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MANUAL DE UM PROJETO TÉCNICO INTEGRADO PARA

UMA EDIFICAÇÃO DE 60 M²

PROJETO ESTRUTURAL

Profa. Maria Lidiane Marques

Ilhéus – Bahia
2021
PROJETO ESTRUTURAL

PROJETO ESTRUTURAL

1. PROJETO ARQUITETÔNICO

Figura 1 – Projeto arquitetônico


PROJETO ESTRUTURAL

2. PILARES
1.1. Concepção dos pilares e pré-dimensionamento

Inicialmente, deve-se realizar um estudo estrutural de concepção do projeto considerando


as características da edificação, do solo e da vizinhança. Uma boa concepção estrutural leva um
arranjo que equacione um equilíbrio considerando aspectos técnicos (resistência,
contraventamento e durabilidade), econômicos (custos de materiais e mão de obra) e
arquitetônicos (estética e funcionalidade).
No presente projeto foram posicionados pilares considerando vãos de aproximadamente
3 m e em pontos estratégicos do projeto arquitetônico. Foi adotada a dimensão de 14x30 cm
para que os pilares ficassem “embutidos” nas paredes que possuem 15 cm de espessura
acabadas.
A dimensão de 30 cm foi adotada pois, de acordo com a NBR 6118, os pilares devem
possuir uma área mínima da seção transversal de 360 cm². Como adotamos a largura mínima
de 14 cm, a altura deveria ser 25,72 cm², porém, visando a facilidade executiva e ganho de
produtividade na montagem das formas, definiu-se uma altura de 30 cm para os pilares, ficando
assim, com uma seção transversal de 14x30 cm.
A Figura 2 apresenta o posicionamento dos pilares adotado no projeto. O único pilar com
dimensão diferente de 14x30 cm é o Pilar 16 que é quadrado por estar no canto da varanda e
sem paredes adjacentes e, portanto, com dimensões de 20x20 cm.
Os posicionamentos horizontais e verticais adotados buscam garantir a melhor
estabilidade global possível considerando que esse projeto possui a maior dimensão no eixo y,
logo, a maior parte dos pilares estão posicionados horizontalmente, ou seja, a maior inércia
individual de cada um desses pilares está na direção horizontal, o que gera uma condição de
equilíbrio de estabilidade com a geometria do projeto arquitetônico.
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Figura 2 – Lançamento dos Pilares

A partir da definição dos pilares devem ser traçadas linhas para se definir a área de
influência de carga que cada um dos pilares receberá (Figura 3). Por exemplo, o Pilar P1
receberá a área de influência correspondente ao quadrante superior esquerdo do Dormitório 3,
já o pilar P2 receberá a área do quadrante superior direito do Dormitório 3 mais a área do
quadrante superior esquerdo da Cozinha.
Enquanto isso, o Pilar P5 recebe áreas do Dormitório 3, da Cozinha, do Hall e do
Dormitório 2 pois a área de influência de um pilar é obtida a partir de figuras geométricas que
envolvem os pilares, isto é, através de retas que passam pela mediatriz dos segmentos de reta
que unem pilares adjacentes e pelo contorno do pavimento. A Figura 4 ilustra as áreas de
influência para cada pilar.
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Figura 3 – Divisão das áreas de influência


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Figura 4 – Áreas de influência de cada pilar

O cálculo para as áreas de influência de cada pilar (Ap) é dado da seguinte forma:

𝐴𝑃1 = 1,5𝑥1,5 = 2,25 𝑚²


𝐴𝑃2 = 3,15𝑥1,5 = 4,72 𝑚²
𝐴𝑃3 = 1,5𝑥1,5 = 2,25 𝑚²
𝐴𝑃4 = 1,5𝑥3,10 = 4,65 𝑚²
𝐴𝑃5 = 3,10𝑥2,13 = 6,60 𝑚²
𝐴𝑃6 = 1,57𝑥2,50 = 3,92 𝑚²
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𝐴𝑃7 = 0,98𝑥2,50 = 2,45 𝑚²


