ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.9003-78704-1-SM.

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Lima DM de, Martins CP, Brunori EHFR et al. Fixação de tubo orotraqueal: tecnologia diferenciada...

ARTIGO ORIGINAL
FIXAÇÃO DE TUBO OROTRAQUEAL: TECNOLOGIA DIFERENCIADA PARA
SEGURANÇA DO PACIENTE
ENDOTRACHEAL TUBE FIXING: DIFFERENTIATED TECHNOLOGY
FIJACIÓN DEL TUBO ENDOTRAQUEAL: LA TECNOLOGÍA DIFERENCIADA
Danielly Mascarenhas de Lima1, Christiane Pereira Martins Casteli2, Evelise Helena Fadini Reis Brunori3,
Andrea Cotait Ayoub4
RESUMO
Objetivo: avaliar uma tecnologia diferenciada para fixação de tubo orotraqueal (TOT) e os critérios sobre
segurança no manuseio e qualidade do artefato na perspectiva dos profissionais. Método: estudo
retrospectivo descritivo, por meio da análise da ficha avaliação do produto preenchida por nove
fisioterapeutas e doze enfermeiros em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) adulta, no período de julho a
setembro de 2012, de uma instituição hospitalar pública cardiológica de São Paulo/SP, Brasil. Para a análise
dos dados foi utilizada a norma técnica NBR ISSO/IEC 14598-6. Resultados: com relação ao percentual de
concordância dos profissionais a respeito dos critérios de avaliação, os resultados foram: 100% sobre a
facilidade na movimentação do tubo; 90% sobre a segurança do dispositivo, a facilidade na higiene oral e o
conhecimento sobre produto semelhante; 85% sobre a facilidade no manuseio na aplicação; 71% sobre a
qualidade do atendimento, a melhoria na aparência do paciente e adoção deste produto; 67% sobre a
recomendação do produto; a duração média da fixação foi de seis dias. Conclusão: os profissionais avaliaram
positivamente o artefato como tecnologia diferenciada para a fixação de TOT. Descritores: Intubação
Endotraqueal; Úlcera; Cuidados de Enfermagem; Pacientes Internados; Segurança do Paciente.
ABSTRACT
Objective: to evaluate a differentiated technology to the endotracheal tube fixing (ET) and the criteria about
the handling security and the artifact quality under the professional’s perspective. Methodology: a
descriptive and retrospective study, through the evaluation production form analysis filled by nine
physiotherapists and twelve nurses in the adult Intensive Care Unit (ICU), between July and September 2012,
from a cardiac public hospital institution in São Paulo/SP, Brazil. To the data analysis was used the technical
norm NBR ISSO/IEC 14598-6. Results: regarding to the agreement percentage related to the evaluation
criteria, the results were: 100% about the tube movement facility; 90% about the dispositive security, the
oral hygiene facility and the knowledge about a similar product; 85% about the handling application facility;
71% about the attendance quality, the patients’ appearance improvement and this product adoption; 67%
about the product recommendation; the medium length to the fixing was about 6 days. Conclusion: the
professionals evaluated positively the artifact as differentiated technology to the ET fixation. Descriptors:
Endotracheal Tube; Ulcer; Nursing Care; In-Patients; Patient Security.
RESUMEN
Objetivo: evaluar una tecnología diferenciada para la fijación del tubo endotraqueal (TET) y los criterios
relativos a la seguridad en el manejo y la calidad del artefacto desde la perspectiva de los profesionales.
Metodología: estudio retrospectivo descriptivo, a través del análisis de la evaluación del registro de lo
producto completado por nueve fisioterapeutas y doce enfermeras en una Unidad de Cuidados Intensivos (UCI)
de adultos en el periodo de julio a septiembre de 2012, en un hospital público cardiológico de Sao Paulo/SP,
Brasil. Para análisis de datos se utilizó la norma técnica NBR ISSO/IEC 14598-6. Resultados: en relación con
el porcentaje de acuerdo de los profesionales con respecto a los criterios de evaluación, los resultados
fueron: 100% de la instalación sobre el movimiento del tubo; 90% de la seguridad del dispositivo, la facilidad
de la higiene oral y el conocimiento de un producto similar; 85% de la facilidad en el manejo de la aplicación;
71% de la calidad de la atención, mejorar la apariencia del paciente y la adopción de este producto; 67% de la
recomendación del producto; la duración media de la fijación fue de seis días. Conclusión: profesionales
evaluaron positivamente lo artefacto como tecnología diferenciada para fijación de ET. Descriptores:
Intubación endotraqueal; Úlcera; Cuidados de Enfermería; Pacientes Hospitalizados; Seguridad del Paciente.
