(1) A Canção da Ribeirinha é uma das primeiras composições do Trovadorismo português atribuída a Paio Soares de Taveirós e é de difícil classificação em um dos gêneros das cantigas; (2) O autor (re)criou a última estrofe para manter o aspecto dúbio da composição original, exaltando o amor pelo eu lírico pela dama, mas inserindo a palavra "herpes" para restaurar o aspecto satírico; (3) Isso poderia designar a Canção da Ribeir
(1) A Canção da Ribeirinha é uma das primeiras composições do Trovadorismo português atribuída a Paio Soares de Taveirós e é de difícil classificação em um dos gêneros das cantigas; (2) O autor (re)criou a última estrofe para manter o aspecto dúbio da composição original, exaltando o amor pelo eu lírico pela dama, mas inserindo a palavra "herpes" para restaurar o aspecto satírico; (3) Isso poderia designar a Canção da Ribeir
(1) A Canção da Ribeirinha é uma das primeiras composições do Trovadorismo português atribuída a Paio Soares de Taveirós e é de difícil classificação em um dos gêneros das cantigas; (2) O autor (re)criou a última estrofe para manter o aspecto dúbio da composição original, exaltando o amor pelo eu lírico pela dama, mas inserindo a palavra "herpes" para restaurar o aspecto satírico; (3) Isso poderia designar a Canção da Ribeir
enquanto a minha continuar como vai, porque morro por vós, e ai! minha senhora de pele alva e faces rosadas, quereis que vos retrate quando vos vi sem manto! Maldito dia! me levantei que não vos vi feia!
E, minha senhora, desde aquele dia, ai!
Tudo me foi muito mal, e vós, filha de don Pai Moniz, e bem vos parece de ter eu por vós guarvaia, pois eu, minha senhora, como mimo de vós nunca recebi algo, mesmo que sem valor.
Estrofe ausente:
Reluz teu cabelo louro igual ouro! Perco-me.
Entrelaçado no âmago da minha loucura. A guarvaia caída e sua pele rubra, afasta a penumbra. Minha boca não oculta tua ternura, eterna… Contraio-me diante de tanto esplendor, restam herpes e a flor.
Tida como marco inaugural do Trovadorismo, a Canção da Ribeirinha (1189 ou 1198),
atribuída a Paio Soares de Taveirós, é de difícil classificação em um dos gêneros das cantigas trovadorescas. Assim sendo, almejei na última estrofe (cobla) que (re)criei manter o aspecto dúbio que ronda a composição de Taveirós. Iniciei a minha estrofe com versos que exaltam o amor do eu lírico pela dama filha de don Pai Moniz, além da sensualidade presente. O que caracterizaria, assim como nos versos da primeira estrofe de Taveirós, a Canção da Ribeirinha como uma Canção de Amor. Todavia, nos dois últimos versos “Contraio-me diante de tanto esplendor, / restam herpes e a flor”, tentei restaurar o aspecto satírico através da inserção da palavra “herpes”, apontando para as Cantigas de Escárnio. À visto disso, poderia designar a Canção da Ribeirinha, ou Cantiga da Guarvaia, como cantiga de “escárnio de amor”1.
1 MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa através dos textos. São Paulo, Cultrix, 1997.