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SUMARIO I
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n\1TRooucAo ............................................................................................................................ .. 11
PRIMEIRA PARTE: CONCEITOS 1
O fim da tradigao, a reinvencao da tradigaoz narrar e construir num mundo em transfor- l
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macao ............................................................................................................................................. .. 21
Tradicao e modernidade: diferentes aproximagoes ................................................................ .. 39
Histéria da arquitetura e preservacao do patrimonioz dialogos .......................................... .. 65
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A SEGUNDA PARTE: POLlTICAS l
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7 l Alternativas contemporaneas para politicas de preservacao................................................. .. 81
Conservacao e valores: pressupostos teoricos das politicas para 0 patrimonio ................. .. 93
Vicissitudes de um conceito: 0 lugar e as politicas da mernéria ........................................ .. 111
Nas encruzilhadas do desenvolvimento: a trajetéria da preservacao do patrimonio em
Ouro Preto (MG) ................................................................................................................ ...... .. 131
“ Intervencoes sobre o patrimonio urbano: modelos e perspectivas..................................... .. 153
Democracia e participagao: planos diretores e politicas do patriménio ............................ .. 173
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Foto-docurnentacéio Sylvio de Vasconcellos .......................................................................... .. 281 !
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| patrimonio cultural e a politica urbana) ................................................................................. .. 309
l Decreto N. 3.551 / 2000 .............................................................................................................. .. 313
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1
Lei Complementar N9 601 / 2008 — Porto Alegre ................................................................... .. 31.5
I Portaria N9 127 / 2009 - IPHAN .............................................................................................. .. 320
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NOTAS ......................................................................................................................................... . 325
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~ REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ......................................................................................... . as-1|
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8 ll\IDICE REMISSIVO ................................................................................................................. .. 373
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INTRODUQAO
O patrimonio cultural constitui hoje um campo em rapida expanséio e mu-
danga. De fato, nunca se falou tanto sobre a preservacao do patrimonio
e da memoria, nunca tantos estiveram envolvidos em atividades ligadas
a ele, nunca se forjaram tantos instrurnentos para se lidar com as pree-
xisténcias culturais. Entramos no século XXI com o patriménio ocupan-
do um papel central na reflexao nao so sobre a cultura, mas também nas
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l
simbolico onde representacoes em disputa sao determinadas e validadas
pelos diversos agentes, vemos o quanto este campo se tornou mais com-
plexo nas ultimas décadas, passando de uma tematica de interesse restri- l
to e limitada a algumas camadas de experts, para um objeto que provoca l.
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llssa am pliacfio da abrangéncia do campo do patrimonio, que leva alguns
n falarmn até do uma ”inflac€1o patrimonial”‘, pode ser explicada, em par-
lav, pamdo><almonl'o, polo avanco d a gloibalizacfio, que nas ultimas décadas
pnrvcv conduzir a cvrta ”pudroniv.aqZio” do mundo, com a uniformi;/.aqfio
do vnlorvs, (‘UmpUl‘l&\l1\L.‘l1lUH 0 vslilus do vida, 0 n mnwsvqflvnlv n1110&.1Qn as
cllforvmgna rvglolmls v h proprin tzmliqlio. No quv so rvfvrv nos |.1¢.'l'igu:-i dn \
Nlfi €"l_ll.'l‘llRAl. (‘mu\ellnu.imllllrmi.limiriniirnhm li'liI‘lll-ill‘-‘(ill
coslrais do so cultivar o soloz. Na esteira da globalizacao avassaladora, quantitativa do bens culturais, mas um profundo doslocamonto no campo
so rproond ontomonto a tradicao roaparoco, ronovada, o so roafirma como do patrimonio, quo nos ultimos anos também so vo colocado om diél.ogo
uma Forqa viva. com outros campos e multiplas disciplinas, para, no ontrolagamonto do
suas perspectivas, procurar responder a uma realidade do crosconto com-
l‘or outro lado, no entanto, é importanto porcobormos quo essa asser-
ploxidado. Assim, por oxomplo, é quo véio surgir, no final do século XX,
ciio som procodontos do patrimonio so so faz possivol pela oxpansao do idéias como a do “patrimonio ambiontal urbano”, na qual so aproximam
sou campo, quo foi notavol nas ultimas décadas. Assim, do um discurso
tros campos - o da prosorvagao do patrimonio, 0 do planojarnonto do torri-
pnlrirnonial basoado na idéia consolidada do ”monumonto historico o torio o o da prosorvacéio ambiontal —, quo até ontao pouco so comunicavam.
:1 rilslioo”, quo so roforia aos grandos monumontos do passado, passou- Isso so vai ser possivol pelas altoracoos intornas quo cada uma dossas areas
so om nossa ora para uma concopcao do patrimonio ontondido como o
vom sofrondo: por um lado, o conceito do patrimonio - ao so afastar da
conjunlo dos "bens culturais”, roforonto as divorsas identidades coloti-
nogao roificada do monumonto — incorpora a idéia da dinamica da cultu ra
vns. A propria Constituicao Federal do 1988 jé incorpora essa oxpansao, o do ambionto construido; por outro, percobo—so — através da modiacao do
no dofinir como “patrimonio cultural brasiloiro” os "bens do naturoza idéias como a do sustontabilidado o do qualidado ambiontal — a nocossid a-
mntorial o imatorial, tomados individualmonto ou om conjunto, porta- do do so ponsar conjuntamonto as chamadas “areas historicas” o 0 rosta n to
doros do roforoncia a identidade, a acao, a momoria dos diferontes gru- do tocido urbano o do torritorio. E, finalmonto, ontendo-so quo a idoia do
pos formadoros da sociedade brasiloira", incluindo-se nelos “as formas
moio-ambionto inclui o ambionto urbano, no qual vivo a maior parte da
do oxprossfio”, ”os modos do criar, fazor o vivor”; "as criacoes ciontifi- humanidado. Como rossalta Ignacio Gonzales-Varas, a omorgoncia dossas
cas, aridislkfas o tocnologicas”, “as obras, objotos, documontos, odifica- catogorias novas — como as idéias do ”patrimonio ambiontal urbano” o do
coos o domais ospacos dostinados as manifostacoos artistico-culturais” o
“bens ambiontais” considorados como parte importanto dos bons cullu rais
“us conjuntos urbanos o sitios do valor historico, paisagistico, artistico,
— soria uma das conquistas concoituais do maior rolovancia no cam po do
n|*i|uoologico, paloontologico, ocologico o ciontifico” (Art. 216). Dosto patrimonio cultural. "A oxtonsao da tutola o protocao do ’monumonlo’,
modo, nfio aponas os monumontos lo consagrados, mas divorsas pai- como objeto individual o singular, até os 'contros historicos’ o, dai, alo o
sngoiis, irndicoos, oxprossoos do a rto, saboros popularos o documonios
’lorrilorio' culturalmonto signilicativo, o, com oloito, u ma das lacolas mais
|;mssarnm a sor rooonhooidos como palrimonio nacional, ocompanl1an- sugoslivas do ponsamonlo iniornacional sobro os bons cullurais”, osorovo‘.
don lomloncin mundial do o><puns{io do ooncoilo.
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A sop,L| nd a sossfio - ”lPoliticas” — vai mostrar justamonto como a idéia do Finalmonto, a torcoira sossao do livro - ”lnstrumontos" —~ vai disculir as
palrimonio so corporiiicou om acoos poblicas o, om muitos casos, insti- divorsas porspoctivas colocad as om nossos dias para as polilicas do pairi-
luoionais quo, alravos do distintas L‘()l‘\il§3,'Lll‘t\Q(iL‘S, procuraram rospon- monio o os novos inslrumonlos lorjados para rospondor :1 onormo o><pan-
dor no dosalio colocado pola modornidado. Ao procodor a ossa anoliso, sao do sou concoilo. (‘omo iii olisorvamos, a oxpansao o o doslocanionlo
milolamos dosdo o inicio uma porspocliva ”crilica", nao lomantlo ossas
lrilrmluoin
l’./l'l'l\’ll\/IONH 1 t.'l.ll..'l'L!l</ll. (.‘oiirrilos, polilims, iiislrmmwloos
através daquilo quo dole herdou. Nesto sontido, a tradicao foi comumen to
entondida como um segm“o%tio‘relativamente inerte do uma estrutura so-
cial, uma ”sobrovivoncia do passado", nao sondo do so estranhar, portanto,
quo ola seja vista, muitas vezes, como uma dimensao cristalizada, imovol,
da cultura.
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elollvn, “uma vorsao inloncionalinonto solotiva do um passado modolador lidado quo uma cultura tom do totali'/.ar osto conju nto com ploxo do invom;oos
ido um prosonlro pro—modolado, quo so torna podorosamonto oporativa no do todas as ordons a quo nos chamamos civilizacao o Funcao do mimoro o da
il‘Ut‘t'!-IHU do do|'inioao o idontificacao social o cultural”.' nosto sontido tl_i_vo,rsidad.o das culturas com as quais participa na olaboracao :— a maior parto
[uo Ullvor donomina tradicional uma sociedade "quo doponde da auto- das vozes involuntaria — do um.a estratégia comum.” (6) Assim, as ”formas d a
ldaiglo do suas lradicoos para afirmar ponsam.entos e acoes do presente”? historia mais cumulativas" nunca seriam resultado do culturas isoladas, “mas
losla lorma, a dospoito do seu viés ominentomente consorvador, poderi- sim do culturas quo combinam, voltmtaria ou involuntariamente, os sous jo-
mos vor sompro so manifostando na tradicao uma ”forc;a ativamonte mo- gos rospectivos e realizam por meios variados (migragoes, empréstimos, tro-
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loladora”, uma dimonsao quo em ultima instancia, vai lhe garantir uma cas comerciais, guorras) estas coligagoes (...)”.
orla PliiHl.lt'lL‘li.lLll‘.
No entanto, este processo, denominado ”colaboracao ontro culturas” por
Claude Lévi-Strauss — quo o considerava como levando a avancos civilizato-
rios —, pode, as vezes, so mostrar catastrofico, com a destruicao e o apagamen-
‘radlqao o in udanqas culturais
to do uma cultura pela outra. Nesto ponto, parece-nos necessario considerar
\ anlropologia roforca essa perspoctiva ao apontar para o fato do quo todos a distincao, proposta por Ronald Lowcock, quo sopara as transformacoes tra-
is slslomas cullurais, mosmo aquoles tradicionais, estao em continuo pro- zidas pelas influoncias extomas em duas ospécies, distinguiveis uma da outra
osso do mo<.lil’it"acao. Nao havoria, assim, uma cultura ostatica, e o proprio pela extensao pela qual sao assimilaveis pela cultura existente: sogundo ole,
Irocosso do lransmissao incorporaria possibilidades do mudangas, através poderiamos falar do ”influoncias trans-culturais” “so as influoncias sao relati-
las i.]Lmls as culturas so mantom floxiveis e podem absorver as inevitavois vamente assimilaveis com facilidade”, o do uma "cultura externa impactante”
’o|‘li*1g‘i‘>i's lra/.idas polo tompo.,Nosto aspecto, cabo distinguir, no entanto, so elas nao o sao.7 Alain Gheorbrant vai nos fornecer um oxemplo elucidativo
ntro dois lipos do trans.for.m.a.coes da cultura: aquelas mudangas intornas," dosta diferenca ao comparar 0 encontro dos indios yanomamis, do Norto do
[uo rosullam da propria dinamica do grupo, o aquolas mudancas, usual- Brasil e Venezuela, com a tribo Yekuna e com a civilizagao branca:
L1-t:!l‘ll.'U lvruscas o rapidas, trazidas pelo contato do um sistoma cultural com De qualquor forma, sabomos com certeza quo o povo
~t.|lro.t‘ U primoiro tipo do transformacao é 0 resultado do um dosonvolvi- ianomami ainda estava florescendo ato ha alguns anos
nonlo inlorno do grupo, quando, por exomplo, so consogue resolver um atras. Mas olos nao ostavam vivendo om iso1amon.to
itohloma colocado, ou so atinge um novo estado cultural. O grando mo- total. Na Venezuela, a cultura material dos ian.oma-
mis estava evoluindo — som, no entanto, tomar nada
.11‘ aqul vai sor, como aponta Ronald Lewcock, ”o dosejo do novidade e o emprostado do “mundo dos brancos”. No oltimo
1slilnl'o humano fundamental ligado a curiosidade”.4 No quo concerne a quarto do século, olos vom adotando alguns avancos
l't]i.-lll’L‘l'Lll‘t1 vornacular, o autor obsorva quo "dentro do uma tradicao, o do- — canoas, redes do algodao fiado, plantacao do pequ.o-
nas bananas o mandioca — provavelmente como resul-
ofivolvlmonlo o a acoitacao do uma mudanga fisica pode acontecor através tado da intoracao com os Yekuana, uma tribo do agri-
la rosoltlqtio do um p robloma quo é inorente a ordem existonto”. cultores sedentarios. Cansado do guerras, olos tom
estado trocando mais quo tradicoes; sao dos brancos,
Q o sogundo tipo do transf_ormagao — através do contato intercultural + _se,ra',,_; om busca do ouro e diamante!‘
lo ltilo, como d omonstra Claude Lovi-Strauss, o grando motor do avango das
linquanto consoguiam assimilar tracos do uma outra cultura indigona, o
ulluras, quo, om dialogo, consoguiriam incorporar elomentos trazidos da ou-
onconlro dos yanomamis com os brancos vai ser dovastador. l\las palavras
rs cultura. A propria divorsidado das culturas soria, assim, muitas vozos,
do antropologo Darcy Riboiro:
lm lmpulso para avancos in tornos: ”l\/luitos costumes nascoram, nao do qual-
iLlt*!' nocossldado inlorna ou acidonto Favoravol, mas aponas da vontado do Quando a civilizacao chogou, ioi como a praga. Os
lio pormanocorom alrasados om rolacao a um grupo vi>'.iolio quo submolia a indigonas ponsaram quo ostavam lidando com uma
tribo quo ostava no mosmo nivol dolos, mas logo
lm Llano prociso um dominio om quo norn soquor so havia sonhado ostabolo- doscobriram quo olos oram iniinitos om nl'|moro.
Qf lols"." Para o anlropologo lraiicos, o grando momnismo quo pormiliria o Um dia, um ind_io, quo quoria visilar uma oidado
Vnnqo das culturas rosidlrla juslamonlo na :.~iil¢il1oracaoontro olas: “A possibi- oomigo, disso: ‘Ii assuslador; olos parocom Iormi
gas’. A i'l1op,at'lo dos l'1|‘am'os pos soils valoros do
(7 Flm du Mdlvdu. A Rvlnuerrgwn dn “D-adledm Nermr n Cumm-ulr mm: Mumia err! ° ml or 1-mm
PATRIMFINII H‘HI.‘l'l IR/H. t‘um'rlhm, pnllflmu, /HHH'lHH:'H!un
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cobigadas terras, tarefa
A N oroeste do Brasirl, nos atuais estados de Mato Grosso e Rondonia, con-
empreendida, em par-
C‘€"l1l‘l't1lT1-H0 ja ha milhares de anos, como tém mostrado pesquisas arqueo—
te, pelos proprios or-
loglcas rvcontcs, povos de matriz essencialmente Tupi, que se dividem hoje
gaos governamentais
em clnco Familias lingfiisticas - Mondé, Rama-Rama, Kawahib, Arikén e
~.‘ V r p Tupari, que se tornaram mutuamente (SP1/FUNAI), finan-
ciados por grupos eco-
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incompreensiveis.1° Neste vasto territo-
rio, nos Vales do Aripuana e Roosevelt, nomicos, interessados
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. d.o grupo
V nas terras indigenas,
Tupr-Monde“, ate pomo tempo do for- para oxplrvrawqao do
‘ "" (I ma intocada 0 desconhecida pela socie- madvira, agropecuairia
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rotrnta bom o onoontro ontro ossos duas culturas: om '1 974, um grupo Cinta- ooroavam."‘ l)osdo I983, sua primoira ostada ontro olos, Loda l...4L\()l'lL‘l volla
Lnrga, nu ma tontativa do rovortor o cu rso dos acontecimentos, dirigiu-so para varias vozos ii aldeia Cinta-Larga, prosonciando o participando do atividado:-s
HumboldI:/Aripuana, numa ”missalo do paz”, em que ofereciam aos brancos o tradicionais - fostas, cagadas, pescarias, plantios o colheitas, o a construoao do
qua l*lnham do molhor — colares, flechas e enfeites. Essa expedicao, a qual Ma- u ma casa tradicional. No entanto, ela vai participar também do outro lado do
rlo (‘himanovitz roforiu-so como uma tentativa do indio de pacificar o branco, processo, testemunhando a destruigao sistematica daquele universo cultural:
fol mnl-Hucodid a: dos 69 cintas-largas que dela participaram, 38 morreram de ”Partilhei também de suas angustias diarias”, relata a arquiteta, ”doom;as o
grlpo, as rotornando 31 para a aldeia.“ O resultado do contato com os bran- mortes, precario atendimento médico, dificuldades com a FUNAI no atondi-
oos, lluslrado por oste episodio, vai ser catastrofico em todos os sentidos para mento de suas necessidades e constante invasao de suas terras”.-16
on povo:-s lndigonas om geral e para os Cintas-largas em particular: se no inicio
O processo de transformagao da-se num ritmo muito acelerado: quando
don anos 1970, a popula<;ao Cinta-Larga era estimada em 30.000 habitantes,
volta a tribo em 1985, a arquiteta encontra a situagao dramaticamento alto-
hojo ntlo ohoga a 1.000, tendo sido dizimada por doengas ou pela agao direta
rada. Com a chegada de madeireiras e garimpeiros, a tribo, que até entao
do homom bronco, através de madeireiras e garimpeiros.
permanecera quase intocada, passara a ter contato intensivo com o branco.
No lnlcio dos anos 1980, numa tentativa de aprender com esse mundo que Doengas comegarn a dizimar grande parte da populacao indigena. Sous
demaparocia, a arquiteta Leda Leonel dirige-se para a regiao ocupada pelos costumes sao depreciados pelos invasores e cornecam a ser subvertidos
lntllgonas om Rondonia, onde entra em contato com a aldeia Cinta—Larga do a partir da destruicéio de sua propria forma de sobrevivéncia: com a mi-
Poedto lndigt*11a Roosevelt. Ali, convivendo com uma aldeia que até entéio tive— neracao e o uso de mercurio nos rios, a contaminagao impede a pesca o
ra muito pouco contato com os brancos, ela inicia uma pesquisa sobre aquele mosmo a utilizagao da agua para beber. Uma cultura, cujo enraizamon to
unlvorso cultural, tendo corno foco a questao da habitagao dos Cintas-largas. no universo natural era intenso e profundo, encontra-se em grande dificu I-
l=lmbora sou objotivo primério fosse documentar a construgéio de uma gran- dade para sobreviver frente a chegada avassaladora do homem branco o a
do rnalooa, a sua perspoctiva era mais ampla: entender a habitagao indigena dostruigao que ele provocava no meio-ambiente."
era ontondor as suas determinantes sociais e, particularmente, a estratégia de
Fronte a esse quadro de perigo, uma decisao é tomada junto com o jovem ca-
ootlpaqfio o o><plora<;ao da Floresta Tropical. Irnpressionava-lhe, desde o ini-
ciquo Pichuvy: gravar as historias dos indios para registréi-las e garantir a su a
Clo, como os indlgenas vinham ocupando ha milénios o seu meio-ambiente
pormanéncia, mesmo que em outro suporte. “No inicio de 1985, como<_;a_mos,
natural, som dostrui-lo, mantendo-se em equilibrio com o universo que os
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Pichuvy e eu, a gravar historias. Direta e indiretamente toda. a aldeia colabo-
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rou: no malo, no poslo, no malooa, sompro havia gonto por porto, escutando,
lit‘-l"l“ll1l‘i1l"lL§l1) passagons, dosonhando, participando.” Enquanto a arquiteta se-
guln posquisamlo a liabirtagao tradicional, Pichuvy também fazia sua pesqui-
an: “proourou os mais volhos, resgatou histérias, san.ou duvidas, informou-se
sobre on primoiros contatos com os brancos, gravou depoimentos”. Tratava-
uo, para ola o para o caciquo, de garantir a permanéncia de um universo que se
onlvala, alravos d a narrac€io, registrada pela escrita.
(D
l\loste sentido, esta experiéncia parece corroborar a tese,
ll
defendida por autores que, como Walter Benjamin, apon-
tam a modificacao e o desaparecimento da narracao tradi-
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Para jaotjuos l.o (loll, nas sociodados som osorita, a momoria colotiva pa- -I'll '
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race no ordona r om torno do l|'0:-' grandos intorossos: "a idonlidado cololiva
do girupo, quo so lunda sobro on milos, o mais parlivularmonto sobro oz-4
FATRIMONII I t‘lll.'l'l IR/ll. Unnvallun, jmllllom, lH#ll'mm*Hlim H I‘lm llll 'll'mllo1o. A !tvInm*m'r1n dn 'll'mllw1u: Nnrrnr r (‘mu-1!-rn/r mm: M mmlo om 'll'nm1fin'n:n;'fio
mllon do orlgom; o prostlgio das familias dominanlos quo so oxprimo polas Iarga. Ern soguida, numa ordom quo nada tom do fortui to, aprosonta os mitos
I ‘ ..
golwnloglas o o sabor toonioo, quo so transom i to por formulas praticas, forlo- fundadoros, as origons do fonomonos cosmicos o torrostros importantos, como
mtmto ponotradas do magia roligiosa."2" O trabalho do Pichuvy o Leda, ao a chuva (”Bepuixi, o dono da chuva”), o fogo (”Pok5i”, fogo), o lim do mun-
urgmil/.a|' as liistorias da tribo, também parece so ordenar em torno dessos do (”l\lgoin Manga Wereba”), o casamento (”Assaid N5”), a flocha (”l\ljap”), o
olxos, prlnoipalmonto o primoiro, o do reforcar a identidade coletiva do ”dono do mato” (”Pawo”), entidade negativa do universo Cinta-Larga. Papol
grupo alravos do rolato do sous mitos. O cacique retoma a narragiio que decisivo nesse cosmos vao desempenhar os animais, que sao contomplados
no osvala movido polo desejo do que ela se perpetuasse e, com ela, o fio da com uma grando quantidade de narrativas: historias da onca (”l\lol<u”), bosou-
lraL‘llq&’lc1: ro (“Ala”), arara (”I<asat”), anta (”Waca”), maribondo (”l\lgaboy”), ontro outros.
Eu vou conversar agora pessoal. Eu quis fazer muito Naquele universo, os espiritos, os homens, os animais e as plantas compartilha-
conversar assim do histéria. Quando fizemos assim, vam harmonicamente o mesmo universo da floresta tropical.
indio que tem lembrar quando eu vou morrer. Indio
que tem lembrar do mim. E assim que eu conta tudo Essa harmonia vai so desintegrar, no entanto, na segunda parte do livro,
, dn aldeia meu. Quando eu vou morrer, pessoal que tern
mm‘ lembrar do mim ‘Que Pichuvy contava quando era
que reune as historias relativas a chegada do branco, e que vai ser intitula-
vivo é assim’. da, correspondentemente, ”Outras historias”. Ela comeca com um lamen-
(...) Eu to vivo aqui, eu contar muito do histéria. Assim to pela perda da técnica tradicional no que se refere a construcéio da malo-
----' ' que eu fago pessoal meu, contava meu pessoal. E mui- ca. O esquecimento é profundo, atingindo até mesmo aquele instrumonto
ta vez que eu falava que indio tem que lembrar como
foi antigamente, como que velho contava pra nos, que nocessario para a sobrevivéncia do indio, a flecha.
velho conta muita histéria pra nos. Por isso que eu
conta muita histéria assim.” Agora eu vou contar historia do maloca. Historia ma-
loca, quem sabia fazer maloca. Entao esses dias quo
nos esquecemos como faz do maloca.
U llvro vai tor u ma ordem bastante clara: ”da harmonia mitica a desintegragéio Hoje eu mesmo que mandei fazer maloca pra. apron-
l‘LliJt¢'1rlca", pa ra u ti lizarmos as palavras da arquiteta. Assim, ele comega falando der. Eu sei como é que vou fazor maloca. Porquo o
indio daqui esquecer como faz maloca.
do N'gura, o criador do mundo, situando-nos frente a cosmogonia dos cinta- Até a flecha aqui gente nao sabe fazer... Entao por
isso que vou mandar fazer pra aprendor, pra néio os-
quecer. Festa também... artesanato também, pra néio
esquecer demais. Pra lembrar do historia quo fez ma-
loca antigamente.”
O apa roolmonto do bra noo o rolaoionado com a morto: u ma morto quo cho- dolioado oquillbrio do Ilorosla tropical, nan 1" rooonlo, Iondo sido nolodn
3:1 norralaolra, primoiro so disfarqando do amigo, dopois onvenonando o ha muito lompo por viajanlos quo poroorroram a /\|n'.w.onia.1 ja nos sooulos
matando os Indios com armas do logo, granada o motralhadora. XVIII o XIX. /\loxandro Rodriguos Iiorroira, por oxomplo, aponlava, ja
Ai quo foi comocar achar branco, né? Ai que garim- om I786, o abuso no corto do madoiras no Valo do jau, onquanto Spix, om
peiro vai aparocor la no rio Roosevelt. Depois quo l82I, alortava para o risco da oxtinqao da tartaruga naquola rogiao, pola
gonto pensava quo Surui mesmo tava garimpando, ”inoL'|ria" com quo so praticava a colhoita do sous ovos nos rios Branoo o
sabo? Ai garimpeiro apareceu. Tinha muito Cinta-
Solimoos. Até hojo ocoam as palavras do Ioao Pedro Dias Vio.ira, quo om
Larga. Muito cheio, sabo? Tinha flocha tamanho as-
sim, bom feito mesmo, sabo? I856 mostrava ostar so tornando dificil o oxtrativismo na Ama/.(‘mia, ”l"al
Depois branco ficou amigo, né? Foi ficou amigo... lom sido a to agora a nossa nogligonci.a!".24
Primoiro que o branco matava muito Cinta-Larga do
tiro, do metralhadora...
A doslmuioao quo atingo a tribo fore também o sou moio-ambionto: a floresta é Construir: a rotomada da tradicao
IN
lo, a dlmonsao alilropoltigica da ocupacao do torritorio ora ignorada, com aponas a liabilacao quo so lranslorma: com o sou dosaparocimonlo toda
I
domarcacao sondo foita som quo so idontificasso qua] era o vordadoiro a logica tradicional da ocupacao do ospaco <1» subvorlida. /\ casa comunal
torl'Ilorio ocupado polas tribos. Assim, eram'muito comuns demarcacoos ontro os Cintas-Iargas vai sor o palco social ondo tudo acontoco, sondo a
lsolarom partos vitais do torritorio, doixando do fora, por oxomplo, as areas I ordom quo dola doriva roproduzida para o ospaco como um todo. Assim,
siigradas, ou, contrariamonto, so incluindo as areas sagradas, nas quais por oxomplo, quando so doslocam para acampamontos provisorios do
nlio so podoria oxorcor qualquer tipo do atividado extrativa ou agricola. caca, a mosma logica ospacial da grando maloca o reprod uzida no moio do
No quo so roloro a ha.bitacao, o ofoito da chogada da cultura branca tam- ma to. Nesto sontido, a construcao om si mostra-so do monor im portancia,
bolri vai sor oxto.nso, com a construgao tradicional sondo substituida pelos sondo ossoncial, no entanto, polo que significa enquanto elomonto a rticu-
padroos im portados principalmento do Sul do Pais, do onde vem a maio- lador do uma visao do mundo. A casa dostruida, ao rovos, como obsorva
rla dos colonos quo la aporta. Entre os cintas-largas como documentara Loonol, ”dostroi toda a ostrutura da vida vivida que oxiste”. Esto fato ja
n arquilaota, a habitacao tradicional é represontada pela maloca comunal, fora porcobido no século passado, quando os missionarios cristaos consta-
onormo constrtlcao porfoitamente adaptada ao moio ambionto local. Com ta ram quo onquanto a casa comunal ficava do pé era impossivol catoquizar
o Indio, ou abalar a sua visao do mundo, sondo sua primoira providoncia
oslrutL||'a do madeira o cobertura vegetal, a habitagao tradicional propicia
para minar a rosisténcia cultural indigena destrui-la.
my--~ a 9 sombra o conforto térmico num moio am-
. biente equatorial, muito quento e omido. A chogada do branco vai ropresentar, nas palavras do Leda Leonel, “a ru-
" © flap Do fato, a maloca tradicional possui um Ina goral do todo sistoma do entendimento do mundo”, ”porquo os locais
,» "H % @ isolamonto térmico notavol, atenuando no oscolhidos ao longo do milonios e habitados - por sores humanos, polos os-
H .1 interior tanto o calor, quanto o ofoito das piritos, pela momoria, pelas londas, pela historia -, vao sondo dovassados
perigosas e freqiientes quedas do tempe- com plota monto e com a chegada do tanta maquina, aviao, tanta gonto quo
ratura.” Nesto sentido, a palha, material olos nom sabiam que oxistiam”. Com isso, a propria pesquisa da arquito-
utilizado para cobertura, vai so mostrar ta - sobro a ostratégia do ocupacao o oxploragao da floresta - doixa do sor
muito adoquada, pormitindo boa circu- viavol, o ola so vé onvolvida numa agao militanto para tontar garantir do
lagao do ar e toisnando a casa tradicional algu ma lorma a sobrevivéncia daquola cultura.
. ao mosmo tempo escura e bom ventilada.
' - A ostrutura tradicional vai tor dimensoes lingajando-so numa ONG - YAMA, mais tardo PACA -, a primoira acao do-
Q r @* avantajadas, medindo (em média) 60 me- I
sonvolvid a Foi significativamonto ligada a questao da saode indigona, numa
I
‘ tros por 20, tendo 18 metros do altura. Em tontativa do so garantir a sobrovivoncia fisica dos indigonas. Como so sabo,
sua grando aroa intorna vao so concentrar muitas familias, que ocupam o lndofosos iron to aos microorganismos desconhecidos trazidos polos bra ncos,
l
ospacgo a parti r do. uma logica que refleto a sua vida social: cada familia tem os nativos nao sobrovivom mesmo a doengas como conjuntivito o gripo. As-
0 sou lugar dontro da casa. l\Iao vai haver ai, no entanto, como na nossa sim, concluiu-so quo era vital
noclcdaclo, um ospaco com nitidas soparacoes espaciais, mas muito mais quo os lndios aprondossom a
um ospaco in togra do.” lida r contra aquolas novas
molostias, para as quais a
Com a chogad a do branco, esse modolo vai sondo substituido por casinhas sua mcdicina natural nao
lndlvlduais om madoira, cobortas com tolhas do amianto, quo so mostram aprosonlava nonhuma solu-
duplamonlo improprias. So, por um lado, nao propici-am o monor isola- qao. Uma primoira tontativa
monto lormico, por outro, no quo so rolorc a organizacao social, dosta’/.om fol no sontido do so lovar
on lacos lamiliaros/ospaciais om torno dos quais so oslrulura a organizacao cursos do troinamonlo para
da casa comunilaria tradicional. (‘om isso, lambom a loicao das aldolas as oldolas, o quo so moslrou
Ia altora complolamonlo, passando o sou ospaco a sor orp,ani'/ado a partir mullo dlllcll, no rnodlda om
llwls mars llol
luv lll' ln*omon'll
do unldados lsoladas unllamillaros. ll importanto porcobormos quo nan o quo lsso oovolvla o dosloca- 1 In mil. Homlllfl
Q
l'A’l‘lilMONll I t‘lll.‘l‘l IRAI. Fmmrllon. jmllllms, lmwlrunwnllm
H l'Im lln 'Ilmllo1o. A I-Zvlnomulo rln 'll'mlly:7o: Nnrmr r 1 lumlrulr num Mnmlo mu ‘Ilmm/ornlm,*na
lim rolacoo aos matoriais usados, a aliludo lambom loi noo lrodicional: cahlo
lrolmlhor com a novo roolidado, com as possibilidados colocadas polo situa-
coo roal. Assim, olom do alvonoria das parodos, nu ma logica do rociclabilido-
do, ulill/.arom-so também matoriais Ira"/ipdos pola ocupacoo do branco. Um
oxomplo: nos poquonas janclas cria- l
das, loi uliIi'/.odo vidro do automovol,
consoguido num doposito do sucata.
Como ox plica l.oda Loonol, ao mosmo
lompo om quo so cuoria reconstruir
as malocas, ora também necessario
dor uma ulilizacao para o lixo, que ja llllr'l'llIl ill! I I H”
:‘ll' lrrlmom nlo
oxlslla lo - vidro, go rrafa, lata, plastico
I ‘I'll! Ill”. Fllllllulllll
-, quo loi ulilizado, ontao, na constru-
coo, ondo convivo.u com os matoriais tradicionais. Um outro oxom plo nosso
sonlldo: no construclio da nova maloca utilizou-so o vidro do garrafas no
alvonaria das pa rodos o no piso.
ln'u:mm'rrlo rm
'-llllllr llllI”|\:i'llll
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F/\"1‘RlMUNl(1t‘lH.'l‘H!iAl. (‘m-wrlluu. ;mHHrun, hmmnnrnm=1
0s entes miticos da floresta. A tradicao encontra um-m dimvr1s5n vai passar a ser prcdominante com 0 advcnto da chamada
um espaco de dialogo com a nova cultura, 0 vai modornidado. Se, so fato, a dinamica ja se manifestava, ainda que do fur—
sendo re-apropriada e transformadaz no interior ma timida, no ambito da tradigao - com algumas mudancas so insinuandu
da maloca da Paca, por exemplo, 0s indios vao lvnlamvnto n um universo cultural onde a forca central vai ser a da perma-
pintar na parede um yamé, que nas aldeias é um r\(\m'ia ----, no mundo moderno a légica da cultura passa a ser a da prépria
tronco decorado, uma espécie de totem da tri.b0. n\L|dar1<;.a, da substituicao incessante de valores e modelos. Aqui, como
aponta Marx, “tudo que era sélido desmancha no ar, tudo 0 que era sa-
Desta forma, a maloca da Paca vai ser uma ini- gradu 6 pr0fanad0”.l' Nessa nova configuracéo da cultura, muda também,
ciativa bem sucedida no que se refere tanto a prufundamente, a prépria relagéio com 0 tempo, com suas trés dimensfies
aproprlnqéiu por parte do grupo a0 qual se clestinava, quanto a0 efeito que ~ passado, p resente e futuro — passando a se relacionar entre si, como V0-
pl'uvm*uu nas alcleias indigenas. A apropriacéio foi imediata: ao construirem rvmns, do forma diferente das configuracées anteriores. Se no capitu lo an-
6 Ve*rv1'n uspelhado naquele espaco a sua concepcéo de mundo, os indigenas luriur nus debrugamos sobre 0 universo da tradicao, neste capitulo vamos
Ii&*I1l‘|rt1n1-e-w em casa. A0 se hospedarem naquela nova maloca e rec0nhece- visa r a modernidade, éimbito no qual, como mostraremos, aparece at idéia
rem u vspaqo como deles, 0s indios comecaram a ali organizar suas ativi- dn palrirnt"mi0 cultural.
dades lrndicionais como festas e dancas. Outro sinal da apropriagao pela
ptwpulacgfiu indigena pode ser encontrado na sinalizagéio por meio de sim-
bulus dvixada por cada um dos grupos que por la passa — pinturas, yamés,
O fim da modernidade?
marcnm n espaco hojc. Ate mesmo dois totens da tribo Zoré, que nao eram
Vlnttm In‘! basta n te tempo, foram utilizados nesta apropriagao do territério. Nu on ta n to, é importante que
pvrcvbarnos, antes de tudo,
U nmls importanto, no entanto, parece-nos ser 0 papel de reafirmacao da
que an falarmos de m0derni-
q Lm lid n d 0 d a construciio tradicional desempenhado pela nova maloca: tanto
dndv, vstamos lidanclo com
UH lndius quanlco os préprios habitantes da cidade se encantam com 0 resul-
uma idéia em si bastante con-
tado ubtido. A partir dcsta experiéncia, comecam a ressurgir em quase todas
l‘mvv|'sa 0 que, apesar de lar-
ill nldvlas da regiiio, tanto de forma espontéinea, quanto pela acéio de érgéos
ganwlwtv utilizada pela fil0s0-
fltwernamvnlais, as constirucées tradicionais, que estavam desaparecendo.
Fla 0 pelas ciéncias sociais, néio
(l"lu|e EI FUN/\l adotou como modelo de posto de atenclimento médico para
av doixa aprccnder através de
8! aldvlas 'lt| pi, uma pequena maloca desenhada pela arquiteta Leonel, que
uma dvfinicao conccitual sim-
tnml.1t"n1 foi apropriada pelas tribos, que passam a cuidar daquele espaco
ples nu u ma dclimitacfio cro-
C'm“n tudo osmeru.) Alguns casos de ressurgimento cultural sao mesm0_ im-
pl'enHlu|1anlvs: a 'lI"upari, u ma tribo que 1150 procluzia maloca em suas aldeias nulchgica univuca. /\umentan-
do essa dificuldadc, a prépria
ha Innis do 50 anus, rctomou suas lradicfies. Como, no entanto, nan podiam
Ida’-in dn (m0dv|'nidad0> como
Ill'flplL‘HlTlL‘l’llL‘ tomar u modulo da habitacfin dos (‘.intas-Iargas, no qual so
um lvrmu que dvsigna 0 pre- ‘
|I'1I|p'll“ULl a lnaluca da Paca, olos tivoram quo cunsulla r us am*i('ws da aldeia
nvnlv vvm svndu c|'vsc0|1tc- \
para nprvndvr do novo como sc fazia a sua maloca, mm 0 quo pudoram
muntv pruhlvmnlizada vm 1
rmfurmlruir n sua lmbilnqéiu lradidunal. (‘om n vnlln du maloca, muilns dos
HUHHUH dias, principalmvnlu a \
l'Iéb"lluH 0 t‘UHl'Lll1'lt‘H t.|Llt.', dvvidu a‘\ L‘i‘llL‘L|t.lL‘Hl‘ v a clvslrtliqilu gvrwnlizmln, li=~ I‘tIf--|lmmm':;IIn!
pnrllr due-1 nm(H l‘)h(),lqunndn \ H Ilrllnn
nhnm dvlxadu dv vxlnllr, pmmunr a lvr dv nuvu t-spm;u.
p
— TUML - Cnmfivlmn, pullllrnn, lnnrrmnenmn
l . 'lHnllgm1 v nmdrrnldmIv.' (ll/i'rrrm'n np:m'lnlm'flvn
rolorla a lionomooos dos anos I951). 'l'ransp|anlado para a l".uropa, a partir /\o prolondor dosonvolvor um projolo do tal alwairgoiioia o ainda mais
do l‘l7Fi, passa a roliorir-so aos proprios anos 'l*)7(). Por outro lado, o “pos- sol» o si;.',no do raoionalismo ooidontal < a, I lahormas tom plona oonsoionoia
modorno” parooo vir oonquistando croscentomente torrono no passado: do oslar nadando contra a corron to. “lilo prop(>o oritorios univorsais do ra--
Arnold 'l’on_yl1oo, por oxomplo, a ponta as suas origens ja e.m ‘I875. Umberto 1 l mo num tempo om quo ostilos rolativistas do ponsamonto ostao na moda
lioo, no ”l‘os-osorilo ao Nome da Rosa” manifesta, cruelmonte, o tomor do om varias areas do discurso intelectual — como, por oxomplo, no ‘pos-
quo a oalogoria ”pos-moderno”, a continuar no passo atual, possa chegar oslruluralismo' ”, oscreve Anthony Giddons, no onsaio “Reason without
ali" n ohra do llomero. A. quarta e principal controvérsia referir-so-ia ao Rovolution?".“ Nao so pode, entretanto, acusa-lo do ingonuidado ~ r “l la-
|1ro|1rio mlllrlido do conceito, que parece apontar para direcoes totalmento bormas is aware of the present mood”, como oscreve Bernstein. la no pro-
divorsas. Para alguns, o pos-moderno seria a era das novas tecnologias; liaoio d a '1 Poriu (la /lqfio Commzicativa, o filosofo confessa: “Uma investigaqao
para oulros, polo contra rio, completar-se-ia com ele justamente a despodi- dosto tipo, quo usa o conceito de razao comunicativa sem corar, osta hojo
da do um dominio tecnocratico, sendo o pos—moderno verde, ecologaco e sob suspoita do tor caido na armadilha do f'undamontalismo".7 Para olo, no
"a|lornalivo”. Alguns osperam do pos-moderno uma nova integracao, por ontanlo, o quad ro é claro: néio ha como realizar uma critica da razao fora
molos divorsos (por oxomplo, o mito), da sociedade dilacerada; enquanto dos limilos dola propria, ou uma critica da modernidade, negando total-
outros a lirrnam sor o pos-moderno principalmente uma época de maior monlo os prossupostos dosta. E mais ainda: iinodernidade e razao siio dois
plL|l'alismo o |’ragmon.ta<;ao crescente. lormos indissoeiavois, cabendo ao filosofo mostrar a conexao lntima quo
os liga, o trabalhar dentro desses limites, fiel a heranga do racionalismo
llronlo a lais ambigtiidados, seria importante nos perguntarmos mesmo pela ooidontal. Trata-so para ele, que tinha como pano de fundo nos anos 'l 981)
validade do uma d.enominac€1o como a de pos-moderno, excessivamente a asoonsiio do noo-consorvadorismo e a critica — ecologica — ao cresci-
fll1l‘t1l1j.I,v|"|l't‘ o im precisa. Por outro lado, no entanto, nao ha como se usar hoje o monto, d uas perspectivas bastante criticas ao ”projeto da modornidado”,
oonooito do modornidado sem uma perspoctiva critica, sem levar em conta as — do olorocor uma dofesa do lluminismo e da rnodernidade quando para
lmimoras - objogoes e problemas levantados por diversos autores a respeito do muitos ostos so tornaram efetivamente desacreditados.’-it
vl"1a|nado ”projoto modorno”. Assim, para apresentar a idéia de modornidado
vnmos lanoar mao do um autor, o filosofo alemfi.-io]i.'1rgen Habermas, que tenta Parlindo do tal perspoctiva, nada mais natural, portanto, que Habermas ro-
luniglar uma tooria da modornidado que consiga lidar conceitualmente com as jollar troiwtalmon to tod as aqu.elas correntes que, seja n.a arquitetura, na a rte
pntologias do nosso tempo, sem se desvincular, no entanto, da, heranga do ra- ou na ll ilosofi a, procuram se distanciar da modernidade, proclamando sua
rlonalismo ooidontal. Para isso, ele vai construir a sua teoria da modornidado ruplura com essa. No prefacio de seu livro O discurso filoséfico do modorm'-
dontro do um quad ro sistematico mais amplo, que denomina ”Teoria da Agao dmlr, llabormas refore—se ao discurso que proferiu em 1980, por ocasifio
Ctamunioativa”, onde liga o tema da modernidade ao tema da razao. Para o do roool">imonto do Promio Adorno, i.ntitulado ”l.\/[O(Ii.0l‘I1llCl€lClQ, um projeto
l'llt'mol"c 1, o conceito do acao comunicativa apontaria para trés complexos tema- inoomploto”. l\losto tratara, por meio do uma cuidadosa analiso da modor-
lloos in lorligados: primoiramonto para "um conceito de r.acionali.dade comuni- nidado, jusla men to do suposto aparecimonto do u ma ”pos-modornidado".
oatlva quo soja so ficion tomen to cético em. seu desenvolvimento, mas que rosista ”lislo loma, controvorso o choio do facotas, nunca mais mo abandonou”,
ta rod Lloao da razao”; om segundo lugar, para “um conceito em doisnivois do oonlossa om 84. U combate ao chamado ”pos-modorno” passa a sor, ontao,
soolodado, quo liguo os paradigmas do ‘mundo vivido’ e do ‘sistoma’ do u ma um dos polos da obra do la labormas, o quo nos fay. supor quo, talvoz, tonha
manoira niio a ponas rotorica”; e tinalmento para “uma teoria da modornidado sldo juslamonlo o dosalio roproson- \ ---—
quo oxpliquo o tipo do patologias sociais que so tornaim hojo cada vov. mais vi- lado pelas oorronlos do ponsamonto
slvols, por moio da suposiofio do quo os dominios da vida comunioalivamonlo "pos-intadornas” quo oslimula o fi-
oHl'l‘lllll|'ados ostiio sondo subordinados aos imporalivos dos sislomas do aoao losolo a olalwora r sislomalioa mon to
autllnomos, lormalmonlo orga11i*/.atl1>s".~" So assim, aorodila l labormas, c» pos- uma tooria do modornidado quo pro-
ulvol uma oonooilualizaoao do oonloxlo da vida social adoquada aos parado><os oura o><|.vli¢;'a|‘ as palolo;;ias do nosso
du ITNI(.'iL‘l‘!'lll'ltlLll‘, som quo ll'l\l'lill1\UH quo dosoarla-la como um todo. tempo, ovilando oair nos impassos
om quo lorminou a 'l'oorla Crllioa. \ lm -in llul-rmm
ll/l'l'RlMl§Nll I I 'l ll.'l'l lll/ll. l 'mm'llos, ]mlHl4'us, lHsll'mm‘Hlo.-1 . 'llmllg‘|1|l:' lHlllll'l'lllIll'lllt‘.' ill/:'r¢'Hl:'s il}IriI\ lH||lg':'1rs
l'ara aprosonlarmos a sua looria da modornidado, principalmonlo om sua as dlmonsoos do lompo quo dotormina a rolaofio do um povo oom a tradi-
lnooln oslolioa, vamos rooorror, ontao, ao to><to citado do I" labormas, "l\/lo- oao: ”/\ rolaoao ontro os tros lompos, passado, prosonto o liuluro, c~ dislinla
dornldado, um projoto inoomploto”, discurso com o qual olo protondia, por om cada oivili7.aqao", oscrovo.'" /\ssinala, ontao, quatro modelos basioos
um lado, rolular as oorrontos quo so proclamam ”pos-modornas” e, por om quo podo so manilosta r tal rolacaoz aquolo quo domina das civi|i'/.ao('1os \
outro, dolondor a oontinuaqao do que chama ”projeto da modornidado”. primilivas aos grogos, o indiano, o cristao o o modorno.
ls lnhormas adota al a (mica quo pa rece possivel num poquono texto, que so
dosllnava, adornais, nao a ospecialistas, mas a um publico mais amplo - No primoiro modolo, que persiste ate ontro. os grogos, orpassado soria o
l*rr|lt1va-so, no caso, do um discurso proferido ao receber o prémio Adorno, loco, loompo-arquotipico, modolo a so imitar. N50 se trata aqui, cortamonto,
om IUHU: oomooa r pontualmento, clareando um aspecto especifico da, ques- do passado roconto, mas do um tempo imemorial, uma idade do ouro, quo
lfio o, a pa rlir d a l, alcar voos mais altos. Habermas comeca justamente com so looalizaria no inicio, na origem. Tal énfase sobre o passado fax com quo
a quoslilo da modornidado na arto, procurando, com a analise do proprio ossas oivilizaeoos vojam com horror as inevitaveis variagoos quo o passa r
oo|1oollo “modorno”, dolimitar claramente o terreno em que nos situamos. do tom po im plica: “longo de serem consideradas benéficas, ossas mudan-
Apos tal passo, o lilosofo pode prosseguir, atacando os neoconservadores oas sfio nofastas: o que denominamos historia é para os primitivos falta,
o os orllicos do croscimonto, e apresentando a sua versao propria do pro- quoda". /\ historia seria aqui uma degradacao do tempo original, “um lon-
oosso do modornizangfio, quo, se nao pretende indicar saidas concretas para lo o inoxoravol processo d.e decadéincia, que cu.lmina com a morto”. O ro-
us lmpassos do nosso tempo, polo menos nos aponta a possibilidado delos modio contra a mudanga e a extincéio estaria no oterno retorno; o passado
so rosolvorom som que so tonha do abdicar da propria modernidade. vai sor um tempo que roaparece ao fim de cada ciclo. ”Desta forma o Futu-
ro nos oforoco u ma dupla imagem: é o fim dos tempos e 0 seu recomoco, o
Um dos oaminhos para a elucidacao desse importante marco teorico pa-
r\l
oulo"."
que Uolilvio l’a'/. lav. do l’on(‘>mono da modornidado om sou livro Us /illms
Flt? lmrru, onde lamln'~m so aborda a quostao sob o prisma da rolaoiio oom o U modolo indiano vai
tirmpo. Noslo onsaio, o poola moxioano nos moslra oomo o lonomono da so looali'/.ar, no o<ml|‘d-
l§’nml|.'|'|'1lclatlelso soria posslvol numa sooiodado oomo a ooidonlal, oom a rlo do anlorior, numa
Jflootlllar rolaoao quo osta oslaholooo ontro as l|'os dimonsoos do tempo (\oo,i1g‘iii> do proprio)
l Hlllllillil|l1'l|'lll]'lll
Ipasuaclo, prosonlo o luluro) ll, para olo vai sor juslanionlo osta rolaoao ontro ’ompo, num mais alorn, I-fmnlliprn lam
quo 1" vlslo oomo um sor ll|l:ll]'lH. lllllhl
M'T'RlJM@Nl(1 C‘l.ll."l‘lllMl. i (‘mn'rllnn. ymllllrmu, lmwtrumrnlun 9 '!7'mllrm» r mmivrulrlmlv: lllf¢'l‘¢l|lt*I n;n':|.rlrr|:i¢0vu
lmovol sompro lgual a si mosmo (hrnmmzr) ou o vazio igualmonte imovol sor rodu'/.idos a um princlpio unico: silo "tentativas do anular, ou polo
l
(nlromm). Sobro ambos nada poderia sor dito: estao alem nao so do tem- monos rninimi'/.ar, as n1udan<;as". ”/\ pluralidado do tempo roal opoo-so
po, mas também da propria linguagem. A civilizacao indiana mio rompe, . 5 £1 unidade do um tempo ideal ou arquetipico; a hetorogoneidado om quo
entretanto, @0111 a idéia do um tempo ciclico:;l”sem negar sua realidade so manilesta a sucossao temporal, a identidade do um tempo mais alom
omplrloa, dissolve-o o converte-o em uma fantasmagoria sem subst€mcia”. do tom po, sompro igual a si mesmo”. A modornidado vem romper ”brus- 1
On ololos continuam a existir, mas sao literalmente os sonhos de Brama, l ~ oamonte com todas ossas maneiras de ponsar”. Se herda o tempo linoa r
que so d issipam sompro que o deus desperta, ao fim de cada 432 mil anos. it e irreversivel do cristianismo, nao aceitando as concepgoos ciclicas, a era
"Esto onormo sonho circular, irreal para aquele que o sonha, porém real moderna vai inaugurar o quarto modelo, aolnegargradicalmonto a idéia
para o sonhado, 6 monotono: inflexivel repeticao das mesmas abomina- ' Pl da linilude do tempo e da reconciliacao na eternidade. O foco nao é mais
odes", oscrovo Octavio Paz." aqui o passado ou a eternidade, mas o futuro, ”o tempo que ainda nao o
' ‘ , ,'
‘ que sompro
8 Lesta a ponto de ser 1/ . 11 Diferenca, separacao, hetorogenoida-
O tempo cristao, que traz o terceiro modelo, é o primeiro a romper com
do, pluralidado, novidade, evolucao, desenvolvimento, revolucao, histo-
5 idéia do ciclo: {qui tudo so acontece uma vez e inexoravelmente) Dai l
ria -- todos ossos nomes condensam-se em um:/futuro”,;., escreve Octavio
pode!‘ allrmar Santo Agostinho: ”Somente uma vez Cristo morreu por i
l
iv- Pa’/.. Se o tempo passa a ser concebido como um continuo transcorror,
I'1lJ§lllUH pooados, ressuscitou entre os mortos e nao morrera mais”. Rom-
um ”perpétuo andar para o futuro”, nada mais natural do que so valo- .
pfindo os ciclos e introduzindo a idéia de um tempo finito e irreversivel,
fize a mudancai, e nao se tente, como nos outros modelos, minimiza-la.
0 Crlstlanismo acentua a heterogeneidade do tempo, isto é, poe “manifes-
“O principio em que se fundamenta o nosso tempo nao é uma verdado
timento essa proprio-dade que o faz romper consigo mesmo, dividir-so,
leparar-so, ser outro sempre diferente”. O tempo, cindindo-se a cada ins- l eterna, mas a verdade da mudan<;a”.14 A perfeicéio consubstancial a eter-
nidade converte-se em. um atributo da historia: os seres e as coisas nao
tnnte, repoto aquola ruptura original -- a ruptura do paradisiaco presente
a '1 (i/Eio mais atingir sua‘ perfeig€io‘”no outro tempo do outro mundo, mas
aterno. ”liinitudo, irreversibilidade e heterogeneidade séio manifestagoes
no tempo de aqui — um tempo que nao é presente eterno, mas fugaz”.
dfl lmperleiqfio: cada minuto é unico e distinto porque esta separado, cor-
A historia so torna na modernidade, pois, como escreve Octavio Paz, o
tudo da unidade”. Dai, ser a historia, aqui, também sinonimo de queda. av
U prlmolro dolos seria aquolo quo toria vigido dosdo a ldado Media, ondo (...) so quisormos oomproondor o ponsamonlo do st’-ou -
o tormo, dorivado do Iatirn "nnnlorm1s" aparoco pela primoira voz, ale o Hu- lo XV o XVI, prooisamos sor simples. |iuol<hardl oonla»
nos u ma historia muito bonila, quo podo nos auxlliar.
ntlnlsmo, passando pelo Ronascimento, onde tal concepgao é roforqada. Sor lim um'a corta ocasiiio, om l4-85, toi anunciada a dos-
modorno aqui nao significava, como mais tardo, desligar-so da tradicao, ou ooborla, om um sairoliago, do oorpo do u ma mulher
|1op,1‘|-la abs!ralamonto, mas simtvoltar a ela, renova-la".) ”(...) o tormo ‘mo- romana, com a boca o os olhos ainda onlroahorlos o
com as faces ainda rosadas; segundo um inlormanlo
dorno' surgiu o rossurgiu exatamente durante aqueles periodos em que na
da época, ora ‘mais linda do quo so pode contar ou
liuropa so lormava a conscioncia do uma época através de renovada relaeao descrever e, mesmo que so contasse ou so dosorovosso
oom os anligos sompro que, ademais, a Antigtiidade era considerada mo- sua beleza, aqueles que nao a viram nao acroditariam'.
dolo quo so havia do rostabelecer por alguma espécie de imitacao”."7 Assim, Claro que tu.do 1150 passou do uma falsilicaqao. Mas a
emocao que o fato suscitou nao foi falsa. Tra ta ndo-so
por oxomplo, sor ”moderno" na idade Media era retomar a tradicao do Aris- do uma mulher romana, as pessoas ostavam soguras
lfitolos, no Ronascimonto, a tradigao artistica classica. Temos aqui resquicios do que deveria ser belissima, algo nunca visto.'“
daquolo modolo do rolaqao com o tempo, cujo polo organizador é o passado,
quo Uolavio Par. descrove: por tras dessas retomadas revela-se a crenca na 'I'a| to na superioridade romana pode ser encontrada também em algumas
nus|:vorloridado do um passado—arquetipico, a se imitar. piiituras do Mantegna, onde se retratam ”senadores, consoles, lictoros o
oonturioes prontos para desempenhar seus papéis em um cenario do mo-
nu montos soberbos e respl.an.decentes”, representacoes magnificas do uma
Roma antiga idealizada, elevada a modelo normativo inconteste. \
i.
It-listoricismo e retomada critica do passado
-E
h'ad|¢;oou n1odlovniz-1"." 1- lnbormus vai £1|JOl1|;'£1l‘ também o lluminismo fran~ l'\l:-utorica, nfio so conlontava com a simples quobra do conlinuidado: “quo-
téén, oom noL|s idoais, como o prirnoiro a abolir a autoridado inconto:~;l"o do:-1 rlam antos, através do uma apropriaqfio rofletida da historia, encontrar o
modelos do lgusmndo. A idéia do quo sor ”modorno" implicava voltar aos —c 1.
I-1.
fundamente tal questéo, tomando gia".25 De fato, aqui se multiplicam os tratados teéricos que analisam
a célebre Querelle des Arzciens et des racionalmente grande parte dos principios de projetagéo cléssica, e es-
Modernes do inicio do século XVIII. tudos arqueologicos precisos, que ”revisitam" os estilos do passado do
O partido dos ”modernos” vai ai Forma cada vez mais objetiva. Tudo aquilo que até entéo fora aceito sem
se rebelar contra a ”auto~compre- discuss€1o passa a ser submetido ao (crivo rigoroso da anélise racional) E
enséio do classicismo francés”, niio como assinala Leonardo Benevolo:
aceitando mais a imitagéio acritica
O pensamento da Ilustragéo discute a validade de to-
dos modelos antigos ou a existéncia das as instituigoes tradicionais e, abordando o debate
de "normals de uma beleza abso- arquitetonico, é capaz de esclarecer, de uma vez por
luta e aparentemente subtraida do todas, o alcance exato e 0 valor das regras formais do
tempo”.-23 Assimilando 0 conceito classicismo, analisando objetivamente os com.p0nen~
tes da linguagem clzissica e explorando suas origens
aristotélico de perfeigéo équele do historicas, quer dizer, as arquiteturas antigas (...).26
progresso, que era sugerido pelas
ciéncias modernas da natureza, ela- Ao mosmo tempo, ofitros modeloéjp néo-cléssicos, comegam a ser utiliza-
boram critérios de um belo condi- dos, substituindo os cénones usuais, e mesmo estilos ”exéticos” n€1o~euro-
cionado ao tempo ou relativo. Com pous 2450 gradualmente aceitos.
I isso, ao se separar, ainda que par-
Esto processo evolutivo de uma historiografia crescentemente racional
‘ cialmente, do modelo da arto anti-
Culmina, nos fins do século XIX, com o Ecletismo, onde todos os estilos
—o ga, véio ser os primeiros a so dopa-
L‘Hl'6JV€ll'fl doisponiveis e, igualmente bons e belos, podiam ser intercambia-
!'I1' Com £1 c.]uo:-1150 da necossidade da auto-fundamentagfio, que marca a 1 .~
volmonto usados. “N50 hei estilo que néio tenha uma beleza peculiar (...)
fl1OC1t'41‘I1Id£‘ld0. como um todo.
hojo nfio hé nonhum estilo concreto que prevalega em sentido absolu to. Es-
Ellie‘ p|'oco:-mo nfio so dzi, entretanto, abruptamente, acontecondo do forma lnmos vagando num labirinto de experimentos e tratando, através do um
gradual o p|'ogro:~::»‘iva. Assim, a dissolu<;;"§1o dos modelos normativos do uma5|ga|m1 do cortos elomentos dosto ou, daquelo ostilo, dosto ou daquolo
pmmaolo nfio .~1ignifioa, no campo do arto, do imodiato, uma nogaqfio do tra- pois, do oon:~;l"il"uir um conjunto homogénoo com alguma caractoristicu dis-
Cllqio k‘flqLl£\I'llU tal: os romfinlicos modornistas, por oxomplo, vfio buscar Hntiva n fim do love’:-la a sou plono dosonvolvimonto o, portanto, 5: criaqfio
numa ldndv Modia |"<.'do.qcobo1"ta um modolo allornnlivo, quo oonlrapoom do um oslilo novo o poculiar”, oscrovo Thomas Io.ovorl"on I)onnld:~:on, om
lo! antlgnas idoais ola:-mioi:~slIn:-1. "A om d a |lL|sl|'m;£io romporn dol’inilivamon- 1842.” So, om moudos do século XIX, ainda so bu:-acava, como vomos, um
to o continuum do prosonto com o mundo das lrndi<;oo.~¢ imodinlnmonlo ofll'llo do k‘U|1Hl'l‘Llg‘IIU novo o .~ainl1'*lico, quo oxprom-m.~s:-zo o or-apirilo do novo
vivldmn, don logndoa lnnlo grogo qL|nnto o|'ist£\o", ouorovo l~lnborn1na om tempo, n partir do rnoludo do e-:6-oL|lo uQ\o|1:-wi(‘~11oia l1i:-storici:-std l"riunl’n total-
“Arc|uitotu|'n modornn o pow-nnoc.1or|m".“ Hntrotam-do n Ilnmtraqiio, tornado momo, o acoltn-no, ofotoivamonto, o \§1lumlIm"no dos ostllonkomo o proprio
FWFRIMIAINIIJ (‘I II.'l‘IIRAI. t"mn*:'llus, pnllllms, mslrmm'n!u.--1
" 'Il‘mIlg'fln I‘ mmIr'rnl|Imlo'.' III,I‘I'l‘lIII'.'I n)Im\'lmm,':1c's
dlsfaroo no tormo do identidades emprostadas”.2" O I.Eclotismolpodo, as- d ucao oxigiam uma forma do oxprossao arquitotonica distinto do até on too
n__
i '.
i
vi gonto.~“ Os arquitotos, porém, nogavam o proprio desenvolvimonto ind us-
trial o so concontravam quaso quo oxclusivamonto no trabalho puramonto
I .
' _
tradlqao, torminando do dissolvor o rosto do idoalidado quo ainda cerca T gostillstico dos odificios, com especial énfaso para as fachadas dessos. Vivia-so
I .
no oldatlo o, principalmento, no arquitotura: aqui, juntamonto a um progros- Lltlcfio do novos matoriais oforocoro aos construtoros possibilidodos oxprossivas
in do loonioa do construqao d um ritmo inodito no lwistorio, domino o llclotis-"I I
quo a Rovoltlqélci Industrial no mosmo modida om quo dostruia uma ordom o r __-
oldado om sua tormo mais radical, ondo coda momonto o um momonto do
um padrao do lnoloza ostabolocidos, criavo oportunidados para um novo tipo . _ ruptura, st'parat;{1o, a modornidado voloriza, polo primoira voz, nao mais a
* do beloza o ordom".-"“ Waltor Benjamin, sobro o construcao om forro no século ‘x poorrnanoncia, mas a propria mudanqa. Habormas, oo onolisar osso modolo,
XIX: ”AssIm como Napolozio roconhocou bom pouco a naturoza funcional do , _;,' assinala sor nolo o "novo" o traco distintivo das obras quo so considoram
Ellliado onquanto instrumonto do dominagao da classo burguesa, tampouco os . modornos. “A caractoristica do tais obras o’ o ‘novo’ quo so ha do ultra pas-
O
nlo comproondossom a no turoza do novo material (ou nao a aceitassom om sua polo primoira vez, claramento, o(probloma do auto-fundamontacaoida mo-
Cfllom modorno), os orquitotos véio uso-loo... travostido: ”l\las vigas do sustonta- dornidado, a quo aludimos no inicio. ”(...) a modornidado nao podo nom
Q50 ossos construtoros imltam colunas pompoianas o nas fabricas olos imitam . quor mais tomar emprostado os proprios critérios do oriontacao do modo-
mot-ad las, assim como mais tardo, as pnmoiras ostacoos forroviarias tomam por \'A los do uma outra época; ola dove atingir a Qua propria normatividadozpor
I‘ ’|
U
modolo os ohalos , oscrovo Bon]a,m1n. ' °
I si mosmo”, oscrovo Habormas om O Discurso Filoséfico da Moalcrnidadc.-'” “A
modornidado so vé rometida a si propria, som nonhuma possibilidado do
Tomos aqui, pois, as duas faces que Nietzsche apontava no historicismo: so, fl
passado, por outro osta apropriagéio faz-so cada vez mais orificamonto. A rola-
'-
"llal concopcao fica clara uando so obsorva, como faz o filosofo, at rolacao
oflo COITI o t|'adic.§o so dossacraliza croscontomonto o osta, do fonto incontosto do proprio conceito do (ililassico?) com a modornidado. ].]. Pollit, ao anali-
do normatlvidado, passa. a moro ropositorio do modelos formais a disposigao so r tal tormo, anota quo, ao lado do sou sentido Iljistorico, osto traz sompro
doll arqL|Itotos o oonstrutoros (vido os catalogos do odificios om divorsos osti- consigo outro sontido — o(_c_1ualitativ6) quo nos intorossa aqui. Quando so
Ion quo proliforam nos fins do século XIX). Esto processo do racionalizacéio no chama do ”classico” ou uma ”fase classica” na ovolucéio do uma arto ou
trato com a tradicao so aprofunda e, quando lovado a sou tormo logico, con- uma cioncia, usa—se tal tormo qualitativamonto “para exprossar 0 roconfh.o-
dum, Inovltavolmonto, a propria nogacao da tradigao como fonto do normativi- cimon to do uma norma do porfoicafld dontro do um dotorminado génoro,
dado. Apa roco, assim, o terceiro modolQdo rolacao com a tradigao quo o tormo
n , n ’
~=-seooisI so»I uma norma pela qual so tom quo julgar os objotos ou ovolucoos postorioros
modol no Indica o quo vai so caractorizar, como ja seria do so osporar, pela dontro dosso génoro”, oscrovo.” E nosto sentido quo Habermas so roforo a
Ii l1ogai;i'lo abstrata do propria tradigao. O passado, quo fora, com o avanco da, tal ooncoito ao anotar: ”aquilo quo é modorno prosorvalolos volados com
l‘\lIIl*"orlogroIia racional, perdondo gradativamente sua forgo normativo, passa o olossico”. Com tal afirinacao o filosofo indica claramonto, on.trotan;to, a
/\ I ‘
,., E sor vlsto agora como uma entidade abstrata, da qual cabo tomar distancia. mudanca quo a modornidado opera ja no proprio conceito do classico. Até
I-I
ontoo so considorara(clé1ssicoItudo quo §obrovivosso ao tempo, i.m.pondo-so
I
.|
.7
como um modolo normativo do perfoicao, a sofimitai) Porém a modorni-
dado nao vai mais tomar om.prestada a autoridado do uma época passado
Modcrno como novo V
-I
osto ostotu to do clossico: vai busca-la no proprio momonto om quo so
u ‘ |
Esto I't‘l‘C't‘ll‘U modolo corresponde, nos seus tracos principais, aquolo quo n‘ I ll
do uma obra do arto auténtica. (”... rocobo-o (...) por tor configurado
(1 I I.-
Ofltzivlo Par. traqa da rolacoo do modornidado com o tempo: aqui, com o um momonto autonticomonto modorno”3"). Dosta manoira podomos di-
I
II
nor nom o passado nom o otornidado o ponto Focal, mos sim o futuro, o do quo considora clossico”. Com tal infloxao no concoito podomos agora
tompo quo ainda nao 6 quo sompro osta a ponto do sor". Hobormas dos- pormiti r-nos o uso do oxprossoos como (modornidado t"laissitva?) como o lav.
crovo ossa novo rolaqfio como ”oquola co11sciCmcia rodicalizoda do modor- I"iaIw|':nos. “A roloqfio ontro modornidado o classico pordou dofinitivomon- (
nldndo” quo, no longo do sooulo XIX, "so dostooou do todo logo hist<')rico to quolquor rotoroncia l'i><a”, conclui.
pm‘tlCL.llnl"'.7"‘ I“llll11ll‘|i1l11-.'-it‘ oqui, do voz, todos os passados oxomplaros,
So no t‘t"lol1ro (_)m'r<'Ilt' dos /Im‘I'<'Hs 1'! dos /I/ImIt'l‘m's do soctllo XVIII, o mosmo
cabendo agora no proprio prosonlo, quo so abro para o ILlLtll‘u, loriar sous
modolos do normallvidndo. Acoltando, como Indica Octavio I’ar., a hlstorl- no Ilolotlsmo, la so oolooara o probloma do auto-Iundamonlaoao do mo-
dornldnclol o probloma do bolo oontllololmdo tomporalmonlo, val sor no
HATRIMONIIF ( -I tII.'iIlR/ll.
1
I 1nnrrllml. pnllllms. lnnlrururulas VI, I V Tirmllpdu e nmrlvrnldmiv: dlfmnlen spmxlniuoflvn ‘
obra do Baudolairo quo “o ospirito o o oxorcrlcio do ostétioa modornisto" Baudolalro, aposar do toda a onfoso quo do ao
anmumom, para Iriabormas, ”nitidos contornos”. Para o poota francés a ox- transitorio, ao fugo/., oo boio rolativo, ainda man-
‘I perlénoia ostétlca do modornidado so fundia com a oxporiéncia historica: a tém um lugar om sua teoria daiarto para o belo I j
obra do arto vai sor o ponto no qua] so oncontram os eixos do atualidodo o absoluto, o imutavol, o imperecivei. A ruptura
CI-It otornldado. “A modornidado é o transitorio, o ovanescenpte, o acidontal; Qlbstratra
. o radical com a tradigad, indicada polo ., . Q, "ii
é a motado do arto, do qual a outra metade é o oterno e o invariavel”, escro- torcoiro modelo, fica mais clara quando analisa- -' ‘ JKQ
mos o fonomono das vanguardas artisticas, que .
vo. O proson to nao vai mais tirar a sua propria autoconsciéncia do passado
-- nom mosmo so opondo a ele: ”a atual.idade so pode constituir-so como V50 atingir o seu ‘rouge, sogundo Habermas, no fa
1 ponto do oncontro ontro tempo e oternidade .4" O ponto do referénciia vai
fl
Ca to Voltaire dos Qadaistas e no Suirrealismo)“ A I I-\“D
0
-{,2 .1P’
.33‘:
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sor, a partir do agora, 0 instante fugiidio do presente, que é ontondido como ostética do modornidado vai so caracterizar agora O ‘I-:_ ,~
“o atltontico passado do um presente que ainda dove vir”. Assim, o classi- "por atitudos centradas numa concepcao diferen - dj, I.
