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PERGUNTAS E RESPOSTAS

COMENTADAS EM DOENçA DE

ALZHEIMER
PREvENçãO, ASPECTOS lEGAiS E
TRATAMENTO DOS SiNTOMAS
COMPORTAMENTAiS E DAS COMORbiDADES

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Distribuição exclusivamente à classe médica
Norberto Frota
CRM-CE: 8531. Membro Titular da Academia Brasileira
de Neurologia. Professor do Curso de Medicina da Unifor.
Neurologista do Hospital Geral de Fortaleza (Ambulatório
de Neurologia Cognitiva e Unidade de AVC). Coordenador
da Residência Médica em Neurologia do Hospital Geral de
Fortaleza.

José Ibiapina Siqueira Neto


CRM-CE: 5028. Membro Titular da Academia Brasileira
de Neurologia. Professor Associado IV da Faculdade de
Medicina da Universidade Federal do Ceará. Pós-doutorado
em Neurologia Cognitiva da FMRP-USP. Coordenador da
Divisão de Neurologia Cognitiva do HUWC-FMUFC.

Márcio Luiz Figueredo Balthazar


CRM-SP: 100481. Membro Titular da Academia Brasileira de
Neurologia. Médico Neurologista, com Doutorado e
Pós-doutorado em Neurologia Cognitiva pela UNICAMP.
Médico Assistente do Ambulatório de Neuropsicologia e
Demência do Hospital de Clínicas da UNICAMP.

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Qual a melhor conduta terapêutica em um paciente com doença de
Alzheimer e epilepsia?
A doença de Alzheimer (DA) é uma causa comum de epilepsia no idoso, vindo atrás de doen-
ça cerebrovascular e tumores. Os princípios terapêuticos do tratamento para epilepsia se
mantêm para pacientes com DA: identificar o tipo de crise; usar preferencialmente monote-
rapia; elevação gradual das doses da medicação; utilizar o fármaco na menor dose possível;
monitorar efeitos adversos; escolher o fármaco de forma individualizada. Porém o paciente
idoso tem particularidades que devem ser levadas em conta na escolha da droga antiepilép-
tica (DAE), como alterações nas funções hepática e renal, uso de polifarmácia, entre outros.

Além disso, recomenda-se dar preferência a fármacos com menor efeito sedativo, por con-
ta de potencial piora dos sintomas cognitivos dos pacientes com demência. Assim, devem-
se evitar, por exemplo, benzodiazepínicos e ácido valproico, pois são associados a maior
declínio cognitivo.

Embora não haja ensaios clínicos aleatorizados em pacientes com DA e epilepsia sobre
a eficácia de DAEs específicas, estudos na população idosa sugerem que as novas DAEs,
como lamotrigina e levetiracetam, sejam mais bem toleradas no idoso do que as DAEs mais
antigas como carbamazepina e fenitoína.

Na experiência dos autores, a lamotrigina costuma ser bem tolerada, com poucos efeitos
adversos, e eficaz mesmo em doses baixas, sendo o fármaco de escolha para pacientes
com DA.
REFERÊNCIAS. [1] Brodie MJ, Overstall PW, Giorgi L. Multicentre, double-blind, randomised comparison between lamotrigine and carbamazepine
in elderly patients with newly diagnosed epilepsy. The UK Lamotrigine Elderly Study Group. Epilepsy Res. 1999 Oct;37(1):81-7. [2] Rowan AJ,
Ramsay RE, Collins JF, Pryor F, Boardman KD, Uthman BM, et al; VA Cooperative Study 428 Group. New onset geriatric epilepsy: a randomized
study of gabapentin, lamotrigine, and carbamazepine. Neurology. 2005 Jun 14;64(11):1868-73. [3] Saetre E, Perucca E, Isojärvi J, Gjerstad L;
LAM 40089 Study Group. An international multicenter randomized double-blind controlled trial of lamotrigine and sustained-release carbama-
zepine in the treatment of newly diagnosed epilepsy in the elderly. Epilepsia. 2007 Jul;48(7):1292-302.

