LlVRARIA FERINJ LDA.

RUA NOVA DO ALMADA, 70 /74

1249 - 098 LISBOA - TEL.: 213424422
I ivraria.feri n@ferin.pt



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 ORAÇÃO A SANTA HILDEGARDA

Ó Deus, Fonte de Vida, Vós que enchestes Santa Hil­ "

degarda com o Espírito de profecia, ajudai-nos, segundo o INDICE
seu exemplo, a deixarmo-nos conduzir pelos vossos cami­
nhos, para que, no meio das trevas deste mundo, alcance­
mos a luz da vossa claridade. Palavras dos Papas 13

Por Jesus Cristo Nosso Senhor. Amen Nota introdutória 15

(Pai Nosso / Avé Maria / Glória) Nota do tradutor 17

Hildegard von Bingen 19
Mas, afinal, quem é Santa Hildegarda? 21

Titulo original Was ist Hildegard Medizin?

Medicina e antropologia cristãs 29

Autor Helmut Posch

A doença, deformação existenciaL 29

Edição Caminhos Romanos

Uma terapêutica da ordem 30

.caminhosromanos@gmail.com
Uma terapêutica do corpo e da alma 33

Imagem da capa Santa Hildegarda.

Enfim uma psicoterapia vital 34

Tradução Irmã Maria Regina

Maria S. José Salomé Sousa

Prólogo do autor 39

Noémia Costa
A verdade da medicina de Santa Hildegarda 41

Sofie Maucher
Na babilónia da alimentação 45

Coordenação Maria S. José Salomé Sousa

ISBN 978-989-8379-36-8
Ensinamentos de Santa Hildegarda

Depósito legal 377204/14

sobre a alimentação 49

Paginação F. Barandiarán - A. Azeredo

Maçãs 50

Impressão T. Tadinense - Artes Gráficas

Pêras 52
Ameixas 55

Contaeto para infÓrmaçõese!ou partilhas Remédio para fazer crescer o cabelo 57

de experiências: O Pessegueiro 58

st.hildegarda@gmail.com A Tamareira 59
A Oliveira 60
 o Castanheiro 61 A Artemísia (Artemisia vulgaris) 103
Castanhas assadas 62 A Abóbora (Cucurbita) 105
Castanhas cozidas 63 A Alface (Lactuca ) 106
Castanhas cruas 64
Mel de Castanhas 65 Condimentos - as "Hormonas" da cozinha 109
Puré de Castanhas 67 O melhor tempero: a Galanga 109
Úlceras de estômago curadas 67 O Sal 112
Sauna de Castanhas 70 Excesso de Sal 113
A bengala de Castanheiro 71 Sal a menos 114
Castanhas em veterinária 72 O Vinagre 115
A Amendoeira 72 A Noz Moscada 116
A Aveleira 73 A sopa de Noz Moscada 117
O Comiso (Cornus mas) 75 A Salva - Salvia offuinalis 118
A Nespereira da Europa 76 A Salva - para combater o reumatismo e a gota 119
O Marmeleiro 80 A Salva - e os problemas urinários 120
O Serpão (Thymus serpyllum) 120
Legumes 83 O Serpão - alimento para o cérebro 121
Não basta ter exclusivamente em conta A Galanga - a droga maravilhosa 122
a cultura biológica 83 A Galanga - para o coração 123
O Funcho (Foeniculum vulgare) 85 A Galanga - para combater as cólicas 124
O Funcho como legume 89 A Galanga - para combater doenças causadas por vírus 124
O Rábano 89 A Galanga - para combater dores nas costas 126
A Fava (Viciafaba) 90 A Galanga - nos cozinhados 127
A Soja (Glycine max) 91 O Hissopo (Hyssopus officinalis) 127
A Ervilha (Pisum sativum) 92 O Endro (Anethum) 128
A Cebola 93 A Urtiga (Urtiga dioica) 129
O Alho 96 As Urtigas para a memória 129
O Cebolinho 98 O quinto cereal 130
O Alho Francês (Allium porrum) 99 A Espelta (1Yiticum spelta) - o melhor cereaL 131
A Couve (todas as espécies) 102 Leucemia curada por meio da - Espelta 135
 A Espelta - para evitar os cuidados intensivos 136 Diarreia 175
Arroz de Espelta 137 Cálculo biliar 175
A sopa cremosa de Espelta 137 Problemas dos ouvidos 176
A sopa de sêmola de Espelta 138 Gripe 176
A papa de Espelta mondada 140 O vinho de raiz de Imperatória 177
Café de Espelta 141 O remédio universal da Gripe nO 2 178
Pão de Espelta 141 Zona 181
Espelta - O cereal que foge ao nocivo Hemorróidas 182
processo de manipulação genética 142 Verónica 182
A Espelta - a Arca de Noé do agricultor? 144 Véronica Beccabunga 183
Bagas e Cogumelos 145 A sopa de Feijão sem Feijão 184
Sobre as Hemorróidas 186
Incurável? 147 Cancro da pele 187
O que o Vinho de Evónimo ou Barrete Tosse 188
de Padre pode fazer 149 Tanaceto (Chrysanthemum vulgare) 189
Intervenção a tempo - Vinho de Cedro 153 A cura com Caroços de Ameixa 190
Enfisema Pulmonar 156 O Óleo de Absinto 192
Dores nos pulmões 158 Catarro 194
Enxaqueca 158 Melancolia e Depressões 195
Mel de Pêras 162 Hemorragia Nasal 196
Psoríase 162 Bolachas para os Nervos 197
Úlcera de perna 166 Zumbidos nos ouvidos 197
Doença de Parkinson 167 Otalgia 199
Profilaxia do cancro 169 Volúpia 199
O Elixir de Lentilhas d'Água (Lemna minor) 171 Flebite 199
Sobre a "cólica" 171 Menopausa 200
Cancro 172 Tratamento de feridas 201
Apenas uma "maleita" ou doença de morte? 173 Primeiros Socorros nas Dores de Dentes! 202
Falta de Ar 174 Cevada como produto cosmético 204
Problemas dos olhos 174
Remédios do mundo animal 205 Sobre a gota 240
A Ovelha 206 A pomada de Abutre (Nicolai salbe) 243
Insuficiência Venosa 207 Meio de cura universaL 245
Para o estômago 208 Feto Macho 248
Falta de Ar e Tosse 208 O Feto Macho como pára-raios? 250
A Pele de Carneiro 209 O Álcool - "o bode expiatório" 252
A Cabra 210 Vinho 254
Podemos fazer um jantar de festa com caça? 214 Cerveja 258
A Corça 215 Água 259
Pele de Corça 216 Elixires 260
Patos e Gansos 217 Uma lixívia de cinzas de Sarmentos de Videira
O Ganso doméstico 218 para higiene oral 260
O Ganso Selvagem (de caça) 220 Vinho de Abrunheiro Bravo 264
Fígado de Ganso - Uma especialidade 220 Vinho de Ouro 265
A "Sopa de Ganso" 221 Vinho de Tanaceto 265
Que tal um bife de Baleia? 222 Elixir de Escolopendra ou Língua Cervina 266
Pés e pernas doentes 223 "Bebida de Maio de Santa Hildegarda"
Texugo 225 - Cura da Primavera 267
O Veado 226 Os sintomas da esclerose 268
Resumo sobre os efeitos saudáveis Vinho de Rosmaninho para o fígado 271
das diversas espécies de fígados 227 Vinho de Loureiro 272
Elixir de "Salvia sclarea" para a estômago 273
Doçura adoça 229
Mel 229 Precisamos de uma nova medicina 275
O flagelo do povo: reumatismo e "gota" 230 O Vinho do coração 276
Os Sucos 231 ']\ssim Deus me ajude" 277
Não existem doenças causadas pelo desgaste 235 Pedras preciosas 278
Pomada para curar artrite 237 A Ágata 280
Trigo - para a coluna 238 O Cristal de Rocha 281
O lumbago 239 O Jaspe 282
 o Diamante
A ajuda em casos de AVC
o sistema da Medicina de Santa Hildegarda
Instruções sobre os "tipos"
Para terminar
283
286 PALAVRAS DOS PAPAS
287 «Hildegarda, agraciada desde a mais tenra idade com
290 dons celestes, penetrou em profundidade nos mistérios da
teologia, da medicina, da música e das artes. Escreveu nu­
294 merosos livros e fez luz sobre o relacionamento que existe
entre a "Criação e a Redenção''».
S. S.João Paulo 11
(No 8000 aniversário da morte de Santa Hildegarda)
«Como acontece sempre na vida dos verdadeiros mís­
ticos, também Hildegarda quis submeter-se à autoridade
de pessoas sábias para discernir a origem das suas visões,
temendo que elas fossem fruto de ilusões e que não pro­
viessem de Deus. Por isso, dirigiu-se à pessoa que na sua
época gozava de mais estima na igreja: São Bernardo de
Claraval, do qualjá falei nalgumas catequeses. Ele tranqui­
lizou e encorajou Hildegarda. Mas, em 1147, ela recebeu
outra aprovação importantíssima. O Papa Eugénio lII, que
presidia um Sínodo em Treveris, leu um texto ditado por
Hildegarda que lhe foi apresentado pelo Arcebispo Henri­
que de Mainz. O Papa autorizou a mística a escrever as suas
visões e a falar em público. A partir daquele momento, o
prestígio espiritual de Hildegarda cresceu cada vez mais, a
ponto de os contemporâneos lhe terem atribuído o título
de "profetiza germânica". Eis, queridos amigos, o selo de
uma experiência autêntica do Espírito Santo, fonte de todo
o carisma: a pessoa depositária de dons sobrenaturais nun-
14 HELMUT POSCH

ca se vangloria disso, não os exibe mas, sobretudo, mostra

total obediência à autoridade eclesial. Cada dom distribuí­
do pelo Espírito Santo, de facto, é destinado à edificação da NOTA INTRODUTÓRIA
Igreja e a Igreja, através dos seus Pastores, reconhece a sua
autenticidade.» A pedido da minha querida amiga Salomé, tradutora

S. S. Bento XVI incansável desta obra, e do nosso grande e santo amigo

(Audiência de 1 Setembro 2010) Padre Jean Marc Bonvin, seu grande incentivador, acedi a
escrever algumas palavras sobre a medicina de Santa Hil­
degarda.

«Hildegarda ocupou-se de medicina e ciências natu­ A divina inspiração fez de Santa Hildegarda a "médica"

rais, inclusive de música, sendo dotada de talento artístico. mais conhecedora do seu tempo, permitindo-lhe escrever

Compôs hinos, antífonas e cânticos, que foram reunidos vários tratados, descrevendo inúmeras doenças e seus tra­

sob o título "Symphonia Harmoniae Revelationem" (Sinfonia da tamentos, completamente actuais.

harmonia das revelações celestiais) que eramjubilosamente Pela minha própria experiência com a medicina de San­

executados nos seus mosteiros, difundindo uma atmosfera ta Hildegarda e porque acredito nela, peço a Deus que me

de serenidade, e que chegam até nós. Para ela, toda a criação dê, nos dê, aos médicos desta época a graça de podermos

é uma sinfonia do Espírito Santo que é alegria e júbilo em si "ver" e "usar", à luz da ciência actual, as mais valias desta

mesmo.»
medicina como contributo para tratamento e cura de mui­
tos doentes que tanto dela podem beneficiar.

S. S. Bento XVI
(Audiência de 8 Setembro 2010) Domitila Pinheiro da Silva

Domitila Pinheiro da Silva é licenciada em !v1edicina pela Universidade

Nova de Lisboa em 1980. Exerce clínica desde 1981, praticando Medicina
Hospitalar, Privada e Estatal para o SNS. É especialista em Medicina Geral e
Familiar desde 1993. Aetualmente é médica dos Cuidados de Saúde Primários
da ARS de Lisboa e Vale do Tejo numa USF de Lisboa.
 NOTA DO TRADUTOR

É com imensa alegria que dedico esta publicação ao Se­

nhor Padre Jean Marc Bonvin, alma muito virtuosa que, na
década de 80 me deu a conhecer Santa Hildegarda, acres­
centando que era do agrado de Deus que esta Medicina
fosse conhecida. Agora, com a proclamação desta santa
como Doutora da Igreja, chegou a altura de o fazer!

Quero aqui manifestar a minha gratidão para com aque­

les que, com a sua amizade e competências, completaram o
que faltava às minhas.
No que se refere à tradução, a saudosa Irmã Maria Re­
gina, a Noémia e a Sofie. Nos detalhes médicos, a Dra Do­
mitila Rodrigues. Na revisão de texto, a Dra. Domitila, a
Fátima, a Isabel, a Lurdes, a Susana. Nalguns pormenores
botânicos, a Pro£ Odete, a Inês, o Nuno, o Rodrigo, o José
Castro. Nas dificuldades técnicas, o Gonçalo, a Isabel, o
João Paulo, o Jorge, o Luís Miguel, o Luís Tomé, a Xana.

Também prestar a minha homenagem e reconhecimento

para com o Sr. Helmut Posch pois está, a par do Dr. Herzka,
entre as figuras mais relevantes na divulgação inicial dos
conhecimentos médicos legados por Santa Hildegarda. O
Sr. Posch, além de ter criado a "Bund der Freunde Hilde­
gards" (Associação dos amigos de Hildegarda), editou a folha
informativa "St. Hildegard Kurrier" (O Mensageiro de Santa
Hildegarda), construiu um laboratório onde são produzidos
18 HELMUT POSCH
muitos dos remédios recomendados por Santa Hildegarda,
abriu uma loja onde estes se podem adquirir bem como
diversos livros sobre esta medicina, além de uma grande
variedade de outros produtos referenciados nos livros.
Esta obra já está traduzida noutras línguas, nomeada­
mente em inglês, italiano e húngaro.
HILDEGARD VON BINGEN
Ao proclamar Santa Hildegarda como Doutora da Igre­
ja, no dia 7 de Outubro de 2012, o Santo Padre Bento XVI
abriu de par em par umajanela, até aqui só entreaberta para
a grande maioria do povo de Deus.
Pessoalmente, posso-me considerar privilegiada pelo
facto de, há cerca de 25 anos, ter recebido das mãos dum
sacerdote suíço amigo, P. Jean Marc Bonvin, o que viria a
ser o primeiro de uma dezena ou mais de livros que fui
adquirindo sobre Santa Hildegarda. O meu interesse ia
crescendo à medida que conhecia os seus escritos místicos
e médicos e que confirmava os resultados, alguns mesmo
espectaculares, após experiências concretas em determina­
das doenças. Não é objectivo deste livro testemunhar essas
experiências, por isso, apenas contarei a primeira que, no
fundo, foi a responsável pela actual publicação: A minha
filha Susana, na altura com 12 anos (agora tem 39) sofreu
uma gastroenterite. Durante 3 dias vomitou e evacuava
quase água; fraquíssima, tinha mesmo que ser amparada
para se deslocar à casa de banho; apresentava umas olheiras
profundas e eu dispunha-me a levá-la ao hospital porque
estava com sinais evidentes de desidratação. Lembrei-me
do tal livro de Santa Hildegarda e, como hospital é sempre
coisa que tentamos evitar, pensei: vou ver o que Hildegarda
aconselha nestes casos. Estranhei a receita incluir vinho e
pensei com os meus botões: "deve ser gralha mas, como a
garota vomita tudo, também não tenho nada a perder", e
20 HELMUT POSCH

fiz conforme lá dizia: cozer calêndulas, colocá-las quentes

sobre o estômago e ao mesmo tempo aquecer um pouco MAs, AFINAL,
da mesma planta em vinho e dar a beber. Fiquei espantada!
Passado um quarto de hora a minha filha levantou-se da
QUEM É SANTA HILDEGARDA?
cama, recuperou a cor natural, passaram as olheiras e estava
Santa Hildegarda nasceu em 1098 em Bermersheim,
óptima, tinha sido neutralizada a origem do problema.
cidade germânica do antigo Grão-Ducado de Hessen; era
filha de Matilde e Hildeberto, ministro imperial. Sendo a
Os países de língua alemã, já tinham redescoberto, por
décima filha, seus pais, por alusão ao tributo do dízimo,
volta de 1970, a obra e a personalidade desta Santa. Um dos
consagraram-na ao Senhor.
grandes impulsionadores dessa redescoberta foi um mé­
Desde muito cedo se manifestou nela um carisma de vi­
dico austríaco, Dr. Gottfried Hertzka que, entusiasmado
são. Ela própria descreve: "quando tinha três anos de idade
com as experiências clínicas desenvolvidas durante 50 anos
foi-me dado ver uma luz tão extraordinária que a minha
a partir dos seus escritos sobre medicina, (especialmente
alma ficou abalada mas, como era ainda muito pequena,
com base no seu livro "Physica"), a difundiu nesses países.
não falei sobre isso a ninguém".
Por altura da comemoração dos 900 anos sobre o seu
Aos 5 anos, enquanto assistia à distribuição da ração aos
nascimento, também a França a redescobriu de forma es­
animais, deixou perplexos aqueles que a ouviram descrever
trondosa e, actualmente, já encontramos obras em língua
o formato das manchas que "via" no interior duma vaca, cuja
francesa, italiana, inglesa, espanhola e húngara, entre outras.
descrição se veio a confirmar quando o vitelinho nasceu.
Aos 8 anos, segundo os costumes da época, apesar duma
Infelizmente a New Age tem tentado apropriar-se abu­
saúde muito delicada, foi entregue aos cuidados da condes­
sivamente destes conhecimentos revelados, utilizando-os
saJutta de Spanheim num convento de clausura. Ali, rece­
fora do seu contexto próprio.
beu uma educação monástica piedosa, aprendeu a escrita,
Bento XVI entendeu, graças a Deus, que está na hora
a leitura, o canto, e foram-lhe ministrados conhecimentos
de os cristãos se sentirem convidados a apropriarem-se de
elementares de latim. Aos 18 anos fez os seus votos, se­
novo do tesouro que lhes foi legado por esta grande mística.
gundo a regra beneditina, no convento de Disibodenberg.
Em 1136, com 38 anos de idade, após a morte da superio­
ra, foi eleita para tomar o seu lugar, transferindo então o
seu convento para um local "indicado pelo Espírito Santo":
Bingen. Como o carisma de visão se manifestou nela desde
22 HEUMrr POSCH
a mais tenra idade, pensava que o que lhe era dado ver era
comum em toda a gente. Ficou completamente estupefacta
quando, por volta dos 15 anos, se apercebeu que não era
assim. Na sua autobiografia podemos ler: "Quando Deus
me insuflou a vida no seio de minha mãe, imprimiu
na minha alma este dom de visão". Apesar de este dom
se ter transformado num estado quase permanente, ela es­
clarece que nunca apresentava as características de êxtase,
pois mantinha os sentidos despertos, especificando mesmo:
"Estas coisas não as vejo com os olhos do corpo nem as ouço
com os meus ouvidos; vejo-as unicamente com os olhos da
alma. Os olhos do corpo permanecem abertos e nunca ex­
perimento a perda de consciência que se produz durante o
êxtase. Quando tenho as visões estou acordada, seja dia ou
noite. A percepção da luz que me é dada, não é limitada ao
espaço humanamente visível. É muito mais luminosa que
uma nuvem que trouxesse o sol em si. Nela, não se conse­
guem reconhecer nem altura, nem largura, nem compri­
mento. É-me designada como a sombra da luz viva (umbra
lucis viventis). Nesta luz vejo, de vez em quando, embora não
muitas vezes, uma outra luz que me é designada como a luz
viva (lux vivens). Como e quando a vejo, não posso deter­
minar, mas, quando a vejo, desaparece completamente em
mim toda a tristeza e toda a angústia, de tal forma que me
sinto como uma simples jovem e não como a mulher idosa
que agora sou".
Até aos 42 anos a sua vida foi sempre de recolhimento,
porém, subitamente, é surpreendida por uma experiência
mística que vai alterar de forma definitiva a sua existência
e cujos pormenores ela própria relata: "No ano de 1141,
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 23
quando tinha quarenta e dois anos e sete meses de idade,
desceu do céu entreaberto uma luz ardente, acompanhada
de clarões. Penetrou no meu cérebro e abrasou o meu co­
ração e o meu peito como se se tratasse de uma chama, sem
os queimar mas aquecendo-os, tal como acontece quan­
do o sol aquece um objecto exposto aos seus raios. Subi­
tamente, foi-me desvendado o sentido das Escrituras, dos
Salmos, dos Evangelhos e de outros livros do Antigo e do
Novo Testamento".
Também relata a missão concreta que Deus lhe orde­
nou: "Escreve o que vês e ouves! Revela as maravilhas que
te foram dadas a conhecer! Escreve-as e fala delas".
Porém, na sua humildade, reteve estas palavras e não
obedeceu imediatamente. Deus consentiu que ficasse de
cama, como que paralisada, tendo recobrado a saúde ape­
nas quando começou a escrever. Reconheceu neste facto
uma provação, mesmo uma advertência. A dúvida tinha­
-a torturado. Foi por conselho de S. Bernardo de Claraval
que decidiu começar a ditar a sua obra Scivias, que significa
"Conhece os Caminhos". Esta obra é escrita após uma vi­
são grandiosa, em que lhe são apresentadas as imagens e
os segredos da Criação e da Redenção. Ditou todas as suas
obras em latim mas, como os seus conhecimentos eram
limitados, serviram-lhe de secretários um homem discre­
to, o monge Volmar, que corrigia a parte gramatical dos
seus textos, mantendo-os fielmente, e também uma sua
t.lha
LI.
pcpirirual
""''"' ... .,. ... '"
rie nomp
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Rl'charril'c
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Hl'ldecrarda
A. ó'"
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-_ ...... ""'................
resposta ao pedido de Deus que "desejou mostrar em por­
menor, através das suas figuras maravilhosas, como são as
moradas celestes, as da terra e as dos infernos".
24 HELMUT POSCH
No ano de 1148, recebe do Papa Eugénio III o aval
da Igreja para a sua missão. Este Papa, após ter requeri­
do provas através duma comissão de inquérito enviada a
Disibodenberg e, possivelmente por sugestão de S. Ber­
nardo de Claraval "de não condenar ao silêncio uma luz
tão radiante", em pleno sínodo reunido em Treveris, leu
pessoalmente aos cardeais, bispos, sacerdotes e teólogos
passagens deste primeiro livro de Hildegarda: Scivias. Em
seguida, escreveu à própria Hildegarda: "É admirável que,
para além daquilo em que podemos acreditar, Deus mostre
novos milagres no nosso tempo, ao derramar sobre ti o Seu
Espírito" e ordena-lhe que "revele tudo o que lhe é dado
ver à luz do Espírito Santo".
A partir daí, Hildegarda ficou a ser publicamente conhe­
cida e, podemos intuir como foi conceituada. É extraordi­
nária a influência espiritual, humana e política que exerceu
através dos seus conselhos cheios de sabedoria dirigidos tan­
to aos humildes como aos grandes do seu tempo; entre estes
podemos enumerar sucessivos Papas, Henrique II de Ingla­
terra, Heleonora, a Imperatriz de Bizâncio, o jovem Frederi­
co Barba Ruiva, que inclusivamente a convidou para o palá­
cio. Demonstrou uma grande autoridade expressa na forma
desafrontada como chamou à realidade altas personalidades.
Qual João Baptista, num amor à "Verdade que nos torna
livres", escreve ao Papa Atanásio N nos seguintes termos:
"Neglicencias a virtude real dajustiça, deixas o mal penetrar
de cabeça erguida, porque temes esses homens abomináveis
que têm mais amor ao dinheiro do que àjustiça. Tu, que fos­
te constituído pastor visível, levanta-te e actua em favor da
justiça, a fim de que o Grande Pastor não tenha que te acusar
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 25
por não teres purificado o teu redil da sua imundície e posto
óleo nas ovelhas doentes do teu rebanho".
Chegaram aos nossos dias 4 cartas dirigidas ao impera­
dor Frederico Barba Ruiva (que elegeu 4 antipapas, dando
origem a um cisma de 18 anos) e a quem ela aconselhou a
"não se deixar conduzir nem pela amizade, nem pelo ódio
de quem quer que seja, mas unicamente por respeito à jus­
tiça". Expomos aqui alguns extractos que demonstram a
sua audácia e intrepidez: «Toma cuidado para que o Sobera­
no Rei não te lance por terra por causa da cegueira dos teus
olhos, que não te orientam rectamente no uso do ceptro do
teu reino; AQUELE QUE É diz: "Eu destruo a resistência
obstinada e esmago a oposição dos que me afrontam. Des­
graças, desgraças por causa do mau procedimento dos "cri­
minosos" que me desprezam. Ó Rei se queres viver toma
atenção, se não a minha espada trespassar-te-á».
Manifesta uma grande sabedoria em todos os contactos
e confidências trocados com outros santos e místicos. Pela
Fé, entusiasma o convento inteiro a fazer jejum e oração
para obter de Deus a libertação total para um caso de pos­
sessão considerado "incurável".
Apesar de tudo, classifica-se a si mesma como "pobre
mulherzita" (paupercula mulier) "mulher inculta" (indocta
mulier) e afirma: "sou um ser humano sem instrução, não
recebi lições sobre as coisas no mundo exterior mas fui ins­
truída interiormente na minha alma".
Já com 70 anos, movida de zelo pelo Reino de Deus e
pelo amor à Igreja, que se encontrava numa grande crise de
26 HELMUT POSCH
autoridade, - a disciplina dos clérigos e dos mosteiros esta­
va enfraquecida devido aos problemas dos antipapas, crise
de fé, heresia dos cátaros, etc. - enfrenta uma aventura ab­
solutamente inédita para uma mulher em pleno séc. XII,
tendo em conta que vivia uma vida pacata, enclausurada
desde a infància: empreende quatro grandes viagens des­
locando-se a pé, a cavalo, ou de embarcação com o fim de
pregar nos mosteiros e nas praças dos mercados e sacudir
o clero e o povo dirigindo-se aos "mestres e prelados ador­
mecidos que descuraram a justiça divina nestes tempos
"efeminados" de mornice moral que exigem uma reforma
da Igreja", apelando-os à penitência e conversão.
Incansável, esta insigne mulher, deixou uma grande
obra: além dum conjunto de 300 cartas, 77 poemas sinfóni­
cos, um teatro cantado destinado à edificação das irmãs,
também fruto de inspiração divina e que manifesta o "eco
da harmonia celeste" (OrdoVirtutum); escreveu ainda o "Li­
vro da vida meritória" (Liber vitae meritorum), uma espécie
de manual de orientação, onde descreve aquilo que, rela­
tivamente às boas e más acções, é devido como retribuição
e o "Livro das obras divinas" (Liber divinorum operum), uma
espécie de teologia do cosmos. Também nos deixou poe­
mas, cânticos, encenações místicas, histórias de santos.
Descreve-nos ainda outra dimensão das suas visões nas
obras Physica e Causae et curae; na primeira obra, Physica,
faz-nos penetrar na explicação das virtudes naturais com
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e vegetais); na segunda, Causae et curae, expõe as doenças,
as suas causas e os seus remédios (é essencialmente a estas
duas que nos vamos dedicar neste livro).
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 27
Depois de nos ter deixado como herança esta obra tão
vasta, viria a falecer a 17 de Setembro de 1179, com a idade
de 81 anos, tendo sido então observada no céu uma cruz
luminosa, como que a testemunhar que ela poderia con­
templar definitivamente a "luz viva".
É interessante verificar que, ao redescobrir estas reve­
lações, médicos e naturoterapeutas ficam admirados com
o facto de ver convergir os resultados das suas laboriosas
experiências com os princípios enunciados por Hildegarda
há mais de oito séculos atrás.
O conceituado Padre A. Berckmüller, médico e teólogo,
deu uma conferência muito interessante a respeito de Santa
Hildegarda sob o título '1\spectos da medicina de Hilde­
garda". Passo a transcrever um resumo dessa conferência
publicado em Mitteilungen, nO 7, 1984. Antes porém, para
que o leitor se familiarize com as expressões "elementos"
usadas por Hildegarda a que o Padre Berckmüller se refere,
saliento duas passagens retiradas do livro Causae et Curae:
"Deus também criou os elementos do mundo, estão no
homem e o homem age com eles. São: ofogo, o ar, a água e
a terra; estes quatro elementos estão de tal forma associa­
dos e intimamente ligados, que nenhum dentre eles pode
ser separado dos outros. Estão de tal modo ligados uns aos
outros que poderão ser chamados os elementos constituintes
da estruturafundamental" (2,37-3,4). CC.
• • • pr •
mIn.... aIS
"No homem há fogo, ar, água e terra, e é deles que o
homem se compõe: porque do fogo ele tem o calor, do ar o
sopro, da água o sangue, e da terra a carne (os músculos e
28 HELMUT POSCH
a substância óssea). Ao fogo deve a vista, ao ar o ouvido,
à água o movimento e à terra o andar (49,29-50,1)". C.C.
"Sempre que os elementos exercem bem e na devida or­
dem as suasfunções, de talforma que o calor, o orvalho e a
chuva surgem individual e moderadamente no seu tempo,
eles mantêm deforma saudável a terra e os seusfrutos, as­
seguram uma boa colheita e saúde, o mundo torna-se prós­
pero. Mas, dando-se o caso de se precipitarem todos ao mes­
mo tempo e de repente sobre a terra, elaficaria dilacerada e
doente. Do mesmo modo, o homem recebe a saúde através
dos elementos quando estes agem nele de forma ordenada;
porém, quando se desviam desta ordem, fazem adoecer o
homem e levam-no à morte. Desde que actuem tranquila­
mente e nas proporções justas a coagulação dos humores,
que no ser humano depende do calor, da humidade, do san­
gue e da carne, o homem mantém a saúde. Mas se, todas em
simultâneo, de improviso e deforma desmedida caem sobre
ele, fazem-no adoecer e matam-no. O calor, a humidade,
assim como o sangue e a carneforam, por causa da trans­
gressão de Adão, transformados em fleumas (phlegmata)
contrárias". "Causae et Curae" 50,2-18).
Agora,já um pouco familiarizados com estes termos, po­
deremos apreciar melhor o artigo do Padre Dr. Berckmüller
que passo a transcrever:
MEDICINA E ANTROPOLOGIA CRISTÃS
A medicina de Hildegarda está ligada a uma visão do
mundo e a uma antropologia cristãs. Este estudo apoia-se
no conjunto dos escritos de Santa Hildegarda; ela dá-nos
uma ideia sintética da sua percepção na abordagem do tema
da medicina.
A DOENÇA, DEFORMAÇÃO EXISTENCIAL
o livro Causae et Curae (Causas e tratamentos das doen­
ças) começa por descrever a criação do mundo e vai desde
a construção do cosmos até aos diversos elementos da na­
tureza, culminando no homem. As doenças são sistemati­
camente descritas da cabeça aos pés mas, ao mesmo tempo,
apresentam-se enquadradas numa visão mais ampla que
considera o homem, por um lado, como obra de Deus
(opus operationis Dei), por outro, como um ser que age por
si próprio (homo operans).
Por sua própria culpa, o homem torna-se corrupto,
doente, sujeito à morte (homo destitus). A sua ambição leva­
-o a perturbar a ordem da natureza; esta atitude de rebelião
manifesta-se igualmente no seu comportamento através da
História. A doença é a marca distintiva que acompanha esta
deformação existencial apresentando como manifestação
específica a "melancolia". A "melancolia", esse estado de­
pressivo, esse incómodo existencial, opõe-se directamen­
te ao ápice vital da natureza representado pelo "verdor"
30 HELMUT POSCH
(veriditas). Apesar de ter ficado desfigurado, sujeito à mor­
te, o homem é chamado à salvação final onde reencontrará
a sua integridade original (homo restitutus). Por enquanto,
vive o seu estado de homem caído, com as suas fraquezas e
doenças. Hildegarda diz: "Ele caminha à sombra da morte,
no caminho do erro, banido do seu património, acompa­
nhado pela discórdia, conduzido ao exílio, numa condição
de escravo, sujeito a todos os perigos".
A salvação do homem realiza-se pela conversão e pe­
nitência. O "filho pródigo" volta então a casa e encontra a
comunhão com o mundo angélico. Nesta perspectiva
escatológica, os tratamentos das doenças do homem são
considerados processos de retorno à saúde (restitutio ad
integritatem). Cristo, a quem Hildegarda chama de Médico,
Medicus magnus, é o protótipo desta salvação. Todos os que
Deus chama para guiar, ensinar, tratar e curar, devem ter
este Médico por modelo e imitar as suas virtudes de discer­
nimento e misericórdia. Para Hildegarda, a ética do médico
não está no acto de curar, mas na compaixão que o leva a ir
ao encontro do outro. Devemos ter a noção desta dimen­
são espiritual antes de abordarmos os aspectos concretos da
medicina de Hildegarda.
UMA TERAPÊUTICA DA ORDEM
Já conseguimos eliminar muitas doenças infecciosas que
grassavam outrora mas, a verdade é que, a seguir, aparece­
ram as doenças da civilização: reumatismo, diabetes, H.T. A
enfartes, etc. Elas são o salário a pagar pelo desprezo pe­
las leis do universo e estão directamente relacionadas com
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 31
a poluição do meio ambiente, os erros de alimentação, as
toxicomanias, o stress e as neuroses. Todas estas desordens
fazem apelo a uma nova forma de actuar em medicina, que
não deve ser considerada apenas como uma técnica, mas a
"ciência de curar".
Hildegarda reúne, numa expressão chave, a noção uni­
versal de saúde, prosperidade e bondade a que os latinos
chamam integritas (integridade), os gregos holon (o todo), os
árabes shalom (a paz); a palavra utilizada por Hildegarda é vi­
riditas (o verdor). Esta designação é, segundo ela, o símbolo
da existência saudável, uma virtude fundamental e não uma
cor. É também a obra de Deus, a criação, o verdor divino.
Tudo aquilo que é são e belo na natureza, na carne e no
sangue do homem é "verde". A alma é descrita como "a
força verdejante do corpo". Maria, a Mãe do Verbo divino,
é chamada a "Virgem toda verdejante". Pela sua integrida­
de, ela é a digna Mãe do "Médico divino", Mater medicinae,
a Mãe da medicina.
Hildegarda chama ao amor "um sopro proveniente do
verdor que alimenta todos os verdores e vigores}}. Em opo­
sição, ela indica a culpa, como uma falta de verdor, ou seja,
o contrário da integridade, e que origina a perda da saúde,
a deformação, o afastamento da origem. A Bíblia exprime
este conceito com o termo pecado, mas num sentido lato
de separação. A tradução grega da palavra hebraica descre­
ve-a em quatro termos que são outros tantos aspectos: ase­
bia (a impiedade): afastamento do ponto de partida; harma­
tia (a culpa): afastamento do alvo; adikia (a injustiça): afas­
tamento da rectidão; anomia (a desordem): afastamento da
ordem. Estas quatro espécies de afastamentos correspon-
32 HELMUT POSCH
dem às nossas principais doenças mentais: esquizofrenia,
depressão, fobia e histeria. Hildegarda vê na falta de "ver­
dor" uma espécie de crise de independência aliada a uma
auto-suficiência corporal e espiritual.
Poderíamos dar como exemplo um tumor que se desen­
volve em detrimento e completa desconexão do organismo.
A ordem do órgão atingido é completamente perturbada e
não poderá ser restabelecida senão por um retorno radical
à ordem original. Segundo Hildegarda, há esta analogia em
relação à doença.
A doença é uma ruptura com o estado de vigor original,
a simplicidade e ordem primeiras do ser. Não existe por
ela própria. É um desvio, um erro, uma deformação, uma
desintegração, uma desgraça, uma culpa, um pecado. Logo,
não há processos de doença, mas unicamente uma cessação
do ser, um desprezo, uma insuficiência. Face a esta fraque­
za essencial, a saúde tem um processo positivo, uma rege­
neração permanente, de acordo com a ordem que rege o
umverso.
Ao colocar-se a questão do sentido da doença, Hildegar­
da indica os elementos que fazem voltar à saúde. Depois de
chamar a atenção para o dever da caridade que considera
Cristo presente nos doentes e nos fracos, de acordo com
a Regra de S. Bento, ela descreve as condições da saúde
relacionadas com os elementos: a luz e o ar; a comida e a
bebida; o trabalho e o descanso; o sono e as vigr1ias; as se­
creções e as eliminações; as paixões.
Por aqui se vê que, esta terapêutica da ordem penetra
até ao máximo todos os domínios da vida. É, antes de mais,
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 33
uma medicina de prevenção contra todos os danos e into­
xicações possíveis.
UMA TERAPÊUTICA DO CORPO E DA ALMA
A medicina de Hildegarda é dirigida ao homem inteiro:
corpo, alma e espírito, com alegrias e tristezas, com os seus
medos, as suas dúvidas, e tudo o que o envolve.
No decurso dos séculos, no seguimento de Platão, a
teologia descamou o homem, considerando o corpo a pri­
são da alma, um instrumento de queda do qual é necessária
a libertação a todo o custo. Em reacção, o movimento secu­
larista (positivista) restituiu ao homem a sua corporalidade,
exaltando-a mesmo em detrimento da dimensão espiritual.
Para os evolucionistas, o homem não é mais do que um
animal superior, certamente limite da evolução.
A medicina, hoje mais especializada mas fragmentária,
disseca e analisa o funcionamento de cada órgão e, no ser
humano, a sua faculdade mental (psicanálise). Hildegarda
nunca dissocia a alma do corpo. Para ela, a corporalidade é
uma imagem do esplendor de Deus, o ápice da sua obra. O
ser humano, corpo e alma, é o coração da criação, o centro
do cosmo. Sempre que a ordem cósmica é perturbada, pro­
duz-se uma divisão dos seus elementos fundamentais, oca­
sionando todas as espécies de misérias e doenças. Devemos
procurar a resposta para este dilema no conjunto das obras
de Hildegarda, não só nos aspectos teológicos e antropológi­
cos, mas também nos médicos. Segundo Hildegarda, o todo
não se divide. Cada parte está no "todo", como o "todo" em
cada parte.
34 HELMUT POSCH
As prescrições médicas de Hildegarda, (das quais co­
nhecemos cerca de duas mil), devem ser tomadas na sua
unidade, sem dissociação. Seria completamente disparata­
do perguntar por exemplo: "O que actua no Vinho de Ros­
maninho? As flores do Rosmaninho ou o Vinho?" Nem
um nem outro separadamente, o que acontece é que, a sín­
tese das duas forma uma unidade nova que tem o poder de
eliminar as toxinas do fígado através dos pulmões.
ENFIM UMA PSICOTERAPIA VITAL
O terceiro elemento da medicina de Hildegarda intro­
duz-nos numa forma muito profunda de curar e de recu­
perar a saúde.
"O homem tornou-se estranho e rebelde, biologicamente defi­
ciente. Pecou contra a terra, poluiu a atmosfera e perturbou a luz
através duma pestilência abjeCta", diz Hildegarda. Este lamento
encontra sentido mais do que nunca na nossa época em
que o homem está doente, as florestas estão a ser desba­
ratadas, estão a desaparecer milhares de plantas e animais
devido à poluição do ambiente.
Num sentido mais profundo, o homem sofre dum de­
sencanto pela vida, duma fome espiritual que o desintegra
e consome. É por isso que Hildegarda coloca no centro de
toda a acção médica a alma humana, com as suas forças de
auto-cura. Dum tratamento dirigido unicamente às mani­
festações somáticas da doença, não pode resultar uma cura
profunda. Sem se despertar e estimular as forças da alma a
que Hildegarda chama virtutes, (as virtudes), a força cura­
tiva não pode agir nem desenvolver-se. Hildegarda enu-
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 35
mera trinta e cinco virtudes, trinta e cinco forças da: alma
que agem sobre o corpo a par do mesmo número de forças
contrárias, isto é, os vÍCios que destroem o impulso vital e
geram um estado de imperfeição.
As virtudes dadas por Deus são, em primeiro lugar, forças
criadoras que dão forma à matéria, organizam e estimulam
as funções vitais. Outras virtudes são orientadas para a re­
paração (penitência), outras ainda têm uma acção curativa e
sedativa (misericórdia).
Hildegarda considera as virtudes como as melhores e
mais eficazes defesas contra todas as fraquezas e doenças
físicas e psíquicas. O enfraquecimento das defesas é consi­
derado, pela medicina moderna, como uma das principais
causas das doenças actuais. Segundo Hildegarda, o melhor
remédio não é de ordem técnica nem médica; consiste na
compunção do coração, no arrependimento, na conversão.
Hildegarda fala disso quase como se se tratasse de uma me­
dicina. O homem inteiro põe-se a caminho, abre-se, reco­
meça e passa o cabo da sua miséria. Regressa do exílio à sua
própria casa.
A compunção do coração opõe-se à obstinação que fecha
o homem, o torna prisioneiro, esclerosado e o imobiliza.
Para Hildegarda, estas são as causas profundas das
doenças a que hoje chamamos de psicossomáticas e, pe­
las quais, a deficiência psíquica se abate sobre o corpo e
se fixa nos órgãos correspondentes. Por exemplo: a asma,
as doenças da pele, os problemas cardíacos, as neuroses,
etc. Para Hildegarda, a grande terapia é a misericórdia que
torna o homem compassivo perante o sofrimento e to­
das as misérias. Ao contrário, a dureza de coração, atrai
36 HELMUT POSCH A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 37

a esclerose que se pode encontrar em muitas doenças da delicadamente sobre a sua vida privada; confidenciou-me

nossa época. então que se tinha casado pela igreja e, posteriormente, di­
Em resumo, a medicina de Hildegarda só contribui para vorciado; acrescentou que, neste momento, vivia com uma

a saúde do homem se este, por um consentimento interior outra pessoa, continuando porém a ir à Missa ao Domingo

à ordem divina, utilizar os meios exteriores de cura, em e a comungar. Expliquei-lhe que, enquanto essa situação

simultâneo com expressões de harmonia com as forças da se mantivesse, deveria ir à Santa Missa mas não comungar,

natureza, os elementos, o "verdor". porque era um sacrilégio.

''Acaba de me telefonar a dar a feliz notícia de que se­
Padre A. Berckmüller guiu o meu conselho, optou por fazer apenas comunhão

(Doutorado em Medicina e Teologia) espiritual e que, finalmente está a reagir positivamente ao

tratamento. Bendito seja Deus".
Confio a Nossa Senhora de Fátima todos os que se abei­
rarem deste livro em busca de mais saúde.

A propósito desta dissertação do Padre Dr. Berckmüller

e, para terminar esta apresentação, vou relatar-vos uma ex­ Maria S.José Salomé Sousa
periência que tive e que confirma algumas das afirmações 13 de Outubro de 2013

anteriores:
Por volta do ano de 1995, fui convidada para um jan­
tar em casa do Sr. S., naturoterapeuta austríaco, famoso e
muito conceituado no que concerne a conhecimentos de
Santa Hildegarda. Estávamos à mesa, tocou o telefone, e
ele foi atender. Quando voltou, vinha radiante e confiden­
Ciou-nos:
NOTA EXPLICATIVA

"Esta senhora que telefonou, tinha-me procurado há

algum tempo porque contraiu uma doença grave, consi­ Peço desculpa aos leitores por ter feito uma opção não
derada incurável, do foro reumatológico. Durante a minha muito "literária":

carreirajá tratei inúmeros casos iguais que reagiram sempre

positivamente, com cura, por isso estranhei que a senhora Resolvi pôr em maiúsculas todos os nomes dos vários
me tivesse dito que não estava a sentir quaisquer melhoras. produtos que entram na composição dos remédios, para
Perante isso, há uns dias atrás atrevi-me a perguntar-lhe assim chamar rapidamente a atenção quando se procuram.
 PRÓLOGO DO AUTOR

Ultimamente, nota-se um crescente interesse pela aqui­

sição de conhecimentos sobre saúde, devido ao facto de as
instituições tradicionais de saúde e assistência social estarem
a ficar excessivamente caras. Podendo acontecer que, num
futuro próximo, o sistema de saúde deixe de ser financiado,
o melhor é encararmos desde já esta questão como um pro­
blema a resolver. A medicina, de modo imperceptível, está a
transformar-se num poder mundial, tal como acontece com
a economia e a política, perdendo cada vez mais a relação
com a realidade concreta do homem enfermo. O recurso
a uma medicação desmedida em qualquer circunstância da
vida leva, em última instância, a uma autodestruição. Por
isso, nesta situação crítica, procuramos um conceito alarga­
do, uma medicina ecológica, "medicina do ambiente", em
que se englobe o homem total no seu meio ambiente, no
seu mundo contemporâneo e no mundo das suas experiên­
cias. O antiquíssimo programa de medicina de Hipócrates,
que procurava enquadrar o homem como um todo no seu
meio ambiente, volta a surgir agora como tarefa para o fu­
turo. Com este pano de fundo, dirigimos a nossa atenção
para os livros já amarelados de Santa Hildegarda de Bingen,
através dos quais, na situação em que hoje nos encontramos,
nos é concedida a possibilidade de mudar alguma coisa no
nosso mundo actual. O tema que vamos desenvolver vai­
-se desenrolar entre uma forma saudável de viver e os no­
vos conhecimentos na área da medicina natural. Assim, por
40 HELMUT POSCH
um lado, revelar-se-ão os erros exagerados preconizados por
certas orientações alimentares e, por outro, os conhecimen­
tos considerados dogmáticos serão enriquecidos com novas
perspectivas. Esta grande mística, conhecida e reconhecida
no seu tempo em todo o Ocidente como a profetiza do Sacro
Império Romano-Germânico, entre as suas numerosas obras
deixou-nos dois volumes sobre medicina; ela afirma que, tal
como todas as outras, estas obras foram escritas por inspira­
ção divina. Segundo ela mesma expressou, recebeu de Deus a
seguinte tarefa concreta: "Escreve o que vês e ouves, anuncia
as maravilhas que experimentaste. Escreve-as e fala... "
Durante 800 anos, os seus apontamentos médicos fica­
ram completamente esquecidos. A verdade é que, naquela
altura, também não se poderia ter feito grande coisa com
eles. Coube a um médico que exercia em Constança, Dr.
Gottfried Hertzka, a tarefa de investigar e examinar dia a
dia, à luz da prática médica de hoje, os escritos redesco­
bertos por acaso. E pôde observar que os tratamentos indi­
cados nesses escritos eram eficazes. E ainda mais: neles se
revelava um sistema de medicina completamente novo e
perfeito. Depois de alguns anos de "praxis hildegardiana",
presenciou resultados tão espectaculares de curas, que não
pôde guardar só para si estes acontecimentos; escreveu en­
tão o livro So heilt Gott. O livro chamou a atenção para estes
métodos naturais num círculo mais alargado e também me
veio parar às mãos. Fiquei entusiasmadíssimo e fundei a
Bund der Freunde Hildegards (Associação dos Amigos de San­
ta Hildegarda) cujo objectivo é promover o modo de viver
e curar, segundo os escritos de Santa Hildegarda. Através
da edição de uma folha informativa St Hildegard Kurier (O
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 41
Mensageiro de Santa Hildegarda) os leitores tomam conhe­
cimento destas novas formas de curar e viver. Uma parte
dos artigos é da autoria do Dr. Hertzka, outra da minha
própria autoria, segundo a visão de "um paciente que se
emancipou".
Entretanto, por causa do número crescente de Amigos de
Hildegarda, as folhas informativas que vinham sendo edi­
tadas há muitos anos, esgotaram-se. Novos interessados na
medicina de Santa Hildegarda exprimiram repetidamente o
desejo de ver reimpressas aquelas folhas, ou de serem edi­
tadas em colectâneas. Foi assim que surgiu este volume que
contém o resumo das folhas informativas que vão desde o
nO 1 até ao nO 20. Os artigos foram minuciosamente revistos
e organizados. Os textos do Dr. Hertzka apresentam-se
"entre aspas" e em itálico, os textos de Santa Hildegar­
da em negrito itálico.
A VERDADE DA MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA
Tudo o que é verdadeiro permanece válido para sempre.
Entre as afirmações que permanecem válidas para sem­
pre, encontramos as da Bíblia: "O céu e a terra passarão
mas as minhas palavras não passarão". As palavras da Bí­
blia são portanto válidas e dignas de confiança. Também
os escritos de Santa Hildegarda compostos, segundo o seu
testemunho, por inspiração divina, possuem validade in­
trínseca.
Acontece porém que, a verdade não é considerada, em
todos os tempos e por todos, como tal. Cada época cons­
trói o seu próprio mosaico, que se compõe de influências,
42 HELMUT POSCH
conhecimentos e aspirações muito variadas. A noção que é
dada ao amor à verdade pode ser muito diferente de época
para época. Houve épocas em que as pessoas foram quei­
madas na fogueira por terem dito algo verdadeiro e correc­
to, mas que, nesse tempo, foi considerado inconveniente
por outros.
Como é que as coisas se passam nos dias de hoje? Te­
remos nós os ouvidos abertos à verdade? A medicina de
Hildegarda poderia tornar-se aqui uma pedra de toque. As
suas indicações são seguramente verdadeiras, mesmo que
nem tudo nos seja compreensível. Acreditamos que Santa
Hildegarda tem razão mesmo quando faz afirmações que
nós, neste momento, não podemos debater porque ainda
não atingimos esse nível de conhecimento. Em todo o caso
não devemos julgar os nossos horizontes actuais como ab­
solutos, considerando assim como falso tudo o que nos é
incompreensível.
O homem já várias vezes se arvorou em supremo juiz,
julgando sobre coisas acerca das quais pouco compreendia.
Temos agora a possibilidade de orientar bem e corrigir, pela
bússula da Hildegarda, os nossos métodos de cura nem
sempre completamente correctos.
Qual é então a diferença entre a medicina dela, que ul­
trapassa os tempos, e a medicina moderna? Observemos
uma das suas receitas típicas:
"Quem estiver demasiadofraco para comerpão, tome aveia
e cevada em partes iguais ejunte um pouco defuncho; coza em
água, passe por um pano e beba esta itifusão em vez de comer
pão. Continue assim até se sentir melhor" (H. v. B.).
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 43
o que é que se observa aqui? Se alguém está tão fraco
que é incapaz de comer pão, isso significa que está grave­
mente doente. Então nós, os familiares, deveríamos prepa­
rar-lhe um caldo de aveia e cevada e dar-lhe a beber até que
se viesse a sentir melhor. Acontece muitas vezes que estes
doentes não estão em casa sentados num sofá, mas lutam
pela vida nos cuidados intensivos dum hospital e, sejamos
sinceros: nem sequer ousaríamos fazer uma coisa destas.
Tratar em casa um doente que está muito mal e que já não
é capaz de comer nada!
Mesmo que fosse para ele a única salvação não o faría­
mos (?) porque, na verdade, optamos por colocar nas mãos
dos médicos a responsabilidade pela nossa saúde. Mas será
que não somos nós os primeiros responsáveis pela nossa
saúde? Santa Hildegarda diz: Sim! O problema diz-te res­
peito absolutamente a ti. Tu mesmo és responsável pela tua
saúde. Nas suas receitas normalmente escreve: "Faz tu, ou
toma isto ou aquilo e ficarás curado". Trata-nos por tu, fala
directamente ao doente. É claro que, por detrás disto, em­
bora na nossa atitude de recusa não queiramos reconhecer,
esconde-se a ideia de que cada doença tem como finalidade
tornar-nos melhores através da nossa busca de diagnóstico
e na tentativa de nos curarmos a nós próprios; pretende a
nossa transformação. Se eliminarmos toda a dor, mesmo
uma dor muito leve, por meio de comprimidos, nem se­
quer chegaremos a conhecer as fraquezas do nosso corpo.
Admitamos que isto não convém ao nosso sistema nem
à forma de estar dos nossos tempos mas, um dia, só Deus
sabe quando será, vai provar-se que este método é um guia
certo para atingir o fulcro da questão.
44 HELMUT POSCH
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 45

Não são apenas doenças leves que Hildegarda nos per­ NA BABILÓNIA DA ALIMENTACÃO
mite curar a nós próprios:

"Quem tiver icterícia, a doença real ou febre, cozinhe

agriões no vapor, coma-os muitas vezes bem quentes e ficará
curado" (H.v.B.).