Co val sor, para Baudelaire, o ”rel€1mpago” do surgir do um mundo novo, to do tempo", anota o filosofo. Tal atitudo vai ser, liiiil ma
DJ
quo, por sua propria natureza, nao sera estatico. Com tal visao, Baudelaire justamente, aqueia apontada por Octavio Paz: a
A vai trad uzir a controvérsia antigo versus modorno nos termos belo abso- onfaso rocai sobre z(mudan§a, a ruptura e o futuro, afastando-so definitiva-
I‘ luto o boio roiativo: “Q/belo be constituido do um elemonto eterno, imodifi- monte a idéia do um passado fornocedor do modelos normativos. Tal cons-
I Ciéncia do tempo, diferente, por oxomplo, daquela do modolo historicista,
cévol (...) o do um elemonto relativo,;@ondicionado‘a(...), quo é reprosentado
pelo perlodo, pela moda, pela vida cultural, pelas paixoes”, escreve. Esto vai so manifestar ja no uso do metaforas como “vanguarda”, provenionto
elemonto transitorio seria in- do terminologia militar e quo indica a primoira linha do um exército, uma
disponsavel a obra do arto, pois "forgo do choque cuja tarefa primordial consistia na {dostruicao i1nod.iataZ-
é ele que vai tornar “digerivel a do inimigo".44 A propria imagem escolhida ja doixa ontlrever a rolagéio com
torta divina”: sem este elemon- o tempo vigente neste modelo. “A vanguarda concebe a si mesmo como
to transitorio “o primeiro ole- invasora do territorios desconhecidos, expondo-so a riscos do surprosos,
mento seria insuportavol para oxporiéncias do choquo, conquistando um futuro jamais ocupado. A van-
a natureza humana”.41 guarda precisa encontrar um caminho num territorio onde ninguém ain-
da parece ter-so aventurado", escreve IjIabormas45. O ”choquo ostético”,
Baudelaire, como critico do arto, proconizado pelas vanguardas como ostratégia do conquista do futuro,
vai valorizar, ontao, na pintura prossu poo, por sua vez, um ”elemento do ruptura convulsiva e violenta
I. modorno, justamente aquelo as- om sous aspoctos aparentes e mais ospetaculares em relagao a tradicao ou,
'1 pecto - a "beloza fugaz, efémera”, ligada ao instante que so esvai. Funda, o quo vom a ser o mosmo, aos habitos formais estabelocidos e as corros-
C0111 Isso, aquola afinidade entre a arto e a moda, quo marca a modornida- pondontos expectativas”, escreve Eduardo Subirats, em Da Vangzmrdn no
dfll no modida om quo o beloza otorna so so revola sob o travostimento do I’tIs-rlmdorno.
trnjo temporal, a obra do arto modorno auténtica so pode so dar no encon-
tro ontro o ofolnoro o o autontico, entre o tempo e a otornidado. Bonjomin, I lobormos, om ”il\/Iodornidado, um projeto incompleto", segue Adorno ao
ml vorsao francosa do “Paris, Capital do século XIX”, ao comontar o titulo utilizar os tormos ’(vanguarda” o ”modernidadelj como sinonimos, obsor-
do prlmoiro ciolo do Lcsflours du ma! —- “Spleen ot ideal" —- assinala quo oi, va Potor Biirgo.r.“"’ Biubirats nao vai too longo o ponto do prossupor uma
no aprosonlar ao loitor o "mais ontigo” como o ”mais novo”, Boudolairo do idontidado ontro os tormos, mos aponta a sua afinidodo. Aposor do ambos,
It tormo mais vigorosa ao sou conceito do modorno: “Silo tooria do arto tom em prinolpio, dosignarom roalidados distintas, ostariom unidos intrinseca-
toda ola por oixo a ‘boioza modorno’ o o critorio do modornidado lho paro- monto. O modorno apontaria, pa ro Subirats, para o diroqfio do novo, para
K‘ co ser aquolo marcado polo Iololidado do sor um dio ontigo, o quo o rovolo a ldoia do uma ronovaqfio constanto, do ”roformuioqoo sompro inioiado a
aqueio quo 6 tostomunho do sou nosoirnonto/""* / partir do moro do valoros individuals o colotivos, do objotivos comuns o
uma clvlliv.aqflta". Na modida, porém, om quo um indivlduo ou uma época
FATRIMGNII1(‘L!l.’I‘l!RA!. ~ (“m|rei!uu. pnlfllrrin. hmlrunwnhm ‘T)'mH¢'fln e flIIlflé!‘l'Ill-llldl-4.‘ rliflmmtvu npruxlnincdvn
H H
Iii:-|l‘or|ca so poderia dofinir sua identidade propria corn roforoncia ”a sou do século. Marinolti, om l9U'~J, no "Manifesto do Futurismo : Nos quoru-
passado, a sua memoria historica”, a modornidado, om sua “incossanto mos domolir os musous, as bibliotocas, combator o moralismo, o feminis-
busca do novo”, estaria condenada a(nao ter identidade) O caractoristico moo todas as covardias oportunistas e utilil"arias". Ou ainda: ”/\dmira r um
da modornidado seria, para Subirats, justamente a ”autonegac;5o das iden- volho quad ro é vortcr nossa sensibilidado numa urna funeraria, om vo/. do
Hdados culturais objetivas e fixas, tornadas opacas”, num arto constante do lanqa-la adiante polos jatos violentos do criagéio e acao. Vocé quor portan to
ruptura e auto-superagéio. Tal ato seria levado a cabo pelas vanguardas. ostragar suas rnelhores forgas numa admiracao inutil do passado, do qual
"As vanguardas artisticas do nosso século caracterizam-se pelo rigor com vocé sai forcosamente esgotado, diminuido, espezinhado?”5"
quo assumiram essa ruptura com 0 passado, em um sentido que afetava
o_§.:¢)n]L||1tt) d.a cultura e inclusive as instituicoes politicas, e afirmavam 0 Esta irevolta contra o passado nao é gratuita, servindo a um proposito bom
determinado: com ela a modernidade tenta se libertar das ”func6es nor-
Qiovo como exigéncia de uma perpétua renovagaoi?) conclui.‘-*7
\_|
malizadoras da tradicao”, como escreve Habermas.51 ”(...) [a modornida-
Tal orifaso sobre a mudanca, 0 novo acaba, para Habermas, por significar de] vive da experiéncia de se Qevoltar contra tudo que é normativd) Esta
a oxaItra<;a."1o do presente: revolta é u.ma maneira de neutralizar padroes tanto da moral quanto da
utilidade”. A estratégia para tal: um "jogo dialético entre recato e esc€m-
A nova consciéncia do tempo, que se introduz na Filo-
sofia com os escritos de Bergson, vai além da expres- dalo publico”, que leva a utilizacao de diversos elementos de provocacao,
séio da experiéncia de mobilidade social, de aceleragao do ruptura, como as metaforas beligerantes e as a<;6es agressivas. "Basra
da historia, de descontinuidade na vida cotidiana. O rocordar, a proposito, aqueles grupos de artistas como os dadaistas do Zu-
novo valor conferido ao transitorio, ao fugaz e ao
efémero, a propria celebragéio do dinamismo, mani- rique e Berlim, os futuristas do Norte da Italia ou os cubistas francosos
festam o anseio por um presente integro, imaculado que, em suas acoes e manifestos e, sobretudo, em suas exposigoes e expo-
e estavel.48 rimentos formais, assumiram a provocacao e o escéindalo como finalidado
nu artistica”, escreve Eduardo Subirats, que ilustra: A A
Esta rolacéio com o tempo ajuda~nos a entender a propria relagao que a mo-
~
dernidadc passa a manter com a tradicéio. ”Isto explica a linguagem algo Sao incontaveis as passagens e citacoes que coincidom
neste ponto: a apologia da bofetada por Tzara, o canto
flbstrata na qual o -vezo modernista tem falado do ‘passado’. Apagam-se
a violéncia, a acao destrutiva e desapiedada dos fu-
Oil Com ponontes que distinguem as épocas entre si", escreve Habermas. A turistas, o quase~cu1to a estética do ’espanto’ que um
momoria historica é substituida pela ”afinidade heréica do presente com critico como André Salmon celebra., o prazer arnbiguo
OI! exlromos da historia: um sentido do tempo no qual a decadéncia se pelo chocante e monstruoso, confessado por Charlos
Morris, ou a satisfagao pelo carater estupefaciente q u o
1'€¢01‘1l'|ece do imediato no barbaro, no selvagem e no primitivo”. Walter o pintor Gleizes assinala em suas conferéncias sobro
Benjamin perguntava-se, em 1933, em ”Experiéncia e pobreza”: ”(...) qual o cubismo.52
O valor do todo o nosso patrimonio cultural, se a experiéncia nao mais o
vincula a nos?”49 A ”horrivel mixordia de estilos e concepcoes do mundo
do fist-"cL|lo passado" tinha mostrado com clareza ”aonde esses valores cul-
As vanguardas e a retomada pos-historicista do passado
tu rais podom nos conduzir”, escreve 0 filosofo. Assim. constituia-se ”prova
de honradoz confossar nossa pobreza” e proclamar o su rgimento do uma l*'oc<1ando a primoira parte do ”l\/lodernidadc, um projeto incomploto”,
“nova barbaric”. ”Barbarie? Sim. Respondemos afirmativamonte para in- Habormas tonta mostrar como a rclacao cla modornidado com a l1isto|"ia
trod uzir um conceito novo 0 positivo do barbaric. ‘Pois o quo rosulta para -—- quo donomina ”pos-historicista” — ultrapassa a simplos nogaqiio abs-
o bti rbaro dossa pobroza do cxperiéncia? Ela o im polo para a fronto, a co- l'rala: “U ospirito modorno, do vanguarda, tom procurado om vok disso Ida
moqar do novo, a contontar-so com pouco, som olhar nom para a diroita nogaqiio abstrata, do a-historicismo| ul"i|i7.ar o ‘passado do modo divorso,
nom para a osquord a. l*‘.nl‘ro os grandos oriadoros som pro oxistiram homons sorvindo-so daquolos passados quo so tornaram disponivois pola o|'t1tlii;ao
z—.§l-v._>
lmp|ac1‘\vois quo oporaram a pa rlir do uma lahula rasa". Fazor ’tabuIa rasa’
_§'“'
nqllola ”al¢*p,o|1o|"z1qaio da consciéncia moderna do tempo, aberta ao futu. ' pode estabelecer um paralelo .\zl.':'.<'H l 1-lilmlui
ro”, roprosonlada polo ovolucionismo, onde “o progresso se coagula em ontro essa re-apropriacao da l. Ill’ mim "ll. um:
norma hislorioa” o, ao mosmo tempo, pelo historicismo, que, com sua série historia — messianica e baseada
/ll|l{r‘le':lr'
ll1'l|"! r'rlllHlll!'l
do passados lornados disponiveis, cria uma ”imagem eterna do passado”. no proprio presente - proposta or:-.l:":mlo
l 'll1l'It‘l‘l'l1i1H oxplioa: polo conceito de Ietztzeit e a re- )'lH 1i|flHH'Hl| 'i'l'h
il'1ll.lll'lIl' ili" mim
Por um lado ele se volta contra a idéia de um tempo lacao que as vanguardas man- |'__or‘: ‘fir.
homogénoo e vazio, que é preenchido pela obtusa fé no t<'5m com a tradicao: “Como ele
progresso, propria do evolucionismo e da filosofia da
historia; mas, por outro, também contra aquela neutra-
[Benjamin] tenta paralisar, com um choque produzido surrealisticamento
lizacéio do todos os critérios praticada pelo historicismo, o continuum indolente da historia, também uma modernidade volatiza-
quando confina a historia no museu e deixa a sucesséio da na atualidade, assim que atinge a autenticidade de um Ietztzcit, dovo
do fatos escorrer entre os dedos como um rosario.55 criar a sua normatividade de imagens especulares re-evocadas do passa-
an
do", escreve.“ Estamos, porém, a milhas de distancia do modelo histori-
llm lup,ar dossas d u as concepgoes imobilistas, caberia ao historiador mate-
oista, como a observacao de Habermas que se segue, deixa perceber: ”Estas
rlnllsla, sogundo Benjamin, estabelecer uma ”experiéncia” com o passado,
limagens especulares re-evocadas do passado] nao sao mais percobidas
so ro-apropriando do seus conteudos n€1o—realizados e, com isso, ”salvan-
como passados exemplares por natureza”.
do-so", "rodimindo-o”. O modelo de tal re-apropriacao Benjamin acha, por
oxomplo om Robospiorro que, encontrando um passado "corresponden-
I I
lo" na Roma Antiga, toma posse dele e, redimindo suas expectativas nao
roallvadas, subtrai-o ao continuum inorte da historia. Benjamin, Teso XIV: Modernidade e monumento historico
A historia o objeto do uma construoao cujo lugar nao Val sor, ontao, aponas no ambito da moderni.dade, com a peculiar rolaofio
c» o tom po homogonoo o vazio, mas um tompo salu-
rado do ’agoras’. Assim, a Roma Anliga ora para Ro- quo osta ostaboloce com o tempo, que vai poder aparecer uma idéia como
bospiorro um passado oarrogado do ’agoras', quo olo a dsr ”patrim6nio cultural”, quo prossupoo, como voromos, u ma rolaqfio
fox oxplodir do continuum da hislo|'ia.'/\ Rovoltiofio rolloxiva com o passado o com a tradioaosliramgoiso Choay, numa obra
llranoosa so via como u ma Roma rossurola. lilo oilava
id olassioa, /l /llogorin do l’1Il"rim0m'o, taiwwlvdin idontifica a omorgonoia do
a Roma Anliga como a moda vita um vosluario anligo. l
/\ moda lom um laro para o alual, ondo quor quo olo pulrilnonio com a oniorgoncia da modornidado, a prosontando a fioqfio o a
osloja na l<()ll\il}3,t‘l'|\ do anligainonlo. l".la r» om sallo do lxrajoloria do ponsamonto o das polilioas do pal"rim<"1nio dosonvolvidas dos-
liigro om ¢li|‘o<_'-(mo ao passado. Somonlo, olo so dd numa do o sooulo XVIII no Uoidonlo, com baso numa dislinofio lumlamonlal on-
nronnoon1.ini_l.1da polasolassos dominnnlos. ( ) mosmo
snllo, suli u livro c‘l"\| do l\l.*1‘li'i|‘la|, i" o snllo tllnlt"lli'o do lro ”monumonlo" o ”unonu|nonlo hislorioo'Y, sondo oslo ullimo iuslamonlo
l{vv0lllg'i‘\u, oomooi'o|u.'ol1ou l\/l-\|'><."" uma "invonoao" modorno o ouropoin. /\o propor osso oaminlio, a aulora
PATRIMONIO CULTURAL - Cannltuu, pollllcwn. Inutrmnmlau A. itnrllcdu e nmdvrrildndv: dlfim-ntvn npmxhrrncflen
“palrlmonlo” o sua oxpansfio até so atingir a idéia do um “patrirni“>nio da l 1-11s1"oruA DA ARQUITETURA E PRESERVACAO D0
naqilo”, forioinono quo poderia sor oxplicado pela ju,n<;€-'10 do dois fon6mo- 1 . PATRIMONIO: DIALOGOS
nos: pola ”translo|j6ncia dos bons do cloro, da Coroa e dos omigrados para
A prosorvagao do patrirnonio é um campo quo tem ganhado proominéncia
a naqifio”, o, nogativamonto, pela ”destrui<;éio ideologica do que foi objeto
8 na cona atual. intorossanto porcobor, no entanto, como esso campo so ar-
uma parto dossos bons, a partir do 1792, particularmente sob o Terror e o
p ticula do forma diforonte nos diversos contextos nacionais. Impflomontatias
govorno do Comito do Salvacao Publica” (CHOAY, p. 97). Assim, segun-
‘ tradicionalmonte pelos estados, as politicas do preservacao trabalham com
do Choay, na ”arrancada do 1789", todos os elomentos necessarios a uma
I a dialética (lembrar-osqueced para so criar uma momoria nacional privile-
aL|to11tioa politica do consorvacao do patrimonio monumental, que nao
giam-so cortos aspoctos em dotrimonto do outros, iiuminam~so cortos mo-
visa ria a ponas 21 consorvacao das igrejas medievais, mas “em sua riqueza
mentos da historia, onquanto outros permanecom na obscuridado. nosto
o divorsidado, a totalidado do patrimonio cultural”, ja estariam reunidos
sontido quo este capitulo acompanha, numa perspoctiva comparativa, a
nn Franco: a criagao do temo ”patrim6nio histérico”, o levantamento do
'- rolacao ontro o discurso da prosorvagao do patrimonio o da historia dla
mrpus patrimonial om. andamento e a existéncia de instrumontos juridicos
I arquitotura no Brasil o nos Estados Unidos.iB interossante porcobor as di-
o iooli ioos ao d ispor da administragao encarregada da conservaoao. (CHO-
forontos aproximacoos ao fenomono da arquitotura, quo, juntamonto com
AY, p. 120). Com isso, so articulariam, ainda no final do Século XVIII, os
uma pratica social diforenciada da proservacao om cada um dos paises,
olomontos ossonciais - tooricos, metodologicos e institucionais — para a
justificam os diferontos tipos do dialogo que so ostabolocom ontro os dois
lnz-1tltL|i1;€io das politicas do patrimonio, que so espalhariam pela Europa e
campos nos dois exomplos estudados. .
polo rostanto do mundo nos dois séculos subseqiiontes, como veremos nos
proximos capitulos. '
l
Sociodade civil e valor ovocativo do patrimonioz a presorvagio do patri-
I
monio nos Estados Unidos
I
. Como om varios paises das Américas, nos Estados Unidos, o inicio do mo-
Vi . onto prosorvacionista estevo vinculado, ainda no século XIX) 21 busca
dlzllma idontidado nacional unificadora, dirociionando-so grando parto do
lntorosso dos agontos onvolvidos para os sitios historicos rolacionados com
op prlmoiros assontamontos ouropous ao longo da costa atlantica ou §liga-
il-
dos ao procosso da indopondoncia om rolagao :1 Gra-Brotanha, om ospocial
lifluolos lugaros associados 2+1 vida do Goorgo Washington, o, om monor
grnu, aos outros prowros daquola opma. Porom diforontomonto do outros
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patrlmonio, quosurgo nos finais do século XIX e ainda so mantém ativa
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Com grando ronomo, a Sadat}; for the Preservaton of New England Antiquities
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(SPNEA), fund a d a por Appleton. 2 O fato é que, até meados do século XX, 1 !.
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Elindos Unidos a to a década do 1960. ..
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llfifil, jtldotls o ortodoxos proveni.ontos da Europa Central o Oriental, quer rival polos sous usuarios: as casas quo Goorgo Washington tinha visitado
dizar, quando aporta aos Estados Unidos uma nova gama do culturas e um século antos, por oxomplo, ja tinham mudado d rasticamonto, o nfio
cores até L?l1l."50 dosconhocidas. Duranto ossos anos, so selociona ram sitios podpm cornunioar ao visitanto a roalidado complota daquolo momonto
patrilmoniais om rolagao dirota com sou potoncial didatico, com o objotivo lnmoro do passado. Nfio obstan to, a nocossidado podagogioa quo so alri-
do ll1L‘LllC£il‘ nos rocoin-cl1og'atl(>s os valoros da cultura dominanto (angio- buiu an palrimonio naquolo momonto oxigia quo o sitio so a proson lasso om
lflxfinlca o protostanto), cujos portadoros via m sua maioria do|nogral’ioa so [HI ontlloaii original) o foi assim quo a lroconslruoad foi adquirindo um
raduair do manoira porigosa. Qfllgglo cada vo/. maior como o tratamonto proforido para a oonsorva<;ao
‘O pllirlmfmlo nos Estados Unidos. (l\l5o 6 do so ostranhar, porianto, quo
Tal uso do Pnirimonio -~ hasoado sobromanoira no valor ”ovooaiivo" dossa
lo pals, o tormo ”irosiai|raqiio)' soja sinonimo do um tipo do ’§"ooonsl
horanoa - volo a signifioal" uma crosconto dopondiinoia na pratioa da ro-
paroial” om proondlda para roouporar o quo so pordou daquolo mo-
conntruigflo o nu ma musoografla quo pormillsso do ma noira simpios intor-
lignitioatlvo.) l
TRIMNit‘! (‘lll.’i‘llR/ii. (imreltuu,;mllH¢'nu,innirmmmhm
ill.‘-ilorm ilu H!‘l]iliii'lill‘il 1' ;|rrm'r'r-twin do mi: mu‘lm"n: illnIo_oo.~
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l"o<;5o do pairimfmio. milhoos do doiaros por John Rookfollor, vai sor também o l\/u!"1'oiml'llislorir
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ll i m porla n to poroobo r l’rrsc'r'vuliou /lrl quo inirodir/. nos Iiistados Unidos a nooao contomporfinoa P
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. ’\l<\\‘ ' ainda quo, mosmo quo dos ”disirilos do prosorvaoao l1isl‘orioa", baslanlo dilumiidos hojo om dia." I
"it 1'. ii I i . t I ~
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I l\l I I ossas modidas, quando
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avaliadas om roiaofio a Aposn r dossos avanoos, 1" iniorossanio porcobor oomo a prosorvaoao do pa-
vital : rr lrajoiorias do outros pa- t lmonlo nos ii:-iiados Unidos vai so imsoar sohromanoira nos ohamados
loros ”ovooalivos">, liigamlo-so os bons protogidos, lnicialmonto, a uma
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llmlnrm rlu urquIh'!m'n v )In'm': warm» do pulnnuwnr rllrllngun
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lnile"|l1 clam do llalqao, que deveria ser pecla;z,ogicamenle lransmilida para V 1 llnttado, valor estético e a busca da identidade nacional: a preservaqllo do
o puhllvo em geral. (‘om isso, surgiram, como vimos, tanto uma pratiea l |mtrlm(mio no Brasil
dv ruvo|1sl|'uq{1o quanlo um tipo do museografia que permitiam, de ma- Um mso bastante diferente vai ser aquele do movimonto ppreservacionisla
nvlrn simples, inlerpretar e comunicar a esse novo publlco, nao oducado, hrnsilviro, que nao so nas‘ce do in telectu ais progressistas em busca da identi-
~* on Qnlores sociais 0 6licos)que originalmente deram lugar a construcao da dade nacional, como também forja a propria tradigao da lwistoria da art|uile-
- nmgflo que ngora os acolhia. Nesta perspectiva, nao é due se estranhar que a tum que se prod ux no Pals. Assim, vai ser na década de(l92U)que a temalica
p|'es1'1‘va1q£iotlo palrim(3nio nos Estados Unidos lance "mao freqiientemente
do pweservaqiio do patrimcmio - expressa como preocupacao com a salvacfio
du reuursos pedagogicos e interpretativos, como a pratica do@?e11actmcnt,l dos vesligios do passado da naciio, e, mais especificamente, com a prote<;fio
I representagao teatralizada de dos monumentos e objetos de valor historico e artistico, comeqa a ser con-
eventos historicosf’
slderada politicamente relevante no Brasil, implicando o envolvimento do
Essa perspectiva tem sido recebi- Ilslado.“ Se, neste momento que cerca as comemoracoes do centenario da
da com muita desconfianga pela imlvpelidenwcia nacional, ja temos os grandes museus federais em funciona-
academia, que aponta 0 carater menlo, m ulliplicam-se na imfprensa denuncias sobre o abandono das cida-
de consumo a que a pratica da des hisloricas e a destruii<_;ao irremediavel dos "tesouros da l\la<;Eio”.
preservacao submete a historia,
No caso brasileiro, cabe notar uma peculiaridade: nao vat) ser os setores
que normalmente é ”desconte><-
vonservadores, m_as algunsgntelectuais modernistag que elaboram e im-
tualizada” e ”direcionada”, sem
plemenlam as pioliticas de preservacéio do pat1‘im('5nio)l\leste sentido, (-
grandes preocupagoes com a au-
importante lembrar que o modernismo, movimento renovador da cultura
tenticidade, a verdade ou com o
no Brasil, teve como caracteristica geral, ao lado de uma critica exacerbad a
1 apuro das informacoes apresen
‘ flu
Flt‘ manllvera 21 mar gem da cultura hegemonica do Iiqoes a serem aprendi- min J: I Ir H
das pelos arquitetos moder-
No tnso da aiquiletuia, essa leltura particular do passado naclonal tam- nos. Assim, é muito comum
béln vm LIt"-10111 penhai um papel muito lmportante na formulagao tanto na época identificar-se uma
do uma POIIIILEI de pieservacao, quanto de nossa p1‘Op1‘1£-1 arqultetura mo- ospécio de correspondéncia entre essa arquitetura colonial e a arquitetura
CI€'I‘l‘lt"l Iassa poslura, que combina a busca do novo com a revalorlzagéio da moderna, ressaltando-se os seus tracos comuns: simplicidade, austerida-
Iracllgnti, pode ser bem exempliflcada na trajetorla de Lucio Costa, 0 cria- de, pureza, bom uso dos materiais. Nesta linha, chega-se mesmo a se apon-
dor do Brasilia, que, nos anos 1930, vai ser 0 I1dE'1‘ mtelectual da renovacéio I'£1I“.‘~i(.‘l11LPII1£-1l'lQ£iS entre a estru.tura da nossa arquitetura tradicional ~ 0 pau-
nrqtlllelonlta bi asileira Segundo seu depoimento, nos prlmelros contatos :1-pique — e o concreto armado.13 A nosso ver, essa espécie de leitura da
mm o movimonto mod erno em arquitetura, chocava-Ihe o seu carater ab- tradiqfiti proposta pelos modernistas brasileiros encaixa-se perfeitamente
flolullsln, |nl| ansigente e o aparente desprezo pelo passado , que, tambem nnquilo que Antoine Compagnon denomina ”narrativas ortodoxas” da
a pal III do u ma vlagem a Minas e de contatos com a genulna arquitetura modornidado, que, seriam sempre escritas em funcao do desfecho ao qual
Inmnllvlm , apiendei a a respeitar Sua bu sca, a partir de entao, vai ser sem- elas querem chegar - no que séio teleologicas — e servem para Iegitima r
pro :1 do Integral" modeinidade e tradicao, a pa1t1r de uma reflexao sobre uma arte contemporanea que, no entanto, quer estar em ruptura com a
G fllptklfludade de seu campo p1of1ss1onal, a arqultetura, e de sua relacao trndiqfio - no que sao apologéticas.l4
com a realidade brasilelra 12
Dinnle dessa Ieitura do passado, que se impoe no quadro cultural brasilei-
Nesto sentido, os arqultetos modelnos ro do periodo, coloca-se com forca a questao da preservacfio do rico acervo
IJl€lbIIOII‘OS viam-se, na esteira das Io: mu- reprosentado pelas cidades e arquitetura do periodo colonial, que passa a
Iacoes de Lucio Costa, ITILIIIU mais tomo ser vista como irnprescindivel ao processo de construcao da identidade na-
contmuadores da boa tiadicao muslin- clonal’. /\qui 6 im portante lembrar que com a chamada ” RevoIi|<;{1o do 31)”
tiva foiyada ainda na epoca da (olonm :1 quvslao do identidade nacional torna-se também um dos Iocos principais
do que tomo agiladoies vanguaidmlas do novo grupo dominanto, que tenta estabelecer uma politica cultural a
O geslo IL|ILll‘IHld parece esta: (|L|'-.0|1It‘ - partir do I Islado. I ’ara este proposito, engajam-so um numero considera‘|-
do was pioposlgoes, piedominando 011- _ WI do ilitelvcttiais prop,ressislas que tinham tomado parte no Movimento
In eles um LII!-itlll‘H() de npelo A Ilgdt) do Moderno nos anos I920. II inleressanle P(‘I'CL‘I7(‘I‘ como lanlo essa prolt~qiio
pos'~mdo nao aquvle imvdmlo, do Im qtmnlo as priim~ims oqovs do St-rviqo do |’alrirn(‘mio I Iislorico 0 /\rlI.-alioo
gungvrn LId'-IHICII rvlldn pelo eclellsmo Nacional (SPI IAN), orgiio Iedvml do pn-si~|'vm;F1o criado em W37, derlvum
rnns nquule do arquilelum tolonlnl v Ivar- dIreta|m~|1tedaqueln "narrative: ortodoxri” da Iilslorln a que non |'eI’t-rlinon,
I‘/l'I'IiIMI'5NIl I I 'III,'I‘lII~I,-‘ll. ('nlm'l!|m, pnlllmm, l:mlrunn*uIo.-i
I lmlm In III! unlmh-lmu v ;m'.-in moio rio pull mmmo: r!mIo;._-ii»,
quo oslaliolovin uma ospi’-olo do alinidado ololiva ontro nosso passado Ivar- clonal, o Sl’l I/\l\l passa a oxocutar uma aqao do lioinogonoia/.aqao da ima-
roro o colonial o a arquilolura moderna quo onlao so l’a'/.ia. goln da cidado, oliminando grando parte das lranslormaqoos urhanas o
Ht'Hlll"lt'In osso ponlo do vista, a arquitotura efetivamente brasiloira toria arquilolonicas mais recentes e, com elas, (lnportantes reteroncias da liislo-) ’
t‘o|m'g'ado no ciclo minoiro, no século XVIII, sendo as obras anteriormon- ria local. /\ssim, inicia-se uma acao sistematica, de apagamento do século
Io roallzadas intorproladas como uma transplantacao direta para o Pais XIX, com a exigencia, na aprovacao die projetos de reforma, da retirada do
da I1l‘L]LIIIl‘I'Lll‘t1 do l’orlugal --- uma espécie de “pure-histo.ria” da verdadeira ‘" olo men tos d a a rq uitetura neoclassica ou eclét-ica, como tron toes e pIatiban- "
das. A pa rtir da compreensao da cidade como express?-1o estética, aqueles I
arquitetura brasileira.‘
elomentos sao vistos como perturbadores da unidade desejavel do con- ‘
Corolario de tal tese,
junto, devendo, portanto, ser lfemovidos} Os exemplos dessa acao “corre-
teriamos o mito de que
liva" m ultiplicam—se entao pela cidade, podendo—se citar o conhecido caso
somente a arquitetura
d a rol’orma do Cine Vila Rica)que, em 1957, ganha u.m.a fachada colon ital, ~
barroca ~ além da mo-
oliminando-se os estilemas arquitetonicos _oitocentistas.
dernista, naturalmen~
te - tinha dignidade, 'I‘ambém no que se refere a aprovacao de novas construcoes seguiram-so
$911510 0 5éCl110 9 111910 critérios estilisticos, que procuravam garantir uma Qiomogeneidadl) ao
c entre os dois periodos t‘0l'l|Lll1I'O. Nos prlmelros anos, ainda se admitiam algumas edlficacoes mo-
considerados totalmente dornas, desde que ”de boa qualidade ar'quitet6nica” de acordo com a ava-
estéreis e dignos de es- liaqao dos técnicos do SPHAN. Com isso, acompanhavam-se as posicoes
, quecimento. Assim, nao do Lucio Costa, que, coerentemente com suas conviccoes modernistas, de-
é de se estranhar que o ‘ londia que mais cedo ou mais -tarde 0 SPHAN teria que proibir em Ouro
proprio ato do tomba- l’rolo ’Q>s fingimentos coloniais”)Para ele, nada pior do que a tendéncia,
mento de nucleos histo- quo identificava majoritariamente nos Estados Unidos e Inglaterra, at se
T1905 @111 M11165 Gefais, I roproduzir tudo ”em estilo apropriado”, “até mesmo os interruptores do
@111 1938, QHITE OS ql-16118 I‘ lu'/. olétrica”. Assim, nesse primeiro momento, aprova-se, por exemplo,
Uuro I I rolo ja a ponto como valor decisivo o ”valor‘artistico" e nao ~
0 1/ valo1_ . I . . . .
o conhocido Grande Hotel, pI‘O]€IIO de Oscar Nlemeyer, cu]a lnsercao no
~
IIIFIIIII ll" I-I" WIIILIIIIU, qllh h Vlbildfi, Elnteb C19 111815 Hilda, 50b 0 POIWO C19 I‘ t'on|unto tombado causa polemlca tanto nos melos mtelectuais quanto na
‘ I i I ” -1 . , . ‘ Q ' ‘ > .| ' | i ' /\ 0 - O n
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ALTERNATIVAS CONTEMPORANEAS PARA POLITICAS
on PRESERVAQAO
Ja om I 933, o filosofo Walter Benjamin alertava para a crise da tradiciio,
com a perda do sua transmissibilidade. A experii-ncia, matéria—prima da
cultura tradicional, e quo sempre fora comutnicada aos jovens “do forma
concisa com a autoridado da velhice, em provérbios”; ”de forma prolixa,
com a sua loquacidade, em historias”; ou mesmo ”como narrativas do
palsos longinquos, diante da lareira, contada a pais e netos”, emudecera.
"Que foi feito do tudo isso?”, perguntava-se o filosofo, lancando seu olha r
mais uma vez para um mundo que desaparecia.
Quem. encontra ainda pessoas que saibam contar his-
torias como ela.s devem. ser contadas? Que moribun-
dos dizem hoje pala.vras tao duraveis que possam ser
transmitidas como um anel, de geracao em geracao?
Quem é ajudado, hoje, por um provérbio oportuno?
Quem tentara, sequer, lidar com a juventude in vocan-
do a e><perién.cia?'1
Ilse-la ruptura corn a tradiciio, a existéncia doe uma lacuna quase intrans-
ponlvol ontro o passado e o futuro, vivida pela geracao do periodo en-
tro guorras ouropeu e refletida com muita agudeza na obra de artistas o
pensadoros como l\/lusil, Kafka, Brecht e Hannah Arendt, é hoje uma ox-
porlencia compartilhada por grande parte da humanidade. A sociedade
Industrial moderna, com sua logica da obsolescéncia programada, destroi
Illlstelnalicamonte qualquer qpuadro estéivel de referéncias, num processo
do ronovacao incossanto do
Lmos o costumes, imagcns
ti valoros. Nola, nada pode
L‘It.ll‘J‘ mais do qttt‘ o tempo
nvcossllrio para sor consumi-
do polo morcado, o inosmo o
I
mnls novo dove so tornar ra-
pldnnionlo antiquado. Nosso
\
qundro, a nrquilotura o a pro-
prla cidado, quo om princlpio
Conntltulrlam t'Hll‘UI'LII'€lH du- ..Z' c, I'!IlIH|', IIVIIIHI
FA'I'IiIMI5NIII t'III.'I‘IIR/II. (‘am-,~m,,,' ',,,”H,.m,‘ ;”m.mm,”M /lII¢*r'HnIIr'mnImlIi'ln;ml'rIllc‘nnjmlw]mIIII¢'mt|Ii!;1rrnrr'tm‘iI|l
rtlvoln, pnssmn, lamhom, a fazer parte daquela "via das cinzas” apontada Ilcldado promolida polo de-
por I’noIo l'ortl1oghosi.*‘ Assim, a cidade, agora regida quaso que oxclusiva- sonvolvimonto lt't':1t>|t’igic(>,
menle por uma t*ol1ct=|.1t;‘ao mililarista, dostroi memorias individuals e coleti- Idelas como as do moderni-
van, ellmlnando os recantos om que estas so aninhavam: ”na sua preocupa- dado e progresso continuem
Qflo contra os espacos inL'iteis”, const-ata Ecloa Bosi, ”eliminam-so do vez ”as a dom I na r, incon testes, a cena
roonI,rIincie.1s onde os parias so oscondom dos tentos inoturnos, os batentes Iatino-americana. lim nosso
mt r profundos das janelas dos ministérios, onde con I i nento, on d e cooxistem
os mendigos dormem”.4 mtflltiplas logicas de desen-
volvimenlo, a economia e a
l\lo final da década de 1930, ao visitar o Bra-
polllica seguem perseguin-
sil, o antropologo Claude Lévi-Strauss se es-
do, do forma atabalhoada,
pantou com a rapidez da transformacao das
objelivos modernizadores,
cidades nas Américas, que, para ele, jamais l.-rim)‘: Ifon I‘
som submetor esses ideals a
incitam “a essas férias fora do tempo” nem I'4'Hll, IIi'I|I
nocossaria critica. l\lesse sen- ll mill‘ lfl
conhecem "essa vida sem. idade que carac-
Ildo insistom as campanhas 1ft" I'IIrII
teriza as mais belas cidades, transformadas
ololtorais mais recentes, bem como as mensagens politicas que acompa-
em objeto de contemplacao e de reflexéio, e
nham os freqiientos planos de ajuste e reconversao, que prescrevem, entre
nao mais em simples instrumentos da fun-
outras medidas, a incorporaciilo dos avancos tecnologicos, a modernizacao
, ciio urbana”. Nas cidades do l\lovo l\/Iundo,
o Inlornacionalizacfio da economia, a superacao, nas estruturas de poder,
l impressiona-lhe a ”falta de vestigios”, que
do aliancas informais e de outros ”desvios pré-modernos”. Domina em
I s r reconhece como um elemento de sua signifi-
nosso continente, sem duvida, aquilo que o pensador italo-argentino Ro-
Caqflo: a sua obsolosconcia é rapida demais, significando 0 passar dos anos
berto Segre, ao analisar a revolucéio cubana, chama de "mito do novo”,
I para olas nao “u ma pro"mocEio”, como na Europa, mas "uma decadéncia”.
aquela idoia do que a_ grande tarefa consiste em projetar para o futuro,
Pois nao sfiio apenas construidas recentemente; sao “fa/.er realidade a distante utopia”, mito reforgado pelo fato de que para
construidas para renovarem com a mesma rapidez n popiilacfio do mundo subdesenvolvido quase tudo esta por fazer e "as
com que foram erguidas, quer dizer, mal. l\lo mo-
men to om que surgem, os novos bairros nem sequer oxpectatiivas e as esperancas contam mais que as reminiscéncias do passa-
sao elomentos urbanos: sao brilhantes demais, novos do".“ llrente a esse quadro, aparece-nos como duplamente desafiadora a
demais, alegres demais para tanto. Mais se peinsaria tart-fa do so formularem politicas de preservacao em nosso continente: so
nu ma feira, numa exposicao internacional construida
para poucos moses. Apos esse prazo, a festa termina e por um lado so Iida com um quadro volatil e marcado pela ideologia da
ossos bibelos fonocem: as fachadas descascam, a chuva modornidado, por outro 1150 se pode escamotear o grando deslocamon to
e a fuligem tracam sous sulcos, o estilo sai do moda, o que n propria idéia do patrimonio tem sofrido nos ultimos tempos.
ordenamon to primitivo desa parece sob as demolicoes
oxigidas, ao lado, por outra impaci0nc.ia;"’
“NI-‘lo silo cidades novas contrastando com cidades velhas”, con'clui, “mas Patrlmfinio, a ampliacfio do conceito
Cldrldos com ciclo do evoluciio curtissimo, comp-aradas com cidades do ci-
fllu lento”. Lovi-Strauss rogistra com precisao, a nosso ver, a dinamica des- (i)rIglnaImenl"o ”l1eranca do pal" no direito romano anligo, entondia-so
I9 nosso conario som muita espessura, om quo os sontidos do vivido mal Como patrimonio do um particular o complexo do bens quo tinham algum
Eol1!lt2gLtt'I11 so flxa I‘ o sao logo e|'ll.!,"oIl’ados pela logica da tloslrtlicfio model'- valor oconc"nnico, quo podiam ser objeto do apropriacao privada. (/\ssim,
nlmadora. Ii 0 bastanlt~ intorossanle o signillcalivo quo mosmo hoje, quaso nvgallva|*nt~nlo, doliniam-so como coisas extra-patrimonium aquelas quo,
50 anos dopois, quando so olha com profunda dosconlianca para o projeto , .
lagrmlas ou pertoncontos no Ilstado, nao so prestavam a esse tipo do rola-
modorno, o uma suspolla ampla ahrango dos ideals do I lumlnlsmo a lo- ela: o ar, a tlgua, os osttidlos, os toatros, as pracas, as vlas p(|bIlcas.") (‘om o
MM:-‘NIH
C‘UL'I‘IIRAI. ~ Cm-irvllmi, lmlll‘-Iran. Innlrmmmlnn I
V Allmmllmw rimlrnumrrlmws ]IIlI'II pullllmn III‘ ;mwr'rruo1n
do ldontifica r um elenco limitado de excepcionalidades. Aqui nao parecia Nosso son tid o, a questao do patrimonio, como diz a ”Carta de Ouro Preto”
havor dfivida também quanto ao papel (decisivo) que cabia aos peritos: do I992, “dove superar a abordagem historico-estilistica e ser trabalhada
aloln da incumbéncia da propria delimitacao do campo, eles tratariam de dontro do u ma concepcéio que integre as questoes socio-economicas, técni-
flscalivm, restaurar o consorvar os bens identificados. Quando, porém, Cml, estéticas o ambientais”, devendo—se considerar qualquer intervenciio
osl‘ende-so do maneira tlio significativa o campo de abrangéncia do cha- I sobre o p,".\trim6nio como uma agao sobre o presente e uma proposta para
mad o patrimonio, as coisas mudam de figura: nao é mais possivel exercer o futuro.‘-"
esse tipo do ”controle esclarecido” sobre tao imenso dominio. Assim, ins-
trumontos como o tombamento, que se mostraram importantes (decisivos
mesmo, em alguns casos), num primeiro momento, passam agora a expor, A cidade como patrimonio ambiental urbano A
do uma manei.ra cruel, suas limitacoes e tem, a nosso ver, que ser revistos
ll-it
I5 luv. do novos condicionantes e critérios." Coloca-se no horizonte, clara- Consldorando a amplitude do patrimonio cultural, é muito importante,
mente, urn novo e grando desafio: forjar mocanismos que reflitam a con- Enter-1 do mais nada, quo so facam alguns recortos sotoriais para quo so
co|;n;t‘lo ampliada o procossual do patrimonio cultural. passam pensar cstratégias especificas para cada uma do suas rogifies. ll
ftmdamontal tratar do forma diferenciada os diversos suportos da memo-
Com Isso, parece-nos que, para so pensar hoje em preservacao do patri- rla: nao podomos querer aplicar a cidado, por oxomplo, os mesmos crite-
monlo, faz-so importante considerar, antes de mais nada, a amplitude do rlos do proscrvacao que so aplicariam a um quad ro ou a um docurnento.
pnl‘rl|nt'mio cultural, quo dove ser contemplado em todas as suas variantes: Nos!-to sentido, analisomos rapidamente a posicao ospecifica da cidade,
Cloveni-so trabalha r todos os d iversos suportes da momoria —— as edificacoes nvallando, a partir da ampliacao do conceito do patrimfinio, a questao do
é on ospacos, mas tambem os documentos, as imagens o as palavras. Nes- iun preservaciio. ‘
so sentido, a quostiio do patrimonio dove deixar do ser oxclusividade do
alguns profissionais quo tradicionalmenle so ocupain com ola, passando a SE podomos classificar a cidado como um ”artofato" humano, como um
exlglr a composlcao do ot|uipes inlordisciplinares amplas o a ativa pa rtici- bem Itlnglvol Imovol, t" importanto porcobermos, no entanto, que so trata
paqéo da sociedade. Na modida om que so amplia o proprio conceito do do um artefato sul genorls, do orlgom coletlva e om processo do constanlo
b trannformacao, quo so (Ill por HLll1Hl‘Il'l..lIQlflU do carnadas. So, como dlz Carlos
FATRIMONIU (‘INTI CYIIIWHIIII, ]"l|IH!h'm4, Im|fr|m;p”f||g ' Altvrvmflmm 1-nnlwmmrrhmnn para pnllllmn dv pn*urr'rvm'nu
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nr PFk'HUl‘V£1q5() do patriménio, sem cair nas
I-\.
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llmilaqoos da visao tradicional. Pensar na
vldndu como um ”pa‘trim6nio ambiental" é
.§!1 1' rrrrt will 1!:
ponsar, antes do mais nada, no sentido his- /\*Ic'/t i'lc', fit‘!
l‘c‘n'ico 0 cultural que tem a paisagem urbana nu
.’H( Hi
' ' em sou conju n to, valorizando o processo vital que informa a cidade e nao
aponas monumentos ”excepci0nais” is0lad0s.17 -
Nvlson ls*0|'|*uire.1 dos Santos, as cidades séio constituidas por um processo ” Assim, niio ha, do fa to, que se pensar apenas na edificagéio, no monumen to
I; . I
vontlnuo do ”agroga;;ao de trabalho humane a um suporte natural”, é 0
1
llsolado, t0st0munh.o do um momento singular do passado, mas e preciso,
importanto quo purcobamos que elas vivem se refazendo e se transfor- antvs do mais nada, percebe-1" as relagoes que os bens naturais e culturais
ma1m.1o”.“* Por outro lado, so esse processo de transformagéo acompanha. aprusvntam ontro si, e como 0 meio ambiente urbano é fruto dossas rela-
a historia das cidades, com cada geragao intervindo sucessivamente no Qfivs. Aqui a on faso muda: niio interessa mais, pura e simplesmente, o valor
lucido prw:><islonto quo rocobe como heranga, com a vitoria do capitalis- m‘qLIilvl‘<"mico, historico ou estético cle uma dada edi‘fi.ca<;z'io ou conjunto,
mo, v principalmuntu com o seu desenvolvimento mais recente, passa a A- mm: vm ponsar como os ”artefatos", os objetos se relacionam na cidade
prvdominar na ocupagao urbana quase que unicamente 0 valor econo- para pvrmitir um bom desempenho do gregarismo proprio ao ambionto
|'r1lvo-vspvculalivo, om dotrimonto do todos os_ outros valores humanos, i'2
i
u|bm1o. lam outras palavras: e importante perceber wmo eles se articu-
Q i 1 I 1 L w
J
nlmbolicos, politicos, etc. A terra passa a ser vista agora como mais um - ' lam vm lvrmos do qualidado ambiontal. Preservar o patrimonio ambiontal
bc.'111 vspuculalivo, o quo provoca resultados dcsastrosos em termos de Urbano 1", vomo so podo porcobor, muito mais que simplcsmcntc tombar
L]Ll11||dndv do vida das cidades. -
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ten tar l'l&1l‘lT'lUl'll'/.t1l‘l-lllflfll-I e odifieaooes preexistentos com as novas, ulillv.an-
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do-so para isso os instrumentos urbao|'stioos mais gerais, como o Plano
Dlretor para o municipio, a Lei do Uso e Ocupaqao do Solo, os codigos do
obras o posturas, entre outros.
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le, etc. Assim, é l.’nLlllO-CO1'1'l.L11Tl lamentar-se tempos depois a demoligao de rllsmos que permitam a real e efetiva participagéio dos agentes envolvidos
edltlciagfves ou conjuntos considerados ”nao—significativos" no processo, em todos os seus momentos: na elaboragao, implantagao e
gostao dos projetos a serem eventualmente desenvolvidos.
Pa rl"ll'|d o, portan to, dossas considera.<;6es preliminares, parece-nos possivel nu
cultural) caraotorlstloo do nossa era, na qual so torna cada vov. mais eviden-
to a oom potloao entre valoros d ivorgontos - artistioos e estéticos, historicos,
ooonomloos, olo. - em toda operaoao do prosorvagao. As cortozas quo pa-
reolam oxistir om nosso ca mpo, onquanto ainda ostavamos sob a égido do .-l
F .
H.
E, do fato, e intorossante porcobor, em primeiro lugar, como acontecem
doslocamentos ja dontro dos proprios campos tradicionais da avaliacao do
paltrlmonio, quais sejam, o da ”oxcopcionalidade” do valor artistico e o da
"momorabilidade” do fato historico. No caso do valor artistico, embora
la so soubesso, polo monos desde a ”Critica do Iuizo” do Kant, do carater #3?
I
-\ .
rloa men to clrounscrito dosto tipo do valor. Analisando essa nova situacao,
Steven Connor da London University, em seu livro seminal Teoria e Valor -'-."".‘l!ht
CIlllurnl (‘l 992), nos mos-tra os desafios — e os paradoxos — colocados para o
ponsamonto contompora.noo - no seu caso, para a teoria da literatura e os
estudos culturais - quando a nogao tradicional do valor artistico é dosloca-
Lla o/ou substituida pela n.ogao mais ampla, do base antropologica, do va-
lor oultural.-“ No campo da historia, por sua vez, vemos aparecer também no distrito do Watts em Los Angolos, hoje listadas como patrimonio da
uma nova manoira do so interprotar os fatos historicos, estabelecendo-so cidade, do Estado da California e dos Estados Unidos, pelo l\lational Pork
urn dlalogo rico com outros campos das demais Ciéncias Humanas tais Service, desde 1990. Soberbo exemplar do arquitetura nao—tradicional, es-
Como a antropologia, a psicologia, a lingiiistica, a geografia, a economia e, sas torres, também conhocidas como Nuestro Pueblo, sao uma coleggao do
sobretudo, a sociologia. Nosso campo, o foco afasta-so da historia politica l7 ostruturas interconectadas, duas das quais atingem a altura do mais do
o omorgom novas perspectivas, que vao desde um interosse pela cultura 30 metros, construidas em cimento e matoriais diversos, como vidro, cacos
material (alimontacao, vostimenta, habitagao, entre outros), até um espe- coramicos o ferro. Trabalhando som equipamento apropriado e também
clal lntorosso pela cultura e pelas montalidadesfi Assim, vamos ter em som um projeto predeterminado, Rodia construiu aquela estru.tura do so-
Elmbos os ca rn pos - o da estética e o da historia, doslocamentos tao funda- nho ("I had in mind to do something big, and I did it.” — "Eu tinha om men-
mentals, que rocolooam do forma também fundamental a avaliagao do que to fazer algo grando, o consegui-"), com suas proprias maos, utilizando
seria estotioa ou historicamento significativo, o que so rebate naturalmento principalmento restos danificados do ceramica do l\/lalibu, onde trabalhou
no Ct‘llTl po do pa trimonio, no quail so passa do uma nocao restrita e bastan- por muito tempo. Na ostrutura so percebe o carator do colagom, podondo
to dolimitada do ”patrimonio historico o artistico” para uma nocao muito so ver, inclusive, restos do vidro
ampllacla - o, as vozes, proteiformo — do ”patrimonio cultural',’. ,_ .___.___£ verde, com marcas das garrafas do
bobidas - 7Up, Squirt, Bubble Up e
O fato o quo muitos dos bons hoje protogidos - o listados como patrimo- Canada |)ry.
nlo cultural »-- sequor seriam considorados passlvois do qualquor tipo do
protoqilo al gu mas dooadas a tras. Va rias comprovaooos dosso dos|ooamon- llxplicamlo o processo do atribui-
to podem ser lacilmonto oneontradas nas aooos dos orgaos do prosorva- qilo do valor a tal ostrutura, o do-
¢&o nas Elllimas décadas, quando, por oxomplo, so protogom oxomplaros oumonto olloial quo llsta as torros
"exoé\ntrloos" do t1l"t]tlllt‘l'Lll‘t1 vernacular, obras do indlvlduos t‘UlT'lUStll.1tll() no Nnlimml l<¢'gisIrr lg/'llls!ori<' Plu-
Rodia, lmlgranto ttaltano quo do 1921 a W54» oonstrulu as Watts Towors, rm (Roglstro Nacional do l.ug,aros
l'.'l'l'lllMl‘INl( I l 'lll-'l'llll.'ll. {hm rlhm. ;mIlllnm, lHHlHlH!c‘lll|lH l UH"! ummu l'!lll|ll'N ’|ll'll'lll’lll*4ll|'l lc'llH|H*v llH'1]lllIlllHl'Illlllllllplllllllllllllll
aloe-4, lod.-is proonoliidas do onloilos, milllaros do oaoos ooloridos aplioatlos, los inlangivois dos bons culturais, latoros quo lainlaoln lornam cada vow,
numa tlooorat;ao luxurianto. l\luma domonslracao cabal da ampliaoao do mais nooossario so oxplioilar a oporacao do alribuigao do valoros sompro
oonooito do palrimonio, osto produto da ii'1u1gi|1ac:.i<i popular foi tombado subjaoonlo no campo do patrimonio.
polo lnstituto lisladual do l’atrimonio /\rtistico o Cultural (ll\llrll’/\('), da
\
que chama a atoncéio para classificada como patrimonio nacional, registrada através do Procosso n“.
os lacos irnateriais, sociais (ll45t).()()2945. No site do ll’HAl\l I6-so a lUl1Cl£llT10l1l'flQfl()Cl0SH€l distincao:
e nao apenas para a dimen-
A Feira de Caruaru é um lugar do momoria e do conti-
sao lisica ou as construcoes nuidade de saberos, fazeres, produtos e exp rossoos ar-
que compoem o conjunto.
Av
mento, tan to quanto atividades comerciais". O texto do site da UNESCO trimonio material: nao é fortuito que o ICOMOS tenha tentado promover
1150 doixa d uvida do que esta sendo valorizado pela classificacao daquele sou simposio internacional em 1999 no Zimbabue em torno da tematica
luga r: da dimensao imaterial do patrimonio material. (O encontro aca.bou nao
acontecendo devido ao estado de guerra civil que se agravava no Pais no
Localizada na enxtrada da Medina, essa praca trian-
gular, que é cercada de restaurantes, bancas e edifi- momento.) Em outubro de 2008, no entanto, a 16g Assembléia Geral do
cios pt'1b.li.cos, oferece atividades comerciais e varias ICOMOS e seu 169 Simposio Cientifico, no Canada, abordou tema seme-
formas de entretenimento cotidiano. E um local de lhante, "O espirito do lugar: entre o tangivel e o intangivel”, onde se mos-
encontro tanto para a populagao local quanto para
as pessoas de toda parte. Durante todo o dia, e noite trou como o tema do lugar unifica justamente esses elementos tangiveis e
adentro, oferece-se u.ma grande variedade de services, intangiveis. No documento sintese daquele encontro, pode-se ler:
tais como tratamonto dentario, medicina tradicional,
lei tura. de sorte, oracoes, tatuagens de henna, carrega- O espirito do lugar é definido como os elementos tan-
dores de agua, frutas e comidas tradicionais, podem giveis (edificagoes, sitios, paisagens, rotas, objetos) o
ser compradas. Além disso, podem se apreciar muitas intangiveis (memorias, narrativas, documentos escri-
performances dos narradores, poetas, encantadores tos, rituais, festivais, conhecimento tradicional, valo-
die serpentes, musicos berberes (mazighen), danc;ari- res, texturas, cores, odores, etc.), isto é, os elomentos
nos gnaoua e tocadores de senthir (hajouj). As expres- fisicos e espirituais que dao significado, valor emoqao
soes orais sao continuamente renovadas pelos bardos e mistério para o lugar. Mais que separar o espirito do
(imayazen), que costumavam viajar através dos terri- lugar, o intangivel do tangivel, e considera-los opos-
torios berberes. Elves continuam a combina.r discurso tos en.tre si, o ICOMOS tem investigado as muitas
e gesto para ensinar e encantar o publico. Adequan- maneiras pelas quais os dois interagem e constroom
do sua arte aos contextos contempor€meos, eles agora mu.tuamente um ao outro."-5
improvisam a partir dos textos antigos, fazendo seu
llssa constatacao recente de que vai ser o substrato imaterial subjacento
no
Modlflcaqbes no campo do patrimflnioz a introduqao cle novos agentes ”tradicoos". Para ele, tambem a reciclagern e a exploraqéio pela industria
cultural do topicos relacionados a memoria contribuiriam para a expansiio
N0 elilianto, a ampliacéio e o deslocamento do conceito nao v5o ser as das proocupacoes relativas .21 memoria Ana esfera publica, gerando u ma es-
lllnlcas alteraqoes no campo do patrimonio, que sofre outra modificacao pécie do ”cultura da memoria”, que se impoe desde os anos 1980. '7
lgualmente importante, com a introdugao de novos grupos e agentes
(|ll;al<ol'1olders), o quo também coloca em outros termos as bases das politi- No entanto, a nosso ver, este fenomeno nao deveria ser visto unicamen to
can plllbllcas na area. la em 1992, Francoise Choay apontava que ao lado da através dessa faceta n.egativa, podendo—se constatar con.comitantemente
expanslllo tipologica, cronologica e geografica dos bens patrimoniais, o seu. uma efetiva democratizacao no campo do patrimonio, na medida em que,
ptlbllco toria tido um ”crescimento exponencial”, passando o patrimonio em certa medi.da, esse novo publico nao vai ser apenas consum.idor passi-
tile "objeto do culto" a ”ll1Cll:1SlIl‘lE1”.’ vo do produtos culturais, mas atua também como cidadao em relacao ao
seu patrimonio. O fato é que, como tem sido recorrentemente apontado
l7'inalme.nte, o grande projeto de democratizacao do
saber, herdad.o das Luzes e reanimado pela vontade por varios autores, a partir da ultima década do século XX, as politicas
moderna de erradicar as diferengas e os privilégios publicas tém sofrido uma grande modificacao, especialmente em respos-
na fruicao dos valores intelectuais e artisticos, aliado ta aos processos de globalizagao, descentralizagao e reform.a do Estado.“
ao desenvolvimento da sociedade de lazer e de seu
correlato, o turismo cultural dito de massa, esta na A sociologa l\/laria de Lourdes Dolabela, num interessante trabalho “As
origem da expansao talvez mais significativa, a do politicas publicas para a preservagéio do patrimonio”, discute €XE1liEll.'1"l£-1'l"ll'(3
publico dos monumentos historicos - aos grupos de os rebatimen.tos dessa mudanga mais ampla no campo do patrimonioz a
iniciados, de especialistas e de eruditos, sucedeu um
seu ver tanto a ”ado<;ao de novos dispositivos legais e interinstitucionais”,
grupo em escala mundial, uma audiéncia que se con-
ta aos milhoes. (p. 210) quanto a ”multiplicacéio de interlocutores — dentre os quais se destaca a
preponderé‘1ncia das comunidades” demandariam hoje ”alterac6es nas po-
Para a autora, essa democratrtizacao do campo do patrimonio acontece si-
no
l nomico”, gracas a ”engenharia Do fato, tais mudancas vém impactar fortemente a propria natureza das
cultural”, cu.ja tarefa, em ultima politicas publicas na area do patrimonio, que passam a ter um. novo dese-
instéincia seria a de ”multiplicar nho - nao mais hierarquizado - e uma outra logica - complexa - e, por isso
indefinidamente o numero do vi- mesmo, nao mais explicavel pela relacao binaria Estado e sociedade. A con-
sitantes”. Entre os varios autores tralidado do Estado, que tinha sido inconteste desde o inicio da institucio-
contemporaneos que apontam nalizacao das politicas de patrimonio, vai ser abalada e vai sendo crescen-
para fenomenos semolhantes, po-
.-/
temonte substituida, como aponta Pereira, por relacoes contratuais ontro
1 I II ~
deriamoscitar ainda o critico alo- lclstado o coletividades locals", crescendo a im portiincia da ”coordonac5o
mao Andreas l-luysson, quo de- do atoros com intoressos e logicas diforentos”. Nessa nova confjguraqiio,
sonvolvo a ideia sogundo a qual, quo so liga as ”novas*pol|'ticas da cidado", passam a desempenhar papol
| l
mulgaqilo da Constltulqao do 1988, que estabeleceu novas prorrogativas o dos" como patrimonio através do decisoes consciontes e/ou valoros nao
compelénclas as lnstancias do poder: ganha destaque em agendas locals no explicitados por instittiicoes e pessoas, e por razoes que ta mbérn sao forte-
Brasil n abertura de canals do participacao, espagos de co-gestao entre so- mente moldadas por contextos e processos sociais. E nessa direcao que vai
cleclade clvll e Estado. Neste sentido, a Carta Magna ja estabelece em seu aparecer como premente a necessidade de se esmiucar os valores em jogo
proprlo texto, pela primoira vez na legislacao brasileira, que cabe ao Poder na conservacao do patrimonio cultural, o que é tentado por varias “teorias
Pilbllco, “com a colaboracao com a comunidade”, promover a protegao do valor”, que, a nosso ver, oferecem um marco importante na tentativa
do patrlmonio cultural, abrindo, com isso, o espaco para a multiplicacao de se estabelecer fundamentos teoricos mais rigorosos para a area da con-
servacao.
aw
Clo! conselhos por todo o Pals, que passam a ter a funcao de estabelecer
an polltlcas do patrirnonio. Em relacao ao carater legal destas instancias
Clellberatlvas, Moreira ('l999) chama a atencao para as suas prerrogativas,
Cleflnldas pelas leis especificas que os criam: Os valores e suas multiplas matrizes
Os conselhos constituem-se em instancias de carater
deliiberativo, porém nao executivo; sao orgaos com Tal reflexao parece-nos da mais alta relevancia na contemporaneidade, na
funcao de controle, contudo nao correcional das po- medida em que ela nos permite identificar e entender os valores envol-
liticas sociais, a base de anulagao do poder politico. O vidos na area da conservacao, condicao necessaria para a formulacao do
conselho nao quebra o monopélio estatal da produ-
gao do Direito, mas pode obrigar o Estado a elaborar
qualquer politica mais abrangento para o patrimonio. Como sabemos, so
normas de Direito de forma compartilhada (...) em co- uma cornpreensao acurada dos valores percebidos pelos diversos "agen-
gestéio com a sociedade civil. (p. 65). tes” - que definem seus objetivos e motivam suas acoes — pode nos for-
necer uma perspectiva critica para a gestao estratégica sustentavel e do
Segundo Maria de Lourdes Pereira, com os conselhos se rompe o ”carater
longo prazo para os bens culturais. (Na area da conservacao urbana, por
lilarérquico tradicional nas politicas publicas”, ampliando-se "a partici-
exemplo, o conflito de valores torna-se muito evidente quando se anali-
paqfio das comunidades na elaboracao, discussao, fiscalizagao e deciséio
sam, por exemplo, fenomenos como o “suburban sprawl” ou a indiistria do
sabre a execuc.=."1o das politicas de planejamento e desenvolvimento social
turismo). Para se decidir, portanto, o que é patrimonio e para se manter
urbano, incluindo os direitos sociais e coletivos a gestao urbana democra-
nao os bens materiais por si mesmos, mas, como anotamos, os valores
tlca". E1-llamos frente entéio a ”orgaos hibridos”, os quais ”constituem uma
neles incorporados, torna-se necessario examinar sempre porque e como o
nova forma institucional que envolve a partilha de espagos de deliberacao
patrimonio é valorizado, e por quem. “Os governos o valorizam doe uma
entre as representacoes estatais e as entidades da sociedade civil”.2° Aqui
forma, os grupos das elites nacionais de outra, diferentemente das popula-
Illill a grande inovacao: apesar do se erlcontrarem varios tipos de conselhos
coes locai.s, dos académicos ou dos empresarios. Para saber qual a melhor
- varlanclo em relaqao as suas atribuigoes, composicao, jurisdicao territo-
estratégia para preservar o patrimonio cultural, temos que entender o que
rial, Curator gestor, fiscalizador ou deliberative, vai ser o compartilhamen-
pensa cada um desses grupos e a relacao entre esses dife.rentes grupos/’,
{'0 C19 responsabi'l"idades Estado-sociedade civil que representa o elemento
anota a sociologa Lourdes Arizpe?‘
Vlrtladelramente novo nossos arranjos institucionais.
Tal fato vem sendo reconhecido por vari.os orgaos e instituicoes ao redor
~ nu
Natlmml Park Service nos Estados Unidos e da English Heritage no Reine dos tratamentos, etc. No que tange ao ”contexto do gestao”, sao objeto:-1 do
Unldo. Desta maneira, por exemplo, 0 National Park Service coloca como analise a disponibilidade e uso de recursos, incluindo financiamento, pos-
sua ”missa0” “preservar ilesos os bens e os valores naturais e culturais do soal capacitado e tecnologia; a questao dos mandatos e condicfies politicas
slstarna
a de parques nacionais para a fruicao,
" educacao
"' e inspiracao
~ desta e e legislativas; a questao do uso da terra, entre outros. la no que so refere
das proxirnas geracoes” (grifos nossos)? a ”significancia cultural e valores sociais”, caberia se investigar as ques-
N0 entanto, mesmo que o quadro venha apresentando um avango institu- toes centrais do porque e do para quem um objeto ou, lugar é siignificativo,
Clonal, ainda ha muito que se fazer, especialmente no que concerne a pes- para quem eles séio conservados, como se percebe o impacto das interven-
qulsa dos fundamentos teéricos da area. De fato, como mostra relatorio goes, etc. (GETTY CONSERVATION INSTITUTE, 2000). Para o GCI, cabe
recente do Getty Conservation Institute (GCI), persistiria um desequilibrio reconhecer que, infelizmente, a agenda da pesquisa na area da conserva-
entl'e a énfase dada a cada uma das trés perspectivas identificaveis no cam- cao ainda esta centrada nos seus aspectos fisicos, raramente envolvendo
po do patrimonio, a ”conservac;ao fisica”, 0 ”contexto de gestao” e a “sig- a discussao dos significados e valores complexos em jogo, dos agentes e
niflcancia cultural e valores sociais”, com um claro predominio das duas das negociacoes possiveis. Ainda vista fortemente como uma tarefa mais
prlmeiras. N0 que se refere as ”condig6es fisicas”, trata-se de investigar o tecnica que social, a conservacao nao estaria conseguindo estabelecer uma
C0mportamento dos materiais e sistemas estruturais, as causas e mecanis- base conceitual mais solida, atraindo as contribuigoes mais significativas
mos de deterioracao, as intervencoes possiveis, a eficacia a longo prazo das ciéncias humanas e sociais. Dai a necessidade de um marco teorico
>
=
mais solido para se enfrentar essa questao, e a necessidade de se explorar a
i
l
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fundo a questao dos valores como um aspecto particular do planejamento
1
e da gestéio da conservacao.
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j-_-.-_i_‘
-1
oonvorg(‘*noia na suburbanizacao das areas r~¢~|-11,~-03,4 tribuicaci decisiva do pensador norte-americano Edward S. Casey, sous
das cidades, quo corre em paralelo com a u rlianim-
8'9" llil Pt-‘I‘llol‘ia, para transformar a forma regional desdobramentos filosoficos, e mostrando, ao mesmo tempo, algumas do
do concontrica em policiintrica e, finalmente, em algo suas possiveis implicagoes para as politicas de memoria e patrimonio na
i]I‘fl_0l‘l'o, onquanto so permanece dependente de um contemporaneidade. t
unico centro para as funcoes chaves financeiras, go-
vernamontais e de controlef‘
N‘-Ml" ‘ll-lilllm, 6 cu rioso que justamente um conceito como o de ”lu ar” te- O esquecimento do lugar
nha ganho proeminéncia nas ultimas décadas, depois de sofrer umga es '-
ele do longo ”e><1'lio” na era moderna: o interesse académico ela com lpe Com o crescente interesse por essa problematica, cresce também a litera-
I‘olacao quo so estabelece com os lugares parece-nos crescer paralelanlijejla . tura especializada a seu respeito, tratando-se o tema do lugar a partir das
as agudas condicoes globais hodiernas, de uma crescente alostra ao e d: mais diferentes perspectivasfi No entanto, é preciso reconhecer, antes de
4-;
$371-1
uma homoge"neizaca'o geral.4 Ao mesmo tempo, nao podemos agsquecer tudo, uma espécie de déficit na propria definicao do conceito, que decor-
)‘
O
re, como veremos, de sua propria posicao ontologica fundamental. Amos
D seu toxto, corn u ma ospécio do charada: "O tempo 1" u m ; o esp-aco 1." dois
llsso on I»‘llltlltl |.11'1"!‘tndt
~ - , assim,
' pt .-.
not ..,.. ’
nu alguns dos parado><os da p|-o[,|(... - pelo monos dois”, para chama r a aloncao para o ca ra tor do quo denomina
mallcli do lugar, acompanlmado, ainda quo brovomoalo, a partir da Von... ' “ltlliu-prollform;ao" do ospaco.
mnzmowro cuurum - Cnnvvitnn. pulltlvau. Ivlnfrlnrwnhm - A O lugar v an pnltflvnu da rnamdrla .
