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O Tabernáculo: A bacia de bronze

Por Justin E. Estrada em 29 out, 2018


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o sumário
Conforme os adoradores israelitas iam adentrando os pátios do
tabernáculo e do templo, diferentes visões, sons e cheiros os
arremetiam. Fora da constante atividade dos sacerdotes, enquanto
ministravam diante do Senhor, uma óbvia realidade envolvia os
participantes: o ritual do sacrifício era algo sujo. O pecado criou uma
brecha no relacionamento da humanidade com Deus e trouxe
corrupção moral, claramente simbolizada na mistura de sangue e
sujeira nas vestes e corpos dos sacerdotes.

No entanto, dentro dos pátios, o Santo de Israel havia colocado


utensílios pelos quais Aarão e seus descendentes deveriam
cerimonialmente purificar-se e consagrar-se pois representavam
Israel no componente mais fundamental e importante da existência
humana, a adoração. Esses recipientes eram a bacia de bronze do
tabernáculo e o mar de fundição do templo.

O livro de Êxodo registra poucos detalhes sobre a construção da bacia


de bronze (Êx 30.17-21). O Senhor manda Moisés fazer a bacia e seu
suporte de bronze, mas ele não prescreve dimensões para a bacia. Em
vez disso, ele enfatiza sua localização e função: “Pô-la-ás entre a
tenda da congregação e o altar” (v.18), “Nela, Arão e seus filhos lavarão
as mãos e os pés. Quando entrarem na tenda da congregação, lavar-
se-ão com água, para que não morram” (v. 19-20).

Segue-se então uma advertência: “Lavarão, pois, as mãos e os pés,


para que não morram” (v. 21). Essa determinação revela o objetivo
principal da bacia. O altar e a tenda da congregação serviam como o
caminho de ligação através do qual o sacerdote, e pela sua mediação,
Israel como um todo, entravam na presença do Deus santo. Em sua
presença, há somente duas opções: a morte devido à contaminação ou
a adoração através da pureza. A lavagem com água era a forma
provisória e repetitiva, providenciada pelo Senhor, pela qual os
sacerdotes eram submetidos a purificação ritual e assim pudessem
ministrar em sua presença.

Embora o formato da bacia de bronze tenha sofrido alterações


condizentes com a glória do templo no Monte Sião, sua função
primária como meio de purificação ritual permaneceu inalterada.
Seguindo as instruções reveladas a Davi (1Cr 28.19), Salomão lançou
uma estrutura de bronze monumental, o “mar de fundição”, um
tanque de mais de dois metros de profundidade, com um diâmetro de
quase cinco metros, onde havia quase quarenta mil litros de água, este
recipiente apresentava uma borda “como a flor do lírio” e com duas
fileiras circundantes de representações de frutos (1Rs 7.23-26). Quatro
conjuntos, de três bois de bronze cada, apoiavam o mar, cada
conjunto voltado para um dos quatro pontos cardeais.

Os autores bíblicos novamente se concentram menos em detalhes e


mais em simbolismo e propósito. Como um boi selvagem (Nm 24.8), o
Senhor, “majestoso em santidade”, pisoteara todos os inimigos físicos
e existenciais, estabeleceu seu santuário terrestre em Sião (Êx 15.
13,17) e prescreveu leis para sua adoração. Como testemunhas
maravilhadas com o poder e a pureza da santidade de Deus,
representada pelo mar de fundição, muitas pessoas devem ter ecoado
as palavras de Davi no Salmo 15: “Quem, Senhor, habitará no teu
tabernáculo? Quem há de morar no teu monte santo”? (V.1).

A resposta de Davi à sua própria pergunta – “O que vive com


integridade, e pratica a justiça, e, de coração, fala a verdade” (v. 2) –
demonstra que a bacia e o mar de fundição ofereciam mais do que
somente a lavagem com água, eles apontavam para uma realidade
maior: a entrada na presença de Deus exigia pureza moral. A provisão
de um ritual de purificação, pelo Senhor, consagrou Arão e seus
descendentes ao serviço mas não os livrou de seus pecados. Pelo
contrário, a necessidade de se lavarem continuamente enfatizava sua
impureza, sua incapacidade de se manterem puros e a paciência de
Deus diante da necessidade de punição por seus pecados (Rm 3.25),
até o momento em que fosse comissionado outro sumo sacerdote, à
semelhança de Melquisedeque, “santo, inculpável, sem mácula,
separado dos pecadores” (Hb 7.26), para tratar a contaminação. Este
Sumo Sacerdote inocente, Jesus, “amou a igreja e a si mesmo se
entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio
da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja
gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e
sem defeito” (Ef 5.25-27).

A lavagem “de uma vez por todas”, simbolizada pelo batismo, ocorre
quando os pecadores corrompidos se arrependem de seus pecados,
pela fé recebem as promessas de Deus proclamadas em sua Palavra e
cumpridas em Jesus, unindo se a ele. Através desta união, os crentes
rompem com suas vidas antigas e iniciam um processo de santificação
no qual eles vão assumindo as qualidades de seu Salvador, que
assegurará a conclusão da santificação e um lugar onde eles viverão,
para sempre, na presença do Deus Santo.

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