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No centro de cada célula reside o DNA (ácido desoxirribonucleico), a

molécula que carrega o manual de instruções para a construção e o


funcionamento de todo ser vivo. Essa molécula complexa é composta por
unidades chamadas nucleotídeos, formados por uma base nitrogenada, um
açúcar desoxirribose e um grupo fosfato. A sequência específica de bases
nitrogenadas ao longo da molécula de DNA define o código genético, que
determina as características hereditárias de um organismo.

Do DNA ao RNA: Transcrição e Tradução:

O DNA nunca sai do núcleo da célula, mas sua informação precisa ser
transportada para o citoplasma, onde ocorre a síntese de proteínas. Essa
tarefa é realizada pelo RNA (ácido ribonucleico), uma molécula semelhante
ao DNA, mas com algumas diferenças importantes. O RNA possui um açúcar
chamado ribose em vez de desoxirribose, e a base nitrogenada timina (T) é
substituída por uracila (U).

Tipos de RNA e suas funções:

RNA mensageiro (RNAm): Carrega a informação do DNA para o citoplasma,


onde serve como molde para a síntese de proteínas.

RNA ribossômico (RNAr): É um componente essencial dos ribossomos, as


organelas celulares responsáveis pela síntese de proteínas.

RNA transportador (RNAt): Transporta os aminoácidos para os ribossomos


na ordem correta, de acordo com a sequência de bases nitrogenadas no
RNAm.

Fenotipo: A expressão do código genético:

O fenótipo é o conjunto de características observáveis de um organismo,


como cor dos olhos, altura, tipo sanguíneo e predisposição a doenças. Essas
características são resultado da interação entre o genótipo (a composição
genética do organismo) e o ambiente.

Genótipo: A herança em código:

O genótipo é o conjunto de genes que um organismo herda de seus pais. Os


genes são segmentos de DNA que codificam proteínas, as moléculas
responsáveis por todas as funções biológicas do organismo.

Biótipo: A soma de genótipo e ambiente:

O biótipo é a combinação do genótipo com o ambiente em que o organismo se


desenvolve. O ambiente pode influenciar o fenótipo de um organismo de várias
maneiras, como por exemplo, através da nutrição, da temperatura e da
exposição a toxinas.

Compreendendo a relação entre DNA, RNA, Fenótipo, Genótipo e Biótipo:


O DNA é o molde para a produção de RNA.

O RNA é o intermediário na produção de proteínas.

As proteínas determinam as características fenotípicas de um organismo.

O genótipo é o conjunto de genes que um organismo herda de seus pais.

O biótipo é o resultado da interação entre o genótipo e o ambiente.

Darwinismo e Lamarckismo: Uma Comparação Detalhada

Conceitos:

Darwinismo: A teoria da evolução proposta por Charles Darwin em 1859, que


se baseia em três pilares:

Variabilidade individual: Os indivíduos dentro de uma população apresentam


diferenças hereditárias.

Hereditariedade: As características hereditárias são passadas de pais para


filhos.

Seleção natural: Os indivíduos com características mais vantajosas para o


ambiente em que vivem têm maior chance de sobreviver e se reproduzir,
transmitindo essas características aos seus descendentes.

Lamarckismo: A teoria da evolução proposta por Jean-Baptiste Lamarck no


início do século XIX, que se baseia em duas leis:

Lei do uso e desuso: Os órgãos que são usados com frequência se


desenvolvem mais, enquanto os que são pouco usados se atrofiam.

Lei da transmissão dos caracteres adquiridos: As características adquiridas


por um indivíduo durante sua vida podem ser herdadas por seus descendentes.

Bases teóricas:

Darwinismo:

Observações e estudos de Darwin: Darwin viajou pelo mundo e observou a


enorme diversidade de espécies, bem como as semelhanças entre elas. Ele
também estudou fósseis e embriões, o que o levou a concluir que as espécies
mudam ao longo do tempo.

Teoria da seleção natural: Darwin propôs que a força motriz da evolução é a


seleção natural, um processo não aleatório que leva à adaptação das espécies
ao seu ambiente.
Lamarckismo:

Filosofia natural: Lamarck era um filósofo natural que acreditava na lei do


progresso, que afirma que os seres vivos tendem a se tornar mais complexos
ao longo do tempo.

Observações de Lamarck: Lamarck observou que alguns animais, como as


girafas, apresentavam características que pareciam ser resultado do uso e
desuso. Ele também acreditava que os filhos herdavam características
adquiridas pelos pais.

