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MANAUS
2023
GABRIEL DE CASTRO VIEIRA
MANAUS
2023
GABRIEL DE CASTRO VIEIRA
BANCA EXAMINADORA
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Prof.ª Dra. Ana de Oliveira Castro – UFAM
Orientadora
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Resumo: Este artigo tem como objetivo principal descrever o processo de inclusão, sob uma
perspectiva docente, de uma aluna com síndrome de Down matriculada em uma escola de
ensino regular de Educação Infantil, localizada na zona sul da cidade de Manaus. Como
objetivos específicos teve-se: a análise da docente envolvida no processo de inclusão e
escolarização dessa aluna, no sentido de verificar e compreender a sua atuação durante o
respectivo processo. Objetivou-se também investigar as estratégias pedagógicas utilizadas por
ela e o amparo profissional concedido à docente durante todo o processo de escolarização da
aluna com SD. O levantamento de dados dessa pesquisa tem caráter exploratório, visto que
houve a necessidade de levantamentos bibliográficos, visando um embasamento teórico mais
significativo no processo de pesquisa. Através dos dados levantados nesse estudo de caso,
espera-se que novas pesquisas sejam realizadas, possibilitando novas reflexões acerca do
processo inclusivo de alunos com SD, bem como a necessidade de um atendimento de
qualidade, tendo sempre a equidade como um dos principais pilares para o desenvolvimento
integral desses alunos.
Palavras-Chave: Inclusão escolar; Síndrome de Down; Docente; Processo inclusivo;
Manaus
INTRODUÇÃO
Este artigo tem como objetivo principal descrever o processo de inclusão, sob uma
perspectiva docente, de uma aluna com síndrome de Down matriculada em uma escola de
ensino regular de Educação Infantil, localizada na zona sul da cidade de Manaus. Desta
maneira, o estudo de caso partiu junto a uma professora atuante na referida escola, a qual relatou
toda a experiência e desafios vividos durante o período em que a aluna fez parte de sua turma.
Como objetivos específicos pretendeu-se: analisar o envolvimento da docente no processo
inclusivo da aluna com síndrome de Down; analisar o amparo profissional ofertado à docente
no processo de inclusão da referida aluna; compreender as estratégias pedagógicas traçadas
durante o processo de adaptação da aluna; discutir e problematizar os desdobramentos acerca
do processo inclusivo durante o atendimento realizado à aluna no período letivo.
De acordo com Silva & Kleinhans (2006), testes sanguíneos podem ser utilizados
visando a investigação sorológica e citogenética, para que assim a possível anomalia genética
possa ser encontrada. Outro método de detecção é através de um procedimento denominado
Amniocentese, o qual é uma forma de diagnóstico pré-natal. Este procedimento é realizado
através da inserção de uma agulha na parte abdominal até o útero para que se retire o líquido
amniótico. Esse procedimento acontece entre a décima quarta e décima sexta semana de
gravidez. (Martinho, 2011). Após isso, ocorre a procura de anomalias cromossômicas e defeitos
congênitos por meio do rastreio serológico.
Segundo Oliveira et al. (2007), observa-se uma predominância dos déficits motores no
período referente à primeira infância e uma predominância dos déficits cognitivos na idade
escolar. A pessoa com SD apresenta atraso no seu desenvolvimento funcional, físico e
intelectual (Sousa & Nascimento, 2018). Podemos observar também que de acordo com a
publicação da Pediatric Database (1994), há um conjunto de alterações que necessita de
exames mais específicos para ser detectado, como:
anomalias de audição (em cerca de 80% dos casos), alterações ortodônticas (80%),
anomalias da visão (50%), anomalias cardíacas (40 a 50%), alterações
endocrinológicas (15 a 25%), anomalias do aparelho locomotor (15%), anomalias do
aparelho digestivo (12%), alterações neurológicas (8%), alterações hematológicas
(3%), dentre muitas outras que, se não detectadas e tratadas, vão interferir no
desenvolvimento da criança. (Silva & Kleinhans, 2006, p. 125)
A maioria das crianças com SD apresentam perda de audição em diferentes graus. Isso
pode acontecer de forma permanente ou intermitente, afetando o desenvolvimento da fala e da
linguagem, de forma que ela precisará de pistas visuais, como imagens e leitura, gestos, a fim
de que haja a estimulação da linguagem. Elas também apresentam problemas de equilíbrio
muscular e dificuldades visuais, como o estrabismo. Elas podem apresentar problemas
cardíacos e respiratórios. São frequentes também problemas de visão próxima (hipermetropia)
e de visão distante (miopia) e astigmatismo. As dificuldades táteis também são comuns e isso
afeta diretamente o desenvolvimento da fala. Essas dificuldades se relacionam com a
consciência sensorial e com a hipersensibilidade ao toque.
