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RIO DE JANEIRO
2021
1. José Maria da Silva Paranhos Jr, popularmente conhecido como Barão do Rio
Branco, marcou a história brasileira por auxiliar na consolidação das fronteiras. Além
disso, Rio Branco foi o pioneiro na criação de uma alternativa de inserção
internacional para o Brasil. Apresente de forma breve as linhas gerais da política
externa exercida pelo barão, suas principais características, e a relação da busca por
reconhecimento internacional com o histórico de tentativas da diplomacia brasileira
de garantir um assento em grandes Organizações Internacionais.
Nascido no dia 20 de abril de 1845, José Maria da Silva Paranhos Jr, também
conhecido como Juca Paranhos, é primogênito dos 9 filhos de Visconde do Rio Branco, que
foi uma figura importante no cenário político do Brasil no 2º Reinado, sendo senador,
Ministro das Relações Exteriores, autor da Lei do Ventre Livre e respeitado diplomata entre
a aristocracia do Império, mesmo não sendo oriundo da nobreza.
Desde menino, Juca estudou nas melhores instituições do Império: Colégio Pedro II,
no Rio de Janeiro, e faculdades de direito de São Paulo e Recife. Tão logo passou a
escrever artigos de opinião em jornais, se colocando ativamente na carreira pública, até ser
eleito deputado pelo Mato Grosso, exercendo o mandato de 1869 a 1875.
Em 1876, Juca Paranhos foi designado para ser o cônsul brasileiro em Liverpool, na
Inglaterra, e sua função consistia em registrar entradas e saídas dos navios que faziam
comércio com o Brasil, para a devida fiscalização e cobrança de impostos. Ele morou na
Europa por 26 anos, mantendo residência com sua mulher e seus filhos em Paris, onde
realizava pesquisas, colecionava mapas e analisava documentos relativos à história política
e geográfica do Brasil.
Já em 1884, Paranhos Jr. foi designado para ser Delegado do Brasil na Exposição
Universal de São Petersburgo, executando a tarefa de promover o café brasilero
internacionalmente, tendo o feito de forma brilhante. Finalmente, em 1888, a Princesa Isabel
concedeu a Juca Paranhos o título de Barão do Rio Branco, como demonstração de estima
a sua atuação no cenário internacional da época, sempre em favor da monarquia brasileira.
Em 1891, o Barão do Rio Branco foi nomeado superintendente geral na Europa para
imigração para o Brasil, acumulando com o cargo no consulado da Inglaterra. Nessa época,
publicava artigos de propaganda em jornais europeus, buscando estimular a migração para
o Brasil, especialmente dos trabalhadores rurais.
Em 1898, o Barão do Rio Branco foi novamente designado para advogar pelo Brasil,
desta vez em litígio com a França relativo à questão da delimitação territorial do estado do
Amapá. Na ocasião, a arbitragem foi realizada em Berna, capital da Suíça, e o árbitro
escolhido foi o presidente do Conselho Federal da
Suíça, Walter Hauser.
Ao fim, muito bem sucedido, da missão no litígio com a França, o Barão de Rio
Branco foi nomeado ministro plenipotenciário em Berlim.
Pouco tempo depois, a convite do então Presidente do Brasil Rodrigues Alves, Juca
Paranhos assumiu o cargo de chanceler, retornando para o Brasil após longa temporada
residindo na Europa.
Logo no início de sua gestão, o então Ministro das Relações Exteriores precisou pôr
em prática toda sua experiência para resolver um delicado litígio com a Bolívia, envolvendo
uma região que hoje compõe o estado do Acre.
A situação era diferente das citadas anteriormente, tendo em vista que o território
em questão de fato pertencia a Bolívia; entretanto, era preponderantemente ocupado por
brasileiros, que migraram para aquela região atraídos pelos seringais, tidos como fonte de
trabalho e renda, tendo em vista que o látex havia se tornado um dos principais produtos de
exportação (Ciclo da Borracha, fim do século XIX e início do século XX).
Tal realidade fática tornava o uso da arbitragem uma medida desinteressante por
parte do Brasil; e, com sabedoria, o Barão de Rio Branco concentrou esforços para
solucionar o litígio através de acordo direto. Tal acordo ficou conhecido como o “Tratado de
Petrópolis”, que foi assinado em 1903, na cidade de Petrópolis, no estado do Rio de
Janeiro.
Neste acordo, o
Brasil efetuou o
pagamento de 2 milhões
de libras esterlinas para a
Bolívia, além de ceder
parte do território do
estado do Mato Grosso. O
tratado também previa a
construção da ferrovia
Madeira Mamoré, que
traria benefícios para
ambos os países. Neste
acordo, cerca de 190.000
km² foram oficialmente
incorporados ao território
brasileiro.
Para além de lidar com a demarcação do território brasileiro, o então Ministro das
Relações Exteriores também se preocupava com a colocação do Brasil no cenário
internacional. O Barão do Rio Branco previa que o centro do mundo sairia da Europa e se
direcionaria aos Estados Unidos da América; e, representando a polpa do pragmatismo, o
MRE passa a alinhar a política externa brasileira aos EUA, que na época era o nosso
principal parceiro comercial, pra quem, na época, exportávamos majoritariamente café.
Já em 1907, o Barão do Rio Branco designou Rui Barbosa para chefiar a delegação
brasileira na Segunda Conferência da Paz de Haia, que foi um momento inaugural para o
Brasil em um grande foro internacional. Lá, Rui se posicionou sobre a necessidade da
igualdade jurídica dos Estados e a democratização do sistema internacional, contando
sempre com o apoio intelectual e moral do chanceler Rio Branco nas extensas trocas de
telegramas.
