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Instituto Mix IM

Garopaba SC

Julho/2023

Incêndio Edifício Joelma

Garopaba SC
Hélio Bomfim Coimbra

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Incêndio no Edifício Joelma

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Incêndio no Edifício Joelma

Incêndio no Edifício Joelma em São Paulo, 1974

Localização São Paulo, Brasil

Tipo Incêndio

Data 1 de fevereiro de 1974 (49 anos)

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Resultado 187 mortos e mais de 300
feridos

Incêndio no Edifício Joelma faz referência a uma tragédia ocorrida em 1º de


fevereiro de 1974, no atualmente denominado Edifício Praça da Bandeira,
na região central de São Paulo, Brasil, e que provocou a morte de 187
pessoas e deixou mais de 300 feridos.[1][2]
O incêndio aconteceu menos de dois anos após outro prédio arder em chamas
no centro da cidade, o Edifício Andraus. A tragédia do Joelma continua é o
segundo pior incêndio em arranha-céu por número de vítimas fatais, atrás
do colapso das Torres Gêmeas do World Trade Center em Nova York, em 11
de setembro de 2001.[3][4]

O incêndio
Concluída sua construção em 1971, o Edifício Joelma foi imediatamente alugado
ao Banco Crefisul de Investimentos. No começo de 1974, a empresa ainda
terminava a transferência de seus departamentos, quando no dia 1º de fevereiro,
às 8h45 de uma chuvosa sexta-feira, um curto-circuito em um aparelho de ar
condicionado no 12º andar deu início a um incêndio, que rapidamente se
espalhou pelos demais pavimentos. As salas e escritórios do Joelma eram
configurados por divisórias, com móveis de madeira, pisos acarpetados,
cortinas de tecido e forros internos de fibra sintética, condição que contribuiu
sobremaneira para o alastramento incontrolável das chamas.[5]
Quinze minutos após o curto-circuito era impossível descer as
íngremes escadas, localizadas no centro dos pavimentos, que foram
bloqueadas pelo fogo e a fumaça. Os corredores, por sua vez, eram estreitos.
Na ausência de uma escada de incêndio, muitas pessoas ainda conseguiram se
salvar ao contrariar as normas básicas e descer pelos elevadores, mas estes
também logo deixaram de funcionar, quando as chamas provocaram a pane no
sistema elétrico dos aparelhos e a morte de uma ascensorista no 20º andar.[6]
Nos braços da mãe, que saltou para a morte no 15º andar, uma criança de um
ano e meio foi salva em um dos episódios mais dramáticos do incidente. A
multidão acompanhou o salto bem em frente ao prédio. O choro da criança,
levada imediatamente ao Hospital das Clínicas, foi ouvido logo após o impacto
da queda. No último andar, segundo o depoimento de Ivã Augusto Pires,
coordenador do Serviço de Transportes da Câmara, um rapaz jogou-se ao chão
e aproximou-se de gatinhas da borda do terraço. Mas uma labareda fez com que
ele escorregasse e ficasse suspenso no ar, segurando no parapeito até não
mais aguentar e despencar na rua.[7]
Sem ter como deixar o prédio, muitos tentaram abrigar-se
nos banheiros e parapeitos das janelas.[8] Outros sobreviventes concentraram-
se no 25º andar que tinha saída para dois terraços.[9] Lembrando-se de
um incidente similar ocorrido no Edifício Andraus, dois anos antes, em que as
vítimas foram salvas por um helicóptero, que pousou em um heliponto no topo
do prédio, elas esperavam ser resgatadas da mesma forma.

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Na rua os bombeiros tentavam agir em meio à confusão estabelecida pela
Polícia Civil, curiosos, PMs, médicos, enfermeiros, soldados do Exército e até
escoteiros. Homens e mulheres, alguns em trajes menores, os rostos
escurecidos pela fuligem, agitavam-se freneticamente nas janelas tentando
chamar a atenção. Mas os helicópteros não conseguiam pousar no terraço
escaldante e seus cabos de aço pendiam inutilmente. As escadas Magirus, de
40 metros, não chegavam aos andares mais altos. No 20º andar, seis pessoas
se equilibravam-se em um pequeno patamar. Quase não havia lugar para todas.
Um rapaz de terno azul agarrava-se muito precariamente a uma parte saliente,
uma das pernas já do lado de fora do edifício, como se fosse saltar. Embaixo, os
bombeiros acenavam e pediam calma. O fogo acabou, só um pouco mais de
paciência, gritava um policial por um megafone. Outros pintaram num amarelo
muito vivo, sob grandes faixas de pano - O fogo já apagou! e Coragem, vamos
salvá-los! O som do megafone aparentemente não chegou a eles, mas ao ver as
faixas um dos rapazes fez um sinal positivo com o polegar, puxou um lenço
verde e acenou.[10]

Resgate
O Corpo de Bombeiros recebeu a primeira chamada às 9h03. Dois minutos
depois, viaturas partiram de quartéis próximos, mas devido às condições
adversas no trânsito, só chegaram no local às 9h10, quando as chamas já
atingiam o 20º andar e várias pessoas começaram a se atirar do prédio.[8]

O edifício em 2016.
O socorro mobilizou 1 500 homens, entre bombeiros e tropas de segurança, as
equipes de cinco hospitais estaduais e outros particulares, quatorze

