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A AÇÃO DO ENFERMEIRO NOS CUIDADOS E ORIENTAÇÕES DA FÍSTULA

ARTERIOVENOSA RADIOCEFÁLICA EM PACIENTES RENAIS CRÔNICOS.

Margarete do Nascimento Menezes Faria *


Renata do Nascimento Feitoza **
Débora Bahia de Mendonça ***

RESUMO

O cliente que necessita de uma Fístula Arteriovenosa torna-se


vulnerável a situações que podem acarretar danos físicos e psicológicos, o mesmo
pode não aceitar essa situação de ter que passar por um processo cirúrgico, que
para ele é a condição para a sua sobrevida; atentando para esse fato este trabalho
apresenta as orientações que devemos passar ou executar no cuidado com a Fístula
Arteriovenosa de pacientes renais crônicos, assim como manter esse cliente o mais
informado e amparado o possível sobre o processo cirúrgico que passará para
confecção deste acesso, e também orientar o mesmo na manutenção, aceitação e no
auto cuidado desta FAV, visto que a enfermagem tem o objetivo cuidar e orientar os
pacientes ao decorrer de nosso estudo bibliográfico observou-se que a profissão de
enfermeiro vem tomando cada vez mais espaços na sociedade e com isso aumenta a
necessidade de profissionais qualificados com conhecimento técnico científico
baseando-se nas teorias, vivências e humanização, portanto neste trabalho
procuramos nos embasar nas ações de enfermagem, para uma melhor adequação ao
uso e da manutenção da FAV.

Palavras - chave: Insuficiência Renal – Hemodiálise - Fístula arteriovenosa

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1.0– INTRODUÇÃO

Partindo do olhar de (FERMI, 2010) o acometimento renal e algumas


das doenças renais curam sem deixar seqüelas, porém na insuficiência renal crônica
onde os rins perdem gradual e irreversivelmente suas funções. Assim sendo
necessário o tratamento de hemodiálise.
A hemodiálise é o processo de filtragem e depuração no sangue, e a
sua finalidade é substituir as funções renais, sendo necessário para sua realização,
uma via de acesso vascular, equipamentos, água tratada, solução de hemodiálise,
deslizadores e linhas de sangue.
Para que o paciente seja submetido a hemodiálise é necessário a
confecção de um acesso como relata (CHERCHIGLIA, et al.), a técnica da fístula
arteriovenosa foi criada em 1962. De acordo com as informações do autor é de
extrema importância a confecção da fistula arteriovenosa para hemodiálise uma vez
que contribui na manutenção da vida dos doentes renais crônicos visto que os rins
neste caso não filtram mais o sangue e assim perdem a capacidade de remover as
impurezas.
Segundo os autores ANTÔNIO et al, cita BRESCIA (1966) no JORNAL
VASCULAR BRASILEIRO (2005) o método de escolha para acesso à hemodiálise é a
fístula arteriovenosa (FAV) primária em membro superior, envolvendo a artéria radial
e a veia cefálica na região do punho, tal técnica eleva o fluxo sangüíneo venoso para
cerca de 250 a 300 ml por minuto, sendo essa a velocidade de fluxo ideal para se
obter o clearance de uréia adequado após 4 horas de hemodiálise.
Seguindo a idéias dos autores que surge o objeto do estudo deste
artigo que tem o sentido de atentar para a ação do enfermeiro na orientação ao
paciente submetido a necessidade do uso de fístula arteriovenosa radiocefálica para
hemodiálise, numa visão holística, possibilitando o paciente aceitar o tratamento,
melhorar sua auto estima e desenvolver o auto cuidado. E ainda reconhecer os
principais diagnósticos de enfermagem.

2.0 – OBJETIVOS DO ESTUDO

2.1 – OBJETIVO GERAL

 Demonstrar a ação do enfermeiro na orientação ao paciente submetido à


necessidade do uso da fistula arteriovenosa radiocefálica para hemodiálise,
auxiliando na auto estima, auto cuidado e aceitação do tratamento.
 Reconhecer na taxonomia NANDA (2009/2011) os principais diagnósticos de
enfermagem relacionados aos pacientes renais crônicos em tratamento
hemodiálitico.

2.2 – OBJETIVO ESPECÍFICO

 Orientação ao paciente no que diz respeito ao uso da fístula arteriovenosa


radiocefálica para hemodiálise em relação a importância da manutenção deste
acesso, evitando assim complicações no tratamento em questão e aumentando a
chance de sobrevida.

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 Contribuir e executar determinadas ações e orientações aos pacientes com
uso da FAV, embasando-se nos diagnóstico de enfermagem de NANDA
(2009/2011), assim possibilitando com a aceitação do paciente, melhorando a sua
auto estima e auto cuidado para o sucesso do tratamento.