𝐴𝑃8 = 1,57𝑥1,56 = 2,45 𝑚²
𝐴𝑃9 = 0,98𝑥2,35 = 2,30 𝑚²
𝐴𝑃10 = 2,92𝑥1,50 = 4,38 𝑚²
𝐴𝑃11 = (2,40𝑥2,13) + [(2,35 − 1,56)𝑥1,57] + [(3,15 − 2,13)𝑥0,65] = 7,01 𝑚²
𝐴𝑃12 = 0,65𝑥3,15 = 2,05 𝑚²
𝐴𝑃13 = 1,65𝑥2,00 = 3,30 𝑚²
𝐴𝑃14 = 1,48𝑥1,50 = 2,22 𝑚²
𝐴𝑃15 = 0,80𝑥3,15 = 2,52 𝑚²
𝐴𝑃16 = 1,65𝑥0,80 = 1,32 𝑚²

Para o pré-dimensionamento dos pilares, levando-se em consideração as cargas verticais,


a área da seção transversal (Ac,Pilar) pode ser pré-dimensionada por meio da carga total prevista
para o pilar no nível considerado. A carga correspondente a cada pilar, pode ser estimada
multiplicando-se a carga média (por m²) pela área de influência do pilar em questão.
Para o presente projeto será utilizado o valor de carga média de 12 kN/m². Outro aspecto
importante para o cálculo das cargas que cada pilar receberá está relacionado a seção transversal
do pilar adotado. Como uma das dimensões é de 14 cm, portanto menor que os 19 cm
recomendado pela norma (NBR 6118/14), deve-se multiplicar o valor da carga por um
coeficiente adicional γn igual a 1,25. Sendo assim, a carga em cada pilar é o produto entre a área
de influência, o coeficiente γn e a carga média.

𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑛𝑜 𝑃𝑖𝑙𝑎𝑟 = 𝐴𝑃 𝑥𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑥 𝛾𝑛


𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑛𝑜 𝑃𝑖𝑙𝑎𝑟 = 𝐴𝑃 𝑥 12 𝑥 1,25
𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑛𝑜 𝑃𝑖𝑙𝑎𝑟 𝑃1 = 2,25 𝑥 12 𝑥 1,25 = 33,75 𝑘𝑁

Com as cargas de cada pilar pré-dimensionada, é necessário verificar se a área da seção


transversal adotada inicialmente é suficiente para suportar essa solicitação. Assim, torna-se
importante conhecer a resistência do concreto a ser utilizado nessa estrutura para se determinar
as tenções atuantes.
Em relação a tensão admissível do pilar (P), será considerado a metade do valor da
resistência característica do concreto, que no caso em questão, é de 25 MPa ou 250 kgf/cm².
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Dessa forma, a área necessária de cada pilar para receber sua respectiva carga será o
resultado da divisão da sua carga (calculada pela área de influência) pela metade de sua tensão
admissível:
𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑛𝑜 𝑃𝑖𝑙𝑎𝑟
𝐴𝑃 =
0,5𝑥𝑓𝑐𝑘
Sendo:
AP: Área necessária para o pilar
fck: Resistência característica do concreto (em MPa).

Dessa forma, temos:


𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑛𝑜 𝑃𝑖𝑙𝑎𝑟 𝑃1
𝐴𝑃1 =
0,5 𝑥 25𝑀𝑃𝑎

33,75
𝐴𝑃1 =
0,5𝑥25000

𝐴𝑃1 = 0,0027 𝑚2 , 𝑜𝑢 𝑠𝑒𝑗𝑎, 27 𝑐𝑚²

Com esse resultado, observa-se que a área da seção transversal adotada (14x30) que é de
420 cm² é muito superior a área necessária de 27 cm². Essa diferença ocorre em virtude da
necessidade de se respeitar a NBR 6118/14 que além da resistência mecânica também preconiza
aspectos de durabilidade e conservação dentro dos estados limites de serviço e último.
De forma análoga, todas as áreas necessárias calculadas foram inferiores às áreas
adotadas. Isso se deve pois como o projeto é de pequeno porte, e térreo, as cargas são
relativamente baixas. No caso de um projeto com grandes dimensões e/ou de múltiplos
pavimentos, então poderia ser necessário aumentar a área do pilar inicialmente considerada.
Para a determinação das armaduras longitudinais e para as armaduras transversais
(estribos) será utilizado o critério de armaduras mínimas de acordo com a NBR 6118/14 em
virtude dos baixos valores das cargas no presente projeto. Dessa forma, será adotada 4 ϕ 10,0
mm para as ferragens longitudinais e para os estribos, será adotado ϕ de 5,0 mm a cada 12 cm.
A Tabela 1 mostra os valores calculados para todos os pilares.
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Tabela 1 – Pré-dimensionamento do Pilares