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helicópteros, trinta e nove viaturas e todas as ambulâncias da rede hospitalar.
Todos os carros-pipa da Prefeitura e vários particulares, além de um grande
número de voluntários que antecederam os pedidos das autoridades para
doação de sangue. A fim de garantir o livre acesso de ambulâncias e de veículos
dos bombeiros ao prédio incendiado, convocaram-se tropas de choque do
Regimento 9 de Julho, do Exército e da Polícia Militar, além da Companhia de
Operações Especiais e do Departamento do Sistema Viário. Um esquema de
emergência foi armado nas imediações do prédio, onde se concentraram
milhares de curiosos.
Aos 250 bombeiros da capital, juntou-se o reforço de um destacamento
de Santo André. Policiais Militares especializados, da Companhia de Operações
Especiais (COE) também participaram do trabalho de socorro. Quando a
primeira guarnição chegou, comandada pelo sargento Rufino Rodrigues de
Oliveira, o fogo consumia só o centro do prédio, mas avançava rapidamente
para tomar toda a estrutura. O sargento lamentou não ter podido vir de
helicóptero para lançar cordas e escadas pelas laterais ainda intactas do
edifício. Como estavam de carro-tanque e as escadas Magirus ainda não haviam
chegado, começaram a atirar cordas para subir. O sargento conta que ao chegar
ao 12º andar, sua primeira providência foi apagar três corpos em chamas. Logo
que uma das quatro escadas Magirus foi instalada, organizou a descida.
Ele carregava pela escada uma menina desmaiada quando uma pessoa se
jogou do 19º andar e bateu no corpo de uma outra, que também se jogara do
16º. O peso dos dois arrancou a garota de suas costas e ele só não caiu porque
seu pé se enganchou num dos ferros laterais da escada. Na queda morreram
dois, mas o que pulou do 19º andar se salvou com ferimentos graves. Os
bombeiros usaram quatro jatos de água combatendo o fogo, mas logo de início
tiveram problemas, pois os hidrantes da região estavam com defeito. A solução
chegou quando a Prefeitura enviou ao local trinta caminhões-pipa. A exemplo do
que ocorrera no incêndio do Edifício Andraus, faltavam equipamentos, embora
desta vez tenham podido usar duas novas escadas de 45 metros que foram
anexadas às menores para chegar ao 16º pavimento.[11]
Enquanto um grupo de bombeiros tentava penetrar no prédio, outros
procuravam salvar pessoas que se encontravam nas janelas pela parte externa
com as Magirus. Um helicóptero do SAR, da FAB, fazia o resgate dos
sobreviventes que se encontravam no telhado e que eram auxiliados por
homens do COE e pelos tripulantes. Outros treze helicópteros do Governo e de
empresas particulares não puderam aproximar-se muito, mas atiraram cordas,
sacos de leite e água e tubos de oxigênio aos que se achavam no teto. Depois
participaram do transporte dos feridos para os hospitais.
De acordo com o testemunho de um bombeiro, passava das dez da manhã
quando os corpos começaram a cair como moscas. Todos queriam sair do
edifício de qualquer maneira. Alguns chegaram a pular três andares, com o risco
de despencar, para alcançar os andares inferiores onde chegavam as Magirus.
O primeiro a se atirar estava no 15º andar. Durante mais de uma hora ele gritou
por socorro, desesperado, as vezes encoberto pela fumaça. Pessoas
apavoradas tentavam fazer cordas com tiras de pano, que acabavam
arrebentando, não resistindo ao peso do corpo humano. Uma mulher, só de
calcinha e sutiã, morreu assim, a cabeça esmigalhada na calçada.[10]

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Os cadáveres se amontoavam na rua, protegidos por cobertores, jornais e capas
de chuva. Vários minutos depois, um caminhão da polícia e algumas
ambulâncias recolheram os primeiros cadáveres e os levaram ao Instituto
Médico Legal. No 8º andar os bombeiros encontraram pelo menos onze
cadáveres abraçados. O fogo tinha praticamente soldado os corpos.[10]
No 12º andar, dezessete pessoas que o capitão Mazzelli, comandante do COE,
pretendia salvar, já estavam mortas quando ele chegou. O oficial subiu com um
destacamento especializado. Diante do quadro trágico, cinco mortos no banheiro
e doze no saguão, o batalhão começou a sentir-se mal e teve que ser retirado
pelo helicóptero. Em outra tentativa de salvamento pelo pessoal da FAB, os
bombeiros não conseguiram descer no telhado, não somente pelo intenso calor,
mas pelo forte cheiro de carne incinerada. Em volta do edifício a multidão rompia
os cordões de isolamento e os militares precisaram muitas vezes usar da força
para conter os curiosos. As operações eram orientadas pelo próprio
Comandante-Geral da Polícia Militar, Coronel Teodoro Cabette, e pelo
Secretário de Segurança Pública, General Sérvulo Mota Lima, que foram para a
área logo que tomaram conhecimento da tragédia. Policiais e bombeiros
lamentaram que muitas pessoas tenham morrido por falta de calma ao se
atirarem do prédio.[11]
Apenas uma hora e meia após o início do fogo é que o primeiro bombeiro
conseguiu, com a ajuda de um helicóptero do Para-Sar, o único potente o
suficiente para se manter pairando no ar enquanto era feito o resgate, chegar ao
telhado.[12] Já então muitos haviam perecido devido à alta temperatura no topo
do prédio, que chegou a alcançar 100 graus celsius.[1] A maioria dos
sobreviventes conseguiu se salvar por se abrigar sob uma telha de
amianto.[12] Quinze bombeiros ficaram intoxicados pela fumaça e muitos fizeram
críticas por conta do parco equipamento que dispunham, além dos regulamentos
então vigentes de prevenção a incêndios na capital. O Código de Obras do
Município de São Paulo, datado de 1934, não dispunha da obrigação de
instalações de equipamentos contra o fogo e nem exigia a construção de
escadas de emergência. Os recursos concedidos ao Corpo de Bombeiros eram
insuficientes, assim como o efetivo da corporação era bastante diminuto. [10]
Por volta de 10h30, o fogo já havia consumido praticamente todo o material
inflamável do prédio. O incêndio foi finalmente debelado com a ajuda de doze
autobombas, três autoescadas, duas plataformas elevatórias e o apoio de
dezenas de veículos de resgate.[8]
Apenas às 14h20, todos os sobreviventes haviam sido
resgatados.[8]
Linha do tempo da tragédia
• 8h45 - Início do incêndio no 12º andar. Um curto-circuito no ar condicionado
seguido de uma explosão inicia a tragédia. Em pouco mais de 5 minutos as
chamas chegariam ao 25º andar.

