Você está na página 1de 182

,- ~*>‘-H=~=-3-i»-~»*-- .

“"" -- V -
"’“*"*'“1‘7
---5
..\_";1 ' ‘Q if *

-.»-.
Q-w~\,___A-_4

4@317

:-

... »| 1 In 1'1 | Ilural constitui hoje um campo em répida. expanséo e


Y“ N: u um so falou tanto sobre a preservagéo do patrimonio e
H H. 1, m ll1t’&.1 tantos estiveram envolvidos em atividades ligadas
W .1 1- I1 n~ja1-am tantos instrumentos para se lidar com as pre—
-V1 »|1|Il|mi:~;. Entramos no século XXI com 0 patrimonio
s » um |m|wl central na reflex;-."io néo so sobre a cultura, mas
!'.l‘~ .||vu|‘1.la1§,§L§l'1S que hoje se fazem do dpresente e do futuro
V 1- do do |‘\|.I|1L‘iflITl(3I'1tO urbano e do proprio meio-ambiente. :5’
1 .~/mu./: 1L"mm*ifos, politicas, irzstrumentos vem cobrir uma
» -»*| -In »;,-_r.||‘in om Hngua portuguesa, oferecendo uma ampla
, A um! ¢ln p@.1lo|'im(‘mio cultural. Escrito em linguagem clara,
u 5-‘.1 ‘ 1 ml |‘i;;u|" 0 profudndidade uma gama de temas ligados
» J». li|u.-oI'iu.~; a ole subjacentes até os recentes projetos
I 1'1 » l'| ll 1'1 | mu nu Brasil e no mundo, das paisagens culturais
@- - =I‘ .m-|‘v<>.~4 d(v)(_‘LllT1tl'l'1t&3.iS.
lglfil
\I
\

12 E‘
1.$1
"4 Eu\l-- ii-.\lil-
!\ I1“! quid
.1 » CULPATPCToORNULCIOIiRALTMEI cGNIOHASsINSOTRUMENTOS isMl‘:q‘*»f=HJU!"E"
K*§;I-§2.dinl\I-
||’|l;\N I
_f1'li!’(I|T\r
QU3
Castn in
SUMARIO I

I I

n\1TRooucAo ............................................................................................................................ .. 11
PRIMEIRA PARTE: CONCEITOS 1
O fim da tradigao, a reinvencao da tradigaoz narrar e construir num mundo em transfor- l
L
macao ............................................................................................................................................. .. 21
Tradicao e modernidade: diferentes aproximagoes ................................................................ .. 39
Histéria da arquitetura e preservacao do patrimonioz dialogos .......................................... .. 65
_:la_:;|,?-._-PIT

l
‘I
1
l
A SEGUNDA PARTE: POLlTICAS l
F
7 l Alternativas contemporaneas para politicas de preservacao................................................. .. 81
Conservacao e valores: pressupostos teoricos das politicas para 0 patrimonio ................. .. 93
Vicissitudes de um conceito: 0 lugar e as politicas da mernéria ........................................ .. 111
Nas encruzilhadas do desenvolvimento: a trajetéria da preservacao do patrimonio em
Ouro Preto (MG) ................................................................................................................ ...... .. 131
“ Intervencoes sobre o patrimonio urbano: modelos e perspectivas..................................... .. 153
Democracia e participagao: planos diretores e politicas do patriménio ............................ .. 173

l TERCEIRA PARTE: INSTRUMENTOS


Inventarios urbanos como instrumentos de conservagao ................................................... .. 189
O registro cultural e os desafios do patriménio imaterial ................................................... .. 207
Conservagéio integrada e revitalizacéio: o Projeto Lagoinha ................................................ .. 227
\Paisagem cultural e técnicas agricolas tradicionais: preservacéio e sustentabilidada no
Serro (MG) .................................................................................................................................. .. 259 .
O desafio da preservacéio documental: a recuperacao do acervo do Laboratorio de J-la-1 . _. -_

I
Foto-docurnentacéio Sylvio de Vasconcellos .......................................................................... .. 281 !
||
'.
:1
1
'|
'|
la

ANEXOS ..................................................................................................................................... .. 297 l


z
I
i
ANEXO 1: FONTES PARA PESQUISA .................................................................................. .. 299
it
ANEXO 2: LEGISLAQAO BRASILEIRA
Decreto Lei N. 25 / 1937 ............................................................................................................ .. 303
l Constituicao da Republica Federativa do Brasil / 1988 (Artigos relativos a cultura, ao 7=_-__

ll
| patrimonio cultural e a politica urbana) ................................................................................. .. 309
l Decreto N. 3.551 / 2000 .............................................................................................................. .. 313
l.
1
1
Lei Complementar N9 601 / 2008 — Porto Alegre ................................................................... .. 31.5
I Portaria N9 127 / 2009 - IPHAN .............................................................................................. .. 320
r
l
NOTAS ......................................................................................................................................... . 325
1‘ a

1
|
~ REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ......................................................................................... . as-1|
>
i

CRI-IEDITOS DAS ILUSTRAQCES ............................................................................................ .. aw


7fl;_‘,|____A

1
I
8 ll\IDICE REMISSIVO ................................................................................................................. .. 373
___ _ _ T_ — —

INTRODUQAO
O patrimonio cultural constitui hoje um campo em rapida expanséio e mu-
danga. De fato, nunca se falou tanto sobre a preservacao do patrimonio
e da memoria, nunca tantos estiveram envolvidos em atividades ligadas
a ele, nunca se forjaram tantos instrurnentos para se lidar com as pree-
xisténcias culturais. Entramos no século XXI com o patriménio ocupan-
do um papel central na reflexao nao so sobre a cultura, mas também nas
L

abordagens que hoje se fazem do presente e do futuro das cidades, do


planejamento urbano e do préprio meio-ambiente. Se pensarmos o patri- i

monio como um "campo", no sentido que lhe da Pierre Bourdieu, espaco l


F

l
simbolico onde representacoes em disputa sao determinadas e validadas
pelos diversos agentes, vemos o quanto este campo se tornou mais com-
plexo nas ultimas décadas, passando de uma tematica de interesse restri- l
to e limitada a algumas camadas de experts, para um objeto que provoca l.
l

controvérsia, mobilizagéio e comogao publica ao redor do globo. Quando


os Budas de Bamiyam, duas esculturas monumentais talhadas nas monta- J

nhas da regiao central do Afeganistao, fo-


ram dinamitados intencionalmente pelo l
governo taliba, em 2001, sob a alegagao de
serem ”idolos” sacrilegos que violavam a
Sharia, a lei isléimica, uma forte campanha N
I

internacional tentou impedir a destrui- -up

céio, mobilizando milhares de pessoas em aun-

diversos paises. A campanha nao atingiu . _ __

os seus fins, mas contribuiu para aumen- F‘.

tar ainda mais o isolamento do regime de ‘i

Cabul, que, além das suas flagrantes vio- I-1.. Q! ‘V _ -=5,“


j

lacoes dos direitos humanos, era objeto


de repulsa também por atentar contra um
patrimonio da humanidade, reconhecido ifsrfzrrfrsmr is 8:-zrln,
internacionalmente pelo seu valor histéri- 581:5?-"zz'_1_;m-rz_,
r'lfr?;;3‘rE"i z1'.=.~1z*¢-'fr:*.

l
llssa am pliacfio da abrangéncia do campo do patrimonio, que leva alguns
n falarmn até do uma ”inflac€1o patrimonial”‘, pode ser explicada, em par-
lav, pamdo><almonl'o, polo avanco d a gloibalizacfio, que nas ultimas décadas
pnrvcv conduzir a cvrta ”pudroniv.aqZio” do mundo, com a uniformi;/.aqfio
do vnlorvs, (‘UmpUl‘l&\l1\L.‘l1lUH 0 vslilus do vida, 0 n mnwsvqflvnlv n1110&.1Qn as
cllforvmgna rvglolmls v h proprin tzmliqlio. No quv so rvfvrv nos |.1¢.'l'igu:-i dn \
Nlfi €"l_ll.'l‘llRAl. (‘mu\ellnu.imllllrmi.limiriniirnhm li'liI‘lll-ill‘-‘(ill

mundializuoao, a Convonoilo para a Salvaguarda do I’atrimonio Cultu-


Grando iinporl"é‘mcia nossa oxpanséio paroco-nos dosomponhar lainboin a
ral lolanglvol, do UN |".S(‘( ), aprovada om 2003, iii anunciava quo, so osso idéia do patrimonio imatorial ou intangivol, quo, do corta forma, rocolocou
procosso criava “as cond icoos propicias pa ra um diailogo ronovado on.tro
as bases da nossa area. Enraizado na comproonsao oriental - principal-
as oomunid ad os”, lrazia consigo ta mbém “graves riscos do dotorioracao, monto japonesa — do patrimonio cultural, o conceito do patrimonio intan-
dosa pa rig.-Zio o dostruiciio” do patrimonio cultural. No ontan.to, o fato o givol emergiu a nivol intornacional nos anos 1990, dentro da UNESCO,
quo so, por um lado, a globalizacéio, baseada nos modelos oconomicos o
como um conceito alternativo o complomontar a compreonsao ou.roconl"ri-
politicos nooliborais, fortaloco os meios do comunicacao do massa como
ca do patrimonio cultural, dominada até ontao pelas idéias do monumon-
principal ton to do consumo da maioria da populacao, o quo podoria sig-
talidado o autenticidade. Ao invés do, roi-ficadamonto, colocar a onfaso nas
nificar um on fraquocimonto das culturas locais, por outro lado, o quo so
caractoristicas técnicas ou estéticas dos artofatos om si, como oxprossao do
vo, quaso como um contra-movimento, é 0 roaparocimonto o a assorcao patrimonio cultural, o conceito do patrimonio intangivol visa os artofatos
das proprias idontidados culturais locais. Assim, nas oltimas décadas o ospacos como exprossoos das praticas, processos o roprosontacoos quo
iom so assistido, om todos os rincoos do planota, ao rossurgimonto do as comunidados e individuos roconhocom como parte do seu patrimonio
lrn d icoos culturais aparontomonto desaparecidas, como linguas nativas, cultural. Com isso, valoriza—so justamonto a dimonsao viva da cultura, o
ooslu mos o fostas, bom como a rovalorizacao do formas tradicionais do
trabalho do qual rosultam, om ifiltima instéincia, as obras da cultura.
so vivor o produzir, como, por oxomplo, a rocuporacao na Bolivia o Peru,
d opois do longo osquocimonto, dos waru-warus, forrnas ongonhosas an- Mas, a nosso vor, vivomos néio aponas uma mora oxpansao, uma agrogacao
nu nu

coslrais do so cultivar o soloz. Na esteira da globalizacao avassaladora, quantitativa do bens culturais, mas um profundo doslocamonto no campo
so rproond ontomonto a tradicao roaparoco, ronovada, o so roafirma como do patrimonio, quo nos ultimos anos também so vo colocado om diél.ogo
uma Forqa viva. com outros campos e multiplas disciplinas, para, no ontrolagamonto do
suas perspectivas, procurar responder a uma realidade do crosconto com-
l‘or outro lado, no entanto, é importanto porcobormos quo essa asser-
ploxidado. Assim, por oxomplo, é quo véio surgir, no final do século XX,
ciio som procodontos do patrimonio so so faz possivol pela oxpansao do idéias como a do “patrimonio ambiontal urbano”, na qual so aproximam
sou campo, quo foi notavol nas ultimas décadas. Assim, do um discurso
tros campos - o da prosorvagao do patrimonio, 0 do planojarnonto do torri-
pnlrirnonial basoado na idéia consolidada do ”monumonto historico o torio o o da prosorvacéio ambiontal —, quo até ontao pouco so comunicavam.
:1 rilslioo”, quo so roforia aos grandos monumontos do passado, passou- Isso so vai ser possivol pelas altoracoos intornas quo cada uma dossas areas
so om nossa ora para uma concopcao do patrimonio ontondido como o
vom sofrondo: por um lado, o conceito do patrimonio - ao so afastar da
conjunlo dos "bens culturais”, roforonto as divorsas identidades coloti-
nogao roificada do monumonto — incorpora a idéia da dinamica da cultu ra
vns. A propria Constituicao Federal do 1988 jé incorpora essa oxpansao, o do ambionto construido; por outro, percobo—so — através da modiacao do
no dofinir como “patrimonio cultural brasiloiro” os "bens do naturoza idéias como a do sustontabilidado o do qualidado ambiontal — a nocossid a-
mntorial o imatorial, tomados individualmonto ou om conjunto, porta- do do so ponsar conjuntamonto as chamadas “areas historicas” o 0 rosta n to
doros do roforoncia a identidade, a acao, a momoria dos diferontes gru- do tocido urbano o do torritorio. E, finalmonto, ontendo-so quo a idoia do
pos formadoros da sociedade brasiloira", incluindo-se nelos “as formas
moio-ambionto inclui o ambionto urbano, no qual vivo a maior parte da
do oxprossfio”, ”os modos do criar, fazor o vivor”; "as criacoes ciontifi- humanidado. Como rossalta Ignacio Gonzales-Varas, a omorgoncia dossas
cas, aridislkfas o tocnologicas”, “as obras, objotos, documontos, odifica- catogorias novas — como as idéias do ”patrimonio ambiontal urbano” o do
coos o domais ospacos dostinados as manifostacoos artistico-culturais” o
“bens ambiontais” considorados como parte importanto dos bons cullu rais
“us conjuntos urbanos o sitios do valor historico, paisagistico, artistico,
— soria uma das conquistas concoituais do maior rolovancia no cam po do
n|*i|uoologico, paloontologico, ocologico o ciontifico” (Art. 216). Dosto patrimonio cultural. "A oxtonsao da tutola o protocao do ’monumonlo’,
modo, nfio aponas os monumontos lo consagrados, mas divorsas pai- como objeto individual o singular, até os 'contros historicos’ o, dai, alo o
sngoiis, irndicoos, oxprossoos do a rto, saboros popularos o documonios
’lorrilorio' culturalmonto signilicativo, o, com oloito, u ma das lacolas mais
|;mssarnm a sor rooonhooidos como palrimonio nacional, ocompanl1an- sugoslivas do ponsamonlo iniornacional sobro os bons cullurais”, osorovo‘.
don lomloncin mundial do o><puns{io do ooncoilo.
l ’ ='
l’rl'l'lill\-"1l'*lNl( I 1 ‘l H.'l'l Iii’/ll. 1 ‘om i'iiliH, pillllloiu. iilHli’liHlI'HiH.'l

politicos como algo dado, dorivadas do roconhocimonlo do valoros olijoli-~


Ho como vimos, as dimoiisoos matoriais o imatoriais do patrimonio so vos o univorsais incorporados nos buns culturais, mas, rovorsamonto, pro-
nproxlma ram, podomos idontillicar também nosso inicio do século u ma curamos invostiga-las sompro como construcoos sociais, oxaminando as
i'oli1livi7.aoi‘io cada voz mais profunda da soparacao radical quo a modor- suas condicoos do possibilidado, o sou onraizamonto tompo:ral o social. Ao
nidado oslalwlocou ontro naturoza o cultura, ontro “bens ambion.tais” o porscrutar os diversos valoros onvolvidos om cada oscolha patrimonial, a
“lions oulliirais”. tooria contomporanoa om nossa area roaliza, a nosso ver, uma ”virada co-
pornicana" do moldos kantianos: assim como Kant colocou a razao no con-
Ironlo a osso quadro, amplo o cada voz mais comploxo, quo so coloca
tro do suas invostigacoos, para quo primoiramonto fosso oxaminado como
osta obra, q u o protondo tracar uma visao do sintoso da éiroa do patrimo-
so processa o so fundamonta o conhecimonto, a tooria atual do patrimonio
nio, arliculando-so os sous toxtos om torno do tros oixos: ”concoitos”,
coloca o proprio patrimonio — onquanto campo o atividado social — no con-
“|qolilioas” o ”instrumontos”, quo sao abordados a partir da perspoctiva
tro do suas invostigacoes, oxaminando primoiramonto como so procossam
contomporiinoa o dos dosafios trazidos por ola para as politicas do pa-
o so fundamentam as oscolhas quo conformam o corpus dosso campo.
lrimonio. Para situar a quostao, o livro abro com a aprosentacao, ainda
quo sucinta, do campo concoitual no qual so articula a idéia do patri- O fato é quo as docisoes sobre a consorvacao do patrimonio sompro lang:a-
monio, mostrando como ola so rolaciona ali com outras idéias como ram mao, oxplicita ou implicitamonto, do uma articulagao do valoros como
as do cultura, tradigao, modornidado, momoria, historia, ontro outros. ponto do roforoncia: om oltima instéincia vai ser a atribuicao do valor pela
'l‘i'aclio5o o modornidado vao ser, do fato, os polos om torno dos quais comunidado ou polos orgaos oficiais quo lova a docisao do so consorvar
va mos situar o fonomono do patrimonio, tontando mostrar, om varios (ou nao) um bom cultural. Assim, as politicas do prosorvagiio trabalham
momontos, a rolagao comploxa o ambigua quo olos ostabolocom ontro sompro com a dialética lornbrar-osquocor: para so criar uma momoria, pri-
si. l’ara isso, antes do mais nada, vai sor foito um osforgo para so dofinir vilogiam-se cortos aspoctos om dotrimonto do outros, iluminam-so cortos
n yiropria tradicao o ontondor o sou funcionamonto, mostrando quo ola aspoctos da historia, onquanto outros pormanocom na obscuridado. Como
Iii lom om si. mosma — uma dimonsao dinamica, quo lho fornoco corta sabomos, no campo da consorvagao do patrimonio, os valoros véio sor som-
plaslcioid ado o lho pormito sobrovivor fronto a modornidado, na qual a pro contrais para so docidir o quo consorvar — quo bens matoriais o imato-
logica da cultura passa a sor a da mudanca, da substituicao incossanto riais roprosontarao a nos o a nosso passado — bom como para dotorminar
do valoros o modelos. Vamos mostrar como nossa nova configuragao como consorvar — quo tipo do intorvoncéio ossos bens dovom sofror para
da cultura —- a modornidado — muda profundamonto a propria manoi- serom transmitidos para as geracoos futuras. No entanto, por muito tom-
ra do so ponsar o tempo, passando as suas tros dimonsoes — passado, po nao parocia importanto invostigar com maior profundidado ossos valo-
prosonto o Futuro — a so rolacionar ontro si do forma singular o diforonto ros, uma voz quo havia corto consonso sobre 0 quo prosorvar, passando os
das ola pas antorioros. A nossa toso central na primoira sossao do livro - critérios do escolha aqui sompro pelas instéincias estéticas o historicas. Nas
”( 'onooitos” - vai ser, ontao, quo a idéia do patrimonio so pode aparocor oltimas décadas, no entanto, com a notavel ampliacao do campo o com a
on modornidado, a partir da rolacao muito peculiar quo osta ostaboloce incorporacao do novos atoros, osta rofloxao mostra toda sua importancia
com as lros dimonsoos tomporais: aponas no momonto om quo os passa- para a formulacao do qualquor politica mais abrangento para o patrimo-
dos oxomplaros sao abandonados o a logica da cultura passa a ser a da nio. Como sabomos hojo, so uma comproonsao acurada dos valoros perco-
subsliluicfio sistomatica do todas as roforoncias é quo so coloca a necessi- bidos polos diversos ”agontes” — valoros ossos quo dofinom sous objotivos
dado do so ponsar também sistomaticamonto a prosorvacao da tradicao, e motivam suas agoos — podo nos fornocor uma perspoctiva critica para
loriando-so as politicas institucionais do patrimonio. a gostao ostratogica sustontavol o do longo prazo para os bons cultu rais‘.

A sop,L| nd a sossfio - ”lPoliticas” — vai mostrar justamonto como a idéia do Finalmonto, a torcoira sossao do livro - ”lnstrumontos" —~ vai disculir as
palrimonio so corporiiicou om acoos poblicas o, om muitos casos, insti- divorsas porspoctivas colocad as om nossos dias para as polilicas do pairi-
luoionais quo, alravos do distintas L‘()l‘\il§3,'Lll‘t\Q(iL‘S, procuraram rospon- monio o os novos inslrumonlos lorjados para rospondor :1 onormo o><pan-
dor no dosalio colocado pola modornidado. Ao procodor a ossa anoliso, sao do sou concoilo. (‘omo iii olisorvamos, a oxpansao o o doslocanionlo
milolamos dosdo o inicio uma porspocliva ”crilica", nao lomantlo ossas
lrilrmluoin
l’./l'l'l\’ll\/IONH 1 t.'l.ll..'l'L!l</ll. (.‘oiirrilos, polilims, iiislrmmwloos

mas também aos intoressados na problomatica o, ospocialmonto, a ostu-


vividos no campo do patrimonio nas oltimas décadas terminam por so dantos dos diversos cursos universitarios quo hoje abordam a quostao do
refletir nos proprios instrumontos utilizados, na modida em quo so per- patrimonio som dispor do um material abrangento do roforéncia, afinado
cobe quo os mocanismos tradicionais construidos ao longo do séculos do com as perspectivas contemporaneas. Esto proposito levou a quo ta mbom
proservacao monumental no Ocidonto ja nao bastam para documontar, incluissemos neste livro uma coletanoa do fontes para a posquisa (Anoxo
protoger o consorvar esso campo — muito mais vasto e com um arranjo I), quo remote a sitios na internot atualizados o do grando abrangoncia,
d istinto. Nesta perspoctiva, mosmo os instrumontos tradicionais preci- bom como uma colotanea das principais pecas da legislacao brasiloira con-
sam ser revistos e re-oxplorados metodologicamento, para so adaptarom cornentes ao patrimonio (Anexo ll), quo vai do Decreto-Lei 25 do 1937,
a nova conformacao do campo. Esto vai ser o caso, por exemplo, do quo institui o instrumonto do tombamento, a recento Portaria N”. 'l27 do
instrumonto do inventario, quo, como mostramos nossa sessao, pode IPHAN do 2009, quo cria a chancela da paisagom cultural brasiloira. Alom
ultrapassar a sua funcao original — a do produzir um rogistro do bens disso, preocupamo-nos ainda om rounir nas Referoncias bibliogra ficas um
culturais a serom protogidos - passando a constituir um tipo do diag- panorama abrangento do artigos e obras, principalmento om "portuguos,
nostico interdisciplinar, com capacidado do fornecer bases mais soguras inglos e espanhol, quo fornecosso possibilidado do aprofundamonto posto-
para o planojamonto urbano sustontavel do areas da cidado. Também rior nos diversos topicos abordados.
aprosentaromos alguns instrumontos novos, notadamonte 0 “rogistro
cultural”, tontativa do so tratar o patrimonio imatorial e a "paisagom Finalrnente, cabe-nos agradocor as divorsas contribuicoos quo tornaram
cultural”, instrumonto quo aproxima os campos da natureza e da cul- possivel a existoncia dosto livro. lnicialmonto, ao Departamento do l\/l inas
tura, e cuja possibilidado do chancela foi rogulamentada no Brasil om Gerais do lnstituto do Arquitotos do Brasil (IAB-MG), quo gonorosamonlo
2009 polo IPHAN. Nesta sossao vamos tratar ainda regioes especificas acolhou nosso projoto ”Educadoros e Conselhoiros: Agontos do patrimo-
do campo do patrimonio — a conservagao urbana e a prosorvacao do pa- nio”, conseguindo financiamento junto ao Programa l\/IONUMENTA, via
trimonio documontal, cujos desafios sao ilustrados com exomplos roais bilizando osta edigao. Em seguida, ao Getty Conservation lnstitu to ((}(‘l),
do projotos dos quais participamos. do Los Angolos, quo nos acolhou como guest scholar om 2000/2001, possibi-
nu litando-nos realizar um estudo aprofundado da tematica da ct>i"ist-.i"v;.1oa<i
llsto ontrolacamento ontro discussao toorica e analiso do casos concrotos, urbana o também ao Conselho Nacional do Desenvolvimento Ciontilico
om quo ostivomos onvolvidos, vai ser uma perspoctiva sompro presente e Tocnologico (CNPq) o a Fundacao do Amparo a Posquisa do lislado do
nosto livro, quo também pode ser lido como uma ospécio do reflexao Minas Gorais (FAPEMIG), quo tom nos apoiado nao aponas atravos do
sobre um porcurso do vinto anos do atuagao profissional na area do bolsa do produtividado o do Programa Pesquisador l\/linoiro, mas com o
pa trimonio. Nesto sontido, grando parte dos_ensaios foi dosonvolvida financiamento a divorsos projotos do posquisa, dos quais dorivaram gran-
ao longo do tempo como tentativas do problematizar e sistematizar as do parte dos textos e reflexoes aqui reunidos. Tambom morocom agra-
quostoos quo nos apareciam na elaboragao e oxecugao do projetos do in- decimontos a Univorsidade Federal do l\/linas Gerais (Ul<~il\/l(]), por nos
vontariamento, reabilitacao urbana, restauro, preservacao documontal, possibilitar o exercicio conjunto do ensino, pesquisa o oxtonsao, ossoncia
tratamonto da paisagom cultural, ontro outros. Esta perspoctiva parece- da vida universitaria, e su.a Fundacao do Dosonvolvimonto da l’osr|uisa
nos duplamonte rica: so na elaboracao dosses projetos dialogavamos (liUNDlil’), polo oficionte e zeloso goronciamento dos rocursos poblioos a
com a tooria o as motodologias contemporaneas da area, a pratica, num nos dostinados. Por oltimo, mas nao monos importanto, cabo agradocor
procosso do rotroalimentacao, também nos fornecia continuamon to aos divorsos proiissionais o ostudantos com os quais trabalhamos ao lon-
substrato ompirico para uma roflexao capaz do iluminar o aproiunda r go dossos anos, o com os quais pudomos com partilha r nossas inclagaqoos,
as motodologias o as rofloxoos tooricas quo dosonvolviamos. d tlvidas o i'ol7lo><oos.
llsla alio|'rlagoin nos paroco adoquada tambom para os ohjolivos dosla
olira, quo protondo tor um oaralor oxposilivo o do sinloso, aprosonlando
um panorama do campo do palrimonio. Nosla porspoctivn, ola so dirigo
n um pohlloo nmplo: nao aponas n posqiilsadoros o alivlslas do iiroa,
o mm DA TRADICAO, A REINVENCAO DA TRADICAO:
NARRAR E cowsraum sum MUNDO EM TRANSFORMACAO
O quo vein a sor, roalmento, tradicao? Qual é a sua rolaqao com a cu ltu ra o
como funciona o processo do transmissao prossuposto nosta idéia? Qual
o papol da tradicao no mundo contemporaneo, marcado pela globalizacao
o pela extrema volatilidado do todas as roforoncias? So a tradicao osta, do
fato, como apontam muitos autoros, desaparecendo — ou so "transformando
profu.ndamente — frente ao avango inexoravol do processo do modorni-
zacao, parece-nos quo cabo um esforco no sentido do definir a tradicao o
ontondor o seu funcionamento.

Paul Oliver, no verbete ”Tradicao e transmissao” da Encyclopedia 0f'UL’i‘lIl-?-


cular architecture, enuncia quo so consideram tradicionais ”aquoles aspoc-
tos do comportamonto, dos costumes, do ritual ou do uso do artofatos quo
foram herdados das goracoes anterioros”. Assim, poderiamos denominar
como traditum os exemplos mais distintos dentro uma tradicao, do um
”sonoto” a uma “insignia” ; nosso raciocinio, o campo da arquitetura soria
marcado intrinsecamente pela tradicao, na medida em quo todas as tipolo-
gias, tecnologias e oficios odilicios do passado quo persistom ato o presen-
te podoriam ser considorados como truditu. A tradigao toria, entao, uma
dimensao necessariamente conservadora: o presente ropetiria o passado
nu

através daquilo quo dole herdou. Nesto sontido, a tradicao foi comumen to
entondida como um segm“o%tio‘relativamente inerte do uma estrutura so-
cial, uma ”sobrovivoncia do passado", nao sondo do so estranhar, portanto,
quo ola seja vista, muitas vezes, como uma dimensao cristalizada, imovol,
da cultura.
nu

No entanto, a ligacao quo a


tradicao ostaboloce ontro o
passado o o presente é mais
comploxa do quo poderia
parocor a primoira vista: so
as Iradiln sao pormanoncias l..-
do passado, olas existem rzo
pr¢'st'nlt', ondo dosomponham
normalmonto a funoao do
omprostar sua chancola do
auloridado a alos do proson-
lo. Para cumprir lal iunciio,
'iHlr' iii! i"._‘i| [ii I
a tradiciio sora, como aponta limml lrllnr ‘Mil
Raymond Williams, sompro "\lmn=. I wiiirs
a
‘Wi’lilM(5Nl( J g‘lll.'l‘ll'l~l/ll. l‘mm*llns. ymlllims. lil!ill'lHiH‘HiU!i H I ‘lm iili 'llvul/ola. /lvRl‘ilIi'!*llt'llll the ‘ll*mllo1o: Nnrrnr r llmsirulr mm: Mmnln mu 'll'imsfiIi'n|m,'rIn

elollvn, “uma vorsao inloncionalinonto solotiva do um passado modolador lidado quo uma cultura tom do totali'/.ar osto conju nto com ploxo do invom;oos
ido um prosonlro pro—modolado, quo so torna podorosamonto oporativa no do todas as ordons a quo nos chamamos civilizacao o Funcao do mimoro o da
il‘Ut‘t'!-IHU do do|'inioao o idontificacao social o cultural”.' nosto sontido tl_i_vo,rsidad.o das culturas com as quais participa na olaboracao :— a maior parto
[uo Ullvor donomina tradicional uma sociedade "quo doponde da auto- das vozes involuntaria — do um.a estratégia comum.” (6) Assim, as ”formas d a
ldaiglo do suas lradicoos para afirmar ponsam.entos e acoes do presente”? historia mais cumulativas" nunca seriam resultado do culturas isoladas, “mas
losla lorma, a dospoito do seu viés ominentomente consorvador, poderi- sim do culturas quo combinam, voltmtaria ou involuntariamente, os sous jo-
mos vor sompro so manifostando na tradicao uma ”forc;a ativamonte mo- gos rospectivos e realizam por meios variados (migragoes, empréstimos, tro-
I
I /\
loladora”, uma dimonsao quo em ultima instancia, vai lhe garantir uma cas comerciais, guorras) estas coligagoes (...)”.
orla PliiHl.lt'lL‘li.lLll‘.
No entanto, este processo, denominado ”colaboracao ontro culturas” por
Claude Lévi-Strauss — quo o considerava como levando a avancos civilizato-
rios —, pode, as vezes, so mostrar catastrofico, com a destruicao e o apagamen-
‘radlqao o in udanqas culturais
to do uma cultura pela outra. Nesto ponto, parece-nos necessario considerar
\ anlropologia roforca essa perspoctiva ao apontar para o fato do quo todos a distincao, proposta por Ronald Lowcock, quo sopara as transformacoes tra-
is slslomas cullurais, mosmo aquoles tradicionais, estao em continuo pro- zidas pelas influoncias extomas em duas ospécies, distinguiveis uma da outra
osso do mo<.lil’it"acao. Nao havoria, assim, uma cultura ostatica, e o proprio pela extensao pela qual sao assimilaveis pela cultura existente: sogundo ole,
Irocosso do lransmissao incorporaria possibilidades do mudangas, através poderiamos falar do ”influoncias trans-culturais” “so as influoncias sao relati-
las i.]Lmls as culturas so mantom floxiveis e podem absorver as inevitavois vamente assimilaveis com facilidade”, o do uma "cultura externa impactante”
’o|‘li*1g‘i‘>i's lra/.idas polo tompo.,Nosto aspecto, cabo distinguir, no entanto, so elas nao o sao.7 Alain Gheorbrant vai nos fornecer um oxemplo elucidativo
ntro dois lipos do trans.for.m.a.coes da cultura: aquelas mudangas intornas," dosta diferenca ao comparar 0 encontro dos indios yanomamis, do Norto do
[uo rosullam da propria dinamica do grupo, o aquolas mudancas, usual- Brasil e Venezuela, com a tribo Yekuna e com a civilizagao branca:
L1-t:!l‘ll.'U lvruscas o rapidas, trazidas pelo contato do um sistoma cultural com De qualquor forma, sabomos com certeza quo o povo
~t.|lro.t‘ U primoiro tipo do transformacao é 0 resultado do um dosonvolvi- ianomami ainda estava florescendo ato ha alguns anos
nonlo inlorno do grupo, quando, por exomplo, so consogue resolver um atras. Mas olos nao ostavam vivendo om iso1amon.to
itohloma colocado, ou so atinge um novo estado cultural. O grando mo- total. Na Venezuela, a cultura material dos ian.oma-
mis estava evoluindo — som, no entanto, tomar nada
.11‘ aqul vai sor, como aponta Ronald Lewcock, ”o dosejo do novidade e o emprostado do “mundo dos brancos”. No oltimo
1slilnl'o humano fundamental ligado a curiosidade”.4 No quo concerne a quarto do século, olos vom adotando alguns avancos
l't]i.-lll’L‘l'Lll‘t1 vornacular, o autor obsorva quo "dentro do uma tradicao, o do- — canoas, redes do algodao fiado, plantacao do pequ.o-
nas bananas o mandioca — provavelmente como resul-
ofivolvlmonlo o a acoitacao do uma mudanga fisica pode acontecor através tado da intoracao com os Yekuana, uma tribo do agri-
la rosoltlqtio do um p robloma quo é inorente a ordem existonto”. cultores sedentarios. Cansado do guerras, olos tom
estado trocando mais quo tradicoes; sao dos brancos,
Q o sogundo tipo do transf_ormagao — através do contato intercultural + _se,ra',,_; om busca do ouro e diamante!‘
lo ltilo, como d omonstra Claude Lovi-Strauss, o grando motor do avango das
linquanto consoguiam assimilar tracos do uma outra cultura indigona, o
ulluras, quo, om dialogo, consoguiriam incorporar elomentos trazidos da ou-
onconlro dos yanomamis com os brancos vai ser dovastador. l\las palavras
rs cultura. A propria divorsidado das culturas soria, assim, muitas vozos,
do antropologo Darcy Riboiro:
lm lmpulso para avancos in tornos: ”l\/luitos costumes nascoram, nao do qual-
iLlt*!' nocossldado inlorna ou acidonto Favoravol, mas aponas da vontado do Quando a civilizacao chogou, ioi como a praga. Os
lio pormanocorom alrasados om rolacao a um grupo vi>'.iolio quo submolia a indigonas ponsaram quo ostavam lidando com uma
tribo quo ostava no mosmo nivol dolos, mas logo
lm Llano prociso um dominio om quo norn soquor so havia sonhado ostabolo- doscobriram quo olos oram iniinitos om nl'|moro.
Qf lols"." Para o anlropologo lraiicos, o grando momnismo quo pormiliria o Um dia, um ind_io, quo quoria visilar uma oidado
Vnnqo das culturas rosidlrla juslamonlo na :.~iil¢il1oracaoontro olas: “A possibi- oomigo, disso: ‘Ii assuslador; olos parocom Iormi
gas’. A i'l1op,at'lo dos l'1|‘am'os pos soils valoros do
(7 Flm du Mdlvdu. A Rvlnuerrgwn dn “D-adledm Nermr n Cumm-ulr mm: Mumia err! ° ml or 1-mm
PATRIMFINII H‘HI.‘l'l IR/H. t‘um'rlhm, pnllflmu, /HHH'lHH:'H!un

suas terras, possibilitou a sobrovivéncia dt-ssas sociodades quo ocupavam


ponta-caboqa. Hlas so viam como uma tribo ama-
da pelos sous deuses, e, entao, subitamente, apare- com imensa sabedoria seu torritorio. Somento neste século, acontoco.ram
ceu essa tr.ibo muito maior, muito mais podorosa. os primeiros contatos com os brancos, com a passagem por la da rota do
Isto resufltou em disputa com seus deuses, com os seus marechal Rondon na Comissao de Linhas Telegraficas do Mato Grosso ao
pajés. Eles nao sabiam mais em que pé estavam. O Amazonas e da expedigao Roosevelt/Rondon."
mesmo se deu em relagao aos avioes. Assim que se de-
ram conta de que seus inimigos eram os senhores des-
ses passaros com asas rigidas, eles ficaram completa- A partir de meados da década de 1960, no entanto, este contato se fez mais
mente atonitos. Com a chegada do branco, os indios intenso, com o deslocamento para a Amazonia de atividades agropecuarias
tiveram que se colocar uma série de questoes sérias e mineradoras. Com esta ocupagao, assistiram-se a verdadeiros massacres
sobre 0 seu lugar num esquema mutavel de coisas.9
promovidos pelos grupos economicos, que fulminaram aldeias inteiras
com bombas, venenos e armas. (Aqui cabe destacar o barbaro massacre so-
Nu can-no dos in digenas brasileiros, e seu contato com a cultura branca, cabe
frido pelos cintas-largas que se localizavam nas cabeceiras do rio Iuina, em
r:'11fal'izar quo so trata de um caso extremo: 0 desaparecimento cultural é
1963, promovido pela firma Arruda e Iunqueira.) Em 1970, levantamento
lwgtlido aqui pelo exterminio fisico, com as terras indigenas sendo ocu-
aerofotogramétrico revelou grandes jazidas de minérios em areas ocupa-
paclas pelos fazendeiros, mineradores, estradas, usinas hidrelétricas e ci-
das por grupos tribais na Amazonia, o que acelerou esse processo. Nuima
dnflles. O contato brusco entre duas culturas com perspectivas e visoes de
década em que a ditadura militar priorizava a questéio da ”seguranga na-
mu ndo completamente diferentes poucas vezes mantém algum lugar para
cional”, colocando como meta ocupar os ”vazios” do territorio brasileiro,
lnl’lLu.'§ncias transculturaisz ao verem seu mundo desaparecer com extrema
abateram-se sobre a regiao grandes projetos de desenvolvimento e planos
rflplrslez, aos inedigenas resta somente a luta pela sobrevivéncia, pelo néio
de integragao nacional, com a abertura de rodovias como a BR-364. A a<;€m
delta parocimento. No entanto, é interessante perceber também a forga da
do Governo sempre foi ambigua: embora tenham se produzido leis em
tradlqfioz mosmo submetida a um impacto brutal de uma outra cultura, a
defesa dos indigenas, _
h'adlq€'io ind oigena vai conseguir desenvolver, como dmostraremos adiante,
sua agéio real foi no
éfltrcitégias do sobrevivéncia, podendo renascer, absorvendo rnecanismos
sentido de se contatar
dn cultura dominante.
e "amansar” os indios d
para facilitar a insta- ‘ r’
Iagao das atividades
Narrar: para niio esquecer demais... economic:-1s em suas

\,
cobigadas terras, tarefa
A N oroeste do Brasirl, nos atuais estados de Mato Grosso e Rondonia, con-
empreendida, em par-
C‘€"l1l‘l't1lT1-H0 ja ha milhares de anos, como tém mostrado pesquisas arqueo—
te, pelos proprios or-
loglcas rvcontcs, povos de matriz essencialmente Tupi, que se dividem hoje
gaos governamentais
em clnco Familias lingfiisticas - Mondé, Rama-Rama, Kawahib, Arikén e
~.‘ V r p Tupari, que se tornaram mutuamente (SP1/FUNAI), finan-
ciados por grupos eco-
war.~»<rt. .
W
~-~"'
4 I ip
incompreensiveis.1° Neste vasto territo-
rio, nos Vales do Aripuana e Roosevelt, nomicos, interessados
of was/_wm?§§afl.
M» vlvem
' osw mdlos
’ ' C’1ntas
' ‘_targas,
. d.o grupo
V nas terras indigenas,
Tupr-Monde“, ate pomo tempo do for- para oxplrvrawqao do
‘ "" (I ma intocada 0 desconhecida pela socie- madvira, agropecuairia

lg}

1‘\=.s» ‘Q dade nacional. Esta sittlaqfuo, quo so ox-


plica pela dificuldadv do aces:-to a ro;:,i5o
0 pela 0:~il|‘alt"giL‘a.1 octapaqfio il'1t.H§.','L‘l‘\t\ nas
ou uxtraqfio minoral.'~"

Ern mvio a tal processo,


cabo rulatar um episo- |'|‘.'1t'lI'l|I
cabocviraa dos grandus rios, do ondv
III‘
€'.Q;R
3 hontlllzavam on lnvasorvs um deform do
dlo emlwlumatlco, quo I mm I.¢:rg:r
f'A"l1'RlMt‘>NlH t ‘Hl.'l'llR/H. t'mu-vlnm. pullfimfl. lH~fHHHrH!rI~ ‘ HI‘lm rlu 'IhnH;'/In, A Rrlum*m*nu ml 'ltmIIwIu.' Nurrur v fimnlrulr mun Mumlu rm ‘Il'nnn/Mnnngnn

rotrnta bom o onoontro ontro ossos duas culturas: om '1 974, um grupo Cinta- ooroavam."‘ l)osdo I983, sua primoira ostada ontro olos, Loda l...4L\()l'lL‘l volla
Lnrga, nu ma tontativa do rovortor o cu rso dos acontecimentos, dirigiu-so para varias vozos ii aldeia Cinta-Larga, prosonciando o participando do atividado:-s
HumboldI:/Aripuana, numa ”missalo do paz”, em que ofereciam aos brancos o tradicionais - fostas, cagadas, pescarias, plantios o colheitas, o a construoao do
qua l*lnham do molhor — colares, flechas e enfeites. Essa expedicao, a qual Ma- u ma casa tradicional. No entanto, ela vai participar também do outro lado do
rlo (‘himanovitz roforiu-so como uma tentativa do indio de pacificar o branco, processo, testemunhando a destruigao sistematica daquele universo cultural:
fol mnl-Hucodid a: dos 69 cintas-largas que dela participaram, 38 morreram de ”Partilhei também de suas angustias diarias”, relata a arquiteta, ”doom;as o
grlpo, as rotornando 31 para a aldeia.“ O resultado do contato com os bran- mortes, precario atendimento médico, dificuldades com a FUNAI no atondi-
oos, lluslrado por oste episodio, vai ser catastrofico em todos os sentidos para mento de suas necessidades e constante invasao de suas terras”.-16
on povo:-s lndigonas om geral e para os Cintas-largas em particular: se no inicio
O processo de transformagao da-se num ritmo muito acelerado: quando
don anos 1970, a popula<;ao Cinta-Larga era estimada em 30.000 habitantes,
volta a tribo em 1985, a arquiteta encontra a situagao dramaticamento alto-
hojo ntlo ohoga a 1.000, tendo sido dizimada por doengas ou pela agao direta
rada. Com a chegada de madeireiras e garimpeiros, a tribo, que até entao
do homom bronco, através de madeireiras e garimpeiros.
permanecera quase intocada, passara a ter contato intensivo com o branco.
No lnlcio dos anos 1980, numa tentativa de aprender com esse mundo que Doengas comegarn a dizimar grande parte da populacao indigena. Sous
demaparocia, a arquiteta Leda Leonel dirige-se para a regiao ocupada pelos costumes sao depreciados pelos invasores e cornecam a ser subvertidos
lntllgonas om Rondonia, onde entra em contato com a aldeia Cinta—Larga do a partir da destruicéio de sua propria forma de sobrevivéncia: com a mi-
Poedto lndigt*11a Roosevelt. Ali, convivendo com uma aldeia que até entéio tive— neracao e o uso de mercurio nos rios, a contaminagao impede a pesca o
ra muito pouco contato com os brancos, ela inicia uma pesquisa sobre aquele mosmo a utilizagao da agua para beber. Uma cultura, cujo enraizamon to
unlvorso cultural, tendo corno foco a questao da habitagao dos Cintas-largas. no universo natural era intenso e profundo, encontra-se em grande dificu I-
l=lmbora sou objotivo primério fosse documentar a construgéio de uma gran- dade para sobreviver frente a chegada avassaladora do homem branco o a
do rnalooa, a sua perspoctiva era mais ampla: entender a habitagao indigena dostruigao que ele provocava no meio-ambiente."
era ontondor as suas determinantes sociais e, particularmente, a estratégia de
Fronte a esse quadro de perigo, uma decisao é tomada junto com o jovem ca-
ootlpaqfio o o><plora<;ao da Floresta Tropical. Irnpressionava-lhe, desde o ini-
ciquo Pichuvy: gravar as historias dos indios para registréi-las e garantir a su a
Clo, como os indlgenas vinham ocupando ha milénios o seu meio-ambiente
pormanéncia, mesmo que em outro suporte. “No inicio de 1985, como<_;a_mos,
natural, som dostrui-lo, mantendo-se em equilibrio com o universo que os
. ._m.,,_v‘ I ;
Pichuvy e eu, a gravar historias. Direta e indiretamente toda. a aldeia colabo-
.v .'L t fr r

1
|'

mm

l
—-"'-—-_-____
-S-—
__
-;-
--2.
=- 1 f_ "_" - . _ _ __‘*"-I
-_.___.\

“J la.‘ ll ' U
lr‘rl|l l |‘|IH1'l 1|
. -a:._ _ _ _

1 mm lmijrl
lE'A'l"f(lMl7Nll I ('lll.‘l‘l!R/ll. (‘mn'r!lou. ;'"lllll‘HH. In.-wlrurlwulo.-1 ‘ Hllm the 'll-'mllgv1o, A ltvlrunwno 1-In ‘ll*mllynn.' Nurrnr v t ‘um-ilrulr mm: Mumlo rm 'll’m|uIiIr!Hm,'Ho

rou: no malo, no poslo, no malooa, sompro havia gonto por porto, escutando,
lit‘-l"l“ll1l‘i1l"lL§l1) passagons, dosonhando, participando.” Enquanto a arquiteta se-
guln posquisamlo a liabirtagao tradicional, Pichuvy também fazia sua pesqui-
an: “proourou os mais volhos, resgatou histérias, san.ou duvidas, informou-se
sobre on primoiros contatos com os brancos, gravou depoimentos”. Tratava-
uo, para ola o para o caciquo, de garantir a permanéncia de um universo que se
onlvala, alravos d a narrac€io, registrada pela escrita.
(D
l\loste sentido, esta experiéncia parece corroborar a tese,

ll
defendida por autores que, como Walter Benjamin, apon-
tam a modificacao e o desaparecimento da narracao tradi-
1 0
-'1_
1:
=>-=1~-'~,:s1=

cional como concomitante com o advento da modernida-


do. O filosofo alemao abre seu texto "O Narrador”, escrito
ainda em 1936, com uma importante referéncia ao tempo,
apontando que, apesar da familiaridade com o nome do
O
narrador, ele nao é mais presente em termos de sua ”efeti-
vidade viva". Como explica Andrew Benjamin:
if -.
Passou o tempo do narrador. O fim do tempo da nar-
ragéio é descrito por Benjamin como a nao mais exis-
téncia da capacidade de intercambiar experiéncias
(Erfahrungen auszutauschen). O narrador se alimenta
da experiéncia e, ao narrar, transforma aquela experi- ._ _ w\\

éncia na experiéncia do ouvinte. A narragéio pertence h“~.~

intrinsecamente e articula a ‘comunidade de ouvin-


tes’.18 »¢~""”“
M
l\lt'Hl'-H1 por.-zpoctiva, poderiamos dizer que a narragao florescia no contex-
lo do quo o jovem Lukacs descrevia como ”civilizac6es integradas”.19 A
modornidado, no entanto, vem trazer o fim de uma visao integrada do
mundo, onde so situava o narrador, que, a partir de uma base comunitaria,
aproaorilava ainda uma visao cosmologica do mundo, onde todos os tipos
do orlatura tinham seu lugar garantido. l§
Todos os grandes narradores tém em comum a liberdade
com que se movem para cima e para baixo nas esferas de
sua experiéncia, como numa escada. Uma escada que se ,_/3""--
estende para baixo, para o interior da terra, e para cima, Wm
desaparecendo em direcao as nuvens, e a imagem para
uma exper.iéncia coletiva (das Bild einer Kollvlctiverfahrumg)
'
para a qual o mais profundo choquo da oxporiénc"ia indi-
vidual, a morto, néio conslitui impodimonlo ou barroira.2"

Para jaotjuos l.o (loll, nas sociodados som osorita, a momoria colotiva pa- -I'll '

Ilrl
race no ordona r om torno do l|'0:-' grandos intorossos: "a idonlidado cololiva
do girupo, quo so lunda sobro on milos, o mais parlivularmonto sobro oz-4
FATRIMONII I t‘lll.'l'l IR/ll. Unnvallun, jmllllom, lH#ll'mm*Hlim H I‘lm llll 'll'mllo1o. A !tvInm*m'r1n dn 'll'mllw1u: Nnrrnr r (‘mu-1!-rn/r mm: M mmlo om 'll'nm1fin'n:n;'fio

mllon do orlgom; o prostlgio das familias dominanlos quo so oxprimo polas Iarga. Ern soguida, numa ordom quo nada tom do fortui to, aprosonta os mitos
I ‘ ..
golwnloglas o o sabor toonioo, quo so transom i to por formulas praticas, forlo- fundadoros, as origons do fonomonos cosmicos o torrostros importantos, como
mtmto ponotradas do magia roligiosa."2" O trabalho do Pichuvy o Leda, ao a chuva (”Bepuixi, o dono da chuva”), o fogo (”Pok5i”, fogo), o lim do mun-
urgmil/.a|' as liistorias da tribo, também parece so ordenar em torno dessos do (”l\lgoin Manga Wereba”), o casamento (”Assaid N5”), a flocha (”l\ljap”), o
olxos, prlnoipalmonto o primoiro, o do reforcar a identidade coletiva do ”dono do mato” (”Pawo”), entidade negativa do universo Cinta-Larga. Papol
grupo alravos do rolato do sous mitos. O cacique retoma a narragiio que decisivo nesse cosmos vao desempenhar os animais, que sao contomplados
no osvala movido polo desejo do que ela se perpetuasse e, com ela, o fio da com uma grando quantidade de narrativas: historias da onca (”l\lol<u”), bosou-
lraL‘llq&’lc1: ro (“Ala”), arara (”I<asat”), anta (”Waca”), maribondo (”l\lgaboy”), ontro outros.
Eu vou conversar agora pessoal. Eu quis fazer muito Naquele universo, os espiritos, os homens, os animais e as plantas compartilha-
conversar assim do histéria. Quando fizemos assim, vam harmonicamente o mesmo universo da floresta tropical.
indio que tem lembrar quando eu vou morrer. Indio
que tem lembrar do mim. E assim que eu conta tudo Essa harmonia vai so desintegrar, no entanto, na segunda parte do livro,
, dn aldeia meu. Quando eu vou morrer, pessoal que tern
mm‘ lembrar do mim ‘Que Pichuvy contava quando era
que reune as historias relativas a chegada do branco, e que vai ser intitula-
vivo é assim’. da, correspondentemente, ”Outras historias”. Ela comeca com um lamen-
(...) Eu to vivo aqui, eu contar muito do histéria. Assim to pela perda da técnica tradicional no que se refere a construcéio da malo-
----' ' que eu fago pessoal meu, contava meu pessoal. E mui- ca. O esquecimento é profundo, atingindo até mesmo aquele instrumonto
ta vez que eu falava que indio tem que lembrar como
foi antigamente, como que velho contava pra nos, que nocessario para a sobrevivéncia do indio, a flecha.
velho conta muita histéria pra nos. Por isso que eu
conta muita histéria assim.” Agora eu vou contar historia do maloca. Historia ma-
loca, quem sabia fazer maloca. Entao esses dias quo
nos esquecemos como faz do maloca.
U llvro vai tor u ma ordem bastante clara: ”da harmonia mitica a desintegragéio Hoje eu mesmo que mandei fazer maloca pra. apron-
l‘LliJt¢'1rlca", pa ra u ti lizarmos as palavras da arquiteta. Assim, ele comega falando der. Eu sei como é que vou fazor maloca. Porquo o
indio daqui esquecer como faz maloca.
do N'gura, o criador do mundo, situando-nos frente a cosmogonia dos cinta- Até a flecha aqui gente nao sabe fazer... Entao por
isso que vou mandar fazer pra aprendor, pra néio os-
quecer. Festa também... artesanato também, pra néio
esquecer demais. Pra lembrar do historia quo fez ma-
loca antigamente.”

“Para nao esquecer demais”, tal é o proposito declara-


do da iiarracao, que dove ser utilizada para que os in-
dios so lombrom do sua origem e do seu saber técnico,
também om dosaparocirnento. ”Agora que nos quere-
,-',.-,\.o"'~¢4»-\q.~-, ' ’ ‘ ‘
mos aprondor fazor maloca, artesanato e flecha”, de-
‘a

olara o Caciquo. Aquilo quo parecia algo dado, uma.


“Mn-.
"WM, , ~u,w.~,,,, N M
faculd ado q uaso natural -0 saber narrar, o saber fazor
fit’, _ _j V ‘d"-sfoizffi , -f_:‘
-,=;Ji?-
H M
maloca ou flocha, agora tom quo ser roaprondido. Ii
‘ ,, ,»,,\“;l"L~. wt, 1‘ M ""l 1 H
rogislrar através da oscrita pa rocia-lho uma forma do ‘ti?
"‘--;-. =-_-"zap
K ‘H I‘ 21*’: '-:1’ V, 1.»..‘.- '-.-E5
garantir a pormanoncia daquolo sabor, quo, do outra
-1\iF""-Q

forma, soria lrajz,ado pola cultura branoa, quo so impu- l ll"-Fllllli

nlm com viololwlal sohro a naliva. lmln lingo


PATRIMONIKI ('llI.'l‘IlIMl. 9 (‘ill-wllom PlIllll|'HI, IIIIHIAFIIIIIHIIHH .l Hl'lm I'll 'lI'mIlo1o. A ltvlrmvnmn llll ’ll'mllg'ao.' Nnrrnrv Uunutrulr mun Mumlnvm 'll’mlnfiH‘mm,’fIH

O apa roolmonto do bra noo o rolaoionado com a morto: u ma morto quo cho- dolioado oquillbrio do Ilorosla tropical, nan 1" rooonlo, Iondo sido nolodn
3:1 norralaolra, primoiro so disfarqando do amigo, dopois onvenonando o ha muito lompo por viajanlos quo poroorroram a /\|n'.w.onia.1 ja nos sooulos
matando os Indios com armas do logo, granada o motralhadora. XVIII o XIX. /\loxandro Rodriguos Iiorroira, por oxomplo, aponlava, ja
Ai quo foi comocar achar branco, né? Ai que garim- om I786, o abuso no corto do madoiras no Valo do jau, onquanto Spix, om
peiro vai aparocor la no rio Roosevelt. Depois quo l82I, alortava para o risco da oxtinqao da tartaruga naquola rogiao, pola
gonto pensava quo Surui mesmo tava garimpando, ”inoL'|ria" com quo so praticava a colhoita do sous ovos nos rios Branoo o
sabo? Ai garimpeiro apareceu. Tinha muito Cinta-
Solimoos. Até hojo ocoam as palavras do Ioao Pedro Dias Vio.ira, quo om
Larga. Muito cheio, sabo? Tinha flocha tamanho as-
sim, bom feito mesmo, sabo? I856 mostrava ostar so tornando dificil o oxtrativismo na Ama/.(‘mia, ”l"al
Depois branco ficou amigo, né? Foi ficou amigo... lom sido a to agora a nossa nogligonci.a!".24
Primoiro que o branco matava muito Cinta-Larga do
tiro, do metralhadora...

A doslmuioao quo atingo a tribo fore também o sou moio-ambionto: a floresta é Construir: a rotomada da tradicao
IN

dostru Id a, as arvoros dorrubadas, o rio contaminado. O indigena, que vivora


|‘nllI1aros do anos om harmonia com a natureza, percebe o carater predatorio llm sua posquisa, a arquiteta Leda Leonel identifica n.o sistoma tradicional
daquolo novo tipo do ocupacao. Para ele, tudo ostaria ligado: a mata, o rio, os do ocupaqao do territorio, a manoira rospeitosa do indigo-na so rolacionar
émlmais, os homons. ”Bicho também ta comegando acabar. Agora é dificil pra oom a naturoza, oxplorando suas potoncialidados som destrui-la. I\losso sis-
pogo 1' blcho. Pra matar bicho, né. Agora ja sumiu tudo bicho”. A causa do toda loma, a propria oscolha do local para so instalar a aldeia parte do uma ob-
aqtlola dostru iqao é bom percebida por Pichuvy, quo contrapoo as necessidados sorvaoao cuidadosa das potoncialidados do sitio: procuram-so lugares quo
do lDl‘t'll‘lL‘.‘O as do indio, numa compreensao do que sao maneiras diferentes do tonham ”um rio grando, um rio poqueno, ca<;a, poixe”. Além disso, a logica
no vlvor: 1" a do rod I:/.io: a aldeia so ostaboloce ali por
um tompo dotorminado, e quando a area “=1: .-
O branco quer é procurar terra pra ganhar dinheiro,
né? O indio nao precisa do ganhar dinheiro. O bran-
a p1-osonta sinais do osgotamento, des1oca- . I
co quer ganhar muito dinheiro! indio precisa cagar., so para outro Iugar. Este novo lugar, no ,',f-33' . '
indio precisa pescar... tirar mol, né? so isso que indio ontanto, ja fora ocupado, ha muito tempo, \ ~ 7‘
precisa. Mas nao tem do dorrubar arvore nao. nfio havondo, portanto, desmatamento da “'
San também d uas maneiras diferontos do so rolacionar com a natureza: a lllorosta, mas a roocupacao do area anto- Q3
do bra nco, prodatoria o som nenhuma considoracao para com o meio am- riormonto conhocida. Isso pormito que o “ii \

bionto, tormina por dostrui-lo. _ moio ambionto tonha tempo do so recu-


porar da aoao do homem, o nao so esgote.
1
LI'!
ato ’
Mas ou podia ser branco, nao é? Mas nao ia dorrubar
arvoro nao. Arvoro nao (...) Nao precisa fazer roca
Sogundo I..oda Leonel, esse seria “um dos "'4;?
-.32--_."’ I‘ -‘.
N‘ ' .-
tod.o ano, sabo? lsso ai indio fazer assim: Depois que mistorios da consorvacao”, a razao quo jus- Q/5.‘ ' I
ilrln‘ alll I’! ll
capooira vai crescer, ficar terra nova. ai gonte dorru- lilioaria porquo “olos ostao morando ali ha llr vol.-mi mlo
ba do novo. Tom muito mato mas nao precisa dor- mllonios o a ooisa osta porfoita".25 lfIl'.'u'

rubar nao. indio vai andar mato. Nao precisa cprtar


galho pra abrir caminho grando. Procisa nao. Indio No onlanlo, o contato com os brancos inviabili:/.a essa forma do ocupaoao
precisa so andar som caminho. Por isso quo mato nao
ostraga pra Indio, Indio nao ostraga mato. Nisnguom do lorril(>rio, nao so pola aqao dirota dos garimpoiros o madoiroiros, mas
do Indio mata muita coisa assim bicho nao, sabo? In- muitas vo/.os pola propria aoao govornamontal ao domarcar as rosorvns
dio mala um bioho ja vai ombora, no? I)opois outro lndlgolias. I’ara 0 obsorvador dosal'onl‘0, a florosta tropical podoria pa rooor
dla mala outro.
um lodo hoinogonoo o indislainlo, mas do Iato, como obsorva tlhoorliranl,
A esolisluliioao, Ioila por I’iohuvy, do manoira p|"odalo|'ia do branco so ro- ola osta dividida om '/,onas para oaoa, oolola o inigraoao tribal quo so do-
laolonar oom a nolurov.o, quo o lova a oolocar om risoo um ambionto do sonvolvorom no longo dos sooulosl-"' U Ialo c» quo, alo muilo rooonlomon-
ll/l'l'RlMONl( 1 l"Ill.'l'llR/ll. ('om‘#ll|m, jmllllcns. ll|slr'|llm'nhm ll I‘/m rlu 'lrmlI4,'0o. /I l'lr'lm'r‘llg'l‘llI lln 'll'mll¢l‘lo: Nurrur v t lmslrulr num Mumln um ‘llamas/m'nmono

lo, a dlmonsao alilropoltigica da ocupacao do torritorio ora ignorada, com aponas a liabilacao quo so lranslorma: com o sou dosaparocimonlo toda
I
domarcacao sondo foita som quo so idontificasso qua] era o vordadoiro a logica tradicional da ocupacao do ospaco <1» subvorlida. /\ casa comunal
torl'Ilorio ocupado polas tribos. Assim, eram'muito comuns demarcacoos ontro os Cintas-Iargas vai sor o palco social ondo tudo acontoco, sondo a
lsolarom partos vitais do torritorio, doixando do fora, por oxomplo, as areas I ordom quo dola doriva roproduzida para o ospaco como um todo. Assim,
siigradas, ou, contrariamonto, so incluindo as areas sagradas, nas quais por oxomplo, quando so doslocam para acampamontos provisorios do
nlio so podoria oxorcor qualquer tipo do atividado extrativa ou agricola. caca, a mosma logica ospacial da grando maloca o reprod uzida no moio do
No quo so roloro a ha.bitacao, o ofoito da chogada da cultura branca tam- ma to. Nesto sontido, a construcao om si mostra-so do monor im portancia,
bolri vai sor oxto.nso, com a construgao tradicional sondo substituida pelos sondo ossoncial, no entanto, polo que significa enquanto elomonto a rticu-
padroos im portados principalmento do Sul do Pais, do onde vem a maio- lador do uma visao do mundo. A casa dostruida, ao rovos, como obsorva
rla dos colonos quo la aporta. Entre os cintas-largas como documentara Loonol, ”dostroi toda a ostrutura da vida vivida que oxiste”. Esto fato ja
n arquilaota, a habitacao tradicional é represontada pela maloca comunal, fora porcobido no século passado, quando os missionarios cristaos consta-
onormo constrtlcao porfoitamente adaptada ao moio ambionto local. Com ta ram quo onquanto a casa comunal ficava do pé era impossivol catoquizar
o Indio, ou abalar a sua visao do mundo, sondo sua primoira providoncia
oslrutL||'a do madeira o cobertura vegetal, a habitagao tradicional propicia
para minar a rosisténcia cultural indigena destrui-la.
my--~ a 9 sombra o conforto térmico num moio am-
. biente equatorial, muito quento e omido. A chogada do branco vai ropresentar, nas palavras do Leda Leonel, “a ru-
" © flap Do fato, a maloca tradicional possui um Ina goral do todo sistoma do entendimento do mundo”, ”porquo os locais
,» "H % @ isolamonto térmico notavol, atenuando no oscolhidos ao longo do milonios e habitados - por sores humanos, polos os-
H .1 interior tanto o calor, quanto o ofoito das piritos, pela momoria, pelas londas, pela historia -, vao sondo dovassados
perigosas e freqiientes quedas do tempe- com plota monto e com a chegada do tanta maquina, aviao, tanta gonto quo
ratura.” Nesto sentido, a palha, material olos nom sabiam que oxistiam”. Com isso, a propria pesquisa da arquito-
utilizado para cobertura, vai so mostrar ta - sobro a ostratégia do ocupacao o oxploragao da floresta - doixa do sor
muito adoquada, pormitindo boa circu- viavol, o ola so vé onvolvida numa agao militanto para tontar garantir do
lagao do ar e toisnando a casa tradicional algu ma lorma a sobrevivéncia daquola cultura.
. ao mosmo tempo escura e bom ventilada.
' - A ostrutura tradicional vai tor dimensoes lingajando-so numa ONG - YAMA, mais tardo PACA -, a primoira acao do-
Q r @* avantajadas, medindo (em média) 60 me- I
sonvolvid a Foi significativamonto ligada a questao da saode indigona, numa
I

‘ tros por 20, tendo 18 metros do altura. Em tontativa do so garantir a sobrovivoncia fisica dos indigonas. Como so sabo,
sua grando aroa intorna vao so concentrar muitas familias, que ocupam o lndofosos iron to aos microorganismos desconhecidos trazidos polos bra ncos,

l
ospacgo a parti r do. uma logica que refleto a sua vida social: cada familia tem os nativos nao sobrovivom mesmo a doengas como conjuntivito o gripo. As-
0 sou lugar dontro da casa. l\Iao vai haver ai, no entanto, como na nossa sim, concluiu-so quo era vital
noclcdaclo, um ospaco com nitidas soparacoes espaciais, mas muito mais quo os lndios aprondossom a
um ospaco in togra do.” lida r contra aquolas novas
molostias, para as quais a
Com a chogad a do branco, esse modolo vai sondo substituido por casinhas sua mcdicina natural nao
lndlvlduais om madoira, cobortas com tolhas do amianto, quo so mostram aprosonlava nonhuma solu-
duplamonlo improprias. So, por um lado, nao propici-am o monor isola- qao. Uma primoira tontativa
monto lormico, por outro, no quo so rolorc a organizacao social, dosta’/.om fol no sontido do so lovar
on lacos lamiliaros/ospaciais om torno dos quais so oslrulura a organizacao cursos do troinamonlo para
da casa comunilaria tradicional. (‘om isso, lambom a loicao das aldolas as oldolas, o quo so moslrou
Ia altora complolamonlo, passando o sou ospaco a sor orp,ani'/ado a partir mullo dlllcll, no rnodlda om
llwls mars llol
luv lll' ln*omon'll
do unldados lsoladas unllamillaros. ll importanto porcobormos quo nan o quo lsso oovolvla o dosloca- 1 In mil. Homlllfl
Q
l'A’l‘lilMONll I t‘lll.‘l‘l IRAI. Fmmrllon. jmllllms, lmwlrunwnllm
H l'Im lln 'Ilmllo1o. A I-Zvlnomulo rln 'll'mlly:7o: Nnrmr r 1 lumlrulr num Mnmlo mu ‘Ilmm/ornlm,*na

lim rolacoo aos matoriais usados, a aliludo lambom loi noo lrodicional: cahlo
lrolmlhor com a novo roolidado, com as possibilidados colocadas polo situa-
coo roal. Assim, olom do alvonoria das parodos, nu ma logica do rociclabilido-
do, ulill/.arom-so também matoriais Ira"/ipdos pola ocupacoo do branco. Um
oxomplo: nos poquonas janclas cria- l
das, loi uliIi'/.odo vidro do automovol,
consoguido num doposito do sucata.
Como ox plica l.oda Loonol, ao mosmo
lompo om quo so cuoria reconstruir
as malocas, ora também necessario
dor uma ulilizacao para o lixo, que ja llllr'l'llIl ill! I I H”
:‘ll' lrrlmom nlo
oxlslla lo - vidro, go rrafa, lata, plastico
I ‘I'll! Ill”. Fllllllulllll
-, quo loi ulilizado, ontao, na constru-
coo, ondo convivo.u com os matoriais tradicionais. Um outro oxom plo nosso
sonlldo: no construclio da nova maloca utilizou-so o vidro do garrafas no
alvonaria das pa rodos o no piso.

llssa poslu ra hotorodoxa o pouco purista no tratamonto com. a liI‘£-l€l..l.§‘¢0.“l() mo r-


monto do uma oquipo do professores, médicos, onfermeiros, ontro outros,
co a otilaudo do ONO como um todo: néio ha como so negar a tra.nsformac£io
para as mais variadas aldeias. Face as dificuldades financeiras da ONG, a
ocorrlda o os novos rocursos trazidos pela cultura branca. Polo contra rio,
solucoo adolada foi a do so realizar proximo a cidado do Cacoal, onde lhes
no sua concopcao, dove-so lancar mao doles para so garantir a manuton-
havia sido codido um terreno, um centro do treinamento, que ao mesmo
coo do cultura indigona. Assim, é significativo que so tonha lutado para,
lompo dovoria desempenhar o papel do oscola o do alojamento, abrigando
no lado do maloca, so instalar um orelhao, através do qual. so pod.o acossa r
os lndlgonas quo para la so doslocassem.
o mundo intoiro. Por outro lado, nao so perde do vista o enraizamonto an-
l\losso conslrucao, olos viram a oportunidado do so reconstruir a maloca tra- coslrol do cultura indigona no moio-ambionto, sous prossupostos o visao
dicional, quo ostava d.osaparocendo das aldeias. Para isso, Leda Leonel pre- do mundo. Isso pode sor porcobido pela propria localizacao da construcoo,
parou um projoto quo rocria a ostrutura tradicional, suas formas e técnicas, ~-~w~

an mosmo tom po om quo procu.rava onfrentar as novas condigoes colocadas


para aquola cultura com a chogada dos brancos. Assim, a ostrutura vai ser
a tradicional, uma cojpula. feita do madeira fina e flexivel, que foi executada
polos ind Igonas. O material do cobertura também foi o tradicional, com pa-
Ilia, quo 1'» rccicla vol a cada oito anos. Em seu interior, no entanto, o espaco
Fol ado plado para os novos usos necessarios na época, intr<xiuzind.o-so pa-
rodos om alvonaria, quo garantiam o fochamonto o a seguranoa do Escola.
X u

As nocossidados ja oram outras nosto mundo transfo.|"mado: para so lazor


Lima oscola proclsava—so, por oxomplo, do um tipo do iluminacao diloronlo
do das molocas tradicionais, oxplicando-so assim a inlnxlucao do janolos.
DIl'o|'onlomonlo do oldoio tradicional, ondo as possoas noo possuom muitos
oblolos, ja havia moquinos o moloriol para so guardar.

ln'u:mm'rrlo rm
'-llllllr llllI”|\:i'llll
i
F/\"1‘RlMUNl(1t‘lH.'l‘H!iAl. (‘m-wrlluu. ;mHHrun, hmmnnrnm=1

na L'lnit‘a area |"01m1|10st'vnl‘v da llorusla dvnlru 'rRA1)|c7\(i) F. MOI)!-ERNIDADE: DIFERENTES APR()XlMAQ(')F.S


do mu|1ic|'pi0 do Cacoal, mata que vcm sondo
crcscvntolmmto ocupada pelos indigenas, que la H0 n ligaqiiu que a tradi<;fm ostaboloce t*ntre 0 passado 0 0 presente 6 corn-
esculpiram Figuras de ceramica representando plvxu, tendo a prdpria tradiqao, como vimos, uma dimensfio dinfilrtica, Y

0s entes miticos da floresta. A tradicao encontra um-m dimvr1s5n vai passar a ser prcdominante com 0 advcnto da chamada
um espaco de dialogo com a nova cultura, 0 vai modornidado. Se, so fato, a dinamica ja se manifestava, ainda que do fur—
sendo re-apropriada e transformadaz no interior ma timida, no ambito da tradigao - com algumas mudancas so insinuandu
da maloca da Paca, por exemplo, 0s indios vao lvnlamvnto n um universo cultural onde a forca central vai ser a da perma-
pintar na parede um yamé, que nas aldeias é um r\(\m'ia ----, no mundo moderno a légica da cultura passa a ser a da prépria
tronco decorado, uma espécie de totem da tri.b0. n\L|dar1<;.a, da substituicao incessante de valores e modelos. Aqui, como
aponta Marx, “tudo que era sélido desmancha no ar, tudo 0 que era sa-
Desta forma, a maloca da Paca vai ser uma ini- gradu 6 pr0fanad0”.l' Nessa nova configuracéo da cultura, muda também,
ciativa bem sucedida no que se refere tanto a prufundamente, a prépria relagéio com 0 tempo, com suas trés dimensfies
aproprlnqéiu por parte do grupo a0 qual se clestinava, quanto a0 efeito que ~ passado, p resente e futuro — passando a se relacionar entre si, como V0-
pl'uvm*uu nas alcleias indigenas. A apropriacéio foi imediata: ao construirem rvmns, do forma diferente das configuracées anteriores. Se no capitu lo an-
6 Ve*rv1'n uspelhado naquele espaco a sua concepcéo de mundo, os indigenas luriur nus debrugamos sobre 0 universo da tradicao, neste capitulo vamos
Ii&*I1l‘|rt1n1-e-w em casa. A0 se hospedarem naquela nova maloca e rec0nhece- visa r a modernidade, éimbito no qual, como mostraremos, aparece at idéia
rem u vspaqo como deles, 0s indios comecaram a ali organizar suas ativi- dn palrirnt"mi0 cultural.
dades lrndicionais como festas e dancas. Outro sinal da apropriagao pela
ptwpulacgfiu indigena pode ser encontrado na sinalizagéio por meio de sim-
bulus dvixada por cada um dos grupos que por la passa — pinturas, yamés,
O fim da modernidade?
marcnm n espaco hojc. Ate mesmo dois totens da tribo Zoré, que nao eram
Vlnttm In‘! basta n te tempo, foram utilizados nesta apropriagao do territério. Nu on ta n to, é importante que
pvrcvbarnos, antes de tudo,
U nmls importanto, no entanto, parece-nos ser 0 papel de reafirmacao da
que an falarmos de m0derni-
q Lm lid n d 0 d a construciio tradicional desempenhado pela nova maloca: tanto
dndv, vstamos lidanclo com
UH lndius quanlco os préprios habitantes da cidade se encantam com 0 resul-
uma idéia em si bastante con-
tado ubtido. A partir dcsta experiéncia, comecam a ressurgir em quase todas
l‘mvv|'sa 0 que, apesar de lar-
ill nldvlas da regiiio, tanto de forma espontéinea, quanto pela acéio de érgéos
ganwlwtv utilizada pela fil0s0-
fltwernamvnlais, as constirucées tradicionais, que estavam desaparecendo.
Fla 0 pelas ciéncias sociais, néio
(l"lu|e EI FUN/\l adotou como modelo de posto de atenclimento médico para
av doixa aprccnder através de
8! aldvlas 'lt| pi, uma pequena maloca desenhada pela arquiteta Leonel, que
uma dvfinicao conccitual sim-
tnml.1t"n1 foi apropriada pelas tribos, que passam a cuidar daquele espaco
ples nu u ma dclimitacfio cro-
C'm“n tudo osmeru.) Alguns casos de ressurgimento cultural sao mesm0_ im-
pl'enHlu|1anlvs: a 'lI"upari, u ma tribo que 1150 procluzia maloca em suas aldeias nulchgica univuca. /\umentan-
do essa dificuldadc, a prépria
ha Innis do 50 anus, rctomou suas lradicfies. Como, no entanto, nan podiam
Ida’-in dn (m0dv|'nidad0> como
Ill'flplL‘HlTlL‘l’llL‘ tomar u modulo da habitacfin dos (‘.intas-Iargas, no qual so
um lvrmu que dvsigna 0 pre- ‘
|I'1I|p'll“ULl a lnaluca da Paca, olos tivoram quo cunsulla r us am*i('ws da aldeia
nvnlv vvm svndu c|'vsc0|1tc- \
para nprvndvr do novo como sc fazia a sua maloca, mm 0 quo pudoram
muntv pruhlvmnlizada vm 1
rmfurmlruir n sua lmbilnqéiu lradidunal. (‘om n vnlln du maloca, muilns dos
HUHHUH dias, principalmvnlu a \
l'Iéb"lluH 0 t‘UHl'Lll1'lt‘H t.|Llt.', dvvidu a‘\ L‘i‘llL‘L|t.lL‘Hl‘ v a clvslrtliqilu gvrwnlizmln, li=~ I‘tIf--|lmmm':;IIn!
pnrllr due-1 nm(H l‘)h(),lqunndn \ H Ilrllnn
nhnm dvlxadu dv vxlnllr, pmmunr a lvr dv nuvu t-spm;u.
p
— TUML - Cnmfivlmn, pullllrnn, lnnrrmnenmn
l . 'lHnllgm1 v nmdrrnldmIv.' (ll/i'rrrm'n np:m'lnlm'flvn

comeqa a ganlmr FOI‘Qt'l a idéia do uma ”crise cla |m>dernidacle". Alguns


pe!1sadores, como o crltlco da cultura Frederic Jameson, véem naquela dé-
Cndn o flm cla modornidado e o inicio da chamada ”@('>s-modernidade"') en-
l
tflndlcla por ele como a “logica cultural do capitalismo tardio”, mesmo que
0 debate em torno do tema to ha e tornado mais inflamado e consistente
aponas £1 partir da década de€97Oj2 E, de fato, naquele momento, ao lado
tile lmanlfestaqoes cultu rais em todos os campos que procuravam se distan-
I I
clar dos modelos modernos, comega a predominar na cena intelectual do l6

Ocidonto tarnbém uma profunda suspeita da razao e da propria idéia de


prel‘ens€5es de val.idade universais alcancéveis argumentativamente, pres-
Duposlns no ”projeto da modernidade”, ouvindo-se falar constantemente
8 partir dali do ”pés-modernidade", ”pos-industrialismo”, ”pos-estrutu- T

rallsmo”, etc. A discussao sobre a pos-modernidade — e, paralelamente w

sobre o esgotamento da modernidade — comeca a ocupar lugar de desta-


qL1@, I150 havendo nos anos 1980 ”nenhum suplemento cultural, nenhum
Coloqtlllo, 'l1L"l'll1LIilTl contemporéneo bem informado” que possa viver sem
5
91:1, lronlza Wolfgang Welsch, que acrescenta: “E, entretanto, quase nunca
IQ sabe bom do que se fala, quando se diz ’pos—moderno’”, acrescentafi’ E,
ele fnto, a exprc-ss€io que deveria servir para denominar 0 presente e futu- I
1'0 prt’:xlmo, indicando a ruptura de nosso tempo com o que se chama de
modornidado, reveste-se, entretanto, de um grau de ambigiiidade e impre-
ClI&o pratica mente insane-’1vel.