Na verdade Hildegarda escreveu na mesma folha, sem

distinção, receitas para doenças graves e leves. Confia-nos
a confecção das próprias receitas. Será que as doenças que
consideramos graves, serão mesmo muito graves? Afinal a
Há uma questão em que todos os especialistas estão de
icterícia é uma doença grave ou não é? O leitor vai respon­
acordo: Uma alimentação incorrecta é a grande responsá­
der-me que depende do vírus (A ou B). Em qualquer dos vel por inúmeras patologias. Se não fosse assim, como se
casos, utilizando os tratamentos modernos, esta doença
explicaria a quantidade infinda de doentes que nos nossos
dura sempre algumas semanas. Mas, seguindo o método
dias apresentam problemas de metabolismo, de coração,
de Hildegarda, dura apenas uns dias, qualquer que seja o
além dos inúmeros atingidos de cancro? Qual será, pois,
vírus que a causou. Claro que, se durante o tratamento,
o modelo para uma alimentação correcta? Neste ponto,
uma pedra (cálculo biliar) obstruir as vias biliares, é pro­
os especialistas não chegam a um acordo. Enquanto uns
vável que os agriões não possam ajudar e, neste caso, será
defendem os alimentos crus, outros entendem que não se
necessário recorrer ao médico. Aliás, não pensem que Hil­
deve fazer esse regime por um período prolongado. O sal
degarda quer eliminar o médico, pelo contrário, ela tem ca­
é o grande inimigo do homem! Oh não! O pior é o açúcar
pacidade para preparar qualquer médico nas mais diversas
industrial. Uma especialista de Vin e Yang pretende resol­
especialidades. A questão é outra: devemos é considerar se,
ver o problema expressando a seguinte opinião: o sal que
mal tossimos ou espirramos, é realmente necessário ir logo
deve ser usado é o sal do mar, porque esse é "Yang", porém
a correr ao médico.
devem evitar-se os legumes e a fruta porque são "Vin". Pro­
testam então os defensores das vitaminas: a hortaliça fresca
contém vitaminas de grande valor e fibras; veja-se o caso
das cenouras: contêm vitamina A que é muito importante.
Mas os seguidores de uma nova filosofia replicam: tudo o
que cresce debaixo da terra torna o homem pesado. Recla-
46 HELMUT POSCH
mam então os defensores das batatas: as batatas devem ser
comidas com casca e até a água em que foram cozidas faz
bem.
Conclusão: O homem come tudo, é omnívoro. E, como
prova disso, exibe a sua dentadura postiça. Mas, eis que sur­
ge ainda uma outra opinião: não comam manteiga porque
provoca perturbações intestinais! Logo contraria a publici­
dade que apregoa: "a manteiga é um produto insubstituí­
vel!" Mas, afinal, quem é que tem razão?
Um outro especialista é de opinião que não é bom pas­
teurizar, homogeneizar, aromatizar, conservar, pois essas
práticas desvirtuam tudo. Existe ainda uma outra teoria
que adverte: não comam nada doce; mas logo de seguida
vem a lume o resultado duma experiência clínica observa­
da com recém-nascidos que conclui: os bebés recusavam
ou até vomitavam alimentos de todo o género de paladares
mas, quando lhes davam qualquer coisa doce, sorriam. Há
ainda outros que defendem que a solução é como o ovo
de Colombo: o mais importante é um pequeno-almoço
substancial; de imediato surgem outros pareceres: o que
está correcto é um pequeno-almoço como o de um pobre
mendigo e um jantar como o de um rei.
Será melhor ficarmo-nos por aqui senão ainda teremos
de abrir discussão sobre incompatibilidades, valor integral,
valor de saciedade, vinagre de maçã, ácido carbónico, mis­
tura de cereais, além de muito mais coisas.
O leitor bem informado conhece bem a quantidade de
ideias extremistas sobre alimentação que surgiram nas últi-
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 47
mas décadas. Ninguém sabe em quem pode acreditar nem
quem é que tem razão. Mas, vejamos o lado positivo disto.
Precisamente por causa das polémicas um tanto agitadas de
todas estas opiniões e teorias, muitos começaram a estudar
os hábitos alimentares. Mesmo que as várias teses não te­
nham conduzido à meta, pelo menos contribuíram para fa­
zer despertar as pessoas para a questão do papel primordial
da alimentação e isso, na verdade, é que foi positivo.
Durante algum tempo, só se pensava em vitaminas até
ao exagero, depois tentou-se um equilíbrio entre proteí­
nas, gorduras (lípidos) e hidratos de carbono e, a seguir,
valorizaram-se os minerais, fermentos, oligo-elementos e
enzimas. Actualmente, junta-se tudo e procura-se um de­
nominador comum, afirmando: "O valor da nossa alimen­
tação não depende só da quantidade e do equilíbrio entre
os nutrientes fundamentais como proteínas, gordura e hi­
dratos de carbono, mas também dos nutrientes vitais ou
seja, vitaminas, minerais, oligo-elementos, etc."
Neste ponto temos que admitir que se chegou a conclu­
sões muito positivas e úteis como, por exemplo, os conhe­
cimentos sobre as funções e os efeitos das vitaminas, enzi­
mas, gorduras, proteínas, etc. no organismo. Conhecemos
hoje muitos processos químicos do metabolismo. Há aná­
lises muitíssimo exactas acerca da composição dos nossos
alimentos. Julga-se saber o que é que favorece ou perturba
a digestão. Porém, o homem não é um animalzinho tipo
amiba, nem tão pouco uma fábrica química. Ingerir comida
não é a mesma coisa que encher o depósito do carro de ga­
solina. Apesar de todos os conhecimentos pormenorizados
48 HELMUT POSCH
obtidos a partir das análises, a verdade é que ninguém sabe
realmente o que é mais conveniente para o homem no que
respeita a comida ou bebida. Há slogans como este: " coma
muita fruta e hortaliça, produtos integrais de Trigo, Aveia,
Centeio, Cevada, Arroz, "Millet", Trigo-sarraceno, Milho
e Leguminosas; beba sumos de Fruta e Água mas evite o
Álcool e coma pouca Carne!" Esta teoria faz pensar numa
cura de engorda, com todos os seus efeitos. Não pode ser,
portanto, a última palavra de sabedoria acerca deste tema.
É Hildegarda de Bingen quem nos vai ensinar o que é
importante.
ENSINAMENTOS DE SANTA HILDEGARDA
SOBRE A ALIMENTAÇÃO
No actual sistema de alimentação comete-se exacta­
mente o mesmo erro que se comete ao julgar uma pes­
soa. O que conta não são as virtudes nem as qualida­
des mas os títulos, a posição social, a carreira, o salário
e os seus bens. Quem tem muitos bens é estimado mas,
quem não tem, é um Zé Ninguém. Hoje em dia, são es­
tes os critérios com que se julgam as pessoas. Fazemos
exactamente a mesma coisa com os frutos da terra. O
conceito de vitamina é comparável ao de dinheiro, ou
seja, é sempre considerada fundamental tal como o resto
da listajá enunciada: proteínas, hidratos de carbono, oli­
go-elementos, etc.
Ninguém dá importância às características específicas
de cada um destes nutrientes; no entanto, é precisamen­
te nesse ponto que Hildegarda baseia a sua distinção. Ela
vê as pequenas diferenças, a subtileza de cada criatura e
as suas características. Pela primeira vez aprendemos a
enorme diferença entre Maçãs e Pêssegos, sem que se
ponha a questão das vitaminas. Apesar de possuir muitas
vitaminas, um determinado fruto pode ser nocivo para
o homem. Nós metemos tudo no mesmo saco: fruta é
fruta, leguminosas são leguminosas: é este o grande erro
do nosso tempo. Nem toda a carne é igual: há diferenças
essenciais entre a carne de Porco e a carne de Carneiro.
Um Porco é um animal com características completa-
50 HELMUT POSCH A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 51

mente diferentes dum Carneiro ou de uma Ovelha. É da aurora. Por isso, cruas, nãofazem mal às pessoas que têm
aqui que começa o ensinamento de Hildegarda. O leitor saúde, porqueforam cozidas no orvalhoforte.
vai ficar muito admirado quando se aperceber de que há
frutos que são considerados bons para a saúde, única e
exclusivamente pelo facto de serem frutos mas que, na
verdade, são nocivos. Por outro lado, também lhe dare­
mos a conhecer alimentos que têm sido pouco conside­
rados até agora mas que, na realidade, são muitíssimo
saudáveis. Hildegarda surpreende-nos. Por momentos,
até parece que ela nos confunde pois, imaginem, permite *?;;---
a ingestão de alimentos que à primeira vista nos parecem
suspeitos, mas que até nos agradam. É o caso, por exem­ "No entanto, podem prejudicar os que tenham uma saúde
plo, da Cerveja e do Vinho que, segundo a sua opinião, frágil. Cozidas ou assadas,fazem bem a todos:fortes,fracos
são bebidas muito saudáveis. A verdade é que sempre e doentes. No Inverno, quando já envelhecidas e enrugadas,
nos incutiram a ideia de que é quase um pecado tocar em todos as podem comer cruas, quer sejam doentes ou tenham
Álcool. Isto acontece porque sempre nos acostumámos saúde" (H.v.B.).
a meter tudo no mesmo saco, sem conseguir discernir
entre o que é conveniente ou menos conveniente. De Há um provérbio antigo que diz: "Quem comer uma
facto, há uma grande diferença entre o Rum e o Vinho. Maçã por dia não precisa de médico". O grande São Bento
Porém, só nos vamos apercebendo como estávamos mío­ mandou colocar na mesa, diariamente, uma Maçã para cada
pes, à medida que vamos tomando conhecimento dos um dos seus monges.
ensinamentos de Santa Hildegarda. Mas deixemo-nos
surpreender ainda mais!

MAçÃS

"Ofruto da Macieira é delicado e defácil digestão. Comi­

do cru, não prejudica as pessoas saudáveis, porque as Maçãs
crescem e recebem o fresco do orvalho da noite, no tempo que
vai desde o nosso primeiro sono até um pouco antes do romper
52 HELMUT POSCH A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 53

Quer dizer que, deveríamos dar um lugar de destaque às ingerida crua, exageradamente, pode causar dores de cabeça

Maçãs na nossa alimentação. Quando é que assámos Maçãs e uma certa pressão no peito; isto porque o seu suco fixa algo

pela última vez? Talvez no Natal, porque o seu cheiro agra­ no peito, como se fosse atraído, enquanto se torna espesso e

dável cria uma atmosfera simpática e até nostálgica, que duro nofígado e nos pulmões, tal como o acetato de chumbo e

nos lembra os tempos de infància. Com que frequência é o tártaro. Pode, portanto, causar grandes problemas no fíga­

que comemos compota de Maçã, puré de Maçãs ou "apfels­ do e nos pulmões. Do mesmo modo que acontece uma pessoa

trüde!" caseiro (n.d.t. doce típico alemão) como sobremesa? ficar embriagada com o cheiro intenso dos vapores do Vinho,

Quem se recorda ainda dos doces feitos com Maçã? Os também o aroma do sumo das Pêras se mistura com o háli­

europeus já não apreciam este medicamento tão digestivo e to tornando-se espesso, causando rouquidão; então acontece

preferem as pastilhas, as Batatas fritas, os Amendoins salga­ que, depois de se ingerirem Pêras cruas, se respira com difi­

dos e outras gulodices "praliné". A única coisa que ainda se culdade, provocando debilidade no aparelho respiratório. O

mantém nalguns países é o sumo de Maçã natural. orvalho da manhã coze osfrutos mas, como a Pêra é pesada,
ao amanhecer, o orvalho vai começando a perder a suaforça e

PÊRAS apenas "desperta" as Pêras. Por causa disso, elas introduzem

naqueles que as comem sucos nocivos, que não foram "cozi­

.
',,'
dos" pelo orvalho, porque estes nascem depois do orvalho ter
I' ;' perdido a sua força. Assim, quem gosta de Pêras coza-as em
Y/'i" água ou asse-as. Em todo o caso, é preferível comê-las cozidas
\\ do que assadas porque, durante a cozedura, a Água a pouco
I, '
"--/'
e pouco vai-lhes retirando o suco; ao assar, porém, o efeito do
fogo é demasiado rápido, não retirando toda a sua influência.
( Pêra cozida pode por vezes dar a sensação de ser pesada

( Pereira é mais fria do que quente; comparando-a com a quem a come, porque faz uma espécie de lavagem ao apa­

a Macieira, é mais pesada e sólida;fazendo um paralelo com relho digestivo isto é, vai às substâncias "podres", redu-las,

o corpo humano, há uma relação semelhante entre ofígado e desfá-las e expele-as, operando como laxativo" (H.v.B.).

o pulmão. Tal como o fígado, a Pereira é muito forte e útil

mas, também por isso mesmo, pode causar mais danos. 1ànto Podemos então cozer a fruta! E as vitaminas não se per­

as raízes como asfolhas e a seiva são grossas, por isso não têm dem todas? Não tenham medo de a cozer, assar, fazer com­

utilidade como medicamento; quando muito, as viscosidades pota ou secar. Se fosse assim tão prejudicial, os nossos avós

quepor vezes nelas crescem. A Pêra épesada e grosseira; sendo não teriam chegado a idades tão avançadas.
54 HELMUT POSCH
Como acabámos de aprender com Santa Hildegarda, as
Pêras comidas cruas provocam uma sensação de pressão no
peito e dores de cabeça; no entanto, cozidas, purificam a
"flora intestinal" e fazem expelir tudo aquilo que prejudica.
Na verdade, quem quer pertencer ao número dos amigos
de Santa Hildegarda vai ter que mudar as suas ideias pre­
concebidas.
Quem comer com frequência Pêras cruas vai-se aper­
ceber de que, ao ingerir o seu suco, este acaba por lhe pre­
judicar o fígado e os pulmões. Já alguma vez tinha ouvido
dizer que isso lhe pode vir a causar grandes sofrimentos?
Qual é o médico que costuma aconselhar a não comer Pêras
cruas aos pacientes que sofrem do fígado ou dos pulmões?
E alguém sabe informar os doentes de que, as Maçãs mais
velhas e enrugadas são mais saudáveis do que as frescas? A
Maçã cresce com o orvalho durante a noite. A Pêra cresce
ao romper do dia quando o orvalho se começa a dissipar, e
é por isso que introduz humores perniciosos naqueles que
a comem. Ao romper do dia, o orvalho já somente pode
"despertar" as Pêras; mas não as pode cozer porque o sol, à
medida que vai nascendo, vai libertando o orvalho.
Quem é que atinge este conhecimento por si mesmo?
Estas explicações não nos dão uma visão completamente
nova? E, por outro lado, ao termos conhecimento destas
realidades, como é o caso da extraordinária influência no
que se refere ao orvalho, não deveríamos ter mais reservas
em relação aos produtos químicos que hoje em dia os agri­
cultores põem na fruta?
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 55
AMEIXAS
({Comer o fruto da Ameixeira é perigoso e pode ser pre­
judicial, tanto para os doentes, como para os que têm saúde,
porque produz no homem bais, aumenta os maus humores
e provoca contaminação geral; deve ser considerado tão noci­
vo como o joio; portanto, quem quiser comer Ameixas, coma
poucas. Em quantidade reduzida, as pessoas saudáveis podem
suportá-las mas, as doentes, pelo contrário, acabam por sofrer
as consequências" (H.v.E.)
Esta indicação abrange todas as espécies, pois Hildegar­
da acrescenta:
llTodas as espécies de Ameixeira, quer sejam mirabelle,
rainha-cláudia, abrunhos ou outras, têm essas forças preju­
diciais na casca, nasfolhas e, em parte, também nosfrutos. A
única diferença é que, quanto maiores são osfrutos produzi­
d.()s, mais nociva é a árvore que os produz" (H.v.B.).
Quer dizer que Santa Hildegarda nos faz perder o ape­
tite por mais uma fruta aparentemente boa? Temos de
56 HELMUT POSCH
admitir que não é nada fácil acreditar em tudo o que ela
nos apresenta. Mas, se à partida s6 aceitamos o que já an­
tecipadamente conhecemos, acabamos por fazer barreira
à possibilidade de nos serem abertos novos horizontes.
A sabedoria de Santa Hildegarda não se baseia nos co­
nhecimentos da sua época. Como já vimos, também não
resulta das suas experiências pessoais. Recebeu todo o seu
saber do Omnisciente e, na verdade, é este facto que de­
vemos ter em conta.
Não deveríamos ficar felizes e gratos, por nos ser dada
a possibilidade de ter acesso ao conhecimento da verdade
contida na natureza? Apesar de sermos criaturas dotadas
de inteligência, não chegaríamos a estes conhecimentos
se Hildegarda não no-los tivesse ensinado, mesmo sendo
admiradores e amantes da natureza.
Quem procura um livro sobre ervas medicinais, en­
contra este tipo de indicações genéricas: "As Ameixas são
um 6ptimo alimento dietético para as pessoas com pro­
blemas de rins, gota, reumatismo, fígado; podem ser co­
midas cruas ou cozidas, pois são uma alternativa agradável
à mon6tona comida indicada para estes doentes". Certa­
mente que este conselho é dado com boa intenção mas,
com boas intenções, fazem-se muitas asneiras. As Amei­
xas não fazem bem a quem tem saúde e, claro está, muito
menos a quem está doente. Até agora s6 Santa Hildegarda
nos ensina isto. Nos nossos dias, qual é a pessoa que nos
sabe informar que espécie de fruta é ou não saudável para
o homem? As doutrinas que defendem que todas as frutas
e legumes são saudáveis, tal como a histeria das vitaminas,
não passam de proclamar meias verdades. Fora, portanto,
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 57
com as Ameixas, apesar da sua fama de favorecer a eva­
cuação quando comidas depois de terem estado uma noi­
te de molho. O seu efeito laxativo pode ser comparado ao
da fruta verde. Esta também causa diarreia e alguém acha
que isso é saudável?
Mas, em todo o caso, resta-nos uma consolação: a Amei­
xeira pode ser útil para a caspa e queda de cabelo.
REMÉDIO PARA FAZER CRESCER O CABELO
((Da casca e dasfolhas da Ameixeirafaz cinza e, com esta
cinza, prepara uma loção. Quem tiver caspa ou o couro ca­
beludo a escamar, lave a cabeça muitas vezes com esta loção;
a peleficará limpa e o cabelo crescerá eficará belo" (H.v.B.).
Você acredita nisto ou não? Quanto é que os fabricantes
de champôo não dariam para encontrar um remédio eficaz
contra a queda do cabelo?
Posso assegurar que alguns dos associados dos ''Amigos
de Santa Hildegarda" ficaram surpreendidos com o resul­
tado. A um deles, depois de experimentar esta barrela, co­
meçaram a crescer pequenos cabelos; até o barbeiro ficou
perplexo.
Outro, finalmente, viu-se livre da caspa. De facto dá tra­
balho preparar estas coisas. Tem que se cortar a casca dos
ramos, colher as folhas, deixá-las secar e, depois, queimar
tudo. Deita-se a cinza daí resultante em água quente, me­
xe-se e depois lava-se a cabeça muitas vezes com esta loção.
Um senhor de Niederdorf escreveu-me o seguinte:
60 HELMUT POSCH
cunstâncias e não só em relação à comida. Concluímos que
este fruto é tão valioso como o pão. Se Hildegarda o afirma,
podemos dar crédito. Por aqui poderemos começar a des­
cobrir por que critérios nos devemos orientar para julgar se
uma fruta é saudável para o homem ou não. Pode-se fazer
um estudo, examinando e comparando com exactidão as
características das Ameixas, dos Pêssegos e das Tâmaras e,
daí, tirar conclusões. Porque vitaminas todos eles têm; no
que se refere porém a outros atributos, é que se devem ve­
rificar diferenças; contudo, infelizmente, ainda há poucos
investigadores interessados em pesquisar os ensinamentos
de Hildegarda.
A OLIVEIRA
"É símbolo da compaixão. No entanto, o keite não tem
grande valor para a alimentação porque, depois de uma re­
feição muito azeitada, a pessoa sente-se enjoada. Além disso,
prejudica um pouco o sabor de outros alimentos. Contudo,
é muito útil para a confecção de muitos remédios" (H.v.B.).
Que coisa! Agora também já não sabemos com que é
que havemos de cozinhar! Desistimos do Azeite porque
enjoa e altera a qualidade de tudo o que é preparado com
ele. Então coloca-se a questão: com que é que devemos
cozinhar? Para que não entrem em desespero, adianto já:
com Manteiga. Há um slogan que diz: "a Manteiga é in­
substituível". Por acaso até é verdadeiro. Também é bom
utilizar a Manteiga clarificada (não se encontra com faci­
lidade em Portugal mas resulta do aquecimento da man-
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 61
teiga, à qual depois se retira a espuma, n.d.t.) e o óleo de
Girassol. Mas nada de Azeite.
O leitor pouco se importa ou, aos poucos, começa a
perceber a quantidade de veneno que está escondido nos
nossos cozinhados e que, subtilmente, está a destruir a
nossa saúde? As pessoas que possuem um estômago sen­
sível apercebem-se com mais facilidade dos alimentos
que não caem bem. É o caso dos pratos preparados com
azeite. As apreciadas batatinhas fritas pioram os estôma­
gos fracos. Mas estas indicações não se lêem nos livros de
culinária, nem nos livros de plantas medicinais; acontece
que, até mesmo os orientadores de dietética aprendem
muita coisa errada.
o CASTANHEmO
Quantas vezes nos cruzamos com um vendedor de Cas­
tanhas assadas! Mal ele sabe que vende saúde. Poder-se-ia
mesmo dizer que vende uma verdadeira "energia nuclear"!
"Tudo quanto o Castanheiro tem, inclusivamente o seufru­
to, é útil para toda e qualquerfraqueza no homem" (H.v.B.).
Está escrito textualmente: "toda e qualquer fraqueza".
Podemos dizer que é uma espécie de remédio universal. Se
Hildegarda faz um elogio tão rasgado a uma determinada ár­
vore, é para se ter em conta. Quem tiver umjardim, em vez
de Ameixeiras ou árvores exóticas, plante um Castanheiro
nobre. Verá então crescer algo de um valor incalculável. Ve­
jamos agora as várias formas de aproveitar as Castanhas.
62 HELMUT POSCH A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 63

CASTANHAS ASSADAS

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«Por essa razão, não sinto nenhum entusiasmo em comer muitos

((Quem sofre do baço, asse castanhas e coma-as quentes
muitas vezes e o seu baço aquecerá e, a pouco e pouco, ficará
completamente curado" (H.v.B.).
alimentos crus, contrariamente ao que acontece com muitos adeptos
do crudivorismo que esperam a minha concordância quando, com
um certo orgulho, me revelam a quantidade de ((crus" que ingerem
no intuito de conservar a saúde.» (Dr. Hertzka).

Ora aqui está um remédio para o baço. O baço é um

órgão a que se tem dado pouca importância, tanto no que
se refere à medicina moderna, como à literatura moderna.
Por isso, pedi ao Dr. Hertzka autorização para citar este
texto da sua autoria: «Ofacto de os nossos cientistas não saberem
dizer muito sobre o baço, prende-se em parte com ajãlta de conhe­
cimento acerca dos gases no sangue. CASTANHAS COZIDAS

«Segundo Hildegarda, os gases intestinais podem ser transpor­

tados pela circulação do sangue ao baço e jãzê-Io adoecer. Por sua
vez o baço doente afecta o coração e causa Angina de Peito (Dores
no coração) entre outras patologias cardíacas com origem no stress,
tão características dos tempos modernos. Temos que confessar que
Hildegarda afirma que a comida crua pode prejudicar o baço.
(uele que tem a sensação de ter o cérebro seco e vazio, e
lhe parece ter a cabeçafraca, coza as Castanhas sem casca em
Água, sem mais nada. Depois de as retirar da Água, coma­
-as em jejum ou depois de uma refeição. O cérebro restabele­
cer-se-á, os nervos serão fortalecidos e, assim, os incómodos
de cabeça desaparecerão" (H.v.B.).
64 HELMUT POSCI-I
É difícil dizer de que tipo de sofrimento se trata aqui;
no entanto, parece que não nos enganamos ao pensar que
se trata duma hipotensão essencial, ou seja, tensão arterial
baixa. Os que sofrem de tensão arterial baixa, muitas ve­
zes, quando se levantam da cadeira de repente ou depois
de estarem de pé durante um tempo prolongado, sentem
algumas queixas como, por exemplo, sensação de vazio na
cabeça, a vista a "fugir", tonturas, enjoo e dores de cabeça.
Essas pessoas têm um ar pálido, as mãos e os pés frios, di­
ficuldade em se concentrar e, até, tendência para desmaiar
com facilidade. Todos estes sintomas acompanham o sofri­
mento acima descrito. Por isso, será conveniente consumir
Castanhas cozidas com regularidade. Deste, como doutros
textos de Santa Hildegarda poderíamos ainda tirar muitas
outras conclusões; no entanto, estamos ainda só à entra­
da da porta de um novo sistema de medicina, do qual não
conseguimos ainda vislumbrar todo o conteúdo.
CASTANHAS CRUAS
"Quem sentir dor no coraíão, de tal modo que já não se
robustece mas, pelo contrário, fica triste, coma muitas vezes
Castanhas cruas porque elas infundir-lhe-ão algo comparável
a esmalte e o coraíão tornar-se-áforte e alegre" (H. v. B.).
Recapitulando: o baço doente transmite, segundo o sis­
tema de Billard, os seus venenos ao coração e ataca-o. Para
resolver este problema, Hildegarda recomenda as casta­
nhas assadas. Porém, quando o coração está enfraquecido
e dói, recomenda as Castanhas cruas porque infundem no
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 65
coração algo comparável a esmalte, que o tornará forte e
alegre. Não é verdade que estas afirmações nos espantam?
Completamente silenciadas na sabedoria genial, quem as
poderia pressupor? Quem é que antes poderia saber disto?
Comendo simplesmente Castanhas cruas desaparece rapi­
damente a dor de coração assim como a sua tristeza!
Afinal, muitas vezes, seria tão fácil ajudar em certas
circunstâncias e de forma tão simples. O remédio já está
pronto, dentro do seu invólucro, no Castanheiro. Real­
mente, para o modo de ver do mundo complicado em que
vivemos, parece demasiado simples.
MEL DE CASTANHAS
"Se o teufigado te doer, esmaga muitas vezes Castanhas e
coloca-as dentro de Mel; come esta misturafrequentemente e
o teufigadoficará curado" (H.v.B.).
Esta receita está indicada no livro do Dr. HertzIca, So
Heilt Got. Nesse livro, entre outras coisas, podemos ler:
«Hildegarda insiste na verdadeira cura das dores nofígado atra­
vés da utiliza{ão do Mel com Castanhas. Aliás, ela especifica sem­
pre com grande exactidão, se do tratamento indicado resulta uma
ajuda, alívio, alívio temporário ou, como esclarece no caso do Mel
com Castanhas, uma cura total. Se sentires dores do lado direito,
debaixo das costelas, tens de tratar o teu fígado! Podes ser o teu
próprio médico, mas só com a colabora{ão de um médico da tua
confuln{a, e tendo em conta os teus próprios achaques e sofrimentos.
Compra pois as melhores Castanhas, pulveriza-as ou manda-as
66 HELMUT POSCH
moer, e mistura este pó com Mel. Prepara esta mistura várias vezes
para que a tomes sempre fresca) come-a com perseverança e o teu
fígadoficará curado; é preciso ter em conta que só ofígado que real-
mente dói pode ser assim tratado por ti próprio.)) Assim explica o
livro do Dr. Hertzka.
Posso aqui responder a uma pergunta que muitas pes­
soas me dirigem por escrito? Muitos leitores ficam abor­
recidos porque não encontram indicadas as quantidades
exactas. Perguntam: qual a quantidade disto ou daquilo?
Quanto tempo se deve deixar ferver? Como se pode con­
cluir pelas receitas originais aqui citadas, é a própria Hilde­
garda que não as chega a indicar. Por quê? Simplesmente
porque conta com o nosso bom senso, com a nossa capaci­
dade para intuir e usar as quantidades certas.
Por exemplo, como é que você faria esse Mel com Cas­
tanhas? Iria pulverizar um quilo de Castanhas e misturá-las
com um quilo de Mel? Claro que não. Seria uma quanti­
dade exagerada para tomar em pouco tempo e, além disso,
ficaria excessivamente doce. Mas se pulverizarmos meia
dúzia de Castanhas e lhe juntarmos uma colher de sopa
de Mel, não haverá o perigo de que o preparado se estra­
gue antes de se comer, nem ficará demasiadamente doce.
Quem se ocupar durante algum tempo a experimentar re­
ceitas de Santa Hildegarda perderá rapidamente essa falta
de jeito. Não é caso para ter receios; procuremos desen­
volver em nós uma intuição sã para a arte da boa culinária.
Para que não pensem que os medicamentos de Hilde­
garda prometem muito mas a sua eficácia não se verifica,
damos aqui um testemunho concreto:
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 67
o Sr. V. W P. T. na sua carta, datada de 21.5.1982, es­
creve: "Durante muito tempo os valores do meu fígado
não estavam muito bem: A seguir ao tratamento de Mayr
já notei umas melhoras, o sangue ficou com mais oxigé­
nio (HOT terapia). No entanto, o resultado mais eficaz
e duradouro deu-se com o tratamento das Castanhas de
Hildegarda. Durante o tempo das Castanhas (3 ou 4 me­
ses), umas 4 ou 5 vezes por semana, preparei meia dúzia de
castanhas e misturei-as com um pouco de Mel".
PURÉ DE CASTANHAS
((Quem tiver dores de estômago, coza as Castanhas na
água em lume forte até poder fazer um puré. Misture um
pouco de farinha deifeita em água, junte um pouco de Al­
caçuz (Glycyrrhiza glabra), um pouco menos de raiz de
Polipódio (Polypodium vulgare) pulverizada, ferva de novo
esta mistura juntamente com as Castanhas e coma este puré.
Limpará o estômago efortalecê-Io-á." (H.v.B.)
ÚLCERAS DE ESTÔMAGO CURADAS
Foi com o puré de castanhas que, na verdade, tem um
sabor pouco agradável, que fiz a minha primeira experiên­
cia com a medicina de Santa Hildegarda, aplicando-a a
mIm mesmo.
Numa radiografia verifiquei que tinha duas "maravilho­
sas" úlceras, uma no estômago, outra no duodeno. Portan­
to, uma coisa pouco agradável! Será que o meu caro leitor
ficará desiludido? Será que tinha pensado que o autor deste
68 HELMUT POSCH
livro seria um destes "apóstolos da natureza" que nunca
precisava de ser curado por gozar duma saúde perfeita? A
verdade é que "devo" a minha aproximação à medicina de
Santa Hildegarda aos abusos que cometi contra a minha
saúde e aos sofrimentos que daí me advieram. Como diri­
gente duma empresa bastante grande, trabalhava quase dia
e noite com a "ajuda" de cinco chávenas de café e uns trinta
cigarros por dia. Durante alguns anos, parecia que as coisas
corriam bem assim, mas, aos poucos, ia-me apercebendo
de que a saúde não é uma coisa simplesmente natural, mas
um bem que é necessário adquirir e conservar. De facto,
durante algum tempo, fiz experiências com plantas me­
dicinais. Porém, no caso das úlceras, não deram qualquer
resultado. Ciclicamente, na Primavera e no Outono, as úl­
ceras "agudizavam" e faziam-me perceber que não gozava
de boa saúde. Entretanto, já tinha uma colecção de livros
sobre plantas medicinais mas, gradualmente, fui perdendo
a esperança e decidi desistir de tudo isso. Nessa altura, por
acaso, vi o título do livro 50 heilt Gott numa revista. '%nda
vou comprar mais este, mas, se também não tiver nada de
novo, deito-os todos fora" disse eu à minha mulher, que
também já não estava a achar graça a tantas despesas inú­
teis. É verdade que o livro não apresentava nenhuma recei­
ta específica para o meu problema mas parecia-me oferecer
uma medicina digna de confiança. Contactei com o Dr.
Hertzka e ele enviou-me a receita das castanhas. Mandei
vir as raízes pulverizadas do Alcaçuz e do Polipódio duma
ervanária e depois dei início à preparação do remédio: pus
a cozer em lume forte umas 5/6 Castanhas dentro de 1/4
de litro de água (numa panela tapada) até ficarem capazes
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 69
de se esmagar; entretanto, a minha mulher tinha coloca­
do numa taça uma colher de chá cheia de pó de Alcaçuz
e outra menos cheia de pó de Polipódio, misturando três
colheres de chá de farinha e um pouco de Água; juntei esta
papa às Castanhas fervidas e esmagadas e depois mexi, dei­
xei ferver de novo e o puré estava pronto. Comi e, embo­
ra não tenha gostado nada do sabor, fui-me acostumando;
passados três dias, não sentia mais dores. Mesmo assim,
continuei a tomar durante mais uma semana e, na verdade,
recuperei a saúde. Quase poderia dizer que, a partir daí,
o meu estômago era capaz de digerir pregos! Recomendei
esta receita a todos os que tinham as mesmas queixas. Al­
guns preparam-na e também recuperam a saúde. A seguir a
esta experiência, lentamente, foi voltando a minha confian­
ça nas forças curativas da natureza e assim se compreende
que me tivesse começado a interessar de modo muito espe­
cial por Hildegarda. Posso afirmar que foi uma verdadeira
aventura. Conto isto porque já várias vezes me pergunta­
ram donde surgiu este meu interesse; mais do que isso,
este meu gosto em ajudar os outros.
No último cantinho da minha alma sempre suspeitara
que o bom Deus tinha colocado na natureza os remédios
70 HELMUT POSCH
para as nossas doenças. O que é preciso é procurar com pa­
ciência. Tal como milhares de outros, eu procurei e encon­
trei. Nunca tinha imaginado que me viesse parar às mãos
uma coisa destas. E, porque se diz: "a quem muito se dá,
muito lhe é exigido", sinto o dever de escrever sobre isto,
embora possa ser a pessoa menos competente: não sou mé­
dico, nem farmacêutico, nem mesmo escritor. Então o que
sou? Simplesmente um dos entusiastas de Santa Hildegarda.
SAUNA DE CASTANHAS
"Quem estiver "encadeado" pela gota e por isso irascível
- pois são duas coisas que andam juntas - ponha a ferver em
Água osfrutos com a casca e asfolhas do Castanheiro e uti­
lize-as como banho a vapor. Faça isso comfrequência, pois a
gota desaparecerá eficará de novo pacífico" (H.v.B.).
As expressões de Hildegarda são verdadeiramente cheias
de autoridade e claras. Ela diz: "encadeado, preso pela
gota". Isto quer dizer que não nos podemos mexer livre­
mente. Qualquer que seja a parte do corpo que fique como
que presa, por exemplo o braço que não se pode levan­
tar acima da cabeça, a nuca ou o ombro rijo (inteiriçado),
este banho de vapor feito com frequência é capaz de que­
brar essas "cadeias". Mas precisamos das Castanhas, assim
como da sua casca grossa e dos ouriços; o problema é que,
geralmente, não se conseguem comprar em conjunto. O
ideal é plantar Castanheiros em vez de plantas decorativas,
assim passamos a ter um remédio universal para conservar
ou recuperar a saúde. Portanto, ferva as folhas e os frutos
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 71
com as cascas em Água e deite a decocção como infusão
em cima de pedras quentes, de preferência barro cozido; a
sauna assim preparada é remédio para os que padecem de
gota (segundo o conceito de Santa Hildegarda) e de outras
limitações relacionadas com o reumatismo.
É interessante a afirmação audaz de que a gota é, por as­
sim dizer, irmã da cólera. Desta afirmação pode-se concluir
que, pelo menos, certos tipos de gota nascem da cólera e do
mau humor. Por outro lado, em geral, as pessoas pacíficas
serão menos propensas a sofrer de gota. Não é verdade que
isto nos aproxima da tese de que muitas doenças surgem
como consequência do modo como nos relacionamos, das
condições de vida desarmoniosas, e do facto de não termos
em conta que a alma tem o papel principal?
A BENGALA DE CASTANHEIRO
"Quemfizer uma bengala de madeira de Castanheiro e a
usar na mão, de modo a que a aqueça, experimentará que este
calor lhefortalece as veias e asforçasfísicas em geral. Cheira
muitas vezes o perfume desta madeira porque isso dará saúde
ao teu cérebro" (H.v.B.).
É curioso que, com a Figueira, passa-se o contrário:
"Se alguémfizer uma bengala da madeira da Figueira, as
suasforças diminuirão, poderá até desmaiar" (H.v.B.).
Até o fumo desta madeira é prejudicial. Isto será charla­
tanice ou tratar-se-á de leis da natureza ainda desconheci­
das? Será que as pessoas que praticam esqui usam varas de
 •
72 HELMUT POSCH
madeira de Castanheiro? Não, se calhar o punho é feito de
plástico! A verdade é que nem todos os materiais utilizáveis
são iguais. O que é que nós sabemos acerca disto? É possível
que aquelas pessoas que recomendam - um pouco como
precursores - o uso de materiais de construção saudáveis,
tenhamjá algumas noções. Não gostaria de ter no seu carro
um volante de madeira de Castanheiro, sabendo que isso
fortalece as veias e as forças físicas?
CASTANHAS EM VETERINÁRIA
"Se um cavalo, uma vaca, um burro ou qualquer outro ani­
mal, tiver dores por causa de ter comido ou bebido excessiva­
mente, misturefolhas de Castanheiro na comida dele; mas, se
o animal não quiser comer, pulverize asfolhas e deite este pó
na Água. Ao beber esta Água, oanimalficará bem" (H.v.B.).
Conclusão: uma árvore, com tantas qualidades e com
tantas aplicações como o Castanheiro, merece ser plantada
em muitos lugares. Para medrar basta-lhe um pequeno es­
paço ao sol e uma protecção contra o vento demasiado frio.
A AMENDOEIRA
"Nem a casca, nem as folhas, nem a seiva desta árvore
servem para remédio porque toda a sua força está no fruto!
Quem tiver os pulmõesfracos ou ofígadofrágil, coma muitas
vezes Amêndoas cruas ou cozidas; elas tornam os pulmões
fortes porque não os sobrecarregam nem os secam; pelo con-
trário, tornam o homemforte" (H.v.B.).
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 73
Que surpresa! Podemos comer as doces Amêndoas
sem problemas. Fortalecem os pulmões e todo o homem.
Hildegarda "permite" que nos tornemos fortes, apesar da
nossa predisposição para a fraqueza. Para isso faz-nos saber
que, conforme a natureza de cada um, assim estamos mais
ou menos expostos a fraquezas e sofrimentos.
Mas, usando a sua linguagem, podemos dizer que as
Amêndoas doces impedem que nos tornemos fracos e frá­
geis. Sendo assim, quem sofre do fígado ou dos pulmões,
ponha as Amêndoas na sua "dieta".
AAVELEIRA
((Não serve para remédio. É símbolo da euforia. Os seus
frutos, as Avelãs, nãofazem bem nem mal às pessoas que têm
saúde, no entanto prejudicam as pessoas fracas porque lhes
causam pressão no peito" (H.v.B.).
Tem portanto um efeito contrário ao da Amêndoa. En­
quanto esta não causa qualquer sensação de pressão, a Avelã
já causa. O que é que Hildegarda quer dizer com pressão?
Toda a gente conhece esta expressão: "Sinto uma pressão
tão grande no peito". A pessoa sente-se abafada, apertada.
Se pusermos uma panela a ferver, nota-se que sai vapor e
calor. Há processos semelhantes no organismo humano,
especialmente no pulmão. Enquanto a Amêndoa impede
este processo, a Avelã vai precisamente desencadeá-lo.
Já que as Avelãs não nos fazem bem, deixemo-las então
para os esquilos.
 74 HELMUT POSCH
Falemos agora acerca do Corniso, da Nespereira da
Europa e do Marmeleiro e, para isso, vamos transcrever
a descrição que o Dr. Hertzka faz deles:
«Deus ama as coisas discretas.
«1bdos os amigos de Hildegarda sabem que Deus não precisa de
publicidade.
«O próprio Cristo expressamente a evitou: "Depois ordenou aos
Seus discípulos que a ninguém dissessem que Ele era o Cristo" (Mt
16,20): "não os deixava falar, porque sabiam que Ele era o Mes­
sias" (Lc 4, 41; Mt 1, 34). O Seu nascimento na gruta de Belém,
também nãofói umfacto que desse grandefama ao Rei dosJudeus.
Deus não faz propaganda ao que é Seu. A justiça garante que as
coisas boas se virão a revelarpor si mesmas. Proclamar a Boa Nova
quer dizer, dar boas notícias, é a única coisa que Cristo permite
fazer: "Ide dizer aJoão: os surdos ouvem, os cegos vêem, os leprosos
ficam curados"... Não será por esta razão que nos nossos tempos, em
que a publicidade vence o mundo, há muito pouco interesse pelas
coisas do Deus? Animem-se! Virão tempos diferentes! Nisso Hil­
degarda tem razão.
«O que tem menos aparência é o mais saudável.
«Não é ainda aqui altura para fazer riferência à Espelta mas,
para já, dar a conhecer as qualidades de três árvores simples, acerca
das quais não sefaz publicidade mas que merecem o mais alto lou­
vor: o Comiso, a Nespereira da Europa e o Marmeleiro.
«Se agorafor a época do ano apropriada para plantar o comiso,
nenhum amigo de Hildegarda deixe de lhe reservar um lugarzinho
no seujardim. Por quê? O Corniso, cujosfrutos amadurecem tarde
- aliás acontece o mesmo com as Nêsperas da Europa e os Marmelos
- parece nada ter a ver com a Cerejeira normal que, segundo a ciên-
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 75
cia botânica, pertence à mesma espécie: "Prunus". Se acreditamos
que Santa Hildegarda tem razão, concluímos que a classificação bo­
tânica tem pouco interesse para o conhecimento dasforças curativas.
Precisamos mesmo é de sabedoria; mas então, onde é que se pode
aprender quais são as virtudes do Comiso? Uzmos ver:
o CORNISO (CORNUS MAS)
"Ofruto do Corniso é bom para a saúde porque se pode
comer sem causar qualquer dano, pois, quer se trate de um
estômago ou de um intestino doente ou são, ficará limpo e
trabalhará melhor" (H. v. B.)
«É importante a afirmação de que este fruto não tem nenhum
ifeito nocivo mas que, pelo contrário, tem utilidade para o aparelho
digestivo de toda a gente. Não duvido que também inclua os diabé­
ticos que estejam verdadeiramente dispostos a sujeitar-se às normas
que Hildegarda lhes impõe no plano da alimentação.
«Mas, se Hildegarda não nos tivesse dito isto, como é que pode­
ríamos saber? Nunca li em parte alguma uma recomendação deste
género acerca do Corniso.
«Para além desta indicação, também aprendemos que é possível
preparar um banho ideal para reumáticos cozendo casca, ramos e
folhas desta árvore».
"Quem tiver gota (segundo o conceito de Santa Hil­
degarda) quer seja uma criança, um jovem ou um idoso,
tome muitas vezes banho com esta decocção efaça também
compressas com ela. Isto deve serfeito no verão, quando a
árvore ainda está verde".
76 HELMUT POSCH A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 77

«Tànto para crianças como para jovens este é o melhor ou pelo com estes temas, nem tão pouco a tradição popular ou os
menos um dos melhores remédios. peritos fizeram caso disso.
<<As pessoas idosas também podem benefuiar deste tratamento
embora não obtenham tão bons resultados como os mais novos. O
que não há dúvida é que todos se sentirão melhor.»

Quem conhece as diversas facetas do reumatismo saiba

que o Comiso é um remédio seguro para as crianças com
amigdalites frequentes, responsáveis por futuras complica­
ções do foro reumatismal.
Também aqui podemos incluir o efeito positivo sobre
os adenóides, que encontramos em muitas crianças e que,
segundo alguns, são de origem linfática.
Teremos uma maravilhosa solução para elas, combi­
nando estes dois tratamentos: o banho já atrás descrito, e o
consumo do fruto do Comiso.

No projecto de Deus, a Nêspera da Europa, de aspecto

A NESPEREIRA DA EUROPA (MESPILUS)
Também conhecida no Algarve como a Nespereira das
Cinco Orelhas (não confundir com a Nespereira]aponesa
que é a comum em Portugal).
Não encontramos esta árvore nos livros ou catálogos de
ervas e plantas medicinais.
A quantidade de forças curativas especificadas nas árvo­
pobre e simples, não ficou esquecida.
Pensa-se que a Nespereira da Europa de origem meri­
dional, (nespola italiana) foi introduzida na Alemanha pelos
Romanos.
A verdade é que os italianos simples, homens do povo,
gostam muito destas nêsperas. Uma vez mostrei algumas
a um emigrante italiano e ele, encantado, exclamou: "nes­
pili, nespili!". É de facto um fruto para os que têm alma de
cnança.

res que Hildegarda apresenta é uma característica própria As crianças (a quem ainda não estragaram o paladar)
nela e é uma prova bem evidente de que os seus conheci­ têm uma grande intuição para perceber o que é bom e
mentos não provêm da investigação, visto que não houve autêntico sem se deixarem fascinar por uma aparência
nenhum motivo que a levasse a ocupar-se intensivamente fantástica.
 78 HELMUT POSCH
A Nespereira da Europa tem um papel importantíssi­
mo, tanto para as crianças como para os jovens:
"Porque favorece o crescimento e purifica o sangue... "
(H. v. B.).
«Quantos pobres magricelas e com atrasos de crescimento pode­
riam ser ajudados comendo destefruto?
«o povo bem sabe que as ((manifestações de pele", eczema etc.
provêm do ((sangue impuro". Aliás, Hildegarda não se refere só às
crianças mas especifica que a Nespereira da Europa, pelas caracte­
rísticasjá mencionadas, é boa e útil para todos, tanto doentes como
pessoas saudáveis.
«Nós, os amigos de Hildegarda, queremos seguir o seu conselho
e plantar uma destas árvores no nossojardim. Não requer cuidados
especiais e dá anualmente uma abundância defrutos.
«Só na época daflorescência é que tem uma aparência bela,fora
dessa época parece uma árvore um pouco atarracada. Será por culpa
do jardineiro que a apara por cima e a deixa crescer para os lados,
para que seja maisfácil para as crianças apanhar os seusfrutos?
«Eu sei que muitos dos que as plantaram, foi um pouco para re­
cordar a sua infância. São para eles, como que uma das suas alegrias
dofim do Outono.
Ao chegar ofim do ano, as temperaturas descem e, eis que chega
também a época dos seusfrutos tão agradáveis bem frios, tal como
acontece com osfrutos da roseira brava.
«Em todo o caso, depois de colhidos, devem ser conservados num
lugar fresco; caso contrário, sorvam rapidamente e fuam azedos.
Antes de se comerem, retira-se-lhes a ((coroa" para chegar ao con­
teúdo macio dentro da pele.
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 79
Defacto, têm caroços muito grandes, mas a ((polpa" é saborosa.
Os pássaros também os apreciam e, por isso, são visitadores assíduos
destas árvores.
«Além defazer engordar os enfezados, quais são as outras van­
tagens da Nêspera da Europa?
«Acerca da árvore, Hildegarda escreve:
"Nem a casca nem asfolhas servem para remédio, por­
que toda aforça curativa está nofruto... "
«Nãofoi por via da experimentação que Hildegarda o soube mas
em virtude do dom de ((ver" para além das coisas. Neste contexto,
ensina-nos ainda que a raiz da Nespereira da Europa pulverizada:
"É capaz de curar afebre que provoca calafrios; deite-se
o pó em Vinho quente e beba-se antes e depois da refeição, à
noite e sempre que estafebre se torne mais aguda."
«Antigamente estes ataques defebre devem ter sido maisfrequen­
tes. Certamente entre eles contam-se os ataques defebre elevada que
provocam convulsões nas crianças, sobretudo no Inverno e na Pri­
mavera. Eu apenas menciono isto mas, para dizer a verdade, fal­
ta-nos ainda a análise exacta dos fenómenos que Hildegarda aqui
refere.
«Os escritos dela, que neste sentido se desviam da maneira de
pensar da medicina tradicional, quase nunca descrevem os sintomas,
mas sim os nomes pelos quais as pessoas os conheciam. A verdade é
que não temos muita informação acerca do conhecimento dos termos
usados pelas pessoas daquela época.
«Provavelmente Hildegarda escreveu para os médicos que, aliás,
durante oitocentos anos nãofizeram caso dos seus conselhos.
80 HELMUT POSCH
o MARMELEmo (CYDONIA OBLONGA)
«O Marmeleiro não se pode orgulhar de terfrutos muito atraen­
tes, por isso não lhes damos muito apreço. No entanto, nunca deixo
passar o Outono sem recomendar aos reumáticos uma cura de Mar­
melos. Mas não é verdade que a maioria das donas de casa, quan­
do vai comprarfruta, prefere as Ameixas, embora sejam um pouco
tóxicas,fuando os Marmelos muito mais tempo nas bancas, até que
alguém se decida a levá-los? E o que é que as leva a comprá-los?
1àlvez a ideia de fazer um pouco de marmelada ou geleia para,
mais tarde, pincelar as gulodices do Natal; certamente não temos
muita noção do bem que os Marmelos podemfazer à nossa saúde.
«Nos escritos de Hildegarda lemos o seguinte:
"O fruto maduro do Marmeleiro comido cru, não faz
mal a ninguém e, cozido ou assado, é muito útil tanto para
os doentes como para os que têm saúde. Se alguém que sofre
de reumatismo comerfrequentemente destefruto, quer seja
cozido ou assado, ele curar-lhe-á a doença e não lhe pre­
judicará os órgãos dos sentidos nem as articulações. Quem
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 81
sofrer de abundância de saliva coma muitas vezes Mar­
melos cozidos ou assados, porque eles secam internamente
o fluxo da saliva. Recomenda-se a quem tiver úlceras ou
feridas purulentas, cozer ou assar Marmelos e colocá-los,
juntamente com outros tratamentos, numa ligadura sobre
O local afectado e assimficará curado" (H.v.B.).
«Por outras palavras isto significa que os Marmelos podem aju­
dar a evitar muitas doenças reumatismais como as artrites e artroses;
prevenir a aterosclerose, evitando assim também as perturbações por
ela causadas a nível da vista, do ouvido e doutros órgãos dos senti­
dos.Já percebeu bem o alcance disto? Claro que não devemos deixar
que venha a ser tarde demais. .Assim que começamos a entrar na
idade em que se revelam os primeiros problemas, devemosfazer um
tratamento em cada Outono utilizando os Marmelos.
«O que foi dito atrás acerca da diminuição do fluxo de saliva
pode parecer uma coisa secundária. Porém, quem sofre desse proble­
ma,já pensa de modo diferente. Além disso, é um sinal da doença de
Parkinson (nos idosos) a qual, defacto, vem associada à aterosclero­
se. Portanto, em vez do Alho que é o que normalmente é indicado,
segundo Hildegarda poderíamos considerar os Marmelos como o
remédio número um na luta contra algumas das doenças desteforo.
«É possível que Hildegarda, quando se refere a úlceras eferidas
purulentas, tenha em mente também as que aparecem nas pernas
das pessoas que sofrem de insuficiência circulatória. Conclusão: não
desprezes o Marmelo, mas utiliza a suaforça.
«E quem sabe se Hildegarda, ao mencionar a palavra (ota",
neste caso, não se referia à verdadeira patologia que hoje signifua
para nós o excesso de ácido úrico no sangue? Avancem pois os in­
vestigadores experimentados! Seria bom serfeito um estudo afim de
 J

I
82 HELMUT POSCH

verificar se um regime de Marmelosfaz ou não diminuir no sangue

os valores destefamoso ácido úrico.
LEGUMES
Quando me ponho a pensar nas enonnes quantias que segastam
na compra dos medicamentos modernos, nem sempre inofensivos, NÃo BASTA TER EXCLUSIVAMENTE EM CONTA
para alcançar este resultado, acho que seria bom também tentarfazer A CULTURA BIOLÓGICA
uma experiência com a medicina de Santa Hildegarda. O leitor não
é da mesma opinião?»

Com este relato do Dr. Hertzka termino o capítulo de­

dicado às "árvores" esperando que, a partir de agora, o con­
ceito de "fruta" tenha para nós um sentido diferente.
No próximo capítulo veremos a nossa horta com os
"olhos" de Santa Hildegarda.

Na nossa actual escala de valores, ao falarmos de fru­

ta e legumes, as vitaminas têm um papel de destaque. É
uma teoria moderna à qual Hildegarda não dá o mesmo
valor. As vitaminas têm sem dúvida um papel vital. Mas
nem tudo depende delas, embora hoje em dia nos queiram
inculcar essa ide ia. Nem tão pouco a palavra "biológico" é
uma garantia para que os produtos sejam "saudáveis". Não
é pelo facto de se cultivarem Ameixeiras biologicamente,
que as Ameixas se tornam fruta saudável. Tal como fizemos
com a fruta, colocando os vários frutos no seu lugar segun­
do a escala de valores de Santa Hildegarda, vamos agora es­
tudar a horta de perto. Vamos encontrar segredos até agora
escondidos e venenos ainda não reconhecidos. Quem se
deixar instruir por Hildegarda, poderá depois organizar a
sua horta em conformidade com esses conhecimentos.