Área de Carga Carga Área Área Seção Ferragem
Coeficiente Estribos
Pilar influência Média no Pilar necessária adotada Transversal longitudinal
γn (mm)
(m²) (kN/m²) (kN) (cm²) (cm²) (cm) (mm)
P1 2,25 1,25 12,0 33,75 27,0 420 14x30 4ϕ10,0 ϕ5,0/12
P2 4,72 1,25 12,0 70,80 56,64 420 14x30 4ϕ10,0 ϕ5,0/12
P3 2,25 1,25 12,0 33,75 27,0 420 14x30 4ϕ10,0 ϕ5,0/12
P4 4,65 1,25 12,0 69,75 55,8 420 14x30 4ϕ10,0 ϕ5,0/12
P5 6,60 1,25 12,0 99,00 79,2 420 14x30 4ϕ10,0 ϕ5,0/12
P6 3,92 1,25 12,0 58,80 47,04 420 14x30 4ϕ10,0 ϕ5,0/12
P7 2,45 1,25 12,0 36,75 29,4 420 14x30 4ϕ10,0 ϕ5,0/12
P8 2,45 1,25 12,0 36,75 29,4 420 14x30 4ϕ10,0 ϕ5,0/12
P9 2,30 1,25 12,0 34,50 27,6 420 14x30 4ϕ10,0 ϕ5,0/12
P10 4,38 1,25 12,0 65,70 52,56 420 14x30 4ϕ10,0 ϕ5,0/12
P11 7,01 1,25 12,0 105,15 84,12 420 14x30 4ϕ10,0 ϕ5,0/12
P12 2,05 1,25 12,0 30,75 24,6 420 14x30 4ϕ10,0 ϕ5,0/12
P13 3,30 1,25 12,0 49,50 39,6 420 14x30 4ϕ10,0 ϕ5,0/12
P14 2,22 1,25 12,0 33,30 26,64 420 14x30 4ϕ10,0 ϕ5,0/12
P15 2,52 1,25 12,0 37,80 30,24 420 14x30 4ϕ10,0 ϕ5,0/12
P16 1,32 1,00 12,0 15,84 12,67 361 19x19 4ϕ10,0 ϕ5,0/12

3. LAJES
3.1.Pré-dimensionamento das Lajes

Lajes são as estruturas que transmitem suas cargas para as vigas. Eventualmente, além do
seu peso próprio, pode conter cargas referentes à telhados, coberturas, alvenarias,
revestimentos, etc... As vigas, por sua vez, farão a transferência para os pilares e estes às
fundações para que finalmente todas essas cargas sejam suportadas pelo solo.
As lajes podem ser do tipo maciça, lisa, treliçada, nervurada, alveolar, entre outras. No
projeto em estudo será utilizado a laje maciça e a condição de apoio adotada será borda apoiada.
A primeira situação a ser verificada para o pré-dimensionamento das lajes é a classificação
quanto ao tipo de armação. As lajes retangulares podem ser armadas em uma ou em duas
direções, e o que define essa classificação é a relação entre os lados da laje, a saber:
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0,5 <Ly/Lx<2,0 Laje armada nas duas direções


Ly/Lx<0,5 ou Ly/Lx>2,0 Laje armada em uma direção

Sendo Lx é o menor lado da laje e Ly o maior lado.

