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mi
b u eno s ai res
q ueri do
coordenador da colecção
carlos vaz marques
lisboa
tinta‑da‑ china
MMXIV
Obra editada no âmbito do Programa «Sur» de Apoio a Traduções índice
do Ministério das Relações Exteriores, Comércio Internacional
e Culto da República Argentina
Obra editada en el marco del Programa «Sur» de Apoyo a las Traducciones del
Ministerio de Relaciones Exteriores, Comercio Internacional
y Culto de la República Argentina
Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Nesta edição manteve-se o título na língua original, por se tratar de uma expressão
que conquistou carácter idiomático, reconhecível em todo o mundo
Quando te voltar a ver
através do tango interpretado por Carlos Gardel.
A minha cidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
© 2014, Edições tinta‑da‑china, Lda.
Rua Francisco Ferrer, 6A Árvores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21
1500‑461 Lisboa Gropius . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Tels: 21 726 90 28/29/30
E‑mail: info@tintadachina.pt O Jardim Botânico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
www.tintadachina.pt Ornitologia fantástica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Título original: Mi Buenos Aires Querido Cavaleiros de bronze 45
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frivolamente que só por essa imagem o Rio da Prata justifi- lendárias. No fim de contas, a história também é literatu-
ca a sua existência. ra.
Este livro, escrito com sabedoria e muito amor, pro- Todos nós, os portenhos, temos a nossa Buenos Aires
voca‑me ciúmes. Ciúmes, porque a Buenos Aires que Schoo própria, às vezes contraditória, mas sempre verdadeira e
ama tem pontos em comum com a Buenos Aires que eu infalível, como são as recordações, por mais antigas e im-
amo. Ciúmes, porque há coisas que Schoo nos revela que prováveis. Ernesto Schoo tem o certificado indiscutível
me fazem ter vergonha de não as saber. E, para acabar com de qualidade, por ser quem foi e porque nunca deixou de
este ataque de ciúmes, porque Schoo não fala de outras amar Buenos Aires até à sua morte, em 2013, com a idade
partes da cidade que ele devia amar como eu amo. admirável de 87 anos.
A sua Buenos Aires querida é tão maravilhosa quanto Tal como a minha Buenos Aires, a Buenos Aires queri-
a minha, mas muito mais bem escrita. Nem todos somos da de Ernesto Schoo, por maiores que sejam as vossas ex-
Schoo. Era seu leitor quando Schoo escrevia na Primera pectativas, não desilude.
Plana e depois em La Opinión, um jornal obrigatório no iní-
cio dos anos 70, mas que durou pouco e acabou mal. Depois Carlos Quevedo
de um intervalo, voltou a escrever no La Nación. Era um dos
poucos conservadores democratas, e a sua perspectiva libe-
ral a respeito da cultura fazia estremecer os conservadores, P.S.: Consegui escrever este texto sem mencionar
quer fossem ou não democratas. Jorge Luis Borges. Oh, não…
Ernesto Schoo, com a resignação dos sábios, percebe
que a cidade muda connosco, apesar de nós e muitas vezes
contra nós. Mas, mesmo assim, aquela nunca deixa de ser
a nossa cidade. Aliás, por que carga de água o que já não
existe tem de ser mais importante do que aquilo que ficou?
Não é impossível a ausência definitiva conviver com a pre-
sença efémera das coisas. Não será afinal apenas a isso
que chamamos memória? Talvez a mudança irreversível
da realidade, como a transformação impiedosa de uma ci-
dade, torne as nossas lembranças ainda mais fantásticas e
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a minha cidade
Não me importam os desaires
com que me trata a sorte;
argentino até à morte:
eu nasci em Buenos Aires.