Ao longo dos anos, é notória a ascensão dos debates acerca da inclusão de crianças com
necessidades educacionais especiais. É importante que lembremos que todas essas crianças são
amparadas e protegidas por legislações vigentes em nosso país. A Constituição Federal de 1988,
por exemplo, nos relembra a educação como sendo um direito de todos e em seu artigo 208,
traz trechos importantes acerca da inclusão, como o “atendimento educacional especializado
aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino” (BRASIL, 1988,
III). Por outro lado, temos significativos avanços no que diz respeito à universalização do ensino
e à diversidade na educação brasileira, concebidos pelas Diretrizes Nacionais para a Educação
Especial na Educação Básica (MEC, 2001). Todos esses documentos visam uma educação que
deve manter-se longe de qualquer tendência segregadora, valorizando as especificidades de
qualquer aluno.
Rocha (2017) apresenta a inclusão como um processo pelo qual a sociedade e o portador
de deficiência se adaptam mutuamente, buscando a equiparação de oportunidade, ou seja, a
sociedade se adapta às necessidades da pessoa com deficiência para que ela se desenvolva nos
inúmeros aspectos da sua vida. Sobre o preconceito direcionado às pessoas com SD, muitos
indivíduos se equivocam ao acharem que estas se destinam a ter uma vida improdutiva e sem
autonomia. Sabe-se que a ignorância acerca das potencialidades da pessoa com SD muitas vezes
geram preconceitos até por aqueles que se responsabilizam por seus cuidados no cotidiano,
como por exemplo: os professores, os médicos, os pais, entre outros. A aparência evidente da
anomalia genética faz com que pessoas com a SD sejam percebidas por meio de estereótipos e
preconceitos, podendo ser facilmente subestimadas em suas competências em diversas áreas
(Ferraz; Araújo; Carreiro, 2010).
Como citam Sousa & Nascimento (2018), a inclusão de alunos com deficiência ainda é
extremamente debatida e pesquisada no cenário educacional brasileiro. O aluno com Síndrome
de Down, por exemplo, precisa de ações complexas, com a necessidade de adaptações
curriculares, no que diz respeito a sua escolarização. Com a inclusão, é importante que haja
uma reestruturação do sistema escolar, envolvendo uma política educacional eficaz, uma
flexibilidade educacional, a acessibilidade dos ambientes físicos, a formação inicial e
continuada dos professores, métodos e técnicas, entre outros. No processo de elaboração de um
currículo que atenda à pessoa com SD é importante que se considere sua bagagem de vivências
e sua identidade, para que assim seu aprendizado seja potencializado. Na sala de aula, um
processo avaliativo diferenciado se faz necessário para que o docente adeque sua didática às
capacidades e possibilidades do aluno com SD da melhor maneira.
No ambiente inclusivo, o professor tem extrema importância, visto que é através dele
que os alunos aprenderão a conviver com as diferenças na sala de aula, praticando o respeito
mútuo e superando as dificuldades. É exatamente neste ponto que se fazem necessárias as
mudanças estruturais e pedagógicas, abrindo portas para os alunos com diversos tipos e graus
de dificuldades e habilidades (Rocha, 2017).