Como tratar sinais e sintomas de depressão no paciente com doen-


ça de Alzheimer sem comprometer as funções cognitivas?
A pedra angular no tratamento de pacientes com distúrbios do humor em DA são os fár-
macos antidepressivos. Existem poucos trabalhos de metanálise que lançam alguma luz
sobre essa complexa questão. A comorbidade entre demência e depressão, como também
as frequentes possibilidades de difícil diagnóstico diferencial, torna o desafio grande. Mais
difícil ainda é estabelecer o momento de tratar. Orientamos sempre realizar uma escala de
avaliação de depressão geriátrica, no caso a EDG-15, validada em nosso meio para uso em
saúde comunitária. Obedecendo-se os critérios da Classificação Internacional de Doenças
e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10) para depressão, iniciamos tratamento com

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inibidores seletivos de recaptação de serotonina, com estudos apontando melhor desem-
penho tanto em eficácia quanto em perfis de segurança para sertralina e escitalopram. Cui-
dado maior com relação ao uso de antidepressivos tricílicos, que nessas situações devem
ser evitados. Os duais (venlafaxina e duloxetina) foram menos estudados nessa situação.
REFERÊNCIAS. [1] Bains J1, Birks J, Dening T. Antidepressants for treating depression in dementia. Cochrane Database Syst Rev. 2002 Oct
21;(4). [2] Leong C. Antidepressants for depression in patients with dementia: a review of the literature. Consult Pharm. 2014 Apr;29(4):254-63.

Como tratar episódios de agitação em portadores graves sem pre-


juízo ao paciente e aos cuidadores? Existe diferença no sintoma que
ocorre durante o dia ou à noite no que se refere ao tratamento?
Agitação é um dos sintomas comportamentais e psicológicos mais comuns nas demên-
cias, sobretudo em fases mais avançadas, e é um daqueles que mais causam transtornos
à família e aos cuidadores.

O primeiro passo na avaliação clínica é caracterizar adequadamente o sintoma, já que o


termo “agitação” pode se referir a confusão mental, inquietação, pode ser associado a sin-
tomas psicóticos ou tratar-se de comportamento motor aberrante. Ainda, agitação pode se
dever a vários fatores clínicos como dor, infecções (sobretudo urinárias, que podem não ser
acompanhadas de febre) ou alterações metabólicas.

É importante também orientar o familiar ou cuidador que procure identificar se existe al-
gum fator desencadeador associado ao aparecimento da agitação.

Assim, a intervenção terapêutica deve ser sempre iniciada por medidas não farmacológi-
cas, que incluem adaptações ou modificações ambientais, instituição de rotinas especí-
ficas para os pacientes, além de orientações dirigidas aos cuidadores e familiares. Como
exemplo dessas medidas podem-se citar: uso de distração e redirecionamento de ativida-
des para desviar o paciente de situações problemáticas; redução de excesso de estimula-
ção e exposição excessiva a fatores ambientais; uso de iluminação ambiente para reduzir a
confusão e a agitação durante a noite; ambiente doméstico sossegado, entre outros.

Porém, quando não há resposta ao tratamento não farmacológico ou quando a agitação


é severa, persistente e recorrente, além de colocar em risco o paciente e os cuidadores, o
clínico pode lançar mão de fármacos que minimizem o sintoma, entre os quais inibidores
seletivos de recaptação de serotonina (como citalopram ou escitalopram), antipsicóticos
atípicos (como risperidona, quetiapina ou olanzapina) ou estabilizadores do humor. De-
vem-se evitar benzodiazepínicos e antidepressivos tricíclicos nessa população.

Em geral, opta-se por medicações com maior potencial sedativo para os sintomas noturnos
(como antipsicóticos).

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REFERÊNCIAS. [1] Caramelli P, Bottino C. Tratando os sintomas comportamentais e psicológicos da demência (SCPD). J Bras Psiquiatr.
2007;56(2):83-7. [2] Sadowsky CH, Galvin JE. Guidelines for the management of cognitive and behavioral problems in dementia. J Am Board
Fam Med. 2012 May-Jun;25(3):350-66.

Como melhorar a qualidade do sono em pacientes com DA?


