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NEUROSSÍFILIS: UMA REVISÃO SOBRE SEU TRATAMENTO E SUAS

COMPLICAÇÕES
Neurosyphilis: a review on its treatment and complications

Rodrigo José Bumussa Freire, UNIFACISA


Marina Diniz Dias, Universidade Federal de Viçosa
Giovanna Carvalho Merisio Correia, Universidade do Oeste Paulista
Renan Cavalcante de Lima, Universidade Federal do Acre
Barbara Nunes Luiggi de Oliveira, Centro Universitário Maurício de Nassau
João Pedro Souza Furtado, SEMUS-SLZ
Davi Rebello Misukami, Universidade Federal do Mato Grosso
Marcelo Henrique Vaz de Lima, Universidade de Rio Verde
Gabriela Brahim Moreira, IDOMED
Alipio Vigolvino de Sousa Neto, Centro Universitário de João Pessoa

rodrigo.bumussa@gmail.com

RESUMO
Introdução: Este artigo oferece uma revisão abrangente sobre o tratamento e as
complicações da neurossífilis, uma manifestação severa da infecção por Treponema
pallidum que afeta o sistema nervoso central. Objetivo: Elucidar as estratégias
terapêuticas mais eficazes e discutir as consequências neurológicas decorrentes da
doença. Metodologia: Revisão integrativa da literatura, realizada por busca em base de
dados de artigos que correspondessem ao tema proposto. Incluiu-se avaliação dos artigos
elegíveis na íntegra, excluindo aqueles que não se enquadram nos objetivos do estudo,
teses e dissertações, sem contabilizar duplicatas. Resultados e Discussões: Destaca os
regimes de tratamento recomendados, incluindo a penicilina G, sua eficácia, desafios
relacionados a alergias penicilínicas, e abordagens alternativas para pacientes com
restrições. Apontam ainda para a importância crítica de um diagnóstico precoce e
tratamento adequado para prevenir complicações graves e melhorar a qualidade de vida
dos pacientes. Conclusão: Apesar das recomendações estabelecidas, há uma necessidade
imperativa de pesquisa adicional para otimizar o manejo da neurossífilis, dada a
complexidade de suas manifestações e o impacto significativo na saúde dos indivíduos
afetados.

Palavras-chave: Neurossífilis, Humanos, Tratamento

INTRODUÇÃO

A neurossífilis, uma séria complicação neurológica da sífilis não tratada,


manifesta-se de várias formas, incluindo demência, psicose, e outros distúrbios
neurológicos, impactando significativamente a qualidade de vida dos pacientes
(Workowski KA, Bolan GA, 2015). O tratamento eficaz, focado principalmente no uso
de penicilina, é crucial para evitar avanços da doença e preservar as funções vitais, apesar
dos desafios como resistência bacteriana e reações adversas. Este artigo propõe uma
revisão detalhada sobre os tratamentos atuais e suas complicações, visando aprimorar as

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estratégias terapêuticas. O objetivo é melhorar a tomada de decisões clínicas e contribuir
para o avanço no cuidado dos pacientes com acometido.

METODOLOGIA

Este estudo consiste em uma revisão integrativa, conduzida em fevereiro de 2024


através da pesquisa e análise de artigos científicos coletados por meio de busca eletrônica
em bases de dados especializadas, como a MEDLINE (Medical Literature Analysis and
Retrieval System Online). Os termos utilizados para pesquisa estão listados no Medical
Subject Headings (MeSH) e no DeCs (Descritores em Saúde), (Neurosyphilis) AND
(Humans) AND (Therapy). Os critérios de inclusão estabelecidos consideraram artigos
completos publicados em qualquer data e em qualquer idioma, resultando em 1.681
artigos. Em seguida, procedeu-se à análise minuciosa dos títulos e resumos, seguida pela
avaliação dos artigos elegíveis na íntegra, excluindo aqueles que não se enquadram nos
objetivos do estudo, teses e dissertações, sem contabilizar duplicatas. Desse modo, foram
selecionados ao todo 6 artigos para compor a amostra bibliográfica desta revisão.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A neurossífilis, uma manifestação tardia da infecção por Treponema pallidum,


impõe desafios significativos tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento,
especialmente devido à sua capacidade de imitar uma ampla gama de doenças
neurológicas e seu impacto potencialmente devastador na qualidade de vida dos
pacientes. A compreensão do tratamento da neurossífilis, bem como de suas
complicações, é essencial para os profissionais de saúde, visando mitigar os danos
neurológicos e melhorar os resultados dos pacientes (JANIER, M. et al., 2014).