Explorzmdo essas ambiguidades, Welsch aponta as quatro principais con-


trovérslas que envolvem a expresséio. A primeira referir-se-ia 51 propria le-
glflrrzldnclc do term 0, que para alguns néo haveria nenhum fenomeno que
_..]tl-llIll:lCt1l$H@ a sua aplicagao.

O Pos-moderno seria somente vinho antigo em garm-


fa nova; e todo 0 alvoroco em torno dele seria apenas
promocao de profetas da moda em busca de lucro; ou
uma tentativa de fuga, facilmente desmascaravel, da- "fl
queles que, com 0 anuncio de uma nova era, querem r
se furtar as tarefas néo resolvidas do presente.4

A legunda controvérsia estaria relacionada com. o fimbito dc utilizagiio do


COI1Ct?ll'0, que vem sendo empregado de formal crescentemente inflaciona-
I'M. lnlclallmente utilizado pela crftica litera'ria, o conceito foi transplan tad o l
para 0 campo da Arquitetura, espalhando-se dai para outras areas, como
Ill artes plasticas, a Sociologia o a propria Filosofia. Soriam, entrotanto, l m Illllltl llu .'l_\.;r'm‘l
|l¢' l'HlIlll l|l:I||'l'
fiompatlvels ontro si essas divorsas utilizacot-s? Um outro ponto polémico l'I:mll'l hm A lulu.
girls: 0 que so reforo £1 uplirncrln temporal do lormo: quando eomoqn a sor ;mm'!u Jr I nml
utlllzaclo, nos Estados Unldos, na area da lll"o|'al'urn, o ”pc'm-|11mlerno" so 4 livluu, Hmlln
Mmm n, I ‘all/or-1:41
1 l ii Hill‘ (‘l'Hl'I'”lIl'll ]|ll””I'H="l lll'*ll'HHll'HlIl-'1 '”-muwjflra"“"Ir1'l”hh“h4j 'I’,'_l""J"r‘lfi"’|,1'|\',"'l"n‘JH

rolorla a lionomooos dos anos I951). 'l'ransp|anlado para a l".uropa, a partir /\o prolondor dosonvolvor um projolo do tal alwairgoiioia o ainda mais
do l‘l7Fi, passa a roliorir-so aos proprios anos 'l*)7(). Por outro lado, o “pos- sol» o si;.',no do raoionalismo ooidontal < a, I lahormas tom plona oonsoionoia
modorno” parooo vir oonquistando croscentomente torrono no passado: do oslar nadando contra a corron to. “lilo prop(>o oritorios univorsais do ra--
Arnold 'l’on_yl1oo, por oxomplo, a ponta as suas origens ja e.m ‘I875. Umberto 1 l mo num tempo om quo ostilos rolativistas do ponsamonto ostao na moda
lioo, no ”l‘os-osorilo ao Nome da Rosa” manifesta, cruelmonte, o tomor do om varias areas do discurso intelectual — como, por oxomplo, no ‘pos-
quo a oalogoria ”pos-moderno”, a continuar no passo atual, possa chegar oslruluralismo' ”, oscreve Anthony Giddons, no onsaio “Reason without
ali" n ohra do llomero. A. quarta e principal controvérsia referir-so-ia ao Rovolution?".“ Nao so pode, entretanto, acusa-lo do ingonuidado ~ r “l la-
|1ro|1rio mlllrlido do conceito, que parece apontar para direcoes totalmento bormas is aware of the present mood”, como oscreve Bernstein. la no pro-
divorsas. Para alguns, o pos-moderno seria a era das novas tecnologias; liaoio d a '1 Poriu (la /lqfio Commzicativa, o filosofo confessa: “Uma investigaqao
para oulros, polo contra rio, completar-se-ia com ele justamente a despodi- dosto tipo, quo usa o conceito de razao comunicativa sem corar, osta hojo
da do um dominio tecnocratico, sendo o pos—moderno verde, ecologaco e sob suspoita do tor caido na armadilha do f'undamontalismo".7 Para olo, no
"a|lornalivo”. Alguns osperam do pos-moderno uma nova integracao, por ontanlo, o quad ro é claro: néio ha como realizar uma critica da razao fora
molos divorsos (por oxomplo, o mito), da sociedade dilacerada; enquanto dos limilos dola propria, ou uma critica da modernidade, negando total-
outros a lirrnam sor o pos-moderno principalmente uma época de maior monlo os prossupostos dosta. E mais ainda: iinodernidade e razao siio dois
plL|l'alismo o |’ragmon.ta<;ao crescente. lormos indissoeiavois, cabendo ao filosofo mostrar a conexao lntima quo
os liga, o trabalhar dentro desses limites, fiel a heranga do racionalismo
llronlo a lais ambigtiidados, seria importante nos perguntarmos mesmo pela ooidontal. Trata-so para ele, que tinha como pano de fundo nos anos 'l 981)
validade do uma d.enominac€1o como a de pos-moderno, excessivamente a asoonsiio do noo-consorvadorismo e a critica — ecologica — ao cresci-
fll1l‘t1l1j.I,v|"|l't‘ o im precisa. Por outro lado, no entanto, nao ha como se usar hoje o monto, d uas perspectivas bastante criticas ao ”projeto da modornidado”,
oonooito do modornidado sem uma perspoctiva critica, sem levar em conta as — do olorocor uma dofesa do lluminismo e da rnodernidade quando para
lmimoras - objogoes e problemas levantados por diversos autores a respeito do muitos ostos so tornaram efetivamente desacreditados.’-it
vl"1a|nado ”projoto modorno”. Assim, para apresentar a idéia de modornidado
vnmos lanoar mao do um autor, o filosofo alemfi.-io]i.'1rgen Habermas, que tenta Parlindo do tal perspoctiva, nada mais natural, portanto, que Habermas ro-
luniglar uma tooria da modornidado que consiga lidar conceitualmente com as jollar troiwtalmon to tod as aqu.elas correntes que, seja n.a arquitetura, na a rte
pntologias do nosso tempo, sem se desvincular, no entanto, da, heranga do ra- ou na ll ilosofi a, procuram se distanciar da modernidade, proclamando sua
rlonalismo ooidontal. Para isso, ele vai construir a sua teoria da modornidado ruplura com essa. No prefacio de seu livro O discurso filoséfico do modorm'-
dontro do um quad ro sistematico mais amplo, que denomina ”Teoria da Agao dmlr, llabormas refore—se ao discurso que proferiu em 1980, por ocasifio
Ctamunioativa”, onde liga o tema da modernidade ao tema da razao. Para o do roool">imonto do Promio Adorno, i.ntitulado ”l.\/[O(Ii.0l‘I1llCl€lClQ, um projeto
l'llt'mol"c 1, o conceito do acao comunicativa apontaria para trés complexos tema- inoomploto”. l\losto tratara, por meio do uma cuidadosa analiso da modor-
lloos in lorligados: primoiramonto para "um conceito de r.acionali.dade comuni- nidado, jusla men to do suposto aparecimonto do u ma ”pos-modornidado".
oatlva quo soja so ficion tomen to cético em. seu desenvolvimento, mas que rosista ”lislo loma, controvorso o choio do facotas, nunca mais mo abandonou”,
ta rod Lloao da razao”; om segundo lugar, para “um conceito em doisnivois do oonlossa om 84. U combate ao chamado ”pos-modorno” passa a sor, ontao,
soolodado, quo liguo os paradigmas do ‘mundo vivido’ e do ‘sistoma’ do u ma um dos polos da obra do la labormas, o quo nos fay. supor quo, talvoz, tonha
manoira niio a ponas rotorica”; e tinalmento para “uma teoria da modornidado sldo juslamonlo o dosalio roproson- \ ---—
quo oxpliquo o tipo do patologias sociais que so tornaim hojo cada vov. mais vi- lado pelas oorronlos do ponsamonto
slvols, por moio da suposiofio do quo os dominios da vida comunioalivamonlo "pos-intadornas” quo oslimula o fi-
oHl'l‘lllll|'ados ostiio sondo subordinados aos imporalivos dos sislomas do aoao losolo a olalwora r sislomalioa mon to
autllnomos, lormalmonlo orga11i*/.atl1>s".~" So assim, aorodila l labormas, c» pos- uma tooria do modornidado quo pro-
ulvol uma oonooilualizaoao do oonloxlo da vida social adoquada aos parado><os oura o><|.vli¢;'a|‘ as palolo;;ias do nosso
du ITNI(.'iL‘l‘!'lll'ltlLll‘, som quo ll'l\l'lill1\UH quo dosoarla-la como um todo. tempo, ovilando oair nos impassos
om quo lorminou a 'l'oorla Crllioa. \ lm -in llul-rmm
ll/l'l'RlMl§Nll I I 'l ll.'l'l lll/ll. l 'mm'llos, ]mlHl4'us, lHsll'mm‘Hlo.-1 . 'llmllg‘|1|l:' lHlllll'l'lllIll'lllt‘.' ill/:'r¢'Hl:'s il}IriI\ lH||lg':'1rs

l'ara aprosonlarmos a sua looria da modornidado, principalmonlo om sua as dlmonsoos do lompo quo dotormina a rolaofio do um povo oom a tradi-
lnooln oslolioa, vamos rooorror, ontao, ao to><to citado do I" labormas, "l\/lo- oao: ”/\ rolaoao ontro os tros lompos, passado, prosonto o liuluro, c~ dislinla
dornldado, um projoto inoomploto”, discurso com o qual olo protondia, por om cada oivili7.aqao", oscrovo.'" /\ssinala, ontao, quatro modelos basioos
um lado, rolular as oorrontos quo so proclamam ”pos-modornas” e, por om quo podo so manilosta r tal rolacaoz aquolo quo domina das civi|i'/.ao('1os \
outro, dolondor a oontinuaqao do que chama ”projeto da modornidado”. primilivas aos grogos, o indiano, o cristao o o modorno.
ls lnhormas adota al a (mica quo pa rece possivel num poquono texto, que so
dosllnava, adornais, nao a ospecialistas, mas a um publico mais amplo - No primoiro modolo, que persiste ate ontro. os grogos, orpassado soria o
l*rr|lt1va-so, no caso, do um discurso proferido ao receber o prémio Adorno, loco, loompo-arquotipico, modolo a so imitar. N50 se trata aqui, cortamonto,
om IUHU: oomooa r pontualmento, clareando um aspecto especifico da, ques- do passado roconto, mas do um tempo imemorial, uma idade do ouro, quo
lfio o, a pa rlir d a l, alcar voos mais altos. Habermas comeca justamente com so looalizaria no inicio, na origem. Tal énfase sobre o passado fax com quo
a quoslilo da modornidado na arto, procurando, com a analise do proprio ossas oivilizaeoos vojam com horror as inevitaveis variagoos quo o passa r
oo|1oollo “modorno”, dolimitar claramente o terreno em que nos situamos. do tom po im plica: “longo de serem consideradas benéficas, ossas mudan-
Apos tal passo, o lilosofo pode prosseguir, atacando os neoconservadores oas sfio nofastas: o que denominamos historia é para os primitivos falta,
o os orllicos do croscimonto, e apresentando a sua versao propria do pro- quoda". /\ historia seria aqui uma degradacao do tempo original, “um lon-
oosso do modornizangfio, quo, se nao pretende indicar saidas concretas para lo o inoxoravol processo d.e decadéincia, que cu.lmina com a morto”. O ro-
us lmpassos do nosso tempo, polo menos nos aponta a possibilidado delos modio contra a mudanga e a extincéio estaria no oterno retorno; o passado
so rosolvorom som que so tonha do abdicar da propria modernidade. vai sor um tempo que roaparece ao fim de cada ciclo. ”Desta forma o Futu-
ro nos oforoco u ma dupla imagem: é o fim dos tempos e 0 seu recomoco, o
Um dos oaminhos para a elucidacao desse importante marco teorico pa-
r\l

a dog|"atlacfio do passado arquetipico e é a sua ressurreica.o”. Esta-so preso


rooo sor aoompanhar o seu d.esen.volv.im.ento historico, caminho tentado aqui, pois, ao circulo do P s
por varios autores como l<osselicl< e Itirgen Habermas. E o que faz Ha- lompo, do qual nem os
bormas nosso toxto: interrompe sua marcha e tenta, com a discussao do dousos oscapam: como
proprio tormo ”modorno”, ganhar a necessaria clareza para prosseguir. Ao os homens, estos tam-
ntlunoiar, no inicio do segundo paragrafo, que o topico seguinte “nos vem lwoin dovom nascer, po-
da |\lsl<’>ria”, lslabormas prepara-nos para o tipo de discussao que se so- rooor o lornar a surgir.
goo: uma tontativa do so a1:!§reend.er l7l'Sl()1"l'C£Z7Tlt37'1l€ o conceito. Como pon to ”Quolv.alcoat| desapa-
oemlral do tal tlt\|i|nita1c5<) historico-concoitual o filosofo vai toma.r aqui as rooo no mosmo lugar
dltorontos rolaqoos com a t'l‘£Il.C‘l.l.(_;;"-it) que o tormo ”moderno” indica ao longo no qual so pordom as
do sua oxisloncia, rolaooos ossas que prossupoem tipos de "consciéncia do divindados quo Nerval
tél11|Jo” (Z¢'lllu'wussl"srir1) igualmento diferenciados.9 lnvooa om vao: esso lu-
gall‘, div. o pooma natio-
llo, ‘onde a agua do mar
Dllerentes rolacfies com 0 tempo so junta oom a do coo’,
ondo a aurora 0 o|'opL'|s-
/\o osoolhor lal via do aproximaoao, llabormas nos rooorda a discussao
»w

oulo"."
que Uolilvio l’a'/. lav. do l’on(‘>mono da modornidado om sou livro Us /illms
Flt? lmrru, onde lamln'~m so aborda a quostao sob o prisma da rolaoiio oom o U modolo indiano vai
tirmpo. Noslo onsaio, o poola moxioano nos moslra oomo o lonomono da so looali'/.ar, no o<ml|‘d-
l§’nml|.'|'|'1lclatlelso soria posslvol numa sooiodado oomo a ooidonlal, oom a rlo do anlorior, numa
Jflootlllar rolaoao quo osta oslaholooo ontro as l|'os dimonsoos do tempo (\oo,i1g‘iii> do proprio)
l Hlllllillil|l1'l|'lll]'lll
Ipasuaclo, prosonlo o luluro) ll, para olo vai sor juslanionlo osta rolaoao ontro ’ompo, num mais alorn, I-fmnlliprn lam
quo 1" vlslo oomo um sor ll|l:ll]'lH. lllllhl
M'T'RlJM@Nl(1 C‘l.ll."l‘lllMl. i (‘mn'rllnn. ymllllrmu, lmwtrumrnlun 9 '!7'mllrm» r mmivrulrlmlv: lllf¢'l‘¢l|lt*I n;n':|.rlrr|:i¢0vu

lmovol sompro lgual a si mosmo (hrnmmzr) ou o vazio igualmonte imovol sor rodu'/.idos a um princlpio unico: silo "tentativas do anular, ou polo
l
(nlromm). Sobro ambos nada poderia sor dito: estao alem nao so do tem- monos rninimi'/.ar, as n1udan<;as". ”/\ pluralidado do tempo roal opoo-so
po, mas também da propria linguagem. A civilizacao indiana mio rompe, . 5 £1 unidade do um tempo ideal ou arquetipico; a hetorogoneidado om quo
entretanto, @0111 a idéia do um tempo ciclico:;l”sem negar sua realidade so manilesta a sucossao temporal, a identidade do um tempo mais alom
omplrloa, dissolve-o o converte-o em uma fantasmagoria sem subst€mcia”. do tom po, sompro igual a si mesmo”. A modornidado vem romper ”brus- 1
On ololos continuam a existir, mas sao literalmente os sonhos de Brama, l ~ oamonte com todas ossas maneiras de ponsar”. Se herda o tempo linoa r
que so d issipam sompro que o deus desperta, ao fim de cada 432 mil anos. it e irreversivel do cristianismo, nao aceitando as concepgoos ciclicas, a era
"Esto onormo sonho circular, irreal para aquele que o sonha, porém real moderna vai inaugurar o quarto modelo, aolnegargradicalmonto a idéia
para o sonhado, 6 monotono: inflexivel repeticao das mesmas abomina- ' Pl da linilude do tempo e da reconciliacao na eternidade. O foco nao é mais
odes", oscrovo Octavio Paz." aqui o passado ou a eternidade, mas o futuro, ”o tempo que ainda nao o
' ‘ , ,'
‘ que sompro
8 Lesta a ponto de ser 1/ . 11 Diferenca, separacao, hetorogenoida-
O tempo cristao, que traz o terceiro modelo, é o primeiro a romper com
do, pluralidado, novidade, evolucao, desenvolvimento, revolucao, histo-
5 idéia do ciclo: {qui tudo so acontece uma vez e inexoravelmente) Dai l
ria -- todos ossos nomes condensam-se em um:/futuro”,;., escreve Octavio
pode!‘ allrmar Santo Agostinho: ”Somente uma vez Cristo morreu por i
l
iv- Pa’/.. Se o tempo passa a ser concebido como um continuo transcorror,
I'1lJ§lllUH pooados, ressuscitou entre os mortos e nao morrera mais”. Rom-
um ”perpétuo andar para o futuro”, nada mais natural do que so valo- .
pfindo os ciclos e introduzindo a idéia de um tempo finito e irreversivel,
fize a mudancai, e nao se tente, como nos outros modelos, minimiza-la.
0 Crlstlanismo acentua a heterogeneidade do tempo, isto é, poe “manifes-
“O principio em que se fundamenta o nosso tempo nao é uma verdado
timento essa proprio-dade que o faz romper consigo mesmo, dividir-so,
leparar-so, ser outro sempre diferente”. O tempo, cindindo-se a cada ins- l eterna, mas a verdade da mudan<;a”.14 A perfeicéio consubstancial a eter-
nidade converte-se em. um atributo da historia: os seres e as coisas nao
tnnte, repoto aquola ruptura original -- a ruptura do paradisiaco presente
a '1 (i/Eio mais atingir sua‘ perfeig€io‘”no outro tempo do outro mundo, mas
aterno. ”liinitudo, irreversibilidade e heterogeneidade séio manifestagoes
no tempo de aqui — um tempo que nao é presente eterno, mas fugaz”.
dfl lmperleiqfio: cada minuto é unico e distinto porque esta separado, cor-
A historia so torna na modernidade, pois, como escreve Octavio Paz, o
tudo da unidade”. Dai, ser a historia, aqui, também sinonimo de queda. av

”nosso caminho da perfeicao”.


Entreta n to, todas ossas contradicoes vao se reconciliar, no modelo cristao,
na eterniclado, ”unidade do tempo que esta depois dos tempos”. Com a
idéia do otornidade regressa o eterno presente: depois da reconciliacéio do
Iulzo Final tomos a “morte da mudanca — a morte da morte”. ”l\lo fim Diferentes relacoes com a tradigiioz passados arquetipicos
don tfimvos cada coisa e cada ser serao mais Dlenamente aquilo que sao: a llabermas, em ”l\/lodernidade, um projeto incomplete", apresenta-nos
PM" plenitude do gozo no também diferentes modelos de relacao com o tempo, observavois na pro-
r paraiso corresponde pria historia do conceito ”moderno”. Tal tormo teria surgido pela primoira
exatamente e ponto
por ponto a plenitude
l vow. no fim do século V "a fim de distinguir o presente, que olicialmonto
so tornara cristao, do passado roma.no e pagao”. “De conteudo variavel,
da dor no inferno”.'Y‘ o tormo ’moderno' roitera a consciéncia do uma época que insisto om so
Todos ossos modelos rolorir ao passado da /\ntigi'1idade procurando concebor-so como resulta-
-—— passado inlompo- do do u ma transiqao do volho para o novo", osCrovo.“’ /\ forma do rolaofio
oom a tradioao quo tal tormo indica variaria, entretanto, como nos moslra
ral do primitivo, tom- ii'~£.ri
Po ololioo, anulaqao
o filosolo, ao longo do tempo: podomos idontifioar, pa rtindo do toxlo do
dos oontrarios no brZi- lcddlabormas, basioamonlo tros modelos dossa rolaofio.
mano ou na olornida-
do orista podem,
sogundo OL‘tliVlU l’a1.,
lWl'l'llMnNll I l 'lll.'l'lll~l/ll. (‘amt-*llam, ;"mllllrns, lHslI‘HHlt‘Hlns , ‘ltmllrnu r lllllllt*l‘llllltltlI'.' lllft'l‘"t'Hlt's up:-m llllllg‘l1l~'s

U prlmolro dolos seria aquolo quo toria vigido dosdo a ldado Media, ondo (...) so quisormos oomproondor o ponsamonlo do st’-ou -
o tormo, dorivado do Iatirn "nnnlorm1s" aparoco pela primoira voz, ale o Hu- lo XV o XVI, prooisamos sor simples. |iuol<hardl oonla»
nos u ma historia muito bonila, quo podo nos auxlliar.
ntlnlsmo, passando pelo Ronascimento, onde tal concepgao é roforqada. Sor lim um'a corta ocasiiio, om l4-85, toi anunciada a dos-
modorno aqui nao significava, como mais tardo, desligar-so da tradicao, ou ooborla, om um sairoliago, do oorpo do u ma mulher
|1op,1‘|-la abs!ralamonto, mas simtvoltar a ela, renova-la".) ”(...) o tormo ‘mo- romana, com a boca o os olhos ainda onlroahorlos o
com as faces ainda rosadas; segundo um inlormanlo
dorno' surgiu o rossurgiu exatamente durante aqueles periodos em que na
da época, ora ‘mais linda do quo so pode contar ou
liuropa so lormava a conscioncia do uma época através de renovada relaeao descrever e, mesmo que so contasse ou so dosorovosso
oom os anligos sompro que, ademais, a Antigtiidade era considerada mo- sua beleza, aqueles que nao a viram nao acroditariam'.
dolo quo so havia do rostabelecer por alguma espécie de imitacao”."7 Assim, Claro que tu.do 1150 passou do uma falsilicaqao. Mas a
emocao que o fato suscitou nao foi falsa. Tra ta ndo-so
por oxomplo, sor ”moderno" na idade Media era retomar a tradicao do Aris- do uma mulher romana, as pessoas ostavam soguras
lfitolos, no Ronascimonto, a tradigao artistica classica. Temos aqui resquicios do que deveria ser belissima, algo nunca visto.'“
daquolo modolo do rolaqao com o tempo, cujo polo organizador é o passado,
quo Uolavio Par. descrove: por tras dessas retomadas revela-se a crenca na 'I'a| to na superioridade romana pode ser encontrada também em algumas
nus|:vorloridado do um passado—arquetipico, a se imitar. piiituras do Mantegna, onde se retratam ”senadores, consoles, lictoros o
oonturioes prontos para desempenhar seus papéis em um cenario do mo-
nu montos soberbos e respl.an.decentes”, representacoes magnificas do uma
Roma antiga idealizada, elevada a modelo normativo inconteste. \

I-imbora alguns criticos como Manfredo Tafuri localizem ja no proprio Ro-


nasoimonto uma rel.ac€io Tcritica e racional com a tradigaolg, este primeiro
modolo vai so caracterizar basicamente por uma relagéio acritica com con-
toudos normativos tomados do passado. Tal relacéio vai se tornando, no
onta n to, crescentemente reflexiva, como veremos a seguir.

i.
It-listoricismo e retomada critica do passado

'|'a| lasoinio por modelos retirados de passados exem.plaros da /\ntiguida-


do vai so dissolvendo aos poucos, com a entrada em cena da raziio crltica
modorna. Octavio Paz: ”A modernidade é sinonimo do critica e so identi-
lioa com a mudanca; nao é a afirmacao do um principio in tom poral, mas
o dosdobra r da razfio crltica que, sem cessar, so intorroga, so examina o so
dostroi para ronascor novamonto”.2° A dissolucao da autoridado do mo-
dolos normativos tomados do passado pode ser bom e><omplil"'icada com o
oaso da /\rr|uilolura noo-classica, onde a cronca coga na suporioridado dos
Um bom oxomplo disso oncontramos numa historia usada por john Sum-
morson om /l lz'l1gz/rigors <'l1issicu rlu /trquitvluru para rotra ta r a vonoraoao o olassioos c» oolooada, pela primoira vex, om questao. "Por quo Roma soria a
adosao aorllioa quo, ao lompo do Ronascimonto, dosporlava ludo o quo so lonto do tudo aquilo quo c~ bom na /\rquitotura?", intorroga-so john Sum-
llgava a Roma anliga: morson. ”Na vordado", oscrovo, "essa quoslifio do ’porqu(‘-’ nao proooupava
muito as pessoas, ato o sooulo X\/ll. It a oontrovorsia surgiu na liranoa, o
nao na llalia. l’arooo-mo natural quo lal ospirilo orltioo omorgisso nao na
terra natal da arquitotura olassioa, a ltalia, mas om um pals onde ola lora
ahsorvlda o adaptada o onde vlora substilulr a mais inl,oloott|a| do todas as
PAT'lUM(5NIU (“l.!L’l’l_IRAl. ~ l‘7‘ur|a'al!nn. pulfllvm-1, Inntrurmmhm , 'Hw:Il;'fin v mmlrrnlrhuIv.' r!lfm*rm'n rqnmlnmoflvu

-E
h'ad|¢;oou n1odlovniz-1"." 1- lnbormus vai £1|JOl1|;'£1l‘ também o lluminismo fran~ l'\l:-utorica, nfio so conlontava com a simples quobra do conlinuidado: “quo-
téén, oom noL|s idoais, como o prirnoiro a abolir a autoridado inconto:~;l"o do:-1 rlam antos, através do uma apropriaqfio rofletida da historia, encontrar o
modelos do lgusmndo. A idéia do quo sor ”modorno" implicava voltar aos —c 1.

sou proprio caminho”. I


ai
antlgos muda nosto momonto, sogundo o ri|<'>.~;<>r<>, ao so confrontar com a
cremga -- inspirada na ciéncia moderna -— "no progrosso infinito do co- Tal processo so mostra de forma bastante nitida oa Arqujtetura, ondo a
nhecimento e no avango infinito em upropriaqfio da historia se torna cada vez mais f'refletida"} Se observar-
diregfio ao aperfei<;oame1'1to social o mos com cuidado o periodo que vai do aparecimonto do Neocléssico até
moral".22 a vitoria do Eclotismo, podemos identificar uma clara tendéncia £1 “des-
sacralizag5o” e racionalizagéio no trato com a tradigéio. O Neoclassicismo
Em O Discurso Filoséfico da Moder- vai ser realmente como indica Iohn Summerson numa expressfio feliz
nidade, Habermas discute mais pro-
u-

o primeiro estilo a tratar a Arquitetura "21 luz da Razéio e da Arqueolo-


._.._

I-1.
fundamente tal questéo, tomando gia".25 De fato, aqui se multiplicam os tratados teéricos que analisam
a célebre Querelle des Arzciens et des racionalmente grande parte dos principios de projetagéo cléssica, e es-
Modernes do inicio do século XVIII. tudos arqueologicos precisos, que ”revisitam" os estilos do passado do
O partido dos ”modernos” vai ai Forma cada vez mais objetiva. Tudo aquilo que até entéo fora aceito sem
se rebelar contra a ”auto~compre- discuss€1o passa a ser submetido ao (crivo rigoroso da anélise racional) E
enséio do classicismo francés”, niio como assinala Leonardo Benevolo:
aceitando mais a imitagéio acritica
O pensamento da Ilustragéo discute a validade de to-
dos modelos antigos ou a existéncia das as instituigoes tradicionais e, abordando o debate
de "normals de uma beleza abso- arquitetonico, é capaz de esclarecer, de uma vez por
luta e aparentemente subtraida do todas, o alcance exato e 0 valor das regras formais do
tempo”.-23 Assimilando 0 conceito classicismo, analisando objetivamente os com.p0nen~
tes da linguagem clzissica e explorando suas origens
aristotélico de perfeigéo équele do historicas, quer dizer, as arquiteturas antigas (...).26
progresso, que era sugerido pelas
ciéncias modernas da natureza, ela- Ao mosmo tempo, ofitros modeloéjp néo-cléssicos, comegam a ser utiliza-
boram critérios de um belo condi- dos, substituindo os cénones usuais, e mesmo estilos ”exéticos” n€1o~euro-
cionado ao tempo ou relativo. Com pous 2450 gradualmente aceitos.
I isso, ao se separar, ainda que par-
Esto processo evolutivo de uma historiografia crescentemente racional
‘ cialmente, do modelo da arto anti-
Culmina, nos fins do século XIX, com o Ecletismo, onde todos os estilos
—o ga, véio ser os primeiros a so dopa-
L‘Hl'6JV€ll'fl doisponiveis e, igualmente bons e belos, podiam ser intercambia-
!'I1' Com £1 c.]uo:-1150 da necossidade da auto-fundamentagfio, que marca a 1 .~
volmonto usados. “N50 hei estilo que néio tenha uma beleza peculiar (...)
fl1OC1t'41‘I1Id£‘ld0. como um todo.
hojo nfio hé nonhum estilo concreto que prevalega em sentido absolu to. Es-
Ellie‘ p|'oco:-mo nfio so dzi, entretanto, abruptamente, acontecondo do forma lnmos vagando num labirinto de experimentos e tratando, através do um
gradual o p|'ogro:~::»‘iva. Assim, a dissolu<;;"§1o dos modelos normativos do uma5|ga|m1 do cortos elomentos dosto ou, daquelo ostilo, dosto ou daquolo
pmmaolo nfio .~1ignifioa, no campo do arto, do imodiato, uma nogaqfio do tra- pois, do oon:~;l"il"uir um conjunto homogénoo com alguma caractoristicu dis-
Cllqio k‘flqLl£\I'llU tal: os romfinlicos modornistas, por oxomplo, vfio buscar Hntiva n fim do love’:-la a sou plono dosonvolvimonto o, portanto, 5: criaqfio
numa ldndv Modia |"<.'do.qcobo1"ta um modolo allornnlivo, quo oonlrapoom do um oslilo novo o poculiar”, oscrovo Thomas Io.ovorl"on I)onnld:~:on, om
lo! antlgnas idoais ola:-mioi:~slIn:-1. "A om d a |lL|sl|'m;£io romporn dol’inilivamon- 1842.” So, om moudos do século XIX, ainda so bu:-acava, como vomos, um
to o continuum do prosonto com o mundo das lrndi<;oo.~¢ imodinlnmonlo ofll'llo do k‘U|1Hl'l‘Llg‘IIU novo o .~ainl1'*lico, quo oxprom-m.~s:-zo o or-apirilo do novo
vivldmn, don logndoa lnnlo grogo qL|nnto o|'ist£\o", ouorovo l~lnborn1na om tempo, n partir do rnoludo do e-:6-oL|lo uQ\o|1:-wi(‘~11oia l1i:-storici:-std l"riunl’n total-
“Arc|uitotu|'n modornn o pow-nnoc.1or|m".“ Hntrotam-do n Ilnmtraqiio, tornado momo, o acoltn-no, ofotoivamonto, o \§1lumlIm"no dos ostllonkomo o proprio
FWFRIMIAINIIJ (‘I II.'l‘IIRAI. t"mn*:'llus, pnllllms, mslrmm'n!u.--1
" 'Il‘mIlg'fln I‘ mmIr'rnl|Imlo'.' III,I‘I'l‘lIII'.'I n)Im\'lmm,':1c's

ostllo do tompo. "so no sogundo motado do século XIX o pluralismo dos


1

do cortos tipos arquitotonicos oxis-


ostllos, olwiolivados o oprosontados polo historiogratia do arto, soria ol’otiva-
tontos (bibliotocas o oscolos, casasor-cl o
monto adotado”, onota I Iabormas?“ fit

opora o toatro) o mosmo a criaqao do


O n:llHl.‘l1l‘lL‘lHlTlU,' aprosonto, porém, uma Iclupla face) como roconhoco
It novos (as grandos ostacoos do trom,
l\llot?.sol1o no Final do século: so, por um lado, continuando o radicalizan- os mago'/.inos gigantoscos, os halls
do a lIL|st|'oc;Eio, dofino as condicoos para a formagéh das idontidados mo- das grandos o><posi<;6os univorsais);
dornas “do manoira ainda mais ostrita e inoxoravol”, por outro, ao tomar os novos matoriais do construcao,
as Iratlltgoos historicos ”disponi\/ois na forma do uma contomporanoidado como o vidro o o forro, o ago o o ci-
ldoal", ”possibilita o um prosonto inconstanto, para si mosmoakfugaz, um monto, o os novos métodos do p.ro- I 1', IIIIII

dlsfaroo no tormo do identidades emprostadas”.2" O I.Eclotismolpodo, as- d ucao oxigiam uma forma do oxprossao arquitotonica distinto do até on too
n__

lilm, por um lado, sor considerado como ro/almonto moderno, na medida


‘I

i '.
i
vi gonto.~“ Os arquitotos, porém, nogavam o proprio desenvolvimonto ind us-
trial o so concontravam quaso quo oxclusivamonto no trabalho puramonto
I .
' _

om quo com plota o lova £1 sua culminacao otprocosso do dossacralizacaopldaa E


Q
3*“-"1
I-Q
-'§4l1‘?5'3§!iI_¢"9-‘l!'¥E'"lI |"-
I

tradlqao, torminando do dissolvor o rosto do idoalidado quo ainda cerca T gostillstico dos odificios, com especial énfaso para as fachadas dessos. Vivia-so
I .

on divorsos ostilos. Por outro lado, entretanto, ao fornocor a um “presente


0

num roino do ”ostilo", numa cisao nourotica ontro os roclamos Funciona is


ll1L"UI1Hl'i!|l1IfL‘” ”idontidados omprostadas” tomadas do passado, 0 Eclotismo dos novos tempos (quo, muitas vezos, acabam so manifostando nas plantas
so prosta a u ma funcao dissimuladora, do t';lisfarcof; dos odificios) o o trabalho ostilistico propriamente dito. l\Iil<ol.a.us Povsnor,
sobro o Fclotismo na Inglatorra vitoriana:
‘Tal ambig|'.lidado prosonte na modornidado historicista do século XIX paro-
Essa falta do autoconfianca é a ultima coisa quo so ospo-
oo-nos muito bom captoda por uma motafora quo Walter Benjamin utiliza raria do uma época tao independonte quanto ao comér-
ora “Paris, Capital do século XIX” — ”imagons do sonho”. ”Essas imagons cio, industria e ongonharia. Para as coisas do ospirito
liflo Imagons do dosojo o, nolas, a colotividado procura tanto suporar quan- é quo faltou vigor o coragom ao poriodo vitoriano. Os
to tl‘ansFig|.|rar as ca roncias do produto social, bom como as doficiéncias da padroos om arquitotura foram os pri.moiros a dosapa-
rocor; pois, onquanto um poota o um pintor podom
ordom social do p1*odIL1gao”3“, oxplica o filosofo. Essas ”imagons do sonho" osquocor a sua época o sor grandos na solidao do sous
sorlam, assi m, u ma ospécio do "sonho colotivo”, imagens por moio das quais ostudios, um arquitoto nao pode oxistir om oposicao :1
on homons, ao mosmo tempo, oscamotoariam o onfrontariam a realidade quo sociedade. Aquolos dotados do sonsibilidado visual vi-
; ram tanta beloza dostruida a sua volta polo croscimon to
so lhos a prosontava —- aquola da Europa da sogunda Rovolucao Industrial, I, subito, oxpansivo o in.controlado das cidados o Fabricas
fins Ilns do século XIX, marcado por uma violenta industrializagao o urbani- ’ quo so divorciaram do seu século voltaram-so para
zaqtlo. Nossos imagons do sonho, o novo so intorponotra com o antigo: nega- I um passado maisin.spi1"ado1f.32
no o passado rocon to o até mosmo o prosonto porturbador, voltando-so para Um bom o><omplo do funcionamento do tais imagons do sonho podo sor on-
U111 passado romoto. A ”onfatica aspiracao do so distinguir do antiquado” -*t'1T.?"'=EI‘-Q’ oonlrado na quostao do propria técnica. ”(...) a. producao técnico om sous pri-
far. "rol"|'oagir ato o passado romoto a fantasia imagética impulsionada polo mordios ostova prisionoiro do sonho (traumbofangono). Tambom a técnico, o
novo", oscrovo Benjamin. As imagons do sonho so manifostam, no século -
|-¢ nao somonto a arquitotura, o om cortos ostagios tostomunho do um sonho co-
, 1.,
XIX, por toda parto: no interior burgués, nos cassinos, nos musous do cora, _
.
-v

lotivo”, anola Bonjamin, om Dns 1’11ss1Igt’rz-Wt'rl<.~"‘ Como ja apontamos, a intro-
=--=1
- _

no oldatlo o, principalmento, no arquitotura: aqui, juntamonto a um progros- Lltlcfio do novos matoriais oforocoro aos construtoros possibilidodos oxprossivas
in do loonioa do construqao d um ritmo inodito no lwistorio, domino o llclotis-"I I

Iotalmonto novas. O Iorro, o mais tardo o aco, tornam possivois as oo1"1st|'L|t;(ios


mo, osso “hallo do niascaras” ostilistico. mais altos, vans muito mais amplos o plantas-baixas mais I’loxivt~is. O vidro,
Us novos tompos colooavam uma sorio do problomos inodilos para os or- por sua vo'/., om co|nbinag*{1o com o Iorro o o ago, possibilitou lolos o porodos
qtlltolos: as vidados crosviam ospanlosomonto, Ira'/Iondo a lmila a quoslao lnlolramonlo lransparontos, onquonto o t‘ono|‘olo armado lrouxo oonsigo pos-
ola oonst1'uc;t‘|o om grando oscola para as massos; o dosonvolvlmonto social slbllldados do uma pltlslmoiitv art|uitolo|1it'a muito mais arrojado. Us arquiIo-
COIT1 o domlnlo crosconto da burguemla oxlgla uma mnplluotto om numoro tos do onltlo, oontudo, pouco so dorani conta daquolo vasto mundo do novas
I. ponslbllldados abortas 2| sun l’1~onto. Povsnor: ”(...) |Os nrqullottos] nao porcoblanw
PA‘I‘RIMI"1NIU l‘I.Il.*I*l IIMI. I (‘I-Jill‘!-'IIIIll, pnllllms, lnslrmnruhm p ‘llvnllmn v rlnulmllvlnrlvr all/lwnrrs lIPl'Il.'\'lIlllIt,'I'It-‘Ii

quo a Rovoltlqélci Industrial no mosmo modida om quo dostruia uma ordom o r __-
oldado om sua tormo mais radical, ondo coda momonto o um momonto do
um padrao do lnoloza ostabolocidos, criavo oportunidados para um novo tipo . _ ruptura, st'parat;{1o, a modornidado voloriza, polo primoira voz, nao mais a
* do beloza o ordom".-"“ Waltor Benjamin, sobro o construcao om forro no século ‘x poorrnanoncia, mas a propria mudanqa. Habormas, oo onolisar osso modolo,
XIX: ”AssIm como Napolozio roconhocou bom pouco a naturoza funcional do , _;,' assinala sor nolo o "novo" o traco distintivo das obras quo so considoram
Ellliado onquanto instrumonto do dominagao da classo burguesa, tampouco os . modornos. “A caractoristica do tais obras o’ o ‘novo’ quo so ha do ultra pas-
O

Bwfullotos daquola época roconhocoram a naturoza funcional do forro, com o ‘ .


so r o torno r-so obsoloto pola novidade do proximo ostilo”, oscrovo. Com tal
qual o prlnclpio construtivo principia a sua dominacao no arquitetura”.35 Como I
modolo, quo rojoita a autoridado normativo do passado, coloca-so, ontao,
my

nlo comproondossom a no turoza do novo material (ou nao a aceitassom om sua polo primoira vez, claramento, o(probloma do auto-fundamontacaoida mo-
Cfllom modorno), os orquitotos véio uso-loo... travostido: ”l\las vigas do sustonta- dornidado, a quo aludimos no inicio. ”(...) a modornidado nao podo nom
Q50 ossos construtoros imltam colunas pompoianas o nas fabricas olos imitam . quor mais tomar emprostado os proprios critérios do oriontacao do modo-
mot-ad las, assim como mais tardo, as pnmoiras ostacoos forroviarias tomam por \'A los do uma outra época; ola dove atingir a Qua propria normatividadozpor
I‘ ’|
U
modolo os ohalos , oscrovo Bon]a,m1n. ' °
I si mosmo”, oscrovo Habormas om O Discurso Filoséfico da Moalcrnidadc.-'” “A
modornidado so vé rometida a si propria, som nonhuma possibilidado do
Tomos aqui, pois, as duas faces que Nietzsche apontava no historicismo: so, fl

ll‘ _ fuga”, complota. I ' I I II I


por um lado, o Eclotismo continua a so apropriar do modelos normativos do 1‘: -
=I'<
_I

passado, por outro osta apropriagéio faz-so cada vez mais orificamonto. A rola-
'-
"llal concopcao fica clara uando so obsorva, como faz o filosofo, at rolacao
oflo COITI o t|'adic.§o so dossacraliza croscontomonto o osta, do fonto incontosto do proprio conceito do (ililassico?) com a modornidado. ].]. Pollit, ao anali-
do normatlvidado, passa. a moro ropositorio do modelos formais a disposigao so r tal tormo, anota quo, ao lado do sou sentido Iljistorico, osto traz sompro
doll arqL|Itotos o oonstrutoros (vido os catalogos do odificios om divorsos osti- consigo outro sontido — o(_c_1ualitativ6) quo nos intorossa aqui. Quando so
Ion quo proliforam nos fins do século XIX). Esto processo do racionalizacéio no chama do ”classico” ou uma ”fase classica” na ovolucéio do uma arto ou
trato com a tradicao so aprofunda e, quando lovado a sou tormo logico, con- uma cioncia, usa—se tal tormo qualitativamonto “para exprossar 0 roconfh.o-
dum, Inovltavolmonto, a propria nogacao da tradigao como fonto do normativi- cimon to do uma norma do porfoicafld dontro do um dotorminado génoro,
dado. Apa roco, assim, o terceiro modolQdo rolacao com a tradigao quo o tormo
n , n ’
~=-seooisI so»I uma norma pela qual so tom quo julgar os objotos ou ovolucoos postorioros
modol no Indica o quo vai so caractorizar, como ja seria do so osporar, pela dontro dosso génoro”, oscrovo.” E nosto sentido quo Habermas so roforo a
Ii l1ogai;i'lo abstrata do propria tradigao. O passado, quo fora, com o avanco da, tal ooncoito ao anotar: ”aquilo quo é modorno prosorvalolos volados com
l‘\lIIl*"orlogroIia racional, perdondo gradativamente sua forgo normativo, passa o olossico”. Com tal afirinacao o filosofo indica claramonto, on.trotan;to, a
/\ I ‘

,., E sor vlsto agora como uma entidade abstrata, da qual cabo tomar distancia. mudanca quo a modornidado opera ja no proprio conceito do classico. Até
I-I
ontoo so considorara(clé1ssicoItudo quo §obrovivosso ao tempo, i.m.pondo-so
I
.|
.7
como um modolo normativo do perfoicao, a sofimitai) Porém a modorni-
dado nao vai mais tomar om.prestada a autoridado do uma época passado
Modcrno como novo V
-I
osto ostotu to do clossico: vai busca-la no proprio momonto om quo so
u ‘ |
Esto I't‘l‘C't‘ll‘U modolo corresponde, nos seus tracos principais, aquolo quo n‘ I ll
do uma obra do arto auténtica. (”... rocobo-o (...) por tor configurado
(1 I I.-

Ofltzivlo Par. traqa da rolacoo do modornidado com o tempo: aqui, com o um momonto autonticomonto modorno”3"). Dosta manoira podomos di-
I

Fim do quoisquor rosquicios da idéia do um passado-arquotipico, nao vai |


/.or quo a modornidado vai criar “sous proprios o auto-roforidos cononos |

II
nor nom o passado nom o otornidado o ponto Focal, mos sim o futuro, o do quo considora clossico”. Com tal infloxao no concoito podomos agora
tompo quo ainda nao 6 quo sompro osta a ponto do sor". Hobormas dos- pormiti r-nos o uso do oxprossoos como (modornidado t"laissitva?) como o lav.
crovo ossa novo rolaqfio como ”oquola co11sciCmcia rodicalizoda do modor- I"iaIw|':nos. “A roloqfio ontro modornidado o classico pordou dofinitivomon- (
nldndo” quo, no longo do sooulo XIX, "so dostooou do todo logo hist<')rico to quolquor rotoroncia l'i><a”, conclui.
pm‘tlCL.llnl"'.7"‘ I“llll11ll‘|i1l11-.'-it‘ oqui, do voz, todos os passados oxomplaros,
So no t‘t"lol1ro (_)m'r<'Ilt' dos /Im‘I'<'Hs 1'! dos /I/ImIt'l‘m's do soctllo XVIII, o mosmo
cabendo agora no proprio prosonlo, quo so abro para o ILlLtll‘u, loriar sous
modolos do normallvidndo. Acoltando, como Indica Octavio I’ar., a hlstorl- no Ilolotlsmo, la so oolooara o probloma do auto-Iundamonlaoao do mo-
dornldnclol o probloma do bolo oontllololmdo tomporalmonlo, val sor no
HATRIMONIIF ( -I tII.'iIlR/ll.
1
I 1nnrrllml. pnllllms. lnnlrururulas VI, I V Tirmllpdu e nmrlvrnldmiv: dlfmnlen spmxlniuoflvn ‘

obra do Baudolairo quo “o ospirito o o oxorcrlcio do ostétioa modornisto" Baudolalro, aposar do toda a onfoso quo do ao
anmumom, para Iriabormas, ”nitidos contornos”. Para o poota francés a ox- transitorio, ao fugo/., oo boio rolativo, ainda man-
‘I perlénoia ostétlca do modornidado so fundia com a oxporiéncia historica: a tém um lugar om sua teoria daiarto para o belo I j
obra do arto vai sor o ponto no qua] so oncontram os eixos do atualidodo o absoluto, o imutavol, o imperecivei. A ruptura
CI-It otornldado. “A modornidado é o transitorio, o ovanescenpte, o acidontal; Qlbstratra
. o radical com a tradigad, indicada polo ., . Q, "ii
é a motado do arto, do qual a outra metade é o oterno e o invariavel”, escro- torcoiro modelo, fica mais clara quando analisa- -' ‘ JKQ
mos o fonomono das vanguardas artisticas, que .
vo. O proson to nao vai mais tirar a sua propria autoconsciéncia do passado
-- nom mosmo so opondo a ele: ”a atual.idade so pode constituir-so como V50 atingir o seu ‘rouge, sogundo Habermas, no fa
1 ponto do oncontro ontro tempo e oternidade .4" O ponto do referénciia vai
fl
Ca to Voltaire dos Qadaistas e no Suirrealismo)“ A I I-\“D
0
-{,2 .1P’
.33‘:
“P'‘
I};X'4’--I_I
sor, a partir do agora, 0 instante fugiidio do presente, que é ontondido como ostética do modornidado vai so caracterizar agora O ‘I-:_ ,~
“o atltontico passado do um presente que ainda dove vir”. Assim, o classi- "por atitudos centradas numa concepcao diferen - dj, I.
Co val sor, para Baudelaire, o ”rel€1mpago” do surgir do um mundo novo, to do tempo", anota o filosofo. Tal atitudo vai ser, liiiil ma
DJ
quo, por sua propria natureza, nao sera estatico. Com tal visao, Baudelaire justamente, aqueia apontada por Octavio Paz: a
A vai trad uzir a controvérsia antigo versus modorno nos termos belo abso- onfaso rocai sobre z(mudan§a, a ruptura e o futuro, afastando-so definitiva-
I‘ luto o boio roiativo: “Q/belo be constituido do um elemonto eterno, imodifi- monte a idéia do um passado fornocedor do modelos normativos. Tal cons-
I Ciéncia do tempo, diferente, por oxomplo, daquela do modolo historicista,
cévol (...) o do um elemonto relativo,;@ondicionado‘a(...), quo é reprosentado
pelo perlodo, pela moda, pela vida cultural, pelas paixoes”, escreve. Esto vai so manifestar ja no uso do metaforas como “vanguarda”, provenionto
elemonto transitorio seria in- do terminologia militar e quo indica a primoira linha do um exército, uma
disponsavel a obra do arto, pois "forgo do choque cuja tarefa primordial consistia na {dostruicao i1nod.iataZ-
é ele que vai tornar “digerivel a do inimigo".44 A propria imagem escolhida ja doixa ontlrever a rolagéio com
torta divina”: sem este elemon- o tempo vigente neste modelo. “A vanguarda concebe a si mesmo como
to transitorio “o primeiro ole- invasora do territorios desconhecidos, expondo-so a riscos do surprosos,
mento seria insuportavol para oxporiéncias do choquo, conquistando um futuro jamais ocupado. A van-
a natureza humana”.41 guarda precisa encontrar um caminho num territorio onde ninguém ain-
da parece ter-so aventurado", escreve IjIabormas45. O ”choquo ostético”,
Baudelaire, como critico do arto, proconizado pelas vanguardas como ostratégia do conquista do futuro,
vai valorizar, ontao, na pintura prossu poo, por sua vez, um ”elemento do ruptura convulsiva e violenta
I. modorno, justamente aquelo as- om sous aspoctos aparentes e mais ospetaculares em relagao a tradicao ou,
'1 pecto - a "beloza fugaz, efémera”, ligada ao instante que so esvai. Funda, o quo vom a ser o mosmo, aos habitos formais estabelocidos e as corros-
C0111 Isso, aquola afinidade entre a arto e a moda, quo marca a modornida- pondontos expectativas”, escreve Eduardo Subirats, em Da Vangzmrdn no
dfll no modida om quo o beloza otorna so so revola sob o travostimento do I’tIs-rlmdorno.
trnjo temporal, a obra do arto modorno auténtica so pode so dar no encon-
tro ontro o ofolnoro o o autontico, entre o tempo e a otornidado. Bonjomin, I lobormos, om ”il\/Iodornidado, um projeto incompleto", segue Adorno ao
ml vorsao francosa do “Paris, Capital do século XIX”, ao comontar o titulo utilizar os tormos ’(vanguarda” o ”modernidadelj como sinonimos, obsor-
do prlmoiro ciolo do Lcsflours du ma! —- “Spleen ot ideal" —- assinala quo oi, va Potor Biirgo.r.“"’ Biubirats nao vai too longo o ponto do prossupor uma
no aprosonlar ao loitor o "mais ontigo” como o ”mais novo”, Boudolairo do idontidado ontro os tormos, mos aponta a sua afinidodo. Aposor do ambos,
It tormo mais vigorosa ao sou conceito do modorno: “Silo tooria do arto tom em prinolpio, dosignarom roalidados distintas, ostariom unidos intrinseca-
toda ola por oixo a ‘boioza modorno’ o o critorio do modornidado lho paro- monto. O modorno apontaria, pa ro Subirats, para o diroqfio do novo, para
K‘ co ser aquolo marcado polo Iololidado do sor um dio ontigo, o quo o rovolo a ldoia do uma ronovaqfio constanto, do ”roformuioqoo sompro inioiado a
aqueio quo 6 tostomunho do sou nosoirnonto/""* / partir do moro do valoros individuals o colotivos, do objotivos comuns o
uma clvlliv.aqflta". Na modida, porém, om quo um indivlduo ou uma época
FATRIMGNII1(‘L!l.’I‘l!RA!. ~ (“m|rei!uu. pnlfllrrin. hmlrunwnhm ‘T)'mH¢'fln e flIIlflé!‘l'Ill-llldl-4.‘ rliflmmtvu npruxlnincdvn

H H
Iii:-|l‘or|ca so poderia dofinir sua identidade propria corn roforoncia ”a sou do século. Marinolti, om l9U'~J, no "Manifesto do Futurismo : Nos quoru-
passado, a sua memoria historica”, a modornidado, om sua “incossanto mos domolir os musous, as bibliotocas, combator o moralismo, o feminis-
busca do novo”, estaria condenada a(nao ter identidade) O caractoristico moo todas as covardias oportunistas e utilil"arias". Ou ainda: ”/\dmira r um
da modornidado seria, para Subirats, justamente a ”autonegac;5o das iden- volho quad ro é vortcr nossa sensibilidado numa urna funeraria, om vo/. do
Hdados culturais objetivas e fixas, tornadas opacas”, num arto constante do lanqa-la adiante polos jatos violentos do criagéio e acao. Vocé quor portan to
ruptura e auto-superagéio. Tal ato seria levado a cabo pelas vanguardas. ostragar suas rnelhores forgas numa admiracao inutil do passado, do qual
"As vanguardas artisticas do nosso século caracterizam-se pelo rigor com vocé sai forcosamente esgotado, diminuido, espezinhado?”5"
quo assumiram essa ruptura com 0 passado, em um sentido que afetava
o_§.:¢)n]L||1tt) d.a cultura e inclusive as instituicoes politicas, e afirmavam 0 Esta irevolta contra o passado nao é gratuita, servindo a um proposito bom
determinado: com ela a modernidade tenta se libertar das ”func6es nor-
Qiovo como exigéncia de uma perpétua renovagaoi?) conclui.‘-*7
\_|
malizadoras da tradicao”, como escreve Habermas.51 ”(...) [a modornida-
Tal orifaso sobre a mudanca, 0 novo acaba, para Habermas, por significar de] vive da experiéncia de se Qevoltar contra tudo que é normativd) Esta
a oxaItra<;a."1o do presente: revolta é u.ma maneira de neutralizar padroes tanto da moral quanto da
utilidade”. A estratégia para tal: um "jogo dialético entre recato e esc€m-
A nova consciéncia do tempo, que se introduz na Filo-
sofia com os escritos de Bergson, vai além da expres- dalo publico”, que leva a utilizacao de diversos elementos de provocacao,
séio da experiéncia de mobilidade social, de aceleragao do ruptura, como as metaforas beligerantes e as a<;6es agressivas. "Basra
da historia, de descontinuidade na vida cotidiana. O rocordar, a proposito, aqueles grupos de artistas como os dadaistas do Zu-
novo valor conferido ao transitorio, ao fugaz e ao
efémero, a propria celebragéio do dinamismo, mani- rique e Berlim, os futuristas do Norte da Italia ou os cubistas francosos
festam o anseio por um presente integro, imaculado que, em suas acoes e manifestos e, sobretudo, em suas exposigoes e expo-
e estavel.48 rimentos formais, assumiram a provocacao e o escéindalo como finalidado
nu artistica”, escreve Eduardo Subirats, que ilustra: A A
Esta rolacéio com o tempo ajuda~nos a entender a propria relagao que a mo-
~

dernidadc passa a manter com a tradicéio. ”Isto explica a linguagem algo Sao incontaveis as passagens e citacoes que coincidom
neste ponto: a apologia da bofetada por Tzara, o canto
flbstrata na qual o -vezo modernista tem falado do ‘passado’. Apagam-se
a violéncia, a acao destrutiva e desapiedada dos fu-
Oil Com ponontes que distinguem as épocas entre si", escreve Habermas. A turistas, o quase~cu1to a estética do ’espanto’ que um
momoria historica é substituida pela ”afinidade heréica do presente com critico como André Salmon celebra., o prazer arnbiguo
OI! exlromos da historia: um sentido do tempo no qual a decadéncia se pelo chocante e monstruoso, confessado por Charlos
Morris, ou a satisfagao pelo carater estupefaciente q u o
1'€¢01‘1l'|ece do imediato no barbaro, no selvagem e no primitivo”. Walter o pintor Gleizes assinala em suas conferéncias sobro
Benjamin perguntava-se, em 1933, em ”Experiéncia e pobreza”: ”(...) qual o cubismo.52
O valor do todo o nosso patrimonio cultural, se a experiéncia nao mais o
vincula a nos?”49 A ”horrivel mixordia de estilos e concepcoes do mundo
do fist-"cL|lo passado" tinha mostrado com clareza ”aonde esses valores cul-
As vanguardas e a retomada pos-historicista do passado
tu rais podom nos conduzir”, escreve 0 filosofo. Assim. constituia-se ”prova
de honradoz confossar nossa pobreza” e proclamar o su rgimento do uma l*'oc<1ando a primoira parte do ”l\/lodernidadc, um projeto incomploto”,
“nova barbaric”. ”Barbarie? Sim. Respondemos afirmativamonte para in- Habormas tonta mostrar como a rclacao cla modornidado com a l1isto|"ia
trod uzir um conceito novo 0 positivo do barbaric. ‘Pois o quo rosulta para -—- quo donomina ”pos-historicista” — ultrapassa a simplos nogaqiio abs-
o bti rbaro dossa pobroza do cxperiéncia? Ela o im polo para a fronto, a co- l'rala: “U ospirito modorno, do vanguarda, tom procurado om vok disso Ida
moqar do novo, a contontar-so com pouco, som olhar nom para a diroita nogaqiio abstrata, do a-historicismo| ul"i|i7.ar o ‘passado do modo divorso,
nom para a osquord a. l*‘.nl‘ro os grandos oriadoros som pro oxistiram homons sorvindo-so daquolos passados quo so tornaram disponivois pola o|'t1tlii;ao
z—.§l-v._>

lmp|ac1‘\vois quo oporaram a pa rlir do uma lahula rasa". Fazor ’tabuIa rasa’
_§'“'

objolivanlo do hisloricismo, muito omhora simullanoamonlo so oponhn in


do passado, comoqar do nada, criar sous proprios modolos - tais orarn as lflsloria noutralivada quo so onoontra onoorrada no musou do historiois»
tarrafas quo so oolooavam para on ‘novos barbaros', as vanguardas do inioio mo".“~‘ Para Isso utillza-so do oonoolto lvonlaminlano dollvliziczfifc Xtompo do
I
l
llmllmn r nnulm nhlmlv: dlfrwnlrn uprmlnimfloi
0 _ 4 i .i . , ' I Q

llidllllll/ll/llAlNll l l 'lll.'l'lll'l¢'ll. l'm|¢':‘H|m, pnllllm.-ti, HmlI‘llHla‘HlHfl

l laborious osolarooo osso oon- l


agorn), ondo lomos uma proposta do ro-apropriaoao do limlioao somolhan—
ooilo: ”'li.\l c» o oonooito hon]ami-
lo aquola quo I lahormas doloola nas vanguardas. Bonjamin dosonvolvo lal
niano do /oI‘zlzvz'I‘, do prosonto
oonoollo om W411), ainda sob o impaolo do acordo ontro Stalin o l litlor, lon- '1

como momonto do rovolaoao;


lnndo, oom olo, oonlrapor-so aos modolos do rolaqao com a historia quo lho
parooimn voda r qualquor possibilidado do aofio humana transformadora., um tompo om quo as farpas do
”llonlamin nao so robola aponas contra a normatividado tomada empros- uma prosonca mossianica so on-
lndo do uma oomproonsao da historia caractorizada pela imitacao do mo- rodam. Nesto sentido, para Ro-
dolos”, osorovo l labormas om Dor pliilosophische Diskurs dor 1\/Iodcrnv, "ole bospiorre, a Roma Antiga foi um
lnml1t"|n oomba to aquolas d.uas concopcoes quo, ja no terreno da concopgao passado prenhe de revelacoes
I!

modorno do historia, intorcoptam e noutralizam a provocacao do novo e oportunas .57


do alwsolulainonto inosporado".54" Com tal conceito Benjamin combateria Ii neste sentido que Habermas
ma
.-

nqllola ”al¢*p,o|1o|"z1qaio da consciéncia moderna do tempo, aberta ao futu. ' pode estabelecer um paralelo .\zl.':'.<'H l 1-lilmlui
ro”, roprosonlada polo ovolucionismo, onde “o progresso se coagula em ontro essa re-apropriacao da l. Ill’ mim "ll. um:
norma hislorioa” o, ao mosmo tempo, pelo historicismo, que, com sua série historia — messianica e baseada
/ll|l{r‘le':lr'
ll1'l|"! r'rlllHlll!'l
do passados lornados disponiveis, cria uma ”imagem eterna do passado”. no proprio presente - proposta or:-.l:":mlo
l 'll1l'It‘l‘l'l1i1H oxplioa: polo conceito de Ietztzeit e a re- )'lH 1i|flHH'Hl| 'i'l'h
il'1ll.lll'lIl' ili" mim
Por um lado ele se volta contra a idéia de um tempo lacao que as vanguardas man- |'__or‘: ‘fir.
homogénoo e vazio, que é preenchido pela obtusa fé no t<'5m com a tradicao: “Como ele
progresso, propria do evolucionismo e da filosofia da
historia; mas, por outro, também contra aquela neutra-
[Benjamin] tenta paralisar, com um choque produzido surrealisticamento
lizacéio do todos os critérios praticada pelo historicismo, o continuum indolente da historia, também uma modernidade volatiza-
quando confina a historia no museu e deixa a sucesséio da na atualidade, assim que atinge a autenticidade de um Ietztzcit, dovo
do fatos escorrer entre os dedos como um rosario.55 criar a sua normatividade de imagens especulares re-evocadas do passa-
an
do", escreve.“ Estamos, porém, a milhas de distancia do modelo histori-
llm lup,ar dossas d u as concepgoes imobilistas, caberia ao historiador mate-
oista, como a observacao de Habermas que se segue, deixa perceber: ”Estas
rlnllsla, sogundo Benjamin, estabelecer uma ”experiéncia” com o passado,
limagens especulares re-evocadas do passado] nao sao mais percobidas
so ro-apropriando do seus conteudos n€1o—realizados e, com isso, ”salvan-
como passados exemplares por natureza”.
do-so", "rodimindo-o”. O modelo de tal re-apropriacao Benjamin acha, por
oxomplo om Robospiorro que, encontrando um passado "corresponden-
I I

lo" na Roma Antiga, toma posse dele e, redimindo suas expectativas nao
roallvadas, subtrai-o ao continuum inorte da historia. Benjamin, Teso XIV: Modernidade e monumento historico
A historia o objeto do uma construoao cujo lugar nao Val sor, ontao, aponas no ambito da moderni.dade, com a peculiar rolaofio
c» o tom po homogonoo o vazio, mas um tompo salu-
rado do ’agoras’. Assim, a Roma Anliga ora para Ro- quo osta ostaboloce com o tempo, que vai poder aparecer uma idéia como
bospiorro um passado oarrogado do ’agoras', quo olo a dsr ”patrim6nio cultural”, quo prossupoo, como voromos, u ma rolaqfio
fox oxplodir do continuum da hislo|'ia.'/\ Rovoltiofio rolloxiva com o passado o com a tradioaosliramgoiso Choay, numa obra
llranoosa so via como u ma Roma rossurola. lilo oilava
id olassioa, /l /llogorin do l’1Il"rim0m'o, taiwwlvdin idontifica a omorgonoia do
a Roma Anliga como a moda vita um vosluario anligo. l
/\ moda lom um laro para o alual, ondo quor quo olo pulrilnonio com a oniorgoncia da modornidado, a prosontando a fioqfio o a
osloja na l<()ll\il}3,t‘l'|\ do anligainonlo. l".la r» om sallo do lxrajoloria do ponsamonto o das polilioas do pal"rim<"1nio dosonvolvidas dos-
liigro om ¢li|‘o<_'-(mo ao passado. Somonlo, olo so dd numa do o sooulo XVIII no Uoidonlo, com baso numa dislinofio lumlamonlal on-
nronnoon1.ini_l.1da polasolassos dominnnlos. ( ) mosmo
snllo, suli u livro c‘l"\| do l\l.*1‘li'i|‘la|, i" o snllo tllnlt"lli'o do lro ”monumonlo" o ”unonu|nonlo hislorioo'Y, sondo oslo ullimo iuslamonlo
l{vv0lllg'i‘\u, oomooi'o|u.'ol1ou l\/l-\|'><."" uma "invonoao" modorno o ouropoin. /\o propor osso oaminlio, a aulora
PATRIMONIO CULTURAL - Cannltuu, pollllcwn. Inutrmnmlau A. itnrllcdu e nmdvrrildndv: dlfim-ntvn npmxhrrncflen

franceaa recupera uma intuiqao fundanto do Alois Riogl, quo, no inicio do


I nu var, ap flm o um pr cosso, o Qionumonto historico) so rolaclonarla
léculo XX, jé fazia claramonte essa disttingao no Der moderna Der-zkrrzalkultus, dl forms Qlforonto com afimornoria vivago a duraqao, sondo construidci
texto corn 0 qual aprosentava a nova legislagao do protecao do patrimonio
‘Q muito maislcomo um Ol'J]EliO do ‘saber o nao mais como um artofato inton-
para 0 Império Austro-hungaro. I1 élnnndo dostinado a ovocar uma momoria P assada.
A criacao e a conservagao do tais monumentos "inten- ’-kl
cionais”, dos quais so encontram tragos até nas épocas C0111 0 "monumento lwistorico o artistico” ostariarnos, entao, no éimbito do
mais antigas da cultura humana, nao cessaram até os Gbmelto modorno do tempo, linear e irreversivol, quando o passado nao
nossos dias; nao obstante, quando falamos do culto pfido mais sor ro-vivido, mas aponas conhecido através da orudigao hlS'~<
e da protecao moderna dos monumentos, nao ponsa-
mos nos monumentos "intencionais”, mas nos ”mo- térlca ou fruldo pela sensibilidade artistica. O aparecimonto do tal atitudo
numentos histéricos e artisticos”, como reza a deno- In‘! rolaqao ao passado é localizado por Choay no Renascimento europou,
minagao oficial até hojo, pelo menos na Austria. Esta quando o passado greco-romano comega a ser escrutinado pelos huma-
denominagéio, plenamente justificada de acordo com
as concepgoes vigentos do século XVI ao XIX, poderia hlltas, quo 0 buscam nos textos classicos, e, um pouco mais tardo, também
hoje, frente a concepcao da esséncia da obra do arte P0105 ”antiquarios", que so dobrucam sobre a cultura material progrossa,
que se impos recentemente, induzir a mal entendidos, 1 tfltando-a como um, reliquario. No entanto, o encanto intelectual do tais
em razao do que vamos comegar por interrogar, antes
do mais nada, 0 que se quis dizer até agora por "mo-
fldescobortas seria marcado ainda por um distanciamento insuficiente em
numentos histéricos e artisticos”. (RIEGL, 1995, p.56, Illnqilo a esso passado, quo era visto como passivel do reutilizacao, nao
a traducao do autor) ll ponsanclo, com raras excegoes, na conservacao dos monumentos her-
dildos: ao mosmo tempo om quo alguns papas emitiam bulas pontificiais
Alslrn, como obsorvam Riegl e Choay, 0 “monumento” em seu sentido ori-
Preconizando a protecéio dos mon.umentos da Antiguidade, os monumen-
glnal, antropologico, vai ser uma ospécio de "universal cultural", Jexistindo
ffll lmtigos nunca doixaram do ser utilizados como pedreiras para alimon-B"
Gm praticamonto todas as culturas: originado do latim monere (i'_'ladvortir"j,
tar ll sua politica do construgoes novas. (CHOAY, p. 56)
“lembrar-"), o monumento nao prretendo apresentar de forma noutra uma
lnformaqao, mas, muito mais, “(Qazer a lembranca alguma coisaa ”tocar 5|!‘ modorno, no Renascimento, ainda era, do fato, como mostramos, ro-
pela omoqao, uma meméria viva”. Como conseqtiéncia, seria possivol cha- tomar criativamonte a tradigao artistica classica, aparecendo aqui ainda
mar do monumento, “tudo o que for edificado por uma comunidado de 1‘Ilqulcios daquele modolo do relagao com 0 tempo, cujo polo organizador
indlvfduos para rememorar ou fazer que outras geracoes do pessoas re- urla um passado-arquetipico, a so imitar. O distanciamento mais radical
memo:-om acontocimentos, sacrificios, ritos ou cren as” (CHOAY, p. 18). lm relaqao ao passado vai so dar, do fato, aponas com o Iluminismo o a
C0111 isso, o monumento seria sempre ’(intencionad<§/ (gewollte) o sempre Rlvoluqao Francosa, quando a conservacao iconografica dos antiquarios
penaado sob a égide do ”€empo ciclica’, no qual, como nos lembra Octa- Gide 0 lugar a uma conservagao real. Como ja anotamos, soguindo Ha-
V10 Paz, o passado pode se1(re-vivido) reaparecendo ao ser invocado pela blrmas, a idéia do quo sor ”moderno” implicava voltar aos antigos muda
memoria colotiva. flllte momonto, ao so confrontar com a cronga "no progresso infinito do
fiflnlfiecimonto o no avanco infinito om diregao ao aperfoigoamonto social o
N0 entanto, na modornidado vamos ter justamente a extincao progrossiva
an

moral". Com o Iluminismo, toda a tradicao passa a sor oscrutinada o sub-


dll futn¢5oQnomo,rial)lo monumento e sua substituicéio pela idéizD— ouro-
mctvfda a uma clara tondéncia a ”dossacraliza<;E"io", atitudo quo coincido
péla - do ’dnonumonto histérico), quo, contrariamonto ao monumento,
60m a aproxirnacao cada vez mais ”racional" a historia prossuposta pela
Vll ostar ligado a idéia do (empo historico, linear o irrovorsivo\]). Para Fran-
idéia do “monumento l1istorico", quo so constitui como um objeto do sa- 4
qoise Choay, osso fonomono poderia sor oxplicado por uma conjunqao do
P01‘, dovondo, como tal, sor ostudado o rogistrado o, uma voz roconhocido
caulas do varias ordons, ontro as so dostacam a assorqao cada voz mais vi-
I;-1:1) valor, também prosorvado.
gorosn do (alor ostético ou do prostigig) “a importiincia crosconto atribulda
no conceito do arto nas sociodados ocidontais, a partir do .Ronascimonto", N0 capo da Franqa, prlmolro pals ouropou a implantar uma ostrutura ins-
I O “desonvolvlmonto, aporfoiqoamonto o difusao daaomomorlas artlflclalii, tituctonal do dofosa do patrlmonio, é intorossanto porcobormos, como nos
lntrl ll quais a fotografln o o cinema." (CHOAY, p. 19-23) Doata manoira, moltrnm J.-P. Bnbelon o André Climate! (1994), a longa trajetorla do tormo
FATRIMONICI Iii-li..TilRAi.. - ttnnovltnn, pnlltlrun, lliIH'I-llflr-'tlliM

“palrlmonlo” o sua oxpansfio até so atingir a idéia do um “patrirni“>nio da l 1-11s1"oruA DA ARQUITETURA E PRESERVACAO D0
naqilo”, forioinono quo poderia sor oxplicado pela ju,n<;€-'10 do dois fon6mo- 1 . PATRIMONIO: DIALOGOS
nos: pola ”translo|j6ncia dos bons do cloro, da Coroa e dos omigrados para
A prosorvagao do patrirnonio é um campo quo tem ganhado proominéncia
a naqifio”, o, nogativamonto, pela ”destrui<;éio ideologica do que foi objeto
8 na cona atual. intorossanto porcobor, no entanto, como esso campo so ar-
uma parto dossos bons, a partir do 1792, particularmente sob o Terror e o
p ticula do forma diforonte nos diversos contextos nacionais. Impflomontatias
govorno do Comito do Salvacao Publica” (CHOAY, p. 97). Assim, segun-
‘ tradicionalmonte pelos estados, as politicas do preservacao trabalham com
do Choay, na ”arrancada do 1789", todos os elomentos necessarios a uma
I a dialética (lembrar-osqueced para so criar uma momoria nacional privile-
aL|to11tioa politica do consorvacao do patrimonio monumental, que nao
giam-so cortos aspoctos em dotrimonto do outros, iiuminam~so cortos mo-
visa ria a ponas 21 consorvacao das igrejas medievais, mas “em sua riqueza
mentos da historia, onquanto outros permanecom na obscuridado. nosto
o divorsidado, a totalidado do patrimonio cultural”, ja estariam reunidos
sontido quo este capitulo acompanha, numa perspoctiva comparativa, a
nn Franco: a criagao do temo ”patrim6nio histérico”, o levantamento do
'- rolacao ontro o discurso da prosorvagao do patrimonio o da historia dla
mrpus patrimonial om. andamento e a existéncia de instrumontos juridicos
I arquitotura no Brasil o nos Estados Unidos.iB interossante porcobor as di-
o iooli ioos ao d ispor da administragao encarregada da conservaoao. (CHO-
forontos aproximacoos ao fenomono da arquitotura, quo, juntamonto com
AY, p. 120). Com isso, so articulariam, ainda no final do Século XVIII, os
uma pratica social diforenciada da proservacao om cada um dos paises,
olomontos ossonciais - tooricos, metodologicos e institucionais — para a
justificam os diferontos tipos do dialogo que so ostabolocom ontro os dois
lnz-1tltL|i1;€io das politicas do patrimonio, que so espalhariam pela Europa e
campos nos dois exomplos estudados. .
polo rostanto do mundo nos dois séculos subseqiiontes, como veremos nos
proximos capitulos. '

l
Sociodade civil e valor ovocativo do patrimonioz a presorvagio do patri-
I
monio nos Estados Unidos
I

A prosorvacgéio do patrimonio nos Estados Unidos pode ser vista como um


cam o com lexo o multifacetado, ue rofleto, P or um lado, a historia da-
uolo Pals o o ti P o articular . do Governo
., federal estabelecido
. P ola Cons-
.
tltuiqao Americana, onde os ostados mantém uma grando autonomia) roal
do aqao, o, por outro, uma concopcao bastante propria da acao cabivol ao
Estado o aos diversos a 8 entes da sociedade civil._ Diferentomonto dos P ai-
aos latino-amoricanos, ondo o Estado vai tor um papel propondoranto, nos
Estados Unidos, o nos paises anglo-saxonicos om geral, vamos oncontrar o
protagonismo, desde os primordios, da sociedade civil organizada.

