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Questão de aula

Fernando Pessoa ortónimo

Nome: _________________________________________________________ N.º: ___ Turma: _______

Avaliação: _________________________________ O professor: _____________________________

1. Lê atentamente o poema de Fernando Pessoa ortónimo.

Cai do firmamento
Um frio lunar.
Um vento nevoento
Vem de ver o mar.

Quase maresia,
A hora interroga,

5 E uma angústia fria


Indistinta voga.

Não sei o que chora


Em mim o que penso.
Não é minha a hora
E o tédio é imenso.

10 Que é feito da vida


Dos outros, em mim?
A brisa é diluída
E a mágoa sem fim.

Seja a hora serena


E pálida, ou não,
Mas Deus tenha pena
15 Do meu coração!

PESSOA, Fernando, 2008. Poesia do Eu.

OEXP12DP © Porto Editora


2.ª ed. Lisboa: Assírio & Alvim (p. 133)

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1.1. Estabelece uma relação entre a descrição do espaço exterior e o estado de espírito do sujeito
poético.
Estabelecendo uma relação entre a descrição do espaço exterior ,como frio e perto do mar, e o estado
de espírito do sujeito poético, caracterizado por uma angústia fria, um tédio imenso e por isso limita
se a pensar sobre do que é feito a vida dos outros nele (“ que é feito da vida/ Dos outros, em
mim.”(vv13-14)), sente uma mágoa sem fim (“e a mágoa sem fim.” (V16)), podemos concluir que um
espaço desagradavel leva ao pensamento e esse pensamento dói como um arrepio porque esse
desagradável passa do exterior para o seu interior.
1.2. Indica um dos efeitos de sentido produzidos pela interrogação “Que é feito da vida/Dos outros, em
mim?” (vv. 13-14).
A interrogação (“Que é feito da vida/Dos outros, em mim?” (vv. 13-14).) contribui para a progressão da
auto-análise que o sujeito poético desenvolve ao longo do poema. Caracterizando a inquietação
sobre a sua personalidade, dando a entender que se sente diferente dos outros, pois não tem o que
é habitual (“ vida/ dos outros”) subentendendo se uma sensação de estranheza face a si próprio,
por não seguir os comportamentos e as atitudes típicas dos outros seres humanos.
1.3. Relaciona os versos 9 e 10 com o apelo final do sujeito poético.
Os versos 9 e 10 (“não sei o que chora / em mim o que penso”) remetem para a reflexão sobre as
relações entre a emoção e a razão. O sujeito poético reconhece que vive dominado pelo pensamento “ o
que penso”, surpreendendo se com alguns rasgos emocionais “ não sei o que chora / em mim”, que
gostaria de manter, pelo que apela à sensibilidade dívida para que o deixe viver pelo coração. (“Mas
Deus tenha pena / Do meu coração !)

OEXP12DP © Porto Editora

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