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Garopaba SC
Julho/2023
Garopaba SC
Hélio Bomfim Coimbra
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Incêndio no Edifício Joelma
Tipo Incêndio
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Resultado 187 mortos e mais de 300
feridos
O incêndio
Concluída sua construção em 1971, o Edifício Joelma foi imediatamente alugado
ao Banco Crefisul de Investimentos. No começo de 1974, a empresa ainda
terminava a transferência de seus departamentos, quando no dia 1º de fevereiro,
às 8h45 de uma chuvosa sexta-feira, um curto-circuito em um aparelho de ar
condicionado no 12º andar deu início a um incêndio, que rapidamente se
espalhou pelos demais pavimentos. As salas e escritórios do Joelma eram
configurados por divisórias, com móveis de madeira, pisos acarpetados,
cortinas de tecido e forros internos de fibra sintética, condição que contribuiu
sobremaneira para o alastramento incontrolável das chamas.[5]
Quinze minutos após o curto-circuito era impossível descer as
íngremes escadas, localizadas no centro dos pavimentos, que foram
bloqueadas pelo fogo e a fumaça. Os corredores, por sua vez, eram estreitos.
Na ausência de uma escada de incêndio, muitas pessoas ainda conseguiram se
salvar ao contrariar as normas básicas e descer pelos elevadores, mas estes
também logo deixaram de funcionar, quando as chamas provocaram a pane no
sistema elétrico dos aparelhos e a morte de uma ascensorista no 20º andar.[6]
Nos braços da mãe, que saltou para a morte no 15º andar, uma criança de um
ano e meio foi salva em um dos episódios mais dramáticos do incidente. A
multidão acompanhou o salto bem em frente ao prédio. O choro da criança,
levada imediatamente ao Hospital das Clínicas, foi ouvido logo após o impacto
da queda. No último andar, segundo o depoimento de Ivã Augusto Pires,
coordenador do Serviço de Transportes da Câmara, um rapaz jogou-se ao chão
e aproximou-se de gatinhas da borda do terraço. Mas uma labareda fez com que
ele escorregasse e ficasse suspenso no ar, segurando no parapeito até não
mais aguentar e despencar na rua.[7]
Sem ter como deixar o prédio, muitos tentaram abrigar-se
nos banheiros e parapeitos das janelas.[8] Outros sobreviventes concentraram-
se no 25º andar que tinha saída para dois terraços.[9] Lembrando-se de
um incidente similar ocorrido no Edifício Andraus, dois anos antes, em que as
vítimas foram salvas por um helicóptero, que pousou em um heliponto no topo
do prédio, elas esperavam ser resgatadas da mesma forma.
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Na rua os bombeiros tentavam agir em meio à confusão estabelecida pela
Polícia Civil, curiosos, PMs, médicos, enfermeiros, soldados do Exército e até
escoteiros. Homens e mulheres, alguns em trajes menores, os rostos
escurecidos pela fuligem, agitavam-se freneticamente nas janelas tentando
chamar a atenção. Mas os helicópteros não conseguiam pousar no terraço
escaldante e seus cabos de aço pendiam inutilmente. As escadas Magirus, de
40 metros, não chegavam aos andares mais altos. No 20º andar, seis pessoas
se equilibravam-se em um pequeno patamar. Quase não havia lugar para todas.
Um rapaz de terno azul agarrava-se muito precariamente a uma parte saliente,
uma das pernas já do lado de fora do edifício, como se fosse saltar. Embaixo, os
bombeiros acenavam e pediam calma. O fogo acabou, só um pouco mais de
paciência, gritava um policial por um megafone. Outros pintaram num amarelo
muito vivo, sob grandes faixas de pano - O fogo já apagou! e Coragem, vamos
salvá-los! O som do megafone aparentemente não chegou a eles, mas ao ver as
faixas um dos rapazes fez um sinal positivo com o polegar, puxou um lenço
verde e acenou.[10]
Resgate
O Corpo de Bombeiros recebeu a primeira chamada às 9h03. Dois minutos
depois, viaturas partiram de quartéis próximos, mas devido às condições
adversas no trânsito, só chegaram no local às 9h10, quando as chamas já
atingiam o 20º andar e várias pessoas começaram a se atirar do prédio.[8]
O edifício em 2016.
