prato de hambúrguer vazio e puxou para o
outro com dois peitos de frango grelhado e legumes. —Sim.
Jane ofegou e soltou a batata frita. —Você gostou?
—Foi adequado. — Ele começou a cortar o frango, um leve
sorriso tocando o canto da boca.
—Sim, certo. — Ela continuou olhando seu rosto, imaginando
como ele nunca tinha comido antes. —Eu nunca vi alguém comer um
hambúrguer tão rápido. Você amou muito.
Ele riu e balançou a cabeça. —Eu disse que era adequado.
Um bufo saiu sem o seu consentimento, e ela corou quando os
olhos dele se voltaram para ela, claramente divertidos com a maneira
como ele ainda lutava sorrindo. —Você já comeu batatas fritas? — Ela
perguntou a ele.
—Não.
Jane ofegou novamente e segurou uma na boca. —Coma uma
agora.
Ele olhou para a batata e depois para ela. —É uma batata frita,
Jane.
Ela acenou sob o nariz dele: —É uma delícia. Experimente. Eu só
quero ver se você gosta.
David riu, mas se inclinou para a frente e mordeu a batata frita.
Os lábios dele tocaram seu dedo, e ela apertou os dela quando o olhar
dele encontrou o dela quando se inclinou para trás e mastigou.
Jane não percebeu que estava prendendo a respiração até sugar
um grande gole de ar e abaixar a mão.
Ele sorriu e começou a cortar sua comida novamente. —Você
tem um gosto melhor.
12
BOM DEMAIS
David abriu a porta do quarto e puxou Jane para trás. Depois de
ligar o interruptor, ele a levou para a cama. Ela estava quieta desde
que deixaram o refeitório. Seu hábito de pensar demais era sem
dúvida o responsável, e ele esperava que ela não estivesse se
arrependendo de nada entre eles.
Sua preocupação teria que esperar. Agora, ele precisava
esclarecer as coisas antes de alimentá-la novamente. Se ela se
arrependia de beijar sua bochecha ou qualquer outra coisa com ele, ela
definitivamente se arrependeria de como estavam durante a
alimentação dela.
Ele se virou e a viu franzindo a testa em um canto do quarto. —
Jane?
—Hum? — Ela cantarolou uma resposta, mas não olhou para ele.
—O que está passando pela sua cabeça, bebê?
Agora ela o olhou nos olhos: —Eu não deveria ter me divertido
muito com você.
—Por que?
O olhar dela caiu no chão. —Eu não queria machucar ou mentir
para Jason. Mas eu o machuquei, e você e eu acabamos agindo como
se estivéssemos no nosso primeiro encontro juntos.
—Você saberá quando eu te levar para um encontro, Jane. —
David sorriu, segurando sua bochecha. —Não se arrependa do nosso
tempo juntos e tente não se sentir tão culpada por ser feliz. Você está
triste há tanto tempo. Quero que seja feliz.
Ela fez beicinho aqueles lábios perfeitos dela. —Mas eu não
deveria ser feliz.
Surpreso, David se afastou: —Por que você acha isso?
—Porque eu não pretendo.
Ele viu que ela acreditava nisso, então ele beijou sua testa e disse:
—Você merece toda a felicidade que seu coração deseja, Jane. Vamos
descobrir tudo. Nossa situação é complicada, mas vamos trabalhar
com isso.
—Sim. — O fogo faiscou em seus olhos, e sua cabeça balançou o
máximo que pôde, já que ele ainda a segurava. —Eu faço tudo
complicado. Eu complico a vida de todos.
—Eu posso lidar com coisas complicadas, bebê. Dê-me o seu pior
e darei o meu melhor. — Ele sorriu para ela. —E não vejo bagunça
quando olho para você. Já falamos sobre isso antes.
Suas bochechas coraram, mas seu olhar endureceu. —Talvez sua
visão não seja tão boa quanto você acredita que é.
David riu: —Você quer brigar comigo, não é?
—Você deveria ficar bravo. — Ela tentou encará-lo, mas ele viu
através dela:
—Não posso ficar bravo com você —, disse ele. — mas vejo o
que você está fazendo.
—Que é? — Seu tom agudo deveria tê-lo perturbado, mas não.
—Você usa a raiva para se proteger, meu amor. — Ele a
observou franzir os lábios. —Você não precisa se proteger de mim. Eu
não vou machucá-la.
Um suspiro derrotado saiu de sua boca, e o fogo diminuiu em
seus olhos. —Mas eu vou machucá-lo, David.
—E seu coração adorável leva a batida para me proteger. — Ele
beijou a testa dela novamente: —Eu te amo mais porque você está
disposta a fazer o que for preciso para me manter a salvo. Você é
assim para todos que ama também. Mas não vou deixar você se
destruir por mim.
Seus olhos estavam vidrados quando eles olharam fixamente. —
Eu não posso ser a única a machucá-lo. Não você.
Ele sentiu um calor incrível em seu peito; ela se importava com
ele mais do que ele originalmente acreditava. —Eu posso me proteger.
Eu também posso protegê-la. — David olhou para a cama: —Você tem
certeza disso? Eu não acho que você corre o risco de se tornar instável
demais, mas você sabe que podemos esperar que eu a espante para
você.
A determinação se estabeleceu em seus olhos. —Eu quero fazer
isso. Eu sei que você garantirá que eu não faça nada que me deixará
chateada mais tarde. Confio em você.
Sua fé nele o fez sorrir de novo. —Eu sei que você confia em
mim, querida. Estou preocupado. Você estava apenas se
arrependendo de ter uma tarde agradável juntos, e agora estou prestes
a alimentá-la novamente. Não me entenda errado, sei com certeza que
só quero que você se alimente de mim, mas estou preocupado com
sua reação depois que tudo estiver pronto.
Ela estendeu a mão para tocar sua bochecha. —Eu sei que você
vai nos impedir de fazer algo errado.
David olhou para ela por um momento antes de suspirar. —
Tudo bem. Prometo garantir que você pare antes que algo impróprio
aconteça. Acho que você deve tirá-lo do meu pulso novamente.
Jane já estava balançando a cabeça. —Eu quero me acostumar a
beber do seu pescoço.
Ele continuou olhando para ela. Ela estava falando sério, e ele
sabia que ela estava apenas tentando controlar sua própria reação a
ele. As chupadas de seu pulso acabavam sendo mais impróprias do
que as de seu pescoço - e era muito mais rápido para se alimentar do
pescoço de alguém do que no pulso, mas quando ela se movia um
pouquinho, ele sempre queria jogá-la na cama. O pensamento
repentino dela procurando outro para se alimentar entrou em sua
mente e ele apertou a mandíbula. Havia outros por aí que lutariam
para que ela se alimentasse deles. Sangue fresco era mais desejável do
que sangue ensacado. Se Jane tivesse a oportunidade, em seu estado
recém-transformado, ela poderia não ser capaz de resistir a um
doador disposto e as necessidades sexuais gostariam de ser satisfeitas.
—Tudo bem, Jane —, disse ele, sem vontade de suportar a ideia
de ela se alimentar de outro homem ou acidentalmente prejudicar
alguém. —Vamos tentar dessa maneira. Mas se isso se tornar muito
difícil para você para se controlar, vou encontrar outra maneira. Você
entendeu?
— Sim, eu entendo.
Ele estudou o rosto dela. Ele queria ter certeza de que essa era a
Jane dele, e não um truque. Era ela. Ele sabia disso quando olhou nos
olhos castanhos que ele tanto amava.
— Tudo bem —, disse ele, puxando-a pelo resto do caminho
para a cama. Ele se sentou e a moveu para que ela ficasse entre as
pernas dele. Ele sorriu antes de esticar a mão para acariciar sua
bochecha. —Você está pronta?
Jane acariciou a palma da mão e assentiu, então ele se afastou
um pouco, nunca soltou a mão dela e a puxou para que ela ficasse na
frente dele. —Você quer se ajoelhar ao meu lado ou...
Jane olhou para ele ansiosamente antes de agarrar seu ombro. —
Eu acho que vou acabar em cima de você de qualquer maneira. É
melhor deixar você me segurar bem.
—Tudo certo. — Ele deslizou a mão pela cintura dela, amando
cada vez mais a bela curva do seu corpo.
Depois de agarrar a parte de trás da coxa e colocar o joelho na
cama, ele a observou levantar a outra perna para que ela pudesse
montá-lo enquanto ela segurava seus ombros com as duas mãos, e ela
se aproximava. David apertou a mão em seu quadril, observando sua
boca abrir um pouco enquanto ela apertava as pernas ao redor dele.
Merda.
Soltando seu quadril, ele segurou sua bochecha novamente. —
Eu prometo parar você, Jane. Apenas me ajude. Tente se controlar.
Tenho certeza de que com o tempo, nós dois vamos melhorar.
—Vou tentar.
—Eu sei que você vai. — Disse ele, observando-a atentamente.
Ela brincou com o cabelo dele, e ele teve que se forçar a não
tremer enquanto deslizava a mão atrás do pescoço dela. Lentamente,
ele começou a puxá-la para mais perto e quase gemeu quando suas
pernas se apertaram ao redor dele novamente.
Seus instintos assumiram. Ela suspirou, suas presas alongando a
revelar o seu vampiro bonito. Ela estava completamente em modo de
alimentação agora, e seu único foco era o pulso rapidamente batendo
no pescoço.
Ela se inclinou e o mordeu com os lábios quentes moldando a
pele dele. Eles se apertaram mais, gostando de como se encaixavam
juntos. Jane gemeu enquanto enroscava os dedos nos cabelos dele.
Sugando mais rápido.
David lutou para bloquear os sons que ela estava fazendo,
juntamente com seu aroma doce, mas não adiantava. Ela
continuamente estava tentando puxá-lo para ela, então ele tinha que
ter uma segurança mais firme, que ela só parecia gostar mais pela
mais alto lamentar que ela lhe deu.
Leve-a, um pensamento surgiu em sua mente.
David pare. Ele fechou os olhos e deslizou as mãos pelas costas
dela. Jane gemeu e pressionou os seios contra ele. Era como se ela
estivesse implorando para ele tocá-los - e ele queria. Ele queria
arrancar a blusa dela e cobri-los com a boca.
A imagem de Jane nua brilhou em sua mente, e ele rapidamente
abriu os olhos, olhando em volta. Jane não estava nua; ela ainda
estava bebendo dele. Ele apertou os quadris dela para impedi-la de
balançar contra ele e fechou os olhos novamente, grunhindo quando
ela o mordeu com mais força.
Quase instantaneamente, ela se afastou de se alimentar dele para
beijar ao longo de sua mandíbula. Ele podia sentir sua pele macia sob
as mãos e não conseguiu se conter. Ele soltou um grunhido e a jogou
de costas, como ele sempre imaginou fazer antes.
Ela gemeu quando ele passou as mãos pela coxa nua enquanto
ele usava o joelho para afastar as pernas dela e, em seguida, pegou o
botão da calça.
Não, ele gritou consigo mesmo.
Ela quer você, uma voz encorajada.
Jane colocou as pernas em volta da cintura dele e ergueu os
quadris para ele. Ele passou o polegar sobre o osso do quadril dela,
sorrindo enquanto ela resistia contra ele. Ela olhou nos olhos dele e
sorriu. David não conseguiu mais se conter e colocou os lábios nos
dela, sentindo os dela se moverem instantaneamente com os dele. Ele
não esperou e enfiou a língua na boca dela, explorando e provando
toda a doçura dela.
Eles beliscaram e chuparam os lábios um do outro. David nem
percebeu que suas roupas haviam desaparecido até que ele a sentiu
levantar os quadris para ele novamente, esperando que ele entrasse
nela. Ele trancou os olhos nela. Ela estava sorrindo para ele,
encorajando-o a continuar.
Ele fez.
David empurrou nela, com força. Ela gritou, mas ele não parou.
Ele não a deixou se acostumar com ele; ele se enterrou profundamente
dentro dela várias vezes enquanto ela gritava o nome dele. Suas
respirações quentes se misturaram com seus gemidos, e ele apertou a
cintura dela, levantando-a mais para poder ir mais fundo quando se
inclinou sobre ela, quase fazendo um buraco no colchão com a força
que ele a segurava. Ela gritou mais alto.
—David. — Ela sussurrou, mas sua voz não parecia o mesmo
tom em que ela estava gemendo.
Ele abriu os olhos. Eles ainda estavam sentados na cama, e Jane
estava bebendo dele. David piscou, confuso. Ele não estava despido e
ela também não.
Uma gota de suor escorria pelo lado do rosto. Ele fechou os
olhos novamente e novamente se viu entrando e saindo dela enquanto
as unhas dela afundavam em seus braços e costas. Ele podia sentir o
corpo dela como se estivesse embaixo dele, quente e macio. Ele quase
podia senti-la apertar em torno de seu pau.
David soltou um grunhido e abriu os olhos. Nada mudou. Ele
ainda estava se vendo devastando seu belo corpo. Ele não sabia o que
estava acontecendo com ele.
Leve ela.
De repente, David viu a conversa deles se desenrolando em sua
mente.
—David, eu sei que você nos impedirá de fazer algo errado...
—Eu confio em você.
Ele piscou e viu quando prometeu detê-la. —Tudo certo. Prometo
garantir que você pare antes que algo impróprio aconteça.
As imagens ficaram borradas e o quarto voltou ao foco. Mais
uma vez, ele estava segurando uma Jane vestida enquanto ela
simplesmente se alimentava dele.
Sua respiração estava pesada, mas ele levantou a mão na cabeça
dela. —Pare, Jane.
Ela começou a chupar com mais força, não querendo parar a
sessão de alimentação.
LEVE ELA!
Ele segurou os cabelos dela e levantou a voz. —Pare! — Ele não
estava gritando com ela; ele estava gritando com os pensamentos em
sua cabeça, mas Jane se encolheu com seu tom áspero e o soltou
rapidamente. David manteve o cabelo dela nas mãos e tentou
diminuir a respiração.
Ela não se mexeu, mas choramingou. Imediatamente ao ouvir
seu medo, ele se acalmou e soltou os cabelos dela para abraçá-la. —
Shh, querida. — Ele deslizou a mão pelas costas dela.
Ela o abraçou e enterrou o rosto na curva do pescoço. — Sinto
muito por não ter parado — ela sussurrou. — Eu te machuquei.
David odiava que ela pensasse que era culpa dela. Ele beijou o
lado de sua cabeça.
—Eu sinto muito. — Ela se desculpou novamente, a tristeza
enchendo sua voz suave.
—Oh, querida. Você não fez nada errado, e eu não estou ferido.
— Ele se inclinou para trás para poder ver o rosto dela, mas ela
desviou o olhar. David levantou as mãos e segurou o rosto dela. —
Olhe para mim, Jane.
Ela hesitou, mas finalmente o obedeceu.
—Não foi você. Foi minha culpa —, disse ele. —Eu... eu estava...
— Ele suspirou, tentando descobrir o que dizer a ela. — imaginando
coisas que eu não deveria estar imaginando e fiquei com raiva de mim
mesmo.
Jane não parecia convencida, então ele falou quando ela abriu a
boca para provavelmente questioná-lo.
—Eu não estou mentindo, você fez muito bem.
Ela ficou lá por um momento, mas finalmente deu a ele aquele
sorriso que ele amava. Ele sorriu de volta e puxou seu rosto para
beijar sua testa antes de guiá-la para descansar em seu ombro. Ele não
tinha ideia do que tinha acabado de acontecer, mas estava feliz ele
podia se impedir de fazer algo que arruinaria o relacionamento deles e
o coração de Jane.
Era intenso, porém, e ele ainda estava tentando diminuir o ritmo
cardíaco.
—Quem pensaria que David era capaz de ter pensamentos
desobedientes? — Seu tom de provocação o fez relaxar.
—Eu não pretendia. — Disse ele.
—Mhm.
—Não mesmo. — Ele repetiu. Ele honestamente se sentia mal
porque não tinha sido nem um pouco amoroso com ela em seus
devaneios.
—Eu acredito em você. — Disse ela rindo.
David beliscou seu lado suavemente ela soltou pequeno chiado e
tentou pular de seu colo, mas ele a abraçou e riu.
Depois de alguns segundos, ele falou com mais seriedade. —
Sinto muito, Jane.
Ela parou de rir. —Eu sei. Eu não estou brava com você.
—Obrigado, querida. Você conseguiu o suficiente? — Ele
procurou o rosto dela, certificando-se de que ela estava satisfeita.
—Sim, eu me sinto ótima.
—Bom. — Disse ele antes de tirá-la do colo.
A camisa dela havia subido, e embora ele quisesse ver isso subir
mais alto, ele a consertou e depois a levou para fora do quarto.
17
APOCALIPSE
O silêncio completo cumprimentou Jane quando ela e David
entraram no grande salão. Ela prendeu a respiração enquanto
observava os inúmeros pares de olhos fixos nela. Alguns eram de
cores vibrantes, assim como os cavaleiros, enquanto outros eram
pretos. Nenhum deles era acolhedor.
Ela tentou não se demorar em um único par de olhos frios, e
finalmente respirou um pouco mais quando encontrou a reunião de
cavaleiros no outro extremo do corredor. Por que eles tinham que
estar o mais longe da entrada, ela não sabia, mas estava mais calma ao
ver seus rostos familiares.
O leve conforto não durou. Quando ela continuou a sentir os
olhares, olhou para a multidão silenciosa e instantaneamente se sentiu
vulnerável e inferior. Ela não parecia nada com eles. Embora ela
nunca se considerasse bonita, ela imediatamente classificou essas
mulheres de lindas e reais. Ela era apenas uma garota simples do
Texas, e elas provavelmente eram todas nobres durante seu tempo
como seres humanos. Suas roupas elegantes e reveladoras também
não a ajudavam a confiar em si mesma. Toda mulher tinha uma figura
que invejara a vida toda, e elas estavam exibindo.
Jane olhou para baixo e pegou seus jeans e camiseta. Ela queria
chorar quando uma sensação de déjà vu tomou conta dela. Ela já
esteve nessa situação muitas vezes, riu por causa de sua aparência e
falta de estilo. Sua mãe não estava lá para ensiná-la a ser uma garota -
uma mulher. E sua tia nunca se importou em lhe dizer como lidar com
a puberdade. Ela não tinha ideia de como se encaixar com as meninas,
e elas sempre faziam questão de que ela soubesse. Ela não podia
nomear uma marca de designer para salvar sua vida.
Algumas risadinhas ao redor do salão quebraram o silêncio, e ela
estremeceu, afastando as lágrimas enquanto David gentilmente
apertava sua mão.
—Venha, meu amor. — Disse David, seu tom claro e orgulhoso.
Jane levantou a cabeça, os olhos vidrados encontrando o lindo
par azul que só a via. —Seja corajosa. — E le murmurou, sem
desviar o olhar ao som dos suspiros e sussurros. Ela não sabia se
podia ser corajosa, mas quando ele sorria para ela assim, parte de sua
ansiedade desaparecia.
A aprovação em seu olhar foi instantânea e ela sorriu para ele,
seu corpo inteiro esquentando como se de repente estivesse de pé sob
o sol brilhante. Ela se virou ao som de fracos assobios e olhou de volta
para os muitos pares de olhos cheios de ódio.
Não havia como saber quem havia manifestado sua antipatia
pela reivindicação aberta de David, mas ela sabia que não era
completamente bem-vinda. Enquanto alguns simplesmente pareciam
curiosos, a maioria da multidão não estava feliz em vê-la. Eles
estavam olhando para ela como se ela fosse a nova criança indesejada
na escola, mas talvez estivesse tudo bem. Não fazia sentido tentar se
encaixar quando você deveria se destacar. E se ela fosse a Outra de
David, ela se destacaria.
De todas as mulheres, seus olhos foram rapidamente atraídos
para um violento par verde. Era engraçado como ela podia amar um
par de olhos verdes além da explicação, mas detestava completamente
outro.
De pé, Jane encontrou o olhar de Melody e sorriu.
Surpreendentemente, porém, Melody sorriu de volta. Não, ela estava
sorrindo para David.
Jane olhou para cima, esperando ver raiva no rosto de David,
mas parou de respirar quando viu o contrário. Ele estava sorrindo.
Para Melody.
Ela virou a cabeça de volta para a mulher que David jurou que
não precisava mais se preocupar e sentiu seu coração se partir. David
já estava caminhando em sua direção, ainda sorrindo.
—David. — Jane sussurrou, seus olhos formigando quando ele
acariciou a bochecha de Melody e se inclinou, beijando-a bem nos
lábios.
Uma pressão intensa apertou sua mão, e ela olhou para baixo
apenas para ver um par de mãos ao redor de seu estômago. Ela tentou
afastá-las, mas estava congelada e depois foi forçada a olhar para a
cena que destruiu seu coração. David estava lá, seus braços fortes em
volta de Melody, a mão em seus cabelos dourados, puxando-o
enquanto ele lhe dava o beijo que Jane sonhava em receber dele.
—Não. — A palavra estrangulada deixou os lábios de Jane
enquanto os dedos afundavam em sua pele. As mãos estrangeiras
agarraram seus seios enquanto mais afastavam suas pernas. Jane abriu
a boca para gritar por ajuda, mas nenhum barulho a deixou. Tudo o
que ela podia fazer era olhar para a frente enquanto vários pares de
mãos tateavam seu corpo e arrancavam suas roupas.
Ela sentiu suas lágrimas quentes enquanto continuava tentando
gritar. O sorriso de David foi cruel quando ele se inclinou e mordeu o
pescoço de Melody.
Jane tentou balançar a cabeça - tentou perguntar o que estava
acontecendo. Mas ela só pôde ficar parada quando a multidão
começou a rir. Alguns aplaudiram que David finalmente escolheu
Melody, enquanto outros riram de Jane.
—Você realmente achou que ele iria querer uma garota patética
como você? — Uma voz masculina suave sussurrou. Como cobras,
mais sussurros deslizaram ao redor de seu corpo, seu coração,
apertando, cortando a vida.
—Ele mentiu para você. — Disseram vozes em uníssono.
Sua boca se abriu e fechou em um grito silencioso enquanto seu
coração partido sangrava. Seus cavaleiros estavam rindo com a
multidão de monstros. Ela implorou mentalmente que terminasse,
parasse de ver e ouvir o riso deles, mas isso só se intensificou. Não
importava o quanto tentasse se mover, para cobrir seu corpo nu que
estava sendo apontado e uivado de diversão e nojo, ela não podia. Só
podia deixar a tortura continuar enquanto se amaldiçoava por
acreditar que David a amava. Para sempre acreditar que alguém a
amava ou se importava com ela.
David finalmente puxou a boca do pescoço de Melody, seus
lábios perfeitos alinhados em sangue rubi que ele lambeu, fechando os
olhos enquanto saboreava o sabor. Ele abriu os olhos, encarando Jane
enquanto sorria. —Ela tem um gosto muito mais doce que você.
Mais lágrimas dificultaram a visão, mas ela ainda podia vê-lo
rindo antes que ele se voltasse para beijar Melody.
—Bem, isso não é legal. — Disse uma voz masculina um tanto
reconhecível.
Quando um grito de gelar o sangue saiu dos lábios de Jane, a
multidão também gritou antes de tudo escurecer.
Meus olhos estão fechados.
Jane parou de gritar, mas todo mundo continuou. Abrindo os
olhos, ela instantaneamente viu Apolo do outro lado da sala,
segurando um homem pelos cabelos enquanto ele usava a mão nua
para rasgar a garganta do homem.
Sangue jorrou por toda parte, cobrindo homens e mulheres
gritando enquanto todos os cavaleiros pulavam para ajudar Apolo.
Jane gritou de novo, sem saber o que estava acontecendo quando
sentiu um par de mãos a puxando.
—Jane! — David gritou, afastando-a do massacre.
—Cai fora! — Ela o empurrou, sem entender sua expressão
confusa e dolorida.
—Bebê, acalme-se. — Ele dominou as tentativas dela de se
afastar dele e puxou o corpo dela para o dele. —Shh... Eu entendi
você. Sou eu, Jane. Acabou.
Finalmente, aceitando que ele a estava abraçando por um
momento, Jane o agarrou, abraçando-o enquanto ela chorava contra
seu peito. Ele as afastou, mas ela não conseguiu se conter. Ela não
tinha ideia do que acabara de acontecer, e os gritos dos cavaleiros e os
gritos da multidão não a ajudaram a entender melhor.
David acariciou seus cabelos enquanto ela continuava chorando.
Seu coração batendo sob a orelha dela tornou muito mais difícil se
acalmar. —Você está bem.
—David. — Disse ela, sem saber por que estava dizendo o nome
dele, exceto pelo fato de que ainda não tinha cem por cento de certeza
de que ele estava lá.
—Estou aqui. Não era real. — Ele embalou a cabeça no peito
dele. —Fique comigo, Jane.
Ela o apertou com força, choramingando de alívio quando ele
devolveu o abraço. A multidão estava em silêncio sob as ordens de
Arthur, e ela tentou o seu melhor para respirar relaxadamente.
—Patética. — Alguém disse.
—Já chega! — Arthur gritou. —A próxima pessoa a falar se
arrependerá do dia em que procurou abrigo em minha casa.
Jane empurrou David para longe ao som de alguém zombando.
David veio atrás dela, colocando uma mão no ombro dela
enquanto deslizava a outra pelo braço dela. Ela não reagiu a ele
segurando a mão dela. Não, sua atenção estava muito focada nos
sorrisos divertidos de um pequeno grupo de mulheres ao redor de
Melody. Foi quando ela também notou Hades e a bela morena ao lado
dele. Ártemis.
—Isso não acabou, sua putinha —, uma voz feminina sussurrou
de repente em sua mente. —Já tivemos David antes. Nós o teremos
novamente.
—Bebê. — David murmurou, apertando sua mão.
—Quem? — Ela perguntou, encarando Ártemis antes de olhar
para Melody. Ela poderia não gostar da ideia de Ártemis estar lá, mas
ela não achava que essa voz estava vindo dela. Tinha que ser uma das
mulheres cujos olhos brilhavam com alegria maliciosa.
—Você está ouvindo alguma coisa? — Ele sussurrou.
Jane não respondeu a ele. Ela desviou o olhar entre cada sorriso
malicioso, sem ter certeza de qual era, mas ela estalou quando viu os
olhos verdes de Ártemis em David.
Ártemis era muito mais bonita que ela. Ela não se parecia com
Melody ou o grupo de mulheres exibindo todos os bens que tinham
para atrair a atenção de David. Jane viu exatamente o que David fez, e
ela não aguentou.
Ela sentiu mais palavras tentando penetrar em sua mente e
percebeu que isso era muito parecido com sua experiência com Mania.
Bem, se ela pudesse lutar contra esse demônio, ela poderia lutar
contra um casal de vampiros.
Com a mão livre fechada em punho, ela se concentrou em
empurrar os sussurros para longe dela.
—Jane? — David disse, apertando a mão dela.
—Deixe-me em paz. — Disse ela, não reconhecendo a frieza de
sua própria voz.
David escutou, apenas apertando sua mão mais uma vez,
enquanto ela usava toda a sua força para afastar o riso zombeteiro
dançando ao seu redor.
Então ela fez contato visual com um par de olhos ônix. Peguei
vocês.
Jane soltou a mão de David e deu um passo à frente, nunca
tirando os olhos estreitos da morena perto de Melody. Não era
alguém que ela reconheceu, mas sabia que essa era a pessoa
responsável pela segunda voz em sua cabeça.
Mais uma vez, Jane sentiu a sensação de pensamentos estranhos
tentando entrar, só que desta vez ela não chorou. Ela sorriu.
A mulher caiu no chão, gritando enquanto apertava a cabeça. —
Sua puta!
Jane sorriu, caminhando em direção ao grupo confuso de
mulheres que lançavam seus olhos freneticamente entre ela e a imortal
condenada no chão.
David estendeu a mão para ela, mas ela levantou a mão para
detê-lo.
—O que você está fazendo, Jane? — Ele perguntou, mas não a
agarrou.
—Diga. — Disse ela, erguendo os olhos para os de Melody.
—Alguém a detenha. — Gritou uma pessoa da multidão.
Houve gritos dos cavaleiros e movimentos ao seu redor, mas
Jane sabia o que tinha acontecido agora. Ela podia vê-lo com tanta
clareza enquanto continuava a olhar naqueles olhos esmeralda
rodopiantes.
—Não está funcionando, está? — Ela perguntou a Melody no
mesmo momento em que liberou um pulso muito concentrado de
energia. Honestamente, Jane não sabia como estava fazendo isso, mas
quando um estrondo baixo sacudiu o salão, todos que estavam
correndo por ali congelaram onde estavam.
Assim como ela fez quando foi atacada pelos demônios, e
quando impediu que David e Morte se matassem, ela segurou todos
eles, forçando-os em seus lugares.
—Jane! — David chamou, e ela instintivamente soltou-o.
—Eu sei o que estou fazendo. — Ela disse, sem se virar, embora
o sentisse lentamente voltando para o lado dela.
Todos os olhos estavam nela, mas ninguém falou. Eles não se
mexeram ou piscaram. Eles eram seus fantoches, a seu gosto.
Quando ela estava em pé na frente da mulher de olhos pretos no
chão, olhou para sua expressão de agonia sem um pingo de simpatia.
—Bebê, pare. — Disse David, mas ela o ignorou.
Sem nenhum sinal externo, ela as forçou a ficar de joelhos. O
chão tremia com a força que ela usara nelas. No entanto, ela controlou
seu poder e permitiu que seus cavaleiros, juntamente com Hades e
Ártemis, permanecessem em pé.
—Jane. — Disse Gawain em voz baixa.
Ela balançou a cabeça, sem desviar os olhos da vampira a seus
pés por vários segundos. Então, novamente, sem mover um músculo,
ela as forçou de quatro.
A multidão gritou de choque e medo, mas Jane sabia que seu
rosto estava vazio de emoção. Se ela não sentisse as lágrimas secas no
rosto ao inclinar a cabeça, pareceria como se nada tivesse acontecido
com ela apenas alguns minutos atrás.
Elas me torturaram, ela pensou. Enganaram e me humilharam.
Jane olhou de volta para a atacante, aquela que Apolo não havia
massacrado com as próprias mãos, e forçou a mulher de bruços.
Ela gritou, amaldiçoando Jane, mas Jane não se encolheu com os
insultos. Não, ela assistiu, silenciosamente, enquanto o sangue
derramava da boca da mulher vampira enquanto ela implorava para
que ela parasse.
— Chega, Jane — disse David, dando um passo atrás dela.
Ela assentiu, mas não soltou nenhuma delas. Em vez disso, ela
ergueu o olhar sem emoção para o olhar petrificado de Melody. —Este
é o seu último aviso. — Ela manteve os olhos em Melody por mais
cinco segundos antes de voltar sua atenção para Ártemis. Isso vale para
você também, ela acrescentou mentalmente, sabendo que a mensagem
foi recebida alta e clara quando os olhos da deusa virgem se
arregalaram.
Os gritos da mulher se intensificaram, e Jane finalmente olhou de
volta para sua vítima contorcida. Ela viu o sangue se aproximar de
seus pés, depois piscou, deixando todo mundo ir.
O grito de alívio da multidão foi instantâneo. Ninguém falou
quando eles se levantaram. O único barulho continuado veio da
mulher no chão - a mulher que ela torturou apenas com sua mente.
David colocou a mão no ombro dela e a virou para encará-lo.
Eles não tiraram os olhos um do outro enquanto os outros se
dispersavam em voz alta, tentando fugir da ira de Arthur enquanto
ele gritava ordens.
Finalmente, ele tocou sua bochecha e foi quando sua dor a
esmagou. Ela choramingou quando ele a puxou para ele.
Ela mal sabia o que sentia, mas sabia que não estava nem um
pouco orgulhosa do que acabara de fazer. Não havia entidade
controlando-a naquele tempo; era tudo ela. Ela estava se defendendo,
mas propositalmente torturou outro ser. Em sua visão periférica, ela
podia ver alguém ajudando a vampira do chão, enquanto outros
arrastavam os pedaços restantes de seu primeiro atacante para fora do
salão.
O cheiro de seu sangue morto atingiu seu nariz, e ela se sentiu
completamente enojada de si mesma. Sim, o homem infligiu horror e
desespero a ela, mas valeria mesmo a pena Apolo matá-lo por isso?
Ela sentiu um nó no estômago e seu coração estava chorando, sem
saber o que chorar por mais: ela mesma ou o que tinha feito.
David a envolveu em seus braços. —Oh bebê. — Ele abaixou o
rosto, beijando a têmpora dela e colocando os braços em volta do
pescoço dele. Jane o abraçou e permitiu que ele a levantasse.
Seu corpo tremia, e ela percebeu pela primeira vez o quão
incrivelmente zangado e preocupado ele estava.
—Sinto muito, meu amor —, ele sussurrou em seu pescoço. —Eu
nunca os imaginei te atacando dessa maneira.
Doía saber que ele estava tão chateado. Por alguma razão,
mudou toda a sua preocupação de si mesma e para ele. Ninguém
deveria estar tão chateado com ela.
—Eu estou bem —, disse ela, beijando seu pescoço. Ele ficou
tenso e ela lhe deu outro beijo. —Estou bem.
Ele inclinou a cabeça para trás, enxugando as lágrimas restantes.
—Deixe-me levá-la de volta ao seu quarto, Jane. Eu posso descobrir o
que está acontecendo mais tarde.
Ela balançou a cabeça. —Não, eu estou bem. Vamos acabar logo
com isso.
David franziu o cenho quando o polegar roçou o lábio dela. —
Você não precisa passar por mais esta noite.
Um sorriso triste se formou em sua boca. —O mundo não acaba
apenas para mim. — Ela suspirou, encostando o rosto na mão dele. —
De qualquer forma, eu gostaria de ver Hades. Quero saber se ele tem
notícias sobre a Morte.
A quietude a fez desviar o olhar dele pela primeira vez, e ela
percebeu que eles estavam sozinhos no corredor. David estava
estudando seu rosto, e ela se perguntou se suas palavras o
machucaram. Ela não quis mencionar a Morte quando ele estava
tentando cuidar dela.
Então, ela cobriu a mão dele com a dela e acariciou sua palma. —
Estou bem. Viu? Se você estiver comigo, eu estou bem.
—Querida, você não está bem.
Jane abriu os olhos lentamente. — David. Eu tenho você. Eu
ficarei bem.
Isso deve ter afetado ele quando ele assentiu e esfregou sua
bochecha com o polegar. —Sim, você me tem. — Ele a puxou para
perto, embalando a parte de trás de sua cabeça enquanto ela
descansava a bochecha no ombro dele. —Você tem certeza? — ele
perguntou. —Eu não me importo de voltar para nossos aposentos.
Sua maneira de falar a fez sorrir. —Sim. Vamos acabar logo com
isso. Estou cansada.
David beijou o lado de sua cabeça, e ela suspirou porque
desejava poder parar de vê-lo se beijando e se alimentando de
Melody, mas as imagens estavam queimadas em sua mente.
—Você acabou de se alimentar —, disse ele. —Eu acho que você
ficará bem, mas deixe-me saber se você quer ser dispensada para se
alimentar.
—Tudo bem. — Disse ela, tentando manter a voz trêmula
enquanto continuava vendo ele rindo dela enquanto ele dizia que
Melody tinha um gosto mais doce.
Ela se sentiu sendo abaixada no chão e tentou desesperadamente
afastar as imagens, odiando que algo que nem acontecesse pudesse
atormentá-la tanto.
David a deixou ir o suficiente para que ela pudesse ficar sozinha
e afastou os cabelos do rosto antes de colocar as duas mãos nas
bochechas. —Vejo você sofrendo —, disse ele, abaixando o rosto. Ele
beijou o nariz dela uma vez antes de tocá-lo com o dele. —Eu falhei
com você novamente.
Suas palavras e tom desamparado a deixaram.
Ela se aproximou e beijou sua bochecha. —Estou bem. Você não
sabia o que estava acontecendo. — Ela o beijou novamente no mesmo
lugar. —Eu queria ser sua corajosa Jane. — Seus lábios ardiam, mas
ela os deixou quando o sentiu sorrir.
—Você definitivamente foi minha corajosa Jane. — Ele abaixou o
rosto, mas parou quando a voz de Arthur chamou.
—David.
Os dois se viraram, afastando-se um do outro quando Arthur
deu a David um olhar duro.
—Ela está bem —, disse David, pegando a mão dela. —Eu queria
ter certeza de que ela estava confortável em ir à reunião.
Arthur não pareceu satisfeito, mas fez um gesto para que eles
avançassem e se afastou, revelando um enorme conjunto de portas.
Eles entraram rapidamente, e ela ficou impressionada ao ver a
enorme mesa redonda onde os cavaleiros já estavam sentados. Seu
espanto ao ver a Mesa Redonda de Arthur desapareceu quando ela
viu os olhares apreensivos dos cavaleiros que não eram tão próximos.
Ela baixou os olhos para o chão e deixou David levá-la.
—Jane, você está bem? — Gawain perguntou.
Ela realmente não sabia, mas assentiu. —Sim eu estou bem.
David apertou a mão dela e a puxou para um assento vazio ao
lado do que Arthur havia tomado. Havia outro do outro lado de
Arthur, mas David não a levou até lá. Em vez disso, ele soltou a mão
dela, puxou a cadeira e sentou-se.
Jane olhou para ele por um segundo, e enquanto ela caminhava
ao redor dele para sentar na outra cadeira, ele agarrou a mão dela e a
puxou para o colo.
Isso não era o que ela esperava, e ela examinou os rostos dos
cavaleiros, seus olhos arregalando quando David colocou uma mão
em sua coxa e deixou a outra no apoio de braço nas costas.
Ela mordeu o lábio e sentiu as bochechas esquentarem quando
ele sorriu.
—Hades —, Arthur disse com uma risada leve. —Eu acredito
que David está oferecendo a você o assento de Jane.
Jane virou a cabeça e encontrou um Hades muito divertido
observando-a enquanto ele caminhava para o assento vazio.
— Apolo — disse Arthur. — pegue duas cadeiras para você e
sua irmã.
Jane não tinha percebido que Apolo estava na sala. Agora,
quando ele voltou correndo com dois assentos, ela notou sangue seco
nas mãos dele.
Ele fez contato visual com ela, seus olhos escuros a engolindo até
que ele piscou. —Essa foi uma demonstração impressionante de
poder, jovem.
Honestamente, ele parecia mais jovem que ela, mas ela se sentiu
como uma criança quando seu olhar deslizou sobre ela. Ela deu um
sorriso nervoso e se inclinou contra o peito de David, sorrindo mais
quando David apertou sua coxa.
—Obrigada —, disse ela, sentindo-se mais à vontade sob o olhar
sombrio de Apolo. —Eu aprecio você me defender.
Apolo sorriu para ela. —O prazer é meu, linda.
David a puxou mais para ele. —Podemos começar?
Jane foi olhar para David, mas ela se virou para Hades quando
ele riu.
—Sir David, ele não está tentando cortejá-la. — Disse Hades.
Ela corou quando David resmungou algo e virou Apolo para o
dedo médio. A boca dela se abriu, não esperando isso dele quando ele
colocou a mão de volta na perna dela.
—David, ele interveio quando Jane estava sendo atacada —,
disse Arthur, com um sorriso nos lábios. —Relaxe.
Seu vampiro bufou e a puxou um pouco mais para perto
enquanto ele acenou para Apolo. —Sua assistência é apreciada. — Ele
mostrou suas presas, no entanto. —Mas pare de olhar para ela como
você tem olhado. Você e eu não somos amigos tão próximos.
Apolo piscou para ela, ganhando um rosnado de David, mas ela
colocou a mão sobre a dele, o que pareceu acalmá-lo um pouco.
—Ah, é bom finalmente te ver com uma mulher. — Apolo riu
com alguns dos cavaleiros. —Acho que todos esperamos ver sua
proteção sobre ela. Tem sido chato lidar com esses mortos-vivos e
condenados. Nosso cavaleiro campeão, que destrói alguns Malditos
tolos, deve ser bastante divertido.
Arthur lançou um olhar penetrante para David, mas começou
sua reunião. —Jane, você já conhece Hades, e vejo que você se
familiarizou brevemente com Apolo, seu sobrinho.
—Sim, nós nos conhecemos nos corredores antes. — Disse ela
suavemente, corando ao se lembrar de ter declarado abertamente que
o encontrou na frente de Apolo e o humano doador.
Arthur olhou para Apolo. —Você sabe melhor.
—Desculpa, Arthur. — Apolo levantou as mãos. —Não vai
acontecer novamente.
Jane ficou um pouco impressionada com o fato de Arthur ter
tanto respeito e poder de seres que ela sempre acreditou serem
deuses.
—Você conhece as penalidades —, disse Arthur. —Agora, Jane
— Ele acenou com a mão para a pessoa sentada ao lado de Apolo. —
esta é Ártemis, irmã gêmea de Apolo e sobrinha de Hades.
A sala ficou em silêncio enquanto ela e Ártemis faziam contato
visual.
Essa era ela. Esta era a mulher - deusa - com quem David a teria
substituído se David nunca a conhecesse. Quem sabia quanto tempo
ele realmente teria durado sem conhecê-la. Para sempre, o coração de
Jane esperava, mas ela não estava confiante. Ela ainda não tinha
certeza de que ele realmente iria ficar por aqui desde que ela lhe deu
poucas razões. Afinal, Ártemis era adorável, uma verdadeira deusa
comparada à sua aparência e personalidade simples. Pior ainda,
Ártemis não parecia estar tentando chamar a atenção de David - e ela
o teve sem tentar no passado. Não havia garantia de que ela não
voltaria a ter.
Apesar da falta de se jogar em David ou de exibir sua beleza,
uma coisa ficou evidente para Jane: Ártemis não gostava dela. O
desagrado ficou claro como o dia em que os olhos verdes de Ártemis
se estreitaram um pouquinho nela enquanto elas continuavam se
avaliando.
Ameaça, a mente de Jane assobiou.
Finalmente, Ártemis quebrou o silêncio e Jane se amaldiçoou por
não ter sido a primeira a fazê-lo. —Jane. — Disse ela. A única
profusão de seu nome no tom condescendente poderia muito bem ter
sido uma bofetada.
As bochechas de Jane aqueceram de raiva quando suas emoções
se chocaram entre o ódio por Ártemis e a fúria de si mesma por não se
comparar a essa mulher!
David virou a mão que ainda estava sob a dela e entrelaçou os
dedos enquanto a outra mão deslizava por trás do pescoço dela. Jane
não se mexeu, sem saber exatamente o que ele estava fazendo, mas
notou que Ártemis estava seguindo todos os movimentos que David
fazia.
Com uma persuasão suave, ele a puxou para perto e beijou sua
têmpora antes de lhe dar um outro doce beijo.
Seu coração disparou, e ela quase vibrou quando Ártemis torceu
o rosto com amarga decepção e se virou.
—Ártemis —, ela finalmente disse - não friamente, apenas
confiante. Ela nunca se sentiu assim conhecendo mulheres com Jason,
mas David, mesmo sem ser namorado ou esperar mais, a fez sentir
como se fosse algo especial. Ela se sentiu importante para ele por esse
público e doce sinal de afeto.
—Caramba. — Disse Apolo, sem esconder uma risadinha
quando sua irmã olhou para ele.
Jane queria rir, mas conseguiu se conter. Não há necessidade de
se gabar.
Hades balançou a cabeça para o sobrinho. —Bem, eu continuarei
com o porquê de termos vindo aqui. — Ele olhou para Jane. —A
Morte me enviou.
Os olhos dela se arregalaram e ela lhe deu toda a atenção. —Por
que?
—Ele queria que eu garantisse sua segurança, jovem beleza. —
Hades lançou a David um olhar de desculpas. —Ele pede desculpas
por não ter vindo em seu auxílio durante sua batalha final no Texas.
—Tenho certeza que sim. — Disse David, e ela sabia - todos
sabiam - a Morte não estava arrependida por não ter vindo ajudá-la.
David beijou seus cabelos quando ela quase deixou escapar sua
exigência de saber por que a Morte não havia chegado. Esse tinha sido
um dos momentos mais comoventes que ela já havia experimentado, e
tudo que a Morte tinha que fazer era ajudá-la.
—Não se permita pensar mal dele —, disse David. —Ele tem um
dever, e não é para mim.
Jane apertou os lábios. Seus pensamentos estavam gritando para
ela ficar furiosa com a Morte, mas seu coração estava pedindo que ela
ficasse calma, pensando que David estava certo. A Morte não se
importava com ninguém.
Hades falou novamente. —Ele queria que você soubesse o que
descobrimos. Thanatos, junto com outros demônios de alto escalão,
estão movendo tropas de Malditos.
—Onde? — Tristan perguntou.
—Norte —, respondeu Ártemis, sentando-se reto. —Podemos ter
aprendido mais, mas o anjo caído Thanatos distraiu a Morte de obter
mais informações. Estávamos procurando a localização dos meus cães.
—Ártemis. — Disse Hades, sua voz repreendendo.
—Ele está bem? — Jane perguntou. Ela sabia que a Morte
poderia cuidar de si mesmo, mas Thanatos parecia mais ameaçador
do que os demônios que ele enfrentou quando a salvou.
—Ele foi esfaqueado por Mania quando estava ocupado
perguntando sobre você. — Disse Ártemis.
—O suficiente! — Hades bateu na mesa, olhando para sua
sobrinha.
Os olhos de Jane lacrimejaram quando seus pensamentos
giraram fora de controle.
David esfregou a perna dela. —Tenho certeza que ele está bem.
—Ele está —, disse Hades, desviando o olhar de Ártemis quando
ela finalmente abaixou o olhar. —Não fique chateada, Jane. A Morte
sempre a colocará acima de qualquer negócio que ele tenha. Você não
é uma distração; seu papel no destino do mundo é importante não
apenas para a Morte, mas para todos nós.
Arthur se inclinou para a frente, apoiando os cotovelos na mesa.
—Sabemos mais sobre essa aliança entre Caídos, Demônios e
Malditos?
Hades suspirou. —Os Caídos sempre se comportaram mais
como guardas dos demônios do Inferno, mas agora eles estão
trabalhando juntos. Nem todos os Caídos alcançarão a redenção
completa, portanto isso não é muito chocante. Há quem não tenha
esperança de retornar à luz. Thanatos, por exemplo, que já foi um dos
mais altos generais do Céu, agora é a mão direita de Lúcifer.
—Realmente? — Jane perguntou, sua mente voltando aos olhos
vermelhos do anjo caído que ordenou que Mania a atacasse.
Hades sorriu tristemente. —Sim, pensava-se que ele era muito
leal a seu dever, mas, como Lúcifer, seu coração e caminho foram
afogados na escuridão. De qualquer forma, eles se uniram. Tudo isso
se conecta. Os lobos infectados, a praga, a aliança de forças das trevas
e outros assuntos no céu e no inferno - é claro que estamos
testemunhando apenas o início de uma grande guerra. A praga não
foi manifestação acidental.
—O que você quer dizer? — Jane perguntou rapidamente.
Ele olhou para ela com seus olhos azuis pálidos. —Quero dizer
que os mortos que andam na Terra foram apenas o começo. Em breve,
muito em breve, os anjos do Céu se unirão a nós para lutar contra o
mal. O inferno está construindo seu exército, e agora estamos em
menor número com eles se unindo. Os exércitos individuais crescem
mais a cada dia. Eles reúnem vítimas inocentes e as forçam ao
comando de Lancelot, Ares ou Hermes. Tenho outros, tenho certeza,
mas esses são quem já vimos. E isso são apenas lobisomens e
vampiros.
—O que mais está lá? — Ela perguntou, notando Ártemis revirar
os olhos.
David estava lá, no entanto, beijando a têmpora dela novamente
antes de explicar. —Existem mais do que vampiros e lobisomens
amaldiçoados, Jane. Todos nós podemos ser da mesma origem, mas
há mais pesadelos com os quais lutamos regularmente.
Hades assentiu para David. —Keres nos surpreendeu no Texas.
É por isso que lutamos para obter mais informações, a propósito, não
por sua causa, Jane.
—Eu achava que não existia mais. — Disse Gawain.
—Nem eu —, disse Hades. —Eles são numerosos também.
Claramente, eles estão se reproduzindo e, sem dúvida, escondidos
esse tempo todo pelos mais poderosos do inferno. Se não fosse pela
Morte, poderíamos ter enfrentado mais baixas. É lamentável que nem
mesmo sua equipe de Luz tenha ajudado contra eles.
Jane foi abrir a boca, mas David falou antes que ela pudesse.
—Querida, Keres é difícil para um imortal normal matar. Keres
podem voar e são mais rápidos que qualquer um de nós. Na verdade,
menos de um punhado pode alegar ter matado pelo menos uma. E o
que ele quer dizer com Luz é que eles são os anjos do céu.
Aparentemente, a Morte tem uma equipe — ele olhou para Hades e
recebeu um aceno de cabeça. — a quem ele emprega, suponho que
você poderia dizer. No entanto, os exércitos do Céu são proibidos de
levantar suas espadas contra elas.
—Mas por que?
—O céu proíbe porque Keres são descendentes de humanos —,
disse David. —Elas estavam entre os primeiros imortais do inferno.
Um demônio criou um, criado com ela, e o resto surgiu de sua criação
incessante. Elas estão o mais perto possível de um demônio
verdadeiro, mas o exército do Céu está proibido de destruí-los. É para
isso que somos.
—Você matou alguém? — Ela olhou para David, os cavaleiros e
Hades.
—Eu matei apenas um pequeno número —, disse David,
apontando para Hades. —O Deus do submundo, no entanto, é famoso
por matar centenas. Acreditava-se que ele causou a extinção deles.
—Mentira, claramente —, disse Hades com uma risada. —Mas
ele está certo sobre eu matar centenas dessas harpias. Um benefício
quando você está no emprego da Morte é as armas às quais você tem
acesso.
—Ainda assim, tio —, disse Ártemis, ignorando o olhar de
desaprovação que Apolo deu a ela. —A Morte poderia ter sido mais
útil se ele não tivesse sido distraído pelas provocações de Thanatos.
Hades cerrou o punho, mas não se virou para Ártemis quando
ele se dirigiu a ela. —Preciso lembrá-lo, minha sobrinha querida, o
que ele prometeu fazer com você, caso sua atitude continuasse?
—Além de Jane, que assuntos a Morte tinha com Thanatos? —
David perguntou, esfregando a mão na perna de Jane enquanto ela
olhava as palavras ao redor da borda da mesa, sua mente voltando à
Morte. Ela não entendia por que suas ações sugeriam que ele queria
protegê-la, mas ele a abandonou e a ignorou quando ela o chamou.
—Estamos tentando localizar o irmão dele há mais de um ano —,
disse Hades. —Thanatos e outros membros de alto escalão do Inferno
também foram impossíveis de encontrar. Quando se soube que
Thanatos e Mania foram vistos no Texas, a Morte aproveitou a chance
para capturá-los.
—Mas ele falhou. — Jane murmurou, sem olhar para cima.
—Ele foi pego de surpresa pela Mania, sim —, disse Hades. —
Ela usou uma lâmina amaldiçoada para esfaqueá-lo nas costas, o que
permitiu a Thanatos e Mania a chance de escapar. Mas ele conseguiu
obter algumas informações antes disso: Thanatos revelou onde Pest
pode estar.
—A lâmina amaldiçoada —, Jane disse lentamente enquanto seu
coração doía. Talvez fosse por isso que ele não a procurou. —Isso fez
alguma coisa com ele?
—Além de levar mais tempo para curar, não. — Disse Hades.
—Oh. — Jane suspirou e se inclinou contra David.
—Quando a Morte encontrar seu irmão —, continuou Hades. —
aprenderemos mais sobre como a praga eclodiu e quem está
planejando o ataque.
—Pensamos que Lancelot estava por trás da praga —, disse
Arthur. —A primeira vítima foi nomeada Zev Knight.
Hades estava assentindo. —Cavaleiro Lobo... Eu sei. Lancelot
deve estar envolvido, mas ele não pode causar a praga. Parece que
muitos estão envolvidos no surto.
—O que o irmão da Morte tem a ver com a praga? — Jane
perguntou. —Ele nunca mencionou um irmão o tempo todo que eu o
conheço.
—Ele tem três. — Disse Hades, hesitante.
—Oh. — Ela ainda não sabia por que a Morte nunca disse uma
coisa dessas. —Mas o que seu irmão tem a ver com tudo isso? Por que
ele está procurando por ele?
—Jane. — Disse Hades com um sorriso triste. — A Morte é um
dos quatro cavaleiros. O irmão dele, Pestilência, é o único ser capaz de
desencadear essa praga.
Ela olhou para cima e agora tudo que ela podia fazer era olhar
para Hades. Por que ela nunca fez essa conexão? Por que ela nem
considerara que a Morte era um dos cavaleiros do apocalipse?
—Eu sempre presumi que os Cavaleiros só seriam revelados no
final —, disse Gawain em voz baixa. —Eu também acreditava que o
Anjo da Morte e o Quarto Cavaleiro eram diferentes.
—Muitos acreditam —, disse Hades. — E muito poucos sabem
quem são os outros cavaleiros. Eles são quase um mito entre sua
própria espécie. Até eu, um servo da Morte, nunca olhei para os
outros três.
—Tristeza —, Jane disse de repente. —A Tristeza é o cavalo
pálido.
—Sim. — Disse Hades.
—Por que ele não me disse quem ele era? Quero dizer, quem ele
realmente era?
—Jane —, disse Hades como se estivesse falando com uma
garotinha. —você era uma criança humana quando ele a conheceu.
Até nós imortais não somos informados de tais coisas. Eu nem deveria
ser o único a lhe dizer isso, mas sinto que não há razão para esconder
isso agora. Isso não muda seus sentimentos por você ou por quem ele
é. Ele sempre foi o Cavaleiro final do Apocalipse.
Ela se sentiu tão confusa. Tudo fazia sentido agora, mas ela não
queria acreditar. Seu amado protetor não era outro senão o fim do
mundo. Ele não era apenas um anjo da morte, ele era o fim de tudo.
Ele sabia que eles morreriam - que seus bebês pereceriam na praga de
seu irmão, e ele não disse nada.
David a abraçou com mais força enquanto sussurrava em seu
ouvido: — Vai ficar tudo bem, meu amor. Estamos todos juntos.
Nosso dever permanece o mesmo, e a Morte ainda é o mesmo anjo
que te protegeu todos esses anos. Ele te ama. Ele sempre irá protegê-
la. Estou certo disso.
Ela não estava mais. Talvez seja por isso que ele não veio, ela
pensou. Talvez ele saiba que não há sentido em vir; ele está se
preparando para acabar com o mundo.
—Onde está a Pestilência? — Arthur perguntou.
—Tártaro —, respondeu Hades. —A Morte enviou sua equipe
para localizar o portão. Ele se move e leva tempo até que ele localize.
—Por que ele não foi com eles? — Ela perguntou a Hades.
—Ele não disse. Ele ordenou que eu viesse aqui, alertar vocês
sobre a ameaça e fortalecer nossos números, porque todos lutaremos
muito em breve. A praga é o menor dos nossos problemas agora.
Precisamos estar preparados.
—Ele quer os cães. — Disse Arthur, chamando a atenção de
Hades.
—Sim. Lycaon os tem. Precisarei de sua ajuda para resgatá-los, e
precisaremos deles com os lobos de Nyc ainda fora do radar. A Morte
não confia em Nyc agora. Com sua experiência no passado e os
métodos que os Caídos estão usando para esconder tantos imortais, a
Morte acredita que algo semelhante pode ter acontecido com Nyc. Ele
acha que os cães serão necessários.
David soltou um suspiro. —Vi Nyc pela última vez no Colorado,
há um ano. Ele está lá fora, mas não tenho ideia de por que nenhum
de nós nunca teve notícias dele.
—Quando você está planejando sair? — Arthur perguntou a
Hades: —Lycaon não será uma luta fácil. Ele tende a permanecer no
deserto implacável também.
—Acho que devemos sair o mais rápido possível. Se o inferno
estiver trabalhando com Lancelot e outros exércitos imortais, Lycaon
provavelmente também receberá ajuda. Preciso obter mais
informações sobre sua localização exata, mas tenho uma boa ideia de
onde podemos preciso ir. Vou precisar da sua ajuda com isso, Arthur.
Arthur assentiu, mas olhou em volta da mesa. —Passem um
tempo com suas esposas. Provavelmente partiremos mais cedo do que
esperávamos. Vocês estão dispensados.
Os outros não esperaram para saber mais, e Jane não pôde culpá-
los. Eles só descobriram que o apocalipse final estava em cima deles.
David levantou Jane de seu colo como Hades levantou e
caminhou ao redor da mesa.
Hades segurou suas bochechas —Jane, eu sei que você está
confusa, e talvez você sinta que ele deliberadamente escondeu
informações de você, mas você ainda é o tesouro mais precioso da
Morte.
Seus olhos ardiam. —Obrigada por me dizer a verdade sobre ele.
Hades franziu a testa e abriu a boca, mas David a puxou de
volta.
—Acho que ela precisa de tempo para processar o que aprendeu
—, disse ele. —Se ela quiser conversar mais com você sobre ele,
procurará você.
—É claro —, disse Hades, enquanto sorria de novo. —Ela teve
uma noite difícil, deveria descansar.
—Venha, Jane. — David puxou a mão dela.
Quando ela se virou para ele, percebeu que Ártemis havia se
atrasado. Jane sentiu tanta raiva quando aqueles estúpidos olhos
verdes se voltaram para David por um breve momento.
Ela rangeu os dentes. De todas as coisas horríveis que ela tinha
que lidar ela tinha que adicionar mulheres ciumentas à mistura, ela
nem sabia por que elas estavam com ciúmes. Sua vida era horrível e,
embora ela considerasse David e a Morte dela, em certo sentido, eles
realmente não eram. Afinal, a Morte estava provando cada vez mais
que ele não era dela.
Jane apertou a mandíbula para controlar os pensamentos
violentos que se formavam dentro dela. Ela se sentiu traída e perdida -
estúpida. Como ela podia acreditar em qualquer coisa que ele
dissesse? Agora, ou qualquer coisa que ele já lhe disse? Ele a deixou.
Ele fazia parte desse caos, e ele a deixou. Ele negociou sua alma e a
jogou de lado quando ela se tornou um fardo demais. Talvez ele
quisesse algo mais dela. Talvez ele a visse como uma arma. Por que
mais ele e Lúcifer poderiam apostar nela?
Um leve lampejo dela sorrindo no centro de destruição tocou sua
mente. Ela estaria ao lado da Morte quando ele destruísse a
humanidade, ou lideraria legiões do inferno com Lúcifer?
Ela fechou os olhos com força antes de olhar de volta para o
vampiro.
David a observou, e seu olhar preocupado e amoroso quase a
terminou. Ele era o único a seu lado, e ela estava sempre o afastando.
Não vou perdê-lo, ela prometeu a si mesma antes de alcançá-lo. Ele
sorriu suavemente e a levantou, puxando as pernas em volta da
cintura dele enquanto a abraçava.
—Estou aqui, querida. — Disse ele, esfregando-a de volta.
Ela enterrou o rosto no pescoço dele, respirando-o. — Leve-me
para a cama, David.
—Apolo, Ártemis. — A voz de Arthur invadiu seu momento de
paz. —Vocês dois também estão dispensados.
David já a estava carregando pela porta quando Jane os ouviu se
aproximar.
—Queixo, linda —, disse Apolo ao passar. —Lutamos muitas
guerras em nossas vidas longas. Esta não será diferente.
Ela o viu acenar para David antes que ele disparasse. Ártemis, no
entanto, demorou a passar por eles.
—David —, disse Ártemis, soando muito doce para o gosto de
Jane. —Esse quarto em frente ao seu está disponível? O que você me
diz sobre eu ficar sempre que eu visito?
Jane enfiou os dedos no pescoço de David. Ele parou de andar,
agarrando-a com mais força. Jane não conseguiu respirar, enquanto
esperava sua resposta. Se a Morte mentiu para ela, talvez David
também.
—Não —, disse ele, com a voz baixa. —Encontre outro quarto,
Ártemis. Minha ala está ocupada.
—Oh—, disse Ártemis. —Devo assumir que você a está
mantendo lá? Não sabia que você a colocaria em uma sala de
doadores.
O corpo de David ficou quente. —Você sabe que eu não uso
doadores. Pare de sugerir coisas que não são verdadeiras.
—O que você quer dizer? — A resposta inocente quase fez Jane
ficar vermelha. —Você me permite ficar como sua convidada.
Ele rosnou. —Você fará beicinho como uma criança até que eu
tenha pena de você. Não desejo envergonhá-la ou magoá-la, mas você
está pressionando a bondade que lhe mostrei. Você sabe que ela
acabou de ter um encontro difícil com mulheres, mas está sugerindo
que você e eu somos mais que conhecidos. Você é um camarada
ocasional em batalha, só isso.
—Eu só estava perguntando se o quarto estava disponível. —
Ártemis disse calmamente.
—Você está agindo como uma pirralha adolescente —, ele
retrucou. — Não sou bobo. Sei que seus desejos são nomeados como
ser minha Outra, mas você é ilusória. Ela é minha outra. Eu a vejo
apenas. Eu sempre a vi.
Jane se inclinou para trás para encará-lo. Ele não olhou para ela,
e ela ficou surpresa ao ver o olhar mortal que ele estava dando à
deusa.
—Ela é tudo que eu já desejei —, disse ele, esfregando a mão na
espinha de Jane. —Quaisquer fantasias que você e as outras tenham
tido são apenas isso - fantasias. Continue com elas silenciosamente, se
precisar, mas saiba que você é apenas uma aliada de Arthur. Ela é
minha mulher. — Ele ficou tenso, mas Jane esfregou o polegar na
nuca, esperando que ele entendesse que ela estava bem com ele a
chamando assim, e ele suspirou. —Agora, vá antes que você me veja
finalmente perder meu último pedaço de paciência com você.
Jane virou a cabeça, mas Ártemis se foi.
David deslizou a mão pelas costas dela e a abraçou. —Me
desculpe meu amor. — Ele respirou fundo e beijou o ombro dela. —
Sinceramente, não esperava que ela, de todas as pessoas, se
comportasse dessa maneira. Nada do que ela sugeriu é verdade.
Ela sorriu suavemente e acariciou seus cabelos. —Me leve para a
cama.
—Tudo bem, querida.
Jane virou-se nos braços de David para encarar a porta que ele
estava prestes a abrir.
—O que? — Ele perguntou, olhando para a porta do quarto dela.
—Eu não quero ficar lá.
Ele riu, puxando-a para perto. —Ela não fica lá há muitos anos e
é sempre bem limpo.
—Eu não ligo. Minha mente está muito bagunçada agora.
Ele olhou para a porta e suspirou. —Não tenho outros quartos
no meu andar.
—Eu quero ficar com você. — Disse ela, movendo lentamente o
olhar para encontrar o dele.
—Você tem certeza?
Ela assentiu e fez o possível para sorrir. —Eu preciso de você
esta noite.
Sua expressão suavizou, e ele a puxou para perto. —Eu preciso
de você também. — Ele beijou sua testa antes de levá-la para seu
quarto.
Sem se preocupar com as luzes, ele a levou direto para a cama e
a deitou.
—Deixe-me ir recuperar algumas de suas roupas para que você
possa dormir confortavelmente.
Jane pegou a mão dele e balançou a cabeça. —Apenas me
empreste uma de suas camisas. Eu gosto delas.
Ele sorriu e levantou a mão dela, beijando-a rapidamente antes
de soltar. —Eu gosto quando você as veste.
Ela corou quando ele se virou.
—Você precisa que eu consiga suas calças?
—Eu gosto de usar a sua.
Ele riu e vasculhou sua gaveta. —Vou me lembrar disso quando
for a hora de pedir mais. — Depois de selecionar alguns itens, ele
fechou a gaveta e voltou. —Meus boxers provavelmente se encaixam
melhor em você. — Ele entregou-lhe uma camisa e uma cueca preta.
—Vou deixar você se vestir. Então você pode descansar um pouco
para que possamos visitar seus filhos quando eles acordarem.
—Ok.
Assim que ele fechou a porta, ela tirou tudo, exceto o sutiã e a
calcinha, antes de puxar rapidamente as roupas dele. Como no
passado, a camisa dele atingiu suas coxas, fazendo parecer que ela
estava apenas vestindo uma camisa.
Jane cruzou as pernas, sorrindo quando de repente o ouviu fazer
xixi. Era tão estranho imaginar David como um cara normal. Ele era
tão bom, mas definitivamente era um macho alfa. Ela sorriu de novo
quando se lembrou dele com Apolo. Ele deu ao deus do sol o dedo
médio por olhá-la!
Jason de repente surgiu em sua mente e seu sorriso desapareceu.
Ele não gostava de homens olhando para ela. Só que ele não disse
para parar como David; ele disse para ela parar de chamar atenção
para si mesma.
Ela franziu a testa, olhando a cama de David. Ela estava indo
dormir com ele. Novamente. O que eu estou fazendo? Ela sabia que era
uma má ideia, mas não queria ficar sozinha. Ela não queria estar em
um quarto em que Ártemis também estivesse, e não podia ir até Jason.
Ela queria o conforto de David. Ela queria senti-lo lá depois de tudo o
que havia aprendido. Seu coração exigia que ela ficasse perto dele.
David abriu a porta lentamente antes de caminhar para o lado da
cama. —O que você está pensando?
Jane deu de ombros, desviando os olhos do olhar preocupado
dele. —Eu só não quero te perder. Eu não quero perder ninguém. E
estou triste. — Ela olhou para ele novamente. —Ele não me disse.
—Oh meu amor. — Ele sentou na cama. —Você deve se lembrar
que quando a Morte te conheceu, você era uma criança humana.
—Mas eu cresci com ele. — O lábio dela tremeu quando a
verdadeira dor de cabeça começou. — Ele sempre sai. Ele sempre diz
que não está mentindo, mas não vem quando eu imploro por ele,
quando eu implorei que alguém me ajudasse e respondesse
perguntas, ele escondeu isso de mim.
David a puxou para seu colo, abraçando sua estrutura trêmula.
—Jane, ele é um anjo. Alguém que provavelmente tem a maior
posição e carga a suportar. Ele te amou antes mesmo de perceber,
tenho certeza. Como ele pôde dizer a uma garota, a única mulher que
significava alguma coisa para ele, que ele era o Cavaleiro Final do
Apocalipse? — Ele alisou o cabelo dela para trás. —Acho que nem eu
poderia lhe dizer algo tão terrível. Ele provavelmente ficou com medo
de você descobrir desde que te conheci.
Jane levou a mão ao coração dele e abaixou a cabeça para que a
orelha também ficasse perto dela. —Eu o teria aceito.
David passou os dedos pelos cabelos dela. —Eu sei que você
teria. Ainda assim, como um homem que te ama, prometo que é
aterrorizante encarar o pensamento de você não me aceitar.
Ela olhou para cima, mas não afastou a cabeça. —Podemos
dormir agora? Não quero pensar nele ou no fim do mundo. Tudo o
que quero é olhar meus filhos e não posso fazer isso.
Ele ficou quieto, mas puxou o cobertor para o lado antes de
gesticular para que ela entrasse. Ela o fez, mas agarrou a mão dele,
caso ele decidisse deixá-la.
—Eu posso dormir no chão, Jane. — Disse ele, mas entrou ao
lado dela.
—Eu sei —, ela sussurrou, olhando para a porta como se alguém
pudesse entrar. —Eu só preciso ouvir seu coração para que eu possa
dormir.
Ele levantou a cabeça e sorriu suavemente. —Era isso que ele
fazia por você? Ele segurava você para que você pudesse dormir?
Mordendo o lábio, ela assentiu. —Eu tenho pesadelos. Vejo
coisas ruins mesmo quando não estou dormindo. Quando eu era
pequena, ele me disse para ouvir seu coração e pensar em ir a algum
lugar mágico com ele, e ele vinha me encontrar nos meus sonhos. —
Ela sorriu quando seus olhos lacrimejaram. —Exceto pelo meu cochilo
com ele, eu não tive nada próximo até que você me segurou.
David puxou a cabeça dela contra o peito. —Ele estava com você
todas as noites?
—Quase. — Ela fechou os olhos. —Ele me deixava algumas
vezes e, quando o fazia, coisas ruins aconteciam. Ele tirou minha
memória, mas agora que a tenho de volta, lembro que houve noites
em que jurei ouvir um batimento cardíaco que não correspondia
exatamente ao meu - era ele. Ele sabia que eu precisava dele para
dormir.
—Seu coração está acelerado —, David disse calmamente
enquanto colocava o braço atrás dela. —O meu te acalma?
Ela assentiu, embora seu lábio tremesse. —Sim, mas vocês dois
são diferentes.
Ele suspirou. —Lamento que ele não tenha retornado para você,
Jane.
—Não tenho certeza se quero que ele volte.
—Você quer —, ele murmurou. —Você está machucada.
—Por que você é tão bom? Você não precisa aceitar ele ou Jason,
mas sempre tenta me ajudar a ver o melhor neles.
—Porque você os ama, bebê. Eu não posso falar mal de alguém
que você ama. E não quero aumentar a dor que você já está sentindo.
Ela virou o rosto e beijou o peito dele. —Obrigada por ser você.
Ele acariciou sua bochecha, mas não disse nada, e naquele breve
momento, ela desejou ter o encontrado primeiro.
—David, você promete nunca me machucar? — Ela não sabia
por que havia perguntado, mas simplesmente saiu da boca e queria
ouvir a resposta dele.
David parou de mexer os dedos. —Eu nunca vou te machucar,
Jane. Você não tem ideia do quanto eu te amo. Prefiro sofrer a morte
mais dolorosa do que nunca te machucar.
—Por favor, não diga nada sobre você morrer. — Ela sentiu
lágrimas brotando nos olhos novamente. Havia muita coisa
acontecendo, e ela tinha pavor de algo acontecer com ele. —Se eu tiver
que passar por isso de novo, acho que não vou conseguir.
Ele a aproximou um pouco e beijou o topo de sua cabeça. —Você
não vai me perder. — Mais uma vez, ele beijou a cabeça dela, e de
repente ela jogou a perna sobre a cintura dele e agarrou a parte de trás
do pescoço dele para puxá-lo para baixo, desesperada por ter os lábios
nos dela.
—Não, Jane. — Disse ele, os olhos arregalados enquanto a
segurava.
Ela parou de puxar e observou-o examinar o rosto como se
tivesse enlouquecida.
—Jane, por favor, não chore —, disse ele, enxugando as lágrimas,
mas ela só chorou mais. —Ainda não, meu amor. Assim não. Você
está chateada e cansada. Eu sei que você vai se arrepender de tudo o
que acontece entre nós agora.
Vergonha e rejeição a atingiram com força. Não havia nenhum
pensamento em sua mente quando ela o puxou para baixo, mas agora
que ela tinha feito isso, ela percebeu que era isso que ela queria mais
do que qualquer coisa.
—Sinto muito. — Disse ela, fungando e removendo a perna.
David balançou a cabeça. —Está bem. Você está estressada e
estamos cada vez mais próximos; a culpa é minha. Eu deveria ser mais
cauteloso com minhas ações e palavras ao seu redor.
Ela soltou um soluço sufocado, tentando esconder o rosto, mas
decidiu que a única coisa a fazer era fugir. Ela se fez de boba -
envergonhou-se. Ela tinha que fugir.
David tentou segurar ela quando ela o empurrou e correu para a
porta. Ela não queria que ele a visse, e ela não podia suportar o
pensamento dele ter pena dela.
—Jane, acalme-se. — De alguma forma, ele se moveu mais
rápido e bloqueou o caminho dela. —Nada aconteceu.
—Deixe-me ir! — Ela gritou. —Eu não posso ficar aqui.
—Sim, você pode —, ele disse suavemente. —podemos
descansar e conversar mais pela manhã.
O lábio dela tremeu. —Mova-se, David.
Ele balançou a cabeça novamente: —Não. Fique comigo. Você
não queria estar naquele quarto e não deveria ficar sozinha depois de
tudo o que aconteceu.
—Por favor —, ela choramingou. —Eu não posso estar perto de
você agora.
—Jane.
Ela se moveu para passar por ele e apresentou a dureza que ela
queria apontar para si mesma e jogou para ele. —Eu não quero estar
perto de você.
Sua expressão caiu, e ele assentiu: —Vou deixar você sair hoje à
noite, mas não vou deixar você, ok? Estou aqui.
—Eu sei. — Disse ela, mal se mantendo em um pedaço.
—Eu te amo. — Ele abriu a porta. —Estarei aqui quando você
quiser voltar. Estou sempre aqui, meu amor.
Jane passou por ele tão rápido que ela estava caindo em sua
cama antes mesmo de processá-lo.
Você sabia que o perderia.
Ela chorou alto, concordando com o pensamento doloroso. Era
certo, e ela sabia que era o monstro terrível que ela sempre temia. Não
havia nenhuma entidade lá dentro, ela decidiu. Ela os arruinaria
porque era o ser mais monstruoso de todos. Porque sabia que David
estava machucado. Ela estava machucando-o, machucando Jason e
seus filhos, e ela destruiria todos eles quando perdesse o controle.
Você merece isso.
Seus gritos aumentaram e ela abraçou os joelhos contra o peito
enquanto tentava impedir seu coração de partir. E mesmo se sentindo
traída, ela não podia ajudar mas gritou: —Morte. Por favor, volte.
Antes que Jane sequer abrisse os olhos, ela sabia onde estava e
com quem estava. David. Seu corpo duro e seu cheiro o denunciaram,
mas era a posição em que estavam que fazia sua mente girar.
Ela sentiu as bochechas esquentar enquanto apreciava
completamente como ele a segurava. Ela estava montando nele, é
claro. Ele tinha uma mão apoiada na parte de trás da coxa dela,
enquanto a outra estava deitada de costas.
—Eu não coloquei você em mim, se você está preocupada com
isso. — A voz sonolenta de David a assustou, fazendo-a pular.
—Droga, David. Você me assustou.
Ele riu, abraçando-a. A mão em sua coxa ficou parada e a
apertou antes de deslizar pela pele exposta.
Ai Jesus! Eu realmente tenho que perceber essas coisas?
—Sinto muito, bebê —, ele murmurou, beijando a cabeça dela. —
Eu só pensei em apontar minha inocência antes de você começar a se
perguntar se eu tinha tirado vantagem de você.
Jane sorriu, gostando de que ele parecesse feliz. —Eu sei que
você não tiraria vantagem de mim.
—Realmente? — Ele perguntou enquanto o polegar esfregava
para frente e para trás ao longo de sua coxa.
Isso a distraiu um pouco, e ela esqueceu o que eles estavam
falando, então ela acabou de dizer a primeira coisa que lhe veio à
mente. —Não?
A mão de David parou de se mover. —Não?
Merda, eu deveria ter dito que sim?
Ela tentou se salvar. —Hum, eu quero dizer sim.
Ele a esfregou nas costas e riu. —Você não se lembra do que
estávamos falando, lembra?
—Cale a boca. — Ela murmurou.
Ele riu de novo. —Tudo bem, peço desculpas. Eu só estava
curioso por que você sabia que eu não tiraria vantagem de você. Eu
desejo muito tirar vantagem de você.
—Oh. — Ela sentiu seu corpo esquentar novamente.
—Eu não vou —, acrescentou. —Mas você dificulta às vezes.
—Como?
A cabeça dela saltou no peito dele enquanto ele ria.
—Bem, para começar —, disse ele. —a posição em que você está
agora que não a coloquei.
Jane levantou a cabeça. Ela olhou para ele antes de olhar para
sua situação ridícula. Ela podia senti-lo olhando para ela, então ela
finalmente olhou para trás, colocando o queixo no peito dele para
tentar algum tipo de casualidade. —Não sei o que quer dizer. Eu sei
que não adormeci aqui. Você obviamente começou isso.
Seus olhos estavam arregalados quando ele a encarou.
—De qualquer forma —, acrescentou ela, —eu sempre durmo na
beira da cama.
—Você não! — Ele apontou para o lado da cama. —Eu coloquei
você no limite quando a trouxe de volta aqui. Eu estava tentando ser
um cavalheiro e não alarmar você, mas quase imediatamente você se
arrastou até aqui e subiu em cima de mim.
Jane manteve o rosto em branco; o que parecia fazer David ficar
mais defensivo.
—Eu juro, Jane. Eu até tentei te afastar, mas você cravou suas
unhas em mim. Você era como uma gatinha, recusando-se a deixar ir.
Você até rosnou.
Ela quase riu disso, mas estava se divertindo demais vendo-o
ficar histérico. —Eu não acredito nisso.
David olhou chocado. —Eu não estou inventando isso. Eu estava
preocupado com você; Eu não queria que você ficasse sozinha, então
pedi para você voltar, mas você já estava dormindo. Então, eu trouxe
você aqui, pois sabia que você não queria estar naquele quarto. Eu
esperava que você ficasse dormindo, mas você não me deixaria em
paz. Então, finalmente deixei você fazer o que queria. Você me pegou
e só então ficou parada.
Jane não pôde mais evitar. Ela começou a rir.
David a observou por um momento antes de finalmente encará-
la. —Isso não foi engraçado, Jane.
Ela soltou uma risadinha e assentiu. —Sim, foi.
Ele rosnou e desviou o olhar. —Igual a um gato. Arranhe um
homem e depois esfregue-o como se você fosse uma criatura inocente.
—Aww —, ela murmurou. —Pouco me machucou o grande
David ruim?
Ele manteve o olhar irritado e a encarou. —Pare com isso.
Jane sorriu e estendeu a mão para beliscar sua bochecha. —
David está chateado com sua gatinha?
Ele soltou a perna dela e pegou a mão dela na bochecha. —Pare
com isso.
Jane apenas riu de seu rosto carnudo.
Ele a olhou irritado. —Mas admita novamente, você é minha
gatinha.
Ela riu mais alto, e ele finalmente riu.
—Você acredita em mim, então? — Ele acariciou sua bochecha.
—Eu não estava tirando vantagem de você.
—Eu acredito em você. Eu sei que você não faria isso.
—Você é minha gatinha? — Seu sorriso era tão malditamente
bonito.
—Só se você não estiver com raiva de mim. — disse ela, um
pouco atordoada com a maneira como ele a olhava.
—Com raiva de você? Pelo que?
Ela fez uma careta. —Por tudo que fiz. Com os outros vampiros,
Ártemis, e depois tentando forçar você em mim.
Ele acariciou sua bochecha. —Não estou com raiva, Jane. Eu
acho que suas reações eram esperadas sob as circunstâncias lá
embaixo. Não acho que você desejasse machucar alguém, mas foi
atacada - você se defendeu, permitindo que seus instintos se
manifestassem. — Com um sorriso, ele esfregou o lábio dela. —Tanto
quanto se forçar a mim, acho que seria impossível para mim ficar com
raiva disso. Não quero nada além de ter esse tipo de relacionamento
com você, mas não quero que você se arrependa de começar um
comigo, porque está apenas buscando conforto. Sempre farei o
possível para confortá-la, mas não tirarei vantagem da sua tristeza.
Jane se aproximou e beijou sua bochecha. —Eu sou sua gatinha,
David.
Ele suspirou, virando o rosto para beijar sua testa. —Você está
fazendo isso de novo.
Jane se afastou. —Fazendo o que?
—Você está dificultando não tirar vantagem de você. — O olhar
dele caiu nos lábios dela antes de descer para onde seus seios estavam
pressionados contra o peito dele.
—Oh. — Ela balançou a cabeça e também olhou para a posição
deles. —Eu gosto disso, no entanto. Às vezes eu gostaria de poder
ficar aqui com você e esquecer todo o resto.
O dedo dele deslizou sob o queixo dela, e ele inclinou o rosto
para cima, para que seus olhos se encontrassem. —Eu também desejo
isso. Mas, a menos que você queira levar nosso relacionamento para o
próximo passo e encerrar as coisas com Jason, precisamos nos esforçar
mais para combater nossos desejos um pelo outro. — Ele apertou sua
coxa. —Eu realmente queria que estivéssemos prontos, mas não acho
que agora é a hora. Seria injusto pedir que você escolha uma coisa
dessas com tudo acontecendo.
Ela assentiu rapidamente e começou a sair dele, mas ele a puxou
de volta.
—Podemos esperar mais alguns minutos, se você quiser.
—Você não se importa? — Ela perguntou baixinho, temendo
rejeição novamente.
—Bebê, eu te disse que quero tudo com você - não, eu não me
importo. — Ele deslizou o dedo pelos lábios dela, pelo queixo dela
antes de seguir um caminho ardente ao longo de sua mandíbula. —Eu
poderia olhar para você o dia todo - tocá-lo a cada segundo.
Jane soltou um suspiro trêmulo e recostou a cabeça no peito dele.
Ele continuou acariciando sua bochecha e ocasionalmente
passando os dedos pelos cabelos dela.
Ela suspirou e olhou para a parede oposta. Seus pensamentos
faziam o que faziam de melhor: analisavam e insultavam-na sobre
cada pequena coisa. Ela deveria estar preocupada com Jason e Morte.
Claramente, Jason não esperava que ela estivesse nos braços de David,
tentando beijá-lo e a Morte... Tanta coisa precisava ser tratada com ele.
Sua vida amorosa deveria ser irrelevante, certo? Mas ela não poderia
deixar de pensar em estar mais perto de David. O que Jason diria para
ela? O que a Morte pensaria? Ela não sabia o que ele esperava; ele
nunca contou muito a ela. David estava certo? Não era apenas a hora
certa? Ela era uma pessoa terrível por se concentrar nele mais do que
se preocupar com sua família e o fim do mundo?
—Você está bem, Jane? — Ele perguntou, silenciando seu debate
interior.
Ela pulou um pouco, mas relaxou quando ele abaixou a mão e a
esfregou nas costas.
—Eu só estou pensando.
—Hmm. — Ele cantarolava como se entendesse. —Você quer
falar sobre alguma coisa?
Ela pensou em tentar falar sobre seus sentimentos em relação a
ele, mas sabia que não podia. Então, em vez de reconhecer que
poderia haver mais sentimentos dela com ele do que ela poderia se
dar ao luxo de ter, ela fez a primeira pergunta aleatória em que pôde
pensar. —Eu realmente rosnei para você?
Ele riu e começou a massagear sua perna. Ela imaginou que ele
não sabia o que estava fazendo. Mas ela com certeza sentia.
—Sim, foi fofo. — Disse ele.
—Fofo?
—Muito. Você parecia um gatinho recém-nascido. Você
cambaleou como se nunca tivesse engatinhado um dia em sua vida,
mas estava determinada, e conseguiu chegar em cima de mim, apesar
das minhas tentativas de convencê-la a voltar ao seu lugar. Seus
grunhidos eram adoráveis, mesmo que eu saiba que você é uma
predadora mortal. — Ele riu. —Ainda assim, eu sabia que não iria te
irritar, então deixei você fazer o que quisesse. Depois que você parecia
confortável, caiu em um sono profundo novamente.
Jane poderia dizer que ele realmente gostava de vê-la se fazer de
boba, mas ela não se importava tanto. Ela gostava de ouvi-lo parecer
feliz por algo que ela fez. —Bem, você é confortável. — Ela acariciou
seu peito, respirando profundamente. —Eu realmente poderia ficar
assim por pelo menos metade do dia.
—Um dia Bebê.
Ela sorriu e fechou os olhos. —Você diz um dia, mas você
realmente acha isso?
—Espero - isso é tudo, Jane.
—E se eu nunca escolher? E se as coisas nunca parecerem certas?
Você gostaria de...
—Nem pergunte se eu escolheria outra pessoa —, disse ele com
firmeza. —Você é tudo para mim. Se apenas alguns minutos por dia
forem tudo o que eu vou conseguir de você, então ficarei ansioso por
esses poucos minutos por dia.
—Mas não é justo para você. Você não quer ser feliz?
—Estou feliz —, disse ele instantaneamente. —Cada segundo ao
seu lado - simplesmente sabendo que te encontrei - me faz mais feliz
que já me senti. Eu te amo. Não consigo imaginar minha vida com
outra mulher. Você é meu anjo Minha Jane. — Ele esfregou a lágrima
que apareceu de repente sob o olho dela. —Shh...
Ela odiava estar sempre chorando, mas ele dizia as coisas mais
doces, e ela estava com tanta raiva que não conseguia retribuir seus
sentimentos do jeito que ele merecia tê-los. Ele estava certo, porém -
havia muita coisa acontecendo, e ela não estava no estado de espírito
certo para terminar seu relacionamento com Jason ou a Morte. Como
ela poderia dizer a Jason que acabara depois de saber que a Morte
estava prestes a destruir o mundo? Ela deveria estar fazendo tudo ao
seu alcance para impedir a Morte, manter seus filhos e Jason a salvo, e
descubrir o que exatamente ela deveria fazer para ajudar os
cavaleiros. Não se preocupar com David e ela, ou se ele escolheria
outra mulher. Mas ela não podia sequer suportar o pensamento de ele
estar com outra. Partia seu coração com a fraca possibilidade de que
ele deixasse, sabendo ao mesmo tempo que ela estava arruinando o
resto da vida.
— É só isso —, ela começou novamente. — Se sua Outra fosse
alguém como Ártemis ou Melody, então você poderia estar junto e
não ter que suportar toda a minha bagunça. O fim do mundo pode
realmente acontecer amanhã, e você está aqui comigo. Você não quer
o que os outros têm?
—Eu tenho isso, Jane. Eu tenho a mulher que amo nos meus
braços - e ela está segura.
Oh Deus. Ele fez o coração dela bater tão rápido. —Mas você não
quer - você sabe - estar com uma mulher?
—Eu quero estar com você como eu puder.
—David, eu não sou burra... Os homens precisam de sexo. —
Sua mandíbula apertou quando uma onda de emoções conflitantes a
atacou. —Se eu não der para você, você encontrará de outra pessoa. É
assim que funciona.
—Jane —, ele disse, sua voz baixa, mas ela podia ouvir a
restrição que ele estava usando para não aumentá-la. —Não é assim
que funciona. Os homens desejam procriar, assim como as mulheres,
mas nem todos nós vamos satisfazer nossos impulsos primordiais.
—Mas você os tem. — Disse ela, tentando reprimir suas
emoções.
—Sim, eu tenho vontade, Jane. Eu os tenho por você, no entanto.
Eu não satisfaria meus desejos por você com outra ou por qualquer
outro meio.
—Você quer dizer, você não vai assistir nada para te tirar, ou
alguém tem ajudá-lo?
Ele ficou quieto por um longo tempo, e ela quase chorou,
pensando que ele diria que de alguma forma essas eram exceções.
—Jason teve um caso, Jane?
Os olhos dela lacrimejaram e ela apertou o rosto contra o peito
dele. —Vamos parar de falar sobre isso. — Ela finalmente sussurrou,
tremendo quando ele começou a esfregar suas costas novamente. —E
não - não realmente. Eu não posso falar sobre isso.
—Tudo bem, meu amor. — Ele enxugou as lágrimas dela. —Mas
eu não faria isso. — Ele respirou fundo, apertando-a suavemente. —A
única tentação em que vou ceder é sonhar acordado juntos um dia.
Esse é o único desejo em que vou ceder: pensando em você,
mostrando todos os dias o quanto eu amo você e somente você. Se não
é algo que você possa me perdoar, eu pararei. Mas sentirei falta de
pensar que um dia você e eu estaremos juntos.
Ela sorriu tristemente quando a imagem apareceu em sua cabeça
também. Ela imaginou acordando com ele, assim como fez momentos
antes, mas beijando-o, sorrindo e rindo com ele, tendo seus filhos lá,
ele lá para protegê-los dela e de qualquer ameaça que se aproximasse.
Ela até teve um vislumbre deles com um recém-nascido, e seu coração
ansiava que isso se tornasse realidade. —Eu não quero que você pare
—, disse ela com um suspiro surpreso. —Eu quero sonhar com isso
também.
—Venha aqui. — Disse ele, movendo as mãos para que pudesse
agarrá-la um pouco mais sobre ele, então a abraçou.
Ela o deixou situá-la para que seu rosto estivesse bem próximo
ao dele antes de se inclinar para frente e beijar sua bochecha. —Eu vi –
nós... — Ela beijou o mesmo lugar. —Por favor, não desista de mim.
—Nunca, bebê. — Ele sussurrou, e ela beijou sua bochecha
novamente.
—Vi seus olhos, o contorno do seu rosto e seu sorriso pelo tempo
que eu sinto, Jane. Imaginando você, é isso que faz comigo... mas não
vou me divertir com você estando aqui. Nunca. — Ele beijou a
bochecha dela. — Será completamente diferente quando estivermos
juntos. Qualquer versão estará dentro de você.
—David. — Ela disse, gemendo um pouco.
Ele a engoliu e a segurou mais forte. —Não diga meu nome
assim, Jane. Foda-se. Você torna tão difícil ser nobre. — Ele acariciou
sua bochecha, desejando poder beijá-la. —Eu te amo —, disse ele. —E
peço desculpas por tê-la despertado. Prometo que nunca vou deixá-la
insatisfeita quando chegar a hora.
—Você não está ajudando novamente, David.
Ele descansou a testa contra a dela e sorriu. —Desculpas, meu
amor. Deixe-me tomar banho e me trocar. Fique aqui e continue
tentando se acalmar. Quando eu terminar, trarei algo para você
mudar.
Quando ele a levantou, ela falou de novo: —Se você precisar,
pode...
Ele congelou, olhando nos olhos dela. Ela realmente pensou que
era algo que ele tinha que fazer. —Se eu fizesse isso, faria com você.
Haverá dias em que não seremos capazes de ficar juntos, e se você
sentir o desejo, darei de bom grado o que você deseja, mas só o farei se
você estiver lá, aproveitando a experiência comigo.
—Como assistir você fazer isso?
—Se lhe agrada, sim.
Ela mordeu o lábio, e ele podia praticamente vê-la imaginando-o
se masturbando bem na frente dela.
—Eu mostraria respeito, meu amor. Mas vou agradá-la da
maneira que nós dois gostamos. De qualquer maneira, você é quem eu
vou ver e sentir quando eu conseguir gozar.
Jane se arrastou para fora dele, ajustando a roupa de baixo e a
camisa que ela usava quando ele se levantou.
David se inclinou e beijou sua testa. —Eu gostei de tudo o que
acabamos de compartilhar. — Ele respirou fundo.
19
NAO VA
Usando as costas da mão, Jane enxugou o suor da testa,
inclinando-se, apoiando-se com a outra mão no joelho, enquanto
mostrava as presas para os três homens à sua frente, mas o mais
mortal ficou parado, sorrindo enquanto a observava.
—Muito bem, querida —, disse ele, embainhando sua espada. —
Volte, Jane.
Ela assobiou, ficando mais irritada quando ele simplesmente
sorriu.
Deu um passo para a frente, e ela apoiou-se, estendendo a mão,
pronta para desencadear todo o seu poder sobre ele.
—Meu amor. — Disse ele, inclinando a cabeça.
Ela rosnou ao vê-lo sorrir novamente.
—Você precisa se concentrar —, disse ele. —Estamos lutando,
não somos inimigos. Você realmente quer me machucar?
—Sim. — Ela disse, tomando uma posição ofensiva, sua visão de
túnel, completamente focada nele.
Ele imitou a sua posição ofensiva, forçando-a mover-se em uma
postura defensiva. Ela sussurrou, furiosa por ele a intimidar assim.
—Sabe quem eu sou Jane? — Ele perguntou.
Ela sabia exatamente quem ele era, mas ela não lhe respondeu.
—Sim, você me conhece. Você quer que eu te abrace?
Um rosnado baixo saiu de sua boca. Ele deu dois passos, e ela
mudou-se novamente, fazendo-o rir. O timbre profundo de sua voz a
fez tremer, e ela mordeu o lábio até que ela provou seu próprio
sangue.
—Não se machuque. — Ele disse a ela.
— Lute comigo! — Ela gritou.
David, quem era ele, sorriu e olhou para os outros dois homens
que ela estava lutando. Era a distração que ela precisava. Ela se
lançou.
Ele se moveu bem a tempo e agarrando-a pelos braços antes de
bater contra uma parede. Não doeu, mas ela rugiu, estalando as
mandíbulas enquanto tentava atingi-lo. Ele apenas apertou as mãos
dela e pressionou seu corpo contra o dela deslizando uma das pernas
dele entre as dela para segurá-la um pouco do chão.
Era bom.
—Saia de cima de mim! — Ela rugiu em seu rosto.
—Shh...— Ele abaixou o rosto na direção do dela, e ela deu as
boas-vindas ao seu perfume.
Casa.
Ele sorriu, esfregando a bochecha contra a dela. A pele dele
estava quente, e ela não queria nada além de sentir tudo dele. Ela o
conhecia. Meu David.
Lentamente, ele soltou os braços dela e segurou sua bochecha
com uma mão enquanto sussurrava em seu ouvido: —Aí está você.
Jane piscou, a necessidade de lutar contra o desbotamento
quando o desejo de estar mais perto dele a consumiu.
Ele se recostou um pouco e roçou o nariz no dela. —Oi, querida.
Ela suspirou, colocando as mãos nos ombros dele. —Como eu
estou?
Aquele sorriso lindo dele iluminou seu rosto, e ele beijou o nariz
dela antes de voltar mais. —Incrível. Você se sente bem?
—Sim, acho que sim.
—Muito impressionante, Jane. — Disse Hades, afastando a
atenção um do outro.
—Oh, eu sinto muito. — Jane olhou entre Hades e Tristan. Eles
estavam encostados a uma mesa, suas roupas rasgadas e
ensanguentadas.
Tristan sorriu e se afastou da mesa. —Você lutou bem, Jane. O
controle sobre suas habilidades está indo muito bem.
—Você está machucado gravemente? — Ela perguntou, corando
quando David beijou sua bochecha antes de colocá-la de pé e pegar
sua mão.
—Nós ficaremos bem —, disse Tristan. —Eu acho que vou
decolar. — Ele olhou para David. —A mesma hora amanhã?
—Eu vou deixar você saber. — Disse David.
Tristan assentiu, e depois de apertar a mão de Hades, ele saiu da
sala de treinamento.
—Acho que também vou embora —, disse Hades enquanto
caminhava em direção à mesa de armas, retornando com sua espada
emprestada. — Deixe-me saber a que horas você gostaria de treinar
amanhã. Podemos resolver alguns dos problemas que você teve com
sua telecinesia.
—Tudo bem —, disse ela antes de deixar escapar uma pergunta.
—Hades, você tem as armas que você mencionou que a Morte lhe
deu?
Seus olhos azuis pálidos brilhavam para ela. —Eu sempre as
tenho à minha disposição.
Ela franziu o cenho e observou David encolher os ombros para
ela. —Por que não usá-las? Elas são muito perigosas?
Hades sorriu: —Na verdade, eu não sei se elas vão prejudicá-la,
pois vêm da Morte. Gostaria de ver?
—Se está tudo bem com você. — Disse ela.
Em um instante, um brilho verde sinistro se formou em torno de
seus antebraços e correntes, antes que duas espadas demoníacas
aparecessem, uma em cada mão. Elas eram mais curtas do que as que
os cavaleiros lutavam, incluindo as dela. Havia crânios gravados nos
punhos, e esculturas estranhas cobriam as duas lâminas.
— Para que servem as correntes? — Ela perguntou.
Hades franziu a testa antes que ele respondesse. —Ataques de
longo alcance.
—Realmente? — Perguntou David.