1
Enfermeira, Especialista, Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo/USP. São Paulo (SP), Brasil. E-mail:
daniellymascarenhas@hotmail.com; 2Enfermeira, Mestre, Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia/IDPC. São Paulo (SP), Brasil. E-mail:
chrispereiramartins@gmail.com; 3Enfermeira, Mestre, Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia/IDPC. São Paulo (SP), Brasil. E-mail:
evelisehelena@uol.com.br; 4Enfermeira, Doutora, Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia/IDPC. São Paulo (SP), Brasil. E-mail:
andreacotaitayoub@gmail.com

Português/Inglês
Rev enferm UFPE on line., Recife, 10(5):1812-21, maio., 2016 1812
ISSN: 1981-8963
Lima DM de, Martins CP, Brunori EHFR et al.
INTRODUÇÃO
A Intubação orotraqueal (IOT) é um
procedimento indicado nos casos em que há
necessidade de se manter as vias aéreas
(VA’s) eficientes. Não existe tempo máximo
de permanência do tubo no paciente,1
contudo, se a intubação se fizer necessária
por mais de 21 dias, sugere-se uma
traqueostomia precoce,2 contudo, duas
complicações são frequentemente
reconhecidas no meio hospitalar e geradoras
de indicadores de avaliação na assistência de
enfermagem: extubação acidental e lesão de
pele oriunda da fixação do tubo.
O fator mais comumente associado com a
extubação não acidental na UTI é a técnica de
fixação do TOT.3,4 Um olhar diferenciado para
a segurança, facilidade de manuseio e
durabilidade da fixação faz-se necessário. O
tipo de produto utilizado na fixação do tubo
orotraqueal (TOT) e o tempo de permanência
são elementos imprescindíveis para a melhoria
da qualidade da assistência, uma vez que a
extubação acidental e as lesões de pele são
complicações oriundas destes fatores.
O uso de um dispositivo diferenciado que
proporcione segurança ao paciente entubado,
que facilite o manuseio, a movimentação do
tubo e a higienização oral, pode prevenir tais
complicações.
A fixação de TOT que será apresentada
neste trabalho pretende romper conceitos
tradicionais acerca de estratégias de fixação
presentes no mercado de trabalho, visando à
segurança, facilidade e conforto, buscando,
cada vez mais, a melhoria do cuidado
prestado ao paciente.
OBJETIVO
Figura 1. Design do artefato.
Posteriormente, algumas informações sobre
a caracterização e uso do produto foram
apresentadas: a) devido hidrocolóide, o
fabricante indica o uso da fixação por até 7
dias, podendo variar de acordo com as
condições do paciente (sudorese e região zigomática. Após secá-la bem, pode-se
hipertermia, por exemplo, diminuirão vida útil
do dispositivo); b) uso único e adulto; C) não
contém látex e não é estéril; D) troca da
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● Avaliar uma tecnologia diferenciada para
fixação de TOT e os critérios sobre segurança
no manuseio e qualidade do artefato, na
perspectiva dos profissionais.
MÉTODO
Estudo retrospectivo descritivo para
avaliação do artefato para fixação de TOT por
meio da análise da ficha avaliação do produto
preenchida pelos sujeitos da pesquisa durante
a utilização do produto na Unidade de Terapia
Intensiva (UTI) adulta no período de julho a
setembro de 2012, de uma instituição
hospitalar pública cardiológica da cidade de
São Paulo.
A amostra foi constituída por duas
categorias de profissionais: enfermeiros e
fisioterapeutas, os quais atuam na UTI e que
realizam dentro da sua rotina de trabalho a
fixação e manipulação do TOT. A amostra
contemplou 21 avaliações em diferentes
pacientes, sendo 9 realizadas por
fisioterapeutas e 12 por enfermeiros,
respeitando os padrões da norma NBR
ISSO/IEC 14598-6(5).
