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CULTURA
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Em Moçambique, apesar da trégua decretada por tempo indeterminado entre as forças do Governo e da
RENAMO, o maior partido da oposição, e a valorização do metical face ao dólar, nos últimos meses, na
província nortenha de Nampula, os artistas, principalmente pintores e escultores, continuam a queixar-
se da falta de clientes dos seus produtos artesanais.
Os artistas estão também preocupados com o facto de os principais clientes serem os cidadãos de
origem estrangeira e acusam os nacionais de não valorizarem a sua própria cultura.
Gilberto Pedro, de 40 anos, é responsável pela Galeria de Artes Maconde, uma das mais antigas da
província de Nampula, criada em 1974, ainda antes da independência de Moçambique.
Em entrevista à DW África, Gilberto Pedro, que é também escultor há mais de 20 anos, lamentou a fraca
adesão dos clientes aos produtos que ele e seus colegas produzem. O escultor diz não perceber a real
causa, uma vez que abrandou o clima de tensão político-militar que era a justificação dada pelos
clientes, na maioria, estrangeiros.
"Desde aquele tempo em que ficámos em guerra [2015], não temos sucesso no negócio. O movimento
dos clientes está muito fraco'', afirma o escultor.
Face a esta realidade, segundo Gilberto Pedro, os artistas são confrontados com sérios problemas,
desde dificuldades na compra da matéria-prima (madeira), no pagamento da renda da galeria e da luz,
bem como no sustento da família.
Segundo Gilberto, há dias em que não se vende nem uma peça de artesanato, ao contrário do que
acontecia em anos anteriores, quando a galeria recebia diariamente dezenas de apreciadores e clientes.
Os cidadãos de origem estrageira, sobretudo vindos da China, Portugal, Alemanha, Inglaterra, e Estados
Unidos da América são os principais compradores. Por isso, o responsável pela Galeria de Arte Maconde
lança um apelo aos moçambicanos: "Venham à nossa galeria apreciar e comprar os nossos produtos”.
Na Galeria de Arte Maconde trabalham 24 escultores. Há apenas uma mulher. Judite Albino, de 27 anos,
abraçou a arte de esculpir há 4 anos, graças a uma formação de um projeto da UNESCO. No meio do
desemprego e gosto pela cultura, a única mulher no grupo de artistas está satisfeita com este trabalho –
uma ajuda para alimentar os seus quatro filhos.
"Sempre que estou a trabalhar não me sinto mulher e diferente dos homens, faço tudo oque eles
fazem", sublinha Judite.
Entre os artistas, a DW África encontrou uma cliente. Na companhia dos seus parentes, Belinda Dickeg,
cidadã norte-americana, visitou as galerias de artes localizadas no interior do Museu Nacional de
Etnologia, em Nampula, e comprou alguns objectos. "Adoro a cultura africana”.
A organização moçambicana ALMA produz artesanato do lixo que recolhe no Tofo, Moçambique. Por
exemplo, de jornais usados fabricam-se bases para tachos. Os artigos são vendidos em Moçambique e
no estrangeiro.
A organização moçambicana ALMA - Associação de Limpeza e Meio Ambiente produz uma variada gama
de produtos de artesanato do lixo que recolhe no Tofo, uma aldeia na costa da província de Inhambane,
no sul de Moçambique, que é famosa pelas suas praias e pelos locais de mergulho. Por exemplo, de
jornais usados fabricam-se bases para tachos. Os artigos são vendidos em Moçambique e no
estrangeiro.
Com o apoio da Câmara Municipal de Inhambane (CMI), a ALMA é responsável pela recolha do lixo no
bairro Josina Machel, onde também se situa a localidade do Tofo. A aldeia é um centro do turismo
ecológico em Moçambique. Muitos turistas procuram esta parte da costa do Oceano Índico para
mergulhar com raias jamanta e tubarões baleia que são encontrados com frequência.