Hades repentinamente jogou uma de suas espadas em direção a
um saco de pancadas que estava no chão. A espada se acendeu em
chamas verdes instantaneamente e se transformou em uma arma
semelhante a uma garra que voou com força na direção deles.
David puxou-a para longe quando o saco de pancadas estava a
poucos centímetros dela, mas Hades balançou a outra espada,
cortando o saco de pancadas ao meio para que ela voasse ao redor
deles.
David rosnou, colocando o braço por cima do ombro de Jane. —
Talvez, da próxima vez, peça que ela se afaste antes de enviar um
objeto tão pesado quanto direto para ela!
—Estou bem. — Disse ela, esfregando o lado dele, mas sem tirar
os olhos da arma com garras.
David grunhiu, murmurando algo que ela não entendeu.
—Não, ele está certo. — Disse Hades, sorrindo. — O mestre me
torturaria por semanas se soubesse que eu tinha feito isso.
Jane revirou os olhos. —É assim que você mata as coisas
chamadas de Keres?
Hades assentiu. —Sim. Eu posso arrancá-las do céu enquanto
elas fogem.
Jane notou que seu sorriso desapareceu. —Isso te incomoda?
Trabalhando para ele?
—Me incomode? Não. Eu pedi isso.
—Mas você já era imortal, não era? — ela perguntou. —E você
parece chateado.
Hades suspirou e as correntes, junto com as espadas,
desapareceram. —Tudo tem um preço, bela jovem. Esse é o meu. As
correntes são meu lembrete de que estou preso à Morte e que nunca
encontrarei paz. Mesmo se o mundo acabar, eu o seguirei. Eu nunca
alcançarei o céu.
—Por que ele fez isso com você? — Ela estava achando difícil
perceber tudo o que a Morte era responsável.
—Não fique tão chateada, Jane —, disse Hades. —Eu pedi a ele
por esta vida. Busquei vingança contra os responsáveis pela morte de
minha amada. A Morte tentou me desencorajar, mas eu fui
persistente. Eu já era imortal, mas ele me deu uma pequena vantagem
sobre o resto. — Ele apontou para David. —Não sou tão
impressionante quanto o seu Outro, ou até a si mesma, mas posso
fazer coisas que nenhum de vocês pode. Poucos podem me escapar, se
eu quiser destruí-los. Então, porque estou vinculado à Morte, posso
segui-lo por vários outros reinos. O único em que estou proibido de
entrar é o céu.
—O que aconteceu com sua amada? — ela perguntou.
—Outro dia, Jane —, disse ele. —Eu preciso me alimentar, e
tenho certeza que depois do seu dia com sua família, você precisará
descansar também.
—Oh, sim. — Jane disse com um sorriso enquanto o observava
sair rapidamente.
—Estou realmente orgulhoso de você, querida—, disse David
enquanto a levava a uma das mesas para colocar suas armas. —Como
você está se sentindo?
—Bem —, disse ela, olhando para a porta vazia. Ela estava
cansada, mas queria passar mais tempo sozinha com David. O dia
deles com as crianças, tentando não se tocar porque Jason os
observava como um falcão, e evitar os sussurros da equipe do castelo
sobre seus poderes era quase como não estar com ele. Agora, ela só
queria se aconchegar com ele e dormir.
—Está com fome? — Ele perguntou enquanto arrumava várias
armas.
—Não. Mas se você está, eu quero sobremesa.
Ele riu. —Eu poderia ter um lanche. Que tipo de sobremesa você
gostaria?
—Qualquer coisa. — Ela se inclinou contra a mesa, observando-o
atentamente. —Eu machuquei você?
Ele ergueu o olhar para o dela e sorriu. —Eu acho que você
acertou quando eles foram apontados para mim. Mesmo governada
por seus instintos, você tenta me proteger. — Ele se inclinou e beijou
sua bochecha. —Tão doce. Acho que vou pegar um sorvete para
ajudar a esfriar suas bochechas quentes. — Ele a beijou novamente,
rindo enquanto se inclinava para terminar o que estava fazendo.
Ainda corando, ela o viu organizar tudo, mas falou novamente
quando se lembrou de algo. —David?
—Hum?
—Aconteceu alguma coisa com Jason quando eu não estava com
você? — Ela o viu pausar o que estava fazendo. —Quero dizer, eu sei
que vocês não gostam um do outro, mas vocês dois pareciam muito
tensos. E isso está dizendo muito.
David suspirou e guardou mais algumas coisas. —Quando você
estava tomando banho esta manhã, eu o encontrei quando estava
saindo do seu quarto. Conversamos um com o outro, mas não achei
que valesse a pena estragar o seu dia trazendo à tona.
—O que vocês disseram um para o outro?
Ele jogou uma adaga de lado e ficou parado na frente dela. —
Não foi nada que não dissemos antes. Ele ficou chateado quando eu
lhe disse que você estava tomando banho no meu quarto depois que
ele me viu segurando suas roupas. Ele perguntou por que você ficou
comigo, então eu lhe dei um breve resumo dos eventos na noite
passada e o lembrei do fato de que você está constantemente passando
por provações. Ele ainda não gostou da ideia de ficarmos juntos essa
noite. Não fiquei surpreso com a raiva dele, mas não gosto de como
ele descarta sua necessidade de mim.
Jane estendeu a mão e segurou o lado dele. —Ele gosta que eu
lide com as coisas por conta própria - ele diz que sim e acha que eu
também deveria.
David riu sombriamente. —Em outras palavras, ele escolhe
ignorá-la quando você precisar dele.
Jane deu de ombros, soltando a cintura dele e cruzando os braços
enquanto desviava o olhar do olhar irritado dele. —Eu acho. Mas ele
tem razão - você e a Morte me amam.
—Você é meu bebê —, ele disse rapidamente. —Eu esperei tanto
tempo para ter você na minha vida, Jane. Eu quero estar lá para você.
Eu quero ajudar você. Se é para deixá-la chorar no meu ombro,
alimentá-la, fazê-la sorrir ou ajudar seus filhos para que você possa
descansar - eu quero fazê-lo. Essas são coisas que me fazem feliz.
—Você não é como a maioria dos homens —, disse ela, dando-
lhe um pequeno sorriso. —Isso era tudo?
David suspirou e pegou uma das mãos dela. Ele olhou para os
dedos dela, seu anel de casamento. —Ele me lembrou que você não é
minha esposa - e que não importa qual seja o nosso vínculo, eu nunca
serei seu marido. Que ele já tem esse papel.
Jane prendeu a respiração enquanto observava a agonia
atravessar o belo rosto de David. Ela odiava isso. Ela odiava que ele
tivesse que machucar por causa dela.
Ele levantou a mão dela e beijou as costas dela. —Eu o agarrei.
Eu não deveria, mas fiquei com raiva porque ele está certo. Então, com
ciúmes, eu disse a ele que, embora ele possa ser seu marido, ele nunca
terá o que você e eu compartilhamos. Eu disse que ele nunca faria seu
batimento cardíaco rápido e dez vezes mais rápido do que já é. Eu
disse a ele que ele nunca faria você corar por simplesmente sorrir para
você, ou fazer você rir - realmente rir. Eu prometi a ele que ele nunca
faria você se sentir do jeito que eu faço você, não apenas fisicamente,
mas emocionalmente também. Eu disse a ele que ele nunca seria capaz
de dizer que ele foi feito apenas para você, porque esse é o meu papel.
E, marido ou não, sempre serei seu.
—Oh. — Ela sussurrou enquanto seus olhos focavam no anel em
seu dedo.
—Lamento não ter contado a você, e peço desculpas por descer
ao nível dele. Sou melhor que isso, mas não gosto de ser lembrado de
que você não é minha.
Seus olhos lacrimejaram enquanto seu coração e mente
discutiam. Ela estava errada por estar com David do jeito que tinha
estado, mas seu coração implorava - não, exigia que ela lutasse por
ele. Era mais do que ele manter sua família e os outros seguros agora.
Ela não deveria, mas ela o queria do jeito que ele a queria.
—Sinto muito, David. — Ela tentou desviar o olhar, mas ele
segurou suas bochechas e abaixou a cabeça, de modo que viu nos
olhos dela. —Eu não sei o que fazer.
—Jane, você não precisa fazer nada. Esse argumento não foi sua
culpa - eu posso lidar com ele. Eu posso lidar com o conflito que
surgirá de nós estarmos próximos. É um preço pequeno a pagar,
considerando que você está em meus braços com mais frequência.
Ela sorriu tristemente. —Mas está errado.
O rosto dele caiu. —Bebê, não estamos errados. Estamos apenas
presos na hora errada. Tudo o que precisamos fazer é apoiar um ao
outro até chegar a nossa hora.
Ele quer dizer até Jason morrer... Quando você falhar em manter sua
família segura... Quando você o escolher sobre sua família.
Jane ofegou e sacudiu a cabeça das mãos dele. —Eu acho que
preciso ir me limpar e encerrar a noite.
—Jane —, disse ele, agarrando a mão dela quando ela tentou se
afastar. —Ei, o que há de errado?
—Nada. — Disse ela, fechando os olhos quando a imagem de
seus filhos chorando por Jason surgiu em sua cabeça. Oh, Deus, como
posso ser tão cruel? Ela estava esperando Jason morrer para poder
ficar com David. Ela estava esperando o pai de seus filhos morrer!
David a puxou para perto, seu calor corporal se espalhando por
ela. —Algo está errado. Eu sei que não deveria ter discutido com ele.
Pedirei desculpas pela manhã e encontraremos uma maneira de
manter todos felizes.
Ela balançou a cabeça.
Ninguém ficará feliz se você estiver.
—Bebê —, ele murmurou enquanto a abraçava. —O que está
acontecendo? Eu vejo você escorregando.
Jane soltou um soluço silencioso e o empurrou de volta. —Eu só
preciso de um tempo para pensar. — Ela deu um passo em direção à
porta. —Dissemos a ele que agiríamos apenas como os outros, mas
praticamente fodemos a seco esta manhã.
—Jane! — Seu tom agudo a fez gritar. Ele caminhou até ela, mas
ela estendeu a mão, fazendo-o parar. Ele olhou para ela. —Não use
seu poder para me segurar. Agora vamos conversar. Você está
chateada com o que fizemos juntos - tudo bem. Mas foi exatamente
por isso que nos impedimos de fazer mais. Nós não somos um erro,
no entanto. Estamos construindo nosso relacionamento, e sei que isso
assusta e entristece você pensar no que isso faz não apenas com seu
casamento, mas também com a Morte - mas me recuso a acreditar que
o que está acontecendo entre nós é ruim.
Ela estremeceu sob o olhar gelado que ele estava dando a ela. —
Eu só preciso de tempo.
Ele cruzou os braços sobre o peito. —Você está fugindo de mim?
—Não. — Disse ela quando a imagem de David matando Jason
surgiu em sua mente.
—Bebê, você está vendo coisas? — Seu olhar frio desapareceu e
ele abaixou os braços.
As lágrimas quase escaparam, mas ela se virou. —Eu só estou
pensando. — Ela ficou aterrorizada ao dizer que via coisas mesmo
sem outro imortal para forçar as imagens a entrar. Ela não seria capaz
de suportar se ele a olhasse como se ela fosse louca. Eu sou louca, no
entanto.
—Vamos voltar para o quarto —, ele disse suavemente. —Você
pode tomar banho enquanto eu tomo seu sorvete. Se você quiser falar
comigo, você pode. Se você quer apenas descansar, você pode fazer
isso também.
—Eu estou indo para o meu quarto. — Ela virou as costas para
ele, com medo de ver a reação dele.
—Por quê? Você não gostou da ideia de ficar lá.
—Eu dou conta disso. — Ela manteve suas palavras cortadas. —
Eu não preciso ser um bebê. Eu posso lidar com o quarto pessoal da
sua fangirl.
David a agarrou pelo ombro e a virou. Seus olhos estavam
escuros e seu rosto parecia esculpido em pedra enquanto ele respirava
fundo. —Pare com isso agora. Você está tentando lutar comigo, e eu
não vou deixar você fazer isso conosco. Eu não vou te deixar em paz.
Você está chateada. Não estou te amando, mas acho que devemos
pelo menos ficar juntos enquanto passamos por tudo isso.
—Esse é o problema, David. Nós! Não estamos juntos, mas
agimos como um casal! Estamos apenas esperando Jason morrer! —
Ela cobriu a boca e se virou novamente.
—Isso não é verdade, Jane. — Ele esfregou as mãos nos braços
dela enquanto ela se abraçava. —Protegerei Jason com a minha vida,
se for o caso. Ele é seu marido, exatamente como ele disse. Sei que
estava fora da linha e vou acertar. Mas não estou esperando que ele
morra. Não quero nada mais do que você ter uma vida feliz com sua
família, no entanto, podemos tornar isso possível. Eu sei que há uma
maneira de fazê-lo funcionar. — Ele beijou o topo da cabeça dela. —
Vamos para o nosso quarto.
—Seu quarto. — Ela sussurrou, lágrimas nos olhos enquanto
outra imagem surgiu em sua cabeça: ela sozinha enquanto David
recuava para que ela pudesse estar com Jason, mas sozinha porque
Jason nunca a fazia se sentir em casa.
—É o seu quarto —, disse ela mais alto, saindo de seu abraço. —
Vejo você amanhã.
Desta vez, ele não a seguiu. Desta vez, ele a deixou ir.
Jane chorou até o quarto dela - e no chuveiro. Sozinha.
Ela chorou enquanto tirava a roupa suja. As imagens estavam
ficando mais fortes, mais nítidas. Era seu passado, mas ela não estava
tão preocupada com essas memórias ultimamente.
Jane ficou embaixo da água e chorou. Ela não pretendia ir
embora, mas não sabia o que fazer. Ela não podia desejar a morte de
Jason ou mesmo ficar ao lado de David com esse pensamento em sua
cabeça. E não importava o que ela fizesse, ela continuava vendo coisas
que não suportava ver.
Tudo o que viu foi tão vívido. Tornava difícil dizer o que era
real, porque nada os fazia ir embora. Ela saiu cambaleando do
chuveiro, nem mesmo se lavando completamente e só se vestindo de
camisa e calcinha antes de correr para a cama. Ela odiava os banheiros
e tinha pavor deste. As imagens que a assombravam tornavam o fato
de que ela estava sozinha em uma muito pior.
—Por favor, pare —, ela sussurrou, abraçando as pernas
molhadas contra o peito. —Por favor. — Toda a força e poder que ela
possuía dentro de si mesma não fizeram nada quando sua mente era
seu maior inimigo.
Você é nojenta.
Ela assentiu com o pensamento enquanto as coisas terríveis que
lhe haviam sido feitas quando criança e adolescente se repetiam em
sua cabeça. Lágrimas caíram de seus olhos e um grito silencioso
morreu em sua boca aberta quando ela viu seu primo entrando em
seu quarto. —Pronta para brincar, pequena Jane? — Ela tentou gritar
com o som da voz de seu primo, mas nada saiu.
Você está arruinada... Suja.
Cada palavra, grunhido e respiração de Stephen soava como se
estivesse sendo dito em seu ouvido. Ela quase podia senti-lo tocando-
a enquanto fazia as coisas mais indizíveis para ela de novo e de novo.
Você não contou a David como gostou... Como você pediu para ele fazer
mais.
Jane balançou a cabeça para frente e para trás.
Você gostou.
Ela discutiu com seus pensamentos quando seu corpo começou a
tremer, seus soluços tão violentos que seu peito parecia que estava
prestes a desabar. Eu pensei que era um jogo... — Eu apenas gostei da
atenção. — Ela sussurrou para si mesma.
Então, por que você se molhou com o outro garoto? Prostituta.
—Não. — Ela chorou.
Você é patética. Você nem contou a David o que mais Jason fez... Tudo
porque você não era suficiente para ele... Como você será suficiente para
alguém como David?
—Morte... Por favor, faça parar.
Não parou.
Em vez disso, ela foi torturada com imagens da morte de sua
família, do corpo frágil de Wendy e a horrível lembrança de ver o
olhar vazio de sua amiga fixado no teto depois que ela faleceu.
Não mais. Ela choramingou. Morte, por favor, faça parar.
Mas o horror do que ela era capaz veio à tona. Ela viu a má
intenção por trás de seus olhos negros e se viu destruir todos que
amava. Ela viu David desistir dela quando ele percebeu que ela nunca
estaria realmente com ele. Ela o observou com Ártemis, beijando-a,
segurando-a sorrindo para ela. Ele parecia feliz.
Sem Jane.
Ela balançou a cabeça enquanto fechava os olhos, mas isso só lhe
mostrava mais.
Ela viu a Morte aguardando, observando-a em agonia, mas ele
nunca ajudou. Ele a deixou sofrer, e a única explicação que ela podia
entender era que ele nunca a amara.
Por favor, não me deixe, ela implorou para ele de qualquer
maneira.
Ele nunca esteve realmente lá, aquela voz interior cruel voltou. Ele
nunca se importou com você. Você é um fardo para todos eles. Seria melhor
para todos se você estivesse morta.
Foi quando as imagens mudaram de assistir todo mundo que ela
amava deixando-a para testemunhar seu fim.
Ela não hesitou quando segurou a faca sobre o pulso. O metal
frio brilhava ao luar enquanto ela cortava com força a pele,
derramando sangue pelo corpo enquanto desmaiava.
Jane choramingou, sem se importar que suas lágrimas
encharcassem seu travesseiro quando outra imagem de sua morte se
formou. Ela se viu pendurada com os mesmos olhos vazios de seus
entes queridos falecidos. Então, de repente, ela estava de pé,
apunhalando uma adaga no coração, porque a dor não parava.
Sua respiração veio tão rápida, mas ela não podia sentir o alívio
do doce oxigênio ao se olhar no espelho, sua pele pálida - e os olhos
afundados - vazios. Ela não chorou ou se encolheu. Ela simplesmente
apontou uma arma para a têmpora e apertou o gatilho.
21
VENHA BRINCAR
Parecia que tinha sido dias. As primeiras horas da manhã
estavam se aproximando, e David estava andando, sem tirar o foco da
porta do banheiro. Eu não poderia salvá-la, ele pensou consigo mesmo
pela centésima vez. Eu estava lá e falhei com ela. Eu não conseguia
nem ouvi-los.
Arthur interrompeu seu tormento interior. —David, você não
sabia o que estava acontecendo.
David não desviou o olhar da porta. —Eu deveria saber que ela
precisava de mim... Eu sabia! Ignorei meus instintos...
—Não — disse Arthur. — você ouviu o filho dela.
—Ele não sabia do que estava falando —, David retrucou. —Eu
deveria ter verificado ela. Por que eu nem ouvi o que estava
acontecendo?
—Você estava ocupado com os filhos dela e tentando dar-lhes
privacidade —, disse Hades. — Não há como você saber, David,
nenhum de vocês. O garoto provavelmente sentiu a angústia dela, e
essa era a maneira dele de lhe dizer que ela lida com isso sozinha.
David o ignorou e se dirigiu a Arthur. —Você sabe o que está
acontecendo? Ela está pensando claramente? Ela esteve...
Arthur assentiu e falou antes que ele pudesse terminar. —Eu sei.
Eu tenho descoberto a partir de seus pensamentos do jeito que ela está
agindo. Algo não está certo.
—Eu sei disso —, disse David e, finalmente, virou a cabeça para
encarar o cunhado. —O que está acontecendo em sua mente?
Com um suspiro, Arthur disse a ele: —Ela está presa em algum
tipo de psicose. Ela não sabe o que é real porque suas memórias são
muito vivas e dolorosas. Eu acho que, pelo que você está pensando na
noite passada, ela tem visto seu passado como se estivesse presente.
Ela tem um pouco de consciência de que isso não deveria ser verdade,
e tentou lutar contra isso, mas Jason...
David rosnou e olhou para a porta. —Ela ainda está presa? Ela
sabe o que está acontecendo agora?
—Às vezes. — Arthur suspirou. — Mas ela é arrastada de volta
para as memórias; ela não pode detê-las. Elas são mais poderosas do
que eu já as vi em sua mente. Antes que ela pudesse se esconder.
Agora, ela está praticamente paralisada dentro de sua própria mente,
forçada a observá-las.
—Irmão, me diga que eu não a perdi. — Disse ele, fechando os
olhos.
Antes que Arthur pudesse responder, Bedivere saiu do banheiro.
David abriu os olhos e avançou. —Eu posso vê-la?
Bedivere já estava assentindo. —Sim, mas deixe-me prepará-la.
Eu realmente não entendo tudo o que aconteceu, mas presumo que
seja mais o fato de ela se sentir comprometida com você e com a
Morte. Tenho certeza que você a ouve murmurando ocasionalmente
'Não David'?
Seu coração partiu. —Ela não me quer?
—Não é isso que ela quer dizer. — Disse Bedivere tristemente.
Arthur suspirou atrás de David. —Ela pensou que era você com
ela, irmão. Ela pensou que ele era você.
David estava passando por Bedivere antes que Arthur pudesse
dizer mais. Assim que ele entrou, ele hesitou. Jane estava no chão,
com uma toalha enrolada em volta dela, olhando para o teto enquanto
Guinevere passava os dedos pelos cabelos molhados.
—Bebê. — Disse ele, aproximando-se.
—Não David. — Seu rosto se enrugou de medo por alguns
segundos antes de ficar em branco.
Bedivere passou por ele e se ajoelhou ao lado de Guinevere. —
Jane, David está aqui agora.
—Não David. — Sua voz falhou e uma lágrima deslizou em seu
rosto.
David caiu de joelhos e segurou a mão trêmula sobre a pele
inflamada. —Bebê, eu estou aqui. Eu nunca saí. — Ele assumiu o risco
e tocou sua mão fria. O choque de eletricidade a fez estremecer, mas
ela não soltou a mão dele. Ela também não olhou para ele.
—Não David. — Disse ela novamente, seu corpo tremendo desta
vez.
Ele se inclinou e acariciou sua bochecha. —Sou eu, meu amor.
Ela respirou em pânico várias vezes, mas ele segurou a mão dela
e continuou acariciando sua bochecha gelada.
— David? — Os olhos dela se voltaram do teto para ele.
—Sim, bebê. — Ele sorriu e se inclinou para beijar sua testa. —
Sou eu. Estou aqui. Oh, amor, sinto muito. — Ele colocou a palma da
mão na bochecha dela. —Ela está com frio.
— David? — Ela inclinou levemente o rosto na direção da mão
dele.
—Sou eu, Jane.
Mais uma vez, seus olhos focaram nele, mas ele sabia pela
maneira como as pupilas dela dilatavam continuamente que ela ainda
estava vendo outra coisa.
Ele aproximou o rosto, pressionando os lábios no nariz e
bochecha enquanto deslizava a mão nos cabelos dela. —Você pode me
sentir? Lembra como me pareço quente? — Ele moveu a mão da
cabeça dela para segurar a nuca. —Lembra como nossos lábios se
sentiam um contra o outro? — Ele beijou sua bochecha. —Bebê, eu
não estava te rejeitando. Eu te amo. Estou aqui. E eu sou real. O que
quer que você esteja vendo e ouvindo, ignore. Concentre-se em mim.
Meu calor, meus lábios. — Ele beijou suas pálpebras fechadas. —
Sinta-me.
Jane levantou uma mão para o rosto dele.
Ele rapidamente soltou o pescoço dela e o cobriu, apoiando-se na
palma da mão. —Lá. Continue retornando. Eu estou bem aqui. —
David se virou e beijou a palma da mão antes de passar a mão para o
pescoço dele. —Espere, bebê.
—Você está aqui? — Ela agarrou seu pescoço enquanto seu olhar
confuso travava com o dele quando ele se levantou.
David sorriu e beijou sua testa novamente. —Sempre.
—Gwen, pegue algo para ela vestir. — Disse Bedivere.
David levantou Jane para que ele pudesse colocar o rosto ao lado
do dela. O aroma doce e florido que ele só poderia descrever como
Jane agrediu seu nariz. Ele a respirou, rindo quando ela o copiou. —
Sou eu, eu prometo.
Guinevere voltou e, finalmente, David levantou a cabeça. Ele
sorriu, embora pudesse ver uma ruína completa nos olhos de Jane.
Sua irmã desdobrou uma de suas camisas e apontou para o
balcão. —Arthur sugeriu que eu trouxesse suas roupas para ela...
Sente-a lá, e eu a ajudarei a se vestir.
Ele fez o que lhe foi pedido, mas manteve a mão nas costas de
Jane quando o olhar de pânico dela encontrou o dele. —Eu não estou
indo a lugar nenhum.
Guinevere levantou a camisa. —Segure a toalha dela no lugar, e
eu vou colocar isso.
Mais uma vez, David fez o que lhe foi dito e segurou
cuidadosamente a parte superior da toalha dela, sorrindo ternamente
ao olhar ansioso no rosto de Jane. Pareceu acalmá-la um pouco, mas
ela ainda parecia insegura do que estava acontecendo ao seu redor.
—Respire fundo, bebê. — Disse ele, voltando o foco para ele
quando ela parecia estar escapando.
David nunca deixou a mente de Jane ter algo escuro dentro dela.
A entidade, fosse o que fosse, era pura maldade. Enquanto pensava
nisso, ele se perguntou por que não estava se manifestando agora. Ela
estava completamente vulnerável, então por que não estava
assumindo o controle? Por que não apareceu e matou Jason?
O rosto de Jane desapareceu por um momento quando a irmã
dele deslizou a camisa por cima da cabeça. Quando seus olhos
arregalados voltaram à vista, um pensamento sombrio surgiu em sua
cabeça. Quer que ela sofra.
Ele engoliu em seco quando seu coração chorou por ela e tentou
manter a expressão calma. Ele ficou arrasado. Receoso. Ela só saiu do
seu tormento anterior por causa da Morte. Agora, tudo o que ela tinha
era ele.
—Jane —, disse Guinevere. —Eu preciso que você coloque suas
roupas de baixo. Vou pedir que David e Bed se virem, certo?
Jane olhou para David enquanto ele falava. —Eu ainda estou
aqui.
Ele entregou a toalha à irmã e se virou.
—Ela terminou. — Anunciou Guinevere.
Quando David se virou, ele sorriu e caminhou perto de Jane. Ela
parecia perdida, e ele notou que o olhar dela estava fixo no chão do
banheiro. Seu coração parecia ter sido apertado. O bastardo a
estuprou no chão de um banheiro... Assim como ela foi quando
criança.
Ele segurou sua bochecha enquanto a persuadia a olhar para ele.
—Vamos tirar você daqui, ok?
—Não aqui. — Disse ela, e naquele momento, olhando em seus
olhos, ele viu a pequena Jane.
—Eu sei, Bebê. Não aqui, nunca mais. — Ele deslizou as mãos
sob ela e a levantou em seus braços, não esperando mais um segundo
para alguém lhe dizer o que fazer por ela.
Ele a sentiu tensa ao ver Arthur, Hades e Gawain.
—Jane, eles estão aqui apenas para verificar você —, ele disse
suavemente em seu ouvido. —Fique comigo.
—David —, Arthur disse enquanto avançava. —Ela precisa estar
em algum lugar onde se sinta segura - este quarto já contém
lembranças surpreendentes para ela. Leve-a para o seu quarto. Fique
lá até Bedivere vir examiná-la amanhã. Gawain e Elle vão cuidar das
crianças.
—Ela precisa de alguma coisa daqui, irmão? — Perguntou
Guinevere.
David balançou a cabeça. —Ela não tem nada importante aqui.
Jane deitou a cabeça no ombro dele e ele se voltou por instinto
para dar um pequeno beijo na testa.
—Jane! — Gritou Gawain, fazendo David parar.
Ele olhou para ela e viu os olhos dela arregalados de medo.
—Bebê, é Gawain... Está tudo bem se ele te ver antes de irmos
para o nosso quarto?
Os lábios dela tremeram. —Eu não estou limpa.
Ele ouviu Gawain parar de caminhar até eles, e levou tudo nele
para não caçar Jason.
—Você é Jane. Outros estão sujos. — Ele a beijou na têmpora. —
Gawain, você pode vê-la amanhã.
Gawain soltou um suspiro de raiva. —Claro. Eu cuidarei dos
gêmeos. Cuide dela, irmão.
—Eu vou. — Disse David, saindo e sem olhar para trás. Ele sabia
que Jason havia sido retirado de seu quarto e esperava sinceramente
que nunca mais o vissem.
Depois de entrar no quarto, ele a levou para a cama. —Você
pode ficar aqui por apenas um momento?
Ela não respondeu verbalmente, mas pegou o travesseiro. Ele
rapidamente a colocou na cama e a observou rastejar até a
extremidade mais distante. Ela apertou o travesseiro enquanto se
enrolava em uma bola.
David ficou lá por um segundo e se perguntou quantas vezes
Jane se afastou de Jason da mesma maneira. “Eu sempre durmo na beira
da cama.” Dissera ela.
Mais uma vez, ele se forçou a não caçar Jason e simplesmente
desamarrou os sapatos. Ele a observou o tempo todo. Ela não se
mexeu, mas ele não achou que ela tivesse fechado os olhos ainda.
—Jane, eu vou me trocar. Eu estarei bem aqui, no entanto.
—Ok. — Ela sussurrou.
Ele pegou suas coisas rapidamente e se trocou em seu armário
mais rápido do que jamais se vestira antes.
Quando ele saiu, ele decidiu ir até onde ela se situara. Assim
como ele pensou, ela estava olhando para o nada.
—Jane —, disse ele, agachando-se na frente dela. Ele alisou o
cabelo dela para trás, sorrindo porque pelo menos ela não estava
vacilando. —Você precisa que eu durma aqui ao seu lado?
Ela lentamente arrastou os olhos para ele. —Você é real?
Assentindo, ele acariciou sua bochecha. —Você me sente?
—Quente.
Ele riu, pressionando a palma da mão inteira contra a bochecha
dela para que ela pudesse sentir mais. —Viu? Sou real. Você disse que
ninguém se parece como eu.
—David. — Ela disse suavemente, e seu coração doía. Ela não
parecia como ela mesma; ela parecia uma criança.
—Isso mesmo, querida. David. Você quer que eu durma ao seu
lado ou no chão?
—Estou cansada.
—Eu sei meu amor. Está tudo bem dormir ao seu lado? Isso vai
ajudar? Meu batimento cardíaco?
Ela não respondeu. Ela se afastou e foi para o lado oposto da
cama.
David levantou-se, inicialmente desapontado por ela não o
querer, mas sorriu quando ela espiou por cima do ombro.
—Você vai dormir ao meu lado?
Não era o que ele esperava, mas era mais do que ele esperava. —
Claro, Jane. — Ele levantou a coberta e, depois de se deitar a alguns
centímetros dela, cobriu os dois. Mas antes de se deitar, ele se inclinou
e beijou a parte de trás da cabeça dela. —Eu te amo. Tanto, Jane.
Ela assentiu, mas ficou quieta.
—Se você precisar de mim, eu estou aqui.
Mais uma vez, ela assentiu, mas fechou os olhos. Por um tempo,
ele ficou no meio do caminho, inclinando-se sobre ela até que sua
respiração diminuiu. Uma vez que ele teve certeza de que ela estava
dormindo, ele deitou a cabeça, mas manteve os olhos abertos para
observá-la.
Ele tentou não pensar no que ela experimentou junto com a
culpa que ele sentia. Não faria nenhum bem a nenhum deles. Então,
ele tentou pensar nas próximas semanas. No início do dia, ele e Jane
haviam participado de um reunião de instrução sobre sua missão
futura de recuperar os cães de caça para Ártemis. Era algo que ele
secretamente esperava ansiosamente, porque sabia que Jane gostaria
de conhecê-los. Se ela já não estivesse fugindo, ele a teria educado
mais, mas ficou quieto.
Seus pensamentos sobre os animais pararam abruptamente
quando os batimentos cardíacos de Jane aceleraram, e ela começou a
respirar freneticamente. Ela estava hiperventilando enquanto dormia.
David rolou e colocou o braço em volta dela enquanto
sussurrava em seu ouvido: —Shh, bebê, eu estou bem aqui. — Ele a
puxou para mais perto. Ela começou a entrar em pânico, então ele
parou e simplesmente a abraçou. —Eu estou aqui por você. Você não
está aí, Jane. Você está comigo. — Ele beijou a parte de trás da cabeça
dela. —Eles não podem mais te machucar.
Sua respiração irregular diminuiu e ela relaxou contra ele. Então,
ele rapidamente beijou a cabeça dela e passou o braço em volta dela.
Não havia como ele a deixar dormir sozinha. Ele se perguntou
quantas noites ela passou por isso, e ele entendeu o contato constante
da Morte com ela agora. Porque, embora ele não entendesse por que a
Morte não estava vindo para ela agora, ele sabia que o anjo a amava.
Somente ela. A Morte tinha certeza de que ela não estava sozinha, mas
agora era o trabalho dele. Ele tinha que mantê-la inteira, dar-lhe
tempo para ficar mais forte para combater a guerra dentro de si
mesma e o mal que a atraía por razões que ele ainda não conseguia
entender.
Por horas, David orou por ela e orientação até que a exaustão o
dominasse, puxando-o para pesadelos de sua Jane, presente e como
ele a imaginava como uma garota - a garota derrotada e moribunda
que ele amava. Mas de vez em quando, ele a via, sua beleza alta
enquanto ela rugia na escuridão ao seu redor, apenas para ser
engolida inteira.
22
SOU ALGO PARA VOCE
Jane sorriu enquanto observava David cuidadosamente perto da
porta do quarto de reposição de Gawain. Era onde seus filhos estavam
hospedados, e ela estava testemunhando, realmente testemunhando, o
quanto David se tornara parte de sua rotina.
Após passar o dia brincando com eles, David a dava um beijo
quando eles não estavam olhando, até que ele disse que era hora de
dormir. Eles pularam e seguiram Gawain para fora da sala de jogos
sem nenhum protesto. Ela tinha perdido tudo isso. David, os
cavaleiros e suas esposas haviam transitado suavemente em uma
espécie de família extensa para seus bebês. E David, ele era o melhor.
Depois de marcharem pelos corredores até os aposentos de Gawain,
Jane viu David se encarregar de tudo.
Ele se certificou de que eles foram banhados, seus dentes foram
escovados e até contou uma história para dormir sobre uma de suas
batalhas em que ele e Gawain salvaram uma princesa.
—Você sempre terá esse sorriso sonhador em seu lindo rosto,
bebê?
Ela sorriu mais e olhou para ele. —Eu simplesmente não percebi
o quanto você faz com eles.
David colocou as mãos na cintura dela. —Gosto de estar perto
deles. Eles me fazem sentir mais perto de você, e eu sei que você não
quer nada além de tê-los felizes e amados. Se posso fazer parte dessa
felicidade e sei que isso ajuda a tornar seu dia mais fácil, sou um
homem feliz.
—Obrigada, David.
Ele sorriu e ela prendeu a respiração quando ele se inclinou. —
De nada meu amor. — Com essas palavras sussurradas entre eles, ele
deu o vigésimo beijo do dia.
Jane suspirou, segurando os lados do rosto para mantê-lo perto
enquanto ela o beijava de volta. Sempre tão quente. Sempre perfeito.
Ele era o fogo que a consumia sem destruí-la.
David pegou as mãos dela e começou a levá-la para fora da suíte
de Gawain.
Ragnelle os encontrou na porta e inclinou a cabeça para David.
—Arthur me pediu para informar que ele e os outros estão treinando,
e eles farão uma reunião de instrução sobre a próxima missão. No
entanto, ele gostaria que você e Jane passassem uma noite tranquila
juntos. Amanhã vocês três podem revisar os detalhes. — Ela sorriu
para Jane. —O resto dos homens foi informado das notícias e espera
felicitar vocês dois amanhã à noite.
David levantou a mão de Jane e beijou as costas dela, enquanto
ele respondia à esposa de Gawain. —Obrigado, Elle... Tem certeza de
que não se importa de vê-los?
—Nem um pouco —, disse Ragnelle. —Gosto de cuidar deles.
—Bem, deixe-nos saber se há algum problema. — disse David.
—Claro. — Ragnelle inclinou a cabeça novamente. — Sir David.
—Boa noite, Elle. — David abriu a porta. —Vem cá bebê.
—Obrigada por assisti-los. — Jane disse a Ragnelle antes que
David pudesse puxá-la para fora do quarto.
—De nada, Jane. Tenha uma agradável primeira noite como
Outros verdadeiros.
David riu quando o rosto de Jane ficou quente, e ele a puxou
para perto. —Nós vamos. Obrigado.
—David. — Jane sussurrou depois que ouviu a porta se fechar.
—Hum?
—Isso tudo está realmente acontecendo?
Ele parou e olhou para ela. —Sim, Jane.
Ela assentiu, olhando para longe dele. —Acabei de sonhar com
coisas semelhantes acontecendo com você e comigo, mas sempre
acordo com elas.
David se virou e de repente a levantou. —Coloque suas pernas
em volta de mim, Jane.
Ela seguiu o comando dele e descansou as mãos nos ombros
dele, enquanto ele a segurava melhor. —Você já fez isso nos meus
sonhos antes.
Ele sorriu, segurando a coxa dela antes de deslizar a mão sob a
bunda dela. —Isso também? — Ele apertou sua bunda.
—Especialmente isso. — Ela sussurrou quando estendeu a mão
para tocar sua bochecha.
—Hum... — Seus olhos brilharam para uma cor azul pálida. —O
riacho?
Jane ofegou e tentou balançar a cabeça, mas ele sorriu e começou
a carregá-la na direção de sua asa.
—Eu me perguntei sobre isso. — Ele baixou o rosto para o oco
do pescoço dela. —Você disse que era um sonho muito bom, eu me
lembro.
Ela colocou os braços em volta do pescoço dele, suspirando
quando ele pressionou os lábios contra a pele dela. —Foi um sonho
maravilhoso.
—Eu prometo, Jane, nenhum sonho se compara à coisa real.
—Mostre-me. — Ela respirou, apertando os dedos nos cabelos
dele.
Ele levantou a cabeça e a beijou suavemente. —Hoje não, meu
amor.
Jane virou a cabeça para o lado quando uma leve pontada
ressoou dentro de seu peito. David não disse mais nada enquanto a
carregava para o quarto. Ela não sabia o que pensar. Tudo estava
perfeito desde que ele pediu que ela fosse a dele antes; não parecia
real. Talvez ela não estivesse acordada.
—O que você está pensando, provavelmente é falso —, disse
David enquanto a colocava em sua cama. Ele pairava sobre ela, mas
seu toque era suave enquanto segurava sua bochecha. —Fique aqui.
Eu preciso tomar banho.
Ela olhou para as costas dele enquanto ele se afastava. O som da
água correndo alcançou seus ouvidos em pouco tempo.
Jane suspirou e tirou os sapatos. Não havia sentido em enfrentá-
lo se ela iria acordar e hoje nada é verdade. Talvez fosse por isso que
parecia tão perfeito.
—Tire sua camisa e calça.
Assustada com a voz de David, e o que ele disse, Jane olhou em
direção ao banheiro. Lá ele estava usando apenas sua cueca boxer,
com todos os seus deliciosos músculos em exibição.
—O que? Por que? — Ela perguntou, congelada no lugar.
Ele caminhou até ela e pegou o sapato da mão dela. —Estamos
tomando banho. Juntos. Deixe suas roupas de baixo, mas tire sua
camisa e calça.
Seus olhos dispararam em direção ao banheiro enquanto seu
pulso repentinamente pulsava perigosamente rápido em seus
ouvidos.
—Jane —, disse ele, pegando o rosto dela em suas mãos. —Eu
estarei com você.
—Eu não quero tomar banho. — A voz dela falhou.
Ele se inclinou e beijou sua testa. —Eu vou ajudá-la a se despir.
Apenas relaxe. Eu já vi você antes, e sempre fiquei admirado com o
que vejo.
Seus olhos arderam, mas ela ficou parada. Ela estava com
vergonha de deixá-lo vê-la, mas tinha mais medo de ir ao banheiro;
ela não tinha parado de ver coisas horríveis sempre que a forçaram a
entrar na última semana.
David cuidadosamente tirou a blusa dela antes de levantá-la o
suficiente para poder empurrar o jeans dela para baixo. —Eu sei que
você tem medo do banheiro mais do que nunca.
—Você sabe? — Ela perguntou quando ele a levantou em seus
braços.
Ele a levou para sua suíte de banho. —Eu sei. É por isso que
vamos ter uma boa memória aqui.
Jane olhou para ele, os olhos arregalados enquanto procurava
seu belo rosto. —Como?
David acenou com a cabeça para a banheira cheia. —Não é um
riacho, mas imaginei que, já que qualquer sonho travesso que você
teve provavelmente foi demais por agora, poderíamos pelo menos
reencenar parte da noite.
—David. — Ela sussurrou enquanto ele acendia uma única vela
e a colocava perto da banheira.
—Eu sei que não foi o melhor dos eventos que nos levou até lá,
mas foi nosso primeiro mergulho juntos, nossa primeira vez tocando
porque queríamos tocar. Eu vi meu bebê ao luar naquela noite...
Continua sendo uma das minhas atrações favoritas na minha longa
vida.
Ela não sabia o que dizer. Ela nunca pensou em fazer lembranças
felizes onde experimentara coisas terríveis.
—Eu esquentei, mas você pode aguentar —, ele disse enquanto a
ajudava a entrar na banheira. —Continue de pé, eu vou sentar atrás de
você.
Jane estava queimando, e não era da água quente quando ela
espiou por cima do ombro para ver David, ainda vestindo sua cueca
boxer, se afundando na água logo atrás dela.
Ela gritou e virou-se para frente quando ele a olhou nos olhos.
Era difícil ficar lá. Pelo menos ela estava olhando para o outro lado,
mas de repente ficou horrorizada que sua bunda estivesse bem no
rosto dele e tentou deslizar discretamente uma mão para esconder
suas nádegas.
Ele riu e empurrou a mão dela. —Não se esconda. — Ele agarrou
seus quadris, e ela podia sentir a respiração dele em sua bunda. —
Milímetros... Sente-se antes de eu fazer algo que provavelmente não
deveria.
Seu corpo tremia quando ela se situou entre as pernas dele.
—Como é isso? — Ele perguntou, puxando-a de volta contra o
peito. Ele beijou a lateral do pescoço dela. O beijo dele parecia uma
marca, e ela teve que apertar os lábios para não gemer.
—Vamos continuar fazendo boas lembranças aqui. — Ele passou
os lábios pelo pescoço dela antes de beijar atrás da orelha. —E então
um dia você verá somente nós quando entrar em uma suíte de banho.
Só nós.
David começou a lavá-la com um pano, e Jane, ela estava no céu.
—Feche os olhos, bebê —, ele sussurrou em seu ouvido. —Tudo
bem se você adormecer.
Jane inclinou a cabeça para poder ver os olhos dele. —Eu tenho
medo.
Ele levantou uma mão da água e segurou a bochecha dela
enquanto a beijava. —Jane, eu não sou um sonho. Pedi para você ficar
comigo esta tarde. Você é minha e eu sou seu.
—Eu sou sua. — Ela sussurrou e recebeu um beijo mais longo e
profundo.
—Sim meu amor. Agora feche os olhos. Você teve um longo dia.
Ela o fechou os olhos, e sorriu sonolenta quando ele abaixou a
boca no ouvido dela.
—Minha Jane. — Ele beijou o cabelo dela. —Eu te amo.
—Eu...
—Não diga, Jane... Ainda não. — Ele deslizou o pano pelo
pescoço dela.
—Meu David. — Ela murmurou com um leve sorriso.
24
BEIJO DE DESPEDIDA
Jane enrolou uma toalha fofa em volta de Natalie antes de
levantá-la da banheira. Ao dar um tapinha na filha, ouviu David
conversando com Nathan.
—Garotões escovam os dentes, Nathan. Sei que você quer ser um
garoto grande, faça o que lhe disserem.
—Pizza. — Nathan disse a ele.
Jane secou o cabelo de Natalie e espiou por cima do ombro,
sorrindo enquanto observava David e Nathan. David estava aplicando
pasta de dente na escova de dentes de Nathan novamente, porque o
filho já a havia jogado três vezes. Quando David a ouviu tendo
problemas, disse-lhe para terminar com Natalie e que ajudaria o filho.
Seu vampiro estava aprendendo o quão difícil conseguir Nathan
fazer uma tarefa simples, como escovar os dentes.
— Chega de pizza — disse David, com firmeza. —De fato, o
cozinheiro não fará mais pizza, a menos que você escove os dentes.
Então, primeiro, escove os dentes e depois poderá comer pizza
amanhã.
—Primeiro dentes, depois pizza. — Disse Nathan, olhando para
David.
David entregou a escova de dentes. —Não. Primeiro dentes,
então amanhã você pode comer pizza.
—Primeiro dentes, amanhã pizza. — Nathan pegou a escova de
dentes e, apesar de fazer uma careta pelo gosto de menta que não
estava acostumado, ele escovou.
David ficou ali, de braços cruzados, esperando que ele
terminasse, mas ele tinha um leve sorriso que fez o coração de Jane
vibrar. Ela adorava vê-lo com seus filhos. Ele estava constantemente
entrando quando ela estava lutando com eles. Ele era paciente e
atendeu suas necessidades rapidamente. Nem uma vez ela se sentiu
sobrecarregada porque ele estava ali, ajudando onde quer que ela
precisasse de ajuda.
Jason sempre se sentava entre os gritos deles e os ignorava
quando eles pediam coisas. Ele diria que eles não precisavam do que
estavam pedindo imediatamente, e descobririam como consegui-las,
se realmente quisessem. Ele disse a ela que ela os estava estragando, e
eles nunca aprenderiam se ela fizesse tudo por eles. Ela sabia que ele
estava certo, mas ela não podia sentar lá e sintonizar seus gemidos e
lágrimas constantes. Então, o método de Jason de deixá-los esperar
significava que ela pulava quando choravam ou pediam alguma coisa.
—Bom trabalho, homenzinho —, disse David. —Coloque sua
escova de dentes onde ela estiva.
Jane levou Natalie até eles, seu sorriso tão largo que estava
começando a doer.
—Ei, querida —, disse ele, inclinando-se para beijar sua
bochecha. —Você ainda está bem?
O sorriso dela caiu tão rápido que foi chocante. Não ajudou que
seus sentimentos passassem de impressionados pela fofura para
completar o medo e a tristeza.
David olhou nos olhos dela antes de lhe dar um beijo nos lábios.
—Eu sei.
Seu peito doía quando ela se inclinou contra ele por um
segundo. A respiração parecia difícil de repente.
—Venha aqui, Natalie —, disse David, puxando a filha para fora
de seus braços. —Mamãe precisa de um minuto.
—Obrigada. — Jane se virou quando ele levou os filhos para fora
da suíte de banho.
Seus olhos lacrimejaram e sua garganta estava tensa. Ela colocou
as mãos no balcão e fechou os olhos. Ela não queria se despedir. De
novo não.
—Oh, meu amor. — Disse David, passando os braços em volta
dela por trás.
—Eu não posso fazer isso. — Jane tentou muito não chorar, mas
as lágrimas vieram.
Ele a virou e a abraçou. —Você fará isso porque eles precisam,
Jane. Você sempre fará o que eles precisam.
Jane o abraçou, seu corpo tremendo enquanto lutava para se
controlar. —Por favor, não me faça dizer adeus, David. Por favor... Eu
não posso fazer isso. Por favor, deixe-me ficar com eles.
Ele suspirou, inclinando o rosto para cima. —Bebê, eu também
não quero que você faça isso, mas devemos ir. Eu sou um cavaleiro e
tenho um dever para com este mundo. Você sabe que é importante eu
ir, e você sabe que eu não vou te deixar. Por mais que eu queira
acreditar que você tem total controle sobre sua imortalidade e a
entidade, nós dois sabemos que você não tem. Mesmo que você tenha,
seu dever é proteger o mundo.
Ela tentou se afastar, mas ele a segurou imóvel.
—Não fique com raiva de mim. — Ele a beijou rapidamente. —
Estou simplesmente explicando por que você não pode ficar.
—Existem muitos outros. — Disse ela, sua tristeza se
transformando em raiva. Por que as esposas sentavam-se no castelo e
não ela?
—Jane, há muito pouca ameaça no castelo. Se ficássemos,
estaríamos sentados aqui, exatamente como estamos desde que
chegamos aqui. Você realmente acha que nós, você e eu, os dois
imortais mais poderosos do planeta, devemos sentar enquanto nossos
companheiros lutam contra ameaças maiores?
Ela desviou o olhar do dele, mas ele ainda não a deixou ir.
—Você pode ficar com raiva de mim como quiser —, ele disse. —
mas você sabe que estou certo. Você sentirá uma culpa incrível se
descobrir que um dos homens acabou ferido ou morto em batalha.
Você sabe o que está em jogo. Como minha Outra, você está destinada
a lutar ao nosso lado. Esta é a próxima missão. Cada batalha em que
triunfamos significa que estamos um passo mais perto de viver em
paz.
Ele estava certo, mas ela não se importava. Estes eram os bebês
dela. Ela já havia se despedido uma vez antes; ela nunca mais queria
experimentar.
—Você pode chorar o quanto precisar, certo? — Ele olhou para
ela, um doce meio que implorando que ela entendesse em seus olhos.
—Eu não estou pedindo para você simplesmente sugar isso. Só posso
imaginar a dor e o medo que você está sentindo, e não espero que
você esteja bem em deixá-los ou em dizer a eles que vamos embora. Se
apoie em mim, ok?
O lábio dela tremeu. —E se eu não voltar? E se algo acontecer
aqui?
David pressionou seus lábios nos dela e depois beijou sua testa.
—Você vai voltar. Acredito em você e acredito que somos ambos
necessários nesta missão. E, na medida em que algo está acontecendo
aqui, é improvável. A maior parte do Canadá está livre da praga.
Existem sobreviventes, mas estamos tão isolados que poucos
procuram abrigo aqui.
—Mas os vampiros aqui não gostam de nós. — Disse ela.
—Isso não é verdade. Há alguns que estão chateados com a sua
presença e estão sendo monitorados ou já foram tratados. Há muitos
felizes em ter você e sua família conosco. Você não compareceu ao
enterro de Dagonet; ele era respeitado por muitos, e todos os guardas
juraram imediatamente proteger sempre as crianças que ele deu a
vida para manter em segurança.
Seu coração palpitava. —Eu gostaria de ter ido embora. Eu sei
que ele era um bom amigo seu, e ele se importava muito com Nathan.
David acariciou seus cabelos e sorriu. —Ele era um bom amigo.
Eu acho que morrer por Nathan foi o melhor, no entanto. Ele salvou
um menino que amava tanto quanto seu próprio filho - ele fez o que
falhou como mortal. Os outros guardas sentem o mesmo e juraram
proteger ele e Natalie. Seus filhos estarão seguros. Eles são apreciados
e serão adorados por todos que os conhecerem. Tenha em mente que
Gwen e Elle são guerreiras incrivelmente habilidosas, assim como as
outras esposas. Eu confio que as crianças estão em boas mãos. E
Arthur já falou com Jason. Ele sabe que estamos indo embora e que
minha irmã intervirá quando julgar necessário. Ele concordou sem
qualquer argumento.
—Eu ainda não quero ir. — Ela sabia que estava sendo chorona,
mas não queria deixar seus filhos novamente.
—Eu sei. — Ele segurou o rosto dela. —Você deve, no entanto.
Voltaremos e você lhes dirá como a mãe deles lutou bravamente com
seus cavaleiros.
Através dos olhos lacrimosos, ela sorriu e o abraçou com força.
—Sinto muito por estar com raiva. Eu sei que temos que ir.
David passou os dedos pelos cabelos dela. —Bebê, você pode
lutar comigo o quanto quiser. Eu sei que isso não é fácil, por qualquer
meio. Devemos acabar com isso, no entanto. Dei o vestido a Natalie,
mas ouvi-a pulando na cama o tempo todo.
Jane riu enquanto ele ria. —Me dê apenas mais um minuto. Eu
preciso lavar meu rosto.
—Estaremos esperando. — Ele a beijou mais uma vez e depois a
deixou sozinha.
Mais algumas lágrimas caíram quando ela encarou seu reflexo
no espelho. Como ela se despediu deles antes? Como alguém se
despedia de seus filhos quando sabia que não voltaria ou, pelo menos,
acreditava que não voltaria? Seu rosto se enrugou de agonia quando
ela lembrou que Wendy tinha feito exatamente isso com seus filhos.
Sua melhor amiga sabia que ela não estaria lá para eles, e ela se
despediu. Bravamente.
—Natalie, como você colocou isso de dentro para fora? — David
falou do quarto.
Jane soltou uma risada misturada com um soluço antes de
rapidamente espirrar um pouco de água fria no rosto. Depois de dar
um tapinha no rosto, ela saiu, sorrindo tristemente com o que viu.
David estava com a mão sobre os olhos enquanto Natalie estava de pé
na cama na frente dele, ajeitando a camisola. Ela estava rindo o tempo
todo, ocasionalmente acenando com a mão na frente do rosto dele.
David estendeu a mão para Jane, mas ele manteve a outra mão
sobre os olhos.
Quando ela se aproximou, ele colocou o braço sobre o ombro
dela e a puxou para ele. —Melhor?
Envolvendo os braços em volta da cintura dele, ela respirou seu
perfume e suspirou. —Na verdade não, mas eu sei que você está certo.
—Gostaria de não estar, mas tenho orgulho de você.
Jane sorriu, afastando-se dele para poder ajudar a filha. —Bebê,
essa é a cava do braço.
—Mamãe, você está triste? — Natalie perguntou, finalmente
colocando o vestido corretamente.
—Sim, querida, estou muito triste.
David esfregou as costas de Jane enquanto falava com Natalie. —
Você está vestida, princesa?
—Sim, você pode olhar agora.
David riu, abaixando a mão. —Muito bem, princesa. Agora,
vamos nos sentar, porque precisamos conversar com vocês dois sobre
algo muito sério.
Natalie sentou-se rapidamente na cama, dando um tapinha em
Nathan, que silenciosamente tomou seu lugar ao lado dela.
Jane olhou para eles, incapaz de desviar o olhar ou respirar. O
peito dela parecia ceder.
David sentou-se na cama e a puxou para o colo, mas falou com
Natalie e Nathan. —Agora, o que vocês sabem sobre o trabalho que
sua mãe e eu fazemos?
Natalie olhou entre eles, mas foi Nathan quem respondeu. —
Princesa do cavaleiro.
David riu e beijou a lágrima na bochecha de Jane. —Isto é uma
grande verdade. Eu sou um cavaleiro, e mamãe é minha princesa. —
Ele enxugou as lágrimas e continuou falando com eles. —Mas ela
também é uma cavaleira em treinamento. Ela luta contra os monstros
ruins comigo e com os outros cavaleiros. Fazemos isso para mantê-los
seguros.
— E o resto do mundo. — Disse Natalie, sem tirar o olhar
preocupado de Jane.
—Está certa —, disse David. —Deus me deu, Arthur, tio Gawain
e os outros, presentes para que pudéssemos proteger o mundo. Há
coisas ruins por aí, e Deus nos deu o dever de proteger todos. Sua mãe
foi escolhida, assim como eu. Você sabia que a mamãe é mais
poderosa que eu?
Eles olharam para ela com a boca aberta. —Realmente? —
Perguntou Natalie.
—Realmente. — David beijou a cabeça de Jane. —Você se lembra
de Ryder? — Eles assentiram. —Mamãe até tem poder sobre ele. Ela
pode fazer nós dois fazermos o que ela quiser, porque ela é muito
poderosa.
—E porque vocês dois a amam —, disse Natalie. —Ryder ama
mamãe também.
Jane sorriu tristemente, mas tinha medo de conversar.
David assentiu. —Sim, Ryder a ama tanto quanto você e eu. Ele é
forte e poderoso, mas sua mãe recebeu presentes que nem ele pode
dominar.
—Uau. — Natalie sussurrou.
—Sim. Uau —, disse David. —Agora, você se lembra dos
monstros em sua casa?
—Quais? — Perguntou Natalie, fazendo o coração de Jane doer.
Ela não queria que eles tivessem medo.
—Todos eles—, disse David. —Você sabia que eles estão em todo
o mundo?
Natalie balançou a cabeça enquanto Nathan mantinha os olhos
em Jane.
—Bem, eles estão. O mundo depende de nós para protegê-lo, e
isso significa que devemos lutar. Ryder está lutando, assim como
outros guerreiros como eu, mas o mundo precisa sua mãe. O mundo
depende daqueles que são mais fortes para lutar pelos fracos e
amedrontados.
—Você está indo embora — disse Natalie, os lábios tremendo
enquanto os olhos se enchiam de lágrimas. — Você e mamãe estão
indo embora.
David suspirou, mas ele respondeu honestamente: —Sim,
princesa. Temos que sair para ajudar os outros.
Nathan não disse nada. Ele não precisou, no entanto. Suas
lágrimas e gritos enquanto se arrastava até Jane disseram o suficiente.
David ajudou as duas crianças no colo dela antes de envolver os
braços em torno de todos eles enquanto ouvia seus gritos.
—Mamãe, fique. — Nathan disse, suas respirações em pânico
piorando as dela.
Natalie chorou. —Não vá, mamãe. Vamos ficar bem. Prometo
que seremos bons. — As respirações de Natalie saíram rápidas
quando seu pânico tomou conta dela. —Mamãe, não nos deixe.
Novamente. Por favor, mamãe... M-mamãe!
A filha dela chorou e Nathan chorou tanto que ele estava
tremendo.
—Eu vou voltar —, disse Jane, soluçando tão dolorosamente
quanto eles. —Eu vou voltar.
—Eu vou trazer a mamãe de volta. Eu juro —, disse David,
apertando-os gentilmente. —Shh... Vai dar tudo certo. Mamãe vai vê-
los novamente. Eu vou vê-los novamente. Eu sei que vocês entendem
por que ela é necessária.
Jane o olhou, com os lábios trêmulos enquanto o observava.
David beijou os dois filhos na cabeça antes de beijá-la. — Eu vou
trazer a mamãe de volta. Eu prometo. — Ele descansou a cabeça na
dela, balançando-os enquanto ela chorava com os filhos.
Ela se inclinou contra ele, deixando que ele compartilhasse parte
dessa dor com ela. Ele beijava seus cabelos, murmurava em seu
ouvido que ele estava lá e que ele a traria de volta para eles. Ele
levantava uma mão e esfregava as costas de Nathan ou Natalie. Eles
ficavam quietos cada vez que ele os tocava, e ela se perguntava se o
calor dele era algo que eles também podiam sentir.
Jane fechou os olhos quando ela embalou os dois bebês e girou
os dedos pelos cachos de Natalie e acariciou a bochecha gorda de
Nathan. Ela não queria isso. Ela queria desesperadamente ser uma
boa mãe e, embora soubesse que nunca poderia ficar sozinha com eles,
ela esperava com David ao seu lado que ela pudesse ser uma mãe
melhor.
—Eles estão dormindo —, David sussurrou, dando um beijo em
sua têmpora. —Fique quieta, eu vou pegar Nathan.
Jane choramingou quando ele cuidadosamente afastou o filho.
—Eu sei, querida. — David beijou a têmpora dela e, em seguida,
levantou-se completamente. —Mas é hora de partir. Temos que
conversar com Jason antes de encontrarmos os outros.
Ela respirou em pânico enquanto o observava deitar o filho na
cama. —David, por favor.
Ele se virou para ela e levantou Natalie de seus braços. —Seja
corajosa, meu amor.
Ela cobriu a boca e, através dos olhos lacrimosos, ela viu seu
vampiro beijar a cabeça de seus filhos quando ele mais uma vez
prometeu que a traria de volta a eles.
O coração de Jane estava sendo esmagado. Ela não conseguia
desviar o olhar de seus rostos adoráveis. Ela nunca quis ver a tristeza
gravada em seus rostos no dia em que os deixou antes - mas ela via
agora.
David a puxou para cima, abraçando-a enquanto ela lutava
gritando sua dor no coração. —Jane, eu vou te trazer de volta.
—Eu só não quero deixá-los.
Ele a esfregou nas costas enquanto passava os dedos pelos
cabelos dela. —Eu sei, mas voltaremos.
Ela confiava nele. Sabia que ele faria todo o possível para trazê-
los para casa em segurança, mas ela estava quebrando. E estava
prestes a terminar oficialmente o casamento com o pai.
—Dê-lhes um beijo. Eles sabem que você não estará aqui quando
eles acordarem.
Jane esfregou as lágrimas antes de se aproximar de seus bebês.
Ele as colocou na mesma cama, e ela sabia que eles precisariam um do
outro mais do que nunca. —Mamãe ama vocês —, ela sussurrou,
acariciando gentilmente a testa de Nathan. Ela se abaixou e beijou a
cabeça dele, lutando para não fazer barulho. Então ela fez o mesmo
com Natalie. —Sempre. Eu amo vocês dois.
David esfregou as costas dela quando ela não se mexeu. Ele a
segurou e os dois ficaram ali, observando-os enquanto dormiam.
Finalmente, David se afastou, mas ele agarrou a mão dela. —
Jason está esperando.
Tomando várias respirações rápidas, ela o deixou puxá-la do
quarto, apenas perder de vista deles, quando ele fechou a porta. Seu
soluço macio não poderia ser contido, e ele abraçou-a rapidamente.
—Shh...— David beijou o topo de sua cabeça. —Seja corajosa,
Jane.
Uma risada baixa ecoou na sala de estar, deixando Jane e David
tensos um contra o outro.
—Eu acho que é por isso que você é melhor para ela —, Jason
disse suavemente. —Você diz a ela para ser corajosa, e eu sempre digo
para ela não ser algo que ela não era.
David pegou a mão dela e se colocou na frente dela enquanto
caminhavam até Jason. —Ela é a pessoa mais corajosa que eu já
conheci —, disse ele, apertando a mão dela com mais força. —Ela só
precisa de alguém para lembrá-la de que é.
Jane olhou para o marido. Ele estava mais magro, mais pálido. A
confiança e o olhar presunçoso que ele geralmente não estava à vista.
—Você a vê — disse Jason, sem desviar o olhar do rosto. — Você
a vê mesmo com lágrimas. Não. Via fraqueza, covardia. Via a feiura
do que havia sido feito com ela, o que havia sido deixado para trás -
mas você ainda a vê, não é?
David ainda estava tenso, mas falou calmamente: —O choro não
deixa a pessoa fraca. É preciso mais coragem para chorar do que
esconder a dor ou a tristeza. Eu a vejo toda. As partes ruins também
estão lá, tentando esconder quem ela realmente é, mas eu aceito toda
ela. Essa é a única maneira que eu consigo ver a luz dentro dela.
Jason sorriu e olhou para sua mão, seu anel. —Eu não queria me
casar. Eu não queria uma esposa ou filhos, não na época, pelo menos.
Eu amava Jane, mas não queria dedicar minha vida a ela. Ela era
muito trabalho para mim, mas eu me acostumei a tê-la por perto.
Quando vi outros atraídos por ela, eu não gostei, e me recusei a deixá-
la ir.
— Eu acho que também vi vislumbres da pessoa que ela poderia
ser, e eu queria isso para mim. Ela às vezes se iluminava, do jeito que
ela faz com você e, especialmente, como eu a testemunhei com Ryder.
Eu não queria que mais ninguém a tivesse. Nem sei o que a trouxe,
mas às vezes eu via o que imagino que você vê o tempo todo.
—Então esse era o seu problema —, disse David, sem raiva,
ainda controlado. —Ryder e eu amamos essas partes vulneráveis e
frágeis dela tanto quanto os lados brilhantes, doces e poderosos dela.
Ela prospera quando todos dizem que ela é amada. É uma pena que
você não possa olhar além da tristeza dela.
Jason assentiu. —Seu amigo Dagonet disse algo parecido antes
de morrer. Eu não entendi. Ainda tenho dificuldade, mas nesta
semana passada, observando-a, observando você cuidar dela quando
ela olhava de lado - ela sempre olhou para o lado, e você sabe que ela
está vendo algo horrível... Eu já vi isso, mas nunca ajudei; não sabia
como... Então eu a ignorei. Era impossível ignorá-la dessa vez.
—Você não se afastou ou esperou que ela finalmente desistisse
como sempre fiz. Não tenho dúvidas de que ela voltaria dessa vez
também - para as crianças. Nunca para si mesma, mas sim para elas.
Ela é a única. Eu sabia disso. Eu sabia que quando ela os tinha, eles lhe
deram uma razão para revidar. Mas eu a deixei para lutar sozinha.
Mas você não.
—Jason. — Jane sussurrou, com a voz embargada. Ela nunca
tinha ouvido falar dessa maneira. Ela nunca tinha acreditado que ele
viu ou tinha entendido, mas ele fez, até certo ponto, e ele estava
admitindo que ele a tinha abandonado.
Jason levantou a mão dele. —Deixe-me dizer isso, Jane. Preciso
que ele me ouça e preciso que você entenda antes de ir.
David abraçou-a e puxou-a para perto.
O olhar de Jason se fixou no movimento, mas ele falou
calmamente: — Eu não sabia que você viu seu abuso, Jane. Não sei o
que pensei quando você se afastava ou quando você choraria depois.
Eu não sabia por que você chorava no chuveiro. — Ele a encarou nos
olhos. —Arthur me contou quando eu discuti com ele. Ele me contou
o que você só contou a David.
Lágrimas deslizaram por suas bochechas quando ela olhou para
seus olhos vidrados.
—Eu sei por que você não me contou —, disse ele, ainda sem
desviar o olhar de seu rosto. —Eu nunca lhe dei uma razão para
acreditar que ouviria. Que eu me importaria. Eu não queria saber o
que aconteceu com você. Eu não queria falar sobre isso. Ainda não sei.
Na verdade, acho que não tinha nada a ver com pedir para você confie
em mim quando nos conhecemos... Mas eu sei que David estará lá
para você. Eu odeio que ele a ame tão ferozmente, mas também estou
aliviado que alguém a ama.
—Oh, Jason. — Disse ela, enxugando as lágrimas.
Jason sorriu tristemente. —Quando eles me disseram que você
estava viva, fiquei tão aliviado porque finalmente seria capaz de fazer
as pazes com você. Eu sabia que tinham te levado, por certo, e pensei,
esta é minha chance. O destino me deu uma segunda chance com
você. Mas então eu o vi ao seu lado, e eu sabia que havia perdido
você. A maneira como ele olhava para você e no caminho você o
protegeu de mim, como se eu pudesse machucá-lo. — Ele sorriu
tristemente de novo. —Eu sabia que tínhamos terminado. Eu sabia
que ele deixaria você ver como você deveria ter sido tratada. Inferno,
acho que Ryder até mostrou mais amor do que nunca.
Mais lágrimas caíram, deslizando por seu queixo e pescoço. Ela
não sabia como se sentir.
—Eu ainda não queria que ele tivesse você —, disse ele, sua voz
mais forte. —Eu não queria suportar você ou o que você se tornou,
mas eu não queria que nenhum deles tivesse o sorriso que ele estava
colocando em seu rosto. Mas eu tenho agora.
Jason ergueu o olhar para David. —Eu nunca quero vê-la da
maneira que eu a fiz parecer. Você deu a ela uma segunda chance na
vida; eu quero que ela viva. Então, cuide dela. Mantenha-a segura.
David a apertou quando suas pernas começaram a tremer. —Eu
vou cuidar dela, Jason.
Jason caminhou até eles, parando a poucos metros de distância.
—Quando vocês dois voltarem, descobriremos como ser uma família.
— Ele olhou para David: —Todos nós.
Jane jogou os braços em volta do pescoço de Jason. —Obrigada,
Jason. — Ela chorou quando ele a esfregou nas costas. —Sinto muito.
—Não há motivo para desculpar —, disse ele. —parei de ser
marido e fico feliz que David esteja lá para me chamar. Eu te perdi e
só tenho a culpa.
Ela esfregou os olhos, inclinando-se para trás para olhá-lo. —Eu
ainda...
Ele balançou a cabeça. —Eu sei que não podemos obter um
divórcio adequado, mas você está livre de mim. Espero que um dia
você possa perdoar e você pode se lembrar de algo de bom em mim.
Nenhuma palavra veio à sua mente, e ela engasgou quando ele
levantou a mão esquerda, o polegar e o indicador se fechando em
torno de sua aliança de casamento.
—Eu quero manter isso —, ele disse suavemente. —Você não
deve usar meu anel se você estiver com ele.
Os olhos dela ardiam quando ele puxou o anel que ela nunca
tirara do dedo. Estava realmente acabado. Ela não era mais a esposa
dele.
Jason sorriu tristemente enquanto o segurava na mão. —Quando
eu olhar, lembrarei-me de que houve uma época em que eu tinha a
esposa mais bonita. — Ele olhou para David brevemente antes de
olhar para ela. Ele segurou suas bochechas, enxugando as lágrimas
antes de repentinamente pressionar seus lábios nos dela.
David rosnou, mas ele não se mexeu. Jason já havia se afastado
de qualquer maneira.
Jason sorriu para ele. — Um beijo de despedida. Ela é toda sua.
Faça-a feliz.
Jane ficou parada, entorpecida. Ela só sentiu algo quando as
mãos de David deslizaram por seus braços em um movimento suave.
—Farei tudo o que puder para fazê-la feliz. Cuide-se, Jason. Não
se esqueça de chamar Gwen e Elle. Elas estarão com você todos os
dias. Por favor, deixe-as ajudá-lo com as crianças.
Jason assentiu e esfregou os olhos. —Eu irei. Vocês dois estão
indo agora. Vejo vocês quando você voltarem.
—Vamos —, disse David, pegando a mão dela. —Venha, Jane.
Precisamos conhecer os outros.
Jane ficou lá, olhando as costas de Jason enquanto ele se
afastava.
—Bebê, nós temos que ir. — Disse David, beijando o topo de sua
cabeça.
—Tudo bem... Tchau, Jason.
25
ENTRETENIMENTO DE VOO
Jane agarrou a ponta do assento e afastou-se do ombro de David.
Ela estava encostada nele, atordoada, desde que decolaram.
David colocou o braço em volta dela e a puxou de volta para ele.
É apenas turbulência.
Ela suspirou e relaxou contra ele. —Eu só voei uma vez com
você, e nem me lembro do avião decolando.
—Você estava preocupada.
A imagem de um David sangrando e inconsciente brilhou em
sua cabeça, e ela o abraçou. —Deus, isso foi horrível. Não me faça
pensar nisso.
—Desculpa, meu amor. No entanto, gosto de lembrar o
momento em que minha corajosa garota salvou minha vida.
Ela olhou para ele. —Eu não era corajosa. Estava com medo de
perder você.
David beijou sua testa antes de lhe dar um olhar severo. —Você
pode estar assustada e ser corajosa. Na verdade, eu acho que te faz
mais corajosa do que se não tivesse medo. Apesar do seu medo, você
ficou ao meu lado quando outros desistiram, e usou seus poderes de
uma maneira que você nunca pensou ser possível. Você tentou,
mesmo com medo de falhar. Isso é bravura, meu amor. O mesmo
pode ser dito para a força que você demonstrou para seus filhos.
Ela bufou e olhou para a frente novamente. —Eu não sou forte.
Eu não conseguia nem ficar sem chorar por tempo suficiente para sair.
—Chorar não a deixa fraca —, disse ele, confiante. —Você
precisava chorar com eles. Eu posso estar lá para me agarrar a você
enquanto você faz. Você não precisa fazer tudo sozinha.
Os olhos dela lacrimejaram. Nunca lhe disseram que chorar era
bom. Ninguém reagia como ele quando chorava. Houve várias vezes
que ela conteve as lágrimas e sentiu-se um pouco satisfeita por não ter
chorado. Ela se sentia fraca, mas lá estava ele, dizendo a ela que estava
tudo bem, e ele não pensava menos dela.
—Oh, Jane. — Disse ele, erguendo-a em seu colo. Ele enxugou as
lágrimas e ela franziu a testa porque ela não tinha percebido que ela
realmente começou a chorar.
—Sinto muito.
David olhou nos olhos dela. —Não se desculpe por isso. Sei que
outros fizeram você acreditar que você é fraca pela maneira como
lidou com as coisas horríveis que experimentou, mas são tolos de
mente pequena. Aposto que muitos que disseram ou pensaram que
você era fraca se sairiam muito pior que você. É fácil descartar alguém
como fraca quando você não viveu a vida que ela tem. E muito poucos
têm a capacidade mental de compreender o que você realmente sofreu
- o que você ainda sofre.
—Assim como Jason disse, ele não queria saber. Se alguém se
recusar a tentar entender, a opinião deles sobre você não terá sentido.
Não que você deva se importar tanto com o que eles pensam, mas eu
sei que é difícil para ignorar a negatividade deles. Tenho fé que você
um dia vai superar. Mas, por enquanto, sei que eu, seu belo
namorado, não a acho fraca por chorar.
Ela beijou seus lábios rapidamente: —Você é tão bom que dói.
—Duvido que outros concordem com você. — Ele sorriu antes
de acariciar sua bochecha.
—Eles são tolos de mente pequena, então. — Disse ela, rindo
quando ele riu contra seu pescoço.
Ele sorriu, seus olhos brilhando de felicidade. —Precisamente,
meu amor.
Ela estremeceu, seus olhos se fechando quando ele beijou seu
pescoço.
—Meu ursinho de goma.
Jane riu e cobriu o rosto, notando que ainda tinha lágrimas, e
enxugou-as. —Esse é o pior apelido que já ouvi. Só posso me imaginar
com uma pequena roupa de urso vermelho e você me perseguindo.
Ele riu, e o som profundo fez suas pernas se apertarem. —Eu
posso sentir o cheiro da sua mudança de humor, bebê. Os outros
também o fazem se você não acalmar seus hormônios. Garanto-lhe
que apertar as pernas não esconde nada.
Ela corou. —Bem, pare de me beijar.
Os lábios dele se voltaram contra o pescoço dela. —Você
realmente espera que eu defenda essa demanda?
—David. — Jane empurrou contra ele, mas ele a segurou e beijou
seu pescoço lentamente.
Ela não pôde evitar. Ela gemeu.
Ele sorriu contra sua pele, beijando-a mais uma vez antes de se
afastar. A satisfação em seu rosto a fez formigar por todo o corpo.
—Você adora me fazendo parecer como uma menina burra, não
é? sempre começando coisas.
David a agarrou pela nuca e a beijou: —Primeiro, você começa
algo toda vez que sorri para mim.
Sua barriga ficou com aquela sensação de agitação.
—E segundo, minha garota está longe de ser burra. No entanto,
ela se torna uma bagunça corada quando eu a toco.
—Estou com raiva de você. — Ela não estava.
Ele balançou a cabeça. —Eu não acho que você está.
—Tão cheio de si mesmo.
—Confiante. — Ele sorriu, e os sorrisos de David faziam coisas
devastadoramente bonitas para as emoções dela. —E observador —,
continuou ele. —Desde que te conheci, eu vi todas as vezes que suas
bochechas coravam, cada arrepio, cada ingestão de meu perfume que
você tomava, e toda vez que você morde o lábio, porque o queria
contra o meu.
Ela olhou nos olhos dele, sem saber por quanto tempo, mas
pareceu uma eternidade antes que ela finalmente se afastasse.
—Você merece uma medalha, meu amor. — Ele riu, acariciando
seus cabelos. —Você aprendeu a se controlar ao meu redor, afinal.
—Morda-me, David! — Ela olhou para o rosto sorridente dele.
—Eu pensei que estávamos controlando nossos desejos, Jane —,
disse ele, totalmente divertido. —Isso não sairia bem. Você se lembra
da última vez que mordi você.
Ela corou quando viu Gareth rindo do outro lado da cabine do
avião.
—O que? — O sorriso dele se estendeu ainda mais:
—Você está tentando me fazer dizer algo estúpido.
—Estou tentando fazer você sorrir, querida, e você está me
fazendo trabalhar mais do que o normal.
Suspirando, ela se virou para ele e sorriu. —Pronto. Feliz agora?
Ele beijou o nariz dela. —Quase. Seu sorriso é sempre a minha
visão favorita, mas eu gosto mais quando você fala sério.
Jane sorriu e tentou desviar o olhar. Ela adorava a maneira como
ele falava com ela.
—Aí está. — Ele murmurou antes de beijar os lábios sorrindo.
Ela beijou mais forte, respirando o cheiro dele. Seu coração batia
violentamente no peito.
— Ela age como uma adolescente hormona. — Uma voz
feminina sussurrou para outra pessoa, e havia apenas uma outra
mulher no avião: Ártemis.
Quando Jane tentou se afastar, envergonhada e com raiva, David
a agarrou com mais força e aprofundou o beijo até que ela não
conseguisse nem pensar nas palavras da deusa.
—Ela é muito mais nova que você, querida irmã. — O tom de
humor de Apolo rompeu o véu quando David mordeu o lábio.
—Somente em anos mortais! — Ártemis bufou, e Jane sorriu
quando Gareth e Gawain riram com Apolo. —Minha idade física é
mais jovem que a dela.
—Então David parece apreciar como o corpo de uma mulher se
completa ao longo do tempo e após o parto —, disse Apolo, rindo. —
Talvez seja por isso que você permaneceu sozinha - sua aparência
jovem não apela para homens como David.
Jane escondeu o rosto no pescoço de David, sorrindo enquanto
ele ria e a esfregava nas costas. Ela não queria que Ártemis fosse
provocada, mas ela deveria aprender a manter a boca fechada,
especialmente ao seu redor.
—David! — Gareth gritou, rindo quando Apolo balançou a
cabeça para ele, enquanto o rosto de Ártemis ficou vermelho de fúria:
—Diga-nos, homens de seu status preferem frutas suculentas e
maduras ou você está tão ansioso que morde bananas verdes e
azedas?
Jane cobriu o rosto com a mão enquanto tentava não rir, mas
alguns dos cavaleiros o fizeram, e Ártemis foi para outro lugar do
avião.
—Uma banana, Gareth? — David riu, passando os dedos pelos
cabelos de Jane. —E você sabe que eu prefiro frutas prontas.
—Eu entrei em pânico —, disse Gareth, rindo. —Se eu a
comparasse com uma uva azeda que você engasgaria, acho que ela
poderia ter me castrado.
—Gareth. — Jane abaixou a mão e riu dele. —Você é tão terrível.
Pare de comparar mulheres com frutas.
Gareth sorriu. —Pergunte a David qual fruta você tem gosto,
Jane. Ele me disse e admito que estou com ciúmes. O Goma de Urso
vermelho também era o meu favorito.
Jane sentiu o calor subir pelo pescoço e cobriu o rosto para
esconder o rubor. —David!
Ele riu e afastou-os dos outros. —Não fique envergonhada.
—Como ele descobriu?
David inclinou o rosto para cima. —Perguntei se ele tinha mais.
—Mais o que? — Jane desviou os olhos, seu rosto imitando o
doce maldito que ele a comparava quando ela percebeu o que ele
queria dizer. —Você vai desintoxicar se não desistir.
Ele sussurrou em seu ouvido: —Você pode fazer o mesmo?
—Não se preocupe, irmão! — Gareth gritou, rugindo de tanto
rir. —Ela não pode desistir de você!
David beijou a têmpora dela. —Estamos tentando animá-la,
querida.
Ela assentiu e beijou sua bochecha. —Eu sei. Obrigada, mas pare
de me excitar. Sei que os meninos já sabem que sou impossível, mas
não quero parecer uma garota hormonal.
—Você é uma garota hormonal —, disse ele rapidamente. —
Estou cativado por sua inocência e personalidade boba. E eu amo suas
reações hormonais ao meu redor.
—Eu devo agir mais madura, no entanto. Eu sou mãe.
Ele riu. —Então você deve perder a graça porque é mãe?
—Até certo ponto, eu acho. — Disse ela, mordendo o lábio. Na
verdade, ela estava sentindo uma dor no peito com o comentário de
Ártemis. Ela era uma garota boba em torno da Morte; ela sempre fora
uma, e era desaprovada pela maioria das pessoas com quem já lidara.
David abaixou a voz. —Não fique chateada com o que ela disse.
Eu amo tudo em você.
Jane falou em um tom igualmente suave. —Mas ela está certa. Eu
vou te envergonhar. Haverá mais mulheres que pensam como ela.
—Primeiro —, ele disse. —eu nunca ficaria envergonhado com
você. Tenho orgulho de dizer que você é minha Outra e namorada. E
segundo, você está certa - haverá pessoas que pensam ou dizem
coisas, mas isso não significa que elas sejam verdadeiras ou que sejam
importantes. Realmente, Jane, o que importa o que uma mulher, ou
várias, pensa?
—É só que ela é uma deusa —, ela murmurou. —E sua irmã é
uma rainha, e as esposas são todas, bem, eu não sei o que são. Ladys?
Seja como for, eu não sou apenas uma delas, e sei que vou me deparar
com outras deusas, e então você me pegou. É como se eu fosse a irmã
mais nova de Gawain, entre um monte de deusas que se gostam.
Talvez nem todas sejam más, mas eu nunca me encaixarei. Nunca.
—Você é a melhor irmã caçula de todos os tempos, amor —,
disse Gawain em voz alta. —Esse é o melhor título que existe.
Jane corou, mas não olhou para trás para onde eles estavam. —É
que, eu tento ser corajosa e dou de ombros, mas ainda fica difícil ouvi-
las falar como se eu não pudesse ouvi-las. Não estou mentindo
quando digo que, além de Wendy, não tive experiências positivas com
meninas ou mulheres. Sua irmã e Elle foram muito gentis, mas não é
como se fôssemos amigas. Eu não consigo me ver saindo com
nenhuma delas - eu nem sabia como agir. Às vezes eu só quero ser
normal e me encaixar.
David inclinou o rosto para cima enquanto olhava para baixo,
procurando os olhos dela, e ele falou naquele tom - aquele tom
profundo, mas suave que ele usava com ela e mais ninguém. —Uma
verdadeira deusa não se abaixa para se misturar com outras pessoas
ao seu redor. Ela é alta, admirada e muitas vezes invejada. Não tente
ser o que a sociedade pensa que deveria ser. Você é minha Jane, um
farol brilhante entre a luz das velas tremeluzente e moribunda. Deixe
elas queimarem. Seu lindo coração manterá sua luz acesa o tempo
todo, e eu não poderia pedir um presente melhor do que assistir
minha deusa brincalhona dançando na escuridão.
Ficou em silêncio por um longo tempo, e Jane só pôde olhar para
ele.
—Droga. — A voz de Gareth carregou por todo o avião.
Ela sorriu e beijou David antes de apoiar a cabeça no ombro dele,
rindo quando Gareth elogiou as habilidades de David.
—Ele aprendeu me observando com Elle. — Disse Gawain,
parecendo completamente confiante enquanto os outros riam dele.
—Sim —, disse Gareth. —Ele aprendeu o que não fazer com uma
mulher, seu palhaço.
Jane continuou sorrindo até ver Ártemis sentar-se com Hades. —
David, onde exatamente estamos indo?
David virou o rosto para ela. —Você não prestou atenção
durante nenhuma das reuniões, prestou?
—Acho que não —, disse ela, um pouco envergonhada. Ela sabia
que era para recuperar as coisas do cão de caça, mas ignorou para
onde estavam indo. —É longe?
—Na verdade não —, disse ele, ainda sorrindo. —Asgard é
muita remoto, no entanto.
Jane sentou-se ereta. —Asgard? Você disse Asgard!
Um leve sorriso brincou em seus lábios. Sim, Jane. O chamado
reino dos deuses nórdicos.
—Você está falando sério? — Ela disse, não se importando que
todo mundo estivesse olhando para ela porque sua voz estava
estridente. —Como Thor e Odin? Oh meu Deus! Você está falando
sério?
David riu da explosão dela e assentiu. —Estou falando sério.
—De jeito nenhum!
Ele riu enquanto falava. —Por que você está tão chocada?
—É Thor! — Obviamente, ela pensou.
Um olhar irritado passou por seu rosto, mas desapareceu
rapidamente. —Bebê, o rei Arthur e os cavaleiros da Távola Redonda
conheceram você no Texas. Seu namorado é um desses cavaleiros. —
Ele apontou para trás dela. —Hades, o Deus do submundo, está
sentado ao lado de Ártemis, e onde diabos está Apolo?
—Por aqui, jovem. — Disse Apolo, acenando para ela.
David assentiu. —Isso! Você conheceu os arcanjos, Michael e
Gabriel - e Lúcifer! Deus, Jane, seu companheiro mais antigo é a
própria Morte. Não me diga que Thor de todos os seres é mais
impressionante do que qualquer um de nós.
Ela balançou a cabeça. —Mas ele é Thor! Caramba, ele tem
Mjölnir?
—Ele é um imortal como todos nós, Jane. Um vampiro, não um
deus.
—OUTRO! — Ela jogou a garrafa de água no chão.
—Outro o que? Por que você jogou isso? — David observou a
garrafa rolar para longe.
Arthur riu ao pegá-la do chão. —Ela está citando uma adaptação
cinematográfica de Thor.
—Sério, Jane? — David balançou a cabeça. —Ele não é como as
adaptações de Hollywood dos quadrinhos. E eu posso levantar o
maldito martelo dele.
—Você pode? — Ela olhou para David, os olhos arregalados. —
Apenas Thor pode levantá-lo, no entanto.
—Eu sou mais forte que Thor. — Disse ele, parecendo
extremamente irritado agora.
—Oh, uau —, disse ela suavemente, tocando seu peito com as
pontas dos dedos. —Gostaria de saber se posso levantá-lo.
—Tenho certeza que você pode —, disse ele, sua voz tensa, assim
como seus músculos. —Não vejo qual é o problema. Ele é bem
conhecido porque não pode fazer algo tão simples como se misturar.
Ele gosta de mostrar sua força, e isso é tolice. Muitas vezes tive que
limpar a bagunça que ele causou. O pai dele não tem controle sobre
ele.
—Bem, Thor matou monstros nas lendas com as quais eu cresci.
— Ela gostava das lendas sobre Thor.
David lançou-lhe um olhar penetrante. —O que você acha que
eu faço? O fato de não haver lendas sobre mim significa apenas que
fiz bem meu trabalho, protegendo nossa existência.
—Ah, eu sei. Você destrói o mal — ela murmurou, dando um
beijo nos lábios dele. —Você é o vampiro mais assustador da Terra, e
o homem mais sexy que eu já vi.
Ele sorriu e a apertou contra ele. —Eu já sei que você acha a
Morte mais atraente, mas aceitarei o elogio assustador.
Ela não sabia como ele sabia disso sobre a Morte, mas isso não
importava. —Bem, ele tem uma vantagem injusta, então você é o
humano mais sexy. Sim, o mais sexy. Eu já vi muitas fotos de caras
quentes. Você é o mais quente.
—Mais quentes? — Ele levantou uma sobrancelha para ela. —
Você tem certeza que desta vez não está falando da temperatura do
meu corpo? Lembro que você insistiu que só sentia calor.
Ela riu de novo, olhando por cima do ombro. —Oh, Deus.
Simplesmente pare.
—Você deveria estar acariciando meu ego, Jane. — Disse David,
rindo.
—Oh, está certo! — Ela olhou para cima, rindo quando ele
balançou a cabeça. —Você não é apenas quente, mas você é o
cavaleiro mais corajoso e nobre. — Ela olhou em volta quando todos
os cavaleiros se viraram em sua direção. —Olá meninos.
—Continue, Jane —, disse Gareth, rindo. —Este é o melhor
entretenimento a bordo que já tivemos.
Suas bochechas estavam doendo, mas ela amava o jeito que
David estava olhando para ela. Então ela continuou novamente. —
Você mata os monstros mais perigosos com facilidade, todo mundo
tem medo de você e as mulheres querem você. Mas você é meu!
Os lábios dele se contraíram, fazendo-a sorrir largamente.
—Você é o melhor e o mais forte que existe. Somente a Morte
pode tocar em você, e até ele lutou. — Ela assentiu, orgulhosa de si
mesma por fazê-lo parecer feliz. —Você é meu David e me ama, então
isso também é um grande bônus.
—O melhor? — Ele perguntou, divertido.
—Dos melhores. — Disse ela, recebendo um beijo dele.
—Vou tentar me lembrar do seu elogio quando eu vir você rindo
de Thor.
—Juro que tentarei manter a calma. Mas é como conhecer Zeus.
Ele balançou sua cabeça. —Pelo menos Zeus tem menos controle
sobre seus hormônios do que você.
Ela ofegou. —Você o conhece?
David deu-lhe outro olhar irritado, e ela lutou para manter o
sorriso sob controle.
Ele riu. —Ele é o pai de Apolo e Ártemis, bebê. Hades é seu
irmão; sim eu conheço ele. Ele é um Maldito.
O sorriso dela caiu. —Oh, bem, isso é muito ruim. Gostei das
histórias sobre Zeus.
—Muitos gostam. — Disse ele calmamente.
Jane suspirou e recostou-se. Ela sabia que, mesmo que o
divertisse, ele estava um pouco dolorido por não ser uma de suas
lendas favoritas. Ela sabia que ele teria sido se houvesse histórias
escritas sobre ele.
—David? — Ela sussurrou, olhando através do avião.
—Hum?
—A espada de Arthur é Excalibur?
Ele beijou a cabeça dela. —Não é chamada assim.
Ela fez beicinho. —Isso é meio chato. Eu esperava que tivesse
poderes ou que ele tivesse puxado de uma pedra.
—Essas são duas espadas diferentes, Jane.
—Oh. — Ela realmente precisava aprender sobre elas. —Bem,
acho que há muitas histórias... A espada dele é mágica? Você sabe,
como Hades tem uma espada da Morte.
—Talvez ele lhe conte um dia. Arthur, Kay, Bedivere, Gawain,
Gareth e Gaheris são muito mais velhos que o resto de nós, o que
explica por que existem tantas lendas. As lendas com as quais você
cresceu são falsas. No entanto, uma espada foi retirada de uma pedra
e Arthur recebeu uma - a de uma dama de um lago.
A boca dela se abriu. —Oh, você tem que me dizer!
—Eu pensei que você estaria mais interessada em Thor e para
onde estamos indo. — Ele esperou, observando-a morder o lábio.
Sua vertigem ao ouvir tudo a tinha rasgado. —Ok, vou pedir a
Arthur e aos outros que me contem a história deles, e você pode me
preparar para Thor. Presumo que não vamos para outro reino.
—Correto —, ele disse. —Assim como estamos em uma parte
completamente diferente do mundo das suas lendas, os nórdicos
mudaram para manter suas identidades ocultas. É algo que todos nós
fizemos para nos tornar mitos e lendas, em vez de história verdadeira.
Eles estão em um lugar chamado Asgard na ilha Baffin. É uma
montanha, na verdade. Montanha Asgard. Há também uma
montanha Thor e Odin nas proximidades. Então, isso mostra que eles
não se mantiveram tão ocultos quanto gostaríamos que fossem. Eles
não estão diretamente na montanha, mas você pode vê-los na casa
deles. Você verá vários malditos por lá, incluindo Thor e Odin. Todos
eles esperam restaurar sua honra.
—O que você quer dizer?
—Eu acabei de lhe dizer que eles são os Malditos.
—Porquê? — Jane olhou para ele, sem saber por que isso a
irritou.
—Bebê, eles se reproduziram —, disse ele, seu olhar flutuando
sobre ela enquanto ela bufava. —Eles não cumpriram seu dever e
violaram as leis de Deus. É assim que funciona. Por que isso te
chateia?
Ela deu de ombros, virando a cabeça para encarar Apolo. —Acho
que só tenho uma queda por deuses gregos e nórdicos. Eu sempre
pensei neles como heróis, e agora estou aprendendo que a maioria
está condenada ao inferno. Não quero que sejam ruins. —Ela franziu a
testa quando a verdade a deixou ainda mais triste. — E é injusto que
pessoas como Dagonet sejam condenadas ao inferno. Apolo também.
Ele não parece tão ruim para mim. E quanto a outros deuses e lendas?
Como egípcios, astecas, maias e todos os outros?
—Quase toda mitologia tem alguma precisão —, disse ele. —Eles
foram criados pelo inferno ou foram escolhidos para trazer ordem.
Nós somos os executores, você poderia dizer. Você vê Apolo aqui; ele
está redimindo seus pecados da única maneira que pode. Ele está
lutando contra os monstros que sua família deixou escapar, ou que
foram gerados por ele e vários membros da família. Nós matamos a
maior parte da família dele porque eles estavam fora de controle. Se
ele caísse em seus velhos hábitos, criando, pecando, matando
inocentes, eu o destruiria para que ele pudesse ser julgado na vida
após a morte.
—Ai, David — disse Apolo, empurrando o lábio enquanto fingia
enxugar as lágrimas dos olhos negros. —Minha amizade não significa
nada para você?
—Você conhece a lei. — Disse David, sem olhar.
—Isso é horrível. — Jane olhou para Apolo, que não parecia
chateado. —Quantos amigos você matou porque não conseguiu ficar
bem?
David olhou para ela calmamente. —O suficiente para me fazer
parar de fazer amigos.
—Oh. — Ela disse suavemente.
—Eu tenho um dever, e eles sabiam o preço de seus crimes.
Ela havia desistido de amigos porque eles nunca eram amigos,
mas ela não podia imaginar ter que matar alguém com quem se
importava.
—Vamos discutir outra coisa? — Ele perguntou, aconchegando-a
novamente.
—Sim. Conte-me sobre a montanha. Como pousamos lá?
—Nós não vamos pousar —, disse ele, seu sorriso retornando. —
Nós caímos.
A boca dela se abriu. —Você quer dizer pular?
David sorriu, apertando-a suavemente. —É assim que chegamos
à maioria dos destinos por causa de quão remotos eles são. Além
disso, geralmente precisamos ocultar nossa chegada porque estamos
lá para destruir.
—Acho que faz sentido —, disse ela, olhando ao redor do avião.
—Mas não sei usar paraquedas. Podemos fazer o tipo em que estou
amarrado a você?
—Ela é adorável. — Disse Apolo, rindo com Gareth.
—Eu só não sei como usá-los. — Ela murmurou, olhando para
Apolo.
—Bebê, nós não usar paraquedas. — Disse David.
Ela olhou para ele —Mas você disse que pulamos.
David disse, ficando quieto quando ela finalmente entendeu:
—Nós estamos pulando sem paraquedas? — Ela o abraçou por
algum motivo, fazendo-o rir.
—Está tudo bem, Jane. Todos nós estávamos... planejando
carregar você.
—Não vamos nos machucar? E se você me deixar?
—Eu nunca te abandonaria. — Ele beijou sua bochecha, e Jane
ouviu distintamente Ártemis gemer antes que ela se levantasse e
saísse.
—Eu não sei por que ela é tão irritada —, disse Gareth. —Eu
gostaria de gravar David mole. Você sabe que ele não vai ficar assim,
muito depois de pousarmos.
David olhou para Gareth. —Eu sou legal com ela. Todo mundo
pode se foder se tiver um problema com o carinho que eu dou a Jane.
— Ele não virou a cabeça, mas ela viu seu olhar desviar para onde
Ártemis havia ido.
— Você é o melhor namorado de todos os tempos. — Ela
sussurrou, sem querer falar em voz alta.
Ele riu e virou-os para que eles não pudessem ver os outros. —
Estou feliz que você pense assim. Ele está certo, no entanto. Vou
mudar assim que estivermos por perto dos Amaldiçoados e Malditos.
Farei o meu melhor para permanecer o mesmo em torno de você, mas
suponho que você esteja preparada por minha indiferença. Você só
me viu com você e meus irmãos, assim como não testemunhou a
Morte em seu verdadeiro elemento.
—Vou tentar não envergonhá-lo.