L
84 HELMUT POSCH A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 85

Mas nada de mal-entendidos: Não há dúvida de que é terra em volta da árvore até à raiz e encheu tudo com terra
preferível, e também Santa Hildegarda assim o preferiria se vegetal e húmus fresco. E qual foi o resultado? Sem que
vivesse neste tempo, uma cultura natural, livre de adubos tivesse usado um único grama de químicos, as doenças de­
venenosos e outros produtos químicos. sapareceram por si próprias. Da árvore brotaram novos re­

A introdução do adubo químico trouxe consigo um au­ bentos que deram uma folhagem resistente e muitos frutos
mento permanente de doenças tanto nos campos e estábu­ maravilhosos. Como vêem, é possível trabalhar de modo
los, como no homem. A intoxicação lenta da terra através diferente desde que as pessoas queiram. Comecemos, pois,
do adubo químico foi uma das maiores catástrofes para a nós a trabalhar na nossa horta.

agricultura e para a humanidade. Provavelmente serão as

gerações futuras que hão-de experimentar as consequên­ o FUNCHO (FOENICULUM VULGARE).
cias destes danos irreparáveis. Parece que os homens mo­
dernos e comodistas precisam de ver os resultados das gran­ "O Funcho, comido cru, não faz mal a ninguém; seja
des catástrofes devidas aos ataques contra o ambiente vital, qual for a forma que o homem o utilize para o comer, é
como é o caso do extermínio de florestas inteiras, para que capaz de o tornar alegre, de lhe dar uma boa cor, um odor
compreendam que já é muito tarde para intervir. agradável e uma boa digestão" (H.v.B.).
Se as plantas, os animais e os homens criam modos de
vida "artificiais", então serão susceptíveis de doenças e, por O que aqui se afirma acerca do Funcho em geral, vale
consequência, dependentes de insecticidas tóxicos, injec­ também para o Funcho verde e para o Funcho selvagem e,
ções e vacinas. Com isso, gera-se um círculo diabólico no naturalmente, também para as suas sementes.
qual estes meios prejudiciais não só são mantidos, como
até se tornam necessários para uma conservação "artificial"
da vida. A química está introduzida em toda a parte, quer
seja no campo, no estábulo ou no ser humano e tem uma
função semelhante à do "cheque mate" no jogo do xadrez.
Podemos dar um exemplo sugestivo que ilustra a pos­
sibilidade de fugir a este círculo: conhecemos um jovem
camponês que tomou conta de uma quinta completamen­
te estragada: começou por cuidar de uma Macieira que ti­ Hildegarda reúne numa só frase as características pró­
nha piolho, estava atacada de vários fungos e dava poucos prias de uma pessoa que goza de muito boa saúde: radiante
frutos. O que fez então o "lavrador biológico"? Cavou a de alegria, de odor agradável e com bom aspecto, um pou-
 86 HELMUT POSCH
co como as "ninfas morenas" da capa dum catálogo duma
agência de turismo. Isto é o sonho de muita gente. Mas de
facto, para muitos, este aspecto saudável conseguido numa
praia paradisíaca, está tão longe da realidade como a praia
com palmeiras que se vislumbra no cartaz publicitário.
No dia a dia, um tanto "cinzento", vêem-se mais pes­
soas com uma cara sombria e pálida do que com rosto ale­
gre e de cor saudável. O perfume forte e a água-de-colónia
servem muitas vezes para esconder alguma realidade me­
nos agradável. E, mesmo as pessoas mais cuidadosas com
a higiene da boca, nem sempre conseguem manter bom
hálito, para além de umas escassas horas da parte da manhã.
O nosso "segredo" para obter a alegria, cor saudável,
hálito fresco, bom odor e boa digestão chama-se Funcho!
Valorizemo-lo como o ouro, porque vale tanto como ele.
"Quem comer todos os dias emjejum Funcho ou as suas
sementes, verá como a má secreção mucosa e osfocos de pus
diminuirão. O Funcho neutraliza o mau hálito e, pelo seu
calor, pelas suas forças nobres, torna os olhos brilhantes"
(H.v.B.).
Habituemo-nos a, depois de lavar os dentes (boche­
char com água fria), comer uma porção de grãos de Fun­
cho equivalente à quantidade que podemos segurar entre
três dedos. Quando criamos este hábito já não podemos
passar sem ele e veremos então as afirmações de Hilde­
garda confirmadas. É como se abríssemos mais uma janela
na parede: entra mais luz, tudo se torna mais claro, mais
agradável, mais bonito. O bom humor já não se faz sentir
L_
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 87
só ao Domingo, mas torna-se o nosso fiel companheiro.
Assim, se mastigando diligentemente os grãos de Funcho,
abrirmos mais janelas, evitaremos abrir tantas vezes a porta
para entrar o médico. O Funcho é um dos nossos melhores
"detergentes", tira até as nódoas mais profundas.
Não menosprezemos estas palavras de Hildegarda: "as
más secreções e osfocos de pus vão diminuindo".
O processo é comparável ao aparecimento de lama suja
nos charcos e nas poças que ficam depois de uma inun­
dação. No corpo, as substâncias que escapam à excreção
normal da digestão, comportam-se como a lama que fica
nas poças e que já não volta a fazer parte da corrente do
rio. Na verdade, estes germes não atacam directamente a
saúde mas, como também não estão mortos, trabalham e
multiplicam-se. É o que se observa nas poças de água: ve­
rificamos que, a pouco e pouco, a vida se desenvolve ne­
las. Sob determinadas condições, estes germes tornar-se-ão
virulentos, dando então origem a doenças muito graves
como, por exemplo, o cancro; ou podem também causar
males menos graves como focos de pus, responsáveis. por
inflamações crónicas, tais como sinusites e outras patolo­
gias. O Funcho faz diminuir o muco pernicioso e os "focos
de pus". Não valerá a pena libertarmo-nos deles?
Perante o exposto até me atrevo a dizer que, quem mas­
tigar todos os dias em jejum algumas sementes de Funcho,
mais dificilmente será vítima de cancro. O leitor encontra­
rá esta relação no capítulo da "pré-cancerose".
Muitos "amigos de Santa Hildegarda" já começaram a
mastigar assiduamente as sementes de Funcho e testemu­
nham as suas experiências em cartas como esta: ''A minha
88 HELMUT POSCH
filha, seguindo o meu exemplo, começou também a mas­
tigar sementes de Funcho. Eu tenho de sair para o trabalho
às cinco da manhã, o que quer dizer que me levanto às
quatro. Primeiro, lavo a boca e os dentes com água fria.
Como é muito cedo, ainda não tenho apetite para tomar
pequeno-almoço mas mastigo umas sementes de Funcho.
Às oito a meia tenho uma pausa e tomo o pequeno almoço;
mas, entretanto, já fui mastigando mais umas. Durante o
dia, de vez em quando, meto mais umas poucas na boca.
"Às vezes sinto como isto verdadeiramente me ajuda a
ficar alegre. É difícil descrever como é, mas, de facto, sinto­
-me bem disposto e livre. Até acontece que este sentimento
de alegria me leva a rezar um Pai Nosso no meio do traba­
lho em gratidão para com Deus, pelo facto de me ter feito
conhecer a medicina de Santa Hidegarda. É uma maravi­
lha experimentar como umas simples sementes de Funcho
ocasionam esta alegria interior. Claro que os colegas não
notam necessariamente o que se está a passar porque, falar
com Deus no meio do trabalho, faz-se em silêncio".
Uma vez, aconselhei um motorista de transportes de
longo curso a mastigar sementes de Funcho várias vezes
durante as suas longas viagens. Ele experimentou e conti­
nua a fazê-lo. Mais tarde, quando nos encontrámos, con­
tou-me como estava satisfeito com essa descoberta. As
viagens, que antes lhe exigiam um grande esforço, são-lhe
agora mais agradáveis. Em vez de pastilhas, usa o Funcho.
Notei que tinha mesmo bom aspecto e perguntei-lhe se,
nas suas viagens, passava muitas vezes por países do me­
diterrâneo (praias). "Não", foi a resposta, "talvez deva este
meu bom aspecto ao Funcho"'.
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 89
o FUNCHO COMO LEGUME
o Funcho cru não faz mal, o que é uma vantagem para
os adeptos do regime vegetariano crudivorista. Mas tam­
bém nós, que não deixámos de comer carne, podemos pre­
parar de vez em quando uma salada de Funcho. E quem
tiver Funcho no jardim, faça com ele uma bela sopa em vez
da sopa de Alho Francês, pois este faz mal à saúde. Também
se faz do Funcho um molho semelhante ao do Endro.
Realmente, uma cozinheira com imaginação pode in­
ventar muitas receitas com o Funcho; quer seja preparado
numa boa sopa de legumes, quer seja utilizado com carne
picada, na medida certa, é sempre oportuno.
o RÁBANO (RAf>HANI)
..
. "':.-1'111.*. .;.
"Depois de o ter tirado da terra, é bom colocá-lo dois ou
três dias no chão, num local húmido, porque muitofresqui­
nho nãofaz bem. Comer Rábano limpa o cérebro e diminui
os sucos nocivos nos intestinos. Uma pessoa robusta e gor­
da pode comer Rábano, pois ficará interiormente curada e
limpa; porém, às pessoasfracas e magrinhas, o Rábanofaz
mal. Quem comer o Rábano vai experimentar a sua acção
 90 HELMUT POSCH
forte, uma vez que afugenta do seu corpo os maus sucos e
todas as impurezas" (H.v.R).
Isto aplica-se a qualquer espécie de Rábano. É uma co­
mida aconselhável para as pessoas corpulentas mas, para
quem é muito magro, o Rábano é forte demais. Contudo,
nestes casos, se gosta muito, deve secá-lo em cima de pe­
dras quentes, pulverizá-lo e, assim, pode comê-lo no pão
com um pouco de Sal e Funcho "... para também ficar in­
teriormente limpo e maisforte". Portanto: para os corpulen­
tos não é necessário secá-lo; no entanto, os magrinhos e os
doentes só o podem comer pulverizado, para que não lhes
faça mal. Vejam que Hildegarda é muito exacta: para ela,
corpulentos e magros são dois tipos totalmente diferentes.
Estes detalhes e muitos outros, são sempre tidos em conta
nas suas indicações. O leitor conhece porventura mais al­
guém que proceda assim? Eu não. Portanto, uma coisa que
faz mal às pessoas magras, pode ser útil para as corpulentas.
"Depois de comer o Rábano, é bom tomar um pouco de
Galanga (Alpina cifficinarum) porque esta diminuirá a má
transpiração e assimjá não prejudica a pessoa" (H.v.B.).
A FAVA (VICIA FABA)
( Fava é quente e saudável para as pessoas que têm
saúde e é melhor que as Ervilhas. Até osfracos não sofrerão
grande dano se comerem Favas porque lhes causará menos
problemas que as Ervilhas. Afarinha de Fava é boa e útil
tanto para os que têm saúde como para os doentes, porque é
leve e digerível" (H. v. R).
A MEDICINA DE S.'\NTA HILDEGARDA 91
Atenção: é diferente do que se passa com o Rábano. Os
consumidores preferenciais da Fava, não são os corpulentos
mas os que têm saúde e força. Para eles, a Fava é verdadeira­
mente saudável. Mas, uma vez que também não faz muito
mal aos fracos e doentes, a conclusão é esta: todos podem
comer Favas. No entanto, o melhor para todos, fortes e fra­
cos, é a Fava moída sem a casca, isto é, a farinha de Fava.
loW
A SOJA (GLYCINE MAX)
A Soja (Glycine max) também é feijão ou será porventura
alguma coisa melhor?
Tal como há diferentes espécies de Maçãs, de Couves,
etc., assim também há mais do que uma espécie de Feijão.
Hoje em dia considera-se a Soja (Feijão japonês), como sen­
do a melhor espécie de Feijão. Os peritos em alimentação e
as firmas influentes publicam à porfia artigos sobre a Soja,
que é igualmente recomendada em todas as lojas de produ­
tos dietéticos. E não a consideram apenas com interesse para
o homem, as rações também contêm Soja. Para Hildegar­
da, a Soja é um Feijão como qualquer outro, nada mais. Por
92 HELMUT POSCH
isso, eu gostava de aconselhar os agricultores que têm gado
a plantar Fava em vez de comprar a Soja, que é muito mais
cara, pois a Fava dá um rendimento de cerca de 20 toneladas
por hectare, o que constitui ração para muito gado.
E, se lhes sobrarem Favas, podem vendê-las para as lojas
de produtos alimentares, uma vez que já sabemos que tam­
bém é um bom alimento para o homem.
A ERVILHA (PISUM SATIVUM)
"Éfria, um pouco viscosa e abafa o pulmão. Uma pes­
soa de natureza quente pode comer Ervilhas sem proble­
mas, embora possa acontecer que se torne um pouco agita­
da. No entanto, para pessoas de naturezafria oufracas, as
Ervilhas não têm nenhuma utilidade, porque vão produzir
nelas mucosidades. As Ervilhas não têm energia para ven­
cer estados defraqueza" (H.v.B.).
"O Grão-de-Bico (Cicer arietinum) é uma excepção: é
quente e bom, leve e suave, e não causará sucos prejudiciais
a quem o consumir" (H.v.B.).
Perguntar-se-á: como é que se distingue se uma pes­
soa é "quente" ou "fria"? O método mais simples é o se­
guinte: quando uma pessoa se encoleriza fica com o rosto
vermelho ou pálido não é? Aqueles cujo rosto empalide­
ce são frios; aqueles que ficam com o rosto vermelho são
quentes. Talvez nunca tivéssemos pensado nesta diferen­
ça. Hildegarda faz distinção entre magro e gordo, quente
e frio, com saúde e doente, forte e fraco. Enumero mais
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 93
uma vez estas distinções para estarmos mais conscientes
delas. Mas estas são apenas as grandes distinções, isto é,
as que não entram em detalhes. Aliás, é curioso obser­
var que Hildegarda nunca fala em vitaminas. Isso dá para
perceber que elas não merecem estar sempre em primei­
ro plano. Para já, podemos concluir que, o facto de as
Ervilhas e os Feijões serem leguminosas, não quer dizer
que tenham as mesmas propriedades. Há leguminosas
e leguminosas. Entretanto o leitor já começa a acreditar
que não se podem generalizar as coisas, condenando ou
louvando uma categoria em geral (como é o caso das vi­
taminas), porque isso não corresponde à verdade.
Se enveredamos por esses conceitos, só demonstramos
um pouco a nossa ignorância, ou melhor, um conhecimen­
to muito limitado. Se não fosse através das revelações de
Santa Hildegarda, certamente não teríamos ainda alcança­
do conhecimentos tão decisivos, não lhe parece?
A CEBOLA
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'í.'
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' Cebola comida crua é tão nociva e venenosa como acon­
tece com o suco de muitas ervas daninhas. No entanto, co­
zida, é boa porque o calor lhe elimina o efeito nocivo. Con-
 94 HELMUT POSCH
tudo, não se deve dar Cebolas a quem sofra do estômago
porque, nesse caso especffico, tanto cruas como cozidas pro­
vocam dores pelofacto de serem muito húmidas" (H.v.B.).
Já pensou que esta afirmação é quase uma afronta para
os defensores do crudivorismo, muito embora seja um
bálsamo para os que têm um estômago fraco? Como se
sabe, a Cebola crua faz chorar todas as cozinheiras. Será
que este suco provoca assim um ardor de forma tão agres­
siva? Aqueles que têm estômago delicado poderão dizê-lo.
Possivelmente, as pessoas desconfiam de mim e até mes­
mo de Santa Hildegarda. Até parece que desconheço que
a Cebola crua contém as vitaminas A, Bl, B2, E, H, K, as
quais se perdem com a cozedura. É claro que podem conti­
nuar a comer Cebolas cruas, tal como se comem as Maçãs.
Cada um faça o que lhe parecer melhor. Os "amigos de
Hildegarda" gostam de aprender os seus ensinamentos. A
Cebola já foi examinada com grande exactidão e, a par das
vitaminas, foram encontrados glicosídeos, enxofre e mais
uma série de óleos etéreos particularmente agressivos.
Concluindo: Cebola cozida é mais saudável, porque a
cozedura a torna mais suave e agradável; mesmo assim,
deve ser consumida por quem tiver bom estômago. Para
os estômagos fracos, a Cebola não deve ser ingerida, nem
crua nem cozida.
Antes de conhecer os escritos de Santa Hildegarda acei­
tei como verdadeiros todos os livros sobre "ervas", quer se
tratasse de artigos, quer se tratasse das últimas novidades;
todos me entusiasmavam. Porém, à medida que ia fazen­
do as experiências indicadas, muita coisa não resultava, e o
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 95
meu entusiasmo ia arrefecendo. Fui-me apercebendo que,
muitas vezes, as receitas eram parecidas umas com as outras
nos diversos livros. Tive a sensação de que havia capítulos
inteiros sempre copiados de novo e, em muitas ocasiões,
chegava à conclusão de que tudo seria bom para tratar todo
e qualquer problema. Para fazer uma infusão não chegam 3
ou 4 ervas diferentes mas têm de ser 33,66 ou até 99. Este
tipo de opinião é o melhor caminho para levar ao descrédi­
to. Também contribui para descrédito, por exemplo, a opi­
nião de que o suco da Cebola crua robusteceria o coração
e ajudaria a combater a disenteria, o histerismo, a flatulên­
cia, o azedume do estômago, as lombrigas, a inflamação do
útero e, claro, também a tosse e a rouquidão. Noutro livro
alguém acrescenta:
"Se dissermos que o suco da Cebola purifica o sangue,
abre o apetite, estimula a micção, expele as lombrigas e é
antiespasmódico, ainda nãoesgotámos todas as suas forças
curativas" .
De início, tais afirmações impressionaram-me, pois não
sabia como eram falsas. Mas a verdade é que a Cebola crua,
não tem nenhum dos atributos atrás referidos. Enquanto
se espalharem disparates deste tipo, é natural que as pes­
soas escarneçam os seguidores da natureza. Não devemos
louvar cegamente a natureza, exaltando sem critério toda e
qualquer plantinha. Isto não só lança dúvidas sobre a medi­
cina natural, como ainda a torna injustificável. Os naturistas
arrogam-se da capacidade de obter a cura certa; é para eles
uma verdadeira arte. Muito bem, mas então será necessário
"arrumar" muita coisa. Temos de fazer uma limpeza à ga­
veta atafulhada de "medicina natural" e colocar nela apenas
96 HELMUT POSCH
as receitas credíveis. Será então mais fácil encontrar o que é
correcto e fundamentado.
Se a Igreja tem a coragem de acabar com certas formas
menos adaptadas, também nós não cometemos nenhum
"sacrilégio" ao estabelecer uma nova ordenação neste nosso
campo de interesse.
A Sra. Sonnhilde B., que também fez pesquisa, escre­
veu-nos nos seguintes termos:
"Fiz a mesma experiência que o senhor; procurei em di­
versos livros de plantas soluções para curar o cálculo biliar
e dores agudas no coração e ... encontrei um sem número
de receitas. Há uns oito anos que estou a fazer tentativas
utilizando muitos sumos, chás, extractos, etc. No início,
entusiasmei-me com a descoberta da possibilidade de tra­
tar tantas doenças com uma só planta. Porém, aos poucos,
fui descobrindo a ineficácia destas receitas."
Como são concisas as indicações que Santa Hildegarda
nos dá! Numa só frase diz-nos mais do que nós conse­
guimos apurar com todo o nosso saber, reproduzido em
tratados muito laboriosos e até, por vezes, enfadonhos. É
preferível conhecer a verdade acerca de poucas coisas do
que meias verdades acerca de tudo.
o ALHO
"O Alho é melhor que o Alho Francês para todos, tan­
to para os que têm saúde como para os doentes. Coma-se
o Alho cru, pois cozido torna-se insípido, um pouco seme­
lhante ao Vinho estragado. Deve-se comer com moderação
para não aquecer demasiado o sangue. Uma vez velho, o
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 97
Alho murcho perde o seu efeito original e salutar, embora re­
cupere a suaforça quando se utiliza juntamente com outros
alimentos" (H.v.B.).
Então como é? Devemos comer o Alho cru ou cozido?
Primeiro diz-se: cru porque, cozido, o seu efeito torna-se
semelhante ao vinho estragado. Mas logo a seguir aperce­
bemo-nos de que, se o Alho murcho for cozinhado com
outros alimentos, se torna novamente bom. Como vamos
entender isto? Depende: se o comermos cru, fresco, dentro
do prazo de 2 meses, é bom. Acontece porém que vai mur­
chando; então, ao cozê-lo com outros alimentos, podemos
despertar a sua força vital. É assim que devemos entender
o que foi dito. Devemos sempre averiguar que tempo tem.
Se já tem 3 meses ou mais, então deverá ser cozido, claro!
Se utilizarmos o Alho com moderação, podemos dá-lo
a comer a todos, também aos doentes. Muitas vezes fico
admirado quando constato o que os médicos dizem aos
doentes acerca da alimentação. Proíbem tanta coisa e, se­
gundo os ensinamentos de Santa Hildegarda, muitas vezes
erram proibindo não só o que lhes faz mal, mas até o que
lhes faz bem.
98 HELMUT POSCH
OCEBOLINHO
((Todas as espécies ocas dafamília do Alho Francês são
mais moderadas do que este, pouco nocivas, não provocan­
do portanto grandes ((tempestades"! O Cebolinho cru não
faz mal aos que têm saúde; os doentes comam-no cozido
para evitar que a sua humidade se junte à humidade do
corpo, uma vez que uma pessoa doente tem sempre em si
uma abundância de vários mucos" (H.v.B.).
Podemos portanto deitar Cebolinho cru na sopa; mas se
a sopa for para doentes, deixaremos que coza.
Desta família o menos saudável é o Alho Francês. Mui­
tos o apreciam e ouvem certamente com espanto esta nossa
mensagem.
Argumentam que esta ou aquela pessoa come muito Alho
Francês e, no entanto, está de boa saúde. Então será que San­
ta Hildegarda se enganou?
Santa Hildegarda explica o seguinte: de uma alimenta­
ção composta por diversos ingredientes, se mais de meta-
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 99
de desses ingredientes é boa, o organismo não sofrerá ne­
nhum dano, o que quer dizer que os alimentos bons são
capazes de superar os que são menos saudáveis.
Não é caso para pensarmos que, logo após termos in­
gerido uma comida pouco saudável se vai manifestar de
imediato uma doença. O que faz mal é a quantidade de
"pecados leves" e de composições falsas dos alimentos;
por isso, é importante conhecermos o lugar que ocupa
um determinado fruto ou alimento na hierarquia dos va­
lores. Enquanto não soubermos o que nos faz bem ou
mal, não poderemos levar uma vida sã. Uma vez avisa­
dos acerca disto, já depende de nós usarmos poucas vezes
os alimentos menos bons. E, por fim, depende também
muito da temperança. A quantidade que comemos de de­
terminado alimento, deveria corresponder à necessidade
que o nosso organismo tem dele.
Quanto ao legume mais nocivo, o Dr. Hertzka adverte­
-nos do seguinte:
o ALHO FRANCÊS (Ar.uUM PORRUM)
«Através do livro ((So heilt Gott", os '1imos de Hildegarda"
já perceberam que o Alho Francês deve ser expulso da cozinha. Há
pouco tempo, um especialista em arte culinária na Alemanha ficou
de tal modo aborrecido com isso que, a partir de então, começou a
defender com unhas e dentes na sua revista o seu legume favorito,
o Alho Francês. Contaram-me isto uns '1imos de Hildegarda"
que, um tanto angustiados, me perguntaram onde estava a verdade.
Aquele homem que, evidentemente, não tinha nenhum conheci­
mento de Santa Hildegarda - o que não lhe levamos a mal - de-
 A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 101
100 HELMUT POSCH

Francês, deixe-o repousar em Vinho ou Vinagre com Sal

fendia o seu ponto de vista. Mas, para evitar que as suas palavras
e durante o tempo suficiente para que a sua seiva prejudi­
possam causar certos "conflitos" tambémjunto de outras pessoas, eu
cial diminua até que desapareça, isto é, desde a manhã até
prefiro citar aqui o texto integral e original de todo o capítulo que
à hora do almoço ou desde a tarde até à noite. Purificado
Hildegarda dedica ao Alho Francês. Nele nos damos conta que Hil­
desta forma, a pessoa que for saudável pode comer Alho
degarda abre horizontes muito mais largos, mas ainda hoje bastante
Francês com algum proveito, mas, mesmo assim, é preferí­
desconhecidos, quando emitejuízos acerca da conotação de saudável
vel comê-lo cru do que cozido. (parece que o cozimento lhe
ou nocivo, recomendável ou pouco recomendável, referentes a qual­
confere uma substância particularmente nociva).
quer alimento.»
"Os doentes não comam Alho Francês, nem cru nem
cozido porque, nestas circunstâncias, o sanguejá não man­
tém o calor correcto e além disso os maus humores estão
remexidos e todos os humores se apresentam como que es­
pumosos. Se o doente comer Alho Francês, este ainda lhe
irá trazer maior inquietação. Se algum doente tiver uma
grande tentação de comer Alho Francês, então coma-o cru
como indicado atrás, mas não coma muito.
"O Alho Francês não pertence ao grupo das plantas
curativas, especialmente porque o seu crescimento éfavore­
cido pela instabilidade do tempo, isto é, em que o calor do
ar se mistura com a humidade e vice-versa" (H.v.B.).
"O Alho Francês tem em si um calor inútil que se de­
senvolve depressa, um pouco como um rebento sem con­
o Dr. Hertzka continua: «Como os meus migos de Hil­
sistência que surge numa árvore e acaba por perecer ra­
degarda" vêem, não se pode fazer um juízo sobre a medicina que
pidamente. Provoca no homem uma grande inquietação
ela indica, sem a conhecer bem. E não basta conhecê-la através das
libidinosa (inquietudinis in libidine).
publicações até agora divulgadas. Tem que se ser muito exacto e já
"Comer o Alho Francês cru é tão perverso e tão pre­
ter alguma experiência. Já vêem que o Alho Francês é um alimen­
judicial como comer uma planta venenosa, porque inverte
to extraordinariamente complexo. Haverá hoje em dia alguém que
completamente o sangue e os líquidos no corpo humano,
procure evitar certos alimentos, sabendo que estes poderão estimu­
isto quer dizer que provoca "uma agitação" tal que o san­
lar a sexualidade? O homem moderno até preferia que lhe fossem
gue humano não se renova correctamente e os maus sucos
recomendados! O ideal é encontrar uma solução para satisfazer a
(toxinas) não se purificam. Quem gostar muito de Alho
 102 HELMUT POSCH
tendência para uma alimentação agradável e que, ao mesmo tempo,
seja útil para combater doenças. Uma investigação séria para encon­
trar a verdade no que se refere à alimentação deveria - com muita
oportunidade no caso do Alho Francês - pôr em movimento toda
uma série de investigações cientificas.
«Hildegarda atribui ao Alho Francês alterações na composição e
na regeneração do sangue do paciente. Na verdade, só com muito es­
forço, é que um laboratório duma universidade poderia chegar a tal
conclusão. Penso que não vale a pena discutir com quem quer que
seja sobre Hildegarda. O que eu julgo é que todos nós temos ainda
muito que aprender no que diz respeito à alimentação.»
A COUVE (TODAS AS ESPÉCIES)
CIO suco da Couve épouco útil, provocafraquezas efere
os intestinos frágeis. Pessoas com saúde, com veias fortes
e que não sejam muito gordas, podem comer Couves sem
problemas. Porém, a Couvefaz mal aos gordos, cuja carne
está muito inchada. Faz-lhes tanto mal como aos doentes.
Portanto, comer Couve como legume ou cozida com carne,
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 103
é prejudicial porque aumenta os maus humores (sucos) em
vez de os diminuir" (H.v.B.).
Estas palavras quase nos fazem chorar. Aquilo que faz o
orgulho da nossa horta, isto é, a diversidade de espécies de
Couves, afinal não é saudável? Tenho que confessar que
não fui imediatamente capaz de confiar em Hildegarda,
não tanto por causa da Couve, uma vez que não sou grande
apreciador de legumes, mas porque tive de ouvir que o Sa­
bugueiro também não é tão saudável como se supõe. Mas,
não nos desviemos do nosso tema:
O indivíduo de tipo atlético, com veias fortes e pou­
ca gordura, pode comer Couves sem problemas. Os me­
nos fortes acabam por reconhecer com a experiência que a
Couve lhes "fere" os intestinos. Por outras palavras, aque­
les que têm hemorróidas, não devem comer as Couves de
modo algum. Quem sabe se o seu problema não lhe ad­
vém precisamente deste legume? Quem sabe o que é que
provoca as hemorróidas? Os "demais" tipos engordarão se
comerem muita Couve. Será que esta conversa lhe agrada?
A ARTEMÍSIA (ARTEMISIA VULGARIS)
ClÉ muito quente e o seu suco é muito útil. Cozida como
legume, cura os intestinos doentes e aquece o estômagofrio.
Quem tiver comido ou bebido alguma coisa que lhe causou
dores, prepare carne, legumes ou qualquer outro alimento
juntando-lhe Artemísia e coma-o. Seja qualfor a podridão
que lhe adveio da ingestão de alguma comida ou bebida, a
Artemísia expulsá-Ia-á" (H.v.B.).
104 HELMUT POSCH
Isto não é o máximo? Esta erva desprezível afinal é tão
útil e muito melhor que a Couve!
Vamos fazer então a comparação:
Couve O seu suco é inútil
Artemísia O seu suco é muito útil
Couve Cozida com carne é nociva
Artemísia Cozida com carne expulsa a "podridão"
Couve Fere os intestinos fracos
Artemísia Cura os intestinos fracos
Então porque é que não cultivamos Artemísia em vez de
muitas espécies de Couve que são inúteis? Mas a Artemísia
não é um condimento? Sim, mas não só. Pode ser condi­
mento, também legume (moderadamente) e ainda remé­
dio. A verdade é que a esta planta, da família do Absinto,
no que se refere a livros sobre ervas medicinais, está ainda
como a "bela adormecida" do conto das fadas.
Contudo, é um dos melhores remédios para pessoas
com digestões difíceis. Se Hildegarda gaba tanto esta plan­
ta, não o faz sem motivo.
O Dr. Hertzka aconselhou um doente, que sofria cons­
tantemente de úlcera do estômago, a cozer um pouco de
Artemísiajuntamente com os alimentos que preparava e a
consumi-la frequentemente. O doente observou esta reco­
mendação durante um ano.
E qual foi o resultado? A úlcera desapareceu! Basta um
pouco de Artemísia nos alimentos para os tornar mais di-
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 105
geríveis. São estes os segredos da boa dona de casa. Se as
senhoras se esforçassem por adquirir estes conhecimen­
tos, teríamos sem dúvida mais famílias felizes e saudáveis.
A Artemísia é uma planta resistente que cresce em todo e
qualquer jardim. Desde a Primavera até ao Verão, pode­
mos ir retirando umas folhinhas frescas, cortá-las como se
faz com o Cebolinho, e deitá-las na panela com a comida.
Para termos também Artemísia durante o Inverno, pode­
mos secá-la no Verão ou cortá-la em porções e congelar. Se
não souber como arranjar, procure junto de uma empresa
de horticultura e compre sementes. Aliás, isto também se
recomenda para outras especiarias e ervas. Se bem procu­
rar, há-de descobrir uma série de firmas que todos os anos
mandam os seus catálogos de sementes.
Estas firmas podem também fornecer certas plantas
pouco vulgares que precisamos para a nossa horticultura
de Santa Hildegarda.
A ABÓBoRA (CUCURBITA)
O texto de Santa Hildegarda é conciso:
( Abóboras são secas efrias, crescem do Ar, e são boas
para pessoas doentes e para as que têm saúde" (H.v.B.).
Existem umas 25 espécies de abóbora; de entre elas, es­
colhemos para o nosso jardim as espécies comestíveis (abó­
boras de mesa). A espécie 'bóbora-gigante" produz frutos
com um peso que vai dos 60 aos 100 quilos cada! Pergun­
ta-se donde é que a planta tira tantos nutrientes. Hildegar-
 106 HELMUT POSCH A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 107

da, como se adivinhasse a nossa curiosidade, diz-nos que a cérebro mas, bem preparada, faz o contrário: fortalece o cé­
Abóbora vive do Ar, cresce da humidade do Ar. rebro e estimula a digestão. É assim que Santa Hildegarda
nos ensina a arte de temperar.
No capítulo seguinte vamos dar atenção a este tema.

Há muitas receitas para preparar Abóbora, a começar

pela salada - em vez da salada de Pepino, que não é sau­
dável - até ao "escalope" de Abóbora panada. Sabe bem e é
bom para a saúde. Isto não é formidável?

A ALFACE (LACroCA)

"... comida sem nenhum tempero, esvazia o cérebro do

homem e enfraquece-lhe o estômago por causa do seu suco
inútil. Portanto, quem a quiser comer, tempere-a pouco
tempo antes da refeição com Endro, Vinagre ou qualquer
outro tempero, até quefique impregnada. Assim, fortalece
o cérebro e estimula a digestão" (H.v.B.).

Este exemplo mostra-nos claramente como é próxima

a fronteira entre o "ser saudável" e o "ser nocivo", e como
é importante preparar os alimentos da maneira correcta. A
Alface sem mais nada enfraquece o estômago e prejudica o
 I
I
I
I
,

CONDIMENTOS
AS "HORMONAS" DA COZINHA

o MELHOR TEMPERO: A GALANGA.

Durante muito tempo a arte de temperar não conseguiu

sair da sua condição de "gata-borralheira". Limitou-se ao
uso de "um bocadinho de Sal ou de Noz Moscada e de
Alho à vontade". Para muitas senhoras o que interessa é
tornar um pouco mais picantes e saborosos os alimentos
que, por si só, são insípidos. Geralmente não se preocupam
com o facto de ser mais ou menos saudável, o que importa
é que tenham bom sabor.
Sabemos que está a aumentar o número de pessoas que
sofre de perturbações do coração ou da circulação, mas
. .

nem por ISSO nos preocupamos maIs com o que se passa

na cozinha. E até subestimamos a nossa responsabilidade

neste campo. A cozinhajá não é o lugar bem equipado que
 110 HELMUT POSCH
devia ser. Está quase reduzida a um "nicho" onde não se
pode fazer muito mais do que aquecer salsichas ou qual­
quer comida "industrial", tipo comida instantânea.
Ser apenas "dona de casa e mãe" está fora de moda. Por
quê? Porque já não vemos ou não queremos ver o sentido
e a finalidade dessa "profissão". De facto, como é que uma
pessoa se pode sentir realizada a abrir latas e aquecer comi­
da pouco natural a que, eventualmente, se tem de acres­
centar mais um pouco de Sal. É tempo de repensar outros
valores. Entre outras coisas, seria bom saber qual é, afinal, o
melhor dos temperos. O seu uso na preparação de comidas
e bebidas deve ter um significado particular. A documentar
isto, temos os relatos dos nossos historiadores a propósito
das batalhas travadas na luta pelas "rotas das especiarias".
Aprendamo-lo com maior exactidão através dos livros de
Santa Hildegarda.
Considerando o assunto mais de perto, descobriremos
que a cozinha é a "pátria original" da farmácia. Verdade
surpreendente: a cozinha é a nossa primeira farmácia! Mas
afinal já foi isto que o autor do Corpus Hippocraticum - que
viveu 400 anos a.c.! - afirmou, ao dizer que a medicina foi
gerada na cozinha. Sentimo-nos muito felizes com tudo o
que Hildegarda nos dá a conhecer sobre isto. Ela ensina­
-nos não só a arte de cozinhar, mas também a preparação
de remédios e coloca ambas nas mãos da mulher conscien­
te das suas responsabilidades, da mãe amorosa.
Para o nosso dia a dia, Hildegarda mostra-nos como de­
vemos lidar com os mais diversos alimentos, e ainda o jeito
especial para os tornar, apesar de pouco interessantes, mais
toleráveis. O sentido fundamental e o objectivo de todos
A MEDICINA DE SANTA HU.DEGARDA 111
os métodos de temperar é eliminar efeitos secundários que
sejam nocivos, dar vigor aos que não têm força, transfor­
mar produtos de pouco valor em alimentos de alto valor
e também evitar composições inconvenientes. Para além
disso, aprendemos a preparar remédios para os doentes, as­
sim como aquilo que eles devem evitar. Nenhum doente
por exemplo, deveria comer Queijo, e os que têm saúde
deveriam ter o cuidado de o comer com Alcarávia (Carum
carvi). Quem é que costuma fazer isto? Pomos em tudo Sal
e Pimenta porque não fazemos ideia da grande importân­
cia dos temperos. Ao cozer um alimento, por exemplo, o
calor desencadeia certas reacções químicas que operam a
destruição de determinadas substâncias muitas vezes no­
civas, mas não só; ao mesmo tempo, ele faz com que se
formem novas combinações. Sem dúvida que um químico
seria capaz de explicar isto melhor. A nós, porém, basta-nos
saber que há alimentos que se devem cozinhar juntos e ou­
tros não. Santa Hildegarda não tinha estudado Química
mas conhecia todas as características das coisas criadas e os
seus efeitos. Dá-nos a conhecer os perigos mas também os
meios mais simples para neutralizar os efeitos perniciosos.
Ensina-nos o que pode fazer mal a um doente, assim como
o inverso, pois há coisas que fazem mal às pessoas que têm
saúde, sendo no entanto úteis para as doentes. Demos um
exemplo: quem tiver saúde, não deve comer Figos sem os
colocar em Vinho ou em Vinagre; porém, fazem bem ao
fraco cujo corpo está a definhar. Em todo o caso, isto apli­
ca-se somente até ao momento em que comece a recuperar
porque, a partir daí, deve deixar de os comer. Santa Hil­
degarda toca todas as teclas da natureza e conhece todos
112 HELMUT POSCH
os seus tons: ácidos e amargos ou suaves e doces. Sabe o
timbre que corresponde a cada planta, a cada alimento, en­
quanto nós já não conseguimos ouvir, nem saborear, nem
cheirar, porque as nossas "cordas estão desafinadas".
Os cozinheiros e as cozinheiras devem tomar novamen­
te consciência da responsabilidade da sua tarefa. A pessoa
que cozinha, tanto pode contribuir para o bem-estar da­
queles que 'comem aquilo que lhes prepara, como tornar­
-se culpada do seu mal-estar. Aos poucos, começamo-nos
a aperceber das consequências dum regime alimentar fa­
lhado mas que se tem mantido de pé durante muitos anos.
A indiferença, ou seja, a falta de interesse, além de mui­
ta informação falsa e despropositada, contribuíram para a
proliferação de doenças cuja origem se encontra nos nossos
"cozinhados"! Queremos reagir contra esta postura e Santa
Hildegarda será a nossa mestra. Estamos perante um vasto
campo, sujeito a desenvolvimento e emancipação. Cozi­
nhar não deve ser um peso mas antes uma actividade cria­
tiva, uma possibilidade de realização pessoal. Sendo assim,
uma vez que daí advirá saúde e alegria, a pessoa sentir-se-á
feliz porque será elogiada e o seu trabalho apreciado.
o SAL
"O Sal é uma coisa boa", assim se lê na Bíblia. (Lc 14,4)
«Para mim - diz o Dr. Hertzka - este motivo foi suficiente
para não estar de acordo com a propaganda excessiva a favor da
comida sem Sal. 7àmbém não concordo quando, em vez de se men­
cionar a palavra Sal, se utilize a expressão ((Sal de cozinha" ou,
ainda mais exageradamente, ((Sal sem sódio". O Sal é simples-
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 113
mente Sal de cozinha e quem diz Sal, duma maneira geral, refe­
re-se ao Sal que se usa na comida. Hoje em dia, porém, assistimos
a um certo retrocesso, porque se chegou à evidência de que o corpo
tem necessidade de Sal. Todo este vaivém de opiniões poderia ter
sido evitado e ainda poderá vir a sê-lo, se se seguirem os saudáveis
ensinamentos de Santa Hildegarda»:
"Qualquer alimento deve ser temperado com Sal, de tal
modo que o sabor a Sal não se sobreponha ao sabor do pró­
prio alimento."
Resumindo: deite-se Sal na comida mas de modo que
esta não tenha gosto a Sal. O próprio sabor da comida é que
se deve distinguir e não o do Sal. Hildegarda descreve-nos
com muita clareza as consequências de usar Sal a mais ou
a menos. Tal como a famosa dieta concebida por Gerson­
-Hermannsdorfer-Sauerbruch se aplica principalmente no
caso de doenças pulmonares causadas por excesso de Sal,
Santa Hildegarda escreve cerca de 700 anos antes:
ExCESSO DE SAL
"Quem comer alimentos demasiado salgados,ficará in­
teriormente seco, pois o Sal deposita-se como areia nos seus
pulmões e secá-los-á, enquanto os pulmões precisam é de
humidade. A seguir irá para o fígado, prejudicando-o, em­
bora ofígado sejaforte e capaz de aguentar o Sal" (H.v.B.).
Na verdade já ouvimos dizer que o Álcool pode preju­
dicar o figado, agora que o Sal também, é uma novidade
114 HELMUT POSCH
para nós. Muitos problemas do fígado atribuídos ao con­
sumo do Álcool podem ter origem no uso excessivo do
Sal, uma vez que, é próprio dos alcoólicos, desejar comida
fortemente condimentada. Seria bom pesquisar estes dois
aspectos da questão.
No texto que se segue, Hildegarda avisa-nos das conse­
quências da comida sem Sal:
SALA MENOS
"Se alguém comer alimentos sem Sal, ficará interior­
mente sem forças. Se salgar os alimentos com moderação,
ficará robusto e saudável. O Sal seco pelo fogo (costume
antigo em alguns países) é mais saudável do que o Sal cru
(Sal em pedra)" (H.v.B.).
A regra válida é esta: use Sal na comida mas de modo
que o seu sabor não se sobreponha ao sabor do alimento.
Devido à oferta abundante de produtos com sabor for­
temente condimentado como é o caso, por exemplo, dos
salgadinhos fritos, das batatas fritas, dos amendoins e ape­
ritivos salgados, etc., o nosso paladar habituou-se a alimen­
tos muito salgados.
Como distinguir a maneira correcta de salgar? Supo­
nhamos a base da massa para pãezinhos e bolachas salga­
das. No que se refere à quantidade de Sal nas receitas é
similar, porém, as bolachinhas (salgadas) são polvilhadas
com Sal. E é precisamente esta quantidade suplementar
que é excessiva.
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 115
o VINAGRE
"O vinagre de vinho é útil como tempero para todos
os alimentos, contanto que não lhes tire o sabor próprio.
A quantidade é suficiente quando, ao comê-los, apenas se
sinta um pouquinho o sabor a Vinagre. É útil para tirar
do homem o mau odor, para diminuir os maus sucos e con­
duzir os alimentos na suadirecção correcta. No entanto,
quem usar Vinagre em demasia, de modo que o seu sabor
sobressaia e coma assim os alimentos, ficará prejudicado
porque é como se o calor do vinagre, por assim dizer, cozes­
se os alimentos mais uma vez, tornando-os duros e pouco
digeríveis" (H.v.B.).
Os "Amigos de Hildegarda" só usam Vinagre de Vinho
porque ela diz que o Vinagre de Cerveja é fraco. Causa fe­
bre e por vezes endurece o estômago, por isso não é muito
útil. E quanto aos outros tipos de Vinagre? A verdade é que
nem o de Cidra, muito apreciado, se pode comparar ao de
Vinho. Podemos pensar numa regra como que instintiva:
tal como falámos acerca do Sal, assim deve ser em relação
 A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 117
116 HELMUT POSCH

ao Vinagre; o seu sabor não se deve sobrepor ao da comida. garda tanto preza na sua descrição da Noz Moscada. Em

Dentro destes limites, o Vinagre de Vinho (tal como o Sal) épocas anteriores, dava-se tanto apreço às especiarias que

é bom e útil. Seguindo estas instruções de Santa Hildegar­ não se poupavam esforços para as alcançar. Sabemos que a

da, ninguém deve ter medo nem do Sal nem do Vinagre. descoberta da América se deveu à busca de uma rota que
fosse mais curta e mais económica para obter as especiarias

A Noz MasCADA a preços mais aceitáveis. Noz Moscada é Noz Moscada e

por isso as qualidades que se lhe atribuem não se aplicam

IIQuem comer Noz Moscada, sentirá como o seu coração aos condimentos em geral. É possível melhorar o efeito da
se abre e os seus cinco sentidos são purificados. Além disso, Noz Moscada preparando uma mistura que recomenda­

terá ideias claras" (H.v.B.). mos aos nossos leitores, a que damos o nome de "pó para a
inteligência" (podemos encontrar no livro do Dr. Hertzka,

Aquilo que não suspeitamos nestas palavras foi confir­ So heilt Cott, na receita para os nervos: 45 gr de Noz Mos­

mado pela experiência: é um dos melhores remédios em cada, 45 gr de Canela, 10 gr de Cravinho, 1,5 Kg de farinha

caso de fadiga geral, desde que não haja por detrás uma de Espelta com tudo o que acompanha habitualmente as

doença grave. A Noz Moscada neutraliza as toxinas res­ bolachas como o Açúcar amarelo, Manteiga, um pouco de

ponsáveis pelo cansaço do corpo - alguns falam em resí­ Sal, Ovos - de preferência gemas - e Amêndoas raladas).

duos tipo metais, mas que ainda não há certezas nem está Nos escritos de Hildegarda, essas bolachas, "bolachas para

comprovado. Não tenhamos pois medo de usar Moscada. a inteligência", encontram-se no Apêndice do capítulo re­

Se Santa Hildegarda não encontra nela nada de prejudicial, lativo à Noz Moscada. Portanto, o ingrediente principal é

é porque não existe. Podemos usá-la todos os dias e as ve­ a Noz Moscada. O efeito será o mesmo se se misturar este

zes que quisermos mas só a Noz Moscada pura. Claro que pó na massa dos crepes. Assim, para se conseguir um bom

condimento é condimento e não vamos fazer um bolo só resultado, é realmente necessário o seu uso com muita fre­

de Noz Moscada. Temperar é temperar e o sabor próprio quência; é mais prático comer em bolachas mas, como atrás

do alimento tem de ser conservado. Os temperos devem se disse, também pode ser utilizada na massa dos crepes.