Para além da recolha normal de lixo, que é feita duas vezes por semana, os membros da ALMA limpam
as ruas e as praia. "Uma vez por mês fazemos uma limpeza geral", conta Gito Nhanombe, o coordenador
da ALMA. "Sem a ALMA o Tofo não estaria tão limpo", diz Nhanombe. A limpeza torna o Tofo mais
atrativo para turistas. "E menos lixo na praia, significa também menos lixo no mar", diz o coordenador.
Com a limpeza regular das ruas e praias do Tofo, a ALMA quer evitar imagens como esta (foto da
Indonésia). O lixo plástico no mar é perigoso: pode asfixiar tartarugas que confundem sacos plásticos
com medusas e tentam comê-los. Mas o plástico nos oceanos também ameaça a saúde dos homens,
pois após a sua decomposição entra na cadeia alimentar através do consumo de peixes que comeram o
granulado.
Separação de lixo
Em alguns lugares, como aqui em frente da esquadra local da Polícia da República de Moçambique no
Tofo, existem vários contentores de lixo. Cada um serve para diferentes tipos de lixo. Neste caso para
separar plástico do lixo comum para facilitar a reciclagem. Um sistema que já é amplamente usado em
países como a Alemanha.
Os membros da ALMA separam do lixo tudo o que podem usar para o fabrico de artesanato ou para a
reciclagem. Guardam as tampas de garrafas de cerveja e de refrigerantes numa caixa. Guardam também
papel, cavilhas de latas e pacotes de bebidas. Neste momento não há recolha de plástico, mas a ALMA
espera encontrar um novo comprador para as grandes quantidades de plástico reciclado.
Foto: DW/J. Beck
As tampas de garrafas são forradas com restos de capulanas, que são fornecidos por um alfaiate de
Inhambane. No total, 11 pessoas trabalham nos dois setores de limpeza e artesanato da ALMA: seis
mulheres e cinco homens. A venda do artesanato e do material reciclado permite à organização não-
governamental criar empregos e pagar salários.
Depois de forrarem as tampas, os artesãos juntam várias destas caricas para criar bases para tachos em
formato hexagonal. Um conjunto destas bases custa 250 meticais moçambicanos (equivalente a 6,25
euros) e pode servir para colocar tachos, garrafas e copos na mesa.
Entre os materiais procurados pelos artesãos da ALMA estão os jornais. Se não chegarem muito sujos à
ALMA, podem ser processados. O papel dos jornais tem boa textura e, quando é impregnado com cola,
pode ser enrolado e transformado em bases. Neste caso, custam 150 meticais (equivalente a 3,75
euros).
A lixeira da ALMA
Mas mesmo com reciclagem e com o aproveitamento de alguma parte do lixo para artesanato, ainda
sobra uma grande parte do lixo recolhido. Este material é depositado numa lixeira a céu aberto no
terreno da ALMA junto à estrada principal de acesso ao Tofo. Se houver um comprador para o plástico
reciclado, a quantidade de lixo depositado poderá ser reduzida.
Os produtos produzidos localmente são vendidos na loja da ALMA. O coordenador da ALMA, o jovem
moçambicano Gito Nhanombe (na foto), apresenta os produtos aos interessados e explica os materiais
que foram usados. Esta bolsa é feita de pacotes de leite.
Em vários pontos de Moçambique encontram-se pontos de venda da ALMA. São principalmente turistas
os clientes da ALMA, mas alguns moçambicanos também fazem compras. No Restaurante Sul do Tofo
(na foto), uma montra junto ao balcão mostra alguns produtos. Também há vendas na Europa através
de encomendas. A cooperação alemã GIZ já apresentou trabalhos da ALMA numa exposição em Bona,
Alemanha.
À primeira vista, muitas peças da ALMA não fazem pensar em reciclagem de lixo. Estes suportes de
copos foram feitos com anilhas de latas de alumínio. Os artesãos moçambicanos uniram-nas com fio de
croché, em forma de flor. O artesanato amigo do ambiente cria empregos e contribui para manter uma
parte da costa moçambicana limpa.
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o abate ilegal. (15.04.2017)
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