A Figura 5 apresenta as lajes definidas no presente projeto. Considerando esses


parâmetros estabelecidos temos o seguinte para a laje L1:

V1

V2

V3

V4

V5

V6

Figura 5 – Painéis de Laje

Lx = 3,15 m e Ly = 3,15 m, logo Ly/Lx = 1,0, portanto, armada em duas direções. A L2 é


igual a L1.
No caso da L3:
Lx = 3,05 m e Ly = 3,15 m. logo Ly/Lx = 1,03. Portanto, armada em duas direções.
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No caso da L4, temos:


Lx = 1,05 m e Ly = 1,85 m logo Ly/Lx = 1,76. Portanto, armada em duas direções.

Para as lajes L5, L6, L7 as relações Ly/Lx são, respectivamente 1,14, 1,07 e 1,10. Logo,
as três são armadas em duas direções. Por outro lado, para a laje L8 encontra-se o seguinte caso:
Lx = 1,28 m e Ly = 3,13 m logo Ly/Lx = 2,44. Portanto, armada apenas em uma direção.

Uma vez resolvida o tipo de classificação das lajes, é necessário pré-dimensionar a


espessura da laje maciça. Uma forma de fazer isso é utilizando a expressão:
𝐿𝑥
ℎ=
40
Onde Lx é o menor vão (lado) da laje em centímetros.
Para a L1, temos: h = 315/40 = 7,90 cm = 8,00 cm
Para a L2, temos: h = 315/40 = 7,90 cm
Para a L3, temos: h = 305/40 = 7,60 cm
Para a L4, temos: h = 105/40 = 2,60 cm
Para a L5, temos: h = 185/40 = 4,60 cm
Para a L6, temos: h = 295/40 = 7,40 cm
Para a L7, temos: h = 285/40 = 7,10 cm
Para a L8, temos: h = 128/40 = 3,20 cm

De acordo com os valores mínimos da NBR 6118 para lajes maciças (item 13.2.4.1), a
espessura mínima para lajes de cobertura que não esteja em balanço é de 7,0 cm. Como as lajes
L1 e L2 foram pré-dimensionadas com 7,9 cm, então, por segurança e facilidade construtiva,
para todas a lajes será adotada a espessura de 8,0 cm.
Considerando uma altura de 8,0 cm, temos uma área de concreto de 800 cm² para uma
placa imaginária de 1 m linear de base.

A = 800 cm²

De acordo com a Figura 6, a taxa mínima de armadura de flexão para vigas e lajes com
fck<50 MPa com resistência C25 = 0,15%.
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Figura 6 – Taxas mínimas de armadura de flexão para vigas e lajes com ƒck  50 Mpa.
Fonte: Pág.42 do livro Curso Básico de Concreto Armado (Thiago Bomjardim Porto)

Dessa forma, temos que a área mínima de aço é: L3 h=8 cm


𝐴𝑆,𝑚í𝑛 = 𝜌𝑚í𝑛 . 𝐴𝐶
𝐴𝑆,𝑚í𝑛 = 0,15%. 800 𝑐𝑚²
100 cm
𝐴𝑆,𝑚í𝑛 = 0,0015𝑥800 𝑐𝑚²

𝐴𝑆,𝑚í𝑛 = 1,2 𝑐𝑚²/m

Com o valor da As,min calculada, deve-se entrar na tabela de dimensionamento das


armaduras (Figura 7). Para uma taxa de armadura (As) de 1,2 cm², segundo a tabela, deve-se
adotar ϕ 5,0 a cada 16 cm para a malha positiva da laje. Em favor da segurança e facilidade
construtiva recomenda-se adotar ϕ 5,0 a cada 15 cm.
Em relação à ferragem negativa das lajes nas regiões sobre as vigas, também recomenda-
se adotar ϕ 5,0 a cada 15 cm, com comprimento de ancoragem equivalente a ¼ do vão. Como
o maior vão do presente projeto é de 3,15 m, será considerado o comprimento da ferragem
negativa das lajes igual a 80 cm, para cada lado. (5,0 mm c/16 cm)

Figura 7 – Diâmetro e espaçamentos das armaduras para Laje e armadura transversal


(estribos)
Fonte: Pág.198 do livro Curso Básico de Concreto Armado (Thiago Bomjardim Porto)
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Tabela 3 – Resumo dos resultados obtidos para o pré-dimensionamento das lajes


