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UNIVERSIDADE

 DE  TRÁS-­‐OS-­‐MONTES  E  ALTO  DOURO  

OS  FACTORES  DO  JOGO  EM  FUTEBOL  


 

(AS  ACÇÕES  TÉCNICO-­‐TÁCTICAS)  

Victor  Maçãs  

José  Jorge  Brito  

Dezembro  2000  
Maçãs,  V.  &  Brito,  J.  (2000)  Os  Factores  do  Jogo  em  Futebol  –  As  Acções  Técnico-­‐Tácticas.    
Série  Didáctica.  Ciências  Aplicadas  nº  149.  Vila  Real:  UTAD  
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Índice  

1   INTRODUÇÃO  ..................................................................................................................................  7  

2   ACÇÕES  TÉCNICO-­‐TÁCTICAS  ............................................................................................................  7  


2.1   CONCEITO  .......................................................................................................................................  8  
2.2   OBJECTIVOS  .....................................................................................................................................  8  
2.3   CLASSIFICAÇÃO  ...............................................................................................................................  8  
3   ACÇÕES  INDIVIDUAIS  DO  ATAQUE  ................................................................................................  10  
3.1   A  RECEPÇÃO/CONTROLO  DA  BOLA  ...............................................................................................  10  
3.1.1   Conceito  ................................................................................................................................  10  
3.1.2   Objectivos  ..............................................................................................................................  10  
3.1.3   Superfícies  de  Contacto  .........................................................................................................  10  
3.1.4   Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  ...................................................................  11  
3.2   A  CONDUÇÃO  DE  BOLA  .................................................................................................................  11  
3.2.1   Conceito  ................................................................................................................................  11  
3.2.2   Objectivos  ..............................................................................................................................  11  
3.2.3   Superfícies  de  Contacto  .........................................................................................................  11  
3.2.4   Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  ...................................................................  12  
3.2.5   Condução  Para  Remate  .........................................................................................................  12  
3.2.5.1   Conceito  ............................................................................................................................................  12  
3.2.5.2   Objectivos  .........................................................................................................................................  12  
3.2.5.3   Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  ...............................................................................  13  
3.3   A  PROTECÇÃO  DA  BOLA   ................................................................................................................  13  
3.3.1   Conceito  ................................................................................................................................  13  
3.3.2   Objectivos  ..............................................................................................................................  13  
3.3.3   Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  ...................................................................  13  
3.4   DRIBLE/FINTA/SIMULAÇÃO   ..........................................................................................................  14  
3.4.1   Conceito  ................................................................................................................................  14  
3.4.2   Objectivos  ..............................................................................................................................  14  
3.4.3   Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  ...................................................................  14  
3.5   REMATE  .........................................................................................................................................  15  
3.5.1   Conceito  ................................................................................................................................  15  
3.5.2   Objectivo  ...............................................................................................................................  15  
3.5.3   Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  ...................................................................  15  
3.6   O  PASSE  .........................................................................................................................................  16  
3.6.1   Conceito  ................................................................................................................................  16  
3.6.2   Objectivo  ...............................................................................................................................  16  
3.6.3   Superfícies  de  Contacto  .........................................................................................................  16  
3.6.4   Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  ...................................................................  16  
3.7   O  CABECEAMENTO  ........................................................................................................................  17  
3.7.1   Conceito  ................................................................................................................................  17  
3.7.2   Objectivos  ..............................................................................................................................  18  
3.7.3   Superfícies  de  Contacto  .........................................................................................................  18  
3.7.4   Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  ...................................................................  18  
3.8   PRINCÍPIOS  OFENSIVOS  (A  PENETRAÇÃO)  .....................................................................................  19  
3.8.1   Conceito  ................................................................................................................................  19  
3.8.2   Objectivos  ..............................................................................................................................  19  
3.8.3   Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  ...................................................................  19  

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UTAD  -­‐  Gabinete  de  Futebol   2   Victor  Maçãs  /  José  Brito  
Maçãs,  V.  &  Brito,  J.  (2000)  Os  Factores  do  Jogo  em  Futebol  –  As  Acções  Técnico-­‐Tácticas.    
Série  Didáctica.  Ciências  Aplicadas  nº  149.  Vila  Real:  UTAD  
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3.9   TÉCNICA  DE  CRUZAMENTO  ...........................................................................................................  20  
3.9.1   Conceito  ................................................................................................................................  20  
3.9.2   Objectivo  ...............................................................................................................................  20  
3.10   TÉCNICA  DE  DESMARCAÇÃO  .........................................................................................................  20  
3.10.1   Conceito  ................................................................................................................................  21  
3.10.2   Objectivos  ..............................................................................................................................  21  
3.10.3   Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  ...................................................................  21  
3.11   TÉCNICA  DE  LANÇAMENTO  DE  LINHA  LATERAL  .............................................................................  22  
3.11.1   Conceito  ................................................................................................................................  22  
3.11.2   Objectivo  ...............................................................................................................................  22  
3.11.3   Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  ...................................................................  22  
3.12   TÉCNICAS  DE  GUARDA-­‐REDES  .......................................................................................................  22  
3.12.1   Conceito  ................................................................................................................................  22  
3.12.2   Objectivos  ..............................................................................................................................  23  
3.12.3   Acções  ...................................................................................................................................  23  
3.12.4   Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  ...................................................................  23  
4   ACÇÕES  INDIVIDUAIS  DA  DEFESA  ..................................................................................................  25  
4.1   O  DESARME  ...................................................................................................................................  25  
4.1.1   Conceito  ................................................................................................................................  25  
4.1.2   Objectivo  ...............................................................................................................................  25  
4.1.3   Classificação  ..........................................................................................................................  25  
4.1.4   Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  ...................................................................  26  
4.2   A  MARCAÇÃO  ................................................................................................................................  26  
4.2.1   Conceito  ................................................................................................................................  26  
4.2.2   Objectivos  ..............................................................................................................................  27  
4.2.3   Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  ...................................................................  27  
4.3   A  INTERCEPÇÃO  .............................................................................................................................  30  
4.3.1   Conceito  ................................................................................................................................  30  
4.3.2   Objectivos  ..............................................................................................................................  30  
4.3.3   Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  ...................................................................  30  
4.4   A  CARGA  ........................................................................................................................................  30  
4.4.1   Conceito  ................................................................................................................................  30  
4.4.2   Objectivo  ...............................................................................................................................  31  
4.4.3   Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  ...................................................................  31  
4.5   PRINCÍPIOS  DEFENSIVOS  (CONTENÇÃO)  .......................................................................................  31  
4.5.1   Conceito  ................................................................................................................................  31  
4.5.2   Objectivos  ..............................................................................................................................  31  
4.5.3   Aspectos  a  Considerar  a  sua  Execução  Prática  .....................................................................  32  
4.6   TÉCNICAS  DE  GUARDA-­‐REDES  .......................................................................................................  33  
4.6.1   Conceito  ................................................................................................................................  33  
4.6.2   Objectivo  ...............................................................................................................................  33  
4.6.3   Acções  ...................................................................................................................................  33  
4.6.4   Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  ...................................................................  33  
5   ACÇÕES  COLECTIVAS  ELEMENTARES  DO  ATAQUE  ..........................................................................  35  
5.1   COMBINAÇÕES  TÁCTICAS  .............................................................................................................  35  
5.1.1   Conceito  ................................................................................................................................  35  
5.1.2   Objectivos  ..............................................................................................................................  35  
5.1.3   Classificação  ..........................................................................................................................  36  
5.1.4   Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  ...................................................................  36  
5.1.5   Cortinas  /  Écrans  ...................................................................................................................  36  
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UTAD  -­‐  Gabinete  de  Futebol   3   Victor  Maçãs  /  José  Brito  
Maçãs,  V.  &  Brito,  J.  (2000)  Os  Factores  do  Jogo  em  Futebol  –  As  Acções  Técnico-­‐Tácticas.    
Série  Didáctica.  Ciências  Aplicadas  nº  149.  Vila  Real:  UTAD  
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5.1.5.1   Conceito  ............................................................................................................................................  36  
5.1.5.2   Objectivos  .........................................................................................................................................  37  
5.2   DESLOCAMENTOS  OFENSIVOS  /  DESMARCAÇÕES  ........................................................................  37  
5.2.1   Conceito  ................................................................................................................................  37  
5.2.2   Objectivos  ..............................................................................................................................  37  
5.2.3   Classificação  ..........................................................................................................................  37  
5.2.4   Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  ...................................................................  39  
5.3   COMPENSAÇÕES/DESDOBRAMENTOS  .........................................................................................  40  
5.3.1   Conceito  ................................................................................................................................  40  
5.3.2   Objectivos  ..............................................................................................................................  40  
5.3.3   Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  ...................................................................  41  
5.4   TEMPORIZAÇÃO  OFENSIVA  ...........................................................................................................  42  
5.4.1   Conceito  ................................................................................................................................  42  
5.4.2   Objectivo  ...............................................................................................................................  42  
5.4.3   Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  ...................................................................  42  
5.5   PRINCÍPIOS  OFENSIVOS  .................................................................................................................  43  
5.5.1   COBERTURA  OFENSIVA  .........................................................................................................  43  
5.5.1.1   Conceito  ............................................................................................................................................  43  
5.5.1.2   Objectivos  .........................................................................................................................................  43  
5.5.1.3   Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  ...............................................................................  43  
5.5.2   MOBILIDADE  .........................................................................................................................  45  
5.5.2.1   Conceito  ............................................................................................................................................  45  
5.5.2.2   Objectivos  .........................................................................................................................................  45  
5.5.2.3   Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  ...............................................................................  46  
5.5.3   ESPAÇO  ..................................................................................................................................  46  
5.5.3.1   Conceito  ............................................................................................................................................  46  
5.5.3.2   Objectivos  .........................................................................................................................................  46  
5.5.3.3   Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  ...............................................................................  47  
5.6   ESQUEMAS  TÁCTICOS  OFENSIVOS  (SITUAÇÕES  DE  BOLA  PARADA)  ..............................................  47  
5.6.1   Conceito  ................................................................................................................................  47  
5.6.2   Objectivos  ..............................................................................................................................  47  
5.6.3   Classificação  ..........................................................................................................................  48  
5.6.4   Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  ...................................................................  48  
6   ACÇÕES  COLECTIVAS  ELEMENTARES  DA  DEFESA  ...........................................................................  49  
6.1   A  DOBRA  ........................................................................................................................................  49  
6.1.1   Conceito  ................................................................................................................................  49  
6.1.2   Objectivos  ..............................................................................................................................  49  
6.1.3   Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  ...................................................................  49  
6.2   OS  DESLOCAMENTOS  DEFENSIVOS  ...............................................................................................  50  
6.2.1   Conceito  ................................................................................................................................  50  
6.2.2   Objectivos  ..............................................................................................................................  50  
6.2.3   Classificação  ..........................................................................................................................  51  
6.2.4   Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  ...................................................................  51  
6.3   COMPENSAÇÕES/DESDOBRAMENTOS  DEFENSIVOS  ....................................................................  53  
6.3.1   Conceito  ................................................................................................................................  53  
6.3.2   Objectivos  ..............................................................................................................................  53  
6.3.3   Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  ...................................................................  53  
6.4   A  TEMPORIZAÇÃO  DEFENSIVA  ......................................................................................................  54  
6.4.1   Conceito  ................................................................................................................................  54  
6.4.2   Objectivo  ...............................................................................................................................  54  
6.4.3   Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  ...................................................................  54  
6.5   CORTINAS  /  ÉCRANS  DEFENSIVAS  .................................................................................................  55  
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UTAD  -­‐  Gabinete  de  Futebol   4   Victor  Maçãs  /  José  Brito  
Maçãs,  V.  &  Brito,  J.  (2000)  Os  Factores  do  Jogo  em  Futebol  –  As  Acções  Técnico-­‐Tácticas.    
Série  Didáctica.  Ciências  Aplicadas  nº  149.  Vila  Real:  UTAD  
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6.5.1   Conceito  ................................................................................................................................  55  
6.5.2   Objectivos  ..............................................................................................................................  55  
6.5.3   Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  ...................................................................  55  
6.6   A  MARCAÇÃO  /  TIPOS  DE  DEFESA  ..................................................................................................  56  
6.6.1   Conceito  ................................................................................................................................  56  
6.6.2   Objectivos  ..............................................................................................................................  56  
6.6.3   Classificação  ..........................................................................................................................  56  
6.7   PRINCÍPIOS  DEFENSIVOS  ...............................................................................................................  57  
6.7.1   COBERTURA  DEFENSIVA  ........................................................................................................  57  
6.7.1.1   Conceito  ............................................................................................................................................  57  
6.7.1.2   Objectivos  .........................................................................................................................................  57  
6.7.1.3   Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  ...............................................................................  57  
6.7.2   EQUILÍBRIO  ............................................................................................................................  59  
6.7.2.1   Conceito  ............................................................................................................................................  59  
6.7.2.2   Objectivos  .........................................................................................................................................  59  
6.7.2.3   Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  ...............................................................................  59  
6.7.3   CONCENTRAÇÃO  ...................................................................................................................  60  
6.7.3.1   Conceito  ............................................................................................................................................  60  
6.7.3.2   Objectivos  .........................................................................................................................................  60  
6.7.3.3   Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  ...............................................................................  60  
6.8   ESQUEMAS  TÁCTICOS  DEFENSIVOS  (SITUAÇÕES  DE  BOLA  PARADA)  ............................................  61  
6.8.1   Conceito  ................................................................................................................................  61  
6.8.2   Objectivos  ..............................................................................................................................  61  
6.8.3   Classificação  ..........................................................................................................................  61  
6.8.4   Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  ...................................................................  62  
7   ACÇÕES  COLECTIVAS  COMPLEXAS  DO  ATAQUE  .............................................................................  62  
7.1   FUNÇÕES  E  TAREFAS  .....................................................................................................................  62  
7.1.1   Conceito  ................................................................................................................................  62  
7.1.2   Objectivos  ..............................................................................................................................  63  
7.1.3   Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  ...................................................................  63  
7.2   ESQUEMAS  TÁCTICOS  OFENSIVOS  ................................................................................................  64  
7.2.1   Conceito  ................................................................................................................................  64  
7.2.2   Objectivos  ..............................................................................................................................  64  
7.3   CIRCULAÇÃO  TÁCTICA  OFENSIVA  ..................................................................................................  64  
7.3.1   Conceito  ................................................................................................................................  64  
7.3.2   Objectivos  ..............................................................................................................................  65  
7.4   SISTEMA  TÁCTICO  .........................................................................................................................  65  
7.4.1   Conceito  ................................................................................................................................  65  
7.4.2   Objectivos  ..............................................................................................................................  65  
7.5   MÉTODOS  DE  JOGO  OFENSIVO  .....................................................................................................  65  
7.5.1   Conceito  ................................................................................................................................  65  
7.5.2   Objectivos  ..............................................................................................................................  65  
7.5.3   Classificação  ..........................................................................................................................  66  
7.5.3.1   Ataque  Organizado  ...........................................................................................................................  66  
7.5.3.2   Contra  -­‐  Ataque  .................................................................................................................................  66  
7.5.3.3   Ataque  Rápido  ..................................................................................................................................  67  

8   ACÇÕES  COLECTIVAS  COMPLEXAS  DA  DEFESA  ...............................................................................  67  


8.1   FUNÇÕES  E  TAREFAS  .....................................................................................................................  67  
8.1.1   Conceito  ................................................................................................................................  67  
8.1.2   Objectivos  ..............................................................................................................................  67  
8.2   ESQUEMAS  TÁCTICOS  DEFENSIVOS  ..............................................................................................  67  

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8.2.1   Conceito  ................................................................................................................................  67  
8.2.2   Objectivos  ..............................................................................................................................  68  
8.3   CIRCULAÇÃO  TÁCTICA  DEFENSIVA  ................................................................................................  68  
8.3.1   Conceito  ................................................................................................................................  68  
8.3.2   Objectivos  ..............................................................................................................................  68  
8.4   SISTEMA  TÁCTICO  .........................................................................................................................  69  
8.4.1   Conceito  ................................................................................................................................  69  
8.4.2   Objectivos  ..............................................................................................................................  69  
8.5   MÉTODOS  DE  JOGO  DEFENSIVO  ....................................................................................................  69  
8.5.1   Conceito  ................................................................................................................................  69  
8.5.2   Objectivos  ..............................................................................................................................  69  
8.5.3   Classificação  ..........................................................................................................................  69  
8.5.3.1   Método  Individual  (Defesa  Individual)  ..............................................................................................  70  
8.5.3.2   Método  à  Zona  (Defesa  à  Zona)  ........................................................................................................  70  
8.5.3.3   Método  Misto  (Defesa  Mista)  ...........................................................................................................  70  
8.5.3.4   Método  Zona  Pressionante  (Pressing)  ..............................................................................................  70  

9   BIBLIOGRAFIA  ...............................................................................................................................  70  

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Maçãs,  V.  &  Brito,  J.  (2000)  Os  Factores  do  Jogo  em  Futebol  –  As  Acções  Técnico-­‐Tácticas.    
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1 INTRODUÇÃO  
No  domínio  do  futebol  os  aspectos  de  destaque  serão  as  manifestações  observáveis  do  
comportamento  motor  (técnica)  e,  naturalmente,  o  significado  dessa  conduta  (táctica).  
Com   efeito,   a   dimensão   dos   comportamentos   motores   visíveis   dos   jogadores,   reflectem  
a  necessidade  de  resolver  os  problemas  provenientes  das  situações  de  jogo,  ou  seja,  o  
futebol   representa   na   sua   própria   essência,   um   conjunto   diversificado   de   situações  
momentâneas   de   jogo,   que   só   por   si   encerram   inúmeros   problemas   que   deverão   ser  
resolvidos   na   prática   pelos   jogadores,   de   tal   forma   que   a   execução   técnica   só   tem  
significado   se   for   resposta   a   uma   exigência   táctica.   Neste   sentido,   todas   as   acções  
individuais  e  colectivas  não  devem  ser  encaradas  como  objectivos  em  si  mesmas,  mas  
como  os  meios  através  dos  quais  os  jogadores  e  a  equipa  materializam  as  suas  intenções  
tácticas   na   procura   de   um   objectivo   comum   -­‐   a   vitória.   Assim,   o   jogo   caracteriza-­‐se   pela  
operacionalização   de   certas   acções   técnico-­‐tácticas   antagónicas,   de   ataque   e   de   defesa,  
visando   o   desequilíbrio   do   sistema   contrário,   na   procura   de   um   objectivo   comum,  
organizadas   e   ordenadas   num   sistema   de   relações   e   inter-­‐relações   coerente   e  
consequente  (organização  dinâmica  das  acções  técnico-­‐tácticas  ofensivas  e  defensivas).  