Uma pesquisa feita por Cortez (2019), na qual houve a participação de 6 professores
atuantes, evidenciou algumas percepções e concepções docentes no que diz respeito ao processo
de aprendizagem do aluno com SD. Todos os professores reiteraram a necessidade de uma
formação continuada, visto que apenas a formação inicial docente não será suficiente para a sua
atuação com o aluno com Síndrome de Down. Isso nos leva a refletir que, na maioria das vezes,
o professor busca formações extras por conta própria, ao se deparar com os desafios da inclusão
na prática. Através do estudo realizado acerca dessas percepções docentes, conclui-se que apoio
ao professor nesse processo de ensino é impreterível, de forma que muitos profissionais,
carregando consigo suas incertezas, medos e angústias, se sentem sozinhos. Por isso, é de
extrema importância que haja a aprimoração das políticas públicas, de maneira que o docente
seja capacitado de forma genuína e contínua.
MÉTODOS
O levantamento de dados dessa pesquisa tem caráter exploratório, visto que houve a
necessidade de levantamentos bibliográficos, visando um embasamento teórico mais
significativo no processo de pesquisa. Nesse contexto, de acordo com Gil (2008, p. 56):
As pesquisas deste tipo caracterizam-se pela interrogação direta das pessoas cujo
comportamento se deseja conhecer. Basicamente, procede- se à solicitação de
informações a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para,
em seguida, mediante análise quantitativa, obterem-se as conclusões correspondentes
aos dados coletados.
Para este estudo de caso, optou-se pela entrevista como estratégia de investigação.
Elegeu-se uma professora atuante na educação infantil, funcionária pública municipal há 7 anos.
Esta professora participou ativamente do processo inclusivo de uma aluna com síndrome de
Down na fase da pré-escola, especificamente do 2º período. Os dados foram coletados através
de um roteiro direcionado para uma entrevista semiestruturada, tendo os objetivos da pesquisa
previamente apresentados e esclarecidos, com abertura para o esclarecimento de quaisquer
dúvidas por parte da participante. Os nomes dos sujeitos envolvidos nesse estudo de caso, tanto
da professora quanto da aluna, foram substituídos por pseudônimos, visando a preservação da
identidade das mesmas. A entrevista foi realizada de forma remota, através da plataforma
Google Meet, havendo o consentimento da entrevistada para o registro das respostas por meio
de gravação de áudio.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
No ano de 2022, a professora relatou a sua experiência ao trabalhar com uma aluna com
síndrome de Down em sua turma, identificada aqui como Vitória. Essa aluna encontrava-se
matriculada no 2º período da fase de pré-escola e possuía 5 anos de idade. Dessa maneira, a
partir dos dados coletados para esse estudo, serão explicitadas todas as etapas de adaptação e
inclusão da aluna Vitória, bem como as estratégias utilizadas pela docente no processo
educacional da referida aluna, levando em consideração os desafios enfrentados por ela durante
o referido processo. Todas as contraposições necessárias apresentadas nesse estudo, serão
debatidas sob uma perspectiva inclusiva.
“(...) um Down tem muitas diferenças comparando às outras deficiências que a gente
já não percebe. Por exemplo, a sexualidade deles é muito aflorada. Porém a Vitória não tinha
isso pois além da síndrome de Down, ela possuía também um diagnóstico de autismo (...) para
mim é difícil, mas não é muito diferente dos outros tipos de deficiência.” (Profa. Carla)
Ao ser perguntada sobre suas concepções acerca da educação inclusiva e de que maneira
isso influenciou durante o período em que foi professora de Vitória, a docente respondeu:
“(...) até hoje, a educação inclusiva é muito difícil de ser realizada dentro de uma
escola, dentro de um espaço público, porque ela significa muita coisa. (...) eu entendo a
inclusão como um espaço no qual a criança possa se desenvolver do jeito dela. A gente tem
que dar condições para todos, condições diferenciadas, pois cada criança aprende de um jeito
diferente. (...) Ela (Vitória) precisava ter algo no qual ela pudesse caminhar junto com os
outros, não igualmente, mas da maneira dela. (...) O professor que trabalha nessa área com
crianças especiais tem que ter muita boa vontade porque sempre haverá mudança. Algumas
atividades podem ser ótimas pro (sic) professor, mas na hora, a criança pode não se interessar
por ela. Você tem que ir descobrindo o que dá certo com elas. O professor da turma não tem
condições de olhar o todo e ainda dar atenção para uma criança com necessidades especiais.
