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A monitorização cardíaca oferece dados essenciais para o

acompanhamento de pacientes instáveis.


Usando um monitor conectado a eletrodos, esse mecanismo permite a realização de um
eletrocardiograma contínuo, com registro e até alarmes diante de anormalidades.

Dessa forma, o aparelho avisa a equipe médica e de enfermagem caso haja arritmias de padrão rápido
ou lento.

Isso garante o socorro imediato ao doente.

Não por acaso, pode fazer a diferença entre a vida e a morte, evitar sequelas e melhorar o prognóstico.

O que é a monitorização cardíaca?

Monitorização cardíaca é o registro contínuo da atividade elétrica do coração, geralmente realizado em


pacientes internados.

Na prática, trata-se da realização de um eletrocardiograma ininterrupto para possibilitar o


acompanhamento dos batimentos em tempo real.

O ECG é empregado para monitorar o paciente por reunir uma série de vantagens, a exemplo de:

Ser um exame simples, conduzido por médicos, enfermeiros ou técnicos de enfermagem devidamente
treinados

Ser indolor, rápido, seguro e oferecer pouco incômodo ao doente

Não ser invasivo

Ter raras contraindicações, geralmente relacionadas a alergias ou queimaduras na pele

Fornecer dados em tempo real sobre afrequência cardíaca e suas variações.

Para que serve a monitorização cardíaca?

De forma resumida, a monitorização cardíaca serve para acompanhar a saúde cardíaca de pacientes
fisiologicamente instáveis.

A técnica permite a otimização das atividades em locais como enfermarias e unidades de terapia
intensiva (UTI).

Assim, viabiliza a vigilância de vários doentes pela equipe de saúde.

Sem essa possibilidade, os profissionais teriam de gastar muito mais tempo realizando exames para
conferir a evolução das terapias aplicadas, e sem conseguir tantos dados quanto os registrados pela
monitorização com ECG.

Portanto, a metodologia se tornou indispensável para qualificar a assistência a pessoas internadas,


como cita esta aula:

“O propósito da monitorização cardíaca à beira do leito é ajudar no estabelecimento de um diagnóstico,


guiar e otimizar a terapia e promover informação diagnóstica”.

Indivíduos em estado crítico, com instabilidades hemodinâmicas e/ou que tenham passado por
cardioversão (choque) têm indicação para permanecer em monitoramento.

A ideia é evitar complicações cardíacas como o infarto agudo do miocárdio (IAM), verificando a resposta
a medidas como a terapia antiarrítmica

Ou detectando anormalidades no ritmo cardíaco, tais como:

Taquicardia sinusal

Bradicardia sinusal

Taquicardia supraventricular

Taquicardia ventricular não sustentada

Fibrilação atrial

Flutter atrial

Bloqueios cardíacos de primeiro, segundo ou terceiro graus

Atividade de marcapasso ventricular

Extrassístoles ventriculares

Extrassístoles supraventriculares.

Quais os protocolos de monitorização cardíaca?

Os protocolos de monitorização cardíaca descrevem parâmetros para garantir registros fidedignos do


ECG contínuo.

Eles dependem de fatores como o posicionamento dos eletrodos, sua aderência e conexão com o
monitor.

Além, é claro, da condição e programação do eletrocardiógrafo e monitor de UTI – que fornece a leitura
dos sinais vitais de modo automático.
Portanto, é fundamental conferir esses itens antes de iniciar a monitorização e, depois, em intervalos
programados durante o dia.

Uma das etapas básicas está na identificação do padrão para a colocação dos eletrodos periféricos, que
oferecem dados sobre o plano frontal.

Esses eletrodos são identificados por cores diferentes, que devem ser posicionadas nas extremidades
dos membros superiores e inferiores no ECG convencional.

Lembrando que, na monitorização cardíaca, os eletrodos são colocados todos no tórax, o mais próximo
possível dos membros do paciente.

Os padrões utilizados em equipamentos de ECG foram criados por duas entidades reconhecidas
internacionalmente: AHA e IEC.

