Você está na página 1de 10

Transações Imobiliárias

Diferença entre pessoa física e jurídica:


atuação profissional, questões contábeis,
fiscais e tributárias
Corretor de imóveis pessoa física

Antes de mais nada, precisamos deixar claro que é comum que se pense na
figura do profissional corretor de imóveis como profissional autônomo. Todavia,
isso não está correto. O corretor de imóveis é um profissional liberal.

Com a edição da Portaria Nº 3.245, em 1986, a categoria econômica autônoma


de corretor de imóveis foi transposta para o 3º Grande Grupo do Plano da
Confederação Nacional das Profissões Liberais. Assim, a Classificação Brasileira de
Ocupações (CBO) traz o Corretor de Imóveis como integrante do grupo em que se
encontram os técnicos de nível médio. A classificação integral seria: grupo 3, do
subgrupo principal 35 (pertencentes às ciências administrativas) e subgrupo 354
(pertencentes às operações comerciais), título 3.546 (corretor de imóveis). Assim,
passou a ser reconhecido como profissional liberal, com uma Federação Nacional
(FENACI), subordinada à Confederação Nacional dos Profissionais Liberais (CNPL),
sediada em Brasília.

Ao lermos o parágrafo único, do Art. 1º, dos estatutos da CNPL (Confederação


Nacional dos Profissionais Liberais), temos a definição de profissional liberal como
sendo:
“Aquele legalmente habilitado à prestação de
serviços de natureza técnico-científica de cunho
profissional com a liberdade de execução que lhe
é assegurada pelos princípios normativos de sua
profissão, independentemente de vínculo da
prestação de serviço”.

Assim, o corretor de imóveis é um profissional liberal. Ele poderá estabelecer


escritório imobiliário (localizado na própria residência do profissional), podendo atuar
sozinho neste ambiente de trabalho e, desta forma, prestar seus serviços ao público
em geral, exercendo a mesma atividade de uma imobiliária (empresa jurídica), porém,
sendo necessário estar devidamente inscrito e ativo no CRECI de sua região. Da
mesma forma, precisa promover sua inscrição junto à Prefeitura local, sem nenhuma
necessidade obrigatória de abertura de uma empresa jurídica.

O corretor de imóveis poderá ainda contratar empregados, com a estrita


observância das leis trabalhistas.

É importante esclarecer que, atuando como pessoa física, o profissional não


poderá utilizar publicamente de nome fantasia para a divulgação de seu
trabalho, só o seu nome próprio por extenso ou abreviado, seguido,
obrigatoriamente, da expressão “corretor de imóveis” e do número de sua
inscrição, precedido da sigla CRECI.

Apenas para esclarecer: para operar com nome fantasia, o corretor de imóveis,
pessoa física, deverá se inscrever como empresário, passando a se tornar pessoa
jurídica.

Lembre-se!
Quando pensamos em profissionais autônomos e
profissionais liberais, a confusão é grande, é
preciso estar atento.

É importante lembrar que são profissionais


diferentes, que não tem nada em comum, pois
enquanto o profissional autônomo é um
profissional mais genérico - todos podem ser - o
profissional liberal é mais específico; ou seja,
somente serão profissionais liberais aqueles que
obtiveram título que lhes permita executar as
atividades profissionais, para as quais se
prepararam e foram considerados habilitados.

Corretor de imóveis - pessoa física: algumas dicas sobre


questões contábeis, fiscais e tributárias

Como primeira dica importante indicamos: se você é corretor de imóveis, atuando


como profissional liberal – em carreira solo - deve manter, no seu cotidiano de trabalho,
o carnê-leão.
O carnê-leão é um carnê emitido pela Receita Federal do Brasil, sobre o qual
será recolhido mensal e de forma obrigatória o Imposto de Renda de Pessoa Física, do
contribuinte que não possui imposto retido pela fonte pagadora.

Incluem-se nesta longa lista de contribuintes, os profissionais liberais e


autônomos, assim como os corretores de imóveis.

Ainda, estão sujeito a esse padrão, as pessoas físicas que recebem rendimentos
de outras pessoas físicas ou recebimentos oriundos do exterior.

O carnê deverá ser preenchido mensalmente, calculando todos os valores


recebidos e a alíquota que deverá ser paga, com base nas faixas de rendimentos
definidas pela Receita Federal do Brasil. Atualmente, um corretor de imóveis, pessoa
física, poderá pagar o valor máximo de tributação sobre uma comissão, somando a
esta, mais 20%, referentes ao INSS, contribuição necessária para que se tenha acesso
à aposentadoria e a outros serviços sociais.

