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Equações básicas na forma

integral para um V. C.
Prof. Marco Antonio
marco@uri.com.br 1
Introdução

Para estudar uma região do espaço conforme o fluido escoa


através dela, usamos a abordagem de volume de controle.

Esse é frequentemente o método escolhido, porque possui uma


grande quantidade de aplicações práticas, por exemplo, em
aerodinâmica geralmente estamos mais interessados na
sustentação e arrasto sobre uma asa do que em saber o que
acontece com partículas individuais do fluido).

A desvantagem dessa abordagem é que as leis físicas aplicam-


se à matéria e não diretamente à região do espaço, de forma
que devemos trabalhar matematicamente para converter as
leis físicas de sua formulação para sistema para a
formulação de V.C.
Introdução

Leis básicas para um sistema


• Conservação de Massa;
• A Segunda Lei de Newton;
• O Princípio da Quantidade de Mov. Angular;
• A Primeira Lei da Termodinâmica;
• A Segunda Lei da Termodinâmica.
Leis básicas para um sistema

Para converter este sistema de


equações em fórmulas equivalentes
para volume de controle, desejamos
expressar cada uma das leis como
uma equação de taxa.
Leis básicas para um sistema

Conservação de Massa
Para um sistema, a massa M de uma quantidade fixa de
matéria se mantém constante para todos os instantes.
Entretanto, como desejamos expressar cada lei física como
uma equação de taxa, escrevemos:

dM 
 0
dt  sistema
onde
M sistema  
M ( sistema )
dm  
V ( sistema )
 dV
Leis básicas para um sistema

A Segunda Lei de Newton


Para um sistema movendo-se em relação a um referencial
fixo, a 2ª Lei de Newton estabelece que a soma de todas as
forças externas agindo sobre o sistema é igual à taxa de
variação com o tempo da quantidade de movimento linear
do sistema. 

 d P
F
dt 
 sistema
onde a quantidade de movimento linear do sistema é dada
por   
P sistema  
M ( sistema )
V dm  
V ( sistema )
V  dV
Leis básicas para um sistema

O princípio da quantidade de mov. angular


Este princípio, também conhecido como momento da
quantidade de movimento para um sistema, estabelece que a
taxa de variação da quantidade de movimento angular é igual à
soma de todos os torques atuando sobre o sistema,

  
dH
T
dt 
 sistema
onde a quantidade de movimento angular do sistema é dada por
    
H sistema   r  V dm   r  V dV
M ( sistema ) V ( sistema )
Leis básicas para um sistema

A Primeira Lei da Termodinâmica


É o enunciado da conservação de energia para um sistema,
 Q   W  dE
Esta equação pode ser escrita na forma de taxa como
  dE 
Q W  
dt  sistema
onde a energia total do sistema é dada por
2
V
Esistema   edm   edV  e  u   gz
M ( sistema ) V ( sistema )
2
Leis básicas para um sistema

A Segunda Lei da Termodinâmica


Se uma quantidade calor, Q, for transferida para um
sistema à temperatura T, a 2ª Lei da TD estabelece que a
variação de entropia, dS, do sistema satisfaz a relação:
Q
dS 
T
Em uma base de taxa, podemos escrever
dS  1 
  Q
dt  sistema T
onde a entropia total é S sistema   sdm   sdV
M ( sistema ) V ( sistema )
Relação entre as derivadas do sistema e a formulação para V.C.

Agora temos as cinco leis básicas expressas como


equações de taxa para um sistema. Vamos desenvolver
uma expressão geral para converter uma equação de taxa
para um sistema em uma equação equivalente para um
volume de controle.
Quando escritas em termos de taxas, cada equação
envolve a derivada em relação ao tempo de uma
propriedade extensiva do sistema: massa, quantidade de
movimento (linear e angular), energia e entropia.
São estas as equações que devemos obter para volumes de
controle.
Relação entre as derivadas do sistema e a formulação para V.C.

Usaremos aqui o símbolo N para qualquer uma das


propriedades extensivas do sistema e  para as
propriedades intensivas. Assim,
N sistema  dm  dV
M ( sistema ) V ( sistema )

Portanto N  M   1
 
N  P   V
 
N  H    r V
N  E   e
N  S   s
Relação entre as derivadas do sistema e a formulação para V.C.

Antes de deduzir uma descrição para volume de controle a


partir da descrição para sistema, vamos descrever uma
dedução em termos gerais. Selecionemos um porção de
fluido de um escoamento num instante t0 (Fig. 1a) e vamos
tingi-la com um corante azul. Esta será a nossa forma inicial
para o V.C., que será fixo a um referencial x,y,z.
Após um tempo infinitesimal, Δt, o sistema terá se
movimentado para uma nova posição (Fig. 1b). As leis
discutidas anteriormente se aplicam a essa porção de fluido.
Examinando a geometria do par sistema/V.C. em t=t0 e em
t=t0+ Δt, seremos capazes de obter as formulações das leis
básicas para um volume de controle.
Relação entre as derivadas do sistema e a formulação para V.C.