Foram definidas três fases para a avaliação
do produto: treinamento, utilização do
produto e avaliação.
Fase 1 - Treinamento
Todos os profissionais envolvidos foram
treinados pela enfermeira assessora técnica
da empresa responsável pelo dispositivo,
seguindo uma mesma metodologia.
No treinamento foi realizada a
demonstração da aplicação do artefato.
Primeiramente foi apresentado o design do
produto, composto por placas de hidrocolóide
nas laterais, uma tira acolchoada posterior e,
à frente, o trilho e o fecho/alça do tubo,
conforme ilustrado na figura 1.0.
fixação na presença de dois profissionais
(conforme recomendação da literatura).
Para aplicação do artefato, o primeiro
cuidado antes de fixá-lo é com a pele. É
necessária uma limpeza com água e sabão na
aplicar, com algodão ou gaze, uma solução
alcoólica de Clorexidina 0,5% no local,
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seguindo os protocolos da instituição quanto
ao uso dos antissépticos. Destaca-se que seja
realizada tricotomia da região zigomática,
quando necessário.
Como cuidado adicional àqueles que
possuem a pele friável e delicada, recomenda-
se a aplicação de um protetor cutâneo, jamais
com base cremosa, nesta mesma região. Em
seguida, retira-se o papel que protege o
hidrocolóide, acomoda-se a espuma anterior
na região supra labial e coloca-se o fixador
segurando o hidrocolóide por uns 40 segundos
para ativá-lo. Após fixação, prende-se a alça
por trás da cabeça deixando uns dois dedos de
distância.
Feitos esses procedimentos, para a fixação
do TOT, retira-se o papel do fecho/alça que
envolverá o tubo e, com ajuste necessário,
deve-se prender a cânula (5-10mm). O adesivo
presente nesta alça/fecho que envolve o tubo
não é o responsável pela fixação, pois o que
garantirá o sucesso deste dispositivo é o
ajuste correto dessa alça ao tubo, evitando a
extubação acidental. O fecho contém “garras”
que impedirão atrito e deslizamento da
cânula, sem ocasionar perfurações no tubo.
A qualquer momento os profissionais
podem manipular o tubo sem,
necessariamente, ter que trocar a fixação,
bastando os movimentos para baixo e para
cima: com o indicador esquerdo apoia-se o
tubo e com o polegar esquerdo movimenta-se
o fecho para baixo. Ao mesmo tempo e com a
mesma força, o polegar direito irá segurar a
alça que prende o tubo e fará um movimento
para cima.
Com o tubo preso, é possível fazer o rodízio
da posição da cânula, permitindo uma maior
facilidade na limpeza oral e evitando lesão de
rima labial. Para tanto, deve-se apertar as
“abas” e mudar o posicionamento nos trilhos.
Para retirar o artefato, basta usar uma
gaze umedecida e tracionar delicadamente o
hidrocolóide. Pode-se utilizar um óleo para
facilitar remoção, contudo é importante
atentar à limpeza da pele para que não haja
resíduo do mesmo em uma próxima fixação.
Os profissionais tiveram a oportunidade de
manipular a fixação durante a demonstração
para sanar as dúvidas.
Fase 2 - Utilização do produto
Foram definidos os critérios de inclusão e
exclusão para uso do dispositivo nos
pacientes, seguindo as recomendações citadas
acima.
Critério de inclusão:
 Paciente crônico, com maior tempo de
permanência no TOT.
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Este critério tem por objetivo avaliar
benefícios ao paciente e profissional, além do
custo para instituição.
Critérios de exclusão:
 Pacientes que fazem uso de prótese
dentária: como em UTI os pacientes não
permanecem com as próteses, o dispositivo
poderia não adequar-se, já que não haveria
ponto de sustentação;
 Pacientes com queimadura em região
zigomática ou fratura em face;
 UTI pediátrica;
 Pacientes ou responsáveis dos mesmos
que não autorizaram tricotomia da região
zigomática.
