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CENTRO MULTIDISCIPLINAR DE PAU DOS FERROS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS E HUMANAS


CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

LUCAS LENIN SABINO ANGELO

RELATÓRIO SOBRE O CÁLCULO DE ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL PARA UMA RESIDÊNCIA


UNIFAMILIAR DE ALTO PADRÃO REFERENTE A DISCIPLINA DE PROJETO III

Pau dos Ferros / RN


2020
LUCAS LENIN SABINO ANGELO

RELATÓRIO SOBRE O CÁLCULO DE ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL PARA RESIDÊNCIA UNIFAMILIAR


DE ALTO PADRÃO REFERENTE A DISCIPLINA DE PROJETO III

Relatório apresentado à disciplina de Conforto


Ambiental II para a obtenção da avaliação da
terceira unidade.

Prof. Dr. Eduardo Raimundo Dias Nunes

Pau dos Ferros / RN


2020
Sumário

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 4
2. OBJETIVOS............................................................................................................................. 5
3. MATERIAL E MÉTODOS......................................................................................................... 5
4. ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS .................................................................................. 6
5. REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 12
1. INTRODUÇÃO
A iluminação no projeto arquitetônico é algo de fundamental importância à medida em que
pode prestigiar ou desvalorizar um ambiente concebido por um arquiteto ou profissional do
ramo de interiores. O motivo disso é a variedade de aplicação da iluminação de acordo com
o ambiente, ou seja, o uso e finalidade de cada espaço necessita de luzes específicas de
acordo com suas particularidades (PEREIRA, 2018). Por esse motivo, é função do profissional
saber e entender essas características para que se projete com o maior conforto ambiental
possível.
Esse ramo da arquitetura envolve o estudo da luz, e é denominado de conforto visual. Na
literatura, Lamberts, Dutra e Pereira (2014) aborda questões relativas a essa área, qual
considera um conjunto de condições relativas a esse assunto em determinado ambiente
para que o ser humano seja capaz de realizar atividades sem dificuldades ligadas ao excesso
ou falta de iluminação necessária.
Levando isso em consideração, o presente artigo tem o objetivo de realizar uma análise e
comparação da iluminação natural e artificial em uma residência multifamiliar de alto
padrão referente a disciplina de Projeto III localizada na cidade de Pau dos Ferros – RN
(Figura 1). Para isso, será aplicado os conceitos de luminosidade, estudado os ambientes da
residência, utilizando os valores de iluminância, uniformidade e índice de reprodução de cor
na norma americana IESNA Lighting Handbook.

Figura 1: Localização do terreno

Fonte: Autor, Adaptado do Maps (2020)

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Uma iluminação considerada nos parâmetros qualitativos como adequada proporciona a
visualização do ambiente, possibilitando que as pessoas vejam, se movam com segurança e
desenvolva suas atividades visuais de maneira precisa, eficiente, evitando fadiga visual e o
desconforto ao enxergar (ABNT, 2013). De acordo com Cidade LED (2015) a má iluminação
ou excesso de luz causam cansaço visual e diminuição do rendimento no trabalho.
A norma que rege os aspectos de iluminação em ambientes interno é a ABNT NBR ISSO/CIE
8995-1, que se refere aos “requisitos de iluminação para os locais de trabalhos internos e os
requisitos para que as pessoas desempenhem tarefas visuais de maneira eficiente, com
conforto e segurança durante todo o período de trabalho.”
A iluminação pode ser natural, artificial ou uma combinação de ambas. Independente da
escolha e uso de acordo com o ambiente, toda luz emite cores e calor, e quanto mais Kelvin,
mais azulada será a luz que ela irá emitir, no entanto quanto menos, mais amarelada será.
2. OBJETIVOS
O presente trabalho tem como objetivo geral analisar e comparar 10 cenários de acordo
com a iluminação natural e artificial na residência multifamiliar. De todos os ambientes,
foram escolhidos 05 deles para uma análise mais precisa, sendo eles a Suíte Master, Closet,
BWC, Cozinha e Escritório. O objetivo específico consiste na análise da variável proposta
pelo objetivo geral da pesquisa, simulando dois cenários, os mesmos ocorrem no horário
das 03/02/2020 às 12:00h, porém um cenário é aplicado somente luz natural, já no outro
somente a luz artificial. Logo após as análises, irá ser discutido se o ambiente está de acordo
ou não com o que a Norma Americana recomenda para a entrada de luz natural e artificial
nos cômodos.
3. MATERIAL E MÉTODOS
Os passos metodológicos que guiaram a concepção do presente artigo possuem um caráter
avaliatório e qualitativo, através de fundamentação teórica e a utilização do Software
DIALux EVO 8.1, um programa gratuito que possibilita criar projetos de luminotécnica,
calculando e visualizando a luz de maneira profissional em diversos ambientes. Ao elaborar
o projeto dentro do software e ser especificado de acordo com suas particularidades, o
calculo é feito e disponibilizado por meio de um relatório. A seguir, será mostrado 5
ambientes presentes nesse relatório de acordo com os seguintes tópicos: (1) Dados do
Ambiente; (2) Cenários de Luz; (3) Dados das Luminárias.