2 ACÇÕES  TÉCNICO-­‐TÁCTICAS  
Do  já  referido  podemos  inferir  que  o  jogo  de  futebol  apresenta  em  si  mesmo  uma  lógica  
interior  que  determina,  em  última  análise,  as  atitudes  e  comportamentos  dos  jogadores  
de   uma   mesma   equipa.   Na   realidade   essa   lógica   interior   do   jogo   é   expressão   dos  
objectivos  desse  mesmo  jogo  e  manifesta-­‐se  na  procura  do  golo  por  um  lado,  e  a  defesa  
da  baliza  por  outro.  Deste  modo,  a  equipa  com  a  posse  da  bola  desenrola  um  conjunto  
de  acções  individuais  e  colectivas  ofensivas  visando  a  concretização  imediata  do  golo  ou  
que  permitam  a  manutenção  da  posse  da  bola,  enquanto  que,  quando  sem  a  posse  da  
bola,  a  mesma  equipa  realiza  acções  individuais  e  colectivas  defensivas,  que  procurem  
evitar  a  progressão  da  bola  em  direcção  à  sua  baliza  e  por  inerência,  o  golo,  tentando  
simultaneamente  a  recuperação  da  posse  da  bola  para  desse  modo  assumir  a  iniciativa  
do   jogo.   É   esta   dinâmica   de   objectivos   que   determina   a   intencionalidade   táctica   do(s)  
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Série  Didáctica.  Ciências  Aplicadas  nº  149.  Vila  Real:  UTAD  
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jogador(s)   de   uma   determinada   equipa   e   que   consubstancia   a   base   de   resolução   prática  
dos  problemas  que  as  várias  situações  momentâneas  de  jogo  vão  levantando.  Assim,  a  
acção   técnica,   não   é   um   objectivo   em   si,   mas   um   meio   para   atingir   um   fim   (intenção  
táctica),  não  se  podendo,  naturalmente,  conceber  um  meio  independentemente  do  fim  
a  que  se  destina.  

2.1 CONCEITO  
As  acções  técnico-­‐tácticas  são  os  meios  de  base  aos  quais  os  jogadores  recorrem,  quer  
individualmente,  quer  colectivamente,  tanto  na  fase  de  ataque,  como  na  fase  de  defesa,  
no  sentido  de  solucionar  as  situações  concretas  do  jogo.  

2.2 OBJECTIVOS  
Resolução  eficiente  dos  problemas  que  as  situações  momentâneas  do  jogo  levantam.  

2.3 CLASSIFICAÇÃO  
Em  futebol  podemos  classificar  as  acções  técnico-­‐tácticas  em:  

a)  Acções  técnico-­‐tácticas  individuais:  

(i)  de  natureza  ofensiva  

(ii)  de  natureza  defensiva  

b)  Acções  técnico-­‐tácticas  colectivas  elementares  

(i)  de  natureza  ofensiva  

(ii)  de  natureza  defensiva  

c)  Acções  técnico-­‐tácticas  colectivas  complexas  

(i)  de  natureza  ofensiva  

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UTAD  -­‐  Gabinete  de  Futebol   8   Victor  Maçãs  /  José  Brito  
Maçãs,  V.  &  Brito,  J.  (2000)  Os  Factores  do  Jogo  em  Futebol  –  As  Acções  Técnico-­‐Tácticas.    
Série  Didáctica.  Ciências  Aplicadas  nº  149.  Vila  Real:  UTAD  
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(ii)  de  natureza  defensiva  

O  quadro  seguinte  sistematiza  todas  estas  acções.  

ACÇÕES  TÉCNICO-­‐TÁCTICAS  
DO  
JOGO  DE  FUTEBOL  
 
ATAQUE   DEFESA  
 
   
ACÇÕES  INDIVIDUAIS   ACÇÕES  INDIVIDUAIS    
   
1.1  -­‐  Recepção/  Controlo  da  Bola   1.1  -­‐  Desarme  
1.2  -­‐  Condução  da  Bola   1.2  -­‐  Marcação    
1.3  -­‐  Protecção  da  Bola   1.3  -­‐  Intercepção  
1.4  -­‐  Drible/Finta/Simulação   1.4  -­‐  Carga    
1.5  -­‐  Remate     1.5  -­‐  Princípios  Defensivos  
1.6  -­‐  Passe   Contenção  
1.7  -­‐  Cabeceamento   1.6  -­‐  Técnicas  de  Guarda–Redes  
1.8  -­‐  Princípios  Ofensivos    
A  Penetração    
1.9  -­‐  Técnica  de  Cruzamento    
1.10  -­‐  Técnica  de  Desmarcação    
1.11  -­‐  Técnica  de  Lançamento  de  Linha  Lateral    
1.12  -­‐  Técnicas  de  Guarda  -­‐  Redes    
   
ACÇÕES  COLECTIVAS  ELEMENTARES   ACÇÕES  COLECTIVAS  ELEMENTARES  
   
2.1  -­‐  Combinações  Tácticas   2.1  -­‐  Dobra  
2.2  -­‐  Deslocamentos  Ofensivos  /  Desmarcações   2.2  -­‐  Deslocamentos  Defensivos  
2.3  -­‐  Compensações/  Desdobramentos   2.3  -­‐  Compensações  /Desdobramentos  
2.4  -­‐  Temporização  Ofensiva   2.4  -­‐  Temporização  Defensiva  
2.5  -­‐  Princípios  Ofensivos   2.5  -­‐  Cortinas  /  Écrans  Defensivos  
Cobertura  Ofensiva   2.6  -­‐  Marcação  /  Tipos  de  Defesa  
Mobilidade   2.7  -­‐  Princípios  Defensivos  
Espaço   Cobertura  Defensiva  
2.6  -­‐  Esquemas  Tácticos  Ofensivos     Equilíbrio  
  Concentração  
  2.8  -­‐  Esquemas  Tácticos  Defensivos  
   
ACÇÕES  COLECTIVAS  COMPLEXAS   ACÇÕES  COLECTIVAS  COMPLEXAS  
   
3.1  -­‐  Funções  e  Tarefas     3.1  -­‐  Funções  e  Tarefas  
3.2  -­‐  Esquemas  Tácticos  Ofensivos   3.2  -­‐  Esquemas  Tácticos  Defensivos  
3.3  -­‐  Circulação  Táctica  Ofensiva   3.3  -­‐  Circulação  Táctica  Defensiva  
3.4  -­‐  Sistema  Táctico   3.4  -­‐  Sistema  Táctico  
3.5  -­‐  Métodos  de  Jogo  Ofensivo   3.5  -­‐  Métodos  de  Jogo  Defensivo  

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Ataque  Organizado   Método  Individual  
Ataque  Rápido   Método  à  Zona  
Contra  -­‐  Ataque   Método  Misto  
  Método  Zona  Pressionante  
 

3 ACÇÕES  INDIVIDUAIS  DO  ATAQUE  

3.1 A  RECEPÇÃO/CONTROLO  DA  BOLA  

3.1.1 Conceito  
Acção   individual   de   natureza   ofensiva   que   permite   o   domínio   e   controle   da   bola,  
animada  de  uma  determinada  energia  cinética,  ficando  esta  dentro  do  espaço  motor  do  
jogador.  

3.1.2 Objectivos  
Permitir  ao  jogador  dominar  a  bola  rapidamente  para  de  seguida  assumir  efectivamente  
a  iniciativa  do  jogo.  

Permitir   ao   jogador   ter   o   tempo   e   o   espaço   suficientes   para   executar   as   acções   técnico-­‐
tácticas  seguintes,  apesar  de  pressionado  pelo  adversário.  

3.1.3 Superfícies  de  Contacto  


Todas   as   superfícies   corporais   à   excepção   dos   braços   e   mãos   podem   ser   utilizados   na  
recepção  da  bola.  Todavia,  as  mais    utilizadas  são:  

O  pé:  
a)  parte  interna;  
  b)  parte  externa;  
  c)  peito;  
  d)  planta;  
A  coxa;  

O  peito;  

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A  cabeça.  

3.1.4 Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  


  1  -­‐  O  jogador  deve  deslocar-­‐se  para  se  posicionar  correctamente  para  a  acção.  

  2  -­‐  A  recepção  deve  ser  sempre  realizada  com  o  "pé  de  fora".  

  3  -­‐  O  pé  de  apoio  deve  colocar-­‐se  ao  lado  da  trajectória  da  bola.  

  4  -­‐  O  pé  que  executa  a  recepção  desloca-­‐se  ao  encontro  da  bola  acompanhando-­‐
a,  à  mesma  velocidade,  no  seu  final  de  trajectória.  

  5  -­‐  O  pé  que  executa  a  recepção  deve  apresentar  uma  baixa  tensão  muscular  a  
fim  de  absorver  a  energia  cinética  da  bola.  

  6  -­‐  Deverá  existir  um  "continuum"  do  movimento  na  recepção  da  bola.  

3.2 A  CONDUÇÃO  DE  BOLA  

3.2.1 Conceito  
Acção   individual   de   natureza   ofensiva   que   permite   ao   jogador   movimentar-­‐se   no  
terreno  com  a  posse  da  bola.  

3.2.2 Objectivos  
Progressão  no  terreno  de  jogo,  sobretudo  em  direcção  à  baliza  adversária.  

Temporizar  a  acção  ofensiva,  no  sentido  de  permitir  aos  jogadores  da  equipa  com  posse  
da  bola  organizarem-­‐se,  criando  as  condições  mais  favoráveis  ao  evoluir  do  jogo.  

3.2.3 Superfícies  de  Contacto  


A  condução  da  bola  deve  ser  realizada  utilizando  preferencialmente:  

A  parte  interna  e/ou  a  parte  externa  do  pé;  

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Ou  ainda  o  peito  do  pé.  

3.2.4 Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  


  1  -­‐  Transportar  a  bola  dentro  do  espaço  motor.  

  2  -­‐  Fazer  a  condução  da  bola,  utilizando  preferencialmente,  a  parte  interna  e/ou  
a  parte  externa  do  pé  ou  ainda  o  peito  do  pé.  

  3  -­‐  Evitar  que  o  contacto  com  a  bola  seja  realizado  com  a  parte  anterior  do  pé.  

  4  -­‐  Não  correr  atrás  da  bola,  mas  fazer  o  deslocamento  da  bola  com  o  jogador.  

  5   -­‐   O   contacto   com   a   bola   deve   ser   "solto"   evitando   a   perda   do   controlo   pela  
fuga  da  bola  para  fora  do  espaço  motor.  

  6  -­‐  Fazer  a  condução  de  bola  com  o  "pé  de  fora".  

  7  -­‐  Colocar  o  pé  de  apoio  ao  lado  da  bola.  

  8  -­‐  A  projecção  do  centro  de  gravidade  (C.G.)  deve  estar  deslocado  sobre  a  bola.  

3.2.5  Condução  Para  Remate  

3.2.5.1 Conceito  
Acção  individual  de  natureza  ofensiva  que  permite  ao  jogador  a  realizar  a  condução  de  
bola,  fazer  a  preparação  do  remate.  

3.2.5.2 Objectivos  
Preparar  o  remate.  

Colocar  a  bola  numa  posição  em  relação  à  baliza  adversária,  que  aumente  a  eficiência  da  
acção  técnico-­‐táctica  de  remate.  

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3.2.5.3 Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  
  1  -­‐  A  bola  deve  ser  tocada  para  o  lado,  de  forma  a  facilitar  o  contacto  do  pé  com  
a  bola  no  momento  da  execução  do  remate.  

  2   -­‐   O   toque   para   o   lado,   deverá   ser   efectuado   com   a   parte   externa   do   pé   que   irá  
rematar,  de  modo  a  possibilitar  a  melhor  posição  da  bola  para  o  remate.  

3.3 A  PROTECÇÃO  DA  BOLA  

3.3.1 Conceito  
Acção  individual  de  natureza  ofensiva  que  se  operacionaliza  nas  atitudes  manifestadas  e  
desenvolvidas  pelo  jogador  com  a  posse  da  bola,  no  sentido  de  a  proteger  de  qualquer  
intervenção  sobre  ela  por  parte  do(s)  adversário(s).  

3.3.2 Objectivos  
Assegurar  a  manutenção  da  posse  da  bola,  e  assim  a  iniciativa  do  jogo.  

Temporizar  o  processo  ofensivo  por  forma  a  que  os  restantes  jogadores  da  equipa  com  
a  posse  da  bola  ofereçam  melhores  soluções  tácticas  para  a  resolução  daquela  situação  
momentânea  do  jogo.  

3.3.3 Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  


1  -­‐  Colocar  a  bola  sempre  o  mais  longe  possível  do(s)  adversário(s).  

2  -­‐  Colocar  o  corpo  entre  o(s)  adversário(s)  e  a  bola,  onde  um  membro  inferior  suporta  o  
peso  do  corpo,  funcionando  como  eixo  sobre  o  qual  o  corpo  roda  (variando  o  ângulo  em  
relação  ao  defesa),  enquanto  o  outro  toca  a  bola  mantendo-­‐a  longe  do  adversário.  

3   -­‐   Reagir   sempre   às   diferentes   acções   do(s)   adversário(s)   directo(s),   variando   ângulos   e  
posições  em  relação  a  estes  últimos.  

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3.4 DRIBLE/FINTA/SIMULAÇÃO  

3.4.1 Conceito  
Acção   individual   de   natureza   ofensiva   que   permite   ao   jogador   com   bola   fornecer   um  
conjunto   de   informações   gestuais   (contra-­‐informação)   no   sentido   de   provocar   o  
desequilíbrio  e/ou  ludibriar    o  seu  adversário  (Simulação),  de  modo  a  ultrapassar  o  seu  
adversário  directo  com  um  controlo  perfeito  da  bola,  permitindo  continuar  de  posse  da  
bola  para  a  execução  motora  seguinte.  

Castelo   (1996)   distingue   o   drible   da   finta   em   função   da   possibilidade   de   existir   contacto  


físico  com  o  adversário.  Assim,  quando  o  contacto  físico  é  premente  para  protecção  da  
bola,   podemos   falar   numa   acção   de   drible;     Quando   conseguimos   ultrapassar   o  
adversário   directo,   sem   que   este   tenha   possibilidade   de   intervenção   sobre   a   bola   e  
ainda,  não  lhe  seja  possível  estabelecer  contacto  físico  com  o  portador  da  bola,  estamos  
em  presença  de  uma  acção  de  finta.  

3.4.2 Objectivos  
Libertar  o  jogador  com  posse  da  bola  da  marcação  directa  realizada  pelo  seu  adversário.  

Ganhar  espaços  vitais  no  terreno  de  jogo.  

Ganhar   o   tempo   suficiente   para   executar   uma   acção   de   remate   ou   desorganizar   a  


estrutura  defensiva  da  equipa  adversária.  

3.4.3 Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  


  1  -­‐  O  jogador  deve  aproveitar  a  iniciativa  que  lhe  advém  da  posse  de  bola  para  
criar  surpresa  no  adversário.  

  2   -­‐   O   jogador   através   da   finta   e/ou   simulação   deverá   criar   no   adversário   uma  
situação  de  falta  de  estabilidade  ou  de  equilíbrio.  

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  3  -­‐  O  jogador  deve  aproveitar  a  vantagem  que  lhe  é  concedida  pelo  seu  tempo  
de  movimento  e  ainda,  pelo  tempo  de  reacção  e  tempo  de  movimento  do  adversário.  

  4  -­‐  O  movimento  do  jogador  e  o  contacto  de  ultrapassagem  na  fuga  à  marcação  
são  um  e  o  mesmo  tempo.  

  5  -­‐  A  bola  deve  ser  protegida,  com  o  pé  contrário  ao  da  execução  (pé  de  dentro),  
da  acção  do  adversário  depois  do  contacto  de  ultrapassagem  ter  sido  realizado.  

  6   -­‐   A   bola   deve   ser   tocada   de   uma   forma   breve   de   modo   a   não   dar   tempo   ao  
adversário  para  anular  a  linha  de  passe  ou  o  espaço  ofensivo  conquistado.  

  7   -­‐   O   movimento   do   jogador   deve   ser   explosivo   para   aproveitar   a   vantagem  


referida.  

  8   -­‐   Caso   o   jogador,   após   o   drible   fique   em   situação   de   finalização,   deverá   utilizar  
a  vantagem  espacial  e  temporal  para  rematar  imediatamente.  

3.5 REMATE  

3.5.1 Conceito  
Acção  individual  de  natureza  ofensiva  que  permite  ao  jogador  que  a  realiza  a  procura  do  
objectivo  do  jogo  (golo).  

3.5.2 Objectivo  
Introduzir  a  bola  na  baliza.  

3.5.3 Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  


  1  -­‐  Deve  utilizar-­‐se  preferencialmente,  a  parte  antero  -­‐  interna  do  pé.  

  2  -­‐  A  colocação  do  pé  de  apoio  deve  formar  um  ângulo  de  aproximadamente  45°  
com  a  linha  perpendicular  da  direcção  que  se  pretende  imprimir  à  bola  e  ligeiramente  
atrás  dessa  linha  imaginária  que  atravessa  a  bola.  
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  3   -­‐   No   momento   da   execução   do   remate   o   pé   deve   estar   tenso   de   modo   a  
imprimir  à  bola,  a  energia  cinética  adequada.  

  4  -­‐  Na  execução  do  remate  deve-­‐se  procurar  um  "continuum"  do  movimento.  

