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ISSN: 2359-1048

Dezembro 2016

SISTEMA LEAN PRODUCTION E O AGRONEGÓCIO: UMA PERSPECTIVA DO USO DAS


TÉCNICAS E FERRAMENTAS BASEADO NAS PUBLICAÇÕES NACIONAIS

CLAYTON GERBER MANGINI


CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA
clayton.mangini@gmail.com

JULIO CESAR APAECIDO DA CRUZ


julio.cruz@cpspos.sp.gov.br

GETULIO K AKABANE
CEETEPS - CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA
getulio@akabane.adm.br

WAGNER DELMO ABREU CROCE


CENTRO PAULO SOUZA
wagnercroce@hotmail.com

CLAUDIO MELIM DONA


CENTRO PAULA SOUZA
claudiomelim@uol.com.br
SISTEMA LEAN PRODUCTION E O AGRONEGÓCIO: UMA PERSPECTIVA DO
USO DAS TÉCNICAS E FERRAMENTAS BASEADO NAS PUBLICAÇÕES
NACIONAIS

Resumo

A literatura acerca da filosofia Lean Production é bastante explorada devido às vantagens que
este sistema proporciona as organizações. Estudos retratam aspectos históricos, desafios da
implantação e benefícios da sua adoção. Entretanto, no segmento do agronegócio, um dos
principais segmentos da economia brasileira apresenta-se uma grande lacuna na literatura
nacional e internacional. Neste contexto, o objetivo deste artigo é apresentar uma revisão de
literatura sobre o sistema Lean Production e suas aplicações junto as empresas brasileiras do
segmento do agronegócio, tendo como foco as técnicas e ferramentas. Como resultado
identificou-se seis trabalhos que aplicam conceitos do sistema Lean Production no segmento
examinado. Os resultados identificaram que as técnicas e ferramentas mais empregadas
concentram-se em categorias de controle de processos e de fluxo de manufatura, e que em
comparação a outros setores industriais há uma carência no emprego das técnicas e
ferramentas voltadas para o fator humano e a métricas. Como pesquisas futuras vislumbra-se
o mapeamento do estágio atual do sistema Lean Production nas empresas agroindustriais e do
uso das técnicas e ferramentas, por meio de pesquisas do tipo survey, que podem ser de
abrangência nacional ou regional, focadas ou generalizadas na investigação das cadeias
produtivas do agronegócio.

Palavras-chave: Produção enxuta, Agronegócio, Levantamento bibliográfico.

LEAN PRODUCTION SYSTEM AND AGROBUSINESS: A PERSPECTIVE ON


TECHNIQUES AND TOOLS BASED IN BRAZILIAN PUBLICATIONS

Abstract

The literature on the philosophy Lean Production is quite exploited due to the advantages that
this system provides organizations. Studies portray the historical, deployment challenges and
benefits of its adoption. However, when focusing on studies related to Lean Production in the
agribusiness sector, one of the main sectors of the Brazilian economy, there is a shortage in
foreign and national literature. In this respect, the aim of this paper is to present a literature
review on the Lean Production system and its applications with the agribusiness sector in
Brazilian companies, focusing on the techniques and tools used in its implementation. As a
result, we could identify in the literature six studies that apply the concepts of Lean
Production system. The results showed that the techniques and tools used more focused on
processes and manufacturing flow control categories, and in comparison to other studies on
the application in various industrial sectors, there is still a shortfall in the use of techniques
and tools focused on the human factor and metrics. Within the future research possibilities
can hold a current stage of mapping the Lean Production system in food processing industries
and the use of techniques and tools, through research survey type, which may be of national
or regional scope, focus or generalized in the investigation of agribusiness production chains.

Key words: Lean manufacturing, Agribusiness, Bibliographic Survey


1. INTRODUÇÃO

Tem-se observado nos últimos anos que o ambiente empresarial tem passado por
mudanças significativas em âmbito nacional e mundial. A globalização e os avanços
tecnológicos inerentes vêm redefinindo os fatores determinantes da competitividade, fazendo
emergir novas organizações de sucesso e tornando obsoletas as incapazes de se adaptar ao
novo ambiente (DALLA; MORAIS, 2006).
“Diante do atual cenário de competitividade as organizações cada vez mais têm
buscado e adotado ferramentas que impulsionem e lucratividade, aliados ao aumento da
satisfação de clientes e consumidores e à sustentabilidade do negócio” (ORO et al., 2012,
p.3). Portanto, é imprescindível o estabelecimento de estruturas organizacionais mais enxutas
e flexíveis, vinculadas a uma abordagem sistêmica fortemente associada à redução de custos
via eliminação de perdas.
Esta adequação às novas estratégias de mercado em vários setores industriais tem se
dado pelo que se denomina de sistema Lean Production ou Produção Enxuta, que teve como
origem o Sistema Toyota de Produção. Nesse sistema produtivo desenvolveu-se um modelo
de gestão que se tornou uma referência de eficácia e competitividade.
O sistema Lean Production possui uma filosofia que visa a identificação e
minimização ou eliminação progressiva das fontes de desperdícios, baseado em cinco
princípios fundamentais: a definição de (i) valor, a partir da visão do cliente e de suas
necessidades, determina-se a (ii) cadeia de valor, que são as atividades necessárias para
ofertar o produto ao cliente com o menor nível de desperdício. Busca-se então à fabricação do
produto utilizando-se de um (iii) fluxo contínuo; que é disparado apenas quando o cliente
efetua o pedido. Ou seja, usando lógica de (iv) produção puxada. A partir destes quatro
princípios e da utilização de melhorias continuas (kaizen) ou melhorias radicais (kaikaku) é
alcançado o quinto princípio fundamental que é a (v) perfeição do sistema (CALARGE et al.,
2012).
Quando se trata da implantação do Sistema Lean Production nas empresas, a
utilização das técnicas e ferramentas são alvo constante das pesquisas científicas, seja para
verificar o seu uso ou para avaliar qual o nível de implantação dentro de uma organização,
diante disso os procedimentos deverão ocorrer de forma coordenada e estruturada (HUNTER,
2004).
Nesse contexto, diversas são as investigações referente à aplicação de técnicas e
ferramentas do sistema Lean Production realizadas e divulgadas em diversos artigos
científicos (FELD, 2001; DALLA; MORAIS, 2006; PETTERSEN, 2009; WALTER;
TUBINO, 2013; MARODIN; SAURIN, 2012; CALARGE et al, 2012). Analisando os
estudos percebe-se que o setor do agronegócio, embora apresente grande importância para a
economia do país, tem sido pouco explorado pelos pesquisadores quando se trata das
aplicações das ferramentas vinculadas ao pensamento Lean.
O agronegócio ou agribusiness, segundo Zylberstajn (2013), foi cunhado para
designar a conexão indissociável entre a atividade de produção agrícola e a atividade
industrial, seja dos insumos a ela direcionados, seja do processamento da produção por ela
gerada. Este setor, no ano de 2014, foi responsável por gerar na economia brasileira uma
receita de US$ 98 bilhões em exportações contribuindo para o superávit da balança na ordem
de US$ US$ 80 bilhões, em um ano em que o volume exportado e os preços médios em dólar
apresentaram um pequeno recuo de 6% e 1% respectivamente, na comparação de 2014 com
2013 (CEPEA, 2014).
Vale ressaltar, que o agronegócio tem grande importância para a economia brasileira,
pois gera emprego e renda além de contribuir fortemente para a estabilidade macroeconômica
do país por meio de seu faturamento externo.
Nesse contexto, de incertezas acerca do atual estágio que demonstrem as aplicações do
sistema Lean Production junto ao segmento do agronegócio, este artigo tem como objetivo
preencher esta lacuna, apresentando uma revisão de literatura sobre o conceito desse sistema e
suas aplicações em empresas brasileiras no setor do agronegócio, identificando quais são as
técnicas e ferramentas comumente aplicadas para sua implantação, visando identificar
tendências e oportunidades de novos desdobramentos para pesquisas futuras.
Para apresentação dos resultados da pesquisa, o artigo encontra-se dividido em quatro
seções, a saber: esta primeira seção, apresenta a contextualização da pesquisa e a lacuna
existente que sustenta sua realização. A segunda seção apresenta uma breve fundamentação
teórica sobre o conceito do sistema Lean Prodution e o uso de técnicas e ferramentas
empregadas na sua implantação. A terceira seção apresenta o método de pesquisa e suas
etapas. A quarta seção destaca os resultados do levantamento bibliográfico sobre estudos do
sistema Lean Production aplicados em empresas do agronegócio, bem como a análise crítica
dos mesmos e o relacionamento com a revisão de literatura. Por fim, o artigo encerra-se na
quinta seção apresentando as considerações finais e perspectivas de trabalhos futuros.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Fundamentos do sistema Lean Production

No final da Segunda Guerra Mundial, a indústria japonesa precisou repensar o seu


modelo produtivo, em virtude da escassez de recursos produtivos, foi então que surgiu o
Sistema Toyota de Produção (STP), que buscou produzir com o menor custo possível,
combatendo principalmente os desperdícios (LUCATTO et al, 2014).
O termo Lean Production foi cunhado no final dos anos de 1980 em um projeto de
pesquisa do Massachusetts Institute of Technology (MIT) que estudou a indústria
automobilística mundial com o objetivo de mapear as melhores práticas da indústria por meio
de entrevistas com colaboradores, sindicalistas e funcionários do governo. O estudo
evidenciou a notória superioridade da Toyota quando se tratava de desenvolvimento de
produtos e relacionamentos com clientes e fornecedores devido ao desenvolvido um novo
sistema de gestão superior, denominado de Sistema Toyota de Produção (WOMACK;
JONES, 2004).
Diversas publicações em livros e periódicos abordam os conceitos do sistema Lean
Production popularizando sua filosofia e conceitos, tendo em especial às obras de Ohno
(1988), Shingo (1989) e Womack e Jones (1992). Deste então, em função da disseminação do
conceito Lean em uma ampla gama de setores e países, a mesma constituiu-se uma área de
interesse acadêmico, principalmente nos área de gestão de operações (MARODIN; SAURIN,
2012).

2.2. Técnicas e Ferramentas do sistema Lean Production

Analisando a implantação do sistema Lean Production nas empresas, nota-se que esta
pode se dar usando diversas técnicas e ferramentas, os quais devem ocorrer de forma
coordenada e estruturada (PETTERSEN, 2009).
Diversas organizações, independente do seu porte ou segmento vêm adotando a
filosofia Lean e a utilização destas técnicas e ferramentas para melhora de produtividade e no
combate dos desperdícios, sendo este um meio para otimização dos processos produtivos e
eliminação dos tempos que não agregam valor.
Os desperdícios (denominados “muda” em japonês) são classificados em sete tipos:
excesso de produção ou superprodução, espera, defeitos, transporte, movimentação,
processamento inapropriado e estoque (VINODH, 2013).
A utilização das técnicas e ferramentas auxilia neste processo de minimização e/ou
eliminação dos desperdícios e trazem resultados para a organização como: redução de lead
time, redução de custos, melhoria da qualidade e aumento de produtividade, tornando-as mais
ágeis e competitivas (SAURIN et. al, 2010; WALTER; TUBINO, 2013).
Feld (2001) acrescenta que é possível fazer um agrupamento das técnicas e métodos
em cinco grandes categorias, conforme descrito no Quadro 1.

Quadro 1. Cinco categorias de técnicas e ferramentas do sistema Lean Production de Feld


(2001)
Categorias Descrição Técnicas e Ferramentas
Fluxo na Abrangem técnicas relacionadas com - Mapeamento do Fluxo de Valor (VSM);
manufatura trocas físicas, procedimentos de - Customização
desenvolvimento de produtos e - Conceito de takt time;
definição de padrões necessários. - Organização de layout celular, dentre
outros.
Organização Agrupam-se técnicas e ferramentas - Organização de equipes multifuncionais;
e cultura relacionadas a definição dos papéis - Empowerment;
dos indivíduos, aprendizado, - Definição de missão e valores da
comunicação e valores partilhados. organização, dentre outros.
Controle de Abordam técnicas relacionadas ao - CEP (Controle Estatístico de Processo);
Processos acompanhamento/ monitoramento, - SMED (Single Minute Exchange of Die);
controle, estabilização e melhoria do - Programa 5S;
processo de produção. - TPM (Total Productive Maintenance);
- Poka Yoke, dentre outros
Métricas Técnicas que medem o desempenho, - Tempo de ciclo
objetivos de melhoria e ações, - Giro de inventário
reconhecimento para os times de - Valor agregado por trabalhador, dentre
trabalho e colaboradores. outros.
Logística Relaciona regras de funcionamento, -JIT (Just in Time),
métodos de planificação e controle - Kanban
dos fluxos de materiais internos e - Classificação ABC, dentre outros.
externos.
Fonte: Elaborado pelos autores

Vale dizer, que na concepção do Sistema Lean Production, nenhuma estrutura de


classificação é tida como definitiva podendo ser inseridas técnicas e ferramentas adequadas
face às necessidades tecnológicas e competitivas requeridas pela organização.
Em estudo recente, Walter e Tubino (2013) reuniram em um único material 48 artigos
da literatura nacional e internacional publicados no período dos anos de 1996 a 2012, e
apontaram a frequência de uso das técnicas e ferramentas do sistema Lean Production pelas
organizações em diversos setores da economia, conforme destacado na Tabela 1.
Tabela 1. Frequência de abordagem das técnicas e ferramentas do Sistema Lean Production
segundo levantamento de Walter e Tubino (2013)
Técnicas e Ferramentas Número de % em relação à
Aplicação quantidade de métodos
Produção puxada e fluxo contínuo 36 75,0
Troca rápida de ferramentas (TRF) 33 68,7
Integração da cadeia de fornecedores 29 60,4
Controle da qualidade zero defeitos (CQZD) 28 58,3
Força de trabalho multifuncional 28 58,3
Manutenção produtiva total (MPT) 24 50,0
Gerenciamento visual 21 43,7
Equipes de resolução de problemas 19 39,6
5S 19 39,6
Tecnologia de grupo/manufatura celular 18 37,5
Mapeamento do fluxo do valor (MFV) 17 35,4
Melhoria contínua 15 31,2
Padronização das operações 16 33,3
Nivelamento da produção 12 25,0
Controle estatístico da qualidade (CEP) 11 22,9
Entregas JIT de fornecedores 11 22,9
Autonomação 9 18,7
Engenharia simultânea 8 16,7
Fonte: Walter e Tubino (2013).

Dentre as 18 ferramentas listadas por Walter e Tubino (2013) na Tabela 1 evidenciam-


se cinco ferramentas, avaliadas pela frequência das aplicações mais empregadas, sendo:
produção puxada e fluxo contínuo;, troca rápida de ferramentas, integração da cadeia de
fornecedores, controle de qualidade zero defeitos e força de trabalho multifuncional.

3. METODOLOGIA

Para atender ao objetivo da pesquisa foi empregada como método de pesquisa a


análise qualitativa. Neste tipo de método, segundo Miguel (2011), a realidade subjetiva dos
indivíduos envolvidos na pesquisa é relevante e contribui para o desenvolvimento da pesquisa
(nesse trabalho a realidade subjetiva é caracterizada pelas pesquisas aplicadas dos conceitos
Lean junto ao setor do agronegócio). Outro ponto que apoia o uso da pesquisa qualitativa é o
fato de que os resultados serão utilizados para procurar descrever e decodificar o
entendimento e não a frequência da ocorrência das variáveis em estudo.
Dentre os métodos qualitativos foi utilizada a revisão de literatura, que consiste em
estudos que analisam a produção bibliográfica numa determinada área temática, dentro de um
recorte de tempo, fornecendo uma visão geral ou um relatório do estado-da-arte sobre um
tópico especifico, evidenciando novas ideias, métodos, e subtemas que possuem maior ou
menor ênfase na literatura (MACHI; McEVOY, 2009).
Miguel (2011) complementa que a realização da revisão de literatura resulta em um
mapeamento da literatura sobre o assunto, e que possibilita: identificar lacunas onde a
pesquisa pode ser justificada (em termos de relevância); determinar os termos da literatura
que serão verificados empiricamente – os construtos; permitir delimitar as fronteiras do que
será investigado; proporcionar o suporte teórico para a pesquisa (fundamentos); explicitar o
grau de evolução (estado da arte) sobre o tema estudado; familiarizar e conceituar o
pesquisador sobre o assunto.
Para Hart (2003), este tipo de levantamento é importante pelo fato de cobrir uma gama
ampla de fenômenos, os quais o pesquisador não poderia pesquisar diretamente. No entanto,
caso os dados coletados não sejam muito bem processados ou possuam baixo nível de
qualidade, podem comprometer a pesquisa. A condução da revisão de literatura seguiu as
etapas propostas por Machi e McEvoy (2009) retratadas na Figura 1.

Figura 1. Etapas da revisão de literatura baseado em Machi e McEvoy (2009)

Fonte: Elaborado pelos autores

De acordo com Noronha e Ferreira (2000), as revisões da literatura podem ser


classificadas segundo seu propósito, abrangência, função e tipo de análise desenvolvida.
Nesse sentido, conforme a classificação anterior, este trabalho pode ser caracterizado como
uma revisão de propósito analítico e abrangência temática, com função de atualização e
tratamento crítico, sendo as justificativas para esta classificação apresentadas no Quadro 2.

Quadro 2. Classificação do tipo de levantamento bibliográfico realizado na pesquisa


Classificação da revisão
Características Justificativa
do projeto
Feita com um determinado fim, de cunho esporádico e
Quanto ao propósito Analítica sobre um tema específico, com um fim de fornecer
um panorama.
O trabalho apresenta-se dentro de um recorte
Quanto à abrangência Temático
específico de um tema;
Verifica-se a literatura publicada recentemente,
identificando informações correntes para o
Quanto à função De atualização
conhecimento, chamando a atenção para os trabalhos
mais importantes coberto pelo assunto.
Quanto ao tratamento e A seleção dos trabalhos foi realizada de maneira
Crítica
abordagem seletiva, emitindo-se julgamentos sobre este.
Fonte: Elaborada pelos autores
4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS

No processo do levantamento bibliográfico foram identificados 06 (seis) artigos


científicos, sendo destes 05 (cinco) destes publicados em eventos científicos e apenas 01 (um)
artigo em periódico científico, sendo todos publicados nacionalmente. O Quadro 3 apresenta
as principais características dos artigos observados na literatura e que retratam a aplicação dos
conceitos Lean Production no setor do agronegócio.

Quadro 3. Caracterização dos estudos do sistema Lean Production aplicados no setor do


agronegócio
Autor
Caracterização Rentes et Saurin e Forno et al. Deimling e Cavalcante et Oro Et al.
dos métodos al.(2004) Ferreira (2010) Zanin al. (2012) (2012)
(2008) (2011)
Ano 2004 2008 2010 2011 2012 2012
Local de Evento Periódico Evento Evento Evento Evento
publicação científico científico científico científico científico científico
Abordagem Estudo de Estudo de Estudo de Estudo de Estudo de Estudo de
metodológica caso caso Caso Caso Caso Caso
Pesquisa
financiada por Não Não Não Não Não Não
órgãos de
fomento
Segmento Implementos Implementos Viveiro em Abatedouro Produção de Produção
agroindustrial agrícola agrícola mudas de suínos leite leite de soja
da pesquisa florestais
Implantação Avaliação Implantação Avaliação Avaliação Implantação
Foco geral do do Lean das práticas do Lean das práticas das práticas do Lean Seis
estudo Production Lean Production Lean Lean Sigma
Production Production Production
Fonte: Elaborado pelos autores

Os estudos mencionados no Quadro 3 foram difundidos nos últimos 10 anos, com uma
maior concentração nos últimos cinco anos. Os estudos de caso foram realizados em
diferentes segmentos do agronegócio, como: máquinas agrícolas, produção de leite,
abatedouro de suínos e viveiro de mudas, denotando a possibilidade da aplicação dos
conceitos do sistema Lean Production no setor de agronegócios.
Dentre os estudos identificados e selecionados, os trabalhos de Rentes et al (2004) e
Saurin e Ferreira (2008) estão aplicados junto a organizações de implementos agrícolas, que
embora enquadrem-se dentro da classificação de segmento do agronegócio, apresentam
características de transformação de bens produzidos similar aos processos industriais. Os
demais artigos destacam-se por apresentar as particularidades de transformação de produtos
agroindustriais descritas por Azevedo (2007), e inerentes a sua cadeia, como perecibilidade,
ter origem de natureza biológica, e a necessidade de gerir a relação demanda versus
sazonalidade.
De acordo com a pesquisa realizada o motivo pelo qual levaram a essas empresas a
adotarem os conceitos do sistema Lean Production nas organizações foi a necessidade de
melhorar a competitividade e adequação das ferramentas de melhoria ao combate dos
problemas críticos da produção. De fato, há amplas evidências na literatura nacional e
internacional que o foco principal do sistema Lean Production está no combate às perdas e
nos ganhos obtidos, tais como: qualidade, prazos de entrega e custos (SAURIN et al. 2010).
Além disso, a introdução da filosofia em vários setores da indústria e serviços indica que essa
ferramenta é generalizável para ser aplicadas em diferentes ambientes.
Além disto, os estudos examinados nessa pesquisa referentes à implantação dos
conceitos Lean Production retratam que todas as empresas obtiveram ganhos para a
organização, com destaque ao aumento da produtividade, redução de lead time, diminuição de
estoques, custos e desperdícios.
Os estudos relacionados àquelas que possuem o sistema implantado (2 artigos)
demonstram que as organizações possuem ampla margem de melhorias a serem executadas.
A Tabela 2 foi construída a partir dos artigos identificados no levantamento
bibliográfico. São apresentadas as técnicas e ferramentas empregadas na condução da
pesquisa, bem como um cálculo de frequência geral de uso nos diferentes estudos.

Tabela 2. Técnicas e ferramentas do sistema Lean Production aplicadas nos estudos


identificados, bem como a frequência de adoção
Autores

Rentes et al. (2004)

Forno et al. (2010)


Saurin e Ferreira

Deimling e Zanin

Cavalcante et al.

Oro et al. (2012)


Frequência (%)
(2008)

(2011)

(2012)
Técnica ou Ferramenta

Produção puxada e fluxo contínuo X X X X 67


Mapeamento do fluxo de valor (MFV) X X X 50
Kanban X X X 50
Manutenção produtiva total (MPT) X X X 50
Troca rápida de ferramentas (TRF) X X X 50
Controle estatístico do processo (CEP) X X X 50
Supermercados X X 33
Takt Time X X 33
Força de trabalho multifuncional X X 33
Melhoria contínua X X 33
Gerenciamento visual X X 33
Nivelamento da produção X X 33
Balanceamento da produção X X 33
Lote econômico X 17
FIFO X 17
Junka Box X 17
Controle da qualidade zero defeitos (CQZD) X 17
Padronização das operações X 17
Integração da cadeia de fornecedores X 17
VOC (Voz do Cliente) X 17
DMAIC/Jidoka X 17
Diagrama Causa e Efeito X 17
Autonomação X 17
Fonte: Elaborado pelos autores
Nota-se pela análise da Tabela 2 que as técnicas e ferramentas de maior destaque são
produção puxada e fluxo contínuo (67%), Mapeamento do fluxo de valor - VSM (50%),
Kanban (50%), Manutenção produtiva total (50%), Troca rápida de ferramentas (50%),
Controle estatístico do processo - CEP (50%). De modo geral, estas técnicas e ferramentas
estão ligadas ao controle e ao fluxo do processo, que envolve seu monitoramento, sua
estabilização e sua melhoria.
Quando trazidas estas para o ambiente do agronegócio, visualiza-se a importância
destas técnicas e ferramentas, principalmente para gerir a relação demanda versus
sazonalidade, para lidar com a sucessão de safra e entressafra que decorre da produção
agrícola, ao mesmo tempo em que necessita atender a demanda do consumidor. Tal aspecto
esta ligado principalmente com a produção puxada e com o fluxo contínuo, bem como pela
importância de se conhecer todo o fluxo de valor, realizado por meio do VSM. Outra
característica do setor do agronegócio que auxilia o uso de técnicas e ferramentas estatísticas
para controle da produção, como o CEP, é a necessidade de se manter as variáveis da
produção sobre níveis rígidos de controle, como, por exemplo, o nível de contaminações para
produtos alimentares conforme exigido pelas legislações.
A Figura 2 realiza uma análise comparativa dos resultados obtidos neste levantamento
bibliográfico, que possui foco empresas do segmento do agronegócio (Tabela 2); com a
pesquisa de Walter e Tubino (2013), supracitado na Tabela 1 e que engloba diversos
segmentos empresariais.

Figura 2. Comparação das frequências de uso das técnicas e ferramentas levantadas no


presente e em Walter e Tubino (2013).
Por meio da Figura 2 podem-se realizar as seguintes análises:
- Três das técnicas e ferramentas com maior frequência no estudo de Walter e Tubino
(2013) apresentam-se com elevado grau de frequência no levantamento bibliográfico
conduzido, a saber: (i) manutenção produtiva total; (ii) produção puxada e fluxo contínuo e
(iii) troca rápida de ferramentas. Tais técnicas e ferramentas, conforme previamente discutido,
caracterizam-se por auxiliar nos indicadores de produtividade ao realizar o monitoramento,
estabilização e melhoria dos processos, evitando, assim, perdas envolvidas nas quebras de
maquinários, na parada por longo período para conserto ou preparação para início de um novo
lote, e também no fluxo a ser percorrido no ambiente fabril pelos itens produzidos.
- As técnicas e ferramentas denominadas integração da cadeia de fornecedores
(60,4%) e controle da qualidade zero defeitos (58,3%), que apresentam alto índice de
frequência no estudo de Walter e Tubino, não se destacam quando comparadas com as
frequências nos artigos identificados. Tal fato pode suscitar uma dúvida quanto ao grau de
conhecimento e aplicação de ferramentas de investigação de defeitos, na busca pela
eliminação das falhas e também aos meios empregados pelas organizações agroindustriais
para a gestão da cadeia de suprimentos. O sistema de produção do agronegócio apresenta uma
ampla complexidade e elevado número de produtores de insumos que iniciam a cadeia de
produção agroindustrial. Gerir e implantar mecanismos de gestão de uma elevada quantidade
de produtores não se apresenta como tarefa simples, podendo esta ser a razão do baixo nível
de uso de práticas voltadas a sua integração. Porém, estas considerações necessitariam ser
mais bem investigadas em pesquisas futuras.
- Três técnicas e ferramentas - controle estatístico da qualidade - CEP (50%), kanban
(50%) e mapeamento do fluxo de valor (50%), destacam-se por apresentar uma alta
frequência nos estudos bibliográficos identificados, quando comparados ao estudo de Walter e
Tubino (2013). O uso destas técnicas e ferramentas no segmento do agronegócio torna-se uma
prática interessante a ser investigada, uma vez que estas são indicadas para serem empregadas
na organização quando já se possui um nível intermediário dos conceitos Lean aplicados no
ambiente industrial, devido a alta complexidade das mesmas.
- A necessidade de condução de pesquisas sobre como as empresas agroindústrias
estão implantando, e em que estágio encontram-se as implantações do sistema Lean
Production, é colaborado ao verificar que técnicas e ferramentas não citadas no levantamento
por Walter e Tubino (2013) são empregadas nos estudos identificados, como por exemplo:
balanceamento da produção, diagrama causa e efeito, FIFO, lote econômico, supermercados,
takt time. Estas técnicas e ferramentas são apontadas por autores, como Werkema (2011),
como mecanismos iniciais para o estabelecimento de um sistema Lean Production na
organização, desta forma nota-se a necessidade de estudos mais detalhados sobre esta
perspectiva no segmento agroindustrial.
Outra análise sobre o levantamento bibliográfico pode ser conduzida por meio do
estabelecimento das relações entre as cinco categorias indicadas na classificação de Feld
(2001) - fluxo na manufatura; organização; controle do processo; métricas e logística - e as
técnicas e ferramentas aplicadas na implantação do sistema Lean Production no segmento do
agronegócio, identificadas no presente estudo, realizado na Tabela 3.
Tabela 3. Relacionamento das técnicas e ferramentas do levantamento efetuado frente a
classificação de Feld (2001)
Autor

Saurin e Ferreira (2008)

Deimling e Zanin (2011)


Cavalcante et al. (2012)
Rentes et al.(2004)

Forno et al. (2010)

Oro et al. (2012)


Frequência (%)
Categoria
Técnica ou Ferramenta
Feld (2001)

Controle do Manutenção produtiva total (MPT) X X X 50


Processo Troca rápida de ferramentas (TRF) X X X 50
Controle estatístico do processo (CEP) X X X 50
Melhoria contínua X X 33
Gerenciamento visual X X 33
Junka Box X 17
Controle da qualidade zero defeitos (CQZD) X 17
VOC (Voz do Cliente) X 17
DMAIC X 17
Diagrama Causa e Efeito X 17
Autonomação X 17
Fluxo na Mapeamento do fluxo de valor (MFV) X X X 50
manufatura Kanban X X X 50
Takt Time X X 33
Nivelamento da produção X X 33
Balanceamento da produção X X 33
FIFO X 17
Operações padronizadas X 17
Logística Produção puxada e fluxo contínuo X X X X 67
Supermercados X X 33
Lote econômico X 17
Integração da cadeia de fornecedores X 17
Organização Flexibilização da mão de obra X X 33
Métrica - 0
Fonte: Elaborado pelos autores.

Em uma análise preliminar da Tabela 3, observa-se que as categorias Controle do


Processo e Fluxo na Manufatura possuem o maior número de técnicas e ferramentas aplicadas
no segmento do agronegócio, cada uma com 11 e 7 técnicas e ferramentas, respectivamente.
Para verificar a veracidade dos números de técnicas e ferramentas associadas a cada
categoria de Feld (2001), e se o mesmo corresponde o que está sendo representado, foi
elaborada a Equação 1, que calcula o peso relativo da categoria em função da frequência do
uso das técnicas em ferramentas pelo número de trabalho.
Equação 1

Os resultados do cálculo do peso relativo são apresentados na Tabela 4.

Tabela 4. Peso relativo do uso das técnicas e ferramentas para cada categoria de Feld (2001)
Quant. de Quant. total Número de
aplicações na de possíveis técnicas e Peso %
Categorias
categoria aplicações ferramentas relativo relativo
na categoria
Controle do Processo 19 66 13 316,67 44,2
Fluxo na manufatura 14 42 9 233,33 32,6
Logística 8 24 4 133,33 18,6
Organização 2 6 1 33,33 4,7
Métrica 0 0 0 0,00 0,0
Total 716,6 100,0
Fonte: Elaborado pelos autores.

A Tabela 4 corrobora, com as observações efetuadas na Tabela 3, demonstrando que a


aplicação das técnicas e ferramentas de Controle de Processo, seguido pelo Fluxo da
Manufatura e Logística possuem maior aplicação nos estudos identificados.
Verifica-se, entretanto, que quanto o porcentual relativo há uma concentração nas
categorias de Controle de Processo (44,2%) e Fluxo de Manufatura (32,6%), concentrando
76,8% das técnicas e ferramentas que são utilizadas pelos estudos identificados. Tais
resultados colaboram com discussões prévias, demonstrando que as técnicas e ferramentas do
Sistema Lean Production, quando aplicadas ao segmento do agronegócio auxiliam na gestão
da produção, por meio de seu monitoramento, sua estabilização, sua melhoria e na definição
de padrões.
Constata-se também que, há um baixo uso das técnicas e ferramentas relativas a
categoria Organização, e a não aplicação da categoria Métrica. Cabe ressaltar que neste
diagnóstico, os estudos identificados no setor do agronegócio direcionam a aplicação do
sistema Lean Production no desempenho produtivo da organização, visando na maior parte
resultados e ganhos no âmbito produtivo.
Em relação às categorias Organização e Métricas, ambas englobam às pessoas
envolvidas com o sistema Lean Production e os resultados das frequências são inexpressivas
comparados à outras categorias.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, o propósito do presente artigo foi verificar a abordagem do sistema


Lean Production no setor do agronegócio, uma vez que o mesmo abre a oportunidade para
que outros trabalhos possam ser realizados a partir deste. Sendo assim, independente dos
setores de atuação, as organizações necessitam se adequar a novos cenários de
competitividade por meio da implementação de melhorias contínuas.
O levantamento bibliográfico foi realizado por meio de portais e periódicos científicos
- CAPES, Emeraldinsight e Sciencedirect, dos quais retornaram diversos artigos que relatam
estudos de caso sobre a implantação do sistema ou a avaliação sobre o nível de aplicação do
sistema Lean Production dentro da organização, tendo todos os trabalhos revelado o sucesso
destas implantações. Contudo, poucas pesquisas concentram-se na abordagem da implantação
de técnicas e ferramentas do sistema Lean Production dentro do segmento do agronegócio.
Sabe-se que o estudo apresenta limitações quanto a representatividade dos artigos
científicos e a restrição dos termos de busca empregados; porém, as análise e discussões
trazem fortes indagações e reflexões para os pesquisadores dos segmentos agroindustrial.
Destes estudos observados, o foco de análise desta pesquisa deu-se mediante o uso das
técnicas e ferramentas do sistema Lean Production aplicadas junto ao segmento do
agronegócio, nos permitindo realizar algumas análises. Percebe-se que as técnicas e
ferramentas mais usadas nos estudos identificados foram às que estiveram relacionadas,
segundo classificação de Feld (2001) como: Fluxo de Manufatura e de Controle de Processo,
tais como: produção puxada e fluxo contínuo, mapeamento do fluxo de valor (MFV), kanban,
manutenção produtiva total (MPT), troca rápida de ferramentas (TRF) e CEP - controle
estatístico do processo.
Algumas destas técnicas e ferramentas supracitadas apresentam um elevado grau de
complexidade, sendo comumente empregadas quando a organização já têm alguns requisitos
do prévio implantados. Tal fato foi novamente instigado ao verificar que as organizações
agroindustriais dos referidos artigos já possuíam as técnicas e ferramentas “iniciais”
implantadas em seu ambiente fabril. Deste modo, nota-se a necessidade de estudos mais
detalhados sobre esta perspectiva no segmento agroindustrial. Sugere-se para tanto a
condução de estudos de caso para avaliar o grau de implantação do sistema Lean Production.
Ao comparar os estudos que avaliam o uso das técnicas e ferramentas do sistema Lean
Production nos diversos segmentos, como o de Walter e Tubino (2013), verifica-se certa
similaridade na seleção destas; entretanto, quando se trata do segmento do agronegócio, há
uma maior concentração novamente em técnicas e ferramentas para melhoria e controle do
processo de manufatura.
Com isto, observa-se a partir dos artigos que há uma lacuna sobre a abordagem
humanística na organização, quando se refere ao uso de técnicas e ferramentas do sistema
Lean Production. Vale dizer que, as pessoas são um fator importante na organização, pois os
mesmos são multiplicadores do conhecimento. Outro aspecto identificado nos artigos
publicados é a não apresentação das técnicas e ferramentas relativas à métrica, importante
aspectos para a gestão da organização.
Dentro das possibilidades de pesquisa, pode-se realizar um mapeamento do estágio
atual do sistema Lean Production nas empresas agroindustriais e do uso de técnicas e
ferramentas, por meio de pesquisas do tipo survey, que podem ser de abrangência nacional ou
regional, focadas ou generalizadas na investigação de cadeias produtivas do agronegócio.
Pode-se esperar como resultados desta pesquisa, um mapa que permita identificar quais
técnicas e ferramentas possui maior possibilidade de aplicação no segmento agroindustrial, e
que devem, entretanto ser confrontadas e caso necessário ser adaptadas para atender as
características próprias do segmento, ao possui origem de natureza biológica, de ser perecível,
e de gerir a relação demanda versus sazonalidade.