Q Ilpaqo vai ser, assim, sempre um composto duplo, formado por si mesmo
(“O que quur que ele seja”) e pelo lugar. Para marcar esta diferen<;a muitas
Llflflilnfl - 0 ccrtamente a maioria das linguas européias — vao distinguir entre
“lIPm;0" c “lugar” (por exemplo, "space" and “place”, “locus” vs ”spatim~n”;
"Um" nu "vrzdruit" vs "esPaca”; ”Platz” ou ”Ort” vs ”Raum”, etc.).
nu
-45
por duas razoesz em primeiro l1.|g'a|', fundnnwntnl: vnquanto os modvrnos querem dissolver o luga r no vspaqo,
ela forneceria ”espa<;o" ("espaqo Arlstolvles tenta o outro caminho, dissolvendo o espaqo (”<"Imm") no Iuga r
para ser ocupado”) para tudo que se ("tapas"). Mas qual seria, entao, a sua definigao de lugar? Iii interessanl"u
transforma; em segundo lugar, ela vermos que /\ristoteles vai definir o lugar como um ”contenedor do cor-
seria homogenea ou neutra em sua pos”, ou mais exatarnente, como ”o primeiro limite imutavel daquilo que
constituigao - ”aquilo que esta para Conté|‘n" (Fisica I\/, 212 a 220-22] ). Para el.e, 0 caso exemplar de um lu ga r
receber em si todas as coisas deve seria um in volucro imovel que conteria uma combinagao de ar e agua “jus-
ser livre de toda caracteristica (de si tarnunte como um involucro (vaso) é um lugar que pode ser carregado, o
mesma).” Esta filtima caracterizagao lugar 6 um vaso que nao pode ser movido" (212 a 214-16). Observem que
vai antecipar, de fato, como mostra €‘llHt1 idéia delimitada e delimitadora do lugar traz consigo a suposigéio do
Heidegger, a idéia moderna de um que o lugar é primariamente localizador e que 0 que localiza é uma coisa
espago homogéneo, como veremos flulcu. O lugar é onde uma coisa esta - no qual 0 advérbio locacional “onde”
mais adiante. Platao também vai .~
I
(”;nm") tem o status de uma categoria universal. Mas além de localizar (ou
introduzir a idéia de lugar em seu I
mais vxatamente, como localizando) 0 lugar seria algo "que envolve”, com
pensamento: para ele, a propria agao o resulta do de que um dado lugar vai ser sempre co—e><tensivo com aquilo
da ”ch0ra” com seu movimento de qt-w contémz a sua superficie interior com a superficie exterior da coisa
~ contragao violento acabaria tendo 0 mntida sfio estritamente contiguasz ”os limites sao compartilhados com
efeito do agrupar naquele espago inicialmente indeterminado, os quatro aquilo que é limitado”.'1'1
“tipos” ou “poderes” elementares em quatro ”regi6es” (”ch0rai”), dentro
das L]L|i.’liH a pa l‘L‘CC'l‘i£1lTl. os “lugares (i"0p0i)” particulares. ”Lugar” aqui vem Uma outra questao importante seria a da propria realidade do lugar:
trad uzir o tormo grego ”topos”, que é 0 lugar estabelecido onde os corpos Llmn das razoes que levaria Aristételes a propor que lugar seria real é a
(“H()fH!H'(I”) vf-In a residir, uma vez que foram agrupados com corpos seme- nun i|'1sistf(">ncia de que certos lugares tém uma “certa poténcia (dynamis)”,
llmlfilfes na mesma regiiio. mt medida em que cada um de seus elementos é ”levado para o seu lu-
6
n
nu
gar proprio, desde que nada interfira”. (Fisica IV, 208b10-12). Assim, por
Arlstotelvs, por sua vez, faz 0 "tapas" (e nao a ”ch0ra”) 0 seu foco primario exemplo, so a terra é levada para 0 centro do universo, isso mostra que o
de atengao. No livro IV da na Fisi- L‘enlro do universo teria uma poténcia, e entao deve ser real- Qual seria
ca, o filésofo comenta que Platao Q natureza, entao, dessa poténcia (”dynamis”) que o filosofo circunscreve
em seus en.sinam_entos esotéricos,
tr
av nu
non lugares? N aturalmente nao nos ca.beria aqui uma interlpretatgao cien-
teria declarado “que lugar e espago tlflclsla anacronica — que veria. no centro a causa eficiente do movimonto
eram a mesma coisa". Todavia, se- da terra (como seria o caso da atragao gravitacional, por exemplo), mas
gundo Casey, essa afirmagao faria llm, aristotelicamente, ver nela um constituinte de sua causa formal. Hm
mais justiea aos intentos do Esta- outras palavras: é casualmente significante porque o centro do universo
girita que aos do Platao, traindo a forma uma parte da definigao da terra. Edward Casey interprela assim
crenea aristotélica do que a ”vImrn" essa l'.l|l‘ilT\i'l afirmaeaoz
nao precederia nem mom preemivria
/\ e><pIica<;{io seria a suguinto. Suponha que a 1-ss("m'ia
o ”fo;ms". Tal £1fil‘I'fii1§5() p&Jl‘L‘L‘L‘-H0
_ dvfinidora da lvrra 6 esta r no cvnlro. /\go|"a1'considvrv
com a noqiio caractvristivamvnte uma porqfio dv terra que 6 dvslouldal do cvnlro. Hsln
moderna svgundo a qua] ”vspm;o" porqfio nao esta’! ”|'vali'/.mi|u" vomplvlnmvnlvz nfio 1-slat
vf’luga|"' difvririam um do outro no uvulro, vomo demands n sua vss(‘~m'ia 1;lvl"'i|1idoru.
l’nrn rt-ulimr essa t-ssfixrvial ela lwu-ssiln sv mover em
apt-nas lrivialmvnlv; mus aqui nos rllrvqato no cvnlro. Assim vlv tum uma polfirwin (”r!_l/
dvparmnos mm uma difvrvng'n nntnl:-I") para av mover para u 1':-ntro; vslu pot('m'ln t‘-
alaunllzatln lit‘ l'lHdfl Impede o mov||m'-nlo dn po|‘g‘fio. A
I'A'I'I€IMt5NII I I 'III.'I'III'I/II. ('m|rrIhm. ;mIII/mm. IIIHII‘IHHI'H!|m ' . IIIu_om= r us ;mIIHms Ila uwnnirm
aI1.|aIiv.aqiio (ou |'oaIivaoa<>) da polfmoia c» o movimon- oxlonsao ospaoial lridimonsional. Para olo, o quo a modornidado traz do
Io do quoda da po|"oiio. I\Iolo quo a londonoia movol da novo vai sor o ponsar tanto o ospaoo quanto o Iuga r om lormos "rolacio-
lorra nao c» a ultima causa aqui; a ultima causa c» muito
mais o fim do movimonto -~ e este fim o um oslado do nais”. Para isso, mostra como Descartes aproxima “lugar” (quo idonlilioa
ropouso. Iisla eonfianqa no fim do movimonto 6 carac- oom "posi<;fio") do "espaqo”“(que identifica com ”tamanho” ou "forma"
lorislioa das explicaeoes teleologicas do Aristoteles na do algo), propondo a noqao quo Whitehead denominaria “simples loca-
oi0ncia.)'2
Iizaqfio”, quo viria a constituir o esquema fundante do toda a cioncia do
I'm'n Casey, haveria d uas obsorvagoes importantes a serem feitas nes-
ow
sooulo XVII. Do acordo com esta visao, qualquer ”pedaqo do matoria”, isto
lo ponto. Iim primeiro lugar, o forte cornpromisso de Aristoteles com o 1", qualquor corpo fisico, “esta onde esta, numa regiao definida do ospaqo,
podor do lugar, quo vai provoear uma das discussoes mais frutiferas da o nu ma duraeao definida e finita de tempo, a parte do qualquer reforC~neia
I1IsIoria da Iiilosofia: so nao so tivosse atribuido tal ”dynamis" ao lugar nao ossonoial das relagoes daquele pedago de matéria com as outras regioes do
Valeria a pona o osforqo do tanta discussao a respeito de sua natureza exa- ospaqo o as outras duragoes no tempo”. Colocando a questao em termos
Irl. Ilm so;.',i|ndo lugar, a posar de seu consideravel dinamismo e importan- omlosianos, a "simples localizagao” é a visao para a quail. a ”posigao” seria
ola no dohalo Iiilosofico, o “lugar” perde gradualmente importancia para o o quo roalmente importa em termos de lugar.
“ospaoo" no ourso dos dois milénios que se seguem.
I’ara Casey teriamos a partir daqui a apoteose da visao relacional do es-
flu
Para o ponsamonto grego da Antigiiidade parecia inquestionavel 0 axioma rmqo, quo teria como conseqiiéncia mais imediata 0 assimilar do lugar ao
dorlvado do pita gorico /Xrquitas: ser é ser num lugar, ou de forma inversa, ospaoo: mosmo que pensad.ores importantes do século XVII ainda se sin-
sor soln Iuga r o nao ser, que é citado em versoes diferentes tanto por Pla- Iom oompolidos a tratar do lugar, ele vai se tomando um tema residual.
loo qunnlo por /\ristotoIes. I\/Ias, ali mesmo na Antigiiidade, aparece uma LI I11 sooulo depois, o lugar é um tema nao mais discutido “e muito menos
outra oorloopoiio com Iiiloponus, que n.o século VI a.C. propoe a idéia do Ia|Inonlado" na filosofia e so vai ser retomado no final do século XIX, quan-
ospiioo como u ma extons.5f'1o ospacial vazia, que continuando sua trajeto— do Iiorgson retoma o conceito ao discutir a nogéio aristotélica do lugar em
rla nlravos d a I dado I\/Iodia (onde, por exemplo Hasdai Crecas e Thomas sua iIisso|*tm;"a<» do I888. Para o filosofo, este desaparecimento nao seria
Iirmiwardino insistom na in finidade espacial de Deus), atinge um ponto no Iorluilso, podendo ser abordado por dois éingulos complementares: primoi-
I'lonnsoimonlIo onde um axioma completamente diferente cativa as men-
Ios I'IIosol'Ioas (tanto quanto as eiontificas e as teologicas): ser e’ agora ser
no ospaoo, onde ”ospa<,;o” significa algo nao—local e nao-particular, algo
quo lom pouco a vor com a contenqao fechada e tudo a ver com o infini-
to. /\Ioxandro Koyro doscroveu muito bem essa tran_sfo.rmaga'o radical do
ponsrmionlo, esso triunfo do espago sobre o lugar, como um movimonto
“do um mundo Iochado para um universo infinito.” Para ole vai ser no
soolllo XVII quo so subsl"itui a coneopgao do mundo como um todo finito
o bom ordonado, no qual a ostrutura espacial incorporava uma hiorarquia do
pol‘loI1,'ao o valor, por aquola do um universo indolinido o mosmo infinito, nao éi ,-/
mais unido por sL|bo|1Iinaoao natural, mas unillioado aponas pola idontidado
do sous oompononlos o Iois basicos; o a subsliluiqfio da oonieopoiitw arislololioa
do os|1ng'o romo uma sorio diloronoiada do lugares dontro do mundo ~ pola
goomolriu ouolidiana uma oxlonsao ossonoialmonlo inlinila o Iiomogonoa o
do ngo|‘n om dlanlo oonsidorada oomo idonlioa ao ospaoo roal do mundo. '4‘
rnmonte, 0 "lugar" val ser abservldo no ”espaqe” come e tema dominan- gar tanto a ordem do tempo quanto ae espage geométrice. Haveria, no entanto,
III do discurso eurecéntrice; ”cemparado com a extensae sem frenteiras e "um caminhe para fora desse duplo vlncule, que censeguimes nos impor do
Igullmente dlstribulda do espage, 0 lugar vem a parecer meramente paro- forma tile inexeravel e téie destrutiva?", se perguntava 0 filesefe entae." Como
quial, uma matéria de censideraeae particularmente limitada." A crescen- urn fenemenelege, e caminhoestaria, a seu ver, numa ”recenst1'tui<;ae" justa-
te flcllidacle com que se passa a usar de forma intercambiavel es termos mente daquele elemento mais subestimado - a experiéncia vivida do lugar, a
“llpaqe" e "lugar" vai ser um sintema desta ”hegemenia absorvente do partir da qual desenvolve, entae, uma espécie de ”entelegia do estar-no-lugar”.
mundo especial". Um segunde nivel, no entanto, poderia ser encontra- Para Casey, 0 ponto de partida — fenemenelegice — vai ser 0 fate de que, embora
cla num progressive desencantamente (e terror mesmo) com a necae da a medernidade seja marcada pelo ”esquecimente” do lugar, pelo totalitarismo
Inflnidade espacial, aparecendo aqui um subproduto curioso: ae mesmo do pensamento quantitative-mensuravel sobre o espace, dominante no Oci-
Iiimpo em que o lugar se torna uma ”parte do espago”, para usarmes a ex- dente, seja na filesefia seja na fisica eu mesmo em disciplinas menos esotéricas
preasfio de Newton, 0 seu ”remanescente fantasmatice” se transmuta em come a arquitetura e e planejamento urbane, 0 mundo em que habitamos efe-
“localiza¢€io", um residue esvaziado da antiga idéia de lugar, desvestide tivamente, nesse mundo vivido, vai ser censtituide de “lugares” (per exemplo,
de qualquer peténcia que lhe atribuia, per exemplo, Aristételes. Para essa nossos lugares pessoais, sagrados, etc.), e nae de um espage absolute eu infinite
transfermaqae, a contribuigae de Leibniz vai ser decisiva, na medida em come representade na ciéncia moderna. A seu ver, e lugar vai justamente loca-
que desenvelve a negae de que 0 espaco é ”alg0 meramente relative": se o lizar as coisas ”em regiees cuja mais completa expressae nae é nem geemétrica
upaqe e 0 lugar sao ambos inteiramente relacionais, uma mera ordem de nem cartegrafica”, contendo “es proprios elementos eliminades na planifermi-
peritos coexistentes, entae nae se retém nenhuma das propriedades ine- dade da ‘mera localizagae’ ”: identidade, carater, nuance, historia. Felizmente,
rlnlres atribuidas ae lugar pelos filesofos da Antigiiidade ou do inicie da 0 lugar come fenomene qualitative nunca teria desaparecido cempletamente
moclernidade, as propriedades de center, sustentar, suster, reunir, situar no pensamento ocidental, e tem se reafirmade recentemente em campos como
(“aituaq€ie" em Leibniz nao situa de fate; ela apenas pesiciena num nexo a antropelogia e a geografia cultural, e entre pensaderas feministas como Luce
de relaqoes). Aqui estames frente ae que Whitehead denemineu “Fallacy of Iragaray. O mundo permaneceria, argumenta Casey, ”minimamente, e para
Misplaced Cencreteness”, que significa, neste caso, a perda tanto da particu- sempre, um mtmde de lugares”, sendo um mundo “sem lugares” téie "impen-
lnrlclade cencreta do lugar quanto do absolute abstrato do espace infinite sével quanto um eu sem cerpo”.1°
-- I a dissoluqéie de ambos no vazio da mera ”lecalizagae".
C0111 Isso, chegames ae argumente principal que Edward Casey vem desen-
volvendo em sua obra: 0 esquecimente da moderna filesefia em relacae ae As peliticas do lugar
lugar, dande-se, ae centrarie, prioridade ae tempo e ae espage geemétrice.“
Delores Hayden abre seu importante livre The Power of Place (1995),
Para 0 fenomenelogo Casey, Descartes, Newton, Leibniz e Kant, entre outros,
relatanclo uma centrevérsia entre e secielege Herbert I. Gans e a cri-
tarinm centribuide para a apoteose do espage, deixando-0 desembecar na ge-
tica de arquitetura Ada Louise Huxtable que,
ometria lmalltica, calcule matematice e ”descerperificagae” humane, e 0 lugar
apesar de ter se passado nos anos 1970, cen-
Vll lende, neste processo, rebaixado e assimilade ae espace, perdende es seus
tlnua atual no campo da preservacae do pa-
poderes tradicionais de "cempreender, abarcar, sustentar, reunir e situar."
trimonie, celecande-nos questoes ainda nae
(“mc0mpassing, holding, sustaining, gathering and sz'tuating"). Neste neve uni-
totalmente reselvidas. A pelémica cemeea Tl" '°W"'°' Fl."
vmo, universalidade, generalidade e hemegeneidade neutra prevalecem so-
quando Gans ataca, no New York Times, a pe-
bl‘! I diversidade, unicidade e cenexaez qualquer lecalizacae é tae boa quanto
litlca de preservagao desenvelvida pela Lan-
qtlllquer outra, na medida em cada uma é apenas um ponto matematice, uma
dmark Preservation Cornission de Neva Ierque,
pentqlo calculével eu um sltie abstrato num plane eu num mapa.
lpentande que ja que a mesma tendia a "pre-
Num livro anterior, Getting Back into Place: Tbward a Renewed Understanding ofthe M881‘ as mansees dos rlces e edlflcies projeta-
PIm~W0rId, do 1993, Cuey jé apontava a crescente clependéncia moderna ae del por arqultetes fameaoa", ela preaervaria
f’pr1ncIpalmente a porqle do olltc do pnndo ‘tho I ‘moor sf Plum
tempo do 11165-10 0 n cronognmu 0 In-nmtava a aubnerviéncia dn noqlo de lu- I totem ttull/dfllt I
.
MTRIMONIO CULTUML - Canrvttel. puttttrna. Instruments: - _ 0 timer n an pnttttonn dn mvmdrtn
arquitetonico", permitindo ”o desapare- sim: tarnbém teria protogido 26 distrites historieos, incluindo nolos
cimento da arquitetura popular". "Esta 11.(I()() edificacoes, cuja maioria poderia ser definida como "vernacu-
politica de patrimonie distorce o passado lar". Gans respondeu a Huxtable num segundo artigo, defendendo
real, exagera a riqueza e denigre e pre- uma perspectiva mais ampla para ad preservacae, que encarasse as
sente", conclui.'I7 Na ecasiao, Ada Louise ”edificac6es comuns” come parte de uma "historia publica”. Anali-
Huxtable, critica de arquitetura, membre sande a lista de bens pretegides em Nova Iorque, ele netava um claro
I do Censelhe Editorial do Times e ativis- vies de classe: dos 113 edificies preservades pesterieres a 1875, "I05
ta de preservacao, defende a Cemissae, eram de arquitetes cenhecidos e 25 deles de uma unica firma (l\/lcI<im,
alertando que ”estigmatizar monumen- Mead and White); a maior parte deles nae era acessivel ao publico, 91
tos importantes de arquitetura come pre- eram lecalizades em Manhattan e 17 dos 26 distrites historices foram
dutos dos ricos, e a atengéie a eles come censtruides como bairros de rices.
politica cultural elitista é uma perversa
distercae da historia, que nae serve a nin- Podemes encentrar uma critica semelhante no Brasil nas palavras de Car-
guém... Essas edificacoes sao uma parte los Nelsen Ferreira dos Santos, que em 1985 apontava as limitacoes d.as
priméaria e insubstituivel da civilizagéie. Singularidade estética é tao peliticas de preservagae em curse no Pais, onde es técnices do patrimonio
importante quanto expressae vernacular.” Ela também argumentava ”I:eriam. o direito (e poder-saber) de analisar edificios e pronunciar veredic-
que além do edificacoes menumentais, a Landmark Preservation Camis- tos”, realizando uma espécie de ”a<;ao sacerdotal” com a qual ”atribuiam
carater distintive a um determinade edificio e logo tratavam de sacraliza-
lo frente aos respectives centextos profanes”. E, para isso, consagravam,
via de regra, os produtos da elite.
Come ninguém é seguro o suficiente para inventar ri-
tuais a partir do nada, tratararn de seguir 0 caminho
mais facil: impuseram as suas meios o que, por outras
razoes, ja estava consagrado. Nae foi muito dificil de-
clarar dignos de preservacao cenventos, mesteiros,
igrejas, palacies, fertalezas, sedes de fazenda... De
rare em rare uma pequena censtrucae antiga justifi-
cada como ”curiesa”: capelinhas, casas rurais, hesi-
tantes excecoes cenfirmaderas da regra comoda. Os
simbelos do poder nao eram, por natureza, distintos?
Nae feram prepostos come centrapentos desde o co-
mege? Nae explicitavam quem mandava? Para nao
cempremeter a nobreza de boas iintencoos com estos
aspectos menos excelses, decidiu-se esfria-'-Ios com a
antigu.ida.d.e. Quanto mais perto dos séculos XVII ou
XVI melher, perque assim as relaqoos ontro a forma o
aquelos outros codiges ficava m mais amenizadas. Nae
0 por outra ra'/.50 quo, ainda ha bom pouco tom po, ora
dificil prova r o valor do e.diI’ioao6os do século XIX. No
nosso proprio soculo, onlfio, so o quo id l1t1HCt.‘HH(‘ sob o
\
anvolvendo os diversos grupos de Waterbury. E interessante perceber que ainda COHl'LllT1€l ser marcada por essa vistlo inicial, sendo forte muitas vemos
lilll0 ocorria num contexto bastante sombrio, numa época em que a indL'1s- a dicotomla entre a visao de historiadores sociais e a dos <'n'g€ios do prescr-
trla entrava em colapso e as fabricas eram fechadas, de forma que 0 projeto vaqao no que concerne in cscolha dos objetos de pl"ol'e<;ao.
C0l1.HlIllLllLl também uma oportunidade para os habitantes se reunirem e re-
A trltulo de exemplo, nao ciista lembrar que nos Estados Uniclos, apenas
flellrem sobre o processo que viviam.
cinco por canto do patrimonio protegido em nivel nacional, estadual e lo-
Aqul se lra ta ainda basicamente de um projeto de memoria social, com a cal reflete uma historia das mulheres e uma menor proporcao ainda lida
paculiaridade, porém, de focalizar uma comunidade operaria. Se, no en- com a chamada historia das minorias.“ Dois projetos, no entanto, mos-
tanto, o Brass Workers History Project se rebatesse no espaco e se interrogas- tram essa possibilidade. Um seria o Black Heritage Trail, desenvolvido no
lw pelos "lugares da ineméria” de Waterbury, ele poderia se relacionar de Boston African American National Historic Site em Beacon I-Iill. Ali, um pas-
uma forma bastante efetiva com as politicas de preservagao do patrimonio seio guiado leva os interessados a visitarern marcos arquitetonicos preser-
ambiental urbano das comunidades em questao. Ali, além de passeios vados, destacando-se a sua relagao com a historia da comunidade negra
gulaclos pelos moradores locais, tanto a preservacao arquitetonica quan- em Boston. Assim, os visitantes sao levados a ver, por exemplo, o Boston
lio a preservagao da, paisagem ou mesmo a arte pfiblica poderiam ajudar Common, area pifiblica onde o guia vai discutir o alistamento dc negros
n Focar a atengao na identidade social dessas comunidades, ”mapeando" livres na Guerra Civil, podendo observar-se as suas faces no memorial ao
as suas visoes desses lugares. Nesses casos, preservar locais de trabalho, 540 Regimento erguido pelo escultor Robert Gould Shaw, em 1897. De-
tais como u ma sede de sindicato, uma fabrica de latao ou uma lavanderia, pois, entre outras atragoes, o visitante vai ver uma série de casas gemina-
poderia ajudar a sublinhar a importancia da historia espacial. E o mais das, que constituia uma das comunidades negras mais vibrantes do século
importante: ao mapear os significados locais através de processos corn- XIX. O Black Heritage Trail compreende em sua totalidade treze estruturars
parltilhados e participativos, a historia social estaria oferecendo uma con- preservadas, entre elas duas escolas, duas casas de reuniao e muitas resi-
trlbuiqac) metodologica significativa a campos paralelos, entre eles os da dC*ncias. Dolores Hayden comenta:
preservagao arquitetonica e ambiental. Os visitantes saern com o sentido da presenca ativa
dos afro-americanos na cidade por mais d.e dois sé-
No que se refere a preservagao do patrimonio arquitetonico, ela ainda se cu.los... Os visitantes também obtém. um sentido da
aprescnta, via de regra, presa a sua concepcao inicial, a idéia tradicional historia urbana, mesmo que ela pudesse ser mais forte
do monumento historico e artistico finico, que, como sabemos, vai sendo se se dirigisse a como os residen.tes11egros interagiam
com os irlandeses e outros imigrantes eu ropeus q uc so
l&!nl'a1'n0nte ampliada ao longo do século XX: tanto o conceito de arquitetu- aglomeravam em casas de aluguel. nas "proximidadus
ra, qua n to o proprio campo de estilos e espécies de edificios considerados desta area no final do século XIX?“
Cllgnos de preservagao expandem-se paulatinamente. Aqui, aos critérios
flltlllsticos e historicos vao se juntando outros, como a preocupacao com O mosmo so passa no campo da preservacao ambiental, onde preservacio-
0 enlorno, a ambiéncia e o significado. Francoise Choay, num importante nll-ital-1 da arquitetura, historiadores do paisagismo e paisagistas estfio cada
lil-'£llJl;1ll1O do deiimitacao teorica da questao, chega a identificar uma tripla vez mais preocupados em encontrar métodos para definir e proteger paisa-
W _,_JLM L m ll.” expansao desse conceito: cronologica, gvrls culturais liistoricas, mesmo que essa preocupacao freqi.'|cnl"emenl"cs pa-
1; . H r----E, in gs
~ __
tlpologlca e geograf|ca.Ass1m, ao longo
1...“, , -~ J ,3; ‘fl ~ 1 - 7- .,
PQQ11 focar mais paisagens projetadas e areas rurais que paisaguns urbanas.
it , -?.‘. l" -» ""‘* I ~ _ , t V
o | X ~ _ T t'l do seculo XX, vao penetrando no campo
I-In W1 r - . ‘Y Ital? . - Esta perspoctiva parece mover também um projeto como o Place Mrtitclvrs
u}‘l”14;: 5, H X do 'pEllI‘lITlOl"ll() C()fi]Lll1l()S arquitetonicos deiawnvolvido pelas organizacoes City L0re2‘* 0 /\/ll»|'lIll(‘I'[‘7(Il /lrl" SQcie!a_1/27, om
» s ».... J1... s 121.. ~ -I mtelros, a arquitetura rural, a arquite-
lfI_
qulsas, invonlarios do roforoneias culturais o programas pablieos, além do Comunidados urbanas quo sobrovlvom lals como
man tor um a rquivo sobre os ”luga res que importam", produzir exposigoes o Sweet /lulmrn l )istrirI" do Atlanta, tloorgia podem
so tornar um foco maior do auto-rospollo dos traba-
publlcaqoos o fornecer ”testemunho, consultoria e protecao em sitios ame- lhadores u rbanos, so cidadaos o planojadoros so rou-
awgados”. Algumas do suas iniciativas compreendem o concurso do idéias nirem para elevar a consciéncia das roali/xaqoos do
“Marcando os [lugares que Importam”, onde se escolheram intervencoes passado de seus residentes em face do tom pos difioois
no passado. Arquitetura vernacular - tal como uma
do in lorpretagao do cortos lugares; e o projeto ”Protegendo os Lugares que igreja. de onde se langou. uma campanha polos direi-
lmportam”, iniciativa popular que luta pela preservacao de lugares sig- tos civis, ou o escritorio de um jornal que lutou por
nlfloatlvos na cidade, pressionando os érgaos publicos a implementarem moradia mais justa, ou as primeira oscola a promover
a integracao racial na area, pod.em vir a formal" uma
poll licas “mais inclusivas”. Para essa ultima finalidade, realizaram, por
distrito historico potencial que dé suporte a memoria
social e contenha as histérias que os cidadaos julgam
. ' . L gaos de preservagao, dever ser contadas. Este é um caminho para tormar
o quo ehamaram d.e ”Censo Cultural”, para o qual reuniram ”cidadaos (de estratégias de preservagao urbana que alie historia-
dores sociais e suas estratégias de historia dialogiea,
tod as as idades e formagoes), historiadores locais, estudiosos das humani- com os historiadores da arquitetura preocu pa d os com
dados, organizacoes civicas e profissionais envolvidos com a preservacao o significado social.”
o o planejamento urbano” com o objetivo de “explorar as relagoes entre
lugar, cultura e vida civica”. Entre os bens pelo quais se lutavam estava, Assim, nada mais apropriado que se estimularem processos que promo-
também como ilustracao, a edificacao da antiga Cuyler Presbyterian Church vam o encontro entre historia social e historia arquitetonica, que redoseu-
(1892), no Brooklyn, in.timamente ligada a historia da comunidade dos fer- bram a ”memoria do lugar”, identificando junto com os residentes locais
rolros Mohawk e outros indios residentes no Brooklyn, que desempenha- quais lugares sao mais significativos e porque. Afinal, como sintetiza I).
ram um im portan te papel na construrcao dos arranha-céus nova-iorquinos. W. l\/leinig, “Any landscape is composed of not only what lies before our eyes but
Para olos, a Cuyler Church servia como um centro comunitario, ao qual what lies within our heads.” (Toda paisagem é composta nao somente daqu i-
so roforiam, carinhvosamente, como a ”igreja que faz amigos”.28 Outros lo que esta a nossa vista, mas também daquilo que se encontra em nossas
oxomplos: a Bohemian Hall 8 Park (1910), as ultima “beer garden” auténtica mentes). Ecoando seu proprio nome, a organizacao Place Matters escreve
om Nova lorque, e que ainda é um importante centro para a comunidade em seu website:
lchooo-americana e a loja de discos Casa /lrnadeo (1941), a mais antiga loja O lugar importa (Place Matters) porque ele é a dimen-
do m Llslca latina na cidade e uma rara sobrevivente da vibrante cena musi- sao fisica de nossas vidas, e lar para. as nossas tradi-
cal d aquelo tipo de masica, no Bronx do 20 Pés-Guerra, refletindo a forga <;6es e memorias. Todos nos nos tornamos ligados a
edificacoes e locais que criam beleza, marcam ovontos
cla com u n id a do porto~riquenha. de significado histérico e cultural e servem como um
locus para encontros da comunidado e identidade do
A quoslao que aparece com torga em todos esses exemplos é a de como bairro.
so llclar com os lugares, com os tracos fisicos do passado, de forma que a O lugar importa (Place Matters) porquo lugares silo
diametralmente opostos ao mundo virtual. l,i\/ros,
sua prosorvacao seja algo mais que a preservacao die ”contenedores" va-
filmes, memorias e websites sao todos virluais o, num
zlos, quo terminam servindo como museus ou centros culturais ou, noutra maior ou menor grau, nos lembram das propriedades
vortonlo, como ambientes propicios para reconversoes que, via do rogra ' I
tangiveis do lugar.
lovam ao pervorso fenomeno da gontrificacao.2",/\ rosposta a esso tipo do O lugar importa (Place /\/lal‘"lrrs) porquo a perda do no-
gocios locais estimados o marcos urhanos ompolm-—
dor-lafio pa roco-nos estar em politicas quo valorizom a ”momoria do lugar” I com a cidado, especialmente quando essa perda podo-
perspoctiva quo rouno a historia social o a p|~os¢.\|'vm;ao urbana o a rquitol*(>- ria tor sido impodida.
nlca, nu m prooosso quo ”anoora” ospaoialmonlo a |m=moria dos divorsos O lugar importa (l’lm‘<' /\/lnllvrs) porquo as nossas vidas
sao onri<|uocidas por vivor numa cidado ondo o moio
grtlpos. lnssa perspoctiva vai lor grando alcanoo, podendo mosmo contri- ambionto natural o oonslruldo so articula om rioas oa-
lnulr para o dosonvolvimonlo ooonfmiioo das oomunidados, sondo oxala- madas do l\lsl<'1|‘la, |m-inoria o niarnilivas.“
monto por isso, lmporlanlos para areas. doprlmidas da cidado, como assi-
nala I laydon: = Ill
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NAS ENCRUZILHADAS DO DESENVOLVIMENTO: A TRAJETORIA
5
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DA PRESERVACAO DO PATRIMONIO EM OURO PRETO
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O podor do romolnoraciio n5L¢> é algo natural, mas sim uma conquista, u ma
lnvoncao dificil, através da qual os homens aprendem a so apropriar pro-
grossivamon to do seu passado individual e coletivo. A memoria - faeulda-
do tiio importanto para a construcao da cultura que ganha a forma do uma
dousa ontro os antigos gregos - vai ser também uma capacidado selotiva:
W
para so lembrar precisoesquecer. Este nos parece ser o mecanismo quo
rogo-as politicas do preservacao do patriménio, que, implementadas tra-
dlclonalmonto pelos estados, visam a construcao de uma identidade na-
clonal. Tainbém elas trabalh.am com a dialética lembrar-esquecer: para so
cria r u ma memoria n.acional, privilegiam-se certos aspectos em dotrimonto
do outros, iluminam-se certos momentos da historia, enquanto outros por-
manocom na obscuridado. No que se refere as chamadas cidades histori-
oas, estas sao submetidas ao m.esmo processo: muitas vezes, para so criar
um slmbolo nacional, apagam-se as marcas da historia local, que foram so
sodimonlando através dos anos.
llslto processo podo ser bem exemplificado, a nosso ver, pela trajetoria das
polllicas do prosorvacao em Ouro Preto (l\/Iin.as Gerais), ao longo do sécu lo
XX. Antiga capital das l\/Iinas Gerais e m.ais significativo centro urbano
do clclo do ouro (século XVIII), Ouro Preto é certamente o mais signifi-
oallvo conjunto da arquitetura colonial brasileira, tendo sido a primoira
oldado no pais a ser classificada como monumento nacional e patrimonio
da humanidado pela UNESCO. Conservada quase intacta gracas a ostao;
naqao oconomiea, a cidade vai ser objeto desde a década do 1930 do politi-
oas do prosorvacao quo, se, por um lado, conseguiram mantor o conjunto,
por outro, cria ram um objeto idealizado, desconsiderando a historia local
o alaslando a populacao da cidade. Para mostrar essa trajotoria, vamos
aoornpanliar o dostino do um dos seus espacos urloanos mais sio,nil*icali—
Vos, o l.arp,o do Co'mbra, configuraciio tipica do urbanismo do origom
porlu)z,uosa nas /\mérieas. ‘
Nos anos l9(>(l, Roliorl Smilli conslala, num importanto osludo sobre a ar-
qullolum civil do Brasil ('olonial, quo embora os dosooliridoros |1Ul‘_lll}?,llt'--
nos lossom homens do l{ooasi'i|m-olo, como urlmnislas “porlom'i.un ainda
A ldado Mi"dln".' ll, do lulu, 6 inlorossaolo P(‘l‘k‘t‘l1\‘l'l‘Ull1lHllll'l1dIllHll1U mo-
dlovnl porlt|p,L|i'*s osta prosonlo has vldados lrm.llciooals lirasllolras, o quo as
MTRIMONM H H ‘Tl “Ml ' ' (l""""”""' l"'””"‘"" l""'l""""""""' H I Nun t’Hl‘i*lll.llllllllll_'I do alewnmvlvlnwnlo: n Ira/olorlu tin priwrrumla do ymlrlmflnls em l ism as-n» (Mt ll
lllll
panhola nas Américas. figs! lqu ll Ill!’
Nossas lfiltimas, 0 tra-
gado regular, dorivado
dos tratados do arqui.to-
tura dos teéricos ronas-
i ‘Sq, ~- ..
centistas, vai desempe-
nhar um papel central,
sendo, inclusive, defi-
nido por lei - as conhe-
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cidas Leyes Generales
ale los Reynos de Intlias, ""'
or/1/1.,-.
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promulgadas por Felipe ll da Espanha em 1573.2 Através delas, o Império ‘*""l"“r*“‘l "~"‘~'"“’“’ l;t,.',;%‘ ¢...
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dorn goomotriea sobre o torritorio a so colonizar, muitas vezes so impondo .""
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5.1.3
iii
iii’
M
t.,___h|_
'\ Il}|l’I|I',(|I)I||If '.|)rl[
sobre u ma topogra fia pouco apropriado ao esquema abstrato do tragado. A i u.'
ill’ lll"|l|illli'”l' I‘
cidado, com sua malha xadroz, ditoronciava-so, assim, do espago agricola l I‘-lllll
bom a rit|uov.a al oneonlrada: aposar da toenica do minoraeao do século PL‘l1l1tiLlU pelas igrejas: na
XVIII sor do aluviao, ontro l7l)ll o 1770, o Brasil produziu cerca da mo-’ lalla das grandes praoas ci-
lado do ouro obtido om todo o rosto do mundo duranto tros séculos, do vioas, aos moldos das plazas
lfillil a liillll. As conseqiioncias desta vitalidado oconomica logo so fazom mayoros das cidades do co-
sonllr, roeobondo a rogiiio u ma grando lova imigratoria, constituicla prin- loni7.aoao ospanhola, as odi-
olpalmonlo por porluguesos, quo chogavam em busca do fortuna. Tam- lieacoos religiosas vao de-
l.'l€"l'l"l do ponto do vista urbano, as consoqiiéncias sao n.otaveis: o conjunto sempenhar o papol do foco
eroseo rapidamonto o a vida citadina vai sor intensa, com a presonca em da vida u rbana, dificilmonto
Ouro l'rolo do nu morosas camadas intormodiarias ontro os senhores e os sobropujadas om importan-
osoravos. l’or um lado, a Coroa portuguosa sento a necessidade do so fazer ela por qualquer outro edi-
prosonlo, dosloeando para a rogiao das Minas um amplo aparato buro- licio civil. Nesso quadro,
Cralleo, enoarrogado do fiscalizar as rontaveis atividades mineradoras que também vao tor especial im-
I-"twin l‘-»l:' - -a I
all so dosonvolviam. l’or outro, em funcao da concentracao do riquezas, o portfmcia os adros das igre- lllll do . .'\ l
oornoroio o os servieos tam bém so dosonvolvem, concontrando-so ali artifi- jas, quo, ao congregarem os /).‘ll'.¢'t'l:‘¢tlrllli ilttl
l
oos, a rlosaos, moslros pod roiros, oscultoros, marceneiros, alfaiates, além do liois, rouniam em torno do si l'l't'lrI
parte das a tividados oconiimieas o sociais do poriodo. Se inicialmonte séio XVlll nao constitui excecéio: ali as igrejas vao atuar como articuladoras do
simples oaminhos, que ligam polos do ocuppacéio do mineiros, a medida ospaco, domarcando ndcleos e rogioes da cidade, sendo extremamento sig-
orn que as cidades crescem, as ruas tornam-so locais do pormanéncia, do nilicativas as suas localizacoes no conjunto. Em seu estudo das igrejas om
oonlato o d isoussao. Até o sou aspecto plastico modifica—so com a sua nova Ouro Preto e do seus padroes espaciais, Raquel Iuliao anota como esses
lm porlaneia: as casas passa m a sor foitas para serom vistas, e as fachadas odificios roligiosos podem ser considorados como expressoes mais acaba-
quo dao para elas ga- das do m ultiplos grupos sociais, tanto como marcos do sua ind.opon.d€-ncia.
nham maior destaquef‘ ”l)e lato, elas nao so ajudavam a organizar a sociedade local, mas também
Consolida—se, assim, a oslruluravam a paisagom urbana. B o conjunto do igrojas quo da um signi-
fisionomia do nossas ilcado a cidado, lazondo-a compreensivel”.7
cidades coloniais: uma
seqiioncia do ruas irre- Uma (mica oxcegao é a roprosentad_a pela Praca Ti1'ad.ontes, ospaco ofieial
gularos, oonstituidas,
como num cenario,
l planlado no alto do morro do Santa QLl‘l.‘té'FlH, ponto mais alto quo dividia
os dois principais arraiais ja formados. Tendo om vista a diticuldado do
por fileiras do casas eonlrolo sobre a cidade, a Coroa Portuguosa. dosloca o Govorno da anlriga
oons)truidas sobre o ali- eapilal Mariana para Ouro Preto, implantando, om 'l 741, naquolo alliplano
nhamonlo e os limilos o novo Palaeio do (lovernador, construido sogundo as caracteristie_as do
laterals dos iorronos,
1-
I uma vordadoira l’ortalov.a militar. Naquela rogiao da cidade, onde vamos
l*orrnando superi'ieios ‘l
lo!‘ uma ocupaoiio levada a cabo polo l".sl"ado, podo-so notar u ma ordena-
eonlinuas. Quanlo as n _
qlio ospaeial ja londendo a um pad rao mais regular, proximo ao ><adrov., o
praoas, ossas vao oslar quo rospondo melhor a dorninaoao mais roprossiva dosto poriodo. /\.l’raoa
indisoulivolmonlo li- 'l‘lradonlos vai lor, assim, um carater ominonlomonle polilieo, nao sondo
gadas an papol desem- do so oslranhar, porlanlo, quo o ospaoo do vida social local oaquola parlo
PA"l‘RlMONlU L‘l.lli.'l‘lJRAl. L‘anrvIl|m. pnlltlras. lnslrllnwntuu Nun vm'ru:.llhmlnn do alvnsmIulvlmvnlu: n lm/smrlu an mwrrvnrr1u do ymlrlnmnls rm Hum I'M-a (MG)
do oldaclo sola reprosentado nao por essa praea, quo sompro manlem seu \ So a cidade perde sua vitalidado economiea dopois do esgotamonto do
carater do ospaeo otieial, mas polo Largo do Coimbra, alargamento das ouro em inicios do século XIX, ela ainda mantom a sua fLll1t;fit) do capital
ruas om ironto at lgroja do Sao Francisco do Assis, cujo dostino acompanha- do lfilstado por mais quase com anos, passando a organizar sua vida econo-
romos om soguida. mica, social o politica através. das atividades administrativas, socundadas
pelas comorciais e manufaturoiras. Além disso, com a instalacao da liscola
do Minas, om 1875, Ouro Preto passa a constituir também importante con-
-
I ~
Modernidacle o tradlcaoz uma narrativa ortodoxa
0
lro u nivorsitario, contribuindo para a formagao do uma olito técnica, que
aluara do forma destacada tanto na esfera empresarial como na politica
Num pals marcado pela idoologia do novo o cuja paisagom construida é brasiloira." No entanto, esso novo equilibrio vai ser rompido com o inicio
oxlromamon to rnutavol, parece oxtraordinaria a conservagao do todo um da Ropifiblica, quando so decide pela mudanca da capital para a cidado
conju n to u rbano provonion to do século XVIII, como Ouro Preto. Como foi nova do Bolo Horizonte, o que acontece em 1897. A partir dai, a cidado so-
bom obsorvado por Rodrigo Mollo Franco do Andrade, o seu aspecto atual _
lro um rapido doclinio, com sua populacao passando do 17.860 para monos
”ea1‘acto|'iv.ado pela tiisposiicao om varios nivois numa topografia ingreme, do do/. mil habitantes.
carroga as marcas do sua historia - riqueza inicial, um periodo do rapido
dosonvolvimonto, um século o meio do poder administrativo e prestigio, Q
Assim, consorvada quase intacta gragas principalmente 21 docadéncia da
soguidos por um doclinio gradual, ompobrecimento e perda do status”? oxploracao do ouro no século XIX o a perda do sou papel do capital, Ouro
Preto, maior conjunto proservado com tipologia urbana o arquitetonica do
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século XVIII no Brasil, so vai ser rodescoberta na década do 1920, quan-
do oscritoros do movimonto modernista brasileiro véem nela um simbolo
-_:,...
|.
da identidade nacional. B nesse periodo também que a tematica da pro-
.1- sorvaeao do patrimonio - oxpressa como preocupacao com a salvagao dos
vostigios do passado da Nacao, e, mais especificamente, com a protocao
dos monumentos o objotos do valor historico e artistico, comoca a sor con-
-._ sidorada politicamente relevante no Brasil, implicando no envolvimonto
{L
do listado."" So, neste m.omento que cerca as comornoracoes do centena-
rio da indopendéncia nacional, ja temos os grandes musous federais om
luneionamonto, multiplicam-so na imprensa denuncias sobre o abandono
das cidades historicas o a dostruicao irremodiavel dos ”tosouros da l\la-
<,‘{io", No caso brasileiro, cabo . .
I y . " . '."|
~ ~
do como parlu do sua agenda a quostao da idvntidado nacional. Assim, as vanguardas vuropéias fa‘/.iam do primitivo 0 do arcaico, com a particu-
nfio vra dillcil encontrarom-so, 2. época, Form ulacoos como a do oscritor I ’0- ,.
Iaridado do o primitivo, aqui, apontar para as nossas raizes nacionai:-1. A
d ro N ava, vm "A Rvvista”: ”CIassicismo om I925 é doonca. Doun<;a grave". -\_.
rodoscoborta das culturas primitivas pelas vanguardas corresponde, un-
Nvnta pL|blic'a<,;fio do grupo modcrnista minoiro, o projeto é o da vaIori'/,a- um
-e tao, no Brasil a redescoberta de uma outra cultura nacii>naI, nao oficial,
'0
\
Qfio do cultura brasiloira, que, no caso, dar-so-Iia polo repL'1dio do toda copia presente, mas ignorada, na medida em que so mantivora a margum da
do modolo:-a import-ados - 0, portanto, o ropddio ao classicismo. Segundo cultura hegcmonica.
lrlvlvna Ilomony, para ossos intelectuais seriam perigosos ”o cosmopolitis-
mo, a iniigracao, o cstrangoirismo, a imitacao, as formulas convencionais e No caso da arquitetura, essa leitura particular do passado nacional tam-
I.ll11Ivv|'.-aalizadas do classicismo, a in tcimporalidade das solucoes, a lingua- bém vai desempenhar um papel muito importante na form,ula,c€1o tanto
gvni rvl1L|scada.""‘ Assim, ao mosmo tempo em que mantém estreito conta- do uma politica de preservacao, quanto de nossa propria arquitetura mo-
lo com as vanguardas curopéias, os modernistas brasileiros desenvolvem I
derna. Essa postura, que combina a busca do novo e a revalorizacao da
uma pvculiar rolacao com a tradicao, recusando a idéia do rompimento tradigéio, pode ser bem exemplificada pela trajetoria de Lucio Costa, o cria-
I
radical com o passado. Aracy Amaral resume esta posigao: dor de Brasilia, que, nos anos 1930, vai ser o lider intelectual da renovacao
arquitetonica brasileira. Segundo seu depoimento, nos primeiros contatos
l\Ios anos 20, a arquitetura, a literatura e as artes
plasticas eram marcadas por um desejo de renova-
A
I com o rnovimento moderno em arquitetura, chocava-lhe “o seu carz'1ter ab-
cao formal, que fez os primeiros anos deste século solutista, intransigente e o aparente desprezo pelo passado”, que, também
uma era dc definicoes culturais, particularmente em a partir de uma viagem a Minas e de contatos com a “gs-nuina arquitetura
Sao Paulo. As comunidades intelectuais e artisticas
brasileira”, aprendera a respeitar. Sua busca, a partir de entéio, vai ser
permanc-ci.am atentas ao que ocorria na Europa, es- I sempre a de integrar modernidade e tradicao, a partir de uma reflexéio so-
pecialmente em Paris, mas as ligacoes emocionais
eram com 0 Brasil. Apesar de educados na Europa, bro a especificidade de seu campo profissional, a arquitetura, e de sua re-
os artistas e escritores brasileiros que participaram Iacao com a realidade brasiloira.“ Neste sentido, os arquitetos modernos
do Movimen to Moderno - que tem seu inicio histori-
co durante a Sc-mana die Arte l\/Ioderna de Séio Paulo I b rasileiros viam-se, na esteira das formulagoes de Lucio Costa, muito mais
acontecida no Teatro Municipal de Sao Paulo de 11 F como continuadores da boa tradicao construtiva forjada ainda na época da
a 18 do fevereiro de 1922 - gradualmente se deram Colonia do que como agitadores vanguardistas. O gesto futurista parece
conta dc que a realidade brasileira éra tao importan-
to quanto a renovacao formal.“ osta r ausente de suas proposicoes, predominando entre eles um discurso
do a polo a ”li<;€1o do passado” - nao aquele imediato, da linguagem classi-
Nemlv quad ro nao é do so estranhar, portanto, que os modernistas tenham ca rclida pelo ecletismo, mas aquele da arquitetura colonial e barroca do
“r&*cI0:-1coIa0|'to” I\/linas Gorais, e, cm especial, Ouro Preto: na bu.sca dc u ma 0 sécililo XVIII, onde identificavam formulacoes apropriadas e significativas
is
lIilE'I'IllL'l£'lLlL‘ nacional ”proFunda", do raizes genuinas, iddentificam-so naquc- para um projeto nacional. E interessante perceber como ha um interos-
IE CUI‘lIL|l'll'U oitocontista as manifostacoes de uma possivc] civilizacao brasi- sv oxplicito em récuperar o .n.osso passado colonial, a nossa arquitetura
Ielra. O barroco local, quo d ura nte muito tom po fora considcrado cxcC*nlri- tradicional, at pa.rtir de uma perspectiva pragmatica: alinal naquclc pori-
Uo v HUITI impoflfincia, é rvvalorizado polos omodornistas, quo o v€~c|n como odo haveria uma série de licoes a serem aprendidas pelos arquitolcos mo-
uma Hll1lL‘HL‘ cultural propria, csboqad a por Lpna sociedade no interior do dvrnos. Assim, muito comum na época idcntificar-so uma ospécio do
Pall-I, quo, isolada, |"0lraba|ha|"a a sua manoira as tlivorlms inlluoncias cul- corrvspondoncia ontro essa arquitetura colonial o a a rquitctu ra moderna,
I‘Ll|‘n|H. /\HHll'l1, vai sor aponas apar0nl"cmvntc pa radoxal quo, cm I924, ao rvssaIl'amIo-so os sous tracos comuns: simplicidado, DLlSl'0l‘lL'li1LlL‘, purv/.a,
l‘€?L‘-£‘l1l'l‘L‘IT1 a vi:-sila do poota vanguardisla suiqo Illaiso (‘0nLI|"ars, um gru- bom uso dos matoriais. I\Icst"a linha, chcga-so mosmo a so apontar s0m0~
po dc |:1o0las 0 a rllislas brasilviros - idontificados também com a idéia da Ihanqas ontro a csl"rul"ura da nossa arquitetura tradicional — o pau-a-piquv
|11ocIvr|1Iv.m_~£‘io social 0 cultural do Pill!-I lonha Ivvado a 010 juslamonlv - 0 o concrvlo a rmado."‘ /\ nosso vvr, ossa ospécio do Ivilura da lradicao
all Vt*lI1HH L‘IL‘lndv.'-I do Minus (lvmis, ondv tudo parvcia vvocar o passaclo proposla polos modwnislas hrasilviros cncaixa-so, unlao, |.w|'INla|11'0|\Iv
9 :1 Iradlqao. ll ll1ll‘l‘t'HHl1I1lt‘ pvrculwr aqui como a aproximaqao dv no:-z.-so.~+ no quv /\nloinv (ompagnon donomina ”narralivas orlodo><as" da modor-
moder|o1I:4lcaa ao |J£‘lHN€ILTlU do século XVIII assv|m~Ilm-nu I1 aproximaqao quo nldadv, quo .~wriam .~+v|n|.1rv vucrllan vm I'lll1g‘[\lI do clvslvclio no qual l‘ll'l!'-I
I I!
I _
FATRIMONIO C‘ULT‘URAL - Cclancvllnu, pnIllh~nn, lnnlrurrumlna Nan vnrruzllhudau do dmr|m1lvlnwr|ln.' n lm/vldrln eluprvuvmarflarlu;um*lrr16nl1mn Oum Prvtn (MCI)
querem chegar - no que silo teloologicas - o quo sorvom para logitirna r uma
arte contolnporiirwa que, no entanto, quer estar em ruptura com a tradicao
- no que nao apologéticas."
I lllm mm! mlllllllllullllll
Fabrlcanclo 0 patrimfinio: a criacao de um simbolo nacional ‘I
‘l 1. . .
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mlymlrlnm /mal
po dominanto, quo tenta estabelecer uma politica cultural a partir do Estado. lr'rrrlm:unrl 1'
llll rH'|]Hll:'llrm
Pam or-Ito proposito, eligaja-so um numero consideravel de intelectuais pro-
lmulmm
gresslstas que tinham tomado parte no Movimento Moderno nos anos 1920.
Em lulho do 1933, a primeira acao efetiva para a preservagéio do patrimonio é a
consagracim do Ouro Preto como "monumento nacional”, através do Decreto que somente a arquitetura barroca - além da modernista, naturalmente
n" 22.928. Aposar disto, este foi ainda um gesto simbolico ja que este decreto - tinha dignidade, sendo o século e meio entre os dois periodos conside-
nflo trazia consigo nonhum meio legal especifico para a protegéio do sitio ur- rados totalmente estéreis e dignos de esquecimento. Assim, nao é de se
bano ou do sous monumentos individuais. Em 1936, o ministro da Educagao estranhar que o proprio ato do tombamento de Ouro Preto ja aponte como
Gustavo Capanoma, com o auxilio de Mario de Andrade, prepara a proposta valor decisivo o “valor artistico” e nao o “valor historico” do conjunto, que
do uma loi do prosorvacao, a ser submetida ao Congresso Nacional. O pri- é visado, antes de mais nada, sob o ponto de vista estético. Considerada
melro passo foi ontiio a criacao do SPHAN - Servico do Patrimonio Historico como expressao estética privilegiada, a cidade é abordada segundo crite-
e A|'l"lslrico l\laciona|, pa rto da ostru tura organizacional do Ministério da Edu- rios puramente estilisticos, ignorando-se completamente “sua caracter1’sti-
Cnqflti o Salfldo. Iiiiialnnonto, om 1937, o Decreto Lei n‘~’ 25 fornece a este novo ca documental, sua trajetoria e seus diversos componentes como expres-
m-gm» os meios logais para u ma politica de pireservacao efetiva, introduzindo sao cultural de um todo socialmente construido".16 Com isso, instaura-so
0 lnstrurnonto central do ”tombamonto”, que foi quase que imediatamonto ali, como de resto em todo o Brasil, uma pratica de conservacao orientada
apllfiado a Ouro Proto. A consoqiioncia principal dosto procodimento legal foi para a manutengao dos conjuntos tombados como objetos idealizados,
permltlr ao SPI I/\l\I tan to provonir danos ou domolicoos dos bens tombados desconsiderando-se, muitas vezes, a sua historia real. Lia Motta sintetiza
L]Llnnto con lrola r a introduqfio do novas odificacoos no sitio protogido. do forma caustica a pratica de preservacao imposta entao a Ouro I’roto:
”'Esvaziada economicamente, a cidade foi usada como matéria-prima para
E ll1to|'ossa|1lo porcobor como tanto essa protocao quanto as primoiras
vs‘
l'1lL"'t'l!! mais rocontos o, com olas, importantos roforoncias da historia local. como do Fato a cidado dosonvolvou-so com muita rapidoz, ospocialrnonto a
Asulm, lnlcla-so uma aqiio sistomatica do apagamento do século XIX, com partir da década do 1960, a COl1S€L]l_j@‘l1Cla. mais danosa dosso tipo do aqiio
a oxlgéncla, na aprovaqao do projotos do roforma, da rotirada do olemontos terminou sendo a falsificacao do conjunto, com. o surgimonto do u ma arqui-
do arqultotura nooclassica ou eclética, como frontoos e platibandas. A partir tetura hibrida, onde as odificacoos do "estilo patrimonio” fundom-so com os
do comproonsao da cidade como oxprossao estética, aquolos elomentos sao oxomplaros originais. Aqui so confirma a colocacao do Lowenthal sogundo
vlstos como porturbadoros da unidade desojavol do conjunto, devendo, por- a qual ”a passagom do tempo dissolve a distincao ontro os originais o as
tanto, sor romovidos. Os oxomplos dessa acao ”corrotiva” so multiplicam omulacoos, o aumenta a sua confluéncia”, 0 quo termina, mosmo sob o ponto
onlilo pola cidado, podendo-so citar o conhecido caso da roforma do Cine do vista do roconhocirnonto estético, roprosontando um probloma.”
Vlla Rlca, quo, om 1957, ganha uma fachada colonial, oliminando-so os osti-
lomns arqu i totonicos oitoconotistas.
MTRIMONIOLLCULTURAL - Corwnltonl polltlmn, Innlrumenlou Non ooorozlllinrlno do III-911911WIIIIIIIIGIIIIIII o Ira/ahlrlu do prvuvrmugwo do pnlrlmdolo um Ouro Pwro (MG).
Como toda cidado, Ouro Preto vinha seguindo o sou ritmo do transforma-
cao, mais intonso om épocas do oforvoscéncia economica, o mais lento om
tompos do ostagnacao. Assim, ainda no final do século XIX, o l\/Iorcado o
substituido por uma construcao nooclassica, estilo que so impunha a época.
Com o tombamonto polo SPHAN, om 1938, as coisas mudam: toda transfor-
macao passa a sor suporvisionada polo Estado, quo também atua dirotamon-
to no conju n to. I\lo caso da rogiao om quostao, ja no ano anterior, a primoira
providoncia vai sor a rostauracao da Igroja do Sao Francisco, onde so demo-
lo um comitorio anoxo rocontomonto construido o so lovanta um muro do
oaligri om todo o porimotro da igroja. Nos anos do 1946 o 1947, o Largo do
Colmbra vai sofror intorvoncao mais radical com a suprossao do morcado ali
locnllzado, com a finalidado do rossaltar a Igroja, possibilitan.do-lh.o uma vis-
ta mais dosimpodida, além do so oliminar um tostomunho arquitotonico do
um estilo considerado som importancia o om dosarmonia com o conjunto. E
Intorossan to quo, anos dopois, o prosidonto do SPHAN ao roflotir sobre osso
tlpo do aqao dosenvolva considoracoos mais nuangadas:
A domoligao do odificacoos do monor importancia. po-
deria, om. cortos casos, parocor justificada com o ob-
.llll'o‘. I | I
jotivo do aumontar a significacao do um monumon to
;fl't'}ll importanto, mas, ao so considerar tais possibilidades,
r lm "o os rosponsavois pela consorvacao do um sitio dovo-
Io Ill‘ riam muito apropriad.amonto rocusar-so a autorizar
Wall tal passo so osta acao pudor causar um dosoquilibrio
global ou. so ol.a tender a falsoar ou obscurocor a signi-
lofilal na cidado. Um ‘jornal local, quo om 1945 rocapitula os tragos da ficacao historica da area.”
Ouro Preto do século passado, descreve o lugar como um ”vasto barracao
quo ocupa va o longo da Praca, ropartido na parte posterior om numorosos Doloros Haydon, om sou livro The Power of Place, onde discute a relacao on-
quartos iguais para abrigo dos tropoiros o portoncos, tendo na fronte um tro a prosorva"cao do ambion to construido, a historia pubiloica o a momoria
largo alpond ro”. Em fronto ao odificio, “um patio mal calcado o fincado do social, chama a atoncao para o que o [ilosofo Edward S. Casoy denomina
estacas para sogurar os animais o no centro um grande tanquo retangular “momoria do lugar (place HlL’HlOl’_l/)”, “a porsistoncia ostabilizadora do lu-
do podra, do qual so sorviam os tropoiros para a lavagom do vasilhamo o gar como um suporto do oxporioncias quo contribui tao podorosamonto
Colholta da boa agua do Ouro Preto, a qual corria continuamonto do uma para a sua momorabilidado intrinsoca".2~‘ A nosso vor, no caso do Largo
coluna do podra/'2“ Naquola rogiao ostavam localizados os nogocios mais do Coimbra, uma aqao quo visava garantir uma molhor visibilidado do
lmportantos do socos o molhados o gonoros, alefm do fazondas o armarinhos. monumento tombaclo ignora justamente a sua ”|m=rnoria do lugar”, a mo-
Com Isso, o Mercado do Antonio Dias, como ora conhecido, vai sor o mais morlti social al dopositada. O sou longo uso como ponto do comércio o
froqtlontado do Ouro I ’roto, contro do comorcio o sociabilidado da cidado: ooolabllldado c~ a pagado, som mais, por u ma acao do inspiracao pu ra mon to
&*Ul'él'Ica. A historia local, a inlrinoada toia do rolaqoos sociais, oconiimicas o
U Morcado ora a rouniao principal do oolnorolo do
rua do Ouvidor, o mais importanto do cidado o tam- culturalo, quo compoom a Iisiononnia do um lugar o a vida do u ma oldado,
bém do outrosponlos o, oom as cnmprns o transacoos dosaparoct~, assim, para dor lugar a um slmbolo nacional idsmllzado. Nao
I Ifvtundau, dlnoutlnm-so outros noounlos, comllqflos 6 do no estranliar, portaato, quo tambéln clouaparoqa a ”momorablIldado”
I
l
.1
FA'f'IllMONlO CIILTIJRAI. - Ciinrvllm. piillllvnu. lmilriommlou Non mwrozlllunimi do dmninilolmmilor u Ira/Morin do yirrmorwdo do polrlnmnlo mi I luro Prvlo (Mt?)
do lugar para a populaqao local, sistomaticamonto oxclulda da Iormulaqao do o I*'oslIvaI do lnvorno, organizado pola Univorsidado Iiodoral do Minas
das poll Iicas do prosorvacao. l\l o caso do Ouro Proto vamos assistir mosmo (Iorais, quo tom por objotivo a promoqao do cursos o oficinas rolacionadas
a uma curlosa invorsao: o Estado assume a condigao do ”guardiao local” o a diforontos atividades artisticas. Esto ovonto, quo ocorro todo mos do ju-
o morador passa a sor visto como um opositor da prosorvacao o um virtual lho ato I979, sondo retomado na década do 1990, atrai para Ouro Proto um
transgrossor.“ grando niimoro do ostudantos, intoloctuais o artistas do Brasil o do oxtorior,
dando visibilidado e prostigio a cidado. E intorossanto porcobormos como
no liostival do lnvorno, assim como om outras fostas sazonais (o Carnaval
Consumlndo a tradigaoz presorvagao o desenvolvimonto o a Iiosta do 12), parece haver uma ospécio do ”rocriacao" dos ospa<;os,
quo sao ocupados do forma transgrossiva polo pablico majoritariamonto
Esoo con flilo vai so acirrar a partir dos anos 1950, quando, com o inicio da lovom. I-isto vai sor o caso, por oxomplo, da Praca Tiradonqtos, quo duranto
oxploraigao do aluminio, a cidado do Ouro Proto ganha novo impulso oco- o lloslival do Invorno torna-so uma ospécio do ”ropL'1blica livro”, sondo o
l16n1lco, sofrondo u m grando croscimonto populacional. Para abrigar essa sou monumento principal constantomonto ocupado por jovens. Aqu i. tain-
populaqao atraida por ola, a industria (Alcan) implanta um novo bairro bom a roacao da populacao vai sor ambivalonto: so, por um lado, lucra com
nos limitos da cidado, quo é articulado como um distrito industrial, com o lluxo do visitantes, por outro, condona o uso transgrossor quo aquolo
uma ostrutura urbana funcionalista, om tudo diforonto da tradicional. No publico faz dos seus lugares tradicionais.
ontari to, como nom toda a domanda habitacional podo sor absorvida por
Iv
esso bairro, o nificloo historico passa a sofror uma prossao inusitada. As- Dossa manoira, tanto a industrializacgao quanto o turismo roproson/tam fa-
sim, o contro, quo so mantinha praticamonto inaltorado dosdo os fins do torus do desenvolvimonto, quo vém altorar profundamento 0 quadro om
século XVIII, sofro um processo do oxpansao, levando ao aprovoitamonto quo a cidado do Ouro Proto so oncontrava a época do seu tombamonto. l\lo
do todas as suas areas poriféricas, onde sao construidas odificagoos, na sua ontanto, ao considorarom, como vimos, a cidado como obra do arto, as poli-
maioria do baixo padrao.25 Para so tor uma idéia do numoro do novas tlcas do prosorvacao ai implomontadas nunca pudoram incorporar do fato
Constlwiqoos basta um dado: ao so tombar 0 conjunto, om 1938, osto possuia ossos novos agentos, nao conseguindo elaborar ostratégias quo lograssom
aproximadamonto 1.000 odificacoos; somente ontro 1938 o 1985, sao apro- oompatibilizar proservacao o desenvolvimonto. No final dos anos 1960,
Vndai-l 3.000 construcoos novas. Além disso, é digno do nota o processo com a cidado so ospalhando, som controlo, para todos os lados, o com a
do adonsamonto do nucloo original, on.do as odificagoos vao sofror roma- orosconto dosca ractorizacao do conjunto original, colocava-so, ontao, cada
nolamonlos in tornos, numa tontativa do so abrigar um numoro maior do V02. mais a urgéncia do um planojamonto urbano. Assim, om. 1968, o ar-
possoas. l\losso processo, também sao ocupados por novas construgoos os qultoto portuguos Viana do Lima, consultor da UNESCO, olabora um pri-
lotos vagos o mosmo os grandes quintais, altorando-so significativamonto moiro plano do desenvolvimonto para a cidado, quo consistia basicamente
I1 rolaqao do choios o vazios no conjunto. Como so poderia osporar, as num zonoamonto da mesma, com a dofinicao do areas do prosorvacao o do
Prossoos modornizadoras fazem com quo cresca o antagonismo ontro a po- oxpansao. Alguns anos mais tardo, om 1974 o 1975, a Fundacao Joao Pi-
pulaqao local, sistomaticamonto oxcluida da formulacao das politicas do nliolro, orgao do planojamonto do Estado, através do uma oquipo multidis-
prosorvaqao, o o SP1 -IAl\l, quo tenta mantor o conjunto intacto, através do Clpllnar sob a coordenacao do urbanista Rodrigo Andrado, o quo contava
Um controlo na aprovaqao do. projotos. I , com a participacao do arquitotos, oconomistas, sociologos, historiadores o
goologos, além da consultoria do proprio Viana do Lima o do paisagista
Tanibom a pa rtir dossa época, a cidado C()1T10§7£1 a sor alvo do um turismo do Roborlo liurlo Marx, olabora um novo plano para Ouro Proto. Tratava-so,
massa, atraldo principalmon to polo valor histoqico o atmoslora do conju n- dosta voz, do um am plo trabalho, quo incluia projotos quo contomplavam
to barroco, unico no Brasil. O turismo cria impactos na vida cotidiana da tanto a inl'ra-ostrutura urbana, paisagismo o rostauracao do monumon-
Cldado, com a rodofinicao do usos o ocupacoos do al gu mas aroas do contro Ion, quanto aspoctos sociais, ooonomicos, institucionais o administralivos.
l1Iat¢'irIoo o a transforimicao do habilaqoos om hotois ou ostabolooimontos Além disso, formulava-so também um projoto do oxpansao urbana para a
comorciais. 'I‘rala-so luisloamonlo do um turismo cultural, porlil quo vai sor cidado, rocomondando-so a criaqao do novos micloos, do forma a assogu-
retomado no final do dooada do I960, quando comoca a aconlocor na cida- rm‘ um processo compallvol do dosonvolvlmonto, som afolar a intogrldado
‘H
hlntorlca do conjunto.
l’A*l‘lilMONlO C‘UL7‘URAl.- (“nnrrlluu, pullflvnn, Innlrnnwnmn Nan vnrruallhudun du dunemmlnln1nm:.~ a lralmlrln dn pnuvnmrdn do pan-lmdnla rm (mm Pffhl (MG) p
No onlanlu, uma sorio do dificuldados do ordom instiluolulial, faz com quo lll lrrl oumprur mtosarmto om podm-snbflu, pod ra llploa do |'ogll'1u. ll ln-
or-mos planos nu nca sojam implomontados. O caso do Ouro Proto oxompli- Earonsmilo, também, quo tal prooossu nao so da om rolaqiiu h Igroja, quo
Flori bom, a nosso vor, a desa1"ticulacao ontro os divorsos orgaos response’:- ctuntlnua a sor idontificada fortolrionto pola populaqiin local como algo sou.
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vols pola prosorvaqao o administracao das cidades brasileiras: ali vamos ter Neale sontido, por oxomplo, a tontativa do um profoito do ali roalizar urn
n aqfio do tros nivois do govorno - federal, estadual e municipal, que nem onnoorl"0 aponas para convidados, ha alguns anos, provoca forte roacfio na
som pro oolaborarn ontro si. A0 SPHAN, 0 orgao federal responsavel pelo pupulagilo, quo so sonto ultrajada om sous direitos.
lulnlaarnoiito, cabia a responsabilidade pela manutencao e conservacao de an
O l..m‘go do Coimbra, quo desde os anos 1930 perdera o seu Mercado, vai
ver osso procosso so roflotir em seu espaco, que também sofre uma série
do nll"orav,;£'>os. A primoira dolas se refere £1 paisagom que dai so descorti-
nu, quo c» altorada com a ocufpacao rapida e desordenada dos morros da
porlforia da cidado, a partir dos anos 1960. A sua antiga vista, composta
do urna sorio do morros nao ocupados, desaparece, o dai hoje podo so vor
£1 oxpansiiu dosordonada da cidado numa profusfuo do novos lotoamontos.
A sogunda lmnsfo|"ma<,;ao div, rospoito ao uso: c» intorossanto quo 0 uso co-
morolnl, lilo lungamonto imprognado naquqlo local, tonha ali rossurgido,
lnlclalmonlo através do uma foira somanal o dopois através da vonda do
artesanato para us lurislas. Uma diloronoa ossonoial, porém, moslram-nus
on ofoltus do i|1lo1*vom;{iu naquolo local: com a sua dosoaraclorizaqfio, a po-
pL|lru,*l.lo |.m:-lsu u idonlilloil-lu ournu um lug:ac:- para u ”l‘urnsloiru”. Assim,
|ll*'|Hl| l ullllll
no 0 uma oumorolal roslslo, 0 doslflrmlzlrin passa n sor uulru - 0 truristn, quo
Q ' V
l’AT‘lIlM('lNll 7 (‘Ul.‘l‘l lli/ll. l (‘m|rrllmI. ymllllrmw. lnnlrmnwmm Nun mn'ru:llIuuli;s do rlmwoulolnwnIa: u Ira/omrln ela prvsrrouonn do pnlrlnmnlu rm I mm l'rr!u (Mt ll
Na posqulsa, os moradoros atribulram sompro significados positivos aos constituorn-so muito mais om anlagonislas do quo om aliados para o do-
slnals da cidado tradicional nos itons quo so roforiam ao mundo domostico sonvolvimonto da cidado. Dai a porcopoao gonoralizada da nocossldado
o |:1arlloula r - casa, mobiliario, ontro outros. Assim, sogundo Fischer, pode- do so burlar o sou controlo, cujos critorios nao sao ontondiclos pola popu-
so porcobor ola ra mon to ontro os moradores 0 desejo do so manter a estabili- laqao local. Assim, ao tratar a cidado como um objoto ostético o idoaliv.a-
dado d a oid ado om sous aspoctos ambiontais e emocionais, que assegurem do, as pollticas prosorvacionistas tradicionais, closarticuladas das politioas
prlvaoidado, conforto, soguranca e tranqi.iilidade.28 Outra unanimidade publicas mais amplas, terminam so mostrando incompativois com a di-
o om rolaqao a prosorvacao das igrejas e a sua associacéio positiva com a namica dacidado roal o reforcando a falsa dicotomia ontro prosorvaoiio o
oldado do l\/lariana. Esto vai sor 0 unico momento em que so registram dosonvolvimonto.
dopoimonlos favoravois E1 proservacaoz em muitas entrevistas, as igrejas
barrooas sao apontadas como simbolo unico de identidade com o seu acer-
vo l1lslrorico-artistico, moroco/dor do todos os cuidados preservacionistas.