. Como om varios paises das Américas, nos Estados Unidos, o inicio do mo-
Vi . onto prosorvacionista estevo vinculado, ainda no século XIX) 21 busca
dlzllma idontidado nacional unificadora, dirociionando-so grando parto do
lntorosso dos agontos onvolvidos para os sitios historicos rolacionados com
op prlmoiros assontamontos ouropous ao longo da costa atlantica ou §liga-
il-
dos ao procosso da indopondoncia om rolagao :1 Gra-Brotanha, om ospocial
lifluolos lugaros associados 2+1 vida do Goorgo Washington, o, om monor
grnu, aos outros prowros daquola opma. Porom diforontomonto do outros
W I "I I .

Ellnos, o dosolo do consorvar o monumontalizar ossos sitios nao omanou,


como anotamos, nom do Govorno oontral, nom dos govornos municlpals,
PATRIMQNIO C'l1L.'T‘LlRAl. - Cimrvltnu. ymlitirmi, Inutriniirritun _ Hlnhirln do nrqnlfrtum e ywnrrrinpfin do ymtrinmnlu: rlhilugmi i

mas sim do individuos quo, orga.1iiizados om


grupos civicos, idontificavam os sitios do
valor cultural - historico ou patriotico - quo
so oncontravam proximos a sua comunida-
do imodiata.

Por muitas décadas, o Governo manifestou


pouco ou nenhum interosse e nao aportou
nonhum apoio nom reconhecimento oficial
a ossos sitios. Assim, desde sua génese o
movimonto do preservagao do patrimonio
nos Estados Llnidos so caracterizou por ser
basicamente Q1111 esforco comunitario) cuja
forqa motri/. rosido om nivel local, o quo fez com que sua evolugao so desse
laolada do toda in fluéncia oxtorna, respondendo somente as nocessidades
[rn.odlatas do momon to do lugar) Como um oxomplo dessa postura, po- mmmma
. )1 lit‘
,1 is
pi it 1,
,
, .1”
.
-u
4 0 i, '
.'...., .

domos oilar uma das mais influontes organizagoes privadas dedicadas ao


.l.)....,t ‘F in 1
< , , l
:' H ll+l|4‘/

it‘I 11-1
.‘|-

,1.»+~-ll.
1

' 5
patrlmonio, quosurgo nos finais do século XIX e ainda so mantém ativa
ll‘
I
. mim ‘ _ -4- Yigllii
|" ;
|

Com grando ronomo, a Sadat}; for the Preservaton of New England Antiquities
I-I

_1 I
AF _ I
A

(SPNEA), fund a d a por Appleton. 2 O fato é que, até meados do século XX, 1 !.

lS'Oi‘il'l'l‘iLm'L| m uito oscassa a éom.unica<;ac)com movimentos do preservagéio


. 1'
-1}?" '
€llt1‘a11goiros mosmo com o dosonvolvimento das teorias do conservagéio .
quo, 1'oFlnadas na Europa desdo o século XIX, nao foram conhecidas nos .|'
1.
'
I

-1‘. -
l. ii.‘-'1! tit‘ i ii'|'l'.'|
I . \
l-\~'i:-.lim-.'l| in
Elindos Unidos a to a década do 1960. ..
I ii-loiml lkm-or
, .

l~u'_~._'ri Hill 1'-iifiirl


Elm énfaso oxclusiva sobre os valoros historicos relacionados ao movi- llnn/I 1'-
monto da lndopondoncia e os valoros associativos relacionados com aque-
ll morailclado tao particular da era colonial ganha importancia e mosmo prltar o comu nica r a esso novo publico, nao oducado, os valoros sociais o
uma aorta Lirgoncia com a grando leva de imigracao do finais do século l lticas quo originalmonto doram lugar a construgéio tanto do sitio como da
XIX 6 prlnolpios do século XX, quando a ética protestante e anglo-saxonica Nflqlo quo agora o acolhia. O fato é quo, naquolo momon to, dopois do com
Pi‘lVfllon to so viu amoacada pola primoira vez polo afluxo massivo do cato- M108, muitos daquolos sitios tinham sido altorados do manoira considofl ‘M

llfifil, jtldotls o ortodoxos proveni.ontos da Europa Central o Oriental, quer rival polos sous usuarios: as casas quo Goorgo Washington tinha visitado
dizar, quando aporta aos Estados Unidos uma nova gama do culturas e um século antos, por oxomplo, ja tinham mudado d rasticamonto, o nfio
cores até L?l1l."50 dosconhocidas. Duranto ossos anos, so selociona ram sitios podpm cornunioar ao visitanto a roalidado complota daquolo momonto
patrilmoniais om rolagao dirota com sou potoncial didatico, com o objotivo lnmoro do passado. Nfio obstan to, a nocossidado podagogioa quo so alri-
do ll1L‘LllC£il‘ nos rocoin-cl1og'atl(>s os valoros da cultura dominanto (angio- buiu an palrimonio naquolo momonto oxigia quo o sitio so a proson lasso om
lflxfinlca o protostanto), cujos portadoros via m sua maioria do|nogral’ioa so [HI ontlloaii original) o foi assim quo a lroconslruoad foi adquirindo um
raduair do manoira porigosa. Qfllgglo cada vo/. maior como o tratamonto proforido para a oonsorva<;ao
‘O pllirlmfmlo nos Estados Unidos. (l\l5o 6 do so ostranhar, porianto, quo
Tal uso do Pnirimonio -~ hasoado sobromanoira no valor ”ovooaiivo" dossa
lo pals, o tormo ”irosiai|raqiio)' soja sinonimo do um tipo do ’§"ooonsl
horanoa - volo a signifioal" uma crosconto dopondiinoia na pratioa da ro-
paroial” om proondlda para roouporar o quo so pordou daquolo mo-
conntruigflo o nu ma musoografla quo pormillsso do ma noira simpios intor-
lignitioatlvo.) l
TRIMNit‘! (‘lll.’i‘llR/ii. (imreltuu,;mllH¢'nu,innirmmmhm
ill.‘-ilorm ilu H!‘l]iliii'lill‘il 1' ;|rrm'r'r-twin do mi: mu‘lm"n: illnIo_oo.~

A modida quo o movimonto da oonsorvaeao foi so rofinando, a prooisfio


das rooonsi|'uooos liisiorioas foi adquirindo um papol cada vov. mais impor- ' ' lsos, nos pa rooam dobois, olas assontaram do l"'ai"o uma baso firmo para o
tanto, o o por isso quo o campo profissional chogou a sor dominado polos irahalho quo so lhos soguiria.
hllltorladoros o nao polos arquitotos, como foi o caso do muitos paises. O
trabaiho lnioiado nos anos 1920, om Colonial Wiliiamsburg sob o patrocinio Duranto os anos i'i930, comogam a sor implomontadas outras agoos, quo viio
do fllaniropo john D. Rockfollor, é o pinaculo dosso processo, e o exomplo ior um ofoito mais protundo sobre o movimonto do consorvacao. Aqui so dos-
principal da roconstrucéio oxata o do uso do patrimonio a servigo do uma l iaoam, om nivol fodoral, os programas inovadores adotados duranto a Grando
fiwnuagoni altamonto politic.-?0 Isso fica bastante claro, por oxomplo, nos Doprossao para a rocuporagao ocon6- _
. ' *' , I .' 4'
toxins ofleiais da looalidado, como aquelos da pagina web oficial do Willia- mica por l~ranl<l|n Dolano Roosevelt, »
mnlnurg, ondo so lo, “mais quo ha 200 anos, a busca do igualdade, liberdado quo onp,ajaram contonas do arquito- J“
:1 lndopomioncia comoqaram uma rovolucao que continua a moldar 0 mun-
do. Born vindos a Colonial Williamburg. América Capitulo 1”.3
l
i
* los dosomprogados na documenta-
, goo do odillcios do valor patrim.onial
por todo o Pais, uma iniciativa que
\
O mosmo tom o usado por outra pagina, que anuncia: ”Pense na area do oonsoionltizou a muitos do valor da
Willlamsburg (...) o as imagons quo virao a sua cabeca sao as do uma vida l arquilolura tradicional, o quo, com o
colonial nu ma cidado poquona (...) e a busca pela independéncia americana r iompo, so iransformou na colocao na-
(...) o modolo do domocracia usado ao redor do mundo.”4 Em todos esses ' .olonal do Ilistorir /lmericmz Building
casos, um papol docisivo é reprosentado pelas associagoes formadas por l sim»<-_|/ (1 ~|/uas). A partir do 1934, 0
iifidlvldtlos idoalistas o com imilitéincia comunitarizo que davam grando on- l ll/\liS so tornou um programa por-
taso ao valor ovocativo do passado nacional. Assim, por oxomplo, a Historic 7) manonlo do l\l1itiom2l Park Service, o
ll\lr*'r-v liiiglr-1izc.i,\)ai "mais antiga, maior o mais abrangento organizagéio regional i'oi‘olJou a L|ti»|"im<;€io logislativa do
do prosorvaoao no pats”, anuncia, om sua pagina web, que olos ”oforocom a ('ongrosso Amoricano, através do (Jo/rim lirnl_~._w'.
oportunidatio {mica do oxporimontar as vidas e historias dos habitantes da film l'im;i1_wio
I llislorir .‘iii"i's /let do 1935."
Miirlmimr. l"-imli
Nova lnglatorra, a tra vés do suas lliesidéncias e propriedade§7.5 iilii"ii||.'i, illiil iii!
~ l"lnalmon-o, cabo chamar a atencao ll/sim it 'lHi:'i it mi
Nflo ha d flvid a do quo, para1olamon.to a isso, vamos tor nos Estados Unidos l I para o Nu. tionnl llistorie Preservation liilili/I/!;._' .'-mm H
um oorlto trabalho do consorvagao no inivol governamental) com algumas /ll ' l do I9166 (altorado om 2000), que traca, pela primoira vez, uma verda-
moclldas oomo o ostabolocimonto do National Park Service)(orgao do pro- ~ dolra poll -ioa do (iovorno federal, quo, segundo sous tormos, dovo sompro
_- servagao portonconto
l ' trahalha r “om pa rcoria com os ostad.os, os govornos locais, as tribos indi-
\ ~ »- I " it‘-'1» '.~ ~-P:
) i ' " ..r'l .
K E ao Departamonto do
'
' gonas o as organi7.a<;(>os privadas o in.dividu.os”.7 Essa loi cria o l\/ntioiml Re-
3
._ ,,..~»_;
Interior), a declaracao '\ glsirr Q/'1 Iislorie l’lnres, onde sorao rogistrados ”d.istritos, sitios, odificaooos,
.___la
E
' . ' l "1" M,I .~---m.~-
'. I13---------~-""”"-W
.‘ ~
.| +1
,,. -h '»»»»»»»» “:7->1'*"
.-1--
V .’“|" J-.¢.',....»,....
.
Mi ; monumental do alguns l osiruluras o ohjotos significativos para a historia, arquitotura, a rquoologia
Q
'\ ' \
.55‘
-... :1 --‘i 1 r”£?.'.‘.:.r-ii“-<f7“~
i'I%"‘lI‘W
X.,
t. :." _._-‘I;
l-»-il'i.=i.a~.-=““'~.'. “
I
“ " 1*;-.1, A l" 11 sitios arquoologicos por A ongonharia o cultura da América”, além da possibilidado do dooiaraqao
ltd" Ii ll li||Kfii..?3! “W‘Ml:r1'lf~Ih 'I< _ ‘id? K. 3 i I

‘\' 0 I
i

W
W

*2 ”*"l I 1
. i Lsgflfi sum," .1 ":-“ ".

~»~j_{-~§1il p
"'1

3:‘ if I
‘ a 1' 1

1
docroto prosidoncial, o i do bons oulturais, quo sao listados como‘~l\/n!'iom1i Historic Imulii11ri'l\‘.)L‘a.1bo
1i MT, ' .n' I,' Mp .-3’
l‘l ll (Q or "' l
‘. '2‘:
I
Ir. A |
"I." ll
._s.'t
“ ‘L
‘.'I
W-‘-‘O
I
V a adogéio do algumas alndd anoiar quo aposar do prooodonto roprosonlado por Williamsburg,
. _
lion tuna; ,
'4
ll .
. ' "*1

I
i
logislagoos para a pro- /. l i1‘m1slo|'|nada numa ospécio do musou a oou aborlo a partir da doaofio do
.=,
\ ..-a

i
I

ll 1 I

‘H. “fl..-
I

1 _ '
‘ 1
__
\
\\
I,

i‘ \
.
»
~
.1
ii
1

)
l"o<;5o do pairimfmio. milhoos do doiaros por John Rookfollor, vai sor também o l\/u!"1'oiml'llislorir
II n~¢--@!~":< l. l ,- , \'| U, i i
ll i m porla n to poroobo r l’rrsc'r'vuliou /lrl quo inirodir/. nos Iiistados Unidos a nooao contomporfinoa P

I _\ r »~ 3
. ’\l<\\‘ ' ainda quo, mosmo quo dos ”disirilos do prosorvaoao l1isl‘orioa", baslanlo dilumiidos hojo om dia." I
"it 1'. ii I i . t I ~
ii
I l\l I I ossas modidas, quando
i
avaliadas om roiaofio a Aposn r dossos avanoos, 1" iniorossanio porcobor oomo a prosorvaoao do pa-
vital : rr lrajoiorias do outros pa- t lmonlo nos ii:-iiados Unidos vai so imsoar sohromanoira nos ohamados
loros ”ovooalivos">, liigamlo-so os bons protogidos, lnicialmonto, a uma
$ii*i—
llmlnrm rlu urquIh'!m'n v )In'm': warm» do pulnnuwnr rllrllngun
l'.*l’l'R|l\'lf3Nl< 1 t 'lll.'I‘llN.»'l!. llunrlln.-1. ;nvIIlnu.~~, m.~!rurrn'nhm

lnile"|l1 clam do llalqao, que deveria ser pecla;z,ogicamenle lransmilida para V 1 llnttado, valor estético e a busca da identidade nacional: a preservaqllo do
o puhllvo em geral. (‘om isso, surgiram, como vimos, tanto uma pratiea l |mtrlm(mio no Brasil
dv ruvo|1sl|'uq{1o quanlo um tipo do museografia que permitiam, de ma- Um mso bastante diferente vai ser aquele do movimonto ppreservacionisla
nvlrn simples, inlerpretar e comunicar a esse novo publlco, nao oducado, hrnsilviro, que nao so nas‘ce do in telectu ais progressistas em busca da identi-
~* on Qnlores sociais 0 6licos)que originalmente deram lugar a construcao da dade nacional, como também forja a propria tradigao da lwistoria da art|uile-
- nmgflo que ngora os acolhia. Nesta perspectiva, nao é due se estranhar que a tum que se prod ux no Pals. Assim, vai ser na década de(l92U)que a temalica
p|'es1'1‘va1q£iotlo palrim(3nio nos Estados Unidos lance "mao freqiientemente
do pweservaqiio do patrimcmio - expressa como preocupacao com a salvacfio
du reuursos pedagogicos e interpretativos, como a pratica do@?e11actmcnt,l dos vesligios do passado da naciio, e, mais especificamente, com a prote<;fio
I representagao teatralizada de dos monumentos e objetos de valor historico e artistico, comeqa a ser con-
eventos historicosf’
slderada politicamente relevante no Brasil, implicando o envolvimento do
Essa perspectiva tem sido recebi- Ilslado.“ Se, neste momento que cerca as comemoracoes do centenario da
da com muita desconfianga pela imlvpelidenwcia nacional, ja temos os grandes museus federais em funciona-
academia, que aponta 0 carater menlo, m ulliplicam-se na imfprensa denuncias sobre o abandono das cida-
de consumo a que a pratica da des hisloricas e a destruii<_;ao irremediavel dos "tesouros da l\la<;Eio”.
preservacao submete a historia,
No caso brasileiro, cabe notar uma peculiaridade: nao vat) ser os setores
que normalmente é ”desconte><-
vonservadores, m_as algunsgntelectuais modernistag que elaboram e im-
tualizada” e ”direcionada”, sem
plemenlam as pioliticas de preservacéio do pat1‘im('5nio)l\leste sentido, (-
grandes preocupagoes com a au-
importante lembrar que o modernismo, movimento renovador da cultura
tenticidade, a verdade ou com o
no Brasil, teve como caracteristica geral, ao lado de uma critica exacerbad a
1 apuro das informacoes apresen
‘ flu

$1 (arte acadC\mica,, tradicio.nal, a busca de raizes, colocando como parte de


' A tadas. E como aponta Hewison, sua a gend a a questéio da [dentidade nacionab Assim, ao mesmo tempo em
L1l1£illHLll'lL'|0 o caso br"it€1nico (1987): nessas operagoes, ”trechos” d.a infor- que mantem estreito contato com as vanguairdas européias, os modernis-
n'|m;fio sfio tirados do seu contexto e apresentados ao publico com 0 pro- lns brasileiros desenvolvem uma peculiar tielagao com a tradiciio) recusan-1
|.u'1s|lo dv ”t‘dLll"0l‘Q50” (vduminment, um neologismo que combina “educa- do u idéia do rompimento radical com 0 passado.
Hrm”, edueacao, e “entertainment”, diversao). Com isso, a abordagem do
movlmenloupreservacionista americano, carregado de alta clarga evocatival Nvsle quad ro nao é de se estranhar, portanto, que os modernistas ten ha m
:\(1c.‘ln'ol¢’>p,"ic;.1;\)se distancia da abordagem dada a historia da arquitetura nas ”redescoberto” l\/linas C-erais, e, em especial, Ouro Preto: na busca de u ma
LlIl1lvvrsldades e centros de pesquisav, onde vai prevalecer uma perspecti- lldenlidade nacional ”profunda7], de raizes genuinas, identificam—se na-
~ ~ \I
Vél I‘lolm'la|*nente estética) baseada, via due regra, nos canones da historia quele conjunto setecentista as manifestacoes de uma (possivel civiliv.a.1qao-
dn arte. Assim, Fica clara, no caso norte-americano, uma nitida disjumgfiol l1rusilei|"u. O barroco local, que durante muito tempo fora considerado ex-
:*|1l|'t' nVl1ist<'>ria1 da arquiteturaf que<Z-Q vista como uma tarefa academica) e v(*nlrico_e sem im portfincia, é revalorizado pelos modernistas, que o viieln
n [3/r&'st\|'va1g"fi<1 do patrimonio) até recentemente vista como u ma atividade CCIYITIU uma xsintese cultural propria) esbogada por i
“monor” por parte dosfpesqtlisadores "unive"|‘sit;irios,\que questiona m sua tlmn sociedade no interior do Pais, que, isolada,
pv|‘s|_1evl.iva engajada 0 sua falla de critérios.'" l‘t‘ll‘t\l1a\ll’I&\I‘fl ii sua maneira as divorsas inI’luenc.ias
culturais. /\ssim, vai ser aponas apa|'ente|nen-
lv pnmcloxal que, em I924-, no receberem a visila
\
do poem vanguardisla suiqo lllaise Cemlrars, um
grupo do povlus v lH‘llHli\H lvrnsilviros — idvnlili¢.'n-
lnn ill N”
dos lumhf-m com n idéia du b1oder|\i'/.nqz"1o social
e cultural do Pals o lvohn lvvndo juslamvnlv as ‘
IWI RIMUNIIH III I HR/II I unvvltm, pulfiiom, IIMIHHHIWIIIH
III~h'rrIu {Ill H!'t[HII:‘IHI‘H v ;In'.-wr'rmvlu do ;m!rr"mrInIu.' ¢IInIo_~,»o.~¢

"WW velhas CILIJCIOH de Minas Lierais, onde


roca do st"euIo XVIII, onde
ludo paleua evocal o passado e a lra
Idvntificavaln formulacoes
dlgfio F interessante perceber aqua
apropriadas 0 significativas
como a aproximacao de nossos mo-
para u m projeto nacional.‘
dermstas ao passado do seculo XVIII
In to ressa n to perceber como
assemelha-se a aprox1mac€1o que as
ha um interesse explici-
vanguaidas europeias faziam do pri-
Io em recuperar o nosso
m1t1vo e do arcaico, com a part1cula-
- passado colonial, a nossa
lidade de o pr1m1t1vo, aqui, apontar
' cwquitetura tradicional, a
para as nossas raizes nacionais A re-
partir de u ma perspectiva
descoberta da culturas r1m1t1vas e-
Inn vanguardas corner-lponde, entao, no Brasil a redescoberta Pde uma outra pragmatica: afiinal naquele
Llllum nacional, nao ofiual -— presente, mas lgnorada, na medida em que periodo haveria uma série HI‘ HIM II

Flt‘ manllvera 21 mar gem da cultura hegemonica do Iiqoes a serem aprendi- min J: I Ir H
das pelos arquitetos moder-
No tnso da aiquiletuia, essa leltura particular do passado naclonal tam- nos. Assim, é muito comum
béln vm LIt"-10111 penhai um papel muito lmportante na formulagao tanto na época identificar-se uma
do uma POIIIILEI de pieservacao, quanto de nossa p1‘Op1‘1£-1 arqultetura mo- ospécio de correspondéncia entre essa arquitetura colonial e a arquitetura
CI€'I‘l‘lt"l Iassa poslura, que combina a busca do novo com a revalorlzagéio da moderna, ressaltando-se os seus tracos comuns: simplicidade, austerida-
Iracllgnti, pode ser bem exempliflcada na trajetorla de Lucio Costa, 0 cria- de, pureza, bom uso dos materiais. Nesta linha, chega-se mesmo a se apon-
dor do Brasilia, que, nos anos 1930, vai ser 0 I1dE'1‘ mtelectual da renovacéio I'£1I“.‘~i(.‘l11LPII1£-1l'lQ£iS entre a estru.tura da nossa arquitetura tradicional ~ 0 pau-
nrqtlllelonlta bi asileira Segundo seu depoimento, nos prlmelros contatos :1-pique — e o concreto armado.13 A nosso ver, essa espécie de leitura da
mm o movimonto mod erno em arquitetura, chocava-Ihe o seu carater ab- tradiqfiti proposta pelos modernistas brasileiros encaixa-se perfeitamente
flolullsln, |nl| ansigente e o aparente desprezo pelo passado , que, tambem nnquilo que Antoine Compagnon denomina ”narrativas ortodoxas” da
a pal III do u ma vlagem a Minas e de contatos com a genulna arquitetura modornidado, que, seriam sempre escritas em funcao do desfecho ao qual
Inmnllvlm , apiendei a a respeitar Sua bu sca, a partir de entao, vai ser sem- elas querem chegar - no que séio teleologicas — e servem para Iegitima r
pro :1 do Integral" modeinidade e tradicao, a pa1t1r de uma reflexao sobre uma arte contemporanea que, no entanto, quer estar em ruptura com a
G fllptklfludade de seu campo p1of1ss1onal, a arqultetura, e de sua relacao trndiqfio - no que sao apologéticas.l4
com a realidade brasilelra 12
Dinnle dessa Ieitura do passado, que se impoe no quadro cultural brasilei-
Nesto sentido, os arqultetos modelnos ro do periodo, coloca-se com forca a questao da preservacfio do rico acervo
IJl€lbIIOII‘OS viam-se, na esteira das Io: mu- reprosentado pelas cidades e arquitetura do periodo colonial, que passa a
Iacoes de Lucio Costa, ITILIIIU mais tomo ser vista como irnprescindivel ao processo de construcao da identidade na-
contmuadores da boa tiadicao muslin- clonal’. /\qui 6 im portante lembrar que com a chamada ” RevoIi|<;{1o do 31)”
tiva foiyada ainda na epoca da (olonm :1 quvslao do identidade nacional torna-se também um dos Iocos principais
do que tomo agiladoies vanguaidmlas do novo grupo dominanto, que tenta estabelecer uma politica cultural a
O geslo IL|ILll‘IHld parece esta: (|L|'-.0|1It‘ - partir do I Islado. I ’ara este proposito, engajam-so um numero considera‘|-
do was pioposlgoes, piedominando 011- _ WI do ilitelvcttiais prop,ressislas que tinham tomado parte no Movimento
In eles um LII!-itlll‘H() de npelo A Ilgdt) do Moderno nos anos I920. II inleressanle P(‘I'CL‘I7(‘I‘ como lanlo essa prolt~qiio
pos'~mdo nao aquvle imvdmlo, do Im qtmnlo as priim~ims oqovs do St-rviqo do |’alrirn(‘mio I Iislorico 0 /\rlI.-alioo
gungvrn LId'-IHICII rvlldn pelo eclellsmo Nacional (SPI IAN), orgiio Iedvml do pn-si~|'vm;F1o criado em W37, derlvum
rnns nquule do arquilelum tolonlnl v Ivar- dIreta|m~|1tedaqueln "narrative: ortodoxri” da Iilslorln a que non |'eI’t-rlinon,
I‘/l'I'IiIMI'5NIl I I 'III,'I‘lII~I,-‘ll. ('nlm'l!|m, pnlllmm, l:mlrunn*uIo.-i
I lmlm In III! unlmh-lmu v ;m'.-in moio rio pull mmmo: r!mIo;._-ii»,

quo oslaliolovin uma ospi’-olo do alinidado ololiva ontro nosso passado Ivar- clonal, o Sl’l I/\l\l passa a oxocutar uma aqao do lioinogonoia/.aqao da ima-
roro o colonial o a arquilolura moderna quo onlao so l’a'/.ia. goln da cidado, oliminando grando parte das lranslormaqoos urhanas o
Ht'Hlll"lt'In osso ponlo do vista, a arquitotura efetivamente brasiloira toria arquilolonicas mais recentes e, com elas, (lnportantes reteroncias da liislo-) ’
t‘o|m'g'ado no ciclo minoiro, no século XVIII, sendo as obras anteriormon- ria local. /\ssim, inicia-se uma acao sistematica, de apagamento do século
Io roallzadas intorproladas como uma transplantacao direta para o Pais XIX, com a exigencia, na aprovacao die projetos de reforma, da retirada do
da I1l‘L]LIIIl‘I'Lll‘t1 do l’orlugal --- uma espécie de “pure-histo.ria” da verdadeira ‘" olo men tos d a a rq uitetura neoclassica ou eclét-ica, como tron toes e pIatiban- "
das. A pa rtir da compreensao da cidade como express?-1o estética, aqueles I
arquitetura brasileira.‘
elomentos sao vistos como perturbadores da unidade desejavel do con- ‘
Corolario de tal tese,
junto, devendo, portanto, ser lfemovidos} Os exemplos dessa acao “corre-
teriamos o mito de que
liva" m ultiplicam—se entao pela cidade, podendo—se citar o conhecido caso
somente a arquitetura
d a rol’orma do Cine Vila Rica)que, em 1957, ganha u.m.a fachada colon ital, ~
barroca ~ além da mo-
oliminando-se os estilemas arquitetonicos _oitocentistas.
dernista, naturalmen~
te - tinha dignidade, 'I‘ambém no que se refere a aprovacao de novas construcoes seguiram-so
$911510 0 5éCl110 9 111910 critérios estilisticos, que procuravam garantir uma Qiomogeneidadl) ao
c entre os dois periodos t‘0l'l|Lll1I'O. Nos prlmelros anos, ainda se admitiam algumas edlficacoes mo-
considerados totalmente dornas, desde que ”de boa qualidade ar'quitet6nica” de acordo com a ava-
estéreis e dignos de es- liaqao dos técnicos do SPHAN. Com isso, acompanhavam-se as posicoes
, quecimento. Assim, nao do Lucio Costa, que, coerentemente com suas conviccoes modernistas, de-
é de se estranhar que o ‘ londia que mais cedo ou mais -tarde 0 SPHAN teria que proibir em Ouro
proprio ato do tomba- l’rolo ’Q>s fingimentos coloniais”)Para ele, nada pior do que a tendéncia,
mento de nucleos histo- quo identificava majoritariamente nos Estados Unidos e Inglaterra, at se
T1905 @111 M11165 Gefais, I roproduzir tudo ”em estilo apropriado”, “até mesmo os interruptores do
@111 1938, QHITE OS ql-16118 I‘ lu'/. olétrica”. Assim, nesse primeiro momento, aprova-se, por exemplo,
Uuro I I rolo ja a ponto como valor decisivo o ”valor‘artistico" e nao ~
0 1/ valo1_ . I . . . .
o conhocido Grande Hotel, pI‘O]€IIO de Oscar Nlemeyer, cu]a lnsercao no
~

IIIFIIIII ll" I-I" WIIILIIIIU, qllh h Vlbildfi, Elnteb C19 111815 Hilda, 50b 0 POIWO C19 I‘ t'on|unto tombado causa polemlca tanto nos melos mtelectuais quanto na
‘ I i I ” -1 . , . ‘ Q ' ‘ > .| ' | i ' /\ 0 - O n

5‘ . 1 ‘ " Q I , _| _ ‘C’ . ,| _ I ' ' ' ' ' U‘ ~ I n 1 1 n ,-., ~ 1


VIHIH t'Hlt'l|u). Q ()l1hlLIL‘.l€ldd como expressao estetics privilegiada, a cidade ‘ p<>pr||aq_a() om geral, que quesnona 05 cr1ter105 de avahagao do organ oh-
é aI1ordndl1sogundocriteriosqouramenyte estilistico , ignorando-se comple— oi;1|_ |I|‘(\_|'\l‘Q 515 difiquldades de Se analigaf p]_"QjQ’[()5 caso a CQSQ’ Q SPHAN
IfitT1nl1l"o “sua caractoristica docu mental sua traetoria e seus diversos com- I
caminha, ontao, cada vez mais para um enrijecimento das normas, passan-
ponontos como oxprossao cultural de um todo socialmente constru1'do”."~“ do , a oxigir u ma série~ dojtracos estilisticos nas novas edil‘icacoesi')— d otalhos
I ' . ' Y‘ , _ ,. Y ' ' V Q _ __ r - _‘ ‘ 7 l ..
Q9111 IPIHU, lllfilillllfl-hi‘ fill, £01110 LIL‘ F0140 UT! IOCIO 0 Bmbll, Uma Plilllkfl dk llpicos das construcoes e acabamento de telhados, CO]‘l1l]£lS, bem como os-
L’onnt*|‘vm;a1o orlonlada para a manutencao dos conjuntos tombados como qr“-|1m;,~ (‘|‘()|]‘|;_£|l'iQ()S b;]5['an{"Q |"fgid()3_
oblolos ldoalizados, dosconsidorando-se; muitas vezes, a sua historia reall. ”
I,In Molla sinloliza do lorma caustica a pratica do presorvacao imposla on- (‘omi/1 oxi I»r(~ncia do so so I1mir u ma sério do dvsi, '11 .‘-»’llItI(’IIII(’.'»‘ vara as novas
Iflo 11 Ouro I’rt . to: ,, lusva/.iada
~ . ~
economitamonte, a cidado foi usada como ot‘IiI'ivag'(u-s, aparoco por toda Ouro Preto o chamado ‘(estilo palri|nonio’), "V
A ‘I
IT1I»1I'l;"I'Il1-|Jl‘IITltl para um laboralorio do nacionalidado do inspiraqao modor- l'oprosonlado por eoiislruqoes contom poraneas que emulam volha's tasas
n|i[-5' L§|@|xum{,, “H P(,PL||nqm.h» qua M m(,|~m,nm _.,~u|_m|-dinmim; H vam viam, . I do st’-volo XVIII. Como so acroditava quo a cidado nao iria L‘l‘t‘H(‘t‘l' mtlilo, a
,
Itlwlllmtla, nilo sondo olas soquor molivo do rol'oroncia." alongao do .‘->l~ r I I/\l\l vollava-so primordialmonlo
- - , 1
para as lachadas, r con»-
nao
Hldorando outros aspoctos lais como dimonsiio dos lolos, iliiplaiilaqail da
I
[-111 "I'll II‘/F" 77"’ 1I) "HI I-'~‘ ll I'W"¢’!',\ll
|
('"HHIl‘_l/, III“/Ill IMWWIIIIHI Il‘11\I"‘fl quo caso no lolo o sou volurno, quo logo iriam so mostrar muito imporlanlos.”
todo also do rovonliovlmonlo ’Il\_lloru o quo sohrovlvo do passado.)"" lislo “ _ ‘-if II, como do lulo .1 cidado dosonvolvou-so com muila rapidov, ospocialmon-
PflI‘E!L‘t*-IIUH t*XI1lt1l11t'l1I't' U l'l1I'IU KI!‘ ()lII'U I’I'l'IUI IIII IHIHUII (‘IV III“ I“III'III7UIU IIII“. I hi ‘£1 Pn|'H|" dn dflrindfl dp H t'“|=\Hvqu(\|ufIn |nniH (IHHUHQ dgflflv HP“ do
tlrminou sense afiilalficaglio do conjunto7 com o surgimento de uma
ira hfbrid onde as edificacoes do "estilo patrimonio” fundem-se
OI exemplares originais. Aqui se confirma a colocacao de Lowenthal ”
0 a qual "a passagem do tempo dissolve a distincao entre os origi )'
-. QIYMII £5 emulaqoes, e aumenta a sua confluéncia”, o que termina, mesmo
ponto de vista do reconhecimento estetico, representando um pro-

£1-tlressante percebermos como essa abordagem — que se utiliza da his-


para a construcao de um projeto nacional — vai marcar fortemente
Ografia da arquitetura brasileira, com a constituigao inclusive do
alguns autores chamam de “Academia SPHAN".(19) N0 caso brasilei-
diferentemente do norte-americano, fica visivel a aproximacéio entre a
da arquitetura e a preservagéio do patrim6n@a versao produzida
modernistas vai ser a hegemonica em nosso Pais, em seus focos, e,
palmente, em seus siléncios.

-I X-

,1
I"

L“).
'1

F» er-"-
\—,|;."— ‘,_.

-I
"41.,-*.“,4,-_ . .
‘I--J‘
+5
?‘ .

I .

‘fill?
J .h L

Ir" I " - I

"‘I.
"I . M}~ ,'.
p. > a. _. 54-
| , .
,- - -~ " |'_ l*____,_ 4 _
ALTERNATIVAS CONTEMPORANEAS PARA POLITICAS
on PRESERVAQAO
Ja om I 933, o filosofo Walter Benjamin alertava para a crise da tradiciio,
com a perda do sua transmissibilidade. A experii-ncia, matéria—prima da
cultura tradicional, e quo sempre fora comutnicada aos jovens “do forma
concisa com a autoridado da velhice, em provérbios”; ”de forma prolixa,
com a sua loquacidade, em historias”; ou mesmo ”como narrativas do
palsos longinquos, diante da lareira, contada a pais e netos”, emudecera.
"Que foi feito do tudo isso?”, perguntava-se o filosofo, lancando seu olha r
mais uma vez para um mundo que desaparecia.
Quem. encontra ainda pessoas que saibam contar his-
torias como ela.s devem. ser contadas? Que moribun-
dos dizem hoje pala.vras tao duraveis que possam ser
transmitidas como um anel, de geracao em geracao?
Quem é ajudado, hoje, por um provérbio oportuno?
Quem tentara, sequer, lidar com a juventude in vocan-
do a e><perién.cia?'1

'T‘udo isso parecia irremediavelmente perdido para Benjamin, que re-


conhocia: ”Ficamos pobres. Abandon.amos uma depois da outra todas
as pocas do patrimonio humano, tivemos que empenha-las muitas ve-
zos a um contésimo de seu valor para recebermos em troca a moeda
mIL'|da do ‘atual’ ".2

Ilse-la ruptura corn a tradiciio, a existéncia doe uma lacuna quase intrans-
ponlvol ontro o passado e o futuro, vivida pela geracao do periodo en-
tro guorras ouropeu e refletida com muita agudeza na obra de artistas o
pensadoros como l\/lusil, Kafka, Brecht e Hannah Arendt, é hoje uma ox-
porlencia compartilhada por grande parte da humanidade. A sociedade
Industrial moderna, com sua logica da obsolescéncia programada, destroi
Illlstelnalicamonte qualquer qpuadro estéivel de referéncias, num processo
do ronovacao incossanto do
Lmos o costumes, imagcns
ti valoros. Nola, nada pode
L‘It.ll‘J‘ mais do qttt‘ o tempo
nvcossllrio para sor consumi-
do polo morcado, o inosmo o
I
mnls novo dove so tornar ra-
pldnnionlo antiquado. Nosso
\
qundro, a nrquilotura o a pro-
prla cidado, quo om princlpio
Conntltulrlam t'Hll‘UI'LII'€lH du- ..Z' c, I'!IlIH|', IIVIIIHI
FA'I'IiIMI5NIII t'III.'I‘IIR/II. (‘am-,~m,,,' ',,,”H,.m,‘ ;”m.mm,”M /lII¢*r'HnIIr'mnImlIi'ln;ml'rIllc‘nnjmlw]mIIII¢'mt|Ii!;1rrnrr'tm‘iI|l

rtlvoln, pnssmn, lamhom, a fazer parte daquela "via das cinzas” apontada Ilcldado promolida polo de-
por I’noIo l'ortl1oghosi.*‘ Assim, a cidade, agora regida quaso que oxclusiva- sonvolvimonto lt't':1t>|t’igic(>,
menle por uma t*ol1ct=|.1t;‘ao mililarista, dostroi memorias individuals e coleti- Idelas como as do moderni-
van, ellmlnando os recantos om que estas so aninhavam: ”na sua preocupa- dado e progresso continuem
Qflo contra os espacos inL'iteis”, const-ata Ecloa Bosi, ”eliminam-so do vez ”as a dom I na r, incon testes, a cena
roonI,rIincie.1s onde os parias so oscondom dos tentos inoturnos, os batentes Iatino-americana. lim nosso
mt r profundos das janelas dos ministérios, onde con I i nento, on d e cooxistem
os mendigos dormem”.4 mtflltiplas logicas de desen-
volvimenlo, a economia e a
l\lo final da década de 1930, ao visitar o Bra-
polllica seguem perseguin-
sil, o antropologo Claude Lévi-Strauss se es-
do, do forma atabalhoada,
pantou com a rapidez da transformacao das
objelivos modernizadores,
cidades nas Américas, que, para ele, jamais l.-rim)‘: Ifon I‘
som submetor esses ideals a
incitam “a essas férias fora do tempo” nem I'4'Hll, IIi'I|I
nocossaria critica. l\lesse sen- ll mill‘ lfl
conhecem "essa vida sem. idade que carac-
Ildo insistom as campanhas 1ft" I'IIrII
teriza as mais belas cidades, transformadas
ololtorais mais recentes, bem como as mensagens politicas que acompa-
em objeto de contemplacao e de reflexéio, e
nham os freqiientos planos de ajuste e reconversao, que prescrevem, entre
nao mais em simples instrumentos da fun-
outras medidas, a incorporaciilo dos avancos tecnologicos, a modernizacao
, ciio urbana”. Nas cidades do l\lovo l\/Iundo,
o Inlornacionalizacfio da economia, a superacao, nas estruturas de poder,
l impressiona-lhe a ”falta de vestigios”, que
do aliancas informais e de outros ”desvios pré-modernos”. Domina em
I s r reconhece como um elemento de sua signifi-
nosso continente, sem duvida, aquilo que o pensador italo-argentino Ro-
Caqflo: a sua obsolosconcia é rapida demais, significando 0 passar dos anos
berto Segre, ao analisar a revolucéio cubana, chama de "mito do novo”,
I para olas nao “u ma pro"mocEio”, como na Europa, mas "uma decadéncia”.
aquela idoia do que a_ grande tarefa consiste em projetar para o futuro,
Pois nao sfiio apenas construidas recentemente; sao “fa/.er realidade a distante utopia”, mito reforgado pelo fato de que para
construidas para renovarem com a mesma rapidez n popiilacfio do mundo subdesenvolvido quase tudo esta por fazer e "as
com que foram erguidas, quer dizer, mal. l\lo mo-
men to om que surgem, os novos bairros nem sequer oxpectatiivas e as esperancas contam mais que as reminiscéncias do passa-
sao elomentos urbanos: sao brilhantes demais, novos do".“ llrente a esse quadro, aparece-nos como duplamente desafiadora a
demais, alegres demais para tanto. Mais se peinsaria tart-fa do so formularem politicas de preservacao em nosso continente: so
nu ma feira, numa exposicao internacional construida
para poucos moses. Apos esse prazo, a festa termina e por um lado so Iida com um quadro volatil e marcado pela ideologia da
ossos bibelos fonocem: as fachadas descascam, a chuva modornidado, por outro 1150 se pode escamotear o grando deslocamon to
e a fuligem tracam sous sulcos, o estilo sai do moda, o que n propria idéia do patrimonio tem sofrido nos ultimos tempos.
ordenamon to primitivo desa parece sob as demolicoes
oxigidas, ao lado, por outra impaci0nc.ia;"’

“NI-‘lo silo cidades novas contrastando com cidades velhas”, con'clui, “mas Patrlmfinio, a ampliacfio do conceito
Cldrldos com ciclo do evoluciio curtissimo, comp-aradas com cidades do ci-
fllu lento”. Lovi-Strauss rogistra com precisao, a nosso ver, a dinamica des- (i)rIglnaImenl"o ”l1eranca do pal" no direito romano anligo, entondia-so
I9 nosso conario som muita espessura, om quo os sontidos do vivido mal Como patrimonio do um particular o complexo do bens quo tinham algum
Eol1!lt2gLtt'I11 so flxa I‘ o sao logo e|'ll.!,"oIl’ados pela logica da tloslrtlicfio model'- valor oconc"nnico, quo podiam ser objeto do apropriacao privada. (/\ssim,
nlmadora. Ii 0 bastanlt~ intorossanle o signillcalivo quo mosmo hoje, quaso nvgallva|*nt~nlo, doliniam-so como coisas extra-patrimonium aquelas quo,
50 anos dopois, quando so olha com profunda dosconlianca para o projeto , .
lagrmlas ou pertoncontos no Ilstado, nao so prestavam a esse tipo do rola-
modorno, o uma suspolla ampla ahrango dos ideals do I lumlnlsmo a lo- ela: o ar, a tlgua, os osttidlos, os toatros, as pracas, as vlas p(|bIlcas.") (‘om o
MM:-‘NIH
C‘UL'I‘IIRAI. ~ Cm-irvllmi, lmlll‘-Iran. Innlrmmmlnn I
V Allmmllmw rimlrnumrrlmws ]IIlI'II pullllmn III‘ ;mwr'rruo1n

IWIPU, poem, o uso desse tormo sofro u ma a m pliacao e um deslocamon-


ainda Ii idoia tradicional do monumento unico, vai sendo arnpliada: tanto
l'o, sendo hoje utlli'/.ado em uma sério do expressoos como ”patrimonio
o conceito do arquitetura quanto o proprio campo do estilos e espocies
I1l‘&]Ll'Il‘0IfII1IL"o", ”pal'rim6nio liiistorico e artistico”, "patrim6nit> cultural”,
do ediflcios considorados dignos do preservacéio expandem-so paulatina-
o mesmo ”patrimonio natural", quo abrangem uma gama do fenomenos
mente. Assim, ao longo do século XX, vao penetrando no ca m po do pa tri-
mullo mais ampla que a inicial.
mflnio conjuntos arquitetonicos inteiros, a arquitetura rural, a arquitotura
1
Ills:-n1 am pliacfio ostende-so também as proprias expressoes especificas que
an
vernacular, bom como etapas anteriormente desprezadas (o eclotismo, o
apo|1ta|nos: idéias como as die ”patrim6nio cultural" e ”patrim6nio arqui- Art Ntmvwm), e mesmo a producao contemporfinea. Aqui, aos critérios es-
Iol‘(lnlco” tendem a se tornar muito mais abrangentes que de inicio, o que, tlllsticos e historicos vao se juntando outros, como a preocupacao com o
por nfio so trata r do mera expansao quantitativa, coloca-nosfrente a uma entorno, a a mbioncia e o significadof‘
Berle do quostoes totalmente novas. Assim, no que se refere ao patrimonio
Tanibom a nocao de ”patrimonio cultural” vai sofrer uma ampliacao, gra-
aI‘quIl'c.'t(l11ico, vernos uma verdadeira ”explos.?1o" do conceito, que passa
qns, principalmente, a contribuicéio decisiva da Antropologia, que, com
do uma forrnulacao restrita e delimitada para uma concepcao contempora-
fiua perspoctiva relativizadora, nele integra os aportes de grupos e sog-
flea tflo am pla que tende a abranger a gestao do espaco como um todo. De
men tos sociais que se encontravam a margem da historia e da cultura do-
Into, lnicialmonto, concebia-se o patrimonio arquitetonico como uma espé-
mlnante. Nosse processo, a nogao de cultura deixa de se 1'€lElCllO1'l.Ell" exclu-
ele do ”coIoc5o do objetos”, identificados e catalogados por peritos como
nlva men to com a chamada cultura erudita, passando a englobar também
roprosolitantos significativos pda arquitetura do passado e, como tal, dignos
an n1anil"est"ac6es populares e a moderna cultura de massa. Ao mesmo
do p rosorvacao, passando os critérios adotados aqui normalmente pelo ca-
tempo, passa-so a considerar com atencao os elementos materials, técni-
rater do oxcepcional idade da edificacao, a qual se atribuia valor historico
L“ou‘da cultura, rejeitando-se aquela contraposicéio idealista, longamento
£9/ou oslotico. (Pertencer ao patrimonio tinha ao lado de um significado
wltlvad a, entre Zivilization e l<ultur.9 Ao lado dos bens moveis e irnoveis,
cLlIt|.|ral, um significado juridico: preservar se identificava, quase que au-
a daqueles do cria<;é'io individual, componentes do acervoiartistico, ago-
lumaticamento, com ”tombar”.) l\lo entanto, tal concepcao, muito presa
Fn so considera também """"
__-

L"ol'no parte do patrim6- a

l nlo cultural do um povo,


Como nos mostram, por
oxomplo, os escritos de
*

Mfltlo do Andrade e Al0i-


Qlo Magrillifies, u ma outra
ospécio do bens, os uten-
nlllos, procedentes, sobre-
I s
tudo, do ”lav.er popular”,
“lnscrldos na dinamica
vlvn do cotidiano”."' Alem
Cllllflo, /Ftt.|perando a visfio
t'€*Ill'Icmla da cultura como
Um ”conjonto do coisas",
Ilfirldo-so cada vez mais a
liI'fiID€lIl'Itl-IIJ como um pro-
Cfilno, focalimndo-so o
quoaat» -- lmalorial - do
Iormatgao do slgnIlr'lcado." AIIIIIIIIIIIII ‘ton
Mum-. I .'|'mI.*|
I’A'I‘IiIMt'INlt I t‘lIl."l‘lIII/II. thnrrlhm. ymllllrnu, IlllII‘lHm'HI|m _ Alwrmillrmn t‘tllIIt‘lII]lllI‘IlIIl'IllIl para pnllllom do ]lI‘l*Ht‘f'I'II[,‘fIll

ll‘ Aqui 1" im portanto per-


ptitrllnflnlo, torna-so necessaria a ainpliacao dos instrumentos do conho-
ceber que niio so trata Clmento e andlise, com a iiicorptmicfio das perspectivas dos mais divorsos
simplesmente do uma proflsslonals e os da propria populacao, onquanto usuaria e produtora do
mudanca quantitativa: patrlmonio.'-" Por outro lado, nao so podo também esquecer a dinamica
a expansao do conceito propria do patrimonio cultural, que nao pode ser porcobido como uma
faz com que se modifi- coleciio do objotos afastados da vida, devendo ser visto como um supor-
. que 0 seu proprio cara- to para um processo continuo de producao da propria vida. Trata-so do
ter, o que, por sua vez, porcobor o potoncial transformador do nosso patrim6nio,’que devora ser
p faz com que também I , Contlnuarnonte relido e utilizado de forma libertadora. E como escreve
I |
I I a postura em relacao
Marllona Chaui:
I ao que se entende por
» patrimonio deva sofrer Numa perspoctiva socialista, Historia se diz om mui-
tos sentidos e particularmente naquele que tevo nas
alteracoes. Trata-se, de origens: compreender 0 passado como pressuposto
fallo, como podemos perceber, de campos de amplitudes e articulacoes I do presente que o presente repoe e repete enquan to o
lvastante diferentes, que solicitam respostas distintas.-Assim, num primei- ignorar como seu passado e que ultrapassara quando
dessa compreenséio nascer a pratica de emancipaciio,
ro momonto, quo corresponde a uma viséio mais restrita do patrimonio,
em que o futuro é 0 novo como realizacao das pro-
Ildava-so com -um campo estreito e, ainda que pudessem aparecer diver- messas nao realizadas no passado nem no presente.“
génclas quanto aos critérios, essencialmente delimitavel: afinal, tratava-se n-4

do ldontifica r um elenco limitado de excepcionalidades. Aqui nao parecia Nosso son tid o, a questao do patrimonio, como diz a ”Carta de Ouro Preto”
havor dfivida também quanto ao papel (decisivo) que cabia aos peritos: do I992, “dove superar a abordagem historico-estilistica e ser trabalhada
aloln da incumbéncia da propria delimitacao do campo, eles tratariam de dontro do u ma concepcéio que integre as questoes socio-economicas, técni-
flscalivm, restaurar o consorvar os bens identificados. Quando, porém, Cml, estéticas o ambientais”, devendo—se considerar qualquer intervenciio
osl‘ende-so do maneira tlio significativa o campo de abrangéncia do cha- I sobre o p,".\trim6nio como uma agao sobre o presente e uma proposta para
mad o patrimonio, as coisas mudam de figura: nao é mais possivel exercer o futuro.‘-"
esse tipo do ”controle esclarecido” sobre tao imenso dominio. Assim, ins-
trumontos como o tombamento, que se mostraram importantes (decisivos
mesmo, em alguns casos), num primeiro momento, passam agora a expor, A cidade como patrimonio ambiental urbano A
do uma manei.ra cruel, suas limitacoes e tem, a nosso ver, que ser revistos
ll-it
I5 luv. do novos condicionantes e critérios." Coloca-se no horizonte, clara- Consldorando a amplitude do patrimonio cultural, é muito importante,
mente, urn novo e grando desafio: forjar mocanismos que reflitam a con- Enter-1 do mais nada, quo so facam alguns recortos sotoriais para quo so
co|;n;t‘lo ampliada o procossual do patrimonio cultural. passam pensar cstratégias especificas para cada uma do suas rogifies. ll
ftmdamontal tratar do forma diferenciada os diversos suportos da memo-
Com Isso, parece-nos que, para so pensar hoje em preservacao do patri- rla: nao podomos querer aplicar a cidado, por oxomplo, os mesmos crite-
monlo, faz-so importante considerar, antes de mais nada, a amplitude do rlos do proscrvacao que so aplicariam a um quad ro ou a um docurnento.
pnl‘rl|nt'mio cultural, quo dove ser contemplado em todas as suas variantes: Nos!-to sentido, analisomos rapidamente a posicao ospecifica da cidade,
Cloveni-so trabalha r todos os d iversos suportes da momoria —— as edificacoes nvallando, a partir da ampliacao do conceito do patrimfinio, a questao do
é on ospacos, mas tambem os documentos, as imagens o as palavras. Nes- iun preservaciio. ‘
so sentido, a quostiio do patrimonio dove deixar do ser oxclusividade do
alguns profissionais quo tradicionalmenle so ocupain com ola, passando a SE podomos classificar a cidado como um ”artofato" humano, como um
exlglr a composlcao do ot|uipes inlordisciplinares amplas o a ativa pa rtici- bem Itlnglvol Imovol, t" importanto porcobermos, no entanto, que so trata
paqéo da sociedade. Na modida om que so amplia o proprio conceito do do um artefato sul genorls, do orlgom coletlva e om processo do constanlo
b trannformacao, quo so (Ill por HLll1Hl‘Il'l..lIQlflU do carnadas. So, como dlz Carlos
FATRIMONIU (‘INTI CYIIIWHIIII, ]"l|IH!h'm4, Im|fr|m;p”f||g ' Altvrvmflmm 1-nnlwmmrrhmnn para pnllllmn dv pn*urr'rvm'nu

--i‘
—-i

lndo, no vnlanlo, cabo 2. sociedade 0 no (iovvrno orivnlar essa rvnovaqfio


5
t c‘ lra11sl’o1"111as;C1o, para quo a paisagom urbana ovolua do rnanoim equili-
bradn v nao prcdominem aponas os interessos cconomicos imvdialos do
um dvtorminado sogmonto. N50 so trata, portanto, do congclar a vida, ou
do transformar as cidadesem museus, mas I
1"
em ponsar na prcscrvagfno e na melhoria de
w

nun qualidadu dc vida, o que abrange tanto I ‘


L » I fin érvas consideradas “historicas” quanto

hquvlas mais novas. I1 nesse sentido que nos


parece fundamental 0 conceito contempo-
;.—-_.Q_-n._o- _ rflnoo do ”patrim6nio ambiental urbano",
malriv. a partir da qual podemos pensar a
If
.',,

.7-_
nr PFk'HUl‘V£1q5() do patriménio, sem cair nas
I-\.
ll
llmilaqoos da visao tradicional. Pensar na
vldndu como um ”pa‘trim6nio ambiental" é
.§!1 1' rrrrt will 1!:
ponsar, antes do mais nada, no sentido his- /\*Ic'/t i'lc', fit‘!
l‘c‘n'ico 0 cultural que tem a paisagem urbana nu
.’H( Hi

' ' em sou conju n to, valorizando o processo vital que informa a cidade e nao
aponas monumentos ”excepci0nais” is0lad0s.17 -
Nvlson ls*0|'|*uire.1 dos Santos, as cidades séio constituidas por um processo ” Assim, niio ha, do fa to, que se pensar apenas na edificagéio, no monumen to
I; . I
vontlnuo do ”agroga;;ao de trabalho humane a um suporte natural”, é 0
1
llsolado, t0st0munh.o do um momento singular do passado, mas e preciso,
importanto quo purcobamos que elas vivem se refazendo e se transfor- antvs do mais nada, percebe-1" as relagoes que os bens naturais e culturais
ma1m.1o”.“* Por outro lado, so esse processo de transformagéo acompanha. aprusvntam ontro si, e como 0 meio ambiente urbano é fruto dossas rela-
a historia das cidades, com cada geragao intervindo sucessivamente no Qfivs. Aqui a on faso muda: niio interessa mais, pura e simplesmente, o valor
lucido prw:><islonto quo rocobe como heranga, com a vitoria do capitalis- m‘qLIilvl‘<"mico, historico ou estético cle uma dada edi‘fi.ca<;z'io ou conjunto,
mo, v principalmuntu com o seu desenvolvimento mais recente, passa a A- mm: vm ponsar como os ”artefatos", os objetos se relacionam na cidade
prvdominar na ocupagao urbana quase que unicamente 0 valor econo- para pvrmitir um bom desempenho do gregarismo proprio ao ambionto
|'r1lvo-vspvculalivo, om dotrimonto do todos os_ outros valores humanos, i'2
i
u|bm1o. lam outras palavras: e importante perceber wmo eles se articu-
Q i 1 I 1 L w
J

nlmbolicos, politicos, etc. A terra passa a ser vista agora como mais um - ' lam vm lvrmos do qualidado ambiontal. Preservar o patrimonio ambiontal
bc.'111 vspuculalivo, o quo provoca resultados dcsastrosos em termos de Urbano 1", vomo so podo porcobor, muito mais que simplcsmcntc tombar
L]Ll11||dndv do vida das cidades. -
.

dt‘ll‘!'l11il1&1di\S odificaqoos ou conjuntos: é, antes, prosorvar o oquilibrio da


pe1h-mgvm, pvnsando sompro como inter-relacionados a in|’ra—0sl'rutura, o
No quo so rcfore a preservagao do
lolv, n 9‘di1'ivaq5o, a linguagom urbana, os usos, o purfil hislorico 0 a propria
meio ambionto urbano, tomos, cntao,
p&1lsngvn1 natural. Nfio so trata mais, portanto, do uma simples quvslfio vs-
um duplo condicionamonto: por um
tétlcn ou nrlistica conlrovvrsa, mas, antes, da qualidadv do vida vida:-i pos-
lado, sondo vslv um organismo vivo,
Illbllldndvs do dvsunvolvimvnto do homom. Com isso, dusloca-so o cixo da
nfio ha quo so impodir o processo do
C||flL‘uHsi\o, rvt‘olocando-so a quvstfio do pal*rim(‘mio frvnlv a balir.amvnl*os
I I l'o|1.ovnqf1o, inlrinsvco a vlv, 0 quo I - A

('apM.vs do vnqundra-la om sua oxlonsao 1onlvmporanoa. Mais uma vvz,


I \ I 1

acompanlm o proprio do_~;¢~nvo|vi-


frlunmos uomo hoiv fim viam o l'|'m|L|w.a dos crilf-rios na svlvqao do quo,
nwnlo do vida hunmmn. l’or outro
H"6d|ClUl'1L\l|'1\l'l1l\', vonsida-m-so ”signil'ivulivo": n luilum |\isl<’>|*im~uslC~licu
PATRIMONIO CULTURAL. - Crmrvllml. pmllllran. lHlll‘HH'|t'lll|ll '
_ Allernnllmm mmIommr/lmwn pnrn pnllllolu rlr )ll‘r'Hr'r'IltIg'(l|I

NI
ten tar l'l&1l‘lT'lUl'll'/.t1l‘l-lllflfll-I e odifieaooes preexistentos com as novas, ulillv.an-
r ‘i9

4- '
N-,1‘ "0
K ~\
do-so para isso os instrumentos urbao|'stioos mais gerais, como o Plano
Dlretor para o municipio, a Lei do Uso e Ocupaqao do Solo, os codigos do
obras o posturas, entre outros.

4-. l’rlori'/.ar planos mais simples do recuperagao de ediflcios e conjuntos,


no lnvés de custosas restauragoes. E importante para a lpreservagao da
momoria e da identidade cultural e para a preservagao da, qualidade do
moio ambien to urbano conservar aquilo que os conjuntos tem do essencial,
Como sua volumetria, tragos basicos de fachada e, eventualmente, mesmo
tlpologias em planta.

5. Reavaliar a gestao do meio ambiente urbano. Antes de qualquer inter-


Venqao no tocido vivo da cidade, é muito importante a percepgéio dos me-
Canismos criadores de significado em jogo ali: é vital perceber, acima do
tudo, como os moradores e usuarios utilizam e valorizam aqueles espagos
qua‘ constituem o seu dia-a—dia. E necessaria, para isso, a criagao de rneca-
lempre sera in tencional e marcada por visoes particulares de época clas Iv

. , I '
le, etc. Assim, é l.’nLlllO-CO1'1'l.L11Tl lamentar-se tempos depois a demoligao de rllsmos que permitam a real e efetiva participagéio dos agentes envolvidos
edltlciagfves ou conjuntos considerados ”nao—significativos" no processo, em todos os seus momentos: na elaboragao, implantagao e
gostao dos projetos a serem eventualmente desenvolvidos.
Pa rl"ll'|d o, portan to, dossas considera.<;6es preliminares, parece-nos possivel nu

6. Ciarantir a permanéncia da populagao de baixa renda nas areas at se-


Vlll-lL11TIlJl‘a 1' algu mas estratégias gerais para se intervir sobre 0 patrimonio
rem urbanizadas, preservadas, etc. Qualquer politica de preservagao deve
fimblental urbano que herdamos das geragoes precedentes e que devemos
prlorizar o bem-estar dos moradores e usuarios, procurando evitar a sua
trrmsmil-ir as proximas:
expulsao om decorréncia da valorizagao dessas areas. Trata-se, na verdade,
bl. l’|‘loriv.a r sempre o contexto urbanistico, percebendo a cidade como um do um processo dificil e complexo, mas que se pode enfrentar com alguns
O1‘ganlsn1o vivo e complexo, onde os bens naturais e culturais se relacio- mocanismos, como nao concentrar investimentos pesados n.uma determi-
nam entre si. Nesse sentido, devem-se privilegiar conjuntos e ambiéncias l‘\ac‘la area, pulverizando— l
em lugar do edificaooes isoladas. On, do modo que oar) haja ’
uma transformaigao radi-
2. Adota r um procodlmen to unitario, visando a melhoria do meio ambien cal na sua natureza; rea-
E9 urbano como u m todo, nao tratando desigualmente as chamadas areas llzar pequenas interven-
l1l!l:orleas e os outros espagos que compoem a cidade. Assim, é importante Qbes urbanas, ao invés
pensar oonju|1l'a|"nol1l‘v, 0 a partir dos mesmos critérios do qualidade, os ds grandes obras, e valo-
flllpaqos moldados pela historia, a serom protogidos, e os espagos novos ou rlzar :1!/atividades que ja
0! t‘HPt*l1;0s rooupe|*aveis, a serom ainda ostruturados. Em amlms os casos, Us dosenvolvem na area,
dfivt’-‘I11-He considerar sompro a infra-ostrutura o loto a edificwqfio '1 lin
V ‘ I ‘/ L (. , ¢ - proporcionando-Ihes, no
gungern urbana, os usos, o porfll hlstorico e a paisagom natural. -lfltnnto, um ambionto de
r Hlllllllt I o
3. New-no sentido, t fundarm olal a mlr gl(lt.du£1l1H()lllli1 enlro a |.1ul_ll|ca espo-
I '- ‘- I K ’ . I “ 1 ' '\ 4. Q1-W . -
melhor qmllidacle.
cltlcn do preservadlo do molo ambionto u rbano o a pollliva urbana do um
mad" li*"'a|~ A“ ll" Penfiflf em termos do preservaqao ambiental, dove-so III
coNs|zRvAcAo E VALORES: PRESSUPOSTOS TEORICOS ms
POLlTICAS PARA o PATRIMONIO
A discussao sobre a questao dos valores tem so tornado central na socieda-
de contemporanea, ressurgindo com forca no campo das ciéncias sociais e
da filosofia, onde se problemartiza de novo, por exemplo, a questao da ética
normativa ou a questao da relacao entre os valores e a propria atividado
cientificafl Também no campo do patrimonio, esta questao vem ganhan-
do proeminéncia, como.
apontam varios trabalhos
recentes, entre os quais
poderiamosa citar aqueles
derivados do projeto AGO-
RA, do Getty Conservation
Irzatitute, pesquisa inter-
Clisciplinar que procurou
lnvestigar a questao dos
valores no campo da con-
lervacao, tomando como
estudos do casos a gestao
do sltios historicos em pa-
les anglo-saxonicos. 2 As-
Ilm, durante alguns anos,
nquole instituto internacio-
nal acompanhou politicas
do preservagao nos Estados p
Unidos, Inglaterra, Cana- 1
Cla e Ausrtralia, mostrando tn H1; In lrluh lo!
como om cada caso estuda- '
do existiam diversos valores — que muitas vezes entravam em conflito — o
601110 serao esses valores, que, de certa forma, determinarao as escolhas
ml pollticas adotadas.

Q fa to é que as decisoes sobre a conservacao do patrimonio sempre lanqa—


ram mé), explicita ou implicitamonto, do uma articula<;ao do valores como
ponto do referencia: em Llltima instancia vai ser a atribuicao do valor pela
¢Dmunidado ou pelos orgaos oficiais que leva a decisao do so consorvar (ou
nlo) um bem cultural. Como ja vimos, as poll ticas do presel'vac;€io traba-
lhlm sempre com a dialética lembrar-esquecer: para so criar uma memo-
' til, prlvlleglam-so cortos aspoctos em dotrimonto do outros, iluminam-so
fllrtol aspoctos da luutorln, onquanto outros permanecom na obscuridado.
Alllni, no campo dn conmvmglo do pntrlménlo, on valores vllo ur umpre
_
I‘/l7‘RlMl'lNll I l 'lll.‘l‘llN/ll. l’rmrrlhm, pollllom. lr:slrmru'nlu»-l
l 'm:.~wr"ouo1o r mim-rs." pmr.-aqnmlll.-» la'oHms dim pnllln-aw lmm o pun lrmmlo

or nlrnls para st docidir o quo consorvar quo bons matoriais roprosonlarao


i \

no dolilvorarom solvro modidas do pl‘ol'oo[1o para areas l1islc'>|‘ioas, undo lulu


n nos o a nosso passado bom como para dolorminar como consorvar quo
so so prologom orlil'ioag*oes oxcopoionais, mas lamhom so rog|.|la|m~nla|n
llpo do lnlo|'vo|1g'ao ossos bons dovom solror para serom transmitidos para
paramolros como o uso o a ocupaoao, altorando-so muitas vozos prol‘un-
as p,oraooos lulu ras.
damonlo o estalu to juridico daquolas areas urbanas? lim outras palavras:
Mosmo uma raplda analise do u ma tlpica docisao na area da consorvacao, para nao so cair om posturas ingénuas ou dogmaticas, lmportan to porco-
nlmm oporaoao do restauro, por o><emplo, ja nos revola muitos —- o muitas bor quo os valoros vao ser som pro um fator decisivo nas praticas do campo
vozos divorgonlos — valoros om jogo: ponsomos nos valoros artisticos o esté- do palrimonio, dotorminando as divorsas oscolhas tomadas pelas comu-
nidades o orgaos do proservacao. No entanto, so hoje percebemos essa
l ticos do um odif1'cio
dimonsao axiologica como parte indissociavel das politi.cas do patrim(‘mio,
antigo, bom como
so sabomos quo a questao dos valoros sempre ostevo proson to nas decisoos
nos valoros histori-
sobre a conservacao, o quo so modifica neste inicio do século é a nocessida-
cos quo podem os- fr do cada vez mais presente do so oxplicitar essa operacao do atribuicao do
tar associados a olo,
valoros, oxplicitacao quo so torna nocessaria na medida em que o proprio
que algumas vezos
cam po do patrimonio so comploxifica, tanto pela oxpononcial ampliacao o
so contrapoom numa
doslocamonto dosso conceito, quanto pela introdugao do novos atores om
operagao do restau-
oona, como protondomos mostrar a seguir.
ro, isso para nao
mon.cionar outros
“valores do contem-
1 poranoidado”, nos Modificagoes no campo do patrimonioz doslocamontos no campo dos valoros
l termos do A1o'1's Rio-
No quo so roforo ao primeiro topico, mais importante ainda que a verda-
gla, como os valores
ooonoIT'lioos ligados ao uso do odificio. Um bom oxomplo disso pode nos doira oxplosao por que passam idéia como as do ”patrimonio cultural” o
oforooor a analise do processo do rosta uragao do Paco Imperial, no Rio do ”palrimonio arquitetonico”, como mostramos om capitulo anterior, vai sor
,|riI'1o|I'o, odifloio quo ao longo dos sous mais do 250 anos do historia foi so a sorio do questoes totalmente novas quo essa ampliagao tray. para o ca m-
lral1slo|*mamlo para so adoqua r aos novos u.sos do cada otapa, rolacionan- po do palrimonio. So an.tos, quando so lidava com o conceito tradicional
do-so a imporlranlos aconl"ocimonl"os do nossa historia, do poriodo colonial do palrimonio, nao parecia havor muita duvida quanto aos critérios para
A l(opL'|l1lloa. /\o so omproondor o seu restauro, ora necessario docidir o a olassificaoao do um. bom
quo so lrla rooupor-ar, quo ota pas dosto longo porcurso :iriam so valorizar, .-1, como patrimonio cultural —
om dol rimonlro do outras. Assim, ao so rosta u ra r o edificio quo foi moradia sua oxcopcionalidade estéti-
do govornadoros o vioo-rois, sode ad ministrativa do lmpério no primeiro oa ou sua ligaoao a um fato
F sogundo Roinados, o ropartioao publioa no porlodo ropublicano, tiveram -ll l momoravel da historia, hojo,
7|
quo so la‘/.or varias osoolhas - nas quais, muitas vozos, foi necessario so £1‘
ll oom essa ampliaoao, toda a
oplar onlro uma hrvmogonoidado oslilistioa (quo Faria o odifloio rotroagir a nlrilvuioao do valor tom que
llm porlodo, oliminando-so aorosoimos do outros), uma voracidado histo- sor oxplioilada, ja quo lida-
rlon (quo manloria as maroas das divorsas opooas), ou mosmo os roolamos mos com uma matrix muito
ll.ll1t‘|lII1¢lls dos usos do prosonlo (quo podoria lovar, por oxomplo, a rooon-- mais oomploxa do valoros.
Verrloos mais l'm.‘ll1‘a1is)." Suhjaoonle a essa alnpliaoflo,
onoolllm-so, provavolmonlo, lnlrrn-r do loll pl
iv numa opo|'m,'ao do iolorvonoao sobre uma odil'ioao.lo ;.s podomos vor so o prop|'io rolalivismo epis- ill ‘-..uI l mm! 11'
'-ulflmlnl l?-dim
T|a11Iloslara porspoollva dos valoros, o sous inovilavois ooollilos, o quo nao lo|nolo;.;ioo (o sua va|'laolo |'|'Hrl:I "l JI' r |lf'rl1I
illivr. P1115", das doolsoos oomploxns quo lomnm os orp,aos do imlrimonlo mnls nloouada, o rolallvlsmo IHHI H rlfllll rlil Huh‘:
ill rH|rI 1 Ill lllll
PA'l"RlM(7Nlt1(‘lll.'l‘lHMl. (‘nnrvll‘an, pull!/om, lrmtrlrrmwlun V Vmrnrrvurfla 0 r'rllm’mr.' promulmuluu lmlrlrnu elm: ymllllrun lmrn u pnlrlrnflnlu

cultural) caraotorlstloo do nossa era, na qual so torna cada vov. mais eviden-
to a oom potloao entre valoros d ivorgontos - artistioos e estéticos, historicos,
ooonomloos, olo. - em toda operaoao do prosorvagao. As cortozas quo pa-
reolam oxistir om nosso ca mpo, onquanto ainda ostavamos sob a égido do .-l
F .

proloto modorno, pa rocom so do.svanocor no final do século XX e inicio do


I
nosso sootllo. |"
|||

H.
E, do fato, e intorossante porcobor, em primeiro lugar, como acontecem
doslocamentos ja dontro dos proprios campos tradicionais da avaliacao do
paltrlmonio, quais sejam, o da ”oxcopcionalidade” do valor artistico e o da
"momorabilidade” do fato historico. No caso do valor artistico, embora
la so soubesso, polo monos desde a ”Critica do Iuizo” do Kant, do carater #3?
I

lrrod utivolmen to subjotivo do juizo estetico, o pensamento pos—moderno e ti.


