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Doenças parasitárias

05/02/24 – Fernando
Exame parasitológico de fezes
objetivo: identificar estágios de parasitas eliminados pelas fezes: ovos de helmintos e
cistos/trofozoítos de protozoários

Exame parasitológico de fezes


colheita: colocar as fezes em recipiente fechado, de preferência em coletores universais para
evitar alterações na observação do conteúdo fecal. É necessário levar imediatamente ao
veterinário ou armazenar na geladeira, o que impede o desenvolvimento dos ovos e das larvas.
exame macroscópico: observar a consistência das fezes, a coloração, se há parasitas visíveis e
se há presença de muco ou sangue*
*hematoquezia (sangue vivo nas fezes – indica infecção na parte mais interior do TGI) e melena
(sangue escurecido nas fezes).
Exame direto à fresco
indicação: teste qualitativo* para detecção de ovos de helmintos e estágios de protozoários
*detecta somente a presença de ovos, não a quantidade
método:
• Colocar uma pequena quantidade de fezes em uma lâmina de microscopia.
• Colocar uma gota de solução salina (0,85% NaCl) ou água nas fezes e misturar bem com uma
espátula ou bastão.
• Cobrir com uma lamínula. A suspensão deve ter espessura fina o suficiente para permitir a
passagem da luz
• Para melhorar a visualização, pode-se pingar uma solução de lugol (iodo/iodeto de potássio)
• Inspecionar a lâmina em movimentos de ida e volta
vantagens: rápido preparo, se usado com solução salina, não causa distorção nos parasitas,
útil para examinar fezes de aves e répteis
limitações: não pode ser usado para resultados quantitativos, a presença de debris fecais
interfere na observação da lâmina e na fixação da lamínula
Concentração por flutuação em sal
teste qualitativo para detecção de ovos de nematódeos; método de Willis
os ovos por serem leves possuem densidade menor que a da água, portanto eles flutuam e se
acumulam na superfície da solução
solução saturada de sal: pode distorcer a morfologia
solução saturada de açúcar: não afeta a viabilidade de ovos
solução de sulfato de zinco: melhor solução para ovos de Fasciola
*a flutuação pode ser acelerada se utilizada a centrifugação
Contagem de ovos
método quantitativo; utiliza a câmara de contagem (câmara de McMaster), na qual os ovos e
cistos ficam aderidos à superfície superior, facilitando a contagem destes
cálculo de OPG: contar o número de ovos dentro de cada retícula quadrada e o valor da soma
é multiplicado por 50
*este método não é aplicável em amostras de fezes contendo gordura, pois esta forma bolhas
que se aderem à retícula, impedindo a visualização dos ovos
19/02/2024
Ixodidioses
A família Ixodidae é composta pelos carrapatos duros, os quais podem ser caracterizados como
cosmopolitas (fazem parte/estão presentes no ambiente), ectoparasitas obrigatórios de
vertebrados, hematófagos obrigatórios, apresentam dimorfismo sexual (morfologias distintas
para machos e fêmeas) e podem permanecer fixados à pele do hospedeiro por tempo
prolongado.
fases de desenvolvimento:
*fase de ovo; fase de larva (3 pares de pernas); fase ninfa (4 pares de pernas); fase adulta (4
pares de pernas, atingindo a capacidade de reprodução).
ciclos biológicos:
*ciclo monóxeno: é necessário somente um hospedeiro
*ciclo heteróxeno: são necessários dois ou três hospedeiros
Importância econômica e sanitária:
*vinculam diversos patógenos ao homem e aos animais domésticos e selvagens
*diminuição do desenvolvimento do animal, lesões no couro, geram grandes perdas econômicas
na produção, com gastos com acaricidas, baixa fertilidade, alta mortalidade, redução nas
funções fisiológicas dos animais...