3.6 O  PASSE  

3.6.1 Conceito  
Acção   individual   de   natureza   ofensiva   que   permite   ao   jogador   com   a   posse   da   bola,  
estabelecer  um  sistema  de  comunicação  material  com  os  seus  companheiros  de  equipa.  

3.6.2 Objectivo  
Estabelecer  um  meio  de  colaboração  no  jogo  com  os  restantes  colegas  de  equipa.  

3.6.3 Superfícies  de  Contacto  


Todas   as   superfícies   corporais   à   excepção   dos   braços   e   mãos   podem   ser   utilizadas   no  
passe.  Contudo,  as  mais  utilizadas  são:  

   A  parte  interna  dos  pé;  

   A  parte  externa  dos  pé;  

  O  peito  do  pé;  

  O  peito;  

  A  cabeça;  

  As  mãos,  em  particular,  por  parte  do  guarda-­‐redes.  

3.6.4 Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  


  1   -­‐   O   passe   pode   ser   realizado   para   um   jogador/alvo   fixo   ou   jogador/alvo   móvel.    
No   primeiro   caso,   a   bola   deve   ser   enviada   para   o   local   onde   o   jogador   se   encontra   e   no  

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segundo   caso   a   bola   deve   ser   enviada   para   o   "espaço"   (zona   do   campo   que   se   encontra  
à   frente   do   jogador   em   movimento,   no   momento   em   que   o   seu   companheiro   executa   o  
passe).  

  2   -­‐   A   superfície   do   pé   que   oferece   mais   garantias   para   efectuar   um   passe   com  
precisão  é  a  parte  interna.  

  3  -­‐  Para  um  passe  com  a  parte  interna  do  pé,  a  bola  deve  ser  tocada  ao  nível  do  
seu   plano   médio   paralelo   ao   solo,   "encaixando"   a   superfície   convexa   da   bola   na  
superfície  côncava  do  pé.  

  4  -­‐  No  momento  da  execução  do  passe,  o  pé  deve  apresentar  um  nível  de  tensão  
adequado  à  distância  e  à  direcção  que  se  pretende  imprimir  à  bola.  

  5   -­‐   Na   circunstância   de   existirem   limitações   morfo-­‐funcionais   que   impeçam   o  


envio   eficiente   da   bola   para   o   local   desejado,   deverão   ser   utilizadas   outras   superfícies  
do  pé  para  a  sua    realização  (e.g.:  superfície  externa).  

  6  -­‐  Na  execução  do  passe,  designadamente  no  passe  longo,  o  jogador    

deverá  realizar  na  fase  terminal  do  gesto  técnico  um  "continuum"  do  movimento  a  fim  
de  assegurar  a  melhor  direcção  à  trajectória  da  bola.  

  7   -­‐   Na   execução   do   passe,   a   projecção   do   centro   de   gravidade   deve   estar  


deslocado   sobre   a   bola,   se   forem   utilizadas   as   superfícies   interna,   externa   e   superior   do  
pé  ("peito  do  pé"),  e  atrás  da  vertical  se  for  utilizada  a  antero-­‐interna.  

3.7 O  CABECEAMENTO  

3.7.1 Conceito  
Acção  individual  que  permite  ao  jogador  que  o  executa,  jogar  a  bola  com  a  cabeça.  

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3.7.2 Objectivos  
Em  conformidade  com  a  situação  momentânea  do  jogo  poderá  estar  relacionada  com:  

  A  recepção  da  bola;  

  A  condução  da  bola;  

  A  intercepção;  

  O  passe;  

  O  remate.  

3.7.3 Superfícies  de  Contacto  


A  Superfície  frontal  (testa)  -­‐  Aquela  que  está  anatomicamente  mais  adaptada  à  bola  e  
que  paralelamente  permite  uma  maior  visão  do  jogo.  

A  superfície  dos  parietais  -­‐  Normalmente  utilizados  como  recurso  durante  o  jogo  e  em  
função   da   situação   momentânea,   já   que   não   oferece   as   condições   de   execução   da  
anterior.  

A  superfície  Occipital  -­‐  Utilizada  em  função  das  situações  momentâneas  do  jogo  e  que  
normalmente  se  relaciona  com  a  intenção  de  enviar  a  bola  à  retaguarda.  

3.7.4 Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  


1  -­‐  Apresentar  grande  precisão  no  contacto  com  a  bola.  

2   -­‐   Manter   o   contacto   visual   coma   bola,   até   ao   momento   do   contacto,   no   sentido   de  
assegurar  um  perfeito  enquadramento  entre  ela  e  o  alvo  para  o  qual  ela  se  destina.  

3  -­‐  Estabelecer  um  "arco  de  tensão"  no  sentido  de  gerar  uma  maior  energia  cinética  (a  
ligeira   inclinação   do   corpo   atrás   deverá   gerar   uma   maior   velocidade   quando   for  

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impulsionado   para   a   frente,   em   direcção   à   bola).     Todo   o   corpo   (cabeça,   tronco   e  
membros  )  deve  participar  nesta  acção  de  cabeceamento.    

3.8 PRINCÍPIOS  OFENSIVOS  (A  PENETRAÇÃO)  

3.8.1 Conceito  
Consiste   nas   normas   base   de   orientação   que   determinam   a   atitude   do   jogador   com  
posse   da   bola,   coordenando   e   dirigindo   em   simultâneo,   a   realização   de   todas   as   suas  
acções  técnico-­‐tácticas,  na  procura  do  objectivo  do  jogo.  

3.8.2 Objectivos  
Procura  do  golo  

Conquista  de  posições  mais  ofensivas  

3.8.3 Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  


1   -­‐   O   jogador   que   entra   em   posse   da   bola   deverá   manifestar   de   imediato   uma   alteração  
de  atitude,  assumindo  um  conjunto  de  acções  que  procurem  o  objectivo  do  jogo  (golo).  

2  -­‐  O  jogador  deve,  logo  que  entra  em  posse  da  bola,  orientar  as  suas  acções  técnico-­‐
tácticas  para  a  baliza  adversária:    

a)  Dominando  a  bola  no  sentido  de  assumir  a  iniciativa  do  jogo;    

b)   Enquadrar-­‐se   com   a   baliza   adversária   manifestando   a   sua   intenção   ofensiva   de  


procurar  o  golo;    

c)  Levantar  a  cabeça  no  sentido  de  analisar  toda  a  situação  momentânea  do  jogo.  

3   -­‐   Procurar   o   golo   rematando   à   baliza,   se   verificar,   após   análise   da   situação,   que   se  
encontra  numa  posição  vantajosa  para  obter  êxito  nessa  acção.  

4  -­‐  Procurar  conquistar  posições  mais  ofensivas:  

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a)  Passando  a  bola  a  um  colega  em  posição  mais  ofensiva  (favorável),  se  após  análise  da  
situação   verificar   poucas   possibilidades   de   obter   êxito   na   acção   técnico-­‐táctica   de  
remate;  

b)  Conduzindo  a  bola  na  direcção  da  baliza  adversária  caso  não  tenha  colega  em  posição  
mais  ofensiva  e  tenha  espaço  para;  

c)   Assumir   a   iniciativa   driblando   o   adversário   directo,   no   sentido   de   ganhar   espaço   para  


procurar  o  golo  ou  conquistar  posições  mais  ofensivas;  

d)  Verificando  a  impossibilidade  de  realizar  de  forma  segura  a  continuidade  do  processo  
ofensivo  na  direcção  da  baliza  adversária  (pelo  facto  do  adversário  ter  fechado  o  ângulo  
de   ataque),   procurar   uma   solução   de   continuidade   através   da   execução   de   um   passe  
para  um  apoio  à  retaguarda  (cobertura  ofensiva)  no  sentido  de  virar  o  ângulo  de  ataque.    

3.9 TÉCNICA  DE  CRUZAMENTO  

3.9.1 Conceito  
Acção   individual   de   natureza   ofensiva   que   permite   ao   jogador   com   a   posse   da   bola,  
estabelecer  um  sistema  de  comunicação  material  com  os  seus  companheiros  de  equipa,  
com   características   especiais,   executado   no   último   terço   de   campo,   nos   corredores  
laterais  e  dirigido  para  a  zona  predominante  de  finalização  (grande  -­‐  área).  

3.9.2 Objectivo  
Estabelecer  um  meio  de  colaboração  no  jogo  com  os  restantes  colegas  de  equipa,  numa  
fase  terminal  do  processo  ofensivo.  

3.10 TÉCNICA  DE  DESMARCAÇÃO  


Embora   não   se   habitual   considerar   os   aspectos   relativos   à   técnica   de   desmarcação,  
como  uma  acção  do  jogo  de  futebol,  nós  consideramo-­‐la  pelo  facto  de  fazer  parte  dos  
conteúdos   a   ensinar   no   âmbito   do   futebol,   permitindo   um   jogo   mais   dinâmico   e  

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colocando  os  seus  aspectos  operacionais  no  nível  consciente  do  jogador,  para  resolver  
situações  particulares  de  jogo.  

3.10.1 Conceito  
Conjunto   de   acções   motoras   utilizadas   por   um   jogador,   no   sentido   de   se   libertar   da  
acção  directa  de  marcação  individual  por  parte  do  adversário,  para  participar  de  forma  
eficaz  no  processo  ofensivo  da  sua  equipa.  

3.10.2 Objectivos  
Fugir  à  marcação  individual  do  adversário.  

Tirar  partido  de  uma  vantagem  espaço  -­‐  temporal.  

3.10.3 Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  


1   –   Os   movimentos   dos   jogadores   deverão   caracterizarem-­‐se   por   acções   "explosivas",  
visando  em  última  instância,  surpreender  ou  iludir  o(s)  adversário(s),  no  sentido  de  fugir  
à  sua  marcação.  

2   -­‐   Os   movimentos   dos   jogadores   deverão   ser   realizados   com   mudanças   rápidas   de  
ritmo  e  direcção  da  corrida.  

3   -­‐   Os   movimentos   dos   jogadores   deverão   utilizar   pequenas   e   rápidas   fintas   de  


simulação   no   sentido   da   corrida   (deslocamentos   rápidos   e   de   sentido   inverso   àquele  
para  onde  pretende  verdadeiramente  deslocar-­‐se).  

4  –  Quando  os  jogadores  se  encontram  próximo  ou  no  centro  do  jogo,  devem  privilegiar  
movimentos   no   sentida   da   aproximação   da   bola,   seguidos   de   movimentos   de  
afastamento  desta.  

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3.11 TÉCNICA  DE  LANÇAMENTO  DE  LINHA  LATERAL  

3.11.1 Conceito  
Acção   motora   definida   no   quadro   das   leis   do   jogo   (Lei   XV),   executado   com   as   mãos,  
utilizado  para  reposição  da  bola  em  jogo  quando  esta  sai  pelas  linhas  laterais  do  terreno  
de  jogo.  

3.11.2 Objectivo  
Iniciar   ou   dar   continuidade   ao   processo   ofensivo   da   equipa,   colocando   a   bola   num  
companheiro  livre  de  oposição  directa.  

3.11.3 Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  


Na  execução  do  lançamento  de  linha  lateral,  o  jogador  deve  respeitar  um  conjunto  de  
aspectos   para   a   sua   correcta   expressão   motora.     Estes   aspectos,   no   momento   do  
lançamento,  são:  

1   -­‐   O   jogador   que   executa   o   lançamento   deve   ter   o   seu   corpo   voltado   para   o   terreno   de  
jogo;  

2   -­‐   Ter   os   dois   pés   na   faixa   de   terreno   exterior   à   linha   lateral   (no   momento   do  
lançamento   os   pés   devem   estar   sempre   em   contacto   com   o   solo)   ou   pisar   parcialmente  
esta  linha;  

3  -­‐  Segurar  a  bola  com  as  duas  mãos;  

4    -­‐  Lançar  a  bola  por  detrás  da  nuca  e  por  cima  da  cabeça;  

3.12 TÉCNICAS  DE  GUARDA-­‐REDES  

3.12.1 Conceito  
Conjunto  das  acções  específicas  executadas  pelo  guarda-­‐redes  no  processo  ofensivo  da  
sua  equipa.  

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3.12.2 Objectivos  
Relançar  o  processo  ofensivo  da  sua  equipa  

Participar  no  processo  ofensivo  da  equipa  

3.12.3 Acções    
O   conjunto   de   acções   técnico-­‐tácticas   de   natureza   ofensiva,   executadas   pelo   guarda-­‐
redes  são:  

    Reposição  da  bola  em  jogo  

    Possibilitar   a   manutenção   da   posse   de   bola,   no   desenrolar   do   processo  


ofensivo  

    Participação   nos   esquemas   tácticos   ofensivos   (Pontapés   de   canto,  


Pontapé  de  grande  penalidade,  Livres  e  Pontapé  de  baliza.  

3.12.4 Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  


  1  -­‐  A  reposição  da  bola  em  jogo  pelo  guarda-­‐redes  pode  ser  realizada  com  o  pé  
ou  com  a  mão.    Em  qualquer  das  circunstâncias  deve  ser  dirigida  a  um  companheiro  de  
equipa  para  assegurar  a  continuidade  do  processo  ofensivo.  

  2   -­‐   Na   colocação   da   bola   à   mão   num   companheiro,   todo   o   corpo   participa   no  


movimento   através   do   estabelecimento   de   um   arco   de   tensão,   da   mobilização   do  
membro  superior  e  do  "continuum"  de  movimento  do  corpo  para  diante.  

  3  -­‐  A  colocação  da  bola  através  de  um  pontapé  deve  ser  realizada  com  a  máxima  
amplitude   de   movimento   se   pretender   colocar   a   bola   longe,   e   utilizando  
preferencialmente  o  movimento  da  perna  se  se  pretender  colocar  a  bola  mais  perto  e  
mais  colocada.  

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  4   –   A   quando   da   solicitação   do   guarda-­‐redes   no   jogo   da   equipa   (perante   a  
pressão  defensiva  adversária  sobre  o  portador  da  bola)  este  pode  fornecer  uma  linha  de  
passe  segura,  assegurando  a  cobertura  ofensiva  da  equipa.  Netas  circunstâncias,  o  passe  
dirigido  ao  guarda-­‐redes,  deve  respeitar  o  seguinte:  

a)  O  passe  deve  ser  “limpo”,  ou  seja,  a  bola  deve  ser  enviada  ao  guarda-­‐redes  de  modo  a  
que  este  tenha  uma  intervenção  fácil  sobre  a  bola.  

b)   O   passe   deve   ser   dirigido   para   fora   dos   limites   da   baliza,   numa   acção   preventiva,  
salvaguardando   um   possível   erro   do   guarda-­‐redes   e   desta   forma   a   bola   poder   entrar   na  
baliza.  

c)   As   condições   climatéricas,   o   estado   do   terreno   de   jogo,   o   clima   emocional   do   guarda-­‐


redes   e   a   carga   psicológica   que   envolve   o   jogo   podem   condicionar   a   pertinência   da  
realização  deste  tipo  de  passes.  

  5   –   As   preocupações   do   guarda-­‐redes   e   restante   equipa   na   resposta   à   sua  


ausência  da  baliza:  

a)   Recuperar   defensivamente,   após   constatar   o   baixo   grau   de   probabilidade   de  


intervenção  na  acção  ofensiva  para  assim  assegurar  rapidamente  a  defesa  da  sua  baliza.  

b)   Retardar   o   relançamento   do   processo   ofensivo   adversário   através   de   acções   a  


desenvolver  relativamente  ao  local  onde  se  encontra  a  bola.    Estas  acções  traduzem-­‐se  
no   encurtamento   das   distâncias   de   dois   ou   mais   jogadores   em   relação   ao   adversário  
com  bola.  

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4 ACÇÕES  INDIVIDUAIS  DA  DEFESA  

4.1 O  DESARME  

4.1.1 Conceito  
Acção   individual   de   natureza   defensiva   que   permite   retirar   a   posse   da   bola   ao  
adversário.  

4.1.2 Objectivo  
Recuperar  a  posse  da  bola  

4.1.3 Classificação  
Podem-­‐se  considerar  fundamentalmente  duas  formas  de  desarme:  

Desarme  frontal  -­‐  que  consiste  em  impedir  o  avanço  do  adversário  com  bola  de  frente  
para  ele  na  luta  pela  conquista  da  bola;  

Desarme  lateral  -­‐  consiste  na  procura  de  desarmar  o  adversário  lateralmente:  

a)   Deslocando-­‐se   ao   lado   do   adversário   com   a   bola   esperando   o   momento   de   intervir  


sobre  a  bola;  

b)  Na  impossibilidade  de  se  deslocar  ou  colocar  ao  lado  do  adversário  com  a  posse  da  
bola,   deslocar-­‐se   ligeiramente   atrás   procurando   o   momento   certo   para   fazer   um  
desarme   em   queda1   (Tackle)   deslizando   no   terreno   de   jogo   (“carrinho”)   para   intervir  
sobre  a  bola.      

1 Com as novas alterações às leis do jogo, esta acção pode ser sancionada disciplinarmente. Por esta razão
e pela probabilidade de insucesso na tarefa, é um comportamento motor a utilizar só em situações de
recurso.
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4.1.4 Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  
  1  -­‐  O  jogador  a  realizar  o  desarme  deve  deslocar-­‐se  rapidamente  em  direcção  ao  
adversário   com   bola,   parando   a   uma   distância   suficiente   a   fim   de   se   preparar   para   a  
"acção"  em  perfeito  equilíbrio.  

  2  -­‐  Deve  colocar-­‐se  em  posição  básica.  

  3   -­‐   Deve   esperar   a   iniciativa   do   jogador   com   bola,   controlando   a   sua  


movimentação.  

  4  -­‐  O  momento  adequado  para  o  desarme,  é  o  instante  em  que  o  opositor  perde  
momentaneamente  o  contacto  com  a  bola.  

  5   -­‐   A   acção   de   desarme   deve   ser   realizada   com   decisão,   quando   o   jogador   sentir  
que  a  sua  acção  apresenta  uma  alta  percentagem  de  êxito.  