3.1 Dados do Ambiente


A principio foi inserido uma planta baixa de um pavimento tipo de uma residência
unifamiliar no software. A partir disso foi realizado a modelagem de cada ambiente,
definindo os usos de cada cômodo, bem como as esquadrias e aberturas. De acordo com os
espaços foram definidos os dados utilizando a norma americana IESNA Lighting Handbook.
Posteriormente, os recintos foram configurados em 33- Lighting For Residences, opção dada
pelo software que se refere a iluminação para residências. Essa ultima configuração
distingue os elementos de acordo com suas aplicações, apresentando valores distintos nos
aspectos da tarefa visual (Em), uniformidade (Em/Emim) e reprodução de cores Index (Ra).
Tendo em mente esses aspectos, são definidos cinco ambientes da residência para analise
de cálculo, são elas: Suíte Master; Closet; BWC; Cozinha; Escritório.

3.2 Cenários de Luz


Logo após a configuração de ambientes, são definidas as propriedades referentes aos
cenários de luz, cuja análise será feita utilizando dois tipos de iluminação, a artificial e a
natural. Como parâmetro, a análise foi feita para o dia 03/02/2020 às 12:00h, onde o
primeiro cenário possuía céu claro e luz solar direta, como mostra a Figura 2, e o segundo
não possuía luz do dia de acordo com a Figura 3.

Figura 2: Cenário de iluminação natural Figura 3: Cenário de iluminação artificial

Fonte: Adaptado do DIAlux (2020) Fonte: Adaptado do DIAlux (2020)

3.3 Dados das Luminárias


Para o cálculo das iluminâncias é preciso determinar suas luminárias de acordo com a
necessidade de cada um, escolhendo a iluminação artificial conforme sua temperatura de
cor, que varia de 2700 K e 3000 K, referindo-se a cor amarela e acima de 4000 k, que se trata
da cor branca. O DIALux EVO 8.1 dispõe de uma variedade de catálogos de lojas de
luminárias onde é escolhida o tipo de lâmpada que será usada. O software disponibiliza as
informações sobre fluxo luminoso, eficiência energética, temperatura de cor, índice de
reprodução de cores e o gráfico da curva de distribuição luminosa polar. Ao configurar os
ambientes da residência de acordo com suas atividades desempenhadas em cada cômodo,
o programa distribui automaticamente fornecendo a quantidade de luminárias necessárias.
Por fim, calcula-se as iluminâncias gerando gráficos de cores de iluminação natural e
artificial da residência, esses dados podem ser observados na Figura 4 e na Figura 5.
Figura 4: Gráfico de cores da residência Figura 5: Gráfico de cores da residência
com iluminação natural com iluminação artificial

Fonte: Adaptado do DIAlux (2020) Fonte: Adaptado do DIAlux (2020)

4. ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS


Diante dos aspectos supracitados e os levando em consideração, serão elaboradas as
análises da iluminação artificial comparando-as a iluminação natural de cinco ambientes da
residência unifamiliar. Sabendo que cada ambiente possui sua especificidade de acordo com
seu uso e esse aspecto diferencia a quantidade e os parâmetros de tarefa visual,
uniformidade e índice de reprodução de cor. A tabela abaixo demonstra esses detalhes:

Tabela 1: Dados dos Ambientes


Ambiente Área Aplicação Tarefa Uniformidade Reprodução
Visual (Lx) (Em/Emim) de Cores
Index (Ra)
Suíte Lighting For Descanso 30 3.000 80
Master Residences
Closet Lighting For Circulação 300 3.000 60
Residences
BWC Lighting For Higiene 100 2.000 80
Residences Pessoal
Cozinha Lighting For Alimentação 50 5.000 80
Residences
Escritório Lighting For Trabalho 400 - 80
Residences
Fonte: Autor (2019)

Para a verificação de acordo com a norma da iluminação artificial dos ambientes é preciso
determinar o tipo de luminária de cada espaço conforme temperatura de cor dessa e
levando em consideração o uso do cômodo. Sabendo disso, para o Closet, BWC, Cozinha e
Escritório foi escolhida a luminária superbasic Einlegeleuchte LED 35W + Konverter / DALi,
que pode ser vista na Figura 6 com temperatura de cor de 4000 K, ou seja, com coloração
neutra, visto que são ambientes que necessitam de mais atenção e uma iluminação maior.
Para a Suíte Master, portanto, foi aplicada a luminária Luxiona - 06IL827900MW5055 Beryl
FX 185 HV (Figura 7), que possui uma temperatura de cor de 3860 K, levemente mais quente
que a anterior, além de ser mais pontual, por ser uma área de descanso.

Figura 6: Luminária superbasic Figura 7: luminária Luxiona -


Einlegeleuchte LED 35W + Konverter / DALi 06IL827900MW5055 Beryl FX 185 HV

Fonte: Adaptado do DIAlux (2020) Fonte: Adaptado do DIAlux (2020)

Tabela 2: Dados dos Ambientes


Luminária Luminária superbasic Luminária Luxiona -
Einlegeleuchte LED 35W + 06IL827900MW5055 Beryl FX
Konverter / DALi 185 HV
Gráfico da curva
de distribuição
luminosa polar

Fluxo Luminoso 3974 lm 2110 lm


(lm)
Eficiência 113.5 lm/W 55.4 lm/W
Energética (lm/W)
Temperatura de 4000 K 3860 K
cor (K)
Índice de 80 83
Reprodução de
Cor (Ra)

Fonte: Autor, 2020

Vale ressaltar que nos parâmetros de iluminação artificial as luminárias utilizadas no projeto
estão de acordo com Índice de Reprodução de Cor (Ra) de cada ambiente, referente a 80
Ra, uma vez que elas possuem os seguintes CRI: 80 Ra (luminária superbasic Einlegeleuchte
LED 35W + Konverter / DALi) e 83 (Luxiona - 06IL827900MW5055 Beryl FX 185 HV). Com
todos os dados obtidos, é realizado então a análise dos cincos ambientes selecionados.

• Suíte Master

Tipo de Médio Mínimo (lx) Máximo Uniformidade Máx/Min


Iluminação (Nominal) (lx) (Méd/Mín)
Iluminação 800 lx ≥ 85.9 lx 3136 lx 9.31 36.5
Natural (30.0 lx)
Iluminação 166 lx ≥ 64.9 lx 229 lx 2.56 3.53
Artificial (30.0 lx)

Figura 8: Gráfico de cores com iluminação Figura 9: Gráfico de cores com iluminação
natural artificial
Fonte: Adaptado do DIAlux (2020) Fonte: Adaptado do DIAlux (2020)

• Closet

Tipo de Médio Mínimo (lx) Máximo Uniformidade Máx/Min


Iluminação (Nominal) (lx) (Méd/Mín)
Iluminação 0 lx ≥ (300 0 lx 0 lx - -
Natural lx)
Iluminação 299 lx ≥ 213 lx 371 lx 1.40 1.74
Artificial (300 lx)