Muito embora o período conhecido como "República Velha” (1889 - 1930) seja
marcado por grande instabilidade política, o comando de uma década do Barão do Rio
Branco no Ministério das Relações Exteriores, construiu uma configuração burocrática
sólida, prestigiada e tecnicamente considerada até os dias atuais. A não interferência em
assuntos domésticos de países vizinhos, a preferência das técnicas diplomáticas para
resolução de conflitos, o apoio incontestável aos governos constitucionais e a aproximação
dos EUA para contrapor o peso da influência europeia no continente sul americanos foram
seus princípios norteadores no ilustre exercício do ofício.
Como homenagem póstuma, dada a sua
magnífica contribuição ao país, em 1945 o Barão de
Rio Branco foi oficialmente instituído como Patrono da
Diplomacia Brasileira, emprestando seu nome ao
instituto que hoje forma membros da carreira de
diplomata.
REFERÊNCIAS
PINHEIRO, LETÍCIA. Política Externa Brasileira (1889 - 2002). 1ª Ed. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Editor. 2004.
BEZERRA, JULIANA. Barão do Rio Branco. Toda Matéria [site]. Acesso em: 24 ago 2021.
Disponível em: https://www.todamateria.com.br/barao-do-rio-branco/
SERRANO, FILIPE. Mérito de Rio Branco foi não optar por saídas simplistas. Exame
[site]. Acesso em: 24 ago 2021. Disponível em:
https://exame.com/mundo/merito-de-rio-branco-foi-nao-optar-por-saidas-simplistas-diz-biogr
afo/
Academia Brasileira de Letras (ABL). Biografia: Barão do Rio Branco (José Maria da
Silva Paranhos). Acesso em: 24 ago 2021. Disponível em:
https://www.academia.org.br/academicos/barao-do-rio-branco-jose-maria-da-silva-paranhos/
biografia
PATRIOTA, CRISTINA. Barão do Rio Branco. Atlas Histórico do Brasil. Centro de Pesquisa
e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC). Fundação Getulio Vargas
(FGV). Acesso em: 24 ago 2021. Disponível em:
https://atlas.fgv.br/verbetes/barao-do-rio-branco
Centro Técnico Audiovisual (CTAv). Barão do Rio Branco (1845 - 1912) [vídeo na internet].
Humberto Mauro, diretor; Manoel P. Ribeiro, fotografia. Instituto Nacional do Cinema
Educativo (INCE); 1944 [acesso em 24 ago 2021]. 1 vídeo: 32 min. p&b; som. Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=uVVT8gT_CKw
Barão do Rio Branco [vídeo na internet]. TV BRASIL; 2012 [acesso em 24 ago 2021] 1
vídeo: 24min. Color; som. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=nUDcfNAA_Oo
Figura 1 (mapa que exibe território em litígio entre Brasil e Argentina, em 1893). Jornal de
Beltrão. Dia 5 de fevereiro de 1895, tinha fim a Questão de Palmas. Acesso em: 26 ago
2021. Disponível em:
https://www.jornaldebeltrao.com.br/noticia/282981/dia-5-de-fevereiro-de-1895-tinha-fim-a-qu
estao-de-palmas
Figura 2 (mapa que exibe território em litígio entre Brasil e França, em 1898). Researchgate.
Área do Contestado franco-brasileiro. Acesso em: 26 ago 2021. Disponível em:
https://www.researchgate.net/figure/Figura-3-Area-do-Contestado-franco-brasileiro_fig2_384
51211
Figura 3 (mapa que exibe território em litígio entre Brasil e Bolívia, em 1903). História em
Partes. Questão do Acre. Acesso em: 26 ago 2021. Disponível em:
http://historiaempartes.blogspot.com/2008/10/questo-do-acre.html
Figura 4 (foto do monumento do Barão do Rio Branco). Foto tirada por Roberto Almeida.
Acesso em: 26 ago 2021. Disponível em:
https://www.google.com/maps/uv?pb=!1s0x9981e0f701ea4f%3A0x12dd3cb6e72c9f77!3m1!
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3. "O processo de globalização gerou, nas últimas décadas, uma ampliação da
agenda internacional dos países e um aumento crescente de atores que, direta ou
indiretamente influenciam os Estados no planejamento, execução e avaliação da
política externa. Conglomerados Empresariais, Associações de Classe, Sindicatos,
Organizações Não-Governamentais, Minorias Sociais, entre outros, passam a ser
atores que, ao participarem do debate político (doméstico e internacional), exigem
uma reavaliação da ideia de Diplomacia, antes estritamente vinculada à atuação da
Chancelaria."
Entretanto, existe uma diferença entre um presidente que atua na política externa
assumindo um comportamento protocolar, e um presidente que adota postura mais “livre”,
portando um roteiro mais "autônomo", e consequentemente retirando um pouco da
centralização que o MRE tradicionalmente possui nos assuntos referentes a agenda
internacional.
Após, a diplomacia presidencial no Brasil só foi observada com mais atuação nos
governos de Fernando Henrique Cardoso (1995-2003) e de Luiz Inácio Lula da Silva
(2003-2011), momentos que coincidem com o já citado advento da globalização,
alavancado mormente pela internet; onde os assuntos domésticos passam a criar
repercussões mundiais, a ponto de servirem como peças de um jogo político entre as
nações, abastecendo pautas a serem debatidas na agenda internacional. O impacto da
diplomacia presidencial durante os governos supracitados trouxe maior visibilidade do Brasil
na política externa, possibilitando acordos e parcerias.
REFERÊNCIAS