• 8h49 - As chamas atingem o 13º andar. Tem início o pânico.

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• 8h55 - Os grandes rolos de fumaça são vistos em todo o centro da cidade.
Correria geral. Os bombeiros são informados do incêndio pelos porteiros do
Hotel Cambridge.

• 9h - As chamas tomam conta de praticamente todo o miolo do prédio e a


fumaça é geral.

• 9h05 - No topo do edifício inúmeras pessoas se aglomeram, enquanto outras


conseguem sair pelo andar térreo. As chamas continuam subindo e chegam
ao 20º andar. Ao longe se ouvem as sirenes dos bombeiros e das
ambulâncias.

• 9h10 - As duas primeiras viaturas do Corpo de Bombeiros chegam quando


algumas pessoas já se atiram do alto do edifício.

• 9h15 - As primeiras ambulâncias chegam e começam a remover alguns


corpos estendidos no asfalto.

• 9h20 - Inúmeras pessoas se jogam do alto do edifício.

• 9h25 - Chegam mais ambulâncias e viaturas do Corpo de Bombeiros. Os


primeiros carros-tanque aparecem.

• 9h30 - A confusão é total na área e a polícia coloca cordões de isolamento. A


multidão fica nas proximidades do Viaduto do Chá, Vale do
Anhangabaú, Praça da Bandeira, Avenida 9 de Julho, Rua Xavier de
Toledo e Viaduto Maria Paula. Na Ladeira da Memória as pessoas se
ajoelham para rezar.

• 9h35 - Chegam as unidades móveis de saúde da prefeitura. Os helicópteros


da Prefeitura, do Estado, da FAB e de firmas particulares se aproximam,
sendo aplaudidos pela multidão. Algumas explosões, talvez de botijões de
gás, aumentam o pânico. Caem vitrais do prédio na Rua Santo Antônio.
Bombeiros e policiais empurram a multidão. Algumas pessoas improvisam
uma corda, com uma cortina, e descem até a escada Magirus. Do 14º andar
um corpo cai na Rua Santo Antônio.

• 9h40 - Diversas pessoas se jogam dos andares e os bombeiros lançam


quatro grandes e longos jorros d'água sobre o prédio já totalmente tomado
pelas chamas. Os primeiros destroços caem no asfalto, misturando-se aos
corpos estendidos. O trânsito da cidade está completamente engarrafado e
já pode ser calculado em torno de 500 mil o número de pessoas que se
aglomeram no centro para ver o incêndio. Uma mulher que descia por uma
corda improvisada, cai, escorregando de cabeça para baixo, até atingir o
primeiro grupo de pessoas que trabalham no resgate e que detêm sua
queda. Um estrondo no centro do edifício produz uma luz azulada. Outro
corpo cai.

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• 9h45 - A confusão é total e o Corpo de Bombeiros coloca uma escada
Magirus, conseguindo salvar do 13º andar pelo menos treze pessoas que
descem rapidamente. Uma garota se joga do alto do edifício.

• 9h50 - No local já se encontram o Secretário da Segurança Pública do


Estado, o Comandante da Polícia Militar e o prefeito Miguel Colasuonno.
Um corpo de homem cai na calçada da Avenida 9 de Julho junto às viaturas
do bombeiros. A seguir, outro corpo, justamente quando três helicópteros
sobrevoavam o local, tentando o salvamento.

• 9h55 - No topo do edifício a confusão é total. A multidão implora e frases são


escritas no asfalto pedindo calma, muita calma. Algumas pessoas ameaçam
se jogar. Outras atiram roupas e sapatos. Alguns são vistos nas janelas dos
banheiros de alguns andares à espera de socorro. Uma mulher, no 13º
andar, ao lado de mais três pessoas, faz o sinal da cruz, e salta para a
escada dos bombeiros que chegava apenas ao 12º andar. É salva.

• 10h - Os bombeiros começam a retirar através de escadas alguns


sobreviventes nas janelas do prédio e nos vãos dos andares. As operações
de salvamento duram entre 20 e 30 minutos. Os helicópteros tentam
encostar-se mais nas paredes para salvar pessoas nas janelas e no topo do
edifício. Um rapaz, no 16º andar, tira as roupas e faz uma corda para chegar
ao 13º. Por ela descem outras pessoas. Quando chegou sua vez, despencou
para a morte. No asfalto, em letras enormes, brancas e amarelas, lê-se:
"Deitem-se e esperem o salvamento".

• 10h05 - Chegam helicópteros particulares, do Governo do Estado e da Força


Aérea Brasileira que usam como base de operações o heliporto da Câmara
Municipal, distante cerca de 100 metros do local da tragédia.