O socorro mobilizou 1 500 homens, entre bombeiros e tropas de segurança, as
equipes de cinco hospitais estaduais e outros particulares, quatorze
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helicópteros, trinta e nove viaturas e todas as ambulâncias da rede hospitalar.
Todos os carros-pipa da Prefeitura e vários particulares, além de um grande
número de voluntários que antecederam os pedidos das autoridades para
doação de sangue. A fim de garantir o livre acesso de ambulâncias e de veículos
dos bombeiros ao prédio incendiado, convocaram-se tropas de choque do
Regimento 9 de Julho, do Exército e da Polícia Militar, além da Companhia de
Operações Especiais e do Departamento do Sistema Viário. Um esquema de
emergência foi armado nas imediações do prédio, onde se concentraram
milhares de curiosos.
Aos 250 bombeiros da capital, juntou-se o reforço de um destacamento
de Santo André. Policiais Militares especializados, da Companhia de Operações
Especiais (COE) também participaram do trabalho de socorro. Quando a
primeira guarnição chegou, comandada pelo sargento Rufino Rodrigues de
Oliveira, o fogo consumia só o centro do prédio, mas avançava rapidamente
para tomar toda a estrutura. O sargento lamentou não ter podido vir de
helicóptero para lançar cordas e escadas pelas laterais ainda intactas do
edifício. Como estavam de carro-tanque e as escadas Magirus ainda não haviam
chegado, começaram a atirar cordas para subir. O sargento conta que ao chegar
ao 12º andar, sua primeira providência foi apagar três corpos em chamas. Logo
que uma das quatro escadas Magirus foi instalada, organizou a descida.
Ele carregava pela escada uma menina desmaiada quando uma pessoa se
jogou do 19º andar e bateu no corpo de uma outra, que também se jogara do
16º. O peso dos dois arrancou a garota de suas costas e ele só não caiu porque
seu pé se enganchou num dos ferros laterais da escada. Na queda morreram
dois, mas o que pulou do 19º andar se salvou com ferimentos graves. Os
bombeiros usaram quatro jatos de água combatendo o fogo, mas logo de início
tiveram problemas, pois os hidrantes da região estavam com defeito. A solução
chegou quando a Prefeitura enviou ao local trinta caminhões-pipa. A exemplo do
que ocorrera no incêndio do Edifício Andraus, faltavam equipamentos, embora
desta vez tenham podido usar duas novas escadas de 45 metros que foram
anexadas às menores para chegar ao 16º pavimento.[11]
Enquanto um grupo de bombeiros tentava penetrar no prédio, outros
procuravam salvar pessoas que se encontravam nas janelas pela parte externa
com as Magirus. Um helicóptero do SAR, da FAB, fazia o resgate dos
sobreviventes que se encontravam no telhado e que eram auxiliados por
homens do COE e pelos tripulantes. Outros treze helicópteros do Governo e de
empresas particulares não puderam aproximar-se muito, mas atiraram cordas,
sacos de leite e água e tubos de oxigênio aos que se achavam no teto. Depois
participaram do transporte dos feridos para os hospitais.
De acordo com o testemunho de um bombeiro, passava das dez da manhã
quando os corpos começaram a cair como moscas. Todos queriam sair do
edifício de qualquer maneira. Alguns chegaram a pular três andares, com o risco
de despencar, para alcançar os andares inferiores onde chegavam as Magirus.