Conclusfiesz nas oncruzilhadas do desenvolvimonto
ja om rolaoao ao ospaco publico, a pesquisa apontou outra percepcao, que
l -lojo, a nosso ver, cidades como Ouro Preto so encontram numa oncruzilha-
so a p roxima mais do uma ospécio de ”ide0logia da modornidado”, comum
da, no quo so refore ao sou futuro social e economico o a uma perspoctiva
no Brasil. Nesto sentido, por exemplo, é digno do nota que o tecido urba-
sustontavol do desenvolvimonto. Depois do décadas de croscimonto acolo-
no antigo, quo é valorizado quando percebido como propicio a uma vida
rado, os anos 1990 trazem consigo o desaquecimonto industrial, com o do-
familiar o tranqtiila, é considerado um entrave ao progresso. A percepcéio
sa parocimonto do milhares do postos do trabalho. Com a estagnacao ocono-
goral do traoado da cidade é negativa: trata-so do um espago urbano “em-
mica, o turismo passa a sor encarado, pela primeira vez, tanto pelo Govorno
bolado”, ondo “so tom casas antigas”, quo, por sua vez, silo percebidas
quanto pela sociedade local, como uma alternativa oconémica importanto,
como ”volhas” o “abandonados”. Ia 0 modorno, sinonimo do novo para a
o quo podoria sor positivo do ponto do visto da prosorvagao do conjunto.
|:mpu|a<;a'io local, é idontificado com a vivéncia das grandes cidades e suas
possibilidades do lazor, movimonto e consumo. Nesto item, pode-se per- l\lo ontanto, as politicas do proservacéio até hoje implomontadas nao paro-
com favorocer o surgimento do um novo modelo do desenvolvimonto para
oobor uma l"ondéncia do segmentagéio entre os entrevistados: onquanto os
a cidado. Como sempre so dissociou preservacao e desonvolvimon to, tom-so
mals volhos tondom a optar por imagens o valores tradicionais, os mais jo-
muita dificuldado em so pensar em um tipo do desenvolvimonto quo parta
vons proforom os padroos modernos do cidades, ruas o edificagoes. Parece
oxalamonto do sua condicao do cidade proservada. Assim, no caso do tu-
falta r a aquolos jovons o acesso as sensacoes que o mundo modorno anun-
rismo, osto hoje so rossento da baixa qualidade do prostacao do servico o da
ola, através dos divorsos tipos do lazer de massa, como os shows musicais,
poquona oforta do vagas om hotéis do qualidado, o que poderia sor sanado
ovontos osportivos o passoios a shopping-centers.” Aqui nos parece residir
com programas do modernizacao e do atracéio do in.vostimentos. No ontan-
0 pun to mais sério i.dontificado na pesquisa, no que concerne a formulacao
to, ossas acoos sao muito dificultadas pela atitudo goral dos propriotarios
do pollticas do prosorvacao: a dissociacao que a populagao local faz entre
locais, quo, porcobondo o poder publico como antagonista, nao so ongajam
* a cidade historica e o
faoilmonlo om acoos coordonadas por olo, oforecondo também grando resis-
1 desenvolvimonto. E
lonoia a ontrada do grupos oxtornos Z1 cidado.
digno do nota o fato
do nao havor qualquor |’or outro lado, o turismo paroco ostar roforcando a contraposic.io ontro u ma
roforéncia positiva a ospécio do ”fa|sa tradiqao”, para consu mo oxtorno, o uma ”l"radiqao socrota
cidado tombada, on- local", quo so mantom £1 margom o 21 rovolia das politicas do prosorvaqao.
quanto ospaco urbano Como, na l"onlal"iva do so liomogonoizar o conjunto urbano o adoqua-lo a
passivol do rocupora- uma imagom idoalizada, procodou-so a um apagamonto sislomalioo da his-
can o ronovaqao. Para torla local o a porda do sua momorabllidado, podo-so l1()l'i.\l‘l1()iL‘ uma lalta do
a populaoao local, os ldontlfloaoilo ontro a populaorlo o o oom‘n'lo barrooo criado, quo o porcobido
organs do prosorvaoao Como ospaoo para o lurlsla. Para mantor sua cultura o lradlooos, o habi-
PAT‘RlMONl(1C'UL7‘LlRAL~ F‘mn~vHun. pmllllran. lnnmmwnlnu
tanto local dosonvolvo uma ost1'atogia do lnlervenqbes sobre 0 patrimonio urbano: modelos e perspectivas
”onsimosmamonto”, fochando-so cada voz |_ .
:_.l'
:1 -
mais om sou proprio grupo. Com isso, con- Em I986, Carlos Nolson Forroira dos Santos, om sou artigo ”l’rosorva r niio
soguo-so a sobrovivéncia do praticas pouco 1 _ £5 tombar, ronovar nao 6 por tudo abaixo”, sistomatizava, do forma pionoi-
'- ;:_;.-
'f"‘_‘ll.l
1
»
~
porcobidas polos turistas, e geralmente li- 5 iii‘
- rn, os irnpassos vividos polas politicas do patrixnonito no Brasil:
gadas a forte tradicéio religiosa e popular Do joito quo vom sondo praticada, a p1"osorva1ga<1 c» um
‘l’
local, tais como a linguagem dos sinos e a ostatuto quo consoguo dosagradar a todos: o govorno
iluminacao do varandas indicando o cami- fica rosponsavol por bons quo nao podo ou nao quor
ii?- an
consorvar; os propriotarios so irri.tam contra as proi-
nho das procissoes. Para o forasteiro, sao bicoos, nos sous termos injustos, do uso plono do um
oforecidas imagens de uma historia estili- diroito; o publico porquo, com onormo bom sonso, nao
zada e com maior apelo comercial: repli- consoguo ontondor a manutenc;€|o do alguns pardioi-
cas de esculturas historicas, antiguidades ros, onquanto assisto 21 domolicao inoxoravol o pouoo
intoligonto do ambiontos significativos.‘
recém fabricadas, e mesmo a possibilidado
do passear com ”trajes de época” nas anti- Nllo ha como con tostar a atualidado dosso texto, cujas afirmacoos podoriam,
gas ladeiras o ter sua imagem imortalizada nom maioros problomas, sor dirigiclas ainda hoje ao estado das politicas do
, &;.;l|¢|¢§d'l5“-if om fotos envelhecidas artificialmonte. palrimonio no Brasil, pordidas entre discursos quo incorporam novidados
o 1'nm.lisrnos om voga no oxtorior o praticas muitas vezes rogressivas, quo
ropotom, som oritica, procodimon,tos om curso desde os anos 1930. Grando
9!- parto dossas dificuldados doriva, a nosso ver, do um duplo impasse: at iiiio
al1sol'qfio roal no pais do concoito contemporéineo e ampliado do patrim(‘>-
nlo o a docorron to indofinicao acorca do tipo do intervoncao a ser exorcid a
:' I' mlnro os bons culturais. E nosto sentido que este artigo propoe-so a discu-
ll
tlr, ainda quo do forma proliminar, essas duas questoos, relacionando as
T
dlmonsoos toorica o pratica onvolvidas nas politicas do patrimonio. Assim,
lontaroimas, por um , ~
lado, focalizar a oxtra- A
ordlmlria ampliacézio
quo osso Concoito so-
Fro ospocialmonto nas
l:1ll'll‘m1H décadas do
século XX; por outro
lado, vamos disoutir
nu quosloos colocadas
por ossa ampliaoao
para n goslfio do pa-
/A h'lm(lr\io, quo so rola-
Clol1l‘|m vom o proprio
modolo jurldioo-ad-
mlnlslnmltlvo a so tili-
lilwlrl Ila‘ Hm r'lll
llznr. ll!rH!|'lll|"i lllll
Ill‘: mlrl llr‘ l'll'lll
P/l'l'RlM('5Nl(7lo‘Hl.'ol‘llR/ll.
.
("mm'lIas, I mllllr‘ml‘ ms!‘'”'”"” lo "' l!l!c'l'|':'llg'cl:'n mIlH'¢' ll lllllflllllllllll lH'lImln,' ll!ml¢‘lu.u' r ]n'!n[I:'|‘lIr'rm
I
Para Isso, nurmi lonlaliva do oslabolocor oorlas d islrinqoos quo nos pwro
, V L |. . \ L t -
vom lundamonlais, propomos lraoar tros modelos, quo corrospondoriam a l \ A prosorvaqao o 0 conceito tradicional do patrimfmio
¢
1-re» posturas dll"oronciadas om rolacao ao patrimonio quo dosignamos por 5 Sogundo a ”(‘.arta do Burra”,
1 . .
lros lorrnos ostabolocidos na aroa — prosorvacao, consorvacao e reabilitacao. rodigida polo ICOMOS om l
Anlos do avanoarmos, é importante rossaltar ainda que so tratamos do mo- I980, podo-so dofinir a pro-
dolos lroorioos, ossos vao sor doduzidos historicamente, correspondendo sorvagao como a ”manutoncao
cada um dolos a um dotorminado momonto da trajetoria das politicas do no ostado da substfincia do
pnlirll11or|io. Assim, ao fa"/.or osta dolimitacao, parece-nos possivel porcobor um bom o a dosacoloracao do
quo cada um dossos modolosz prooosso polo qual olo so do-
° parlo do uma dotorminada concepgao do patrimonio grada.” Como so sabo, a pri-
I moira onda do politicas para
' oslaboloco um dotorminado tipo do objeto o patrimonio protogia basica-
monto odificacoos, ostruturas
' prossupoo um dotorminado marco legal
o outros artofatos individuais,
l:l:»o._-will ill"
0 onvolvo do forma diforonciada os diferentes atores, pressupondotam _ o tinha um carater ossoncial-
.'-ml/mm l_-.;n',uz Ill
bani lipos diforonciados do acoos para cada um doles monto imobilista, tendo como .‘»mr!amr r /m;wala
foco, do fato, a limitagéio da i so firm» l'!:‘ln
‘I o onvolvo tipos ospocificos do profissionais. ' m udanca? Como bom obsorvam Tiesdell, Oc o Heath, essas politicas do
p rosorvaciio iniciais torminavam tendo ofoitos bastante limitados, na mod i-
Tal al1or<.lago|n paroco-nos nocessaria pelo grau do impreciséio quo per-
d a quo suas principais proocupacoes rostringiam-so a manutengéio do bom,
Im1l1oco om nossa aroa do atuagéioz aposar das dezonas do encontros o con-
focando-so, quando muito, a quostéio do sou do ontorno, tontando so mini-
grossos o do volumosa rofloxao sobre 0 tema, persistom controvérsias sé-
miza r os danos ovontualmente causados por empreendimontos improprios
rlas om rolaqiio aos proprios concoitos utilizados que sao entendidos das
I proximos as odificacoos protogidas. Um bom oxemplo dosta proocupacfgao,
mnls dilorontos formas om diforontos contextos. As consequéncias desta
o o caso bastante conhecido da constrL1<;€1o do Hotol Hilton, om Budaposto,
lIT1p|'ooi:-silo toorica rol’lo"tom-so, como soria do so osporar, na escolha das es-
proximo ao castolo roal, monumento da. mais alta importancia. Aqui fioa
lralogias ulilizadas: sob a rubrica da ”conservagao urbana" por exomplo
1 1 I clara a concopcao restrita o limitada do patrimonio implicita no modolo
lm [."Ilo|1'1.o|1la|n-so ho]o politlcas com prossupostos, objotivos e estratégias as
da prosorvacao. No quo so roforo ospocificamonto ao patrimonio arquito-
mais dlloronoiadas, algum as das quais muito d.istantos da idéia original da
lonico, oslo o porcobido como uma ospécio do ”coloc€io do objotos”, idonti-
”oo|1so|'vm;£io in lograd a ”. Assim, sob este mosmo rotulo, vemos a implan-
llcados o catalogados por peritos, como roprosontantos significativos da
le'|c,1'lo do PUllllLdh imobilistas, quo nao consoguem reconciliar proservacao
“' ' f'1r\' ‘I-,.,1 ~ --
lamboln vai oslar haslanlo bom dollnldo ato os anos l9o(l. l)o falo, como
montrmii Vlll‘lUH autoros, com a cormolldnqflo do ooncollo do monumonlo
FATRIMQNIO C‘lJf.7‘lIRAl. - Pmlrallan. pallfloan. lnulrrnnvrmm
lulm-'m'u¢,'¢1r.-1 solar a imlrlmrln/o urlmuas rmulrllm 1' porsiwllrras
lwistorioo ao longo do século XIX Carlos l\lolson l*'orroira dos Santos rosu mo do forma la pida r o prooodimon-
vai-so criando uma logislaciio do to usual nosto primoiro modolo: "'
protoczio, chogando a maior par-
"to dos paises ouropous ao final Quando so ponsa om prosorvar, algL|(-rn logo aparooo
daquolo século dotados do ins- falando om patrimonios o tombamontos. '|'amb(-m so
consagrou a cronca do quo cabia ao govorno rosguar-
trumentos para a preservacao do dar o quo valia a pona. Como? Atravos do ospocialislas
sous monumentos antigos?’ No quo toriam o di.reito (0 podor-sabor) do analisar odifi-
caso do Brasil, nosto primeiro cios o do pronunciar vorodictos. Essos técnicos pra-
ticariam uma ospécio do acao sacordotal. /Xtribulam
modelo portencer ao patrimonio carater distintivo a u.m determinado odificio o logo
I vai ter, ao lado do um significado tratavam do sacraliza-lo frento aos rospoctivos con tox-
, cultural, um significado juridico tos profanos.5
quase unico: preservar so identi- No caso brasileiro, este
ficava, quase quo automatica- modolo tom sido o do-
mente, com “tombar”. Instru- minante desde o estabe-
manta introdu'/.ido no Brasil na década do 1930, o tombamento, ponsado
lnlclalmon to para protogor bons oxcopcionais, pormanoco até muito rocon- locimonto institucional
tomonto quaso como o unico tipo do protogao ofetivamente utilizado no das politicas do patrimo-
pals.‘ nio, nos anos 1930, até
os d.ias do hojo, apesar
No quo so roforo ao tipo do acao, neste primeiro momento podo-so per-
nu
do discurso dos érgaos
vol1c'|' o claro prodominio do Estado, quo é o protagonista inconteste o o agéncias estatais ab-
quaso oxolusivo das politicas do patrimonio. Aqui é importanto lembrar sorvor retoricamente as
s quo na idéia da prosorvacao ainda so Iida com um campo ostreito e, ainda novidados trazidas pela
qtlo possam aparocor divorgéncias quanto aos critérios, ossoncialmonto oxporioncia internacio-
dolimitavol: afinal, tra.ta do so nal. Esto processo pode
idontificar um olonco limitado sor bom oxomplificado,
do oxcopcionalidados. Aqui nao a nosso ver, nao somonto
paroce havor duvida também pola trajotoria das poli- ('a;n'la !}.l'|llJ'!l
quanto ao papol - docisivo — ro- licas do prosorvacao om l\’aurm:, .‘-alrma
sorvado aos peritos: além da Ouro Proto, ao longo do século XX, que acompanhamos dotalhadamon to
incumbéncia da propria dolimi- om oapitulo anterior“, mas também pola trajotoria da tutola sobro oulros
taofio do campo, ossos tratariam oontros historicos om todo o pais. Como vimos, o principal — o quaso L’: ni-
do fiscali'/.ar, rostau ra r o con- oo --- instrumonto utilizado foi o ”tombamon"to”, quo pormitiu ao Sl’l~l/\l\l
sorvar os bons idontifioados. lanlo provonir danos ou domolicoos dos bons tombados quanto controla r
Pola propria nal'uro'/,a dos bons a lnlroduqfio do novas odificacoos nos sitios protogid.os. Nas primoiras
(1 S(‘I‘L‘l‘|{ p|‘0l'Ogld().'~; 0 pola gon- dooadas do atuacao do orgfio fodoral, nu nca so ponsoL| do Fato om articular
oopqfio da aqfio quo so dovoria as pol|'l"ioas do prosorvaqiio com as politicas urbanas mais gorais ou com
oxoroor sobro olos, podomos do- um projolo do dosonvolvimonlo para ossos oontros protogidos, quo oram
duzir, onlao, o tipo do _p|'ol‘issio- vlsados a partir do sou “valor arlrisl;ioo", inslaurando-so, como vimos, uma
nais onvolvidos nossas polllicas: prllliva orionlada para a lnantllonqiio dossos oonjunlos lombados como ob-
mnlorltarlalnonto arqullolon o l'llHl'Ol‘ll\dU|‘l'H. lotos ldoallzados, dosoonsldorando-so, mullas vozos, a sua liislorla roal.
I M
I
Concertos. polltlm. lmntrm-mama ' in lntvrzlararfleu mim n palrlrndnlrv urbana: madrlon r pvrnparrlllau o l
So funclona num prlmolro momonto, conseguindo regular as lntorvonqoos to desprozadas (o oolotlsmo, o/lrt Nouvoau), o mosmo aproclL1c;i'1oooi1tom-
sobre vérlos dossos contros, essa perspoctiva vai sor croscontomonto con-
portlnoa. Aqui, aos critorios ostillsticos e historicos vao so juntando outros,
tostacla om todos os casos om quo so avolumam prossoes modornizadoras,
como vimos om capitulo anterior, como a preocupa<;€1o com o ontorno, a
aumontando o antagonismo ontro a populacao local, sistomaticamonto ex-
arnbioncia o o significado. Francoise Choay, num importante trabalho do do-
clulcla da Formulacao das politicas do proservacao, o o SP1-IAN, que tenta
limitaqiio toorica da quostao, chega at identificar uma tripla oxpansao dosso
mantor o conjun to intacto, através do uma politica ossoncialmente nogativa
conceito: cronologica, tipol('>-
e do Controlo na aprovacao do projotos. Assim, no quo concerne a trajeto-
glca e geogral‘ica,."
rla do SPHAN, é intoressanto porcobor como, aposar da absorcao polo seu
dlucu rso do novos concoitos, especialmente a partir da influéncia da Carta Também a nogao do ”patri-
do Vonoza, quo introduz as idéias do sitio urbano e da utilizagao social dos monio cultural” vai sofror
monumentos, o sou trabalho continua, pelo monos até os anos 1970, na uma ampliagao, principal-
mesma linha, considerando a cidade como objeto estético a so preservar, mento gracas ao contributo
lfim considerar do forma convonionto a quostao do sou desenvolvimonto docisivo da Antropologia,
Iéclo-ooonomioo. quo, com sua perspoctiva
rolativizadora, nele inte-
gra os aportes do grupos
A idéia cla conservaqao o sogmontos sociais que so
oncontravam a margem da
Desdo o final da 2a. Guerra, porém, 0 proprio conceito do patrimonio passa l'1istoria o cla cultura domi-
P01‘ llfnportantos mudanoas, vindo a sofror uma ampliacéio que muda a natu- nan to. Nosse processo, a no-
reza do sou cam po. No quo so roforo ospecificamento ao patrimonio arquite- can do cultura doixa do so
tbnlco, a su a concopgao inicial, muito presa ainda a idéia tradicional do mo- rolacionar oxclusivamento
numento liistorico unico, vai sendo ampliada: tanto o conceito do arquitetura, E1 chamada cultura eru-
quanto o proprio dita, passando a englobar lr'l'l'rH!h‘Hlr!‘» llrtnl
urbana urn seu conjunto, vnlori/.ando nao aponas monunwntoe-s ”uxc0pcio- paw:-i\.|p('w a limitaqao da
Mia", mas o proprio processo vital quo informa a cidade. Nesto campo, o rmidarlca, a coniscrvacao ,_ |_
tipo do objeto a ser protcgido muda, passando do monumento isolaclo a rel’o|*o-so 2| incvitabilida-
grupos dc cdificaqiirs .l1istoricas, 21 paisagom urbana 0 aos espagos publi- do da mudanca c :1 sua
con. Am-iim, quando so ponsa cm termos de patrimonio ambiental urbano, gcstao. Nao é dc se os-
nfio ue |Jt'l’lH€l apenas na ed.ificag€1o, no monumento isolado, testemunho tranhar, portanto, que
Clé um momonto singular do passado, mas torna-se necessario, antes de essa idéia tonha emer-
mais nada, perccbcr as relacoes que os bens naturais e culturais apresen- gido justamente quan-
tam entre si, e como o meio ambiente urbano é fruto dessas relagoes. do so consolida a idéia
Aqul a énfase muda: nao interessa mais, pura e simplesmente, 0 valor do patrimonio urbano,
nrc]uiotet(311ico, hist(’>rico ou estético de uma dada edificagao ou conjunto, objeto nao estético por lumlfm!
ll! m-mim
mas veri ti ca r como os ”artefatos", os objetos se relacionam na cidade para uxccléncia. Nesta nova
permitir um bom desempenho do gregarismo proprio ao ambiente urba- perspectiva, passa a ser
no. Em outras palavras: é importante perceber como eles se articulam em central a integragao da conservagao com politicas mais amplas de desen-
termos do qualidade ambiental. Abordar 0 patrimonio ambiental urbano volvimento, sendo uma contribuigéio teorica decisiva a introdu<;a'o, pela
val ser assim, como se pode perceber, muito mais que simplesmente tom- Decla.ra<;éio de Amsterda de 1975, do conceito de “conservagao integrada”,
bar detorminadas edificagoes ou conjuntos: é antes, conservar 0 equilibrio onde se explicita a necessidade da conservagao ser considerada nao como
da paisagom, pensando sempre como inter-relacionados a infra-estrutura, uma questéio marginal, mas como um dos objetivos centrais do planoja~
0 lote, edificacao, a linguagemurbana, os usos, 0 perfil historico e a pro- mento urbano e regional.
prla paisagom natural. Néio se trata mais, portanto, de uma simples ques-
ya nos anos 1960, cornegam a emergir na Europa e Estados Unidos as
tflo estética ou arttisotica controversa, mas antes da qualidade de vida e
chamadas politicas de conservagao de areas, com suas diferentes confi-
das possibtiilidades do desenvolvimento do homem. Com isso, desloca-se o
guracoes regionais: ‘arrondissements historiques’, ’secteurs sauvegardés’,
elxo da discussao, recolocando-se a questao do patrimonio frente a baliza-
‘historic districts’, ‘conservation areas’. Aqui podemos ver também o sur-
I‘m*n to:-1 capazos do cnquadra-la em sua extenséio contemporanea.
gimon to de um novo marco legal das politicas do patrimonioz a idéia das
Nos anos 196i), comcca-so, assim, a se forlnular outra visao de intervengéio ”a‘|rcas de con.servacao”, que séio, para adotarmos a definicéio classica do
sobre o pa l|"im(>nio, passando-so da idéia da prese1*vac;€\o para a da conser- Civil /lrmrrzitics Act britanico, de 1967, “areas de especial interesse arquite-
vnqao, quo vom a constituir o nosso segundo modelo. Segundo a “Carta tonico ou historico, cujo carater deseja-se
de Burra” do 1980, preservar ou promover". A legislagao in-
glcsa nao vai ser, no entanto, a precursora
o tormo consorvacao dcsignara os cuidados a serom
dispcnsados a um bom para prcscrvar—lhc as caracte- na liuropa, sondo prccedida pelo ”Ato dos
risticas quo aproscntcm u ma significacfio cultural. l)c monumentos” holandés c, principalmen-
acordo com as circunstfincias, a conscrvacfio implicarti to, pola l.0i Malraux da Franca, ambos de
ou nfio a prvsorvacao'ou a ruslaiiraciio, além da mn-
l'1Lll‘0l’lt_‘fiU; cla podcrai, igualmvnlv, com prccndvr ob|'as
il%i'l. Hsta vai ser, dc fato, a primeira na
minimas do 1'cco|\:-:l1'ug;iio ou adaplaqiio quo alcmlain liuropa a acrosccntar £1 idéia da prosorva-
as I1L‘L‘L‘HHlLltILl(‘H 0 cxi1.';QJ|1cin:-; pm’\licas."’ qao monumental a qucstfio da co11st~trvaq£io
dos ccntros |1islio|"ico:-1, lcntando associar
Corno r-Iv podo porcobor, a partir da concvpqao ampliada do sou proprio dc forma lnlima plmivjadorvs urbanos o
objeto, :1 con:-wrvmgiio vai apontar para uma tliiiwiisiio mais dinfimica, on chamados a rt|uitvto.~: dc monulm-ntos.“
ll! till l\'Hl|I ll
ilnlnl In
panuanclo dn Ida‘-la do n1n|1t1lvm;E'1o dc um bom cultural no sou vslado ori- Nos Ii:-ilndo:-i Unidos, por mm vuz, aposar lhllmm hm
glnal para n da co|1scrvm,'Elo daquulm-i do :-mas CL1l‘£’lL‘lt‘i'lHl;lCtlH "quo apro- do pr<.'cvdunlv rvprw-uml"m.lo por Wllliams- mm l l
burg, transformada numa ospécio do museu a céu aborto a partir da doa- perspoctiva do urbanismo modorno vinha causando as cidados, valoriv.a-
qiio do milhoos do dolares por John Rockfeller, vai ser o .Nati0nal Historic so nosto momonto também a qualidado ambiontal dos nL'1cloos historicos 0
Prvsmmtion Act de 1966 que introduz no pais a nogao dos ”distritos de a cotnsorvaq€1o do sua morfologia urbana o do patrimonio cotidiano.
prosorvaqao historica”, bastante difundidos hoje em dia.12 an
rnnlu on tratando aponas como objotos ostéticos. lnicialmonto lmplantado projotos o manutoncao do musous. O Estado, nosto caso roprosontado pola
nan cidades do Nordosto, onclo dovoria articular aqoos ligadas ao turismo, Fundacao Joao Pinhoiro, ontrava como rosponsavol pola coordonacao do
0 PCH so oxpandiu para todo o torritorio nacional durando doz anos o fi- plano urbano. Ja a Profoitura, como a principal rosponsavol pola admi-
nanclou ‘I93 projotos, ontro os quais 10 intorvongoos om conjuntos urbanos nistraqao da cidado o polo controle do uso do solo urbano, tondia muitas
o 15 planos urbanisticos o do dosonvolvimonto urbano. Porém, como ano- vozos, como roprosontanto dos intorossos locais, a so contrapor ao SPHAN
in Marcia Sant'anna, aponas 20% dos monumentos restaurados goraram o 2» sua politica do rostrigoos ao croscimonto, tornando-so muito comuns
rocursos para sua propria consorvacao. Dos planos diretores financiados conflitos ontro os nivois do poder. Na opiniao do um arquitoto do SP1-l AN,
polo Programa, poucos foram implomentados por falta do articu.lacao com ”o govorno local costuma so omitir da rosponsabilidado pola consorvacfio
on municipios o também por falta do uma logislagao quo obrigasse a sua do patrimonio local, fazondo o trabalho do SPI-IAN ainda mantis dificil.”'~"‘
oxocugaoJi Assim, no caso dessos planos urbanos, quo podoriam sor vistos como u ma
tontativa do ultrapassar a perspoctiva inicial da prosorvacao, olos nunca
Essa dosart.icula<;ao fica bastante claro quando analisamos, mais uma vez, vao sor aprovados pelo municipio, nao tendo n.onhum ofoito sobro as po-
o caso do Ouro Proto, abordado em capitulo anterior, onde, no final dos llticas urbanas.
anos 1960, com a cidado so ospalhando som controle para todos os lados o
com a crosconto doscaractorizacao do conjunto original, colocava-so cada
voz mais a urgéncia do um planojamonto urbano. Sao foitas, como vimos,
A reabilitacao do patrimonio urbano
duas tentativas nosto sontido: om 1968, o arquiteto portugués Viana do
Lima, consultor da UNESCO, olabora um primeiro plano do dosonvolvi- §
rnonto para a cidado, quo consistia basicamente num zoneamonto da mes— nao so liga imodiatamonto a idéia do desenvolvimonto das areas consor-
ma, com a dofinrigao do areas do proservagao o do oxpanséio. Alguns anos vadas, osta quostao vai so mostrar inarredavol na proxima otapa, quando
mais tardo, om 1974 o 1975, ja no ambito do Programa do Cidades Histo- so introduz a idéia da roabilitagao dos contros historicos. O fato é quo,
rlcas (PCH), a Fundcamgéio joao Pinhoiro, orgao do planojamonto do estado, dosdo o Congrosso do Amsterda do 1975, coroamonto do Ano Europou do
olabora um novo plano para Ouro Proto, através do uma oquipo multidis~ Patrimonio Arquitotonico, reconhece-so oxplicita o programaticamon to a
ciplinar sob a cootrdonagao do urbanista Rodrigo Andrade, o quo contava importancia da manutoncgao o incromento da funcao oconomica das aroas
com a participagao do arquitetos, oconomistas, sociologos, historiadores o protogidas. Assim, a Carta do Amstorda ja formula:
goologos, além da consultoria do proprio Viana do Lima o do paisagista
A roabilitagao do bairros antigos dove sor concobida
Roborto Burlo Marx. Tratava-so, dosta vez, do um amplo trabalho, quo o roaliizada, tanto quanto possivol, som modificaqoos
lnclula projotos quo contomplavam tanto a infra-ostrutura urbana, paisa- importan.tos da composicao social dos habitantes o do
gismo o rostauraqao do monumentos, quanto aspoctos sociais, oconomicos, uma manoira tal quo todas as camadas da sociodado
li‘l8l'llILlClOl1£-ll:-3 o administrativos. Além disso, formulava-so também um so bonoficiom do uma oporacao financiada por fundos
pl:ll3llC()S.l“
projoto do oxpansa.o urbana para a cidado quo rocomondava a criacao do
novos nL'1cloos, do forma a assogurair um processo com pativol do dosonvol- No on ta n to, o intoressanto porcobor quo quando trata da quostao ocon(’>mi-
virnonto, som afotar a intogridado historica do conjunto. ca, a Carta do Annstorda vai fazo-lo quase quo oxclusivamon to sob o pon to
do vista do financiamonto da oporacao, quo vai sor ontondido a partir do
No ontanto, uma sorio do dificuldados do ordom institucional, faz com quo
urn nlvol olovado do iiwtorfoionicia - o invostimonto - ostatal, quo ca ractori-
ossos planos nunca sojam implomontados. D caso do Ouro Proto oxom pli-
zava as politicas publicas do poriodo. A nosso vor, nao é do so ostranhar
Pica bom, a nosso vor, a dosarticulacao ontro os divorsos orgaos rosponsa-
quo tonha sido uma ca rta a moricana, as ”l\lormas do Quito", rosulta n tos da
vols pola prosorvacao o administraqiio das cidados brasiloiras: ali vamos I — 4
1
“Rouniao sobro Consorvacao o Utilizaqao do Monumontos o Lugaros do ln-
tor a aqao do tros nlvois do govorno - Fodoral, ostadual o municipal, quo
torosso llistorico o /\rtlslioo", organizada pola OE/\ om "I967, a primoira a
nom sompro colaboram ontro si. Ao Sl’llAN, o orgao fodoral rosponsavol
dar grando dostaquo a quostilo oconomica, ja quo val sor também nas Amo-
pelo tombamento, cabia a rosponsabllldado pola manutonqéo o consorva-
rican, o partlcularmonto no Amérlcn Latina, quo so coloca com muita gra-
qlo cl: Ouro Prito dildo 1938, incluindo al a lnupoqao o coordonaqlo do
I"/l'I'RIMI‘iNIt I t ‘I !l.'I'I IIMI. l‘urm*lhm, pulillom, lnslranrnwllm liltrrwmwn nulirr (I pnlrlnmnln urlmmi: nimlrlim v ;u*rs;n'rtlr'nn
vldado o probloma da oscassw. do rocursos para osso tipo do intorvom;ao. quo omproondora u ma bom sucodida rostaurat,**.'Io I1istorico-tipologioa do
Assim, as ”Normas do Quito" vao constatar quo a oficacia pratica do modi- sou conlro historico, o do Salorno, quo, ao invos, prod uzira um a rn plo diag-
das do omorgoncia para a protocao do patrimonio cultural dopondora, “om nostico socio-oconomico quo, visando primordialmonto onfrentar a quos-
Lilltlmo caso, do sua adoquada formulacao dontro do um plano sistomatico tao da marginalidado oconomica, limitara-so a propor a Ionta implantaoao
do rovaIoriv.aoao dos bons patrimoniais om funcao do dosonvolvimento do molhorias urbanas para quo os habitantes pudossom so ada pta r a oIas."’
oconomico-social”.'7 Alom disso, vai sor aquola carta também a primoira Muito so avanqou dosdo ontao, o o quo so tom visto no ambito das politicas
a dodicar todo um capitulo a ”vaIorizacao oconomica dos monumentos”, do patrimonio, a partir dos anos 1980, sao osforcos sistomaticos para so
quo c» lratada oxtonsivamonto, mosmo quo ainda sob um ponto do vista gorar invostimontos o dosonvolvimento oconomico quo sorviriam pa ra, om
Ilmltado, o do donominado turismo monumental. altima instancia, financiar a consorvacao das areas. Nesto momonto intro-
aw
duz-so aquelo quo dofinimos como o terceiro modolo do intorvoncao sob ro
ll Inlorossanto porcobormos, como a omorgéncia da quostao do financia- W
as £lLIl11Il1IHl'l't1g‘t'$t‘H locais, om proondom a rocuporatgao do aroas dogradadas dos movimontos sociais daquolo porlodo, quo Iutam pola chamada “ro-
nas cldados. Com isso, introduv.-so tamibom um novo padrao do planoja- forma urbana". Com isso, introduzom-so na Iogislacao brasiloira novos
monto das cidados, quo passa a oslar compromotido com a nogociacao o o instrumontos quo pormitom, pelo monos om toso, a formulacao do poll-
oltnbolocimonlo do pa rcorias ontro a toros pfllldictvs o privados. Assim, como ticas urbanas do moldos participativos, quo incluam os diforontos atoros
obsorva I-~"ornanda Sanchez, “a figura do planojador, quo ato pouco tempo o facam valor o direito social da propriedado - edificacao compulsoria,
ora no monos oxplicitamonto a do rogulador da acao da iniciativa privada direito do proompcao, solo criado, oporagoes urbanas consorciadas, trans-
doixa do tor o porfil do vigilante om prol do bom ptiblico, dosomponhando feréncia do direito do construir, usucapiao coletivo, estudo do impacto
Wm agora um novo papol: o do do vizinhanca, entre outros. No ontanto, cabo destacar quo tais mocanis-
promotor do croscimonto/'2" mos so passam a poder sor aplicados do forma monos controvorsa, com a
aprovacao em 2001 do chamado ”Estatuto da Cidado” (Lei l\I. 10.257), quo
Como consoqiioncia dosto rogulamonta esses instrumontos, além do estabelecer diretrizes gorais d a
doslocamonto, também o politica urbana nacional. Ha hoje om nosso pais um grando i.ntoro.sso na
marco legal envolvido sofre implantacao do politicas inovadoras, que consigam suporar as doficiéncias
altoragoos: nao so trata mais, cronicas do nossa urbanizacao, marcada por um alto grau do oxclusao o
como no modolo anterior, sogregacao social. Assim, multiplicam-so experiéncias do moldo partici-
aponas da dolimitagao do pativo — orcamonto participativo, conselhos consultivos, doliborativos o
“areas do consorvagao”, mas gostoros, além do incipiontes tentativas do so estabelecer parcorias ontro
sim da tarofa muito mais am- o poder publico e a iniciativa privada. Também no campo do patrimonio,
pla do articulagao do planos comoca-so a so introduzir essa perspoctiva com planos do roabilitacao do
do doson volvimon to para ossas aroas, o quo prossupoo nao so uma série do areas, quo, do forma diferonciada, utilizam-so da parcoria ontro diforontos
modidas ad ministrativas, mas também a uttilizacao do um complexo instru- atoros. Aqui podoriamos citar o ”Corrodor Cultural” no Rio do Ianoiro, o
mental Iogal quo vom rospondor a essa nova situacao. Do fato, nas ifiltimas “Viva o Centro” om Sao Paulo, o ”Roviver” no l\/laranhao, 0 Projoto Bairro
Liocadas, tom omorgido na area do planojamonto o da politica urbana os cha- do Recife, além do inconcluso ”Projoto do Reabilitacao Intograda do Ba irro
mados “novos instrumontos", tentativas do ostabolocimonto do novas for- Lagoinha”, om Bolo Horizonte, quo trabalhava oxplicitamento com essa
mas do rolacionamon to ontro as osfo.ras pL'1blica o privada, envolvendo, ontro perspoctiva, objeto do capitulo ospocifico nossa obra.
outros, ropassos do rocursos da osfora privada ao poder publico ou a rodo-
Quando so fala hoje do financiamento o gestao do tais projetos, uma matrix
re
nocossarlas para a satisfagao das nocossidados da goraoao atual, som por g I MODEM) - I-'rem'va§l.o
orn rlsco as opooos das goraqoos futuras. I\Io ontanto, como bom aponta ' "Coloc;ao do ol:>]etos”
I lonrl Acsolrad, o discurso da ”sustontabiIidado urbana" ainda paroco so Concepgao do ' Excepcionalidado
organlzar analiticamon to om dois campos bastante rostritos: patrimonio 4' Valor historico o/ou estético.
do um lado, aquolo quo privilogia uma roprosontagao
~
1* Cultura orudita
técnica das cidades pola articulagao da nogao do sus- Tipo do objeto ~ Edificagoos, estruturas e outros artofatos indivicluais
tontabilidado urbana aos ”modos do gestao dos flu.xos
do onorgia o matoriais associados ao croscimonto urba- Marco legal ~ Tombamento
no"; do outro, aquolo que define a insustontabilidade I Estado
das cidades pola quoda da produtividado dos inves- Atores / agoos ., a casos excepcionais
~ Reacao . .
timontos urbanos, ou seja, pela ”incapacidade destes
ultimos acompanharem o ritmo do croscimonto das Profissionais
domandas sociais", o quo coloca em jogo, consoquento- . ' Arquitotos o historiadores
mon to, o ospaco urbano como torritorio politico.23
€IlV0lV1d0S
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cas vezes so lraduzem em aqoes concretas do Poder Piiblico. Nesto sentido 6
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que vai se terminar por iclentificar o plano diretor exclusivamente com a ideia
de zoneamento - na pratica, a {mica dimensao que parece ter alguma impor-
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:4 1 tancia na regulagao da cidade. Assim, como bem aponta Sarah Feldman, o
zoneamento, que abrange todo o territorio da cidade e o divide em zonas, e
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que se corporifica muitas vezes nas leis de uso e ocupacao do solo (ou ei r e
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zonearnento) passar a ser o principal - se nao o ilinico — instrumento de pla ne-
1 1 ‘F ‘r 1,
, 1 731; ‘ i ll‘ 1,1” !»g1l*
$1; jamento da maior parte das cidades brasileiras. (FELDMAN, 1997)
1 l'l§l,li?lig~‘)l;?;'\U1fi%t
an
mlraculoso Plano l")iz1or |limhi'e-isio|1'i|1ll um UM tipo de planejamento. Naquela lei de 1999, o modelo adol-ado inlroduv.iu
ll'1i1'l.'l‘l.-||TH_—‘n ll) qlll.‘ |_")|-al-icnn-“\n to I-“_||#é\a vxlisti(L|LI?R]}?|-25;‘:
niveis variados de densidade para as chamadas “macro-v.or|as" e ”Ul".LJs
va 1ossal"er'1dr uiri ii > 1 - - -
elllle do 1*
Til‘-1c(\/Ill (Unidades de li.s1|'i|lL||"aq{io Urbana)”, baseado em ”padr('>es oliimos de cus-
-- ~-I l\‘~l$mmflm
<. 1005, p.Pwsugl“
I0) Pm‘ P9111‘ klfl
lo de inslalacgiio e manulcemgiio da infra-estrulura”J‘ O grande problema
Deadeosm1osil960 vl W-He assim
9 1 1. _ . all vai ser, como aponta Vargas, o predominio da aplieaqao a toda cidade
°°mPus~%al1au1camai11v
‘ " Pord1retrl;'-1:
9- . .' Ht. ‘ml do='-“"9"
v 9 ll‘ Plmmfi9 OX“ que,
~ SW91", um“'“""“" . P»'°""~‘1'l¢oH,
9 entanto,
no pou- de ”par£imetroi-1 abstratou", "valores ldeais de quantidade de eeonomins
l ll
/’l
I‘/\'|‘HIMl'iN1l I (‘I 11.1 ‘I I R/11. I ‘urivvltrm. jmllllrun, limmmmmm Dmnm~rru~m upartI¢~I;1n;~iIn: pl:-mm: illrulmw 9 pullflrfil do patrlm nlu
do sonador Pompou do Sousa. Apos doze anos do lramitaoao, a lei pro- devendo sor formuladas no
posta foi aprovada por unanimidado, tendo sido sancionada finalmonte ;. llmbllo do uma osfera tecnica.
em Ill do julho do 2001 como a lei 10.257. intoressanto percobormos quo Na sua nova formulaqao, mais
liessa longa tramitacao muitas controvorsias so dosfizoram, o so passou quo uma reuniao do formulas
a tor uma maior acoitagao dos varios instrumentos, o quo pormitiu quo tecnicas, o Plano Dirotor o visto
eles pudessem sor aplicados do forma monos controvorsa. Assim, como a como um ”pacto pola cidade".
primeira lei federal do dosonvolvimento urbano om nosso pais, o Estatuto Como coloca Ana l\/laria Murta,
III: Hilil ll
da Cidade voio estabelecer dirotrizos gorais da politica urbana nacional, lmpoo-so agora a garantia do mm: all ill
mental urbanistico olaborado para isso. (Veer Quadro I) do mais essa participacao ~99 -
na depondéncia das intencoes da municipalidado a
I)ontro dosso novo sistoma, o plano diretor vom desempenhar um papol atongao a domanda comunitaria. Ne"-no so trata mais
central: como anota Raquel Rolnik, so o Estatuto da Cidade vai sor uma do uma concessao atonciosa e patornalista as solici-
tacoos popularos. Acontoco, ofetivamente, o coder o o
”caixa do ferramontas” a disposigao dos municipios, a “chave” para abri-
conceder, por direito do cidadao, aos novos projetos
la, vai sor o plano dirotor.“' Do fato, sogundo o texto constitucional, o Pla- ospeciais implantados om. sua ci.dade. E um passo ad-
no Dirotor vai sor “o instrumonto basico da politica do desenvolvimonto o ministrativo novo, conquistado, quo precisa so r enten-
do oxpansiio u rbana” (Art. 1,82, §'l Q), cabendo a olo disciplinar o "direito so- dido o assumido pelas profeituras o pela popiil-acao.
(MURTA, 2002, p.01-02)
cial da propriedado”. Para ofotivar a disposicao constitucional do acordo
com a qual todo m unicipio com mais do 20.000 habitantes deveria roaliza r l)entro deste novo quadro, no éimbito dos planos diretores participativos,
seu Plano I)irotor, o liistatiito da Cidade ostabolocou até mesmo uma data parece-nos possivol vislurnbrar uma série do altornativas quo podoriam
limile para a sua foitura, o quo levou muitos govornos municipais om 2006 nos ajuda r a oscapar da visao homogonizadora provalonto no planojamon-
a uma vordadeira ”corrida”, para oscaparom da possibilidado do serom lo urbano no Brasil, bom como so estabelecer estratégias mais of-iciontos
acionados por improbidado administrativa. Essa ”corrida" terminou por para a prosorvacao do nosso patrimonio cultural. Nesto aspecto, c» prooiso
en|'ra<|uoco|" do algu ma forma, na pratica, outra d "i rotriz importan to coloca- lembrar, antes do tudo, quo a prosorvacao dos bens culturais, especialmen-
do pelo llslatuto da Cidade, a pa rticipacao popular, quo so tornou obliga- le daquelos bons edificados do interosse historico ou arquitotfinico, confi-
loria para a olaboracao dos planos diretores, donominados gonoricamonlo gura-so, do fato, como um dos roquisitos para o cumprimonto da fumgao
do "planos diretores participativos”. l\losto sentido, o lfllstatuto prov(* quo social da propriedado, preconizada pela Constituicao Federal, dovomlo
no processo do elaboraoao e na fiscalivaeiio do sua implemontacao, cabo nocessariamonto sor tratada no Plano Dirotor. Assim, aparoco-nos pa do
1'1/\No nllll Ion |'Mu||.u'/\| lvo ao poder Logislativo o Il><oculivo garanti- Ht‘llt.l£1 a possibilidado do so intograr a politica especifica do prosorvacao do
rom “a promoqao do audi('ncias piiblicas o meio a mbionto urbano e a politica urbana mais geral, através da absorqao
W‘ lultum ll-1' nlia I'rellm|nar
LlL‘IDt1l1‘H com a pa1|‘l'icipt\Qfim) da poptllacao e
no I’Iano Dirotor do mecanismo do protocao doaroas. So o instrumonto do
do ass<icii1q(it's ropresenlalivas dos varios tombamonto foi importanto num primeiro momento, quando lidavamos
sogmentos da comunidado", ”a puIvlicida- com u ma concepqao mais restrita do patrimonio, hoje om dia nocossita mos
do quanto aos documenlos o inIo|'mac(>es do mocanismos mais floxiveis e adoquados para a nocessaria gestao da mu-
produv.idos’[o ”o acosso do t|ualquor inle- danqa das areas a sorom conservadas. l\losto sontido, surge o mocanismo
rossado aos documenlos o inIo|'mac(>os pro- das areas ospeciais ou zonas ospeciais do interosse cultural, a sorom pro-
I
du'/.idos" (/\rl. 4-0, § 4“). llssa perspoctiva postas para aquelas areas urbanas carrogadas do signifioado para a popu-
parlicipaliva vom lonlar oorrigir, do alguma I ‘ I R
lagllo, nao so pola oxisloncia do numorosos odificios do valor patrimonial,
forma, a 1|'ajolo|'ia das polllioas urbanas no mas pelas proprios caracterlstlcas do seu agonciamonlo urbano o do sou
llrasll, quo sompro loram ponsadas como slgnlllcndo para as cidades. Com limo, nos aproxlmarlamos da ldola dn
iuaifllqliumililn ill-$ ‘nun-w » I'l"'l'll
I’/l‘l‘lllMt'5Nl( 1 (‘lII.'1'|H(AI., s r',ma;n.m p,,”H,ifl;' 1,-|,,m,,,,,.,,;,,,, ‘ llt'lll0l‘l’ll1‘I|It‘}llll'lll'l]11ll,'l'lH.‘jlllllllllill/N*lHI‘r‘H r mrllllrus do pmlrhnflnlo
conse:'vm;ao do areas, aos moldos do que so tom feito internacionalmon- Podor I’L'|blico lera prioridade para a compra do um determinado terreno
lo com os instrumentos das conservation areas, historic districts, soctours ou imovel do intoro.sso, no momonto om quo esse for oferocido a vonda no
sauvogardos, entre outros. Nossas areas dovom ser definidos paramotros morcado. Nosse caso, o Plano Dirotor dovora indicar essas areas ou imo-
muito claros do acompanhamonto do desenvolvimonto urbano, do modo a veis, podend.o-so ponsar na utilizacao dosso mocanismo para os imoveis
so prosorvar, como nos diz a propria dofinicao do conservacao, as caracte- do interesse do preservacao ou para as areas a serom revitalizadas. Nosse
rlsticas dossas zonas "que apresentem uma significacao cultural”. Liltimo aspecto, o Plano Dirotor pode prover ainda novas possibilidades do
roocupagfio ou revitalizagdo das areas centrais das cidades e do sous odificios,
Por outro lado, é prociso porcobor que, na visao contemporanea, essa preocupa- utilizando-so do uma combinacao adequada do varios dos instrumontos
cfio com as dimensoos qualitativas da cidade nao deveria so concentrar aponas politicos e juridicos previstos no Estatuto da Cidade, buscando, simultane-
nas chamadas “areas historicas”, mas so estender para toda a cidade. Assim, os amonte, desonvolver oconomicamonto a populacao — muitas vozos margi-
pla nos diretores devoriam estudar dotalhadamente a configuracao diferonciada nalizada ou ompobrecida, que habita essas areas -, evitando-so o pervorso
das d i vorsas areas da cidade, propondo regulamentagoes também diferenciadas ofoito da gontrificacao." Através dos diversos mocanismos do Plano l)i ro-
para as mesmas, utilizando-so para isso do instrumentos dorivados do dosonho tor parece—nos possivel, assim, propor uma atuagao sobre os contros das
u rba no. Essa preocupacao tipologico-morfologica dove, a nosso ver, oriontar os ci.dades quo consiga combinar, em modidas adequadas, a perspectiva do
pla nos d i retores como um todo, e nao so restringir apenas a regulamontacao (no- sua conservacao com a da revitalizagao urbana.
cessaria) das areas ospeciais do conservagao. Nesto sentido é que enunciamos,
om outro contexto, quo so deveria adotar um procodimonto unitario, visando a Finalmente, parece-nos também muito importanto na feitura dos Planos
m.el'horia do moio ambionto urbano como um todo, nao tratando dosigualmente Diretoros, tratar com atencao a gestao do patriménio cultural, sendo noces-
as cliamad as areas historicas o os outros ospacos que compoem a cidado: em saria a criacao do mocanismos que pormitam a real o ofotiva participaqiio
ambos os casos, dovom-so considerar sempre a infra-ostrutura, o loto, a edifica- dos agentes envolvidos no processo, om todos os seus momentos, da iden-
cao, a linguagom urbana, os usos, o porfil historico e a paisagom natural. tificacao deste patrimonio até a discussao das oventuais intervencoos para
sua protogao. Do inicio, na fase do diagnostico, é prociso so criar mocanis-
'l‘a|nbér|n para o campo do patriménio cultural, deve-so prover uma ”cai><a mos para so porcobor o ponto do vista dos moradores e das comunidades
do l’orramentas”, que dovera constar no Plano Dirotor municipal, permi- onvolvidas, que muitas vezes difore da perspectiva dos técnicos dos orgaos
tlndo a u tilizagao dos diversos mocanismos — juridicos o politicos, tribu- do prosorvagao. Além disso, ja no funcionamento diario das politicas do
larios e financoiros, previstos no Estatuto da Cidade. Um dos principais patrimonio, é prociso, om muitos casos, também so democratizar os conse-
aspoctos a ser abordado, refere-so a introducao do ostimulos a prosorva- lhos do patrimonio, ampliando~se sua composicao, do forma a so incorpo-
rr cao, com a criacao do incenti- rar os diversos atoros sociais, garantindo-so o exercicio do um vordadoiro
vos e beneficios fiscais, como a debate democratico. Por fim, parece-nos fundamental ainda so garantir o
isencao do IPTU, a introduqao ca rater deliberativo desses conselhos, o quo diminuiria a possibilidado do
do mecanismo da trnizsfrrfiizri/I in goréncia direta o extomporanea dos agentes politicos no p rocosso.
do direito do construir (TDC), con-
cessao do diro.ito do construir no
mesmo local, ontro outros. llntro
ossos invontivos, cabo chamar a
atenoao para a transleroncia do
- a direito do construir, instrumon-
to reconle, quo vom sondo crosoontomento usado polos municlpios brasi-
loiros e que conloro ao proprielario do um Iolo a possibilidado do oxoroer
seu potencial oonslrulivo om outro Iolo, ou vom'lo-lo a outro propriolario' '.
Uulro instrumonto muito promissor para a oonseouoao do uma consorva-
cao urbana ollolonlo nos paroco sor o rliroilu do ;n':'¢'ii1poio, que garanlo quo o
P/ITRIMONII I (‘I H 1‘! HM! Vmmtllen. millllom Iimlrunwnmn
| 0 " | ‘ I l7rnmrrm'ln o ;mrtIrI;mrnn.' plmmn rllnmirrs v ymllflrun do ymtrlmflnln
PONTOS IMPORTANTES DO ESTATUTO DA CIDADE: Concesufio de uso especial para fins cle moradia: instrumonto inova-
dor, permite que imoveis pifiblicos ocupados ha mais de cinco anos som
Gutlo democrética: devera ocorrer por meio da acao do conselhos do oposiqao tenham a posse regularizada do manoira assemolhada. aos ca-
politica urbana, da iniciativa popular do leis e da roalizagao do debates, sos do usucapiao do imoveis particulares, mas sem transforéncia da pro-
fludlénclas e consultas pablicas para a aprovagao e a impl.ementagao priedado. O dispositivo foi vetado pelo prosidonto da Repablica, mas
don planos diretores e das leis orgamentarias. roposto pola Medida Proviséria 1'19 2.220, do 4 do setembro do 2001, que
limita a fruicao do beneficio aos quo satisfaziarn as condigoes da lei na
data do 30 do junho do 2001.
Flinn diretor: obrigatorio para cidades com mais do vinto mil habitantes
I raferenczla para o cumprimento da funcao social da propriedado (art.
152, §§ 1" e 2°, da CF), o plano diretor passa a ser exigido também para I Direito do superficie: permite a transferéncia, gratuita ou onerosa, por es-
Cidades lntegrantes cle areas do especial interesse turistico, para aquo- critura pablica, do direito do construir sem que este alcance o direito do
Ill lnfluenciadas por empreondirnentos ou atividades corn significativo propriedado do terreno. Toma mais flexivel a utilizagao do terrenos urba-
impacto ambiental e para as que pretendam utilizar os instrumontos do I nos. ,
Elitntluto. 1
Direito do preompgao: assegura preferéncia ao poder piiblico na aquisi-
Plrcelamento, edificagao ou utilizaqao compulsoriosz a ociosidade do cao do irnovois urbanos desde que, dovidamonte notificado pelo proprie-
vastas exten.s6es do terrenos urbanos ja dotados do infra-ostrutura é res- tario, manifesto o interesse pola compra, no prazo do trinta dias, findo o
pomavel por deseconomias como a elevagao dos custos do prestacao qual o direito doixa do provalecer. Objotiva permitir a formacao do esto-
dos services pfiblicos o a sobrevalorizacao fundiaria. Previsto no art. quo do torras piiblicas sem a necessidade do procedimontos do dosapro-
132, § 4", do C011stitui.(;5iO, como primoira ponalidade pola retengao ocio- priagao.
ll do terrenos, esse dispositlvo carocia do rogulam.on.ta.cao om lei federal
para tornar-so aplicavel. Outorga onerosa do direito do construir e do alteragao do uso: consiste
na possibilidado do o municipio estabelecer determinade cooficionte do
IPTU progressive no tempo: segunda sancéio provista na seqiiéncia do aproveitamento dos terrenos a partir do qual o direito do construir ex-
Q4-° do art. 182, para combater a ociosidade do terrenos urbanos, o IPTU I cedento deve ser adquirido do poder pablico. O mesmo devora ocorrer
progressive no tempo sera aplicada aos proprietarios que descumprirem quando o uso for altorado e resultar na valorizacao do irnovel.
a primeira po:nal;idade, pelo prazo do cinco anos, com progressao da ali-
quota, limitada ao dobro do um exercicio para outro, até o maximo do Operagoes urbanas consorciadasz permitem um conjunto do interven-
15%. qdes e modidas, consorciadas entre poder pablico o iniciativa privada,
com vistas a alcancar transformacoes urbanisticas do maior monta. No
Dlllproprlaqfio com pagamento em titulos da divida pablica: trata- ambito das operacoes, o direito do construir pode ser expresso em cer-
IQ da 1.'1ltlma das penalidacles constitucionais previstas no capitulo da tificados do potencial adicional do construcao, vondidos em leilao ou
politica urbana. Torna a desapropriaqao do imoveis urbanos ociosos se- utilizados para o pagamento do obras.
milhante a que ocorro para fins do roforma ag1"aria. I
‘~nl='mIm .'r'mlu n|
rm /mnln 1 mm ' nl'1
r‘ l"."H‘)rl all’ '-‘ah!
fmm 1'-c H ale‘ -‘Hill
protogidos - passando a constituir um tipo do diaglwostico int"ordiscipli- dos bons ao longo do todos os es-
tados”, afirma. llronte a magnitude
mar, quo |'ornc-ca bases mais soguras do dados, bom como motodologias do
da tarefa, o Sl’lr-lAl,\l principia pelos
anallso o lnlo1*prola1;5o para a agao e oxecugao do politicas govornamontais
“monumentos arquitetonicos”, e,
|'m1|s oonsislonlos, quo, roslpoitando as pallicularidades locais, utilizom-
em pouco tempo, consegue docu-
has como base para o dosonvolvimento. Para demonstrar tal potoncialida-
mentar as principais obras da Ar-
do, L‘Hl;'l.‘ capllulo vai discutir as experiéncias do Inventa’rio do Patrimonio
quitetura na maioria dos estados
Urbano o Cultural do Bolo Horizonte (IPUC-Bl-I), e do Inventario do Patrio-
do Pais, além de realizar o inven-
lnllnio ('ultural do Porto Alegre, du.as tentativas nessa direcao. l
lll.'»H Ill‘ lrlrll llllil I'll
tariamento das colegoes de todos l':lI'rHlrlll -‘ll ll '-l:l|'ll
A
I
os museus federais, trabalho de I'M, llr'l('ll|1H Hllll
s
grande importancia numa época dc‘: (lflll ll!‘ l‘l||ll
ll1venlarios do patrimfinioz uma trajetoria no Brasil v em que a falta de registros facilita-
va a dilapidacao do patrirnonio nacional. No entanto, numa conferéncia
lnslrumonlo lradicional, o inventario vem sendo utilizado sistematicamen-
to no Brasil dosdo o final da década de @930l, quando é criado o SPI-IAN (Ser-
e proferida no mesmo ano, Rodrigo de Melo Franco deixa clara a posicao
l‘
ll acessoria do inventariamento nofiistema de preservagao,d,‘>instalado no Pals,‘
vlqo do Palrimonio Historico e Artistico Nacional), orgao federal de preser- l
vaq€1o. ja os intofloctuais modernistas que fundam o Servigo do Patriménio que se centrava na figura juridica do tombarnento. Assim, como explica
porcobiam a ism posrtzfincia de se realizar o registro sistematico de nosso acer-
l o autor, de acordo com a legislacao brasileira os bens culturais so seriarn
vo cultural, amoaagado pelo desconhecimento e pelo abandono. Assim, é considerados parte integrante) do patrimonio historico e artistico nacional
quo ;l.uoio Caxstemscreve, em 1938, o texto ”Documenta<;€1o Necessaria”, em depois de tt/Qrnbado§, cabendo ao inventarlamento um papel secundario o
quo Far. u ma veemente defesa de um estudo aprofundado de nossa ”antiga propedéutico? l-E interessante perceber aqui que ainda se trabalhava com
t’ll‘(']_LlllL‘l'Lll‘£1”Z “Se ja existe alguma coisa sobre as principais igrejas e conven.- o conceito tradicional de patrimonio, entendido sob os parametros nortc-a-
los - pouca coisa, alias,... -”, adverte, “com relagao a arquitetura civil e parti- dores da (e/xcepcionalidade e da unicidadm-5'} nao havendo também dlflvid/as
Cula rmon to £1 casa, nada ou quase nada se fez”? Frente a inexisténcia de um quanto aoxque fazer: documentar para se proceder a protecao por meio do
rogistro con Havel, propunha um inventariamento cuidadoso e exaustivo da ltombamentol Essa abordagem se estendia aospréprios conjuntos urbanos,
arquitotura civil brasileira,, pouco conhecida até entao, que deveria cobrir 2. propria cidade, que era tratada, como bem mostra Lia l\/lotta, “como ox-
on mais diforontos "tipos de edificagoes, da casa urbana a rural, examinando pressao estética, entendida segundo critérios estillsticos”, o que resultou
larnbém as técnicas utilizadas e o proprio mobiliario. 7”numa pratica de conservacao orientada para a manutengao dos conjuntos
Uu
tombados como ob]etos 1deal1za- 1 ~
l\lo que se refere a atuaacao efotiva do dos, distanciando-se das contingén- I
SPH/~\l§l, em entrevista roalizada om cias roais na preservagao desse tipo
1939, (Rodrigo l\/lolo Franco do An} do bom”.3
drade, primoiro prosidonto. daquolo I
"modo-otllturais” osta so Iimita normalmon to a u ma a naliso do processo do farnllias abastadas o uma primoira ooupaqatr favolizada, logo oxtirpada polo
ootipaqao das rog"ioos estudadas, idontiticando os grupos sociais onvolvi- Govorno ‘municipal. l"-lojo ocupado prodominantomonto pola olas:-io iiiodia, o
dos. Nan ha nonhuma tontativa do Qairacterizagao socio-espacialumais pro- bairro ainda consorva um importanto conjunto arquitotonico, a dospoito do sua
clsa, nom a analiso da apropriagao dos espagos das regioes, com o rogistro, grando proximidado com o centro da cidado e a 1
por oxomplo, da vida das ruas dos bairros, suas feiras, festas e fostivais. oonsoqiionto valorizaoao imobiliaria.
linlta ao IGliI’ACSI’ oxatamonto a abordagem daquela dimensao menos
O lnvontario da Lagoinha também abordou
palpavol da cultura, quo esta na base da construgao social de identidades
um bairro tradicional da regiao pericentral,
ospaciais distintas, que, em. oltima instancia, permitem que cada setor da
cldado soja porcobido o representado de forma propria pela populacao‘)
» -..
quo tovo, no entanto, um destino comple-
tamonto diforonto do da Floresta: ao sofror
Outra tontativa nosta diregao foi o Inventario de Patrimonio Urbano e Cul- u ma série do intervengoes viarias de grande
lural do Bolo Horizonte (IPUCBH), desenvolvido desde 1993, inicialmente porto, a rogiao entra num processo de gran-
pola Profoitura Municipal e, posteriormente, pela Universidade Federal do do dogradagao ambiental, aparecendo aos
Minas Gorais. Tontando responder a ampliagao do conceito de patrimo- olhos da cidade como uma area-problema.
nio, o comproondendo a cultura como processo muito mais do que como Por outro lado, é digno de nota como a La-
u ma série do bons, o IPUCBI-I constitui-se numa pesquisa sistematica que, goinha, a despeito de todos os problemas, 1 ll'1H'lll|lI'lll'lll
ao rooonhocor e documentar o patrimonio, entendido em sua forma mais oonseguiu manter uma grande vitalidade Him llaprii-iii
in-minim llrli
abrangento e contemporanea, possibi- oconomica e cultural, abrigando principal- Hon lllllI'
lita a elaboragao de propostas de pre- mente servigos tradicionais, heranga de sua
HUI servagao integradas com a politica ur- origom operaria do inicio do século. Essa realidade multifacetada foi ca p-
‘Ills!
bana geral para o municipio. Para isso, tada pelo inventario, que mapeou nao apenas a arquitetura a confor-
illml
um! procurou-se desenvolver uma moto- rnagao urbana local, mas tracou um detalhado retrato socio-cultural do
Hill‘. dologia de diagnostico urbano, que bairro. Aqui cabe notar que, fazendo jus a idéia inicial do programa, osso
'l'l,l
permitisse tanto entender e registrar invontario foi utilizado em 1995 e 1996 como base para a proposiqao do
minuoiosaimonte as areas estudadas, quanto propor alternativas de poli- um plano do reabilitacao integrada para a area, o Projeto Lagoinha, do quo
lloas do dosonvolvimento, compativeis com as suas especificidades. As- trataromos em capitulo posterior.
sooiando posquisa documental e trabalho de campo, o IPUCBH elaborar,
ontao, diagnosticos das localidades estudadas, a partir de seus aspectos ar- Como um contraponto a esses dois inventarios, o lnventario do Primoiro
quil'ol"c“micos, historicos, sociologicos; antropologicos e economicos, numa do Maio focalizou um bairro ainda hoje eminentemente operario, ocupado
tontativa do criar um instrumonto quo, ao mesmo tempo consiga registrar ha apro><imadainon.te 50 anos, e localizado na periferia da rogiao 1\1orto do
o |:mt|'i|no|1io urbano o cultural om seu sentido mais amplo e possa servir llolo Horizonto. Trata-so do uma regiao que também sofria intorvonooos
do baso para um planojamonto mais cuidadoso, quo leva em considoragao via rias do porto naquele momento, com o prolongamonto do avonidas o a
as pa rtioula ridados o identidades proprias dos diversos ”podacos" da mo- ohogada do Trom l\/lotropolitano, além do uma sensivol modificaoao oco-
lropolo. ' ' nomica com o aporte do grande quantidado do invostimontos imobiliarios.
/\ historia da ocupagao dessa regiao é a historia da motropolizaoair om
Como modulo inicial, quo sorviria como um tosto para a motodologia adota- curso dosdo os anos 1940, com a incorporaqao pola mancha urbana do am-
da, foram osoolhidas, ainda om 1994, quatro rogioos do Bolo llorizonto, quo plas lalias da zona rural. l\lota—so ali também um signifioativo contingonlo
L"0l1l:l[l,‘L-|I‘£\\/"E-II'I1*L‘llHllI1l't1S ”l"ipo|ogias urbanas”, com ocupaofws o trajotorias di- do populaqao do origom nogra, com notavol grau do assooiativismo o vida
foronoiadas, om lormos da ovoluqao urbana o do roalidado sooio-cultural. As- cultural propria, ma roada por in tonsas fostas popularos.