4.2 A  MARCAÇÃO  

4.2.1 Conceito  
Numa   definição   geral,   podemos   considera-­‐la   como   uma   acção   individual   de   natureza  
defensiva  que  visa  a  inutilização  de  espaços  livres  e  das  movimentações  do  adversário.    
Apesar  da  sua  operacionalidade  em  termos  individuais,  a  sua  eficácia  é  elevada  quando  
se  apresenta  como  resultado  de  uma  acção  coordenada  de  vários  jogadores.    Por  esta  
razão,  ela  apresenta  uma  forte  dimensão  colectiva.  

Se   nos   referirmos   à   acção   individual   de   marcação,   ao   portador   da   bola,   podemos  


considerar  a  seguinte  definição:  

Acção   individual   de   natureza   defensiva   que   visa   construir   um   obstáculo   móvel   ao  


portador   da   bola,   no   sentido   de   controlar   as   suas   movimentações,   limitar   a   sua  
capacidade  de  iniciativa  ofensiva  e  fazer  parar  o  processo  ofensivo  adversário  através  da  
recuperação  da  posse  de  bola.  

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4.2.2 Objectivos  
Evitar   que   o   adversário   penetre   em   zonas   vitais   do   terreno   de   jogo   com   a   bola  
controlada.  

4.2.3 Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  


  1   -­‐   A   marcação   deverá   ser   realizada   pelo   jogador   mais   próximo   do   adversário  
com   a   posse   da   bola   (1º   atacante),   imediatamente   após   a   sua   equipa   perder   a   posse   da  
bola.  

  2  -­‐  O  1º  defesa  (aquele  que  marca  o  adversário  com  bola)  deve  colocar-­‐se  entre  
o  1º  atacante  e  a  sua  baliza.  

  3   -­‐   Deverá   aproximar-­‐se   o   mais   rapidamente   possível   do   adversário   com   a   posse  


da  bola,  se  possível  antes  deste  a  dominar,  diminuindo  de  velocidade  à  medida  que  se  
aproxima,  por  forma  a  poder  reagir,  mudando  de  direcção,  se  necessário.  

4  -­‐  Deverá  assumir  um  posicionamento  de  base,  apresentando  uma  ligeira  flexão  
dos   joelhos   (baixando   o   centro   de   gravidade   -­‐   adquirindo   maior   estabilidade),   e  
colocando   um   dos   apoios   mais   avançado   de   que   o   outro   (posicionando-­‐se   de   forma   a  
que  a  linha  de  “ombros”  seja  obliqua  à  linha  de  progressão  do  atacante).  

5   -­‐   O   posicionamento   base   na   marcação   deverá   assumir   alguma   iniciativa,  


"forçando"   a   orientação   das   acções   adversárias   para   zonas   menos   ofensivas,   e,   nesse  
sentido,  deve  ser  o  pé  mais  avançado  em  função  de:  

a)   Proximidade   de   um   dos   corredores   laterais   -­‐   assim,   se   a   situação   momentânea   de  


jogo  decorre  no  corredor  lateral  direito,  o  pé  mais  avançado  deverá  ser  o  esquerdo,  se  
por   outro   lado,   decorrer   no   corredor   lateral   esquerdo,   o   pé   mais   avançado   deverá   ser   o  
direito;    

b)   Pé   dominante   (aquele   que   apresenta   melhores   índices   de   execução   técnica   -­‐  


sobretudo  no  remate)  do  adversário  -­‐  quando  a  situação  momentânea  do  jogo  decorre  
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sobre   o   corredor   central   o   defesa   deverá   apresentar   como   apoio   mais   avançado   o   pé  
direito   caso   o   adversário   com   a   posse   da   bola   for   canhoto,   ou,   por   outro   lado,   o   pé  
esquerdo   se   o   adversário   for   destro,   para   assim   procurar   "forçar"   o   adversário   a  
desenvolver  as  suas  acções  sobretudo  para  o  lado  do  pé  não  dominante.  

  6   -­‐   A   partir   da   sua   posição   de   base   e   em   função   da   capacidade   de   progressão   do  


atacante   com   bola,   deverá   deslizar   com   a   movimentação   do   adversário,   não   elevando   o  
centro  de  gravidade  e  mantendo  sempre  um  dos  pés  em  contacto  com  o  solo.  

  7   -­‐   O   defesa   deverá   manter   continuamente   a   estabilidade   da   sua   posição   de  


base,  resistindo  à  tentação  de  procurar  desarmar  o  atacante  deslizando  pelo  chão  (vulgo  
Tackle  ou  “carrinho”)  ou  sem  qualquer  garantia  de  êxito  nessa  acção,  para,  desse  modo,  
não  ser  rapidamente  ultrapassado.  

8  -­‐  A  marcação  poderá  ser  realizada:  

a)  Por  trás  do  adversário  com  a  posse  da  bola,  no  sentido  de  o  obrigar  a  executar  as  suas  
acções  técnico-­‐tácticas  em  direcção  à  sua  própria  baliza;    

b)   Ao   lado,   se   a   acção   técnico-­‐táctica   decorre   num   dos   corredores   laterais   para   desse  
modo,   manter   a   bola   numa   zona   do   terreno   de   jogo   menos   ofensiva   (menos  
probabilidades  de  existir  remates  com  êxito);  

c)  De  frente  para  o  adversário,  quando  este  já  tem  a  bola  perfeitamente  controlada  e  se  
encontra  enquadrado  com  a  baliza  pretendendo  orientar  as  suas  acções  em  direcção  a  
ela.  

9   -­‐   Na   sua   acção   de   marcação   o   defesa   deverá   assumir   uma   distância   ao  


adversário  com  a  posse  da  bola  que  será  sempre  função  da  inter-­‐relação  dos  seguintes  
factores:    

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a)  Zona  do  terreno  de  jogo  onde  se  verifica  a  situação  -­‐  quanto  mais  próximo  da  baliza  
se  encontra  o  atacante  com  posse  da  bola,  menor  deverá  ser  a  distância  de  marcação  
entre  o  defesa  e  o  atacante;  

b)   Posição   do   atacante   em   relação   à   baliza   -­‐   se   o   atacante   com   a   posse   da   bola   se  


encontra  posicionado  de  "frente"  para  a  baliza  adversária,  o  defesa,  caso  seja  o  último,  
deverá   aumentar   a   distância   de   marcação,   para,   desse   modo,   evitar   ser   surpreendido  
por   ele.     Se   por   outro   lado   o   atacante   se   encontrar   posicionado   "de   costas"   ou  
eventualmente  "de  lado"  o  defesa  deverá  diminuir  a  distância  de  marcação  no  sentido  
de  evitar  que  o  atacante  rode  em  direcção  à  sua  baliza;  

c)   Capacidade   técnico-­‐táctica   do   atacante   com   a   posse   da   bola   -­‐   quanto   maior   for   a  
capacidade  do  atacante  em  driblar,  maior  deverá  ser  a  distância  de  marcação,  por  forma  
a   ter   tempo   e   espaço   necessários   para   recuperar   uma   posição   defensiva   equilibrada   e  
eficiente;  

d)   Capacidade   técnico-­‐táctica   do   defesa   -­‐   quanto   maior   for   a   capacidade   do   defesa  


desarmar,   menor   deverá   ser   a   distância   de   marcação   entre   este   e   o   atacante   com   a  
posse  da  bola;  

e)   Existência   de   acções   de   cobertura   defensiva   -­‐   quando   a   marcação   ao   atacante   com  


posse   da   bola   é   feita   beneficiando   do   apoio   de   um   companheiro   (situação   de   1x2)   a  
distância   de   marcação   deverá   diminuir,   no   sentido   de   assumir   uma   maior   iniciativa  
perante  o  atacante  visando  a  recuperação  imediata  da  posse  da  bola,  uma  vez  que,  se  
falhar   nesta   acção   sabe   que   imediatamente   o   colega   em   cobertura   tomará  
integralmente  e  sem  demoras  a  sua  função;    

f)   Existência   de   acções   de   cobertura   ofensiva   -­‐   quando   a   marcação   é   feita   em  


inferioridade   numérica   (2x1)   o   defesa   deverá   assumir   uma   maior   distância   de   marcação  
por   forma   a   temporizar   (demorando   ao   máximo   o   desenvolvimento   do   processo  

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ofensivo,   procurando   a   recuperação   defensiva   dos   seus   colegas,   e   evitando   por   outro  
lado  ser  imediatamente  ultrapassado  pela  superioridade  numérica  dos  atacantes).  

4.3 A  INTERCEPÇÃO  

4.3.1 Conceito  
Acção   individual   de   natureza   defensiva   que   permite   a   interposição   de   um   segmento  
corporal  na  trajectória  da  bola,  desviando-­‐a  da  sua  direcção  original.  

4.3.2 Objectivos  
Temporizar  (retardar)  e  perturbar  o  processo  ofensivo  adversário.  

Permitir  a  recuperação  da  posse  da  bola.  

4.3.3 Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  


  1   -­‐   O   jogador   para   realizar   a   intercepção,   deve   posicionar-­‐se   de   forma   a   estar  
pronto  para  a  acção.  

  2  -­‐  O  jogador  deve  estar  atento  à  realização  do  passe,  entre  os  adversários.  

  3   -­‐   O   jogador   deve   desenvolver   a   sua   acção,   se   tiver   a   certeza   de   êxito   na   sua  
intervenção.  

-­‐   Em   caso   de   não   -­‐   intervenção,   o   jogador   deve   continuar   a   assegurar   a   cobertura  
defensiva.  

4.4 A  CARGA  

4.4.1 Conceito  
Acção   individual   de   natureza   defensiva,   permitida   pelas   leis   do   jogo,   através   de   um  
contacto   físico   “ombro   a   ombro”   (carga)   entre   dois   jogadores   na   luta   directa   pela   posse  
de  bola.  

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4.4.2 Objectivo  
Utilizar  todos  os  meios  legais  para  perturbar  o  adversário  em  posse  de  bola  

4.4.3 Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  


As  leis  do  jogo  apenas  permitem  a  utilização  das  seguintes  superfícies  corporais,  pelos  
jogadores   que   realizam   esta   acção:   (i)   ombro   contra   ombro,   e   (ii)   ombro   contra  
espádua.  

Outro   aspecto   a   considerar   nesta   acção   prende-­‐se   com   o   momento   da   sua   realização.    
De  acordo  com  a  avaliação  do  árbitro,  a  bola  deve  estar  numa  posição  que  permita  a  sua  
disputa  (com  contacto  físico  por  parte  dos  jogadores  em  causa)  de  forma  legal.  

O  momento  mais  adequado  para  o  defesa  realizar  esta  acção,  é  quando  o  atacante  se  
apoia  na  perna  mais  afastada  (perna  de  fora),  sendo  mais  fácil  este  perder  o  equilíbrio  e  
o  controlo  da  bola.    

4.5 PRINCÍPIOS  DEFENSIVOS  (CONTENÇÃO)  

4.5.1 Conceito  
Consiste   nas   normas   base   de   orientação   que   determinam   a   atitude   do   jogador   mais  
próximo  do  adversário  com  a  posse  da  bola,  coordenando  e  dirigindo  em  simultâneo,  a  
realização  de  todas  as  suas  acções  técnico-­‐tácticas,  no  sentido  de  recuperar  a  posse  de  
bola.  

4.5.2 Objectivos  
Paragem  do  ataque.  

Dar  tempo  para  a  organização  defensiva.  

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4.5.3 Aspectos  a  Considerar  a  sua  Execução  Prática  
1  -­‐  Imediatamente  após  a  perda  de  posse  da  bola  para  a  equipa  adversária,  o  jogador  
mais   próximo   do   adversário   com   a   posse   da   bola   deverá   manifestar   de   imediato   uma  
alteração   de   atitude   assumindo   um   conjunto   de   acções   (ver   aspectos   descritos   na  
marcação   ao   portador   da   bola   no   ponto   4.2.3)   que   procurem   a   defesa   da   baliza   e   a  
recuperação  da  posse  da  bola.  

2   -­‐   Assim,   deverá,   após   análise   da   situação   e   percebendo   que   é   o   jogador   mais   próximo  
do  adversário  com  a  posse  da  bola,  orientar  as  suas  acções  técnico-­‐tácticas  em  função  
do  adversário  com  a  posse  da  bola:  

a)Reagindo  imediatamente  à  perda  de  posse  da  bola;    

b)   Colocar-­‐se   entre   o   adversário   com   a   posse   da   bola   e   a   sua   baliza   (ver   Marcação,  
4.2.3);  

c)  Observar  a  bola  e  reagir  apenas  em  função  desta.  

3   -­‐   Procurar   retardar   as   acções   do   adversário,   no   sentido   de   temporizar   até   à  


recuperação   defensiva   dos   colegas,   colocando-­‐se   no   sentido   de   procurar   desarmar  
apenas  com  a  certeza  de  êxito  (ver  Desarme,  4.1.4  e  Marcação,  4.2.3).  

4   -­‐   Procurar   orientar   as   acções   técnico-­‐tácticas   do   adversário   para   posições   menos  


ofensivas:  

a)  Posicionando-­‐se  oferecendo  os  corredores  laterais  ao  adversário;  

b)  Procurar  o  desarme  no  momento  em  que  o  adversário  perde  momentaneamente  o  


contacto  com  a  bola;  

c)  Procurar  antecipar  a  execução  do  passe  por  parte  do  adversário,  interceptando-­‐o.  

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4.6 TÉCNICAS  DE  GUARDA-­‐REDES  

4.6.1 Conceito  
Conjunto  das  acções  específicas  executadas  pelo  guarda-­‐redes  no  decorrer  do  processo  
defensivo  da  sua  equipa.  

4.6.2 Objectivo  
Protecção/defesa  da  baliza  (evitar  o  golo)  

4.6.3 Acções  
As  acções  técnico-­‐tácticas  de  natureza  defensiva,  do  guarda-­‐redes  são:  

  Agarrar  a  bola  

  Intervenção  a  “soco”  

  Desvios    

  Jogo  de  baliza  

4.6.4 Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  


A  -­‐  Agarrar  a  bola  

Nas  acções  de  agarrar  a  bola,  o  guarda-­‐redes  pode  utilizar  as  seguintes  variantes:  

Recolha  da  bola  junto  ao  solo,  a  meia  altura  e  alta.  

Agarrar  a  bola  com  "lançamentos"  (estiramentos)  laterais,  frontais  e  à  retaguarda.  

Bloqueio  da  bola  (encaixe)  ao  nível  da  cintura  e  abaixo  da  cintura.  

Para  executar  estas  acções  deve  ter  presente  as  seguintes  preocupações:  

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  (i)   -­‐   Na   recolha   da   bola   que   rola   junto   ao   solo,   as   mãos   devem   colocar-­‐se   em  
forma  de  concha,  com  os  dedos  polegares  afastados  e  os  dedos  mínimos  próximos.  

  (ii)  -­‐  Na  recolha  da  bola  a  meia  altura  ou  alta,  as  mãos  do  guarda-­‐redes  devem  
colocar-­‐se   em   forma   de   concha,   com   os   dedos   polegares   próximos   um   do   outro,   de  
modo   a   oferecer   à   bola   uma   superfície   adequada   de   recepção   que   impeça   a   sua  
progressão  para  a  baliza.  

  (iii)   -­‐   Em   qualquer   das   circunstâncias   referidas,   uma   bola   recebida   deve   ser  
sempre  protegida  à  altura  do  peito.  

  (iv)   -­‐   Na   bola   que   rola   longe,   em   que   é   necessário   o   guarda-­‐redes   "lançar-­‐se"  
para  se  opor  à  sua  trajectória,  a  mão  do  lado  do  "voo"  deve  fazer  de  "parede",  enquanto  
a   mão   contrária   recolhe   a   bola,   arrastando-­‐a   junto   ao   solo.     Os   membros   inferiores  
devem  flectir  ("fechar")  encaixando  a  bola  junto  ao  peito.  

B  -­‐    Intervenção  a  "soco"  (socar  a  bola)  

  (i)   -­‐   Quando   não   é   possível   agarrar   a   bola,   o   guarda-­‐redes   deve   socá-­‐la   para  
zonas   de   menor   perigo,   utilizando   uma   ou   as   duas   mãos   (em   posição   de   “punho  
fechado”),  com  a  superfície  regular  oferecida  pela  primeira  falange  dos  dedos.  

C  -­‐    Desvios  (desviar  a  trajectória  da  bola)  

  (i)   -­‐   Quando   não   é   possível   agarrar   ou   socar   a   bola     e   se   pretende   fazer   um  
desvio   na   sua   trajectória   (bola   alta),   o   guarda-­‐redes   deverá   utilizar   os   dedos   para   o  
fazer,   virando   a   palma   da   mão   para   cima   através   do   envio   do   braço   contrário   ao   lado  
para   onde   a   bola   é   dirigida.     Durante   esta   acção,   e   como   consequência   do   movimento   a  
realizar,  o  guarda-­‐redes  deve  rodar  pelo  eixo  determinado  pelo  membro  inferior  do  lado  
de  onde  vem  a  bola  e  ficar  voltado  para  a  sua  baliza.  

  (ii)   -­‐   Nos   desvios,   a   bola   deve   ser   acompanhada   na   sua   trajectória   e  
progressivamente  condicionada  até  à  consecução  do  objectivo.  
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D  -­‐    "Jogo"  de  baliza  

Referimo-­‐nos   à   coordenação   das   acções   técnico-­‐tácticas   desenvolvidas   pelo   guarda-­‐


redes  para  assegurar  a  defesa  da  baliza.    Podemos  considerar  as  acções  do  guarda-­‐redes  
entre  os  postes  e  as  que  realiza  fora  dos  postes.  

  (i)   -­‐   Quando   um   jogador   adversário   com   bola   se   encontra   isolado   perante   o  
guarda-­‐redes,   este   deve   sair   dos   postes   ao   encontro   do   jogador   com   bola,   realizando  
contenção  e  "fechando"  o  ângulo  de  remate  ao  seu  opositor.  