O primeiro a se atirar estava no 15º andar. Durante mais de uma hora ele gritou
por socorro, desesperado, as vezes encoberto pela fumaça. Pessoas
apavoradas tentavam fazer cordas com tiras de pano, que acabavam
arrebentando, não resistindo ao peso do corpo humano. Uma mulher, só de
calcinha e sutiã, morreu assim, a cabeça esmigalhada na calçada.[10]
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Os cadáveres se amontoavam na rua, protegidos por cobertores, jornais e capas
de chuva. Vários minutos depois, um caminhão da polícia e algumas
ambulâncias recolheram os primeiros cadáveres e os levaram ao Instituto
Médico Legal. No 8º andar os bombeiros encontraram pelo menos onze
cadáveres abraçados. O fogo tinha praticamente soldado os corpos.[10]
No 12º andar, dezessete pessoas que o capitão Mazzelli, comandante do COE,
pretendia salvar, já estavam mortas quando ele chegou. O oficial subiu com um
destacamento especializado. Diante do quadro trágico, cinco mortos no banheiro
e doze no saguão, o batalhão começou a sentir-se mal e teve que ser retirado
pelo helicóptero. Em outra tentativa de salvamento pelo pessoal da FAB, os
bombeiros não conseguiram descer no telhado, não somente pelo intenso calor,
mas pelo forte cheiro de carne incinerada. Em volta do edifício a multidão rompia
os cordões de isolamento e os militares precisaram muitas vezes usar da força
para conter os curiosos. As operações eram orientadas pelo próprio
Comandante-Geral da Polícia Militar, Coronel Teodoro Cabette, e pelo
Secretário de Segurança Pública, General Sérvulo Mota Lima, que foram para a
área logo que tomaram conhecimento da tragédia. Policiais e bombeiros
lamentaram que muitas pessoas tenham morrido por falta de calma ao se
atirarem do prédio.[11]
Apenas uma hora e meia após o início do fogo é que o primeiro bombeiro
conseguiu, com a ajuda de um helicóptero do Para-Sar, o único potente o
suficiente para se manter pairando no ar enquanto era feito o resgate, chegar ao
telhado.[12] Já então muitos haviam perecido devido à alta temperatura no topo
do prédio, que chegou a alcançar 100 graus celsius.[1] A maioria dos
sobreviventes conseguiu se salvar por se abrigar sob uma telha de
amianto.[12] Quinze bombeiros ficaram intoxicados pela fumaça e muitos fizeram
críticas por conta do parco equipamento que dispunham, além dos regulamentos
então vigentes de prevenção a incêndios na capital. O Código de Obras do
Município de São Paulo, datado de 1934, não dispunha da obrigação de
instalações de equipamentos contra o fogo e nem exigia a construção de
escadas de emergência. Os recursos concedidos ao Corpo de Bombeiros eram
insuficientes, assim como o efetivo da corporação era bastante diminuto. [10]
Por volta de 10h30, o fogo já havia consumido praticamente todo o material
inflamável do prédio. O incêndio foi finalmente debelado com a ajuda de doze
autobombas, três autoescadas, duas plataformas elevatórias e o apoio de
dezenas de veículos de resgate.[8]
Apenas às 14h20, todos os sobreviventes haviam sido
resgatados.[8]
Linha do tempo da tragédia
• 8h45 - Início do incêndio no 12º andar. Um curto-circuito no ar condicionado
seguido de uma explosão inicia a tragédia. Em pouco mais de 5 minutos as
chamas chegariam ao 25º andar.
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• 8h55 - Os grandes rolos de fumaça são vistos em todo o centro da cidade.
Correria geral. Os bombeiros são informados do incêndio pelos porteiros do
Hotel Cambridge.
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• 9h45 - A confusão é total e o Corpo de Bombeiros coloca uma escada
Magirus, conseguindo salvar do 13º andar pelo menos treze pessoas que
descem rapidamente. Uma garota se joga do alto do edifício.
• 10h10 - Um rapaz, que tinha tentado descer pela corda improvisada do 16º
ao 13º andar, despenca-se por cima da Magirus, e derruba na queda mais
três pessoas, inclusive um bombeiro. Todos morreram. Os bombeiros tentam
levar a Magirus até o 19º andar, onde se encontram quatro pessoas. Não
conseguem. Jogam água e pedem calma.
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consegue resgatar ninguém, mas chega junto às janelas ocupadas por
pessoas, no lado da Rua Santo Antônio, e procura encorajá-las.
• 11h50 - Mais um carro funerário sai do local, com sete corpos. Correm
rumores de que mais de 30 pessoas saltaram do prédio.