• 10h10 - Um rapaz, que tinha tentado descer pela corda improvisada do 16º
ao 13º andar, despenca-se por cima da Magirus, e derruba na queda mais
três pessoas, inclusive um bombeiro. Todos morreram. Os bombeiros tentam
levar a Magirus até o 19º andar, onde se encontram quatro pessoas. Não
conseguem. Jogam água e pedem calma.

• 10h15 - Chegam ambulâncias do INPS e de instituições particulares. Litros


de leite, medicamentos e cobertores chegam também para atender aos
pedidos feitos pelos médicos que assistem os feridos no heliporto da
Câmara. Soros, antibióticos, seringas hipodérmicas são recebidas. Junto ao
marco da Bandeira é instalado um posto ao ar livre para doadores de
sangue. Centenas de pessoas formam duas grandes filas. Mais duas
pessoas se atiram do alto do edifício.

• 10h20 - Os helicópteros se movimentam rapidamente, enquanto a Praça da


Bandeira é transformada num campo de feridos, sobreviventes e pessoas
que são medicadas e depois levadas aos hospitais e pronto-socorros. A
escada Magirus chega ao 19º andar, retirando 12 pessoas. O helicóptero da
FAB transporta, pendurado num cabo, o oficial Caldas, da Polícia Militar. Não

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consegue resgatar ninguém, mas chega junto às janelas ocupadas por
pessoas, no lado da Rua Santo Antônio, e procura encorajá-las.

• 10h25 - Árvores são derrubadas a machadadas para permitir o pouso de


helicópteros na praça. Bombeiros, com megafones, gritam para os que estão
descendo pela Magirus: "Atenção! Atenção! Segurem-se bem na escada!
Desçam com firmeza!" Nesse momento, com o fogo já reduzido, outro corpo
cai.

• 10h30 - Bombeiros intoxicados são recolhidos pelas ambulâncias. No 19º


andar, cinco pessoas começam a se desesperar. Tentam-se atirar pela
janela porque o fogo se aproxima. Bombeiros pedem calma. Surgem
problemas com as mangueiras, pois muitas delas estavam furadas.

• 10h40 - Um helicóptero pousa no prédio vizinho, o San Patrick e salva duas


pessoas. A multidão aplaude.

• 10h50 - O fogo diminui, mas ainda é intenso, principalmente no interior do


edifício. Do 18º andar em diante. Os bombeiros continuam jogando água. O
chão do topo do edifício arrebenta. Mais uma pessoa salta da laje.

• 10h55 - Há muita gente ainda no 19º e no 20º andar. No 14º, um rapaz,


Celso Bidinger, evita que uma moça se atire. Foram salvos pela Magirus. Ao
mesmo tempo, o prefeito de São Paulo à época, Miguel Colasuonno, chega
à Praça da Bandeira.

• 11h - Os bombeiros conseguem penetrar até o 11º andar. O médico,


Vanderlei Peixoto, do Hospital das Clínicas, que atendia às vítimas no local,
é removido para o próprio hospital, intoxicado pela fumaça.

• 11h10 - Alguns bombeiros por cordas descem no terraço do edifício para


acalmar algumas pessoas. Mas é tarde demais. Dezessete pessoas estão
mortas no topo do Joelma. Um reforço de 50 homens da cavalaria é
acionado para afastar a multidão.

• 11h30 - O edifício é um imenso rolo de fumaça e já não se veem mais


grandes chamas. A preocupação maior é salvar os sobreviventes, operação
que começa logo depois com os bombeiros entrando no prédio para retirar
as vítimas fatais.

• 11h35 - Bombeiros tentam retirar no 19º andar um senhor de terno marrom


que estava encostado à janela, demonstrando tranquilidade.

• 11h40 - Surgem rumores de que o edifício vai desabar. Correria geral.

• 11h45 - Os primeiros corpos carbonizados aparecem e são levados para


o Instituto Médico Legal (IML).

• 11h50 - Mais um carro funerário sai do local, com sete corpos. Correm
rumores de que mais de 30 pessoas saltaram do prédio.

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• 11h55 - Um grupo de seis pessoas é retirado das janelas.

• 12h00 - Continua o esforço dos bombeiros em resgatar, no 19º andar, o


isolado sobrevivente.

• 12h30 - Somente o helicóptero da FAB consegue se aproximar do prédio


devido ao forte calor.

• 12h35 - Outras sete pessoas, que ainda estavam no 19º andar, são salvas.
Até agora o número de salvos é de 80.

• 12h40 - Enquanto os corpos continuam sendo retirados, outro homem é


salvo.

• 13h - A fumaça só é intensa quando os helicópteros sobrevoam o edifício.


Novos corpos saem.

• 13h45 - Joel Correia afirma ter visto de seu escritório, localizado no 31º
andar do edifício Conde Prates, na Rua Libero Badaró, 239, algumas
pessoas com vida, no 21º andar do edifício.

• 14h - Os dois últimos sobreviventes são retirados das janelas pelos


bombeiros. O fogo já está sob controle e continua a operação de retirada dos
corpos queimados que vai até o início da noite. Os bombeiros afirmam não
haver mais ninguém com vida no prédio.

• 14h10 - Bombeiros resgatam mais três pessoas no 21º andar, confirmando-


se as declarações de Joel.

• 14h15 - Dezessete pessoas mortas são encontradas no 12º andar.

• 14h30 - Mais nove mortos são retirados do 15º andar.

• 15h - Os bombeiros dão por encerrada a remoção de sobreviventes.