Sendo assim, eu vi que na condição de professora da Vitória, eu tinha muita boa vontade, mas
não tinha condição de ser professora e mediar aquela criança.” (Profa. Carla)
A professora Carla afirmou que durante o processo inclusivo, o educador deve aprender
a lidar com as frustrações, visto que nem todos os recursos voltados aos alunos com deficiência
serão sempre eficazes, demandando assim, uma capacidade inovadora por parte do professor,
de maneira a efetivar o processo de ensino e aprendizagem. Sendo assim, é imprescindível que
o educador saiba estimular e desenvolver as potencialidades dos alunos com deficiência, visto
que essas construções dependem diretamente das interações realizadas entre os indivíduos.
Logo, espera-se que o educador tenha a capacitação adequada a fim de traçar novas estratégias
didáticas, adequando-se às especificidades de cada aluno. De acordo com a análise de Mota
(2021), a teoria sociointeracionista de Vygotsky favorece o processo de ensino, pois a
aprendizagem é vista como uma atividade colaborativa, decorrente da interação e do contato
com o outro. Dessa maneira, é necessário que o educador entenda que o desenvolvimento de
uma criança com deficiência se dará principalmente pela forma com a qual ela será mediada
nas relações de troca com o meio no qual está inserida. As autoras Sampaio e Sampaio (2009,
p. 58) abordam esses aspectos relacionados à mediação:
“É mais um trabalho (...) É um outro ser humano que você vai ter que colocar na sua
rotina como educador. Um mediador, uma criança especial e mais 20 crianças é um trabalho
que suga o professor até a alma, sabe por que? Porque você vai ter que dar conta dessas
crianças, da criança especial, porque você não vai deixar a criança na mão do mediador, né?
(...) O mediador é uma pessoa que fica dentro da sua sala e não me entenda mal, quando eu
falo “dentro da minha sala”, esse sentido de pertencimento não é o pertencimento da sala em
si, é no sentido pedagógico, sabe? Você caminha com a criança por um lado, mas o mediador
pode desestruturar tudo isso.” (Profa. Carla)
“(...) Todo mundo abraçava a Vitória de uma forma muito carinhosa (...) elas tinham
um olhar muito carinhoso e cuidadoso para com ela. (...) Quando acabavam as atividades,
caso ela precisasse fazer alguma outra atividade para se manter relaxada, as crianças corriam
para a mesa dela, para se enturmar e brincar. Existia esse cuidado por parte delas (...) ao sair
da sala alguém sempre se propunha a pegar nas mãos dela.” (Profa. Carla)
O relato feito pela professora, reitera a importância das relações no processo de interação
social da aluna Vitória, bem como a capacidade que o educador precisa ter para mediar essas
habilidades, visto que todas as interações ocorridas entre as crianças durante aquele período,
contribuíram de maneira significativa para o desenvolvimento das experiências sociais
vivenciadas pela referida aluna. Acerca dos referidos aspectos que permeiam um contexto
escolar inclusivo, os autores Anhão, Pfeifer e Santos (2010, p. 41) afirmam:
(...) essa deve ser uma habilidade estimulada no ambiente escolar para um amplo
desenvolvimento dos aspectos de vida, tanto das crianças com SD quanto para aquelas
com desenvolvimento típico. Dessa maneira, a inclusão está fundamentada na
dimensão humana e sociocultural, que procura enfatizar formas de interação positivas,
possibilidades, apoio às dificuldades e acolhimento das necessidades, tendo como
ponto de partida a escuta dos alunos, pais e comunidade escolar.
