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Dessa forma, com o auxilio dos dois paradigmas, o liberalismo tem demonstrado
capacidade de adaptar-se, incorporar criticas e mudar de significado em cada momento
(tempo e espago) próprio do desenvolvimento do capitalismo, expressando sempre uma
visão de mundo que ordene e mantenha a sociedade capitalista como uma realidade
definitiva que se aperfeiçoa para o bem comum.
Há no entanto, uma perceção mais clara dos dois paradigmas quando se voltam os olhos
para as condições objetivas do mundo após a Segunda Guerra Mundial. Nesse contexto,
o capitalismo monopolista de Estado, com seu social-liberalismo ou Estado de bem--
estar social, tem como dimensão discursiva o paradigma da igualdade, e o capitalismo
concorrencial global.com seu neoliberalismo de mercado, tem camo discurso o
paradigma da liberdade económica, da eficiência e da qualidade.
Concorrencial
Estatizante
Paradigma(s)
Liberdade econômica,
eficiência e qualidade
igualdade
l l
Social-liberalismo/Novo liberalismo
a) Economia
b) Estado
c) Democracia
d) Educaçāo
f) Direito
g) Governo
·governo democrático, coletivista, igualitarista;
h) Principios
Neoliberalismo de mercado
a) Economia
b) Estado
Estado minimalista, com três funções: policiamento, justiça e defesa nacional; projeto
de desestatização, desregulamentação e privatização; desqualificação dos serviços e das
politicas públicas;
c) Democracia
d) Educação
f)Direito
Ênfase no direito privado, Propriedade privado; na lei como instrumento da igualdade
formal;
g) Governo
governo limitado;
h) Princípios
A tradição liberal democrática, igualitarista, desde cedo adotou o estatismo como forma
de assegurar a existência da sociedade livre, mediante certa igualdade nas condições
materiais de existência. Há a tentativa de conceder a rodos os indivíduos as mesmas
oportunidades e, se possível, idênticas condições de desenvolvimento. Acredita-se que a
democracia politica só seja exequível com algum nivel de democracia social económica
e cultural.
Os elementos de constituição dessa nova ordem mundial e desse novo tempo podem ser
encontrados no âmbito da economia, da política e da educação. Como já tratamos das
transformações econômicas anteriormente, limitar-nos-emos, a seguir, a considerar mais
alguns elementos no âmbito da política e da educação que informam sobre o
neoliberalismo de mercado e seu programa educacional. O quadro abaixo antecipa,
resumidamente, referências básicas sobre o neoliberalismo de mercado.
Conceituacāo
Origem
O termo neoliberalismo surgiu nas décadas de 1930/1940, no contexto da recessāo
iniciada com a quebra da Bolsa de Nova York,em 1929,e da Segunda Guerra Mundial
(1939-1945). Reapareceu como programa de governo em mea-dos da década de 1970,
na Inglaterra (governo Thatcher), e no início da década de 1980, nos Estados Unidos
(governo Reagan). Seu ressurgimento deveu-se àcrise do modelo econômico keynesiano
de Estado de bem-estar social ou Estado de servicos. Tal modelo tornara-se hegemônico
a partir do término da Segunda Guerra Mundial, defendendo a intervençāo do Estado na
economia com a finali-dade de gerar democracia, soberania, pleno emprego, justica
social,igualdade de oportunidades e a construçāo de uma ética comunitária solidária.
Desde os governos de Thatcher e Reagan, as ideias e propostas do neoliberalismo de
mer-cado passaram a influenciar a política econômica mundial, em razão, sobretudo,de
sua adoçāo e imposiçāo pelos organismos financeiros internacionais, como o FMI e o
Bird.
Características
sociedade.
Essa orientação exerceu e continua a exercer forte influência sobre os países do Terceiro
Mundo, especialmente na América Latina, apesar de seu fracasso ter sido demonstrado,
já há algum tempo, nos países em que nasceu. É o que se verificou com a queda de
That-cher e com a alteração que George Bush imprimiu ao programa republicano de
Reagan.