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
INSTITUTO FEDERAL GOIANO - CAMPUS CERES
BACHARELADO EM AGRONOMIA

REVISÃO DE ARTIGOS

MURILO MARQUES COSTA


Docente

FELIPE AUGUSTO FERREIRA ROCHA


IURY GABRIEL FRANÇA DE SOUSA
JORGE FERNANDO FELICIANO DA SILVA
MATHEUS MARQUES PEREIRA
Dicentes

CERES – GO
SETEMBRO/ 2023
Assunto 1: Ferramentas da qualidade aplicáveis ao agronegócio;
Título do Artigo: Gestão da Qualidade: Importância e Aplicação de Ferramentas para
Empresa de Máquinas Agrícolas
Resumo:

Este artigo destaca a relevância crítica da gestão da qualidade em empresas que fabricam
máquinas agrícolas. A agricultura moderna depende cada vez mais de equipamentos eficientes
e confiáveis, tornando a qualidade um fator determinante no sucesso do negócio. O artigo
discute a aplicação de diversas ferramentas de gestão da qualidade, como o PDCA (Plan-Do-
Check-Act) e o Seis Sigma, para melhorar os processos de produção e atender às expectativas
dos clientes.

Pontos-Chave:

Importância da Qualidade: O artigo enfatiza como a qualidade é crucial para a competitividade


das empresas de máquinas agrícolas. Máquinas defeituosas podem causar prejuízos aos
agricultores e prejudicar a rentabilidade da empresa

Ferramentas de Gestão da Qualidade: O artigo explora a aplicação de ferramentas como o


PDCA, que envolve planejar, executar, verificar e agir, como um ciclo contínuo para melhorar
os processos. Destaca-se também o Seis Sigma, que visa reduzir a variação nos processos e
melhorar a qualidade.

Satisfação do Cliente:

A satisfação do cliente é um foco central de gestão da qualidade. Garantir que as máquinas


agrícolas atendam às necessidades dos clientes é essencial para o sucesso no longo prazo da
empresa.

Melhoria Contínua:

O artigo ressalta que a gestão da qualidade não é um evento único, mas um compromisso
contínuo com a melhoria. As empresas devem estar dispostas a avaliar constantemente seus
processos e fazer ajustes para manter altos padrões de qualidade.

Resultados Positivos:
Quando reformas corretamente, as ferramentas de gestão da qualidade podem resultar na
redução de custos, aumento da eficiência operacional e maior satisfação do cliente,
beneficiando tanto a empresa quanto seus clientes.

Em resumo, este artigo enfoca a importância da gestão da qualidade na indústria de máquinas


agrícolas e destaca como a aplicação de ferramentas de qualidade pode levar a melhorias
significativas nos processos de produção e na satisfação do cliente. A mensagem chave é que
a qualidade é um fator crítico para o sucesso e a sustentabilidade das empresas nesse setor.

Título do Artigo: "Ferramentas de Qualidade em Abatedouros-Frigoríficos de Frangos


de Corte no Brasil"

Introdução:

Este artigo analisa a aplicação das ferramentas de qualidade em abatedouros-frigoríficos de


frango de corte no contexto brasileiro. As ferramentas de qualidade são métodos e técnicas que
visam melhorar a eficiência, a qualidade e a segurança dos processos de produção.

Utilização de Ferramentas de Qualidade:

O estudo identifica o uso de diversas ferramentas de qualidade, incluindo o Diagrama de


Ishikawa (Espinha de Peixe), o Controle Estatístico de Processo (CEP), o 5W2H (What, Why,
Where, When, Who, How, How Much), entre outros, nos abatedouros-frigoríficos de frango
de corte. Essas ferramentas são aplicadas para monitorar e melhorar os processos de produção,
identificar problemas e tomar ações corretivas.

Benefícios da Aplicação das Ferramentas de Qualidade:

O artigo destaca os benefícios da aplicação dessas ferramentas, como a redução de


desperdícios, a melhoria da qualidade dos produtos, a conformidade com regulamentações e
padrões de segurança alimentar, e a redução de custos operacionais.

Desafios e Barreiras:

No entanto, o estudo também identifica desafios e barreiras na implementação das ferramentas


de qualidade em abatedouros-frigoríficos, incluindo resistência à mudança, falta de
treinamento adequado, e a complexidade dos processos.

Considerações Finais:
O artigo conclui que a aplicação de ferramentas de qualidade é fundamental para aprimorar a
eficiência e a qualidade na indústria de abate de frangos de corte no Brasil. No entanto, superar
os desafios exige comprometimento, treinamento e liderança eficaz.

Mensagem principal:
O artigo ressalta a importância das ferramentas de qualidade na indústria de abate de frango de
corte no Brasil e enfatiza que a adoção dessas ferramentas pode levar a melhorias significativas
na qualidade, segurança e eficiência dos processos de produção. Superar os desafios exige um
esforço conjunto da indústria e o comprometimento com a melhoria contínua.
Título do Artigo: "O Método dos 'Cinco Domínios' do Bem-Estar Animal Aplicado na
Pecuária Leiteira"

Introdução:

O artigo explora a aplicação do método dos "Cinco Domínios" do bem-estar animal na pecuária
leiteira. O bem-estar animal é uma preocupação crescente na indústria pecuária, e esse método
fornece uma estrutura abrangente para avaliar e melhorar o bem-estar dos animais de produção.

Os "Cinco Domínios":

O método dos "Cinco Domínios" considera cinco áreas principais que impactam o bem-estar
dos animais:

• Nutrição: Avalia a adequação da alimentação dos animais em termos de quantidade e


qualidade.
• Ambiente: Examine as condições físicas e climáticas em que os animais são mantidos,
incluindo o espaço disponível e o conforto térmico.
• Saúde: Considera a saúde física e mental dos animais, incluindo o acesso a cuidados
veterinários e o manejo de doenças.
• Comportamento: Avaliação do comportamento natural dos animais e presença de
comportamentos anormais indicativos de estresse.
• Interações positivas: Analise a capacidade dos animais de experimentar interações
sociais e positivas com os seres humanos.
Aplicação na Pecuária Leiteira:

O artigo descrito como o método dos "Cinco Domínios" pode ser aplicado na pecuária leiteira.
Ele destaca a importância de garantir que as vacas leiteiras tenham acesso a alimentos de
qualidade, espaço adequado para se movimentarem, cuidados veterinários regulares,
oportunidades de expressão de comportamentos naturais (como pastagem) e interações
positivas com tratadores.

Benefícios e Desafios:

O método oferece benefícios significativos ao promover o bem-estar dos animais, o que, por
sua vez, pode resultar em maior produtividade e qualidade do leite. No entanto, o artigo também
prevê desafios na implementação, como o custo de melhorias na infraestrutura e práticas de
manejo.

Conclusão:

O artigo conclui que a aplicação do método dos "Cinco Domínios" na pecuária leiteira é crucial
para garantir o bem-estar dos animais e atender às demandas crescentes por práticas de
produção sustentáveis e éticas. Ele destaca a necessidade de colaboração entre produtores,
pesquisadores e reguladores para promover o bem-estar animal na indústria leiteira.

Mensagem Principal:
O artigo enfatiza a importância de considerar os "Cinco Domínios" do bem-estar animal na
pecuária leiteira como uma abordagem holística para garantir que as vacas leiteiras sejam
tratadas de maneira ética e sustentável, beneficiando tanto os animais quanto os produtores. A
busca pelo bem-estar animal na produção de leite é uma tendência essencial na agricultura
moderna.
Título do Artigo: "O 'Tech' do Agro: Uma Revisão Bibliográfica sobre o Impacto da
Aplicação de Tecnologias no Agronegócio Brasileiro"

Introdução:

Este artigo conduz uma revisão bibliográfica abrangente que explora o impacto da aplicação
de tecnologias no agronegócio brasileiro. O setor agrícola brasileiro tem passado por
transformações significativas devido à adoção de tecnologias avançadas, e este estudo busca
analisar como essas inovações influenciaram o setor.

Aplicação de Tecnologias no Agronegócio Brasileiro:

O artigo identifica várias áreas em que as tecnologias foram aplicadas com sucesso no
agronegócio brasileiro. Isso inclui o uso de dispositivos IoT (Internet das Coisas) para
monitorar condições climáticas e do solo, sistemas de gestão agrícola baseados em dados,
automação de máquinas agrícolas e até mesmo a aplicação de inteligência artificial para
otimização da produção.

Impactos Positivos:

O estudo ressalta os impactos positivos da adoção dessas tecnologias no agronegócio brasileiro.


Isso inclui o aumento da produtividade agrícola, a redução de custos operacionais, a melhoria
na qualidade dos produtos, a otimização do uso de recursos naturais e a maior competitividade
no mercado global de alimentos.

Desafios e Barreiras:

O artigo também identifica desafios e barreiras enfrentadas na implementação dessas


tecnologias, como a falta de infraestrutura em áreas rurais, a necessidade de treinamento e
capacitação para os agricultores e as preocupações com a segurança de dados.

Considerações Finais:

A revisão bibliográfica conclui enfatizando que a aplicação de tecnologias no agronegócio


brasileiro é fundamental para o setor se manter competitivo e sustentável. As inovações
tecnológicas têm o potencial de enfrentar desafios significativos, como o aumento da demanda
por alimentos, a escassez de recursos e as mudanças climáticas.

Mensagem principal:
O artigo destaca que o “tech” (tecnologia) desempenha um papel crucial no agronegócio
brasileiro, transformando a maneira como a agricultura é realizada e oferecendo oportunidades
para um crescimento mais eficiente e sustentável. A adoção contínua de tecnologias é essencial
para garantir que o Brasil continue tendo uma potência na produção de alimentos em nível
global.
Assunto 2: Metodologia Lean aplicada ao Agronegócio

Título do Artigo: Sistema Lean Production e o Agronegócio: Uma Perspectiva do Uso das
Técnicas e Ferramentas com Base nas Publicações Nacionais.

Resumo:

Este artigo examina a aplicação do Sistema Lean Production no setor de agronegócio, com base
em publicações nacionais. O estudo destaca a crescente importância da eficiência e da redução
de desperdícios no agronegócio brasileiro, à medida que busca atender às demandas globais
por alimentos de qualidade e sustentáveis.

Pontos chaves:

Contextualização do Lean no Agronegócio: O artigo começa contextualizando o


Sistema Lean Production, originado na indústria automobilística, e sua adaptação ao contexto
do agronegócio brasileiro. Redução de Desperdícios: Uma das principais contribuições do Lean
ao agronegócio é a ênfase na redução de desperdícios em todas as etapas da produção agrícola,
desde o plantio até a distribuição. Isso pode levar a economias significativas de recursos e
custos.
Melhoria da Qualidade: O uso de técnicas Lean pode contribuir para a melhoria da
qualidade dos produtos agrícolas, atendendo aos padrões exigidos pelos mercados nacionais e
internacionais. O artigo também destaca como o Lean Production pode ser uma abordagem
sustentável para o agronegócio, ao reduzir o consumo de recursos naturais, minimizar resíduos
e promover práticas agrícolas mais responsáveis.
Desafios e Barreiras: O artigo reconhece que a implementação do Lean no agronegócio
brasileiro enfrenta desafios, como a diversidade de culturas e climas, mas enfatiza que a
adaptação das técnicas Lean é possível e benéfica. Importância das Publicações Nacionais: O
estudo se baseia em pesquisas e publicações nacionais para entender como o Lean tem sido
aplicado no agronegócio brasileiro, destacando a relevância do conhecimento local para o
desenvolvimento dessa abordagem.
Em resumo, o artigo enfatiza a importância do Sistema Lean Production como uma
abordagem viável para melhorar a eficiência, a qualidade e a sustentabilidade no agronegócio
brasileiro. Embora haja desafios a serem enfrentados, a adaptação das técnicas Lean pode ser
valiosa para atender às crescentes demandas do mercado e promover uma produção agrícola
mais eficiente e responsável no Brasil.
Título do artigo "LEAN MANUFACTURING NO AGRONEGÓCIO: Uma análise
bibliográfica da produção científica das bases Web of Science e SciELO no período de
2000-2020"

Resumo:

O artigo em questão realizou uma análise bibliográfica abrangente da produção científica


relacionada ao Lean Manufacturing (Manufatura Enxuta) no contexto do agronegócio,
abrangendo o período de 2000 a 2020. A pesquisa foi conduzida a partir das bases de dados
Web of Science e SciELO, com o objetivo de mapear e avaliar a evolução deste tema crucial
no setor agroindustrial.

Metodologia:

Para atingir seu objetivo, o estudo utilizou uma metodologia rigorosa, incluindo critérios de
seleção específicos para identificar artigos relevantes. Foram analisados tanto artigos de
pesquisa quanto revisões sistemáticas, considerando tanto a quantidade quanto a qualidade da
produção científica. A análise bibliométrica foi utilizada para compreender as tendências, as
fontes de pesquisa mais comuns e as principais palavras-chave associadas ao Lean
Manufacturing no agronegócio.

Resultados:

Os resultados da análise bibliográfica revelaram uma preocupação crescente com a aplicação


dos princípios do Lean Manufacturing no agronegócio ao longo das duas últimas décadas.
Houve um aumento notável no número de publicações sobre o assunto, diminuindo um
interesse crescente na melhoria da eficiência e produtividade no setor agroindustrial. Além
disso, identificaram-se temas recorrentes, como a gestão de resíduos, a otimização de processos
e a redução de desperdícios.

Discussão:
O artigo discute a importância do Lean Manufacturing como uma abordagem especializada
para enfrentar os desafios específicos do agronegócio, tais como sazonalidade, variação
climática e pressão por sustentabilidade. Ele também destaca a necessidade de adaptação das
práticas Lean às particularidades do setor, regularizando a complexidade da cadeia de
suprimentos agroindustriais.

Conclusões:

Uma análise bibliográfica abrangente do período de 2000 a 2020 evidencia o crescimento do


interesse acadêmico pelo Lean Manufacturing no agronegócio. A adoção desses princípios tem
o potencial de melhorar a eficiência, reduzir desperdícios e aumentar a competitividade do setor
agroindustrial. No entanto, são possíveis mais pesquisas e estudos empíricos para avaliar a
eficácia da implementação do Lean no contexto específico do agronegócio e desenvolver
melhores práticas adaptadas às suas características únicas.

Contribuição do Artigo:

Este estudo oferece uma visão geral abrangente e atualizada da literatura acadêmica
relacionada ao Lean Manufacturing no agronegócio, contribuindo para o entendimento dos
avanços e desafios na aplicação desses princípios no setor agroindustrial. Além disso, serve
como um guia detalhado para pesquisadores, profissionais e gestores específicos em adotar
abordagens Lean em suas operações no agronegócio.
Título do Artigo: Gestão da qualidade e o agronegócio brasileiro: proposta de aplicação
da gestão por processos em uma fábrica de alimentação animal do alto Paranaíba

Resumo:

O presente trabalho tratou-se de um estudo de caso em uma fábrica de ração animal,


localizada na região do Alto Paranaíba, Minas Gerais, com o objetivo principal de analisar o
processo e aplicar os conceitos da gestão da qualidade nos problemas identificados.
Desenvolveu-se este estudo com o apoio na abordagem qualitativa e, para coleta de dados,
utilizou-se documentos disponibilizados pela empresa, visitas e entrevistas semiestruturadas
com os gestores. As análises auxiliaram no mapeamento e identificação do problema foco,
possibilitando a proposta de melhoria contínua, por gestão de processos, buscando-se reduzir
produtos acabados não conformes e, consequentemente, devoluções. Mediante a utilização das
matrizes, FC-P e B-Q, identificou-se que os processos de manutenção e expedição devem ser
tratados como prioridades, por trazerem um significativo impacto à satisfação do cliente.

Metodologia:

Inicialmente, o artigo realiza uma revisão da literatura para entender o estado atual da
gestão da qualidade no contexto do agronegócio brasileiro. Isso envolve a análise de estudos
anteriores, teorias relevantes e práticas de gestão da qualidade. A pesquisa provavelmente
escolhe uma fábrica de alimentação animal no Alto Paranaíba como seu estudo de caso. A
seleção deve ser baseada em critérios específicos, como tamanho da fábrica, disponibilidade
de dados e relevância para o contexto do agronegócio. Para avaliar a situação atual da fábrica
de alimentação animal, a pesquisa coleta dados relevantes.

Resultados:
O artigo propõe a aplicação da gestão por processos como uma abordagem eficaz para melhorar
a eficiência operacional e a qualidade dos produtos em uma fábrica de alimentação animal. O
estudo inclui um estudo de caso específico em uma fábrica de alimentação animal no Alto
Paranaíba, demonstrando como a gestão por processos pode ser implementada para otimizar as
operações e melhorar a qualidade dos produtos. O artigo discute os benefícios esperados da
implementação da gestão por processos, incluindo maior eficiência, redução de custos e
aumento da satisfação do cliente.

Conclusão:

Com base nos resultados da análise, o artigo discute as implicações da aplicação da gestão por
processos no contexto do agronegócio brasileiro. Ele também conclui sobre a eficácia da
abordagem e identifica áreas para pesquisas futuras.

Contribuições do Artigo:

O artigo explora a aplicação da gestão da qualidade, especificamente a gestão por processos,


como uma estratégia viável para melhorar a competitividade e a eficiência em uma fábrica de
alimentação animal na região do Alto Paranaíba, contribuindo para o avanço do agronegócio
brasileiro.
Título do Artigo: O uso do método PDCA e de ferramentas da qualidade na gestão da
agroindústria no Estado de Mato Grosso do Sul

Resumo:
A pesquisa buscou avaliar o nível de conhecimento e o uso do método Plan, Do, Check, Action
(PDCA) e de ferramentas da qualidade no agronegócio, bem como a relação entre o uso dessas
técnicas e o desempenho das empresas que as utilizam. Para isso, realizou-se uma pesquisa
exploratória descritiva, usando uma amostra de empresas agroindustriais de Mato Grosso do
Sul, aplicando-se um questionário semiestruturado aos profissionais dirigentes das mesmas.
Constatou-se que o número de agroindústrias que utilizam o método PDCA é pequeno,
enquanto é moderado o número de empresas que usam alguma ferramenta da qualidade no
gerenciamento de seus processos.

Metodologia:

O artigo começa apresentando o ciclo PDCA, uma metodologia amplamente utilizada na gestão
da qualidade. O PDCA envolve quatro etapas: Planejar (Plan), Executar (Do), Verificar
(Check) e Agir (Act), sendo um processo contínuo de melhoria. A pesquisa foi desenvolvida,
utilizando-se uma abordagem descritiva e exploratória, possui natureza quantitativa e
qualitativa, cujo objetivo foi identificar o índice de conhecimento e utilização do método
PDCA e ferramentas da qualidade na agroindústria do Estado de Mato Grosso do Sul. Para
isso, utilizou-se o método de entrevistas, por meio, da aplicação de um questionário
estruturado, em uma amostra aleatória de agroindústrias do Estado.

Resultados
A pesquisa apresenta os resultados e benefícios observados com a aplicação do PDCA e das
ferramentas da qualidade nas agroindústrias de Mato Grosso do Sul. Isso pode incluir melhorias
na eficiência operacional, redução de custos e aumento da qualidade dos produtos. O artigo
menciona as ferramentas da qualidade, como diagramas de Ishikawa (espinha de peixe),
gráficos de controle e análise de Pareto, que são utilizadas para identificar problemas, analisar
causas raiz e monitorar o desempenho ao longo do ciclo PDCA.

Conclusões:

O artigo destaca a aplicação bem-sucedida do método PDCA e das ferramentas da qualidade


na gestão das agroindústrias de Mato Grosso do Sul, ressaltando os benefícios dessa abordagem
para a melhoria da qualidade, eficiência e competitividade no setor agroindustrial da região. A
pesquisa conclui sobre a eficácia do uso do PDCA e das ferramentas da qualidade na gestão
das agroindústrias do estado e discute as implicações dessas práticas para o setor agroindustrial
em geral.
ARTIGO ORIGINAL
______________________________

A IMPORTÂNCIA DO MÉDICO VETERINÁRIO NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS

SARAH BRIZOTTI1
LAIZ ALBUQUERQUE SOUZA 2
LARYSSA FREITAS RIBEIRO3

RESUMO
Com o grande crescimento na comercialização de animais e produtos de origem animal
elevou-se a probabilidade da introdução de agentes causadores de enfermidades humanas e
animais. Assim, torna-se necessário que as importações de alimentos obedeçam às normas
sobre segurança alimentar, visando a prevenção de agravos à saúde e o impedimento de
possível ingresso de agentes que possam servir de fonte de infecção. Isso, garante que a
produção de alimentos cumpra as respectivas obrigações sanitárias e higiênicas, promovendo
uma nutrição segura, que chegue em condições adequadas à mesa do consumidor. Nesse
sentido, o médico veterinário desempenha a importante função de fiscalização aduaneira,
através do controle do recebimento, armazenamento e temperatura dos produtos alimentares,
inspeção de rótulos, embalagens e validade, vigilância da organização nos setores de
alimentos perecíveis e higiene pessoal dos manipuladores. Além disso fiscaliza as condições
higiênico-sanitárias dos equipamentos, instalações e utensílios, e realiza o controle de pragas
e limpeza da caixa d’água nos estabelecimentos, tudo isso, sob o respaldo de uma legislação
adequada e de uma equipe especializada para atender tal demanda de trabalho.

Palavras-chave: Segurança alimentar. Fiscalização. Saúde pública

ABSTRACT
With the great growth in the commercialization of animals and products of animal origin, the
probability of the introduction of agents causing human and animal diseases has increased.
Thus, it is necessary that food imports comply with food safety standards, aiming at
preventing health problems and preventing the possible entry of agents that may serve as
sources of infection, ensuring that the production of food complies with their sanitary and
hygienic obligations, promoting safe nutrition that reaches the consumer's table in adequate
conditions. In this sense, the veterinarian performs the important function of customs
supervision, through the control of the reception, storage and temperature of food products,
inspection of labels, packaging and validity, surveillance of the organization in the sectors of
perishable food and personal hygiene of the handlers, in addition to supervising the hygienic
and sanitary conditions of equipment, facilities and utensils, and carrying out pest control and
cleaning of the water tank in the establishments, all this, under the support of appropriate
legislation and a specialized team to meet such demand for work.

Keywords: Food safety. Veterinarian Supervision. Public health

_________________________________________________

1- Médicas Veterinárias Autônomas


2- Médica veterinária, professora do Centro Universitário Mário Palmério (UNIFUCAMP), Monte Carmelo, Minas Gerais

GETEC, v.10, n.27, p.124-130/2021


O medico veterinário e a indústria de alimentos

1 INTRODUÇÃO

Ao longo da história, as doenças infecciosas são uma grande ameaça à saúde humana e
animal, e uma proeminente causa de morbidade e mortalidade (GUARDABASSI et al.,
2010). Devido ao crescimento da comercialização de produtos, de origem animal e
industrializado, em âmbito nacional e internacional, verifica-se uma crescente necessidade do
seguimento rigoroso de normas de segurança alimentar. Muito embora cerca de 12,5% da
população mundial ainda sofra de desnutrição, a demanda por alimentos apresenta constante
crescimento, impulsionando o comércio internacional de produtos. No mundo, o Brasil se
destaca no setor de produtos agrícolas, no que se refere à segurança com relação ao consumo
de alimentos. (FAO, 2012; BUAIANAIN et al., 2014). Esse aspecto contribui para o
desenvolvimento econômico do país (MARTHA JR e FERREIRA FILHO, 2012).
No entanto, esse comércio internacional é todo regulamentado, evitando que o país
importador determine algo sem legitimação, como, por exemplo, a imposição de barreiras não
tarifarias e a adoção de medidas sanitárias injustificadas para internalização de produtos
naquele local (OIE, 2016).
Dessa forma, é de suma importância um acompanhamento deste produto desde o início de sua
cadeia produtiva até o produto final. Gomide, Fontes e Ramos (2006) afirmam que o
profissional encarregado da inspeção é o médico veterinário (denominado inspetor sanitário)
que tem a responsabilidade de decidir sobre o que é apropriado para consumo, condenar o que
é impróprio, verificar as condições higiênico-sanitárias dos estabelecimentos e dar o parecer
final sobre os produtos inspecionados.
Assim, as atividades do médico veterinário são, muitas vezes, divulgadas de forma limitada,
criando estereotipo de uma profissão que cuida apenas de cães e gatos. Consequentemente, o
grande público do país não relaciona o seu trabalho, por exemplo, com a saúde pública
(zoonoses, higiene, inspeção e tecnologia de produtos de origem animal), não estando,
portanto, cientes da importância da Medicina Veterinária na sociedade (DERKS et al., 2009).

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Contextualização
Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o
setor de produtos cárneos foi o segundo que mais contribuiu para o crescimento das
exportações agrícolas do país no ano de 2018, com um total de 14,27%. Além disso, até o mês
de novembro, as exportações de produtos agropecuários atingiram um montante acima de
US$ 84 bilhões (BRASIL, 2018).
Ao observar essa demanda, os alimentos e as fibras são os principais responsáveis pelo
transporte em larga escala de animais e produtos de origem animal (POA), destinados a
diferentes regiões do mundo. Essa movimentação constitui um forte comércio entre fronteiras,
estreitando as relações econômicas entre países em desenvolvimento e países desenvolvidos
(SÁ, MELO, 2016).
Situando a Medicina Veterinária nesse contexto, ela surgiu, em primeira instância,
como uma área do conhecimento promotora da saúde dos animais, tentando diminuir
prejuízos causados pelas enfermidades que os atingiam. Mas, após a fundação de suas
primeiras escolas, na segunda metade do século XVIII seguiram-se dois movimentos. O
primeiro deles estava destinado a deter as epidemias que atingiam o gado naquela época e o
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BRIZOTTI, S.; SOUZA, L. A.; RIBEIRO, L. F.

segundo voltado para reduzir os riscos para a saúde humana ao abate indiscriminado de
animais para comercialização (SCHWABE, 1984).
O início das atividades da Medicina Veterinária em Saúde Pública ocorreu então, no
século XIX, na indústria da carne. Com Robert von Ostertag na Alemanha e Daniel E. Salmon
nos Estados Unidos da América, dando início ao que se conhece hoje como proteção dos
alimentos (ORGANIZACIÓN PANAMERICA DE LA SALUD, 1975).
Com essa ampliação, na troca de produtos entre países, elevou a probabilidade da
introdução de agentes causadores de enfermidades humanas e animais. Diversos autores
relatam este importante fator de risco, através dos locais de trânsito desses produtos
(ASTUDILLO et al., 1986, FÈVRE et al., 2006). Assim, torna-se necessário que as
importações de alimentos obedeçam a normas sobre segurança alimentar estabelecida pelos
organismos internacionais, visando a prevenção de agravos à saúde e o impedimento de
possível ingresso de agentes que possam servir de fonte de infecção ao rebanho local
(DUTRA, 2006). O conceito de segurança alimentar então, implica na garantia de produção e
comercialização de alimentos sem colocar em risco potencial a saúde dos consumidores
(DENG et al., 2007).
Nesse sentido, para que haja a prevenção e mitigação deste risco, existe um serviço
veterinário atuante que desempenha a função de fiscalização aduaneira sob o respaldo de uma
legislação adequada e de uma equipe especializada para atender tal demanda de trabalho
(SCHNEIDER 2011). No Brasil, o MAPA, controla a entrada de produtos e subprodutos de
origem animal, por meio do serviço integral da Vigilância Agropecuária Internacional
(VIGIAGRO), através de unidades estrategicamente distribuídas em postos de fronteira,
aduanas especiais, portos marítimos, portos fluviais, aeroportos internacionais, terminais e
recintos. O VIGIAGRO atua executando as ações definidas pela Secretaria de Defesa
Agropecuária, relacionadas ao trânsito internacional de produtos de interesse agropecuário.
Ele atua também na facilitação do acesso das exportações de produtos agropecuários
brasileiros ao mercado exterior, garantindo que tais produtos atendam às exigências de
identidade, sanitárias, zoosanitárias, de origem e de qualidade, estabelecidas pelos países
compradores em acordos internacionais dos quais o Brasil faz parte (BRASIL, 2018).
Assim, o serviço veterinário oficial é responsável pela proteção referente à saúde
pública e animal do país, assegurando a oferta nacional de produtos de origem animal
inócuos. Ele garante que a produção de alimentos cumpra as respectivas obrigações sanitárias
e higiênicas, promovendo um comércio de alimentos seguros para o consumidor (SANTOS et
al., 2014).
Além do seu manual, que consta na Instrução Normativa nº 39, de 27 de novembro de
2017, o VIGIAGRO atua com base em outras legislações, Instruções Normativas e decretos,
que direcionam as ações dos médicos veterinários quanto às atividades e decisões tomadas,
tornando o serviço unidirecional e imparcial, independente da fiscalização que esteja sendo
realizada. Os principais embasamentos para as atividades advêm da Instrução Normativa nº
34, de 25 de setembro de 2018 e da Instrução Normativa nº 51, de 04 de novembro de 2011.
A Instrução Normativa nº 34, por exemplo, de 25 de setembro de 2018, aprova os
procedimentos para autorização prévia de importação, reinspeção dos produtos de origem
animal comestível e controles especiais aplicáveis às importações destes produtos. Para esses
fins, a autorização prévia de importação é obrigatória para todo o produto de origem animal
importado (BRASIL, 2018).
Para isso, esses produtos são submetidos ao licenciamento de importação no Portal
Único de Comércio Exterior (SISCOMEX) e poderão ser importados quando procederem de
estabelecimentos habilitados à exportação para o Brasil, acompanhados pelo certificado
sanitário expedido por autoridade competente do país de origem, nos termos acordados
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O medico veterinário e a indústria de alimentos

bilateralmente, procedendo de países cujo sistema de inspeção sanitária foi avaliado ou


reconhecido pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA) e
estiverem rotulados de acordo com a legislação específica.
Essa Instrução Normativa também se refere ao Regime de Alerta de Importação (RAI), que é
um controle reforçado a qual o estabelecimento estrangeiro é submetido caso esteja em não
conformidade com os procedimentos de reinspeção do Brasil, ou seja, se constatado
irregularidades relacionadas a identidade e qualidade deste produto, padrões de conformidade
físico-químicos, microbiológicos, histopatológicos, de biologia molecular, presença de
resíduos de medicamentos e de substâncias contaminantes residuais, presença de parasitos,
alterações, adulterações, fraudes, falsificações e qualquer outra não conformidade que
implique risco a saúde pública do Brasil (BRASIL, 2018).
Dessa forma, para execução de controle sanitário, zoossanitário, de qualidade e
quantidade, a importação de produtos agropecuários somente será autorizada quando estiver
em conformidade com os procedimentos de fiscalização, inspeção sanitária, de qualidade e
após toda conferência documental, onde a fiscalização e a inspeção serão executadas na
chegada do produto ao local de desembarque, que deve possuir uma unidade do VIGIAGRO,
e antes do desembaraço aduaneiro (BRASIL, 2011).
Nessa barreira, no momento da fiscalização física, o Auditor Fiscal Federal
Agropecuário (AFFA) ou o Agente de Inspeção Sanitária e Industrial de Produtos de Origem
Animal (AISIPOA) devem observar a conformidade do lacre vindo do exterior, a temperatura
do container no momento da fiscalização, que deve estar em conformidade com a temperatura
de conservação do produto, estabelecido por normas técnicas e presente no certificado
sanitário, além da conferência da rotulagem do produto, que, como mencionado
anteriormente, deve estar aprovado pelo DIPOA (BRASIL, 2011).

2.2 O papel do médico veterinário


Para importar produtos para o Brasil, o responsável pela mercadoria e o órgão anuente
devem seguir alguns passos. Em primeiro lugar, ao exportar o produto deve ser classificado
como “necessários de autorização prévia de embarque” ou “não necessários de autorização
prévia de embarque”. Produtos que não requerem autorização prévia, são produtos com pouco
risco de introdução de patógenos, por exemplo, ingredientes ultra processados utilizados em
rações para animais. Já os produtos que requerem autorização prévia de envio, são aqueles
que apresentam alto risco de introdução de patógenos no país, como é o caso de alimentos
frescos ou com pouco processamento antes do envio.
Conforme acordos internacionais, o DIPOA fornece todos os documentos exigidos aos
produtos exportados para o Brasil, após a apresentação do produto no país exportador. Caso
haja alguma violação, o produto não pode ser autorizado pelo DIPOA e não pode ser vendido
para o Brasil. Porém, se autorizado, o produto será embarcado e, durante o processo de
transbordo, o despachante aduaneiro realizará o registro do requerimento da carga no Sistema
de Informações Gerenciais do Trânsito Internacional de Produtos Agropecuários (SIGVIG).
Após esse registro, é necessário verificá-lo para que o médico veterinário auditor faça a
inspeção da carga (FREITAS, 2018)
Mediante solicitação, o médico veterinário realiza todas as análises documentais da
carga. Esses arquivos são anexados ao processo, que se apresenta de forma física e digital.
Após a verificação dos documentos, se tudo estiver em conformidade durante o processo, o
médico veterinário fará uma inspeção física. Porém, caso haja alguma anormalidade, deverá
ser emitida uma Notificação Fiscal Agropecuária (NFA), informando a não conformidade
constatada (DUTRA, 2006).
126
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BRIZOTTI, S.; SOUZA, L. A.; RIBEIRO, L. F.

Depois disso, o despachante aduaneiro pode corrigir o erro e encaminhar a correção ao


médico veterinário, que inspecionará a carga. No caso da não correção, a documentação da
carga é indeferida, seguindo para devolução ou destruição. A devolução é sempre a opção
padrão, mas se forem encontrados quaisquer riscos à saúde, as cargas devem ser destruídas
imediatamente, sob ordem do órgão anuente. E na ausência de qualquer descumprimento, a
documentação é deferida, sinalizando a Receita Federal, que determinada carga está dentro
dos padrões sanitários impostos pelo Brasil, não havendo risco a saúde pública nacional
(BRASIL, 2011).

