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Estudo do Livro de Rute.

Análise Geral do Livro.

O Livro de Rute é nomeado por uma moabita que se casou com um


homem hebreu que vivia em Moabe. Após a morte de seu marido, Rute
migrou com Noemi, sua sogra hebreia viúva, para Belém em Israel.
Lá, Deus providenciou para ela e a levou a se casar com Boaz, um
próspero agricultor hebreu. Rute tornou-se bisavó do rei Davi e está
listada na genealogia de Cristo em Mateus 1.5.

Rute e Ester são os únicos dois livros da Bíblia nomeados por


mulheres. Ester era uma mulher hebreia que se casou com um rei
gentio. Deus usou Ester em um momento estratégico na história de
Israel para preservar a nação da destruição. Rute, por outro lado, era
uma mulher gentia que se casou com um homem hebreu. Deus usou
Rute para perpetuar a linhagem do Messias, o Senhor Jesus Cristo.

O Livro de Rute é lido anualmente pelos judeus ortodoxos na Festa


de Pentecostes. Esta festa comemora a entrega da Lei no Monte Sinai e
ocorre no momento do início da oferta chamada Primícias da Colheita
(Ex 23.16). O noivado de Rute ocorreu durante esta festiva estação da
colheita, quando a cevada estava sendo debulhada (Rute 3.2; 1.22).

A Origem de Rute.
O próprio livro menciona que Rute era moabita. Rute foi uma
moabita que viveu no período dos juízes, e que aparece como
personagem principal do livro do Antigo Testamento que leva seu nome.
O significado do nome “Rute” é discutido entre os estudiosos, porém há
uma possibilidade do hebraico rut ser derivado de re’ut que significa algo
como “companhia feminina”.

Os moabitas eram um povo que descendia de Moabe, filho de Ló.


Eles eram parentes próximos dos israelitas, e até conseguiram conviver
com eles amistosamente em alguns períodos da História. Porém em
muitas outras ocasiões os moabitas aparecem na Bíblia como inimigos do
povo de Deus.

Rute se casou com dois fazendeiros judeus. Primeiro com Malom


(Rt 4.10), depois, já viúva, casou-se com Boaz. Malom era o filho
primogênito de Elimeleque e Noemi (Rt 1.2; 4.3), e Boaz era um parente
de Elimeleque (Rt 4.3).

O relato bíblico nos revela que os dois filhos de Elimeleque se


casaram com mulheres moabitas. Elimeleque e sua família eram
israelitas vindos de Judá, e partiram para Moabe durante um período de
fome.

Isso significa que a família de Elimeleque havia ignorado o


mandamento que proibia o relacionamento entre judeus e moabitas (Dt
23.3,4). Talvez eles não tivessem conhecimento dessa proibição, embora
essa possibilidade pareça pouco provável.

Quem foi Moabe na Bíblia

Moabe era o filho de Ló fruto de uma relação incestuosa com sua


filha mais velha (Gênesis 19.37). Ló, que era sobrinho de Abraão, foi
embriagado por suas duas filhas que desejavam preservar sua
descendência. Além de Moabe, Ló também foi pai de Ben-Ami, o pai dos
amonitas, através de outra relação incestuosa com sua filha mais nova.
Esse comportamento imoral das filhas de Ló mais tarde também foi
refletido na imoralidade que teve lugar entre os filhos de Israel com as
filhas de Moabe (Números 25). O significado do nome Moabe é incerto,
mas alguns estudiosos sugerem que talvez seu significado possa ser “do
meu pai”.

Caso isto esteja correto, esse nome então faria referência à forma
com que Moabe foi concebido. De qualquer forma, isto não passa de
simples especulação, visto que não há qualquer fundamentação acerca
da origem e etimologia desse nome.

A partir do texto de Gênesis 19, todas as outras vezes em que o


nome Moabe aparece na Bíblia, ele não se refere a uma pessoa em
particular. Esse nome é utilizado para designar o território e o povo de
Moabe, isto é, os moabitas.

A Terra de Moabe

Moabe ficava num planalto a leste do Mar Morto, cerca de 1000


metros acima do nível do mar. A região de Moabe era bem favorável a
produção agrícola. Em Moabe eram produzidos especialmente grãos,
cereais e uvas. A criação de ovelhas era outra atividade importante na
economia de Moabe.

A dimensão da terra de Moabe variou de acordo com o momento


histórico-político de seu povo. No geral, a fronteira sul de Moabe
encontrava o vale de Zerede, e a fronteira norte ia desde o rio Arnom até
alcançar em alguns períodos um limite incerto.
Muito provavelmente aquela região foi habitada desde muito cedo,
e os descendentes de Moabe se estabeleceram ali e se misturaram com o
povo local através do casamento. Com o tempo, eles se tornaram o povo
dominante daquela região, e por isto seu nome serviu para designar toda
a população e o próprio território.