Hlm, o lnvonlal'io do bairro da lilorosla, o primoiro a sor roali‘/.ado, fooalizou
um tradicional bairro do rogiao poricontral, cuja ocupaoao oomoqa com a pro- liinalmonlo, roalizou-so lamhom o lnvonlario da rogiao da Avonida Raja
prla oonntrtlollti dn oldndo. All oonvlvoram, na virada do sot'ulo,icl1acaras para Gabaglla, quo conslllula o voior do croscimonto mais intonso om morldos
\
PA‘l‘RlM('lNlU (i‘lll.’l‘l=lRAl. L7‘mu'vllmI. lmllllrml. lnulrumrimm 1 lmwrmlrlnn urlmnuu vumn l'llIlI'lJltIl!lllml vrnnurvc
dos anos I990, prlnoipalmonlo com a instalaoao do uma sorio do alividados dozonas do bons arquitotfmioos o olomontos isolados“; uma sogunda, om
llgadas ao prooosso do aborlura o globalizaoao da oconomia. Nosto in- ‘I974, doslaoando-so, dosta loita, ltambo-rn ”prodios modostos”, os quo so
voi1tarlo documontaram-so tanto a avonida quo so adonsava com rapidoz, oonsidoravarn Caractorlstloos do Porto Alogro o os quo a prosontava m "as
qtlanto a maior ooncontraqao do vilas o favolas da cidade do Belo Horizon- linhas puras o simples da construgao colonial do nossa rogiao”. Aqui cabo
to, quo oom ola ostabolocia u ma relagao do conflito e complementaridade. obsorvar, so;_r,uindo /\na Moira, uma poculiaridado: ja nosso momonto os
bons solooionados por ossas comissoos nao so rostringiam aos valoros do
Motodologicamonto, o IPUC-BH também nao abria mao das ferramen- monumontalidado o oxcopcionalidade "relacionados ao imaginario oli-
ta!-I tradioionalmonto utilizadas - as fichas com registros diversos -, mas oial” o nao roprosontavam "aponas os podores constituidos — Estad o, Igroja
ol11prog'ava ao mosmo tempo também outros tipos de pesquisa, tais como o olassos dominantos, mas principalmente, os moradores da cidado”.'"
nquolas por a mostragom. A onfase, no entanto, foi sempre a compreensao
r|1l|11uoiosa das rogioos estu dadas, concentrando-se os esforgos de todos os /\ partir da sogunda motado daquela década, sucode-so uma sorio do ini-
prolilssionais onvolvidos om produzir textos analiticos sobre as mesmas. ~oiativas na area da prosorvagao: em 1976 cria-so o Conselho l\/lunicipal do
l’artia-so naquolo trabalho do global, o u.rbano, para, num movimonto de Patrimonio llistorico e Cultural (COMPAHC); em 1977, o Fundo Munici-
aproximat;ao, situar-so ali os bons culturais especificos, que eram registra- pal do Patrimonio Historico e Cultural (FUMPAHC), e, finalmonto, om
dos som pro dontro do seu contexto. Com isso, o IPUC-BH propunha—se I979, o munioipio instituiu o instrumonto do tombamento em nivol local
a su pora r a simples fungao do rogistro do inventario, passando a poder com a loi n‘-’- 4665/79. Também neste ano é promulgado o 1o Plano Diro-
constituir om poderosa fer1"a1nonta de planejamentourbano, na medida tor do Dosonvolviimonto Urbano — lo PDDU — da cidade, que reconhoco o
om quo consoguia in.corporar em suas consideragoes as mais diferentes patrimonio como um do seus temas.11 Para a sua elaboracao, havia sido
lormas do abordagom das distintas realidades urbanas. Com esse exem- criado o PROPL/\l.\l — Programa de Reavaliagao do Plano Dirotor, no qual
plo, podomos vor claramente como, diferentemente do planejamento por um grupo ooordonado polo arquiteto Iolio Curtis, responsavel pola Suba-
donsidado, discutido om capitulo anterior, que reduz a leitura do urbano roa ”l’aisagom Urbana”, procedeu a um amplo inventariamento dos bons
a poucas variavois (]LlEll'l.llla'lIl.VE1S, os inventarios urbanos podem, de fato, a rtluitotonioos da cidado. Ali, além dos critériose conceitos basicos form u-
prod uzir loituras om moltiplos niveis de realidades urbanas também com- lados polo gruypo, aprosentava-se uma listagem de aproximadamonte 2.000
ploxas o divorsas? lmovois, quo oram classificados em dois grupos: os do “interesse socio-
cultural", quo doveriam sor preservados, e os de ”adequa<;ao volumotri-
oa”, quo podoriam sor substituidos desde que se mantivesse a adequagfio
no ontorno.'2
O lnventario do Patrimonio Cultural de Porto Alegre: inventario e a pro-
teqlio cla paisagom . ll muito intoressanto como neste momento ja se usava como conooito
l I A
nortoador a idoia do ”patrimonio ambiental urbano”, defendida polo
A lrajoloria da prosorvaoao om Porto Allegro remonta aos anos 1930 quan-
ooordonador da oquipo, arquiteto Iolio Curtis em varios artigos o om
do o SP1 I/\l\l tomba om nivol nacional a Igroja das Dores e o acervo do
loxlos ospooialmonto olaborados para o 1o PDDU.1~" Para Curtis, o “Pa-
Musou jolio do Castilhos. No ontanto, como em outros lugares do Brasil,
lrlmonio Ambiontal Urbano” nao so limitaria "aos valoros isolados das
val lor quo so ospora r a to os anos 1970 para que so apliquom as primoiras
odilioaooos quo o compoom, nom mosmo naquolos dooorrontos do sou
modidas prosorvaoionistas om nivol municipal. l\lesto aspecto, Porto Alo-
lntor-rolacionamonto”, o ”ao invés do prod u to final do um arranio conu-
gro vai oslar ontro os primoiros municipios brasiloiros a onsaiar algumas
gralioo o anacronico, o o rosultado, om dotorminado momonto, do um
modidas na aroa, quando ostaboloco na sua lie/i Organica do "I971 quo cabia
prooosso oumulativo o/ou lransformativo do bons imovois -— naturais
an oxoculivo municipal roaliza r ”o lovanlamonto, no pram do um ano, dos
ou oriados -~ produzidos por dirotri'/.os do invostimontos poblicos ou
bons imovois do valor hislorioo ooullural, do oxprossiva tradioao para a oi-
privados, oujas qualidados culturais o do uso, por rospondorom E1 sonsi-
dado, pa ra lins do lulu ro loinhamonto o doclaraoao do ulilidado p|.'iblioa".“
lfillldudo das populaooos inlorossadas inoorporam-so S1 momoria oo,loli-
A partir dosto mandalo, loram roalir.adas algumas lislagons do bons: uma
vn”. Dal, oslarmos lronlo a um oonooilo quo faria omorp,ir uma vorda-
om 1971. Por uma oomli-man do lunoionarios municipal.-1, quo idonlilioou
dolra "postura domorrilllra" “oapuv. do asslmila r o vordadoiro sonlldo
l‘/l‘l‘RlMt'lNl£ I (*1 ll.'l‘l IR/ll. (”‘inlrallmi, pnllllrm-1. lllNll'lllll!‘lllIlN lnwnmrlnn urlmmm mum lrmlr|um'nlm.i Ill‘ l‘lllllll‘l'IlIl|,'l'lU
da prosorvaoiio"."1 Oulro avanoo roloro-so a u ma oxlonsa discussao da 1 consorvaoao, assim como os crili’-rios do |Jroso|'vm;ilo.
quostao dos valoros onvolvidos na solocao dos bons a sorom prosorva- (...) /\ lioha o oomplomonlada com tlllldifltl mais lo-
dos: nao so limitando aos ja tradicionais valoros ”l1istoricos" ou "ar- tos do prodio o lambom auolaooos do Pl.‘l.‘llllfll'lCl¢ltll'H
ornamontais. l’ostoriQrmonto, todos os prodios arro-
llsticos”, a Comissao indicava os valores <farquitetonicos", "tradicional lados sorao ostudados mais dotalhadamonlo, com .1
o/ou 'o\/ocativo”, “ambiental”, “die uso atual", "do iacessibilidade com execuoao do lovantamontos do in torioros, oadaslrais o
vista a rociclagem”, ”do___conservagao", ”de‘ recorréncia regional o/ou pesquisas historicas. Basoados nas fotos o liclias, Hill)
l d.esenhados para cada tostada do quartoirao os porlis
ra rid a do formal”, “do _:§_aridade funcional”, ‘(do risco de desaparecimen- d.e volumotria o os portis dotalhados, caractorl/.ando
to”, “do antigt'1i.dade”,'e, finalmente, "do complaltiibflilidade com a estru- l os prédios arroladosfi"
lura urbana”."5 O m.ais interessante, porém, é que todos esses critérios
passavam, como mostra GRAEFF (2001), pela protecao da “paisagom Os critérios de preservagao adotados pola EPAI-~lC roforonciam-so om
urbana", quo era amplamente entendida como "0 conjunto de espacos, quatro instancias de abordagem: "a hastancia cultural, quo considora os
odificacoos, equipamentos, monumentos e atividades, integrado a um valores historicos e/'ou referenciais do bem para a populacao; a instancia
dotorminado cenario geografico capaz de oferecer ao homem sua me- smorfologica, queWc_o_n_sidera os valores sob a otica da historia da arquilo-
lhor perspectiva de vida”.16 tura;Ma _in§:\‘a1'ioiaMtécnica, que analisar os valores construtilvos; o a instanoia
paisagisticaidluomaborda a relagao dobem com seu entorno”. A pa rtir da
I lm 1988 é criada a Secretaria Municipal da Cultura, e, no ambito desta, a analise desses valores, e baseando-so no historico dos bai.rros, nas lichas
Coord enagao da Memoria Cultural a qual se liga a ja existente Equipe do Pa- produzidas e nos perfis dos quarteiroes, é realizada entao a classilicaqao
trimonio Historico e Cultural (EPAI-IC), responsavel pelo inventariamento dos imoveisanventariados, que sao divididos entre ”d<£ostruturacao" o
da cidade. Comegando seu trabalho no ano seguinte, a equipe vem proce- ”dQs,\compatibiliza<;ao”. Aqui, além de observarmos que se esta soguindo
_"~=-.___
dondo desde entao ao inventariamento de Porto Alegre, que teria ”o objeti- *" -0-.._ .g|¢_
amlwioncias, oslabolooo-so o controlo do dosonvolvimento da paisagom u r- roprosonlalivos dovorao tor sua ooupaoao o uso pro-
bana om sou ontorno, com o quo so garanto a sua protocao mais ofotiva e sorvados para as futuras goraqi‘ios.
,
/\qui nos oncontramos claramente numa rogiao industrial, quo foi porilori-
oa nos varios momontos da historia do Porto Alogro. Assim, cabo rossalta r
quo, na valoraoao para ofoitos do rogistro o prosorvacao, nao podoriam sor
porsoguidos os mosmos critorios utilizados, por oxomplo, para a aroa C011-
lral da cidado, ou mosmo para bairros ma rcados pola a rquitotu ra orudita.
Assim, todos osiquatro orilorios adotados para o lnvonlario do Pa trimonio
1
lllllllllil Ill’ Cultural do Porto Alogro (inslanoia cultural, tocnica, morfologioa o paisa-
Hll1_'r:llm-1,
l'lln"', l’m hi
glsllca) lorminam sondo rolldos a luz. das Qspoollicidados do 4o Distrito,
.1~\i.»,,w. ‘ propondorando, naturaln1onto,alnatancla palsaglslloa, nn modida om quo
. l lull ll-Illl ('|llll‘l’lllll, ’|||lllI|'mi, ll|plfl'|(”||'Hl||s
' lam-nlnrlim mlmmm ovum hm!rmm'nIa.+i do 1-niiwrmiula
ma” aproxirnando-a analiticamonto da Confeitaria Rocco, na medida om quo Contro da cidado com o
ambas “so constituom om monumentos oxtremamento aparentados na con- aoroporto. Edson Mahfuz, num artigo apresentado no lo Seminario lntor-
t~vp<;a<> onlrioa quo ca ractoriza o povoamonto zoo- o antropomorfico do suas nacional sobro Art doco na América Latina (1997), chama a atonoao para
Fronlarias”. (CURTIUS, 2003, p. 380, originalmonte olaborado para um toxto osso conjunto, anotando que embora a Avenida Farrapos nada tivosso a vor
para o COMPAI lC, om 1986). Esto conjunto, ainda com inspiracao historicis- com a Ocoan Drivo, do. Miami:
la, sorna-so a alguns oxomplaros quo, mosmo muito dotoriorados, romotom
bastaria quo so pintassom os sous odificios para quo
Lu __.- __..u‘m-
ao inicio da ocupaoao da ro- olos passassom a sor admirados como os daquola fa-
giao.2“* No ontanto, osta con- mosa avonida americana, pois om tormos do arquilo-
tura ambas aprosontam odificios do'formas simplifi-
junoao historicista logo vai sor
oadas, com prosonqa rocorronto do simotria lwilatoral,
uyrapassada por uma “nova alguns dosonvolvimontos volumotrioos somi-oiroula-
o mjunlura” rapidamonto ali- ros nas laoliadas o l11i.1|‘t‘£1g‘(3L‘S do osquina/*"
sorvida polos prolissionais
do lnloio do sooulo, o quo lica O bairro Sf1u(lL‘I‘t1lLln lambom o marcado pola oonvivoncia do oslruluras in-
baslanlo claro quando oom- duslrlais o rosidonoiais, oomo lioa caraolorivado no oxomplo da lndL'ls_l|'ia
H
lllati.'oo, quo CUI1lLll.Z,l‘l pionolramonto labrloa o moradia. Nosta rogiao podom
l Paranios as ohms al"|lo|‘luroH it
l' .
I
‘l la (luorra com as oonstruldas nor ldontlllcados lamlic.'~m slgnlfloatlvos oonlunlos do casas oporarias, bas-
Blnto ulmplos, notadamonlo an avonida Guido l\/lUl1Llll‘1t‘l"1l1H ruas Sao Paulo
' lHM‘l|l!ll'lHH nrlmmm mum lrmlrulmwhm Ill‘ m||m*rmn,'fln
l‘-4'l'RlN1(A7Nll 7 I 'l!l.'l'lll~l/ll, l'|Im'¢'H|m, pallllnm, lll!‘tll'lll!l|‘llll"'l
Hi‘: l ll nu my
/\qui também nao se abriu m.a0 cla metodologia tradicional de invenla rios:
I llnllil
.lli'_\fl f\-»l para 0 processo de selegiio Final, utilizaram-se fichas especificas prepara-
tl as para as unidades, nas quais constavam as caracteristicas aifqtiitetfwiicas
0 |’0l{‘mia, esllruturas complementa res a multiplicagac) de industrias na area.
0 cunstrutivas duos préclios ~ tipologia, morfologia, tipo de constrtlgiio - vs-
l)ignus do ineiieiio sfio ainda dois moinhos de Theo Wiedersphan.27 Oulra
ladu dc conservaqao, assim como 0s critérios de preservagéio e um regislru
L‘i1l‘i]l‘l1‘l‘lHl'lC£\ eurmsa a se destacar silo as esquinas‘ com "chan fro”, exigelicia
fnlugraficu dos mesmos. A esses foram acrescidos, porém, instrumentos
da lugislaqiiu mu nieipal die entao, e que se mangtém cle forma visivel em mui-“
que ja apontam para a. perspectiva mais urbana adotada, pr0du:/.inLlu-
las vunl’luC~ncias do vias.
HL‘ perfis detalhados com as v0l"umetrias de cada um dos quarteiriivs (la
In u bairro Navegantes caracteriza-se por uma estrutura fundiaria diI'v--- mm. Além disso, foram consideradas sempre as chamadas Areas l.i.spv~
rvnlv dus demais, por possuinlotes maiores, ja ocupados por industrias. vials do lnteresse Cultural (2*‘ PDDUA) previstas para 0 4° Distrito, 0 que
All poclv so nota r a clara prvsenea cle elementos da arquitetura deco 0 mu» uurrespondem a0 DC Navegantes, 51 area da. l\leugebauer, 21 Fl/\'l‘le,iCl, an
i.lv|'nisl‘a. Nesta area fica visivel também 0 Fenfimeno apontado por lJil1(\ll cunjunto locali'/ado nas ruas Comendador Coruja e Pelotas e £1 area da
(‘aslvllu om seu estudo sobre a regiaoz 0 esvaziamento industrial 0 a sua Cvrvejaria _Brahma.2" A partir de todas essas informaqfies 0 da a plicaqfiu
l|'a|1sl'n|'mat;au nu quo Ficou conhecido na literatura internacional COITH) clrcunstanciada dos critérios enunciaclos, pfvde-se, entao, chcgar a uma lis-
l>r0w1il'ie|ds.'-’-“ (‘um ossas mudaneas, muitos prédius do l\la\/vganlvs apw» lagvm final dos iméveis isolados e conjuntos perteneentes an lnventario clu
sa r do sv man lvrvm do pé apresentam-se hoje ”d0smvmbrados 0 subdivi~~
l
l’alrim6niu Cultural da regiao do 40 Distrito, agrupando-so us im1'>vuis<-In
tllclus em areas menures para acomodar novos usos", dvsliinamln-sv, cm \ "ale vsl|'ultL|raqa0" 0 “do com patibili7.ag50". Com isso, estabelvvv-sv aqui,
geral, “a cu|n(\|"cins u svrviqns in formais, 0 a dvpiisilns nu vslaviunamvnlus, vurnn tom sido praxe cm Porto Alegre, u ma diniimica mais abrangvnlv tlv
nas areas mais vxl"0nsas". /\pvsar desta de;‘ad(*11cia |’lsi<'a, a ”l*urqa i|na;.',(~~ p|'m-st-|'va<;an, u l"iliv.amlo-so u inventario nao st’) C()mU instrumonto dv |'vgis~
llL‘a” Lla alrva pv|‘|na|1vt'0 vlvvada, CUITIU dununslruu vsludu tlv pv|"c‘vpg‘au lru, mas vmnu um vlvlivu ll1Hll‘Lll1‘lL‘l1l'()£lL'COl1ll‘()l(‘ Llt)Ll(‘H0l1\/()lVll'l'lt‘l'll()(lil
do amlvlvnlv, |'valiv.adn pvlu (lrupu (I0 l’0squisa em l’v|\'vpQZiu /\mliivnlal v paisagom urbana.
l)vsvnhu Urbano (('Nl’q~lJl"R( ES), ha alguns anus, quv rvigislraz ) _—
llmm tllnfm\lt‘a, la inmrpm‘ail.\ nu p|‘i'1|J|'iu l lanu Dirvlnr Llil vidaclv luta mui
lmagvns tla lurlv iiil'l1|(\m'ia rlus ll‘lIlPUH do aiigv in~ ltm anus 1' 1'u|'pu|‘illvmla vm |1l'all¢'u ill:-llllllviulial pela algal) tla l".t|[|ipv tlu
|.lllHll‘lal ela ZUIM, v tlal lnilur-ll|'lnllv.nqau ela ““l|‘it“‘l
l’alrlrm"lniu (‘ullural, ti-rmlnuu lvvnmlu a rvg,ulamvnlaqau du lnslrumvnlu
aprc~ne*i1larmn~m'vmnu prmluinlimnlvn mm pv|'rvpqavu
dun l‘i'l\lL'lf‘l1l'\"H. Um bum minwru clv iiiiiiwun. vnlru-- do lnvvnliirlu vm l’urtu Alugrv, através cla l.v| (‘uniplmnmilar N“ hlll, dv 23
I‘/l'l'l~llM(3Nll 7 1 ‘lll.'l'llR/ll. ('|lrm*ll|m. Ilullllrmw, lrmlrurrwnlim l
an
do outubro do 2008, quo ”dispoo sobro o lnventario do l’atrimonio Cultu- 0 REGISTRO CULTURAL E os ossxxmos 00
ral do Buns lmovois do l\/lunicipio”, numa das primoiras iniciativas nosso PATRIMQNIO IMATERIAL
sonlldo no Brasil. Nessa lei, so ostaboloce que 0 lnventario do Patrimonio O palrirnonio imaterial ou intangivol tom so tornado objeto do orosoonlo
(‘ultural do Bons lmovois do Munoicipio indicara as odificagoes lnventa- atonqao no cam po acadérnico o das politicas do presorvaigao. ll intorossan-
riadas do ”llstruturagat>” o do ”Compatibilizagao”, adotand.o as mesmas
to porcobor quo, om l 989, quando a UNESCO estabelocou a ”Rooomonda-
olassificaqoos ja trazidas polo Plano Dirotor. E intoressanto percobermos qao sobro a Salvaguarda da Cultura Tradicional o Popular", poucos lista-
como ali so submotom as odificagoos do ”ostruturagao” a um tipo do prote- dos l\/lombros so intorossaram pela sua aplicagao. Varios aoontocimontos,
qao analogo ao do proprio tombamento, ostabelocondo-so quo ossas "nao no on tan to, mudaram o quadro nos anos 1990: a emorgéncia do nu morosos
podom sor dostruid as, mutiladas ou domolidas, sondo dovor do proprieta- grupos étnicos quo procuravam sua identidade om suas culturas tradicio-
rlo sua prosorvagao e consorvacgao”, podendo ser autorizadas, ”modianto
nais; as comomoragoos do 5" Contonario do Descobrimento das Américas;
oslu d o prévio junto ao érgaotécnico c0mpetento”, ”a domoligao parcial, a o, principalmente, a rapida oxpansao da economia do morcado polo mu n-
rooiclagom do uso ou 0 acréscimo do area construida, desde quo so man-
do o o tromondo progrosso das comunicagoes e das tocnologias do comu-
tonham prosorvados os olomontos histéricos o culturais quo dotormina- nioaqao o informagao. l\la esteira da globalizagao avassaladora, paroco
ram sua incluséio no Invontario do Patrimonio Cultural do Bons Imoveis roaparocer com forga at questao das identidades culturais locais, quo sao
do Municipio”. (Art 10)” Além disso, a analogia prossoguo, na modida amplamente lastroad.as nosta dimonsao “imaterial” do patrim,6nio."
om quo os imoveis arrolados para inclusao no lnventario do Patrimonio
Cultural do Bons Imévois do Municipio sao passivois do impugnagao polo Nesta (ultima década, a UNESCO comoga a implantar um amplo progra ma
propriota rio, tendo ossos 30 dias para 0 oxorcicio dosso direito (art. 79). ]a na a roa, instituindo agoes como a nominagao dos ”Tosouros 1-Iumanos Vi-
no quo so roforo as odificagoos Invontariadas do Compatibilizagao, ossas ,,
.
vos” o, mais rocontomonto, a ”Lista Roprosontativa do Patrimonio Cultural
podorao sor demolidas ou, modificadas, "por moio do Estudo do Viabilida- lrnatorial da Humanidade”. Além disso, foi aprovada om outubro do 2(l(J3
do Urbanistica (EVU), devendo a intorvongao ou a odificagao quo a subs- a ”ConvenQa'io para a Salvaguarda do Patrimonio Cultural Intangivol”,
tituir observar as rostrigoos nocossarias a prosorvagao cultural o historica l proparada por moio do estudos técnicos e discussoos internacionais com
da odificaqao do Estruturagao o do entorno a quo ostivor vinculado, bem 1
I
ospooialistas, juristas o mombros dos governos, quo rogula o tema do patri-
Como a paisagom urbana” (Art. 11), mantondo-so, com isso, a idéia original .1 ‘ -i. .l _-_~.»1- -1 \-
* r
/\ la: muda ‘M
/\ lllllll lu min
l-"'/l’l‘l~llMl"lNlI I t 'lll.'l'lllMl. ('|Im'¢*H|m, pullllrml. Iuslrmmwlim V ( 7 lmlnlri» rulmrnl v as ll|‘Hl1/lllfi do ;m!rl'mrlnln Iamlwrlnl
oonllnonlqos, proolamadas om 2001, 2003 o 2005. Fazcndo jus ao caralor ooncopcao domasiado rostritiva do conceito do ”patrim6r1io cultural” por
do divorsidado prossuposto na atuacao da UNESCO, esses bons culturais pa rte da UNESCO teria conduzido "por roacao do invorsao” a “uma quos-
Halo do natu|'o;/..a bastanto divorsa, indo d.osdo a iso-polifonia dos cantos da tionavol atL|to1.1on1i,zacao do ’pa.trim6nio cultural imaterial’ out i,nta.ngivol”.
/Xllvfinia, a lo o pa l'rin1(3nio oral C-elodo, compartilhado polo Benin, .Nigoria /\ sou vor, faltaria uma nocessaria discussao critica multidisciplinar a ros-
o Togo, passando polo ospaco cultural da Praca Jomaa ol-Fna, no Marrooos, poilo dossas acoos, sondo o processo do discussao e as aprovacao dos mo-
rw av flu
polos loa tros Kabuki o Nogaku, no japao, polo drama satirico Giioguonso na vanisrnos logislativos o do implantagao do um ”programa do classificaqao
Nicaragua o polo toatro do ma rionotos siciliano Opera dei Puppi, na ltalia. patrimonial" promovido pola UNESCO “um misto do voluntarismo oo-
" * no l\lo caso do Brasil oslao lotivo, do patornalismo politicamento corroto, o do tonsao nogocial ontro
nominados o Samba
duas facqoos do roprosontantes nacionais ”’norto vs sul’)”(4). /\posar dos-
do Roda do Roconoavo sas orltioas, c» prociso roconhecer, no entanto, quo tal tipo do iniciativa visa
Baiano o as o><pross('>os prlmordialmonto salvaguardar este tipo do patrimonio, garantindo-lho
orais o gralicas dos Wa- maior visibilidado o roconhocimento pablico. Alom disso, tom quo so roco-
japi, no Amapa. nhooor tamlu'~m o notavol osforco omproondido pola UNIISCO nos ullimos
llssa abordagom am- anos om criar uma lista ”inclusiva”, ospocialmonto so comparamos osla
Illr
pla, no onlanlo, lom lnloiativa com a lista dos monumontos mundiais tangivois, quo so concon-
illll
ll. rooobido divorsas ori- tram majorilariamonto na liuropa o Amorioa do Norto, onquanto a /\l'rioa,
'l ll"
lioas, sondo a princi- por oxomplo, com 4-0 paisos, lom aponas 7% dos bons nominados.
ill‘!
Hm pal aquola quo aponta /\ grando 4.,|Llt‘Hli~l(), no onlnlllo, no quo t‘onCo|‘l1o ao chamado "pall‘im(1l1iu
r'l|'*i
a falla do oonsisl‘C\|ioia lmatorial" parooo-nos sor o doslooamonlo quo olo Ira’/. ao proprio campo
llm
lanlo nu dolllnlgflo,
do palrimonio, ao lorqar n mimlalaoao do quo o lim dllimo da oonsorvagao
quanto na oaoollm dos bons oompononlos dosta lista. Nosla linha, por m’-lo val sor a imiiitiloiigllo dos lions nmltwlais por si mosmos, mas muito
oxomplo, o antropologo portuguén Manuel Jot-‘lo Rt‘-ll'|“lUN anota qt.-lt‘_l.-lI'l"ltl
PATRIMONIO CULT‘lJRAl.. C'tItll‘PlhIl, pnllllrms, lnnlrmlmnlun » (7 rrglntni mim ml r on ilomflim ilu pntrlnmnln hmllwrml
mnlfl a n1anutom;ao (o a promoqao) dos valoros incorporados polo patri- Nesto sontido, a sua coneepcao aproxima-so da concop<;ao contom|.1orii-
monlo. So quando so trabalhava com uma concepqao tradicional do patri- noa do patrimonio cultural, do base antropolégica, quo combina do forma
mbnlo, a dlscussao ainda so contrava majoritariaimonto no como consorvar lnoxtrioavol as suas dimonsoes material e intangivol. Nas dofiiiiootrs do
- roustrlnglndo-so a idéia da conservaqao a sua dimonsao fisica,—~ corn o Antoprojeto do Mario do Andrado, ontao, entende-so por ”patrim6nio ar-
advonto da dimonsao imaterial ou intanglvel o foco teve quo so doslocar tlstico nacional", “todas as obras do arte pura out do arto aplicada, popular
nooosr-u1rola|no11te para o ambito do quo consorvar e do porquo consorvar, o ou erudita, nacional our estrangeira, portoncentos aos podores publicos, a
quo coloca om cona nocossa riamente a questao dos valores. Se até ontao, organismos sociais o a particulares nacionais, a particularos estrangoiros,
como obsorvamos om capltulo anterior, essa questao podia passar desper- residentos no Brasil.” Para trabalhar, no ontanto, com um universo tao
cobicla - ou apa|~eeor apenas socundariamente — a partir do agora ola tom amplo, l\/Iario do Andrade distribui as ”artes patrimoniais” om oito ca to-
que so oxplioitar: cada escolha do bens, cujo atributo principal nao podo gorias: “arto arqueologica”, "arto amorindia”, "arto popular”, “arto histo-
nor oncontraclo na sua ”matériaj', no sou “estado do substancia”, mas numa rica”, ”arto erudita nacional", ”arto erudita estrangoira”, ”artos aplicaclas
redo lintanglvol do significados, tem que demonstrar seus critérios do ar- nacionais” o ”artos aplicadas ostrangoiras”, propondo a sua inscricao “in-
tlculaqao o a sua razao do sor. E mais: a propria oporacao do salvaguarda dividual ou agrupadamonto”, om quatro livros do tombamento para quo
tem quo sor repensada: afinal, como tratar aquilo que é, além do intangivol, fizossom parte do Patrimonio Artistico Nacional. E intoressanto porcobor-
dlnflmlco como a propria cultura? Que ostratégias desonvolver para so li- mos quo embora subordino a doclaracao do um bom ao sou tombamento
dar com essa dimonsao, longamonto ignorada do patrimonio. Para tontar oficial, a sua concopcao do patrimonio nao ostara na coisa om si, mas m ul-
rfllpondor, ainda quo provisoriamente a ossas quostoos, esso capitulo vai to mais no processo do sua criagao o no sou processo do roconhocimonto.
fllnordar, além da inovagtao concoitual trazida pola idéia do patrimonio ima- Com isso, Mario adianta em muitas décadas uma discussao quo ganharia
torlal, 21 trajotoria dessa discussao no Brasil, tomando ospocificamonto o ins- corpo, por oxomplo, no documonto "Rocom.e-ndacao sobro a salvaguarda
trttmonto do “rogistro cultural”, rocontomonto introduzido om nosso pals. da cultura tradicional o popular” da UNESCO, firmado apenas om 1989,
I
om Paris, ondo so reconhece essa dimonsao do patrimonio, tratando-se d as
llnguas, litoraturas, musica, dancas, jogos, nnitologias, rituais, costumes,
Antocodontos: Mario do Andrado o Aloisio do Magalhéies artosanatos, ontro outros.
So ho|o oxporimontamos uma rovisao no proprio campo do patrimonio, Ao trabalhar com esso conceito tao amplo, Mzirio do Andrado so dofrontou
as;
Como mostramos, dando-so uma énfase cada vez maior a sua dimensao também com uma quostao quo viria a proocupar os orgaos do presorvacao
lmatorial ou in tangivol, é "importanto quo so anote quo no Brasil temos an- décadas depois: como preservar esso universo tao amplo, ossoncialmente
tofiodontos lmportantes dessa discussao, quo ja. so manifosta na cona na- mutavol e intangivol. Também do forma semelhante ao que so ia fazor
clonal desde os anos 1930. Aqui caberia citar a atuacao pioneira do Mario mais tardo, 0 escritor paulista vai so omponhar particularmente no pro-
r do Andrade, a época diretor do Departamonto do oesso do conhocimonto o rogistro dossas manifestacoos, tanto individu-
Cultura da Profeitura do Sao Paulo, quo, a podido almente —- como “turista aprondiz” -, quanto, mais tardo, como chofo do
do Gustavo Capanoma, olabora o projeto da orga- Departamonto do Cultura da Profoitura do S5 0 Paulo (1935-1938) a
iiizaqao do um sorviiqo do patrimonio nacional quo
la om 1926, Ma rio confessava om carta ao sou amigo, Camara Cascudo, sua
ja trabalha com uma concopgao ampla do cam po.
l-Ema sua proposta, Ma rio do Andrado conlomplava finsia om conhecer profundamonto o Brasil:
o quo denomina do ”zllrl*os patrimoniais", onton- 'l‘om momentos om quo ou to.nho Fomo, mas positi-
dondo, no ontanto, “arto” numa acopcao muito vamonto fisioa, fomo ostornaoal do Brasil agora. Alt’-
quo onfi m sinlo quo 6 dolo quo mo alimonlol Ahl so ou
ampla, como uma "palavra geral, quo nosto sou pudosso nom oarooia vuoo me oonvidar, ja faz sontldo
sonlldo geral signifioa a habllidado com quo o on- quo tinha ldo porossm-1 handas do norlo vlsllar vooos
~ gonho humano so utiliza da clonola, das oolsas o o o norto. l’or onquan to 0 uma prossa tal do sontlmon-
' t don futon." (ANDRADE, l98'l, p.44») ton om mlm quo nan vsporo nom H\‘l&‘t‘lUl1t1. Quorla
D /-J
ver tudo, column o l1nn1onn bons, ruins, oxcmwclormls
PA'T'RlMQNl('J CllUT‘L.lRAL (‘aH|'e'Ilnu, pnlltlrnu. lmilrumml-um
l“ " (7 !‘t"\'/Ill‘l'tl vullnrnl v nu drunflnu do pnlrlmflnln lnnmwul
o vulgaros. Quoria vor, sontir, clioirar. Amar ja amo. A otnografia brasiloira vai mal. liav.-so nocossarlo
(ANDRADE, “l 991, p. 35) quo ela-tome imodiatamonto uma orientacao pra-
tica baseada em normas sevoramonto ciontlfloas.
A partir dessa inclinaqao, quase necessidade, Mario realiza divorsas via- Nos nao precisamos do tooricos, os teoricos vi rao a
gens pelo Brasil, n uma busca do nossas raizos mais profundas, procurando seu tempo. Nos procisamos do mocos posquisado-
conhecer do perto a cultura popular: om 1.927, faz viagons para posquisa ot- ros, quo vao 21 casa do povo irecolher com soriodado
e do ma.neira complota o quo esso povo guarda o
nografica, indo para o Amazonas o ultrapassando as frontoiras brasiloiras rapidamente osquoce, desn.orteado polo progrosso
até o Peru; em 1928 o 1929 roaliza uma oxcursao polo l\lordosto, oscrovondo invasor. (ANDRADE, 1936)
ainda diversos onsaios o livros sobro masica brasiloira. Sao viagons do ox-
ploraqao pessoal: como "turista aprondiz”, Mario so cerca daquola roalida- Para realizar esso rogistro necessario, Mario vai lancar mao, ontao, tan to
do “oxc’)tica", sontindo o Brasil pré-modorno com todos os sous sontidos. do instrumontos toorico-motodologicos mais precisos, advindos da etno-
Antonio Gilberto Ramos Nog’uoira comonta esso morgulho sonsorial do grafia — através dos cursos do Dina Lévi-Strauss, quanto dos rocursos téc-
poota no "Brasil profundo”: ”Revelar 0 Brasil, caractoriza-lo fisica o sim- nicos mais modernos - gravacao, fotografia, filmagom, sondo a Discotoca
bolloamento é osta r la, vor, ouvir, sontir, tocar, choirar, dogustar, também, Ptflblica Municipal do Sao Paulo, divisao do Departamonto do Cultura, o
registrar, cataflogar, oxpor. Nosse itinorario do doscobortas o corpo servo repositorio do todo o material colotadofi. Do todos os lugares da momoria
Como passagom na mediacao com o tempo o o ospaco do norto, aqui tam- lnvontariados, a Missao ”trouxo 0 Brasil na mala”.
bém das origons o da trad.i<;ao”.~" Na sua visao do modernista, o popular, Sao podacos do Brasil: lugares, fostas, musicas, dan-
quo ainda oncontrava em manifostagoes pujantes om rogioos pouco to- cas, falas, costumes, roligiosidados, gostos, saberos,
cadas pola industrializacao, seria um importanto elemonto constitutivo da saber-fazor, manifostac6os do vida doscobortas o ma-
torializadas om 1.066 fotos, novo rolos do filmo, 1.68
ldontldado nacional, podendo fundar uma estética vordadoiramonto brasi- discos 78 RPM, 770 objotos e vinto cadornotas do
lolra. Como obsorvamos om capitulo anterior, é digno moncionar como a campo. Todo osso material sora cuidadosamonte sis-
Elpruximaqao do nossos modornistas ao nosso passado o as tradigéos popu- tematizado por Onoyda Alvaronga o parte divulgada
na colocao ”Arquivo Folclorico” (v.I: Molodias rogis-
laros, assemolha-so a aproximacéio que as vanguardas ouropéias faziam do tradas por meios nao mocanicos, 1946, o v.II: Catalogo
prlmltivo o do arcaico, com a particularidado do o primitivo, aqui, apontar ilustrado do Musou do Folcloro, 1948) o na colecao
para as nossas ra.i'/.os nacionais. A rodoscoborta das culturas primitivas Rogistros sonoros do folcloro musical brasi.loiro (RS-
|Jolt1s vanguardas corrospondoria, no Brasil a rodoscoborta do uma outra FMB), concobida para auxiliar a audicao dos discos
mastorizados (v I.: Xangi‘), 1948; v.lI: Tambor do Mina
CLlll:Lu'a nacional, nao oficial -, presente, mas ignorada, na modida om quo o Tambor do Crioulo, 1948; v.III: Catimbo, 1949; v.lV:
no mantivora a rnargom da cultura hegomonica. Babacué, 1950; o v.V: Chogancas do Marujo, 1956).
(NOGUEIRA, 2007, p. 266)
Ill nos anos 1930, a fronto do Departamonto do Cultura da Profoitura do
5&0 Paulo (1935-1938), Mari-o ”institucionaliza” o rogistro dossos bons Todo esso trabalho, no ontanto, vai sor intorrompido quando Mario do An-
culturais, organizando missoes que vao porcorror vao so o Estado do drado so demite do Departamonto Municipal do Cultura do Sao Paulo, om
Silo Paulo, mas também rogioos do Minas C-orais, além do Para, Mara- 1938, insatisfeito com os rumos do Estado Novo. O rico material recolhid o
nl1!to, Plaul, Coara, Paralba o Pornambuco. A sou ver, ora da mais alta om alguns anos do posquisa, guardado pola Secretaria Municipal do Cul-
lmporttincia o rogistro dosso imonso patrimonio, amoaqado om grando tura, foi sondo disponibilizado aos poucos para consulta, rosultando, ao
parte pola rnudanqa das condiqoos do vida (fin curso no pais. Para so longo do varias décadas, em importantes exposiqoes o publicacoos. Final-
reallzar esso rogistro com algum provoito, no ontanto, seria nooossario monto, om 2007, o proprio ll’l~l/\N reconhece publicamento o valor dosso
luporar o ostaglo do arnadorismo quo, a sou vor, ainda marcava os ro- acervo, tombando o material audiovisual rotoronto ao acervo historico da
glltros usualmonto foitos polos folcloristas, o so partir para uma docu- Discotoca Onoyda /\lvaronga, nomo quo ganhou a pa rtir do "I987 a an liga
mentaqao ”olontlFlca", apolada om métodos otnografloos. (3 dirotor do Discotoca l’L'|blioa Munioi pal do Sao Paulo. -
Departamonto do Cultura toorlza a rospolto:
- PATRIMONII7 F‘lIl.’l‘llRAl. - t"iiiii':~lhm, piillllmis, lllill'l'HHli‘Hliis |
P"-—---'--"—-1
_ U rvgluini riiliiirnl w as rlrnrifliis iin piiirliniliilii llllfllfllill
Como o comum no Brasil, marcado pola descontinuidado a:.lministrativa,. '/\ oxprossao reforoncla cultural tom sido utilivada, so-
bretuclo, om toxtos quo tom como base uma concopciio
oiiiin tomatica so vai sor retomada do forma institucional nos anos 1970, antropologica do cultura, o quo eiifatizairi a dlverslda-
quando Alolsio |\/lagalhaes implanta o Centro Nacional do Rcforoncia do nao so da prod.u.cao material, como tarribom dos
Ci.ilti.iral (CNRC). O contexto ja vai sor completamonto diforonto: so nos sontidos e valores atribuidos polos diforontos sujoilos
a bens o praticas sociais. Essa perspectiva plural do
anos 1930/‘ll 940, Mario dirigia-so a um Brasil "pro-modorno” om busca das algum modo veio descentrar os critérios considorados
ralzos o da identidade nacional, na década do 1970 a indtistrializag;ao so objetivos, porque fundados em sabores considorados
oiipallmva coloro polo pais, com o mundo ocidontal vivendo o quo Aloisio logitimos quo costumavam. n.ortoar as intorprotacoos e
as atuagoes no cam.po da proservacao do bons cultu-
Magalhaos dofinia como ”achatamento”, “uma espécie do fastio, mono-
rais. (FONSECA, 2005, p. 112-113)
tonla, achatamonto do valoros causado pelo proprio processo do indus-
trlallzacao muito acolerado e sofisticado. Enfim, o mundo comecou a ficar O programa foi formalizado em 1976, através do um convénio multiinsti-
Cl‘lEll'0" (i\/ioAo/\i...|-~i/I'\i2s, 1997, p. 115). com sua visao arguta, Magal.hEies tucional envolvendo a Secretaria do Planejamento da Presidéncia da Ro-
acroditava que esse processo — analogo ao que hoje so percebe na esteira pL'iblica, a Caixa Economica Federal, o Ministério da Industria o Comércio,
da glol1allza<;ao— lovaria as culturas locais a porderom suas caractoristicas, o Ministério da Educacao e Cultura, 0 Ministério do Interior, o Ministorio
sondo sua grande proocupacao a "perda da identidade cultural dos paises das Relagoes Extorioros, a Fundacao Universidade do Brasilia e a Funda-
no mundo modorno", a perda do sua “identidade cultural, isto é, a pro- cao Cultural do Distrito Federal, aos quais se juntaram ainda em 1978, o
grossiva redui;ao dos valores que lhes sao proprios, do poculiaridados quo Banco do Brasil e o Conselho Nacional do Desenvolvimonto Ciontifico o
lhes L'l fLP1‘L?l'iCli1l11 as CLiltLii‘aS” (MAGAL1-IAES, 1997, p.54). Tocnologico (CNPq). Condizente corn sua ampla proposta, o orgao organi-
zou quatro programas do estudo: "Mapeamento do Artesanato Brasiloiro”,
Plntor, designer o administrador cultural, Aloisio l\/lagalhaes so junta, on-
”l..ovantamentos Socio-culturais”, ”Historia da Ciéncia e da Tocnologia no
l"i':'lo, a um poquono grupo, sodiado no Mirnistério da Industria e Comor-
Brasil” o ”Levantamento do Documentacao sobre o Brasil”, e realizou proje-
cio, do qual participavam o proprio
as ICB ministro Severo Gomes e 0 diploma- 2 I, tos nas divorsas regioes do pais. Em quatro anos do trabalho, foram doson-
IIIIII
-1i . volvidos 27 projetos, dentro os quais podem so citar aquelos direcionados
“I D V1,?) 6 O ta. o- »n tao
" s~ec retario .do ' Cul tu r"-1
‘L ti o
ao artesanato da ceramica o da tecelagem; ao artesanato do transformacao
UII Q} Q I919 "fi-is-:1E-3
I as _§—% - Distri to Federal, Vladimir Murtinho,
o reciclagem; ao museu ao ar livre do Orleans (SC); a producao do banana-
IIIIIM 1 I=;.."'-2.1-‘Q M» H mo §oomG para propor, em1975, a instalacao do
passa na rogiao fluminense; e tantos outros, que procuravam romper com a
” ‘U’ Ill Q Q9 3 it iosiéls §§a% Centro l\laci.onal do Referéncia Cul-
idéia do idontida.de hogemonica (FONSECA, 1997, p. 165-1.66).
Q umunnn q.i ciqim Wm illlllh A ..-W‘ ll1II' tural (CNRC), que viria justamente
llfll’l?dbXlll'i'rB responder a essa questao, através interessante percebermos que esse resgate nao tinha um vies nostalgico
.5" "0 U mun ,y,'|,l(u¢fi;,, uniwnni OOM\lI|Ilm morius '
do desenvolvimonto do um banco ou passadista, ligando-so a uma visao bastan.te atual do de.sonvolvimonto,
llll‘filI.d1.ltlli'al2lI°i>°l<>@,fl , 1- , ~
‘M Em “J A W ‘H Cb _l_ p .M_ do dados - ou sistoma do inclo><aqao que considerava os bons culturais como possiveis instrumontos “para um
Q Q Q 4}) gs Q, so 3;: .1,-§i =~. 9 sobro a cultura brasiloira, quo seria dosonvolvimento harmonioso". Aloisio Magalhaos nao acoitava os pro-
-II‘ Iii --*1--— WP M» -~~~---~- uu-=---~-» um ”organismo capaz do estabelecer gramas do dosonvolvimento economico baseados na importaqao do temo-
O ' ' 5 5/5 9 ¢ Q "'“¢" Q um sistoma rol'o.roncial basico, a sor logia, por dois motivos principais:
II 0 *""""l'7"""'* O <9 0 9” 7" “'5 ompregado na doscricao o na anali-
lulu. -(1 Q llllllll 43- MK!--mm... (>0 1 om primeiro lugar, a domora no processo do redistri-
so da d'namica cultural brasiloira”? buicao dos bonoflcios inicialmente acumulados nos
Q"'-*0---~W-~-~~1> J’ 4'
Para isdo, utilizava-so do um concoi- grando comploxos ompresariais; o, em sogundo lugar,
ll‘! IIH ilII.L'?!.':0»r» Ci zco to basico ~ o do ”rol’eroncia cultural", a gradaliva perda do autonomia nacional polos paises
"9"" QM In---iiiiio PVDI... < rocoploros do locnologia, assim dcslinados a inevita-
liilvn. quo doixa claro que ja nao so tratava vol tlo|.1v|iLl0i'it‘lii. Soin falar oni perda mais sulil, nao
do “ob]olos" mas das “roleri."~ncii.is" a olos, oscapando-so do uma visao roili- iiioiios lnsldlosa, ii do carater nacional dossos piilsos.
CElCl&'1 da ci.|lti.ira o procurando Focali/.a-la como um p rocosso. Marla Cocllla (Mm;/\i.i I/\llS, I997, p. 56)
Land ros Fonsoca comonta sobro osso conceito:
PATRIMONIU ("UL'T‘URAl. (f‘mn'ellmn. lmllllrun, Inul‘runn'nhm l A H raglntnl rullurnl a an llvnafiun erlu pmfrlnmnln lmnmlnl
l /\o invo:-1 do simplosmr~nto ainda havia vario:-1 poquonos l’ab|'ica|1l"os do vinho do caiu no lira:-ail, na-
assimilar os avangos tec- quolo momonto ro.-:l"aria aponas-1__uma fabrica, na Paralba. Isso para nao so
nologicos mais recentes, falar nas propriedades quimicas e terapéuticas da fruta, bom conhocida.-1
muitas vezes em detrimen- no pcrlodo colonial 0 completamonto esquecidas entfio no pals, onquanto
to de antigas tradigoes de ja gorara centenas do patentes para paises como a lndia, os Estados Unidos,
anatureza artesanal, cabia, a lnglaterra e Iapao. Por seu imenso potencial protéico, a castanha do caju
seu ver, se indagar pelo po- poderia ainda ser usada como comaplementacgao alimentar, potencial ja por-
tencial criador da tradigéio cobido também por di.versos paises, sendo que nos brasileiros, prod utoros
para se forjar um modelo da fruta, hoje ”com.pramos de volta os derivados de caju, ja. man u fatu rados
de desenvolvimento mais pelos americanos, ingleses, japoneses”. (MAGALHAES, 1997, p. 230)
compativel com as diversas
l llln. Outro trabalho digno de mengéio foi 0 Projeto Tecelagem Manual no
o o __ realidades culturais ao re-
Triangulo Mineiro, desenvolvido no ambito do Programa Tecnologias
dor do globo. Com esse procedimento, poderia ser evitado 0 ”achatamento"
trazido pola globalizagao e pela imposigao de modelos e padroes externos a Patrimoniais, um dos poucos trabalhos realizados em que todas as fasos
mulllplicidado das culturas, com seus diversos caminhos. propostas foram cumpridas, o que permitiu avaliagao da experiaéncia
(FNPM, 1984; 1\/IAUREAUX, 1986). Neste caso, tinha-se tanto uma area
Donlro os diversos trabalhos desenvolvidos, 0 projeto multidisciplinar do bem delimitada, o Triangulo Mineiro, quanto objetivos bem claros: do-
caiu poderia oxomplificar bem essa perspectiva adotada pelo CNRC. Pro- cumentar e compreender essa atividade artesanal, para se pensar om
dulo natural do Brasil, 0 caju teria sido escolhido para essa analise por ter projetos para seu incentivo. Utilizando-se diversos meios do rogistro
"l|*(‘:-1 gran<.los prodicados”: “ser conhecido desde 0 descobrimento e usado (fotos, desenhos, video, textos, uso do computador para reproduzir pa-
all" hojo”, tor uma imensa abrangéncia espacial, sendo conhecido "desde d roes, etc.), 0 projeto empreendeu a uma minuciosa coleta do informa-
Sm1ta ("marina até o Para” e pela ”diversidade de usos e produtos” que goes sobre os diferentes elementos envolvidos: a tecnologia, os padrroos,
dolo dorivam (MVAGALI:-I/KES, 1997, p. 227). Esses atributos fariam dele os produtos, as diferentes orientagoes da pratica, a historia, os contoxlos
um “caso oxomplar, absolutamente exemplar, para um estudo do universo om que essas praticas se davam, as tecedeiras, etc. Como relata Maria
do produlo o da cultura”, na medida em que transporia a ”barreira do Cecilia Lon.dres, no inicio da pesquisa, que incorporou a contriabuirgiio
oullural" 0 do natural, constituindo um objeto que, de fato, permitiria uma do trabalho realizado por Edmar de Almeida, partia-so do uma porp|o-
abordagom lransvorsal: xidade: por que ainda se tece no Triéingulo l\/linoiro, tendo em. vista quo,
I
meu ver, muito bem configurada no caso do caju. E indagagao: havera condigoes e havera interesse, sobretudo por pa Flo das
faz com que ele seja verdadeiramento um objeto de es- locodoi1"as, em in tervengzoes com o objetivo do so preservar essa ativida-
tudo m uilo imporlanto. ‘E o quo nos estamos tontando do? (FONSECA, 2005, p. 117) Ap Q‘ CD realizar o invontariamonto, a pos-
domonstrar é a soguinte porgunta: até quo ponto nes-
sa lrajoloria do ovoluqao cultural do passado histori- quisa a pontou que o retorno mais produtivo para as proprias tocodoiras
oo, do doscobrimonto até hojo, a in toraqao, o uso~ dosso‘ soria um catalogo quo rounisse padroes o codigos para tocor os prod u~
s ’ , _ '
produlo nalural, osta sondo onrlquoclda ou nao? la lo:-1, aumontando o sou ropertorio e lhes porrnitindo um molhor dialogo
o quo so vorilica, o o quo indica osso oslagio do ostu-
com os frogmsos; para outras osforas do pL'|blioo prod uziram-so outros
do 6 quo, do oorlo |n.c/,d0, nos oslamos dosaprondondo
om vov. do a prondor nais. Quor dizor, oslamos om po- produtos, como uma publicaqao o um vldoo do divulgaofio, quo, além
b|'ooondo om vow. do onrir novo-lo." M/\(}/\l,l l/\l~1!-§ I do rogistrar, podoriam ”propiciar, aos ovonluais consumidoros, molhor
I997, p. 220). comproonsfio do quo c- a lm‘r'la;_',o|11 manual, aproximando, assim, a do~
(‘om ormo ompobrovinmonlo, o Brasil ostaria pordondo, na vi:-lao do /\lol- manda daquilo quo o produlor podo ofotivannonlo ol'I'|‘oool"'. p
I r
I
0 A
I21:-1:-111 oxporloncia durou alguns anos, tendo o Contro Nacional do Refo- cronqas o tradic('>os", (art. .231 cla CF).
roncla Cultural (CNRC) so Fundido com o lnstituto do Patriimonio His- Assim, podo-so porcobor como as dofinicoos trazidas pola Constituiqao lio-
torlco e Artlstico Nacional (IPI—IAl\l) em 1979, quando Aloisio l\/lagalhaes deral, ao contomplar pela primeira vez bens que, embora dotados do gra n-
foi convidado a presidir esse ultimo. Em sua curta gestao a frente do de significacao para a cultura brasileira, jamais haviam merocido atonqao
lPl"l/\l\l, Magalhaes realizou a reforma institucional do lnstituto, incor- legislativa, se afinam corn as discussoes mais recentes no plano intorna;
porando nao somente o CNRC, mas também o PCH (Programa de Re- cional, estando em harmonia, l
construcao das Cidades I-listoricas) muito ativo a época. No entanto, por exemplo, com as formu-
a morto promatura de Aloisio Magalhéies, em 1982, na ltalia, quando lacoes da Convencao para a
no
Salvaguarda do Patrimonio
torrompo essa "trajetoria, e a discussao sobre o patrimonio imaterial so Cultural Imaterial, da UNES-
vai ser retomada anos mais, tarde. CO, firmada em 2008. Com
isso, rompe-se com uma vi-
sao, ainda cristalizada nos
Registro cultural, um novo instrumonto nossos instrumentos juridi-
cos anteriores, que restringia llml -‘la’ |lHr'lfH
lista toma’tica so vai ser retomada com a redemocratizacao do pais, na fei- a protegao do patrimonio aos
tu ra da nova Constituigéio Federal, promulgada em 1988 depois de um am- bens tangiveis, num enfoque reificado da cultura compreendendo-so o pa-
plo processo de discussao, com envolvimento de varios setores da socieda- trimonio com esse novo enfoque nao mais como urn produto, mas como
nu
/\ nova Constituicao revé o conceito do patrimo"nio cultural, absorvondo a do posquisa, documontac_;5o e informacao; sustentabilidado; promoqao o
t1m|.vlim;f'lo concoitual do quo olo vinha senclo objeto, e passa a tratar tam- ca pacitacao.
bom dos bons imatoriais, falando nas ”formas do oxpross5o" o nos “modos
do criar, fazor o vivor”, quo sao ma|1ifostm;.oos ominontomonto intangivois. Sous principais instrumontos sfio o Rogistro do Bons Culturais do l\latu-
Alom tli:-mo, porcobt~-so proocupaqfio analoga no tratamonto conl’orido as roza lmatorial o o lnvontarlo Nacional do Roforoncias Culturais (ll\lRC),
comunldados lmllgonau, agora protagonistas do capltulo autonomo da instrumonto logal o toctiioo, rospoctlvamonto. Rospoitando a divorsidado
Conntltulqao Federal, ondo so fala da tutola do sous “costume:-1, llnguas, ¢.loe-u-so novo campo, o Decreto 3551 propoo o rogistro dos bons cultural:-1,
PATWMONIU C‘lll.'I‘liRAl. - Fmtrellun, lmlltlrnn, lrinlrurmwluu U reglulni rulfm-nl v an ilvuafluu do pnlrlmdnlu lnmrvrlal
nop,L|mlo sua naturoza, nos soguintos livros: Livro do Rogistro dos Sabo- Roconhocondo o oarator dinatnlco do tais bons, o |)ocroto provo também
ros, para os ”conlr1ocimontos o modos do fazor on raizados no cotidiano das quo o ll’l "IAN fara uma avaliaqao poriodica dossos bons, no maximo a cada
comunldados”; l.ivro do Rogistro do Colobracoos, para os “rituals o festas dez anos, para rotificar ou ratiticar o titulo a olos conforido do Patrimonio
quo maroam vivoncia colotiva, ioligiiosidado, ontrotonimento e outras pra- Cultural do Brasil, podendo os mesmos, so nao rovalidados, sor mantidos
tloas da vida social”; Livro do Rogistros das Formas do Expresséio, para as apenas como uma ”referéncia cultural de seu tempo”. lfisso vios demons-
“n1a|1ilostaooos litorarias, m usicais, plasticas, cénicas e ludicas”; e Livro de tra claramente o entendimento por tras deste n.ovo instrumonto, quo nao
Rogistro dos Lugaros, para ”mercados, feiras, santuarios, pragas e demais retende ”congelar” o bem cultural mas simplesmente registrar bons do
ospaqos ondo so concentram e reproduzem praticas culturais coletivas”, natureza processual e dinamica, que, como a propria cultu ra, osta som pro
podendo ainda sor criados novos livros para abarcar melhor as especifici- em processo de transformagaol Com isso, reconhece-se também a nocos-
dados do patrimonio. De 2002 até o inicio de 2009, ja foram registrados 15 sidade de se estabelecerem politicas distintas, flexiveis o suficiento para
) _..
bons como I atrimonio lmatorial, permanecendo em andamento 14 proces- ajudarem na preservagao desses bens.
sos do rogistro. '
E importante perceber também que ao mesmo tempo em quo osto ins-
I >‘ so 1l@Prm"lfl*iVidade -Data UP trumento da legitimidade e promocao ao bem como sendo integra n to do
das Panalei.raa do Saba-res Indigena 2002 ES patrimonio cultural do Brasil, atribui ao Governo uma responsabilid ado
1*’-Z-ifiolnlneiras .4
> menos ativa, ou menos direta com relacao a sua protegao que no caso do
M"
-Kuaiwa - Linguagem e Formas cle Indigena 2002 AM tombamento. Sd/no caso do tombamento, o pode poblico e o proprio-
Gré.fic:a" Wajapi expresséio
tario eram co-responsaveis pela protecao do l)€I'I'l;’61O caso do rogistro so
Pfifllo--do Nessa Senhora Celebra- estabelece uma politica de promocao dos bens culturais, através do sou
€l;l Nazaré goes Catolica 2005 PA ‘r
,.
W-1" 5" r
a rogL|lt1|11t'|\taot"it> do rogistro
cultural om nlvol rnunicipal,_,
quo so corporificou no Docro- l
to Municipal l6.385, om 26 do A
outubro do 2000. Em soguida
a ossa ro.gulamontao5o o muni-
ll". clpio, através do sua Fundacao
1:‘! HI
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do Arto do Botim (FUl\lARBE),
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t.- roalizou um primeiro rogistro
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-1 cultural, tomando como objeto . Mrlmi ilu l In ll
Nil‘: I‘ ‘HE
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llllhll 4 o ”Sal5o do Encontro”, entidade que promove a presorvagao do vairias For- |'Hl ll|'lllll
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mas do saber tradicion.al ligadas ao artesanato.“‘
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Como um instrumonto técnico complomontar ao Rogistro Cultural, o
ll
ll’l ‘IAN dosonvolveu o lnventario Nacional do Roforoncias Culturais
;.=.351.9'-Iuu (INRC), quo tem como objetivo, na sua formulacao oficial, ”produ:/.ir oo-
nhocimon to sobre os dominios da vida social aos quais sao atribuidos son-
ll
tidos o valoros e que, portanto, constituom marcos o roforonoias do identi-
dado para dotorminado grupo social"." Além das catogorias ostabolocidas
no Rogistro, o [NRC vai contemplar ainda odificacoos associadas a cortos
Da mosma forma que o tombamento, a regulamentagao desse instrumonto
usos, a significacoes historicas o a imagons urbanas, indopondontomonto
om nlvol fodoral influenciou os outros entes federativos, e tanto estados
do sua qualiclade arquitetonica ou, artistica. Como ja discutimos om capi-
como municipios comecaram a criar mocanismos analogos. Assim, por
tulo anterior, o inventario tem so mostrado um oxtraordinario instru mon to
oxomplo, o rogistro foi regulamentado em Minas Gerais pelo Decreto n9
do prosorvacao, nao so por con-
42.505, do 15 do abril de 2002, que “institui as formas de Registros de Bens
soguir trabalhar com uma dotor-
(‘ultu rais do Natu reza lmatorial ou Intangivel que constituom patrimonio
minada base ospacial - cuja osca-
cultural do Minas Gerais”, com uma ostrutura muito similar a da lei fede-
la podo variar roforindo-so a um
ral, roalizando-so logo em seguida o rogistro do ”Modo de fazer do queijo
IV‘ I a vila, a um bairro, u ma mancha
artosanal da rogiao do Serro”. Aqui poderiamos citar também um traba- :7 ‘-
i...
urbana o mosmo a uma cidado
lho pionoiro, do qual participamos: ainda em 2000, o rogistro cultural foi |
'|
mim, como anota Ana (Illa Ollvolrn, o lnvonttlrlo podo oonstltulr, do fato,
MU). qao. (‘om isso, foi proposta 0
PATRIMONII I (“tll.'l‘lJRAl. = t“nm~vllnn, pullllrmi, lmlrmnmmm O rvglntm rulluml v nu dmflml do pnlrlmllrllo lrmmrlal L
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instrumonto o1'ga|1iv.ado|' dos eonl'looimontos locais 1* .~_¢_.'<,:_»..
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om nexos rogionais o nacionais, roaliv.ando também
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o imaterial, referida na Constituicao Federal. do 1988. 1 - Clrlo ale Nosaa Sm. die Nazaré - Belém . PA
Vale lembrar, porém, que essa dicotomia traduziu-se, BA
duranto as décadas de 70 e 80, em uma tensao estru- 2 - Oficio das Baianas do Acarajé -~ Salvador
turante do campo patrimonial. O INRC propoe a sua 3 - Viola do Cocho M5/MT
superacao. Ele permite ainda entender a abrangéncia RI/51'
4 ~ longo,
dos processos culturais definidores desses bens, do
poder transformador dos padroes culturais em curso, 5 - Cieramica Candeal MG
i.dentil.‘icando as transformacoes nas tradigoes a que 6 - Bumba~Meu.-Boi MA
pertencem. (OLIVEIRA, 2004, p.3) BA
7 - Musou Aberto do Descobrimento
O Programa l\lacional do Patrimonio Imaterial ja realizou, até o inicio de 8 - Povos Indigenas do Alto Rio Negro em Manaus A A AM
2009, seto in vontorios, estando 25 em andamento, onquanto quatro inven- 9 - Ilha c;1eI\/Iarajo PA
talrios fora m realizados em parcoria com orgaos poblicos ou filantropicos. 10 ~ Tacaca PA
(quad ro na pagi.na ao lado) 11 - Cuias do Santarém PA
12 - Farinha do Mandioca PA
Como so vo, trata-so do um processo em curso, estando o INRC ainda em TO
13 - Natividade
processo do a.valia.gao e adequagao, suscitando varias questoes, assim
141 - Centre I-Iistorico do Sao Luis MA.
Como todos os outros instrumentos relativos ao rogistro e a salvaguarda
15 ~ Rio do Contas BA
dos bons imatoriais. l\lo entanto, cabe destacar o grande interesse que tais
16 ~ Rotas da Alforria -— Cachoeira e S50 Félix BA
lnstruniontos tom despertado na sociedade, multiplicando-se, por exem-
17 - Regiao do Cariri CE
plo, os pod idos junto aoIPl—IA1\l do rogistro e de utilizacao da metodologia
18 ~ Festas do Largo do Salvador BA
do ll\lRC. Pronto a essa ultima domanda, o IPHAN vai instituir em 2009
pa rfimotros gorais para o ”licenciamento” para a utilizagao do INRC, ins- 19 ~ Feira do Caruaru PE
trumon to tocn i co de levantamento e pesquisa das referéncias culturais, que 20 - Comunidades Quilombolas cle Pernarnbuco PE
passa a pod or ser aplicado também por pessoas fisicas e juridicas externas 21 - Feiras do Distrito Federal DP
no orgao fedora]. Com isso, o instrumonto pode ganhar em abrangéncia, 22 - Congo cle Nova Almeida -~ Serra ES
pormitindo-so criar um banco do dados amplo e alimentado, no espirito da 23 - Bom Retire -~ Sao Paulo SP
C(>11stitL|ic;5o Federal, “com a colaboracao da comunidade”. 924 - Pasta do Divino Maran.henso no Rio do ]a:aei.ro RI
ha
25 - Povo Guarani - Sao Miguel das Miasoes A RS
Flnalmento, cabo chamar a atengao para outro importante instrumonto
26 - Sltlo I~I.iatorico cle Porongos - Pinheiro Machaclo RS
lnstittlcionalizado pelo IPHAN, os planos de salvaguarda, que, na mesma
(271 - Viola Caipira do Alto e Méclio 85.0 Francisco MG
llnha dosonvolvida pela Ul\lESCO(12), vao atuar na melhoria das condi-
qoes sociais o matoriais de transmissao e reproducao, que possibilitam a 28 - Lapa PR
oxlstoncia do bom cultural do forma a apoiar sua continuidade de modo 29 - Lwanta.mento ale d.ocu.men.tos sobre 0 Estado do Sergipe SE
sustonttivol. lisso a poio pode acontecor do variadas formas, podendo via- 30 - Cerllmlca ele Rio Real BA
blllv.a r dosdo a ajuda financoira a d.otontore;/s do saberes espocificos, obje- 1 $1 - Quellos Arteaanala MG
tlvando a sua transmissao, a organr/.ac5o comunitaria ou a facilita<;ao do - Tbquc don Slnoa MG
aoosso a matorias primas. O Programa Nacional do Patrimonio lmatorial ‘ omunldaden lmpnctactas pela Uialna Hldrelétrica cle Impé - MG
lé roallv.ou os soguinlos Planos do Salvagtlardaz Arte Kusiwa — l’intura cor- f7 _ 0; do Midlo Inqultlnhonlna/MG
oral o Arto l‘tlllt‘u Wu'l’l 11; Samba do Roda do l~loool1oavo baiano; Uliioio ms Ffiflfi Nlfildrtll ’ TO'
l
"*5 . '
rios o dobatldas com os soglmmtos sociais onvolvidos o intorossados, so coNsERvAc/10 E REABILITACAO URBANA:
oslzrutumm om duas linhas gorais: difusao (produgao do filmos, cd-rom's o 0 PRQJETO LAGOINHA
lmprossos) o articulaqao/fortalocimon to do grupos o comunidades (rouni- -.
oos, oficinas, otc). Como vimos om capitulo anterior, nos anos 1960 inicia-so uma grando
roformulaqao no campo do patrirmonio, com a ampl;iac€1o crosconto dosto
Com isso so rotorna aquolo dosafio quo ja so colocava para 0 Centro Na-
conceito o do sou campo do abrangéncia. Como obsorva Francoise Choay,
cional do Roforéncia Cultural nos anos 1980: como realizar um trabalho do
no quo so roforo ao chamado
prosorvaqao oriontado a partir da nocao — ampla e dinamica — do referéncia
patrimonio odificado, este so-
cultural? Nao so trata, como no caso da nocéo tradicional do patrimonio,
fro uma tjripla ampliacaoz tipo-
do so prosorvar aponas om sua matorialidade bens do grando valor, valor
logica (com tipologias “menos
esso reconhecido oxtrinsocamonte por técnicos dos orgaos do preservacao.
nobros”, como a residéncia do
Aqui, ao contrario, coloca-so a questao da referéncia que esses bens vao ter
homem comum, lojas o mesmo
para os proprios sujoitos onvolvidos na dinéimica do sua producéio, circula-
odcificacoos industriais, entran-
qfio o consu mo, roconhecendo-lhes, como anota Cecilia Fonseca, 0 estatuto
do no campo da presorvagéio),
“do logitimos dotontores nao aponas do um saber-fazer, como também do
Cronologica (com etapas ante-
C|osl'ino do sua propria cultura”.13
riormente dosprozadas sendo
._-.‘—-
consideradas dignas do pre-
Borvaqfio) o goografica (com a
9-F
idéia do monumento historico,
orlginalmonte ouropéia, so es—
palhando polo mundo). Iunto
a essa triplico oxpanséio, assis-
<1:- 1:.-
0
tlrlamos também a uma ver»
I dadoira oxploséio do publico mnpn uh
-
\
envolvido com a tomatica do
potrimonio, omorgindo o que a autora francesa denomina, nu.m viés no-
I gativo, do ”inflagao patrimonia1”.1
O como do todo osto processo vai sor, no entanto, a nosso vor, o doslo-
camonto quo so da no campo dos valores subjacentos a oporacao do ava-
llaqoo dosto patrimonio, quo so dosloca da esfera dos valoros l1ist<’n"icos o
artfsticos para outra mais ampla, a dos valoros culturais o urbanos. N50
so trata aqui do uma mora mu.dan<_;a quantitativa, mas da adoqao do u ma
1
perspoctiva diforonto, quo lova também a uma manoira diforonto do so in-
torvlr sobro osso patrimonio, quo so dosloca, como vimos om ca pi tulo an-
torlor, do paradigma da prosorvaqao para os da consorvaqfio o 1"oabilit*aq5u.
. I
Do fato, jé nos anos 'l96() comoqa a so formular a idéia da consorvaqfio,
quo, no campo do patrimonio, dosigna, sogundo a "Carta do Burra”, do
ITO; "on cuidaclos a sorom disponsados a um bom para prosorvar-lho as
c ractoristicas quo aprosomom uma significaqao cultural". [isso mosmo
documonto, proparudo polo ICOMOS do Aurstralia, soguo apontando quo,
“de acordo com an clrcunntlnciu, n comsorvaqio lmplicarci nu nao a pro-
wrrmmowlo r 1 ll.‘l'l mm. (hnrvllmu. l'l'lmll‘lIH, 1“.-@mml.~»ll.l-l 1"~fl~m'~v4~ l~'~'.~:r~H~ v rv"l'=Ill=m'fi¢l'= H l‘r"lPl" ll-~.~r"l'Il'~"
sorvoqiio ou o |‘ostaL|raoEio, além do manutonciio; ola podora, igualmonto, onus l*)*)ll, o Projolo Logolnlio, duo proourou oomlwinor oonisorvooflo vom
oomproondor obras minimas do roconstrugao ou adaptagélo quo atondam roulwililooilo, numa abordagom inlograda.