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não só inunda os bairros ribeirinhos e até aqueles que o não bón, já na província de Buenos Aires), o Prata tem a mesma
são mas que albergam nas suas profundezas cursos de água sorte dos bairros da zona meridional. Torna‑se proletário,
habitualmente tranquilos, cujo caudal aumenta e transbor- fica turvo, apodrece — literalmente — no Riachuelo, seu
da com as grandes chuvadas, como além disso, em períodos fiel tributário e também votado ao abandono, cemitério de
de tempestade, as suas ondas são capazes de provocar nau- barcos semiafundados e esgoto das instalações industriais
frágios e de matar. Em contrapartida, não abundam nele os fronteiriças. Nele já não há peixe, apenas miasmas e pestes
suicídios: é raro alguém decidir afogar‑se voluntariamente várias. Houve um magnífico passeio costeiro, a Costanera
no nosso rio. Talvez porque as suas águas sujas não sejam Sur, mais conhecido no seu apogeu como Balneário Muni-
atraentes e sugiram tédio, em vez de exaltação romântica. cipal. Demorou mais de vinte anos a construir, entre as dé-
As pessoas sensatas dirão: «O que acontece é que é um cadas de 1910 e de 1930: uma avenida larga, baptizada com
estuário.» E citarão o Tejo em Lisboa ou o Pó na sua vasta o nome de Tristán Achával Rodríguez*, com uma alameda
planície melancólica. Sim, é um estuário. Mas falta‑lhe en- central realçada por esbeltos álamos, belos monumentos
canto, pelo menos aqui, no contacto directo com a cidade. e uma pérgula sobre o rio da qual pendiam na Primavera
Seguindo para norte de Buenos Aires, ao longo das peque- cachos de glicínias. Os portenhos podiam ali desfrutar do
nas cidades costeiras (Vicente López, Olivos, San Isidro, até Prata, relativamente limpo, por ser dragado com frequên-
chegar ao Tigre), ganha um aspecto mais agradável, torna cia: um pontão culminava com a estátua dedicada à façanha
‑se pitoresco. E, quando o dia começa a declinar e a tarde do aviador espanhol Ramón Franco (irmão de Francisco),
avança, o Prata adquire uma cor lilás que se torna malva e que em 1926, com dois co‑pilotos, percorreu pela primeira
por fim roxa, embelezando‑o extraordinariamente. Victo- vez, no seu aeroplano Ultra, o trajecto desde Espanha até à
ria Ocampo*, a partir de cujo casarão em San Isidro se avista cidade de Buenos Aires, onde foi recebido por multidões
o rio, destaca‑o nos seus Testimonios: diz que, ao entardecer, em delírio.
o Prata transforma a sua cor diurna de café com leite em Nas noites de Verão dos anos 30, a Costanera acolhia
lilases e violetas de refinados matizes. essas mesmas multidões, ansiosas por se refrescarem e por
Isto para norte. Na sua deriva para sul, muito antes de se sentirem, momentaneamente, a salvo do pegajoso e in-
se fundir por fim com o Atlântico (na baía de San Borom- suportável Verão portenho: Ortega y Gasset dizia que em
* Victoria Ocampo (1890‑1979) foi uma influente escritora e editora argen- * Tristán Achával Rodríguez (1843‑1887) foi um político, advogado e jorna-
tina, descrita por Jorge Luis Borges como «a mais argentina das mulheres». lista argentino, de tendência católica, célebre pela sua oposição ao ensino
(N. do t.) laico. (N. do t.)
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Buenos Aires, no Verão, é impossível pensar. Havia restau- mulação ser vista sem rubor pelos habitantes da cidade, por
rantes: um «Munique» (nome genérico dado aqui aos res- volta de 1900? O clero e as senhoras piedosas, num clamor,
taurantes especializados em comida alemã) muito elegante, ergueram de imediato as mãos ao céu e o município não
uma obra‑prima datada de 1929, do arquitecto húngaro An- quis contrariá‑los. Vénus, as nereidas, os cavalos e os seus
drés Kálnay, uma mistura de art déco e fantasia orientalis- ágeis domadores foram parar a um canto onde poucos pu-
ta; havia também várias churrasqueiras e os inesquecíveis dessem vê‑los e ainda lá estão. Desde há quarenta anos que
tablados, com grinaldas de lâmpadas coloridas, onde co- surgem propostas para recolocar, num lugar central, a mag-
mediantes de rua davam rédea solta à mais grosseira vulga- nífica fonte barroca, que não ficaria mal em Roma ou em
ridade. E, no entanto, nesses lugares bastante sórdidos for- Paris. Mas o clima, a usura do tempo e a falta de manuten-
maram‑se alguns dos mais destacados actores de comédia ção adequada tornaram‑na, segundo parece, extremamen-
das décadas seguintes. te frágil, e movê‑la representaria um risco fatal. É melhor
Afastada desse bulício, abandonada num canto pouco deixá‑la onde está e peregrinar para ir vê‑la: quem o fizer
acessível da Costanera, embora a poucos passos da Escola não regressará defraudado.