Fase 3 - Avaliação do produto
Após o profissional decidir por utilizar o
dispositivo no paciente, seguindo as
recomendações citadas acima e os critérios
definidos, foi explicado que o mesmo deveria
preencher uma ficha de avaliação do produto,
elaborada pelo fabricante.
A ficha de avaliação foi composta por dados
da instituição (nome e setor), data da
avaliação, nome do profissional responsável
pela avaliação. Em seguida há um breve
descritivo acerca do artefato, com
informações técnicas e comerciais, seguido de
questões fechadas dicotômicas (sim ou não) e
uma questão aberta sobre o tempo médio da
permanência do dispositivo.
As questões dicotômicas referem-se à
segurança, facilidades quanto à colocação,
higienização oral e movimentação do tubo,
considerando a possibilidade do deslizamento
do tubo; também fazem menção às melhorias
no atendimento e estética do paciente. Por
fim, questionam quanto ao conhecimento em
relação à produtos semelhantes, adoção e
recomendação do artefato.
Coleta de dados
Os dados foram coletados da ficha de
avaliação preenchida pelos profissionais
durante a utilização do produto na UTI.
Análise dos dados
Neste estudo foram avaliados os critérios
sobre segurança no manuseio e qualidade do
artefato, na perspectiva dos profissionais, a
fim de avaliar o artefato como uma tecnologia
diferenciada para fixação de TOT.
Para análise dos dados utilizamos,
conforme a figura 2.0, a norma técnica NBR
ISSO/IEC 14598-6 (5) oriunda da ABNT
(Associação Brasileira de Normas Técnicas),
que se utiliza de uma escala (0-10) onde
aponta valores esperados para a avaliação de
um produto correlacionando com os graus de
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satisfação de cada requisito. O intervalo alvo é o valor medido igual ou maior que 7(6).

Figura 2. Níveis de pontuação para a avaliação de um produto, segundo norma da

ABNT NBR ISSO/IEC 14598-1.

A análise dos dados foi realizada a partir da
classificação e quantificação em número e
percentual do conteúdo.
Aspectos éticos da pesquisa
Ó estudo teve aprovado o projeto de
pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
instituição, campo de estudo, conforme o
protocolo nº 4430/2014.
RESULTADOS
Neste estudo foi avaliada uma tecnologia
diferenciada para fixação de TOT e os
critérios sobre segurança no manuseio e
qualidade do artefato, na perspectiva dos
profissionais. As perguntas objetivas
mencionaram aspectos relevantes para
avaliação desse novo produto, cujos critérios
nortearam os profissionais nesta análise.
A figura 3 representa o resultado desta
avaliação em percentual, de acordo com a
norma ABNT NBR ISSO/IEC 14598-1.6

Figura 3. Concordância dos profissionais quanto os critérios sobre

segurança no manuseio e qualidade do artefato.

Com relação à segurança do dispositivo Referente à facilidade na higiene oral,

para a fixação adequada do TOT, houve houve concordância de 90%, numa proporção
concordância de 90% entre os profissionais, de 63,15% enfermeiros e 36,84%
sendo 57,89% enfermeiros e 42,1% fisioterapeutas.
fisioterapeutas. O tempo de permanência também foi
Sobre facilidade no manuseio na aplicação, avaliado pelos profissionais, conforme
os profissionais mostraram concordância de apresentado na figura 4.0. No entanto, oito
85%, sendo 61,11% enfermeiros e 38,88% avaliadores não descreveram sobre este
fisioterapeutas. critério.

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Figura 4. Concordância dos profissionais quanto o tempo de
permanência do paciente com o artefato.
O artefato teve duração média da fixação
de 6 dias, o que mostra que o produto atende
a especificação relacionada à duração de sete
dias de permanência definida pelo fabricante.
Dos treze profissionais que descreveram este
critério, dois associaram o tempo de
permanência reduzido à realização de
traqueostomia, dois à extubação planejada e
um ao evento adverso do produto durante o
manuseio.
A respeito da facilidade na movimentação
do tubo, 100% dos profissionais analisaram
positivamente. O deslizamento do tubo no
trilho além de favorecer a higiene oral e a
movimentação do tubo é uma medida para
prevenção a lesão de pele, neste caso, na
rima labial.