O capital, portanto, quer expandir-se, mas necessita da segurança e das condições ideais
de exploração, expansão e acumulação. O neoliberalismo requer uma democracia
política (democracia burguesa da representação) orientada para os objetivos do capital
transnacional; portanto, que mantenha as condições do livre jogo das forças do mercado,
ao mesmo tempo que difunde a ideia de que esse tipo de economia tende naturalmente a
beneficiar a todos sem distinção, embora esteja ocorrendo exatamente o contrario.
O Banco Mundial requer que a educação escolar esteja articulada ao novo paradigma
produtivo,para assegurar o acesso aos novos códigos da moderuidade capitalista. É
necessário que a educação, a capaciração e a investigação avancem em direção a um
enfoque sis-têmico,como se constata, por exemplo, nos últimos relatórios dessa
instituição e nas recomendações do Promedila (V Reunião do Comitê Regional Intergo-
vernamental do Projeto da Educação:América Latina e Caribe-1990), além de outros
documentos inter-nacionais e nacionais já citados.
A adaptação das universidades ao novo paradigma produtivo passa, então, por essa ótica
economicista,pela adoção da filosofia da qualidade total (neotecni-cismo)aplicada ao
ensino supeior.Postulam-se a legi-timidade social e a eficácia total das universidades,
que podem ser obtidas com sua insercão na busca d qua-lidade total, já que se vive na
era da excelência. As uni-versidades devem,então,agregar novos valores a seus
servicos,ao mesmo tempo que redescobrem sua natu-reza,missão e identidade.Podem
ser úteis,se corres-ponderem aos desafios do mundo atual: à satisfação dos clientes, à
produtividade,à redução dos custos, àotimização dos resultados, à criatividade,à
inovação e à sobrevivência pela competitividade. Pretende-se,portanto,que elas
assimilem a ótica de funcionamen-to, os princípios e os objetivos de qualidade total
(jávivenciados na indústria e no comércio). Essa nova cul-tura institucional levaria as
universidades a buscar constantemente a qualidade total dos servicos,bem como formar
profissionais capazes de corresponder às sempre novas necessidades do mercado.
INTRODUÇÃO
Neste artigo apresento uma reflexão sobre o legado de Samora Machel. Trata-se de uma
reflexão à luz dos pressupostos de Maquiavel e de Amartya Sen. Do legado de Machel
tomo o que considero, sentido nacionalista, expresso no conjunto de acertos, desacertos
e tentativas de correcção dos desacertos que marcaram as suas accões. Do legado de
Maquiavel considero a importância da unidade para a sobrevivência de uma nação na
competição com as suas congéneres e, do legado de Sen, a necessidade de alargamento
das capacidades para a consecução do desenvolvimento como liberdade.
NACIONALISMO E DESENVOLVIMENTO
A UNIDADE NACIONAL
Nicolau Maquiavel é um dos filósofos mais lido, mas, poucas vezes bem compreendido
e, por isso, faz-se mau aproveitamento do seu pensamento.Dos comentários sobre o
pensamento de Maquiavel a sensação que fica é de que,os leitores de 'O Principe'
esgravatam esta obra à moda da galinha e debiran o que acham ser o trigo, mas que na
verdade é o joio da obra. De Maquieurt o que ressalta à vista dos que esgravatam a sua
obra é a expressão com base ae define o Maquiavelismo: 'os fins justificam os meios'. É
esta a expressão usada ge-ralmente para resumir a ideia principal de 'O Principe'. Assim,
esquece-se muitas vezes,da preocupacão do Florentino com a união da Itália, uma
questão muito importante para a época em que a Inglaterra e a França surgiam como
impérios fortes,enquanto a Itália encontrava-se numa situação de sedição onde as
cidades de Florenca,Veneza e Milão apareciam como independentes à moda das
cidades--estado da antiguidade(MAQUIAVEL,s/d.).
De um bem de um grupo particular que nunca utiliza ou pouco utiliza os seus ren-
dimentos para o pagamento de imposto(fim perverso). Neste sentido a cobranca de
imposto terá sido mobilizada para conseguir o bem de um grupo particular em
detrimento do interesse comum.