Rhipicephalus microplus
Popularmente conhecido como “carrapato do boi”, tendo preferência por bovinos, mas podendo
afetar outros animais também. Possui ciclo monóxeno, é vetor para outras doenças, como a
Babesiose e Anaplasmose, trazendo mais prejuízos para a produção.
O controle e profilaxia se baseiam na aplicação de carrapaticidas, que podem ser pulverizados,
em forma de banho de imersão, aplicação dorsal e injetável. É necessário se atentar ao possível
surgimento de resistência por parte dos carrapatos em relação às medicações utilizadas.
Além disso, podem ser feitas rotação de pastagens, introdução de espécies de gramíneas com
poder de repelência ou ação letal ao carrapato ou implantação de lavouras (ausência de
animais).
Amblyoma cajennense
Popularmente conhecido como “carrapato estrela”, é encontrado com frequência em equinos,
sendo o principal vetor do Rickettsia rickettssi, causador da febre maculosa (destaque para as
capivaras no ciclo do carrapato); seu ciclo é heteróxeno.
Anocentor (Dermacentor) nitens
Parasita principalmente equinos, tendo lugares como preferência, como o pavilhão auricular e
divertículo nasal, podendo causar infecções secundárias e até miíases. Seu ciclo é monóxeno, é
exclusivo das Américas e é um dos principais vetores da Babesia.
O controle e profilaxia podem ser feitos a partir da remoção manual do carrapato, uso de óleo de
andiroba, banhos com carrapaticida e aplicação tópica em pó de carrapaticida.
26/02/2024 Miíases em grandes animais
As miíases se caracterizam pela deposição de ovos e desenvolvimento de larvas em tecidos do
hospedeiro, alimentando-se de tecidos viáveis ou necrosados. São classificadas através do local
onde estão localizadas, podendo ser dérmica, subepidérmica, nasofaríngea, ocular,
gastrointestinal e genital.
As infestações maciças provocam prurido, desconforto, dor, inflamação, hiporexia (falta de
apetite) e queda da produção, podendo ter como consequências infecções secundárias,
comprometimento de estruturas e perda tecidual severa.
Os principais agentes etiológicos estão na superfamília Oestroidea, sendo divida em 4 famílias:
Família Oestridae: Oestrus ovis
A distribuição dessa mosca é de forma cosmopolita, ou seja, bem espalhada pelo ambiente,
sendo parasita obrigatório da porção nasal (cavidade nasal, seios nasais e frontais); atinge
ovinos e caprinos.
As fêmeas depositam os ovos nas narinas, tornando-se larvas que se fixam na mucosa,
estimulando a produção de muco (alimento). Elas provocam a oestrose, caracterizada por ser
uma rinite mucopurulenta, com inflamação e irritação da mucosa nasal, secreções, incômodo,
inquietação, prurido e hemoptise (saída de sangue pelo nariz). Em casos mais graves, há
migração e invasão larval do SNC pela base do crânio, desenvolvendo sinais neurológicos.
O tratamento se baseia no uso de organofosforados para desinfectar o ambiente e
antiparasitários para os animais.

Família Cuterebridae: Dermatobia hominis


Conhecida como “mosca do berne” tem como hospedeiros principais os bovinos, mas podem
afetar outros animais também. A fêmea da mosca captura vetores e deposita ovos em seu
abdômen (insetos foréticos), os quais são liberados na pele do hospedeiro conforme o pouso dos
vetores.
*os nódulos formados se concentram mais em regiões que são pouco movimentadas pelo
animal, assim não espantam os vetores.
Ao penetrarem na pele, as larvas formam um nódulo com orifício central e doloroso; a partir
dele consegue-se observar a larva. A formação desses furúnculos pode levar a infecções
secundárias, como a formação de abcessos, provocando inquietação, aumento da sensibilidade
dolorosa e inapetência (animal não come).
Como consequência, provocam queda na produção e depreciação do couro com a formação de
áreas cicatriciais. O controle de insetos deve ser feito como forma de profilaxia (reduz a
circulação de vetores) e o tratamento dos animais afetados é a retirada dos bernes e uso de
avermectinas.

