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Comentários acerca do ensaio: “Felicidade”, do filósofo Zuru Buh, assinados pelo também

filósofo Di Carvalho e Oliveira.

1.Podemos nos entorpecer com a arte, já que temos a arte para não morrer com a verdade.

Podemos nos desanimar com a arte, já que temos com a própria para não morrer com a verdade.
(Em tradução livre)

Mas a arte não é a verdade? A verdade que é expressa em beleza e harmonia. Por exemplo:
Guernica, de Picasso, procura expressar (...)“um caráter político e uma mensagem implícita de
resistência contra o autoritarismo e o facismo europeus, além de tratar o poder destrutivo de uma
guerra”(...)(1)

Logo a arte de Picasso exprime uma verdade, baseada na beleza e na harmonia artísticas.
Porque a arte seria tão entorpecedora, para nós não padecemos com a verdade?
Acaso a verdade geraria a morte? (Morte não num sentido físico).

2. ” (...) A vida é uma balança entre momentos tristes e felizes, o contraste entre eles se intensifica,
quando sentimos a ausência de um enquanto sentimos demasiadamente o outro, a potência desse
outro aumenta. (...)”

Interessante esse trecho. Especialmente na parte: “(...) o contraste entre eles se intensifica, quando
sentimos a ausência de um enquanto sentimos demasiadamente o outro (...)” Por muitas vezes eu já
senti esse contraste gritante. Eu já me senti muito feliz, muito mesmo, e até suspeitei de tamanha
felicidade, “Deus deve de estar me dando vida, paciência e felicidade para eu poder aguentar os
sacrifícios que eu estaria por passar” e aconteciam de forma direta ou indiretamente. Até hoje eu
suspeito muito e não tendo por viés, viver no extremo de felicidade e nem no extremo da tristeza.
Também sinto esse viés gritante, no costume que inventei e chamei de Síndrome do Choque de
Cultura, é quanto você está em um cenário, um shopping, por exemplo, comendo sanduíches,
sorvetes, assiste cinema, conversa, brinca com seus amigos, mas de repente é hora de ir, você chega
em casa, seus pais brigam com você “olha a hora que você está chegando em casa”!, têm coisas
chatas pra fazer, cuidar de irmão, estudar… Aí então acontece o que eu chamo de choque de cultura,
choque de realidades, é o momento de sentar na cadeira de balanço e fazer a posição do Pensador,
é hora de ficar em posição fetal por as mãos na cabeça e chorar as
dores da vida.

3(...)Para Platão a Eudaimonia é agir de acordo com aquilo que você é, ou seja, você é a alma, você
deve obediência a essa alma e essa alma vai te revelar a verdade(…)

“Alma”.
O que viria a ser a alma?
Se o Platão exorta que se a gente é alma e devemos obediência a ela, eu vos digo, que sou uma alma
assassina e devo obediência a essa minha alma que está me tornando assassino, para eu ser feliz
com a eudaimonia. Está certo esse meu raciocínio? Platão considera todos os tipos de alma e que
nós deveríamos ter obediência a elas, mesmo estando erradas?

Como e porque nós devemos obediência a uma alma? Porque a alma está em mim, e eu estou na
alma. Seria quase que então eu teria que obedecer a mim mesmo. Ou será que a alma que a gente
tem, na prática não é nossa? Tipo: existe um departamento espiritual/celestial/sobrenatural que cria
as almas, envia para os seus determinados corpos, e nós, os determinados corpos, teríamos que
obedecer a essas almas enviadas e mandar resultados positivos para o “departamento das almas”?
Tipo: trabalha na filial e manda lucros para a sede da empresa?
Então nós não seríamos autênticos, as almas e as almas não seriam autênticas a nós.
Então essa alma que eu tenho não é pra mim…
Mas cadê a tal da “essência precede a existência”, de Sartre? Se as almas são pré-determinadas
pelo determinismo das mesmas, não têm razão da gente ter essência! Pra que ter essência na minha
alma, pra que ter gostos preferidos, se tudo isso é pré-determinado pelo determinismo?

4. (…)Para Epíteto, é agir de acordo com a natureza, aceitar a realidade(…)

Eu não gostei muito da fala de Epíteto, não. Tipo, ter felicidade é aceitar a realidade. Qual era a
realidade da Segunda Guerra Mundial? Na minha realidade, na minha natureza humana (em que eu
estava habituado e que estava compartilhando), estaria tendo muita guerra, morte, tristeza e
depressão. Com a minha realidade de 1939, eu estou sendo feliz?

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