Abaixo, trago detalhes sobre cada um para tirar as dúvidas sobre esses os protocolos.

Monitoramento cardíaco

A monitorização cardíaca é um exame não invasivo, que registra continuamente a atividade elétrica do
coração

Padrão AHA

Referência mundial em cursos e treinamentos para suporte básico e avançado de vida, a American Heart
Association (AHA) publica diretrizes sobre os principais exames cardiológicos.

O que inclui diferentes tipos de eletrocardiograma, devido à sua importância para diagnosticar doenças
cardiovasculares e eventos graves como o infarto.

Aparelhos que seguem as guidelines da AHA apresentam as cores branco, preto, vermelho, verde e
marrom.

Eles devem ser dispostos da seguinte forma:

Branco (RA): no braço direito

Preto (LA): no braço esquerdo

Vermelho (LL): na perna esquerda

Verde (RL): na perna direita

Marrom: derivação precordial.


IEC

Já a International Electrotechnical Commission (IEC) trabalha na padronização de requisitos de diversos


equipamentos tecnológicos.

O que engloba requisitos para as tecnologias aplicadas à saúde, a exemplo do eletrocardiógrafo.

Dispositivos que atendem aos padrões IEC empregam as cores vermelho, amarelo, verde, preto e branco
para os eletrodos.

A distribuição delas fica assim:

Vermelho (R): no braço direito (Right)

Amarelo (L): no braço esquerdo (Left)

Verde (F): na perna esquerda (Foot)

Preto (N): na perna direita (Neutro)

Branco: derivação precordial.

O posicionamento de eletrodos para monitorização cardíaca

Como mencionei acima, o posicionamento de eletrodos faz toda a diferença na monitorização cardíaca.

Simplesmente porque trocas ou falhas comprometem a qualidade dos registros, favorecendo equívocos
na interpretação dos dados sobre a atividade cardíaca.

Caso a troca ou falha não seja identificada com rapidez, o paciente corre o risco de não receber a
assistência necessária diante de anormalidades com o ritmo cardíaco.

Afinal, a equipe de saúde terá de reparar em outros sintomas de que algo está errado, o que pode levar
tempo.

Quando o assunto são doentes críticos, mesmo poucos minutos podem comprometer seu tratamento e
recuperação.

Por isso, é necessário receber treinamento para colocar os eletrodos corretamente.

Cada um deles é responsável pela captação da atividade elétrica de uma parte do músculo cardíaco,
formando as derivações observadas no traçado do ECG.

O mais comum é que o teste compreenda 12 derivações, que precisam de 10 eletrodos para serem
monitoradas.

Eletrodos precordiais

Mencionei antes os eletrodos periféricos, mas também há os precordiais, usados para mostrar os planos
horizontais.

Eles ficam dispostos sobre o tórax do paciente, nas seguintes posições:

O primeiro eletrodo torácico (V1) precisa ficar no 4º espaço intercostal, à margem direita do esterno

O segundo (V2) fica no 4º espaço intercostal, à margem esquerda do esterno

O terceiro (V3) deve ser inserido no espaço entre V2 e V4

O quarto (V4) fica no 5º espaço intercostal esquerdo, na linha abaixo do ponto médio da clavícula
(hemiclavicular)

O quinto eletrodo (V5) deve ser posicionado também no 5° espaço intercostal, nível que V4, mais
para a esquerda, na linha axilar anterior

O último dispositivo (V6) deve ficar no mesmo nível que V4 e V5, pouco mais para a esquerda, na
linha axilar média.

Monitorização do coração

Com a monitorização cardíaca, é possível acompanhar a saúde cardíaca de pacientes fisiologicamente


instáveis

Como fazer a monitorização cardíaca?

Existem diferentes tipos de monitorização cardíaca, conforme cito abaixo.

Cada um tem suas particularidades e finalidade.

No entanto, o preparo e início da técnica incluem etapas semelhantes.