Superior de Belas‑Artes, uma belíssima fonte de mármore A meio desta Costanera Sur, hoje tão estragada, sur-
sobrevivia — sobrevive — exilada, devido à hipocrisia dos ge no rio a Reserva Ecológica. Uma verdadeira raridade
portenhos do princípio do século xx. É a obra‑prima de urbana, filha em partes iguais do improviso e da preguiça.
uma notável escultora argentina, Lola Mora (Dolores Mora O Club Atlético Boca Juniors, um dos maiores clubes do
de Hernández), formada, elogiada e premiada em Itália, futebol argentino e talvez o mais popular de todos, tentou
onde concebeu e esculpiu a sua famosa fonte. Mais famosa, criar ali, sobre o rio, uma Cidade Desportiva, um colossal
talvez, devido ao escândalo que suscitou por ser colocada empreendimento imobiliário e desportivo, com as suas ins-
no centro da cidade, perto da sede do governo. Jovens atlé- talações próprias e habitações de luxo. Já lá vão uns trinta
ticos nus dominam uns esplêndidos cavalos, encabritados, anos: as obras iniciaram‑se e, como acontece com frequên-
de crinas revoltas, enquanto, mais acima, as nereidas (nome cia na Argentina, devido a imprevisíveis circunstâncias po-
oficial do monumento), tão escassamente vestidas como os líticas e económicas, foram abandonadas. Os terrenos que
rapazes, erguem Vénus, deusa do amor, que sorri, benevo- lhes estavam destinados e as poucas paredes que haviam
lente, e estende um braço, numa bênção àquele tumulto de sido erguidas foram abandonados às intempéries. A nature-
corpos entrelaçados. Como podia uma tal exibição de be- za, como é sua obrigação, avançou sobre eles. Lentamente,
leza física e de alvoroço erótico sem qualquer tipo de dissi- como quem volta atrás na leitura ou atrasa os ponteiros do
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relógio, a flora e a fauna próprias da região do Prata volta- figurões da televisão, do desporto, das passerelles de moda e,
ram a gozar de condições propícias. Regressaram as plantas naturalmente, os funcionários públicos encantados por po-
típicas, as aves e os pequenos mamíferos que Charles Da- derem acotovelar‑se com toda esta fauna e fazer alarde da
rwin, que nos visitou em 1833, descobriu na sua agradável sua flamejante riqueza, mudaram‑se para Puerto Madero,
Viagem do Beagle. A Reserva Ecológica é hoje uma emara- que é como se chama o novo bairro, de acordo com a topo-
nhada selva em miniatura, reclinada na margem do passeio nímia tradicional da zona.
costeiro. É visitada por turistas e, frequentemente, também Para os velhos portenhos como eu, Puerto Madero é
por incendiários que talvez sejam simplesmente gente des- agora algo de tão exótico como o Bairro Chinês incrustado
cuidada, ou talvez (esta é a hipótese mais difundida) mal- na parte baixa de uma zona tradicional, Belgrano, outro-
feitores enviados por quem cobiça estas terras, na perspec- ra uma pequena cidade independente e anexada a Buenos
tiva de fabulosas operações imobiliárias ao mais alto nível. Aires em 1884. Igualmente exótico e muito menos quente.
O fogo poderia abrir caminho a investimentos vultuosos. Porque, tirando os velhos armazéns de alfândega, com o
Porque, temos de reconhecer, para não pecar por in- belo tom acobreado dos tijolos, Madero (do apelido do en-
justiça, que na última década Buenos Aires começou a genheiro que o desenhou) é hoje uma colecção de edifícios
reconciliar‑se com o rio. Junto a ele, nos antigos depósitos brancos, altíssimos e impessoais. Todos eles «inteligentes»,
dos diques portuários (um porto, hoje, quase obsoleto), sur- segundo dizem. Tudo funciona com botões ou pressio-
giu, em tijolo tipicamente inglês, o bairro mais importante nando uma placa. Quase não há presença humana visível.