Outro ponto verificado nos relatos da professora Carla, diz respeito às suas concepções
acerca das atribuições de um mediador em sala. É fundamental que se entenda o papel do
mediador em uma sala de aula, bem como as suas atribuições, as possibilidades de parcerias e
trocas com o professor regente e também o acompanhamento no cotidiano do aluno com
necessidades educacionais especiais. De acordo com Mousinho et al. (2010, p. 104), no que diz
respeito às contribuições de um mediador escolar:
A atuação do mediador também diz respeito a atividades que favoreçam a interação
do professor com aquela criança. Ter outro adulto na turma atuando com uma criança
específica, não exclui o professor da relação com seu aluno. O mediador deve estar
apto a orientar o professor com estratégias que favoreçam o comportamento interativo
com o aluno. O mediador não pode esquecer que a turma, incluindo a criança que ele
atua, tem um professor para conduzi-la.
Nessa categoria, a professora relatou alguns pontos importantes, dentro os quais tivemos
as metodologias utilizadas por ela no processo inclusivo da aluna com Síndrome de Down, o
envolvimento da comunidade escolar no que diz respeito à realização dos objetivos coletivos,
a adaptação curricular especial e a adaptação dos materiais didáticos.
“A Vitória aprendia melhor com música e com gestos. Eu percebi que ela aprendia
muito através das músicas. Ela era muito visual (sic), então eu foquei nisso: música, gestos e
visuais. Fazia muito sentido pois esse era o caminho no qual ela mais se desenvolvia (...)”
(Profa. Carla)
“Nunca houve. Na escola é bem difícil de se propor um encontro desses, pois quando a
gestora está, a pedagoga não está (...) aí cada uma está fazendo uma atividade diferente né?
(sic) O que há mesmo é a boa vontade, como eu disse. (...) O Plano já era bem desenvolvido…
não havia adaptação. Nossas atividades eram muito bem elaboradas.” (Profa. Carla)
A professora ainda demonstra certo descontentamento no que diz respeito aos recursos
disponibilizados à instituição:
“O problema é o nosso sistema que não nos dá apoio e nem espaço para isso. Tudo de
material que nós temos, e eu te falo isso com propriedade, é porque nós próprios fazemos.
Todos os materiais são nossos, entende? A secretaria não dispõe de recursos pra gente. (...)
Nós é que temos que ir lá fazer o nosso recurso (sic)” (Profa. Carla)
A professora Carla ainda discorreu acerca da escassez dos recursos oferecidos pelo
sistema, pois segundo ela, por muitas vezes foi necessário que alguns materiais fossem
custeados por ela própria. Outro fator relevante, foi a falta de abertura para realizar atividades
que contemplassem todo o espaço físico da escola, visto que o processo de aprendizagem pode
e deve ser algo prazeroso, não apenas restringindo-se à sala de aula.
Durante o período no qual realizei o Estágio Supervisionado, pude vivenciar o cotidiano
do CMEI e observei que a rotina escolar se resumia apenas em atividades prontas, as quais eram
impressas e entregues à turma, sem a intencionalidade educativa necessária e sem o cuidado
imprescindível às especificidades das crianças com deficiência. Notou-se também certa
incompatibilidade com os relatos da professora, principalmente pela ausência de ludicidade no
dia a dia e por existir uma rotina escolar monótona, muitas vezes encarada de forma
improvisada. A professora ainda comentou acerca das demandas existentes, demonstrando uma
notória sobrecarga, pois de acordo com ela: “são muitas as cobranças, então não tenha dúvidas
que a gente se sente exausto e sobrecarregado (sic)” (Profa. Carla). Foi relatado ainda, a
existência de uma sala de recursos multifuncionais, porém, esse espaço encontrava-se
abandonado e impróprio para um atendimento educacional de qualidade. A ausência de
profissionais do AEE na escola também foi um ponto mencionado pela referida professora. No
que se refere a isso, é válido lembrar que de acordo com o Decreto 7.611, de 17 de novembro
de 2011:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através desse estudo, buscou-se analisar o processo inclusivo de uma aluna com
síndrome de Down, matriculada em uma escola de ensino regular da cidade de Manaus.