—Eu já te disse que nunca vou ter vergonha de você. — Ele
beijou sua bochecha e sussurrou em seu ouvido: —Sentirei inveja
porque a mulher mais bonita, mais doce e mais corajosa que já conheci
me aceitou como ela.
—Sim. Sim. — Ela sorriu.
—Eu continuarei dizendo a você até que você se veja do jeito que
eu vejo. Mesmo assim, eu vou lembrá-la. — Ele deslizou as mãos
pelos braços dela antes de sussurrar em seu ouvido novamente: —
Você deseja saber mais sobre os cães?
Ela assentiu, suspirando quando ele mordiscou sua orelha. —
Isso não está me dizendo sobre eles.
—Eu me distraí. — Ele riu, afastando-se: —Você já ouviu falar
dos cães de caça de Ártemis?
—Eu ouvi, mas não me lembro de muita coisa.
—Bem, isso é o melhor, já que não são o que a maioria das lendas
os descrevem. Eles são descendentes de lobisomens. Eles não
necessariamente pretendem se reproduzir, como você se lembra, eles
se tornam irracionais quando se transformam. No entanto, o estupro é
comum entre os diferentes grupos e espécies de lobisomens. Lembra,
eu disse a você que existem categorias diferentes?
—Sim, você disse que Lancelot foi um dos primeiros e ele
controla o dele. Você disse que havia outro, mas acho que não me
contou nada sobre ele.
—Lancelot é o único lobisomem criado, e ele constrói sua
matilha infectando humanos. — David beijou a cabeça dela, e Jane
sentiu que ele nem queria pronunciar o nome ao seu redor. —Os cães
vêm de sua matilha e a outra matilha com características semelhantes
às de Lancelot. O líder daquele se chama Lycaon, o rei lobo. Suas
origens não são claras, e há muitas histórias sobre quem são seus pais
ou criadores. A maioria acredita que ele é simplesmente uma mutação
da união de um imortal e um demônio. Sou amigo de um de seus
filhos, Nyctimus, mas sim. Não pergunto sobre seus pais por respeito.
—De qualquer forma, suas matilhas são semelhantes. Os
humanos que eles infectam perdem a cabeça toda noite e são
controlados por um vínculo mental de Lancelot e Lycaon. Nenhum
líder permite que seus membros façam transformações. No entanto,
isso acontece se um lobisomem não termina uma matança. Lancelot e
Lycaon geralmente caçam o lobo selvagem e o matam. Pode parecer
que eles estão assumindo a responsabilidade, mas estão apenas no
controle de quem eles transformam.
—As mulheres não são valorizadas por Lance ou Lycaon, mas
eles transformam algumas para satisfazer suas fileiras. Muitas
mulheres não sobrevivem por muito tempo. Sua forma de lobo é mais
fraca, mais lenta, e Lancelot, juntamente com Lycaon, são
frequentemente incomodados por elas. Eles as matam, principalmente
se engravidarem.
Jane ofegou, cobrindo a boca. —Isso é terrível.
—É. — Ele assentiu. — Mas é o melhor. Os filhos não são
humanos. É raro Lancelot ou Lycaon manterem seus filhos jovens.
Acontece, talvez se eles veem a promessa em um deles, mas
geralmente matam a fêmea, a menos que ela os agrade. Se o fizer, eles
permitem que ela dê à luz e assassine a criança.
—Então, o bebê seria como Lancelot?
—Sim, apenas mais uma marionete para ele controlar. Mais forte
que os outros, mas igual aos demais.
—Então, como os cães entram nisso?
—Geralmente não são mulheres que Lancelot ou Lycaon
dormiram —, disse ele. —Eu sei que Lance prefere manter suas
fêmeas perto dele, se ele permitir que elas continuem com a gravidez.
Sua proteção é o que mantém a mulher leal. Ele é cruel, mas é
charmoso quando deseja. Ele usa esse charme para fazê-las se
apaixonar por ele, o que raramente faz, por isso fará a mulher se sentir
especial. Síndrome de Estocolmo, realmente.
—Como eu mencionei, porém, ele transforma mulheres para
entreter suas fileiras. Escravas sexuais, basicamente. Essas mulheres
geralmente não desejam estar entre as outras e são tratadas
horrivelmente. No entanto, como a maioria das mães, elas são
protetoras de seus filhotes. É isso que é única sobre elas.
—Elas têm uma transformação, mas são incapazes de retornar à
sua forma humana. E, em vez de perder a cabeça, permanecem
intactas. Elas sabem que serão mortos neste momento. Não apenas
elas têm controle sobre suas mentes novamente, mas não são mais
forçadas sob o controle de Lance. Então, elas escapam. Quando elas
finalmente dão à luz, não é um humano ou uma cópia de sua forma, é
um lobo. Bem, parece ser um filhote de lobo.
—Ártemis se deparou com um quando estava caçando a mãe.
Ela rapidamente percebeu o que havia acontecido e se apaixonou pelo
filhote, incapaz de destruí-lo. A mãe finalmente voltou à sua forma
humana, explicou sua situação e implorou que Ártemis o poupasse.
—Ártemis concordou. No entanto, ela explicou à mulher que não
havia como permitir a mesma misericórdia. A mulher entendeu, com
medo de que, quando o anoitecer voltasse, ela mudasse e Lancelot a
localizasse. Ela deu a vida por vontade própria e Ártemis levou o
filhote.
—Ele nunca se transformou em um humano, mas ela sabia que
ele era inteligente. Ela formou um tipo de vínculo mental, e conseguiu
captar a linguagem. À medida que crescia, ele começou a sentir outras
mentes e a levou até eles - eles eram exatamente como ele. Eles foram
encontrados por um imortal chamado Pan - ele os estava usando
como cães de caça. Ele era um pequeno animal desagradável, uma
criação de um dos demônios do Inferno. Ele usava lâminas de prata
para torturá-los, sempre mantendo um refém para controlar os outros.
—Ártemis e o filhote que ela criou atacaram o acampamento. Os
cães de Pan receberam ordens de defendê-lo. O filhote de Ártemis
lutou contra eles, não destruindo-os, mas derrotando-os mesmo assim.
Ártemis atacou Pan e os outros com ele. Ela destruiu ele e seus
seguidores, deixando apenas os lobos.
—Como o filhote de lobo dela era o mais forte, ele se tornou o
alfa. Ártemis levou todos eles com ela, escondendo-se quando saiu a
notícia de que ela tinha as abominações sob seus cuidados. Arthur a
encontrou, com a intenção de puni-la e destruir os animais, mas ele
percebeu que eles não eram selvagens. Eles eram inteligentes e
podiam se comunicar com ele. Eles haviam adquirido habilidades
linguísticas, assim como uma criança humana. Então, depois de
aprender com Ártemis sobre suas origens, ele determinou que eram
almas e mentes humanas, presas na forma de lobo. Ele permitiu que
ela os mantivesse sob a condição de que ela assumisse a
responsabilidade, caso eles se voltassem contra os humanos.
—Isso é incrível —, Jane sussurrou, seus olhos se movendo para
onde Ártemis estava. —Ela pode nos ouvir, David?
—Não. Se você mantiver a voz baixa, os outros não entenderão
tudo o que discutimos.
—Então, eles se parecem com lobos normais? — Ela perguntou.
Ele balançou sua cabeça. —Maiores. A Tristeza é o maior cavalo
que eu já vi antes, e mesmo de quatro, eles são mais altos que ele.
—Oh, uau. Então, as mulheres ainda escapam e têm esses
filhotes de lobo?
—Não. — Ele suspirou. —Depois que Lancelot aprendeu o que
poderia acontecer, ele parou de transformar as mulheres que estavam
lá como escravas sexuais. Tenho certeza de que ele escorrega de vez
em quando, mas ele deve matá-las rapidamente se suspeitar que a
concepção ocorreu. Eu acredito que ele tentou fazer o seu próprio com
suas fêmeas, mas nenhuma transformou como essas mães. Arthur
acredita que as outras mulheres poderiam por causa de seus instintos
maternos. Elas estavam em um ambiente hostil, sendo tratadas
horrivelmente, e seus instintos para proteger seus filhos
desencadearam a transformação. As mulheres com Lance se sentem
amadas. Portanto, seus instintos não lhes dizem para proteger a
criança. Elas acreditam que ele vai amá-las.
—Isso é tudo tão triste.
—Sim, mas os cães, como Ártemis os chama, foram satisfeitos.
Eles nunca tiveram uma vida humana, por isso não perdem nada por
serem humanos. Por mais cruel que pareça, Lance matar sua prole é
uma bênção. Eu acho que ele sabe disso, caso contrário, por que não
deixá-los crescer em mais soldados? Ele mantém alguns, mas matá-los
poupa-os da vida que eles terão. Eles se tornariam assassinos -
monstros. Eu acho que ele acredita que essas crianças recebem paz se
ele as matar antes que elas se transformem. Os humanos também
fazem isso. Eles matam seus próprios filhos para salvá-los de mais
horror ou dor.
—Deus, eu não posso imaginar ter que tomar essa decisão. — Ela
não conseguia entender Lancelot cuidando de uma criança depois do
que ele havia feito com aquele garotinho. —Prefiro morrer a machucar
uma criança... Então, Ártemis, ela os entende?
—Em certo sentido —, disse ele. —Ela foi capaz de aprender
mais com Arthur interagindo com eles. Suponho que você possa
descrevê-la como alguém muito boa com animais, mas em um nível
superior. Ela pensa como eles quando está perto deles - rastreando,
matando, sabendo o que seus ataques envolverão e oferecendo os
seus. É incrível testemunhar.
Jane fez uma careta. Ártemis era a deusa favorita dela na
mitologia por causa de seu amor por animais, e ela não era consumida
pela luxúria como as outras. Agora, ela sabia que era porque Ártemis
havia escolhido alguém que não a escolheria. Jane queria tirar David
da cena apenas para restaurar seu fascínio pela deusa virgem.
David a apertou. —O que está errado?
Ela saboreava o carinho dele, fechando os olhos para aproveitar
ainda mais. —Nada.
Ele pressionou os lábios contra o pescoço dela, sussurrando: —
Não minta. Você está pensando nela e em mim?
Jane soltou um suspiro. —Parece que você gosta muito dela.
Ele sorriu contra a pele dela. —Você está com ciúmes, bebê?
Ela apertou os lábios, mas decidiu ser honesta. —Sim está bem?
Ela é uma deusa e é linda e talentosa. Ela soa como uma guerreira
incrível e claramente ama a natureza do jeito que você fala sobre ela.
Não gosto mais que ela tenha os mesmos interesses que eu. Na
verdade, eu gostava dela das outras deusas porque ela gostava de
animais, mas agora não. Tudo o que vejo é que você é a razão pela
qual ela é a Deusa Virgem. E você gostou dela.
David se afastou do pescoço dela e virou o rosto para ele. Por um
momento, ele a estudou, seu olhar lentamente examinando cada uma
de suas feições. Ela mal conseguia controlar a respiração.
Finalmente, ele falou de novo, baixo o suficiente para que os
outros não o entendessem. —Ártemis é atraente, Jane. Tenho olhos e
formei essa conclusão ao longo dos anos em que a conheço.
Os lábios de Jane tremeram, mas ela assentiu, tentando ser forte.
—Ok.
Ele sorriu e falou novamente. —Sua aparência não significa que
eu gosto dela em um sentido romântico. Eu considerei me contentar
com menos do que a perfeição quando fiz esse comentário sobre ela.
Jane, decidindo. Decidir significaria abrir mão da grandeza, abrir mão
da minha verdadeira deusa.
—Acredite em mim quando digo isso, querida, você é a mulher
mais bonita que já vi. Não há contestação quando vejo outra mulher;
nunca houve realmente. Eu já te disse, mesmo antes de te encontrar,
eu te vi nos meus sonhos - seus olhos e seu sorriso, e nenhuma mulher
me fez sentir como a mulher que assombra meus sonhos. Eu nunca vi
seu sorriso em nenhum deles, e isso imediatamente me impediu de
vê-las tão bonitas quanto a garota dos meus sonhos. E eu recusei
Ártemis, lembra? Recusei todos elas porque sabia que você estava lá
fora, e decidir era uma dispensa fácil para mim.
Ele beijou a testa dela. —Eu te amo. Ninguém mais. Ártemis é
um camarada. Eu respeitei sua justiça e habilidade em batalha.
Admiro que ela tenha passado tanto tempo sem cair na escuridão, e
qualquer elogio que lhe dou é merecido. Ela não é uma pessoa má,
embora minha visão dela esteja enfraquecendo. Não esperava que ela
fosse tão hostil e negativa com você. Gawain sempre dizia que eu era
um tolo por não perceber como ela e as outras estavam ligados à ideia
de que um dia eu pudesse escolher uma delas.
—Por mais que você esteja chateada por ela ser como você com
seu amor por animais, não fique. Sua criação deu-lhe qualidades que a
atraíram para a natureza. Você foi atraída pela natureza porque é
quem você é. Então, não tenha ciúmes. Ninguém se compara a você.
—David! — Arthur chamou, estourando a bolha que eles fizeram
para si mesmos.
—Estamos perto? — David perguntou, colocando-a no colo para
que pudessem ver Arthur.
—Sim. Prepare-a para pular com você.
David a ajudou a se levantar, e ela olhou para ele quando
Ártemis tirou a blusa, revelando um sutiã esportivo. Jane percebeu
que estava simplesmente trocando de equipamento de batalha, mas
não podia acreditar que estava tão aberta a se trocar dessa maneira.
David olhou também para ela:
—Você está pronta para isso? — Ele perguntou, agarrando a mão
dela e conduzindo-a por Ártemis.
Jane sorriu, seus pensamentos e emoções ainda completas com o
caos dentro dela. —Apenas não me deixe.
David sorriu, soltando a mão dela apenas para agarrá-la. Ele a
ergueu, mas continuou andando, forçando-a a segurar seus ombros
enquanto ele sorria para ela. —Eu vou ter certeza de ter uma boa
aderência — Ele apertou sua bunda. —em você.
—David! — Ela corou e rapidamente escondeu o rosto na curva
do pescoço dele.
Ele apertou sua bunda com mais força. —Você se encaixa na
minha mão. Bem, quase. — Ele beijou seu ombro, ainda a carregando
o tempo todo. —Você é um punhado. Eu amo isso.
—Estou feliz que você ama, mas os outros estão assistindo.
—Deixe-os. Eu amo sua bunda.
Ela cobriu o rosto quando ele parou.
—Olhe para mim. — Disse ele em um tom sério que ela não
podia ignorar.
Ela abaixou as mãos. —O que?
—Nunca fique envergonhada pelo carinho que eu lhe dou. Jane.
—Eu não estou, mas não estou acostumada a isso, especialmente
perto de outras pessoas.
—Acostume-se a isso. — Ele a beijou, uma carícia apressada de
seus lábios antes de colocá-la em pé. —Eu gosto de mostrar minha
garota.
Jane sorriu, incapaz de falar.
—David atordoou nossa Jane e a deixou em silêncio novamente.
— Disse Gareth, balançando a cabeça em desaprovação.
Gawain assentiu enquanto colocava um cinto em volta da
cintura. —Teremos de convencer os outros que podemos levá-la se ele
a quebrar. Olhe para ela. Ela tem um brilho cintilante nos olhos. Ele
deve ter usado um pouco de magia negra. Prepare os outros, irmão.
Jane riu antes de se inclinar para beijar o peito de David. —Você
pode me mostrar.
David segurou suas bochechas, curvando-se para que ele
pudesse alcançá-la. —Obrigado, bebê.
—Depressa, irmão —, disse Gawain mais alto. —Ele está
tentando comê-la agora.
Sorrindo, ela caminhou em direção aos dois cavaleiros,
balançando a cabeça. —Eu não acho que você poderia levá-la.
Gareth passou o braço por cima do ombro dela enquanto David
ria, escolhendo os suprimentos para o equipamento deles. —
Bobagem, querida, somos capazes de grandes feitos quando donzelas
mais bonitas estão em perigo. Vamos lutar até a morte.
—O único perigo que ela enfrenta é o absurdo que vocês dois
falam. — David sorriu para Jane quando ele jogou um colete preto
para ela. —Não se dispa como ela. Coloque isso sobre sua camisa.
—David possessivo deu as caras. — Gareth murmurou, fazendo-
a rir junto com Gawain.
David, no entanto, não. Ele ficou em silêncio enquanto ela vestia
o colete. —É muito apertado?
Jane corou, envergonhada e um pouco humilhada porque era. —
Hm. Sim, um pouco. É diferente do que eu tinha antes.
—É diferente —, disse ele, não parecendo desapontado por ela
ser muito grande. —Acho que posso ajustar isso. — Ele começou a
mexer nas tiras e, felizmente, estava ficando mais solto.
—Isso é bom. — Ela sussurrou, vislumbrando Ártemis
observando-os. A deusa parecia incrível em seu traje branco e cinza.
Embora não parecesse que ela estava lutando para sair dele.
Ele apertou a cintura dela e aproximou a boca do ouvido dela.
Ele respirou o cheiro dela. —Pare de se comparar a ela. É apertado
porque você tem curvas que ela não tem. Isso não é uma coisa ruim.
No momento, ela provavelmente está desejando que ela complete esse
traje da maneira que você faz. E ela provavelmente está chateada por
ela não ter escolhido preto.
Jane respirou trêmula quando ele deslizou as mãos em volta da
cintura dela e puxou seu corpo contra o dele. Seu calor se espalhou
pelo corpo dela e seu perfume ficou mais forte.
Ele beijou a bochecha dela e depois voltou para o suprimento
como se não tivesse acabado de deixá-la toda excitada. Jane olhou
para Gawain. Que sorriu, e Gareth importunou David para ensinar-
lhe os seus caminhos. Então ela olhou para Ártemis.
Ela sorriu para si como a deusa embainhou uma espada e
sussurrou algo para Hades.
Eu o preencho melhor do que ela.
—Finalmente viu? — David perguntou enquanto caminhava de
volta para ela, carregando suas espadas.
—Eu acho que não é tão ruim. — Ela sorriu quando o olhar dele
caiu em seu peito.
—Não é. É perturbador. — Ele levantou o olhar de volta para o
rosto dela.
Jane obedeceu, sorrindo quando ele soltou um gemido frustrado.
Ele passou o cabelo por cima do ombro e ajustou outra alça. —
Não consigo decidir qual é a vista que eu mais gosto.
Puxa, ele estava deixando-a tonta, mas ela ainda estava
envergonhada. —Bem, eu estou quase fugindo disso. De onde elas
vieram?
David riu e, depois de embainhar a espada dela, ele abaixou a
voz: — A costureira usou as medidas de Ártemis porque ela está mais
próxima da sua altura. — Ele agarrou a cintura dela antes de deslizar
uma mão para baixo para agarrar sua bunda onde o tecido era mais
apertado.
—David. — Ela disse suavemente, fechando os olhos quando ele
a apertou com mais força.
Ele soltou e entregou-lhe um rabicó. —Prenda seu cabelo. Você
usará uma máscara, mas o vento o fará girar se você sair para baixo.
Ela se virou para ele, observando-o observá-la enquanto ela
rapidamente fazia uma trança bagunçada.
Seus olhos tinham escurecido. —Perfeito.
—Precisamos de nossos rifles? — Ela perguntou, tocando
algumas de suas espadas e adagas:
—Coloquei-as em uma bolsa para facilitar o transporte.
Nesse momento, a porta do hangar do avião bateu e começou a
baixar. Os ventos severos encheram a cabine imediatamente, picando
seus olhos e bochechas. Jane observou todos puxando máscaras
pretas, cinza ou brancas sobre o rosto.
David segurava duas máscaras negras na mão, mas ele a beijou
antes de entregá-la a ela. —Eu não vou largar você.
—Eu sei.
Ele abaixou o rosto, seus lábios quase tocando os dela enquanto
falava sobre o barulho que enchia a cabine agora: —Sabe, a última vez
que pulei, sabia que minha vida mudaria. — Ele segurou a parte de
trás da cabeça dela e deu-lhe um beijo longo e profundo. Os assobios
dos lobos foram afogados pelo barulho e o próprio coração batia nos
ouvidos.
David interrompeu o beijo. —Eu sabia que minha garota estava
me chamando. Eu não vou deixá-la ir. — Ele a beijou mais uma vez
antes de vestir sua máscara. Assim como a primeira vez que ela o viu,
apenas seus olhos de safira se destacaram. —Esconda seu rosto de
mim apenas desta vez.
Jane não parava de sorrir enquanto vestia a máscara. O material
era fino, mas quente, e ela percebeu que David estava sorrindo,
mesmo que a boca dele estivesse escondida.
—Venha. — Ele disse, pegando a mão dela e levando-a a esperar
atrás dos outros enquanto empurravam enormes caixas de
suprimentos.
Jane olhou para a impressionante reunião de imortais. Ela se
sentia como se estivesse em um filme. Embora estivesse nervosa,
apavorada ao pular de um avião e enfrentar o desconhecido, estava
animada, pronta para seja qual for a aventura em que ela faça parte:
—Segure-se em mim —, disse David, erguendo-a nos braços. —
Isso é tudo o que você precisa fazer e aprecie a vista.
Ártemis se afastou deles quando Hades lhe deu um tapinha no
ombro. Todos os gregos deram um pulo, um após o outro, deixando
apenas ela e David.
—Pronta, bebê? — Ele perguntou.
Ela apertou os braços ao redor de seu pescoço. —Eu estou
pronta.
Ele caminhou até a borda: —Essa é minha garota corajosa.
Em seguida, ele pulou.
26
ADMIRAVEL
O rugido do vento gelado era ensurdecedor. Apavorada demais
para abrir os olhos, cada rajada tinha Jane apertando seus braços
apertados em torno do pescoço de David.
Ele riu, puxando-a para mais perto. —Abra os olhos.
—Não. — Ela não tinha medo de altura, mas pular de um avião
não era algo que ela achasse legal.
—Por favor, bebê. Eu prometo que você não vai se arrepender.
Ela não queria olhar, mas espiou um olho aberto, apertando os
olhos contra os ventos fortes.
—Olhe para mim. — Disse ele, aproximando o rosto.
Ela abriu os olhos e olhou para ele. Era como mágica. Ela sabia
que eles estavam caindo, mas segurando seu olhar fazia parecer que
eles estavam flutuando.
—Você quer ver a montanha? — Ele virou a cabeça para o lado.
Jane seguiu sua linha de visão e ofegou. Era como se ela tivesse
ido para um mundo diferente. A lua pálida iluminava a neve e o gelo
que pendiam das encostas das montanhas. Uma montanha se
destacava com dois picos achatados lado a lado, como torres de vigia,
do centro de sua longa cordilheira.
—Essa é a montanha Asgard. — Disse David.
Ao ouvir sua voz no ar uivante, Jane lembrou que eles estavam
realmente caindo e ela viu o terreno rochoso para o qual estavam se
aproximando.
—Olhe para mim, Jane.
Ela rapidamente levantou a cabeça. A máscara dele cobria seu
rosto, mas ela o viu. Aqueles olhos a faziam sentir tantas coisas. Eles
iluminavam a escuridão, acenando-a para segui-lo enquanto o calor
inundava seu corpo. A temperatura fria que a entorpecia desapareceu
e ela expirou lentamente, só agora percebendo que estava respirando
em pânico:
—Eu nunca vou deixar ir, meu amor. — Sua promessa tinha
muitos significados entre eles.
Ela começou a sorrir até que os olhos dele se arregalaram, e ele
olhou para baixo. Jane também.
—David! — Ela gritou ao ver a massa de corpos lutando no chão.
Eles estavam aterrissando bem no meio de uma grande batalha,
juntando-se imediatamente aos outros para combater seus atacantes.
David finalmente levantou a cabeça e encontrou o olhar dela. Por
um momento, eles se entreolharam em silêncio antes de seus olhos
empalidecerem. —Assim que eu tocar o chão—, ele disse. —eu estou
jogando você atrás de mim. Puxe sua espada e não hesite em se juntar
à luta. — Ele apertou seu aperto. —Há vampiros e lobisomens lá em
baixo, e estamos em menor número. Fique perto de mim. Se eu me
mover, você segue. Não corra a não ser que eu diga. Você pode fazer
isso. Use seus poderes com sabedoria. A luta não terminará
rapidamente e você precisará de sua força. Você me entendeu?
—Entendi.
Eles olharam um para o outro.
Quase lá.
Jane começou a tremer. Ela não estava em batalha desde o Texas.
Seu treinamento havia sido útil, mas ela estava se amaldiçoando por
ser tão fraca nos últimos dias lá.
—Você é uma vampira, Jane —, disse David, cortando seus
pensamentos com seu tom severo. — Você é a mais poderosa que já
foi criada. Não os tema. Você foi feita e está destinada a destruí-los. —
Sua voz suavizou-se, mais calma: —Tenho plena fé em você. Não
duvide de si mesma.
Algo mudou nela, como aconteceu em Austin. Sua confiança
nela a fez se sentir capaz de tudo. —Eu não vou. — Disse ela.
—Essa é a minha garota corajosa. — Ele pressionou a testa contra
a dela. —Eu te amo. Lute bem.
Ela fechou os olhos, ouvindo os rugidos da batalha ficarem mais
altos.
Ele beijou a testa dela através de suas máscaras e reorganizou as
mãos em volta dela. —Seja corajosa, meu amor.
O chão estava ficando mais próximo. Só mais alguns segundos, e
eles pousariam. Jane respirou fundo quando os pés de David
atingiram a superfície rochosa. Ele dobrou as pernas para absorver o
impacto e, em pé, a jogou por cima do ombro.
Ela não pensou como ela puxou a meio caminho a espada no ar,
e não viu o lobisomem se lançando para ela até que seus pés tocaram
o chão. Não havia nenhuma possibilidade para ela a balançar, e ela
não precisava. David arrancou-o do ar e bateu no chão antes de socar
sua cabeça enorme com tanta força que sua mão passou por seu
crânio. Jane não o observou por muito tempo. Ela se virou, seus olhos
se conectando com dois pares de pretos vindo direto para ela.
Os homens vampiros, rosnando como animais selvagens. Ela
apertou o punho da sua espada com as duas mãos e a arma carregada
de volta à direita.
Já, ela sabia que David não poderia ajudá-la com eles. Depois de
matar o primeiro lobisomem, ele estava lutando mais quando eles se
fecharam ao redor deles. O vampiro dela era cruel, o rugido dele
enchendo suas veias com fogo. Ele acreditava nela. Ele lutava por ela.
Ele a amava. Ela lutaria tão bravamente quanto ele acreditava que ela
podia.
Então, sorrindo, ela balançou a espada. O primeiro bloqueou seu
ataque com a espada e, quando o segundo levantou a espada para
atacar, ela o chutou no estômago. Ele voou de volta, caindo no chão.
Um assobio saiu da boca de Jane e ela voltou seu ataque ao
primeiro vampiro. Ele bloqueou novamente, mas ela se moveu mais
rápido que ele, rapidamente o dominando. Ela se abaixou e ele não
pôde bloquear dessa vez. Ela o cortou do lado do pescoço até o peito.
Uma gargalhada estrangulada soou dele quando seu sangue
preto espirrou na neve como tinta sobre papel.
Um grito de outro vampiro soou atrás dela. Jane se virou, apenas
para receber um soco na lateral do rosto. O golpe a cegou por um
segundo. David gritou o nome dela e ela viu o mundo novamente.
—Lute de volta! — Ele gritou, sua fúria a sacudindo de seu
torpor e inflamando sua própria raiva.
O atacante tentou agarrar a cabeça dela, mas ela segurou o braço
dele e o jogou por cima do ombro no chão. Ele caiu em uma pedra
afiada, e ela rugiu quando o estalo de sua espinha alcançou seus
ouvidos.
O vampiro gritou de dor, mas ele já estava se curando. Então,
sem se segurar, ela olhou nos olhos escuros dele e esfaqueou a lâmina
no rosto dele. A bagunça irreconhecível do vampiro a enojou quando
ela soltou sua espada.
Não mais com medo ou capaz de sentir a dor do golpe, ela
rosnou e se virou. O olhar pálido de David encontrou o dela
brevemente antes de retornar ao inferno que ele estava
desencadeando em quatro vampiros. Ele nunca parou seu ataque.
Depois de cortar a barriga de um homem de cabelos escuros, ele girou
a espada para bloquear um ataque de um segundo e chutou o
vampiro na frente dele. Ele era rápido e brutal. Sua lâmina cortou
através de um antes de pisar a cabeça de outro tentando ficar de pé.
Jane correu para ele porque mais estavam chegando. Seu
vampiro estava impedindo que muitos a alcançassem. Assim que
alguém se virou na direção dela, ele os estava lançando na floresta
circundante.
—Mais lobos estão chegando! — Ele gritou, nunca parando seu
ataque. —As árvores. Esteja pronta.
Jane se virou para outro vampiro, e este não teve chance de
bloqueá-la. Ela assistiu em vitória enquanto a cabeça dele navegava no
ar.
—Jane! — David gritou.
Ela já sabia que ele estava alertando-a dos seis lobisomens
correndo para ela. Ela gritou, sua batalha gritando mais alto, abafando
seus grunhidos enquanto atacava o primeiro lobo a alcançá-la,
cortando o braço dele antes de enfiar a espada no peito.
Um monte de elogios tocou seus ouvidos, e ela sorriu. Seus
cavaleiros se aproximaram, criando uma formação de círculo, mas não
a prendendo por dentro como na primeira vez que lutaram. Desta vez,
ela segurou parte do círculo. David à direita, com Gawain e Gareth à
esquerda. Ninguém olhou para ela, mas ela sabia que a alegria era por
ela quando chutou outro, cortando a cabeça do corpo dele num piscar
de olhos.
Os outros quatro ainda estavam vindo em sua direção, e mais
vampiros e lobisomens estavam saindo da linha das árvores.
Encontrando o brilho dos olhos de ônix do próximo monstro à
sua frente, ela se abaixou quando ele golpeou suas enormes garras em
seu rosto. Jane agarrou a perna, puxando até cair no chão. Ela ficou de
pé e rapidamente mergulhou a espada no coração. Não se mexeu
novamente.
Quando ela soltou a lâmina, o sangue disparou, atingindo-a no
rosto, encharcando a máscara e ardendo nos olhos.
Ela fechou os olhos com força e sentiu uma mão empurrá-la de
volta. David pegou o próximo atacante, e todo o time mudou, se
ajustando.
—Estou bem! — Jane esfregou os olhos, piscando para afastar o
borrão. Ela viu David destruir o lobo que a teria matado por causa de
sua breve cegueira.
Ele rosnou, cortando o lobo do ombro até a virilha. Ele oscilou
antes de David empurrá-lo para fora do seu caminho para lutar contra
o próximo.
—Então volte aqui! — Ele finalmente gritou.
Ela esfregou os olhos e sacudiu o sangue da lâmina. David não
olhou para ela quando voltou ao seu lugar, e ela ficou maravilhada
com a forma como o grupo inteiro se ajustou mais uma vez.
—Cuidado! — Um grito veio atrás dela. Ela virou a cabeça,
fracamente fazendo contato visual com os olhos arregalados de David
quando foi abordada por trás.
—Jane! — Ele gritou.
Ela já estava sendo arrastada por sua trança em direção às
árvores. Gritando, ela tentou agarrar qualquer coisa que pudesse. Os
lobos invadiram David e os cavaleiros, impedindo-os de persegui-la.
Jane gritou, estendendo a mão, agarrando a mão deformada do
lobisomem correndo com ela. —Seu filho da puta!
—Jane! — Gawain gritou desta vez, mas ela não podia ver
nenhum deles entre a horda.
Então ela viu alguém enfrentar o lobo arrastando-a. A mão dele
deixou o cabelo dela. Ela se virou para ver quem a salvou e parou
quando outro lobisomem a jogou de volta no chão. Suas costas
pousaram em uma pedra afiada, arqueando-a e fazendo-a gritar. Jane
tentou levantar a espada, mas foi arrancada da mão.
A enorme cabeça de um lobo se aproximou. Ela deu um soco,
mas não foi perturbado. Ele virou a cabeça para trás, estalando as
mandíbulas no rosto dela. Foi quando ela olhou nos olhos dele. Sem
escuridão, apenas vazio. Olhos brancos medonhos de um lobisomem
mutante.
Seu batimento cardíaco disparou para novas alturas quando o
medo a consumiu. Tudo o que viu foi um conjunto semelhante de
olhos que quase havia tirado a vida. Em pânico, ela deu um soco
novamente, esquecendo o poder que possuía.
A fera não sentiu nada. Ela agarrou suas mandíbulas, mantendo
a boca fechada, mas uma dor ardente explodiu em sua perna.
Jane gritou quando o monstro esmagou sua coxa, suas garras
cortando seus músculos. —David!
Vários corpos voaram acima dela.
—Estou chegando!
As mãos de Jane tremiam e, quando a dor se espalhou como fogo
por sua perna, ela soltou o focinho do lobisomem. Ele recuou como se
preparasse para morder, mas Jane pegou sua adaga.
Ela esfaqueou repetidamente até que a mão com garras bateu em
seu rosto. Sua visão ficou turva novamente quando ela sentiu a
bochecha se dividir.
Jane tentou libertar a perna, mas não a liberou.
—Ajude-a! — David rugiu, sua voz abafada, e ela fracamente o
viu a cerca de vinte metros de distância, arrancando vampiros e
lobisomens de suas costas. Seus olhos estavam nela e não nos
atacantes. Eles aproveitaram a distração dele, não deixando que ele
voltasse para ela.
—Ahhh! — Jane gritou. A sensação de queimação na perna era
tão avassaladora que ela tinha vontade de desmaiar.
Um grunhido de outro lobisomem soou. Ela viu isso correndo de
quatro para ela e o lobo zumbi. No entanto, antes que pudesse
alcançá-la, uma corrente verde brilhante envolveu seu pescoço,
arrancando-a da vista.
Ela não procurou, mas podia dizer que o grupo inteiro havia se
aproximado mais, mas ainda havia muitos contra a equipe deles - eles
não podiam alcançá-la.
Mais uma vez, Jane tentou segurar as mandíbulas do lobo
fechadas, mas se soltou e mordeu a mão dela. Seu grito de gelar o
sangue fez sua garganta queimar tanto quanto sua perna.
De alguma forma, ela manteve as mãos nela para impedir que
mordesse o rosto, mas estava em agonia.
O lobo balançou a cabeça, sacudindo o braço. Algo em seu
ombro estalou, mas o peso que a segurava de repente desapareceu.
O sangue de Jane espirrou em seu rosto, e ela segurou a mão
machucada contra o peito, gritando quando o fogo se espalhou por
seu braço agora.
Pelo canto do olho, ela viu David agarrar as mandíbulas enormes
do lobo que acabara de atacá-la, rugindo quando ele as abriu. O
monstro não teve chance, e ela fechou os olhos quando David abriu a
boca.
—David. — Ela sussurrou, sentindo as mãos na cabeça.
—Abra os olhos, Jane. — Disse ele, retirando a mão e
pressionando a perna ferida.
Um grito saiu de sua boca da dor que causou, e ela abriu os
olhos.
—É prata —, disse ele, levantando uma mão para empurrar sua
máscara. A explosão gelada a fez gritar novamente. —Você precisa
remover a prata. Assim como você fez comigo. Você consegue.
Ela olhou nos olhos dele, sua visão embaçando mais. —Eu não
posso.
—Sim, você pode! — Ele olhou para a mão na perna dela. —Você
não vai se curar se não o fizer. Agora faça isso!
—Queima!
—Eu sei. Coloque para fora. Agora.
Chorando, ela fechou os olhos, tentando ser a garota corajosa
que ele continuava dizendo que ela era.
—Encontre, Jane. — Ele acariciou levemente a bochecha dela. —
Eu não estou perdendo você assim.
—Entendi. — Disse ela, sentindo sua mente se conectar com a
substância estranha que se espalhava por suas veias.
—Boa menina.
Jane não abriu os olhos. Ela se concentrou na prata. Não era
tanto quanto a de David, mas se espalhara mais.
—Está vindo pelos meus dedos —, disse ele. —Continue. Pegue
tudo.
Jane abriu os olhos. Ela o observou olhando para sua perna, sua
energia diminuindo.
David olhou para ela. —É isso?
—Eu acho que sim. — Ela sussurrou.
Ele levantou a mão, mas rapidamente aplicou pressão
novamente. —Não está curando.
—Estou muito cansada, David.
—Eu sei, Bebê. — Ele levantou a máscara e, depois de remover a
luva, mordeu o pulso e a segurou na boca dela. —Beba.
Ela obedeceu, sugando o sangue dele, observando-o desviar os
olhos entre o rosto dela e onde ele ainda segurava a perna dela. Ela o
sentiu remover a mão e ofegou, soltando o pulso dele quando ele
apertou sua coxa ferida.
—É profundo —, disse ele, rindo quando ela assobiou. Ele olhou
de volta para o rosto dela. —Aqui está minha garota. Você foi ótima.
—Foda-se. — Ela cuspiu, empurrando a mão dele.
—Pare, ainda não está selado. — Ele olhou em volta.
Ela olhou para os outros lutando ao seu redor. Eles formaram
com sucesso um círculo para protegê-los. —David, temos que lutar.
Ele balançou a cabeça, encontrando o olhar dela com o seu. —
Você não. Você está machucada.
Jane mostrou suas presas antes de procurar sua espada. Quando
a viu a alguns metros de distância, ela estendeu a mão.
David empurrou a mão dela para baixo. —Não use seu poder. —
Ele ignorou o olhar dela enquanto se levantava e o recuperava. Ele
voltou para o lado dela e inspecionou a perna dela. —Você morrerá se
desperdiçar sua energia usando suas habilidades.
—Eu preciso lutar. — Disse ela.
David passou os dedos pela bochecha dela. Ela podia sentir o
sangue grudando nos dedos dele e a separação da pele. Ela não estava
curando rápido o suficiente. —Fique aqui. Não se junte à luta. Se eu
disser para você correr, você corre para lá. — Ele apontou para trás
dele. —A fortaleza de Odin não está longe.
—David. — Disse ela, pronta para discutir, mas ele rosnou,
calando-a.
—Você está machucada! Fique aqui. — Ele respirou fundo
quando ela se encolheu e falou mais suavemente. —Sua ferida é grave
- não sei por que você não está se recuperando. Por favor fique. Não
posso lutar se souber que você está em perigo. Deixe curar mais.
Ela bufou, sua raiva de si mesma e dele correndo por suas veias.
David soltou a perna dela, verificando-a novamente e rosnando,
mas ele segurou o rosto dela e abaixou o dele. —Por favor, entenda
meu amor. Fique.
—Bem.
Ele beijou a testa dela. —Obrigado. — Ele colocou a espada na
mão. —Só se você precisar.
Ele ficou de pé, seu olhar mortal flutuando sobre ela enquanto
mostrava suas presas e corria para uma brecha crescente em suas
defesas.
Jane se levantou mais, finalmente sentando-se de pé. Ela o viu
lutar por alguns segundos. Violento e bonito. Ele era mais rápido e
mais brutal do que qualquer um deles. Seus ataques poderosos
deixavam o inimigo em pedaços. Ele agarrava à força aqueles que
tentavam passar e os batia no chão, batendo as cabeças ou enfiando a
espada nos corações. Ele destruia tudo.
Observando-o olhar frequentemente em sua direção, ela sorriu
suavemente. Sentia uma dor insuportável e sabia que ele estava certo.
Ela não seria útil, mas ainda o estava distraindo, então sorriu,
tentando mostrar a ele que estava bem.
Pareceu aliviá-lo, e ele olhou para ela com menos frequência.
Jane passou os dedos pela perna. Ela sentiu a pele selar, mas não ficou
selada por muito tempo. Algum tecido se sustentaria, mas era muito
mais lento do que ela pensava que deveria ser.
Jane ouviu o comando de David para alguém, e ela o observou
chutar os corpos se acumulando na frente dele. Ele rugiu, abrindo os
braços. Ele estava dando boas-vindas às bestas pela morte deles.
O som de correntes chicoteando no ar chamou sua atenção de
seu belo monstro. Hades mostrava um espírito de batalha semelhante,
mas mais selvagem e mais perverso que David. Seus olhos estavam
mais pálidos que os dos cavaleiros, mas o brilho neles a fez pensar que
ele estava sorrindo enquanto jogava as espadas no final de suas
correntes através de suas vítimas antes de balançar, rasgando-as em
pedaços.
—Pegue a porra do lobo! — David gritou.
Jane ouviu o rápido bater de pés atrás dela. Um único lobo havia
superado suas defesas armadas e seus olhos estavam nela.
Jane se levantou, tropeçando quando sua perna quase cedeu.
Não havia como ela simplesmente deitar lá e deixá-lo matá-la.
—Hades! — David gritou.
O deus do submundo não decepcionou. Justo quando dobrou as
pernas para pular nela, a espada mágica de Hades atravessou seu
peito e o puxou para longe. Pareceu um momento vitorioso até que
ela ouviu um grito feminino.
Era Ártemis, é claro, e Jane assistiu horrorizada o time da deusa
cair um por um enquanto a horda descia sobre eles. Ártemis nunca
desistia. Ela saltou pelo ar graciosamente, cortando os braços daqueles
que a alcançavam. Ela era rápida, não tão forte com seus ataques, mas
isso não a tornava menos mortal. Ainda assim, com os números ao seu
redor e todos os seus homens mortos no chão, Jane sabia que Ártemis
não aguentaria muito mais. Especialmente quando ela notou sangue
vermelho se espalhando pela perna da deusa.
—David! — Jane gritou.
Sua atenção estava nela em um instante, confusa quando ele a
procurou.
Ela percebeu que ele pensava que ela estava em perigo e apontou
para Ártemis. —Os homens dela estão mortos. Ela está ferida.
Ele olhou por cima, examinando rapidamente a situação. Ele era
o mais distante dela, mas estava mais próximo de Jane. Ficou claro
que ele não estava deixando seu lugar para Ártemis. Por mais que
aquecesse Jane ser escolhida em vez de Ártemis, ela queria que a
mulher vivesse a luta.
—Apolo! — David gritou. —Salve a porra da sua irmã! — Ele
voltou-se para seus oponentes.
Jane procurou por Apolo ou Hades. Eles estavam lutando mais
perto de Ártemis, mas parecia que Ártemis estava sendo isolada,
expulsa dos outros. Eles a estavam separando.
Quatro lobisomens circulavam Ártemis enquanto ela lutava com
dois homens vampiros. A deusa matou um, mas estava lutando com o
outro e tentando evitar ser agarrada pelos lobos.
—David! — Jane gritou. Ele tinha que ajudar Ártemis.
Em vez de dizer que não a deixaria como ela esperava, ele
gritou: —Corra, Jane!
Ela se virou, vendo-o atacando em sua direção. Suas fileiras
haviam sido quebradas, e o foco do exército que os atacava estava
todo nela.
—Corra! — Ele rugiu, cortando aqueles em seu caminho.
Seu coração batia forte, mas ela correu na direção que ele lhe
dissera. Ela não foi muito longe antes de ver os contornos de vampiros
e lobisomens a flanqueando.
Uma erupção de luz verde iluminou o campo de batalha. Jane
virou a cabeça, sorrindo ao ver Tristeza atravessando os lobos.
—Vá com ele, Jane! — David ordenou que o cavalo bloqueasse
seu caminho.
Tristeza relinchava alto, jogando a cabeça para trás antes de
abaixá-la, um gesto para seguir em frente. Jane não hesitou. Ela
agarrou a juba de Tristeza e se levantou nas costas dele, mas seus
olhos arderam em lágrimas quando ela percebeu uma coisa. A Morte
não tinha chegado.
A Tristeza permaneceu alta depois que ela se acomodou e
decolou na direção que lhe disseram para seguir. Jane encontrou as
rédeas, segurando-as com força enquanto ele galopava a uma
velocidade incrível.
—Onde está a Morte, Tristeza? — Ela perguntou, sentindo-se
estúpida porque ele obviamente não podia responder. O movimento
da cabeça e o bufo foram uma resposta suficiente.
Fúria e dor irradiavam por todo o peito. Ele não tinha vindo até
ela. Jane piscou para afastar as lágrimas geladas e virou a cabeça
quando passaram por Ártemis.
—Tristeza, volte! Temos que levá-la conosco.
Tristeza sacudiu rapidamente a cabeça e continuou em direção
às árvores.
Jane puxou as rédeas, mas ele sacudiu a cabeça, não obedecendo
à tentativa dela de guiá-lo de volta a Ártemis.
Ela retrucou, seus sentimentos feridos pela Morte deixando-a
por conta própria, enquanto ela gritava com o cavalo. —Só porque seu
mestre deixa as pessoas morrerem, não significa que eu sim. Volte
para ela! AGORA! Ou eu vou pular.
A Tristeza relinchou, mas ele mudou de direção, fazendo um
amplo círculo para onde Ártemis estava. A deusa estava de costas,
como ela estava, com um lobisomem estalando as mandíbulas na cara.
—Ártemis! — Jane gritou, segurando sua espada alta.
Jane fez contato visual com a vampira que lutava, e rugiu junto
com ela quando ela usou sua força escorregadia para empurrar o lobo
o mais alto possível. Jane aceitou a oferta e desceu quando Tristeza as
alcançou. A lâmina dela entrou no meio da cavidade torácica, e Jane
teve que chutá-lo para libertar sua espada.
Quando ela fez, Jane virou-se para balançar em outro lobo. —
Suba!
Ela sentiu Ártemis atrás dela em um instante, e Tristeza decolou
novamente. Jane sabia que eles estavam sendo caçados. Ela sentiu
Ártemis agarrando-a com força e lutou para segurar sua espada e o
chifre de sua sela.
—Eles estão nos alvejando por algum motivo —, Ártemis gritou
atrás dela. —Provavelmente por você!
Jane arreganhou as presas, enfiando os dedos na sela quando
Tristeza acelerou. —Um agradecimento por salvar sua vida seria bom.
Ártemis rosnou e se abraçou a Jane quando o terreno se tornou
mais irregular. Um borrão de movimento de cada lado chamou sua
atenção. Jane esperava que fossem os cavaleiros, mas não eram.
—Viu! Eles estão atrás de você! — Ártemis apontou para um
lado enquanto Jane olhou para outro. Elas estavam sendo
flanqueadas. —É sempre você.
—Bem, pelo menos você não tem ciúmes de homens me
perseguindo. — Jane retrucou. Elas estavam ferradas.
—Use seus poderes!
Tristeza saltou sobre um tronco, fazendo com que as duas quase
caíssem. Jane esforçou-se para apertar seu aperto com o jeito que
Ártemis estava apoiando nela.
—O que você está esperando? — Ártemis gritou quando
lobisomens começaram a pular, ficando aquém graças à velocidade de
Tristeza.
—Estou ferida! Eu não tenho energia... Eu vou desmaiar ou
morrer.
—Pare de ser dramática. Apenas faça!
Jane balançou a cabeça. —Foda-se, Ártemis. — Ela sentiu mais
sangue saindo da perna. Os reparos devem ter sido desfeitos com toda
a sua execução.
Todo o lado de Tristeza estava coberto de sangue. Ele parecia
saber que ela estava desaparecendo e correu mais rápido, relinchando
de uma maneira que ela sentiu que queria dizer: 'Eu não vou deixar
você morrer'.
Esfregando a mão no pescoço dele, ela abriu a boca para
confortá-lo, mas um corpo enorme bateu neles, derrubando Jane e
Ártemis.
A respiração de Jane correu para fora dela quando ela bateu no
chão frio. Ela puxou o rosto do chão gelado e cuspiu sujeira da boca
sangrando. Ela lutou, mas conseguiu ficar de quatro quando Ártemis
se arrastou ao lado dela. Ambas estavam sangrando em vários
lugares, mas se viraram depois de sofrer os ferimentos uma da outra
quando rosnados ecoaram ao seu redor.
A princípio, Jane não viu nada, mas gritou, empurrando Ártemis
para fora do caminho quando um lobisomem veio voando do nada.
Ela deveria ter sido a única atingida, mas não foi.
Tristeza atingiu o lobo com sua cabeça enorme, lançando-o nas
árvores. O cavalo rapidamente ficou de guarda quando mais rosnados
e rosnados soaram ao redor deles.
Jane ouviu os gritos dos outros, mas ela e Ártemis estavam com
muito medo de gritar.
Dois lobos atacaram Tristeza. Jane gritou quando o cavalo os
chutou ou usou a cabeça e o corpo para jogá-los nas árvores.
Ártemis puxou Jane para cima. —Nós temos que correr. A
fortaleza é ali.
—Eu não vou sair de Tristeza. — Jane olhou em volta em busca
de sua espada. —Você vê minha espada? Onde está a sua?
Ártemis começou a dar tapinhas na neve e Jane seguiu o
exemplo, procurando freneticamente por suas armas.
—Encontrei a minha. — Ártemis ficou ereta e Jane levantou a
cabeça bem a tempo de ver um lobo agarrar a deusa pelas pernas,
derrubando-a no chão antes que ele a arrastasse para longe.
—Não! — Jane gritou, correndo atrás deles. Suas pernas e
pulmões queimaram, mas ela não parou. Lembrou-se da adaga e a
agarrou enquanto usava uma árvore caída para se lançar nas costas do
lobisomem. Não havia pensamentos em sua cabeça naquele momento.
Foi apenas puro instinto quando ela repetidamente esfaqueou seu
pescoço.
O animal rugiu e jogou Ártemis na escuridão antes de arrancar
com força a adaga da mão de Jane e jogá-la fora de vista. Ela não o
soltou, no entanto. Ela apertou as pernas em volta das costas grandes
dele, gritando enquanto segurava sua mandíbula superior.
O lobo coçou as mãos e mordeu os dedos, mas ela se recusou a
desistir. Ela enfiou os calcanhares no lado dele, gritando enquanto
usava toda a força que lhe restava para forçar a boca dele como ela
tinha visto David fazer.
Um estalo doentio soou, e ela sentiu o topo da cabeça do lobo
arrancar em suas mãos. O lobisomem balançou antes de cair no chão
com ela ainda de costas.
Jane gemeu quando ela levantou o corpo. Sua mão estava
dormente, mas ela continuou tentando se levantar. —Ártemis?
Não houve resposta da deusa, mas Jane podia ouvir os relinchos
distantes de Tristeza junto com a batalha. Ela sorriu, percebendo que
os cavaleiros estavam vindo para elas. O alívio de saber que David
devia estar perto parecia minar a energia que ela havia deixado.
Seu corpo desabou nas costas peludas do lobo, e ela se afastou
do sangue fedorento em vez de tentar ficar de pé. —Ártemis? — Ela
chamou calmamente.
Ela ouviu um galho estalar, mas o rosnado alertou Jane que não
era Ártemis.
Jane apertou os lábios presos, tentando ficar quieta porque sabia
que agora o monstro estava logo atrás dela. E aqui estava ela, de
bruços, indefesa e fraca. Lentamente, ela virou a cabeça.
Uma mão com garras agarrou sua perna, e ela foi jogada pelo ar.
Em segundos, suas costas bateram em uma árvore. Ela nem teve
chance de gritar. Ela não podia gritar quando seu corpo deslizou pelo
tronco. Ela só podia ficar sentada lá, com o corpo quebrado, enquanto
observava a sombra do atacante se aproximar.
Deveria tê-la assustado. Deveria ter gritado por ajuda, mas só
conseguiu sorrir quando os dentes babados dele apareceram.
Ele virá agora, ela pensou tristemente. O sangue pingando em seu
rosto e na parte de trás de sua cabeça antes de se misturar com a poça
abaixo da perna lhe dizia isso. Se ele a salvaria ou a aceitaria para
sempre, ela não sabia, mas estava tão cansada, tão brava por ter
falhado novamente e tão fraca que não se importava. Ela era inútil.
—Mate-me, seu filho da puta. — Ela sussurrou, seus olhos mal
abertos. Seu único desejo era que ele a terminasse rapidamente.
O lobo rosnou alto e se lançou. Ela não conseguia nem levantar
os braços para se proteger.
Ela não precisava.
Um enorme martelo veio voando pelo ar, derrubando o lobo.
Jane não estava emocionada, no entanto. Ela morreria mais devagar
agora.
28
CULPA
A sensação latejante na mão de David não o perturbou quando
ele empurrou a porta do seu novo quarto. Ele imediatamente foi até os
dois homens trabalhando em Jane. —Como ela está? — Ele perguntou,
inclinando-se para beijar sua testa. Ela mal estava reconhecível. A
perda de sangue a deixara mais pálida do que ela já era, os lábios
estavam abertos e o grande corte na bochecha de um dos vários
golpes que ela levara ao rosto ainda escorria de prata e sangue. Pelo
menos o inchaço de seus olhos inchados finalmente estava
diminuindo.
—Ela vai ficar bem, David. — Disse Bedivere, abaixando a mão
mutilada de Jane para a cama.
David olhou para os dedos triturados. Se ela fosse mortal, não
haveria como repará-las. O lobo quase arrancou a mão dela, mas,
milagrosamente, Jane conseguiu impedir que rasgasse os dedos e a
mão, e os pedaços de pele e osso que restavam estavam lentamente se
juntando. O mesmo poderia ser dito sobre o corte em seu antebraço,
onde as garras de um lobo a haviam rasgado enquanto tentava se
libertar.
Eles descobriram por que ela não curou corretamente. O lobo
morto-vivo estava coberto de prata. No momento em que ele
conseguiu que ela usasse seu poder para removê-lo, muito já havia
sido bombeado através de seu sistema. Ela foi envenenada e nem
percebeu que não estava fazendo tudo isso.
David deu uma olhada em sua perna mutilada e teve que se
virar. O lobo a arrancou da coxa até o interior da panturrilha. Ele não
tinha ideia de como ela corria, e muito menos como ela era capaz de
destruir completamente o lobo que quase matara Ártemis.
Apesar de sua tristeza, ele sorriu. Ela o deixou orgulhoso. Ela
não via dessa maneira, mas lutara bravamente e salvara uma mulher
que provavelmente não se arriscaria a salvá-la.
Jane tossiu, seu corpo inteiro tremendo bruscamente até que ela
parou. David a observou com cuidado; ela não estava acordada ainda.
Ele soltou um suspiro e deu um beijo em seus lábios sangrentos.
—Sinto muito, querida.
—David, você precisa se alimentar. — Disse Kay, seu tom tão
severo quanto o de Arthur quando ele não se alimentava.
—Eu vou me alimentar mais tarde.
Kay balançou a cabeça, pegando uma pinça. —Apenas alimente.
Ela estará melhor em breve, como antes. Ela sangrou quase toda a
prata.
David fechou os olhos, expirando lentamente. O fato de que ela
sangrou tanto era a única razão pela qual ela estava se curando agora.
—O quanto você o machucou? — Bedivere perguntou sem
desviar o olhar da perna de Jane.
David por acaso olhou para o estrago novamente. —Não o
suficiente.
Bedivere suspirou enquanto ele borrifava uma solução de
limpeza na parte que ele estava limpando. —Thor não sabia que
estávamos vindo. Jane não o culparia.
David desviou o olhar. —Ela nunca culpa ninguém, mas eu
posso. Esse pedaço arrogante de merda merece mais do que o rosto
quebrado que eu lhe dei. Ele tem sorte de deixar os outros me segurar.
— Ele respirou com raiva, tentando se acalmar. Isso não ajudou. —
Jane não apenas está quase viva, mas Ártemis está gravemente ferida
e lamentando a perda de seus homens. É isso o que era preciso para
ele ver que suas ações tolas afetam os outros tão grandemente?
Kay e Bedivere assentiram, concordando com o fato de que Thor
havia deixado sua impaciência e busca constante pela glória causar
toda essa destruição.
—Bem, talvez agora ele veja o erro de seus caminhos —, disse
Kay. —Ele não lutou com você, então isso diz muito.
David resmungou. —Só porque ele sabia que eu o mataria se ele
revidasse.
—Ela ficará chateada quando acordar e se ver. — Disse Bedivere.
—Eu vou ajudá-la. — David acariciou sua testa. —Eu ainda a
vejo.
—É uma pena que ela tenha se machucado novamente —, disse
Kay, passando um pouco de gaze no ferimento. —Ela estava indo tão
bem com você. Espero que isso não atrapalhe o progresso dela. Ela
tem uma auto-imagem muito pobre. É triste testemunhar.
David ignorou os comentários de Kay enquanto passava os
dedos por um pedaço de pele que não estava pintada com sangue ou
machucados. —Eu não deveria ter dito a ela para segurar suas
habilidades.
—Por que você disse isso a ela? — Perguntou Bedivere.
—Eu não queria que ela fosse drenada muito rapidamente —,
disse ele calmamente, odiando-se por cometer o erro. —Depois que eu
vi o tamanho da luta, tudo que eu conseguia imaginar era ela jogando
toda a sua energia e não tendo o suficiente para permanecer em pé.
Você sabe como ela está disposta a se sacrificar... Ela me ouviu e não
lutou com eles do jeito que podia. Então, quando chegou a hora de
usá-los, ela entrou em pânico ou esqueceu; Eu não tenho certeza. Não
é culpa de Thor, é minha.
Kay riu, jogando um pano ensopado de sangue no chão. —Você
sabe que ela não vai deixar você se culpar.
—Eu sei que ela não vai —, disse David, sorrindo tristemente
enquanto tirava um galho do cabelo dela. —Ela vai se culpar. Espero
que ela veja o quão incrível ela realmente estava.
—Ela era implacável —, disse Bedivere. —Certifique-se de que
ela saiba que estamos orgulhosos dela quando ela acordar.
—Quando você acha que vai ser? — Ele perguntou, removendo
mais detritos do cabelo dela.
Bedivere ficou em pé. —Algumas horas. Quanto mais ela
descansar, melhor. Ela sentirá dor, então alimente-a assim que puder.
—Eu vou. — Disse ele, pensando em quanto sangue ele
precisaria para cuidar adequadamente dela.
Bedivere começou a arrumar suas ferramentas. —Sua artéria
femoral finalmente começou a se curar, então ela começará a se
recuperar rapidamente agora, mas você ainda precisa mantê-la
relaxada. A fratura de seu crânio também está se fundindo muito bem.
E esses cortes vão fechar em breve, mas ela poderá desfazer os reparos
se se estressar.
David assentiu enquanto os observava limpando ao redor dela.
—Quero tirá-la desses lençóis sujos.
—Claro, pegue isso. — Bedivere entregou-lhe o cobertor
ensanguentado que cobria Jane parcialmente para mantê-la aquecida.
David enrolou o cobertor e começou a pegar pedaços de suas
calças desfiadas que eles tiveram que cortar.
—Você quer trocá-la? — Bedivere perguntou enquanto voltava.
—Sim, eu não acho que ela vai querer acordar assim.
Bedivere apontou para suas malas. —Encontre algo solto para
vestir. Eu vou ajudá-lo a vesti-la.
David foi até as malas e começou a olhar através das roupas
dela. Ele decidiu apenas deixá-la usar calcinha e uma de suas camisas.
Incomodaria suas feridas usar qualquer outra coisa de qualquer
maneira. Quando ele alcançou a área com seus íntimos, ele hesitou.
Ela tinha muitos estilos.
O riso de Kay chamou sua atenção. —Pegue algumas algodão
para ela, David. Você pode esperar até que ela esteja bem para pedir a
ela que experimente os estilos mais ousados.
David balançou a cabeça e vasculhou a calcinha de algodão
semelhante à que ela usava na noite em que o seduziu. Ele sorriu
quando uma calcinha branca chamou sua atenção. Eles tinham uma
imagem de desenho animado de um gatinho preto impresso na frente.
Minha gatinha.
Ele juntou tudo e voltou para Jane, dando de ombros quando
Kay sorriu e perguntou: —Um gatinho?
—Elas parecem confortáveis e são fofas.
Bedivere riu levemente. —Elas combinam com ela. Eu adoro sua
inocência brincalhona. Ela é uma alma refrescante para estar por
perto.
Kay deu um tapinha no ombro de David. —Vou deixar vocês
dois para terminar. Bed, encontro você no quarto de Ártemis.
—Eu estarei lá em breve. — Disse Bedivere.
Com outro tapinha nas costas, Kay saiu.
David suspirou e esfregou o rosto. —Você tem certeza de que
não devemos iniciar uma transfusão?
—Eu poderia —, disse Bedivere. —mas ela se beneficiará do
descanso.
—Ok. — David pegou o botão da calça dela, mas levantou o
olhar para Bedivere.
—Você deseja que eu feche meus olhos? — Bedivere riu.
David mostrou suas presas. —Eu sei que você a viu, mas...
Bedivere levantou a mão. —Estou brincando. Eu vou desviar o
olhar. Desabotoe suas calças, mas rasgue-as junto com ela em roupas,
em vez de tentar levantá-la. Em seguida, deslize cuidadosamente o
par limpo.
—Tudo bem. — Disse David, soltando um suspiro calmante. Ele
não gostava de se sentir chateado com Bedivere.
Como se entendesse sua linha de pensamento, Bedivere disse: —
Não se decepcione com suas reações. Ela é sua Outra, e você está em
um novo relacionamento juntos. Vocês dois serão excessivamente
possessivos até consumar seu relacionamento.
David levantou a cabeça tão rápido que seu pescoço estalou. —O
que?
Sorrindo, Bedivere respondeu: —Sinto seu cheiro nela, mas
conheço você, David - você ainda não teve relações sexuais com ela.
Eu sei que você está tentando o seu melhor para levar as coisas
devagar.
Ele soltou um suspiro duro. —Ela não sabe o que é o amor físico.
Quero que ela o experimente adequadamente e entenda que sexo não
é tudo que quero dela.
Bedivere sorriu de uma maneira orgulhosa, grande e fraternal.
—Então você é perfeito para ela. Agora, faça o que eu instruí para que
vocês possam descansar.
Assentindo, David desabotoou e abriu o zíper de sua calça antes
de agarrar as costuras de cada lado para rasgá-las ao meio. Tudo o
que ele tinha que fazer agora era puxá-las para debaixo dela.
Ele olhou para cima e observou Bedivere sorrir antes de virar a
cabeça, dando-lhes privacidade enquanto rasgava a calcinha dela. Ele
silenciosamente esperava que o par decorado com pequenos corações
não fosse o favorito dela quando os removeu.
Não era tão fácil colocar o novo par, mas ele conseguiu impedir
que o tecido esfregasse suas feridas e gentilmente levantou a parte
inferior das costas para localizá-las. Depois de abaixá-la, ele arrancou
sua blusa e sutiã. Isso era mais complicado, pois ele estava com medo
de tocar seu crânio quebrado.
—Talvez você deva deixá-la de topless até que seu crânio se
funda mais. — Disse Bedivere, sem olhar, mas obviamente
entendendo a hesitação de David.
—Você me traria uma toalha para cobri-la?
Bedivere não respondeu, mas rapidamente pegou uma toalha da
suíte de banho.
David pegou a toalha e cobriu os seios. —Ela está coberta. Me
ajude a limpar um pouco do sangue.
—Aqui. — Bedivere entregou-lhe um pano limpo e molhado. —
Você pode fazer o rosto e os braços dela. Vou limpar a perna dela.
Trabalharam em silêncio até Bedivere se endireitar. —Eu acho
que isso é tão bom quanto ela vai conseguir. Eu devo ir cuidar de
Ártemis.
David assentiu, ainda limpando os braços. —Estenda minhas
condolências a ela.
—Eu vou. — Bedivere assentiu solenemente. — E mandarei
chamar as camareiras para limpar essa bagunça. Depois de terminar,
levante-a cuidadosamente e segure-a sem colocar muita pressão na
parte de trás da cabeça. Apoie o pescoço dela, mas não toque muito a
cabeça dela. Depois que eles terminarem, você pode descansar com
ela. Mas alimente-a assim que ela acordar. Você deve estar preparado
para se devorar depois que ela o fizer - ela já tomou muito do seu
sangue.
—Eu vou beber quando ela beber.
Bedivere sorriu. —Garoto teimoso. Bem, certifique-se de não
esperar. Estou de folga agora.
—Obrigado.
—De nada. Dê a Jane meu amor.
David observou Bedivere partir e depois voltou sua atenção para
Jane. —Por favor, não acorde ainda. — Ele deslizou as mãos sob ela,
tomando cuidado enquanto colocava o braço sob o pescoço dela. Ele
estremeceu quando ela fez um barulho, mas ainda a levantou nos
braços.
Quando se sentou em uma cadeira, soou uma batida leve e a
porta se abriu.
— Sir David? Sir Bedivere nos enviou para cuidar de seus
aposentos.
—Sim —, disse ele, tentando garantir que Jane estivesse coberta
o máximo possível pela toalha. —Vocês podem entrar.
Duas mulheres entraram. A primeiro ofereceu a ele um sorriso
gentil enquanto ela carregava uma cesta contendo lençóis novos. O
sorriso da segunda mulher não era um estranho para ele, então ele
evitou olhá-la novamente e se dirigiu à primeira. —Apenas a cama e
reabasteça as toalhas. Rápido por favor.
Ela inclinou a cabeça. —Claro, sir David.
David as ignorou enquanto trabalhavam juntas, mantendo os
olhos no rosto de Jane e monitorando a respiração dela. Ele sabia que
a segunda mulher os observava com frequência e esperava que ela
tivesse algum senso de não incomodá-lo.
—Você precisa de uma doadora, Sir David?
Aparentemente não. David olhou para cima e não ficou surpreso
ao descobrir que a segunda mulher havia perguntado isso. Ela sorriu,
o mesmo sorriso que ele havia dado a vida toda.
—Todo mundo sabe que eu não participo de sugar sangue dos
vivos. — Ele manteve o olhar neutro. —Faça seu trabalho e vá
embora.
—Perdoe-a, sir David —, disse a primeira empregada. —
Vivienne é mais nova nesta vida e só veio aqui duas temporadas atrás.
—Então informe-a do que os outros já sabem. — Disse ele,
irritado.
—Sim, sir David —, disse ela, puxando o segundo pelo cotovelo.
—Vivienne, pegue a roupa de cama suja e espere no corredor.
Vivienne zombou, mas fez o que foi dito.
Jane soltou um gemido, fazendo David se concentrar nela, e não
na empregada.
—Shh... — Ele acariciou a testa de Jane. —Está tudo bem,
querida.
—Eu já terminei, sir David. Você precisa de mais alguma coisa?
—Não, por favor, deixe-nos. E certifique-se de que os outros
servos sejam informados sobre o comportamento delas ao meu redor.
Não vou tolerar os jogos que as mulheres jogam para ganhar minha
atenção. Não estou interessado e não ficarei feliz se minha Jane
testemunhar qualquer oferta de servas esperançosas.
Um leve sorriso brincou na boca da empregada. —Vou garantir
que elas sejam informadas. Não hesite em me solicitar pessoalmente,
caso não deseje incômodos. Estou noiva de um homem que amo.
Garanto-lhe que não tenho interesse. Meu nome é Hela.
David assentiu. —Eu vou manter isso em mente. Você está
dispensada, Hela.
Ela inclinou a cabeça. —E meus parabéns a você por reivindicar
sua Outra, sir David. Muitos de nós estamos muito felizes por você.
Ele não olhou para ela, mas assentiu. Depois de ouvir a porta se
fechar, ele ouviu as mulheres discutindo umas com as outras antes de
se afastarem.
—Tudo certo. Vamos levá-la para a cama. — Ele se levantou,
segurando-a longe de seu corpo, para que ela se movesse menos.
Depois de colocá-la na cama limpa, ele beijou seus lábios curados,
lambendo o sangue deixado neles.
Surpreendendo-o, ela gemeu, mas não acordou.
David riu e a beijou novamente. —Cure rapidamente, meu amor,
e eu darei mais a você. — Ele sorriu com os arrepios que irromperam
por seu corpo e rapidamente a cobriram. —Eu volto já.
Ele entrou na suíte de banho, tirando o colete e a camisa. Era
necessário tomar um banho para limpá-lo dos restos da batalha, mas
ele se recusava a dar-se qualquer luxo até que Jane pudesse se
entregar a eles também. Ele lavou as mãos e fez o possível para
remover a maior parte do sangue do peito e do estômago. Uma vez
satisfeito, ele voltou para o quarto.
Felizmente, Jane ainda estava dormindo, e havia um pouco de
cor voltando para suas bochechas agora. Ele odiava vê-la sofrendo. Ele
nunca testemunhou uma pessoa suportar tragédia após tragédia.
Começou a fazê-lo pensar como ela.
É para isso que ela é destinada?
David afastou o pensamento e tirou uma calça de corrida para si.
Ele não se incomodou em esconder sua nudez e se despiu. A imagem
de Jane corando ou gaguejando cintilou em sua mente, e ele riu. Ela
era boba, mas era uma pequena criatura carente. Carente por ele.
Ele viu seu pau se contorcer com o pensamento. —Pare com isso.
— Disse ele à masculinidade, divertido por estar se dirigindo dessa
maneira.
David riu e terminou de se vestir antes de voltar para Jane. Ele
cuidadosamente deslizou na cama e ajeitou os cobertores ao redor
deles. Ela estava deitada de costas, imóvel. Por mais que ele quisesse
abraçá-la, ele não o fez. Ele simplesmente segurou sua mão menos
machucada e olhou para o teto. Sua sede estava começando a se tornar
incômoda, mas ele ainda pretendia aguentar até poder deixá-la se
alimentar. Era tolice, sim, mas ele se sentia culpado por pensar em se
sentir confortável.
Jane soltou um suspiro durante o sono, um tipo irritado de som.
Ele sorriu e se perguntou se ela sabia que ele estava lá e como estava
sendo imaturo sobre o assunto.
—Eu vou beber quando você beber, bebê. — Disse ele, sorrindo
quando ela franziu a testa. David apoiou-se no cotovelo e a observou
inalar profundamente, sentindo o cheiro dele. —Isso mesmo, Jane. Eu
estou aqui. Descanse um pouco mais. Estarei aqui quando você
acordar.
Ela soltou um suspiro, então David deitou-se e fechou os olhos.
29
APAIXONADO
—Ow. — Jane gemeu, sem abrir os olhos. Tudo doía,
principalmente a perna e a cabeça.
A cama mudou e David falou enquanto a segurava. —Calma,
Jane. Eu estou bem aqui. Você está segura e logo se sentirá melhor.
—Eu não morri. — Disse ela, sem saber por que disse isso a ele.
Os lábios de David pressionaram os dela. —Não meu amor.
Você lutou bravamente.
O beijo dele a distraiu de sua dor, mas voltou assim que ele se
afastou.
—David, dói.
—Eu sei, Bebê.
—Ártemis está viva? Os outros?
Ela sentiu a mão dele deslizar por baixo do pescoço. —Além dos
homens de Ártemis, não houve outras vítimas do nosso lado. E
Ártemis se recuperará dos ferimentos.
Jane teria assentido, mas não conseguia se mexer. —Minha
cabeça. Algo está errado.
—Eu sei. Vou te levantar para que você possa se alimentar do
meu pescoço. Você vai curar mais rápido assim.
Ela entrou em pânico quando ele começou a levantá-la. —David,
minha cabeça! Algo está realmente errado!
—Eu sei —, ele murmurou. —Eu prometo que você se sentirá
melhor em breve.
Lágrimas deslizaram por suas bochechas doloridas quando ele a
posicionou em seu colo. Ela ainda não conseguia abrir os olhos, mas
chorou de dor que explodiu por todo o corpo. Parecia que sua pele
estava sendo arrancada enquanto alguns de seus ossos estavam se
separando dos músculos.
David deslizou os dedos pela mandíbula dela. —Concentre-se
em mim, Jane.
—Eu não posso. — Disse ela, apertando os olhos com mais força.
Seu rosto estava inchado e muito tenso, como se estivesse prestes a se
abrir.
—Você pode —, disse ele, puxando-a para mais perto. Ele beijou
seu pescoço, enviando uma sensação diferente através dela. —Você
sente isso?
—Sim, mas por favor, me nocauteie.
Ele riu, e ela ofegou ao sentir a respiração dele em seu pescoço.
—Eu nunca iria bater em você. Eu prometo que você vai se sentir
melhor depois de se alimentar.
—Não consigo abrir os olhos! David, meu cérebro está caindo.
Os lábios dele pressionaram contra o pescoço dela novamente. —
Seu cérebro não está caindo. Seu crânio está fraturado, mas está se
recuperando. Parece estranho.
—Isso dói!
—Eu sei. — Ele deslizou os lábios pela pele dela. —Você sabe o
que vai ser bom, embora?
—Nada. — Disse ela, tremendo de agonia em que estava. Seu
corpo estava pegando fogo e os ossos em seu crânio pareciam
deslocados.
—Nem mesmo nossos corpos se enroscando nesses lençóis?
Jane parou de choramingar. Ela parou de respirar quando
percebeu que não estava vestindo roupas. —David, eu estou nua.
Ele sorriu contra o pescoço dela. —Você está de calcinha. Eu
escolhi o par com o gatinho preto para você.
Ainda sem conseguir abrir os olhos, ela levantou um dedo para
tocá-lo. —Você está nu.
—Eu tenho calças. — Ele riu quando colocou a boca na orelha
dela. —Você vai ser minha garota corajosa e abrir seus olhos para
poder se alimentar adequadamente?
—Estou cansada de ser corajoso. Eu não sou boa nisso. — Ela
estava tremendo, parando. Ela estava com medo de ver o dano
causado a ela. Ela estava com medo de ver como ele a olharia.
—Você é mais forte que isso, meu amor. Abra seus lindos olhos
para mim. Quero que você se alimente para poder se curar. Não há
razão para ficar chateada consigo mesma - você lutou bravamente e
estou muito orgulhoso de você. Todos nós estamos.
Uma lágrima deslizou por seus lábios. Ela podia sentir a picada e
sabia que seus lábios estavam presos. —David, o que há de errado
comigo?
Ele se moveu novamente, e desta vez ela sentiu a respiração dele
na boca. —Você está ferida da luta. — Ele deu a ela o menor beijo
possível. —Nada está errado. Agora, abra seus olhos para que você
possa se alimentar de mim.
Ela tentou, mas rapidamente fechou os olhos quando tudo o que
ela podia ver era luz brilhante. —Eu não posso ver!
—São apenas os seus sentidos, Jane. — A paciência dele com ela
era como um banho quente, deslizando por todo o corpo quebrado. —
Sua visão está tentando reparar. A única luz acesa é a da suíte de
banho.
—Suíte de banho?
—Chegamos à fortaleza. Estamos nas câmaras reservadas para
mim. É muito bom. Sei que você vai gostar de conhecer tudo aqui,
tente novamente. Você consegue fazer isso.
Ela começou a abrir os olhos, e foi mais difícil do que ela jamais
imaginou. Na verdade, foi preciso muito esforço para mantê-los
abertos. Ela lutou contra o inchaço e o brilho porque precisava ver o
rosto dele.
—Espere alguns segundos. — Disse ele, roçando o nariz no dela.
Jane o alcançou e ele ajudou a guiar a mão dela para o rosto dele.
Ele beijou a palma da mão, ainda silenciosamente pedindo que ela o
visse, e ela soluçou quando finalmente viu o contorno do rosto dele.
—David.
Ele sorriu, acariciando sua mão. —Aqui estão aqueles olhos
bonitos.
Seu rosto ficou mais claro, e ela ficou tão feliz em vê-lo ileso que
se esqueceu dos ferimentos. —Nós estamos bem?
—Sim, Jane. Alimente agora. — Ele beijou o nariz dela e
cuidadosamente guiou o rosto dela até o pescoço dele.
Assim que seus lábios tocaram a pele dele, ela mordeu. Ela
chupou o sangue dele, completamente vencida pela necessidade de
saciar sua fome.
Depois de um minuto mais ou menos, David exalou, apertando
sua bunda antes de deslizar a mão pela coxa dela. Quando ele afastou
a mão, ela registrou a sensação latejante na perna. Jane o soltou,
olhando para baixo onde ele colocou a mão novamente. Ela ofegou,
cobrindo a boca. Era uma das coisas mais terríveis que ela já viu. O
músculo de sua perna parecia ter passado por um moedor de carne.
—Oh meu Deus! — Ela soluçou, abaixando a mão para tocá-lo.
—Está curando —, disse ele, cobrindo a mão dela antes que ela
pudesse alcançá-lo. —Veja, o músculo está se recuperando.
Não importava, ainda parecia horrível. Ela estava prestes a dizer
isso quando viu a mão dele deslizar da dela.
—David! — Ela alcançou seu rosto quando ele se inclinou contra
a cabeceira da cama. —Oh, o que eu fiz?
—Estou bem. — Ele sorriu fracamente. —Me dê um momento.
Lágrimas embaçaram sua visão, mas ela podia ver como ele
estava pálido. —Eu sinto muito. Eu não pretendia levar tanto.
—Eu sei. Eu queria que você quisesse. — Ele levantou a mão na
bochecha dela. —Seu rosto está se curando.
Jane segurou a mão dele. —Não olhe para mim. Oh, Deus, sinto
muito.
Ele deu aquele sorriso que sempre a deixava sem fôlego. —Não
meu amor. Me dá prazer cuidar de você. E prometo que não estou em
perigo.
Ela tentou não se sentir mal, mas o fez. Ela não pretendia
aguentar tanto; ela ainda tinha tão pouco controle sobre si mesma. —
Eu ainda sinto muito. — Disse ela, puxando a mão dele. Ela podia
sentir os nós dos dedos dele quebrados. Quando ela olhou para a mão
inchada dele, no entanto, ela engasgou com a visão dela. —Oh meu
Deus!
—Jane —, disse ele, segurando sua mão mutilada. —Tudo vai
dar certo.
Ela balançou a cabeça enquanto continuava a perceber a
gravidade de seus ferimentos. A mão dela parecia terrível e o braço
estava rasgado tão mal quanto a perna. Ela não podia imaginar o quão
ruim seu rosto deveria parecer. —Eu estou horrível.
—Jane, olhe para mim.
—Não —, disse ela, cobrindo o rosto com a mão boa e tentando
esconder a mão mutilada. —Por favor saia. Eu não posso lidar com
isso.
—Você pode. — Ainda tão paciente. —E eu nunca irei embora.
Ela chorou. Ela sempre se sentia indigna de ficar ao lado de
David. Agora ela era verdadeiramente uma fera monstruosa; não
havia como ele continuar a amá-la.
—Olhe para mim agora, Jane. — Seu repentino tom feroz ecoou
em seus ouvidos.
Ela levantou a cabeça, encarando com um David muito irritado.
Seus olhos de safira pareciam pretos e sua mandíbula estava apertada
enquanto ele respirava fundo.
—Por favor, me deixe —, disse ela, tremendo. —Eu não quero
que você me veja assim.
O olhar sombrio em seu rosto se suavizou, e ele se sentou,
falando calmamente: —Estou vendo minha Jane. — Ele segurou sua
bochecha danificada. —Minha corajosa garota que, apesar de seus
ferimentos graves, lutou e destruiu monstros mutantes. Essas feridas
são marcas de sua bravura, suas vitórias.
—Eu não ganhei minhas lutas.
Ele sorriu e beijou-a gentilmente nos lábios.
Ela fechou os olhos, suspirando quando ele os lambeu antes de
chupar o lábio inferior.
—Isso dói? — Ele murmurou.
—Não. — Ela suspirou novamente quando ele continuou a beijá-
la.
David cuidadosamente a moveu, deslizando uma mão pelas
costas nuas e depois novamente para segurar o pescoço dela. A outra
mão dele fez um rastro na mandíbula, no pescoço. Ele abriu os dedos,
queimando-a com aquele belo fogo dele enquanto arrastava a mão
entre os seios dela. Ela estava ofegando quando ele acariciou seu
estômago. Segurando seu pescoço, ele não a deixou afastar a boca. Ele
a beijou até que ela só pudesse ofegar por ar entre os lábios dele antes
de passar para sua bochecha.
Ela estava recuperando o fôlego até que ele beijou seu pescoço e
subitamente segurou seu seio, massageando tão bem que ela parou de
sentir qualquer dor.
—David. — Ela ofegou, tentando se mover, mas não conseguiu.
—Oh, por favor, me beije novamente.
Ele riu e levantou o rosto. —Só se você parar de falar e pensar
mal de si mesma.
O êxtase em que ele a nadou desapareceu. —Isso é mau.
Ele sorriu, apertando o peito dela novamente. —É mau da sua
parte falar da minha garota do jeito que você estava.
—Mas é tudo verdade. Olhe para mim!
—Eu vejo meu bebê. — David segurou sua bochecha, virando o
rosto para que ele pudesse beijar o corte ali. —Você está viva,
respirando, discutindo comigo... É tudo o que eu poderia pedir depois
de encontrar você coberta pelo seu próprio sangue - engasgando com
ele enquanto você sangrava até a morte.
Jane baixou o olhar. Ele não estava olhando para ela de maneira
diferente. —Mas eu estou desfigurada. Tenho medo de ver como está
o meu rosto. Não serei digna de ser sua Outra.
Os olhos dele se estreitaram para ela com desaprovação. —Bebê,
eu seria indigno de você se pensasse nisso. Eu não dou a porra
mínima para o que alguém pensa de nós dois.
David xingar era raro... e uma vez por ela.
Ele inclinou o rosto para que ela o olhasse nos olhos novamente.
—Se eu me machucasse assim, você pensaria assim de mim?
Os olhos dela se arregalaram. —Não! Você ainda seria meu
David.
—Então, por que eu pensaria diferente?
Ela sabia o que ele estava dizendo, mas seus lábios tremiam. —
Mas eu quero ser bonita para você.
Ele a beijou com firmeza e depois se afastou. —Eu sempre vou
olhar para você e ver a mulher mais bonita. Você é a perfeição aos
meus olhos. Deve ser nisso que você se concentra.
—Eu não sou perfeita. — Ela odiava que ele fosse assim. —Essa é
a diferença entre nós. Você é lindo, bom e verdadeiramente o homem
mais perfeito que já existiu enquanto eu não sou nenhuma dessas
coisas. E agora, eu vou ser muito feia. Eu vou rir até não aguentar
mostrar meu rosto ao redor de alguém. E por causa da minha audição
estúpida e avançada, não poderei calar a boca o que eles dizem - o que
as pessoas sempre dizem quando estou perto de alguém: por que ele
está com ela?
Ele a observou em silêncio, e ela não conseguiu conter as
lágrimas. Eles picaram seus cortes, mas ela tinha medo de limpá-las.
—Só porque os outros não veem sua beleza não significa que eu
vejo. — Seu tom escureceu. —E não me diga que não estou vendo a
mulher mais bonita que já vi - sei o que vejo. Não me diga que minha
definição de perfeição está errada. E não diga que sou bobo quando
digo que você é boa. Você tem o coração mais adorável que eu já vi.
Apesar de todo o inferno que você passou, você ainda tenta fazer o
que é certo e o que for preciso para proteger todos ao seu redor. Você
nunca se coloca em primeiro lugar. Você é altruísta e, por mais que me
preocupe, eu amo isso em você.
Ele aproximou o rosto do dela, retornando seu tom mais doce. —
Você é minha linda Jane. Essas feridas vão sarar. Por serem causadas
pela prata, elas cicatrizam, mas eu as beijarei, agradecidas a cada vez,
porque todas significam que você sobreviveu a uma luta que não
deveria. Todos elas significam que você foi feroz enquanto lutava ao
meu lado. Elas querem dizer que mesmo quando eu falhei em
protegê-la, você lutou com toda a força que pôde. Você parecia má
com seus olhos e rugia antes de rasgá-los.
Jane agarrou a mão dele e beijou as juntas machucadas. —Veja,
você é perfeito.
Ele riu e levou a mão danificada à boca dele, beijando-a como ela
havia feito na dele. —Se você diz, querida. Então acredite em mim
quando digo o mesmo de você.
—Vou tentar. Só não diga as coisas porque você não quer que eu
fique triste. Se você me acha feia, por favor, diga.
David puxou o rosto dela para ele, beijando-a suavemente. —
Você nunca poderia ser feia. Você pode pensar que parece tão ruim
quanto provavelmente se sente, mas juro que não. Você está curando a
cada segundo que eu olho para você. Mesmo assim, apenas estando
em sua presença, acho difícil não ficar excitado.
Jane riu tristemente e passou os braços em volta do pescoço dele.
—Você não está excitado. Mas obrigada.
Um sorriso malicioso brincou em seus lábios. —Bebê, eu queria
afastar suas pernas a primeira vez que te abracei. Você estava
infectada, morrendo nos meus braços, transformando-se em um dos
mortos-vivos, mas um dos meus primeiros pensamentos foi me
enterrar dentro de você.
Seu rosto queimava enquanto ela ria. —Acho isso difícil de
acreditar.
—É verdade —, disse ele, deslizando os dedos pela espinha dela.
—E eu prometo que estou pensando o mesmo agora.
Ela se recostou. —Você não está! Eu pareço um zumbi sangrento.
—O fato de o pouco sangue deixado no meu corpo estar
correndo para o meu pau diz o contrário.
—David! — Jane cobriu a boca, encarando o sorriso provocador
nos lábios dele.
—Jane. — Ele disse em tom sério, enquanto ainda sorria.
—Você não deveria falar assim. — Ela murmurou em sua mão.
—Por quê? Eu sou um homem. E minha linda namorada está no
meu colo - de topless. Eu posso ter uma moral forte que me impede de
apressar as coisas entre nós, mas ainda sou um homem. Eu fantasiei
sobre nós juntos muitas vezes.
—Realmente? — Ela chorou. —Mesmo assim? Você não precisa
imaginar outra mulher? — Ela cobriu os olhos, pensando nas reações
de Jason ao corpo durante e após a gravidez - no seu vício em
pornografia que não tinha nada além de mulheres que nem se
pareciam com ela. Ela mal conteve o soluço. É claro que David teria
que imaginar outra pessoa. Se Jason tivesse que usar outras mulheres
para se satisfazer, e ela não estivesse desfigurada como estava agora,
David definitivamente precisaria.
David tirou as mãos do rosto, mas ela manteve os olhos
fechados. —Isso é por sua causa, Jane. — Ele abaixou uma das mãos
dela para a protuberância em suas calças.
Ela ofegou, chocada e ligada, enquanto abria os olhos. —Eu nem
comecei nada.
—Bebê, eu já te disse isso antes, você começa algo toda vez que
sorri para mim. — Ele levou a mão dela aos lábios. —Você não tem
ideia do quanto eu quero tocar e beijar você. Eu quero que você
melhore primeiro, no entanto. O sangue que você tirou de mim
precisa fazer o seu trabalho, e você ainda precisará de mais, além de
tempo para se curar completamente. Se eu fizesse o que queria fazer
com você - e, sim, mesmo no estado em que você está atualmente -
correria o risco de desfazer toda a recuperação que você fez.
—De qualquer forma, meus esforços só me beneficiariam porque
não me alimento desde que saí de casa. Além do Texas, meu corpo
nunca ficou tão sem sangue antes. Se eu fosse um imortal comum,
ficaria inconsciente. Eu não estou, no entanto, e estou lutando contra
mim para não arrancar sua calcinha. Então, tome tudo isso como
prova de que eu a acho linda e que me excita.
Jane ficou parada enquanto ele gentilmente enxugava as
lágrimas. —Eu não mereço você.
Havia um olhar tão quebrado em seus olhos quando ele a olhou.
—Meu amor, quando você verá o quão incrível você é?
Ela olhou para a perna e a mão mutiladas. Elas foram
arruinadas. Elas deixariam as cicatrizes mais horríveis. Se ele fizesse o
que estava dizendo, ficaria enojado.
Ele suspirou e colocou a mão sobre a dela. —Eu te amo.
—Eu sei —, ela sussurrou, deslizando os dedos sobre os dele. —
Sua mão parece quebrada, David.
—Provavelmente está —, disse ele, virando-o para vê-lo melhor.
—Você está mudando de assunto de propósito?
—Sim. — Ela sorriu tristemente. —Por favor, deixe ir.
—Só porque não quero estressar você, mas farei tudo o que
puder para que você finalmente se veja. Eu quero que você acredite
em mim. Eu não mentiria para você.
Ela o encarou enquanto seu coração e mente lutavam entre si. —
Quero tanto ser o que você diz, mas ainda não estou lá.
Ele exalou, assentindo. —Você será.
Jane olhou para a mão dele. —Então, por que sua mão fica
assim? Foi causado por prata? É por isso que não curou?
—Não é de prata —, disse ele. —Eu apenas não me alimentei; Eu
não poderia machucar você. Não gosto da ideia de estar bem quando
você não está. Não se preocupe com isso, no entanto. Reparará
quando eu me alimentar novamente.
—Quero que você alimente agora, então.
Um pequeno sorriso se formou em sua boca. —E eu quero que
você se veja do jeito que eu faço.
—Estou tentando —, ela bufou, chateada por ele não desistir. —
Eu preciso que você se sinta melhor, no entanto. O que aconteceu
afinal? Isso era de um lobo?
—Não, não fui ferido durante a batalha. Lutei com Thor depois.
—Thor? — Ela olhou para ele, franzindo a testa. —Por quê? Eu
pensei que éramos aliados. E tenho certeza que ele me salvou de ser
morta.
David fechou a mão quebrada em um punho fechado.
—Pare! — Ela tentou soltar a mão dele. —David, por favor.
Ele ouviu e relaxou a mão, mas o estrago estava feito.
—Porque você fez isso? — Jane chorou, inspecionando a mão
agora sangrando.
—Porque Thor é a razão pela qual você quase morreu! — Ele
gritou, fazendo-a recuar.
—Eu não entendo. — Ela sussurrou, tentando acalmá-lo quando
ele começou a respirar duramente, com raiva.
—Aqueles malditos lobos não deveriam estar lá! Nenhuma
dessas bestas havia sido relatada ao piloto porque se esperava que
estivesse a centenas de quilômetros de distância. Mas Thor, o deus
que você tanto ama, era burro o suficiente para envolvê-los por conta
própria. O bastardo estúpido não teve escolha senão recuar para a
fortaleza. Só que o bêbado esqueceu que chegaríamos ontem à noite.
Odin foi a única razão pela qual eles vieram nos encontrar. Ele ficou
horrorizado quando percebeu o que o filho havia feito depois que ele
entrou tropeçando. Foi por isso que você foi salva. Mesmo assim, você
e Ártemis tiveram sorte.
—O que você está dizendo agora? — Ela não tinha certeza de
como lidar com essa situação. David já havia expressado sua antipatia
por Thor, e a maneira como ele estava agindo agora a preocupava que
ele pudesse caçar Thor na segunda rodada.
David respirou fundo antes de puxá-la para ele para um beijo
duro. Quando ele se afastou, ele deu outro beijo na testa dela. —
Arthur conseguiu captar ordens da mente dos lobos. Eles deveriam
recuperar uma mulher ou destruí-la se não pudessem capturá-la.
Jane gaguejou: —Eles estavam atrás de uma mulher?
—Eles estavam atrás de você. — Ele beijou sua testa mais uma
vez antes de abraçá-la. —Foi por isso que você se machucou. Um dos
homens de Thor foi capturado há uma semana. Thor o recuperou, mas
ele já havia revelado que estávamos chegando. Ele já havia revelado
que minha Outra era uma imortal poderosa, capaz de coisas que
nenhum outro imortal realizou. Você não achou estranho eles estarem
perseguindo vocês duas? Eles estavam trabalhando como uma
unidade, nos separando das fêmeas. O fato de eles terem tentado
matar você significa que você era um oponente muito grande para
capturar.
—Os homens de Ártemis morreram por minha causa?
—Foda-se, Jane. — Disse ele, soltando as mãos.
Ela se encolheu e desviou o olhar. —Eu sinto muito.
—Eu sei que você sente —, disse ele, pegando a mão dela. —
Você se culpa por tudo.
—Porque me existir só traz dor para os outros! — Ela olhou para
ele. —Todos ao meu redor serão destruídos, e você espera que eu
esteja bem com isso, porque você acredita que sou algo especial.
—Você é especial, caramba! — Ele olhou de volta. —Pare de me
atacar quando estou simplesmente respondendo suas perguntas. Você
queria saber por que lutei com Thor - lutei com ele porque ele é um
bárbaro tolo que não pensa em nada além de glória na batalha. Eu
quase perdi a mulher que amo por causa de sua estupidez! No
entanto, tudo em que você pode se concentrar é que você foi um alvo
no ataque. Você não foi quem fez algo errado! Sua existência é tudo
certo no meu mundo, então não ouse dizer que existe errado. Você me
traz alegria de tal maneira que nem consigo expressá-la com palavras.
Sempre há dor, mas também há beleza e amor, e você, Jane, traz
muitas delas para todos ao seu redor. Então, pare de pensar assim.
Seu coração estava martelando no peito. David falando com ela
assim era difícil de aceitar. Ela sabia que afastava todo mundo, e
odiava não poder deixar de sempre fazer isso com ele. Ela só não
queria que ninguém se machucasse por causa dela. O fato de David
voluntariamente se colocar em perigo por não alimentar e lutar com
Thor era a prova de que ela era a causa da destruição.
—Jane —, ele disse mais suave, expirando enquanto seu corpo
relaxava. —Me desculpe, eu levantei minha voz.
—Está tudo bem —, disse ela calmamente. —Eu mereço.
—Você não merece. — Ele baixou os olhos para a perna dela. —
Você está se sentindo péssimo, e eu devo estar atenta ao que digo.
—Você não deveria ter que andar na ponta dos pés ao meu
redor. — Seus olhos ardiam e ela cobriu a bochecha quando sentiu a
pele selar.
—Não é uma ponta do pé —, disse ele. —É respeitar e entender o
seu lado das coisas. Minha raiva e medo de perder você me fazem
dizer coisas que não devo. Eu entendo ok? Entendo por que você se
sentiria culpada ou pensaria que falhou na batalha, mas honestamente
não deveria.
Jane balançou a cabeça. —Mas eu me machuco em todas as lutas.
Eu sou a razão pela qual você e os outros foram feridos. Todo mundo
pensa que eu sou uma poderosa imortal, e não sou. Eu sou tão
aborrecida quanto você pensa que Thor é.
—Você não é como Thor. — Ele riu. —Jane, você lutou em várias
batalhas e realmente só caiu em duas.
—Não, eu sempre falhei.
—Você caiu duas vezes na batalha —, disse ele com
naturalidade. —A primeira com os lobos mutantes e esta. Você chutou
a bunda nas três batalhas que teve no Texas, e mesmo sendo ferida
nesta, você foi incrível.
Jane ficou quieta enquanto pensava em todas as suas lutas. Ele
estava certo. A luta que ela teve na escola tinha sido um sucesso, e ela
não fracassou ao enfrentar Thanatos e Mania. Ela os segurou, fez algo
que ninguém mais fez, e segurou o ataque por tempo suficiente
quando eles estavam tentando chegar ao avião. Por causa dela, eles
conseguiram e David viveu quando estava disposto a morrer pelo
filho dela.
—Você vê agora? — Ele beijou a cabeça dela. —Você é incrível.
Você salvou muitas vidas, destruiu centenas de criaturas, mesmo
como humana; você matou vários mortos-vivos. Pare de ser tão dura
consigo mesma. Eu diria para você ficar para trás se não achasse que
você era valiosa nesta guerra.
—Obrigada, David —, disse ela, inclinando-se contra ele
enquanto observava mais músculos da perna fecharem. —Eu sinto
muito.
—Eu também. — Ele beijou o cabelo dela. —E me desculpe, eu
não posso rolar você nesta cama agora e seguir meu caminho com
você.
—Você está excitado. Pelo menos me alimente e me deixe tomar
banho. — Ela arregalou os olhos quando ele suspirou e segurou um
de seus seios. — David?