• 15h45 - Os bombeiros chegam ao topo do edifício, encontrando mais de 20


mortos, na maioria carbonizados.

• 16h45 - Um padre chega ao topo do Joelma e administra a extrema-unção. A


seu lado, policiais, médicos e bombeiros iniciam a remoção e identificação
dos cadáveres.

• 17h - Os bombeiros retiram os dezessete corpos no telhado e descobrem


sessenta mortos sob o telhado na ala da Rua Santo Antônio e mais trinta e
cinco sob a cobertura da ala voltada para a Avenida 9 de Julho. [11] Os carros
são retirados das garagens do edifício.

• 17h30 - Carros-guincho chegam ao local para auxiliar na limpeza da área.

Personagens

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A ampla cobertura da imprensa tirou do anonimato muitas das vítimas do
incêndio e pessoas envolvidas diretamente nas operações para seu salvamento.
Diversos veículos de comunicação reproduziram seus relatos e histórias da
tragédia, que reunidos ajudaram a reconstruir os momentos dramáticos do
incêndio.

• Capitão Hélio Barbosa Caldas - Comandante do Serviço de Salvamento do


Corpo de Bombeiros, um veterano de muitos incêndios e coragem que ele
mesmo acreditava próxima da loucura, rodopiou longos minutos preso a uma
corda de 12 metros pendente de um helicóptero, na tentativa de repetir o
feito de há dois anos, quando foi o primeiro a descer no terraço do Edifício
Andraus para organizar o salvamento dos refugiados. Não foi possível, pois o
pequeno helicóptero da FAB não teve condições de se aproximar do prédio,
o qual não contava com heliporto. Portanto, teve de providenciar a colocação
de um cabo, ligando o terraço do Joelma ao Edifício Saint Patrick, na rua
Santo Antonio, para finalmente chegar ao terraço. Faleceu a 20 de junho de
1999.

• Joel Correia - Instalado com seu telescópio numa das extremidades


do Viaduto do Chá, comunicou à rádio Jovem Pan a existência de
sobreviventes no edifício, mesmo com o incêndio dominado e os pilotos de
helicóptero não avistando mais feridos a serem resgatados. Foi o
responsável pelo fim do pavor em que se encontravam José Ferreira Couto
Filho, Ivan Bezerra, Ibar Rezende, Mauro Ligeli Filho, Hiroshi Shimuta e Luiz
Carlos Gonzalez. Ele tinha ido visitar um amigo, o gerente da construtora
Ferreira Guedes, no 31º andar do edifício Conde Prates. Com o início do
incêndio, passou a acompanhar a operação de salvamento com um
telescópio. Ao ouvir no rádio a informação de que não havia mais ninguém
no prédio, entrou em contato com a Jovem Pan e a informação chegou ao
comandante do Corpo de Bombeiros que deu o alarme. O comandante ligou
para o escritório onde Joel estava, e ele orientou a localização dos seis
homens, no 20º andar, usando o telescópio. Mais tarde o comandante do
Serviço de Salvamento do Corpo de Bombeiros reconheceu a ajuda,
afirmando que as vítimas estavam realmente vivas e foram salvas.[12]

• Idek Butchi - 34 anos, nissei, sobrevivente do incêndio anterior no Edifício


Andraus, não só salvou a sua vida como também evitou a morte de mais
sete pessoas. Ficou na sacada do 22º andar durante quase cinco horas
orientando e acalmando aos que se encontravam com ele, pois esse foi o
seu principal ensinamento de sua primeira experiência quando foi salvo por
um helicóptero da FAB. Estava no Departamento de Produção e Ações, da
Crefisul, no 17º andar, quando ouviu os primeiros gritos. Pensou em descer
rapidamente, mas percebeu que o fogo vinha debaixo para cima. Então,
começou a subir as escadas e quando chegou ao 22º andar, percebeu que
não dava mais para prosseguir. Segundo ele, duas pessoas tentaram descer
para o andar inferior, mas ele as convenceu de que isso iria provocar a morte
para eles. E todos ficaram incentivados por uma placa escrita Coragem, nós
estamos com vocês! mostrada por pessoas que estavam no asfalto. Às
14h20 todos foram resgatados e seguiram para o Hospital Municipal. Embora

11
sem quase poder falar, os oito comemoraram o salvamento dentro da
ambulância com abraços e lágrimas.

• Rolf Victor Heuer - Gaúcho, então com 54 anos, passou mais de três horas
sentado em um dos parapeitos do edifício esperando para ser resgatado.
Enquanto aguardava fumava vários cigarros, e sua imagem de aparente
tranquilidade foi captada pelas câmeras dos noticiários de televisão e
amplamente reproduzida. Antes de ser salvo, ainda conseguiu subir ao 19º
andar, onde acalmou uma mulher que ameaçava se jogar de uma janela. De
terno e gravata, dono de uma calma absoluta, ficou em pé do lado de fora do
edifício, perto de uma janela. De vez em quando secava o suor do rosto com
um lenço. A certa altura o Capitão Caldas, pendurado por um cabo, que por
sua vez pendia de um helicóptero, aproximou-se para salvá-lo, mas não
conseguiu. Alguns minutos antes de ser resgatado, não aguentou mais o
calor e tirou o paletó, a gravata e a camisa. Não se perturbou um só instante,
mas quando pisou o chão, começou a chorar. Levou 25 minutos para descer
a escada Magirus até chegar à rua.[12]

• José Roberto Viestel - Gerente do estacionamento do edifício, estava em


casa quando foi acordado com a notícia do incêndio. Tentou chegar ao local
e, impedido pelo trânsito caótico, deixou as chaves de seu carro com um
guarda e seguiu a pé. Lá chegando, ajudou os manobristas na retirada dos
veículos guardados para evitar o risco de mais explosões, e quando as
mangueiras dos bombeiros começaram a falhar providenciou as do
estacionamento, que ele mesmo testava uma vez por semana, para o
combate ao fogo.[13]

• Augusto Carlos Cassaniga - Sargento do Corpo de Bombeiros. Pulou de uma


altura de quatro metros de um helicóptero sobre o telhado, quebrando as
telhas de amianto e o tornozelo. Conseguiu fixar uma corda no telhado e a
lançou até o prédio vizinho, por onde atravessaria o capitão Hélio Caldas,
que já tinha sido herói no incêndio anterior do Edifício Andraus.