Classificação Armadura positiva Armadura negativa
Laje Lx (cm) Ly (cm)
(direções) (malha) de 80 cm
L1 315 315 duas ϕ5,0 a cada 16cm ϕ5,0 a cada 16cm
L2 315 315 duas ϕ5,0 a cada 16cm ϕ5,0 a cada 16cm
L3 305 315 duas ϕ5,0 a cada 16cm ϕ5,0 a cada 16cm
L4 105 185 duas ϕ5,0 a cada 16cm ϕ5,0 a cada 16cm
L5 185 210 duas ϕ5,0 a cada 16cm ϕ5,0 a cada 16 cm
L6 295 315 duas ϕ5,0 a cada 16cm ϕ5,0 a cada 16cm
L7 285 315 duas ϕ5,0 a cada 16cm ϕ5,0 a cada 16cm
L8 128 313 uma ϕ5,0 a cada 16cm ϕ5,0 a cada 16cm

4. VIGAS
4.1.Pré-dimensionamento das Vigas

As vigas conectam as superfícies superiores e inferiores dos pilares, promovendo um


travamento estrutural muito importante para a estabilidade da estrutura. As vigas superiores,
também chamada de áreas, são responsáveis por receber todas as cargas provenientes das lajes.
Já as vigas inferiores, conhecidas como vigas Baldrame, recebem predominantemente as cargas
advindas das paredes da edificação.
Considerando que o maior vão de viga do presente projeto é de 315 cm, pode-se realizar
o seguinte pré-dimensionamento:
h = L/10 portanto, as vigas podem ter altura pré-determina de 31,5 cm. Adotaremos para
esse projeto 30 cm pela facilidade na hora da montagem das formas.
A largura pré-defina da viga superior será considerada sendo a mesma largura dos pilares
e das paredes, ou seja, 14 cm. Assim sendo, obtém-se uma área de seção transversal para a viga
de 420 cm² (14x30).
De forma análoga ao dimensionamento da armadura das lajes, deve-se calcular para as
vigas a área mínima de aço As,min, que será igual a:
𝐴𝑆,𝑚í𝑛 = 𝜌𝑚í𝑛 . 𝐴𝐶
𝐴𝑆,𝑚í𝑛 = 0,15%. 420 𝑐𝑚²
0,0015x420
𝐴𝑆,𝑚í𝑛 = 0,63 𝑐𝑚2
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Com essa informação, entra-se na Tabela A.12 do livro “Curso Básico de Concreto
Armado” (Thiago Bomjardim Porto) ilustrado na Figura 8 e verifica-se que é possível utilizar
2 ϕ de 8,0 ou 3 ϕ de 6,3, sendo considerado 2 ϕ de 8,0 uma solução adequada para esse exemplo.
Então são 2 ϕ de 8,0 para a armadura positiva e 2 ϕ de 6,3 para os porta estribos (armadura que
fica em cima na viga). (36,3mm)

Figura 8 – Tabela com as seções das armaduras e sua quantidade para vigas
Fonte: Pág.197 do livro Curso Básico de Concreto Armado (Thiago Bomjardim Porto)

Para o dimensionamento dos estribos, de acordo com a NBR 6118/14, item 17.4.1.1, todos
os elementos lineares que estiverem submetidos à força cortante, com algumas exceções,
precisam de uma armadura transversal mínima, Asw,min.
𝐴𝑆𝑤,𝑚í𝑛 = 𝜌𝑤,𝑚í𝑛 . 𝑏𝑤
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Onde bw é a largura da viga.

O ρw,min é obtido na tabela 3.5, pág. 49 do livro (Figura 9), para o concreto de resistência
de classe C25, taxa mínima de armadura transversal (ρw,min) deve ser igual a 0,103.