Figura 1. Configuração de sistema e volume de controle.


Relação entre as derivadas do sistema e a formulação para V.C.

Derivação
Identificamos na Fig. 1 três regiões distintas em função do
tempo: I e II que juntas formam o V.C., e a região III, que
junto com II, delimita o sistema no instante t0+ Δt. Da
definição de uma derivada, a taxa de variação de Nsistema é
dada por:
dN  N s t0 t  N s t0
  lim
dt  s t 0 t

N S t0 t  N II  N III t0 t  NVC  N I  N III t0 t

N s t0  NVC t0


Relação entre as derivadas do sistema e a formulação para V.C.

Considerando a geometria da Fig. 1 (regiões I, II e III)


obtemos:
dN  NVC  N I  N III t0 t  NVC t0
  lim
dt  s t 0 t
Como o limite da soma é igual a soma dos limites

dN  NVC t0  t  NVC t0 N III t0  t N I t0  t


  lim  lim  lim
dt  s t 0 t t 0 t t 0 t
1 2 3

NVC t0 t  NVC t0 NVC 


O termo 1 fica: lim
t 0 t

t
 
t VC
dV
Relação entre as derivadas do sistema e a formulação para V.C.

Para avaliar o termo 2, primeiro desenvolveremos um


expressão para  N III t t examinando a sub-região típica da
0

região III (sub-região 3) mostrada na Fig. 2.

Figura 2. Vista ampliada da sub-região (3) da Fig. 1


Relação entre as derivadas do sistema e a formulação para V.C.

O vetor elemento de área dA tem a magnitude do elemento


de área, dA, da superfície de controle e o sentido de dA é o
da normal à superfície para fora do elemento. Em geral o
vetor velocidade V fará um ângulo qualquer  com respeito
a dA .

Figura 2. Vista ampliada da sub-região (3) da Fig. 1 17


Relação entre as derivadas do sistema e a formulação para V.C.

Para essa sub-região temos então:


dN III t0 t  dV t0 t
Precisamos obter uma expressão para o volume dV
desse elemento cilíndrico. O vetor comprimento do
cilindro l  V t . O volume de um cilindro prismático,
cuja a área está num ângulo  com relação ao seu
dA
comprimento l , é dado por:
   
dV  ldA cos    l  d A  V d A t
Portanto para a sub-região (3), podemos escrever:
 
dN III t0 t   V  d A t
Relação entre as derivadas do sistema e a formulação para V.C.

Desse modo, podemos integrar sobre toda a região III e


obter para o termo 2:

 dN III t  V  dAt


N III t 0 t 
lim
t 0 t
0 t
 lim
t 0
SCIII

t
 lim
t  0
SCIII

t
 
SCIII
 V  dA

De modo similar para a sub-região 1, obtemos para o


termos 3:
N I t t  
lim     V  d A 0

t 0 t SC1
Relação entre as derivadas do sistema e a formulação para V.C.

O termo 3 da equação anterior é uma medida da quantidade de


propriedade extensiva N que estava na região I, e deve ser um
número positivo (não podemos ter matéria negativa).
Entretanto, para a sub-região 1, o vetor velocidade age para
dentro do V.C., mas a normal a área sempre aponta para fora.
Portanto, o PRODUTO ESCALAR da equação acima será
negativo, REQUERENDO um sinal adicional negativo para
termos a positividade do termo. Este sinal do produto escalar é
mostrado na Fig. 3.

Figura 3. Avaliação do produto escalar.


Relação entre as derivadas do sistema e a formulação para V.C.

Substituindo na equação anterior


dN      
  dV   V  d A   V  d A
dt  s t VC SCI SCIII

As duas últimas integrais podem ser combinadas porque SCI e SCIII


constituem a superfície de controle inteira
dN    
  
dt  s t VC
dV    V  d A
SC
Taxa de variação de qualquer Taxa de variação com o tempo da Taxa líquida de fluxo da propriedade
propriedade extensiva do sistema propriedade N no interior do V.C. N através da S.C.

A equação acima era a que buscávamos obter. É a relação


fundamental entre a taxa de variação de qualquer propriedade
extensiva arbitrária, N, de um sistema e as variações dessa
propriedade associadas com o V.C.. Esta equação é conhecida como
o Teorema do Transporte de Reynolds.
Relação entre as derivadas do sistema e a formulação para V.C.