04/03 continuação – miíases


Família Gasterophilidae: se divide em G. nasalis e G. intestinalis; têm morfologia semelhante
à abelha, emite zumbido e seu principal hospedeiro é o equino.
Gasterophilus: suas larvas são grandes e possuem ganchos orais em forma de foice, com o
corpo constituído por fileiras de espinhos. Sua ovoposição é rápida  larvas L1 migram para
mucosa oral, transformam-se em L2 e sofrem deglutição; chegam até o estômago, onde ficarão
de 9 a 11 meses e se transformam em L3, seguida de sua eliminação fecal, caindo no solo em
forma de pupa e se tornando adultas.
Diferenciações: G. nasalis se instala na porção glandular do estômago e na porção anterior do
duodeno, já o G. intestinalis fica na porção aglandular (cárdia e duodeno); podem ser causa de
cólica.
Patologia: as lesões provocadas pelas larvas causam inflamação e ulceração; em casos de
parasitismo intenso, podem provocar obstrução parasitária, abcessos, úlceras perfuradas e
peritonite, além de promover infecções secundárias.
Diagnóstico e controle: o diagnóstico se dá pela visualização de ovos nos pelos e larvas nas
fezes (L3); para o controle, é importante aparar os pelos da face e higienização para remoção
das larvas, juntamente com o tratamento com avermectinas.

Cochliomyia spp: conhecida como “mosca varejeira”, é necrobiontófaga (se alimenta de tecidos
necrosados); suas larvas provocam miíase primária (com ovoposição direta na lesão), evoluindo
para invasão de estruturas adjacentes. Após as larvas se desenvolverem, elas caem no solo e se
tornam pupas, virando adultas, as quais retornam às feridas e depositam mais ovos.
Consequências: lesões diretas, agudização de feridas, sangramento, dor, animal inquieto,
infecções secundárias; bovinos são os mais acometidos.
Tratamento: à base de inseticidas, repelentes cicatrizantes e antissépticos, remoção manual das
larvas e limpeza das feridas.

Haematobia: Haematobia irritans


Conhecida como “mosca do chifre”, proliferam-se mais no verão; parasita na forma adulta no
hospedeiro (são moscas hematófagas) e têm seu desenvolvimento total nas fezes.
Consequências: infestações intensas podem gerar desconforto, animais apresentam desinteresse
alimentar, queda na produção leiteira, perda de peso vivo, prejuízos econômicos na produção.
Controle: limpeza do ambiente, elaboração de esterqueiras (impedem o desenvolvimento das
larvas), compactação das fezes, troca da cama de equinos.
*o uso de inseticidas causa resistência por parte das moscas!
18/03
Tripanossomose bovina – Trypanossoma vivax
É originário do continente africano e com ocorrência maior na América Latina, devido ao clima
úmido do território.
Transmissão: através da saliva de insetos hematófagos, agulhas contaminadas, via
transplacentária; atinge principalmente ungulados domésticos e selvagens.
Ciclo biológico: mosca faz repasto sanguíneo, injetando tripomastigotas, os quais se
multiplicam por fissão binária no sangue; permanecem no sangue até que a mosca realize o
repasto, se multiplicando no canal alimentar da mosca, se transformando em epimastigotas, as
quais se multiplicam na glândula salivaria e se transformam novamente em tripomastigotas.
Sinais clínicos:
*inespecíficos: febre, apatia, letargia, anorexia, desidratação, pelos arrepiados e emagrecimento
*específicos: anemia, edema, diarreia, agalaxia, aborto, infertilidade, repetição de cio,
alterações oftálmicas e neurológicas
Diagnóstico:
*parasitológico: feito através do esfregaço sanguíneo, analisando o microhematócrito, PBA de
linfonodo – ambos dependem do nível de parasitemia presente no hospedeiro.
*sorológico: a partir da detecção de anticorpos (ELISA ou RIFI)
*molecular: PCR
Tratamento: uso de quimioterápicos, como cloreto de isometamidium ou aceturato de
diminazeno
Controle e profilaxia: quimioprofilaxia para os animais suscetíveis, controle populacional de
vetores – Piretróides pour on/ Armadilhas, evitar a transmissão iatrogênica (procedimentos
médicos ou cirúrgicos), introdução de animais livres no rebanho, evitar o deslocamento de
animais para áreas com a presença da doença.

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