—Eu sei —, disse ele, soltando-se e se inclinando para o lado da
cama. —Deixe-me trazer um pouco de sangue para que eu possa lhe
dar um banho e alimentá-la novamente. Eu quero relaxar com você
corretamente.
—Eu amo como podemos discutir e logo ficar bem. — Disse ela,
observando-o levantar um telefone antigo no ouvido.
—É sobre sexo com maquiagem? — Ele mudou o telefone para a
outra mão e agarrou sua bochecha. —Eu já ouvi isso antes.
Jane sorriu, estremecendo quando sentiu a bochecha se abrir. —
Ow!
David soltou sua bunda e segurou o rosto dela quando ele
começou a falar. —Envie dois copos de A Positivo para o meu quarto.
Não, não um maldito doador. — Ele desligou e inclinou o rosto para o
lado.
—Eu estou bem —, disse ela quando gotas de suor se formaram
na testa dele. Ela o empurrou gentilmente sobre os travesseiros. —Oh,
bebê, você está piorando.
Ele sorriu, mas ainda ficou mais pálido. —Isso é duas vezes
agora que você me chamou assim. Você sente o mesmo por mim
quando eu te chamo de bebê?
Ela corou, acariciando seu rosto enquanto o obrigava a recostar-
se mais nos travesseiros. —Você quer dizer que você tem borboletas
na barriga?
David riu, fechando os olhos. —É assim que as mulheres
chamam? Embora o meu não seja meu estômago, a sensação que sinto
é mais ao sul.
—David. — Disse ela, batendo levemente no peito dele.
—Estou brincando. — Ele abriu um olho. —Não, meu coração
bate mais rápido quando você diz meu nome de uma certa maneira, e
parece o mesmo quando você me chama de bebê.
Ela desmaiou mentalmente. —Os meninos estão certos sobre
você - você me deixa sem palavras, mesmo sem tentar.
Ele sorriu e, de alguma forma, mesmo enfraquecido até o ponto
em que estava, ele a levantou e ela o montou. —Cuide de mim.
Jane colocou as mãos no peito dele para se preparar. —David,
você precisa relaxar.
—Eu estou relaxado. Só espero que eles cheguem aqui em breve.
— Ele apertou sua bunda com as duas mãos.
Ele estava enviando seus hormônios para a excitação, mas vê-lo
ficar mais pálido a cada segundo a fazia enlouquecer. —David, você
precisa se alimentar de mim agora?
—Não —, ele disse, batendo na bunda dela. —Eu juro que estou
bem. Apenas me sentindo um pouco inútil.
—Você não é inútil. — Disse ela, inclinando-se para beijá-lo.
—Mm —, disse ele, lambendo os lábios e deslizando as mãos
pela bunda dela. —Meu bebê é o mais doce. Estou ansioso pelo dia em
que nos revezarmos para nos alimentarmos.
Ela sorriu quando ele não pareceu notar que estava sugando
sangue do lábio. Obviamente não era muito, mas ele estava pegando
um pouco do corte dela. Quando as mãos dele se moveram
novamente, ela gemeu, pressionando os seios contra o peito dele.
David soltou um ruído baixo e ronronante, ainda sem soltar o
lábio e começou a apertar sua bunda e um dos seios.
Ele é realmente bom nisso.
Ela estava ofegando e alcançando entre eles para agarrá-lo.
Quando ela o fez, ela ofegou, surpresa por ele estar tão duro em sua
condição. Ela choramingou. Ele não soltou o lábio dela e estava
apertando com mais força, combinando com o ritmo que ela começara
com a mão. Ela estava doendo por ele, moendo-se contra o seu eixo
duro e sua mão quando ele empurrou sua calcinha para o lado e
empurrou dois dedos o mais longe que pôde alcançar de suas costas.
—David. — Disse ela, puxando sua ereção livre e subindo de
joelhos, não se importando com o som de sua pele rasgando.
David não pareceu notar que ela estava se machucando. Ele a
levantou, deslocando sua calcinha mais enquanto a alinhava acima
dele. —Você está pronta?
Jane olhou nos olhos dele quando ele soltou o lábio dela. Seus
olhos estavam escuros, quase pretos, e suas presas estavam
estendidas. Ele parecia um predador faminto. E ela não estava com
medo. —Sim.
Ele a puxou para um beijo e começou a abaixá-la sobre ele. Tudo
parecia estar se movendo em câmera lenta, mas ele estava lá, logo na
entrada dela. Sua barriga estava apertada, e ela estava ofegando
quando a ponta grossa começou a esticá-la.
E então houve uma batida. —Eu tenho a sua ração. — Alguém
disse, fazendo os dois congelarem.
David piscou, olhando entre os olhos dela e depois entre eles. Ele
rosnou quando houve outra batida e começou a abaixá-la de qualquer
maneira.
Ela gritou, mas percebeu que algo estava seriamente errado com
ele, e ela usou toda sua força para impedi-lo de entrar nela. Ele ficaria
tão chateado consigo mesmo se o fizesse, e ela não queria que ele se
arrependesse da primeira vez. —David!
—O que? — Ele mostrou suas presas para ela.
Ela arregalou os olhos, mas rapidamente o beijou, empurrando-o
contra os travesseiros. —Não, David —, disse ela, pressionando
pequenos beijos em suas bochechas. —Oh, me desculpe. Por favor
acalme-se.
Mais uma vez, ele rosnou, mas ela continuou a beijá-lo, não
deixando que ele se perdesse assim. —Por favor, David, saia daqui. —
Ela beijou suas bochechas, abraçando-o quando ele rugiu na porta. —
David, você precisa de sangue. Você está perdendo o controle.
—Eu quero minha companheira! — Ele gritou, mas ela o
observou empalidecer novamente. Ele piscou, balançando a cabeça.
—Shh...— Jane beijou seus lábios e todas as partes do seu rosto.
—Você me terá. Eu quero você, mas você não está pensando como
você. Por favor acalme-se. — Ela passou os dedos pelos cabelos dele.
—Você realmente nos quer assim?
Ele soltou a bunda e o peito de repente. —Porra.
Ela chorou, sentindo os braços dele a envolverem. Ele estava
definitivamente fraco, mas estava tentando confortá-la.
—Sinto muito, meu amor.
—Está tudo bem —, ela sussurrou, puxando o lençol sobre eles.
—Deixe-me dizer para eles entrarem, para que você possa beber. Você
ficará bem.
David assentiu e ajudou a cobri-los, mas nenhum deles tinha
forças para se mover mais do que isso. —Me perdoe, querida.
Sua voz quebrada trouxe lágrimas aos olhos dela. —Eu perdoo.
— Ela virou-se para a porta. —Entre.
A porta se abriu e uma mulher usando um vestido que lembrou
Jane do tipo que você veria em um show burlesco entrou. Seu
espartilho estava apertado, empurrando os seios para o mundo inteiro
ver enquanto ela girava em um carrinho contendo dois jarros de
sangue.
—Apenas deixe o carrinho ao lado da cama. — David ordenou a
mulher antes de virar o rosto de Jane em direção ao dele. Ele parecia
mais irritado agora, não chateado consigo mesmo como ele estava.
Jane tentou olhar para a mulher novamente quando ouviu o
carrinho se aproximar, mas David puxou os lábios nos dele.
—Mais alguma coisa? — A mulher perguntou.
David mal separou os lábios para poder falar. —Saia.
Jane sorriu quando ele a beijou. Era um pouco embaraçoso estar
em cima dele em sua condição. Ela sabia que a mulher tinha visto seu
rosto, e sabia que provavelmente parecia que eles estavam no meio de
fazer sexo. Certamente cheirava a David vezes mil, e ela tinha certeza
de que seu perfume também era amplificado por seus hormônios.
A porta se fechou e Jane se afastou de David. —Por que você está
agindo assim? Você está com raiva de mim ou... — Ela olhou entre
eles e corou. David era o homem mais bem-dotado que ela já vira. —
Oh meu Deus! Esqueci que peguei.
Ele riu, alcançando entre eles para empurrar sua ereção de volta
para dentro de suas calças. —Deixe-me beber isso. Estou lutando com
os dois desejos agora.
—Ambos?
Tudo o que ele fez foi assentir e rapidamente começou a beber
da enorme jarra. Ele manteve os olhos nela o tempo todo, deixando-a
em um estado um pouco paralisado, especialmente quando ele
colocou a mão na cintura dela e começou a deslizar para frente e para
trás antes de alcançar sua bunda. Ele suspirou enquanto bebia e
apertou sua bochecha. Seus olhos empalideceram para um azul gelo
antes de mudar para um azul mais escuro enquanto ele massageava
sua bunda.
Jane apertou os lábios, sem saber o que estava acontecendo
naquele momento, exceto David, que estava muito excitado, e ela
também. Era sua preocupação se ela fizesse algo para aborrecê-lo que
a impedia de puxar as calças de volta. Mais importante, era o medo de
que ela não fosse a verdadeira razão pela qual ele estava tão excitado.
Ele deve ter sentido a mudança de humor dela e a soltou quando
chegou à última gota. —Eu não estou bravo com você. Porque você
pensaria isso?
Ela o viu lamber o sangue dos lábios. —Porque eu tirei vantagem
da sua fome para fazer você me querer.
—Meu estado enfraquecido não tem nada a ver comigo
querendo você — afirmou em um tom quase formal. —Isso só me faz
esquecer as consequências de satisfazer meu desejo por você. Quando
tenho sede, quero me agradar, e é só nisso que consigo pensar. Eu
sempre deveria colocá-la em primeiro lugar, especialmente se formos
íntimos.
—Estou agradecido que você me fez parar. Eu estava
machucando você, não me importando com isso ou o que poderia
acontecer com você, se eu tivesse sido muito duro. Eu só queria estar
dentro de você. Eu poderia até sangrar você se eu fosse mais longe. —
Ele se inclinou para frente e beijou os lábios dela, depois a bochecha.
—Você não estava se aproveitando de mim. Mesmo agora, estou
muito ciente de quão fácil seria deslizar você em mim.
Ela lutou para não gemer. —Mas por que você estava assim
quando ela entrou?
Ele suspirou e beijou os lábios dela antes de se recostar. —Essa
mulher estava esperançosa de pedir que ela fosse minha doadora.
—O que? — Jane quase riu do tom dele.
David riu e agarrou a mão dela como se estivesse preocupado
que ela corresse atrás da dama. Ela estava considerando. Cadela.
—É algo que você terá que se acostumar —, ele disse a ela. —Ela
ofereceu quando você estava inconsciente, e eu a recusei. Não é muito
gentil também. Ainda assim, ela não recebeu a mensagem,
aparentemente. Eu estava mostrando a ela que tenho o que quero
aqui.
Todos os tipos de emoções pulsavam através de Jane. Ciúme e
tristeza rugiram mais alto de todos eles. —Ela era muito bonita. — Ela
sussurrou, assistindo David beber. Ela não sentia sede de sangue,
embora ainda precisasse desesperadamente.
—Talvez para alguns homens. — Ele encolheu os ombros. —
Tudo o que vejo é uma mulher sem respeito próprio. Infelizmente,
existem numerosas no nosso mundo. Na verdade, também no mundo
mortal.
—Ela ainda é bonita. — Jane deslizou os dedos sobre a pele
curada. Ela nunca teria uma pele lisa e intocada como aquela mulher.
—Assim?
Jane levantou a cabeça. —Você acha que ela também é?
—Eu te disse o que pensava dela. — Ele observou Jane
silenciosamente por alguns segundos. —O fato de ela ter retornado
aqui com um vestido mais inapropriado serve apenas para provar que
eu estava certo sobre seus motivos quando ela se ofereceu como
doadora.
—Mas você está atraído por ela?
—Não —, ele disse, arrastando ligeiramente a palavra. —Eu
estou atraído por você. Ninguém mais.
—Tanto faz. — Disse ela, baixando o olhar para a mão.
David não respondeu. Ele simplesmente começou a beber
novamente. Seu coração estava partido. Não importava o que ele
dissesse. Aquela mulher era bonita e Jane não. Ela era um monstro
desfigurado.
Ele abaixou o copo antes de terminar e levantou o queixo dela.
—Não tenha pena de si mesma porque está machucada. Eu apenas
mostrei o que você me faz sentir. Eu vejo seus ferimentos; Não sou
cego, mas acho você mais bonita do que nunca.
—Pare de ser doce —, disse ela, inclinando o rosto em direção à
palma da mão. —Eu não vou me ver do jeito que você diz. Esse é o
problema.
—Eu sei, Bebê. Deixe-me terminar isso e talvez eu possa lhe
mostrar, corretamente, como eu te acho linda.
Ela olhou de volta para o rosto dele, observando enquanto ele
levantava o copo novamente. Agora ele não estava mostrando muita
reação enquanto bebia. Ele não estava tentando alcançá-la. Se alguma
coisa, ele parecia estar se forçando a beber algo nojento.
—Esse sangue tem um gosto ruim? — Ela perguntou.
Ele parou de beber. —Todo o sangue, além do seu, tem gosto
amargo.
—Mas você estava apenas bebendo o outro copo. — Ela não
estava comprando essa mentira.
—Fiquei impressionado com a minha fome de sangue e de ter
você. Agora que tenho um pouco mais em mim, estou mais calmo.
Antes eu estava imaginando me alimentar de você enquanto fazia
amor com você.
—Você não estava. — Ela cobriu o rosto.
Ele inclinou a caneca para trás e engoliu o resto antes de colocá-
lo no carrinho. —Você já teve um shake de proteína?
—Sim. — Ela disse lentamente.
—Você gostou do sabor? — Ele colocou as mãos de volta na
bunda dela.
—Oh não. — Ela mordeu o lábio, tentando não moer contra ele.
—Você já imaginou beber algo que ama, digamos, um sorvete?
Ela assentiu, encarando os lábios dele apenas com o desejo de
prová-los.
—Você é meu sorvete, Jane. — Ele gentilmente a levantou pela
bunda e a beijou. —Meu shake com ursinhos de goma ao lado.
—Eu não sou seu shake. — Ela queria sorrir, mas doía. —E eu sei
que você bebeu sangue antes de mim, então você teve que se divertir.
—Bebê, você chupou o sangue de Gareth, então não tente jogar
isso na minha cara. — Ele deslizou a mão para o lado dela. —Confie
em mim, depois de me alimentar da primeira vez que nos
conhecemos, eu apenas desejei você.
—Então, se você bebeu de um doador, você acha que não
gostaria?
—Primeiro, eu não solicitaria um doador se não fosse necessário.
Segundo, seria o mesmo que forçar uma refeição desagradável na
minha garganta.
—Mas eu vi Apolo...
Ele a interrompeu. —Apolo não tem uma Outra. O ato de
alimentar-se de uma pessoa aproxima esses dois indivíduos. É difícil
não tornar o ato sexual - mas estou apaixonado por você; a ideia de
me alimentar de outra pessoa me dá nojo.
—Você acha que sua atração por mim é porque meu sangue é
seu favorito?
—Seu doce sangue é um bônus. Você diria que meu sangue é o
seu sangue preferido para beber?
—Claro!
Ele sorriu, deslizando a mão pelas costas dela. —É isso que te
atrai para mim?
Ela percebeu o que ele estava dizendo, mas não era atraente
como ele. —Não é o mesmo. Eu não estou... Deixa pra lá.
—Hm —, foi tudo o que ele disse enquanto olhava para uma das
portas. —Você se sente bem o suficiente para tomar banho?
—Eu acho.
Antes que ela pudesse processar qualquer coisa, ela estava sendo
carregada para o banheiro. David beijou a cabeça dela quando a
sentou na bancada de pedra.
—David, está frio pra caralho!
Ele apertou os lados dela quando se inclinou e beijou seu ombro.
—Por alguma razão, seu uso de linguagem obscena me desperta mais.
Jane riu, mas congelou quando se virou e viu seu reflexo no
espelho. Todo o lado do rosto estava descolorido com manchas
vermelhas e roxas. Seus olhos estavam inchados e parcialmente
fechados, lembrando-a de como conseguiu aquilo. Ela choramingou,
levantando a mão igualmente desfigurada para tocar a fenda em sua
bochecha. Suas lágrimas quentes eram impossíveis de esconder, e ela
se encolheu quando David tentou enxugá-las.
—Pare! — Ela o empurrou para trás e cobriu o rosto enquanto
tentava cobrir os seios.
Ele a abraçou. —Não faça isso.
Ela soluçou contra o peito dele. —Como você pode dizer que sou
bonita quando pareço um monstro?
—Jane, você não parece um monstro. — Ele a esfregou nas
costas, beijando seus cabelos. —Eu quis dizer tudo o que disse.
—Você mentiu e sabe disso.
Ele a soltou e foi embora sem dizer nada. Jane chorou mais. Ela
sabia que ele iria embora.
—Você acha que água morna e sabonetes vão machucá-la? —
David perguntou quando a onda de água corrente soou.
Ela abaixou uma mão o suficiente para ver que ele estava parado
perto de uma banheira. Ele estava olhando através dos diferentes
recipientes, cheirando-os e parecendo encontrar um que ele gostasse.
—O que você está fazendo? — Ela perguntou, tentando esconder
o rosto quando ele olhou.
—Estou arrumando um banho para você. — Ele começou a
derramar um pouco de pó.
Jane fungou, limpando algumas lágrimas dela enquanto ele
estava lá, testando a temperatura da água. Os músculos de suas costas
ficaram tensos. Ela estudou as cicatrizes nas costas dele. Elas eram de
um branco pálido, quase prateado, ao lado de sua pele dourada. De
alguma forma, mesmo que a pele dele não fosse mais perfeita, ela
ainda o via dessa maneira. As cicatrizes significavam algo para os
dois, e ele era mais bonito nos olhos dela por causa do que tinha feito
para obter essas cicatrizes.
David desligou a água e sacudiu a mão molhada enquanto
caminhava até ela. Ela não sabia o que dizer. Ela sabia que ele estava
tentando mostrar que sentia o mesmo; ele sempre a achava linda, mas
ela não podia ver além de seu reflexo estragado. Não era uma que ela
já gostara de ver, e era difícil ver o rosto perfeito ao lado dela.
Ele ficou lá, sem dizer nada. Ele estava apenas olhando nos olhos
dela. Jane não sabia o que ele estava esperando. Ela sentiu que deveria
pedir desculpas, mas não queria mais que ele a visse.
David de repente agarrou suas coxas e as separou.
Os olhos dela se abriram quando ele deslizou a mão por baixo da
perna boa e puxou a parte de trás do joelho para que ela deslizasse até
a beira do balcão. O movimento rápido a fez agarrar seus ombros. Ela
olhou para ele, não mais conseguindo esconder o rosto desde que o
estava segurando.
Ele não disse nada quando soltou as pernas dela, agora que
estava entre elas e ergueu as mãos para o rosto dela. Cuidadosamente,
ele afastou o cabelo dela, expondo cada centímetro de seu rosto para
ele. Ela sentiu duas lágrimas escorrendo pelo rosto e observou os
olhos dele seguirem o de seu lado danificado. Elas picaram nos seus
cortes e ficaram presas lá, fazendo-a chorar ao saber que seu rosto
estava tão desfigurado que uma lágrima não podia mais deslizar por
sua bochecha.
David acariciou a ponta do corte dela com o polegar, nunca
deixando seus olhos deixarem o local onde a lágrima ficou. E então ele
a beijou.
Ela chorou em silêncio, fechando os olhos enquanto os lábios
dele se moviam sobre cada parte do rosto ferido. Ele era tão suave,
mas pareciam os beijos mais poderosos que ele lhe dera. Os lábios
dele pressionaram suavemente contra a pálpebra dela antes de beijar o
caminho para os lábios trêmulos.
Um soluço saiu de sua boca quando ele beijou seus lábios tão
suavemente. Seu coração estava batendo tão rápido e doía, como se
estivesse rachando em um milhão de pedaços, mas ele estava lá,
recusando-se a deixá-lo desmoronar. Jane tremeu, sua garganta doía
quando ele a beijou novamente. Ela não queria que ele fizesse isso,
mas não conseguia encontrar a vontade de afastá-lo, não quando ele
estava tentando colocar os pedaços quebrados dela de volta no lugar.
Não os consertando, apenas segurando-os - mantendo-os juntos,
aquecendo-os para que não congelassem e morressem.
—Minha Jane —, ele sussurrou, beijando sua bochecha. —Eu
vejo minha Jane.
Ela engoliu em seco quando ele tirou a mão machucada do
ombro dele. Mais uma vez, ele beijou cada parte de sua pele
danificada, subiu pelo antebraço e voltou aos dedos, que pareciam ter
sido quase arrancados.
—Eu vejo uma guerreira. Minha corajosa garota. — Ele fechou os
olhos, beijando as piores partes antes de abaixar o rosto para beijar
sua coxa. Os lábios dele queimaram sua pele machucada, e ela colocou
a mão no cabelo dele quando ele se afastou da panturrilha, onde a
lesão terminou, de volta à ferida mais profunda na parte interna da
coxa. Ele pressionou um beijo mais firme lá e depois descansou a
bochecha na perna dela. —Vejo força que nunca vi em toda a minha
vida. — Ele virou o rosto e o beijou novamente. —Vejo a bondade
conquistando o ódio.
Ele colocou a mão sobre a dela e beijou a palma da mão
enquanto se levantava. Segurando o rosto dela novamente, ele sorriu.
—Eu vejo minha linda deusa enquanto ela ruge na escuridão.
Ainda chorando silenciosamente, ela assentiu novamente,
entendendo que não importava o quanto ela mudasse do lado de fora,
ele a amaria e a veria da mesma maneira que ela o via. —Eu tenho
algo por você. — Disse ela, suas palavras quebrando quando tocou
sua bochecha.
Seu sorriso lindo a fez sorrir tristemente, e ele sorriu antes de lhe
dar um beijo que roubou toda a respiração.
David arrancou a calcinha dela, sorrindo enquanto puxava as
pernas dela ao redor dele e a levantava em seus braços. Ele deslizou o
antebraço sob a bunda dela, o outro deslizando pelas costas dela. —E
eu amo o que você sente. — Ele a levou para a banheira, mas ainda
não a colocou na água. — Eu te amo mais do que você jamais saberá,
Jane. Nada jamais mudará a maneira como vejo você, exceto me
surpreendendo pelo fato de, de alguma forma, te amar mais quando
não acreditava que isso fosse possível.
Jane enxugou as lágrimas, rindo tristemente enquanto ele lambia
algumas delas por ela. —Você sabe que o lobo provavelmente babou
em mim, certo?
Ele sorriu e a lambeu novamente. —Eu sentiria o cheiro. Tudo o
que eu cheiro é você.
Ela passou os dedos sobre as partes favoritas do rosto dele,
especialmente o sorriso dele, que ficava tão amplo e bonito que ela
não pôde deixar de beijá-lo. —Estou me apaixonando muito por você,
David.
Ele se afastou o suficiente para falar. —Essa será a única vez que
eu deixarei você cair, meu amor. Mesmo assim, eu vou te pegar.
30
VALHALLA
Jane apertou mais a mão de David enquanto caminhavam pelos
corredores lotados. Era impossível alguém ignorar David, mas era
nela que todos estavam atentos. Suas reações foram exatamente o que
ela esperava; eles estavam sussurrando, identificando-a como a Outra
de David, mas também comentando sobre seus ferimentos. Alguns
expressaram admiração, mas tudo em que ela pôde se concentrar
foram os comentários negativos. Eles tinham pena de David por ter
uma Outra desfigurado. Seus medos estavam se tornando realidade -
ela era uma vergonha para ele.
Ela olhou para baixo quando um grupo de criadas carregando
cestas de roupa de cama parou para deixá-las passar. Elas inclinaram
a cabeça, mas espiaram David e ela. Algumas sorriram suavemente
para ela, uma até acenou timidamente para ela, mas algumas - aqueles
com aquele brilho lascivo nos olhos quando seus olhares se
demoraram um pouco demais em David foram as reações que
picaram. Enquanto elas estavam claramente admiradas com ele, elas
não ficaram impressionados com ela. Na verdade, elas estavam
escondendo o riso quando viram seu rosto preso.
David agarrou sua mão com mais força, puxando-a mais rápido.
Ele não parecia envergonhado; ele parecia chateado.
—David. — Ela sussurrou, recebendo sua atenção instantânea.
—Não dê ouvidos a elas. — Disse ele, levantando a mão dela
para beijá-la.
Seus olhos arderam porque ela percebeu que ele podia ouvir
muito mais do que ela era capaz, e ele deve estar ouvindo as coisas
mais terríveis para estar tão bravo. Seu rosto e outros ferimentos
pareciam muito melhores, mas ela ainda parecia horrível. Ela estava
machucada por toda parte, e seu olho esquerdo estava inchado e azul-
arroxeado escuro. O corte na bochecha dela era o pior. A pele tinha
selado, mas estava levantada e havia uma cor vermelha furiosa onde
se juntara. David prometeu que ficaria mais suave e leve, mas levaria
tempo. Sua cabeça, perna e mão eram o foco principal de seu corpo;
portanto, embora essas lesões fossem mais visíveis, elas eram
superficiais e seu corpo sabia disso.
Jane sabia que David a amava; ele provou isso tão bem antes.
Isso a deixou triste por ele ter sido afetado. Ele poderia estar
orgulhoso dela, mas para todos os outros, ela era uma vergonha para
ele. Ela não o queria chateado com tudo isso, então tentou mostrar que
não estava desmoronando como ele provavelmente esperava. —Hum,
eu estava me perguntando por que parece que estamos no
subterrâneo. Não há janelas.
Seu olhar violento desapareceu e ele sorriu. —Nós estamos no
subterrâneo. Parte da fortaleza fica sob a montanha Asgard. Esta é
Valhalla.
Ela conhecia esse nome, mas não conseguiu identificar. —
Valhalla é o nome da fortaleza?
—Você nunca ouviu falar de Valhalla? — Ele olhou para cima,
arreganhando as presas quando um grupo de homens parou de andar
apenas para encará-los - bem, ela. —Continue andando.
Os homens ouviram, baixando o olhar antes de correrem na
outra direção.
Ele rosnou quando mais homens apareceram. —Se um de vocês
pensar em me desafiar por ela, vou massacrar todo esse salão.
Ela o empurrou quando ele diminuiu a velocidade. —David,
pare. Nem todos eles estão olhando para mim. — Ela não entendeu
por que eles estavam, ou sobre o que ele estava realmente falando.
Ele olhou para ela, então ela apontou para um homem passando.
—Lá, ele não está olhando para mim.
O homem de repente levantou o olhar, mas ele piscou para
David.
Na verdade, David não pareceu surpreso, mas mostrou as presas
para o homem. —Você tem um segundo para sair da minha vista!
Jane escondeu o sorriso enquanto o homem corria para o outro
lado. —Ah, não seja mau. É difícil não olhar para você.
Aparentemente, também para homens.
Ele balançou a cabeça enquanto continuava andando e perdeu
parte da postura tensa. —Por que você não é afetada quando um
homem mostra interesse em mim?
Ela sorriu para ele. —Eu simplesmente não acho que você
balance dessa maneira. Não que eu tenha um problema com pessoas
que são gays - você ama quem ama.
Um leve sorriso tocou seus lábios. —Bebê, eu tenho o mesmo
interesse em outras mulheres que os homens. Nenhum. Talvez você
deva imaginar isso quando começar a se comparar com as mulheres
que estão interessadas em mim.
—Diz o homem que ameaçou massacrar um salão inteiro de
pessoas porque alguns caras estavam olhando para os meus
ferimentos - não querendo me bater.
—Seus termos me divertem. Mas eles estavam olhando para
bater em você, meu amor. Eu podia sentir o cheiro.
Ela cheirou o ar. —Eu não sinto cheiro de nada.
Ele sorriu para ela. —Isso é um sinal de que você não deseja
outro homem.
—Bem, duh. — Ela sorriu para ele quando ele riu.
—Essa é minha garota... Embora eu não possa me ajudar.
Embora eu saiba que você pode se defender, meu instinto básico
masculino é protegê-la. Homens imortais são frequentemente
destruídos por levar as mulheres à força.
Jane balançou a cabeça, enojada e em pânico. —Vamos parar
essa conversa. Eu quero saber sobre este lugar. Acho que eu deveria
saber, porque faz parte da mitologia nórdica?
—Sim —, ele disse, beijando a mão dela. —Pense no que
acontecia quando seus guerreiros morriam.
Jane pensou por um momento antes que finalmente a atingisse.
—Nós morremos?
—O que? — Ele balançou sua cabeça. —Não, Jane.
—Mas eu lembro agora; é para onde eles vão quando morrem! —
Ela olhou em volta, em pânico, enquanto tentava descobrir o que isso
significava.
—Acalme-se —, disse ele severamente. —Nós não estamos
mortos, mas você está lembrando o que a humanidade traduziu da
verdade em mito. Pense nisso; Amaldiçoados perderam suas vidas
mortais. Muitos são como Dagonet - eles não têm batimentos
cardíacos porque pararam quando se transformaram. Eles são
diferentes dos mortos-vivos causados pela praga, porque suas almas
permanecem ligadas aos seus corpos. A imortalidade os impede de
apodrecer, mas seu coração não pode bater de novo.
Ela olhou para as tochas e aberturas ao longo das paredes e
depois outro grupo de soldados passando. Desta vez, esses homens
assentiram sem sequer olhar para ela. Ainda assim, ela viu seus olhos
negros e de repente tudo fez sentido. —Então, ainda é um lugar onde
os mortos chegaram.
—Exatamente —, disse ele, abrindo uma enorme porta de
madeira que revelou uma reunião de muitos homens, incluindo
Arthur e os cavaleiros. —Eles morreram, em certo sentido, mas estão
esperando.
—Esperando pelo quê? — ela perguntou, sorrindo timidamente
para Gawain e Gareth quando David a levou para as cadeiras vazias
ao lado deles.
—Ragnarök —, disse o homem sentado à cabeceira da mesa. Ele
usava peles de animais de algum tipo, segurando um cajado em uma
mão enquanto levantava uma caneca em saudação à outra. Ele tinha
cabelos loiros e curtos, barba penteada e uma mancha no olho direito.
—Bem-vindos. Estávamos começando a pensar se você conseguiria,
sir David.
David puxou uma cadeira, acenando para ela se sentar e
respondeu: —Você sabe muito bem que eu estava cuidando da minha
Outra.
Jane espiou o homem que ela supôs ser Odin. Parte dela queria
bancar a fã obcecada, mas ele era tão intimidador, que ela só podia
olhar para ele enquanto ele treinava seu bom olho em David.
—Todo mundo está ciente de sua Outra ser ferida durante a
batalha —, disse Odin. —Eles também sabem que você procurou meu
filho para eliminar suas frustrações.
David sentou-se e, depois de colocar a mão na coxa ferida,
dirigiu-se a Odin. —Eu responsabilizei seu filho por suas ações tolas,
o que levou toda a nossa equipe a cair em uma armadilha.
—Foi um erro. — Disse Odin, erguendo a voz e batendo a caneca
na mesa.
—Então considere meu punho esmagando seu rosto também um
erro. — David olhou para Odin.
Jane já ouvira David falar com Arthur antes, mas esperava que
ele mostrasse respeito pelos líderes. Certamente, mesmo como um
Maldito, Odin ainda era um governante a ser respeitado.
—Você percebe — Odin olhou para o homem ruivo barbudo
sentado ao lado dele. — Quantos doadores quase morreram para
revivê-lo?
—Talvez você devesse ter deixado ele morrer. — David olhou
para o homem ruivo e sorriu. —Parece que ele ainda precisa de alguns
doadores.
A boca de Jane caiu aberta. Ele não era o que ela estava
esperando quando pensou em Thor. Claro, ela sabia que ele seria
diferente dos filmes, mas ela já havia designado um homem atraente
com longos cabelos loiros como o deus do trovão. Seus cabelos e barba
ruivos a jogaram fora. Além disso, ele parecia horrível. David tinha
batido nele.
—Se eu o deixasse perecer —, disse Odin, olhando para David.
—você seria responsável pela morte da pessoa que salvou sua Outra.
David mostrou suas presas enquanto apertava a mão dela. —Se
eu desejasse a morte dele, ele estaria morto. Deixei-o vivo o suficiente
para se recuperar por conta própria. Não é minha culpa que ele seja
tão desmiolado com sua alimentação quanto em batalha.
Thor abriu a boca, mas Odin levantou a mão e falou em seu
lugar. —E sua outra, sir David - ela é tão sem cérebro em batalha?
Afinal, ela fugiu para salvar sua própria pele e se colocar em perigo
quando não conseguiu se defender adequadamente.
—Você sabe muito bem que ela foi alvejada graças aos seus
próprios homens que não morreram com honra. — Disse David,
levantando-se. Ela o agarrou, assim como Arthur.
Odin riu alto. —Honra? Que honra ela demonstrou deixando
você para trás para se salvar? Que honra você tem para atacar o
homem que a impediu de encontrar seu fim? Meu filho pode ser tolo,
mas ele não levantou a mão para se defender quando você perdeu
todo o sentido. Ele permitiu que você o castigasse. Isso é honra. Parece
que reivindicar a sua Outra o distraiu do seu.
O coração de Jane estava batendo tão rápido. Ela estava
preocupada, mas também furiosa por esse homem falar sobre ela
dessa maneira, e como se ela nem estivesse na sala.
David rugiu, jogando a mão dela enquanto ele se preparava para
atacar.
—Pare! — Jane gritou, levantando-se. — David, pare. Por favor.
A julgar pelo olhar sombrio que David deu a ela, Jane sabia que
ele não estava feliz por ela o ter parado. Ainda assim, ele sacudiu
Arthur antes de ir para o lado dela.
Jane sorriu suavemente para ele, suspirando quando ele beijou o
topo da cabeça dela e deslizou os dedos sob a cintura dela, segurando-
o como se ele estivesse preocupado que ela pudesse atacar.
—Ah, então ela influencia suas escolhas. — Disse Odin, rindo.
A mão de David apertou a cintura dela quando ela se voltou
para Odin.
—Bebê. — David sussurrou em seu ouvido enquanto ele dava
um leve puxão.
—Estou bem —, disse ela, olhando para Odin. —Sabe, quando
David me disse que estávamos vindo para cá, tínhamos começado
nosso relacionamento juntos depois que terminei meu casamento com
meu marido. Acabei de deixar meus filhos pela segunda vez também.
Dizer que eu estava emocionada e não estou no estado para lidar com
tudo está colocando a situação de maneira moderada... No entanto,
quando ele me disse que eu chegaria a Asgard, encontrando Odin e
Thor, sorri através da minha tristeza porque ia encontrar os deuses
nórdicos que eu adorava crescer.
—Eu não entendi a atitude de David quando ele viu o quanto eu
estava empolgada em conhecê-lo, mas agora vejo que ele sabia que
esperava encontrar minhas fantasias tolas quando, na verdade, é
apenas um homem que não pode controlar seu filho.
—Agora não vou atacar Thor porque ele não se explicou aqui,
mas vou expressar minha decepção em você, senhor. Você sabe muito
bem que seu filho cometeu um erro - ouvi dizer isso quando eu estava
morrendo. Mas agora que estamos na frente de todos, você está nos
insultando e provocando David, para que ele pareça o cara mau
quando realmente foi apenas um erro que levou à tragédia.
—Só direi isso uma vez: não me desrespeite ou a David na
minha presença ou na dele novamente. Ele pode ter a restrição de
deixá-lo vivo, mas eu não dominei esse tipo de controle. E prometo
que você não vai gostar de mim quando estiver com raiva. — Jane
sorriu com sua piada escondida de super-herói quando Arthur riu.
Odin riu, uma risada alta e calorosa quando deu um soco no
ombro do filho com força. —Eu não disse que ela seria tão feroz
quanto David? — Ele riu de novo e deu um tapa na nuca de Thor. —
Deixe que a companheira de David seja a única a defender sua
posição contra nós.
—Isso foi necessário, Odin? — Arthur perguntou, balançando a
cabeça enquanto gesticulava para David se sentar. —Você sabe que ele
está estressado, e ela está se curando. Não se divirta às custas deles. —
Ele olhou para Jane, sorrindo. —E você pode se acalmar, Bruce. Não
há necessidade de ficar com raiva.
Jane corou quando David resmungou e sentou-se novamente.
Dessa vez, porém, ele a puxou para o colo e a abraçou.
—Bobagem —, disse Odin, ainda rindo. —Ela é uma boa
guerreira em mente, corpo e espírito. David, meu filho, é bom ver que
ela só trouxe mais fogo ao seu coração. Muito bem, rapaz. Ela é uma
excelente Outra de fato.
Jane piscou algumas vezes antes de olhar ao redor da mesa.
Cada um dos cavaleiros e Hades olhou para Odin com desaprovação,
mas os outros que ela não reconheceu estavam rindo junto com ele.
Odin olhou para ela. —Jane, me dá um grande prazer conhecê-la
e vê-la se curando. Você deve perdoar um homem velho como eu;
Não vejo esses meninos há muitos anos. É um grande dia em que Sir
David coloca algum sentido no meu imprudente filho.
Thor esfregou sua bochecha inchada, e Jane percebeu que David
definitivamente levara tempo para infligir o que ele provavelmente
sentia ser igual à dor que ela sofria. —Pai, você deveria elogiá-lo por
me atacar?
—Eu devo —, disse Odin, levando uma caneca aos lábios. Ele
tomou um gole alto antes de bater na mesa novamente. —Você tem
toda a fortaleza tratando você como um bebê que precisa da atenção
de sua mãe. David tinha o direito de punir você. Agora, faça as pazes
para que possamos continuar com os negócios. Um banquete está
sendo preparado em sua homenagem, e não sentirei falta, porque você
aborreceu nossos convidados.
David rosnou quando Thor olhou para eles.
Havia um claro sinal de arrependimento no olhar suave de Thor
quando ele a encarou, mas ela podia ver que ele ainda estava com
raiva pelo aperto firme em sua mandíbula e seu punho cerrado. —
David, Jane, espero que aceitem minhas sinceras desculpas. Não era
sensato da minha parte envolver Fenrir por conta própria. Estou
aliviado por você estar segura, e felizmente recebê-la em Valhalla.
—Obrigada. — Disse Jane ao mesmo tempo em que David
falava.
—Você colocou minha mulher em perigo por uma luta que não
pode vencer?
Estava silencioso. Tão quieto.
—E você acha que pode derrotar Fenrir sozinho? — Thor
perguntou, apertando o punho sobre a mesa.
—Eu sei que posso. — Disse David, seus músculos flexionando
em torno dela enquanto a temperatura do corpo disparava.
Um sorriso assustador se formou nos lábios presos de Thor. —E
se ele colocasse as mãos nela antes que você pudesse derrotá-lo? Você
se sentiria tão confiante, então?
—Deixe Jane fora disso —, disse David, suas presas se revelando
novamente. —Eu não falharia com ela, como você falhou com Sif. Eu
nunca a colocaria em perigo em que você colocou sua própria esposa.
Um rugido furioso rasgou a boca de Thor quando ele se
levantou, levantando um enorme martelo do chão. —Não fale o nome
dela! Você não sabe nada sobre a noite em que Sif morreu, seu
príncipe mimado!
David levantou-a do colo tão rápido que ela quase caiu de
bunda, mas Gawain a pegou enquanto David se levantava, agarrando
a mesa como se estivesse pensando em jogá-la para fora do caminho.
—Eu sei o que todo mundo sabe - você prometeu protegê-la e a usou
como isca para buscar a glória predita sobre você. Você matou sua
esposa, e foi sua mesma busca tola que quase custou a vida da mulher
que eu amo!
—NÃO MATEI MINHA ESPOSA! — Thor jogou o martelo
enorme direto em David.
Jane gritou quando ela saltou do aperto de Gawain e pulou na
frente de David, rugindo quando ele tentou puxá-la para fora do
caminho.
O martelo parou abruptamente a uma polegada do rosto e
pairou lá, enquanto ela usava toda a raiva para segurá-lo com a
mente. A mesa estava limpa. Alguns estavam recuando enquanto os
cavaleiros desembainhavam suas espadas, prontos para lutar.
—Feitiçaria! — Thor berrou, vendo seu martelo flutuar. —
Controle sua garota, David.
David começou a tirá-la do caminho do martelo, mas ela soltou
um grito e levantou uma mão, enviando uma explosão de energia
bem no peito de Thor. O deus do trovão voou de volta, colidindo com
o muro de pedra, e seu martelo voou de volta para ele.
Ela gritou, segurando a outra mão como se estivesse guiando o
martelo, movendo-o alguns centímetros para a direita quando atingiu
a parede. Bem ao lado do rosto enfurecido de Thor.
—Jane. — David disse, segurando-a quando suas pernas
dobraram um pouco.
Ela se recusou a mostrar fraqueza e ficou o mais alto que pôde.
—Estou bem.
Thor lentamente se arrastou para fora dos escombros, rosnando
enquanto puxava o martelo.
Jane arreganhou as presas e estendeu a mão novamente. —Jogue
de novo e veja se eu poupo você.
Thor olhou para David e depois para o pai.
Odin pareceu achar divertido quando deu de ombros. —Faça
sua escolha sabiamente, meu filho. Não acredito que ela goste da visão
de seu companheiro sob ataque.
A pele de Jane estava tensa e ela respirava pesadamente
enquanto tentava controlar o poder que surgia em seu corpo. Ela
estava brava. Mais do que louca. Ela estava disposta a aceitar seu
pedido de desculpas, mas não se sentaria e observaria David ser
atacado.
A imagem de todos na sala sangrando enquanto ela ria a fez
recuar de volta para David.
Ele a puxou contra seu peito, acariciando seus braços trêmulos
enquanto ela tentava esconder seu medo. Ela sabia o que estava
vendo. Ela sabia que seu poder vinha de algum lugar escuro e estava
aterrorizada em abraçá-lo. Isso a transformava em algo que ela tinha
pesadelos. Ela não achava que era forte o suficiente para liberar tudo o
que era capaz sem liberar sua entidade também.
—David, Jane —, disse Arthur, colocando a mão no ombro de
David. —Sentem-se. Nossos temperamentos não podem tirar o
melhor de nós em um momento como este.
Jane olhou para ele, sabendo que ele estava lendo seus
pensamentos quando ele balançou a cabeça.
—Essa não é você. — Disse ele. — Uma tristeza percorreu suas
feições antes que desaparecesse rapidamente. Você é boa, Jane. Não
caia antes de ter a chance de ver como você é realmente boa.
David levantou a mão, gesticulando para que Arthur ficasse
calado enquanto a puxava de volta para o assento deles. Ele se sentou
e a levantou no colo, abraçando-a enquanto enterrava o rosto na dobra
do pescoço dela. —Não solte, meu amor. Respire. — Ele pegou uma
das mãos trêmulas dela e entrelaçou os dedos nos dela enquanto
beijava seu pescoço. —Respire.
Foi quando Jane percebeu que estava prendendo a respiração.
Ela ofegou e finalmente desviou o olhar assassino do de Thor.
David sorriu contra a pele dela. —Minha guerreira. — Ele beijou
logo abaixo da orelha dela. —Minha garota lutando contra os deuses
nórdicos para me proteger.
Jane fechou os olhos, sentindo-se péssima pelo que uma parte
dela desejava infligir a Thor, mas também ronronando com os elogios
que estava recebendo de David. Ela virou o rosto na direção dele,
permitindo que seus cabelos os escondessem enquanto dava um beijo
para se acalmar. Ele sempre a impedia de pisar muito no escuro.
—Ela é tudo o que eles disseram que seria. — Disse Odin, com
um sorriso em sua voz enquanto ouvia o som de cadeiras sendo
arrastadas de volta no lugar.
David segurou sua bochecha para lhe dar um beijo mais firme
antes de se virar para Odin. —Ela é mais. Pare de instigá-la a aprender
do que ela é capaz. Ela não tem nada a provar para nenhum de vocês.
E prometo que não mostrarei contenção quando ela estiver bem.
Odin inclinou a cabeça. —Eu admito, fiquei curioso sobre o
poder dela, mas você sabe que Sif é uma memória terna.
David bufou quando ela se curvou contra ele. Ela estava
cansada, mas agora estava sobrecarregada com o desejo de estar mais
perto dele.
Jane olhou para Thor quando ele se sentou ao lado de seu pai, e
ela mostrou suas presas para ele quando ele fez contato visual com
ela.
David rapidamente pegou sua bochecha e guiou o rosto para ele.
Ele a beijou, acariciando-a depois enquanto sussurrava: —Bebê, é hora
de ficar calma.
—Estou cansada. — Disse ela, pressionando os lábios nos dele.
Ela só queria ficar sozinha com ele novamente.
—Eu sei. Você não deveria ter usado suas habilidades enquanto
está curando. Você precisa se alimentar agora? — Ele empurrou o
cabelo dela para trás, ignorando completamente as conversas
acontecendo ao seu redor.
—Eu posso esperar. — Ela esfregou os dedos nos lábios dele. —
Você está bem?
Ele sorriu e beijou as pontas dos dedos. —Estou bem.
A porta se abriu e Jane virou a cabeça para ver Ártemis entrar na
sala.
—Perdoe meu atraso. — Disse ela, com a voz baixa e áspera
quando se sentou ao lado de Hades.
Jane olhou para David e notou que ele estava olhando
intensamente para Ártemis. Ela apertou o punho com força suficiente
para fazer sua ferida reabrir.
David fungou e rapidamente abriu o punho dela, encarando-a
enquanto levava a mão dela à boca. Ele chupou o sangue. —Pare com
isso.
Ela apertou os lábios e se virou, encontrando os olhos lacrimosos
de Ártemis. Jane notou que ela também estava se recuperando de
ferimentos, mas não parecia que ela tivesse feridas de prata que
cicatrizariam - apenas inchaço e cortes.
Não que Ártemis se recuperasse sem um único defeito que
deixou Jane triste. Um nó se formou em sua garganta porque
reconheceu a tristeza nos olhos da deusa. Era uma perda tremenda
que a moldava como pessoa pelo resto da vida.
Jane olhou para a mesa, ignorando a pequena conversa entre
Arthur e Odin.
David aproximou a boca da orelha dela. —Bebê, eu não quis
parecer chateado. Fico triste com as perdas que ela sofreu. Aqueles
homens foram seus únicos companheiros por centenas de anos. — Ele
beijou sua bochecha. —Não tenha ciúmes.
Ela assentiu rapidamente. —Eu sei. Eu sinto muito. Só estou
sentindo tantas emoções.
—Eu acho que você precisa se alimentar. — Ele disse e depois
mordeu a própria língua.
Antes que Jane pudesse dizer qualquer coisa, ele a beijou,
empurrando sua boca aberta. Ela sorriu contra seus lábios antes de
beijá-lo avidamente e engolir seu sangue.
—David, existem maneiras mais discretas de alimentá-la. —
Disse Arthur.
—O garoto está bem, Arthur! — Odin berrou. —Deixe ele. Ele
sabe do que ela precisa. Gostaria que começássemos agora que
estamos todos aqui... Ártemis, minha querida menina, você precisa de
uma ração? Você ainda parece mal alimentada.
—Estou bem. — Disse Ártemis, sem mordida em seu tom, como
Jane tinha esperado da deusa.
Jane beijou David com força, sugando o máximo de sangue
possível antes de se afastar e permitir que David a reposicionasse em
seu colo.
Hades empurrou uma caneca para Ártemis. —Não há vergonha
no luto. É tolice ficar fraca, no entanto.
—Estou bem, tio. Vou me alimentar quando estiver sozinha.
David suspirou enquanto checava a mão de Jane. Era curativo,
mas ela sabia que ele estava chateado por Ártemis. Ela também. Por
mais que ela não gostasse da mulher, Jane ainda entendia a dor
envolvida em perder entes queridos.
Ela virou a cabeça, assistindo Thor enquanto ele bebia de sua
própria caneca. —Você pediu desculpas a ela?
Todo mundo se acalmou com a pergunta de Jane e olhou entre
ela e Thor.
Thor abaixou a caneca. —Não se sente à mesa do meu pai e
assuma que, porque você tem poder, eu não vou me ajoelhar.
Jane deu um sorriso doce. —Se eu quisesse que você se
ajoelhasse comigo, eu o forçaria de joelhos.
—Não admira que Fenrir te desejasse —, disse Thor. —Você tem
uma escuridão em você que eu nunca vi antes.
David a abraçou com força. —Cuidado com o que você diz a ela.
Thor acenou para ele. —Sua fêmea pode lutar suas próprias
batalhas. Se ela quer me desafiar, deixe-a. Não serei tratado como
covarde ou tolo por alguma bruxa.
Todos os cavaleiros rosnaram e se mexeram em seus assentos.
Jane permaneceu calma, no entanto. —Não há necessidade de
desafiá-lo. David e eu podemos derrotá-lo por conta própria. Você é
quem está se fazendo de bobo. Não conheço os detalhes da sua esposa
que o aborreceram e exponho minhas condolências pela sua perda.
Ainda assim, o fato é que você agiu sem se preocupar com os outros.
Ou você não ouviu quando soube da nossa chegada ou não se
preocupou com a nossa segurança quando voltou para casa.
Thor começou a se levantar, mas ela estendeu a mão, encarando
enquanto usava seu poder para forçá-lo a se sentar novamente. Ele
tentou se levantar novamente, mas ela o segurou no lugar.
—Você vai me ouvir. — Ela enquanto sua mão tremia do poder
que ela continha.
—EU NÃO VOU! — Thor rugiu. —Liberte-me! Não me lembrei
de sua chegada.
—Tudo bem, você esqueceu que estávamos vindo —, disse ela
com facilidade. —Você foi sincero quando me salvou. Bem, você
supôs que eu morreria, e somente quando você percebeu que eu era a
Outra de David você tentou controlar meu sangramento. Ainda assim,
você me salvou. Agradeço, mas você precisa ver quanta devastação
um ato causou.
Jane apontou para Ártemis. —Os companheiros dela se foram.
Eu os assisti cair, um por um, enquanto eles lutavam para protegê-la.
Eles não eram páreo por causa do grande número de pessoas nos
comprimindo... Ela nunca mais os verá.
—Agora, nós não gostamos um do outro, mas até eu estou com o
coração partido por ela. Você experimentou claramente uma grande
perda, por isso espero que se redima e honre aqueles que caíram
protegendo os mais fracos que você. — Ela fez uma careta quando seu
braço começou a ficar fraco, mas continuou falando. —E eu entendo
como é sentir a necessidade de provar a si mesmo. Sei como é falhar,
estar na mesma sala com alguém que não me respeita - que me odeia
ou pensa que sou fraca e patética. Mas faço o possível para me elevar
acima dos pensamentos, dizendo-me para infligir dor igual aos meus
inimigos. É difícil. É realmente.
—Adorei os mitos que ouvi quando criança, mas todos sabemos
os rumores de que David a escolheria um dia. Doía muito saber que a
deusa que eu idolatrava estava atrás dele. Doeu ouvir os sussurros me
comparando com ela, e me destruiu saber que David realmente a
considerava.
—ONDE VOCÊ QUER CHEGAR? — Thor gritou, ainda lutando
contra seu aperto nele.
—O que quero dizer é que ainda escolhi fazer o que era certo
quando poderia deixá-la morrer. Eu mesma poderia matá-la, se
quisesse, mas teria sido glorioso vê-la despedaçada pelas criaturas que
me caçaram.
Ela sorriu enquanto observava o horror se espalhar pelo rosto
dele. —Entende? Eu sou escura. Eu sou má com um sorriso inocente
no rosto. Não se torne o que eu já sou por dentro. Eu prometo a você
que derrotar a escuridão que se forma dentro de você de toda a dor e
ódio que você acumulou ao longo dos anos será sua maior batalha.
Portanto, se é a glória que você procura, supere a si mesmo e peça
desculpas a ela quando realmente quiser. Não faça o que aquele
sussurro sombrio está dizendo para você fazer. Lute contra isso e
então você será digno da grandeza que eu acreditava que fosse.
Jane abaixou a mão, soltando Thor. David pressionou a testa
contra a cabeça dela, e ela o aninhou antes de se virar para Ártemis. —
Por favor beba. Pense nos seus camaradas caídos; eles morreram para
você viver. Honre o sacrifício deles.
Lágrimas deslizaram pelas bochechas de Ártemis. Hades sorriu
para Jane quando Ártemis de bom grado bebeu o sangue oferecido a
ela.
—Bem dito, Jane. — Odin levantou a caneca na direção dela
antes de olhar para baixo da mesa. —Ártemis, querida garota, venha
me ver depois do banquete.
Ártemis assentiu e aceitou uma segunda caneca de sangue de
Apolo, fazendo Jane sorrir, mas seu coração estava triste. A deusa
pode ter perdido homens, mas ela tinha sua família. Ela tinha o irmão
e um tio que a amavam profundamente.
Jane desviou o olhar e se aconchegou nos braços de David.
—Você está bem? — Ele perguntou, beijando a cabeça dela.
—Sim. — Disse ela, pensando o contrário. Ela enfrentava sua
própria batalha interior, que ela não acreditava que venceria, e
lembrou-se do fato de não ter família. Seus filhos provavelmente
nunca seriam dela. Enquanto ela fosse perigosa, ela não teria
permissão para se aproximar deles como uma mãe de verdade. Jason
encontraria alguém eventualmente, e eles teriam outra mulher que era
melhor em ser mãe do que ela jamais foi.
Não eram apenas os filhos que ela havia perdido. A dor nunca
desapareceu por ela não ter mãe ou pai. Ela não tinha irmão, nem
mesmo tia, tio e primos. Eles eram sua família, e quem se importava
estava trancado no momento em que ela descobriu que a amava como
uma irmã. Agora, Adam provavelmente estava morto, junto com os
outros. Ela era tão covarde que nem podia perguntar a Morte se ele
estava vivo ou mesmo a família de Wendy.
Por causa de suas próprias escolhas, ela estava sozinha. Os
cavaleiros estavam lá, mas não eram da família. David estava lá, mas
sempre havia a chance de as coisas não funcionarem entre eles. Havia
a chance de um ou todos eles morrerem, porque ela aceitou agora que
a Morte havia desistido dela.
—Você não sabe disso, Jane —, disse Arthur, suspirando antes
de olhar para a mesa. —Vamos continuar para que possamos
aproveitar a noite antes de partirmos amanhã.
Jane enxugou uma lágrima que caíra e enterrou o rosto no
pescoço de David. Sua mente não a deixaria ter paz.
David cobriu o rosto dela com a mão e abaixou a voz. —Bebê,
você está tremendo e chorando. O que está errado?
—Nada. Eu só estou pensando. — Ela deu a ele seu melhor
sorriso falso. —Estou bem.
Ele a observou por um momento antes de lhe dar um beijo. —
Vamos terminar em breve, ok?
—Ok. — Ela apoiou a cabeça no ombro dele e ouviu a conversa
já ocorrendo.
—. . . Fenrir — disse Odin.
Apolo bufou e riu. —Ele não é Fenrir, velho.
—De quem eles estão falando? — Jane perguntou calmamente a
David enquanto tentava afastar seus pensamentos das coisas terríveis
que sempre estavam esperando no fundo de sua mente.
Apolo parecia tê-la ouvido e respondido sua pergunta. —
Estamos discutindo Lycaon, o líder lobisomem que enviou sua
matilha atrás de você. — Ele acenou com a mão em direção a Odin. —
Os nórdicos acreditam em mitos que existiam antes deles. Eles
acreditam que Lycaon é Fenrir de suas lendas.
—Eles são o mesmo homem, Apolo. — Disse Hades.
—Como eles são iguais? — Ela perguntou.
—Eles não são os mesmos. — Odin retrucou.
David suspirou em seus cabelos. —Eles sempre discutem sobre
isso. Eles tiveram seus mitos e lendas antes de se tornarem imortais.
Não há como saber com certeza quem está certo. Poucos sobrevivem
às batalhas com o chamado Lycaon ou Fenrir.
—Eu o chamo de rei lobo. — Disse Gawain, estendendo a mão
para dar um tapinha na perna dela.
—Faria sentido se eles fossem iguais. — Disse ela em voz baixa.
Odin obviamente a ouviu e olhou diretamente para ela. —Eles
não são os mesmos, menina.
—Não importa —, Arthur disse, mas olhou para ela e continuou:
—Jane, você verá que muitas figuras lendárias são as mesmas pessoas,
elas apenas usam nomes diferentes. Realmente não há como saber
com certeza quem elas realmente são. Elas são mais velhas que muitos
de nós.
—Saberemos durante Ragnarök. — Disse Odin.
—O que é isso? — Ela perguntou a ele.
—A última batalha. — Odin sorriu para o filho. —Será uma
morte gloriosa.
David balançou a cabeça. —Ragnarök é o que você pode
considerar Revelações, Jane. Como você aprendeu, muitos mitos
decorrem da verdade. Odin negociou com Mímir, um Caído que
alegou conhecer o futuro. Nos eventos preditos a Odin, uma grande
batalha seria o fim para eles. Odin será morto por Fenrir e Thor
derrotará Jörmungandr, a grande serpente. Embora se diga que Thor
triunfará, ele não sobreviverá. É nisso que eles acreditam. Colocamos
nossa fé em Deus, não nos anjos, especialmente nos Caídos que
esculpiram os olhos com prata.
Odin zombou. —Espere e veja, rapaz.
—Por que vocês estão ansiosos para abraçar algo assim? — Jane
perguntou, olhando para o povo nórdico.
—Quando você vive tanto quanto nós, minha menina, está
ansiosa pela morte. — Disse Odin.
Jane fez uma careta com a ironia; ela também esperava ver sua
Morte.
Odin continuou: —Morrer em uma batalha tão grande será uma
morte gloriosa.
—E a serpente? — Ela olhou ao redor da mesa. —É uma cobra de
verdade como Fenrir é um lobisomem?
Thor foi quem respondeu. —Jörmungandr só será revelado na
grande batalha.
—Oh —, disse ela, sentindo-se boba por suas perguntas. Ela
parecia estar segurando a reunião. —Eu sinto muito. Eu vou ficar
quieta agora. Obrigada pelas explicações.
David sussurrou em seu ouvido: —Eu vou educá-la depois do
jantar. — Ele mordeu seu lóbulo da orelha. —Você gosta das minhas
lições, não gosta, bebê?
Ela corou e deu uma cotovelada nele. Ele era tão bom em distraí-
la de sua tristeza. —Talvez eu não me importe com os mitos agora.
Você não estava nos mitos que eu conhecia e, até agora, meus
favoritos tentaram começar uma briga conosco.
Ele riu e beijou logo abaixo da orelha dela. —Então, você não
deseja ouvir sobre fadas e elfos?
Jane ofegou, mas rapidamente cobriu a boca. —Você está
mentindo.
—Eu não estou. — Ele beijou a testa dela. —Preste atenção, e eu
prometo que vou lhe contar mais tarde.
Arthur pigarreou. —David, estávamos discutindo as alianças
entre lobos e vampiros que estamos vendo. Hades já explicou que
alguns estavam trabalhando com os Caídos. Acreditamos que é assim
que eles estão viajando, além de esconder seus aromas - os Caídos e o
Inferno os estão ajudando. O que vimos quando deixamos o Texas
tem sido difícil de explicar. Lancelot não estava presente na batalha,
mas ele claramente enviou seus lobos para ajudar os vampiros que
atacaram.
—Então, o problema que estamos enfrentando não é apenas os
nórdicos lutando contra lobos e vampiros que uniram forças, eles
encontraram sinais que indicam que Lancelot e o rei lobo estão aqui.
Não temos ideia de quantos exércitos combinaram, mas eles parecem
estar se reunindo aqui.
—Viemos aqui para os cães —, disse David, olhando para
Ártemis. —Ainda acreditamos que Lycaon os tem?
Arthur assentiu e apontou para um mapa na frente dele e de
Odin. —Este foi o último lugar em que foram vistos, que era um
acampamento em que Lycaon estava confirmado. Ele encontrou uma
maneira de contê-los, e eles acham que ele está simplesmente
quebrando o espírito deles até que se submetam a seguir suas ordens.
—Isso é terrível —, Jane deixou escapar, cobrindo a boca. —Eu
sinto muito.
Arthur sorriu para ela. —Não peça desculpas; isto é terrível. Os
cães não merecem esse destino; isso é algo em que todos
concordamos. Eles seriam valiosos nas batalhas vindouras também.
Com as notícias das alianças se formando sob um único governante,
suponho que estamos em menor número. Se eles não tiverem brigas
um com o outro, eles nos esmagarão juntos. Odin já enviou
mensageiros para espalhar notícias para mais de nossos aliados,
informando que provavelmente será onde estamos.
David esfregou a mão em sua coxa enquanto estudava o mapa.
—Lance e Lycaon foram vistos juntos?
—Não —, disse Arthur, balançando a cabeça. —Eles estão
próximos, mas mantendo distâncias. Muito provavelmente, a luta pelo
poder é grande demais para que eles se tornem um grupo, mas há
uma boa chance de um único indivíduo estar reunindo todos eles. Eu
imagino que se eles estão seguindo um líder, eles eventualmente não
terão escolha a não ser se unir.
Jane engoliu em seco ao pensar em seu último encontro com
Lancelot. Ela olhou para David e se preocupou com o que Lancelot
havia lhe dito: uma vez que David visse como ela era realmente má,
ele partiria. David também não sabia que a Morte a havia negociado
com Lúcifer, e ela não tinha certeza do significado da ausência deles.
A Morte havia dito que eles conversariam sobre isso, mas ele se foi.
—David. — Ela chamou suavemente.
—Hum? — Ele não desviou o olhar dos mapas.
—Lancelot me disse algo quando eu estava sozinha com ele.
Ele se virou para ela rapidamente. —O que ele disse?
—Quando você está falando, Jane? — Arthur perguntou, e ela
sabia que ele estava procurando seus pensamentos.
—A luta na escola... Quando eu corri atrás do garoto. — Ela
engoliu em seco, observando a cor dos olhos de David escurecer. —
Ele disse que seu mestre tinha planos para mim. Eu acho que ele
estava falando sobre Lúcifer.
—Lúcifer —, disse Odin, olhando ao redor da mesa. —Não há
sinal de Lúcifer há séculos.
Os olhos de Jane ardiam quando David a encarou sem nenhuma
emoção. Ainda assim, ela explicou sua teoria. —Eu conheci Lúcifer.
Ele está muito envolvido e ele me quer. Eu acho que ele é o mestre de
Lancelot, o que faz sentido se Lúcifer o criou. Poderia haver um líder
separado, no entanto. Quando Thanatos e Mania tentaram me levar,
eu não acreditava que eles foram enviados por Lúcifer, mesmo que
eles dissessem que foram. Por que ele me assustou quando eu estava
de bom grado, sabe? Portanto, pode haver outro indivíduo se opondo
a Lúcifer ou trabalhando com ele.
—Por que você iria de bom grado para Lúcifer? — Thor
perguntou.
—Eu pensei que ele poderia me ajudar.
—Garota tola —, disse Odin, apontando para Arthur. —Você
sabia que o diabo tinha garras nessa garota, mas você a trouxe aqui.
Eles provavelmente sabiam dos seus planos de pegar os cães, e ele
enviou seus exércitos para capturá-la. É claro que ele a deseja, ela é
poderosa.
Arthur levantou a mão. —Eu não sabia tudo o que ela disse.
Também não sabia que Lancelot tinha vindo para cá.
—Ela vai nos arruinar —, disse Odin, olhando para ela. —Ela
mesma disse que é má. Ela sabe e escolhe abraçar a escuridão dentro
dela.
David bateu na mesa. —Ela não é má! Ela lutou contra essa
escuridão e derrotou todas as vezes. Não fale dela como se ela tivesse
derrubado o inferno em você. Estamos em guerra desde a nossa
criação. E ela não sabia disso!
Odin se levantou da mesa. — Não deixarei minha fortaleza cair.
Você é um bom garoto, David, mas trouxe a amante do diabo para sua
cama. Não vou deixar que ela nos destrua.
Jane cobriu o rosto. Ela sabia que poderia colocar Odin no lugar
dele, mas temia que tudo o que fizesse fosse provar que ele estava
certo.
—Ela não é a porra da amante de Lúcifer —, David respondeu,
sua voz tão alta que ricocheteou nas paredes rochosas. —Ela é minha
Outra e a mulher que amo.
—Então ela é tão astuta quanto seu mestre. — Disse Odin,
batendo o cajado no chão.
David começou a tirá-la dele, mas ela colocou os braços em volta
do pescoço dele e chorou. Ele rosnou, mas a abraçou de volta e não fez
nenhum movimento para ir atrás de Odin.
—Você foi longe demais! — Gritou Gawain, levantando-se com
os outros cavaleiros.
Arthur levantou as mãos para acalmar a todos, mas ele parecia
assassino enquanto olhava para Odin. —Você vai parar de falar sobre
ela dessa maneira. Ela não tem culpa.
Odin olhou para ela enquanto ele falava. —Ela pode ter sido
inocente, mas isso não muda o fato de ser uma ferramenta nesta
guerra. Se Lúcifer colocar as mãos nela, todos nós pereceremos.
Hades estava junto com Apolo e Ártemis. —Jane tem o poder de
terminar a Grande Guerra. Ela é mais poderosa que a própria Morte.
Se você a tornar sua inimiga hoje, você cairá. Não a empurre para a
escuridão quando pudermos oferecer a ela tanta luz. Ela tem um bom
coração e fica mais forte a cada dia. Você realmente quer abandoná-la,
deixá-la sem opção a não ser ficar ao lado de Lúcifer?
Odin rosnou e olhou para ela. —Você será a minha morte,
garota. Eu sinto isso nos meus ossos.
Jane balançou a cabeça. —Por favor, só estou tentando ajudar.
Não sei por que sou importante.
—Você não é importante —, disse Odin, fazendo com que David
se levantasse rapidamente. Ele a colocou atrás dele, mas não se mexeu
quando Odin falou novamente. —Você pode ser inocente, criança -
um receptáculo -, no entanto, você é uma destruidora. Nada de bom
virá de você agora que eu entendo por que você recebeu tais
habilidades.
—Pai —, disse Thor, colocando a mão no ombro de Odin. —
Talvez seja muito cedo para julgá-la. Ela tem o poder de destruir, mas
não o tem. Ela salvou inúmeras vidas e, embora possa ter origens mais
sombrias, está lutando contra isso - assim como nós. Nossa casa é para
aqueles que buscam redenção. Seria errado abandonar alguém que
ainda não cometeu um crime contra Deus. Deixe ela ficar. Deixe-os
usar nossa casa como base enquanto recuperam os cães. Se você ainda
a vê como um mau presságio, eles podem pedir transporte de volta
para casa. Então, se o inferno a seguir, você pode decidir se iremos
ajudá-los. Eu atenderei ao chamado deles. Eles nunca nos
abandonaram. Deveríamos mostrar a eles o mesmo apoio.
Odin olhou entre eles antes de perfurá-la com seu único olho
bom. —Você tem uma chance, garota. Fique nos seus aposentos, longe
dos meus soldados. Você cumprirá sua missão e partirá. Pegue seus
cavaleiros, se eles forem tolos o suficiente para segui-la ao inferno. No
entanto, qualquer um é bem-vindo para ficar e se juntar às nossas
fileiras, se a virem como realmente é.
Jane agarrou a mão de David. —Eu juro que não quero ser ruim.
—Você não é! — David disse, tremendo com tanta raiva. —Você
vai se arrepender do que disse sobre ela.
Odin zombou e caminhou em direção à porta. —Abra seus
olhos, garoto. Ela encantou você assim como encantou seus irmãos e
meu filho. Ela não é sua companheira; ela pertence ao diabo. Você não
vê? Esses lobos foram enviados para trazê-la para ele ou destruí-la
porque ele não quer que outro tenha uma arma tão poderosa. Ela é
destruição. Rezo para que você não esteja no caminho dela quando ela
liberar esse poder.
Arthur segurou o ombro de David quando ele rosnou.
—Odin, se você quebrar a nossa aliança, haverá consequências.
— Disse Arthur.
—Não estou prestando juramento a você — disse Odin, olhando
para o chão. —Farei o que eu disse; lutaremos com você para
recuperar os animais. Partimos amanhã. — Odin então bateu as portas
e saiu.
Jane soluçou quando David a puxou contra seu peito. —Eu sinto
muito.
—Shh... — Ele beijou a cabeça dela.
—David, Arthur. — Era Thor. —Perdoe o pai. Você sabe que ele
acredita que Lúcifer é responsável pela morte da mãe há tantos
séculos atrás. Ele está delirando com a escuridão se aproximando há
anos. Ele apenas se preocupa com o nosso povo.
David rosnou, abraçando-a enquanto ele bloqueava a visão de
Thor sobre ela. —E você?
—Protegerei meu povo também, mas não acredito que Jane seja
má. Sim, vejo a escuridão dentro dela, mas ela, sua outra, é pura. Eu
sinto isso. Hades está certo; ela precisa ter a chance de crescer forte o
suficiente para vencer a batalha dentro dela antes que Lúcifer a
alcance. Não duvido que ele venha, se tudo isso for verdade. Se ela é
tão forte quanto Hades diz - mais forte que a Morte -, ela tem a chance
de derrotar todo o mal. Vou ajudá-la de qualquer maneira que puder.
Por favor, me dê a chance de provar isso e permita-me acompanhá-lo
em sua missão.
David apontou um dedo para Thor. —Se você nos trair, não
hesitarei em destruir você e seu pai. Matarei todos os Malditos e
Amaldiçoados nesta fortaleza se você a colocar em perigo. Agora, pare
seu pai antes que ele bêbado espalhe boatos sobre ela.
—Vou elogiar o nome dela. — Disse Thor antes de sair também.
David ainda estava tremendo, mas ele a levantou quando o
silêncio se estendeu e a levou até a porta. —Peça para alguém buscar o
jantar para nós. Verifique se não está envenenado e se está fresco. Vou
levar Jane para descansar.
Ela olhou para ele e tocou o rosto dele quando alguém
concordou em lhes trazer algo para comer. —Sinto muito, David. Me
desculpe, eu não te contei.
—Eu também. — Disse ele.
Jane escondeu o rosto entre as mãos enquanto entendia que ele
queria dizer que estava arrependido por não saber, e ela temia que ele
estivesse se arrependendo de tudo entre eles.
Uma porta bateu e Jane abaixou as mãos enquanto David a
carregava para a cama. Ele a colocou no chão e foi embora. Ela
apertou os lábios, tentando impedir que seus gritos arrancassem
enquanto o observava entrar no banheiro.
Ela fechou os olhos quando o tinha acabado de o perder. —
Lancelot estava certo. — Ela sussurrou no momento em que um pano
frio e molhado estava pressionado em seu rosto.
—Certo sobre o que?
Ela arregalou os olhos e olhou para ele. —O que você está
fazendo?
Ele olhou para o pano na mão. —Estou limpando seu rosto.
—Porque? — Ela não entendeu o que estava acontecendo.
—Porque você está chorando. — Ele começou a limpar
cuidadosamente a bochecha dela. —Agora, pare de protelar e me diga
o que Lance estava certo.
—Você vai me deixar? — Ela tentou não parecer tão patética,
mas ficou impressionada que ele não estava olhando para ela como se
ela fosse a arma secreta de destruição em massa de Lúcifer.
—Por que eu iria embora? — Ele balançou sua cabeça. —Estou
com raiva de muitas coisas, Jane, especialmente pelo fato de você ter
escondido as coisas de mim, mas não vou deixar você.
Ela sorriu tristemente quando o alcançou.
Ele a deixou abaixar o rosto e a beijou suavemente, mas voltou
rapidamente. —Você precisa parar de assumir o pior sobre mim e
nosso relacionamento. Eu sei que é difícil, porque seus únicos
relacionamentos foram com Jason e Morte, e eles não eram saudáveis,
mas eu não sou eles. Por favor, faça um esforço para acreditar em
mim. Acredite no meu amor por você e nos sentimentos que você está
desenvolvendo por mim. Confie em nós. Essa é a única maneira de
passarmos pelos testes que estamos sendo apresentados. Eu estou
bem com o que vier a nós; Estou pronto para lutar por você, mas você
precisa fazer o mesmo.
Ela assentiu rapidamente e segurou a mão dele quando ele
trouxe o pano de volta ao rosto dela. —Eu sinto muito. Eu sei que
preciso me esforçar mais - tentarei. Eu só tenho tanto medo de te
perder. E machucando você e todos ao meu redor.
David sentou-se ao lado dela. —Você só vai me perder se desistir
de mim. Mesmo assim, tentarei me agarrar a você da maneira que
puder. — Ele a puxou para montar em seu colo, sorrindo enquanto
limpava mais lágrimas dela. —Eu te amo. Não acredite no que ele
disse. Eu sei que você é forte. Seja o que for que produz o seu poder,
está destinado a estar lá. Deus tem um plano, e precisamos confiar
Nele.
—Mas eu tenho medo, David —, ela sussurrou. —Por que eu
passei pelas coisas que tenho? Nada faz sentido.
David jogou a toalha fora. —Eu sei, mas sei que você é a mulher
que me disseram que conheceria. Você é a mulher que Michael disse
que teria o poder de destruir toda a escuridão. Nós vamos descobrir
tudo. Juntos.
Ela assentiu, os olhos lacrimejando, mas manteve as lágrimas
para trás. —Ok.
Ele deu aquele sorriso especial e puxou seus lábios nos dele. Ele
respirou fundo, beijando-a algumas vezes antes de se afastar. —Diga-
me o que você guardou para si mesma. Prometo que ainda a apoiarei
e não a abandonarei. Entenderei que você estava sob tremendo
estresse e pressão quando tudo aconteceu, e você sabia muito pouco
sobre mim ou que podia confiar verdadeiramente em mim, então
tentarei não ficar com raiva. Se sim, sei que não é com você, mas com
o que você está me dizendo, ok?
—Ok, eu vou te dizer.
David a beijou novamente. —Aí está minha garota corajosa.
Jane respirou fundo. —A primeira vez que Morte e eu estávamos
sozinhos, minha memória dele voltou. Foi muito avassalador porque
acreditei que durante toda a minha vida eu estava sozinha, mas de
repente me lembrei de todos os nossos momentos juntos. De qualquer
forma, enquanto conversávamos, ele confessou ter feito algo terrível.
O corpo inteiro de David estava apertado, pronto para lutar, e
doía saber que ela o devastaria com isso.
—A Morte formou um vínculo comigo quando ele tirou minha
memória; ele pode sentir minhas emoções, eu acho. Sei que às vezes
posso senti-lo, mas acho que ele basicamente sente o que estou
experimentando, seja físico ou mental... Ele veio quando a praga
começou. Ele usou a persuasão para me levar para dentro de minha
casa, e quando eu corri para pegar armas. Ele estava preparado para
me proteger, eu acho, mas ele ainda estava se escondendo. Uma vez
que ele sentiu que eu estava segura, ele foi embora para descobrir por
que a praga estava sempre se aproximando de mim.
—Ele não sabia que eu seria infectada. Ele disse que quando
sentiu que o vírus havia me infectado, voltou, mas você já estava lá.
Então, ele esperou para ver por que você estava me protegendo e foi
quando ele descobriu que você me reconheceu como sua Outra.
—Aparentemente, ele não teria sido capaz de remover o vírus.
Ele tinha planejado impedir que isso me matasse, mas ele teria que
encontrar uma maneira diferente de me salvar. Só que você estava lá e
poderia me salvar quando ele não pudesse. Então, ele deixou você.
—Mais uma vez, ele saiu para fazer o que estava fazendo - ele
assumiu que eu estaria segura com você. Então eu fui machucada pelo
lobo. Ele voltou imediatamente e, quando ia intervir, viu que Lúcifer
estava lá, me observando. Ele disse que achava que Lúcifer estava lá
apenas por Lancelot, mas ficou claro que Lúcifer estava interessado
em mim. A Morte tinha medo de revelar nosso passado juntos, então
ele ficou escondido para formar um plano.
—O plano dele era me salvar mais uma vez; Eu ainda estava
morrendo depois que eles operaram, então ele precisava de uma
maneira de expulsar Lúcifer. Ninguém poderia saber que ele tinha um
relacionamento com uma humana. Então, ele disse que agia como se
estivesse lá para reivindicar minha alma. Michael e Gabriel vieram,
como ele antecipou por sua causa, mas Lúcifer se revelou também.
Esta é a parte que você não vai gostar.
David deu um sorriso tenso. —Eu não vou ficar com raiva de
você.
Jane fechou os olhos e disse a ele. —A Morte percebeu que ele
me amava; ele não sabia o que sentia por mim, mas finalmente
reconheceu. Ele simplesmente não queria interferir na vida que ele me
deu. Quando acabou, ele decidiu fazer o possível para me manter.
—Manter você onde?
Jane abriu os olhos. —Eu não sei, mas ele disse que eu era boa
demais para ir com ele. Ele disse que eu precisaria ter uma alma
neutra. — Ela engoliu em seco. —Então, ele pediu a Lúcifer que me
desse seu sangue para introduzir a escuridão no meu.
David olhou para ela sem respirar por um momento antes de
falar. —Você tem o sangue de Lúcifer em você?
—Sim. — Sua garganta doía enquanto ela continuava. —Ele
disse que achava que nos protegeria de todo o inferno, sabendo que
ele tinha uma fraqueza: eu. Ele disse que achava que eu era tão boa
que me tornaria neutra e, quando ele voltasse à minha memória, eu
lembraria que o amava e iria com ele... Ele simplesmente não sabia
que algo já estava dentro de mim.
David fechou os olhos. —Ele queria tirar você de mim? Ele
colocou sangue ruim em você para levá-la embora?
—Ele pensou que era a única maneira de me manter segura.
—Você estava segura comigo!
Ela balançou a cabeça rapidamente e segurou o rosto dele. —
David, eu estava morrendo. Eu já estava em perigo porque Lúcifer
havia me procurado por algum motivo. Ele veio com um plano...
—Para tirar você de mim! — David rosnou, apertando seus
quadris.
—Sim, ele admitiu que só me queria, mas ele também estava
pensando em me manter segura. Ele está lutando contra demônios por
mim há tanto tempo. Ele estava com medo.
—Pare de inventar desculpas para ele —, ele disse. —Qualquer
esquema que ele tenha pensado a beneficiou. O que eu quero saber é
por que Lúcifer concordou em ajudá-lo.
Ela apertou os lábios, mas finalmente deixou escapar o que
estava escondendo. —Ele fez uma barganha de que, de qualquer
maneira que minha alma mudasse, o vencedor me reivindicaria sem
nenhuma interferência da outra. Se eu fosse má, iria para Lúcifer. Se
eu fosse neutra, ele me reivindicaria. E se eu ficasse boa, você me
venceria e eles nos deixariam em paz. Ele deu a Michael o poder de
aplicar a punição se alguém quebrasse as regras.
David esfregou o rosto, rosnando. —Ele negociou sua alma com
Lúcifer para que ele tivesse a chance de ficar com você?
—Ele tinha certeza de que venceria assim que eu me lembrasse
dele. — Ela começou a morder o lábio, esperando ele explodir.
—Por que você não foi com ele, então? — Ele olhou para ela
novamente. —Ele restaurou suas memórias naquela noite. Por que
você está aqui?
Ela não entendeu o que ele quis dizer, mas lembrou-se daquela
noite e lembrou-se por que não apenas seguiu com a Morte. —Por sua
causa.
David examinou o rosto dela como se estivesse procurando uma
mentira. —Você o recusou por mim? Naquela época?
—Eu ficava vendo seu rosto toda vez que pensava em meus
sentimentos por ele. Vi Jason também, mas era você que não queria
sair ou machucar. — Ela levou os dedos aos lábios dele. —Eu veria
seu sorriso e não poderia aceitá-lo.
David não se moveu por vários segundos, mas então a abraçou,
beijando repetidamente seus cabelos ou testa. —Eu te amo.
Lágrimas deslizaram por suas bochechas quando ela registrou o
quanto ele estava tremendo. —Me desculpe, eu não te contei. Ele não
me contou muito mais, além de estar bem com a vitória, e garantiria
que Lúcifer perdesse.
—Está bem. Não estou com raiva; sei que você sempre o
protegerá, principalmente depois. — Ele a beijou suavemente: —É por
isso que ele foi tão inflexível de você ficar comigo?
Jane assentiu. —Acho que ele decidiu parar de tentar vencer.
Não tenho certeza, mas acho que foi por isso que ele foi embora.
Talvez ele não pudesse se perdoar pelo que fez depois de descobrir
que Lúcifer quase me tinha.
David levou a mão dela aos lábios: —Não tenho certeza se ele
desistiria de você tão facilmente, mas se esse for o motivo de sua
ausência, considerarei perdoá-lo pelo que ele fez com você. — Ele
suspirou: —Você sabe quando o negócio termina?
—Não. Eu sei que havia um limite de tempo, mas ele estava
confiante se eu ficasse longe de Lúcifer, eu estaria a salvo.
David assentiu, parecendo pensar em tudo. Ela ficou tão aliviada
que ele não a jogou fora ou a olhava de maneira diferente porque ela
tinha o sangue de Lúcifer.
Assim que ela pensou nisso, ele falou. —Você disse que havia
algo já está em você, algo que ele não sentiu, estou assumindo que
seja...
—Sim, ele disse que estava escondido ou que eu o havia
escondido bem. Eu não sabia nada sobre isso, mas ele acreditava que o
sangue de Lúcifer o liberava de onde quer que eu o tivesse prendido.
David suspirou quando começou a esfregar as pernas dela. —
Então, o que Lancelot te contou?
Jane desviou o olhar dele. —Ele disse que queria me matar, mas
seu mestre tinha planos para mim. Ele sabia sobre o acordo que a
Morte fez com Lúcifer, e ele queria que você me perdesse. Quando eu
disse que não, fui a Lúcifer, ele disse que podia sentir o mal dentro de
mim e disse que eu não sou digna de você.
—Isso não é verdade. — Disse ele sinceramente.
Ela não olhou para ele enquanto continuava: —Ele disse que
conhecia você, e você me jogaria fora quando visse o que eu realmente
era.
—Oh meu amor. — David a virou para encará-lo. —Você sabe
que isso não é verdade. Você é minha Jane. Seja o que for dentro de
você, lutaremos. Se houver uma maneira de removê-lo, faremos. Se
não, tudo bem; eu ainda vou te amar e ficar ao seu lado.
Eu amo você, ela pensou de repente, chorando quando a
realização encheu seu coração tanto que explodiu, mas de alguma
forma foi instantaneamente reconstituída quando ela olhou nos olhos
dele. Ela ofegou, querendo dizer a ele, mas não conseguiu. Mas as
palavras foram detidas por causa de um homem. Morte.
Isso partiu seu coração. Ela aceitou que ele a abandonou, parou
de amá-la, a abandonou, mas ela ainda o amava. Ela não podia parar e
não podia contar a David enquanto ela sentia-se assim. Ele a queria
para si mesmo, e ela não podia deixar de lado seu anjo mortal.
Ela jogou os braços em volta do pescoço dele, soluçando contra
seu ombro enquanto ele a abraçava com força.
—Eu te amo, bebê. — Disse, beijando seu ombro
Jane fechou os olhos, as lágrimas encharcando sua camisa
enquanto ela engolia as palavras que queria dizer a ele: Eu amo você,
também.
31
NUNCA ESQUECIDO
Lucifer estreitou os olhos para a serva que tinha trazido a Jane e
David sua comida. A mulher não calava a boca sobre o quanto
admirava Jane ou o quão bonita ela pensava que era. Ela também não
parava de tagarelar sobre o quão corajosa ela e outras pessoas na
fortaleza pensavam que Jane era por salvar Ártemis.
—Como você ouviu tantos detalhes sobre isso? — Jane
perguntou à camareira.
—Oh, no banquete hoje à noite. — Disse a camareira, recolhendo
itens sujos ao redor do quarto. —Odin começou a contar a todos os
presentes o incrível poder que a Outra de Sir David tinha, e Thor
insistiu que ele recontasse a batalha. Ele contou a todos como você
lutou ferida com prata, e você até enfrentou lobos infectados sem uma
arma! Ter esse tipo de coragem e força, sem mencionar a bondade em
seu coração, arriscar sua vida quando você já estava ferida... Incrível.
David colocou um prato para Jane. —Eu disse a ela o mesmo.
Talvez ela acredite nisso de outro.
Jane bateu na mão dele quando ele roubou uma batata frita do
prato dela. —Você tem sua própria comida.
David comeu a batata frita de qualquer maneira, sorrindo. —Foi
você quem insistiu que eu experimentasse essas batatas fritas. É sua
culpa que eu goste delas.
Lúcifer suspirou de onde estava, encostado na parede com os
braços cruzados; ele não gostava de assistir a brincadeira entre eles.
—Bem, peça batatas fritas para si. — Jane disse, colocando várias
delas na boca.
—Gostaria que eu lhe trouxesse algumas, sir David? — A
camareira perguntou enquanto carregava uma cesta de lençóis sujos
na porta.
David acenou para ela quando ele pegou seu próprio prato. —
Não. Obrigado, Hela. Você pode sair.
Lúcifer se concentrou em Jane, observando-a enquanto ela gemia
enquanto mastigava sua comida. A mulher o confundia. Ele sabia por
que ela pulava de uma emoção para a seguinte, nunca um meio termo,
mas ficou surpreso ao vê-la tão feliz depois de tudo o que se
desenrolara. Nada disso estava nos planos dele para ela, mas ela ainda
estava no caminho que ele havia escolhido. Ele ainda tinha tempo.
—Ela foi muito legal. — Jane disse a David.
—Sim, ela era a outra empregada de quem eu estava falando.
Pedi que ela assumisse a responsabilidade pelo nosso quarto.
—Oh, bom —, disse Jane. —Eu não gostei da outra. Não sei se
consigo lidar com alguém tão bonita se jogando em você. Hela é
bonita também, mas ela não está olhando para você como se quisesse
pular em seus ossos.
David riu. —Eu jogaria qualquer mulher fora de mim, mas, sim,
a outra era desagradável. Não se preocupe com ela, porém, eu
expressei que não queria que ela voltasse para o nosso quarto, a
menos que fosse absolutamente necessário.
Jane ficou quieta enquanto comia. Lúcifer estudou seus cortes e
contusões de cura. Ele não ficou satisfeito ao vê-la ferida tão
severamente. Haveria consequências para os responsáveis. Ele não a
queria marcada assim.
Lúcifer olhou para David enquanto bebia uma ração de sangue.
O cavaleiro estava provando que ele estava errado a todo momento,
mas sabia que David cometeria um erro em breve.
Empurrando a parede, Lúcifer se aproximou do lado de Jane. Só
ela o ouviria e assumiria que eram seus próprios pensamentos quando
ele sussurrou em seu ouvido: —Você está com sede, Jane.
Ela lambeu os lábios e deslizou o olhar para David. Lúcifer
sorriu enquanto suspirava, suas bochechas corando quanto mais
David bebia.
—Sua fome está incomodando você, bebê? — David perguntou,
colocando sua caneca de lado.
Jane balançou a cabeça. —Não, eu estou bem.
—Por que você não termina de comer e depois eu vou te
alimentar?
Mais uma vez, Lúcifer foi para o lado dela, desta vez tocando
sua têmpora enquanto ele sussurrava para ela: —Lembre-se. — Ele
então empurrou a memória dela e David quase fazendo sexo em sua
mente, e ele sorriu quando ela apertou as pernas e soltou um suspiro
trêmulo.
—Estou cheia. — Disse ela, fazendo Lúcifer rir.
David a observou, um leve sorriso se formando em seus lábios.
—Bebê, eu prometo que vou te alimentar e lhe dar o que você deseja,
mas eu quero que você coma. Você não come direito há dias.
Lúcifer se inclinou, percebendo que o cavaleiro era correto. Ele
sempre esquecia que ela precisava de outro alimento além do sangue.
—Tudo bem. — Disse Jane, pegando os frutos do mar em seu
prato.
—Tudo bem —, disse David, rindo enquanto terminava a
refeição. Quando ele se levantou para colocar o prato e o copo no
carrinho deixado para trás, ele falou novamente. —Você está
realmente bem? Eu posso dizer quando você está pensando demais.
Foi o que Odin disse ou algo mais?
Ela franziu a testa e olhou para David. —Eu sempre penso
demais.
David estava deitado na cama e se aproximou o suficiente para
esfregá-la nas costas. —Eu sei que você tem problemas para desligar
seus pensamentos, mas eu posso ver você se concentrando em algo.
Eu não acho que seja Odin, no entanto. Então fale comigo.
Ela suspirou enquanto pegava o guardanapo. —Há várias coisas,
incluindo Odin, mas continuo tentando descobrir por que tudo isso
está acontecendo. Você tem muita fé em nós - no plano de Deus - mas
eu não vejo isso. Estou pensando que talvez Odin esteja certo. Se eu
pretendia nos salvar, por que eu já teria algo de mal dentro de mim?
Por que eu passaria pelas coisas que tenho a vida toda? Eu tenho
orado; as pessoas sempre diziam para rezar, mas eu rezo. E eu nunca
recebi uma resposta.
—É difícil acreditar em Deus, mesmo sabendo sobre os anjos,
porque eu não entendo o porquê. Por que as coisas são do jeito que
são? Se Deus ama todos nós, por que estou machucada assim? Por que
Ele não responde minhas orações e por que Ele permitiu as coisas que
aconteceram? Eu simplesmente não entendo. Eu tentei ir a diferentes
igrejas no passado, e eu ficava lá, ouvindo enquanto eles falavam de
pecados, mas eles nunca falavam das vítimas.
Ela hesitou, respirando com mais dificuldade. —Eu odiava como
eles não ofereciam nada além de perdão a quem pecava. Eles eram
quase recompensados por admitir que haviam feito coisas terríveis,
mas a menos que você tivesse câncer ou dor nas costas, você era
ignorado. — Suas palavras ficaram amargas. —Era tudo sobre a
pessoa que fazia errado. Eu me sentia julgada, abandonada. Como eu,
e todo mundo como eu, estávamos lá apenas para sermos
machucados, para que as pessoas pecassem e fossem perdoadas.
—Orei e orei porque muitas pessoas, fossem ministros ou apenas
frequentadores de igrejas, costumavam dizer que Deus falava com
eles - eu queria isso. Eu queria respostas ou apenas para saber que não
fui esquecida. No entanto, todos os domingos, as mensagens eram
destinadas a salvar pessoas que fizeram más escolhas. Não sei quantas
vezes vi pessoas louvando a Deus porque alguém caminhava para a
frente para receber oração por estar lutando com algum tipo de
pecado.
—Por que diabos não eram pessoas como eu? — Ela bateu no
peito. —Pessoas que foram feridas por esses indivíduos? Realmente,
se você não tinha uma doença ou estava pecando, Deus não tinha uma
mensagem para você. Lembro-me de uma vez que fiquei tão brava
quando começaram o serviço e alguém se aproximou para conversar,
dizendo que o Espírito Santo falava com eles. Eles disseram que o
Espírito Santo lhes disse que alguém ali precisava ser tocado por
Deus. Eu pensei 'talvez seja isso!' Então eles disseram que havia
alguém sofrendo com dores nas costas, que Deus sabia que eles
estavam sofrendo e que eles deveriam subir para receber oração.
Ela zombou, jogando o guardanapo no colo. —Eu tive dor nas
costas, porra! Eu tinha dores de cabeça tão fortes que vomitava o dia
todo - tanto que mal conseguia ver, mas ainda me levantei, cuidei dos
bebês, fui trabalhar, tanto faz, e nunca pedi ajuda com isso. Mas vi
uma mulher subir e todos aplaudindo enquanto vinte pessoas subiam
para orar por ela de volta. Ela estava enlouquecendo andando, então
não era como se ela estivesse paralisada. Quero dizer, lamento que ela
estivesse sofrendo, mas não entendi por que aquilo estava focado. É
como se questões emocionais e mentais nem importassem na igreja ou
mesmo para Deus.
Lúcifer riu, divertida com seu discurso retórico. Ele não esperava
isso dela, e gostava de vê-la questionar sua fé. Ela tinha muito ódio e
amargura que estava guardando para si mesma.
—Chorei tantas noites, implorando por ajuda. Eu implorei que
os maus pensamentos e memórias me deixassem em paz. Eu implorei
que Wendy fosse curada. Rezei para ser uma mãe melhor, para fazer
Jason ver o quanto ele estava me machucando, e eu só queria um
sinal. Qualquer tipo de sinal ou orientação, e eu não tenho nada.
Ela enxugou uma lágrima que de repente caíram e continuou,
sua voz falhando enquanto falava. —Eu parei de ir à igreja quando
eles estavam falando sobre vício em pornografia. Jason estava comigo
naquele dia, e eu o observei enquanto ele ouvia. Eles conversaram
sobre a tensão no casamento, mas, como sempre, era tudo sobre a
pessoa viciada. Quando pediram que as pessoas aparecessem,
pediram aos que lutavam contra o vício em pornografia ou a distração
com a carne.
Ela enxugou mais lágrimas. —Vários homens subiram e,
novamente, as pessoas vieram orar por eles, colocando as mãos sobre
eles enquanto o ministro elogiava sua coragem. Ele não pediu para as
afetadas pelo vício do marido. Não houve menção de quão devastador
poderia ser para a outra pessoa. Nada.
—Eu ainda orei enquanto estava sentada lá. Rezei para que Jason
mudasse como esses outros homens. Eu pensei que seria um sinal se
ele se levantasse e subisse até lá, mas ele não o fez. Ele ficou sentado,
balançando a cabeça, sem me olhar, embora eu saiba que ele me viu
olhando para ele. Foi nesse dia que decidi que não voltaria à igreja.
—Oh, meu amor. — Disse David, pegando a mão dela.
Jane começou a falar de novo, mais ferozmente, enquanto
evitava olhar para David. —Eu ainda acreditava em Deus. Eu ainda
rezei. Eu até tentei fazer Wendy acreditar.
—Ela não acreditou em Deus? — David perguntou, sentando-se
para puxá-la para mais perto.
Jane balançou a cabeça. —Ela não acreditou em nada. Ela disse
que era uma boa ideia, mas não podia acreditar que havia um Deus
amoroso quando estava morrendo e tudo que ela queria era viver e
criar seus filhos. Ela pensou que eu a odiaria por não acreditar, mas
prometi que não. Eu disse a ela que só queria saber que a veria
novamente, porque sempre ouvi pessoas que não acreditam que vão
para o inferno. Ainda assim, ela não podia acreditar. Como ela pôde,
quando estava morrendo, depois de orar para ser curada? Porque ela
orou. Assim como eu, ela não teve uma resposta. Assim como eu, o
mal ainda veio, não importava quão boa ou bonita ela fosse. Não
importava o quanto ela queira viver sua vida, ela sofre e morre.
—Então, agora estou me perguntando de novo, por quê? O que
eu fiz errado? O que ela fez de errado para merecer isso? Por que eu
sou uma espécie de escolhida, mas deixada para lidar sozinha com
isso? Eu vejo você morto, David. Às vezes vejo todo mundo morto
pela minha mão e não entendo. Deus não deixaria tudo isso acontecer
com alguém que amava. Então, posso apenas assumir que não sou
amada. Todas essas pessoas eram dignas o suficiente para receber
redenção e conforto, mas eu não era.
David beijou a têmpora dela. —Isso não é verdade. Você é boa,
querida. Você é tão forte e definitivamente amada por Deus.
Ela balançou a cabeça e zombou. —Eu amo meus filhos, David.
Se somos filhos de Deus, Ele deve nos proteger, nos confortar quando
coisas ruins acontecem e, definitivamente, tentar curar-nos quando
estivermos quebrados.
