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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE DIREITO

DISCIPLINA: CRIMINOLOGIA

A TEORIA ECOLÓGICA

ESCOLA DE CHICAGO

ROBERT PARK

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Na segunda metade do século XIX, a sociedade européia passou por grandes
mudanças trazidas pela revolução industrial, que vinha ocorrendo desde o século XVIII. O
grande êxodo de camponeses do campo para as cidades teve consequências no modelo social,
de forma que a nova vida na cidade foi acompanhada de grandes mudanças na cultura e nos
costumes. A luta por moradia, trabalho e vida formou diversos problemas sociais, inclusive
indícios de criminalidade.

Nesse contexto, o crime tornou-se um fenômeno social perturbador que obrigou os


intelectuais a repensar o assunto, levando a uma nova direção de pesquisa.

Deste modo, forma-se na Universidade de Chicago uma perspectiva sociológica para o


estudo criminológico, em grande medida contrária aos pensamentos da escola positivista.
Com isso, Robert Park começou sua pesquisa sobre o estudo da cidade, sua organização e
contexto urbano por meio da inserção de unidades.

Assim, Park e seus contemporâneos da Escola de Chicago introduziram uma nova


abordagem da pesquisa criminológica, usando conceitos originalmente derivados da biologia,
em seus estudos das relações sociais entre indivíduos nas cidades, a partir de um maior
enfoque no conceito sociológico em conjunto com a ecologia.

Em seu artigo “A cidade, sugestões para a investigação do comportamento humano


no meio urbano”, Robert Park propõe uma nova forma de analisar as cidades, levando em
consideração não apenas sua localização geográfica, mas também a presença de pessoas
nelas. Os conceitos ecológicos centrais de Park são os conceitos de dominação e sucessão,
que enfatizam que nas disputas por áreas urbanas, com o conceito de dominação como o
principal. Este trabalho marca o início do estudo da ecologia humana em Chicago.

Robert Park demonstra as forças que influenciam o crescimento da cidade - os meios


de transporte, a comunicação, o comércio e a indústria - e seus resultados desiguais, como a
formação de condomínios e, igualmente, de favelas. Além disso, como força de influência,
ele também cita as forças culturais que são fruto da imigração, pois provocam a formação de
comunidades relacionadas à origem de seus habitantes.

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Portanto, as definições de desorganização social e subcultura criminosa foram
desenvolvidas a partir da pesquisa sociológica de Park, que desenvolveu o conceito de
urbanismo entendendo que uma cidade não é apenas uma coleção de pessoas e costumes onde
as especificidades se juntam em uma soma, comunidade é "um estado de espírito, um
conjunto de costumes e tradições". Dessa maneira, segundo Park, a cidade também não é
meramente um mecanismo físico e uma construção artificial, "A cidade é o produto não
intencional do trabalho de sucessivas gerações de homens".

Disso entende-se que a cidade é de fato uma corpo que recebe as pessoas e as utiliza
para promover a construção e reconstrução de suas estruturas em um sistema transmitido nas
tradições - a lógica da reciprocidade altruísta entre o homem e a cidade e a cidadania. Esses
aspectos são derivados do método dedutivo de Durkheim, que entende a sociedade como um
todo autocontido, independente de um ou outro indivíduo.

Em vista disso, conclui-se que para a ecologia criminal, a cidade adquire uma
identidade própria, que legitima e confirma seus próprios valores, de maneira que o produto
dessa desorganização e do enfraquecimento dos laços comunitários é o crime. Pois as pessoas
não se conhecem, seus valores não são estritamente comunicados, isto é a cidade é agrupada
materialmente, mas não espiritualmente.

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