Esses cuidados estão listados a seguir, com base neste material da Ebserh (Empresa Brasileira de
Serviços Hospitalares):

Realizar a higienização das mãos

Organizar todo o material necessário numa bandeja (álcool 70%, luvas, solução antisséptica, gazes, gel
para os eletrodos)

Explicar o procedimento ao paciente, se estiver consciente

UsarEPI recomendado

Verificar o número de conectores do cabo de monitorização Standard (se cabo de 3 vias ou cabo de 5
vias)

Selecionar na tela do monitor o número de eletrodos de acordo com o cabo (se 3 ou 5 vias)

Realizar limpeza da pele com álcool a 70% para colocar os eletrodos e tricotomia (remoção de pelos),
caso necessário

Posicionar os eletrodos de acordo com as especificidades do aparelho.

Monitorização cardíaca não invasiva

Essa é a modalidade mais utilizada para os pacientes internados.

Sua principal vantagem é não exigir procedimentos invasivos, o que facilita o preparo e reduz o
desconforto para o doente.

Para que seja bem-sucedida, a monitorização não invasiva depende dos cuidados que citei nos tópicos
anteriores, além da calibração do equipamento.

É preciso determinar a velocidade e amplitude do traçado do eletrocardiograma, além de estabelecer os


cenários em que o aparelho emitirá alarme.

Um dos principais corresponde à bradicardia ou taquicardia, que merecem avaliação imediata para
evitar agravos à saúde.

Para tanto, é possível determinar os valores mínimos e máximos para a frequência cardíaca.

Por exemplo, acionando o alarme quando ela cair para menos de 60 batimentos por minuto (BPM) ou
mais de 100 BPM, que são os valores padrão.
Monitorização cardíaca invasiva

Casos graves podem se beneficiar da monitorização por meio da Cateterização da Artéria Pulmonar
(CAP), que é uma modalidade invasiva.

O procedimento permite medir pressões intracardíaca, intrapulmonar e intravascular de doentes em


estado crítico.

Por exemplo, vítimas de choque séptico, hipovolêmico e complicações mecânicas do infarto agudo do
miocárdio, como explica um estudo publicado na Revista da Escola de Enfermagem da USP:

“Somente por meio da avaliação clínica, sem parâmetros invasivos, a predição do estado hemodinâmico
em pacientes críticos fica em torno de 50%, o que torna muito arriscado o tratamento de pacientes com
instabilidade hemodinâmica grave, sem a utilização de um método complementar de monitorização”.

Monitorização cardíaca em UTI

Muitos pacientes em UTI são monitorizados de forma invasiva, devido à gravidade de seu quadro.

Entretanto, a monitorização cardíaca não invasiva pode ser indicada em alguns casos, quando o doente
foi estabilizado.

De qualquer forma, todo indivíduo internado em UTI deve ser monitorizado continuamente, evitando
que sua condição se agrave.

Os monitores empregados na unidade de terapia intensiva devem sempre possuir sistemas de alarmes
visuais e sonoros, a fim de avisar aos profissionais de saúde sobre alterações importantes nos sinais
vitais.

Monitorização cardíaca contínua

Esse é o formato comum para a monitorização feita por meio do ECG.

O que faz sentido, pois o procedimento serve para registrar a atividade elétrica de forma contínua,
dando maior segurança ao paciente e à equipe responsável por seu monitoramento, que pode atender
diversos doentes de maneira simultânea.

É importante tomar alguns cuidados para prevenir interrupções e outros problemas nos registros,
evitando:
Interferências elétricas

Desconexão de cabos e eletrodos

Alertas de bradicardia falsos devido ao suor do paciente ou excesso de gel condutor

Alertas de taquicardia equivocados, resultantes de tremores musculares ou movimentos.

Os achados são analisados à luz da condição clínica do doente, histórico de saúde e hipótese
diagnóstica, a fim de qualificar a interpretação.

Em seguida, o profissional elabora e assina o laudo médico, que é liberado.

Monitorização cardíaca é um tema complexo, mas que deve ser dominado por médicos e profissionais
de saúde de diversos setores.

Principalmente aqueles alocados em UTIs, enfermarias ou que atendam doentes acamados em home
care.

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