Ainda mais,a consecução de um fim pode ser um meio para conseguir um outro fim
superior.Para justificar esta afirmacão apresento um exemplo que esta ligado ao que
pretendo dizer aqui:a unidade nacional pode ser um meio para atingir o progresso
socioeconómico.Mas, para este efeito,é necessário,antes de mais,que aquela seja
considerada como um fim a atingir. Neste sentido,a unidade nacional vai necessitar,por
sua vez,de meios adequados para a sua consecução.
Mais uma vez,os meios a serem usados para a construção da unidade nacional nunca
serão perversos se a unidade nacional for um valor para uma determinada nação como
um todo.Deste modo,meios perversos seriam aqueles que no fim de um processo
excluissem alguns dos membros da nação,na unidade que se pretende conseguir.Neste
sentido,os objectivos terão sido mal determinados.Dai que,no fim de um processo de
busca da unidade nacional,todos os individuos dessa naçāo devem ser
incluidos,tornando-se beneficiarios dos resultados dessa unidade.
Ora,se a unidade de um povo é um valor para esse povo,então a sua busca será legitima,
conquanto que ninguém seja excluido daunidade,no final. Logo,todos os individuos
dessa naçāo são compelidos a se comprometer na construção da sua unidade,sendo
que,se acontecer que um individuo,seja por que motivo for (e nesse caso, o motivo será
alheio ao interesse comum),enveredar por atitude anti-unidade,torna-se perverso.
Se para a época de Maquiavel a união da Itália era importante para a sua sobrevivéncia
politica e económica perante a situação de rivalidade com as mo-narquias
Francesa,Inglesa e Espanhola,na actualidade mocambicana,a união e coesão nacional
são importantes para a criacāo da riqueza necessária para a so-
A REDISTRIBUIÇÃO
O economista indiano vê nesta questão uma perspetiva de liberdade que diz respeito à
riqueza económica e a capacidade para se ter uma vida como se deseja, na
potencialidade para ter uma vida longa e sem miséria e privações. É neste sentido que
concebe o desenvolvimento. Não vê o desenvolvimento como acumulação de riqueza,
porque, para este autor, a riqueza económica não tem valor se não enquanto meio para
conseguir a liberdade. Significa que a uciliducle da riqueza reside naquilo que nos
permite fazer, nas liberdades que nos ajuda t realizar. Não significa ignorar a
importância da acumulação de riqueza, mas mostra que é necessário olhar para além
desta acumulação. Quer dizer que, a riqueza só tem valor enquanto alargar as liberdades
de que usufruímos. Este alargar das liberdades,para além de livrar-nos de
desimpedimentos, permite-nos ser pessoas socialmente mais completas, dando
expressão à nossa vontade (ibid.:29-30).
A REALIDADE DE MOCAMBIQUE
DEMOCRACIA"EXCLUSIVA"
Nos nossos dias,as instituições que o ocidente propagandeia para a Africa e o resto do
mundo são as instituições neoliberais que são ao mesmo tempo uma marca politica
(governo democrático) e economicas (mercado de livre concorren-cia).O ideal da
liberdade que fundamenta estas instituições é nobre. Mas é preciso notar que existe uma
distancia muito grande entre o ideal em si e a sua realização na vida das pessoas. Dai a
preocupação de saber até que ponto estas instituições realizam o objectivo para o qual
foram inventadas.
Estas falhas resultam muitas vezes em conflitos ou violência. Slovoj Zizek éum
psicólogo filósofo que se interessa pela violência. O psicólogo filósofo fala de violência
subjectiva,simbólica e sistémica. Refere-se à violência subjectiva como a parte invisivel
do que chama de triunvirato onde fazem parte a violência simbólica (violência na
linguagem) e a violência sistémica (consequências catastróficas do funcionamento do
sistema económico e político)(ZIZEK;2009:9-10).
Elisio Macamo,no seu artigo,ao abordar a crise politica militar que opoe a Frelimo e
Renamo,refere que esta crise é uma manifestacão do que chama de relacão dificil que
existe entre a cultura politica e cidadania em Mocambique.Para Macamo isto significa
que um dos principais desafios enfrentados pelo pais con-sistiria na resolucão do
conflito entre,por um lado,