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Tinha do couro cabeludo: Caudada por diversos fungos que provocam perda de cabelo
localizada. Há o surgimento de placas, que podem ficar inflamadas e até infeccionar, o
tratamento é simples, basta tomar antibióticos desde que o problema seja descoberto.
E DEFINIÇÕES
A aparência dos cabelos apresenta um importante papel em nossa imagem e bem-estar geral. Além de
contribuir para percepção de beleza e atratividade, protege o couro cabeludo da radiação ultravioleta (UV) e
diminui a sua perda calórica.
As afecções dos cabelos incluem alterações adquiridas ou congênitas que afetam quantitativa e/ou
qualitativamente a estrutura do fio, podendo, em algumas doenças, afetar inclusive o couro cabeludo.
A associação do folículo piloso com uma glândula sebácea e com o seu músculo eretor corresponde à
unidade pilossebácea (UP). Em algumas regiões corpóreas, há, além desse conjunto, o ducto excretor de uma
glândula apócrina.
O crescimento dos cabelos ocorre em ciclos de atividade intermitente, seguidos por períodos de
repouso (fase latente). A taxa de crescimento dos cabelos é de aproximadamente 1 cm/mês.
A duração e a velocidade do crescimento do pêlo na fase anágena (intensa atividade mitótica) varia
devido à predisposição individual, idade e nas diferentes regiões do corpo. É no couro cabeludo que está a
maior duração dessa fase (2 a 5 anos). Segue-se a fase catágena, com duração de cerca de 3 semanas, em
que o pêlo pára de crescer. Na fase telógena, há o desprendimento do pêlo com duração entre 3 e 4 meses. A
análise do couro cabeludo normal evidencia 80 a 90% dos cabelos na fase anágena, 10 a 20% na fase telógena
e 1 a 2% na catágena. É importante ressaltar que, devido à quantidade de folículos no couro cabeludo (100 a
150 mil), é considerada normal a eliminação média de 100 a 200 cabelos/dia.
Fatores genéticos e hormonais determinam as características e a distribuição dos pêlos nas diversas
raças e individualmente.
Leucotricose Adquirida
Vitiligo;
após radioterapia;
após queimadura.
A coloração esverdeada dos cabelos, observada principalmente em indivíduos que praticam atividades
em piscina, é decorrente da deposição de partículas de cobre no córtex capilar após permanência prolongada
na água. É evidenciada mais facilmente nos cabelos claros e loiros. Para o seu tratamento, é necessário evitar o
contato direto dos cabelos com a água da piscina.
DISPLASIAS PILOSAS
Displasias pilosas são alterações da haste do pêlo. Podem ser congênitas (Tabela 1) ou adquiridas
(Tabela 2).
ALOPECIAS
O desprendimento do pêlo é denominado eflúvio e a condição resultante chama-se alopecia (do grego
alópekia, que significa diminuição dos pêlos ou cabelos). Os distúrbios caracterizados pela perda dos cabelos
são didaticamente classificados em alopecias não-cicatriciais – sem inflamação clínica, cicatriz ou atrofia da pele
–, e alopecias cicatriciais, na qual existem evidências de destruição tecidual, como inflamação, atrofia e fibrose.
Alopecia Não-cicatricial
A alopecia não-cicatricial pode ser difusa ou focal (Tabela 4)
Eflúvio Telógeno
É caracterizado pelo desprendimento aumentado dos pêlos telógenos normais dos folículos do couro
cabeludo em repouso, secundário ao deslocamento acelerado da fase anágena (fase de crescimento) para
catágena e para a telógena (fase de repouso). Resulta em perda aumentada dos fios, levando até a rarefação
difusa dos cabelos.
São causas de eflúvio telógeno;
pós-parto;
deficiência protéica;
Deficiência de ferro;
regimes de emagrecimento;
estresse;
doenças sistêmicas: caquexia, anemias graves, hiper ou hipotireoidismo, diabetes mal
controlado, hepatites, lúpus eritematoso sistêmico, dermatomiosite;
alguns medicamentos (Tabela 5).
radioterapia;
quimioterapia sistêmica;
drogas citostáticas/imunossupressoras (Tabela 5);
desnutrição protéica grave;
intervenções cirúrgicas prolongadas;
Sífilis secundária.