Figura 9 – Taxas mínimas de armadura transversal dos concretos com ƒck  50 Mpa.
Fonte: Pág.49 do livro Curso Básico de Concreto Armado (Thiago Bomjardim Porto)

Dessa forma, temos:


𝐴𝑆𝑤,𝑚í𝑛 = 0,103𝑥14
𝐴𝑆𝑤,𝑚í𝑛 = 1,44 𝑐𝑚2 /𝑚

Considerando que são duas pernas em cada estribo, então Asw,min = 1,44/2 = 0,72 cm²/m

Com essa informação entra-se na tabela mostrada na Figura 7 para encontrar o resultado
de ϕ de 5,0 mm a cada 27 cm. Para facilitar a execução, recomenda-se adotar ϕ de 5,0 mm a
cada 25 cm para os estribos.
As vigas inferiores (vigas baldrames), possui seção transversal adotada de 20x30 cm e
uma área de 600 cm². Assim, de forma análoga ao cálculo da armadura mínima da viga superior,
temos:
𝐴𝑆,𝑚í𝑛 = 𝜌𝑚í𝑛 . 𝐴𝐶
𝐴𝑆,𝑚í𝑛 = 0,15%. 600 𝑐𝑚²
𝐴𝑆,𝑚í𝑛 = 0,90 𝑐𝑚2

Com essa informação, entra-se na tabela mostrada na Figura 8 e verifica-se que as


ferragens indicadas são as mesmas utilizadas nas vigas superiores, portanto, temos 2 ϕ de 8,0
para a armadura positiva e 2 ϕ de 6,3 para os porta estribos.
Já em relação à armadura transversal (os estribos), o dimensionamento mostrou uma
diferença entre as vigas inferiores e superiores, pois:
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𝐴𝑆𝑤,𝑚í𝑛 = 0,103𝑥20
𝐴𝑆𝑤,𝑚í𝑛 = 2,06 𝑐𝑚2 /𝑚

Considerando que são duas pernas em cada estribo, então Asw,mín = 2,06/2 = 1,03 cm²/m

Com essa informação entra-se na tabela mostrada na Figura 7, para encontrar o resultado
de ϕ de 5,0 mm a cada 19 cm. Para facilitar a execução, recomenda-se adotar ϕ de 5,0 mm a
cada 15 cm para os estribos das vigas baldrames.

5. SAPATAS
5.1. Pré-dimensionamento das Sapatas

As sapatas são fundações rasas responsáveis por receber as cargas dos pilares, que trazem
consigo todas as cargas da edificação. É um tipo de solução adequada para solo com boa
resistência na superfície e sem contato com lençol freático. Por dispensar a necessidade de
equipamentos sofisticados, é considerada uma fundação relativamente barata comparada a
outros tipos de fundações, como as estacas, por exemplo.
Uma variável muito importante a ser utilizada no dimensionamento das sapatas é a
resistência do solo. Essa informação é obtida a partir das análises de sondagens a percussão
realizadas “in loco” no terreno. No caso do projeto exemplo utilizado, será considerado o valor
de tensão do solo σ = 100 kN/m². Esse valor de tensão é considerado adequado para pequenas
construções, como o exemplo do caso em estudo.
Para se conhecer a área da sapata necessária para transmitir ao solo as cargas dos pilares,
deve-se dividir a carga de cada pilar pela resistência admissível do solo. No pré-
dimensionamento, será utilizado um coeficiente de 10% de segurança aplicado no valor da
carga do pilar. Dessa forma, temos:
𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑑𝑜 𝑃𝑖𝑙𝑎𝑟 (𝑃)
Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑆𝑎𝑝𝑎𝑡𝑎 (𝑆) = . 1,1
𝜎

Onde, σ é a resistência admissível do solo em kN/m²

A partir dos resultados mostrados na Tabela 1, encontra-se as cargas provenientes de cada


pilar e assim é possível encontra a área de cada uma das sapatas, conforme a equação a seguir:
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33,75
Á𝑟𝑒𝑎 𝑆1 = 𝑥1,1
100
Á𝑟𝑒𝑎 𝑆1 = 0,37 𝑚²

Assim, será necessária uma área de 3.712,5 cm² para transmitir com segurança a carga do
P1 ao solo. Considerando que as sapatas utilizadas no projeto serão quadradas, temos que o
lado do quadrado da base da sapata (L) será igual a raiz quadrada da área necessária, portanto:
Á𝑟𝑒𝑎 𝑆𝑎𝑝𝑎𝑡𝑎 = 𝐿𝑥𝐿
𝐿2 = Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑆𝑎𝑝𝑎𝑡𝑎