Antes de mais nada, cabe ao clínico determinar quais são os possíveis fatores que estão
causando a piora do sono do paciente com DA, para que a intervenção terapêutica seja
mais eficaz. Por exemplo, se há cochilos excessivos durante o dia; se há sintomas de de-
pressão ou ansiedade associados; se há sintomas psicóticos; se o problema é maior na
indução ou na manutenção do sono etc.De qualquer forma, medidas de higiene do sono são
fundamentais para qualquer paciente, como desenvolver “rituais” para a hora de dormir,
com relaxamento e música suave; deitar todo dia no mesmo horário; usar a cama ape-
nas para dormir; manter o ambiente confortável, sem barulho, com temperatura adequada;
vestir roupas confortáveis; realizar atividades físicas regulares durante o dia; expor-se à
luz solar; evitar cochilos durante o dia; evitar se deitar no começo da noite; evitar comida
pesada à noite; evitar cafeína durante a tarde e à noite, entre outros.Quando necessária,
a escolha do tratamento farmacológico depende das características da anamnese, como
se disse anteriormente. O ideal é que se evite o uso de benzodiazepínicos, pelo potencial
excessivamente sedativo e dependência, assim como antidepressivos tricíclicos. Novos
hipnóticos não benzodiazepínicos, como zolpidem ou zaleplona, são bons indutores do
sono com meia-vida curta. Antidepressivos como trazodona e mirtazapina também são
úteis para pacientes com comorbidade de transtorno do humor.
REFERÊNCIA. [1] Salami O, Lyketsos C, Rao V. Treatment of sleep disturbance in Alzheimer’s dementia. Int J Geriatr Psychiatry. 2011
Aug;26(8):771-82.

Quais antipsicóticos e medicações indicados para pacientes com


alterações comportamentais graves e comorbidades clínicas quan-
do a quetiapina não for eficaz?
Conforme descrito anteriormente, é de fundamental importância a avaliação de causas am-
bientais e clínicas para os distúrbios do comportamento em pacientes com DA. Quando se
opta por tratamento farmacológico, há diversas opções de medicações, embora ainda se-
jam off-label e sem ensaios clínicos aleatorizados para todas elas. Entre os antipsicóticos
atípicos, além da quetiapina é possível o uso da risperidona, da olanzapina, do aripiprazol,
ziprasidona, sempre na menor dose possível e considerando-se as comorbidades clínicas.
Inibidores seletivos de recaptação de serotonina e estabilizadores do humor também po-
dem ser úteis.
REFERÊNCIAS. [1] Caramelli P, Bottino C. Tratando os sintomas comportamentais e psicológicos da demência (SCPD). J Bras Psiquiatr.
2007;56(2):83-7. [2] Sadowsky CH, Galvin JE. Guidelines for the management of cognitive and behavioral problems in dementia. J Am Board
Fam Med. 2012 May-Jun;25(3):350-66.

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É comum atendermos pacientes que usam dois benzodiazepínicos
como indutores do sono. Qual a melhor estratégia de retirada?
De preferência, devem ser retirados de forma gradual no decorrer de alguns dias. Esse pro-
cesso deve iniciar-se com os de longa duração, seguindo com a retirada dos de curta dura-
ção. Caso o paciente apresente piora do quadro de insônia pode-se cogitar associar outras
medicações indutoras do sono como a trazodona, a mirtazapina ou a melatonina. Na tabela
temos a lista dos benzodizepínicos mais utilizados com suas meias-vidas.

Tabela. Meia-vida dos benzodiazepínicos.


Benzodiazepínico Meia-vida
Muito curta Midazolam 1,5-2,5 horas
Curta Alprazolam 6-20 horas
Bromazepam 12 horas
Lorazepam 9-22 horas
Intermediária Clordiazepóxido 12-29 horas
Clonazepam 19-42 horas
Diazepam 14-61 horas
Nitrazepam 16-48 horas

REFERÊNCIA. [1] Hollister LE, Csernansky. Benzodiazepines. In: Hollister LE, Csernansky editors. Clinical Pharmacology of Psychoterapeutic
Drugs. New York: Churchill Livinstone, 1990.

É pertinente o uso de suplementos alimentares no comprometimen-


to cognitivo leve?
Os nutraceuticals, ou fármacos nutricionais, têm sido uma linha de pesquisa importante
para intervenção em comprometimento cognitivo leve (CCL) e DA leve. A quase totalidade
das substâncias testadas não demonstrou até o momento eficácia, ou obtiveram-se resulta-
dos fraco-positivos, sem significância clínica comprovada. Em nosso meio, temos aprovado
o Fortasyn®, com o nome Souvenaid®, que demonstra resultados favoráveis discretos em
relação à cognição e mais consistentes no melhor desempenho em atividades da vida diária.

REFERÊNCIA. [1] Shah R. The role of nutrition and diet in Alzheimer disease: a systematic review. J Am Med Dir Assoc. 2013 Jun;14(6):398-402.