  (ii)   -­‐   O   sentido   de   queda   na   saída   dos   postes   deverá,   caso   o   guarda-­‐redes   não   se  
tenha   apercebido   da   trajectória   provável   da   bola   em   função   do   remate   do   atacante,   ser  
determinado   pelo   local   de   onde   a   bola   for   rematada:     queda   para   a   sua   esquerda  
quando  a  bola  se  encontra  do  lado  esquerdo,  ou  queda  para  a  sua  direita  se  a  bola  se  
encontrar  do  lado  direito.  

5 ACÇÕES  COLECTIVAS  ELEMENTARES  DO  ATAQUE  

5.1 COMBINAÇÕES  TÁCTICAS  

5.1.1 Conceito  
Coordenação  das  acções  individuais  e  colectivas  de  dois  ou  mais  jogadores,  numa  certa  
fase   do   jogo,   com   o   fim   de   realizar   uma   tarefa   parcial   (temporária)   e   específica   do   jogo,  
assegurando  a  criação  de  condições  mais  favoráveis,  em  termos  numéricos,  espaciais  e  
temporais.  

5.1.2 Objectivos  
Romper  o  equilíbrio  da  organização  defensiva  adversária.  

Colocar  o  jogador  com  posse  de  bola,  em  espaços  mais  ofensivos  e  livre  de  oposição.  

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5.1.3 Classificação  
As  combinações  tácticas  podem  ser  classificadas  atendendo  aos  seguintes  tipos:  

  Simples   -­‐   quando   realizadas   a   dois   jogadores   respeitando   o   binómio   -­‐   passa   e  
vai.  

  Directas  -­‐  quando  realizadas  por  dois  jogadores  e  respeitando  o  trinómio  -­‐  passa,  
vai  e  recebe  (vulgo  “tabelinha”).  

  Indirectas   -­‐   quando   realizadas   por   três   jogadores   para   resolver   uma   situação  
específica  do  jogo,  normalmente  associada  à  grande  concentração  de  jogadores,  falta  de  
espaços  livres  e  centro  de  jogo  organizado  defensivamente  (vulgo  triangulações).  

5.1.4 Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  


  1  -­‐  O  portador  da  bola  deverá  "fixar"  a  acção  do  adversário  directo  (penetração).  

  2   -­‐   Após   o   passe   deverá   deslocar-­‐se   de   forma   a   ter   sempre   a   bola   no   seu   campo  
visual,  pronto  a  recebê-­‐la.  

5.1.5 Cortinas  /  Écrans  

5.1.5.1 Conceito  
As  cortinas  /  écrans  são  uma  forma  especial  das  combinações  tácticas,  realizadas  por  um  
ou   mais   jogadores   que   se   colocam   de   forma   a   perturbar   a   acção   defensiva   adversária  
(leitura   táctica   ou   impedimento   da   acção   defensiva)   com   o   fim   de   realizar   uma   tarefa  
parcial   (temporária)   e   específica   do   jogo,   assegurando   a   criação   de   condições   mais  
favoráveis,  em  termos  numéricos,  espaciais  e  temporais.    

As   cortinas   e   os   écrans   são   acções   técnico-­‐tácticas   que   apresentam   os   mesmos  


objectivos,     e   consequentemente   podem   ser   consideradas   com   uma   única   acção.    
Castelo  (1996,  pp.  315)  de  uma  forma  mais  profunda  e  rigorosa,  estabelece  a  diferença  
entre   estas   acções,   referindo   que   "os   écrans   diferem   das   cortinas   porque  

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consubstanciam  um  maior  tempo  durante  o  qual,  o(s)  defesa(s)  estão  sujeito  aos  efeitos  
desta  acção  técnico-­‐táctica".    

5.1.5.2 Objectivos    
Proteger  e  ajudar  as  acções  ofensivas  dos  companheiros  

Dificultar  o  acesso  e  a  visão  da  bola,  bem  como  da  sua  possível  trajectória  

5.2 DESLOCAMENTOS  OFENSIVOS  /  DESMARCAÇÕES  

5.2.1 Conceito  
Acções   individuais   de   natureza   ofensiva   desenvolvidas   no   contexto   das   acções  
colectivas,  com  a  finalidade  de  assegurar  em  última  instância  a  cooperação  e  coerência  
dinâmica   da   movimentação,   no   desenrolar   do   processo   ofensivo,   para   o   cumprimento  
dos   objectivos   fundamentais   do   ataque   (finalização,   progressão   e/ou   manutenção   de  
posse  da  bola).  

5.2.2 Objectivos  
Equilibrar  ou  reequilibrar  a  ocupação  racional  do  terreno  de  jogo.  

Criar,  ocupar  e  utilizar  de  forma  eficiente  os  espaços  de  jogo.  

Colocar  jogadores  livres  de  oposição  directa  dos  adversários  (fugir  à  marcação).  

5.2.3 Classificação  
Os   deslocamentos   ofensivos   /   desmarcações   podem   ser   classificados   quanto   à   forma,  
pela   relação   que   se   estabelece   entre   a   linha   final   (de   baliza)   e   a   trajectória   descrita   pelo  
deslocamento  do  jogador  no  terreno  de  jogo,  da  qual  resultam  as  4  formas  seguintes  de  
desmarcação/deslocamentos:  

  Directas   -­‐   quando   a   trajectória   da   desmarcação/deslocamento   é   perpendicular   à  


linha  final  do  terreno  de  jogo.  
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  Indirecta   -­‐   quando   a   trajectória   da   desmarcação/deslocamento   é   diagonal   à  
linha  final  do  terreno  de  jogo.  

  Simétrica   ou   paralela   -­‐   quando   a   trajectória   da   desmarcação/deslocamento   é  


paralela  à  linha  final  do  terreno  de  jogo.  

  Circular/complexa   -­‐   quando   a   trajectória   da   desmarcação/deslocamento   é  


circular  ou  não  perfeitamente  definida  ou  ainda  com  várias  mudanças  de  direcção.  

Os   deslocamentos   ofensivos   /   desmarcações   podem   ser   classificados   quanto   ao   tipo  


pela  relação  que  se  estabelece  entre  o  deslocamento  efectuado  e  o  objectivo  próximo  
perspectivado   pelo   jogador,   da   qual   resultam   os   4   seguintes   tipos   de  
desmarcação/deslocamento:  

  Apoio  -­‐  caracterizam-­‐se  fundamentalmente  por  deslocamentos  de  aproximação  


ao  colega  com  a  posse  da  bola,  no  sentido  de  procurarem  assegurar  a  manutenção  da  
posse  da  bola  

  Progressão   -­‐   caracterizam-­‐se   fundamentalmente   por   deslocamentos   de  


afastamento   em   relação   ao   colega   com   a   posse   da   bola   e   em   direcção   à   baliza  
adversária,  no  sentido  de  procurar  assegurar  a  progressão  da  bola  no  terreno  de  jogo.    

  Rotura  -­‐  objectivam  fundamentalmente  a  criação  de  situações  de  finalização  ou  
a   rotura   do   equilíbrio   da   estrutura   defensiva   adversária.   Deste   modo,   as  
desmarcações/deslocamentos   ofensivos   de   rotura   caracterizam-­‐se   pelo   afastamento   ou  
aproximação  ao  colega  com  a  posse  da  bola,  com  o  objectivo  imediato  de  assegurarem  
condições  para  a  finalização.  

  Equilíbrio   -­‐   caracterizam-­‐se   fundamentalmente   por   deslocamentos   a   espaços  


vitais   com   o   objectivo   de   assegurar   o   equilíbrio   da   organização   do   processo   ofensivo  
pela   racionalização   do   espaço   de   jogo   (mantendo   a   homogeneidade   e   compacticidade  
do  jogo  ofensivo),  bem  como,  pela  manutenção  de  uma  organização  ofensiva  em  função  

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da  relação  espaço/número  de  adversários  que  aí  evoluem  (evitando-­‐se  que  após  a  perda  
da  posse  da  bola  haja  a  possibilidade  de  contra-­‐ataque  por  parte  do  adversário).  

5.2.4 Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  


1   -­‐     Deverá   reagir   constantemente   ao   desenrolar   do   jogo   em   função   da   análise   às  
sucessivas  situações  momentâneas  do  jogo.  

2   -­‐   Os   deslocamentos   ofensivos   /   desmarcações   dos   jogadores   devem   respeitar   os  


aspectos  operacionais  da  técnica  de  desmarcação  descritas  no  ponto  3.10.3  

3  -­‐  Os  deslocamentos  ofensivos  /  desmarcações  deverão  ser  realizados  no  contexto  das  
acções   colectivas   inerentes   à   organização   geral   da   equipa,   visando   naturalmente,  
oferecer  um  maior  número  de  possibilidades  de  passe.  Assim,  o  jogador  que  desmarca  
deverá  sempre  considerar:  

NO  CENTRO  DO  JOGO  

  1   -­‐   Deslocar-­‐se   para   trás   do   colega   com   a   posse   da   bola,   dando-­‐lhe   cobertura  
(ver  princípios  ofensivos/COBERTURA  OFENSIVA),  caso  seja  o  jogador  mais  próximo  do  
portador  da  bola,  visando  a  solução  de  recurso  -­‐  manutenção  da  posse  da  bola.  

  2  -­‐  Deslocar-­‐se  para  o  lado  direito  ou  esquerdo  do  colega  com  a  posse  da  bola,  se  
este  já  beneficiar  de  cobertura  ofensiva,  dando-­‐lhe  a  2ª  linha  de  passe  do  lado  contrário  
ao  da  cobertura  e  à  frente  da  linha  da  bola,  visando  a  progressão  da  acção  ofensiva  (ver  
MOBILIDADE).  

  3   -­‐   Deslocar-­‐se   em   apoio,   por   aproximação   ao   colega   com   a   posse   da   bola,  


dando-­‐lhe   a   3ª   linha   de   passe   em   profundidade,   caso   seja   o   jogador   mais   próximo   do  
centro   de   jogo   e   colocado   bem   à   frente   da   linha   da   bola   (desmarcação/deslocamento  
ofensivo  característico  do  ponta  de  lança).  

FORA  DO  CENTRO  DO  JOGO  

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UTAD  -­‐  Gabinete  de  Futebol   39   Victor  Maçãs  /  José  Brito  
Maçãs,  V.  &  Brito,  J.  (2000)  Os  Factores  do  Jogo  em  Futebol  –  As  Acções  Técnico-­‐Tácticas.    
Série  Didáctica.  Ciências  Aplicadas  nº  149.  Vila  Real:  UTAD  
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  1  -­‐  Deslocar-­‐se  em  afastamento  do  colega  com  posse  da  bola,  se  este  já  possui  
linha   de   passe   (solução   táctica)   à   direita,   à   esquerda   (uma   destas   mais   recuada   -­‐  
cobertura)  e  em  profundidade,  no  sentido  de  libertar  espaço  (aclarar)  e/ou  de  arrastar  o  
adversário  directo  para  posição  mais  desfavorável.  

  2  -­‐  Deslocar-­‐se  para  o  espaço  nas  "costas"  da  última  linha  defensiva  adversária,  
ou   para   o   espaço   livre,   procurando   aproveitar   e   criar   as   dificuldades   que   um   passe   para  
essa  zona  cria  ao  adversário.  

  3  -­‐  Deslocar-­‐se  para  o  espaço  que  permita  equilibrar  e  racionalizar  a  repartição  


de  forças  no  terreno  de  jogo  (normalmente  "fechando"  o  espaço  bem  atrás  do  colega  
em  cobertura  ofensiva,  ou  um  espaço  médio  da  distancia  entre  as  linhas  laterais,  bem  
atrás   do   colega   em   cobertura   ofensiva),   ou   no   sentido   de   marcar   adversários   que  
possam  desempenhar  um  papel  preponderante  no  processo  ofensivo  (contra-­‐ataque).  

5.3 COMPENSAÇÕES/DESDOBRAMENTOS  

5.3.1 Conceito  
São   acções   individuais   e   colectivas   de   natureza   ofensiva,   que   visam   assegurar  
constantemente   a   ocupação   racional   do   terreno   de   jogo   pelo   assumir   das   funções   do(s)  
colega(s)   que   num   certo   momento   do   jogo   estão   envolvidos   na   realização   de   outras  
tarefas.  

5.3.2 Objectivos  
Ocupação  racional  do  terreno  de  jogo.  

Contínua  vigilância  sobre  os  adversários.  

Repartição  equilibrada  do  esforço  dos  jogadores.  

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UTAD  -­‐  Gabinete  de  Futebol   40   Victor  Maçãs  /  José  Brito  
Maçãs,  V.  &  Brito,  J.  (2000)  Os  Factores  do  Jogo  em  Futebol  –  As  Acções  Técnico-­‐Tácticas.    
Série  Didáctica.  Ciências  Aplicadas  nº  149.  Vila  Real:  UTAD  
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5.3.3 Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  
  1   -­‐   As   compensações/desdobramentos   deverão   ser   realizados   no   contexto   das  
acções   colectivas   inerentes   à   organização   geral   da   equipa,   visando   essencialmente  
equilibrar   e   racionalizar   a   repartição   de   forças   no   terreno   de   jogo.   Assim,   o(s)  
jogador(es)  que  a(s)  realiza(m)  deverá(ão)  considerar  o  seguinte:  

a)   Deslocar-­‐se   para   trás   do   colega   com   a   posse   da   bola   caso   seja   o   jogador   mais  
próximo,   dando-­‐lhe   cobertura   (ofensiva),   sempre   que   o   colega   nessas   funções   se  
desloque   p'rá   frente   da   linha   da   bola,   no   sentido   de   evitar   eventuais   desequilíbrios  
defensivos   marcando   e   vigiando   espaços   vitais   do   terreno   de   jogo   (ver   cobertura  
ofensiva);  

b)   Deslocar-­‐se   para   espaços   vitais,   normalmente   "fechando"   zonas   mais   próximas   do  


corredor  central  do  terreno  de  jogo  e  atrás  da  linha  da  bola,  sempre  que  os  colegas  de  
equipa  mais  recuados  integram  o  processo  ofensivo  e/ou  o  centro  de  jogo  ofensivo;  

c)  Marcar  os  adversários  que  não  estão  directamente  envolvidos  no  processo  defensivo  
da   sua   equipa   (normalmente   pontas   de   lança)   caso   seja   o   jogador   mais   próximo,  
sobretudo  quando  o(s)  central(ais)  integra(m)  o  processo  ofensivo  e/ou  o  centro  de  jogo  
ofensivo,  para,  desse  modo,  evitar  a  possibilidade  de  a  equipa  adversária  realizar  contra-­‐
ataques  que  possam  por  em  causa  o  equilíbrio  imediato  da  organização  defensiva;  

d)   Manter   o   equilíbrio   no   processo   ofensivo   da   equipa,   assumindo   funções   de  


jogador(es)   mais   recuado(s)   quando   estes   se   integram   no   processo   ofensivo,  
permitindo,   desta   maneira,   que   quando   terminada   a   acção   ofensiva   desse(s)   colega(s)  
possam  recuperar  de  forma  equilibrada,  quer  para  a  sua  função  específica  de  base,  quer  
do  esforço  despendido.  

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5.4 TEMPORIZAÇÃO  OFENSIVA  

5.4.1 Conceito  
São   acções   técnico-­‐tácticas   individuais   e   colectivas   de   natureza   ofensiva   que   visam  
assegurar   as   condições   mais   favoráveis   ao   cumprimento   dos   objectivos   tácticos  
momentâneos  (temporários),  da  equipa.  

5.4.2 Objectivo  
Ganhar   o   tempo   necessário   para   assegurar   o   cumprimento   dos   objectivos   tácticos  
momentâneos  (temporários)  da  equipa,  no  processo  ofensivo.  

5.4.3 Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  


1   -­‐     A   temporização   ofensiva   deverá   ser   realizada   no   contexto   das   acções   colectivas,  
exigindo   grande   capacidade   de   análise   e   raciocínio   táctico,   por   forma   a   conciliar   uma  
intenção   táctica   individual   com   uma   intenção   táctica   colectiva.   Assim,   o(s)   jogador(es)  
que  a(s)  realiza(m)  deverá(ão)  considerar  o  seguinte:  

a)  Atrair  sobre  si  a  atenção  de  um  ou  vários  adversários,  caso  seja  o  portador  da  bola,  
pela  manifestação  de  uma  intenção  claramente  ofensiva  (ver  penetração),  no  sentido  de  
diminuir  a  vigilância  ou  marcação,  quer  aos  seus  colegas  que  poderão  ser  solicitados  a  
qualquer  momento  pela  execução  de  um  passe,  quer  a  determinados  espaços  de  jogo  
vitais  a  serem  rapidamente  explorados  por  um  rápido  deslocamento  para  os  mesmos  de  
outros  atacantes;  

b)   Retardar   a   execução   da   acção   técnico-­‐táctica   escolhida,   caso   seja   o   portador   da   bola,  


no   sentido   de   possibilitar,   dando   tempo,   a   que   os   colegas   de   equipa   se   desloquem   e  
posicionem  em  espaços  vitais  de  jogo  (colocação  no  ataque),  ou  por  outro  lado,  que  o(s)  
colega(s)  saia(m)  de  posições  irregulares  (fora-­‐de-­‐jogo);  

c)   Manter   a   posse   da   bola,   caso   seja   o   seu   portador,   ou,   num   contexto   colectivo,  
contribuir  para  a  sua  manutenção  pelo  deslocar-­‐se  para  posições  que  ofereçam  outras  

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soluções   técnico-­‐tácticas   de   passe,   no   sentido   de,   por   um   lado,   proporcionar   o  
restabelecimento   físico   de   certos   jogadores,   e   por   outro,   exercer   pressão   psicológica  
sobre   o   adversário   (sobretudo   quando   este   se   encontra   a   perder),   quebrando   o   seu  
ritmo  de  jogo;  

d)   Adequar   o   momento   (retardando   ou   acelerando)   da   execução   de   determinadas  


acções  ofensivas  (sobretudo  das  desmarcações),  à  acção  do  colega  com  a  posse  da  bola,  
visando   em   última   instância   surpreender   ou   iludir   o(s)   adversário(s),   no   sentido   de   fugir  
à  sua  marcação.  