𝐿 = √Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑆𝑎𝑝𝑎𝑡𝑎

𝐿𝑆1 = √3.712,5
𝐿𝑆1 = 60,9 𝑐𝑚 de lado

Porém, constata-se que essa dimensão é menor que a mínima permitida. Para sapata sob
pilar de edifícios de múltiplos pavimentos existe a recomendação de que a dimensão mínima
em planta seja de 80 cm. De acordo com a NBR 6122/19 (7.7.1), a menor dimensão não deve
ser inferior a 60 cm. Portanto, deve-se adotar 60 cm de lado para a sapata S1. De forma análoga,
é possível calcular a área de todas as outras sapatas e elabora a Tabela 4.

Para a determinação da altura da sapata deve-se fazer uma verificação entre as


dimensões das sapatas com seus respectivos pilares correspondentes. De acordo com a NBR
6118/14, item 22.6.1, tem-se:

(𝑎 − 𝑎𝑃 )
ℎ≥
3

onde: h é a altura da sapata;

a é a dimensão da sapata em uma determinada direção;

aP é a dimensão do pilar na mesma direção (menor dimensão).

Dessa forma, para a sapata S1, temos que:

(65 − 14)
ℎ≥
3

ℎ ≥ 17 𝑐𝑚 , portanto adota-se 20 cm.

Para a sapata S2, temos que:


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(90 − 14)
ℎ≥
3

ℎ ≥ 25,33 𝑐𝑚 , portanto adota-se 30 cm.

A sapata S3 possui as mesmas dimensões que a sapata S1 e, de forma análoga, pode-se


calcular as alturas de todas as outras sapatas. A sapata com maior altura é a S11, pois possui
maiores dimensões, onde:

(115 − 14)
ℎ≥
3

ℎ ≥ 33,67 𝑐𝑚 , portanto adota-se 35 cm.

Tabela 4 – Dimensões das sapatas


Carga no Área da Lado da base Lado da base Altura da
Sapata
Pilar (kN) sapata (m²) calculado (m) adotado (cm) sapata (cm)
S1 33,75 0,37 0,61 65 20
S2 70,80 0,78 0,88 90 30
S3 33,75 0,37 0,61 65 20
S4 69,75 0,77 0,88 90 30
S5 99,00 1,10 1,05 100 30
S6 58,80 0,65 0,81 85 25
S7 36,75 0,40 0,63 65 20
S8 36,75 0,40 0,63 65 20
S9 34,50 0,38 0,62 65 20
S10 65,70 0,72 0,85 85 25
S11 105,15 1,16 1,08 110 35
S12 30,75 0,34 0,58 60 20
S13 49,50 0,54 0,73 75 20
S14 33,30 0,37 0,61 65 20
S15 37,80 0,42 0,42 60 20
S16 15,84 0,17 0,41 60 20

Uma vez determinada a seção transversal da sapata, com a largura e altura disponíveis, é
possível dimensionar as armaduras utilizando o mesmo conceito de vigas e lajes, ou seja, deve-
se calcular para as sapatas a área mínima de aço (As,min).

Pegando como exemplo a sapata S11, tem-se que sua seção transversal é (115 x 35 cm),
logo pode-se calcular a área mínima de armadura pela equação:

𝐴𝑆,𝑚í𝑛 = 𝜌𝑚í𝑛 . 𝐴𝐶
𝐴𝑆,𝑚í𝑛 = 0,15%. (115𝑥35)𝑐𝑚²
PROJETO ESTRUTURAL

𝐴𝑆,𝑚í𝑛 = 6,04 𝑐𝑚2

Com essa informação, entra-se na tabela mostrada na Figura 8 e verifica-se que é possível
utilizar 8 ϕ de 10,0 mm ou 12 ϕ de 8,0 mm. Será adotado 12 ϕ de 8,0 mm para esse caso.