‘ I
-

-\ .

on ostudos culturais do século XX vao recolocar com forca o carater histo- ‘G

rloa men to clrounscrito dosto tipo do valor. Analisando essa nova situacao,
Steven Connor da London University, em seu livro seminal Teoria e Valor -'-."".‘l!ht
CIlllurnl (‘l 992), nos mos-tra os desafios — e os paradoxos — colocados para o
ponsamonto contompora.noo - no seu caso, para a teoria da literatura e os
estudos culturais - quando a nogao tradicional do valor artistico é dosloca-
Lla o/ou substituida pela n.ogao mais ampla, do base antropologica, do va-
lor oultural.-“ No campo da historia, por sua vez, vemos aparecer também no distrito do Watts em Los Angolos, hoje listadas como patrimonio da
uma nova manoira do so interprotar os fatos historicos, estabelecendo-so cidade, do Estado da California e dos Estados Unidos, pelo l\lational Pork
urn dlalogo rico com outros campos das demais Ciéncias Humanas tais Service, desde 1990. Soberbo exemplar do arquitetura nao—tradicional, es-
Como a antropologia, a psicologia, a lingiiistica, a geografia, a economia e, sas torres, também conhocidas como Nuestro Pueblo, sao uma coleggao do
sobretudo, a sociologia. Nosso campo, o foco afasta-so da historia politica l7 ostruturas interconectadas, duas das quais atingem a altura do mais do
o omorgom novas perspectivas, que vao desde um interosse pela cultura 30 metros, construidas em cimento e matoriais diversos, como vidro, cacos
material (alimontacao, vostimenta, habitagao, entre outros), até um espe- coramicos o ferro. Trabalhando som equipamento apropriado e também
clal lntorosso pela cultura e pelas montalidadesfi Assim, vamos ter em som um projeto predeterminado, Rodia construiu aquela estru.tura do so-
Elmbos os ca rn pos - o da estética e o da historia, doslocamentos tao funda- nho ("I had in mind to do something big, and I did it.” — "Eu tinha om men-
mentals, que rocolooam do forma também fundamental a avaliagao do que to fazer algo grando, o consegui-"), com suas proprias maos, utilizando
seria estotioa ou historicamento significativo, o que so rebate naturalmento principalmento restos danificados do ceramica do l\/lalibu, onde trabalhou
no Ct‘llTl po do pa trimonio, no quail so passa do uma nocao restrita e bastan- por muito tempo. Na ostrutura so percebe o carator do colagom, podondo
to dolimitada do ”patrimonio historico o artistico” para uma nocao muito so ver, inclusive, restos do vidro
ampllacla - o, as vozes, proteiformo — do ”patrimonio cultural',’. ,_ .___.___£ verde, com marcas das garrafas do
bobidas - 7Up, Squirt, Bubble Up e
O fato o quo muitos dos bons hoje protogidos - o listados como patrimo- Canada |)ry.
nlo cultural »-- sequor seriam considorados passlvois do qualquor tipo do
protoqilo al gu mas dooadas a tras. Va rias comprovaooos dosso dos|ooamon- llxplicamlo o processo do atribui-
to podem ser lacilmonto oneontradas nas aooos dos orgaos do prosorva- qilo do valor a tal ostrutura, o do-
¢&o nas Elllimas décadas, quando, por oxomplo, so protogom oxomplaros oumonto olloial quo llsta as torros
"exoé\ntrloos" do t1l"t]tlllt‘l'Lll‘t1 vernacular, obras do indlvlduos t‘UlT'lUStll.1tll() no Nnlimml l<¢'gisIrr lg/'llls!ori<' Plu-
Rodia, lmlgranto ttaltano quo do 1921 a W54» oonstrulu as Watts Towors, rm (Roglstro Nacional do l.ug,aros
l'.'l'l'lllMl‘INl( I l 'lll-'l'llll.'ll. {hm rlhm. ;mIlllnm, lHHlHlH!c‘lll|lH l UH"! ummu l'!lll|ll'N ’|ll'll'lll’lll*4ll|'l lc'llH|H*v llH'1]lllIlllHl'Illlllllllplllllllllllllll

I llnlorl¢'os) |l1rvovupa-soom vxplivar a "signi|’ivfincia" das Walls 'l'owvrs dv


Hlmon Rmlla:
As Walls 'l'ow0rs podvm ser dvscritas lanlo vomo vs~
vulluras como arquitclura. l’rimariamonlv, olas cslao
1-nlrv os mvlhoros uxcmplarus da arto na'|'v0 america-
na, 0 ganharam o r0conl1vcimunto amplo do conheci-
dos hisloriadorus da arto, ostudiosos da arte popular
0 da maior parte dos criticos internacionais sofistica- .:,j,,
dos. O autodidata Simon Rodia accrcou-so a arte dc
u ma ma11uira totalmente espontanea e executou essa l"'-.l
complcxa cscullura por um periodo do 33 anos.
Como uma cvidéncia unica permanente da tradi-
qfio popular italiana nos Estados Unidos, um fato
nao reconhecido por muito tempo, as Watts To-
wers sfio uma encarnagao extraordinaria das me-
morias de sua terra natal de um imigrante e um
tcstcmunho de sua afeigao por sua nagao adotiva.
llinalmente, as Watts Towers s50 de interesse como
cuiriosidades do engenharia, pois as du.as torres mais
altas, muito provavelmente contém as mais longas co-
lunas dc concreto armado construidas sem parafuso
ou rcbites no mundo.7

ll inlvrvssanlv p0rc0l">crmos os rmotivos relacionados para a protegaoz


lnirialmvnlv so rvfvrcnciam as torres ao campo da arte, enquadrando-as
uomo ”arlv na‘ivv”, citando-so inclusive o reconhecimento que elas teriam
tlv ”l1isloriadorvs da a rto” 0 ”criticos internacionais sofisticados”. A0 lado
tllHHn, adu:/.v|n-so também ma/fies relacionadas mais dc perto a qpuestao da
mv|m'n'ia pvssoal 0 a fotiva do imigrante Simon Rodia, e até 0 ”testemu_nho
da- sua al'viqao por sua Naqao adotiva”.

No llrasil, podorfamos citar a Casa da Flor, cm Sao Pedro da Aldeia (Rj),


qm-, nos mvsmos moldos das Watts Towers, foi construida entre 1923 0
I985, uom o acumulo do restos, como bu'/.ios, conchas c outros dcpositos
tlli lagoa, dvlrilos induslriais, podaqos do azulojos 0 farois do automovcis
por (labrivl joaquim dos Santos, artista negro 0 pobrc, trabalhador das
Hl1lll1ilH tla rvgiao, 0 lambéln aulondidata. Nada do quo ali so v6 lembra
os u><v|npla|"0s trad icionalmvnlo
protogidos polos orgaos do pa~
lrimonio: vvrvamlo a l1abilaq{\o,
um vslranho muro lvvanlado
vom pvdaqos ill‘ lvlhas, lijolos 1*
polos do lmrro, lodo ponlvado
por llorvs v vsuulluras, 1-m|uan
lo no svu inlvrior, auvssmlo por
l um vorrmlor, vm~m+u- as |.1lll't‘-=
ml lll'llMnNll I l ll H H llhll‘ l |"”' "ll"*"' l"'ll”'l'l"' '”"‘l'”'”"”l""‘ l l 'HH.'u‘H'1Ig‘lI|I 1‘ r'|ll¢II|'-‘it I'l‘:'.~v-ill]'H'ilH,'= l|'|'H'!| wt Ill!" I'HllH|1l" I'll!!! H [Hill llmllllu

aloe-4, lod.-is proonoliidas do onloilos, milllaros do oaoos ooloridos aplioatlos, los inlangivois dos bons culturais, latoros quo lainlaoln lornam cada vow,
numa tlooorat;ao luxurianto. l\luma domonslracao cabal da ampliaoao do mais nooossario so oxplioilar a oporacao do alribuigao do valoros sompro
oonooito do palrimonio, osto produto da ii'1u1gi|1ac:.i<i popular foi tombado subjaoonlo no campo do patrimonio.
polo lnstituto lisladual do l’atrimonio /\rtistico o Cultural (ll\llrll’/\('), da
\

.'~ioorolaria llsladual do Cultura do Rio do Janoiro, sondo sua protocao assim


iuslilioada por llalo ('ampol’iorito, que também chama a a tencao para a sua
Modificacoes no campo do patrimonioz 0 patrimonio imaterial
”l1olo*/.a” o “curator gonuina men te popular”:
Montada du ran to décadas, pelo acumulo do restos, no
I’aralolamente a essa ampliacao, hoje se percebe, muito mais quo no pas
dixer do autor, ”coisinhas de nada” - buzios, conchas sado, que o fim ultimo da conservaciio nao vai ser a mamltonciio dos bons
o outros depositos da lagoa, detritos industriais, peda- matoriais por si mesmos, mas muito mais a manutencao (o a p|*o|11ociio)
cos do azulejo e farois do automoveis — a construcfio
dos valores incorporados pelo patrimonio, sendo as irntervencoos ou trata-
ainda nas palavras de Gabriel, é uma “casa feita do
cacos transformados em flor”. Aparentemente insoli- rnontos fisicos aplicados a esses bens aponas um entre muitos moios para so
ta e bizarra, essa fabricacao onirica, ”eu sonho e face”, obtor este fim.” A esse respeito, parece muito interessante acom panhar a
tem efeitos visuals tao lindos e inesperados quanto os d iscussiio que nos ultimos anos tem se dado em torno da idéia do chamado
muros do Park Gijlel, de Antonio Gaudi, em Barcelo-
na com que é freqiientemente comparada. Trata-se, palrimonio imaterial ou, intangivel, que, de certa forma, recolocou as basos
sem duvida, de um traco vital da vertente popular e da nossa area. lsto, a nosso ver, se da porque a discussao quo so conlrava
traumatizada de nossa arte, um bem cultural de valor, muito mais no como consorvar — restringindo-se a idéia da consorvacao I1
~ ma

cu riosamente tao celebrado, mas ainda nao incorpora


do ao patrimonio oficial. 8
sua dimenséio fisica, onde se discutem questoes como o comportamonlo
dos matoriais e sistemas estruturais, as causas e mecanismos do dotorio-
A t|uoslfio da atrilmiciio do valor — que hoje nos aparece em toda sua corn- raciio, as intervengoes possiveis, a eficacia a longo prazo dos tratamontos
ploxidado l‘l§lU pa recia sor, no entanto, até ha algumas décadas, uma ques- tovo que se deslocar necessariamente para o éimbito do quo consorva r
ltio oontrovorsa, nem digna doe maior investigacao: como jé mostramos, o do porqué consorvar, o que coloca em cena necessariamento a quosliio
a oonsorvacfio constituiu durante muito tempo um campo relativamente dos valores. Se até entao esta questéio podia passar despercebida - ou a pa-
loolriatlo, sondo a atribuiciio de valor feita, via de regra, por experts, quo rocor aponas secundariamente — a partir de agora, tem quo so oxplicitar:
dooidiam o quo ora (ou nao era) patrimonio." A maior parte dos conceitos cada oscolha de bens, t
quo nortoavam ontiio as oscolhas e opgoes na consttituicao do corpus patri- cujo atributo principal
monial dorivava do cam po das artes, usando-se nocoes como as dc “obra- nao podo sor oncontrado
prima”, “valor intrinsoco” o “autenticidade”, que eram incorporadas sem na sua ”matéria”, no seu
maioros disoussoos ou aprofundamento. l\lesse caso, mesmo que pudes- ”ostado do substancia”,
som sor dolooladas variaqoos significativas nas divorsas trajetorias nacio- mas numa rode intangi-
nais das politioas do patrimonio, o conceito dominanto vai sor sompro o vol do signil-icados, tom
da ”o><oopoionalidado”, quo tormina por diluir num conceito gonorico a quo domonslrar sous cri-
t"omplo><a matrix do valoros onvolvida om cada caso. (lsso so aplioa, por lorios do arl‘iot|la<,jao o a
oxomplo, :1 nooao do “cultural signil'ioanoo”, na lradiqao norlo-amorioana, sua raxao do sor.
lrflfll ill |'l‘l|

o :1 olassilioacao do bom do ”o><oopoional valor”'om nossa propria tradicfio). If


lllllulil
Um bom oxomplo dis- ;
l\losso momonto, a quoslao do pat|*i|n(‘mio parooia, do lato, adslrila a um lrllw ll lllrllllllll

Ho nos l'o|‘not'o o rogis-


poquoiio lgrupo loonioo, quo comparlilliava, a grosso modo, um mosmo
lro do l\/loroado do l\/larral<osh, da praoa triangular llomaa l".l-llna, na lisla
univorso concoitual o os mosmos valoros, o quo lornava su|.n'-rllua qual-
das ”()lvras primas do palrimonio oral o inlaugivol da humanidado”, da
quor ilisollssao maisaprolu|1dada nosla tlirooao. lisso quadro vai mudar
llNl".H( '( l, om Qlllll. /\li so ll.‘-Hill a i'alogo|‘ia do ”lt|ga1‘”, o nao a t‘alop,o|'ia do
sulislantialmonlo no linal do st'~oulo XX, com a inlrodut;ao do novos algou
”sllio l\islorioo", Iradioionalmonlo usatla para ooujunlos urlmoos, osoollm
los no onmpo do pnlrl|no|.1lo o com a orosoonlo onlaso quo so as aos as|vov
PA-T'RlMf'lNl0 t‘lll.Tl IR/ll. It f”am'r'ltnn, imllflvnn. lnnfrmnmmm . (‘nunrrom~fin v nnlurrn: ;n-run;-mnlun Miriam dun pnllllrnu [mm n ymlrlmrlnla

que chama a atoncéio para classificada como patrimonio nacional, registrada através do Procosso n“.
os lacos irnateriais, sociais (ll45t).()()2945. No site do ll’HAl\l I6-so a lUl1Cl£llT10l1l'flQfl()Cl0SH€l distincao:
e nao apenas para a dimen-
A Feira de Caruaru é um lugar do momoria e do conti-
sao lisica ou as construcoes nuidade de saberos, fazeres, produtos e exp rossoos ar-
que compoem o conjunto.
Av

tisticas tradicionais que continuam vivos no o.o|m"1'cio


Segundo o proprio regis- de gado e dos produtos do couro, nos brinquedos ro-
ciclados, nas figuras de barro, inventadas por l\/lostro
tro da UNESCO, esse lugar Vitalino, nas redes de tear, nos utensilios do flandres,
apresentaria "uma concen- no cordel, nas gomas e farinhas de mandioca, nas or-
,<y

tracao unica de tradicoes,


cw
vas e raizes med.icinais. Sem sua dinéimica e o merca-
do que a Feira proporciona, esses saberes e fazeres ja
tais como a dos contadores teriam desaparecido.“
de historia, curandeiros e
W 9 varias formas de entreteni- Essa mudanca na percepcao da questao parece se estender ao proprio pa-
nu ow

mento, tan to quanto atividades comerciais". O texto do site da UNESCO trimonio material: nao é fortuito que o ICOMOS tenha tentado promover
1150 doixa d uvida do que esta sendo valorizado pela classificacao daquele sou simposio internacional em 1999 no Zimbabue em torno da tematica
luga r: da dimensao imaterial do patrimonio material. (O encontro aca.bou nao
acontecendo devido ao estado de guerra civil que se agravava no Pais no
Localizada na enxtrada da Medina, essa praca trian-
gular, que é cercada de restaurantes, bancas e edifi- momento.) Em outubro de 2008, no entanto, a 16g Assembléia Geral do
cios pt'1b.li.cos, oferece atividades comerciais e varias ICOMOS e seu 169 Simposio Cientifico, no Canada, abordou tema seme-
formas de entretenimento cotidiano. E um local de lhante, "O espirito do lugar: entre o tangivel e o intangivel”, onde se mos-
encontro tanto para a populagao local quanto para
as pessoas de toda parte. Durante todo o dia, e noite trou como o tema do lugar unifica justamente esses elementos tangiveis e
adentro, oferece-se u.ma grande variedade de services, intangiveis. No documento sintese daquele encontro, pode-se ler:
tais como tratamonto dentario, medicina tradicional,
lei tura. de sorte, oracoes, tatuagens de henna, carrega- O espirito do lugar é definido como os elementos tan-
dores de agua, frutas e comidas tradicionais, podem giveis (edificagoes, sitios, paisagens, rotas, objetos) o
ser compradas. Além disso, podem se apreciar muitas intangiveis (memorias, narrativas, documentos escri-
performances dos narradores, poetas, encantadores tos, rituais, festivais, conhecimento tradicional, valo-
die serpentes, musicos berberes (mazighen), danc;ari- res, texturas, cores, odores, etc.), isto é, os elomentos
nos gnaoua e tocadores de senthir (hajouj). As expres- fisicos e espirituais que dao significado, valor emoqao
soes orais sao continuamente renovadas pelos bardos e mistério para o lugar. Mais que separar o espirito do
(imayazen), que costumavam viajar através dos terri- lugar, o intangivel do tangivel, e considera-los opos-
torios berberes. Elves continuam a combina.r discurso tos en.tre si, o ICOMOS tem investigado as muitas
e gesto para ensinar e encantar o publico. Adequan- maneiras pelas quais os dois interagem e constroom
do sua arte aos contextos contempor€meos, eles agora mu.tuamente um ao outro."-5
improvisam a partir dos textos antigos, fazendo seu
llssa constatacao recente de que vai ser o substrato imaterial subjacento
no

recital. acossivel a uma audiéncia mais ampla.“


quo, do corta forma, ”ancora" o proprio patrimonio material e quo osto
NO caso brasiloiro, logo apos a promulgacao do Decroto N”. 3 inU1 /2000, so torna uma ”categoria social quase vazia” quando ”o><tirpado do sous
que crlou o Registro do Bons Culturais do l\lature7.a lmatorial om nosso valoros culturais imatoriais”"", vai representar uma verdadeira revoltlqfio
Pfllil, o Consolho Consultivo rocomendou ao ll’l I/\l\l quo om p roond esso os- no ponsa mon to sobro opati"iin6nio, jogando luz sobre as matrizos do valo-
fOl'¢on para a instruciio do polo monos um processo do rogistro rolacionado a raqfio som pro prosontos nas oporaqoos do prosorvacao.
cada urna d as catogorias do bons culturais ostabolocidas no roforido docroto.
Amllm, escolliou-so a lioira do Ca|*uaru om Pornambuco, para oxomplificar
I Cntagurla “lup,ar" rm modida orn quo a mesma parocia concrotizar com
pfl1‘f*el¢&o Q ldéla contlda naquolo Docroto. Assim, om 2006, essa foira foi
FA'l"RlM@NlO ("lll..'1"l_lRAl. - (‘m-lrvllmn. ;-mllllrnn, limlrurnrnluu . l- _ (‘unnrrvnrdn e rmlmwi: prmmilynrnlnn Miriam dun pnllllrnn pnrn a pntrlrrmnlu

Modlflcaqbes no campo do patrimflnioz a introduqao cle novos agentes ”tradicoos". Para ele, tambem a reciclagern e a exploraqéio pela industria
cultural do topicos relacionados a memoria contribuiriam para a expansiio
N0 elilianto, a ampliacéio e o deslocamento do conceito nao v5o ser as das proocupacoes relativas .21 memoria Ana esfera publica, gerando u ma es-
lllnlcas alteraqoes no campo do patrimonio, que sofre outra modificacao pécie do ”cultura da memoria”, que se impoe desde os anos 1980. '7
lgualmente importante, com a introdugao de novos grupos e agentes
(|ll;al<ol'1olders), o quo também coloca em outros termos as bases das politi- No entanto, a nosso ver, este fenomeno nao deveria ser visto unicamen to
can plllbllcas na area. la em 1992, Francoise Choay apontava que ao lado da através dessa faceta n.egativa, podendo—se constatar con.comitantemente
expanslllo tipologica, cronologica e geografica dos bens patrimoniais, o seu. uma efetiva democratizacao no campo do patrimonio, na medida em que,
ptlbllco toria tido um ”crescimento exponencial”, passando o patrimonio em certa medi.da, esse novo publico nao vai ser apenas consum.idor passi-
tile "objeto do culto" a ”ll1Cll:1SlIl‘lE1”.’ vo do produtos culturais, mas atua também como cidadao em relacao ao
seu patrimonio. O fato é que, como tem sido recorrentemente apontado
l7'inalme.nte, o grande projeto de democratizacao do
saber, herdad.o das Luzes e reanimado pela vontade por varios autores, a partir da ultima década do século XX, as politicas
moderna de erradicar as diferengas e os privilégios publicas tém sofrido uma grande modificacao, especialmente em respos-
na fruicao dos valores intelectuais e artisticos, aliado ta aos processos de globalizagao, descentralizagao e reform.a do Estado.“
ao desenvolvimento da sociedade de lazer e de seu
correlato, o turismo cultural dito de massa, esta na A sociologa l\/laria de Lourdes Dolabela, num interessante trabalho “As
origem da expansao talvez mais significativa, a do politicas publicas para a preservagéio do patrimonio”, discute €XE1liEll.'1"l£-1'l"ll'(3
publico dos monumentos historicos - aos grupos de os rebatimen.tos dessa mudanga mais ampla no campo do patrimonioz a
iniciados, de especialistas e de eruditos, sucedeu um
seu ver tanto a ”ado<;ao de novos dispositivos legais e interinstitucionais”,
grupo em escala mundial, uma audiéncia que se con-
ta aos milhoes. (p. 210) quanto a ”multiplicacéio de interlocutores — dentre os quais se destaca a
preponderé‘1ncia das comunidades” demandariam hoje ”alterac6es nas po-
Para a autora, essa democratrtizacao do campo do patrimonio acontece si-
no

llticas de gestéio do patrimonio cultural, urbano e ambiental”."9 Assim,


multanoamon to a sua rtransforrrmacao em mercadoria, inserindo-se na logi- ao lado da verdadeira ”explos§o” do campo de patrimonio, que passa da
ca Cla lndtlstria cultural: os bens culturais, além de propiciarem "saber e ' ~ I \ 1 H
nocao de monumento unico a ampla ideia de bem cultural", assistiria-
prewar", passam agora a ser também “produtos culturais", ”empacotados mos, no finaldo século XX, ao deslocamento dos centros de decisao, com a
_ ~ 9 e distribuidos para serem consu-
‘i .|.""i'-."*
l
omorgéncia de uma poliarquia de atores, o que nao pode ser ignorado na
1 . *1» '01 ;l':: i s'_:I-oi-l"~ 5. .
. . midos”. O seu “valor de uso” se implementatcao de qualquer politica publica na contemporaneidade.
~ metamorfosearia em “valor eco-
l l J l l ' l‘ l i

l nomico”, gracas a ”engenharia Do fato, tais mudancas vém impactar fortemente a propria natureza das
cultural”, cu.ja tarefa, em ultima politicas publicas na area do patrimonio, que passam a ter um. novo dese-
instéincia seria a de ”multiplicar nho - nao mais hierarquizado - e uma outra logica - complexa - e, por isso
indefinidamente o numero do vi- mesmo, nao mais explicavel pela relacao binaria Estado e sociedade. A con-
sitantes”. Entre os varios autores tralidado do Estado, que tinha sido inconteste desde o inicio da institucio-
contemporaneos que apontam nalizacao das politicas de patrimonio, vai ser abalada e vai sendo crescen-
para fenomenos semolhantes, po-
.-/
temonte substituida, como aponta Pereira, por relacoes contratuais ontro
1 I II ~

deriamoscitar ainda o critico alo- lclstado o coletividades locals", crescendo a im portiincia da ”coordonac5o
mao Andreas l-luysson, quo de- do atoros com intoressos e logicas diforentos”. Nessa nova confjguraqiio,
sonvolvo a ideia sogundo a qual, quo so liga as ”novas*pol|'ticas da cidado", passam a desempenhar papol
| l

numa roaqfio a globali'/.acZio (ou I l lrnportanlo os consolhos do patrim(inio, as parcorias, a co|itra.il"t|aliv.m;ii<1 o


oxatamon to alravos dela), o mun- as liogociaofwos urbanas onvolvondo dilorontos atoros publioos o privados.
do oslaria so ”musoalixando”, ao
‘! No caso brasilolro, cabo oha mar a alonqao para o importante pa pol desem-
lrrooar o conceito (iltunlnlslti) do
ponhaclo polos oonuolhos do patrlmflnlo, ospocialmento dopolu ela pro-
”Pl‘U|.§l't'HHU" pela lcloallv.aqao das - l
MTRIMQNIO CLILTIIML - Cnnorllnn. pallllrnn. lmllrlnmwlnu it (‘mluvnrnvdii v vnlnran: prmiiymnluu lalrlmn dun pollllrnu para u pnrrlmdnla

mulgaqilo da Constltulqao do 1988, que estabeleceu novas prorrogativas o dos" como patrimonio através do decisoes consciontes e/ou valoros nao
compelénclas as lnstancias do poder: ganha destaque em agendas locals no explicitados por instittiicoes e pessoas, e por razoes que ta mbérn sao forte-
Brasil n abertura de canals do participacao, espagos de co-gestao entre so- mente moldadas por contextos e processos sociais. E nessa direcao que vai
cleclade clvll e Estado. Neste sentido, a Carta Magna ja estabelece em seu aparecer como premente a necessidade de se esmiucar os valores em jogo
proprlo texto, pela primoira vez na legislacao brasileira, que cabe ao Poder na conservacao do patrimonio cultural, o que é tentado por varias “teorias
Pilbllco, “com a colaboracao com a comunidade”, promover a protegao do valor”, que, a nosso ver, oferecem um marco importante na tentativa
do patrlmonio cultural, abrindo, com isso, o espaco para a multiplicacao de se estabelecer fundamentos teoricos mais rigorosos para a area da con-
servacao.
aw

Clo! conselhos por todo o Pals, que passam a ter a funcao de estabelecer
an polltlcas do patrirnonio. Em relacao ao carater legal destas instancias
Clellberatlvas, Moreira ('l999) chama a atencao para as suas prerrogativas,
Cleflnldas pelas leis especificas que os criam: Os valores e suas multiplas matrizes
Os conselhos constituem-se em instancias de carater
deliiberativo, porém nao executivo; sao orgaos com Tal reflexao parece-nos da mais alta relevancia na contemporaneidade, na
funcao de controle, contudo nao correcional das po- medida em que ela nos permite identificar e entender os valores envol-
liticas sociais, a base de anulagao do poder politico. O vidos na area da conservacao, condicao necessaria para a formulacao do
conselho nao quebra o monopélio estatal da produ-
gao do Direito, mas pode obrigar o Estado a elaborar
qualquer politica mais abrangento para o patrimonio. Como sabemos, so
normas de Direito de forma compartilhada (...) em co- uma cornpreensao acurada dos valores percebidos pelos diversos "agen-
gestéio com a sociedade civil. (p. 65). tes” - que definem seus objetivos e motivam suas acoes — pode nos for-
necer uma perspectiva critica para a gestao estratégica sustentavel e do
Segundo Maria de Lourdes Pereira, com os conselhos se rompe o ”carater
longo prazo para os bens culturais. (Na area da conservacao urbana, por
lilarérquico tradicional nas politicas publicas”, ampliando-se "a partici-
exemplo, o conflito de valores torna-se muito evidente quando se anali-
paqfio das comunidades na elaboracao, discussao, fiscalizagao e deciséio
sam, por exemplo, fenomenos como o “suburban sprawl” ou a indiistria do
sabre a execuc.=."1o das politicas de planejamento e desenvolvimento social
turismo). Para se decidir, portanto, o que é patrimonio e para se manter
urbano, incluindo os direitos sociais e coletivos a gestao urbana democra-
nao os bens materiais por si mesmos, mas, como anotamos, os valores
tlca". E1-llamos frente entéio a ”orgaos hibridos”, os quais ”constituem uma
neles incorporados, torna-se necessario examinar sempre porque e como o
nova forma institucional que envolve a partilha de espagos de deliberacao
patrimonio é valorizado, e por quem. “Os governos o valorizam doe uma
entre as representacoes estatais e as entidades da sociedade civil”.2° Aqui
forma, os grupos das elites nacionais de outra, diferentemente das popula-
Illill a grande inovacao: apesar do se erlcontrarem varios tipos de conselhos
coes locai.s, dos académicos ou dos empresarios. Para saber qual a melhor
- varlanclo em relaqao as suas atribuigoes, composicao, jurisdicao territo-
estratégia para preservar o patrimonio cultural, temos que entender o que
rial, Curator gestor, fiscalizador ou deliberative, vai ser o compartilhamen-
pensa cada um desses grupos e a relacao entre esses dife.rentes grupos/’,
{'0 C19 responsabi'l"idades Estado-sociedade civil que representa o elemento
anota a sociologa Lourdes Arizpe?‘
Vlrtladelramente novo nossos arranjos institucionais.
Tal fato vem sendo reconhecido por vari.os orgaos e instituicoes ao redor
~ nu

Ella modificacao tem um rebatimento quase imediato na propria percep-


do mundo, registrando-se mudancas significativas no cam po do patrimo-
QIO Clo campo do patrimonio: do uma operacao que parecia simplesmente
nio nos ultimos l5 anos: através do planejamento compreensivo para a
ticnlcn, passa-so a percopcao quo o patrimonio vai sor, em sua essencia,
gestao da consorvacao, vém so dese.nvolvendo perspectivas integradas o
polltlco e controvorso. Com isso, no coracao da posquisa contoinporanoa,
lrlterdlsciplinaros para a proservacao do meio ambiente construido que
llfliflrdlsclplltnar e crltica, vai ostar fortomon to ostabolocida hoje a nocao do
respondem as coiidicoos da sociod ado con tom poranea. ll digno de rogistro
quo Q patrlmonlo cultural é uma construcao social, resultado do proces-
que om alguns palsos tom aparocido politicas para a gostao da conserva-
IOI ll0C'la|I4 especlflcos ospaclal o temporalmonto, como foi domonstrado f:W_—'-r '—"1' "

qfio lntograda quo tentam expllcltamonte lncorporar os valores na tomada


mlglntralmeiite por Francoise Choay em A /ll¢'gr>rln do P!ll‘t‘lll"lfllll'() (1991).
de decluoes, sendo posulvel are citar as casos do ICOMOS ola Australia, do
H010 IO labs que objiton, coleqbeu, edlflcaooos e lugares nao “reconheci-
CULTUML = Cnmllllm pllfilcul. lmfrumvmnn - I L‘ Ctll"lllIll‘llll('-‘MH'!|IIl¢1l"i'l.'Pwfllllfltlillll tmlrlrnn dun pal-lllrnn para u pnlrmmnln l

Natlmml Park Service nos Estados Unidos e da English Heritage no Reine dos tratamentos, etc. No que tange ao ”contexto do gestao”, sao objeto:-1 do
Unldo. Desta maneira, por exemplo, 0 National Park Service coloca como analise a disponibilidade e uso de recursos, incluindo financiamento, pos-
sua ”missa0” “preservar ilesos os bens e os valores naturais e culturais do soal capacitado e tecnologia; a questao dos mandatos e condicfies politicas
slstarna
a de parques nacionais para a fruicao,
" educacao
"' e inspiracao
~ desta e e legislativas; a questao do uso da terra, entre outros. la no que so refere
das proxirnas geracoes” (grifos nossos)? a ”significancia cultural e valores sociais”, caberia se investigar as ques-
N0 entanto, mesmo que o quadro venha apresentando um avango institu- toes centrais do porque e do para quem um objeto ou, lugar é siignificativo,
Clonal, ainda ha muito que se fazer, especialmente no que concerne a pes- para quem eles séio conservados, como se percebe o impacto das interven-
qulsa dos fundamentos teéricos da area. De fato, como mostra relatorio goes, etc. (GETTY CONSERVATION INSTITUTE, 2000). Para o GCI, cabe
recente do Getty Conservation Institute (GCI), persistiria um desequilibrio reconhecer que, infelizmente, a agenda da pesquisa na area da conserva-
entl'e a énfase dada a cada uma das trés perspectivas identificaveis no cam- cao ainda esta centrada nos seus aspectos fisicos, raramente envolvendo
po do patrimonio, a ”conservac;ao fisica”, 0 ”contexto de gestao” e a “sig- a discussao dos significados e valores complexos em jogo, dos agentes e
niflcancia cultural e valores sociais”, com um claro predominio das duas das negociacoes possiveis. Ainda vista fortemente como uma tarefa mais
prlmeiras. N0 que se refere as ”condig6es fisicas”, trata-se de investigar o tecnica que social, a conservacao nao estaria conseguindo estabelecer uma
C0mportamento dos materiais e sistemas estruturais, as causas e mecanis- base conceitual mais solida, atraindo as contribuigoes mais significativas
mos de deterioracao, as intervencoes possiveis, a eficacia a longo prazo das ciéncias humanas e sociais. Dai a necessidade de um marco teorico
>

=
mais solido para se enfrentar essa questao, e a necessidade de se explorar a
i

l
Z
fundo a questao dos valores como um aspecto particular do planejamento
1

e da gestéio da conservacao.
!
!
l
l
l
i
l

9(-

j-_-.-_i_‘
-1

VICISSITUDES DE UM CONCEITO: O LUGAR E AS


POLlTICAS DE PATRIMONIO

Um olhar atento para a cena


urbana contemporanea pode
ldentificar uma tendéncia pre-
valente: a homogeneizacao do
ambiente construido, mesmo
quando, a primeira vista, pare-
ce se valorizar cada vez mais a
Cllferencafi A medida em que
a globalizacao avanca, as cida-
des cle todo 0 mundo tendem a l’Hi ll: A lml: in

I2 parecer, com 0 apagamento


das diferencas regionais, tendéncia que se manifesta ainda mais dramati-
sllmente n.as grandes metropoles onde tradicoes diferentes se encontram e
parecem se apagar, desaparecendo num todo pasteurizado, como é apon-
tudo pelo relatorio do HABITAT, Cities in a Globalizing World.
O carater historico particular de uma cidade fre-
qtientemente desaparece na busca direta e aberta de
uma imagem internacional e de negécios internacio-
nais. De Xangai a Johanesburgo, de Buenos Aires a
Melbourne, de Hanoi a Sao Petersburgo, uma cl.asse
executiva internacional molda escritorios nos centros,
hotéis de luxo, resorts e condominios a sua propria
imagem. A identidade local se torna um ornamen to,
um artefato de relacoes publicas, projetado para aju-
dar o marketing?
I

Nllte processo, a autenticidade e ”paga, encapsulada, mumificada, loca-


llzacla e exibida para atrair turistas muito mais que para promover con-
Hhuldades da tradicao ou as vidas de seus criadores historicos”. Mesmo
ll chamadas "cidades historicas” e os centres historicos preservados sao
Vlililmas dessa desvalorizacao do meio ambiente cultural, e os criticos falam
dl uma ”clisneyficac;€io" do entretenimento e da recreacao, processo que
liltnrla também a propria forma construida das cidades, como_mostra o
Illltérlo citado. ‘
llranqulas onlprosontes de cadeias de fast food corn
. suas arqulteturas cle logomarca, shopplngs do escala
cada vez maior, cadelas do lojas e franqulas Interna-
clonnll povonm a palsngem urbana, tanto non sul:iL'1r-
-1- blol qunnrto non cunt:-on clan cidades. Du Eat-o, ha uma
"Nil ltlflH|‘¢9”|lH, ’lll””|'fl§, llmfmunpnhm __
O lugar r an ymllllvan an rmtrmlrln

oonvorg(‘*noia na suburbanizacao das areas r~¢~|-11,~-03,4 tribuicaci decisiva do pensador norte-americano Edward S. Casey, sous
das cidades, quo corre em paralelo com a u rlianim-
8'9" llil Pt-‘I‘llol‘ia, para transformar a forma regional desdobramentos filosoficos, e mostrando, ao mesmo tempo, algumas do
do concontrica em policiintrica e, finalmente, em algo suas possiveis implicagoes para as politicas de memoria e patrimonio na
i]I‘fl_0l‘l'o, onquanto so permanece dependente de um contemporaneidade. t
unico centro para as funcoes chaves financeiras, go-
vernamontais e de controlef‘

N‘-Ml" ‘ll-lilllm, 6 cu rioso que justamente um conceito como o de ”lu ar” te- O esquecimento do lugar
nha ganho proeminéncia nas ultimas décadas, depois de sofrer umga es '-
ele do longo ”e><1'lio” na era moderna: o interesse académico ela com lpe Com o crescente interesse por essa problematica, cresce também a litera-
I‘olacao quo so estabelece com os lugares parece-nos crescer paralelanlijejla . tura especializada a seu respeito, tratando-se o tema do lugar a partir das
as agudas condicoes globais hodiernas, de uma crescente alostra ao e d: mais diferentes perspectivasfi No entanto, é preciso reconhecer, antes de
4-;
$371-1
uma homoge"neizaca'o geral.4 Ao mesmo tempo, nao podemos agsquecer tudo, uma espécie de déficit na propria definicao do conceito, que decor-
)‘
O
re, como veremos, de sua propria posicao ontologica fundamental. Amos

l Rapoport, um conhecido critico do termo, reclama do fato de que o “lugar


Q‘
5':

nunca é claramente definido, permanecendo vago; quando se acham defi-


nicoes, elas sao ilogicas/'7 E, de fato, o Dicionario Webster traz 52 defini-
qoes para “place”, o correspondente em lingua inglesa da palavra “lugar”
entre as quais se destacam uma série que se relacionam primariamente a
I
posicao que um individuo ocupa na sociedade ou a outros tipos de cir-
cunsrt€in.ci.as.8 (“Se eu estivesse em seu lugar”, “em primeiro lugar”, "ter
lugar” usado como ”acontecer”, sao apenas alguns dos mifiltiplos signifi-
cados do termo). Numa colocacao mais proxima da nossa perspectiva, o
()rfurd Dictionary of Geography define lugar como “um ponto particular na
suporf1'cie da terra; uma localizagao identificavel para uma situagao imbu i-
da com valores humanos." (9) O lugar vai ser, assim, desde a sua definicao
mesma, nao apenas uma localizacao, mas uma localizacao especifica im-
bulda com valores huma.nos, distincao que vai se mostrar muito importan-
"~~'
to na abordagem filosofica do termo.
‘rt
llllt‘ Val so r uma série d e lutas localizadas — de povos indigenas e mingrjqg Um dos filosofos contemporaneos a tratar de forma mais extensiva a ques-
oullurais. pore suas
. . torras
' . natais . . e seu ~ s1* lugares sagrados de preservac1on1s-
' '~CL léo do lugar vai ser o norte-americano Edward Casey, que produz impor-
las por monumentos~ o exem plai~ es arquitetonicos ' " ' ' I
significativos de comu- tanto obra a respeito nos anos 1980 e 1990, cabendo-se citar os livros Get-
nldados' por sua ~ manoiraI do - vivt P — que vao trazer a questao I— Iem ultima
r N” ting Hack Into Place: Ihward n Renewed Understanding of the Place-World, do
lllsltllloia, politica
I tr do l llgal‘ para o foco ~ C‘~ omo coloca Clifford
' I A C 1993, o The Fate ()f Place: /1 Philosophical HlSl'(H’_l/, publicado em 1997. Nu m
. _ . ' Cleertzi no
PUHlaolo an livro ‘‘w'cl!st's pequono toxto, intitulado significativamente “Smooth spaces and rough-
' * 0/'I’lm’t’
. 1 or 3,0111/xadoporStovon
'" " 0‘ ' ‘
liold I
o Keith ll Bis-
MW- ”/\ol|1og|‘al'ia do lu }..,dl
P ‘ o"algo mais ' critico
’ ' para aquolos do nos t \ ~ l M Qdgos places: tho hidden history of place", o filosofo resume o sou ponto do
g g i , W _ - . |ut eslao
aplos a lmagmar quo todos os lugares sao somolhantos quo pam m|m~|(-a Vlllia. All olo vai partif, como no restante do sL|a obra, da dislincao tradi-
'*l“"= “l'“‘l|l"|1ll<> as lloroslas ou oxporimonlando as pod ms sabom mils ”e'* Ifilunnl ontro ”ospaqo" o “lugar”, mostrando a sua base filosofica. (‘omega
' l I ' l 1 .

D seu toxto, corn u ma ospécio do charada: "O tempo 1" u m ; o esp-aco 1." dois
llsso on I»‘llltlltl |.11'1"!‘tndt
~ - , assim,
' pt .-.
not ..,.. ’
nu alguns dos parado><os da p|-o[,|(... - pelo monos dois”, para chama r a aloncao para o ca ra tor do quo denomina
mallcli do lugar, acompanlmado, ainda quo brovomoalo, a partir da Von... ' “ltlliu-prollform;ao" do ospaco.
mnzmowro cuurum - Cnnvvitnn. pulltlvau. Ivlnfrlnrwnhm - A O lugar v an pnltflvnu da rnamdrla .

'l"u|m\ por vxumplo, a dlmvnr-ilm1a|IdaL1v do vnpnqo.


Uma dimunafio no csopa<;o é represontada por um pon-
to ou uma linha, cujo formato raclicalmuntu ruduzido
zomba da exlfensividade do cspaqo cosmico. Duas
dimcnsoes, como numa figura plana, também nao
corrcspondum ao nosso sentido do que o cspaqo so
cstende imiuf"ini.clamente além do sujeito que perm‘-
bo. Apcnas com trés dimensocs é quo comcgamos a
nos aproximar do uma adeq'uaq€io entre a esl'rul"ura L3
0 sentido do espaqo. Pois entéio ali o sujeito esta cur-
cado dc alguma coisa su.ficie:ntemenl'e espaqosa para
vivcr 0 se mover... De fato, como observam tanto Aris-
tételes, Kant e ‘Merleau.-Ponty, a tridimcnsionalidade
do csjpaqo reflete diretamente n.0sso estado corporal,
isto é, o Fato de que como seres eretos os trés planos
pcrpcndiculares implicit-amente se encontram 0 so in-
tcrsectam em nos.“

Q Ilpaqo vai ser, assim, sempre um composto duplo, formado por si mesmo
(“O que quur que ele seja”) e pelo lugar. Para marcar esta diferen<;a muitas
Llflflilnfl - 0 ccrtamente a maioria das linguas européias — vao distinguir entre
“lIPm;0" c “lugar” (por exemplo, "space" and “place”, “locus” vs ”spatim~n”;
"Um" nu "vrzdruit" vs "esPaca”; ”Platz” ou ”Ort” vs ”Raum”, etc.).
nu

N0 emtanto, so essa dist-in"ao


‘1 arece téio im ortante ara os filosofos, o
Ilfllo comum 0 a propria experiéncia ordinaria parecem, a seu ver, no
Mill C15!-1 vemos esta rem csquecidos disso. Acima de tudo na filosofia mo-
dirnn, onde a propria d.isl"i.nc_;€io vem a ser questionada de desacreditada:
uma manoira do so entender a modernidade seria, para Casey, justamente
§IlO proprio nvgligenciar desta d.istin<;£i0. N0 mundo antigo, do forma
QPOIM, nao haveria dfllvidas quanto a essa diferenciaqao fundamental, que
ll tlfflma hoje. Nesto sentido, o filosofo vé uma inusitada afinidade elcetiva
E111‘! 0 mundo antigo — que ”sabia melhor”, o ”pré-moderno”, e o "pos-
fl19Clflrno", L ue 'unl"am suas for"asS no reconhecimento comum da im or-
“hill do lugar como algo osscnciallnentc difercntc do espago, algo que
BIO pudeamoa-1 nos dar ao luxo do ignorar.

PIN lT\OHl'l‘£N‘ o 0nraiv.a|nunl"o dessa difcrcnqa, o filosofo trabalha, unlfio,


G611’! di8Hn¢<‘1ve-I l*rm;acIa:=' ja na Antigflidadc, por Platfio 0 por /\ri:~;l"ol"ulo:-a, quo
Plffiflberlnm, cada um a sou modo, o ca rater dual do cspamgo. No primeiro,
Cmy aponta a die-stinqfio ontro ”vImrn" 0 "lupus", a p|'<.~.~w|1tada no ”"I'i|nuu":
”¢'lOI'II", cunvunciormlmunlo l*raduv.ido como ”l"0rra", ”a‘lr0a" ou "0:-1pm;o",
lpmtnrin para o ruino do nucu:-midadu, sondo uma espécie do "r<.*copte'|cL|-
| PM“ H:-KL!!! lfir-F Q l+\"§1J'J I Q ML o‘ll“m|'
19, Gomo no fonsv o hurqo, do tudo quo .1-10 lmn:+forma". ”Cl"mra" val nor o
" M0 ("hedrn"): "por rmturoza esta all como a matrix (Ӣ'xr::ngef:o1r:") pa rm
d ". Para Casey, a ”cI~mra" podarla our aproxlmada da noqao de eapaqo
'1
l'A'l"RlM(7N!U (‘|.H.'!'HR/U. - (‘m||'rlhm, ;mHHwm. hmlr-'u:m'nhm —' 1;;W,,,-,.,,,,,I,,,;m,.,,,, 4,, ,,,,.,,,,W,,

-45

por duas razoesz em primeiro l1.|g'a|', fundnnwntnl: vnquanto os modvrnos querem dissolver o luga r no vspaqo,
ela forneceria ”espa<;o" ("espaqo Arlstolvles tenta o outro caminho, dissolvendo o espaqo (”<"Imm") no Iuga r
para ser ocupado”) para tudo que se ("tapas"). Mas qual seria, entao, a sua definigao de lugar? Iii interessanl"u
transforma; em segundo lugar, ela vermos que /\ristoteles vai definir o lugar como um ”contenedor do cor-
seria homogenea ou neutra em sua pos”, ou mais exatarnente, como ”o primeiro limite imutavel daquilo que
constituigao - ”aquilo que esta para Conté|‘n" (Fisica I\/, 212 a 220-22] ). Para el.e, 0 caso exemplar de um lu ga r
receber em si todas as coisas deve seria um in volucro imovel que conteria uma combinagao de ar e agua “jus-
ser livre de toda caracteristica (de si tarnunte como um involucro (vaso) é um lugar que pode ser carregado, o
mesma).” Esta filtima caracterizagao lugar 6 um vaso que nao pode ser movido" (212 a 214-16). Observem que
vai antecipar, de fato, como mostra €‘llHt1 idéia delimitada e delimitadora do lugar traz consigo a suposigéio do
Heidegger, a idéia moderna de um que o lugar é primariamente localizador e que 0 que localiza é uma coisa
espago homogéneo, como veremos flulcu. O lugar é onde uma coisa esta - no qual 0 advérbio locacional “onde”
mais adiante. Platao também vai .~
I

(”;nm") tem o status de uma categoria universal. Mas além de localizar (ou
introduzir a idéia de lugar em seu I

mais vxatamente, como localizando) 0 lugar seria algo "que envolve”, com
pensamento: para ele, a propria agao o resulta do de que um dado lugar vai ser sempre co—e><tensivo com aquilo
da ”ch0ra” com seu movimento de qt-w contémz a sua superficie interior com a superficie exterior da coisa
~ contragao violento acabaria tendo 0 mntida sfio estritamente contiguasz ”os limites sao compartilhados com
efeito do agrupar naquele espago inicialmente indeterminado, os quatro aquilo que é limitado”.'1'1
“tipos” ou “poderes” elementares em quatro ”regi6es” (”ch0rai”), dentro
das L]L|i.’liH a pa l‘L‘CC'l‘i£1lTl. os “lugares (i"0p0i)” particulares. ”Lugar” aqui vem Uma outra questao importante seria a da propria realidade do lugar:
trad uzir o tormo grego ”topos”, que é 0 lugar estabelecido onde os corpos Llmn das razoes que levaria Aristételes a propor que lugar seria real é a
(“H()fH!H'(I”) vf-In a residir, uma vez que foram agrupados com corpos seme- nun i|'1sistf(">ncia de que certos lugares tém uma “certa poténcia (dynamis)”,
llmlfilfes na mesma regiiio. mt medida em que cada um de seus elementos é ”levado para o seu lu-
6
n

nu
gar proprio, desde que nada interfira”. (Fisica IV, 208b10-12). Assim, por
Arlstotelvs, por sua vez, faz 0 "tapas" (e nao a ”ch0ra”) 0 seu foco primario exemplo, so a terra é levada para 0 centro do universo, isso mostra que o
de atengao. No livro IV da na Fisi- L‘enlro do universo teria uma poténcia, e entao deve ser real- Qual seria
ca, o filésofo comenta que Platao Q natureza, entao, dessa poténcia (”dynamis”) que o filosofo circunscreve
em seus en.sinam_entos esotéricos,

tr
av nu

non lugares? N aturalmente nao nos ca.beria aqui uma interlpretatgao cien-
teria declarado “que lugar e espago tlflclsla anacronica — que veria. no centro a causa eficiente do movimonto
eram a mesma coisa". Todavia, se- da terra (como seria o caso da atragao gravitacional, por exemplo), mas
gundo Casey, essa afirmagao faria llm, aristotelicamente, ver nela um constituinte de sua causa formal. Hm
mais justiea aos intentos do Esta- outras palavras: é casualmente significante porque o centro do universo
girita que aos do Platao, traindo a forma uma parte da definigao da terra. Edward Casey interprela assim
crenea aristotélica do que a ”vImrn" essa l'.l|l‘ilT\i'l afirmaeaoz
nao precederia nem mom preemivria
/\ e><pIica<;{io seria a suguinto. Suponha que a 1-ss("m'ia
o ”fo;ms". Tal £1fil‘I'fii1§5() p&Jl‘L‘L‘L‘-H0
_ dvfinidora da lvrra 6 esta r no cvnlro. /\go|"a1'considvrv
com a noqiio caractvristivamvnte uma porqfio dv terra que 6 dvslouldal do cvnlro. Hsln
moderna svgundo a qua] ”vspm;o" porqfio nao esta’! ”|'vali'/.mi|u" vomplvlnmvnlvz nfio 1-slat
vf’luga|"' difvririam um do outro no uvulro, vomo demands n sua vss(‘~m'ia 1;lvl"'i|1idoru.
l’nrn rt-ulimr essa t-ssfixrvial ela lwu-ssiln sv mover em
apt-nas lrivialmvnlv; mus aqui nos rllrvqato no cvnlro. Assim vlv tum uma polfirwin (”r!_l/
dvparmnos mm uma difvrvng'n nntnl:-I") para av mover para u 1':-ntro; vslu pot('m'ln t‘-
alaunllzatln lit‘ l'lHdfl Impede o mov||m'-nlo dn po|‘g‘fio. A
I'A'I'I€IMt5NII I I 'III.'I'III'I/II. ('m|rrIhm. ;mIII/mm. IIIHII‘IHHI'H!|m ' . IIIu_om= r us ;mIIHms Ila uwnnirm

aI1.|aIiv.aqiio (ou |'oaIivaoa<>) da polfmoia c» o movimon- oxlonsao ospaoial lridimonsional. Para olo, o quo a modornidado traz do
Io do quoda da po|"oiio. I\Iolo quo a londonoia movol da novo vai sor o ponsar tanto o ospaoo quanto o Iuga r om lormos "rolacio-
lorra nao c» a ultima causa aqui; a ultima causa c» muito
mais o fim do movimonto -~ e este fim o um oslado do nais”. Para isso, mostra como Descartes aproxima “lugar” (quo idonlilioa
ropouso. Iisla eonfianqa no fim do movimonto 6 carac- oom "posi<;fio") do "espaqo”“(que identifica com ”tamanho” ou "forma"
lorislioa das explicaeoes teleologicas do Aristoteles na do algo), propondo a noqao quo Whitehead denominaria “simples loca-
oi0ncia.)'2
Iizaqfio”, quo viria a constituir o esquema fundante do toda a cioncia do
I'm'n Casey, haveria d uas obsorvagoes importantes a serem feitas nes-
ow
sooulo XVII. Do acordo com esta visao, qualquer ”pedaqo do matoria”, isto
lo ponto. Iim primeiro lugar, o forte cornpromisso de Aristoteles com o 1", qualquor corpo fisico, “esta onde esta, numa regiao definida do ospaqo,
podor do lugar, quo vai provoear uma das discussoes mais frutiferas da o nu ma duraeao definida e finita de tempo, a parte do qualquer reforC~neia
I1IsIoria da Iiilosofia: so nao so tivosse atribuido tal ”dynamis" ao lugar nao ossonoial das relagoes daquele pedago de matéria com as outras regioes do
Valeria a pona o osforqo do tanta discussao a respeito de sua natureza exa- ospaqo o as outras duragoes no tempo”. Colocando a questao em termos
Irl. Ilm so;.',i|ndo lugar, a posar de seu consideravel dinamismo e importan- omlosianos, a "simples localizagao” é a visao para a quail. a ”posigao” seria
ola no dohalo Iiilosofico, o “lugar” perde gradualmente importancia para o o quo roalmente importa em termos de lugar.
“ospaoo" no ourso dos dois milénios que se seguem.
I’ara Casey teriamos a partir daqui a apoteose da visao relacional do es-
flu

Para o ponsamonto grego da Antigiiidade parecia inquestionavel 0 axioma rmqo, quo teria como conseqiiéncia mais imediata 0 assimilar do lugar ao
dorlvado do pita gorico /Xrquitas: ser é ser num lugar, ou de forma inversa, ospaoo: mosmo que pensad.ores importantes do século XVII ainda se sin-
sor soln Iuga r o nao ser, que é citado em versoes diferentes tanto por Pla- Iom oompolidos a tratar do lugar, ele vai se tomando um tema residual.
loo qunnlo por /\ristotoIes. I\/Ias, ali mesmo na Antigiiidade, aparece uma LI I11 sooulo depois, o lugar é um tema nao mais discutido “e muito menos
outra oorloopoiio com Iiiloponus, que n.o século VI a.C. propoe a idéia do Ia|Inonlado" na filosofia e so vai ser retomado no final do século XIX, quan-
ospiioo como u ma extons.5f'1o ospacial vazia, que continuando sua trajeto— do Iiorgson retoma o conceito ao discutir a nogéio aristotélica do lugar em
rla nlravos d a I dado I\/Iodia (onde, por exemplo Hasdai Crecas e Thomas sua iIisso|*tm;"a<» do I888. Para o filosofo, este desaparecimento nao seria
Iirmiwardino insistom na in finidade espacial de Deus), atinge um ponto no Iorluilso, podendo ser abordado por dois éingulos complementares: primoi-
I'lonnsoimonlIo onde um axioma completamente diferente cativa as men-
Ios I'IIosol'Ioas (tanto quanto as eiontificas e as teologicas): ser e’ agora ser
no ospaoo, onde ”ospa<,;o” significa algo nao—local e nao-particular, algo
quo lom pouco a vor com a contenqao fechada e tudo a ver com o infini-
to. /\Ioxandro Koyro doscroveu muito bem essa tran_sfo.rmaga'o radical do
ponsrmionlo, esso triunfo do espago sobre o lugar, como um movimonto
“do um mundo Iochado para um universo infinito.” Para ole vai ser no
soolllo XVII quo so subsl"itui a coneopgao do mundo como um todo finito
o bom ordonado, no qual a ostrutura espacial incorporava uma hiorarquia do
pol‘loI1,'ao o valor, por aquola do um universo indolinido o mosmo infinito, nao éi ,-/
mais unido por sL|bo|1Iinaoao natural, mas unillioado aponas pola idontidado
do sous oompononlos o Iois basicos; o a subsliluiqfio da oonieopoiitw arislololioa
do os|1ng'o romo uma sorio diloronoiada do lugares dontro do mundo ~ pola
goomolriu ouolidiana uma oxlonsao ossonoialmonlo inlinila o Iiomogonoa o
do ngo|‘n om dlanlo oonsidorada oomo idonlioa ao ospaoo roal do mundo. '4‘

(‘asoy obsorva quo, on roalidado, ossa oo|1oo|.x_'ao jzl oxislio on /\nligI'|idn-~


do, Innlo nu Idols do "Morn" plololiim, oomo no modolo do I"iIoponus do
'6
PATIIMONIO CULTURAL - Camttea, pottttm. tmltrummtou I - I ,_ 0 lugar iv an imttttmn dn rrmndrtn i I

rnmonte, 0 "lugar" val ser abservldo no ”espaqe” come e tema dominan- gar tanto a ordem do tempo quanto ae espage geométrice. Haveria, no entanto,
III do discurso eurecéntrice; ”cemparado com a extensae sem frenteiras e "um caminhe para fora desse duplo vlncule, que censeguimes nos impor do
Igullmente dlstribulda do espage, 0 lugar vem a parecer meramente paro- forma tile inexeravel e téie destrutiva?", se perguntava 0 filesefe entae." Como
quial, uma matéria de censideraeae particularmente limitada." A crescen- urn fenemenelege, e caminhoestaria, a seu ver, numa ”recenst1'tui<;ae" justa-
te flcllidacle com que se passa a usar de forma intercambiavel es termos mente daquele elemento mais subestimado - a experiéncia vivida do lugar, a
“llpaqe" e "lugar" vai ser um sintema desta ”hegemenia absorvente do partir da qual desenvolve, entae, uma espécie de ”entelegia do estar-no-lugar”.
mundo especial". Um segunde nivel, no entanto, poderia ser encontra- Para Casey, 0 ponto de partida — fenemenelegice — vai ser 0 fate de que, embora
cla num progressive desencantamente (e terror mesmo) com a necae da a medernidade seja marcada pelo ”esquecimente” do lugar, pelo totalitarismo
Inflnidade espacial, aparecendo aqui um subproduto curioso: ae mesmo do pensamento quantitative-mensuravel sobre o espace, dominante no Oci-
Iiimpo em que o lugar se torna uma ”parte do espago”, para usarmes a ex- dente, seja na filesefia seja na fisica eu mesmo em disciplinas menos esotéricas
preasfio de Newton, 0 seu ”remanescente fantasmatice” se transmuta em come a arquitetura e e planejamento urbane, 0 mundo em que habitamos efe-
“localiza¢€io", um residue esvaziado da antiga idéia de lugar, desvestide tivamente, nesse mundo vivido, vai ser censtituide de “lugares” (per exemplo,
de qualquer peténcia que lhe atribuia, per exemplo, Aristételes. Para essa nossos lugares pessoais, sagrados, etc.), e nae de um espage absolute eu infinite
transfermaqae, a contribuigae de Leibniz vai ser decisiva, na medida em come representade na ciéncia moderna. A seu ver, e lugar vai justamente loca-
que desenvelve a negae de que 0 espaco é ”alg0 meramente relative": se o lizar as coisas ”em regiees cuja mais completa expressae nae é nem geemétrica
upaqe e 0 lugar sao ambos inteiramente relacionais, uma mera ordem de nem cartegrafica”, contendo “es proprios elementos eliminades na planifermi-
peritos coexistentes, entae nae se retém nenhuma das propriedades ine- dade da ‘mera localizagae’ ”: identidade, carater, nuance, historia. Felizmente,
rlnlres atribuidas ae lugar pelos filesofos da Antigiiidade ou do inicie da 0 lugar come fenomene qualitative nunca teria desaparecido cempletamente
moclernidade, as propriedades de center, sustentar, suster, reunir, situar no pensamento ocidental, e tem se reafirmade recentemente em campos como
(“aituaq€ie" em Leibniz nao situa de fate; ela apenas pesiciena num nexo a antropelogia e a geografia cultural, e entre pensaderas feministas como Luce
de relaqoes). Aqui estames frente ae que Whitehead denemineu “Fallacy of Iragaray. O mundo permaneceria, argumenta Casey, ”minimamente, e para
Misplaced Cencreteness”, que significa, neste caso, a perda tanto da particu- sempre, um mtmde de lugares”, sendo um mundo “sem lugares” téie "impen-
lnrlclade cencreta do lugar quanto do absolute abstrato do espace infinite sével quanto um eu sem cerpo”.1°
-- I a dissoluqéie de ambos no vazio da mera ”lecalizagae".

C0111 Isso, chegames ae argumente principal que Edward Casey vem desen-
volvendo em sua obra: 0 esquecimente da moderna filesefia em relacae ae As peliticas do lugar
lugar, dande-se, ae centrarie, prioridade ae tempo e ae espage geemétrice.“
Delores Hayden abre seu importante livre The Power of Place (1995),
Para 0 fenomenelogo Casey, Descartes, Newton, Leibniz e Kant, entre outros,
relatanclo uma centrevérsia entre e secielege Herbert I. Gans e a cri-
tarinm centribuide para a apoteose do espage, deixando-0 desembecar na ge-
tica de arquitetura Ada Louise Huxtable que,
ometria lmalltica, calcule matematice e ”descerperificagae” humane, e 0 lugar
apesar de ter se passado nos anos 1970, cen-
Vll lende, neste processo, rebaixado e assimilade ae espace, perdende es seus
tlnua atual no campo da preservacae do pa-
poderes tradicionais de "cempreender, abarcar, sustentar, reunir e situar."
trimonie, celecande-nos questoes ainda nae
(“mc0mpassing, holding, sustaining, gathering and sz'tuating"). Neste neve uni-
totalmente reselvidas. A pelémica cemeea Tl" '°W"'°' Fl."
vmo, universalidade, generalidade e hemegeneidade neutra prevalecem so-
quando Gans ataca, no New York Times, a pe-
bl‘! I diversidade, unicidade e cenexaez qualquer lecalizacae é tae boa quanto
litlca de preservagao desenvelvida pela Lan-
qtlllquer outra, na medida em cada uma é apenas um ponto matematice, uma
dmark Preservation Cornission de Neva Ierque,
pentqlo calculével eu um sltie abstrato num plane eu num mapa.
lpentande que ja que a mesma tendia a "pre-
Num livro anterior, Getting Back into Place: Tbward a Renewed Understanding ofthe M881‘ as mansees dos rlces e edlflcies projeta-
PIm~W0rId, do 1993, Cuey jé apontava a crescente clependéncia moderna ae del por arqultetes fameaoa", ela preaervaria
f’pr1ncIpalmente a porqle do olltc do pnndo ‘tho I ‘moor sf Plum
tempo do 11165-10 0 n cronognmu 0 In-nmtava a aubnerviéncia dn noqlo de lu- I totem ttull/dfllt I
.
MTRIMONIO CULTUML - Canrvttel. puttttrna. Instruments: - _ 0 timer n an pnttttonn dn mvmdrtn

arquitetonico", permitindo ”o desapare- sim: tarnbém teria protogido 26 distrites historieos, incluindo nolos
cimento da arquitetura popular". "Esta 11.(I()() edificacoes, cuja maioria poderia ser definida como "vernacu-
politica de patrimonie distorce o passado lar". Gans respondeu a Huxtable num segundo artigo, defendendo
real, exagera a riqueza e denigre e pre- uma perspectiva mais ampla para ad preservacae, que encarasse as
sente", conclui.'I7 Na ecasiao, Ada Louise ”edificac6es comuns” come parte de uma "historia publica”. Anali-
Huxtable, critica de arquitetura, membre sande a lista de bens pretegides em Nova Iorque, ele netava um claro
I do Censelhe Editorial do Times e ativis- vies de classe: dos 113 edificies preservades pesterieres a 1875, "I05
ta de preservacao, defende a Cemissae, eram de arquitetes cenhecidos e 25 deles de uma unica firma (l\/lcI<im,
alertando que ”estigmatizar monumen- Mead and White); a maior parte deles nae era acessivel ao publico, 91
tos importantes de arquitetura come pre- eram lecalizades em Manhattan e 17 dos 26 distrites historices foram
dutos dos ricos, e a atengéie a eles come censtruides como bairros de rices.
politica cultural elitista é uma perversa
distercae da historia, que nae serve a nin- Podemes encentrar uma critica semelhante no Brasil nas palavras de Car-
guém... Essas edificacoes sao uma parte los Nelsen Ferreira dos Santos, que em 1985 apontava as limitacoes d.as
priméaria e insubstituivel da civilizagéie. Singularidade estética é tao peliticas de preservagae em curse no Pais, onde es técnices do patrimonio
importante quanto expressae vernacular.” Ela também argumentava ”I:eriam. o direito (e poder-saber) de analisar edificios e pronunciar veredic-
que além do edificacoes menumentais, a Landmark Preservation Camis- tos”, realizando uma espécie de ”a<;ao sacerdotal” com a qual ”atribuiam
carater distintive a um determinade edificio e logo tratavam de sacraliza-
lo frente aos respectives centextos profanes”. E, para isso, consagravam,
via de regra, os produtos da elite.
Come ninguém é seguro o suficiente para inventar ri-
tuais a partir do nada, tratararn de seguir 0 caminho
mais facil: impuseram as suas meios o que, por outras
razoes, ja estava consagrado. Nae foi muito dificil de-
clarar dignos de preservacao cenventos, mesteiros,
igrejas, palacies, fertalezas, sedes de fazenda... De
rare em rare uma pequena censtrucae antiga justifi-
cada como ”curiesa”: capelinhas, casas rurais, hesi-
tantes excecoes cenfirmaderas da regra comoda. Os
simbelos do poder nao eram, por natureza, distintos?
Nae feram prepostos come centrapentos desde o co-
mege? Nae explicitavam quem mandava? Para nao
cempremeter a nobreza de boas iintencoos com estos
aspectos menos excelses, decidiu-se esfria-'-Ios com a
antigu.ida.d.e. Quanto mais perto dos séculos XVII ou
XVI melher, perque assim as relaqoos ontro a forma o
aquelos outros codiges ficava m mais amenizadas. Nae
0 por outra ra'/.50 quo, ainda ha bom pouco tom po, ora
dificil prova r o valor do e.diI’ioao6os do século XIX. No
nosso proprio soculo, onlfio, so o quo id l1t1HCt.‘HH(‘ sob o
\

signo do olornidado, isto 6, como oxprossfio doliniliva


o irrooo|‘|'lvol da I|'a|‘|st‘omlonoia do podo|‘.'“

iimsotl livro, Haydon aprosonta o dobato (Plans-I Iuxtablo para sublinhar


a falta do oonuuiioaotto ontro perspectivas profissionais divorsas sobro a
quosttlo da prosorvnqtlo, a come-ear pela propria torminologla utlllzada
(7 lugar v an pnllttotu dn nmmtrln
I'A'l‘IttM('5NIt I (‘I Il.'I't IIMI. I t‘amrltm. pallltrns, tnslrmnrntas -

A ”momoria do Ittgar” teoria a vor, assim, com a capacidado humana do so


por cada um: quando o sociologo talava em “arquitotura”, por oxomplo,
vonoclar tanto com o ambionto natural quanto com o construido, quo ostao
referta-so so moio ambionto construido em geral; a critica a odificacoes
llgados om idéias como as do “paisagom cultural (cultural Iantlscapo)” o
prolotadas por arquitetos com formacao prefissional que operavam com
do ”patrimonio ambiental urbano"22, que hoje comecam a conformar as
Intenctlti estética; quando ole so referia a "comunidado", queria dizer uma
poll ticas do presorvacae no ‘mundo todo. Segundo Dolores I Iaydon, a
redo complexa do laces tanto sociais quanto espaciais, e pressupunha uma
”momoria do lugar” vai ser, do fate, a chave para e poder dos lugares his-
populaciio do trabalhadores, ela, por sua vez, referia-so clara.mente a deli-
toricos om ajudar es cidadaes a detinir e seu passado comum: é sabido q ue
mltactio flsica do um distrito historice. Para Hayden, teriames aqui apa-
os lugares podem despertar memorias naqueles quo, membros da com uni-
rvntemento dois ideais do preservacao: a preservacae urbana, defendida
dade, com partilham de um passado comum, onquanto, ae mesmo tempo,
por Gans, o a presorvacao arquitetonica tradicional, por Huxtable. Em sua
podem reprosentar passados também para ”forasteires” que estejam inte-
Contraposicao Frontal, nenhum deles conseguiria ver, no entanto, e que
rossados om conhecer sobre eles no presente. A ”memori.a do lugar” seria
aparecia a Dolores Hayden come a chave: a possibilidado do se identifica-
urn trace cultural tae forte que muitas culturas diferentes usaram mosmo
rem oportunidados do so realizar ambos es tipos de preservacae, com cada
os chamados ”palacios da memoria” —— sequéncias do espacos imaginarios
um doles roforcando e outro.
dontro do paisagens imaginarias, edificacoes ou séries do edificacoos -
E Por exemplo, mais depositos, lojas e casas do aluguel, como ferramentas mnemonicas. Assim, uma estratégia adequada para so
o tipo do edificacoes urbanas vernaculares que ele de-
promover a chamada "historia publica urbana” seria certamente explorar
fendia, podoriam ser salvos para fernecer o contexto
social e economico para as casas geminadas que ela nao so a “momoria, socia.l", mas também a ”memoria do lugar”23, que apa-
defendia. Ou es clubes privados e as mansoes que ela roco assim come uma idéia poderosa para se ligar os campos da preserva-
defendia podoriam ser interpretados em termos das
cao do ambionto construido, da historia publica e da memoria social.
habilidades dos pedreiros e carpinteires que es cens-
truiram e das habilidades das empregadas domésticas
e dos jardineiros em manté-los para fornecer o tipo do So a acao dos ergaes do preservacao ainda é marcada pelo tradicionalis-
historia da classe operaria que ele desejava.19 mo, ja 6 possivel, no entanto, so citar varies projetos nossa direcao, tanto
no campo da historia publica, quanto no da preservacae do patrimonio.
Eases Impassos podoriam, a seu ver, ser evitades, so so recerresse a um Assim, por exemplo, Dolores Hayden descreve alguns projetes do historia
conceito fundamental, que bem trabalhado, poderia tuncienar come uma d a paisagom urba.na desenvelvidos nos Estados Unidos, que sao baseados
ospécio do ponto entre as perspectivas divergentes — justamente e conceito no quo denomina "historia publica de base cemunitaria”, também conho-
do lugar. Para isso, Delores Hayden vai recorrer a uma centribuicao deci- oida como “historia dialogica”, na medida em que se valorizam es divor-
nlva do fllosofo Edward S. Casey, que, alguns anos antes, ligara e conceito sos olhares onvolvidos na narracao. Um dos projetes relatados é o Brass
do “lugar” ao do ”memoria”, propendo em seu livro Remembering: A Phe- ‘Iv
Workers I"Iisl'ery Project (projeto do historia dos trabalhaderes da industria
tlttmenologieal Study, a idéia do uma ”memoria do lugar (place memory)”. _.ll.
-_
do latao), um projeto do historia oral que tem envolvido toda a cidado do
Se a momoria social depende da narracao para sua centinuidade, a paisa-
gom urbana também poderia centribuir através da ”memeria do lugar"
quo seria, para o filosefe, “a persisténcia estabilizadera do lugar como um
i Waterbury, Connecticut, desde 1979. Ali, uma equipe, fermada por um p ro-
d utor do video, u m agente comunitario e um educader, iniciou um trabalho
quo rosultou, em 1982, no livre Brass Valley: The Story of Working People's l.i-
contonodor do experioncias que centribui tae poderesamento para a sua ors amt Struggles in an American Industrial Region, que, como relata Haydon,
momorabilidado intrinseca".2" Uma memoria alerta e viva so conectaria, Ioi apropriado pela populacao quase como um "album colotivo do fa mi lia”
enliflo, a sou ver, ospontanoamento com o lugar, encentrando nele traces numa comunidado onde quase todos tinham um parento ou conhecido quo
que fnvorocom o so dosenvolvem paralolamento as suas proprias ativida- havia Irabalhado na industria do latao. Iim "1983, foi lancado tafnbom um
des, fate quo o lova atirmar quo a momoria seria ”naturalmonte orientada fllmo para a tolovisao, um portrait da historia dos trabalhaderes nas fabrioas
Gm relactlo a lugares ([JIt1t‘t'=~ot‘t't’t'tIt'll) ou, polo monos, suportada por lugares da cidado. O projoto lovou a um processo comunitario mais amplo, quo
(place-sapppurIr:t)".2‘ S dosombooa num Iostival do musioa otnioa, quo passou a sor o|*g,m1iv.atIo polo
musou local, o quo oxpoo anualmonto a divorsidado otnioa da comunidado,
I
PAT‘RlMONlO CLll.'T‘UML Currlrvllm. lmlltlrml, tmlrunlnmluu - O lugar 0 an pullllmn dn mnmlrta l

anvolvendo os diversos grupos de Waterbury. E interessante perceber que ainda COHl'LllT1€l ser marcada por essa vistlo inicial, sendo forte muitas vemos
lilll0 ocorria num contexto bastante sombrio, numa época em que a indL'1s- a dicotomla entre a visao de historiadores sociais e a dos <'n'g€ios do prescr-
trla entrava em colapso e as fabricas eram fechadas, de forma que 0 projeto vaqao no que concerne in cscolha dos objetos de pl"ol'e<;ao.
C0l1.HlIllLllLl também uma oportunidade para os habitantes se reunirem e re-
A trltulo de exemplo, nao ciista lembrar que nos Estados Uniclos, apenas
flellrem sobre o processo que viviam.
cinco por canto do patrimonio protegido em nivel nacional, estadual e lo-
Aqul se lra ta ainda basicamente de um projeto de memoria social, com a cal reflete uma historia das mulheres e uma menor proporcao ainda lida
paculiaridade, porém, de focalizar uma comunidade operaria. Se, no en- com a chamada historia das minorias.“ Dois projetos, no entanto, mos-
tanto, o Brass Workers History Project se rebatesse no espaco e se interrogas- tram essa possibilidade. Um seria o Black Heritage Trail, desenvolvido no
lw pelos "lugares da ineméria” de Waterbury, ele poderia se relacionar de Boston African American National Historic Site em Beacon I-Iill. Ali, um pas-
uma forma bastante efetiva com as politicas de preservagao do patrimonio seio guiado leva os interessados a visitarern marcos arquitetonicos preser-
ambiental urbano das comunidades em questao. Ali, além de passeios vados, destacando-se a sua relagao com a historia da comunidade negra
gulaclos pelos moradores locais, tanto a preservacao arquitetonica quan- em Boston. Assim, os visitantes sao levados a ver, por exemplo, o Boston
lio a preservagao da, paisagem ou mesmo a arte pfiblica poderiam ajudar Common, area pifiblica onde o guia vai discutir o alistamento dc negros
n Focar a atengao na identidade social dessas comunidades, ”mapeando" livres na Guerra Civil, podendo observar-se as suas faces no memorial ao
as suas visoes desses lugares. Nesses casos, preservar locais de trabalho, 540 Regimento erguido pelo escultor Robert Gould Shaw, em 1897. De-
tais como u ma sede de sindicato, uma fabrica de latao ou uma lavanderia, pois, entre outras atragoes, o visitante vai ver uma série de casas gemina-
poderia ajudar a sublinhar a importancia da historia espacial. E o mais das, que constituia uma das comunidades negras mais vibrantes do século
importante: ao mapear os significados locais através de processos corn- XIX. O Black Heritage Trail compreende em sua totalidade treze estruturars
parltilhados e participativos, a historia social estaria oferecendo uma con- preservadas, entre elas duas escolas, duas casas de reuniao e muitas resi-
trlbuiqac) metodologica significativa a campos paralelos, entre eles os da dC*ncias. Dolores Hayden comenta:
preservagao arquitetonica e ambiental. Os visitantes saern com o sentido da presenca ativa
dos afro-americanos na cidade por mais d.e dois sé-
No que se refere a preservagao do patrimonio arquitetonico, ela ainda se cu.los... Os visitantes também obtém. um sentido da
aprescnta, via de regra, presa a sua concepcao inicial, a idéia tradicional historia urbana, mesmo que ela pudesse ser mais forte
do monumento historico e artistico finico, que, como sabemos, vai sendo se se dirigisse a como os residen.tes11egros interagiam
com os irlandeses e outros imigrantes eu ropeus q uc so
l&!nl'a1'n0nte ampliada ao longo do século XX: tanto o conceito de arquitetu- aglomeravam em casas de aluguel. nas "proximidadus
ra, qua n to o proprio campo de estilos e espécies de edificios considerados desta area no final do século XIX?“
Cllgnos de preservagao expandem-se paulatinamente. Aqui, aos critérios
flltlllsticos e historicos vao se juntando outros, como a preocupacao com O mosmo so passa no campo da preservacao ambiental, onde preservacio-
0 enlorno, a ambiéncia e o significado. Francoise Choay, num importante nll-ital-1 da arquitetura, historiadores do paisagismo e paisagistas estfio cada
lil-'£llJl;1ll1O do deiimitacao teorica da questao, chega a identificar uma tripla vez mais preocupados em encontrar métodos para definir e proteger paisa-
W _,_JLM L m ll.” expansao desse conceito: cronologica, gvrls culturais liistoricas, mesmo que essa preocupacao freqi.'|cnl"emenl"cs pa-
1; . H r----E, in gs
~ __
tlpologlca e geograf|ca.Ass1m, ao longo
1...“, , -~ J ,3; ‘fl ~ 1 - 7- .,
PQQ11 focar mais paisagens projetadas e areas rurais que paisaguns urbanas.
it , -?.‘. l" -» ""‘* I ~ _ , t V
o | X ~ _ T t'l do seculo XX, vao penetrando no campo
I-In W1 r - . ‘Y Ital? . - Esta perspoctiva parece mover também um projeto como o Place Mrtitclvrs
u}‘l”14;: 5, H X do 'pEllI‘lITlOl"ll() C()fi]Lll1l()S arquitetonicos deiawnvolvido pelas organizacoes City L0re2‘* 0 /\/ll»|'lIll(‘I'[‘7(Il /lrl" SQcie!a_1/27, om
» s ».... J1... s 121.. ~ -I mtelros, a arquitetura rural, a arquite-
lfI_