As diretrizes dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC)


recomendam regimes específicos para o tratamento da neurossífilis, que incluem o uso de
Penicilina G cristalina por 10 a 14 dias ou Penicilina G procaína em combinação com
probenecida pelo mesmo período. Essas recomendações são baseadas na experiência
clínica e na capacidade de penetração desses antibióticos no líquido cefalorraquidiano
(LCR) e no sistema nervoso central, fundamentais para o sucesso terapêutico. Para
pacientes com alergia grave à penicilina, a dessensibilização é recomendada, seguida pelo
tratamento padrão, ou alternativamente, o uso de ceftriaxona por 10 a 14 dias
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(MARRA, C. M. et al., 2000). A doxiciclina em altas doses é considerada uma
alternativa, embora não seja preferencial de acordo com as diretrizes do CDC ou
europeias, devido à falta de ensaios controlados que avaliem sua eficácia na neurossífilis.

O tratamento precoce e adequado da neurossífilis é crucial para prevenir


complicações neurológicas graves, como demência sifilítica, psicose, tabes dorsales,
sífilis meningovascular, demência, déficits motores, cefaleia, ataxia, e distúrbios
auditivos e distúrbios visuais. A piora neurológica após o início do tratamento é um
fenômeno conhecido, muitas vezes atribuído à reação de Jarisch-Herxheimer, que requer
manejo cuidadoso para mitigar seus efeitos. Uma observação que deve ser feita é que o
tratamento concomitante com glicocorticoides para sífilis ocular e otossífilis, além dos
regimes antibióticos, demonstra a necessidade de uma abordagem terapêutica abrangente
para essas manifestações específicas da doença (DAVIS, Larry E. et al., 2013).

Embora os regimes recomendados sejam amplamente utilizados e considerados


eficazes, é importante reconhecer a falta de ensaios controlados para avaliar a eficácia das
formas de penicilina atualmente utilizadas. Esta lacuna no conhecimento destaca a
necessidade de pesquisa adicional para otimizar o tratamento da neurossífilis. Além disso,
a dessensibilização à penicilina e o manejo cuidadoso da reação de Jarisch-Herxheimer
representam aspectos cruciais do tratamento, enfatizando a importância de uma
abordagem personalizada e informada para cada paciente.

O impacto da neurossífilis na qualidade de vida dos pacientes é profundo, com


complicações neurológicas que podem resultar em deficiências significativas e
deterioração da função cognitiva. O tratamento eficaz não apenas visa erradicar a
infecção, mas também prevenir o desenvolvimento dessas complicações devastadoras.
Portanto, a escolha do regime terapêutico, o manejo cuidadoso das reações adversas e o
acompanhamento rigoroso são fundamentais para assegurar os melhores resultados
possíveis para os pacientes.

CONCLUSÃO:

Desse modo, este artigo reforça a importância de intervenções terapêuticas


pontuais e eficazes para combater esta manifestação severa da infecção por Treponema
pallidum. Os regimes de tratamento recomendados, principalmente baseados no uso da
penicilina G, são cruciais para a prevenção de complicações neurológicas graves e a
melhoria da qualidade de vida dos pacientes. Contudo, a pesquisa ressalta a necessidade

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de abordagens personalizadas, especialmente para indivíduos alérgicos à penicilina, e a
importância da dessensibilização. Portanto, este trabalho não apenas reforça as práticas
existentes, mas também convoca a comunidade científica a investir em pesquisas
adicionais, visando otimizar o tratamento da neurossífilis e mitigar o impacto desta
doença no bem-estar dos pacientes.

REFERÊNCIAS
DAVIS, Larry E. et al. Elevated CSF Cytokines in the Jarisch-Herxheimer Reaction of General
Paresis. JAMA Neurology, v. 70, n. 8, p. 1060, 1 ago. 2013. Disponível
em: https://doi.org/10.1001/jamaneurol.2013.2120. Acesso em: 7 mar. 2024.

JANIER, M. et al. 2014 European guideline on the management of syphilis. Journal of the European
Academy of Dermatology and Venereology, v. 28, n. 12, p. 1581-1593, 27 out. 2014. Disponível
em: https://doi.org/10.1111/jdv.12734. Acesso em: 7 mar. 2024.

MARRA, C. M. et al. A Pilot Study Evaluating Ceftriaxone and Penicillin G as Treatment Agents for
Neurosyphilis in Human Immunodeficiency Virus-Infected Individuals. Clinical Infectious Diseases, v. 30,
n. 3, p. 540-544, 1 mar. 2000. Disponível em: https://doi.org/10.1086/313725. Acesso em: 7 mar. 2024.

PUNIA, Vineet; RAYI, Appaji; SIVARAJU, Adithya. Stroke after Initiating IV Penicillin for
Neurosyphilis: A Possible Jarisch-Herxheimer Reaction. Case Reports in Neurological Medicine, v. 2014,
p. 1-4, 2014. Disponível em: https://doi.org/10.1155/2014/548179. Acesso em: 7 mar. 2024.

Workowski KA, Bolan GA; Centers for Disease Control and Prevention. Sexually transmitted diseases
treatment guidelines, 2015 [published correction appears in MMWR Recomm Rep. 2015 Aug
28;64(33):924]. MMWR Recomm Rep. 2015;64(RR-03):1-137. Acesso em: 7 mar. 2024.

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