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Subterrâneo libidinoso

— Um sopro dispersa os limites do foyer.


A. Rimbaud

Em mais um breve texto do Na sala de aula, Antonio Candido nos deixa a par dos
melindres de seu método analítico. O escolhido da vez é Álvares de Azevedo com sua Lira
dos vinte anos, particularmente o poema denominado “Meu sonho”, que para Candido se
trata de um dos “mais fascinantes e bem compostos” do autor.
Transpassando a estrutura, circulando o contexto histórico, evocando o léxico
semântico simbólico noturno erótico chegamos ao subterrâneo libidinoso da poética de
Álvares de Azevedo. Apesar de ainda pecar em alguns pontos com a sina biográfica, o modo
que Candido analisa o poema aqui é muito mais revelador e instigante do que no texto
anterior sobre “Marília de Dirceu” de Tomás António Gonzaga. Despindo o poema pelo
poema e não pelo poeta, o jorro subterrâneo parece emanar com mais força no breu da noite,
nos levando, por fim, ao infinito íntimo.

Fernando Santos

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