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Homeostasia e líquidos corporais

Um aspecto importante da homeostasia é a manutenção do volume e da composição dos líquidos corporais,


soluções aquosas diluídas contendo substâncias químicas dissolvidas que são encontradas dentro das células e
ao redor delas. O líquido no interior das células é o líquido intracelular (LIC). O líquido fora das células do corpo
é o líquido extracelular (LEC). O LEC que preenche os espaços estreitos entre as células dos tecidos é conhecido
como líquido intersticial. O LEC é diferente dependendo de onde ele se encontra no corpo: o LEC nos vasos
sanguíneos é chamado plasma sanguíneo, nos vasos linfáticos é chamado linfa, dentro e ao redor do encéfalo e
da medula espinal é conhecido como líquido cerebrospinal, nas articulações é chamado líquido sinovial e o LEC
dos olhos é chamado humor aquoso e de humor vítreo.

O funcionamento adequado das células do corpo depende da regulação precisa da composição do líquido
intersticial que as cerca. Por causa disso, o líquido intersticial é chamado frequentemente de ambiente interno
do corpo. A composição do líquido intersticial se altera conforme as substâncias se movem para dentro e para
fora entre ele e o plasma sanguíneo. Essa troca de material ocorre através das paredes finas dos menores vasos
sanguíneos do corpo, os capilares sanguíneos. Esse movimento em ambas as direções através das paredes
capilares fornece o material necessário para as células teciduais como glicose, oxigênio, íons e assim por diante.
Ele também remove resíduos, como o dióxido de carbono, do líquido intersticial.

Controle da homeostasia

A homeostasia do corpo humano é “desafiada” continuamente. Algumas perturbações vêm do ambiente


externo na forma de agressões físicas como o calor intenso de um dia quente de verão. Outros agravos se
originam no ambiente interno, como o nível de glicose sanguínea que cai muito quando a pessoa não ingere seu
desjejum.

Felizmente, o corpo tem muitos sistemas regulatórios que podem normalmente levar o ambiente interno ao
equilíbrio. Mais frequentemente, o sistema nervoso e o sistema endócrino trabalhando juntos ou
independentemente fornecem as medidas corretivas necessárias. O sistema nervoso regula a homeostasia por
intermédio do envio de sinais elétricos conhecidos como impulsos nervosos (potenciais de ação) aos órgãos que
podem regular mudanças que promovam o retorno ao estado de equilíbrio. O sistema endócrino inclui muitas
glândulas que secretam moléculas mensageiras para o sangue chamadas hormônios. Os impulsos nervosos
normalmente causam mudanças rápidas, enquanto os hormônios em geral trabalham mais devagar.
Sistemas de retroalimentação receptores na pele e gerando impulsos nervosos
(feedback) como resultado.
O corpo pode regular seu ambiente interno por
3.Um EFETOR é uma estrutura corporal que recebe
intermédio de muitos sistemas de retroalimentação.
efluxos do centro de controle e provoca uma
Um sistema de retroalimentação ou alça de
resposta ou um efeito que modifica a condição
retroalimentação é um ciclo de eventos em que o
controlada. Praticamente todos os órgãos ou tecidos
estado de uma condição corporal é monitorado,
do corpo podem se comportar como efetores.
avaliado, alterado, remonitorado, reavaliado e daí
Quando sua temperatura corporal cai
por diante. Cada variável monitorada, como a
acentuadamente, seu encéfalo (centro de controle)
temperatura corporal, a pressão arterial ou o nível
envia impulsos nervosos (débito) para seus músculos
de glicose sanguínea é chamada condição
esqueléticos (efetores). O resultado é o tremor, que
controlada. Qualquer perturbação que modifique
gera calor e aumenta a temperatura corporal.
uma condição controlada é chamada de estímulo.
Um sistema de retroalimentação inclui três Figura 1.2 Operação de um sistema de
componentes básicos: um receptor, um centro de retroalimentação.
controle e um efetor (Figura 1.2).

1.Um RECEPTOR é uma estrutura corporal que


monitora modificações em uma condição controlada
e envia informações (influxo) para um centro de
controle. Essa via é chamada via aferente, uma vez
que o influxo flui para o centro de controle.
Tipicamente, o influxo ocorre na forma de impulsos
nervosos ou sinais químicos. Por exemplo,
determinadas terminações nervosas na pele sentem
a temperatura e podem detectar mudanças, como
uma queda drástica da temperatura.