Esta alta carga de impostos faz com alguns profissionais soneguem seus
rendimentos, declarando apenas parte dos mesmos, sonegando assim o imposto de
Renda (IR).

Tal postura poderá trazer incômodos para o corretor de imóveis, já que


potencializa o risco do profissional não passar pela chamada “malha fina” da Receita
Federal do Brasil, no momento da declaração do imposto de renda, podendo assim ter
seu patrimônio ameaçado. Diante disso, sonegar ou declarar-se isento (especialmente
não o sendo) é uma solução não eficaz para pagar menos impostos. Sabemos que não
é incomum e seguidamente há situações em que a Receita Federal do Brasil opera um
cruzamento entre os dados, nestes cruzamentos acaba descobrindo os reais
rendimentos do corretor de imóveis.
Profissional, tenha cuidado, veja este exemplo: imagine a burocracia que uma
pessoa passa ao adquirir um imóvel. O ato de compra é burocrático, o cliente
(futuro contribuinte-comprador) receberá uma série de documentos daquele
bem, receberá chaves e controles, instruções diversas etc. No tocante aos
documentos, estes serão utilizados na sua declaração de IR do ano seguinte.
Como acontece com inúmeros profissionais, no momento da venda o corretor de
imóveis emite o seu Recibo de Pagamento a Autônomo (RPA). Este documento
contém dados específicos das partes que participaram da compra e venda,
exemplo disso são as informações de CPF’s dos envolvidos. Desta forma, o
contribuinte-comprador lançará em sua declaração de IR a comissão paga ao
seu corretor de imóveis, na linha referente aos pagamentos efetuados. Este
breve lançamento relacionará os dados do contribuinte-comprador com os
dados do corretor de imóveis. Diante disso, é possível ocorrer o cruzamento
destas informações pela Receita Federal do Brasil.

Como proceder quando o corretor de imóveis é


contratado por imobiliárias?

No caso do corretor de imóveis contratado, formalmente, por meio do regime da


Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), por uma imobiliária ou qualquer outro tipo de
pessoa jurídica, este deverá receber o Informe de Rendimentos, relativo a salários e a
DIMOB (Declaração Informações sobre Atividades Imobiliárias), relativa a comissões,
da empresa para a qual trabalha. Deverá ainda informar, na declaração de IR, os
Rendimentos Tributáveis recebidos de Pessoa Jurídica, indicando o valor total
recebido.
Independente de profissional liberal ou contratado formalmente, por meio do
regime da CLT, é importante que o corretor de imóveis mantenha em dia e
organizada sua documentação relativa a ganhos, despesas e movimentações
financeiras.

Corretor de imóveis pessoa - jurídica


Para abrir sua imobiliária é fundamental atender a critérios e exigências legais. O
atendimento satisfatório das obrigações legais atribui caráter de legalidade ao seu
empreendimento, possibilitando o exercício legal da profissão.

A seguir indicamos algumas exigências legais para abertura de uma imobiliária:

Clique ou toque nos titulos para expandir o conteúdo.

Obrigatoriamente, um dos sócios da imobiliária deverá ser corretor de imóveis, co


abilitação e qualificação para o exercício profissional, possuindo credenciamento junto a
stema COFECI-CRECI. Este sócio será apontado como responsável técnico pela
ividades desempenhadas pela imobiliária. É importante saber que não existe
mpedimentos para que outros sócios da imobiliária também possuam credenciamento n
stema COFECI-CRECI.

A gestão da imobiliária e os corretores de imóveis deverão estar atentos para


umprimento integral de todas as exigências legais, no que se refere ao exercíc
ofissional, podendo ser fiscalizados e disciplinados pelo Sistema COFECI-CRECI.

Deverão também respeitar e cumprir fielmente as regras legais previstas na Lei do


orretores de Imóveis (Lei Federal no 6.530/78) e no Regulamento da Lei dos Corretore
e Imóveis (Decreto Federal no 81.871/78), assim como as normas do Código de Ética do
orretores de Imóveis (Resolução COFECI no 326/92).

Será necessário definir a natureza da pessoa jurídica que, de acordo com a legislaçã
asileira, poderá optar por:
Empresária: que exerce atividade econômica organizada para a produção o
circulação de bens ou de serviços.

