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O Tabernáculo: O altar do incenso

Por Iain Duguid em 19 nov, 2018


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o sumário
Muitos dos móveis do tabernáculo tinham um propósito funcional. O
candelabro iluminava um recinto escuro, enquanto a mesa fornecia
um lugar para colocar os pães da proposição. Enquanto isso, o altar de
incenso servia ao propósito prático de perfumar agradavelmente o ar.
Esses itens eram, em muitos aspectos, peças comuns de mobília,
embora feitas de ouro puro e ricamente ornamentadas de forma a se
adequarem à mobília de um rei. Todos os cinco sentidos eram
ministrados pelo ritual sacerdotal diário: visão, olfato e paladar eram
dirigidos através do candelabro, do altar de incenso e da mesa dos
pães da proposição, enquanto a audição era ministrada pelos sinos
nas vestes do sumo sacerdote. Tudo era concebido como uma rica
experiência multissensorial voltada para Deus, não porque ele tenha
sentidos como os nossos, mas como um reconhecimento da bondade
de cada um dos diversos sentidos que ele nos deu. Somente o melhor
de tudo poderia ser bom o suficiente para se oferecer ao Criador do
universo.

Além de sua utilidade prática e atratividade sensorial, o mobiliário do


tabernáculo também servia a um papel simbólico multifuncional para
o povo de Deus. As sete lâmpadas no candelabro simbolizavam a
bênção de Deus brilhando sobre os doze pães da proposição que
representavam as doze tribos de Israel. O próprio candelabro era uma
espécie de coluna de fogo em miniatura, lembrando a presença de
Deus com o seu povo no deserto. O altar de incenso formava a
adequada coluna de fumaça para acompanhar a coluna de fogo do
candelabro.

E ainda mais, a fumaça do próprio incenso, subindo constantemente


do altar, passou a simbolizar as orações do povo de Deus subindo
constantemente diante do Senhor. No tabernáculo, o incenso só podia
ser oferecido pelos sacerdotes, que assim serviam como mediadores
entre o povo e Deus, trazendo simbolicamente suas orações à
presença do Altíssimo. Essa ideia é expressa no Salmo 141.2, onde Davi
ora ao Senhor: “Suba à tua presença a minha oração, como incenso,”.
Uma notável violação deste protocolo está registrada em 2 Crônicas,
quando o rei Azarias (também conhecido como Uzias) tentou entrar
no Santo Lugar e queimar uma oferta de incenso em seu próprio
nome, diante dos protestos dos sacerdotes. Em lugar do status
elevado que buscava, ele foi atingido pela lepra, o que o tornou
impuro e, portanto, incapaz de, no futuro, voltar a entrar em qualquer
parte do complexo do templo (26.16-21).

O altar de incenso também estava ligado aos rituais de sacrifício de


Israel. Quando uma oferta de sacrifício era exigida devido a um
pecado do sumo sacerdote, o sangue do novilho ofertado deveria ser
colocado nos chifres do altar do incenso e derramado na sua base (Lv
4.3-7). Já uma oferta de sacrifício pelo pecado da comunidade como
um todo requeria um sacrifício similar, com o sangue também sendo
colocado nos chifres do altar do incenso, entretanto, o sangue do
novilho ofertado deveria ser derramado no altar menos sagrado do
holocausto (vv. 13-18). Contudo, mesmo essas ofertas regulares de
sacrifícios pelos pecados não eram suficientes para lidar com a
contaminação acumulada causada pelo pecado das pessoas; a fim de
evitar que a terra se tornasse imprópria para a habitação divina, o
sumo sacerdote tinha que entrar no Santo dos Santos uma vez por
ano no Dia da Expiação. Ele carregava consigo um incensário portátil
que forneceria uma nuvem protetora de fumaça, sob a qual ele
poderia levar, com segurança, o sangue das ofertas de purificação e
aplicá-lo ao propiciatório no topo da arca da aliança (Levítico 16.12-
13).

Embora o incenso fosse uma parte essencial da adoração no


tabernáculo e no templo, não é mais necessário para o culto da nova
aliança. No novo templo, a igreja, o antigo ritual sacerdotal foi
substituído pelo que ele simbolizava, as orações dos santos (ver Ap
5.8; 8.3-4). Agora não precisamos mais de mediadores sacerdotais
para levar nossas orações e petições a Deus, pois podemos nos
aproximar dele em nome de Cristo, nosso grande Sumo Sacerdote. Ele
não é apenas nosso advogado mas, ele próprio, o sacrifício expiatório
pelos nossos pecados (1Jo 2.2). Como nosso verdadeiro Sumo
Sacerdote, ele levou seu próprio sangue ao arquétipo celestial, para o
qual o tabernáculo e o templo apontavam e aplicou-o ao propiciatório
celestial, purificando assim seu povo para sempre (Hb 9.11-14). Isto é o
que nos permite aproximarmo-nos de Deus sem medo, sem uma
cobertura protetora de incenso, seguros através do sangue aspergido
de Cristo, que é o mediador da nova aliança (12.24). Como o escritor
aos Hebreus resume: “Por isso, recebendo, nós, um reino inabalável,
retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável,
com reverência e santo temor” (v. 28). Que nossas orações de gratidão
subam, como incenso, diariamente diante de Deus.

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