—Você não estava?
Jane olhou à sua frente, olhando diretamente para Lúcifer,
dando-lhe um vislumbre do inferno rugindo em seus olhos. —Do que
você está falando?
—Quem estava com você quando você foi quebrada, quando
coisas ruins aconteceram?
—Ninguém.
—Jane —, David disse em um tom sério. —Eu não acho que a
Morte gostaria de ouvir isso.
A boca dela se abriu, mas ela ficou em silêncio.
David sorriu enquanto acariciava seu braço danificado. —O anjo
mais poderoso que Deus já criou ficou ao seu lado quando você não
tinha família, quando chorou quando menina e como mulher adulta;
ele te confortou da única maneira que sabia. O anjo mais poderoso fez
o possível para protegê-la dos demônios e salvou sua vida
repetidamente. Um anjo que não deve sentir nenhuma emoção, de
alguma maneira descobriu como confortá-la quando criança e,
eventualmente, se apaixonou por você, permitindo que você se
sentisse amada quando pensava que ninguém a amava. Você nunca
esteve sozinha, Jane. Mesmo quando você não sabia, a Morte estava lá
para você. Você nunca foi esquecida.
—Agora, eu não acho que Deus ordenou que a Morte fosse até
você, mas não acho que seja uma coincidência que ele esteja em sua
vida. Creio que Deus lhe deu o que não deu a nenhuma outra alma: o
amor e o conforto de Seu anjo mais poderoso e belo.
Ele levantou a mão dela e a beijou. —Ele me escolheu para entrar
na sua vida, que aconteceu no momento em que a Morte foi chamada
do seu lado. Deus me escolheu para amar você, e sabia que eu nunca
desistiria de você. Ele não enviou o mal atrás de você, mas deu-lhe os
melhores homens para amar e proteger você. Ele te deu um melhor
amigo a quem você estimaria além da Morte, e até colocou Jason em
sua vida.
Ele sorriu tristemente. —As coisas podem não ter dado certo
entre vocês dois, e Jason é responsável por muita da sua dor, mas ele é
o único homem que lhe daria Nathan e Natalie. Aquelas crianças
preciosas foram escolhidas para ter você como mãe, e todas aquelas
vezes que você sofria de doenças ou tristezas, elas eram o motivo de
se levantar, não eram?
—Você é amada ferozmente por Deus, Jane. A pergunta nunca
deveria ter sido: por que você, por que essas coisas aconteceram, ou
para lhe dar um sinal - ou até para torná-la “melhor”. A pergunta que
você deveria ter feito é: o que você quer que eu faça, pai?
—Você foi moldada na pessoa mais bonita que eu já conheci,
meu amor. Todo evento terrível impactou você e influenciou a mulher
que eu vejo agora. Eu não acho que Deus colocaria a Morte em sua
vida se você não tivesse preocupações ou tristeza. Tudo o que
aconteceu com você levou a outra coisa, e suas maiores tragédias
parecem ter trazido você para mais perto de Deus do que você jamais
imaginou ser possível. Simplesmente não parece assim quando você é
atormentada tanto que tudo que você pode sentir é tristeza, raiva e
ódio.
Sua expressão atordoada combinava com a de Lúcifer enquanto
o silêncio se tornava desconfortável. Ele olhou para David. Isso
apenas traria esperança e paz, e ambos arruinariam tudo.
David deslizou o prato para Jane e beijou sua têmpora. —Coma.
Você não precisa dizer nada, mas o que eu disse é para você se
segurar. Acredite em Deus como você acredita no meu amor por você.
Um dia isso fará sentido, e acredito que estará em paz.
Ela sorriu tristemente, limpando outra lágrima, mas pegando sua
comida novamente.
—Essa é minha garota —, disse David, dando-lhe mais um beijo.
—Você poderia me dar licença por um momento?
—Onde você vai?
David riu quando saiu da cama. —Eu preciso mijar, Jane.
—Oh, me desculpe. — Ela corou e olhou para o prato. —
Continue.
Mais uma vez, David riu, mas ele entrou na suíte de banho e
fechou a porta.
Lúcifer se aproximou de Jane e a olhou enquanto comia. Ele
sabia que ela estava pensando em tudo o que David havia dito e ela
estava feliz. Ainda insegura sobre as coisas, tentando ver a imagem
maior, mas ela estava sorrindo e seus olhos estavam brilhantes, vivos.
Lúcifer franziu a testa, pensando no que deveria acontecer agora. Ele
esperava que ela se demorasse no incidente com Odin, mas ela sempre
conseguia surpreendê-lo com a maneira como sua mente trabalhava.
Agora, David havia descoberto os olhos dela. Ele iluminou o caminho
certo, dando a ela a chance de segui-lo.
—Ele estava certo. Tudo fará sentido um dia — disse Lúcifer,
não deixando que ela o ouvisse desta vez. Ele deslizou o dedo pelo
braço dela e observou sua pele formigar. —E isso vai te destruir. Isso o
destruirá.
Jane virou-se para ele, olhando diretamente para o rosto dele,
mas sem vê-lo. Ele olhou fixamente para seus olhos castanhos
hipnotizantes e admirou como eles mudavam dos tons mais escuros
dos verdes da floresta para os tons de azeitona que dançavam em
torno de seu centro marrom-dourado. Bonita. E era exatamente por
isso que ele tinha que arruiná-la.
Ele acariciou sua bochecha danificada e a observou suspirar ao
sentir seu toque entorpecedor. Ela engoliu a comida antes de fechar os
olhos, inclinando levemente o rosto na direção da mão dele.
—Continue comendo, bebê —, disse David, saindo para o quarto
novamente. —Quero seu prato vazio antes de te alimentar.
Lúcifer recuou contra a parede para vê-los novamente.
—Eu já estou tão cheia, no entanto. — Disse ela, esfregando o
estômago.
David balançou a cabeça para ela. —Você não faz uma refeição
adequada há algum tempo. Coma, porque enquanto estivermos fora,
uma refeição quente não será possível.
—Mas dói. — Disse ela antes de soltar um arroto alto.
Os olhos surpresos de Lúcifer combinaram com os de David
quando ela bateu as mãos na boca.
—Oh meu Deus —, ela murmurou em sua mão. —Eu sinto
muito.
Lúcifer não sabia o que pensar sobre sua exibição não-infantil.
Deveria tê-lo enojado; os seres humanos eram criaturas vis, mas ele
não sabia como descrever o que sentia observando seus olhos
arregalados e rosto rosado enquanto ela ficava mais envergonhada.
David riu e começou a procurar em uma bolsa. Jane ainda estava
com as mãos pressionadas sobre os lábios. Ela ficou parada como se
isso de alguma forma fizesse o incidente desaparecer.
—Bebê, não tenha vergonha —, disse David, sem desviar o olhar
da bolsa. —Eu acho que tudo que você faz é sexy ou adorável,
especialmente quando eu sei que você estará usando a calcinha mais
fofa e nada mais depois.
David sorriu para as bochechas coradas dela e rapidamente tirou
a camisa antes de tirar as calças.
Lúcifer foi para o lado dela, mais uma vez falando, para que
apenas ela o ouvisse e assumisse que era sua própria mente. —Você
está pronta para ele te levar.
Ela suspirou e Lúcifer se curvou, pressionando os lábios no
ombro dela. Ela estremeceu e ficou mais excitada ao ver David.
Lúcifer acariciou sua bochecha danificada, entorpecendo a dor ali,
assim como sua perna e mão. Ele viu o alívio passar por seu rosto e
depois tocou sua têmpora. —Sem tristeza ou dúvida. Sem flashbacks.
Apenas David.
Ela exalou, seus olhos iluminando junto com o sorriso em seus
lábios. Ela estava feliz.
Lúcifer se moveu para que ele pudesse abraçá-la por trás. Ele a
abraçou e sussurrou em seu ouvido enquanto ela encarava David, que
ainda estava apenas de cueca. —Você é linda e sexy. Não se esconda
dele. Ele quer você. Só você, Jane. — Ele deslizou uma mão entre as
pernas dela, rindo quando ela ficou tensa, mas abriu as pernas um
pouco, não que ele realmente precisasse, mas ela estava respondendo,
completamente sob o feitiço dele. Ele aplicou pressão e calor. —Deixe-
o provar você onde ninguém antes o fez. Não tenha medo. — Ela
começou a recostar-se contra ele, e ele a esfregou em um movimento
circular lento antes de beijar seu pescoço e soltá-la. —Boa menina.
32
IRMAOS
—Sinto muito, doce Jane.
Jane acordou ofegante, os olhos arregalados quando uma
lágrima deslizou em seus cabelos. Ela não virou a cabeça, mas lançou
um olhar ao redor do quarto escuro, rasgando quando a sensação de
formigamento em seus lábios e coração começou a desaparecer.
Ela tocou a boca, ainda procurando no quarto e ainda não
encontrando ninguém. A única pessoa lá era David. Ele estava
dormindo profundamente, mas não era ele que ela estava procurando.
—Morte —, ela sussurrou, jurando que podia sentir a bela
sensação que seu toque lhe deu após as lágrimas caírem agora. Ela não
podia acreditar no quanto realmente sentia falta depois de sentir de
novo. O formigamento desapareceu, e ela entrou em pânico,
estendendo a mão, mas sem tocar em nada. —Não vá.
Quando ela começou a se sentar, David apertou o braço em volta
dela, o que a fez perceber como eles estavam expostos. Os dois
estavam nus com os lençóis apenas parcialmente cobrindo-os da
cintura para baixo.
Ela cobriu os olhos e chorou quando uma dor insuportável se
espalhou de seu coração. —Eu sinto muito. — A dor não foi embora.
Um sentimento vazio se instalou em seu estômago quando sua
garganta se apertou devido a seu esforço para controlar a devastação
que estava sofrendo. —Me perdoe. Ainda te amo. — O rosto dela se
enrugou quando tudo de repente estalou dentro dela. —Oh, Morte,
sinto muito.
David se mexeu enquanto dormia, murmurando, mas não
acordando, lembrando-a de que precisava esconder sua dor. Ela não
queria deixá-lo ver o quanto ela ainda ansiava pela morte - o quanto
ela precisava de seu anjo.
Jane colocou as mãos sobre a boca enquanto soluçava
silenciosamente, seu corpo tremendo porque nada poderia impedir
seu coração partido. —Por favor, não me deixe.
Uma pressão repentina que ela não havia notado até agora
levantou-se do quarto, e ela respirou fundo, soluçando alto desta vez
porque não sentiu nada.
—O que há de errado bebê? — David levantou-se em um braço
quando descobriu o rosto dela e começou a enxugar as lágrimas. —
Jane?
Ela balançou a cabeça, mantendo os olhos fechados. —Estou
bem.
—Não, você não está. — Ele esfregou as lágrimas dela e cobriu
os dois com o lençol. —Fale comigo. — Ele beijou sua testa,
acariciando-a enquanto falava. —Você teve um pesadelo?
—Eu não sei. — Ela finalmente olhou para ele, os olhos ardendo
enquanto tentava evitar gritar com a dor que sentia. —Eu acho que foi
apenas um sonho. Sinto muito por acordar você.
Ele balançou a cabeça e a beijou. —Não se desculpe. Você quer
falar sobre isso?
—Não —, disse ela, se acalmando quando ele começou a passar
os dedos pelos cabelos dela. —Eu ficarei bem. Acho que estou
estressada.
—Pensei ter ouvido você pedindo pela Morte. — Disse ele.
Ela ficou quieta enquanto lentamente encontrava o olhar
preocupado dele. —Acho que conversar sobre ele me fez sentir falta
dele.
Ele sorriu e a beijou antes de se deitar ao lado dela. — Não se
desculpe. Eu sei que você sente falta dele. Tenho certeza que ele sente
sua falta também. Ele voltará para você em breve.
Ele não vai mais, ela pensou, enxugando as lágrimas quando
David a abraçou:
—Acho que vou tomar banho. — Ela tentou se sentar, mas ele a
segurou:
—Eu não quero que você entre lá para chorar sozinha. — Ele
esfregou os olhos cansados antes de pegar sua bochecha e fazê-la
olhar para ele. —Eu sei que você está sofrendo mais do que está me
dizendo. Eu não vou deixar você se punir afogando-se em tristeza por
causa do que você está pensando.
Ela sorriu tristemente e virou-se para beijar a palma da mão. Por
isso o amava. —Eu ficarei bem.
Ele se inclinou e a beijou nos lábios. Era lento, ardente e, de
alguma forma, tão terno com todo o fogo que ele criou. —Eu sei que
você estará, mas quero estar com você, caso precise de mim.
—Obrigada. — Ela puxou os lábios sorridentes de volta para os
dela.
—Sempre, meu amor. — Ele deslizou a mão para o lado dela. —
Podemos tomar banho e enviar para o café da manhã. Quero que você
faça uma boa refeição antes de partirmos. Preciso de sangue e para
alimentá-la também.
Jane tocou sua bochecha. —Você parece pálido.
Ele sorriu e beijou o nariz dela. —Acho que minha pequena
vampira me drenou. E não sugando meu sangue.
Ela corou e escondeu o rosto enquanto ele ria. Ele beijou seu
ombro antes de sair da cama.
—Eu vou esquentar o chuveiro para nós. Se você não se juntar a
mim em cinco minutos, eu vou buscá-la.
Ela olhou enquanto ele se afastava. Nu. Sorriu mesmo que
doesse. Ela não se arrependia do que eles fizeram, mas ela se
arrependia de não ter se acabar tudo com a Morte antes de iniciar seu
relacionamento com David. Se era ele, e não sua imaginação , ela
nunca se perdoaria por ele descobrir assim.
—Quatro minutos, querida. — Disse David, interrompendo sua
tristeza interna.
—Estou voltando. — Ela sentou-se, rindo quando o ouviu fazer
xixi.
—Merda. Não entre aqui ainda. — Ele riu e havia o som de algo
caindo.
—Você está em bem? — Ela se aproximou lentamente.
—Foda-se. — Ele riu de novo.
Ela alcançou a porta e cobriu a boca enquanto ele estava em
frente ao banheiro, urinando, mas claramente levando-o a toda parte.
—Bebê, eu disse para você esperar. — Ele continuou rindo
enquanto tentava alcançar o rolo de papel higiênico.
Ela riu e se aproximou para lhe entregar o papel higiênico e lhe
deu um beijo nas costas. —Alguém não tem nenhum há algum tempo.
Ele chegou atrás dele e conseguiu bater em sua bunda. —Eu sei
que vou mijar após qualquer tipo de liberação, bebê. Alguém queria
abraçar, e eu estava cansado quando você parou de esfregar sua
bunda contra mim.
—Você pode dizer boquete. — Ela riu e beijou as costas dele
novamente antes de caminhar até o enorme chuveiro de pedra. —E
certifique-se de limpar o assento. Se eu sentar no seu xixi, não vou
esfregar minha bunda em você novamente.
Assim que ela ficou sob o jato d'água, sentiu um braço em volta
dos seios e outro em volta do estômago. —Sua bunda é como um
gatinho carente, Jane. Você não tem controle sobre o que faz. Ela me
ama.
Ela sorriu e encostou a cabeça no peito dele, sorrindo mais
quando ele começou a esfregar sabão sobre o corpo dela.
36
NAO HA LUZ
Branco.
Isso era tudo o que Jane podia ver antes de se colocar de quatro.
Ela olhou para a mancha sangrenta na neve onde fora jogada e tossiu.
Seus pulmões ardiam com cada respiração que ela respirava enquanto
tirava a máscara. O ar frio instantaneamente tornou mais difícil
respirar, mas ela não conseguia manter a máscara molhada de sangue.
Ela continuou ofegando enquanto os sons da batalha e os gritos
de morte rugiam ao seu redor. Jane pegou sua espada, sua mão
tremendo incontrolavelmente enquanto seus dedos se curvavam ao
redor do punho.
—Jane —, disse Hades, ajudando-a a se levantar. —Vamos lá,
beleza. Não desista ainda.
Imagens borradas dos cavaleiros lutando ao seu redor ficaram
mais claras quando ela se apoiou em Hades. Ele a apoiou quando ela
olhou para seu último atacante e o encontrou despedaçado.
—De nada. — Disse Hades, rindo, apesar do fato de que
provavelmente estavam prestes a morrer.
Ela ouviu o rugido de David, e seu coração bateu forte enquanto
examinava a loucura para encontrá-lo. Hades apontou por cima do
ombro, e ela rapidamente se virou para vê-lo ainda lutando contra
Lancelot, além de dez outros lobisomens e vampiros.
Sua mão apertou seu punho quando Lancelot acertou um tiro
barato do lado de David. Ela deu um passo na direção dele, mas
Hades a manteve imóvel.
—Não, Jane.
—Eu preciso ajudá-lo. — Disse ela, soltando sua raiva em um
apelo desesperado.
Os rugidos de David continuaram e ela olhou novamente. Ele
estava cercado, completamente isolado dos outros.
Lágrimas ameaçaram cair de seus olhos quando ela viu os
numerosos prisioneiros humanos presos em poças de sangue. Os
lobos enlouqueceram quando Lancelot se soltou e as Keres também.
Hades tocou o lado dela. —Você está machucada.
Como um filme, ela olhou para o lado e viu o vermelho escoar
através de suas roupas. Então ela sentiu. Ela o agarrou com as mãos,
sentindo-se instantaneamente tonta. —Hades.
—Eu peguei você. — Hades rapidamente suportou seu peso e
começou a arrastá-la para o lado. Ele continuou olhando ao redor, mas
até agora, os outros estavam mantendo-a protegida.
David atacou Lancelot, derrubando-o várias centenas de metros
no grande exército, mas ele a deixou vulnerável. Os cavaleiros e lobos
a escolheram sobre David.
Jane não o deixaria lutar sozinho, e ela levou os outros o mais
perto possível dele. Ela estava administrando bem seus poderes. Ela
afastou os atacantes para manter os cavaleiros e a si mesma em
segurança ou os jogou em árvores e penhascos irregulares. Estava
funcionando, e ela sentiu que eles realmente conseguiriam fazer isso,
mas tudo mudou quando as Keres finalmente decidiram se juntar à
batalha.
Elas eram muito rápidas. David conseguiu matar cinco, e Hades
também derrubou alguns, mas ninguém mais conseguiu um único
golpe. As Keres, no entanto, raramente erram. Elas atacaram suas
presas como raptores. Quem quer que elas agarraram se foi,
completamente fora de vista em questão de segundos. Não importava
para elas quem elas matavam. Às vezes elas pegavam vampiros
feridos de suas próprias fileiras, mas depois voltavam sua atenção
para os homens de Thor e os cativos humanos. Foi quando Jane
perdeu todo o senso de autopreservação.
Elas gargalharam quando ela apontou seus ataques para elas, e
começaram a acertar ataques nela porque havia muitos. Elas voaram,
arranhando-a enquanto ela tentava atacar uma. Alguém até conseguiu
agarrá-la e jogá-la em uma pilha de lobisomens. Felizmente para ela,
Lamorak e Percivale estavam por perto, e eles foram capazes de
arrastá-la para fora do bando antes que pudessem carregá-la.
Havia tanto caos. Ela nunca tinha visto tanta destruição de uma
só vez antes. Não importava onde ela olhasse, alguém estava sendo
morto ou arrastado. O fogo de Apolo e Tristan havia incendiado as
árvores, então a fumaça estava começando a fazer todo mundo
engasgar e se esforçar para ver.
—Apenas respire. — Disse Hades, inclinando-a contra uma
pedra.
39
E DIFICIL FAZER AS PAZES
—Jane—, David disse, tocando seu braço. —O que você está
fazendo?
Ela olhou em volta, percebendo que tinha acabado de encarar o
canto do quarto enquanto estava no meio. Ela franziu a testa porque
se lembrava de voltar para o quarto como eles estavam fazendo
sempre. Por semanas, David fazia a rotina de levá-la para reuniões,
treinando - nunca com ela - e depois voltando para o quarto deles
quando todos estavam saindo.
David suspirou, segurando suas bochechas para que ela olhasse
para ele. —Bebê, isso está me matando. Não sei o que fazer.
Os lábios dela tremeram quando ela estendeu a mão para cobrir
as mãos dele. Ele não tinha dito nada sobre o que havia acontecido
durante a briga ou entre eles depois que ele contou a ela o que ela
havia feito com Ártemis. Quando ele falava, era sempre 'vamos', 'você
precisa se alimentar de novo', 'tomar banho', 'dormir'. Ele olhou para
ela como se não tivesse certeza de quem ela era.
—Eu quero minha Jane. — Ele disse suavemente.
—Eu ainda sou eu. — Uma lágrima escorregou livre. —Você
simplesmente não vai mais olhar para mim.
—Oh bebê. — Ele beijou a testa dela. —Eu quero, mas tenho
medo. Não quero fazer a coisa errada.
—Mas você está fazendo a coisa errada, e isso está me
quebrando! — Ela respirou em pânico quando um olhar angustiado
cruzou seu rosto. —Eu prometo que vou tentar protegê-lo dela. Minha
família, você, Morte e os meninos - você é tudo que me interessa. Farei
qualquer coisa para manter todos em segurança. Por favor, me perdoe
pelo que fiz. Eu não queria, eu juro. Eu estava tão cansada, mas não
queria fazer essas coisas; Eu apenas deixei ela. Mas ainda sou eu.
Ela começou a chorar histericamente. —Eu só quero meu David
de volta. Você não foi meu David e eu preciso dele. Morte, ele não me
ajudaria. — Ela ofegou, chorando mais. —Ele estava lá e não me
ajudou.
David pressionou seus lábios nos dela. —Shh... Sinto muito, meu
amor. — Ele a beijou de novo e de novo. —Eu te vejo. Perdoe-me.
Perdoe-me por ter medo de perdê-la. Não sei por que a Morte não
veio para você, mas ainda sou seu David.
Um fogo acendeu em seu coração, e ela se afastou, suas lágrimas
cessando em um instante. —Não, você não é!
Ele suspirou. —Eu sei que errei. Você tem que me ajudar porque
eu nunca tive um relacionamento romântico, Jane.
Ela esfregou as lágrimas antes de espetar o dedo no peito dele.
—Você me odeia. Você me acha um monstro. Meu David me via e me
fazia acreditar que eu não era ela. Meu David me amou mesmo
quando ela saiu.
—Jane. — Ele disse, mas ela rapidamente o interrompeu.
—NÃO! Não é bom, não é? Dizer que você não é quem você
acredita que é. Você me deixa chorar à noite e — Ela apontou para a
porta. —naquele banheiro! Você me manteve trancada aqui ou ao seu
lado como um cachorro ruim por duas semanas! Você não tentou falar
comigo sobre nada. Em vez de me dar uma chance, você decidiu que
eu era muito perigosa e má para estar perto de alguém. Você pediu a
Arthur para pensar na minha mente em vez de apenas me perguntar o
que aconteceu.
Ela enxugou as bochechas molhadas novamente. —Eu sei o que
fiz. Eu sei o que ela fez e o que ela queria. Eu sei que não deveria ter
desistido, mas desisti. — Ela fracamente ergueu os braços em derrota.
—Eu desisti porque estou cansada. Estou cansada de todo mundo me
dizer que sou uma ótima pessoa - essa garota bonita que é boa e
gentil. O maldito Hermes deu a vida por mim. Ele me disse que eu era
luz na escuridão antes de atirar em si mesmo com uma bala de prata
só para não ter que viver com a culpa de tirar a vida dele. Outros
estão se sacrificando porque acreditam que eu sou algo que não sou.
—Estou sozinha. Eu sei que isso soa horrível, porque você está
sempre comigo, mas me sinto sozinha. Algo está quebrado em mim, e
eu tenho um monstro aguardando seu tempo até que eu finalmente
abra totalmente ou talvez acenda, enquanto todo mundo continua
falando sobre os dados. Talvez seja isso o que ela está esperando.
—Então, eu desisti quando vi o que ela fez - o que eu fiz. Desisti
quando vi você protegendo Ártemis. — Ela chorou, seu peito doendo
tanto soluçando. —Você a colocou atrás de você, mas você me deixou
—, ela chorou. —E mesmo quando chegamos aqui, você se
preocupava com ela em vez de comigo. Você não se importava as
coisas ruins que você dizia; você as ignorou e me fez sentir pior pelo
que eu permiti que acontecesse. Você colocou todos na minha frente!
—Bebê, isso não é verdade. Estou pensando em você com todas
as decisões que tomo. Sim, eu protegi Ártemis quando ela quase se
matou, mas você também. Você não deixará os outros morrerem se
puder ajudá-los, e eu sou o mesmo. Não tem nada a ver com ela.
Certamente não me importo com ela como você, mas ela estava perto
de mim; eu a salvei.
—Mas você me deixou! — Ela apontou para si mesma: —Eu lutei
tanto para chegar até você e me machuquei. Todo mundo sabia que eu
estava morrendo, e foi um vampiro condenado que veio me salvar.
Hermes veio, me protegeu e ele também se machucou. Ele foi ferido.
Ele me confortou quando pensei que ia morrer sem você ou até a
Morte. Tentei mandá-lo para ajudá-lo, mas ele escolheu me ajudar.
—Eu não consegui encontrar você —, ele rugiu antes de cobrir o
rosto. Ele respirou antes de falar em um tom mais calmo. —Bebê, eu
não posso sentir você como costumava fazer. — Ele abaixou os braços,
seus olhos azuis presos nos dela. —Eu entrei em pânico quando perdi
o controle de você. Eu sei que não deveria ter saído; eu sabia que ele
estava me provocando para que eu deixasse você, mas eu soltei, então
tente entender que sou apenas um homem. Tenho tanto amor por
você, mas tenho raiva, ódio e medo correndo pelas minhas veias,
como todo mundo. Perdi o controle, mas não pretendia sair de perto
de você. Eu queria matá-lo. É assim que posso protegê-la dele. Todos
querem você, e sou apenas um homem contra todos eles.
Ela assentiu, fungando enquanto se afastava mais dele. —Eu
entendo. Eu sei que não é certo eu colocar essa pressão sobre você
para ser perfeito, mas aos meus olhos, você tem sido. Mesmo pulando
atrás de Lancelot e protegendo-a, mesmo que eu sofresse por isso,
entendi e vi isso como sua perfeição - mas não parei de falar com você
ou comecei a analisá-lo pelas costas.
Ela estreitou o olhar para ele. —Você disse que os outros não
entenderiam e eles me julgariam, mas você me julgou. Você me
chamou de má. Você disse que eu machuquei Ártemis. EU! — Ela deu
um tapa no peito. —Você parou de me separar daquela garota de
olhos pretos dentro de mim e me fez perceber, como eu sempre temia,
era tudo comigo. Você me deu as costas, como todo mundo.
—Eu não dei as costas para você! — Ele gritou. —Meus irmãos
também não.
—Como eu saberia disso, David? — Ela olhou para ele. —A
única vez que um deles tentou falar comigo, você veio e me arrastou
para longe depois de nos repreender. Você mal me tratava como uma
pessoa!
Ele desviou o olhar do olhar dela: —Bebê, eu estava fazendo o
que achava melhor.
—Não, você simplesmente não queria falar com um monstro do
mal —, ela cuspiu com o máximo de veneno que pôde reunir. —Você
não podia beijar algo tão ruim quanto eu, porque Lancelot estava
certo, você me jogaria fora quando você visse do que eu era capaz.
Ele a olhou nos olhos. —Jane, eu acho que ela é má. Eu sei que
você não é a mesma e que você não deseja ser nada como ela. Eu não a
joguei fora.
—Nós somos iguais, David. — Ela sorriu tristemente: —Ela sou
eu. E enquanto você não me expulsar exatamente do seu quarto, me
deixou de lado até poder me desfazer com segurança.
—Eu não irei —, ele disse com firmeza. —Eu tenho tentado
descobrir como ajudá-la. Eu sei que você é a pessoa boa sobre a qual
Arthur estava falando. Ela é quem você quer ser, quem você
realmente é. Essa coisa que quase fodeu um homem no campo de
batalha só para irritar Lancelot - meu inimigo - ela não é você. Você
nunca faria isso. Rasgou meu coração ver você assim, mas eu sei que
ela estava controlando você.
—Então, por que você parou de me amar?
Ele olhou para ela como se ela tivesse enlouquecido. —Eu não
parei. Eu digo todos os dias - manhã e noite - que eu te amo.
Outro sorriso triste se formou em seu rosto: —David, você ama
sua Jane. Você não me vê mais como sua Jane.
—Sim eu vejo.
—Está bem. — Ela caminhou até sua mochila. —Certificarei de
enviar seu amor para sua Jane, quem quer que ela seja. Se ela é aquela
garota que Arthur lhe contou, tenho certeza de que ela entenderá. Eu
também a repugno. Talvez até mais do que eu tenha nojo de você.
—Jane, por favor, deixe-me explicar.
Ela lhe lançou um olhar feroz. —Como você me deixou?
Ele se encolheu como ela o golpeou. —Bebê, eu te amo. Eu
sempre te amei. Continuarei amando você.
Ela caminhou até a porta do banheiro, seu coração acelerando
com o medo que crescia nela. —David, você se apaixonou por sua
garota dos sonhos. Você pensou que eu era ela - queria que eu fosse
ela - mas ninguém lhe contou sobre a maldita coisa que foi escrita em
meu coração e alma.
—Eu sei que você provavelmente nunca foi a uma concessionária
de automóveis usados, mas deixe-me explicar desta maneira —, disse
ela, com as mãos trêmulas, porque ela estava perdendo com cada
pedaço da verdade suja que ela vomitava para ele. —Eu sou como um
daqueles carros que foram dirigidos por todo o país e tiveram uma
colisão a cada centenas de quilômetros, mas eu ainda trabalho. E então
você veio, e seu sangue era como mágica. Meu motor começou a
ronronar um pouco mais alto; eu estava indo mais rápido e todos
pararam para olhar para mim porque eu parecia novinho em folha.
—Só que eu não sou novinho em folha, ainda sou apenas um
usado. Minhas peças estão gastas, meus circuitos são um pouco
duvidosos e meu limpador de janelas está definitivamente fora de
controle. — Ela riu amargamente. —Você começou a suspeitar que
algo estava errado quando eu comecei a queimar com gás e
superaquecimento. Eu até quebrei algumas vezes e precisava dar um
salto inicial. Claro, meu motor rugia para a vida, mas isso — ela a
bateu coração. —minha bateria - o que me faz eu ainda é a mesma
coisa.
— Eu tenho me excitado por você ou pela Morte, mas ainda
estou enfraquecendo a cada quilômetro. Não sei qual é a parte da Jane
Maligna, Eu diria que ela é o que quer que atraia todo mundo. Ela é
capaz de tocar todas as partes de mim. Talvez seja uma fiação ruim
porque ela gosta de fazer todas as minhas luzes de advertência
acenderem para que você saiba que estou quebrada. Ela quer que você
entre em pânico. Você entra em pânico sempre que eu não sou o que o
vendedor disse que eu seria. Você ainda me quer, mas sabe que pode
ter investido seu dinheiro em um pequeno carro quebrado.
—Aquela garota má, ela quer substituir minha bateria. Eu ainda
estarei aqui, suponho, no corpo e na mente, mas não serei a mesma.
Minha memória pode existir aqui e ali também. Talvez você veja um
arranhão na pintura ou lembre-se de mim quando você dirigir por
uma estrada familiar, mas minha pequena bateria estará no lixo -
esquecida. Vai desaparecer em um aterro sanitário ou na garagem
enquanto eu a ver decolar todos os dias em meu corpo, tocando sua
buzina apenas para me ferir ainda mais.
Ela soluçou enquanto observava a devastação crescer nos olhos
dele. —Você experimentou a versão remodelada de meu carro, mas
estou muito quebrada para você. Eu quebrei muitas vezes enquanto
você me teve, então você decidiu me afastar. Você tentou, realmente
tentou, e se importou comigo, tentou consertar as partes quebradas,
mas desistiu quando o mecânico - Arthur - disse que você colocava
seu dinheiro em uma causa perdida. Ele disse que você não podia
deixar ninguém me dirigir, ou eu poderia machucá-los. Ele disse que
você estava arriscando sua vida me mantendo tão perto. Ah, e então
ele disse: 'Você sabia que ela precisava de gasolina premium? Sim, é
grau de morte. Ela pode ligar, mas nunca vai correr como deveria sem
a Morte.
Ela olhou ao redor do quarto. —Quando voltamos aqui, você
colocou seu carro quebrado na garagem. Ele ainda é seu, mas você
decidiu não perder mais dinheiro com seu investimento. Então, você o
deixará aqui, longe de todos, porque é mais seguro. Talvez um dia
você queira que ele seja rebocado quando surgir um novo modelo sem
problemas. Você pode se sentir mal, porque sabe que vai doer nos
sentimentos do seu carro antigo quando começar a estacioná-lo do
lado de fora enquanto o novo fica na garagem limpa. Então, é melhor
deixá-lo ir.
—Bebê, não. — Ele caminhou até ela e segurou o rosto dela. —
Você não é meu carro avariado. Mesmo se você fosse, eu sempre o
amaria e faria todo o possível para mantê-lo funcionando. Mesmo se
eu tivesse que procurar no mundo a sua Morte.
—Não, você não faria. — Ela respirou fundo. —Você me colocou
aqui. Você nem queria descobrir o que estava quebrado em mim.
Ele sorriu. Foi um sorriso triste, mas foi a primeira vez que ele
fez isso desde que tudo aconteceu. —Talvez eu seja um mecânico
horrível, mas não confiei em ninguém para cuidar de você. Talvez eu
esteja pesquisando a história da minha Jane, mas não queria ler em
voz alta ou forçá-la a me dizer todas as vezes que ela foi destruída ou
quebrada. Talvez eu não quisesse que a cidade inteira soubesse toda
vez que meu lindo carro fosse levado para ser consertado por seu
mecânico de olhos verdes.
Ela sorriu, apoiando-se na mão dele. Ela sentia muita falta dele.
Ele acariciou sua bochecha com o polegar. —Talvez eu a ame
tanto que tive medo de tocá-la, temendo que isso causasse mais danos
- com medo de que, se tocasse a coisa errada, a quebraria. Só a tenho
há pouco tempo, e a deixo sofrer acidentes horríveis. Mesmo depois
de repará-la, eu não a cuidei direito. E agora não tenho como
encontrar seu mecânico pessoal. Então, eu ignorei as luzes de aviso
porque não queria acreditar que estava fazendo algo errado. Não
queria aceitar que poderia perdê-la.
Ele acariciou seus cabelos, deslizando os dedos pelos longos fios
enquanto puxava seus corpos ainda mais perto. —Amor eu te amo.
Seja o que for, eu te amo. Se ela é você, eu amo você, mas prefiro
pensar nela como uma parte que podemos remover. — Ele riu
enquanto olhava ao redor do quarto. —Perdoe-me, não sou
especialista em automóveis, portanto não sei quais peças são
descartáveis.
Jane riu, fungando enquanto o observava estudar seu rosto. —
Talvez ela seja um óleo ruim. Ela está passando por todo o meu
sistema e estragando tudo.
Ele sorriu, deslizando uma mão pela cintura dela para descansar
nas costas dela. —Eu esperava poder dizer algo inteligente, mas temo
que sugerir uma troca de óleo se traduza em uma dor de estômago.
Embora ela se pareça com óleo escuro e doentio.
Ela riu muito, fechando os olhos enquanto imaginava David
carregando-a para o banheiro repetidas vezes.
David empurrou os cabelos para trás. —Estou com você, não
importa o quê. Por favor, perdoe-me por ser um idiota para você.
Sinceramente, tenho tentado descobrir como ajudá-la. Receio perdê-la
para ela toda vez que ela se apresentar, mas nunca tive mais medo do
que quando pensava em sair com Lance.
—Eu não ligo para o que ela disse sobre me destruir ou mesmo
para o que ela queria fazer com Lance - mas eu temia que ela fosse
embora e te levasse com ela. Eu queria chorar porque a vi te batendo
pela primeira vez. Eu vi você desistindo. E ela admitiu que queria te
destruir.
—Eu temia isso, mas esperava que houvesse um propósito para
ela estar lá. Ela só parece destruição, no entanto. Você, meu amor, não
é destruição.
Ela abriu a boca para discutir, mas ele falou novamente. —
Intencionalmente destrutiva. Para acompanhar o tema do seu carro,
você seria meu carro bonito que um motorista perigoso roubou. Não é
culpa do carro que ela colocou outros em perigo. É minha culpa por
não mantê-la segura. E fiquei decepcionado comigo mesmo por não te
proteger.
—Você não pode me proteger se eu sou ela.
Ele franziu o cenho, uma expressão pensativa tomando conta de
seu rosto. —Eu acho que vocês duas são separadas. A mulher que está
me olhando agora - você - é a mulher que eu amo. Quanto a protegê-
la, você está certa; Não posso protegê-la de algo dentro de você, mas
posso estar lá para você. Eu posso te apoiar enquanto você luta com
ela. Eu falhei nisso, deixando meu medo de perder você me distrair.
Nunca me perdoarei por tratá-la dessa maneira. Eu juro que nunca
quis te machucar. Eu simplesmente não sei o que fazer.
—Honestamente, tenho orado por orientação. Eu até rezei para a
Morte voltar. Eu deixei você chorar no chuveiro, porque esperava que
ele viesse ajudá-la se visse a quantidade de dor que você estava
sentindo.
Ela ficou boquiaberta. —Você fez isso para que a Morte viesse?
Um som decepcionado retumbou dentro dele. —Eu te disse que
não sei o que fazer. Sei que ele te salvou mais do que ninguém, então
esperava que ele sentisse sua dor e voltasse. É terrível deixar você
chorar sozinha, mas eu também não queria chegar perto de você
porque sabia que poderia fazer algo para machucá-la.
—É tão difícil te ver e não te beijar. Eu sabia que estava fodendo,
e não queria que você pensasse que eu iria consertar as coisas com
sexo. Pequenos erros, talvez. — Ele riu e seu sorriso se tornou mais
genuíno. —Eu apenas tinha que mantê-la à distância até descobrir
como ajudá-la adequadamente.
—Não é porque você me odeia? — Seu coração batia forte,
esperançoso de que ela ainda o tivesse. —Por causa do que eu fiz com
aquele vampiro e Lancelot? Porque te faço sentir nojo e sou má?
—Eu nunca poderia te odiar. — Ele se inclinou e a beijou
suavemente. Era o tipo de beijo em que ela podia sentir o quão cheio
seus lábios eram, o beijo que ficava mesmo depois que ele removia
seus lábios dos dela. —Dói vê-la usando seu corpo dessa maneira —,
ele disse, sua voz profunda deslizando sobre a pele dela. —mas você
não me dá nojo. E eu não culpo você pelas coisas que ela fez. Toda a
minha distância e atitude tem sido eu zangado, com medo e incerto de
mim mesmo. Duvidei que minhas habilidades fossem de seu Outro e
namorado.
—Eu sou fraco. Sim, sou imortal. Sim, sou o mais forte da nossa
espécie, mas não sou do gênero Morte ou Lúcifer. — Ele estava nu,
mostrando ela ou o homem vulnerável que ela achava que não existia.
— Arthur disse que você estava arrasada por você me ver salvar
Ártemis, então eu tentei manter vocês duas afastadas uma da outra.
Eu definitivamente não queria que você me visse ao seu redor de
qualquer maneira que pudesse chatear você.
—Você não queria que eu pensasse que a estava salvando? — Ela
perguntou suavemente.
—Eu não queria que você pensasse sobre ela. É por isso que eu a
mantive perto de mim, ou eu lhe diria que tínhamos que sair. Eu
estava tentando mantê-la longe de qualquer um que possa incomodar
você ou alguém com quem possa se preocupar com minha interação.
Jane olhou para baixo. O que ele estava dizendo fazia sentido; ele
estava pulando abruptamente e dizendo que eles precisavam sair. Ele
provavelmente podia ouvir ou cheirar sua chegada. —Mas você me
culpou pelo que aconteceu com ela. Você disse que eu sou má.
—Eu nunca quis culpar você ou dizer que pensei que você era
má. É difícil discutir assuntos sobre esse lado sombrio de você,
especialmente sem parecer que eu perdi a cabeça. Se digo algo
negativo, quero dizer ela. Eu pensei que você se sentisse traída e
ciumenta ao me ver ajudando Ártemis porque, sim, eu a salvei mais
do que jamais cheguei perto de salvá-la de qualquer dano, mas sei que
você não a mataria ou machucaria por esses motivos. Talvez se
vangloriando um pouco me beijando na frente dela — Ele sorriu. —
mas nunca para causar dano. Você teve muitas chances de matá-la ou
deixá-la para trás, e você a salvou todas as vezes. Até Hades informou
a todos que você o enviou para salvá-la quando você foi ferida
fatalmente. Então, veja, eu sei que não foi você quem a machucou. Só
preciso de tempo para aprender a discutir as duas de uma maneira
que faça sentido.
—Eu não sei como eu - ou ela – te ajudarão nisso.
—Eu sei. — Ele alisou o cabelo dela para trás. —Eu senti sua
falta.
Ela observou enquanto ele examinava seu rosto. Ele estava
olhando para ela como costumava olhar, como se ela fosse algo
especial. —Eu também senti sua falta. — Ela colocou a mão sobre o
coração dele: —Eu entendo que não valho a pena, e provavelmente
nunca serei aquela garota que é tão corajosa e boa, então eu entendo a
sua distância.
—Bebê, eu estou tentando diminuir a distância entre nós. — Ele
sorriu, pressionando os lábios na testa dela novamente. —Eu não
mereço isso, mas estou pedindo que você me dê uma segunda chance.
O coração de Jane bateu forte e, por um momento, ela viu a
garota triste enxugar as lágrimas enquanto lhe dizia para ir até ele. —
Você vai fazer amor comigo, David?
Ele se afastou, levantando-se, mas não a deixando ir. —Não
tenho certeza de que seja uma boa ideia.
Seu coração palpitava: —Oh. Tudo bem.
David inclinou o rosto para cima, sorrindo suavemente antes de
se inclinar para beijá-la.
Jane suspirou quando ele afastou os lábios.
—Com seus olhos —, disse ele, acariciando suas bochechas. —
Essas três palavras que você diz com seus olhos. Eu não espero que
você as diga em voz alta ainda; eu sei que você precisa se terminar
com a Morte antes de dizê-las, mas... Eu quero ouvi-las.— Ele agarrou
a barra da blusa dela como se estivesse se preparando para tirá-la para
ela.
Ela levantou os braços: eu te amo.
Esse lindo sorriso dele se espalhou por seus lábios, e ele levantou
a blusa. Antes de remover tudo, ele colocou a mão na parte inferior
das costas e puxou seu corpo contra o dele, segurando os braços sobre
a cabeça. Ela não conseguia ver nada com a camisa ainda sobre os
olhos, mas sorriu quando os lábios dele pressionaram os dela.
—Eu também te amo. — Ele a beijou de novo e tirou a blusa
dela.
Ajoelhou-se, beijando seu estômago enquanto desabotoava e
deslizava pelas calças. —Você tem certeza disso?
Jane assentiu repetidamente enquanto se afastava. —Por favor,
David. Eu preciso de você. Mas tudo bem se você não quiser. Não
tenho certeza se poderia se você fizesse o que eu fiz.
Ele agarrou a calcinha dela, sorrindo para ela enquanto as
deslizava. —Acredite, eu quero. E não vamos falar sobre o que
aconteceu, ok?
—Ok.
Ele suspirou, acariciando seu estômago antes de beijá-lo. —
Minha linda Jane.
Jane estava tremendo quando ele pressionou os lábios em seu
estômago antes de arrastar beijos úmidos até seus seios.
Ele apertou sua bunda e de repente se levantou, levantando-a. —
Deixe-me te amar dessa vez e então você pode me punir.
Ela tocou o rosto dele. —Eu não quero te punir. Nunca. Eu só
quero que você me ame.
David colocou a mão na parte de trás do pescoço dela, puxando-
a para perto e beijando-a. —Eu sempre vou te amar, Jane. — Ele a
deitou de costas, inclinando-se para tirar a camiseta. Ele estava de
volta rapidamente, afastando as pernas dela com o joelho para que ele
pudesse se inclinar sobre ela. Seu beijo era suave e seu toque mais
suave.
—David, me beije mais forte.
Ele riu, pressionando um beijo mais firme nos lábios. —Estou
tentando fazer as coisas durarem. Pareceu uma vida inteira sem tocar
em você por essas duas semanas. Preciso me concentrar para não
estragar tudo.
—Você não vai estragar nada. — Ela suspirou, arqueando em
sua mão quando ele deslizou entre seus seios. Ela quase gemeu com a
forma como os olhos dele devastavam sua pele exposta. A única coisa
que a impedia de ficar completamente nua era seu sutiã. Os olhos de
safira escureceram quando finalmente encontraram os dela.
—Você me perdoa? — Ele perguntou, beijando sua bochecha
cicatrizada
Ela ofegou quando ele beijou seu pescoço.
Ele sorriu contra sua pele. —Prometa que você vai me dizer
quando eu for perdoado.
—Eu prometo. — Disse ela, puxando seus lábios nos dela.
David a beijou até que ela não conseguia respirar. Quando ele se
recostou, ela percebeu que havia rasgado o meio do sutiã, fazendo-o
cair.
—David, você poderia...
— Acabei de tirá-lo.
Havia um brilho malicioso em seus olhos quando ele olhou para
baixo como ela estava exposta a ele. —Vou fazer com que a costureira
te faça mais. Estou tentando fazer esse momento durar, mas senti
tanto a sua falta.
—Por favor, continue me tocando.
David puxou as pernas ao redor de sua cintura enquanto a
beijava novamente. Seu toque era gentil, mas a maneira como ele
deslizava a mão pelas coxas dela colocava seu corpo em chamas. Ele
era tão forte, mas tinha muito cuidado com ela.
Ele sorriu contra os lábios dela e apertou a bunda dela,
erguendo-a contra ele. Jane ofegou, deslizando a mão pela lateral do
corpo antes de rapidamente empurrar as calças para baixo o suficiente
para liberar sua ereção da calça e ela estava gemendo com ele quando
começou a apertar a mão.
—Bebê, você não precisa ir tão rápido. — Disse ele, mas
empurrou as calças para baixo mais, rindo quando ela usou os pés
para empurrá-las por todo o caminho.
—Eu não posso esperar mais. — Ela ofegou, levantando os
quadris para que ele deslizasse sobre ela. —Oh Deus.
Ele rosnou e a impediu de se alinhar com ele da maneira certa.
—Devagar, meu amor. Ainda tenho mais o que quero fazer com você.
Jane balançou a cabeça, contorcendo-se e ofegando quando ela
começou a esfregar-se contra ele.
Ele riu enquanto abaixava os lábios no pescoço enquanto tentava
impedir que ela o metesse dentro dela, mas ainda a provocava,
deixando-a aproximar-se.
—David. — Ela não aguentou.
Ele não respondeu. Em vez disso, ele começou a beijar mais
baixo. Jane rapidamente se inclinou para que ela pudesse beijar seu
pescoço. Ele congelou, obviamente gostando do que estava fazendo,
então o beijou. David agarrou seu cabelo com força, inclinando o rosto
para que ele pudesse beijá-la novamente, mas também agarrando sua
coxa e se alinhando com ela. Ela abriu os olhos quando ele cutucou
sua entrada e o encontrou encarando-a. Ele estava esperando que ela
lhe desse o prosseguimento, então ela sorriu, dizendo aquelas três
palavras com os olhos: Eu te amo.
—Eu também te amo, bebê. — Ele sorriu e empurrou lentamente
para a frente.
Estava realmente acontecendo. Jane agarrou seu ombro,
ofegando porque ele era muito mais grosso do que ela estava
acostumada. Ela estava tremendo nas mãos dele, mas ele a beijou e
continuou, observando seus olhos o tempo todo.
—Oh Deus. — Ela chorou, fechando os olhos quando ele estava
em todo o caminho.
Ele a beijou novamente antes de enterrar-se um pouco mais
profundo. —Olhe para mim, Jane.
—David. — Ela já se sentia quebrando quando abriu os olhos,
gemendo ao ver seu sorriso satisfeito e gritando quando ele apertou
sua bunda. Ela começou a ofegar enquanto ele a observava se
contorcer de prazer. Ele deu um empurrão profundo, e ela jogou a
cabeça para trás, quebrando-se sob ele. —Oh Deus. — Ela
choramingou, seu peito arfando enquanto o espiava, percebendo que
ele estava apenas observando-a ter um orgasmo.
Ele riu, deslizando para fora quando ela parou de tremer. —Eu
nem comecei, bebê.
Jane preguiçosamente o puxou pela nuca. —Me pareço bem?
Não me pareço arruinada?
Seu movimento para trás parou, e ele olhou nos olhos dela antes
de avançar. Ela ofegou quando ele pressionou seus lábios nos dela. —
Você se parece bonita, meu amor. Melhor do que eu jamais sonhei. —
Ele suspirou enquanto puxava os quadris para trás.
Batidas soaram na porta.
David parou de se mover e rosnou quando se virou para a porta.
Era Arthur. —David, preciso falar com Jane. Com vocês dois.
Agora.
Jane balançou a cabeça para David. Ela já sentiu outro orgasmo
chegando.
Ele olhou para ela, os olhos escuros quando ele encarou o rosto
dela. —Estamos ocupados. Vamos encontrá-lo daqui a pouco. — Ele
empurrou de volta, fazendo-a gemer alto. —Shh...— Ele a beijou antes
de cobrir a boca com uma mão e continuou, e ela ergueu os quadris,
movendo-se com ele. —Oh, droga, querida.
—É urgente, David.
Jane começou a ver estrelas. Ela sabia que estava sendo boba, e
eram apenas suas emoções e o acúmulo, mas ela se sentia tão sensível
com ele dentro dela.
David hesitou, virando o rosto para que ele pudesse sussurrar
em seu ouvido: —Eu te amo , mas eu vou parar. — Ele beijou sua
orelha, empurrando novamente. —Eu não quero me segurar.
Ela estava tão perdida nele, e sua única resposta foi erguer os
quadris, mantendo seu próprio ritmo abaixo dele.
Ele rosnou, empurrando com força.
Arthur levantou a voz. —David, isso é sério!
David mostrou suas presas, e ela abriu os olhos assim que suas
pernas começaram a tremer, e ela gemeu quando ele continuou
Ele ficou parado, mas ela estava tão perto que começou a se
mover de novo. Ele gemeu, observando-a ofegar embaixo dele. Ele
ignorou as vozes do lado de fora e se afastou, empurrando-se de novo
e de novo e de novo. Jane cravou as unhas seu ombro e sua bunda
quando ele soltou um rosnado frustrado que ela nunca tinha ouvido
antes e deu a ela esse impulso final final. Fechou os olhos, arqueando
as costas quando ela veio. Ficando dentro de si, ele beijou seu pescoço
enquanto ela gemia contra a mão dele.
Ela abriu os olhos, todo o corpo ainda tremendo, e David se
afastou para continuar.
—Droga, David - basta! — Gritou Arthur.
—Foda-se! Deixe-nos em paz! — David mostrou suas presas,
mas parou seu movimento.
—David. — Era Gawain. —Irmão, precisamos conversar com
vocês dois. Por favor, seja decente. Não interromperemos a menos que
seja urgente.
O vampiro dela baixou a cabeça no ombro dela enquanto ele
respirava fundo várias vezes. —Dê-nos um minuto. — Ele beijou
docemente o ombro dela antes de olhar para ela. —Assim que eles
saírem, podemos continuar.
Ela não queria parar. O lugar podia estar queimando e ela não
queria parar.
Ele lhe deu um impulso mais suave e a beijou enquanto a
levantava da cama com ele.
Ela jogou os braços em volta do pescoço dele, ofegando
novamente quando ele apertou sua bunda. Parecia que ele estava
muito mais profundo e ainda maior do que antes. —Oh, porra.
David a deslizou sobre ele por alguns segundos, gemendo
quando ela começou a se mover sozinha. —Não gema alto —, ele
sussurrou em seu ouvido. —Eu quero que você venha mais uma vez.
Ela assentiu, chupando o próprio lábio enquanto ele a ajudava a
se mover. —Por favor, continue. Quero que você vá comigo. Tudo
bem se for uma rapidinha.
Ele balançou a cabeça.
Ela percebeu que ele a carregava perto da cômoda.
Ele olhou entre eles, grunhindo enquanto a jogava sobre ela. —
Depressa, querida. Eu não quero que eles quebrem a porta.
Jane estava choramingando, seus olhos se enchendo de lágrimas
enquanto tentava segurá-lo. Doeu da maneira mais bonita, e ela estava
tão sobrecarregada que eles finalmente deram esse passo. Ele era
incrível, mesmo que estivesse claramente se negando tudo o que
queria levar.
—David. — Ela sussurrou, apertando ao redor dele enquanto ele
parecia considerar apenas transando com ela contra a cômoda.
Não, ele começou contra a cômoda.
—Oh, Deus! — Ela colocou uma mão na cômoda para segurá-la
imóvel. — Sim.
Ele rosnou, acelerando. A cômoda estava prestes a desmoronar.
—Venha bebê.
Jane agarrou seus ombros, mordendo-o para não gritar seus
nomes quando ela veio.
—Foda-se —, disse ele, beijando-a e saindo. —Eu tenho que
parar.
Ela ofegou quando ele não estava mais nela, e ele rapidamente a
sentou na cômoda enquanto segurava cada lado dela. Sua respiração
estava irregular e seu pau estava inchado. Ela tentou alcançá-lo,
apenas para dizer-lhe para terminar, mas ele a deteve.
—Assim não. Sei que ele está na minha cabeça e só quero você
para mim. — Ele beijou sua testa e caminhou para recuperar suas
roupas. Ele jogou para ela o que ela estava vestindo e puxou suas
calças, assobiando enquanto tentava se situar para que sua ereção não
fosse muito óbvia. —E juro que posso fazer melhor.
Ela sorriu quando ele puxou uma camisa sobre a cabeça dela. Ela
se sentia como mingau. Se esse não era o seu melhor, ela não podia
esperar que ele realmente tentasse.
—Eu te amo. — Disse ele, segurando o rosto dela. Ele a beijou
várias vezes antes de puxar sua calcinha e calça para cima,
deslizando-a para fora da cômoda. Ele fungou, sorrindo um pouco
quando ele pegou a mão dela e a levou para a porta. Ele parou
quando a notou mancando e rapidamente a levantou em seus braços.
—Estou perdoado?
—Foda-se sim —, ela sussurrou, tocando seus lábios carnudos.
—O que você fez de errado de novo?
Ele sorriu, puxando-a para perto para beijá-la enquanto
alcançava a maçaneta da porta. —Eu era um pau para você.
Ela o beijou de volta, fazendo beicinho quando ele a colocou em
pé. —Eu te perdoo, eu acho.
David passou os dedos pelos cabelos dela algumas vezes,
franzindo a testa enquanto ele parecia ouvir os outros conversando. —
Obrigado. Pronta?
—Não. — Ela sorriu quando ele sorriu e ficou na frente dele para
esconder sua ereção.
Arthur entrou rapidamente. Ele foi seguido por Gawain, Gareth,
Hades e Tristan. Eles caminharam para o centro do quarto, todos
evitando o contato visual.
—O que está ocorrendo? — Ela perguntou, observando os outros
cavaleiros entrarem. Eles começaram a pegar suas malas, também não
olhando para elas.
David apertou o antebraço ao redor dela, que estava apoiado em
seu peito. —O que aconteceu?
Arthur esfregou o rosto, suspirando quando ele finalmente fez
contato visual com David antes de se concentrar nela. Jane percebeu
que os olhos de Gawain estavam vermelhos, e não havia sequer um
sorriso no rosto de Gareth, o que ela esperava após ela e o pequeno
show de David para eles.
—Arthur, o que está acontecendo? Eles estão nos expulsando? —
Jane perguntou.
David a agarrou com mais força quando Arthur chorou.
—Jane, eu- — Arthur balançou a cabeça. —Eu sinto muito...
O coração de Jane estava disparado enquanto observava Gareth
cobrir as lágrimas. Seus olhos ardiam e ficou difícil de ver, difícil de
respirar.
—Irmão —, disse David, com a voz trêmula. —Por favor, não
diga o que eu acho que está acontecendo.
Arthur olhou nos olhos dele. —Sinto muito, irmão. Gwen ligou.
Houve um acidente.
—Não —, ela chorou, balançando a cabeça. —Não diga isso,
Arthur!
—Jane —, disse ele, aproximando-se enquanto todos os
cavaleiros a observavam começar a soluçar. —Minha querida garota,
me desculpe.
Ela cobriu a boca, as lágrimas encharcando a mão enquanto
balançava a cabeça para frente e para trás.
David a apoiou. —Vai ficar tudo bem.
Gawain e Gareth avançaram, ajoelhando-se quando ela caiu de
joelhos, para abraçar ela e David.
—Por favor, Arthur. — Ela chorou, abraçando o braço de David
enquanto Gawain acariciava seus cabelos e Gareth segurava a outra
mão. —Oh, Deus, por favor, não eles. Por favor. Você disse que eles
estariam seguros.
—Arthur? — David perguntou, seu corpo tremendo.
—Jason e Nathan. — Disse Arthur.
—Não! — Ela gritou, imaginando o corpo sem vida de Nathan,
com os olhos abertos, mas sem ver nada. Seu peito estava cheio de
soluços com tanta força que ela não conseguia respirar.
—Eles ainda estão vivos, Jane. — Disse Gawain rapidamente,
beijando a cabeça enquanto chorava.
Ela não queria ter esperanças. Ainda não significava que eles
estariam.
—Quão ruim? — David perguntou, balançando-a um pouco
enquanto a abraçava por trás.
—O braço de Nathan está quebrado. Ele estava sendo alimento,
mas Gwen conseguiu chegar lá pouco antes...
Jane chorou, aliviada, mas aterrorizada e com raiva.
—E Jason? — David perguntou, murmurando em seu ouvido
que Nathan ficaria bem.
Gareth agarrou a mão de Jane com mais força, e ela quebrou
novamente, balançando a cabeça enquanto gritava, mas não alto o
suficiente para abafar a resposta de Arthur.
—Ele não vai sobreviver.
40
ELA GOSTA DO DR. PEPPER
Jane, David, Arthur, Bedivere e Gawain rapidamente
atravessaram o castelo. Guinevere tinha saído para cumprimentá-los,
pois Arthur dispensava os outros para passar um tempo com suas
esposas - que ele os chamaria se fossem necessários.
Quando a visão de Jane começou a escurecer, ela piscou várias
vezes, tentando não perder de vista Guinevere.
David apertou a mão dela. —Controle sua respiração, Jane. Eu
sei que é difícil, mas você tem que ser forte quando entrarmos lá.
Ela levou a mão trêmula aos olhos doloridos, assentindo
enquanto começava a respirar com mais controle. Ela sofreu um
ataque de pânico quando eles entraram no avião, vomitando por todo
o chão até que alguém lhe trouxesse um balde. Ela não respondeu a
nenhum deles quando tentaram descobrir o que estava acontecendo
com ela. Bedivere teve que explicar o que estava passando e disse a
David como acalmá-la.
Eles tentaram fazê-la beber, mas ela recusou água, comida e até
alimentação de David. Nesse momento, sugeriu Bedivere, por causa
da quantidade de sofrimento que ela estaria experimentando, eles
começaram a receber fluidos intravenosos juntamente com uma
transfusão de sangue. David a segurou imóvel, mas ela não lutou.
Todo o seu corpo parecia que estava morrendo naquele momento.
Foi só quando eles carregaram a van para fazer a parte final de
sua viagem ao castelo que ela falou. David prometeu a ela que não
sairia do lado dela e a ajudaria a lidar com tudo. Ela sabia que ele
tinha boas intenções, mas tudo em que conseguia pensar era no que
estavam fazendo juntos enquanto o filho e o marido eram atacados.
Ela agiu como uma adolescente excitada enquanto seu bebê estava
gravemente ferido e Jason estava morrendo dolorosamente.
Jane chorou de novo. Ela sabia que os próximos momentos
mudariam tudo, e ela não estava pronta. Era tudo culpa dela, e ela não
estava pronta.
Gareth correu em direção a eles na direção em que estavam indo.
O carro em que ele havia deixado chegara ao castelo antes da van e,
passando pelos olhos vermelhos, ela sabia que ele já tinha visto a
família dela.
—Nathan e Natalie estão dormindo. — Disse ele, tentando não
olhar para ela.
—E Jason? — David perguntou quando Bedivere correu na
frente deles.
— Eu não entrei. Ele está em um quarto separado. Elle disse que
esteve acordado a maior parte do tempo.
David olhou para ela. —Bebê, acho que devemos checar os
gêmeos sem acordá-los e depois ir ver Jason.
—Ok. — A voz dela falhou. Ela sabia que não seria capaz de sair
do lado de Jason até... Ela fechou os olhos, choramingando, mas
andando mais rápido.
David rosnou, e ela abriu os olhos para ver que ele a estava
protegendo da visão de vários guardas.
—David, eles estão tão chateados quanto nós —, disse Arthur
sem olhar para trás; ele estava apenas alguns metros à frente deles. —
Eles estavam sob o feitiço dela também.
—Eles deveriam tê-la mantido longe da porra da minha ala! —
Ele arreganhou as presas para os guardas, que abaixaram a cabeça
quando Gawain e Gareth colocaram as mãos nos ombros para mantê-
lo em movimento.
—Agora não é hora de começar a culpar ninguém —, disse
Arthur, abrindo um par de portas duplas. —Discutiremos ações
disciplinares posteriormente. Agora, acalme-se.
David rosnou novamente e levantou a mão dela, beijando-a
enquanto ele respirava fundo algumas vezes.
Jane sabia que Melody tinha feito isso; ela ouvira Arthur
retransmitir o que Guinevere havia lhe dito. Aparentemente, Natalie
veio gritando pelos corredores antes de finalmente chegar à ala norte,
onde Guinevere estava realizando uma reunião. Guinevere disse que
Natalie estava histérica, então ela a pegou e correu para o quarto de
Jason. Elle seguiu, gritando ordens, pois obviamente temiam estar sob
ataque. Iseult veio da direção oposta e levou Natalie quando
Guinevere e Elle entraram no quarto com cheiro de sangue. Elas
chegaram quando Melody mordeu o pescoço de Nathan.
Melody jogou Nathan, mas ele foi pego por Elle e correu para a
ala médica, que deixou Guinevere para enfrentar Melody. Na época,
nem Elle nem Guinevere haviam notado Jason. Foi só depois que
Guinevere lutou não apenas com Melody, mas também com os
guardas sob a manipulação de Melody que outros chegaram e
ajudaram a rainha. E foi quando elas finalmente encontraram Jason.
Ele ainda estava consciente e só desmaiou quando garantiram que
Nathan e Natalie estavam vivos.
Jane não tinha ideia de que Melody era tão poderosa. Ela queria
vingança, mas estava muito consumida pela tristeza para buscá-la.
David fez sinal para os outros irem em frente e esperou que eles
entrassem na porta ao lado antes de rapidamente puxá-la para um
abraço. —Estarei com você o tempo todo; você não está sozinha. —
Ele inclinou o rosto para cima, beijando-a suavemente antes de se
afastar.
Ela entrou em pânico e segurou o pulso dele. —David, eu não
posso fazer isso.
—Você pode. — Ele a beijou, respirando profundamente antes
de pegar as mãos dela e segurá-las no peito. —Você é a pessoa mais
forte que eu conheço. Concentre-se em Nathan por enquanto. Se ele
acordar, ficará muito feliz em vê-la, querida. Você é sempre tão forte
por eles. Eu sei que você está cansada, mas você sempre tem essa força
incrível para eles. Encontre.
Os olhos de Jane lacrimejaram e seu peito doía quando ela tentou
tanto não desmoronar novamente. —Mas Jason... E você e eu
estávamos fodendo quando eles foram feridos.
Ele agarrou o rosto dela novamente. —Estávamos inventando da
maneira que precisávamos. Foi um momento horrível, mas não
comece a se arrepender de dar esse passo comigo. E não se sinta
culpada. Não tínhamos como saber o que havia acontecido. Você me
entendeu?
Ela ficou quieta. Ela não se perdoaria pela maneira como se
comportaram enquanto Arthur tentava dizer a eles que precisavam
sair.
David suspirou e beijou sua testa. —Eu te amo. Você pode se
apoiar em mim o quanto precisar.
Jane enxugou as bochechas, encarando seus preocupados olhos
azuis enquanto esperava que ela se recompusesse. —Não me deixe
perder o controle, David. Não perto deles.
Ele sorriu suavemente. —Se eu tiver que te levar embora, eu irei.
Vou mantê-los seguros, querida. Apenas se concentre no que você tem
que fazer.
Depois que ela assentiu, David silenciosamente abriu a porta.
Levou um segundo para seus pés seguirem a ordem que seu cérebro
estava emitindo para ela andar, mas ela finalmente entrou no quarto
escuro. Era mais como um longo corredor com fileiras de camas de
hospital. Havia algumas portas fechadas ao redor, mas seu olhar
estava fixo na cama onde os outros estavam reunidos.
Jane tremeu quando David a levou até eles. Ela observou Arthur
e Gawain abraçarem suas esposas enquanto Bedivere olhava por cima
de uma tabela, acenando com a cabeça para o que Guinevere estava
lhe dizendo. Jane tinha medo de olhar, mas ela congelou, cobrindo a
boca quando viu o rosto manchado de lágrimas de Nathan.
—Shh, meu amor. — David sussurrou, apoiando-a quando eles
se aproximaram do lado da cama de Nathan.
Eles ficaram ali por um momento até alguém lhes trazer uma
cadeira. David sentou-se, puxando-a para o colo enquanto exalava um
suspiro aliviado antes de descansar a testa no ombro dela. Só então se
lembrou de como David e as crianças estavam ligados um ao outro.
Por um tempo, eles estavam sendo cuidados por ele mais do que
Jason. Ela nem sequer considerou o quão chateado ele poderia estar,
mas ele estava lidando com ela em vez de mostrar suas emoções.
Ela colocou a mão sobre a dele, mas manteve a outra sobre a
boca, com medo de gritar.
David segurou a mão dela, sussurrando em seu ouvido quando
ele levantou a cabeça do ombro dela. —Ele vai ficar bem.
Jane assentiu repetidamente enquanto examinava Nathan. Havia
um curativo em volta do seu pescoço e sua bochecha estava
machucada. Quando ela abaixou o olhar, viu onde a maior parte do
dano havia sido causado. Ela já tinha ouvido falar sobre o braço
esquerdo dele sendo quebrado ao meio, quebrando o raio e a ulna.
Eles o colocaram em uma tala, mas estavam esperando até que
Bedivere chegasse para decidir que outros tratamentos ele deveria ter.
Nem Nathan nem Natalie haviam sofrido uma lesão grave antes.
Jane esperava que ele não estivesse lutando muito com isso; ele não
gostava de ter coisas novas ou qualquer coisa nas mãos ou nos pés,
mas ele parecia bem. Ela estendeu a mão para a mão livre dele que
estava na cama, mas ela não o tocou quando pegou a IV nessa mão.
Ela se perguntou se eles estavam lhe dando remédios contra a dor,
porque Nathan não gostava de tomar remédios por via oral.
Jane colocou a mão ao lado da dele, seus dedos um centímetro
de roçarem nos dele. Seu corpo tremia enquanto ela chorava
silenciosamente. Seu rostinho triste era demais para aguentar. Ele viu
seu pai ser brutalmente atacado antes que esse ataque fosse contra ele.
Por minha causa.
Era para isso que tudo se resumia. Se não fosse por ela, eles
teriam uma mãe melhor, nunca precisariam sair de casa; eles nunca
seriam deixados para trás ou teriam que escolher entre o pai e um
homem com quem a mãe queria estar. Se ela não fosse a mãe deles,
Melody os teria ignorado.
Guinevere estava conversando com Bedivere, e o que ela disse
fez Jane chorar mais. —Ele não tomou nenhum medicamento, então
começamos uma injeção intravenosa para administrá-los. Jason nos
disse que Jane sempre teve dificuldade em administrar medicamentos
orais.
—Ele lembrou —, Jane sussurrou, referindo-se a Jason
lembrando o quão difícil era fazê-lo tomar os remédios quando ele
estava doente. —Ele lembrou. Eu pensei que ele não percebeu.
David beijou sua bochecha. —Respire, bebê. — Ele a esfregou
nas costas, espalhando seu calor enquanto falava com sua irmã dessa
vez. —Com que frequência Jason está acordado?
—Ele acorda frequentemente, mas apenas por pequenas
quantidades de tempo —, disse Guinevere, com a voz embargada. —
Eu acho que ele tem se preocupado com as crianças em pânico sem ele
e Jane.
—Vamos vê-lo em um momento —, David sussurrou no ouvido
de Jane antes de falar com sua irmã novamente. —Ele os viu?
—Sim —, disse Guinevere. —Depois que o mantivemos estável,
ele acordou e pediu por eles. Foi horrível, David. Eu sinto muitíssimo.
Arthur a calou, mas ela não parou.
—Sinto muito, Jane. Eu não tinha ideia de que ele estava vendo
ela. Ela havia manipulado metade do castelo.
Jane não conseguiu responder porque acabou de perceber que
Natalie estava na cama ao lado de Nathan. Ela estava dormindo
também, sua mãozinha firmemente apertada na barra da camisa de
Nathan. O rosto normalmente calmo da menininha estava coberto de
lágrimas secas. Ela viu Natalie se encolher e choramingar enquanto
dormia. Ela estava tendo pesadelos de monstros.
Eu falhei.
—Aliviou-o vê-los em segurança, David—, disse Ragnelle. —Nós
os deixamos abraçá-lo, e ele falou com eles até ficar fraco novamente.
Nós o tomamos com morfina, mas ele lhes disse que você e Jane
estariam aqui em breve. — Ela fez uma pausa, soltando um suspiro
cheio de dor. —Eles sabem que ele não vai conseguir.
Jane cobriu o rosto quando seu coração se abriu.
—Ele disse a eles que teria que deixá-los —, continuou Ragnelle.
—Ele disse que Jane sempre diria a verdade, então ele não queria
fingir ou mentir sobre estar bem.
David balançou Jane. —Shh... Nós vamos passar por isso.
—Ele se despediu, David —, disse Ragnelle. —Ele nos pediu
para não trazê-los de volta. Acredito que ele esteja esperando por
Jane.
Jane mal conseguia manter seus gritos em silêncio. Porque? Ela
não conseguia pensar em mais nada, mas por quê? Por que ele? Por
que ela não?
—Deveríamos ir vê-lo, Jane — sussurrou David, mas ela não se
mexeu. Os lábios dele roçaram a cabeça dela novamente. —Ele está
esperando por você, meu amor.
Ela choramingou, fechando os olhos. Ela queria vê-lo, mas sabia
que seria a última vez que o faria. Todas as suas últimas lembranças
dela seriam ela se transformando em um monstro e escolhendo um
homem diferente.
—Gawain, você vai ficar com as crianças? — David perguntou
em voz baixa.
—Claro. — Gawain se ajoelhou ao lado de Jane e ele segurou
uma das mãos dela. — Jason foi corajoso por eles, Jane. Seja corajosa
por ele. Ele merece ter você ao seu lado. Deixe que ele saiba que você é
grata por ele ter lutado para salvá-los. Diga a ele o quanto você tem
orgulho dele e diga que o perdoou. Lembre a ele o quanto você
realmente o ama - todos sabemos que você nunca parou. Deixe-o
saber que você vai sair disso. Ele precisa saber disso, Jane.
—Eu sei. — Ela chorou.
Gawain apertou a mão dela antes de ajudá-la a se levantar. —Dê-
lhe paz para que ele possa descansar agora. Deixe-o ver que você está
em boas mãos.
Enquanto David estava atrás dela, Gawain e Gareth a abraçaram
entre eles, murmurando palavras encorajadoras em seus ouvidos
enquanto ela continuava a chorar. Ela chorou ainda mais quando
David foi abraçado por Arthur e sua irmã.
Quando ela finalmente se acalmou, David a puxou para ele. Ele
beijou sua testa antes de abraçá-la. Eles ficaram assim, ambos olhando
para seus bebês. Seu coração já sabia que quando eles acordassem, seu
pai teria ido embora.
—Vamos querida. — David agarrou a mão dela e a levou a uma
porta fechada.
Foi quando ela ouviu os bipes baixos vindos das máquinas,
obviamente monitorando os sinais vitais de Jason. Tornava-se mais
difícil respirar a cada passo que dava.
—Pronta? — David estava com a mão na maçaneta da porta.
Ela não estava, mas assentiu e o seguiu para dentro. O quarto
parecia uma suíte típica de UTI. Havia uma única cama médica com
várias máquinas com as quais Jane não estava completamente
familiarizada, mas sabia que o ritmo cardíaco que mostravam era
instável.
Jane cobriu a boca e quase desmaiou ao ver o marido. David a
pegou, segurando-a enquanto ela chorava. Era terrível demais; ela não
podia acreditar que ele estava respirando.
—Oh, Deus! — Ela cobriu os olhos.
—Não deixe ele te ouvir assim. Eu prometo que você pode
chorar o máximo que precisar mais tarde, mas você precisa ser
corajosa.
—Ele está realmente vivo? — Ela perguntou.
—Sim, bebê. — David manteve os braços em volta dela enquanto
se levantava. —Ele é forte, assim como você. — Ele beijou a cabeça
dela. —Tenho certeza que ele quer ver seu sorriso, então respire. Tudo
ficará bem.
Ela balançou a cabeça enquanto observava o estado em que
Jason estava. Havia uma máscara de oxigênio sobre a boca dele, mas
ela podia dizer que ele havia levado vários golpes no rosto pelo
inchaço e descoloração ao redor dos olhos e mandíbula. Sangue seco
grudava em seus cabelos e em partes do rosto onde eles claramente
evitavam se tocar.
—Não está. — Ela tentou enxugar as lágrimas, mas mais
continuaram vindo enquanto o olhava mais. O braço esquerdo de
Jason estava descansando ao seu lado. Estava enfaixado, mas o sangue
estava encharcado. O mesmo acontecia com o pescoço dele; Melody se
alimentou dele. —Não vai ficar tudo bem. — Ela sussurrou enquanto
fúria e tristeza a consumiam ao ver seu peito mutilado. Havia
enxertos de pele, que ela ouviu dizer que eles usavam da pele nas
coxas e nas costas, mas ela podia ver e cheirar o tecido moribundo. Ela
viu quando trabalhou no hospital de animais; ele teve muito dano. Ele
parecia ter sido atacado por um leão da montanha.
—O cirurgião não conseguiu reparar adequadamente os danos
nos vasos sanguíneos —, disse Guinevere suavemente. —Quando
percebemos que o tecido estava morrendo, dissemos a Jason que
poderíamos tentar a cirurgia uma vez que Bedivere chegasse, mas ele
não disse mais nada.
Bedivere estava lendo anotações, mas agora estava
inspecionando os ferimentos.
Jane rezou para ele olhar para cima e dizer que ele poderia
consertar isso, mas quando ele balançou a cabeça, ela perdeu toda a
esperança.
—A maior parte do seu tecido exposto está morrendo ou morto
—, disse ele. —Ele precisava de um cirurgião vascular, mas eles
fizeram o possível. As notas dizem que sua artéria jugular e radial foi
danificada. O fato de poderem reparar isso é por que ele durou tanto
tempo - mas ele já está mostrando sinais de falência de múltiplos
órgãos. Seus intestinos, pâncreas e fígado também foram danificados
além do reparo que poderíamos oferecer a ele. Mesmo se eu tivesse o
conhecimento, não acho que Jason sobreviveria a uma operação.
Jane se virou, enterrando o rosto no peito de David para abafar
seus gritos.
David embalou a cabeça dela enquanto falava com Bedivere. —
Você pode estabilizá-lo por tempo suficiente para encontrarmos outro
cirurgião?
—David, este é o ataque mais horrível que eu já vi um humano
passar. Se o mundo não estivesse em ruínas, ele poderia ter uma
chance, mas não tenho ideia de como poderíamos localizar um
cirurgião habilidoso o suficiente. Cuidados de suporte é tudo o que
podemos fazer agora... E ele não tem muito tempo como está.
—Jane?— A voz abafada de Jason fez com que todos parassem
de falar.
Ela se soltou do abraço de David e correu rapidamente para o
lado de Jason. —Jason. — Ela chorou, passando a mão sobre a
bochecha dele. —Sou eu, querido. Estou aqui. Estou aqui.
David colocou uma mão reconfortante nas costas dela antes de
agarrá-la pela mão direita. Ela desviou o olhar do rosto de Jason para
ver o que ele estava fazendo. David abriu cuidadosamente a mão de
Jason e colocou a dela dentro.
Jason apertou a mão dela enquanto David apertava seu ombro.
—Essa é Jane, Jason, — David disse, batendo as mãos. —Você
pode sentir a mão dela na sua?
—Você a manteve segura —, disse Jason, abrindo um olho. —
Obrigado.
—Não tão bem quanto eu esperava —, disse David, rindo. —Mas
Jane é uma lutadora. Não importa o quanto ela caia, ela se levanta.
Jane sorriu tristemente quando ouviu uma pequena risada de
Jason, e ela queria gritar quando Jason apertou sua mão. Ela sempre
quis sentir aquele pouco carinho dele.
—Você está bem, querida? — Ele perguntou, sua voz trêmula
sob a máscara. —Você está machucada?
—Não estou mais machucada. — Disse ela, passando a mão pelo
cabelo dele
—Eu estive preocupado. — Jason suspirou, fechando os olhos
quando uma lágrima escapou. —Sinto muito, Jane.
—Não se desculpe —, disse ela, balançando a cabeça. —Estou
tão orgulhosa de você, Jason. Você manteve nossos bebês em
segurança. Você os salvou. Por favor, não se desculpe. Sou eu quem
deveria me desculpar. Isso é tudo minha culpa.
Jason puxou a mão da dela. Quando Jane percebeu que ele
estava tentando levantar a mão no rosto dela, ela a agarrou
novamente e a segurou na bochecha.
—Bebê, sente-se aqui para que ele possa alcançá-la mais
facilmente. — David gentilmente a empurrou para sentar na cama ao
lado de Jason, mas ele manteve a mão nas costas dela também.
—Isso não foi sua culpa —, Jason sussurrou quando sua mão
começou a tremer. —Eu a ouvi. Eu a deixei entrar no meu quarto
porque acreditei nela. Ela me contou coisas sobre David - sobre vocês
dois juntos, e eu caí na armadilha dela. Guinevere me disse para ficar
longe dos outros, mas eu não ouvi. Eu acho que é isso que eu ganho
sempre olhando para as mulheres quando tinha minha linda esposa
bem na minha frente.
Jane chorou, balançando a cabeça novamente.
David começou a esfregar as costas dela. —Jason, Melody é uma
vampira muito talentosa. Não havia como resistir a ela. Se ela chegou
perto o suficiente para falar com você, é tudo o que precisava para
encantar você. Até onde sabemos, apenas Jane e eu conseguimos
resistir aos seus encantos. Você pode ter caído inicialmente sob o
feitiço dela, mas todos podemos dizer que você é o segundo homem a
resistir à magia dela.
Os dedos de Jason mal se moveram em sua bochecha, mas ela
podia dizer que ele estava tentando acalmá-la. —Eu ouvi você rindo.
E então eu vi seu rosto. Você estava rindo e me dizendo para parar.
Você se lembra do parque em que costumávamos ir?
Jane sorriu, virando o rosto para beijar a palma da mão. —
Aquele com o carrossel?
—Sim —, disse Jason, respirando trêmulo. —Eu estava te
girando e você ficou tonta. Eu vi aquele dia e lembrei o quanto eu te
amava. E eu vi o quanto você me amava. Eu nunca deveria ter tomado
você como garantia. Quando o fiz, esqueci como era o nosso amor. Eu
esqueci você... Eu me esqueci... Eu te amei tanto, Jane, e me deixei
esquecer porque me coloquei diante de você.
—Você não esqueceu. — Disse Jane, beijando a palma da mão
novamente.
Um olhar de dor apareceu em seus olhos. —Eu esqueci. Eu vejo
o que fiz agora. Sinto muito, e espero que você possa me perdoar um
dia, porque foi você quem quebrou o feitiço dela. Seu sorriso me tirou
disso.
—Eu te perdoo, Jason. — Ela sentiu um fogo acendendo dentro
de seu coração. —Por favor, não me deixe. Não posso perder mais
ninguém. Por favor, continue lutando. Vou encontrar uma maneira de
fazer você melhorar.
Jason soltou um suspiro aliviado. —Obrigado por me perdoar,
mas você sabe que não posso. Aceitei meu destino quando a
provoquei a me atacar para que ela deixasse Nathan em paz. Sinto
muito por ele ter se machucado, mas ele está sendo um menino
grande - ele sabe que tenho orgulho dele e sinto muito. Você sabe
como ele está tão sintonizado com você - acho que finalmente
consegui isso com ele. Ele me disse que estava tudo bem em ir.
Jane soluçou, seu corpo tremendo quando David a impediu de
cair em Jason. —Não está nada bem.
—Estará, querida. David cuidará de todos vocês. Ele é bom com
eles.
—Não, Jason. — Jane soluçou, balançando a cabeça. Ela não
podia acreditar que isso estava realmente acontecendo.
—Não chore —, Jason sussurrou, sua respiração ficando mais
rasa. —Você está em boas mãos. David é bom para você. Eu sei que
ele vai te amar e cuidar de você e de nossos filhos. Eu vi o jeito que ele
olha para eles - é quase tão poderoso quanto o jeito que ele olha para
você.
—Não, Jason. Eu preciso de você. Eles precisam de você. — Ela
abaixou a cabeça, todo o corpo tremendo quando o fogo começou a
destruí-la por dentro.
—Dê a ela Dr. Pepper. — Jason disse de repente, confundindo
Jane.
Ela olhou para o rosto dele novamente, mas ele estava olhando
para David.
—Ela gosta do Dr. Pepper. Ela não bebe álcool de nenhum tipo,
mas chama isso de coisa forte. — Jason riu, mas estava cheio de dor.
—Acho que ela não vai mais ficar doente, mas ela sempre quis um dr.
Pepper e um shake de chocolate depois que tinha uma dor de cabeça o
dia todo. Ela costumava ficar tão doente. Eu deveria ter me esforçado
mais para fazê-la se sentir melhor; ela sempre me disse o que a
ajudava. Ela me pedia para esfregar o pescoço e as costas ou pegar um
pano frio para ela, mas eu dizia que ela tinha o massageador que eu
comprei. Ela chorava, mas eu a ignorava porque não queria vê-la
dessa maneira. Tentava compensar com um Dr. Pepper ou um shake
para ela. Eu ganharia batatas fritas se me sentisse mais culpado.
David riu, mas Jane não conseguiu parar de chorar. Ela não sabia
que Jason pensava sobre tudo isso.
—Se ela estiver brava com você, você pode conquistá-la com um
hambúrguer e batatas fritas também —, disse ele a David. —Só não
espere que ela compartilhe.
—Eu já aprendi que ela não compartilha comida —, disse David,
rindo. —Especialmente as batatas fritas.
Jason soltou o rosto de Jane e estendeu a mão trêmula para
David. —Obrigado por salvá-la e por trazê-la para casa. Você poderia
ter nos deixado, mas estava disposto a desistir dela para que ela
pudesse estar conosco.
David apertou sua mão. —De nada. Obrigado por mostrar a ela
o amor que ela precisava de você.
Jason deu o menor aceno de cabeça. —Mantenha eles salvos.
Não os deixe ir.
—Dou minha palavra, Jason; Eu os protegerei com a minha vida.
Os alarmes começaram a disparar nas máquinas conectadas a
Jason.
Jason soltou a mão de David e fechou os olhos. —Nunca pare de
mostrar a ela o quanto você a ama. Eu fiz isso. Não seja como eu.
—Não, Jason! — Jane gritou histérica. —Por favor, não me deixe.
Eu farei qualquer coisa! Só por favor não vá embora.
—Oh, minha linda esposa. Eu te amo muito. — Jason levantou a
mão na bochecha dela novamente.
—Pare, Jason! — Ela gritou com ele e empurrou David para
longe dela, olhando ao redor do quarto enquanto esperava
desesperadamente que alguma resposta se apresentasse. Quando ela
encontrou o olhar preocupado de David, a resposta veio e ela sorriu,
olhando para Jason. —Eu posso transformar você!
—Não, querida. — Disse David, tentando voltar para ela.
Ela arreganhou as presas para ele. —Eu posso transformar ele!
—Querida, eu não quero ser um vampiro. — Jason disse,
puxando seu olhar frenético para ele.
—Porque? — Ela começou a respirar rápido. —Jason, eu posso
transformar você. Você pode morar comigo.
Jason balançou a cabeça. —Eu não quero ser um vampiro.
Arthur se aproximou do outro lado de Jason. —Jane, mesmo se
você o transformasse, você condenaria vocês dois ao inferno.
—Mas temos um Outro. — Disse ela, em pânico.
Arthur sorriu tristemente. —David é seu Outro, Jane. Você não
consegue fazer um imortal separado sem se condenar. Jason não
estava destinado a esta vida. Não faça isso com ele ou com você.
—Eu não quero essa vida, Jane. — Jason disse novamente,
fazendo-a olhar para ele.
Ela ficou arrasada. —Por favor! Não ligo para o que isso faz
comigo.
—Mas eu ligo —, ele discutiu com ela. — Estou pronto, Jane. Eu
sei que você está segura e amada. Eu sei que nossos filhos serão
atendidos. Não tenha medo. Todo mundo tem que morrer. É minha
vez.
Jane começou a chorar incontrolavelmente. Os monitores de
Jason continuavam a disparar alarmes, que Bedivere continuava
silenciando. Estava chegando perto.
David tentou se aproximar dela novamente, mas ela tentou
afastá-lo. —Me deixe em paz!
Ele a ignorou e a abraçou enquanto ela gritava como um bebê. —
Respire, meu amor.
—Eu não posso! — Ela chorou, tremendo tanto que David teve
que apertá-la com força para que ela não caísse da cama.
Uma mudança na atmosfera e um formigamento em sua
bochecha a fizeram gritar. —NÃO! — Ela sabia quem estava lá. —Por
favor, não agora. Eu farei qualquer coisa.
—Não há nada a ser feito, Doce Jane.
Jane chorou, agarrando a mão de Jason como se isso o
mantivesse a salvo do Anjo da Morte. —Por favor. Por favor. — Ela
mal conseguia distinguir o rosto de Jason através das lágrimas. —Por
favor, não o leve. — Ela foi capaz de dizer o momento em que Jason o
viu.
Os olhos de Jason se arregalaram. —Foi por isso que você a
conheceu. Você é ele.
—Eu sou. — A Morte respondeu Jason.
Jane tinha perdido tanto o som de sua voz poderosa. Era tão
profundo, mas suave ao mesmo tempo. Agora a enchia de pavor e
tristeza.
—Sim —, disse a Morte. —Eu a conheci quando ela era jovem,
quando estava morrendo. É assim que ela me vê. E agora, você
também.
—Não é à toa que ela sempre olhava quando um homem de
couro passava por ela. — Disse Jason.
A Morte riu. —Eu bloqueei suas memórias antes, mas acho que
uma parte dela foi incapaz de me esquecer.
—Morte, por favor, não faça isso. — Implorou Jane, ainda
incapaz de se virar para olhá-lo. Por tanto tempo, ela rezou para que
ele a procurasse - para confortá-la e protegê-la, mas fora deixada no
escuro. Agora ele decidiu vir, mas era para levar alguém que ela
amava. Novamente. —Você não pode fazer isso comigo.
—É a hora dele, garotinha —, disse ele naquele tom suave que
parecia veludo em sua pele. —Eu não estou fazendo isso para
machucá-lo. Você sabe que eu te amo, anjo.
Jane sentiu isso acontecer - a paz que sua presença dava a
alguém antes de morrer. —Pare!
—Bebê. — David tentou consolá-la.
—Eu posso salvar você —, Jane disse a Jason, segurando sua
mão. —Se você não me deixar te transformar, me dê um tempo para
descobrir como curá-lo. Eu posso fazer isso com meus poderes. Eu só
tenho que descobrir como.
A Morte falou antes que Jason pudesse responder. — Você não
terá sucesso, doce Jane. Agora é a hora dele. Este sempre foi o seu
tempo.
Jane manteve os olhos em Jason. —Por favor, deixe-me descobrir
como curá-lo.
—Você só pode salvar aqueles que devem ser salvos por você,
Doce Jane. Ele não.
—Você sabia que ele iria morrer?— Ela apertou a mão na de
Jason quando começou a ficar mole. —Você sabia que ele morreria e
não me contou.
—Eu não digo a ninguém, Jane. — Seu poder estava
continuamente lavando sobre ela. Formigamentos. Ele estava em toda
parte, tentando confortá-la, mas suas palavras a destruíram. —É assim
que deve ser. Eu não sabia como ele chegaria a esse momento, mas
sabia quando teria que vir. Estou aqui porque amo você. Queria que
você tivesse o adeus que não teve com os outros.
Jane abaixou a máscara de oxigênio de Jason. Ela podia ver seu
estado relaxado se estabelecendo. A Morte estava lhe dando paz. Ela
segurou suas bochechas, chorando ao ver o estrago no rosto dele. —
Eu te amo Jason. Eu te amo sempre. — Ela apertou os lábios nos dele,
tentando garantir que ele soubesse o quanto ela o amava. —Perdoe-
me por isso.
—Jane? — David chamou, caminhando de volta para ela, mas ela
o empurrou de volta com seus poderes.
Todos tropeçaram, e ela fez duas barreiras. Um mantinha David
e os outros afastados, enquanto o outro separava a Morte dela. Ela
precisava dele mais perto do que estava prestes a fazer.
Ela se virou, chorando quando o olhar de pânico de David a
encarou. —Eu sinto muito.
—Amor, o que você está fazendo? — Ele perguntou,
pressionando a mão contra a barreira enquanto olhava freneticamente
entre ela e a Morte.
Jane desviou o olhar dele sem responder sua pergunta para
finalmente ver seu anjo. Os lábios dela tremeram quando ela encarou
o rosto bonito dele. —Vou salvá-lo. Você não pode me parar.
A expressão da Morte não mudou. —É a hora dele. Você não tem
voz a dizer nisso.
Suas lágrimas caíram sobre sua pele quando ela estendeu o
antebraço cicatrizado. Ela olhou para o braço enfaixado de Jason,
assentindo para si mesma. —Se eu consertá-lo, você não pode levá-lo.
—Não funciona assim. — Disse Morte, sua voz era a única que
ela podia ouvir enquanto os outros conversavam freneticamente sobre
o que fazer.
Jane focou em seu braço enquanto ainda conseguia segurar as
duas barreiras separadas. Ela não iria falhar. —Então farei assim!
Ele balançou sua cabeça. —Se você consertar suas feridas, ele
ainda vai morrer de qualquer maneira. Não me mostrei machucá-lo.
Acalme-se e aceite o que estou lhe dando: uma chance de dizer adeus.
Ela olhou para ele. —Você me viu sofrer; Eu sei que você viu. Se
é isso que você está procurando, você poderia ter ficado covarde e
mantido o véu.
—Largue a barreira e diga adeus ao seu marido, Jane. — Ele
olhou para a mão dela pairando sobre o antebraço. —Não.
Ela sorriu enquanto chorava. —Se eu não conseguir descobrir,
ela pode. E eu vou deixar ela se é isso que é necessário para salvá-lo.
Faça a sua escolha.
Ele a olhou nos olhos, mas não disse nada, então ela voltou o
foco para o braço.
—Bebê, o que você está pensando em fazer, não faça. — David
disse quando ela começou a soluçar. —Ela não é a resposta.
A pele de repente começou a derreter do braço de Jane. Todos no
quarto começaram a gritar para ela parar, mas ela continuou tentando
curar suas cicatrizes. Se ela pudesse descobrir, ela poderia descobrir
como consertar Jason.
Ela gritou, seu corpo inteiro tremendo quando a carne de seu
braço caiu no chão.
—Jane! — David perfurou a barreira quando o sangue dela
começou a derramar no chão. —Morte, pare-a! Oh Deus. Querida, por
favor!
Ela chorou ao ver a pele derreter e se fundir, mas nunca ficou
melhor. Ela estava piorando. —Eu tenho que salvá-lo!
—Jane, pare! — Jason tentou gritar, mas sua voz foi abafada
pelos gritos e gritos aterrorizados das esposas que haviam entrado no
quarto.
Suas lágrimas caíram no chão, misturando-se com o sangue e a
carne que haviam caído ali. —Eu não posso perdê-lo! — Jane gritou
quando viu seus próprios ossos e veias. — Não posso perdê-lo. ELE É
O PAI DELES! Ele é o pai deles.
A morte não moveu um músculo. Ele apenas a observou.
—Eu te chamei todas as noites —, ela gritou, olhando para cima
para ver aqueles lindos olhos esmeralda. —Foi por causa de David
que você não apareceu?
A Morte lançou seu olhar esmeralda para David e os dois se
entreolharam por um tempo antes de voltar sua atenção para Jane. Ela
não conseguia ler a expressão no rosto dele, mas sentiu o vínculo deles
se fortalecendo novamente, fazendo-a sentir a frustração e os
pensamentos rasgados dele.
—Não —, disse a Morte. —Não foi por causa dele.
Jane lamentou quando olhou por cima do ombro para Jason. —
Ele não merece isso. Isto é minha culpa. Eu nunca deveria ter trazido
eles comigo. Eles nunca deveriam ter me conhecido. — Jason parecia
tão triste agora, mas ela podia ver que sua dor se foi. Ele estava lá
apenas porque a Morte estava permitindo. —Farei qualquer coisa para
mantê-lo vivo, Morte. Ou me ajude ou me veja deixá-la sair.
A Morte ficou quieta e a observou enquanto David começou a
perfurar a barreira o mais forte que podia.
A dor tornou-se tão insuportável que ela sentiu a visão
escorregar e parou de tentar consertar o braço. Se ela desmaiasse,
derrubaria suas barreiras.
—Oh, graças a Deus. — Disse David, assistindo como ela fez
quando seu braço começou a curar.
Jane olhou para Morte novamente. —Prometa que você o deixará
viver ou eu me renderei a ela.
A Morte ainda não disse uma palavra, mas ele estava olhando
para Jason agora. —Não posso fazer essa promessa, Jane. O tempo
dele termina agora.
Ela sentiu o sangue pingando do nariz, então deixou cair a
barreira que a separava da Morte, soluçando quando ele se aproximou
dela.
—Oh, minha linda garota. — Disse ele, levantando a mão para
segurar sua bochecha.
Aqueles formigamentos pelos quais ela ansiava faiscaram em
sua pele, fazendo-a chorar novamente. —Eu irei com você. Se você
prometer deixá-lo viver, eu serei sua. Você pode vencer. Leve-me no
lugar dele. Faça o que quiser comigo.
A Morte a encarou nos olhos enquanto o quarto ficou em
silêncio.
—Bebê —, David disse, sua voz com o coração partido. —Não
faça isso. Eu te amo. Por favor, pare e pense no que você está dizendo.
—Estou dizendo que quero que meus filhos tenham o pai deles!
— Ela gritou, sem desviar o olhar do olhar sem emoção de Morte. Ele
pode não estar demonstrando, mas ela sentiu o desejo dele de tê-la.
A Morte voltou seu olhar para David. Eles mantiveram o olhar
um do outro por um longo tempo, mas a Morte não se moveu nem
sequer piscou, então Jane tomou o assunto em suas próprias mãos
desesperadas. Ela puxou o braço da Morte para poder agarrar o rosto
dele e o beijou.