Alopecia Areata
A alopecia areata é uma afecção frequente que pode acometer até 2% da população. É caracterizada
por áreas de alopecia arredondadas ou ovais, com localização mais comum no couro cabeludo. Pode ser
localizada, total (afetando de forma generalizada o couro cabeludo) e até universal, com perda total de pêlos e
cabelos do corpo. Normalmente acomete adultos jovens e crianças. A incidência é igual em ambos os sexos e
sua etiologia é desconhecida. A associação com outras doenças auto-imunes (Vitiligo, doença de Hashimoto,
hipoparatireoidismo, Addison e candidose mucocutânea) sugere um processo auto-imune antibulbo piloso.
O início é brusco, com alopecia em áreas circulares ou ovais, única ou múltiplas, sem outras
alterações. A placa é lisa e brilhante, apresentando em sua borda pêlos peládicos (são pêlos facilmente
removíveis e com afilamento em direção à raiz – semelhante ao ponto de exclamação). A sua presença indica
atividade da doença. Os cabelos brancos são frequentemente poupados. Diagnósticos diferenciais incluem
Sífilis secundária (aparência de “roído de traça”), Tinha do couro cabeludo, Tricotilomania, Alopecia por tração,
lúpus eritematoso cutâneo crônico em fase inicial e Alopecia androgenética.
A evolução é, em regra, favorável, ocorrendo repilação entre 2 e 6 meses. As ocorrências repetidas e o
acometimento de outras áreas (barba, sobrancelha e cílios) são eventos de pior prognóstico. Depressões
puntiformes das lâminas ungueais podem acompanhar os casos.
Dentre as modalidades de tratamento destacam-se:
1. Formas localizadas:
infiltrações com corticóides;
drogas sensibilizantes (p. ex., difenciprona, antralina);
fotoquimioterapia – exposição ao ultravioleta após uso de psoraleno;
crioterapia.
Tratamento Tópico
Minoxidil: produz diminuição da fase de latência, engrossamento do fio e aumento o tempo da
fase anágena;
alfaestradiol: aumento da produção de 17-betaestradiol pela testosterona, com consequente
diminuição de DHT;
progesterona: utilizado na AAG feminina.
Tratamento Sistêmico
Finasterida: inibe a ação da 5-alfa-redutase tipo II existente na papila do pêlo, próstata e aparelho
geniturinário, diminuindo a conversão de testosterona em DHT;
dutasterida: inibe a ação dos dois subtipos de 5-alfa-redutase; em estudos iniciais, parece ser
superior à finasterida.
Em mulheres, a finasterida só pode ser usada na pós-menopausa devido aos efeitos teratogênicos da
droga nos fetos masculinos. O seu uso é controverso na literatura, com resultados negativos e positivos na AAG
feminina.
Tratamento Cirúrgico
Transplante de cabelos (cirurgia restauração capilar): quando bem indicada, apresenta bons
resultados.
Sífilis
Na Sífilis secundária, há uma perda de cabelos em “clareiras”, que pode constituir a queixa principal. A
presença de micropoliadenopatia, dados de história e sorologia confirmam o diagnóstico.
O tratamento consiste em penicilina benzatina no total de 4.800.000 unidades (divididas em 2 injeções
com intervalo de 1 semana).
Alopecias Cicatriciais
Nas alopecias cicatriciais, há ausência ou diminuição dos pêlos pela destruição dos folículos por
processos inflamatórios, geralmente não-infecciosos. São definitivas e acompanham-se de atrofia cicatricial
(Quadro 1 e Tabela 6).
EXAMES COMPLEMENTARES
Na propedêutica das afecções do cabelo e couro cabeludo, os exames complementares devem ser
direcionados de acordo com as hipóteses diagnósticas. Sempre que houver dúvida, o paciente deve ser
encaminhado para avaliação do especialista e realizar biópsia, se necessário.
Dentre os exames complementares, destacam-se tricograma, anatomopatológico,microscopia,
medições do comprimento e diâmetro da haste do pêlo.
CONCLUSÕES
As afecções dos cabelos e couro cabeludo podem comprometer a qualidade de vida do paciente.
O médico generalista pode reconhecer as principais patologias dos cabelos, fornecendo a
primeira orientação ao paciente.
As alterações dos pêlos em doenças sistêmicas pode complementar o raciocínio clínico para
elucidação diagnóstica