5.5 PRINCÍPIOS  OFENSIVOS  

5.5.1 COBERTURA  OFENSIVA  

5.5.1.1 Conceito  
Consiste   nas   normas   base   de   orientação   que   determinam   a   atitude   do   jogador   (2º  
atacante)   mais   próximo   do   colega   com   a   posse   da   bola,   coordenando   e   dirigindo   em  
simultâneo,   a   realização   de   todas   as   suas   acções   técnico-­‐tácticas,   no   sentido   de   lhe  
proporcionar  apoio.  

5.5.1.2 Objectivos  
Apoio  ao  colega  com  a  posse  da  bola.  

Manter  o  equilíbrio  defensivo.  

5.5.1.3 Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  


  1   -­‐   Deverá,   após   se   aperceber   que   é   o   jogador   mais   próximo   do   colega   com   a  
posse   da   bola,   alterar   de   imediato   a   sua   atitude,   no   sentido   de   lhe   proporcionar   uma  
acção  de  cobertura  (atrás  da  linha  da  bola).  

Assim,  deve:  

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a)   Deslocar-­‐se   para   trás   do   colega   com   a   posse   da   bola   dando-­‐lhe   uma   linha   de   passe  
segura   e,   por   esse   motivo,   de   recurso   (quando   ao   jogador   com   a   posse   da   bola   não  
restar  outra  solução  técnico-­‐táctica)  no  sentido  de  assegurar  a  manutenção  da  posse  da  
bola.  

b)  Assumir  com  o  colega  de  posse  da  bola  uma  determinada  distância:  

(i)  Que  seja  suficientemente  longe  que  constitua  uma  linha  de  passe  segura  -­‐  que  
dê   tempo   suficiente   para   receber   e   controlar   a   bola,   analisar   a   situação,   decidir   e  
executar;  

(ii)  Que  seja  suficientemente  perto  para  poder  assumir  a  contenção,  se  o  colega  
perder  a  bola  para  o  adversário,  saindo  imediatamente  ao  encontro  deste.  

c)  Assumir  com  o  colega  de  posse  da  bola  um  determinado  ângulo  (em  caso  de  dúvida  
quanto   ao   ângulo   que   deve   escolher   deverá   assumir   um   de   45˚,   para   trás   da   linha   do  
colega  com  a  posse  da  bola.  Deverá  optar  por  um  lado  de  cobertura  em  função  de:  

(i)   Posição   do   colega   com   a   posse   da   bola   -­‐   se   for   junto   às   linhas   laterais,   deverá  
colocar-­‐se   do   lado   de   dentro   do   campo,   no   sentido   de   poder   variar   eficazmente   o  
ângulo  do  processo  ofensivo  caso  o  colega  lhe  passe  a  bola,  bem  como  para  "fechar"  o  
espaço  mais  ofensivo,  como  é  o  caso  do  corredor  central,  no  caso  de  o  colega  perder  a  
posse  da  bola  para  o  adversário;  

(ii)  Arrastamento  do  2º  defesa  (ver  cobertura  defensiva)  -­‐  procurando  arrasta-­‐lo  
para   uma   posição   desfavorável   e   ineficaz,   proporcionando   desse   modo   um   espaço   de  
progressão   a   ser   explorado   pelo   colega   com   a   posse   da   bola   ou   por   um   3º   atacante   (ver  
mobilidade);  

(iii)  Eventualidade  do  colega  perder  a  posse  da  bola  -­‐  se  o  colega  com  a  posse  da  
bola   a   perder,   o   2º   atacante   já   deverá   estar   posicionado   do   lado   que   lhe   favoreça   a  
intervenção   de   contenção   (normalmente   do   lado   dos   espaços   frontais   à   baliza,   já   que  

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serão   esses   que   o   adversário   com   a   posse   da   bola   irá   procurar   e   pelo   facto   de   serem   de  
iminente  finalização).  

d)   Estabelecer   um   canal   de   comunicação   verbal   com   o   colega,   com   os   seguintes  


objectivos:  

(i)   Ajudar   na   leitura   do   jogo   de   forma   a   fazê-­‐lo   optar   por   uma   solução   mais  
racional,  na  continuidade  do  processo  ofensivo,  em  função  da  colocação  dos  adversários  
e  companheiros  de  equipa.  

(ii)   Dar   incentivo   ao   colega   em   posse   de   bola,   influenciando-­‐o   positivamente  


para  “assumir  o  jogo”,  na  procura  de  comportamentos  técnico-­‐tácticos  de  maior  risco,  
com   um   potencial   mais   elevado,   na   perturbação   do   equilíbrio   defensivo   da   equipa  
adversária.  

5.5.2 MOBILIDADE  

5.5.2.1 Conceito  
Consiste   nas   normas   base   de   orientação   que   determinam   a   atitude   do   jogador   (3º  
atacante)   que   dentro   do   centro   de   jogo   procura   assegurar   a   progressão   do   processo  
ofensivo,  coordenando  e  dirigindo  em  simultâneo  a  realização  de  todas  as  suas  acções  
técnico-­‐tácticas  no  sentido  de  criar  desequilíbrios  na  estrutura  defensiva  adversária.  

5.5.2.2 Objectivos  
Criação  de  espaços  livres.  

Ruptura  no  equilíbrio  da  estrutura  defensiva  adversária.  

Tornar  o  jogo  ofensivo  imprevisível.  

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5.5.2.3 Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  
  1  -­‐  Deverá,  após  se  aperceber  que  o  colega  com  a  posse  da  bola  já  beneficia  de  
cobertura   (ofensiva),   alterar   de   imediato   a   sua   atitude     no   sentido   de   romper   o  
equilíbrio  defensivo  adversário.  Neste  sentido  deverá:  

a)   Deslocar-­‐se  para  espaço  livre  à  frente  da  linha  da  bola,  oferecendo  a  2ª  linha  de  
passe   do   lado   oposto   ao   da   cobertura,   visando   a   utilização   e   exploração   dos   espaços  
livres,  no  sentido  de  procurar  a  progressão  da  acção  ofensiva;  

b)   Deslocar-­‐se   para   trás   do   colega   com   posse   da   bola,   dando-­‐lhe   cobertura  


(ofensiva),   sempre   que   o   colega   nessas   funções   se   desloque   para   a   frente   da   linha   da  
bola  assumindo  a  iniciativa  de  mobilidade;  

c)   Deslocar-­‐se   para   fora   do   centro   de   jogo,   em   afastamento   ao   colega   com   a   posse  


da   bola,   se   entretanto   este   já   usufruir   em   simultâneo   de   cobertura   (ofensiva)   e  
mobilidade,  no  sentido  de  libertar  espaço  (aclarar)  e/ou  de  arrastar  o  adversário  directo  
para  posição  mais  desfavorável,  ou  ainda,  no  sentido  de  utilizar  e  explorar  espaços  livres  
e/ou  mais  ofensivos.  

5.5.3 ESPAÇO  

5.5.3.1 Conceito  
Consiste   nas   normas   base   de   orientação   que   determinam   a   atitude   de   todos   os  
jogadores   de   uma   mesma   equipa,   em   posse   de   bola,   no   sentido   de   assegurar   uma  
determinada   organização   espaço   –   temporal   facilitadora   do   desenvolvimento   do  
processo  ofensivo  da  equipa.  

5.5.3.2 Objectivos  
Assegurar   uma   articulação   ofensiva   em   profundidade   e   largura   (organizar   e   estruturar   a  
equipa).  

"Abrir  o  jogo"  a  fim  de  obter  mais  espaço  para  o  desenvolvimento  das  acções  ofensivas.  
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5.5.3.3 Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  
  1  -­‐  Deverá  procurar  dar  coesão  à  sua  equipa,  analisando  as  alterações  sucessivas  
na   ocupação   dos   espaços   dinâmicos   de   jogo,   alternando   de   imediato   a   sua   atitude   no  
sentido   de   contribuir   para   a   condução   do   processo   ofensivo   para   certos   espaços,  
procurando  evitar  outros.    Neste  sentido,  deverá:  

a)   Deslocar-­‐se   para   o   espaço   que   dentro   da   organização   geral   da   equipa   permita   uma  
efectiva   mudança   no   ângulo   de   ataque,   caso   o   colega   com   posse   da   bola   a   envie   para   o  
colega   em   cobertura   ofensiva,   e   que   normalmente   corresponde   ao   corredor   lateral  
oposto  ao  do  colega  com  a  posse  da  bola;  

b)   Deslocar-­‐se   em   afastamento   do   centro   de   jogo   para   espaços   vazios   (normalmente  


corredores  laterais),  procurando  "abrir  o  jogo"  pelo  arrastamento  do  adversário  directo,  
caso   o   centro   de   jogo   esteja   equilibrado   (o   colega   com   a   posse   da   bola   tiver   solução,   ou  
seja,  linha  de  passe  à  direita,  à  esquerda,  sendo  uma  delas  mais  recuada  assegurando  a  
cobertura,  e  uma  à  frente  em  profundidade).  

5.6 ESQUEMAS  TÁCTICOS  OFENSIVOS  (SITUAÇÕES  DE  BOLA  PARADA)  

5.6.1 Conceito  
Forma   mais   evoluída   e   complexa   das   combinações,   rígidos   e   estereotipados,  
previamente  estudados  e  treinados  para  as  situações  de  bola  parada  (e.g.  pontapés  de  
canto).  

5.6.2 Objectivos  
Assegurar,   em   situações   de   bola   parada,   as   condições   mais   favoráveis   à   concretização  
imediata  de  golo.  

Assegurar,   em   situações   de   bola   parada,   as   condições   mais   favoráveis   à   manutenção   da  


posse  de  bola.  

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5.6.3 Classificação  
Os  esquemas  tácticos  representam  as  situações  de  bola  parada  que  ocorrem  durante  o  
jogo.    Assim  podemos  considerar  a  existência  dos  seguintes  esquemas  tácticos:  

• Pontapé  de  Saída  

• Pontapé  de  Baliza  

• Pontapé  de  Canto  

• Pontapé  Livre  

• Pontapé  de  Grande  Penalidade  

• Lançamento  da  Bola  Pela  Linha  Lateral  

5.6.4 Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  


  1   -­‐   Apresentar   um   claro   conhecimento   da   solução   técnico-­‐táctica   e   das   suas  
variantes,   caso   seja   o   jogador   que   irá   repor   a   bola   em   jogo,   no   sentido   de   a   tornar   clara  
aos  restantes  colegas  que  participam  directamente  no  esquema  táctico,  por  um  lado,  e  
por  outro,  no  sentido  de  coordenar  a  sua  execução  técnico-­‐táctica  com  a  dos  colegas.  

  2   -­‐   Executar   na   perfeição   a   solução   técnico-­‐táctica,   pela   reposição   da   bola   em  


jogo  no  momento  certo  e  pela  articulação  da  sua  movimentação  com  a  dos  colegas  

  3  -­‐  Apresentar  uma  eficaz  coordenação  do  objectivo  do  seu  comportamento  com  
o   dos   seus   companheiros,   caso   não   reponha   a   bola   em   jogo   mas   participe   directamente  
no  esquema  táctico,  no  sentido  de  surpreender  os  adversários  e  desviar  a  sua  atenção  
do  seu  colega  que  finalizará  e/ou  de  espaços  de  jogo  vitais  à  finalização.  

  4   -­‐   Estar   atento   ao   evoluir   do   esquema   táctico,   no   sentido   de   estar   preparado  


para  a  eventualidade  de  finalizar  mesmo  que  no  treino  desse  esquema  táctico  não  tenha  
sido  o  escolhido  para  o  fazer,  
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  5  -­‐  Vigiar  e  marcar  espaços  vitais  de  jogo  e  adversários  que  possam  desempenhar  
um   papel   preponderante   no   processo   ofensivo   (contra-­‐ataque),   caso   sejam   jogadores  
que  não  estão  directamente  envolvidos  no  esquema  táctico.  

6 ACÇÕES  COLECTIVAS  ELEMENTARES  DA  DEFESA  

6.1 A  DOBRA  

6.1.1 Conceito  
Acção   técnico-­‐táctica   colectiva   elementar   de   natureza   defensiva   que   manifesta   a  
coordenação  das  acções  individuais  de  dois  jogadores  no  sentido  de  resolver  uma  tarefa  
parcial   (temporária)   especifica   do   jogo,   e,   para   assim,   assegurar   uma   maior   eficiência  
nas  acções  defensivas.  

6.1.2 Objectivos  
Permitir  uma  maior  coesão  defensiva  

Reequilibrar  numericamente  a  estrutura  defensiva  

6.1.3 Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  


1  -­‐  A  dobra  deverá  ser  realizada  pelo  jogador  em  processo  defensivo  mais  próximo  
daquele  que  foi  ultrapassado  pelo  adversário  com  a  posse  da  bola,  compreendendo  dois  
tempos   distintos   na   sua   execução.   Neste   sentido,   a   coordenação   das   acções   destes   dois  
jogadores  deverá  considerar  o  seguinte:  

a)   O   2º   defesa   (COBERTURA   DEFENSIVA)   deverá   reagir   rapidamente   à  


ultrapassagem   do   seu   colega   (1º   DEFESA   -­‐   CONTENÇÃO)   por   parte   do   adversário   com  
posse  da  bola,  dirigindo-­‐se  na  sua  direcção  (ver  MARCAÇÃO),  no  sentido  de,  retardar  o  
desenvolvimento  das  acções  ofensivas  adversárias,  para  que  os  seus  colegas  de  equipa  
tenham   tempo   para   reequilibrarem   a   organização   defensiva.   Deste   modo,   deverá   este  

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jogador   ter   em   atenção   a   distância   e   o   ângulo   que   este   estabelece   com   o   adversário  
portador  da  bola:  

i)  Distância  -­‐  não  muito  próximo  que  “force”  o  adversário  a  realizar  um  contra  um,  
passe   ou   outra   qualquer   acção   que   vise   o   objectivo   de   progressão/finalização,   nem  
muito  afastado  que  conceda  espaço  (logo  tempo)  para  progredir  na  direcção  da  baliza  
ou  executar  outra  qualquer  acção  que  concretize  o  objectivo  da  progressão/finalização.  

ii)   Ângulo   -­‐   assegurar   um   ângulo   em   relação   à   progressão   do   adversário   com   a  


posse  da  bola  que,  em  função  do  contexto  da  situação  momentânea  do  jogo,  retarde  a  
sua  progressão  e  em  simultâneo  “corte  a(s)  linha  (s)  de  passe  mais  ofensiva,  bem  como  
procure  obrigar  o  adversário  a  dirigir-­‐se  para  zonas  menos  ofensivas.  

b)  O  1º  defesa  após  ter  sido  ultrapassado,  deverá  deslocar-­‐se  para  trás  do  colega  
que   agora   marca   o   adversário   com   a   bola     dando-­‐lhe   cobertura   (ver   COBERTURA  
DEFENSIVA).  

6.2 OS  DESLOCAMENTOS  DEFENSIVOS  

6.2.1 Conceito  
Acções  individuais  de  natureza  defensiva  desenvolvidos  num  contexto  colectivo,  com  a  
finalidade   de   assegurar   em   última   instância   a   cooperação   e   coerência   dinâmica   da  
movimentação,   no   desenrolar   do   processo   defensivo,   para   o   cumprimento   dos  
objectivos  fundamentais  da  defesa  (defesa  da  baliza/recuperação  da  posse  da  bola).  

6.2.2 Objectivos  
Ocupar  ou  reequilibrar  a  ocupação  racional  do  terreno  de  jogo.  

Ocupar,   restringir   e   vigiar   de   forma   eficiente   os   espaços   vitais   à   progressão   do   processo  


ofensivo  adversário.  

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Marcar   efectivamente   os   jogadores   posicionados   em   espaços   vitais   e   que   possam   dar  
continuidade  ao  processo  ofensivo  adversário.  

6.2.3 Classificação  
Os  deslocamentos  defensivos  podem  ser  classificados  atendendo  aos  seguintes  tipos:  

  De   recuperação   defensiva   -­‐   caracterizam-­‐se   fundamentalmente   por  


deslocamentos  de  recuo  em  direcção  à  sua  própria  baliza,  no  sentido  de  ocupar  a  sua  
função  no  método  defensivo  da  equipa.  

  De   equilíbrio   ou   reequilibro   defensivo   -­‐   Caracterizam-­‐se   fundamentalmente   por  


deslocamentos  coordenados  em  função  da  necessidade  de  equilibrar  ou  reequilibrar  a  
repartição  de  forças  no  terreno  de  jogo.  

6.2.4 Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  


  1  -­‐  Deverá  reagir  constantemente  ao  desenrolar  do  jogo  em  função  da  análise  às  
sucessivas  situações  momentâneas  de  jogo.  

  2   -­‐   Os   deslocamentos   defensivos   deverão   iniciar-­‐se   imediatamente   após   a   perda  


de  posse  da  bola,  tomando  o  caminho  mais  curto,  sem  nunca  perder  o  contacto  visual  
com   a   bola,   no   sentido   de   assumir   o   mais   rapidamente   possível   a   sua   função   na  
estrutura  defensiva  da  sua  equipa,  ou  uma  outra  caso  a  sua  já  tenha  sido  por  um  colega  
(ver  compensações  defensivas).  