Moabe era um reino bem organizado que possuía uma economia


estruturada e grandes construções. Além disso, pequenas fortalezas
ficavam posicionadas em pontos estratégicos de suas fronteiras. A Bíblia
Sagrada menciona várias vilas e cidades moabitas (Números 21.15-20;
32.3; Josué 13.17-20; Isaías 15-16; Jeremias 48.20).

O Povo Moabita

Os moabitas durante muito tempo experimentaram certa


prosperidade. Eles conseguiram se espalhar pelo planalto e ainda
conquistar vários povos expandindo-se ao norte. Os moabitas também
aparecem em intima associação com os amonitas, seus parentes mais
próximos.

Quando ocorreu o êxodo do povo de Israel do Egito, os moabitas já


eram designados como um povo poderoso (Êxodo 15.15). A religião dos
moabitas se assemelhava ao paganismo cananeu. Eles praticavam vários
rituais impuros em seus cultos de celebração à natureza e a fertilidade.

Eles eram devotos de Astarte, deusa da fertilidade, Baal-Peor e


outras divindades pagãs ( Números 25.16). Mas parece que dentre todas
as divindades cultuadas pelos moabitas, Quemos era a principal. O deus
da guerra Quemos sem dúvida era a divindade nacional dos moabitas.
Eles ofereciam sacrifícios de ovelhas e bois (Números 22.40-23.2;
25.1-3). Além disso, eles também praticavam sacrifícios humanos em
oferendas ao seu deus (2 Reis 3.27).

Autor.

Ninguém sabe ao certo quem escreveu o Livro de Rute. A tradição


judaica atribuiu o livro a Samuel. Se ele foi o autor, o livro teria sido
escrito próximo ao tempo em que Davi foi ungido rei de Israel. Uma das
razões, então, para Samuel escrever o Livro de Rute poderia ter sido
justificar a reivindicação de Davi ao trono, através de Rute e Boaz, seus
bisavós.

A maioria dos estudiosos conservadores situa a data da escrita de


Rute na Monarquia, seja no tempo de Davi ou Salomão. Como Salomão
não é mencionado na genealogia no final do livro (4.18-21), pode-se
deduzir que o livro foi escrito no tempo de Davi.

Por outro lado, um antigo costume que havia deixado de ser


praticado – a troca da sandália – foi explicado (4.7). Isso levou alguns a
pensar que o período salomônico era mais provável, já que mais tempo
teria passado para o costume cair em desuso.

Ano.
Acredita-se ter dito escrito por volta do ano 1050 a. C. Mesmo
período que foi escrito o,livro dos Juízes, bem como o 1 livro de Samuel.

Características do Livro.

O Livro de Rute brilha como uma bela pérola em um fundo negro. A


ação registrada na narrativa ocorreu durante o período do Livro dos
Juízes (Rute 1.1). Aqueles dias foram a idade das trevas da História de
Israel. As vitórias de Josué foram seguidas por períodos de declínio
espiritual com breves interlúdios de recuperação, conforme vimos em
nosso Estudo sobre o Livro dos Juízes.

Há quem acredite que os episódios narrados no livro de Rute,


tenham ocorrido no período da opressão sob os midianitas. A descrição
de Juízes 6.1-10 se assemelha muito ao que se descreve no capítulo 1
do livro de Rute.

Cada vez que o povo se afastava de Deus, Ele levantava um juiz


para liderar a nação de volta a Ele. Mas o Livro de Rute não enfoca as
guerras e os juízes que libertavam a nação. Ao contrário, ele nos
apresenta uma história de amor e redenção em meio a um contexto
sombrio.

O Livro de Rute é um conto de amor e lealdade. A história de Rute e


Noemi ilustra a lealdade de Rute à sua sogra, mesmo após a morte do
marido de Rute. A lealdade de Rute a Noemi e sua fé em Deus
resultaram na bênção divina, e Rute acabou se casando com Boaz, que
atuou como o “redentor” de Noemi e Rute, restaurando sua linhagem e
propriedade. A expressão utilizada no livro é “remidor”.

O Estilo Literário.

A história de Rute também se destaca por sua qualidade literária. É


um exemplo clássico de narrativa hebraica, com belos diálogos,
repetições e inclusões. O livro é bem estruturado e conciso, oferecendo
uma imagem vívida dos personagens e do cenário. Além disso, a história
de Rute é contada de maneira artística, com um ritmo cuidadosamente
orquestrado e um uso habilidoso de tensão e resolução.