2.3 Áreas de atuação do médico veterinário


Segundo França (2019), diversos são os fatores que podem contaminar os alimentos,
por exemplo, a manipulação inadequada e, para garantir a sua segurança, é fundamental o
papel que o médico veterinário exerce, sendo ele, obrigatoriamente, o responsável técnico do
estabelecimento, pois é o profissional capacitado, que reúne conhecimentos técnicos e
científicos sobre a saúde animal e qualidade da matéria-prima, bem como os processos para
assegurar a produção dos alimentos de origem animal. Este profissional realiza o controle do
recebimento, armazenamento e temperatura dos produtos alimentares, controle de rótulos,
embalagens e validade, controle da organização nos setores de alimentos perecíveis e higiene
pessoal dos manipuladores, fiscaliza as condições higiênico-sanitárias dos equipamentos,
instalações e utensílios, além de realizar o controle de pragas e limpeza da caixa d’água nos
estabelecimentos. Todos esses fatores são de extrema importância para que os produtos
cheguem seguros e com qualidade quando forem expostos à venda, levando em consideração
os requerimentos térmicos e a legislação para o comércio seguro, proporcionando ao
consumidor final um alimento que não seja prejudicial a sua saúde.
O controle higiênico, sanitário e tecnológico, constitui-se em fator preponderante para
evolução técnica e social da indústria alimentar, chegando a ser considerada por MIRANDA
(2000), como assunto de segurança nacional pela significância dos alimentos no mundo atual.

2.3.1 Higiene
A manutenção da qualidade dos produtos de origem animal é um desafio para toda a
cadeia produtiva. A indústria de alimentos deve assegurá-la através de procedimentos de
higienização que não interfiram nas propriedades nutricionais e sensoriais dos alimentos,
satisfaça os consumidores e que não ofereçam riscos à saúde humana (GERMANO;
GERMANO, 2001).
A importância da pesquisa e do conhecimento associado com as etapas da limpeza e, o
uso dos diferentes produtos para higienização e sanitização na indústria de alimentos estão em
oferecer aos consumidores produtos com qualidade, respeitando as características sanitárias
do alimento (DÜRR; CARVALHO; SANTOS, 2004).

2.3.2 Tecnologia
Existem inúmeras possibilidades de utilização da nanotecnologia na indústria de
alimentos. Entre algumas aplicações possíveis estão a utilização de sensores nano estruturados
e nanobiossensores para detecção de microrganismos patogênicos, aditivos, toxinas e resíduos
em produtos alimentícios (RUMAYOR et al., 2005; MALHEIROS et al., 2010).
SCOTT & CHEN (2002) afirmaram que a nanotecnologia permite revolucionar a
agropecuária e a produção de alimentos, nos quesitos de segurança alimentar, diagnóstico e
tratamento de doenças, ferramenta molecular, reprodução celular, detecção de patógenos e
proteção do meio ambiente.

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O medico veterinário e a indústria de alimentos

O uso da nanotecnologia aplicada ao desenvolvimento de biossensores na indústria de


alimentos, há alguns anos abandonou o caráter visionário de idealizadores, como Feynman e
Drexler. Hoje está focada na criação de dispositivos aplicáveis a produção de alimentos, a fim
de assegurar a inocuidade de produtos e, em adição, tornar-se uma ferramenta no controle de
qualidade dos alimentos (EMBRAPA, 2009).

2.3.3 Responsável Técnico (RT)


A atuação do médico veterinário na área de alimentos não pára por aqui. Depois que
os produtos estão prontos e são distribuídos no comércio, o médico veterinário pode atuar
como Responsável Técnico (RT) de estabelecimentos que comercializam e manipulam
alimentos (supermercados, restaurantes, serviços de alimentação coletiva). Nestes locais, ele
controla as condições de armazenamento, manipulação e transporte. Para isso verifica-se
temperaturas e tempo de preparo, higiene do local e dos funcionários, além de manter todas as
documentações necessárias para o funcionamento em dia (alvarás, certificados de controle de
pragas e da qualidade da água, planilhas de controle de temperatura, entre outros) (SAMARA,
2014).

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A conquista de médicos veterinários na Saúde Pública e em novos espaços tem


crescido gradativamente. No entanto, grande parte da população, desconhece a importância da
participação deste profissional. As atividades que ele executa, ainda são divulgadas de forma
limitada, de modo a serem conhecidos apenas por práticas na clínica médica veterinária e na
inspeção sanitária de matadouros.
Mas, por de trás do oferecimento de alimentos seguros a mesa do consumidor, está este
profissional, que acompanha desde o início, a cadeia produtiva (nascimento do animal) até a
industrialização, transformação da matéria-prima em alimento, seu armazenamento,
transporte, comércio e consumo.
É ele quem garante a produção e comercialização de alimentos sem colocar em risco potencial
a saúde dos consumidores, através do conhecimento associado ao cumprimento das normas
exigidas.

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130
GETEC, v.10, n.27, p.124-130/2021
O “Tech” do Agro: Uma Revisão Bibliográfica sobre o Impacto da Aplicação de Tecnologias
no Agronegócio Brasileiro

1
Artur Palhares Teixeira Neto
2
Rodrigo Miranda
Resumo

Este estudo começou a partir de um questionamento sobre a tecnologia e sua implementação


no agronegócio brasileiro, dessa forma, verifica que o agronegócio vem crescendo ainda mais
no Brasil, pois sua participação é equivalente a 27,4% do PIB brasileiro, e assim, buscou-se
verificar os fatores tecnológicos que impulsionam este crescimento, apontando quais seus
benefícios e maiores dificuldade na implantação. O objetivo geral deste estudo visa, por meio
de uma revisão bibliográfica, apontar os impactos do uso crescente da tecnologia para o
agronegócio brasileiro e, além disso, busca-se apresentar algumas das principais ferramentas
tecnológicas que podem auxiliar o trabalhador rural, a fim de reduzir custos e minimizar
riscos nas produções. A metodologia utilizada neste artigo será a pesquisa bibliográfica,
descritiva e exploratória, assim, foram definidos os termos abordados para que sirvam como
auxílio na pesquisa sobre os impactos e a importância do uso da tecnologia no agronegócio
brasileiro. Dessa forma, pode-se resumir que esta área possui potencial de crescimento, visto
que, com a demanda mundial por alimento aumentando gradativamente, muitos países terão
dificuldade para suprir essa necessidade.

Palavras-Chave: Inovação. Tecnologia. Agronegócio.

1 Introdução

Segundo, Tech Agro (2022), o agronegócio no Brasil tem ganhado cada vez mais
relevância no que tange à economia e o desenvolvimento do país, pois, em 2021, o segmento
alcançou participação de 27,4% no PIB brasileiro, a maior desde 2004, que foi de 27,53%.
Conforme EMBRAPA (2021), para além da participação no mercado financeiro, o
agronegócio brasileiro alimentou em 2020 cerca de 800 mil pessoas, incluindo a população
brasileira e também de outros países, de acordo com dados da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária. Assim, é pela grande demanda por produtos da agricultura e agropecuária, que
os produtores brasileiros buscam soluções alternativas e eficazes, que sejam capazes de tornar
seus processos mais eficientes. Nesse contexto, a tecnologia pode estar cada vez mais inserida
no campo por meio de máquinas, equipamentos, técnicas e mercado.

1
Graduando em Administração pela FAGEN - Faculdade de Gestão e Negócios -
Universidade Federal de Uberlândia.
2
Doutor em Administração pela Fundação Getúlio Vargas, Mestre em Administração pela
Universidade Federal de Uberlândia.
Nesse sentido, este trabalho se propõe a analisar como a tecnologia pode ser aliada ao
desenvolvimento do agronegócio brasileiro, de forma a estudar as mudanças que os novos
processos, técnicas e equipamentos trouxeram para o segmento.
Bassoi et al. (2019), aponta que, apesar de todo crescimento do agronegócio, há ainda
várias limitações e deficiências, como a forma de se captar recursos financeiros para que se
possa investir em inovação e tecnologia por meio da iniciativa privada ou por meio de
recursos públicos que garantam a melhoria e desempenho produtivo.
Contudo, levantou-se os seguintes questionamentos, sendo, como o agronegócio pode
evoluir cada vez mais de forma competitiva e sustentável para atender a demanda brasileira
por meio de inovações tecnológicas? Qual o impacto de toda evolução tecnológica no
agronegócio brasileiro?
Para responder a essas questões, o presente estudo tem como objetivo a realização de
uma revisão bibliográfica sobre os impactos do uso crescente da tecnologia no agronegócio
brasileiro e, além disso, busca-se apresentar algumas das principais ferramentas tecnológicas
que podem auxiliar o trabalhador rural, a fim de reduzir custos e minimizar riscos nas
produções.
Este estudo se justifica a partir de um estudo realizado por Roesch (1999) que,
apoiado em sua metodologia, fundamenta um projeto a partir de sua importância,
oportunidade e viabilidade. Além da busca por mostrar a realidade e promover um melhor
debate sobre o impacto da aplicação de tecnologias no agronegócio, verificando assim, as
mudanças do setor para um melhor crescimento e desenvolvimento. Por fim, pela percepção
de como na vivência profissional é importante destacar a necessidade de abordar todos os
processos, referente a tecnologia, a teoria de contingência e também, quais estudos
demonstram tal desenvolvimento.
É de suma importância que os profissionais compreendam como se dão os problemas
enfrentados na implantação da tecnologia no agronegócio, para que assim, estes processos,
melhorem a produtividade e a busca por um bem comum.
No entanto, verifica-se uma lacuna acadêmica para que se compreenda o motivo de
vários produtos do agronegócio não invistam em tecnologia, e como isso, nos dias atuais,
impacta diretamente no orçamento do produtor.
Com relação à oportunidade, pode-se apoiar a justificativa em relação ao tema
pesquisado, pela aplicabilidade que norteia as dimensões teórico-metodológica, ético-política
e técnico-operativa da formação e atuação profissional, visando oportunizar, melhorar e
identificar sempre a importância da tecnologia e agronegócio na sociedade.
Quanto à viabilidade, tornou-se possível realizar esta pesquisa por meio de uma
revisão bibliográfica em que será abordado de forma breve os principais desafios e os
impactos do uso crescente da tecnologia para o agronegócio brasileiro.
O trabalho foi estruturado em 04 tópicos, divididos em referencial teórico,
metodologia, descrição e análise e considerações finais.

2 Teoria Contingencial e a Tecnologia Aplicada no Agronegócio

Segundo Hu e Islam (2012), a Teoria da Contingência é uma abordagem na qual se


estuda o comportamento das organizações, buscando assim, explicações para fatores
contingenciais, como: ambiente externo e interno, tecnologia, cultura que influenciam a
função e o desenho das organizações. Além disso, os autores ressaltam que a base para a
aplicação desse tema é que não existe um tipo único de estrutura organizacional aplicável a
todas as organizações.
Conforme Camacho (2010), a Teoria Contingencial acabou sendo contrária a Teoria
Clássica da Administração, ao defender que não há um modelo único de administração que se
utilize em todas as estruturas organizacionais, ou seja, isso acabou resultando em uma
mudança de ideias, em que tudo irá depender das variáveis do ambiente, já que, estas irão
guiar as decisões a serem tomadas.
Assim, Gerdin (2005), destaca que a Teoria Contingencial demanda serem os sistemas
e estruturas organizacionais uma função de fatores específicos e ambientais da empresa, ou
seja, a Teoria defende que os resultados de uma organização são consequências de um ajuste
ou combinação entre dois ou mais fatores.
De acordo com Çakir (2012), a ideia é que ocorra um ajuste em ter alguns
componentes de uma organização e também algumas contingências para melhorar o
desempenho, assim, os fatores específicos seriam o ambiente, tamanho da organização e as
estratégia, além disso, acrescenta-se o fator tecnologia.
Para Reck (2011), quando se trata de organizações agropecuárias, da mesma maneira
que as demais, estas são influenciadas por elementos destacados pela Teoria Contingencial e
também pela estrutura organizacional, assim, será adicionado a estes fatores a questão que a
maior parte das atividades rurais irá depender da transformação biológica inerente a cada
atividade e também a fatores próprios da natureza.
Além disso, Reck (2011) destaca que a atividade rural é caracterizada de médio a alto
risco, uma vez que está sujeita a perecibilidade, aos efeitos edafoclimáticos, demanda de
mercado e a oferta. Assim, a maioria das atividades apresenta baixa liquidez e também a
necessidade de elevar investimentos em capital imobilizado, o que acaba exigindo taxas
maiores de retorno. O autor também aponta que, para que se supere tais peculiaridades, boa
parte das organizações, irá apresentar elevado grau de verticalização, o que irá agregar todo
processo de produção, exportação e industrialização do produto gerado.
Conforme Soares e Silveira (2011), outro fator importante que irá influenciar o
ambiente do agronegócio será a modernização, já que, este fator tornou a atividade
agropecuária dependente de recursos produzidos externamente à propriedade rural e a
necessidade de consumidores nas cidades que vão atrás da qualidade dos produtos e
variedade.
Assim como preconiza Reck (2011), enquanto algumas atividades na ação da estrutura
têm efeito decisivo no processo produtivo, se analisar a atividade rural, a ação será limitada.
Contudo, na atividade rural, fatores produtivos dos agentes naturais e edafoclimáticos são de
difícil controle pelo homem. Dessa forma, cabe à organização proporcionar condições ideais e
básicas para que os agentes naturais sejam bem-sucedidos, evidenciando a importância de
uma abordagem analítica do ambiente do agronegócio e essa situação pode ser estudada à luz
da Teoria Contingencial.
De acordo com Dalcin et al. (2010), mesmo que haja estudos relacionados à Teoria
Contingencial, poucos são referentes à agricultura. Mesmo que o agronegócio esteja propenso
às peculiaridades no processo decisório típico da atividade rural, a Teoria Contingencial tem
espaço no que se refere à estrutura organizacional e à abordagem das eventualidades e
incertezas que ocorrem nesse ambiente, mesmo que haja uma atuação da organização esteja
inserida.
No entanto, Soares (2009), aponta que a estrutura organizacional de organizações
específicas para a atividade rural se mostrou sensível à Teoria Contingencial, assim, o autor
aponta que fica evidenciado que as organizações rurais acabam divergindo umas das outras
em termos de poder, autoridade, relacionamento, grau de permanência das unidades
administrativas, estrutura, diversidade ou homogeneidade interna, tecnologia, o que acaba
reforçando a aplicação da Teoria nas práticas empresariais dessas atividades.
Contudo, Soares e Silveira (2011), realizaram um estudo para relacionar as
transformações institucionais, dimensões e ambientais com efeitos experimentais da cadeia
produtiva de leite, nas quais, as variáveis de desempenho, estrutura e estratégia podem ser
percebidas na abordagem da Teoria Contingencial, no contexto de mudanças ambientais e
institucionais da cadeia produtiva no Brasil.
Seguindo este ideal, Dalcin et al. (2010), busca aproximar a Teoria Contingencial ao
processo decisório das organizações rurais, para que se pudesse verificar o comportamento
delas com base nos fatores contingenciais, já que nas entidades pesquisadas, o processo de
tomadas de decisões é fundamentado na intuição, com baixa avaliação de risco, com base nas
necessidades emergentes. Assim, o processo decisório é demorado e reflexivo, fundamentado
e rotineiro mais na experiência.
Com relação aos principais fatores contingenciais, segundo Çakir (2012) são:
ambiente, tamanho da organização, estratégia e tecnologia. Assim, a teoria da contingência
assume que cada um desses fatores necessita da existência de algumas características da
estrutura organizacional, e isso ocorre quando a estrutura de uma organização possui
determinadas características em conjunto, ou seja, há um ajuste entre dois ou mais fatores
contingenciais.
Para Morgan (2007), foram identificados fatores organizacionais que são objetos de
atuação da Teoria Contingencial, sendo definidos como: natureza do ambiente organizacional,
estratégia adotada, tecnologia utilizada, pessoas contratadas, cultura organizacional, estrutura
e filosofias administrativas dominantes.
Diante desses fatores, pode-se, no entanto, determinar composição da organização,
como, humano, tecnológico e administrativo, assim, de acordo com Çakir (2012, p. 34), os
principais fatores relacionados à Teoria Contingencial podem ser explicados da seguinte
forma:
● Ambiente: principais fatores do ambiente são, interconexões entre os vários
elementos do ambiente, análise do ambiente no qual a empresa está inserida e o
impacto das mudanças do mercado e concorrência, já que, a taxa de mudança
tecnológica e de mercado no ambiente da organização é um fator importante para
saber se a estrutura da organização é mecanicista, ou seja, hierárquica ou orgânica
(participativa).
● Estratégia: pode-se destacar a análise de estratégia adotada pela empresa, análise de
novas ameaças e oportunidades, defesa do nicho de mercado e postura diante de um
ambiente competitivo, assim, a efetividade da estratégia é determinada pela
configuração estrutural, contextual e fatores estratégicos.
● Tecnologia: destacam-se as escolhas tecnológicas da empresa, análise da tecnologia
ou mecanismos utilizados por outros. Çakir (2012), explica que as empresas que
possuem um ritmo acelerado são caracteristicamente utilizadas. Além disso, são
tipicamente associadas com baixos níveis de especialização, e moderados a elevados
níveis de interdependência.
● Gestão: principais aspectos relacionados são o incentivo dos colaboradores, a análise
das orientações em que as pessoas trazem para seu ambiente o tipo de relação entre
gestores e colaboradores. Assim, diante de um mercado cada vez mais competitivo e
por vezes incerto, a criação de equipes interdepartamentais irá melhorar a velocidade e
a qualidade da reação de uma organização, melhorando assim, seu desempenho.
● Estrutura: diante desse fator contingencial é possível relacionar os seguintes
aspectos: a estrutura da organização, os objetivos a serem definidos, porte da empresa
e as incertezas que impactam em como a organização está estruturada. Além disso, um
procedimento de tomada de decisão estipulado por regras, traz rentabilidade e
eficiência, já que pequenas organizações precisam de estruturas desburocratizadas e
simples.

Assim, Souza et al. (2013), destacam que a influência da concorrência é um fator


principal, visto que a tecnologia é uma variável determinante para a sobrevivência do negócio,
ou seja, a conjuntura estratégica é considerada relevante, já que ocorre grande interação entre
a variável tecnológica e variável ambiente.
Por fim, seguindo Çakir (2012), pode-se destacar que boa parte da influência dos
fatores contingenciais afeta o desempenho, o que torna relevante para seus usuários externos,
principalmente no que tange às organizações agropecuárias.
Assim, com relação ao processo tecnológico, Hatch (2021), destaca que o agronegócio
brasileiro já está passando por uma intensa modernização por meio da adoção de novas
tecnologias que aumentam a produtividade e diminuem os riscos, contudo, essa capacidade de
inovar é fundamental para manter a competitividade em um mercado totalmente globalizado.
Nesse cenário, Hatch (2018) destaca que a inovação é a força motriz do
desenvolvimento econômico e do crescimento produtivo sustentável, podendo ser aplicada em
qualquer nível, desde pequenas tarefas, até grandes empresas. Nesse sentido, Bassoi et al.
(2019) ressalta que cada organização emprega tecnologias específicas, utilizadas para
transformar insumos em produtos ou serviços.
Segundo Hatch (2021), o aumento do uso de tecnologias digitais no campo culminou
para emergir a então denominada Agricultura Digital ou 4.0, ou seja, uma transformação
digital pelo uso da tecnologia para a resolução de problemas tradicionais já vivenciados no
campo. Massruhá (2020) aponta que o resultado são mudanças na estrutura, estratégia e
cultura das organizações, por meio do alcance e do poder da internet.
De acordo com Milanez et al. (2020), a Agricultura 4.0 incorpora as novas tecnologias
de informação e comunicação (TIC) para digitalização e automação da produção do
agronegócio, através do uso e aplicação da internet das coisas (IoT), inteligência artificial,
analytics e big data, além de dispositivos de sensoriamento e rastreabilidade.
Assim, segundo Silva e Cavichioli (2020), a TIC possibilita à agricultura o
processamento e o armazenamento de dados como situação do clima, solo, pragas e até
doenças e permite ao produtor acompanhar todas as informações de sua cultura, do início ao
final do processo. Já a Inteligência Artificial (AI), de acordo com Silva e Cavichioli (2020),
está presente no campo por meio das análises de solo para plantação até a colheita da safra e
no mapeamento das propriedades rurais. Além disso, o uso dessa tecnologia também permite
o reconhecimento de fenômenos climáticos para que se possa diminuir os riscos de uma
plantação.
Essas ferramentas, conforme Ejnisman, Battilana e De Andrade (2019) têm a
capacidade de coletar um grande volume de dados, os quais denomina-se de Big Data.
Portanto, o Big Data trata-se de uma quantidade imensurável de dados coletados de diversas
formas, transmitidos e tratados em altas velocidades e representados por uma variedade de
formatos, como dados estruturados e não estruturados.
Os autores Silva e Cavichioli (2020) afirmam que se trata de um sistema inteligente de
armazenamento e análise de dados, definidos em 5 V: volume, variedade, velocidade,
veracidade e valor. Assim, através dessa ferramenta, é possível coletar os dados de produção e
informar ao produtor que irá analisar as informações e tomar as melhores decisões para
reduzir gastos e prejuízos.
Segundo Bassoi et al. (2019) o desenvolvimento da AD é pautado principalmente na
internet das coisas (Internet of Things, IoT ) e na computação em nuvem. Dessa forma, o setor
vem avançando combinando a tecnologia da internet com a de objetos inteligentes.
Conforme Hayashi, Almeida e Komo (2021), a internet das coisas é um acontecimento
ainda recente, de tendência tecnológica inovadora que envolve redes e dispositivos capazes de
se comunicar entre si, sendo que, sua arquitetura é estruturada em forma de uma rede
globalmente acessível de coisas, provedores e consumidores.
Além disso, segundo Silva e Cavichioli (2020), a premissa básica da internet das
coisas é que os diversos objetos que nos cercam, como os sensores, celulares, máquinas,
identificadores eletrônicos entre outros, possam interagir e comunicar entre si com o
propósito de atingir algum objetivo. A computação em nuvem possibilita que os dados
gerados em tempo real possam ser salvos com qualidades e mantidos de forma segura.
Nessa perspectiva, para Bentivoglio et al. (2021), entre as diversas inovações
disponíveis, que interessam principalmente ao setor agrícola, a tecnologia da agricultura de
precisão está atraindo o interesse de vários produtores devido ao seu grande potencial de
impacto nos produtos, negócios, processos e serviços.
Além disso, segundo Bassoi et al. (2019), a agricultura de precisão (AP) é um
conjunto de técnicas agrícolas que considera a variabilidade espacial e temporal, assim,
permitindo o gerenciamento localizado dos cultivos, por meio da aplicação sítio-específica de
insumos de forma racional, no momento, local e dose correta.
Bentivoglio et al. (2021) definem a AP como um método sistêmico para reorganizar a
estrutura de funcionamento da agricultura rumo a um cultivo mais sustentável, com baixo
consumo de insumos e melhor rendimento. Essa abordagem, conforme Lampelli (2022) se
tornou possível com o surgimento e desenvolvimento de microcomputadores, sensores e
softwares, ou seja, do aprimoramento das tecnologias digitais.
Contudo, Lamparelli (2021), destaca que o emprego das ferramentas adequadas
possibilita o levantamento de dados de áreas delimitadas (informações georreferenciadas)
dentro de uma propriedade rural. Quanto mais subdividida a propriedade, melhores serão os
dados georreferenciados.
As principais tecnologias empregadas segundo Bentivoglio et al. (2021), englobam
ferramentas de coletas de dados para controle de produtividade, dispositivos para amostragem
de solo, sensoriamento remoto e sistema de orientação. Conforme Inamasu e Bernardi (2014),
trata-se de uma cadeia de conhecimento baseada em ferramentas de coletas de dados, os quais
quando interpretados de forma correta, geram informações para apoio na tomada de decisão
no campo.
O controle das variáveis que influenciam o cultivo depende do detalhamento das
informações fornecidas pelas ferramentas e equipamentos. Os principais instrumentos
aplicados na AP englobam o GPS (Sistema de Posicionamento Global), GIS (Sistema de
Informação Geográfica), Sistema de Detalhamento de Colheita, sensores remotos e de solo.
O GPS, segundo Lamparelli (2021), é um dispositivo utilizado para a definição da
latitude e longitude nas subdivisões das propriedades rurais. O autor destaca que o GIS é um
software que cria, gerencia, analisa e mapeia todos os tipos de dados e pode decodificar
informações geográficas em gráficos. O sistema de mapeamento de colheita é responsável por
gerar informações sobre a produtividade, armazenando os dados coletados durante a colheita.
De acordo, também, com Lamparelli (2021), a técnica de taxas variáveis analisa os
dados coletados por meio do mapeamento de produtividade, o que permite ao produtor aplicar
insumos específicos, conforme a necessidade do solo. Além disso, é possível fazer o controle
através de dados levantados por sensores, sem a utilização de georreferenciamento. Os
sensores podem ser remotos ou de solo, o remoto utiliza drones, aviões ou satélites para o
levantamento de dados, já os sensores de solo disponibilizam dados referentes à composição
do solo.
Diante ao exposto, para Bassoi et al. (2019) pode-se afirmar que a AP é um caso de
sucesso do emprego da automação, uma vez que se entende que a automação é um sistema
pelo qual os processos de produção agrícola ou pecuária são monitorados, controlados e
executados por máquinas, dispositivos mecânicos, eletrônicos ou computacionais com o
propósito de aumentar a capacidade de trabalho do homem.
A AD e AP são empregadas, geralmente, em conjunto nas propriedades rurais, no
entanto, segundo Buck (2020). Ambas possuem características diferentes, sendo a AP
direcionada para a aplicação de insumos em áreas com maior potencial produtivo, assim, tudo
aquilo que incorpora maior precisão e otimização nos processos através da tecnologia para o
aumento da produtividade e sustentabilidade faz parte da agricultura de precisão. Por outro
lado, as ferramentas digitais de coleta de dados que auxiliam nas tomadas de decisão
pertencem à agricultura digital.
Portanto, segundo Bassoi et al. (2019), a automação nas áreas rurais brasileiras é uma
realidade e ocorre em todos os níveis do sistemas de produção, com o intuito de aumentar a
produtividade, otimizar o uso de tempo, insumos e capital, aumentar a qualidade de vida do
trabalhador rural e diminuir as perdas na produção.

2.2 Agronegócio Brasileiro

Conforme Saleh (2019), o agronegócio, também denominado do inglês de


agrobusines, é um setor da economia que relaciona toda a cadeia produtiva ligada às
atividades derivadas da agricultura e da pecuária, assim, FIA (2011), destaca que o seu
processo produtivo é abrangente, composto por diversos segmentos e variados perfis,
incluindo operações que começam antes, dentro e depois das porteiras das fazendas.
De forma simplificada, ABAGRP (2022), aponta que sua atividade é iniciada por meio
de pesquisa científica, produtos veterinários, créditos concedidos por bancos e produção de
insumos, sendo que, a próxima etapa é composta pela produção agrícola e agropecuária,
atividade conhecida como “dentro da porteira”. Por fim, vem o transporte, armazenamento,
industrialização e comercialização dos produtos e todas essas etapas do agronegócio
compõem um gigantesco mercado e um dos pilares da economia brasileira.
No Brasil, esse mercado está em constante crescimento, visto que conforme CEPEA
(2022), o país com seu imenso potencial e aliado à capacidade instalada de suas instituições e
à reconhecida criatividade de seus pesquisadores, abrem enormes possibilidades de
investimentos externos e privados em pesquisa e desenvolvimento no país, o que faz com que
o PIB do agronegócio cresça cada vez mais.
Dessa forma, Massa (2020), aponta que um dos grandes fatores para a expansão do
PIB do agronegócio é a sustentação da oferta e demanda, além das excelentes safras agrícolas
e das exportações do setor, que representam cerca de 50% de todos os produtos exportados do
país, conforme levantamento realizado pelo Ministério da Agricultura, em julho de 2020.
Para além das exportações, conforme Ribeiro, Marinho e Espinosa (2018), o consumo
interno de alimentos também vem crescendo exponencialmente, devido ao aumento
populacional e ao desejo das pessoas por melhores condições de saúde e qualidade de vida.
Dessa forma, é impulsionada a expansão das atividades agrícolas e pecuárias.
Para Cavichioli (2020), diante ao desafio de aumentar a produtividade para atender a
uma demanda abrangente, o uso de novas tecnologias se tornou fundamental para melhorar,
otimizar e rentabilizar a produtividade no campo. Contudo, Ribeiro, Marinho e Espinosa
(2018), apontam que o emprego das novas tecnologias tem como propósito minimizar os
custos, maximizar a produção e racionalizar a utilização dos recursos naturais com a obtenção
de um produto final sustentável e com qualidade.

2.3 Possibilidades e limitações do emprego de tecnologia no agronegócio brasileiro

De acordo com Matos (2010), a modernização e o emprego da tecnologia no


agronegócio brasileiro, além de benefícios importantes, também trouxeram algumas
dificuldades, e este desenvolvimento permitiu até mesmo uma queda no preço médio dos
alimentos, beneficiando além da população, todo setor do agronegócio brasileiro.
Dessa forma, a respeito dos benefícios pode-se destacar a agricultura de precisão,
plantio direto, drones ou VANTs e aerofotogrametria. Com relação à agricultura de precisão,
segundo Coelho (2005), ela tem como principal objetivo a aplicação de insumos no mesmo
tipo de solo com o intuito de maximizar a produção física e econômica das culturas, proposto
em 1929 por Bauer e Linsley, em que os agricultores da época alcançaram uma economia de
40% em seus custos de produção em pequenas áreas de 100 m².
Assim, Coelho (2005), aponta que na década de 30, era predominante a agricultura
familiar que acabava explorando uma pequena área, assim, os agricultores percebiam a
variabilidade espacial das propriedades, e dessa forma, conseguiam manobrar com mais
facilidade essas terras. No entanto, atualmente, todo esse processo é possível devido à sua
mecanização, possibilitando o controle econômico em culturas de grandes áreas através de
aplicações uniformes de insumos. Dessa forma, o autor destaca que, para que agricultura de
precisão aconteça, é necessário que se utilize sistemas que devem associar as medidas e a
compreensão da variabilidade dos solos juntos à aplicação dos insumos, como, fertilizantes,
sementes, defensivos agrícolas e, por meio disso, é possível manejar todo o equipamento para
a aplicação. Assim, o sistema irá recordar a eficiência de todas as aplicações com o intuito de
avaliar o seu valor.
Concluindo a agricultura de precisão, Coelho (2005), aponta que logo no início de sua
aplicação, ela era realizada dentro de suas estimativas utilizando-se métodos simples de
marcação como ao se definir um ponto fixo e com isso determinar sua área com base nele.
Desse modo, o Sistema de Posicionamento Global (GPS) admite a demarcação de qualquer
área no planeta, desenvolvido pelo Departamento de Defesa dos EUA. O sistema utilizado
atualmente é mais aplicado em aplicativos de trânsito, mas também possibilita a melhor
gestão das áreas e controle de produtividade.
Quando se fala em Plantio Direto, Alvarenga et al. (2001), destaca-se que é a maior
inovação do milênio passado. A técnica consiste em deixar uma camada superficial de palha
no solo com o intuito de criar um ambiente com condições mais favoráveis para a produção,
como recuperação e manutenção do solo, controle de ervas daninhas. Tal camada atua como
retentora e dissipadora de energia e protege o solo contra o impacto direto das gotas de
chuvas, reduzindo o excesso de água não infiltrada no solo e minimizando ou até mesmo
eliminando a erosão do solo.
Além disso, Alvarenga et al. (2001), ressalta que a quantidade e a qualidade de palha
utilizada na superfície no solo varia conforme o sistema de rotação adotado, dependendo do
tipo de planta de cobertura e como é feito seu manejo. Contudo, devem-se selecionar as
espécies que possuem maior potencial quanto às condições do local para a produção de
fitomassa. Quanto maior a sua quantidade, maior é a oferta de palha sobre o solo, podendo
possibilitar uma maior reciclagem de nutrientes e, dessa forma, o manejo com a camada de
palha se torna mais fácil, dando pouca resistência aos componentes de corte das semeadoras e
tornando o plantio subsequente realizado sem maiores dificuldades operacionais.
Com relação aos Drones, conforme Otake (2017), estas tecnologias são utilizadas com
o intuito de coletar fotografias aéreas para se mensurar tamanhos de áreas. Permite-se criar
dados altimétricos, entre outros produtos cartográficos, que podem ser utilizadas tanto em
propriedades grandes, quanto em pequenas, podendo gerar dados que contribuem no controle
e redução dos gastos.
Galvão (2014) destaca que a Aerofotogrametria permite o mapeamento de culturas,
identificação de pragas e doenças. Por meio de suas imagens permite identificar espécies
vegetais, a quantidade de biomassa, calcular área foliar, clorofila, nitrogênio, deficiência
nutricional e água e também, por não ser atrapalhado pelas nuvens ou pela fumaça da queima
de vegetação. A aerofotogrametria feita por drones permite maior liberdade do pesquisador
por poder realizar a coleta do material quando achar necessário, sem depender de condições
externas.
Matos (2010) destaca que a implantação dos benefícios acima, irá melhorar e otimizar
a produção e o uso de insumos, além de reduzir os impactos negativos no meio ambiente,
aumentando a produtividade da lavoura, facilitando a comunicação entre produtor,
operadores, administradores, agrônomos, com o uso de celulares e ferramentas de internet, e
por fim, aumentando a renda do produtor com o incremento da qualidade da produção
agrícola.
Matos (2010), também preconiza que com relação às dificuldades encontradas no
agronegócio, há no Brasil, dois fatores limitantes ao movimento de modernização das
lavouras. Um deles é a dificuldade de integração e a compatibilidade entre as várias soluções
e sistemas digitais disponíveis aos produtores. A outra dificuldade destacada é a falta de
capacitação do capital humano, o que reflete em baixos índices de profissionalização da
gestão do campo e também na falta de mão de obra preparada para lidar com as novas
tecnologias.
De acordo com Galvão (2014), para que o agronegócio brasileiro mantenha o seu
protagonismo nos próximos anos, será fundamental que a gestão pública esteja sempre atenta
às exigências regulatórias que a nova realidade suscita, sintonizada às transformações
tecnológicas e preparada para realizar as mudanças e ajustes que acompanhem o
desenvolvimento tecnológico necessário para o Brasil. Por fim, ele aponta que é importante o
estímulo de mecanismos de incentivos e fomento constantes à promoção de ações que
auxiliem na difusão de novas tecnologias no campo e na qualificação profissional da mão de
obra rural, visando potencializar a colaboração público-privada e otimizar e alavancar
recursos a favor da revolução tecnológica no agronegócio brasileiro.