Da mesma forma, dimensiona-se as armaduras das demais sapatas. Para a sapata S1, tem-
se:

𝐴𝑆,𝑚í𝑛 = 𝜌𝑚í𝑛 . 𝐴𝐶
𝐴𝑆,𝑚í𝑛 = 0,15%. (65𝑥20) 𝑐𝑚²
𝐴𝑆,𝑚í𝑛 = 1,95 𝑐𝑚2

De acordo com a Tabela 8, pode-se utilizar 7 ϕ de 6,3 mm.

Para a sapata S2, tem-se:

𝐴𝑆,𝑚í𝑛 = 𝜌𝑚í𝑛 . 𝐴𝐶
𝐴𝑆,𝑚í𝑛 = 0,15%. (90𝑥30) 𝑐𝑚²
𝐴𝑆,𝑚í𝑛 = 4,05 𝑐𝑚2

De acordo com a Tabela 8, pode-se utilizar 9 ϕ de 8,0 mm. Assim, fazendo o cálculo
para as demais sapatas é possível construir a Tabela 5 que apresenta as armaduras utilizadas
para todas as sapatas.

Para se calcular o espaçamento entre cada armadura é necessário dividir o comprimento


da sapata pela respectiva quantidade de vergalhões (barras de aço) obtida no dimensionamento.
Dessa forma, temos que o espaçamento E é dado por:
𝐿
𝐸=
𝑛
Onde L é o lado da sapata e n é o número de barras.

Então, para a sapata S1 tem-se:


65
𝐸=
7
𝐸 = 9,3 𝑐𝑚

Para a sapata S2:


PROJETO ESTRUTURAL

90
𝐸=
9
𝐸 = 10 𝑐𝑚
Para a sapata S5:
100
𝐸=
10
𝐸 = 10 𝑐𝑚
E assim por diante.

O comprimento C dos vergalhões deve ser calculado pela seguinte expressão:


𝐶 = 𝐿 − 2𝑐 + 2𝐷
Onde c é o cobrimento e D é a dobra

O valor da Dobra é dependente do diâmetro da armadura (barra de aço) e é obtido da


tabela mostrada na Figura 10. Constata-se na referida tabela que para ϕ de 6,3 e 8,0 mm, D =
20 cm.

Figura 10 – Valores das dobras e ancoragens das armaduras


Fonte: Pág.198 do livro Curso Básico de Concreto Armado (Thiago Bomjardim Porto)

Dessa forma, para a sapata S1, considerando um cobrimento de 3,0 cm, tem-se :
𝐶 = 65 − 2𝑥3 + 2𝑥20
𝐶 = 99 𝑐𝑚
Para a sapata S2:
𝐶 = 90 − 2𝑥3 + 2𝑥20
𝐶 = 124 𝑐𝑚
PROJETO ESTRUTURAL

Para a sapata S5:


𝐶 = 100 − 2𝑥3 + 2𝑥20
𝐶 = 134 𝑐𝑚

A Tabela 5 apresenta as armaduras utilizadas para todas as sapatas.

Tabela 5 – Armaduras das sapatas


Sapata Área de aço Ferragem Espaçamento (cm) Comprimento (cm)
S1 1,95 7 ϕ de 6,3 9,0 99,0
S2 4,05 9 ϕ de 8,0 10,0 124,0
S3 1,95 7 ϕ de 6,3 9,0 99,0
S4 4,05 9 ϕ de 8,0 10,0 124,0
S5 4,50 10 ϕ de 8,0 10,0 134,0
S6 3,19 6 ϕ de 8,0 14,0 119,0
S7 1,95 7 ϕ de 6,3 9,0 99,0
S8 1,95 7 ϕ de 6,3 9,0 99,0
S9 1,95 7 ϕ de 6,3 9,0 99,0
S10 2,55 9 ϕ de 6,3 9,0 119,0
S11 5,78 12 ϕ de 8,0 9,6 144,0
S12 1,44 5 ϕ de 6,3 12,0 94,0
S13 2,25 5 ϕ de 8,0 15,0 109,0
S14 1,95 7 ϕ de 6,3 9,0 99,0
S15 1,80 6 ϕ de 6,3 10,0 94,0
S16 1,80 6 ϕ de 6,3 10,0 94,0

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