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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

INSTITUTO DE LINGUAGENS
CURSO DE LETRAS PORTUGUÊS E INGLÊS/ESPANHOL

BRUNA VITORIA DE MORAES CAMPOS


LUCIA SOLANGE

MOVIMENTO SURDO: UMA JORNADA DE DESAFIOS E CONQUISTAS

CUIABÁ – MT
OUTUBRO/2023
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE LINGUAGENS
CURSO DE LETRAS PORTUGUÊS E INGLÊS

BRUNA VITORIA DE MORAES CAMPOS


LUCIA SOLANGE

MOVIMENTO SURDO: UMA JORNADA DE DESAFIOS E CONQUISTAS

Trabalho de Libras II sob a orientação da Profa.


Carolina Marte apresentado como exigência
parcial para a aprovação na disciplina citada.

CUIABÁ – MT
OUTUBRO/2023
Introdução

O entendimento do Movimento Surdo é crucial para estudantes de licenciatura,


especialmente para aqueles que estão se preparando para se tornarem professores.
Conhecer a história, as lutas e as conquistas desse movimento não apenas enriquecem a
formação acadêmica, mas também promove uma abordagem mais inclusiva e sensível à
diversidade na prática educacional. A pesquisa a seguir busca explorar de maneira
detalhada o Movimento Surdo, destacando sua relevância na formação de professores e
examinando as nuances de suas lutas e conquistas.

A comunidade surda, ao longo da história, enfrentou desafios significativos


relacionados à educação, acessibilidade e reconhecimento linguístico. O Movimento
Surdo surge como uma resposta a esses desafios, destacando a importância de se
valorizar e respeitar a diversidade linguística e cultural presente na comunidade surda.

Para os futuros educadores, compreender o Movimento Surdo vai além do simples


conhecimento histórico. Envolve desenvolver uma consciência crítica sobre as barreiras
enfrentadas pela comunidade surda e explorar estratégias pedagógicas que promovam a
inclusão e o respeito à diversidade. Professores bem-informados sobre o Movimento
Surdo estão mais aptos a criar ambientes educacionais que atendam às necessidades
específicas dos alunos surdos, contribuindo para uma educação mais equitativa.

A pesquisa a seguir busca oferecer uma visão aprofundada do Movimento Surdo,


analisando suas origens, lutas persistentes e conquistas significativas. Pretende-se
fornecer aos estudantes de licenciatura uma base sólida de conhecimento, estimulando a
reflexão sobre o papel do professor na promoção de práticas inclusivas e na valorização
da diversidade cultural e linguística.

Ao compreendermos o Movimento Surdo, estamos contribuindo para a construção


de um ambiente educacional mais igualitário e respeitoso. A pesquisa proposta visa
fornecer informações valiosas que capacitam os futuros educadores a desempenhar um
papel ativo na promoção da inclusão e na criação de espaços educacionais onde todos os
alunos, incluindo aqueles da comunidade surda, possam prosperar.
História do Movimento Surdo

A história do Movimento Surdo é uma narrativa rica e complexa, marcada por


séculos de desafios, resistência e notáveis avanços na busca por reconhecimento,
igualdade de direitos e inclusão. Antes do século XVIII, as pessoas surdas eram
frequentemente marginalizadas, enfrentando a falta de reconhecimento de suas
capacidades e limitações na comunicação.

No século XVIII, um marco importante foi estabelecido com a fundação da Escola


Nacional de Surdos em Paris por Charles-Michel de l'Épée, em 1760. Esta escola
pioneira ofereceu educação formal para surdos, utilizando línguas de sinais como meio
de comunicação eficaz entre os alunos. Contudo, a história tomou um rumo desafiador
durante o Congresso Internacional de Educadores de Surdos em Milão, em 1880. A
resolução adotada proibia o uso de línguas de sinais nas escolas, promovendo o método
oralista e contribuindo para a marginalização das línguas de sinais por décadas

Ao longo do século XX, movimentos de conscientização e ativismo começaram a


desafiar as normas discriminatórias. O Movimento Surdo nos Estados Unidos e
iniciativas semelhantes em todo o mundo questionaram o oralismo como único método
educacional e promoveram a inclusão. Nas últimas décadas do século, houve um
reconhecimento crescente das línguas de sinais como línguas legítimas e independentes,
preservando a identidade cultural e linguística da comunidade surda.