,
~'rm lldllrl
urbano, objeto nao ostatico los anlocodontos, tanto
por oxcoléncia. Nesta nova no rol’lo><{io quanto na pratica, sobro os contros histéricos. Nosso aspoclo (-
porspoctiva, passa a sor con- bom lornbro r a oxporiéncia italiana na area, quo vom polo monos do poriodo
tral a idéia da intogracéo da do ontro guorras, com a obra toorica o do planojamonto do Gustavo Giovan-
consorvagéio com politicas noni“, o quo tormina so corporificando na bom sucodida intorvomgiio sobro
mais amplas do dosonvol- o ('onlro l listorico do Bolonha, cuja metodologia so torna uma ospécio do
vimento, sondo uma con- pnlmdlglna soguido nao so na ltalia (Forrara, por oxomplo), mas om muilos
tribuicéio toorica docisiva a oulros polsosfi Outro fator importanto naquolo pais vai sor an prosonqa do
introdugao, pola Doclaracéio /\.N.(‘.S./\.,- /lssovizrziolzv Nazimmlc Cvnlri Storico-Arlislrri -, associaofio cria-
do Amstorda do 1975, coroa- dn om l%(l com o objotivo do “promover iniciativas culturais o oporalivos
monto do Ano Eu ropou do Patrimonio Arquitotonico, do conceito do "con- pom opolar as ad ministracoos publicas na salvaguarda o l‘00Sl.‘l‘Lll‘Lll‘£lQfi0 dos
sorvoqfio intograda”, ondo so oxplicita a nocossidado da consorvacao sor oslruluros l1islo|'icas oxislfontos", o quo, ao congrogar politicos, odminislro-
oonsid o rad a nao como uma quostao marginal, mas como um dos objotivos doros o inlolooluais vollados para a tomatica dos contros l1islo|"icos, produv.
conlrais do planojamonto urbano o regional? uma oonvorgoncia union no mundo, quo pormito £1 ltalia colocar-so no van-
;z,unrdo das lo|'lm|loq(>os sobro a consorvaqao int"ograda.~“
llslo capilulo vai aprosontar uma rof,lo><5io mais dotalhada sobro a impor-
lonlo idoia da ”consorvacao urbana” introduzindo ainda a idéia, corrola- /\¢|ul, no onlonlo, 0 importanto porcobor quo quando so colobra o /\no llurr 1-»
lo, do ”roabi|ilac5o urbana”, porspoctivas quo so articulam om projotos pou do l’olrimonio, oln I975, prolomlo-so ir muito alom do idoia lradivnonol
do diforontos naluro/as oo rodor do mumlo. Para isso, vamos acompa- do |Jull‘lm(miu: o|‘go|1i'/.au'lo polo ('onsoll1o do Huropa, Com o ohjolivu do
nho r inioiolmonlo a ro|'lo><{1o, hasioolmmlo ouropéia, sobro a ”consorvaq5o "oulor;.z,or a oonsorvog'{1o do |mlrim(‘mio liislorim, cultural o imol.1ili{\rlo do
inlog|"ado” (Cl) o sua vorionlo, o ”roobililaooo u rbana”, aprosonlondo, om l".uro|.,m o lugar quo lho oorrospomlo no oonloxlo do plonoiomonlo urbano
soguido, ainda quo mpirlolnonlo, algumos rol'loxoos sobro o o><po1'i(-ncia o lorrlloriul”, aquolo inivinlivu vai lor, um vordodo, a inlonqoo mais amplo
norlo-omoric.|no oorporlliuula nos p|'<>;_',ro|nos /\/lain .‘w'ln'<'l (l\/IS). l"inol- ~ do oousop,1|ir “o doliniqao do umn polllloo ouropolo do o|*rlonm;oo do lorri-
monlo, vamos nnnllsor um prololrr .\rli:.'ulodo no llrosil om moudos dos
PA’l’RlMf'5Nl( 1 t‘l!l.'l‘llRAl. l‘mn'rl!us. pnllllms. lmlrurm'nlu.~ t‘u|m*rm|¢nu lrilqqriiiiii v rmvllullxmvlo: u llmlvhi l.ngullilm
sociais o ambiontais quo apareciam claramente naquolo momonto: “cros- conjuntos construidos quo aparocam como uma ontldado, nao somonlo
oirnon to da populagao o sua roparticao dosigual, a acoloracao brutal o do- pola cooroncica do sou estilo, mas também pola marca da historia dos gru-
sordonada —- no curso dos ultimos docénios — do urbanismo o da oxpansao pos humanos quo ali vivoram duranto goracoos”, protondondo-so, a pa rl"|r
industrial, a oxploracéio intonsiva dos rocursos quo sabomos quo nao séio dosso concopcao ampla o intograda no marco do uma politica ambiontal
ronovavois, a nao obsorvéincia das logislagoos, a compoticao dosonfroada obra ngon to, ”abolir toda sogrogacao hiorarquica ontro con]untos do malo r
om todos os campos". Essa situagao do dificuldados vai sor oxtonsivamon- valor artlstico o do monor interosse”. Para a consocuc.éio do sous ob]olr|-
to doscrita naquola Carta, quo diagnostica: “Essa dogradagao so manifosta vos ambiciosos, a con,sorvac€io intograda prossupoo a intogragao ontro as
no poluicao intonsa da atmosfora, do solo o das aguas, na diminuigao ou _ , A , . u ' '
poll tlcas do patrimonio o o plano]a1nonto urbano, com um dlalogo |JL‘l
.,__
to dos rocursos minorais, com gravissimas amoagas para a saudo fisica o sor consoguido através do uma inttogracao nas divorsas politicos sotoriais
moral dos homons.” Ia so via, ontéio, com claroza como “uma politica au- considorando-so, por oxomplo, quo “as politicas concornontos aos trans-
tonlica do ambionto (ocologica) é indissociavol a uma rodofinicéio da nogéio portos, ao omprogo,o a. uma molhor distribuicéio dos polos do ativldado
do dosonvolvimonto”. Com isso, quoromos chamar a atoncéio para como urbana podom tor incidéncia importanto na consorvagao do patrimfmio
os documontos produzidos naquolo momonto na Europa ja so inserom no arqtiil-otonico (art. 'l).
marco do idéia do uma politica ambiontal mais goral, quo tondo ao apro-
voitamonto sustontavol dos rocursos, assim como a uma tomada do cons- Us princlpios gorais da consorvacéio urbana podem, assim, sor rosumidos
ciiincia do nocossidado do so instaurar uma nova concopgao das rolacoos nas soguintos Formulas, oxtraidas da Carta do Amstorda:
ontro o homom o o sou ambionto, natural ou construido, ”na busca do um () patrimonio arquitotonico o composto do todos os
novo o bonéfico oquilibrio ontro dosonvolvimento oconomico, patrimonio cdificios o conjuntos u rbanos quo a prosontom inloros-
ambiontal o patrimonio cultural”. so historico ou cultural;
O patrimonio é uma riqucxa social; portanlo, do ros-
Us principios da consorvacao intograda, quo vao sor lapidarmonto onun- ponsabilidado colotiva; ‘ _
/\ consorvacao dovo sor o objolivo principal da plani-
ciados no “Carta liuropoia do l’alrim(>nio/\rquitol‘onico", do 1975, nao so ficacfio urbana o l'orril"orial; I
alaslam dosso porspocliva o so ontondom como “o rosultado da acao con- As municipalidados sfio as principais rosponseivols
junla das técnicas do rostauro o da invostigacao das fun<;(>os apropriadas, pola consorvaciio;
/\ I‘ot'Llpo!'ooaio do droas urlianas dogradadas dovo sol‘
com a linalidado do lograr a inlogracao do palrimonio arquitolonico “no
roali‘/ado som inodilicaqoos siilvslanciais do composi-
nmbionlo do vida do nossos cidadfios”. Nossa carta, com dov. arligos, so oao social dos rosidonlos nas aroas roaliililadas;
onunolam os prlnclplos gorais do consorvaqao intograda, onlro os qtiais so /\ consorvnoiio lnlogratla dovo sor calcnda om modi-
podom cllnr a oondonaqéo das lnl:orvoru,'oos do roslauraqiio quo oxpulsam das loglslallvas o admlnlslralivas ol'lcav.os;
mmmomo cummr. - Conulm. pnlltleu. lHIl*PHm9"rll-‘ml L’ t Cmmruacdn intograda v millnllmlai n Prnjmi Lagninhu a l
Aqui também so trabalha com um conceito amplo dos conjuntos historicos, jll vinha sondo submotido a uma foroz rovisao, com criticas acidas a sua
l V A , l ' ' w - B
quo séio donominados “comploxos histéricos tradicionais” o dofinidos como lrquitotura anon1m.a o ao sou urbanismo sogrogador o dosumano: ‘Com
“todos os agrupamontos do construgoos o do ospacos, comproondidos os lu- ll ”Doclara<;éio do Amstorda” volta-so a atongao para a cldado trad1C10l1fll,
garos arquoologicos o paloontologicos, quo constituom um assontamonto quo é valorizada oxatamonto naquolos aspoctos quo forarn longamonto
hurnano, urbano o rural, cuja coosao o valor so roconhocom dosdo o pon- negados polo Movimonto l\/Iodorno: sua oscala humana, sous ospacos fo-
to do vista arquoologico, arquitotonico, historico, pré-historico, ostético ou Clmdos, sua divorsidado do usos o sua divorsidado sécio-cultural. Como
léclo-cultural. (art. 1.a). E importanto notar quo, nossa dofinicao, o “conjunto Olmlnho para ossa retomada, aquolo documento supoo, ontao, como mos-
historico” inclui ainda “as atividades humanas além dos odificios, a ostru- tra Gonvfiloz Varas a afirmacao internacional do uma “nova cultura urba-
_ . »-JC n l I '
tura do ospaco o as zonas circundantos”. Na mesma linha da ”Doclaracao nu” assontada nao mais na idéia do um croscimonto ilimitado, mas oxata-
I u u - - . A _
do Amstorda”, a ”Doclara<;€io do Nairobi” prop6o rigorosos o amplos ins- mento na oconomia dos rocursos “através da routilizacéio do patrimonio
. _. -_ , - A, ' ' "' anos"? P11":
truimontos para a con.sorva.gao dossos conjuntos, quo prossupoom uma into- ll'C|Llll@lOI.'\lLO £X1Stt.I‘ltE? a na roqualificacao dos ospacols urb A‘ c =
graqao com a politica urbana. Nolos so insorom a utilizagéio prévia do instru- ll Consocugao do sous fins, a ”Doclara<;ao do Arnstorda nao so rostringo
_, -- -. ' "*' 'rnomas
montos procisos do conhocimonto, tais como o inventario o urn ”documonto ll abordagons tradicionais da area do patrlmonio ou do urlaanis A I
analltico” sobro os conjuntos historicos (art. 18 o 19), propugnando-so tam- gmplla os instrumontos do acao, insistindo na associacao simultanoa do
bém o conhocimonto das circunstéincias sociais, oconomicas o culturais dos- meios linancoiros, juridicos o administrativos, leis o~rogulamontos. Com
sos comploxos (a rt. 20), bom como a olaboracao do ”planos do salvaguarda”, lilo, o ordonamonto jurid.ico dovo, na sua formulacao, so omponhar om
quo dovom analisar os "dados urbanisticos, arquitotonicos, oconomicos o so- C0ordonar"’a logisl.ac€1o roforida a ordonacéio do torritorio por uma parto
. ~ - ~ ~ ' " ' ' -" ' >r outra”
dais" oxtraidos dossos ostudos, levando-so om conta também a capacidado I I loglslacao roforlda a protocao do patrimonio arquitotonico pt ¢
dossos tocidos urba nos o rurais "para acolhor funcoos compativois com sua t , 4) , provondo-so
(art ~ g_
dolimitacao dos conjuntos arquitotonicos o do zonas
eapocificidado" (art.21). Outro ponto importanto é a quostao da participa- plrlférioas do protocao programas do consorvacao intograda, o modidas
‘- ‘ u ' I
qlo popular (art.2l), também moncionada na ”Doclarac5o do Amstorda”. dl aprovaqao do projotos o ElLiItOl.‘iZEl§§() dos trabalhos.
Tlfotta-so do um oxtonso documonto quo vai lidar com problomas sotoriais
C0111, osso comploxo instrumental, protondo-so fazor valor aquolo idéia
onvolvidos na consorvagao do um contro historico, onfrontando tomas como
Glntral subjaconto a consorvagao urbana, sogundo a qual a prosorvaqao
a lnsorqao do a rquitotu ra nova (art.28), o isolamonto dos monumentos (art.
nlo podo sor dissociada da modornizacao das cidados, dinfiuniycas por ox-
29), a publicid ado o a poluiqao visual (art.30) o o trfinsito (art. 32). Trata ainda gglflncla, lntogrando-so com o planojamonto urbano o regional. Asslln,
da quostao oconomica, anunciando quo a protcgao o a rostauracao dovom
I "Do¢larac€lo do Amstorda” passa a constituir um ponto do roforoncla
sor aoompainliadas por “uma acao do rovitali/.2450", crondo-so so.r ossoncial
flmdlimoanlal para as politicas do patrimonio nao so para a Europa, tondo
“mantor as funqoos ja oxistonl"os" o ”criar outras novas, compativois com o
IMO grando parto das suas rocomondaqoos acolhicias por um docuiponto
Contoxto oconomioo o social, urbano, rogional ou nacional om quo so inso-
lmlrnaclciiial, ja no ano soguinto, na Doclaraqao do Nairobi, da Ul\ll~*.S.C.().
rom” (art. 33).
Ntltl documonto também so coloca a quostéio da consorvaqiio dos oon|un-
bl hlltoricos numa perspoctiva ampla, procurando sua salvaguarda o sua
ii. hgrlqlo no vida contimporlnlll. No leu profimbulo jé so enuncia com
I
MTRIMONIO CULTURAL - Cnmwltan. pnllllm, Innrmummhm ‘H H H Coanrvacdo lmgradu 0 Mlllillllflal 0 Promo I-llfllfllll l
1" '
|1i:-ilfvrica, em que se individuaram cinco areas prioritarias. Alémldisso, I A polltlca urbana e dc reabllitaqlo de Barclonn
l‘1'atou—se o Eixamplc, parte da cidade oriunda de uma expansao urbana Y wP
\l1
I
do século XIX, proposta por Cerda, area onde se aplicaram instrumentos
de ”remodela.<_;ao" de seus pontos fracos e uma ”qualifica<;ao funcional”
'- dos principles orlenitadores da politica cle orclenamento territorial em
rmano:
J <
(n) a énfase numa lideraruga politica local forte para conduzir 0 processo cle re-
lblllltaqao urbana;
l o provlmento da incentivos fiscais e subvengoes para a reabili.ta¢5° 9°‘ Mu‘
'1; Melon;
1 I
( ) a conservac; an cle eclificios dc: valor
1 _ _patrimonial para usos pifzblicos tale como
llcolaa, bibliotecas e centros CLlll11I‘El1S/
(pl) 0 uso de funclos pablicos para reabilitar edificios hiatéricos que as encon-
, Ia-um em mau estado;
( ) uma ItOIIVE
rill l lnas intervenqoes
1 '~ de reabilitaqao
" ' edilicia tanto l1'\lCE1‘1’lEl quanto
I lxternamente.
'1 ; , ~ . 1 Q I
115 I t rial. Spatial plmmmg - irenewal 1in Barn
and urban ~ lo-
T €l1:'l'l:l:lgliaatL;E:elll:1l\mDe3l:l-:pm::'lll..el.§l|p0x1lvel am: www.le8°°"B°V-hl‘)
MW ll: llh
I
0 Programa Main Street: uma perspectiva norte-americana Dlanto dosto quadro, alguns u rbanislas o politicos ainda aoroditavam sor
Na mesma época om quo os paises ouropous lanqavam a ”Doclaracao do posslvol a 1‘ocL|po1'm,‘ao dos volhps contros, da Mum blrrvl, quo l"ora o olxo
Armitorda", a manoira do so intorvir nos contros historicos comocava a sor artlculador das cidades americanas, mas insistiam na adooao do uma nova
mudada também nos Estados Unidos, emorgindo uma perspoctiva com llnha do inlorvonqao. Para olos, om vez do so tornar uma palida imila<;ao
énfaso na gestao local. Em agosto do 1976, Boston reabriu com grando su- do subt'1rbios, os contros das cidades doveriam explorar oxa ta mon to aqu
cosso o rovitalizado Quincy Market, no centro da cidado, produto do uma lo quo os fazia Linicos: a it
parcoria ontro a municipalidado o a Companhia James Rouse, inauguran- sua imagem urbana, o
do uma nova forma do intorvencgao sobre o patrimonio urbano nos Estados
sou papol na formacao
Unidos, quo so espalharia por todo pais. O fato é que o centro do Boston da lClL‘l'll'lCl£'|LlO local, sua
sofria, como os do muitas outras cidades americanas, do macigo éxodo co- cargo historica, sou po-
morcial para os suburbios, ofn curso desde o final da 2*‘ Guerra l\/Iundial e lonoial do "anima<;ao".
quo so acolorara a partir dos anos 1960: atraidos pelas facilidades dos novos Fol dontro desta pers-
poctiva que o profeito
subiirbios, acessiveis pelas freeways,
Kovin White, do Boston,
l os residentes motorizados abandona-
lldorou um projeto do l Imm u llmlwl.
vam os antigos contros, levando com
dois anos para revitali- I l lll
olos o comércio, na forma dos novos
zar o Quincy Market no
o gigantescos shopping malls.13
(‘ontro d_a cidade, roinaugurado em 26 do agosto do 1976, duranto a colo-
A primeira reagao ao abandono foi bl"a<;ao do Bicentonario da Nacao. Com seus edificios em. granito restaura-
uma tentati.va do so realizar uma es- dos o adaptados para novas utilizagoes, o Quincy Market logo so tornaria
pécie do ”facelzftirzg” nestes contros, um dos dostinos turisticos mais popularos da regiao, bem como modolo
tontando fazer com que so parecos- para projotos somelhantos em outras cidades americanas, apontando LI I11
som com os novos suburbios. Assim, ca minho para a recuporagao das areas centrais.
a maior parte esforgos do revitaliza-
N oslo mosmo poriodo, lideres comunitarios do pequenas cidades do moio-
gao concentrou-se, nossa primoira
oosto amoricano que sofriam do mesmo processo, podiram auxiho para
otapa, na criagao do uma imagem ur-
rovitalizar sous contros ao National Trust for Historic Preservation, organi-
bana moderna e limpa: uma nova in-
vaqao nao-govornamontal que tem como missao dar suporto a prosorva-
Pra-estru tura foi construid a, anuncios
qilo do patrimonio."5 O Trust organizou, ontao, uma conforéncia regional
do plastico comegaram a escondor as
o, a partir dai, foi desenvolvido um projeto piloto para tros comunidades:
fachadas antigas dos prédios, cria-
ram-so ”parquos tomaticos” nos contros, ignorando a verdado.ira historia Galosburg, om llinois, Hot Springs om South Dakota o Ma1<.iis<>|1,o111 ln-
da cidado o oxtonsas areas pedestrianr/.adas, ondo so instalavam cadoias dlana. /\ oquipo do projeto so dou conta do que para salvar as ocl|l1ta<_oos
do contros historicos toda a oconomia dos distritos comorciais tinha quo
L \ - \ ] ' ‘ ‘
do lolas do convonioncias como a 7-Elovon. No ontanto, esta ostratogia nao
sor rooslrululrada: as odifica<;6es doveriam ser adaptadas aos novos usos
funclonou, oontribuindo, ao contrario, para acolorar o processo do mu-
ooonomicos; os comorciantos noeossitariam do troinamonto o acom panha-
danoa para o sublflrbio. I-im meados dos anos ]{97(), oostado do LlL‘gl'£1Ll£lQi'l()
monto; osforcos promocionais bom concontrados doveriam sor l'U'llUH om
urbana das cidades americana:-l tinha atingido sou apico, como relata Jon
uma clara ost"ral"ogia do marketing o om um plano do aqiio ocolioinico.
C. Ton Ford: as propriodados u rba nas nao so ostavam liolalmonlo degrada- I
clan, mas grando parlo dolas abandonados, as taxas do criminalidado ox- --.._ -. . _
A oslralt"gia adotada foi omprosa rial: para cada uma dossas cidades, con-
plodlam, onquanto as oldados onfronlavam as pioros crisos financoiras do lralou-so um ;.',oronlo, quo dovorla lmplomonlar aquilo quo hoou conhoci-
sua historia. ('l'l"./\l*()Rl), 1990, p. 12(1). y , .
da oomo n classlra al1ordngorn don ”qunl|o _
pontos " '
doMmn ' ' I | I
hlml. design '
do odlticlos lwistorlcos, do lncentivo a novas otllticaqoes, do dosonvolvi- Valor total do rolnvosttimonto ptiblico o privaclo nas comunidades Mriln
mento do sistemas do gestao sonsivois ao design o do ongajamento om Street - UStll l7 bilhoos, com um, roinvestirnento modio do US$ 9,5 inillioos
pla11olamenl'o a longo prazo); organizaqao (construindo consonso o coo- para cada comunidado.
peraqéio ontro os muitos grupos o individuos quo participam do processo
do rovitalizacao); promo<;ao (difundindo as vantagons do centro comorcial Nllunelro do novos negocios gorados - 57.000
para froguosos, potonciais invostidores, novos negocios, cidadaos locais
Nllunero do novos emprogos criados — 231.000
o visitantes) o roostrurturagao oconomica (fortalecendo a base oconomica
existento na area, onquanto sao estudadas estratégias para sua oxpansao o Custo médio do cada omprego criado — 'US$ 2.394
Crlaqao do novas oportunidades e desafios).
Porcontual do re-invostimento na comunidado - USS; 40.35 roinvostid o por
Os projetos pilotos lancaram a base para aquola que seria a abordagem cada dolar gasto, o que faz do programa Main Street o mais oticiente oco-
Main Street, baseada fortemente na iniciativa privada e no envolvimento nomicamonto no pais.“
cliroto dos cidadaos. Trés anos mais tardo, os rosultados ja eram visiveis
nas tros cidades do projeto piloto: os gastos nos contros foram elevados om A crltica mais freqiionte ao programa é quanto a sua tendéncia do misturar
25%; a ooupaqao das lojas vazias tinha crescido enormemente; e o retorno proservagao com cenografia, criando-so ”falsos” contros historicos. Como
do cada dolar dos custos adrninistrativos e do infra-ostrutura era de um vimos, uma das énfases do Programa Main Street vai ser na qualidado do
para onze d6laros.'1"’ A vontade do outras comunidades em aprender as design dos contros das cidades, o que inclui os proprios edificios. Assim,
llqoos dossos tros programas piloto, levou a criagao do Main Street Center 0 programa muitas vezes cria uma ”aparéncia Main Street”, quo enfatiza as
junl-0 ao National Trust for Historic Preservation em 1980. Hoje o programa facl1adas o realiza adaptagoes ”estilisticas” que tornam homogénea a ima-
Main Street atinge mais do 1.600 comunidades por todo pais e, trabalhan- gem dessos conjuntos, nao levan.do em consideragao a trajetoria historico
do om parcoria com agéi-11cia.s do desenvolvimonto estaduais e municipais do muitas das construgoes. (Em alguns casos, chega-so a introduziir uma
ou orgainizaqoes privadas, o Main Street Center fornece as equipes locais do "patina" artificial.) Esse tratamonto cenografico atinge também o ospa-
fu11ci.onarios pL'1blicos, lideres empresariais e membros da sociedade civil go publico, onde so introduz elementos do ilurninagao pseuido-historicos,
as lerramontas o a. assistétncia técnica necessarias para revitalizar os contros born como materiais de pisos e mobiliario urbano atraentes, mas historica-
do suas cidades. monto inadoquados. Além disso, ao nao incluir as paisagons historicas na
eroabilitagzio, cria-so uma tensao entre os edificios reabilitados e o seu con-
Aqul é prociso obsorvar quo a primeira premissa do programa - molhora r a texto. Como conseqiiéncia o ernbelezamento substitui ou dilui a historia,
apméncia flsica da area com a reabilitagao do seus odificios — foi fortemen- e so perde o contexto historico. 19
te auxiliada por um timing afortunado, tendo coincidido o langamento do
Progralna corn a criagao do créditos fedorais para reabilitagao do odificaeoos Aposar disso, o inogavel o sucesso do Programa, especialmente no quo so
hlnttorlcaas e tundos do auxilio para o dosonho urbano, que domandavam quo rofere a sua metodologia do envolvimento das comunidades e no aul"ol’i-
o solor publico o o privado trabalhassom conjuntamente om projotos do do- nanciainonto, o quo levou o Main Street Center (renomoado National 'll'usl
sonvolvimon to. Com isso, embora nao contassom com financiamonto diroto, Main Street Center desde 2004) a tontar aplicar sua perspoctiva om outros
vttrlos dos projotos pudoram rocuporar ilnutnoras oditieagoos, quo toram ro- tomas, tais como a quostao da habitagao do interosse social, trabalhando
nbllll'adas.'7 Assim, vao so rounir na perspoctiva /\/lain Street o ongajamonlo om parcoria com organizacoos da area, tais como as conhocidas Communi-
civlco, oaraotoristico da historia da |Jl'0SL‘.l‘VElg‘§(iY do patrimonio no mundo an- ty Dovolopmont Corporations. (www.mainstroel:.org)
glo-saxonioo, o a perspoctiva do ganho oconomieo, com binaqao quo talvov. ox-
pllquo o grando sucesso do programa nos Estados Unidos. O programa Main
Street" descreve os sogulntos rosultados oconomicos do l 980 a 2002:
PATRIMONIIJ ('lH.'!'HRAl. - Fmtrrttnn, rmlltlrun, lHnfI'tHm'H!m4
. (‘unurrt'n;':7u tnlqqnnln 1' rrr'lIu!l's'tt;*t7u.' n I'm/rlo Lngntnlm
_ .
Main Btreehoa quatro pontos e on oito pflnetpioa O S S SS I
>4
mais sofisticada, a Main Street é capaz do resolver problomas cada vez mais complexos e
A promegttu vendeuma imagem positiva do distrito comercial e encoraja os consumidores e criar projetos mais ambiciosos.
OI h'1v"esl*id.ores a vi ver, trabalhar, fazer compras, se divertir e investir no distrito Main Street.
Promovendo as caractteristicas dnicas do distrito para os resident-as, investidores, empresa~ Q Auto-ajuda: ninguérn de fora vai salvar sua Main Street. Os lideres locais devem ter a von.~
1'10! e v"isitantos,- uma estratégia prornocional efetiva forja uma imagem positiva através da tade e 0 desejo de mobilizar os rocursos e talento locais. Isso significa convencer os mo—
publieidade, at.iv'idade promocional de varejo, eventos especiais e campanhas de marketing radores e os proprietarios de negocios da recompensa que vao colher por investir tempo
rlnl1zacl.aa pelos voluntarios locais. Estas atividades incentivam a confianga dos investidores t
e dinheiro na Main Street - o coragtio da sua comunidado. Apenas a lideranga local podo
I dos ¢oru~1umido.rea no distrito a encorajam a atividado comercial e 0 investimento na area. -.- '.
produzir sucesso de longo prazo através da promogao e da demonstragao da participa<;€1o
"115 da comunidado <2 o compromisso com esforgo de revitalizagéio.
Design signifioa colocar a Mair: Street em forma. Capitalizar sobre seus melhores afivos - tais ¢ Ptzrcerias: tanto o setor pdblico quanto o privado tém um interesse vital no distrito e da-
como edificios historicos e ruas oirientadas para pedestres - é apenas uma parte da histc’>ria. vem tra.ba.lhar juntos para atingir objetivos comuns da revitalizagao da Main Street. Cada
Uma almoafera convidativa, criada através de vitrines atraentes, areas de estacionamen- setor tem um papel a desempenhar, e cada um deve compreender os pontos fortea o as
to, melhoriaa "nas edificaqoas, mobiliario urbano, si.na1iza<;éio, calgadas, iluminagao da rua 11 limitagées do outro, a fim de forjar uma parceria eficaz.
9 palaagiamo, transrnite uma mensagezm. visual positiva sobre 0 distrito comercial e aquilo
qua ele tam para ofarecer. Atividades de design também incluam incutir boas praticas na ' Identzf1'car e capitalizar sobre as ativos existentes: os distritos comorciais devem. capi.tal.i.:car
manutenqtio do diatrito c:omercia1., melhorar a sua aparéncia fisica através da reabilitagao sobre os ativos que os tornam dnicos. Cada distrito tem qualidades 1I1n.i.cas como editicios F
de adificloa hiato1'icoa, modidas dostinadas a incentivar as novas construgoes apropriadas, distintivos e escala humana para dar as pessoas um séntimento do pertenga. Estes locais
dllanvolv-ltmento do sistemas do gestao e o planejamento d.e longo prazo. »O ativos devern servir como a fundagéio para todos os aspectos do programa de revitalizagfio.
I
v Qualidade: enfatizar a qualidade em todos os aspectos do programa de revitalizagéio. Isto
A mstt'tttt4r'ngffi'o eecwrtotrrimz reforga os bens economicos ja existentes na comunidado, ao
mfllmo tempo om que expande e diversifica a sua base economica. O programa Main
at se aplica a todos os elementos do processo -—~ do design de fachadas até campanhas promo-
cionaia e programas educacionais. Orgamentos muito estritos e os eaforgos do ”cortar o r
Street contri mi para agugar a competitividade dos proprietéuios dos negocios existent-tes, A.
I colar" reforgam uma imagem negativa do distrito comercial. Em vez disso, concen"trar-so
atrair novas empraaas compativeis e proporcionar novos usos econolnicos para format em projatos do qualidade em detrimento da quantidade.
urna zona comeroial que responda as nocessidades dos consumidores atuais. Converter
llpaqoa cornerciais nfio utilizados ou subutilizados em propriedades oconomicamonto * Mudmzgrz: no primeiro momento, quase ninguém acredita que o Mair: Street pos:-sa roal-
produtivas tambdrm ajuda a aumentar a rentabilidade do distrito. mente vingar. As mudancgas do atitude e pratica sao lentas, mas definitiva.a - o apoio pL'1bl.i.co
. 1
para a mu.dan<;a ira se construir na medida em que 0 programa Main Street cresce e atin»
ge consiatentementte os seus objativos. Mudanga sign.ifica., também, partici.par do mollwroa
C01-ncidantemente, oa qua-tro pontos da abordagom Muir: Street correapondem as quatro praticas empresariais, alterar as formas do pensar e rnelhorar a aparéncia ffsica do distrito
torque do valor imobiliario, que -stio sociais, politicas, ft:-iicaa e eco|":(51'nieas. commercial. Um programa Main Street cuidadosamente plane-jado ajudara at mudar percep-
qoes e praticas do p1.'1bli.co para apoiar o suatontar o processo do revittal‘ir.aa;£io.
llatirado do site do Main Street Center: Ditsponivol om: www.mainal-reet.org (traduqao do
nut-or) ' Apltrnetloz para tar sucesso, Main Street deve moatrar rosu.ltados visfveia ue so odertwo
vir da conclusao dos projetos. Mudanqas vistveis t1'aq_f.'|entes ado um lonnaretcz quo o
aaforqo do revltalizaqfio esta em curno 0 undo bem aucedtdo. Pequanos projatoa no inicio
do programa abrem camlnho are outrun mniom na medida em que o esforqo do revita-
ltzaqlo amacluracu an ntlvldaxl conltlntl dl rlvltaltzaqao g-era confianqa no programa e
cada vez matom ntvlll do plrfltlplqlm
lhttndo do alto dn Main find. S ; S‘ em: www.ma1n|t'r|nt.or|
t'.'\'!*Rlt\»1ONtt I t ‘lH.'!'HlM!. t'mn':*Hnn, tmflflrna. lt|HH'ttHt|'HI|m ( 'n!mervmv1u ttth‘_|.;t’ttrl|t r trot!-t|lt'.’m,'fl|».' :1 !‘ru/rm Iaqnlnhn
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quais |() inlv|'vv|1qoos om
conjunlos urbanos 0 '15
planos urban1'sl'icos o do
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I
dosonvolvitmonto urba-
no. Porém, como anota
A 0
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O
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A -.
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I“
r Marcia Sant'anna, aponas
.11
I
20% dos monumentos
I
rostaurados goraram ro-
\ I
:91 municipios o também por falta do uma logislagao quo obrigasso a sua oxo-
¢u<;a0.21
5:9?
t I .
;.\.
municipais do prosorvacao do patrimonio, podendo so destacar as aocoos
trim =
ltflli‘ '!!
'31 .
pionoiras do Rio do Ianoiro o do Recife, quo nao contaram com a partici-
pacéio direta do IPI-IAN nom utilizaram o tombamento federal como ins-
trumonto do protogao. E intoressanto percebermos quo para o govorno
O projeto Lagoinha (Bolo Horizonto) municipal ficava mais facil articular as politicas do prosorvagiiio com o pla-
nu
nojamonto urbano, sondo do so destacar quo nos dois casos so lancou mfio
|?.r1q ua n to na Europa ganhavam corpo as idéias da consorvagao intograda
do instrumontos urbanisticos para a protocéio do areas historicas. Aposa r
0 da roabilitagéio, o nos Estados Unidos so dosonvolviam estratégias do
das dificuldados do so roalizar uma ofotiva intogracao ontro ossas politicos,
inlvrvoncao basoadas na gestao o nas parcorias pfiblico-privado, também
como mostramos, o fdto é quo a partir dosso momonto muitos municipios
no Brasil a quostao da consorvacao do conjuntos urbanos colocava-so com
brasiloiros passaram a langar propostas nao somente do consorvacao d 0 a ro~
forqa renovada nos anos 1970, quando so avolumavam as prossoos trazidas
as, mas incorporaram om certa modida a idéia do sua roaobilittaozio. l\Iosl*o
pola ind ustrialoizacao o polo dosonvolvimento acolorados. Nosse momonto,
sontido, por oxomplo, tom atuado dosdo 1979 sobro o sou contro o Rio d 0 ja-
us divorsos nivois do govorno véio procurar altornativas do gestao para os to noiro, quo parte da aplicagao
vonjuntos u rbanos, quo nao mais podiam sor tratados sob a porspoctiva da
da logislacao do uso do solo
cidado como “obra do arto", até ontao vigente-2°. ta
l\lvslo quadro, cabo so dostacar 0 Programa do Cidades Historicas (PCH),
a o fiscal, combinando aspoc-
tos do zonoamonto, prosor-
criado om 1975, quo introduziu mudanpas Inos conceitos dominantos, ao vawqao, posturas municipais,
propor a roinsorcao do bons imoveis nas cidades como "olomontos ama- l isomgoos fiscais, aos quais
mico.-:”, nao mais os tratando aponas como objotos ostéticos. Outro as- so somam progrossivamow
poclo inovador do PC"! 'l foi o ostimulo dado/as ati\/didados culturais locais, lo, uma ampla oxposiqfio no
como possivois gorndoms do uso para os momlmonlos |1isl"oricos, o quo midia 0 a adosfio do comu-
pvrmiliu um onvolvimonlo mais pro><imo da vomunidado local nas aqoos nidado local, no fimbilo do
do p1‘v.'-wrvnq;'\o. |ni1'ial|n1-nlv implanlado nas cidadvs do l\lordoslo, ondo conhecido projvlu ”( 'urrvdur ||'t!|'t’|'t l I
dovvriu arlirulnr m_'(n-H lignclnt-1 no turismo, o l’(‘| I so vxpnmiiu porn todo (‘ullum|", uma dos iniviuli-~ f*.t|' I/r ‘NH: IHI
\
u la-|'ril(ario l1i\L‘iUIld| durnndo dor. anos v |'inum‘iou W3 projvlos, unlrv us van do maior (mito no pntu."’
I’/l'!'RlMt'lNlt I I 'l!l.’l'llI~l/ll. ('mm'llua, polttlnm. tn.-|!rmm'ntn.~ ' t ’un.~wr:wom lttl|‘_\'lHtltl r rt-mtmn.-m,-m»; n l'm)r!o l.u;.;otulm
No caso bl‘t1Hl|(‘ll‘U, 6 intorossonto porcobormos quo omboro o qtlostoo do () Boirro do Ilogoinho, um dos mais trodicionois do llolo I loria/.onlo, do:-:l'|'u~
Fll'|onoio»mon to o do sustontobilidodo dos oroos consorvadas sojo lovontodo to do um cu rioso status no capital minoiro, oo sor oo mosmo tompo oonlrol
nosto rnoirlonto, om muitos dos casos, o ator principal ainda sora o podor o poriférico. Muito proximo ao Contro, o Lagoinho noscou como loool do
pdblioo, fronto oo rolativo dosintorosso do capital imobiliario om rolacao habitacao dos trabalhadoros da construcéio da, nova capitol, fora dos limi~
as Intorvoncoos om cu rso nos contros urbanos, situacao analoga aquolo os- tos do aroo urbana - goométrica o monumental - do projoto do Aoroo Rois
tudodo por Melo ('l998) om rolacao a algumas cidades moxicanas. Aposar do finale do século XIX. Dosdo o inicio do sua, ocupacéio, o Bairro oproson-
disso, c» rocorronto no Brasil dosdo os anos 1980 a tontativa do so intro- tou vida oconomica o cultural oforvosconto, caractorizando-so rapid o mon-
duzir ossa perspoctiva, com a aprosontacao do planos do roabilitacao do to como um contro do sorvicos ‘r
drool-1, quo, do forma diferonciada, propoom a. utilizagao do parcorias ontro ospocializados. A0 longo do sua
or-1 diforontos otoros.23. A tontativa do so implantar om meados dos anos historia, a fisionomia do lugar
l 990 um plano do roabilitacao intograda do um bairro poricontral do Bolo vai sor marcada por uma inton-
I ilori'/on to, conhocido como Projeto Lagoinha, paroco-nos oforocor um caso so sociabilidado, ondo so mos—
intorosson to para roflotirmos sobro os processos do conservacao urbana o clam uma roligiosidado arraiga-
roobilitoqoo dos contros historicos no Brasil, principalmento daquolos loca~ da, uma forte tradigao musical, "“
Iizodos nos grandes cidades. Naquolo Plano foi tontada a combinacéo das a boémia o a prostituic5o.24
pt*rspoctivos do consorvacéio com a da roabilitacao urbana, onvo1vondo-
so do forma diforonciada os divorsos atoros, num processo participativo. l\lo ontanto, a dospoito da vita-
Roolirodo numa parcoria ontro o podor pL'1blico o a Univorsidade Federal lidadooconomica o socio-cultu-
do Minas Corals, o Projeto Lagoinha consoguiu ostabolocor uma base mo- ral quo marca a regiéio, osta tom
lodologico bastante ll'l't(l‘lf'CSSEl1'llI€, embora tonha sido vitima da dosconti- vivido sob a amoaca das gran- fn".'|'ll‘J'}l|
Fl l Hill: 1,!‘
nuidodo odministrativa o so oncorrado om 1997, quando sous rosultados dos inotorvoncoos viarias desde a 1,1 twill]
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loiras, a Lagoinha pagou o proco pola sua localizacéio, sofrondo proliundos
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”cirurgias” om sou tocido urbano, soguidamonto cortado por avonidos o
viodutos quo constituom, dosdo os anos 1970, o chamado Comploxo \/i~
orio do Lagoinfha. Avonidas largas o com transito posado, viadutos, odil‘i-
‘ m.~..,,
tgq,/"""’ W “""\'lVIom,.,,,,_(v‘ Wm
oocoos dogradadas o somi.-abandonados substituiram o ontigo bu rburinho
W‘ Y’ tipico do Logoinha, quo passou a oforocor uma imagem do dosoloooo o
quom so aproximava.
l\lo inicio do 1994, a aroo voltou a sor conario dosso tipo do intorvonqoo com
o oxtonsoo do Comploxo Viario da Lagoinho sobro o primoiro quortoiriio do
Ruo Ito pooorico, oixo comorciol vital do rogifio. Tomondo ossa intorvonooo vio=
rio como moto, o I ’rofoitu ro do Bolo Horizonto, om pa rcorio com o Univorsida-
do llodorol do Minas Gorois, p|*<>|0os, dosso vo'/,, um novo tipo do intorvonoiio
do podor pilblioo, com o objolivo do nao oponos rooli'/or o obro viorio, mos
do:-ioncodoor o roobililoooo do oroo. (‘om isso, orticulou-so um plano urbono,
quo odolovo as idoios bosiom-s oonlidos no por.~:poolivo do oonsorvoqoo inlogro»
ms rm
do (Cl), tll'llL‘l.l|tlLli.l.'~l, como voromos, com pl'oooL|pog‘i'>os com o suslonlobilidodo
|‘llt I'll
, llrlo ooonomloo o aoolnl, dorlvndon do porapoollvo do roobililoooo.
mills‘.
t'r\'t‘RlMUNIH1'lH.'l'HR/ll, ('mm'llos. pnltttrns, ltmlrmmwtam ~ ( '|Htm‘t'r'tlg‘flo tHlo'_g't'mltt t‘ t't'r'llttll;-m,'|'I|If H rm»/1-rt» ldotllttltti
Com isso, montou~so o Projeto Lagoinha, quo tovo por finalidod o o roohi I i lo-
coointograda do Bairro, tipo do intorvongéio quo procura trotor os diforontos
problomas da area do forma articulada o simultanoa, ontrolocondo oooos do
ti pos variados — do intervoncoos fisicas a projotos culturais - o do mogniludos
diforontos — grandes o poquonas intorvoncoos. Assim, a idéia do roobililoooo
intograda, tal como proposta pola oquipo técnico, buscovo um modolo do
dosonvolvimento quo, valorizando as ospocialidodos locais, pormilisso ina
torvoncoos mais adoquadas o bom sucodidas no tocido u rbono. 'l'rolovo~so,
pois, do uma intorvoncéio urbana, quo tinha com.o coroctoristicos p rin oi pois:
0 por sou co rotor procossuol - oposor do projoto tor sido oloborodo om sun
lololidodo, provondo-so uma sorio do oooos o curto, modio o longo promo,
procurovo-so fugir do planojamonto tolo|iv.onl'o o toohodo, lroholliondo-so
com oona'n'ios o oooos osllologioos, quo orom roovoliodos o l‘L‘l.‘|tll7Ul‘t1LltlH on
It, l|'|\.jht:I longo do prooosso; 9
mtlm ‘HM-I /
' Programa do roqualifica<;ao ambiontal - provia a roqualificacao ambion- di,vis€1o do rosponsabilidados: onquanto ao podor publico coborio o oxoou-
tal do oroa do Lagoinha, com a rocuporacéio do propriedades isolados, cao das obras viarias, do molhorias urbanas o do roquoalificocoo do odilloios
conjuntos urbanos, quadras, vias publicas o areas dostinadas a oquipa- publicos, aos particularos caberia a rocuporacéo do sous imovois, sondo
monto do uso colotivo. ostimulados a adorir aos varios projotos formulados.
.4
' Programa do rovitalizacao oconomica — a partir da detalhado identifi- Entro as principais obras publicas oxecutadas, cabo destacar o l’ro<;o Vow.
coqao dos atividades oxistontos na Lagoinha, propunha ostimular sua do Molo, com 6.600 m2, construida no terreno romanosconto do domoliooo
pormané-11cpia, oforocondo-lhes assossoria técnica para quo ganhassom om do um quartoirao, com o objotivo do sorvir do antoparo ao Bairro om rolo-
oticiéncia goroncial. Foram dosonvolvidas linhas quo objotivavam o supor- gao ao posado transito das vias lindoiras. Além do tratamonto poisogislioo,
to/opoio, oxpansao o divorsificacao das atividades. jardins o fontos foram instalados ainda oquipamontos do uso comunilorio,
tais como bancos o lixoiras, buscando a humanizacéio da paisagom urhono
1' Programa do rovitalizacéio cultural - propunha fortalocor o rosgatar daquola area, muito arida.
praticas culturais locais, pormitindo, ao mosmo tempo, contato o intor-
combio com outras oxporiéncias, além do rossomantizar lugares oxprossi— Nosta mesma linha, o projeto provia o tratamonto do todas as prooos o
vos do Bairro. ruas do Lagoinha, tendo sido oxocutado o projeto piloto do Ruo Ito pooori~
ca, principal oixo comorcial local. Ali foi foita a substituigéio do quoso dois
1' Programa do dosonvolvimento urbano o social - propunha incontivar quilomotros do piso do passoio por ladrilho hidréiulico, rocu porondo-so
a pa rticipagao do comunidado o intormodiar as propostas dos programas aquolo material tradicional o garantindo acossibilidado o uma imogom ho-
orquitotonicos, oconomicos o culturais com as caréncias do populacéio local, mogonoa da rua. Em 1996, iniciou-so também, om parcoria com o populo-
através do colaboracéio com a comunidado do Bairro o suas organizacoos. "¢ _ ._l.._ .__-
cao, a arborizagao do rua, quo conformaria a imagem final do i11toi"vo|1q5o.
A no at uo d|'/. ros wilo £1 rocu flora S‘(Io o consorva S‘fro doa imoveis 1arlicu- Duranlo o prooos:-so do dis-at*1'ibui<;fio das ti11tas o acompanhamonlo da pin-
lmoe-4, o projeto l|*aba||mva com a idoia do pa rcoria com a populaoéh local, lura, diver:-ms fatoros inl’luoncia1_1am o rosultado final, oonlribuindo para
prooumnclo mobiliza-la o fornocor~lho assistélwcia técnica para tal. Para a nao roalizacfio plena dos objetivos iniciais. Dontre os divorsos r1lasl"z‘u*L|-
lmm, ll'lHl‘i\lOLl-S(‘ no bairro, om parcoria com a Universidade Federal do los, ha quo so destacar" a precariedade das contdigoos do armav.onamonto
Mlnns (Iorai:-1 (UFMG), um l!:~:oritorio Técnico, que fez preliminarmente 0 o manipuula<;5o das tintas e a impossibilidade de um maior controlo sobro
|ov1mla|'nont'o d o.tal|1ac|o das 148 odificagoes que compunham a area de in.- os servigos prestados pelos pintores contratados pelos propriotarios dos
lorvonofio L‘Hl'l‘tlléglCi1 do Projeto, denominada “Face Sul da Lagoinha”, dos imoveis. l\lo entanto, pode-se destacar também como um dos pontos po-
quais -"/1 ('1 12) ora m pontos comorciais e V1, locais de residéncia36. sitivos a grande adesao dos moradores, principalmente da Rua Além Pa ra-
No inicio do ago:-;l*o do 1996, a comunidade local, reunida a partir de pro- iba, de carater mais residencial. Além de propiciar um melhor aspecto do
g|'nma.'-; or-xpocificos con forme os tipos de uso (comercial ou residencial) dos conjunto da rua - principalmente por se tratar de imoveis na sua maioria
ln1c'>voi:~:, foi convocada a participar como parceira do projeto, através da sua em estilo eclético - houve um envolvimento gradual por parte da com uni-
corltribuiqfio como rosponsauveul pela mao-de-obra nas intervengoes de recu- dade, a medida em que apareciam os primeiros resultados das pintrlras.
pornqfio dos imoveis. lmediatamente um numero expressivo de moradores No final de 1996, o processo de recuperagao ja parecia se estender por todo
o comorcianl"os so manifestou interessado em participar do projeto, iniciando- o Bairro, com varios moradores recuperando espontaneamente seus imo-
H0, orltfio, para os candidatos ao programa de recuperagéio fisica dos imoveis, veis, sem recorrer ao Escritorio Técnico.
£1!-I vistorias o o atondimonto visando a capacitagéio na gestao dessa proposta. - juntamente com a intervengao urbana, o projeto deu forte énfase ao “Pro-
nu
As VlH-l‘()l‘l£lS, roalizadas pelos técnicos do Projeto, objetivavam avaliar 0 grama de revitalizagéio econornica”, que procurava fortalecer a base oco-
ostado do oonsorvamgéio das edificagoes, fazer a caracterizagao arquitetonica nfwmica da Lagoinha objetivando o apoio, expansao e diversificagao das
clol‘nl|*mda o u ma ostimativa prévia da quantidade de tinta a ser usada. atividades. Com o comércio local, foram trabalhadas linhas de incentivo
(‘ornp|o|"nonl"_ando as vistorias, eram feitos estudos de cor, procurando- om parceria com o SEBRAE, que promoveu palestras e instalou 0 ”BaIc£io
Sebrae” junto ao escritorio do Projeto Lagoinha para apoiar a moderni-
se adequar a orientagao teérica a
zagéio dos negocios locais. Numa tentativa de reativar o comérci.o local
realidade do Bairro e a possibi-
caracterizado por brechos, vale o registro da realizagao do ”Leilao do /\rl‘os
lidade limitada de se criar cores.
o Antiguidades da Lagoinha”, realizado em dezembro de 1996, muito p ro-
Algumas edificagoes foram prio-
judicado pelo impacto das obras viarias.
rizadas levando-se em conside-
ragao 0 seu valor arquitetonico e (L) aspecto de animagao cultural nao foi esquecido e varias agoes fora m ro-
av pt!
0 interesse e/ou possibilidade do alizadas por meio do “Programa de revitalizagao cultural”. Dentro ossas,
proprietario. A partir das visto- cabo destacar o projeto ”Sopro da Lagoinha”, que trabalhou com a pers-
rias iniciou-se o processo efetivo poctiva da revitalizagao da banda de musica Nossa Senhora da Concoiqfio,
do rfecuaporagao e pintura externa a mais antiga dar cidade, que se encontrava em processo de extincao pola
dos imoveis, para a qual havia a inca pacidado do renovagao de seus quadros. Para reverter essa situaqfio, o
pa rcoria com a empresa R. Fonso- projeto, coordonado pelo compositor de musica contemporanoa llduardo
ca Prod u tos Q'LlllT\lC()S, quo doou /\Ivaros, instalou uma pequena oscola do instrumentos do sopro junlo E1
as l'int'.1:»‘ Q1 /\:~;soci£1q5o do l\/lorado- igroja valolica local, promovondo concortos somanais, nos quais a corpo-
J
ros dc Lagoinha. No final do 'l 996, raqiio linha possibilidado do inlorcfimbio com outros grupos locais o na-
varias orl i*ic'nqoo.-;
|' “A id so oncontra- cionai.-a. 'l'amhom no.-:.-:a linha, oslava p|"ovi:~;la a inslalaqfio do um cinema
vam com s|.:a.~; laolmda:-2 rocupora- popularno Morcadinho do l,np,ui|1lm, rovilali/.ado. l
das. 1
FATRIMONIO CULTURAL - Canrvllnn. pnlltlrnu. lnntrumenlnn t Fnrlumlncml ll-rrvgralin v rm»ImII:nMn.~ n Pm/rm laqnlnhn
Inltrumentos de preservagao: legislaqao e negociaqao urbana momoria o da lClL“l1l‘lCl€ld0'CLlllLll'€|l o para a presorvaqao da qualldado do
moio ambion to u rbano consorvar-aquilo quo os conjuntos tom do essoncial,
Como provavelmente ja so podo perceber, o Projeto Lagoinha teve como
como sua volumotria, tragos basicos do fachada e, evontualmonto, mosmo
um dos sous prossupostos basicos 0 conceito contemporaneo — amplia-
tipologias om planta. No que so refere ao Projeto Lagoinha, esta foi dirol'|'iz
do - do patrimonio cultural, tontando responder os desafios colocados
sempre presente om todas as obras do restauragao o/ou recuporacao do
por osta concopmgéio. Aquis é importanto perceber que, como ja afirma-
patrimonio odificado.
mos em capitulo anterior, nao so trata simplosmonte do uma mudanga
quantltal-iva: a oxpansao do conceito faz com que so modifique o seu 5. Roavaliar a gestao do moio ambionto urbano. Antes do qualquer intor-
proprio ca rater, o que, por sua vez, faz com quo também a postura em venrgao no tocido vivo da cidado é muito importanto a percopgao dos mo-
rolaqao ao que so ontondo por patrimonio deva sofrer alteragoes. Em canismos criadores do significado om jogo ali: é vital perceber, acima do
rolaqtio ao Projeto Lagoinha, procurou-se responder a este desafio, par- tudo, como os moradores e usuarios utilizam e valorizam aqpuolos espa<;o:-1
tindo dos seguintes prossupostos: que constituom 0 sou dia-a-dia. P. nocessaria, para isso, a criagao do moca-
nismos quo pormitam a real e efetiva participacao dos agentos onvolvidos
1. Priorizar sempre 0 contexto urbanistico, porcebendo a cidado como um
no processo, om todos os seus momentos: na elaboragao, implantagao o
organismo vivo o comploxo, onde os bens naturais e culturais so relacionam
gestao dos projetos a serom eventualmente desenvolvidos. Esta foi a dire-
ontro si. Nesto sentido, o Projeto Lagoinha, em suas analises e proposicoes,
triz fundamental do Projeto Lagoinha, quo so so viabilizou pela intonsa o
procurou sompro privilegiar conjuntos e ambiéncias a odificacoes isoladas. -
constante participagao da comunidado envolvida.
2. Adotar um procodimento unitario, visando a melhoria do meio ambien-
6. Garantir a permanéncia da populagao do baixa renda nas areas a so-
to urbano como um todo, nao tratando desigualmente as chamadas areas
rom urbanizadas, preservadas, etc. Qualquer politica do preserva<;€1o dovo
hrisloricas o os outros espagos que compoem a cidade. N0 caso do Projeto
priorizar o bem estar dos moradores e usuarios, procurando evitar a sua
Lagoinha nao so lidava com um “centro historico” no sentido tradicio-
oxpulséio em docorréncia da valorizagao dessas areas. Ponto importantissi-
nal, mas com um bairro pericentral, moldado pela historia e objeto do in-
mo no que so refere especificamente ao Projeto Lagoinha: parecia-nos vital
lorvonqfies doscaracterizadoras. Nas intervengoes propostas, teve que so
garantir e estimular a permanéncia da populagao do Bairro evitando o co-
lirabalhar muitas vezes com territorios degradados, causados pelo proprio
nhecido processo do gentrification, muito comum em projetos do reabili-
processo do dosonvolvimento urbano.
-
tagéio. Para isso, foram formuladas estratégias tanto junto aos moradores
3. Nosse sontido, é fundamental a intogragao absolutaentre a politica es-
an
quanto junto ao comércio local.
poclfica do proservagao do meio ambionto urbano e a politica urbana do
Assim, o Projeto Lagoinha, nos anos do 1995 e 1996, procurou conjugal"
um modo geral. A0 so pensar em termos do preservagao ambiental, deve-se
uma série do agoos que, em seu conjunto, pareciam oforocer uma alterna-
tontar harmonizar sitios e edificagoes preexistentes com as novas, utilizando
tiva ao tombamonto. Por um lado, a aprovacao do uma Area do Dirotri-
para isso instrumentos urbanisticos mais gorais, como o Plano Dirotor para
zos Especiais para a regiao, instrumonto urbanistico destinado, simulta-
0 municlpio, a Lei do Uso e Ocupagao do Solo, os codigos do obras o pos-
noamonto a ”proteg€io do patrimonio cultural e da paisagom urbana", a
turas, ontro outros. l\leste sentido especifico, o Projeto Lagoinha procurou a
”revitaliza<;5o do areas dogradadas ou estagnadas” o ao "incromento ao
lntograqao com as formulagoos do Plano Dirotor o Lei do Uso e Ocupacao
dosonvolvimon to oconomico”. Por outro, u.ma série do obras pflblicas, q uo
do Solo, quo naquelo momonto ostavam om processo do aprovaqao om Belo
indicavam para a populaeao om geral o para a comunidado local a proo-
Horizonto, conseguindo insorir neles o impoftanto instrurmento da ”/\ro'a
cupaqao do Podor Ptiblico com a qualidade do vida da regiao. Pormoando
do Dlrotrizos Espociais da Lagoinha”, considerada como area passivol do
tudo isso, um processo do crosconto onvolvimonto da comunidado local,
rovltallzaqao. A inton<;€io foi ovitar o tombamento do imoveis individuais o
quo, com a assistoncia técnica do Podor Pablico, alavancava os projotos
garantir um marco jurldlco mais conlomporanoo para as intorvoncoos.
ospoclficos do prosorvaqao o dosonvolvimonlo.
4. Pariorlmr planos mfllfl fllmploz-I do rocuporaqao do ocliflolos o conjuntos,
no lnvéu do carlulmu reltauracoou. E1 importanto para a preuorvaqéo da
- -~ = "l‘l'9llfll. p-mllllrnl. lmlrmmwlunl
( 'ol|m'rnm1u lnlr_qr'lnln r rm'llnll".<.u¢nu: n I ‘av/viu laonlrllll:
l
l l l dosto oonooilo, a UNl'ZS(‘Udoliniu, ainda om I999, as paisagons oullurais
l l
do soguinlo forma, no documonlo,intilulado "I)irolrir.os oporaoionais para
n lIn|.1lomo|1laqao da Convonqao do l’alrimonio Mundial":
paisagons espotacu.laros.6
m(‘mio dosd o os a nos 'l 960, o fato é quo tradicionalmonto so continuou por
muito lompo a lidar do forma muitas vezes ostanquo com o patrimonio l lojo, lo anos dopois do inicio da sua utilizagao pela UNESCO, 55 paisagons
oullural o com o patrim(‘>nio natural, domarcando-so cada uma das areas o culturais ja foram oficialmonto inscri.tas na Lista do Patrimonio Mundial,
pouoo so ponsando om sua conoxao. Assim, por oxomplo, a ”Convonoao do lnsoriooos quo roflotom também a divorsidado do conceito: dos rom.anoscon-
l’alrim(mio l\/lundial” da UNESCO, dosdo sua aprovaoao om. 1972, vinha los arquoologjcos do Valo Bamivan no Afoganistao até os torracos do arrow.
olassilioando sopa rada mon to o patrimonio cultural e o natural, passando nas llilipinas, do Parquo Nacional Uluru-Kata Tjuta na /\ustralia alto os jar-
a abriga r dolinitivamonto a nova catogoria do “paisagom. cultural" a ponas dlns liolanicos Roais om Kow, lnglatorra, as paisagons culturais da lista da
por ooasiao da lo“ sossao do Comito do Patrimonio l\/liundial, roali'/.ada lJNl'IS('() oobrom as divorsas rogioos do globo (embora a maior pa rto dolas
om Sanla w», Novo Moxico (IEUA), om 1992, dopois do anos do discussao nlnda osloja oonconlrada na lluropa) o roprosentam configuraqoos variadas.
sobro a ossoncia das paisagons culturais. Com isso, a Convonqao vai sor o
(‘omo so podo poroobor aponas polos oxomplos listados, o tormo “paisa-
primoiro inslrumonlo logal internacional a roconhocor o pmlrogor tal tipo
gom oullural” vai abarcar uma divorsidado do inaniloslaqoos dos lipo do
oomploxo do palrimonio - locada na inlcoraoao onlro naluro"/.a o cultura o,
lnloraooos onlro a humanidado o sou moio-ambionlo natural: do jardins
no mosmo lompo, ligado lambom inlrimafnonto as manoiras tradicionais do
prulolados a paisagons urbanas, passando por campos agrloolas, rolas do
vlvor.-" 'l'anlo para a UNl'1H(,'() quanto para o (‘omilo do l’alrim(mio Mun-
porop,|'inaoao onlro oulras, vomo voromos. ll vai sor juslamonlo ossa am-
dlal, osla nova |\orspooliva vom roprosonlar uma imporlanlo oonlribuioao
pllludo do tormo o sua rlolilnilaoao ainda um lanlo indolinida quo lova
pal'a so abordar a 1|uosll'\o do dosonvolvimonlo suslonlavol, ao onvolvor
n oonlrovorslas do loda nalurov.n, como inoslram varios osludiosos, quo
mais do porlo as p|‘¢'1p1‘las UUIHLll'1lLliltll‘H.‘l |)ando soqilolioia a a\lvl»|'rllu.;\'l1\ '1
apontam quo aposar do ronasolmonlo quo osso lormo vivo hojo, olo ainda o
- Cmwviéna, pulltlmn, imrrummlnu
Pnlun,w'mrnllmwl r lrwlrus u_qrh'uIns Irmllr/mm/s.' pn*sm-mv1n r suslvnmlvllhlmlv rm 5‘;-rm (Mt SJ
'
1-on grnus do intorvonqao humana. Assim, por oxom plo, a Cull":/ml Lnmismpv
Foumlalimx, orgaiiizaqao nao govornamontal onvolvida no assunto, propoo
dlvldir as paisagons culturais em quatro tipos: s.1'tiosl1isl"oricos, quo rofmom
rm nlmv, as palsagons significativas pola sua associagao com urn ovonto ativid ado ou
slm lam Ii pol-Isoa historica, tais como cam pos do batalhas o as corcanias das casas dos
HI Noon
olflmim. l prosldontos; paisagons hist('>ricas planejadas, paisagons que foram plano-
ladas ou oxocutadas intoncionalmonto por um paisagista, mostre do jardi-
_____......_.---------_-‘.-
maroado po.r um rolativo dosconhocimonto por parte até do exports, e por Mgorn, arquitoto, ou lhorticultor, do acordo com principios do projeto, ou
por um jardinoiro amador, trabalhando num estilo ou tradigao reconheci-
uma onorme polissomia?
Vol, tais como parquos, campi. o propriedades rurais; paisagens historicas
Ao mesmo tempo om que so mostra altamento complexa o ambigua, essa
I Vornacularos, paisagons quo so dosonvolvoram através do uso polo homem,
ldr.-..ia
‘- comeca a so ospalhar, penetrando também nas politicas do patri- fiujas atividades ou ocupagao moldaram aquola paisagom, tais como aldeias
rnonio om outros nivois — nacionais, regionais o locais, o marcando uma rurais, comploxos industriais e -~~- '
K I
HU‘l@ do iniciativas ao rodor do mundo. Nesto sontido, cabo so destacar, pnlsagons ag1"1'colas; o paisagons
por oxomplo, a agéio do English Heritage, orgao inglés do prosorvagéio, que olfnograficas, paisagens que
tom coordenado um "Programa do Caractorizagao das Paisagens Histo- Contom uma variodado do bens
rlcas", quo dosdo 1992 vom produzindo uma descrieéio gooroforenciada naturals o culturais que séio de-
cla dimenséio historica das paisagons rurais da Inglaterra, forramenta po- Hnldos como bons patrimoniais,
dorosa para o sou manojof‘ Nos Estados Unidos, pais com longa tradigao tais como assontamentos con-
do prosorvagao do patrirnonio natural, a tomatica das paisagons culturais toinpoifuioos, sltios religiosos
ganhou contorno definido nos anos 1980 o 1990, tendo o National Park Ser- lmgrados, o QSl'l"l.llLl.I‘El.S geologi-
llrml. l"\_'!lu, Ni
v!'r'z’, organ do preservagéio nacional, desenvolvido neste poriodo critérios can mas:-aivas.i'“ l
]!rHlH do Nrlu
para in torvongoos om paisagons culturais, quo sao consolidados em final
la o proprio Comito do Patrimonio l\/Iundial idontificou e adotou tros ca to-
dos anos 'l990 com o langamonto da Preservation Brief n. 36, quo, aos mol-
gorlas do paisagom cultural, variando daquolas paisagons o mais dolibo-
dos do Foito om outras areas do patrimonio, divide ossas intorvongoes om
prosorvaoao, 1"evitalizacao, restauro e reconstrugao.9 No Brasil, 0 Institu- rndamon to ”plasmada” pelo homem, passando por toda uma catogoria do
l:rnball'|os ”combinados”, até chogar aquolas monos ovidentomonto “mol-
lo do Patrimonio Historico o Artistico Nacional (IPHAN) promulgou em
cladas” polo homem (embora altamento valorizadas). As tros categorias
abril do 2009, a Portaria N”. 127, que ostaboloce a chancela da "paisagom
oxtraldas das l')irotri'/.es Oporacionais do Comité sao, ontao, as soguintos:
cultural brasiloira", dofinida ali como uma ”por<;ao peculiar do torritorio
nacional, roprosontativa do processo do interaeao do homem com o meio (i) "uma paisagom planojada o criada intonoionalmon-
natural, a qual a vida o a ciéncia humana imprimiram marcas ou atribu1'- to pol.o homem”
ram valoros". (\/or Anoxo 2, deste livro). Com isso, também om nosso pals (ii) uma "paisagom que so dosonvolvou organicamon-
to” quo podo sor u ma "paisagom roliquia (ou fossil)”
oomoqa a so institucionalizar uma das idéias mais rlcas quo ontraram no ou u ma "paisagom com continuidade”;
campo do patrimonio nos ultimos anos o quo tem tra'/.ido significativos (lll) uma paisagom cultural “associativa” quo podo
avanoos concoituais o motodologioos a aroa. sor valorizada por causa das ”assooiaooos roligiosas,
arl|'sl.ioas ou culturais dos olomontos naturais".
Velrias siio lambom as lonlalivas do dolanitar o ostabolocor catogorias don-
Uma arulliso aoadoniioa, roall'/.ada om 2000, dos osforoos oombinados do
l:ro do am plo univorsoabrangido polo conceito do "paisagom cultural", quo
Comlto do Palrimonio Mundlal, dos mtlltiplos ospocialislas ao rodor do
val abarcar, como vimos, uma divor.-zidado do maniloslagoos da inloraqiio mundo o das naooos para aplicar o conceito do “paisagom cultural”, von-
ontro a liumanldado o sou moio ambionto natural, com maloros ou mono- clulu quo:
FAT‘RlM6NlO CULTURAL - Crmrvlinl. pnllllrnn. lrlulrimnmiun
llulnnqmn rlrilurnl v lrlrulmn u_qrlrulnu lrmllrlmmln.' prvsmlmvlu v slmlrululvlllllmll- rm .‘~lm'ro (Mt ll
Llmn manoira "casual": ao inves do uma malha rlgida o ruas alinhadas, as A cidado do Serro mantorn a to hoje um osquoma urbano laasioo, proximo
cidades eolonlais brasiloiras -- o as mineiras em particular — so espalham a aquolo do soeulo XVlll, quando a sua ocupaqiio foi consolidada: a cidado
partir do sou ponto do partida para cobrir as oncostas, protogidas dos ven- so estondo linoarmonto, principalmento nas moias oncostas e proxima a
tos mais Fortes e das inundacoes, freqiientos nas areas mais baixas. eorrogos. /\ sua origom também é muito similar a do outras cidades minoi-
ras: a nova cidado so formou
Ho essas cidades tiveram u ma Faso ini.cia§l fortemente marcada por esse fo-
gradualmonio, articulando-
nfimeno ”ospontaneo”, numa faso subseqijiente do desenvolvimento, po-
so ao longo do um oi><o prin-
do-se obsorvar u ma ocu pacao "intencional" dos pontos dominantes do ter-
clpal que conectava dois
rltorlo para l’L|11q6os urbanas o edificios significativos — civis e religiosos,
assontamontos do mineiros,
acllflcaq<"ws quo iriam atrair o desenvolvimonto do logradouros ao seu re-
conhocidos como o ”Arraial
dor (Vasconcellos, 'l977).‘i' Um bom exemplo deste desenvolvimonto pode
do (‘ima" e o ”/\rraial do
ser dado, como mostramos om capitulo anterior, pela Praga Tiradentes,
lialxo”, quo corrospondom,
em Ouro Preto (MG), um ospago oficial desenvolvido no topo do Morro
eomo os nomes ja indicam,
do Santa Quitéria, o ponto mais alto na ocupagao da cidade, que separava
as partes alta o baixa da ci-
os dois assentamontos existentes, cuja ocupacéio foi planojada e executada
dado, nu m processo seine-
pelo liisl"ado. Um arranjo espacial diforonto pode ser notado ali, tendendo lhlml,-o no quo foi mostrado “
rl llul 1 HI
mais para um padrao regular, mais proximo ao padréio da malha, que re-
por Sylvio do Vasconcellos em relacao a Diamantina.(12) O seu crosci-
Flote o poder imperial o o seu podorfrescentemente repressivo.
monto seguiu uma tondéncia longitudinal, na direcao Leste-Oesto, com
Todo esso processo pode sor observado na cidade do Serro (MG), que apa- a cidade so a rticulando em torno do trés eixos principais — a rua Diroita, a
reeo no inicio do século XVIII com a descoberta do ouro naquela rogiao, run do Cima o a rua do Corto, que tem um ponto de confluéncia nao ontrad a
te11do sido inicialmente conhecida como -”Arraial das Lavras Velhas do da cidado da Estrada Real. l\lo entanto, ha certos tracos que diferonciam
lVllL|rul", proximo aos corregos do Lucas e dos Quatro Vinténs. Gracas a G cidado do Serro do todos os outros centros historicos de Minas Gorais,
Hm: rapido croscimonto, o arraial foi olevado a Vila do Principe em 1714, 6 esses so relacionam ospecial.mente a seu carater rural, que caractoriza a
tornado-so uma comarca em 1720, com a importante responsabilidado reglao dosdo os seus primoiros tempos. A sua topografia é marcada pola
lep,al-administrativa sobro quase todas as rogioes Norto e Nordeste da re- proseliqa do u ma cadeia do montanhas o por rios, e o seu clima é o tipico do
oonlemonto ostabolocida l’rov1'ncia do Minas Gerais. l11ontanl1as. O solo é pedregoso, no entanto, fértil o suficiente, e favora vol 21
lgrleultura, especialmente para o cultivo do milho, cana do agucar, feijéio,
A roglao pormanecou rolativamento isolada do rosto do Pais, nao aponas mandioca e banana. Com a decadéncia do ciclo do ouro, na segunda meta-
devido a sua distancia da costa, mas por causa das leis ostritas e rigorosos dfi do século XVlll, a cidade do Serro intensificou sua atividado agricola.'~"
qtlo lenlavam im podir o contrabando do diamantos, quo t;inha so tornado Na sua regiiio Norto, ha muitas fazendas do critagao do gado, o a prod ucao
vi " o principal produ- Clfl quello artosanal sem pro foi l:radicionaYl na rogiao, sondo bastan to conho-
to da regiao. l\lao
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Cida em todo o Pals, ao pon to do quoijo do Serro ter tido sou rogistro como
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obstanto, a Vila do piirllnonio lmatorial tanto no Estado do Minas Gorais, quanto por parte
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lo, mosmo quo nao Qtlllmlo /\ugusle do Sainl-I lilairo visitou o Serro, em 'l8'l7, a corrida do
W3 """'-I P _ .. _,_'l~i;,¢l_. Mhnifllfillltlfilllvi
V A comparavol aos do Oi-U0 la tinha terminado, mas olo deserovou a boa a pa roncia da cidade, as
" -- - -'r ‘Fr a .'.m~.la lull! ruas pavlmonlndas (o quo nao era comum na opoca), o a sua rica vida
“ L-" ~ -. .. .. - - -* .,'.. “K ~, M i Ouro Proto ou Sao
:4 n \\.|l‘ -I h»’n, W’ l ll. i _ |
=1,-M .....,." ,,i;-_;.-K li1{_\llll- ‘b¢[‘plLI WK M ~_‘p Vi) A joao del-Roi, no ieclal. Esszi vitalidade dovia-so om parte a seu carater agricola, quo im-
fldltl quo o Serro, nlli1vrc'l1lt'mi.*l1tt' do muilzas outras cidades do lislado,
H
ill
._ ‘I _. _
M - , ,_v|r Q
- '"‘ . ‘ll
l mosmo I-vorlodo. flvom uma tloeadénela muito profunda (S/\ll\l'l‘-l*lll./\lRll, l9'?5, pyl 45).
