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Resumo de A Modernidade.

BENJAMIN, Walter. “A Modernidade”. In: Charles Baudelaire: Um lírico no Auge do


Capitalismo. Trad. J. C. M. Barbosa e H. A. Baptista. São Paulo: Editora Brasiliense,
1989. p. 67 – 101.

RESUMO

1 -Baudelaire  imagens do artista  herói


trabalho

 Trabalho literário  esforço físico (metáfora do esgrimista)

Baudelaire  pintor da vida moderna – Cf poema “O sol”

2 - Flâneur  imagem fluida  não é um auto-retrato do poeta no grau


que se imagina p.69.


a) questão distração x trabalho
b) o traço daquele que se entrega à sua obra não entrou nessa
imagem.

Flâneur  concentrado na observaçào = detetive


 estagnado na estupefação = basbaque

3 - Cidade Grande  suas descrições reveladoras não se originam do


Flâneur nem do Basbaque. procedem daqueles
que atravessam a cidade distraídos, perdidos em
preocupações e pensamentos (Cf. O Pintor)

é a eles que faz jus a “estranha esgrima”

Baudelaire  tudo, menos observador p. 69

“estranha esgrima”  pode ser associada a pequenas improvisações



também não se ajusta totalmente ao trabalho
de B. que era constante em seu trabalho

4 - Baudelaire  início carreira  quarto = não escritório,  aspira


simbolicamente à conquista da rua
 + tarde ao abandonar a existência burguesa, A Rua =
cada vez mais o seu refúgio  é o momento da flânerie, mas com a consciência da
fragilidade dessa existência.

Flânerie  faz da necessidade uma virtude



isso = concepção de herói em B.

5 - Imagem de herói da modernidade  verdadeiro objeto da modernidade:

a) o despossuído

b) o poeta esgrimista  imagem superposta à do salteador, o mercenário


que “esgrime” de modo diferente e que erra pela região
 para viver a modernidade é preciso uma constituição heróica
 B. reconhece no proletário o lutador escravizado
 Balzac  o Gladiador  caixeiro viajante
 B. e Balzac = nesse sentido opõem-se ao romantismo (renúncia
e entrega)


transfigura a paixão e o poder decisório

c) suicídio  selo de uma vontade heróica (“As resistências que a


modernidade opõe ao impulso produtivo natural ao
 homem são desproporcionais às forças humanas)

- não é renúncia, mas paixão heróica.


É a conquista da modernidade no âmbito das paixões.

 cores = preto e cinza = favorecem essa imagem  Tonalidade


crepuscular do moderno.

Modernidade  sinal de Caim


 precisamos abrir os olhos para reconhecer nosso
heroísmo

“O espetáculo da vida mundana; milhares de existências desregradas que


habitam os subterrâneos de uma cidade grande.”

d) O apache  outra imagem de herói ( associado por B. pelo


isolamento
 renega as virtudes e as leis
 rompe com o contrato social
 separado do burguês por todo um mundo
 B. o 1o. a explorar esse filão

e) O trapeiro  recolhe o lixo do dia que passou


 recolhe tudo o que a cidade grande
 jogou fora
 perdeu
 desprezou
 destruiu
 compila os anais da devassidão
 separa as coisas; seleção inteligente

QUESTÃO: O herói da modernidade representa a escória da cidade grande, ou


será aquele que edifica a sua obra a partir dessa matéria.

B.  mais velho recua  não sente mais empatia pela espécie de gente entre a
qual buscava os seus heróis.


mas esse recuo  já está previsto no conceito de herói moderno, fadado à decadência;
à fatalidade da queda.

QUESTÃO : MODERNIDADE X ANTIGUIDADE

“Na época que lhe coube viver, nada lhe está mais próximo da tarefa do herói antigo 
dos trabalhos de um Hércules  Dar forma à MODERNIDADE.