A tecnologia emergiu como uma aliada poderosa na busca pela acessibilidade.


Legendas automáticas, tradutores de texto para Libras e dispositivos de comunicação
assistiva abriram novas oportunidades de comunicação e acesso à informação para os
surdos. Além das lutas por direitos, o Movimento Surdo também abraça a promoção da
cultura surda. A celebração da identidade surda, incluindo tradições, arte e literatura
específicas, tornou-se uma parte essencial do movimento, fortalecendo a conexão e o
orgulho dentro da comunidade.

Em resumo, a história do Movimento Surdo é uma narrativa de resiliência e


progresso. Das lutas contra o estigma e a exclusão ao reconhecimento de direitos
fundamentais, a comunidade surda continua a moldar uma trajetória em direção a uma
sociedade mais justa e inclusiva, onde a diversidade linguística e cultural é não apenas
respeitada, mas celebrada.
Lutas do Movimento Surdo

A história do Movimento Surdo é marcada por uma série de lutas e desafios,


refletindo a busca incessante por igualdade, reconhecimento e inclusão. Estas batalhas
abrangem diversas esferas da vida, desde o âmbito educacional até a participação plena
na sociedade, e têm evoluído ao longo das décadas.

Uma das primeiras e persistentes batalhas do Movimento Surdo é o


reconhecimento das línguas de sinais como formas legítimas e autônomas de
comunicação. Vencer a visão antiquada de que as línguas de sinais são gestos
simplificados, destituídos de gramática, tornou-se crucial para assegurar que a
comunidade surda possa se expressar plenamente e preservar sua rica linguagem.

A luta por uma educação inclusiva e de qualidade tem sido uma constante. Desde
o impacto do Congresso de Milão em 1880, que proibiu o uso de línguas de sinais nas
escolas, até os dias atuais, o Movimento Surdo busca incessantemente currículos
adaptados às necessidades dos estudantes surdos. A criação de ambientes escolares que
respeitem a diversidade linguística e cultural é uma prioridade essencial. A
acessibilidade em diversas esferas é uma batalha em curso. Isso engloba desde a busca
por legendas em programas de televisão até a presença de intérpretes de Libras em
eventos públicos. A acessibilidade em serviços de saúde e a disponibilidade de
tradutores são peças fundamentais para garantir que os surdos tenham acesso à
informação e à comunicação.

No contexto do mercado de trabalho, a luta por igualdade de oportunidades é uma


frente importante. O Movimento Surdo trabalha incansavelmente para eliminar barreiras
que possam impedir a participação plena dos surdos, defendendo ambientes de trabalho
inclusivos e adaptados às suas necessidades específicas.

Além das batalhas práticas, o Movimento Surdo busca preservar e promover a


identidade surda. A celebração da cultura surda, suas tradições, arte e literatura, é
considerada parte integrante da diversidade cultural. Esta dimensão emocional e cultural
é fundamental para a construção de uma sociedade verdadeiramente inclusiva. Com o
avanço da tecnologia, a luta pela acessibilidade tecnológica ganhou destaque. Inovações
como softwares de tradução de texto para Libras, aplicativos acessíveis e dispositivos de
comunicação assistiva tornaram-se ferramentas essenciais na vida cotidiana dos surdos.

Embora muitos progressos tenham sido alcançados, as lutas do Movimento Surdo


persistem, impulsionadas por um compromisso contínuo com a construção de uma
sociedade que reconheça e respeite plenamente a comunidade surda em sua diversidade
e singularidade. Cada desafio superado é uma conquista que fortalece a trajetória em
direção a uma realidade mais inclusiva.

