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Sumário
1. Teoria e Prática do Precedente Judicial ................................................................. 2
1.1 Introdução......................................................................................................... 2
1.2 Conceitos........................................................................................................... 4
1.3 Radiografia do precedente ............................................................................... 5
1.4 Eficácia dos precedentes .................................................................................. 8
2. Dos Processos nos Tribunais e Dos Meios de Impugnação das Decisões Judiciais 9
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Curso Processo Civil de A a Z – CPC/73 X Novo Cpc 2015
Prof. Erik Navarro
102.01
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
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O juiz brasileiro e o juiz do civil law como um todo não é muito detalhista quanto a
definição, e não tem cuidado com os fatos da causa. É um juiz que tende a olhar para a lei,
olhar para os fatos básicos e fazer um raciocínio rápido de subsunção, é o que chamamos de
raciocínio dedutivo, partindo do abstrato para o concreto. Partindo da norma geral para a
norma especial. São juízes muito dedutivos e pouco analíticos.
Por outro lado, o juiz do common law não é dedutivo, mas sim indutivo, pois ao invés
de olhar primeiro para a norma geral, ele vai se preocupar com o caso concreto,
preocupando-se com os aspectos fáticos ele separa os fatos conforme sua relevância
(statement of material facts). Quando ele definir esses fatos, vai procurar na jurisprudência
se já houve julgado envolvendo esses fatos ou fatos semelhantes. Encontrando, procura o
raciocínio utilizado para se chegar à decisão (legal reasoning). Aí está o coração do
precedente judicial. Ele então transplanta o entendimento para o caso concreto que lhe foi
submetido. O juiz do common law decide caso a caso (case in case).
O judiciário do common law é muito mais criativo do que o do civil law, pois se pauta
muito mais em jurisprudências, justamente por não dispor de arca bolso legal tão vasto
quanto o do judiciário do civil law.
Como surgiu o common law e o que o caracteriza?
Tem início entre 1350/1500 quando o império romano foi incorporado ao direito
europeu continental. Os países insulares não foram afetados pelo direito romano,
justamente por estarem ilhados (Exemplo: Inglaterra). Assim, enquanto o direito romano foi
aplicado no continente, a Inglaterra aplicou basicamente os seus costumes, inclusive por não
ter muitas regras escritas.
A partir da revolução da burguesia, o juiz europeu continental era visto como juiz
reacionário a partir de então, de modo que quando a burguesia tomou o poder, impôs que o
juiz aplicaria mecanicamente as leis. Entretanto, na Inglaterra, o juiz ficou ao lado do povo,
ganhando força e credibilidade.
A House of Lords (atual Câmara dos Lordes, e antigo Supremo Tribunal Inglês), até
1966, estava vinculada aos próprios precedentes, a ponto de não poder afastá-los.
Naturalmente, em 1966, por um ato normativo publicado por um dos lordes, passou a
decidir que poderia sim revogar seus próprios precedentes, fazendo o overruling (somente a
corte que criou o precedente ou uma corte superior a ela poderia revogá-lo).
No direito norte-americano a flexibilização dos precedentes é maior. Nos Estados
Unidos existem muito mais leis escritas do que na Inglaterra. Contudo, a Reforma Woods
mudou um pouco isso, de modo que a Inglaterra, país das leis não escritas, passou a ter um
código de processo civil escrito.
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1.2 Conceitos
Não confundir decisão judicial com precedente. Decisão judicial é gênero, do qual
precedente é uma espécie.
Precedente é a decisão judicial verificada à luz do caso concreto, capaz de persuadir
decisões futuras sobre temas iguais ou semelhantes. Pode ser que a decisão de um tribunal
qualquer do Brasil tenha esse poder em razão do respeito a essa corte. No Brasil, há as
súmulas vinculantes que devem obrigatoriamente ser seguidas, o que é bom por um lado,
mas gera problemas por outro.
Jurisprudência é um conjunto de decisões judiciais, que nem sempre serão
precedentes, mas que têm dimensão coletiva. O Conceito romano de iurisprudentia surge
com a figura do jurista, o primeiro técnico desenvolvedor da ciência do direito que acabou
por criar a doutrina como fonte, já que seus pareceres técnicos eram utilizados pelos juízes
para decidir casos.
Quem define se uma decisão judicial é ou não um precedente?
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No common law a primeira pessoa que diz um precedente é o juiz de primeiro grau.
Em países como o Brasil, o sistema é invertido, de modo que são os tribunais superiores que
dizem o que é o precedente.
Stare Decisis não se confunde com os precedentes. Surge a posteriori como uma
evolução dessa doutrina, buscando sistematizar as decisões, para, em sua elaboração,
distinguir melhor a ratio decidendi, em separada do dictum. É tido como o dogma do
respeito aos precedentes. Contudo, nada mais incompleto do que afirmar isso, pois o dogma
do respeito aos precedentes surge na separação entre o direito romano continental e o
direito inglês insular. O stare decisis é a sistematização das cortes superiores a fim de deixar
mais claro o coração do precedente e o que é apenas um dito de passagem (dictum) que não
tem relação direta com os fatos relevantes para julgamento daquela causa.