Objetivou-se também analisar a atuação da docente envolvida nesse processo, buscando-se
entender cada etapa, de acordo com as suas concepções pedagógicas. Algo observado, foi que
a escola possuía um sistema de ensino engessado, não havendo a flexibilização necessária para
atender, principalmente, os alunos com necessidades educacionais especiais. Durante o período
no qual foram realizados as observações e os levantamentos na escola, observou-se o
desenvolvimento de práticas pedagógicas defasadas, com a utilização de metodologias
educacionais desprovidas da intencionalidade educativa necessária. É imprescindível que os
alunos com deficiência sejam incentivados a exercer sua autonomia, por isso, é importante que
esses alunos sejam contemplados com educadores qualificados e práticas inclusivas, levando
em consideração as especificidades de cada um deles. Em 2008, houve a promulgação da
Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação e em 2015, a Lei Brasileira
de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146, de 06 de julho de 2015). Desta maneira,
foi observado um crescimento na quantidade de matrículas de estudantes com deficiência nas
escolas.
Através das narrativas da professora, constatou-se a importância de se refletir acerca do
atendimento oferecido nas escolas e consequentemente, à qualidade dos serviços prestados à
sociedade, bem como a importância das políticas públicas no que diz respeito à garantia dos
direitos fundamentais para qualquer indivíduo. Na realidade, o que notamos atualmente é uma
notória distorção daquilo que de fato acontece e isso impacta negativamente no processo
inclusivo e educacional dos alunos com deficiência. Ainda assim, é preciso pensar acerca do
contexto no qual muitos educadores se encontram, visto que a falta de auxílio, a ausência de
qualificação e a quantidade de demandas, por exemplo, acabam por prejudicar a saúde
emocional desses professores, e consequentemente as suas atuações nas escolas.
De acordo com estudo realizado por Ferraz, Araújo & Carreiro (2010), alguns docentes
apontaram falta de recursos e orientação, o que dificultou nas suas atuações com alunos que
tinham Síndrome de Down e consideraram necessária a formação para trabalharem com essas
crianças, visando a qualidade do ensino. É necessário que se busque informações sobre os
aspectos biológicos, sociais e culturais da Síndrome de Down, de maneira que elas cheguem de
forma apropriada aos profissionais que trabalham nas escolas e/ou instituições de ensino e
saúde.
Este trabalho pretendeu provocar reflexões sobre o processo de inclusão e escolarização
de alunos com síndrome de Down, no contexto específico da educação infantil numa escola da
zona sul, da cidade de Manaus. Através dos dados levantados nesse estudo de caso, espera-se
que novas pesquisas sejam realizadas, possibilitando novas reflexões acerca do processo
inclusivo de alunos com SD, bem como a necessidade de um atendimento de qualidade, tendo
sempre a equidade como um dos principais pilares para o desenvolvimento integral desses
alunos.
REFERÊNCIAS
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social de crianças com Síndrome de Down na educação infantil. Revista Brasileira de
Educação Especial, v. 16, p. 31-46, 2010.
DRAGO, Rogério; DIAS, Israel Rocha. O bebê com síndrome de Down na educação infantil:
um estudo de caso. Revista Educação Especial, v. 30, n. 58, p. 515-528, 2017.
FERRAZ, Clara Regina Abdalla; ARAÚJO, Marcos Vinícius de; CARREIRO, Luiz Renato
Rodrigues. Inclusão de crianças com Síndrome de Down e paralisia cerebral no ensino
fundamental I: comparação dos relatos de mães e professores. Revista Brasileira de Educação
Especial, v. 16, n. 3, p. 397-414, 2010.
FERREIRA, Diana Alves; FERREIRA, Wímory Andrade; OLIVEIRA, Marinalva Silva.
Pensamento e linguagem nas crianças com Síndrome de Down: um estudo de caso da concepção
das professoras. Ciências & Cognição, v. 15, n. 2, 2010.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008
MOUSINHO, Renata et al. Mediação escolar e inclusão: revisão, dicas e reflexões. 2010.
SILVA, Maria de Fátima Minetto Caldeira; KLEINHANS, Andréia Cristina dos Santos.
Processos cognitivos e plasticidade cerebral na Síndrome de Down. Revista Brasileira de
educação especial, v. 12, p. 123-138, 2006.
SILVA, Nara Liana Pereira; DESSEN, Maria Auxiliadora. Síndrome de Down: etiologia,
caracterização e impacto na família. Interação em psicologia, v. 6, n. 2, 2002.