• Celso Bidinguer - 22 anos, estava no 16º andar quando se refugiou no


banheiro com outras seis pessoas. Todas as que estavam com ele
morreram, mas Celso conseguiu salvar-se porque ao ver da janela do 13º
andar, sozinha e amedrontada, a funcionária Tarsila de Souza, que
ameaçava se jogar. Ao se aperceber do risco, decidiu salvá-la. Ele amarrou
um pedaço de cortina, que levara para o banheiro, na janela e pelo lado de
fora do edifício conseguiu descer três andares até chegar junto a Tarsila,
com quem ficou mais de duas horas à espera de socorro, vendo as pessoas
se jogarem. A escada dos bombeiros só chegava até o 12º andar, portanto,
os dois tiveram que descer por cordas. Ambos sobreviveram.[7]

• René Contieri - 56 anos, gerente administrativo da Crefisul, conseguiu evitar


que algumas pessoas se matassem, simplesmente mantendo o sangue frio e
observando a lógica elementar de que, jogando-se pelas janelas, eliminariam
qualquer possibilidade de sobrevivência. Estava no 12º andar, quando
recebeu o alerta do detector de fumaça. Ao invés de descer, subiu para
pegar o paletó e alguns documentos importantes. No meio do caminho, ainda

12
encontrou com o eletricista que tentava consertar a fiação. Só deu tempo de
pegar seus pertences e avisar as nove meninas que trabalhavam no andar
para que descessem. Mas a labareda já tomava conta da escada. Recuaram
e conseguiram se proteger do lado de fora da janela, em uma laje de apenas
dois metros de comprimento e um metro de largura. O vidro protegia do fogo.
Por sorte, o vento estava contra e a janela não estourou. Só faltava a eles a
chegada dos bombeiros. Por ser um grupo grande, foi o primeiro a ser
resgatado. Cavalheiro, desceu a escada Magirus depois das moças. Faleceu
aos 93 anos, em 18 de abril de 2010.

• Benedito Ferreira França - Fazia uma visita a um amigo que trabalhava no


banco Crefisul quando começou o incêndio. Conseguiu descer três andares
carregando uma moça. Declarou que quando passou pelo corredor viu várias
pessoas encostadas na parede e apenas rezando, sem fazer nada.
Queimado nos braços e no rosto e cansado de levar a moça, desmaiou e
acordou apenas no hospital.

• Antonio Carlos Capobianco - Atribui a sua sobrevivência ao karatê. O mineiro


alegou que a filosofia da luta marcial o ensinou a encarar tudo, mesmo a
morte, com naturalidade, embora se deva aproveitar todas as oportunidades
para viver. Ele aconselhou os circunstantes a não falar muito para não
desperdiçar oxigênio. Foi resgatado com mais cinco rapazes no 21º andar.

• Carlos Trafaniuc - 23 anos, salvou-se descendo dois andares pendurado em


cortinas.

• José Flávio Gouveia - Chegou atrasado ao serviço, às 9 horas, quando o


fogo já havia começado. O atraso pode lhe ter salvado a vida. Horas depois,
no Hospital Municipal, doou sangue para os feridos.

• Nílton Antonio de Oliveira - Estava na tesouraria do banco Crefisul, no 13º


andar, com mais onze colegas. Todos ficaram espremidos numa marquise
por mais de duas horas, mas conseguiram se salvar.

• João Alberto Moretti - Se notabilizou nas filmagens do incêndio por ter


escalado a marquise e descido do 17º andar até o 12º. Neste, aguardou até
que fosse encostada a escada Magirus. Feriu-se apenas levemente e foi
levado ao Hospital das Clínicas.

• Vítor Manoel Gonçalves Teixeira - Liderou um grupo de nove pessoas


quando a permanência na sala do 13º andar em que trabalhavam ficou
impossível. Ele abriu o banheiro, quebrou os vidros da janela e, quando a
água das torneiras havia esgotado, e já estavam se confortando
mutuamente, surgiu uma escada Magirus a 25 centímetros de suas mãos.

• Deise Previato - Assessora jurídica da Crefisul. Salvou-se por conta do


rompimento da rotina. Ao invés de chegar às 8h30, chegou uma hora mais
tarde, quando o fogo já havia começado. Viu a secretária do seu chefe, Linda
Passaro, saltar para a morte da Avenida 9 de Julho. O chefe, Attilio
Corigliano Jr., era procurado pela mulher, Elizabeth, em vão.

13
• José Gomes Ferreira - 49 anos, motorista de táxi e ex-bombeiro. Parou o
carro no momento do incêndio e com boa vontade, sem camisa e com um
lenço encharcado cobrindo o rosto, ajudou os seus ex-companheiros de
profissão no socorro às vítimas.

