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Com isso, no referido caso, não cabe ao Poder Judiciário interferir na decisão do
árbitro sobre sua própria jurisdição, sendo admissível a intervenção do Estado-juiz apenas
em momento posterior, conforme o artigo 485 do Código de Processo Civil. De acordo com
o mencionado artigo em seu inciso VII, o juiz não resolverá o mérito quando acolher a
alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer
sua competência. Com isso, o reconhecimento do juízo arbitral a propósito de sua
jurisdição, ou mesmo o acolhimento da alegação de existência de convenção de arbitragem
pelo juiz togado, ensejará a extinção do processo judicial sem resolução de mérito.
Esse entendimento é pacífico nas Cortes Superiores, sendo aceito pelo Supremo
Tribunal de Justiça. Ao julgar o REsp 1.614.070-SP, relatado pela ministra Nancy Andrighi, a
3ª Turma do STJ decidiu que o princípio competência-competência atribui "ao árbitro ou
tribunal arbitral,e somente a eles, a prerrogativa para decidir acerca de sua própria
competência", devendo ser respeitada "a precedência temporal da decisão arbitral e,
somente após, realizar o adequado controle pela via judicial", de modo a não tornar
"inoportuna ou indevida a interferência do Poder Judiciário".
Nessa disputa, o STJ decidiu que, como a arbitragem é uma atividade jurisdicional, a
competência e o processo arbitral poderiam colidir com a competência dos juízes estatais,
em tais hipóteses o Superior Tribunal de Justiça poderia ser provocado para decidir sobre
quem seria competente para decidir determinada matéria.
Com isso, pode-se concluir que o STJ parece rejeitar o conceito de que a decisão
sobre um conflito de competência entre duas entidades possa ser decido por uma delas e
apenas posteriormente revisada pela outra, surgindo a concepção de que esse tipo de
conflito deve ser decidido imediatamente por um órgão de cúpula do Poder Judiciário