3 Metodologia

A metodologia utilizada neste artigo é a pesquisa bibliográfica, descritiva e


exploratória. Dessa forma, são definidos os termos abordados para que sirvam como auxílio
no entendimento sobre os impactos que o uso da tecnologia vem trazendo para o agronegócio
brasileiro, e como ela é importante no desenvolvimento do agronegócio brasileiro.
Por se tratar de uma pesquisa bibliográfica, segundo Tolfo (2009), ela é produzida
através da pesquisa de livros, artigos acadêmicos, materiais que são publicados, dissertações
e teses. Esta pesquisa pode ser realizada independentemente, pode utilizar de pesquisas
descritivas para realizar estudos ou a realização de um estudo experimental para provar as
análises realizadas na pesquisa.
Segundo Marconi e Lakatos (2007), o levantamento bibliográfico possui grande
importância, pois, permite ao pesquisador aplicar estudos realizados anteriormente por outros
teóricos buscando localizar-se no campo da pesquisa desejado.
Frente à natureza de pesquisa deste trabalho, Creswell (2007) define que o estudo
qualitativo trata-se de uma investigação de várias formas e concepções, podendo ser estas
estratégias de investigação, filosóficas, levantamento bibliográfico e até mesmo interpretação
e análises dos dados coletados e seus métodos de coleta.
Além disso, Tolfo (2009) ressalta que uma pesquisa descritiva tem como objetivo
identificar, registrar, analisar características, fatores ou variáveis que se relacionam com um
processo. Essa pesquisa também pode ser identificada como um estudo de caso que realiza
análises através de dados e informações coletadas, identificando resultados obtidos a partir da
análise de no mínimo duas variáveis.
Por fim, Tolfo (2009), também explica sobre uma pesquisa exploratória, na qual
não necessita de hipóteses para que sejam testadas, esse método de pesquisa utilizado busca
informações sobre determinados estudos e serve para definir objetivos.
Quanto aos aspectos metodológicos para alcançar os objetivos propostos, foi
realizada uma busca sistemática de pesquisas científicas no banco de dados da CAPES e
SPEL WEB OF SCIENCE, já que o trabalho contempla um levantamento de dados sobre a
quantidade de trabalhos publicados, majoritariamente, nos últimos dez anos, o que justifica
um facilidade e abrangência de acesso à maioria das pesquisas levantadas.

4 Descrição e Análise

Para que esta pesquisa fosse realizada, foram buscados dados através dos artigos
online de publicações brasileiras, no período de 2010 a 2020. As palavras-chaves utilizadas na
revisão bibliográfica foram: “tecnologia”, “impactos da tecnologia”; “agronegócio” e
“possibilidades e limitações”. Assim, dos artigos pesquisados, 25 foram selecionados, que
estão relacionados à abordagem da inovação tecnológica no agronegócio.
Dessa forma, realizou-se uma análise completa do corpo do texto dos artigos, para que
pudesse excluir artigos que não contemplavam o escopo deste estudo, assim, os critérios
utilizados são a pesquisa de revisão da literatura com comparação de conceitos ou até mesmo
sem aplicabilidade.
Contudo, excluiu-se 05 artigos por possuir corpo do artigo em outras nacionalidades e
outros 09 artigos por compreender que estes não atendiam aos critérios citados acima, pois os
resumos e títulos não estavam detalhando a abordagem do tema, sendo possível a
identificação logo ao término da leitura completa do texto. Assim, os resultados e discussões
dos demais 11 artigos restantes serão apresentados abaixo.
Dos 11 artigos apresentados, pode-se definir que 07 artigos falam especificamente que
o fortalecimento da consolidação e evolução do agronegócio brasileiro frente às inovações
tecnológicas no agronegócio brasileiro, trazem resultados e benefícios da atividade, outros 02
artigos abordam a necessidade de se inovar e como isso gerará uma competição no mercado
do agronegócio, possibilitando assim, que o agricultor coloque se produto em um melhor
mercado. E por fim, outros 02 artigos destacam a gestão pública e os investimentos e como
isto auxilia o governo em pesquisas de ciência e tecnologia e também a agricultura familiar
que se desenvolveu muito ao longo das últimas décadas.
Com relação ao impacto da aplicação de tecnologias no agronegócio brasileiro, é
importante destacar que por este envolver diversos agentes e/ou segmentos na execução dos
negócios, irá exercer papel crucial no que tange o crescimento da economia local, já que as
relações não se limitam a apenas a um tipo de mercado, mas irão agregar valor à cadeia
produtiva, desde a obtenção de insumos até a disposição final do produto acabado.
Assim, durante pesquisas realizadas para levantamento e discussão bibliográfica, é
importante ressaltar que o número de publicações de artigos relacionados à aplicação de
tecnologias no agronegócio brasileiro não é tão alto.
Dessa forma, se observarmos artigos que direcionam o tema pesquisado no Brasil,
nota-se que acerca deste tipo de pesquisa no país ainda há pouca bibliografia, o que acaba
minimizando detalhes e análises importantes que a área produz. Apesar disso, os artigos
selecionados especificam bastante a questão da inovação e tecnologia no agronegócio e como
isso gera novas rendas e crescimento no setor.
Conforme Maculan (2015), muitas vezes a falta de pesquisas no setor do agronegócio
ocorre em consequência da falta de tradição do Brasil na área, pela ausência de continuidade
das pesquisas ou mesmo problemas enfrentados na utilização de diferentes metodologias para
o levantamento e tratamento de dados.
Assim, em um primeiro trabalho pesquisado por Batalha, Chaves e Souza Filho
(2009), tiveram por objetivo qualificar e medir os gastos públicos voltados às produções
agropecuárias, nas quais, reflete a necessidade de financiamentos nos projetos e ações
tecnologias em seus desenvolvimentos. Contudo, diante dos dados coletados e analisados,
descreveram detalhadamente os gastos de Ciência, Tecnologia e Inovação, voltados para a
produção agropecuária e de insumos propriamente ditos.
Nos estudos, os autores mostraram que a Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (EMPRAPA) teve papel importante no desenvolvimento da Ciência, Tecnologia
e Inovação voltado para a produção de tecnologia no campo do país. Além disso, eles citam
que os segmentos que mais obtiveram recursos públicos na parte tecnológica foram os de
recursos ambientais, sistemas sustentáveis, controle biológico, sistema de produção e manejo
de solo, pragas, melhoramento genético e biotecnologia.
Em outro estudo, Mollo, Vendrametto e Okano (2009), tiveram o objetivo de auxiliar
no crescimento das produções agrícolas nacionais e também a importância do aparato
tecnológico, assim, se discutiu neste trabalho as pesquisas e desenvolvimento provindos da
Tecnologia de Informação, aponto assim, ações inovadoras, principalmente no que se refere à
aquisição de conhecimento, poder de processamento de um grande volume de dados e
também acesso.
Contudo, conforme o estudo de Mollo, Vendrametto e Okano (2009), foi concluído
que as ferramentas apontadas neste trabalho aumentaram os esforços em produção e
desenvolvimento, conseguindo assim, trabalhar de maneira simplificada com desafios de
negócios e desafios.
Segundo Aguiar et al. (2016), diante do trabalho exposto pelos autores acima,
verifica-se que os investimentos sempre levarão à concepção de ferramentas otimizadas e
especializadas, tendo sobretudo a base de inovação tecnológica, melhorando a adaptação de
novos procedimentos frente aos processos tradicionais.
No entanto, Wilkinson (2010) ressalta as perspectivas e transformações a partir de
uma mudança no cenário do agronegócio brasileiro e mundial, pois, a competitividade
internacional e nacional do agronegócio está diretamente orientada pelos conhecimentos da
produção e desenvolvimento.
Seguindo este contexto de evolução tecnológica, segundo Guanziroli, Buainain e
Sabbato (2012), com relação ao agronegócio familiar, os autores analisaram dados dos censos
no país entre 2001 e 2011 medindo a evolução tecnológica neste segmento no país. Dessa
forma, foi verificado que, durante estes 10 anos, a agricultura familiar manteve-se como
importante segmento que compõe o agronegócio nacional.
Assim, a agricultura familiar sempre participa de alguma forma do desenvolvimento
do agronegócio, mantendo-se seu papel de produtora comercial de produtos de consumo
doméstico. Ainda de acordo com Guanziroli, Buainain e Sabbato (2012), do ponto de vista de
inovação e tecnologia, percebe-se que durante a década pesquisada, ocorreu um avanço
destacável no emprego tanto da tração mecânica, como animal, o que leva-se a acreditar que
os investimento em inovação neste segmento foram os grandes responsáveis por melhorias e
resultados.
Frente ao fortalecimento da consolidação e evolução do agronegócio brasileiro,
Teixeira et al. (2013), destacam a necessidade de se utilizar ideias que auxiliem e enfrentem
os desafios que ainda estão por vir, ou seja, para os autores, as inovações tecnológicas no
agronegócio brasileiro sempre trazem satisfatórios resultados e benefícios a atividade.
Contudo, Carvalho (2019) destaca que a mudança até aqui destacada é sempre algo
inovador, mas a inovação é sempre necessária para chegar ao mercado, considerando todos os
riscos inerentes do processo de difusão a fim de gerar valor.
Já Teixeira et al. (2013), aponta que a introdução de novas ações inovadoras
tecnológicas no agronegócio devem ser realizadas com o objetivo de se ter um aumento
significativo da produtividade, além claro, de melhorar a qualidade dos produtos. Diante de
tal discussão, Diez (2010), aponta que a gestão da inovação tecnológica trata de uma
organização na qual se pode adquirir grande envolvimento no mercado com o
desenvolvimento de valores a partir do uso do conhecimento conectado à produção de um
produto diferenciado ou até mesmo de um serviço.
Todavia, Oliveira e Basso (2014) apontam que várias estratégias podem ser aplicadas
com o objetivo de desenvolver uma organização perante a concorrência, assim, os autores
destacam a necessidade de se inovar como fator que gerará uma vantagem competitiva mesmo
onde a agricultura passar por um momento de instabilidade na economia.
Por fim, Rolfstam (2013) destaca que a utilização da estratégia da inovação
tecnológica no agro brasileiro, possibilitará à empresa colocar seu produtor em um melhor
mercado, associando assim, sua produção a um destaque de maior eficiência frente aos seus
concorrentes.

5 Considerações Finais

Em resumo, respondendo à pergunta problema deste estudo, pode-se concluir que


o agronegócio brasileiro possui grande potencial para crescer, ainda mais por meio de
inovações tecnológicas, visto que, com a demanda mundial por alimento aumentando
gradativamente, muitos países terão dificuldade para suprir essa necessidade. Assim, a
automatização dos processos pode auxiliar ainda mais o aumento da produção para cobrir a
escassez de vários países por alimentos.
Diante da revisão bibliográfica apresentada e estudos discutidos, verifica-se por
meio de estudos nacionais, que é destacável a importância de inovar para aqueles que desejam
manter-se competitivos no ambiente comercial atualmente.
Assim, aos profissionais e empreendedores no agronegócio, esta experiência não
está muito longe de suas realidades, pois, verifica-se que o agronegócio demanda
constantemente novas tecnologias, já que a cada safra, novas práticas sustentáveis, a cultura,
enfim, sempre será necessário inovar, desde a seleção de insumos, de tecnologias e,
sobretudo, de práticas sustentáveis para garantir a contínua evolução desse segmento.
Verifica-se a tecnologia se faz presente do processo de desenvolvimento agrícola
no Brasil e é uma forte aliada do país quando o assunto é produção, pois, sendo fator
importantíssimo, traz para o agronegócio brasileiro o melhoramento da produtividade, já que
o desafio é produzir mais com menos, com o intuito de alavancar o desenvolvimento pleno.
Dessa forma, com o aumento da produtividade que a tecnologia proporciona,
aumenta-se a necessidade de acabar com os problemas de infraestrutura, principalmente para
o escoamento das safras, um dos grandes gargalos do agro.
O avanço tecnológico também contribui para que os agricultores tenham
conhecimento para utilizar melhor a terra e a água de forma mais eficiente, podendo produzir
pensando em sustentabilidade. No entanto, a disponibilidade de recursos naturais no Brasil é
fator de competitividade.
O território brasileiro possui terras abundantes e planas, como são os cerrados,
com uma reserva de 80 milhões de hectares, dispõe de produtores rurais com muita
experiência, possuindo também tecnologias agropecuárias, transformadoras de recursos em
produtos proporcionando grande potencialidade para sua expansão.
Contudo, pode-se concluir que havendo a solução dos graves problemas de
logística e de infraestrutura, o país ganha condições para o crescimento da produção e maior
rentabilidade para o setor, esta é a trajetória para o bom desenvolvimento do agronegócio
brasileiro.
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281

GESTÃO DA QUALIDADE: importância e aplicação de ferramentas para empresa de


máquinas agrícolas

QUALITY MANAGEMENT: importance and application of tools to a agricultural machine


company

Hugo Leonardo Niza – hugonizaabc123@gmail.com


Faculdade de Tecnologia de Taquaritinga (Fatec) – Taquaritinga – SP – Brasil

Alice Deléo Rorigues – alicedeleo@yahoo.com.br


Faculdade de Tecnologia de Taquaritinga (Fatec) – Taquaritinga – SP – Brasil

DOI: 10.31510/infa.v19i1.1401
Data de submissão: 10/03/2022
Data do aceite: 29/05/2022
Data da publicação: 30/06/2022

RESUMO

A gestão da qualidade é fundamental para a identificação e solução de possíveis problemas


em uma empresa. Com o objetivo de se analisar a importância da gestão da qualidade e a
aplicação da mesma para o processo de fabricação de implementos agrícolas, conduziu-se
pesquisa em uma empresa de máquinas e implementos para agronegócio, localizada na cidade
de Matão/SP, no ano de 2021. Realizou-se revisão da literatura e pesquisa de campo,
avaliando-se -a necessidade de sistema de gestão da qualidade, garantindo competitividade no
mercado para a empresa. A gestão de qualidade é estabelecida por um conjunto de ações para
obter um produto e/ou processo capazes de satisfazer as necessidades dos clientes. Os
resultados expõem o crédito que as ferramentas da qualidade impõem na identificação e
solução dos principais problemas em todo o processo produtivo em questão. Notou-se a
necessidade de melhorar os atributos de uma peça fundida de uma máquina, produto com
bastante demanda de reposição (Coroa de 33 dentes). O problema detectado através das
ferramentas de gestão foi na qualidade da matéria-prima, e a solução encontrada remeteu ao
melhor planejamento e compra dos insumos. Foram elaboradas tabelas considerando os
aspectos das ferramentas de gestão PDCA, “Cinco Porquês?” e elaborado um diagrama de
Causa e Efeito. Dessa forma, concluiu-se que, através da aplicação das ferramentas de gestão
da qualidade, foi possível identificar e encontrar soluções para o problema constatado na
empresa e assim, melhorar o produto e a imagem junto ao mercado.

Palavras-chave: Ferramentas da Qualidade. Implementos agrícolas. Processo de Produção.


Melhoria Contínua.
ABSTRACT
Quality management is essential for identifying and solving possible problems in a company.
In order to analyze the importance of quality management and its application to the
manufacturing process of agricultural implements, a research was carried out in a company of
machinery and implements for agribusiness, located in the city of Matão/SP, in the year of
2021. A literature review and field research were carried out, evaluating the need for a quality
management system, ensuring market competitiveness for the company. Quality management
is established by a set of actions to obtain a product and/or process capable of satisfying
customer needs. The results show the credit that the quality tools impose in the identification

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and solution of the main problems in the entire production process in question. It was noted
the need to improve the attributes of a cast part of a machine, a product with a lot of
replacement demand (33-tooth crown). The problem detected through the management tools
was in the quality of the raw material, and the solution found referred to the best planning and
purchase of inputs. Tables were prepared considering the aspects of the PDCA management
tools, “Five Whys?” and a Cause and Effect diagram was drawn up. In this way, it was
concluded that, through the application of quality management tools, it was possible to
identify and find solutions to the problem found in the company and, thus, improve the
product and the image in the market.

Keywords: Quality Tools. Agricultural implements. Production process. Continuous


Improvement.

1 INTRODUÇÃO

A globalização impulsiona as empresas a buscar melhoria contínua, de forma que a


gestão da qualidade surgiu com o intuito de gerir e garantir a satisfação do cliente final,
garantindo o fornecimento de produto e/ou serviços, com aumento de produtividade e
melhoria de processo nas atividades desenvolvidas (CAMARGO, 2011). A Norma ISO
9001:2015 é utilizada para fins de certificação e registro de organizações que buscam
reconhecimento de seu sistema de qualidade (MELLO, 2002).
A revolução industrial no século XVIII, a união entre indústria e agricultura, com o
intuito de suprir a grande demanda causada pelo aumento desordenado da população e a
modernização do campo, por meio de máquinas e implementos agrícolas, melhoram todo o
processo desde semeação, preparo e colheitas de sementes e grãos, e a partir dos anos 2000,
com o fortalecimento da agricultura de precisão, melhores resultados no campo puderam ser
alcançados (BUCK, 2020).
No agronegócio, após a segunda guerra mundial, a mecanização agrícola proporcionou
aumento da produtividade e qualidade dos produtos agrícolas até então feitas manualmente
(AGRICONNECTED, 2018), modernizando os processos. Uma indústria de máquinas e
implementos deve, nesse sentido buscar melhorias e ajuste tecnológicos continuamente,
justificando a importância do Qualidade total nesse setor em todo o fluxo operacional, desde o
fornecimento de matérias primas até o produto acabado para os setores de expedição e
logística, como afirmar Gonçalves e Gaspatto (2019).
De acordo a FENABRAVE (2021) “As vendas de máquinas agrícolas, entre tratores,
colheitadeiras, semeadeiras, adubadeiras e arados, terminaram o ano passado com crescimento
de 26%. Na comparação com novembro, a alta foi de 9,2%.” (Tabela 1).

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Dentro deste contexto, esta pesquisa teve como objetivo, apresentar e identificar a
importância da qualidade para a melhoria e consolidação da empresa do setor de implementos
agrícolas no ambiente competitivo, exibindo e aplicando algumas ferramentas da qualidade,
tomando como estudo de caso a oportunidade de melhoria na peça Coroa de 33 dentes.

Tabela 1: Tipos e finalidade utilização de equipamentos agrícolas comumente utilizados no Brasil.


Equipamento Finalidade
Preparar o solo para cultivo de plantas, revolvendo a camada superficial
Arados
do solo, enterrando os restos de outros cultivos ou plantas daninhas.
Depositar a semente no solo para o desenvolvimento das plantas,
Semeadoras
garantindo maior precisão e rendimento das plantas.
Equipamento destinado a colheitas de culturas agrícolas, aumentando a
Colheitadeiras
produtividade e diminuindo o tempo de processo.
Fonte: adaptado de MyFarm (2020).

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A maioria das pessoas trata a qualidade como aquilo que produz gratificação,
relacionada com preço, funcionamento adequado, superação de expectativas. Também é
significado de excelência, o trabalho se justifica pela necessidade de atender as expectativas
do cliente, melhorando o processo e consequentemente o produto. Tem como objetivos
específicos: apresentar ferramentas da qualidade e auxiliar na tomada de decisões baseadas
em fatos (COSTA, 2003).

2.1 FERRAMENTAS DA QUALIDADE

A introdução de ferramentas/metodologias e métodos de qualidade dentro de uma


organização objetiva promover a gestão clara e coesa desta, de forma que esse conjunto
estratégico dentro do mercado competitivo, ressaltando a busca para atingir a máxima eficácia
e atendimento das expectativas do consumidor (CHIAVENATO, 2000). Segundo o mesmo
autor, a modernização das organizações faz-se, sobretudo nas pessoas, e não existe um
princípio uniforme de qualidade que possa ser aplicado em todas as organizações,
planejamento: é um critério a ser dirigido em primeiro.
As ferramentas clássicas da qualidade auxiliam e apoiam na tomada de decisão e
solução de problemas, “é importante estar ciente de que as ferramentas da qualidade
desempenham papel importante na qualidade estratégica, às ferramentas da qualidade visam o
ataque à causa, extinguir e coibir o aparecimento de problemas.” (BROW et al. 2006, p. 276).

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2.1.1 PDCA

O ciclo PDCA é o conceito presente em inúmeras áreas, seja profissional ou particular,


é usado continuamente. Inicialmente o ciclo está associado ao controle da qualidade,
eliminando a não conformidade, perda de tempo, mão de obra e retrabalho. (JURAN, 2000).
Muitos escritores definem o Ciclo PDCA como uma ferramenta. Mello (2002) descreve que a
ferramenta tem como propósito desempenhar melhoria de processo por meio de quatro etapas:
planejar(plan), fazer(do), checar (check) e agir (act), essas quatro etapas têm como objetivo
compreender, solucionar e identificar um problema e como solucioná-lo e alcançar os
resultados estabelecidos com eficiência e qualidade (Figura 1)

Figura 1: Ciclo PDCA (Plan Do, Check and Act) ou PEVA (Planejar, Executar, Verificar e Agir).

Fonte: Mello (2022).

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2.1.2 DIAGRAMA DE ISHIKAWA

Desenvolvido na década de 60, por Kaoru Ishikawa, o Diagrama de Ishikawa


(FIGURA 2) ou, popularmente conhecido como “Diagrama espinha de peixe” ou “Diagrama
de causa e efeito”, tem como objetivo levantar todos os aspectos ou causas específicas que
podem acarretar problema para a empresa, diminuindo-se as chances de algum detalhe passar
despercebido, pois a proposta do diagrama é analisar as causas e situações e não os efeitos em
si (BASTIANI, 2018).

Figura 2: Diagrama de Ishikawa.

Fonte: Xerpay (2020).

Xerpay (2020) considera que as etapas que compõem o diagrama podem ser
denominadas como “6M’s: Máquina: falhas de máquinas e equipamentos; Materiais:
qualidade duvidosa da matéria prima e quantidade insuficiente; Mão de Obra: falta de
treinamento, desmotivação, imprudência, abstinência; Meio ambiente: Layout incorreto,
barulho, logística interna e externa sem planejamento; Medida: Controle e monitoramento de
processo e atividade incorretos, gerando retrabalho e Método: Falta de instruções de trabalho
e uso de equipamentos, ausência de metodologia de planejamento.

2.1.3 Cinco Porquês

É uma metodologia simples com o objetivo e solucionar e descobrir as causas raízes


de um problema, desenvolvida por Taiihi Ohno (1912-1990) responsável pela elaboração do
Sistema de Produção Toyota. Essa ferramenta é de baixa complexibilidade, mas apresenta um
forte impacto na resolução do problema. O objetivo do método é determinar o que aconteceu,
variabilidade encontrada, análise do porquê o problema ter ocorrido e descobrir como reduzir
a probabilidade de o problema acontecer novamente. CEA (2019) apresentam a justificativa
japonesa dos “Cindo Porquês” (Tabela 2).

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Tabela 2. Descrição da metodologia dos Cinco Porquês.

Porquê Descrição

1º Porquê Encontra-se um sintoma (problema)


2º Porquê Encontra-se uma desculpa
3º Porquê Encontra-se um culpado
4º Porquê Encontra-se uma causa
5º Porquê Encontra-se uma raiz
Fonte: CEA (2019).
O método de repetir perguntas parece de simples resolução, porém não se basear em
respostas e sim nas causas, descartando achismos e opiniões, todas as respostas dos porquês
precisam estar estruturadas em fatos e possível análise.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O artigo foi elaborado com referenciais teóricos de trabalhos publicados com conteúdo
relacionado, sendo a busca contemplando matérias e artigos divulgados em sites e revistas.
Destaca-se a importância do conteúdo dos temas abordados nas Disciplinas de Gestão da
Qualidade e Certificação do Curso Superior de Tecnologia em Agronegócio da Fatec
Taquaritinga/SP.
Para Gil (2008), a maioria das pesquisas cientificas apresentam esses passos:
levantamento bibliográfico, análise e entrevista com colaboradores da área, análise do
processo para maior compreensão, estudo de caso se qualifica como um estudo profundo de
determinado caso/ou processo. Este estudo foi realizado em uma empresa metalúrgica no
município de Matão-SP, de médio porte fabricante de equipamentos agrícolas.
Sendo assim, com os conceitos predeterminados sobre as ferramentas da qualidade,
escolheu-se um processo da empresa que apresentava reclamações, para um estudo de caso e
detecção de oportunidade de melhoria utilizando-se de ferramentas da gestão da qualidade.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Aplicando as ferramentas PDCA, Diagrama de Ishikawa e “Cinco Porquês” em um


produto de um implemento agrícola (plantadeira), produto que apresentava muitas
reclamações de clientes, quebra e defeitos de fabricação. Internamente na sua fabricação,
também eram relatados inúmeros problemas. A peça em questão é uma coroa fundida de 33
dentes, de uma plantadeira de seis a 32 linhas de plantio. A mesma exerce a função de

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distribuir o movimento rotativo em translacional, distribuindo as sementes de diversas


culturas.
Foram consultados os colaboradores que operam a máquina, funcionários do controle
de qualidade e do pós-venda, totalizando em torno de 15 pessoas. A motivação para o estudo
foi a verificação do fato de, segundo os responsáveis pelo pós-venda, em média, de a cada 10
peças produzidas, quatro recebem notificações de que apresentaram defeitos ou problemas
relatados pelos clientes.

Primeiro foi aplicado o ciclo PDCA, com o intuito de identificar o problema dentro da
empresa, retratada na quebra/falha da máquina em campo (Tabela 3).

Tabela 3: Ciclo PDCA proposto para gestão da qualidade no processo de fabricação de coroa de 33
dentes do implemento agrícola plantadeira para plantio direto.
Etapa Considerações
Definiram-se as questões:
- Onde a peça apresenta quebra/defeito?
Planejar - O processo sofreu alteração atualmente?
- Todo o processo está sendo conforme as ordens de execução da empresa?
- O que deve ser feito?
Executar Analisou-se o processo em cada posto de trabalho.
Observou-se que alguns processos estavam fora das ordens de execução e o
Verificar
principal gargalo se encontrava no setor de fundição
Analisou-se o processo de fundição desde fornecedores, matéria-prima, mão de
obra e treinamento.
Agir Conferência do processo em pontos críticos.
Adotaram-se medidas preventivas e corretivas.
Definir procedimentos e padronizações para não repetir o problema.
Fonte: elaborado pelo autor (2022).

Após a elaboração do Ciclo PDCA, desenvolveu-se o diagrama de causa e efeito, com


os possíveis problemas relatados pelos operadores e coletados pela observação, buscando
explorar as causas prováveis, para o gargalo específico indicado pelo ciclo PDCA, que
consistiu na quebra de uma peça fundida (FIGURA 3).
Com o diagrama de Ishiwaka em mãos notou-se a necessidade de explorar o problema
raiz da quebra da peça em questão. Para isso foi necessário a construção de um quadro
produzido por meio de questionamento de funcionários e gestores da área de usinagem,
fundição e montagem de implementos. Foi utilizada a ferramenta dos Cinco Porquês e as
respostas coletadas, por meio de pesquisa exploratória dentro da empresa com o setor da

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qualidade e pós-venda, onde os mesmos relataram solicitações e reclamações de troca e


defeito, conforme observado na tabela 4.

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Figura 3: Diagrama de Causa e Efeito para a peça Coroa de 33 dentes.

Fonte: Elaborado Pelos Autores (2022).

Tabela 4: Cinco Porquês e respectivas respostas encontradas para a fundição da Coroa de 33 dentes da
plantadeira de plantio direto.

Por quê? Resposta


Por que a peça quebra? Por que a peça apresenta rebarbas em seus dentes.
Por que o processo de fundição implica em
Por que a peça apresenta rebarbas?
porosidade na peça.
Por que os moldes para confecção da peça
Por que a peça apresenta porosidade?
apresentam retenção de ar.
Por que existe a presença de ar nas Por que o material metálico do fornecedor é de baixa
matrizes para confecção da peça? qualidade
Com o aumento da produção agrícola e alta demanda
Por que o material comprado é de de maquinários agrícolas a empresa buscou novos
baixa qualidade? fornecedores que deixaram de atender às
expectativas no quesito matéria-prima.
Fonte: Elaborado Pelos Autores (2022).

Observou-se com a utilização dos Cinco Porquês que, muitas vezes, um defeito no fim
da cadeia produtiva consiste em uma alteração externa da empresa, fornecedores, materiais
primas, insumos e até mesmo sabotagem. Porém, a empresa no momento ainda não
estabilizou o processo produtivo, o trabalho apresenta a causa raiz do gargalho do processo
produtivo
As vantagens percebidas pela adoção das ferramentas de gestão na empresa foram:
encontrar a causa raiz do problema, ganho de tempo com retrabalho e análise de fatores
externos que interferem de forma direta no meio produtivo.

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5 CONCLUSÃO
O agronegócio e agroindústrias se tornaram atividade relevantes no cenário brasileiro
por meio da mecanização dos processos, com o aumento da produtividade e melhoria dos
processos e ocasionado pela melhoria da qualidade, desenvolvendo equipamentos com
aperfeiçoamento da produção.
O setor agrícola possui e tem um grande potencial de crescimento e consolidação no
mercado nacional e internacional, o Brasil sendo um país de grandes dimensões territoriais e
condições climáticas favoráveis, exportando alimentos e máquinas para o mundo todo, de
acordo com Portal da Indústria (2021) “Exportações brasileiras crescem 36% no primeiro
semestre de 2021 batendo o recorde de 136,42 bilhões.”.
O trabalho só pode ser desenvolvido pela participação de toda a equipe de qualidade e
da organização visto que o conceito de qualidade em um setor físico, “Para que uma empresa
tenha sucesso é preciso trabalhar em equipe, cada um executando a atividade que lhe cabe, se
preocupando no impacto que isso tem nas atividades dos outros.
A qualidade deve ser compromisso de todos” (MELLO, 2014). Nota-se que por meio
das ferramentas Diagrama de Ishiwaka e os “5 Porquês” foi possível ir a fundo na busca pela
causa raiz, ela exerce força na qualidade do produto e por fim na satisfação do cliente.
Por fim, trabalhar com o conceito de gestão da qualidade pode implicar em riscos se
escolhida uma ferramenta muito complexa para analisar uma causa raiz simples ou vice-versa,
podendo levar a empresa a não obter o real motivo do problema, por esses pontos deve-se
escolher e acompanhar o processo todo, aumentando a chances que analise englobe e traga
informações reais, denota-se a importância de novos estudos de qualidade do processo, com
intuito de melhoria contínua.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE VETERINÁRIA

ADRIANA GONÇALVES SPIERING

FERRAMENTAS DE QUALIDADE EM ABATEDOUROS-FRIGORÍFICOS DE


FRANGO DE CORTE NO BRASIL

PORTO ALEGRE
2022
ADRIANA GONÇALVES SPIERING

FERRAMENTAS DE QUALIDADE EM ABATEDOUROS-FRIGORÍFICOS DE


FRANGOS DE CORTE NO BRASIL

Autora: Adriana Gonçalves Spiering

Trabalho apresentado à Faculdade de Veterinária


como requisito parcial para a obtenção da
graduação em Medicina Veterinária.

Orientadora: Profª Drª Liris Kindlein

PORTO ALEGRE
2022
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, a Deus, por me ajudar a vencer todos os obstáculos encontrados ao


longo desse caminho.
À minha mãe Andréia, a qual se dedicou e se sacrificou muito ao longo desses anos para
que eu pudesse concretizar os meus sonhos.
Aos meus pais Maria Inêz e Sérgio os quais sempre me demostraram que ser pai e mãe
vai muito além de laços sanguíneos, é escolher e saber amar sem esperar nada em troca.
Obrigada por estarem sempre presentes nas horas mais difíceis, e que durante uma vida
inteira me cercaram de carinho e cuidados incondicionais. Sou eternamente grata e amo vocês.
A minha orientadora, Liris Kindlein pela paciência, pela compreensão com os meus
problemas pessoais, que nada tinham a ver com o trabalho a ser cumprido, mas que mesmo
assim demonstrou total compreensão e humanidade, agradeço a vontade de ensinar e a gentileza
de orientar. Foram esses ensinamentos que me permitiram apresentar um melhor desempenho
na minha formação profissional.
Aos meus colegas de curso, com quem convivi intensamente durante todos esses anos
da graduação principalmente a Julia, que tenho como uma irmã e ao Werner pela amizade e
cumplicidade nos momentos mais difíceis.
A todos os meus colegas do CEPETEC, que foram fundamentais nessa etapa final,
especialmente a Angela e o Thiago.
RESUMO

O aumento da produção e das exportações da carne de frango brasileiras ocasionou o


desenvolvimento de um mercado complexo e competitivo, acompanhado pelo crescimento nos
níveis de exigência dos consumidores em relação a qualidade dos produtos. Além disso, essas
condições resultaram na atualização das legislações nacionais e internacionais que visam o bem
estar animal, a garantia de produtos com padrão de identidade e qualidade, e a produção e
comercialização de um alimento seguro. Na busca pela qualidade do produto, é indispensável
um rigoroso controle dos processos de elaboração e manipulação dos alimentos, uma vez que
as doenças transmitidas por eles causam anualmente grande prejuízo para a saúde dos
consumidores. O matadouro-frigorífico é a última etapa da cadeia e é o responsável por garantir
a produção e a entrega de um alimento seguro (o produto final) e de qualidade à população e,
portanto, a implementação de ferramentas de controle de qualidade é um pré-requisito
fundamental para manter a cadeia competitiva e cumprir as exigências legais nacionais e
internacionais. A presente monografia visa abordar as principais ferramentas de controle de
qualidade implementadas em abatedouros-frigoríficos de frango de corte no Brasil.

Palavras-chave: Abatedouro-Frigorífico; Ferramentas de qualidade; Frangos de corte;


Segurança dos alimentos.
ABSTRACT

The increase in Brazilian chicken meat production and exports caused the market to become
complex and competitive, accompanied by the growth in consumer demand levels related to
the quality of the products. Furthermore, these conditions resulted in the update of national and
international legislation aimed at animal welfare, guaranteeing products with identity and
quality standards, and the production and trade of safe food. In the search for product quality,
a rigorous control of the processes of elaboration and handling of food is indispensable, since
the diseases transmitted by them annually cause great damage to the health of consumers. The
slaughterhouse is the last stage in the food chain and is responsible for guaranteeing the
production and delivery of a safe and quality food (final product) to the population and,
therefore, the implementation of quality control tools is a fundamental prerequisite to keep the
chain competitive and comply with national and international legal requirements. This
monograph aims to address the main quality control tools implemented in broiler
slaughterhouses in Brazil.

Keywords: Broiler chickens; Food safety; Quality tools; Slaughterhouse.


LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


ABPA Associação Brasileira de Proteína Animal
APPCC Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controle
BPA Boas Práticas Agrícolas
BPF Boas Práticas de Fabricação
DTHA Doença de Transmissão Hídrica e Alimentar
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
FAO Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura
ISO Internacional Organization for Standardization
LACEN Laboratório Central de Saúde Pública
MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
OIE Organização Mundial da Saúde Animal
ONU Organização das Nações Unidas
PNSA Programa Nacional de Sanidade Avícola
PPHO Procedimento Padrão de Higiene Operacional
SDA Secretaria de Defesa Agropecuária
SIF Sistema de Inspeção Federal
SPA Secretária de Política Agrícola
SVS-MS Serviço de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................. 7
2 CENÁRIO ATUAL DA AVICULTURA DE CORTE NO BRASIL .......................... 8
3 SAÚDE PÚBLICA E OS ALIMENTOS DE ORIGEM ANIMAL ........................... 11
3.1 DOENÇAS DE TRASMISSÃO HÍDRICA E ALIMENTAR (DTHA) ....................... 11

3.2 RISCOS POTENCIAIS COM O CONSUMO DA CARNE DE FRANGO ................. 13

3.2.1 Salmonella........................................................................................................... 13
3.2.2 Campylobacter ..................................................................................................... 14
4 PROGRAMAS DE SEGURANÇA DE ALIMENTOS NA INDÚSTRIA................. 16
4.1 BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO - BPF ........................................................... 17

4.2 PROCEDIMENTO PADRÃO DE HIGIENE OPERACIONAL - PPHO .................... 20

4.2.1 Limpeza .............................................................................................................. 21


4.2.2 Sanitização .......................................................................................................... 22
4.3 ANÁLISE DE PERIGOS E PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE – APPCC .......... 22

5 RASTREABILIDADE E CERTIFICAÇÃO ............................................................. 26


5.1 ISO ............................................................................................................................. 27

5.2 ISO 9000 .................................................................................................................... 27

5.3 ISO 14000 .................................................................................................................. 28

5.4 ISO 22000 .................................................................................................................. 28

6 FLUXOGRAMA DE ABATE DE FRANGOS DE CORTE ..................................... 30


7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 34
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 35
7

1 INTRODUÇÃO

Segundo a ABPA (2022) a avicultura brasileira destacou-se no mercado internacional,


ocupando a liderança na exportação de carne de frango e, além disso, apresentando a terceira
posição em produção mundial desse produto, sendo a produção brasileira de frangos de corte
em 2021 de 14,5 milhões de toneladas. Responsável por cerca de 1,5 % do PIB e por gerar cerca
de 5 milhões de empregos direta e indiretamente na criação e na indústria (TEIXEIRA;
TEIXEIRA, 2021), contribuindo substancialmente para os resultados positivos da balança
comercial do país. Dessa maneira, o controle sanitário dos produtos de origem animal tem
influenciado o comércio internacional de carne de aves, estabelecendo novos parâmetros de
competitividade relacionados à garantia de qualidade dos alimentos (ARAÚJO, 2010).
Com o crescente aumento do consumo da carne de frango, é relevante ressaltar a devida
importância da implementação das ferramentas de controle de qualidade dos alimentos.
Segundo a ONU (2021), são relatados cerca de 600 milhões de casos de doenças transmitidas
por alimentos contaminados e cerca de 420 mil óbitos em todo o mundo por ano. O alimento
seguro é aquele capaz de garantir o consumo de alimentos que não contenham contaminantes
de natureza física, química e biológica e que não prejudiquem a saúde da população.
Quando refere-se à indústria frigorífica de frangos de corte, é importante considerar a
segurança de toda a cadeia, desde a produção até a chegada ao consumidor. Para tal propósito,
é necessário manter-se total atenção as atualizações sobre as implementações de programas de
autocontrole, como as Boas Práticas de Fabricação (BPF), os Procedimentos Padrão de Higiene
Operacional (PPHO), Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controle (APPCC), além de
rastreabilidade e certificação, como International Organization for Standardization (ISO). Com
a integração de todos esses sistemas de garantia, todo o controle dos processos de obtenção de
um produto seguro estarão devidamente em conformidade com as exigências internacionais e
nacionais para exportação de um alimento.
8

2 CENÁRIO ATUAL DA AVICULTURA DE CORTE NO BRASIL

A avicultura brasileira destaca-se no mercado internacional ocupando a liderança na


exportação de carne de frango e, atualmente, ocupa a terceira posição em produção desse
produto. A produção brasileira de frangos de corte em 2021 foi de 14,5 milhões de toneladas,
ficando atrás dos EUA, com uma produção de 20,37 milhões de toneladas destacando-se assim
como maior produtor mundial do produto. A China, por sua vez, apresentou uma produção de
14,70 milhões de toneladas, sendo o segundo maior produtor (EMBRAPA, 2021).
Com o aumento das exportações da carne de frango, uso de tecnologias, controle
sanitário e taxas de câmbio favoráveis, além de uma produção de grãos de 272,5 milhões de
toneladas e uma grande capacidade de mão de obra, são alguns dos fatores que contribuem para
o Brasil e sua vantagem competitiva no mercado internacional (TEIXEIRA; TEIXEIRA, 2021;
CONAB, 2022).
Em 2021, as vendas de carne de frango para o mercado exterior foram de 4,6 milhões
de toneladas, superando em 9% do total exportado em 2020 pelo Brasil, sendo de 4,23 milhões
de toneladas. Sobre a receita, houve um aumento de 25,7%, com US$ 7,66 bilhões registrados
ao longo de 2021, contra US$ 6,09 bilhões no ano interior (ABPA, 2022), assegurando o Brasil
como maior exportador mundial de carne de frango, conforme tabela 1.

Tabela 1 - Exportação mundial de carne de frango 2021.


Países (Mil/Ton)
Brasil 4,225
EUA 3,367
EU 1,780
Tailândia 930
Fonte: Embrapa (2021).

A avicultura brasileira é de extrema importância para a economia do país, representando


cerca de 1,5 % do PIB e sendo responsável por gerar cerca de 5 milhões de empregos de maneira
direta e indireta seja na fase de criação ou na indústria. (TEIXEIRA, TEIXEIRA, 2021). Além
de contribuir substancialmente para os resultados positivos da balança comercial do país.
Dentre os estados brasileiros produtores de frango com o maior número exportação por unidade
federativa, encontram-se Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás e São Paulo,
conforme a tabela 2 (ABPA, 2022).
9

Tabela 2 - Frango exportado por unidade federativa em 2021.


Estados Produtores % das exportações por Estado
Paraná 40,38
Santa Catarina 22,95
Rio Grande do Sul 15,79
Goiás 4,81
São Paulo 4,74
Fonte: ABPA (2022)

Em 2021, o consumo de carne de frango per capita no Brasil foi de aproximados


45,56Kg por habitante/ano (ABPA, 2022). O aumento do consumo da carne de frango está
ligado a alguns fatores, como: i) a crise desencadeada pela pandemia de Covid-19, que afetou
diretamente o poder de compra da população e deu preferência ao consumo de carne de frango
em detrimento das substitutas mais caras – bovina; ii) tecnologia e inovação no processo
produtivo; iii) controle sanitário rigoroso ; e iv) garantias de sanidade e de segurança alimentar
necessárias para os mercados interno e externo (TEIXEIRA; TEIXEIRA, 2021).
A Secretaria de Política Agrícola projetou uma previsão da evolução da produção
brasileira de carne de frango até 2031. Nesse período, o total produzido pelo setor pode
acumular cerca 2,5% ao ano, indicando, em 10 anos, um aumento de quase 28%. Contudo, não
tendo obstáculos, os níveis de produção podem chegar até 4%. Sendo assim, em 2031 o total
produzido pode chegar em 21,6 milhões de toneladas, 46% a mais que o calculado (AVISITE,
2021).
Ainda que Brasil aponte bons índices sanitários, é de extrema importância manter a
atenção quanto à saúde das aves, devendo-se evitar ao máximo a contaminação das mesmas,
seja ainda durante seu período nas granjas ou no matadouto-frigorífico (ARAÚJO, 2010). Com
a importância da expansão e do consumo da carne de frango, o Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento aprovou através da Portaria nº 193, de 19 de setembro de 1994, o
Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA), atualmente coordenado pela Divisão de
Sanidade das Aves, estabelecendo a prevenção e controle das principais enfermidades em
avicultura e saúde pública, como Influenza aviária, doença de Newcastle, salmoneloses,
micoplasmoses. Nesse sentindo, o PNSA está constantemente de acordo com o Código
Sanitário Para Animais Terrestres, da Organização Mundial da Saúde Animal (OIE), que em
harmonia com o setor produtivo, propõem estabelecer medidas de prevenção, controle e
10

vigilância sobre as principais doenças avícolas tanto de impacto na saúde pública como na saúde
animal. (BRASIL, 2020a).
11

3 SAÚDE PÚBLICA E OS ALIMENTOS DE ORIGEM ANIMAL

3.1 DOENÇAS DE TRASMISSÃO HÍDRICA E ALIMENTAR (DTHA)

As doenças de trasmissão hídrica e alimentar (DTHA) são um dos problemas de maior


importância na saúde pública do mundo, causando grande impacto econômico negativo na
indústria, no turismo e na sociedade (WELKER et al., 2010). Isso acontece devido ao constante
aumento populacional, grupos populacionais vulneráveis, urbanização desordenada e a
necessidade de produção de alimentos em grande escala. Além disso, existe um deficiente
controle dos órgãos públicos e privados no controle da qualidade de alimentos destinados à
população (BRASIL, 2010). Segundo a ONU (2021), são cerca de 600 milhões de casos de
doenças por alimentos contaminados todos os anos. Segundo a pesquisa cerca de 420 mil
pessoas morrem após ingerirem alimento contaminado, sendo 40% crianças menores de 5 anos
de idade, e 125 mil óbitos anuais.
A maior parte das causas de surto ocorrem através da ingestão de alimentos sem
nenhuma alteração sensorial perceptível que o caracterize como alimentos fonte de DTHA. Isso
porque alimentos com alteração na aparência ou com odor desagradável são automaticamente
rejeitados pelo consumidor, não acarretando em surtos alimentares. A dificuldade fica em torno
dos alimentos que não apresentam quaisquer alterações sensoriais, pois isso dificulta a
investigação dos alimentos, nesses casos. Isso ocorre devido a presença de agentes etiológicos
presentes nos alimentos, causando ligeiras indisposições; nesses casos, a vítima acaba não
procurando o serviço de saúde (MARINHO et al., 2015).
Considera-se um surto de DTHA quando duas ou mais pessoas apresentarem quadro
clínico semelhante após ingerirem alimentos ou água da mesma origem (BRASIL, 2022). Os
sintomas e sinais clínicos são náusea, vômito, dor abdominal e diarreia, geralmente problemas
gastrointestinais.
Para a doença se desenvolver, os microrganismos precisam se multiplicar nos alimentos
até atingir determinados números de concentração. Para que essa multiplicação ocorra são
necessárias algumas condições favoráveis à esses microrganismos, como oxigênio, umidade,
temperatura e nutrientes (BRASIL, 2015).
As DTHA podem se agrupar nas seguintes categorias:
I) Infecções: acontecem quando se ingere um microrganismo vivo, que passa pelo trato
digestivo e para no intestino, colonizando-o ou produzindo, ali, toxinas, são exemplos
Salmonella spp, Shigella spp, Yersinia enterocolitica e Campylobacter jejuni (BRASIL, 2010).
12

II) Toxinfecções: ocorrem quando o indivíduo ingere os microrganismos, em vez disso,


esporulam no intestino, e nesse processo liberam toxinas, como Escherichia coli
enterotoxigênica, Vibrio cholerae, Vibrio parahaemolyticus, Clostridium perfringens e
Bacillus cereus (cepa diarréica). Essa esporulação acaba servindo como um mecanismo de
defesa para essas bactérias (BRASIL, 2010).
III) Intoxicações: quando o microrganismo patógeno se prolifera no alimento (os mais
comuns são o Staphylococcus aureus, o Bacilus cereus (cepa emética) e o Clostridium
botulinum). Ao ingerir alimentos com essas toxinas, ocorre o distúrbio alimentar (BRASIL
2010).
No Brasil, no período de 2007 a 2020, foram notificados por ano uma média de 662
surtos de DTHA, com 156.691 doentes (média de 17 doentes/surto), 22.205 hospitalizados e
152 óbitos. Atualmente, no Brasil, o perfil epidemiológico em 2021 foi de 268 surtos, 4.385
doentes, 296 hospitalizados, 1 óbito, 0,02% de letalidade (BRASIL, 2022). Os números podem
ser ainda maiores, visto que não são todos os municípios e estados que disponibilizam as
informações sobre o assunto.
Um surto de DTHA indica que ocorreram erros no processo produtivo ou na distribuição
do alimento. Dentre os produtos mais acometidos, estão os de origem animal, como carnes,
ovos e derivados. Welker et al. (2010) em estudo citado anteriormente, verificaram que os
alimentos contaminados mais frequentemente envolvidos nos surtos foram os produtos cárneos.
Dentre os principais produtros cárneos contaminados, encontram-se a carne bovina e a carne
de frango, responsáveis por veicular clostridios, estafilococos e enterobactérias.
Segundo Castro et al. (2021) de 2009 a 2020, a distribuição dos surtos de DTHA por
local de ocorrência, no Brasil, foi de 38,7% em residências, 15,5% em restaurantes, padarias e
similares, 8,9% em escolas e creches, 5,6% em eventos e 4,5% em hospitais e unidades de
saúde. Os principais agentes etiológicos notificados no Sistema de Informação de Agravos de
Notificação (Sinan*), o Bacillus cereus, Clostridium spp., coliformes, Escherichia coli,
norovírus, rotavírus, Salmonella spp., Shigella spp. e Staphylococcus spp. (BRASIL, 2020b).
Fica evidenciado a importância das corretas informações para a população sobre as boas
práticas de preparação dos alimentos, assim como as possíveis doenças que são causadas por
alimentos produzidos em baixas condições sanitárias. Além disso, a integração dos trabalhos
da Vigilância Sanitária e Epidemiológica e do Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN),
sendo ambos de suma importância, uma vez que a coleta de amostras para a identificação
laboratorial é peça-chave para conclusão do caso (CASTRO, 2021).
13

3.2 RISCOS POTENCIAIS COM O CONSUMO DA CARNE DE FRANGO

A carne de frango é a carne mais consumida no mundo, isso se dá ao seu valor


nutricional e também por motivos religiosos e também pelo seu baixo custo. Por possuir na sua
composição um excelente teor de proteína com baixo valor de gordura, possuir minerais e uma
pequena quantidade de carboidratos. Além de tudo, diferentemente da carne bovina e suína, a
carne de frango apresenta menor teor de gorduras totais, gorduras saturadas e de colesterol
(SAENGPHOL; PIRAK, 2018). Com o constante aumento do consumo da carne de frango
mundial, as indústrias do segmento avícola tem se diferenciado a desenvolver produtos á base
de carne de aves. Produtos esses desenvolvidos levando em consideração as preferências dos
consumidores (PARK et al., 2020).
As carnes em geral são substratos ideais para o crescimento de microrganismos.
Contudo, a predominância de microrganismos patogênicos na indústria avícola são de grande
importância, devido as constantes associações com DTHA, levando a uma grande perda
econômica e uma ameaça a saúde pública (DEMIRARSLAN; ALASALVAR; YILDIRIM,
2021). Dentre os patógenos de origem alimentar, os mais encontrados na carne de aves de
preocupação à saúde do homem são a Salmonella spp e Campylobacter spp. Estes
microrganismos manifestam-se na decorrência de falhas nas etapas de processamento de aves
(BRITO; COELHO, 2021).

3.2.1 Salmonella

As bactérias do gênero Salmonella spp. recebem destaque no setor da avicultura como


patógenos mais comuns. Sendo amplamente distribuídas na natureza, essas bactérias causam
grandes perdas de produtividade nas granjas, com sua alta mortalidade, além de ser uma das
bactérias de maiores responsabilidade por toxinfecções alimentares em humanos através da
contaminação de produtos alimentares de origem avícola (ZANINELLI et al., 2018). As
salmonelas são bastonetes Gram negativos, geralmente móveis e pertencentes à família
Enterobacteriaceae (BRASIL, 2011). Presente no sistema digestório de aves, Salmonella spp
podem facilmente colonizar carcaças de frango. São inúmeras etapas as quais a carne de frango
pode ser facilmente contaminada por microrganismos bacterianos. A contaminação pode
ocorrer na fase de produção, com condições higiênico-sanitárias ineficientes, ou contaminação
durante a manipulação e o processamento do produto através de equipamentos, utensílios,
manipulação e falta de condições de higiene adequadas (MONTEZANI et al., 2017). Aves com
14

salmonelose são um prejuízo na produção avícola, por se tratar de uma doença que diminui
severamente o desempenho do animal, além de diminuir em 24% o ganho de peso; fora o
aumento da taxa de conversão alimentar que pode chegar a 12% em frangos de corte.
(ALJUMAAH et al., 2020).
No período de 2007 a 2019, foram notificados no Brasil 9.030 surtos de DTHA, com
160.702 doentes e 146 óbitos. Desses 9.030 surtos notificados, 3.275 (36,27%) tiveram o agente
etiológico identificado, sendo os mais encontrados: Salmonella spp (24,8%), Escherichia coli
(23,5%), Staphylococcus spp (17,9%), Bacillus cereus (9,9%) e Clostridium spp (7,63%)
(BRASIL, 2021), sendo Salmonella Enteritidis e Salmonella Typhimurium, as principais
sorovares de impacto em saúde pública. Uma das preocupações em saúde pública atualmente é
o aparecimento de cepas de Salmonella spp resistentes à uma grande variedade de
antimicrobianos (LEAL, 2018).
O PNSA possui normativas com o objetivo de prevenir e controlar as principais
salmoneloses de interesse para saúde pública e está constantemente monitorando os
estabelecimentos de produção avícola no Brasil (BRASIL, 2020a). Contudo, o correto manejo
durante o período de criação, assim como, os corretos cuidados durante as etapas de abate e
manipulação e o controle higiênico-sanitário, são fatores fundamentais para prevenir e controlar
a contaminação na carne de frango (BRITO; COELHO, 2021).

3.2.2 Campylobacter

O gênero Campylobacter apresenta-se composto por bactérias Gram-negativas, espirais,


móveis, em formato de bacilos curvos apresentando um único flagelo polar que possui de duas
a três vezes o comprimento da célula. Não possuem esporos, e adquirem, morfologia cocóide
com o passar dos dias. Sendo as espécies C. coli e C. lari bastante semelhantes a C. Jejuni
(BRITO; COELHO, 2021). Causadoras da doença de Guillain-Barré, são responsáveis por
afetar as células do sistema nervoso periférico, levando a uma paralisia muscular, também são
responsáveis pelas principais contaminações de DTHA em humanos. Sendo as aves portadoras
assintomáticas e consequentemente reservatório dessa bactéria, fica evidenciado a importância
da correta manipulação dos frangos de corte durante os processos de abate e manipulação, pois
essas etapas, se não controladas, podem facilitar a contaminação do produto (SILVEIRA et al.,
2019).
É uma doença gastrointestinal causada principalmente ao consumo de carne de aves ou
outros alimentos contaminados, sendo o frango de corte o principal reservatório desse patógeno
15

(IANNETTI et al., 2020). A contaminação por campilobacteriose se dá ao consumir ou


manusear carne de frango fresca ou mal cozida. Tratando-se de uma zoonose, em muitos países,
a campilobacteriose é considerada uma das doenças mais transmitidas por alimentos, sendo os
produtos de origem de aves os mais associados (BRITO; COELHO, 2021).
Apesar da falta de registros no Serviço de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde
(SVS-MS), no Brasil pesquisas demonstraram alta incidência de campylobacter em frangos de
corte e produtos (SILVA, et al., 2014). A existência de cepas resistentes a antimicrobianos, com
capacidade de formar biofilmes, são algumas das preocupações da saúde pública (PERES,
2020).
A melhor forma de prevenir e controlar a propagação dessa bactéria, é impedir a entrada
de Campylobacter spp nas granjas, pois uma vez controlada a disseminação na criação, dificulta
a contaminação das carcaças durante o abate (SANTOS, 2016).
Além disso, durante a manipulação e processamento dos produtos, é de suma
importância que as condições higiênicos-sanitárias tanto dos manipuladores quanto do
ambiente estejam aplicadas de forma criteriosa. Para se obter uma carne comercializável de
qualidade, análises físico-químicas, assim como as microbiológicas, são indispensáveis
(BRITO; COELHO, 2021).
16

4 PROGRAMAS DE SEGURANÇA DE ALIMENTOS NA INDÚSTRIA

A segurança do alimento visa garantir a qualidade do produto alimentar, atendendo os


requisitos básicos dos consumidores em relação a rastreabilidade, controle sanitário, bem estar
animal, além de bem estar e saúde dos trabalhadores e redução do risco (MAIA; DINIZ, 2009).
O termo alimento seguro significa que um produto esteja com os contaminantes
químicos, físicos ou biológicos em condições que não representem perigo ao consumidor
(MAIA; DINIZ, 2009). Já o termo segurança alimentar tem como objetivo garantir acesso à
uma nutrição devidamente adequada à saúde. É realizada através de um conjunto de normas de
produção, transporte e armazenamento de alimentos, através de características sensoriais,
microbiológicas e físico-químicas (FOOD INGREDIENTS BRASIL, 2022).
A FAO (2022) (Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura) tem
como objetivo garantir a todos um acesso regular a uma alimentação de boa qualidade, além de
acompanhar estatisticamente a produção, o consumo, a qualidade distribuição e a
sustentabilidade.
Codex Alimentarius, ou "Código Alimentar" é uma coleção de padrões, diretrizes e
códigos de prática adotados pela Comissão do Codex Alimentarius. Foram criados pela FAO e
pela OMS, com o objetivo de estabelecer normas alimentares internacionais, a fim de proteger
a saúde dos consumidores e assegurando uma prática justa no comércio de alimentos (FAO,
2021).
No Brasil, a inspeção e fiscalização de alimentos é bastante complexa e envolve diversos
órgãos, tais como a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a Vigilância Sanitária
nos âmbitos estadual e municipal e o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento).
Na indústria de alimentos, torna-se imprescindível a qualidade estar presente em todas
as etapas de obtenção do produto como produção, equipamentos, matérias-primas,
manipulação, ingredientes, embalagem, armazenamento, transporte e comercialização
(VERGARA, 2016).
A importância de implementar normas na indústria e serviço de alimentos que visem
garantir padrões de identidade e qualidade, se tornou fundamental. Dessa forma, com a
implementação de ferramentas como as Boas Práticas de Fabricação (BPF), Procedimento
Padrão de Higiene Operacional (PPHO) e o sistema APPCC, as exigências dos consumidores,
das empresas e da legislação tornaram-se inevitáveis (VERGARA, 2016).
17

4.1 BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO - BPF

As BPF são medidas e ações implementadas nas indústrias de qualquer segmento com
o propósito de atender às normas de qualidade estabelecidas para cada tipo de produto.
Particularmente, nas indústrias de alimentos a adoção das BPF são essenciais para minimizar
os riscos de contaminação. Ao adotar o programa, busca-se reduzir ao máximo o prejuízo
financeiro e uma confiabilidade perante aos consumidores.
No Brasil, a Portaria nº 1428, de 26 de novembro de 1993, do Ministério da Saúde, é a
precursora no regulamento desse tema, definindo estabelecer as orientações necessárias que
permitam executar as atividades de inspeção sanitária, de forma a avaliar as Boas Práticas para
a obtenção de padrões de identidade e qualidade de produtos e serviços na área de alimentos
com vistas à proteção da saúde da população. Consiste na apresentação de informações
referentes aos seguintes aspectos básicos: i) Padrão de Identidade e Qualidade – PIQ;
ii) Condições Ambientais; iii) Instalações e Saneamento; iv) Equipamentos e Utensílios; v)
Recursos Humanos; vi) Tecnologia Empregada; vii) Controle de Qualidade; viii) Garantia de
Qualidade; ix) Armazenagem; x) Transporte; xi) Informações ao Consumidor; xii)
Exposição/Comercialização; e xiii) Desinfecção/desinfestação (BRASIL, 1993).
A Portaria 326, de 30 de julho de 1997 (ANVISA) baseada no Codex Alimentarius, e
harmonizada no Mercosul, estabelece os requisitos gerais sobre as condições higiênico-
sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para estabelecimentos produtores/industrializadores
de alimentos (BRASIL, 1997a). Adicionalmente, a Resolução RDC 275, de 21 de outubro de
2002, é complementar a Portaria 326 de 1997, e descreve sobre o Manual das Boas Práticas de
Fabricação, documento que descreve as operações realizadas pelo estabelecimento, incluindo,
no mínimo, os requisitos sanitários dos edifícios, a manutenção e higienização das instalações,
dos equipamentos e dos utensílios, o controle da água de abastecimento, o controle integrado
de vetores e pragas urbanas, controle da higiene e saúde dos manipuladores e o controle e
garantia de qualidade do produto final (BRASIL, 2002).
A Portaria 368, de 4 de setembro de 1997 do (MAPA), institui o Regulamento Técnico
sobre as Condições Higiênico-Sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para
Estabelecimentos Elaboradores/Industrializadores de Alimentos, estabelecendo os requisitos
gerais (essenciais) de higiene e de boas práticas de elaboração para alimentos
elaborados/industrializados para o consumo humano. Aplicando-se em estabelecimentos no
qual se realizem algumas das seguintes atividades: elaboração/industrialização, fracionamento,
armazenamento e transporte de alimentos destinados ao comércio nacional e internacional
18

(BRASIL, 1997a).
Os requisitos gerais para implementar as BPF nos estabelecimentos
produtores/elaboradores de alimentos são desenvolver, implementar e manter os procedimentos
operacionais padronizados, sendo estes:

• Estrutura física do prédio e instalações: Como deverão ser os materiais usados;


localização; o piso; paredes; teto; janelas; portas; iluminação adequada; ventilação;
separação entre as instalações; alojamentos; vestiários; sanitários; cozinha e refeitório
(BRASIL, 1997).

• Controle da água de abastecimento: O uso de modo geral, deverá dispor de um


abundante abastecimento de água potável, com pressão adequada e temperatura
conveniente; um apropriado sistema de distribuição e adequada proteção contra a
contaminação; controle adequado de pH; cloro; cor; análise microbiológica e
higienização frequente dos reservatórios (BRASIL, 1997).

• Controle de pragas: Como roedores, baratas, moscas e pássaros. Realizando inspeções


periodicamente; utilizar produtos autorizados na legislação e optando por medidas
precaução, produtos armazenados em salas separadas; realizar a correta higienização
das instalações, armazenamento adequado dos alimentos; armazenamento e tratamento
dos resíduos (BRASIL,1997).

• Higiene dos colaboradores e requisitos sanitários: Estar sempre em conformidade


com os hábitos higiênicos a fim de que saibam adotar as precauções necessárias para
evitar a contaminação do alimento, tais como: cortar as unhas (e barba); não utilizar
maquiagem, perfumes e hidratantes; não utilizar adornos como brincos, anéis, não
trabalhar com luvas ou aventais rasgados; tomar banho; fazer check up da saúde
periodicamente, pessoas que saibam ou suspeitem de alguma enfermidade que possam
transmitir aos alimentos, não poderão estar na área de manipulação ou operação dos
alimentos não trabalhar com lesões nas mãos/braços. Lavagem das mãos e botas devem
ser sempre realizadas nas barreiras sanitárias, sempre que o funcionário entre ou saia da
área de produção; lavar as mãos e antebraço com água e detergente, e utilizar um
sanitizante (BRASIL, 1997).
19

• Limpeza e desinfecção: Para impedir a contaminação dos alimentos, toda área de


manipulação; dos equipamentos e utensílios, deverão ser limpos com a frequência
necessária e desinfetados sempre que as circunstâncias assim o exijam. Os produtos
utilizados deverão ter seu uso previamente aprovado; identificados e guardados em local
adequado (fora da área de manipulação de alimentos). Os produtos que serão utilizados,
assim como as etapas a serem realizadas, são parte do manual de PPHO (BRASIL,
1997).

• Equipamentos e utensílios: Todos os equipamentos e utensílios nas áreas de


manipulação de alimentos, que possam entrar em contato com estes, devem ser de
materiais que não transmitam substâncias tóxicas, odores nem sabores, e sejam não
absorventes à corrosão e capazes de resistir a repetidas operações de limpeza e
desinfecção; as superfícies deverão ser lisas e estar isentas de imperfeições como fendas
e amassaduras que possam comprometer a higiene dos alimentos ou sejam fontes de
contaminação (BRASIL, 1997).

• Matérias-primas, embalagem e armazenamento: As matérias-primas ou ingredientes


deverão ser inspecionados e classificados antes de seguirem para a linha de
fabricação/elaboração, na elaboração só deverão utilizar-se matérias primas ou
ingredientes limpos e em boas condições; todo o material utilizado na embalagem
deverá ser armazenado em locais destinados à finalidade, e em condições de sanidade e
limpeza, o material deve ser apropriado para o produto que vai ser embalado para as
condições previstas de armazenamento, não devendo transmitir ao produto substâncias
indesejáveis; as matérias primas devem ser armazenadas em condições que garantam a
proteção contra a contaminação e reduzam ao mínimo os danos e deteriorações
(BRASIL, 1997).

• Trasporte: Os veículos destinados ao transporte de alimentos refrigerados ou


congelados devem dispor de meios que permitam verificar a umidade, quando
necessário, e a temperatura que devem ser mantidas dentro do nível adequado (BRASIL,
1997).
20

A adoção do programa BPF visa garantir a qualidade sanitária e conformidade dos


alimentos e aumenta o rendimento da empresa, com a redução do desperdício de matéria prima.
Com a adesão do manual de BPF, torna-se evidente uma padronização durante os processos e,
com isso, alguns fatores como adequadas condições sanitárias e aumento de vida de prateleira
são vantagens à adesão do manual.
A aplicação do programa é uma responsabilidade e conscientização de todos os elos
envolvidos na cadeia de fabricação dos alimentos. Mais do que uma obrigação legal, a o BPF
deve ser um guia para a rotina da empresa, permitindo garantir de forma constante a qualidade
na produção (ARAÚJO, 2010).

4.2 PROCEDIMENTO PADRÃO DE HIGIENE OPERACIONAL - PPHO

Segundo o Decreto 9.013, de 29 de março de 2017, os Procedimentos Padrão de Higiene


Operacional (PPHO) são procedimentos descritos, desenvolvidos, implantados, monitorados e
verificados pelo estabelecimento, com vista a estabelecer a forma rotineira pela qual o
estabelecimento evita a contaminação direta ou cruzada do produto e preserva sua qualidade e
integridade, por meio da higiene, antes, durante e depois das operações (BRASIL, 2017).
Os PPHO, do inglês SSOP (Standard Sanitizing Operating Procedures), são
representados por requisitos de BPF com o objetivo de manter as instalações, utensílios e
equipamentos da indústria em condições higiênico-sanitárias adequadas, impedindo a
contaminação da matéria-prima e produtos acabados (BRASIL, 1997).
Monitoração, registros, ações corretivas e aplicação constante de checklist, são
recomendados para garantir a correta aplicabilidade das operações (FOOD INGREDIENTS
BRASIL, 2008).
Alguns países, ao verificar suas legislações na busca por maior eficácia dos
procedimentos de inspeção, extraíram os procedimentos de limpeza dos Programas de Boas
Práticas – BPFs (GMPs) e os transformaram em programa especial, segundo a circular nº
175/2005 CGPE/DIPOA, atualmente revogada (BRASIL, 2005).
A resolução DIPOA/SDA Nº 10, de 22 de maio de 2003, Institui o PPHO, a ser utilizado
nos Estabelecimentos de Leite e Derivados como etapa preliminar e essencial dos Programas
de Segurança Alimentar do tipo APPCC.
Além disso, constitui uma extensão do Regulamento Técnico sobre as Condições
Higiênico-sanitárias e de BPF para Estabelecimentos Elaboradores/Industrializadores de
Alimentos, aprovado por meio da Portaria Nº 368/97, do Ministério da Agricultura e do
21

Abastecimento, com objetivo de estabelecer PPHO, visando reduzir ou eliminar os riscos


associados com a contaminação de leite e de produtos lácteos (BRASIL, 2003).
O PPHO faz parte do programa de BPF, mas dada a sua importância é constantemente
trabalhado em separado. Consiste na descrição completa das atividades de limpeza e
sanitização específicas necessárias para manter os utensílios e as instalações livres de
microrganismos patogênicos e com a carga microbiana deteriorante minimizada,
consequentemente prevenindo a contaminação do alimento quando em contato com estes
utensílios e instalações (CRUZ; CENCI; MAIA, 2005).
A Circular Nº 245/96 DCI/DIPOA, definiu o programa PPHO em duas parte; os
procedimentos pré-operacionais e os procedimentos operacionais (BRASIL, 1996). O
monitoramento e a verificação oficial devem ser realizados logo após a conclusão dos
procedimentos de limpeza com objetivo de avaliar se foram corretamente executados. O
manual do PPHO contém os seguintes requisitos:
• Local e a/superfície a ser higienizada;
• Procedimento detalhado por etapas;
• Substâncias detergentes e sanificantes utilizadas, com as respectivas concentrações;
• A Frequência de realização;
• As formas de monitoramento/ verificação;
• Os responsáveis por cada etapa (BRASIL, 1997).

Na indústria frigorífica, após o processamento da matéria prima, o ambiente, os


equipamentos e os utensílios, apresentam uma grande quantidade de resíduos orgânicos como
proteínas, gorduras e minerais. Por esse motivo, o processo de higienização e sanitização devem
ser executados de maneira rigorosa, a fim de minimizar o crescimento da microbiano.

4.2.1 Limpeza

A limpeza tem o objetivo de remover e deslocar de maneira física toda a sujeidade e os


resíduos orgânicos e inorgânicos das superfícies, devendo ser executada imediatamente após o
uso dos equipamentos e utensílios. Essa etapa compreende os processos de pré-lavagem,
lavagem e enxágue. Consiste na a lavagem com água quente e aplicação de detergentes e o
enxague dos resíduos, tendo como finalidade a diminuição da carga microbiana através da ação
térmica da água junto com a ação germicida do detergente. A escolha do detergente dependerá
do tipo de resíduo e sua composição, para remoção de carboidratos, gorduras e proteínas,
22

utiliza-se preferencialmente detergentes alcalinos, já para a remoção dos minerais,


preferencialmente detergentes ácidos. A aplicação dos detergentes pode variar conforme os
maquinários utilizados, por isso a importância dos equipamentos e utensílios serem de fácil
desmontagem, além de apresentarem superfícies lisas e serem de aço inoxidável, podendo ser
aplicado de forma manual; de forma semi-automática, conhecida COP (Cleaning Open Place),
ou automática CIP (Cleaning In Place) (IMMIG, 2013).