ser usados com moderação pois são "as hormonas" da cozi­

A SOPA DE Noz MaSCADA
nha. No entanto, o efeito desejado só se verificará se usar­
mos o pó da verdadeira Noz Moscada, não da modificada.
Não utilizemos portanto sucedâneos ou aromas artificiais, «Há uma sopa em que também a Noz Moscada é o ingrediente
principal e que se usa para combater a esclerose cerebral ou arterial,
ou seja, produtos químicos. Estes já não guardam em si
maisfrequente nos idosos. Parafazer esta sopa é preciso uma mistura
o equilíbrio natural, a especificidade própria que Hilde-
 118 HELMUT POSCH
de pó de Moscada e o dobro de Galanga em pó, um pouco de Sal,
bolbo de Lírio e raiz de 1ànchagem em pó. Deitam-se os ingredien­
tes numa panela com um pouco de água e depois de cozidosjunta-se
um pouco de farinha (de preferência de Espelta). Existem outras
receitas talvez um pouco mais simples, no entanto, se o leitor não
tiver medo do trabalho, experimente-a. 1àmbém a Noz Moscada é
o ingredientefundamental» (Dr. Hertzka).
A SALVA - (SALVIA OFFICINALIS)
Sobre isto todos os naturistas estão de acordo: a Salva
não deve faltar em nenhumjardim.
cc••• cresce mais devido ao calor do sol do que à humidade
da terra e é útil para eliminar os sucos fracos. Quem se
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 119
sentir esgotado por causa de sucos nocivos no corpo, pode
comer Salva, seja crua ou cozida, porque a Salva elimina
esses sucos" (H.v.B.).
Não é formidável? É boa para se comer tanto crua como
cozida. Geralmente, ao falarmos de ervas, vem-nos logo à
mente fazer com elas um chá ou então bochechar. Mas, no
caso da Salva, devemos comê-la crua ou cozida, quando os
maus sucos nos levarem ao esgotamento.
Mas o que é que Hildegarda entende por "sucos noci­
vos"? São os responsáveis pelo aparecimento de doenças de
pele, mau hálito e mucosidades. Não nos fará nenhum mal
se, ao passear no jardim, comermos umas folhas de Salva.
No Inverno podemos pôr as folhas secas pulverizadas no
pão. E, uma vez que faz bem, a mãe de família pode utilizá­
-la no tempero da carne sempre que achar oportuno.
A SALVA
PARA COMBATER O REUMATISMO E A GOTA
CCSe o doente sofrer muito da gota (segundo o conceito
de Santa Hildegarda), estando quase paralisado, coza Salva
em água e beba-a. A Salva diminui os sucos e o muco, e o
seu calor, atenuado pela água, alivia a paralisia" (H.v.B.).
Aqui está um caso em que Hildegarda prescreve chá,
coisa muito rara. Não o escalde, nem o prepare cru, mas
também não receie cozê-lo.
Pelo contrário, a Salva deve ser bem cozida e assim tere­
mos um remédio para curar a gota (segundo o conceito de
120 HELMUT POSCH
Santa Hildegarda), a irritação da bexiga e a perda involun­
tária de urina.
A SALVA - E OS PROBLEMAS URINÁRIOS
. "Quem não conseguir reter a urina por causa do "es­
tômagofrio", coza a Salva em Água, coe-a e beba este chá
quente muitas vezes. Assimficará curado"(H.v.B.).
Por precaução, esclareço que não se trata de doença da
próstata mas urinária, com perdas de urina diurnas ou noc­
turnas. Tanto homens como mulheres e crianças podem
ter esta dificuldade. Muitas vezes basta tomarem uma bebi­
da bastante fria para ficar com este embaraço. O estômago
"arrefece", fica "aberta" a barreira entre ele e os intestinos e
a pessoa tem necessidade de ir à casa de banho muitas ve­
zes. Neste caso, é oportuno tomar chá de Salva. Até agora,
só tive oportunidade de o recomendar uma vez a uma pes­
soa que sofria com este problema. O resultado não tardou
em manifestar-se. Uns dias de tratamento com chá de Sal­
va, e a pessoa viu-se livre da falta de retenção, manifestando
grande alegria por ter ficado tão rapidamente curada.
j faz bolachas e come-as muitas vezes. O cérebro melhorará"
o SERPÃO (THYMUS SERPYLLUM)
i
II
1
Não confundir com o Tomilho vulgar, embora o Serpão
pertença à mesma família.
"Uma pessoa cujo corpo se encontre doente, de tal modo
que a sua carne tenha um aspecto tinhoso, coma muitas
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 121
vezes carne ou legumes cozidos com Serpão. rá que a sua
carnefica curada e limpa" (H.v.B.).
Com este conhecimento, a dona de casa pode até ser
dermatologista. Em muitas famílias as doenças de pele pa­
recem ser uma tradição. Quase todos os membros têm al­
guma coisa: borbulhas, eritema, manchas, etc. Nestas famí­
lias falta o Serpão nos alimentos. É provável que, com uma
terapia a longo prazo, só possível em casa, quase todas as
doenças de pele se curem. Admito que até agora não temos
muita experiência, mas estou convencido de que se pode­
rá alcançar algum resultado se se juntar diariamente pó de
Serpão na comida (para ser cozido juntamente com os ali­
mentos). Usemo-lo então com regularidade, especialmente
nas casas onde se encontrem pessoas que sofram de eczema
e outras doenças de pele. E não só uma vez, ou várias vezes,
mas repetidamente durante meses se for necessário.
o SERPÃO - ALIMENTO PARA O CÉREBRO
"Se o teu cérebro forfraco isto é, se tiveres a sensação de
estar oco, mistura pó de Serpão com Água e Pão ralado,
(H.v.B.).
Eis um remédio para a atrofia do cérebro e os seus sofri­
mentos neurológicos (contra cerebri dolorem). Provavelmente,
essas bolachas também ajudam quando por excesso de tra­
balho e de stress, as pessoas referem esquecimento. Execu­
tivos e esclerosados poderão petiscá-las com regularidade.
122 HELMUT POSCH
Por isso comamos destas bolachas antes que fiquemos
desmemoriados. Podemos encontrar o Serpão nas lezírias
um pouco secas, em declives expostos ao sol e em terras
mais montanhosas.
A GALANGA - A DROGA MARAVILHOSA
Já ouviu falar de Galanga? Não comece a folhear livros
sobre ervas porque será em vão. No entanto, é muito ne­
cessário conhecer esta planta. Explicarei porquê, baseando­
-me num acontecimento trágico:
Certo Domingo à tarde fomos ver os meus sogros e,
como de costume, estávamos todos bem-dispostos e con­
versávamos alegremente. De repente, porém, o meu sogro
ficou muito pálido e, apertando a mão de encontro ao pei­
to, começou a ficar ofegante.
Como estávamos a lanchar, começámos a pensar que se
tinha engasgado mas, depois, deu sinais que faziam supor
que não era assim. Então o que vamos fazer? Chamar o
médico? "Não, não é preciso" disse ele com voz rouca, 'já
estou melhor". A pouco e pouco começámos a desconfiar
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 123
que pudesse ser um ataque de coração. Entretanto, come­
çou a sentir-se um pouco melhor e pediu que lhe déssemos
um copinho de Aguardente. Passadas umas semanas, rece­
bemos a triste notícia de que o meu sogro tinha falecido.
Sofreu outro ataque cardíaco e não conseguiu resistir.
Quando, uns anos mais tarde, tomava conhecimento da
medicina de Santa Hildegarda, ouvi falar pela primeira vez
da existência da Galanga e dos seus efeitos maravilhosos
sobre o coração. Se naquele dia eu já tivesse conhecimento
dessa planta e a tivesse comigo, talvez pudesse ter salvado
o meu sogro. Hoje tenho essa percepção. Por isso, ao es­
colhermos os temas para o primeiro boletim da nossa As­
sociação "St. Hildegard Kurrier", pedi ao Dr. Hertzka que
escrevesse algo sobre a Galanga a que ele acedeu:
A GALANGA - PARA o CORAÇÃO
«A planta mãe tem o nome de Alpina galanga e pertence àfamí­
lia do Gengibre (Zingiberacea). Mas a Galanga é muito diferente,
não se deve confundir com Gengibre pois, segundo Santa Hilde­
garda, o Gengibre, contrariamente à Galanga, é uma especiaria
nociva. Pelo menos em 10 receitas de Hildegarda, encontramos a
Galanga como substância favorável ao coração.
«O surpreendente é que a medicina oficial não tem a menor
ideia da força curativa que está escondida na Galanga para vencer
os problemas do coração. Santa Hildegarda resume tudo numafrase
muito simples:
"quem sentir dores no coração, coma imediatamente
uma quantidade suficiente de Galanga eficará melhor".
124 HELMUT POSCH
«Não entendemos por esta pequena frase as imensas possibili­
dades que a Galanga possui contra os problemas cardíacos. Se esta
trilogia: tonturas,fraqueza ou dores estiverem de algumaforma re­
lacionadas com o coração, então o meio próprio a empregar é a Ga­
langa. A Galanga não cura propriamente mas é uma ajuda quando
se trata dessas crises súbitas cardíacas como afraqueza, a tontura ou
a dor de coração.»
A GALANGA - PARA COMBATER AS CÓLICAS
«Não são só as dores do coração propriamente ditas (ataque de
angina pectoris) se deixam vencer maravilhosamente por meio da
Galanga, mas também aquelas cólicas abdominais maisfrequentes:
algo que cai mal no estômago, o enfartamento, que pode desencadear
uma cólica biliar e simular um ataque cardíaco. Em qualquer dos
casos, um a três comprimidos de Galanga pode resolver o proble­
ma, contanto que se tome imediatamente. Nestas circunstâncias, se
a pessoa conseguir expulsar os gases acumulados no estômago ou nos
intestinos, a cólica desvanece-se, melhorando também a circulação
cardíaca.»
A GALANGA - PARA COMBATER DOENÇAS
CAUSADAS POR UM VÍRUS
<<A doença mais conhecida e maís frequente desta categoria é a
gripe. A Água de Galanga é um remédio muito eficaz. A Galanga
com Mel ou doce de Framboesas é excelente para combater afebre.
«Estas doenças por si só podem não levar à morte. No entanto,
tenho a impressão - e as investigações acerca do cancro já o prova­
ram - que, neste terreno do cancro, também o vírus tem o seu papel.
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 125
Além disso, suspeito e não sem motivo, que essas doenças dominadas
por remédios muito fortes ou já prevenidas por vacinação ou ou­
tros tratamentos semelhantes, em vez de eliminarem a predisposição
existente, vão colaborar mais cedo ou mais tarde com o cancro.
«Sabemos que o cancro nasce dum conjunto de vários factores.
Assim, posso admitir que as doenças causadas por vírus e que não
foram devidamente tratadas potenciemjactores que possam vir a ori­
ginar o cancro em si.
«Será portanto muitíssimo útil, quando alguém é atacado por
uma doença viral, usar uma combinação de medicamentos de Santa
Hildegarda.
«o na tu roterapeu ta B.H. de Mannhreim escreveu-nos, em
17.12.1980, acerca duma doente que sofria de zona (herpes zós­
ter): u... Dei-lhe a beber diariamente uns tragos deÁgua de Galan­
ga, que combate o vírus, eftz-lhe também ligaduras com a mesma.
O médico pensava que não havia mais nada a fazer senão tomar
analgésicos e, entretanto, suportar o incómodo que pode durar cerca
de três meses até que, finalmente, se curasse. Mas com o tratamento
que lhe indiquei, após uma semana, as primeiras erupções da pelejá
tinham desaparecido e as dores tinham diminuído notavelmente".
«Cerca de dez dias depois, a doentejá estava praticamente cura­
da. Graças a Santa Hildegarda, os três meses de duração normal
pelos métodos médicos habituaisficaram reduzidos a duas semanas.
No caso duma doença tão dolorosa como é o caso da zona, uma cura
rápida é algo muito agradável.
«Uma religiosa franciscana de KJagenfurt escreve-nos: ((... As
minhas irmãs mais velhasjá não querem deixar de usar a Galanga.
 126 HELMUT POSCH
I A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA
7bmam um comprimido todas as manhãs e isso faz com que, bem
cedo, sintam menos asfraquezas e os outros problemas da velhice.
Não será também uma alegria para Santa Hildegarda ter contri­
buído para que as nossas ((velhinhas" possam assistir à Missa da
manhã?
«E um pároco que, há cerca de um ano, toma todas as manhãs
um comprimido de Galanga, sente-se muito melhor do que an­
tes (tem 76 anos, sofreu dois ataques cardíacos e sentia-se
sempre cansado ... ). Agora, tem energia para trabalhar e está
muito bem-disposto. Eu própria também ultrapasso muitas ma­
leitas pequenas com a Galanga mas prefiro tomá-la com Mel.
Ajuda ainda aqueles que são muito sensíveis às mudanças do tem­
po» (Dr. Hertzka).
AGALANGA-
PARA COMBATER DORES NAS COSTAS
"Quem sentir dores nas costas ou na região lombar por
causa de maus sucos no corpo, ferva Vinho com Galanga,
beba-o muitas vezes bem quentinho e as dores desaparece­
rão" (H.v.B.).
Portanto, com este remédio liberta-se das dores, mas
não só; dá também bom resultado a quem sofre de torcico­
lo ou lumbago, por exemplo.
Bebe-se um copinho deste Vinho quente várias vezes ao
dia. Faz transpirar porque é forte e quente. Às vezes, pes­
soas um pouco medrosas perguntam-me se um remédio
tão forte não lhes fará mal; não há motivo para receios, a
127
Galanga não faz nenhum mal e, para as sossegar, transcrevo
umas palavras de Santa Hildegarda:
( Galanga é quente. Nela não há nenhum frio, mas
muitaforça" (H.v.B.).
A GALANGA NOS COZINHADOS
Se ao cozinhar, em vez de Pimenta, deitar Galanga em
pó no guisado, essa comida fica muito bem temperada e
é mais saudável. Faz com que ninguém se sinta cansado
depois da refeição. Confirmei isto quando tive uns traba­
lhos de construção; servimos guisado com Galanga e o que
aconteceu é que nenhum dos operários ficou ensonado
nem estava molengão para começar a trabalhar. Se houves­
se um elixir da vida, um meio para prolongar a vida, deve­
ria conter Galanga. Então, toda a dona de casa que deseje
cumprir prudentemente a sua tarefa, deverá usar a Galanga
como tempero.
o HISSOPO (HYssopuS OFFICINALIS)
"... comido muitas vezes, purifica a espuma fétida que
nos enfraquece. O Hissopo ferve no corpo como acontece
com a comida na panela; assim é útil em todos os ali­
mentos. Cozido e em pó o Hissopo é melhor do que cru"
(H.v.B.).
Sob a forma de alimento, o Hissopo está para o interior
do nosso corpo como o detergente para a loiça. Ficamos
128 HELMUT POSCH
limpos da espuma fétida dos sucos! Pré-lavagem e lavagem
feitas duma só vez a 36 graus. Não é necessário utilizar ne­
nhum desengordurante. Até as manchas mais persistentes
hão-de desaparecer. Então, tomemos a decisão de ir a um
estabelecimento de horticultura onde, por pouco dinhei­
ro, se pode comprar um pé de Hissopo. Mas, brincadeiras
à parte: o Hissopo deve ser cozinhado com os alimentos.
Nem o chá nem o Vinho com Hissopo fazem bem:
"... Quem tomar o Hissopo só com Água (chá) ou com Vi­
nho, experimentará algum dano em vez de ajuda" (H.v.B.).
Na Bíblia pode-se ler: "Aspergi-me com Hissopo e fica­
rei puro!" O Hissopo pode ser contado entre os temperos
mais importantes possíveis de ser utilizados na cozinha pe­
las donas de casa conscientes da sua responsabilidade, por
causa da sua grande força de purificação. E quem é que
acha que não precisa de uma limpeza interior?
o ENDRO (ANETHUM)
"Quem o comer torna-se triste. Cru, não dá para comer
porque tem em si mais humidade da terra do que o Funcho
com o qual é parecido, e tende atrair ainda mais essa hu­
midade. No entanto, cozido, ajuda a curar a gota (segundo
o conceito de Santa Hildegarda) sendo portanto útil neste
caso" (H.v.B.).
Concluímos que o tão apreciado molho de Endro, in­
felizmente, só é útil e bom para os "gotosos". Mesmo que
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 129
não prejudique os saudáveis, vai torná-los tristes como re­
ferem as palavras de Hildegarda citadas anteriormente. A
única excepção será para a cura da "gota". Vamos portanto
utilizar este tempero apenas nestes casos.
A URTIGA (URTIGA DIDICA)
"Quando a Urtiga brotafresca da terra (na Primavera) é
útil na nossa alimentação contanto que seja cozida, porque
limpa o estômago e tira-lhe o muco" (H.v.B.).
Mais um princípio fundamental para a arte de temperar!
Atenção: a Urtiga aumenta o valor dos alimentos quando
é cozida juntamente com eles ... é útil para a nossa alimen­
tação! Não é o chá de Urtigas que tem muito valor, mas
a própria erva cozida com os alimentos. A Urtiga fresca,
cozida juntamente com a comida, faz dela uma excelente
dieta para purificar o estômago.
Não vamos, portanto, destruir as Urtigas no jardim por
meio de um Sal especial mas, pelo contrário, colhamos
(com luvas) as folhas tenras e juntemo-las por exemplo a
uma massa para pastéis. Esses "pastelinhos de Urtigas" ou
qualquer outra coisa que queiramos preparar, serão o orgu­
lho da cozinheira que sabe como preparar alimentos mais
digestivos e saudáveis.
As URTIGAS PARA A MEMÓRIA
Escreve-se muito sobre a Urtiga mas ninguém porém
sabe que esta planta fortalece a nossa memória:
130 HELMUT POSCH
((Uma pessoa que, contra a sua vontade, sofre de esqueci­
mento, esmague Urtigas atéficarem em papa, junte Azeite e,
quando sefor deitar, esfregue este líquidofortemente primeiro
no esterno e depois nas fontes. Repita muitas vezes este tra­
tamento e ficará menos esquecido. Porque o calor intenso da
Urtiga e o calor do Azeite, incitam os vasos sanguíneos um
tanto contraídos do peito e dasfontes, os quais dormitam um
pouco, mesmo em estado de consciência vigilante" (H.v.B.).
o QUINTO CEREAL
if"..  vamos conhecendo a medicina de Santa Hildegarda. Por
a:" ;ljJ
.'. . !.';)
. ,.:!,. . -
..
:-' (
li
',   mencionam os quatro cereais? O melhor de todos, que é a
......
Falta o melhor cereal
Neste livro, quando dedico várias páginas ao mesmo as­
sunto, é porque há um motivo especial. Nas páginas que se
seguem vou expor resumidamente as qualidades mais im­
portantes dum cereal praticamente desconhecido na Áus­
tria (e em Portugal também n.d.tr.). Procurando cereais
num dicionário ilustrado encontrei um desenho mostran­
do quatro espécies de cereais como sendo "os cereais mais
importantes" (Trigo, Centeio, Cevada e Aveia) o que me
A MEDICINA DE SANTA HIl.DEGARDA 131
comprovou que, também noutros países, não sabem gran­
de coisa sobre os cereais. Infelizmente, esta informação não
é verdadeira porque o melhor, o mais importante, falta nes­
ta lista! Além do Trigo, do Centeio, da Cevada e da Aveia,
existe ainda a Espelta, o quinto cereal.
Vão entender a razão por que vou dedicar tantas páginas
a este cereal, aparentemente muito modesto.
A ESPELTA (TRITICUM SPELTA) ­
o MELHOR CEREAL
Hoje em dia, escreve-se muito sobre alimentação saudá­
vel, chegando-se quase a cair no exagero. E é curioso que
todas as recomendações têm uma coisa em comum: não
nos trazem novidades, isto é, conhecimentos verdadeira­
mente novos. Mas só nos apercebemos disto à medida que
acaso, já reparou que nos livros sobre alimentação apenas
Espelta, não vem indicado .
É semelhante ao Trigo embora não seja da mesma fa­
mília e, atenção, também não é passível de ser manipula­
do geneticamente. Por isso, a Espelta não tem interesse no
que respeita ao cultivo e modificações genéticas. A Espelta
exige que renunciemos ao adubo químico porque este pre­
judica o seu crescimento. Isto acontece porque o estímulo
é demasiado forte e, como a espiga é muito fraca, acaba
por cair. É precisamente por isso que os animais gostam
muito de comer a palha de Espelta que é fina. O uso de
um insecticida vai certamente destruí-la. A pátria deste ce-
132 HELMUT POSCH
real de inverno, que tem diversas designações conforme
as regiões onde cresce, é a região dos Alpes da Suábia na
Alemanha. Foi o cereal dos antigos Germanos, o principal
cereal dos Alpes. A sua cultura estendeu-se ao extremo Sul
da Alemanha, à Suíça e ao Voralberg na Áustria. Nomes de
povoações, como p. ex. Dinkelsbühl (Espelta em alemão
diz-se Dinkel), cujo brasão apresenta três espigas de Espelta
ou seja Dinkel, provam a sua antiga popularidade.
O mundo não conhece (ou não quer conhecer) a Es­
pelta; no entanto, as galinhas, que são criaturas irracionais,
conhecem-na bem. Deitem-lhes uma mistura de grãos de
trigo e de Espelta e vão ver que. elas picam primeiro a Espelta,
deixando o Trigo para depois.
Há cerca de 200 anos os lavradores, por causa de más co­
lheitas durante vários anos seguidos, foram obrigados a co­
lher as espigas da Espelta ainda verdes. Secaram-nas e com
elas vieram a salvar a vida a muita gente esfomeada. A partir
desta necessidade, é possível hoje em dia comprar Espelta
verde em quase todas as lojas dietéticas, sendo curioso que
raramente se encontra a Espelta madura à qual nos refe­
rimos aqui. Se a Espelta voltar a ser novamente honrada,
isso ficar-se-á a dever ao Dr. Hertzka que, ao estudar os es­
critos de Santa Hildegarda, reconheceu o valor deste cereal
e no-lo deu a conhecer através dos seus livros, dos artigos
publicados nas notícias da nossa Associação e ainda das suas
conferências. O que é que Hildegarda disse sobre a Espelta?
l Espelta é o melhor cereal. É quente, gordurosa, cheia
deforça e mais suave que todos os demais cereais. Dá àque­
le que a come boa carne e bom sangue, espírito alegre e pen-
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 133
samentos optimistas. Seja qualfor aforma como se coma a
Espelta, sob forma de pão ou cozida, de qualquerforma é
boa e suave" (H.v.B.).
À medida que nos acostumamos às descrições concisas
mas muito exactas de Hildegarda, começamos a reflectir
sobre cada palavra. Muitas vezes não se suspeita quanta sa­
bedoria está por detrás destas curtas descrições.
Concluímos que o grande valor da Espelta não reside
no facto da sua qualidade suprema para a confecção de pão
- é semelhante à do Trigo Ultramarino quanto ao seu alto
grau de glúten - mas pelo facto de ser o alimento básico
mais saudável que cresce neste mundo. A Espelta é o me­
lhor cereal. Nem o Trigo, nem o Centeio, a Cevada ou a
Aveia se lhe podem comparar em qualidade. Pode-se viver
comendo Espelta sem que nada nos falte, nem vitaminas,
nem outros nutrientes. Até os bebés a podem comer sem
que sejam prejudicados, facto que nem sempre acontece
com o Trigo. A Espelta dá aos que têm saúde e aos doentes,
aos jovens e aos velhos, os elementos construtivos para a
formação dos músculos e sangue saudáveis. Não faz a pes­
soa gorda e flácida "tipo gelatina" mas, pelo contrário, "rija
que nem um pêro". Só no caso da Espelta, a farinha moída
muito fina é tão valiosa como o grão inteiro. Além de todas
estas vantagens, às pessoas que a consomem, proporciona
bom humor e sentimentos alegres, coisa que, hoje em dia,
só se consegue com nervos fortes. É interessante que a Es­
pelta proporciona isto de modo natural, podendo-se con­
siderar um pilar na cozinha clássica de Hildegarda. Muitos
problemas que não se conseguiram resolver utilizando ou-
134 HELMUT POSCH
tros métodos de alimentação, vão desaparecendo com a in­
trodução da Espelta no dia a dia. Contém tudo o que temos
necessidade para a nossa alimentação e para a nossa saúde.
Por isso, quando perguntaram ao Dr. Hertzka o que fa­
ria se lhe aparecesse um cancro, ele respondeu logo: «Re­
tirar-me-ia com um saco cheio de Espelta para uma cabana nos
Alpes para ver o que é maisforte: o cancro ou a Espelta. E sei qual
seria o resultado!»
Numa conferência dada pelo Dr. Herzka em St. Geor­
gen, entre outras coisas ele disse:
«Se conhecerem doentes cancerosos ou com outras fraquezas
muito sérias, hão-de ver que, em muitos casos, estes doentinhos
morrem de fome. Precisam de um tubo que lhes leve os alimentos
até ao estômago porquejá não conseguem engolir,falta-lhes a saliva,
já não têm força para mastigar, etc., o que na prática quer dizer
que morrem de fome. Aprendemos agora o que Santa Hildegarda
nos aconselha nestes casos; na verdade a Espelta proporciona um
bom alimento a quase toda a gente. Em forma de papas, nem é
preciso mastigá-la, passa facilmente pela garganta e é digerida sem
problemas. Portanto, toma também supétjlua a pergunta sobre se é
necessário mastigar ((tOOO vezes" cada colherada ... »
Como sabemos, na generalidade, os tratamentos para
curar o cancro terminam num beco sem saída. O doente
que passou por todos eles, finalmente é mandado para casa
o que, para muitos, significa esperar pelo fim e mais nada,
não sendo muitas vezes o cancro o problema principal ma$
sim a fraqueza física provocada pelo sangue e gordura de­
teriorados.
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 13S
É claro que é necessária uma energia notável para levan­
tar um doente que, por assim dizer, já tem um pé na cova.
Mas o uso da Espelta poderá ajudar a prolongar a vida.
LEUCEMIA CURADA POR MEIO DA ESPELTA
Mais uma passagem da mesma conferência do Dr. Hertzka:
«Há algum tempo veio ter comigo um doente que tinha leuce­
mia. Concordou em confiar-se à dieta de Espelta sem reservas. Teve,
portanto, a coragem de correr o risco confiando em Santa Hildegar­
da. Esta atitude é extraordinariamente importante pois o doente
assume parte da responsabilidade. E, defacto, não ficou desiludido
porqueficou completamente curado».
A Espelta não desilude. Se ela proporciona uma "carne"
e um sangue sãos, quer dizer que o doente que só coma Es­
pelta verá a sua "carne" e o seu sangue melhorarem e fica­
rem bons. Como alimento fundamental a Espelta tem um
papel importante na dieta. É a base de todos os tratamentos
relacionados com as doenças do estômago, dos intestinos,
dos rins e de todos os problemas que se prendem com a
digestão. Portanto, a base da dieta é uma refeição diária de
Espelta. Não vale a pena duvidar sobre o que será melhor
para o doente. O melhor é a Espelta, pode ser tomada de
qualquer forma: "arroz de Espelta", bolo de Espelta, sopa
de Espelta, etc. "Seja como for que se coma, sob a forma de
pão ou de outro modo, a Espelta é sempre boa". Aos diabé­
ticos recomenda-se o uso do grão inteiro, uma vez que sa­
bemos que a Espelta, em farinha, permite a transformação
da quase totalidade do amido em açúcar.
136 HELMUT POSCH
A ESPELTA - PARA EVITAR A FASE DOS CUIDADOS INTENSIVOS
Como o homem fica pobre quando, ligado a várias má­
quinas, luta pela sua vida no hospital, nos cuidados intensi­
vos! Não há nada mais desumano do que uma dependên­
cia total dos aparelhos técnicos. Computadores e outros
instrumentos registam os últimos sinais de vida. Tudo isto
parece substituir a mão calmante e consoladora de alguma
pessoa amiga.
O que o doente ainda vislumbra são as sombras estra­
nhas e talvez umas palavras incompreensíveis, em termos
técnicos, eventualmente em latim. Como o bom Deus se
compadecesse desses pobrezinhos, deixa-nos ouvir a voz
de Santa Hildegarda, que nos diz o que devemos fazer nes­
tes casos:
"Se alguém estiver tão mal que não lhe sejafácil comer,
coza-se grão de Espelta inteiro em Água com um pouco
de gordura ou gema de ovo, para lhe dar melhor sabor, e
dê-se-lhe a comer. Será como que um bálsamo precioso que
o curará interiormente".
Se confiássemos um pouco mais em Hildegarda! Não
nos diz muito essa última frase? .. "será como um bálsamo
precioso que o curará interiormente"! Hildegarda não per­
gunta ao pobre doente, que já está quase moribundo, qual
o seu mal. Mas diz: "se alguém estiver tão mal que não possa
comer nada, dêem-lhe Espelta cozida... e será como um bál­
samo precioso que o curará". É a simples cozinha, em casa,
o lugar dos cuidados intensivos, sem máquinas nem tubos,
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 137
digno da pessoa humana. Em redor da cama do doente não
estão pessoas estranhas, vestidas de branco, mas o médico
conhecido e as pessoas mais próximas e amadas. O doente
é tratado caridosamente e é possível que recupere a saúde
mais depressa do que sob a grande pressão psicológica dos
cuidados intensivos.
ARRoz DE ESPELTA
Chama-se assim porque o grão de Espelta é cozido em
Água com Sal tal como se faz com Arroz e, ficando mole,
come-se do mesmo modo que o Arroz. As pessoas com
saúde apreciam-no como sobremesa. Para os doentes, pode
ser considerado dieta, como um alimento completo. O seu
efeito sobre o estômago e intestinos é muito salutar. Em
poucos dias, a obstipação cede o lugar a uma evacuação fá­
cil e regular. Desse modo, a boa digestão torna-se o fun­
damento da terapia geral. Um tratamento com arroz de
Espelta resolve os problemas, mesmo os mais graves, nes­
te campo. Portanto, sigamos este método em vez de usar
todo o género de laxativos: ameixas demolhadas, linhaça e
outras coisas destas. Basta tomar durante 3 ou 4 semanas
uma tacinha de arroz de Espelta. Em casos mais difíceis,
comam-se também uns pedacinhos de Maçã seca.
A SOPA CREMOSA DE ESPELTA
. Ingredientes: lIde Água, 50 gr de Manteiga, 4 colheres
de sopa de Espelta, um pouco de Sal, Noz Moscada, Salsa
e Manjericão.
138 HELMUT POSCH
Deite-se a farinha na Água fria, mexendo, e junte-se
os restantes ingredientes. Ferve-se esta sopa durante uns
minutos mexendo de vez em quando e, por fim, deixa-se
repousar um pouco. Esta sopa tem um sabor excelente mas
pode causar obstipação. Quem procurar o efeito contrá­
rio prepare-a não só com farinha de Espelta mas junte-lhe
umas colheres de sopa do grão inteiro. A Espelta é rica em
proteínas e, por isso, esta sopa não se prepara com Leite
porque ficaria demasiado forte. Mas, feita com Água, a
pouco e pouco habituamo-nos ao seu paladar. Não passa­
remos sem ela, especialmente se a comermos regularmente
ao jantar. Se lhe juntarmos uns pedacinhos de pão de Es­
pelta, teremos um jantar saudável e de fácil digestão, ca­
paz de nos saciar completamente. Quem quiser recuperar
a saúde ou conservá-la, deve comê-la com assiduidade. É
na verdade uma comida muito simples. Actualmente não
se dá muito apreço às coisas simples, no entanto estas são
sempre as melhores.
A SOPA DE SÊMOLA DE ESPELTA
Corta-se Cebola às rodelinhas finas e depois aloura-se
em Manteiga. Em seguida junta-se mais ou menos 1 litro
de Água. Enquanto a Água ainda está fria, deitam-se 4 co­
lheres de sopa de sêmola de Espelta e mexe-se. Tempera­
-se com Sal, Noz Moscada e Salsa, eventualmente ainda
se acrescenta Galanga e Camomila espanhola(n.d.t. tra­
duzido à letra do inglês, não encontrei nome em portu­
guês) (Anacyclus pyrethrum). Estes dois últimos temperos
não são imprescindíveis mas são bons. Ferve-se a sopa,
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 139
mexendo sempre; depois deixa-se repousar um pouco e
em seguida já está pronta a consumir.
Segundo Hildegarda, os rins são órgãos importantes
que estão relacionados com o envelhecimento; se não
funcionarem bem, vão acelerar esse processo. Por outras
palavras, pessoas com doenças renais podem parecer mais
velhas do que na realidade são. Comer todos os dias uma
sopa de sêmola de Espelta no início das refeições, ajuda
ao bom funcionamento dos rins. Para forçar a filtração
renal é costume utilizar a Água mineral. Esta, segundo a
opinião do Dr. Hertzka, pode produzir efeitos contrários.
Explicita que a Água mineral, devido à grande quantidade
e variedade de sais que contém, pode danificar os rins.
Aqui gostaria de inserir algumas regras de Hildegarda
que são simples mas fundamentais:
Nunca se deve comer ou beber alimentos a ferver,
gelados ou muito doces. Não se deve comer a sopa ou
qualquer outra comida muito quente. Nem tão pouco ali­
mentos muito frios (acabados de tirar do frigorífico). Não
se exagere em querer dar mais sabor aos alimentos. Não
deve dominar o sabor a Sal, a Vinagre ou a outros tempe­
ros. A sopa de sêmola de Espelta é o meio mais eficaz para
"lavar" os rins.
Todas as pessoas que sofrem dos rins, das vias urinárias
ou do abdómen, se tomarem uma taça diária dessa sopa,
podem experimentar a sua acção benéfica. É realmente o
melhor remédio para esses casos. Para evitar a monotonia,
de vez em quando, pode fazer uma sopa simples ou de
caldo de carne com uma espécie de almondegazinhas de
sêmola.
140 HELMUT POSCH
A PAPA DE ESPELTA MONDADA
A Espelta foi, durante séculos, o alimento básico vulgar
do povo da Suábia (região da Baviera), um povo forte e
cheio de humor. Entre as várias comidas que eles prepara­
vam estava também a papa de Espelta mondada.
Um poeta alemão disse: "Vinde crianças comer papa de
Espelta e crescereis bem".
Também o famoso naturoterapeuta, Padre Kunzle, se
exprimiu sobre a Espelta: "Papa de Espelta mondada, eis
a alimentação dos nossos antepassados! Os que a comem
habitualmente têm uma saúde de ferro como os búlgaros,
têm bom humor como os cabritos no seu saltitar e dormem
como os ursos, mas não são mal-humorados nem violentos.
As crianças que comem papa de Espelta têm bochechas rosa­
das, parecem-se com o querido sol de Deus no verão. Expe­
rimente comer durante uns oito dias seguidos, habituar-se-á
a este puré e virá a preferi-lo a todas as outras comidas".
Aquela papa dos antigos "alamanos" era feita com fari­
nha de Espelta grosseira, cozida em Leite. Os lavradores de
então suportavam muito bem esta comida forte porque o
seu trabalho lhes exigia muito dos músculos. Precisavam
de encontrar onde ir buscar energia suficiente. Hoje é um
pouco diferente. Movemo-nos cada vez menos e os tra­
balhos corporais cada vez são mais leves. Por esse motivo,
para nós, basta cozer essa farinha grosseira com Água. Para
jovens e crianças podemos usar a mesma farinha mas pre­
parando-a como se fosse sêmola. Uma Maçã ralada e um
pouco de Canela e Mel dão-lhe um sabor quase tão bom
como o de um pudim. Depois dum pequeno-almoço des-
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 141
tes, as crianças terão mais gosto em ir para a escola porque
esta comida torna-as alegres e aviva-lhes os sentidos.
CAFÉ DE ESPELTA
O grão de Espelta torrado dá um bom "Café" para o
pequeno-almoço. Prepara-se, deitando-se Água a ferver
sobre o grão moído numa cafeteira com filtro. Aqueles que
gostam muito de Café podem juntar um pouquinho de
Café verdadeiro, mas não é necessário.
PÃO DE ESPELTA
Se não houver nenhum padeiro que o faça, fazemos
nós. Eis uma receita simples:
Ingredientes: 500 gr de farinha de Espelta, 1 colher de
chá de Sal, 1/2 cubo de Fermento de padeiro e 1/4 1. de
Água morna.
Peneira-se a farinha sobre a mesa de trabalho, deita-se a
Água numa covinha feita na farinha e junta-se o Fermento
aos pedacinhos. Deita-se o Sal na farinha e, depois de tudo
misturado, amassa-se durante uns 10 minutos. A massa,
colocada numa forma untada, ficará primeiro no forno a 70
graus cerca de uma hora e meia. Quando a massa já estiver
levedada, sobe-se a temperatura para 230 graus por mais
uma hora, sensivelmente.
Este pão também pode ser feito com farinha integral e
enriquecido com Funcho e Camomila espanhola (Anacy­
clus Pyrethrum). Mas não se use Linhaça.
142 HELMUT POSCH
ESPELTA - O CEREAL QUE FOGE AO NOCIVO PROCESSO
DE MANIPULAÇÃO GENÉTICA
No sector da sementeira, hoje em dia, há muita coisa
que escapa à atenção do agricultor e do jardineiro. Vamos
por isso fazer algumas considerações. Alarguemos o nosso
horizonte para além da vedação do nosso vizinho.
Numa obra científica sobre o negócio de matéria-prima
geneticamente manipulada, o Dr. Margery Lee Oldfield
escreveu que aqueles que controlam o material genético
de cada espécie de cereal no mundo possuem um poder
económico e político quase ilimitado. Descobriu-se a exis­
tência desse perigo demasiado tarde. Sem que suspeitassem
de nada, os agricultores entraram no jogo destes grandes
negociantes. No caso da Áustria, começou por se lhes tirar
a sua sementeira variada por meio de importação de se­
mentes baratas, provenientes dos EUA e do Canadá onde,
nas antigas pastagens, existem campos de Trigo tão vastos
como toda a superncie deste país. Os produtos duma selec­
ção de sementes de 5.000 anos foram trocados por outros
de melhor preço e, em poucos anos, a diversidade das se­
mentes extinguiu-se!
A seguir aumentaram muito os preços, criando-se assim
um monopólio. No entanto, os cereais oferecidos em catá­
logos de cores brilhantes, não prestavam para a cultura. A
sementeira obtida por cruzamento (híbridos) não é fecun­
da. Mas ninguém chamou a atenção dos agricultores para
isso. O que lhes disseram foi como deviam proceder para
obter os maiores rendimentos: usar grande quantidade de
adubo químico. Além disso, para poderem incentivar o uso
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 143
de insecticidas distribuíram, propositadamente para culti­
var, sementes susceptíveis de ácaro pois, assim, poderiam
fazer um negócio chorudo de sementes, adubo químico
e insecticidas ao mesmo tempo. Desse modo, milhões de
hectares de terra, onde antes se cultivaram espécies geneti­
camente incontestáveis, foram mudados para monocultu­
ras geneticamente manipuladas. De facto, se se observarem
todos os preceitos, esses campos são mais produtivos mas
ficam mais susceptíveis. Sem abastecimento regular de no­
vas sementes, a produção diminuiria rapidamente dentro
de poucos anos. Além disso, haveria o perigo de se espa­
lharem doenças destruidoras o que poderia levar, pelo me­
nos em alguns casos, à perda total da colheita. Foi o que
aconteceu, por exemplo, na década de 70 na América em
que os agricultores americanos possuidores dos chamados
"bancos de sementes" (que têm sob o seu controlo todo o
género de sementes), no caso das Ervilhas e dos Espinafres,
só conseguiram evitar uma catástrofe porque importaram
rapidamente material genético da Índia.
Olhando para os exemplos do passado, deveríamos tirar
conclusões e convencer-nos de que o sistema de cultivar
cada vez menos variedades de espécies em superncies cada
vez maiores é muito mau: é bom recordar a grande fome que
ocorreu na Irlanda em meados do séc. XIX. Lá a Batata era a
base da alimentação. Aconteceu que uma epidemia irresistí­
vel destruiu em pouco tempo toda a colheita, de modo que
mais de dois milhões de Irlandeses morreram de fome, e
outros tantos viram-se forçados a emigrar. O que é que cau­
sou essa catástrofe? O alto grau de parentesco entre todas
as espécies de batatas cultivadas nesse país, que deu origem
144 HELMUT POSCH
a que quase nenhuma espécie tenha escapado ao contágio.
As grandes empresas agrícolas, com a chamada "revolução
verde", pretendem dominar tudo. O camponês individual,
apenas pode oferecer a sua energia para trabalhar e os seus
campos, sobrando-lhe ainda os riscos inerentes ao cultivo.
Os grandes senhores são chefes de empresas multinacio­
nais: empresas de energia, de produtos farmacêuticos e de
química, que ordenam o que se deve ou não deve semear.
A Horst Metzger da firma BASF - uma grande fábri­
ca de produtos químicos em Basileia na Suíça, na Revis­
ta "Química e Progresso" escreve: "Por causa dos gastos,
a cultura das plantas mais resistentes a doenças e insectos
daninhos, ficará provavelmente restringida em favor da
qualidade e da quantidade que pretendemos alcançar. Para
combater os insectos utilizar-se-ão insecticidas que serão
portanto integrados no processo de cultura".
A ESPELTA - A ARCA DE NOÉ DO AGRICT,JLTOR?
Como a Espelta não se deixou cultivar de modo inten­
sivo a ponto de dar grande rendimento, acabou por ceder
o seu lugar ao "Trigo moderno". O território da Espelta li­
mita-se às terras secas e pedregosas situadas nos locais mais
altos, onde o clima é mais agreste, crescendo aí como um ce­
real firme e resistente. Nessas terras, onde o Trigo não se dá,
floresce ainda hoje a Espelta. Graças a Deus que a Espelta
não se deixa cruzar facilmente com outras espécies; assim
escapou aos "cuidados da indústria genética". Ao contrá­
rio do afolhamento utilizado nas outras culturas, a Espelta
pode-se cultivar repetidamente nos mesmos campos, sem
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 145
limite. No entanto, se pretender, pode trocá-la com outro
agricultor. Devido ao que expusemos, temos ainda a certe­
za de possuir o cereal mais nobre, mais saudável e despre­
tensioso. Acho que não é por acaso mas, se merecemos ou
não estes dons de Deus revelados através de Santa Hilde­
garda, isso é outra questão. No entanto, uma coisa é certa:
um dia vamos precisar muito da Espelta.
BAGAS E COGUMELOS
Vamos dedicar um pequeno espaço às bagas e aos Cogu­
melos para dar algumas orientações.
Do mesmo modo que escolhi apenas umas entre as
muitas espécies no que se refere às plantas, árvores, tempe­
ros e legumes, assim também com as bagas e Cogumelos
vou escolher apenas umas de entre as muitas espécies.
Entre os frutos que podem prejudicar encontram-se os
Arandos (bagas azuis e pretas) e os Morangos. Santa Hil­
degarda sobre o Arando diz: "... não é remédio e comê-los,
faz mal porque provocam gota (segundo o conceito de Santa
Hildegarda)". A apreciação sobre os Morangos não é mais
favorável: "O Morango causa mucosidade e não é, de modo
nenhum, remédio. Não presta para os que têm saúde, nem
para os fracos, porque cresce junto à terra e no ar um tanto
podre".
Embora tenha um sabor agradável, é melhor renunciar
a esta delícia por causa do mal que faz à saúde. Algumas
crianças quando comem muitos Morangos muitas vezes
podem ter eczema. Comam antes Framboesas e Amoras!
São frutos saudáveis e igualmente saborosos. Também as
146 HELMUT POSCH
Groselhas, particularmente as pretas, são boas. Parece que a
maioria das pessoas desconhece que os frutos da Amoreira
são saudáveis, pois um dos meus "amigos de Santa Hil­
degarda" comentou que descobriu umas Amoreiras mas
que ninguém apanhava as Amoras, estavam todas no chão
a apodrecer.
Santa Hildegarda diz da Amoreira: "No seu fruto há
exuberância e nãofaz mal a ninguém; pelo contrário é útil
para o homem". Quanto aos Cogumelos, tão apreciados
por muitos, ela explica: "Os Cogumelos que crescem so­
bre a terra, seja qual for a espécie, são como a espuma e o
suor da terra. Nãofazem bem aos que os comem, provocando
exactamente o mesmo no homem: espuma e mucosidade ... "
(H.v.B.)
Porque é que não chegamos lá por nós próprios, saben­
do que existem tantos Cogumelos venenosos?! Todos os
Cogumelos que crescem sobre a terra provocam muco e
fazem mal. Portanto os que crescem nos troncos das ár­
vores, como por exemplo no Buxo, podem ser saudáveis
mas são exactamente estes que as pessoas desprezam. Re­
comendo, portanto, aos "amigos de Santa Hildegarda que,
quando os forem colher, não olhem para o chão mas um
pouco mais alto, para os troncos das árvores e assim encon­
trarão os Cogumelos saudáveis que escapam à maioria.
INCURÁVEL?
É um choque para alguém ouvir o médico anunciar: "a
sua doença é incurável!"
Esta má notícia soa como uma sentença de "prisão perpé­
tua". Há duas atitudes: uns deixam cair os braços enquanto
outros desenvolvem uma energia teimosa que os toma capa­
zes de inverter a fatalidade. Conheço um destes casos. Um
homem da nossa terra foi reformado aos 40 anos porque o
médico achava que a cirrose já muito avançada não lhe dava
motivo para esperanças. Teria, portanto, os dias contados. Na
sala de espera do consultório, encontrou uma revista com
uma receita. Procurou as ervas indicadas e fez um chá de que
bebeu regularmente 1 a 2 litros por dia, durante cerca de um
ano. De facto, embora estivesse doente de morte, recuperou.
Já não tem vestígios da doença e está muito bem-disposto.
Apesar dos imensos progressos da medicina moderna, ainda
existe uma série de doenças incuráveis. Isto não significa que
não haja nenhum remédio na natureza para elas. Mas os mé­
dicos ainda não descobriram tudo, por isso não sabem como
curar determinadas doenças "incuráveis".
Houve doenças graves, contagiosas, que levavam à morte,
consideradas até há pouco tempo incuráveis mas que, neste
momento, já não apresentam nenhum problema.
Deixaram de figurar na lista das doenças incuráveis,
porque a medicina tradicional descobriu o remédio certo.
Serei eu temerário ou até arrojado se não acreditar em
doenças realmente incuráveis? Porque é que não haveria
148 HELMUT POSCH A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 149

de haver na criação nenhum remédio para a impingem, a não obtivermos a cura desejada, o que fazer então? Sejamos

caspa, o enfisema pulmonar, a artrite deformante, além de flexíveis e inventivos no nosso modo de pensar. Há mais

outras doenças "incuráveis?" possibilidades do que suspeitamos. Se eu lhe disser: "Po­

Hão-de dizer-me: sim, é fácil falar assim porque co­ de-se chegar aos cem anos sem ficar na cama doente, nem

nhece o sistema médico de Santa Hildegarda recebido por um só dia", não me vai acreditar. E se for um padre a dizer?

inspiração divina. Mas será que não é evidente que o bom No livrinho Ide todos aJosé, de Monso Maria Weigl (Edi­

Deus sabe o que nos pode ajudar e curar? ção Grignionhaus, Altõtting, Alemanha) está escrito:

Uma coisa é certa: segundo este sistema, de facto, não " ... vou fazer em breve 92 anos e sinto-me bem-dispos­

há nada incurável porque, a Deus nada é impossível. E foi to como se fosse jovem. Sabem porquê?

Ele quem revelou à simples e humilde monja Hildegarda "Quando fui ordenado sacerdote, antes ainda de ter

os segredos da natureza, as funções do corpo humano, as completado 25 anos, rezei a S. José pedindo-lhe que me

causas das doenças e os remédios que o Criador colocou na conservasse sempre a saúde; por minha vez eu, em agra­

criação. Somos obrigados a aceitar, pois seria impossível ao decimento, rezaria todos os dias a sua Ladainha e até hoje

homem adquirir este saber, ainda que tivesse gasto inúme­ assim o fiz. Mas a verdade é que S.José foi sempre fiel; não

ras horas nas suas investigações. houve um único dia em que eu tivesse deixado de celebrar

Vale a pena aprender com Hildegarda e um médico ain­ a Santa Missa por estar doente. Durante 67 anos, a seguir

da com mais razão! Não seria bom concedermos a Deus ao Ofício do dia, que demora mais de uma hora, rezo a

o direito de intervir um pouco mais nos nossos assuntos? Ladainha em honra de S. José e, enquanto Deus quiser,

Sem Deus não há salvação, tanto no que diz respeito à conservar-me-á a saúde (17.4.1980)".

ciência como à medicina ou a qualquer outro campo. Se

O colocarmos de parte, se O ignorarmos, então começam o QUE o VINHO DE EVÓNIMO

as desgraças e muita coisa se tornará incurável. Pela minha OU BARRETE DE PADRE PODE FAZER

experiência, posso afirmar que os conselhos de Hildegarda

no campo da saúde nunca me desiludiram. Um rapaz meu vizinho procurou-me para me pedir

Sem grandes pretensões, apenas com simples remédios que fosse ver uma senhora que estava muito doente e, por

de Hildegarda, curaram-se toda uma série de doenças que isso, impossibilitada de se deslocar. Eu estava ocupadíssi­

a medicina moderna considera incuráveis. No próximo ca­ mo com assuntos da empresa (novo computador) e só duas

pítulo vou mencionar doenças que foram de facto curadas semanas mais tarde, por insistência do rapaz, é que fui vê­

com a ajuda desses remédios, não querendo com isto dizer -la. Quando ia pelo caminho senti-me pouco seguro. Até

que a sua aplicação garanta a cura a todos e a cada um. E se me interroguei se não seria uma tolice lá ir, pois não com-
150 HELMUT POSCH
1 A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA
preendia porque é que aquela senhora pensava que eu a po­
deria ajudar. Nessa altura, poucas pessoas ainda sabiam do
meu interesse pelas ervas medicinais. Quando lá cheguei
conduziram-me ao quarto da senhora. Acho que até fiquei
arrepiado, de rosto transtornado, com o susto que apanhei
quando entrei naquele quarto tão abafado. Meio sentada
numa cama com cinco almofadas à volta, estava uma se­
nhora cujo corpo parecia que tinha sido enchido com ar
comprimido. O meu primeiro pensamento foi: meu Deus!
O que é que eu vim aqui fazer? E pensei logo que, de fu­
turo, não voltaria a ser apanhado numa situação destas. A
senhora apontou-me uma cadeira ao pé da cama e eu, ain­
da hesitando, sentei-me. Vi então como o edredão estava
completamente encharcado.
Na cara inchada e sobre os braços incrivelmente gordos,
brilhava um mar de gotinhas, como se a doente estivesse
numa sauna.
A água saía-lhe de todos os poros. Pensei: não há dúvida
nenhuma de que isto é hidropisia.
A pobrezinha com dificuldade começou a contar a sua
miséria: "Trabalhei como enfermeira durante muitos anos.
Embora o médico não cesse de insistir, não vou para o hos­
pital porque sei que lá não me podem ajudar. Sabe senhor,
para morrer, prefiro morrer aqui, não preciso de ir para o
hospital".
Enquanto ela me contava a história comecei a com­
preender porquê tantas almofadas debaixo da cabeça e das
costas. Para não ficar sufocada, precisava manter a cabeça
acima da água de que o seu corpo estava cheio. Como se
adivinhasse o meu pensamento, disse:
151
"Preciso ficar assim sentada, senão falta-me o ar e ficarei
sufocada. Uma amiga contou-me que o senhor se ocupa de
ervas, porque o viu a colhê-las. Eu tenho muita confiança
nas plantas por isso pensei que o senhor me poderá ajudar
com as suas ervas medicinais ... "
Ainda chocado com o que tinha visto, logo que cheguei
a casa, comecei a folhear a Physica de Santa Hildegarda pro­
curando um remédio contra a hidropisia mas, confesso,
sem grande esperança. Meu Deus, esta mulher põe toda a
sua esperança nisto, tenho que encontrar alguma coisa, não
posso desiludi-la! Olha aqui está:
Evónimo: (l••• corta a casca e queima a madeira da ár­
vore no lume até obter a cinza. Coloca as cinzas dentro de
um pano, mergulha num bom Vinho puro desde a manhã
até à tarde. Toma muitas vezes este Vinho em jejum e a
doença desaparecerá" (H.v.B.).
Isto deve ajudar. Portanto, vou subir a montanha onde
sei que crescem estes arbustos. No Outono enchem-se de
frutos escarlates, venenosos, que se parecem com "bonés
de bispos". Chegado ao lugar, cortei uns ramos com o cani-
152 HELMUT POSCH
vete, tirei-lhes a casca e voltei para casa. Dos ramos peque­
nos fiz um feixe que deixei secar durante a noite no fogão.
Queimei-o depois numa grelha muito limpinha e obtive
umas cinzas maravilhosas.
o autor a tirar a casca ao tronco de madeira
Não tinha muita quantidade mas pensei que fosse su­
ficiente. No dia seguinte de manhã, pus as cinzas num
saquinho de linho a nadar no melhor Vinho que tinha e
depois, à tarde, fui levar o remédio à pobre doente. Duran­
te umas semanas não ouvi nada sobre ela concluindo que,
com certeza, também não teria morrido.
Um dia, ansioso por saber notícias, passei junto à sua
casa, como se fosse por acaso, e o que viram os meus olhos
cansados? ''A senhora cá fora na varanda! Bom dia minha
senhora, está bem melhor não?" "Sim, é verdade, já quase
desapareceu a água. Repare nas minhas pernas e nos meus
braços, ficaram "finos", já posso caminhar um bocadinho
todos os dias. Que alegria poder tomar ar fresco ... " Porém,
passadas duas semanas, voltou de novo o rapaz loiro a dizer
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 153
que a senhora lhe pedira para ir buscar mais Vinho pois
precisava dele com urgência. Eu expliquei que tinha muita
pena mas que não tinha mais preparado; tinha de ir fazê-lo
de novo e que lho levaria logo que o tivesse. Concluí que
nos alegrámos cedo demais. A água voltou de novo. Quer
dizer que 2 vezes 7 dI não é suficiente. Levei-lhe então mais
2 litros pensando que deveria chegar. E teria sido o sufi­
ciente se o seu médico não lhe tivesse dado uma injecção
que lhe agravou o estado de saúde. A doente foi internada
mas ... já não voltou mais para casa.
Acontece, porém, que a minha experiência com o Vinho
de Evónimo salvou a vida a uma outra pessoa. Pelo menos
nesse caso resultou. Um dia o D. Hertzka telefonou-me
perguntando se eu tinha dessas cinzas e que lhas mandasse
com urgência por correio expresso. O doente recebeu o
Vinho a tempo e em quantidade suficiente. Tanto quanto
sei, ainda vive e está muito bem de saúde.
INTERVENÇÃO A TEMPO - VINHO DE CEDRO
O meu pai foi ferido na guerra com gravidade e isso
deixou-lhe algumas sequelas. Há alguns anos começou a
inchar-lhe um pé, aparentemente sem motivo, e começou
a supurar causando-lhe uma dor horrível. No hospital des­
cobriram a causa: era um estilhaço de granada. Além disso,
o diagnóstico mencionava ainda algo estranho: osteomie­
lite - infecção/inflamação da medula óssea. O médico de
família disse ao meu pai: "Sabe, assim como agora irrom­
peu no pé, pode vir a acontecer também em qualquer outra
parte do corpo".
 154 HELMUT POSCH
I A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA
Ora isto são perspectivas pouco agradáveis. Quando será
que isto vai aparecer noutro local? Não demorou muito.
Passado um ano apareceu-lhe a mesma miséria noutro
local. Foi novamente internado e operado. Afinal não era
possível fazer nada, pensava eu. O estudo de livros espe­
cializados não resultou. Nem tão pouco se encontrou al­
guma referência sobre ostiomielite nos escritos de Santa
Hildegarda. Um dia falei com o Dr. Hertzka que, nos úl­
timos anos, já tinha recebido muitas chamadas minhas e
ele disse-me: "Procura o que está escrito sobre o Cedro".
Encontrei então o seguinte:
"... Aquele cujo corpo está interiormente débil e puru­
lento, tome a madeira de Cedro verde e deixe-a mergu­
lhada em Vinho puro durante a noite, de modo que este
apanhe o seu sabor. Beba este Vinho de forma moderada
depois das refeições e o seu corpoficará limpo e curado da
fraqueza e da supuração. Assim que se sinta curado deixe
de o beber, pois quem tiver saúde e tomar deste Vinho,fica­
rá interiormente duro, rijo, como a própria madeira. Esta
robustez seria demasiadoforte, prejudicaria a pessoa e até
a poderia aniquilar... " (H.v.B.).
Olha que isto não é de todo "inocente"! Além de não se
encontrar madeira verde de Cedro com facilidade, porque
é uma árvore que não cresce nas nossas terras, também não
vem indicada a quantidade certa de madeira. Por quanto
tempo é que se deve tomar o Vinho de Cedro e que quanti­
dade? Será melhor que o meu pai leia o texto de Hildegar­
da e depois decida. Assim foi. "Então o pai quer realmente
155
experimentar? Sendo assim vou arranjar a madeira de Ce­
dro". O meu melhor amigo, o José, estava em Roma a estu­
dar teologia. Escrevi-lhe e recebi imediatamente uma en­
comenda com belos ramos. Ficaram uma noite em "banho
de Vinho". Passados alguns dias de o meu pai ter tomado
um copinho depois das refeições conforme a prescrição,
perguntei-lhe, um pouco a medo, se já se sentia melhor.
"Não, até agora não". Continuou a beber já não sei por
quanto tempo, mas não muito. Começou a sentir-se me­
lhor e deixou de o tomar. E a verdade é que já há cinco anos
que o meu pai se encontra bem. Contudo, as pessoas "lei­
gas" não devem fazer este tipo de tratamentos que têm cer­
tas contra indicações, sem consultar o médico. Há pessoas
que pensam: "Se não fizer bem, mal também não faz", mas
esta teoria não dá para certos remédios de Santa Hildegarda,
como é o caso deste. Quem beber deste Vinho de Cedro em
demasia, prejudica a saúde, Só na medida certa é capaz de
curar uma doença para a qual a medicina clássica ainda não
tem remédio. Menciono esta experiência supondo que este
meu livro possa também chegar às mãos de vários naturote­
rapeutas. É importante ter em conta casos como este. Além
da possibilidade de, no futuro, tratar melhor a doença des­
crita, o naturoterapeuta encontrará ainda outras aplicações.
Hildegarda não diz que o Vinho de Cedro cura a infla­
mação/infecção da medula óssea, mas que cura a "fraqueza
e supuração interiores". Sobre as forças curativas do Cedro
não encontrarão absolutamente nada nos livros de ervas
medicinais. Talvez muitos dos meus leitores reconheçam
aqui como é importante a medicina através de remédios
naturais, mas tal como Santa Hildegarda no-la deu.
156 HELMUT POSCH
ENFISEMA PULMONAR
Cedro do Himalaia (Cedrus deodara)
A problemática do Enfisema Pulmonar é subvalorizada
pois, em geral, atinge o homem na velhice e, quando se ma­
nifesta por sintomas graves, é já numa fase avançada. Se no
trabalho diário e ao andar, a pessoa não sente nenhuma falta
de ar, nem é apoquentada por uma tosse crónica, nem tem
palpitações quando sobe escadas, então não se preocupa com
os pulmões. Este tema só chama a atenção quando peque­
nos esforços fisicos provocam uma sobrecarga cardio-vas­
cular e desencadeiam falta de oxigenação no organismo. É
uma doença que a medicina moderna não trata ou trata com
pouca eficácia. E isto acontece porque se supõe que seja im­
possível curar a dilatação excessiva dos alvéolos pulmonares.
No entanto, o enfisema pulmonar é uma doença que atinge
muita gente; hoje em dia é causa de 20-30% de todos os ca­
sos de incapacidade verificados no mundo do trabalho. Os
primeiros sintomas são: a falta de ar ao realizar esforços fisi­
cos e uma tosse seca e crónica. Santa Hildegarda recomenda
para estes casos o vinho de Pulmonária:
"Se os pulmões de alguém estiverem insuflados (infla­
tius) de tal modo que tenha tosse e dificuldade respiratória,
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 157
ferva "Pulmonaria officinalis" em Vinho; beba-o muitas
vezes emjejum, eficará curado" (H.v.B.).
Embora não empregando o termo de "Enfisema Pulmo­
nar" , a descrição, sugere tratar-se de uma doença de cariz
anátomo-patológico para a qual não temos nenhum remé­
dio eficaz e que, também será difícil que venhamos a ter.
Santa Hildegarda escreve: "... eficará curado"; sendo assim,
podemos supor que haverá uma recuperação da função
pulmonar.
Preparemos então esta bebida fervendo Pulmonária
em Vinho. Logo depois do aparecimento das Campainhas
Brancas (Galanthusnivalis), no início da Primavera, pode­
mos encontrá-la (a Pulmonária) na orla da floresta, debaixo
dos arbustos. Quem não conhece estas alegres mensageiras
da Primavera com as suas flores vermelhas e azuis. Colha­
mos um belo ramo e se, quando chegarmos a casa, o deixar­
mos ferver fortemente em 2-3 litros de Vinho, obteremos
o remédio para os pulmões envelhecidos do avô. Sei pelo
menos de dois casos de pessoas idosas que curaram o seu
enfisema com este Vinho. Um senhor de Salzburgo, que se
tinha visto obrigado a pedir a reforma antecipadamente, fez
a experiência de tomar um copo dos de licor deste Vinho,
emjejum, durante quase um ano. Decorridos uns 8/9 me­
ses, voltou a poder trabalhar e passou a ser capaz de subir as
escadas sem dificuldade, encontrando-se muito melhorado
e aliviado dos sintomas de dificuldade respiratória.
O Senhor B.G., de Mannheim, escreve: "Estou a tomar
o Vinho da Pulmonária indicado por Santa Hildegarda há
vários meses. Vinha sofrendo de bronquite asmática há 10
 158 HELMUT POSCH
anos e foi-me diagnosticado um enfisema médio, tanto
por parte do médico de família, como do da clínica. Fiz
uma cirurgia há sete semanas e, nessa ocasião, foram fei­
tas diversas radiografias inclusivamente aos pulmões. Os
médicos verificaram já não haver as alterações compatí­
veis com o enfisema. Tenho que concluir que o Vinho
de Pulmonária contribuiu para este facto, pois também
melhorei da bronquite asmática."
DORES NOS PULMÕES
Se temos dores nos pulmões mas sem tosse, não está in­
dicada a toma deste Vinho. Neste caso (não havendo enfi­
sema), fervemos a Pulmonária em Água e bebemos este chá
em jejum e após as refeições, até ficarmos melhor. Por vezes
os pulmões adoecem devido a problemas cardíacos ou pela
aspiração de alimentos misturados com fermentos gástricos.
O elemento frio da planta, atenuado através da forma suavi­
zante da Água actua sobre a doença, estabilizando-a. Santa
Hildegarda exprime-se exactamente assim. Concluímos que,
contra o enfisema, necessitamos de algo forte, o Vinho; por
outro lado, os pulmões e brônquios sensíveis e doentes re­
querem um tratamento suave.
ENXAQUECA
A dor numa das metades da cabeça (chamada enxaque­
ca) figura também para Hildegarda na lista das doenças di­
fíceis de curar. No seu Manual de Ensino escreve sobre a
hemicraniana:
A MEDICINA DE SANTA HU.DEGARDA 159
"Também estas dores provêm da bílis negra e dos maus
sucos existentes no corpo humano. Atinge apenas metade
da cabeça de modo que as dores se sentem, ou do lado direito,
ou do lado esquerdo. É que, se abundarem os maus sucos,
atingirá o lado direito da cabeça mas, sefor bílis negra a do­
minar, é o lado esquerdo que sofre. A enxaqueca apresenta­
-se com uma talforça que, sefosse atingida a cabeça toda, a
pessoa não a suportaria. É difícil combater este mal, porque
o que vence a bílis negra provoca a presença dos maus sucos
e, o que elimina estes sucosfaz aumentar a bílis negra; este
facto dificulta o tratamento, sendo também muito difícil
que se acalmem ambos em simultâneo" (H.v.B.).
Gostaria de pôr uma questão:
Actualmente, quem é que seria capaz de fazer seme­
lhante relacionamento e descrevê-lo? Entretanto, conhecer
a origem da enxaqueca sem ter a indicação de um remédio
para a cura, seria um fraco consolo. Encontramos resposta
na Physica de Santa Hildegarda, quando ela fala das Pêras:
"Descasca Pêras, corta-as, deita fora o caroço, deixa-as
ferver muito bem em Água atéficarem moles e esmaga-as
até fazer puré. 1bma ainda Funcho-dos-Alpes (Meum
athamanticum), Galanga, em quantidade menor, Alca­
çuz menos ainda e Segurelha muito pouco; pulveriza tudo.
Junta este pó a um pouco de Mel aquecido e adiciona-lhe
as Pêras, mexendo tudo fortemente. Conserva em frascos.
1bma diariamente da seguinte forma: em jejum 1 colher
das de chá; depois do almoço 2 colheres das de chá; à noite,
já na cama, 3 colheres das de chá. Este remédio é mais no-
160 HELMUT POSCH
bre, mais precioso e mais útil que o puro Ouro, porque cura
a enxaqueca e alivia a pressão no peito que as Pêras cruas
habitualmente provocam, aniquilando todos os maus sucos.
Deixa pois o homem tão limpo como quando se retira a
sujidade da loiça ao lavá-la" (H.v.B.).
Vale mais experimentar que estudar! Ouvindo tais pro­
messas, fiquei impaciente por conhecer resultados e lancei
este desafio: Sofre de enxaqueca? Então experimente este
Mel de Pêras. O primeiro testemunho veio de uma senho­
ra de Pettnau (Áustria) que em 2.6.1981 escreveu:
"Estimado Senhor Posch: Quero-lhe contar, em poucas
palavras, a cura maravilhosa que se deu usando o Mel de
Pêras. Há vinte anos que de 2 em 2 ou de 3 em 3 semanas
a minha cunhada sofria de enxaqueca. Nenhum remédio
a aliviava até que, um dia, dei -lhe do pó que o senhor me
tinha entregado. Iniciou os tratamentos em Dezembro de
1980. Em Janeiro de 1981 sofreu pela última vez do seu
mal, facto que se mantém até hoje; está felicíssima e eu fico
feliz por ela. O nosso Pai do céu cuidou realmente bem de
nós. Dou-Lhe muitas graças por me ter dado oportunidade
de conhecer Santa Hildegarda."
Recebendo tais cartas - entretanto tenho já uma gaveta
cheia - vem-me particularmente à mente esta frase da Bí­
blia: ''A quem muito for dado, muito será pedido".
Desde há muito que, para mim, tudo quanto se refere
a Hildegarda não é uma profissão mas uma missão. Temos
que agir de acordo com a nossa consciência. Não gostaria
que alguém me viesse a censurar, dizendo: "Podias ter-me
ajudado e não o fizeste". Por outro lado, sem dúvida, é espi-
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 161
nhoso fazer face às inúmeras leis e prescrições que limitam
extraordinariamente o campo de acção. Graças a Deus, há
uma clínica a uma distância de apenas um quilómetro da
minha casa, que se disponibilizou para integrar as terapias
de Santa Hildegarda no seu programa de tratamentos, o
que me defende do perigo de agir sem supervisão médica.
Voltando ao tema: o efeito deste Mel de Pêras é magnífico
e, como podem concluir pelo texto de Hildegarda, não é ape­
nas útil para aqueles que sofrem de enxaqueca mas para toda
a gente, porque aniquila os maus sucos, deixando o homem
tão limpo como quando se lava a loiça! Na verdade Hilde­
garda confirma a importância deste remédio ao dizer que
ele é mais nobre, mais precioso e mais útil que o Ouro. Na
minha imaginação, mal comparado, faço um paralelo com
a ida do nosso carro à oficina aquando da revisão completa:
lubrificar, mudar o óleo, os filtros, lavar o motor, controlar
as velas, puxar o lustro, tanto por dentro como por fora, até
brilhar. Todos sabemos que os bons cuidados prestados ao
carro prolongam a sua duração. Nas mãos dum desleixado,
um carro novo em pouco tempo estará "bom para o lixo";
no entanto, se o dono for diligente, o carro, mesmo velho,
continua "como se fosse novo". Com os homens passa-se
algo semelhante: Um tem aspecto de reformado embora só
tenha 40 anos, enquanto outro de 70 anos, está de tal modo
em forma que aparenta apenas 50.
Com o "detergente" Mel de Pêras, podemos fazer uma
limpeza geral de vez em quando para manter operacional
a nossa fábrica química, o Homem. Para que não tenha di­
ficuldades no caso de querer preparar o remédio em casa,
dou aqui as quantidades exactas:
 162 HELMUT POSCH
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 163