Sabendo que a baixa escolaridade é um fator de risco claro para


a doença de Alzheimer, gostaria de saber se isso ocorre porque o
maior nível educacional promove um maior número de sinapses ou

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porque pessoas com maior nível educacional têm o diagnóstico re-
tardado por conseguir com seu vocabulário mais amplo “esconder”
o início da doença?
A alta escolaridade é um dos fatores que influenciam a reserva cognitiva. Esse conceito surgiu
a partir de achados de pacientes que apresentavam alterações encefálicas suficientes para a
ocorrência de demência na DA, mas não apresentavam sintomatologia clínica. Estudos com
tomografia por emissão de pósitron com fluorodeoxiglicose (FDG) mostram que os pacientes
com maior escolaridade apresentam alterações mais intensas que os pacientes com menor
escolaridade para um mesmo nível de comprometimento cognitivo. Sendo assim, esses pa-
cientes vivem mais tempo com as alterações neuropatológicas da DA com menor manifes-
tação clínica. Os indivíduos com menor escolaridade iniciam a sintomatologia clínica mais
precoce. Esses achados podem justificar também as observações de que, uma vez iniciada a
sintomatologia clínica (fase demencial), a escolaridade passa a influenciar de forma negativa,
sendo um fator para declínio mais rápido e menor resposta aos anticolinesterásicos.

REFERÊNCIAS. [1] Miranda LF, Gomes KB, Silveira JN, Pianetti GA, Byrro RM, Peles PR, et al. Predictive Factors of Clinical Response to Cholines-
terase Inhibitors in Mild and Moderate Alzheimer’s Disease and Mixed Dementia: A One-Year Naturalistic Study. J Alzheimers Dis. 2015 Jan 13.
[Epub ahead of print]. [2] Osone A, Arai R, Hakamada R, Shimoda K. Impact of cognitive reserve on the progression of mild cognitive impairment
to Alzheimer’s disease in Japan. Geriatr Gerontol Int. 2014 Apr 15. [Epub ahead of print]

Quais são as melhores estratégias neuroprotetoras não farmacoló-


gicas na doença de Alzheimer? O que é mito e o que é verdade em
relação à neuroproteção para Alzheimer?
Os neuroprotetores não farmacológicos têm sido muito estudados na DA e devem ser muito
valorizados, também na medida em que não existe neuroprotetor farmacológico. A ativi-
dade física tem sido largamente usada e seus resultados em estudos metodologicamente
bem conduzidos já foram consubstanciados. Outros fatores decisivos nessas estratégias
são os diversos protocolos de estimulação cognitiva. Não podemos esquecer o controle
dos vários fatores de risco presentes também nas desordens cardiovasculares: hiperten-
são arterial crônica, diabetes, dislipidemia, fibrilação atrial crônica, insuficiência cardíaca
congestiva, doença arterial periférica, obesidade, tabagismo e etilismo.

Não existem até o momento intervenções farmacológicas eficazes nesse sentido. As me-
didas não farmacológicas, discutidas anteriormente, são as intervenções disponíveis no
momento.

REFERÊNCIAS. [1] Barnard ND, Bush AI, Ceccarelli A, Cooper J, de Jager CA, Erickson KI, et al. Dietary and lifestyle guidelines for the prevention
of Alzheimer’s disease. Neurobiol Aging. 2014 Sep;35 Suppl 2:S74-8. [2] The Healthy Brain Initiative: A National Public Health Road Map to
Maintaining Cognitive Health. Disponível em: <www.alz.org/national/documents/report_healthybraininitiative.pdf>.

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Existem formas de prevenir a doença de Alzheimer? Quando já insta-
lada, quais fatores podem retardar a evolução do quadro da doença?
Estudos mostram que os cuidados com os fatores de riscos cardiovasculares como con-
trole rigoroso de hipertensão, diabetes, dislipidemia a partir da meia idade contribuem para
diminuir a possibilidade de ocorrência de DA no futuro. Além disso, a prática de atividade
física em pelo menos 150 minutos por semana e hábitos alimentares estão associados a
menor risco de evoluir com quadro demencial. Dietas ricas em frutas, verduras, peixes e
amêndoas levam a esses benefícios. A manutenção de atividades cognitivas com contato
social também está associada a menor risco.