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Nesses casos, assim como tratado no artigo “Brasil: Cultura e Precedentes”, da lavra
do Professor Erik Navarro, se em regra a cultura modifica o ordenamento jurídico, existem
momentos em que é preciso alterar o ordenamento jurídico para vergar uma cultura que
não é boa.
O que há em nosso sistema de novo que pode provocar essa evolução?
Temos desde a reforma trazida pela EC 45 às súmulas vinculantes, passando pelas
decisões do STF no controle concentrado de constitucionalidade (art. 103-A).
CRFB/88
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante
decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria
constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá
efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração
pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à
sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas
determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre
esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante
multiplicação de processos sobre questão idêntica. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 45, de 2004)
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou
cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação
direta de inconstitucionalidade.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que
indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-
a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e
determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o
caso. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
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E, por último, os Recursos Repetitivos (art. 1036 a 1041), que passam a ter maior
radicalização, alcançando inclusive casos de primeiro grau, e de forma idêntica para
Recursos Especiais e Recursos Extraordinários.
Novo CPC
Art. 1.036. Sempre que houver multiplicidade de recursos extraordinários ou especiais
com fundamento em idêntica questão de direito, haverá afetação para julgamento de
acordo com as disposições desta Subseção, observado o disposto no Regimento Interno
do Supremo Tribunal Federal e no do Superior Tribunal de Justiça.
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O Capítulo I do processo nos tribunais traz seus três primeiros artigos sobre
precedentes judiciais. Mais do que grandes novidades, são quase um resumo doutrinário do
que vem a ser um sistema em que os precedentes são respeitados.
Novo CPC
Art. 926. Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra
e coerente.
Se a cultura brasileira fosse de respeito aos precedentes, não seria necessário este
dispositivo. No common law as cortes, tendem a ser menores, e em cortes menores a coesão
da jurisprudência é tida de forma mais fácil. Em cortes maiores, a coesão se torna mais
difícil.
§ 1o Na forma estabelecida e segundo os pressupostos fixados no regimento interno, os
tribunais editarão enunciados de súmula correspondentes a sua jurisprudência
dominante.
O código não diz o que vem a ser a jurisprudência dominante, mas havendo, é
necessário editar enunciados de súmulas. Pode-se definir a jurisprudência dominante como
o entendimento dominante na turma responsável por uniformizar determinado
entendimento.
Há uma preocupação grande com relação à qualidade dos enunciados de súmulas.
§ 2o Ao editar enunciados de súmula, os tribunais devem ater-se às circunstâncias fáticas
dos precedentes que motivaram sua criação.
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Novo CPC
Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão:
I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de
constitucionalidade;
II - os enunciados de súmula vinculante;
III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas
repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos;
IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e
do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional;
V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados.
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precedentes que afirmam a tese do autor, deve utilizar o distiguishing método, a fim de
buscar uma tutela da evidência, que antecipa efeitos práticos da decisão final.
§ 2o A alteração de tese jurídica adotada em enunciado de súmula ou em julgamento de
casos repetitivos poderá ser precedida de audiências públicas e da participação de
pessoas, órgãos ou entidades que possam contribuir para a rediscussão da tese.
Desde 1966, a própria House of Lords não rejeitava em absoluto a reforma dos seus
precedentes. Às vezes é necessário que o precedente se adapte. A superação do precedente
é algo como a revogação ou derrogação de lei. O código se preocupa com isso, porque altera
algo que deveria ser estável, deve haver cuidado com a segurança jurídica estabelecendo
regras de transição suave para a alteração do precedente, deve haver contraditório.
A superação do precedente é o overruling. Se for revogação do tipo parcial, é o
overriding. A regra de ouro é que somete corte superior ou a própria corte que gerou o
precedente pode superá-lo. Nosso código acrescenta que neste procedimento deve haver
abertura, pois há problema com a democratização.
Aqui se fala da decisão que altera o precedente, mas vale também para decisões que
criam os precedentes. O código preferiu tratar isso em cada um dos mecanismos, mas
poderia ter tratado de modo geral, e ainda falar sobre a alteração em precedentes
vinculantes em geral.
Existe um microssistema de precedentes no novo CPC, ou seja, uma norma que se
refira a apenas um precedente, se aplica aos demais que tenham o mesmo status normativo.
§ 3o Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal
e dos tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode
haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social e no da segurança jurídica.
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Dizer que determinado fato relevante tem a legal reasoning, necessita de uma série
de fundamentos, argumentos, o que foi feito na formação do precedente. Quando há caso
concreto para julgamento com os mesmos fatos relevantes, deve se preocupar em
demonstrar essa equivalência.
Enunciado 20
O pedido fundado em tese aprovada em IRDR deverá ser julgado procedente,
respeitados o contraditório e a ampla defesa, salvo se for o caso de distinção ou se
houver superação do entendimento pelo tribunal competente.
O réu deve falar antes, porque ele poderá utilizar o distinguishing, deve-se ver se o
réu traz algum fato relevante diferente dos apresentados. Não se aplicará a tese criada no
IRDR.
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