A qualidade do atendimento ao paciente
pela utilização do artefato foi avaliada com
71% de concordância entre os profissionais,
sendo 73,33% enfermeiros e 26,66%
fisioterapeutas.
A melhoria na aparência do paciente
também foi avaliada com 71% de
concordância, porém a avaliação dos
profissionais divergiu em 66,66% de
enfermeiros e 33,33% fisioterapeutas.
Já em relação ao conhecimento sobre
produto semelhante no mercado, 90% dos
profissionais desconhecem outro dispositivo
com as mesmas características. Salientamos
que 10% dos profissionais que relataram o
conhecimento sobre este mesmo dispositivo
são fisioterapeutas.
Quanto à adoção deste produto, 71% dos
profissionais mostraram-se favoráveis à
utilização, sendo 73,33% enfermeiros e 26,66%
fisioterapeutas.
Sobre a recomendação do produto, 67% dos
profissionais indicariam o artefato.
Destacamos que a concordância abaixo do
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esperado é atribuída pela avaliação de um
profissional fisioterapeuta que apresentou
análise contraditória no que se refere a adotar
e não recomendar o produto. Dos profissionais
que recomendariam o produto, 78,57% são
enfermeiros e 21,42% fisioterapeutas.
DISCUSSÃO
Na análise do presente estudo
identificamos pesquisas que fortaleceram os
achados da avaliação dos profissionais a
respeito do método de fixação do TOT.
O II Consenso Brasileiro de Ventilação
mecânica discorre sobre as complicações
relacionadas ao tubo (orotraqueal e traqueal).
A primeira complicação levantada refere-se às
extubações acidentais, sendo a intubação
orotraqueal a via com maior propensão à
extubação acidental. A segunda complicação
salientada é a existência de lesões de pele
e/ou lábio, decorrentes ao modo de fixação
do tubo, tipo de material utilizado
(esparadrapos) e à falta de mobilização da
cânula em intervalos de tempos regulares.7
Este consenso ainda aborda questões
acerca dos cuidados com o tubo, sendo eles: a
higiene oral a cada quatro horas com
antisséptico; presença de dois profissionais
durante a troca da fixação e mudança do
posicionamento do tubo como prevenção da
extubação acidental ou da mobilização
inadvertida do TOT; troca da fixação,
diariamente e sempre que necessária,
considerando a limpeza e a prevenção de
lesão em lábios e lobos de orelha; posicionar
preferencialmente a fixação no centro da rima
labial, a fim de diminuir risco de erosão da
comissura labial; reposicionamento do TOT
deve acontecer, pelo menos, a cada 12 horas,
como forma de prevenir lesões em língua e
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lábios; evitar tracionamento do tubo para
evitar lesões traqueais.
O III Consenso Brasileiro de Ventilação
mecânica menciona a fixação do tubo com um
dos cuidados com as vias aéreas artificiais,
destacando a adequada fixação e a avaliação
da posição do tubo como aspectos
importantes.8
A maior dificuldade no uso de fitas adesivas
para fixação do TOT está relacionada à
higiene oral. Outro método tradicional para
fixar os tubos é através dos cadarços; nesse
caso o risco para escaras em lobos de orelha
aumenta, por isso, torna-se necessário
protegê-la ou evitar seu contato com o
cadarço. O reposicionamento do tubo como
rotina pode prevenir lesões por pressão nos
lábios.8
A adequada fixação e a avaliação constante
da posição do TOT são aspectos importantes
no cuidado e devem ser realizados
sistematicamente pela equipe. O método
ideal para a fixação deve permitir a menor
movimentação possível do tubo, ser
confortável para o paciente, permitir higiene
oral, preservar a integridade da pele e ser de
fácil aplicação(9) .
O uso de fitas adesivas na fixação de TOT é
um método tradicional; deve ser feita por dois
profissionais, onde um realiza a fixação e o
outro segura o tubo, garantindo que o mesmo
permaneça na posição correta, no entanto,
um dos problemas que podemos encontrar
com a utilização da fita é a dificuldade em
realizar higiene oral.10
O artefato em questão demanda o mesmo
procedimento, no entanto facilita o manuseio
durante a assistência ao paciente, devido ao
rodízio do TOT, a possibilidade de realizar
higiene oral, aspiração de oral e possibilita
maior tempo de permanência.