  3  -­‐  Os  deslocamentos  defensivos  deverão  ser  realizados  no  contexto  das  acções  
colectivas  inerentes  à  organização  geral  da  equipa,  visando,  naturalmente,  assegurar  o  
equilíbrio   na   estrutura   defensiva   da   equipa.   Assim,   o   jogador   que   os   realiza   deverá  
considerar:  

a)   Deslocar-­‐se   em   direcção   ao   adversário   com   a   posse   da   bola,   assegurando   a  


contenção,  caso  seja  o  jogador  mais  próximo  dele,  no  sentido  de:  

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(i)  -­‐  impedir  o  relançamento  imediato  do  processo  ofensivo  adversário  (contra-­‐
ataque);  

(ii)   -­‐   procurar   retardar   as   acções   do   adversário   com   a   posse   da   bola   e   assim  
permitir  a  recuperação  defensiva  dos  seus  colegas  (ver  contenção).  

b)  Deslocar-­‐se  para  trás  do  colega  que  marca  o  adversário  com  a  posse  da  bola  dando-­‐
lhe   cobertura   (ver   cobertura   defensiva),   caso   seja   o   jogador   mais   próximo   dele,   no  
sentido   de   lhe   transmitir   maior   confiança   e   segurança   para   o   desenvolvimento   das   suas  
próprias  acções,  por  um  lado,  e  por  outro,  no  sentido  de  poder  intervir  se  o  colega  for  
ultrapassado,  assegurando  a  contenção.  

c)  Deslocar-­‐se  para  o  espaço  onde  evolui  a  acção  do  3º  atacante  (ver  mobilidade),  caso  o  
colega   em   marcação   ao   adversário   com   a   posse   da   bola   já   beneficie   de   acção   de  
cobertura  (defensiva),  no  sentido  de:  

(i)    -­‐  restringir  o  espaço  de  acção  dos  atacantes  sem  bola;  

(ii)    -­‐  anular  as  tentativas  de  penetração  e  alternativas  de  passe;    

(iii)    -­‐  visando  o  equilíbrio  geral  do  centro  de  jogo.  

d)   Deslocar-­‐se   para   trás   do   colega   que   marca   adversário   com   a   posse   da   bola,  
assegurando-­‐lhe  cobertura  defensiva  caso  o  adversário  tenha  ultrapassado  o  1º  defesa  
ou   para   o   espaço   onde   evolui   a   acção   do   3º   atacante,   assegurando   o   equilíbrio   caso  
tenha   sido   ultrapassado   na   sua   acção   de   contenção,   ou   pelo   facto   de   a   bola   ter   sido  
passada  ao  3º  atacante  (reajustamento  dinâmico  do  centro  de  jogo).  

e)  Deslocar-­‐se  para  o  espaço  que  permita  equilibrar  e  racionalizar    a  repartição  de  forças  
no   terreno   de   jogo   (normalmente   "fechando"   o   espaço   bem   atrás   do   colega   em  
cobertura  defensiva  ou  um  espaço  mais  ofensivo,  normalmente  no  corredor  central),  no  
sentido  de:  

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(i)    -­‐  restringir  espaços  vitais  para  a  progressão  do  processo  ofensivo  adversário;    

(ii)    -­‐  alterar  o  ângulo  de  ataque  adversário  e  forçar  a  sua  direcção  para  espaços  
menos  ofensivos;    

(iii)    -­‐  marcar  atacantes  que  possam  dar  o  melhor  seguimento  ao  processo  ofensivo.  

6.3 COMPENSAÇÕES/DESDOBRAMENTOS  DEFENSIVOS  

6.3.1 Conceito  
Acções  técnico-­‐tácticas  individuais  e  colectivas  de  natureza  defensiva  que  visam,  antes  
de   tudo,   não   perder   a   ocupação   racional   do   terreno   de   jogo   na   tentativa   de   anular   a  
vantagem  do  ataque  em  superioridade  numérica  e  assumir  funções  de  colegas  que  num  
certo  momento  estão  envolvidos  na  realização  de  outras  tarefas.  

6.3.2 Objectivos  
Ocupação  racional  do  terreno  de  jogo.  

Reequilibro  da  estrutura  defensiva  da  equipa.  

6.3.3 Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  


As   compensações/desdobramentos   defensivos   deverão   ser   realizados   no   contexto   das  
acções   colectivas   inerentes   à   organização   geral   da   equipa,   visando   essencialmente  
equilibrar  e  racionalizar  a  repartição  de  forças  no  terreno  de  jogo,  bem  como,  procurar  
anular   as   vantagens   numéricas   do   desenrolar   do   processo   ofensivo   adversário.   Deste  
modo,  o(s)  jogador(es)  que  a(s)  realiza(m)  deverá(ão)  considerar  o  seguinte:  

a)   Deslocar-­‐se   para   trás   do   colega   que   marca   o   adversário   com   a   posse   da   bola,  
proporcionando-­‐lhe  acção  de  cobertura,  caso  seja  o  3º  defesa  (ver  equilíbrio),  quando  o  
colega  que  inicialmente  assegurava  a  contenção  for  ultrapassado.  

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b)   Assumir   os   comportamentos   de   contenção   por   parte   do   jogador   que   realizava   a  
cobertura  defensiva  (2º  defesa).  

c)   Deslocar-­‐se   para   o   espaço   onde   evolui   a   acção   do   3º   atacante,   caso   tenha   sido  
ultrapassado  através  de  drible  por  parte  do  adversário  com  a  posse  da  bola,  no  sentido  
de  reequilibrar  a  estrutura  defensiva  da  sua  equipa  (no  centro  de  jogo).  

d)   Deslocar-­‐se   para   espaços   vitais   deixados   livres   pelos   colegas   mais   recuados   que  
integram   o   processo   ofensivo   da   equipa,   no   sentido   de   manter   o   equilíbrio   na   estrutura  
defensiva  da  equipa,  pelo  assumir  das  funções  desses  mesmos  colegas.  

6.4 A  TEMPORIZAÇÃO  DEFENSIVA  

6.4.1 Conceito  
São   acções   técnico-­‐tácticas   individuais   e   colectivas   de   natureza   defensiva   que   visam  
assegurar   as   condições   mais   favoráveis   para   a   recolocação   dos   jogadores   da   equipa  
dentro  do  método  de  jogo  defensivo  adoptado.  

6.4.2 Objectivo  
Ganhar  o  tempo  necessário  para  que  os  jogadores  da  equipa  se  recoloquem  dentro  do  
método  de  jogo  defensivo  adoptado.  

6.4.3 Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  


1   -­‐     A   temporização   defensiva   deverá   ser   realizada   no   contexto   das   acções   colectivas,  
exigindo   grande   capacidade   de   análise   e   raciocínio   táctico,   por   forma   a   conciliar   uma  
intenção  táctica  individual  com  uma  intenção  táctica  colectiva  

2  -­‐  A  temporização  defensiva  deverá  ser  realizada  após  a  perda  de  posse  da  bola,  pelo  
jogador   mais   próximo   do   adversário   com   a   posse   da   bola,   bem   como   pelos   jogadores  
mais   próximos   dos   adversários   que   possam   dar   continuidade   ao   processo   ofensivo.  
Assim,  o(s)  jogador(es)  que  a  realiza(m)  deverá(ão)  considerar  o  seguinte:  

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a)  Deslocar-­‐se  em  direcção  ao  adversário  com  a  posse  da  bola  (ver  CONTENÇÃO),  
caso   seja   o   jogador   mais   próximo,   no   sentido   de   assegurar   o   retardamento   do   processo  
ofensivo   adversário   e   assim   ganhar   o   tempo   necessário   para   que   os   colegas   se  
recoloquem  dentro  do  seu  método  de  jogo  defensivo  de  base.  

b)   Deslocar-­‐se   (ver   MARCAÇÃO),   após   rápida   análise   do   contexto   da   situação  


momentânea  do  jogo,  em  direcção  ao(s)  adversário(s)  que,  pela  sua  posição,  possam  dar  
continuidade  ao  processo  ofensivo  adversário.  

6.5 CORTINAS  /  ÉCRANS  DEFENSIVAS  

6.5.1 Conceito  
Acções   técnico-­‐tácticas   individuais   e   colectivas   de   natureza   defensiva   que   se  
caracterizam  pela  colocação  destes  jogadores  no  terreno  de  jogo,  de  modo  a  perturbar  
a  acção  dos  atacantes  adversários,  através  de  uma  protecção  à  acção  defensiva  do  seu  
companheiro  e  da  sua  própria  baliza.  

6.5.2 Objectivos  
Proteger  a  acção  de  um  companheiro  na  recuperação  da  posse  de  bola  

Protecção  da  baliza  

6.5.3 Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  


1   -­‐   O   jogador   que   realiza   esta   acção   deve   colocar-­‐se   entre   o   atacante   e   o   seu    
companheiro   (o   guarda-­‐redes   é   o   jogador   que   mais   frequentemente   beneficia   desta  
situação)  de  modo  a  criar  as  melhores  condições  para  a  recuperação  da  posse  de  bola.  

2  -­‐  Nas  situações  de  bola  parada  (esquemas  tácticos)  os  jogadores  devem  proteger  a  sua  
baliza  através  da  formação  de  uma  barreira  (obedecendo  aos  critérios  e  às  estratégias  
do  treinador  para  fazer  oposição  a  este  tipo  de  situações).  

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6.6 A  MARCAÇÃO  /  TIPOS  DE  DEFESA  

6.6.1 Conceito  
Coordenação   das   acções   individuais   de   natureza   defensiva   (com   uma   forte   dimensão  
colectiva)  desenvolvidas  no  respeito  pelos  princípios  do  jogo  e  que  visam  a  inutilização  
de  espaços  livres  e  das  movimentações  do  adversário.  

6.6.2 Objectivos  
Evitar  que  os  adversários  criem,  ocupem  e  utilizem  espaços  vitais  do  terreno  de  jogo.  

6.6.3 Classificação  
A  Marcação  pode  ser  classificada  nos  seguintes  tipos:  

  Marcação  Individual  -­‐  O  defensor  persegue  o  atacante  para  onde  quer  que  ele  se  
desloque,  dentro  do  terreno  de  jogo  (um  contra  um  -­‐  H  x  H).  

  Marcação   à   zona   -­‐   Cada   jogador   detém   uma   zona   de   acção   onde   intervém  
quando  a  bola  ou  um  jogador  adversário  aí  se  encontram  (todos  contra  um).  

  Marcação   Mista   -­‐   Cada   jogador   detém   uma   zona   de   acção   e   aquando   de   um  
ataque  adversário,  o  atacante  que  entra  nessa  zona  é  marcado  individualmente  até  ao  
términos  do  ataque.  O  defensor,  após  o  términos  do  ataque  adversário,  regressa  à  sua  
zona.    (síntese  zona/individual).  

  Marcação  Zona  Pressionante  –  Cada  jogador  detém  uma  zona  de  marcação,  mas  
existe  um  movimento  colectivo  de  jogadores  que  defendem,  no  sentido  de  exercerem  
uma   acção   conjunta   sobre   o   portador   da   bola   (obrigando-­‐o   a   cometer   erros   no   plano  
técnico-­‐táctico)   bem   como   dos   jogadores   mais   próximos   do   jogador   com   posse   de   bola,  
restringindo   ao   máximo   as   suas   possibilidades   de   continuarem   o   processo   ofensivo  
(recuperar  rapidamente  a  posse  de  bola).    Nestas  circunstâncias  a  acção  dos  jogadores  
que   defendem,   faz-­‐se   sentir   de   forma   pressionante   sobre   a   zona   onde   se   encontra   a  
bola.  
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6.7 PRINCÍPIOS  DEFENSIVOS  

6.7.1 COBERTURA  DEFENSIVA  

6.7.1.1 Conceito  
Consiste   nas   normas   base   de   orientação   que   determinam   a   atitude   do   jogador   (2º  
defesa)   mais   próximo   do   colega   que   se   opõe   ao   adversário   com   a   posse   da   bola,  
coordenando   e   dirigindo   em   simultâneo   a   realização   de   todas   as   suas   acções   técnico-­‐
tácticas,  no  sentido  de  evitar  situações  de  inferioridade  numérica.  

6.7.1.2 Objectivos  
Apoio  ao  colega  que  marca  adversário  com  a  posse  da  bola  

Evitar  a  inferioridade  numérica  para  a  sua  equipa  

6.7.1.3 Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  


1   -­‐   Deverá,   após   se   aperceber   que   é   o   jogador   mais   próximo   do   colega   que   marca   o  
adversário   com   a   posse   da   bola,   alterar   de   imediato   a   sua   atitude,   no   sentido   de   lhe  
proporcionar  uma  acção  de  cobertura  (atrás  da  linha  da  bola).  

Assim,   deve   deslocar-­‐se   para   trás   do   colega   1º   defesa,   assumindo   com   ele   uma  
determinada  distância  e  ângulo,  estabelecendo  igualmente  uma  canal  de  comunicação  
com  ele.  

2  -­‐  Assumir  com  o  colega  1º  defesa  uma  determinada  distância:  

a)  Que  seja  tanto  mais  próxima  do  colega  (1º  defesa),  quanto  mais:  

i)   o   adversário   com   a   posse   da   bola   (1º   atacante)   se   encontra   próximo   da   sua  


baliza,   no   sentido   de   evitar   que   no   caso   do   adversário   ultrapassar   o   1º   defesa,   tenha  
qualquer  espaço  para  poder  finalizar.  

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ii)  o  adversário  com  a  posse  da  bola  se  encontra  próximo  das  linhas  laterais,  para  
assim  aumentar  a  pressão  defensiva  sobre  ele.  

iii)   exímio   for   o   adversário   com   a   posse   da   bola   a   executar   situações   de   1x1,   no  
sentido  de  encurtar  o  tempo  e  o  espaço  de  execução  dele.  

iv)   o   adversário   com   a   posse   da   bola   se   aproxime   do   2º   atacante   ou   vice-­‐versa,  


para   assim   evitar   em   qualquer   dos   casos   a   criação   momentânea   e   pontual   de  
superioridade  numérica  do  adversário  em  processo  ofensivo.  

3  -­‐  Assumir  com  o  colega  1º  defesa  um  determinado  ângulo  que  lhe  permita:  

a)  Ter  uma  visão  global  do  espaço  e  de  todo  o  contexto  da  situação  de  jogo  à  sua  frente.  

b)  Interceptar  as  linhas  de  passe  em  direcção  à  sua  própria  baliza.  

Em   caso   de   dúvida   quanto   ao   ângulo   que   deverá   escolher,   deverá   assumir   um   de   45º  
para  trás  da  linha  do  colega  1º  defesa.  

Deverá  ainda  optar  por  um  lado  de  cobertura  em  relação  ao  1º  defesa  que  deverá  ser:  

a)  Do  lado  que  converge  para  o  corredor  central,  já  que  deste  modo  marcará  o  espaço  
de  jogo  mais  ofensivo  a  ser  explorado  pelo  adversário  com  a  posse  da  bola.  

b)  Do  lado  do  2º  atacante  quando  o  adversário  com  a  posse  da  bola  beneficia  da  acção  
de   cobertura   ofensiva,   para   assim   poder   intervir   sobre   o   1º   atacante,   caso   este  
ultrapasse  o  1º  defesa  (ver  DOBRA)  ou  então  opor-­‐se  às  acções  do  2º  atacante  caso  este  
receba  a  bola  do  seu  colega  (ver  CONTENÇÃO).  

4   -­‐   Estabelecer   um   canal   de   comunicação   verbal   com   o   colega,   com   os   seguintes  


objectivos:  

a)  Ajudar  na  leitura  do  jogo  informando  da  posição  dos  adversários  e  colegas  de  equipa.  

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b)   Dar   incentivo   ao   colega   1º   defesa,   estimulando-­‐o   na   condução   do   1º   atacante   para  
zonas  menos  perigosas  do  terreno  de  jogo  ou  mais  “povoadas”  de  colegas  em  processo  
defensivo,  ou,  por  outro  lado,  encorajando-­‐o  na  execução  do  desarme.  

6.7.2 EQUILÍBRIO  

6.7.2.1 Conceito  
Consiste   nas   normas   base   de   orientação   que   determinam   a   atitude   do   jogador   (3º  
defesa)   que,   dentro   do   centro   de   jogo,   procura   assegurar   o   equilíbrio   no   processo  
defensivo,   coordenando   e   dirigindo   em   simultâneo   a   realização   de   todas   as   suas   acções  
técnico-­‐tácticas,  no  sentido  de  assegurar  a  estabilidade  do  centro  de  jogo  defensivo.  

6.7.2.2 Objectivos  
Ocupação  de  espaços  livres.  

Marcação  de  jogadores  livres  

6.7.2.3 Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  


1   -­‐   Deverá,   após   se   aperceber   que   o   seu   colega   1º   defesa   já   usufrui   de   cobertura  
defensiva,   e   sendo   o   jogador   mais   próximo   do   centro   de   jogo,   alterar   de   imediato   a   sua  
atitude  no  sentido  de  assegurar  a  estabilidade  defensiva  para  a  sua  equipa.  

Neste  sentido,  deverá:  

a)  Deslocar-­‐se  para  trás  da  “linha  da  bola”  (atrás  do  1º  defesa)  do  lado  do  3  atacante,  no  
sentido  de  exercer  acção  de  marcação  sobre  este  último.  

b)  Deslocar-­‐se  atrás  da  linha  da  bola  para  espaços  mais  próximos  do  1º  e  2º  defesa  no  
sentido   de   concentrar   ou   restringir   espaço   aos   adversários   (encurtando-­‐lhes   espaço   e  
tempo  para  a  execução  das  suas  acções  técnico-­‐tácticas),  sempre  que  o  seu  adversário  
directo   (3º   atacante)   se   encontre   junto   aos   corredores   laterais,   ou   em   espaços   menos  
ofensivos.  
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c)   Deslocar-­‐se   para   trás   do   colega   2º   defesa,   sempre   que   o   1º   for   ultrapassado,   no  
sentido   de   agora   lhe   proporcionar   cobertura   defensiva   (já   que   ele   -­‐   2º   defesa   -­‐   vai  
assegurar  contenção).  

d)  Deslocar-­‐se  em  direcção  a  outros  adversários  que  pela  sua  colocação  no  terreno  de  
jogo,  possam  dar  melhor  seguimento  ao  processo  ofensivo  do  que  aquele  que  era  o  seu  
adversário  directo.  

6.7.3 CONCENTRAÇÃO  

6.7.3.1 Conceito  
Consiste   nas   normas   base   de   orientação   que   determinam   a   atitude   de   todos   os  
jogadores   de   uma   mesma   equipa,   sem   a   posse   da   bola,   no   sentido   de   assegurar   uma  
determinada   organização   espaço   -­‐   temporal   que   permita   dificultar   o   desenvolvimento  
do  processo  ofensivo  adversário.  

6.7.3.2 Objectivos  
Assegurar  uma  articulação  defensiva  em  profundidade  e  largura  (organizar  e  estruturar  
a  equipa).  