MEL DE PÊRAS
Funcho-dos-Alpes (Meum athamanticum), p. ex., 50 gra­
mas. Galanga, um pouco menos que Funcho-dos-Alpes,
p.ex. 40 gramas
Alcaçuz, um pouco menos que Galanga, (Glycyrrhiza
glabra) p. ex., 30 gramas Segurelha, ainda menos, (Satureja
hortensis) p. ex., 20 gramas.
Total: 140 gramas de pó (o modo de confeccionar en­
contra-se no capítulo anterior sobre a Enxaqueca).
camas (rusae) dessas lesões irão cair. Ficará curada porque
a Bílis da Lebre é útil para isso" (H.v.B.).
o Dr. Hertzka suspeitou que a palavra "escama" poderia
significar psoríase e, por isso, passou a prescrever a Bílis da
Lebre aos doentes com psoríase. O sucesso foi satisfatório.
A ideia surgiu no seu livro Das Wunder der Hildegard-Medi­
zin, e foi aproveitada por um naturoterapeuta que nos co­
munica o seguinte:

PSORÍASE

A psoríase é uma doença de pele benigna mas persis­

tente, de origem desconhecida. Distingue-se por lesões
características: manchas circulares, com um bordo bem
delimitado, fundo avermelhado e escamas espessas à su­
perfície, frequentemente nos cotovelos e joelhos. Estas " ... Foi neste livro que li que a Bílis da Lebre poderia
lesões podem ser disseminadas a nível do corpo todo. A
ajudar muito nos casos de psoríase. Pouco depois de ter
doença permanece durante anos, a maior parte das vezes "devorado" o livro, (foi o que eu fiz, pois é tão interessan­
uma vida inteira; evolui por surtos. Aplicar tinturas, radia­ te), veio ao meu consultório um doente com uma psoríase
ções e banhos, em geral, não traz senão um alívio transitó­
activa. O paciente tinha 39 anos e sofria desta doença desde
rio. Desconhece-se tanto a causa como o tipo de tratamen­ a infância. Este surto tinha-se iniciado cerca de 6 semanas
to eficaz. Santa Hildegarda também não fala directamente
antes; melhorou ligeiramente e voltou de novo passadas 6
desta doença mas há trechos em que podemos suspeitar
semanas. Mectadas estavam as duas nádegas, os dois joe­
que ela se refere a este mal, por exemplo, na descrição da
lhos, os dois cotovelos e a cabeça. Falei-lhe de Santa Hil­
Lebre do campo:
degarda e da sua prescrição de Bílis de Lebre para o trata­
mento de psoríase. Contudo, também avisei que ainda não
UDerrame a pura Bílis da Lebre sobre as úlceras de pele
tinha tido qualquer experiência com o tratamento e nem
duma pessoajfriccione a pele várias vezes com isso e as es- sabia ao certo como se deveria utilizar a Bílis.
164 HELMUT POSCH
"O doente disse-me que lhe era indiferente se estava tes­
tado ou não, estava desesperado e iria experimentar. Tinha
muita confiança em mim (já nos conhecemos há alguns
anos) e não tinha medo, pois sabia que eu não aconselhava
os tratamentos aos meus doentes levianamente. Acreditava
que havia de lhe fazer bem.
"Foi para casa, matou logo três Coelhos e, à noite, co­
locou a Bílis nas zonas atingidas. No dia seguinte ligou-me
e disse que durante três horas a pele "ardera" terrivelmen­
te, mas depois aliviou. Durante a manhã, 70% da psoríase
tinha desaparecido. Repetiu este processo mais duas vezes
seguidas, sempre à noite. Após três dias a psoríase desapa­
receu na totalidade e, até hoje, nunca mais voltou.
"Este tratamento foi feito em Fevereiro de 1979 e, até
agora (isto foi escrito em Julho de 1980), passou um ano e
meio sem que tenha tido novo surto da doença.
''A pele que estava atingida desde a infincia e que, nas
fases activas muitas vezes sangrava por lesões de coceira,
agora está lisa e sem cicatrizes.
"Foi este o primeiro caso. Seguiram-se outros que,
embora não tenham tido a eficácia deste (nunca ficaram
verdadeiramente curados), todos revelaram uma melhoria
substancial.
"Nem todos os doentes se entregam ao tratamento com
o mesmo entusiasmo, como aconteceu no primeiro caso.
Provavelmente não se pode menosprezar este facto pois
pode ter um papel importante no êxito do tratamento."
Foram estas as notícias do naturoterapeuta Pukownik de
Lichtenberg.
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 165
É natural que a disponibilidade pessoal do doente pos­
sa influenciar os resultados. Também é muito vantajosa a
associação em simultâneo de algumas regras de nutrição.
Quem sofre de doenças de pele devia renunciar, entre
outras coisas, a carnes de Porco assim como aos enchidos
que contêm sempre gorduras de Porco. Também se pode
e deve fazer uma limpeza interior, por exemplo, através
do Mel de Pêras ou de papas de Serpão. A par disto, po­
de-se ainda fazer uma cura de desintoxicação. Uma dieta
suplementar baseada em caldo com sopas de Pão aumenta
significativamente a probabilidade da cura. Pelo que se ob­
servou, aparentemente, não fará diferença usar a Bílis de
Lebre ou de Coelho, contanto que seja fresca. Aspira-se
com uma seringa o líquido da Vesícula e coloca-se num
frasquinho. Pode conservar-se assim durante algum tempo
no frigorífico.
Um dia, no café, um familiar perguntou-me se eu não
conhecia nada que pudesse curar esta doença. A sua esposa
sofria de psoríase havia já alguns anos e não se conseguia
libertar dela. Recomendei-lhe então a receita da Bílis de
Lebre mas ele não acreditou em mim. Passado uns meses
encontrei-o, por acaso, e disse-me que tinha ficado a pen­
sar no que eu lhe tinha dito, acabando por contar à esposa.
Ela quis experimentar e conseguiram arranjar a Bílis. Após
ter esfregado algumas vezes as partes atingidas, as escamas
caíram e não voltaram. Céptico como era, tirou fotografias
às lesões antes de iniciar o tratamento. Depois da agradável
surpresa, fotografou novamente. Já há algum tempo que
tencionava mostrar-me essas fotografias mas ainda não ti­
nha tido oportunidade. Em breve o faria.
 166 HELMUT POSCH
ÚLCERA DE PERNA
Há muitas pessoas que sofrem de úlceras de perna. Al­
gumas são curadas através de medicamentos modernos
mas, uma grande parte, não obtêm a cura com eles. Recor­
ramos então ao tratamento de Santa Hildegarda:
"E quem, na sua carne, sentir uma dor ardente e ao mes­
mo tempo tiver arranhões e úlceras, seja qualfor a sua ori­
gem, tome Farinha de Fava, junte-lhe um pouco de pó da
Semente do Funcho e Farinha de Trigo muitofina e dilua
tudo em água, de modo que os ingredientesfiquem mistura­
dos. Desta massaforme pãezinhos achatados, que se cozem
ao lume ou ao sol. Coloquem-se nas zonas afectadas; as do­
res daquele doente serão retiradas eficará curado" (H.v.B.).
Segundo as experiências do Dr. Hertzka, as ligaduras
feitas com esta massa são o melhor tratamento para as úl­
ceras de perna que são resistentes a outros tratamentos.
Até nos casos mais difíceis, de pessoas com mais idade
oujá mesmo muito idosas, o resultado não se deixa esperar.
Estas ligaduras têm a vantagem de não colar. A aderência
das ligaduras à ferida é um dos maiores males do tratamen­
to, pois dificulta a cura. Para quem se tratar a si próprio,
ou mesmo para quem fizer termas, recomendam-se os
seguintes procedimentos: Primeiro mistura-se a Farinha
de Fava, o pó de Funcho e a Farinha de Trigo conforme
indicado na receita e amassa-se com um pouco de água.
Estende-se a massa com um rolo, de modo a ficar bem fini­
nha, cortando-se em bandas correspondentes à medida que
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 167
necessitamos. Colocam-se num tabuleiro, deixam-se cozer
de tal modo que a massa ainda fique maleável para se poder
moldar. Coloca-se assim sobre as úlceras e envolve-se com
uma ligadura. Deixa-se actuar durante algumas horas e vai­
-se renovando até que as lesões cicatrizem.
DOENÇA DE PARKINSON
Entre as muitas cartas que recebo, deparo-me por vezes
com algumas escritas com uma caligrafia estranhamente
regular, mas tremida. No entanto, nenhum dos que as es­
crevem me pergunta se existe algum remédio indicado por
Santa Hildegarda para esta doença. Será que já não têm es­
perança que possa haver ajuda para ela ou pressupõem que
o seu problema seja perceptível através da letra (muito m­
bora não queiram falar dele)? Esta doença, que causa um
tremor constante, designa-se na medicina moderna por
Paralysis agitam, mais conhecida por Doença de Parkinson.
Os livros técnicos da medicina falam de uma doença neu­
rológica, crónica e de origem ainda pouco conhecida. Esta
constatação despertou o meu interesse e comecei a procu­
rar alguma ajuda nos textos de Santa Hildegarda:
"Se alguém tiver os membros a tremer, isto é, que estre­
mece efica fraco, corte Zedoária (Curcuma zedoria - da fa­
mília do gengibre - não confundir com a Curcuma - Aça­
frão das Índias) em Vinho,junte-lhe um pouco de Galan­
ga e deixeferver este Vinho com um pouco de Mel. Beba-o
quentinho e devagar, e o tremor vai abandoná-lo e asforças
irão voltar" (H.v.B.).
168 HELMUT POSCH
A minha primeira "experiência" com alguém a quem
os membros tremiam foi feita com um alcoólico (se bem
que o tremor neste caso se deva a outro mal diferente do
de Parkinson). Ele mal conseguia escrever o seu nome por
tremer tanto. O senhor veio ter comigo - como não podia
deixar de ser - por causa do fígado. Pensei que uns goles
deste Vinho não iriam fazer mal nenhum a uma pessoa des­
tas, com um consumo de álcool diário como o dele. Indi­
quei-lhe este Vinho por causa do tremor das mãos. E vejam
só: logo após uma semana mostrava-me as mãos "calmas".
; .9a4 -p... du-J. .4k já Santa Hildegarda fala duma doença própria a que cha­
   df..4 -pu:,!
 CHJ,.úJ"
1,) d.u4.- ..& -I<j,rS

Z.).<Jú,4 1Ké;b f.'",'
Todavia, o Dr. Hertzka comunicou-nos um resultado
um pouco diferente. Escreveu na nossa revista naquela al­
tura o seguinte:
<<A experiência mostrou-me que o uso deste Vinho (contra a
doença de Parkinson) deve prolongar-se por muito, às vezes
mesmo por muitíssimo tempo. Num caso, ultrapassou um ano até
se verificarem resultados. Efoi estranho, porque a doente, depois de
seis meses de tratamento deixou de tomar o Vinho e, apesar disso,
depois de um ano fuou curada. Posso assim concluir que os que
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 169
sofrem desta doença talvez não necessitem de tomar o Vinho dia­
riamente mas, por exemplo, algumas vezes por semana ou somente
durante uns meses».
PROFILAXIA DO CANCRO
Geralmente, antes do aparecimento do cancro, apare­
cem sinais pré-cancerígenos. É nesta fase precoce (que se
pode prolongar por meses ou anos), que o próprio tumor
canceroso vai crescendo.
Enquanto a medicina moderna não toma quase nenhu­
ma medida preventiva nesta fase, limita-se a esperar, com
o bisturi afiado na mão, que os tumores suspeitos cresçam,
ma "Vicht". Nesta muito pesquisada pré-fase, alastram as
substâncias ainda não patogénicas, não virulentas, através
do sistema venoso e linfático. Se esta disseminação com
depósito de proteínas nocivas não for combatida, elas irão
ser assimiladas e, entrando na circulação, irão desencadear
a transformação nas células, tornando-as cancerígenas. As
substâncias, até então inofensivas, transformar-se-ão em
células malignas cuja dispersão, normalmente acompanha­
da de sintomatologia dolorosa, se for neutralizada ou se
estas substâncias forem eliminadas pela via natural, conse­
quentemente poderão evitar o desenvolvimento do cancro.
Por outras palavras: Cura a pré-cancerose - isto é, a
doença de "Vicht" - e, assim, não receies vir a ter um can­
cro.
A descrição da doença de "Vicht" foi retirada do livro do
Dr. Hertzka, Das Wunder der Hildegard-Medizin:
170 HELMUT POSCH
«"VichtJJ, não pode ser confundida com "GichtJJ (gota), é uma
palavra alemã muito antiga. Ainda se encontra como definição de
alívio nas cólicas abdominais, nas diarreias ou outros episódios es­
pásticos e dolorosos no abdómen ou em qualquer outra zona do cor­
po. Estes doentes sentem-se durante anos adoentados, por vezes até
muito doentes e nenhum médico encontra a causa dos ataques de
dores que surgem por surtos, podendo até mesmo simular queixas
cardíacas, acabando estes pacientes por adoecer com cancro.
«É muito semelhante ao reumatismo comum e, segundo Santa
Hildegarda, também se trata de focos de doença disseminada por
surtos reumáticos. O Manual de Ensino descreve exactamente como
osfocos de "VichtJJ trabalham e evoluem no corpo.
«1à1 como uma massa levedada, depósitos de determinadas pro­
teínas permanecem em zonas do nosso corpo entre a pele e o mús­
culo. As suas moléculas sofrem várias fases de maturação em que
adoptam umas vezesformas redondas e outras sobre o comprimento.
Por vezes, rebentam os focos como cogumelos amadurecidos e li­
bertam uma nuvem de agentes minúsculos. A pessoa sofre de dores
reumáticas e tem espasmos como se alguma coisa estivesse a morder
ou roer.
«Mas estes agentes ainda não têm vida própria, assim se lê no
texto de Santa Hildegarda. Trata-se dum sinal da famosa pré­
-doença do cancro, a chamadafase pré-cancerígena. Esta doença de
"VichtJJ é uma doença por si só. Ela provoca sintomas tipicamente
de doença reumática. É, em simultâneo, a muito procurada pré­
-doença do cancro. Nestafase precoce, os marcadores do cancro vêm
positivos, mas ainda não se encontra o tumor. .. »
A MEDICINA DE SANTA HIl.DEGARDA 171
o ELIXIR DE LENTILHAS D'ÁGUA (LEMNA MINOR)
o remédio para a fase pré-cancerígena, aparentemen­
te complicado de preparar, chama-se Elixir de Lentilhas
d'Água. O texto de Santa Hildegarda diz:
"Quem tiver essas dores descritas, deve tomar desta be­
bida na quantidade de, um gole de manhã emjejum e outro
à noite antes de deitar, atéficar curado" (H.v.B.).
Se os sintomas reaparecerem no decorrer do tempo (essa
possibilidade pode demorar anos), pode-se repetir este tra­
tamento.
Nenhum médico lhe diria que está a sofrer da doença
de "Vicht" (pré-cancerígena), pois a medicina convencional
desconhece praticamente esta doença. Aqui só existe uma
maneira de se ajudar a si próprio, é arranjar o elixir. Mas em
que altura?
Assim que, tendo já uma certa idade, pressentir os sin­
tomas, havendo uma história familiar pesada de cancro e a
velocidade de sedimentação começar a subir no sangue, está
na hora.
E que bebida milagrosa é esta? Encontramo-la no Ma­
nual de Ensino de Santa Hildegarda no tópico de "Cólicas".
SOBRE A "CÓLICA"
"Uma pessoa que sofra de ((Cólicas" tome Gengibre e
uma grande porção de Canela efaça-os em pó. Tome de se­
guida Salva (menos que Gengibre), mais Funcho (semen-
172 HELMUT POSCH
tes) que Salva e Tanaceto (Chrysanthemum vulgare), mais
que Salva. Esmague estes ingredientes no almofariz até sair
o sumo e passe-o depois por um pano. Deixeferver com um
pouco de Mel e Vinho por pouco tempo, junte-lhe um pou­
co de Pimenta Branca (se não tiver, pode substitui-la por
Lysimachia nummularia),junte-Ihe também o pó anterior­
mente indicado e o sumo preparado.
Depois esmague ainda no almofariz até fazer pasta,
Lentilhas d'Água (Lemna minor), o dobro de raiz de Tor­
mentila (Potentilla tormentilla) que de Lentilhas d'Água, a
mesma quantidade de Mostarda Brava (Sinapis arvensis), e
Amor de Hortelão (Gallium aparine) menos que Lentilhas
de Água. Filtre a papa que obteve através de um paninho e
deite sobre ela o Vinho de Mel com os restantes ingredientes,
óbtendo assim uma bebida clara. Quem sofre destas dores
deve tomar um gole grande desta bebida em jejum e outro à
noite quando se vai deitar atéficar curado".
É simples mas, para quem isto se mostre muito compli­
cado, ainda temos mais dois remédios com o mesmo valor:
O Fígado de Veado ou Fígado de Ganso. Falaremos depois
mais sobre isto no capítulo da caça.
CANCRO
A maioria dos médicos encolhe os ombros quando ouve
falar "outra vez" de novos tratamentos para a cura do cancro
e lêem aquelas notícias sensacionalistas de olhos arregala­
dos. Eu não pretendo de modo algum causar sensação nem
sequer ser famoso, apenas quero afirmar um pensamento
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 173
acerca deste tema. Foi revelado a Santa Hildegarda um sis­
tema medicinal de circuito fechado, onde estão contidas
todas as doenças essenciais com os respectivos remédios.
Existem doenças fáceis e difíceis de curar, mas nenhuma
é incurável. Por isso é normal que, neste sistema, encontre­
mos também um remédio para curar o cancro. Procurarei,
no entanto, não agir de forma ilegal. Afinal, trata-se de uma
doença que s6 poderá encontrar uma solução com a ajuda de
pessoas competentes. Se elas um dia derem a Santa Hilde­
garda o lugar que lhe é devido, este flagelo perde certamente
muito do seu aspecto aterrador.
ApENAS UMA "MALEITA" OU DOENÇA DE MORTE?
Remédios de Santa Hildegarda para aqui, remédios de
Santa Hildegarda para ali: O que farei se a minha rouquidão
não não for causada pela cerveja fria, mas sim por um tumor
na laringe? Provavelmente toma-se tarde demais para uma
cirurgia se eu perder o tempo precioso a fazer tratamentos
caseiros! Não será uma irresponsabilidade sugerir tratamen­
tos caseiros contra supostas pequenas maleitas? Não poderá
estar oculta uma doença grave?
Levanto estas questões, para que se seja prudente em
relação aos riscos da automedicação. Recorrer à farmácia
caseira pressupõe que eu conheça a causa da minha doença.
Quem tosse por se ter constipado pode tomar o seu
xarope para a tosse sem problemas. No entanto, se sentir
"alguma coisa" na garganta - para dar um exemplo -, não
174 HELMUT POSCH
I A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA
deve adiar a ida ao médico. Em caso de dúvida consulta-se
sempre o médico de família. Ao médico da nossa confiança
sempre se pode dizer: ''Ah! Se não é nada de grave, então
gostaria de tomar um medicamento de Santa Hildegarda".
Um médico com bom senso não se vai opor.
Neste sentido, gostava que todas as receitas contidas
neste livro fossem bem percebidas. Isto vale de modo es­
pecial para as próximas 20 receitas de Santa Hildegarda que
pretendem curar diversas "maleitas".
FALTA DE AR
"Quem ficar com dificuldade respiratória por ter co­
mido ou bebido em demasia, ficando com o estômago pe­
sado, então ingira Hortelã Silvestre (Mentha longifolia)
em abundância: crua, cozida com carne, em molho, ou até
preparada como legume; e o problema acalma" (H.v.B.).
PROBLEMAS DOS OLHOS
"Quando, por causa da idade ou doença, o sangue e a
água nos olhos lhes causam grandefadiga, a pessoa vájun­
to de um Relvado,fixe-o bem durante algum tempo até que
olhos fiquem cheios de lágrimas. Porque o verde da Relva
elimina aquilo que turva os olhos e torna-os limpos e bri­
lhantes" (H.v.B.).
«Sabendo que na catarata causada pela idade, existe de facto
uma alteração dos níveis de humidade dos olhos, podemos então
recomendar isto vivamente a alguém que apresente os primeiros sin-
175
tomas desta doença. Parece um conselho demasiado simples mas não
o menosprezemos! Podemos pensar também no glaucoma (em fase
inicial), pois sabemos que existem alterações na irrigação sanguínea
do olho. Os casos indicados podem benljtciar com este conselho.»
(Dr. Hertzka)
DIARREIA
Misturamos 17 gramas de Cominhos em pó (Cuminium
cyminum), e 3 gramas de Pimenta Branca. Abrimos um
Ovo com cuidado para que a casca fique capaz de conter a
Gema, previamente batida com uma pitada dessa mistura.
Deita-se então este preparado na Casca e leva-se com cui­
dado a cozer ao forno ou ao lume durante cerca de 5 minu­
tos. Em seguida mexe-se com um pauzinho de madeira e
volta ao lume até ficar com a consistência de Ovo mexido
sequinho.
Antes de tomar este "Ovo medicinal", o doente deve
comer uma fatia de Pão Branco seco. A clara do Ovo não
é utilizada! Repita isto durante tanto tempo quanto for ne­
cessário, mas nunca mais que 3 vezes ao dia.
CÁLCULO BILIAR
«Seria melhor não retirar as pedras, mas cuidar que elas fi­
quem imóveis e sossegadas. Se interpretamos bem o que diz Santa
Hildegarda, elas podem ter uma função de alarme para evitar da­
nos maiores. Elas devem educar o homem para que não coma coi­
sas que lhefazem mal. A divisa é viver de modo a que elas não se
manifestem. Se porventura surgir uma cólica, toma-se Galanga.»
176 HELMUT POSCH A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 177

PROBLEMAS DOS OUVIDOS

--
'-r.
"Se o ouvido duma pessoa ficar danificado por alguma 1-

matéria fleumática ou qualquer outro género de doença,

tome Incenso Branco, ponha-o em lume vivo (brasas) e i. 11.11.1. " _
t
,.,

deixe subir o fumo de modo que este entre no ouvido obs­ -.

-
truído. Mas isto só deve serfeito com moderação para que • I t •• .....
,.

não se sinta pior se ofizer em excesso" (H.v.B).

"I :,.. '::'.' .
J '.' .,. - ,s. .
GRIPE
f I ,\ •. " .J::;
.....: :' .'4' ..

o remédio N° 1 de S. Hildegarda contra a gripe.
Dr. Hertzka: «Para que não haja mal-entendidos, antes de
mais, devo fazer uma pequena introdução sobre a gripe. Ela co­
meça com um mal-estar extremo. Mesmo aquele que normalmente
desvaloriza uma constipação, uma tosse ou uma rouquidão, sabe
imediatamente: Já fui apanhado pela gripe! Dores de garganta e
dificuldade em engolirfazem sempre parte desta doença.
«Mas ela é acompanhada sobretudo de febre, mais ou menos
alta. Eu raramente tenho febre mas, quando tenho, nem preciso de
termómetro para saber. A febre sempre existiu mesmo antes de ha­
ver termómetros para a medir! Na época de Santa Hildegarda, as
pessoas também sabiam quando estavam com febre. A testa muito
quente e o pulso acelerado são sinais evidentes; qualquer pessoa os
pode relacionar com a gripe. Porque a gripe é uma doença que, por
assim dizer, ((assalta" as pessoas de um dia para o outro; segundo
Santa Hildegarda ela pertence ao grupo das febres agudas (Santa
Hildegarda distingue quatro grandes gruposfebris com características
diferentes, consoante ocaso). Mas, no que se refere à gripe, ela é uma
verdadeira doençafebril.
.. ..0; :'t:
1àmbém não é necessário pensar muito para saber qual dos re­
médios de Hildegarda contra a febre vamos escolher. Assim que a
gripe se manifeste, faremos logo desde o início o Vinho de ((Raiz de
Imperatória"» :
ííTendo gripe, deveficar de cama até que esteja dois dias
semfebre. No primeiro dia devejejuar. Para matar a sede,
a única coisa que pode tomar é chá de Funcho sem Açúcar"
(H.v.B.).
o VINHO DE RAIz DE IMPERATóRIA
«Este vinho não é difícil de preparar e, se o fizermos logo no
início, é muito efuaz nos casos de gripe. É um remédio universal
178 HELMUT POSCH
que ajuda igualmente noutras doençasftbris. Há doenças que, além
de outros sintomas, também manifestamftbre como, por exemplo, a
tuberculose ou a pielonefrite, muito embora não sejam puras doen­
çasftbris. A gripe, por outro lado, é uma doença tipicamenteftbril
mesmo que, de seguida, se instale a tosse e o congestionamento nasal;
estes, por sua vez, também necessitam um tratamento diferente.
<<<1 ftbre e o mal-estar geral desaparecem rapidamente quando
se toma o Vinho de Raiz de Imperatória, no caso de ainda não se
terem ftito grandes experiências com outros medicamentos. 7àlvez
esta planta tenha este nome devido à sua acção magistral. Como
se prepara este Vinho? Põe-se uma colher de chá de pedacinhos da
Raiz num copo meio de bom Vinho durante uma noite. De manhã,
junta-se mais Vinho (igual porção) e côa-se. Isto é o Vinho de Raiz
de Imperatória. Bebe-se em jejum isto é, com o estômago vazio. Na
noite seguinte, prepara-se de novo o vinho com novos pedacinhos;
repete-se durante 3 a 5 dias. E Santa Hildegarda escreve: (lEt cura­
bitur" que quer dizer (lQuem tiverfebre, seja qualfor a sua ori­
gem,ficará curado". 7àmar um copo de Vinho logo pela manhã,
em jejum e em goles pequenos, é quando actua melhor. 7àmando-o
durante o dia, ocasionalmente pode provocar sintomas secundários
como tosse e congestionamento nasal» (Dr. Hertzka).
o REMÉDIO UNIVERSAL DA GRIPE N° 2
Outro remédio contra a gripe é constituído por
uma mistura de Gerânio Bico de Cegonha (Erodium
cicutarium), raiz de Camomila espanhola (radix Pyrethri)
e Noz Moscada em pó. Este pó contra a gripe tem 6
aplicações:
1) Na tosse: come-se em crepes com muita Maçã e
Açúcar (mistura-se o pó na massa de Maçã com o Açúcar).
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 179
No texto original não estão referidas as Maçãs e o Açúcar
mas na verdade sabe melhor. Aliás ,0 Açúcar, especialmen­
te o Açúcar de cana, é por si só um remédio contra a tosse.
Ainda mais eficaz é o Açúcar torrado (cubos escuros). Te­
mos assim um excelente remédio para a tosse.
2) Nas dores de cabeça: Misture-se este pó com Sal
no Pão. Quase todas as gripes são acompanhadas de dores
de cabeça. É típico em doenças virais pela inflamação das
menmges.
3) Nas constipações: Tome-se o pó com Vinho quen­
te. Tomado à noite, tem um efeito extraordinário e pode
ser visto como um excelente remédio preventivo. O sabor
dele é que deixa muito a desejar.
4) Na obstrução nasal: Deita-se o pó numa base seca e
sem odores e cheira-se. Na época das rinites podemos fazê­
-lo preventivamente, uma vez ao dia, para se impregnar nas
mucosas do nariz. Só inspirar o aroma! É com esta suavidade
que o remédio actua. O nariz fica logo desobstruído e seco.
5) Na indisposição gástrica: Toma-se o pó seco após a
refeição se tiver dores de barriga, tipo cólicas. Nestes casos,
se não se fizer nada, pode evoluir (para uma cólica biliar ou
um enfarte). Através da eructação, quando há flatulência,
o risco fica reduzido. (ver também em Galanga ou Mel de
Galanga).
6) Como remédio cardíaco: Toma-se o pó seco no
pão. Isto vai fortalecer o coração enfraquecido pela gripe.
Nós sabemos que a gripe deixa frequentemente alterações
cardíacas ou insuficiência cardíaca; isto é um risco que não
deve ser subestimado, especialmente nas pessoas de mais
idade. Neste caso o pó deve tomar-se puro ou no pão.
180 HELMUT POSCH
Este pó contra a gripe pode produzir um sétimo efeito
restabelecedor, se lhe juntarmos um pouco (2%) de pó de
Galanga. Uma pitada, tomada depois das refeições, melho­
ra a flatulência.
Se temos gosto em ter uma farmácia caseira funcional,
este pó contra a gripe, logo a seguir à Galanga, deve ocupar
um lugar de honra.
E se, por qualquer motivo, não nos for possível adquirir
este medicamento de Santa Hildegarda preparemo-lo nós
mesmos.
Vamos secar as folhas do. verdadeiro Bico de Cegonha
(Erodium cicutarium), vamos procurar numa casa da
especialidade Camomila espanhola (radix Pyrethri), no
supermercado adquirimos a Noz de Moscada e já
temos tudo o que necessitamos. Moemos as folhas secas
do Bico de Cegonha num almofariz ou moinho de café
e compomos a seguinte mistura:
40 gramas ­ Bico de Cegonha em pó
35 gramas ­ Raiz de Camomila espanhola em pó
25 gramas Noz Moscada em pó
= 100 gramas
Há pouco, o nosso pequenito andava com o nariz a pin­
gar e com tosse. A minha esposa deu-lhe logo uma colher
de chá do pó da gripe no biberão e, no dia seguinte, já não
se viam nem ouviam quaisquer vestígios de constipação.
Há aquela piada popular antiga sobre a gripe que diz que
ela demora duas semanas a curar com tratamento médico
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 181
e 14 dias sem tratamento médico. Com ajuda deste pó não
é bem assim. A gripe após três dias está tratada. Quando a
gripe me ataca, os meus espirros ouvem-se por toda a casa.
Mas não por muito tempo; uma vez aproximado o pó ao
nariz, espirro mais duas ou três vezes e pronto, já passou. E
não é apenas comigo que isto acontece.
A Senhora Kronsteiner escreveu-me recentemente:
"Estimado Senhor Posch!
"Tenho a alegria de lhe transmitir que, há um mês, o
pó contra a gripe me ajudou extraordinariamente. Apanhei
um resfriamento e uma forte constipação; quase não po­
dia ver, tinha dores de cabeça e febre. Tomei o pó contra a
gripe e, passados dois dias, ela tinha desaparecido como se
se tivesse evaporado. Usei-o em três formas: inalado, em
vinho quente e no pão. Fez-me muito bem à cabeça. Na
verdade confiei que me iria ajudar e, de facto, resultou em
tão pouco tempo ... "
o pó faz o seu efeito, quer se acredite ou não. Nas
crianças é onde se vê melhor a sua actuação. Não é preciso
convencê-las do resultado.
ZONA
A Verbena, que actua no tratamento de abcessos (cozida,
e colocada em pachos) também deu provas da sua eficácia
nos casos de zona.
A erva (Vérbena o.fficinalis) cozida, levemente espremida
e colocada num pano de linho, aplica-se como emplastro.
182 HELMUT POSCH
HEMORRÓIDAS
Os problemas da região anal ou seja, as hemorróidas,
podem ser bastante grandes. Os sintomas variam entre a
leve comichão, as fortes dores ou até hemorragias. Supo­
sitórios e pomadas trazem apenas um alívio passageiro.
Quem sofrer deste incómodo - e são mais pessoas do que
se pensa - sabe exactamente o que são hemorróidas. Por
isso não nos interessa saber como nem por quê, mas sim
questionar como podemos tratar este mal.
VERÓNICA
Santa Hildegarda usa poucas palavras quando fala acerca
da Verónica (Véronica beccabunga):
((Quem a cozer, efizer um puré (de legumes),faz dela
uma reftiçãojuntando-lhe molho bechamel ou um pouco de
óleo. Se comer istofrequentemente, a sua barrigaficará logo
mais solta. Esta erva pode também curar a ((Vicht" (sinto­
mas pré-cancerosos) (H.v.B.).
Santa Hildegarda não diz mais nada. Portanto, nem uma
palavra sobre hemorróidas, prurido anal ou hemorragias.
Então, como podemos nós tomar a liberdade de recomen­
dar esta planta como remédio para as hemorragias no he­
morroidal? Não é preciso acrescentar nada aos textos de
Santa Hildegarda, nem tão pouco vamos alterá-los. Basta
pensar um pouco. O que quer dizer ((... a sua barrigaficará
logo mais solta... "? Combate a obstipação e, assim sendo,
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 183
também melhora o funcionamento do intestino grosso. É
aí mesmo que reside o problema que esta planta é capaz de
resolver: a inflamação do intestino, obtendo com ela alívio
ou cura do hemorroidal (varizes).
Varizes são veias com "sangue parado". Soltar quer di­
zer: Restabelecer a circulação. Soltar para Santa Hildegarda
também quer dizer libertar o trânsito intestinal, ou seja,
limpar o intestino.
VERONICA BECCABUNGA
Existe um método de tratamento, o chamado clister
de limpeza, em que as fezes que ficam retidas nas bolsas
do intestino durante vários dias ou até mais tempo, e que
podem contribuir para o autoenvenenamento (através do
intestino), são retiradas por meio de lavagens do intestino
com água.
É isto mesmo que a planta Véronica beccabunga faz, mas
duma forma mais elegante.
Aliás, os que têm experiência de sofrimentos devido a
hemorróidas e que também sofrem de obstipação, vão re­
conhecer como é extraordinária esta sugestão da Véronica
beccabunga recomendada por Santa Hildegarda. Este puré
de Véronica beccabunga é um tratamento para a chamada
doença "Vicht" pré-cancerígena! Por outras palavras, serve
para prevemr o cancro.
Sabemos que o cancro do cólon tem vindo a aumentar.
Provavelmente, na mesma proporção em que aumenta o
número de doentes com hemorróidas para os quais, ofi­
cialmente, não existem estatísticas.
184 HELMUT POSCH
Se esta notícia se espalhar, que a Tkronica beccabunga even­
tualmente consegue prevenir o cancro do cólon, haverá
certamente necessidade de se cultivar a planta em larga
escala para poder dar resposta (em quantidade suficiente)
sem que a natureza sofra danos. Esta planta cresce em toda
a Europa, em zonas húmidas e junto de correntes de água.
As flores azuladas desta planta, que pode chegar a uma al­
tura de 50 em, vêem-se de Março aJunho. A erva, folhas e
haste, podem ser utilizadas desde a Primavera até ao Outo­
no. Para o caso de não a conhecer, Santa Hildegarda tem
ainda outro remédio contra as hemorróidas:
A SOPA DE FEIJÃO SEM FEIJÃO
Coze-se o Feijão de estaca em água durante bastante
tempo, côa-se e bebe-se o caldo. Repita-se isto várias vezes
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 185
e as hemorróidas irão desaparecer. Para ser mais preciso,
isto é uma água de Feijão ou chá de Feijão. Mas este chá
pode-se transformar numa sopa saborosa se lhe juntar­
mos mais ingredientes (Sal, Noz Moscada e uma pitada de
Manteiga).
No seu manual de estudo (Causas e tratamentos de doen­
ças), Santa Hildegarda dá-nos indicações precisas relativa­
mente às causas e tratamentos das hemorróidas:
"Por vezes, os maus sucos, muito aguados efluidos, exce­
dem a medida certa no corpo, impedem a correcta circulação
sanguínea efazem com que o sangue saia por via anal sem
que haja saída defezes. Isto é um perigo para a pessoa e rou­
ba-lhe a força vital. Porém, quando estes sucos saem pelas
fezes, na maior parte dos casos, limpam o corpo e a pessoa
recupera a saúde" (H.v.B.).
O Dr. Hertzka explica-nos como na verdade estes dados
são "científicos":
«Estas poucas frases, fazem parte duma publicação cientffica
sobre um campo muito abrangente, de ((hemorragias em sítios er­
rados" (sangue nasfezes, vómitos com sangue, hemoptises, hema­
túria, disenteria etc.).
É um dos numerosos textos do livro de Santa Hildegarda que
seria capaz de deixar qualquer professor moderno pálido de inveja,
se lhe chegasse ao conhecimento que estas coisas tivessem sido des­
cobertas por um colega seu. É um trecho que descreve ao pormenor
os processos do metabolismo e até os ((comandos" das hormonas
(hormonas cerebrais!), como nem sequer até agora nos foi dado
conhecer. Um pequeno trecho, entre centenas de outros, que nos
186 HELMUT POSCH
traz provas absolutas de que o conteúdo do Livro de Ensino de
Hildegarda deve ser de origem divina e não, seguramente, baseado
em conhecimentos vindos de algum médico entre Hipócrates e Pa­
racelso; muito menos ainda estas coisasforam descobertas, investi­
gadas ou inventadas, pela própria Hildegarda.
Neste texto teórico (Causas!) denota-se que devemos distinguir
entre hemorróidas que sangram espontaneamente e com abundân­
cia, e as pequenas perdas de sangue durante a dejecção. Sangue
nasfezes na doença hemo"oidária pode até contribuir para a cura;
porém, tem que se excluir a presença de cancro do cólon, que é raro;
cabe no entanto ao médicofazer o diagnóstico. Excluído o perigo do
cancro, as pequenas perdas de sangue originadas pelas hemorrói­
das, não devem causar preocupações. Nem as grandes hemorragias
rectais, que surgem espontaneamente, devem ser laqueadas a todo
o custo, como veremos mais tarde no Manual de Ensino no texto
relativo ao tratamento» (Dr. Hertzka).
SOBRE AS HEMORRÓIDAS
teSe sucos maus,jluidos e aguados, tomam conta do Ho­
mem sem que, em simultâneo, haja um esvaziamento dos
alimentos ingeridos, deixando sair sangue do ânus, não se
deve tentar travar um sangramento destes porque, então,
este mesmo sanguefica retido e irá provocar danos maiores,
provocando hemorragias mais abundantes." (H.v.B.)
«Não vou pormenorizar o texto traduzido do latim pelo Profes­
sor Hugo Schulz de Greiftwald. Basta prestar atenção ao conselho
de não tentar parar de modoforçado as hemo"agias rectais, mesmo
que sejamfortes. Num outro parágrafo, o texto continua dizendo:
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 187
teSe o sangue do homem se agitar devido aos sucos maus
e aguados, e estesfizerem correr sangue do ânusjuntamen­
te com as fezes, o sangue não deve ser retido, porque tem a
função de (limpeza'. Em caso de hemorragiasfortes,junte­
-se Véronica beccabunda aos legumes ou a outras verduras
boas, prepare-se uma refeição e coma-se moderadamente.
A planta irá impedir o referido jluxo sanguíneo, retendo­
-o; os legumes e as restantes verduras irão restabelecer as
forças do doente" (H.v.B.).
Véronica chamaedris línn. = Veronica <ffuinalis
CANCRO DA PELE
teSe alguém tiver dores de cabeça, se tumores lhe comerem
a carne ou se tiver ulcerações em qualquer sítio do corpo,
devejuntar suco de Violetas, com uma terça parte de Azeite
e Sebo de Bode em quantidade igual à de suco de Violetas.
Colocar tudo numa panela, deixarferver, preparando com
isto uma pomada. Quem tiver dores de cabeça,friccíone esta
pomada na testa em sentido transversal e irá sentir alívio.
TOdavia, a pessoa que tiver tumores malignos ou úlceras
na pele, também deve passar a pomada nessas zonas e estes
tumores que dela comerem terminarão" (H.v.B.).
«Trata-se nitidamente do cancro da pele onde se inclui também o
muito frequente cancro da mama. Uma pomada prometedora para
todas as doenças de pele» (Dr. Hertzka).
Aqui incentiva-se a criação dos Bodes, (mesmo tendo
um cheiro desagradável), para podermos ter Sebo de Bode
188 HELMUT POSCH
em quantidade suficiente. Utilizar outros ingredientes se­
ria inútil. Tem que ser Sebo de Bode e não pode ser outra
base qualquer. E nem pode ser nenhuma essência artificial,
tem que ser suco de Violeta pura, da Violeta bem perfuma­
da. Admite-se que leve muito tempo a colher Violetas em
quantidade suficiente para obter 250 ml de suco. E o Sebo
de Bode não é um produto que se compre no supermerca­
do. Na verdade, a aquisição dos vários ingredientes exige
um grande esforço o que, consequentemente, torna os me­
dicamentos mais caros. Pode acontecer que seja necessá­
rio comprar um Bode inteiro para obter o Sebo. Sobre este
tema eu poderia contar-lhes as histórias mais engraçadas.
TOSSE
Poder-se-ia perder a paciência com a ineficácia da maior
parte dos xaropes para a tosse. Os pais de famílias numero­
sas devem sabê-lo por experiência própria. Naturalmente,
os fabricantes destes xaropes não se preocupam se estes fa­
zem efeito ou não. O que lhes interessa mesmo é que os
médicos os prescrevam. Não me cabe na cabeça que, para
uma doença tão comum como esta, não haja em toda cria­
ção um remédio mais eficaz. A primeira receita de xarope
para a tosse que encontrei no livro de Santa Hildegarda
provou, logo desde o início, a sua eficácia. É o Vinho para a
Tosse feito de Marroio-Branco, Funcho e Endro.
(Receita: Marroio-Branco 10, Funcho 30, Endro 30­
cozer 2 colheres das de sopa da mistura em Y2 I de Vinho
fervendo 3 a 4 min., coar num paninho e beber quente 2 a
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 189
4 vezes por dia - crianças até 6 anos uma colher das de chá,
até 12 anos uma colher das de sopa).
Numa aldeia aqui vizinha vive um homem cuja tosse
matinal se fazia ouvir por metade da aldeia. As casas estão
construídas perto umas das outras; por isso, não é de estra­
nhar. As pessoas estavam tão habituadas a ouvi-lo que, um
dia, até pensaram que ele tinha morrido durante a noite:
Ninguém o ouvira tossir. O que teria acontecido? Ele tinha
recebido o meu Vinho da tosse. Nos dias seguintes quase
toda a aldeia veio ter comigo para adquirir daquele Vinho.
Outro remédio para a tosse é o Tanaceto.
Tanaceto (Chrysanthemum vulgare)
"Quem estiver constipado e com tosse, coma Tanaceto
misturado na sopa, no bolo ou numa reftição de carne.
Quem tiver tosse, prepare uma sopa de pão ralado com
Tanaceto. Se a comer muitas vezes, asferidas interiores, a
tosse e tudo o quefor muito seco, solta-se e o doente poderá
expelir tudo; então sentir-se-á melhor" (H.v.B.).
190 HELMUT POSCH
As folhas do Tanaceto são semelhantes às folhas dos Fe­
tos embora aquele não pertença à mesma família. A planta
pode chegar à altura de 1 metro. As flores amarelas são ve­
nenosas. Para uso medicinal são utilizadas apenas as folhas.
Para curar a tosse cozinham-se as folhas com os alimentos.
o tratamento para a tosse mais eficaz que o Dr. Hertzka
encontrou foi:
A CURA COM CAROÇOS DE AMEIXA
Ele escreve:
«Contra a tosse que surge subitamente - portanto não é tosse
crónica ou tabágica - encontrei um outro remédio ainda maisforte,
a ((cura de Caroço de Ameixa". 7àmbém aqui neste livro foi refe­
rido que o homem come o que não presta da Ameixa e deitafora o
melhor: os Caroços.
«Devem-se lavar, deixar secar, abrir e, depois de bem secos e mir­
rados, armazená-los (o miolo) num recipiente bemfechado.
«Então quando surgir uma tosseforte e persistente (as tosses ba­
nais ignoram-se, ou então fazem-se desaparecer milagrosamente
com a sopa de 7ànaceto, com o Vinho de Marroio-Branco, Funcho
e Endro, ou com os crepes com Bico de Cegonha), deitemos uns
30-50 caroços secos em meio copo de Vinho e deixemos de molho
até quefiquem novamente bem cheios e redondinhos.
Nesta operação são embebidos no Vinho e libertam uma boa
parte do Ácido Prússico contido.
Damos conta disso quando destapamos o copo do Vinho. O
cheiro que liberta é nitidamente a Ácido Prússico. Uma partefua
f A MEDICINA DE SANTA Hn.DEGARDA 191
retida no Caroço e a outra dilui-se no Vinho, justamente na quan­
tidade suficiente e necessária para a cura.
«Não tenham medo do Ácido Prússico! Eu também sei que, de
forma muito concentrada (na Amêndoa Amarga), ele é altamente ve­
nenoso.
«Mas, desta forma natural, é um remédio maravilhoso contra
a tosseforte. Os médicos mais velhos sabiam disso peifeitamente: o
meu pai (também médico) conhecia água de Cereja e Loureiro com
Ácido Prússico como tratamento para a tosse convulsa. Ainda há
farmácias que a têm.»
A receita de Santa Hildegarda é:
ceDos Caroços inchados, comem-se alguns pedacinhos
(mastigados), outros partem-se (5-8) em pequenos peda­
ços e cozem-se numa sopa de Farinha, à qual se adiciona
também um pouco do Vinho onde os Caroços estiveram
previamente a demolhar."
Uma vez acabadas as reservas de Caroços embebidos, teremos
que colocar mais Caroços em Vinhofresco.
ceEt cito curabitur" (ce... e ele ficará rapidamente cura­
do"). Isso é mesmo verdade. Na maior parte das vezes, não de­
mora mais que três dias. É também eficaz na tosse convulsa. É
essencialmente um remédio para tosse irritativa. É indiferente uti­
lizar Vinho Branco ou Tinto. um que ser Vinho puro.» (Dr.
Hertzka).
Um remédio universal para os pulmões e também con­
tra a tuberculose é:
192 HELMUT POSCH
o ÓLEO DE ABSINTO
"Junte-se uma quantidade de sumo de Absinto a uma
quantidade de Azeite que seja o dobro do sumo, deixe-se
aquecer num copo oufrasco ao calor do sol; depois guarde-se
durante o ano. Então, se alguém começa a sofrer do peito e
com tosse, esfregue este óleo no peito. Se também tiver dor
de lado, esfregue igualmente a zona dolorosa efu:ará curado
interior e exteriormente" (H.v.B.).
«Sabe-se que a tuberculose só se torna perigosa quando, devido
à constante tosse irritativa, as massas de tubérculos (linfa) se espa­
lham pelo pulmão todo; isto está em conformidade com a medicina
moderna. Por isso, é importante eliminar o perigo de contrair tubér­
culos, tratando a tosse e o peito logo no inúio. Actualmente aforma
de curar consiste, na maior parte das vezes, em inundar o corpo
durante algum tempo com venenos fortes. Antigamente curava-se
com repouso, luz, arfresco e sol. O Óleo de Absinto é preparado,
segundo as indicações de Santa Hildegarda, aquecendo o sumo de
Absinto dentro de umfrasco ao sol, juntamente com duas partes de
Azeite. Não receberá o óleo a Vitamina D3 dos raios do sol? Assim
sendo, o Óleo de Absinto é energia solar concentrada!
«É evidente que eu nunca pude experimentar directamente isto
com doentes tuberculosos porque, habitualmente, estes doentes são
logo entregues aos cuidados do Serviço Nacional de Saúde. 1bda­
via, considero este remédio muito prometedor, especialmente quando
ouçojovens a tossir, e recordo as palavras magnifuas de Hildegarda:
((Quem tiver tosse ... "
«No entanto é preciso ter cuidado pois o Óleo de Absinto, se
se exagerar na sua utilização, pode provocar irritação na pele. A
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 193
pele pode ficar vermelha e formar pequenos nódulos; neste caso, é
necessário suspender para evitar um eritema generalizado com um
prurido desagradável. Eu não sei se esta hipersensibilidade ao Óleo
de Absinto - especialmente em crianças pequenas - está relacio­
nada com a maior apetência para contrair a tuberculose; daíjá se
poderiam tirar algumas conclusões. Eu, por mim, aconselho sempre
a usar poucas gotas de óleo e a mudar com frequência as zonas de
aplicação» (Dr. Hertzka).
As experiências do Dr. Hertzka também se confirma­
ram na nossa família:
Após se terem verificado alguns casos de tuberculose na
zona onde a minha cunhada vivia, foi feito um rastreio e
os médicos também identificaram umas manchas nos pul­
mões dela. Não quis tomar a medicação que fora prescrita
por causa dos graves efeitos secundários. Decidiu friccio­
nar-se diariamente durante algum tempo com o Óleo de
Absinto. Ela contou que, numa das consultas de controlo
obrigatórias, os médicos verificaram que os pulmões esta­
vam novamente limpos.
A família F. de Linz escreve-me no dia 14/10/82: " ... 0
André esteve vários meses em tratamento hospitalar devido
a uma doença de pele incurável, uma pleurisia e uma "ca­
verna" num dos lobos do pulmão esquerdo, tudo resulta­
do de um tratamento médico falhado ... foi hospitalizado.
Uma história de sofrimento: não passou quase nenhuma
noite sem que tivesse experimentado as maçadoras crises
respiratórias, especialmente nos meses de Novembro e du­
rante o inverno. O meu filho André tinha na altura 2 anos
de idade e sofria muito com a doença.
194 HELMUT POSCH
-_.- ->::<..&
-/
'/ I \.\' ':
Artemisia absinthium L.
"Graças a Deus, soube da existência da medicina de Santa
Hildegarda e escrevi ao Dr. Hertzka. Ele recomendou-me o
Óleo de Absinto para o pulmão (2 partes de Azeite, 1 parte
de sumo de Absinto colocado durante algum tempo ao sol).
O efeito foi surpreendente: durante três noites seguidas,
sempre que o André acordava e começava a tossir, eu esfre­
gava-o com o referido óleo, cobria-o com um pano quente e
ele acalmava. Não teve mais nenhuma crise de falta de ar. Fi­
nalmente o RX já não acusava nada nos pulmões. Louvado
seja Deus! Aleluia! Com os melhores cumprimentos ... etc."
CATARRO
Em casos de infecções crónicas das amígdalas, da faringe
e da laringe, assim como no catarro e na sinusite, a sopa
de Marroio-Branco mostrou-se muito eficaz. Nos últimos
dois casos deve utilizar-se o dobro da quantidade de Mar­
roio-Branco (Marrubium vulgare).
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 195
Coze-se em Y4 1 de água 1-2 colheres de sopa de Mar­
roio-Branco cortado, ou seja, uma mão cheia. Côa-se e, a
essa água,junta-se-lhe 1,!z litro de Vinho Branco. Uma terça
parte ou metade desta mistura do Vinho, Água e Marroio­
-Branco ferve-se com 2 a 3 colheres de sopa de natas (não
ácidas) e come-se como sopa quente. ((Bebido várias vezes,
liberta as vias aéreas superiores", escreve Santa Hildegarda.
MELANCOLIA E DEPRESSÕES
Pessoas que sofrem de depressões são verdadeiramente
dignas de pena. Esta doença, em casos graves, pode levar ao
desespero e, por vezes, até ao suicídio. Se a causa não for
porventura devido a um conflito da alma, podem obter-se
resultados rápidos com o vinho de Arum.
((Uma pessoa em que domina a bílis negra (melanco­
lia) tem alterações de humor andando quase sempre tris­
te. Deve beber muitas vezes Vinho fervido com Raiz de
Arum. Este diminui nela a melancolia ou seja, deixá-Ia-á
assim como também afebre" (H.v.B.).
Esta planta foi considerada venenosa por alguns biólo­
gos. Certamente isto não se verifica em relação à raiz tu­
berosa. Estas raízes antigamente até eram ingeridas depois
de cozidas, como se pode ler na enciclopédia botânica. A
farmacologia do Professor Posner também não refere esta
raiz como venenosa. O problema prende-se mais com a
aquisição destas raízes. Um dia destes, uma camponesa
queixou-se-me do seu sofrimento e eu fiz, pela primeira
196 HELMUT POSCH
vez, este Vinho. Tive muita pena dela. Chorava por tudo e
por nada, não tinha coragem para sair de casa e a família já
estava completamente fora de si com a sua grave depressão.
Durante uma semana, bebeu diariamente uns goles deste
Vinho. Passado este tempo, começaram-se a observar umas
melhorias no seu humor. E, após mais uma semana, a de­
pressão tinha desaparecido por completo.
Segundo Santa Hildegarda, a culpa desta doença é de­
vida ao aumento desmesurado da chamada bílis negra. Esta
existe no organismo de toda a gente em quantidades dife­
rentes e está sempre envolvida em todas as doenças graves.
Influências exteriores mas também sofrimentos da alma
aumentam os níveis destas substâncias patogénicas (por
exemplo o estado de choque num caso de morte de alguém
próximo, ansiedade antes dos exames, etc.). Este vinho re­
duz os níveis de "Bílis Negra" no corpo, alivia a falta de
entusiasmo, a verdadeira melancolia (melancholia agita), o
mau humor, crises depressivas e a sudorese nervosa. Pes­
soas alegres por natureza não podem imaginar como se sen­
te uma pessoa de natureza melancólica que está deprimida.
Por isso, estes doentes sofrem ainda mais devido à falta de
compreensão e compaixão por parte dos que os rodeiam,
muito embora esta doença deva ser levada muito a sério.
HEMORRAGIA NASAL
(ueça Vinho, coloque lá dentro uma pedra de Corna­
lina (pedra semipreciosa) e beba este Vinhojá sem a pedra.
A hemorragia nasal parará" (H.v.B.).
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 197
BOLACHAS PARA os NERVOS
Receita base das Bolachas para os nervos: 45 gr. Noz de
Moscada em pó, 45 gr. Canela em pó e 10 gr. de Cravinho
em pó, 1,5 Kg de farinha de Espelta, 500 gr. Manteiga, 300
gr. Açúcar e 4 Ovos. Juntam-se os ingredientes todos, faz-se
uma massa que se estende com o rolo da massa numa tábua
(não muito grossa); cortam-se bolachas que vão ao forno
aquecido a 190°C. São boas para quê?
"Come-as com frequêncía e a amargura do teu coração
e dos teus pensamentos deixar-te-á, os teus pensamentos
tornar-se-ão alegres, os teus sentidos puros, todos os sucos
prejudiciais do teu corpo diminuirão, bons sucos entrarão no
teu sangue e tornar-te-ãoforte" (H.v.B.).
ZUMBIDOS NOS OUVIDOS
Os zumbidos nos ouvidos podem ter várias causas. Ba­
sicamente este problema não é fácil de tratar, no entanto
experimentemos este remédio:
"Se alguém sentir que os maus sucos lhe ofuscam a ca­
beça e lhe causam zumbidos como se tivesse sons de água
nos ouvidos, deite Hera Terrestre (Glechoma hederacea)
em Água Quente e deixe-aferver; depois de espremer toda
a água, coloque-a ainda quente em forma de ligadura à
volta da cabeça, e as boasforças desta erva, irão diminuir a
nebulosidade que paira na sua cabeça e libertar a audição
dos seus ouvidos" (H.v.B.).
198 HELMUT POSCH
A pessoa atingida reconhece esta descrição perfeitamen­
te. O zumbido é frequentemente descrito como marulhar
de água nos ouvidos e as "tonturas de cabeça" também aqui
se incluem. Se a causa é a hipertensão arterial, ou se são
outros factores que estão na origem da hipertensão arterial,
visto que a ciência também ainda não chegou a nenhuma
conclusão, isso pouco nos importa.
Hera terrestre
Quando eu, no início deste tema, escrevi "experimen­
temos", quis dizer que o remédio caseiro pode ser usado
sem correr risco algum. Claro que, como é normal, en­
quanto se tem a cabeça molhada, a pessoa deve-se proteger
das correntes de ar. No início, aplica-se de dois em dois
dias, depois vai-se espaçando o tempo até que os ouvidos
fiquem bons.
Não se deve ignorar um pequeno pormenor: a Hera
Terrestre, quando se leva a ferver, deve ser posta logo em
I A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 199
Água Quente. Isto quer dizer que não pode ser colocada
em Água Fria.
OTALGIA
Recolhe, desde o início da manhã até ao fim da tarde,
o suco que corre da Videira; adiciona-lhe Azeite e obterás
um excelente remédio caseiro contra as dores de ouvidos.
Este remédio, indispensável para as dores de ouvidos ou
para as otites em fase inicial, é friccionado à volta das ore­
lhas mas, atenção, não se põe dentro do ouvido.
VOLÚPIA
USe alguém estiver a arder em sensualidade, deve es­
fregar o peito e a barriga com Mirra (Myrrhe)j esta irá
afugentar a sensualidade desregrada".
A Mirra actua onde nenhum remédio consegue comba­
ter, o ardor excessivo. O efeito dura algumas horas, as ho­
ras críticas, não mais que isso. A líbido desordenada é um
estado doentio que ultrapassa a justa medida, um excesso
passageIro.
FLEBITE
Nas flebites aplicam-se pachos de Urtigas com Cânha­
mo. O Cânhamo bem penteado, mergulhado no chá de
Urtiga, aplica-se no membro afectado e envolve-se com
um pano de Linho. Em seguida, pode-se complementar o
tratamento friccionando-se o membro com suco ou tintu-