Teologicamente, o Livro de Rute demonstra o amor e a fidelidade de


Deus em cuidar de seu povo, mesmo em tempos de aflição e dificuldade.
A história de Rute mostra que Deus não está limitado por fronteiras
étnicas ou geográficas e que Ele pode usar pessoas de qualquer origem
para cumprir Seus propósitos.

A inclusão de Rute na linhagem do Messias também enfatiza a graça


de Deus e a Sua disposição de aceitar aqueles que o buscam com um
coração sincero.

O Livro de Rute é uma bela história de amor, lealdade e redenção


que continua a inspirar e encorajar os leitores até hoje. Através de sua
história, somos lembrados do amor e do cuidado de Deus, mesmo nos
tempos mais difíceis, e da Sua capacidade de trazer bênçãos e esperança
em meio à adversidade.

Capítulo 1: Uma Historia de Amor na


Tragedia.

Rute 1 começa com uma breve contextualização temporal, mencionando a


época em que os eventos aconteceram, durante o período dos Juízes. O clima
era sombrio e tenso, e uma fome obrigou uma família a deixar a cidade de
Belém e se mudar para uma terra estrangeira.
Mas essa situação acabou se tornando uma oportunidade para Deus
demonstrar Sua graça, e a história mostra como Ele providenciou para suprir as
necessidades dessa família. O capítulo também apresenta um panorama da
religião na época, com destaque para a adoração dos deuses cananeus Baal e
Astarote, que eram tidos como controladores da fertilidade da terra.

Embora a idolatria fosse comum entre os israelitas, o livro de Rute mostra


como a confiança em Deus e Sua providência pode trazer bênçãos, e termina
com uma transição para a esperança e o favor de Deus.

Esboço do Capítulo 1

>>> v.v. 1: Contexto histórico.


>>> v.v. 2,3: Elimeleque e sua família em Moabe.
>>> v.v. 3-5: Morte de Elimeleque e seus filhos.
>>> v.v. 6,7: Noemi decide voltar para Belém.
>>> v.v. 8,9: Noemi encoraja suas noras a ficarem em Moabe.
>>> v.v. 10: Orfa e Rute decidem voltar com Noemi.
>>> v.v. 11-13: Noemi estimula as suas noras a regressarem.
>>> v.v. 14: Orfa decide ficar em Moabe.
>>> v.v. 15-18: Rute insiste em acompanhar Noemi.
>>> v.v. 19. A chegada em Belém: As mulheres de Belém
reconhecem Noemi.
>>> v.v. 20,21: Noemi se lamenta por sua situação.
>>> v.v. 22: A Chegada de Noemi e Rute coincide com o início da
colheita.

Capítulo 2: Rute Respiga no Campo de Boaz.


Em Rute 2, testemunhamos como Rute, uma moabita, foi recebida
na terra de Israel por graça divina, uma vez que os moabitas eram
excluídos da congregação de Israel.

Conhecemos também Boaz, um rico agricultor, que se revela um


homem de valor e que será fundamental na história de Rute e
Noemi. Através das palavras e ações desses personagens, somos
convidados a refletir sobre seus verdadeiros caracteres.

Neste estudo, veremos como uma série de acontecimentos guiados


por Deus mudam a situação de Rute e Noemi e nos ensinam importantes
lições sobre fé, humildade, bondade e fidelidade.

Esboço do Capítulo 2:

Boaz, o homem de valor (2:1-3)


>>> v.v. 1: A Introdução de Boaz
>>> v.v. 2: A Presença de Rute na Terra de Boaz.
>>> v.v. 3: A providência divina que guiou Rute ao campo de
Boaz.

A generosidade de Boaz (2:4-17)


>>> v.v. 4: A Saudação de Boaz.
>>> v.v. 5-7: Boaz demonstra interesse em Rute e protege-a em
seu campo
>>> v.v. 8-14: Boaz convida Rute para uma refeição e oferece-
lhe mais do que o necessário
>>> 15-16: Boaz ordena que seus trabalhadores deixem espigas
de cevada para Rute.
A Colheita de Rute (2:18-23)
>>> v.v. 17,18: Rute volta para casa com uma grande
quantidade de cevada
>>> v.v. 19: Noemi pergunta sobre o benfeitor de Rute e
descobre que é Boaz
>>> v.v. 20,21: Noemi reconhece a possibilidade de Boaz ser um
parente redentor
>>> v.v. 22,23: Rute continua a colher no campo de Boaz e
permanece com Noemi.

Conclusão
Boaz é apresentado como um homem de valor e generoso
Rute e Noemi são beneficiadas pela generosidade de Boaz e pela
providência divina
O relacionamento entre Boaz e Rute é fundamental para o enredo
da história

Capítulo 3: Encontrando Redenção em Meio às


Adversidades

Em Rute 3, vemos Naomi agindo como uma casamenteira para Rute.