‘ll ‘pl ‘ _-v [


Nova lorquu, desde ‘I998, que so propoc a ”estim ular a conservaqfio dos lu-
? , ., _ "J;_*,\,§;;j_;*_j';11~!- , V L "B tura vernacular, bom como passam a garen l‘\lz-ltorica 0 culluralmvnlv significativos da ("idade do Nova lorquv”.
X .. .~\ I 1 lwilllllt) _
M so cons|<.lo1"ar também utapas automor-
Em sua propria dufinicao, use-we-1 seria m “lugares quo carrugam mc|m’>rlas 0
nl . l_ iii ‘ ‘Q |m.*|1lv dc:-tp|‘w.mlm-t (o vclvli:~tmo, o /ll‘! llncoram trmliqovs para lmllvlduos L'C()lT1Lll1lLlflClt‘!-I, 0 quo aiudam a contar
"I-=-"\\ \- X ~ Qt I,
\ " lHI|1lNl_'l\MlI'HN Nmlzicrim), 0 mesmo a prmlL|q5ocon-
,
, ''
ll
mam
I historia da cldnclc como um todo". Place MaHer.~1, assim, val rvallzar pes-
A B X l"em|_-nirfinua. A sun vlsllo, no L‘l'll‘L'lI'll'.U,
l‘A'l'RlMUNl( I C‘! ll.‘l'l JR/ll. 1 t‘um'oilm~. lmllllmm. l'lllllP'llllh‘llluu - H lllgar v an ymllllmn llll mmmlrlu

qulsas, invonlarios do roforoneias culturais o programas pablieos, além do Comunidados urbanas quo sobrovlvom lals como
man tor um a rquivo sobre os ”luga res que importam", produzir exposigoes o Sweet /lulmrn l )istrirI" do Atlanta, tloorgia podem
so tornar um foco maior do auto-rospollo dos traba-
publlcaqoos o fornecer ”testemunho, consultoria e protecao em sitios ame- lhadores u rbanos, so cidadaos o planojadoros so rou-
awgados”. Algumas do suas iniciativas compreendem o concurso do idéias nirem para elevar a consciéncia das roali/xaqoos do
“Marcando os [lugares que Importam”, onde se escolheram intervencoes passado de seus residentes em face do tom pos difioois
no passado. Arquitetura vernacular - tal como uma
do in lorpretagao do cortos lugares; e o projeto ”Protegendo os Lugares que igreja. de onde se langou. uma campanha polos direi-
lmportam”, iniciativa popular que luta pela preservacao de lugares sig- tos civis, ou o escritorio de um jornal que lutou por
nlfloatlvos na cidade, pressionando os érgaos publicos a implementarem moradia mais justa, ou as primeira oscola a promover
a integracao racial na area, pod.em vir a formal" uma
poll licas “mais inclusivas”. Para essa ultima finalidade, realizaram, por
distrito historico potencial que dé suporte a memoria
social e contenha as histérias que os cidadaos julgam
. ' . L gaos de preservagao, dever ser contadas. Este é um caminho para tormar
o quo ehamaram d.e ”Censo Cultural”, para o qual reuniram ”cidadaos (de estratégias de preservagao urbana que alie historia-
dores sociais e suas estratégias de historia dialogiea,
tod as as idades e formagoes), historiadores locais, estudiosos das humani- com os historiadores da arquitetura preocu pa d os com
dados, organizacoes civicas e profissionais envolvidos com a preservacao o significado social.”
o o planejamento urbano” com o objetivo de “explorar as relagoes entre
lugar, cultura e vida civica”. Entre os bens pelo quais se lutavam estava, Assim, nada mais apropriado que se estimularem processos que promo-
também como ilustracao, a edificacao da antiga Cuyler Presbyterian Church vam o encontro entre historia social e historia arquitetonica, que redoseu-
(1892), no Brooklyn, in.timamente ligada a historia da comunidade dos fer- bram a ”memoria do lugar”, identificando junto com os residentes locais
rolros Mohawk e outros indios residentes no Brooklyn, que desempenha- quais lugares sao mais significativos e porque. Afinal, como sintetiza I).
ram um im portan te papel na construrcao dos arranha-céus nova-iorquinos. W. l\/leinig, “Any landscape is composed of not only what lies before our eyes but
Para olos, a Cuyler Church servia como um centro comunitario, ao qual what lies within our heads.” (Toda paisagem é composta nao somente daqu i-
so roforiam, carinhvosamente, como a ”igreja que faz amigos”.28 Outros lo que esta a nossa vista, mas também daquilo que se encontra em nossas
oxomplos: a Bohemian Hall 8 Park (1910), as ultima “beer garden” auténtica mentes). Ecoando seu proprio nome, a organizacao Place Matters escreve
om Nova lorque, e que ainda é um importante centro para a comunidade em seu website:
lchooo-americana e a loja de discos Casa /lrnadeo (1941), a mais antiga loja O lugar importa (Place Matters) porque ele é a dimen-
do m Llslca latina na cidade e uma rara sobrevivente da vibrante cena musi- sao fisica de nossas vidas, e lar para. as nossas tradi-
cal d aquelo tipo de masica, no Bronx do 20 Pés-Guerra, refletindo a forga <;6es e memorias. Todos nos nos tornamos ligados a
edificacoes e locais que criam beleza, marcam ovontos
cla com u n id a do porto~riquenha. de significado histérico e cultural e servem como um
locus para encontros da comunidado e identidade do
A quoslao que aparece com torga em todos esses exemplos é a de como bairro.
so llclar com os lugares, com os tracos fisicos do passado, de forma que a O lugar importa (Place Matters) porquo lugares silo
diametralmente opostos ao mundo virtual. l,i\/ros,
sua prosorvacao seja algo mais que a preservacao die ”contenedores" va-
filmes, memorias e websites sao todos virluais o, num
zlos, quo terminam servindo como museus ou centros culturais ou, noutra maior ou menor grau, nos lembram das propriedades
vortonlo, como ambientes propicios para reconversoes que, via do rogra ' I
tangiveis do lugar.
lovam ao pervorso fenomeno da gontrificacao.2",/\ rosposta a esso tipo do O lugar importa (Place /\/lal‘"lrrs) porquo a perda do no-
gocios locais estimados o marcos urhanos ompolm-—
dor-lafio pa roco-nos estar em politicas quo valorizom a ”momoria do lugar” I com a cidado, especialmente quando essa perda podo-
perspoctiva quo rouno a historia social o a p|~os¢.\|'vm;ao urbana o a rquitol*(>- ria tor sido impodida.
nlca, nu m prooosso quo ”anoora” ospaoialmonlo a |m=moria dos divorsos O lugar importa (l’lm‘<' /\/lnllvrs) porquo as nossas vidas
sao onri<|uocidas por vivor numa cidado ondo o moio
grtlpos. lnssa perspoctiva vai lor grando alcanoo, podendo mosmo contri- ambionto natural o oonslruldo so articula om rioas oa-
lnulr para o dosonvolvimonlo ooonfmiioo das oomunidados, sondo oxala- madas do l\lsl<'1|‘la, |m-inoria o niarnilivas.“
monto por isso, lmporlanlos para areas. doprlmidas da cidado, como assi-
nala I laydon: = Ill
-I

"
.
'»- . ~
-_.,
_ - ; ‘ ‘H, ._..-‘ .U l‘. ,‘ :_.;:- ;_ .: H
r i . . , . _. M ..
-w\I' . ‘Y-‘ml nu" "-2 ".~'- (‘la
NAS ENCRUZILHADAS DO DESENVOLVIMENTO: A TRAJETORIA
5
-- -..i:1<,.--*'*s,tIl $rr;»>-- S‘
W ‘Il l?u(i?"~'ml»,-1.1‘
vi'l:l=-‘$4;l3,‘yl‘)j'')&“l$l.\-;\'51ll%\,{»llt.§3,:
‘- . .1"! H‘ "?..'.‘ ‘.-.l§'.“~j H‘ . j v‘
DA PRESERVACAO DO PATRIMONIO EM OURO PRETO
/.:;>-t‘_‘.y.’:.!l(i,““.. . ‘ -M‘

\
O podor do romolnoraciio n5L¢> é algo natural, mas sim uma conquista, u ma
lnvoncao dificil, através da qual os homens aprendem a so apropriar pro-
grossivamon to do seu passado individual e coletivo. A memoria - faeulda-
do tiio importanto para a construcao da cultura que ganha a forma do uma
dousa ontro os antigos gregos - vai ser também uma capacidado selotiva:
W
para so lembrar precisoesquecer. Este nos parece ser o mecanismo quo
rogo-as politicas do preservacao do patriménio, que, implementadas tra-
dlclonalmonto pelos estados, visam a construcao de uma identidade na-
clonal. Tainbém elas trabalh.am com a dialética lembrar-esquecer: para so
cria r u ma memoria n.acional, privilegiam-se certos aspectos em dotrimonto
do outros, iluminam-se certos momentos da historia, enquanto outros por-
manocom na obscuridado. No que se refere as chamadas cidades histori-
oas, estas sao submetidas ao m.esmo processo: muitas vezes, para so criar
um slmbolo nacional, apagam-se as marcas da historia local, que foram so
sodimonlando através dos anos.

llslto processo podo ser bem exemplificado, a nosso ver, pela trajetoria das
polllicas do prosorvacao em Ouro Preto (l\/Iin.as Gerais), ao longo do sécu lo
XX. Antiga capital das l\/Iinas Gerais e m.ais significativo centro urbano
do clclo do ouro (século XVIII), Ouro Preto é certamente o mais signifi-
oallvo conjunto da arquitetura colonial brasileira, tendo sido a primoira
oldado no pais a ser classificada como monumento nacional e patrimonio
da humanidado pela UNESCO. Conservada quase intacta gracas a ostao;
naqao oconomiea, a cidade vai ser objeto desde a década do 1930 do politi-
oas do prosorvacao quo, se, por um lado, conseguiram mantor o conjunto,
por outro, cria ram um objeto idealizado, desconsiderando a historia local
o alaslando a populacao da cidade. Para mostrar essa trajotoria, vamos
aoornpanliar o dostino do um dos seus espacos urloanos mais sio,nil*icali—
Vos, o l.arp,o do Co'mbra, configuraciio tipica do urbanismo do origom
porlu)z,uosa nas /\mérieas. ‘

A capital das minas do ouro

Nos anos l9(>(l, Roliorl Smilli conslala, num importanto osludo sobre a ar-
qullolum civil do Brasil ('olonial, quo embora os dosooliridoros |1Ul‘_lll}?,llt'--
nos lossom homens do l{ooasi'i|m-olo, como urlmnislas “porlom'i.un ainda
A ldado Mi"dln".' ll, do lulu, 6 inlorossaolo P(‘l‘k‘t‘l1\‘l'l‘Ull1lHllll'l1dIllHll1U mo-
dlovnl porlt|p,L|i'*s osta prosonlo has vldados lrm.llciooals lirasllolras, o quo as
MTRIMONM H H ‘Tl “Ml ' ' (l""""”""' l"'””"‘"" l""'l""""""""' H I Nun t’Hl‘i*lll.llllllllll_'I do alewnmvlvlnwnlo: n Ira/olorlu tin priwrrumla do ymlrlmflnls em l ism as-n» (Mt ll

I‘-!!l'll!’l{$ l‘a'./. di|"’oronl'os das cida-


A I I dos do colonizaeao os- Q
4.15"

lllll
panhola nas Américas. figs! lqu ll Ill!’
Nossas lfiltimas, 0 tra-
gado regular, dorivado
dos tratados do arqui.to-
tura dos teéricos ronas-
i ‘Sq, ~- ..
centistas, vai desempe-
nhar um papel central,
sendo, inclusive, defi-
nido por lei - as conhe-
iI r/1'//al////»llt;~~"""'
cidas Leyes Generales
ale los Reynos de Intlias, ""'
or/1/1.,-.
5"
‘I
Fl.‘ "til"!!! . . .
I -l" »"rr-7‘"*'~,rilllr:[;.
, . . . ....... ....... ..._
~ "'rl::|~**~il'lrIt 1 tfill l -1$igf*<-I71
promulgadas por Felipe ll da Espanha em 1573.2 Através delas, o Império ‘*""l"“r*“‘l "~"‘~'"“’“’ l;t,.',;%‘ ¢...
4~“\.,_~_A l wl]!lt‘lIlrtr\)'lf1|ll
lispanhol om oxpansao procurava estabelecer uma rogularidade e uma or- pp‘
Li‘

"'1 J
4 M "--- -- ...,._MM\ ' ‘l 'll l(rI
(Ill llll I I F
ll llf'l hm
dorn goomotriea sobre o torritorio a so colonizar, muitas vezes so impondo .""
/,.r . _(
5.1.3
iii
iii’
M
t.,___h|_
'\ Il}|l’I|I',(|I)I||If '.|)rl[
sobre u ma topogra fia pouco apropriado ao esquema abstrato do tragado. A i u.'

ill’ lll"|l|illli'”l' I‘

cidado, com sua malha xadroz, ditoronciava-so, assim, do espago agricola l I‘-lllll

ao sou rodor, criando uma clara dolimitagéio cultura-natureza. Um outro


minoradoros, organixados om torno do poquonas capolas, Antonio Dias o
lraoo dislintivo nas cidades do colonrirzacao ospanhola vai ser o importante
l’ilar, quo ficavam om cada um dos lados do uma colina. Nesto caso nao
pa pol d oso m pon had o pela Plaza Mayor ou a Plaza ole Arrnas, praga principal
vamos tor, como na America Espanhola, uma cidado planojada o organ]:/.ada
da aglomoraqao, onde so instalava, do modo geral, a catedral juntamonto
a partir do um tracado proviamonto definido. Polo contrario: aqui a nova
oom os principais predios pfiblicos. Esto espaco geométrico e central, que
oldado forma-so gradualmonte, como varias outras na iregiao das minas,
oonconlrava os podores espirituais o tomporais, passavaa desempenhar o
l1l‘llt‘L|lt1l1Llo-H0 ao redor do um grando eixo, quo correspondia inicialmonto a
papol do oontro da cidado, exercondo um poder do atracao incontestavel..
uma oslrada antiga, quo ligava os dois polos, o ao longo da qual vao so |’i><an-
Assim, as cidades hispano-amoricanas vao sor, quase som excegao, regula-
do o oomoroio o as rosidoncias. Com isso, o sou traeado também roprosonla
ros, om grelha, mono-n ucloaros o com limitos bastante precisos.
bom o osquoma do ocupacao portuguosa: ao invés do uma malha regular
Contra riamonto, a cidado brasiloira, fiel a sua origem portuguosa, vai sor o ruas alinhadas, a cidado do Ouro Preto ospalha-so a partir dosso oixo ini-
Irrogular com uma tondeneia 21 linoaridado, poli-nuclear e com contorno olal, ooupando proforoncialmonto as meia oncostas, protogidas dos vonlos
lmiollniclo.-" So ossos traoos ostao presentes desde o inicio da colonizacao mais lorlos o também das onchontos comuns nas rogioos mais baixas. l\lo
do llloral, om cidades como Salvador e Rio do Janeiro, eles vao so mostrar onlanlo, so nao tom uma forma pro—ostabelocida, a ocupaoiio nao doi><a do
ainda corn mais forea em Ouro Preto, que so forma no inicio do século soguir uma oorla logica, rossaltada por l.ivia Romanolli d’/\ssumpqao, quo
X\/lll, com a oxploraqao do ouro no interior do Brasil, numa rogiao quo li- aponla alguns oondioionantos quo intormam o lraoado das oidados miooiras
oarla oonhovida, nao som motivo, como Minas (lorais. A topografia do local no século XVIII: “o so;.',uimonto, so possivol, do uma mesma ourva do nlvol,
val sor pooulia r o dosfavoravol a ocupaoao: situada a l {I00 metros do altitu- o dosvio do ohslaoulos, o acompanhamonlo do cursos d'agua ou mosmo do
do, a cidado so oslaholooo num torrono muito ingromo, ondo pratcamonlo vumoadas do sorras, objolivando lT1(‘lliUl‘()l‘lt‘l1l‘iH,‘il() o ooonomia”."'
lnoxlsiorn planos naturais, diliouldado quo so agrava ainda mais pola duroza
U rapido orosoimonlo urlvano, incomum 21 opooa, vai oaraolorir.ar ainda o
do solo, quo dilioulla t]lli'lll|l.lt‘l‘ lrabalho do nivolamonlo. A linoaridado da
vaso do Ouro l’rolo, quo passa no ourlo ospaoo do vinlo anos, do flma po~~
forma da cidado quo al so oslabolooo oxplioa-so polo sou proprio prooosso
quona povoaoao do minoiros om l7ii|, a capital da rooom-iormada provin-
do lorniaollo: Ouro l‘roio surge coin a ligaoao do dois ‘_n£‘(-I‘-l&"L1()H povoados
I‘
oia do Mlnas (iorais, om I721. A rapldov. do lormaoao do cidado rolrata
P/l'i‘lilMONl() 4 ‘i. ll fl‘l IR/ll. l‘om‘¢'llus, )mHH|'||s, lnsirumonhm Nas rnrrnzlllmllns do llvnvnm»lvlnwnls.' u Ira/vim-In tin ;|rvsrr*vuefl:v ill! imlrlmflnln rm Hum l‘a~lu (Ml ll

bom a rit|uov.a al oneonlrada: aposar da toenica do minoraeao do século PL‘l1l1tiLlU pelas igrejas: na
XVIII sor do aluviao, ontro l7l)ll o 1770, o Brasil produziu cerca da mo-’ lalla das grandes praoas ci-
lado do ouro obtido om todo o rosto do mundo duranto tros séculos, do vioas, aos moldos das plazas
lfillil a liillll. As conseqiioncias desta vitalidado oconomica logo so fazom mayoros das cidades do co-
sonllr, roeobondo a rogiiio u ma grando lova imigratoria, constituicla prin- loni7.aoao ospanhola, as odi-
olpalmonlo por porluguesos, quo chogavam em busca do fortuna. Tam- lieacoos religiosas vao de-
l.'l€"l'l"l do ponto do vista urbano, as consoqiiéncias sao n.otaveis: o conjunto sempenhar o papol do foco
eroseo rapidamonto o a vida citadina vai sor intensa, com a presonca em da vida u rbana, dificilmonto
Ouro l'rolo do nu morosas camadas intormodiarias ontro os senhores e os sobropujadas om importan-
osoravos. l’or um lado, a Coroa portuguosa sento a necessidade do so fazer ela por qualquer outro edi-
prosonlo, dosloeando para a rogiao das Minas um amplo aparato buro- licio civil. Nesso quadro,
Cralleo, enoarrogado do fiscalizar as rontaveis atividades mineradoras que também vao tor especial im-
I-"twin l‘-»l:' - -a I
all so dosonvolviam. l’or outro, em funcao da concentracao do riquezas, o portfmcia os adros das igre- lllll do . .'\ l

oornoroio o os servieos tam bém so dosonvolvem, concontrando-so ali artifi- jas, quo, ao congregarem os /).‘ll'.¢'t'l:‘¢tlrllli ilttl
l
oos, a rlosaos, moslros pod roiros, oscultoros, marceneiros, alfaiates, além do liois, rouniam em torno do si l'l't'lrI

L‘li.‘t'iUI.‘LlPi.lLlUt~i o prostitutas. as casas, as vendas e quan-


do nao o Paco das Camara.6 A regra geral parece ser essa: na trama das
Noslio rieo o variado quadro, nao é dificil imaginar o importante papel de- nossas cidades, a cada igroja costumava corresponder uma praca, contro
solnponliado polos ospacos pL'|blicos - ruas e pracas —, palcos do grande do sociabilidade da vida urbana que so formava. A Vila Rica do século
i

parte das a tividados oconiimieas o sociais do poriodo. Se inicialmonte séio XVlll nao constitui excecéio: ali as igrejas vao atuar como articuladoras do
simples oaminhos, que ligam polos do ocuppacéio do mineiros, a medida ospaco, domarcando ndcleos e rogioes da cidade, sendo extremamento sig-
orn que as cidades crescem, as ruas tornam-so locais do pormanéncia, do nilicativas as suas localizacoes no conjunto. Em seu estudo das igrejas om
oonlato o d isoussao. Até o sou aspecto plastico modifica—so com a sua nova Ouro Preto e do seus padroes espaciais, Raquel Iuliao anota como esses
lm porlaneia: as casas passa m a sor foitas para serom vistas, e as fachadas odificios roligiosos podem ser considorados como expressoes mais acaba-
quo dao para elas ga- das do m ultiplos grupos sociais, tanto como marcos do sua ind.opon.d€-ncia.
nham maior destaquef‘ ”l)e lato, elas nao so ajudavam a organizar a sociedade local, mas também
Consolida—se, assim, a oslruluravam a paisagom urbana. B o conjunto do igrojas quo da um signi-
fisionomia do nossas ilcado a cidado, lazondo-a compreensivel”.7
cidades coloniais: uma
seqiioncia do ruas irre- Uma (mica oxcegao é a roprosentad_a pela Praca Ti1'ad.ontes, ospaco ofieial
gularos, oonstituidas,
como num cenario,
l planlado no alto do morro do Santa QLl‘l.‘té'FlH, ponto mais alto quo dividia
os dois principais arraiais ja formados. Tendo om vista a diticuldado do
por fileiras do casas eonlrolo sobre a cidade, a Coroa Portuguosa. dosloca o Govorno da anlriga
oons)truidas sobre o ali- eapilal Mariana para Ouro Preto, implantando, om 'l 741, naquolo alliplano
nhamonlo e os limilos o novo Palaeio do (lovernador, construido sogundo as caracteristie_as do
laterals dos iorronos,
1-
I uma vordadoira l’ortalov.a militar. Naquela rogiao da cidade, onde vamos
l*orrnando superi'ieios ‘l
lo!‘ uma ocupaoiio levada a cabo polo l".sl"ado, podo-so notar u ma ordena-
eonlinuas. Quanlo as n _
qlio ospaeial ja londendo a um pad rao mais regular, proximo ao ><adrov., o
praoas, ossas vao oslar quo rospondo melhor a dorninaoao mais roprossiva dosto poriodo. /\.l’raoa
indisoulivolmonlo li- 'l‘lradonlos vai lor, assim, um carater ominonlomonle polilieo, nao sondo
gadas an papol desem- do so oslranhar, porlanlo, quo o ospaoo do vida social local oaquola parlo
PA"l‘RlMONlU L‘l.lli.'l‘lJRAl. L‘anrvIl|m. pnlltlras. lnslrllnwntuu Nun vm'ru:.llhmlnn do alvnsmIulvlmvnlu: n lm/smrlu an mwrrvnrr1u do ymlrlnmnls rm Hum I'M-a (MG)

do oldaclo sola reprosentado nao por essa praea, quo sompro manlem seu \ So a cidade perde sua vitalidado economiea dopois do esgotamonto do
carater do ospaeo otieial, mas polo Largo do Coimbra, alargamento das ouro em inicios do século XIX, ela ainda mantom a sua fLll1t;fit) do capital
ruas om ironto at lgroja do Sao Francisco do Assis, cujo dostino acompanha- do lfilstado por mais quase com anos, passando a organizar sua vida econo-
romos om soguida. mica, social o politica através. das atividades administrativas, socundadas
pelas comorciais e manufaturoiras. Além disso, com a instalacao da liscola
do Minas, om 1875, Ouro Preto passa a constituir também importante con-
-
I ~
Modernidacle o tradlcaoz uma narrativa ortodoxa
0
lro u nivorsitario, contribuindo para a formagao do uma olito técnica, que
aluara do forma destacada tanto na esfera empresarial como na politica
Num pals marcado pela idoologia do novo o cuja paisagom construida é brasiloira." No entanto, esso novo equilibrio vai ser rompido com o inicio
oxlromamon to rnutavol, parece oxtraordinaria a conservagao do todo um da Ropifiblica, quando so decide pela mudanca da capital para a cidado
conju n to u rbano provonion to do século XVIII, como Ouro Preto. Como foi nova do Bolo Horizonte, o que acontece em 1897. A partir dai, a cidado so-
bom obsorvado por Rodrigo Mollo Franco do Andrade, o seu aspecto atual _
lro um rapido doclinio, com sua populacao passando do 17.860 para monos
”ea1‘acto|'iv.ado pela tiisposiicao om varios nivois numa topografia ingreme, do do/. mil habitantes.
carroga as marcas do sua historia - riqueza inicial, um periodo do rapido
dosonvolvimonto, um século o meio do poder administrativo e prestigio, Q
Assim, consorvada quase intacta gragas principalmente 21 docadéncia da
soguidos por um doclinio gradual, ompobrecimento e perda do status”? oxploracao do ouro no século XIX o a perda do sou papel do capital, Ouro
Preto, maior conjunto proservado com tipologia urbana o arquitetonica do
»

,_
século XVIII no Brasil, so vai ser rodescoberta na década do 1920, quan-
do oscritoros do movimonto modernista brasileiro véem nela um simbolo
-_:,...
|.
da identidade nacional. B nesse periodo também que a tematica da pro-
.1- sorvaeao do patrimonio - oxpressa como preocupacao com a salvagao dos
vostigios do passado da Nacao, e, mais especificamente, com a protocao
dos monumentos o objotos do valor historico e artistico, comoca a sor con-
-._ sidorada politicamente relevante no Brasil, implicando no envolvimonto
{L
do listado."" So, neste m.omento que cerca as comornoracoes do centena-
rio da indopendéncia nacional, ja temos os grandes musous federais om
luneionamonto, multiplicam-so na imprensa denuncias sobre o abandono
das cidades historicas o a dostruicao irremodiavel dos ”tosouros da l\la-
<,‘{io", No caso brasileiro, cabo . .
I y . " . '."|
~ ~

'“’l‘~"' um" l°°CL'.|iarld~ad‘~’i nao Va-0 I


sor os soloros consorvadoros, mas
alguns intoloctuais modornistas
quo olaboram o implomontam as
polllleas do presorvaeao do pa-
lrlmonio. l\loslto sontido, c» impor-
lanlo lembra r que o modernismo,
movimonto ronovador do eullura
no Brasil, love oomo i'a|‘at‘lo|‘lslioa
goral, ao lado do uma erilioa oxa-
oorbada a arlo aomlolnioa, tradi-
cional, a busca do raizos, coloran- l-1-ta Ill tin:
P/IT‘IIIM('INIt 1 (‘lII.T‘IIR/II. tT'nm*vIhm. pmllflrnn, Inslrunwnlnn Nun mwruzlllimlnn do I’I'!'lI'IIIIlIIIIIIIWIIIIII n Im/vmrlu eh: pnmm"1uu;fin Ill! pnlrlmtlnlu rm (‘mm Iwtn (Mt?)

do como parlu do sua agenda a quostao da idvntidado nacional. Assim, as vanguardas vuropéias fa‘/.iam do primitivo 0 do arcaico, com a particu-
nfio vra dillcil encontrarom-so, 2. época, Form ulacoos como a do oscritor I ’0- ,.
Iaridado do o primitivo, aqui, apontar para as nossas raizes nacionai:-1. A
d ro N ava, vm "A Rvvista”: ”CIassicismo om I925 é doonca. Doun<;a grave". -\_.
rodoscoborta das culturas primitivas pelas vanguardas corresponde, un-
Nvnta pL|blic'a<,;fio do grupo modcrnista minoiro, o projeto é o da vaIori'/,a- um
-e tao, no Brasil a redescoberta de uma outra cultura nacii>naI, nao oficial,
'0
\

Qfio do cultura brasiloira, que, no caso, dar-so-Iia polo repL'1dio do toda copia presente, mas ignorada, na medida em que so mantivora a margum da
do modolo:-a import-ados - 0, portanto, o ropddio ao classicismo. Segundo cultura hegcmonica.
lrlvlvna Ilomony, para ossos intelectuais seriam perigosos ”o cosmopolitis-
mo, a iniigracao, o cstrangoirismo, a imitacao, as formulas convencionais e No caso da arquitetura, essa leitura particular do passado nacional tam-
I.ll11Ivv|'.-aalizadas do classicismo, a in tcimporalidade das solucoes, a lingua- bém vai desempenhar um papel muito importante na form,ula,c€1o tanto
gvni rvl1L|scada.""‘ Assim, ao mosmo tempo em que mantém estreito conta- do uma politica de preservacao, quanto de nossa propria arquitetura mo-
lo com as vanguardas curopéias, os modernistas brasileiros desenvolvem I
derna. Essa postura, que combina a busca do novo e a revalorizacao da
uma pvculiar rolacao com a tradicao, recusando a idéia do rompimento tradigéio, pode ser bem exemplificada pela trajetoria de Lucio Costa, o cria-
I

radical com o passado. Aracy Amaral resume esta posigao: dor de Brasilia, que, nos anos 1930, vai ser o lider intelectual da renovacao
arquitetonica brasileira. Segundo seu depoimento, nos primeiros contatos
l\Ios anos 20, a arquitetura, a literatura e as artes
plasticas eram marcadas por um desejo de renova-
A
I com o rnovimento moderno em arquitetura, chocava-lhe “o seu carz'1ter ab-
cao formal, que fez os primeiros anos deste século solutista, intransigente e o aparente desprezo pelo passado”, que, também
uma era dc definicoes culturais, particularmente em a partir de uma viagem a Minas e de contatos com a “gs-nuina arquitetura
Sao Paulo. As comunidades intelectuais e artisticas
brasileira”, aprendera a respeitar. Sua busca, a partir de entéio, vai ser
permanc-ci.am atentas ao que ocorria na Europa, es- I sempre a de integrar modernidade e tradicao, a partir de uma reflexéio so-
pecialmente em Paris, mas as ligacoes emocionais
eram com 0 Brasil. Apesar de educados na Europa, bro a especificidade de seu campo profissional, a arquitetura, e de sua re-
os artistas e escritores brasileiros que participaram Iacao com a realidade brasiloira.“ Neste sentido, os arquitetos modernos
do Movimen to Moderno - que tem seu inicio histori-
co durante a Sc-mana die Arte l\/Ioderna de Séio Paulo I b rasileiros viam-se, na esteira das formulagoes de Lucio Costa, muito mais
acontecida no Teatro Municipal de Sao Paulo de 11 F como continuadores da boa tradicao construtiva forjada ainda na época da
a 18 do fevereiro de 1922 - gradualmente se deram Colonia do que como agitadores vanguardistas. O gesto futurista parece
conta dc que a realidade brasileira éra tao importan-
to quanto a renovacao formal.“ osta r ausente de suas proposicoes, predominando entre eles um discurso
do a polo a ”li<;€1o do passado” - nao aquele imediato, da linguagem classi-
Nemlv quad ro nao é do so estranhar, portanto, que os modernistas tenham ca rclida pelo ecletismo, mas aquele da arquitetura colonial e barroca do
“r&*cI0:-1coIa0|'to” I\/linas Gorais, e, cm especial, Ouro Preto: na bu.sca dc u ma 0 sécililo XVIII, onde identificavam formulacoes apropriadas e significativas
is
lIilE'I'IllL'l£'lLlL‘ nacional ”proFunda", do raizes genuinas, iddentificam-so naquc- para um projeto nacional. E interessante perceber como ha um interos-
IE CUI‘lIL|l'll'U oitocontista as manifostacoes de uma possivc] civilizacao brasi- sv oxplicito em récuperar o .n.osso passado colonial, a nossa arquitetura
Ielra. O barroco local, quo d ura nte muito tom po fora considcrado cxcC*nlri- tradicional, at pa.rtir de uma perspectiva pragmatica: alinal naquclc pori-
Uo v HUITI impoflfincia, é rvvalorizado polos omodornistas, quo o v€~c|n como odo haveria uma série de licoes a serem aprendidas pelos arquitolcos mo-
uma Hll1lL‘HL‘ cultural propria, csboqad a por Lpna sociedade no interior do dvrnos. Assim, muito comum na época idcntificar-so uma ospécio do
Pall-I, quo, isolada, |"0lraba|ha|"a a sua manoira as tlivorlms inlluoncias cul- corrvspondoncia ontro essa arquitetura colonial o a a rquitctu ra moderna,
I‘Ll|‘n|H. /\HHll'l1, vai sor aponas apar0nl"cmvntc pa radoxal quo, cm I924, ao rvssaIl'amIo-so os sous tracos comuns: simplicidado, DLlSl'0l‘lL'li1LlL‘, purv/.a,
l‘€?L‘-£‘l1l'l‘L‘IT1 a vi:-sila do poota vanguardisla suiqo Illaiso (‘0nLI|"ars, um gru- bom uso dos matoriais. I\Icst"a linha, chcga-so mosmo a so apontar s0m0~
po dc |:1o0las 0 a rllislas brasilviros - idontificados também com a idéia da Ihanqas ontro a csl"rul"ura da nossa arquitetura tradicional — o pau-a-piquv
|11ocIvr|1Iv.m_~£‘io social 0 cultural do Pill!-I lonha Ivvado a 010 juslamonlv - 0 o concrvlo a rmado."‘ /\ nosso vvr, ossa ospécio do Ivilura da lradicao
all Vt*lI1HH L‘IL‘lndv.'-I do Minus (lvmis, ondv tudo parvcia vvocar o passaclo proposla polos modwnislas hrasilviros cncaixa-so, unlao, |.w|'INla|11'0|\Iv
9 :1 Iradlqao. ll ll1ll‘l‘t'HHl1I1lt‘ pvrculwr aqui como a aproximaqao dv no:-z.-so.~+ no quv /\nloinv (ompagnon donomina ”narralivas orlodo><as" da modor-
moder|o1I:4lcaa ao |J£‘lHN€ILTlU do século XVIII assv|m~Ilm-nu I1 aproximaqao quo nldadv, quo .~wriam .~+v|n|.1rv vucrllan vm I'lll1g‘[\lI do clvslvclio no qual l‘ll'l!'-I
I I!
I _
FATRIMONIO C‘ULT‘URAL - Cclancvllnu, pnIllh~nn, lnnlrurrumlna Nan vnrruzllhudau do dmr|m1lvlnwr|ln.' n lm/vldrln eluprvuvmarflarlu;um*lrr16nl1mn Oum Prvtn (MCI)

querem chegar - no que silo teloologicas - o quo sorvom para logitirna r uma
arte contolnporiirwa que, no entanto, quer estar em ruptura com a tradicao
- no que nao apologéticas."
I lllm mm! mlllllllllullllll
Fabrlcanclo 0 patrimfinio: a criacao de um simbolo nacional ‘I
‘l 1. . .
I

Dlanto dessa leitura do passado, que se impoe no quadro cultural brasileiro


do perlodo, coloca-so com forga a questao da preservacao do rico acervo re- If:-'r;m'rmr. Illlllllhlll
_,,,~“. _ ‘ Y - - ;. _- . I‘ mum wmw----W '*'*“"""’“" I
pm .£_r/lmorlr
prefielitado pelas cidades e arquitetura do periodo colonial, que passa a ser ----' I 1
l-'ll‘.'»r'rIH| rllul‘-,
vista como improscindivel ao processo do construgao da identidade nacional. . ~ uw_~.T--T-a=
aw ._._l . I , - J ‘__,_..._.a..i._.L_..._, ....w-"»,IM#"WI|mm ‘ 4.-..
,¢,,.|,;,.~.:.-.~,.~..=Iy»¢-¢4.-,a-<--:-»~:e~:v~‘».-*- ~~!vMlr- ‘‘
Hm.--"lmmlo ll
.'-'¢'lln'lllrlHg:r
Aqul é Importan to lembrar que com a chamada ”Revolu<;€1o de 30" a questao , - 1- ,-,,,.W,,- . ._ F -aim .. wmmpmnwvmnwqwwwmfl
:lr' Imfllrlrl ill!
dn ldontidado nacional torna-se também urn dos focos principais do novo gru-

l““‘Tl
i 1...
---.~*~ “~"~lr"*""""'
mlymlrlnm /mal
po dominanto, quo tenta estabelecer uma politica cultural a partir do Estado. lr'rrrlm:unrl 1'
llll rH'|]Hll:'llrm
Pam or-Ito proposito, eligaja-so um numero consideravel de intelectuais pro-
lmulmm
gresslstas que tinham tomado parte no Movimento Moderno nos anos 1920.
Em lulho do 1933, a primeira acao efetiva para a preservagéio do patrimonio é a
consagracim do Ouro Preto como "monumento nacional”, através do Decreto que somente a arquitetura barroca - além da modernista, naturalmente
n" 22.928. Aposar disto, este foi ainda um gesto simbolico ja que este decreto - tinha dignidade, sendo o século e meio entre os dois periodos conside-
nflo trazia consigo nonhum meio legal especifico para a protegéio do sitio ur- rados totalmente estéreis e dignos de esquecimento. Assim, nao é de se
bano ou do sous monumentos individuais. Em 1936, o ministro da Educagao estranhar que o proprio ato do tombamento de Ouro Preto ja aponte como
Gustavo Capanoma, com o auxilio de Mario de Andrade, prepara a proposta valor decisivo o “valor artistico” e nao o “valor historico” do conjunto, que
do uma loi do prosorvacao, a ser submetida ao Congresso Nacional. O pri- é visado, antes de mais nada, sob o ponto de vista estético. Considerada
melro passo foi ontiio a criacao do SPHAN - Servico do Patrimonio Historico como expressao estética privilegiada, a cidade é abordada segundo crite-
e A|'l"lslrico l\laciona|, pa rto da ostru tura organizacional do Ministério da Edu- rios puramente estilisticos, ignorando-se completamente “sua caracter1’sti-
Cnqflti o Salfldo. Iiiiialnnonto, om 1937, o Decreto Lei n‘~’ 25 fornece a este novo ca documental, sua trajetoria e seus diversos componentes como expres-
m-gm» os meios logais para u ma politica de pireservacao efetiva, introduzindo sao cultural de um todo socialmente construido".16 Com isso, instaura-so
0 lnstrurnonto central do ”tombamonto”, que foi quase que imediatamonto ali, como de resto em todo o Brasil, uma pratica de conservacao orientada
apllfiado a Ouro Proto. A consoqiioncia principal dosto procodimento legal foi para a manutengao dos conjuntos tombados como objetos idealizados,
permltlr ao SPI I/\l\I tan to provonir danos ou domolicoos dos bens tombados desconsiderando-se, muitas vezes, a sua historia real. Lia Motta sintetiza
L]Llnnto con lrola r a introduqfio do novas odificacoos no sitio protogido. do forma caustica a pratica de preservacao imposta entao a Ouro I’roto:
”'Esvaziada economicamente, a cidade foi usada como matéria-prima para
E ll1to|'ossa|1lo porcobor como tanto essa protocao quanto as primoiras
vs‘

um laboratorio de nacionalidade de inspiracao modernista, doixando as


dqfies do SI’Il/\l\l dorivam dirotamonto daquola ”nal\rativa o_rtodo><a" da populacoes que la moravam su.bordinadas a esta viséio idealizada, nao son-
l‘IlIllt'>l'l£1 n quo nos |‘oFo|"imos, quo ostabolocia Ll ma ospécio do a finidado olo- do olas soquer motivo do referéncia”. ,
tlvn ontro nosso passado barroco o colonial o a arquitotura modorna quo
9111.110 so lazia. Sogundo osso ponto do vista, a arquitetura ololivamonlo Em sou livro "I‘l1v1’nslisn Foreign Colmlry, David Lowenthal lembra quo todo
brasiloira loria comooado no ciclo minoiro, no st’-culo XVIII, sondo as obras ato do roconhocimonto ”alIora o quo sobrovivo do passado")? [isto nos pa-
HI'll2%‘lI‘ll.1l‘I’I1t‘l'1l’t‘ roalizadas inlorproladas como uma Iransplanlaoaio dirola roco oxatamonlo o caso do Ouro Proto: na busca do um simbolo nacgiolial,
pita o Pals da t1I‘t]LlllL'lLlI‘t1 do Portugal - uma ospi’-t'io do “pro-I1isloria" da o SI’I IAN passa a oxooutar uma nqao do homogonoizaqao da iniagolii da
vercladolrn nl'L]LlltetLlra bmsllolrn. Corolarlo do Ital lo:-lo, torIm11os o mllo do cldado, olimirmndo grando parto das transformaqoos urbanas o arquItoto-
‘U
MTRIMONIIII CUI-7'l lR/ll- laflllwllrll. pmllllrmv. lnnlrunwrllun Nun rmrruallhmlnu do rlmurmlvlrnmlur n Ira/nmrlu ela Iwnmnaofln do pulrlmrlnlu mu (Mm Pmln (MG)

l'1lL"'t'l!! mais rocontos o, com olas, importantos roforoncias da historia local. como do Fato a cidado dosonvolvou-so com muita rapidoz, ospocialrnonto a
Asulm, lnlcla-so uma aqiio sistomatica do apagamento do século XIX, com partir da década do 1960, a COl1S€L]l_j@‘l1Cla. mais danosa dosso tipo do aqiio
a oxlgéncla, na aprovaqao do projotos do roforma, da rotirada do olemontos terminou sendo a falsificacao do conjunto, com. o surgimonto do u ma arqui-
do arqultotura nooclassica ou eclética, como frontoos e platibandas. A partir tetura hibrida, onde as odificacoos do "estilo patrimonio” fundom-so com os
do comproonsao da cidade como oxprossao estética, aquolos elomentos sao oxomplaros originais. Aqui so confirma a colocacao do Lowenthal sogundo
vlstos como porturbadoros da unidade desojavol do conjunto, devendo, por- a qual ”a passagom do tempo dissolve a distincao ontro os originais o as
tanto, sor romovidos. Os oxomplos dessa acao ”corrotiva” so multiplicam omulacoos, o aumenta a sua confluéncia”, 0 quo termina, mosmo sob o ponto
onlilo pola cidado, podendo-so citar o conhecido caso da roforma do Cine do vista do roconhocirnonto estético, roprosontando um probloma.”
Vlla Rlca, quo, om 1957, ganha uma fachada colonial, oliminando-so os osti-
lomns arqu i totonicos oitoconotistas.

Tambom no quo so roforo a aprovagao do novas construcoos, soguiram-so


F‘ ~ A suprossao da historia local
Crltérlos ostilisticos, quo procuravam garantir uina homogonoidado ao con-
Um bom oxomplo dessa oporacao do homogonoizacao da imagem da ci.-
Iunto. Nos primeiros anos, ainda so admitiam algumas odificagoos modor- dado, o as consoquéncias dai docorrontos sao as intorvoncoos sofridas polo
nas, dosdo quo "do boa qualidade arqguitotonica” do acordo com a avaliacao
Largo do Coimbra, tipica configuracao do urbanismo das cidades america-
dos locnicos do S,I’HAl\l. Com isso, acompanhavam-so as posicoos do Lucio nas do origom portuguosa. l\Iossas cidades, formadas do forma organica,
Costa, quo, coorontomonto com suas conviccoos modornistas, dofondia quo
a malha viaria tormina aprosontando, ao lado das ruas o pracas, uma su-
mails oedo ou mais tardo o SPHAN teria quo proibir om Ouro Preto ”os fin- cosséio do outros tipos do ospacos publicos - largos, patios o torroiros -, do
glmontos coloniais”. Para olo, nada pior do quo a tondéncia, quo idontificava
forma goralmonto irregular, muitas vozos articulados por uma odificacéio
malorlta ria mon to nos Estados Unidos o Inglatorra, a so roproduzir tudo “om
religiosa o quo dosomponham importanto papol do articulacao urbana o
anlzllo apropriado”, “até mosmo os intorruptoros do luz olétrica". Assim,
sociabilidado. Esto vai sor o caso do Largo do Coimbra, ospago vazio quo so
nosso primeiro momon to, aprova-so, por oxomplo, o conhecido Grando Ho- ostondo a fronto da importanto Igroja do Sao Francisco do Assis, om Ouro
tel, projeto do Oscar N iomoyor, cuja insergao no conjunto tombado causa po-
Preto. Localizado ao lado da Praca Tiradontos, onde ficavam o Palacio dos
Iérnloa tan to nos moios in toloctuais quanto na populacao on} geral, que ques-
Govornadoros o a Casa da Camara o Cadoia, esso largo vai funcionar como
tlona os critorios do avaliagao do orgao oficial. Pronto as dificuldados do so
uma ospécio do contraponto a ola: onquanto a Praca, insorida do forma pla-
anallsar projotos caso a caso, o SI’I IAN caminha, ontao, cada vez mais para nejada no ponto mais alto do morro do Santa Quitéria, roprosonta o ospaco
Um on rijocimon to das normas, passando a oxigir uma série do tragos ostiIisti- oficial da cidado, para o Largo do Coimbra confluom atividad.os da vida
CO! nas novas odificacoos - dotalhos tipicos das construcoos o acabamon to do cotidiana, como o comércio o o convivio social.
iflllwclos, cornijas, bom como osquomas cromaticos bastante irigidos.
Ii. intorossanto porcobor ainda quo, na modida om. quo ossos ”\/azios” u r-
Com a oxigimcia do so soguir uma sorio do design gzlidolirzos para as novas
banos nao sao produtos do um projeto rigido, sou uso o sigiiificado nao
odlflcaqoos, aparoco por toda Ouro Proto o chamado ”ostiIo patrimonio”, sao dados do uma voz por todas, formando—so, ao contrario, com os anos.
!'@proso11lado por construcoos contomporanoas quo omulam volhas casas ,_/\ssim, com o passar do tempo, a ligacao ontro o odificio roligioso o o vazio
_L_- . do ‘século XV\III. Como so acro- Irontoirico vai so aprimorando, com a insorcao do casas particularos o a ti-
dilava quo a cidado nfio iria cros-
vidados comorciais. Ao so construir a lgroja do Sao Francisco do Assis, na
cor muito, a alonoao do SI’I I/\I\l sogunda motado do século XVIII, osta so orguo solitaria num plato som cal-
vollava-so primordialmonlo para Qamonto ou outro tipo do tra ta mon to do sou ontorno, imagom quo ainda 6
as laclmdas, nao oonsidorando ou- rogislrada por uma pinlura dos primoiros anos do soculo soguinlo. Dosdo
lros aspoctos tais como dimonsao o inicio, porom, o local moslra uma grando vooacao para o uso comorcial,
dos lolos, implanlaqao da casa no
quo 1" rolorcado pola ll1Il‘odl.|g‘ao, id no st."CL|l(1 XIX, do um ruslico |uol‘L‘aL'lo
Iolo o sou volumo, quo logo iriam do lropolros, quo logo so torna ponto do grando movimonto comoroial o
l so mostrar mullo ImporIanIos.'" Ii,
.i ‘

MTRIMONIOLLCULTURAL - Corwnltonl polltlmn, Innlrumenlou Non ooorozlllinrlno do III-911911WIIIIIIIIGIIIIIII o Ira/ahlrlu do prvuvrmugwo do pnlrlmdolo um Ouro Pwro (MG).

flnanoolras, poll ticas, nao so osquocomlo também do


vida alhoia. Era a gazota da cidado. 'I‘udo via, ludo
sabia o tudo con tava."

Como toda cidado, Ouro Preto vinha seguindo o sou ritmo do transforma-
cao, mais intonso om épocas do oforvoscéncia economica, o mais lento om
tompos do ostagnacao. Assim, ainda no final do século XIX, o l\/Iorcado o
substituido por uma construcao nooclassica, estilo que so impunha a época.
Com o tombamonto polo SPHAN, om 1938, as coisas mudam: toda transfor-
macao passa a sor suporvisionada polo Estado, quo também atua dirotamon-
to no conju n to. I\lo caso da rogiao om quostao, ja no ano anterior, a primoira
providoncia vai sor a rostauracao da Igroja do Sao Francisco, onde so demo-
lo um comitorio anoxo rocontomonto construido o so lovanta um muro do
oaligri om todo o porimotro da igroja. Nos anos do 1946 o 1947, o Largo do
Colmbra vai sofror intorvoncao mais radical com a suprossao do morcado ali
locnllzado, com a finalidado do rossaltar a Igroja, possibilitan.do-lh.o uma vis-
ta mais dosimpodida, além do so oliminar um tostomunho arquitotonico do
um estilo considerado som importancia o om dosarmonia com o conjunto. E
Intorossan to quo, anos dopois, o prosidonto do SPHAN ao roflotir sobre osso
tlpo do aqao dosenvolva considoracoos mais nuangadas:
A domoligao do odificacoos do monor importancia. po-
deria, om. cortos casos, parocor justificada com o ob-
.llll'o‘. I | I
jotivo do aumontar a significacao do um monumon to
;fl't'}ll importanto, mas, ao so considerar tais possibilidades,
r lm "o os rosponsavois pela consorvacao do um sitio dovo-
Io Ill‘ riam muito apropriad.amonto rocusar-so a autorizar
Wall tal passo so osta acao pudor causar um dosoquilibrio
global ou. so ol.a tender a falsoar ou obscurocor a signi-
lofilal na cidado. Um ‘jornal local, quo om 1945 rocapitula os tragos da ficacao historica da area.”
Ouro Preto do século passado, descreve o lugar como um ”vasto barracao
quo ocupa va o longo da Praca, ropartido na parte posterior om numorosos Doloros Haydon, om sou livro The Power of Place, onde discute a relacao on-
quartos iguais para abrigo dos tropoiros o portoncos, tendo na fronte um tro a prosorva"cao do ambion to construido, a historia pubiloica o a momoria
largo alpond ro”. Em fronto ao odificio, “um patio mal calcado o fincado do social, chama a atoncao para o que o [ilosofo Edward S. Casoy denomina
estacas para sogurar os animais o no centro um grande tanquo retangular “momoria do lugar (place HlL’HlOl’_l/)”, “a porsistoncia ostabilizadora do lu-
do podra, do qual so sorviam os tropoiros para a lavagom do vasilhamo o gar como um suporto do oxporioncias quo contribui tao podorosamonto
Colholta da boa agua do Ouro Preto, a qual corria continuamonto do uma para a sua momorabilidado intrinsoca".2~‘ A nosso vor, no caso do Largo
coluna do podra/'2“ Naquola rogiao ostavam localizados os nogocios mais do Coimbra, uma aqao quo visava garantir uma molhor visibilidado do
lmportantos do socos o molhados o gonoros, alefm do fazondas o armarinhos. monumento tombaclo ignora justamente a sua ”|m=rnoria do lugar”, a mo-
Com Isso, o Mercado do Antonio Dias, como ora conhecido, vai sor o mais morlti social al dopositada. O sou longo uso como ponto do comércio o
froqtlontado do Ouro I ’roto, contro do comorcio o sociabilidado da cidado: ooolabllldado c~ a pagado, som mais, por u ma acao do inspiracao pu ra mon to
&*Ul'él'Ica. A historia local, a inlrinoada toia do rolaqoos sociais, oconiimicas o
U Morcado ora a rouniao principal do oolnorolo do
rua do Ouvidor, o mais importanto do cidado o tam- culturalo, quo compoom a Iisiononnia do um lugar o a vida do u ma oldado,
bém do outrosponlos o, oom as cnmprns o transacoos dosaparoct~, assim, para dor lugar a um slmbolo nacional idsmllzado. Nao
I Ifvtundau, dlnoutlnm-so outros noounlos, comllqflos 6 do no estranliar, portaato, quo tambéln clouaparoqa a ”momorablIldado”
I
l
.1
FA'f'IllMONlO CIILTIJRAI. - Ciinrvllm. piillllvnu. lmilriommlou Non mwrozlllunimi do dmninilolmmilor u Ira/Morin do yirrmorwdo do polrlnmnlo mi I luro Prvlo (Mt?)

do lugar para a populaqao local, sistomaticamonto oxclulda da Iormulaqao do o I*'oslIvaI do lnvorno, organizado pola Univorsidado Iiodoral do Minas
das poll Iicas do prosorvacao. l\l o caso do Ouro Proto vamos assistir mosmo (Iorais, quo tom por objotivo a promoqao do cursos o oficinas rolacionadas
a uma curlosa invorsao: o Estado assume a condigao do ”guardiao local” o a diforontos atividades artisticas. Esto ovonto, quo ocorro todo mos do ju-
o morador passa a sor visto como um opositor da prosorvacao o um virtual lho ato I979, sondo retomado na década do 1990, atrai para Ouro Proto um
transgrossor.“ grando niimoro do ostudantos, intoloctuais o artistas do Brasil o do oxtorior,
dando visibilidado e prostigio a cidado. E intorossanto porcobormos como
no liostival do lnvorno, assim como om outras fostas sazonais (o Carnaval
Consumlndo a tradigaoz presorvagao o desenvolvimonto o a Iiosta do 12), parece haver uma ospécio do ”rocriacao" dos ospa<;os,
quo sao ocupados do forma transgrossiva polo pablico majoritariamonto
Esoo con flilo vai so acirrar a partir dos anos 1950, quando, com o inicio da lovom. I-isto vai sor o caso, por oxomplo, da Praca Tiradonqtos, quo duranto
oxploraigao do aluminio, a cidado do Ouro Proto ganha novo impulso oco- o lloslival do Invorno torna-so uma ospécio do ”ropL'1blica livro”, sondo o
l16n1lco, sofrondo u m grando croscimonto populacional. Para abrigar essa sou monumento principal constantomonto ocupado por jovens. Aqu i. tain-
populaqao atraida por ola, a industria (Alcan) implanta um novo bairro bom a roacao da populacao vai sor ambivalonto: so, por um lado, lucra com
nos limitos da cidado, quo é articulado como um distrito industrial, com o lluxo do visitantes, por outro, condona o uso transgrossor quo aquolo
uma ostrutura urbana funcionalista, om tudo diforonto da tradicional. No publico faz dos seus lugares tradicionais.
ontari to, como nom toda a domanda habitacional podo sor absorvida por
Iv

esso bairro, o nificloo historico passa a sofror uma prossao inusitada. As- Dossa manoira, tanto a industrializacgao quanto o turismo roproson/tam fa-
sim, o contro, quo so mantinha praticamonto inaltorado dosdo os fins do torus do desenvolvimonto, quo vém altorar profundamento 0 quadro om
século XVIII, sofro um processo do oxpansao, levando ao aprovoitamonto quo a cidado do Ouro Proto so oncontrava a época do seu tombamonto. l\lo
do todas as suas areas poriféricas, onde sao construidas odificagoos, na sua ontanto, ao considorarom, como vimos, a cidado como obra do arto, as poli-
maioria do baixo padrao.25 Para so tor uma idéia do numoro do novas tlcas do prosorvacao ai implomontadas nunca pudoram incorporar do fato
Constlwiqoos basta um dado: ao so tombar 0 conjunto, om 1938, osto possuia ossos novos agentos, nao conseguindo elaborar ostratégias quo lograssom
aproximadamonto 1.000 odificacoos; somente ontro 1938 o 1985, sao apro- oompatibilizar proservacao o desenvolvimonto. No final dos anos 1960,
Vndai-l 3.000 construcoos novas. Além disso, é digno do nota o processo com a cidado so ospalhando, som controlo, para todos os lados, o com a
do adonsamonto do nucloo original, on.do as odificagoos vao sofror roma- orosconto dosca ractorizacao do conjunto original, colocava-so, ontao, cada
nolamonlos in tornos, numa tontativa do so abrigar um numoro maior do V02. mais a urgéncia do um planojamonto urbano. Assim, om. 1968, o ar-
possoas. l\losso processo, também sao ocupados por novas construgoos os qultoto portuguos Viana do Lima, consultor da UNESCO, olabora um pri-
lotos vagos o mosmo os grandes quintais, altorando-so significativamonto moiro plano do desenvolvimonto para a cidado, quo consistia basicamente
I1 rolaqao do choios o vazios no conjunto. Como so poderia osporar, as num zonoamonto da mesma, com a dofinicao do areas do prosorvacao o do
Prossoos modornizadoras fazem com quo cresca o antagonismo ontro a po- oxpansao. Alguns anos mais tardo, om 1974 o 1975, a Fundacao Joao Pi-
pulaqao local, sistomaticamonto oxcluida da formulacao das politicas do nliolro, orgao do planojamonto do Estado, através do uma oquipo multidis-
prosorvaqao, o o SP1 -IAl\l, quo tenta mantor o conjunto intacto, através do Clpllnar sob a coordenacao do urbanista Rodrigo Andrado, o quo contava
Um controlo na aprovaqao do. projotos. I , com a participacao do arquitotos, oconomistas, sociologos, historiadores o
goologos, além da consultoria do proprio Viana do Lima o do paisagista
Tanibom a pa rtir dossa época, a cidado C()1T10§7£1 a sor alvo do um turismo do Roborlo liurlo Marx, olabora um novo plano para Ouro Proto. Tratava-so,
massa, atraldo principalmon to polo valor histoqico o atmoslora do conju n- dosta voz, do um am plo trabalho, quo incluia projotos quo contomplavam
to barroco, unico no Brasil. O turismo cria impactos na vida cotidiana da tanto a inl'ra-ostrutura urbana, paisagismo o rostauracao do monumon-
Cldado, com a rodofinicao do usos o ocupacoos do al gu mas aroas do contro Ion, quanto aspoctos sociais, ooonomicos, institucionais o administralivos.
l1Iat¢'irIoo o a transforimicao do habilaqoos om hotois ou ostabolooimontos Além disso, formulava-so também um projoto do oxpansao urbana para a
comorciais. 'I‘rala-so luisloamonlo do um turismo cultural, porlil quo vai sor cidado, rocomondando-so a criaqao do novos micloos, do forma a assogu-
retomado no final do dooada do I960, quando comoca a aconlocor na cida- rm‘ um processo compallvol do dosonvolvlmonto, som afolar a intogrldado
‘H

hlntorlca do conjunto.
l’A*l‘lilMONlO C‘UL7‘URAl.- (“nnrrlluu, pullflvnn, Innlrnnwnmn Nan vnrruallhudun du dunemmlnln1nm:.~ a lralmlrln dn pnuvnmrdn do pan-lmdnla rm (mm Pffhl (MG) p

No onlanlu, uma sorio do dificuldados do ordom instiluolulial, faz com quo lll lrrl oumprur mtosarmto om podm-snbflu, pod ra llploa do |'ogll'1u. ll ln-
or-mos planos nu nca sojam implomontados. O caso do Ouro Proto oxompli- Earonsmilo, também, quo tal prooossu nao so da om rolaqiiu h Igroja, quo
Flori bom, a nosso vor, a desa1"ticulacao ontro os divorsos orgaos response’:- ctuntlnua a sor idontificada fortolrionto pola populaqiin local como algo sou.
k_-_'-" ~
vols pola prosorvaqao o administracao das cidades brasileiras: ali vamos ter Neale sontido, por oxomplo, a tontativa do um profoito do ali roalizar urn
n aqfio do tros nivois do govorno - federal, estadual e municipal, que nem onnoorl"0 aponas para convidados, ha alguns anos, provoca forte roacfio na
som pro oolaborarn ontro si. A0 SPHAN, 0 orgao federal responsavel pelo pupulagilo, quo so sonto ultrajada om sous direitos.
lulnlaarnoiito, cabia a responsabilidade pela manutencao e conservacao de an

Para onlondormos mais do porto a porcopcao dessos processos por parlo


Ouro l*’rol'o dosdo 1938, incluindo ai a inspecao e coordenacao de projetos
ela populaqfio do uma cidado historica brasiloira, paroco-nos util rocorror
o l'nm1L|l"om;5o do m useus. O Estado, neste caso representado pela Funda-
h posquisa roali'./.ada pola socioiloga Monica Fischer, quo, nos anos do “I992
Qfio Julio Pinhoiro, entrava como responsavel pela coordenacao do plano
o l993, roalizou amplo levantamento na cidado do l\/l,El'l‘Il€lI.'lEl. — vizinha do
Lll‘|JL'll10. la a Profeil-uira era a principal responsavel pela administracao da
Ouro Proto o também objeto do tombamento por parte do SPH/\l\l —- o
olclado o polo controle do uso do solo urbano. Como representanie dos
oulus rosultados, a nosso vor, podem ser transpostos para o nosso caso do
lrllorossos locais, esse ultilno nivel de governo tendia muitas vezes a se
snluclu. 'l'ral'a va-so ali, do, através do uma série de entrevistas com os mo-
cunlra por an Sl’HAl\l e a sua politica de restricoes ao crescimento. Assim,
raduros, captar-so do forma representativa a possivel visao que eles toriam
lcnrnam-so m uito comuns conflitos entre os niveis de poder. Na opiniéio de
do sua cidado, principalmente no que se refere a questéio cla preservagficm
um arquitoto do SfPl—IAl\l, "0 Governo local costuma se omitir da respon-
nu mudo|"|1iza<;5o do sou tocido urbano. Os resultados foram muito illustra-
uabilidado pola conservacfio do patrimonio local, fazendo o trabalho do
llvus: om primeiro lugar, a pesquisa mostrou que a grande maioria afirma
Sdlcllrr-lAl\l ainda mais dif,icil”.2" No caso desses planos urbanos, eles nunca
gm.-ltar do morar om l\/lariana, opiniao que é compartilhada pelas mais difo-
van sor a provados pelo municipio, nao tendo nenhum efeito sobre as poli-
ronlos classos sociais, citanclo-so como motivos a tranqiiilidade, a seguran-
llcas urbcmas. .l\lo que concerne ao SPHAN, é interessante perceber como,
on o a_oumodidado.27 Por outro lado, nenhum. dos entrevistados afirmou
aposar da irncorporacao de novos conceitos ao seu discurso preservacio—
guslar do murar om l\/la riana pelo seu valor historico, o que mostra quo a
nlsla, ospocialmonto a partir da influéncia da Carta de Veneza, que, entre
oldmlo c~ porcobida como um conjunto de relacoes sociais e nao a partir do
outros introduz as idéias de sitio urbano e da utilizacao social dos monu-
éxprossivo acorvo historico, quo lhe garante prestigio e projecao nacional.
montus, 0 sou trabalho continua na mesma linha, considerando a cidade
onmo objeto ostético a so preservar, sem se debrucar sobre a questao de seu
dosonvodlvimonto social.