Nos pacientes com DA, a manutenção dessas estratégias de controle de riscos cardiovas-
culares, atividades físicas, hábitos alimentares saudáveis associados à reabilitação cogni-
tiva contribuem para evolução mais lenta.

REFERÊNCIAS. [1] Barnard ND, Bush AI, Ceccarelli A, Cooper J, de Jager CA, Erickson KI, et al. Dietary and lifestyle guidelines for the prevention
of Alzheimer’s disease. Neurobiol Aging. 2014 Sep;35 Suppl 2:S74-8. [2] The Healthy Brain Initiative: A National Public Health Road Map to
Maintaining Cognitive Health. Disponível em: <www.alz.org/national/documents/report_healthybraininitiative.pdf>.

Como os biomarcadores (estudados mais intensamente atualmen-


te) podem influenciar no tratamento preventivo?
Os biomarcadores para a DA podem identificar os pacientes com sintomas cognitivos leves
com maior risco de evoluir para a fase de demência. No momento não existe tratamento
farmacológico que previna a evolução para a fase de demência. A identificação desse pa-
ciente pode, no entanto, selecionar melhor os pacientes para futuros estudos com novos
fármacos. Além disso, esses pacientes devem ser incentivados à adoção de mudanças em
estilo de vida, com aumento de atividade física, assim como controle de fatores cardiovas-
culares e mudanças alimentares podem retardar a evolução para a demência.

REFERÊNCIA. [1] Blennow K, Dubois B, Fagan AM, Lewczuk P, de Leon MJ, Hampel H. Clinical utility of cerebrospinal fluid biomarkers in the
diagnosis of early Alzheimer’s disease.AlzheimersDement. 2015 Jan;11(1):58-69.

Como orientar os familiares quanto ao tratamento não farmacológico?


Uma boa anamnese e relacionamento médico/paciente/familiar é de fundamental impor-
tância para a instituição da terapia não farmacológica. Deve-se deixar claro ao paciente e
familiar que mudanças no estilo de vida são tão importantes como o tratamento farmaco-
lógico. Assim, o clínico deve estimular uma vida mentalmente ativa, com propósitos, com
atividades de vida real (em geral com supervisão), preferencialmente de acordo com os
gostos prévios do paciente. Estimular também atividade física durante o dia e uma dieta
que diminua os fatores de risco cardiovasculares. É importante também que o paciente

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com demência seja acompanhado por uma equipe multidisciplinar e deve-se enfatizar o
que cada profissional pode contribuir com o tratamento do paciente e do cuidador. Assim,
de acordo com as necessidades de cada caso, deve-se encaminhar o paciente para avalia-
ção com profissionais como terapeuta ocupacional, neuropsicólogo, psicólogo, fisiotera-
peuta, fonoaudiólogo e enfermeiro.

REFERÊNCIA. [1] Vale FAC, Corrêa Neto Y, Bertolucci PHF, Machado JCB, Silva DJ, Allam N, et al. Tratamento da doença de Alzheimer. Dement
Neuropsychol. 2011;5 supl.1:34-48.

Quais são os principais aspectos que devem ser considerados para


se indicar a interdição de um paciente com demência?
Um dos grandes problemas causados pela DA é a redução da capacidade de discernimento,
isto é, o paciente com DA não consegue entender a consequência de seus atos, não ma-
nifesta sua vontade nem desenvolve raciocínio lógico por causa dos lapsos de memória.
Nesses ocasiões é comum ocorrerem perdas financeiras devido a decisões erradas em ne-
gócios ou gastos excessivos. Podemos encontrar também em alguns pacientes alterações
afásicas importantes que impossibilitam sua capacidade de comunicação. Por isso, a lei o
considera civilmente incapaz. A interdição serve como medida de proteção para preservar
o paciente de determinados riscos que envolvem a prática de certos atos, como evitar que
pessoas aproveitem-se da deficiência de discernimento do paciente para efetuar mano-
bras desleais causando diversos prejuízos, principalmente de ordem patrimonial e moral. A
exemplo, poderíamos citar a venda de um imóvel, de um veículo, a retirada de dinheiro do
banco, a emissão de cheques, entre outros. A interdição declara a incapacidade do paciente
que não poderá por si próprio praticar ou exercer pessoalmente determinados atos da vida
civil, necessitando, para tanto, ser representado por outra pessoa. Esse representante é o
curador.

REFERÊNCIA. [1] Ministério da Saúde. Legislação Federal da Saúde. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/legislacao/faq_idoso.
php>.