200 HELMUT POSCH
ra de Cardo de Santa Maria (Silybum marianum). O Cardo
de Santa Maria ajuda em todas as patologias venosas como
por exemplo, nas varizes. As pernas tornam-se mais fortes
e as veias mais tonificadas. As veias dilatadas regridem. Este
sumo (ou a tintura) alivia também as dores.
Para tratamentos de temas particularmente delicados
como, por exemplo, doenças de senhoras, prefiro citar o
Dr. Hertzka:
MENOPAUSA
(<Ilmas de Santa Hildegarda desejavam uma orientação geral
no que diz respeito ao problema da mulher na menopausa. Santa
Hildegarda não considera este problema como doença. As queixas
relacionadas com a mudança de idade são tratadas como tal. De­
pende dos sintomas.
«Nessafase, as depressões podem destacar-se como relativamente
frequentes nas mulheres. Aí, o Vinho de Arum e as Bolachas para os
Nervos ajudam. Os sinaisfisiológicos, os afrontamentos repentinos,
tratam-se com a Arruda (Ruta graveolens), cujas folhas frescas se
mastam depois da refeição.
«Segundo indicação de Santa Hdildegrda, o aumento desta sin­
tomatologia prende-se essencialmente com o desaparecimento preco­
ce da menstruação.
«Este ensinamento médico bem anto, que a medicina mo­
derna deixou cair em esquecimento sem se eiforçar por encontrar
contra-argumentos, parece estar correcto. Importa então que se evite
o final precoce da menstruação. Tendo em conta as quatro formas
fundamentais da estrutura física feminina, assim existem quatro
,-
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 201
tratamentos diferentes, dos quais eu só vou apresentar os dois mais
simples:
«1 o - A Sopa de Levístico (Levisticum offuinalís). Com 3
Ovos, 2 colheres de sopa de Mantea clarificada (também chama­
da (1Jingue"- aquecida e, depois de liquefeita retirada a espuma)
e 1 colher de sopa de suco de Levístico prepare uma sopa. Pode
;
adicionar Sal ou outros ingredientes desde que não sejam legumes.
Comer desta sopa antes e depois das refeições (não em substituição,
I
mas como complemento). As quantidades indicadas são relativas,
pode-se reduzir os ingredientes, respectivamente, ou utilizar em dois
dias as quantidades indicadas.
1
.
«2 o - A Dieta. O segundo tratamento refere-se à dieta. Éfun­
Ii damental evitar o consumo de carne de Ulca e comidas muito pesa­
das como, por exemplo, pão de Centeio, enchidos, fritos e assados
gordurosos. Mais ainda, não se deve ingerir hortaliças dafamaia do
Alho Francês, Morangos, Mirtilos ou Couve Roxa. São permitidos
I
bolos, alimentos saborosos à base de carne de aves (excepto Pato e
Ganso), refeições à base de ovos, soujJlés, arroz-doce e semelhantes.
l
I.
É de realçar que Santa Hildegarda proíbe a ingestão de Água, onde
1 se inclui a Água Mineral e os apreciados refrigerantes. Seguindo estas
indicações, algumas mulheres poder-se-iam poupar às complicações
futuras. O Vinho é permitido, sempre misturado com um pouco de
Água, conforme as indicações de Santa Hildegarda» (Dr. Hertzka).
TRATAMENTO DE FERIDAS
«Em primeiro lugar, limpar com Vinho asferidas abertas. De­
pois, envolver Milefólio (Achillea millefolium) cozido num pano de
202 HELMUT POSCH
) A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA
Linho e colocá-lo ainda morno na ferida. Na fase de cicatrização,
pode colocar-se o Milefólio directamente naferida.
«Nas feridas internas (também pós-operatórios), toma-se o
Milefólio em pó com água quente. Quando se está melhor bebe-se o
pó de Milefólio com Vinho morno até à cura total» (Dr. Hertzka).
PRIMEIROS SOCORROS NAS DORES DE DENTES!
Santa Hildegarda tem alguns remédios para as dores de
dentes. Sem dúvida que o remédio mais simples contra
uma forte dor de dentes é a chamada "pequena sangria". Se­
gundo a visão de Santa Hildegarda, a dor é causada devido
à "concentração de maus sucos à volta do dente". Para que
estes "sucos maus" possam sair, pica-se com um Espinho
(da Silva ou da Roseira), ou com uma agulha esterilizada,
acima do dente doloroso, na gengiva, de preferência nos
dois lados, à frente e atrás.
Uma torturante dor de dentes é bem pior do que aquela
simples picada. Tem que se picar bem fundo na gengiva até
sair sangue. Na maioria das vezes, as dores acabam pouco
depois. Assim, já não se passará nenhuma noite em claro
nem terá que se tomar um analgésico. O dentista perfura o
dente com a broca, nós perfuramos a gengiva. É indiferente
se os "sucos maus" saem pela gengiva ou pelo dente obtura­
do. De qualquer forma, é bem mais simples picar a gengiva,
mesmo não tendo muita pontaria.
Apesar de conhecer este "truque", não me lembrei dele
quando um dia tive uma dor de dentes. Disse para comigo:
"o dente tem que sair e, amanhã cedo, serei eu o primei-
203
ro doente na sala de espera do dentista mais próximo". As
dores de dentes fortes são insuportáveis. Só durante a noite
"me veio à mente" que poderia fazer a "pequena sangria".
Nunca saltei tão depressa da cama. Fui ao quintaL .. havia
de encontrar um Espinho em qualquer lado. Ai, ali está
um! Pronto, vou já fazer a experiência. Pressionei o espi­
nho cuidadosamente na gengiva para o poder retirar intei­
ro; de seguida fiz a mesma coisa na face interna até sangrar.
Lavei a boca e fui-me deitar novamente na cama. Não
adormeci logo mas, não tardou muito. Na manhã seguinte,
não sentia qualquer tipo de dor, até hoje. Isto não funciona
só comigo, funciona também consigo.
E, se não quiser perder levianamente os dentes que ain­
da estão bons, quando tiver dor de dentes, tente primeiro a
"pequena sangria".
Tem a vantagem de poder dizer depois ao dentista: "Não
me dói nenhum dente Sr. Doutor, mas verifique por favor
se estão todos bem!"
Isto pode-lhe permitir exibir os seus próprios dentes
mesmo com idade avançada. Não é necessário que sejam
alinhadinhos como um colar de pérolas, basta mostrar um
sornso.
Escovar os dentes com Água fria, logo pela manhã, é
essencial para manter uma boa higiene oral! Um gole de
Água fria - assim que acorda - deixá-la na boca durante
algum tempo e, de seguida, lavar os dentes com essa mes­
ma Água. Os dentes irão ficar fortes e saudáveis. A Água
morna torna os dentes moles e frágeis. Não pense que isto
são ide ias ou investigações minhas; isto são afirmações de
Santa Hildegarda.
204 HELMUT POSCH
CEVADA COMO PRODUTO COSMÉTICO
Produtos de beleza são pouco referenciados por Santa
Hildegarda. Um deles é o banho de Cevada. Lavando-se
a cara frequentemente com Água de Cevada (3 colheres
de sopa de Cevada fervidas em 2 litros de Água), obtém-se
uma pele saudável, bonita, firme e resistente às intempé­
nes.
REMÉDIOS DO MUNDO ANIMAL
A medicina natural, para Santa Hildegarda, não está só
limitada à utilização das ervas medicinais como as que já
mencionámos. A par do universo das plantas, está o mun­
do animal, igualmente com uma grande abundância de re­
médios perfeitos. Até hoje, somente Santa Hildegarda nos
transmitiu estes conhecimentos. Os remédios provenien­
tes de animais, quer sejam combinados com remédios do
reino vegetal, quer sejam utilizados isoladamente, enrique­
cem a nossa farmácia caseira. O que não serve para a pre­
paração de pomadas pode ser útil como refeição curativa.
Tal como já vimos no que se refere à fruta e às verduras,
relativamente aos animais, é importante aprender a distin­
guir certos dos seus atributos. Sendo assim, para fazer uma
pomada, por exemplo, não é a mesma coisa utilizar-se Sebo
de Bode ou de Veado; se é exigida gordura de Urso, então
tem que ser mesmo gordura de Urso. Numa receita em
que é pedido que se use Medula de Veado, isso tem de ser
observado. Tudo tem o seu sentido e não se pode substituir
por outra coisa qualquer, ainda que seja muito semelhante.
Como na maior dos casos não é fácil chegar à maté­
ria-prima, estas pomadas não se encontram em grandes
quantidades. Porém, se um doente sabe que determinado
produto o ajudaria, acaba por obter uma pequena quanti­
dade. Encontra-se sempre um caçador generoso que cede
os ossos do Veado que caçou para que, com a Medula deste,
possamos fazer uma pomada para a artrite. Além do mais,
 206 HELMUT POSCH
também não é fácil encontrar alguém que se disponha a
abrir centenas de ossos para obter Medula óssea.
No próximo capítulo iremos lançar um breve olhar so­
bre o mundo animal. Provavelmente, várias pessoas espe­
ram poder vir a conhecer um dia o que se pode encontrar
nele de útil, pois, concretamente, ainda existe pouca do­
cumentação credível. Como já está habituado a surpresas,
descontraia-se para poder ler este capítulo com calma.
AÜVELHA
' sua carne - Ovelha ou Carneiro - é boa para os sau­
dáveis e para os doentes" (H.v.B.).
Ultimamente o Carneiro tem vindo a ganhar cada vez
mais adeptos. A verdade é que poucas pessoas têm a noção
dos benefícios desta carne. Segundo Santa Hildegarda, o
animal deve ser morto no Verão porque, assim, o calor (do
Verão) aquece a sua carne. No Inverno, a carne de Carnei-
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 207
ro não é tão boa para consumo porque, tal como o Inverno,
ela é fria. Esta regra deve ser observada.
Muitos investigadores procuram conhecer os hábitos de
vida de povos ou tribos cujos membros são particularmen­
te saudáveis e tentam saber as causas da sua energia e forças
físicas. Aí, destacam-se os grupos mais simples e pobres,
como é o caso dos nómadas. Eles levam os seus rebanhos
de Ovelhas duma pastagem para a outra e, não só vivem
com estes animais, como também vivem deles. E como já
nos apercebemos, a sua carne é saudável. E será que tem
mais alguma utilidade? É útil para:
INSUFICIÊNCIA VENOSA
"Quem já está em falência orgânica, e as suas veias
estão dilatadas, saboreie muitas vezes o molho da carne de
Carneiro e a sopa onde a mesma foi cozida; coma também
um pouco dessa carne e, quando recuperar as forças, pode­
rá comê-la sempre que quiser" (H.v.B.).
Haverá alguém que não valorize a carne de Carneiro? Se
um seleccionador lesse isto, daria a comer à sua equipa car­
ne de Carneiro cinco vezes por semana. Se fortalece os fra­
cos que estão em falência, como é que os profissionais não
ficariam? E tu avozinha, que se passa contigo? Também já
não te seguras nas pernas, tens insuficiência venosa e vari­
zes? Que tal se, em vez de comeres carne de Porco assada,
comeres frequentemente sopa de Borrego? Em breve dei­
xarás de te queixar que tens os pés frios e as mãos "mortas".
Provavelmente até as tuas varizes vão desaparecer.
208 HELMUT POSCH
De onde virá a insuficiência venosa? A causa, sem dúvida,
provém do facto de as veias já não estarem em boas condi­
ções. Se a circulação ficar reduzida, em volta fica tudo frio.
PARA o ESTÔMAGO
"Quem comer com frequência e abundância Fígado de
Carneiro diminui as mucosidades e limpa as impurezas do
estômago" (H. v. B)
Uma surpresa atrás de outra. Andam a vegetar uma
quantidade de doentes gástricos que não sabem o que po­
dem comer, porque não toleram isto ou aquilo. Já cortaram
com todos os alimentos saborosos e vivem de uma dieta
de fome, que não lhes dá força, mas, no entanto, nem por
isso o seu estado melhora. Então, cara dona de casa, quando
for ao mercado semanal compre Fígado de Carneiro e faça
almôndegas ou Fígado estufado para os que na família têm
o estômago fraco. Não espere que o médico de família ou a
dietista saibam estas coisas. Os que têm a responsabilidade
sobre a nossa saúde conhecem ainda muito pouco ou nada
sobre a medicina de Santa Hildegarda. Por enquanto, temos
que nos ajudar a nós mesmos.
FALTA DE AR E TOSSE
Se um "amigo de Santa Hildegarda" convidar alguém
para um banquete de caçadores e ele vier com a desculpa:
"Eu não posso ir porque estou com tosse e expectoração!"
Então, deve insistir para que venha mesmo, porque:
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 209
"Quem tem tosse no peito e respirar com dificuldade,
mas não tem dores nos pulmões, coma muitas vezes Pul­
mão de Carneiro eficará aliviado do seu peito" (H. v. B).
Tais miudezas de Carneiro são mesmo a opção cer­
ta para quem tem sintomas conhecidos como farfalheira,
respiração ofegante e pieira. Deve levar logo consigo um
recipiente que se possa fechar, para poder adquirir todas as
miudezas do Carneiro. Quantas vezes as donas de casa não
sabem o que devem fazer para o almoço. Comprem então
carne de Carneiro e peçam também as suas miudezas. Pode
perfeitamente dizer que é para o seu "Querido". Assim, até
o senhor que está por detrás do balcão do talho lhe ofere­
cerá os miúdos do Carneiro, pensando que é para o seu cão
e incluir o Fígado, claro. Um talhante que desconhece o
valor dessas miudezas não lhes dá grande apreço.
A PELE DE CARNEmo
(pele de Carneiro é boa para o vestuário do homem
porque não incita a arrogância ou a sensualidade, nem
transmite doenças epidémicas, como pode acontecer com a
pele de outros animais. Foi por isso que Deus vestiu Adão
com pele de Carneiro" (H.v.B.).
Possivelmente o mundo estava mais equilibrado na
época da nossa avó, porque se utilizava a pele e a Lã das
Ovelhas para confeccionar vestuário. Certamente isso con­
tribui para uma vida mais saudável. Como ficavam felizes
os soldados russos quando recebiam de casa luvas e meias
210 HELMUT POSCH A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 211

quentinhas tricotadas com a Lã das Ovelhas. Era como se depressa como surgiu. Já estão a aparecer casos de empre­
sentissem o calor do lar, do abrigo seguro e ao mesmo tem­ sários de topo que, de um dia para o outro, abdicam das
po um sopro de liberdade. O vestuário de Lã facilita se­ suas posições privilegiadas onde auferiam salários muito
guramente a educação das crianças. Elas não serão muito elevados, para se dedicar à agricultura e viver da sua pró­
atrevidas e, na adolescência, causarão menos problemas. pria produção, sentindo-se muito felizes com essa escolha;
É difícil provar isto; contudo, eu acredito nas palavras de reconheceram que um bezerro de ouro não se pode comer.
Santa Hildegarda mesmo que, por vezes, não sejam muito
compreensíveis.
Conclusão: Deitem toda a roupa sintética para a lixeira
e comecem a tricotar camisolas da Lã das Ovelhas. Por en­
quanto ainda não é vergonha ver mulheres a tricotar.

A CABRA

Quando se aprofundam as matérias dos livros de Santa

Hildegarda toma-se consciência de quanta tinta ainda vai
ter de correr. A carne que é produzida em massa é precisa­
mente a carne menos saudável, a de Porco. A carne de Car­
neiro ou de Cabra, acaba por ficar a aguardar comprador. A
Corsa e o Veado são considerados espécies prejudiciais para
a floresta e, por isso, não têm o direito de se multiplicar. Hoje em dia fazem criação de Carneiros e Cabras, le­
Toleram-se uns quantos exemplares como petisco para vam uma vida mais modesta, mas mais feliz. Supõe-se que
os caçadores, e ainda se conservam uns casais nos parques seria da maior utilidade e só favoreceria os criadores de
do Jardim Zoológico para diversão das crianças. É tudo Ovelhas e Cabras, haver mais conhecimentos sobre o valor
quanto podemos aspirar! desses animais. Recordemos pois o que Santa Hildegarda
diz sobre este tema:
Não é, pois, de admirar que o grito da protecção am­
biental soe cada vez mais alto. Enganam-se aqueles que ((Da Cabra brota um calor repentino e ela tem uma ma­
pensam que isto é só uma moda, que irá desaparecer tão neira de ser inconstante. A carne é boa para os doentes e

212 HELMUT POSCH
para os que têm saúde. Quem tiver dores nos pulmões, deve
beber comfrequência Leite de Cabra eficará curado. (!)
Uma Cabra forte e vigorosa é boa para se comer até
Agosto; O Bode deve-se comer no mês de Agosto; osfilho­
tes, quer sejam machos oufêmeas, são úteis para o homem
até ao Outono. Se se comer carne de Cabrafrequentemen­
te, curam-se as entranhas quebradas ou trituradas, e cura­
-se efortalece-se o estômago de quem a come" (H.v.B.).
Ainda me recordo bem de uma senhora distinta e deli­
cada, que há uns anos se queixou dos seus intestinos frá­
geis. Até àquele dia eu não tinha conhecimento de nenhum
remédio para essas queixas.
No entanto, consolei-a dizendo-lhe que iria consultar
os livros de Santa Hildegarda, para ver se encontrava algu­
ma indicação nesse sentido.
Concluí que a carne de Cabra, não só ajuda o intesti­
no irritável, como também fortalece e cura o estômago.
Quando Santa Hildegarda diz que se verificará uma cura,
é porque se vai realizar completamente. Neste caso não faz
referência a nenhuma causa específica da doença do estô­
mago. Isso quer dizer que a Cabra deve ter qualidades es­
pecialmente benéficas para o estômago, pois Santa Hilde­
garda refere as suas qualidades curativas uma segunda vez:
"Uma pessoa que tenha dores de estômago, asse Fígado
de Cabra e coma várias vezes até meados de Agosto. Ele
limpará e curará o seu estômago como sefosse uma bebida
medicinal" (H.v.B.).
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 213
Como iremos ver mais à frente, quase todos os Fígados
são saudáveis. Seja o fígado do Ganso, da Corsa, do Car­
neiro ou da Cabra.
Até mesmo para as pessoas muito fracas, o Fígado de
Porco é saudável.
Este órgão, que tem por função desintoxicar, tem mui­
tas propriedades boas. É graças à saúde do Fígado no nosso
próprio corpo, que podemos reagir melhor contra os vene­
nos do ambiente.
Que nenhum estalajadeiro esperto pense que poderia
fazer um bom negócio, introduzindo na ementa um menu
"à Santa Hildegarda".
Isto porque, segundo a legislação alimentar no nosso
país (Áustria), é proibido recomendar determinados pratos
rotulando-os de saudáveis. Quem transgredir, não escapará
à punição.
Portanto, na lista, não deve figurar nenhuma indicação
como esta: "Prato do dia: Fígado de Cabrito - é muito sau­
dável". Ou ainda: "cura doenças de estômago". Não se es­
queça: não é permitido declarar alimentos como saudáveis.
Possivelmente, até nem haverá interesse em que sejam
mesmo saudáveis.
Este tema deixa-me estupefacto! Porque é que deve ser
considerado crime recomendar a um cliente alimentos de
qualidade para a saúde?
Infelizmente, não encontro resposta para isso. Na ver­
dade, não consigo compreender.
Como vê, a carne de Cabra estufada, tem os seus resul­
tados. Mal começa a ser digerida, inicia logo os seus efeitos.
214 HELMUT POSCH A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 215

PODEMOS FAZER UM JANTAR DE FESTA COM CAÇA? trajo mais bonito e vá a um banquete de caça comer um
belo assado de Veado acompanhado com um bom Vinho.
Quem é que lhe disse que à noite é melhor não comer?
$,ASTtlO'F H't.6
Santa Hildegarda não o proíbe. O conceito actual de um
Gl"E/SEtG4RTE"
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bom pequeno-almoço passa por comer bem: café, presun­
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/fJ,,b,,, '.5 ,  41,-

to, manteiga, queijo, ovos e um cesto cheio de pãezinhos.
J.,IoIw-,,, "'.1 _ .$ ..".-
It" .... , - - - .. $ .., t.- Posso-lhe dizer qual é o ponto de vista de Santa Hildegarda?
Ne, h,,.,ús:
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2nh........ _IS_.....,.  "5",-

.hI'1H1' ,. '-/-.J.--., "Para uma pessoa que tenha boa saúde corporal, é bom
/'III".._I- -.;,. Yoe.,.. d ""'0.-

""'-'''' "".-,r"< ..1 não tomar o pequeno-almoço cedo mas somente por volta
1}1.1t"'nl,,. 1I,,.l,t,._-.J
#..11••1-' S '.-
do meio-dia ou um pouco antes. Assim favorece uma boa
K_drl-J.d.: H.IIft;r"lI/htt

digestão" (H.v.B.) .
.,.l>#;,/<"b#- _01.

/'ro--Il'" 21 ....-

Hildegarda de Bingen por vezes consegue chocar-nos
com as suas expressões. Creio que já puderam confirmar
isso. Por outro lado, ela até se torna muito simpática, por­
que nos permite ficar "regalados" com alimentos e bebidas
óptimas. No Outono, nas semanas dos banquetes tradicio­
nais de caça, passa a haver um verdadeiro ambiente hil­
degardiano. Quanto mais caça, melhor. Com a expressão
"regalar-se" não quero dizer que tenha que se comer em
demasia, pois sabemos que, para Santa Hildegarda, a "tem­
perança" é a lei suprema em tudo. O que quero referir é
que, com Santa Hildegarda, podemos fazer verdadeiros pe­
tiscos e podemos deliciar-nos com eles sem recear que nos
prejudiquem, favorecendo até a nossa saúde.
Se tiver oportunidade abdique, um dia, do seu jantar em
casa de pão com fiambre e chá de ervas (o menu habitual
do jantar na Áustria); ponha a sua roupa de festa, vista o seu
A CORÇA
' carne deste animal faz bem a todos: aos que são
doentes e aos que têm saúde. Por sua vez, se alguém comer
desta carne muitas vezes, liberta-se de secreções e impure­
zas, Quem sofrer da doença chamada "Vicht" (sintomas
que precedem o cancro), coma muitas vezes Fígado de
Corsa e este vai consumira doença "Vicht" em si" (H.v.B.).
Quantas vezes os doentes perguntam: 'l\cha que posso
comer isto ou aquilo?" Receando que um bom estufado
lhes possa fazer mal, fazem uma alimentação baseada em
sopinhas finas, ficando assim cada vez mais fracos. Por­
tanto pode comer Corsa estufada, mesmo que se trate de
uma pessoa doente. ( carne é boa para pessoas saudáveis
e doentes". Por outras palavras: É uma carne de dieta. Até se
pode comer muitas vezes, porque purificará o corpo.
216 HELMUT POSCH
i'
o Fígado de Corça (cozinhado) até consome a doença
de "Vicht". Entretanto já sabem o significado deste termo:
pré-cancerose. A carne de Corça, segundo Santa Hildegar­
da, é saudável porque a Corça só come pasto limpo.
PELE DE CORÇA
Em solteiro, tinha sempre dois lenços no bolso. Um que
usava para limpar os sapatos, para nunca ficar envergonhado,
e o segundo - branquinho- para o nariz. Quando, depois na
lavagem, as manchas da graxa não saíam, havia reparos.
"Como é possível que se use um lenço tão valioso para
limpar os sapatos!"
Hoje pergunto-lhe a si: Limpa o seu carro com quê?
Por acaso não é com Pele de Corsa? Como é que se pode
utilizar Pele de Corsa, que é tão valiosa, para trabalhos tão
banais como este? Quer saber a utilidade desta pele?
"Da Pele faça-se um cinto, luvas e uma espécie de ca­
misa que se veste directamente sobre a pele ou sobre uma
outra camisa interior de linho e, assim vestido, o homem
não será atingido por nenhuma epidemia grave" (H.v.B.).
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 217
Isto enquadra-se perfeitamente na nossa actual "onda
biológica". Muitas pessoas querem "fruta e hortaliça" bio­
lógica, querem construir casas biológicas. Então porque
não usar também vestuário biológico, utilizando roupa
confeccionada com materiais saudáveis?
Quem quiser vestir roupa saudável, mande confeccio­
nar camisa, cinto e luvas da suave Pele de Corsa.
Isto garante postos de trabalho e também a sua saúde.
PATOS E GANSOS
o que é que acha? Terão os Patos e os Gansos uma carne
saudável para o ser humano? Posso adivinhar o que está
a pensar. Ao falar sobre a Corça foi dito que a sua carne
é saudável porque come pasto limpo. É um bichinho que
sabe escolher o que é bom. E quanto aos Patos e Gansos,
o que é que lhes passa pelo bico? Umas vezes coisas boas
outras vezes menos boas - depende do que se lhes dá. Pelo
menos devem ser alimentados para ficar comestíveis. Se
218 HELMUT POSCH
os "amigos de Santa Hildegarda" fizerem este raciocínio
significa que, aos poucos, estão a fazer progressos. A nossa
mestra ensina-nos muitas vezes que, entre outras coisas, a
alimentação de um animal determina se a sua carne é boa
ou não para nós. Por outras palavras, depende do que o
animal por instinto, em liberdade, procura na floresta. Se
um Frango assado souber a peixe, não é porque o pobre
bichinho tenha mudado os seus gostos alimentares mas
porque, por ganância, os homens lhe deram a comer restos
de peixe. Quando metemos animais aos milhares em espa­
ços pequenos e os alimentamos com produtos inferiores
ou artificiais, provavelmente até comandados pelo "senhor
computador", teremos grandes fábricas de carne mas, o
que sai de lá, já não tem muito a ver com a natureza nem
com a especificidade dessas criaturas. Sabe tudo ao mes­
mo: aguado, insípido e com cheiro a químicos. Esta "nova
criação" desenvolvida neste nosso século tão cheio de pro­
gresso mostra, afinal, como os homens estão ignorantes.
Quando escrevemos acerca da existência e da utilidade des­
tes animais, referimo-nos unicamente às criaturas de Deus
que crescem tranquilamente num ambiente natural.
o GANSO DOMÉSTICO
Santa Hildegarda diz que ele come pasto limpo e sujo.
Por causa desta duplicidade, a sua carne não é boa para
doentes. Uma pessoa saudável pode suportar esta carne,
desde que seja bem preparada. É aí que está a diferença. A
preparação certa começa por pôr o Pato ou Ganso domésti­
cos em jejum 2 a 3 dias:
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 219
"Deixem-no passarfome durante dois ou três dias, para
que os sucos maus desapareçam e, depois, dêem-lhe só ce­
reais"
o quê? Primeiro jejum e depois só cereais? Claro que,
os industriais de aviários não devem ficar muito entusias­
mados com esta indicação, porque os animais perdem peso
e, menos peso, significa menos dinheiro.
E o que mais diz Santa Hildegarda?:
"Em seguida deve ser cozinhado ao lume, recheado com
Salva e outras ervas boas (p.ex. Hissopo, Segurelha, Hor­
telã Crespa) para que os sucos delas penetrem bem nele, e
vai-se regando várias vezes com Vinho e Vinagre."
Não é cozido, mas sim assado. Em vez de se aplicar
qualquer recheio, deve-se. preferir um recheio de ervas.
Por quê? "Para que os sucos saudáveis das ervas penetrem
nele". Assim, o animal fica mais saboroso e saudável. Bor­
rifar com Vinho e Vinagre, serve para eliminar os sucos
maus, "...para que escorra todo o seu sangue, cuja gordura
não deve ser comida porque é gordura do sangue que con­
tem sucos maus, que prejudicam o estômago."
Procure em todos os livros de receitas e mostre-me uma
descrição tão válida como esta! Santa Hildegarda justifica
assim por que razão não deve ser cozido:
"Porque a água lhe extrai menos sucos maus do que
quando é assado. Cozido dá uma má refeição!"
220 HELMUT POSCH
Se no Natal os Gansos fossem assim preparados (prato
habitual da época nos países mais a norte da Europa), nes­
se dia não haveria ambulâncias com sirenes em circulação.
Então passemos aos selvagens:
o GANSO SELVAGEM (DE CAÇA)
Ganso é Ganso e todos são igualmente "estúpidos". Po­
rém, segundo Santa Hildegarda, não é bem assim: O Sel­
vagem é, contrariamente ao Doméstico, saudável para o
homem. Aquele é bom, não só para os que têm saúde, mas
também para os doentes. Santa Hildegarda deve ter imagi­
nado o nosso espanto pois, em seguida, indica a razão:
tio Ganso Selvagem é rápido,faz esforço durante o voo,
e é por isso que ele é bom para os doentes e para os que têm
saúde".
Afinal a diferença está no voo. O Ganso Selvagem faz
esforço enquanto voa, o que quer dizer que gasta muito
mais energia, ficando por isso menos pesado e menos
gordo. O Doméstico por sua vez é lento e não voa, por
isso fica gordo. Mas como o Ganso Selvagem, por vezes,
também se alimenta de ervas menos boas, deve ser con­
feccionado do mesmo modo que o Doméstico.
FÍGADO DE GANSO - UMA ESPECIALIDADE
Eu não tinha já dito que Santa Hildegarda nos permite
por vezes saborear alguns petiscos? É sabido que o Fígado
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 221
de Ganso é uma raridade nas ementas e é visto como uma
especialidade: Algo reservado só para a "classe alta". Nós,
porém, também comemos Ganso Selvagem mas por um
bom motivo:
"Quem sofrer de dores causadas pela "Vicht", deve co­
mer muitas vezes Fígado de Ganso cozido eficará melhor"
(H.v.B.).
Podemos inferir que, este tratamento pode provocar uma
redução na evolução da doença. Não são estas palavras ca­
pazes de nos inspirar todo o respeito por Santa Hildegarda?
"Quem tiver tosse, coma com frequência Pulmão de
Ganso selvagem cozido e a tosse pára" (H.v.B.).
Diz isto com uma certeza, uma naturalidade e uma sim­
plicidade: ti••• e a tosse pára". Será que ela alguma vez fez
a experiência? Decerto que não. Isto é um conhecimento
que Deus omnisciente lhe concedeu.
Querem mais um exemplo?
A "SOPA DE GANSO"
"Contra as dores de estômago, pegue num Ganso Selva­
gem sem cabeça nem miudezas; coza-ofortemente em Água;
depois retire-o da Água, separe os ossos da carne, pique a
carne num almofariz, passe todo o suco que contém por um
pano e, com este suco e um pouco de Farinhafina (Espelta)
prepare uma sopa. Coma esta sopa lentamente em jejum e,
sem que dê por isso, são-lhe retiradas também gradualmente
do estômago as secreções e os sucos maus" (H.v.B.).
222 HELMUT POSCH
QUE TAL UM BIFE DE BALEIA?
Imagine que, depois de uma representação no teatro
(em Viena), vai a um restaurante de luxo e manda servir
um delicioso "bife" de Baleia! Com que objectivo? Tratar
o reumatismo!
((Esta carne contém tanta força que, quando se come,
consegue vencer todos os sucos maus e estragados no nosso
organismo. A carne deste animal é boa para pessoas sau­
dáveis e para as doentes. Quem sofrer de gota (segundo o
conceito de Santa Hildegarda), coma frequentemente desta
carne e a gota deixá-lo-á" (H.v.B.).
Hildegarda escreve isto e muito mais acerca da Baleia.
Mas onde se poderá obter? Os aventureiros de Santa Hil­
degarda, com um bocado de sorte, poderão vir a encontrar
carne de Baleia nas prateleiras de algum supermercado.
-------::...--=
Posso confirmar que já temos entre nós muitos amigos
de Santa Hildegarda entusiasmados e aderentes. Esta ale­
gria e harmonia cria entre todos um círculo de amizade,
t
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 223
quer se trate de um "novato" ou de um "veterano" nos
conhecimentos de Santa Hildegarda. Quem entendeu a
grande dádiva que é o conhecimento da medicina de Santa
Hildegarda prontifica-se a ajudar naquilo que for necessá­
rio e que esteja ao seu alcance. Isto dá vida e cor a tudo, e
eu sinto-me impelido a trabalhar para todas essas pessoas,
ao serviço de Santa Hildegarda.
Chega a ser comovente ver os esforços de muitos dos
amigos de Santa Hildegarda: um envia-me a Medula de Veado
já "limpinha", outro colhe Violetas por toda a parte, etc.
Desta forma conseguimos coisas que eu, por questões de
tempo, nunca conseguiria adquirir.
O artigo sobre pés doentes que se segue é mais um con­
tributo do nosso médico de Santa Hildegarda:
«PÉS E PERNAS DOENTES
Fazem com que muitas pessoas sintam o peso da idade.
É uma pena quando uma pessoa robusta, saudável física e
espiritualmente, começa a ficar cada vez mais presa em casa,
numa cadeira ou até na cama devido a problemas das per­
nas. A inactividade forçada, não só oprime a mente como
também prejudica o sistema cardiovascular, que só se pode
manter funcional quando existe uma boa actividade física
diária. É precisamente na idade avançada que se tem mais
tempo disponível para andar a pé, até muitas vezes já se
sonhou antecipadamente com essa ideia mas, depois, não
se consegue. As mulheres padecem muito desse mal mas
isso não quer dizer que seja por culpa das gravidezes ou dos
partos. Pode acontecer mas, na maioria das vezes, tem que
224 HELMUT POSCH
se adicionar uma componente de hereditariedade. Precisa­
r A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA
mente nestes casos, onde quase se pode prever que assim
acontecerá, justifica-se este conselho de Santa Hildegarda:
((Mandafazer uns sapatos de Pele de Baleia, trá-los cal­
çados e terás pés e pernas saudáveis".
«Ainda tenho outra surpresa na manga! É claro que sei
que, nenhum de vocês tem Pele de Baleia ou sapatos de
Baleia, nem sequer tem esperança de os vir a arranjar. Não
quero dizer que não apareça uma cabeça com imaginação
que possa ter uma ideia brilhante, tal como aconteceu no
caso dos nossos Abutres. Estou constantemente a ser agra­
davelmente surpreendido com o que se consegue fazer
através dos amigos de Santa Hildegarda. Segundo a medi­
cina de Santa Hildegarda, a Pele de Baleia ainda tem outras
utilidades. No entanto, não desanimem os doentes que so­
frem das pernas, pois preparei para eles uma consolação,
um segundo conselho de Santa Hildegarda:
"Mandafazer sapatos e botas da pele do 1exugo, calça­
-os e terás saúde nas pernas e nos pés".
«Enquanto não é possível comprar deste calçado, pode­
mos mandar fazer ou mesmo fazer nós próprios (chinelos).
Eu por mim mandei fazer umas palmilhas de Pele de Texu­
go, usei-as e aconselhei-as a outras pessoas. Não posso afir­
mar se fazem o mesmo efeito que os sapatos inteiros, mas
uma coisa é certa: aquecem bem os pés! Tem-se mesmo até
a sensação de que a saúde está subindo pelas pernas. Estas
palmilhas devem ser talhadas de maneira que a parte do
225
pelo fique virada para cima, e a sua inclinação seja dirigida
no sentido da ponta do pé» (Dr. Hertzka).
TEXUGO
((Há também uma grandeforça na sua Pele: Faz um cin­
to e usa-o direetamente sobre a pele e, toda a doença que está
em ti vai abrandando, tal eomo quando uma grande tem­
pestade abranda e vem o bom tempo. Nenhuma epidemia
perigosa te afietará (enquanto usares o cinto)" (H.v.B.).
Perguntamo-nos como é que isso funciona. Não se
toma nada, não se esfrega com nada portanto, segundo os
nossos conceitos actuais relativamente aos medicamentos
da "Medicina Alternativa", é algo completamente fora do
normal e inconcebível. Colocar um cinto e ... ficar sim­
plesmente curado! E mais ainda: «não será atingido por ne­
nhuma ((epidemia perigosa"». Por outras palavras: O cinto
de Texugo na cintura é o "selo de garantia" de que não fica­
remos gravemente doentes, mesmo em caso de epidemias.
Estas palavras que Santa Hildegarda nos transmite são ver­
dadeiramente grandiosas.
226 HELMUT POSCH
No entanto, isto não é assim tão estranho como à pri­
meira vista parece. Se eu, por exemplo, me dirigisse aos
meus companheiros de mesa no café que frequento e lhes
dissesse: "Trago uma Pele de Gato nas costas há uma se­
mana e imaginem! As minhas dores nas costas desapare­
ceram", não me iriam apedrejar nem pensariam que eu era
maluco. Porque aqui faz parte da tradição usar uma Pele de
Gato quando se têm dores nas costas. (Santa Hildegarda
porém não escreveu nada sobre isso!) Estou convencido de
que alguns dos meus companheiros de mesa também co­
meçariam a contar histórias pessoais baseadas na sua "pró-
. -,... "
pna expenenCla . to", primeiro vamos a um bom restaurante para apreciar
o VEADO
'M. sua carne é boa tanto para pessoas saudáveis como
para doentes" (H.VB.).
i
L
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 227
Por outras palavras: Qualquer pessoa, quer seja doente
ou tenha saúde, pode comer carne de Veado. Pode-se con­
siderar uma "carne de dieta". Ouço muitas vezes aquela
pergunta ansiosa: "Mas, posso comer dessa carne?" Sim,
pode. O Veado não é alimentado com farinhas, nem toma
medicamentos. É-nos, portanto, duplamente querido. O
mesmo se passa com a Corça e, eventualmente, também
com o Carneiro e a Cabra que tenham sido poupados à
alimentação com farinha. Os pratos de caça exigem um
pouco mais de arte na sua confecção. Compensa adquirir
um bom livro de receitas sobre caça. Para ter um "antegos­
um bom assado de Veado. Depois, já poderemos preparar a
receita no nosso fogão em casa; esta terá de ser pelo menos
tão saborosa como a do restaurante, claro!
"Se uma pessoa come carne de Mado quente, mas que
não esteja a ferver, limpa-lhe o estômago e torna-o liso"
(H.v.B.).
Um estômago saudável é interiormente liso. Isto quer
dizer que o revestimento das paredes do estômago, a mu­
cosa lisa, digere os alimentos sem que estes "se peguem". O
"lubrificante" para tal chama-se carne de Veado!
Resumo sobre os efeitos saudáveis das diversas espé­
cies de figados:
Fígado de Veado: "Se alguém comer Fígado de Veado,
este tira-lhe a "gota", limpa-lhe o estômago e dá-lhe alívio".
228 HELMUT POSCH

Fígado de Carneiro: "Coma-se amiudadamente e

com abundânia Fígado de Carneiro. Reduz os mucos e
limpa todas as impurezas do estômago".
DOÇURA ADOÇA
Cabra: "Quem tiver dores de estômago, asse muitas
Não se deve nem se pode abolir o Açúcar totalmente;
vezes Fígado de Cabra e coma-o até meados de Agosto.
não são apenas os médicos a dizê-lo. Nós precisamos mes­
Limpa e cura o seu estômago como se fosse uma bebida
mo de Açúcar. Mas ouve-se muitas vezes dizer que o Açú­
medicinal" .
car industrial, na prática, é um veneno. Que fazer então?
Galinha: "Comido várias vezes, o Fígado de Galo ou
Esta ideia de que o Açúcar faz mal teria sido sempre assim,
de Galinha é útil contra doenças que invadem a pessoa por
ou será que o problema se coloca por causa do processo de
dentro".
produção? O que diz Santa Hildegarda?
Porco: "Quem estiver já sem forças no corpo, coma
muitas vezes Fígado de Porço cozido e, assim, recuperará
Ci••• O Açúcar cru, isto é, ainda não preparado para ser
as forças e a vitalidade".
Vaca: "Quem comer frequentemente Fígado de Vaca, utilizado pelo homem, deve ser seco ao sol no rão e, no
Inverno, em cima de uma pedra aquecida. Uma vez seco,
torna o seu organismo forte".
Ganso: "Quem tiver dores próprias da fase pré-cance­
dará vida ao que o usa na comida ou na bebida" (H.v.B.).

rosa ("Vicht"), coma muitas vezes Fígado de Ganso cozido

Supõe-se que ela fala do Açúcar de Cana. Seco ao sol,
e ficará melhor".
este seria bom para nós. Uma vez que Santa Hildegarda
Corsa: "Quem sofrer de "Vicht" (pré-cancerose), coma
também diz que a Beterraba é saudável, o Melaço da Beter­
muitas vezes Fígado de Corça e este vai-lhe consumir a
raba seco ao sol também não faria mal.
doença "Vicht"."
Compremos Açúcar de Cana, em bruto, sequemo-lo ao
sol e adocemos com ele as coisas que devem ser adoçadas.
Demos assim uma vista de olhos no que se refere a re­
Este Açúcar é saudável.
médios do mundo animal.

MEL

Ci... as pessoas que comem muito Mel,ficam com sucos

estragados no corpo. Especialmente o Mel cozidofaz mal a
todos, magros e gordos" (H.v.B.).
230 HELMUT POSCH
Mais um golpe para nós! O Mel das abelhas, sempre
1 A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA
muito prezado, não é assim tão bom, nem cru nem cozi­
do. Santa Hildegarda prescreve muitas vezes o uso de Mel
para remédios mas, como simples comida ou para adoçar,
o Mel não é recomendado. As próximas páginas chamarão
a atenção para um conjunto de doenças que ameaçam uma
grande parte da população, directa ou indirectamente, nes­
ta nossa sociedade de bem-estar.
o FLAGELO DO POVO: REUMATISMO E "GOTA"
Já se gastou muita tinta e muito dinheiro com estas
doenças que atacam uma grande parte da população. Em
geral os médicos admitem ignorar a sua verdadeira caua.
Disposição hereditária e alimentação incorrecta são con­
sideradas como causas secundárias. Este sofrimento tem
muitos "rostos" e muitos nomes diversos: Artrite defor­
mante, poliartrite, artroses dos ombros, dos discos verte­
brais, lumbago e ciática. Santa Hildegarda chama-lhe sem­
pre "gota", a doença fundamental é sempre a GOTA!
Ela chamava "gota" a todas essas doenças, enquanto hoje
se fala cada vez mais de REUMATISMO. A medicina mo­
derna só fala de gota em certos casos como a podagra, a
gota que atinge algumas articulações com a sua nodosidade
típica, o verdadeiro ataque gotoso. O diagnóstico deve-se à
elevada presença do ácido úrico no sangue, com deposição
deste nas articulações mais atingidas. Segundo Santa Hil­
degarda, o reumatismo é apenas uma das facetas da gota.
Muitos sofrimentos nervosos, doenças do sistema nervoso
- com ou sem paralisia (limitação dos movimentos) - estão,
segundo Santa Hildegarda, ligados à doença fundamental
231
que é a "gota" nas suas múltiplas formas.
Por exemplo, a perturbação na fala por causa da paralisia
da língua, outra coisa não seria senão "gota da língua" e um
paciente longamente internado numa clínica psiquiátrica,
não é forçosamente um "louco"; existe a possibilidade de
ele sofrer "só" de "gota da cabeça", o que pode fazer com
que "pareça estar a perder o juízo, comportando-se como
um louco furioso". Portanto, segundo Hildegarda, a doen­
ça básica da "gota" é muito abrangente.
Mais numerosos do que as múltiplas formas da gota são
os remédios que ela nos sabe indicar para lutar contra elas.
Antes de nos debruçarmos sobre os tratamentos, vamos
apreciar as verdadeiras causas deste conjunto de doenças
problemáticas. A explicação porém, não é muito fácil de
encaixar no contexto da medicina actual. Santa Hildegarda
não exige só uma mudança radical do nosso modo de pen­
sar; ela vai ao cerne do problema, apontando as verdadeiras
causas de todas as doenças. Para isso, será necessário lan­
çarmos um breve olhar sobre o que ela escreve no seu Livro
de Ensinamentos e, particularmente, no que diz respeito ao
ensinamento sobre
Os SUCOS
"Se o homem tivesse continuado a viver no Paraíso, teria
vivido sempre num estado imutável e peifeito. Mas, depois
da transgressão de Adão e Eva, tudo isto se transformou
num modo de viver muito diferente e amargo" (H.v.R).
232 • HELMUT POSCH
Agora a sorte imutável do homem é nascer e decair, en­
trar na existência e perecer. A morte tornou-se fonte de
vida e a vida condiciona a morte.
"Depois de ter provado o fruto proibido, o sangue dos
filhos de Adão transformou-se, tornando venenoso o sémen
do qual nascem os descendentes dos homens. O homem pode
cair doente por causa dafleuma que abunda nos nossos cor­
pos. O homem traz agora em si veneno e fleuma e todo
o género de doenças. Esta fleuma é composta por quatro
sucos diferentes. Os dois mais importantes têm mesmo o
nome defleuma, enquanto os dois outros se chamam muco.
Se os quatro forem presentes na proporção correcta, o
homem terá saúde. Mas se um deles dominar os outros, o
homem cairá doente.
Cada um destes sucos representa um dos quatro elemen­
tos: fogo, ar, água, e terra. Do calor do fogo deriva uma
fleuma seca; da humidade do ar, uma fleuma húmida; do
sangue aguado (líquido) umafleuma espumosa e da carne
terrena uma fleuma morna" (H.v.B.).
Parecem expressões que "não dizem nada" mas a reali­
dade é que, por detrás delas, se esconde um sistema minu­
cioso e exacto: Dependente do elemento que superabunda
e domina, haverá uma determinada doença fundamental.
Com uma exactidão matemática descobre-se a "árvore ge­
nealógica" de todas as doenças fundamentais. Limitemo­
,
-nos a observar as letras iniciais de cada um dos elementos e
\'
já se poderá formular a doença. Foi assim que o Dr. Hertzka
uma vez mo explicou:
!
i
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 233
(F=Fogo (seco), A=Ar (húmido), Ag=Água (espumo­
so) e T=Terra(carne, morno),
F maior A ou AgLI etc.
AgfT F maior A
Nas descrições de Santa Hildegarda lê-se o seguinte:
'pessoa na qual a humidade é maior que a secura,
e a mornidão é maior que a secura e a espuma que ainda
sobram, será capaz de aguentar o mal em si e também nos
outros; tem um temperamento triste, não é muito colérica,
o seu comportamento suporta-se bem. Não sofre muito de
doenças, excepto às vezes de gota (segundo o conceito de
Santa Hildegarda). Alcançará uma idade bastante avan­
da" (H.v.B.).
Em muitas destas descrições encontramos, não só dispo­
sições de carácter, como também predisposição para con­
trair determinadas doenças. Além disso, estas "fórmulas"
determinam o tipo de homem, a idade que normalmente
poderá alcançar e muitas outras coisas.
Provavelmente não existe actualmente ninguém que
entenda por completo e que, portanto, saiba aplicar esta
ciência relacionada com os sucos. Será talvez um dia um
interessante objecto de investigação para os cientistas. O
resultado seria uma patologia até agora desconhecida.
Quem se quiser ocupar seriamente com a medicina de
Santa Hildegarda, deverá pelo menos ter uma ide ia acerca
destas coisas e deverá aprofundar o que ela escreve sobre os
"sucos", a que tantas vezes se refere.
234 HELMUT POSCH
Na "refinaria" que é o corpo do homem, o "produto"
saúde depende precisamente do equilíbrio entre os quatro
sucos. Aqui se encontra a chave para a saúde, aqui se dese­
nham com muita clareza os intercâmbios de causa e efeito.
Santa Hildegarda sabe dizer com exactidão o que acontece­
rá quando este ou aquele suco exceder a medida prescrita,
os seus limites; por exemplo:
((Quando a espuma e a mornidão, que então formam
o muco da humidade e da secura, se desenvolveram exces­
sivamente, de modo que a espuma sobe e forma um fumo
quente e aguado, enquanto a mornidão se derrama gota
por gota, tal luta provocará uma tempestade no corpo; tais
fenómenos hão-defazer curvar o pescoço e as costas do ho.-
mem, de talforma que o deixarão muito deformado. E as­
sim continuará até ficar livre deste sofrimento. Mas pode
viver assim muito tempo" (H.v.B.).
Uma forma de "gota" (segundo o conceito de Santa
Hildegarda), causada por um processo de deficiente ab­
sorção e eliminação, evidentemente não está fundamenta­
da numa predisposição. Os hábitos de alimentação é que
não são correctos. Observemos um exemplo de predispo­
sição para a gota:
(pessoa na qual a humidade é maior que a secura,
e a mornidão é maior que a secura e a espuma que ainda
sobram, será capaz de aguentar o mal em si e também nos
outros; tem um temperamento triste, não é muito coléri­
ca, o seu comportamento suporta-se bem. Não sofre muito
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 235
de doenças, excepto às vezes de gota. Alcançará uma idade
bastante avançada" (H.v.B.).
Neste caso, portanto, é uma predisposição típica. Tais
pessoas deveriam ter um cuidado contínuo, porque a gota
as ameaça; devem evitar tudo o que a possa fomentar e es­
tar sempre preparadas para um "tratamento anti-reumáti­
co". Num último exemplo veremos a violência e a força
destruidora desta doença, quando ataca uma pessoa que
nada faça para impedir a sua evolução.
(pessoas cuja carne é mole e com muitos poros, e que
tomam muito Vinho pesado, correm continuamente o peri­
go de contrair a doença chamada (ota". Porque a sua carne
é mole, pode acontecer que, pela intemperança menciona­
da, os maus sucos que estão no corpo penetrem subitamen­
te num dos membros, destruindo-o deforma semelhante a
grandes cheias imprevistas na natureza, que são capazes de
destruir moinhos e outras construções na sua proximidade.
Do mesmo modo também estes sucos destruiriam os mem­
bros sobre os quais gotejam, se não fossem impedidos pela
graça e pelo ânimo vital do homem. Entretanto destroem
um membro ou outro, e tornam alguns inutilizados, como
se estivessem mortos" (H.v.B.).
NÃo EXISTEM DOENÇAS CAUSADAS PELO DESGASTE
Por aquilo que aqui se escreveu, podemos perceber que,
segundo Hildegarda, não há doenças causadas pelo desgaste.
Bom, imaginemos uma pessoa cujas articulações ficaram
236 HELMUT POSCH
deformadas pela artrite (gota - segundo o conceito de Santa
Hildegarda). Pode ser que lhe sirva de consolação ouvir di­
zer amavelmente da parte do médico: "Sabe, tem trabalha­
do duramente, tem as articulações completamente gastas.
Neste caso, já não se pode fazer nada". Mas isto não é a
verdade. Não é o desgaste, mas uma deformação cuja causa
não foi efectivamente tratada. Não foi o peso do trabalho
que destruiu as articulações mas a "gota", doença que, na
verdade, nunca foi bem tratada, não foi curada, ou nem
sequer impedida de destruir mais.
Tal como o gotejar constante cava a pedra, assim estes
sucos destroem as articulações. O que é muito trágico é
o facto de as pessoas, nos primeiros 10 ou 15 anos, não
perceberem como a doença se vai instalando no seu corpo,
devagarinho, mas de forma irrevogável.
Então, quando as dores fortes se começam a sentir, pri­
meiro pensa-se numa gripe ou num esforço excessivo que
poderia ter dado origem a essas dores, mas não se pensa na­
quele "gotejar" constante, que já há anos está a desenvolver o
seu trabalho destruidor. Tal como a ferrugem estraga o ferro,
até o "come" completamente, do mesmo modo a gota faz
fluir no corpo do homem sucos que têm esse mesmo efei­
to destruidor. Graças à medicina moderna existem, hoje em
dia, próteses para substituir as articulações da anca, do joelho
e outras; no entanto são tratamentos que, apesar de serem
certamente uma grande ajuda, não curam a verdadeira ori­
gem da doença que causou a deformação das articulações.
''A torneira mal fechada continua a gotejar."
Os analgésicos só servem para "tapar os ouvidos a fim de
evitar que se ouça este gotejar". A questão que se coloca por-
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 237
tanto é esta: será que o reumatismo e a "gota" são doenças
incuráveis? Santa Hildegarda responde com um "Não" per­
tinente; a única condição é que tenhamos paciência.
É necessário dissolver, decompor e segregar os sucos
gotosos que a pouco e pouco vão destruir algum membro
do corpo. Existem para isso vários meios. Um dos mais ex­
celentes é, imaginem, a pomada feita com Medula e Sebo
de Veado à qual se junta absinto esmagado.
POMADA PARA CURAR ARTRITE
"Espreme-se o Absinto (folhas) (4 partes) ejunta-se Me­
dula de J.fado (1 parte), Sebo do Veado (2 partes) (os núme­
ros indicam a proporção),fazendo assim uma pomada. Se
alguém sofre tanto do reumatismo a ponto de lhe parecer ter
a sensação de se quebrarem os ossos, sente-sejunto ao lume e
aí esfregue as partes que lhe doem com esta pomada,ficando
assim curado" (H.v.B.).
A cura da gota, nome que o povo lhe atribui ou, usando
a linguagem científica, a arthritis deformans afinal é tão sim­
ples. A gota nem sempre ataca as articulações. Pode tam­
bém prejudicar os tendões e os músculos. Os médicos não
a consideram como uma forma de gota, mas chamam-lhe
contractura ou distensão dos músculos e dos tendões. Nes­
tes casos pode ser útil a planta chamada Abrótano (Artemisia
abrotanum) :
"Se em alguma parte do corpo aparecerem caroços ou se
houver contracção de algum membro, a pessoa coloque em
 238 HELMUT POSCH
volta destes locais Abrótano (Artemisia abrotanum) es­
magado e esfregue-os com o suco da planta. Então melho­
rará. Porém, se a contracção se mantiver na mesma, deite
fora o remédio, porque poderá sair prejudicado" (H.v.B.).
TRIGO - PARA A COLUNA
Quem é que nunca teve dores na coluna? Um grande
número de pessoas tem mesmo dores cránicas e muitas ve­
zes os comprimidos ou as injecções receitadas apenas aju­
dam temporariamente. Com os remédios de Santa Hilde­
garda as coisas passam-se de modo muito diferente. Ouso
dizer que tais dores não poderão resistir às cataplasmas de
Trigo:
"Quem tiver dores nas costas ou nos rins, coloque uma
cataplasma de grãos de Trigo, cozido em Água, no local da
dor. O calor do Trigo quebrará o poder do mal" (H.v.B.).
Portanto ficamos a saber que afinal, desta forma, é tão
simples resolver o problema das dores cránicas nas costas.
O texto de Santa Hildegarda diz, com grande clareza, que
se trata de um mal grave e persistente que, não sendo devi­
damente tratado, dificilmente se deixa eliminar. Contudo,
a cataplasma de Trigo "quebra o poder do mal".
Santa Hildegarda não poderia falar de forma mais clara.
Resumindo: devem-se pôr 2 kg. de Trigo a cozer forte­
mente em Água, colocar num pano uma quantidade com
a espessura de 2-3 cm e deitar-se de costas sobre o Trigo
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 239
quente, devendo este abranger todos os locais dolorosos.
Manter-se assim uma ou duas horas e repetir o tratamento,
até que as dores desapareçam, fazendo sempre cataplasmas
novas. Em casos graves, beber também Vinho quente de
Galanga.
o LUMBAGO
No Outono passado, realizou-se na clínica de St George
um curso sobre "O reumatismo e os remédios de Santa
Hildegarda". Sabem o que é que se passou comigo? Tinha
sido combinado que, na quinta-feira, para abrir o programa
da noite das "boas-vindas", eu deveria fazer uma conferên­
cia aos participantes sobre esta terapia. Dois dias antes por­
tanto, terça-feira, estava eu a trabalhar no jardim quando,
de repente, senti uma dor violenta nas costas. Não podia
andar senão curvado e com dores fortes. Era o lumbago
que subitamente me tinha apanhado. A minha mulher fi­
cou surpreendida quando me viu assim a subir as escadas
como um velhinho e perguntou: "Mas que é isto? O que é
que fizeste?"
"Nada, repliquei eu. Suponho que se trata duma cri­
se de lumbago. Por favor, põe-me Trigo a ferver no fogão
e aquece-me Vinho de Galanga!" E ela acrescentou: "Vais
fazer uma figura ridícula depois de amanhã, quando fores
falar sobre o reumatismo".
De facto, no dia seguinte, apesar das cataplasmas e do
Vinho de Galanga, não estava muito melhor. Que devo
fazer então para que este louco lumbago se cure imedia­
tamente? É claro que estas cataplasmas não me resolvem
o problema em tão pouco tempo. Será que tenho que ir
240 HELMUT POSCH
ao médico e levar uma injecção? Não! Isso seria uma ver­
dadeira hipocrisia, uma deserção! "Minha querida Santa
Hildegarda, agora deves mostrar-me um remédio que me
possa ajudar sem demora!" e comecei a procurar ... este não
posso preparar, porque me falta um ingrediente e aquele
também não, pelo mesmo motivo. Endro cozido não terá
um efeito imediato; também já não dá tempo para beber
Cerveja em jejum. Mas olha, há aqui uma coisa! Vou expe­
rimentar a cataplasma de Arruda (Rutagraveolens),
Pois assim está escrito:
SOBRE A GOTA
"Uma pessoa que tem carne mole e, em consequência
da intemperança na bebida, contraiu gota nos seus mem­
bros, tome Salsa e quatro vezes mais de Arruda. Ponha
isto numa frigideira com Azeite para estrugir. Se não for
possível arranjar o Azeite, pode usar Sebo de Bode. Ponha
as ervas o mais quente possível sobre estas partes dolorosas,
usando um pano em cima para asfixar no lugar. Ofrio da
Salsa impedirá o aumento dos sucos gotosos, enquanto o
calor da Arruda os manterájuntos e, assim, não irão supe­
rabundar. O Azeite (ou o Sebo) penetra neles e dissolve-os,
contanto que os elementos sejam misturados segundo esta
receita" (H.v.B.).
Experimentei esta cataplasma. Durante duas horas es­
tive deitado sobre as ervas quentinhas e oleosas. Chegou
então a hora da verdade: estava ainda a pensar como me
deveria levantar para evitar qualquer "movimento falso" e
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 241
notei que já não precisava de tanta prudência! Levantei­
-me sem sentir dor alguma! Encantado com esta agradável
surpresa, comecei a fazer ginástica. De facto, era capaz de
dançar e saltar. Estava tão contente que dei um grande salto
por cima do pano que ainda estava a todo o comprimento
no chão e, quando a minha mulher me viu nestes prepa­
ros, começou a duvidar que eu alguma vez tivesse sofrido
do lumbago. "Impossível! Antes do tratamento mal podias
andar e agora dás saltos como se nada tivesse acontecido!"
Eu pensava um tanto receoso: será que este bom efeito
continuará, ou amanhã voltarei novamente a ter as dores?
Mas não. Tudo continuou bem e, até agora, não voltei a ter
mais problemas. Apareci, portanto, pontualmente diante
dos amigos de Santa Hildegarda e fiz-lhes, com toda a con­
vicção, uma conferência sobre a terapia que ela nos transmi­
tiu, assegurando-lhes que é capaz de curar o reumatismo.
A Arruda (Ruta graveolens) é uma planta medicinal bem
conhecida que cresce em qualquerjardim. A semente ou as
plantas pequenas vendem-se nos estabelecimentos de hor­
ticultura. Em caso de emergência podem usar a planta seca
que se vende na ervanária ou nas lojas de produtos dieté­
ticos. Nesse caso, para conseguir a mistura certa, junte-se
também Salsa seca.
Estou convencido de que o calor prescrito é, já por si
só, uma parte fundamental para a terapia. Provocar calor
até "arder" é vulgarmente aconselhado nestas situações.
Há pessoas que se deixam bater com Urtigas para ficarem
curadas do reumatismo, outras metem os joelhos doloro­
sos num formigueiro; e há ainda as que aplicam emplastros
de Mostarda que provocam muita comichão e muito calor.
242 HELMUT POSCH
Mas é verdade que a pessoa que sofre, instintivamente pro­
cura calor porque é agradável e alivia.
Segundo Santa Hildegarda, o efeito depende do calor e
do "fogo" nas doses certas. Provavelmente, falando do fogo
e do calor, refere-se a determinados materiais que provocam
reacção.
Os reumáticos não devem desistir à primeira. Santa Hil­
degarda enumera para eles mais de cem remédios. Portanto,
é possível que tenham de experimentar vários deles, por­
que as reacções podem ser diferentes de pessoa para pessoa.
Para pessoas fortes, por exemplo, será favorável a sauna de
Castanhas; no entanto, as mais magras deveriam tomar um
banho de Feto Macho ou aplicar cataplasmas. Há inúmeras
possibilidades. Por isso, não devem recorrer só aos meiqs
químicos. Uma pessoa minha conhecida contou-me o se­
guinte: "O meu pai era um homem robusto, saudável mas,
um certo dia, começou a sofrer de ciática e o problema não
queria passar. Durante dez anos ou mais, tomou compri­
midos de todo o género: vermelhos, amarelos, verdes, para
poder aguentar as dores. Depois disto, de repente, os rins
deixaram de funcionar. Levaram-no ao hospital mas os cui­
dados que imediatamente lhe prestaram, não o ajudaram e
lá faleceu ... "
Não devemos pôr toda a confiança nos medicamentos
químicos, pois quase todos produzem efeitos secundários,
por vezes mesmo graves, especialmente quando são usados
por longo tempo. Reparemos nas indicações do papelinho
que se encontra na embalagem. Mesmo quando se trata
de medicamentos aparentemente "inocentes", podemos ler
indicações como estas:
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 243
Efeitos secundários: Dores de cabeça, tonturas, pertur­
bação dos sentidos, depressão, confusão mental, perda do
apetite, má disposição, vómitos, epigastralgias, diarreia,
alergias e petéquias, icterícia, diminuição dos leucócitos;
anemia, alteração da coagulação sanguínea, etc.
Nos folhetos explicativos, ao fazer referência a esses
efeitos, muitas vezes são utilizados termos técnicos em
latim, para que o paciente nem sequer os reconheça, isto
para não falarmos das contra-indicações e dos efeitos de
incompatibilidade entre os vários medicamentos tomados
ao mesmo tempo.
Será este o caminho correcto para um futuro saudável?
Creio que só uma pessoa de natureza forte, robusta, seria
capaz de o suportar. O que é que os leitores acham?
Vamos supor que ... faríamos um inquérito a muitas
pessoas com a seguinte pergunta: "Se, o (a) senhor(a) adoe­
cesse e pudesse escolher entre um remédio natural e um
medicamento químico da farmácia, sabendo que os dois
têm igual valor para a sua cura, qual dos dois escolheria?".
Penso que, pelo menos, dois terços das pessoas preferi­
riam o remédio natural. Por outras palavras, a maioria pre­
fere medicamentos naturais.
A POMADA DE ABUTRE (NICOLAI SALBE)
Entre as diferentes aves que existem, o Abutre é a que
tem maior importância para fins medicinais. Verificou-se
que estes chamados "polícias de saúde" das estepes e de­
sertos, têm força e resistência muito especiais, podendo ser
 A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 245
244 HELMUT POSCH