• Rodolfo Manfredo Júnior - 20 anos. Estava datilografando em um escritório


do 21º andar quando soube do incêndio. Subiu com dezenas de pessoas
para o terraço do prédio, pois os elevadores já não mais funcionavam. Havia
cerca de duzentas pessoas comprimidas e aterrorizadas. Ele conta que viu
várias se jogarem, outras tirarem a roupa, pois não suportavam mais o calor,
além de cerca de trinta que se contorciam em chamas. Ele conta que teve
que dar tapas na cara de alguns que pareciam paralisados, incitando-os a se
salvarem. Quando a situação ficou mais dramática surgiu um helicóptero da
FAB que pairou no terraço. Rodolfo pulou e agarrou-se à aeronave. Ficou
com as pernas ao ar, mas foi salvo ao ser puxado para dentro.[7]

• José dos Santos - 20 anos, residente no Jardim Peri, foi o penúltimo


funcionário da Crefisul a ser resgatado e salvo pelos bombeiros. Estava no
18º andar quando ocorreu o incêndio e foi para a janela, onde teve que
esperar por cerca de quatro horas. Para resgatá-lo os bombeiros tiveram que
estender a escada de 45 metros até o 12º andar e prosseguir depois com
uma pequena até o 16º andar. Depois, o próprio José amarrou uma corda
nas travas da janela e desceu do 18º ao 16º andar, chegando então à
escada dos bombeiros numa operação que durou meia hora. [7]

• João Aparecido Frutuoso - 24 anos, analista de contas do Banco Crefisul,


tinha organizado o grupo que deixou o 15º andar improvisando cortinas para
a descida até o 13º, de onde todos passaram à escada com a ajuda dos
bombeiros. Ele conta que viu muita gente cair do patamar do 14º andar, além
de muitos que perderam os sentidos por conta da inalação da fumaça. Ficou
com as mãos e pés queimados.[7]

Consequências
A parte do edifício que compreendia os escritórios da Crefisul foi totalmente
destruída, mas estava segurada na Companhia Seguradora Santa Cruz. Os sete
primeiros andares, de garagens, não foram atingidos pelas chamas. Essa parte,
administrada pela Joelma, formava um bloco quase isolado do restante do
edifício, tendo portas de emergência e de interligação. Todos os dezessete
empregados do estacionamento se salvaram.[11] Dos aproximadamente 756
ocupantes do edifício, 187 morreram e mais de 300 ficaram feridos.[1] A grande
maioria das vítimas era formada por funcionários do Banco Crefisul de
Investimentos.[1]
Segundo o vice-presidente do Crefisul, Garrett Bouton, 1 016 funcionários
trabalhavam no edifício. Desse total, 861 ficavam nos andares superiores à
garagem e cerca de 600 já haviam chegado quando o incêndio começou. A
firma de limpeza Continental tinha 77 funcionários no prédio.
Até as 18 horas do dia da tragédia, 125 corpos já tinham sido retirados do
Instituto Médico Legal, depois de identificados por parentes e amigos. Restaram
54 corpos, dos quais 12 identificáveis e o restante completamente carbonizado.

14
Em 30 horas, do meio-dia de sexta-feira até às 18h do dia seguinte (sábado),
aproximadamente oito mil pessoas foram ao local, no bairro de Pinheiros, para
reconhecer os cadáveres. O ambiente era de tristeza e até os funcionários não
conseguiam esconder a emoção. Cinco mulheres desmaiaram enquanto faziam
a identificação. O IML comprou 200 caixões e 50 coroas de flores para facilitar a
retirada dos corpos. As vítimas foram colocadas no chão de quatro salas e pela
manhã já exalavam um mau cheiro que os funcionários tentaram aliviar
colocando incenso. O secretário dos Serviços Municipais, engenheiro Werner
Zalouf, afirmou que cerca de 30 pessoas que morreram no incêndio e
permaneceram no prédio não foram identificadas: "Acredito que o calor durante
o incêndio tenha superado 900 graus e nessa temperatura um corpo fica
totalmente destruído, restando no máximo um quilo e meio de cinzas. A água
que os bombeiros jogaram pode ter transformado tudo em lama".[14]
A tragédia do Joelma, que ocorreu apenas dois anos após o incêndio do Edifício
Andraus, reabriu a discussão popular com relação aos sistemas de prevenção e
combate a incêndios nas metrópoles brasileiras, cujas deficiências foram
evidenciadas nas duas grandes tragédias. Na ocasião, o Código de Obras do
Município de São Paulo, em vigor era de 1934, um tempo em que a cidade tinha
700 000 habitantes, prédios de poucos andares e não havia a quantidade de
aparelhos elétricos dos anos 1970.[15]
A investigação sobre as causas do acidente, concluída e encaminhada à justiça,
em julho de 1974, apontava a Crefisul e a Termoclima, empresa responsável
pela manutenção elétrica, como principais responsáveis pelo incêndio. Afirmava
que o sistema elétrico do Joelma era precário e estava sobrecarregado. Além
disso, os registros dos hidrantes do prédio estavam inexplicavelmente fechados,
apesar do reservatório contar na ocasião com 29 000 litros de água. [16]
Segundo o Estadão, três empresas receberam acusações a respeito do caso: o
Banco Crefisul (inquilino do prédio); a Joelma S.A Importadora Comercial e
Construtora (construiu o prédio); e a Termoclima Indústria e Comércio Ltda (que
instalou os aparelhos).
De acordo com investigações, Alvino Fernandes e Sebastião da Silva, eletricista
e ajudante de eletricista, não tinham curso completo sobre eletricidade e nunca
receberam orientação técnica do Departamento de Serviços Gerais, que era
quem respondia por reparações elétricas.
O resultado do julgamento foi divulgado a 30 de abril de 1975. Kiril Petrov,
gerente-administrativo da Crefisul, foi condenado a três anos de prisão. Walfrid
Georg, proprietário da Termoclima, seu funcionário, o eletricista Gilberto Araújo
Nepomuceno, e os eletricistas da Crefisul, Sebastião da Silva Filho e Alvino
Fernandes Martins, receberam condenações de dois anos.[17]
Após o incêndio, o prédio ficou interditado para obras por quatro anos. Com o
fim das reformas, em outubro de 1978, foi rebatizado Edifício Praça da Bandeira.