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• 11h55 - Um grupo de seis pessoas é retirado das janelas.
• 12h35 - Outras sete pessoas, que ainda estavam no 19º andar, são salvas.
Até agora o número de salvos é de 80.
• 13h45 - Joel Correia afirma ter visto de seu escritório, localizado no 31º
andar do edifício Conde Prates, na Rua Libero Badaró, 239, algumas
pessoas com vida, no 21º andar do edifício.
Personagens
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A ampla cobertura da imprensa tirou do anonimato muitas das vítimas do
incêndio e pessoas envolvidas diretamente nas operações para seu salvamento.
Diversos veículos de comunicação reproduziram seus relatos e histórias da
tragédia, que reunidos ajudaram a reconstruir os momentos dramáticos do
incêndio.
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sem quase poder falar, os oito comemoraram o salvamento dentro da
ambulância com abraços e lágrimas.
• Rolf Victor Heuer - Gaúcho, então com 54 anos, passou mais de três horas
sentado em um dos parapeitos do edifício esperando para ser resgatado.
Enquanto aguardava fumava vários cigarros, e sua imagem de aparente
tranquilidade foi captada pelas câmeras dos noticiários de televisão e
amplamente reproduzida. Antes de ser salvo, ainda conseguiu subir ao 19º
andar, onde acalmou uma mulher que ameaçava se jogar de uma janela. De
terno e gravata, dono de uma calma absoluta, ficou em pé do lado de fora do
edifício, perto de uma janela. De vez em quando secava o suor do rosto com
um lenço. A certa altura o Capitão Caldas, pendurado por um cabo, que por
sua vez pendia de um helicóptero, aproximou-se para salvá-lo, mas não
conseguiu. Alguns minutos antes de ser resgatado, não aguentou mais o
calor e tirou o paletó, a gravata e a camisa. Não se perturbou um só instante,
mas quando pisou o chão, começou a chorar. Levou 25 minutos para descer
a escada Magirus até chegar à rua.[12]
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encontrou com o eletricista que tentava consertar a fiação. Só deu tempo de
pegar seus pertences e avisar as nove meninas que trabalhavam no andar
para que descessem. Mas a labareda já tomava conta da escada. Recuaram
e conseguiram se proteger do lado de fora da janela, em uma laje de apenas
dois metros de comprimento e um metro de largura. O vidro protegia do fogo.
Por sorte, o vento estava contra e a janela não estourou. Só faltava a eles a
chegada dos bombeiros. Por ser um grupo grande, foi o primeiro a ser
resgatado. Cavalheiro, desceu a escada Magirus depois das moças. Faleceu
aos 93 anos, em 18 de abril de 2010.
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• José Gomes Ferreira - 49 anos, motorista de táxi e ex-bombeiro. Parou o
carro no momento do incêndio e com boa vontade, sem camisa e com um
lenço encharcado cobrindo o rosto, ajudou os seus ex-companheiros de
profissão no socorro às vítimas.
Consequências
A parte do edifício que compreendia os escritórios da Crefisul foi totalmente
destruída, mas estava segurada na Companhia Seguradora Santa Cruz. Os sete
primeiros andares, de garagens, não foram atingidos pelas chamas. Essa parte,
administrada pela Joelma, formava um bloco quase isolado do restante do
edifício, tendo portas de emergência e de interligação. Todos os dezessete
empregados do estacionamento se salvaram.[11] Dos aproximadamente 756
ocupantes do edifício, 187 morreram e mais de 300 ficaram feridos.[1] A grande
maioria das vítimas era formada por funcionários do Banco Crefisul de
Investimentos.[1]
Segundo o vice-presidente do Crefisul, Garrett Bouton, 1 016 funcionários
trabalhavam no edifício. Desse total, 861 ficavam nos andares superiores à
garagem e cerca de 600 já haviam chegado quando o incêndio começou. A
firma de limpeza Continental tinha 77 funcionários no prédio.
Até as 18 horas do dia da tragédia, 125 corpos já tinham sido retirados do
Instituto Médico Legal, depois de identificados por parentes e amigos. Restaram
54 corpos, dos quais 12 identificáveis e o restante completamente carbonizado.