O l..m‘go do Coimbra, quo desde os anos 1930 perdera o seu Mercado, vai
ver osso procosso so roflotir em seu espaco, que também sofre uma série
do nll"orav,;£'>os. A primoira dolas se refere £1 paisagom que dai so descorti-
nu, quo c» altorada com a ocufpacao rapida e desordenada dos morros da
porlforia da cidado, a partir dos anos 1960. A sua antiga vista, composta
do urna sorio do morros nao ocupados, desaparece, o dai hoje podo so vor
£1 oxpansiiu dosordonada da cidado numa profusfuo do novos lotoamontos.
A sogunda lmnsfo|"ma<,;ao div, rospoito ao uso: c» intorossanto quo 0 uso co-
morolnl, lilo lungamonto imprognado naquqlo local, tonha ali rossurgido,
lnlclalmonlo através do uma foira somanal o dopois através da vonda do
artesanato para us lurislas. Uma diloronoa ossonoial, porém, moslram-nus
on ofoltus do i|1lo1*vom;{iu naquolo local: com a sua dosoaraclorizaqfio, a po-
pL|lru,*l.lo |.m:-lsu u idonlilloil-lu ournu um lug:ac:- para u ”l‘urnsloiru”. Assim,
|ll*'|Hl| l ullllll
no 0 uma oumorolal roslslo, 0 doslflrmlzlrin passa n sor uulru - 0 truristn, quo
Q ' V
l’AT‘lIlM('lNll 7 (‘Ul.‘l‘l lli/ll. l (‘m|rrllmI. ymllllrmw. lnnlrmnwmm Nun mn'ru:llIuuli;s do rlmwoulolnwnIa: u Ira/omrln ela prvsrrouonn do pnlrlnmnlu rm I mm l'rr!u (Mt ll

Na posqulsa, os moradoros atribulram sompro significados positivos aos constituorn-so muito mais om anlagonislas do quo om aliados para o do-
slnals da cidado tradicional nos itons quo so roforiam ao mundo domostico sonvolvimonto da cidado. Dai a porcopoao gonoralizada da nocossldado
o |:1arlloula r - casa, mobiliario, ontro outros. Assim, sogundo Fischer, pode- do so burlar o sou controlo, cujos critorios nao sao ontondiclos pola popu-
so porcobor ola ra mon to ontro os moradores 0 desejo do so manter a estabili- laqao local. Assim, ao tratar a cidado como um objoto ostético o idoaliv.a-
dado d a oid ado om sous aspoctos ambiontais e emocionais, que assegurem do, as pollticas prosorvacionistas tradicionais, closarticuladas das politioas
prlvaoidado, conforto, soguranca e tranqi.iilidade.28 Outra unanimidade publicas mais amplas, terminam so mostrando incompativois com a di-
o om rolaqao a prosorvacao das igrejas e a sua associacéio positiva com a namica dacidado roal o reforcando a falsa dicotomia ontro prosorvaoiio o
oldado do l\/lariana. Esto vai sor 0 unico momento em que so registram dosonvolvimonto.
dopoimonlos favoravois E1 proservacaoz em muitas entrevistas, as igrejas
barrooas sao apontadas como simbolo unico de identidade com o seu acer-
vo l1lslrorico-artistico, moroco/dor do todos os cuidados preservacionistas.
Conclusfiesz nas oncruzilhadas do desenvolvimonto
ja om rolaoao ao ospaco publico, a pesquisa apontou outra percepcao, que
l -lojo, a nosso ver, cidades como Ouro Preto so encontram numa oncruzilha-
so a p roxima mais do uma ospécio de ”ide0logia da modornidado”, comum
da, no quo so refore ao sou futuro social e economico o a uma perspoctiva
no Brasil. Nesto sentido, por exemplo, é digno do nota que o tecido urba-
sustontavol do desenvolvimonto. Depois do décadas de croscimonto acolo-
no antigo, quo é valorizado quando percebido como propicio a uma vida
rado, os anos 1990 trazem consigo o desaquecimonto industrial, com o do-
familiar o tranqtiila, é considerado um entrave ao progresso. A percepcéio
sa parocimonto do milhares do postos do trabalho. Com a estagnacao ocono-
goral do traoado da cidade é negativa: trata-so do um espago urbano “em-
mica, o turismo passa a sor encarado, pela primeira vez, tanto pelo Govorno
bolado”, ondo “so tom casas antigas”, quo, por sua vez, silo percebidas
quanto pela sociedade local, como uma alternativa oconémica importanto,
como ”volhas” o “abandonados”. Ia 0 modorno, sinonimo do novo para a
o quo podoria sor positivo do ponto do visto da prosorvagao do conjunto.
|:mpu|a<;a'io local, é idontificado com a vivéncia das grandes cidades e suas
possibilidades do lazor, movimonto e consumo. Nesto item, pode-se per- l\lo ontanto, as politicas do proservacéio até hoje implomontadas nao paro-
com favorocer o surgimento do um novo modelo do desenvolvimonto para
oobor uma l"ondéncia do segmentagéio entre os entrevistados: onquanto os
a cidado. Como sempre so dissociou preservacao e desonvolvimon to, tom-so
mals volhos tondom a optar por imagens o valores tradicionais, os mais jo-
muita dificuldado em so pensar em um tipo do desenvolvimonto quo parta
vons proforom os padroos modernos do cidades, ruas o edificagoes. Parece
oxalamonto do sua condicao do cidade proservada. Assim, no caso do tu-
falta r a aquolos jovons o acesso as sensacoes que o mundo modorno anun-
rismo, osto hoje so rossento da baixa qualidade do prostacao do servico o da
ola, através dos divorsos tipos do lazer de massa, como os shows musicais,
poquona oforta do vagas om hotéis do qualidado, o que poderia sor sanado
ovontos osportivos o passoios a shopping-centers.” Aqui nos parece residir
com programas do modernizacao e do atracéio do in.vostimentos. No ontan-
0 pun to mais sério i.dontificado na pesquisa, no que concerne a formulacao
to, ossas acoos sao muito dificultadas pela atitudo goral dos propriotarios
do pollticas do prosorvacao: a dissociacao que a populagao local faz entre
locais, quo, porcobondo o poder publico como antagonista, nao so ongajam
* a cidade historica e o
faoilmonlo om acoos coordonadas por olo, oforecondo também grando resis-
1 desenvolvimonto. E
lonoia a ontrada do grupos oxtornos Z1 cidado.
digno do nota o fato
do nao havor qualquor |’or outro lado, o turismo paroco ostar roforcando a contraposic.io ontro u ma
roforéncia positiva a ospécio do ”fa|sa tradiqao”, para consu mo oxtorno, o uma ”l"radiqao socrota
cidado tombada, on- local", quo so mantom £1 margom o 21 rovolia das politicas do prosorvaqao.
quanto ospaco urbano Como, na l"onlal"iva do so liomogonoizar o conjunto urbano o adoqua-lo a
passivol do rocupora- uma imagom idoalizada, procodou-so a um apagamonto sislomalioo da his-
can o ronovaqao. Para torla local o a porda do sua momorabllidado, podo-so l1()l'i.\l‘l1()iL‘ uma lalta do
a populaoao local, os ldontlfloaoilo ontro a populaorlo o o oom‘n'lo barrooo criado, quo o porcobido
organs do prosorvaoao Como ospaoo para o lurlsla. Para mantor sua cultura o lradlooos, o habi-
PAT‘RlMONl(1C'UL7‘LlRAL~ F‘mn~vHun. pmllllran. lnnmmwnlnu

tanto local dosonvolvo uma ost1'atogia do lnlervenqbes sobre 0 patrimonio urbano: modelos e perspectivas
”onsimosmamonto”, fochando-so cada voz |_ .
:_.l'

:1 -
mais om sou proprio grupo. Com isso, con- Em I986, Carlos Nolson Forroira dos Santos, om sou artigo ”l’rosorva r niio
soguo-so a sobrovivéncia do praticas pouco 1 _ £5 tombar, ronovar nao 6 por tudo abaixo”, sistomatizava, do forma pionoi-
'- ;:_;.-
'f"‘_‘ll.l

1
»

~
porcobidas polos turistas, e geralmente li- 5 iii‘
- rn, os irnpassos vividos polas politicas do patrixnonito no Brasil:
gadas a forte tradicéio religiosa e popular Do joito quo vom sondo praticada, a p1"osorva1ga<1 c» um
‘l’
local, tais como a linguagem dos sinos e a ostatuto quo consoguo dosagradar a todos: o govorno
iluminacao do varandas indicando o cami- fica rosponsavol por bons quo nao podo ou nao quor
ii?- an
consorvar; os propriotarios so irri.tam contra as proi-
nho das procissoes. Para o forasteiro, sao bicoos, nos sous termos injustos, do uso plono do um
oforecidas imagens de uma historia estili- diroito; o publico porquo, com onormo bom sonso, nao
zada e com maior apelo comercial: repli- consoguo ontondor a manutenc;€|o do alguns pardioi-
cas de esculturas historicas, antiguidades ros, onquanto assisto 21 domolicao inoxoravol o pouoo
intoligonto do ambiontos significativos.‘
recém fabricadas, e mesmo a possibilidado
do passear com ”trajes de época” nas anti- Nllo ha como con tostar a atualidado dosso texto, cujas afirmacoos podoriam,
gas ladeiras o ter sua imagem imortalizada nom maioros problomas, sor dirigiclas ainda hoje ao estado das politicas do
, &;.;l|¢|¢§d'l5“-if om fotos envelhecidas artificialmonte. palrimonio no Brasil, pordidas entre discursos quo incorporam novidados
o 1'nm.lisrnos om voga no oxtorior o praticas muitas vezes rogressivas, quo
ropotom, som oritica, procodimon,tos om curso desde os anos 1930. Grando
9!- parto dossas dificuldados doriva, a nosso ver, do um duplo impasse: at iiiio
al1sol'qfio roal no pais do concoito contemporéineo e ampliado do patrim(‘>-
nlo o a docorron to indofinicao acorca do tipo do intervoncao a ser exorcid a
:' I' mlnro os bons culturais. E nosto sentido que este artigo propoe-so a discu-
ll
tlr, ainda quo do forma proliminar, essas duas questoos, relacionando as
T
dlmonsoos toorica o pratica onvolvidas nas politicas do patrimonio. Assim,
lontaroimas, por um , ~
lado, focalizar a oxtra- A
ordlmlria ampliacézio
quo osso Concoito so-
Fro ospocialmonto nas
l:1ll'll‘m1H décadas do
século XX; por outro
lado, vamos disoutir
nu quosloos colocadas
por ossa ampliaoao
para n goslfio do pa-
/A h'lm(lr\io, quo so rola-
Clol1l‘|m vom o proprio
modolo jurldioo-ad-
mlnlslnmltlvo a so tili-
lilwlrl Ila‘ Hm r'lll
llznr. ll!rH!|'lll|"i lllll
Ill‘: mlrl llr‘ l'll'lll
P/l'l'RlM('5Nl(7lo‘Hl.'ol‘llR/ll.
.
("mm'lIas, I mllllr‘ml‘ ms!‘'”'”"” lo "' l!l!c'l'|':'llg'cl:'n mIlH'¢' ll lllllflllllllllll lH'lImln,' ll!ml¢‘lu.u' r ]n'!n[I:'|‘lIr'rm
I

Para Isso, nurmi lonlaliva do oslabolocor oorlas d islrinqoos quo nos pwro
, V L |. . \ L t -

vom lundamonlais, propomos lraoar tros modelos, quo corrospondoriam a l \ A prosorvaqao o 0 conceito tradicional do patrimfmio
¢

1-re» posturas dll"oronciadas om rolacao ao patrimonio quo dosignamos por 5 Sogundo a ”(‘.arta do Burra”,
1 . .
lros lorrnos ostabolocidos na aroa — prosorvacao, consorvacao e reabilitacao. rodigida polo ICOMOS om l
Anlos do avanoarmos, é importante rossaltar ainda que so tratamos do mo- I980, podo-so dofinir a pro-
dolos lroorioos, ossos vao sor doduzidos historicamente, correspondendo sorvagao como a ”manutoncao
cada um dolos a um dotorminado momonto da trajetoria das politicas do no ostado da substfincia do
pnlirll11or|io. Assim, ao fa"/.or osta dolimitacao, parece-nos possivel porcobor um bom o a dosacoloracao do
quo cada um dossos modolosz prooosso polo qual olo so do-
° parlo do uma dotorminada concepgao do patrimonio grada.” Como so sabo, a pri-
I moira onda do politicas para
' oslaboloco um dotorminado tipo do objeto o patrimonio protogia basica-
monto odificacoos, ostruturas
' prossupoo um dotorminado marco legal
o outros artofatos individuais,
l:l:»o._-will ill"
0 onvolvo do forma diforonciada os diferentes atores, pressupondotam _ o tinha um carater ossoncial-
.'-ml/mm l_-.;n',uz Ill
bani lipos diforonciados do acoos para cada um doles monto imobilista, tendo como .‘»mr!amr r /m;wala
foco, do fato, a limitagéio da i so firm» l'!:‘ln
‘I o onvolvo tipos ospocificos do profissionais. ' m udanca? Como bom obsorvam Tiesdell, Oc o Heath, essas politicas do
p rosorvaciio iniciais torminavam tendo ofoitos bastante limitados, na mod i-
Tal al1or<.lago|n paroco-nos nocessaria pelo grau do impreciséio quo per-
d a quo suas principais proocupacoes rostringiam-so a manutengéio do bom,
Im1l1oco om nossa aroa do atuagéioz aposar das dezonas do encontros o con-
focando-so, quando muito, a quostéio do sou do ontorno, tontando so mini-
grossos o do volumosa rofloxao sobre 0 tema, persistom controvérsias sé-
miza r os danos ovontualmente causados por empreendimontos improprios
rlas om rolaqiio aos proprios concoitos utilizados que sao entendidos das
I proximos as odificacoos protogidas. Um bom oxemplo dosta proocupacfgao,
mnls dilorontos formas om diforontos contextos. As consequéncias desta
o o caso bastante conhecido da constrL1<;€1o do Hotol Hilton, om Budaposto,
lIT1p|'ooi:-silo toorica rol’lo"tom-so, como soria do so osporar, na escolha das es-
proximo ao castolo roal, monumento da. mais alta importancia. Aqui fioa
lralogias ulilizadas: sob a rubrica da ”conservagao urbana" por exomplo
1 1 I clara a concopcao restrita o limitada do patrimonio implicita no modolo
lm [."Ilo|1'1.o|1la|n-so ho]o politlcas com prossupostos, objotivos e estratégias as
da prosorvacao. No quo so roforo ospocificamonto ao patrimonio arquito-
mais dlloronoiadas, algum as das quais muito d.istantos da idéia original da
lonico, oslo o porcobido como uma ospécio do ”coloc€io do objotos”, idonti-
”oo|1so|'vm;£io in lograd a ”. Assim, sob este mosmo rotulo, vemos a implan-
llcados o catalogados por peritos, como roprosontantos significativos da
le'|c,1'lo do PUllllLdh imobilistas, quo nao consoguem reconciliar proservacao
“' ' f'1r\' ‘I-,.,1 ~ --

arquilolura do passado o, como tal, dignos do |_7l‘(‘.SL‘l'V“£1(;'£~'l(), passando os


ta Clt'Ht‘I1Volvimonl‘o, lransformando partos das cidados om vordadoiros
crilorios adotados aqui pol.o carater do oxcopcionalidado da odificaqfio, :1
upon alr musou ms, o do politicas quo, na busca do iovitalizacao oconomica
qual so alribuia valor historico o/ou estético. ]a' quanto ao patrimonio cul-
a qualquor ouslo, doslroom os laqos locais, oxpulsam a populaoao o goram
tural, a sua ooncopqao tradicional rolaciona-o a prod ulos da cultura orudila,
lntonsa go|1l|'ifi¢"¢1qfm nas aroas quo quorom consorvar.
dorivados via do rogra do grupos o sogmontos sociais dominantos. Assim,
Sflo lnumoros, pois, os problomas advindos dost?-am prooisiio, q uo doriva, a no quo so rolioro ao tipo do objoto, pa roco-nos possivol afirma r quo as politi-
nosso vor, do uso simultanoo dossos tros mod olos, som quo so tonha claro"/.a oas do prosorvaoao dosonvolvidas ato os a nos l 9o(l_ p rotogiam normalmonlo
nobro o oampo, a abrangonoia o as aooos prossuposlas om cada um dolos odllloaooos, oslruturas o oulros a rtolialos individuals, invooando-so como
Fl-lilo oapllulo vai sor, assim, uma lonlaliva do so prooodor a algumas dis- razoos para sua prosorvaoao a oxoopoionalidado do bom.
. ‘I . ‘ ‘ ‘I ‘ I I ' ‘ ' h ‘ ‘I . A !
lll'".5l‘H, a nosso vol nowssllllas, l1(Hlll11|JULl¢lhPtlllllull-l para o palrnnomo. No quo so roloro ao marco logal prossuposlo para a prosorvaqao, o oampo
'-_

lamboln vai oslar haslanlo bom dollnldo ato os anos l9o(l. l)o falo, como
montrmii Vlll‘lUH autoros, com a cormolldnqflo do ooncollo do monumonlo
FATRIMQNIO C‘lJf.7‘lIRAl. - Pmlrallan. pallfloan. lnulrrnnvrmm
lulm-'m'u¢,'¢1r.-1 solar a imlrlmrln/o urlmuas rmulrllm 1' porsiwllrras

lwistorioo ao longo do século XIX Carlos l\lolson l*'orroira dos Santos rosu mo do forma la pida r o prooodimon-
vai-so criando uma logislaciio do to usual nosto primoiro modolo: "'
protoczio, chogando a maior par-
"to dos paises ouropous ao final Quando so ponsa om prosorvar, algL|(-rn logo aparooo
daquolo século dotados do ins- falando om patrimonios o tombamontos. '|'amb(-m so
consagrou a cronca do quo cabia ao govorno rosguar-
trumentos para a preservacao do dar o quo valia a pona. Como? Atravos do ospocialislas
sous monumentos antigos?’ No quo toriam o di.reito (0 podor-sabor) do analisar odifi-
caso do Brasil, nosto primeiro cios o do pronunciar vorodictos. Essos técnicos pra-
ticariam uma ospécio do acao sacordotal. /Xtribulam
modelo portencer ao patrimonio carater distintivo a u.m determinado odificio o logo
I vai ter, ao lado do um significado tratavam do sacraliza-lo frento aos rospoctivos con tox-
, cultural, um significado juridico tos profanos.5
quase unico: preservar so identi- No caso brasileiro, este
ficava, quase quo automatica- modolo tom sido o do-
mente, com “tombar”. Instru- minante desde o estabe-
manta introdu'/.ido no Brasil na década do 1930, o tombamento, ponsado
lnlclalmon to para protogor bons oxcopcionais, pormanoco até muito rocon- locimonto institucional
tomonto quaso como o unico tipo do protogao ofetivamente utilizado no das politicas do patrimo-
pals.‘ nio, nos anos 1930, até
os d.ias do hojo, apesar
No quo so roforo ao tipo do acao, neste primeiro momento podo-so per-
nu
do discurso dos érgaos
vol1c'|' o claro prodominio do Estado, quo é o protagonista inconteste o o agéncias estatais ab-
quaso oxolusivo das politicas do patrimonio. Aqui é importanto lembrar sorvor retoricamente as
s quo na idéia da prosorvacao ainda so Iida com um campo ostreito e, ainda novidados trazidas pela
qtlo possam aparocor divorgéncias quanto aos critérios, ossoncialmonto oxporioncia internacio-
dolimitavol: afinal, tra.ta do so nal. Esto processo pode
idontificar um olonco limitado sor bom oxomplificado,
do oxcopcionalidados. Aqui nao a nosso ver, nao somonto
paroce havor duvida também pola trajotoria das poli- ('a;n'la !}.l'|llJ'!l
quanto ao papol - docisivo — ro- licas do prosorvacao om l\’aurm:, .‘-alrma

sorvado aos peritos: além da Ouro Proto, ao longo do século XX, que acompanhamos dotalhadamon to
incumbéncia da propria dolimi- om oapitulo anterior“, mas também pola trajotoria da tutola sobro oulros
taofio do campo, ossos tratariam oontros historicos om todo o pais. Como vimos, o principal — o quaso L’: ni-
do fiscali'/.ar, rostau ra r o con- oo --- instrumonto utilizado foi o ”tombamon"to”, quo pormitiu ao Sl’l~l/\l\l
sorvar os bons idontifioados. lanlo provonir danos ou domolicoos dos bons tombados quanto controla r
Pola propria nal'uro'/,a dos bons a lnlroduqfio do novas odificacoos nos sitios protogid.os. Nas primoiras
(1 S(‘I‘L‘l‘|{ p|‘0l'Ogld().'~; 0 pola gon- dooadas do atuacao do orgfio fodoral, nu nca so ponsoL| do Fato om articular
oopqfio da aqfio quo so dovoria as pol|'l"ioas do prosorvaqiio com as politicas urbanas mais gorais ou com
oxoroor sobro olos, podomos do- um projolo do dosonvolvimonlo para ossos oontros protogidos, quo oram
duzir, onlao, o tipo do _p|'ol‘issio- vlsados a partir do sou “valor arlrisl;ioo", inslaurando-so, como vimos, uma
nais onvolvidos nossas polllicas: prllliva orionlada para a lnantllonqiio dossos oonjunlos lombados como ob-
mnlorltarlalnonto arqullolon o l'llHl'Ol‘ll\dU|‘l'H. lotos ldoallzados, dosoonsldorando-so, mullas vozos, a sua liislorla roal.
I M

I
Concertos. polltlm. lmntrm-mama ' in lntvrzlararfleu mim n palrlrndnlrv urbana: madrlon r pvrnparrlllau o l

So funclona num prlmolro momonto, conseguindo regular as lntorvonqoos to desprozadas (o oolotlsmo, o/lrt Nouvoau), o mosmo aproclL1c;i'1oooi1tom-
sobre vérlos dossos contros, essa perspoctiva vai sor croscontomonto con-
portlnoa. Aqui, aos critorios ostillsticos e historicos vao so juntando outros,
tostacla om todos os casos om quo so avolumam prossoes modornizadoras,
como vimos om capitulo anterior, como a preocupa<;€1o com o ontorno, a
aumontando o antagonismo ontro a populacao local, sistomaticamonto ex-
arnbioncia o o significado. Francoise Choay, num importante trabalho do do-
clulcla da Formulacao das politicas do proservacao, o o SP1-IAN, que tenta
limitaqiio toorica da quostao, chega at identificar uma tripla oxpansao dosso
mantor o conjun to intacto, através do uma politica ossoncialmente nogativa
conceito: cronologica, tipol('>-
e do Controlo na aprovacao do projotos. Assim, no quo concerne a trajeto-
glca e geogral‘ica,."
rla do SPHAN, é intoressanto porcobor como, aposar da absorcao polo seu
dlucu rso do novos concoitos, especialmente a partir da influéncia da Carta Também a nogao do ”patri-
do Vonoza, quo introduz as idéias do sitio urbano e da utilizagao social dos monio cultural” vai sofror
monumentos, o sou trabalho continua, pelo monos até os anos 1970, na uma ampliagao, principal-
mesma linha, considerando a cidade como objeto estético a so preservar, mento gracas ao contributo
lfim considerar do forma convonionto a quostao do sou desenvolvimonto docisivo da Antropologia,
Iéclo-ooonomioo. quo, com sua perspoctiva
rolativizadora, nele inte-
gra os aportes do grupos
A idéia cla conservaqao o sogmontos sociais que so
oncontravam a margem da
Desdo o final da 2a. Guerra, porém, 0 proprio conceito do patrimonio passa l'1istoria o cla cultura domi-
P01‘ llfnportantos mudanoas, vindo a sofror uma ampliacéio que muda a natu- nan to. Nosse processo, a no-
reza do sou cam po. No quo so roforo ospecificamento ao patrimonio arquite- can do cultura doixa do so
tbnlco, a su a concopgao inicial, muito presa ainda a idéia tradicional do mo- rolacionar oxclusivamento
numento liistorico unico, vai sendo ampliada: tanto o conceito do arquitetura, E1 chamada cultura eru-
quanto o proprio dita, passando a englobar lr'l'l'rH!h‘Hlr!‘» llrtnl

campo do estilos o também as manifostacoos a;._;rr} allma. fir: n


4/\.-"H .'I.
ospécios do edificios popularos e a moderna
considorados dig- cultura do massa. Ao mesmo tempo, passa-so a considerar com aton<_;ao os
nos do prosorvacao elemontos matoriais, técnicos, da cultura, rojeitando-so aquela contrapo-
expandom-so pau- slqao idealista, longamento cultivada, ontro Zivilisation o Kultur.7 Ao lado
latinamonto. Assim, dos bons moveiso imovois, o daquoles do criacao individual, componontos
ao longo do século do acorvo artistico, consideram-so também agora como parte do patrimo-
XX, vao penetrando nlo cultural do um povo, outra espécie do bons, os utensilios, procodontos
no cam po do pa- sobrotudo do "fa:/.or popular", ”insoridos na dinamica viva do cotidia-
/ trimonio conjuntos l1o"." Alom disso, suporando a visao reificada da cultura como um “con-
a rq u i toton icos in- junto do coisas", tondo-so cada vez mais a trabalha-la como um processo,
toi ros, a a rq u ilotu ra focalizamlo-so a quostao - imaterial - da formacao do significadof’
rural, a arquitetura
E nosso sontido quo, nos paroco fundamental o conceito coi1tor11|.1o|'finoo
vornacular, bom
do patrlmonio ambiontal urbano, matrix a partir da qual podomos ponsar
como passam a so
hojo a prosorvaoao do palrimonio, som cair nas limitaqoos da visao tra-
oonsldorar também
dicional. Ponsar na cidado oomo um ”patrimonio ambiontal" o ponsar,
/ olapas antorlormon-
antes do mais nada, no sentido hlntorloo o cultural quo tom a paisagom
FAT'RlM6NlU t"‘l.lL.7‘l.lRAl. ~ C‘nnvrlhm. pullflrun. lnntrmmmhm lnrervmcdvn mim n pmrlnidnln urhmm: mmlrlnn v pvrnpwflvnu

urbana urn seu conjunto, vnlori/.ando nao aponas monunwntoe-s ”uxc0pcio- paw:-i\.|p('w a limitaqao da
Mia", mas o proprio processo vital quo informa a cidade. Nesto campo, o rmidarlca, a coniscrvacao ,_ |_

tipo do objeto a ser protcgido muda, passando do monumento isolaclo a rel’o|*o-so 2| incvitabilida-
grupos dc cdificaqiirs .l1istoricas, 21 paisagom urbana 0 aos espagos publi- do da mudanca c :1 sua
con. Am-iim, quando so ponsa cm termos de patrimonio ambiental urbano, gcstao. Nao é dc se os-
nfio ue |Jt'l’lH€l apenas na ed.ificag€1o, no monumento isolado, testemunho tranhar, portanto, que
Clé um momonto singular do passado, mas torna-se necessario, antes de essa idéia tonha emer-
mais nada, perccbcr as relacoes que os bens naturais e culturais apresen- gido justamente quan-
tam entre si, e como o meio ambiente urbano é fruto dessas relagoes. do so consolida a idéia
Aqul a énfase muda: nao interessa mais, pura e simplesmente, 0 valor do patrimonio urbano,
nrc]uiotet(311ico, hist(’>rico ou estético de uma dada edificagao ou conjunto, objeto nao estético por lumlfm!
ll! m-mim
mas veri ti ca r como os ”artefatos", os objetos se relacionam na cidade para uxccléncia. Nesta nova
permitir um bom desempenho do gregarismo proprio ao ambiente urba- perspectiva, passa a ser
no. Em outras palavras: é importante perceber como eles se articulam em central a integragao da conservagao com politicas mais amplas de desen-
termos do qualidade ambiental. Abordar 0 patrimonio ambiental urbano volvimento, sendo uma contribuigéio teorica decisiva a introdu<;a'o, pela
val ser assim, como se pode perceber, muito mais que simplesmente tom- Decla.ra<;éio de Amsterda de 1975, do conceito de “conservagao integrada”,
bar detorminadas edificagoes ou conjuntos: é antes, conservar 0 equilibrio onde se explicita a necessidade da conservagao ser considerada nao como
da paisagom, pensando sempre como inter-relacionados a infra-estrutura, uma questéio marginal, mas como um dos objetivos centrais do planoja~
0 lote, edificacao, a linguagemurbana, os usos, 0 perfil historico e a pro- mento urbano e regional.
prla paisagom natural. Néio se trata mais, portanto, de uma simples ques-
ya nos anos 1960, cornegam a emergir na Europa e Estados Unidos as
tflo estética ou arttisotica controversa, mas antes da qualidade de vida e
chamadas politicas de conservagao de areas, com suas diferentes confi-
das possibtiilidades do desenvolvimento do homem. Com isso, desloca-se o
guracoes regionais: ‘arrondissements historiques’, ’secteurs sauvegardés’,
elxo da discussao, recolocando-se a questao do patrimonio frente a baliza-
‘historic districts’, ‘conservation areas’. Aqui podemos ver também o sur-
I‘m*n to:-1 capazos do cnquadra-la em sua extenséio contemporanea.
gimon to de um novo marco legal das politicas do patrimonioz a idéia das
Nos anos 196i), comcca-so, assim, a se forlnular outra visao de intervengéio ”a‘|rcas de con.servacao”, que séio, para adotarmos a definicéio classica do
sobre o pa l|"im(>nio, passando-so da idéia da prese1*vac;€\o para a da conser- Civil /lrmrrzitics Act britanico, de 1967, “areas de especial interesse arquite-
vnqao, quo vom a constituir o nosso segundo modelo. Segundo a “Carta tonico ou historico, cujo carater deseja-se
de Burra” do 1980, preservar ou promover". A legislagao in-
glcsa nao vai ser, no entanto, a precursora
o tormo consorvacao dcsignara os cuidados a serom
dispcnsados a um bom para prcscrvar—lhc as caracte- na liuropa, sondo prccedida pelo ”Ato dos
risticas quo aproscntcm u ma significacfio cultural. l)c monumentos” holandés c, principalmen-
acordo com as circunstfincias, a conscrvacfio implicarti to, pola l.0i Malraux da Franca, ambos de
ou nfio a prvsorvacao'ou a ruslaiiraciio, além da mn-
l'1Lll‘0l’lt_‘fiU; cla podcrai, igualmvnlv, com prccndvr ob|'as
il%i'l. Hsta vai ser, dc fato, a primeira na
minimas do 1'cco|\:-:l1'ug;iio ou adaplaqiio quo alcmlain liuropa a acrosccntar £1 idéia da prosorva-
as I1L‘L‘L‘HHlLltILl(‘H 0 cxi1.';QJ|1cin:-; pm’\licas."’ qao monumental a qucstfio da co11st~trvaq£io
dos ccntros |1islio|"ico:-1, lcntando associar
Corno r-Iv podo porcobor, a partir da concvpqao ampliada do sou proprio dc forma lnlima plmivjadorvs urbanos o
objeto, :1 con:-wrvmgiio vai apontar para uma tliiiwiisiio mais dinfimica, on chamados a rt|uitvto.~: dc monulm-ntos.“
ll! till l\'Hl|I ll
ilnlnl In
panuanclo dn Ida‘-la do n1n|1t1lvm;E'1o dc um bom cultural no sou vslado ori- Nos Ii:-ilndo:-i Unidos, por mm vuz, aposar lhllmm hm
glnal para n da co|1scrvm,'Elo daquulm-i do :-mas CL1l‘£’lL‘lt‘i'lHl;lCtlH "quo apro- do pr<.'cvdunlv rvprw-uml"m.lo por Wllliams- mm l l

Iflntem uma ulgnlficaqflo cultural". l)t‘Hlt'l Forrnu, onquanto a prenui'vaqi§o


1
i’A‘l'RlMt'iNl(7 (‘lll.'l'l IR/ll. (‘mm/‘Iran. ;mllll|'un, Imdmnmllim lrilerwiwm-n nnl|n~upn!rl'rm1nlu urlmrm: mmlviun r pmpwllmln

burg, transformada numa ospécio do museu a céu aborto a partir da doa- perspoctiva do urbanismo modorno vinha causando as cidados, valoriv.a-
qiio do milhoos do dolares por John Rockfeller, vai ser o .Nati0nal Historic so nosto momonto também a qualidado ambiontal dos nL'1cloos historicos 0
Prvsmmtion Act de 1966 que introduz no pais a nogao dos ”distritos de a cotnsorvaq€1o do sua morfologia urbana o do patrimonio cotidiano.
prosorvaqao historica”, bastante difundidos hoje em dia.12 an

No entanto, so nao é mais simplosmento roativa a casos oxcopcionais, a


.. . N; acao do Estado, pelo men.os num primeiro momonto, continua a sor ba-
. ‘\ \ sicamente negativa, aparecendo como prioridade muito mais controlar 0
normatizar a forma de atuagao das diversas forcas quo atuam nos contros
urbanos. Historicamente isto pode ser explicado por razoos contraditorias
nos diferentes periodos: nos anos 1960, quando se inicia esta tondoncia,
vivia-se um periodo de crescimento economico, o que levou a so consido-
rar razoavel que os planejadores se ocupassem em controlar canalizar as
variadas demandas concorrentes por espago nas cidades. Ia na década do
1970, com a estagnagao economica trazida pela crise de energia, o ritmo
das demoligoes e esquemas de re-desenvolvimento diminui, o quo tam-
bém, por motivos opostos, inibe as tentativas de se produzir croscimon to
economico para se revitalizar as areas. Como observam Tiesdell, Oc o I lo-
ath, a nova legislacéio introduzida neste periodo ainda dava pou ca atoiwqiio
lulu.-u‘.
.~lHn_\f,
ao problema de se encorajar a utilizacao do estoque crescente do patrim<">-
rllmll 1u nio conservado, especialmente na medida em que a demanda goral por
‘unlu- F.
espago na cidade decrescia: usando o poder negativo de controlo, os plano-
Ii into ressante perceber ainda, no que se refere aos atores envolvidos, como jadores achavam mais facil, de modo geral, prevenir usos nao apropriados
no modelo da conservagao, 0 Estado continua sendo o protagonista, ape- para as edificagoes do que atrair usos mais apropriados para as mesmas.“
sar do ja se perceber a necessidade de participagéio das comunidades e da
No caso brasileiro, pode-se
iniciativa priivada. A agao estatal, no entanto, vai ser diferente, deixando de
afirmar que, de urn modo
sor aponas, como no caso da preservagao, uma reagao especial a casos ex-
geral, nem mesmo esse
copcionais, e passando a ser uma agao continua, parte integral de um pro-
estagio representado pela
cosso do planejamento urbano. Assim, nada mais natural do que entre os
idéia da conservagiio ur-
profissionais envolvidos os pianejadores urbanos somem-se aos arquitetos
bana, onde ja se articulam
o historiadores, que continuam predominando nas politicas de patrimo-
as politicas de patrimonio
nio. Um oxomplo tipico deste modelo de intervengao vai ser o caso de Bo-
logna, onde, com 0 auxilio
o dc planejamento urba-
no, vai ser atingido, apesar
da metodologia do restau- .‘-ml l ur-
dos discursos dos orgaos
ro historico-tipologico, se /llm milmn
oficiais incorporarom as
protege e se recupera o
novidados da cona in tornacional. Ii vordado quo om moados dos anos i970,
centro historico como um
os divorsos nivois do govorno comocam a procurar altornativas do gosliio
todo — o nao apenas monu-
para os conjuntos urlmnos, porcobondo quo ossos nao mais podiam sor lra-
montos oxcopcionais isola-
tados sob a porspvcliva do cidado como "obra do arto", ato cntiio vigontv,
dos is dostacando-so ali a
funcfio rosidcncial. (‘om cabendo so doslacar o l’rog|'an1n do (‘ldadvs I lisloricas (l’(‘l I), crindo om
a crllica aos ostragos quo a I975, quo inlroduviu mudmiqau non concoltos domlrmnlvs, no propor a
. min ll. roinsvrqao do bons lmovaln nan cidade-an como "vlomunlt<m dinlimlcos”, nao
FA‘l‘RlMI'iNlf7 ("Lll.T'URAl. ~ Cnmvlhau, pnlltlrnn. lnurmmmtnn . lriiarmmcflen nnhrv n ymrrlnmnlii urhnnn: nmrivlnn 9 pvrnprrtivns

rnnlu on tratando aponas como objotos ostéticos. lnicialmonto lmplantado projotos o manutoncao do musous. O Estado, nosto caso roprosontado pola
nan cidades do Nordosto, onclo dovoria articular aqoos ligadas ao turismo, Fundacao Joao Pinhoiro, ontrava como rosponsavol pola coordonacao do
0 PCH so oxpandiu para todo o torritorio nacional durando doz anos o fi- plano urbano. Ja a Profoitura, como a principal rosponsavol pola admi-
nanclou ‘I93 projotos, ontro os quais 10 intorvongoos om conjuntos urbanos nistraqao da cidado o polo controle do uso do solo urbano, tondia muitas
o 15 planos urbanisticos o do dosonvolvimonto urbano. Porém, como ano- vozos, como roprosontanto dos intorossos locais, a so contrapor ao SPHAN
in Marcia Sant'anna, aponas 20% dos monumentos restaurados goraram o 2» sua politica do rostrigoos ao croscimonto, tornando-so muito comuns
rocursos para sua propria consorvacao. Dos planos diretores financiados conflitos ontro os nivois do poder. Na opiniao do um arquitoto do SP1-l AN,
polo Programa, poucos foram implomentados por falta do articu.lacao com ”o govorno local costuma so omitir da rosponsabilidado pola consorvacfio
on municipios o também por falta do uma logislagao quo obrigasse a sua do patrimonio local, fazondo o trabalho do SPI-IAN ainda mantis dificil.”'~"‘
oxocugaoJi Assim, no caso dessos planos urbanos, quo podoriam sor vistos como u ma
tontativa do ultrapassar a perspoctiva inicial da prosorvacao, olos nunca
Essa dosart.icula<;ao fica bastante claro quando analisamos, mais uma vez, vao sor aprovados pelo municipio, nao tendo n.onhum ofoito sobro as po-
o caso do Ouro Proto, abordado em capitulo anterior, onde, no final dos llticas urbanas.
anos 1960, com a cidado so ospalhando som controle para todos os lados o
com a crosconto doscaractorizacao do conjunto original, colocava-so cada
voz mais a urgéncia do um planojamonto urbano. Sao foitas, como vimos,
A reabilitacao do patrimonio urbano
duas tentativas nosto sontido: om 1968, o arquiteto portugués Viana do
Lima, consultor da UNESCO, olabora um primeiro plano do dosonvolvi- §

So num primeiro momonto, como vimos, a quostao da consorvagao ainda


our

rnonto para a cidado, quo consistia basicamente num zoneamonto da mes— nao so liga imodiatamonto a idéia do desenvolvimonto das areas consor-
ma, com a dofinrigao do areas do proservagao o do oxpanséio. Alguns anos vadas, osta quostao vai so mostrar inarredavol na proxima otapa, quando
mais tardo, om 1974 o 1975, ja no ambito do Programa do Cidades Histo- so introduz a idéia da roabilitagao dos contros historicos. O fato é quo,
rlcas (PCH), a Fundcamgéio joao Pinhoiro, orgao do planojamonto do estado, dosdo o Congrosso do Amsterda do 1975, coroamonto do Ano Europou do
olabora um novo plano para Ouro Proto, através do uma oquipo multidis~ Patrimonio Arquitotonico, reconhece-so oxplicita o programaticamon to a
ciplinar sob a cootrdonagao do urbanista Rodrigo Andrade, o quo contava importancia da manutoncgao o incromento da funcao oconomica das aroas
com a participagao do arquitetos, oconomistas, sociologos, historiadores o protogidas. Assim, a Carta do Amstorda ja formula:
goologos, além da consultoria do proprio Viana do Lima o do paisagista
A roabilitagao do bairros antigos dove sor concobida
Roborto Burlo Marx. Tratava-so, dosta vez, do um amplo trabalho, quo o roaliizada, tanto quanto possivol, som modificaqoos
lnclula projotos quo contomplavam tanto a infra-ostrutura urbana, paisa- importan.tos da composicao social dos habitantes o do
gismo o rostauraqao do monumentos, quanto aspoctos sociais, oconomicos, uma manoira tal quo todas as camadas da sociodado
li‘l8l'llILlClOl1£-ll:-3 o administrativos. Além disso, formulava-so também um so bonoficiom do uma oporacao financiada por fundos
pl:ll3llC()S.l“
projoto do oxpansa.o urbana para a cidado quo rocomondava a criacao do
novos nL'1cloos, do forma a assogurair um processo com pativol do dosonvol- No on ta n to, o intoressanto porcobor quo quando trata da quostao ocon(’>mi-
virnonto, som afotar a intogridado historica do conjunto. ca, a Carta do Annstorda vai fazo-lo quase quo oxclusivamon to sob o pon to
do vista do financiamonto da oporacao, quo vai sor ontondido a partir do
No ontanto, uma sorio do dificuldados do ordom institucional, faz com quo
urn nlvol olovado do iiwtorfoionicia - o invostimonto - ostatal, quo ca ractori-
ossos planos nunca sojam implomontados. D caso do Ouro Proto oxom pli-
zava as politicas publicas do poriodo. A nosso vor, nao é do so ostranhar
Pica bom, a nosso vor, a dosarticulacao ontro os divorsos orgaos rosponsa-
quo tonha sido uma ca rta a moricana, as ”l\lormas do Quito", rosulta n tos da
vols pola prosorvacao o administraqiio das cidados brasiloiras: ali vamos I — 4
1
“Rouniao sobro Consorvacao o Utilizaqao do Monumontos o Lugaros do ln-
tor a aqao do tros nlvois do govorno - Fodoral, ostadual o municipal, quo
torosso llistorico o /\rtlslioo", organizada pola OE/\ om "I967, a primoira a
nom sompro colaboram ontro si. Ao Sl’llAN, o orgao fodoral rosponsavol
dar grando dostaquo a quostilo oconomica, ja quo val sor também nas Amo-
pelo tombamento, cabia a rosponsabllldado pola manutonqéo o consorva-
rican, o partlcularmonto no Amérlcn Latina, quo so coloca com muita gra-
qlo cl: Ouro Prito dildo 1938, incluindo al a lnupoqao o coordonaqlo do
I"/l'I'RIMI‘iNIt I t ‘I !l.'I'I IIMI. l‘urm*lhm, pulillom, lnslranrnwllm liltrrwmwn nulirr (I pnlrlnmnln urlmmi: nimlrlim v ;u*rs;n'rtlr'nn

vldado o probloma da oscassw. do rocursos para osso tipo do intorvom;ao. quo omproondora u ma bom sucodida rostaurat,**.'Io I1istorico-tipologioa do
Assim, as ”Normas do Quito" vao constatar quo a oficacia pratica do modi- sou conlro historico, o do Salorno, quo, ao invos, prod uzira um a rn plo diag-
das do omorgoncia para a protocao do patrimonio cultural dopondora, “om nostico socio-oconomico quo, visando primordialmonto onfrentar a quos-
Lilltlmo caso, do sua adoquada formulacao dontro do um plano sistomatico tao da marginalidado oconomica, limitara-so a propor a Ionta implantaoao
do rovaIoriv.aoao dos bons patrimoniais om funcao do dosonvolvimento do molhorias urbanas para quo os habitantes pudossom so ada pta r a oIas."’
oconomico-social”.'7 Alom disso, vai sor aquola carta também a primoira Muito so avanqou dosdo ontao, o o quo so tom visto no ambito das politicas
a dodicar todo um capitulo a ”vaIorizacao oconomica dos monumentos”, do patrimonio, a partir dos anos 1980, sao osforcos sistomaticos para so
quo c» lratada oxtonsivamonto, mosmo quo ainda sob um ponto do vista gorar invostimontos o dosonvolvimento oconomico quo sorviriam pa ra, om
Ilmltado, o do donominado turismo monumental. altima instancia, financiar a consorvacao das areas. Nesto momonto intro-
aw
duz-so aquelo quo dofinimos como o terceiro modolo do intorvoncao sob ro
ll Inlorossanto porcobormos, como a omorgéncia da quostao do financia- W

o patrimonio - o da roabilitacao urbana2“: partindo da comproonsao da


monto o da sustontabilidado das aroas consorvadas da-so aponas quando roalidado sobro a qual so quor atuar, as politicas do patrimonio nao so limi-
so torna claro quo a prosorvacao o a consorvacao nao podoriam so dar apo- tam mais a aponas formular ostratégias do controle para as areas a sorom
nas as cuslas dos financiamontos publicos, fazondo-so tal domanda ainda consorvadas, mas passam a tragar ostratégias amplas para o sou doson vol-
mais u rgon to na modid a om quo o conceito ampliado do patrimonio trazia vimonto, que partom oxatamonto do sou carater do areas consorvadas. So
para o ambito da coiisorvagao aroas intoiras, quo passavam a sor valoriza— osto modolo também encontra suas raizos na oxperiéncia do Bologna, ondo
das como totalidado urbana o nao a partir do mérito arquitotonico ou os- so roaliza uma oporacao do rocuporagao do centro historico para uso rosi-
lotlco das odificaqoos o ostruturas individuais. Nesto momonto a qguostao doncial com forte subvencao ostatal, sou paradigma mais acabado vai sor
do uso d ossas a roas torna-so contral para as politicas do patrimonioz o fato fornocido, no ontanto, polo ”Projoto Estratégico do Roabilitacao In tograd a
o quo nom todas ossas odrificacoos protogidas podiam so transformar om do Barcelona”. Iniciado om 1980, osto procura tratar os diforontos problo-
musous ou contros culturais, o nom todas as areas consorvadas, om dos- mas urbanos da capital da Catalunha do forma articulada o simultanoa,
llnos turisticos privilogiados. Aqui cabo lembrar uma obsorvacao arguta ostruturando-so om torno do um plano integral e multicofalico, quo roL’.|no
do Bu rtonshaw, quo aponta quo o fracasso om oncontrar novos usos para ao mosmo tempo projetos urbanisti.co, culturais, socio-oconomicos o do
I I odificacoos prosorvadas — quo dosonvolvimento social, além do incorporar do forma docisiva o principio
so tornam cada vez mais nu- da cooporacao pdblico-pri.va.da om. torno do tarofas concretas o a ofotriva
morosas — "condona a cidado a pa rticipacao da comunidado.
uma oxisténcia do musou a cou
aborto”. Assim, ao lado das ja Aqui so oncontra, a nosso ver, a diforonca basica ontro o sogundo o o torcoi-
tradicionais proocupacoos com ro modolo, o da consorvacao o o da roabilitacao: onquanto ossos so a pro-
as qualidados visuais, arquito- ximam no quo so roforo tanto a concopcao do patrimonio quanto ao tipo
tonicas ou historicas, introduv.- do objoto visado, a mudanca fundamental roforo-so aos atoros onvolvidos
so a proocupaqao com as ca rac- o as m;(>os prossupostas para cada um dolos. No modolo da roal1ilit"ai<;a<>,
toristicas funcionais das aroas o o Iistado vai doixar do dosomponhar um papol nogativo, do aponas impor
o sou uso ocono|nico.'“ rostricoos a doscaractorizacao, o passa a articular projotos do dosonvolvi-
monto para as aroas a sorom prosorvadas / consorvadas / roviltali"/tadas.
Iiin sua faso inicial, nos anos /\Iom disso, olo ta mbom doixa do atuar praticamonto sozinho o passa a do-
‘I960 o I970, disculia-so ossa somponha r o importanto pa pol do articular os outros atoros o do traoa r om
quoslao através da conIraposl- conjunto com olos os conarios do dosonvolvimonto futuro. Iistamos fronlo
oao quo hojo nos aparooo como aqul a um novo padrao do gosliio, caraclorimtla por David I Iarvoy como
artificial ontro plano urbanis- "omproondodorismo urbano”, ondo da-so o dosonvolvimonlo do polllioas
ililli II. tloo o plano sooio-ooonfiinIco, quo, por moio da partlclpaqao da Inlclaliva privada om ”parcorIa" com
Fliillil. ontro on ”modolos" do Bologna,
PA'I‘RIMfiNlt I t‘I II.'I‘I IR/II. I t‘m|rvltnu. IIIIHHIWI, lnnlrmmwmm _ IIll¢‘t’t1e'tll,‘¢'le‘H nnhrr u pnlrlnmnlu urlmmr: mmlvlmi ¢ }I:'t'|l]le't‘lIIItIl

as £lLIl11Il1IHl'l't1g‘t'$t‘H locais, om proondom a rocuporatgao do aroas dogradadas dos movimontos sociais daquolo porlodo, quo Iutam pola chamada “ro-
nas cldados. Com isso, introduv.-so tamibom um novo padrao do planoja- forma urbana". Com isso, introduzom-so na Iogislacao brasiloira novos
monto das cidados, quo passa a oslar compromotido com a nogociacao o o instrumontos quo pormitom, pelo monos om toso, a formulacao do poll-
oltnbolocimonlo do pa rcorias ontro a toros pfllldictvs o privados. Assim, como ticas urbanas do moldos participativos, quo incluam os diforontos atoros
obsorva I-~"ornanda Sanchez, “a figura do planojador, quo ato pouco tempo o facam valor o direito social da propriedado - edificacao compulsoria,
ora no monos oxplicitamonto a do rogulador da acao da iniciativa privada direito do proompcao, solo criado, oporagoes urbanas consorciadas, trans-
doixa do tor o porfil do vigilante om prol do bom ptiblico, dosomponhando feréncia do direito do construir, usucapiao coletivo, estudo do impacto
Wm agora um novo papol: o do do vizinhanca, entre outros. No ontanto, cabo destacar quo tais mocanis-
promotor do croscimonto/'2" mos so passam a poder sor aplicados do forma monos controvorsa, com a
aprovacao em 2001 do chamado ”Estatuto da Cidado” (Lei l\I. 10.257), quo
Como consoqiioncia dosto rogulamonta esses instrumontos, além do estabelecer diretrizes gorais d a
doslocamonto, também o politica urbana nacional. Ha hoje om nosso pais um grando i.ntoro.sso na
marco legal envolvido sofre implantacao do politicas inovadoras, que consigam suporar as doficiéncias
altoragoos: nao so trata mais, cronicas do nossa urbanizacao, marcada por um alto grau do oxclusao o
como no modolo anterior, sogregacao social. Assim, multiplicam-so experiéncias do moldo partici-
aponas da dolimitagao do pativo — orcamonto participativo, conselhos consultivos, doliborativos o
“areas do consorvagao”, mas gostoros, além do incipiontes tentativas do so estabelecer parcorias ontro
sim da tarofa muito mais am- o poder publico e a iniciativa privada. Também no campo do patrimonio,
pla do articulagao do planos comoca-so a so introduzir essa perspoctiva com planos do roabilitacao do
do doson volvimon to para ossas aroas, o quo prossupoo nao so uma série do areas, quo, do forma diferonciada, utilizam-so da parcoria ontro diforontos
modidas ad ministrativas, mas também a uttilizacao do um complexo instru- atoros. Aqui podoriamos citar o ”Corrodor Cultural” no Rio do Ianoiro, o
mental Iogal quo vom rospondor a essa nova situacao. Do fato, nas ifiltimas “Viva o Centro” om Sao Paulo, o ”Roviver” no l\/laranhao, 0 Projoto Bairro
Liocadas, tom omorgido na area do planojamonto o da politica urbana os cha- do Recife, além do inconcluso ”Projoto do Reabilitacao Intograda do Ba irro
mados “novos instrumontos", tentativas do ostabolocimonto do novas for- Lagoinha”, om Bolo Horizonte, quo trabalhava oxplicitamento com essa
mas do rolacionamon to ontro as osfo.ras pL'1blica o privada, envolvendo, ontro perspoctiva, objeto do capitulo ospocifico nossa obra.
outros, ropassos do rocursos da osfora privada ao poder publico ou a rodo-
Quando so fala hoje do financiamento o gestao do tais projetos, uma matrix
re

flnlqao do compotoncias para intorvir sobro o urbano. Tais mudancas vém


impactar fortomonto a propria naturoza das politicas publidcas, quo passam rocorrente tom sido a da ”susten.tabilidado”: nascida no ambito do discurso
a tor um novo dosonho - nao mais hiorarquizado - o uma outra logica - com- ocolégico, ainda nos
ploxa - o, por isso mosmo, nao mais oxplicavol pola rolacao binaria iistado anos 1980, osta idéia
o nocIodado.'-*2 Iim outras palavras, o doslocamonto dos contros do docisao o vom sondo croscon-
a pollarquia do atoros tornam—so roforoncias contrais para a implomontacao tomonto aplicada ao
das polllicas pdblicas urbanas hojo, o quo coloca como grando dosafio para a urbano, ao ponto
dornocracia o conhocimonto sobro as modiaooos ontro o Iistado o a sociod ado do so falar hoje om
CIVII, ospaqo do intorsoqao quo so oncontra ain la pouco analisado. Noslo ”dosonvolvimon to
novo quad ro, também o tipo do prolissional odvolvido na formulaoao das u rba no sustontavol”,
polltlcas do patrimonio so am plia, com a introduoao do ad ministradoros o quo é on tondido con-
gostoros, quo passam a dosomponhar importanto papol na arlioulaoao da vonion tomon to como
pluralldado do atoros onvolvidos. I o p rocosso do trans- IIHIIII t HI!
H \lr III mnnn
formaqao capav. do him Iim not mm,
No Brasil, a Comilllulqao do I9!-It-I inlroduv. uma l’ormuIat;ao t‘lV&\I‘It,‘t1Lltl no criar as condlooos min I\'i'_\_'| HI: I Mill
que so roforo an politica! urbanas, rospondondo om parto ao croscimonto I l.unoIlm'~1 Imln
I IIlIL*!’llt~‘I"It‘fI0'l min-v II pnlrlrnlinln urlmvm: mmlvlmn a yivrnpvrlllinn " IR
I’/I'I'RIM('iNI( J t‘ilI.‘I‘IIIi/ll. (‘nm*ellm-I, pulltlvus. IIIHII'lIIIIt'IlIlIH

nocossarlas para a satisfagao das nocossidados da goraoao atual, som por g I MODEM) - I-'rem'va§l.o
orn rlsco as opooos das goraqoos futuras. I\Io ontanto, como bom aponta ' "Coloc;ao do ol:>]etos”
I lonrl Acsolrad, o discurso da ”sustontabiIidado urbana" ainda paroco so Concepgao do ' Excepcionalidado
organlzar analiticamon to om dois campos bastante rostritos: patrimonio 4' Valor historico o/ou estético.
do um lado, aquolo quo privilogia uma roprosontagao
~
1* Cultura orudita
técnica das cidades pola articulagao da nogao do sus- Tipo do objeto ~ Edificagoos, estruturas e outros artofatos indivicluais
tontabilidado urbana aos ”modos do gestao dos flu.xos
do onorgia o matoriais associados ao croscimonto urba- Marco legal ~ Tombamento
no"; do outro, aquolo que define a insustontabilidade I Estado
das cidades pola quoda da produtividado dos inves- Atores / agoos ., a casos excepcionais
~ Reacao . .
timontos urbanos, ou seja, pela ”incapacidade destes
ultimos acompanharem o ritmo do croscimonto das Profissionais
domandas sociais", o quo coloca em jogo, consoquento- . ' Arquitotos o historiadores
mon to, o ospaco urbano como torritorio politico.23
€IlV0lV1d0S

Tais abordagons — quo privilogiam os aspoctos funcionais e economicos A 2“ MODELO ~ Consorvagao


-= pa rocom-nos insuficiontos para so abordar a quostao mais complexa da I Ampliagao
consorvacao o roabilitagao dos contros historicos. Nesto ponto, parece-nos Concepgao do ¢ ”Patrim6nio ambiontal urbano”
contra] intorrogarmo-nos so os chamados projetos do roabilitacao em curso patrimonio ' Valor cultural / ambiontal
(Polourinho, Bairro do Rocifo, ontro outros), estariam do fato reabilitando o ' Cultura om sentido amplo / processo
patrimonio das cidades, ou aponas so inserindo naquola tondéncia do city v Grupos do odificagaos historicas, paisagom urbana
rnarkoting - politica urbana oriontada ao atondimonto das nocessidades Tipo do obj oto e os ospagos publicos
do consumidor, soja osto omprosario, turista ou o proprio cidadao, verda-
Marco legal ¢ "Areas do consorvacao” (zoning)
doiras fabricas do imagem para promover sous ”produtos”?24
¢ Estado
Atores / acoos ~ Parto integral do planojamonto urbano.
Profissionais . . . .
_ ¢ Arquitotos, historiadores + plane]adoros u.rl:>anos.
envolvidos

A 3" MODELO - Roabilit.agao / rovitalizagao


. ¢ Ampliacao
Concopgao do ' ”Patrimonio ambiontal urbano"
patrimonio * Valor cultural / ambiontal
¢ Cultura om sentido amplo / processo
~ Grupos do edificagoos historicas, paisagom urbana
Tipo do objeto o os ospacos pablicos
1' Novos instrumentos urban.isticos (TDC /
Marco legal opo1~a<;t5os urbanas / etc)
' Papol decisivo da sociedade o da iniciativa
Aturea I aqaes privada - parcorias
Pmfllllonlll 1 Arqultliol, hilltoriadores + planojaclore
lawolvldoa olhfiogaltornl
' s
-xiii‘

DEMOCRACIA E PARTICIPACAO: PLANOS DIRETORES E


POLlTICAS no PATRIMONIO
A Constituigao Federal do 1988 introduziu no Brasil uma formulacao avan-
cada no que so refere as politicas urbanas, rospondendo om parte ao crosci-
monto dos movimentos sociais que naquele periodo lutavam pela chamada
“roforma urbana”.
Com isso, passou-so
a contar na legislacao
brasiloira com novos
instrumontos, que
permitom, pelo mo-
nos em toso, a formu-
lacao do politicas do
moldo participativo,
que incluam os difo-
rontos atores e facam
valor o "direito social
da propriedade” ga-
rantido pela Consti-
tuicao — edificacao
compulsoria, direito ;
do preempcao, solo I tfr mftllll IIHII
criado, operacoes ur- --
banas consorciadas, transferéncia do direito do construir, usucapiao colotivo,
estudo do impacto do vizinhanca, ontro outros. Nesta mesma direcao, voi o a
aprovacao, om 2001, do chamado ”Estatuto da Cidade” (Lei. l\l° 10.257), quo
rogulamentou esses instrumentos, além do estabelecer diretrizes gorais d a
politica urbana nacional, fazondo com que tais mocanismos passassem a po-
der sor aplicados do forma menos controversa. Simultaneamonto, dosdo os
anos 1980 também tem so multiplicado em nosso pais exporiéncias do mol-
do participativo — orgamento participativo, conselhos COl'I.SLIllTIIV'OS, dolibora-
. tivos e gostoros, além do incipiontes tentativas do so estabelecer parcorias
ontro o poder pfiblico e a iniciativa privada. Isto tudo somado a criacao, om
2003, do I\/Iinistério das Cidades - outra anti.ga roivindicacao do movimon to
pola roforma urbana — oforoco hoje aos agontes publicos o a sociodado civil
brasiloira um quadro bastante favoravol a formulagao c implantacao do po-
Ilticas inovadoras, quo consigam suporar as doficiéncias cronicas do nossa
urbanizaqao, marcada por um alto grau do oxclusao o sogrc~gat;at> social.‘
No ontanto, aposar dessa conluncio favoravol do fatoros, porsisto no lirasll
uma danoua dlsaoclnqlo entra u polltlcas urbanas om goral o as chama-
PATRIMGNIOXCIJLTURAL - Cm1¢‘lIHM,pal!!hI‘nI. lnnfrunwnfnu 9 ‘ I' W A Dvmnmvla 0 purtirlpmo: planar dlmnrvu 0 pollflml do pmlmfinla 9 ‘

das polfticas do pa- OI plnnol diretores na tradlqio cle planejamento no Brasil


trimonio, que deve-
riam ser integradas Como aponta Flavio Villaqa, a idéia do plano diretor cxiste no Brasil polo
na perspectiva da menos desde os anos 1930, quando foispublicado, em francés, 0 "Firm Agn-
conservacéo urbana, the", realizado pelo urbanista do mesmo nome, onde aparocia o tormo
como vimos. O fato "plan dirvct¢'ur". Desde entao, essa idéia tem tido um papel importanto no
é que, em nosso pais, Brasil, principalmente no plano ideologico, funcionanado como um marco
essas esferas tem dllcursivo em torno do qual tém se pensado os dilemas do desenvolvi-
se rnantido arraiga- mento urbano. Seus antecessores imediatos, os “planos de melhorarnen~
damente afastadas, ton ea embelezamento", que dominaram o final do século XIX e inicio do
embora os discursos léculo XX, por terem conseguido uma hegemonia bastante ampla entre
tanto dos orgéios de ll classes dominantes, haviam conseguido se corporificar em solugoes fi-
preservacéio quan- ilcas, efetivamente implantadas pelas elites, restringindo-se, no mais das
to de planejamento Vézes, exatarnente a essa dimensao. E o urbanismo que mostra sua face
urbano tenham aco- parardigmartica nas reformas de Pereira Passos para o Rio de Ianeiro, mas
; lhido a premissa da que so manifesta com maior ou menor forca em todo o pais, de Natal a Flo-
‘L’ integracéio. Grande rlanopolis, passando por Santos, Vitoria, Recife, Campinas, I050 Pessoa e
parte dessas dificul- S50 Paulo, para nao falar w X:
dados deriva, a nosso ver, de um duplo impasse: a néio absorgéio real no cla construcao de Belo ,
pals do conceito contemporéineo e ampliado do patrimonio e a decorrente Horizonte, combinando
1l1dE.fi'fliiQi?l() E-lCt2ll"CEl do tipo de intervencao a ser exercida sobre os bens cul~ sempre uma perspectiva
l‘urals.2 Assim, por um lado, os orgéos de preservacéio, mesmo absorvendo higienista a uma aborda-
retoricamente os novos conceitos hoje difundidos, seguem consideram- gem estética do espago
do a cidade como objeto estético, sem poder, portanto, abordar de forma urbano.
convonionto a questao de seu desenvolvimento socio-economicofi Por A partir dos anos 1930,
outro lado, o planejameoto, como tem sido feito, continua seguindo um no entanto, a idéia de
vlés funcionalista, nao levando em consideragéo os aspectos qualitativos embelezarmento vai ce-
da urbanizaqfio, baseando-so apenas em paréimetros como infra-estrutura dendo espago as idéias I‘!um1 \-._'m hr pill
e densidade, ignorando a intrincada teia de relagoes economicas, sociais de eficiéncia e funciona- u Hm J: I:Hn'HH,
e culturais quo marca a vida urbana e que caracteriza o seu patrimonio. lldade, 0 o dominio da ~--W ~
Com isso, cai-so, como tem sido amplamente apontado, numa visao ho- aria-ltocracia rural é abalado pela ascensaao da burguesia urbano-industrial.
mogenizadora, nu rn urbanismo simplista, que, termina sendo danoso para A cidado passa a ser vista agora também como um ”organismo economico
o patrimonio urbano vordadeiramonte existente em nossas cidades e cau- e social, gerida por um aparato poilitico-institucional”; dai os planos nao
aador da diminuicao do sua diversidade cultural. Nessa perspectiva, este poderem so limitar mais a obras de ”romodolacao fisica”, devendo sor in-
capltulo vai abordar a lrajetoria dos planos dir vtores no Brasil, mostrando liegrados, tanto do ponto do vista intcrdisciplinar como do ponto do vista
ll sua inoficacia roal um lidar com as quostoefdo campo do patrimonio 0 espacial, articulando a cidade com sua regifio, ponto quo aparecia como
apontando as novas possibilidades abortas com a Constituiqao do 1988 0 o esnencial para resolver os ”probl0mas urbanos" (VILLACA, 1999, p. 21 I-
E!'lal‘t|to do Cidadv. 212). Nessa nova visiio, os planos anlvriores oram atacados sistematrica-
meme, e-modo vistos como 0xccssivamcnl"v prvsos a um “dvlc-rminismo Hal-
co" tncanho, que llws lmpudla do compreender 0 onfrentar oa - complexa»
e‘
\ - problemas urbanol. No enctnnto, como nunca conaegue uma hegemo-
PATRIMONIHCL!t‘1*URAl
1 9* “ " 1"“1 ffiumvlfun
1 ‘ X .;mllHrmI. lnnrrmnvmm
l Dvmmwwln P pm-Hvlpaeflui plmmn dlrmrvn e pullllml do patrlmlinin

J
I 1

I
cas vezes so lraduzem em aqoes concretas do Poder Piiblico. Nesto sentido 6
I,
|
"
'1 l I
.
' *-
1
que vai se terminar por iclentificar o plano diretor exclusivamente com a ideia
de zoneamento - na pratica, a {mica dimensao que parece ter alguma impor-
- I

*
1
'
-
ii
_

1‘
'r"|

111.",
lll l
,"'
:4 1 tancia na regulagao da cidade. Assim, como bem aponta Sarah Feldman, o
zoneamento, que abrange todo o territorio da cidade e o divide em zonas, e
.- . 1 ' ” 1 ' i
- ll‘, liw
que se corporifica muitas vezes nas leis de uso e ocupacao do solo (ou ei r e
\

5‘Q: n .+
at i1
zonearnento) passar a ser o principal - se nao o ilinico — instrumento de pla ne-
1 1 ‘F ‘r 1,
, 1 731; ‘ i ll‘ 1,1” !»g1l*
$1; jamento da maior parte das cidades brasileiras. (FELDMAN, 1997)
1 l'l§l,li?lig~‘)l;?;'\U1fi%t
an

Planos diretores e planejamento abstrato


1 1* *'W'I~~
| - _
: vi“-Ii||‘N1.1V~'l1‘l
9W9¢NI
M Qwwrw
. 1.48 \ -5* - -~ wl mllfifi
.. ,,. 1 N
"“"“"‘*" ""“"“"'1"1~‘ U -Mhvmnm-»‘>vn-Q
lmllii flwwu when we-w»
'"H‘*"":H“"$“”
— m"ma»-uma-w.
* mm,“
W.’ u'\"w~A'-n
W“) '
E mesmo os planos diretores aprovados no inicio dos anos 1990, ja a luv.
'lll Ill‘
nw om
I:M §E ' '
'“"'""-"\-'\F“'|\MwH‘=Nk
1
1-» mu .HI»'\
“Wham;
‘MM, .:
vs
da nova Constituigao e corn preocupacoes sociais maiores, nao conseguem
'Jh,'I, t abstrato de suas proposicoes, re-
se desvencilhar do carater extremamen e
“la [fill all“ I9“-ta Lluamo aql-lela atingida Pela classe dominante anterior a caindo naquela visao homogenizadora do urbano que apontavamos an-
nova L-*1 '‘lo’ bu‘o~ $9959
1 0», 9» Q_, U11-‘bimfl, tampouco consegue combinar planejamento teriormente. Bons exernplos disso podem nos ser fornecidos pelos varios
e dlswrso, que, a partir de agora nao mais ' t'fi planos diretores rnunicipais aprovados naquele momento em divorsas
mas ll(_)CLllt1” = m. prT o]e _ it os_ em curso, 1 recaindo-se
I ]uS muitas
1 ca, como
vezesanteriormente,
em discufggg cidades brasileiras, que se baseiarn na densidade, “medida originziria da
3|-I0 ;»1C0l'1lLlEll11 o ”caos urbano", o “crescimento descontrolado” ea ”falta g eo g rafia e que rnensura a relacéio entrequantidade de pessoas e quanti-
p pane]amento” - Assim ~~ 1 , ao mesmotem oem ue ass dade de espago”, utilizada nesses casos como variavel-chave para o plane-
Izras dimeiisoes do fenom = <31 ' p~ q P am a abordar On’ ]'amento urbano . A idéia basica por tras desses planos baseados no plane-
cada V07 rmi _ T _" 4 __ i ‘X um a urban1Za‘§a0, OS planos diretores se fazem
‘ ‘A 9 Z->"-“U ‘C95 9 E1li>5’fI‘€11IOS, Chegando ao ponto de nao se traduzir jamento por densidades é o da ”otimizacéio” da infra-estrutura: segundo a
p pposlas fisicas para as cidades, naquilo que Villaca chama de 1,plane
K1 --1 "1 ’ \' q i o . .
sua logica, nao haveria sentido em se aceitar regimes diversos para areas
Ialmnlo sem ma pa , caracteristico do periodo entre 1971 e 1992_
.\ ' 1 fl ; , ' M '-
com mes ma ca p acidade de infra-estrutura, o que termin.aria por promover
ainda mais a desigualdade existente em nossas cidades, na medida em que
A
SL1-1.1.1.1 de sua pouca eficacia, a ideia do plano diretor teria se €Spalhad()
,1 _. Q V , r - ; , . ,.
' ' ' aparen
' . t eme nle
se geraria valorizacao diferenciada do solo. Com essa ideia
pt. o pais com grande mtensidade e rapidez sendo defend'd
progressista -— nao gerar uma valorizacao diferenciada do solo - termina
@lll'IL"S govcrnanles,
-1 - ~ quanto pelos técmcos. — Iarquitetos
I A a '9frente que pelas
1 a tanto ' "l"lo
por se nivelar .todas as areas urbanas, que sao tratadas apenas a pan I1 L
1 , 1 1 1 -\ 1 T __
no lano diretor um' ~ 5 ~' 9 ~ 9- ’ mam
P 1 ‘I Obpule dc Panacélarfl Pam 95 Pfoblemas urbanos. seu potencial de ”adensamento”, o que provoca grandes danos a con 1;_,u
Nossa so ~' a . , . ,. racao tradicional de nossas cidades.
mi v ‘ 9 _ M: 1.. O1 (na concepcao ampla) é um
{I r uoso |nslrun1en,l‘o para a Soluqao dc mH,_.'Oq Pm Um bom exemplo pode ser fornecido pelo Plano Diretor de l')esenvolvi-
’) _‘ ‘ 1 t ‘ ‘ . . I . no |, .-
rr¢1l11211:-: uitbanos, na.ve|dade 1l'1Lll1~)p(?|1g~‘,[]\/Q], Q qua, Um mento Urbano Ambiental de Porto Alegre (1 ‘c’ PDDU A, lei 434/99), exten-
iv ‘ '1“ P9119, S0 tais problemas persisleni c» vor L ~
nossas cidades nao 19 11 Cow-;egL|ido [er e 1’v|' l q All sivarnente analisado por ]L'|lio Celso Vargas, que aponta as mazelas deste
. L.‘ ' ‘fir 4 ‘-' ‘ ‘

mlraculoso Plano l")iz1or |limhi'e-isio|1'i|1ll um UM tipo de planejamento. Naquela lei de 1999, o modelo adol-ado inlroduv.iu
ll'1i1'l.'l‘l.-||TH_—‘n ll) qlll.‘ |_")|-al-icnn-“\n to I-“_||#é\a vxlisti(L|LI?R]}?|-25;‘:
niveis variados de densidade para as chamadas “macro-v.or|as" e ”Ul".LJs
va 1ossal"er'1dr uiri ii > 1 - - -
elllle do 1*
Til‘-1c(\/Ill (Unidades de li.s1|'i|lL||"aq{io Urbana)”, baseado em ”padr('>es oliimos de cus-
-- ~-I l\‘~l$mmflm
<. 1005, p.Pwsugl“
I0) Pm‘ P9111‘ klfl
lo de inslalacgiio e manulcemgiio da infra-estrulura”J‘ O grande problema
Deadeosm1osil960 vl W-He assim
9 1 1. _ . all vai ser, como aponta Vargas, o predominio da aplieaqao a toda cidade
°°mPus~%al1au1camai11v
‘ " Pord1retrl;'-1:
9- . .' Ht. ‘ml do='-“"9"
v 9 ll‘ Plmmfi9 OX“ que,
~ SW91", um“'“""“" . P»'°""~‘1'l¢oH,
9 entanto,
no pou- de ”par£imetroi-1 abstratou", "valores ldeais de quantidade de eeonomins
l ll

/’l
I‘/\'|‘HIMl'iN1l I (‘I 11.1 ‘I I R/11. I ‘urivvltrm. jmllllrun, limmmmmm Dmnm~rru~m upartI¢~I;1n;~iIn: pl:-mm: illrulmw 9 pullflrfil do patrlm nlu

(U eurioso c» que por lras do discurso pretensamente progressista do pla-


por heelare aplicaveis a zonas resideneiais unifamiliares, zonas residen- nejamento por densidade resida a mesma ltlvgica, abstrata e quantilaliva,
vials mL|Ilil’a.\|"nilia res mais ou menos concentradas e zonas mistas, determi- de analise do espaqo adotada pelo morcado imobiliario”, onde prevaleee
nnndo o quanto cada u ma delas oomportaria - numa situaqao hipotética - sempre a lei do mais forte.)
com vuslos aceitaveis do u rbanizaqao”. Com isso, rologa-so a um segundo
plano “o que la e><isl"ia, a cidade quo ja ali so oncontrava ha mais do dois (‘onjuntamente com isso, podo-so constatar também que continua f1*iigiI a
séculos", eonsidera ndo-so a ponas do modo superficial ”a donsidade roal, o capacidado do planojamonto dos municipios quo, ao mosmo tempo em que
eslndo real da infra-ostrutura, a roal oforta do oquipamonytos, a roal satur.a- ganham om autonomia e poder a partir dos anos 1.980, nao consoguem im-
s;i‘loalosisle11"1a viario, as roais condicoes do vida o do qualidado ambionctal, plantar ostruturas capazos do acornpanhar e monitorar o processo do cres-
a propria topogralia da cidado”.‘* cimonto urbano o o papel ai desempenhado polos divorsos atores. 1\le.ste
sentido, constata-so hoje a caréncia cronica do diagnosticos cuidadosos dos
I )o ponto do vista espacial, as consoqiioncias dosso modolo nao podoriam processos om curso no tecido urbano, o que torna fragil, inclusive, a capa-
ser piores: ao ignorar a a rticulacao ofetivamente oxistento nas divorsas re- cidado do so proporem politicas piibllicas adequadas e mais ofotivas. Com
gloes da cidade, ao abrir mao do quaisquer dos paréimotros tradicionais isso, acaba predominando em todo Brasil um tipo do planojamonto que,
do desenho urbano usados em nosso planejamento tradicional (gabarito, mesmo quo incorporo a dimensao participativa, continua privilogiando a
tlpologias, etc.), o planojamonto por densidado abre caminho para que so perspoctiva quantitativa o o viés funcionalista, que néio lova em conta a di-
impunha por toda parte o modolo dos ospigoes, que, pré-fabricados pela versidade da cidado ofetivamente existente. Assim, nao so consoguem in-
lmIL'|sl"ria da construcao civil, ”pousam” sobre as diferentes partes da ci- l'ep,ra r, do fato, as politicas do protecéio ao patrimonio as politicas urbanas.
d ade. Os resultados dosso tipo do adonsamonto, ”aplicado girosseiramento
sobre a cidade pro-oxistento”, sorao
quartoiroos caoticos ospalhados I11CI.lSC1TI.]"!'II1'IEId.El1T1QTI'I-L As novas possibilidades colocadas pelo Estatuto da Cidade
to por todo o torritorio da cidado, com uma ou. duas
torros insoridas om m.oio a alguns prédios poquonos
do divorsos tipos o poucas casas romanoscontos. Uma Como obsorvamos anteriormente, urn movimonto do abrangéncia nacio-
verdadoira salada ospacial, com divorsos padroes do nal consoguiu influenciar a foitura da nova Constituigao Federal do 1988,
ocupagao do solo, afastamontos, alturas o interfaces incluindo no toxto constitucional instrumontos que podem fazor valer o
com a rua.7
"direito social da propriedado” — edificacao compulsoria, direito do pre-
Q:

em pqao, solo criado, operacoos urbanas consorciadas, transferoncia do di-


(‘om isso, perpetra-so a mais complota dostruicao do patrimonio ambiontal
reito de construir, usucapiao colotivo, estudo do impacto do vizinhanqa,
urbano das diforontos rogioos da cidado, quo, om capitulo anterior, defini-
mos como "as rolacoos quo os bons naturais e entre outros. Como resultado dessa prossao da sociedade civil organiza-
culturais aprosontam ontro si” om determina- da, pela primoira vez om nossa historia, uma Constituic€1o rosorvou um
do moio-ambionto urbano, pensando sempre eapilulo espocifico para a politica urbana, que garanto o direito 21 cidade, a
como inter-relacionados ”a infra-ostrutura, o delesa da funcao social da cidado e da propriedado o a deinocratizaqao da
lote, rmlificaiqao, a Iiiigiiagein urbana, os usos, gestao urbana, prosontes especialmente om seus artigos 182 o 18?».
o perllil historico e a propria paisa;1,"ern natu-
A regiilaim-|1ta<;ao desses instrumontos foi, no entanto, long-a e cheia de
I raI”.“ Ilssas rolacoes ofetivamente exislenles perealqos, num processo que mostra claramente as dificuldades em se Ira-
llIll'IlI’I
no cidade e re.'=£1ol1saveis pela Ielqfio peculiar"
Ilulmllw lar com direitos que atingem do alguma forma o direito de propriedado
Hlugiln de cada uma do suas porqoes sfio olimpiea-
em nosso pais. Ilm primeiro lugar, chama a atenqati a omissiio do I’oder
Ilmlgiln menle ignoradas pelo planejamento por den-
I I-ll Ill‘
llxeeutivo, ja num regime democralico, que nao se preocupou em apresen-
sidude que, em nome de uma maior jusliqa
no Illll tar |‘e-g,ot|lamenlaeoes aos novos inslrurnenlos. Denlre os dezesseis projelos
I l'mle social, do uma dislrilniiigiio mais eqiiilaliva
npresenlados Por parlamenlares, acabou prevaleeendo o projeto de lei do
IIHIIIIIII don benelleloi-I da url1nnlv.aql’\o, lermlna por
1'1 'l1lmI Seiiado N“ IHI, de I989, nulodenomInnclo ”I'lHl&\ll.ll.U da (‘idade”, de nuloria
vlmunu fortalecer ll propria L‘H|.'.‘lt.?L‘LIIL’IQllH lmoblllarla.
I !rnim'rm'lfl e' }=Inrlh‘lpn(‘llo.- plmmn dlrmuw v piillllrfifl do pnfrllflllrllri
PA‘l‘RlM("5NIt1('lI!.'!'lllilAl. (‘mu'rIhm. pnllllom. lIlFlll"lHHt'lll0H

do sonador Pompou do Sousa. Apos doze anos do lramitaoao, a lei pro- devendo sor formuladas no
posta foi aprovada por unanimidado, tendo sido sancionada finalmonte ;. llmbllo do uma osfera tecnica.
em Ill do julho do 2001 como a lei 10.257. intoressanto percobormos quo Na sua nova formulaqao, mais
liessa longa tramitacao muitas controvorsias so dosfizoram, o so passou quo uma reuniao do formulas
a tor uma maior acoitagao dos varios instrumentos, o quo pormitiu quo tecnicas, o Plano Dirotor o visto
eles pudessem sor aplicados do forma monos controvorsa. Assim, como a como um ”pacto pola cidade".
primeira lei federal do dosonvolvimento urbano om nosso pais, o Estatuto Como coloca Ana l\/laria Murta,
III: Hilil ll

da Cidade voio estabelecer dirotrizos gorais da politica urbana nacional, lmpoo-so agora a garantia do mm: all ill

regulamontando também o ”diroito social da propriedado”, onunciado na participacao da comunidado na


llrlll I I
("onstiluic£io, o colocando a disposicao das municipalidados um instru- deoisao o na gestao, nao fi.can-
av

mental urbanistico olaborado para isso. (Veer Quadro I) do mais essa participacao ~99 -
na depondéncia das intencoes da municipalidado a
I)ontro dosso novo sistoma, o plano diretor vom desempenhar um papol atongao a domanda comunitaria. Ne"-no so trata mais
central: como anota Raquel Rolnik, so o Estatuto da Cidade vai sor uma do uma concessao atonciosa e patornalista as solici-
tacoos popularos. Acontoco, ofetivamente, o coder o o
”caixa do ferramontas” a disposigao dos municipios, a “chave” para abri-
conceder, por direito do cidadao, aos novos projetos
la, vai sor o plano dirotor.“' Do fato, sogundo o texto constitucional, o Pla- ospeciais implantados om. sua ci.dade. E um passo ad-
no Dirotor vai sor “o instrumonto basico da politica do desenvolvimonto o ministrativo novo, conquistado, quo precisa so r enten-
do oxpansiio u rbana” (Art. 1,82, §'l Q), cabendo a olo disciplinar o "direito so- dido o assumido pelas profeituras o pela popiil-acao.
(MURTA, 2002, p.01-02)
cial da propriedado”. Para ofotivar a disposicao constitucional do acordo
com a qual todo m unicipio com mais do 20.000 habitantes deveria roaliza r l)entro deste novo quadro, no éimbito dos planos diretores participativos,
seu Plano I)irotor, o liistatiito da Cidade ostabolocou até mesmo uma data parece-nos possivol vislurnbrar uma série do altornativas quo podoriam
limile para a sua foitura, o quo levou muitos govornos municipais om 2006 nos ajuda r a oscapar da visao homogonizadora provalonto no planojamon-
a uma vordadeira ”corrida”, para oscaparom da possibilidado do serom lo urbano no Brasil, bom como so estabelecer estratégias mais of-iciontos
acionados por improbidado administrativa. Essa ”corrida" terminou por para a prosorvacao do nosso patrimonio cultural. Nesto aspecto, c» prooiso
en|'ra<|uoco|" do algu ma forma, na pratica, outra d "i rotriz importan to coloca- lembrar, antes do tudo, quo a prosorvacao dos bens culturais, especialmen-
do pelo llslatuto da Cidade, a pa rticipacao popular, quo so tornou obliga- le daquelos bons edificados do interosse historico ou arquitotfinico, confi-
loria para a olaboracao dos planos diretores, donominados gonoricamonlo gura-so, do fato, como um dos roquisitos para o cumprimonto da fumgao
do "planos diretores participativos”. l\losto sentido, o lfllstatuto prov(* quo social da propriedado, preconizada pela Constituicao Federal, dovomlo
no processo do elaboraoao e na fiscalivaeiio do sua implemontacao, cabo nocessariamonto sor tratada no Plano Dirotor. Assim, aparoco-nos pa do
1'1/\No nllll Ion |'Mu||.u'/\| lvo ao poder Logislativo o Il><oculivo garanti- Ht‘llt.l£1 a possibilidado do so intograr a politica especifica do prosorvacao do
rom “a promoqao do audi('ncias piiblicas o meio a mbionto urbano e a politica urbana mais geral, através da absorqao
W‘ lultum ll-1' nlia I'rellm|nar
LlL‘IDt1l1‘H com a pa1|‘l'icipt\Qfim) da poptllacao e
no I’Iano Dirotor do mecanismo do protocao doaroas. So o instrumonto do
do ass<icii1q(it's ropresenlalivas dos varios tombamonto foi importanto num primeiro momento, quando lidavamos
sogmentos da comunidado", ”a puIvlicida- com u ma concepqao mais restrita do patrimonio, hoje om dia nocossita mos
do quanto aos documenlos o inIo|'mac(>es do mocanismos mais floxiveis e adoquados para a nocessaria gestao da mu-
produv.idos’[o ”o acosso do t|ualquor inle- danqa das areas a sorom conservadas. l\losto sontido, surge o mocanismo
rossado aos documenlos o inIo|'mac(>os pro- das areas ospeciais ou zonas ospeciais do interosse cultural, a sorom pro-
I
du'/.idos" (/\rl. 4-0, § 4“). llssa perspoctiva postas para aquelas areas urbanas carrogadas do signifioado para a popu-
parlicipaliva vom lonlar oorrigir, do alguma I ‘ I R
lagllo, nao so pola oxisloncia do numorosos odificios do valor patrimonial,
forma, a 1|'ajolo|'ia das polllioas urbanas no mas pelas proprios caracterlstlcas do seu agonciamonlo urbano o do sou
llrasll, quo sompro loram ponsadas como slgnlllcndo para as cidades. Com limo, nos aproxlmarlamos da ldola dn
iuaifllqliumililn ill-$ ‘nun-w » I'l"'l'll
I’/l‘l‘lllMt'5Nl( 1 (‘lII.'1'|H(AI., s r',ma;n.m p,,”H,ifl;' 1,-|,,m,,,,,.,,;,,,, ‘ llt'lll0l‘l’ll1‘I|It‘}llll'lll'l]11ll,'l'lH.‘jlllllllllill/N*lHI‘r‘H r mrllllrus do pmlrhnflnlo

conse:'vm;ao do areas, aos moldos do que so tom feito internacionalmon- Podor I’L'|blico lera prioridade para a compra do um determinado terreno
lo com os instrumentos das conservation areas, historic districts, soctours ou imovel do intoro.sso, no momonto om quo esse for oferocido a vonda no
sauvogardos, entre outros. Nossas areas dovom ser definidos paramotros morcado. Nosse caso, o Plano Dirotor dovora indicar essas areas ou imo-
muito claros do acompanhamonto do desenvolvimonto urbano, do modo a veis, podend.o-so ponsar na utilizacao dosso mocanismo para os imoveis
so prosorvar, como nos diz a propria dofinicao do conservacao, as caracte- do interesse do preservacao ou para as areas a serom revitalizadas. Nosse
rlsticas dossas zonas "que apresentem uma significacao cultural”. Liltimo aspecto, o Plano Dirotor pode prover ainda novas possibilidades do
roocupagfio ou revitalizagdo das areas centrais das cidades e do sous odificios,
Por outro lado, é prociso porcobor que, na visao contemporanea, essa preocupa- utilizando-so do uma combinacao adequada do varios dos instrumontos
cfio com as dimensoos qualitativas da cidade nao deveria so concentrar aponas politicos e juridicos previstos no Estatuto da Cidade, buscando, simultane-
nas chamadas “areas historicas”, mas so estender para toda a cidade. Assim, os amonte, desonvolver oconomicamonto a populacao — muitas vozos margi-
pla nos diretores devoriam estudar dotalhadamente a configuracao diferonciada nalizada ou ompobrecida, que habita essas areas -, evitando-so o pervorso
das d i vorsas areas da cidade, propondo regulamentagoes também diferenciadas ofoito da gontrificacao." Através dos diversos mocanismos do Plano l)i ro-
para as mesmas, utilizando-so para isso do instrumentos dorivados do dosonho tor parece—nos possivel, assim, propor uma atuagao sobre os contros das
u rba no. Essa preocupacao tipologico-morfologica dove, a nosso ver, oriontar os ci.dades quo consiga combinar, em modidas adequadas, a perspectiva do
pla nos d i retores como um todo, e nao so restringir apenas a regulamontacao (no- sua conservacao com a da revitalizagao urbana.
cessaria) das areas ospeciais do conservagao. Nesto sentido é que enunciamos,
om outro contexto, quo so deveria adotar um procodimonto unitario, visando a Finalmente, parece-nos também muito importanto na feitura dos Planos
m.el'horia do moio ambionto urbano como um todo, nao tratando dosigualmente Diretoros, tratar com atencao a gestao do patriménio cultural, sendo noces-
as cliamad as areas historicas o os outros ospacos que compoem a cidado: em saria a criacao do mocanismos que pormitam a real o ofotiva participaqiio
ambos os casos, dovom-so considerar sempre a infra-ostrutura, o loto, a edifica- dos agentes envolvidos no processo, om todos os seus momentos, da iden-
cao, a linguagom urbana, os usos, o porfil historico e a paisagom natural. tificacao deste patrimonio até a discussao das oventuais intervencoos para
sua protogao. Do inicio, na fase do diagnostico, é prociso so criar mocanis-
'l‘a|nbér|n para o campo do patriménio cultural, deve-so prover uma ”cai><a mos para so porcobor o ponto do vista dos moradores e das comunidades
do l’orramentas”, que dovera constar no Plano Dirotor municipal, permi- onvolvidas, que muitas vezes difore da perspectiva dos técnicos dos orgaos
tlndo a u tilizagao dos diversos mocanismos — juridicos o politicos, tribu- do prosorvagao. Além disso, ja no funcionamento diario das politicas do
larios e financoiros, previstos no Estatuto da Cidade. Um dos principais patrimonio, é prociso, om muitos casos, também so democratizar os conse-
aspoctos a ser abordado, refere-so a introducao do ostimulos a prosorva- lhos do patrimonio, ampliando~se sua composicao, do forma a so incorpo-
rr cao, com a criacao do incenti- rar os diversos atoros sociais, garantindo-so o exercicio do um vordadoiro
vos e beneficios fiscais, como a debate democratico. Por fim, parece-nos fundamental ainda so garantir o
isencao do IPTU, a introduqao ca rater deliberativo desses conselhos, o quo diminuiria a possibilidado do
do mecanismo da trnizsfrrfiizri/I in goréncia direta o extomporanea dos agentes politicos no p rocosso.
do direito do construir (TDC), con-
cessao do diro.ito do construir no
mesmo local, ontro outros. llntro
ossos invontivos, cabo chamar a
atenoao para a transleroncia do
- a direito do construir, instrumon-
to reconle, quo vom sondo crosoontomento usado polos municlpios brasi-
loiros e que conloro ao proprielario do um Iolo a possibilidado do oxoroer
seu potencial oonslrulivo om outro Iolo, ou vom'lo-lo a outro propriolario' '.
Uulro instrumonto muito promissor para a oonseouoao do uma consorva-
cao urbana ollolonlo nos paroco sor o rliroilu do ;n':'¢'ii1poio, que garanlo quo o
P/ITRIMONII I (‘I H 1‘! HM! Vmmtllen. millllom Iimlrunwnmn
| 0 " | ‘ I l7rnmrrm'ln o ;mrtIrI;mrnn.' plmmn rllnmirrs v ymllflrun do ymtrlmflnln