"Fechar   o   jogo"   (evicção   do   espaço)   a   fim   de   reduzir   e   anular   o   espaço   à   equipa  


adversária  para  melhor  e  mais  rapidamente  recuperar  a  posse  de  bola.  

6.7.3.3 Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  


1   -­‐   Deverá   procurar   dar   coesão   à   sua   equipa,   analisando   as   alterações   sucessivas   na  
ocupação   dos   espaços   dinâmicos   de   jogo,   alterando   de   imediato   a   sua   atitude   no  
sentido  de  contribuir  para  a  tentativa  de  conduzir  o  processo  ofensivo  adversário  para  
certos  espaços  procurando  evitar  outros.  

Assim,  deverá:  

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a)   Deslocar-­‐se   para   o   espaço   que   dentro   da   organização   geral   da   equipa   permita   uma  
efectiva  ocupação  dos  espaços  de  jogo  mais  ofensivos  (normalmente  corredor  central),  
obrigando  o  adversário  a  procurar  os  espaços  menos  ofensivos.  

b)   Deslocar-­‐se   em   aproximação   ao   centro   de   jogo,   procurando   “fechar   o   jogo”,  


reduzindo   o   espaço   e   o   tempo   às   acções   técnico-­‐tácticas   adversárias,   caso   o   seu  
adversário  directo  esteja  num  espaço  menos  ofensivo  que  o  centro  de  jogo.  

6.8 ESQUEMAS  TÁCTICOS  DEFENSIVOS  (SITUAÇÕES  DE  BOLA  PARADA)  

6.8.1 Conceito  
Estratégias,   soluções   e   preocupações   especiais   na   organização   de   um   grupo   de  
jogadores   e/ou   toda   a   equipa,   para   anular   as   intenções   adversárias   aquando   da  
marcação   dos   esquemas   tácticos   ofensivos   (forma   mais   evoluída   e   complexa   das  
combinações,   rígidos   e   estereotipados,   previamente   estudados   e   treinados   para   as  
situações  de  bola  parada).  

6.8.2 Objectivos  
Assegurar,  em  situações  de  bola  parada,  as  condições  mais  favoráveis  para  contrariar  a  
concretização  de  golo,  por  parte  da  equipa  adversária.  

Assegurar,   em   situações   de   bola   parada,   as   condições   mais   favoráveis   para   a  


recuperação  da  posse  de  bola  e  desenvolvimento  do  processo  ofensivo.  

6.8.3 Classificação  
Os  esquemas  tácticos  representam  as  situações  de  bola  parada  que  ocorrem  durante  o  
jogo.    Assim  podemos  considerar  a  existência  dos  seguintes  esquemas  tácticos:  

• Pontapé  de  Saída  

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• Pontapé  de  Baliza  

• Pontapé  de  Canto  

• Pontapé  Livre  

• Pontapé  de  Grande  Penalidade  

• Lançamento  da  Bola  Pela  Linha  Lateral  

6.8.4 Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  


  1   –   Ocupar   os   espaços   e   cumprir   as   tarefas   previamente   definidas,   por   indicação  
do  treinador  

  2  -­‐  Apresentar  uma  eficaz  coordenação  do  objectivo  do  seu  comportamento  com  
o   dos   seus   companheiros,   no   sentido   de   não   ser   surpreendido   pelas   acções   do  
adversário  

  3   -­‐   Estar   atento   ao   evoluir   do   esquema   táctico,   no   sentido   de   estar   preparado  


para  a  acção  de  contrariar  as  intenções  adversárias.  

  4  -­‐  Ocupar  os  espaços  previamente  definidos  pelo  treinador,  no  sentido  de,  após  
recuperar  a  posse  de  bola,  assegurar  soluções  ofensivas,  desempenhando  deste  modo,  
um  papel  preponderante  no  processo  ofensivo  da  equipa  (contra-­‐ataque).  

7 ACÇÕES  COLECTIVAS  COMPLEXAS  DO  ATAQUE  

7.1 FUNÇÕES  E  TAREFAS  

7.1.1 Conceito  
Este  conceito  contempla  duas  noções  distintas,  mas  complementares.    Por  um  lado,  as  
acções  de  ataque  normalmente  desempenhadas  pelos  jogadores  de  acordo  com  a  sua  
posição   inicial   no   terreno   de   jogo   são   designadas   de   Funções   (e.g.   a   função   de   lateral  

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direito,   em   termos   ofensivos).     Por   outro   lado,   as   acções   esporádicas   de   ataque  
realizadas  pelos  jogadores  em  consequência  de  problemas  pontuais  e  ocasionais  do  jogo  
são  designadas  de  Tarefas  (e.g.  a  marcação  de  livres  directos  por  um  jogador).  

7.1.2 Objectivos  
Atribuição  de  determinados  "papeis"  a  cumprir  pelos  jogadores,  durante  o  jogo.  

7.1.3 Aspectos  a  Considerar  na  sua  Execução  Prática  


As   funções   e   tarefas   a   desempenhar   pelos   jogadores   dependem   da   concepção   e/ou  
modelo  de  jogo  dos  treinadores,  de  uma  forma  particular.    De  qualquer  modo,  existem  
sempre  preocupações  gerais  a  respeitar,  consoante  o  sector  de  jogo  que  estes  jogadores  
ocupam  (sector  defensivo,  sector  médio  e  sector  avançado).  

As  funções  principais  do  sector  defensivo  são:  

  1  -­‐  Orientação  dos  jogadores  com  bola,  para  os  corredores  laterais.  

  2  -­‐  Eficiência  no  desarme  e  intercepção.  

  3  -­‐  Leitura  atenta  do  jogo,  de  modo  a  possibilitar  acções  de  antecipação.  

  4  -­‐  Defesa  colectiva  (concentração).  

As  funções  principais  do  sector  médio  são:  

  1  -­‐  Assegurar  um  controlo  defensivo  eficiente.  

  2  -­‐  A  acção  de  desarme  e  intercepção  deve  ser  realizada  de  forma  cuidadosa.  

  3  -­‐  A  realização  de  passes  com  um  elevado  nível  de  eficiência  (passes  correctos)  
para  os  companheiros  (jogador  e  espaço).  

As  funções  principais  do  sector  avançado  são:  

  1  -­‐  Sucessivas  trocas  de  posições.  

  2  -­‐  Procura,  criação  e  utilização  de  espaços  livres.  

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  3  -­‐  Alta  eficácia  em  termos  de  finalização.  

7.2 ESQUEMAS  TÁCTICOS  OFENSIVOS  

7.2.1 Conceito  
Forma   mais   evoluída   e   complexa   das   combinações,   rígidos   e   estereotipados,  
previamente  estudados  e  treinados  para  as  situações  de  bola  parada  (e.g.  pontapés  de  
canto).  

7.2.2 Objectivos  
Assegurar,   em   situações   de   bola   parada,   as   condições   mais   favoráveis   à   concretização  
imediata  de  golo.  

Assegurar,   em   situações   de   bola   parada,   as   condições   mais   favoráveis   à   manutenção   da  


posse  de  bola.  

7.3 CIRCULAÇÃO  TÁCTICA  OFENSIVA  

7.3.1 Conceito  
Representa  as  unidades  de  organização  do  jogo  da  equipa  onde  previamente  se  define  a  
circulação  da  bola  e  a  circulação  dos  jogadores  (de  acordo  com  trajectórias  e  direcções  
previamente  definidas)  possibilitando  formas  de  entendimento  colectivo  do  jogo,  na  sua  
fase  ofensiva.  (e.g.  coordenação  da  movimentação  dos  Pontas  de  Lança)  

O  conceito  apresentado  por  Teodorescu,  (citado  por  Castelo  1992,  pp.  93)  refere  que  "a  
circulação   táctica   utiliza-­‐se   preponderantemente   no   ataque   e   representa   uma   forma  
superior   de   esquema   táctico   (...)   esta   consta   de   combinações   tácticas   e   acções  
individuais   simultâneas   e   sucessivas,   que   se   desenrolam   de   acordo   com   um   plano   de  
organização."  

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7.3.2 Objectivos  
Organização   colectiva   do   jogo   ofensivo   da   equipa   (permite   a   sistematização   de   alguns  
"automatismos"  da  equipa,  em  termos  ofensivos).  

7.4 SISTEMA  TÁCTICO  

7.4.1 Conceito  
Forma  geral  de  organização  das  acções  ofensivas  e  defensivas  pelo  estabelecimento  de  
uma  estrutura  base  e  pela  definição  de  tarefas  e  funções  bem  como  de  certos  princípios  
de  colaboração  no  jogo.  (e.g.  utilização  do  sistema  táctico  4-­‐4-­‐2)  

7.4.2 Objectivos  
Definir  uma  estrutura  base  da  equipa  (dimensão  estática)  

Definir   e   coordenar   um   conjunto   de   missões   tácticas   específicas   para   os   jogadores   da  


equipa  (dimensão  dinâmica)  

7.5 MÉTODOS  DE  JOGO  OFENSIVO  

7.5.1 Conceito  
Conjunto   das   acções   individuais   e   colectivas   adoptadas   para   imprimir   ao   jogo   de   equipa  
coerência  na  movimentação  e  impor  ao  adversário  as  soluções  e  o  ritmo  de  jogo  mais  
conveniente  em  situações  ofensivas.  

7.5.2 Objectivos  
Criar   as   condições   mais   favoráveis   para   a   concretização   dos   objectivos   do   processo  
ofensivo.  

Permitir  uma  contínua  instabilidade  na  organização  defensiva  adversária.  

Desenvolver  o  maior  número  de  acções  ofensivas  em  direcção  à  equipa  adversária.  

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7.5.3 Classificação  
Podemos   classificar   os   Métodos   de   Jogo   Ofensivos   em   três   formas   básicas   de  
organização:  

7.5.3.1 Ataque  Organizado  


Método  de  jogo  ofensivo  que  se  manifesta  cada  vez  que  após  a  recuperação  da  posse  de  
bola,  não  é  possível  utilizar  um  eventual  desequilíbrio  defensivo  da  equipa  adversária.  

  Caracteriza-­‐se  por:  

    1  -­‐  Abrandamento  relativo  das  acções  ofensivas.  

    2  -­‐  Realização  de  acções  ofensivas  que  criem  superioridade  numérica.  

    3  -­‐  Elevada  elaboração  da  fase  de  construção  do  processo  ofensivo.  

    4   -­‐   Envolve   um   número   elevado   de   jogadores   da   equipa   com   uma  


actuação  em  bloco  homogéneo  e  compacto.  

7.5.3.2 Contra  -­‐  Ataque  


Método   de   jogo   ofensivo   que   se   manifesta   sempre   que   após   a   recuperação   da   posse   de  
bola,   se   utiliza   o   momentâneo   desequilíbrio   defensivo   adversário,   resultante   da   acção  
ofensiva  que  este  realizava.  

  Caracteriza-­‐se  por:  

    1  -­‐  Circulação  rápida  da  bola,  em  profundidade.  

    2  -­‐  Mínimo  de  passes  e  jogadores.  

    3  -­‐  Movimentação  rápida  dos  jogadores.  

    4  -­‐  Rápida  transição  Defesa/Ataque  

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7.5.3.3 Ataque  Rápido  
Método   de   jogo   ofensivo   que   se   situa   num   ponto   intermédio   entre   os   descritos  
anteriormente,  e  se  manifesta  em  situações  idênticas  ao  do  contra  -­‐  ataque,  preparando  
a  sua  fase  de  finalização  com  a  equipa  adversária  organizada  defensivamente.  

Este  Método  de  Jogo  Ofensivo  caracteriza-­‐se  com  os  mesmos  pressupostos  do  contra  -­‐  
ataque,   havendo   apenas   a   referir   uma   fase   de   finalização   com   uma   preparação   mais  
elaborada  e  demorada.  

8 ACÇÕES  COLECTIVAS  COMPLEXAS  DA  DEFESA  

8.1 FUNÇÕES  E  TAREFAS  

8.1.1 Conceito  
Este  conceito  contempla  duas  noções  distintas,  mas  complementares.    Por  um  lado,  as  
acções   de   defesa   normalmente   desempenhadas   pelos   jogadores   de   acordo   com   a   sua  
posição   inicial   no   terreno   de   jogo   são   designadas   de   Funções   (e.g.   a   função   de   lateral  
direito,   em   termos   defensivos).     Por   outro   lado,   as   acções   esporádicas   de   defesa  
realizadas  pelos  jogadores  em  consequência  de  problemas  pontuais  e  ocasionais  do  jogo  
são   designadas   de   Tarefas   (e.g.   a   colocação   em   determinada   posição   na   barreira   para  
realizar  oposição  à  marcação  de  livres  directos  pela  equipa  adversária).  

8.1.2 Objectivos  
Atribuição  de  determinados  "papeis"  a  cumprir  pelos  jogadores,  durante  o  jogo.  

8.2 ESQUEMAS  TÁCTICOS  DEFENSIVOS  

8.2.1 Conceito  
Estratégias,   soluções   e   preocupações   especiais   na   organização   de   um   grupo   de  
jogadores   e/ou   toda   a   equipa,   para   anular   as   intenções   adversárias   aquando   da  
marcação  dos  esquemas  tácticos  ofensivos.  

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8.2.2 Objectivos  
Assegurar,  em  situações  de  bola  parada,  as  condições  mais  favoráveis  para  contrariar  a  
concretização  de  golo,  por  parte  da  equipa  adversária.  

Assegurar,   em   situações   de   bola   parada,   as   condições   mais   favoráveis   para   a  


recuperação  da  posse  de  bola  e  desenvolvimento  do  processo  ofensivo.  

8.3 CIRCULAÇÃO  TÁCTICA  DEFENSIVA  

8.3.1 Conceito  
Representam  as  unidades  de  organização  do  jogo  da  equipa  onde  previamente  se  define  
a   circulação   dos   jogadores   (em   zonas,   trajectórias   e   direcções   previamente   definidas)  
em  função  da  circulação  de  bola  por  parte  da  equipa  adversária,  possibilitando  formas  
de   entendimento   colectivo   do   jogo,   na   sua   fase   defensiva.   (e.g.   movimentos   de  
"concentração"   dos   avançados   da   equipa   em   resposta   à   transição   defesa/ataque   pelo  
corredor  lateral  direito,  da  equipa  adversária)  

Teodorescu,   (1983   citado   por   Castelo,   1992,   pp.   101)   define   circulação   táctica   defensiva  
como   "   o   trajecto   das   deslocações   e   a   distância   percorrida   por   cada   defesa   durante   a  
execução   de   missões   defensivas.     Esta   circulação   deve   caracterizar-­‐se   por:   (a)  
manutenção   da   colocação   correcta   em   função   do   sistema   de   defesa   utilizado,   bem  
como   das   particularidades   dos   adversários;   (b)   preocupação   para   que   as   deslocações  
efectuadas  não  perturbem  a  circulação  dos  outros  companheiros,  antes  pelo  contrário,  
as   favoreçam;   (c)   favorecer   a   realização   completa   e   oportuna   dos   procedimentos  
técnicos  da  defesa".  

8.3.2 Objectivos  
Organização  colectiva  do  jogo  defensivo  da  equipa  (permite  a  sistematização  de  alguns  
"automatismos"  da  equipa,  em  termos  defensivos).  

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Série  Didáctica.  Ciências  Aplicadas  nº  149.  Vila  Real:  UTAD  
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8.4 SISTEMA  TÁCTICO  

8.4.1 Conceito  
Forma  geral  de  organização  das  acções  ofensivas  e  defensivas  pelo  estabelecimento  de  
uma  estrutura  base  e  pela  definição  de  tarefas  e  funções  bem  como  de  certos  princípios  
de  colaboração  no  jogo.  (e.g.  utilização  do  sistema  táctico  4-­‐4-­‐2)  

8.4.2 Objectivos  
Definir  uma  estrutura  base  da  equipa  (dimensão  estática)  

Definir   e   coordenar   um   conjunto   de   missões   tácticas   específicas   para   os   jogadores   da  


equipa  (dimensão  dinâmica)  

8.5 MÉTODOS  DE  JOGO  DEFENSIVO  

8.5.1 Conceito  
Conjunto   das   acções   individuais   e   colectivas   adoptadas   para   imprimir   ao   jogo   de   equipa  
coerência  na  movimentação  e  impor  ao  adversário  as  soluções  e  o  ritmo  de  jogo  mais  
conveniente  em  situações  defensivas.  

8.5.2 Objectivos  
Criar   as   condições   mais   favoráveis   para   a   concretização   dos   objectivos   do   processo  
defensivo.  

Permitir  uma  contínua  estabilidade  na  organização  defensiva.  

Desenvolver  todas  as  acções  defensivas  de  modo  a  afastar  o  jogo  das  zonas  próximas  da  
baliza.  

8.5.3 Classificação  
Podemos   classificar   os   Métodos   de   Jogo   Defensivos   em   quatro   formas   básicas   de  
organização:  
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UTAD  -­‐  Gabinete  de  Futebol   69   Victor  Maçãs  /  José  Brito  
Maçãs,  V.  &  Brito,  J.  (2000)  Os  Factores  do  Jogo  em  Futebol  –  As  Acções  Técnico-­‐Tácticas.    
Série  Didáctica.  Ciências  Aplicadas  nº  149.  Vila  Real:  UTAD  
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8.5.3.1 Método  Individual  (Defesa  Individual)  
Método   de   jogo   defensivo   que   se   manifesta   através   da   utilização   da   marcação  
individual.  

8.5.3.2 Método  à  Zona  (Defesa  à  Zona)  


Método  de  jogo  defensivo  que  se  manifesta  através  da  utilização  da  marcação  à  zona.  

8.5.3.3 Método  Misto  (Defesa  Mista)  


Método  de  jogo  defensivo  que  se  manifesta  através  da  utilização  da  marcação  mista.  

8.5.3.4 Método  Zona  Pressionante  (Pressing)  


Método  de  jogo  defensivo  que  se  manifesta  através  da  utilização  da  marcação  em  zona  
pressionante.  

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