3.0 – METODOLOGIA

O presente estudo relata uma revisão bibliográfica manual e


computadorizada sobre a literatura profissional de enfermagem, foram utilizados
livros e publicações de artigos em sítios de internet. A dificuldade encontrada para
realização desta pesquisa é a carência de material informativo direcionado à
enfermagem.

4.0 – FISTULA ARTERIOVENOSA

Seguindo as teorias de Florence Nightingale podemos citar que


enfermagem é a arte de cuidar, e assim vem conquistando cada vez mais espaços no
mercado de trabalho e com isso aumenta a necessidade de profissionais qualificados
com conhecimento técnico científico baseando-se nas teorias e vivencias.
Desta forma o cliente que necessita de uma fístula arteriovenosa
torna-se vulnerável a situações que podem acarretar danos físicos e psicológicos, o
mesmo pode aceitar ou não essa circunstância de ter que depender de um processo
cirúrgico que torna-se a condição para a sua sobrevida, seguindo o pensamento de
(MARCIA REGINA VALENTE FERMI, 2010),
Para a realização da hemodiálise se faz necessário um acesso
vascular, que envolve artérias e veias, podendo ser temporário que são os cateteres
em veias subclávias, jugular interna ou femoral e os permanentes que é a fístula
arteriovenosa e enxerto. Na maioria das vezes o acesso escolhido para a realização
das hemodiálises é a fístula arteriovenosa (FAV) primária em membro superior,
envolvendo a artéria radial e a veia cefálica na região do punho.

Fístula arteriovenosa (FAV) é um acesso confeccionado por


um cirurgião vascular em ambiente cirúrgico com anestesia
local. Esse tipo de acesso permite que o sangue seja
removido, filtrado e devolvido ao sistema sanguíneo do
paciente a uma velocidade entre 200 e 300 ml/minuto.
Compreende-se que a fístula é de extrema importância para
manter a qualidade de vida do portador de IRC, necessitando
por isso, de cuidados para mantê-la funcionante. Esses
cuidados devem ter como objetivo aumentar a sobrevida e
prevenir as complicações decorrentes do seu uso. (OLIVEIRA,
et al.).

Conforme analisado existem cinco vias de acesso para confecção da


fistula; radiocefálica, braquiocefalica, ulnar-basilica, braquiobasilica e radiobasilica, a
primeira escolha recai sobre a fístula radialcefálica por se tratar de uma via simples

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de ser criada, apresentar uma excelente perviedade, baixa morbidade e apresenta
poucas complicações, assim constata FERMI.

4.1– AÇÃO DO ENFERMEIRO NO PRÉ OPERATORIO DA FAV

No período pré-operatório cabe ao enfermeiro orientar tanto a família


quanto ao paciente no que diz respeito ao processo cirúrgico, tipo de anestesia, o
local da cirurgia, posição do membro que receberá a fistula, quanto à troca do
curativo, retirada de pontos, e inicio dos exercícios para tornar essa FAV ativa.
Orientações e informações iniciais
O enfermeiro (a), tendo um breve histórico do paciente terá uma
visão geral do que deverá orientar esse paciente no primeiro momento, caso não
haja esse conhecimento do histórico do paciente o mesmo pode consultar o
prontuário e marcar uma entrevista com o paciente para uma anamnese e com isso
aumentar o vínculo e a confiança entre paciente/enfermeiro (a). Nas orientações
explica-se como vai acontecer a cirurgia, dia provável, procedimentos que deve
seguir para realização da mesma, dando apoio emocional e psicológico, e
principalmente o auto cuidado na manutenção da fístula no pós-operatório.

4.2– PROCEDIMENTOS REALIZADOS NO PRÉ-OPERATORIO


(Conforme prescrição ou rotina institucional)

 Banho
 Higiene oral
 Mensuração dos sinais vitais
 Retirada e guarda das prótese, jóias e roupas íntimas,
 Condições da pele
 Sondas
 Acesso venoso
 Aferir PA em ambos os braços
 Realizar teste de Allen
 Solicitar exame de Doppler se possível
 Identificar se o paciente é alérgico a álcool, iodo ou à fita
adesiva
 Tempo de jejum 12h
 Remover maquiagem
 Esvaziamento da bexiga
 Controlar os níveis pressóricos e a hidratação do paciente
 Aferição da PA nos dois membros superiores
 Aplicar a medicação pré-anestésica seguindo prescrição medica
e geralmente é feito de 30 á 45 minutos da cirurgia.
 Checar a medicação pré-anestésica dada.
 Fazer anotação na papeleta.
 Ajudar o paciente a passar da cama a maca.
 Levar a maca com o paciente até o centro cirúrgico, juntamente
com o prontuário.
 Qualquer cuidado não efetuado deve ser comunicado ao centro
cirúrgico.