A cavidade oral contém microorganismos
que são propícios para a proliferação
microbiana, principalmente nos pacientes que
necessitam de ventilação mecânica e que
ficam impedidos de fechar a boca, mantendo
a cavidade oral em contato com o ar
ambiente, adicionado ao fato de haver
deficiência dos mecanismos de limpeza
locais.11-2
A literatura evidencia que medidas de
higiene diminuem a colonização de patógenos
na cavidade bucal, como uma das medidas
mais fortemente recomendadas por
sociedades e organizações nacionais e
internacionais13-17para a prevenção a da fixação por tempo prolongado corrobora
pneumonia associada à ventilação mecânica e
redução do índice de mortalidade.18-23
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Este cuidado também se justifica por
interferir no processo saúde e doença a partir
de uma concepção holística em prevenir as
alterações na cavidade oral e evitar que estes
se tornem agentes complicadores, com
infecções oportunistas, prejudicando o estado
geral do paciente.24
A odontologia tem direcionado estudos na
busca de uma maior compreensão da doença
periodontal a fim de dimensionar a influência
e interação das bactérias orais nos agravos da
saúde sistêmica. Estudos vêm demonstrando
forte associação entre patógenos e quadros
infecciosos à distância. As doenças orais
podem desempenhar um papel importante na
presença de diversas enfermidades sistêmicas,
como doenças cardíacas coronárias, acidentes
vasculares cerebrais, endocardite bacteriana,
diabetes mellitus e infecção respiratória.
Dentre as doenças orais, destaca-se a doença
periodontal, em que há a presença de
microorganismos gram-negativos, semelhantes
aos das infecções crônicas e respiratórias.25
Quanto maior o tempo de internação dos
pacientes na UTI, maior a probabilidade da
ocorrência de complicações. Nas primeiras 48
a 72 horas, ocorre a colonização da orofaringe
por bactérias Gram-negativas de pacientes
intubados. Posteriormente os microrganismos
migram para os pulmões através das
secreções bucais que drenam pelos lados do
balonete do tubo traqueal.26
No entanto, têm-se observado que as
doenças cardiovasculares e periodontais,
ambas crônicas e multifatoriais, têm em
comum componente de base genética e de
susceptibilidade, como os hábitos relacionados
à dieta, à higiene e à prática do tabagismo.
Esses componentes também são relevantes na
doença periodontal, tanto quanto nas doenças
cardiovasculares.27
As doenças respiratórias são as patologias
que apresentam evidência científica de sua
relação com as periodontais, na qual a
pneumonia nosocomial representa a segunda
causa de infecção hospitalar e compreende
um quadro de elevadas taxas de morbidade e
mortalidade principalmente aqueles que estão
sob ventilação mecânica, onde 20% a 50%
evoluem a óbito.26,28
O tempo de permanência da fixação
colaborou positivamente para a integridade da
pele, uma vez que não houve relatos sobre tal
evento.
O resultado sobre o tempo de permanência
com a literatura,29,30cujo relato é de que esse
critério interfere no risco para extubação não
planejada, ou seja, o maior tempo de
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permanência com fixação pode colaborar na
diminuição da incidência desse evento.
O método ideal de fixação do tubo deve
permitir a menor movimentação possível do
tubo, ser confortável para o paciente,
permitir higiene oral, preservar a pele íntegra
e ser de fácil aplicação.31
A troca da fixação faz-se necessária, tendo
em vista a limpeza do TOT e a prevenção de
ulceração na rima bucal e região auricular.32
Acrescentamos ainda que a região zigomática
é uma outra área de pressão acometida pela
fixação inadequada.