CULTURAI. C‘nm*vllnn, ;mllllvm|. lnnlrunwnlmi
I I 'ulsll,omll rullls'ul r lI'i‘Hli us ugrlmlus lrmlil'lomlls: ;m'.~u'nmvlo r .-iimh-ulnlrllhlmlr no .'~'rrm (Mi ll
a atividado dostina-so, normalmonto, para utlllzaoao nhoclmon to tradicional, -dos sistemas de’uso da terra o das praticas natlvas
ou consumo proprio; ha grando divorsidado do cul- silo ossonclais para a sua sobrevivéncia”'° As paisagons naturais seriam,
tlvos; o a finalidado da atividado é distinlia, pois nor-
malmonte nao é requisito para a agricultura urbana a a sou vor, aqueles lugares por oxceléncia ondo "so podo aprender sobre a
obtonqao do lucro financeiro. (ROESE, 2003) relacao ontro o povo, a naturoza o os ocossistomas o como isso conforma a
cultura, a identidade e enriquoco a divorsidado cultural o biologica.” lista
Aposar dossas distincoos, pode-so obsorvar uma rolacao muito forte ontro a vai sor a idéia motriz do um plano que desenvolvomos, dosdo 2007, no mu-
agricultura rural/tradicional o a agricultura urbana, como anota aquolo autor, niclpio do Serro, com 0 patrocinio do Programa l\/IONUMENTA/U N ESCO,
na modida om quo osta ililtima vai ser normalmonte praticada mais intensa- e quo so propoo a promover a revitalizagao da paisagom cultural através
men to “om rogioos ou municipios quo tenham tradicao agricola no moio rural”. da agrictiltura urbana, partindo justamente da comproonsao do carater ru-
Aposar do sua valorizacao ser recente, a agricultura urbana vai sor, na vor- ral daquele municipio, corporificado nas praticas agricolas tradicionais, o
dade, uma pratica antiga, constituindo parte importante do saber-fazor da conformagao morfologica muito propria do seu centro historico. Assim
das comunidades. O quo so nota, recentemente, é que sua retomada em este projeto so propoe a salvaguardar um patrimonio imaterial -— as pra-
comunidades urbanas do baixa renda tom gerado rosultados muito posi- ticas, conhocimentos e técnicas tradicionais relativos ao cultivo, proparo
tlvos, contribuiindo tanto para a seguranca alimentar das familias envol- e coinservagao tanto do alimontos quanto do plantas modicinais, no Serro
vldas, quanto para o fortalecimento dos vinculos do vizinhanga e para a (MG), nao so através do sou inventariamento, mas também através do um
valorizacao da cultura o do conhocimonto popular. Assim, nao ha duvida plano do salvaguarda, que passa pela rovitalizacao da paisagom do nucloo
quo olomontos importantes do patrimonio cultural do um povo ostéio im- urbano e do seu entorno através da pratica sustentavel da agricultura fa-
bricados nossa pratica contenaria. Exatamente neste ponto é quo vemos a miliar. Para isso, combinam—se nesse plano, num entrelagamonto inédito
possibilidado do so ontrolacarem tomas até entao estanquos: por um lado, a em nosso Pals, as tematicas do planejamento urbano, da p1‘€S€l'VEl.§5l() do
qtiostao da a gricultura familiar, em sua versao urbana; por outro a questao patrimonio urbano e cultural e do incentivo a agricultura familiar.
da proservacao do patrimonio cultural, om suas vertentes material (paisa- Carlos Fernando do l\/loura Dolphim, do IPHAN, em sua ”Proposta do
gem cultural) o imato.rial (técnicas tradicionais), tudo isso porpassado pola intervongoes paisagisticas em sitios do centro historico o adjacéncias na
perspoctiva contomporanea da sustontabilidade. Essa dosejavel intogragati Cidade do Serro, MG", documento produzido para 0 IPHAN no ano 2000,
ontro as dimonsoos flsicas e técnicas e a dimensao cultural é algo que -~ chama a atongao para a riqueza contida naquola localidade o a nocossidado
om hora nao oxplicitamonto — é pressuposto das divorsas politicas sotoriais. do prosorva-la:
Assim, vai sor intoressanto perceber, por exemplo, como o proprio “Pro-
grama Nacional do Patriinonio lmatorial”, om implantacao polo IPHA N, O Serro é depositario do espécios domésticas do pa-
trimonio genético, algumas em vias do oxtincao. Na
através do. divorsas parcori.as, com instituicoes dos governos federal, osta- casa dos Otoni serviu-so uma variodado do mandioca
dual o municipal, univorsidados, organizacoos nao-governamontais, ontro inigualavel no sabor, tamanho o macioz. No pomar do
outros, ostaboloce ontro suas dirotrizos do pol1'ticas* do fomento a idéia do so uma rosidéncia reencontrei uma variodado do moxo-
rica pola qual vinha procurando ha anos. Conhocia-a
promover “a salvaguarda do bom cultural imaterial por moio do apoio as como laranja-cravo. Ali dao-lho o nomo do cravina. O
Cc)11cliq6os matoriais quo propiciam sua oxistoncia, bom como pola amplia- modorno interesse puramente comercial por novas
qao dos acessos aos benoficios gorados por ossa prosorvacao”. variodad.os do hibridos e a facilidado do so comprar
on><ortos destas variedados o rosponsavel polo dosa-
parocimonto do muitos cultivaros tradicionais do fru-
4'
las o legumes. A cidado quo ainda possui oxomplaros
dossas ospocios dovo prosorva-las com o mosmo zolo
Um plano do presorvaqao da paisagom cultural quo prosorva suas igrojas. O patrimonio gonotico so
assume sou plono valor quando os rocursos naturals
Na mosrna linha do racioclnlo, Motchild Rosslor, do (‘ontro do l’al-rimonio so assoclnm ao conhocimonto do formas para seu uso,
Mundial da UN ESCO, no FORUM UNl*iS(‘O roali"/.ado om 2005, aponta a ._1__ sobrotudo do lOl‘iTi£-‘IN poculiaros, como L" o caso do usos
intima ligaqao ontro a “protoqlo dos valoros o dopatrimonlii lntangivols” cullmlrlon como o tuba lnsuado o o cuscuz, folto tam-
9 n dal pallagenl naturals, undo quo “rnanutenqao do tocido social, do co- bém com tuba."
H
l’ui-"norm1'1/ll:/ml
.- . ' 1- I 1'1‘m'1'i/s rlgricoliis tradz'ci0rirIz's." o a”
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pi servacao 12 sustentabilidsde no Serro (A/l( '2)
lini sun o>1posicao, iii podomos porcobor o onti"ola1;amonto quo so da nas pra-
llciis ngrl1'olas, 1'nl"ro os olomoiitos naturais o culturais: o r.ico ”patrim6nio ---
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PATRIMONIU l‘lH.'!‘UR/ll. l‘mm*lhm, pulfllvnu, mntrmmwhm I'nhm_~.grm mllmwl v h*u'Hl¢'m1 u,q1'h'nlun h'mIh*lmm/n: )l!‘t’Nr'I*I':!g‘fllI v nunfvnmhlllchniv rm Harm (Mt I)
No enlnnl<>, hoje so pt*rceb0 uma perda 0 dcscaracterizaq€\o dessa paisa- Numa pvrspcctivn l11LllllCt.!lldllL‘.fl, o plano proposlo procura tratar" as di~
gvrn, om grande parte provocada pela ma utiliza<;5o da agricultura urba- versus dimensous do patrimonio cultural envolvidos, conjugando, no
na: turracuamuntos mal feitos, espécimes inadequadas a topografia, entre lado do um “Programa dc salvaguarda das praticas, con hucimen tos 0 l1’~c-
outros, atestam a perda progressiva do saber-fazer da agricultura urbana nlcus tradicionais relativas ao cultivo, re varo 0 conserva Q"50 dos alimon-
l"mdiciona|, que sempre caracterizou 0 conjunto do Serro. Assim, percebe- tos 0 plzmtas modicinais”, um "Programa de reabilitasgao da paisagom”,
mos que so Fazia urgente 0 inventariamento e a salvaguarda deste saber fa- quo cornbina intcrvencocs fisicas e projetos de acao cultural, ao lado ain-
zer l:radicional, nao so para se evitar 0 seu desaparecimento iminente, mas da do um “Programa dc fortalecimenito economico” e de um “Programa
para alavancar a preservacao da paisagem cultural caracteristica daquele dc fortalccimcnto institucional”, como pode ser visualizado no quad ro
conjtlnto tombado, ao mesmo tempo em que, num trabalho de extensao sugu i n to.
ngrlcola, poderia também estimular a agricultura familiar num nucleo
marcado por um baixo nivel de renda. Proposto cm 2007, esse trabalho foi elaborado, como anotamos, com o
patroc|'nio do Programa MONUMENTA do Governo federal, por uma
'l"|‘ata-so, assim, de um. projeto inédito e exemplar na area da extensao nu
Alérn dlssc), tratou-so com culdaclo a questao da gvstélo, central neste tipo
dz! plano, e que sera realizada por meio do um Conselho Gestor, que rouno quu se refere ao cultivo, preparo 0 conservacfio do alimontos 0 orvas
represa~nta11|:es dos pocleres munici p ais e d1¢ 9some
l'~d a cl e civil, e que conta medicinais, e a rocuperagfio e preservacjio da paisagem cultural, (mica no
com a asslsténcia do um escritério técnico, que sera instalado a partir do Pals. Essa conjugagao de tantas dimensoes — economicas, sociais, cultu rais
uma ]J£1I'L&1‘1El
* \ ' entre,\ a Prefeitura Municipal, a Universidade Federal de Mi- e ecolégicas — comprova assim, a nosso ver, a potencialidade da idéia do
nas Gerais (UFMG) o o lnstituto de Estudos d» D *~ 1 “paisagom cultural” e 0 importan.te papel que ela podera desempenhar no
e esenvo vimento Susten-
lzével (IEDS). ll‘ cam po do patrimonio cultural nas proximas décadas.
FlI“l&'|lI1‘w11l:e cabe observar que este plano V tem um sentido prospectivo, ar-
timllandouma p ro p ost"1d- -
¢ e preservacao "7 da palsagem
' » cultural, que explo-
ra as suas divorsas t dimens” . A l d -
oes o a ode uma d1m.ensao ' '*' eminenternente
lnvestlgativa -— estélo se investigando as diversas possibilidades de inter-
vancqéio sobre a ptaisa g em cu " lt ura -I —, parece-nos inegavel também que o
projeto tura um 3,rrande ism p a c t o no que se refere ao desenvolvimento so-
clal t‘ cultural , local e re 3.,riornl.
<. Traetaa-se,~ aJfi nal, de se mudar a "atitudo" da
populaqfio Frente a paisagom , est’lmu lx an d o-a a recuperar praticas, conhe-
cimentos e técnicas trad.icionais, que sera
muito util no que se refere ao tratamento a
ser dispensado aos vazios urbanos agricul-
turavcqis. Ao mesmo tempo, estara so ofcr0-
cendo u ma alternativa real de geracao d 0
renda para a populacfio dc um municipio
pobre e com baixo IDH. Os ganhos sociais
sao obvios nesse caso: melhoria na renda,
no adbasufcimento 0 mesmo na saudo da po-
pulaqao local, com a possibilridade do cul-
tivo 15 n1a11ipL1laQ5o do urvas mvdicinais. la
os ganhos culturais tannbém H50 do grando
monta, podenclo so destacar a recuperaqéo
2 plrenervaqflo de saber-fazer tradlclonal, no
__ o
\
l
o DESAFIO DA PREsERvAcAo DOCULMENTAL: A REosu|*ERAcA(>
no ACERVO oo LABORATORIO DE FOTO-ADOCUMENTACAO
SYLVIO DE VASCONCELLOS
Como obsorva Ramon. Gutierrez, somente nos ultimos anos comccou a
cxistir uma consciéncia acabada sobre o va.lor documental dos arquivos
dc arquitetura na América Latina, carecendo esses arqu.ivos, em geral, “dc
u ma tutela especifica, salvo naquelas reparticoes publicas ou escritorios
privados onde foi necessario conserva-los em atencao ao carater operativo
dos mesmos”. Mesmo nesses casos, trata-se muitas vezes simplesmente
do uma ”operacao de armazenamento, sem implicagao alguma de uma
tarefa de adequado acondicionamento e catalogagao, por isso é freqtiente
que os mesmos estejam também destinados ao sumigo quando muda o
rosponsavel pelo arquivo, se produza uma mudanga ou algum funcionario
considere necessario conseguir espa<;o”.1
J_
lPAT'lilMt5N‘lt'l f‘lll.*l'llR/ll. ~- C‘m|c‘rltm|, imllllmn. lmllrlnwrllmi l U llvunfiu dn prvnmmrfln iimwnnvnlnl. u rm ilpmmiu do (it mm do Lalmruhll In do hits-1iiu*|l|l|enrm/In
I 1 Q 1 I I. -3
Nosto qundro, ocupa uma posicao ospocial o aoorvo do liaboratorio do do boloza, racionalidado o lunoionali<.la<.lo, om contraposiqao ao carator
Polo-doctlmontaoao Sylvio do Vasconcollos, sob a tutola da Escola do Ar- docoralivista antorior. Nosto sontido, é intoressanto porcobor quo a sua
qultotum da Univorsidade Federal de Minas Gerais, um dos raros casos funclacao coincide com o perlodo em que Lucio Costa assume a dirooao
do um urquivo do arquitetura intencionalmon;te construido, como parte da Escola Nacional de Belas Artes, promovendo importantes transfor-
do um projolo mais amplo do posquisa na area da, Arquitetura e do Urba- magoes, mudando seu corpo docente e orientagao de ensino e incluindo
rllsmo. Criado om 1954 com o objetivo de documentar fotograficamente o modernistas no juri do Salao Nacional de Belas Artes. Como se sabo,
acorvo a rquitotonico o artistico de Minas Gerais, e funcionando de forma esses acontecimentos foram seguidos da imediata reacao dos arquitetos
lntonslva duranto do"/. anos, o Laboratorio de Foto-documentagao produ- tradicionalistas, principalmente os ligados ao neocolonial, o que trans-
Zlu urn im prossionan to acervo que retrata de forma exemplar o interesse formou a luta pelo controle das instituicoes publicas num fato importan-
l1lsl=o|'lograFico dos a rquitetos modernistas, que compunham entao o corpo te durante a década de 1930 no Brasil.
Clocolito da llscola do Arquitetura. Rico acervo, constituido de mais de
5lJ.U(l(l lmagons, pormanoceu osquecido por décadas e somente nos anos A Escola de Arquitetura vai ter
1990 oomooa um trabalho sistematico de catalogagao e revalorizagao desse uma trajetoria paralela a evo— 1
lugao da propria arquitetura
rv
1'aCLlporaq€'1o dosso acervo fotografico tao significativo. seu corpo docente inicial é for-
mado por arquitetos que ainda
trabalhavam dentro do esque—
ma academicizante de proje-
A lfllitéria de um fundo documental tagao. No entanto, vao ser as
A Escola do Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), obras pioneiras de Niemeyer
criada em 05 do agosto do 1930 e federalizada em 1949 (Lei 1'19 971), foi a pri- na Pampulha que constituem
lllilf /\'li'f-Illa‘ _.' l .
molra"da Amorica do Sul a nascer desvinculada das Escolas Politécnicas, de o grande referencial para a rllri/w ~‘lii(mli'l.'mi
Bolas Artos o iliilosofia. Esta autonomia merece destaque, uma vez que suas primeira geragao de alunos tall 1-, ill‘: illlil
plo dos trabalhos do Arqpuiteto tetura assiste a transformagao da formacao profissional, que passa do aca-
Henri Louis Victor Grandjean demicismo para 0 experimentalismo modernista. Assim, experimentacoos
do l.\/lontigny - tinham seus formais e técnicas aliadas a uma pesquisa do passado colonial brasileiro
currlculos baseados no ensino caracterizam o trabalho da Escola nos anos 1950 e 1960, o que também so
proconizado pola Academia rolaciona diretamente com a tendéncia maior na época. As divorsas m u-
do Bolas /\rtos da l?l|"anca. Sua dancas em seu curriculo atestam nao so a preocupacao constanto com a
lundacao dou-so sob a influ- formacao profissional do seus alunos, notadamenxte "na area do projeto,
oncia da Somana do Arte Mo- mas ovidonciam também a Gnlaso na toonologia o critica (historia o tooria)
dorna do 1922, o quo, alguns d a a rq u i to tu ra.
anos dopois, vai so roflotir na Quanlo 21 posquisa, dovom sor |'op,islrndos os primoiros osforoos om l 95‘),
arquitetura produzida por ocasiiio om quo so procurou slslomullv.ur a atividado alravt"s da oriaqao do
l sous alunos, om oonsoniincia l\lt'u'loo do Assossoranionlo ll l’osc.|ulsa, sob n suporvisiio do prol. Sylvio do
‘l com as novas coi1oollurlqOt~s Val-lconoollos. lr\lolalmt'nlo voltado para posqulsas blbllogral'loas, osto Nil-
F/\TRlMONlf7 (§'l!l.7"llR/ll. (.‘m|l-‘allow. lwllllvml. lilnlrurnrnlm t l ihmn/in ml prvsw'r»m,~nn ilm'mm=nml.' n nwmwrmgfiu rio mwwm tin l.nlmrnlilrln iiv l“um~lliu'|ln|mhn,'nu
HI/llllil ill‘ l/|l'm‘|IH|'i‘llim
1
l
cloo larnl:>t"rn dosomponha o pa pol do a poio
didatico, na modida om quo passa a so utili-
Bacon image» d@i:lt"
zar dos servicos do Laboratorio de Foto-do-
Laboratibrio do Futo~tdroiaum¢mltali 0 win do Vascutncerlltosr
cumentacao e da grafica, ja ha algum tempo 1.1. Cidades - registro das principais cidacles l'llSlIOI‘lC£lEl em
nosso Estado, ainda. preservtadas, nos anos 1950 e 1960.
presontes na Escola. Nesta oportunida.de _ 1.2. Arquitetura - registro detalhado dos principais
sao iniciadas as Edicoes Escola de Arquite- 1- AI‘¢1l~11t@ll~1T?=1 monumentos arquitetorticos nessas cidades.
tura que, entre 1961 a 1963 apresentam 67 $53255; 1.3. Arte Aplicada - registro da arte aplicada ligada aos
monumentos arquitetonicos documentados.
titulos cujos autores, em sua maioria pro-
1.4. Mobiliario.
fessores da Escola, tinham sua competéncia
1.5. Artes Plasticas.
reconhecida nacional e internacionalmen-
lo. (ontondo com um contmgcnte de oito arquitetos, tres datilografos,
" 2 0‘ " _ 1 -| ' 3 ' ' A . / 2.1. Arquitetura eclética - construgoes do final do século XIX a
1 década de 1930.
uma socreta ria, a Secao foi transformada, em 1963, em lnstituto Superior
2. Arquitetura 2.2. Arqiuitetura déco - registro das principais edificagfies déco
do l osquisas para o Planqamento. l\lo entanto, em 1964, por ocasiao do
. , ' 1 \ -- - )' . -~
em B810 da década de 1930 a de 1950.
golpo mili ta r, o lnstituto foi fechado, com a Escola de Arquitetura e seu H<?>1'1'Z01'1le 2.3. Arquitetura moderna - rogistro da producao da arquitetura
onsino sofrondo um duro golpe. r moderna, dos anos 1940 a 1960.
A 2.4. Interiores
Don tro da ostrutura de pesquisa da Escola, vem desempenhar um papel 3. Arquitetura ;= Re-gistro da producao -da Arquitetura moderna, dos anos 1940 a
contral o liaboratorio de Foto-documentagao, que, criado ja no ano de moderna no 1960, com .destaque para edificag-oes situadas no Rio de Ianeiro
TI954, vinha rogistrando, dentro dos mais altos parametros de qualidade Brasil fie a construca-o cl-e Brasilia.
técnica o ostética, a arquitetura brasileira tradicional e contemporanea. 4.
Alom disso, o Labotratorio oferecia estagios de fotografia de arquitetu- Universidade Registro dos espa.-cos -e dos eventos sigriificativos do cotidiano
e Escola de 0 da Escola do Arquitetura.
ra, Funcionando como um centro de exceléncia da fotografia, recebendo Arquitettira
Inclusive inumeros prémios, con.stituindo um raro servico fotografico
do onsino o rposquisa voltado para a arquitetura. Em suas atividades, o Desde 1964, com a desativacao do Nucleo de Assessoramento a Pesquisa,
l_..aboratt'>|'io do Foto-docurnentacao desenvolveu também pesquisas im- esse acervo permanecia inexplorado na Escola de Arquitetura: cuidadosa-
porlanlos do técnicas fotograficas, tais como o foco mobile, o Brum De mente conservado sob a guarda de alguns poucos funcionarios ciosos da sua
Mad dor motaliv.ado (processo de viragem) e o Sistema FORMALC, pre- importancia, a esmagadora maioria desses negativos nunca fora copiada om
sorvudor do policulas Fotograficas. papel, nao podendo ser utilizados para pesquisa.
Do intonso trabalho nas décadas do 1950 e 1960, resultou o acervo do Labo-
rntorio do lloto-documontacao Sylvio do Vasconcellos, constituido por cer-
ca do 50.000 imagons. A sua com posicao rofloto o "interosse teorico o o foco Um olhar modernista
l1lsl'oriogral'ico dos posquisadoros modernistas do ontao, contemplando o
lovanlamonlo do, praticamonto, toda a arquitetura colonial minoira, arqui- l\lao podemos desvincular o inicio desta trajetoria das transforrnaooos po-
totura das primoiras décadas do Bolo I-lorizon to, o oxom plaros da a rquito- las quais passava o Pais com o regime implantado por Gotifilio Vargas na
turn modorno brasiloira om sous primordios. Uma pro-classiticacao dosso década do 1930, e toda a discussao que se dava em torno da quostao da
nacionalidade o da identidade nacionais. Nesto contexto, Gottilio Va rgas,
acervo moslra os soguintoslocos tomaticos:
ainda om "I934, convida o minoiro Gustavo C‘apane.ma para assumir o Mi-
\
nist(\rio do l".ducao[io o SaL'ido, quo tratava ta mbom das quostoos da cultu ru.
'l'ondo om vista suas alinidados com a lradiqao brasiloira o considorando
sua origom num ostado com oxprossivos rogistros da arquitetura colonial
\
|
.
\ urbana, assim como suns umlzados com mlnoiros ”lolrados”, nao r» do so
l’A'l”RlM('iNlU t‘lll,'T'HRAl. L.‘nm'rlhm, pnllllrmi, lnulrulmmtuu H rlpflliflll an pronurymoflll dnmlnmlml: n rvrupvrucfln an numa ill! l.nlmruMrlu da- l"lllll"~lllll"lIl'llt='flFEM!!-
' .H‘_|/loin ale‘ VIIHI 'um'i'llua
ostranhar quo Capanoma tonha sido um minislro corcado polos intoloc- an patrlmonlo artlstlco na-
tuais modornistas - Carlos Drummond do Andrade, l\/lario de Andrade, cional, sondo também pu-
Lucio Costa, entre outros. (CAVALCAl\lTE, 2004). bllcados ostudos técnicos,
crlticas ospocializadas, pos-
l\losto quadro, deve se destacar o trabalho desenvolvido por Lucio Costa,
quisas ostoticas o um am-
ao mosmo tempo um dos mentores do Movimento Moderno, representan-
plo matorial sobro a arqui-
to do Congresso lnternacional de Arquitetura Moderna (CIAM) no Brasil
tetura o as artes em l\/linas
(MOTT'A, 1987), e atuante também na area da preservacao, sendo funcio-
Gorais o no Brasil. "
nario do Sorvigo do Patrimonio I-Iistorico e Artistico e Nacional (SP1-IAN),
ondo ora o Dirotor da Divisao de Tombamentos. l\leste quadro, a trajetoria Na ostruturacao do acervo,
do Lucio Costa era uma referéncia obrigatoria: de filiacao inicial ao movi- o destaquo vai ser coloca- l in Illl l\Hl
monto no.ocolonia1, o arquiteto viaja pelo interior de Minas Gerias desde do, como poderiamos es- i pl il‘.l at
a década do 1920, por orientacao do ”neocolonial” Iosé Mariano. Assim, porar, sobre a arquitetura e H mills! in
limailo mm
possula conhocimonto de grande parte do acervo de origem colonial deste as artes do origem colonial,
lista do, quo possui grande namero de bens e conjuntos urbanos considera- principalmente do século
clos do valor excepcional para a nacéio brasileira. Sua visao a respeito deste XVlll, o que tam.bém é demonstrado através das publicagoes realizadas
acervo oxcopcional fica muito clara através da publicacao do artigo “Docu- pola Escola do Arquitetura. Percorrendo as velhas cidades mineiras, os Fo-
rnontacao l\locossaria” em 1937, na revista de ng 1 do SPHAN, onde se evi- tografos do Laboratorio vao realizar um minucioso trabalho de rogistro
cl on cia sua leitura de uma conexao entre arquitetura colonial e modernista, sistomatico de todo seu conjunto, numa visao que ia da escala do urbano
lla mo q u o so torna um topos importante do discurso historiografico sobre a aos detalhes da arquitetura e das artes aplicadas, sem deixar de registrar
art uitotura brasiloira, como mostramos, em ca P itulo anterior. A minuciosamente os proprios edificios. Aqui cabe se perceber também quo
nosso trabalho, aten,d.ia-se também ao programa modernista proposto por
l\losto mosmo contexto, o arquiteto Sylvio de Vasconcellos, um dos funda-
Lucio Costa, nao se limitando as edificagoes de carater monumental, mas
doro_s do Laboratorio do Foto-documentacao, seguiu caminho semelhan-
rogistrando-se também exaustivamente a arquitetura civil e muito da pro-
lo ao do Lucio Costa, assumindo, ja em 1939, a convite do presidente do
ducao vernacular.“ Nao ha aqui uma ”discrimina<;ao monumental", traco
.'~ll'l IAN, Rodrigo l\/lello Franco de Andrade, a chefia (cargo hoje denomi-
quo muitas vozes se apontou como defeito nas politicas de preservaciio
nado su porintondonte) do Distrito do SPHAN em Minas Gerais, se respon-
ao rodor do mundo: as-
sabiliv.ando pola salvaguarda dos bens culturais do Estado até 1969. Sua
sim, ao lado das igrejas,
lrajotfwia ta mbém foi maltipla: arquiteto moderno prolifico, foi professor
casas sonhoriais, casas de
(do W48 a 1969), dirotor (1963 a 1964) da, Escola de Arquitetura da UFMG
camara o cadeia, prédios
o um dos iniciadoros do Sorvigo de Pesquisa. No ambito deste, implantou,
institucionais, rogistravam-
como vimos, o l..aboratorio de Foto-documentacao, cujo acervo fotografi-
so também as inamoras
co mostra o viés dos modornistas em rell,acao a arquitetura. interessante
rosidoncias humildos quo
porcobor como osso acervo fo,i gerado a parti r da dolimitacao, polos sous
compunham o conario das
ooordonadores, do um programa sistomatico do rogistro, quo privilogiava
cidados historicas minoi-
a arquitetura colonial, embora nao oxcluisso as demais etapas. Assim, fo-
ras o a a rquitotu ra rural.
ram programadas o roalizadas muitas viagons do rogistro, polo intorior do
Outro dolalho importanto:
Minas (lorais o por outras rogioos do Brasil, com o objolivo do lor|11m;a<>clo
osso lovanlamonlo nao ora
acorvo para auxllio ao onsino om Arquilolura, assim como para as posqui-
"suporlicial", caminhando
sas quo so roalimvain, quo rosullaram om int'1moras publicacoos, quo oram HHII ilill H [ll I ll
alt" os dotalhos o oloiiiontos wmlu llllillllil
vlslas como um moio pormanonlo do propaganda o tlillisao cultural. Nolas
forum gradallvamonlo roproduv.ldas também obras do arto |;>ortom~onlos El . conslrutlvos o as proprios lllllil lllillli H
Alma - I a mm
l‘/l’l'RlM(3Nll 'l 1 ‘lll.'l’llR/ll. I 'nn¢'rlloa. ltollllrus, lilslrmm'ulo.~i l I llrmlflll ll" l'l""'*"""ll‘/ll’
_ 'l'"'”""‘”l'll~' ll """lll"'l"l\'ll" ll“ ""*"""" ll" l"'m'm'M”" W mmfidwulllflilmlflfl
Pill/lf'lll Ill’ Vllm um rllala
|'olorf*|1cia constante dos modernistas, preocupados em registrar a sua pro- . . . ' caeo L1.1(0'
ponlbllmmdo sou contcudo para a comunidade aca emi d pd. ‘L I.
pria ob ra o a dos seus contemporaneos: ao lado das viagens ao interior de . - 1- ' "
goral. A pa rtir dosta ideia base, estabeleceu-se a meta inicial e Ciglda Q/d
""'.'l'
tp 1*‘
' . q‘ l —
llinalmonlo, um outro Viés modernista se apresenta no acervo do Labora- p,ons om formato digital na pagma eletronica da Escola de Arqluio um k @
U|.:M( }, Pu:-ll-ill1llll"dl"l(l() uma pesquisa por descritores. A ideia 1n1c1aldlarn-
lorio do lToto-documentacao: a preocupagao social, que se manifesta num ~ ' ' ro'et".m o-so
oxtonso rogistro do modo de habitar das classes populares, notadamente liéln provia a retomada da produgao a partir deste II1E1flI1€I1alé1p l ft L
. - ~ . T‘ A ' eci ‘cos a ar L11 e"ur1
num invontario das favelas de Belo Horizonte, que resultou no terceiro a reallmqao dt livros (~.lLlII‘O1'1lCOS sobre temas esp Cl H
livro d a série ”Documentario Arquitetonico”, Faoelas, publicado em 1961, urbanismo o artos om geral.
num registro pioneiro deste tipo de
edificacao e agenciamento urbano.4
r‘ l l
6x6cm o 6><9cm e policulas avul-
sas "l3 x l8 cm, além do nu morosas
copias fotograficas o diapositivos.
lrlsto acorvo foi organizado, no lon- ‘J...-Lu.-rl 1" ll-'1'-'.|I»'fil'-l
7 . .. . i.'.'.'.u.'r. If
unnmm "--- ~""' "' ‘
go do tom po, om pastas a rquivad as ml: ill
om ordem l1tl|m"t'it‘a soqiioncial o
posloiio vorlical. (‘alvo rogislrar quo a maior parlo dos nogalivos (>><oc|n
Fol produvdda an tloomla do I‘-Joli o rogislra basicamonlo volumos o paisa- l
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quivisticos. 5 r llUlIl“llV,'l\li
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informacao. l\lesse sentido, considerou-se também que, devido a nature- i/3;}. la..W Z1 laziasamaria
za arquivistica do acervo, os métodos de tratamento da informacao se- .§* =5?sat llilrlilllfi
W Mr y h ,4?» i
riam concebidos dentro da perspectiva da arquivologia.5 Com isso, foram
adotadas as seguintes proposigoes metodologicas pela equipe: adogao da Dsatlrlada a informaqao sobre a origem a a custéctia cla
Norma Internacional Geral de Descrigao Arquivistica (ISAD-G) e da Nor- unidade do dascriqao
ma Internacional de Registro de Autoridade Arquivistica para Entidades QQQQQ QQTVAQG dfi FQLD -Default comm“ a
Coletivas, Pessoas e Familias (ISAAR-CPF) e criacao de uma estrutura pre- Qfiggfizgfggfio Sylvie’ da todos as items
liminar de metadados6 a ser considerada no tratamento da informacao,
fitornando-se como base as normas acima mencionadas. Uma vez discutida I ~,,t is arms also raaasamtrwari 13$
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e aprimorada pela equipe, delineou—se uma estrutura basica para o banco %
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CULTURAL - fionmfon. palltlm, lmlrrurnmma , in prvuvrvagwu dm'unumtnI.' n nvuprmpfln do mwuo do Lnhnrumrln de Frilcifldrirt-lmfifltapfla
" 5":/loin 11¢‘ VIM! ‘Hm '1'”: In
lulqoo:-: situadas nesses paises passem a contar com uma base metodolo-
glca oom um para o tratamento digital de imagens e sua disponibilizagao
onlino, possibiilitando a otimizagao dos recursos disponiveis nos acervos
o Horvi<;os do documentagéio participantes. Com isso, ao lado do resulta-
do ol:1\/io do facilitar sobremaneira a difuséio, identificagéio, localizagao e
ace:-mo aos documentos nacionais e internacionais, através da web, a Rede
porniitira ainda a troca de informagao para diversos topicos, tais como o
(.?Hll1l3C'lL‘Cll11Ql1 to do politicas coordenadas de gerenciamento eletronico e
ln|'ormaoional por parte das instituigoes, a padronizagéio dos termos para
lil1doxa<;€1o o iocuporagao informacional, através da adaptagéio de critérios
lntorgiacionais, ontro outros. on Hm I
1/vi 1 ml»
/\o in logra r os divorsos paises latino-americanos nessa iniciativa inédita, a lhjlillr mm do
Rlil,./\RQ l‘o|"a grando alcance regional e pfiblico, disponibilizando univer-
rmlmonlfo acorvos riquissimos e de dificil acesso, o que certamente tera gran-
do lmpaclo no dosonvolvimenlro e na difusao da area da Historia da Arqui-
l:c!l*L|ra o do U rbanismo no Brasil e na Aimérica Latina. E preciso destacar que,
Com a |{[VIgl_JA]{QI, o grande plfifblico e os pesquisadores, terao pela primeira
var, HCUHHO a imagons do todo cont"inonte, através dos rocursos da Internet,
folnonlanclo-so com isso posquisas, exposiqoos, publicagoos, ontro outros.
N‘
\ _, *
ANEXO 1= FONTES PARA PESQUISK
(1.) No Brasil:
hllfltuto do Pntrimonio I-Ilstérico e Artistico Nacional (IPI-IAN)
WWW.lphan.gov.br
Orfanlnmo de proteqélo ao patrimonio, criado ao final dos anos 30, o IPI-IAN, vin-
Ed ado no Minlstério da Cultura, é o responsavel pela politica de preservaqao naqao
cm nivel federal no Brasil. Sua pagina na in-ternet é bastante rica, tendo informa-
fill institucionais, sobre a atuaqao do orgao em relagao ao patrimonio material e
e uterlal, bem como as publicaqoes do orgao tanto online quanto impressas. Traz
ilmbém relaqéio dos bens tombados e registrados, alem de sumula cle legislaqéio e
4| carta: patrimoniais. Importantes ferramentas sao os inventarios realizados pelo
61'|lo e flue compoem 0 Sistema Nacional de Informagoes Culturais/SNIC, do Mi-
nlltdrio a Cultura /MinC, ue odem ser consultados online Sistema de Geren
filmento de Patrimonio Arqueologico, o lnventario Nacional de Bens Imoveis em
HMO! Urbanos Tombados, o Guia dos Bens Tombados, o Acervo Iconografico e a
Ride Informatizada de Bibliotecas do Iphan, além de uma ferramenta de Consulta
dou Bens Culturais Procurados.
1
Z‘-
k l J
PATRIMONIO C.‘tlLTtJRAt. - Cmmvltna, polltlrnn. lnntrumrnhin l Arum
Labomtorio do Foto-documentagflo Sylvio do Vasconcellos International Centre for theStudy of the Preservation and Restoration of Cul-
www.forumpatrimonio.com.br/laboratorio tttral Property (ICCROM)
WWw.lccrom.org/
Pertenoelwto at Escola do Arquitotura da, UFMG, este Laboratorio abriga um dos
mais lmportantos acervos documentais sobre a arquitetura brasileira, hoje dispo- ICCROM é uma organizaqao intergovornamontal dedicada ‘a con_sorv~a<;ao do pa-
nlvel or: inc para o pdblico através do um sistoma do busca e indoxacao. Também trlmdnlo cultural. Criada em 1959, com sedo om Roma, essa orgamzac;ao servo aos
nesse site, pode ser oncontrado um tesauro do arquitetura o urbanismo. nus estados membros. Sua pagina na internot contém informalcoos sobro sua aqfio,
publlcaqoos, além do uma rica colocao do mais do 200.000 imagens.
Revlsta l
FORUM PATRIMGNIO — Ambiente Construido e Patrimonio Sustentavel A‘ T110 Getty Conservation Institute (GCI)
www.forumpatrimonio.co1n.br WWW.gotty.odu/conservation
Publicaqao cientifica quadrimostral, quo tom por objotivo o debate om profundida- Flnanciado polo Fundo I. Paul Getty, esso instituto trabalha internacionalmonto
do do quostoos re-lacionadas ao desenvolvimonto sustontavol, através da publica- para o avanqo da pratica da consorvacao nas artes visuais — ontondidas amplamen-
olo do contribuigoos técnicas o ciontificas originais abordando em especial o moio- te como incluindo objetos, colecoes, arquitetura e sitios histoncos. ~Roal1:/ia posqui-
nrnbiente o o patrimonio cultural e natural. In Clentlfica, oducacao e treinamonto, projetos do campo e a difusao do resultado
do seu trabalho e do outras instituicoes. Sua pagina na internot conta com. muitos
rocursos do posquisa, entre os quais podem so destacar muitas publicacoos gratui-
tits om formato Qpdf, além do uma lista comontada das cartas internacionais o do
acesso ao AATA Onlino (http://aata.gotty.odu/nps/), uma ampla base do dados do
mais do 100.000 rosumos do publicacoos relacionadas ao campo da, proserva<;ao o
(2.) No exterior: eonservaqéio do patrimonio material.
t l
I A H ' 9 -' ' Amen:
CAPITULD I
Do Pa trimonio Historico e Artistico Nacional
§ 1" - Os bens a quo so refere o presente artigo so serao considorados parte into-
grante do patrimonio historico e artistico nacional depois do inscritos soparada ou
agrupadamente num dos quatro Livros do Tombo, do que trata o Art. 49 desta lei.
§2° - Equiparam-so aos bens a quo so refere o presente artigo e sao também sujoitos
a tombamento os monumentos naturais,,bem como os sitios o paisa ens ue im-
pprte consorvar e protoger pela feigao notavel com que tenham sido Sdotados
Cl pela
atureza ou agenciados pola industria humana.
Artigo 2° - A presente lei so aplica as coisas pertencentes as pessoas naturais, bem como
as pessoas juridicas do direito privado e do direito publico interno.
cartruto 11 3") le a Impugnaqao for ofereclda dontro do prazo assinado, at--as-ts vista da mes-
Do Tom barn onto ma, dentro do outros quinze dias fatais, ao organ do que houver omanado a ini-
ctnttvn do tombamento, a fim do sustonta-la. Em seguida, inclopenclontemonte do
Artigo 4" - O Serviqo do Patrimonio l-Iistorico e Artistico Nacional possuira quatro cums, sera 0 processo rornetido ao Conselho Consultivo do Sorvico do Patrimonio
Livros do Tombo, nos quais sorao inscritas as obras a quo so refere o art. 1“ desta Hlltérlco l\laci.onal, quo proforira decisao a respeito, dontro do prazo do sossonta
lei, It saber: dias, a con tar do sou rocobimento. Dessa decisao nao cabera recurso.
\
1“) no Llvro do Tombo Arquoologico, Etnografico o Paisagistico, as coisas porton- ?lArtlgo 10" - O tombamento dos bons, a quo so refere o art. 6° desta lei, sera consido-
olntes as oatogorias do arto arquoologica, etnografica, amorindia o popular, e bom '7 raclo provisorio ou detinitivo, conforme esteja o respoctivo processo iniciado pola
Mlim as moncionadas no § 2“ do citado art. 1°; rtoetlficaqao ou concluido pela inscricao dos referidos bons no competon to Livro do
lbrnbo.
2") no Llvro do Tombo Historico, as coisas do interosse historico o as obras do arto
11lntorica; Pltrtlgrafo Cmico - Para todos os efeitos, salvo a disposigao do art. 13 dosta lei, o
tombamon to provisorio so oquipara ao definitivo.
3"’) no Llvro do Tombo das Bolas-Artos, as coisas do arto erudita nacional ou os-
trangelra;
4“) no Llvro do Tombo das Artes Aplicadas, as obras que so incluirem na categoria CAPITULO 111
clan artes aplicadas, nacionais ou ostrangoiras.
Dos ofoitos do tombamento =1
§ 1" - Cada um dos Li.vros do Tombo podera tor varios volumes.
Artlgo ll. - As coisas tombadas, que portencam a Uniao, aos Estados ou aos Muni-
Q2" - Os bens, quo so incluom nas categorias onumoradas nas alinoas 1, 2, 3 e 4 do oiplos, inalienaveis por natureza, so poderao ser transferidas do uma a outra das
presente artigoé sorao defiriidos e espocificados no regulamonto que for oxpedido j‘
Nferldas entidades.
para oxocuqao a presente oi.
Pnragrafo dnico. Feita a transforéncia, dola deve o adquirente dar imediato conho-
Artigo 5” - O tombamento dos bens pertencentes a Uniao, aos Estados o aos Mu ni- Clmonlro ao Servico do Patrimonio I-Iistorico e Artistico Nacional.
12117310! so Fara do oficio por ordem do Dirotor do Servigo do Patrimonio Historioo o
Art-inetico Nacional, mas devora sor notificado a entidade a quem portencer, ou sob Arttgo
l- '12 - A alienabilidade
~ das obras historicas ou artisticas tombadas, do P ro '
Cttjll guarcla estivor a coisa tombada, a fim do produzir os necessarios efeitos. prlodaclo do pessoas n.aturais ou juridicas do direito privado, sofrera as rostrigoos
U
oonstalttos da presente lei.
A1't'_lgo 6" - O tombamento do coisa portonconto a pessoa natural ou a pessoa juridi-
ca do direito privado so Fara voluntaria ou compulsoriamento. \_,lArt1go '13 - O tombamento dofinitivo dos bens do propriedado particular sora, por
lrdolatiiva do orgao competente do Servigo do Patrimonio Historico e Artistico Na-
Artlgo 7“ - Procodor-so-a ao "tombamento voluntario sempre que o proprietario o po- clonal, transcrito para os devidos ofoitos em livro a cargo dos oficiais do rogistro do
dtr e :1 coisa so revestir dos roquisitos necessarios para constituir parte integranto do imoveis o avorbado ao lado da. transcricao do dominio.
plt1'l111011tio liistorico o artistico nacional a juizo do Consolho Consultivo do Sorvioo
do PIt"l.'1'im0nio Historico o Artistico Nacional, ou sempre quo o mosmo p1'opriota|'io Q 1° - No caso do transferéncia do propriedado dos bens do quo trata este artigo,
muir, por oscrlto, a notificaqao, quo so lho afizer, pa ra inscricao da coisa em qualquor dot/ora o adquirente, dontro do prazo do trinta dias, sob pona do multa. do dez por
don Livros do Tom bo. A Cl11t'ro sobro o rospoctivo valor, fazé-la con.star do rogistro, ainda que so tra to do
lt1'lt1'tsmissao judicial ou causa mortis.
Artlgo 8" - Procoder-so-a ao tombamento compulsorio quando o jpropriotario so
recunar a anuira inscrioao da coisa. Q2” - Na hipotoso do deslocacao do tais bens, devera o propriotario, dentro do mos-
mo prazo o sob pona da mesma multa, inscrovo-los no rogistro do lugar para quo
Art-tgo 9“ - O tombamento compulsorio so Fara do acordo com 0 soguinto processo: tiveram sido doslocados.
1“) O Sorvlqo do Patrimonio I"-listorico o Artistico Nacional, por sou organ oom- I 3" - A transforéncia dovo sor comunicada polo adquirente, e a doslocatgao polo
patents, notlfloara o propriotario para anuir ao tombamento, dontro do pra"/.o do pwprlotario, ao Sorvico do l’atri|'m"mio lrlistorioo o Artistico Nacional, dontro do
quinine dias, a contar do rocobimonto da notililcaqao, ou para, so o quisor impugnar, mllmo prazo o sob a mesma pona.
Oflroeor dontro do mosmopra'1.o as razoos do sua .i|npt|gnaqao;
Artigo 14 - A coisa tom bada nao podora snlr do Pals, sonao por curto ppra'z.o, soln trans-
2') no caso do nlto haver lmpuirnaqflo dontro do prazo nsslnado, quo é fatal, o dire- flrlnela do clomlnlo o para Hm do lntorcaniblo cttltural, a juizo do Consolho Consultlvo
tor do Slrvlqo do Patrlmon o rllntorlco e Artiatlco Nacional mnndnrti or slm lea do Servlqo do Patrlmonlo lrllutorlco e Artluttco Naclonal.
l“~dlIPlCl1o que proeeda ta tnaertrglo dn coisa no competente Ltvro do Tombo; P - \
FAsTR!M;dON!OdClIL'T‘LlRAL - finlmfmn. pnllflvnn, Inurrmrnmhm ,
Avnwm-1
Arliigo ‘I 5 - 'I‘o|1lada, a m'1o sor no caso provisto no artigo antorior, a ox_porta<;ao para
fora do Pafs, da coisa lornbada, sora osta soq£'|osts|'ada pola Uniao ou polo Estado Arflgo 20 - As coisas tombadas fioam soujoilas a vigiol€111cia pormanonto do Sorvlqo
om quo so onconlirar. do Paltrimonio Flistorico o Artfstico Nacional, quo podora inspociona-las sompro
quo for julgado convonionto, nao podendo os rospoctivos propriota rios ou rospon-
Q 1" - Apurada a rosponsabilidado do propriotario, ser-lho-as imposta a multa do névois criar obstaculos a inspogao, sob pona doe multa do com mil réis, olovada an
cll1q|'Jonl'a por oonto do valor da coisa, quo permanocera seqiiostrada om garantia dobro om caso do roincidéncia.
do pagamonto, o até quo osto so faga.
A1'l'igo2?l - Os atontados comotidos contra os bens de quo trata o art. 1“ dosta loi sfio
§ 2" - No caso do roincidéncia, a multa sera elevada ao dobro. oquiparados aos comotidos contra 0 patrimonio nacional.
3° - A possoa quo ton tar a oxportagao d.e coisa tombada, além do incidir na multa a
Luo so roforom os paragrafos anteriores, incorrera nas penas cominada.s no Codigo
donal
"U-55. 3 para o crime do contrabando. cAPI"ruLo 1v
Artlgo "I 6 - N o caso do extravio ou furto de qualquer objeto tombado, 0 respoctivo Do direito do preferéncia
propriolario dovera dar conhocimonto do fato ao Servigo do Patrimonio I-Iistorico
9 Arl*Isl"ico Nacional, dentro do prazo do cinco dias, sob pona de multa de doz por Artigo 22 - Em face da alienagéio, onerosa de bens tombados, pertencentes a pos-
c‘onl"o sobro o valor da coisa. soas naturais ou a pessoas juridicas de direito privado, a Uniéo, os Estados o os
Municipios terao, nesta ordem, o direito de preferéncia.
Arflgo "IA7 - As coisas tombadas nao poderao, em’ caso nonhum, ser destruidas, demo-
§ Tl" - Tal alienagao nao sera permitida sem que previamente sejam os bons oforo-
Iidas ou mutiladas, nem, sem prévia autorizagao especial do Servigo do Patrimonio
I"Iisto1'ioo o Artfstico Nacional, ser reparadas, pintadas ou restauradas, sob pona do cldos, pelo mesmo prego, a Uniéio, bem como ao Estado e ao Municipio om q u o so
multa do cinqiienta por cento do dano causado. o11contraro;m.. O proprietario devera notificar os titulares do direito do preforonoia
a usa-lo, dontro de trinta dias, sob pona de perdéélo.
Palagrafo Lfmico: Tratando-se do bens pertencentesa Uniéio, aos Estados ou aos
MLl11iofpios, a autoridado rosponsavel pela infragao do presente artigo incorrora § 2° - L5. nula a alienagéo realizada com violagéio do disposto no paragra fo an torior,
por-isoalmo|1to na multa. flcando qualquer dos titulares do direito de preferéncia habilitado a soqiioslrar a
ooisa o a impor a multa de vinto por cento do seu valor ao transmitente o ao ad-
Arlrlgo 18 - Som prévia autorizagao do Servigo do Patrimonio Historico e Art1’sl"ico q'Llironl'o, que seréio por ela solidariamente responsaveis. A nulidade sora pronun-
Nacional, 11510 so podora, na vizinhanga da coisa tombada, fazer construgéio que lho Ciada, na forma da lei, pelo juiz que conceder o sequestro, o qual so sera lovantado
lmpoqa ou roduza, a visibilidade, nem nela colocar amimcios ou cartazes, sob pona dopois do paga a multa- e se qualquer dos titulares do direito de preferénoia niio
do sor ma ndada dostruir a obra ou. retirar o objeto, impondo-se neste caso multa do lzlvor adquirido a coisa no prazo de trinta dias.
c'i“nqUo|1l‘a por conto do valor do nhesmo objeto.
§3" - O direito de preferéncia nao inibe o proprietario de gravar livromon to a coisa
Artigo ‘I9 - O prop1"iotar"io do coisa tombada, que nao dispuser do rocursos para tombada, de penhor, anticrese ou hipoteca.
procodor as obras do conservagao o reparagéio que a mesma requerer, levaya ao co-
§ 45’ - Nonhuma venda judicial do bens tombados se podora realizar som quo, pro-
rll1oc?imonl"o do Sorvioo do Patrimonio Historico e Artistico Nacional o nocossidado
vlamonte, os titulares do direito de preferéncia sejam disso notificados ju.d.icia|-
das moncicmadas obras, sob pona do multa correspondente ao dobro da importan-
monto, nao podendo os editais de praga ser expedidos, sob pona do nulidado, an los
oia @111 quo for avaliado o dano sofrido pela mesma coisa.
do foita a not-ificagao.
Q 1" - Rooobida a oomunicagao, o consideradas nocossarias as obras, o dirotor do
nu
.' E ‘
CULTURAL Cnnnltoa. pntmrnu. Innrrummmn
! ' /l m'.\'ou
CAPl*ru|;.o v
CONSTITUICAO DA REPUBLICA FEDERATIVA oo BRASIL - was
Dlapoulqoos gorais
(ARTIGOS Rt-?.LA"l‘tVOS A CULTURA, AO PATRIMONIO CULTURAL E A rot!
Artl o 23 - O Podor Exocutivo providonciara a roalizacao do acordos ontro a Uniao TICA URBANA) '
o on listados, para molhor coordonacéio o dosonvolvimento das atividades relativas
h protoqéio do patrimonio historico o artistico nacional o para a uniformizacao da Art. 5” Todos sao iguais poranto a lei, som distingao do qualquor natu"ro'/.a, garan-
loglslacéio ostadual complomontar sobro o mosmo assunto. tlndo-so aos brasllolros o aos ostrangoiros rosidontos no Pals a inviolabilidado do
direito a vlda, 2» llbordado, at igualdado, at soguranca o a propriedado, nos tormos
Artlgo 24 - A Uniao mantora, para consorvacao o oxposigéio do obras ‘historicas soguintos:
o mftlstlcas do sua propriodado, além do Musou Historico Nacional o do Musou
Nacional do Bolas Artos, tantos ou.tros musous nacionais quantos so tornarom no- (---)
cossérlos, dovondo outrossim _provid.onciar no sentido a favorocor a instituicao do
musous ostaduais o m unicipais, com finalidados similaros. l..XXIll - qualquor cidadao é parte logitima para propor acao popular quo viso a
ano lar ato losivo ao patrimonio publico ou do entidade do quo o Estad.o pa.rticipo, a
Artigo 25 - O Sorvico do Patrimonio Historico o Artistico l\lacional procurara on- moralidado administrativa, ao moio ambionto o ao patrimonio historico o cultural
tondlmontos com as autoridados oclosiasticas, instituicoos ciontificas, historicas ou ficando o autor, salvo comprovada ma-fé, isonto do custas judiciais o do on us da
|. ' I
nrtlstlcas o possoas naturais o juridicas, com 0 objotivo do obtor a coopporacatw das sucumbéncia;
mosmas om bonoflcio do patrimonio historico o artistico nacional.
Art. 23. E competéncia comum Ada Uniao, dos Estados, do Distrito Fodoral o dos
aw
Aftlgo 28 -- l\lonhu m objeto do naturoza idéntica a dos roforidos no art. 26 dosta loi Art. 24. Com.poto a Uniao, aos Estados o ao Distrito.Fodoral logislar conoorron to-
podora sor posto a vonda polos comorciantos ou agontos do loiloos, som quo tonha monto sobro:
tlldo proviamon to au ton ticado polo Sorvico do Patrimc">nio I—Ii.storico o Artistico l\l a-
Clonal, ou por porito om quo o mosmo so louvar, sob pona do multa do oinqtlonta (---)
por Conto sobro o valor atribufdo ao objoto. VI - florostas, caca, posca, fauna, consorvacao da n.atu.roza, dofosa do solo o dos
rocursos naturais, protocao do moio ambionto o controle da poluicao;
Partlgrafo L'Inico: A autonticaqatw do moncionado objoto sora foita modian to o paga-
monto do uma taxa do poritagom do cinco por con to sobroo valor da coisa, so osto Vll - protocao ao patrimonio historico, cultural, artistico, turistico o paisaglstioo;
for lnforlor ou oquivalon to a um con to do rois, o do mais cinco mil-réis por conto do
rélu ou Fra<;ao quo oxcoclor. p Art. 24. Compote 21 Uniao, aos Estados o ao Distrito Fodoral logislar concorronto-
mon to sobro:
Arttgo 29 - O titular do cliroito do jproforoncia goza do privilogio ospocial sobro o
Valor produzido om praca por bons tombados, quanto ao pagamonto do multas VI - florostas, caoa, posca, fauna, coinsorvagao da naturoza, dofosa do solo o dos
impostas om virtudo do infraqoos da proson to loi. rocursos naturais, protocao do moio ambionto o controlo da poluiqao;
Para rafo Cmioo -_ so torao l~'vrioridado sobro o l.wrivilo lwrio a tLuo so roforo osto. arti laIo Vll - '>roto‘fioao atrimonio lustorico, cultural. artlstlco turlsticoo 1aisa1"lstrico'
OI Crédltos l|1scr1tos no roglstro comtpotonto antos do tom amonto da coma polo ' I l l» I
Servlqo l\l|!l£‘lonal do l"t'|l"rlmOnio lo listorioo o Artlstico Nacional. Vlll - rospon sa' l:>'l"'
I Itl atl o por dano no moio ambionto, ao consumidor,
, . a bons, o diro'-|
ton do va or artlstico, ostotlco, lflslorlco, turlstloo o paisaglstico;
Artlgo 30 - Rovogam-so as dlnposlcoos om contra rio. V
IX - oducaqao, oullurn, onnlno o douporto;
Rio do jnnolro, om 30 do novombro do I937; cl to“ da lmlopondonoia o 49" ola Repu-
sbllca. - ' - \
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Glfiilln Vlrln l
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'|'|'|'u| .o vu '|'l'|'u|.o vm
I )a Urdom liconomica o Financoira l)a Ordom Social
§ 2“ -_/\ propriedado urbana cumpre sua funcao social quando atende as exigéncias brasileiras, e das do outros grupos participantos do processo civilizatorio nacional.
fund a mon tais do ordonacéio da cidado expressas no plano diretor.
§ 2*’ - A lei dispora sobre a fixacao do datas comemorativas do alta significacao para
§ 3“ - As dosapropriacoes do imoveis urbanos serao feitas com prévia e justa inde- os diferentes segmentos étnicos nacionais.
|"’1iv.ac£ic> om dinhoiro.
§3Q A lei estabelecera o Plano Nacional do Cultura, do duracéio plurianual, visando
pi 4-“ ~ Iii faoultado a.o Pod.er Publico municipal, mediante lei espocifica para area ao desenvolvimonto cultural do Pais e a integragéio das acoes do podor pdblico q uo
incluid a no plano di;rotor, oxigir, nos termos da lei federal, do proprietario do solo conduzom a: (Incluido pela Emenda Constitucional n‘-1’ 48, do 2005)
urbano niio odificado, subutilizado ou nao utilizado, que promova seu adequado
a p rovoita m on to, sob pona, sucessivamente, do: I defosa o valorizacao do patrimonio cultural brasileiro; (Incluido pela Emonda
nu
motros quad rados, por cinco anos, ininterruptamente o sem oposicao, utilizando-a V valorizacao da divorsidado étnica e regional. (Incluido pela Emond.a Constitu-
para sua moradia ou do sua familia, adquirir-lho-a o dominio, dosdo que nao soja cional n“ 48, do 2005)
propriotario do outro imovol urbano ou rural. "
/\rl". 216. Constituem patrimonio cultural brasileiro os bons do naturoza matorial
§ I“ - (Hltulo do dominio o a concessao do uso sorao conforidos ao homem ou a l o imaterial, tomados individualmonte ou om conjunto, portadores do roforiinoia
mulhor, ou a ambos, indopondontomonto do ostado civil. 1 .\ ldontldado, a acao, a momoria dos diforontos grupos formadoros da sociodado
nrasiloira, nos quais so incluom:
§2“ ~ lisso diroilo nao sora roconhocido ao mosmo possuidor mais do uma vor,.
I - as formas do oxprossao;
ti?!“ — Us imovois ptiblioos niio sorao adquiridos por usuoapiao.
ll - os modos do criar, l'a'/.or o vivor;
I
l "V —~ as obras, olvjolos, dooumonlos, odlllom;oos o domais ospaoos doslinados as ma=
nlfostaooos l1I‘llHllk‘U-t'l|lllll'flAlH}
mrmmosro cutrum. -A Cnsrillnl. political. lmtrummlml '- p ‘ A Moran
V - on confluntos urbanos o sltlos do valor historico, paisaglstlco, artlstico, arqueo- DBCRETO N“ 3.551, DE 4 DE AGOSTO DE 2000 *4
loglco, pa oontolog.ico, ocologico o clon ti fico.
INSTITUI o REGISTRO DE BENS CULTURAIS ore NATUREZA IMATERH-\t. ou ta
§ 1° - O Podor I”1I|’bIico, com a colaboracao da comunidado, promovora e protege- CONSTITUEM PATRIMONIO CULTURAL BRASILEIRQCRIA o PROGRAMA
rel o patrlmonio cultural brasileiro, por moio do invontarios, registros, vigiléliicia,
tombamento o dosapropriagéio, o do outras formas do acautelamonto e preservacao.
NACIONAL oo PATRIMONIO IMATERIAL E DA OUTRAS PROVIIDENCIAS.
O PRESIDENTE DA REPUBLICA, no uso da artribuicao que lhe confore o art. 84,
§ 2“ - Cabom a ad.m.inistrac€ao pdblica, na forma da lei, a gestao da documentacao lnclso IV, o tendo om vista o disposto no art. 14 da Lei no 9.649, do 27 do maio do
govornamontal e as providéncias para franquear sua consulta a quantos dela ne- 1998,
rossitom.
DECRETA:
§ 3“ - A lei ostabelocera incentivos para a producao e o conhocimonto do bens e
valoros culturais. Art. 1" Fica instituido o Registro do Bens Culturais do Natureza Imateri.al que cons-
tituom patrimonio cultural brasileiro.
§4“ - Os danos e ameagas ao patrimonio cultural serao punidos, na forma da lei.
§ 1° Esse rogistro so fara em um dos seguintes livros:
§ 5“ - Ficam tombados todos os documentos e os sitios detontores do reminiscéncias
hlstoricas dos antigos quilombos. _ I - Livro do Registro dos Saberos, onde seréio inscritos conhecimentos o modos do
fazor enraizados no cotidiano das comunidades;
§ 6 ° E facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo estadual do fo-
mon to a cultu ra até cinco décimos por cento do sua receita tributaria liquida, para o II - Livro do Registro das Celebracoes, onde seréio inscritos rituais e festas que mar-
l"I11anciamon to do programas e projetos culturais, vedada a aplicacéio desses recur- cam a vivéncia coletiva do trabalho, da religiosidade, do entretenimento e do ou-
sos no pagamento do: (Incluido pela Emonda Constitucional n9 42, do 19.12.2003) tras praticas da vida social;
I - dosposas com pessoal e oncargos sociais; (Incluido pela Emonda Constitucional III - Livro do Registro das Formas do Expresséio, onde seréio inscritas manifestacoos
n" 4-2, do 19.12.2003) Iltorarias, musicais, plasticas, cénicas e lddicas;
II - sorvico da divida; (Incluido pela Emonda Constitucional n8 42, do 19.12.2003) IV ~ Livro do Registro dos Lugares, onde serao inscritos mercados, feiras, sant'ua-
rios, pracas o demais espagos onde so concentram e reproduzem praticas culturais
I. l.l - qualquor outra dospesa corrento néio vinculada diretamente aos investirnentos coletivas.
ou acoos apoiados. (Incluido pela Emonda Constitucional n9 42, do 19.12.2003)
I
§ 2“ A inscricao num dos livros do rogistro tera sempre como reforéncia a continui-
dade historica do bem e sua relovancia nacional para a momoria, a identidade o a
formacao da sociedade brasileira.
§ 3“ Outros livros do rogistro poderao ser abertos para a inscricao do bens cul.tu rais do
narluroza imaterial que constituam patrimonio cultural brasileiro o nao so enquadrorn
nos livros dofinidos no paragrafo prim.eiro dosto artigo.
r|companI1m"|a do docu |1l1e|1tm;€Io corroapondvnte, 0 cluveral mvnciorm r todos OH ulo- LEI COMPLEMENTAR N" 601, DE 23 DE OUTUBRO DE 2008‘
l11t’l"ll'UH q u v lhv seja m cu I tu ra I men to releva n tea.
DISPOE SOl3.Rl;i O IN VEl\lTARIO DO PATRIMON IO CU LTURAL DIE BliI\lf-5 IMO-
Q‘ 3° A l11str|.|cfio dos processos podera ser feita por outros organs do Ministério VEIS DO MUN IClPIO DE PORTO ALEGRE
do Cultura, pelas unidades do IPI-lAl\l ou por entidade, publica ou privada, que
dvIe|1I'm conhecimentos especificos sobre a matéria, nos termos do regulamento a O PREFEITO MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE.
at-:1‘ vxpedido pelo Conselho Consultivo do Patrimonio Cultural.
Faco saber que a Camara Municipal aprovou e eu sanciono a seguinte Lei Com-
§ 4-“ Ultimada a in.~:truc5o, o II’.HAl\l emitira parecer acerca da proposta de registro plementar:
I.‘ L‘I1VlflI'il o processo no Conselho Consultivo do Patrimonio Cultural, para delibe-
l'm,‘llo. Art. 1° Esta Lei Complementar dispoe sobre o lnventario do Patrimonio Cultural
de Bens Iméveis do Municipio, em atendimento ao art. 196 da Lei Orgéinica do Mu-
§ 5“ O parecer dc que trata 0 para grafo anterior sera publicado no Diario Oficial nicipio de Porto Alegre e ao art. 92 da Lei Complementar ng 434, de 1“ de dezcm-
do Unifio, para oventuais man"ifestac6es sobre 0 registro, que deveréio ser apresen- bro de 1999 (Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental), e alte‘raq60s
l§lClt'lH no Con:-telho Consultivo do Patrimonio Cultural no prazo de até trinta dias, posteriores.
vo|1l"ndo:-1 da data do publicagao d.o parecer.
Art. 29 O lnventario do Patrimonio Cultural de Bens Imoveis do Municipio serai
Art. 4° O p|'ocesso dc registro, ja instruido com as eventuais manifestacoes apre- implantado por meio da listagem dos imoveis, corn a indicacao das caracteristicas
HL‘l1lt1Lli.1h‘, Hera leva do a decisao do Conselho Consu.ltivo do Patrimonio Cultural. necessarias a sua identificacao.
ov
Art. 5" llrn caso dc decis€1o favoravel do Conselho Consultivo do Patrimonio Cultu- Pa.ré1grafo unico. O lnventario do Patriménio Cultural de Bens Imoveis do Muni-
ral, o bem sera inscrito no livro correspondente e recebera o titulo de ”Patrirn6nio cipio indicara as edificagoes lnventariadas de Estruturacéo e de Compatibilizaciio,
Cultural do Bras.i'I”. nos termos dos incs. I e II do paragrafo unico do art. 14 da Lei Complementar n"
434, de 1999, e alteracoes posteriores.
l’ar¢‘|g1'aI’o |.'|nico. Cabera ao Conselho Consultivo do Patrimonio Cultural determi-
rmr n abertura, quando for o caso, de novo Livro de Registro, em atendirnento ao Art. 39 Sera dada ciéncia de inclusiio de imoveis no lnventario do Patrimonio Cul»-
dl:-spout-o nos termos do § 3” do art. 1*’ deste Decreto. tural de Bens Imoveis do Municipio ao Poder Legislativo no prazo de 180 (con to 0
oitenta) dias, a partir da homologacao do Prefeito Municipal.
Art. 6“ Ao Ministério da Cultura ca.be assegurar ao bem registrado:
Art. 49 Durante os levantamentos necessarios a incluséio dos imoveis no Inventz.irio
l - L‘lUL‘LIl1’tL‘l1l‘a1(;fi0 por todos os meios técnicos admitidos, cabendo ao IPI—IAl\l man- do Patrimonio Cultural de Bens Imoveis do Municipio nao seré expedida Licenca
ter banco do dados com o material produzido durante a instru_<;éio do processo. de Demoligao ou aprovagao de projeto para os imoveis situados nos limites da kl rea
em estudo, sem a prévia avaliagao pela Equipe de Patrimonio Historico e Cultural
ll - ampla divt.|Ig'm;£io e promogéio. (EPAI-IC), da Secretaria Municipal da Cultura (SMC), referente ao respectivo inte-
resse na preservacéo.
Art. 7“ O ll’l-.lAl\l Fara a reavaliacao dos bens culturais registrados, pelo menos a
cacln clvz anos, e a encaminhara ao Conselho Consultivo do Patrimonio -Cultural Paragrafo L'1nico. Durante os levantamentos a que se refere o “caput” deste arti;_I,o,
para docidir sobre a revalidacéio do titulo de ”Patrim6nio Cultural do Brasil”. sera consignado nas respectivas certidoes e declaracoes o registro de que o imovvl
se encontra com restricao a Licenca de Demolicéo ou aprovacéio de projeto.
li’n1'e‘lg|'afo unico. Negada a revalidacao, sera man.tido apenas o registro, como refe-
l'@l1L‘lt‘| L‘Llll'L|l‘al do seu tempo. I ’ Art. 59 VETADO.
Art. H" l-lica instituldo, no éimbito do Ministério da Cultura, o “Programa l\lacional § 11> vemoo. I
do Patrlmonio lmaterial”, visando a implementaqao do politica especifica de inven-
térlo, roI’eltenciamonto e valorizacao desse patrimonio. § 2" VETADO.
Pt1I'l,IQ,'I'i.'lfU |.'|nico. O Mini:~;t6rio da Cultura esta1lvt'Iet"t-|"a$ no pra;/.o do noventa dias, as Art. 6° A iniciativa do processo de inclusao de imoveis no lnventario do Pa tri mfmio
nu
lJ£lHt‘H para o clvs-avrivolvilnvn to do Programa do que trata este a rtigo. Cultural do Bens lmoveis do l\/lLlnlCl7io Vwdora ser da Administ"ra S"Eio Munici ml ou
do |nte1'ess'ado, devendo, neste caso, o requerente mstruu" o processo com todos UH
Art. I-I“ Ifil-lte Decreto entra um vigor no data de sua publicacfio. t‘lt‘.lT\t‘I'\l."Ot-3 Iwcc:-::-ta‘: rios.
_ /
Q I" O p|'oprlela|'lo do Imovel sera notlflcado 0 ter-A o prazo de 30 (trinta) dias para
apresvnlaqilo do impugnaqao. l’aragrafo unico. A i|1stalt1¢ti<> do garagens comorciais e estabelecimuntos dv guarda
do velculos nas edificaqoes classificadas como lnventariadas de l:1strL1tura<;fio duve-
§ 2” A in1pug|;1aeao devera a presen tar os elementos necessarios, de fa to e de direito, ra ser submetida 2. IEPHAC.
pelos quais o proprietario se opoe a incluséio do imovel no lnventario do Patrim6-
nio Cultural de Bens lmoveis do Municipio. Art. "I4. O licenciamento de anL'1nci.os, publicida.des e divulgacoes, as inst"ala(;(‘Svs
de equipamen to de infra-estrutura aparente no mobiliario urbano e autorizac,;oes
“ A im pugnacao sera examinada pelos érgéios competentes e encaminhada ao de comércio ambulante em edificagoes lnventariadas de Estrutu.ra<;€|o e em seu en-
rym C,-L-J Ml’AllC. torno deverao observar a preservagéio das caracteristicas arquitetonicas, liistoricas
e culturais da edificacao e do entorno, além do Potencial Turistico, evitando-so a
§ 4" Apos manifesta<;€1o do COMPAHC, sera dada ciéncia aos proprietarios dos poluiqao visual e paisagistica.
imoveis incluidos no lnventario do Patrimonio Cultural de Bens Iméveis do Mu-
nlclpio, de forma coletiva, por meio de chamado em veiculo de comunicacao de Art. 'I 5. O Poder PL'1blico inspecionara os imoveis inventariados:
grandu\ cil- culaqao,
'~ para conhecimen.to da listagem publicada no Diario Oficial de
Porto Alegre (DOPA). I —— sempre que julgar necessario; e
Art. 8" A lista dos imoveis com inclusao no lnventario do Patrimonio Cultural de ll — obrigatoriamente, diante de denuncia de desrespeito a preservagao de imovvl
Bens lmoveis do Municipio, ja aprovada pelo COMPAHC e homologada pelo Pre- mventariado, nao podendo o proprietario, detentor ou possuidor impedir a inspe-
felto Municipal até a data da publicacéio desta Lei Complementar, sera publicada Q50.
no DO] IA, aplicando-se o prazo para contestagao previsto no § 19 do art. 79 desta
l. .el Com p lem en ta r. Art. "I6. Na restauracao ou na preservacéio das edificacoes Inventariad as do l~lstru-
turacao, a critério do orgéio municipal competente, podera ser autorizada a trans-
Art. 9“ A inclusao de i move-is no lnventario do Patrimonio Cultural de Bens Imo- feréncia de parte do Potencial Construtivo do imovel para outro imével si tu a do na
veis do Mu nicipio podera ser cancelada com base em parecer fundamentado do mesma. Macrozona, quando nao houver possibilidade ou interesse ambiental do
Conselho com petente, homologado pelo Prefeito Municipal. utilizacao no mesmo imovel inventariado, observado 0 disposto no art. 5“ desta
Lei Complementar.
