Você está na página 1de 2

Ciência Política – 12.

º Ano

As Principais Correntes Ideológicas

O LIBERALISMO
1. Introdução
Fundação: movimento que apareceu no séc. XIX – Partido Espanhol de Liberais (1812).
Antecedentes – Iluminismo escocês – Adam Smith (1723-1790) é o seu máximo representante; este
movimento defendia os ideais iluministas
Especificidade do Iluminismo escocês
- ambiente cultural rico em debates científicos e filosóficos: grandes progressos das ciências, tanto as
naturais como as sociais e humanas e a Filosofia
- crescimento das universidades – alargamento dos cursos oferecidos (deixaram de ensinar apenas teologia,
começaram a ensinar ciências, direito e medicina)
- preocupação com a promoção de valores de urbanidade e civilidade: criação de clubes e associações (por
exemplo, a Sociedade Filosófica de Edimburgo): promoviam debates entre intelectuais e homens comuns,
sobre questões literárias, científicas e filosóficas
- tolerância pela diferença, e respeito pela liberdade de pensamento e de expressão:
David Hume: «Nada neste país é mais capaz de surpreender os estrangeiros do que a extrema
liberdade que desfrutamos de comunicar ao público quando nos aprouver, e de censurar
abertamente qualquer medida que possa ser tomada pelo rei ou pelos seus ministros.»

superação das precárias condições económicas do país – desenvolvimento da agricultura, da indústria e do


comércio
surgimento de um ambiente propício aos “melhoramentos” – crença no progresso
desenvolvimento dos estudos sobre a sociedade, a mudança social e a natureza da liberdade

Adam Smith – A Riqueza das Nações (1776, 5 vols.) – cada indivíduo em busca do seu próprio interesse irá
promover o bem comum sem intervenção do Estado. Essa é a mão invisível do mercado
- na economia de mercado, apesar da inexistência de uma entidade coordenadora do interesse comunal, a
interação dos indivíduos parece resultar numa determinada ordem

Principais representantes do liberalismo – Immanuel Kant (Alemanha (1724-1804), John Stuart Mill
(Inglaterra, 1806-1873), Friedrich August von Hayek (Áustria, 1899-1992), John Rawls (EUA, 1921-2002) e
Robert Nozick (EUA, 1938-2002).

2. Conceções acerca do homem e da sociedade


- individualista: primazia moral da pessoa contra qualquer pretensão da coletividade social
- igualitária: todos os homens o mesmo estatuto moral; nega a relevância de graus de diferenciação, legais
ou políticos, da riqueza moral entre seres humanos
- universalista: unidade moral da espécie humana, com importância secundária para as associações
históricas e as formas culturais específicas
- melhorista: crença no aperfeiçoamento de todas as instituições sociais e dos acordos políticos

3. Princípios fundamentais
Liberdade – conceito definido no século XVIII por Benjamin Constant: a liberdade dos antigos é diferente da
liberdade dos modernos:
 para os antigos, liberdade significa o direito a ser-se ouvido na decisão e na ação coletiva – é a
liberdade republicana
- associa-se à democracia direta: os cidadãos são homens livres na medida em que decidem, na
praça pública, sobre as questões políticas.
- não implica nenhuma emancipação do indivíduo em relação à comunidade – a liberdade coexiste
com a submissão do indivíduo ao coletivo; embora livre de participar na vida política, o indivíduo
não pode escolher a sua religião, nem exprimir livremente as suas opiniões nem, muitas vezes,
escolher a sua atividade.

 para os modernos, liberdade significa uma esfera protegida de não-interferência ou de


independência sob o poder da lei
- emergiu na Europa e na América, a partir dos finais do séc. XVIII
- trata-se do gozo da independência privada
- está associada aos direitos do cidadão (liberdades civis e direitos e liberdades políticos)
- implica o império da lei
- permite que cada um escolha a sua religião, exprima as suas opiniões e se dedique à atividade que
bem entender
- os cidadãos podem deslocar-se para onde quiserem, dispor da sua propriedade, ocupar os dias da
forma que acharem mais proveitosa

qualquer compromisso com a liberdade individual implica apoio da propriedade privada e do mercado livre
Igualdade – todas as pessoas têm direito a um tratamento igual, independentemente das respetivas crenças
e conceções de bem, quer as que são, quer as que não são aprovadas pela sociedade e desde que não
violem os direitos das outras pessoas
 pode ser compreendida em relação com a distribuição de determinados bens e,
 como qualificativo do respeito que é devido aos sujeitos independentemente da sua posição social

- do ponto de vista moral, os interesses de cada pessoa têm igual importância, mas assinala que os liberais
têm diferentes conceções sobre o que é tratar as pessoas com igual consideração e respeito: a grande
maioria dos liberais aceita os direitos à mobilidade, à propriedade pessoal e à participação política, mas
recusa reconhecer quaisquer direitos coletivos, pois creem que apenas o indivíduo pode ser considerado
fonte de direitos válidos
- os políticos liberais conceberam um tipo de legislação a aplicar a todos os indivíduos, independentemente
da sua raça e etnia (colour-blind legislation).
 objetivo: pôr fim a todos os tipos de discriminação e promover a integração universal dos cidadãos
no Estado (em última análise, isso acabaria com as minorias, pois o exercício da sua “diferença” seria
remetido exclusivamente para a esfera da vida privada)
Neutralidade do Estado – princípio que está diretamente relacionado com
- o princípio da prioridade do justo sobre o bem
- o princípio da prioridade do indivíduo sobre a sociedade
 como não existe um critério comum de perfeição para avaliar as preferências
 e como a vida de cada pessoa é conduzida a partir de dentro,

- o Estado tem o dever de respeitar as diferentes conceções de bem, desde que elas respeitem os princípios
da justiça: «o bem comum é ajustado de forma a convir ao padrão de preferências e conceções de bem que
os indivíduos possuem.» (John Rawls)
- o Estado deve impor uma legislação neutral e igual para todos os cidadãos, independentemente de
quaisquer características particulares que eles possuam

4. Governo e Democracia
- o Estado liberal pode ter uma área de funções públicas, para além da proteção dos direitos e da
manutenção de justiça: defesa do Governo limitado ou constitucional: existem restrições constitucionais ao
exercício arbitrário da autoridade governamental
- o governo não pode violar os direitos e liberdades básicas (civis e políticas), nomeadamente, o direito de
propriedade, visto pelos liberais como garantia de uma maior autonomia dos indivíduos
- o governo democrático ilimitado é uma forma de totalitarismo (porque quaisquer maiorias políticas
temporárias podem alterar as leis)

Você também pode gostar