No estudo sobre a assistência de
enfermagem no pós operatório de cirurgia de
revascularização do miocárdio foi indicada a
intervenção de enfermagem a respeito da
alternação da rima como prevenção de lesões,
referindo-se a uma das medidas para a
integridade da cavidade oral.33
Lesões de pele e/ou lábios são ulcerações
que ocorrem devido ao modo de fixação do
tubo, ao tipo de material utilizado
(esparadrapos) e à falta de mobilização da
cânula em intervalos de tempos regulares.32
A melhoria da avaliação e a qualidade da
assistência estão diretamente relacionadas à
adoção de medidas para diminuir as causas da
extubação acidental e das lesões de pele
decorrentes da fixação inadequada.34-5
Programa de melhoria contínua da qualidade
na redução da incidência de ENP, como
padronização de procedimentos incluindo a
fixação do tubo endotraqueal, aspiração do
tubo, higiene e transporte do paciente,
revisão de literatura acerca destas práticas e
identificação de pacientes mais jovens (<2
anos de idade) como fator de alto risco para
ENP, são medidas importantes e eficazes na
redução desta incidência.36
Apesar de não ter sido identificado nenhum
estudo que abordasse a aparência do paciente
no âmbito da fixação do TOT salientou que tal
característica é uma preocupação tanto no
conceito do produto quanto para os
profissionais, que avaliaram positivamente
este critério.
Os métodos para a fixação do TOT que
atendam às necessidades do paciente durante
a ventilação mecânica permanecem escassos
no mercado, o que nos faz pensar sobre a
necessidade do desenvolvimento de outros
dispositivos, bem como o aperfeiçoamento
daqueles já existentes, para a melhoria da
qualidade da assistência.
Nos serviços de saúde, a resistência dos
profissionais às mudanças do processo de
trabalho representam as fragilidades do
serviço prestado.37As mudanças
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Fixação de tubo orotraqueal: tecnologia diferenciada...
organizacionais estão ligadas à inovação.
Trocar padrões, modificar, introduzir um novo
procedimento que seja capaz de gerar
melhoria.38
Estar em um ambiente de comodidade é
mais seguro e mais confortável para os
indivíduos. De certa maneira tudo o que foge
da comodidade, do conhecido, traz uma
tendência natural de resistência.39
A avaliação dos profissionais acerca do
dispositivo de fixação do TOT corrobora com
os achados na literatura sobre critérios para
fixação adequada do tubo, uma vez que
proporciona segurança ao paciente entubado,
contribui nos cuidados de higiene oral e
rodízio da posição do tubo na rima labial para
prevenção de lesão e melhora a estética do
paciente, sendo um fator de humanização no
ambiente hospitalar.
O tempo de permanência da fixação do
TOT no paciente constitui fator importante
para a diminuição dos riscos inerentes à troca
periódica da mesma, caracterizando a
segurança no manuseio e a manutenção da
integridade da pele.
Constitui limitação ao estudo o
desconhecimento dos profissionais sobre novas
tecnologias relacionadas à fixação,
restringindo-os ao uso de métodos
convencionais e limitando a possibilidade de
adesão a alternativas que atendam com
qualidade as necessidades dos pacientes
durante o período de entubação. Assim,
consideramos que a divulgação e o consumo
de novos métodos, a exemplo do artefato em
questão, devem ser inseridos na prática
hospitalar.
Ressaltamos que a escassez de pesquisas
acerca de dispositivos para fixação e
ulceração da pele relacionada a estes
artefatos é outro fator limitante para efeito
de comparação com o presente estudo,
considerando que há escassez de métodos
inovadores que motivem a pesquisa e que
muitas destas lesões podem não ser
valorizadas pelos profissionais no cotidiano
como complicações associadas à inadequada
fixação.
CONCLUSÃO
Os profissionais avaliaram o artefato como
tecnologia diferenciada para fixação de TOT
tendo apresentado concordância positiva
sobre os critérios de segurança no manuseio e
qualidade do artefato.
O estudo contribuiu para a divulgação de
um método inovador para os profissionais
sobre uma fixação do TOT adequada ao
paciente crítico em unidade de terapia
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Submissão: 23/10/2015
Aceito: 06/03/2016
Publicado: 01/05/2016
Correspondência
Christiane Pereira Martins Casteli
Av Dante Pazzanese, 500
Bairro Vila Mariana
CEP 04012-909  São Paulo (SP), Brasil
Português/Inglês
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