Conquistas do Movimento Surdo

A história do Movimento Surdo é marcada não apenas por desafios, mas também
por notáveis conquistas que impulsionaram a comunidade surda em direção à igualdade,
reconhecimento e inclusão. Ao longo das décadas, diversas vitórias foram alcançadas,
refletindo um compromisso contínuo com a construção de uma sociedade mais justa e
acessível.

O reconhecimento da língua de sinais como língua oficial do Brasil pela Lei


10.436/2002 foi um marco histórico para a comunidade surda brasileira. Ela
oficializou o reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) como a língua
das comunidades surdas no país. O artigo 4º dessa lei estabelece que os sistemas
educacionais federal, estaduais, municipais e do Distrito Federal são responsáveis por
assegurar a inclusão do ensino de LIBRAS nos cursos de formação de Educação
Especial, tanto em níveis médios quanto superior, como parte integrante dos
Parâmetros Curriculares Nacionais.

Essa legislação legalizou a LIBRAS como uma forma válida de expressão e


comunicação para os surdos. Ela também determina que a língua seja integrada aos
cursos de magistério no ensino de LIBRAS, destacando, no entanto, que ela não
substitui a escrita da língua portuguesa.
A inclusão da língua de sinais na educação básica pela Lei 12.319/2010 garantiu o
direito das crianças surdas à educação bilíngue. Essa conquista garante que as crianças
surdas tenham acesso a uma educação de qualidade, que atenda às suas necessidades
linguísticas e culturais.
A aprovação da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI)
garantiu os direitos de todas as pessoas com deficiência, incluindo as pessoas surdas.
Essa lei garante o direito das pessoas surdas à acessibilidade, à participação política, à
igualdade de oportunidades e à não discriminação, das quais:

§ 2º. Os sistemas de ensino devem prever a oferta de educação bilíngue, em


Libras e na modalidade escrita da língua portuguesa, em todos os níveis e modalidades
de ensino, e devem garantir o acesso de alunos surdos às escolas e classes comuns,
vedada a sua exclusão do sistema educacional.

§ 3º. As instituições de ensino devem garantir aos alunos surdos condições de


comunicação, interação e aprendizado, por meio de:

I. Intérpretes de Libras;

II. Material didático acessível;

III. Tecnologias assistivas;

IV. Adaptações curriculares, em colaboração com os professores e a família.

§ 4º. As instituições de ensino devem elaborar, de forma coletiva, o projeto


político-pedagógico, o currículo e o plano de desenvolvimento individual do aluno
surdo, com base na sua avaliação pedagógica, considerando os aspectos socioculturais e
linguísticos da comunidade surda.

§ 5º. O Estado deve garantir a formação de professores e de profissionais de


educação para o atendimento educacional de pessoas surdas, de modo a promover a sua
inclusão em todos os níveis e modalidades de ensino.

Art. 29. As instituições de educação superior devem assegurar, em seus cursos de


graduação e pós-graduação, condições de acessibilidade e de comunicação, com vistas a
garantir o pleno acesso e a permanência dos alunos surdos.

Art. 30. O Poder Público deve apoiar a criação de centros de referência e de


pesquisas voltados à educação de pessoas surdas, bem como o desenvolvimento de
tecnologias assistivas e de recursos de acessibilidade.

O acesso à informação e à comunicação foram substancialmente melhorados, com


a implementação de legendas automáticas em programas de televisão e a presença
regular de intérpretes de Libras em eventos públicos. Essas conquistas têm contribuído
para garantir que os surdos tenham igualdade de acesso à informação e participação em
diversas esferas da sociedade.