Diferenças:

Mecanismo de evolução:

Darwinismo: A seleção natural é o principal mecanismo de evolução.

Lamarckismo: O uso e desuso e a transmissão dos caracteres adquiridos são


os principais mecanismos de evolução.

Papel do ambiente:

Darwinismo: O ambiente fornece a seleção natural, que molda a evolução das


espécies.

Lamarckismo: O ambiente influencia diretamente a evolução das espécies,


induzindo mudanças nos indivíduos que são herdadas por seus descendentes.

Evidências:

Darwinismo: Amplamente suportado por fósseis, anatomia comparada,


embriologia, genética e estudos de campo.

Lamarckismo: Refutado por experimentos e estudos científicos que


demonstraram que as características herdadas são determinadas por genes,
que não são modificados por fatores ambientais.

Exemplos:

Darwinismo:

Bicos dos tentilhões: Darwin observou que os tentilhões em diferentes ilhas


Galápagos apresentavam bicos com diferentes formas, adaptados a diferentes
tipos de alimentação.

Resistência a antibióticos: Bactérias que desenvolvem resistência a


antibióticos devido à seleção natural.

Lamarckismo:
Girafas: Lamarck acreditava que as girafas desenvolveram seus pescoços
longos por causa do esforço para alcançar folhas altas.

Homens musculosos: Lamarck acreditava que os filhos de homens


musculosos herdariam músculos mais fortes.

Erros:

Falta de explicação para a variabilidade individual: Darwin não tinha


conhecimento da genética, então não podia explicar como a variabilidade
individual surgia dentro das populações.

Teleologia: Alguns críticos argumentam que a teoria de Darwin implica em um


"objetivo" final para a evolução, o que contradiz a ideia de um processo não
aleatório.

Lamarckismo:

Transmissão dos caracteres adquiridos: Essa ideia foi refutada por


experimentos e estudos científicos.

Falta de explicação para a adaptação: O Lamarckismo não explica como o


uso e desuso podem levar à adaptação das espécies ao seu ambiente.

Acertos:

Darwinismo:

O Lamarckismo, apesar de ter sido refutado em sua maior parte, contribuiu


para a ciência de diversas maneiras. Entre seus acertos, podemos destacar:

1. Reconhecimento da influência do ambiente: Lamarck foi um dos


primeiros cientistas a propor que o ambiente pode influenciar a evolução das
espécies. Ele observou que os organismos se adaptam ao seu ambiente e que
essa adaptação pode ser herdada por seus descendentes. Essa ideia, embora
não esteja correta da forma como Lamarck a propôs, antecipou a importância
da seleção natural na evolução.

2. Ênfase na plasticidade fenotípica: O Lamarckismo destacou a plasticidade


fenotípica, que é a capacidade dos organismos de se adaptarem ao ambiente
através de mudanças em seu fenótipo. Essa capacidade é importante para a
evolução, pois permite que os organismos sobrevivam e se reproduzam em
diferentes ambientes.

3. Importância da lei do uso e desuso: A lei do uso e desuso, que propõe


que os órgãos que são usados com frequência se desenvolvem mais, enquanto
os que são pouco usados se atrofiam, é um conceito válido que pode ser
aplicado em diversas áreas da biologia. Essa lei ajuda a explicar, por exemplo,
o desenvolvimento muscular em atletas e a atrofia muscular em pessoas que
ficam muito tempo sem se movimentar.
4. Impacto na embriologia: As ideias de Lamarck sobre a herança de
características adquiridas influenciaram o desenvolvimento da embriologia, que
é o estudo do desenvolvimento dos embriões. Essa influência pode ser vista no
trabalho de Ernst Haeckel, que propôs a Lei Biogenética Fundamental, que
afirma que a ontogênese (desenvolvimento individual) recapitula a filogênese
(desenvolvimento evolutivo).

5. Inspiração para novas pesquisas: O Lamarckismo, apesar de ter sido


refutado, inspirou novas pesquisas sobre a evolução. As ideias de Lamarck
sobre a herança de características adquiridas estimularam o estudo da
genética e da epigenética, que são áreas importantes da biologia moderna.

É importante ressaltar que o Lamarckismo, como teoria da evolução, foi


refutada por experimentos e estudos científicos que demonstraram que as
características herdadas são determinadas por genes, que não são
modificados por fatores ambientais. No entanto, as ideias de Lamarck sobre a
influência do ambiente, a plasticidade fenotípica e a lei do uso e desuso ainda
são válidas e contribuem para a nossa compreensão da evolução.

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