—Jane! — David gritou, fazendo seu coração partir.
A Morte não respondeu, e ela estava preparada para pedir que
seu demônio viesse se ela prometesse que todos estariam seguros, mas
a Morte agarrou a parte de trás da cabeça e beijou-a. Ele a puxou para
ele, inclinando o rosto mais para cima, para que estivessem o mais
perto possível. Aqueles pequenos choques e formigamentos dançaram
sobre sua pele antes de afundar profundamente em seus poros.
—Você não fará isso, Morte. — David rugiu.
Jane chorou, mas não soltou a Morte. Ela sabia que isso
terminava tudo o que ela e David tinham, mas ela tinha que salvar
Jason. Ela era a única coisa que a Morte queria. Sempre. Ela estava
pronta para dar sua vida para que sua família pudesse realmente ter a
que mereciam.
A Morte aprofundou o beijo, abrindo a boca, suspirando quando
a língua dele tocou a dela. Enviou uma explosão de fogo e gelo para
sua barriga antes de começar a procurar algo dentro dela. Ele esfregou
as lágrimas com os polegares, e ela chorou quando ele terminou o
beijo.
—Por favor, Morte. — Ela sussurrou, apertando as mãos nos
pulsos dele. — Você pode me ter. Como quer que você me queira,
você pode me receber. Você pode me levar para onde quiser. Só por
favor não o leve.
A Morte olhou para Jason, mas ele não falou.
Jason falou, no entanto, e ele sorriu para ela. —Eu te amo, Jane.
Seja feliz.
—Eu também te amo, Jason. Para sempre, querido. — Ela olhou
para David. Ela disse a ele com os olhos e seu coração se incendiou
quando ele falou.
—Eu também te amo, bebê.
Ela não conseguia mais se segurar, então ela disse a ele o que
queria durante semanas. —Eu te amo, David. Tanto, querido. Eu sinto
muito. — Ela chorou de novo, seus olhos parecendo que estavam
queimando junto com sua garganta, mas ela deixou escapar
novamente enquanto passava os braços em volta da cintura da Morte.
—Eu te amo. Por favor me perdoe.
Os olhos de David se arregalaram e ele perfurou a barreira
repetidamente. —JANE!
A Morte a segurou mais apertado. —Sinto muito, David.
Os gritos de David foram a última coisa que ela ouviu antes que
o chão caísse debaixo dela, e todo o ar fosse arrancado de seus
pulmões.
41
A DOR DA MORTE
A dor explodiu por todo o corpo. Jane não conseguia gritar ou
falar. Ela só pôde se agarrar à Morte quando ele os transportou
através da escuridão, que não durou muito tempo. Era como se eles
tivessem saído de um túnel e de repente houvesse luz. Tanta luz. Isso
a cegou, forçou-a a fechar os olhos. Bem, por mais que ela pudesse
tentar mantê-los fechados. Era difícil não abri-los, considerando que
parecia que ela estava sendo arrastada pelo nada a uma velocidade
impensável enquanto seu corpo estava esmagado.
Então, tudo parou.
—Respire, isso vai passar. — A Morte acariciou sua bochecha.
Jane finalmente abriu os olhos, a respiração ainda pesada,
embora a sensação de esmagamento tivesse desaparecido
instantaneamente. Ela olhou ao redor do quarto escuro - um quarto -
antes de olhar para ele. Ela podia sentir sua frustração e preocupação
com o vínculo fortalecedor, mas uma completa sensação de paz a
impedia de desencadear seus próprios sentimentos sobre ele. —Onde
estamos?
Ele a levantou nos braços e a levou para uma cama. —Meu reino.
Jane olhou para a cortina preta ocupando uma parede inteira.
Não havia como ver o que havia do lado de fora, mas ela podia ver
vários tons de vermelho, verde, roxo e azul piscando na borda da
cortina. —O que está fazendo a luz?
A morte olhou para ela. —Vidas. É a morte, onde toda alma
passa depois que uma pessoa morre. A alma deles é apenas uma bola
de luz azul, como uma chama, mas eles veem, de certa forma, toda a
sua vida antes de seguir em frente.
Jane continuou observando as cores. —Você vê a vida deles?
Ele a deitou antes de se sentar ao lado dela. —Sim. Eu vejo eles;
Eu lembro de todos. — Ele a observou por um momento antes que um
leve sorriso tocasse seus lábios. —Eu nunca esqueço o que aconteceu
com eles ou o que eles viveram.
—Por que isso faz você sorrir?
—Não é nada - eu estava percebendo algo pela primeira vez. —
Ele levantou o braço que ela estava tentando curar e passou um dedo
pela pele vermelha. —Ainda dói?
—Não. Nada dói. Quase não sinto nada.
Ele olhou para ela com um sorriso triste. —Você está sentindo os
efeitos deste lugar. Não há dor na morte. Não há nada.
—É por isso que você é do jeito que é? Com todo mundo, quero
dizer?
A Morte acariciou a pele inflamada, olhando-a enquanto ele
falava. —Sim. Eu sinto você, no entanto. Só você. A primeira vez que
você estava morrendo, parecia que um pedaço de mim estava
escapando da existência. Em vez de deixar que um ceifeiro colhesse
sua alma, eu fui buscá-la pessoalmente. Quando você olhou para mim,
você se acalmou, mas era mais do que paz da morte, e eu também me
acalmei. Percebi que havia sentido algo pela primeira vez em minha
existência - entrei em pânico ao pensar em acabar com sua vida. Eu
não poderia te perder depois disso.
—Então por que você não veio? — Sua garganta se apertou
quando ela viu uma centelha de fogo verde queimar nos olhos dele. —
Por que você está me ignorando?
—Você já sabe que eu estava lá, doce Jane. — Ele deslizou os
dedos sobre os lábios dela, enviando aqueles arrepios pela pele, como
ela já havia sentido tantas vezes antes. —Você me sentiu, falou comigo
- você me implorou para me mostrar e não sair.
—Mas você saiu. — Os olhos dela lacrimejaram quando a dor na
garganta se espalhou. —Você me viu com David e foi embora.
—Não. Eu sabia que seus sentimentos por David iriam se
transformar em algo poderoso. Não gostei de vê-lo em seus braços,
mas não foi por isso que fiquei escondido.
—Então por que? — De repente tudo a esmagou. Ela mal
conseguia respirar, mas ofegou e continuou. —Por quê?
Ele colocou a mão sobre o coração dela. —Eu não posso explicar,
anjo. Respire. Quanto mais você ficar aqui comigo, mais começará a
sentir. Isso significa apenas uma breve pausa de uma existência para a
seguinte. Sua alma sabe que deveria ter passado aqui há muito tempo.
Ela está confusa.
—Eu não me importo com a minha alma! — Ela respirou em
pânico várias vezes ao imaginar os rostos de Jason e David. —Eu
mereço saber por que você deixou essas coisas acontecerem. Eu
precisei de você! Você disse que estaria lá por mim e não estava. —
Ela respirou mais rápido. —Eu o deixei. Eu deixei todos eles! — Os
olhos dela se encheram de lágrimas. —Eu deixei meu David.
—Shh... Eu sei anjo. — A Morte achatou a palma da mão sobre o
coração dela, e aquela sensação estranha, mas maravilhosa, de fogo
líquido e gelo floresceu em seu toque. Ele envolveu seu coração antes
de se ramificar, procurando. Sempre procurando. —Querida, quero
lhe contar tudo, mas estou proibido. Eu quebrei as regras trazendo
você aqui, mas não vou mais quebrar. Você não pode saber por que fiz
as coisas que tenho feito.
Jane respirou mais devagar quando seu calor a abraçou. —
Regras? Você quer dizer a aposta com Lúcifer?
Algo brilhou em seu olhar, algo escuro, e ele balançou a cabeça.
—Não é a aposta. Terminamos nossa aposta.
Ela olhou para ele. —Ele está me atormentando? Ouvi o que
Lancelot disse - ele também? Ou isso está nas suas regras? Ele é
poderoso demais para você? Então você deixou ele mexer comigo?
O polegar dele acariciou sua pele, e seu coração começou a
esquentar sob a mão dele. —Lúcifer não é mais poderoso do que eu.
Ele apenas tem uma vantagem que eu não tenho. Não posso explicar
mais, doce Jane.
Ela levantou a mão para empurrá-lo, mas quando ela tocou o
braço dele, ela não tinha forças. —O que aconteceu comigo?
—Você não tem poder aqui. Este é o meu reino; Eu controlo tudo
- quem vem, o que faz, quando sai. — Ele deslizou a mão entre os
seios dela, parando logo abaixo do esterno, onde todo o fogo e gelo
pareciam permanecer mais. Ele olhou para a mão enquanto falava. —
Você estava escorregando. Você foi empurrada até agora e estava
pronta para se render porque estava desesperada para salvá-lo. Eu
sabia que você cumpriria sua ameaça e não podia vê-la cair desse jeito.
Não por aqui... Não poderia ver você destruir todos por causa de algo
que sempre deveria passar.
—Você me levou apenas para salvá-los?
—Não tem nada a ver com eles. — Ele levantou o olhar para o
rosto dela. —Teria arruinado você vê-la destruir tudo o que você ama.
Você não é páreo para ela assim. Você culpa toda coisa ruim que
acontece em si mesma e se torna essa mulher louca desesperada e
abnegada. Sei que você quer dizer bem, mas não pensa no dano que
seu sacrifício causará.
Jane colocou a mão sobre a dele. —Mas você cumprirá essa
promessa? Eu por Jason?
A Morte voltou o olhar para a mão dela. —Mesmo agora, é só
nisso que você consegue pensar. Você ainda está disposta a fazer o
que for preciso para mantê-lo vivo.
Seu coração começou a bater dolorosamente rápido. —Mas foi
por isso que você me trouxe. Eu por ele.
—Jane—, ele disse suavemente enquanto seus dedos se
enrolavam nos dela. —Menina, eu...
Ela entrou em pânico, temendo o que ele diria, e empurrou a
mão dele sobre o peito esquerdo dela enquanto ela tentava puxá-lo
para baixo com a outra mão.
Ele desviou o olhar da mão sobre o peito dela para o dela no
ombro, antes de olhá-la nos olhos. —O que você está fazendo?
Jane sabia que ele lhe diria algo horrível. Ela não podia deixá-lo
voltar. Então ela sorriu, embora seu coração estivesse quebrado. —
Estou cumprindo minha promessa, Morte. — Ela apertou a mão sobre
a dele, para que ele massageasse seu peito enquanto ela tentava puxá-
lo com toda a força.
Ele não se mexeu, mas baixou o olhar para os seios dela e seus
olhos começaram a brilhar.
Ela sentiu aquele ponto dentro de seu aquecimento, então soltou
a mão dele e rapidamente puxou a camisa para cima antes de colocar
a mão de volta nela.
—Não se ofereça para mim, doce Jane. — Disse ele, apertando o
peito dela e se inclinando de qualquer maneira.
Uma lágrima escorregou livre e ela viu o corpo quebrado de
Jason junto com os rostos manchados de lágrimas de seus bebês. Eles
precisavam de Jason. Eles precisavam do pai deles. —Me ame.
Aqueles formigamentos se espalharam por seus lábios quando
ele roçou os dele sobre os dela. Ele respirou fundo. —Não. — Ele
pressionou um beijo leve nos lábios dela e tirou a mão do peito dela.
—Não, doce Jane.
—O que? — Ela enxugou as lágrimas e olhou nos olhos dele. —O
que diabos você quer dizer com 'não'?
Ele puxou a blusa dela de volta. —Isso não deveria acontecer. Eu
pretendia trazê-la aqui para que você não representasse uma ameaça
para os outros. Estou voltando para Jason e vou explicar tudo para
David.
Seus olhos lacrimejaram quando ela deu um soco fraco no peito
dele. —NÃO! Você prometeu! Você me levou em troca da vida de
Jason, seu filho da puta. Estou te dando tudo de mim! — Ela soluçou,
seu corpo tremendo mesmo quando ele a abraçou com força. —Morte,
por favor! Por favor, não faça isso comigo. Eles não podem perder o
pai. Ele é o pai deles.
—Eu preciso —, disse ele calmamente. —Jason foi feito para
morrer. Trouxe você aqui para mantê-los seguros. Eu não pretendia
ser íntimo com você; Sei que você está com David e não vou machucá-
lo dessa maneira. Se você destruir seu relacionamento com ele, ficará
arrasada.
—Seu idiota! — Ela continuou tentando atingi-lo, mas o abraço
dele a impedia de dar um bom golpe. — Estou te dando o que você
quer. Você me deve!
—Jason sabe que estou voltando —, disse ele. —Eu me identifico
brevemente com os moribundos e disse a ele que você destruiria todo
mundo se o assistisse morrer. Pretendo levá-lo de volta assim que
começar a pensar racionalmente e conseguir se controlar.
Ela gritou contra o ombro dele, ainda tentando atingi-lo. —Te
odeio! — Todo o seu corpo tremia. —Te odeio! Por que você não pode
simplesmente me levar? Você me tem.
Ele olhou para baixo, seu olhar fixo nos seios dela. —Você esteve
com David, Jane. Eu posso sentir o cheiro dele em você. Em você. —
Os olhos dele brilharam intensamente. —Você se entregou a ele
porque o ama e o escolheu. Estou chateado, mas não me machuco da
maneira que um homem humano sofre com isso. Eu ainda poderia te
levar sem se preocupar com os sentimentos dele, mas é você quem vai
quebrar. Você me ama, mas você o escolheu. Você está se entregando
a mim pelas razões erradas. Você está fazendo exatamente o que Jason
e aqueles filhos da puta a condicionaram a fazer: usar seu corpo como
a única maneira de agradar um homem. Eu não sou eles! Não vou
arruinar você.
Ela balançou a cabeça freneticamente quando ele se moveu para
sair da cama. —Morte, você não pode matar Jason. David ficará mais
feliz sem mim, então, por favor, não faça isso com meus bebês.
—Ninguém será mais feliz sem você, Jane. — Ele olhou para ela.
—E não é como se eu estivesse cortando a garganta de Jason; Estou
removendo sua alma e impedindo seu coração de bater novamente.
—Não! — Ela rastejou atrás dele, segurando seu braço. —Sim, eu
estou me entregando a você por eles, mas eu também te amo. Você
sabe que não consigo parar de te amar.
—E você ama Jason, Jane. — Ele balançou sua cabeça. —Você
está tão disposta a sacrificar sua felicidade pelos outros que deixa de
ver o dano que está causando.
A respiração dela parou quando ela olhou para ele através dos
olhos vidrados. —Minha felicidade não vale mais que meus filhos.
—Eles acreditavam nisso quando você se transformou em uma
concha de um ser humano? Quando o pai deles arruinou você? — Sua
voz sacudiu o quarto. —Não. Eles pediram ao seu companheiro para
fazer você feliz. Agora, eu amo você, mais do que você jamais saberá,
e farei qualquer coisa - qualquer coisa - se isso significa que você se
beneficiaria no final. Mas você merece viver uma vida feliz. Se isso
estivesse comigo, eu aceitaria sua oferta, mas você fez sua escolha.
Essa escolha foi David.
Ela piscou, tentando vê-lo através das lágrimas enquanto seus
soluços balançavam todo o seu corpo. —Mas eu o entreguei por meus
filhos e Jason.
—Sua mente está tão fodida por causa do que...— Ele balançou a
cabeça. —Você não desistiu dele —, ele rosnou. —Você pulou para
mim por medo. Eu entendo, eu realmente entendo; você não quer que
seus filhos sofram como você. Eu te conheço mais do que David
jamais conhecerá, anjo, mas você precisa pensar claramente. Você o
destruirá se se oferecer como uma prostituta. Você vai me destruir.
Você não é mais aquela garota!
Ele parou, olhando para ela como se ela simplesmente dissesse
tudo bem, eu entendo. —Você nunca deveria ter sido aquela garota.
David estava ensinando a você que você não é uma ferramenta do
caralho, e você volta a pensar que é quando não sabe o que fazer. Ele é
o homem para você, não eu.
Ela balançou a cabeça. —Não quero machucar nenhum de vocês,
mas não posso deixar meus filhos perderem o pai.
—É a porra do tempo dele, Jane! — Ele rugiu antes de respirar
calmamente. —A vida termina no mundo mortal, Jane - é assim que
ela deve ser. Eu sei que você teve pior do que algumas, mas você não
irá parar de experimentar o mal por causa disso.
—O que for pra ser será. Jason está destinado a morrer, e ele irá.
Eu o confortarei, assim como os outros, mas não o pouparei por causa
da dor que isso causará a você e a seus filhos. Eu gostaria que você
nunca tivesse sofrido perdas e sofrimentos, mas isso não é possível.
Ele suspirou, passando a mão pelos cabelos enquanto dizia: — E
falarei com David para que ele saiba que você está segura e por que eu
a levei. Pode levar tempo, mas eu sei que ele vai te perdoar. O vínculo
da mãe com o filho não se rompe com facilidade, e ele sabe disso.
Apenas dê tempo a ele. Reserve um tempo para lamentar e retomar
seu dever. Faça as pazes com David; você é boa nisso com ele. — Ele
desviou o olhar, bufando enquanto seu peito arfava por alguns
momentos.
—Você está fazendo isso porque eu o escolhi?
Ele virou a cabeça, olhando para ela. —Eu nunca lhe infligiria
porque você escolheu David, Jane. Estou cumprindo meu dever. Eu
sou a Morte! Meu amor por você é por que me revelei.
A mão dele passou sobre o coração. —Eu queria consolá-la
porque sabia o quanto isso doeria. Eu não consegui segurá-la
adequadamente durante a morte de seu amigo, então eu queria dessa
vez. Eu deveria saber que você o levaria para o lado pessoal, mas eu
esperava que você o visse como um sinal do meu amor por você. —
Calor se espalhou por seus olhos. —Eu sei que você sentiu minha
falta, querida. Eu também senti sua falta. Mas não posso parar meu
propósito.
Ela desviou o olhar, subitamente sentindo-se entorpecida. —Se
eu tirasse minhas roupas agora - deitasse nesta cama com as pernas
abertas - você faria uma coisa por mim? Você me escolheria sobre o
seu propósito? — Ela olhou para ele, absorvendo as narinas dilatadas
e a mandíbula cerrada antes de falar novamente. —Se eu dissesse que
escolhi você, você pouparia Jason? — Ela engoliu o nó na garganta,
ignorando as batidas rápidas do coração que ela própria estava
despedaçando. —Você me limparia da memória de David - da
memória de todos?
Ele respirou fundo várias vezes, seu olhar ocasionalmente a
levando antes de mudar para a cama. —Não se ofereça para mim
dessa maneira. Você não quer que eu lhe mostre do que sou capaz. Se
eu tiver que machucá-la por seu bem maior, eu irei. Então pare com
isso. Não estou poupando Jason e não vou apagar a memória de você
da existência! — Isso pareceu irritá-lo mais do que tudo. —Pare de me
empurrar, Jane, porque você não vai gostar quando eu empurrar para
trás.
Ela sentiu o controle dele escorregando, então ajoelhou-se e
agarrou a barra da blusa.
—Não. — Seu tom era mortal, e ainda mais mortal, o brilho
esmeralda iluminando suas feições afiadas, mostrando a ela o monstro
que muitos temiam. O monstro que ela sempre amou.
—Vou me machucar se isso significar que minha família não
será. — Ela levantou a camisa por cima da cabeça, jogando-a na cama
antes de soltar o sutiã. Ele não se mexeu, então ela desabotoou as
calças e as tirou. —Eu escolho você pelo bem da minha família. Eu te
amo. Então, por favor, me escolha pela primeira vez.
—Ele não quer você. — Disse o demônio, sorrindo no fundo de
sua mente.
Os olhos da Morte se estreitaram. —Coloque suas malditas
roupas.
Ela balançou a cabeça, ignorando a imagem do rosto de David.
Ela tinha que deixá-lo ir para seus filhos. Para Jason.
—Talvez ele precise ser pressionado com mais força. — Seu
demônio se aproximou, animado. —Deixe-me mostrar como fazer
isso... Nós não o vimos nu.
—Jane, não a escute.
Ela ofegou, estendendo a mão enquanto seu demônio solicitava
que elas removessem suas roupas.
Nada aconteceu.
Jane olhou para a mão dela, depois olhou para o demônio
enquanto aquela garota triste cobria seus ouvidos.
A Morte rosnou, pisando rapidamente nela. —Eu te disse, ela
não tem poder aqui. — Ele estalou os dedos, instantaneamente
fazendo com que suas roupas desaparecessem. —É isso que vocês
duas querem?
Jane ficou atordoada em muitos níveis para responder. Parte
dela estava apavorada com o olhar furioso que ele estava dando a ela,
enquanto a outra metade estava completamente cativada pela visão
dele nu.
—Eu disse para você não me empurrar. — Ele agarrou seu
quadril e a virou de bruços com um puxão forte. Quando ele rasgou
sua calcinha, ele empurrou a cabeça dela sobre o colchão e levantou
sua bunda. —É ISSO QUE VOCE QUER? — Ele rugiu, deixando-a
sentir a ponta do seu pênis em sua bunda. —Você está disposta a
deixar essa cadela me seduzir? Você está disposta a ser minha
prostituta para que seu marido de merda possa viver quando ele
estiver destinado a morrer?
Ela começou a soluçar novamente. —Meus bebês precisam do
pai! Não posso deixá-los perder o pai.
Ele agarrou seus cabelos, virando-a para que ela o visse. Ele
estava respirando pesadamente enquanto olhava para baixo entre
eles, apertando sua bunda com força. Pelo que pareceram horas, ele
continuou a olhar para onde poderia torná-los um e, finalmente, falou
com uma voz desapegada que ela não estava acostumada a ouvir dele.
—Eu fodi inúmeras mulheres nesta cama. — Ele não olhou para ela
quando ela respirou fundo, e ele continuou no mesmo tom sem
emoção. — Além de você e Hades, só posso trazer outros anjos ou
demônios aqui. Eu trago mulheres. — Ele lentamente levantou o olhar
para o rosto dela. —Na noite em que Jason estuprou você, eu trouxe
uma. Eu transei para entorpecer a imagem do que testemunhei
acontecendo com você. Eu a peguei em todas as posições que
fantasiava ter com você. Ela me agradou o suficiente para me dar
vários clímax.
Ela chorou tão dolorosamente que parecia que seu corpo havia
sido cortado em dois.
—Eu gritei o nome dela quando entrei nela. — Disse ele no
mesmo tom indiferente.
Jane caiu de bruços, com o peito e a garganta ardendo enquanto
gritava como um bebê.
—Eu não pensei em você quando ela gritou meu nome —, disse
ele, cortando seu coração em um milhão de pedaços. —Eu
simplesmente queria transar com ela novamente.
—Eu odeio você! — Ela gritou tão alto que sua voz quebrou. Seu
filho da puta. Te odeio. — Seu coração parou de bater até que ela
gritou novamente. —Oh Deus! O que eu fiz? — Ela o sentiu se afastar
e saiu da cama, batendo com força no chão de pedra antes que ele
pudesse pegá-la. —Fique longe de mim! — Seu corpo tremia quando
ela se arrastou para a parede. Ela não podia estar naquela cama. —
Fique longe de mim.
Ele se sentou na beira da cama, inclinando-se para a frente
enquanto segurava a cabeça com as duas mãos e murmurava palavras
que ela não podia ouvir por causa dos gritos.
—David, eu sinto muito —, ela sussurrou. —Por favor me
esqueça. Oh, por favor, deixe-me morrer, Morte. Não posso mais fazer
isso.
—Você pode, e David vai perdoá-la —, disse Morte em voz
baixa. —Eu vou falar com ele. Eu disse para você não me empurrar.
Peço desculpas por fazer isso, mas você me deixou pouca escolha.
—Você sempre faz isso, anjo. Agora percebo que é assim que
você foi criada, mas você precisa ver o seu valor. Você não é um
maldito pagamento. Você não é uma prostituta que levo para a cama.
Você não é como as prostitutas que David transava para competir com
outros cavaleiros. Veja o seu valor pela primeira vez! — Ele abaixou a
mão, olhando para ela. —Isso é uma coisa que David e eu tentamos
fazer você ver. Você não é o que eles condicionaram você a ser.
Ela fechou os olhos, sentindo-se tão fraca agora. —Eu não sou
nada. Mas fique longe de David. Fique longe de todos eles.
—Eu vou falar com ele depois que eu levar Jason. Tenho certeza
que ele está no seu lugar, sentado ao lado de Jason, como você deveria
estar. Por que você não vê, porra, isso é tudo que eu queria para você?
Queria que você fechasse. Era isso que você estava procurando
comigo, menina. Eu estava tentando lhe dar isso. — Ele exalou alto. —
Esqueça... Avisarei a David que você voltará assim que estiver estável.
Nós dois sabemos que você foi empurrada longe demais; Eu pensei
que minha presença ajudaria, não voltaria para um canto onde sua
única opção era deixar essa cadela sair.
—Ela é mais forte que eu. — Jane olhou para um canto. —Eu vou
deixar ela ter meu corpo, assim como eu vou deixar você, se isso
significa que os outros não precisam morrer.
—Você está fazendo exatamente o que eles querem. — Ele não
falou mais sobre quem eles eram, e ela não perguntou.
—Apenas prepare-se para voltar. Cabe a você quanto tempo isso
leva.
Ela abriu os olhos, mas continuou olhando para a parede,
recusando-se a olhá-lo. —Eu não estou voltando para ele. Mesmo se
você me levar de volta, eu irei para outro lugar. Em algum lugar ele
não vai me encontrar. E quando chegar a hora de eu morrer de novo,
não quero que você - ou Tristeza - me mantenham viva. Eu quero
morrer. Você entendeu? Eu quero morrer. Não posso voltar para ele.
—Vou dar um tempo para você se acalmar —, disse ele,
descartando o pedido dela. —Eu tenho que ir. Estou aqui há mais
tempo do que pretendia.
Ela zombou, olhando por cima e encontrando-o completamente
vestido. —Sim, não há necessidade de perder tempo comigo quando
você tem o seu pedaço de bunda, dando-lhe vários orgasmos. Vá. Vá
matar meu marido. Inferno, vá levar sua pequena vagabunda até
David e veja se ele quer uma vez, porque você quase me fodeu e
talvez seja assim que funciona para os caras. Não consegui tirá-lo
como sua preciosa namorada.
—Ela não é namorada, e você satisfaz David. Seu beijo me
satisfaz mais do que as mulheres que eu fodo, então pare de dizer essa
merda.
—Não, eu não irei parar. — Ela repetidamente balançou a cabeça
contra a parede. —Eu não deveria me importar que você transa com
outras mulheres quando eu deveria estar com David, mas eu me
importo. E me mata que você escolheu foder uma mulher quando eu
precisei de você. David é um homem melhor que você, mas depois de
tudo isso, não posso permitir que ele me leve de volta. Eu o perdi e
nunca tive você. Ele pode ser melhor que você, mas eu sou um
monstro comparado a você.
—Eu voltarei. — Ele suspirou. —Ouvir você ter pena de si
mesma e me insultar é inútil. E não fique no chão; a cama não está
suja.
—Foda-se! — Ela olhou para ele, com o coração muito bravo
para parar de dizer coisas que ela sabia que se arrependeria. Ela já se
arrependia de tudo, mas esse fogo não morreria. —Você sabe o que?
Eu gostaria de ter ido com Lúcifer naquele dia. Pelo menos ele é
honesto. Ele não faz as pessoas acreditarem que são amadas, e aposto
que ele honra os acordos que oferece.
—Você não sabe nada sobre Lúcifer. — Ele cerrou os punhos. —
Continue falando assim, e você ficará aqui por toda a eternidade.
—Beije minha bunda, Morte! Eu vou me matar se for preciso, seu
bastardo egoísta. Eu sei que você está apenas esperando que eu vá
embora, para que você possa trazer seu pedacinho de volta ao seu
apartamento de solteiro. 'Meu reino.' Seu idiota.
Ele suspirou e caminhou até um pequeno baú. Ele abriu,
remexendo antes de puxar uma de suas camisas velhas. Era uma
camisa preta extragrande com um ceifador. Ela comprou quando
tinha dezoito anos, depois que ele limpou sua memória.
—Onde você conseguiu isso?
Ele caminhou até ela, se agachado enquanto a colocava sobre ela.
—Eu estava com você no dia em que você a comprou - adorei
encontrá-la dormindo quase todas as noites com ela... Você o deixou
no seu antigo local de trabalho e um dos funcionários do sexo
masculino a pegou. Eu peguei de volta depois de assustá-lo.
Ela bateu na mão dele quando ele tentou puxar os braços dela. —
Não me toque.
Ele passou os dedos pelos cabelos. —Você entenderá minhas
escolhas um dia. Eu não quis que isso acontecesse. Você não pode se
oferecer para mim dessa maneira e não pode usar essa cadela contra
mim. Lá fora, ela pode me afastar. Ela pode até ter um jeito de me
machucar de verdade, mas aqui, eu dirijo. Não esqueça que da
próxima vez que você quiser tentar forçar minha mão.
Seu coração parecia estar sangrando. —Então você é o único que
pode fazer as coisas para um bem maior? Não posso me sacrificar pela
vida do meu marido?
—Ele é seu ex. — Ele deu-lhe um longo olhar. —Você escolheu
David não faz muito tempo, lembra? Você mal pensa nele em todos os
seus atos de auto-sacrifício. Eles são admiráveis, de certa forma, mas
você ainda precisa colocá-lo em primeiro lugar.
—Estou pensando nele, idiota! — Ela olhou para ele, desejando
ter poder para machucá-lo. Muito do que ela fez foi por David. —Eu
me odeio por tudo que fiz com que ele sofresse. Então, eu estou
livrando ele de mim. Ele se sente obrigado a ficar comigo porque eu
sou a Outra dele, mas nenhum dos outros cavaleiros está tão ferrado
quanto eu. Ele merece beleza, e eu sou feia. Sou feia por dentro e por
fora e quero que ele seja feliz com alguém que nunca partirá seu
coração.
—Você pode pensar isso e pode quebrar partes do coração dele,
mas ele nunca se afastará de você.
—Eu sei! — Ela gritou. —É por isso que tenho que machucá-lo.
Seria melhor se ele me esquecesse, mas você gosta de me machucar,
então estamos presos neste pequeno círculo. A única coisa é que
David é um santo, e nós somos dois monstros fodidos.
—Jane. — Ele suspirou.
Ela o interrompeu, seu coração sendo quebrado por suas
próprias mãos. —Eu amo-o! — Ela chorou, tremendo enquanto olhava
nos olhos de Morte; eles a deram paz agora mesmo. —Se olho nos
olhos de David, tenho esperança, mas não posso arriscar a vida e o
coração de todos porque ele acredita em mim.
—Ele não é o único que acredita em você, anjo. — Ele se inclinou
e beijou sua testa. —Gostaria de poder dizer a verdade. Fazer isso, no
entanto, mudaria tudo. Eu só quero que você veja o seu valor. Não
tem nada a ver com o seu poder. Ela não é o que faz você ser ótima.
—Eu tentei acreditar em mim, Morte. Só trouxe dor e custou a
vida de inocentes. — Ela choramingou. —Jason vai sentir isso?
—Não. Eu já aliviei sua dor. Ele está simplesmente esperando. —
Ele esfregou as lágrimas e ela não conseguiu mais afastá-lo. —Não se
machuque tanto. Você foi empurrada para o limiar tantas vezes. Eu
simplesmente não podia deixar você cair por isso.
—Você pode dizer a Jason que eu tentei? — Ela fechou os olhos
quando ele a levantou do chão e a levou de volta para a cama.
—Vou dizer a ele que você o amava tanto que estava disposta a
fazer qualquer coisa para salvá-lo, mas não vou mudar o destino dele.
— Ele a beijou nos lábios. —Eu te amo.
—Não diga isso para mim. — Ela rolou de lado, longe dele -
longe da paz que sua presença lhe dava, longe da magia que seu
toque criava. —Apenas me faça um favor, se você precisar foder sua
namorada ou qualquer outra pessoa, faça-o em algum lugar que
nunca irei, ou me tire daqui antes de você fazer.
Ele suspirou enquanto a esfregava nas costas. —Voltarei e ficarei
com você enquanto você lamentar sua perda.
—Não. — Ela se enrolou em uma bola. —Não quero ver você. Se
você tiver que vir, fique invisível ou o que for. Tenho certeza de que
você será capaz de determinar se sou louca demais para ser deixada
com o mundo. E se eu não estiver calma, mas você precisar da cama
para foder, talvez me leve até a Antártica até que você termine.
—Eu quero que você pense sobre isso, ok? — Ele passou os
dedos pelos cabelos dela. —Durante as suas últimas 48 horas na Terra,
você transou com David. Eu sei que foi sua primeira vez juntos
porque eu te vi no dia anterior. Você está sofrendo por causa da
maneira como ele te tratou, mas você deu um pulo na porra dele no
momento em que ele disse que estava arrependido. Isso é bom. Você
fez isso porque o amava e precisava de amor físico.
—Agora pense em mim; você era minha. Você gostou dele, mas
você era minha. Eu sabia que se eu fosse embora, você se apaixonaria
por ele; você estava se apaixonando por ele bem na minha frente, mas
você buscou conforto nele no momento em que eu a deixei.
—Eu sinto você, Jane. Sinto o que ele faz por você e sinto seu
êxtase quando ele ama seu corpo. Você buscou conforto em seus
braços, em sua cama - com seu corpo. Não procurei consolo - procurei
distração. Há um desejo constante de ser um com você. Não é luxúria,
mas é a única maneira de me impedir de arrancar você dos braços de
David. Então, mesmo que eu tenha machucado você por foder outras
mulheres, eu faço isso em seu benefício - então você fique com o
homem que seu coração escolheu.
Ela fechou os olhos quando tudo o que ele disse começou a fazer
sentido. A Morte não era humano; ele cumpria seu dever, e foi ela
quem o forçou a fazer essas coisas. —Isso só me faz sentir pior.
Apenas vá. Eu não quero falar com você se você não vai salvar Jason.
Você está apenas me machucando, e eu estou te machucando mais. Eu
não quero machucar ninguém. Eu só quero acabar.
Ele virou o rosto para ele, acariciando sua bochecha, enviando
sua presença nela com seu toque.
Ela suspirou, deixando-se ter isso por apenas um momento antes
de abrir os olhos.
—Eu nunca vou deixar você acabar, doce Jane. — Ele a beijou
suavemente, e parecia um vislumbre do céu das profundezas do
inferno. Ele manteve os lábios contra os dela enquanto falava. —Se
houvesse uma maneira de você ser minha, eu faria isso. Mas você vê,
minha linda garota, eu sempre vou te machucar. Não importa o
quanto eu te amo, vou levar mais do que posso lhe dar. — Ele a beijou
novamente. —David te dará tudo. Por isso seu coração o escolheu.
Sabe que ele não vai te machucar. Não importa o quanto isso e sua
alma me amem, eles sabem que eu só lhe causarei dor. David é amor.
Nós somos outra coisa.
Os lábios dela tremeram até ele deslizar os dedos sobre eles.
—Voltarei para você, doce Jane. Use o tempo que você tem aqui
para lamentar. Sem mim aqui, sua dor começará a entorpecer porque
não há dor na morte. Aproveite isso para se preparar mentalmente
para o que voltará.
Ela balançou a cabeça. —Quando você me levar de volta, nunca
mais quero vê-lo.
Ele ficou quieto por alguns segundos. —Bom. Pode ser melhor
assim. — A partida dele foi instantânea, e os gritos dela também.
Ela chorou por Jason e seus bebês. Ela chorou por David, por
todos que infelizmente se tornaram parte de sua vida miserável. Ela
chorou pela Morte. Mesmo agora, ela não queria perdê-lo. Ela se
sentia errada sem ele.
Ela não sabia quanto tempo chorou, mas sabia que era uma
quantidade considerável de tempo. Sua voz ficou rouca de seus
soluços até que apenas um leve barulho deixou seus lábios rachados.
Eventualmente, porém, a exaustão se instalou.
Quando ela acordasse, não teria ninguém.
Jason não. Sem filhos. David não. Sem Morte... Nada.
Seu demônio sorriu quando ela aceitou que sua vida terminara.
Mesmo que ela não estivesse morta, mesmo que David a perdoasse,
ela nunca se perdoaria ou se amaria novamente. E ela não tinha
ninguém além de si mesma para culpar.
42
MEU AMOR
Morte exalou quando os efeitos levemente desorientadores de se
tele transportar para seu reino desapareceram. Ele olhou para a cama
vazia e balançou a cabeça, caminhando ao redor para encontrar Jane
no chão. Ela estava olhando para cima, com os olhos desfocados e a
respiração tão superficial que parecia morta. O piso escuro fazia sua
pele pálida se destacar, esmagando ainda mais seu coração, porque o
lembrou da noite em que ele a encontrou após a overdose dela há
tantos anos.
Ajoelhou-se ao lado dela, observando o olhar fixo dela
permanecer inalterado. A cor oliva de seus olhos se misturava com o
preto de seus demônios. Os tons dourados e verdes brilhantes mal
estavam iluminados, mas um brilho fraco perto da pupila lhe dava
esperança suficiente para permanecer no caminho.
—É por isso que você nunca poderia vir comigo, menina. —
Disse ele, já ciente de que ela estava experimentando a morte por trás
de seus olhos sem piscar. Assim como as almas estavam por trás da
cortina, ela estava vendo sua vida novamente. Sem ele aqui para
manter sua chama acesa, ela se aproximaria lentamente da beira de
sua própria morte. É claro que ela não morreria completamente, mas
sua alma sabia que era para passar por aqui; estava tentando seguir
em frente.
—Você pode me ouvir? — Ele perguntou, tocando sua mão fria.
Ele só se foi por dois dias no tempo da Terra, mas, para ela, ela ficou
presa aqui por semanas.
Seus lábios se separaram quando uma lágrima deslizou
lentamente em seus cabelos. —Estou cansada, Jason. Eu fiquei com
Wendy o dia todo. — Sua expressão não mudou, mas ela abriu as
pernas enquanto outra lágrima deslizava pelo lado do rosto. —
Continue.
Ele cobriu os olhos por um momento, sua própria alma rugindo
dentro dele quando a alcançou, querendo resgatá-la dessas memórias.
Ela as experimentou mesmo sem estar aqui, mas vendo-a assim,
incapaz de acordar delas, seu coração mal podia suportar.
Ela fungou e ele tirou a mão do rosto, observando a luz fraca em
seus olhos. Ele não queria experimentar isso; ele sentiu esse tormento
tantas vezes dela. Ela deu seu corpo aos homens porque eles se
aproveitaram de sua confiança neles. Ela tinha sido condicionada, em
tenra idade, a se ver como uma ferramenta para o prazer de um
homem. Ela sempre seria assim. Até que ele a deixou ir.
A Morte gentilmente fechou as pernas. Ela ainda estava nua da
cintura para baixo, e ele estava se odiando mais por ter sido tão cruel
com ela antes. Ele segurou a mão dela, sabendo que não podia
simplesmente acordá-la. Como uma sonâmbula, ela precisava acordar
sozinha.
Mais uma vez, ela abriu as pernas. Sua voz era mais baixa, mais
inocente do que já era. Mais jovem. —Isso me faz sentir estranha aqui.
— Como ele estava segurando a mão dela, ela colocou a mão dele
entre as pernas. Ele fechou os olhos enquanto seu coração lutava para
bater quando ela empurrou o dedo em seu clitóris. —Não, Stephen.
Eu não gosto disso. — Ela choramingou, e ele retirou cuidadosamente
a mão da dela, fechando as pernas novamente e puxou o cobertor da
cama para cobri-la.
Ele pegou a mão dela novamente enquanto olhava para o rosto
dela. Lágrimas após lágrimas deslizaram em seus cabelos enquanto
sua alma continuava rugindo, exigindo que ele a salvasse. Não se
importava com nenhuma das regras impostas a ele ou com o dano que
suas ações poderiam causar - precisava que ela parasse de machucar.
A Morte deslizou um dedo pelo caminho de suas lágrimas,
sentindo algum alívio quando um sorriso triste tocou seus lábios
pálidos.
—Não me deixe. — Ela sussurrou, mas ela ainda não estava
acordada. Este era outro momento de sua vida, outra vez que ela o
chamou sem lembrar quem ele era. Ela só sabia que alguém estava lá.
—Eu nunca vou te deixar —, disse ele, inclinando-se para beijá-
la. — Acorde, doce Jane. Por favor, acorde com isso. — Ele sabia que
ela não iria até ver todas as lembranças, mas poderia guiá-la a se
concentrar nos momentos mais felizes que ela mantinha tão perto de
seu coração. Ele roçou a boca sobre a dela, enviando parte de sua alma
para confortá-la. —Eu estou aqui. Siga-me, menina. — Ele não deveria
fazer isso, mas não conseguia se conter quando ela continuou a
chorar. Ele viu o brilho esmeralda dançar em seu rosto quando sua
alma entrou ansiosamente em seu corpo.
—Morte —, disse ela, sorrindo, mas ainda presa no passado. —
Você deveria agir com medo.
Seu peito e garganta doíam tanto quanto a sensação de
queimação nos olhos. Ela estava lembrando dele com ela quando ela
era apenas uma adolescente. Ela sempre tentava assustá-lo, e ele
nunca entendeu o porquê.
Ele soltou a mão dela para segurar sua bochecha, continuando a
roçar seus lábios nos dela. Ele se perguntou que memória sua alma
tentaria mostrar a ela para aliviar o tormento que seu demônio
provavelmente estava causando.
—Eu te amo, Morte. — Ela respirou contra os lábios dele, assim
como ela disse em seu aniversário na primeira vez que ela disse a ele.
—E eu te amo, doce Jane. — Disse ele, embora ainda não o
tivesse dito.
—Isso é meio romântico, Morte —, disse ela, sorrindo
novamente. —Eu não esperava isso.
Ele sorriu, pressionando seus lábios nos dela enquanto recitava o
que havia dito a ela na noite em que a levaram de volta à sua família.
Eu não sou romântico... Eu imaginei mais do que apenas beijar quando vi a
lua. Amar você completamente nua sob o luar é definitivamente uma das
minhas fantasias recorrentes favoritas.
Ele sentiu sua alma procurando por algo dentro dela enquanto
ela falava novamente.
—Eu teria te seguido. — Ela sussurrou.
A Morte fechou os olhos quando ele chamou sua alma de volta.
Este momento era da conversa deles depois que ele restaurou a
memória dela. Mais uma vez, ele repetiu o que havia dito a ela. —Eu
sei. Mas eu queria que você fosse feliz. Não vi nada para nós.
—Oh, Morte —, disse ela, beijando-o por conta própria, como
havia feito na noite em que ele retornou. —Você sempre se tornou tão
volátil quando se tratava de algo acontecendo comigo.
Os lábios dele se voltaram contra os dela. —Você é tudo que
tenho, doce Jane.
Ela colocou os braços em volta do pescoço e murmurou contra a
pele dele. —Eu sei que deveria estar com raiva de você, mas eu te
perdoo. Eu acho que sou incapaz de ficar chateada com você, na
verdade. Além disso, vamos descobrir isso, e eu sei que você fará tudo
o que puder para me manter a salvo. O que quer que aconteça, por
favor, não me faça esquecer você.
A Morte acariciou seus cabelos. —Eu nunca vou fazer isso com
você novamente.
—Obrigada, Morte.
—Sempre, doce Jane.
43
O LAR DESFEITO
Acordar com a cabeça apoiada em um travesseiro frio não
deveria ter sido perturbador para Jane, mas era. Ela adormeceu no
chão frio de seu banheiro, o que significava que alguém a carregara
para a cama. Que alguém não tinha o cheiro de David, nem a magia
da Morte. Que alguém ainda estava com ela.
Ela não fez nenhum movimento para se levantar e simplesmente
olhou para a escuridão, desviando o olhar pelo quarto silencioso.
—Eu sei que você está aqui —, ela sussurrou antes de ser
rapidamente recebida com uma carícia fria na bochecha. Uma lágrima
escorregou, mas ela não estava com medo. Ela estava de coração
partido pelo que havia feito - pelo que sabia que estava prestes a fazer.
Outra lágrima deslizou por seu nariz, e ela fechou os olhos
quando a sensação fria se espalhou por seu rosto, acalmando seus
olhos inchados. Era entorpecedor, mas ainda a deixando com a
capacidade de pensar e ficar acordada.
—Você vai se mostrar? — Ela perguntou, suspirando quando o
frio tocou seus lábios. —Eu não estou com medo. — Ela respirou
fundo quando uma mão pálida apareceu de repente a centímetros do
rosto. O dono daquela mão - Lúcifer - ficou em silêncio enquanto se
observavam. Ele estava ajoelhado ao lado de sua cama, seus olhos
cinzentos seguindo as lágrimas que ela ainda derramava.
Jane não tinha medo do anjo diante dela. Não deveria ser assim,
ela sabia. Ela sabia que ele poderia estar atormentando-a todo esse
tempo, mas não sabia ao certo como ou quando. Por enquanto, tudo
em que ela conseguia se concentrar era que ele tinha chegado quando
ela estava prestes a perder a luta. Ele fez algo que nem a Morte falhou.
Ele havia parado o demônio dela.
—Eu não vou machucá-la. — Disse ele, movendo seu olhar
penetrante para o dela. Ele enxugou as lágrimas com cuidado debaixo
dos olhos, não demonstrando irritação quando ela derramou mais.
—Eu sei. Eu confio em você. — Havia apenas algo sobre ele.
Mesmo durante o primeiro encontro, ela sentiu vontade de confiar
nele. Não fazia sentido, mas ela tinha que descobrir o que ele poderia
fazer por ela. Afinal, ele foi o único que realmente parou a dor. Foi ele
quem se ofereceu para levá-la embora, para impedi-la de sentir e de
machucar todos.
Ele sorriu, um sorriso lindo. Isso a lembrou da Morte, que
causou uma pontada no coração. Se ela não tivesse empurrado a
Morte para longe, ela se perguntou se seria ele a confortando em vez
de Lúcifer. Não, ela não podia deixar a Morte voltar. Até ele admitiu
que seu demônio poderia impedi-lo no reino mortal. Lúcifer era sua
única esperança.
Ele esfregou o polegar nos lábios trêmulos dela. —Isso não teria
acontecido se você tivesse me procurado antes. Prometi fazer tudo
parar para você.
—Eu sei. — Ela choramingou, fechando os olhos quando as
mãos frias dele esfriaram sua pele quente. —Tentei vir, mas fui
parada. Você enviou Thanatos e Mania para me atacar?
Um lampejo de prata iluminou seus olhos. —Não. Eu estava
esperando por você onde disse que estaria. Quando soube do ataque
deles, a Morte já havia resgatado você.
De repente, ela se lembrou de quão longe ela estivera naquele
tempo. Ela se desligou e Lúcifer ajudou a mantê-la entorpecida com
tudo.
—Só se você quiser. Você mudou desde a última vez que nos
falamos. Essa foi uma defesa criada por sua mente para protegê-la
dela. No entanto, se você desejar, eu posso ajudar a entorpecê-la tanto
quanto você desejar.
Jane balançou a cabeça. —Não quero ficar entorpecida. Só não
quero que ela os machuque. Não ligo para o que acontece comigo.
Ele ficou quieto por um momento. —Como eu disse antes, posso
levá-la comigo, e você não terá medo de machucá-los. Você só precisa
confiar em mim.
—Você pode detê-la? — Ela perguntou, estudando seu olhar sem
emoção. —Como você fez ontem à noite?
—Ontem à noite eu a atordoei. Ela acordará em breve e ficará
furiosa.
—Mas você poderia fazer isso de novo? Você poderia impedir
que ela machucasse mais alguém?
—Eu posso paralisá-la como ela está agora —, ele disse. —
quantas vezes for necessário, mas isso começará a separá-la. No
entanto, se você se entregar a mim completamente, vou ganhar
controle absoluto sem prejudicá-la.
Ela olhou para ele, os olhos arregalados e a respiração mais
pesada. —Me entregar a você?
Ele deslizou um dedo pela mandíbula dela. —É por isso que vai
levar tempo, Jane. É por isso que eu queria que você viesse até mim
antes. Ela me quer com você - ela me chama. Mesmo agora, eu posso
senti-la dentro de você, mas eu preciso que você me queira também.
Tudo o que ela quer é destruir você, mas ela se preocupa com a
própria sobrevivência, já que você está disposta a morrer por todos ao
seu redor. Ela não tem certeza de sua capacidade de manter seu corpo
vivo sem simplesmente aprisionar você dentro dela.
—Ela quer que eu seja uma anfitriã viva para ela enquanto ela
ganha o controle? — Era mais assustador imaginar estar no escuro do
que morrer. —Então, eu não morreria - eu estaria no escuro de novo?
Ele assentiu, seu olhar fixo na boca dela. —A menos que eu a
controle por você, ela pode fazer o que quiser se você se render.
—E se eu continuar?
O olhar dele caiu lentamente sobre o rosto dela. —Você não pode
destruí-la, Jane. Você continuaria lutando e continuaria sendo uma
ameaça para aqueles que ama. — Ele tocou a têmpora dela. —Ela
continuará atormentando você com seus piores medos e lembranças.
A decisão é sua: lute contra ela sozinha e corra o risco de falhar, ou
você pode aceitar minha ajuda. Eu posso lhe dar o que David e Morte
não podem.
Jane desviou o olhar de seu olhar calmo, mais uma vez
percebendo que não havia dor, nem brigas com a própria mente, nem
ameaças. Nem um sussurro. Nada. —Eu não posso ouvi-la ou senti-la.
— Ela olhou nos olhos dele e o encontrou sorrindo. —Se eu me
entregar a você, você pode fazer isso durar?
—Sim, ela se curvará à minha vontade quando você se tornar
minha. — Ele não mostrou nenhum sinal do que isso significava para
ele. Era tudo informativo. —No momento, ela está mais ou menos
dormindo. Eu posso mantê-la assim ou simplesmente trancá-la na
escuridão, como ela fez com você antes. Eu posso impedi-la de acessar
seus pensamentos ou memórias, qualquer coisa que você gostaria que
eu fizesse. Você simplesmente precisa me aceitar e concordar em ser
minha em todos os sentidos. Tem que ser genuíno de sua parte, então
até então, você deve me permitir alimentá-la. Isso fortalecerá seu
compromisso comigo e, eventualmente, me concederá controle
absoluto sobre ela.
Jane mordeu o lábio enquanto tentava pensar. Havia apenas
silêncio. Até a garota triste parecia quieta demais. —A garota lá
dentro. — Ela olhou para ele. —Quem chora. Então é ela?
Os lábios dele se contraíram. —Ela é você. Sua alma, para ser
preciso.
A boca dela se abriu e ela viu quando ele tocou o centro do peito
- o mesmo lugar que a Morte costumava focar. —Ela é minha alma?
Lúcifer assentiu quando um brilho quente e prateado acendeu
sob a mão dele pairando sobre o peito dela. —Ela é adorável, assim
como você. Tão inocente, apesar de tudo o que vocês sofreram juntas.
Jane observou a luz da mão dele pulsando e ela finalmente viu
sua alma. Ela estava dormindo. Não, ela estava ferida, e a luz prateada
de Lúcifer pulsava sobre seu peito rasgado. —O que você está fazendo
com ela?
—Curando seus ferimentos. Assim como você caiu durante suas
batalhas, ela também. Esta última quase a destruiu. Foi por isso que
entrei.
Ela colocou a mão sobre a dele, sorrindo enquanto um raio de
luz prateada envolvia seu pulso. —É quentinho.
—A luz costuma ser —, ele disse, pegando a mão dela,
segurando-a sobre o peito enquanto mais luz entrava em seu corpo. —
Respire. Estou quase terminando.
Ela obedeceu, respirando lentamente enquanto olhava entre as
mãos e o rosto dele. Ele era pálido como ela, mas sua pele era
impecável, enquanto ela estava cheia de cicatrizes.
Ele parecia ter um ar de cara mau em volta dele, com os cabelos
lisos para trás e o terno branco, mas ele era realmente bonito. Ela
continuou observando o rosto dele. Às vezes, ele se parecia com a
Morte, especialmente quando todas as emoções estavam ausentes em
seu rosto. Uma parte dela desejava que ele fosse a Morte, fingindo ser
Lúcifer, apenas para estar perto dela, mas então ele a olhava com
aqueles olhos prateados, e ela sabia que não estava olhando para o
mesmo anjo.
—Ela é forte —, disse ele quando a luz diminuiu. —Quando a
outra acordar, ela também irá, e elas retomarão a batalha dentro de
você.
—Você não acha que ela é forte o suficiente?
Ele inspecionou suas cicatrizes sem nenhum sinal de emoção. —
Elas têm forças diferentes. Depende simplesmente de qual escolha
você faz. Se você optar por se isolar porque tem medo dos outros,
acredito que ficará fraca e não terá chance de se distanciar antes que
ela vença. Seu coração e sua alma estão apegados aos dois homens da
sua vida, assim como aos seus filhos. Suas emoções lhe dão força, mas
também são uma fraqueza. Você quer arriscar a vida deles porque não
pode controlar suas emoções quando a tragédia acontecer?
Jane balançou a cabeça rapidamente. —Eu tentei uma vez. Não
posso confiar em mim mesma depois de me ver cair tão baixo. E não
acho que Morte ou David ficariam muito felizes com isso, se eu
pedisse sua ajuda.
Um leve sorriso brincou em seus lábios. —Infelizmente, se você
ficar, eu não posso. Então, você estaria por sua conta e nem a Morte
nem David podem lhe dar o que eu posso.
—Entendo —, disse ela, observando enquanto ele deslizava os
dedos sobre o antebraço. Algumas das cicatrizes desapareceram
depois que ela derreteu a pele, mas ela ainda estava marcada pela
prata. —Você pode me ajudar a controlar o poder que ela tem?
Ele suspirou, retirando a mão. —Não. Eu posso, no entanto,
forçá-la a ajudá-la. Ela pode ensiná-la, ou você pode aprender por
conta própria como tem sido. Com a minha ajuda, você terá paz e
segurança em vez de temer o que seus poderes podem causar. Você
quer que eu lhe dê isso?
—Quero mantê-los seguros. Estou disposta a fazer o que for
preciso para mantê-los seguros, mas tenho medo de ser ruim.
—Você me vê tão mal? — Ele desviou o olhar da boca dela, sua
expressão ainda em branco.
—Não —, ela disse. —Eu não sei o que realmente penso. Quero
confiar em você, mas não tenho ideia do porquê, ou por que você está
oferecendo ajuda. O que você quer dizer com me entregar a você?
—Eu quero você. Só você. — Ele acariciou sua bochecha. —Você
é tão frágil, mas está destinada à grandeza. Quero você ao meu lado.
Quero que você seja minha rainha.
Jane se inclinou: —Sua rainha? Como casar com você?
—Não no sentido de marido e mulher, não. Você seria minha
igual, governando ao meu lado.
—Governante do Inferno?
—Onde quer que você queira. A escolha é sua, desde que você
me aceite de todos os modos.
Jane olhou para o teto por um longo tempo enquanto tentava se
concentrar. Sua mente não estava mudando através de um milhão de
coisas como normalmente fazia, mas ela ainda estava confusa. Estava
muito quieta. Pacífica, mas ela não tinha mais o lado que questionava
e analisava cada coisinha. —Eu tenho que fazer sexo com você?
—Quando você estiver pronta. Eu não levarei seu corpo até que
você o ofereça para mim. Seria melhor que o fizéssemos em breve. O
ato tornaria impossível para ela quebrar meu controle.
Essencialmente, dando-se voluntariamente estaria me dando todas
vocês.
Ela olhou para ele, novamente vendo uma semelhança com a
Morte em seus traços impressionantes. Suas maçãs do rosto altas,
queixo definido e olhar hipnotizante. —Eu me ofereci à Morte para
salvar Jason.
Sua expressão não mudou. —Eu sei. Eu posso ver suas memórias
quando olho nos seus olhos. Eu sei tudo.
Jane fechou os olhos e se virou, os lábios tremendo ao se lembrar
do que tinha feito com Morte e David. Ela os trairia da melhor ou pior
maneira possível se aceitasse a oferta de Lúcifer, mas eles estarão
seguros. Todos estarão seguros, ela disse a si mesma.
—Você não será minha prostituta, Jane —, disse ele, passando os
dedos sobre os lábios. —Eles tiveram muitas. Admiro os valores
morais de seu cavaleiro agora, mas ele não era santo. Sua contagem de
amantes como um mortal é mais do que o seu doce coração pode
suportar ouvir. Ele sabe disso, por isso não lhe contou tudo sobre o
passado dele. Temo que isso a devastará saber a verdade.
—Por favor, não diga mais. — Disse ela, chorando de repente.
Ela sabia que David não era virgem, mas ficou tão magoada com o
que a Morte havia feito que temeu que David fizesse o mesmo. Tudo o
que conseguia pensar era em como ela não deu a David a libertação
que ele precisava, e ela sabia o que os homens faziam sem libertação.
Uma dor aguda perfurou seu coração.
—Shh...— Ele se inclinou sobre ela, cutucando seu nariz com o
dele.
Jane abriu os olhos e prendeu a respiração enquanto ele se
aproximava.
—Deixe-me ajudar —, disse ele, pressionando um beijo frio no
canto da boca. O gelo se infiltrou rapidamente, correndo para o
coração dela, entorpecendo a dor instantaneamente. —Pronto —, ele
sussurrou, segurando sua bochecha enquanto ela suspirava. —Eu não
vou machucá-la como a Morte fez. Estarei com você quando precisar
de mim. Vou me fazer conhecido por você, não assistir você sofrer,
então sair para me distrair com outra. Se você estiver ameaçada, eu
destruirei a ameaça. Se você for ferida, eu também cuidarei de você.
Se você sangrar, vou me banhar no sangue de quem te machucou.
As lágrimas dela ainda caíram quando ela chorou: —Mas David
esteve lá por mim.
—Ele ficou? — Os dedos dele apertaram o rosto dela: —Ele te
protegeu dessas bestas que marcaram você? Ele não deixou você
vulnerável ao ataque para salvar outra mulher? — Ele esfregou seus
lábios trêmulos. —Ele não se voltou contra você, deixando-a sofrer
porque temia seu demônio? Ele não te chamou de má e depois
permitiu que uma sedutora realmente má fosse libertada?
Jane não queria pensar muito em David. Sabia que Lúcifer a
queria por algo mais, e ele a atingia onde mais doía. O triste era que
ele estava falando a verdade. Mesmo que David desse alguma
explicação para suas ações e palavras, ele ainda permitiu que ela
sofresse, assim como a Morte tinha sofrido. E ele ainda deixou Melody
ir.
—Eles nunca deveriam ter machucado você assim —, sussurrou
Lúcifer, traçando seus lábios novamente. —Eu prometo ficar com você
sempre. Sei que isso te entristece - sentindo-se abandonada. Você
nunca terá que se perguntar onde estou. Ficarei sob meu véu para
todos os outros, mas você sentirá e me ouvirá. Até que você decida,
ficarei ao seu lado. Dê ao seu demônio o que ela quer, para que ela
não os machuque.
—Quanto tempo eu tenho que decidir?
—Apenas alguns dias —, disse ele com um encolher de ombros.
—Como eu disse, seu corpo e sua alma não suportarão meus ataques
por muito tempo. Ela tem um enorme apetite por sangue e luxúria.
Posso satisfazer um pouco de sua luxúria, a menos que você me peça
para fazê-lo. Sangue é apenas algo que posso fornecer a você de
doadores, o que tenho em abundância. Ainda assim, ela a pressionará
a ficar com David ou outro porque ela deseja o toque de um homem.
Ela ansiava por Lancelot por causa das coisas vis que você o assistia
fazer. Ela é atraída pela escuridão, mas vai tirar de David porque sabe
que isso vai te machucar.
Ela sabia que seu demônio desejava o sangue de David mais do
que outros, mas não podia suportar o pensamento dele com seu
demônio. —Você disse que não precisaria fazer sexo com você até que
estivesse pronta. Você satisfará a luxúria dela?
—Eu posso tocá-la sob o meu véu. Onde você é tocada, ela
também. Isso a distrairá enquanto você decide e aprende a confiar em
mim. Lembre-se, eu só vou ganhar controle total quando você me der
tudo.
Ela virou o rosto e chorou. Ela não podia fazer isso com David
novamente. Mas esse era o único jeito. Ela já havia decidido deixá-lo
ir. Se Lúcifer era o único que podia controlar seu demônio, ela tinha
que fazê-lo. Seguindo-o. —Jure para mim que eles estarão a salvo
dela. Eu não me importo com o que você faz comigo, mas preciso ter
sua palavra. Você a impedirá, mesmo que isso signifique me matar.
—Não tenha medo —, ele sussurrou, movendo o cabelo do
pescoço dela e pressionando os lábios contra o pulso rápido. —Você
sabe que eu já estou dentro de você?
Ela assentiu, lembrando como a barganha da Morte a colocou no
meio do jogo com ela como troféu.
—Isso foi mais do que uma aposta que fiz com a Morte. Naquela
noite, prometi fazer de você minha rainha. Amei minha rainha. Se ela
deseja que seus entes queridos sejam protegidos de seu demônio, ela o
terá.
—Mesmo se você tiver que me matar? — Ela virou o rosto para
ele, tremendo quando o hálito frio dele beijou seus lábios.
—Sim. — Ele olhou nos olhos dela. —Mesmo se eu tiver que
drenar toda última gota de sangue de suas veias, eu a impedirei de
prejudicar aqueles que você ama.
Um soluço ficou alojado em sua garganta, então ela apenas
assentiu.
—Shh, feche seus olhos. — Disse ele, e quando ela o fez, seus
lábios frios pressionaram os dela.
Jane chorou, mas não se afastou, e ele não aprofundou o beijo. —
Isso a domina. — Ele beijou sua bochecha e sua mandíbula.Quando
alcançou seu pescoço, ele beliscou sua pele antes de chupá-la, e ela
sentiu todo o caminho até seu núcleo.Ela ofegou, pressionando as
pernas juntas quando começou a doer por mais.
Ele sorriu contra a pele dela. —Ela está acordando.
Jane só podia sentir a intensa sensação crescendo dentro de seu
corpo. Não era sua própria luxúria, era seu demônio, e a cadela sabia
que Lúcifer estava lá. —Eu não sei o que fazer.
Lúcifer virou o rosto para ele. —Confie em mim. Eu sei o que ela
quer e sei que você precisa de tempo. Estou fazendo isso por você,
assim como você faz pelos outros. Não faz de você uma pessoa má. Eu
prometo, meu desejo é apenas ver você sorrir. Quero que você se sinta
bem, mas entendo que seu coração e sua alma precisam de tempo.
Então, por enquanto, darei o necessário para impedir que ela te
domine.
—Que é? — Ela perguntou, tremendo quando ele deslizou a mão
pelo braço dela.
—Espero que ela precise apenas de um toque provocador
enquanto você se ajusta. — Ele massageou a parte interna do pulso
dela, encarando-o enquanto falava. —Você ainda deve dar o sangue
de David. Ela ficará irritada quando não receber mais de mim e vai
atacá-la por isso. Então, se alimente dele. Preencha a necessidade dela
do sangue dele, e eu a impedirei de tomá-lo. Você terá que confiar em
mim, Jane. Ela não é a garota doce que você é.
Ele moveu a mão para o estômago dela, balançando a cabeça
quando ela tentou empurrá-lo. —Você deve me permitir satisfazê-la,
se você quiser mantê-lo seguro. Você já sabe que ela estava pronta
para destruí-lo antes. Permita-me mantê-la distraída. Isso — ele
deslizou a mão dele até o estômago dela, cobrindo a mão esquerda. —
A distrairá. Ela quer mais; você sabe disso.
Ela queria chorar, mas sabia que ele estava certo. —Eu sei. Eu só
não quero machucar David. Eu já fiz muito com a Morte, e então
quando ela tinha aquele vampiro... Tem certeza de que tenho que
fazer isso?
—Tenho certeza. — Disse ele, baixando os lábios no pescoço
dela.
—Eu não posso acreditar que estou fazendo isso. — Ela chorou,
mas ficou parada enquanto ele beijava seu pescoço enquanto
massageava seu peito.
—Você não está fazendo nada errado —, ele murmurou contra a
pele dela. —Você está fazendo isso por eles. Estou ajudando você a
mantê-los seguros. Não fique triste por isso. Ela quebraria você antes
que eu pudesse tentar impedi-la.
—Mas eu o amo. — Ela sussurrou.
Ele rosnou em seu ouvido. —Não diga mais isso.
Jane se encolheu, fechando os olhos. —Eu sinto muito.
Lúcifer respirou fundo e beijou sua bochecha. —Perdoe-me,
Jane. Eu não quero você com medo de mim. Eu só quero que você faça
a transição sem infligir mais dor ao seu coração. Você será minha e
não gostarei de ouvir sobre os sentimentos que tem por outros
homens. Eles tiveram sua chance, mas nunca foram feitos para te
salvar. Eu sei que você os ama, mas não gosto de compartilhar. O
cavaleiro pode estar disposto a compartilhar você com a Morte, mas
eu não compartilharei minha rainha. Voce entendeu?
— Sim. — Disse ela, tentando impedir que seu corpo tremesse.
Ele agarrou seu queixo para virar o rosto em sua direção.
Enquanto a estudava, seus traços frios suavizaram por meros
segundos.— Diga-me o que você quer.
Jane torceu o rosto enquanto tentava conter sua tristeza, mas
respondeu: —Quero que você os mantenha a salvo dela. Quero que
você evite que ela me pegue. Quero que você a silencie para que eu
ainda possa ser “eu” satisfaça-a para que eu possa mantê-los longe de
sua ira. Quero que eles me esqueçam. — Ela chorou e ele começou a
esfregar sua bochecha carinhosamente. —Eu quero que você me tenha
quando chegar a hora.
Jane ficou quieta quando ele baixou o rosto para o dela. Ela
fechou os olhos quando os lábios frios dele roçaram os dela. —Tão
corajosa —, ele sussurrou contra sua boca. —Eu farei o que você
desejar, minha rainha. — Seu beijo suave era cheio de poder, e se
espalhou por sua pele. —Tão doce. Tão inocente e amorosa. — Ele a
beijou novamente, desta vez por mais tempo, mas se afastou.
Jane olhou nos olhos dele. —Eu não posso.
Ele inclinou a cabeça para o lado: —Minha oferta não lhe
agrada?
—Sou grata por sua ajuda, mas não estou feliz - não posso sorrir.
—Feche os olhos. — Disse ele, sem lhe dar idéia do que estava
pensando.
Ela obedeceu, não querendo irritá-lo.
—Imagine o rosto do seu cavaleiro. Imagine o sorriso dele. —
Seu tom era suave, e ela relaxou instantaneamente. — Você o vê?
—Sim —, ela sussurrou quando conseguiu ver David
imediatamente. Algo dentro mudou, e ela engasgou quando um
rosnado encheu sua mente. —Ela está aqui! O que devo fazer?
—Shh...— Ele tocou sua têmpora, e ela de repente viu imagens
dela e David se beijando e sorrindo. —Sorria para ele.
O coração de Jane bateu forte quando o rosnado ficou mais alto.
—Ela está vindo!
Ele agarrou o rosto dela dolorosamente. —Sorria para ele, Jane.
Ela choramingou, mas olhou para o rosto bonito de David em
sua mente, acalmando-se o suficiente para sorrir.
—Abra os olhos, mas continue sorrindo. — Disse ele.
Jane fez o que foi dito e choramingou, mas continuou sorrindo,
mesmo que o rosto de David não estivesse mais visível. Apenas
Lúcifer permaneceu.
Ele olhou para os lábios dela por alguns segundos antes de
finalmente olhar para ela. —Linda. — Disse ele, em seguida, colocou a
boca sobre a dela. Isso a chocou, mas ele continuou a beijá-la, e o
sorriso de David voltou. Os lábios dele esquentaram, e ela suspirou
quando o calor que David emitiu envolveu seu corpo.
Jane estendeu a mão para segurar o rosto dele, beijando-o
ansiosamente enquanto passava os dedos pelos cabelos dele.
Os lábios de David se foram e ela abriu os olhos para ver Lúcifer
mais uma vez olhando para ela. Ela cobriu a boca enquanto engasgava
com um soluço suave.
—Logo seu sorriso será para mim —, disse ele como se fosse
uma coisa simples de se esperar. —Tive que empurrar o rosto dele na
sua mente para você me beijar de volta. Você vai esquecê-lo, Jane .
Isso e o que eu quero.
—Você promete mantê-los seguros? — Ela sentiu a garganta se
fechar, sabendo que estava prestes a entregar sua vida ao anjo caído.
—Eu prometo.
Seus olhos se encheram de lágrimas. Perdoe-me, meus amores.
Lentamente, ela começou a acenar para ele. —Eu vou deixar
você alimentá-la. Por favor, apenas o necessário.
—Claro. — Ele pressionou seus lábios nos dela mais uma vez,
mas olhou para a porta. —Ele está esperando por você. Peça para ele
te alimentar - você não se alimenta há dias. Eu sinto a sede dela.
Jane olhou para a porta, seu coração batendo violentamente
quando um rosnado baixo ecoou em sua mente. —Ela não vai
machucá-lo?
—Eu ficarei contigo. Ele não saberá que eu estou lá, e eu a
distrairei para que ela não o domine e o mate. Beba o que você deve e
peça licença. Não deixe que ele te toque de qualquer outra maneira.
Ela ainda sente o que você deseja. Se seu desejo por ele é muito
grande, ela pode ignorar minhas tentativas. Você entende? Ela matará
ele e qualquer um ao seu redor.
—Eu sei e entendo.
—Não tema meu toque, Jane. — A mão dele se moveu do rosto
dela para o ombro dela. Ele a empurrou para que ela se deitasse
completamente de costas. Jane ficou quieta, fechando os olhos porque
sabia que ele a tocaria. —Abra seus olhos. — Ele estava olhando para
ela quando ela o fez. —Eu repulso você?
—Você é lindo. Só estou com nojo de mim mesma.
—Não fique. O que você está fazendo é por amor. — Lúcifer
sorriu, colocando uma mão ao lado da cabeça dela para se apoiar
enquanto deslizava a outra no peito dela. —Prove agora que você
pode ir até ele sem alertá-lo de que algo está acontecendo com você.
— Ele descansou a mão sobre o peito dela, sem tatear, apenas tocando.
—Boa menina. — Ele moveu a mão para baixo, acariciando sua
barriga e depois seu quadril. —Você apreciará meu toque a tempo.
Por enquanto, concentre-se no que você precisa fazer e não reaja
quando sentir minhas mãos em você. David está muito sintonizado
com você. Se ele temer que você esteja em perigo, ele pode fazer algo
que a enfurecerá.
—Ok.
44
E TODOS CAEM
—David, pare! — Gawain gritou, tirando-o de um dos guardas.
David tinha um vampiro desconhecido preso ao chão com a
mão, pronto para arrancar sua garganta. Ele resmungou e
aproximadamente ergueu-se, quebrando o rifle contendo rodadas de
prata na metade.
—Vá. — Gawain o empurrou em direção ao corredor destruído.
—Eles não serão capazes de matá-la de qualquer maneira. Vamos.
David jogou a arma demolida no chão antes de olhar para o
corredor onde os outros já haviam ido. As paredes e o chão estavam
completamente arruinados. Eles estavam cheios de buracos ou
derrubados completamente porque Jane a havia perdido
completamente.
Ele sabia que estava vivo. Porque ela mal estava se apegando a si
mesma, mas usou suas habilidades para mandá-lo através de várias
paredes antes de fugir para procurar Melody. Arthur e os outros
ouviram a destruição, que só ficou mais alta quando Jane se deparou
alguns dos guardas do palácio que tentaram detê-la. Até agora, ela
não havia matado ninguém, mas estava ficando cada vez mais
irritada. Os guardas atirando prata nela a fizeram perder o controle.
Ele sabia que ela precisava ser detida. Mas ele não iria vê-la levar um
tiro.
— Eles não pretendem atacá-la — disse Arthur, quando David
parou atrás dele. — Eles estão assustados.
David limpou o sangue de seu rosto. Sabia que não deveria ter
agredido os guardas, mas era impossível de parar uma vez que a viu
quase levar um tiro nas costas. —Eu sei. — Disse ele, olhando ao virar
da esquina.
—Ela está dentro de um dos quartos. — Disse Tristan.
David olhou para os outros. Eles estavam respirando com
dificuldade, cobertos de gesso e poeira, mas eles pareciam
preocupados com ele.
— As crianças estão longe? — David perguntou, olhando para
Gawain.
—Sim, Guinevere e Elle estão com elas. Elas fugiram para a
cabine de segurança.
David suspirou. —Obrigado.
Arthur rosnou antes de falar. —David, eu não sei como vamos
detê-la. Não consigo ler sua mente, e ela só está ficando mais violenta
com seus ataques. Ela está presa e ela vai nos matar se estivermos no
caminho dela.
—Pare de falar sobre ela como se ela estivesse fazendo isso! —
David olhou para o cunhado: —É por isso que ela foi empurrada para
este ponto! Ela ouviu tudo o que você disse sobre ela antes.
Arthur suspirou, esfregando um pouco de poeira na testa. —
David, é ela quem faz isso. Você disse que ela está segurando o
demônio de alguma forma, que ela quer matar a própria Melody.
—Você não? — David espiou pela esquina novamente,
recostando-se rapidamente quando um raio de energia azul apareceu
direto em seu rosto. —Porra!
Gawain o puxou de volta no tempo. —Você quase bateu em
David, Jane!
—Bom! — Ela gritou, fazendo David encarar o buraco que ela
acabou de atirar na parede.
Gareth riu. —Isso é realmente hilário.
Todos se viraram para olhá-lo.
—Bem, ela não está tentando nos matar —, disse ele, levantando
as mãos. —Mas ela ainda soa como ela, e é engraçado. Ela está
atirando em você com explosões de energia.
David balançou a cabeça e espiou, sendo menos óbvio: —Bebê,
não há saída lá embaixo. Por favor, não atire em mim novamente.
—Vá no inferno, DAVID!
—Bem, agora ela não soa como ela. — Disse Gareth calmamente.
—Ela ainda está lá —, disse David, não desistindo dela. —
Querida, por favor, me escute. Deixe-me ir até lá. Podemos conversar
sobre o que você gostaria de fazer e podemos chegar a um acordo
sobre como e quando ela será punida.
—Eu não preciso falar com você —, ela retrucou desagradável.
—Eu já conheço o castigo dela.
—Droga, Jane! — David estalou, socando a parede. —Esta não é
você.
De repente, Hades apareceu atrás deles, fazendo todos se
virarem. — Onde ela está?
Kay respondeu: — Um dos quartos no final do corredor.
Hades lançou um olhar a Arthur, que David reconheceu quando
alguém estava falando mentalmente com ele, e agarrou Hades pela
garganta, batendo-o na parede ao lado de Arthur. —Se você sabe de
algo, eu quero ouvi-lo agora. Você a julga duramente desde a nossa
última batalha. Quero saber o que está acontecendo.
Hades levantou as mãos em sinal de rendição. —David, certas
coisas devem acontecer. Não posso lhe contar o que sei. Isso não vai
ajudá-la.
—Que porra é essa? — David estalou e apontou um dedo para
Arthur. —Eu juro, irmão, se você souber de algo - algo que fez você se
virar contra a mulher que amo - não vou perdoá-lo.
Arthur suspirou e olhou para Hades antes de se voltar para
David. —David, ela não é a mulher que você ama. Jane se foi.
David soltou Hades, tropeçando para trás como se tivesse sido
fisicamente atingido. —O que?
Arthur olhou para Hades antes de olhar para David. —Sim, ele
sabe de algo, e eu descobri porque ele pensou nisso enquanto estava
minha presença. Eu teria lhe dito se não fosse o que ele também
incluiu aconteceria se isso fosse revelado. Mas os pensamentos de Jane
não estão mais ao meu alcance, então eu posso apenas supor que ela
se foi e você esteve com todo o demônio dela. desta vez.
—Essa é Jane. MINHA JANE! Ela não é um maldito demônio. —
David mostrou suas presas para Arthur enquanto Gawain e Gareth o
seguravam: — Tudo o que você precisa fazer é olhar nos olhos dela e
vê-la, mas você a julgou assim que perdeu a capacidade de ouvir seus
pensamentos. Ouça-me sobre Melody. Você deixou essa cadela te
enganar, e agora meu bebê está perdendo a guerra dentro da porra de
sua mente. Como você não pode esperar que ela reaja dessa maneira?
Você viu Jason?
—Todos nós o vimos, David —, disse Arthur. —Assumo total
responsabilidade por não remover Melody antes, mas não posso
permitir que Jane a mate.
David rosnou, fechando o punho. —Isso foi a coisa mais difícil
para eu dizer a ela. Que eu não posso garantir que a justiça seja dada
porque você precisa de Zeus para lutar conosco. Ela tem todo o direito
de ficar tão furiosa conosco. Melody merece morrer.
— Não é assim que Jane a matará — disse Arthur, balançando a
cabeça. — Ela a torturará e isso é errado.
—Se você a tivesse condenado à morte antes que ela voltasse, ela
não sentiria que estamos escolhendo Melody sobre ela.
—Vamos tentar conversar com ela novamente —, disse Gawain,
olhando para Arthur. —Eu sei que é Jane, irmão. Ela está machucada e
seu demônio provavelmente está alimentando sua raiva, mas Jane é
uma boa pessoa.
David deu um tapinha no ombro de Gawain. —Eu irei sozinho.
Acho que ela se sente ameaçada demais por todos que a perseguem.
—Ela atacou você também, David. — Arthur apontou.
David sorriu, mas estava além de pronto para acabar com
Arthur. —Jane teve a chance de me matar várias vezes hoje à noite. É
por isso que eu sei que ela é minha Jane. Ela se conteve e está
impedindo de matar alguém até agora.
Hades deu um pequeno sorriso e acenou para David. —Tenha
cuidado. Ela pode estar se segurando agora, mas acabará perdendo o
controle. Assim como sempre perdeu.
Foi preciso muita contenção para não atacar nenhum deles, mas
ele se abriu: —Bebê, eu estou indo para lá. Sou apenas eu. Os outros
vão ficar aqui.
Ela não respondeu, mas ela não atacá-lo com seus poderes
também. Isso era bom o suficiente para ele.
—Bebê? — ele disse quando chegou à porta onde sabia que ela
estava. —Querida, posso entrar?
Ele ouviu, e apenas devido à sua audição extra sensível, ele
percebeu seus sussurros fracos.
—Por favor, não faça isso —, ela sussurrou, soando à beira das
lágrimas. —Por favor, mantenha-os seguros. Eu não posso lutar com
ela mais.
—Bebê, eu vou entrar —, disse David, sabendo que ela estava
prestes a se perder. —Não tenha medo, sou só eu. — Lentamente, ele
abriu a porta danificada e espiou a cabeça para vê-la em pé no meio
do quarto com os braços abraçando o tronco.
Ele deu um pequeno sorriso, feliz por ela não o atacar, e entrou
na sala . —Oi bebê.
A cabeça dela balançou como se ela estivesse concordando com
alguém.
David caminhou até ela. —Jane —, disse ele, e finalmente seus
olhos se encontraram com os dele. —Sinto muito que você tenha
descoberto assim. Eu estava com raiva também. Eu quase lutei com
Arthur agora, porque isso poderia ter sido evitado.
Os olhos de Jane brilharam pretos, mas a maneira como seu rosto
se enrugou de dor lhe disse que ela ainda estava lá.
—Eu a vejo, bebê. Eu sei que ela está machucando você. — Deus,
ele queria protegê-la disso. —Não consigo imaginar como é, mas
quero estar lá para ajudá-la. Amo você e sei que você me ama. Você
me mataria se não me amasse.
Seus olhos cor de avelã se encheram de lágrimas. —Eu não
consigo parar.
—Bebê, você pode. — Ele sorriu, gesticulando para si mesmo: —
Eu não estou machucado. Você está falando comigo.
—Porque ele-— Ela balançou a cabeça.
David franziu a testa. —Ele?
—Não há ele.
David estudou a maneira como ela estava de pé. Parecia
antinatural. Ela estava se abraçando, mas parecia que ela iria cair - só
que ela não estava. —A Morte está com você?
Os olhos dela se arregalaram. —Não. Não o vejo desde que lhe
disse para sair. Eu não o sinto.
—Então me diga quem diabos está com você. — Ele não queria
machucá-la e sabia que não podia atacar exatamente algo invisível. —
Jane, me responda.
—Não. — Ela sussurrou, choramingando e inclinando a cabeça.
—Não dê ouvidos a isso. — David deslizou seu olhar pelo corpo
dela, notando que ela realmente parecia estar sendo segurada. —
Quem está com você, eles não estão aqui para ajudá-la. Confie em
mim, querida. Eu posso ajudar. Você só tem que me dar uma chance.
Ela ficou parada, a cor dos olhos mudando mais violentamente
enquanto inclinava a cabeça e choramingava algumas vezes.
—Jane, olhe para mim.
—David, eu não...— Ela balançou a cabeça, cobrindo os ouvidos.
—Diga-me o que está acontecendo.
Ela arreganhou as presas, encarando-o com olhos negros antes
de gritar e os olhos castanhos voltarem à vista.
—Você é mais forte que ela, Jane. — Seu coração batia forte
enquanto ele rezava para que ela tivesse força. —Eu sei que você é,
então empurre-a para baixo e volte para mim. Eu vou lidar com
Melody.
Ela assobiou, mas ele segurou suas bochechas, sorrindo quando
os olhos castanhos o olharam.
—Aí está você. Fique aqui, querida, e me escute. Eu te amo.
Ela chorou. —David, eu não posso.
—Shh... Está bem. Me escute. Respire mais devagar e ouça. —
Ele esperou que ela diminuísse a respiração e falou novamente. — Eu
te amo muito, Jane. Essa coisa dentro de você está tirando você de
mim, e eu não quero que isso aconteça. Eu sei que está fazendo você
pensar que precisa matar Melody - quer que você a mate para que ela
possa ganhar. Se você fizer isso, ela fará. Se ela vencer, nunca mais
vou te ver. Você nunca me verá, querida. Ela pode fazer o que quiser,
e acho que ela não gosta de mim.
—Ela te odeia. — Os lábios dela tremeram.
Ele alisou o cabelo dela para trás. —Eu sei. E sei que minha
garota não gosta quando estou ameaçado. — Ele sorriu quando ela fez
beicinho e balançou a cabeça. —Meu bebê é feroz quando sou
ameaçado, e ela é ainda mais cruel quando seus bebês são ameaçados.
Você precisa encontrar essa força. Sempre foi você, meu amor. Não foi
ela quem se levantou para me defender ou aos gêmeos. Então lembre-
se disso quando ela estiver me ameaçando, e você a colocará no lugar
dela. Porque eu quero você comigo por muito tempo, meu amor.
Quero que você crie seus bebês e quero ajudá-la a fazer isso. Eles
sentem tanto a sua falta, e eu quero levar você para casa.
O medo brilhou em seus olhos e seu corpo tremeu. —David, eu
vou machucá-los. Por favor, não.
—Me escute, Jane. Você é uma mãe maravilhosa. Eu não ligo
para o que você pensa. Eu sei pela maneira como eles falam sobre
você. Todo mundo sabe. Eles te adoram, querida. Eles querem que
você seja feliz. Isso só pode ser porque eles têm uma mãe que lhes
mostra todos os dias o quanto os amava.
—Mas você mentiu para mim. — Seus olhos escureceram, mas
ela os fechou antes de revelar avelã novamente.
—Você está indo tão bem, querida. — Ele esfregou as bochechas
dela com os polegares. —E eu não quis mentir. Sinceramente, pensei
que ela se foi. Eu sabia que Arthur era contra a execução de uma
sentença de morte, então sugeri bani-la até que todos pudéssemos
concordar com a punição dela.
—Ela merece morrer. — Disse ela, com o peito arfando
novamente.
—Eu sei. Concordo. Ela merece a penalidade máxima pelo que
fez com eles.
—Eu a quero morta, David. — Disse ela, olhando-o diretamente
nos olhos. Avelã.
Ele exalou, sabendo que essa seria a única maneira de mantê-la.
—Ok. Se você se acalmar e concordar em ficar comigo, cumprirei
qualquer sentença que você exigir. Se essa é a vida dela, eu aceito.
Ela procurou o rosto dele, recuando algumas vezes antes de
rosnar.
—Quem quer que esteja discutindo com você, ignore-os e foque
em mim. Eu sou seu David. Eu te amo. Quem está falando com você -
tentando fazer com que você me deixe - eles não amam você. Eles
estão mentindo para você e usando seus medos para fazer você
acreditar que eles se importam. Eu me preocupo com você. Então,
você me diz o que precisa que aconteça, e eu farei.
—Quero que ela pague pelo que fez. — Disse ela, mantendo os
olhos da mesma cor avelã.
—Ok. — Ele assentiu, esperando que estivesse escolhendo as
palavras certas. —Eu também. Você acha que podemos esperar até
que a guerra termine?
Preto. Ela cobriu as mãos dele, mas estava tentando se acalmar,
então ele ficou parado. Finalmente, abrindo os olhos, ela balançou a
cabeça. —Ela tirou a chance dos meus filhos de ter o pai e machucou
Nathan. Não, ela não espera.
—Você tem certeza? Você sabe que não posso trazer alguém de
volta. Não posso desfazer o que sua sentença de morte fará com que
aconteça na guerra. Não estou tentando influenciar você, estou me
certificando de que não se arrependa de nada.
Ela inclinou a cabeça, choramingando.
—Bebê, olhe para mim. Fique comigo. — Ele sorriu quando ela
olhou para algo que ele não podia ver. —Diga-me, Jane. Você quer a
vida dela pelo que ela fez com Jason e Nathan?
Os olhos dela lacrimejaram e ele sabia que estava entendendo o
que queria dizer. —Eu não sei. Sim, mas não quero que você faça.
Ele sorriu, alisando os cabelos dela para trás. —E por que isso,
bebê?
Ela franziu a testa, estudando o rosto dele enquanto ainda se
encolhia, mas agora ela estava agarrada às mãos dele no rosto. —O
que isso faria com você? Isso seria um pecado ou algo com o qual você
não poderia viver?
—Não importa o que acontece comigo —, ele disse
honestamente. —O que importa para mim é o que acontece com você.
Se isso lhe dá paz para vê-la morta, quero ser o único a lhe dar isso.
Uma lágrima caiu de seus olhos. —Você fará isso por mim? Você
a fará pagar pelo que ela fez?
—Sim, bebê.
Ela franziu a testa e fechou os olhos. Ele observou as feições dela
alternarem entre parecer ouvir e depois argumentar de volta.
—Por que você está fazendo isso, David? — ela perguntou com
os olhos fechados. —Você disse que é ruim fazer isso.
—Eu ainda farei qualquer coisa por você.
Ela abriu os olhos, mas ficou em silêncio.
Ele sorriu, rezando para que isso a traria de volta. —Eu amo
você, Jane.
Um sorriso trêmulo se formou em seus lábios, e ela estendeu a
mão para tocar sua boca. Ele continuou sorrindo para ela e se apoiou
na mão macia dela. Parecia mais fria que o normal, algo que ele
percebeu que acontecia com ela quando ela alcançava esses pontos de
ruptura.
—Obrigada, David —, ela sussurrou. —Você fará isso agora?
Não tenho certeza se posso mantê-la fora de minha mente por muito
tempo. Se estiver pronto, talvez haja uma chance de eu fazer isso.
Talvez possamos sair? Só você e eu, para que meus bebês e mais
ninguém se machuquem. Você não precisa, mas eu não quero ficar
sozinha. — Ela arreganhou as presas e olhou para a direita. Então ela
se encolheu, olhando para o lado.
Há dois com ela.
—Tudo bem, meu amor. — David sabia que isso estava errado,
mas ele tinha que salvá-la de si mesma. Ele não podia ver o amor de
sua vida se perder porque ela estava sendo manipulada. Ele se
sacrificaria por ela.
—Agora, David —, disse ela, seus olhos escurecendo antes de
virar avelã novamente. —Eu quero estar com você. Eu preciso vê-la
morrer.
Isso foi contra tudo o que sabia, mas ele faria isso se a salvasse.
—Você promete ficar comigo, Jane?
Ela se encolheu, choramingando enquanto cobria sua orelha
direita.
—Não ouça mais. Eu estou bem aqui.
—Estou tentando. — Ela apertou o pulso dele, respirando
profundamente quando começou a tremer. —Eu estou tentando.
—Bom bebê. Estou tão orgulhoso de você. — Ele beijou a testa
dela. Sua pele parecia gelo. —Nós iremos agora. Eu sei que dói. Eu
vou te aliviar, por favor, fique.
—Sinto muito, David. — Disse ela, olhando para ele.
David agarrou seu rosto com mais força e a beijou. Ela
respondeu instantaneamente, passando os braços em volta do pescoço
dele. Seus lábios sempre tinham um gosto tão doce e desta vez não era
diferente. Ela apertou seu abraço, choramingando quando ele sentiu
um puxão constante, como se algo estivesse tentando afastá-la.
Ele aprofundou o beijo deles, puxando-a contra ele. Mais uma
vez, algo a puxou, mas ela segurou. Ele sorriu, mordendo o lábio para
sangrar. Ela gemeu, chupando o lábio dele apenas para morder o seu
por ele. David rapidamente a levantou, puxando as pernas em volta
da cintura dele enquanto bebia seu doce sangue.
Ela chorou contra a boca dele. —Eu amo você, David.
—Deus, eu também te amo, bebê. — Disse ele, puxando seus
cabelos e beijando-a com mais força.
Ela se afastou o suficiente para falar. —Por favor, não me odeie.
Sinto muito por tudo que fiz. Sinto muito pelo que estou pedindo para
você fazer.
Ele balançou sua cabeça. —Eu nunca poderia te odiar, meu
amor. Eu quero que você tenha paz. Se é assim que você conseguirá,
que assim seja.
Ela choramingou novamente, chorando enquanto enfiava os
dedos no ombro dele. —Eu te amo! Me perdoe... Eu te amo. Eu te
amo. — Ela parecia histérica e desesperada por ele ouvir isso dela.
—Não tenha medo. — Ele sorriu, esfregando sua bochecha. —Eu
também te amo. Sempre. Meu amor - meu bebê, minha gatinha, minha
boneca. Eu te amo. Tudo vai ficar bem. Enquanto ficarmos juntos,
ficaremos bem.
Ela balançou a cabeça, acariciando sua bochecha com os dedos
frios. —Não vai ficar tudo bem. — Ela tocou seus lábios. —Nada vai
ficar bem.
—Estará. — Ele pressionou a palma da mão na bochecha dela;
ela estava tão fria. —Eu sei que seremos felizes e juntos quando tudo
acabar.
Ela deu a ele aquele olhar, aquele olhar que significava tudo para
ele.
Ele sorriu antes de beijá-la suavemente. —Eu também te amo.
—Não faça isso, David—, disse Arthur, seguindo atrás dele e
Jane.
David apertou a mão dela. —Eu preciso, irmão. Não vou deixar
que ela faça isso, e me recuso a perdê-la porque estamos colocando
táticas de batalha à frente do que é certo.
—Eu nunca quis que parecesse assim —, disse Arthur, ainda os
seguindo enquanto desciam a escada escura para a masmorra. — Mas
vocês dois devem entender que precisamos de todos os aliados.
Quanto mais temos, maior a chance de salvar este mundo, que inclui
Nathan e Natalie.
—Não traga as crianças para isso. — David lançou um olhar
sombrio para Arthur. —Ela é quem merece exigir uma sentença, e ela
terá. Se Zeus não pode ver que é justo, ele se torna meu inimigo.
—Isso vai colocar muitos contra nós —, disse Arthur. —Jane, por
favor, entenda que nossas intenções são para o bem de todos. Nosso
dever é manter o mundo seguro. Fazer isso quebrará nossas chances
de sucesso.
—Chega! — David gritou, parando no corredor frio. Ele se virou,
encarando Arthur. —Você quer que ela faça isso? Você quer que eu a
perca para sempre? Para ela se perder?
Arthur balançou a cabeça, suspirando. —Você sabe que eu não
quero nada disso.
—Então não interfira —, disse ele, sabendo que todos os seus
irmãos estavam ouvindo. — Também não quero machucar ninguém,
mas machucarei se você tentar me impedir. Ela precisa de justiça, e
este é o único caminho para ela encontrar a paz. Pelo menos assim, é
justo e rápido. Esta é a única maneira de eu salvá-la. — Ele não
esperou que nenhum de seus irmãos discutisse com ele e virou o
corredor novamente.
Jane estava choramingando o tempo todo, enquanto lágrimas
constantemente escorriam por seu rosto.
—Espere, bebê. — Disse ele, puxando-a para perto.
—Estou tentando. — Disse ela, abraçando o braço dele quando
ela parecia ser puxada um pouco na outra direção.
David não queria que os outros entrassem em pânico, então ele a
moveu para o outro lado antes de finalmente alcançar a porta que
procuravam. Ele não entrou imediatamente. Por um momento, ele
olhou para a porta de metal, rezando para que isso fosse suficiente
para, pelo menos, ajudá-la a escapar do que quer que a esteja
ameaçando.
—David. — Ela sussurrou, suas mãos tremendo enquanto
abraçava o braço dele novamente.
Ele olhou para baixo, sorrindo suavemente antes de se abaixar.
—Eu te amo. — Ele a beijou rapidamente. —Muito.
Ela tocou seus lábios, chorando. —E eu te amo.
Ele sorriu, beijando-a mais uma vez. —Deixe-me lutar esta
batalha por você. E eu prometo que lutaremos todas as batalhas juntos
a partir de agora. Seja minha garota corajosa, ok?
—David, por favor, pense bem. — Disse Arthur, derrotado.
Rosnando, David beijou os lábios de Jane, as bochechas
molhadas e a testa antes de encarar Arthur. —Eu penso. Não interfira.
— Ele olhou para os outros atrás de Arthur. —Qualquer um de vocês.
— Ele faria isso por ela, mesmo que isso lhe custasse a alma. E com
essa confirmação em seu coração, ele abriu a porta.
Estava escuro, mas ele instantaneamente trancou os olhos com
Melody enquanto ela pegava suas unhas.
Ela se sentou ereta, os olhos arregalados quando notou Jane e os
outros. —O que está acontecendo? — Ela saiu da cama, olhando
carrancuda para Jane, mas se afastando. Suas correntes caíram no
chão de pedra. Elas eram restrições bárbaras com pontas de prata que
cavavam a pele do usuário, projetadas especificamente para
enfraquecer sua espécie.
David não respondeu. Em vez disso, ele verificou se Jane estava
mantendo o controle. —Jane?
Seus lábios tremiam quando ela olhou para ele, mas ela assentiu,
estendendo a mão para tocar sua boca. Ele sempre se perguntou por
que ela fazia isso, e ele esperava descobrir.
—Eu te amo, amor. — Ele sorriu suavemente quando Melody
sibilou, mas manteve os olhos nos de Jane. Ela parecia tão rasgada
agora. —Não se preocupe mais, eu vou cuidar disso para você.
—Isso é sobre o quê? — Melody gritou, olhando para Arthur.
David manteve os olhos em Jane e levantou a mão livre para
acariciar sua bochecha gelada. Seus olhos castanhos estavam
escurecendo novamente, então ele deu um longo beijo nela.