4.2.2 Sanitização

A sanitização tem como objetivo a redução e eliminação do número de microrganismos


patogênicos através de métodos químicos e físicos, não comprometendo a qualidade do
alimento. Essa etapa poderá ser realizada através da aplicação de sanitizantes que sejam
eficientes contra os microrganismos; que apresentem baixa toxicidade; não sejam corrosivos
para os equipamentos e nem para pele e não apresentarem odor ou gosto. Alguns exemplos de
desinfetantes são os quartenários de amônia, peróxido de hidrogênio, ácido peracético, cloro
ativo, iodóforos entre outros. Também poderá ser utilizado métodos físicos, como calor e UV
(IMMIG, 2013).

O manual de PPHO irá se adequar a cada indústria particularmente, porém nele constará
a frequência que o estabelecimento realizará a higienização, seja diariamente, quinzenalmente
ou mensalmente; as etapas detalhadas dos processos; quais os produtos a serem utilizados e as
concentrações permitidas. Além disso, deve conter assinatura do gerente do estabelecimento, o
nome do responsável técnico pela implantação do mesmo, nome do funcionário responsável
pela execução das atividades de limpeza e sanitização das instalações e equipamentos e nomes
dos profissionais que são responsáveis pelas atividades de monitoramento e verificação
(BRASIL, 1997b).

4.3 ANÁLISE DE PERIGOS E PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE – APPCC

Na década de 60 as indústrias de alimentos começaram a utilizar as BPF. O sistema


APPCC, da sigla original em inglês HACCP (Hazard Analisys and Critical Control Points)
teve sua origem na década de 50, em indústrias químicas na Grã-Bretanha. Porém, somente na
década de 60 que começou a ser amplamente utilizado. Foi adaptado para a área de alimentos
23

pela Pillsbury Company, pela NASA, para que não houvesse problema com os astronautas,
referente a enfermidades transmitidas por alimentos (RIBEIRO-FURTINI; ABREU, 2006).
O APPCC tem como fundamento a prevenção de possíveis riscos ao consumidor e, por
isso, é indispensável na segurança dos alimentos.
Entre as ferramentas de gestão da qualidade disponíveis para controlar os processos,
atender aos requisitos de confiabilidade e respeito ao consumidor, oferecer um produto seguro
e seguir as exigências de comercialização, destaca-se o sistema APPCC, que tem como objetivo
a prevenção, racionalidade e especificidade no controle de riscos dos alimentos (SOUSA;
LOURENÇO; LEHALLE, 2015).
No Brasil, a Portaria nº 46, de 10 de fevereiro de 1998 do MAPA, instituiu o sistema
APPCC nas indústrias de Produtos de Origem Animal sob regime de SIF. Este sistema é uma
abordagem científica e sistemática para o controle de processo, elaborado para prevenir a
ocorrência de problemas, assegurando que os controles são aplicados em determinadas etapas
no sistema de produção de alimentos, onde possam ocorrer perigos ou situações críticas. Sendo
o objetivo fornecer às indústrias sob Inspeção Federal, as diretrizes básicas para apresentação,
implantação, manutenção e verificação do Plano de APPCC, assegurando que os produtos: a)
sejam elaborados sem perigos à saúde pública; b) tenham padrões uniformes de identidade e
qualidade; c) atendam às legislações nacionais e internacionais sob os aspectos sanitários de
qualidade e de integridade econômica; d) sejam elaborados sem perdas de matérias-primas; e)
sejam mais competitivos nos mercados nacional e internacional (BRASIL, 1998a).
Além disso, o APPCC identifica os possíveis perigos e determina os desvios e as
possíveis ações corretivas. Para garantir a correta eficácia desse sistema é necessário conhecer
os sete princípios do APPCC, lembrando que cada empresa deve ter o seu plano, de acordo com
as suas necessidades, porém sempre com o mesmo objetivo de garantir a inocuidade dos
alimentos.
A Portaria nº 46 de 10 de fevereiro de 1998, constituiu sete princípios básicos para
implementação do APPCC, sendo eles:
1. Identificação do perigo;
2. Identificação do ponto crítico;
3. Estabelecimento do limite crítico;
4. Monitorização;
5. Ações corretivas;
6. Procedimentos de verificação;
7. Registro dos resultados.
24

• Identificação do Perigo: Danos inaceitáveis que possam tornar um alimento impróprio


ao consumo e afetar a saúde do consumidor, presença inaceitável de contaminantes
biológicos, químicos ou físicos na matéria-prima ou nos produtos semi-acabados ou
acabados (BRASIL, 1998a). Neste princípio, os perigos são identificados e listados em
todas as etapas do processo, considerando os fatores de probabilidade de ocorrência e
severidade que possam causar prejuízos à saúde (QUINTINO; RODOLPHO, 2018).

• Identificação do Ponto Crítico: Qualquer ponto, operação, procedimento ou etapa do


processo de fabricação onde se aplicam às medidas preventivas de controle, com o
objetivo de prevenir, reduzir ou eliminar a limites aceitáveis os perigos para à saúde, a
perda da qualidade e a fraude econômica (BRASIL, 1998a).

• Estabelecimento do Limite Crítico: O estabelecimento dos limites críticos é


determinado para o monitoramento de cada Ponto Crítico Controle (PCC), com o
objetivo de manter os níveis aceitáveis do perigo à segurança de alimentos não seja
excedido, como temperatura mínima e máxima do processo (QUINTINO;
RODOLPHO, 2018). Condições como temperatura, tempo, pressão, umidade, pH,
atividade de água, textura, aroma, viscosidade, acidez, cloro residual livre possibilitam
que os limites sejam aplicáveis de acordo com a especificidade de cada operação
(BRASIL, 1998a).

• Monitorização: A monitorização deve ser capaz de detectar qualquer desvio do


processo (perda de controle). Os principais tipos de monitorização são: observação
contínua, avaliação sensorial, determinação de propriedades físicas, químicas e
microbiológicas, devendo estabelecer a frequência e o plano de amostragem que será
seguido. Depois de estabelecidos a equipe de trabalho deve elaborar formulários de
registros das observações, bem como tabelas ou gráficos para registros dos valores
observados. Estes registros devem estar disponíveis para a verificação interna e para o
Serviço de Inspeção Federal (BRASIL, 1998a).
25

• Ações corretivas: Quando se constatar um desvio nos limites críticos estabelecidos,


serão imediatamente executadas as ações corretivas para colocar o PCC novamente sob
controle (BRASIL, 1998a).

• Procedimento de Verificação: Os procedimentos de verificação servem para confirmar


se os perigos identificados à segurança de alimentos nos PCCs estão sendo devidamente
controlados e se estão dentro dos níveis aceitáveis, as medidas de controle, limites
críticos, monitoramento, ações corretivas, responsáveis e registros estão sendo eficazes
dentro do plano APPCC (QUINTINO; RODOLPHO, 2018).

• Registro dos Resultados: Devem ser registrados em formulários próprios de cada


estabelecimento industrial e, sempre que possível, resumidos em forma de gráficos ou
tabelas. Deve-se registrar, também, os desvios, as ações corretivas e as causas dos
desvios. Como: controle de cloração da água de abastecimento; inspeção de matéria-
prima; tempo e temperatura; inspeção do produto; pesagem; registro dos programas de
treinamento de pessoal. Os formulários a serem utilizados para os registros deverão
compor o plano APPCC (BRASIL, 1998a).
A implementação do APPCC nas indústrias traz uma série de benefícios, como
maior qualidade do produto, redução do número de reclamações dos consumidores e
maior produtividade. Além disso, com a adesão de rastreabilidade e certificação garante
à empresa um diferencial na hora da garantia de qualidade frente aos consumidores,
garantindo um aumento nos números de vendas e maior aceitação dos produtos pela
população.
26

5 RASTREABILIDADE E CERTIFICAÇÃO

Com a crescente demanda da comercialização de produtos de origem alimentar no


mundo, tornou-se evidente que os consumidores se tornassem cada vez mais exigentes sobre a
origem dos produtos consumidos. Fatores como a contaminação nos alimentos por
microrganismos patogênicos, carregam a preocupação dos consumidores quanto à qualidade
dos alimentos comercializados (ALMEIDA et al, 2019).
Além disso, com a tecnologia e o acesso à informações, a demanda de consumidores
conscientes que optam pela busca de um alimento com qualidade, pelo bem estar animal e pelo
meio ambiente se tornou fundamental para o setor de indústria e comércio.
Rastreabilidade define-se como a capacidade de identificar a origem de um produto de
origem animal e acompanhar a movimentação durante as etapas de produção, distribuição e
comercialização e das matérias-primas, dos ingredientes e dos insumos utilizados (BRASIL,
2017).
Segundo Silva (2004), a rastreabilidade consiste em um mecanismo que permite
identificar a origem do produto. O objetivo é a comprovação de um produto de qualidade,
através da monitoração de todas as etapas do processo.
A rastreabilidade é um processo crescente, decorrente dos avanços tecnológicos e da
crescente demanda do mercado importador que, tem exigido cada vez mais, transparência nos
processos de produção e distribuição dos produtos (ARAÚJO, 2010). Segundo o Codex
Alimentarius, a rastreabilidade sozinha não garante a segurança dos processos da fabricação do
produto. A associação com os programas de controle de qualidade como BPA, BPF e o APPCC
que irá garantir o correto controle dos processos (CIMA; AMORIM; SHIKIDA, 2006).
A certificação representa um conjunto de procedimentos pelo qual as indústrias atestam
que o produto atende os requisitos pré-estabelecidos, podendo assim, emitir um selo de
qualidade. Ou seja, a certificação está ligada a rastreabilidade, garantindo a qualidade do
alimento. O Brasil, como um país referência em exportação de carne de frango, deve obedecer
as legislações internacionais para a exportação. A União Europeia criou o Regulamento nº
178/2002 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 28 de janeiro de 2002, que determinou os
princípios e normas gerais da legislação alimentar, cria a Autoridade Europeia para a Segurança
dos Alimentos e estabelece procedimentos em matéria de segurança dos gêneros alimentícios,
aplicando-se á todas as fases, sendo produção, transformação e distribuição; além disso, devem
ser rotulados ou identificados de forma a facilitar a sua rastreabilidade. (UE, 2002).
27

5.1 ISO

O sistema de qualidade da família ISO, palavra escolhida para dar nome à International
Organization for Standardization (Organização Internacional de Padronização), está
relacionado com a organização não governamental, que elabora normas internacionais. O início
se deu em Londres, em 1946, com 65 delegados de 25 países. Contudo, somente em 1947, em
Genebra, que a ISO passa a existir oficialmente, contendo 67 comitês técnicos (ISO, 2022a).
A ISO compreende cerca de 165 membros de organismos nacionais de normalização,
através de um membro por país. O objetivo é reunir especialistas para compartilhar o
conhecimento e desenvolver normas internacionais voluntárias, que apoiem a inovação e
forneçam soluções para os desafios globais (ISO, 2022a). O Brasil também é um membro
participante da ISO, participando através da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT).
Havendo mais de 10.000 normas internacionais, abordando diversas áreas de
conhecimentos como: gestão da qualidade; gestão ambiental; gestão de segurança alimentar;
saúde e segurança ocupacional; gerenciamento de segurança da informação, entre outros (ISO,
2022a). O principal motivo para aderir a uma certificação ISO está relacionado com o alcance
de reconhecimento internacional, padronização, atendimento de requisitos dos clientes,
melhorar a eficiência e consequentemente melhores resultados (MAIA; DINIZ, 2009).
Nesta monografia serão citadas apenas as normas relevantes na indústria avícola.

5.2 ISO 9000

A ISO 9000 estabelece os critérios para o sistema de gestão da qualidade sendo o único
padrão da família que pode ser certificado. Pode ser utilizado por qualquer organização,
independentemente da sua atividade (ISO, 2022b). O padrão de qualidade ISO 9000 é a
definição de conformidade e qualidade garantindo aos consumidores que um produto ou serviço
será fornecido de forma consistente (TERZIOVSKI; GUERRERO, 2014).
As normas da série ISO 9000 têm como principal objetivo a documentação de todas as
etapas realizadas durante a fabricação de um produto ou da execução de um serviço, ou seja,
desde a limpeza de equipamentos até a finalização do produto. A arquivação de dados também
é uma função das normas, através do arquivamento dos resultados pode-se ter com precisão da
variação da qualidade dos produtos e serviços, identificar onde estão as possíveis falhas e
examinar com mais eficiência como é possível corrigí-las. A inspeção e revisão dos processos
28

também são contempladas pelas normas (NORMAS TÉCNICAS, 2022a)


O uso da ISO 9000 ajuda a garantir que os clientes obtenham produtos e serviços
constantes de boa qualidade, o que, traz muitos benefícios comerciais (ISO, 2022a). Além disso,
aumenta o desempenho das empresas certificadas em termos de vendas, exportações,
produtividade do trabalho, lucros, rentabilidade, emprego e salários (JAVORCIK; SAWADA,
2018).

5.3 ISO 14000

A sustentabilidade é uma realidade para todos em todas as áreas. Com as constantes


mudanças que estão ocorrendo em relação à sensibilidade ambiental obrigam as organizações
a adotar uma nova abordagem para este problema. Levando organizações como a ISO a
desenvolverem padrões como a família ISO 14000 que ajudam todos os tipos de organizações
a alcançar o desenvolvimento sustentável (PATÓN-ROMERO et al., 2019). A ISO 14000
estabelece critérios para um sistema de gestão ambiental. Concebido para qualquer tipo de
organização, independentemente da sua atividade garantindo aos gestores e colaboradores da
empresa, que o impacto ambiental está sendo avaliado e melhorado (ISO, 2022).
As normas ISO 14000 têm como principal foco minimizar o dano causado ao meio
ambiente. Isso significa fazer com que ela tenha uma melhoria contínua em seu Sistema de
Gestão Ambiental estando de acordo com todas as políticas e leis ambientais (NORMAS
TÉCNICAS, 2022b). Assim como as normas ISO 9000, as ISO 14000 também trabalham
bastante com o arquivamento e documentação. Essas normas fazem a empresa criar metas e
objetivos a serem cumpridos a partir das políticas ambientais. Uma empresa que tem um
certificado ISO 14000 obtém muitas vantagens, ao receber o certificado, pois a empresa é
associada automaticamente a um padrão internacional de gestão ambiental, trazendo ao público
uma imagem positiva de uma empresa preocupada com o meio ambiente além do que, graças
aos processos estabelecidos pelas normas ISO 14000, a empresa tem uma redução de gastos
com matéria-prima, descarte de lixo e resíduos da sua atividade (NORMAS TÉCNICAS,
2022b).

5.4 ISO 22000


29

As normas de gestão de segurança alimentar da ISO ajudam as organizações a identificar


e controlar os perigos de segurança alimentar. Adequado a todos os tipos de produtores, a ISO
22000 fornece um nível de segurança no mercado global de alimentos, cadeia de abastecimento,
ajudando os produtos a atravessarem as fronteiras e levando às pessoas alimentos seguros (ISO,
2022).
Os critérios para adquirir o certificado ISO 22000 contemplam os seguintes aspectos:
sistema de gestão; programas de pré-requisitos como (BPF); os princípios de segurança
alimentar do APPCC; contato com o cliente e documentação (ARAÚJO, 2010).
O objetivo da ISO 22000 é harmonizar em nível mundial os requisitos de gestão de
segurança alimentar para todas as organizações dentro da cadeia alimentar. Propõem-se
particularmente a ser aplicado por organizações que buscam um sistema de gestão da segurança
alimentar mais interessado, coerente e integrado do que o normalmente imposto por lei. Requer
que a organização atenda a todos os requisitos aplicáveis relevantes à segurança de alimentos
(ISO, 2022).
Uma empresa com certificação de ISO 22000 tem o processo de documentação muito
mais organizado e, por consequência, uma comunicação muito mais objetiva com os clientes.
Além disso, a fidelidade dos consumidores é outra vantagem, uma vez que a empresa possui
uma comprovação de segurança alimentar atendendo o padrão internacional exigido
(NORMAS TÉCNICAS, 2022c).
As ferramentas supracitadas anteriormente estão presentes durante todas as etapas do
fluxograma de abate, são responsáveis por identificar, monitorar e prevenir os possíveis pontos
de contaminação de origem química, física e biológica envolvidos durante as operações de
processamento das carcaças, com a finalidade de garantir a segurança do produto (SILVA,
2018).
30

6 FLUXOGRAMA DE ABATE DE FRANGOS DE CORTE

Os Abatedouros-frigoríficos visam a utilização de etapas de abate afim de minimizar,


controlar e assegurar a qualidade do produto, evitando prejuízos por condenações de carcaças
e vísceras. Durante cada etapa do fluxograma de abate, o correto controle higiênico-sanitário é
fator determinante na produção de um alimento livre de contaminantes de qualquer origem.
Para isso, a separação de área suja e área limpa, é o primeiro passo afim de minimizar os perigos
de contaminação cruzada durante o processo.
Divide-se em etapas o método industrial de abate de aves para a obtenção de sua carne,
visando a comercialização e o consumo. Por se tratar de uma matéria-prima viva, tem-se uma
técnica receptiva para a morte do animal, para que assim seja possível a manipulação da sua
carcaça e vísceras no resto do processo.
a. Plataforma de recepção (engache/pendura): Através de uma esteira rolante, as
caixas são translocadas, ocorrendo a pendura dos animais. Possui um parapeito para as
aves não se debaterem, além disso, o local é escuro ou possui luz azul para a maior
tranquilidade das aves (GOMID; RAMOS; FONTES, 2014).

b. Insensibilização/Atordoamento: São exigências humanitárias, evitando o


sofrimento do animal, com a finalidade de melhorar o processo de sangria e depenagem.
O processo é feito por eletronarcose, através de imersão em líquido (cuba d’água) na
voltagem entre 28V e 50V, frequência (Baixa: 60 Hz, Alta: 400 Hz) por um tempo de 7
segundos, dependendo de cada estabelecimento. A insensibilização diminui o
sofrimento e o estresse do animal, durante ou após a sangria, o que facilita o processo
(GOMID; RAMOS; FONTES, 2014).

c. Sangria: O intervalo entre a insensibilização e a sangria não deve ultrapassar 12


segundos, podendo ser feita de forma manual ou mecânica. É realizada através do corte
das artérias carótidas e veias jugulares, sendo que o tempo da sangria deve ser de no
mínimo 3 minutos, evitando o rompimento de traquéia (GOMID; RAMOS; FONTES,
2014).

d. Escaldagem: Têm a finalidade abrir os folículos pilosos e de liberar as penas,


melhorando assim, o processo de depenagem. O processo ocorre através de um tanque
água com processo de agitação, podendo ser realizada 2, 3 ou 4 tanques de escaldas
31

diferentes, com temperaturas excessivas (aqui devemos lembrar da escaldagem


excessiva, que acaba sendo uma perda e condenação da carcaça). O tempo de imersão
pode ser brando (entre 52ºC e 55ºC por 2,5 minutos) ou rigoroso (acima de 56ºC por 1,5
minutos) (GOMID; RAMOS; FONTES, 2014).

e. Depenagem: É a ação da remoção das penas por ação mecânica através de dedos de
borrachas em tambores rotativos. Devemos enfatizar aqui o correto controle de pressão
e proximidade dos dedos de borracha, pois nesse processo pode haver abrasão da pele e
quebra dos ossos da asa (GOMID; RAMOS; FONTES, 2014).

Finalizado o abate. Entre a área suja e a área limpa existe uma lavagem da carcaça.

f. Evisceração: É feita seguindo uma sequência determinada por cada estabelecimento:


corte da pele do pescoço e traqueia e extração da cloaca, realizada através de um corte
ao redor desta com uma lâmina rotatória, afim de evitar a contaminação fecal; em
seguida, é feito o corte abdominal e uma incisão próxima à cloaca, para permitir a
remoção das vísceras; o próximo passo é o processo de exposição das vísceras. Logo
após, a exposição das vísceras temos as linhas de inspeção sendo inspecionado (coração,
fígado e moela) e, logo após, é realizada à extração dos pulmões, removendo papo,
esôfago e traquéia remanescente (GOMID; RAMOS; FONTES, 2014).

g. Resfriamento: As técnicas usualmente utilizadas são pulverização por água gelada,


tanques água/gelo e resfriadores contínuos. Realizados em 2 estágios:
• Pré-chiller (pré-resfriamento): Tem o início do resfriamento, limpeza e
reidratação da carcaça, que tem como objetivo a recuperação da água perdida ao
longo dos processos anteriores aplicados na carcaça, garantindo assim sua futura
conservação e boa aparência. Podendo ser por tanques pré-resfriadores
contínuos, sendo o ideal de 17ºC por 12 minutos. Nesse estágio a revoção da
água deve ser 1,5L/Ave, com água hipercolorada em torno de 2-5ppm (GOMID;
RAMOS; FONTES, 2014).
• Chiller (resfriamento): Finaliza o processo de resfriamento, baixando a
temperatura da carcaça. Tem como finalidade eliminar o calor “post mortem”
adquirido nas fases iniciais do abate evitando a proliferação da flora microbiana
presente nas carcaças. A temperatura ideal deve ser de 2ºC por 17 minutos, na
32

lei deve ser de 4ºC (variação 0ºC - 5ºC). Nesse estágio, a renovação da água
deve ser 1L/Ave. Ao final, a temperatura das carcaças devem estar entre 7ºC
(GOMID; RAMOS; FONTES, 2014).

h. Gotejamento: Após a remoção das carcaças dos chillers, as aves são penduradas
pelo pescoço ou pelos pés. A finalidade do gotejamento é remover o excesso de água
absorvida na fase do pré-resfriamento. Ao final, a quantidade de água deve ser menor
que 8% do peso da carcaça, para comercialização (GOMID; RAMOS; FONTES, 2014).

i. Classificação: As carcaças são classificadas e destinadas para o processo de


embalagem ou para o corte de peça. O corpo que apresentar um peso e bom estado é
embalado como peça inteira (GOMID; RAMOS; FONTES, 2014).

j. Espostejamento: Os estabelecimentos que realizarem cortes e/ou desossa de aves


devem possuir dependência própria, exclusiva e climatizada, com temperatura ambiente
não superior a 12ºC. Nessa parte do processo, são feitos os diferentes tipos de corte, que
variam de acordo com as exigências do cliente (GOMID; RAMOS; FONTES, 2014).

k. Congelamento: Ocorre a identificação das caixas com etiquetas adesivas e o


encaminhamento ao túnel de congelamento, com temperatura mínima de -18ºC. Túnel
usual -35 -40ºC por 4 horas mais armazenamento (-12ºC por 8 – 18 meses). Pelo SIF,
carcaças com no máximo -12ºC para mercado interno (GOMID; RAMOS; FONTES,
2014).

l. Expedição: Para expedição de são checadas: documentação para transporte, as


temperaturas da carcaça, da câmara fria e também do caminhão onde o produto será
transportado. Após carregada a carroceria, o mesmo segue até seus clientes (GOMID;
RAMOS; FONTES, 2014).

Cada categoria de empresa tem o seu esquema de organização e precisa estabelecer


critérios para melhorar a sua gestão. No ramo frigorífico de aves, tais metodologias e diretrizes
devem atender os principais requisitos para garantir um bom funcionamento e uma boa
qualidade do produto. Com isso, deve-se levar em consideração as normas legislativas
33

previstas, visando a segurança e qualidade do produto, lembrando sempre de atender e satisfazer


as necessidades do consumidor. Por isso é importante que o abatedouro-frigorífico atenda as
normas e garanta um produto final ao consumidor de boa qualidade, através dos certificados na
legislação, como Serviço de Inspeção Federal, Serviço de Inspeção Municipal, Sistema
Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SISBI), as certificações da Família ISO,
as BPF, os PPHO, APPCC, bem estar animal, entre outros.
34

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Brasil hoje é referencia mundial em produção e exportação de carne de frango. Além


disso, com o crescente aumento da população mundial e a grande demanda em atender o
consumo dessa população, fica evidenciado que o desenvolvimento da avicultura de corte no
Brasil se destaque cada vez mais no cenário mundial.
Para assegurar que a carne de frango chegue ao consumidor sem causar danos a saúde
da população, é fundamental o controle rigoroso em toda a cadeia, desde a produção até sua
chegada ao consumidor.
Quando o assunto é programas de segurança alimentar, o objetivo é garantir que a
produção de alimentos seja segura e não ofereça risco para a saúde dos consumidores. Além
disso, também visa a satisfação dos consumidores e clientes. Os programas de gerenciamento
de qualidade devem ser usados para melhorar a segurança e qualidade do processo e do produto,
como também, a produtividade da indústria, transferindo conhecimento aprofundado do
processo e do ambiente de produção.
Na indústria frigorífica de frango de corte a implementação dos Programas de
Autocontrole são essenciais para o controle do processo de elaboração do produto, uma vez que
por meio de ações de monitoramento e de verificações é possível prevenir e corrigir desvios
que inevitavelmente acabariam levando a contaminação do produto final. Tornando-se inviável
o controle do processo e a correção das falhas mais importantes. É de suma importância para
empresa implementar e verificar o controle dos padrões de identidade e qualidade dos produtos
alimentícios. Pois ao se ter um controle de todo o processo, desde a matéria prima ao produto
final, tem-se um aumento na entrega de um alimento seguro, menor custos durante os processos
de fabricação, uma melhoria contínua dos processos, além de uma melhor aceitação do produto
perante aos consumidores.
Ao verificar o conhecimento, a importância e a funcionalidade dos programas de
qualidade dentro de um abatedouro-frigorífico, assim como as suas vantagens em relação a
implementação de tais ferramentas fica evidente a importância do papel do Médico Veterinário
nos estabelecimentos de processamento de produtos de origem animal. Visto que este
profissional tem grande conhecimento de todos os processos que envolvem a produção de um
alimento seguro e com qualidade higiênico-sanitária, como microbiologia, saúde animal,
tecnologia de alimentos, sendo este capacitado a garantir o controle da qualidade dos alimentos
destinados ao consumo humano de maneira segura.
35

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LEAN MANUFACTURING NO AGRONEGÓCIO: Uma análise bibliográfica da
produção científica das bases Web of Science e SciELO no período de 2000-2020

Versão do autor aceita publicada online: 09 jun. 2022


Publicado online: 12 ago. 2022

Como citar esse artigo - American Psychological Association (APA): SANTOS, D. W.,
Clementino, V., & Borges, U. (2022). Lean manufacturing no agronegócio: Uma análise
bibliográfica da produção científica das bases Web of Science e SciELO no período de 2000-2020.
Exacta. DOI: https://doi.org/10.5585/exactaep.2022.21400.

Dvison Willian Santos


dvison_dias@hotmail.com
http://orcid.org/0000-0003-3540-7081
Universidade federal do vale do São Francisco - UNIVASF
Engenheiro de Produção Mestrado em Gestão e Inovação Experiência Profissional em Logística,
Produção, Construção Civil, Agronegócio Inglês Avançado; Pacote Office; Microsoft Excel;
Power BI; Lean Six Sigma; BPM; MS Project; Tableau; 5S, PDCA, KABAN, TPM. Três Estágios
durante a Graduação, Duas experiências Profissionais em Cargos de Liderança e Operacional com
visão Estratégica da Cadeia de Suprimentos, Empresa Junior da Universidade.

Valdner dos Clementino


valdner.ramoss@univasf.edu.br
Universidade federal do vale do São Francisco - UNIVASF
Doutor em Gestão, com especialização em ciências econômicas e processo decisório, pela
Universidade de Évora - Portugal (2015). É mestre em Economia pela Universidade Federal do
Ceará (2003) e graduado em ciências econômicas, na Universidade Federal de Pernambuco
(1999). É Professor Adjunto I da Universidade Federal do Vale do São Francisco - UNIVASF.
Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Administração de Empresas. Atuando
nas seguintes áreas temáticas: Economia Agrícola, Desenvolvimento Regional, Gestão do
Agronegócio e Planejamento Estratégico

Umarac dos Borges


ummarac@hotmail.com
Possui graduação em Administração pela Universidade Federal da Paraíba (1997), especialização
em Engenharia de Produção pela Universidade Federal da Paraíba (2004) e mestrado em
Engenharia de Produção pela Universidade Federal da Paraíba (2011). Tem experiência na área
de Administração. Atuando principalmente nos seguintes temas:Arranjo Produtivo Local,
Indústria calçadista, Projeto Promos.

Resumo

O cenário industrial está passando por uma transformação gigante no momento. A inovação não
é apenas um diferencial, mas uma necessidade em que as organizações precisam direcionar a
atenção. O Lean Manufacturing é visto como uma filosofia na inovação e com o uso das
ferramentas dentro desse tema, o agronegócio tende a ter ganhos significativos em produtividade
e lucro nas suas atividades. Esse trabalho visa relacionar a quantidade e qualidade dos artigos
científicos que fazem a conexão do Agronegócio com o Lean Manufactuing, por meio das
plataformas de pesquisa Web of Sciente e SciElo, trazendo um resultado positivo na pesquisa,
onde é possível visualizar o aumento e importância da implementação das ferramentas Lean nas
atividades organizacionais do agronegócio.

Palavras – Chaves: Agronegócio; Lean Manufacturing; Produtividade; Pesquisas;

Abstract

The industrial landscape is undergoing a massive transformation at the moment. Innovation is


not just a differential, but a necessity that organizations need to focus their attention on. Lean
Manufacturing is seen as a philosophy in innovation, and with the use of tools within this theme,
agribusiness tends to have significant gains in productivity and profit in its activities. This work
aims to relate the quantity and quality of scientific articles that make the connection of
Agribusiness with Lean Manufacturing, through the research platforms Web of Sciente and
SciElo, bringing a positive result in the research, where it is possible to visualize the increase
and importance of the implementation of Lean tools in the organizational activities of
agribusiness.

Key-Words: Agribusiness; Lean Manufacturing; Productivity; Research;

1 Introdução
A sobrevivência das organizações é um desafio nos dias atuais que exige cada vez mais
produtividade, qualidade do ambiente de trabalho, qualidade da matéria-prima e das ferramentas
da gestão. A competitividade empresarial está cada vez mais acirrada e tem abordado vários
aspectos, como recursos tecnológicos, técnicos e humanos, assim como também, os custos, os
processos, a qualidade, a flexibilidade, a inovação, a logística e o desenvolvimento de novos
produtos, trazendo consigo grandes responsabilidades àqueles que pretendem manter-se
competitivos em sua área de atuação (ANTUNES, 2008).

O Lean Manufacturing cujo objetivo visa à eliminação das perdas do processo produtivo
torna-se um sistema de produção completo, sendo referência em eficiência e eficácia,
proporcionando redução de custos, maior produtividade e qualidade no processo de produção,
garantindo a sobrevivência das empresas.

Um segmento muito importante na economia nacional e mundial, e que é alvo de poucas


abordagens ou permanece oculto nas publicações quando associados ao sistema Lean
Manufacturing, é o agronegócio ou agribusiness.
Em 2020, o agronegócio nacional rendeu 26,6% no PIB do Brasil, representando mais de
50% nas exportações totais do país, o que até 2019 era de 35% (CEPEA, 2021). O termo
agronegócio, segundo Zylberstajn (2013), foi cunhado para designar a conexão indissociável
entre a atividade de produção agrícola e a atividade industrial, seja dos insumos a ela direcionados,
seja do processamento da produção por ela gerada. Sendo assim, a filosofia lean que traz
princípios praticamente universais geram aplicações no agronegócio, tendo resultados
promissores, indicando que essa filosofia de gestão tem também muito a contribuir para as
operações do campo, e pode ser uma peça importante para complementar os grandes avanços
alcançados até aqui pelo setor, levando a um novo patamar em qualidade, produtividade, custos
e eficiência, de modo geral (BATTAGLIA, 2013).

Analisando os estudos percebe-se que o setor do agronegócio, embora apresente grande


importância para a economia do país, tem sido pouco explorado pelos pesquisadores quando se
trata das aplicações das ferramentas vinculadas ao pensamento Lean. E diante da importância dos
estudos científicos em que nos permite entender diversas lacunas, tendências e resultados acerca
dos diversos conhecimentos, foi desenvolvido a seguinte questão de partida, norteadora desse
trabalho:

Como tem sido feita a produção científica sobre o desenvolvimento do Lean


Manufacturing nos processos do Agronegócio no século XXI?

Há pouca evidência de uma revisão anterior da literatura sobre o assunto do Lean


Manufacturing no Agronegócio. Logo, o objetivo deste artigo é apresentar uma contribuição
significativa para o conhecimento da manufatura enxuta e sua implantação neste tipo de indústria
e assim melhorar a compreensão das práticas e processos de fabricação que são implementados
na agricultura utilizando essa metodologia.

Para chegar a um resultado, foram utilizadas duas bases de pesquisa, uma de caráter
universal, a Web of Science, onde possui um enorme acervo de produções científicas de todo o
mundo, e a segunda, a SciELO, também aberto para pesquisa com trabalho de diversos países, e
os métodos de pesquisa foram mostrados na metodologia.

2 Referencial teórico

2.1 Lean manufacturing

O Lean Manufacturing, surgiu de uma crise, e como se sabe, as crises são também
conhecidas por oportunizar ideias criativas e grandes soluções. Esse sistema tem como foco o
sistema de produção sem desperdícios de qualquer natureza e com maior aproveitamento do
tempo em todos processos empresariais. A diminuição do tempo empregado em todas as etapas e
dos desperdícios é gerada pela organização do espaço de trabalho, controle de falhas mecânicas
e diminuição da possibilidade de falhas humanas, entre outros. A empresa torna-se mais limpa,
organizada, produtiva, agradável ao trabalhador e com uma imagem atraente ao consumidor. As
ferramentas de melhorias utilizadas no sistema proporcionam condições para que sejam
alcançados os objetivos empresariais quando corretamente utilizadas, pois cada uma delas atende
necessidades específicas e reunidas formam um sistema bem integrado de ações (ESTEVES,
2014).