Como orientar o paciente com a forma leve da doença quanto a


afastamento do trabalho, tomada de decisões financeiras e direção
veicular?
A DA leva a declínio cognitivo e funcional, com isso o desempenho nas atividades de traba-
lho e até em tarefas cotidianas é prejudicado. Quando as falhas são perceptíveis, deve-se
conversar com o paciente sobre as dificuldades e limitações que a doença acarreta e os
riscos que o paciente corre ao manter suas atividades de trabalho, assim como seu contro-
le financeiro. A aceitação do paciente dessas limitações possibilita que ele transmita seu

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controle financeiro a uma pessoa de sua confiança enquanto ainda está com capacidade de
julgamento preservada, evitando futuras perdas financeiras. Alguns pacientes podem ser
relutantes em aceitar essa limitação e não querem parar suas atividades. Nesses casos um
primeiro passo é convencê-los sobre a necessidade suporte para certas atividades e pedir
para familiares supervisionarem seu desempenho.

Diversos estudos evidenciam que pacientes com demência apresentam maior risco de aci-
dentes em direção veicular, apesar de um número significante de pacientes ainda conse-
guir manter habilidades de direção veicular na fase leve da DA. Não existe nenhum teste
cognitivo que consiga determinar com exatidão o momento da parada de direção. Existem
tentativas de utilizar simuladores de direção veicular para avaliar essa capacidade, sem
serem utilizados de rotina na prática diária. Alguns parâmetros são sugeridos para avaliar
maior risco para acidentes. Na presença destes, deve-se conversar com o paciente sobre a
suspensão na direção, explicando os riscos que está levando não somente a ele mas tam-
bém aos outros. Os parâmetros mais aceitos no mundo são:

f Pacientes com Clinical Dementia Rating (CDR) maior ou igual a 1 devem ser desenco-
rajados a dirigir.

f Pacientes com CDR menor que 0,5 devem ser avaliados a cada seis meses e, caso seja
observa da piora, deve-se informar o aumento dos riscos de direção.

f Pacientes com índice de Miniexame do Estado Mental (MEEM) menor que 24 têm maior
risco de acidentes.

f A presença dos seguintes fatores está associada a maior chance de acidentes: relatos
de familiares sobre a dificuldade de direção, história nos últimos três anos de acidente,
dirigir pouco, comportamento de impulsividade, agressividade, distúrbios do sono, dis-
túrbios visuoespaciais e uso de álcool.

REFERÊNCIAS. [1] Adura FE. Doenças Neurológicas e Condução Veicular.Disponível em: <www.abramet.com.br/conteudos/artigos/doen-
cas_neurologicas_e_conducao_veicular/>. [2] Frittelli C, Borghetti D, Iudice G, Bonanni E, Maestri M, Tognoni G, et al. Effects of Alzheimer’s
disease and mild cognitive impairment on driving ability: a controlled clinical study by simulated driving test.Int J Geriatr Psychiatry. 2009
Mar;24(3):232-8.

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C=100%, M=6

Gradiente:
C=100%, M=6
para C=56%, M

A resposta certa no tratamento C=0%, M=0%,


da Doença de Alzheimer

Único IAChE aprovado


para todas as fases da DA. (1,2,3)

Menor incidência de eventos E ECONO


%D
adversos quando comparado TE
MI
79

FR N
E A (5)
ATÉ

aos outros IAChEs (orais). (4)


APRESENTAÇÕES
Caixas com 30 comprimidos;
o equivalente a 1 mês de tratamento

Contraindicação: hipersensibilidade ao cloridrato de donepezila. Interações Medicamentosas: fenitoína e carbamazepina.


EPÉZ® é um medicamento. Durante seu uso não dirija veículos ou opere máquinas,
pois sua agilidade e atenção podem estar prejudicadas.
EPÉZ® (cloridrato de donepezila). Registro MS nº 1.0525.0040. USO ORAL. USO ADULTO. Composição, Formas farmacêuticas e Apresentações: EPÉZ® 5 mg e 10 mg; cada
comprimido contém 5 mg ou 10 mg de cloridrato de donezepila respectivamente; embalagens contendo 30 comprimidos. Indicações: Doença de Alzheimer de intensidade leve, moderadamente
grave e grave. Contraindicações: em pacientes com hipersensibilidade à donepezila, a derivados de piperidina ou a qualquer componente da formulação. Precauções e advertências: pode
exacerbar o relaxamento muscular durante anestesia e causar bradicardia, pacientes com úlceras devem ser cuidadosamente monitorados quanto a sintomas de sangramento gastrintestinal
7901941 – Material impresso em maio de 2015.