Repercussão na mídia
Pouco depois da tragédia, uma pequena produtora norte-americana produziu
o curta-metragem Incendio, narrado por Robert Lansing, contando as causas e
consequências do fogo, utilizando técnicas de animação gráfica e imagens da
cobertura da imprensa.

15
Em 1978, foi lançado o filme norte-americano Catastrophe, um documentário de
Larry Savadove, narrado por Willian Conrad, o qual versava sobre tragédias
mundiais conhecidas, entre elas, a do Joelma.[18]
Em 1979, foi rodado o filme Joelma 23º Andar, baseado no livro Somos Seis,
do médium Chico Xavier, no qual é narrada a história de uma moça que morreu
no incêndio chamada Volquimar Carvalho dos Santos. Contudo, no filme ela era
intitulada Lucimar. O papel da protagonista foi interpretado por Beth Goulart.
A 30 de junho de 2005, o programa Linha Direta, da Rede Globo, exibiu o
quadro Linha Direta Mistério, cujo tema era o Edifício Joelma.[19]
A 5 de julho de 2008 foi transmitida no Jornal da Record uma reportagem da
série Bombeiro: Herói de Todos que relembrou o acontecimento, mostrando
várias cenas e o difícil salvamento. Nessa mesma reportagem foi abordado o
incêndio do Edifício Andraus, ocorrido em 1972, o desastre do Bateau Mouche,
barco que afundou na Baía de Guanabara, a 31 de dezembro de 1988, além da
queda de parte do Elevado Paulo de Frontin, o qual desabou sobre carros e
ônibus em 1971, matando mais de 40 pessoas.

Bibliografia
• Henry Russell: Feuer – die grössten Katastrophen. Gondrom 1998, ISBN 3-
8112-1671-6

Referências
1. ↑ Ir para:a b c d «Folha Online - Cotidiano - Tragédia do Joelma foi a pior
da cidade - 07/10/2003». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 4 de
fevereiro de 2023
2. ↑ «Joelma e Andraus: fogo e tragédia em SP - noticias -
Estadao.com.br - Acervo». Estadão - Acervo. Consultado em 29 de
dezembro de 2020
3. ↑ «10 Worst Skyscraper Fires». DDS International. 16 de abril de
2015. Consultado em 14 de maio de 2020
4. ↑ Povo, O. (12 de abril de 2021). «Edifício Joelma: O prédio mais
assombrado do mundo fica no Brasil». O POVO. Consultado em 4 de
fevereiro de 2023
5. ↑ «"Era o Inferno de Dante": Aos 45 anos do incêndio do Joelma, leia
entrevista inédita com sobrevivente». portalincendio.com.br.
Consultado em 4 de fevereiro de 2023
6. ↑ «Incêndio no Edifício Joelma». memoriaglobo. Consultado em 4 de
fevereiro de 2023
7. ↑ Ir para:a b c d e Jornal do Brasil de 2/02/74, página 13
8. ↑ Ir para:a b c d "Incêndio Edifício Joelma" Arquivado em 24 de julho de
2010, no Wayback Machine. - Bombeiros Emergência
9. ↑ "Revista: Cenas de NY lembram incêndio no Joelma" - Folha
Online
10. ↑ Ir para:a b c d «O Estado de S. Paulo - Acervo Estadão». Acervo.
Consultado em 4 de fevereiro de 2023

16
11. ↑ Ir para:a b c d «Jornal do Brasil - Pesquisa de arquivos de notícias
Google». news.google.com. Consultado em 4 de fevereiro de 2023
12. ↑ Ir para:a b c d "O fogo contra a cidade" Arquivado em 6 de maio de
2012, no Wayback Machine. - Veja, Edição 283, 6 de
fevereiro de 1974
13. ↑ "Lugares 'mal-assombrados' viram lenda em SP" - G1
14. ↑ Jornal do Brasil de 3/02/74, página 26
15. ↑ "O incêndio do Edifício Joelma" - Jornal do Brasil
16. ↑ "A culpa no Joelma" Arquivado em 5 de março de 2016,
no Wayback Machine. - Veja - Edição 307, 24 de julho de 1974
17. ↑ "Notas" Arquivado em 13 de março de 2016, no Wayback Machine.
- Veja - Edição 348, 7 de maio de 1975
18. ↑ Catastrophe, de 1978
19. ↑ "O Enigma do Edifício Joelma" - Linha Direta

Ligações externas
• Jornal do Brasil de 2/02/74
• «Documentário Incendio» (em inglês)
• Folha de S.Paulo por Luiz Caversan, 07/10/2003 - Tragédia do Joelma foi
a pior da cidade
• Revista Veja, 06/02/74 - O fogo contra a cidade
• Artigo da Folha de S.Paulo, publicado em 01/02/1974
• Artigo sobre os 40 anos do incêndio, publicado no portal UOL em
01/02/2014

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