Pa ragra to t'|ni.co. A clegradacao fisica da edificacgéio Inventariada de Estruturagao
nao podera ser alegada pelo proprietario como fundamentacéio para justificar o § I“ E passivel de Transferéncia o Potencial Construtivo resultante do somalorio
ci1|1cela1nento da incluséio de imovel na listagem do Inventario do Patrimonio Cul- da parcela de 50% (cinqiienta por cento) do Potencial Contrutivo Ocioso do imovvl
tural de Bens lmoveis do Municipio. e de 50% (cinqiienta por cento) da area construida da edificagéio a ser preservad a.
Art. lll. As edificagoes lnventariadas de Estruturacao nao podem ser destruidas, § 2° O Potencial Construtivo Ocioso, para fins de Transferéncia de Potencial Cons-
mutlladas ou demolidas, sendo dever do proprietario sua preservacao e conser- trutivo, é a diferenca entre a capacidade construtiva do imovel antes de in venta ria-
vaqao. do e a area construida do imovel inventariado.
I'a|'agraI'o unico. Podera ser autorizada, mediante estudo prévio junto ao orgao ‘I03 3“ O somatorio da Transferéncia de Potencial Construtivo de que tra ta o § 2“ deste
téc.|1ico com petente, a demolicao parcial, a reciclagem de uso ou 0 acréscimo de
I T 1 I ~ I Ad
£'ll"l‘lf.,() com a area constiulda da edificacao a ser preservada nao podera u Ilra passa r
area construlda, desde que se mantenham preservados os elementos historicos e o total do Potencial Construtivo do imével.
culturais que determinaram sua incluséio no lnventario do Patrimonio Cultural de
Bens lmoveis do Municipio. § 4“ Poclera ser autorizada a Transferéncia de Potencial Construtivo relativa Z1 odi-
Ficaeao lnventariada de Compatibilizacao, quando a preservacfio da ediI"'icaqfio ln-
Art. l I.-As edificacoes lnventariadas de Compatibiliza<_;ao poderao ser demolidas ou ventariada de Estruturacao assim justificar, limi.tada a 50% (cinqiienta por cento)
modiflvadas, por meio de Estudo de Viabilidade Urbanfstica (EVU), devendo a inter- do Potencial Construtivo original.
venqfilo ou a ed i Ficagao q ue a substituir observar as restricoes necessarias a preservacao
cultural e l1istorica da edificacfio de Flstruturaqao e do en torno a que estiver vinculado, § 5“ A Iil7erac5m da 'l"ransferéncia de Potencial Construtivo devera ser pa rcvlada,
ben1 como a paisagom urbana. observando as etapas de acordo com cronograma Fisico-financeiro das obras de
rvstauratgfio, salvo na lwipotese do o imovel encontrar-so nas condiqous adequadas
Art. "I2. Para as ed"iI'icae6es lnven ta riad as de I?.slruturacf|o, a aplica<;5o d a legislacao do preservaqao, caso em que a 'l"ransl’erC*ncia podera so dar em (mica pa rcela.
rt1I’el'e|1te 2| acessibilidade 0 2» protegfm coritra incemlio devera estar dovid’amen-
te v:ompalibiIi'/.ada mm as caractvrislicas arquitletfwnicas, fhisloricas e culturais do §(a” A utiliz/.a<;5o do l’olem"iaI Construtivo decorrenle do 'l‘ransI’v|'0|1cia do l’olencial
"lmovel. - C‘o|1strullivoécondicionada .\ com wrova do do sua averba ‘Ito na malrlvula do imo-
s_
vel orlgma‘n'|o |unto no Rep,lstro lmohiliario.
s
Art. I3. A atlvldndv proposta |;1ara. as edifieaqoes lnventariada-I
_ ‘
do l'1slrutu|'a Q'Zto
(‘levada ser compatlvel vom on c‘rlIc"rlos do prese|'vm;t'to dulermiltados pelo organ
municipal co|11petante. '
FATRIMONIO CULTURAL - Cmmiinn. palltlmn. imm-ummmn
t Arimlu
Art. ‘I7. Constatada qualquor das iiifraqoes previstas nesta Lei Complementar, sera
lavrado Auto do lnfracao pela auto.ri.dade competente, sendo notificado o infrator, décimos do mlléalmos) a ¢I..”l(i(-'»,()()7 (quatro mil, trozonlros o sols lnlolros o solo von-
o propriotario, o possuidor ou detentor do imovel, conferindo prazo de 15 (quinze) téfllnios) UFMH.
dias "pa ra apresentagéio cle defesa. Art 22 Na aplicacao das penalidades provistas nos arts I7 o I9 dosta l.oi Com ‘slo-
| I - - A i 1. _ u L L. 0 I A - A
Pa|‘ag1"afo ifmico. Os valores correspondentes as penalidades decorrentes da aplica- mentar, sora obsorvada a gravidado do dano, o valor do imovol protogido o ovonlual
Qi-'lo desta Lei Complementar serao depositados no Fundo Municipal do Pa.trim6- rolncidrfincia, observado o disposto nos §§ 1° e 2“ dosto artigo.
nio I"-listori co e Cultural (FUMPAHC). SM "I" Constitui roincidéncia a pratica do nova infra<;ao contra a prosorvaqao do patri-
Art. I8. Para mutilacgao, destruigao parcial ou demoligao do imével inventariado
|
mlinio'
cultural
'0
no prazo do 5 (cinco) anos.
som a devida licenca, ou se efetuada em desacordo com as orientacoes do Muni- § 2 U A multa aplicada no caso do reincidéncia podera ter seu valor calculado por
cipio do Porto Alegre, sera aplicada multa no valor de 6028,4098 (seis mil e vinte moio da majoracao dc até o dobro das penas ma'ximas previstas nesta l..oi (‘omplo-
o oito inteiros e quatro mil e noventa e oito décimos de milésimos) a 473.660,77 mon ta r.
(tzuatrocentos e setenta e trés mil, seiscentos e sessenta inteiros e setenta e sete cen-
ttsimos) UFMs, a ser especificada por decreto.
§ "I" l\lo caso de mutilacao, destruicao ou demolicao, o proprietario, as suas expensas, Art. 23. O Municipio de Porto Alegre publicara anualmente a area proforoncial do
real izara o salvamento arqueologico do terreno, sob orientacao do Municipio de Porto al:n'aingC~ncia para os imoveis inventari.ados interessados em participar do progra-
Alogre, observada a competéncia federal sobre a matéria. ma do incentivos previstos nesta Lei Compl.ementar.
§ 2" A d.emol.icao total do imével implicara também, para fins de nova construcéio "I" Seréio fixados o montante de indices construtivos disponibilizados o o valor
no terreno, a limitacao do regime urbanistico, nos termos do art. 87 da Lei Com- QUIZ Cstinado aos incenti.vos.
alomen tar n” 434, de 1999, e alteragoes posteriores, ou do total edificado do imovel
inventariado antes da demolicéio, o que for menor. § 2° Os critérios para. definigéio dos imoveis selecion.ados para o progra m a do incon-
tivos seréio definidos pelos orgéios municipais competentes.
§ 3“ O descu"|nprim.ento das determinagoes de manutencao do imovel restaurado
com rocursos decorrentes de Transferéncia de Potencial Construtivo implica multa
diaria do l07,650'l. (cento e sete inteiros e seis mil, quinhentos e um décimos de
milésimos) UFMs, contada a partir do nao-acolhimento do recurso do proprietario Art. 24. Esta Lei Compl.ementar entra em vigor na data de sua publicaciio.
até o efotivo cumprimento, comprovado em vistoria realizada pelo orgao munici-
pafil competente-_. l’REFE,l'TU‘RA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE, 23 d.e outubro do 2008.
Art. I 9. Nenh uma multa prevista nesta Lei Complementar podera ultrapassar 50% Eliseu Santos,
(cinqiien ta por cento) do valor do imével inventariado, conforme avaliacao efetua-
da pola Secretaria Municipal da Fazenda (SMF). Prefeito, em exercicio.
Art. 20. Constatado o descumprimento das determinacoes de manutencao e con- Sérgius Gonzaga,
servaqfio do imovel inventariado, sera o proprietario ou o responsavel notificado,
para quo, no prazo do 90 (noventa) dias, tome as providéncias necessarias. I Secretario Municipal da. Cultura.
§ I“ O doscumprimento do prazo referido no “caput” deste artigo implica auto de Ricardo Gothe,
llitniqiio com multa diaria de ]O7,6501 (cento e sete inteiros e seis mil., quinhentos Secretario do Planejamento Municipal.
o um décimos do 1nil.ésimos) UFl\/ls, até o efetivo cumprimento das disposicoes do
auto do infiatgao, comprovado em vistoria realizada pelo orgéio municipal compe- Rogistro-so o publique-so.
ton to. I
Virgilio Costa,
5‘ 2“ O doscu m primon to das determinacoes de manutoncao e conservacao do imo-
vol rosta u rado com rocursos decorrentes do 'l‘ransteréncia do Potencial Con‘strutivo SoCl'ot"£'1|'io Municipal do (Ioslao o
implica a dovoluqfio do "I (10% (com por cen to) do valor corrospondon to ao Potencial
Construtivo, comprovado om vistoria roal.i;1.ada polooi'g5o municipal com potonto. Acompanhamonto list ralt’-giro.
_ I
P()RT'ARIA N" 127, DE 30 DE ABRIL DE 2009
(‘()l\JS|l )liRAl\lI)O, quo a cliaiicola da I’aisagoni (‘L|ll'L:I‘:l'~,l‘i|('fili'l1l
ll\IH'l'I'l'U'l"O l)O I’A'I'RIMO.l\I.lO ll-IISTORICO Ii AR'l".ISTlCO NACIONAL lorixa a moIiva<,aoda dgdOl1LllT|€|l1d qut. ciia t qui 1 I
' ' flu I » J‘
i I ' \ ‘I ' ‘ I ‘X 1 ‘LIEU i ' I
do d ozom bro do 1990, e o inciso V do art. 21 do Anexo I do Decreto n9 5.040, do 07 . tomados l11CilVlClL1EllII1€I'ltl€,
cultural o natuial, ' ' ' " contom
1189. Oh/5 l'1IIltI‘l.I6’l‘°ilITlL?l‘IlLI(HUD-
¢ 8 ‘-
1
do ab ril do 2004, que dispoe sobre a Estrutura Regimental do Instituto do Patrimo-
nio I-Alisto ri co o Artistico Nacional - IPHAN, e I- junto do fatoros implicitos nas paisagens cu. turais, res . .
- ' ' ' ’ >1 a porcoi.
*' t‘..‘'» L"lo tor-
|?,;-;i-aboloco.i* a chancela da Paisagem Cultural Brasileira, aplicave
(.‘Ol\ISlIi)ERAl\lDO, o disposto nos artigos 19, II, 23, I e III, 24, VII, 30, IX, 215, 216 e ritorio nacional.
225 d a Constituicao da Republica Federativa do Brasil;
I
'I'l'I‘UI.O I
('Ol\ISll)ERAl\lDO, 0 disposto no Decreto-Lei n‘-Q 25, do 30 de novembro do 1937,
quo organiza a protecao do patrimonio historico e artistico nacional, no Decreto- I )If~iI’( )SIgTOHS GERA.lS
I..oi no 3.866, de 29 de novembro de 1941, que dispoe sobre 0 tombamento do bens
no Sorvico do Patrimonio Histérico e Artistico Nacional, na Lei no 3.924, do 26 de
jullio do "I961, que disp6e sobre os monumentos arqueolégicos e pré-historicos, e ~
l- I)A l)liI~'ll\llCAO
no Decreto n° 3.551, do 04 do agosto do 2000, que institui o rogistro do bens cultu-
rais do natureza imaterial; Ar I". I’aisagom - , ~ I
Cultural - 1." e’ uniiqa porcao
Brasileira ” pegumeio
liar do territério
natural nacional
£1 qua] a vim; 0ro-H
|,,...H,.,-qmiivq do processo do intoracao do DHIEEHI com .-
C( 7l\lSll.')ERAl\lDO, a Lei ng 10.257, do 10 do julho do 2001, Estatuto da Cidade;
oli“*:*icia liii in a ria irn primiram marcas ou atribuiram valores.
( ‘(. )I\l SI I )E.RAl\l DO, quo o Brasil é autor do documentos e signatario do cartas inter-
iiaoionais que reconhocom a paisagom cultural e seus elomentos como patrimonio I'iii*'i'ii.',|'.iIo i'inico - A Paisagem Cultural Brasileira é declarada por chancela I nsI"|lul-
dn polo II’I IAN, mcdiantc . ' .. piocedimonto
~ ' ' 'co.
especifi
cu I I u ral e proconizam sua protegao;
‘ do.
Ci.I1'I‘I.tRAL - Cnnéiim. political. instrumental:
Art. 5°. O pacto convencionadofara pi.-otecao da Paisagem Cultural Brasileira Al mlitiflltacbel aerllo analtaadas e an conteatac;t5ea'ju1 adan pelo Depar
cl-iancel.ada poderei ser integrado e Plano do Gestao a ser acordado entre as diver- 5 do Patrtmbnto Material e Flscalizaqtlo DEPAM/IPI~ AN, no prazo do
sas entidades, orgaos e agentes publicos e privados onvolvidos, o qual sera acom H dill, modlante provia oitlva cla Procuradoria Federal, remetondo so 0
panliado pelo IPHAN. IQ ldmlifiltrntivo para deliberacao ao Conselho Consultivo do Patrtmonto
.I - as Superintendéncias Regionais do IPHAN, em cuja circunscricao 0 bem so situar; O acom anhamerito da Paisagem Cultural Brasileira chancelada com pro-
I Inboraq0 do rolatorios do monitoramento das acoes previstas e do avalia
II - ao Presidente do IPHAN; ou Iédtca das qualidades atiibuidas ao bom
Ill - ao Ministro do Estado da Cultura. Ah
C ance ldP
a a aisagem Cl
u tural Brasileira deve ser revalidada num prazo
I do 10 anos
O processo do revalidacao sora formalizado e instruido a partir dos ielato
vi - DA INSTAURACAO nonitorameiito e do avaliacao, iuntando-so manifestagoes das instancias io-
I
local, para deliboracao pelo Conselho Consultivo do Patrimonio Cultural
Art. 8". Verificada a pertinéncia do requorimento para chancela da Paisagem Cul-
tural Brasileira sera instaurado processo administrativo. A declailo do Consolho Consultivo do Patrimonio Cultural a proposito da
Li manutonqao da chancela da Paisagem Cultural Brasileira sera ]JL1lJllLEtt.'l£t
., - O Departamonto
§ I" - . do Patriménio Material e Fiscaliza c ao - DEPAM/IPHAN e' o IO Ofictal da Uniao, dando so am P la Cl1VL1l 8 acao ao ato nos meios do coinu
organ rosponsavel pela instauragao, coordenacao, instrucao e analise do processo. perttnentes
§ 2° - A instauracgao do processo sera comunicada a Presidéncia do IPHAN e as Ella portziria entra em vigoi na data do sua publicacao
Superintendoncias Regionais em cuja circunscricao o bem se situar.
5RI\lAl\lDQ DE ALMEIDA
VII - DA INSTRUCAO
Art. 9°. Para a instrugao do processo administrativo poderao ser consultados os di-
vorsas setores in ternos do IPHAN que dotonham atribi.ii.<;6es na area, as entidades,
drgaos e agentes piliblicos o privados envolvidos, com vistas a celebracao do um
pact-o para a gostiio da Paisagem Cultural Brasileira a ser chancolada.
Art. 10. Finalizada a instrucao, o processo administrativo sora submotido para analise
luriclica e expodiqao do edital do notiI'i'ca<;€io da chancela, com publicacao no Diario
Ol"lclal da Untao o abertura do razo do 30 dias para manifestaqoos ou oventuais con-
teiltaipbes ao reconlioctmento palbn intoressados. I I
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I Ffimqotu
Choay, em sou importante livro A alegoria do patri'm6m'o, aponta para um.a espé-
ni
-_||'_
I n fl aqtto patrimonial
. ' ' V n -
que assolaria -
nossa contemporaneidade: com a perda do que
d.l1'tO1't'ti1'tn do ”competéncia do edifficar”, nossa época estaria acometida por uma ”sindrome"
Qfll I coriclenaria a acumular continuamente objetos das mais diferentes natureza I
Im ry, 0 mesmo fenomeno. no final do seculo XX, o passado teria so tomado ompresente na
flllltgem americana, onde o ”patrim6nio so insinuaria por toda parte”.
'10. A exlsténcla cleste torritorlo lingtilstico e sua antigtlldade levaram os estudos mais recen- 1?
tes a concluir que os povos Tupis que habitavam a Costa Atléintica no século XVI, quando I1. LE 601111. 19118. p.115. i
aporta ram os portugu.eses, originavam-se de fato do noroeste do Brasil, atingindo através de
ondas migratorias 0 litoral, o que inverte a historia oficial. lI.C1NTA LARGA. 1988. P-15-
11. Do grupo Mondé fazem parte as tribos Cinta~Larga, Surui, Zoro, Gaviao, Arué, Salomai, ll. CINTA LARGA, 1988, p. 105.
Mondé e possivelmente os arredios Andaroup.
M. LBONARDI, '1.999, P. as-70.
12. Expediqéo Roosevelt: uma expedigéo cientifica para a Amazonia em 1913 e 1914.
. , ,, .. .=~ dc b'l'd.. d=- acial da o ulaqao indlgena, v
13. SPI —- Servigo de Protegao ao indio; FUNAI — Fundagao Nacional do fndio, que é 0 or- ul Dllmlll all W§sr.l'.ll1l.l'-€l.E.lll1l1i1;.ll..fLll:Z?1Itl1lb[:l)es 1c:'l1l9(ec1illarqC‘ri.'§tSiga Sa, quepoll:servou o fenomeno
5 Eio do g overno b ras1'1 e1ro
' que estabelece e executa a Politica Indigenista no Brasil, dando nu N IT filulknlltla X111 u 1nostrarldo que a lnudanqa do local cla aldeia acontecia em espaqos
cu1'.nprimen.to ao que determina a Constituigéo de 1988. "Na pratica, significa que compete n. "Q 0 0 ll) )Ll 185 .§..~...~.“ "sendo citadas como causas dessas muclangas diversos futures,
£1 FUNAI promover a educagao basica aos indios, demarcar, assegurar e proteger as terras :|:|P:o?11r3eanl:l<)rl‘e( de lnuitos habitantes, ou o aparecimento de form.iguei.ros" SA, Cristina;
por e.les tradicionalmente ocupadas, estimular 0 desenvolvimento de estudos e levantamen- “alblirvaqbes sobre a habita<;€1o em trés grupos incligenas brasi.leiros”. 111: CAIUBY. W33» P-
tos sobre os grupos indigenas. A Fundagao tem, ainda, a responsabilidade de defender as 107.
Cornunidades Indigenas, de despertar 0 interesse da sociedade nacional pelos indios e suas
causas, gerir 0 seu patrimonio e fiscalizar as suas terras, impedindo as agoes predatérias de I6. GI~1H.1£RBRAN'l". 1992, p. 126.
garimpeiros, posseiros, madeireiros e quaisquer outras que ocorram dentro de seus limites e
que representem um risco 2.. vida e .2. preservagao desses povos. Disponivel em: http://www. I7. A este respeito, confira as observagoes de Glaccaria e I-Ieide em relagao 2. habita<;fio Xa-
Ftlnai.gov.br/inde><.htm1 VI3'll:fl, Gl.ACCA.RlA, 1972 .
14-. CINTA LARGA, 1988. E importante chamar a atengéio aqui para 0 processo de exterminio 2!. A are .~.»..p..-11-.., ¢....rm. CAIUBY, 1983, p. 6.
através da propagagéio de doengas européias, que tem marcado a colonizagéio das Américas
desde 0 seu primérdio. Neste processo, os povos nativos tornam-se presas fziceis para as
cloenqas até entéio desconhecidas e para as quais néio apresentam nenhuma imunidade.
TR/l-DIC/l() MODERNIDADE: DIFERENTES APROXIMACCES
15. CINTA LARGA, 19ss, p. 9.
1. MARX; IENGIELS, 1998.
16. CINTA LARGA, 198s, p. 9.
2. IAMESON, 1997.
17. GI?-IEERBRANT (1992, p. 120-121) relata-nos situagoes semelhantesz
3. WELSCH. 1987, p.9.
”O_,desenvolvimento afetou 0 fluxo de agua na bacia amazonica, que serve nao apenas como
_u..ma redo insubstituivel de transporte, mas também prové as comunidades indigenas peixes ‘I
para suplementar a protema anunal, llmltada de outro . modo ao que podem a p anhar co m a
caqa na Floresta. A0 longo de grande parte da bacia, o mfunero crescente de usinas gigantes e 8. HAISERMAS, 1981. P. 8.
a poluiqao rapidamente crescente quase dizimararn o grande, mas inofensivo, pirarucu, que
jé foi a base alimentar da regiao porque pesa freqi'1ente1nente duzentos quilos. No inicio do 9. GIDDENS, Anthony. "Reason without Revolu.tion?”, In: BERNSTEIN, 1987, 13.97-98-
século XX, comérclo de p1rarucu seco ou. salgado era tao importante que ele era muitas vezes
c lmmado de bacalhau da agua doce. 7. 1-IABERMAS, 1981, p. 9.
Rlo acima, nos rios de montanha, 0 mercfirio utilizado pelos mineradores de ouro matou os ei-
. 9 . . . . -- .¢1 K ‘k. t‘ . ,n° 45.1/.6. 1981) 919 1- l"l9l1vm19Hl
8' "Numa ujlrlblvlsllll lll: llllivroollolinltwlrliarjl cll)al.1l“o como 2. critica da reificaqfio’, da
xes no longo de centenas de quilometros, nas mesmas regioes em que 0 solo é tao pobre queP as
rn l zas
\ cl a mandioca nao pesam um quarto do que pesam em outros locais. Assim, mais um outro sglglllzllagfiglcw nlllllfiler rbfdrnndlada paraloferecer uma explicaqao toorica para a decadérlcla do
(“tudo de ‘|S,_..~nll....1~m- _qQ¢ial' por um lado, e por outro o potencial critico encarnado nos novos
tormen to so abate sobre a populagao das aldeias: a desnutrig€1o.” (tradugao do autor)
movlmentos sovials — sem descartar o projeto da modernidade e cair num pos ou anl1-moclvr-
1s. BENJAMIN, 1989, p. 123. l1llm0",.conl'a-nos Giddens ln: BERNSTEIN, 1987, p.98.
20. l5E'NJA'MlN, 1973, "p. 102 ou 1983, p. 457. Andrew Benjamin comenta: “O que esta cm IQ. PAZ, "1984-, p.26.
jogo aqui 1-‘: uma d.istin¢;€1o entre dois reinos; uma diferenqa do género. A escada,a experiéncia
do narrador marca um tipo do totalidade N50 é aponas a soma do l-ocla-4 as ox aoriéncias clo
‘ 4 | - ' L n _ I 1. 1 . S.
11. PAZ. 19!-34. 19.28.
m1|'|'ador. Um n1'1moro eles:-ms v><|:>erl0|1cias nao siio mais que o resultado do haver escutaclo
9, com I uso, tendo absorvldo e rcpt.-lrlclo. A tot-alicladv é a l-rndiqfio. () sou pm-1.=mdo nao oxistv 12. PAZ.‘ 1984. p.30.
torno uma sdrlv do vvvntos cllsvrvlon em si. Muito mais ele pornmrlvcv como rltual. A con-
tlnuldacle do ritual é 1.1 re|.1el"lqHo do narrador. A oac"nc'la, no longo da tgtral o rmrrndor so move 13. PAZ, 1984. 11-33-.
\ p odarlauerv1al*o»~como a repel - 1'tho' a a pormnnémla
1 da trndlgllo.
1 ‘ 1 ” B' . NJAMIN.
A I989,' p. 'I27.
"
trnduqlb do autor) _ \ 14. PAZ. 1984. P-47-
lé
imimmmtul
17.1-IABERMAS, 1988, 6.86. I thlorio dc l'art a touts entiére pour axe la ’beauté modemé et le critere dc la mocler
lllmblo Otre ceci, qu'elle est marquée au coin de la fatalité d'étre un jour Vantiquité at
1B.SU1\/IMERSON, 1982, 6.91-92. ill rivbla h celui qui est témoin do sa naissance C’est la la quintcssence de l'i1'nprévu
1.11 our Baudelaire comme une qualité inaliénable ciu beau Le visage. do la moctcrni
19. TAFURI, 1979, p. 37-40. ”A partir do 1nomento em que Brunelleschi institucionaliza um m me noun foudrole d'un regard immémorial Tel le regard do la Méduse pour lea
668156 ltngtiistico
'1 ' e um. sist ' bél ico baseados no confronto supra-historico com o gran-
" ema sun BENJAMIN, 1988 p 72
dc exernplo da Antigftidade, no momento em que Alberti jé nao se contenta com um histori-
cilmo m tico e explora racionaimente a estrutura daquele codigo nos seus valores sintacticos tl5ERMAS 1983 p86
bom como nos elnblematicos, nesse lapso de tempo, diziamos, esboga-se a primeira grande
tuntativa, na .l1.istéria moderna, de atualizagéo dos valores histéricos como tradu 50 de um BIRATS 1984 p 50
<2
tempo mltico para um tempo presente, de significados arcaicos para mensagens revoluciona-
1‘lllB, de ‘palavras’ antigas para agoes civis" .BERMAS 1983 86
24. 1*-IABERMAS, 1987, p.116. tR1NL'l'Tl l"l Manifesto do futunsmo” In TELLES 1985 p92 93
31. Para um comentario da situaqfio que se colocava para os arquitetos e urbanistas no final BBRMAS 1988 P20 2|
do século XIX ver I-IABERMAS, 1987, p.11.8-120.
IERMAS 1988 87
32. PEVSNER, 1982, p.360.
:13. BENJAMIN, 1988, p.213. RM D/1 ARQLH r1. FUR/i 1. PRESERVAC/10 no PAIRIMONIO 01/i1.oc.os
34. PEVSNER, 1982, p.872. 1!'Illa11te perceber as p0LL1ll£l1‘1Cl&1(.1G8 do papol do Estado frento ’1 ]JI'0Pl‘l0Cl£1LlL pt ivudu,
35. BENJAMIN, 1.985, p.31. ll refere .1 preservaqao do patrimonm, nos paises angle '-.axomcos A1-r-urn, na lngla
Ii I61‘ apenas mm o Anuent Monuments Pl‘Ol.0LfiO1'1 Act do 1882 que o hove: no tie
36. HABERMAS, 1988, P. 87. ti‘tn, pela primeira vez, um papel positivo na protc.-t,ao do '-1it|o~. 111stt’>r1to~1, n1esmoqtw
lira cautelosa e timida ironic 1. pressao tontra a intorferenua na propriedado privada
37. I".lAl3ERMAS, 1985, p.18. O Ito concuntra so em bens sobre os quais poderia havor pouta tontrovérsia, como
I
twoiogicon, e monumentos mcgaiilitos Strike, 1994 p I21) Nos Estados Unidos, por
35.1‘-'0t.;LIT'I‘.J-1.. 1987, 6.9. I mon o Anti uitiaa Act em 1906, que dava ao P1‘O81ClG1'1lC a posslbilidadt cle clenlgnar
1lntou nncicma I a nition do interesse 1'1int<'1rico ou ciontifito, do ptopriodacte federal :1
39. HABERMAS, 1983, p.86. ml Hiltoric Sim Act do 1935, qua dnva no Seu-etario do interior a possibilidado do
rpropriuclaclun 1.1.1.1116... ciu Iigniticnqlo nacional Na pratica, no entanto, as propria
40. HABBRMAS, 1985, p.18. I0 nmpro adquiriclu por ato: upociail do Congrauo
1] '
1
| mpattu, cmltn 9 din 4| I0: tinl Pram-vaton of New England Anflquitiol
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el1egamos ao ponto do termos mais do uma cidade num ...'. século. Isso é particularmente come aunidoa do casos politicos dosonvolvidas om varlos paises .....;1t*.-......6..1.~..... Naquole
vlllvel om cidades como Bolo ll-‘lori7.ont"o, ondo, hojo, quase so o permanoncio do plano - tra- trabalho, a partir do porcopcata do falta do motodologias roconhocrldos e amplamente aceltas
lda lneilperadamonto pela visto privilegiado do alguma osquina - aparoce como t"estomunha para 0 reeonl1eclmento dos valores culturais, e também das clificuldades do so com paror os
da1i]ueIa cidado construlda num planalto poeironto, sobro os oscombros do arralal do Currol iflttltadoa no reconhecimento dos valores culturais e economicos, procurou-so iluminar va-
De Rel. A esse respeito, confira CASTRIOTA, 1998, p. 19-35. l'l0l desses as ectos. Confira as principais publicaqfios dorivados daquele trabalho: GE'l""l'Y
6. 5116118, 1992, p.107.
CON!-itiRVA1'lJ()N INSTITUTE GCI, 1998, 2000 6 2002.
3. Aioiu Rlegl, 1858 -‘.1905, historiador da arto, foi um dos mem.bros da chamada "Escola do
7. Sol-are a propriedado no Roma Antiga, confira CRETELLA ]R.,1.97'l, p.113-125. Mais sobro Viana”, tendo sido designado, em 1902, prosidonto da Comissao do Monum.ontos Historicos
o problems pode sor encontrado om FINLEY, 1976, que apresenta um estudo detalhado do dd Austria, o oncarregado por ola do roalizar a reorganizacao da logisla<;€1o do conservaefio
tema. don monumentos, ta refa para a qual preparou seu principal texto sobre o patriménio, O Culto
Meclerno dos Monumontos.
8. Nosse mesmo sontido, CHOAY, 1992 faz uma intoressanto abordagem do fondmono do ox-
pansflo do conceito do pa trimdnio, idontif1'cando uma tripla oxtensfio do mosmo: tipologica, 4. Maia sobro a rostatiracgao do Paco, confira CAMPELLO, 1984.
cronologlca o geografica.
B. A respeito do estética e dos ostudos culturais, confira os trabalhos essenciais do Raymond
9. A esso respeito, con fi ra a abordagem dialética que Herbert MARCUSE faz no onsaio ”Sobro Williams, Cultura o sociedade: 1780-1950, 1969 o Marxismo e Literatu.ra, 1979. Confira ainda
o Carelter Afirmativo da Cultura" 1.997, p. 89-136. Steven CONNOR, 1992.
1o. Nosse .46..1-1.16, ¢6..16.~1.~ MIAGALPIAES, 1.984, p. 40-44. 6. A esso respeito, confira BURKE, Peter. O quo é historia cultural?, 2005, no qual o au tor
aborcla a ernorgéncia, a partir do década do 1970, dos aspectos culturais do comportamento
11.. A esso respeito, confira BOSI, 1987, p. 33-40. l'1t.tmano comolcontro privilegiado do conhocimonto historico, 0 que ele chama do ”virada
¢ult'ural.".
'12. Sobre o lnstituto do tombamon to, confira os interessantes estu.dos do CASTRO, 1991 o do
PIREZS, 1994. 7. Confira no site: http://imagel.nps.gov/lizardtoch/iserv/getdoc?cat=l\lHLS&itom=Text/
NHLS-729ff82c55d34b5dao428oe9083802e0.cljvu8:D]VUOPTS&thumbnail.s=tru.e
13. Uma tentativa recento nossa dirocéio fo.i 2. oxperiéncia do lnventario do Patriménio Urbano
a Ctlltural do Bolo Hori:/.onl.'e (IPUC-BI-I), amplo sistoma do coleta o sistematiza<;€1o do infor- Q. CAMl’OF1OR.l'I'O, s/d.
maqélo, implantado, a partir do 1993, inicialmente pola Profoitura Municipal e, om seguida,
pela Universidade Federal do Minas Gorais. Associando pesquisa documental o trabalho do 9. Nosse mosmo sontido, CI-IOAY, 1992 faz uma intoressanto abordagem do fonomeno do ex-
campo, o l"PUC-B.l~l olabora diagnosticos das localidades estudadas, a partir do sous aspectos pamllo do conceito do patrimdnio, identificando uma tripla extonséio do mosmo: tipologieo,
arqultotfinioos, h"istoricos, sociolégicos, antropologicos o econfimicos, .nu.ma tentativa do criar fironologico e goografica.
um lrlsirtimento quo, ao mesmo tempo consiga registrar o patriménio urbano e cultural om
lieu sentido mais amplo o possa sorvir do base para um planejamento mais cuidadoso, quo ID. A esso respeito, confira a abordagem dialética que Herbert MARCUSE faz no ensa.io "So-
love om eonsidoroofio as particula.ridados o identidades proprios dos divorsos ”podacos” do lm 0 Carator Afirmativo da Cultura", 1997, p. 89-136.
motropole, Nosse sentido, confira CASTRIOTA, 1998, p.01-1.7 ou o capitulo “Inventories ur-
banos como instrumontos do consorva1;ao”, dosto volume. 11. A esso respeito, comenta Carlos Nelson Forreira dos Santos, roforindo-so ao caso brasi-
litre: “Quando so pensa om prosorvar, alguém logo aparoce falando em patrimonios o torn-
¢4.c|-1-1/tut, 1992, 6.46. lfilmantos. Também so consagrou a cronga do quo cabia ao govorno resguardar o quo valia o
pona. Como? Através do ospocialistas quo teriam o direito o poder-saber do anallsar odiffcios
15. CARTA do O1.1ro Proto, Ouro Preto, 1992 (mimoografado). I ¢ll pronunciar veredictos. Esses técnicos praticariam uma ospécio do acao sacordotal. Alri-
bulam carater di.stintivo a um dotorminado odificio o logo tratavam do sacra|.iz2’1-lo frento aos
16. SANTOS, '1 986, p. 59-63. Nosse sontido, confira também SANTOS, 1990, p. 33-74. fllpactlvos contoxtos profanos”. SANTOS, 1.986
17. 3ol1|'o o conceito do ”patrim<“1nio ambiental urbano", confira CURTIUS, 2003, p. 330. 12. A esso respeito, caberia aeompanhar toda a discuss€1o quo hoje so trava em torno do cho-
made "pJat‘ri1n011io intanglvel", quo vom sendo dosonvolvida pelos organs intornactonols
801710 a NliSC() (www.unesco.com) o, no Brasil, polo IPHAN (www.1phan.gov.br).
C('JNS1lRV/l(,I‘/lo 1: v/tros 1:s.- Pmzsstivosros "l"I?(')RiC().'~‘ '17/1S 1>o1.i'1'c/is 13. l'1l‘ltp://www.unesco.org/cultu re/ioh/indox.pl1p?topic-=mp&cp=MA#TOC 1. Acosso om: lll
110V. 2 UH
1. l.mportont'o posiqfio nosso area tom o filosofo jtirgon llabormas 1929-..., quo dosenvolvo
sua 'l"eoria do Aeoo Comunicotiva dontro do qual dofendo a 1.161.. do uma “otica t"liscursivo”
1‘. Conflra mais dotalhos sobro o rogistro do lioira do Caruaru no site: htt P ://1ortal.i-1l1an
l l -
lbaleada no dltllogo, por sujoitos eopo7.os do so posleionor criticomonto diante do normas. Do g‘V.b1'/portal/monto rl)oto lho(“on tou do.do?id-‘l 3492&sl glo-lnstitucionol&rol'or|1o-detoIheln 9
acordo com sua porspoot'lva, quo so opoe ao rolativismo rolnonto, vai sor polo uso do argu- fttolonal. Acosso om: 11) nov. 211118
montoa raelonols quo um grupo podo ohegor ao consonso, .1 solidorledodo o it eooporot;1’1o. A
ralpalto da rola1;iloonl-ro o atividado olontlfica o os valores, eoniiro |.AC1iY, 2008. 1!. ICOMOS. zoos, 6. .1.
2. O projeto A(.iO'l-IA iol uma pauqulna multldisolpllnar quo, eomblnada vom um projeto pa- MI iZANCl~lE'l'Tl
~ .1 211081:
I I 7.: "l'or um
"' lado,
. palrlmonlo
- matorial
‘ torna
ll "no uma tale
l l orla social
ralelo molar: a oconomia ela cannervaqlo do patrimonto, iniciou-no em ‘1995 e fol levada a cabo .81 8 valia quando 6 extlrpada do nun valeru culturais lmaterialn, portanto, irrelovaxtte para o
I111 2003, procurando invutlgar l quutle deu vale:-an no campo cla cenmvaqlo, tomando ~ A I-fl'tI1'1lO do deliavolvlmmto oriantacie. For outro lado, o desenvolvimonto
CUZTIJML - Cmmlm, political. inntrummtua
~ Nata:
ltlltintdvel, emuma forte orientaqao cultural, seja ela material ou imaterial, torna-se um progra-
ml Ioclnl 0 politica de pouco slgnificaclo e relevfincia para a grande maioria das pessoas enga]a- '15. CASEY, I993, p. 11. '
dll nu etrnnufonmqlo economlca e social."
16. Aqul ae pode perceber a clara lnfluéncia cle Merleau-Ponly e o tratamen to que este reserve
17. HUYSSEN, 2000. IO tema do "corpo" em suas diversas obras. Confira, principalmente, MEI~lLEA.U-PONTY,
1999.
15. Nclte sentido cabe destacar as chamadas "novas politicas urbanas", com a introducao de
pamrlau, a adoqao cla forma contra tual e as negociaqoes urbanas que ocorrem hoje no éimbito 17. Em HAYDEN, 1995, p. 3.
dnl politica; _pL'lblicat-1, sobretudo nas areas de reabilitac€1o, de preservagao de patrimonio, de
mlio-Ilmbiente, das politicas sociais e capacitacao de mao-de-obra, mas também na policia e 18. SANTOS, 1986.
M jultiqa clentre outras. Cf. ROLNIK, Raquel. Planejamento urbano nos anos 90: novas pers-
puctivas para velhos temas. In: RIBEIRO; SANTOS ]R., 1994, p.351-360. 19. HAYDEN, 1995, p. 5.
19. PEREIRA; MACHADO, 2008. A esse respeito, confira também PEREIRA, 2002. 20. CASEY, 1987, p. "186-187.
20. PEREIRA; MACHADO, 2008.
21. Idem, ibidem.
23. Para a autora, por exemplo, a ”memoria do lugar” poderia incluir memoria pessoa]. da
VI'C'ISSlTLl'DES DE UM CONCEITO: O LLIGAR E AS POLIITIC/lS DE PATRIMCNIO chegada e alguém 2. cidade e ligacoes emocionais ai, memoria cognitiva de seus nomes dc
mas e layout das ruas, e memoria corporal das jornadas rotineiras de casa ao trabalho. HAY-
1. A esse respeito, confira: United Nations Centre for Human Settlements HABITAT, 2001. DEN, 1995, p. 47
1. Unitecl Nations Centre for Human Settlements HABITAT, p. 38. 24. HAYDEN, 1995, p. 54.
3| 25. HAYDEN, 1995, p. 55.
4. A one respeito, confira HARVEY, 1. 993. 26. City Lore é uma organizagéio cultural dedicada a promover o patrimonio cultural vivo do
Nova lorque e outras cidades através cie publicagoes, media, e programas escolares e comu-
5. Clifford Geertz, Posfacio a Senses of Place; FELD & BASSO, 1996. nittlrlos. Confira: www.citylore.org y
6. Uma boa resenlw cla bibliografia recente sobre o assunto pode ser consultada em http:// 27. A Municipal Art Society é uma organizagéo privada, sem fins lucrativos e de participacao
WWw.augLmtal1a.ab.ca/~janzb/place/readfirsthtm. voluntéri.a, que se engaja em ”enriquecer a cultura, comunidades e 0 design fisico da cidade cle
Nova Iorque. Confira: www.mas.org
7. RAPOPOI-IT, 1994, P. 04.
Z5. http://www.placematters.net/pm_historic_register.html.
0. WEi35TER'S encyclopedic unabridged dictionary of the English language, 1989.
I9. Sobre a gentrificacao, que é definida pelo Longman Dictionary of Contemporary English,
9. Cltado por CASEY, il.997b. como “o processo pelo qual uma rua em que pessoas pobres viviam, muda quando pessoas
C0111 mais dinheiro passam a viver la”, confira o ensaio classico de Neil Smith, “New City,
NOW Frontier: the Lower East Side as Wild, Wild West", em SORKIN, 1992, p. 61-93.
11. A teorizaqao mais antiga a respeito do lugar seria a do Arquitas de Toronto, um pitagc'>rlco 30. HAYDEN, ‘I995, p. 62.
qtli vlvou no seculo IV a.C.. Como varios tratados da Antigiiidade, so sobreviveram fragmen-
hil dl nus eucrltos, nos quais a idéia principal parece ser a conclusfio ltigica de que o lugar 31. l'\l'l'p://www.placematters.net/pm_m_ission.html.
min anterior a todas as coisas, do que so segue que “ser é ser no lugar". Nada uxistiria so
nlo IXlll‘|!lIIe, entilo, num lugar, do que também so deduv. que o "lugar" em si 6 nada: so vlv
hill lllgo, teria que estar nu m lugar, e assim ad infinitu m. A esse respeito, veja CASEY, '1 903.
NAS .E.'NCRLI7.ll.I-IADAS no 1>1:si:1\/vt*>z..v1Mm\1'r0.- A TR/l]E'I"(')Rl/i DA PRi:s1*:1<v/to/it:
1:. Ii 997i’). D0 PA'I‘RlMONl() ISM num) !’RlI'I‘()
1:. Confirm KOYRE, rm. 1. EMITH, 196:9, p. 28.
Afilgl;
relpeito, confira principalmente CASEY, 1982; LTASEY, "19!-$7; CA!-IEY, 1993 e CA- I. Cf. MARX, 1980, p. 24.. E Interennantegpercubarmou como ossas leis também |.s llnham nldo
‘ 0 - , A pneldidau por vdrlan outrun tontativa: I ordunamento urbano.
Z2. ANDRADE, 1975, p. 153. (tradu<;€1o do auto.r) 7. A esso respeito, confira a abordagem dialética que Herbert Marcuse faz no ensaio "Sobre o
carater Aiirmativo da Cultura”. MARCUSE, 1997, p. 89 -136.
13. CASEY, 1987, p. 186-1.87. A esse respeito, 0 mesmo autor obsorva ainda: ”We might ovon
ny 1:11:11‘ memory is naturally place-oriented or at least place-supported." B. Nesto sontido, conforir MAGALHAES, 1984, p. 40-44
24. Coniira ALBANO ot al, 1994, _p. 104. 9. A este respeito, confira BOSI, 1987. A UNESCO também tem se debrucado sobro a quoslfio,
propondo a proteqfio ao chamado patrimonio intangivel, com a adocao do dois programas os-
I8. A esse respeito, cf. ALBANO et al, 1994, p. '1 ()4. pee ficos, os '1"osouros do Patrimonio Oral e imaterial da Humanidade e os Tosouros H u ma nos
ivos do Humanidado. No Brasil, também rocontomonto rotomou-so osta discussao com a pro-
16. EERNDT, 1995, p. 221. Esto tipo do conflito, so comoca a sor oquacionado nos ultimos mtiigaciio do Decreto N. 3.551, do 4 do agosto de 2000, que insti.tuiu o rogistro do bons imatoriais
mon, com a criacao, om 1993, do ”Grupo do Assossoramonto 'l‘écnico” GAT, quo foi formado I 0 Programa Nacional do Patrimonio lmatorial.
1-'11.11'1'\ll tentativa do realizar a articulaqao das divorsas osforas govornamontais envolvidos no
pi-como do preservaqiio do patrimonio. 10. lNS'1”i'I'U'TO DO l’A'l‘RlM‘ONlO I AIISTORICO E ARTISTICO, 1995.
27. Ct. FISCHER, 1994, p. 1107. 11. A esse respeito, 6 intoressanto conforlr BLEYON, 1979, cujo estudo mostra a inaclequaqiio
I don modos do protocflo tradicionais quando confrontados com a quostao da saivaguarda do
ll. lclern, p. 125. Pltrimtinlo urbano. O autor l11()lllTt‘t ainda como vao so roforqando o podor do int'orvo|1qt1o
dou governors locais o a introduclio do politicas do prol~ot;tio planolada com a cr|ar;i1o do se-
29. Idem, p. 132. itflrll protogidos, o delenvoivimento do acompanhamonto arquitetonico e a constituiqiio do
plrimotrou do ontorno, bum como 5 inltlurnq 0 das chamadas “ZOFIEII do carater pltoresco"
m France. Cains mom quo 0| mom protogidos aha prececllclon naquele pain elas ontornan
i. dei monumental tombado! dl l 0 matron quo GOiOt2I!'11_iDI11'l‘QI i.nto1?ros nab s pro-
MTRIMONIO CULTURAL - Casrnitaa. paiiiirsn, irintrummtm I I Nata:
2.1. ANDRADE, 1975, p. 158. (traduofio do autor) 7. A esso respeito, confira a abordagem dialética que Herbert Marcuse faz no ensaio "Sobre o
Caroter Afirmativo da Cultura”. MARCUSE, 1997, p. 89 -136.
13. CASEY, 1987, p. 186-187. A esse respeito, o mesmo au tor obsorva ainda: “We might oven
any ‘iZi1Hi"1‘I‘IfliTiOi‘y is naturally place-oriented or at least place-supported." 6. Nesto sentido, conferir MAGALHAES, 1984, p. 40-4.4
24. Contira ALBANO ot al, "I994, _p. "104. 9. A este respeito, confira BOSI, 1987. A. UNESCO também tem so debrucado sobre a quostfio,
propendo a protoqao ao chamado patrimonio intangivel, com a adocao do dois programas os-
25. Acne respeito, cf. ALBANO oi al, 1994, p. *1o4. piec ficos, os Tosouros do Patrimonio Oral e imaterial da Humanidade e os Tosouros iiu ma nos
ivos do I "iumanidado. No Brasil, também recentemente retomou-so esta discussao com a pro-
Z9. BERNDT, 1995, p. 221. Esto tipo do conflito, so comeca a sor oquacionado nos oltimos lntligtiqiiti do Decreto N. 8.551, do 4 do agosto do 2000, qu.e instituiu o rogistro do bons imateriais
I11-OI, com a criaqiio, em ‘I993, do ”Grupo do Assossoramonlo 'ii.'~cnico" (1/\'i", que foi iormado e o Programa Nacional do Patrimonio imaterial.
numa tentativa de reaiizar a art-icuiaqfio das divorsas osioras governamontais onvolvidos no
pfaclllo do preserva<;ao do patrimonio. 10. 1Ns"rrru'ro no I’/\'l‘RlM('1Nl() I-r||S"F(')R|C(1 Ii /\R"l‘iSTICO, -1995.
A I7.Ct.FIBC1-IER, 1994, p. I07. I1. A esse respeito, oitilorossanto conferir Hl....I.iY(‘)N, 1979, cujo estudo mostra a inacleqL|a<;Eio
dos modos do prolootio tradicionais quando confrontados com a quostao do saivaguarda do
II. Idem, p. 125. patrimonio urbano. O autor mostra ainda como viio so roforqancio o podor do Intorvonqao
dou governos locais e a introduqao do poiiticas do proloigoo pianoiada com a criaqao do se-
Ii. Idem, p. ‘I32. . tores protogidos, o desenvolvimonto do acompanhamonto arqullelonlco e a ooostltuiqao do
perimetran do entorno, bum some I it1lII1.11‘l¢ o das L‘i1t?ilT\t'iCil\I “Z0111!!! do carater pitoresco"
I 1 I
an Francs. Cube anota: que ol lltem pretlgidos ulio precedidon naqueie pais ele: entorno!
don monumlntol tombado: dll 0 matron qua colocara bairro: ifli2I1)I'0I lob a pro-
£2
.. ..
teqflo do chamado ”arqulteto do od"liica<;oes da liranqa ”batlmen ts do Franco" A esso respeito, 4. VlLI..A(,TA, 1999. ' '
confirm FRIER, 1979.
5. A esse respeito, con Ii ra VA RGAS, 2003.
12. A respeito da traiotoria das politlcas do preservacao nos Estados Unidos, contira os capi-
tuios ”l~Iistorla da arquitetura e proservacao do patrimonio: dialogos” e "Conservaqao into- 6. VARGAS, 2008.
grada e revltalizacao: o Projeto Lagoinha” neste volume.
7. VARGAS, 2003.
13. '1"lES'D ELL; oc; 1---mart-1, 1996, p. 4.
8. CASTRIOTA, 2003-b. l\/Iais sobre o patrimonio ambiental urbano, confira o capitulo “Alter-
14-. SAl\lT'ANl\IA, .4/a. nativas contemporaneas para politicas do preservatgao”, deste livro.
15. BERNDT, 1995, p. 221. 9. Num processo de abstracao, esse ti.po de planejamento termina reduzindo o ospaeo ao sou
valor do troca, que, como sabomos desde as analises da economia, prima pela fungibilldade
16. INSTITUTO DO PATRIMONIO HISTORICO E ARTISTICO, 1995, p. 232. universal.
1B. O au tor lembra-nos que "a preservagao da forma tem implicagoes para as funcoes urba- 1.1. O ESTATUTO da Cidade, no seu artigo 35, estabelece que esse instrumonto pode ser uti-
nas, e a conserva<;5o entfiio se torna um instrum.ento de gestao urbana.” Assim, “usos do solo iizado em areas que 0 Pod.er Poblico con.sidere necessarias para a impla'n.tac;5o do equipm-
corrento e futuro, circuiacao, e nao menos importante, composicéio d.emografica e social em mentos urbanos e comunitarios; a preservacéio, quando 0 imovel for considerado do in torosso
tais oreas tornam-se envolvidas em questoes de conserva<;éio". BURTENSHAW, p. 154. Como historico, ambiental, paisagistico, social ou cultural; ou para servir a programas do regularl-
co|1se<.']ii£.-’~ncia de tal mudanca, a preservacao de edificios e espacos individuais passa a ser zaqiio Iundiaria, urban.iza<;ao de areas ocupadas por populacao de baixa renda e habitaqfio
vista como um.a condicao nocessaria, mas nao suficiente para a conservacao. do interesse social.
19. A respeito desse debate, confira LA REGINA, 1982. p. 39-55. Sobre a metodologia detalhado 12. A respeito da idéia de gentrificacéio, confira SMITH, 1996.
usada em Bologna, confira CERVELLATTI; SCANNAVINI, 1976.
20. Para uma discussao desse tema, confira SIMOES, 1994; SAVITCH, 1991. Sobre a perspec-
tiva da reabilitacgfio intograda, confira. BORIA, 1995. _ INVENT/IRIOS LIRBANOS como INSTRLIMENTOS DE CONSERVAQAO
21. SANCHEZ, 1999,13. 119. . COSTA, 1996, p. 457.
22. A esse respeito, confira PEREIRA, 2008. Neste sentido, cabe destacar as chamadas "novas 2. ANDRADE, 1987, p. 29.
politicas urbanas”, com a introducgéio de parcorias, a adocao da forma contratual as negocia-
goes urbanas que ocorrem hoje no ambito d.as politicas publicas, sobretudo nas areas do roa- 3. MOTFA, 1987, p. 108.
lvilltaqfm, de preservacao de patrimonio, de meio-ambiente, das politicas sociais e capacitaqiio
do mile-do-obra, mas também na policia e na justiga dentro outras. 4.. INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMONIO HISTORICO E ARTISTICO DE MINAS or.-
RAIS, 1.985, p.5.
23. ACSELRAD, 1999, p. 79.
5. s/10 PAULO, 1987, ip.5.
24. Como constata Erminia Maricato, na América Latina nao encontramos ainda nonhuma
experiencia significativa de reabilistacao urbana em grande escala, Alguns projetos pontuais, 0. 5/10 PAULO, 1987, p.9.
como os implementados em Salvador, Sao Luis, Recife; porto Alegre, Sao Paulo o Rio do
janelro servem como indicadores de uma “volta ao centro", quo nao conseguom uma escala 7. Neste sentido, realizou-se também nos anos de 95 e 96 uma experioncia-piloto: a partir
mais ampla exatamento pela falta cie uma politica urbana nacional, com linhas do financia- do IPUC - Lagoinha foi construido um projeto de reabilitacao intograda para aqueia rogliio,
monto proprias e o enfrentamento daqucla questao que parece central para a autora - a do cuias promissas o rosultados reiatamos em trabalho anterior. CAS'l"RlOTA; i.’ER|.iiRA, I997,
moradia social nas oreas a serem reabilitadas. MARICATO, 2001 P0 20-240
DEMOCR/ICI/’l II P/lR'l"'lClP/IQ/IO: Pi./lN()S l")lRE'l'()RiIS II P()I.l'l'iC/IS I)() P/l'l'RlMONI() 9. Elena (lraoff anota quo ontro os bons selecionados haveria uma ”nitida prodominlincia
daqueies que apresentam valor historico -- vinculado a algum Iato ou personalidado do nossa
1. A esse respeito, confira CASTRIOTA, 2003. itlltoria -, ou dos quo ropresentam carocloristicas arquitetonicas rolacionad as in arqultotu ra do
origem porl'uguosa, ou dlta aqorlam1". (}l~iAl.iI1I1, 2001, p. 40.
2. A esse respeito, con lira CA5-l'l"RiO"'I‘A, 1999 o Cl IO/\Y, 2002. ' I-
_.—_1.\ c.
10. MEIRA, 2002, p. I57.
3. No capitulo “Nas encn.|r.lil1acias do desenvolvimonto", acompanhamos a trajotorin clan
political cle preservaqllo em Ouro Preto MG, que examplliicnm bom essa dlssoclaqflo entre 11. Apenar disso, e do aspecto participativo lntrocluzldo pelo 1" PDDU, ele ainda pode ser
politica: especlfican do patrimoalo a an politica! poblicas em geral. I clracterizacio, como mostra I-'1! ton Eltivliut Belle, como “um deudobramento da lnfluéncla
da Carta ciu Menu an canltruqla til cidade". HELLO, 2002, p. 117. .
m
I2. (IRAI:ll-iii, 2001, p. 41. 28. ”/\pontaclo como docorroncia, em grando parte, dos progresses alcanqados pela propria
lncitlslrlallzrugao da roglao, o osvaziamento traz conarios tlplcamento pos-lndustrlals . paisa-
I3. Assim, por oxomplo, logo no inicio do um dossos textos, o arquiteto osclareco quo ao so gom urbana, mosmo do cidades iatlno-amoricanas como Porto Alogro.” CAS"I"EI.l..O, 2003,
substantivar a oxprossao "ambiontal urbano”, quis-so na verdado responder 2. ”imposit,;ao da p. 247
nocossidado do so precisar o que dontro das cidades é mais do quo o Patrimonio Historico, o
nao abrango todo o significacio do Patrimonio Cultural”. CURTIS, 2003, p. 329 29. Segundo o Art. 92 do 2" PDDUA, as "Areas do interosse Cultural" sao aquolas areas "que
aprosentam ocorroncia do Patrimonio Cultural que dove ser proservado a fim do ovitar a
14. CUR'l’|'S, 2003, p, 330. perda ou o dosaparecimento das caracteristicas que lhes con forom pocuiiaridado”, sondo quo
a proservacao do “Areas, Lugaros e Unidades" devora so fazer "pela definiqao do regime
'l 5. CURTIS, 2003, p. 334-334. urbanlstico ospeclfico, por tombamen.to e inventario".
'6. GRAEFF, 2001, p. 42. 30. Confira a Lei Complemontar N" 601, do 23 do outubro do 2008, quo ”di.spoe sobre o ln-
ventario do Patrimonio Cultural do Bens Imoveis do Municipio” do Porto Alogre, no Anoxo
-7. A.on1 disso, o inventario ainda permitiria "promover 0 acervo, visando ampliar a cons- 2 dosto livro.
eienl"iv.ac;ao da comunidado no sentido do sua preservacao; auxiliar na eiaboracao do roteiros
turistico-culturais; subsidiar programas do educatgao patrimonia.l e trabalhos do pesquisado-
ros; e por lim, aporfoicoar a atuagao do Poder Publico Municipal visando maior abrangéncia,
eficacila o agilidado o controle na tarefa do zelar polos bens culturais imoveis do Porto Alegro”. Rl.iGlS'l"'R(.) C LIL'i'lJ.R/ll. E OS DES/-IFIOS DO PATRIMONIO IMATERI/IL
E.PAl*iC, s/d
1. A propria Convongao para a Salvaguarda do Patrimonio Cultural Intangivol, a provada om
‘I 8. Ii. PA I IC, s/d. 2003, enuncia: ”Reconhecendo que os processos do mundializacao e do transformaoao social
por um lado criam. as condigoes propicias para um dialogo renovado entre as comunidades
19. Segundo o PDDUA, integram o patrimonio cultural do Porto Alogro o “conjunto do bons porém, por outro, também trazem consigo, ..., graves riscos do deterioraoao, dosapariqiio o
imoveis do valor significativo - odificacoes isoladas ou nao -, ambiéncias, parquos urbanos o dostruicao do patrimonio cultural imaterial, devido em particular a falta do rocursos para sal-
naturals, praqas, sitios e paisagens, assim como manifostagoes culturais - tradigoes, praticas vaguarda-lo.” Uma interessante discussao dosso topico é empreendida pelo socioiogo N ostor
e referoncias, donominados do bons intangivois -, que conferom identidade a estos espacos”. Canclini, no livro Consu.midores e cidadéios: Conflitos multiculturais da globaiizaqao 1999,
em quo mostra como a globalizacao, baseada nos modelos economicos e politicos neoliberals,
20. O Art. 14 define o Patrimonio Cultural, também do forma ampla, com.o “o conjunto do bons iortaloco os meios do comunicacao do massa como principal fonte do consumo da maioria
imoveis do valor signil‘icat.ivo - edificagoos isoladas ou nao -, ambioncias, parques urbanos o da populacao, principal.monte d.as classes populares, enfraquecendo as culturas locais, as-
naturais, pracas, sitios e paisagens, assim como manifestacoos culturais - tradicoos, praticas sim como os instrumontos do participacao politica tradicionais, como partidos, sindicatos
e roforoncias, donominados do bons intangiveis -, que conferem identidade a estos ospagos”. e movimentos sociai.s. Ao mesmo tempo, Canclini discute como a idontidad.o cultural dos
povos, cada vez mais fragmentada pela auséncia do um espaco publico atu.ante, om quo so
2]. No final dos anos 1990, a Secretaria do Industria o Comércio, através do Projeto Porto ponse a nacao como totalidade, pode ser alvo do politicas publicas. A sou. ver, apenas o lista-
Alogro Tecnopolo, havia identificado aquola rogiao como “do potencial tocnologico para a do, revitalizado, ”como ropresentante do interesse publico, como arbitro ou assogurador das
llnplantaqao do um programa do modornizacao economica”. Além disso, a Secretaria do Pla- nocessidades coletivas do informacao, recroacéio e inovacao, garantindo que estas nao soiam
nolamonto Municipal havia classificado aquela area como “Con-odor do Urbanidado”, iden- sempre subordinadas 2. rontabilidade comercial" poderia so contrapor a isso, permitindo quo
l"ll’lcando nela potencial do rovitali:/.a<_;ao e requalificacao ambiontal. BELLO; GR/\Elil"i, 2001 paises fora do oixo tocnologico-economico, como os da América Latina, possarn sobroviver ao
processo do globalizacao som perder sua cultura e identidade. Numa outra perspoctiva a rgu-
22. SIHIGAWA, 1998. montam autores como John Tomlinson, que sustenta que ao invés do destruir as idonl"idat'los
culturais, esse processo estaria criando-as e reforcando-as. TOMLINSON, 2006
23. U texto do aprosentacao do lnventario enuncia: ”Conjuntos do unidados também consti-
tuom sltuaqao a ser considerado nosto ambito. Tais conjuntos, como odificacoos soriadas nil 2. Disponivol em http://unosdoounosco.org/images/0013/001325/132540por.pdF.
gorninadas, sao importantos para a qualificacao paisagistica quando, por suas (llI11L?l1SOL‘H ou
especlflcldades, atuam na ostruturatgao do um dado conario”. 3.Confirahttp://www.brasilia.unesco.org/areas/cultura/aroastematicas/patrimonioimatorlal/
palrmimatoriai
24. (lilnthor Woimor comonta osto conjunto: “Na fase do grando ouforia do antes do guorra
l'oi construida a fabrica do cervoja dos irmaos Bopp, hoje Corvojaria Brahma, da (‘rislovao 4. RAMOS, 2(l05.
Colombo, 54-5. Ainda quo so tratasso do um ostabolocimen to fabril, sou acabamonlo concorria
cum os palacotos quo ostavam sendo construidos nos locais mais valori‘/ados tin cidado o so 5. N()(lUl'llR/\, 2007.
distingula destes pola ospocificidado do sua ostaluaria, inspirada na mitologia gormanica. A
época, estava sondo construido o prodio dos Corroios o '0l"ol.og|'aIos cuja torro o rolop,io cim- 6. Também a orieniaqao para o uso dos multimoios como suporto o recurso |nt'l"1>ci¢>l<'mg|t.*¢a
mou a atent;6o dos propriol"arios da fabrica...” WI.ilMIlR, I998, p. 26-27. na posqulsa ol|1ogral'ica vinha conlirmar tudo aquilo quo Mario havia ideallzado dosdo suas
vlagons otnograficas. A lologralla .~ a arma ossoncial na produqao do ovidoncias quo 1rocu-
25. WIilMlr~‘.R, lass, p. 2c.-27. ~ ram a|;'.n'ool'n:|or o outro. Nesta pe-l‘spot'iivn, ola 4 o oblolo fragmonto o vestlglo do roal e sua
‘—'I'='""'T\',$—' clescrit;i'io. 1.1 o cinema ti i’undarnonlal aara o rogistro do elemonto porforinatlro lradlqoos,
26. M/\llli=L.‘7., I997, p. Isa-I57. , pontos, dnncas, sons o Inlmn. Na slntemallz.m,*Eio da coieta musical a proposta ora allar o r:=-glslro
m...~sm.~.. t'onografo e lllme sonuro no rogistro nllo meciilnlco .mota.,;ao direta idem. NO(lUl~1l-
27. On moinhos Rlograndense e Chavcm nao considorados por (liinl‘lu~r Wolmor como do im- RA. 2007. p. 266.
portfincla internacional. WEIMER, 1995
7. ANABTASBAKIB, 2007, p. I.
I
Numa
PA‘I‘RlM('5Nlt 7 (‘iH.’i‘l IR/ll. Cmlrrlinn, imlillrns, Innlrimwntuu
p.r9lervaqI.'-Io do edlflelos o areas Iiistorlcas através do uma série do prograrnas o atividades. qiio l10l‘II'Oi!I£1 no area do preservaqao'cIo palrirn(inIo cultural; a l’ron’iIaeao I'A B / .‘-iI’/ M usou da
A sua mlasao osta formulada da seguinte forma: “O National Trust For Historic Preservation Casa Iirasllelra -- sat» Paulo, ‘I997 - Menefio honrosa na area do u rbanismo o o Granule Promio
iorneee llderaliqa, educaqao e defesa para salvar os diversos lugares historieos dos Estados do Urbanismo Irl-anual do XV Congresso Brasileiro do Arquitotos, Curitiba, I 997.
Unidos o para revitaiizar nossas comunidades." (tradugao do autor). Disponivel em: <http://
wwwpreservationnation.org/about-us/> 27. lintonde-so por ”rodoviarismo" o predominio do transporte por rodovias, que tom ma r-
cado o Brasil desde os anos 1950, quando essas substituiram o transporte ferroviario como o
15. COFRESI, l...ina,: RADKE, Rosetta. “Local Government Programs. Preservation where it moio hogemonico. Esta forma da producao do servigo de transporte con.dicionou a forma da
L‘.0Llnta”. In: S"I"lI’E, 2003, p. 147. urbanizaqfio do terri.torio nacional, nao so através da construgao de grandes rodovias ligando
cidades ou essas ao campo, mas também pelas intervengoes feitas no seio das proprias areas
lb. O sltlo eletronico do Main Street Centre relata a esse respeito: “Por todos os parametros, urbanas, que seguiam essa logica, colocando como prioridade garantir a fluidez do triinsito.
on negoeios tive.ram rnelhorias nos tres centros objetos dos projetos pilotos do Programa Main I .
Street. tlrn I"-lot Springs foram abertas sete novas empresas, em Madison, seis e 30 em Gales-
burg. O recolhimento de impostos sobre circulagao de mercadoria aumentou em 25 % em
Hot Springs, onquanto a taxa de ocupagéo em Galesburg subiu para 95%. Além disso, para I’/IISAGEM CULTURAL E TECNICAS AGRIICOL/iS TRADICIONAIS: PRESERV/IQ/l() II
cada dolar gasto .na gestao do projeto Main Street local, foram investidos 11 dolares por em- , l SUSTENT/IBILIDADE NO SERRO (MG)
presas privados em projetos de reabilitacao e reconversao.” (traducao do autor) . Disponivel
Gm: <l1ttp://www.mainstreet.org/content.aspx?page=1807§ion=1> “I. A esse respeito, confira CHOAY, 2000.
17. Mais sobre os créditos federais para reabilitacao nos Estados Unidos, confira TYLER, 2000, 2. FOWLER, 2003.
p. I84-207. Contira também os comentarios sobre esses créditos no sitio eletronico do Na-
lflonal l"rust for Historic Preservation. Disponivel em: <http://www.preservationnation.org/ 3.. O Comité reconheceu que as paisagens culturais re p resentavam o “trabalho
- <.ombinado
~
lIliI.lt3H/I‘L‘l1fl'lDlll'IEl'ti01'!-tElX-C1‘€di'tS/> da natureza e do homem”, designado no Artigo 19 da Convengao. A esse respeito, contira
UNESCO, 2005.
‘Iii. I1ltp://www.mainstreet.org/content.aspx?page=1807§ion=1. A respeito da relagao en-
tre sucesso economico e design no éimbito do Programa Main Street, confira a dissertagao de 4. BANDARIN, 2003.
Tamer Recep Ozdil, Assessing the economic revitalization impact of urban design improve-
ments: the Texas Main Street Program. OZDIL, 2006. 5. IJNESCO, 1999.
'l9..COFl{ESI, Lina; RADKE, Rosetta. “Local Government Programs. Preservation where it 6. 111ttp://whc.unesco.org/en/list/421
tsounts”. In: STIPE, 2003, p. 147. Confira ainda um interessante estudo de caso, que acompa-
aha a lm pla n tagfio do Programa Main Street, em St. Albans, West Virginia. I-IECI-IESKY, 2005 7. RIBEIRO, 2007.
2'1. SAl\l'I"’Al\I NA, s/d. A respeito das realizagiies do o PCI-I, Ana Maria Siems Forte relata: "O 9. 11ttp://www.english-heritage.org.uk/server/show/c0nWebDoc.3943. A respeito de sua im-
PC]-I atuava em parcoria entre a Secretaria de Planejamento da Presidéncia da Repriblica, o plementagéio, conf-ira: wWw.1andscapecharacterorg.ul</elc.html.
ll‘l""lAN, ligado ao Ministério da Educagao e Cultura e a EMBRATUR vinculada ao Ministério
cla lndlllstria e Comércio, com dotagao orgamentaria especifica para atender a restau.ra<;éio dos I0. Confira: http://www.tclf.org/whatis.htm.
monumentos, com plementando os trabalhos ja realizados pelo IPHAN. .Aos estados benefi-
elndos polo PC H, além de contribuirem com recursos humanos, coube a participacéo efetiva I 'l. Esses pontos dominantes podem estar no topo das montanhas ou os pontos mais proo-
do recursos Financeiros. Também foram realizados investimentos na implantagao de estradas, rninentes nas meias encostas onde a cidade se desenvolve Confira, VASCOl\ICELI.OS, ‘I 977
do energla e saneamento basico. Entre TI. 973 e 1978 o PCI-I executou 18 projetos em Sergipe, 23
na Bahia, 8 no Rio Grande do Norto, 7 no Maranhao, 6 no Piaui, 4 em Alagoas, 3 no Ceara, 2 -2. Mais sobre esse ponto, confira CANNIGIA 8: MAFFEI, 2001.
mi Paraiba, 2 em Minas Gerais e 2 no Rio do Janeiro.” FORTE, 2006, p. 24. Mais sobre 0 PCH,
e_ont|ra I'-PONSECA, '1 997. ‘3. lnstitu to Estadual do Patrimonio Historico e Artistico do Estado do Minas (lerais, 20( )7.
22. l’lNl"llilRO, 2004, p. 69. Mais a respeito do projeto Corredor Cultural, confira: PlNHEI- I4. A esse respeito, confira HOI-IMAN N, 2008.
RO, 2002, p. "I40-I55, onde o arquiteto Augusto Ivan, mentor do projeto, descreve suas pre-
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