Sociedade Empresária: exerce atividade própria de empresário sujeito a


registro, inclusive à sociedade por ações, independentemente de seu objeto
devendo registrar-se na Junta Comercial do respectivo Estado.

Respeitar, conhecer e atender os ditames do Código de Defesa do Consumidor (L


ederal no 8.078/90), cumprindo as diretrizes e condicionantes para o exercício d
ividade imobiliária perante a clientela.

Providenciar a constituição da sociedade empresária ideal:

Definição do tipo societário.

Escolha do nome da empresa.

Preparação da documentação necessária.

Registros do contrato social, nesta ordem:

Na Junta Comercial

Na Receita Federal

Na Prefeitura da sua cidade

No CRECI da sua região

Junto ao CRECI os documentos a serem apresentados são:

Requerimento devidamente preenchido, com as informações necessárias


para o credenciamento, assinado pelo sócio responsável técnico, corretor de
imóveis

Contrato Social e alterações contratuais

Comprovante CNPJ

Alvará de localização

Comprovantes de pagamento da anuidade, emolumentos e taxas


Buscar informações a respeito da tributação a que a empresa estará submetida e da
ontribuições que deverão ser recolhidas em virtude das operações imobiliárias.

Buscar informações junto a um contabilista/contador a respeito das obrigaçõe


cessórias:

Escrituração e registro dos livros da empresa (fiscais e contáveis).

Fazer levantamento patrimonial e de resultado econômico.

Escriturar os livros empresariais.

Emitir as notas fiscais.

Elaborar as declarações de imposto de renda da empresa.

Preencher a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS).

Cumprir as obrigações trabalhistas, entre outros.

Corretor de imóveis - pessoa jurídica: algumas dicas


sobre questões contábeis, fiscais e tributárias:

O ano de 2014 foi marcado por uma das grandes conquistas da categoria de
corretores de imóveis. Uma destas imensas conquistas foi a inserção das empresas
imobiliárias no regime de tributação do Simples Nacional. As novidades fiscais e
tributárias representadas pela inédita Lei Complementar 147/2014 trouxeram boas
modificações quanto à redução, considerável, da carga tributária e regime fiscal mais
justo, baseado no faturamento.

As imobiliárias, neste novo formato, poderão ser optantes pelo Simples como
Microempresas Individuais (MEI) ou Empresas de Pequeno Porte (EPP). São
imensas as vantagens tributárias com a escolha da opção pela ME ou EPP, uma
vez que os impostos serão calculados com uma alíquota bastante favorável.
Somado a isso, os procedimentos para pagamentos ficaram bem fáceis, pois as
ME’s e EPP’s terão, à disposição, um sistema eletrônico para o cálculo do valor
mensal devido.

Foi criado um teto limite de faturamento para esta adesão que deverá ser
respeitado. Dentre as atividades pertinentes ao setor imobiliário, estão incluídas:

A corretagem de imóveis, tida como intermediação: compra, venda, permuta e


locação de imóveis.

O assessoramento locatício: avaliação de imóveis para locação, aluguel de


salões de festas, centros de convenções, escritórios virtuais, quadras, estádios, casas
de espetáculos, parques de diversão e congêneres para a realização de eventos ou
negócios.

Com relação às tributações, à receita da administração e à locação de imóveis de


terceiros, a tributação é desenvolvida de forma distinta da atividade de consultoria e
dos demais serviços de ordem intelectual, que acontecem no ramo imobiliário.

As vantagens oriundas da Lei Complementar 147/2014 não contemplam a


locação de imóveis próprios, o loteamento e a incorporação de imóveis.
Nesta parte da UC1 vimos as muitas formas de atuação, no contexto fiscal e
tributário, tanto para corretores de imóveis como para Imobiliárias. Novidades vieram
para facilitar a tributação e ajustar a vida fiscal e tributária do corretor de imóveis. O
corretor de imóveis deverá atuar de forma organizada para que seja possível declarar
seus ganhos legalmente, evitando assim problemas com a Receita Federal do Brasil. A
declaração de imposto de renda não deverá ser sonegada, tampouco deverá possuir
pontos conflitantes. Já no panorama que diz respeito às imobiliárias, as novidades
facilitam em muito a diminuição da carga tributária, impulsionando assim estas
empresas.

Você também pode gostar