Substituindo as propriedades extensivas, N e intensivas, 


definidas anteriormente como:
N  M   1
 
N  P   V
 
N  H    r V
N  E   e
N  S   s
na equação geral:
dN    
  
dt  s t VC
dV    V  d A
SC

obtemos as cinco leis básicas para um Volume de Controle:


Formulação de Volume de Controle

1. Conservação de Massa: N  M e   1
dM  
    dV   V  dA  0
dt  s t VC SC
 
2. A Segunda Lei de Newton: N  P e   V
dP  
   V  dV   V V  dA  FS  FB
dt  s t VC SC

3. O Princípio da Quantidade de Movimento Angular:


N  H e   r V
dH  
   r  V  dV   r  V V  dA  r  FS   r  g  dV  Teixo
dt  s t VC SC VC
Formulação de Volume de Controle

4. A Primeira Lei da Termodinâmica : N  E e   e


dE  
   e dV   eV  dA  Q  W
dt  s t VC SC

v2
onde: e  u   gz
2

5. A Segunda Lei da Termodinâmica : N  S e   s

dS   1 Q
   s  dV   s V  dA    dA
dt s t VC SC SC
T  A
Conservação de massa

Para deduzir a formulação de volume de controle da


CONSERVAÇÃO DA MASSA fizemos: N = M e  = 1.
Logo:
dN     dM    
  
dt  s t VC
dV    V  d A   
dt  s t VC
dV    V  d A
SC
SC

Como, para um sistema a massa permanece constante:


dM    

dt  sistema
0 
t VC
dV    V  d A  0
SC
A equação acima diz que a soma da taxa de variação de
massa com a taxa líquida de fluxo de massa através da
superfície de controle é igual a zero. Esta equação também
é chamada de Equação da Continuidade.
Conservação de massa.

CASOS ESPECIAIS:
• Escoamento INCOMPRESSÍVEL com massa específica
constante:
  
  dV    V  d A  0
t VC SC

A integral de dV sobre todo o V.C. é o volume total.


Dividindo por :
V  
 V  d A  0
t SC
Conservação de massa.

• Para um V.C. não deformável, de forma e tamanho


fixos, V=cte. Logo a conservação de massa para um
escoamento incompressível através de um V.C. fixo
torna-se:
 V  dA  0
SC

Um caso especial útil é quando temos (ou podemos


aproximar) uma velocidade uniforme em cada entrada e
saída. Neste caso podemos simplificar para:

 SC
V .A  0
Conservação de massa.

Note que podemos representar escoamentos permanentes


ou não, pois fizemos apenas a restrição de escoamento
incompressível.
A INTEGRAL DA EQUAÇÃO ANTERIOR sobre uma
seção de superfície é comumente chamada de VAZÃO
EM VOLUME ou VAZÃO VOLUMÉTRICA. A vazão
volumétrica, Q, através de uma S.C. de área A, é dada por:

Q   V  dA  0
Desse modo, a vazão em volume para
dentro do V.C. deve ser igual a vazão
A em volume para fora do V.C.
A magnitude da velocidade média numa seção é:
Q 1
V    V  dA
A AA
Conservação de massa.

• Consideremos agora um escoamento COMPRESSÍVEL


PERMANENTE através de um V.C. fixo. Se o
escoamento é permanente significa que =(x,y,z). Por
definição, nenhuma propriedade do fluido varia com o
tempo, assim:
 V  dA  0
SC
Um caso especial útil é quando temos (ou podemos
aproximar) uma velocidade uniforme em cada entrada e
saída. Neste caso podemos simplificar para:

 SC
V . A  0
Conservação de massa.

Então, para regime permanente, a VAZÃO MÁSSICA


para dentro do V.C. deve ser igual a vazão mássica para
fora do V.C.
OBS.: Escoamento uniforme numa seção implica em
velocidade constante através de toda a seção; Quando o
escoamento é uniforme com  =cte. através de uma área
do V.C:    

 V d A  V A
A
Notação e unidade:

Q  VA  Vazão Volumétrica  m / s 
 3

m  VA   Q  Vazão Mássica  kg / s 


Conservação de massa.

EXEMPLO 1. Fluxo de massa numa junção de tubos


Considere o escoamento permanente de água numa junção de tubos
conforme mostrado na figura. As áreas das seções são: A1=0,2 m2,
A2=0,2 m2 e A3=0,15 m2. O fluido também vaza para fora do tubo
pelo orifício nº 4, com vazão volumétrica estimada em 0,1 m3/s. As
velocidades médias nas seções 1 e 3 são 5 m/s e 12 m/s,
respectivamente. Determine a velocidade do escoamento na seção 2.
Considerações:
1-Escoamento permanente;
2-Escoamento incompressível
3-Propriedades uniformes em cada seção.
Formulação Integral 31
Conservação de massa.

EXEMPLO 2. Variação de massa específica em tanque de


ventilação.
Um tanque, com volume de 0,05 m3, contém ar a 800kPa (absoluta)
e 15ºC. Em t=0, o ar começa a escapar do tanque através de uma
válvula com área de escapamento de 65 mm2. O ar passando através
da válvula tem velocidade de 300 m/s e massa específica de 6 kg/m3.
Determine taxa instantânea de variação de massa específica do ar no
tanque em t=0.
Considerações:
1- As propriedades no tanque são uniformes
2- Escoamento uniforme na seção 1

Formulação Integral 32
Conservação de massa.

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Conservação de massa.

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