Depois de superar sua depressão, Naomi resolve buscar a segurança e o
descanso para sua nora por meio do casamento.

Ela planeja um encontro com Boaz, o parente mais próximo de sua


família, que poderia se tornar o redentor de Rute. Naomi orienta Rute a
ir até a eira, onde Boaz está trabalhando, se perfumar e vestir suas
melhores roupas para passar despercebida.
Rute segue todas as instruções, e após uma troca de palavras com
Boaz, eles fazem um acordo que pode levar à redenção de Rute. Este
capítulo mostra o empenho de Naomi em garantir o futuro de Rute, a
disposição de Boaz em ajudá-las e a coragem de Rute em seguir as
instruções de sua sogra.

É um momento decisivo na narrativa e prepara o terreno para os


eventos que se seguirão.

Esboço do Capítulo 3:

Preparação para a Redenção.


>>> v.v. 1: Naomi decide buscar um marido para Rute.
>>> v.v. 2: Ela lembra a Rute que Boaz é um parente próximo e
um potencial redentor.
>>> v.v. 3,4: Naomi orienta Rute a ir até a eira onde Boaz está
trabalhando e a esperar até que ele durma para se deitar aos seus pés.

Reivindicação da Redenção
>>> v.v. 6: Rute segue as instruções de Naomi e vai até a eira.
>>> v.v. 7: Ela se deita aos pés de Boaz e pede que ele seja seu
redentor.
>>> v.v. 8-10: Boaz concorda em ajudá-la, mas revela que há
outro parente mais próximo que tem o direito de redimir primeiro.

Promessa da redenção
>>> v.v. 11: Boaz elogia a lealdade de Rute e sua escolha de ficar
com ele em vez de procurar um homem mais jovem.
>>> v.v. 12-14: Ele promete ajudá-la a encontrar a redenção,
mas também protege os direitos do outro parente próximo.
>>> v.v. 15: Boaz dá a Rute seis medidas de cevada para levar
para casa.

Antecipação da Redenção.
>>> v.v. 16,17: Rute retorna a Naomi e conta tudo o que
aconteceu.
>>> v.v. 18: Naomi está satisfeita com o resultado e prevê que
Boaz resolverá o assunto naquele mesmo dia.

Capítulo 4: Um Vislumbre do Plano de Deus Para a


Salvação

Rute 4 é um emocionante clímax para a história desta viúva moabita


que escolheu seguir sua sogra, Naomi, a Judá. Este capítulo começa com
Boaz subindo até o portão da cidade de Belém para resolver um assunto
de negócios, onde encontra o parente mais próximo de Elimeleque, o
qual teria o direito de resgatar a terra de Elimeleque, que Naomi estava
vendendo.

A narrativa, então, descreve uma série de transações legais que


culminam com a recompensa final para a fidelidade e a confiança em
Deus.

A história de Rute tem sido lembrada por séculos por causa de seu
exemplo de coragem, bondade e amor sacrificial, e a conclusão deste
capítulo mostra como Deus pode recompensar e abençoar aqueles que
confiam nele.
Este capítulo é uma história de redenção, não apenas para Rute e
Naomi, mas para toda a humanidade, pois sua genealogia é traçada até
Jesus Cristo.

Esboço do Capítulo 4:

A Negociação Legal de Boaz.


>>> v.v. 1: Boaz vai ao portão da cidade e encontra o parente
mais próximo de Elimeleque
>>> v.v. 2: Boaz convoca os anciãos de Belém como
testemunhas.
>>> 3,4: Boaz explica a situação da venda da terra de Elimeleque
e o direito de resgate.
>>> v.v. 5,6: O parente mais próximo recusa o resgate depois de
saber que ele teria que se casar com Rute.

A Conclusão da Transação de Boaz.


>>> v.v. 7-10: Boaz finaliza a transação legal para resgatar a
terra e se casar com Rute.
>>> v.v. 11,12: Os anciãos abençoam Boaz.
>>> v.v. 13: Boaz e Rute são abençoados com a concepção de
um filho.

A Bênção de Deus sobre Naomi.


>>> v.v. 14: As mulheres de Belém louvam a Deus pela bênção
recebida por Naomi.
>>> v.v. 15: A vida de Naomi é renovada com a chegada do neto.
>>> v.v. 16,17: O nascimento do filho de Rute é uma
recompensa pelo seu compromisso com Naomi.
A Genealogia de Perez (Rute 4:18-22)
>>> v.v. 18-22: A linhagem de Perez é traçada até Davi
>>> v.v. 22: A história de Rute é um exemplo da providência de
Deus em trazer a linhagem de Davi
Conclusão
>>> A história de Rute é uma história de redenção e fidelidade
>>> A história de Rute aponta para a provisão e cuidado de Deus
em todas as circunstâncias da vida.

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