muito úteis ao homem. Na nossa revista, o Dr. Hertzka sempre se encontra, devido à difuuldade em obter os Abutres neces­
sários» (Dr. Hertzka).
escreveu:

«Do corpo do Abutre pode-se produzir uma pomada

muitíssimo preciosa.
«Experiências muito encorajadoras obtidas a partir desta preciosa
pomada, em casos de paraplegia por lesão bulbar e paralisia por lesão
da medula, duas doeas que praticamente não se curam através de
tratamentos modernos, levaram-nos afazer com que nos esfor{ássemos
intensivamente por arranjar uma quantidade avultada de Abutres, a
fim de produzir a pomada que é essencial para o referido tratamento».
«Contudo, devo fazer um esclarecimento: Santa Hildegar­
o autor, à esquerda, falando com o Dr. Hertzka
da, exactamente quando se refere a estes remédios tão importantes,
acrescenta: "Cura, a não ser que Deus não queira". Afirma{ão
o texto de Santa Hildegarda diz assim:
assombrosa!
«Nem por isso tais palavras nos devem desencorajar uma vez
que não sabemos se nesta, ou noutra circunstância, a pomada po­ CC••• à pessoa que está quase a perder ojuízo (frenesi), es­

derá ajudar ou não. Em todo o caso, usemo-la para todas as gra­ fregue-se toda a cabera com a pomada de Abutre. Se alguém
estiver cheio de gota, de modo que se encontre num estado
ves deforma{ões causadas pela gota ou pelo reumatismo. A palavra
(ota", na linguagem de Santa Hildegarda tem um sentido muito de esgotamento, esfregue-se fortemente todo o corpo. E se

amplo. Quando afirma que uma pessoa com dores nas costas (dor­ alguém tiver qualquer dor nas costas, no lado ou em qual­
quer parte do corpo, esfregue o local atacado eficará curado
sum) pode ser curada se esfregar os locais dolorosos com a pomada
de Abutre, permite-nos pensar que se refere a todos os problemas porque esta pomada é mais preciosa do que qualquer outra,
por melhor que seja, porque a pomada de Abutre penetra
da medula espinal. Certamente vale a pena tentar o tratamento da
rapidamente na pele do doente e cura-o" (H.v.B.).
esclerose múltipla com essa pomada.
«'IOdos os médicos que utilizam medicamentos de Santa Hilde­
MEIO DE CURA UNIVERSAL
garda, não deixam de recorrer a este meio para aliviar o scfrimento
terrível desta doen{a.
As palavras "...se alguém tiver qualquer dor... no corpo,
«Porém, a produ{ão da pomada é extremamente difúil. Em pri­
meiro lugar, ela só produzirá efeito sefor confeccionada seguindo o esfregue no local atacado... " mostram que o remédio tem
uma larga escala de aplicação. Mais ou menos "por acaso"
preceito e com a maior exactidão. É um produto muito caro e nem
246 HELMUT POSCH
ouvi falar de resultados admiráveis: A cozinheira de uma
casa paroquial contou-me que o Sr. Prior tinha sofrido de
um tumor situado algures entre o pulmão e o diafragma, e
que não podia ser operado. Depois de esfregar algumas vezes
esta zona com a pomada de Abutre, o tumor desapareceu.
Os bons resultados em caso de tumores foram igual­
mente comprovados na nossa própria família: um dia
apareceu na cabeça de meu pai (no occipital) um tumor
doloroso. Esfregou-se o local com a pomada de Abutre e,
passada a noite, o tumor desaparecera.
Um senhor de Hollersbach escreveu-me em 24.8.1981:
"Como a minha perna esquerda estava paralisada, ten­
do como diagnóstico uma lesão vertebral, fui operado à
vértebra da região lombar mas sem resultado. Depois de
repetidos períodos de internamento, os médicos comuni-
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 247
caram-me que não havia outro remédio senão aprender a
viver com as dores e a limitação do movimento que elas
provocavam; era esta também a sentença que estava escrita
nos meus relatórios e boletins médicos. Em 1980 começa­
ram as dores e falta de sensibilidade no braço direito. Devia
também ter sempre um apoio para o meu pescoço, porque
as vértebras estavam afectadas. As radiografias mostraram
a necessidade de uma operação à coluna cervical. Foi feita
em Janeiro de 1981 e consistiu em colocar uma prótese.
Foi uma operação perigosa mas, no entanto, as dores e a
falta de sensibilidade continuavam na mesma. Os médicos
tentaram dar-me choques eléctricos, mas este método tam­
bém não me ajudou nada. Por isso, repetiram a sentença: o
senhor tem de aprender a viver com o problema. Quando
estávamos a passar umas férias em casa da Senhora N.N.,
esta disse-me que o senhor talvez pudesse ajudar-me. Deu­
-me então massagens nas zonas de reflexo * com a pomada
de Abutre e, aí sim, viram-se os bons resultados. Já posso
mexer os dedos do pé esquerdo e as dores desapareceram.
O braço também melhorou. Imagine como estou feliz ... "
Uma senhora de Lassnitzhõhe enviou-me a seguinte
notícia: " ... Fiz massagens com a pomada de Abutre a um
homem que sofria de gota e resultou muito bem. Logo no
dia a seguir deixou de ter dores; consegue agora dormir
tranquilamente e já é capaz de trabalhar. Graças a Deus!"
A experiência mostra-nos que a pomada de Abutre é um
remédio precioso para diversos sofrimentos cuja verdadei­
ra causa, muitas vezes, é desconhecida.
*N. d. t: alguns naturoterapeutas aplicam massagens na planta dos pés consi­
deradas zona de reflexo dos diversos órgãos do corpo.
248 HELMUT POSCH
FETO MACHO
Vamos terminar o capítulo sobre o reumatismo falando
do Feto Macho pois, de acordo com o texto que se segue,
um banho com Água de cozer esta erva pode ajudar muito.
Por volta de 1973, muitos especialistas em radiologia
atribuíram aos veios aquáticos subterrâneos as causas para
as dores reumáticas; actualmente consideram-nos respon­
sáveis por quase todas as doenças! Constata-se um medo
crescente das radiações, diria mesmo umas "histeria de ra­
diações". Pessoas facilmente crédulas entram quase numa
dependência injustificada e até perigosa dos pêndulos e de
"investigadores de radiações;': Não devemos igrlorar que
existem radiações que emanam da terra, que existem veios
de água subterrâneos e, provavelmente, existe ainda toda
uma série de coisas semelhantes que nem sequer desco­
brimos. Mas o problema consiste em que esta matéria vai
desembocar num domínio imaterial, espiritual e que, por
isso, não é totalmente destituída de perigos.
Para os 'leigos' é suficiente saber que é possível prote­
ger-se das más influências através do Feto Macho.
"O Feto Macho contém em si muita força interior de
tal modo que até o diabo foge dele. Algumas destas forças
assemelham-se à força do sol. Afugenta os fantasmas, tal
como o sol afugenta as trevas e, por isso, os malvados não
gostam dele. Naqueles lugares em que cresce, o adversá­
rio não aparecefacilmente com as suas insídias; o 'pai da
mentira' evita e estremece diante dos lugares e casas onde
ele cresce, e as saraivadas raramente destroem os campos
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 249
que o contêm. Quando alguém o trouxer consigo, todas as
feitiçarias, maldições diabólicas, assombrações e rumores
de fantasmas são ineficazes. E se éfeita uma imagem de
alguém com intenção de prejudicar ou até matar, não o po­
derá atingir se tiver consigo Feto Macho. Às vezes acontece
que uma pessoa é amaldiçoada através de imagens, a ponto
deficar prejudicada até perder o juízo" (H.v.B.).
"Pode também acontecer que uma pessoa seja abençoada
através de uma obra de arte sacra e que lhe seja concedido
bom êxito e saúde. O ódio e a inveja geram o mal, e a um
mal sucede-se outro. A influência diabólica espreita o ho­
mem desde a sua concepção e quer intervir. Tenta-o cons­
tantemente,fazendo com que a corrente do mal não se rom­
pa. O homem tem conhecimento do bem e do mal, assim,
existem para ele ervas boas e más. O suco do Feto Macho é
equiparado à sabedoria e por isso simboliza a bondade e a
santidade. Então toda a maldade e bruxaria desaparecem.
Numa casa onde o Feto Macho se encontre, todo o engano
ou "fantasmagoria" que o demónio monta, não chega a de­
senvolver os seus eftitos. Por isso, coloque Feto Macho em
volta de uma parturiente e também no berço, em volta da
criança, porque então o demónio poderá espiá-la menos.
Pois, quando o demónio vê pela primeira vez o rosto duma
criança, odeia-a com todas asforças e armar-lhe-á ciladas"
(H.v.B.).
250 HELMUT POSCH
o FETO MACHO COMO PÁRA-RAIOS?
Observe a antena da televisão no telhado da sua casa e
pense em tudo o que este conjunto de barras metálicas é
capaz de lhe dar: uma projecção muito clara no seu ecrã
daquilo que, numa distância de centenas de quilómetros,
ou mais, é emitido por outra maravilha técnica, a instalação
emissora. Reflitamos ainda nisto: todas estas invenções,
que tornaram o homem bastante soberbo, afinal não pas­
sam de meios funcionais para aplicar certas possibilidades
escondidas na natureza. O homem aproveita as leis da na­
tureza que existiam antes dele.
Deve-se então compreender que pode ainda haver mais
mistérios na natureza por desvendar. Existe uma série de .
bons livros que nos ajudam a aprender de novo a maravi­
lhar-nos perante a criação de Deus. Além disso, ouvimos
quase diariamente as novas descobertas que os cientistas
continuam fazendo e das quais tiram o maior proveito. En­
tão porque é que seria tão incompreensível aceitar que haja
"alguma coisa" na natureza que possa, por exemplo, desviar
os relâmpagos? Será que só não queremos acreditar porque
não foram os homens que a descobriram e porque "essa
coisa" tem o nome simples de "Feto"? Imaginemos que o
homem a tivesse inventado e lhe tivesse dado um nome
científico, por exemplo "convector modulador anti-estáti­
co de assimilação"; nesse caso, desde há muito a teríamos
ligado à nossa antena de televisão.
Mas aquilo que Santa Hildegarda escreveu no capítulo
sobre o Feto Macho de modo tão compreensível e sem es­
colha de palavras menos frontais, é de facto para nós algo
\
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 251
difícil de apreender no contexto do mundo actual. Mas não
esqueçamos isto: a verdade permanece verdade, mesmo
que para nós se apresente encoberta.
Santa Hildegarda escreve ainda sobre o Feto Macho:
"O Feto Macho pode dar a cura nos seguintes casos":
PARA A MEMÓRIA: "Se alguémfor esquecido e sonhador
(distraído), segure na mão semente do Feto Macho e a me­
mória e ojuízo lhe hão-de voltar. Quemjá não se consegue
exprimir bem, voltará afazê-lo de novo".
PARA os OLHOS: "Quando, no verão, o Feto Macho se
torna verde, devem-se colocar as suasfolhas sobre os olhos.
Estas tirar-lhes-ão a opacidade".
OS SURDOS OUVEM: "QuemfICOU surdo e não ouve nada,
meta Sementes de Feto Macho num saquinho e introduza
este saquinho muitas vezes no ouvido. Cuidado para que
nada penetre na cabeça! Começará a ouvir novamente bem".
OS MUDOS FALAM:- "Quem tiver "gota" na língua, e
nãofor capaz defalar, coloque a Semente na sua língua; a
gota desaparecerá e voltará a capacidade defalar".
Os coxos ANDAM: "Um coxo tome Feto Macho en­
quanto está verde, coza-o em água, tome muitas vezes ba­
nho nesta água e a "gota" desaparecerá". Atenção! Não
deite a decocção numa banheira já cheia de água. Diz: "...
tome banho nesta água... " quer dizer: a água em que foi
cozido o Feto, deve chegar para encher a banheira. Ainda
acrescenta: "...enquanto está verde ... ", o que limita a apli­
cação ao período que vai até meados de Junho. Mais tarde,
em pleno Verão, o Feto Macho já está "velho".
252 HELMUT POSCH
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 253

o ÁLCOOL - "O BODE EXPIATÓRIO"
Um dado fundamental no programa de alguns médicos,
é proibir a ingestão do Álcool: " ... 0 senhor percebeu bem
que tem de deixar definitivamente de beber Álcool?" São
poucos os doentes que não recebem esta ordem. É-nos in­
culcada continuamente a ideia de que o copinho de Vinho
tem a culpa de todas as nossas doenças.
Estas advertências não têm muito a ver com a verdade,
podendo dar a ideia de que faz mal a toda a gente.
f"'\ IV) 1t'7
P;;?U'
fi ; '» e Aguardente é Aguardente. E o Vinho, por exemplo, é um
')li. k-kl"'" .j...... ' 'sumo' muito especial. Ainda bem que Nosso Senhor Jesus
....... i"  >._.. . "itfr,
rp_. .  
I ".. } li I i)
Seria um excelente castigo para todas as pessoas que be­
bem Álcool e, segundo alguns, os problemas de saúde fica­
riam resolvidos. Porém, quem tiver bom senso, saberá que
tal inimizade se baseia no facto de o consumo excessivo do
Álcool trazer graves problemas para a saúde. O que vale
para a generalidade das situações, também se aplica aqui: a
solução está najusta medida das coisas.
Tal como já falámos no capítulo sobre "fruta" e "legu­
mes", o erro está na nossa tendência para generalizar, des­
prezar e condenar sem discernir. Cerveja não é "Álcool".
Entre Cerveja e Aguardente há tanta diferença como
entre tratar alguém por "tu" ou por "Senhor". Portanto,
não "metamos tudo no mesmo saco", porque há pessoas
com quem fazemos cerimónia e outras com quem estamos
mais à vontade. Sem dúvida, o termo "Senhor" também
pertence à humanidade, mas nem por isso deixa de ser di­
ferente do "tu" em vários aspectos. O mesmo se passa com
a Cerveja e a Aguardente. As duas contêm Álcool, no en­
tanto a diferença entre as duas é notável. Cerveja é Cerveja
,,;\. Cristo viveu há dois mil anos porque, se fosse hoje, ser­

Ci£lU')itff"';:. :
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Se assim fosse, todos os vinhateiros tinham de trans­
formar as suas vinhas em hortas e todos os fabricantes de
Cerveja deveriam fechar as portas.
-lhe-ia proibido transformar Água em Vinho! E conside­
rá-lo-iam como alguém com quem se deveria ter cuidado,
como com todos aqueles que, em vez de Água mineral tão
(.,
saudável e apreciada, bebem Cerveja ou Vinho.
Quando falámos da "fruta" e dos "legumes", aprende­
mos a discernir entre o que é bom e menos bom. Seguindo
o mesmo esquema, no que se refere ao Álcool, devemos
também aprender a discernir entre bebidas que podemos
254 HELMUT POSCH A MEDICINA DE SANTA HII.DEGARDA 255

beber e outras que não deveríamos tomar. Aqui, a regra "O Vinho é o sangue da terra, está para a terra como o

é mais simples do que pensam: Hidromel, Vinho e Cer­ sangue está para o corpo e tem uma espécie de comunhão com

veja figuram, segundo Santa Hildegarda, entre as bebidas o sangue humano; tal como uma roda que gira a grande velo­

mais saudáveis! Isto é uma surpresa para nós que tínhamos cidade, assim o Vinho transporta velozmente o seu calor até à

a ideia de que a Cerveja e o Vinho são prejudiciais porque medula que fica então muito aquecida; e a medula coloca no

têm "Álcool": Para que não pensem que neste caso, Santa sangue o ardor das paixões. É por isso que aquele que quer
Hildegarda estava enganada, eis aqui várias citações da Bí­ beber Vinho muito bom eforte, tem de misturá-lo com Água,
blia: "Ele abençoará... o teu Vinho ... " (Dt 7,13) e "Os teus para que sejam temperados o calor e aforça.

lagares transbordarão de Vinho" (Prov 3,10), "Bebei do Vi­ Mesmo ao vinho de (Hunsruck' deve-se juntar um pouco

nho que eu preparei para vós" (Prov 9,5), "Dai ...Vinho aos de Água para que este torne mais suportável a sua aspereza e
que têm o coração amargurado", " ... Bebe contente o teu acidez. Assim como o sangue é seco, nãoflui sem a humidade

Vinho" (Ecle 9,7) (Prov 31,6), " ... 0 Vinho alegra a vida" da água, assim também o Vinho tomado sem a Água resseca o
(Ecle 10,19), "O Senhor prepara um festim de Vinhos ve­ corpo humano, prejudica a sua saúdefísica e estimula no ho­

lhos" (1525,6), "Que vida é a do homem a quem falta o. mem os desejos carnais. Qualquer alimento e todos as bebidas

Vinho?" (Ecle 31,27). "Não continues a beber só Água, mas devem ser tomadas de maneira adequada, sem que seja quente

mistura-a com um pouco de Vinho" (1 Tim 5,23). demais e na medida certa" (H.v.B.).

Ficámos entendidos?

VINHO

"Um Vinho puro do sarmento dá, ao que o bebe, sangue

bom e saudável; mas o Vinho impuro, falsificado, torna o
sangue mau, como que coberto de cinza. O (Prankenwein'
(vinho duma região da Alemanha) é forte e causa quase
uma revolta no sangue. Por isso, quem beber deste, mis­
ture-o com Água. "O Vinho de (Hunsruck' (outra região
em Alemanha) não necessita porquejá é aguado" (H.v.B.).
Introduzam então uma nova moda de beber! Nos es­

Hildegarda, no seu Livro de Ensinamento, escreve o se­ tabelecimentos de gastronomia incentive-se a colocação,

guinte sobre o Vinho: como hábito, de um copo de Água em cada mesa, ao lado
256 HELMUT POSCH
do de Vinho. Nas boas cafetarias servem sempre um copo
de Água juntamente com o Café. Pois que se faça o mesmo
com o Vinho, e assim não fará mal a ninguém. Santa Hil­
degarda escreve ainda sobre o Vinho:
"Se as Uvas crescem numa terra que seja própria e me­
lhor para cereais, o Vinho que se produz é melhor e mais
suportável para os doentes do que o Vinho que vem duma
terra própria para árvores defruto que, portanto, não é tão
boa para cereais, muito embora possa produzir um Vinho
até de sabor mais apreciável. O Vinho proporciona ao ho­
mem a cura e a alegria por causa do seu "calor" saudável e
da suagrandeforça" (H.v.B.).
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'\} ;r r; 
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-rv:
Não quero de modo nenhum seduzi-lo a beber Álcool,
e muito menos beber quando conduzir. Neste caso, as res­
trições são bemjustificadas. E é evidente que nunca se deve
beber demais. A única coisa que gostaria que ficasse claro
é que não devemos generalizar, dizendo que o consumo
de Álcool em si é nocivo, porque isso não é verdade. Um
ou dois copos de Vinho misturados com Água, durante o
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 257
dia ou à noite, não faz mal a ninguém. Se isso fizesse mal,
quase toda a gente seria já considerada alcoólica ou teria
o fígado lesado. Especialmente para os idosos é saudável
beber um copinho de Vinho de vez em quando. Dá-lhes
força e regenera o sangue!
Estou convencido de que muitos comprimidos prejudi­
cam mais (pelos efeitos secundários) do que tomar diaria­
mente um ou dois copinhos de Vinho, desde que seja puro
e misturado com um pouquinho de Água. Compreendo
muito bem as advertências contra o uso de bebidas "for­
tes" como Aguardente, Rum etc., mas não compreendo
como se pode generalizar e condenar todo o Álcool. Nas
suas receitas de dieta, Santa Hildegarda recomenda muitas
vezes o uso de Vinho mas nunca diz para usar Aguardente
ou Rum e raramente recomenda Água. Diz-nos para não
usarmos Vinho impuro e, ainda, para não tomarmos Vinho
forte sem o misturar com Água, por causa do perigo de
incitação sensual. Aliás, em tudo o que fizermos devemos
praticar a temperança. Tanto prejudica o excesso para mais
como para menos.
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258 HELMUT POSCH
Isto é válido para as necessidades básicas da nossa vida
como comer, beber, dormir ou vigiar. Se não guardarmos a
justa medida, seremos levados à intemperança e cairemos no
erro. Não vamos, portanto, beber tanta quantidade de Vinho
ou de Cerveja que nos deixe atordoados. Mas, se o tomar­
mos com temperança, não nos fará mal.
Segundo Santa Hildegarda, o Vinho serve para a prepa­
ração de muitos medicamentos. Ela raramente manda fazer
chás, mas recomenda muitas vezes o uso de Vinho para a
preparação de remédios. Neste caso, o Vinho é como que o
"veículo", o "meio de transporte" que mais convém ao ho­
mem, porque está em "comunhão" com o sangue. Muitas
pessoas vêm ter comigo pensando que lhes indicarei chás '
de ervas, e ficam desiludidas ao ouvir que, para este ou
aquele problema, Santa Hildegarda recomenda um Vinho
com extracto de ervas. "Valha-me Deus, eu posso beber
Álcool?" Pode, sim! Até para o fígado doente Santa Hilde­
garda prescreve um medicamento preparado com Vinho.
Falaremos sobre isto mais adiante, no capítulo "Elixires".
CERVEJA
"Pela sua força e pelo bom suco da planta, a Cerveja
torna gorda a carne do homem e dá ao seu rosto uma cor
saudável" (H.v.B.).
Contudo, Santa Hildegarda, como se quisesse evitar
todo e qualquer efeito negativo, aconselha-nos a forma de
preparar uma:
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 259
"CERVEJA PARA A SAÚDE"
"Se quiseresfazer Cerveja a partir da Aveia, sem usar
o Lúpulo, prepara-a só com Aveia juntando-lhe muitas
folhas do Freixo. Esta Cerveja limpa o estômago e torna o
peito leve e livre" (H.v.B.).
Por enquanto, porém, temos de nos contentar com cer­
veja de Lúpulo ou de Malte, porque não vamos encontrar
ninguém que produza "Cerveja de Aveia" com folhas de
Freixo. Se for bom observador verá que, aqueles que costu­
mam beber Cerveja, graças ao bom suco da planta, têm de
facto uma barriga volumosa mas também uma tez saudável.
ÁGUA
Sem Água não há vida! Mas nem toda a Água é igual.
Uma mais saudável, outra menos. A oferta é grande: vai
desde a fonte medicinal até à Água da chuva. Santa Hilde­
garda enumera mesmo regiões onde a Água de mina é boa,
e outras regiões onde não há Águas boas. Também é muito
curioso que ela desaconselha aos doentes beber Água.
 A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 261
260 HELMUT POSCH

pincelar com uma tintura e outros, não ajudaram nada. To­

dos os dentes abanavam de tal modo que lhe era impossível
trincar uma maçã crua e fresca, os dentes iriam ficar nela.
Tinha até marcado uma consulta no dentista para a prepa­
ração de uma prótese por já não haver solução.

'Água enfraquece o homem e, quando este está doente,

pode fazer surgir muco em volta dos pulmões. A Água é
fraca, não tem grandeforça. Porém, às pessoas com saúde,
não faz mal beber um copo de Água de vez em quando"
(H.v.B.).

ELIXIRES

UMA LIXÍVIA DE SARMENTOS DE VIDEIRA

PARA HIGIENE ORAL (LIXIVIUM DENTALE) Quando uma senhora tem um desgosto destes, normal­
mente conta-o às amigas. Foi o que aconteceu com esta

Este meio recomendado por Santa Hildegarda ajudou
várias pessoas a evitar de ter de vir a obter os "terceiros"
dentes. Não é exagero, é verdade. O que vou dizer a seguir
exemplifica as características do efeito deste produto:
senhora; confidenciou a uma amiga que por acaso conhecia
a "lixívia" para bochechar e lha aconselhou nesta situação
extrema. Arranjou-a para a sua pobre amiga que a aplicou
com assiduidade. Passados uns dias, já era capaz de lavar os
dentes sem sangrar. E, chegada a hora da consulta, foi ao

Uma senhora elegante de Salzburgo, de quarenta e tal
anos de idade, cujo orgulho tinha sido sempre a sua bela
dentadura, começou a sofrer de periodontose (atrofia da
gengiva). Os meios que lhe foram aconselhados, tal como
dentista para que ele verificasse se ainda seria necessário
pôr a prótese porque, entretanto, os dentes estavam a ficar
bem fixos, como que "aparafusados". O dentista não sabia
o que pensar; anulou a consulta mas quis saber o que é que
262 HELMUT POSCH
ela tinha feito. A senhora, além de ter poupado bastante
pelo facto de já não precisar da prótese, ficou feliz por po­
der conservar os seus próprios dentes.
Acontece, muitas vezes, que recebo cartas que dizem as­
sim: "Já experimentei muita coisa mas, até agora, o único
remédio que me ajudou foi este (Lixivum dentale)."
Não são de facto só alguns casos esporádicos nem uma
questão de "sorte". A verdade é que este líquido feito com
cinzas de Sarmentos ajuda mesmo. Pode acreditar. Este re­
médio elimina a verdadeira causa que é devida ao tártaro.
Desfaz-se e, assim, a gengiva mole poderá de novo crescer
e fixar-se no esmalte liso dos dentes. A superfície rude dos
dentes cobertos de tártaro faz com que a gengiva se descole
e seja, por assim dizer, "empurrada" para baixo. Os dentes
tornam-se então mais "compridos", começam a abanar e,
se não forem tratados, acabarão por cair.
Se colher Sarmentos, poderá preparar em casa este "eli­
xir". Precisamos de uns feixes de Sarmentos, que se arran­
jam na poda da Videira e que devemos deixar secar bem.
Pomo-los em cima duma grelha muito limpa e um pouco
elevada, porque temos de colocar debaixo dela uma vasi­
lha larga com Vinho. Ateamos os Sarmentos mas, sem usar
gasolina, papel ou qualquer outra coisa. A pouco e pouco,
estes feixes ficam queimados e as cinzas quentes vão cair na
vasilha com Vinho. Assim que este processo esteja pron­
to, levamos a vasilha para a cozinha, onde já devem estar
preparados os frascos limpos para encher com este Vinho.
É necessário fazê-lo mexendo constantemente, para que
os dois elementos, o Vinho e as Cinzas, fiquem bem mis­
turados. Além do funil, usamos ainda um passador fino,
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L
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 263
evitando assim que entrem pedacinhos de madeira meio
carbonizada. Se o Vinho com as Cinzas bem quentes não
atingir uma temperatura de mais ou menos 80° C temos
que o aquecer no fogão antes de enfrascar. Em seguida, os
frascos devem ser esterilizados, do mesmo modo que se
procede para conservar outros produtos como sumos, etc.
É importantíssimo que tudo seja muito limpinho, se que­
remos que este elixir para os dentes não se estrague logo.
É indispensável que as cinzas ainda ardentes entrem em
contacto imediato com o Vinho porque, só assim, se ob­
tém a necessária reacção química. Eu não sou químico mas
acredito nas palavras de Santa Hildegarda quando diz:
sim deves preparar a lixívia dos Sarmentos".
Portanto, deve-se usar apenas Cinzas de sarmentos e
não de uma madeira qualquer. Antes de usarmos o remé­
dio, agitemo-lo, para que as Cinzas que estão no fundo do
frasco subam e, de seguida, rapidamente bochechemos um
"gola". O ideal é bochechar um ou dois minutos e depois
pegar na escova de dentes e lavá-los com o mesmo líqui­
do. Estes ficarão limpos e brilhantes. A gengiva deixa de
sangrar e os dentes tornar-se-ão realmente sãos e belos. É
certamente um dos melhores produtos para a higiene da
boca, ao qual deveríamos dar um lugar de honra ao lado da
escova de dentes. Os dentes ficarão muito lisos.
Só temos de ter um cuidado: não engolir este líquido.
Prestado o seu serviço, é lançado fora como, aliás, fazemos
com a pasta dentífrica. Quem já conhece e aplicou este re­
médio, já não se quer privar dele. Tendo presente que o
estado dos dentes de muitas pessoas é desastroso, não se
pode deixar de o recomendar com insistência. Se nas es-
264 HELMUT POSCH
colas se recomenda que as crianças tomem comprimidos
de fIuor para combater a cárie, é certamente legítimo reco­
mendar também um meio natural e efectivo para combater
o tártaro, responsável por inúmeras doenças periodontais
(gengivas) .
Santa Hildegarda escreve o seguinte:
"... Se a gengiva apodrecer e os teus dentesforemfracos,
limpa muitas vezes os dentes e a gengiva com este Vinho,
porque ele torna os dentes fortes e a gengiva sã. E, mesmo
se tiveres bons dentes, este remédio serve para lavares a boca
porque torna os dentes mais belos".
VINHO DE ABRUNHEIRO BRAVO
Misturam-se 40 gr. de cinzas de Abrunheiro (de ramos
queimados do Abrunheiro bravo) com 20 gr. de Canela em
pó e 10 gr. Cravinho em pó; ferve-se em 1,4 I de Vinho
puro.
Depois de ferver durante cinco minutos (atenção por­
que faz espuma) juntam-se 200 gr. de Mel muito puro.
Ferve-se tudo de novo e, em seguida, filtra-se ainda bem
quente. Pode usar-se um filtro de café. Guarda-se este Vi­
nho em frascos bem limpos.
Indicações: gota, aterosclerose com perturbações sen­
so-motoras.
"... toma este Vinho de manhã, mas não muito; de tarde
porém, bebe-ofrequente e abundantemente. A gota deixará
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 265
o doente, que recuperará a sensibilidade e voltará a ter os
membros sãos porque este Vinho é uma bebida mais precio­
sa que o Ouro" (H.v.B.).
Aliás, segundo Santa Hildegarda, o Ouro também é efi­
caz na cura da gota.
VINHO DE OURO
Segundo as indicações de Santa Hildegarda deve-se pôr
ao fogo "Ouro puro", até ficar em brasa, e com este aquecer
Vinho. "00. Assim aquecido e bebido, o Vinho ajudará os
que sofrem de gota".
Mas o problema é: "Como se arranja o Ouro?". Com
um pequeno truque podemos obter o mesmo resultado.
Mandamos dar um banho de Ouro a uma resistência
elétrica, soldamos ainda uma ou duas moedas de Ouro e
depois com este aparelho aquecemos o Vinho. É o chama­
do "Vinho de Ouro caseiro" para os reumáticos.
VINHO DE TANACETO
(TANACEIVM VULGARE)
Obtiveram-se bons resultados com o Vinho misturado
com o sumo de Tanaceto em casos da chamada "doença
dos idosos" ou seja, o problema da próstata.
Se o doente durante uns dias beber deste Vinho, o nó­
dulo da próstata desfazer-se-á e o problema da retenção de
urina deixará de existir.
266 HELMUT POSCH
ELIXIR DE ESCOLOPENDRA OU LÍNGUA CERVINA
(PHYLUTIS SCOLOPENDRIUM)
t Escolopendra é quente e útil para o fígado, os pul­
mões e os intestinos. Então, toma um pouco desta planta,
deixa-a ferverfortemente em Vinho, junta-lhe Mel puro e
volta a deixarferver de novofortemente no Vinho.
Em seguida, junta-lhe Pimenta Longa e o dobro de
Canela em pó e deixa ferver de novo o Vinho. Por fim
passa-o por um pano e obterás uma bebida medicinal. Be­
be-a antes e depois das refeições. Faz bem aofígado, limpa
os pulmões e cura os intestinos doridos, tirando deles toda
a podridão e muco" (H.v.B.).
Este elixir de Escolopendra resolveu o problema a mui­
tas pessoas que tinham o fígado doente. É claro que se deve
usar um bom Vinho puro e fazer tudo exactamente como
indicado como, por exemplo, ferver o Mel. Isto não agrada
às pessoas que estão sempre preocupadas com as vitaminas.
"Então perdem-se as vitaminas todas ... ?" É a objecção que
se ouve.
Ora bem, esta bebida não se toma por causa das vitami­
nas que o Mel contém. Se queremos que seja útil para o
fígado, que limpe os pulmões, que cure os intestinos e tire
toda a podridão, então o Mel também deve ser fervido.
Vemos nesta receita que o Vinho ferve mesmo três ve­
zes! Portanto, quase não contém Álcool; uma vez que ele
se evapora com a fervura, não precisamos de ter medo de
o tomar. Este elixir deu bons resultados no tratamento da
bronquite, tosse cránica e doenças intestinais ou, melhor
J..
A MEDICINA DE SA:-JT.'\ HILDEGARDA 267
dizendo, todo o conjunto dos órgãos abdominais, pois aju­
da nas patologias do fígado e da bílis, dos rins e da bexiga, e
ainda nas "doenças das senhoras".
"BEBIDA DE MAIo DE SANTA HILDEGARDA"
O TRATAMENTO DA PRIMAVERA
Entre os meios universais recomendados por Santa Hil­
degarda, a chamada "Bebida de Maio" é um dos mais efica­
zes. Também é preparada com Vinho e Mel e com o suco
do Absinto colhido na primavera. Como acontece muitas
vezes com os textos de Santa Hildegarda, também neste, à
primeira vista, não temos a noção de que recebemos um
remédio excelente contra a aterosclerose. Eis as promessas
de Santa Hildegarda:
"... bebe em jejum, de três em três dias, de Maio até
Outubro. Esta bebida vai combater o mal que se pode­
rá instalar nos teus órgãos da cavidade abdominal, assim
como a melancolia. Torna "transparentes" os teus olhos e
fortalece o teu coração. Impede que os pulmões adoeçam.
Aquece o estômago, limpa os intestinos e estimula a diges­
tão" (H.v.B.).
Só um investigador escrupuloso e que, além disso, te­
nha um conhecimento notável dos escritos de Santa Hilde­
garda, como é o caso do Dr. Hertzka, é capaz de descobrir
em todas estas indicações a relação com a aterosclerose.
No seu livro: Das Wunder der Hildegard Medizin, escreve
o seguinte sobre este assunto: «Santa Hildegardafaz referência
268 HELMUT POSCH
aos órgãos contidos na cavidade abdominal superior, incluindo o
sistema intestinal e renal mas, muito especialmente, a região dos rins
e todo o sistema renal. Segundo ela, o rim é o órgão mais responsável
pelo processo de envelhecimento. Se os rins nãofuncionarem bem,
aceleram o processo do envelhecimento e de esclerose irreversível que
afecta os rins cronicamente. A aterosclerose danijtca também o co­
rafão e a vista, e perturba asfunfões gástricas e intestinais. Todos
os órgãos vêm a sofrer, incluindo os órgãos sexuais e as glândulas
endócrinas como, por exemplo, o pâncreas que, como consequência
do seu maufuncionamento, origina a diabetes.
«O tratamento aqui apresentado combate precisamente a dete­
ríora{ão dos órgãos, deteriora{ão essa que muitas vezes acontece em
cadeia.
«O que este elixir podefazer é realmente extraordínário: ataca a
((matriz" de todas as doen{as graves, evitando a chamada ((bola de
neve", tornando transparentes os teus olhos. Elefortalece o cora{ão,
impede que os pulmões adoe{am, estimula a circula{ão do sangue
a nível do estômago, limpa todo o abdómen e garante uma boa
digestão. Assim, este tratamento de primavera é o meio ideal para a
prevenfão da aterosclerose, do envelhecimento precoce e da diabetes».
OS SINTOMAS DA ESCLEROSE
As indicações de Santa Hildegarda, no que se refere
à possibilidade de combater as doenças, à primeira vista,
parecem-nos muito originais, até mesmo extravagantes.
Muito fica ainda por dizer. Alguns pormenores são de fac­
to interessantes: por exemplo, o ritmo: de três em três dias:
"... bebe-o de três em três dias", e ainda o significado do pe­
ríodo prescrito: "de Maio a Outubro" etc.
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 269
Como o Dr. Hertzka já disse, o mau funcionamento dos
rins danifica todo o organismo. Os rins, não filtrando os
produtos tóxicos segregados e ingeridos, libertam-nos no
sangue circulante nas veias, provocando sedimentação de
substâncias nocivas que, juntamente com a gordura (co­
lesterol e outros lípidos) do sangue, originam a aterosc1e­
rose. Assim se abre "de para em par" a porta a uma série
de doenças dos órgãos. Numa fase inicial deste processo
nota-se a perda de energia. A pessoa tem menos genica para
o trabalho e o poder de concentração vai diminuindo. Co­
meça também a ficar esquecida. Mais tarde instalam-se as
depressões que se manifestam com a indiferença perante os
factos e os acontecimentos; às pessoas falta-lhes o estímulo
e a coragem para viver. Além das dificuldades no contacto
com os outros, mostram uma grande irritabilidade. Muitas
vezes a pessoa acaba por ser vítima de um enfarte cardíaco,
de um AVC oU de angina de peito.
Muitos amigos de Santa Hildegarda, a partir de uma
certa idade (por volta dos 40 anos), tomam anualmente a
chamada "Bebida de Maio" como um meio profiláctico e
testemunham os melhores resultados.
Podemos ler alguns testemunhos:
Sra. A. O. de Mannheim (13.10.81): "Fiz este ano pela
segunda vez o tratamento e quero comunicar-lhe que, de
facto, proporciona tudo quanto promete. A menstruação
voltou de novo, regularmente, embora o médico, devido
à minha idade - 42 anos -, achasse que já não havia nada
a fazer. A opacidade no corpo vítreo dos meus olhos de
repente desapareceu. Escrevo isto porque penso que o se­
nhor terá interesse em sabê-lo".
270 HELMUT POSCH
E Sra. H.W: " ... queria ainda acrescentar que a minha
mãe (com 70 anos de idade), graças ao Tratamento da Pri­
mavera, libertou-se pela primeira vez dos problemas que
a afligiam há anos: fígado, vesícula e tiroide. Além disso,
agora tem uma energia que me parece pouco vulgar para
uma pessoa da sua idade".
Sra. Maria K.: "Estou muito contente com o "Tratamen­
to da Primavera" embora o resultado tivesse tardado. Só a
pouco e pouco fui constatando as melhoras. Estava muito
abatida e deprimida. Já não tinha gosto para trabalhar, nem
sequer para VIver.
Mas agora o gosto voltou. Tenho muita energia e sin­
to-me impelida a trabalhar. Uma irmã minha ficou muito
entusiasmada ao ver esta mudança e, no próximo ano, quer
fazer também o tratamento ... "
Sra. Ana S. Abfaltersbach: " ... estou muito contente. Ten­
do eu 80 anos, sem este tratamento, provavelmente, a mi­
nha saúde não seria tão boa. Sinto-me mesmo como uma
pessoa robusta."
Sra. Maria L. (Viena) (31.10.1983): "O resultado do
"Tratamento de Maio" deu-me um novo entusiasmo. O
bem-estar aumentou mês após mês.
Sinto-me com as minhas forças renovadas; um estado
que já não conhecia há muito. E daqui a poucas semanas
vou fazer 82 anos!
A maior alegria para mim é que, aos poucos, pude dei­
xar todos os medicamentos químicos que me foram pres-
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 271
cri tos para o coração, para a tensão arterial, para a circula­
ção, etc".
O bom resultado obtido com os remédios de Santa
Hildegarda deve-se, talvez em parte, ao facto de eu seguir
com a maior exatidão todas as suas indicações sem jamais
mudar alguma receita por iniciativa própria. Além disso,
tenho sempre uma pipa de Vinho feito por um vinhateiro
"biológico" .
Este Vinho é absolutamente puro, não lhe é adicionado
Açúcar, não há misturas com um vinho qualquer de Sar­
mentos, nem lhe é aplicado qualquer outro ingrediente dos
que hoje em dia se costumam utilizar neste ramo da agri­
cultura.
VINHO DE ROSMANINHO PARA O FÍGADO!
Sim, leram bem, também isto está nos escritos de Santa
Hildegarda:
(c••• quem o beber muitas vezes morno, encontrará alívio
para as dores do fígado e dos pulmões, a humidade no seu
peito desaparecerá, o seu conhecimento ficará mais puro e
os seus pensamentos mais claros".
Fala-se aqui do fígado dilatado (hepatomegalia) e da falta
de ar quando há alterações da pequena circulação. Além
disso, ajuda todos os que gostam de ter a "cabeça lúcida".
Este Vinho prepara-se fervendo nele flores e folhas de
Rosmaninho (Lavendula o.Jfuinalis) e não da Alfazema, ou
seja, "Lavendula angustifolia" ou "vera".
272 HELMUT POSCH
VINHO DE LOUREIRO
Passa por aqui às vezes para conversar comigo um via­
jante simpático. É um amigo entusiasta de Santa Hildegar­
da, desde há anos, e um dia disse-me: "O senhor sabe o que
mais me impressiona na medicina de Santa Hildegarda?
"É que as doenças perdem o seu aspecto de terror. A
gente já não tem tanto medo quando tem um sintoma
qualquer aqui ou acolá. Eu pelo menos sou muito mais
feliz. Santa Hildegarda faz com que me sinta mais livre".
É verdade que, hoje em dia, muitas pessoas vivem com
um medo sem fundamento, um medo que precisamente
as torna doentes. É medo do cancro, medo do ataque car­
díaco, medo disto e daquilo. Não tenham medo! Aparecem
muitas doenças como consequência do medo. O medo
apodera-se primeiro que tudo do estômago. Quando, por
causa de alguma agitação ou medo, ficar com dores de es­
tômago ou este lhe parecer "pesado", não pense logo em
cancro, mas arranje 100 gr. de folhas de Loureiro. Deixe­
-as ferver num bom Vinho tinto e com certa distância de
tempo, beba uns copinhos deste Vinho bem quentinho. As
dores desaparecerão. O que diz Santa Hildegarda?
ííSe tiveres dores de estômago, bebe este vinho de Lou­
reiro, quentinho, pois ele tira o muco do estômago, limpa-o
e afugenta afebre".
Com um pouco de bom senso, a pessoa pode saber se
está mal disposta por ter comido depressa, por ter tomado
alimentos muito quentes ou muito frios, se alguma coisa
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 273
"lhe pesa" no estômago ou se, de facto, poderá ser algo mais
grave. Em todo o caso, podem-se curar problemas simples
do estômago com este Vinho. Para outros casos mais graves,
Hildegarda apresenta ainda outro elixir mais eficaz:
ELIXIR PARA O ESTÔMAGO DE "SALVlA SC.lARBA"
Salvia sclarea é O nome em latim para a chamada Salva
Esclareia. É uma planta que cresce no Sul da Europa e é
esta que devemos usar, juntamente com alguma espécie de
Hortelã e Sementes de Funcho, para preparar este excelen­
te elixir.
"Se o estômago for muito fraco e os alimentos quase o
tornaram purulento, então beba-se muitas vezes este elixir
depois das reftições e antes de deitar. O estômago ficará
curado e limpo e a pessoa terá de novo apetite"(H.v.B.).
Portanto, se o nosso estômago não aceita mais os ali­
mentos por estar "fraco e purulento", podemos tomar esta be­
bida, que limpa e cura. Ao ler Santa Hildegarda podemos
entender o que se passa dentro do estômago.
Por vezes, ele não faz bem a digestão e os alimentos co­
meçam a apodrecer.
Hildegarda, com certeza, não teve oportunidade de fazer
uma endoscopia para observar o interior do estômago. Até
é possível que este se torne purulento. Não é dificil com­
preender que neste caso se perde o apetite. Infelizmente,
alguns cirurgiões pegam bem depressa no bisturi e cortam
2/3 partes do estômago.
274 HELMUT POSCH
Isto não é bom, segundo o parecer de Santa Hildegarda.
Ela até recomenda esta bebida mesmo para os casos graves.
Um Senhor de Scharding escreveu-me o seguinte:
"Durante bastante tempo sofri muito com úlceras no es­
tômago. Fiz vários tratamentos, inclusivamente um com
injecções, mas sem resultado. Disseram-me que era neces­
sário deixar-me operar. Como estava muito ocupado com a
construção de uma casa, adiei a operação; não podia comer
nada senão papas e as dores eram constantes.
"Por acaso ouvi falar da medicina de Santa Hildegarda e
do elixir da Salva Esclareia. Logo após o primeiro frasco co­
mecei a sentir alívio. Entretanto, voltou-me o apetite e ago­
ra posso trabalhar. Já não sinto mais dores e só queria saber
por quanto tempo tenho de continuar a tomar o elixir... "
"Bebe-o muitas vezes", diz Santa Hildegarda. Tantas ve­
zes e durante o tempo necessário até que se sinta bem. Para
determinada pessoa podem bastar três dias, enquanto para
outra serão necessárias duas semanas, etc.
É na verdade uma pena que a medicina moderna tenha
poucas alternativas para o estômago doente. Depois de al­
guns medicamentos usados sem êxito, não há nada senão o
bisturi. Quem não quiser ser operado, continuará sempre
doente. E isto não vale só para o estômago mas é igualmen­
te verdade para o coração, o reumatismo, o fígado etc. As
pessoas continuam a sofrer de todas estas doenças e têm de
submeter-se, por toda a vida, a uma dieta, porque ninguém
é capaz de lhes curar completamente o fígado, etc. Não é
pois de admirar que os pacientes, finalmente, deixem de
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 275
ser fiéis à medicina moderna e procurem ajuda e salvação
nos remédios naturais.
Eu não sou um defensor extremista da natureza, nem
tão pouco um adversário da medicina moderna. Esta fez
grandes coisas e tornou-se indispensável na nossa socie­
dade. Basta pensar na cirurgia quando aplicada às vítimas
de acidentes, nos partos complicados e na cura de tantas
outras doenças causadas pela carência, no combate às epi­
demias, etc.
Mas o que custa é observar a construção de hospitais
cada vez maiores, utilização de inúmeros medicamentos
sob a forma de pílulas e injecções, colocação de mais camas
e aparelhos, instalação de mais cuidados intensivos em lo­
cais onde o homem se transforma num número, onde não
chega a ser tratado, respeitado e ouvido. Este é um cami­
nho que não se dirige aos verdadeiros problemas.
Até alguns dos mais conceituados médicos exprimem
hoje as suas dúvidas acerca das certezas manifestadas no
que se refere à terapêutica médica convencional.
PRECISAMOS DE UMA NOVA MEDICINA
«A actual medicina não é suficiente para poder resol­
ver os problemas dos doentes. O estado geral da saúde não
corresponde de maneira nenhuma aos esforços gigantescos
desenvolvidos no campo da saúde pública.
«Não é por acaso que a discussão sobre uma mudança
na medicina se torna cada vez mais palpitante.
«Apesar dos progressos na medicina com investigação
científica desenvolvida, nem sempre se consegue recupe-
 A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 277
276 HELMUT POSCH