.In¢|II|-r_i*i*"lc_7*IInT.i3u- _ _7___ _ ____ ___;_ __ 1' _ _ J ' '5 " HL_;7L';::_;‘


—*_¥— '==*-Ti e~J=i1iiI¢=--—- -_ -If 2’ -___?_—"ii *;.**:' s _ _- 11*-Yl:1—_':. ' ' ::<'<: _ _ _ _ __ _ _ _ _ __ .___;__ _-_ _, _p-1-q$|q;___@~Ab-;__:_—,—_

PONTOS IMPORTANTES DO ESTATUTO DA CIDADE: Concesufio de uso especial para fins cle moradia: instrumonto inova-
dor, permite que imoveis pifiblicos ocupados ha mais de cinco anos som
Gutlo democrética: devera ocorrer por meio da acao do conselhos do oposiqao tenham a posse regularizada do manoira assemolhada. aos ca-
politica urbana, da iniciativa popular do leis e da roalizagao do debates, sos do usucapiao do imoveis particulares, mas sem transforéncia da pro-
fludlénclas e consultas pablicas para a aprovagao e a impl.ementagao priedado. O dispositivo foi vetado pelo prosidonto da Repablica, mas
don planos diretores e das leis orgamentarias. roposto pola Medida Proviséria 1'19 2.220, do 4 do setembro do 2001, que
limita a fruicao do beneficio aos quo satisfaziarn as condigoes da lei na
data do 30 do junho do 2001.
Flinn diretor: obrigatorio para cidades com mais do vinto mil habitantes
I raferenczla para o cumprimento da funcao social da propriedado (art.
152, §§ 1" e 2°, da CF), o plano diretor passa a ser exigido também para I Direito do superficie: permite a transferéncia, gratuita ou onerosa, por es-
Cidades lntegrantes cle areas do especial interesse turistico, para aquo- critura pablica, do direito do construir sem que este alcance o direito do
Ill lnfluenciadas por empreondirnentos ou atividades corn significativo propriedado do terreno. Toma mais flexivel a utilizagao do terrenos urba-
impacto ambiental e para as que pretendam utilizar os instrumontos do I nos. ,
Elitntluto. 1
Direito do preompgao: assegura preferéncia ao poder piiblico na aquisi-
Plrcelamento, edificagao ou utilizaqao compulsoriosz a ociosidade do cao do irnovois urbanos desde que, dovidamonte notificado pelo proprie-
vastas exten.s6es do terrenos urbanos ja dotados do infra-ostrutura é res- tario, manifesto o interesse pola compra, no prazo do trinta dias, findo o
pomavel por deseconomias como a elevagao dos custos do prestacao qual o direito doixa do provalecer. Objotiva permitir a formacao do esto-
dos services pfiblicos o a sobrevalorizacao fundiaria. Previsto no art. quo do torras piiblicas sem a necessidade do procedimontos do dosapro-
132, § 4", do C011stitui.(;5iO, como primoira ponalidade pola retengao ocio- priagao.
ll do terrenos, esse dispositlvo carocia do rogulam.on.ta.cao om lei federal
para tornar-so aplicavel. Outorga onerosa do direito do construir e do alteragao do uso: consiste
na possibilidado do o municipio estabelecer determinade cooficionte do
IPTU progressive no tempo: segunda sancéio provista na seqiiéncia do aproveitamento dos terrenos a partir do qual o direito do construir ex-
Q4-° do art. 182, para combater a ociosidade do terrenos urbanos, o IPTU I cedento deve ser adquirido do poder pablico. O mesmo devora ocorrer
progressive no tempo sera aplicada aos proprietarios que descumprirem quando o uso for altorado e resultar na valorizacao do irnovel.
a primeira po:nal;idade, pelo prazo do cinco anos, com progressao da ali-
quota, limitada ao dobro do um exercicio para outro, até o maximo do Operagoes urbanas consorciadasz permitem um conjunto do interven-
15%. qdes e modidas, consorciadas entre poder pablico o iniciativa privada,
com vistas a alcancar transformacoes urbanisticas do maior monta. No
Dlllproprlaqfio com pagamento em titulos da divida pablica: trata- ambito das operacoes, o direito do construir pode ser expresso em cer-
IQ da 1.'1ltlma das penalidacles constitucionais previstas no capitulo da tificados do potencial adicional do construcao, vondidos em leilao ou
politica urbana. Torna a desapropriaqao do imoveis urbanos ociosos se- utilizados para o pagamento do obras.
milhante a que ocorro para fins do roforma ag1"aria. I

Transforéncia do direito do construir: faculta o oxercicio desse direi-


Ulucapllo especial: a usucapiao especial do imovel urbano do proprio- to om imovel distinto do que originalmente o dotinha. Mecanismo lfitil
flllde particular constitui dispositivo auto-aplficavel da Constituiqao. O para a implantagao do equipamentos urbanos (reduz os custos do de-
Eltlrtuto da Cidade, contudo, amplia a possibilidado do iniciativa para sapropriaqao), para a preservacao do patrimonio historico e cultural o I
0 ulucaplao colotivo, o que pode facilitar a rogularizacao fundlaria do para a regularizacao do areas ocupadas por populacao de baixa renda.
lraal urbanas do dlflcll lnclivlclualizaqao, como as favelas.
(Retirado do BASSUL. 2002) I
INVENTARIOS URBANOS COMO INSTRUMENTOS
DE c01§IsE1wAc;A0
Persia-;*tc no Brasil hoje uma clanosa cliss0cia<;€10 entre as politicas urbanas
cm geral e as chamadas politicas de patriménio. Se, internacionalmen-
te, desde 0s anos 1970, essas duas esferas se aproximam cada vez mais,
com a introdugéo de idéias como a da ”conserva<;€10 integrada”, em quo
. se explicita a necessidade da conservagéo ser considerada néio como uma
¢]uest50 marginal, mas como um dos objetivos centrais do planejamento
urbano e regional, em nosso Pais essas esferas ainda se mantém a?rraiga-
damente afastadas, embora 0s discursos tanto dos érgéos de preservagfiu
quanto de planejamento urbano tenham acolhido a premissa cle sua inte-

‘~nl='mIm .'r'mlu n|
rm /mnln 1 mm ' nl'1
r‘ l"."H‘)rl all’ '-‘ah!
fmm 1'-c H ale‘ -‘Hill

greuqéu. Diantv dosto quudru, paroco-nu.~1 muito promissora a utiliznqfiu do


um Almetrunwnl'o tradicimwrml do campo da prcsurvawqfima do pal'rhm“miu, u
(h1ve11l'é\rio) quo, bem explurado metoduloglcamenwte, poderia ultrapassar a
I‘/\'!’H!Mt7Nl( I ( ‘I H51’! HM! . (‘n|m'H:m, ymllllmm. Infill-'mm'ul|m lnmmlnrlnn urlmmm mum lmllrunwnlmn rlv rm-rnerwwfln

do lo|‘|"ilic'n*io o pola dissominaqfio


nun l11l"1q&’io original - a do produzir um rogistro do bons culturais a sorom 3
I

protogidos - passando a constituir um tipo do diaglwostico int"ordiscipli- dos bons ao longo do todos os es-
tados”, afirma. llronte a magnitude
mar, quo |'ornc-ca bases mais soguras do dados, bom como motodologias do
da tarefa, o Sl’lr-lAl,\l principia pelos
anallso o lnlo1*prola1;5o para a agao e oxecugao do politicas govornamontais
“monumentos arquitetonicos”, e,
|'m1|s oonsislonlos, quo, roslpoitando as pallicularidades locais, utilizom-
em pouco tempo, consegue docu-
has como base para o dosonvolvimento. Para demonstrar tal potoncialida-
mentar as principais obras da Ar-
do, L‘Hl;'l.‘ capllulo vai discutir as experiéncias do Inventa’rio do Patrimonio
quitetura na maioria dos estados
Urbano o Cultural do Bolo Horizonte (IPUC-Bl-I), e do Inventario do Patrio-
do Pais, além de realizar o inven-
lnllnio ('ultural do Porto Alegre, du.as tentativas nessa direcao. l
lll.'»H Ill‘ lrlrll llllil I'll
tariamento das colegoes de todos l':lI'rHlrlll -‘ll ll '-l:l|'ll
A
I
os museus federais, trabalho de I'M, llr'l('ll|1H Hllll
s
grande importancia numa época dc‘: (lflll ll!‘ l‘l||ll
ll1venlarios do patrimfinioz uma trajetoria no Brasil v em que a falta de registros facilita-
va a dilapidacao do patrirnonio nacional. No entanto, numa conferéncia
lnslrumonlo lradicional, o inventario vem sendo utilizado sistematicamen-
to no Brasil dosdo o final da década de @930l, quando é criado o SPI-IAN (Ser-
e proferida no mesmo ano, Rodrigo de Melo Franco deixa clara a posicao
l‘
ll acessoria do inventariamento nofiistema de preservagao,d,‘>instalado no Pals,‘
vlqo do Palrimonio Historico e Artistico Nacional), orgao federal de preser- l

vaq€1o. ja os intofloctuais modernistas que fundam o Servigo do Patriménio que se centrava na figura juridica do tombarnento. Assim, como explica
porcobiam a ism posrtzfincia de se realizar o registro sistematico de nosso acer-
l o autor, de acordo com a legislacao brasileira os bens culturais so seriarn
vo cultural, amoaagado pelo desconhecimento e pelo abandono. Assim, é considerados parte integrante) do patrimonio historico e artistico nacional
quo ;l.uoio Caxstemscreve, em 1938, o texto ”Documenta<;€1o Necessaria”, em depois de tt/Qrnbado§, cabendo ao inventarlamento um papel secundario o
quo Far. u ma veemente defesa de um estudo aprofundado de nossa ”antiga propedéutico? l-E interessante perceber aqui que ainda se trabalhava com
t’ll‘(']_LlllL‘l'Lll‘£1”Z “Se ja existe alguma coisa sobre as principais igrejas e conven.- o conceito tradicional de patrimonio, entendido sob os parametros nortc-a-
los - pouca coisa, alias,... -”, adverte, “com relagao a arquitetura civil e parti- dores da (e/xcepcionalidade e da unicidadm-5'} nao havendo também dlflvid/as
Cula rmon to £1 casa, nada ou quase nada se fez”? Frente a inexisténcia de um quanto aoxque fazer: documentar para se proceder a protecao por meio do
rogistro con Havel, propunha um inventariamento cuidadoso e exaustivo da ltombamentol Essa abordagem se estendia aospréprios conjuntos urbanos,
arquitotura civil brasileira,, pouco conhecida até entao, que deveria cobrir 2. propria cidade, que era tratada, como bem mostra Lia l\/lotta, “como ox-
on mais diforontos "tipos de edificagoes, da casa urbana a rural, examinando pressao estética, entendida segundo critérios estillsticos”, o que resultou
larnbém as técnicas utilizadas e o proprio mobiliario. 7”numa pratica de conservacao orientada para a manutengao dos conjuntos
Uu
tombados como ob]etos 1deal1za- 1 ~
l\lo que se refere a atuaacao efotiva do dos, distanciando-se das contingén- I
SPH/~\l§l, em entrevista roalizada om cias roais na preservagao desse tipo
1939, (Rodrigo l\/lolo Franco do An} do bom”.3
drade, primoiro prosidonto. daquolo I

orgao, aprosonta o ”invontario das llsta postura so vai mudar no final


coisas artisl"icas lovado a ofoito na Bol- da década de 1960, quando, sob a
gica” condo um modolo a so soguir, influonoia da rovisao quo so proce-
lllll
doclarando sor sua inlonofio roalivuar dia intornacionalmonto, quo rosulta
llu
"I'll lrabalho somolhanlo no Brasil. l\lo on— om dooumonlos como a ”(‘arla do
lllll lanlo, la rooonhoco do anlomfio as di~ Vonov.a" do IW14-, oomoca a dospo|\- l’mlnm do I-um
{Ill mam rlnl l_-._'n')|
lrlu
liouldados do somolhanlo omproilmla: tar um novo conooito, o do ”sllio
mln‘-I /lluln. l'm"m'||:|
‘Ml ' “U lralmllm 1" ponoso pola vaslldao L|rbnno", quo vom sulmlllulr o do ll|1lH'~
MTRIONIO ClUI..T|.lRAl. - Cmirvllaa, polltlrau. lmlrimwnlm lrivmmlrlun urlmmm mu-mi lnulrimwnhm rlv £‘fll'lll'l'!lllg‘flll

l "cidado monumento" ra ovllar a "discriminaq5omonumental”, é inl"erossanl"o notar, no ontanto,


anteriormente utiliza- Y
ainda a pormanéncia da perspectiva tradicional:_é prociso invontariar para
do. A partir dos anos so poder proteger, ato que ainda é visto como Qmonimo do tombar) No quo
1970 comeqa também o so roforo aos conjuntos urbanos, mantém-se também essa linha: o IiPAC-
processo do doscentra- MG funciona ainda basicamente como uma catalogagao de bens cultrirais
lizacao das poh'ticas do notavois - mosmo que se tenha estendido essa nocao -, aparecendo o urba-
patrimonio no Brasil, no ali aponas como uma referéncia circunstancial.
com a criagao de varios
orgaos estaduais e mu-
nicipais de preservagao. O lnventario do Patriménio Urbano e Cultural de Belo Horizonte (IPUC-
Em nivel estadual, séio BI-I): uma experiéncia metodologica
realizados importan-
tes inventarios, como o Ill in lorossan to que as primeira/sxtentativas de se inverter esse enfoque, pri-
do Estado da Bahia e o vilogiando akvisao do conjunto, ‘jvao acontecer em ambito municipal. Esso
p IPAC—MG, Inventario vai sor o caso, por exemplo, do IGEPAC — Inventario Geral do Patrimonio
de Protegao do Acervo Ambiontal o Cultural Urbano de Sao Paulo, desenvolvido pela Secreta-
Cultural de Minas (_;e_ ria Municipal de Cultura, e que tentava introduzir uma metodologia com
mis. Iniciado om 1984, o IPAC vai ser, segundo sua propria formulagao, , abordagom especificamente urbana: em vez de apenas listar-se os bens,
um “invontario do conhocimonto”, voltado para a ”identificac5o dos bens partia-so do uma compreenséio deéunidades culturais mais arnplas) areas
do inlorosso do prosoirvacEio”, com vistas a estimular “sua protegao e estu- da cidado, quo oram analisadas. Desenvolvido desde 1983, o IGEPAC ja
do poslorior”.4 So, a partir do seu texto de apresentagao, ja se pode notar anunoiava quo séio ”objeto de inventariacao nao apenas os bens ambien-
que o [PAC-MG parte die uma concepgéio ampliada de patrimonio e procu- , tais o culturais urbanos consagrados como ‘monumentais’, mas também
-
irnodos do organizao€io)do espago urbano e suas variasfetapas e for1nas)d.o
ovoluq5o”.~" Eimbora lance méio de instrumentos tradicionalmente utiliza-
I dos nos in voiitariaus - fichas com registros diversos -, o IGEPACSP da mui ta
/onfaso as (inalises urbanisticas\,das areas inventariadas, abordando-as sob
‘aos aspoctosdiistoricos, socio-culturais e urbanisticoQ Como metodologia,
as aroas om estudo sao divididas em subareas com caracteristicas proprias,
o, don lro dossas, sao localizados os bens culturais. Outra alte1"aca',o impor-
l'anl'o roforo-so ao papel a ser desempenhado pelo inventario, que deixa
I do sor ponsado como mero registro ou preparagao para o tombamento o
passa a prolondor ”pa1"ticipar nas politicas e planos de desenvolvimen to
urba no, no quo diz respeito as areas a serem preservadas e outras sujoitas
a ronovaofio u rbana”, objetivo que é respondido com a olaboracao do pro-
poslas ospoclficas do prosorvagao e de regulac;€1o urbana.“

' (7 l(ll;ll’/\CSl’ roprosonla, a nosso ver, um avanco em rolaoao aos domais


lnvonlarios oitados: a porspootiva urbaiiistica adotada paroco-nos muito
fiials ndoquadal fronlo a ampliludo contomporfinoa do conooilo do patri-
mflnlo, pormitindo lainbom abordii-lo a partir do uma visiio diniimica.
Uma L'n1loa rossiilva, no ontanlo: ombora anuncio uma analise dos falroros
PATRIMONII '1 C‘l!l .7’llRAl. fiiriiwlliin, pnlltlrmi. lllIll‘lllm‘Hl"|Il| lmwnmrlnu nrlumnu rnmu lmufrummlhui rio rminm'ivm*#n

"modo-otllturais” osta so Iimita normalmon to a u ma a naliso do processo do farnllias abastadas o uma primoira ooupaqatr favolizada, logo oxtirpada polo
ootipaqao das rog"ioos estudadas, idontiticando os grupos sociais onvolvi- Govorno ‘municipal. l"-lojo ocupado prodominantomonto pola olas:-io iiiodia, o
dos. Nan ha nonhuma tontativa do Qairacterizagao socio-espacialumais pro- bairro ainda consorva um importanto conjunto arquitotonico, a dospoito do sua
clsa, nom a analiso da apropriagao dos espagos das regioes, com o rogistro, grando proximidado com o centro da cidado e a 1
por oxomplo, da vida das ruas dos bairros, suas feiras, festas e fostivais. oonsoqiionto valorizaoao imobiliaria.
linlta ao IGliI’ACSI’ oxatamonto a abordagem daquela dimensao menos
O lnvontario da Lagoinha também abordou
palpavol da cultura, quo esta na base da construgao social de identidades
um bairro tradicional da regiao pericentral,
ospaciais distintas, que, em. oltima instancia, permitem que cada setor da
cldado soja porcobido o representado de forma propria pela populacao‘)
» -..
quo tovo, no entanto, um destino comple-
tamonto diforonto do da Floresta: ao sofror
Outra tontativa nosta diregao foi o Inventario de Patrimonio Urbano e Cul- u ma série do intervengoes viarias de grande
lural do Bolo Horizonte (IPUCBH), desenvolvido desde 1993, inicialmente porto, a rogiao entra num processo de gran-
pola Profoitura Municipal e, posteriormente, pela Universidade Federal do do dogradagao ambiental, aparecendo aos
Minas Gorais. Tontando responder a ampliagao do conceito de patrimo- olhos da cidade como uma area-problema.
nio, o comproondendo a cultura como processo muito mais do que como Por outro lado, é digno de nota como a La-
u ma série do bons, o IPUCBI-I constitui-se numa pesquisa sistematica que, goinha, a despeito de todos os problemas, 1 ll'1H'lll|lI'lll'lll

ao rooonhocor e documentar o patrimonio, entendido em sua forma mais oonseguiu manter uma grande vitalidade Him llaprii-iii
in-minim llrli
abrangento e contemporanea, possibi- oconomica e cultural, abrigando principal- Hon lllllI'
lita a elaboragao de propostas de pre- mente servigos tradicionais, heranga de sua
HUI servagao integradas com a politica ur- origom operaria do inicio do século. Essa realidade multifacetada foi ca p-
‘Ills!
bana geral para o municipio. Para isso, tada pelo inventario, que mapeou nao apenas a arquitetura a confor-
illml
um! procurou-se desenvolver uma moto- rnagao urbana local, mas tracou um detalhado retrato socio-cultural do
Hill‘. dologia de diagnostico urbano, que bairro. Aqui cabe notar que, fazendo jus a idéia inicial do programa, osso
'l'l,l
permitisse tanto entender e registrar invontario foi utilizado em 1995 e 1996 como base para a proposiqao do
minuoiosaimonte as areas estudadas, quanto propor alternativas de poli- um plano do reabilitacao integrada para a area, o Projeto Lagoinha, do quo
lloas do dosonvolvimento, compativeis com as suas especificidades. As- trataromos em capitulo posterior.
sooiando posquisa documental e trabalho de campo, o IPUCBH elaborar,
ontao, diagnosticos das localidades estudadas, a partir de seus aspectos ar- Como um contraponto a esses dois inventarios, o lnventario do Primoiro
quil'ol"c“micos, historicos, sociologicos; antropologicos e economicos, numa do Maio focalizou um bairro ainda hoje eminentemente operario, ocupado
tontativa do criar um instrumonto quo, ao mesmo tempo consiga registrar ha apro><imadainon.te 50 anos, e localizado na periferia da rogiao 1\1orto do
o |:mt|'i|no|1io urbano o cultural om seu sentido mais amplo e possa servir llolo Horizonto. Trata-so do uma regiao que também sofria intorvonooos
do baso para um planojamonto mais cuidadoso, quo leva em considoragao via rias do porto naquele momento, com o prolongamonto do avonidas o a
as pa rtioula ridados o identidades proprias dos diversos ”podacos" da mo- ohogada do Trom l\/lotropolitano, além do uma sensivol modificaoao oco-
lropolo. ' ' nomica com o aporte do grande quantidado do invostimontos imobiliarios.
/\ historia da ocupagao dessa regiao é a historia da motropolizaoair om
Como modulo inicial, quo sorviria como um tosto para a motodologia adota- curso dosdo os anos 1940, com a incorporaqao pola mancha urbana do am-
da, foram osoolhidas, ainda om 1994, quatro rogioos do Bolo llorizonto, quo plas lalias da zona rural. l\lota—so ali também um signifioativo contingonlo
L"0l1l:l[l,‘L-|I‘£\\/"E-II'I1*L‘llHllI1l't1S ”l"ipo|ogias urbanas”, com ocupaofws o trajotorias di- do populaqao do origom nogra, com notavol grau do assooiativismo o vida
foronoiadas, om lormos da ovoluqao urbana o do roalidado sooio-cultural. As- cultural propria, ma roada por in tonsas fostas popularos.
Hlm, o lnvonlal'io do bairro da lilorosla, o primoiro a sor roali‘/.ado, fooalizou
um tradicional bairro do rogiao poricontral, cuja ocupaoao oomoqa com a pro- liinalmonlo, roalizou-so lamhom o lnvonlario da rogiao da Avonida Raja
prla oonntrtlollti dn oldndo. All oonvlvoram, na virada do sot'ulo,icl1acaras para Gabaglla, quo conslllula o voior do croscimonto mais intonso om morldos
\
PA‘l‘RlM('lNlU (i‘lll.’l‘l=lRAl. L7‘mu'vllmI. lmllllrml. lnulrumrimm 1 lmwrmlrlnn urlmnuu vumn l'llIlI'lJltIl!lllml vrnnurvc

dos anos I990, prlnoipalmonlo com a instalaoao do uma sorio do alividados dozonas do bons arquitotfmioos o olomontos isolados“; uma sogunda, om
llgadas ao prooosso do aborlura o globalizaoao da oconomia. Nosto in- ‘I974, doslaoando-so, dosta loita, ltambo-rn ”prodios modostos”, os quo so
voi1tarlo documontaram-so tanto a avonida quo so adonsava com rapidoz, oonsidoravarn Caractorlstloos do Porto Alogro o os quo a prosontava m "as
qtlanto a maior ooncontraqao do vilas o favolas da cidade do Belo Horizon- linhas puras o simples da construgao colonial do nossa rogiao”. Aqui cabo
to, quo oom ola ostabolocia u ma relagao do conflito e complementaridade. obsorvar, so;_r,uindo /\na Moira, uma poculiaridado: ja nosso momonto os
bons solooionados por ossas comissoos nao so rostringiam aos valoros do
Motodologicamonto, o IPUC-BH também nao abria mao das ferramen- monumontalidado o oxcopcionalidade "relacionados ao imaginario oli-
ta!-I tradioionalmonto utilizadas - as fichas com registros diversos -, mas oial” o nao roprosontavam "aponas os podores constituidos — Estad o, Igroja
ol11prog'ava ao mosmo tempo também outros tipos de pesquisa, tais como o olassos dominantos, mas principalmente, os moradores da cidado”.'"
nquolas por a mostragom. A onfase, no entanto, foi sempre a compreensao
r|1l|11uoiosa das rogioos estu dadas, concentrando-se os esforgos de todos os /\ partir da sogunda motado daquela década, sucode-so uma sorio do ini-
prolilssionais onvolvidos om produzir textos analiticos sobre as mesmas. ~oiativas na area da prosorvagao: em 1976 cria-so o Conselho l\/lunicipal do
l’artia-so naquolo trabalho do global, o u.rbano, para, num movimonto de Patrimonio llistorico e Cultural (COMPAHC); em 1977, o Fundo Munici-
aproximat;ao, situar-so ali os bons culturais especificos, que eram registra- pal do Patrimonio Historico e Cultural (FUMPAHC), e, finalmonto, om
dos som pro dontro do seu contexto. Com isso, o IPUC-BH propunha—se I979, o munioipio instituiu o instrumonto do tombamento em nivol local
a su pora r a simples fungao do rogistro do inventario, passando a poder com a loi n‘-’- 4665/79. Também neste ano é promulgado o 1o Plano Diro-
constituir om poderosa fer1"a1nonta de planejamentourbano, na medida tor do Dosonvolviimonto Urbano — lo PDDU — da cidade, que reconhoco o
om quo consoguia in.corporar em suas consideragoes as mais diferentes patrimonio como um do seus temas.11 Para a sua elaboracao, havia sido
lormas do abordagom das distintas realidades urbanas. Com esse exem- criado o PROPL/\l.\l — Programa de Reavaliagao do Plano Dirotor, no qual
plo, podomos vor claramente como, diferentemente do planejamento por um grupo ooordonado polo arquiteto Iolio Curtis, responsavel pola Suba-
donsidado, discutido om capitulo anterior, que reduz a leitura do urbano roa ”l’aisagom Urbana”, procedeu a um amplo inventariamento dos bons
a poucas variavois (]LlEll'l.llla'lIl.VE1S, os inventarios urbanos podem, de fato, a rtluitotonioos da cidado. Ali, além dos critériose conceitos basicos form u-
prod uzir loituras om moltiplos niveis de realidades urbanas também com- lados polo gruypo, aprosentava-se uma listagem de aproximadamonte 2.000
ploxas o divorsas? lmovois, quo oram classificados em dois grupos: os do “interesse socio-
cultural", quo doveriam sor preservados, e os de ”adequa<;ao volumotri-
oa”, quo podoriam sor substituidos desde que se mantivesse a adequagfio
no ontorno.'2
O lnventario do Patrimonio Cultural de Porto Alegre: inventario e a pro-
teqlio cla paisagom . ll muito intoressanto como neste momento ja se usava como conooito
l I A
nortoador a idoia do ”patrimonio ambiental urbano”, defendida polo
A lrajoloria da prosorvaoao om Porto Allegro remonta aos anos 1930 quan-
ooordonador da oquipo, arquiteto Iolio Curtis em varios artigos o om
do o SP1 I/\l\l tomba om nivol nacional a Igroja das Dores e o acervo do
loxlos ospooialmonto olaborados para o 1o PDDU.1~" Para Curtis, o “Pa-
Musou jolio do Castilhos. No ontanto, como em outros lugares do Brasil,
lrlmonio Ambiontal Urbano” nao so limitaria "aos valoros isolados das
val lor quo so ospora r a to os anos 1970 para que so apliquom as primoiras
odilioaooos quo o compoom, nom mosmo naquolos dooorrontos do sou
modidas prosorvaoionistas om nivol municipal. l\lesto aspecto, Porto Alo-
lntor-rolacionamonto”, o ”ao invés do prod u to final do um arranio conu-
gro vai oslar ontro os primoiros municipios brasiloiros a onsaiar algumas
gralioo o anacronico, o o rosultado, om dotorminado momonto, do um
modidas na aroa, quando ostaboloco na sua lie/i Organica do "I971 quo cabia
prooosso oumulativo o/ou lransformativo do bons imovois -— naturais
an oxoculivo municipal roaliza r ”o lovanlamonto, no pram do um ano, dos
ou oriados -~ produzidos por dirotri'/.os do invostimontos poblicos ou
bons imovois do valor hislorioo ooullural, do oxprossiva tradioao para a oi-
privados, oujas qualidados culturais o do uso, por rospondorom E1 sonsi-
dado, pa ra lins do lulu ro loinhamonto o doclaraoao do ulilidado p|.'iblioa".“
lfillldudo das populaooos inlorossadas inoorporam-so S1 momoria oo,loli-
A partir dosto mandalo, loram roalir.adas algumas lislagons do bons: uma
vn”. Dal, oslarmos lronlo a um oonooilo quo faria omorp,ir uma vorda-
om 1971. Por uma oomli-man do lunoionarios municipal.-1, quo idonlilioou
dolra "postura domorrilllra" “oapuv. do asslmila r o vordadoiro sonlldo
l‘/l‘l‘RlMt'lNl£ I (*1 ll.'l‘l IR/ll. (”‘inlrallmi, pnllllrm-1. lllNll'lllll!‘lllIlN lnwnmrlnn urlmmm mum lrmlr|um'nlm.i Ill‘ l‘lllllll‘l'IlIl|,'l'lU

da prosorvaoiio"."1 Oulro avanoo roloro-so a u ma oxlonsa discussao da 1 consorvaoao, assim como os crili’-rios do |Jroso|'vm;ilo.
quostao dos valoros onvolvidos na solocao dos bons a sorom prosorva- (...) /\ lioha o oomplomonlada com tlllldifltl mais lo-
dos: nao so limitando aos ja tradicionais valoros ”l1istoricos" ou "ar- tos do prodio o lambom auolaooos do Pl.‘l.‘llllfll'lCl¢ltll'H
ornamontais. l’ostoriQrmonto, todos os prodios arro-
llsticos”, a Comissao indicava os valores <farquitetonicos", "tradicional lados sorao ostudados mais dotalhadamonlo, com .1
o/ou 'o\/ocativo”, “ambiental”, “die uso atual", "do iacessibilidade com execuoao do lovantamontos do in torioros, oadaslrais o
vista a rociclagem”, ”do___conservagao", ”de‘ recorréncia regional o/ou pesquisas historicas. Basoados nas fotos o liclias, Hill)
l d.esenhados para cada tostada do quartoirao os porlis
ra rid a do formal”, “do _:§_aridade funcional”, ‘(do risco de desaparecimen- d.e volumotria o os portis dotalhados, caractorl/.ando
to”, “do antigt'1i.dade”,'e, finalmente, "do complaltiibflilidade com a estru- l os prédios arroladosfi"
lura urbana”."5 O m.ais interessante, porém, é que todos esses critérios
passavam, como mostra GRAEFF (2001), pela protecao da “paisagom Os critérios de preservagao adotados pola EPAI-~lC roforonciam-so om
urbana", quo era amplamente entendida como "0 conjunto de espacos, quatro instancias de abordagem: "a hastancia cultural, quo considora os
odificacoos, equipamentos, monumentos e atividades, integrado a um valores historicos e/'ou referenciais do bem para a populacao; a instancia
dotorminado cenario geografico capaz de oferecer ao homem sua me- smorfologica, queWc_o_n_sidera os valores sob a otica da historia da arquilo-
lhor perspectiva de vida”.16 tura;Ma _in§:\‘a1'ioiaMtécnica, que analisar os valores construtilvos; o a instanoia
paisagisticaidluomaborda a relagao dobem com seu entorno”. A pa rtir da
I lm 1988 é criada a Secretaria Municipal da Cultura, e, no ambito desta, a analise desses valores, e baseando-so no historico dos bai.rros, nas lichas
Coord enagao da Memoria Cultural a qual se liga a ja existente Equipe do Pa- produzidas e nos perfis dos quarteiroes, é realizada entao a classilicaqao
trimonio Historico e Cultural (EPAI-IC), responsavel pelo inventariamento dos imoveisanventariados, que sao divididos entre ”d<£ostruturacao" o
da cidade. Comegando seu trabalho no ano seguinte, a equipe vem proce- ”dQs,\compatibiliza<;ao”. Aqui, além de observarmos que se esta soguindo
_"~=-.___

dondo desde entao ao inventariamento de Porto Alegre, que teria ”o objeti- *" -0-.._ .g|¢_

uma trad1caode'classificacao ja introduzida desde os anos 1970 na cidado,


vo ospocifico d.e identificar, registrar e catalogar os bens culturais imoveis, cabe chamar a atencao para a posicao particular que o inventario ocupa
para a elaboragao de um cadastro do Patrimonio Cultural do Municipio”. no sistema de preservagao de Porto Alegre. Diferentemente da maioria
listo cadastro, por sua vez, teria multiplas utilidades, Segundo um dos tex- dos diplomas legais em nosso Pais, o Plano Diretor vigente na cidado (l"
tos basicos do programa: por urn lado seria "instrumonto importante para a PDDUA) nao se limita a apenas arrolar o inventario com.o um dos instru-
iprosorvaca.o dos imoveis que constituem o conjunto do patrimonio constru- nu

mentos a serem utilizados para a preservacao, anunciando om sou p roprio


ido do Porto Alegre, assim como para a instrugaode processos que visam o texto que "as edificacoes que integram o Patrimonio Cultural sao idonlil'i-
tom bamonto ou outras formas de protegao”, constituindo, portanto, “instru- cadas como Tombadas e lnventariadas de Estruturacao ou do Com patibi-
monto importante para a formulagao de qualquer politica de preservacao”. lizagao”, qualificando ainda esses termos:
Por outro, o cadastro ofereceria subsidios também para "alteragao ou cria-
I - do Estruuturagao é aquola quo por sous valoros alri-
qao do rogimes urbanisticos especificos, visando a- adequacao de novas edi- t bui identidade ao ospago, constituindo olomonto signi-
licaqoos ao ja construido, e também para a elaboragao de planos e projetos ficativo na estruturacao da paisagom ondo so localiza;
urbanisticos om areas onde o patrimonio cultural deva ser considerado”/'17 II - do Compatibilizacao o aquola quo oxprossa rolaqao
significativa com a do listruturacao o sou ontorno, cuja
Roalizado sistem.aticamente a partir do final dos anos 80, o lnventario do volumotria o outros olomontos do com posioiio rouno-
Pa ls rimonio Cultural de Porto Alegre segue uma metodologia bastante dota- rem tratamonto ospocial."’
lhada, q uo o oxplicada pela equipe no texto citado:
Assim, aposar do romotor a regulamontacao do invontario a u ma ”loi ospo-
Primoiramento é Jofinida aaroa om ostudo, buscando
cifica”, o PDDU/\ acolho um principio do classificacao ja u tili/uado om |’or-
a coincidoncia com a divisao dos bairros do Munici-
pio. /\s ruas sao poroorridas uma a uma o todos os to Alogro ha algum tom po, rooonhocondo o pa pol do protooao ao proprio
prodios considorados passlvois do prosorvaofio sao invontario. Com isso, oonsoguo-so ostabolooor, como voromos, uma dina-
rogisirados om liohas ospocilicas. Nolas conslam oa- mioa mais ahrangonto o oonlomporanoa do prosorvacao, nao so limitando
rm'lorlslit‘as u|'quilolonit‘as o oonslrulivas dos prodios
- l||Jologin,, mo|‘l'ologia, tipo do t‘o|1sl|‘tu_‘(1o - oslado do aponas a prott~gor os imovols considorados individualmonto: na modida
om quo so ponsa no sua ”oompalll"1llzaqilo" com o ontorno o as divorsas
PA'l'RlM(lNl(l L‘! ll.’l‘lIRAl. - (=‘Hllt't-lllllli, pnllflrmi. lunlrmmvnmn ll'll't’l'll!ll'lIlH urlmmm mum lnnlrmmmlus i-lo |'i1rin#rrIn¢'d|1

amlwioncias, oslabolooo-so o controlo do dosonvolvimento da paisagom u r- roprosonlalivos dovorao tor sua ooupaoao o uso pro-
bana om sou ontorno, com o quo so garanto a sua protocao mais ofotiva e sorvados para as futuras goraqi‘ios.
,

intograda, como rocomondam os documontos da area.


Um bom oxomplo do procodimonto adotado no lnventario do l’atrimc'"mio
Cultural do Porto Alogre o o inventariamento do 4o Distrito, quo vom son-
do dosonvolvido pela EPAHC desde 1997. lnicialmonto ocupada por cha-
Cabo obsorvar, finalmonte, que esta perspectiva é fortemente ancorada no caras no século XIX, aquola area, que hoje envolve os bairros Navoganlos,
Plano Dirotor da cidade (29 PDDUA), no qual so utiliza a nocao de ”pa- Sao Goraldo, Floresta o Marcilio Dias, representa um forte roforoncial da
trimonio ambiontal", que abrangeria ”os patrimonios cultural e natural” prosenca dos imigrantes na constituicao do Porto Alegro e do concomitanto
(Art. 13, o caput e § 1*’), tratadosnuo ambito da chamada ”Estratégia do processo do industrializacao da cidade. Segundo Graof-f o Bollo, a oscolha
Qualificagao Ambiental”, que “tem como objetivo geral qualificar o ter- do 4o Distrito para dar prosseguimento aos trabalhos do lnventa rio, ja roa-
ritorio municipal”, através da valorizacao do Patrimonio Ambiental, pro- lizados na area cen-
movondo suas potoncialidados e garantindo sua perpetuagao, e da supe- tral, doveu-so tanto
racao dos conflitos referentes a poluicao e degradacao do meio ambionto, a sua proximidade
sanoatmonto e desperdicio energético.2° Um texto da Prefeitura local, que ao proprio centro
comenta o referido artigo, doixa bem clara esta perspectiva, que é plena- quando “a deman-
mon to adotada no lnventario do Patrimonio Cultural de Porto Alegre: das do outros pro-
O desafio é fazer com que a cidade se desenvolva em jetos” que naquele
harmonia e que seja possivel qualificar o territorio momento estariam
municipal destacando 0 que do melhor existe em cada sondo dosonvolvi- imuiilili
lugar, do forma a manter as tradicoes culturais, a sua l r‘l |*|’l|'lll
pai.sagem e os valores naturais. O termo "ambiental", dos pola adminis-
ill‘ illllillll
nosto Plano, significa a cidade vista e analisadaghcomo t|"agao municipalzl l\]ll'|ll'l'i’l
um conjunto onico, onde convivem entre diferentes Atualmonte, aquela llr'_*.fl|'
tipos do cidade, com caracteristicas bem especificas.
Assim, passa a tratar os aspectos culturais e naturais rogiao mantém mar-
como questoes igualmente importantes, cujos espacos cas tangiveis das‘varias etapas da sua ocupacao, do final do século XIX
aos dias do hoje, oxpressas em edificacoes isoladas, mas principalmonlo
om u ma série do conjuntos que conformam a ambioncia mais goral do 4-o
Distrito. Trata-se, no geral, como ja assinalou Hugo Sogawa, nao do "um
acorvo do obras do arquitetura rofinada e erudita (salvo ovidontos o><oo-
ooos), mas do arquitetura popular, singola, procaria, ofomora - no plano
gonorico - o ospocializada, no caso do instalacoos industriais (fabrioas) ou
do a rmazonamon to ou oficinas”.22

/\qui nos oncontramos claramente numa rogiao industrial, quo foi porilori-
oa nos varios momontos da historia do Porto Alogro. Assim, cabo rossalta r
quo, na valoraoao para ofoitos do rogistro o prosorvacao, nao podoriam sor
porsoguidos os mosmos critorios utilizados, por oxomplo, para a aroa C011-
lral da cidado, ou mosmo para bairros ma rcados pola a rquitotu ra orudita.
Assim, todos osiquatro orilorios adotados para o lnvonlario do Pa trimonio
1

lllllllllil Ill’ Cultural do Porto Alogro (inslanoia cultural, tocnica, morfologioa o paisa-
Hll1_'r:llm-1,
l'lln"', l’m hi
glsllca) lorminam sondo rolldos a luz. das Qspoollicidados do 4o Distrito,
.1~\i.»,,w. ‘ propondorando, naturaln1onto,alnatancla palsaglslloa, nn modida om quo
. l lull ll-Illl ('|llll‘l’lllll, ’|||lllI|'mi, ll|plfl'|(”||'Hl||s
' lam-nlnrlim mlmmm ovum hm!rmm'nIa.+i do 1-niiwrmiula

so trata do prosorva r dopois do conflito. Um bom oxomplo o o do Moinho Rio-(lrandonso, laiiibom


muito mais conjun- obra do Wiodorsphan, um "volume prismatico porfoito - nao fosso a impo-
(tos o ambioncias quo sioao da municipalidado quo exigia um chanfro nas osquinas das ruas, cuja
\\odifica<;oos isoladas?-1 onica docoraqao oram discretas pilastras”. 25
Com isso, o trabalho
"da oquipo do El’/\llC llsto proto-racionalismo vai marcar a arquitetura industrial produzida na
adotou uma motodo- aroa, quo, do uma manoira geral, é caracterizada por volumes prismaticos o
in logia condizointo com simplos, especialmente no eixo da Rua Voluntarios da Patria. Esta dirocao,
llI' o proprio objeto, par- do oorta forma favorocida pola propria tipologia industrial, vai convivor
MI
tindo dokgontexto mais com uma maior proximidade da atitudo historicista na arquitetura rosi-
Ill.
ll‘ geral, para, em movi- doncial, quo, embora simples, mantém alguma ornamentagao. Em alguns
mentos do aproxiima- trochos podo-so notar inclusive corto carater otnico, com um acento gor-
Qlllo, chogar aos conjuntos o odificacoes individualizadas. Assim, num pri- manico, como, por exemplo, no "conjunto alemao” na rua Sao Carlos, o na
molro momonto, trabalharam-so as grandes divisoos da area, procurando ”Sociodado Florida”, na qual so rouniam os alemaes da regiao.
oaraol‘ori'/.ar, ainda quo rapidamente, os tros bairros de que so compoe o
4o Distrito, lllorosta, Sao Goraldo e Navegantes. Apos essa breve,carac- A racionalizagao e sim-
l‘o|‘lzm;ao, passou-so a so analisar os diversos eixos e conjun.tos_presentos pl i Ficacao ostendem-so
na rogiao, o aponas depois deste passo, chegou-se a analise especifica quo as solucoos residenciais,
lovou a olaboracao da listagem final. ospocialmonto naquolas
soluooos multitamiliaros,
Assim, parlciu-so do bairro da Floresta, o mais proximo da area central, o como o oxprossivo con-
quo roprosonta, do certa forma, a transigao desta para a area sob estudo. Ali, lunto art doco da aveni-
ldonlifioa-so com dostaquo, o roconhecimento polo patrimonio, a presenca do da liarrapos, quo neste
m/imln ilr 1 ll
ooniunlo da Brahma, do autoria do Theo Wiodersphan, ja inventariado por momonto dosompenha ; n)n'mim-., l lllill
(‘urlius nos anos 1980, quando descreve a ”Corvojaria Bopp e depois Brah- o papol do ligacao do lit, l'Hl lrl lli '.'i'i
1 1

ma” aproxirnando-a analiticamonto da Confeitaria Rocco, na medida om quo Contro da cidado com o
ambas “so constituom om monumentos oxtremamento aparentados na con- aoroporto. Edson Mahfuz, num artigo apresentado no lo Seminario lntor-
t~vp<;a<> onlrioa quo ca ractoriza o povoamonto zoo- o antropomorfico do suas nacional sobro Art doco na América Latina (1997), chama a atonoao para
Fronlarias”. (CURTIUS, 2003, p. 380, originalmonte olaborado para um toxto osso conjunto, anotando que embora a Avenida Farrapos nada tivosso a vor
para o COMPAI lC, om 1986). Esto conjunto, ainda com inspiracao historicis- com a Ocoan Drivo, do. Miami:
la, sorna-so a alguns oxomplaros quo, mosmo muito dotoriorados, romotom
bastaria quo so pintassom os sous odificios para quo
Lu __.- __..u‘m-
ao inicio da ocupaoao da ro- olos passassom a sor admirados como os daquola fa-
giao.2“* No ontanto, osta con- mosa avonida americana, pois om tormos do arquilo-
tura ambas aprosontam odificios do'formas simplifi-
junoao historicista logo vai sor
oadas, com prosonqa rocorronto do simotria lwilatoral,
uyrapassada por uma “nova alguns dosonvolvimontos volumotrioos somi-oiroula-
o mjunlura” rapidamonto ali- ros nas laoliadas o l11i.1|‘t‘£1g‘(3L‘S do osquina/*"
sorvida polos prolissionais
do lnloio do sooulo, o quo lica O bairro Sf1u(lL‘I‘t1lLln lambom o marcado pola oonvivoncia do oslruluras in-
baslanlo claro quando oom- duslrlais o rosidonoiais, oomo lioa caraolorivado no oxomplo da lndL'ls_l|'ia
H
lllati.'oo, quo CUI1lLll.Z,l‘l pionolramonto labrloa o moradia. Nosta rogiao podom
l Paranios as ohms al"|lo|‘luroH it
l' .
I

‘l la (luorra com as oonstruldas nor ldontlllcados lamlic.'~m slgnlfloatlvos oonlunlos do casas oporarias, bas-
Blnto ulmplos, notadamonlo an avonida Guido l\/lUl1Llll‘1t‘l"1l1H ruas Sao Paulo
' lHM‘l|l!ll'lHH nrlmmm mum lrmlrulmwhm Ill‘ m||m*rmn,'fln
l‘-4'l'RlN1(A7Nll 7 I 'l!l.'l'lll~l/ll, l'|Im'¢'H|m, pallllnm, lll!‘tll'lll!l|‘llll"'l

lluratlns mam lL‘Ul1l‘H siml‘n'>licu:~i ila |'v;z,iau, alinp,irnm


lranl<in;1,vlvvatlu nas lislap,vns \ll‘l‘l(‘IT1l‘I1lUH mais pur-
it‘vbiLl('>s pol‘ lmlus us l.r(-s svgmvnlus dv vnlwvislmlus
(rvsklvntvs, ll‘£1l."7£1ll1il£l(.)|‘0S 0 usuarius da area). (( ‘AH-~
'l'|il ,l,(), 2003, p. 248-249)

l\laquela area ainda é digno de nota ainda 0 esforeo do "re-arquitvtura”


rvalizado na intervenqao que ficou conhecida como “Distrito Cumvrvial
l\laveganl"0s”. Resultado de projeto clue reciclagem cle antigas edificaqfivs
industriais da empresa Runner as quais foram acrescidas novas cunslru~
qfios, 0 DC.-l\lavegantes constitui—se num centro de compras a manoira clus
slmppings abertos. Segundo CASTELLO (2003, p. 250), as novas ativida-
des ali introd uzidas ja extra polam os limites cla rua que inicialmente rece-
lwu 0 DC-l\lavegantes, comegando a espalhar a sua influéncia pelo bairro,
\

undo tiim aparecido novos em preendimentos comercia U3 p-'0 0

Hi‘: l ll nu my

/\qui também nao se abriu m.a0 cla metodologia tradicional de invenla rios:
I llnllil
.lli'_\fl f\-»l para 0 processo de selegiio Final, utilizaram-se fichas especificas prepara-
tl as para as unidades, nas quais constavam as caracteristicas aifqtiitetfwiicas
0 |’0l{‘mia, esllruturas complementa res a multiplicagac) de industrias na area.
0 cunstrutivas duos préclios ~ tipologia, morfologia, tipo de constrtlgiio - vs-
l)ignus do ineiieiio sfio ainda dois moinhos de Theo Wiedersphan.27 Oulra
ladu dc conservaqao, assim como 0s critérios de preservagéio e um regislru
L‘i1l‘i]l‘l1‘l‘lHl'lC£\ eurmsa a se destacar silo as esquinas‘ com "chan fro”, exigelicia
fnlugraficu dos mesmos. A esses foram acrescidos, porém, instrumentos
da lugislaqiiu mu nieipal die entao, e que se mangtém cle forma visivel em mui-“
que ja apontam para a. perspectiva mais urbana adotada, pr0du:/.inLlu-
las vunl’luC~ncias do vias.
HL‘ perfis detalhados com as v0l"umetrias de cada um dos quarteiriivs (la
In u bairro Navegantes caracteriza-se por uma estrutura fundiaria diI'v--- mm. Além disso, foram consideradas sempre as chamadas Areas l.i.spv~
rvnlv dus demais, por possuinlotes maiores, ja ocupados por industrias. vials do lnteresse Cultural (2*‘ PDDUA) previstas para 0 4° Distrito, 0 que
All poclv so nota r a clara prvsenea cle elementos da arquitetura deco 0 mu» uurrespondem a0 DC Navegantes, 51 area da. l\leugebauer, 21 Fl/\'l‘le,iCl, an
i.lv|'nisl‘a. Nesta area fica visivel também 0 Fenfimeno apontado por lJil1(\ll cunjunto locali'/ado nas ruas Comendador Coruja e Pelotas e £1 area da
(‘aslvllu om seu estudo sobre a regiaoz 0 esvaziamento industrial 0 a sua Cvrvejaria _Brahma.2" A partir de todas essas informaqfies 0 da a plicaqfiu
l|'a|1sl'n|'mat;au nu quo Ficou conhecido na literatura internacional COITH) clrcunstanciada dos critérios enunciaclos, pfvde-se, entao, chcgar a uma lis-
l>r0w1il'ie|ds.'-’-“ (‘um ossas mudaneas, muitos prédius do l\la\/vganlvs apw» lagvm final dos iméveis isolados e conjuntos perteneentes an lnventario clu
sa r do sv man lvrvm do pé apresentam-se hoje ”d0smvmbrados 0 subdivi~~
l
l’alrim6niu Cultural da regiao do 40 Distrito, agrupando-so us im1'>vuis<-In
tllclus em areas menures para acomodar novos usos", dvsliinamln-sv, cm \ "ale vsl|'ultL|raqa0" 0 “do com patibili7.ag50". Com isso, estabelvvv-sv aqui,
geral, “a cu|n(\|"cins u svrviqns in formais, 0 a dvpiisilns nu vslaviunamvnlus, vurnn tom sido praxe cm Porto Alegre, u ma diniimica mais abrangvnlv tlv
nas areas mais vxl"0nsas". /\pvsar desta de;‘ad(*11cia |’lsi<'a, a ”l*urqa i|na;.',(~~ p|'m-st-|'va<;an, u l"iliv.amlo-so u inventario nao st’) C()mU instrumonto dv |'vgis~
llL‘a” Lla alrva pv|‘|na|1vt'0 vlvvada, CUITIU dununslruu vsludu tlv pv|"c‘vpg‘au lru, mas vmnu um vlvlivu ll1Hll‘Lll1‘lL‘l1l'()£lL'COl1ll‘()l(‘ Llt)Ll(‘H0l1\/()lVll'l'lt‘l'll()(lil
do amlvlvnlv, |'valiv.adn pvlu (lrupu (I0 l’0squisa em l’v|\'vpQZiu /\mliivnlal v paisagom urbana.
l)vsvnhu Urbano (('Nl’q~lJl"R( ES), ha alguns anus, quv rvigislraz ) _—

llmm tllnfm\lt‘a, la inmrpm‘ail.\ nu p|‘i'1|J|'iu l lanu Dirvlnr Llil vidaclv luta mui
lmagvns tla lurlv iiil'l1|(\m'ia rlus ll‘lIlPUH do aiigv in~ ltm anus 1' 1'u|'pu|‘illvmla vm |1l'all¢'u ill:-llllllviulial pela algal) tla l".t|[|ipv tlu
|.lllHll‘lal ela ZUIM, v tlal lnilur-ll|'lnllv.nqau ela ““l|‘it“‘l
l’alrlrm"lniu (‘ullural, ti-rmlnuu lvvnmlu a rvg,ulamvnlaqau du lnslrumvnlu
aprc~ne*i1larmn~m'vmnu prmluinlimnlvn mm pv|'rvpqavu
dun l‘i'l\lL'lf‘l1l'\"H. Um bum minwru clv iiiiiiwun. vnlru-- do lnvvnliirlu vm l’urtu Alugrv, através cla l.v| (‘uniplmnmilar N“ hlll, dv 23
I‘/l'l'l~llM(3Nll 7 1 ‘lll.'l'llR/ll. ('|lrm*ll|m. Ilullllrmw, lrmlrurrwnlim l

an

do outubro do 2008, quo ”dispoo sobro o lnventario do l’atrimonio Cultu- 0 REGISTRO CULTURAL E os ossxxmos 00
ral do Buns lmovois do l\/lunicipio”, numa das primoiras iniciativas nosso PATRIMQNIO IMATERIAL
sonlldo no Brasil. Nessa lei, so ostaboloce que 0 lnventario do Patrimonio O palrirnonio imaterial ou intangivol tom so tornado objeto do orosoonlo
(‘ultural do Bons lmovois do Munoicipio indicara as odificagoes lnventa- atonqao no cam po acadérnico o das politicas do presorvaigao. ll intorossan-
riadas do ”llstruturagat>” o do ”Compatibilizagao”, adotand.o as mesmas
to porcobor quo, om l 989, quando a UNESCO estabelocou a ”Rooomonda-
olassificaqoos ja trazidas polo Plano Dirotor. E intoressanto percobermos qao sobro a Salvaguarda da Cultura Tradicional o Popular", poucos lista-
como ali so submotom as odificagoos do ”ostruturagao” a um tipo do prote- dos l\/lombros so intorossaram pela sua aplicagao. Varios aoontocimontos,
qao analogo ao do proprio tombamento, ostabelocondo-so quo ossas "nao no on tan to, mudaram o quadro nos anos 1990: a emorgéncia do nu morosos
podom sor dostruid as, mutiladas ou domolidas, sondo dovor do proprieta- grupos étnicos quo procuravam sua identidade om suas culturas tradicio-
rlo sua prosorvagao e consorvacgao”, podendo ser autorizadas, ”modianto
nais; as comomoragoos do 5" Contonario do Descobrimento das Américas;
oslu d o prévio junto ao érgaotécnico c0mpetento”, ”a domoligao parcial, a o, principalmente, a rapida oxpansao da economia do morcado polo mu n-
rooiclagom do uso ou 0 acréscimo do area construida, desde quo so man-
do o o tromondo progrosso das comunicagoes e das tocnologias do comu-
tonham prosorvados os olomontos histéricos o culturais quo dotormina- nioaqao o informagao. l\la esteira da globalizagao avassaladora, paroco
ram sua incluséio no Invontario do Patrimonio Cultural do Bons Imoveis roaparocer com forga at questao das identidades culturais locais, quo sao
do Municipio”. (Art 10)” Além disso, a analogia prossoguo, na modida amplamente lastroad.as nosta dimonsao “imaterial” do patrim,6nio."
om quo os imoveis arrolados para inclusao no lnventario do Patrimonio
Cultural do Bons Imévois do Municipio sao passivois do impugnagao polo Nesta (ultima década, a UNESCO comoga a implantar um amplo progra ma
propriota rio, tendo ossos 30 dias para 0 oxorcicio dosso direito (art. 79). ]a na a roa, instituindo agoes como a nominagao dos ”Tosouros 1-Iumanos Vi-
no quo so roforo as odificagoos Invontariadas do Compatibilizagao, ossas ,,
.
vos” o, mais rocontomonto, a ”Lista Roprosontativa do Patrimonio Cultural
podorao sor demolidas ou, modificadas, "por moio do Estudo do Viabilida- lrnatorial da Humanidade”. Além disso, foi aprovada om outubro do 2(l(J3
do Urbanistica (EVU), devendo a intorvongao ou a odificagao quo a subs- a ”ConvenQa'io para a Salvaguarda do Patrimonio Cultural Intangivol”,
tituir observar as rostrigoos nocossarias a prosorvagao cultural o historica l proparada por moio do estudos técnicos e discussoos internacionais com
da odificaqao do Estruturagao o do entorno a quo ostivor vinculado, bem 1
I
ospooialistas, juristas o mombros dos governos, quo rogula o tema do patri-
Como a paisagom urbana” (Art. 11), mantondo-so, com isso, a idéia original .1 ‘ -i. .l _-_~.»1- -1 \-

do controle do desenvolvimonto da paisagom urbana. Finalmonto, chama


a a tonqao a u tilizagao quo a lei faz do instrumonto urbanistico da Transfo-
roncia do Potoncial Construtivo, quo podora sor utilizado om parte para a W
ll

rostauraqao ou presorvagao das odificagoos Invontariadas do Estruturagao


(/\rt.l6), devendo o I\/[unicipio publicar anualmento "a area proforoncial
do abrangoiicia” para os imoveis invontariados intoressados om partici par
dosso programa do incontivos, o fixar o montante do indices construtivos
disponibilixados e o valor dostinado aos incontivos.

* r

/\ la: muda ‘M
/\ lllllll lu min
l-"'/l’l‘l~llMl"lNlI I t 'lll.'l'lllMl. ('|Im'¢*H|m, pullllrml. Iuslrmmwlim V ( 7 lmlnlri» rulmrnl v as ll|‘Hl1/lllfi do ;m!rl'mrlnln Iamlwrlnl

monlo cultural lmatorial, oomplomonlando a ”('onvom;ao do l’alrimonio


Mundlal”, do W72, quo ouida dos lions langlvois, do modo a oonlomplar
toda a lioranqa cultural da humanidado. Naquolo dooumonto, so dolino o
“pnlrlmonio cultural lmatorial" como “as pratioas, roprosonlaqoos, oxpros~~
Moos, oonhocimonlos o técnicas --- junto com os instrumontos, objolos, a rlo-~
lalos o lugaros culturais quo lhos sao associados - quo as com u nid ados, os
1'"-l' .4,
grupos o, om alguns casos, os individ uos roconhocom como pa rto in logran-~
to do sou |Jalrim(‘mio oullural”2. Como oxplica a pagina web da UNl,ES(‘( ), a
oomunldado inlornaoional toria adotado a (T<>|1vem;a<> do 2003 justamonlo
porquo osso pa lorinionio cultu ral intangivol ou lmatorial, as ”o><prossoos do
vlda o lradiigoos quo comunidado, grupos o individuos om todas as pa r-
los do m undo rooobom do sous ancostrais o passam sous conhocimonlos a
sous dosoondontos”, soria ”particularmonto vulnoravol", ”u ma vov. quo om
oonslanlo niulaqao o multiplicacao do sous portadoros”( U3 ).

l‘or sua voz, a ”l,ista Roprosontativa do Patrimonio Cultural lmatorial


da llumanidado”, ostabolocida pola UNESCO, procura fazor uma amos-
lrn do palrimonio roprosontativo do todo o globo, con-tando hojo com ‘)0 .'»mul'a Ill‘ l
lloiiiiliaqiio-s do Palfrimonio Oral o lmatorial da Humanidadio, do todos os linlrm

oonllnonlqos, proolamadas om 2001, 2003 o 2005. Fazcndo jus ao caralor ooncopcao domasiado rostritiva do conceito do ”patrim6r1io cultural” por
do divorsidado prossuposto na atuacao da UNESCO, esses bons culturais pa rte da UNESCO teria conduzido "por roacao do invorsao” a “uma quos-
Halo do natu|'o;/..a bastanto divorsa, indo d.osdo a iso-polifonia dos cantos da tionavol atL|to1.1on1i,zacao do ’pa.trim6nio cultural imaterial’ out i,nta.ngivol”.
/Xllvfinia, a lo o pa l'rin1(3nio oral C-elodo, compartilhado polo Benin, .Nigoria /\ sou vor, faltaria uma nocessaria discussao critica multidisciplinar a ros-
o Togo, passando polo ospaco cultural da Praca Jomaa ol-Fna, no Marrooos, poilo dossas acoos, sondo o processo do discussao e as aprovacao dos mo-
rw av flu

polos loa tros Kabuki o Nogaku, no japao, polo drama satirico Giioguonso na vanisrnos logislativos o do implantagao do um ”programa do classificaqao
Nicaragua o polo toatro do ma rionotos siciliano Opera dei Puppi, na ltalia. patrimonial" promovido pola UNESCO “um misto do voluntarismo oo-
" * no l\lo caso do Brasil oslao lotivo, do patornalismo politicamento corroto, o do tonsao nogocial ontro
nominados o Samba
duas facqoos do roprosontantes nacionais ”’norto vs sul’)”(4). /\posar dos-
do Roda do Roconoavo sas orltioas, c» prociso roconhecer, no entanto, quo tal tipo do iniciativa visa
Baiano o as o><pross('>os prlmordialmonto salvaguardar este tipo do patrimonio, garantindo-lho
orais o gralicas dos Wa- maior visibilidado o roconhocimento pablico. Alom disso, tom quo so roco-
japi, no Amapa. nhooor tamlu'~m o notavol osforco omproondido pola UNIISCO nos ullimos
llssa abordagom am- anos om criar uma lista ”inclusiva”, ospocialmonto so comparamos osla
Illr
pla, no onlanlo, lom lnloiativa com a lista dos monumontos mundiais tangivois, quo so concon-
illll
ll. rooobido divorsas ori- tram majorilariamonto na liuropa o Amorioa do Norto, onquanto a /\l'rioa,
'l ll"
lioas, sondo a princi- por oxomplo, com 4-0 paisos, lom aponas 7% dos bons nominados.
ill‘!
Hm pal aquola quo aponta /\ grando 4.,|Llt‘Hli~l(), no onlnlllo, no quo t‘onCo|‘l1o ao chamado "pall‘im(1l1iu
r'l|'*i
a falla do oonsisl‘C\|ioia lmatorial" parooo-nos sor o doslooamonlo quo olo Ira’/. ao proprio campo
llm
lanlo nu dolllnlgflo,
do palrimonio, ao lorqar n mimlalaoao do quo o lim dllimo da oonsorvagao
quanto na oaoollm dos bons oompononlos dosta lista. Nosla linha, por m’-lo val sor a imiiitiloiigllo dos lions nmltwlais por si mosmos, mas muito
oxomplo, o antropologo portuguén Manuel Jot-‘lo Rt‘-ll'|“lUN anota qt.-lt‘_l.-lI'l"ltl
PATRIMONIO CULT‘lJRAl.. C'tItll‘PlhIl, pnllllrms, lnnlrmlmnlun » (7 rrglntni mim ml r on ilomflim ilu pntrlnmnln hmllwrml

mnlfl a n1anutom;ao (o a promoqao) dos valoros incorporados polo patri- Nesto sontido, a sua coneepcao aproxima-so da concop<;ao contom|.1orii-
monlo. So quando so trabalhava com uma concepqao tradicional do patri- noa do patrimonio cultural, do base antropolégica, quo combina do forma
mbnlo, a dlscussao ainda so contrava majoritariaimonto no como consorvar lnoxtrioavol as suas dimonsoes material e intangivol. Nas dofiiiiootrs do
- roustrlnglndo-so a idéia da conservaqao a sua dimonsao fisica,—~ corn o Antoprojeto do Mario do Andrado, ontao, entende-so por ”patrim6nio ar-
advonto da dimonsao imaterial ou intanglvel o foco teve quo so doslocar tlstico nacional", “todas as obras do arte pura out do arto aplicada, popular
nooosr-u1rola|no11te para o ambito do quo consorvar e do porquo consorvar, o ou erudita, nacional our estrangeira, portoncentos aos podores publicos, a
quo coloca om cona nocossa riamente a questao dos valores. Se até ontao, organismos sociais o a particulares nacionais, a particularos estrangoiros,
como obsorvamos om capltulo anterior, essa questao podia passar desper- residentos no Brasil.” Para trabalhar, no ontanto, com um universo tao
cobicla - ou apa|~eeor apenas socundariamente — a partir do agora ola tom amplo, l\/Iario do Andrade distribui as ”artes patrimoniais” om oito ca to-
que so oxplioitar: cada escolha do bens, cujo atributo principal nao podo gorias: “arto arqueologica”, "arto amorindia”, "arto popular”, “arto histo-
nor oncontraclo na sua ”matériaj', no sou “estado do substancia”, mas numa rica”, ”arto erudita nacional", ”arto erudita estrangoira”, ”artos aplicaclas
redo lintanglvol do significados, tem que demonstrar seus critérios do ar- nacionais” o ”artos aplicadas ostrangoiras”, propondo a sua inscricao “in-
tlculaqao o a sua razao do sor. E mais: a propria oporacao do salvaguarda dividual ou agrupadamonto”, om quatro livros do tombamento para quo
tem quo sor repensada: afinal, como tratar aquilo que é, além do intangivol, fizossom parte do Patrimonio Artistico Nacional. E intoressanto porcobor-
dlnflmlco como a propria cultura? Que ostratégias desonvolver para so li- mos quo embora subordino a doclaracao do um bom ao sou tombamento
dar com essa dimonsao, longamonto ignorada do patrimonio. Para tontar oficial, a sua concopcao do patrimonio nao ostara na coisa om si, mas m ul-
rfllpondor, ainda quo provisoriamente a ossas quostoos, esso capitulo vai to mais no processo do sua criagao o no sou processo do roconhocimonto.
fllnordar, além da inovagtao concoitual trazida pola idéia do patrimonio ima- Com isso, Mario adianta em muitas décadas uma discussao quo ganharia
torlal, 21 trajotoria dessa discussao no Brasil, tomando ospocificamonto o ins- corpo, por oxomplo, no documonto "Rocom.e-ndacao sobro a salvaguarda
trttmonto do “rogistro cultural”, rocontomonto introduzido om nosso pals. da cultura tradicional o popular” da UNESCO, firmado apenas om 1989,
I
om Paris, ondo so reconhece essa dimonsao do patrimonio, tratando-se d as
llnguas, litoraturas, musica, dancas, jogos, nnitologias, rituais, costumes,
Antocodontos: Mario do Andrado o Aloisio do Magalhéies artosanatos, ontro outros.