—Melpomene —, disse Arthur, chamando Melody pelo seu
nome verdadeiro. —Minha sentença de banir você de minhas terras
não se encaixa nos seus crimes contra Jane e sua família. — Ele fez
uma pausa e David puxou os lábios dos de Jane. —David veio para
executar a punição que ela está solicitando.
—Que é? — Melody exigiu.
—Sua morte. — Disse Arthur.
—Você não pode me matar. — A surpresa e o medo de Melody
estavam claros em sua voz estridente. —Meu pai não permitirá. Você
conhece as regras, Arthur.
—Chega! — David gritou, impedindo-a de usar sua magia.
Melody recuou contra a parede. —David, você sabe o que vai
acontecer se você me matar.
—Você conhecia seu crime quando atacou Jason —, ele disse a
ela. —Quando você o enfeitiçou para matar seus próprios filhos.
—Ele me atacou! — Melody gritou, olhando para os outros, mas
eles haviam baixado o olhar para o chão para evitar cair sob seu
feitiço. —Eu estava me defendendo.
Quando ela olhou para ele, seus olhos rodando em tons de
esmeralda, ele arreganhou as presas. —Você sabe que seus encantos
não funcionam comigo.
Melody olhou para Jane. —Se você solicitar a minha morte, você
será o responsável pela deles. Será sua culpa quando o sangue de seus
filhos enche as barrigas da minha família.
David rosnou com seus irmãos e apertou a mão de Jane.
—Cale-se! — Jane gritou.
Melody sorriu maliciosamente, e Jane realmente se encolheu ao
vê-lo. —Ele era um homem patético de qualquer maneira —, disse
Melody. —Você sabe o quão perto ele chegou de cortar suas
gargantas?
—Cale-se! — A voz de Jane falhou.
—Ele estava tão perto —, disse Melody. —Ele tinha a faca nas
mãos, apenas esperando pressioná-la naquele pirralho.
—Chega, Melody. — Disse David, movendo-se para bloquear
Jane da visão de Melody.
—Eles vão matá-la, David. — Melody riu. —Eles vão matar
todos eles, e a culpa é sua. Eu só fiz o que todos vocês queriam fazer
de qualquer maneira. Eu vi o jeito que você olhava para ele; ele estava
no seu caminho. Eu te fiz um favor. Agora essa garota patética pode
chamá-la dela sem mais fingir ser leal.
—Ele não era fraco. — Jane sussurrou enquanto se movia
rapidamente ao redor de David. Ele teve que segurá-la.
Melody zombou dela. —Seu marido me disse o quanto você
chorou. Ele me disse como você nunca o satisfez. Que ele tinha que
buscar prazer em outro lugar.
—Pare. — Jane soluçou.
Melody não parou. —Ele me contou sobre o dia em que admitiu
não amar você. Ele me disse que eu era mais bonita que você. Ele disse
que meu corpo estava melhor que o seu. Que eu o agradava mais do
que você jamais fez em todo o seu casamento.
Jane se lançou, mas David a segurou, passando os braços em
volta dela com força.
—Não, querida. — Disse ele, beijando a cabeça dela enquanto ela
chorava.
—Você mente! — Um soluço silencioso sacudiu seu corpo. —Sua
puta de merda.
David sentiu seus irmãos se aproximando, mas eles estavam
honrando sua ordem de não interferir.
—Você não pode me tocar, putinha. — Melody riu. —É assim
que eles chamam você no inferno, sabia? A putinha da Morte e de Sir
David.
David estremeceu quando a temperatura do corpo de Jane caiu.
—Cale a boca, Melody.
Ela sorriu para Jane, ignorando-o. —Você vê como eu sou mais
importante? Ele não vai deixar você me tocar, vai? Talvez ele queira
me tocar como Jason. Talvez ele queira me tocar como antes.
—Melody, cale a boca. — David rugiu, segurando Jane enquanto
ela gritava.
—Ele te contou sobre o passado dele? Sobre suas conquistas que
destruíram todas as outras? Ele é um deus do sexo, e ele
definitivamente teve melhor que você. Ouvi anjos caírem do céu
apenas para transar com ele.
—Cale a boca! — Ele gritou, abraçando Jane. Seu poder estava
pulsando, e ele estava com medo de deixá-la ir. —Ela está mentindo,
querida. Você já sabe que tenho um passado, mas não sou mais esse
homem. Não sou esse homem desde que me disseram que te
encontraria. Confie em mim, meu amor. Deixe-me fazer o que vim
fazer. Eu farei isso, mas preciso que você se acalme para que eu possa
deixar você ir. Você não quer machucar ninguém aqui.
Melody continuou rindo dos gritos de Jane. —Sabe, eu não sei
quem fode melhor. David ou seu marido morto. Gostaria de
perguntar, mas tenho a sensação de que David é repelido por sua
carne cicatrizada e pelo corpo que levou Jason a se masturbar no
escuro. Ele teve que assistir mulheres perfeitas para se despertar,
porque você o enojou com suas estrias horríveis.
Jane gritou, se debatendo em seu abraço, mas chorando tanto
que ela não conseguia se concentrar.
—Você é tão patética. — Melody zombou. —Mal vejo o apelo
que eles têm por você. Mesmo sem a instrução deles, eu teria gostado
de terminar a doce vida deles.
A luta de Jane enfraqueceu. Mais uma vez, ela estava sendo
derrotada por um monstro que ele não podia ajudá-la a lutar.
—Mas não importa —, continuou Melody. —Todos eles
morrerão no final, e eu serei recompensada por causar a pequena
prostituta cair da graça.
David não entendeu do que Melody estava falando, mas sabia
que tinha que aproveitar a chance para cumprir a sentença de morte.
—Bebê?
Ela estava chorando quando olhou para ele.
Ele sorriu e se inclinou para beijá-la. —Deixe-me fazer isso agora.
Ela merece isso. — Seus lábios macios se voltaram para baixo de seus
gritos silenciosos, mas ele deu mais beijos neles, abraçando-a quando
ela parecia perder força. Aquele puxão voltou com seu frio ameaçador
ao redor dos dois. —Fique aqui. Farei isso rapidamente.
Ela abriu os olhos verde-oliva e tocou os lábios dele. —Obrigada,
David.
—De nada meu amor. Está quase acabando. — Ele pressionou
outro beijo nos lábios dela e olhou por cima do ombro. —Gawain, me
dê a lâmina.
Gawain não falou, nem os outros enquanto pegava uma faca de
prata.
Jane choramingou quando o frio os abraçou novamente, então
David a puxou para seu peito e a abraçou.
Ela rapidamente passou os braços pela cintura dele, enterrando o
rosto no peito dele. —Eu amo você —, disse ela. —Eu te amo.
—Eu também te amo. — Ele beijou o topo da cabeça dela.
—Você não pode estar falando sério! — Melody gritou, movendo
o mais longe que suas correntes permitiriam. — Você conhece as
regras, Arthur. Eu devo ser mantida longe do perigo.
—Não posso detê-lo, Melpomene — disse Arthur. —Vamos
apoiar a decisão de David, mesmo que isso derrube todos os exércitos
imortais sobre nós.
—Você não pode! — Ela gritou, puxando as correntes.
—Está fora do meu controle —, disse Arthur. —Que seu castigo
na vida após a morte traga a paz de Jane.
—Não! — Os gritos de Melody ricochetearam nas paredes,
machucando todos os ouvidos.
—David. — Gawain chamou atrás dele.
Ele pegou a faca e levou a mão de Jane aos lábios. —Fique com
Gawain.
Depois que Gawain a abraçou, David desviou o olhar e
caminhou em direção a Melody.
Ela gritou com ele, puxando suas correntes com mais força. —
Você não pode fazer isso! Eu estou protegida. Você está quebrando as
regras.
Ele ignorou as palavras dela e estendeu a mão mais rápido do
que ela poderia reagir, envolvendo os dedos em volta de sua garganta.
Ele apertou um pouco enquanto ela tentava sair do seu poder.
—Você vai queimar por isso, David —, ela cuspiu. —A alma dele
está em suas mãos, Jane. Você viverá sabendo que o condenou ao
inferno.
David apertou-a com mais força, calando-a. Ele ficaria feliz em
queimar por toda a eternidade se Jane pudesse ter a paz que merecia.
Ela começou a se debater no aperto dele, mas ele posicionou a
faca sobre o coração dela, ignorando a voz em sua cabeça, dizendo-lhe
para parar. Perdoe-me, pai, ele rezou, pressionando a lâmina na pele
dela.
—PARE! — Jane gritou. —David, pare!
David parou o movimento, mas não soltou Melody.
Uma mão tocou suas costas e ele sabia que era Jane. Ela o
alcançou e puxou seu pulso. —Não.
—Bebê? — Ele procurou os olhos dela quando ela apareceu.
Ela deu um sorriso fraco e deixou uma lágrima cair. Seus olhos
estavam completamente castanhos agora. Eles disseram essas três
palavras. —Não a mate. — Ela puxou mais a mão dele. —Não preciso
da morte dela. Eu apenas preciso de você.
Ele soltou um suspiro que não tinha percebido que estava
segurando e empurrou Melody do seu lado antes de puxar Jane para
ele. Ele segurou a bochecha dela, pressionando os lábios na testa dela.
Ela está quente de novo. —Você tem certeza?
Sua cabeça balançou e ela o abraçou. —Tenho certeza. Eu não
posso te perder. Você não.
Ele riu e beijou sua testa novamente antes de inclinar os lábios
nos dele. Ela tinha um sorriso no dela e ele os beijou rapidamente. —
Nunca meu amor.
Melody cuspiu, ofegando, a poucos metros deles, mas ele não se
importava mais com ela. Ele sorriu e deu mais alguns beijos no cabelo
de Jane antes de virar os olhos para os irmãos. Eles pareciam tão
aliviados quanto ele, mas sua felicidade vacilou ao ver a expressão
triste de Arthur.
—Meu pai vai ouvir isso. — Melody murmurou.
David decidiu tirar Jane de lá, e ele pegou a mão dela,
caminhando rapidamente para a porta.
—Tudo isso sobre uma humana sem sentido e uma garota
patética. Todos eles vão morrer e chorar, assim como Jason. O covarde
me pediu para poupar seus bastardos. Mas vou provar o sangue deles
com o resto deles. Você acabou de provar o quão intocável eu sou, sua
puta estúpida. — Ela riu rapidamente e começou de novo. —Eles me
disseram como seu anjo te abandonou.
David tentou arrastar Jane, mas ela cravou os calcanhares no
chão enquanto seu poder pulsava, impedindo-a de ser dominada.
—Não a escute, Jane. — Ele tentou puxá-la, mas ela ficou parada.
—Você não era digna o suficiente para tal guardião —, disse
Melody. —Aposto que ele ficou feliz por se livrar de você. Você vai
perder todos eles. Você vai perder tudo e ser deixada sozinha. Assim
como você sempre mereceu. Você é nada. Mesmo Deus não queria
que você tivesse felicidade. Você é uma aposta; um jogo entre o diabo
e Deus. Você não é nada de especial. Você é uma garotinha fraca e
triste, e eu vou rir quando você perder todos que ama. Sorrirei quando
os homens que você ama esquecerem de você, quando foderem
incontáveis pessoas que não se parecem em nada com você, você é um
brinquedo de merda.
Jane estava montando Melody antes que ele pudesse se virar. Ele
correu com os outros, mas eles foram bloqueados pela barreira dela.
—Jane! — Ele gritou, seu coração explodindo enquanto a
observava sufocando Melody. Estava acontecendo tudo de novo. —
Jane, não, amor. Pare!
Ela lamentou, mantendo a mão na garganta de Melody enquanto
dava um soco no rosto várias vezes.
—Jane! — Os outros gritaram ao redor dele, pressionando contra
a parede invisível.
David pressionou a mão na barreira fria. Parecia uma parede de
gelo.
Os gritos de Melody soavam junto com os de Jane enquanto ela
continuava a socá-la.
—Bebê, não faça isso! — Implorou.
Ela não parou, no entanto, e ele observou as feições dela afiarem
e contorcerem de raiva enquanto suas presas pressionavam seus
lábios. Seu rugido vibrou os itens soltos no lugar. Ele olhou
horrorizado quando ela começou a rasgar a pele do rosto e do peito de
Melody.
—Jane, não! — Ele bateu na parede, seus olhos ardendo em
lágrimas enquanto ela gritava, mas nunca parava de espancar a
vampira abaixo dela.
O sangue e a carne de Melody voaram pelo ar. Seus esforços
para revidar eram inúteis.
—Pare!
Ela chorou mais alto quando o frio se intensificou ao redor deles.
David não sabia o que fazer e olhou para Hades e Arthur ali de
pé, sem fazer nada. Todo mundo estava batendo na parede ou
gritando para ela parar, mas eles apenas assistiam.
Ele rugiu, virando-se para socar a parede dela novamente,
esperando que enfraquecesse o suficiente para ele passar. —Bebê. —
Ele fechou os olhos por um momento quando ela começou a derreter a
carne de Melody para longe de seu corpo, apenas para substituí-la e
fazê-la novamente. —Jane, você prometeu ficar comigo.—
—David! — Ela soluçou, olhando para ele. —Eu sinto muito. Eu
sinto muito.
—Bebê. — Ele balançou a cabeça, frenético. —PARE!
Ela apenas choramingou mais alto, e ele assistiu horrorizado,
enquanto o corpo de Melody parecia desmoronar. Ele nunca tinha
visto algo assim. Seu corpo estava sendo esmagado e reparado, depois
esmagado novamente.
—Eu amo você, David. — Jane chorou.
A faca que ele ainda segurava estava subitamente voando para a
mão estendida dela. —Não! — Ele gritou quando ela colocou as mãos
sobre a cabeça, pronta para mergulhar no coração de Melody.
A sala estourou com luz verde quando o rugido da Morte
sacudiu as paredes. A Morte chegou para puxar Jane, mas David
olhou chocado quando um homem de terno branco brilhou
subitamente à vista, os braços em volta de Jane por trás.
A Morte arrancou o homem, rugindo quando ele o bateu contra
a parede e o socou no rosto. —O suficiente!
O homem riu e disse: —Você está atrasado.
A Morte parou e os dois se voltaram para Jane.
Ela não estava se movendo de onde ela ainda estava montada
em Melody. Ela estava olhando para algo, e isso quebrou o coração de
David quando ele viu o que era.
—Não. — Ele sussurrou, vendo a lâmina saindo do peito de
Melody com as mãos de Jane ainda enroladas no cabo.
Jane levantou os olhos arruinados para encontrar os dele. —
David.
—Bebê. — Ele caiu de joelhos quando o preto começou a nublar
sua bela cor avelã.
—David. — Disse ela, as lágrimas escorrendo pelo rosto quando
o homem de branco apareceu de repente atrás dela.
Ele a levantou nos braços, e ela não lutou contra ele. —Está na
hora, Jane.
Ela assentiu, ainda chorando.
—NÃO! — David se levantou, socando a parede novamente.
A Morte tentou se aproximar dela, mas ele também foi
bloqueado. —Não, Lúcifer. Este não era o negócio! — Suas asas se
manifestaram quando ele rosnou, pressionando a mão na barreira. —
Não vá, menina. Isso não deveria acontecer. Por favor, deixe-me
entrar. Eu nunca saí. Eu nunca saí, querida.
—Morte? — Os olhos dela se voltaram para os do anjo.
—Sou eu, doce Jane. — As asas da Morte se expandiram, sua
aura pulsando com fogo verde. —Estou aqui. Estive aqui. Você não
precisa ir. Vou levá-la ao meu reino. Vou ficar com você. Não me
importo com as regras. É só você. Só você, anjo.
Mais lágrimas caíram quando a escuridão continuou a nublar
seus olhos. —Perdoe-me. Eu não pretendia.
Os olhos da Morte brilhavam. —Eu sei, menina. Está tudo bem.
Vai ficar tudo bem. Eu vou consertar isso.
—Morte, me mate! — Ela gritou. —Deixe-me ir.
A Morte balançou a cabeça quando uma expressão tensa cruzou
seu rosto. —Eu nunca vou te deixar.
—Jane —, David chamou, seus olhos ardendo com lágrimas não
derramadas quando ela olhou para ele. Um sorriso perverso torceu
em seus lábios quando Lúcifer sussurrou em seu ouvido. —Não,
querida, não ouça. Ele a quer. Você não. Não faça isso.
Ouro e verde encheram seus olhos. —Meu David. — Disse ela
diante de seus olhos completamente pretos.
—Vocês dois perderam —, disse Lúcifer antes de beijá-la nos
lábios. —Ela é minha. — Ele lambeu o sangue de sua bochecha e
sorriu quando ela procurou seus lábios novamente.
O rugido assustador da Morte só fez Lúcifer rir enquanto Jane
assobiava para o anjo que ela tanto amava.
—Bebê. — David disse, observando o demônio olhar para ele.
Ela puxou os lábios para trás em um rosnado, mas ele olhou para
aqueles olhos escuros que a corromperam. Um lindo rosto cor de
avelã durou apenas um segundo antes de se afogar na escuridão - mas
dizia tudo: —Eu também te amo.
O rugido da Morte sacudiu a pedra: —Vou arrancar sua maldita
alma da sua garganta!
Lúcifer beijou a bochecha de Jane. —Minha rainha diz o
contrário.
—Jane. — David disse, mas havia apenas o cadáver de Melody lá
agora.
David não conseguia se mexer. Ele olhou para o sangue
enquanto a Morte destruía o lugar e Hades tentava detê-lo.
Bedivere cobriu o corpo de Melody quando David finalmente
saiu de seu torpor.
Ele virou-se para a Morte, e eles olharam um para o outro por
um longo tempo antes de David falou. —Onde ele a está levando?
—Ele vai exibi-la —, disse Morte, suas feições se transformando
quando uma máscara esquelética brilhou sobre seu rosto por menos
de um segundo. —Não era para acontecer assim. Ela deveria ficar
bem.
—Bem, ela não está! — David retrucou: —Onde ela está?
A Morte balançou a cabeça. —Eu não posso segui-lo, David. Seu
demônio está protegendo-a. Não consigo localizá-la. É como se Jane
tivesse ido embora. Meu vínculo está bloqueado.
David empurrou a Morte contra uma parede. —Encontre-a! Ela
não se foi. Eu a vi!
—Eu pensei que isso a libertaria. — A Morte fechou os olhos
brilhantes.
—Diga-me o que você sabe! — David gritou em seu rosto,
socando-o uma vez antes de deixar alguém puxá-lo para longe.
—Vou lhe contar tudo. — Disse Morte, esfregando a mandíbula.
—Ela ainda estava lá dentro, — Arthur falou em voz baixa,
fazendo com que todos virassem para olhar para ele. Ele deu a Davi
um sorriso fraco antes de ele acenar para a Morte também. —Eu ouvi
a voz dela antes que eles desapareceram. Ela gritou meu nome. Tenha
fé, irmão. Foi o que ela deu a ele. — Ele acenou com a cabeça em
direção à Morte, sorrindo novamente: —Ela disse para dizer que ama
e perdoa você... e bom dia.
A Morte fez um barulho angustiado e se afastou.
O coração de David batia forte quando Arthur olhou para ele. —
Ela disse que voltaria para você, irmão—, Arthur continuou. —Ela
disse que não pararia de lutar. Ela é mais forte do que ela aparenta.
David encontrou o olhar da Morte quando Hades e Arthur
disseram as mesmas palavras:
—Ela estava destinada a cair.
45
PREMIO DE LUCIFER
Enquanto a escuridão desaparecia ao redor deles, Lúcifer
respirou o doce perfume de Jane. Ele a segurou com força, observando
enquanto ela ofegava e olhava freneticamente a caverna mal
iluminada para a qual ele os teletransportara. Era da sua rainha.
—Acalme-se. — Disse ele, rindo quando um par de avelã feroz e
olhos negros olhou para ele.
Ela vaiou, mostrando suas presas. Divertia-lo até a cor avelã
embotada, enchendo com a escuridão.
Lucifer ainda não estava com disposição para lidar com ela. —
Volte, Jane. — Quando apenas os olhos negros o olharam, ele rosnou.
—Por quê? — Ela alcançou para tocar seu rosto. —Você me
manteve reprimida enquanto brincava com ela. Quero ficar fora agora.
Ele afastou a mão ensanguentada e agarrou-lhe o rosto com
força: —Não vou lhe pedir novamente.
Ela levantou a mão e ele a encarou quando sentiu seu poder
subir. Nada aconteceu, é claro, e ela o encarou, a boca arregalada
quando ela começou a tremer de medo.
—Você esqueceu quem eu sou? — Ele apertou mais o queixo
dela.
Olhos castanhos amedrontados estavam instantaneamente
olhando de volta para ele. Jane, a verdadeira Jane, choramingou
quando ela tentou se soltar. Ele percebeu que ainda estava encarando
e apertando seu rosto, então ele soltou seu aperto. — Eu estava
conversando com ela. Ela se foi.
Ela soluçou, respirando em pânico enquanto continuava
vasculhando a caverna. —David? Morte?
—Pare de chorar —, ele ordenou. —Eu me recuso a ouvi-la
chorando por eles. Eles não estão nem perto de nós, e seu vínculo com
a Morte está bloqueado. Eles não serão capazes de encontrá-la a
menos que eu queira.
Ela respirou fundo várias vezes, segurando-as para impedir-se
de berrar como um bebê há muito tempo. O único problema era a
baixa temperatura. Em poucos segundos ela começou a tremer
incontrolavelmente e choramingar porque estava realmente fazendo
um esforço para ficar quieta.
—Boa menina —, disse ele, estudando seu traje. Ela estava com
as mesmas roupas sujas e agora estava coberta de sangue e poeira. —
Você está imunda.
Ela estendeu as mãos na frente dela, chorando de novo. —O que
eu fiz?
Lúcifer sacudiu a cabeça, irritado com a histeria: —Você tem
sorte de ter levado sua forma frágil em consideração quando preparei
esta caverna para você.
Seus dentes começaram a bater e então ela começou a gritar. —
DAVID! MORTE!
Qualquer gentileza que ele considerasse dar a ela desapareceu.
Ele rapidamente a colocou de pé e a agarrou pela garganta. —Pare de
gritar. Eu já disse que eles não vão ouvi-la.
Ela puxou seu pulso. —Por favor, me deixe ir. Eu não pretendia
fazer isso.
—Você é minha. Fizemos um acordo, e eu honro os acordos que
faço. Você também.
—Você disse que os manteria a salvo! — O fogo do inferno ardeu
nos olhos dela por um mero segundo. —Que você a manteria sob
controle para que eu tivesse tempo.
—David está morto? — Ele a observou imóvel, com o fogo
apagado: — Seus filhos estão mortos?
Ela chorou, sua voz suave como uma criança agora. —Não, mas
você me deixou matá-la.
—Isso nunca esteve em nosso acordo, estava? — Ele deixou isso
afundar. —Você nunca me pediu para impedi-la de matar seus
inimigos. E você a matou, Jane. Você. Sim, seu demônio estava
presente, e, assim como eu, ela gostava de ver você se perder para se
odiar. Você matou aquela mulher vampira. Eu disse para você me
ouvir, mas você queria deixar o cavaleiro ajudá-la.
—Porque eu queria ficar com ele. — Ela sussurrou, parando de
puxar enquanto parecia estar pensando em tudo.
—Sim, você queria ficar. Você pensou porque eu a estava
suprimindo toda vez que ela se apresentava em que você podia
confiar. A única razão pela qual você não estava destruindo David e
todos os outros foi porque eu a mantinha sob controle para você. Seu
companheiro não podia controlá-la - ele nunca foi capaz de fazê-lo.
—Mas você sabia que eu a queria morta. — Ela olhou para ele,
completamente perdida. —Você sabia que eu mesma a mataria se
tivesse a chance.
Ele riu, soltando o pescoço dela enquanto alcançava a barra da
blusa.
Ela tentou afastá-lo. —Pare! Você disse que me daria tempo
antes de dormir comigo.
—Eu não iria te foder no estado em que você está —, disse ele,
levantando rapidamente a blusa ensopada de sangue. Ele a jogou no
chão e rasgou sua calça, ignorando-a quando ela começou a chorar
novamente. Ela tentou acertá-lo várias vezes, mas ela não conseguiu.
—Pare de tentar me acertar. Não funcionará a menos que eu permita.
—Isso não é justo! — Ela lamentou, escondendo-se o melhor que
conseguiu:
—Assuntos em torno de você raramente são justos, minha
rainha.
Ela colocou um braço sobre os seios, enquanto o outro passou
entre suas pernas. No entanto, ela ainda tentou agarrar camisa com os
dedos dos pés.
Ele estendeu a mão, incinerando as roupas em um flash de luz
antes que ela pudesse alcançá-los.
Seus olhos brotaram em lágrimas quando um pedaço de tecido
preto passou por seu rosto. —Por quê?
Lúcifer a ergueu enquanto ela estava parada, estupefata. —Você
é tão densa? Estava imunda.
—Mas isso significou algo para mim. — Ela olhou para as mãos
como se reaparecesse: —Morte, por favor, volte.
—Eu tenho a nossa localização bloqueada; ele não vai encontrar
você desta vez —, disse Lúcifer, recuperando uma bacia e um pano. —
Pare de chamá-lo ou selarei seus lábios com a mesma luz. — Depois
de encher a bacia com água, ele levou para ela. —Lave-se. Eu tenho
roupas limpas para você, mas quero que você limpe. Se você tivesse
vindo comigo há muito tempo, eu teria mandado essa cadela te
ensinar a remover o sangue e a sujeira do seu corpo. Como você
insiste em aprender da maneira mais difícil, você tomará banho assim.
Talvez, se você se comportar, o próximo acampamento que eu
escolher terá instalações adequadas.
Ela ficou lá, tremendo incontrolavelmente do frio enquanto seu
olhar caía para o pano na mão e a tigela de água.
Ele respirou fundo antes de puxar o pano para longe dela e
mergulhá-lo na água. Ele puxou o braço com o qual ela cobriu os seios
e começou a esfregar o sangue. —Ela vai te ensinar amanhã. Esta é a
única vez que eu vou fazer isso. Você entendeu?
Ela cobriu os seios com o outro braço e assentiu.
—Eu já vi seu corpo muitas vezes. Não há razão para se
esconder. — Ele virou o braço dela, notando que o frio ainda a estava
afetando. Ela estava tremendo ainda mais e sua pele estava ficando
rosa e azul em alguns lugares. Ele suspirou e colocou a mão sobre a
água, aquecendo-a. —Você tem sorte de ter escolhido você como
minha rainha. Eu não faria esses esforços para vê-la à vontade de
outra maneira.
Ela fungou e ele olhou para cima para encontrá-la chorando
novamente.
—Vou queimar seus olhos se você não parar de chorar. — Disse
ele calmamente, mas sabia que ela levava a ameaça a sério.
Jane rapidamente enxugou os olhos antes de cobrir os seios
novamente. —Eu sinto muito.
Ele voltou a esfregá-la, passando o dedo pelas cicatrizes dela. —
Se você quiser, ela pode removê-las.
—Elas não me incomodam. — Ela fungou, seu corpo tremendo,
mas ela estava segurando as lágrimas.
—Mas as cicatrizes da sua gravidez incomodam? — Ele olhou
nos olhos dela quando ela ficou tensa.
Seu lábio tremeu antes que ela finalmente respondesse. —Sim.
Mas talvez eu queira parecer um monstro agora. Somente um monstro
faria o que eu fiz.
—Eu não teria uma rainha que se parecesse com um monstro —,
disse ele, soltando o braço dela para agarrar o outro. —Eu apenas a
trouxe porque pensei que você estava descontente com eles. Você
parece se comparar com outras pessoas que não têm manchas na pele.
— Ele passou o dedo sobre uma cicatriz desbotada em seu estômago,
observando-a tensa antes de olhar para o rosto. —Isso não é nojento.
Eu diria que se elas me repugnassem. Eu sei por que elas estão lá,
assim como eu conheço as outros marcando sua pele adorável - deixe-
as se desejar. No entanto, se desejar, pedirei que ela os remova.
Por um tempo, ela ficou quieta, tremendo, mas ele a estava
esquentando com seu toque, sem que ela percebesse.
—Por que você me quer? — Ela perguntou calmamente.
—Muitas razões —, disse ele, jogando a água ensanguentada e
substituindo-a por água fresca. —Eu preciso do seu demônio para
destruir meus inimigos. Isso é tudo que você precisa saber.
—Eu pensei que você impediria que ela machucasse minha
família. E David.
Ele limpou o rosto dela: —Tenho certeza que outros os
destruirão.
O lábio dela tremeu: —Você vai ter alguém para fazer isso?
Lúcifer suspirou e a olhou nos olhos. —Não enviarei ninguém
atrás de sua família ou dos cavaleiros, mas eles ainda têm inimigos
por conta própria. Você não me pediu para mantê-los a salvo de todo
dano. Somente do seu demônio.
Ela estava chateada, magoada, mas ficou quieta.
—Mova seus braços. — Disse ele quando alcançou o topo de
seus seios.
—Eu posso fazer isso. — Ela estendeu a mão.
—Você teve sua chance —, disse ele, gesticulando para que ela se
descobrisse. —Mova seus braços antes que eu os arranque.
Sem dizer nada, ela lentamente abaixou os braços e virou a
cabeça para o lado.
Ele deslizou a toalha entre os seios antes de limpar suavemente
cada um. — Você percebe que eu não fiz isso por outra pessoa antes.
Seja grata por ser gentil com você, mas não me acostume. Eu não serei
gentil ou paciente com você por muito tempo. Eu espero que você se
comporte depois de descansar. Não precisa mais chorar ou implorar
para voltar para casa. Eu fiz o que você pediu, mantendo seu demônio
de matá-los, e eu irei honrá-lo. Portanto, espero que você honre seu
lado do acordo.
Ela enxugou uma lágrima da bochecha, os lábios ainda um tom
de azul fraco enquanto tremiam. —Você já me tem.
Ele pegou uma das lágrimas dela quando deslizou por sua
bochecha. —Eu trouxe você comigo porque você se perdeu. Se eu não
tivesse te levado quando o fiz, ela teria esmagado você e destruído
todo o castelo. Eu não estava ligando. Ela foi adiante, Jane. Você
desistiu porque fez algo terrível, e eu ganhei uma quantidade
considerável de controle sobre seu demônio, ganhando controle sobre
você. Vocês duas se curvarão à minha vontade. No entanto, eu
gostaria que você me obedecesse, mas isso depende de você.
—Eu não sou um animal que você pode encomendar. — Disse
ela, os olhos brilhando com um lampejo de ouro.
Ele observou a cor dourada girar antes de desaparecer
novamente. —Eu não disse que você era um animal. Você é minha
rainha. E uma rainha obedece ao rei. — Ele apertou sua bunda. —E eu
quero que minha rainha aceite meu toque.
Mais uma vez, ela parecia perdida e quebrada enquanto olhava
para ele. —Eu preciso de tempo. — Ela apertou o peito, os olhos
lacrimejando enquanto respirava fundo. —Por favor. Se fizer parte do
nosso acordo, tudo bem, eu vou deixar você me foder, mas só estou
pedindo para você esperar. Estou apaixonada por David e estou sem a
Morte. Eu só — ela apertou a palma da mão contra o coração. —
Preciso de tempo. Oh Deus...
Ele observou quando ela cravou as unhas na pele, ofegando
enquanto procurava freneticamente o quarto novamente. —A imortal
mais poderosa já criada na Terra, e ela tem ataques de pânico.
—Por favor —, disse ela, com lágrimas nos olhos enquanto
choramingava. —Ow.
Lúcifer suspirou, levantando-a em seus braços antes de carregá-
la para o outro lado da cama. Ele puxou as grossas cobertas para trás e
a deitou. Ela se enroscou em uma bola, ainda segurando o centro do
peito quando seu ataque de pânico tomou conta dela.
—O que eu vou fazer com você? — Ele pressionou a palma da
mão nas costas dela, diretamente em frente a onde ela estava
segurando, e aqueceu a mão dele. —Respire. Vai passar.
Ela começou a respirar em vez de prender a respiração e trancar
o corpo. Ele a tinha visto tantas vezes por causa de sua capacidade de
acessar seu passado, e sabia onde a dor a afetava mais. O coração dela.
Ele já batia em um ritmo mais rápido que o normal e, quando ela
sofria esses ataques, ficava tão rápido que não havia como ela
funcionar. Ela simplesmente esperava que seu coração parasse,
temendo sua morte, mas também querendo tanto.
—Você percebe que eu não posso permitir que você sofra isso na
frente do meu exército —, disse ele, observando o corpo dela relaxar
lentamente enquanto a respiração e o ritmo cardíaco se estabilizavam.
—Vou chamá-la para a frente se você tiver esses ataques em público.
—Eu não me importo —, ela sussurrou, respirando fracamente.
—Vocês dois são perfeitos um para o outro. Tenho certeza que ela
adoraria discutir a destruição do mundo com você.
Ele riu, alisando os cabelos suados do rosto. O frio já estava
causando rigidez. —Vire de costas.
—Por favor, deixe-me dormir. — Disse ela, tentando se afastar
dele, mas tinha se desgastado, então desistiu rapidamente.
—Fazendo o que você mandou. — Ele abriu o baú ao lado da
cama e selecionou um suéter. Ela ainda estava do seu lado quando ele
se virou, então ele puxou o ombro dela e abaixou o rosto a centímetros
do dela.
—Sinto muito —, ela sussurrou, mordendo o lábio. —Eu só estou
cansada.
Ele levantou o suéter. —Eu deveria deixar você congelar.
—Não me desculpe. Posso?
Ele ficou quieto enquanto controlava sua raiva. Seu choro
constante era compreensível, mas ainda tentava sua paciência.
Ela pegou o suéter. —Por favor.
Uma parte dele queria jogar sua bunda no chão até que ela
implorasse e agradecesse, mas ele se deteve quando viu seus lábios
ficarem azuis. —Fique quieta.
Ela assentiu.
—Isso está parando? — Ele perguntou, movendo-se para
levantá-la um pouco.
O mais fraco dos sorrisos tocou o canto da boca, mas ela não
disse nada, e desapareceu quando ele a levantou o suficiente para
puxar o suéter por cima da cabeça.
—Não mostre mais problemas do que você merece —, disse ele,
deslizando os braços pelas mangas; ela estava fraca demais para se
mover sem tremer agora. Ele olhou para o rosto dela, balançando a
cabeça. —Se eu tivesse seu demônio, eu estaria desfrutando de todo o
prazer que esse corpo tem para oferecer. Em vez disso, escolhi deixar
você ficar.
—Porque? — Ela perguntou, mordendo o lábio quando ele a
encarou.
Ele deslizou a mão sob as costas dela, levantando-a para poder
puxar o suéter dela. Quando ele começou a deslizar sobre seus seios,
ele parou e respondeu. —Porque você ainda tem fogo em você. Eu
esperava uma mulher quase catatônica que só funcionaria se eu
chamasse seu demônio, mas aqui está você. Ainda de pé quando todo
mundo acreditava que você cairia. — Olhando para os seios dela, ele
se inclinou. —Não se mexa.
—Por favor, não. — Ela sussurrou, seu corpo tremendo.
Ele pressionou um beijo no topo do peito dela antes de lamber o
mamilo. —Eu não vou forçá-la a fazer mais. — Ele fechou a boca em
torno do mamilo, chupando enquanto arrastava a mão das costas dela
para a bunda dela. Enquanto ele continuava chupando e beijando, ele
apertou sua bochecha e depois separou as pernas dela.
—Por favor, pare. — Ela sussurrou, mas arqueou os seios para
ele. Ela apertou as pernas com força, prendendo a mão no lugar antes
que ele pudesse alcançar seu objetivo.
—Abra suas pernas para mim. — Ele riu, olhando para sua
expressão corada e preocupada. —Você não tem liberação há algum
tempo.
—Sim, eu tenho. — Disse ela, tentando apertar as pernas
trêmulas.
—Já passaram dias no tempo da Terra, mas semanas, até onde
sua mente e seu corpo podem dizer. Isso ajudará você a conseguir um
sono melhor.
—Se esse é o preço do sono, prefiro que não.
Ele sorriu, abrindo facilmente as pernas dela e mantendo-as
abertas quando ele ficou entre elas. —Eu te disse o que seu demônio
fará se eu chamar de volta. Você quer que eu a foda?
Ela não respondeu enquanto seus olhos estavam cheios de
lágrimas.
Acariciando o rosto dela, ele se inclinou e roçou os lábios nos
dela. —Quero você, minha rainha. Ela não. Ainda não.
Ela tremeu quando ele a deixou sentir o que ele poderia lhe dar.
—Por favor, me dê tempo —, ela sussurrou, suas lágrimas finalmente
caindo. —A qualquer hora, mas não hoje à noite.
—Tudo bem, mas eu ainda quero alguma coisa. — Disse ele,
empurrando os quadris para frente e vendo a boca dela abrir quando
ela soltou um gemido suave.
—Isso não é suficiente? — Ela cobriu o rosto, chorando. —David,
me desculpe.
Lúcifer puxou a mão do rosto, ignorando o choro assustado. —
Eu não quero ouvir o nome dele dos seus lábios na minha presença
novamente. Honrarei nosso acordo, mas se você não me respeitar,
farei com que ele deseje todas as mulheres que procuram sua
companhia e garanta que você sofra com as notícias sobre quantas
mulheres ele leva para substituí-lo.
—Sinto muito —, disse ela, soluçando. —Por favor, não o
machuque. Farei o que você quiser, apenas não o machuque.
—Você percebe o quão fraca você se torna por causa dele?
—Querê-lo seguro não é uma fraqueza. — Disse ela, tentando
dar um tapa nele com a mão livre.
Ele a deteve e segurou as duas mãos sobre a cabeça dela. —Olhe
para a posição em que você se coloca, minha rainha. Você sabe que eu
posso simplesmente imaginar minhas roupas desaparecerem e elas
desaparecerão?
Sua respiração acelerou. —Você prometeu.
—Então pare de ser difícil. Estou me oferecendo para satisfazê-la
e você está agindo como se eu fosse estuprá-la.
Seu corpo zumbia com energia quando o fogo iluminou seus
olhos. —Se uma garota diz não, é estupro.
Ele riu, colocando as duas mãos em uma das dele enquanto
deslizava a outra entre as pernas dela. —Diga-me não, então. — Ele
suspirou, empurrando um dedo dentro de sua boceta apertada.
Surpreendentemente, ela ficou quieta. Lúcifer se inclinou,
observando uma lágrima deslizar em seus cabelos antes que seu olhar
esvaziasse toda a emoção. Ela não fez barulho quando virou a cabeça
para o lado.
—Hum. — Ele beijou sua bochecha e tirou a mão. —É assim que
se faz. — Depois de puxar o suéter para baixo o mais longe possível,
ele se afastou dela, observando enquanto ela rolava de lado. —
Estranho que eles possam abusar do seu corpo quando você se desliga
assim. — Lambendo os dedos, ele riu. —Eles não estavam mentindo
quando disseram que você tem gosto de frutas.
Ela estremeceu, mas não disse nada quando finalmente fechou
os olhos. A pele ao longo de suas pernas estava toda arrepiada e
ficando rosada pelo frio.
Olhando para si mesmo, ele imaginou que suas roupas haviam
desaparecido e suspirou com as marcas negras que cobriam seu corpo.
Ela não podia vê-lo, mas o faria em breve. Ele foi para a cama atrás
dela e a puxou de volta para o peito. Ela tentou se segurar na cama,
mas ele a forçou a soltar.
—Meu corpo vai aquecer o seu —, disse ele, beijando-se atrás da
orelha dela. —Eu posso te aquecer mais se eu estiver dentro de você -
tudo seria melhor se eu estivesse dentro de você - mas vou permitir
que você escolha. De qualquer maneira, você está dormindo comigo.
Ela não disse nada quando chegou atrás dela e afastou a ereção
de sua entrada.
Ele riu, pressionando um beijo na parte de trás do pescoço dela.
—Você sabe quantas vezes eu já te toquei? Quase toda vez que você
estava com o príncipe, eu tinha minha mão entre suas pernas,
aumentando a dor que você sentia por ele. Eu a mantive nesta posição
muitas vezes, minha rainha. Quando seu anjo te ignorou, eu estava lá,
acalmando você. Você não gosta disso?
—Você tem que dormir nu? — Ela murmurou, virando o rosto
levemente.
—Eu nunca durmo —, disse ele, deslizando a mão sobre o
quadril dela. —No entanto, tornarei uma rotina passar esse tempo
com você.
—Você não precisa. — Disse ela, tentando rolar de bruços.
—Eu sei que você está curiosa para ver se posso satisfazê-la. —
Ele sorriu quando ela rosnou. —Mesmo rolando para longe de mim,
sua excitação é espessa no ar.
—Te odeio. — Ela tirou a mão do quadril.
Ele colocou de volta. —Eu não acho que você odeia. Eu acho que
você quer me odiar, mas você se odeia porque não odeia. Confunde
você não saber por que você é atraída por mim.
—É ela. — Disse ela rapidamente.
Ele segurou o quadril dela enquanto chupava o pescoço dela. Ela
ofegou baixinho, mas lutou para mostrar qualquer outra reação,
mesmo quando ele deslizou a mão entre as pernas dela novamente. —
Abra suas pernas.
—Você prometeu. — Sua voz falhou, e ela cravou as unhas em
seu pulso enquanto ele massageava seu clitóris.
—Beije-me, e eu vou parar. — Ele roçou os lábios na bochecha
dela, massageando-a mais rapidamente, sorrindo quando a respiração
dela acelerou.
—Por favor, não faça isso. — Ela sussurrou, ainda tentando
puxar a mão dele.
—Tudo o que eu quero é um beijo em que não precise empurrar
o rosto dele em sua mente.
Virando a cabeça levemente, ela mostrou suas presas para ele. —
A única maneira de isso acontecer é se você ganhar um lugar no meu
coração. Caso contrário, espere que cada beijo ou ato que você forçar
em mim seja aquele em que eu imagino o rosto bonito dele no lugar
do seu.
—Isso quase dói, minha rainha —, disse ele, retirando a mão,
sorrindo para o olhar furioso dela. Não estaria lá por muito mais
tempo. Ela ainda estava se levantando, mas ela cairia. —Você é muito
mais forte do que eles pensavam. Infelizmente para você, isso não é
uma coisa boa. — Ele estava deitado de costas e fechou os olhos. —
Descanse, minha rainha. Amanhã você encontrará nosso exército.
Você é meu prêmio, minha rainha, e eu quero te mostrar.
—Eu não sou um prêmio ou sua rainha.
Ele olhou para ela, notando que ela estava olhando para as
marcas dele. —Você é uma arma - você é minha rainha. Minha. Meu
prêmio no jogo que estou jogando.
—Com quem? Morte? — Ela examinou mais seu peito e
abdômen.
—Você tem muito a aprender. — Ele curvou um dedo para ela.
—Venha. Juro, como seu rei, que não tocarei em você dessa maneira
novamente esta noite. Eu simplesmente quero que você descanse. Eu
sei que você dorme melhor ouvindo um batimento cardíaco. Escute o
meu. Vou manter seus pesadelos longe e manter o sorriso malicioso
da sua mente.
Ela se aproximou lentamente. A pele dela ainda estava azul.
—Você está congelando. — Disse ele, afastando os cabelos do
rosto enquanto aquecia a mão.
Ela suspirou, instantaneamente virando o rosto para a palma da
mão e choramingando.
—Oh, minha pequena rainha. — Ele a puxou para baixo, para
que a cabeça dela descansasse em seu peito. —Aqui. — Ele tocou sua
têmpora, lembrando-a de toda vez que ela deitava com Morte e David
nessa mesma posição. Ela soluçou, segurando o pulso dele enquanto
ouvia o batimento cardíaco dele. —Um presente para você - apenas
entre nós. Só por esta noite.
—Obrigada. — Ela sussurrou, segurando a mão dele no lugar,
como se removê-la pudesse tirar as memórias.
Ele apertou a mão dela e começou a acariciar seus cabelos
quando ela choramingou. —Shh... Feche os olhos e mais virá. Só por
esta noite.
Eventualmente, suas lágrimas pararam e sua respiração se
estabilizou quando ela adormeceu.
—Apreciando o seu prêmio, meu rei? — Uma voz sombria
encheu a caverna, fazendo Jane chorar enquanto dormia. —Eu pensei
que você teria a outra no lugar dela agora.
Lúcifer não olhou para o convidado quando ele pressionou os
dedos na têmpora de Jane, empurrando lembranças mais felizes em
sua mente. Ela não precisava acordar para isso. Ainda não. —Boa
noite, minha rainha.
46
A VINGANCA DE JANE
—Você vai dar a ele regras, Lúcifer? — Perguntou Asmodeus,
observando Jane encarar Lancelot enquanto ele se retirava pelo campo
de batalha.
—Não, eu quero que ele lhe dê tudo o que tem —, disse Lúcifer,
agarrando o queixo de Jane para que ela olhasse para ele. —Não é isso
que você quer?
—Sim. — Os olhos dela brilharam como chamas douradas.
—Boa menina. — Ele acariciou sua bochecha gelada, aquecendo
a mão. Aqueles olhos dela suavizaram, provavelmente ao pensar em
David. Bom; ele a queria instável. Ele aqueceu mais a mão, esfregando
o polegar sobre os lábios trêmulos. —Ela será impiedosa com ele.
—Você não está preocupada com ele danificá-la? — Thanatos
perguntou, franzindo a testa enquanto observava Jane acariciando a
mão de Lúcifer.
—Tão preocupado com a segurança da sua rainha, Than? —
Lúcifer puxou Jane para perto, aquecendo a temperatura do corpo.
—Eu apenas pensei que algumas regras seriam aceitáveis. —
Thanatos olhou ao redor do campo onde todas as legiões do
acampamento estavam presentes.
—Espero que ele a machuque—, disse Lúcifer, concentrando-se
em Jane quando seus olhos se encontraram com os dele. —Você não
está totalmente no controle de suas habilidades, Jane. — Ele esfregou
sua bochecha, mostrando-lhe que não estava totalmente descontente
com isso. —Não se preocupe - você o terá para si mesma até que ele te
machuque.
—Eu posso levá-lo. — Disse ela rapidamente.
—Ele é mais habilidoso que você. — Lúcifer a abraçou mais
perto. —Você se tornou uma lutadora forte, mas é mais
impressionante quando se entrega a ela.
—Eu não a quero fora. — Ela mordeu o lábio por alguns
segundos enquanto o observava cuidadosamente. —Se você sabe o
que aconteceu antes, sabe o que ela fez - o que ela disse a ele. Ela o
quer.
Lúcifer sabia o que tinha acontecido - era parte da razão pela
qual isso estava acontecendo. —Não se preocupe com a sua metade
sombria. Ela é atraída pelo poder e pelas trevas e não estava satisfeita
ou controlada antes - agora está.
Jane olhou para Thanatos e Asmodeus. —Vocês sabem?
—Que ela queria o pau dele dentro dela? — Lúcifer respondeu
antes que eles pudessem. —Sim nós sabemos. Than e eu estávamos lá.
Ela bufou, olhando para ele um pouco, mas tentando se
controlar. —Então você me viu quase morrer e não fez nada? Você a
deixou fazer aquelas coisas terríveis sem interferir?
Ele agarrou seu queixo com força. —Não me questione em
público. Você tem sorte de confiar neles.
Ela apertou os lábios por um momento. —Desculpa. Estou
apenas confusa. Se você já sabia que me queria, por que deixá-la fazer
isso? Por que deixar Hermes se matar para que eu não morra?
Segurando o olhar dela, ele disse a verdade: —Porque isso
arruinou uma parte da sua alma, Jane.
Os olhos dela se contraíram quando ela olhou fixamente nos
dele. Quando chorou, olhou para Thanatos e Asmodeus. Eles ficaram
calados, é claro. Seu rosto se enrugou e ela baixou a cabeça antes que
as lágrimas caíssem.
Acariciando seus cabelos, ele falou baixinho: —Não esqueça
quem eu sou, Jane. Meu objetivo era adquiri-la e consegui. Agora,
pare de ser dramática e fale comigo como se eu fosse um namorado
simples. Eu sou Lúcifer, seu rei. E estou lhe dizendo para deixá-la
guiá-la. Se você deseja permanecer consciente por mais tempo,
precisarei que você execute as tarefas que ela pode executar com
facilidade. Você precisa mostrar todo o poder que ela tem sem se
tornar uma bagunça emocional. Desta vez, você não tem filhos ou
cavaleiros para proteger. Isso é sobre você. Lute para permanecer viva
e abraçar o poder dentro de você.
—E se ela não me deixar voltar? — Ela lentamente olhou para
ele.
—Eu posso controlá-la —, disse ele. — Você é uma menina
grande, e eu vou lhe dar a chance de enfrentá-la. Não lutarei em todas
as batalhas que você tiver com ela - mas você tem minha palavra, vou
mandá-la embora assim que a partida terminar. Nós temos um
acordo? Ou eu preciso dela por toda a duração dessa luta?
Os olhos dela se estreitaram nele. —Temos um acordo.
—Bom. — Ele ignorou o olhar que ela ainda lhe dava. —Agora,
você ficará no escuro por um momento enquanto eu falo com ela.
—Não. — Disse ela, segurando a mão dele.
Ele não tinha tempo de lidar com os medos de Jane. —Venha,
meu pequeno demônio.
Olhos castanhos foram substituídos pela escuridão em um
instante.
—Interessante. — Disse Asmodeus, ficando ao lado dele.
Thanatos a observou de onde ele estava, sem dizer nada quando
um sorriso malicioso se espalhou pelo rosto de Jane.
—Sentiu minha falta? — Lúcifer perguntou a ela.
Ela fez uma careta. —Eu nunca deveria ter sido colocada no
escuro.
Sua voz encantadora o irritou, e ele quase a afastou quando ela
tocou seu peito.
Ela inalou o cheiro dele. —Você cheira a ela, e ela a você. O que
você fez com ela? Não consigo ver a mente dela quando você me
trava.
—Isso significaria que eu não tenho vontade de incluí-la no meu
relacionamento com ela —, disse Lúcifer, sorrindo quando ela voltou.
—O que você acha que aconteceria? Você foi apresentada quando ela
estava comigo - nua. Eu te mandei embora enquanto sua boca ainda
estava em volta do meu pau. Como isso terminaria?
—Ela é uma garota patética e chorosa —, disse ela, rosnando. —
Por que você prefere ela? Ela está satisfeita, mas não tenho dor como
quando o príncipe a fodeu.
Lúcifer agarrou seu queixo, impedindo-a de rir como se estivesse
prestes a rir. — Você está certa - eu não transei com ela, mas foi ela
quem me fez chegar ao clímax. Duas vezes. Eu mal podia ficar ereto
olhando nos seus olhos. Portanto, não assuma, porque não tive
relações sexuais que não gostamos um do outro. Eu sei que você sente
o mesmo formigamento entre as pernas que ela tem nas últimas horas.
—Você se importa com ela? É por isso que você está se
segurando? — Ela gargalhou. —Terminarei o que comecei e vocês
dois sofrerão.
Ele apertou seu aperto. —Não me ameace ou a minha rainha.
—Eu sou sua rainha. — Ela tentou se libertar, mas estava presa.
Ainda assim, ela olhou para ele. —Ela não deveria estar aqui! Toda a
sua família e amante deveriam estar mortos. Eles deveriam estar
apodrecendo junto com ela. Você deveria estar me satisfazendo, não
ela.
—Pelo menos ela prefere os machos mais poderosos em sua
presença e não um cachorro.
O rosto dela ficou vermelho de fúria. —Você está com ciúmes!
Ele riu junto com seus homens. —Do que há ciúmes? Eu tenho
uma rainha que é muito mais talentosa com a boca do que você. Até
falar com ela é mais agradável do que qualquer encontro que
tenhamos compartilhado. Acho que vou passar mais tempo com ela.
—Você não pode estar falando sério. — Disse ela, olhando para
os três.
—Eu estou sério. Eu admito, ela é frágil e emocional, mas ela não
quebrou completamente. Essa doce menina ainda está lutando.
Embora fraca, mas ela ainda está lá. Quanto a impedir que você mate
seus entes queridos, tudo que você precisa saber é que fiz um acordo
com ela e pretendo honrá-lo. Você não deve prejudicá-los, a menos
que eu diga o contrário.
—Você não pode me parar! — Ela assobiou para ele, mas
desviou o olhar quando ele a encarou.
—Eu possuo você —, disse ele, com a voz baixa. —É por isso que
você está no escuro e por que prefiro a companhia dela. Ela responde,
mas ela tem todos os motivos para lutar comigo. Você, no entanto, foi
criada para servir. Lembre-se disso e de quem você chama de mestre.
Talvez, se você não me decepcionar, eu a convidarei para minha cama.
Me chateie, e eu darei a ela tudo o que seu belo coração deseja
enquanto você assiste da prisão em que ela estava presa antes.
Entendido?
Ela apertou o punho. — Sim, Mestre.
—Bom. Agora, quero que você a ajude — apontou para Lancelot
do outro lado do campo. — com ele.
Ela olhou em volta, olhando rapidamente para o campo. —O
líder lobisomem? — Os olhos dela se arregalaram de medo. —Você
está me punindo?
—E eu preocupado que você fosse ignorante —, disse ele,
virando a cabeça para encará-lo. —Esse é o seu castigo junto com o
dele. Por acaso também é um presente para minha rainha. Você verá
que ela consegue o que quer com ele, e você se lembrará disso antes
de abrir sua boca suja novamente. Não terei um prostituta como
rainha!
Seu poder pulsava, emitindo um brilho azul escuro em torno da
barreira do som que ele criara. —Eu só precisava ser fodida - ele
estava lá! Você poderia ter vindo a qualquer momento.
—Eu estava lá. Vi e ouvi o que aconteceu entre você e aquele
vira-lata — disse ele, apertando o queixo dela. —Você me enoja. Eu
poderia muito bem foder um cachorro raivoso. Eu escolheria o harém
de Lancelot se quisesse seus malditos segundos. — Ele balançou sua
cabeça. —Jane tem mais de um homem atrás dela, e ela controlou seus
desejos. Você é uma vergonha comparada a ela.
—Eu não vou ajudá-la —, disse ela, surpreendendo-o e irritando-
o. —Ele pode rasgá-la por tudo que eu me importo. Vou impedi-la de
curar só para que ela sofra. Talvez então ela se dê bem e você se
lembrará com quem vale a pena passar o tempo.
Apertando sua mandíbula até rachar, ele a ergueu até que ela
estivesse na ponta dos pés. —Você fará o que for mandado. Discuta
comigo novamente, e você será quem sofrerá. Deixe que ela sofra, e eu
suprimirei seus poderes e trancarei você na jaula da qual eu a libertei.
Agora vá para o lado dela. Você vai ver como eu a trato em
comparação com você. — Ele rosnou, vendo que ela queria atacá-lo,
mas ela sabia que era superada. —Jane, minha rainha? — Ele sorriu
com a maneira como o demônio dela sibilou, mas se retirou para
meramente observar. Os olhos castanhos de Jane brilharam à vista,
mas eles rodavam constantemente de preto quando seu demônio
circulou sua mente. —Ah, aí está você.
—Você está me machucando. — Disse ela, choramingando.
Soltando o aperto, ele esfriou a mão para aliviar a dor dela
enquanto suas habilidades reparavam sua mandíbula. —Pronto. Isto
está melhor?
Ela segurou o rosto, olhando para ele.
Ele beijou sua testa, sussurrando: — Perdoe-me, minha rainha.
Ela não é você e traz um lado de mim que não desejo que você veja.
—Meu queixo está quebrado —, ela murmurou, estremecendo
quando um estalo alto soou. —Ow, porra!
Asmodeus riu, entregando-lhe um copo de sangue.
—Beba, Jane. — Disse Lúcifer, levantando o copo aos lábios.
Ela rapidamente engoliu em seco, esfregando a pele machucada.
—Talvez me deixe no escuro se você vai machucá-la. Não é justo.
—Você não sente? — Ele perguntou, observando os olhos dela se
arregalarem. —Sim, ela ainda está com você. Ela será sua reserva.
Deixe-a ajudá-la ou guiá-la se estiver com dificuldades. Eu quero que
você faça uma impressão. Este é o seu exército - eles querem ver o
quão poderosa é sua rainha.
Ela examinou os milhares ainda reunidos. —Ela não é a pessoa
que você deveria exibir?
Ele segurou suas bochechas. —Eu disse a rainha deles, Jane.
Você é minha rainha. Ela, por outro lado, é simplesmente minha arma.
Ela não quebrou o contato visual com ele. —Se você acha que
estou tocada por esse monte de merda, você é mais burro do que eu
pensava.
Thanatos jogou a cabeça para trás, rindo enquanto Asmodeus
ria.
Lúcifer, no entanto, não desviou o olhar dela. Ele observou a
chama dourada pulsar antes de se inclinar e beijar seus lábios. —Aí
está minha rainha. — Quando Lúcifer se afastou, ele pegou a espada
que Thanatos estendeu e voltou-se para Jane. —Não tente nos matar;
você vai falhar.
Ela pegou a espada com um sorriso excessivamente doce. —E eu
pensei que isso deveria ser um presente. Você nunca me consegue o
que eu quero nos dias de hoje. Estou começando a pensar que você
não me ama, Luc.
—O atrevimento dela é divertido. Entendo por que você prefere
essa — disse Asmodeus, curvando-se para Jane. —Aproveite sua luta,
minha rainha.
Lúcifer observou-a com reverência para Asmodeus, e ela
realmente sorriu quando o rei dos demônios beijou sua mão.
Então, como se alguém apertasse um botão, ela endireitou as
costas e balançou a espada algumas vezes, testando a sensação. —Isso
vai funcionar. — Disse ela a ninguém antes de caminhar para
encontrar Lancelot no meio do campo.
—Você está preocupado? — Asmodeus perguntou, ficando ao
lado dele.
Lúcifer ficou quieto, observando um sorriso feroz se espalhar
por seus lábios enquanto Lancelot zombava.
—Ela te chamou de Luc. — Thanatos disse, rindo quando Jane
levantou os braços para a multidão, provocando aplausos de alguns.
—Eu a ouvi —, Lúcifer respondeu a Thanatos. —Ela deve ter
ouvido a Morte dizer isso antes.
—Sim, deve ser isso —, disse Thanatos, cruzando os braços. —
Então, você está preocupado?
—Não, ela ainda tem muita luta nela. Se essa cadela decidir
foder com ela, eu entrarei.
—Eu diria que nosso rei está apaixonado por sua doce rainha —,
disse Asmodeus, rindo. —Ela é bem divertida. Eu posso ver por que
você a deixou ficar.
Lúcifer ignorou seus comentários, concentrando toda sua
atenção em Jane e Lancelot.
—Você trouxe isso para nós, sua vadia —, disse Lancelot,
apontando o dedo na cara dela. —Há quanto tempo você está
transando com ele?
—Ele nunca aprende. — Asmodeus balançou a cabeça.
Jane fez um movimento de elevação com uma mão enquanto
apontava o dedo para Lancelot, a boca se movendo rapidamente
enquanto vomitava palavras que nenhum deles podia ouvir.
—Ela nos bloqueou? — Thanatos perguntou.
—Eu acredito que ela fez—, disse Lúcifer, quase sorrindo. —Ela
tem vergonha de si mesma pelo que aconteceu entre eles.
Os lábios de Lancelot se moveram com tanta raiva quanto ele se
aproximou dela. Ele estava claramente chateado, mas Lúcifer sabia
que Jane estava despertando o lobisomem.
Thanatos olhou para ele, percebendo também. —Se ele tiver a
chance, ele vai transar com ela bem na sua frente.
Lúcifer imaginou cinquenta maneiras diferentes de destruir
Lancelot antes que Jane de repente desse um tapa no rosto de
Lancelot.
A multidão rugiu, alguns aplaudindo e rindo, enquanto outros
vaiaram.
Jane fez outro movimento de mão, derrubando a barreira do som
enquanto recuava, girando a espada. —Lute comigo, vadia!
—Ela é muito mais forte do que esperávamos —, disse
Asmodeus, enquanto observavam Jane circular Lancelot. —Você sabe
o que isso significa.
Lúcifer manteve os olhos nela, escolhendo não pensar no que sua
força significava.
Jane correu perto de Lancelot e o coçou nas costas, rindo quando
ele a balançou.
—Ele já está atingindo seu limite. — Disse Thanatos.
Lancelot tremia visivelmente, mas ele ergueu a espada para ela,
sinalizando que estava pronto. Jane não hesitou. Ela o atacou com
velocidade que Lúcifer nunca testemunhara antes. Até sua habilidade
de alguma forma aumentou desde sua última luta. Ela mal parecia a
mesma vampira selvagem. Ela estava fodendo com seu oponente, mas
estava no controle.
Jane bloqueou a espada de Lancelot quando ele a balançou no
pescoço e o socou no estômago antes de se afastar.
Lancelot rugiu e a atacou. Jane apenas riu enquanto dançava ao
redor dele. Ela foi rápida demais para o homem grande tentando
matá-la. Ela encontrou todos os golpes da espada de Lancelot
enquanto ainda dava socos aqui e ali.
Lúcifer olhou em volta e encontrou uma grande porção da
multidão gritando para ela vencer. Rindo, ele voltou sua atenção para
a luta. Isso era apenas o começo - os dois estavam se segurando.
—Ooh — Ecoou por toda a multidão quando Jane deu um chute
enorme na perna de Lancelot antes de derrubar o punho da espada na
clavícula dele. Lancelot bateu no chão, mas ela se afastou, dando-lhe a
oportunidade de ficar de pé.
A multidão aplaudiu seu espírito esportivo, mas muitos riram da
humilhação de Lancelot. Lúcifer olhou para seu animal de estimação.
Lancelot estava ficando frustrado, e Lúcifer não ficou surpreso
quando ele a atacou como um touro, dando a ela tudo o que tinha.
Os olhos dela se arregalaram, mas ela manteve as defesas até
Lancelot lhe dar um tapa no rosto.
—Ah! — A multidão chorou, vendo-a cair no chão.
Lúcifer apertou o punho, mas não se mexeu mais do que isso.
O sangue escorria dos lábios de Jane, e ela ofegou quando
Lancelot a atacou novamente. Desta vez, ela jogou uma explosão de
energia para se dar tempo de ficar de pé.
Lancelot tropeçou, mas ele estava atrás dela novamente. Ela
rugiu, balançando a espada. Eles pareciam equilibrados, e nenhum
dos dois estava se segurando agora.
Lancelot deu um soco no lado de Jane. Ela rapidamente o
devolveu com um dos seus e o coçou no rosto. A multidão aplaudiu
quando Lancelot limpou o sangue dos olhos.
—Ele terminou agora. — Disse Asmodeus, pouco antes do rosto
de Lancelot se transformar, e ele explodiu em sua enorme forma de
lobisomem.
A multidão gritou de alegria, vendo sua transformação
impressionante. Os olhos de Jane se arregalaram um pouco, mas ela se
recompôs rapidamente. Ele podia ver seu demônio tentando assumir
o controle com a escuridão contínua nublando seus olhos, mas ela a
estava afastando.
Lancelot correu para ela, jogando-a rapidamente no chão, mas
ela pulou e cortou o braço dele. Ela estava segurando suas
habilidades, no entanto.
—O que ela está fazendo? — Thanatos perguntou quando ela o
circulou, derrubando-o de costas com apenas pequenas explosões de
energia.
—Ela está lutando contra seu demônio. Ela quer fazer isso
sozinha. — Disse Lúcifer em voz baixa.
Lancelot recuou, transformando-se novamente em sua forma
humana, completamente nu. —Isso é tudo o que vamos fazer, minha
rainha?
Jane não respondeu.
—Talvez você esteja esperando que seu bravo cavaleiro apareça
e salve você? — Um sorriso sombrio se espalhou pelo rosto de
Lancelot. —Ou talvez o anjo Morte seja o que você prefere? Você
parece encher muitas camas. Eu mal posso acompanhá-la.
Considerando que eu sinto o cheiro do nosso rei e o fedor do príncipe
vampiro ainda está em você, eu diria que você está tendo um tempo
igualmente difícil de lembrar para qual homem se curvar.
Os olhos de Jane brilharam em verde brilhante.
Lúcifer apertou a mandíbula quando a multidão riu.
Thanatos e Asmodeus abriram as asas de uma maneira
ameaçadora, silenciando as massas, mas Lúcifer manteve o olhar fixo
em Jane. Toda vez que seus olhos começavam a escurecer, ela
balançava a cabeça até que apenas avelã estivesse visível.
—Olhar para você agora me lembra nossa segunda reunião —,
disse Lancelot, coçando preguiçosamente o estômago. —Você se
lembra? A menina de olhos castanhos. — Os passos de Jane vacilaram
quando Lancelot continuou. —Gostei de olhos castanhos. Acho que
você também se lembra da beleza da minha última vítima na sua
presença.
Jane rugiu, apunhalando a espada no chão.
Lúcifer se moveu um pouco, pronto para dar um tapa nela por se
desarmar assim.
Asmodeus olhou para ele. —Meu rei?
Ele acenou e olhou para Jane. Ela estava com nojo da nudez de
Lancelot. Ele sabia que Lancelot instilou tantas emoções nela. Ela
precisava lutar e não ouvir essas provocações.
—Pegue sua espada, Jane. — Disse Lúcifer, fazendo-a e a
multidão se virar em sua direção.
Respirando pesadamente, ela trancou os olhos com ele e
balançou a cabeça. Lúcifer quase terminou a partida, mas ao observá-
la com mais cuidado, ele percebeu que ela não estava perdendo nada -
ela estava se concentrando. Em tudo. E ela estava subindo com mais
poder do que ele já havia sentido antes.
Ele riu de como era tolo por duvidar da força dela. —Como você
deseja, minha rainha.
Um lindo sorriso se espalhou por seus lábios. Foi apenas por
uma fração de segundo antes que ela se transformasse em um rosnado
cruel, arreganhando os dentes para Lancelot, mas ele sabia que era um
sorriso de verdade, e ela deu a ele.
—Você tem certeza disso, Lúcifer? — Thanatos perguntou
baixinho quando Jane e Lancelot começaram a se circundar
novamente, sem segurar suas espadas agora.
Lúcifer cruzou os braços, assentindo. —Eu estava enganado
sobre o controle dela. Ela vai destruí-lo.
Lancelot atacou de repente.
Lúcifer prendeu a respiração quando ela parecia estar se
preparando para ser atingida, mas ela contornou o ataque e deu um
soco devastador ao lado de Lancelot.
Os gritos da multidão sacudiram o chão.
Jane era cruel quando ela disparou e o arranhou de novo e de
novo. O lado de Lancelot estava muito machucado, mas ele não se
machucou o suficiente para atrasá-lo.
Jane deu outro soco poderoso em seu ferimento, mas Lancelot
agarrou seus cabelos dessa vez, levantando-a do chão enquanto ele
rugia em seu rosto.
Jane rugiu de volta, coçando a bochecha.
—CADELA! — Lancelot jogou-a no chão.
Um grito de dor saiu dos lábios de Jane, deixando Lúcifer tenso.
Quando ela rolou de lado, ela fez contato visual com Lúcifer. Ela se
machucou, mas sorriu e se levantou.
Lancelot voltou a procurá-la e Jane saltou no ar. Enquanto ela
voava sobre Lancelot, ela agarrou seu ombro e cabelo. Ela gritou,
aterrissando quando o jogou em uma pedra enorme, fazendo com que
ela explodisse com o impacto.
—Uau. — Disse Asmodeus.
Lúcifer riu, respirando mais fácil quando Jane se levantou.
Cuspiu sangue, mantendo os olhos nos escombros, esperando
Lancelot se levantar. Ela estava coberta de suor e sangue, mas era
feroz e bonita. Ele sorriu ao olhar orgulhoso que ela usava quando
Lancelot se levantou e revelou um grande corte em seu rosto. Estava
curando, mas ela o machucou.
—Então, minha rainha —, disse Lancelot, zombando enquanto
limpava o sangue dos olhos. —Você pode me dizer onde eu posso
encontrar David?
O olhar orgulhoso de Jane desapareceu.
Lancelot riu. —Você o deixou em casa com seus filhos? Tanto
quanto me lembro, e lembro bem, o príncipe David nunca se
interessou em se estabelecer com uma esposa e filhos de qualquer
maneira. Eu não duvidaria que ele tivesse alguns bastardos, mas devo
dizer que nunca esperei que ele cuidasse dos filhos de sua prostituta
enquanto ela corria para foder o rei do inferno.
Os lábios de Jane tremeram quando seus olhos lacrimejaram.
Lúcifer olhou em volta, notando que a multidão estava murmurando
e apontando para ela.
Lancelot sorriu para ela. —Como ele recebeu a notícia quando
descobriu que você estava abrindo as pernas para Lúcifer?
Lúcifer manteve sua expressão em branco, mas ele estava
absolutamente furioso.
—Estou surpresa que você esteja tão interessada no paradeiro de
David—, disse Jane, cuspindo mais sangue. —Toda vez que David te
convoca em uma luta, você corre para o outro lado. Covarde! Você usa
seus homens em vez de lutar porque sabe que é superado. Você até
fugiu de mim, seu pedaço de merda. Agora, pare de protelar. Você
não tem cães para protegê-lo desta vez, estuprador!
—É o que diz a prostituta que me pediu para transar com ela no
campo de batalha —, disse Lancelot, apontando para o pau dele. —
Assim como da última vez, gatinha. Você está molhada agora?
As asas cinzentas de Lúcifer se revelaram e se desenrolaram
sozinhas. Todo o campo de batalha ficou em silêncio, e todos caíram
de joelhos, inclinando a cabeça. Lúcifer olhou a seu lado, mal
conseguindo parar de incinerar todo o seu exército.
Asmodeus e Thanatos inclinaram a cabeça enquanto falaram: —
Meu rei.
Ele não disse nada a eles e caminhou até o centro do campo.
Lancelot já estava ajoelhado, mas Jane estava de pé, apertando os
punhos ao lado do corpo enquanto lutava para ficar quieta.
Quando Lúcifer os alcançou, ele parou na frente de Lancelot. Ele
rosnou, sua mão tremendo com o desejo de destruir uma de suas
criações mais poderosas.
Um silvo baixo de Jane distraiu Lúcifer, e ele olhou para ela. Ela
era uma predadora, observando sua presa, e isso acalmava a raiva
assassina que queimava sob sua pele.
—Minha rainha. — Disse Lúcifer, estendendo a mão em um
gesto para chegar até ele.
Ela olhou para ele, seus olhos castanhos iluminando o sorriso
presente de repente em seu rosto enquanto ela caminhava até ele. Ele
não sorriu de volta, mas acariciou sua bochecha machucada antes de
esfregar um pouco do sangue seco e da sujeira. Ele ainda estava muito
chateado para falar, para perguntar se ela estava bem, então ele
examinou seu corpo, verificando seus ferimentos.
—Estou bem, meu rei —, disse ela, fazendo-o se concentrar no
rosto. Ela nunca o chamou assim antes, mas estava fazendo isso agora
- na frente de todos. —Eu desejo continuar a luta, se estiver tudo bem
com você.
Ele procurou os olhos dela e depois continuou examinando seus
ferimentos. Ela estava machucada, mas escondia bem. Com um olhar,
ele tentou perguntar se ela tinha certeza disso e, parecendo entender,
ela deu um leve aceno de cabeça.
Lúcifer deslizou a mão em seus cabelos e depois na parte de trás
de sua cabeça antes de puxá-la para mais perto. —Como você quiser
—, disse ele, beijando seu lábio quebrado. Ficou emocionado por ela
não ter lutado, especialmente por um beijo tão público. Lambendo o
sangue de seu lábio cortado, ele sorriu, sussurrando: —Deixe-o vivo.
Finalmente, ela deu a ele o olhar que ele estava acostumado a
obter dela - o olhar que destruiria um homem fraco. Ele apertou mais
o cabelo dela, rosnando suavemente enquanto puxava o corpo dela
para mais perto dele.
—É claro. — Disse ela, dando-lhe um olhar final antes de desviar
o olhar para onde Lancelot ainda estava ajoelhado.
Soltando o aperto, ele sussurrou em seu ouvido. —Acho que é
mais adequado para outro tirar a vida dele, Jane.
—Eu entendo. — Disse ela, lentamente virando o rosto para ele.
Ele olhou nos olhos dela, observando as cores girarem. —Você
percebe que lutar com ela é uma tolice - ela pode ajudá-la.
Ela abaixou a voz. —As coisas que ela quer fazer com ele são
nojentas. Acho que não aguentaria se ela deixasse.
—Bem, ela está com raiva de você estar satisfeita e ela não. — Ele
sorriu, beijando-a rapidamente antes de ficar mais reto. —Deixe-a sair
se precisar. Ela sabe que haverá consequências para o seu
comportamento.
—Sim, meu rei. — Disse ela, seus olhos deslizando para as asas
dele.
A curiosidade iluminando seu rosto o divertia, mas ele tinha que
dar o exemplo agora. Então, rosnando, ele se virou para Lancelot. —
Levante-se!
Lancelot rapidamente se levantou. Eles fizeram contato visual
por um mero segundo antes de Lancelot ficar tenso e abaixar a cabeça.
Lúcifer sabia que sua raiva o levara a liberar parte do glamour. Ele
sabia que suas feições eram mais proeminentes e seus olhos eram
completamente prateados. Assustava todos os que eram tolos o
suficiente para irritá-lo tanto. —Você já esqueceu por que está sendo
punido?
—Não, Lúcifer. Minhas emoções simplesmente me dominaram.
Lúcifer agarrou Lancelot pela garganta e levantou-o a vários
metros do chão. A multidão ofegou, chocada com sua capacidade de
tocar e causar danos a alguém que não era de origem angelical ou
demoníaca. Era algo que todos estavam impedidos de fazer, com
exceção da Morte, e agora ele. E era tudo por causa da presença de sua
pequena rainha. —Minha adorável rainha deseja continuar esta
partida. Você aceita?
Lancelot cuspiu: —Sim, Lúcifer.
— Não vou ouvir essa sujeira da sua boca novamente, cachorro
— rosnou Lúcifer, apertando seu aperto. —Insulte minha rainha
novamente, e eu vou alimentá-lo com seus próprios filhos hediondos.
Lancelot começou a se debater, mas ele apertou mais forte até
que uma sensação maravilhosa irradiou por toda a asa.
Lúcifer rosnou, virando a cabeça. Surpreendeu-o encontrar Jane
lá. Ela parecia uma criança, com um sorriso largo nos lábios enquanto
passava os dedos pelas penas cinzas dele.
Ele voltou sua atenção para Lancelot. —Largue essa covardia e
lute com ela! Ela estava certa em todas as observações de suas
batalhas com David. Ela era dele. Agora, deixe-me ver o quanto você a
teme em comparação a ele. — Lúcifer jogou Lancelot no chão e bateu
as asas, ficando ofegante com Jane.
Ela tentou recompor seu rosto, mas ele viu um breve momento
de felicidade em seus olhos brilhantes. Ele estendeu a mão, acenando
para ele e, para seu deleite, ela se aproximou dele imediatamente.
Quando ela estava perto o suficiente, ele agarrou seu queixo,
inclinando o rosto sorridente para cima quando a multidão começou a
levantar a cabeça para assistir.
Ele levou um momento para admirar o brilho prateado que ela
emitia. Estava sempre lá, mas parecia mais brilhante agora, como se o
pequeno momento de fascínio por suas asas tivesse renovado toda a
força dela. Ela estava cantarolando com poder e era de tirar o fôlego.
—Você está me deixando orgulhoso, minha rainha —, ele disse
suavemente enquanto mantinha o queixo dela entre os dedos. Ela
sorriu para ele, ainda olhando para as asas dele a cada poucos
segundos. —Lembre-se, eu quero ele vivo.
Ela ficou sóbria então. —Eu lembrarei.
—Eu já te disse que há uma razão para sua luz ser prata? — Ele
perguntou, sorrindo quando ela ficou presa em seu olhar. —Talvez
um dia.— Ele pressionou seus lábios nos dela, respirando seu doce
aroma que se misturava aos dele.
—Combina com seus olhos. — Ela sussurrou, segurando o pulso
dele antes que ele pudesse libertá-la.
—Você combina —, disse ele, beijando-a mais uma vez, em
seguida, virou-se, deixando-a para continuar sua luta. No entanto, ao
se aproximar da beira do campo de batalha, ele olhou por cima do
ombro. —Ah, e Jane?
—Sim? — Ela perguntou, olhando para a multidão se levantando
antes de se concentrar nele.
—Eu acredito que você está certa sobre Lancelot —, disse ele,
observando-a franzir a testa. —Ele se parece com Stephen.
Seus olhos se arregalaram e ela chorou antes de se curvar a ele.
—Aproveite sua vingança, Jane. — Ele a observou assentir antes
que ela voltasse à posição.
Asmodeus e Thanatos sorriram quando ele retomou seu lugar
entre eles.
—Vocês dois são adoráveis. — Disse Asmodeus, rindo.
Lúcifer riu. —Não sorria a menos que esteja matando alguém,
Asmodeus. Isso me perturba.
Asmodeus riu mais alto.
—Quem é Stephen? — Thanatos perguntou e Asmodeus
também se virou para ele em busca da resposta.
Sorrindo enquanto observava Jane circulando Lancelot, Lúcifer
admirou a maneira como sua aura prateada brilhou de repente e
respondeu: —Seu agressor.
Asmodeus riu. —Você nunca deixa de me surpreender, meu rei.
De repente, Jane soltou um rugido estrondoso no mesmo
momento, todas as chamas do acampamento dispararam em direção
ao céu, sacudindo o chão rochoso sob seus pés.
Lúcifer sorriu quando os gritos selvagens arrancando seus lábios
machucados só ficaram mais altos. Seu poder ainda estava
aumentando. Ele não tinha ideia de como ela estava lidando com isso,
mas ela estava realmente atraindo poder ao seu redor.
—Maldito inferno. — Disse Thanatos.
Lúcifer riu com o olhar chocado no rosto de Lancelot antes de
voltar sua atenção para Jane. Surpreendeu-o que apenas olhos
castanhos estivessem à vista. Nem uma única mancha de escuridão.
Nenhum demônio estava fazendo isso. Isso era tudo, Jane.
Lancelot não esperou dessa vez e, com seu próprio rugido feroz,
ele se transformou no grande lobisomem.
Jane encontrou seu rugido, seu corpo minúsculo tremendo
enquanto puxava o suéter por cima da cabeça, revelando a camisola
que usava por baixo e a adorável forma de ampulheta dela. Ela jogou
o suéter, as mãos em punhos cerrados enquanto inclinava a cabeça
para trás, seu grito de batalha enchendo o céu, tudo com aquela luz
prateada pulsando ao seu redor.
Bonita.
—Uau. — Thanatos e Asmodeus falaram em uníssono.
Lúcifer gostava de ouvi-los admirá-la. Ela era dele.
Ela havia silenciado a multidão. Muitos deles estavam olhando
de soslaio pelas chamas brilhantes ao redor do acampamento
combinadas com sua luz interior. Jane e Lancelot começaram a dançar
de novo, mas Lúcifer ainda não conseguia tirar os olhos dela. Ela
parecia tão cheia de raiva, mas havia muita dor atrás dos olhos. Este
era o abuso sexual de toda a sua vida, olhando-a nos olhos na forma
de um verdadeiro monstro.
Lúcifer havia lhe dado a chance de enfrentar seu passado, e era
algo que ele sabia que a faria ou a destruiria.
Lancelot atacou, e surpreendendo a todos, Jane correu em
direção ao enorme lobisomem. Ela o derrubou no chão, gritando como
um gato selvagem, enquanto deslizavam pelas rochas. Assim que eles
pararam, Jane colocou os punhos pequenos em sua cabeça enorme.
Seus golpes eram poderosos, mas Lancelot era forte e ele alcançou o
rosto dela com sua mão gigante e com garras.
O golpe golpeou seu rosto para o lado, mas ela apenas gritou,
recuando para socá-lo novamente.
Lúcifer podia ver que ela estava usando suas habilidades para
prendê-lo, mas ela estava impedindo de fazer mais com eles. Era só
ela tirando toda a sua dor, tristeza e perda - tudo o que o abuso dela
havia tirado dela.
Seu grito fez Lúcifer dar um passo à frente, mas Asmodeus
disparou um braço para detê-lo. Lúcifer suspirou, forçando-se a
simplesmente assistir enquanto o sangue dela voava pelo ar e
manchava sua camisola branca depois que Lancelot deu um bom
arranhão no ombro.
Jane retomou seu ataque, no entanto. Ela estava chorando.
Lágrimas e soluços que ele nunca tinha ouvido dela o haviam
paralisado. E nenhum deles era de sua dor física. Ela estava vendo
seus agressores quando olhava nos olhos do lobisomem. Ela sempre
via Stephen quando olhava para Lancelot.
Freneticamente, lançou um olhar ao redor do campo,
concentrando-se em uma das mesas do arsenal. Ela estendeu a mão,
atordoando a multidão quando uma lâmina de prata veio voando
para ela. Não vacilando ou se afastando, ela a pegou no ar antes de se
inclinar sobre Lancelot. Ainda usando seu poder para segurar o
lobisomem, ela enxugou algumas lágrimas e segurou a lâmina sobre o
torso de Lancelot.
—Que porra ela está fazendo? — Thanatos perguntou.
O rugido de Lancelot foi doentio quando ela começou a cortá-lo.
—Droga. — Asmodeus riu. —Ela é implacável.
Depois que ela terminou, Jane se inclinou sobre o rosto de
Lancelot, os lábios se movendo, mas ela falou muito baixinho entre os
fogos e a multidão para que alguém entendesse o que estava dizendo.
Ela apontou a lâmina pingando no rosto de Lancelot e disse mais
palavras antes de cuspir nele e ficar de pé.
Ela se afastou para que Lancelot pudesse ficar de pé e jogou a
espada fora do alcance de sua luta.
Lúcifer ainda tinha que descobrir o que ela havia feito com ele,
mas riu quando Lancelot finalmente ficou de pé com quatro letras
altas esculpidas em seu estômago.
Ela usou prata para assustar a carne dele e copiou o que ela viu
Lancelot fazer para suas próprias vítimas.
Lancelot ergueu as garras para a mutilação escaldante e rosnou.
Ele levantou a cabeça, rosnando, mas parou quando observou Jane
chorando. Uma espécie de risada lupina escapou das mandíbulas
maciças de Lancelot e, para desgosto de Lúcifer, uma grande parte da
multidão começou a rir também. Elas eram principalmente Keres e
muitos dos escalões mais altos de Lancelot.
—Calma, meu rei. — Disse Thanatos, mudando um pouco.
—Ela está se recuperando da dor, Lúcifer. — Disse Asmodeus,
tão baixo quanto Thanatos.
Ele bufou, assistindo Jane circulando o monstro rindo e
enxugando as lágrimas dela para ter mais queda. Lúcifer não tinha
ideia de como eles poderiam encontrá-la fraca. Acabara de espancar
Lancelot e assustá-lo para que ele sempre soubesse que ela o
espancara.
Jane de repente olhou para Lúcifer. Lágrimas grudavam em seus
cílios escuros, mais misturadas com o sangue em seu rosto. Havia
tanta dor naqueles lindos olhos, e sua capacidade de ver o passado
dela apenas o permitia entender sua tristeza mais do que qualquer
um, exceto talvez a Morte.
Eles não desviaram o olhar um do outro, nem mesmo quando
lutas começaram a começar no meio da multidão, e ela sorriu. Estava
cheio de tristeza, mas ainda era a visão mais bonita de sua vida.
Lúcifer sorriu de volta.
O sorriso dela se alargou e ela se virou para voltar à luta.
—Eu acredito que sua rainha estava agradecendo a você. —
Disse Asmodeus.
Lúcifer parou de sorrir, mas ele ainda a via em sua mente.
—Parece que nossa rainha já tem sua própria seção de torcida
lutando por ela. — Disse Thanatos, apontando para onde vários
vampiros e até escravos humanos começaram a atacar aqueles que
riam de Jane.
Algumas mulheres demônios voaram, juntando-se a algumas
Keres que já voavam no céu cheio de fumaça. Lúcifer rosnou baixo no
peito. Estas eram muitas das mães e filhas de Keres, todas leais a
Lancelot.
Os olhos de Jane dispararam para elas quando mergulharam e
giraram no ar. A risada delas machucou seus ouvidos. Ele estava
prestes a ordenar que seus generais cuidassem delas, mas os olhos de
Jane encontraram os dele novamente. Eles eram tão brilhantes e cheios
de lágrimas, mas ela queria lutar.
Lancelot tentou usar seu momento distraído para carregá-la, mas
ela gritou, estendendo a mão para prendê-lo no lugar.
Enfureceu Lancelot e ele rugiu, olhando para as harpias em
busca de ajuda.
Jane olhou de volta para Lúcifer, e ele assentiu rapidamente. Ela
olhou para cima enquanto ainda estendia a mão para Lancelot,
mantendo-o quieto e depois levantou a outra mão para o céu.
Todo mundo olhou para cima, chocado ao ver as Keres
congelando no ar antes de serem repentinamente jogadas no chão com
gritos terríveis que ecoavam pelo campo.
A multidão gritou, vendo algumas delas se despedaçarem. Os
verdadeiros demônios pairavam enquanto gritavam insultos a ela e a
ele. Lúcifer voltou sua atenção para Jane. Ela estava olhando
diretamente para os demônios. O suor escorria pelo seu rosto e seu
braço estendido tremia enquanto Lancelot continuava a se debater no
aperto que tinha sobre ele.
Os lábios dela se moveram, e ele os leu quando ela disse a si
mesma: — Você pode fazer isso, Jane. — Então ela gritou para o céu
quando um estrondo alto e uma enorme bola de energia deixaram sua
outra mão. Atingiu os oito demônios, derrubando-os em direções
diferentes.
Ela não perdeu mais tempo olhando o céu vazio. Ela voltou os
olhos ferozmente para Lancelot que, ainda paralisado por seu poder, a
xingou.
—Localize os demônios e traga-os para mim —, disse Lúcifer a
Asmodeus. —Em cadeias.
—Eles já estão sendo recuperados. — Respondeu Asmodeus,
nenhum deles olhando para longe de Jane enquanto ela endireitava os
ombros.
As Keres que não morreram com o impacto começaram a se
levantar e três imediatamente a acusaram.
Jane virou a cabeça levemente, seu olhar focado nas enormes
chamas que estavam ao redor do acampamento. As chamas se
intensificaram. Ela sorriu e depois estendeu a mão.
O rugido do fogo fez muitos gritarem de medo. Então, de
repente, chamas de três infernos separados voaram em direção à
palma de Jane. Por um momento, Lúcifer temeu que batessem nela,
mas ela as pegou na mão.
Elas bateram na palma da mão dela, pairando alguns
centímetros de sua carne. Suas pernas e braços tremiam sob a pressão
enquanto ela rugia, segurando as três bolas de fogo.
As três Keres pararam e olharam por um momento antes de se
virar para fugir, mas Jane gritou e empurrou a palma da mão,
enviando as chamas na direção delas.
Gritos da multidão ecoaram e aqueles no caminho das chamas
correram por segurança. Ela não apenas bateu neles para enviá-los a
uma morte ardente. Em vez disso, ela fechou o punho e gritou,
observando as chamas se espalharem em um círculo enorme e girarem
em torno delas até que todos estivessem se abraçando enquanto
soluçavam de joelhos no centro.
Jane ficou olhando fixamente para a prisão ardente com a mão
tremendo incontrolavelmente, mas ela não fez mais nada. A escuridão
continuou sua tentativa de afogar os olhos; ela ainda estava lutando
contra seu demônio, mas lutou contra isso. Cada balançar de cabeça, a
cor avelã ficava mais brilhante.
Lúcifer sorriu com orgulho, mesmo sabendo que deveria sentir o
contrário.
O inferno rodopiante continuou mantendo as vítimas de Jane em
cativeiro, mas ela parecia rasgada ou distraída demais para acabar
com elas.
Sem dizer nada, Asmodeus e Thanatos bateram as asas e
subiram ao ar. Eles pousaram ao lado de Jane, mas ela ainda estava se
concentrando na prisão de fogo que havia criado.
Thanatos apertou o ombro dela quando ele sussurrou em seu
ouvido antes de ele e Asmodeus se aproximarem do tornado ardente.
Asmodeus acenou para ela quando suas correntes demoníacas
giravam em torno dele, e Thanatos estendeu a mão, convocando sua
foice. Oito outras figuras caíram ao redor do fogo estrondoso. Cada
demônio ou Caído segurava um dos demônios que Jane derrubara do
céu.
Jane olhou para os olhos de Lúcifer. Ele assentiu e ela retirou a
mão para deixar as chamas morrerem. As três Keres nuas gritaram,
mas Asmodeus disparou suas correntes e as conteve. Elas choraram e
arranharam as correntes, mas era inútil.
Lúcifer também voou para o céu antes de aterrissar atrás de
Lancelot. A multidão estava frenética, alguns tentando fugir, sem
saber o que aconteceria.
Segurando Lancelot pela garganta, Lúcifer chamou luz em sua
mão para queimar o lobisomem. —Deixe-o ir, Jane.
Ela se soltou e, rosnando, Lúcifer bateu Lancelot nas costas dele.
—Como você ousa desrespeitá-la e pedir que eles o ataquem por
você. — Ele pegou o pelo de Lancelot e levantou a cabeça para olhar
os onze demônios acorrentados e Keres. —Ares?
O vampiro saiu da multidão. —Sim, meu rei.
—Mate as prostitutas de seu amigo —, Lúcifer disse antes de
sussurrar para Lancelot: —Minha rainha não é prostituta, mas as suas
morrerão por você.
Lancelot uivou quando Ares assentiu e sacou a espada. Ares
caminhou até a primeira Keres nas correntes de Asmodeus,
balançando a espada no pescoço dela sem hesitar. O sangue dela
jorrou e ele foi para as próximas duas para repetir a execução. O
sangue delas jorrou como fontes, e Asmodeus soltou suas correntes,
deixando seus corpos caírem no chão.
Terminado, Ares se virou e se ajoelhou em sua direção.
A multidão gritou de medo quando as correntes de Asmodeus
envolveram dois demônios que os guardas seguravam. A primeira
explodiu quando ele a envolveu com força, e a segunda foi lentamente
separada. Sua carne rasgou, derramando seu interior através da terra.
Thanatos acenou com a cabeça para o primeiro anjo caído que
segurava outro demônio. Os Caídos forçaram o demônio suplicante
de joelhos e a mantiveram imóvel.
—Venha, Jane —, disse Lúcifer, sem desviar o olhar do massacre
que acontecia a vários metros de distância. —Descanse, minha rainha.
Você ainda tem uma luta para terminar.
—Obrigada. — Disse ela.
Ele olhou para cima e a viu a poucos centímetros dele e perdeu o
olhar feroz. Ela sorriu e tocou o rosto dele, estremecendo quando a
eletricidade brilhou entre eles.
Uma pequena risada escapou dele; ele ficou surpreso que isso
acontecesse agora. —Pegue Jane. Isso ajudará a renovar sua força. —
Ele sabia que ela o entendia enquanto assentia, mas ele a impediu de
usar a mão dela. —Dos meus lábios, minha linda rainha.
Lancelot rosnou e se debateu embaixo dele, e Lúcifer usou sua
luz para queimar mais a carne de Lancelot.
Jane se inclinou sobre Lúcifer, tocando os lábios dele com os
dedos trêmulos antes de pressionar os lábios nos dele.
—Essa é minha garota. — Ele murmurou contra a boca dela,
ignorando os gritos rugindo ao redor deles enquanto empurrava sua
luz nela com seu beijo.
—Linda, Jane. — Disse ele, observando seu brilho prateado
brilhar ainda mais. Ele se virou para ver seus generais punir seus
agressores.
Lúcifer estremeceu quando Jane se aproximou dele. Ele estava
ajoelhado sobre Lancelot, então ela estava acima dele. Ela arrastou os
dedos ao longo da asa dele, e ele teve que se concentrar em não puxá-
la para baixo dele para reivindicá-la.
Thanatos colocou a mão sobre a boca da demônio fêmea e
observou uma massa negra sair de seus lábios sibilantes.
—O que aconteceu? — Jane perguntou.
—A alma dela. — Respondeu Lúcifer enquanto Thanatos
fechava a mão, selando-a dentro dele.
Jane assistiu, brincando com as penas dele por alguns segundos,
mas ela se encolheu quando Thanatos trouxe sua maldita foice
angelical para a primeira vítima. Só foi preciso um único giro para
remover a cabeça.
Thanatos passou por cima de seu cadáver em desintegração para
ter o próximo abaixado na frente dele. Este chorou e se debateu, mas
Thanatos não mostrou reação ao retirar sua alma também.
—A propósito. — A respiração de Jane fez cócegas no ouvido de
Lúcifer.
Ele nem percebeu que ela se curvou para ele novamente. Seus
olhos se voltaram para ela, mas ele deu um soco no rosto rosnando de
Lancelot primeiro.
—Eu te perdoo —, disse ela, sorrindo quando seus olhos se
arregalaram. —Está tudo bem, Luc. Obrigada por isso. — Ela
pressionou um beijo na bochecha dele antes de se endireitar. Seus
dedos estavam lá no cabelo dele, e desta vez ele se permitiu apreciar o
toque dela.
Ele sentiu calor no peito, mas ignorou e observou Asmodeus
sussurrar para uma das mulheres demoníacas. Ela caiu de joelhos por
um momento e depois se levantou novamente. Um dos guardas de
Asmodeus entregou uma lâmina à fêmea demoníaca, enquanto outro
guarda arrastou outra demônio para ficar diante da outra mulher.
—Mãe, não! — A segunda mulher gritou.
Asmodeus era um demônio talentoso, e Lúcifer entendeu que ele
acabara de instruir o primeiro demônio a matar sua própria filha.
A respiração de Jane parou, e Lúcifer de repente sentiu vontade
de protegê-la disso. Ele virou o rosto na palma da mão dela. —Desvie
o olhar, Jane. Vou lhe dizer quando puder olhar novamente.
—Tudo bem. — Ela disse tristemente quando a filha gritou com
a mãe enquanto abaixava a lâmina várias vezes, até que a filha era
uma pilha de carne imóvel.
Lúcifer suspirou e deu um beijo na palma da mão por algum
motivo antes de se virar para ver o massacre continuar. A mãe
demônio gritou por sua filha depois que Asmodeus levantou seu
encantamento. Asmodeus não a fez esperar por sua morte. Ele
rapidamente estendeu a mão, agarrando a mãe histérica pela garganta
e a esmagou.
Eles continuaram, revezando-se nos dois últimos. Thanatos
puxou as almas de suas vítimas dentro dele antes de acabar com elas.
Lúcifer olhou para baixo e sorriu para a agonia nos olhos de Lancelot.
Ele conhecia muitos desses demônios e as Keres haviam
compartilhado a cama de Lancelot mais de uma vez. Algumas até
suportaram sua desova.
—Abra seus olhos, Jane. — Lúcifer notou suas lágrimas, mas ela
assentiu que estava bem e olhou na direção dos homens dele.
Eles rugiram sobre suas mortes por ela, então Asmodeus rugiu
mais alto quando ele se transformou em sua enorme forma de dragão.
Seu rugido sacudiu o céu enquanto vomitava fogo no ar. Alguns da
multidão aplaudiram enquanto outros fugiram por segurança.
Jane ofegou, apertando mais o cabelo de Lúcifer antes de deslizar
a mão para o lado do rosto dele.