Figura 10: Gráfico de cores com iluminação Figura 11: Gráfico de cores com
natural iluminação artificial

Fonte: Adaptado do DIAlux (2020) Fonte: Adaptado do DIAlux (2020)

• BWC
Tipo de Médio Mínimo (lx) Máximo Uniformidade Máx/Min
Iluminação (Nominal) (lx) (Méd/Mín)
Iluminação 30.8 lx ≥ 14.2 lx 52.7 lx 2.17 3.71
Natural (100 lx)
Iluminação 275 lx ≥ 193 lx 349 lx 1.42 1.81
Artificial (100 lx)

Figura 12: Gráfico de cores com iluminação Figura 13: Gráfico de cores com
natural iluminação artificial

Fonte: Adaptado do DIAlux (2020) Fonte: Adaptado do DIAlux (2020)

• Cozinha

Tipo de Médio Mínimo (lx) Máximo Uniformidade Máx/Min


Iluminação (Nominal) (lx) (Méd/Mín)
Iluminação 1788 lx ≥ 193 lx 45119 lx 9.26 234
Natural (50 lx)
Iluminação 154 lx ≥ (50 50.0 lx 56.1 lx 2.75 5.3
Artificial lx)

Figura 14: Gráfico de cores com iluminação Figura 15: Gráfico de cores com
natural iluminação artificial
Fonte: Adaptado do DIAlux (2020) Fonte: Adaptado do DIAlux (2020)

• Escritório

Tipo de Médio Mínimo (lx) Máximo Uniformidade Máx/Min


Iluminação (Nominal) (lx) (Méd/Mín)
Iluminação 4323 lx ≥ 425 lx 45834 lx 10.2 108
Natural (400 lx)
Iluminação 418 lx ≥ 281 lx 538 lx 1.49 1.91
Artificial (400 lx)

Figura 16: Gráfico de cores com iluminação Figura 17: Gráfico de cores com
natural iluminação artificial

Fonte: Adaptado do DIAlux (2020) Fonte: Adaptado do DIAlux (2020)

Em detrimento dos dados expostos, o escritório na iluminação artificial foi o que mais se
aproximou da uniformidade, porém, se tratando da luz natural, o valor ficou disperso. Outro
acontecimento relevante foi o do Closet, que devido 1 lx não atingiu o médio de iluminação
artificial, porém se classifica como correto, pois o valor é irrelevante. Os outros ambientes
tiveram os valores não se aproximam da uniformidade, independentemente se a iluminação
for natural ou artificial.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desse modo, conclui-se que a iluminação artificial e a natural possuem diferenças e
características peculiares quanto ao tipo de ambiente. A artificial além de servir como um
tipo de iluminação para fins de necessidade em desempenhar atividades, mas também
como elemento decorativo e destina-se também à detalhes do ambiente. Já a natural, seu
maior desempenho é de iluminação para o desempenho de atividades gerais, porém pode
ser utilizado como elemento decorativo também, por meio de brises e cobogós. Além disso,
o conhecimento através do software se referindo as análises, são de fundamental
importância pois contém informações precisas sobre cada dado e pode ser utilizada de
maneira eficaz. Nesse caso, faz necessário esse tipo de estudo para propor ambientes
eficientes com base no melhor tipo de iluminação para o ambiente e horário,
independentemente de ser iluminação natural ou artificial, visando e facilitando os estudos
bioclimáticos acerca das regiões, aproveitando e utilizando-se dos fatores naturais para
agregar aos partidos projetuais.

5. REFERÊNCIAS
(ABNT) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. 8995-1: Iluminação de ambientes
de trabalho. Santa Catarina, 2013. 46 p.
DIALUXEVO. https://www.dial.de/en/home/. Software para cálculo e análise
Luminotécnica. Versão DIALUXEXO 8.1, Portugal. 2020
LAMBERTS, Roberto; DUTRA, Luciano; PEREIRA, Fernando O. R. Eficiência energética na
arquitetura. Rio de Janeiro, 2014.
PEREIRA, Matheus. As possibilidades da iluminação artificial para melhorar (ou piorar) a
arquitetura. Archdaily, 2018.

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