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Em 30 horas, do meio-dia de sexta-feira até às 18h do dia seguinte (sábado),
aproximadamente oito mil pessoas foram ao local, no bairro de Pinheiros, para
reconhecer os cadáveres. O ambiente era de tristeza e até os funcionários não
conseguiam esconder a emoção. Cinco mulheres desmaiaram enquanto faziam
a identificação. O IML comprou 200 caixões e 50 coroas de flores para facilitar a
retirada dos corpos. As vítimas foram colocadas no chão de quatro salas e pela
manhã já exalavam um mau cheiro que os funcionários tentaram aliviar
colocando incenso. O secretário dos Serviços Municipais, engenheiro Werner
Zalouf, afirmou que cerca de 30 pessoas que morreram no incêndio e
permaneceram no prédio não foram identificadas: "Acredito que o calor durante
o incêndio tenha superado 900 graus e nessa temperatura um corpo fica
totalmente destruído, restando no máximo um quilo e meio de cinzas. A água
que os bombeiros jogaram pode ter transformado tudo em lama".[14]
A tragédia do Joelma, que ocorreu apenas dois anos após o incêndio do Edifício
Andraus, reabriu a discussão popular com relação aos sistemas de prevenção e
combate a incêndios nas metrópoles brasileiras, cujas deficiências foram
evidenciadas nas duas grandes tragédias. Na ocasião, o Código de Obras do
Município de São Paulo, em vigor era de 1934, um tempo em que a cidade tinha
700 000 habitantes, prédios de poucos andares e não havia a quantidade de
aparelhos elétricos dos anos 1970.[15]
A investigação sobre as causas do acidente, concluída e encaminhada à justiça,
em julho de 1974, apontava a Crefisul e a Termoclima, empresa responsável
pela manutenção elétrica, como principais responsáveis pelo incêndio. Afirmava
que o sistema elétrico do Joelma era precário e estava sobrecarregado. Além
disso, os registros dos hidrantes do prédio estavam inexplicavelmente fechados,
apesar do reservatório contar na ocasião com 29 000 litros de água. [16]
Segundo o Estadão, três empresas receberam acusações a respeito do caso: o
Banco Crefisul (inquilino do prédio); a Joelma S.A Importadora Comercial e
Construtora (construiu o prédio); e a Termoclima Indústria e Comércio Ltda (que
instalou os aparelhos).
De acordo com investigações, Alvino Fernandes e Sebastião da Silva, eletricista
e ajudante de eletricista, não tinham curso completo sobre eletricidade e nunca
receberam orientação técnica do Departamento de Serviços Gerais, que era
quem respondia por reparações elétricas.
O resultado do julgamento foi divulgado a 30 de abril de 1975. Kiril Petrov,
gerente-administrativo da Crefisul, foi condenado a três anos de prisão. Walfrid
Georg, proprietário da Termoclima, seu funcionário, o eletricista Gilberto Araújo
Nepomuceno, e os eletricistas da Crefisul, Sebastião da Silva Filho e Alvino
Fernandes Martins, receberam condenações de dois anos.[17]
Após o incêndio, o prédio ficou interditado para obras por quatro anos. Com o
fim das reformas, em outubro de 1978, foi rebatizado Edifício Praça da Bandeira.
Repercussão na mídia
Pouco depois da tragédia, uma pequena produtora norte-americana produziu
o curta-metragem Incendio, narrado por Robert Lansing, contando as causas e
consequências do fogo, utilizando técnicas de animação gráfica e imagens da
cobertura da imprensa.
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Em 1978, foi lançado o filme norte-americano Catastrophe, um documentário de
Larry Savadove, narrado por Willian Conrad, o qual versava sobre tragédias
mundiais conhecidas, entre elas, a do Joelma.[18]
Em 1979, foi rodado o filme Joelma 23º Andar, baseado no livro Somos Seis,
do médium Chico Xavier, no qual é narrada a história de uma moça que morreu
no incêndio chamada Volquimar Carvalho dos Santos. Contudo, no filme ela era
intitulada Lucimar. O papel da protagonista foi interpretado por Beth Goulart.