da cidade, do ponto de vista monetário. Tal como aconte- Desde que se entra num elevador, as vozes descarnadas e
ceu em Londres nas margens do Tamisa, os armazéns foram monótonas, como de dobragem cinematográfica, vão‑nos
convertidos em lojas caríssimas, em restaurantes de luxo, guiando por corredores alcatifados, intermináveis e labirín-
entre jardins bem cuidados e ruas amplas onde se pode pas- ticos, ladeados por portas herméticas. Não há um resquício
sear tranquilamente e circular de automóvel sem proble- de luz natural. E isto de orientar o forasteiro é uma forma
mas, ou quase. Rapidamente surgiram torres altíssimas e es- de dizer. Àquele que escreve estas linhas, pelo menos, sem-
beltas, tanto para habitação como para escritórios: tudo em pre lhe foi impossível, até hoje, chegar a um apartamento
edifícios «inteligentes». As mais prestigiadas marcas hote- (cá, dizemos «departamento») ou a um escritório, neste
leiras do «primeiro mundo» instalaram ali as suas sucursais, bairro, sem se perder várias vezes. Falta de hábito, dir‑se
há casinos flutuantes e uma belíssima ponte desenhada pelo ‑á, com razão. Como a falta de pátina do tempo: ainda não
arquitecto Santiago Calatrava. As figuras, as figurinhas e os pode existir, demorará várias gerações a aparecer. Ou talvez
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É preciso amar‑te, Buenos Aires,
para se ser árvore e não morrer de medo.
Silvina Ocampo
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os porteiros e as donas de casa, que protestam pela desme- variedades, branca e rosa. O seu grande concorrente é o ipê
surada quantidade de folhas que têm de varrer das calçadas. ‑roxo, também originário do noroeste argentino. Mais alto
Abundam também os jacarandás* e as tipuanas**, ambos e esbelto e menos difundido do que a sumaúma, supera‑a
de folha perene. Foi sem dúvida um notável paisagista quem em esplendor floral. Não há muitos espécimes na cidade,
os colocou em parques e avenidas, onde as suas florações mas, quando florescem, é impossível não nos rendermos ao
alternam de Novembro a Março, aproximadamente. As flo- tom rosa‑púrpura das suas enormes copas, da cor dos ocasos
res do jacarandá são lilases («quase azul não é azul, quase em fogo. Um em especial, na esquina da avenida Figueroa
violeta não é violeta», assim as definiu essa grande amiga das Alcorta, desperta tanta admiração ao florescer na Primave-
plantas que foi Silvina Ocampo), as das tipuanas são amare- ra que excursões de curiosos e de turistas vão reverenciá‑lo,
las. As primeiras pousam sobre as copas como nuvens, qua- como a um antigo deus pagão vegetal que tivesse perdurado
se como galáxias azuis, vaporosas. Os seus ramos (porque nestes tempos de descrença.
pendem dessa forma) duram pouco, mas aguentam‑se isola- Nunca soube ao certo se é um salgueiro‑chorão* ou
dos até perto do Outono, altura em que caem. Um mês mais uma pimenteira‑bastarda**: de repente aparece um, insólito,
tarde, na verde cascata da folhagem das tipuanas abrem‑se que deixa cair as suas farripas verdes junto a uma calçada
as flores, que têm um inconveniente: exsudam gotas de um urbana, quando sabemos que o seu lugar natural é na borda
líquido incolor e transparente, pegajoso, pronto a escorrer. dos regatos e dos tanques, onde reflecte a sua melancolia.
Originária do noroeste argentino, a sumaúma*** chegou a Não há muitos em Buenos Aires, e talvez por isso surpreen-
Buenos Aires há meio século e adaptou‑se sem problemas. dam quem passeia, destacando‑se entre as espécies mais
Hoje, vemo‑la em quase todos os passeios e praças da cida- comuns, aquelas em que o portenho distraído nem repa-
de: é o principal — e muito belo — ornamento da avenida ra ao passar, porque as árvores não lhe interessam muito.
Nove de Julho, cujas várias faixas atravessam o centro de Também há poucos eucaliptos***, excepto nos bosques de
Buenos Aires, de norte a sul. Como a sumaúma vem de um Palermo. Tenho com um deles uma relação especial, uma
clima seco, armazena água no ventre robusto: é um túnel verdadeira amizade. Nasci num prédio situado na esquina
verde‑escuro, repleto de espinhos curtos. As flores são be- das calles Juncal e Bustamante; três quarteirões acima, na
líssimas, muito semelhantes a orquídeas, e há‑as em duas direcção do rio, seguindo por Bustamante, entre Melo e a
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nota biográfica
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foi composto em caracteres Hoefler Text e
impresso na Guide, Artes Gráficas,
em papel Coral Book de 90 g,
em Março
de 2014.
nesta colecção