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A DOUTRINA DO PECADO (Hamartiologia) *

*Todo o texto abaixo foi extraído da Apostila de Introdução à Teologia Sistemática, do Prof. Marcos Granconato, disponibilizado
pelo Seminário Digital, que têm os direitos do material. Esse material foi adquirido por nossa igreja para as aulas da Escola Bíblica.

Frequentemente eu tenho tido percepções muito profundas da minha própria pecaminosidade


e vileza; e muitas vezes isto me faz chorar amargamente (...). Quando olho para o meu coração
e vejo a minha iniquidade ela se parece com um abismo infinitamente mais profundo que o
inferno. Jonathan Edwards (1703 - 1758)

INTRODUÇÃO

A Bíblia trata do pecado com bastante clareza. O traço que tanto caracteriza a raça humana
não deixa de receber ampla atenção na Palavra de Deus. É esse aspecto da doutrina cristã, tão
compreensivelmente mencionado nas páginas das Escrituras, que, a seguir, passamos a expor.

A. O SIGNIFICADO DE “PECADO”

A Bíblia diz que “as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; o os vossos
pecados encobrem o Seu rosto de vós, para que vos não ouça” (Is 59.2). Isso leva-nos a crer
que, basicamente, o pecado é algo que provoca o rompimento das relações do homem com
Deus.

O pecado apresenta-se sob três aspectos:


1. ATO: São as práticas que desagradam a Deus. Todo homem as
comete, tanto o salvo como o não salvo (Sl 51.4; 1 Jo 1.8-10; 3.4).

2. NATUREZA: É a tendência natural que o homem tem para o mal desde o seu nascimento. Tal
natureza lhe é intrínseca e permanece mesmo após a conversão (Sl 51.5; Rm 7.15-25).

3. CULPA: É a condenação imposta ao homem perdido. Todos os homens nascem sob essa
condenação (Rm 3.9-10). Quando cremos em Cristo, nossa culpa é anulada. A isso chamamos
Justificação (Rm 3.23-24; 5.1; 8.1).

Deve ficar claro que ao morrer na cruz, Cristo não anulou nossas ações de pecado ou nossa
natureza pecaminosa. Infelizmente, o cristão ainda não está livre desses dois aspectos do
pecado e, por isso, aguarda o dia em que seu livramento será totalmente experimentado (Rm
7.24-25; 8.23; 2 Pe 3.13; 1 Jo 3.2-3). O único aspecto do pecado que Cristo anulou totalmente
na cruz foi a culpa. Sua morte teve um cunho legal: Ele sofreu em nosso lugar o castigo da
condenação que nos era devida (Is 53.5). Por isso, o crente goza da posição de justo diante de
Deus sem ter que temer qualquer julgamento ou sentença.

O fato de Cristo ter levado sobre Si o nosso pecado em seu aspecto de culpa explica como Ele
pôde receber a carga de nossas iniquidades sem se contaminar com elas. Fica evidente que
não foram nossas ações iníquas que caíram sobre Ele maculando-O, nem que a nossa natureza
pecaminosa Lhe foi imposta na cruz quando Ele nos substituiu. O que recaiu sobre Ele naquela
ocasião foi a nossa culpa pelos pecados de modo que Ele pôde carregá-los sobre Si sem se
macular (1 Pe 2.24; 1 Jo 3.5).

Apesar dos outros aspectos do pecado não serem absolutamente anulados nesta vida, é de se
esperar que o crente evidencie em si mesmo a inserção de uma nova natureza e,
consequentemente, uma mudança radical em suas ações (2 Co 5.17; Ef 4.17-24; Cl 3.5-11; 2 Pe
1.4; 1 Jo 2.6; 3.6).

Falando de modo específico, o pecado pode ser:


- Omissão do dever (Tg 4.17).
- Atitude errada para com Deus (Nm 21.7; Mc 3.29; 1 Co 10.31).
- Transgressão da Lei (1 Jo 3.4).
- Ação errada em relação aos homens (Tg 2.9; 1 Jo 5.17; Pv 14.21).
- Não crer em Jesus (Jo 16.8-9).
- A tendência natural para o erro (Rm 7.15-17).

Uma definição simples para pecado pode ser a seguinte:


O pecado é um mal orientado contra Deus que envolve culpa, natureza e conduta.

B. A EXTENSÃO DO PECADO

1. Os Céus.
O pecado de Satanás afetou os céus de modo a infestar as regiões celestiais de anjos caídos os
quais fazem guerra contra o crente (Ef 6.11-12)

2. A Terra.
a) O reino vegetal (Gn 3.17-18).
b) O reino animal (Gn 9.1-3).
c) A humanidade (Ec 7.20; Rm 3.10,19,23; 5.12).

A Bíblia ensina que o pecado afetou todo o Universo, trazendo tristes resultados para todas as
criaturas de Deus. (Rm 8.18-23)

C. A TENTAÇÃO, PROVAÇÃO E QUEDA DO HOMEM

1. Provação: Refere-se ao período durante o qual o homem foi sujeito à prova que consistia
em obediência a uma ordem de Deus (Gn 2.15-17).
2. Tentação: Refere-se à atividade maliciosa e persuasiva que Satanás, sob a forma de
serpente, exerceu sobre Eva, bem como à ação da mulher em dar o fruto ao seu marido (Gn
3.1-6; 1Tm 2.13-14).
3. Queda: Refere-se ao fato do homem ter cedido à tentação, desobedecendo a Deus. A
desobediência do homem foi voluntária, visto que, sendo um ser pessoal, o homem pôde
exercer sua capacidade de escolha (Gn 3.6; Rm 5.12-19).

D. OS RESULTADOS DA QUEDA DO HOMEM

Toda a raça humana estava representada em Adão quando ele pecou. Por isso, os resultados
de sua desobediência caíram sobre todos os homens. As consequências do pecado de Adão
para a raça humana foram os seguintes:

1. A terra foi amaldiçoada, exigindo do homem um trabalho árduo (Gn 3.17-19).


2. A mulher teria dores no parto e estaria sujeita ao marido (Gn 3.16).
3. Todos os homens são pecadores e estão debaixo da condenação (Rm 5.12).
4. A morte, tanto física como espiritual, entrou no mundo. A penalidade da morte eterna
também passou a existir (Rm 5.12; 6.23; cf. Gn 2.17).

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