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PINKER, Steven. Instinto para adquirir uma arte. O instinto da linguagem.

Traduzido por Cláudio Berline. São Paulo: Martins Fontes, 2005, pp: 5 – 18.
RESENHA I

Pinker, nesse primeiro capítulo de O instinto da linguagem, oferece uma visão panorâmica de
todos os principais conceitos sobre a língua e linguagem que lhes parecem mais básicos e
equivocados em relação aos avanços dos estudos linguísticos de sua época. A rigor inicial, o
autor percorre toda a revolução que os estudos linguísticos tem causado no meio científico.
Nesse sentido, aborda uma visão mais detalhada do fenômeno da fala, seu aprendizado,
compreensão e reprodução à luz da ciência cognitiva e procura esclarecer quais as verdades e
mentiras a esse respeito.
A priori, o caráter cultural atribuído à língua e linguagem é fortemente reprovado por Steven
Pinker, além disso, toda a crença de que o fenômeno do aprendizado da fala como uma
reprodução cultural também é posto em debate pelo autor. Pinker defende o posicionamento
de defesa à tese de que a fala, tal qual a língua, é, por definição, um extinto humano, portanto,
inerente ao indivíduo. Segundo o autor, a fala é produzida pelos humanos da mesma forma
que uma aranha tece suas teias, ou seja, uma habilidade natural que, em algum momento da
evolução, adquirimos. Diferente da escrita ou de andar de bicicleta, uma criança não é
ensinada a falar, ela se desenvolve espontaneamente sem necessidade de ser instruída. Não
há como dizer que há imitação quando uma criança diz “eu se sentei” ou “eu cabo aí”,
portanto não existe uma tentativa mimética fonológica da criança ao falar, e sim o instinto
natural de um ser humano de se comunicar.
Outrossim, Noam Chomsky também colabora para a discussão por propor a existência de uma
“gramática mental”, que, em tese, seria a receita ou programa interno à mente que é
responsável por constituir um conjunto ilimitado de frases baseado em uma lista finita de
palavras e, além disso, alegar que as crianças desenvolvem esse programa de forma instintiva,
sem qualquer instrução formal, apenas com as suas habilidades naturais à medida que
crescem.
Nesse contexto, pode-se inferir uma contraposição de Pinker a respeito de Chomsky. Pinker
defende a linguagem como adaptação evolutiva enquanto Chomsky não acredita na
possibilidade da explicação do órgão da linguagem por meio da seleção natural darwiniana.
Porquanto, ambos atribuem à linguagem o caráter do inatismo, porém Chomsky propõe que
de forma inerente ao indivíduo o fenômeno espontaneamente se manifesta enquanto Pinker
entende a fala como resultado de uma adaptação humana em algum momento da história
evolutiva.
Por fim, podemos concluir que a leitura deste primeiro capítulo agrega muito para o
entendimento da complexidade e natureza da língua. A partir de uma visão detalhada sobre a
formação das civilizações e evolução da humanidade, Pinker defende que o instinto da
linguagem é uma habilidade completa e inata ao ser humano. O modelo de apresentação das
ideias não é recomendado para introduzir a corrente gerativista, pelo fato de haver várias
citações de conceitos e teorias formuladas anteriormente, apesar disso, é uma obra que nos
ajuda a entender a formação da gramática universal e da formação das línguas se lida sob o
entendimento da teoria gerativista de Chomsky.

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