2.Um CENTRO DE CONTROLE no corpo, por exemplo,


o encéfalo, estabelece a faixa de valores em que uma
condição controlada deve ser mantida (setpoint,
ponto de ajuste), avalia o influxo que recebe a partir
dos receptores e gera comandos de saída quando
eles são necessários. A saída do centro de controle
tipicamente ocorre como impulsos nervosos,
hormônios ou outros sinais químicos. Essa via é
chamada via eferente, uma vez que a informação flui
para fora do centro de controle. No nosso exemplo
de temperatura da pele, o encéfalo age como centro
de controle, recebendo os impulsos nervosos dos
SISTEMAS DE RETROALIMENTAÇÃO NEGATIVA. Um sistema de retroalimentação negativa reverte uma variação
em uma condição controlada. Considere a regulação da pressão arterial. A pressão arterial (PA) é a força exercida
pelo sangue quando ele é pressionado contra as paredes dos vasos sanguíneos. Quando o coração bate mais rápido
ou com mais força, a PA se eleva. Se algum estímulo interno ou externo fazer com que a pressão arterial (condição
controlada) se eleve, ocorre a sequência de eventos a seguir (Figura 1.3). Os barorreceptores (receptores), células
nervosas sensíveis à pressão localizadas nas paredes de determinados vasos sanguíneos, detectam a pressão mais
elevada. Os barorreceptores enviam impulsos nervosos (influxo) para o encéfalo (centro de controle), que
interpreta os impulsos e responde enviando impulsos nervosos (efluxos) para o coração e os vasos sanguíneos (os
efetores). A frequência cardíaca diminui e os vasos sanguíneos se dilatam (ficam mais largos), o que faz com que a
PA diminua (resposta). Essa sequência de eventos rapidamente retorna à condição controlada – pressão arterial –
para o normal e a homeostasia é restabelecida. Repare que a atividade do efetor faz com que a PA caia, um
resultado que contraria o estímulo original (um aumento na PA). Esse é o motivo pelo qual o sistema de
retroalimentação é chamado negativo.

Figura 1.3 Regulação homeostática da pressão arterial por um sistema de retroalimentação negativa. A seta
pontilhada com o sinal negativo envolto por um círculo simboliza a retroalimentação negativa.
SISTEMAS DE RETROALIMENTAÇÃO POSITIVA. Ao contrário de um sistema de retroalimentação negativa, um
sistema de retroalimentação positiva tende a aumentar ou a reforçar uma mudança em uma condição controlada
do corpo. Em um sistema de retroalimentação positiva, a resposta afeta a condição controlada de modo diferente
do sistema de retroalimentação negativa. O centro de controle ainda fornece comandos para um efetor, mas desta
vez o efetor provoca uma resposta fisiológica que se soma ou reforça a modificação inicial na condição controlada.
A ação de um sistema de retroalimentação positiva continua até que seja interrompida por algum mecanismo.

O parto normal fornece um bom exemplo de um sistema de retroalimentação positiva (Figura 1.4). As primeiras
contrações do trabalho de parto (estímulo) empurram parte do feto para o colo, a parte mais inferior do útero, que
se abre para a vagina. Células nervosas sensíveis ao estiramento (receptores) monitoram o grau de estiramento do
colo (condição controlada). Conforme o estiramento aumenta, eles enviam mais impulsos nervosos (influxo) para
o encéfalo (centro de controle), que, por sua vez, libera o hormônio ocitocina (efluxo) para o sangue. A ocitocina
faz com que os músculos da parede uterina (efetores) se contraiam com ainda mais força. Essas contrações
empurram o feto cada vez mais para baixo no útero, distendendo ainda mais o colo. O ciclo de estiramento,
liberação hormonal e contrações ainda mais fortes é interrompido apenas com a expulsão do feto. Então, a
distensão do colo é interrompida e a ocitocina não é mais liberada.

Figura 1.4 Controle das contrações do trabalho de parto por retroalimentação positiva. A seta pontilhada
com o sinal positivo envolto por um círculo simboliza uma retroalimentação positiva.
Desequilíbrios homeostáticos

Um distúrbio é qualquer anomalia de estrutura ou função. Já doença é um termo mais específico para uma
enfermidade caracterizada por um conjunto reconhecível de sinais e sintomas. Uma doença localizada afeta uma
parte ou uma região limitada do corpo (p. ex., uma sinusite); uma doença sistêmica afeta o corpo inteiro ou várias
de suas partes (p. ex., a gripe). As doenças alteram as estruturas corporais e suas funções de modos característicos.
Um indivíduo doente pode experimentar sintomas, modificações subjetivas nas funções corporais que não são
aparentes para o observador. Exemplos de sintomas são cefaleia (dor de cabeça), náuseas e ansiedade. As
modificações objetivas que um médico pode observar e medir são chamadas sinais. Sinais de uma doença podem
ser anatômicos, como inchaço ou rubor (vermelhidão), ou fisiológicos, como febre, pressão arterial elevada ou
paralisia.

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