—Está tudo bem, minha rainha. Ele está honrando você. —
Lúcifer beijou a mão dela novamente, quando Thanatos soltou seu
próprio rugido e se cercou na escuridão para revelar sua armadura e a
capa com capuz preto.
Ele bateu as asas de corvo e trouxe a foice para o lado antes que
ele e a forma de dragão de Asmodeus se ajoelhassem para eles.
—Vá até eles, Jane. — Lúcifer deu mais um beijo encorajador na
palma da mão.
Lentamente, ela caminhou em direção ao dragão preto e
vermelho de cinco metros de altura e ao ex-general do exército da
Morte. Eles mantiveram a cabeça baixa para ela, e Lúcifer sorriu ao
ver toda a multidão ajoelhada. Ela parecia uma deusa enquanto
atravessava o campo encharcado de sangue com sua luz prateada
ainda piscando. A luz dele combinava com ela.
Quando ela estava a apenas um pé deles, ela se virou para olhá-
lo. Lúcifer sorriu para o sorriso infantil que se espalhou por seu rosto
quando ela murmurou: —Um dragão. — Para ele. Ele assentiu,
observando-a voltar para o Rei dos Demônios com a mão estendida
para que ela pudesse acariciar suas escamas negras e lisas. O
estômago de Asmodeus roncou alto quando Jane ficou na ponta dos
dedos dos pés e beijou seu focinho.
Lúcifer riu quando ela assustou-se e recuou depois que
Asmodeus soltou um ronronar que soou mais como um rosnado
cruel, levantando a cabeça. Ela sorriu novamente, depois se mudou
para Thanatos. Ela não parecia tão animada com ele, mas Lúcifer viu o
apelo nos olhos de Thanatos quando ele ergueu o olhar para ela
depois que ela tocou seu ombro.
Surpreendeu-o quanto Thanatos parecia querer estar a seu favor.
Jane olhou para a foice, os lábios tremendo por um momento. Lúcifer
sabia que ela devia estar pensando na Morte e franziu a testa. Ele não
a queria mais pensando nele.
Jane empurrou o capuz de Thanatos para trás. Ela olhou para o
rosto dele por um momento antes de descansar a mão no ombro dele
para beijar sua bochecha.
—É assim que você deve honrar sua rainha, cachorro. — Lúcifer
rosnou para a cabeça gigante de Lancelot.
Lancelot gemeu sob sua mão quando o apertou com mais força.
Lúcifer simplesmente se levantou, puxando o corpo enorme de
Lancelot e arrastando-o para Jane e seus dois generais
impressionantes.
Jane olhou para Lancelot, mas sorriu quando Asmodeus rugiu,
batendo suas asas gigantescas.
Chegando a ficar ao lado de Jane, Lúcifer colocou a mão na
cintura e a puxou para perto, enquanto ele se dirigia a Lancelot. —
Tenho a sensação de que sua cabeça ainda está muito grossa para ver
como você tem sido tolo em relação às minhas ordens e à honra de sua
rainha.
Lancelot ficou de quatro enquanto observava os restos dos
demônios e Keres.
—Estou surpreso que você possa formar um apego ao sexo
oposto. — Disse Lúcifer, envolvendo uma asa em torno de Jane para
mantê-la relaxada. Ela se inclinou contra ele quando um calor
estranho surgiu entre seus corpos.
—Você sabe que elas eram mais que prostitutas. — Disse
Lancelot depois de se transformar em humano novamente.
—Realmente? — Lúcifer perguntou.
Lancelot assentiu, mas não olhou para cima.
—Bem, você não precisa que eu explique meu apego à minha
rainha. — Lúcifer apontou para os lobos mutantes acorrentados. —
Seus experimentos não me agradam. Receio que sejam tão
incontroláveis quanto você. Você deve destruí-los você mesmo, ou
preciso fazê-lo por alguém mais competente?
—Faça. Você. Mesmo! — Lancelot cuspiu a seus pés.
Jane sibilou e se moveu para atacar, mas Lúcifer a segurou e
inclinou a cabeça para o lado. Ela estava tremendo com tanta raiva
agora.
Ele abaixou os lábios e sussurrou em seu ouvido: —Minha
rainha?
Ela parou e ele continuou.
—Eu ainda quero que ele viva.
Ela cerrou os dentes, fazendo-o sorrir e beijar sua bochecha.
—Devo deixá-lo por seus cavaleiros para que a guerra deles com
ele possa finalmente terminar?
Ela olhou para ele, seus lábios roçando os dele quando falou: —E
se ele os machucar?
Ele riu e a beijou rapidamente. —Você duvida dos seus bravos
cavaleiros, Jane?
—Não. — Ela sussurrou.
—Bom. — Ele a beijou novamente. —Eles vão matá-lo com as
notícias que ele traz. Não se preocupe, minha rainha. Será uma
extensão do meu presente para você. Você me agradou muito esta
manhã.
Ela assentiu com a cabeça e olhou para baixo.
—Acredito que minha adorável rainha deseja continuar sua luta
com você. No entanto, ela não deseja honrá-lo com a morte, então
chamarei o fim da luta. Deste ponto em diante, você e seus lobos estão
sob o comando de Ares. Terei uma tarefa para você que deverá ser
executada rapidamente, mas não antes que você cumpra uma
sentença pequena. Agora fique de pé.
Lancelot levantou-se. Lúcifer riu, olhando as letras inflamadas
gravadas em sua pele.
—Rainha Jane, eu acredito que você poderia ser uma artista. —
Thanatos riu sombriamente.
—Você está pronta? — Lúcifer sussurrou no ouvido de Jane.
—Sim. — Disse ela, tremendo quando ele beliscou seu lóbulo da
orelha.
—Mesmo coberta de suor e sangue, você é tão bonita —, disse
ele antes de se afastar para encarar Lancelot. —A menos que você
esteja se desculpando, não abra a boca para ela novamente. Faça algo
que me desagrade ou a minha rainha, e eu forçarei você a comer suas
prostitutas e filhos. Agora vá; fique no lugar enquanto converso com
minha rainha.
Lancelot virou sem outra palavra e retomou um lugar no campo.
—Ela parece tão adorável com a sua luz dentro dela —, disse
Asmodeus em uma voz baixa e divertida quando Jane franziu o cenho
para ele por de repente retomar sua forma mais humana. —Sinto
muito, minha rainha. Vou honrá-la novamente com meu dragão em
outra ocasião.
Lúcifer riu. —Sim, combina com ela. Eu a chamaria de anjo, mas
isso tem um gosto amargo na minha língua.
Jane fez beicinho, e todos riram dela.
—Tudo bem, minha rainha. Você é meu anjo.
—Eu acho que os anjos são lindos —, disse ela baixinho quando
tocou suas penas. —Eu só vi alguns com suas asas. — Ela parou e
passou os dedos pela asa dele. —Eu gosto dessa cor cinza. Eu pensei
que havia apenas preto e branco.
—Seu rei é o único anjo que tem essa cor. — Disse Asmodeus a
Jane.
—Realmente? — Ela olhou para Lúcifer, seus olhos castanhos
brilhando quando ele assentiu. Ela sorriu para ele. —Eu acho que elas
são lindos, Luc.
—Você deseja usar sua espada? — Lúcifer perguntou a ela, sem
responder à sua lisonja. Ela não parecia se importar com o desprezo
pelo elogio e balançou a cabeça. —Então eu vou chamar para a
partida.
—Tudo bem. — Disse ela.
—Torne seu rei orgulhoso, rainha Jane —, disse Asmodeus,
curvando-se para ela. —Ele já está admirado com você.
Thanatos curvou-se para ela também. —Foi um prazer vê-la
lutar, minha rainha. Obrigado pelo seu perdão.
—De nada, Than —, disse ela, sorrindo. —Não me desaponte. Eu
não vou dar de novo.
—Claro que não, minha rainha. Não será necessário. — Thanatos
estendeu a mão para pegar a mão dela.
Ela deu, e ele rapidamente deu um beijo em seus dedos antes de
voltar.
—Aproveite o resto da sua luta, Jane. — Disse Lúcifer, apenas
dando-lhe um beijo rápido nos lábios antes de ir embora.
—Você está bem, Lúcifer? — Asmodeus perguntou em voz
baixa.
—Eu estou bem. Ela precisa se concentrar. Eu sou muito suave
com ela. Então vocês dois.
—Lúcifer, você sabe por que somos assim. — Thanatos
sussurrou, entendendo o que o estava incomodando.
—Jane? — Lúcifer gritou, fazendo-a se virar para olhá-lo. —
Escute o meu sinal. Você sentirá quando chegar a hora.
Ela sorriu brilhantemente e tocou seu peito.
Ele sorriu de volta, aliviado por ela o entender. Era mais do que
energia que ele lhe dera. —Seja ótima, Jane.
—Você ainda tem certeza de seus planos com ela? — Thanatos
perguntou quando Jane se virou.
—Deixe-o, Thanatos —, disse Asmodeus, balançando a cabeça.
—Isso deve ser feito.
—Os planos permanecem como discutimos. Nada muda — disse
Lúcifer, sentindo o calor pulsar exatamente como sua luz. —Porra!
—Tudo vai dar certo, Lúcifer. Atenha-se aos seus planos — disse
Asmodeus, suspirando. —Eu também não esperava isso.
Lúcifer exalou alto, batendo as asas antes de colocá-las atrás dele.
—É fascinante que ela ainda possa dominar essa escuridão. —
Disse Asmodeus.
—É. — Ele disse.
—Eu me pergunto como a amiga malvada reagirá quando você a
puxar para a frente novamente.
—O suficiente! — Lúcifer rosnou.
Eles inclinaram a cabeça e voltaram o foco para Jane quando ela
provocou Lancelot jogando as mãos para ele.
Lancelot andava de um lado para o outro, enquanto Jane olhava
em volta, fingindo estar entediada com ele. Mas como a multidão
ficou inquieta com a espera, ela começou a andar também.
Sua aura pulsava. Lúcifer sabia que ela estava sentindo sua luz e
estava brincando de controlá-la. Ela lhe lançou um sorriso tímido,
fazendo-o rir antes de se virar para Lancelot, pulsando mais forte
quando notou os olhos dele apertando os olhos diante da luz.
As nuvens e a fumaça escureceram o campo, já que ela não
permitia que sua energia produzisse aqueles fogos furiosos. Desde
que ela era a única luz, era como olhar para uma poderosa lanterna
em um lugar escuro. Parecia incomodar a maioria da multidão
também, mas não ele. Afinal, era dele. Ela assentiu, parecendo
elaborar um plano de jogo em sua cabeça e diminuiu a luz.
Lúcifer tinha uma boa ideia de qual era seu plano, porque
parecia despertar Lancelot quando ela também diminuiu a velocidade
da caminhada.
Thanatos riu baixinho. —Claro que ela seria uma fã de
quadrinhos.
Lúcifer balançou a cabeça em sua imaturidade, mas sorriu de
qualquer maneira.
Lancelot acenou para ela como se quisesse abordá-la em termos
neutros. Jane hesitou, mas assentiu e caminhou para encontrá-lo no
meio.
—O que ela esta fazendo? — Os olhos de Lúcifer se estreitaram.
As palavras de Lancelot eram muito baixas para serem ouvidas,
mas sua expressão se suavizou.
—Ela é muito perdoadora. — Disse Thanatos, balançando a
cabeça.
Lancelot sorriu como se estivesse aliviado, mas de repente lhe
deu um tapa com tanta força no rosto que ela caiu de joelhos. Lúcifer
rosnou e sentiu dois pares de mãos contê-lo quando Lancelot chutou o
lado dela para derrubá-la completamente no chão.
—Deixe-a lutar, Lúcifer —, Asmodeus sussurrou. —Não
interfira.
—Bem. — Lúcifer os sacudiu.
Eles se viraram para ver Lancelot apertar o pé no estômago dela.
Ela gritou de dor pela força e lágrimas caíram de seus olhos
novamente. O coração de Lúcifer bateu forte quando seus olhos
encontraram os dele por um breve momento.
Ela gritou, coçando a perna de Lancelot enquanto ele
pressionava com mais força.
A multidão gritou com ela quando Lancelot rapidamente a
montou e deu um soco na bochecha, dividindo a pele onde já estava
marcada.
Lúcifer apertou seu punho com força e lutou para permanecer no
lugar. Por que ela não está brigando? Foi quando ele percebeu que o
preto finalmente dominara seus olhos. A avelã mal estava visível no
centro - em cativeiro. Ela finalmente escorregou e estava à mercê de
seu demônio, e o monstro a estava fazendo ver e derrubar tudo.
—Aquela puta de merda. — Ele rosnou, batendo as asas em
agitação. Ele não poderia resgatá-la sem parecer fraco.
Lancelot agarrou os cabelos de Jane quando ele sussurrou em
seu ouvido. Jane soluçou, tentando se libertar quando Lancelot
empurrou a mão pelas calças dela. Ela gritou, as pernas chutando
quando Lancelot puxou a mão dele e cheirou os dedos antes de limpá-
los em seus lábios. —Assim como eu pensei - você fodeu o rei
enquanto o perfume de David ainda a marcava.
—Lúcifer. — Thanatos disse, sem esconder o tom preocupado.
—Não. — Ela soluçou.
Lúcifer não conseguia se mexer; ele se sentiu tão paralisado
quanto ela parecia, sabendo exatamente o que estava vendo. Foi a
mesma coisa que o garoto fez quando ela era criança.
—Eu sabia que você era uma garotinha suja —, disse Lancelot,
moendo-se contra ela. —Eu aposto que você está morrendo de
vontade de sentir meu pau em você. — Ele empurrou os quadris para
frente antes de de repente envolver as duas mãos em volta da
garganta dela, sufocando-a.
Lúcifer continuou observando o sorriso malicioso provocando os
lábios de Jane enquanto as lágrimas escorriam pelo seu rosto
ensanguentado. Suas pernas estavam se debatendo e ela agarrou os
braços de Lancelot, tentando alcançar o rosto dele. O sorriso não saiu
de seus lábios, provando que seu demônio ainda estava muito no
controle do corpo de Jane, e não se importava com a dor que ela
estava sentindo.
—Pare com isso, Lúcifer. — Thanatos disse, andando de um lado
para o outro.
—Jane —, Lúcifer mal sussurrou, mas seus olhos dispararam
para ele. A avelã parecia avançar um pouquinho. Ele tocou seu peito.
—Agora, minha rainha.
Lancelot se inclinou e lambeu sua bochecha ensanguentada com
uma risada. Jane gritou com uma voz estrangulada. Lancelot estava
sussurrando em seu ouvido, atormentando-a.
—Agora. — Lúcifer repetiu e a viu avelã voltar e brilhar quando
ela rugiu, chamando sua luz.
Ela iluminou com uma bola fantástica de luz branca enquanto
seu grito brotava de seus lábios. Lancelot uivou, soltando a garganta
quando a luz brilhou tão forte que quase todo mundo teve que cobrir
os olhos.
Não incomodou Lúcifer. Ele admirou o quão bonita ela parecia
cercada de luz e sorriu quando ela rapidamente deu um soco em
Lancelot quando ele foi proteger seus olhos. Seu soco o pegou
completamente de surpresa e o derrubou.
Lúcifer registrou os gritos vindos de todos os vampiros e
observou sua pele formigar e borbulhar. Jane também ouviu, e ele não
ficou surpreso ao vê-la erguer algum tipo de barreira ao seu redor e
Lancelot para evitar prejudicá-los ainda mais. Seus gritos de dor
desapareceram, mas Lancelot ainda lutava para não ficar cego pela luz
que ainda brilhava dentro dela.
—Eu não posso acreditar. — Asmodeus sussurrou.
Lúcifer ouviu Thanatos soltar um suspiro aliviado quando Jane
se levantou, mas estava segurando a garganta enquanto tossia
incontrolavelmente.
Pareceu atrair o foco de Lancelot, e ele ficou mais reto com os
olhos fechados e se transformou em seu lobo. A cabeça gigante virou
na direção dela.
Jane se levantou e tentou correr, mas Lancelot ainda a roçou com
as garras nas costas. Ela gritou, mancando enquanto o sangue
derramava de suas feridas.
Lancelot balançou a cabeça para frente e para trás, cobrindo os
ouvidos enquanto ele rosnava. Jane percebeu como a audição de
Lancelot era sensível nessa forma; a bolha que ela criou para protegê-
los provavelmente estava amplificando o volume como um sino.
Um sorriso de dor enfeitou seus lábios. Lúcifer sabia que estava
usando muita energia para manter a luz acesa e tentando curar,
enquanto ainda segurava sua barreira para proteger a multidão.
—Por que ela não interrompe a barreira? — Thanatos estalou,
suas asas batendo em agitação.
—Ela cuida até dos ímpios, Than —, respondeu Asmodeus. —
Ela não quer usá-lo para causar danos.
—Ela odeia seu poder. — Lúcifer respondeu sem pensar.
O grito de Jane deve ter desaparecido porque Lancelot se
concentrou nela novamente e atacou rapidamente. Ela correu
novamente, mas Lancelot a atacou por trás. Ela chorou quando bateu
no chão, mas rolou, chutando-o.
Os dois se levantaram, mas Lancelot estava balançando para ela
novamente. Desta vez, ela revidou e bloqueou seus golpes para dar
socos rápidos ao lado dele. Desta vez não foram tão eficazes e ela
pareceu perceber sua perda de força, mas se recusou a deixar sua luz
ir. Se ela desistisse, não seria forte o suficiente para ver Lancelot.
Ela se afastou e, quando ele tentou segui-la, ela gritou no topo de
seus pulmões. Lancelot cobriu os ouvidos, mas balançou loucamente
quando ela se moveu ao redor dele.
Jane gritou de novo, mas se afastou quando ele correu para ela.
Ela parou para recuperar o fôlego, apenas para Lancelot carregá-la
novamente. Ela repetiu sua tática de gritar e correr algumas vezes,
deixando o grito encher sua bolha. Então ela parou e correu para a
figura desorientada de Lancelot, pulando nas costas dele.
Ela segurou as pernas em volta do torso dele e passou os braços
em volta do pescoço enorme. Ela rugiu de raiva e apertou o mais forte
que pôde. Lancelot começou a se debater quando ele tentou derrubá-
la.
Jane apenas rugiu mais alto e atacou tudo o que tinha até
Lancelot finalmente cair de joelhos, apoiando-se de quatro. Ele caiu de
lado e rolou, mas ela levantou um pouco o pé e o puxou de volta com
força na virilha, fazendo Lancelot se enrolar de lado novamente.
—Ela vai matá-lo, Lúcifer. — Asmodeus o empurrou para frente.
—Pare-a antes que seja tarde demais.
Lúcifer correu rapidamente para Jane. Ela gritou e continuou
apertando seu aperto. Lúcifer sabia que a barreira dela não teria
nenhum efeito sobre ele e caminhou através dela para ficar ao lado
dela.
Quando ela percebeu que ele estava lá, ela olhou para ele. Ela
estava aliviada, mas com uma tremenda dor. Ajoelhou-se junto à
cabeça dela e sorriu até que ela gritou novamente. Lancelot estava
arranhando suas coxas.
Lúcifer rosnou antes de acenar para ela deixar ir. Ela o fez,
recuando quando Lúcifer empurrou Lancelot para fora dela. Lancelot
rosnou na direção de Jane quando toda a luz desapareceu, e sua
barreira caiu.
Lancelot se lançou para ela, mas Lúcifer agarrou sua garganta,
rugindo quando ele o jogou no chão. Lúcifer se encheu de raiva
quando ele começou a separar as mandíbulas de Lancelot. Eles
começaram a rasgar e estalar, mas uma sensação de formigamento na
asa de Lúcifer o fez vacilar.
As mãos de Jane vieram ao redor do pescoço dele por trás,
enquanto ela estava entre as asas dele, abraçando-o. —Não, Luc —, ela
respirou em seu pescoço. —Não preciso da morte dele. Deixe-o. Ele
morrerá em breve.
Ele não sabia por que a obedecia. Soltou as enormes mandíbulas
de Lancelot e recuou, socando Lancelot com força suficiente para
deixá-lo inconsciente.
Alguém tirou Jane de suas costas quando ela sussurrou: —
Obrigada.
—Boa luta, minha rainha. — Disse Thanatos, levantando-a em
seus braços.
—Vá para sua rainha, Lúcifer. Ela está machucada — disse
Asmodeus quando a multidão começou a aplaudir. —Deixarei ele
acorrentado até que você esteja pronto para ele.
Lúcifer se aproximou de Jane e a levantou dos braços de
Thanatos. Ela sorriu para ele, tocando seu rosto antes de fechar os
olhos.
—Ela precisa de sangue e descanso. — Disse Thanatos,
estendendo as asas para empurrar a multidão aplaudindo.
—Pegue tudo o que ela precisa e traga para mim. — Disse
Lúcifer antes de se teletransportar e Jane para a caverna. Ele
rapidamente a carregou para sua cama e a abaixou antes de se mover
para pegar um dos sacos de sangue que Jane havia recusado
anteriormente.
Ele se inclinou, afastando os cabelos do rosto. —Acorde por um
momento, Jane.
Ela abriu os olhos. —Oi Luc.
Ele deslizou a mão sob o pescoço dela. —Você lutou bem, minha
rainha. Beba isso agora. — Ele se inclinou para beijar seus lábios
presos antes de segurar a bolsa neles. Ela mordeu e deixou derramar
em sua garganta.
Ele segurou-a até ela engolir tudo, depois jogou-o no chão e
observou suas feridas mais horríveis se fecharem.
—Eu ganhei? — Ela perguntou.
—Sim, minha pequena rainha. Você bateu nele completamente.
Seus lábios se ergueram em um pequeno sorriso, mas ela estava
cansada. —Eu vi suas asas. Eu gosto delas.
—Descanse, Jane —, disse ele, sabendo que ela estava
simplesmente exausta agora. — Vou limpar seu corpo e vestir você.
Apenas relaxe.
—Eu não quero acordar com seu pau na minha boca. — Ela
murmurou.
—Eu não vou tocar em você de forma inadequada —, disse ele,
sorrindo. —Muito.
Thanatos entrou na caverna, carregando uma cesta de itens. —
Vamos distrair os exércitos com as comemorações de sua vitória.
Ele pegou, apontando para Thanatos sair.
Lúcifer voltou sua atenção para Jane. Ela estava tremendo mais
uma vez, fazendo-o suspirar. Ele se sentou ao lado dela, aquecendo
seu corpo e concentrando-se na luz dentro dela até que começou a
esquentar também. Ela parou de tremer, então ele começou a limpar o
sangue e a sujeira para tratar seus ferimentos. Ela não reagiu à água;
ela já estava dormindo.
Passando a mão sobre as marcas dos dedos ao redor da garganta
dela, ele rosnou.
—Está tudo bem —, ela sussurrou, não muito acordada quando
colocou a mão na coxa dele. —Estou bem.
Ele ignorou a paz que se espalhou por ele e continuou limpando-
a antes de rasgar suas roupas arruinadas. Eu preciso parar de reagir a ela
assim. Ela esfregou a coxa dele como se estivesse dizendo para ele se
acalmar.
—Você tem sorte de ser tão importante para mim —, ele
sussurrou, observando-a sorrir enquanto dormia. —Você realmente é
a criatura mais perigosa que já existiu. — Ele riu quando o sorriso dela
cresceu.
Quando ele terminou de limpar todo o sangue e sujeira, ele se
inclinou para inspecionar os cortes nas pernas dela e a rolou de bruços
para que ele pudesse ver os que foram rasgados em suas costas. Eles
estavam selados, mas inflamados. Pelo menos isso não vai cicatrizar, ele
pensou enquanto passava os dedos pelas bordas e se inclinava para
beijar uma.
Ela estremeceu, então ele tirou a camisa e tirou os lençóis sujos
debaixo dela antes de se deitar ao lado dela. Antes que ele pudesse
agarrá-la, ela estendeu a mão e se colocou em cima dele. Ele sabia que
ela ainda estava muito adormecida e puxou as cobertas ao redor deles,
suspirando quando ele apertou sua bunda. —Como você ainda me
desperta assim?
—Hmm. — Ela gemeu baixinho, fazendo-o sorrir e dar um beijo
em seu ombro. —Eu te amo —, ela sussurrou, fazendo-o congelar. —
David... Meu David.
Tantas emoções surgiram dentro dele, e uma se destacou.
Ciúmes.
Ele respirou com raiva, mas ficou parado por ela e fechou os
olhos para deixar sua mente se concentrar. —É por isso —, disse ele,
lembrando-se de seus planos. —Não mais.
47
O REI E A RAINHA
Lúcifer haviam memorizado todas as fendas e bordas irregulares
do teto rochoso acima dele. Era o único ponto de interesse em toda a
caverna que poderia impedi-lo de virar Jane em seus braços, ou
transar com ela ou cortar sua garganta.
Por seis horas, ela dormia - de topless - choramingando de vez
em quando. Ela estava obviamente com dor, mas sua nudez
combinada com seus chorinhos eram muito excitantes. Era uma pena
que ela o tivesse irritado falando o nome de David. Ele queria mais
tempo com ela.
Outro pequeno gemido tremeu de seus lábios e ela apertou as
pernas, abraçando-o com mais força enquanto passava os dedos pelos
cabelos dele. Ele suspirou, odiando que ele realmente gostasse de tê-la
perto dele assim. Nunca houve uma mulher que ele quisesse torturar
e acalmar ao mesmo tempo.
Ela havia conseguido deixá-lo mais calmo do que ele pretendia, e
mesmo que eles ainda estivessem indo na direção que ele havia
planejado, ela estava o distraindo de manter o rumo sem sequer
tentar. Não haveria mais se segurando dele, no entanto.
Lúcifer olhou para baixo. Tudo o que ele podia ver era o cabelo
dela e parte de suas costas, porque ela havia se arrastado mais alto, de
modo que a cabeça estava no ombro dele, virada para o outro lado. A
vontade de tocar sua pele macia subitamente o dominou.
Ele não tinha certeza de como as feridas dela ainda eram ruins,
então ele cuidadosamente moveu os cabelos para o lado e sorriu. As
abrasões rosadas foram completamente curadas, apenas
desaparecendo. Ainda gentil, ele deslizou as pontas dos dedos sobre a
pele dela, sorrindo enquanto ela tremia e se aproximava.
—Luc? —Ela chamou.
—É Lúcifer, Jane. — Ele a esfregou nas costas em vez de
simplesmente provocar sua pele. —Ou seu rei, o que você preferir.
Ele podia senti-la sorrindo contra seu ombro e sentiu vontade de
espancá-la por apreciar seu aborrecimento. Ele já sentiu sua raiva
anterior por ela se dissipar. Tudo o que ela precisava fazer era falar, e
sua magia o desarmava.
—Eu gosto de Luc. — Ela sussurrou.
A umidade em seu ombro o fez franzir a testa. —Você está
babando em mim?
Ele pensou que ela estava rindo quando seu corpo tremia, mas o
jeito que ela o apertou com força o fez perceber que estava chorando.
—Foda-se, Jane —, disse ele, rosnando. —Você não pode passar um
dia sem chorar?
Ela enxugou as lágrimas antes de abraçá-lo. —Eu sinto muito. Eu
apenas tive um pesadelo. Eu estava tentando me distrair.
—Qual era seu sonho? — Lúcifer nem sabia por que ele
perguntou, mas estava curioso para saber o que a incomodara tanto
durante o sono.
Quando a respiração dela não diminuiu a velocidade, ele passou
os dedos pelos cabelos dela e elevou a temperatura do corpo.
Ela se acalmou quase imediatamente antes de retornar o gesto,
brincando com o cabelo dele. —Eu não quero que você fique com
raiva de mim. — Ela sussurrou, tentando parecer mais calma, mas sua
tristeza ainda estava presente.
Lúcifer suspirou. Ele realmente não queria lidar com isso, mas
ainda estava curioso. —Eu vou ficar calmo. — O corpo de Jane ficou
um pouco tenso, então ele a apertou suavemente e baixou os lábios
nos cabelos. —Eu prometo, minha rainha. Eu quero saber.
Seu corpo relaxou e ela brincou nervosamente com o cabelo dele
antes de finalmente falar. —Eu estava sonhando com minha família e
com Jason sendo atacado por Melody. Às vezes, porém, mudava do
rosto dela para o meu.
Ele falou antes que ela pudesse continuar. —Você não foi a única
a matá-lo. Ele deixou seu ódio e arrependimento cegá-lo a acreditar
naquela cadela.
—Você estava dizendo a verdade quando disse que o parou? Ou
isso foi apenas para me levar com você?
Suspirando, ele respondeu, mesmo que isso só aumentasse a dor
mais tarde. —Eu o parei. Eu amplifiquei suas memórias de você. Era
tudo o que era necessário para quebrar o transe em que ela o metera.
A mão dela tremia enquanto o abraçava com mais força. —Por
que você o parou? Não era seu objetivo me destruir? Isso teria me
arruinado.
—Eu sei que teria —, disse ele, olhando para o teto rochoso. —
Suponho que o parei porque precisava que seus filhos segurassem sua
cabeça.
Por um momento, ela ficou quieta, massageando o couro
cabeludo, mas respirou fundo e balançou a cabeça levemente. —Eu
não acho que é por isso. Eu acho que você não queria que eu os
perdesse, principalmente assim.
—O que isso importa, Jane? — Ele lutou contra jogá-la através da
caverna. —Eu sabia que ela estava seduzindo Jason. Ela recebeu
ordens de fazer com que ele recebesse a ira de David, ou a sua, mas eu
não sabia até mais tarde que ela já tinha planos por causa de seu
ciúme. Não me faria bem que seus filhos morressem, então eu o parei.
Isso é tudo. Não tenho a menor preocupação se eles vivem ou
morrem, mas são ferramentas úteis para obter o que quero de você.
Ela continuou brincando com o cabelo dele. —Você está
mentindo. Você se importa comigo.
—Só porque você é minha rainha e o que acontece com você
reflete sobre mim —, disse ele, ficando mais irritado a cada segundo.
—Seu demônio é essencial, e essa é a única razão pela qual você
estava na minha vista.
—Então por que você está cuidando de mim e não transando
com ela? Ela poderia ter curado esses ferimentos com um estalar de
dedos, e eu sei que ela iria foder com quase qualquer um. Então, me
diga outra mentira.
O nervo desta mulher. —É isso que você quer? — Ele perguntou.
—Você quer que eu chame por ela e a deixe de fora para que ela possa
continuar torturando você?
—Isso soa muito como cuidar de mim.
Ele rosnou, apertando sua cintura, mas soltou quando ela
choramingou. —Pare de me fazer essas perguntas ou eu vou jogá-la
no escuro e transar com ela agora!
Ela beijou seu ombro, e ele suspirou com o alívio instantâneo que
isso deu a seu corpo e mente. Assim que ela retirou os lábios, a prisão
dele e toda a tortura infligida voltaram com vingança, o suficiente
para deixá-lo tenso por alguns segundos.
—Você está bem? — Ela perguntou, acariciando seus cabelos.
—Não me faça uma pergunta tão ridícula. — Ele esfregou o
rosto, retirando o suor de lá. —Saia de cima de mim antes que eu
jogue você.
Ela virou a cabeça para encará-lo. —Não fique com raiva.
—Você está me deixando com raiva. — Disse ele, encontrando
seu olhar.
Ela deslizou a mão para baixo para segurar sua bochecha. —Eu
só queria entender. Nada do que você faz, faz sentido.
—Não há nada para entender—, disse ele, controlando sua raiva.
—Eu escolhi você como minha rainha. Seu demônio é minha arma. Ela
me irrita e me dá nojo, então você é a única opção que tenho. Você
está começando a ser mais problemática do que vale a pena. Estou
certo de que posso ignorar seus traços menos atraentes, se isso
significa me livrar do seu gemido e ouvir sua crença absurda de que
há mais em nosso relacionamento e meus sentimentos em relação a
você. Eu a deixaria transar com todo o exército de lobisomens se isso
significasse que eu não precisava ouvir qualquer conto de fadas que
você inventou nessa sua mente insana.
Ela o encarou com os olhos arregalados e lacrimejantes enquanto
prendia a respiração. —Por favor, não tente mais me machucar.
—Então faça o que eu digo! — Ele olhou para ela antes de
desviar o olhar. Ele não podia continuar olhando naqueles olhos. Eles
ainda eram tão brilhantes quando não deveriam ser.
—Você sabe, uma vez eu acreditei que a Morte poderia me
consertar —, disse ela suavemente, apertando seu aperto enquanto ele
se preparava para se levantar e sair. —Apenas ouça por um segundo,
por favor.
Ele olhou para ela. —Bem. Se parar de reclamar, cuspa qualquer
bobagem que você tenha a dizer e deixe que isso seja o fim. Você já
sabe que não gosto de ouvir sobre nenhuma delas.
Um sorriso se formou em seus lábios por apenas um segundo
antes que ela assentisse. —Quando a Morte está comigo, algo
acontece. Eu acho que ele sabe mais, mas também acho que ele não
tem certeza, ou talvez ele esteja se recusando a acreditar em algo sobre
o motivo de termos nos conhecido. Enfim, o que eu sinto é mágico.
Quando nos tocamos, me sinto mais viva do que nunca, o que é
ridículo, considerando que ele é a Morte. Eu achava que ele poderia
consertar o que eu sentia. Eu a sinto o tempo todo. Mesmo quando ele
estava lá, ela estava no fundo da minha mente e coração, cravando as
unhas nelas. Queima e sinto que estou sangrando, mas sempre que ele
me tocava, aquele pequeno formigamento de sua pele na minha
infiltrava mais do que apenas meus poros - se espalhava. Quase
imagino que fogo e gelo de alguma forma se juntaram e formaram um
líquido.
—Isso seria água, minha rainha. — Disse ele, rindo quando, mais
uma vez, ela suavizou sua raiva.
—Não seja esperto.
—Sou inteligente, minha rainha. No entanto, estou
reconsiderando sua inteligência no momento.
—Posso continuar? — Ela olhou para ele.
—Você pode continuar —, ele a corrigiu. —Eu sei que você vai
me irritar se eu disser não, então continue.
Ela bufou, mas continuou. —Parecia mais grosso que a água,
como gel que eu não sabia dizer se estava quente ou frio. Ondularia
quase, não visivelmente, mas essa é a sensação. Rolaria sob minha
pele. Isso me fez pensar em remédios ou algo sendo aplicado. Sempre
terminava perto do meu coração - nunca dentro dele, apenas um
pouco ao lado. Eu podia sentir isso se movendo lá, procurando.
Ela encolheu os ombros. —Não sei o que é isso. Ele nunca disse
muito sobre isso, mas eu pensei que sua mágica estava me
consertando. Eu me sentia quase em paz, como ir com ele seria a
maior paz que eu já sentiria. Mas minha mente não parava. Mesmo
com ele lá, eu ainda sentia suas garras. Acho que seria suficiente se ele
tivesse ficado. Se tivéssemos nos tornado algo mais, você sabe? Eu não
acho que poderia ter feito isso; Eu não fiz isso, porque tive a chance de
ir com ele, mas fiquei. E ela ficou mais forte.
—Então havia David. Seu toque não é o mesmo. Ele é como o sol,
sempre quente, sempre queimando, mas nunca me destruindo. Não
sei se ela pode sentir isso. Talvez estivesse muito quente para ela lutar.
Tudo o que aconteceu deu a ela a chance de sair nos momentos mais
horríveis. Eu acho que você sabe disso, no entanto. Você foi a razão
disso.
Lúcifer olhou para o teto sem responder.
—Eu ainda te perdoo —, ela sussurrou. —Mas isso me
enfraqueceu. Isso me fez afastar David quando percebi que ela
realmente o odiava. Eu sabia que ela não gostava da Morte, mas acho
que ela o temeu depois que ele me drenou uma vez. David, porém, ela
queria matá-lo, e eu sabia que ela podia.
—Eu pensei que nosso amor seria outra maneira de lutar com
ela, mas me senti tão culpada. Eu terminei meu casamento com Jason,
mas era a Morte que eu ansiava. Aquela totalidade que senti com ele;
é diferente da maneira como David me faz sentir. Como David me
segura, mas a Morte...
— É mais. — Disse ele, terminando o que sabia que ela não
queria admitir.
Ela enxugou uma lágrima. —Sim. Isso destruiu uma parte de
mim. David é tão incrível, tão bom e bonito, e ele queria me dar tudo.
Eu sabia que ele poderia me dar a vida que eu desejava, e eu o amo.
Eu ainda o amo - não vou parar - mas isso me quebrou porque não
pude devolver o que ele me deu de bom grado. Eu pensei que se a
Morte viesse, eu poderia fechar o meu relacionamento com ele. Então
eu seria capaz de dar a David todo o amor que ele merecia, mas caí até
agora, sabia que não havia volta. Eu não podia deixar Jason morrer,
então aproveitei a chance para negociar com a Morte...
—Eu sei, Jane —, disse ele, acariciando suas costas. —Vi suas
lembranças de seu tempo no reino dele.
—Então você sabe como ela voltou. Como não havia mais em
mim para lutar com ela. Sem eles para me dar proteção e força extras,
ela estava pronta para queimar o mundo.
—Sim, ela estava. — Disse ele, olhando para a parede rochosa.
—Então você veio —, ela sussurrou. —Esse único toque seu a
deteve. Isso a derrubou e a trancou por um curto período de tempo. —
O polegar dela deslizou para frente e para trás na bochecha dele. —
Nunca senti tanto alívio em toda a minha vida. Você não me dá os
mesmos sentimentos que eles, e naquela noite, não era tão
entorpecente como antes, era apenas silêncio. Um tipo estranho de paz
como você pode se sentir sozinho no escuro, mas sem ter medo. E eu
sabia que nunca eram eles que eu estava esperando. Foi você.
—Eu não sou seu salvador, Jane. — Disse ele, ainda não olhando
para ela.
—Eu sei que você não é o herói, Luc. — A respiração dela
acariciou seu pescoço. —Mas você é algo que eu não esperava que
fosse. Ainda assim, acho que sempre soube que seria você quem
poderia detê-la. Você pode deixá-la me quebrar, deixá-la fazer as
coisas mais terríveis, você pode fazer sexo com ela sempre que quiser,
mas você a trancará para que eu possa ser eu. Para que eu possa me
sentir mais forte do que jamais me senti antes. Você me deixa encarar
meus demônios porque acredita que posso derrotá-los, mesmo que
não queira admitir que é isso que você quer. Você está me dando a
chance de me curar para que eu possa ser algo ótimo. Você é muito
cruel com tudo isso, mas acho que vejo por que tem que ser assim e
está tudo bem. — Ela beijou sua bochecha. —Obrigada.
—Você é uma garota tola —, disse ele, abraçando-a enquanto
fechava os olhos. —Tão cheia de sonhos bobos quando o mundo quer
ver você queimar.
—Você queimaria comigo?
Ele olhou para cima. —Sim, minha rainha. Vamos queimar
juntos.
As lágrimas dela deslizaram sobre a pele dele, de alguma forma
ainda acalmando o fogo constante sob sua força. —Eles estarão
seguros? — Ela perguntou. —Prometa que eles ainda estarão seguros.
Sei que, eventualmente, a morte virá para todos nós, mas não para ela
- não deixe que ela ou outro de seus monstros.
Ele acariciou seus cabelos quando seu próprio demônio rugiu
dentro dele. —Sim, minha rainha. Prometo que estarão a salvo dela e
de qualquer monstro que eu ordene.
—Obrigada, Luc.
Ele não respondeu.
—Você acha que ela nunca vai embora completamente?
Ele apertou os braços em volta dela. —Talvez um dia.
—Tudo bem. — Ela sussurrou, beijando seu pescoço e fazendo-o
suspirar. —Ok.
Sua alma rugiu em seu demônio, e ele virou a cabeça. —Eu não
desejo continuar esta discussão.
Aqueles olhos castanhos se fixaram em seu rosto, o fogo dourado
queimando mais do que nunca. —Compreendo. Obrigada por nos
deixar tê-lo. Sobre o que você quer falar?
—Eu não quero falar. — Disse ele, sorrindo.
Um olhar preocupado passou por seu rosto bonito. —Você pode
me dar um pouco mais de tempo? Por favor?
Sua alma bateu contra a gaiola quando ele roçou os lábios nos
dela. —É melhor assim, minha rainha. Mesmo que eu tenha que forçar
você, é melhor.
Os olhos dela se arregalaram. —Não, Luc. Depois de tudo o que
acabei de dizer, você ainda faria isso?
Ele fechou os olhos enquanto rugidos e rosnados consumiam sua
mente. —É melhor assim. Você vai sentir mais dor...
—Eu odiarei você se você me forçar, Luc. Sei que você pode
simplesmente pensar e farei o que você quiser, ou ela, mas acho que
você quer que eu te queira.
—Você nunca vai me querer, minha rainha. — Disse ele
rapidamente.
Ela tocou sua bochecha. —Você não quer que eu te veja da
maneira como vejo Stephen, Lancelot e os outros. É isso que eu sei, e
sei que quero que isso permaneça verdadeiro sobre você. Então não
me force. Me de tempo. É tudo o que peço.
Aquele inferno dentro de alguma forma ficou mais insuportável.
—É melhor assim.
—Mas vai me machucar. — A voz dela falhou.
—Minha rainha. — Disse ele, fechando os olhos enquanto ela
choramingava, tentando se segurar.
—E se eu me comportar muito bem hoje? — Ela perguntou, sua
voz trêmula. —E se eu não te der tudo de mim, mas eu te der uma
coisa.
Ele balançou sua cabeça. —Apenas seu beijo disposto vale mais...
Não, na verdade, isso não é verdade. Nada é melhor do que
simplesmente pegar seu corpo, especialmente pela força.
Ela se levantou um pouco. —Meu beijo significa muito para
você?
—Não. — Disse ele, olhando para aquelas chamas nos olhos
dela.
—Sim, é verdade —, disse ela, abaixando o rosto. —Se eu te
beijar sozinha, sem você me dizer ou me forçar, você me dará mais
tempo? Juro, mesmo que me machuque, porque sei que nunca
deixarei de amar David e a Morte - porque sei que meu coração chora
por estar com David - juro que me entregarei a você dia e noite.
Apenas ela não. Nunca ela.
Ele segurou a bochecha dela. —Oh, minha pequena rainha. Você
complica muito.
Ela sorriu tristemente. —Eu não esperaria que o rei do inferno se
aceitasse com facilidade.
—Você não sabe o que está perguntando, Jane. — Disse ele,
observando-a franzir a testa.
—Eu sei. Eu sei que você quer meu corpo e seu poder. Só estou
pedindo mais tempo. Não entendo o porquê, mas agora prefiro que
você me tenha a ela. É perturbador, mas eu gostaria de controlar a
quem entrego meu corpo. Sim— ela assentiu. — Acho que é isso. Eu
quero controle sobre meu corpo. Trairá David e meu coração, mas
preciso ser a única a me entregar voluntariamente a alguém. Acho que
isso não faz sentido, e ainda me vendi para você, mas é por isso que
quero tempo. Acho que você se importa comigo mais do que deixa
transparecer. Eu acho que você pode me amar um dia, e se o fizer,
será diferente.
Um pouco do cabelo dela caiu sobre os olhos, e ele o afastou,
segurando o rosto dela com as duas mãos. —Não ter controle sobre o
que ela faz te assusta? Pensei que se ela fosse quem controlava você,
isso faria você se sentir menos culpada.
Ela encolheu os ombros. —Acho que sim, mas sei que ela está tão
entrelaçada comigo que sempre serei responsável por seus atos. É
horrível ficar presa por dentro, especialmente testemunhando ela
fazer coisas terríveis e não ser capaz de detê-la. Não sei por que você
não a impediu ontem, mas estou assumindo que você estava me
dando a chance de enfrentá-la também.
—Não seja absurda. — Ele balançou sua cabeça. —Ela é
destinada a destruir, Jane. Ela matará tantos, mesmo sem a minha
ordem. Eu não a parei porque você trouxe isso para si mesma. Você
deu a ela a chance de derrubá-la depois que eu lhe dei ordens.
—Você não pode controlar tudo o que ela faz ainda?
Ele olhou nos olhos dela. —Não inteiramente. Você não se
rendeu o suficiente para mim. Eu já te disse isso.
Ela assentiu, passando os dedos pelo rosto dele. —Dê-me tempo,
então.
Seu coração começou a arder. —O que você mais deseja em
relação ao seu demônio, Jane?
—Me libertar dela —, disse ela sem hesitar. —Para sempre.
Os rugidos dentro dele cessaram. —Eu não vou me forçar a você,
minha rainha.
O sorriso dela o lembrou de casa. —Obrigada, Luc.
—Apenas me beije, Jane —, disse ele, tocando seus lábios
sorridentes. —Eu quero sentir o beijo que é meu enquanto você ainda
está ao meu redor assim.
Ela sorriu mais. —Isso significa que eu não estarei por perto em
breve, ou você está se referindo a mim estando de topless?
—Eu deixei nossas calças. — Disse ele, ignorando a primeira
pergunta e sorrindo, embora seu corpo doesse.
—Você vai ficar atento às suas mãos? — Ela aproximou o rosto.
—Sem forçar nenhum tipo? Sei que está errado, mas não posso mais
ser forçada.
Ele sorriu, roçando os lábios. —Agora você está pedindo muito,
minha rainha.
Aqueles olhos castanhos capturaram os dele, mas ela ficou
quieta, sem se mexer, apenas quieta e imóvel.
—Bem. — Ele rosnou. —Eu não vou forçar você a me tocar. Você
percebe que isso é tortura?
—Você me fez a Suprema Rainha do Inferno. — Ela sorriu, e ele
descobriu que gostava daquele olhar travesso no rosto dela.
Deslizando a mão pela espinha, ele sorriu. —O rei supremo
ainda quer tocar sua rainha. Só um pouco, no entanto. Ela ainda cheira
a meu cachorro.
Ela riu, realmente riu, e foi lindo. —Você está flertando comigo?
—Não —, disse ele, mordiscando o lábio enquanto apertava sua
bunda. —Estou simplesmente estendendo o aviso de que tocarei em
você. Não chore quando eu a tocar - prometo que não serei muito
vulgar. Quero lembrar disso e quero que você também lembre.
Os olhos dela brilhavam com lágrimas não derramadas, e ele
sabia que ela ainda se sentia culpada, mas ela sorriu. Era um sorriso
que ele só tinha visto apontado para ele - seu sorriso. —Eu prometo
que não vou chorar. — Aqueles olhos brilhavam como mil estrelas no
céu noturno. —Eu prometo lembrar.
Puxando-a para baixo por todo o caminho, seus lábios se
tocaram, e a rainha beijou seu rei pela primeira vez.
—Minha rainha. — Ele sussurrou, deslizando a mão pela perna
dela, os dedos roçando a pele dela onde estava rasgada.
Ela deslizou a mão nos cabelos dele enquanto uma lágrima ainda
escapava, caindo em sua bochecha. —Eu sinto muito. — Ela o beijou
mais forte.
Lúcifer enxugou a bochecha. —Está bem. Tudo vai dar certo.
Seu sorriso estava lá novamente, e seu beijo tinha um sabor
ainda mais doce. —Obrigada. — Ela suspirou quando ele enxugou
outra lágrima. — Meu rei.
48
A RAINHA CAIDA
—Peço desculpas novamente, meu rei. — Thanatos sussurrou,
sentando-se ao lado dele.
Lúcifer observou Jane começar a comer antes de olhar seu
general nos olhos. —Está tudo bem, Thanatos. Mesmo se você for o
maior bloco de pau de todos os tempos.
Jane riu, mas não levantou os olhos do café da manhã.
—Uma rainha não ri enquanto está com a boca cheia. — Disse
ele, movendo alguns dos cabelos para que pudesse ver seu rosto.
Ela olhou ao redor da tenda movimentada para os outros
imortais comendo. —Perdoe-me, meu rei. — Ela sorriu. —Eu
simplesmente esqueci que estava na classe de elite do inferno.
Ele colocou a mão na coxa dela, apertando, mas não com muita
força. —Cuidado com a sua idiotice. Não tenho problema em trocar
esta refeição por uma que você possa ter na minha cama.
—Oh, eu amo comer na cama. — Ela olhou para ele,
completamente inocente.
O general riu e Luc lançou-lhe um olhar antes de soltar a perna
de Jane. —Coma sua comida.
—Eu disse que poderia impedi-los. — Disse Thanatos.
Lúcifer soltou um suspiro, acenando para ele. —O suficiente. Eu
gostaria de manter as memórias que ganhei antes de ouvir de repente
você gritar meu nome em vez dela.
Thanatos sorriu, seus olhos vermelhos brilhando. —Bem, eu
pensei que você preferiria minha invasão a um deles.
—De quem vocês estão falando? — Jane perguntou depois de
engolir um pouco de comida.
—Boas maneiras, minha rainha. — Lúcifer suspirou, balançando
a cabeça.
Ela deu um tapinha na perna dele e murmurou: —Sinto muito.
O toque dela estava chegando nele. Ele colocou a mão sobre a
dela, observando como seus dedos pálidos deslizaram entre os dele
quando ela levantou a palma da mão. Ela apertou, e ele olhou nos
olhos dela, lembrando isso de suas memórias. Ela sempre desejou essa
pequena garantia. Ele apertou a mão dela para trás, e ela sorriu para
ele antes de soltar o cabelo atrás da orelha.
Thanatos lançou um olhar para ele, mas respondeu à pergunta
de Jane. —Alguns outros príncipes e comandantes do inferno.
Jane olhou para Lúcifer, seu corpo tremendo de repente. —
Quantos?
Ele acariciou sua bochecha. —Apenas cinco outros agora.
Asmodeus é um dos príncipes, assim como eu. Quando você se
tornou minha rainha, tomei meu lugar como rei supremo. Suponho
que eles estão aqui para vê-la por si mesmos. Provavelmente, eles
estão chateados com a minha ascensão ao trono. Eu esperava que
demorasse mais para que eles viessem.
—Mas quem são os que estão aqui? Eles vão me machucar?
—Ninguém vai machucá-la, minha rainha —, disse ele,
surpreendendo-se quando ele rosnou. —Exceto por mim, você está
acima de todos os outros.
Um leve sorriso tocou seus lábios, e ela olhou para Thanatos
quando ele não respondeu sua primeira pergunta.
—Seus visitantes são Belzebu, Belial, Astaroth, Berith e
Sonneillon — disse Thanatos, sorrindo enquanto ela acenava para ele
dizer mais. —Eles são acompanhados por vários outros demônios de
alto escalão - todos considerados príncipes, tenentes ou deusas do
inferno. Os três primeiros que listei são altos príncipes, assim como
seu rei e Asmodeus. Lúcifer não tem um relacionamento agradável
com eles. Eles estão em constante guerra pelo trono que você acabou
de dar ao nosso rei. Não são apenas o céu e o inferno que estão em
guerra.
—Eu não te dei nada. — Ela olhou para Lúcifer. —Eu pensei que
você já estava no comando. Pelo menos, é o que as pessoas costumam
dizer. Eu meio que pensei que havia mais na sua história, mas não
sabia o quê.
Ele colocou a mão na coxa dela novamente. —Quando eu te dei
meu sangue, comecei minha ascensão. O momento em que você
concordou em vir comigo é quando me tornei rei supremo, tornando-
a minha rainha. Agora, gostem ou não, eles são meus para governar. É
como qualquer reino, eles podem se rebelar e tentar me derrubar, mas
eu sou o rei deles e mais poderoso do que todos eles. Você também é.
A Morte seria o único que poderia destruir qualquer um de nós,
tecnicamente. Nós o igualamos no poder, mas nenhum de nós seria
capaz de realizar os feitos que ele faz - ele é e sempre será a Morte. No
entanto, o apego dele a você adicionará mais medo ao seu nome e,
com sorte, ajudará a manter a ordem.
—Eles ainda não conhecem sua identidade, Jane. — Disse
Thanatos.
Lúcifer se forçou a não sorrir quando ela segurou a mão dele
debaixo da mesa.
—Sim, estou ouvindo. — Disse ela, retomando a refeição, mas
não soltando a mão dele.
Thanatos notou o contato entre os dois, mas ele continuou. —
Quando eles perceberem que você é imortal, provavelmente reagirão
negativamente, especialmente considerando que David é o seu
criador. Ele e Arthur são os imortais considerados como rivais do
inferno.
Lúcifer olhou para ela e viu um pequeno sorriso em seus lábios.
Ela gostou que seus cavaleiros fossem tão temidos. Ele riu e ouviu
Thanatos falar novamente.
—Muitas mulheres também demonstram antipatia por você.
Ela bufou, escondendo rapidamente o sorriso. —Desculpa. É
engraçado agora. Como, realmente, meu mundo inteiro está sempre
desmoronando, mas elas estão com raiva de mim por causa de vocês,
meninos.
Ele apertou a mão dela. —Não bufe, minha rainha.
—Desculpa. — Ela sorriu quando ele balançou a cabeça.
Thanatos pigarreou. —Quaisquer que sejam as suas razões para
desentendimentos no passado com mulheres, isso não vem ao caso.
São demônios que lutaram e mataram na esperança de receber o título
que Lúcifer lhe deu.
Ela apertou os lábios. —Nossa, muito obrigada, Luc. Você pode
nunca ter me aturado se tivesse dado uma chance a uma delas.
—Você sempre foi minha única escolha. — Disse ele, sem olhar
para ela, mas podia senti-la olhando para ele.
Thanatos suspirou. —Muitos caídos de status superior evitam
relações sexuais com demônios. Seu rei é conhecido por ser o mais
seletivo.
—Há um ponto que você está tentando fazer, Thanatos? —
Lúcifer perguntou, sem olhar para nenhum deles. —Se você está
tentando aborrecê-la, ficarei aborrecido.
Jane riu, apertando a mão dele. —Está bem. Não ligo para quem
você transou ao longo dos anos. — Ela cobriu a boca, rindo quando ele
finalmente deslizou o olhar para ela. —Embora, eu direi que estou
feliz que seu ding dong não tenha estado... você sabe... como um
buraco com ventosas ou bocas agitadas.
—Minha rainha, isso é perturbador. — Lúcifer balançou a cabeça
enquanto tentava não rir. —Não, elas, pelo menos pelo que ouvi, não
têm bocetas horripilantes. O que mais você imagina? Vênus -
armadilhas com moscas ou bocas com os machos?
Ela ficou vermelha quando Thanatos se virou, escondendo o
sorriso dele.
—Bem, não bocas —, disse ela sorrindo. —Eu já vi alguns
demônios antes, então pensei que os machos poderiam ter chifres
naquela vizinhança geral. — Ela apontou para o pau dele com o garfo.
—Como piercings. Parece um desperdício ter chifres, mas parece
normal lá em baixo.
—Você me preocupa, minha rainha. — Disse Lúcifer.
—Cale-se —, ela sussurrou, escondendo o sorriso atrás do
guardanapo quando os outros começaram a olhar em sua direção. —
Eu estava apenas adivinhando - eu não sei.
—Claramente. — Disse ele, completamente divertido com ela.
—Mania está entre as deusas aqui hoje, rainha Jane. — Disse
Thanatos.
Jane parou de sorrir e entrelaçou os dedos nos de Lúcifer. Ele
não tinha certeza se ela estava com raiva ou medo, mas continuou
segurando a mão dela enquanto observava a reunião de imortais ao
seu redor.
—Eu vou ficar ao seu lado contra ela, minha rainha. — Disse
Thanatos.
Jane olhou para Thanatos. —Eu pensei que ela era sua amiga.
—Não, minha rainha —, Thanatos disse rapidamente. —Fui tolo
em acreditar nas mentiras dela, mas ela teve ajuda com sua decepção.
Lúcifer me perdoou por minha traição e entende as mentiras que
levaram ao meu erro em atacar você. Eu sou leal a você.
—Tudo bem —, disse ela, olhando para o prato. —Eu acredito
em você.
—Minha pequena rainha é tão perdoadora — disse Lúcifer,
soltando a mão dela para deslizar a mão pela coxa até que ela cravou
as unhas. — Bem, perdoa, mas firme.
—Você me quer de outra maneira? — Ela piscou para ele.
—Incontáveis maneiras, minha rainha —, disse ele, olhando nos
olhos dela. —Mas seu perdão e personalidade são dois traços que eu
não mudaria.
Ela apenas sorriu, mas era o sorriso dele - o que ela só dava por
ele.
—Apenas fique quieta, Jane. Vou falar por nós — ele disse,
ansioso novamente. —Eles tentarão extrair fraqueza de você. Eles não
são confiáveis. Você deve ficar forte ao meu lado e lembre-se de não se
curvar a eles.
—Entendi. — Ela assentiu.
Lúcifer se inclinou, beijando sua bochecha antes de sussurrar em
seu ouvido: —Eu posso chamá-la.
Ela ficou tensa. —Você prometeu.
Ele suspirou, dando um beijo em seu pescoço. —Eu não esperava
que eles chegassem tão cedo. Sei que você é forte, mas não está pronta
para as tarefas que ela precisará executar. Se eles virem você lutar, eles
se revoltarão e uma batalha como você nunca viu começará neste
campo.
—Isso não seria uma coisa tão ruim. — Ela tentou empurrar a
mão dele da perna dela.
Ele apertou com força. —Não comece nada aqui, Jane. Eu sei que
seria emocionante acabar com todo o inferno, mas você deve perceber
que existem inocentes aqui. Você está pronta para vê-los destruídos?
Ela parou de empurrá-lo. —Não.
—Eu pensei que não. — Ele beijou o pescoço dela novamente. —
Não há discussão comigo e você será capaz de ficar o maior tempo
possível.
—Tudo bem, mas eu gostaria que você me desse uma chance.
Não a quero depois da noite passada. E você disse que ela ainda pode
fazer muito sozinha. Você vai detê-la se ela fizer algo ruim?
—Não há nada que você possa fazer nessa situação, Jane. Eles
não deveriam estar aqui ainda, e você não deveria... — Ele rosnou,
mas beijou sua têmpora enquanto sussurrava: —Farei o meu melhor
para mantê-la no escuro. Talvez eu não perceba imediatamente se ela
fizer algo parecido com o de ontem, mas ficarei mais atento.
—Eu pensei que você teria mais controle depois desta manhã. —
Ela virou a cabeça, olhando para ele. —Você é mais forte que ela. Eu
sei isso. Não sei por que você está fazendo parecer que não pode detê-
la.
Ele agarrou o queixo dela. —Não é tão simples, minha rainha. Eu
gostaria que fosse. — Ele beijou seus lábios, respirando seu perfume
para acalmar o fogo queimando sob sua pele.
—Eles estão aqui, Lúcifer. 0— Disse Thanatos, levantando-se.
Lúcifer ainda não olhou para cima, mas notou outros se
levantando em relação aos príncipes entrando em sua tenda. Ele
pressionou os lábios contra os de Jane novamente, dando-lhe um
olhar firme.
Ela assentiu. —Eu entendo, Luc.
Uma voz masculina os cumprimentou. —Lúcifer.
Ele suspirou, soltando o queixo de Jane antes de se virar para o
grupo de demônios e Caídos de pé do outro lado da mesa. A
princípio, ele simplesmente os observou. Todos os olhos estavam fixos
em Jane, então ele pegou a mão dela e a apoiou na mesa. Todos os
olhares focados em suas mãos se uniram quando alguns assobios e
rosnados encheram a tenda. —Belzebu —, disse Lúcifer, assentindo
antes de olhar para os outros. —Belial, Astaroth, Sonneillon, Berith.
Todos eles se curvaram para ele.
Lúcifer examinou os seguidores inclinando a cabeça antes de
olhar para os três principais. —Presumo que todos vocês já ouviram
as notícias da minha ascensão e minha adorável rainha.
—Ela é uma vampira. — Disse Belzebu, levantando a mão
bronzeada para alisar os cabelos escuros. Seus olhos vermelhos
brilhavam enquanto observava o olhar de Jane contemplar sua
armadura dourada e asas negras.
Ela ofegou ao ver a reverência dele. Suas origens angélicas os
tornavam todos extremamente bonitos, e Belzebu não era exceção.
Como muitos demônios e Caídos, eles usavam sua identidade para
todos verem. Somente os mais altos, como Lúcifer, Morte, Gabriel e
Michael, escondiam suas verdadeiras formas - talvez porque fossem
as mais bonitas.
—Ela é mais, mas sim, uma vampira —, respondeu Lúcifer. —De
qualquer maneira, ela é sua rainha.
Belzebu sorriu, assentindo. —Uma bela escolha.
Lúcifer sorriu com seu elogio, mas ele sabia que eles estavam
apenas se sentindo. —Eu aceitaria nada menos. Você não vai se curvar
a ela?
Houve barulho baixo de desacordo, mas Lúcifer permaneceu
calmo, olhando-os para baixo. Sonneillon foi o primeiro a se ajoelhar.
Astaroth riu, mas também tomou um joelho. Berith rapidamente o
seguiu, deixando Belzebu e Belial de pé.
—Minha rainha. — Disse Belzebu, ajoelhando-se quando Belial,
que usava armadura preta e um olhar raivoso para Jane, também caiu.
Seus seguidores estavam em um momento perfeito com eles, mesmo
que alguns parecessem querer protestar.
—Levantem-se —, Lúcifer reconheceu seus respeitos e gesticulou
para as cadeiras em frente a eles. —Minha rainha precisa terminar sua
refeição antes de sairmos. — Ele beijou seus dedos quando rosnados
silenciosos irromperam das fêmeas em sua companhia antes que ele
soltasse.
Jane olhou em volta, o rosto neutro quando ela voltou a comer.
Seu corpo estava tenso, no entanto; ela respirou profundamente
quando começou a zumbir com energia.
Ele sorriu e a esfregou nas costas, ignorando a maneira como
todos analisavam seus movimentos. —Como estão suas legiões?
Thanatos se sentou à direita de Jane. Lúcifer não se importou, e
ele observou como os outros pareciam impressionados com o estado
visivelmente relaxado de Jane.
—Eles estão bem —, disse Belzebu, sem tirar os olhos de Jane. —
Eles estão preparando e realizando pequenos ataques ao longo das
fronteiras, nada importante. Estamos todos esperando.
Lúcifer olhou para Belial e sentiu o fogo rosnar dentro dele. Jane
cutucou o pé debaixo da mesa com o dela e, quando ele olhou para
ela, percebeu que ela estava dizendo para ele relaxar agora.
Lúcifer se afastou dela, notando as madeixas indomadas dos
cabelos de Mania. —Como você está, Nia?
Mania inclinou a cabeça. —Estou bem, meu rei. Parabéns por
adquirir sua rainha. Eu não tinha ideia de que ela seria companheira
do príncipe David.
Houve vários suspiros ao perceber a identidade de Jane, mas ele
sabia que os príncipes já haviam percebido quem ela era quando
viram que ela era uma vampira.
—Como o bravo cavaleiro recebeu a notícia, ou é com a Morte
que ela é parceira? — Mania sorriu docemente. —Ele foi muito
protetor com ela na última vez que nos conhecemos.
Jane arreganhou as presas quando seu poder disparou, fazendo
com que muitos se afastassem.
Lúcifer esfregou as costas, beijando a cabeça. —Shh...
Ela suspirou, fechando os olhos antes de voltar para a refeição.
Quando Lúcifer olhou para Mania, ele sorriu ao ver seus olhos
arregalados e temerosos. —Ela é minha rainha, Nia. Ela não pode
deixar de ter tantos admiradores. Ouvi dizer que o anjo das trevas não
foi muito gentil com o seu ataque a ela; nem eu. — Ele olhou e acenou
para o criado segurando sangue para Jane. O vampiro rapidamente
colocou na frente de Jane e saiu.
—Não, suponho que ele não fez. — Mania rosnou.
—Quantos ele tirou de você? — Lúcifer perguntou, girando uma
mecha do cabelo de Jane.
—Perto de mil, meu rei. Felizmente, tenho outros. Eu não estava
esperando tal ataque. Não vou cometer esse erro novamente. —Mania
parecia quase humilhada por ter sido espancada por alguém que
protegia Jane.
—Hum. — Lúcifer sorriu, voltando-se para os príncipes. —Sim,
ele é bastante protetor com ela. Ela tem esse efeito no sexo masculino.
Devo dizer que não estou chateado que ela tenha adquirido um
guarda tão poderoso.
—Ele ainda está a favor dela? — Astaroth perguntou, sorrindo
quando Jane colocou seu cálice em cima da mesa.
Lúcifer acariciou a bochecha de Jane. Ela virou os olhos odiosos
para ele, mas se acalmou rapidamente quando ele deslizou o dedo
pela mandíbula. —Sim, minha adorável rainha é difícil de resistir. Eu
acredito que ela é o único ser que a Morte se submete, além do Pai,
isso é. Não é, Jane?
—Sim —, ela sussurrou. —Morte é meu.
Lúcifer segurou seu queixo, inclinando-se para beijá-la
rapidamente. —Ele é uma escolha sábia, minha rainha. Termine.
Temos muito o que fazer.
Jane deu um sorriso e o beijou também, fazendo com que ele a
libertasse.
—Ela tem uma atração definitiva, não é? — Belzebu refletiu. —
A feiticeira não é apenas a capturadora como seu rei, mas também
dois encarregados da Morte, muito menos a própria Morte... E os
cavaleiros de Davis e Arthur? Eles estão dispostos a sacrificar tudo
por ela?
Jane ficou rígida, mas continuou bebendo enquanto passava os
olhos para ele. Esperando.
—Os cavaleiros estão proibidos por enquanto —, disse Lúcifer,
enquanto colocava a mão sobre a de Jane. —Um presente para minha
rainha. Ela deseja que eu mostre piedade de seus salvadores, e eu mal
posso recusá-la. Eles me permitiram ter uma beleza, afinal. Sem eles,
ela teria perecido na praga ou pelas mandíbulas dos seguidores do
meu ingrato vira-lata.
—Ah, onde está Lancelot? — Belzebu perguntou, recostando-se.
—Acorrentado. — Thanatos respondeu quando Lúcifer ficou em
silêncio.
—Realmente? — Sonneillon perguntou com um sorriso. —É aí
que está o rei demônio?
—Sim —, respondeu Lúcifer. —Eu dei à minha rainha a chance
de me vingar um pouco do agressor. Ela e Lancelot têm um passado, e
eu lhe dei a chance de se exibir enquanto ela se divertia lembrando a
ele quem ela é. Nosso exército não ficou desapontado com a
espetacular demonstração de poder que ela demonstrou. Asmodeus
até a honrou com seu dragão. Você gostou de vê-lo, não gostou, Jane?
— Ele olhou para trás e a viu terminar de beber.
Ela estava lutando para controlar o quanto queria cuspir o vil
sangue doado, mas lambeu os lábios e respondeu: —Ele era
magnífico. Vamos vê-lo hoje?
—É claro —, disse Lúcifer, de pé e segurando a mão dela. —
Vamos vê-lo agora.
Thanatos puxou a cadeira para fora enquanto a ajudava a se
levantar.
—Obrigada. — Disse ela, inclinando-se contra Lúcifer. Ele
percebeu que ela ainda estava desconfortável, então colocou a mão
nas costas dela para liderar o caminho para fora.
—Ela é um prêmio adorável, Lúcifer. — Disse Astaroth, dando
um passo ao lado de Thanatos e Sonneillon.
—Ela é. — Disse ele, saindo da tenda.
—Dizem que você está se livrando das bestas de Lancelot. —
Disse Belzebu do outro lado.
—Sim, acho-os incontroláveis demais. Estou removendo
Lancelot do comando e colocando-o sob Ares. — Belzebu soltou uma
risada calma enquanto Lúcifer continuava. —Essas mutações dele
devem ir embora.
—Eles são monstruosos —, concordou Belzebu. —Ouvi dizer
que ela destruiu o rei lobo. É uma pena que ele não possa assumir a
posição de Lancelot. Estou certo de que teria agradado ao pai. Talvez
um de seus filhos?
Lúcifer riu, colocando um beijo no topo da cabeça de Jane. —Ela
ficou um pouco fora de controle com ele. E estou pensando em
escolher um - posso deixar Jane conhecê-los e permitir que ela decida.
—Bem, ela teve experiência com os lobos, então essa é uma
decisão sábia. — Disse Belzebu.
O grupo riu ao avistar Lancelot, onde ele estava acorrentado ao
lado de suas mutações.
—Lycaon foi tolo em procurá-la —, acrescentou Lúcifer. —É
claro que ele não sabia quem ela era para mim, mas deveria saber que
não a tocaria quando eu demonstrasse interesse.
—Verdade —, disse Astaroth. —Todos nós nos perguntamos
sobre sua paixão. Vejo que agora era mais e não posso culpar seu
desaparecimento por persegui-la.
Jane se aproximou de Lúcifer, deixando-o consciente de seu
nervosismo em relação aos gigantes príncipes do inferno.
Ele apenas sorriu e deu-lhe um aperto reconfortante antes de
responder ao enorme príncipe. —Não havia nada que pudesse me
impedir dela.
—Aparentemente —, disse Sonneillon. —Nem mesmo a Morte.
Eles riram baixinho. Jane ficou quieta e sem sorrir até perceber
Asmodeus.
Um sorriso brilhante iluminou seu rosto quando ela se virou
para Lúcifer. —Posso dizer olá?
Ele beijou sua bochecha antes de gentilmente empurrá-la para
longe. Ela não perdeu um momento para ir até o rei dos demônios
como se estivesse se reunindo com um velho amigo.
—Ah, meu rei —, disse Asmodeus, levantando-se antes de
abaixar a cabeça e sorrir para Jane. —Minha rainha. — Ele estendeu a
mão para ela, esperando que ela o alcançasse. Ela nem parecia estar
ciente dos lobisomens e vampiros amarrados todos acorrentados
abaixo dela.
—Olá, Asmodeus. — Disse Jane, colocando a mão na dele.
Asmodeus sorriu e beijou seus dedos antes de se levantar para
encontrar os olhos dos outros governantes do inferno.
—O grande rei baixou a guarda da prisão para Lúcifer? — Belial
perguntou, carrancudo enquanto olhava para os prisioneiros.
Jane virou-se para encarar um de seus rivais mais odiados, e
Asmodeus colocou a mão calma no ombro dela quando Thanatos se
aproximou. A rainha e seus guardas.
—Você sabe que eu tenho qualquer chance de usar minhas
correntes e torturar lentamente os maus. — Asmodeus sorriu com
escárnio de Belial, enquanto Belzebu e Sonneillon riam.
—Eu não levei você como guarda-costas também. — Berith falou
ao lado de Belial.
Asmodeus deu de ombros, batendo levemente as asas. —Nossa
rainha merece o melhor.
Os outros riram da piada de que ele era o melhor deles,
enquanto Lúcifer sorria e caminhava para o local onde Lancelot estava
inconsciente. —Ela sabe —, disse Lúcifer, sorrindo para Asmodeus. —
É por isso que ela me tem.
Muitos de seu grupo riram alto com Lúcifer, exceto aqueles que
claramente seguiam Belial e Berith. Belzebu foi o segundo entre seus
rivais odiados, mas até ele riu.
—Ela bateu nele —, disse Belzebu, apontando para o estômago
de Lancelot. —E ela fez dele sua cadela também.
Astaroth e Sonneillon subiram para vê-lo também, sorrindo
antes de olhar para Jane.
—Sim, minha pequena rainha foi cruel com ele. Foi
definitivamente uma luta que não esquecerei — disse Lúcifer,
piscando para ela quando ela chamou sua atenção. —Viu? — Ele
balançou a cabeça em sua direção quando ela não conseguia tirar os
olhos de Lancelot. —Ela não ficará satisfeita até que ele seja
alimentado com seus cães. Eu tive que impedi-la de matá-lo, mas ela
teve que me lembrar que eu o queria vivo quando ele era tolo o
suficiente para atacá-la depois que eu terminei a luta.
—A rainha tem um jeito com o nosso rei —, disse Asmodeus. —
Embora, eu teria gostado de ver nosso rei supremo arrancar as
mandíbulas dessa imundície de seu crânio.
—Você pode machucá-lo? — Astaroth perguntou, dando a
Lúcifer um olhar impressionado.
—Minha rainha me deu muitos presentes. Não apenas seu rosto
adorável — disse Lúcifer, estendendo a mão para Jane. Ela se
aproximou dele, caminhando entre Astaroth e Sonneillon. Eles se
curvaram para ela, e ela manteve a cabeça erguida, exatamente como
ele havia dito.
—Você gostaria que eu o acordasse, Jane? — Lúcifer perguntou
uma vez que a mão dela estava na dele. —Ou você deseja deixá-lo
dormir através do massacre de seus filhos?
—Seus filhos? — Sua mão tremia, mas sua expressão não
vacilou.
—Sim, minha rainha. — Disse ele, apertando a mão na dela. Ela
não vai durar.
—Eu acho que ele gostaria de vê-los antes que eles morram. —
Disse ela, encarando-o como se quisesse convencê-lo.
Ele sabia que ela estava pensando nisso como um ato de
bondade, mas seria o oposto para Lancelot. —Sim, vê-los causará uma
impressão mais duradoura. — Disse ele, observando a luz fraca em
seus olhos.
Thanatos se moveu para o lado dela e estendeu o braço para ela
pegar. Jane pegou o braço de Thanatos antes de Lúcifer se virar para
Lancelot.
—Você vai matá-los agora? — Perguntou Belzebu.
—Não, minha rainha vai se divertir um pouco mais com seus
animais de estimação. Posso me juntar a ela, mas adoro quando ela
perde o controle— disse Lúcifer, virando-se para ver os olhos de Jane
implorando que ele a deixasse de fora. Ele quase podia sentir o
coração dela partir de onde ele estava. Ele afastou o desejo de olhá-la e
deu um tapa no rosto de Lancelot. —Acorde!
A bochecha de Lancelot se abriu quando ele acordou, rosnando.
—Você gostou da sua soneca? — Lúcifer perguntou.
Lancelot não respondeu e rapidamente olhou em volta para ver
seus filhos e seguidores amarrados a seu redor, depois viu a reunião
dos tenentes do inferno e, finalmente, Jane. —O que está acontecendo?
Lúcifer o agarrou pelos cabelos. —Você não se lembra do meu
aviso?
—Eu lembro, meu rei. Peço desculpas por perder o controle. Ela
simplesmente me faz perder a cabeça.
A multidão riu.
—Sim, ela faz com que alguém perca de vista seus objetivos —,
disse ele, olhando brevemente para Jane. —É preciso um rei para
manter o rumo, caso contrário ela pode me fazer fazer algo tolo.
Talvez poupe você da punição.
Lancelot olhou para Jane. —Estou certo de que ela não iria me
estender essa gentileza, principalmente porque ela cumpriu sua
palavra, marcando-me sua cadela para que todos vissem.
Os outros riram quando Lúcifer criou uma barreira sonora para
que ninguém os ouvisse. —Vou lhe contar um segredo... O demônio
que você viu durante sua batalha com os cavaleiros não é a rainha que
você está encarando agora.
—Eu percebi que havia mais na mulher quando a vi pela
primeira vez, mestre. Eu sabia que havia algo dentro dela.
—Sim —, Lucifer murmurou, observando os olhos de Jane
ficarem vermelhos de tensão. —Minha rainha é bastante forte, e ela
manteve esse demônio preso dentro dela a maior parte. Ela ficou
fraca, no entanto, depois de sua luta com você. Ela viu e ouviu o que
seu demônio lhe disse - sentiu-se culpada pelas vidas que destruiu
porque a deixou sair e começou a cair. Só que você não conseguiu
fazê-la cair completamente.
Os olhos de Lancelot se arregalaram quando ele olhou para Jane.
—Você vê isto agora? Sua rainha está aterrorizada por você.
Você lutou com essa garota ontem e ela bateu em você por razões que
você não consegue entender. Mas você vê, ela não é a criatura
perversa que você conheceu antes.
—O que você fez, mestre? — Lancelot perguntou, sem desviar o
olhar dos olhos preocupados de Jane.
—Soltei um monstro —, disse ele, espiando Jane. —Agora, eu
preciso que ela assuma o controle daquela garota bonita.
—Mestre? — Lancelot olhou para Jane. —Mas você disse que
esta é sua rainha.
Lúcifer trancou os olhos com Jane quando ele falou: —Ela é. No
entanto, ela provavelmente libertaria sua família. Talvez, se os
príncipes não tivessem vindo, eu poderia ter permitido alguma
misericórdia, mas você vê, o coração dela é bonito demais e perdoa. E
você sabe como isso vai parecer para os outros, não é? Afinal, quando
procurei os atormentadores dela, você pensou o mesmo, não foi?
—Sim mestre. Parece fraqueza.
Ele assentiu. —Então você entende que o demônio dela deve
mostrar aos outros como ela é realmente má?
Lancelot olhou para sua família. —Eu entendo. E eu não mereço
isso, mas peço que demonstre piedade da minha família, meu rei.
—Você ainda procura vingança em Arthur e David? — Lúcifer
perguntou em vez de responder ao pedido.
O olhar de Lancelot voltou para Jane. —Sim mestre. Sempre.
—Então você vai me ajudar agora. Quando o demônio chegar,
você seguirá qualquer ordem que ela der para mostrar sua lealdade a
mim. Faça isso, e eu lhe darei outra chance de enfrentar os cavaleiros.
Você entendeu? Caso contrário, eu o destruirei depois de matar
Guinevere.
Levou alguns segundos para Lancelot responder. —Sim, meu rei.
—Bom —, disse ele, removendo a barreira do som. —Para
responder sua pergunta, este é o extermínio de seus bichinhos de
estimação. Nossos convidados vieram ver sua rainha em ação desde
que perderam sua partida impressionante com você.
Lancelot abaixou a cabeça em derrota. —Peço desculpas por não
lhe agradarem. Eu só estava tentando criar uma arma mais útil contra
os cavaleiros, pois eles têm uma vantagem sobre todas as outras.
—Sim, eles tem —, disse Lúcifer. —No entanto, você não tem o
direito de criar uma arma dessas, e acontece que esses mesmos
cavaleiros são a razão da criação da sua poderosa rainha. Estou
começando a me perguntar se o nascimento das bestas nojentas tem
algo a ver com os cadáveres apodrecidos que vagam pela terra.
Lancelot ficou rígido, mas não olhou nos olhos.
—Acredito que minha rainha deseja a cabeça de seus filhos —,
disse Lúcifer, observando Lancelot rapidamente erguer os olhos
enquanto continuava: —Acho que também reivindicaremos seus
seguidores mais queridos para garantir que você não tenha mais
distrações.
—Eu imploro, Lúcifer. — Lancelot olhou para sua família,
particularmente um menino e uma menina pequenos. —Aceitarei
qualquer punição e destruirei minhas criações, mas peço que poupe as
que escolheu.
—Diga adeus. — Lúcifer o deixou ir antes de caminhar até Jane.
—Meu rei. — Disse ela, um leve tremor em sua voz.
Ele pegou a mão dela e a afastou da multidão antes de agarrar o
rosto dela e beijá-la suavemente. —Você deve ir agora.
Os gritos dos seguidores e companheiros de Lancelot começaram
a ecoar quando Lancelot lutou para rastejar até eles.
Ela respirou mais rápido enquanto observava a visão triste. —
Você prometeu. Não quero que ele sofra dessa maneira,
principalmente sua família.
—Eu disse que chamaria por ela. Estou chamando por ela agora,
porque sei que você não vai gostar disso.
Ela segurou os pulsos dele. —Eles não fizeram nada errado. Eles
são crianças e humanos acorrentados... Isto está errado.
Ele acariciou sua bochecha macia. —Eu disse para você não
brigar comigo, Jane. Ela fará isso por você.
—Por favor, não faça isso, Luc. — Ela tocou seus lábios. —Quero
que as mutações sejam destruídas, mas essas crianças são inocentes.
—Eles são sua família e as prostitutas com quem ele cria. Eu não
os quero vivos. Isso vai quebrar seu espírito. É o único castigo que
pode prejudicá-la.
—Não me faça fazer isso. — Ela começou a se livrar de seus
esforços para não chorar. —Isso vai me arruinar. Mesmo que seja ela,
ainda é minha mão. Ela ainda faz parte de mim... Por favor, poupe-os.
Deixe-a destruir as mutações e fazer outro show, mas não os mate.
Eles são apenas bebês e as mulheres dele.
—Está feito, Jane —, disse ele sem hesitar. —Eu te vejo mais
tarde.
Os olhos dela se arregalaram e ela balançou a cabeça
freneticamente, agarrando o pescoço dele. —Me beije.
Como ela não havia quebrado antes, ele pretendia que isso
acontecesse mais tarde, mas ele não tinha escolha agora. Então,
sabendo o que isso significava para eles, ele baixou os lábios nos dela.
Ela o beijou desesperadamente. Era o beijo deles, e ela estava
disposta a dar-lhe qualquer coisa neste momento.
A recusa dele acrescentaria mais devastação ao coração dela. —
Obrigado pelo beijo, minha rainha —, disse ele, observando as chamas
dançando em seus olhos enquanto ela se agarrava a ele. —Mas eu
preciso mandá-la embora agora.
—Eu vou deixar você me ter, se você os poupar —, ela deixou
escapar. —Agora mesmo. Não vou mais fazer você esperar, e falarei
sério quando me entregar a você. Então você terá controle total sobre
ela como queria. Eu sei que há algo bom em você, Luc. Por favor, não
me faça fazer isso.
—Você vai dizer isso? — Ele perguntou, encarando aquelas
chamas enquanto elas brilhavam.
—Sim. Eu juro. — Ela tinha tanta esperança. Ela quis dizer cada
palavra.
Ela era dele.
Lúcifer suspirou, abaixando os lábios nos dela para o seu beijo
mais doce ainda. Ela chorou contra a boca dele enquanto deslizava as
mãos ao redor do pescoço dele. Ele a puxou para ele, saboreando cada
gota de seu beijo antes de sussurrar: —Sinto muito, Jane.
—Não, Luc. — Ela tentou se segurar enquanto ele puxava as
mãos do pescoço dele.
Ele a beijou e deu uma última olhada em seus olhos. —Perdoe-
me, minha rainha.
Os olhos dela arregalaram os olhos: — Luc, por favor.
—Venha, demônio. — Ele observou os olhos de Jane enquanto
aquela chama dourada se iluminava em um inferno apenas para se
afogar na escuridão.
—Meu rei. — O demônio ronronou, aquele sorriso perverso se
estendeu sobre seus lábios quando ela o puxou para ela.
Lúcifer manteve o beijo curto, afrouxando seu abraço e em pé: —
Eu tenho um trabalho para você.
Ela olhou em volta, rindo ao ver Lancelot sussurrar para um de
seus filhos e filhas enquanto choravam. —Então, ela não o matou - e
você não o matou... O que isso poderia significar?
Ele ignorou a pergunta dela: —Quero que você faça um show.
Destrua suas criações e sua família.
Lentamente, seu olhar sombrio voltou para ele. —E a sua rainha?
Duvido que ela aprove isso. Você é tão suave que não pode forçá-la a
fazer isso sozinha?
Lúcifer olhou em seus olhos. Não havia ouro, mas ele sabia que
Jane estava lá. Ela o ouviria. —Destrua-a.
—Ela não te satisfez esta manhã? — ela perguntou, passando os
dedos pelo peito dele. —Ela tem um pouco de dor entre as pernas... O
que exatamente vocês fizeram juntos?
—Não é da sua conta —, disse ele, segurando-a pela nuca. —
Faça o que eu mandei.
—Sabe, eu senti você ficar macio na minha boca antes de chamar
por ela. Não tenho certeza se você pode me satisfazer. — Ela riu,
deslizando o olhar para Lancelot. —Aposto que sei quem poderia.
Ele rosnou, apertando seu pescoço enquanto chamas de ouro
repente acenderam em seus olhos, afastando a escuridão até que
apenas circulava suas íris. Seu aperto afrouxou em um instante.
—Luc, por favor. — Jane disse, apertando a mão dela contra seu
peito
—Jane, você não deveria estar aqui. Pare de lutar com ela.
Ela procurou os olhos dele. —Eu nunca vou parar de lutar com
ela. Você voltou à sua palavra, então eu vou.
Ele acariciou o rosto dela e a beijou mais uma vez: —Venha,
demônio.
—Luc. — Disse ela, soluçando, mas se transformou em risada.
—Oh, meu rei ficou mole. — O monstro de olhos pretos sorriu
quando ela deu um tapinha em sua bochecha. —Não se preocupe, eu
vou lembrá-lo quem você é, rei do inferno, e você e eu destruiremos o
mundo juntos. Eu sei exatamente como quebrá-la para que ela não o
distraia novamente.
Ele observou a chama dourada lutando pelo controle enquanto
falava. Lúcifer voltou para onde os outros esperavam, sabendo que ela
o seguiria.
Thanatos olhou para ela e se virou enquanto Asmodeus assentia,
mas ele também desviou o olhar.
—Bem, isso é uma surpresa —, disse Belial, sem olhar para Jane
como ele havia feito antes. —Ela pode ter algumas qualidades
agradáveis, afinal.
Lúcifer viu o demônio de Jane sorrir para seu rival e os outros
príncipes se reunirem.
—Hm. — Foi tudo o que Belzebu disse.
—Você tem suas instruções. — Lúcifer gesticulou para suas
futuras vítimas. —Divirta-se.
Em vez de pular direto para o massacre, ela tocou seu peito,
pressionando-se contra ele enquanto aquele sorriso perverso se
estendia pelo belo rosto de Jane. —Eu farei o meu pior, meu rei. Posso
dar um beijo antes de fazer o que você pede?
—É claro. — Ele disse e a puxou para ele para um beijo áspero. O
demônio sorriu, devolvendo o beijo cruel, mordendo o lábio enquanto
ele lutava para não jogá-la para longe dele. Ela até tinha um gosto um
pouco diferente de Jane.
Ela riu antes de me afastar e me curvar. —Eu ainda brincarei
com o cachorro como eu gosto? Estou ansiosa por prová-lo. Prometi
que ele seria meu.
Lúcifer olhou nos olhos dela, sabendo que ela estava tentando
arruinar não apenas Jane, mas também ele, porque ele escolheu Jane
em vez dela. —Se esse é o seu desejo, você pode fazer o que quiser
com ele. Apenas deixe-o respirar no final.
A risada mais sombria que ele já ouvira derramou de seus lábios.
—Um rei tão generoso. Vou brincar agora.
Thanatos suspirou quando ficou parado ao lado dele. Lúcifer
podia sentir os outros olhando para ele, obviamente percebendo que
ela era diferente da garota sorridente que cumprimentara Asmodeus.
—Ela tem mudanças drásticas de humor. — Disse Belzebu,
observando Jane deslizar os dedos pelos cabelos de Lancelot.
—Sim, esse lado dela é muito mais atraente. — Disse Belial,
enquanto Berith e seus seguidores concordavam, seus olhos fixos em
Jane.
—Eu discordo. —, disse Astaroth, tremendo enquanto ria com
vontade.
Sonneillon assentiu. —Sim, há algo nela que...
—A rainha Jane tem muitos lados nela —, disse Asmodeus, não
permitindo que Sonneillon dissesse mais alguma coisa. —No entanto,
todas as partes são leais ao nosso rei. Ele tem muita sorte de ter um
presente tão poderoso.
Lúcifer não reconheceu nenhum de seus comentários. Ele estava
muito concentrado em Jane quando ela levou uma mulher mais
próxima de Lancelot. A mulher gritou, tentando se agarrar a Lancelot,
e ele a ela.
—Então, todas essas mulheres bonitas não são suficientes para
saciar sua luxúria, cachorro? — Jane perguntou a Lancelot, passando
os dedos pelos seios da mulher. —Você ainda quer me foder?
Lancelot ficou quieto, seus olhos se deslocando entre Jane, a
mulher soluçando em suas garras, e depois Lúcifer.
—Por que você está olhando para o seu rei? — Ela perguntou a
ele. —Ele disse que eu posso fazer com você o que eu quiser, e eu
quero saber se você ainda quer me foder quando tiver essa beleza
aqui. — Ela puxou a cabeça da mulher para trás, agindo como se fosse
arrancá-la.
Lancelot falou rapidamente: —Se lhe agrada, minha rainha. Vou
lhe dar o que você quiser. — Ele lançou o olhar para a mulher antes de
olhar para Jane. — Qualquer coisa que você quiser, minha rainha.
Jane beijou a bochecha da mulher. —Eu acho que ele gosta de
você... Mas não o suficiente para que ele pudesse parar de querer estar
dentro de mim. Ele disse que me queria? Que se gabava de que iria
me foder, e eu valho a pena queimar uma eternidade por isso?
A mulher balançou a cabeça, sem tirar os olhos de Lancelot.
—Não é bom, não é? Ser uma segunda escolha? — Ela olhou
para Lancelot antes de sorrir sinistramente para Lúcifer.
—Não, minha rainha. — Disse a mulher.
—Não, não vale... Ele transa com você como um cachorro
também? — Jane empurrou a mulher de joelhos enquanto ela
simplesmente chorava.
Lúcifer respirou mais rápido quando um leve brilho de ouro
brilhou na escuridão. —Depressa, Jane. Tenho negócios a tratar.
Ela sorriu para ele, deslizando a mão para agarrar seu peito. —
Eu sofro, meu rei. Desejo mostrar ao cachorro que não sou sua cadela
como ele se gabava com seus amigos. Desejo terminar de fazê-lo meu.
Todos se voltaram para ele, e sua alma rugiu, batendo contra sua
prisão. —Como desejar.
Thanatos rosnou, mas não disse nada, quando Jane disse a
Lancelot para tirá-lo da calça e para a mulher prepará-lo para ela.
Lancelot beijou a mulher assim que ela o alcançou. Ela soluçou
quando ele sussurrou em seu ouvido até Jane a agarrar a garganta e
puxá-la para longe.
—Pegue-o com força ou vou arrancar sua garganta e forçá-lo a
comer seu cadáver!
Lancelot alcançou a mulher e colocou a mão em seu membro
enquanto ele a beijava, ainda murmurando palavras contra seus lábios
enquanto ela chorava:
—Eu já estou entediada —, disse Jane, afastando-se deles. —
Continue indo, querida. Retorne. — Ela agarrou um homem, beijando-
o nos lábios uma vez antes de mergulhar a mão em seu peito. A
multidão ofegou e aplaudiu quando ela arrancou seu coração.
—Lúcifer, não deixe Lancelot transar com ela. — Sussurrou
Thanatos enquanto Jane jogava o coração do homem em uma das
crianças chorando.
—Deixe-o, Than. — Disse Asmodeus.
Jane riu enquanto pegava outra mulher chorando. Ela tateou os
seios antes de arrancar a camisa, provocando mais aplausos. —Ela é
muito adorável — ela disse, arrastando as unhas pelo estômago da
mulher. —Bonita demais, eu acho. — Foi quando a carne da mulher
começou a derreter. Seus gritos se misturaram com a multidão de
demônios.
—Eu acho que ela é tão cruel quanto você mencionou. — Disse
Belzebu quando torceu o braço do menino, agarrando-o em vários
lugares. Ele também começou a gritar quando a pele dele derreteu.
—Ela é. — Lúcifer disse enquanto ria e mordia o pescoço
minúsculo de outro garoto. Ela estava fazendo o que Melody havia
feito ao filho de Jane.
A multidão aplaudiu ao vê-la selvagem, e ele queria rugir com
os aplausos que estavam dando a ela quando ela ria, tirando os lábios
ensanguentados do garoto sem vida e jogando-o no chão. A risada
perversa queimou seu interior, mas ele manteve o rosto vazio
enquanto ela dançava ao redor das vítimas desamparadas,
terminando lentamente suas vidas. Ela tomava banho no sangue e ria
na direção dele porque sabia que estava matando Jane também.
—Acho que você está pronta para mim. — Disse ela,
aproximando-se de Lancelot e sua mulher preferida. Jane estalou os
dedos e tirou as roupas mostrando todo o corpo de sua rainha ao
inferno. Os homens aplaudiram com aprovação quando ela deslizou
as mãos até os seios, apertando-os enquanto assentia para a mulher se
afastar. —Você gosta dela, não é? — Jane empurrou Lancelot de
joelhos quando ele acenou com a pergunta. Ela levantou a perna,
guiando a mão de Lancelot para segurá-la antes de empurrar o rosto
dele entre as pernas. —Gosto de manter meus cães alimentados.
Coma.
Belial e Berith riram alto com os outros demônios enquanto a
assistiam gemer.
Lúcifer estava tremendo enquanto ela gritava, já alcançando seu
clímax enquanto chutava Lancelot nas costas dele.
Ela piscou para a mulher. —Você é uma mulher de sorte - ele é
realmente bom nisso. — Jane estava em cima de Lancelot,
pressionando o pé no peito dele enquanto sorria com a ereção dele. —
Mesmo depois de matar uma parte da sua família, você ainda fica
duro. Bom garoto. — Ela montou nele, guiando seu pau dentro dela
quando o rugido de aplausos sacudiu o chão.
Thanatos virou a cabeça enquanto ela o fodia no campo
sangrento.
Asmodeus balançou a cabeça para Lúcifer quando ele rosnou. —
Fique no caminho, meu rei.
Um lampejo de ouro chamou sua atenção, e ele doeu ao ver Jane
perceber por um momento. Ela pegou Lancelot abaixo dela,
segurando os quadris enquanto o montava, e então os inúmeros
cadáveres espalhados pelo chão frio. Logo quando ela abriu a boca
para gritar, a avelã se afogou na escuridão.
Seu demônio jogou a cabeça para trás, gemendo, ofegando
quando outro orgasmo se aproximou. —Você não vem. Eu ainda
quero mais — ela ofegou, estremecendo quando o exército aplaudiu,
assobiando e aplaudindo. Alguns estavam saindo, mas muitos
ficaram, observando Jane rir e beijar Lancelot nos lábios. —Ela sente
pena de você, sir Lancelot. Ela já havia perdoado você antes e pediu
que ele poupasse você e seus parentes. Ela até perdoa você por isso...
Mas eu sou rainha. E eu desejo destruir vocês dois.
Lúcifer nunca viu Lancelot parecer tão derrotado.
—Você pode se transformar e ainda foder? — Ela perguntou,
jogando a cabeça para trás e rindo quando os demônios começaram a
se oferecer para satisfazê-la. —Agora não, meninos... Prometi brincar
com o cachorro há um tempo atrás. Um bom mestre mantém suas
promessas. — Ela se inclinou sobre Lancelot novamente, gemendo
enquanto continuava deslizando para cima e para baixo em seu pênis.
—Bem, você pode?
Lancelot assentiu depois de olhar para a mulher que chorava
perto de um menino e uma menina.
—Isso está indo longe demais —, Thanatos sussurrou quando
Jane ficou de quatro. —Ela não precisa de tudo isso.
—Se você não pode ficar, vá. — Lúcifer retrucou, incapaz de
desviar o olhar quando Lancelot se transformou em sua forma de
lobisomem.
—Ooh —, Jane disse, gemendo. —É muito maior do que eu
pensava. Espero que ele se encaixe.
A multidão riu.
Jane apontou para a mulher. —Ele já te fodeu assim antes?
A mulher assentiu. —Sim, minha rainha.
Jane sorriu, curvando o dedo para Lancelot. —Venha garoto.
Mostre-me o que você tem.
Assim que ele estava dentro dela, ele a fez gritar e gemer. As
legiões de demônios e os caídos adoraram tudo, enquanto a alma de
Lúcifer batia sua prisão, sacudindo-o quando chamas douradas o
olharam, morrendo no momento em que Lancelot finalmente entrou
nela.