O termo Lean Manufacturing pode ser traduzido como “manufatura enxuta”, ele também
é conhecido como “Sistema Toyota de Produção”, e ainda, também é conhecido como uma
filosofia de gestão focada na redução dos sete tipos de desperdícios (WOMACK; JONES,1998):
• Superprodução;
• Tempo de espera;
• Transporte;
• Excesso de processamento;
• Excesso de inventário;
• Excesso de movimento;
• Defeitos.
O modelo de gestão Lean manufacturing, como afirmam Ogayar e Galante (2013), conta com a
utilização de sete ferramentas que tornam possível seguir a filosofia de forma bem sucedida. Tais
ferramentas são conhecidas como Kaisen (melhoria contínua), são elas: 5S; fluxo contínuo;
manutenção produtiva total; redução de setup; trabalho padrão; sistema a prova de erros, sistema
puxado e Kanban. Estas ferramentas favorecem o aumento da motivação e a produtividade do
trabalhador.
Ainda segundo Ogayar e Galante (2013), alguns princípios são de suma importância para a
implementação bem-sucedida do sistema Lean Manufacturing.
Entre estes é citado a utilização de tecnologia confiável; desenvolvimento de pessoal e sócios para
que sejam especialistas no trabalho, viver a filosofia e ensinar a outros; cada indivíduo e equipe
siga a risca a filosofia da empresa; respeito à cadeia de fornecedores e sócios, promovendo a
motivação e ajuda necessária para o desenvolvimento de todos; decisões decorrentes do estudo
minucioso de todas as opções para solução de problemas e rápida implementação dos meios
escolhidos para solucioná-los; uma empresa que fomenta a aprendizagem constante, promove a
melhoria contínua.
O Lean Manufacturing teve origem no Japão, quando a indústria automobilística Toyota
notou que não seria possível custear a reconstrução de suas instalações destruídas durante a
Segunda Guerra Mundial e, mesmo assim, conseguiu fabricar uma grande variedade de produtos
e reduzir defeitos, estoques, investimentos e esforços dos trabalhadores (BHAMU; SANGWAN,
2014). Nesse sentido, Taiichi Ohno e Shigeo Shingo, ambos da Toyota, fizeram a integração do
conceito de Just in Time (JIT) com o respeito pelo ser humano, resultando em
uma participação ativa e redução da movimentação dos trabalhadores, precedendo a moderna
concepção de Lean Manufacturing.

2.2 Agronegócio
Para Castro e Lazzari (2005), agroindústria é a pessoa jurídica que industrializa produtos
rurais de sua própria produção, sendo que ela explora atividades agrárias e empresariais em um
mesmo empreendimento. O sistema de produção agroindustrial, segundo Batalha e Silva (2008),
pode ser composto por seis conjuntos de atores: (i) agricultura, pecuária e pesca; (ii) indústrias
agroalimentares; (iii) distribuição agrícola e alimentar; (iv) comércio internacional; (v)
consumidor e (vi) indústria e serviços de apoio.

A introdução das ferramentas lean foi observada em diferentes setores industriais de


modo a aumentar a eficiência de produção e eliminar desperdícios nas atividades que não agregam
valor ao processo produtivo (Putri & Dona, 2019). Dessa forma, a indústria alimentícia,
considerada um importante setor da economia mundial, elevou os esforços para reduzir as perdas
em tais atividades (De Steur et al., 2016) a fim de assegurar alimentação suficiente, de qualidade,
baixo custo para a população e, ainda, manter a competividade (Costa et al., 2018).

Cabe ressaltar que o conceito de agronegócio abarca todas as operações que envolvem
desde a produção até o armazenamento, processamento e distribuição dos produtos agropecuários
(Gonçalves et al.,2018), em um esforço de produção com segurança alimentar do Brasil para o
mundo, que leva o país estar entre os maiores exportadores mundiais de alimentos (Moretti, 2020).

2.2.1 Lean manufcturing na inovação do agronegócio

Jank e Nassar (2000), ao discutirem sobre a competitividade dos sistemas agroindustriais,


associam-na com a questão da globalização, afirmando que a mesma está vinculada em três
grandes blocos: a) capacidade produtiva/tecnológica – relacionada às vantagens de custos que são
reflexos da produtividade dos fatores de produção e/ou logística; b) a capacidade de inovação –
relacionada aos investimentos públicos ou privados em CT&I e formação de capital humano e c)
capacidade de coordenação – capacidade de receber, processar, difundir e utilizar informações de
modo a definir e viabilizar estratégias competitivas (inovação de produtos e processos,
diferenciação e segmentação), efetuar controles e reagir às mudanças no meio ambiente. Por outro
lado, Casarotto (2013) destaca que para ter uma ampla compreensão a respeito destas variáveis,
é de vital importância a elaboração de políticas públicas específicas para criar condições
favoráveis que tornem possível o desenvolvimento de estratégias, e daí dá-se os avanços em
termos de desenvolvimento de setores ou atividades.
O agronegócio deve seguir desempenhando papel estratégico para a evolução da
economia brasileira, dado que, nos próximos anos, em que o crescimento da economia mundial e
nacional, como um todo, tende a ser relativamente baixo, os aumentos de produtividade e
participação relativa do setor agrícola do país colocarão em maior grau de importância o
agronegócio e, assim, este deve ser conduzido como uma política de Estado visando a garantir o
crescimento econômico para o país (BARROS, 2013).
Nesse sentido, as diversas inovações que foram implementadas no ramo de distribuição
de suprimentos, armazenamento, processamento e distribuição dos produtos agrícolas,
ocorreram após os investimentos dos estudos nessas áreas. (PORTAL GESTÃO NO CAMPO,
2014). Carvalho, Salles-Filho Paulino (2006) citam, como exemplo as fontes privadas de
organizações industriais de mercado assim como as vinculadas à agroindústria, entre outras.
Assim para que haja abertura para prática da inovação de fato, deve haver, consecutivamente, o
desenvolvimento de novas tecnologias e o esforço para que cheguem ao mercado.
A Indústria 4.0 ou Quarta Revolução Industrial é definida por um composto de inovações
tecnológicas capazes de conectar sistemas físicos e virtuais proporcionando a interação destes
sistemas de maneira autônoma. O termo foi apresentado pelo governo alemão em 2011, na Feira
de Hannover, e sugere o aumento da produtividade por um sistema automatizado e com menor
intermédio de ações externas e uma remodelação da cadeia global de valor (MORAIS;
MONTEIRO, 2019).
Para Buer, Chan e Strandhagen (2018), o Lean Manufacturing e a Indústria 4.0 estão
relacionados à gestão descentralizada e tem o objetivo principal de flexibilizar os processos
produtivos e gerar ganhos na produtividade. Os autores afirmam em sua pesquisa que ainda são
escassos os estudos relacionando os dois campos. Portanto, este estudo pretende investigar por
meio de revisão da literatura, como o Lean Manufacturing pode operar em favor das tecnologias
emergentes da indústria 4.0, bem como a relação entre os dois conceitos. O Lean Manufacturing
emergiu a partir do Sistema Toyota de Produção, desenvolvido por Taiichi Ohno, e tem como
princípio a eliminação total de desperdício, e os dois pilares que sustentam esse sistema são o Just
in Time (JIT), e a Autonomação (OHNO, 1997).

3 Metodologia

A bibliometria possibilita a observação do estado da ciência e tecnologia por meio de toda


a produção científica registrada em um repositório de dados. É um método que permite situar um
país em relação ao mundo, uma instituição em relação a um país, e cientistas individuais em
relação às próprias comunidades científicas (RAO, 1986; ZHU et al., 1999).
Na pesquisa foram utilizadas duas bases de produção bibliográfica, a Web of Science
(WOS) e a Scientific Electronic Library Online (SciELO). A primeira uma base multidisciplinar
desenvolvida pela Thomson Scientific – Institute for Science Information (ISI). A escolha da WoS
para a coleta de dados baseou-se em sua tradição e abrangência, além de ser internacionalmente
utilizada para análises macro da produção científica. Consideramos também o fato de incluir os
nomes de todos os autores das obras publicadas e informações sobre as instituições e o país de
origem dos autores, permitindo análises de padrões de colaboração; a segunda base de pesquisa,
possui mais de 20 anos de operação regular, em acesso aberto com periódicos científicos avaliados
pelos pares, e por cobrir 15 países ibero-americanos, além da África do Sul.

De acordo com Vergara (2010), os tipos de pesquisa podem ser definidos por dois
critérios básicos: quanto aos fins e quanto aos meios. Em relação aos meios, é considerado uma
pesquisa descritiva, que segundo o autor, é aquela que expõe características claras e bem
delineadas de determinada população ou fenômeno, para isso envolve técnicas padronizadas e
bem estruturadas de coletas de seus dados. Quanto aos fins, de acordo com Gil (2008), ela foi
definida como pesquisa bibliográfica, pois são investigações com base em livros, redes eletrônicas
e periódicos. Em relação à abordagem, trata-se de uma pesquisa qualitativa, já que os dados
recebem tratamento interpretativo, com maior reflexão e subjetividade do pesquisador, sem a
utilização de instrumental estatístico na análise dos dados (ALYRIO, 2009; ZANELLA, 2011).
O trabalho foi realizado em quatro etapas (Figura 1), a primeira fase, a fim de
proporcionar embasamento para a realização do trabalho, foi realizado um processo de
levantamento bibliográfico em fontes diversas (como livros, artigos e revistas científicas, teses,
dissertações, dentre outros) e de constituição da fundamentação teórica que irá permear as etapas
da pesquisa. A segunda etapa constituiu da coleta de artigos científicos que tratam do Lean
Manufacturing no Agronegócio publicados nos últimos 20 anos, de 2000 a 2020 nas bases
escolhidas para o trabalho, a partir de palavras chaves pontuais para a pesquisa.
A terceira fase com enfoque quantitativo, foi utilizada a estatística descritiva para a
criação dos indicadores e organização dos dados essenciais para o entendimento das variáveis. A
partir disso foi feita a análise quantitativa dividida por áreas do conhecimento, e logo após essas
áreas foram agrupadas, gerando assim novos indicadores para análise, também foi realizado por
base de pesquisa, onde são mostrados os números da WoS e da sciELO. Na quarta e última fase,
realizou-se a análise e discussão dos dados obtidos no levantamento bibliográfico, observando as
relações existentes entre os temas abordados no problema da pesquisa e os aspectos comparativos
entre resultados obtidos nas duas bases escolhidas.
Figura 1: Etapas da Elaboração do Artigo

01. 02. Busca e 03. Análise dos 04. Discussão dos


Levantamento coleta de Artigos Artigos Dados
Bibliográfico Científicos Encontrados Encontrados

Fonte: Elaboração Própria

Para a fase da busca e coleta dos artigos, foram utilizados os seguintes termos que
pudessem atender aos objetivos propostos pela pesquisa: 1 – ((LEAN) AND (AGRIBUSINESS))
2 – ((VALE DO SÃO FRANCISCO) AND (AGRIBUSINESS)) 3 – ((AGRICULTURE) AND
(LEAN MANUFACTURING)), coletando os dados nas duas bases mencionadas, a Web of
Science (WoS) e na Scientific Electronic Library Online (SciELO).
Foram definidas quais variáveis seriam utilizados como critério no trabalho, sendo a
localidade dos artigos publicados, o ano no qual foi publicado, a área na qual a pesquisa foi
inserida os principais observados. Nos sites observados, também eram mostradas as revistas que
os artigos foram publicados.
Após a coleta, os dados foram tabulados e os mesmos analisados, gerando assim uma
resposta para a pergunta inicial do artigo.

4 Resultados
Foram encontrados nas duas bases um total de 185 pesquisas relacionadas ao tema do
Lean Manufacturing e Agronegócio, sendo 126 periódicos na base WoS e 59 na base da SciELO,
como mostra a Figura 2.

Figura 2: Publicações Entre 2000 e 2020 - Lean Manufacturing e Agronegócios - Bases


WoS e SciELO

PUBLICAÇÕES ENTRE 2000 e 2020 - LEAN


MANUFACTURING E AGRONEGÓCIOS - Bases WoS e
SciELO

Web of Science 126

SciELO 59

0 20 40 60 80 100 120 140

PUBLICAÇÕES ENTRE 2000 e 2020

Fonte: elaboração própria a partir de dados da base Web of Science e SciELO


É possível ver o aumento na quantidade de publicações ao longo dos anos e a relevância
do tema sendo inserido no contexto das agroindústrias, como mostra a Tabela 1 e de forma visual
na Figura 3. Em estudo: Walter e Tubino (2013) reuniram em um único material 48 artigos da
literatura nacional e internacional publicados no período entre os anos de 1996 a 2012, e
apontaram a frequência de uso das técnicas e ferramentas do sistema Lean Production pelas
organizações em diversos setores da economia, o que demonstra também o impacto do tema nos
artigos realizados com relação a indústria. No que concerne ao Lean Manufacturing sabe-se que
este se norteia dos fundamentos do Sistema Toyota de Produção (STP). No entanto, existem
diferentes definições e exposições tais como: Manufatura Enxuta, Sistema Enxuto ou
simplesmente Produção Enxuta.
Flinchbaugh (2003) atenta para o caso de que algumas empresas e até mesmo alguns
autores interpretam “enxuto” como uma simples aplicação de práticas, tais como: 5S, Just in Time
(JIT), Kanban, Poka-yoke, etc. Outros autores propõem o “sistema enxuto” como sendo um
trabalho aplicado por pessoas capacitadas introduzindo melhorias através de Kaizen ou
Gerenciamento da Qualidade Total (TQM). Logo, durante a pesquisa foi observado os temas que
realmente estão ligados diretamente ao Lean Manufacturing.
Na tabela 1 dentro desse contexto, podemos ver o crescimento do número de publicações
ao longo dos anos.

Tabela 1 – Quantidade de registros obtidos nas Bases pesquisadas


Nº de Publicações
Período
Web of Science (WoS) SciELO TOTAL

2020 13 9 22
2019 19 13 32
2018 10 4 14
2017 15 5 20
2016 14 6 20

2015 14 6 20
2014 8 3 11
2013 4 2 6
2012 5 2 7
2011 3 1 4
2010 1 3 4
2009 5 2 7
2008 2 1 3
2007 5 - 5
2006 4 - 4
2005 -- 4 2 6
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da base Web of Science (WoS) e SciELO.
Figura 3: Publicações Entre 2000 E 2020 - Lean Manufacturing e Agronegócios - Bases
WoS e SciELO
20

18

16

14

12

10

0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

WoS SciELO

Fonte: elaboração própria a partir de dados da base Web of Science e SciELO.

Do total de registros nas bases SciELO e Web of Science (WoS), como dito anteriormente
foram identificados, inicialmente, 59 e 126 publicações respectivamente com o tema estudado.
Aplicando-se os filtros com o objetivo de direcionar as atenções do estudo para o período objeto
da pesquisa no semiárido reduziu-se a base SciELO para 16 documentos (artigos), e para 23 na
base da Web of Science (WoS).

Analisando esses artigos, foi visto que a 80% do total encontrado são artigos feitos no
Brasil, enquanto os outros foram publicados em outros países como a Canadá e Estados Unidos,
como pode ser visto na Figura 4.
Figura 4: Origem das publicações entre 2000 E 2020 - Lean Manufacturing e
Agronegócios - Bases WoS e SciELO.

70 65

60

50

40
31 32
30
20
15 17
20
12
7 7
10

0
BRASIL EUA CANADÁ EUROPA CHINA

WoS SciELO

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da base Web of Science e SciELO.

No ano de 2020, foram encontrados vinte e dois artigos somados as plataformas Scielo e
WoS, e analisando cada artigo com os temas pesquisados, foram destacados os pontos principais
de cada um na Tabela 2. Esta revisão da literatura deixa evidente que o Lean fornece a base
necessária para implementação da Indústria 4.0, e mostra sua evolução para as diversas áreas
organizacionais da empresa, tendo destaque em inovação e em gestão de pessoas para se
implementar de modo eficiente a filosofia.
Além disso, essa revisão sistemática buscou consolidar os parâmetros existentes em torno
da aplicação de ferramentas de manufatura enxuta na indústria do agronegócio nacional e
Internacional para corroborar sua adequação e as implicações de que levar esta ferramenta na
redução do desperdício (atividades, tarefas, processos e outros), assim como a evolução que teve
ao longo dos anos, tendo como pano de fundo as obras imersas na presente investigação. As
tendências encontradas mostram o impacto positivo gerado pela implementação do Lean
Manufacturing no setor.
Tabela 2 – Artigos encontrados no Ano de 2020
PAÍS ARTIGO PONTOS PRINCIPAIS

CRUZ, OLIVEIRA, LEAL: Princípios Do Lean Metodologia Lean e o STP; Dinamismo


Brasil Aplicados Na Produção De Café: Um Estudo De Caso Diferenciado; Fatores Que São
(BR) Em Uma Fazenda No Interior De Minas Gerais Relacionados Diretamente À
Produtividade Da Fazenda.
SOLANO, TORRES: Towards the integration of lean Papel fundamental na eliminação de
Estados
principles and optimization for agricultural desperdícios e na melhoria contínua dos
Unidos
production systems: a conceptual review proposition níveis de produção industrial.
(EUA)

SATOLO, GOES: Técnicas e ferramentas do lean Melhorias no controle do processo, fluxo


Brasil production: estudos de múltiplos casos em empresas de produção e logística.
(BR) do agronegócio brasileiro

OLIVEIRA, COSTA: A Brazilian Panorama Of Estratégias de Manufatura


Manufacturing Strategy Implementation/Um
Brasil
Panorama Brasileiro Sobre A Implementacao De
(BR)
Estrategias De Manufatura.

CURAELI: Lean Supply Chain: Importância da Monitorar os níveis de interação com os


Brasil cooperação entre fornecedores de insumos e fornecedores, buscando principalmente
(BR) contratantes reduzir desperdícios.

MARQUES, SANTOS: Mapeamento de processos Rotina para alcançar a redução de custos,


Brasil
produtivos na indústria de calcários Caçapava Ltda o aumento da produtividade e a melhoria
(BR)
contínua dentro das organizações
RODRIGUES: Implantação De Um Projeto De Estratificação dos custos de terceiros,
Montagem De Equipamentos De Armazenagem De análise do fluxo de valor, aplicação do
Brasil
Grãos, Com Aplicação Das Técnicas Do Lean trabalho padrão até a gestão da produção,
(BR)
Construction junto à adoção de ferramentas, como o
ciclo PDCA
CAPALDO, RIBEIRO: Ecossistema ágil de inovação Definições e os conceitos de ecossistema
Brasil
no setor agropecuário brasileiro de inovação e agilidade, bem como sua
(BR)
relação com os ambientes institucionais.
HARTINI, SRYIANTO: Manufacturing Indice de sustentabilidade de manufatura
Sustainability Assessment Using A Lean (MSI) com base em conceitos enxutos e
China
Manufacturing Tool: A Case Study In The de sustentabilidade usando mapeamento
(CN)
Indonesian Wooden Furniture Industry de fluxo de valor sustentável.
PAÍS ARTIGO PONTOS PRINCIPAIS
SCHLOSSER, FARIAS, BERTOLLO, HERZOG: Perspectivas futuras do uso de
Estados
Agricultural Tractor Engines From The Perspective inteligência artificial e eletrônica
Unidos
Of Agriculture 4.0 avançada nas maquinas agrícolas
(EUA)

CHEN, LIU, ODERANTI: A Knowledge Network And Conhecimento para apoiar as decisões da
Mobilisation Framework For Lean Supply Chain cadeia de abastecimento de alimentos
China Decisions In Agri-Food Industry para alcançar o desempenho enxuto (ou
(CN) seja, para reduzir / eliminar atividades que
não agregam valor, ou "desperdício" no
prazo enxuto).
BIANCHET, ZANETTI: Uso De Ferramentas Lean A aplicação de ferramentas Lean
Brasil Para Melhoria De Processos Industriais Alimentícios auxiliaram na melhoria do processo
(BR) através de um fluxo de produção sem
gerar esperas, estoques e desperdícios.
INDAH, NURWAHIDAH: A Review Of The Combinação de lean e green na
Combination Of Lean And Green In Manufacturing manufatura para alcançar a
Índia (IN)
For Sustainable Development sustentabilidade.

CARVALHO, CHARALAMBIDES: Modelling Visão geral de alto nível das técnicas de


Processes And Products In The Cereal Chain modelagem empregadas
Israel (IL)
em diferentes partes da cadeia de
abastecimento da agricultura
SMALCI, SILVA, FERNANDES: Fatores Favorece o acesso mais rápido às
Brasil Determinantes E Condicionantes Para Inovação E informações por meio da coleta de dados
(BR) Competitividade No Setor Do Agronegócio Brasileiro

MAIA, NASCIMENTO, NUNES: Gestão No Campo, Discussões sobre gestão nas temáticas do
Inovação Em Alimentos, Preservação Ambiental E “mundo agro” em relação à tecnologia
Sustentabilidade No Meio Rural como aplicação de conhecimento, na
Brasil
forma de capacitação de agricultores e
(BR)
produtores rurais, bem como gestores e
colaboradores para utilizar ferramentas no
sentido de maximizar os resultados
SILVA, CORTE, OLIVEIRA, FERRARI: O Grau De Potencializar os limitantes do grau
Inovação Das Cooperativas Do Agronegócio Da inovativo propõem-se um teamwork
Brasil Região Nordeste Do Estado Do Rio Grande Do Sul- diversificado e reduzido, a partir dos
(BR) Brasil E A Construção De Um Framework eixos sistemas de controle formal e rotina
Estratégico Para Sustentação Da Inovação de alto nível ambos sustentados pela
competência organizacional.
PAÍS ARTIGO PONTOS PRINCIPAIS
CABRERA, ALVAREZ: Improving Quality By Controle estatístico do processo permite
Implementing Lean Manufacturing, SPC, And que a variabilidade dos produtos seja
Japão (JP)
HACCP In The Food Industry controlada em relação aos parâmetros de
qualidade do consumidor.
JIMENEZ, ACOSTA, GALVIS: Manufactura Esbelta: Análise da implementação da filosofia de
Una Revisión Sistemática En La Industria De manufatura enxuta e um resumo das
México
Alimentos ferramentas utilizadas em
(MX)
empresas do setor de alimentos para gerar
insumos que promovam a produtividade.
CARDOSO, RODRIGUEZ, GUAITA: Las Pequeñas Y Identificar os princípios da manufatura
Medianas Empresas Agroalimentarias En Venezuela enxuta e aplicar o conceito dos Cinco “S”:
Y El Desarrollo Sustentable: Enfoque Basado En Los i) proteção do meio ambiente; gestão de
Principios De Manufactura Esbelta resíduos; ii) criação e manutenção de
México
áreas de trabalho limpas e seguras; iii)
(MX)
treinamento e disseminação dessa cultura;
iv) processos de autorregulação; ev)
aplicação de boas práticas de produção de
alimentos.

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da base Web of Science (WoS) e SciELO

Quanto às áreas da elaboração dos artigos, foi percebido a predominância no ramo das
ciências agrárias. Porém, a área da engenharia, ciências sociais aplicadas também tem o seu papel
na contribuição da produção dos artigos voltados para esse tema, como pode ser visto no Gráfico
1.
Gráfico 1 – Áreas de estudo na elaboração dos artigos com Lean Manufacturing e
Agronegócios
Economia
Ciências Sociais 12%
Aplicada
7%

Engenharia
Ciências
19%
Agrárias
62%

Fonte: elaboração própria a partir de dados da base Web of Science (WoS) e SciELO.

5 Conclusão
Diante do cenário de crescimento agroindustrial e os seus aumentos de produtividade,
nasce a nível mundial um consenso pela necessidade de novas estratégias que contribuam para a
construção de produções sustentáveis com grandes economias de escala visando a segurança na
eficiência dos processos produtivos. O agronegócio no Brasil, que hoje é uma área em bastante
desenvolvimento, traz consigo um campo de estudos vasto onde é aplicado diversas formas de
crescimento.

O estudo mostra que o Lean Manufacturing atua como base para a implementação das
tecnologias disruptivas da Indústria 4.0, além de fornecer uma visão clara de como o Lean pode
guiá-las para a automação enxuta. Apesar de diferentes, os dois conceitos levam ao mesmo
objetivo. A implantação dos conceitos de Lean Manufacturing constitui um grande desafio para
as empresas e as soluções providas pela Indústria 4.0 podem corroborar na perspectiva de
integração. Da mesma forma, indústrias que tenham o Lean Manufacturing como parte de suas
culturas estão mais adequadas para explorar os benefícios das tecnologias da Indústria 4.0.

Ao realizar a pesquisa é notável ver que o Lean Manufacturing tem crescido nas buscas dentre
pesquisadores de todo o Brasil, visto que temos artigos publicados em diversas universidades no
país. O balanço feito por esse estudo espelha a ainda incipiente participação da pesquisa na
temática da relação e aplicação do sistema enxuto na agroindústria, que dentro da SciELO no
período 2000-2020, a plataforma representou apenas 30% do total das obras obtidas nas duas
bases analisadas a partir dos filtros aplicados e detalhados na metodologia deste trabalho. A Web
of Science, correspondeu por 70% do total dessas obras (126). Os objetivos traçados no início
desta investigação foram atendidos em sua plenitude, dado o caráter exploratório e descritivo
pretendido, como sugestão fica a busca em novas bases de relevância que não foram objetos de
estudo nessa pesquisa, o que se constitui na limitação dessa, e, ao mesmo tempo, uma
oportunidade para novos estudos de maior abrangência, que podem ser empreendidos para
complementar as lacunas aqui deixadas.

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100
SANTOS, Matheus Silva; SILVEIRA, Gustavo Henrique de Oliveira; PEIXOTO, Maria Gabriela
Mendonça. Gestão da Qualidade e o Agronegócio Brasileiro: Proposta de Aplicação da Gestão por
Processos em uma Fábrica de Alimentação Animal do Alto Paranaíba.

GESTÃO DA QUALIDADE E O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO:


PROPOSTA DE APLICAÇÃO DA GESTÃO POR PROCESSOS EM
UMA FÁBRICA DE ALIMENTAÇÃO ANIMAL DO ALTO PARANAÍBA

QUALITY MANAGEMENT AND THE BRAZILIAN AGRIBUSINESS: A PROCESS


MANAGEMENT APPLICATION PROCESS IN ALTO PARANAÍBA ANIMAL FOOD
FACTORY

Matheus Silva Santos1


Gustavo Henrique de Oliveira Silveira2
Maria Gabriela Mendonça Peixoto3

RESUMO:
A gestão da qualidade é um pilar que vem sendo aplicado frequentemente nas organizações, tornando-
se quase obrigatório em todas elas, uma vez que é um fator de extrema importância em busca da
competitividade no mercado. Diante deste cenário, o presente trabalho tratou-se de um estudo de caso
em uma fábrica de ração animal, localizada na região do Alto Paranaíba, Minas Gerais, com o objetivo
principal de analisar o processo e aplicar os conceitos da gestão da qualidade nos problemas
identificados. Desenvolveu-se este estudo com o apoio na abordagem qualitativa e, para coleta de
dados, utilizou-se documentos disponibilizados pela empresa, visitas e entrevistas semiestruturadas
com os gestores. As análises auxiliaram no mapeamento e identificação do problema foco,
possibilitando a proposta de melhoria contínua, por gestão de processos, buscando-se reduzir produtos
acabados não conformes e, consequentemente, devoluções. Mediante a utilização das matrizes, FC-P
e B-Q, identificou-se que os processos de manutenção e expedição devem ser tratados como
prioridades, por trazerem um significativo impacto à satisfação do cliente.
PALAVRAS-CHAVE: Gestão da Qualidade; Gestão por Processos; Agronegócio; Alimentação Animal.

ABSTRACT:
Quality management is a pillar that has been applied frequently in organizations, becoming almost
mandatory in all of them, since it is an extremely important factor in the search for market
competitiveness. Given this scenario, this paper was a case study in an animal feed factory, located in
the Alto Paranaíba region, Minas Gerais, with the main objective of analyzing the process and applying
the concepts of quality management to the identified problems. This study was developed with the
support of the qualitative approach and, for data collection, it was used documents provided by the
company, visits and semi-structured interviews with the managers. The analyzes helped in mapping and
identification of the focus problem, enabling the proposal of continuous improvement through process

1Graduando em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Viçosa Campus Rio Paranaíba.
Currículo: http://lattes.cnpq.br/7157851484897893.

2Graduando em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Viçosa Campus Rio Paranaíba.
Currículo: http://lattes.cnpq.br/4508034866208282.
3 Doutora em Engenharia de Produção pela Universidade de São Paulo, mestra em Engenharia de
Produção pela Universidade Federal de São Carlos e graduada em Administração pela Universidade
Federal de Lavras. Professora da Universidade Federal de Viçosa Campus Rio Paranaíba. Currículo:
http://lattes.cnpq.br/6934436782540272.

Revista Brasileira de Gestão e Engenharia – ISSN 2237-1664 Número XX Trabalho 06


Centro de Ensino Superior de São Gotardo Jul-dez 2019 Páginas 100-126
http://periodicos.cesg.edu.br/index.php/gestaoeengenharia periodicoscesg@gmail.com
101
SANTOS, Matheus Silva; SILVEIRA, Gustavo Henrique de Oliveira; PEIXOTO, Maria Gabriela
Mendonça. Gestão da Qualidade e o Agronegócio Brasileiro: Proposta de Aplicação da Gestão por
Processos em uma Fábrica de Alimentação Animal do Alto Paranaíba.

management, seeking to reduce non-conforming finished products and, consequently, the returns.
Through the use of the FC-P and B-Q matrices, it was identified that the maintenance and shipping
processes should be treated as priorities, since they have a significant impact on customer satisfaction.
KEYWORDS: Quality Management; Process Management; Agribusiness; Animal Nutrition.

01 – INTRODUÇÃO

Em meio aos diversos cenários competitivos das empresas de


agronegócio, a gestão da qualidade surge como um diferencial, quando aplicada de
forma eficiente nos processos de produção. Assim, é possível melhorar os sistemas
produtivos, consolidando maior qualidade nos produtos acabados, para que possam
alcançar a satisfação de seus consumidores (OLIVEIRA; BORGES, 2018). Para que
o uso de metodologias e ferramentas de qualidade sejam executadas com sucesso,
faz-se necessário que a organização possua conhecimento de todas as etapas do
processo de fabricação (LARA, 2010).
Dentre os principais sistemas de gestão da qualidade, pode-se destacar a
gestão por processos. Esse sistema possibilita com que as empresas alcancem uma
melhoria de resultados, por meio do uso eficiente dos recursos organizacionais, para
que assim propicie uma maximização do valor entregue ao cliente (HÖRBE et al.,
2015). De acordo com André (2012), Chief Executive Officer (CEO) da ENDEAVOR
Brasil, deve haver um grande destaque para a gestão por processos, em todas as
áreas da economia. O autor ainda afirma que, em muitos aspectos, a gestão por
processos pode ser considerada como o novo Customer Relationship Management
(CRM), destacando sua importância para a manutenção da qualidade, no que se
refere ao atendimento ao cliente.
A indústria de ração animal pode ser considerada um exemplo eficaz da
importância da adoção de ferramentas de gestão da qualidade, dada sua importância
para a nutrição animal, em cada fase de sua criação (COSTA, 2014). Segundo Chaves
(2014), uma das principais ferramentas de qualidade utilizadas, nesse segmento, são
as Boas Práticas de Fabricação (BPF). Já Oliveira (2014) afirma que uma fábrica de
ração deve possuir uma visão sistêmica na implementação do Manual de BPF e adotar
os Procedimentos Operacionais Padrões (POPs), para que assim possam garantir a

Revista Brasileira de Gestão e Engenharia – ISSN 2237-1664 Número XX Trabalho 06


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102
SANTOS, Matheus Silva; SILVEIRA, Gustavo Henrique de Oliveira; PEIXOTO, Maria Gabriela
Mendonça. Gestão da Qualidade e o Agronegócio Brasileiro: Proposta de Aplicação da Gestão por
Processos em uma Fábrica de Alimentação Animal do Alto Paranaíba.

conformidade, qualidade e segurança dos produtos destinados à alimentação dos


animais.
Em função disso, este artigo buscou compreender o modelo de gestão da
qualidade adotado por uma agroindústria do setor de rações, com ênfase na
abordagem de gestão por processos. Assim, pôde-se detectar desafios enfrentados
por este setor, no que se refere principalmente às devoluções de rações, fato que
impacta diretamente no desenvolvimento da empresa estudada. A partir de
observações, análise de dados e informações coletadas com colaboradores do setor
de qualidade, do local, foi possível estruturar o problema descrito e, desse modo,
propor melhorias, na tentativa de contribuir com a redução destas devoluções.

02 – REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 – Gestão da Qualidade

De acordo com Carvalho (2007), o termo qualidade é algo difícil de ser


definido, pois sua interpretação pode variar, de acordo com o ponto de vista de quem
está analisando. Os gurus da qualidade abordam o termo de diferentes maneiras.
Deming (2003) cita que qualidade é quando um produto passa por todo o sistema e
fica isento a erros. Já Juran (1990) diz que a qualidade é atingida quando um produto,
ou serviço, atende às necessidades dos consumidores, baseando-se em três
princípios básicos, a saber, planejamento, controle e melhoria.
A qualidade começou a ganhar força na década de 20 e foi primeiramente
implantada nos Estados Unidos por Dr. W Edwards Deming, que verificou que a
qualidade era somente levada em consideração no processo final do produto, para
identificar possíveis erros (CAMARGO, 2011). Segundo Crosby (1988), as discussões
continuaram à tona no Japão na década de 1940 e foram extremamente importantes
na década 70, quando ocorreu o renascimento do Japão industrial.
Segundo Paladini et al. (2012, p.90), o conceito de gestão da qualidade
surge quando se leva a definição de qualidade para o âmbito organizacional e é
definido como o “conjunto de atividades coordenadas para dirigir e controlar uma

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organização com relação à qualidade, englobando, o planejamento, o controle, a


garantia e a melhoria da qualidade”. A qualidade deve ser compreendida não só como
controle, mas também como gestão, identificando as práticas de consumo e como é
a cultura da organização, fazendo com que se tenha mais eficiência em seus
processos produtivos e no âmbito competitivo (CAMARGO, 2011).
Visando permanecer em um mercado cada mais competitivo e com
consumidores mais exigentes, as organizações estão adotando a gestão da qualidade
como um fator estratégico e relevante para o sucesso (TELLES, 2014). A junção da
qualidade com a redução de tempo de projetos, fabricação e entrega de bens, faze
com que as empresas possam continuar competindo e possam atender às
necessidades dos clientes. Além disso, a gestão da qualidade, quando planejada de
forma eficiente, proporciona a diminuição nos custos de produção, visto que as
chances de erros são mínimas (SILVA et al., 2006).