Então, se alguém sentir o coração bater demasiado ou se

rar a saúde, pelo que será legítimo recorrer à homeopatia
se sentir fraco e cansado, é ocasião para tomar deste Vinho
científica.
caseiro. Uns copinhos dos de licor algumas vezes por dia,
«Perante os acontecimentos e as acusações contra a clas­
durante algum tempo, e os problemas hão-de passar.
se dos médicos naturoterapeutas, é necessário insistir na
Também a insónia muitas vezes é provocada pela in­
liberdade do paciente para poder escolher o médico ou,
quietação do coração (stress, preocupações ... ) e este Vinho é
caso o deseje, outra forma de terapia na qual tenha mais
um bom remédio para isso.
confiança; fazê-lo a partir da sua própria experiência, espe­
Dois ou três copinhos (dos de licor) ao deitar e não será
rando assim obter bons resultados. Precisamos de uma me­
necessário recorrer a outros meios como, por exemplo,
dicina nova, diferente, e de médicos que estejam dispostos
"contar carneiros".
a, paralelamente aos estudos adquiridos na Universidade,
adquirir formação suplementar que possa vir a servir e aju­
«ASSIM DEUS ME A.JVDE»
dar da melhor forma os doentes».
Estas são afirmações do ProfDoutor. M. Dorcsi.
o Dr. Rudolf KirchschHiger foi o primeiro presidente
da Segunda República que, na tomada de posse, pronun­
o VINHO DO COR,AçÃO
ciou esta fórmula suplementar permitida pela Constitui­
ção: 'sim Deus me ajude". Este homem que está agora
o Vinho do Coração não deve faltar, pois é um remédio
(refere-se ao ano de 1983) à frente do nosso povo e que,
básico de Santa Hildegarda, que se prepara em casa.
no campo da moral, exige muito de si mesmo e dos outros,
Ela escreve: líQuem tiver dores no coração, no baço ou
também ajuda os cidadãos menos privilegiados. Em gesto
no lado, ferva Salsa em Vinho,junte-Ihe um pouco de Vi­
de gratidão, gostava de contar em poucas palavras a ajuda
nagre e uma quantidade suficiente de Mel; passe-o por um
que eu próprio recebi. Depois de ter abandonado o meu
pano e beba-o muitas vezes. Ficará curado" (H.v.B.).
trabalho normal (computadores) para me dedicar inteira­
mente à medicina de Santa Hildegarda, comecei a preparar
Ponha-se portanto um molhinho de Salsa (7-10 pés)
estes medicamentos naturais, seguindo com exactidão as
num litro de bom Vinho e ferva-se 2-3 Min.; depois re­
suas receitas.
tire-se o tacho do lume, junte-se 2 colheres (de sopa) de
No entanto, isso valeu-me uma reclamação por parte das
Vinagre de Vinho e uns 200 gr. de Mel. Mexa-se até que o
autoridades porque ainda não estava claramente definida
Mel esteja bem diluído. Deixe-se ferver o Vinho mais uma
a colocação legal destes produtos. A Senhora Use Maurer,
vez mas por muito pouco tempo. Passe-se por um pano, e
antiga secretária da chancelaria presidencial e amiga entu-
deite-se em frascos bem limpos.
278 HELMUT POSCH
siasta de Santa Hildegarda, dirigiu-se então imediatamen­
te ao Presidente. Conseguiu que, dentro de pouco tempo,
eu o pudesse encontrar pessoalmente. Depois de lhe ter
apresentado a situação, mostrou muita compreensão e dis­
ponibilizou-se para intervir a favor do assunto. Graças aos
cuidados do presidente, os problemas não tardaram a re­
solver-se, podendo eu agora trabalhar dentro da legalidade.
Aproveitando esta publicação, agradeço de todo o co­
ração ao nosso presidente, também em nome de todos os
amigos de Santa Hildegarda (e são milhares) aqui e no es­
trangeiro, a sua eficaz intervenção.
PEDRAS PRECIOSAS
Poderemos esperar das Pedras um efeito medicinal ou,
tal expectativa, será antes fruto da superstição?
Não quero pôr à prova a curiosidade dos leitores mas
posso afirmar que, tal como com as plantas, é possível
ajudar e curar com Pedras preciosas. Aliás, os seus efeitos
medicinais não são totalmente desconhecidos na medicina
moderna.
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 279
Fala-se de efeitos oligodinâmicos na época nuclear e,
no campo da investigação dos raios, descobriram que cada
objecto emite raios e que, portanto, tem uma radiação pró­
pria, capaz de operar algum efeito.
É novamente Santa Hildegarda que nos "inicia", ou seja,
que nos introduz neste campo ainda pouco explorado:
Cristal de Rocha
"Cada Pedra tem em si fogo e humidade. O demônio
abomina as Pedras Preciosas, odeia-as e despreza-as, por­
que lhe recordam o facto de elas já terem resplandecido a
sua beleza antes de ele mesmo ter caído da alta posição de
honra que Deus lhe tinha concedido; e ainda porque cer­
tas Pedras Preciosas procedem do fogo, o elemento no qual
ele encontra o seu castigo ( ... ). As Pedras Preciosas con­
têm muitas forças e produzem efeitos que podem operar
muita coisa boa e útil ao ser humano ( ... ). "Outro tipo de
pedras não se forma da mesma maneira naquelas monta­
nhas, são antesformadas porprocessos diferentes e insigni-
ficantes. Conforme a sua essência é possível, tanto quanto
Deus o permite, usá-las para o bem ou para o mal (p. ex.
o Urânio)! Deus tinha adornado os primeiros anjos com
as Pedras mais Preciosas. Lúcifer viu nofulgor da luz de­
las espelhar-se a Divindade e tirou daí a sua sabedoria.
280 HELMUT POSCH
Através delas, soube quantas maravilhas estavam contidas
nos planos de Deus. Elevou-se a si mesmo na sua mente
e, porque a sua veste resplandecente brilhava na Luz (cj
Is. 14,12), pensou que seria capaz defazer o mesmo ou até
mais do que Deus. Apagou-se então o seu brilho. Mas Deus
renovou em Adão a melhor parte dele e não permitiu que
o fulgor e a força das Pedras Preciosas se perdessem. Quis
quefuassem na terra para Sua honra e para serem bênção e
remédio" (H.v.B.).
As Pedras Preciosas são como que um "resto" do paraí­
so. Ao falarmos de "beleza resplandecente" não pensamos,
instintivamente, em tudo o que é nobre, belo e perfeito?
Ora as Pedras Preciosas são como que um "pensamento de
Deus expresso na matéria" e, pela sua irradiação benéfica,
operam na nossa vida.
A ÁGATA
"Quem quiser trazer esta Pedra, coloque-a directamen­
te sobre a pele para que esta seja por ela aquecida. Assim
aplicada, a Ágata confere ao homem uma maneira de ser
mais ajuizada, hábil, sensível e prudente na conversação,
porque é uma pedra com origem no fogo, ar e água. Do
mesmo modo que uma planta (erva) danosa pode provo­
car bolhas e úlceras na pele, assim também algumas Pedras
Preciosas, colocadas em contactO directo com a pele, tornam
o homem são efirme pelasfoças que têm em si. Quem sofrer
de epilepsia (nas suas várias formas) oufor lunático, tenha
sempre sobre a pele uma Ágata eficará melhor. .. " (H.v.B.)
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 281
Quantas vezes ouvimos: " Olha, não sei como me hei­
-de expressar, mas já percebeste o que eu quero dizer ... "
De facto são muitas as pessoas que têm dificuldade em
formular os seus pensamentos. Entre aquilo que pensam e
o modo de o expressar, parecem existir barreiras invencí­
veis. São estas barreiras que, por influência da Ágata, po­
dem ser pouco a pouco diminuídas, podendo até desapare­
cer por completo.
No entanto, não esperemos que uma pessoa de poucas
palavras se torne um "rectórico"!
Compra pois uma Ágata achatada e fura-a, de forma a
poder trazê-la num fio e ser assim usada ao peito. Se um
dia te fizerem perguntas, mesmo difíceis, saberás respon­
der. Por outras palavras: um "segredo" para os estudantes!
o CRISTAL DE ROCHA
"Se alguém tiver um tumor nafrente da garganta (bó­
cio), aqueça um Cristal de Rocha ao sol. Deite Vinho so­
bre a pedra assim aquecida, beba-ofrequentemente e meta
igualmente a pedra aquecida sobre a região anterior do
pescoço e ele diminuirá" (H.v.B.).
É portanto um remédio para o bócio. Um pedaço de
Cristal de Rocha nem é muito caro. A minha mãe faleceu
após a operação mas eu, naquela altura, não sabia nada sobre
os efeitos do Cristal de Rocha porque tinha apenas 4 anos.
Mas o mesmo mal ainda hoje existe. Compreenderão cer­
tamente a razão da minha preocupação em aconselhar a que
se tente curá-lo com o Cristal de Rocha, evitando a cirurgia.
282 HELMUT POSCH
"Quem sofre do coração, do estômago ou de dores na
barriga, aqueça o Cristal de Rocha ao sol, deite água sobre
essa pedra aquecida e coloque-a depois durante uns instan­
tes dentro da mesma água. Beba dessa água muitas vezes e
melhorará" (H.v.B.).
O Dr. Hertzka diz: «A doença que atinge estômago, intestino e
coração da mesmaforma dolorosa, chama-se ((complexo de sintomas
gastro-cardíacos". Acontece haver por detrás pedras na vesícula ou
outro tipo de distúrbios da bílis. Muitas vezes torna-se difícil dis­
tinguir se o que é mais atingido é o coração ou os órgãos da digestão.
Nestes casos, trata-se portanto de uma doença, mesmo que sejam
atingidos dois órgãos simultaneamente. 7àmbém as dores provoca­
das pela flatulência pertencem, em parte, a este quadro clínico.»
0JASPE
"Se no coração, na região lombar ou em qualquer outro
membro do corpo os sucos se agitarem, isto é, se aparecer a
gota, será bom meter uma pedra deJaspe no local doloroso
e apertá-la com firmeza até que a pedra aqueça. A gota
fugirá, porque o bom calor e as boasforças da pedra operam
contra os maus sucos, sejam eles quentes oufrios" (H.v.B.).
Há órgãos e outras partes do corpo, como o coração, a
região lombar e os membros que acusam nitidamente um
ataque de reumatismo após uma gripe. Sabe-se que apare­
cem facilmente verdadeiras dores de coração nas pessoas
jovens e idosas depois de terem sofrido uma gripe. Quando
firmemente pressionada, a pedra aquece bem. Há vários
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 283
géneros de ]aspe: ]aspe alemão, francês, americano, mar­
roquino e ainda o chamado ]aspe sanguíneo da Índia, uma
das formas mais nobres. As dimensões da pedra poderão
ser escolhidas mediante o tipo de pele e o local a tratar.
Pessoas com pele mais fria usarão pedras mais finas e pe­
quenas, de grossura até 5mm., de forma quadrangular ou
hexagonal, com diâmetro de 4/5 em. lavradas e com um
lado polido. Se se coloca sobre a pele o lado polido ou não
polido, isto não faz diferença, só que o lado polido é mais
higiénico. Obtêm-se resultados mesmo em casos de para­
lisia dos nervos faciais e da ciática. Mas, para curar a ciática,
usam-se pedras maiores e mais grossas. Quantas vezes e por
quanto tempo este método se aplica, isto depende das ex­
periências de cada um. Aplicado (mais prolongadamente)
sobre o coração, até certas perturbações do ritmo cardíaco
se deixam regular. Santa Hildegarda fala mesmo de cura.
° DIAMANTE
"É quente e nasce em certas montanhas do Sul, donde
se extrai a Ardósia para telhados, que é também um pouco
cristalina e semelhante ao Vidro.
"Desta montanha argilosa eleva-se às vezes um ruído
estrondoso, como o som da corneta. E como este som éforte
e penetrante, antes de eclodir totalmente, a Argila circun­
dantefinde-se antes que se torne muito grande. Então, cai
dentro de uma espécie de Água com o tamanho de um seixo.
A seguir, a Argila neste sítio torna-se maisfraca do que era
antes. Se depois houver cheias, as águas transportarão estas
pedras para outras regiões (1).
284 HELMUT POSCH
Existem pessoas que por natureza, mas também por obra
do demónio, são maliciosas e por isso muito caladas (2).
Mas quandofalam, as suas palavras são acompanhadas por
um olhar mau e penetrante (3) e se, alguma vez se exterio­
rizam mais, comportam-se como loucas, embora não por
muito tempo. Tais pessoas deveriam muitas vezes, melhor
ainda, constantemente ter um Diamante na boca. O poder
desta pedra é tão grande e forte que toda a malícia desta
pessoa ficará aniquilada. 1àmbém aquele que forfanático
(frenéticus), mentiroso e colérico, mantenha sempre o mais
possível um Diamante na boca. As suas forças eliminam
esses males. Se for dificilficar em jejum, coloque o Dia­
mante na boca, porque sentirá menos afome e assim poderá
continuar mais tempo emjejum (4).
Quemficar deformado pela gota (aterosclerose) ou tiver
sofrido um AVC,ficando portanto com o corpo meio-para­
lisado, coloque um Diamante um dia inteiro em Vinho ou
em Água e beba o líquido quefica acima da pedra. Ficará
curado da gota mesmo que seja tão forte que os membros
pareçam partir-se (5). 1àmbém as consequências do AVC
diminuirão.
Quem tiver icterícia, coloque esta pedra de Diamante em
Vinho ou em Água, beba dela eficará curado. (6).
A dureza do Diamante é tal que não existe outra ma­
téria mais dura. Por isso é capaz de gravar até no Ferro.
Nem o Ferro nem o Aço podem danificar o Diamante; pelo
contrário, este torna o Aço mais forte, porque o afta sem se
desviar ou partir. O demónio é inimigo desta pedra, porque
ela resiste ao seu poder. Por isso treme diante dela dia e
noite" (H.v.B.).
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 285
Interpretações do Dr. Hertzka das passagens marcadas
com números:
(1): Sabemos que, por meio de compressão muito for­
te, é possível fabricar Diamantes artificiais. Supõe-se que a
descrição de Santa Hildegarda indique um processo natu­
ral semelhante, mas o texto não é absolutamente inequívo­
co. A Ardósia, indicada como pedra materna do Diamante,
é capaz de ser a Grafite. Realmente a Grafite é Carbono
puro, como também o é o Diamante.
(2): Para Santa Hildegarda, a fala do homem é a maior
glorificação de Deus. O silêncio pertinaz pode significar
uma certa negação de Deus.
(3): Vi este olhar nos chamados "maníacos" (doença
bipolar, e neles nota-se igualmente a tendência para o si­
lêncio ou para a "verborreia"), como também nas pessoas
moralmente pervertidas (nos libidinosos).
(4): Não sei se Santa Hildegarda pensa aqui na sobrie­
dade ascética ou na sofreguidão dos diabéticos. Em todo
o caso, quem neste campo tiver problemas encontrará no
Diamante o remédio certo. Nota-se várias vezes nas des­
crições das pedras de Santa Hildegarda que só os que na
realidade sofrem de determinadas doenças descobrem com
exactidão a descrição do seu mal como é o caso, por exem­
plo, daquele que precisa de reprimir o apetite que tem em
excesso.
(5): Artrite deformante, artrite das articulações das an­
cas e dos joelhos.
(6): Quando Santa Hildegarda escreve: ficará curado,
ela refere-se à verdadeira cura. Quando assim não é, fala de
melhoramento, alívio, diminuição.
 286 HELMUT POSCH
AJUDA EM CASOS DE Ave
Eu mesmo posso confirmá-lo. Embora até agora me te­
nha ocupado pouco com as Pedras Preciosas e semi-precio­
sas, posso mostrar o relatório da cura operada pela "Água
de Diamante" em duas pessoas atingidas por AVC:
Numa reunião vi umajovem mulher que, ao falar, me­
xia apenas metade da boca e notei que dum lado os nervos e
músculos da vista estavam igualmente paralisados. Pergun­
tei-lhe como tinha ficado assim, ao que retorquiu: "Sofri
um tipo de AVC". Ela esperava que eu lhe fosse recomen­
dar um chá qualquer mas, em vez disso, aconselhei-a a fazer
uma experiência com o Diamante. Passadas umas semanas
entrei na loja dessa senhora e fiquei satisfeito, porque tudo
tinha voltado à normalidade. Ela podia novamente rir-se à
vontade sem ter que cobrir, envergonhada, a sua boca com
a mão, como antes fazia.
O segundo caso é mais recente: Depois de um aciden­
te no trabalho, uma pessoa minha conhecida apresentava os
sintomas de AVC: hemiplegia total. Os familiares levaram­
-lhe às escondidas ao hospital a "Água de Diamante", dentro
de uma garrafa de água mineral. Duas semanas depois o ho­
mem, apoiado numa bengala, já descia as escadas do sétimo
andar até à sala de estar que ficava no rés-do-chão. Entretan­
to, veio a minha casa há pouco tempo na sua mota e disse­
-me: "Na próxima segunda-feira recomeço a trabalhar".
Com estes testemunhos termino estes breves aponta­
mentos sobre as pedras.
o SISTEMA
DA MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA
Vendo o título deste Livro: A Medicina de Santa Hildegar­
da, os leitores podiam esperar receber, em traços largos, uma
descrição deste processo de cura natural numa linguagem
simples e acessível a todos. De facto, tudo quanto foi dito
até aqui não impõe grandes exigências ao leitor. Encontra­
mo-nos quase exclusivamente no primeiro degrau, fomos
alimentados só com "leite". Mas Santa Hildegarda oferece
também um alimento sólido que, para os nossos tempos,
contém mesmo vários pedaços "difíceis de digerir". É im­
portante que também tomem um pouco de contacto com
a matéria do Ensino Secundário e até Universitário da Me­
dicina de Santa Hildegardae, gradualmente, comecem a
desvendar que, por detrás dos seus conselhos simples, há
uma ordem, um plano, um sistema perfeito. Quanto mais
nitidamente reconhecermos isso, tanto mais interessante
ela será para nós. Várias gerações encontrarão trabalho na
investigação deste sistema. Só uma "geração hildegardiana"
reconhecerá e compreenderá os escritos dela no seu signi­
ficado mais profundo e com todas as suas múltiplas cone­
xões. Para nós ainda é cedo, estamos ainda no "tempo dos
pioneiros". Ficamos contentes com uma vista geral de tudo.
As duas obras de Santa Hildegarda que tratam da
medicina são: 1 Physica (ciências naturais) e 2 Causae et
curae (causas e cura de doenças).
288 HELMUT POSCH
Estas duas obras formam o chamado Livro de Instrução.
Há ainda outras obras que se aproximam do campo da me­
dicina: Liber Vitae Meritorum (o Homem e a sua responsa­
bilidade) e De Operatione Dei (Mundo e o Homem)
Reduzindo tudo a uma fórmula muito simples, pode­
mos concluir mais ou menos o seguinte: No Livro Physica,
encontramos receitas para curar doenças, e no livro Causae
et Curae aprendemos a razão do seu aparecimento. Apro­
fundando as nossas investigações, descobriremos no livro
Liber vitae meritorum (o Homem e a sua responsabilidade ­
Psicoterapia) também o fundo psíquico. E se isto não nos
basta, aprendemos no ensinamento De operatione Dei (o
Mundo e o Homem - Cosmos) a raiz, a primeira causa dos
nossos problemas pois, aqui, vemos a posição do homem
perante o mundo, o Cosmos e Deus. No presente livro,
porém, não vamos tratar destes temas muito difíceis.
Lancemos um olhar sobre a matéria do "Ensino Básico",
ou seja, o Livro de Instrução. Nele aprendemos as causas das
doenças e como elas devem ser tratadas. É o livro por exce­
lência para o médico ou o naturoterapeuta que quer prati­
car a medicina de Santa Hildegarda. Aliás, o especialista em
problemas de garganta - nariz - ouvidos, ou em reumatis­
mo, em doenças de coração ou em doenças de senhoras e
ainda muitos outros, encontrarão nele o que querem saber
sobre os conhecimentos particulares de Santa Hildegarda.
Compreende-se que não é muito simples, e que não se
pode usar este livro sem nenhum conhecimento prévio,
sem uma certa intuição. Os médicos necessitam de facto
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 289
de uma "transformação" na sua forma de pensar porque
acontece que, muitas vezes, se lhes torna difícil entender
esta patologia. Em não poucos casos, os conhecimentos já
adquiridos podem mesmo ser obstáculos, de modo que
pode acontecer que os "ignorantes" compreendam melhor
as coisas, pelo facto de apenas conhecerem este sistema em
vez de dois sistemas diferentes. Quem tiver entendido este
livro poderá curar, porque sabe por onde começar e como
proceder. Descrevem-se nele processos no organismo hu­
mano que a medicina moderna ainda desconhece. Santa
Hildegarda fala de processos que decorrem nos mais mi­
núsculos seres vivos que, provavelmente com um bocado
de sorte, apenas podem ser observados com a ajuda dum
microscópio electrónico. Isto prova, entre outras coisas,
que era absolutamente impossível que a própria Santa ti­
vesse tido possibilidade de fazer tais investigações e testes.
Na primeira parte, o Livro explica as Causas das Doenças
e, na segunda, os Métodos para as tratar. Dentro destes dois
"programas principais", encontramos numerosos "progra­
mas secundários". É um pouco como quando aprendemos
o sistema dos computadores com os seus "chips" - módu­
los fechados em si, com circuitos, que nesta medicina são
chamados por exemplo: instrução sobre os sucos, sobre os
"tipos", sobre a urina, sobre a sexualidade, sobre os tipos de
olhos, sobre os grupos de sangue. Todos os "chips" juntos
formam a "máquina-homem" com todas as suas funções e
erros. É portanto possível escolher um "terreno especial",
uma pedra, um módulo do sistema, para o estudar e dar
atenção a todos os pormenores. Façamo-lo com a instrução
sobre os tipos:
290 HELMUT POSCH
INSTRUÇÕES SOBRE OS "TIPOS"
É verdade que se exige bastante do médico que quer tra­
balhar com esta medicina. Deve conhecer muitas relações
que existem entre tantos elementos diferentes. Quando, por
exemplo, entra no consultório e acolhe o paciente, verá ime­
diatamente qual é o seu tipo se tiver estudado essa instrução.
Santa Hildegarda distingue quatro tipos de mulheres:
"1. A mulher sanguínea: tende a engordar, tem vasos
finos, sangue são e carne vigorosa, sua tez é clara; é capaz de
amar e, caso faça obras de arte, é muito exacta. Tem útero
forte e é fecunda. Se não tiver marido, ficará doente. Tem
de fazer atenção se a menstruação lhe vem ou não com re­
gularidade; caso contrário, cresce-lhe um verme na carne
(cancro).
2. A mulher fleumática: é magrinha, tem pouca car­
ne, mas os vasos são grossos. A sua expressão facial é séria e
a pele morena, um tanto viril. Atrai os homens, é fecunda
e concebe facilmente. Mas, mesmo sem relações com ho­
mens não sofrerá muito. Quando envelhece é difícil de se
suportar. Se não se casar, terá tendência para a intemperan­
ça. No queixo tem cabelos finos, como que um início de
barbas. Se a menstruação cessar por menopausa precoce,
sofrerá facilmente de cefaleias (eventualmente enxaque­
cas), de úlceras ou de esplenite (inflamação do baço).
3. A mulher rica em bílis: tem carne tenra, ossos gros­
sos e a menstruação é forte. É prudente, benévola, fecun­
da, mas também temida. Os homens amam este tipo com
respeito e uma certa timidez. No matrimónio mostrar-se-á
casta e fiel. Se ficar solteira, torna-se fisicamente fraca sem
A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 291
saber a que homem manter a fidelidade. Se a menstruação
cessar antes do tempo, o perigo de contrair cancro mamá­
rio será maior.
4. A mulher com bílis negra (melancólica): é magri­
nha, tem vasos grossos e, na sua tez há um matizado de tons
azul-cinzento. Os seus pensamentos são inconstantes, mu­
dam com o vento e, quando se sente mal disposta, deixa-se
vencer pelo mau humor. Cede facilmente à melancolia, a
sua natureza é pouco resistente. O útero é fraco demais para
acolher e aquecer o esperma. A vida matrimonial enfraque­
cê-Ia-á, por isso tem mais saúde e alegria se não se casar."
É verdade que Hildegarda escreveu tudo isto? Exacta­
mente e não só isto, mas ainda coisas muito mais íntimas.
É claro que, para os homens, também há um ensina­
mento sobre os diversos tipos.
Para o médico que segue Santa Hildegarda, este conheci­
mento será uma ajuda notável no diagnóstico e tomará mais
fácil a escolha da terapia certa.
Acerca da instrução sobre os sucos já aludimos alguma
coisa neste livro, no capítulo sobre o reumatismo. Reti­
rámos também deste Livro de Instrução o capítulo sobre as
hemorróidas. Sempre que procuramos a explicação, isto é:
"porquê, como e de onde" surge uma determinada doença,
devemos consultar este livro. Escondem-se nele numero­
sas conexões misteriosas. Qual o cientista ou o especialista
no campo dos cromossomas, que descobriria por si mes­
mo, por exemplo, que as fases da lua (enquanto esta cresce
ou mingua) têm influência sobre as qualidades das pessoas
individualmente, consoante a altura em que são geradas?
Cada uma das trinta fases (15 de lua crescente e 15 de lua
292 HELMUT POSCH A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA 293

minguante) marca um tipo próprio. Se os homens pres­ a qualidade do esperma (de que Santa Hildegarda distingue

tassem mais atenção a este "fenómeno", os casais teriam, 3 géneros diferentes), têm um papel decisivo nas capaci­

na geração dos seus "filhos desejados", a possibilidade de dades e disposições da pessoa humana na primeira fase da

exercer alguma influência sobre as qualidades mais desejá­ sua vida. Estes conhecimentos poderiam fundamentar uma

veis na criança que vai nascer. Para fazermos uma compa­ teoria completamente nova sobre a sexualidade e, por isso,

ração damos aqui dois exemplos: é um dos maiores valores que Santa Hildegarda nos deixou.
Que grande esperança ela representa num mundo apa­

"Uma criança, concebida na décima quinta fase, se for rentemente desesperado em que, com frequência, a vida é

do sexo masculino, viverá em honra efelicidade; será hábil tão pouco estimada! É um dom da Providência que o nosso
em todas as obras que empreender e não se tornará negli­ tempo vá, por assim dizer, ao encontro de Santa Hildegar­

gente nelas, sejam elas boas ou más, porque foi concebida da; não é por acaso que os seus escritos ficaram escondidos

nafase da lua cheia. Terá saúdefísica, no entanto, não vi­ durante cerca de 800 anos. Neste nosso século XXI, a com­

verá muito tempo. Sefor do sexofeminino, será uma pes­ preensão e o conhecimento vão progredindo, de modo que,

soa louvável, aberta a coisas novas, honrada naquilo que pouco a pouco, nos tornamos maduros para a "doutrina"

deve a Deus, masfacilmente se perderá se não der a Deus de Santa Hildegarda. Muitos dos seus amigos reconhecem

a honra devida. Adoecefacilmente, mas recupera depressa. que é uma graça conhecê-la. É portanto uma graça ofere­
Não viverá muito tempo ( ... ). A décima fase da lua. A cida à humanidade, uma saída de tantos caminhos errados.

criança concebida na décima fase será sincera, leal e hábil, Mas depende de nós, tirarmos destes ensinamentos todo o

será feliz, terá saúde e viverá por longos anos. Se for do proveito possível. O mundo precisa de Santa Hildegarda e

sexofeminino, será igualmente uma pessoa sincera, amada por isso coloco-me ao lado do grande autor suíço Walter,

pelos outros, desejável como um lírio; guardará boa ordem quando escreve no seu livro: "O bobo cristão": ''A nossa

e será feliz. Adoecerá facilmente, mas recuperará depressa salvação está no regresso aos nossos místicos, sem que por

e viverá por muito tempo" (H.v.B.). isso deixemos a ciência moderna".

Livros do Dr.Hertzka: 50 helt Cott, Das Wunder der

Iríamos muito longe se aqui tratássemos de mais temas, Hildegard Medizin, Die kleine Hildegard-Apotheke.

mas queremos pelo menos indicar que também o mês em Para quem se interessar pelo ensinamento de Santa Hil­

que uma criança nasce lhe dá certas particularidades e dis­ degarda sobre o cosmos e psicoterapia: Welt und Mensch, Der

posições. Estas não dependem dos sinais do zodíaco (p. ex. Mensch in der rantwortung (Otto Mueller-Verlag A-S020,

peixes ou aquário) mas do mês do nascimento. Além disso, Salzburg). Lehrbuch e Physika (Basler Hildegard-Gesells­

os nove meses que a criança passa no seio da mãe, tal como chaft CH-4010 Basel).
 "
PARA TERMINAR INDICE
(POR DOENÇAS E MEIOS DE CURA)
A partir de agora, ficou com alguma ideia acerca dos
métodos de cura de Santa Hildegarda. Caso nunca tivesse Abcesso 181 Alface 106 Arandos 145
ouvido falar desta medicina, não achou que foi como que Abdómen 139, 170, Alfazema 271 Ardósia 283,285

uma excursão que o levou a um sistema de cura comple­ 267,268 Alho 81, 96, 97, 109 Argila 283
Abóbora 105, 106 Alho francês 89, 98ss, Aromas artificiais 116
tamente novo? São muitos os que receberam uma notável
Abrótano 237 201 Arroz 135, 137,201
ajuda para as suas doenças, mais ou menos graves, através Abrunheiro 264 Alma 21, 22, 25, 31- Arruda 200,240,
dos métodos naturais de Santa Hildegarda. Ela não só nos Abrunhos 55 35,71, 195, 196 241
oferece um fundamento seguro para podermos viver de Absinto 104,192-194, Alvéolos pulm. 156 Artemisia Vúlgaris 103-
237,267 Amargura 197,254 105
um modo mais prudente, como também nos ensina a mu­
Abutre 224, 243-247 Ameixas 55-57, 83, Articulações 230, 235-
dar a nossa forma de actuar sem problemas, passando a usar Ácaro 143 137 237,285
tratamentos simples, presentes na criação inteira. Acetato de chumbo 53 Ameixeira 55-57 Artrite 81, 148, 205,
Agradeço aos muitos Amos de Santa Hildegarda que me Ácido prússico 190 Amêndoa 72, 191 2305S, 285
animaram a escrever este livro e que já esperam ansiosa­ Ácido úrico 81, 82, Amendoeira 72 Artroses 81, 230
230 Amendoins 52, 114 Arum 195, 200
mente por ele. Uma gratidão especial é devida ao nosso
Aço 284 Amido 135 Asma 35, 157, 158
médico (Dr. Hertzka) pelos seus maravilhosos trabalhos de Açúcar 45,135,197, Amígdalas 76,194 Assombrações 249
pioneiro e pela sua prontidão em ajudar, sempre que os 229 Amor de hortelão 172 Ataque gotoso 230

interesses de Santa Hildegarda nos levaram a recorrer a ele. Adenóides 76 Amoras 145, 146 Ataque cardíaco 123,
Adubo 84, 131, 142 Analgésicos 125,202, 124,272
Ágata 280 236 Aterosclerose 81,
Agitação 100,272 Angina de peito 62, 264,267-269,284
Agriões 44 269 Atmosfera 14, 32, 52
Água 25, 139, 174, Animais 26, 84, 205 Atrofia do cérebro
201,232,254,259, Aparelho digestivo 121
280 53, 75 Automedicação 173
Aguardente 253, 257 Aparelho respiratório AVe 269, 284, 286
Alcaçuz 67-69, 159, 53 Aveia 42, 43, 48,
162 Aperitivos salgados 130ss,259
Alcarávia 111 114 Avelã 73
Álcool 50, 168,252- Apetite 95, 243, 273, Aveleira 73
258,266 285 Azeite 130, 187, 192,
Alegria 86,88, 112, Ar 101, 105, 145,208, 194,199,240
256,291 271 Baço 62, 64, 276, 290
Bagas 145 Burro 72 Cárie 264 124, 169, 183, 185, Coração 21,33,45, Descanso 32
Baleia 222-224 Buxo 146 Carne 27, 28, 31, 48, 208, 268, 271 62, 64, 65, 95, 96, Desejos carnais 255
Bálsamo 94, 136 Cabeça (dores) 53, 64, 49, 102ss, 119ss, 132, Cirrose 147 109, 116, 123, 124, Desgaste 235
Banhos 162 158,179,181,187,243 135, 165, 166, 187, Coagulação 28, 243 179, 197,254,267, Desintoxicação 165,
Barriga 179,182,199, Cabeça fraca 63 201,206ss, 222,240, Coceira 164 268,271, 274,276- 213
259,282 Cabeça lúcida 271 258, 290 Coelho 164, 165 278,282,283,288 Desmaiar 64,71
Batata 46, 52, 114, 143 Cabeça (perder o Carneiro 49,50, Cogumelos 145, 146, Cornalina 196 Diabetes 30, 75, 135,
Bebida 32,48,50, juízo) 245 206ss, 227 170 Corniso 74-76 268,285
103, 120,240, 253ss Cabeça (tonturas) 198 Caspa 57, 58, 148 C6lera 71, 284 Corpo 22, 31-35, Diafragma 246
Bebida de Maio 267, Cabeça vazia 64 Castanhas 61 ss, Colesterol 269 43,52,87, 100, 111, Diamante 283ss
269 Cabelo 57,58,290 242 C6Iica(s) abdomi- 113, 116, 148, 154, Diarreia 57,170,175,
Beterraba 229 Cabra 210-213, 227, Castanheiro 61, 65, nais, biliares 124, 185, 232ss, 245, 255 243
Bexiga 120, 267 228 70-72 170,171,175,179 Corsa210-217,228 Digestã047,50,59,
Bílis 55,159,162,163ss, Caça 214,220,227 Cataplasmas 238, C610n 183, 184, 186 Costas 126,226,234, 85ss, 106, 107, 135ss,
195,196,267,282,290, Café 141,215,256 239,242 Coluna 238,247 238,244,245 215,267,268,273,
291 Caladas (pessoas) 284 Catarata 174 Comida 32,47,48, Costelas 65 282
Biológico 83, 84, 217, Cálculo biliar 44, 96, Catarro 194 60, 62, 103, 110 Cotovelos 162, 163 Discos vertebrais 230
271 175 Cavalo 72 Cominhos 175 Couro cabeludo 57 Doenças de senhoras
Bipolar 285 Calor 27,28,71,86, Cebola 93ss, 138 Compaixão 30, 60, Couve 91, 1025s, 201 267
Boca 86, 88,263,264, 93,100,101,111, Cebolinho 98,105 196 Cravinho 117, 197, Doenças fisicas 35
284,286 115, 118, 119, 130, Cedro 153ss Compassivo 35 264 Doenças psicos-
B6cio 281 192,206,211,232, Cego(s) 74 Complexo de sinto- Crescimento 78 somáticas 34, 35
Bode 187, 188,205, 238,240,241,255, Células (purifi- mas gastro-cardía- Cristal de Rocha 279, Doenças psíquicas
212,240,252 256,282 cação) 59, 169 cos 282 281,282 33,231,288
Bolachas para a in- Camomila espanhola Cenoura 45 Comportamento Cromossomas 291 Duodeno 67
teligência 117 138, 141, 178, 180 Centeio 48, 130ss,201 29,233,234 Crudivorismo 63, 94 Dureza 35
Bolachas para a Cancro 45,87,124, Cérebro (seco, vazio) Compressas 76 Crus (alimentos) 45, Dúvidas 33, 95, 275
mem6ria 121 125,134, 169-173, 2.3,63,71,89,106,121 Comprimidos 43,124, 51 ss, 62ss,72, 80, 85, Eczema 78, 121,
Bolachas para os 183-187,215, 272, Cerejeira 74 238,242,257,264 89, 93ss, 114, 119, 145
nervos 197, 200 290,291 Cerveja 50, 115, 173, Compunção 35 127,128,160,174, Elementos 27ss, 32,
Bondade 31, 249 Canela 117,140,171, 240,252-254,258 Concentração 64, 269 229,230,261 33, 36, 232
Borbulhas 121 197,264,266 Cevada 42, 43, 48, Congestão nasal 178 Defesas 35 Eliminação 234
Borrego 207 Cânhamo 199 130,131,133,204 Conhecimento 221, Deformação 29ss, 236 Elixir de Absinto
Braço 70, 150, 152, Carácter 233 Ciática 230, 242, 283 249,271 Dem6nio 249, 279, 266ss
247 Carbono 285 Ciência 14, 15,31, Constipação 176, 180 284 Elixir de Arum 195,
Brônquios 158 Cardíacos 35, 124, 148, 198,233,287, Contractura 237 Dentes 86, 88, 2015s, 200
Bronquite 157, 158, 126, 158,282 293 Convulsões 79 260ss Elixir do Coração 276
266 Cardo de Sta. Maria Cinzas 151ss, 262ss Cor 20,31,85,86, Depressão 32, 196, Elixir de Escolopen-
Bruxaria 249 200 Circulação 62, 109, 142, 258 243 dra 266
Elixir de Lentilhas Escolopendra 266 Fases da lua 291 Fluxo de saliva 81 Gengiva 202ss,260ss Herpes zóster 125
de água 171 Esgotamento 119,245 Febre 44, 79, 115, 124, Fluxo sanguíneo 187 Gerânio 178 Híbridos 142
Elixir de Salva es­ Espasmos 95, 170 176ss, 181, 195,272 Fobias 32 Germes 87 Hidratos carbono
clareia (estômago) Especiarias 110, 117, Feijão 91, 184, 185 Focos de doença 170 Girassol 61 47,49
273ss 123 Feitiçarias 249 Focos de pus 86, 87 Glândulas endócri­ Hidromel 254
Elixir de Sarmentos Espelta 74,117, 118, Feridas 81, 166,189, Fontes 130 nas 268 Hidropisia 150, 151
de videira (lexívia 131ss, 197,221 201,202 Framboesas 124, 145 Glaucoma 175 Hipertensão 198
dental) 260ss Esperma 291, 293 Fermentos 47, 141, Frango 218 Glicosídeos 94 Hipotensão 64
Enchidos 165,201 Espinafres 143 158 Fraqueza 30, 32, 35, Glúten 133 Hissopo 127, 128,
Endoscopia 273 Espinho 202, 203 Ferro 236, 284 43,61, 73, 92, 102, Gordo 92, 102, 150, 219
Endro 89, 106, 128, Espírito 13, 14,21, Feto Macho 242, 124-126, 134, 154, 155 220,229 Histeria 32, 56, 248
188,190,240 24,33,132 248ss Freixo 259 Gordura 47, 103, 128, Hormonas 109, 116,
Energia 59, 61, 92, Espírito alegre 132 Fígado 34, 52ss, 65ss, Freneticus 284 134,165,219,269 185
126, 135, 140, 144, Espuma 146, 233, 234 72,73,113,114,168, Fruta 45,48,49, 53ss, Gordura de urso 205 Hortaliça 45, 48, 201,
147,192,207,220, Espuma fétida 127, 212,256-258,266, 8Oss, 205, 217, 253 Gota (segundo o 217
269,270 128 267,270,271,274 Funcho 42, 85ss, conceito de Sta. Hortelã 273
Enfartamento 124 Esquecimento 121, Fígado de cabra 128,141,166,171, Hildegarda) 56, 70, Hortelã crespa 219
Enfarte 30, 179, 269 130,251 212ss, 215, 228 177,188,190,273 75,81, 119, 128, Hortelã silvestre 174
Enfezados 79 Esquizofrenia 32 Fígado de carneiro Funcho-dos-Alpes 145, 170,222,227, Humidade 28, 98,
Enfisema pulmonar Esterno 130 208,213,228 159, 162 230ss, 240, 244ss, 101, 106, 113, 118,
148, 156ss Estômago 20, 58, 59, Fígado de corsa 213, Fungos 84 251,264,265,282, 128, 174, 232ss,
Enjoo 64 61, 67, 69, 75, 94, 215,228 Galanga 90, 109,118, 284 255,271,279
Envelhecimento 139, 95, 103-106, 115, Fíg. de galinha 228 122ss, 138, 159, 162, Grafite 285 Humores bons 28,
268 119, 120, 124, 129, Fígado de ganso 172, 167,175,179,100,239 Grão-de-bico 92 58,59
Enxaqueca158ss, 290 134ss, 174, 178,208, 213,220,228 Ganso 172,201,213, Gripe 124, 176ss, Humores maus 54,
Enxofre 94 212ss, 219, 221, 227, Fígado de porco 213, 217ss,228 236,283 55, 101, 103
Enzimas 47 228,259,267,268, 228 Garganta 134, 173, Groselhas 146 Icterícia 44, 243,284
Epidemia 143, 209, 272ss,282 Fígado de vaca 228 176,281,288 Hálito 53, 86, 119 Ideias claras 46, 116
216,225,275 Estudantes 281 Fígado de veado 172, Gases acumulados Hematúria 185 Imperatória 177, 178
Epilepsia 280 Evónimo 149,151, 227 124 Hemicraniana 158 Impingem 148
Eritema 121,193 153 Figo 111 Gases intestinais 62 Hemiplegia 286 Impurezas 90, 208,
Eructação 179 Fadiga 116, 174 Figueira 71 Gases no sangue 62 Hemoptises 185 215,228
Ervilha 90ss, 143 Falta de ar 151, 156, Flatulência 95, 179, Gastroenterológicas Hemorragias 182, Incenso 176
Escamas 162, 165 174, 194, 208,271 180,282 (doenças) 19,208, 185ss,196 Incurável 25,36,147,
Esclerose 36, 268 Fanático ifreneticus) Flebite 199 243,268,282 Hemorróidas 103, 148, 173
Esclerose arterial 117 284 Fleuma 28, 176, 232, Gema de ovo 136, 182ss,291 Inflamações 87, 95,
Esclerose cerebra1117 Fantasmas 248, 249 290 175 Hepatomegalia 271 153ss, 179, 183,290
Esclerose múltipla Farfalheira 209 Flora intestinal 54 Gengibre 123, 167, Hera terrestre 197, Influências más e
244 Faringe 194 Florestas 34,84 171 198 boas 41,196,248
Injecções 84, 153, Levístico 201 Marmelo 74, 80ss Mirra 199 Óleos 25, 61, 94, 161, Pára-raios 250
238,274,275 Lixívia dental 260ss Marroio-Branco Mirtilos 201 182, 192ss, 240 Parkinson 81,167,168
Inquietação libidi­ Libido 100,199,285 188, 190, 194, 195 Pato 201, 217, 218
Misericórdia 30, 35 Olho 22, 25, 82, 86,
nosa 100 Linfa 76, 169, 192 Mau humor 71, 195, Modificaçõe genéti­ 152, 174, 175,228,251, Pecado 31, 32, 50,
Insecticidas 84, Língua 231,251, 266 196,291
cas 131 267ss,2ID 99
131, 143ss Linhaça 137, 141 Médico 15, 17,27,
Monoculturas 143 Oligo-elementos 47ss Pedras na vesícula
Insectos 144 Linho 152,181,199, 28, 30ss, 40, 43,
Morangos 145,201 Oliveira 60 44,175,282
Insónia 277 202,216 44,65,79,97,137,
Mostarda 241 Ombro 70, 230 Pedras preciosas
Insuficiência cardía­ Lípidos 47,269 147ss, 155, 170ss,
Mostarda brava 172 Órgãos sexuais 268 196, 278ss
ca 179 Lírio 118, 292 186, 188ss, 200, 229,
Muco 58ss, 86ss, 92, Orvalho 28, 50ss Peito 23, 53, 54, 73,
Insuficiência circu­ Lombar 126,246, 282 237, 244ss, 275, 276,
98, 119, 129, 145ss, Osteomielite 153 130, 160, 192, 199,
latória 81 Loucas (pessoas) 288, 290ss
179,208,228,232, Otalgia 199 209,259,271,281
Insuficiência veno­ 231,239,284 Medos 33, 272
234,260,266,272 Otites 199 Pelargonio 178,180,
sa207,208 Loureiro 191,272 Medula 153, 155,
Mulher com bílis Ouro 86, l(i), 161,265 190
Inteligência 56, 117 Lumbago 126, 230, 244,255
negra 291 Ouvido 22, 28, 42, Pele 33,57,78,79,
Intemperança 235, 239,241 Medula de veado
Mulher fleumática 81, 176, 197ss, 251, 119ss, 125, 162ss,
240,258,290 Lunático 280 205,206,223,237
290 288 170, 187, 192, 193,
Intestinos 46, 54, Lúpulo 259 Mel 140,229,230
Mulher rica em bílis Ovelha 25, 50, 20005 204,245,280,283,
62, 75, 89, 102ss, Luz 13, 15, 21ss, 27, Mel de castanha 65ss
290 Ovo 117, 136, 175, 290
120, 124, 135, 137, 32,34,40,86,192, Mel de galanga 124,
Mulher sanguínea 197,201,215 Pele de baleia 224
183,212, 266ss,282 279,280, 126, 179
290 Paixões 32, 255 Pele de carneiro 209
Intoxicação 33,84 Maçã 46, 49ss, 91, Mel de pêras 159ss,
Músculos 27, 133, Palpitações 156 Pele de corso 216,
Inveja 185, 249 94,137, 140, 178, 165
140,237,286 Pâncreas 268 217
Irritabilidade 269 179,261 Melaço 229
Nariz 179s5, 288 Pão 42, 43, 59, 60, Pele de gato 226
Jaspe 282, 283 Magreza 78,90,92, Melancolia 29, 195,
Nervos 63,117,133, 90, 119, 121, 133, Pele de texugo 224
Jejum 25, 177,284 229,242,290,291 196,267,291
196,197,200,230, 135, 138, 141, 165, Pensamentos claros
Joelhos 162,241,285 Maldade 249 Memória 122, 129,
283,286 175, 179ss, 189, 271
Juízo 231,245,249, Maldições diabóli­ 251
Nespereira da Euro­ 201,214 Pensamentos opti­
251 cas 249 Meninges 179
pa (Mespilus) 74-79 Paralisia 23, 119, mistas133, 197
Lã das ovelhas 209 Malícia 284 Menopausa 200, 290
Neuroses 31, 35 230,231,244, Pepino 106
Laringe 173, 194 Malte 259 Menstruação 200,
Noz Moscada 109, 246,283,284,286 Pêras 525S, 159ss, 165
laxativos 53, 57, 137 Manchas na pele 269,290,291
1165s, 137, 138, 178, Paralisia da língua Perda de consciên­
Lebre 162ss 121, 162 Mentiroso 248, 284
180, 185, 197 231 cia 22
Leguminosas 48,49, Manjericão 13 7 Metabolismo 45,
Nuca rija 70 Paralisia dos nervos Perda de energia 269
93 Maníacos 31, 285 47, 185
Obstinação 35 faciais 283 Perda de urina 120ss
Leite 138ss, 212, 287 Manipulações ge­ Milefólio 201, 202
Obstipação 137, 138, Paralisia por lesão Pereira 52
Lentilhas de água néticas 131, 142ss Milho 48
182, 183 da medula 244 Periodontose 260
171, 172 Manteiga 46, (i), 137, Millet 48
Leucemia 135 138, 185, 197, aH, 215 Minerais 26, 47 Ódio 25, 249 Paraplegia lesão Pernas doentes 81,
Odor 85, 86, 115, 179 bulbar 244 200,207,223
Perturbações sen­ Próstata 120, 265 235ss, 274, 282, Serpão 120ss, 165 Tendões 237 Úlcera de perna 166
so-motoras 264 Proteínas 47, 49, 288,291 Sexualidade 101, Tensão arterial 64, Úlceras em geral 81,
Pés doentes 223 138, 169, 170 Rinite 179 289,293 198,271 166,290
Pés frios 64, 207 Prótese 236, 247, Rins 56, 135, 139, Silva 202 Texugo 224, 225 Urânio 279
Pescoço 234,281 261,262 238, 242, 267ss Sinusite 87, 194 Tinhoso 120 Urina 120, 139,265,
Pêssego 49, 58ss Prurido anal 182 Roseira 78, 202 Sistema cardiovas­ Tinturas 162,200, 289
Pieira 209 Psicanálise 33 Rosmaninho 271 cular 223 261 Urtigas 129, 130,
Pielonefrite 178 Psíquico 288 Roupa sintética 210 Sistema intestinal Tiroide 270 199, 241
Pimenta 127, 172, Psoríase 162ss Rouquidão 53, 95, 268 Tomilho 120 Uvas 256
175 Pulmão 34, 52ss, 173, 176 Sistema linfático 169 Tonturas 64, 124, Vaca 21, 72, 201,
Pimenta longa 266 72,73,92,113,148, Rum 50, 257 Sistema nervoso 230 198,243 228
Piolho 84 156ss, 191ss, 209, Sabedoria 24, 25, Sistema renal 263, Torcicolo 126 Vacinas 84, 125
Pleurisia 193 212,221,246,260, 48, 56, 59, 65, 75, 268 Tormentila 172 Varizes 183,200, 207
Podagra 230 266ss,271, 133,249,280 Sistema venoso 169 Tosse 95, 156, 158, Veado 172,205,
Podridão 103,104,266 Pulmonária 156ss Sabugueiro 103 Soja 91,92 173, 176, 178ss, 210,226,227,237
Poliartrite 230 Purificação 25,54, Sais 139 Sol 22, 54, 118, 166, 188ss, 208, 209, Veias 71, 102, 183,
Polipódio 67ss 59,78,95,100,116, Sal 45, 52, 101, 192,229,248,281, 221,266 200,207,208,269
Poluição 31, 34 127ss,215 109ss, 139ss, 185 282 Tosse convulsa 191 Veios aquáticos sub-
Pomada de abutre Pus 86, 87 Saliva 81, 134 Sonhador 251 Tóxico 84, 269 terrâneos 248
243ss Queijo 111 Salsa 137,240,241,276 Sono 32,50 Toxicomanias 31 Velhice 126, 156
Pomada para a ar­ Rábano 89ss Salsichasll0 Stress 31,62, 121, Toxinas 34, 100, 116 Velocidade de sedi-
trite 206, 237ss Radiações 162, 248, Salva 118ss, 171ss, 277 Trabalho 32, 121, mentação 171
Pomada de Viole­ 279 219 Sucos nocivos 53, 140,236,269,287 Veneno 61, 64, 83,
tas (pele, dores de Radiologia 248 Salva esc1areia 273, 89ss, 101ss, 115, Tremor 167, 168 93, 100, 146, 191,
cabeça) 187 Raios 23, 192,250, 274 118, 119, 126ss, Trevas 248, 294 195,213,229,232
Porco 49, 165,207, 279 Sangria 202, 203 159ss, 185ss, 197, Trigo 48, 130ss, 144, Verbena 181
210,213,228 Refrigerantes 201 Santidade 249 202, 219ss, 221ss, 238 Verdor 29, 31, 32, 36
Pré-cancerose 87, Regeneração do Sarmentos 254, 229,237,282 Tristeza 22, 33, 64, Veriditas 30
169ss,187,216,228 sangue 102,257 260ss,271 Sudorese 196 65, 128, 195,233, Verónica 182ss, 187
Predisposição73, Região lombar 126, Sauna 71, 242 Suor 146 234 Vértebra 230, 246,
125, 233ss 246,282 Sebo 187,205,237, Superstição 278 Tuberculose 178, 247
Preocupações 277 Relâmpagos 250 240 Surdo 74, 251 191ss Vesícula 165, 270,
Pressão no peito 53, Relva 174 Secreções 32, 86, Tâmara 60 Tumor 32, 169, 173, 282
54, 73, 160 Remédio universal 215,221 Tanaceto 172, 189, 187,245,246,281 Vias urinárias 120,
Prevenção 33, 268 61, 70, 177, 191 Segurelha159, 162, 190,265 Úlcera de duod. 67 139,265,289
Problemas neu­ Resfriamento 181 219 Tanchagem 118 Úlcera de estômago Vicht 169ss, 182,
rológicos 121, 167 Reumatismo 30, 36, Sémen 232 Tártaro 53,262,264 67,104,274 215,221,228
Produtos de beleza 71, 75, 76, 80, 81, Sensualidade 199, Temperança 59,99, Úlcera de pele 162, Vícios 35
204 119, 170, 222, 230, 209,257 214,257,258 187,280 Videira 199,260,262
 

Vírus 44, 59, 124, Vómitoscom

Vidro 283 Evangelhos e de outros livros do Antigo
125 sangue 185 e do Novo Testamento".
Vigl1ias 32
Vista 28,64,81, Zédoria 167
Vinagre 46, 101, Recebe de Deus uma missão: "Escrcve
268,286 Zona 125, 181
106, 111, 115, 139, o que vês e ou ves! Revela as maravilhas
Vitaminas 45, 47, Zonas de reflexo
219,276 que te foram dadas a conhecer! l:scre­
49,53,56, 59, 60, 247
Violetas ve-as e fala delas". Por conselho de São
187,188,223 83, 93, 94, 133, Bernardo de Clara vai, decide começar a
Virtudes 24, 26, 30, 192,266 ditar a sua grande obra, intitulada "Scí­
34,35,49,59,75 Volúpia 199 'vias". No ano de 1148, recebe do Papa
Eugénio III o aval da Igreja para a sua
missão. l extraordinária a inf1uência es­
piritual, humana e política que exerce
através dos seus conselhos cheios de
sabedoria. Já com 70 anos, empreende
grandes viagens, a fim de pregar nos
mosteIros e nas praças dos mercados,
dirigindo-se aos "mestres e prelados
adormecidos que descurannll a justiça
divina", apelando l penitência e à con­
versa0.

Deixa uma extensa obra escrita, onde

não faltam sequer poemas, cúnticos, en­
cenaçües nllsticas, vidas de santos e maIS
de 300 cartas. No livro "P!Zysica" explica
as virtudes naturais com que foram do­
tadas as diversas criaturas. Na sua obra
"Cal/sue el Cume" expõe as doenças, as
suas causas e os seus remédios.
Faleceu a 17 de Setembro de 1179, com
a idade de 81 anos, tendo sido então ob­
servada no céu uma cruz luminosa. No
dia 7 de Outubro de 2012, o Santo Padre
lkllto XVI prodanlOu Santa Hildegarda
como Doutora da Igreja.

ESTE LIVRO FOI ACABADO DE IMPRIMIR,

NA TADINENSE AG, EM BRAGA,
NO DIA 17 DE SETEMBRO DE 2014,
FESTA LITÚRGICA DE SANTA HILDEGARDA.
Helmut Posch
Eminente especialista, fundador da
"Hum! der Frcunde lIildegards" e do Ia­
horatório onde sjo produzidos remédios
l'CcllIl1endados por Sanl a II ildq:lrda.