6 - A heroína da modernidade  a lésbica

Lésbica = dupla natureza  a) aptidão para o cálculo; b) aptidão para o


sonho

Dândi  outra imagem de herói da modernidade


 alia reações fulminantes a atitudes e mímicas relaxadas

Imagens de herói:
-Flâneur
- apache
 dândi
 trapeiro
 conspirador
 prostituta

Todas as imagens não passam de papéis  “pois o herói moderno não é herói, apenas
representa o papel de herói” 94

O herói da modernidade é estilhaçado

“A modernidade heróica se revela como tragédia onde o papel de herói está


disponível”

Baudelaire  assume ou representa vários papéis  “por detrás das máscaras que
usava o poeta, em B. guardava o incógnito.

A Alegoria

B.  O INCÓGNITO é a lei da sua poesia - ler p. 95


 sua versificação = comparável à planta de uma grande cidade 
“alguém pode movimentar-se despercebido, encoberto por
quarteirões de casas, portais, cocheiras e pátios”  nessa planta,
“indicam-se as palavras o seu lugar exato”

 “conspira com a língua, calcula seus efeitos passo a passo


 não se descobriu diante do leitor

Baudelaire  ultrapassou o jacobinismo lingüístico de V. H. e as


liberdades bucólicas de Saint-Beuve
 suas imagens são originais pela vileza dos objetos de
comparação
 Espreita o processo banal para aproximar o poético
 os processos de construção poética “só se tornam
significativos no alegórico”
Benjamin define alegoria: “Superposição de Antiguidade e Modernidade

Baudelaire  seu processo de construção elemento desconcertante que as


distinguem das usuais “alegorias ordinárias”. 96
 usa alegorias abundantemente  mas através do ambiente
lingüístico para onde as transporta muda=lhes essencialmente
o caráter

As Flores do Mal  1o. livro a usar na lírica palavras de proveniência prosaica, mas
também urbana. P. 96

Ver p. 97

Baudelaire  vocabulário destinado à alegoria


 poesia = para ele = ataque, surpresa
 faz das alegorias as suas confidentes

8 - Dar forma à Modernidade

para W. B. a teoria da arte moderna é ( em B.) o ponto mais fraco:


 apresenta os temas modernos
 não há um debate com a arte antiga
 sua teoria não superou a RENÚNCIA  que aparece como perda da natureza
e da ingenuidade.
 nenhuma das teorias estéticas baudelairiana expõe a modernidade em sua
interpenetração com a antiguidade como ocorre em certos trechos de As
Flores do mal, Cf, poema O cisne.

p.80 W. B. “De todas as relações estabelecidas pela modernidade, a mais notável é a


que tem com a Antiguidade.
p.80 Modernidade  “assinala uma época; distingue ao mesmo tempo a força que age
nessa época e que a aproxima da Antiguidade.

p.81  Essência da teoria Baudelairiana sobre a arte moderna:


 A Antiguidade se limita à construção
 A Modernidade  a substância e a inspiração

Walter Benjamin  a doutrina de B. se resume assim: “no belo atuam conjuntamente


um elemento eterno e imutável e um ELEMENTO relativo e imutável. Este último
é fornecido pela época, pela moda, pela moral, pelas paixões.

 para W.B. esta definição não vai ao fundo da questão.

Poemas de As Flores do Mal  certos trechos expõem a questão da modernidade em


sua relação com a Antigüidade.

O cisne = poema alegórico  a cidade, tomada por constante movimentação se


paralisa. cidade = torna-se quebradiça, como vidro. Mas também como vidro,
transparente. i. é transparente em seu significado

- Nesse poema, Paris  sua estrutura = FRÁGIL


 cercada de símbolos:

símbolos de fragilidade = o cisne, a negra

símbolos históricos = Andrômaca (seu nome significa = aquela que luta como se fosse
um homem)

O traço comum aos dois símbolos é a desolação pelo que foi e a desesperança pelo que
virá. Nessa debilidade a modernidade se alia à Antiguidade.
As Flores do Mal  PARIS, sempre que aparece, carrega essa marca: O
crepúsculo matinal, o soluçar de alguém que desperta  soluçar reproduzido na matéria
da cidade