No campo da educação, houve avanços notáveis na criação de ambientes


inclusivos. A superação das restrições impostas pelo Congresso de Milão em 1880, que
proibia o uso de línguas de sinais nas escolas, representa uma mudança significativa. O
Movimento Surdo tem desempenhado um papel ativo na promoção de currículos
adaptados às necessidades dos estudantes surdos e na defesa de ambientes educacionais
que respeitem a diversidade linguística e cultural.

Além dessas conquistas, o movimento surdo também tem sido responsável pela
criação de diversas instituições que promovem os direitos e a cultura surda, como a
Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (FENEIS) e o Instituto
Nacional de Educação de Surdos (INES). Essas instituições têm desempenhado um
papel fundamental na luta pelos direitos das pessoas surdas, e continuam a trabalhar
para garantir que as pessoas surdas tenham acesso a uma vida plena e justa.

Ao celebrarmos essas conquistas, é importante reconhecer que o Movimento


Surdo continua sua jornada, enfrentando novos desafios e buscando avanços ainda mais
significativos. Cada conquista representa um passo em direção a uma sociedade mais
inclusiva, onde a diversidade e as contribuições da comunidade surda são não apenas
reconhecidas, mas verdadeiramente valorizadas.

Conclusão

Ao explorarmos detalhadamente o Movimento Surdo e sua relevância na


formação de professores, é evidente que esse conhecimento desempenha um papel
crucial na construção de práticas educacionais mais inclusivas e sensíveis à diversidade
linguística e cultural. A conclusão desta pesquisa destaca a importância de integrar os
princípios e valores do Movimento Surdo na formação de professores, promovendo uma
mudança significativa na abordagem pedagógica.

A compreensão das lutas históricas da comunidade surda, desde o impacto do


Congresso de Milão em 1880 até os avanços legislativos recentes, oferece uma
perspectiva valiosa para os futuros educadores. Essas lutas não são apenas parte do
passado, mas moldam a realidade presente e futura da educação inclusiva.

Os desafios enfrentados pelo Movimento Surdo destacam a necessidade premente


de uma educação que vá além da mera transmissão de conhecimentos. Professores
capacitados pelo conhecimento do Movimento Surdo têm a capacidade de criar
ambientes educacionais que reconheçam e respeitem a diversidade linguística e cultural,
promovendo um diálogo mais amplo sobre inclusão e igualdade.

As conquistas alcançadas pelo Movimento Surdo são testemunhas do poder da


advocacy e da perseverança na busca por direitos. Os estudantes de licenciatura, ao
internalizarem essas conquistas, podem inspirar-se a serem agentes de mudança em seus
próprios ambientes educacionais, promovendo práticas inclusivas e sensíveis às
necessidades dos alunos surdos.

Em considerações finais, é imperativo que a formação de professores incorpore de


maneira consistente e contínua os princípios do Movimento Surdo. Somente por meio
de uma compreensão profunda e respeitosa das experiências da comunidade surda é que
os educadores podem criar espaços educacionais verdadeiramente inclusivos, onde cada
aluno se sinta valorizado e compreendido.

Assim, a pesquisa sobre o Movimento Surdo não é apenas um exercício


acadêmico, mas uma chamada à ação para transformar a educação em um espaço mais
equitativo e respeitoso. Ao capacitarmos os futuros professores com o conhecimento do
Movimento Surdo, estamos contribuindo para a construção de um futuro educacional
onde a diversidade é celebrada e onde cada voz, independentemente da audição, é
reconhecida e fortalecida.

Referências bibliográficas

Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (FENEIS). Disponível


em: https://www.feneis.org.br/

Nascimento, P. S. L., & Nascimento, V. G. M. (2023). Percurso do movimento


surdo: direitos e reivindicações. Revista Educação Especial, 36(65), 1-14.

Brito, L. F. (2016). O movimento surdo no Brasil: a busca por direitos humanos,


linguísticos e culturais. Editora Arara Azul.
Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI), Lei nº 13.146/2015.

Constituição Federal do Brasil de 1988.

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