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 Tipo de anestesia
 Local da Cirurgia - (comumente o antebraço não dominante),
 Posicionamento do membro para cirurgia - deve ser levemente
elevado.

4.3 – AÇÃO DO ENFERMEIRO NO TRANS OPERATORIO DA FAV

 Anotar dados do horário do inicio e término da cirurgia;


 Utilizar EPI
 Anotar intercorrências durante o ato cirúrgico;
 Posicionamento do paciente para a cirurgia
 Instalação e/ou retiradas de eletrodos, acesso venoso, sondas e
entre outros
 Controle de infecção

4.4– AÇÃO DO ENFERMEIRO NO PÓS OPERATORIO DA FAV

 Realização de curativos periódicos, evitando oclusões


circunferências e apertadas;
 Elevação do membro com a FAV nos primeiros dias;
 Identificar frêmitos e sopros, detecta precocemente complicações;
 Observar e registrar sangramento prolongado, devido ao uso da heparina;
 Observar e registrar infecção dos locais de punção por contaminação da pele ou
agulha, podendo ocasionar aneurisma ou ruptura de vasos;
 Realizar antissepsia do braço com álcool a 70% antes da punção.
 Não verificar a pressão arterial no braço da fístula, pois a
interrupção do fluxo sanguíneo pode leva a trombose da FAV;
 Evitar administrar medicamentos e/ou coletar sangue no braço
da FVA, podendo ocasionar hematomas e não preservação da rede venosa;
 A punção deverá ser 5cm afastada da anastomose, pois o
sucesso da diálise dependerá da distancia entre a venosa e a arterial e do fluxo
acima de 300ml/min
 Não puncionar repetidamente os mesmos pontos do vaso;
 Reciclagem da equipe de enfermagem;

4.5- Orientação quanto ao auto cuidado do paciente com a FAV

 Curativos
 Retirada de pontos
 Exercícios
 Não usar relógios e roupas apertadas que restrinjam o
movimento e possam provocar traumas na FAV;

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 Realizar periodicamente exercícios de compressão manual para
acelerar a maturação e melhorar a performace do acesso;
 Não dormir sobre o braço da FAV;
 Não permitir que sejam realizadas punções para outros exames
na FAV,
 Não permitir e nem medir pressão arterial no braço da FAV;
 Realizar higiene no braço da FAV com água e sabão;
 Evitar levantar peso com o braço da FAV;
 observar sinais de infecção;
 Realizar compressas frias e/ou mornas em caso de hematomas;
 Inspecionar diariamente a fístula arteriovenosa e, se detectar
qualquer anormalidade, informar a enfermagem;

4.3 – TAXONOMIA NANDA (2009/2011)

Os diagnósticos de enfermagem levantados conforme as propostas de


NANDA, advindos da presença da fístula arteriovenosa, foram: risco para infecção;
dor aguda; proteção ineficaz; percepção sensorial tátil perturbada; risco de disfunção
neurovascular periférica; integridade da pele prejudicada; risco de síndrome de
desuso.
Com o uso do diagnóstico de enfermagem temos a possibilidade de
elaborar de um plano cuidados, com isso teremos uma assistência que vai garantir a
manutenção e a promoção da saúde do paciente renal crônico em tratamento
hemodialítico.

 Risco de infecção associado à doença crônica, imunossupressão,


procedimentos invasivos e desnutrição.
 Dor aguda
 Proteção ineficaz
 Percepção sensorial tátil perturbada
 Risco de disfunção neurovascular periférica
 Integridade da pele prejudicada
 Risco de síndrome de desuso

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O levantamento de dados sobre a evolução histórica dos equipamentos e técnicas
utilizados
em TRS, bem como da legislação pertinente foi feito essencialmente a partir de: 1)
busca
ativa de artigos sobre a difusão das TRS, publicados em periódicos da área médica,
no Brasil
e no exterior, 2) em sítios na Internet que continham informações relevantes e
confiáveis
relacionadas ao tema, 3) em livros e outras publicações. Os sítios na Internet
considerados
relevantes foram: Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), disponível em
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<http://www.sbn.org.br>, DATASUS, disponível em <http://www.datasus.org.br>,
Baxter,
disponível em <http://baxter.com> e Baxter-Brasil, disponível em
<http://www.baxter.com.br> Associação Brasileira de Transplantes e Órgãos,
disponível em
<http://www.abto.com.br>, Ministério da Saúde, disponível em
<http://www.saude.gov.br>

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