2.1.2 – Gestão da Qualidade no Setor de Alimentação Animal

Segundo Carlage et al. (2007), com o crescimento, qualificação e inovação


no setor de agronegócio no Brasil, as organizações estão mudando a forma como se
estruturam, para atender ao mercado e à competitividade, mediante o
desenvolvimento de melhorias na qualidade de processos e produtos. De acordo com
Batalha et al. (2005), as empresas têm implantado em seus processos, severos
padrões tecnológicos para evitar que as condições climáticas e práticas de cultivo e
manejo, interfiram nas características da matéria-prima e, consequentemente, no
produto final entregue ao consumidor, afetando os padrões de qualidade.
Belaver (2002) cita que é necessário um controle rigoroso e constante da
qualidade dos ingredientes presentes nas rações desenvolvidas nas indústrias de
alimentos para animais, pois isso interfere no desempenho da produção do animal.
Para Bellaver (2004), a necessidade de garantir a qualidade na indústria de rações
animais surgiu a partir de sucessivos casos de contaminação; pode-se citar, como
exemplos, o caso de 1988, em que o ministro da agricultura inglês alertou que ovos

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estavam contaminados com Salmonela, e o de 1989, em que o mineral chumbo estava


presente no leite, devido ás rações contaminadas.
Para Petri (2002) quando se trata de gestão da qualidade de rações para
animais, deve-se levar em consideração quatro aspectos principais: nutricional,
técnico, segurança para os animais, ambiente e consumidores, além da qualidade
emocional. Segundo o mesmo autor, a qualidade nutricional está relacionada à
composição das rações, ou seja, todos os ingredientes presentes, que vão desde
aminoácidos, minerais e ácidos graxos, a vitaminas e proteínas, enquanto na
qualidade tecnológica, é feita a verificação das características físicas dos ingredientes
e dos processos de fabricação das rações.
Quando se trata de qualidade em segurança, averígua-se a possibilidade
da existência de alguma contaminação nas rações, por meio de substâncias e
microrganismos que possam ser danosos para os animais, consumidores e ambiente.
A qualidade emocional tem se tornado uma definição importante que traz em pauta os
elementos perigosos que compõem as rações, além de assuntos que controlam e
regulam a utilização de produtos de origem animal. (PETRI, 2002).
Butolo (2002) diz que o gerenciamento da qualidade, em uma fábrica de
ração, dá-se início no momento do desenvolvimento do projeto da fábrica, das
instalações, da determinação dos fornecedores de matérias-primas, passando pela
fiscalização da qualidade dos ingredientes, armazenagem, pré-mistura e mistura,
supervisão do produto final, até à higienização da indústria. Segundo Formigoni et al.
(2017) para as fábricas de ração animal, torna-se muito útil e aplicável a utilização da
gestão da qualidade, em todos os âmbitos, já que com esse sistema é possível reduzir
a perda de insumos e, ao mesmo tempo, ocorrer um aumento da qualidade dos
outputs e melhoria no ambiente organizacional do time de funcionários. Ainda de
acordo com o autor, uma das ferramentas da qualidade que está em alta neste
segmento é a Boas Práticas de Fabricação (BPF).
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA (2019, p.1),
as Boas Práticas de Fabricação (BPF) “abrangem um conjunto de medidas que devem
ser adotadas pelas indústrias de alimentos e pelos serviços de alimentação, a fim de
garantir a qualidade sanitária e a conformidade dos alimentos com os regulamentos

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técnicos”. Para Alves (2003) a BPF é uma ferramenta que possui um grande poder
para que as contaminações microbiológicas, físicas e químicas sejam combatidas,
minimizadas e sanadas, fazendo com que, dessa forma, a aplicação assegure que os
produtos produzidos estejam em constante excelência nos aspectos de segurança,
pureza, concentração, identificação e qualidade.

2.2 – Gestão por Processos

Um conjunto de funções de planejamento, direção e avaliação das


atividades sequenciais refere-se à gestão por processos. Esta tem, como finalidade,
minimizar os conflitos interpessoais e atender às necessidades e expectativas dos
clientes externos e internos das empresas (OLIVEIRA, 2011). Também conhecida
como Business Management Process (BPM), trata-se de um modelo de gestão que
traz às organizações um novo pensamento, concentrando-se nos processos
desenvolvidos (DOEBELI et. al., 2011). Segundo Faria (2010), a gestão por processos
resulta em um ambiente favorável à formação de gestão, com base no conhecimento
adquirido, onde a informação deve ser priorizada junto à criação de padrões,
permitindo que o ambiente esteja preparado para a mudança e que possa atender
rapidamente aos desejos de seus clientes finais.
A gestão por processos, assim como o pensamento sistêmico, são
conceitos que atuam, tanto para o meio acadêmico, como o organizacional, onde
ambos são complexos e necessitam de uma abordagem holística (BIDER, 2011). De
acordo com Scartezini (2009), para que um processo tenha um sistema funcionando,
de maneira adequada e completa, faz-se necessário que haja a troca de informações
entre clientes e fornecedores, sejam eles internos ou externos.
Para se gerenciar os processos, torna-se preciso entender quais são os
tipos e o seu funcionamento, onde cada processo tem características específicas,
demandando um gerenciamento eficaz, para que se possa obter os melhores
resultados (SCARTEZINI, 2009). Para Campos (2004), uma empresa pode ser
considerada como um macroprocesso, já que existem vários processos dentro do seu
dia a dia de operações.

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Aplicando-se a gestão por processos, não torna-se obrigatório um novo


desmembramento dos processos da organização, mas uma melhor coordenação das
atividades, a partir de estratégias definidas pela empresa (MIKOS et al, 2012).
Segundo Gonçalves (2009), as empresas estão procurando se organizar por
processos para serem mais efetivas na obtenção de seu produto ou serviço, se
adaptarem melhor às mudanças, ter melhor integração dos esforços e aumentar a
capacidade de aprendizado. Lopes et Bezerra (2008) enfatizam a importância da
gestão por processos para a eficiência produtiva, redução de perdas e maximização
dos lucros. Este modelo de gestão é a base da melhoria contínua, necessitando
sempre acompanhamento, já que o contexto organizacional é dinâmico e, para dar
início a essas ferramentas, faz-se necessário utilizar o mapeamento de processos
(HORBE, 2015).
Segundo Carpinetti (2012), os mapas de processos podem ser expressos
de diferentes formas escritas, como fluxogramas, nos quais devem ser mostradas as
atividades realizadas pelo processo, bem como as entradas e saídas. Os fluxogramas
auxiliam em uma visualização mais holística do processo, ajudando no entendimento
das pessoas, além de ter um baixo custo e alto impacto. (BRASIL, 2014).
Na área industrial, os processos são fáceis de se observar, seja em
períodos de bom funcionamento, ou na ocorrência de problemas. O desperdício e o
retrabalho são facilmente identificáveis. Com sua devida importância identificada, uma
ciência de aperfeiçoamento dos processos industriais foi desenvolvida, ao longo de
décadas, para que as organizações otimizassem suas operações, como a criação dos
Procedimentos Operacionais Padrão (POPs) (GONÇALVES, 2000).
Segundo Terra et al. (2010), os POPs são procedimentos descritos,
desenvolvidos, implantados e monitorizados, visando estabelecer a forma rotineira
pela qual o estabelecimento evitará a contaminação direta, ou cruzada, e a
adulteração do produto. Para a implantação de um POP, torna-se indispensável a
definição das responsabilidades, já que o treinamento para os usuários é fundamental
para o sucesso do procedimento. Os operadores precisam estar cientes sobre os
padrões, seguindo-os e efetuando registros sobre qualquer anomalia, à supervisão
(LOPES, 2004).

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Segundo Rotondaro et al. (2005), o gerenciamento por processos deve


seguir dois passos: 1 – Identificação, avaliação e seleção dos processos prioritários;
2 – Gestão e aperfeiçoamento dos selecionados.
O primeiro passo do método compreende nas seguintes fases:

● Seleção dos objetivos estratégicos de referência: necessário estabelecer os


resultados desejados para o negócio, derivados da análise da missão da empresa, do
plano estratégico e do cenário de mercado;
● Seleção dos fatores-chaves: conjunto de condicionantes/variáveis importantes para
o sucesso da organização (realização dos seus objetivos de referência);
● Seleção dos processos relacionados aos fatores-chaves: para cada um dos fatores-
chave, relacionam-se todos os processos de negócio necessários para a sua
realização.

Para completar esta fase do gerenciamento, aplica-se a matriz que


relaciona os fatores-chave aos processos selecionados (Matriz FC-P). Os
componentes da Matriz FC-P podem variar de 1 a 3, sendo o 3 uma correlação forte,
2, uma correlação média e 1, uma correlação fraca, conforme Tabela 1.

Tabela 1 – Matriz FC-P


FC1 FC2 FC3 FC4 FCn
(peso = 3) (peso = 2) (peso = 2) (peso = 1) (peso = 3) Total
P1 xxx 9
P2 xxx xxx 12
P3 x xx x 7
... ... ... ... ... ... ...
Pn x 2
Fonte: Rotondaro (2015)

Com os fatores-chaves, relacionados aos processos, selecionados, faz-se


necessário fazer a seleção de processos prioritários, conduzindo para cada um dos
processos a avaliação de seu impacto, sobre os negócios. Serão selecionados
aqueles que obtiverem maior impacto no negócio, porém com o pior desempenho.
Nesta fase, utiliza-se a matriz B-Q, que relaciona o impacto sobre os negócios, com a
qualidade, assim como demonstrado nas Tabelas 2 e 3.

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Tabela 2 – Matriz B-Q

Fonte: Rotondaro (2015)

Tabela 3 - Legenda da Matriz B-Q

Fonte: Rotondaro (2015)

2.3 – Importância do Setor de Alimentação Animal no Brasil

A criação de gado está presente em diversas regiões do Brasil e a indústria


de nutrição animal tem um papel muito importante para essa atividade econômica,
visto que ela visa desenvolver rações feitas à base de vitaminas e minerais, que
garantem a manutenção das funções bioquímicas e proporcionem um melhor
desempenho produtivo desses animais (FUCILLINI; VEIGA, 2015).
De acordo com Porto et al. (2013), o setor de alimentação animal consome
cerca de 65% da produção de milho e 45% da oferta de farelo de soja do Brasil, além
de utilizar ingredientes nutritivos do setor químico representando, dessa forma, uma
área que necessita de investimentos e faturamentos, altos. A produção de rações não
difere, em alguns aspectos, da produção de outros setores da economia de mercado,
visto que segue as regras da competitividade de mercado, exigindo redução no custo
do produto final, mas sem comprometer a qualidade da entrega. (BELLAVER, 2005)
Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA
(2013), com a adesão de Boas Práticas de Fabricação (BPF), ou seja, de um conjunto

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de atividades que visam a qualidade, segurança e conformidade de alimentos para


animais, o Brasil alcançou a terceira colocação no ranking dos maiores produtores de
rações do mundo. O mercado brasileiro teve um aumento de 2%, no ano de 2017,
produzindo cerca de 71 milhões de toneladas de ração animal (SINDIRAÇÕES, 2018).
Apesar do setor de alimentação animal ter um papel muito importante para
economia do país, ele tem enfrentado problemas na sua cadeia produtiva como, por
exemplo, contaminação animal, perdas de armazenamento, devolução de
mercadorias industrializadas e rejeição de cargas e, para uma empresa que quer se
destacar e competir neste mercado, ela deve investir mais em qualidade e
produtividade tendo como, por exemplo, maior manutenção da produção, investindo
em treinamentos e escolhendo adequadamente seus fornecedores. (CORADI et al.,
2009).
Bellaver (2005) fala sobre a importância dos processos, desde a chegada
da matéria prima, até a entrega na ração, como produto de qualidade para o mercado
do país. Processos como, a seleção de ingredientes e de fornecedores, o transporte
e recebimento, o eventual recondicionamento (secagem, limpeza), a estocagem, as
pesagens, o empacotamento e transporte do produto final. O conhecimento desses, e
dos demais fatores do processo de produção de rações, possibilita que as atividades
sejam desenvolvidas, maximizando lucros e melhorando a visão do mercado de
alimentação animal, no Brasil.

03 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O presente trabalho trata-se de um estudo de caso em uma fábrica de ração


animal; tal método foi definido, considerando-se as principais vantagens citadas por
Gil (2009), como o estímulo a novas descobertas e a simplicidade dos procedimentos
de coleta e análise de dados. Nesse sentido, em função do modelo de gestão adotado
pela empresa, as práticas de qualidade e o alto nível de informação coletada, com
apoio em suas tecnologias de informação integradas, tornou-se viável e interessante
a realização desse estudo. Além disso, Ventura (2007) ressalta a importância deste

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método quando se visa a investigação de um caso específico, organizando a pesquisa


em torno de questões do como e porquê do estudo.
A empresa em análise foi fundada em 1995, na região do Alto Paranaíba,
no município de São Gotardo. Atua há mais de 20 anos no ramo da agroindústria,
considerada destaque na região, com um quadro de 120 colaboradores e mais 1.100
clientes e parceiros. Além disso, a corporação inclui a prestação de serviços de
assistência aos seus clientes e também o comércio de artigos veterinários. Trouxe
inovações no que tange a rações de qualidade, no ápice do crescimento do
agronegócio, no Triângulo Mineiro.
O estudo teve, como principal objetivo, a análise e aplicação dos conceitos
da gestão da qualidade, com enfoque na gestão por processos e, para isso, foi
utilizada a abordagem qualitativa que, segundo Minayo (1993), é aplicada para a
compreensão de fenômenos caracterizados por um alto grau de complexidade interna.
Godoy (1995) cita que essa abordagem valoriza o contato direto e prolongado do
pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo estudada, o que se alinha
ao cenário pesquisado, visto que será necessária a constante observação e
investigação de diversos processos, para que seja possível entender o real
funcionamento da fábrica e, assim, identificar possibilidades de melhorias.
A empresa escolhida para a realização deste estudo foi selecionada com
base em critérios de necessidade de aprimoramento de técnicas de qualidade. Por
ser classificada como uma empresa de pequeno porte, com a presença de uma cultura
organizacional mais tradicional e resistente a novos métodos e conceitos, ela se torna
interessante para análise e aplicação das metodologias da gestão da qualidade. A
realização desse tipo de trabalho é importante nessas empresas, para auxiliar na
disseminação da relevância da aplicação de conceitos da qualidade, em um cenário,
no qual não é tão valorizado este tipo de conhecimento, sendo cumpridas apenas
políticas formais impostas pelos órgãos fiscalizadores do ramo. Assim, é possível que
tais conceitos e metodologias sejam aplicados com maior frequência, representando
mais oportunidades e avanço para o desenvolvimento das empresas.

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Após a revisão bibliográfica sobre os temas, tornou-se possível realizar o


mapeamento dos processos, por meio de visitas e entrevistas semiestruturadas com
os gestores; tal mapeamento permitiu a análise mais detalhada do processo de
fabricação, facilitando a aplicação dos conceitos estudados, para buscar possíveis
respostas e soluções para o seguinte problema:
Como reduzir/eliminar o número de devoluções de produtos acabados,
após a venda, devido à não conformidades da ração?
Com o auxílio de entrevistas, visitas e documentos disponibilizados pela
empresa, tornou-se possível entender o processo, de forma sistêmica, e as principais
práticas de gestão da qualidade propostas atualmente, identificando-se as possíveis
causas para o problema principal, bem como outras questões levantadas, ao longo do
estudo.

04 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 – Mapeamento do Processo Produtivo

O estudo analisou o processo de produção de uma fábrica de ração animal,


da região do Alto Paranaíba. Essa fábrica produz diversos tipos de ração para
diferentes finalidades, entretanto, devido à semelhança na produção, optou-se pela
realização do estudo de uma forma geral, sem implementar um recorte, por produto.
A linha de produção é totalmente automatizada e operada, por meio de um software,
no qual é informado o tipo de ração e a quantidade a ser produzida. O processo inicia-
se com a recepção e estocagem da matéria prima, utilizando silos de 100 toneladas,
para abastecer duas linhas de produção que operam com 6 silos de 20 toneladas,
sendo estes abastecidos de acordo com a programação de produção diária.
Após a programação, inicia-se a dosagem dos ingredientes, de acordo com
a fórmula, sendo seguida pela moagem dos grãos e posteriormente pela mistura dos
materiais e do núcleo específico de cada ração. Após isso, o processo é finalizado,
com a armazenagem e entrega ao cliente final realizada por um caminhão dividido em
compartimentos de 2,5 toneladas.

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4.2 – Práticas de Gestão da Qualidade no Processo Produtivo

As práticas de gestão da qualidade adotadas pela indústria estudada, do


Alto Paranaíba, durante o processo produtivo, iniciam-se na recepção da matéria-
prima. Nesse estágio, em se tratando do recebimento de matéria-prima à granel, é
realizada a averiguação do veículo, no momento da chegada, como a existência de
algum parafuso solto, se a lona presente se encontra em condições favoráveis, se
ocorre vazamento de óleo, entre outros aspectos físicos. Após esse primeiro contato
com o modal de transporte, utilizado para deslocamento de matéria-prima, é realizada
a análise visual do material. Nessa análise, são observadas características como, cor,
aspecto, cheiro da matéria-prima recebida, com apoio no método de comparação
visual de um material ideal para produção.
Algumas matérias-primas recebem uma análise de qualidade, mais
detalhada, durante sua recepção. Um exemplo disso, ocorre com os grãos recebidos,
como é o caso da cultura do milho. No momento de recebimento, é coletada uma
amostra do próprio caminhão, para auferir a umidade daquele material e verificar se
está dentro dos padrões permitidos, sendo a tolerância de até 14% de umidade,
seguindo as normativas impostas pelo MAPA (Ministério de Agricultura Pecuária e
Abastecimento). Outra característica avaliada, refere-se à temperatura encontrada no
insumo, que deve atingir, no máximo 30ºC. Durante a análise da amostra, também é
realizada a classificação quanto à natureza dos grãos, sendo estas descritas por:
mofado, ardido, fermentado, germinado, carunchado, chocho (imaturo) ou gessado
(RIBEIRO, 2015).
Após a realização de todas as análises do setor de Controle de Qualidade,
é feito um diagnóstico da matéria-prima, a fim de se obter aprovação, ou não, para
efetuar o descarregamento. Caso o material esteja dentro das especificações exigidas
pela organização, ela é aceita e passa a ser descarregada no silo com disponibilidade
de armazenamento. Em caso de rejeição do insumo, o qual não atende aos
parâmetros de qualidade, é realizado o preenchimento de uma planilha de “Não
conformidade”, que é enviada ao fornecedor, descrevendo as causas da devolução
da matéria-prima. É importante ressaltar que, quando descarregada, é retirada uma

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amostra do material, que ficará armazenado durante 3 meses em ambiente


controlado, para eventual rastreabilidade do processo produtivo.
O recebimento de matéria-prima ensacada também possui seu controle de
qualidade específico. No momento do descarregamento, verifica-se a integridade da
sacaria, analisando-se a ausência de avarias nesta, e se contém todas as informações
necessárias para controle, tais como, data de fabricação, data de validade, lote,
fornecedor, fabricante e número de Serviço de Inspeção Federal (SIF). Essas
informações são cadastradas em uma planilha interna da empresa, para manter o
controle dos lotes de fabricação internos. A movimentação do estoque dessas
matérias-primas baseia-se no método PEPS (Primeiro que Entra, Primeiro que Sai).
Para isso, em cada pilha formada de sacarias, é fixada uma placa de identificação
com as informações necessárias, para que assim ocorra o consumo correto da
matéria-prima certa, no processo de produção.
Em consequência do controle de qualidade da recepção da matéria-prima,
também são adotadas práticas, em relação à qualidade no processo produtivo,
determinando assim a gestão integrada na empresa. A preocupação com a qualidade
do produto final, para que sejam atendidas as exigências do consumidor inicia-se,
desde a limpeza do ambiente físico, até a manutenção das ferramentas do processo
produtivo. Essas determinações são impostas pelo Manual de Boas Práticas de
Fabricação (BPF), no qual encontram-se os Procedimentos Operacionais Padrão
(POP’s) de qualidade. Estes se fazem necessários para garantir a qualidade em todos
os processos desenvolvidos na empresa, remetendo-se aos ambientes externos e
internos desta. No Quadro 1, verifica-se em resumo as principais atribuições para cada
POP determinado.

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POP NOME ATRIBUIÇÕES


É realizado o registro de toda a limpeza interna e externa das
POP 02 Limpeza Física instalações, sendo apresentado uma frequência específica de
limpeza, para cada setor.
Refere-se à preocupação da higiene e saúde dos colaboradores
que passam por treinamento no momento de admissão. São
POP 03 Higiene Pessoal
divulgadas as proibições recorrentes na área produtiva, bem como
as obrigações do uso de EPI’s.
Potabilidade da
Limpeza, higienização e manutenção dos bebedouros e caixas
POP 04 água e higienização
d’água, realizada de 6 em 6 meses.
dos reservatórios
Procedimento de limpeza dos equipamentos de produção,
garantindo a inocuidade do produto. O material utilizado nesta
operação é identificado e armazenado em local próprio. O
Prevenção de procedimento é validado e verificado periodicamente pelo controle
POP 05 Contaminação de qualidade. Áreas são separadas e identificadas, a fim de evitar
Cruzada qualquer risco de contaminação cruzada. Matérias-primas são
identificadas e armazenadas em local separado, de acordo com o
tipo: macro-ingredientes, micro-ingredientes, medicamentos e
produtos de origem animal.
Manutenção preventiva de todos os equipamentos fabris,
Manutenção e
lubrificação dos mesmos, que seguem uma sequência de
POP 06 calibração dos
periodicidade para o procedimento, a fim de se evitar uma falha, ou
equipamentos
parada na produção.
Estabelece procedimentos de manejo dos resíduos (pó e
Controle de resíduos
POP 07 varredura), evitando contaminação cruzada, acesso a pragas e
e efluentes
contaminação ao meio ambiente.
Estabelece os métodos de realização da rastreabilidade, por meio
do histórico de lote, desde a origem das matérias-primas utilizadas
Rastreabilidade e na fabricação, até o destino final do produto acabado. Também são
POP 08 recolhimento de definidos procedimentos do Recall a serem seguidos para o rápido
produtos (Recall) e efetivo recolhimento do produto, a forma de segregação dos
produtos recolhidos e seu destino final, além dos responsáveis pela
atividade.

Após o processo de manufatura, o produto final constituído também passa por


procedimentos de controle de qualidade. A etapa inicia-se com uma amostra da ração
fabricada, levada até o setor de controle de qualidade, na qual procede-se a análise
granulométrica do produto. Essa análise, também conhecida por Diâmetro Geométrico
Médio - DGM, avalia a dimensão das partículas constituintes da ração, a partir do uso
de uma ferramenta de vibração, constituída com 7 peneiras de diferentes espessuras.
Assim, é possível analisar a granulometria da ração, verificando se ela se apresenta
muito fina, ou muito grossa. Os dados obtidos da análise são inseridos em uma
planilha automatizada, que calcula o valor final do DGM. Para a ração ser considerada
aceitável, o valor de DGM deve estar entre os limites superior, e inferior, do controle
estatístico do processo.

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4.3 – O Problema de Pesquisa

Mediante a análise dos dados, estudos dos processos e informações


adquiridas, por meio das entrevistas realizadas, tornou-se possível analisar, mais
profundamente, o problema de pesquisa definido, neste trabalho. A questão em
análise, refere-se ao estudo do retorno do produto acabado, após o consumo
impróprio do gado do consumidor. No momento em que há o recolhimento da ração
devolvida, ocorre o preenchimento de uma planilha chamada “Não Conformidade”
(Anexo 2), a qual é informado as informações necessárias para reconhecimento e
análise da ração.
Segundo os gestores, a devolução das rações pode ocorrer devido a vários
motivos, o que dificulta ainda mais o gerenciamento e controle do problema. Ainda de
acordo com o posicionamento dos mesmos, um cenário ideal seria aquele em que as
rações se adequem sempre de forma positiva ao consumidor final, todavia, mesmo
buscando alternativas para minimizar o problema, ele ainda persiste. Alguns dos
motivos de devolução mais relevantes determinados pela empresa, são dispostos na
tabela a seguir, relacionando-o com a quantidade respectiva de devolução. É
importante ressaltar que o período analisado foi de um ano, iniciando-se em abril de
2017 e finalizando em abril do ano de 2018.

Tabela 4 - Motivos de devolução


Motivo da devolução Quantidade
Gado refugando 28
Comeu pouco e quebrou o leite 7
Ração fina 5
Problemas de dosagem/gado refugou 4
Presença de carunchos 3
Aspecto de outra ração ou diferente 2
Mal cheiro 2
Ração grossa 1
Pedido errado 1
Alega que gado morreu 1
Fonte: autores.

De acordo com a Tabela 4, pode-se identificar que, pelo menos 28, dos 54
registros de devolução, durante o período analisado, possuem como principal motivo,
a rejeição do consumo do gado. Em sequência, verifica-se que alguns clientes alegam
baixo consumo dos bovinos, acarretando a quebra do leite (redução da produção).

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Outro motivo relevante, refere-se à granulometria analisada da ração, na qual 5, do


total de devoluções, foram classificadas como ração fina. Os demais motivos, mesmo
que em menor quantidade de registros, representam uma boa parcela das devoluções
de ração, devendo também serem considerados, na análise, com menor urgência.
Assim, é possível identificar o impacto da devolução de ração para a
empresa. Esse processo de recall, causa aumento significativo dos custos da
organização, em função de armazenamento e recolhimento do produto devolvido
(BORTOLI; FREUNDT, 2017). De acordo com Bortoli e Freundt (2017), a forma de
resposta e comportamento da empresa, nessas situações, influenciam diretamente na
satisfação do consumidor. Diante disso, se faz necessário a análise dos processos
desenvolvidos, na busca ela melhoria dos fatores-chaves, que possam ser relevantes
para amenizar o problema.

4.4 – Análise dos Processos

Após as visitas e entrevistas, foi possível levantar os principais fatores-


chaves para a empresa, conciliando com a gestão por processos, e estabelecer pesos,
de acordo com o grau de importância, sendo estes a satisfação dos clientes (peso 3),
redução de custos (peso 2), confiabilidade (peso 3) e logística integrada (peso 1).
Tendo estes fatores como foco, foi possível identificar os processos de maior impacto,
relacionando os mesmos por meio da matriz FC-P indicada abaixo, visando observar
os processos que possuem maior potencial de colaboração com os objetivos da
organização.

Tabela 5 – Matriz FC-P


Satisfação Redução Confiabilidade
Logística
Clientes de custos dos produtos Total
integrada (P=1)
(P=3) (P=2) (P=3)
P1- Recepção matéria
prima * ** * *** 13
P2- Armazenamento
matéria prima * * * 8
P3- Manutenção * *** ** 15
P4- Armazenamento
produto final * * *** 14
P5- Expedição cliente final *** * *** *** 23
P6- Auxílio ao cliente *** ** ** 19
Fonte: autores.

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De acordo com a Tabela 5, a expedição para o cliente final, o auxílio ao


cliente, manutenção e armazenamento de produto final, são os processos que estão
mais relacionados aos fatores-chave definidos. Entretanto, para melhor entender
quais processos devem ser priorizados no âmbito da melhoria contínua, foi aplicada a
matriz B-Q, conforme proposto por Carvalho e Paladini (2010), buscando levar em
consideração o impacto de cada processo na excelência do negócio e o seu
desempenho, como demonstra a Figura 2:

Tabela 6 – Matriz B - Q
E P2
D Urgência P3 Melhorar
C P5 P1
B P6 P4
A Aprimorar Adequar
5 4 3 2 1
Fonte: autores.

A aplicação da matriz B-Q permitiu a identificação da zona de urgência,


sendo esta composta pelos processos, P3 e P5. Dessa forma, estes processos devem
ser priorizados para que seja feita a rápida adequação, ou reformulação destes,
permitindo assim uma maior proximidade com os objetivos definidos pelos gestores.
A análise que segue teve como foco principal estes dois processos; entretanto, como
forma de intensificar a melhoria contínua, realizou-se também uma análise inicial dos
demais processos, bem como a proposição de possíveis ações de melhoria.

4.4.1 – P3: Manutenção

O programa de manutenção atual da empresa é em resposta às falhas que


surgem ao longo do processo, pois mesmo existindo um setor específico para a
manutenção, não há um programa de manutenção preventiva. Diante disso, a
empresa fica sujeita ao risco de ocorrer paradas devido à necessidade de algum
reparo imediato dos equipamentos, trazendo prejuízos relacionados a mão-de-obra
ociosa, pedidos não atendidos, perda dos materiais em produção e aumento do tempo
de estoques.
A falta de manutenção preventiva representa um importante fator na
confiabilidade do produto e consequentemente na satisfação do cliente, visto que as

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paradas existentes podem exigir um maior tempo de estoque de materiais, produto


em fabricação e finalizados, gerando assim um maior risco de alteração da qualidade
destes. Além disso, equipamentos defeituosos podem trazer significativas alterações
no padrão da ração entregue ao cliente final, situação agravada pelo fato de haver
falhas não detectadas, mas que são suficientes para alterar o produto acabado.
Visando definir um plano de melhoria contínua, foi proposto o ciclo PDCA abaixo, que
traz um passo-a-passo a ser seguido pelo setor de manutenção, para garantir ações
preventivas.

Figura 1 – Ciclo PDCA para manutenção

Além disso, existem outras ferramentas que também auxiliam na melhoria de


processos, como é o caso do Gráfico de Pareto, que se trata de uma técnica estatística
utilizada na tomada de decisão, que permite selecionar e priorizar itens que causam
grande impacto (AZEVEDO, 2018). Propõe-se à empresa a utilização desta
ferramenta, para identificar a frequência dos problemas e classificá-los,
posteriormente, em ordem decrescente, tendo os primeiros itens da lista como
prioridades para, assim, tornar possível a criação de um planejamento e plano de ação
para a otimização dos equipamentos críticos.

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4.4.2 – P5: Expedição para o Cliente Final

A expedição do produto é de extrema importância, por ter o consumidor


final como cliente do processo. Dessa forma, qualquer falha no procedimento poderá
ser facilmente percebida pelo consumidor, gerando a sua insatisfação. Este processo
inicia-se com a programação da rota de entrega, seguida pela inspeção, carregamento
do veículo e entrega na propriedade do comprador.
A classificação deste processo, como um dos prioritários, justifica-se pela
quantidade de devolução apresentadas e pelo impacto que a ração de baixa qualidade
pode gerar ao animal. Apesar de haver a inspeção da ração antes da entrega, essa
tarefa deve ser um dos principais focos de melhorias na fábrica, visando a rápida
redução do número de devoluções. Para isso, será preciso rever e intensificar os
métodos de inspeção utilizados.
Como proposta de melhoria, sugere-se o estudo de novas ferramentas e
equipamentos que facilitem a rápida identificação de não conformidades, além do
treinamento dos responsáveis sobre os principais aspectos a serem analisados na
inspeção. O aumento da frequência de análises de materiais, ao longo do sistema
produtivo, pode ser atingido com a implementação de um rígido programa de
inspeção, que atue em todas as etapas da fabricação, desde o fornecedor, até o
momento da entrega, sendo possível, assim, identificar os processos, nos quais está
ocorrendo alguma alteração no padrão exigido. O ciclo PDCA abaixo demonstra uma
possível estratégia para a melhor identificação e implementação de oportunidades de
melhorias, neste processo.

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Figura 2 – Ciclo PDCA para expedição

A melhoria contínua dos processos anteriores proporcionará importantes


avanços no sistema produtivo, em relação aos fatores-chave almejados. Entretanto, a
análise dos demais processos citados mostra-se imprescindível para a busca da
excelência no atendimento ao cliente. Sendo assim, foram propostas possíveis
melhorias, de acordo com as falhas identificadas, em cada processo:

1. Recepção de matéria prima: Neste processo há problemas de não conformidade


do material e devolução deste, o que gera custos e atrasos. Este problema remete a
falta de ligação entre a fábrica e o fornecedor e pode ser solucionado com a
implementação de um sistema de controle e inspeção do material, quando este ainda
está no fornecedor. Além disso, o fornecedor deverá estar alinhado aos padrões
exigidos pela empresa.
2. Armazenamento de matéria prima: Nas visitas realizadas, foram constatados
problemas em alguns estoques de matéria prima ensacada, sendo observado
produtos em locais expostos às condições ambiente, o que pode causar alterações
na qualidade do material e consequentemente do produto final. Esta questão exige a
imediata manutenção dos armazéns e também pode ser amenizada com o
aperfeiçoamento da previsão de demanda, gerando uma maior previsibilidade e
redução do nível de estoques.
3. Armazenamento de produto final: O armazenamento pode ser prolongado, por
falhas na previsão de demanda, criando situações em que o produto fica armazenado

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além do período planejado, ficando sujeito a alterações na qualidade. A proposta de


solução para esse processo é interligada com o processo de auxílio ao cliente, visto
que o profissional que acompanha o cliente poderá definir, de forma aproximada, a
quantidade de ração que este irá necessitar, em um determinado período.
4. Auxílio ao cliente: Dentre as principais causas de rejeição da ração, por parte do
animal, destaca-se a falta de informação do cliente, em relação a qual tipo de ração
utilizar para cada animal e em cada situação. A empresa já fornece o serviço de um
profissional qualificado para apoiar os clientes; entretanto, este pode ser intensificado
e personalizado, de acordo com a fidelidade e volume de compra do cliente. Além do
acompanhamento das necessidades do cliente, esse profissional pode ser uma forma
interessante de relacionamento com o consumidor, trazendo informações sobre
preferências, demanda e o constante feedback dos serviços prestados.

05 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste trabalho integrou conceitos e novas abordagens da gestão


da qualidade, principalmente no que diz respeito à gestão por processos, aplicada em
uma organização do ramo de alimentação animal, da região do Alto Paranaíba. Por
meio do levantamento detalhado de informações, foi possível identificar como é o
funcionamento da empresa e todo o seu processo produtivo, além de uma análise de
quais são os atuais problemas que esta vem enfrentando. Diante disso, mesmo que
alguns conceitos estejam bem definidos pela empresa, como BPF, POPs e Inspeção,
ainda existem problemas no processo. Sendo assim, buscou-se propor melhorias, a
fim de eliminar ou diminuir os impactos.
A empresa vem buscando melhorias em seu processo para que se diminua
a quantidade de devoluções de seus produtos, que tem impactado nos custos e na
reputação da marca. Mediante a utilização das matrizes, FC-P e B-Q, identificou-se
que os processos de manutenção e expedição devem ser tratados como prioridade
por trazerem um significativo impacto à satisfação do cliente. Tais processos
prioritários foram analisados a fundo e posteriormente, com o auxílio dos conceitos da

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gestão da qualidade e por processos, definiu-se possíveis planos de ação que alinhem
o sistema produtivo aos fatores-chave definidos pela empresa.
Dessa forma, concluiu-se que a implantação da gestão por processo seria
uma forma eficiente de a empresa resolver os problemas existentes no seu processo
produtivo, já que, com o método, cada etapa seria estudada profundamente,
proporcionando uma melhor avaliação e análise para implementar mudanças
significativas. Além disso, com cada etapa do processo produtivo sendo trabalhada
por meio da melhoria contínua, o desempenho da organização aumenta devido a
identificação rápida dos problemas, possibilitando atuar preventivamente e/ou
corretivamente, em um menor tempo possível, atendendo todas as necessidades dos
clientes com êxito e, portanto, diminuindo o número de devoluções de seus produtos.

06 – REFERÊNCIAS

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