ativo ou oculto. Pode causar obstrução do fluxo vesical e convulsões generalizadas, embora a última situação pode ser também uma manifestação da doença de Alzheimer. Deve-se ter cuidado
em pacientes com história de asma ou doença pulmonar obstrutiva. Paciente não deve dirigir ou operar máquinas. Gravidez: somente deve ser usado durante a gravidez se o benefício em
potencial da medicação justificar o risco potencial para o feto. Não deve ser usado sem orientação médica. Epéz 10 mg contém corantes que podem causar reações alérgicas. Este
medicamento pode causar doping. Lactação: não está indicado. Idosos: as concentrações sanguíneas médias de donepezila são comparáveis àquelas observadas em jovens voluntários
saudáveis. Interações medicamentosas: não há informações sobre o efeito da donepezila na depuração de drogas metabolizadas pela CYP3A4 (cisaprida e terfenadina) ou pela CYP2D6
(imipramina). O cetoconazol e a quinidina inibem o metabolismo da donepezila in vitro. Não se sabe se esses inibidores possuem um efeito clínico. A fenitoína, carbamazepina, dexametasona,
rifamicina e o fenobarbital podem aumentar a taxa de eliminação da donepezila. O produto pode interferir com a atividade de medicamentos anticolinérgicos. Pode-se esperar um efeito sinérgico
da donepezila com succinilcolina, agentes bloqueadores neuromusculares semelhantes ou agonistas colinérgicos, tais como o betanecol. Reações adversas: as mais comuns que determinaram
a interrupção do tratamento foram: náusea, diarreia e vômitos. Outras possíveis: cefaleia, dores generalizadas, fadiga, síncope, anorexia, tontura, depressão, sonolência, sonhos anormais, micção
frequente, dor no peito, hipertensão, vasodilatação, fibrilação atrial, hipotensão, incontinência fecal, sangramento gastrintestinal, distensão abdominal, dor epigástrica, desidratação, delírios,
tremor, irritabilidade, parestesia, agressividade, ataxia, choro anormal, nervosismo, afasia, dispneia, prurido, urticária, catarata, irritação ocular, visão turva, incontinência urinária, noctúria, agitação,
LOGO EPÉZ - PB
colecistite, confusão, convulsões, alucinações e “rash”. Posologia: Adultos/Idosos: donepezila deve ser tomada por via oral, uma vez por dia. As doses clinicamente eficazes são 5 mg e 10 mg nos
pacientes com doença leve a moderadamente grave. A dose de 10 mg é a dose clinicamente eficaz nos pacientes com doença moderadamente grave e grave. A dose inicial é de 5 mg podendo
ser aumentada para 10 mg após 4 a 6 semanas. A dose diária máxima recomendada é de 10 mg. Com a descontinuação do tratamento, observa-se diminuição gradativa dos efeitos benéficos da
donepezila. Tratamento de Manutenção: pode ser mantido enquanto houver benefício terapêutico para o paciente. Comprometimento Renal e Hepático: os pacientes com insuficiência hepática leve
a moderada ou renal podem seguir um esquema posológico semelhante porque a depuração da donepezila não é significativamente alterada por essas condições. Crianças: não existem estudos
adequados e bem-controlados para documentar a segurança e a eficácia da donepezila em qualquer tipo de doença que ocorra em crianças. EPÉZ deve ser tomado à noite, antes de deitar,
com ou sem alimentos. A dose não deve ser duplicada caso o paciente esqueça uma dose. Este medicamento não pode ser partido, aberto ou mastigado. (Abr 15). VENDA SOB PRESCRIÇÃO
MÉDICA. SÓ PODE SER VENDIDO COM RETENÇÃO DE RECEITA. SE PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO.
Referências: 1) Bula Epéz. 2) Bula Excelon. 3) Bula Reminyl. 4) Hansen RA, et al. “Efficacy and safety of donepezil, galantamine and rivastigmine for the treatment of
Alzheimer’s disease: a systematic review and meta-analysis.” Clin IntervAging 2008;3(2):211-25. 5) ABC Farma - Abril/15. K=100%
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