A 30 de junho de 2005, o programa Linha Direta, da Rede Globo, exibiu o
quadro Linha Direta Mistério, cujo tema era o Edifício Joelma.[19]
A 5 de julho de 2008 foi transmitida no Jornal da Record uma reportagem da
série Bombeiro: Herói de Todos que relembrou o acontecimento, mostrando
várias cenas e o difícil salvamento. Nessa mesma reportagem foi abordado o
incêndio do Edifício Andraus, ocorrido em 1972, o desastre do Bateau Mouche,
barco que afundou na Baía de Guanabara, a 31 de dezembro de 1988, além da
queda de parte do Elevado Paulo de Frontin, o qual desabou sobre carros e
ônibus em 1971, matando mais de 40 pessoas.
Bibliografia
• Henry Russell: Feuer – die grössten Katastrophen. Gondrom 1998, ISBN 3-
8112-1671-6
Referências
1. ↑ Ir para:a b c d «Folha Online - Cotidiano - Tragédia do Joelma foi a pior
da cidade - 07/10/2003». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 4 de
fevereiro de 2023
2. ↑ «Joelma e Andraus: fogo e tragédia em SP - noticias -
Estadao.com.br - Acervo». Estadão - Acervo. Consultado em 29 de
dezembro de 2020
3. ↑ «10 Worst Skyscraper Fires». DDS International. 16 de abril de
2015. Consultado em 14 de maio de 2020
4. ↑ Povo, O. (12 de abril de 2021). «Edifício Joelma: O prédio mais
assombrado do mundo fica no Brasil». O POVO. Consultado em 4 de
fevereiro de 2023
5. ↑ «"Era o Inferno de Dante": Aos 45 anos do incêndio do Joelma, leia
entrevista inédita com sobrevivente». portalincendio.com.br.
Consultado em 4 de fevereiro de 2023
6. ↑ «Incêndio no Edifício Joelma». memoriaglobo. Consultado em 4 de
fevereiro de 2023
7. ↑ Ir para:a b c d e Jornal do Brasil de 2/02/74, página 13
8. ↑ Ir para:a b c d "Incêndio Edifício Joelma" Arquivado em 24 de julho de
2010, no Wayback Machine. - Bombeiros Emergência
9. ↑ "Revista: Cenas de NY lembram incêndio no Joelma" - Folha
Online
10. ↑ Ir para:a b c d «O Estado de S. Paulo - Acervo Estadão». Acervo.
Consultado em 4 de fevereiro de 2023
16
11. ↑ Ir para:a b c d «Jornal do Brasil - Pesquisa de arquivos de notícias
Google». news.google.com. Consultado em 4 de fevereiro de 2023
12. ↑ Ir para:a b c d "O fogo contra a cidade" Arquivado em 6 de maio de
2012, no Wayback Machine. - Veja, Edição 283, 6 de
fevereiro de 1974
13. ↑ "Lugares 'mal-assombrados' viram lenda em SP" - G1
14. ↑ Jornal do Brasil de 3/02/74, página 26
15. ↑ "O incêndio do Edifício Joelma" - Jornal do Brasil
16. ↑ "A culpa no Joelma" Arquivado em 5 de março de 2016,
no Wayback Machine. - Veja - Edição 307, 24 de julho de 1974
17. ↑ "Notas" Arquivado em 13 de março de 2016, no Wayback Machine.
- Veja - Edição 348, 7 de maio de 1975
18. ↑ Catastrophe, de 1978
19. ↑ "O Enigma do Edifício Joelma" - Linha Direta
Ligações externas
• Jornal do Brasil de 2/02/74
• «Documentário Incendio» (em inglês)
• Folha de S.Paulo por Luiz Caversan, 07/10/2003 - Tragédia do Joelma foi
a pior da cidade
• Revista Veja, 06/02/74 - O fogo contra a cidade
• Artigo da Folha de S.Paulo, publicado em 01/02/1974
• Artigo sobre os 40 anos do incêndio, publicado no portal UOL em
01/02/2014
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