“O Sol” mostra a cidade puída  o velho que ainda trabalha em idade avançada é a
alegoria da cidade

Baudelaire  para ele, Cidade Grande = debilidade

DEBILIDADE  essa atonia que aparece centena de vezes na poesia de B. é uma


espécie de mímese da morte

9 - “A cidade de Paris ingressou neste século sob a forma que lhe deu Haussmann
 transformação da imagem da cidade

p. 84  reflexões de Maxime Du Camp (1862)  vendo a transformação da cidade 


plano de escrever sobre Paris o livro que os historiadores da Antigüidade não
escreveram

Cidade Moderna = paisagem movente sob o signo da mudança

Poema de V. H. “Ao arco do Triunfo” 1837  poema onde aparece a imagem de uma
“antiguidade parisiense”, onde sobrevivem apenas 3 monumentos da cidade arruinada:
Sainte-Chapelle, a coluna Vandôme e o Arco do Triunfo.  poema = uma imagem do
século XIX conforme à Antiguidade. P.83

W. B.  o poema de V. H = é a grande descrição técnico-administrativa que Du


Camp fez de sua cidade  deve-se reconhecer a mesma inspiração decisiva para a
idéia baudelairiana de Modernidade. 84
Haussmann

- Início década de 50  população começa a aceitar a idéia de uma grande e inevitável


expurgação da imagem urbana

W.B. “Pode-se supor que, em seu período de incubação, essa limpeza fosse capaz de
agir sobre uma fantasia significativa com tanta força, se não mais, quanto o espetáculo
dos próprios trabalhos urbanísticos.” - Cita Joubert  “os poetas são mais inspirados
pelas imagens do que pela pp presença dos objetos.”

W. B “Aquilo que sabemos que, em breve, já não teremos diante de nós, torna-se
imagem.” 85

cita o trabalho de Meryon  as vistas de Paris em água-forte”  não era a visão


arqueológica da catástrofe o que realmente o movia. Para ele, a antiguidade deveria
surgir de um só golpe de uma modernidade intacta. 85

“Meryon fez brotar a imagem da antiga cidade sem desprezar um paralelepípedo”  era
essa a visão da coisa à qual Baudelaire continuamente se entregara na idéia da
Modernidade.

Meryon  reverencia a Modernidade, mas lhe homenageia o rosto antigo. Porque


também em Meryon se interpenetram Antiguidade e Modernidade; tb se manifesta
inconfundivelmente a forma dessa superposição que é a ALEGORIA.  fidelidade
na reprodução de Paris, que logo se converteria num campo de ruínas. 86

Essas gravuras “embora feitas imediatamente a partir da vida, dão impressão de vida já
passada, já extinta, ou prestes a morrer,

10 - Baudelaire quer ser lido como um escritor da Antiguidade

O desejo de B foi satisfeito, mas aponta para uma questão que é perceptível em seu
tempo
“Decerto Paris ainda está de pé; e as grandes tendências do desenvolvimento social
ainda são as mesmas. Porém, o fato de terem permanecido estáveis torna mais
frágil, em sua experiência, TUDO O QUE ESTIVERA SOB O SIGNO DO
VERDADEIRAMENTE NOVO.”

W.B.  A modernidade é o que fica menos parecido consigo mesmo; e a Antiguidade


– que deveria estar nela inserida – apresenta, em realidade – a imagem do antiquado.”
88

W. B.  cita Jules Lemaitre sobre B.  “creio que o especificamente


baudelairiano consiste em unir sempre 2 modos opostos de reação... poder-se-ia
dizer: uma passada e uma presente. Uma obra-prima da vontade... , a última
novidade no domínio da vida dos sentimentos. 92

“ESTAMOS DIANTE DE UMA OBRA CHEIA DE ARTIFÍCIOS E


CONTRADIÇÕES PREMEDITADAS”

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