So ho|o oxporimontamos uma rovisao no proprio campo do patrimonio, Ao trabalhar com esso conceito tao amplo, Mzirio do Andrado so dofrontou
as;

Como mostramos, dando-so uma énfase cada vez maior a sua dimensao também com uma quostao quo viria a proocupar os orgaos do presorvacao
lmatorial ou in tangivol, é "importanto quo so anote quo no Brasil temos an- décadas depois: como preservar esso universo tao amplo, ossoncialmente
tofiodontos lmportantes dessa discussao, quo ja. so manifosta na cona na- mutavol e intangivol. Também do forma semelhante ao que so ia fazor
clonal desde os anos 1930. Aqui caberia citar a atuacao pioneira do Mario mais tardo, 0 escritor paulista vai so omponhar particularmente no pro-
r do Andrade, a época diretor do Departamonto do oesso do conhocimonto o rogistro dossas manifestacoos, tanto individu-
Cultura da Profeitura do Sao Paulo, quo, a podido almente —- como “turista aprondiz” -, quanto, mais tardo, como chofo do
do Gustavo Capanoma, olabora o projeto da orga- Departamonto do Cultura da Profoitura do S5 0 Paulo (1935-1938) a
iiizaqao do um sorviiqo do patrimonio nacional quo
la om 1926, Ma rio confessava om carta ao sou amigo, Camara Cascudo, sua
ja trabalha com uma concopgao ampla do cam po.
l-Ema sua proposta, Ma rio do Andrado conlomplava finsia om conhecer profundamonto o Brasil:
o quo denomina do ”zllrl*os patrimoniais", onton- 'l‘om momentos om quo ou to.nho Fomo, mas positi-
dondo, no ontanto, “arto” numa acopcao muito vamonto fisioa, fomo ostornaoal do Brasil agora. Alt’-
quo onfi m sinlo quo 6 dolo quo mo alimonlol Ahl so ou
ampla, como uma "palavra geral, quo nosto sou pudosso nom oarooia vuoo me oonvidar, ja faz sontldo
sonlldo geral signifioa a habllidado com quo o on- quo tinha ldo porossm-1 handas do norlo vlsllar vooos
~ gonho humano so utiliza da clonola, das oolsas o o o norto. l’or onquan to 0 uma prossa tal do sontlmon-
' t don futon." (ANDRADE, l98'l, p.44») ton om mlm quo nan vsporo nom H\‘l&‘t‘lUl1t1. Quorla
D /-J
ver tudo, column o l1nn1onn bons, ruins, oxcmwclormls
PA'T'RlMQNl('J CllUT‘L.lRAL (‘aH|'e'Ilnu, pnlltlrnu. lmilrumml-um
l“ " (7 !‘t"\'/Ill‘l'tl vullnrnl v nu drunflnu do pnlrlmflnln lnnmwul

o vulgaros. Quoria vor, sontir, clioirar. Amar ja amo. A otnografia brasiloira vai mal. liav.-so nocossarlo
(ANDRADE, “l 991, p. 35) quo ela-tome imodiatamonto uma orientacao pra-
tica baseada em normas sevoramonto ciontlfloas.
A partir dessa inclinaqao, quase necessidade, Mario realiza divorsas via- Nos nao precisamos do tooricos, os teoricos vi rao a
gens pelo Brasil, n uma busca do nossas raizos mais profundas, procurando seu tempo. Nos procisamos do mocos posquisado-
conhecer do perto a cultura popular: om 1.927, faz viagons para posquisa ot- ros, quo vao 21 casa do povo irecolher com soriodado
e do ma.neira complota o quo esso povo guarda o
nografica, indo para o Amazonas o ultrapassando as frontoiras brasiloiras rapidamente osquoce, desn.orteado polo progrosso
até o Peru; em 1928 o 1929 roaliza uma oxcursao polo l\lordosto, oscrovondo invasor. (ANDRADE, 1936)
ainda diversos onsaios o livros sobro masica brasiloira. Sao viagons do ox-
ploraqao pessoal: como "turista aprondiz”, Mario so cerca daquola roalida- Para realizar esso rogistro necessario, Mario vai lancar mao, ontao, tan to
do “oxc’)tica", sontindo o Brasil pré-modorno com todos os sous sontidos. do instrumontos toorico-motodologicos mais precisos, advindos da etno-
Antonio Gilberto Ramos Nog’uoira comonta esso morgulho sonsorial do grafia — através dos cursos do Dina Lévi-Strauss, quanto dos rocursos téc-
poota no "Brasil profundo”: ”Revelar 0 Brasil, caractoriza-lo fisica o sim- nicos mais modernos - gravacao, fotografia, filmagom, sondo a Discotoca
bolloamento é osta r la, vor, ouvir, sontir, tocar, choirar, dogustar, também, Ptflblica Municipal do Sao Paulo, divisao do Departamonto do Cultura, o
registrar, cataflogar, oxpor. Nosse itinorario do doscobortas o corpo servo repositorio do todo o material colotadofi. Do todos os lugares da momoria
Como passagom na mediacao com o tempo o o ospaco do norto, aqui tam- lnvontariados, a Missao ”trouxo 0 Brasil na mala”.
bém das origons o da trad.i<;ao”.~" Na sua visao do modernista, o popular, Sao podacos do Brasil: lugares, fostas, musicas, dan-
quo ainda oncontrava em manifostagoes pujantes om rogioos pouco to- cas, falas, costumes, roligiosidados, gostos, saberos,
cadas pola industrializacao, seria um importanto elemonto constitutivo da saber-fazor, manifostac6os do vida doscobortas o ma-
torializadas om 1.066 fotos, novo rolos do filmo, 1.68
ldontldado nacional, podendo fundar uma estética vordadoiramonto brasi- discos 78 RPM, 770 objotos e vinto cadornotas do
lolra. Como obsorvamos om capitulo anterior, é digno moncionar como a campo. Todo osso material sora cuidadosamonte sis-
Elpruximaqao do nossos modornistas ao nosso passado o as tradigéos popu- tematizado por Onoyda Alvaronga o parte divulgada
na colocao ”Arquivo Folclorico” (v.I: Molodias rogis-
laros, assemolha-so a aproximacéio que as vanguardas ouropéias faziam do tradas por meios nao mocanicos, 1946, o v.II: Catalogo
prlmltivo o do arcaico, com a particularidado do o primitivo, aqui, apontar ilustrado do Musou do Folcloro, 1948) o na colecao
para as nossas ra.i'/.os nacionais. A rodoscoborta das culturas primitivas Rogistros sonoros do folcloro musical brasi.loiro (RS-
|Jolt1s vanguardas corrospondoria, no Brasil a rodoscoborta do uma outra FMB), concobida para auxiliar a audicao dos discos
mastorizados (v I.: Xangi‘), 1948; v.lI: Tambor do Mina
CLlll:Lu'a nacional, nao oficial -, presente, mas ignorada, na modida om quo o Tambor do Crioulo, 1948; v.III: Catimbo, 1949; v.lV:
no mantivora a rnargom da cultura hegomonica. Babacué, 1950; o v.V: Chogancas do Marujo, 1956).
(NOGUEIRA, 2007, p. 266)
Ill nos anos 1930, a fronto do Departamonto do Cultura da Profoitura do
5&0 Paulo (1935-1938), Mari-o ”institucionaliza” o rogistro dossos bons Todo esso trabalho, no ontanto, vai sor intorrompido quando Mario do An-
culturais, organizando missoes que vao porcorror vao so o Estado do drado so demite do Departamonto Municipal do Cultura do Sao Paulo, om
Silo Paulo, mas também rogioos do Minas C-orais, além do Para, Mara- 1938, insatisfeito com os rumos do Estado Novo. O rico material recolhid o
nl1!to, Plaul, Coara, Paralba o Pornambuco. A sou ver, ora da mais alta om alguns anos do posquisa, guardado pola Secretaria Municipal do Cul-
lmporttincia o rogistro dosso imonso patrimonio, amoaqado om grando tura, foi sondo disponibilizado aos poucos para consulta, rosultando, ao
parte pola rnudanqa das condiqoos do vida (fin curso no pais. Para so longo do varias décadas, em importantes exposiqoes o publicacoos. Final-
reallzar esso rogistro com algum provoito, no ontanto, seria nooossario monto, om 2007, o proprio ll’l~l/\N reconhece publicamento o valor dosso
luporar o ostaglo do arnadorismo quo, a sou vor, ainda marcava os ro- acervo, tombando o material audiovisual rotoronto ao acervo historico da
glltros usualmonto foitos polos folcloristas, o so partir para uma docu- Discotoca Onoyda /\lvaronga, nomo quo ganhou a pa rtir do "I987 a an liga
mentaqao ”olontlFlca", apolada om métodos otnografloos. (3 dirotor do Discotoca l’L'|blioa Munioi pal do Sao Paulo. -
Departamonto do Cultura toorlza a rospolto:
- PATRIMONII7 F‘lIl.’l‘llRAl. - t"iiiii':~lhm, piillllmis, lllill'l'HHli‘Hliis |
P"-—---'--"—-1
_ U rvgluini riiliiirnl w as rlrnrifliis iin piiirliniliilii llllfllfllill

Como o comum no Brasil, marcado pola descontinuidado a:.lministrativa,. '/\ oxprossao reforoncla cultural tom sido utilivada, so-
bretuclo, om toxtos quo tom como base uma concopciio
oiiiin tomatica so vai sor retomada do forma institucional nos anos 1970, antropologica do cultura, o quo eiifatizairi a dlverslda-
quando Alolsio |\/lagalhaes implanta o Centro Nacional do Rcforoncia do nao so da prod.u.cao material, como tarribom dos
Ci.ilti.iral (CNRC). O contexto ja vai sor completamonto diforonto: so nos sontidos e valores atribuidos polos diforontos sujoilos
a bens o praticas sociais. Essa perspectiva plural do
anos 1930/‘ll 940, Mario dirigia-so a um Brasil "pro-modorno” om busca das algum modo veio descentrar os critérios considorados
ralzos o da identidade nacional, na década do 1970 a indtistrializag;ao so objetivos, porque fundados em sabores considorados
oiipallmva coloro polo pais, com o mundo ocidontal vivendo o quo Aloisio logitimos quo costumavam. n.ortoar as intorprotacoos e
as atuagoes no cam.po da proservacao do bons cultu-
Magalhaos dofinia como ”achatamento”, “uma espécie do fastio, mono-
rais. (FONSECA, 2005, p. 112-113)
tonla, achatamonto do valoros causado pelo proprio processo do indus-
trlallzacao muito acolerado e sofisticado. Enfim, o mundo comecou a ficar O programa foi formalizado em 1976, através do um convénio multiinsti-
Cl‘lEll'0" (i\/ioAo/\i...|-~i/I'\i2s, 1997, p. 115). com sua visao arguta, Magal.hEies tucional envolvendo a Secretaria do Planejamento da Presidéncia da Ro-
acroditava que esse processo — analogo ao que hoje so percebe na esteira pL'iblica, a Caixa Economica Federal, o Ministério da Industria o Comércio,
da glol1allza<;ao— lovaria as culturas locais a porderom suas caractoristicas, o Ministério da Educacao e Cultura, 0 Ministério do Interior, o Ministorio
sondo sua grande proocupacao a "perda da identidade cultural dos paises das Relagoes Extorioros, a Fundacao Universidade do Brasilia e a Funda-
no mundo modorno", a perda do sua “identidade cultural, isto é, a pro- cao Cultural do Distrito Federal, aos quais se juntaram ainda em 1978, o
grossiva redui;ao dos valores que lhes sao proprios, do poculiaridados quo Banco do Brasil e o Conselho Nacional do Desenvolvimonto Ciontifico o
lhes L'l fLP1‘L?l'iCli1l11 as CLiltLii‘aS” (MAGAL1-IAES, 1997, p.54). Tocnologico (CNPq). Condizente corn sua ampla proposta, o orgao organi-
zou quatro programas do estudo: "Mapeamento do Artesanato Brasiloiro”,
Plntor, designer o administrador cultural, Aloisio l\/lagalhaes so junta, on-
”l..ovantamentos Socio-culturais”, ”Historia da Ciéncia e da Tocnologia no
l"i':'lo, a um poquono grupo, sodiado no Mirnistério da Industria e Comor-
Brasil” o ”Levantamento do Documentacao sobre o Brasil”, e realizou proje-
cio, do qual participavam o proprio
as ICB ministro Severo Gomes e 0 diploma- 2 I, tos nas divorsas regioes do pais. Em quatro anos do trabalho, foram doson-
IIIIII
-1i . volvidos 27 projetos, dentro os quais podem so citar aquelos direcionados
“I D V1,?) 6 O ta. o- »n tao
" s~ec retario .do ' Cul tu r"-1
‘L ti o
ao artesanato da ceramica o da tecelagem; ao artesanato do transformacao
UII Q} Q I919 "fi-is-:1E-3
I as _§—% - Distri to Federal, Vladimir Murtinho,
o reciclagem; ao museu ao ar livre do Orleans (SC); a producao do banana-
IIIIIM 1 I=;.."'-2.1-‘Q M» H mo §oomG para propor, em1975, a instalacao do
passa na rogiao fluminense; e tantos outros, que procuravam romper com a
” ‘U’ Ill Q Q9 3 it iosiéls §§a% Centro l\laci.onal do Referéncia Cul-
idéia do idontida.de hogemonica (FONSECA, 1997, p. 165-1.66).
Q umunnn q.i ciqim Wm illlllh A ..-W‘ ll1II' tural (CNRC), que viria justamente
llfll’l?dbXlll'i'rB responder a essa questao, através interessante percebermos que esse resgate nao tinha um vies nostalgico
.5" "0 U mun ,y,'|,l(u¢fi;,, uniwnni OOM\lI|Ilm morius '
do desenvolvimonto do um banco ou passadista, ligando-so a uma visao bastan.te atual do de.sonvolvimonto,
llll‘filI.d1.ltlli'al2lI°i>°l<>@,fl , 1- , ~
‘M Em “J A W ‘H Cb _l_ p .M_ do dados - ou sistoma do inclo><aqao que considerava os bons culturais como possiveis instrumontos “para um
Q Q Q 4}) gs Q, so 3;: .1,-§i =~. 9 sobro a cultura brasiloira, quo seria dosonvolvimento harmonioso". Aloisio Magalhaos nao acoitava os pro-
-II‘ Iii --*1--— WP M» -~~~---~- uu-=---~-» um ”organismo capaz do estabelecer gramas do dosonvolvimento economico baseados na importaqao do temo-
O ' ' 5 5/5 9 ¢ Q "'“¢" Q um sistoma rol'o.roncial basico, a sor logia, por dois motivos principais:
II 0 *""""l'7"""'* O <9 0 9” 7" “'5 ompregado na doscricao o na anali-
lulu. -(1 Q llllllll 43- MK!--mm... (>0 1 om primeiro lugar, a domora no processo do redistri-
so da d'namica cultural brasiloira”? buicao dos bonoflcios inicialmente acumulados nos
Q"'-*0---~W-~-~~1> J’ 4'
Para isdo, utilizava-so do um concoi- grando comploxos ompresariais; o, em sogundo lugar,
ll‘! IIH ilII.L'?!.':0»r» Ci zco to basico ~ o do ”rol’eroncia cultural", a gradaliva perda do autonomia nacional polos paises
"9"" QM In---iiiiio PVDI... < rocoploros do locnologia, assim dcslinados a inevita-
liilvn. quo doixa claro que ja nao so tratava vol tlo|.1v|iLl0i'it‘lii. Soin falar oni perda mais sulil, nao
do “ob]olos" mas das “roleri."~ncii.is" a olos, oscapando-so do uma visao roili- iiioiios lnsldlosa, ii do carater nacional dossos piilsos.
CElCl&'1 da ci.|lti.ira o procurando Focali/.a-la como um p rocosso. Marla Cocllla (Mm;/\i.i I/\llS, I997, p. 56)
Land ros Fonsoca comonta sobro osso conceito:
PATRIMONIU ("UL'T‘URAl. (f‘mn'ellmn. lmllllrun, Inul‘runn'nhm l A H raglntnl rullurnl a an llvnafiun erlu pmfrlnmnln lmnmlnl

l /\o invo:-1 do simplosmr~nto ainda havia vario:-1 poquonos l’ab|'ica|1l"os do vinho do caiu no lira:-ail, na-
assimilar os avangos tec- quolo momonto ro.-:l"aria aponas-1__uma fabrica, na Paralba. Isso para nao so
nologicos mais recentes, falar nas propriedades quimicas e terapéuticas da fruta, bom conhocida.-1
muitas vezes em detrimen- no pcrlodo colonial 0 completamonto esquecidas entfio no pals, onquanto
to de antigas tradigoes de ja gorara centenas do patentes para paises como a lndia, os Estados Unidos,
anatureza artesanal, cabia, a lnglaterra e Iapao. Por seu imenso potencial protéico, a castanha do caju
seu ver, se indagar pelo po- poderia ainda ser usada como comaplementacgao alimentar, potencial ja por-
tencial criador da tradigéio cobido também por di.versos paises, sendo que nos brasileiros, prod utoros
para se forjar um modelo da fruta, hoje ”com.pramos de volta os derivados de caju, ja. man u fatu rados
de desenvolvimento mais pelos americanos, ingleses, japoneses”. (MAGALHAES, 1997, p. 230)
compativel com as diversas
l llln. Outro trabalho digno de mengéio foi 0 Projeto Tecelagem Manual no
o o __ realidades culturais ao re-
Triangulo Mineiro, desenvolvido no ambito do Programa Tecnologias
dor do globo. Com esse procedimento, poderia ser evitado 0 ”achatamento"
trazido pola globalizagao e pela imposigao de modelos e padroes externos a Patrimoniais, um dos poucos trabalhos realizados em que todas as fasos
mulllplicidado das culturas, com seus diversos caminhos. propostas foram cumpridas, o que permitiu avaliagao da experiaéncia
(FNPM, 1984; 1\/IAUREAUX, 1986). Neste caso, tinha-se tanto uma area
Donlro os diversos trabalhos desenvolvidos, 0 projeto multidisciplinar do bem delimitada, o Triangulo Mineiro, quanto objetivos bem claros: do-
caiu poderia oxomplificar bem essa perspectiva adotada pelo CNRC. Pro- cumentar e compreender essa atividade artesanal, para se pensar om
dulo natural do Brasil, 0 caju teria sido escolhido para essa analise por ter projetos para seu incentivo. Utilizando-se diversos meios do rogistro
"l|*(‘:-1 gran<.los prodicados”: “ser conhecido desde 0 descobrimento e usado (fotos, desenhos, video, textos, uso do computador para reproduzir pa-
all" hojo”, tor uma imensa abrangéncia espacial, sendo conhecido "desde d roes, etc.), 0 projeto empreendeu a uma minuciosa coleta do informa-
Sm1ta ("marina até o Para” e pela ”diversidade de usos e produtos” que goes sobre os diferentes elementos envolvidos: a tecnologia, os padrroos,
dolo dorivam (MVAGALI:-I/KES, 1997, p. 227). Esses atributos fariam dele os produtos, as diferentes orientagoes da pratica, a historia, os contoxlos
um “caso oxomplar, absolutamente exemplar, para um estudo do universo om que essas praticas se davam, as tecedeiras, etc. Como relata Maria
do produlo o da cultura”, na medida em que transporia a ”barreira do Cecilia Lon.dres, no inicio da pesquisa, que incorporou a contriabuirgiio
oullural" 0 do natural, constituindo um objeto que, de fato, permitiria uma do trabalho realizado por Edmar de Almeida, partia-so do uma porp|o-
abordagom lransvorsal: xidade: por que ainda se tece no Triéingulo l\/linoiro, tendo em. vista quo,
I

oconomicamonto, essa atividado nao é mais compensadora?, 0 do u ma


lilntao essa riqueza na relagao homem-natureza é, a
~ ~

meu ver, muito bem configurada no caso do caju. E indagagao: havera condigoes e havera interesse, sobretudo por pa Flo das
faz com que ele seja verdadeiramento um objeto de es- locodoi1"as, em in tervengzoes com o objetivo do so preservar essa ativida-
tudo m uilo imporlanto. ‘E o quo nos estamos tontando do? (FONSECA, 2005, p. 117) Ap Q‘ CD realizar o invontariamonto, a pos-
domonstrar é a soguinte porgunta: até quo ponto nes-
sa lrajoloria do ovoluqao cultural do passado histori- quisa a pontou que o retorno mais produtivo para as proprias tocodoiras
oo, do doscobrimonto até hojo, a in toraqao, o uso~ dosso‘ soria um catalogo quo rounisse padroes o codigos para tocor os prod u~
s ’ , _ '
produlo nalural, osta sondo onrlquoclda ou nao? la lo:-1, aumontando o sou ropertorio e lhes porrnitindo um molhor dialogo
o quo so vorilica, o o quo indica osso oslagio do ostu-
com os frogmsos; para outras osforas do pL'|blioo prod uziram-so outros
do 6 quo, do oorlo |n.c/,d0, nos oslamos dosaprondondo
om vov. do a prondor nais. Quor dizor, oslamos om po- produtos, como uma publicaqao o um vldoo do divulgaofio, quo, além
b|'ooondo om vow. do onrir novo-lo." M/\(}/\l,l l/\l~1!-§ I do rogistrar, podoriam ”propiciar, aos ovonluais consumidoros, molhor
I997, p. 220). comproonsfio do quo c- a lm‘r'la;_',o|11 manual, aproximando, assim, a do~
(‘om ormo ompobrovinmonlo, o Brasil ostaria pordondo, na vi:-lao do /\lol- manda daquilo quo o produlor podo ofotivannonlo ol'I'|‘oool"'. p
I r
I

ulo Magalllmou, um compononlv quo podvria sor importanto numa pollliva


main ue~nunl"n do dene~11vor|vlmento. Anulm, por oxomplo, no no uooulo XIX
a O rvplalm fllll-'iH'fll v an donqfinu dniparrlmbnlu lmnlnrlnl ll
FWl‘RlM(5Nl(7 C‘lll.'l'URAl. - C'm|rell‘-nu, ;mllllrrm. lHalll‘llHlt'ltl|m

0 A

I21:-1:-111 oxporloncia durou alguns anos, tendo o Contro Nacional do Refo- cronqas o tradic('>os", (art. .231 cla CF).
roncla Cultural (CNRC) so Fundido com o lnstituto do Patriimonio His- Assim, podo-so porcobor como as dofinicoos trazidas pola Constituiqao lio-
torlco e Artlstico Nacional (IPI—IAl\l) em 1979, quando Aloisio l\/lagalhaes deral, ao contomplar pela primeira vez bens que, embora dotados do gra n-
foi convidado a presidir esse ultimo. Em sua curta gestao a frente do de significacao para a cultura brasileira, jamais haviam merocido atonqao
lPl"l/\l\l, Magalhaes realizou a reforma institucional do lnstituto, incor- legislativa, se afinam corn as discussoes mais recentes no plano intorna;
porando nao somente o CNRC, mas também o PCH (Programa de Re- cional, estando em harmonia, l
construcao das Cidades I-listoricas) muito ativo a época. No entanto, por exemplo, com as formu-
a morto promatura de Aloisio Magalhéies, em 1982, na ltalia, quando lacoes da Convencao para a
no

participava da Rouniao de Ministros da Cultura dos Paises Latinos, in —

Salvaguarda do Patrimonio
torrompo essa "trajetoria, e a discussao sobre o patrimonio imaterial so Cultural Imaterial, da UNES-
vai ser retomada anos mais, tarde. CO, firmada em 2008. Com
isso, rompe-se com uma vi-
sao, ainda cristalizada nos
Registro cultural, um novo instrumonto nossos instrumentos juridi-
cos anteriores, que restringia llml -‘la’ |lHr'lfH

lista toma’tica so vai ser retomada com a redemocratizacao do pais, na fei- a protegao do patrimonio aos
tu ra da nova Constituigéio Federal, promulgada em 1988 depois de um am- bens tangiveis, num enfoque reificado da cultura compreendendo-so o pa-
plo processo de discussao, com envolvimento de varios setores da socieda- trimonio com esse novo enfoque nao mais como urn produto, mas como
nu

do brasi.l.oira.. Ali se reserva, de fato, um tratamonto inovador as questoes urn processors


Q;
roforontos a preservagéio cultural, assentando-se esta sobre o conceito mais Gl-
abrangento de “bem cultural”. Assim, a Carta Magna brasileira define:
Art. 216 - Constituem patrimonio cultural brasileiro
-2 l\lo entanto nao bastava definir o patrimonio de forma mais ampla: ora
I

necessario também se propor medidas efetivas para a protecao desta di-


os bens de natureza material e imaterial, tomados mensao, desafio que ja se colocara desde o anteprojeto de l\/[a.rio do An-
individualmente ou em conjunto, portadores de refe- drade e as primeiras formulagoes do SPHAN, que, por razoes operativas,
réncia a identidade, a agéio, a memoria dos diferentes termina por se concentrar no chamado patrimonio ”pedra e cal”. l\lo ca so
grupos forrnadores da sociedade brasileira, nos quais
se incluem:
‘_‘-‘if da Constituicao de 1988, so muitos anos depois de sua aprovagaru o quo
I. as formas de expressao; vao se adotar politicas poblicas efetivas para responder a essas novas for-
II. os modos de criar, fazer e viver mulacoes, com a promulgacao do Decreto 3551/2000, que cria o Programa
III. as criacoes cientificas, artisticas e tecnologicas;
IV. as obras, objetos, documentos, edificagoes e de- Nacional do Patrimonio lmaterial (PNPl)9, que visa a implementa<;5o do
mais espacos destinados as manifestacoes artistico- politica especifica de inventario, referenciamento e valorizacao dosso pa-
culturais; trimonio. Para isso, o PNPI busca estabelecer parcorias com instituiqoos
V. os conjuntos urbanos e sitios de valor historico, l

paisagistico, artistico, arqueologico, paleontologico,


I
dos governos federal, estadual e municipal, universidades, orgarnizacoos
ecologico e cientifico. nao-governamentais, agéncias de desenvolvimonto e organizaqoos priva-
das ligadas a cultura, a pesquisa e ao financiamento, atuando nas linhas
nu

/\ nova Constituicao revé o conceito do patrimo"nio cultural, absorvondo a do posquisa, documontac_;5o e informacao; sustentabilidado; promoqao o
t1m|.vlim;f'lo concoitual do quo olo vinha senclo objeto, e passa a tratar tam- ca pacitacao.
bom dos bons imatoriais, falando nas ”formas do oxpross5o" o nos “modos
do criar, fazor o vivor”, quo sao ma|1ifostm;.oos ominontomonto intangivois. Sous principais instrumontos sfio o Rogistro do Bons Culturais do l\latu-
Alom tli:-mo, porcobt~-so proocupaqfio analoga no tratamonto conl’orido as roza lmatorial o o lnvontarlo Nacional do Roforoncias Culturais (ll\lRC),
comunldados lmllgonau, agora protagonistas do capltulo autonomo da instrumonto logal o toctiioo, rospoctlvamonto. Rospoitando a divorsidado
Conntltulqao Federal, ondo so fala da tutola do sous “costume:-1, llnguas, ¢.loe-u-so novo campo, o Decreto 3551 propoo o rogistro dos bons cultural:-1,
PATWMONIU C‘lll.'I‘liRAl. - Fmtrellun, lmlltlrnn, lrinlrurmwluu U reglulni rulfm-nl v an ilvuafluu do pnlrlmdnlu lnmrvrlal

nop,L|mlo sua naturoza, nos soguintos livros: Livro do Rogistro dos Sabo- Roconhocondo o oarator dinatnlco do tais bons, o |)ocroto provo também
ros, para os ”conlr1ocimontos o modos do fazor on raizados no cotidiano das quo o ll’l "IAN fara uma avaliaqao poriodica dossos bons, no maximo a cada
comunldados”; l.ivro do Rogistro do Colobracoos, para os “rituals o festas dez anos, para rotificar ou ratiticar o titulo a olos conforido do Patrimonio
quo maroam vivoncia colotiva, ioligiiosidado, ontrotonimento e outras pra- Cultural do Brasil, podendo os mesmos, so nao rovalidados, sor mantidos
tloas da vida social”; Livro do Rogistros das Formas do Expresséio, para as apenas como uma ”referéncia cultural de seu tempo”. lfisso vios demons-
“n1a|1ilostaooos litorarias, m usicais, plasticas, cénicas e ludicas”; e Livro de tra claramente o entendimento por tras deste n.ovo instrumonto, quo nao
Rogistro dos Lugaros, para ”mercados, feiras, santuarios, pragas e demais retende ”congelar” o bem cultural mas simplesmente registrar bons do
ospaqos ondo so concentram e reproduzem praticas culturais coletivas”, natureza processual e dinamica, que, como a propria cultu ra, osta som pro
podendo ainda sor criados novos livros para abarcar melhor as especifici- em processo de transformagaol Com isso, reconhece-se também a nocos-
dados do patrimonio. De 2002 até o inicio de 2009, ja foram registrados 15 sidade de se estabelecerem politicas distintas, flexiveis o suficiento para
) _..
bons como I atrimonio lmatorial, permanecendo em andamento 14 proces- ajudarem na preservagao desses bens.
sos do rogistro. '
E importante perceber também que ao mesmo tempo em quo osto ins-
I >‘ so 1l@Prm"lfl*iVidade -Data UP trumento da legitimidade e promocao ao bem como sendo integra n to do
das Panalei.raa do Saba-res Indigena 2002 ES patrimonio cultural do Brasil, atribui ao Governo uma responsabilid ado
1*’-Z-ifiolnlneiras .4
> menos ativa, ou menos direta com relacao a sua protegao que no caso do
M"
-Kuaiwa - Linguagem e Formas cle Indigena 2002 AM tombamento. Sd/no caso do tombamento, o pode poblico e o proprio-
Gré.fic:a" Wajapi expresséio
tario eram co-responsaveis pela protecao do l)€I'I'l;’61O caso do rogistro so
Pfifllo--do Nessa Senhora Celebra- estabelece uma politica de promocao dos bens culturais, através do sou
€l;l Nazaré goes Catolica 2005 PA ‘r
,.

reconhecimento e valorizagao como patrimonio nacional, com o objotivo


Bimbo do Roda do Formas de
;Rw6nca'lvo Baiano expresséio Afro-brasiloira 2004 RI de impulsionar parcerias com outros segmentos, como a indostria do
turismo ou universidades, or exemplo, de forma a se estabelecer con-
Mode do Fazer Viol.a—de~ Sabores Catolica 2005
1vrr/
0 Coclwo MS digoes de sustentabilidadellFComo bem se define, o Programa Nacrional
-Dildo das Baianaa do do Patrimonio Imaterial, vincu- 1 . .0
Aeaimjé Saberes Afro~brasileira 2IZI<CI5 BA
lado ao Ministério da Cultura
Jungo no Sucleste Saberes Afro~brasileira 2l[||§l5 R]/SP (l\/linC), teria como principal
Caclioelra do Iauareté Lugares lndigena 2l[]|l]l5 AM objetivo ”promover a implan-
Palm do Caruaru. Lugares Popular 2004 PE tagao de uma rede de parceiros
Formats do quo, somando esforcos, contri-
. slirnvo exvpresséio
Afro-brasiloira 2l[j||;‘l6 PE
buam para a ampliagao e a va-
0 ilhmbor do Crioula do -Formas cle lori'/.acao de nosso patrimonio
t .Murunhlo expressfio Afro-brasiloira 2007 MA
cultural, de modo a torna-lo
Formaa do
Samba do Rio cle Ianeirro oxpresséio Afro-brasiloira
1
2006 RI ofetivamente representativo da
divorsidade étnica e cultural. do
Mode arteannal ele fazer
Quugo do Minas, nas Brasil” (l\/linc, 2003, p.35). A
an do Serra e das Saberes l"opWlar 1 2008 MG nosso vor, so isso muda os pa-
llrral cla Canaatra e do
=5-nltm pois do cada um dos agontos,
,__-[£10 do Capoeira a Na- isso nao podoria sor do outra
ll" Ill‘
8 0 don Mantras ela Salaam Afro-braai.lolra 2008 clo- forma, dado o oaralor d infilnioo
I Qlpollmn
Nil W _ V
1
_
rthl dos bons oontomplados polo ro-
MN. 1'01-mu dn Popular 2008 SE gistro cultural. l nil"-ll Htllrl |‘H
NIH‘), 1 . n'|lHll|'
FA‘T‘RlMt"lN!(‘I t"Ul.T‘tlRAL 2 t‘um'rlfmr. ;mllrh~nu. lnnlrrumwrnn A U rvglnlmv vullnrn! v mi llfllllfllll do pnlrlnmnlu lnmtvrlul

W-1" 5" r
a rogL|lt1|11t'|\taot"it> do rogistro
cultural om nlvol rnunicipal,_,
quo so corporificou no Docro- l
to Municipal l6.385, om 26 do A
outubro do 2000. Em soguida
a ossa ro.gulamontao5o o muni-
ll". clpio, através do sua Fundacao
1:‘! HI
L2. ‘TE

ltllllll
do Arto do Botim (FUl\lARBE),
lllllllll
t.- roalizou um primeiro rogistro
Hlllllll
;
IL
al-
-1 cultural, tomando como objeto . Mrlmi ilu l In ll
Nil‘: I‘ ‘HE
I
llllhll 4 o ”Sal5o do Encontro”, entidade que promove a presorvagao do vairias For- |'Hl ll|'lllll
ii‘
\ 'l'
I
mas do saber tradicion.al ligadas ao artesanato.“‘
;"
Como um instrumonto técnico complomontar ao Rogistro Cultural, o
ll
ll’l ‘IAN dosonvolveu o lnventario Nacional do Roforoncias Culturais
;.=.351.9'-Iuu (INRC), quo tem como objetivo, na sua formulacao oficial, ”produ:/.ir oo-
nhocimon to sobre os dominios da vida social aos quais sao atribuidos son-
ll
tidos o valoros e que, portanto, constituom marcos o roforonoias do identi-
dado para dotorminado grupo social"." Além das catogorias ostabolocidas
no Rogistro, o [NRC vai contemplar ainda odificacoos associadas a cortos
Da mosma forma que o tombamento, a regulamentagao desse instrumonto
usos, a significacoes historicas o a imagons urbanas, indopondontomonto
om nlvol fodoral influenciou os outros entes federativos, e tanto estados
do sua qualiclade arquitetonica ou, artistica. Como ja discutimos om capi-
como municipios comecaram a criar mocanismos analogos. Assim, por
tulo anterior, o inventario tem so mostrado um oxtraordinario instru mon to
oxomplo, o rogistro foi regulamentado em Minas Gerais pelo Decreto n9
do prosorvacao, nao so por con-
42.505, do 15 do abril de 2002, que “institui as formas de Registros de Bens
soguir trabalhar com uma dotor-
(‘ultu rais do Natu reza lmatorial ou Intangivel que constituom patrimonio
minada base ospacial - cuja osca-
cultural do Minas Gerais”, com uma ostrutura muito similar a da lei fede-
la podo variar roforindo-so a um
ral, roalizando-so logo em seguida o rogistro do ”Modo de fazer do queijo
IV‘ I a vila, a um bairro, u ma mancha
artosanal da rogiao do Serro”. Aqui poderiamos citar também um traba- :7 ‘-
i...
urbana o mosmo a uma cidado
lho pionoiro, do qual participamos: ainda em 2000, o rogistro cultural foi |
'|

-, mas principalmento por con-


rogulamontado no municipio do Botim (MG), a partir de um projeto que
soguir mostrar, dontro daquola
----~ levantou as possibilidades I .
-| | l lrlrwil Hllll llll
F:'
baso, as rolacoos quo os divorsos
desse instrumonto do pre- hm I'HHl|‘H|l Ht
bons culturais tom ontro si. Sua ulihl lln l H1 NH
sorvacao, altornativo o ofo-
molodologia tom a libordado do - rm llrlml I-'\ ll!
tivo para tratar o chamado l
ll‘ do goral ao particular, do matorial ao imatorial, do tradiofto a rolnvon-
rpatrimonio imaterial, inves-
goo, pois nao so prondo a nonhum paradigma ll11Ul1lll7.t1tlU|‘ ou a nonliumo
tigando-so também instru-
utopia musoificanto. lilo parto do princlpio quo ontondo a oultura oorno um
montos similaros no mundo
prooosso vivo, o ”no limilo, olo propoo, om sou oonjunlo, o quo olmmarla do
o as tontalivas quo so taziam
'|lH|l|I s
uma oplstomologia com haso nas onlologias ou nos oonhoolmontos proq\.|v.l-
no nlvol lodoral para so tra-
III, Hal dos sobro cada um dos bons lnvontarindos” (OI ,lVlilR/\, 2004, p.Il). Assim,
m halhar osso tipo do proto- '.\r.'..

mim, como anota Ana (Illa Ollvolrn, o lnvonttlrlo podo oonstltulr, do fato,
MU). qao. (‘om isso, foi proposta 0
PATRIMONII I (“tll.'l‘lJRAl. = t“nm~vllnn, pullllrmi, lmlrmnmmm O rvglntm rulluml v nu dmflml do pnlrlmllrllo lrmmrlal L

.1 . 4 .- .- . . . . -
' - ' -- --;i- ' -. -1- ~ -- "."' ; : ‘-'-"“- ' ' --' '- '-1.---' -: .->-;> ,1 - '--'--'1 '-- " '.- -» ' '“'* 1 '. ' i
instrumonto o1'ga|1iv.ado|' dos eonl'looimontos locais 1* .~_¢_.'<,:_»..
- .-..
.1~. -. ;
‘f-":5-l
,.-/).;=_. —'J.5-- V.
1;";:;'
- ,l-
;;l._
1‘ l 1.5-. 3- ' '
2.-1,1"
;-‘-57‘D
-. -
Eff.
1-
- -*1-71 I '
"I-.21 >1 ».
; 1.
~
~_-.
. .,
'1-if?‘ .7‘?
*==1“.'
. =‘-..il‘ ,
V .
-4-F-"4 '3" " A "
' .fi J. .-K1-.--;- ; -l‘ r-: " " 1:’ 5 5-'4"-' "_'.~ "'
it-'
er-r=*~
Vi IdLi l".All-fl ii .. 5=1 Pl--[Ill
~ "»‘.'+>-r ~-. "-i -,1
_ ; _-i,._ ,, ,1
.,_'- llJ"1 1. -l=-‘l -' la #*¢~
. .7’,
"' J" "-'*’-9":l;:\"F4-'
1
vi ---'1?‘ ,. . -5 ' ":- ,..,_...-.>.
-
""5"??¥ > éy ,
.. .-r,.'..l,-_--,.---.—- -
-
~, 1;;-1 '.:_ . -.1—"',-/‘:1-.».-=1 - » -* .=_.-
Tl
.- _ . . =.
.,.. - -
;-,5?! Es-",_.-_.j'_
-: .._- -_-- -~“.-/.-
P‘;-,1» ~ - J'.='
'
,»_ .
_ .. - M . H'.,,...._ .,;ll,1, iv ':.4 - .;_'Jj,‘_-. -. -. H _; -, -1-v : . - -3- -- _4’_ -l_---
om nexos rogionais o nacionais, roaliv.ando também
___,._.;,.-._. 1,." ,, . ll . ... ||4|1
. .. ,, , . ‘ ... .. -,.._. .. _-. . . ., . ml, __,|_ I_‘,.;,_¢|,__- ,1. -¢_,_..‘,,;. .-_-—.~.¢. -_.;_;¥.. ,_ :_ -_ L
._.:_._. J. , ;_-. If ;l1!l_.__‘:‘ 5- J‘. .~4.\.'-,--.»‘;,,;‘.j(,, H ~ aw ls l in ' H ' , -.j» Ha 1 V, ‘ ._ ll -_ ' -, ' -_ _-___, '_ ‘_ ‘.__;.‘ __ ___ ,- a V H 1 Y _ 2 _. ._ _( . F r._,:__ _ ‘4 . _§1_._.',_,- :

a slntese da dicotomia, ja suporada, entre o material o


‘ . 1‘ _~- - - .“

i i
','. J‘ "_

I" llllll r ‘
- “ - l -i _-

ma it 1.. . . H l. .1

A ‘

ll pi ,
‘ti '-

l‘ 4
I

.
,9

K i -al
.‘

I. ‘
-

.
--

. 1 1. 1 . A ‘ l - _-

....:.‘. . I , 1 or
‘ .v _.‘_, ~1-- .. ‘ -

1 _ .

'- ""-1‘
--;

""
,' I;-.

1'-’
- v
'_" _'

o imaterial, referida na Constituicao Federal. do 1988. 1 - Clrlo ale Nosaa Sm. die Nazaré - Belém . PA
Vale lembrar, porém, que essa dicotomia traduziu-se, BA
duranto as décadas de 70 e 80, em uma tensao estru- 2 - Oficio das Baianas do Acarajé -~ Salvador
turante do campo patrimonial. O INRC propoe a sua 3 - Viola do Cocho M5/MT
superacao. Ele permite ainda entender a abrangéncia RI/51'
4 ~ longo,
dos processos culturais definidores desses bens, do
poder transformador dos padroes culturais em curso, 5 - Cieramica Candeal MG
i.dentil.‘icando as transformacoes nas tradigoes a que 6 - Bumba~Meu.-Boi MA
pertencem. (OLIVEIRA, 2004, p.3) BA
7 - Musou Aberto do Descobrimento
O Programa l\lacional do Patrimonio Imaterial ja realizou, até o inicio de 8 - Povos Indigenas do Alto Rio Negro em Manaus A A AM
2009, seto in vontorios, estando 25 em andamento, onquanto quatro inven- 9 - Ilha c;1eI\/Iarajo PA
talrios fora m realizados em parcoria com orgaos poblicos ou filantropicos. 10 ~ Tacaca PA
(quad ro na pagi.na ao lado) 11 - Cuias do Santarém PA
12 - Farinha do Mandioca PA
Como so vo, trata-so do um processo em curso, estando o INRC ainda em TO
13 - Natividade
processo do a.valia.gao e adequagao, suscitando varias questoes, assim
141 - Centre I-Iistorico do Sao Luis MA.
Como todos os outros instrumentos relativos ao rogistro e a salvaguarda
15 ~ Rio do Contas BA
dos bons imatoriais. l\lo entanto, cabe destacar o grande interesse que tais
16 ~ Rotas da Alforria -— Cachoeira e S50 Félix BA
lnstruniontos tom despertado na sociedade, multiplicando-se, por exem-
17 - Regiao do Cariri CE
plo, os pod idos junto aoIPl—IA1\l do rogistro e de utilizacao da metodologia
18 ~ Festas do Largo do Salvador BA
do ll\lRC. Pronto a essa ultima domanda, o IPHAN vai instituir em 2009
pa rfimotros gorais para o ”licenciamento” para a utilizagao do INRC, ins- 19 ~ Feira do Caruaru PE
trumon to tocn i co de levantamento e pesquisa das referéncias culturais, que 20 - Comunidades Quilombolas cle Pernarnbuco PE
passa a pod or ser aplicado também por pessoas fisicas e juridicas externas 21 - Feiras do Distrito Federal DP
no orgao fedora]. Com isso, o instrumonto pode ganhar em abrangéncia, 22 - Congo cle Nova Almeida -~ Serra ES
pormitindo-so criar um banco do dados amplo e alimentado, no espirito da 23 - Bom Retire -~ Sao Paulo SP
C(>11stitL|ic;5o Federal, “com a colaboracao da comunidade”. 924 - Pasta do Divino Maran.henso no Rio do ]a:aei.ro RI
ha
25 - Povo Guarani - Sao Miguel das Miasoes A RS
Flnalmento, cabo chamar a atengao para outro importante instrumonto
26 - Sltlo I~I.iatorico cle Porongos - Pinheiro Machaclo RS
lnstittlcionalizado pelo IPHAN, os planos de salvaguarda, que, na mesma
(271 - Viola Caipira do Alto e Méclio 85.0 Francisco MG
llnha dosonvolvida pela Ul\lESCO(12), vao atuar na melhoria das condi-
qoes sociais o matoriais de transmissao e reproducao, que possibilitam a 28 - Lapa PR
oxlstoncia do bom cultural do forma a apoiar sua continuidade de modo 29 - Lwanta.mento ale d.ocu.men.tos sobre 0 Estado do Sergipe SE
sustonttivol. lisso a poio pode acontecor do variadas formas, podendo via- 30 - Cerllmlca ele Rio Real BA
blllv.a r dosdo a ajuda financoira a d.otontore;/s do saberes espocificos, obje- 1 $1 - Quellos Arteaanala MG
tlvando a sua transmissao, a organr/.ac5o comunitaria ou a facilita<;ao do - Tbquc don Slnoa MG
aoosso a matorias primas. O Programa Nacional do Patrimonio lmatorial ‘ omunldaden lmpnctactas pela Uialna Hldrelétrica cle Impé - MG
lé roallv.ou os soguinlos Planos do Salvagtlardaz Arte Kusiwa — l’intura cor- f7 _ 0; do Midlo Inqultlnhonlna/MG
oral o Arto l‘tlllt‘u Wu'l’l 11; Samba do Roda do l~loool1oavo baiano; Uliioio ms Ffiflfi Nlfildrtll ’ TO'
l

das l’m1ololras do Golalflielrau; Vlt)lE'l-Llt‘-(‘UL‘l1u. As aooos p|*lorili’\|'i.as nossos all

I"la11os do ualvagunrda, pautaclna pelas quostoos obsorvadas nos lnvonu‘|- s~1I;;.;.r.;-..."’”"


CULTURAL - Cmmlmn, pnllflma, Inutrunmman 5

"*5 . '

rios o dobatldas com os soglmmtos sociais onvolvidos o intorossados, so coNsERvAc/10 E REABILITACAO URBANA:
oslzrutumm om duas linhas gorais: difusao (produgao do filmos, cd-rom's o 0 PRQJETO LAGOINHA
lmprossos) o articulaqao/fortalocimon to do grupos o comunidades (rouni- -.
oos, oficinas, otc). Como vimos om capitulo anterior, nos anos 1960 inicia-so uma grando
roformulaqao no campo do patrirmonio, com a ampl;iac€1o crosconto dosto
Com isso so rotorna aquolo dosafio quo ja so colocava para 0 Centro Na-
conceito o do sou campo do abrangéncia. Como obsorva Francoise Choay,
cional do Roforéncia Cultural nos anos 1980: como realizar um trabalho do
no quo so roforo ao chamado
prosorvaqao oriontado a partir da nocao — ampla e dinamica — do referéncia
patrimonio odificado, este so-
cultural? Nao so trata, como no caso da nocéo tradicional do patrimonio,
fro uma tjripla ampliacaoz tipo-
do so prosorvar aponas om sua matorialidade bens do grando valor, valor
logica (com tipologias “menos
esso reconhecido oxtrinsocamonte por técnicos dos orgaos do preservacao.
nobros”, como a residéncia do
Aqui, ao contrario, coloca-so a questao da referéncia que esses bens vao ter
homem comum, lojas o mesmo
para os proprios sujoitos onvolvidos na dinéimica do sua producéio, circula-
odcificacoos industriais, entran-
qfio o consu mo, roconhecendo-lhes, como anota Cecilia Fonseca, 0 estatuto
do no campo da presorvagéio),
“do logitimos dotontores nao aponas do um saber-fazer, como também do
Cronologica (com etapas ante-
C|osl'ino do sua propria cultura”.13
riormente dosprozadas sendo
._-.‘—-
consideradas dignas do pre-
Borvaqfio) o goografica (com a
9-F
idéia do monumento historico,
orlginalmonte ouropéia, so es—
palhando polo mundo). Iunto
a essa triplico oxpanséio, assis-
<1:- 1:.-

0
tlrlamos também a uma ver»
I dadoira oxploséio do publico mnpn uh
-
\
envolvido com a tomatica do
potrimonio, omorgindo o que a autora francesa denomina, nu.m viés no-
I gativo, do ”inflagao patrimonia1”.1

O como do todo osto processo vai sor, no entanto, a nosso vor, o doslo-
camonto quo so da no campo dos valores subjacentos a oporacao do ava-
llaqoo dosto patrimonio, quo so dosloca da esfera dos valoros l1ist<’n"icos o
artfsticos para outra mais ampla, a dos valoros culturais o urbanos. N50
so trata aqui do uma mora mu.dan<_;a quantitativa, mas da adoqao do u ma
1
perspoctiva diforonto, quo lova também a uma manoira diforonto do so in-
torvlr sobro osso patrimonio, quo so dosloca, como vimos om ca pi tulo an-
torlor, do paradigma da prosorvaqao para os da consorvaqfio o 1"oabilit*aq5u.
. I
Do fato, jé nos anos 'l96() comoqa a so formular a idéia da consorvaqfio,
quo, no campo do patrimonio, dosigna, sogundo a "Carta do Burra”, do
ITO; "on cuidaclos a sorom disponsados a um bom para prosorvar-lho as
c ractoristicas quo aprosomom uma significaqao cultural". [isso mosmo
documonto, proparudo polo ICOMOS do Aurstralia, soguo apontando quo,
“de acordo com an clrcunntlnciu, n comsorvaqio lmplicarci nu nao a pro-
wrrmmowlo r 1 ll.‘l'l mm. (hnrvllmu. l'l'lmll‘lIH, 1“.-@mml.~»ll.l-l 1"~fl~m'~v4~ l~'~'.~:r~H~ v rv"l'=Ill=m'fi¢l'= H l‘r"lPl" ll-~.~r"l'Il'~"

sorvoqiio ou o |‘ostaL|raoEio, além do manutonciio; ola podora, igualmonto, onus l*)*)ll, o Projolo Logolnlio, duo proourou oomlwinor oonisorvooflo vom
oomproondor obras minimas do roconstrugao ou adaptagélo quo atondam roulwililooilo, numa abordagom inlograda.
,

as nocossidados o oxigéncias praticas”. Como so podo porcobor, a partir


do concopcfio ampliada do sou proprio objeto, a consorvacao vai apontar
para uma dimonséio mais dinamica, passando da idéia da manutongao do A ldéio do consorvacao integrado
um bom cu ltural no sou ostado original para a da consorvacéio daquolas do
suas caractoristicas "quo aprosontom uma significacao cultural”. Ho as idoias do consor-
vogfio inlrograda o do
Desta forma, onquanto a polrimonio urbano vao
prosorvacao prossupoo a
limitagao da mudanca, a
gonhar corpo aponas
om I975, nos documon-
I A I
consorvacao roforo-so a ino- los produzidos no am-
vitabilidado da mudanca bllo do /\no Europou
o 21 sua gestao. N50 é do do l’olrim<“mio, é impor-
so ostranhar, portanto, quo lrmlo porcobor quo ossa
ossa idéia tonha omorgido rofloxfio nao aparoco
oxatamonto quando so con- oh ru p la mon to naquolo
solida a idéia do patrimonio or ml i non to, tondo mu i- H ll!

~'rm lldllrl
urbano, objeto nao ostatico los anlocodontos, tanto
por oxcoléncia. Nesta nova no rol’lo><{io quanto na pratica, sobro os contros histéricos. Nosso aspoclo (-
porspoctiva, passa a sor con- bom lornbro r a oxporiéncia italiana na area, quo vom polo monos do poriodo
tral a idéia da intogracéo da do ontro guorras, com a obra toorica o do planojamonto do Gustavo Giovan-
consorvagéio com politicas noni“, o quo tormina so corporificando na bom sucodida intorvomgiio sobro
mais amplas do dosonvol- o ('onlro l listorico do Bolonha, cuja metodologia so torna uma ospécio do
vimento, sondo uma con- pnlmdlglna soguido nao so na ltalia (Forrara, por oxomplo), mas om muilos
tribuicéio toorica docisiva a oulros polsosfi Outro fator importanto naquolo pais vai sor an prosonqa do
introdugao, pola Doclaracéio /\.N.(‘.S./\.,- /lssovizrziolzv Nazimmlc Cvnlri Storico-Arlislrri -, associaofio cria-
do Amstorda do 1975, coroa- dn om l%(l com o objotivo do “promover iniciativas culturais o oporalivos
monto do Ano Eu ropou do Patrimonio Arquitotonico, do conceito do "con- pom opolar as ad ministracoos publicas na salvaguarda o l‘00Sl.‘l‘Lll‘Lll‘£lQfi0 dos
sorvoqfio intograda”, ondo so oxplicita a nocossidado da consorvacao sor oslruluros l1islo|'icas oxislfontos", o quo, ao congrogar politicos, odminislro-
oonsid o rad a nao como uma quostao marginal, mas como um dos objotivos doros o inlolooluais vollados para a tomatica dos contros l1islo|"icos, produv.
conlrais do planojamonto urbano o regional? uma oonvorgoncia union no mundo, quo pormito £1 ltalia colocar-so no van-
;z,unrdo das lo|'lm|loq(>os sobro a consorvaqao int"ograda.~“
llslo capilulo vai aprosontar uma rof,lo><5io mais dotalhada sobro a impor-
lonlo idoia da ”consorvacao urbana” introduzindo ainda a idéia, corrola- /\¢|ul, no onlonlo, 0 importanto porcobor quo quando so colobra o /\no llurr 1-»
lo, do ”roabi|ilac5o urbana”, porspoctivas quo so articulam om projotos pou do l’olrimonio, oln I975, prolomlo-so ir muito alom do idoia lradivnonol
do diforontos naluro/as oo rodor do mumlo. Para isso, vamos acompa- do |Jull‘lm(miu: o|‘go|1i'/.au'lo polo ('onsoll1o do Huropa, Com o ohjolivu do
nho r inioiolmonlo a ro|'lo><{1o, hasioolmmlo ouropéia, sobro a ”consorvaq5o "oulor;.z,or a oonsorvog'{1o do |mlrim(‘mio liislorim, cultural o imol.1ili{\rlo do
inlog|"ado” (Cl) o sua vorionlo, o ”roobililaooo u rbana”, aprosonlondo, om l".uro|.,m o lugar quo lho oorrospomlo no oonloxlo do plonoiomonlo urbano
soguido, ainda quo mpirlolnonlo, algumos rol'loxoos sobro o o><po1'i(-ncia o lorrlloriul”, aquolo inivinlivu vai lor, um vordodo, a inlonqoo mais amplo
norlo-omoric.|no oorporlliuula nos p|'<>;_',ro|nos /\/lain .‘w'ln'<'l (l\/IS). l"inol- ~ do oousop,1|ir “o doliniqao do umn polllloo ouropolo do o|*rlonm;oo do lorri-
monlo, vamos nnnllsor um prololrr .\rli:.'ulodo no llrosil om moudos dos
PA’l’RlMf'5Nl( 1 t‘l!l.'l‘llRAl. l‘mn'rl!us. pnllllms. lmlrurm'nlu.~ t‘u|m*rm|¢nu lrilqqriiiiii v rmvllullxmvlo: u llmlvhi l.ngullilm

lt‘1r|o" (( SONY./\l.liS-V/\R/\S, 4-9|) Ii vai sor oslo o como do idoia do "consor-


vncflo intog|'ada": a i|1l‘ogrtig*a<> ontro a prosorvacao do patrimonio o o pla-
l a iiopulacao rosidonto (arl.7); a acoilaciio do arquilolura conlomporanoa
quo lovo om oonla o marco o><i_sl"onl“o o rospoilo as proporofios, a forma o o
nolanionlo urbano, ontondido na sua dimonsao mais ampla, nocossidado dlsposicao dos volumos, bom como os matoriais tradicionais (arl.7); a apli-
quo la so porcobia nas décadas antorioros na Europa. (Assim, por oxomplo, oaoiio do moios financoiros, jurldicos o ad ministrativos, lois o rogulamonlos
um ano antos do Ano Europou, a “Carta do Brugos” ja tracava uma ampla para a consocuqao do consorvaqao intograda (a rt. 8); o apoio Financoiro o
poll lica ambiontal ouropéia quando tratava também a quostao do patrimo- tocnico aos habitantes das aroas a so roabilitar (art.8); o a solidariodado do
nio. N510 lia como nao vor aqui ocos do rolatorio produzido polo Clubo do lodos os ostados ouropous (art.'l 0).
Roma, om 'l 972, quo colocava pola primoira voz com vooméncia a quostao
dos limitos do croscimonto, apontando para uma séria criso ambiontal so llssos princlpios sao roforgados o rocolhidos na célobro ”Doclaracao do
nao so on frontasso o croscimonto populacional o industrial, a insuficiéncia '-ill
t.
/\mstord5", também do 1975, resultado do ”Congrosso sobro li’al"rim(mio
d a p rod u goo do alimontos o o osgotamonto dos rocursos naturais.) /\|'quitot6nico”, quo rouno politicos o exports da Europa Ocidontal o do
av f
',r_1.
0'
- v
0
Losto, mas também dos Estados Unidos o Canada. Ali ja so parto do um
Assim, na "Carta do Brugos”, do 1974, ja so oxpoom os sérios problomas I 0 /\ I ' /\ '

ooncolto amplo do patrimonlo arquitotonico, quo ‘ abarca ho]o todos os


I A ' ~ I I

sociais o ambiontais quo apareciam claramente naquolo momonto: “cros- conjuntos construidos quo aparocam como uma ontldado, nao somonlo
oirnon to da populagao o sua roparticao dosigual, a acoloracao brutal o do- pola cooroncica do sou estilo, mas também pola marca da historia dos gru-
sordonada —- no curso dos ultimos docénios — do urbanismo o da oxpansao pos humanos quo ali vivoram duranto goracoos”, protondondo-so, a pa rl"|r
industrial, a oxploracéio intonsiva dos rocursos quo sabomos quo nao séio dosso concopcao ampla o intograda no marco do uma politica ambiontal
ronovavois, a nao obsorvéincia das logislagoos, a compoticao dosonfroada obra ngon to, ”abolir toda sogrogacao hiorarquica ontro con]untos do malo r
om todos os campos". Essa situagao do dificuldados vai sor oxtonsivamon- valor artlstico o do monor interosse”. Para a consocuc.éio do sous ob]olr|-
to doscrita naquola Carta, quo diagnostica: “Essa dogradagao so manifosta vos ambiciosos, a con,sorvac€io intograda prossupoo a intogragao ontro as
no poluicao intonsa da atmosfora, do solo o das aguas, na diminuigao ou _ , A , . u ' '
poll tlcas do patrimonio o o plano]a1nonto urbano, com um dlalogo |JL‘l
.,__

dosaparocimonto do algumas ospécios animais ou vogotais, no osgotamon- , - -


rnanonto ontro os consorvadoros o os urbanistas” (art. 1)‘, o quo podo! Ia
( _ ,,'_

to dos rocursos minorais, com gravissimas amoagas para a saudo fisica o sor consoguido através do uma inttogracao nas divorsas politicos sotoriais
moral dos homons.” Ia so via, ontéio, com claroza como “uma politica au- considorando-so, por oxomplo, quo “as politicas concornontos aos trans-
tonlica do ambionto (ocologica) é indissociavol a uma rodofinicéio da nogéio portos, ao omprogo,o a. uma molhor distribuicéio dos polos do ativldado
do dosonvolvimonto”. Com isso, quoromos chamar a atoncéio para como urbana podom tor incidéncia importanto na consorvagao do patrimfmio
os documontos produzidos naquolo momonto na Europa ja so inserom no arqtiil-otonico (art. 'l).
marco do idéia do uma politica ambiontal mais goral, quo tondo ao apro-
voitamonto sustontavol dos rocursos, assim como a uma tomada do cons- Us princlpios gorais da consorvacéio urbana podem, assim, sor rosumidos
ciiincia do nocossidado do so instaurar uma nova concopgao das rolacoos nas soguintos Formulas, oxtraidas da Carta do Amstorda:
ontro o homom o o sou ambionto, natural ou construido, ”na busca do um () patrimonio arquitotonico o composto do todos os
novo o bonéfico oquilibrio ontro dosonvolvimento oconomico, patrimonio cdificios o conjuntos u rbanos quo a prosontom inloros-
ambiontal o patrimonio cultural”. so historico ou cultural;
O patrimonio é uma riqucxa social; portanlo, do ros-
Us principios da consorvacao intograda, quo vao sor lapidarmonto onun- ponsabilidado colotiva; ‘ _
/\ consorvacao dovo sor o objolivo principal da plani-
ciados no “Carta liuropoia do l’alrim(>nio/\rquitol‘onico", do 1975, nao so ficacfio urbana o l'orril"orial; I
alaslam dosso porspocliva o so ontondom como “o rosultado da acao con- As municipalidados sfio as principais rosponseivols
junla das técnicas do rostauro o da invostigacao das fun<;(>os apropriadas, pola consorvaciio;
/\ I‘ot'Llpo!'ooaio do droas urlianas dogradadas dovo sol‘
com a linalidado do lograr a inlogracao do palrimonio arquitolonico “no
roali‘/ado som inodilicaqoos siilvslanciais do composi-
nmbionlo do vida do nossos cidadfios”. Nossa carta, com dov. arligos, so oao social dos rosidonlos nas aroas roaliililadas;
onunolam os prlnclplos gorais do consorvaqao intograda, onlro os qtiais so /\ consorvnoiio lnlogratla dovo sor calcnda om modi-
podom cllnr a oondonaqéo das lnl:orvoru,'oos do roslauraqiio quo oxpulsam das loglslallvas o admlnlslralivas ol'lcav.os;
mmmomo cummr. - Conulm. pnlltleu. lHIl*PHm9"rll-‘ml L’ t Cmmruacdn intograda v millnllmlai n Prnjmi Lagninhu a l

-‘ . o pano do fundo Fro.nto ao qual tal documonto é rodlgido:


Claro/.a Amnsorvatgélo into rada dovo sor apoladal por sisto-
mas do fundos publlcos quo apolom as lI1l¢1£1l‘l\/£11-1 L111"
Numa época na qual a univorsalidado das técnicas do administraqoos locais;
construcao o das formas arquitotonicas amoaca provo- A consorvaqao do patrimonio construldo dovo sor as-
car uma uniformidado nos assontamontos humanos, sunto dos programas do oducaqao; _ ~
a salvaguarda dos comploxos historicos tradicionais Dovo sor oncorajada a participacéio do organizaqoos
podo contribuir para 0 aprofundamonto dos valoros privadas nas tarofas da consorvaqao intograda.’
culturais o sociais proprios do cada nacao, o favorocor
o onriquocimonto do patrimonio cultural mundial do Nas rofloxoos quo subjazom at idéia do consorvagao intograda, podo-so por-
ponto do vista arquitotonico.
mbor claramente a crise do l\/Iovimonto Modorno, quo naquolo momonto
c .

Aqui também so trabalha com um conceito amplo dos conjuntos historicos, jll vinha sondo submotido a uma foroz rovisao, com criticas acidas a sua
l V A , l ' ' w - B

quo séio donominados “comploxos histéricos tradicionais” o dofinidos como lrquitotura anon1m.a o ao sou urbanismo sogrogador o dosumano: ‘Com
“todos os agrupamontos do construgoos o do ospacos, comproondidos os lu- ll ”Doclara<;éio do Amstorda” volta-so a atongao para a cldado trad1C10l1fll,
garos arquoologicos o paloontologicos, quo constituom um assontamonto quo é valorizada oxatamonto naquolos aspoctos quo forarn longamonto
hurnano, urbano o rural, cuja coosao o valor so roconhocom dosdo o pon- negados polo Movimonto l\/Iodorno: sua oscala humana, sous ospacos fo-
to do vista arquoologico, arquitotonico, historico, pré-historico, ostético ou Clmdos, sua divorsidado do usos o sua divorsidado sécio-cultural. Como
léclo-cultural. (art. 1.a). E importanto notar quo, nossa dofinicao, o “conjunto Olmlnho para ossa retomada, aquolo documento supoo, ontao, como mos-
historico” inclui ainda “as atividades humanas além dos odificios, a ostru- tra Gonvfiloz Varas a afirmacao internacional do uma “nova cultura urba-
_ . »-JC n l I '

tura do ospaco o as zonas circundantos”. Na mesma linha da ”Doclaracao nu” assontada nao mais na idéia do um croscimonto ilimitado, mas oxata-
I u u - - . A _

do Amstorda”, a ”Doclara<;€io do Nairobi” prop6o rigorosos o amplos ins- mento na oconomia dos rocursos “através da routilizacéio do patrimonio
. _. -_ , - A, ' ' "' anos"? P11":
truimontos para a con.sorva.gao dossos conjuntos, quo prossupoom uma into- ll'C|Llll@lOI.'\lLO £X1Stt.I‘ltE? a na roqualificacao dos ospacols urb A‘ c =
graqao com a politica urbana. Nolos so insorom a utilizagéio prévia do instru- ll Consocugao do sous fins, a ”Doclara<;ao do Arnstorda nao so rostringo
_, -- -. ' "*' 'rnomas
montos procisos do conhocimonto, tais como o inventario o urn ”documonto ll abordagons tradicionais da area do patrlmonio ou do urlaanis A I
analltico” sobro os conjuntos historicos (art. 18 o 19), propugnando-so tam- gmplla os instrumontos do acao, insistindo na associacao simultanoa do
bém o conhocimonto das circunstéincias sociais, oconomicas o culturais dos- meios linancoiros, juridicos o administrativos, leis o~rogulamontos. Com
sos comploxos (a rt. 20), bom como a olaboracao do ”planos do salvaguarda”, lilo, o ordonamonto jurid.ico dovo, na sua formulacao, so omponhar om
quo dovom analisar os "dados urbanisticos, arquitotonicos, oconomicos o so- C0ordonar"’a logisl.ac€1o roforida a ordonacéio do torritorio por uma parto
. ~ - ~ ~ ' " ' ' -" ' >r outra”
dais" oxtraidos dossos ostudos, levando-so om conta também a capacidado I I loglslacao roforlda a protocao do patrimonio arquitotonico pt ¢
dossos tocidos urba nos o rurais "para acolhor funcoos compativois com sua t , 4) , provondo-so
(art ~ g_
dolimitacao dos conjuntos arquitotonicos o do zonas
eapocificidado" (art.21). Outro ponto importanto é a quostao da participa- plrlférioas do protocao programas do consorvacao intograda, o modidas
‘- ‘ u ' I

qlo popular (art.2l), também moncionada na ”Doclarac5o do Amstorda”. dl aprovaqao do projotos o ElLiItOl.‘iZEl§§() dos trabalhos.
Tlfotta-so do um oxtonso documonto quo vai lidar com problomas sotoriais
C0111, osso comploxo instrumental, protondo-so fazor valor aquolo idéia
onvolvidos na consorvagao do um contro historico, onfrontando tomas como
Glntral subjaconto a consorvagao urbana, sogundo a qual a prosorvaqao
a lnsorqao do a rquitotu ra nova (art.28), o isolamonto dos monumentos (art.
nlo podo sor dissociada da modornizacao das cidados, dinfiuniycas por ox-
29), a publicid ado o a poluiqao visual (art.30) o o trfinsito (art. 32). Trata ainda gglflncla, lntogrando-so com o planojamonto urbano o regional. Asslln,
da quostao oconomica, anunciando quo a protcgao o a rostauracao dovom
I "Do¢larac€lo do Amstorda” passa a constituir um ponto do roforoncla
sor aoompainliadas por “uma acao do rovitali/.2450", crondo-so so.r ossoncial
flmdlimoanlal para as politicas do patrimonio nao so para a Europa, tondo
“mantor as funqoos ja oxistonl"os" o ”criar outras novas, compativois com o
IMO grando parto das suas rocomondaqoos acolhicias por um docuiponto
Contoxto oconomioo o social, urbano, rogional ou nacional om quo so inso-
lmlrnaclciiial, ja no ano soguinto, na Doclaraqao do Nairobi, da Ul\ll~*.S.C.().
rom” (art. 33).
Ntltl documonto também so coloca a quostéio da consorvaqiio dos oon|un-
bl hlltoricos numa perspoctiva ampla, procurando sua salvaguarda o sua
ii. hgrlqlo no vida contimporlnlll. No leu profimbulo jé so enuncia com
I
MTRIMONIO CULTURAL - Cnmwltan. pnllllm, Innrmummhm ‘H H H Coanrvacdo lmgradu 0 Mlllillllflal 0 Promo I-llfllfllll l
1" '

A reabilltaqao urbana i A reabllltaqacw do bairros antlgus deve sor concvblcla


0 reallzada, tanto quanto POSHlVQl; Bvm m_"¢llll¢*\€9*~‘"
Fl iinleressante perceber como os enunciados e as praticas ligadas a con- importantus da composlqao social dos l‘\£1l3ll.'£1l1lL‘H 0 clc
servaqao integrada (CI) no final dos anos 1970 e inicio dos anos 1980 eram uma rnaneira tal que todas as camadas cla sociedade
so beneficiem dc uma operacao financiada por lhlmlflfl
fortemente marcados por uma perspectiva social, corporificada tanto no es- pl:ll3llC0S.l7'
l"lmulo a participagao cidada, quanto na preocupacao com o deslocamento
cle populagoes economicamente frageis que habitavam os centros histori- No entanto, é interessante perceber que quando trata da qrlestao econ<'3-
cos. Como observa Silvio Zanchetti, se os principios da conservagao inte- mim, 3 “Carta de Amsterda” vai fazé-lo quase que excluslvamente sob
grada vao ter sua origem no urbanismo progressista italiano dos anos 1970, 0 ponto cle vista do financiamento da operagao, que vai S91‘ Qlllelldlda 9
vao servir também simultaneamente “como argumento teorico e pratico partir dc um nivel elevado d.e interferéncia — e investimento — ostatal, que
para as administragoes municipais de esquerda, e suas realizacoes como finracterizava as politicas pablicas do per1'0Cl0- (E555; Peqspegtlfif 'T‘rE')';_‘E‘:'
bandeira para a construgao de uma imagem politica de eficiéncia adminis- or exemplo, o caso de Bologna, onde o Governo oca su Sl.L 1a '( L-
lrativa, justiga social e participacao popular nas decisoes do planejamento gflnle as intervengoes.) p
urbano e regional”. (ZANCHETTI, 1974) No entanto, essa perspectiva ini-
Com as mudancas que acontecem a partir dos anos 1980, as politica:-1 do
cial vai sendo paulatinamente substituida por uma abordagem com um
viés mais economico, derivada, entre outros, da crise do Estado de bem reabilitacao passam a se envolver também em esforgos sistematicos para
estar social, que se via impossibilitado de arcar sozinho com os custos das garar investimentos e desenvolvimento economico que serviriam para,
, . - ,A - - - " , 'reas. Se Bolo m for o
ilitervemgoes, e de um crescente predominio de governos conservadores. em ultima 1nstanc1a, fmanciar a conserva<_;ao das a 8 =F ‘
paradigma da conservacao integrada nos anos 1970, Barcelona, na ,.spa-
Além desses fatores externos, cabe chamar a atencao, como ja observamos
anl:eriormente, para um fato proprio da conservagéio: a emergéncia da nha, vai fornecer o ”modelo” das 1?@61bi1ita§5e5 da Préxima 9tarPa» C°mbl'
qrlestao do financiamento e da sustentabilidade das areas conservadas fez- nando uma série de elementos tais como a idéia de uma forte lideranca
se mais urgente na medida em que o conceito ampliado de patrimonio tra- municipal a procura de um ”consenso” entre (35595 P‘:‘bllC05' O ‘mV°lVl'
zia para si areas inteiras, que passavam a ser valorizadas como totalidade mento cle l'inanciamento do setor privado, a prevaléncia de intervom;€"wH
urbana e nao a partir do mérito arquitetonico ou estético das edificacoes de projeto arquitetonico sobre o zoneamento convenc1on.al no plane]a-
- -
mento urbano, a utilizagao ~ do planejamento
' *raté g ico ,. a demanda
est ¢ H l-ml‘'
e esl"rul"u.ras individuais. Neste momento, a questao do uso dessas areas
torna-so central para as politicas de patrimonio, ja que nem todas essas design do' c-..
altac qualidade
. A e a. realizacao de ”eventos catalisadores (a‘l“"
edificacoes protegidas podiam se transformar em museus ou centros cultu- on Iogos Olirnpicos de 1992).
rais, 0 nem todas as areas conservadas, em destinos turisticos privilegiados. 9 - ' - ' ' ” ~ n da de lB1rcelom”
Assim, o ”Pro]eto Estrategico de Realnhtacao Integra b - )5 dq
Aqui cabe lembrar uma observacao arguta de Burtenshaw, que aponta que lniciado em 1980, procurou "tratar os d1ferentes problemas ur am ¢ ¢
0 fracasso em encontrar novos usos para edificacoes preservadas — que se pltal cla Catalunha de forma articulada e simultanea, estruturando-so um
tornam cada vez mais numerosas - ”condena a cidade a uma existéncia de torno de um plano integral e multicefalico, que reunia acp lTlL‘SlT;O.l'L"lT1}iU
museu a céu aberto”. Assim, as ja tradicionais preocupacoes com as quali- 9 ,- ' ' -> " ' ~ r= dc» BSQl‘\VOVl1‘fl0'l'l'U
projetos urbamstico, culturais, SOCIO cconomicos _ Ch no “mim,
clades visuals, arquitetonicas ou historicas soma-se a preocupagao com as I - _- iciio C *="~
social, além do incorporar do forma decisiva o prm p ¢ u _ P9 {T
Ca raclcrlsticas funcionais das areas e o ‘seu uso econ6mico.“’ pifibllco-privada em torno do tarefas concretas e a efetiva pa l“|IlClp£1t,£l0 L d
. -l ' >3 9-» - "r -\ dau-so '1 '1rl0HHil1-
Com isso,surgu u ma sogunda idéia, inl-rinspcamente ligada a do conserva- Comurndadc. Num primcuonlvcldc1nlcrvcncao,atcn L p = P: 1 V
qfloz a da roabilitamgao dos contros liistéricos, que coloca em pauta a ques- gulares cla cidade, tratando 0 valorizando as especificidades dc can a uma
de suas areas, rccorromlo-so para isso aos instrumeglps tradiicionalis dz
tao do dc:-zonvolrvimc-nlo vconc">mico das areas conservadas. O Faro 6 quo, - ‘ - ' = 9 ~ 1‘ a 9 ivis=io cu so 0. 9
desde o Ccmgresso do Alnaterda do '| 975, coroamonto do Ann lluropuu do undue
'
tlpOléglwS'- da
4
mmrologm
i ~'
dll Lspaloll
q " A '
?'ul3L 'rr O‘("<')teiu1
1
L1 balr
I -I
ll’ntrl|n(mlo /\|'quIl1\l;(ln,lco, ja so roconliucia explicila 0 programaticamvntv a principal dessa:-il11lc~|v011¢,c’)ur| fol na Udau c £1 ( = _ ' I
lmportflncla da |11a|1L|tan|;éo e incromento da fumgao vconfiinlcadas areas rol ele Sant Para, Rlbera, Santa Catarina, Raval e Barcclonula), ptglfil a qua
r l " s "naazona
protagidaa. Assim, a “Carta dc Amutarda" la fonmrlava, numa perspectiva I8 criou uma ”érraa do rubllitaqlo lntegrada que anglobava la
PA‘T‘RlM(5Nl0 C‘lll.'l‘l.lRAl. (hnrvlfnu, ;mllHrm:, lmfrmm-nhm I-l i, C'nrlnvrvn;*dn lnregrnrln e l‘¢'!'llfllllfl(‘l!l-l.‘ n Pallet!" l~"#"l"'l""

|1i:-ilfvrica, em que se individuaram cinco areas prioritarias. Alémldisso, I A polltlca urbana e dc reabllitaqlo de Barclonn
l‘1'atou—se o Eixamplc, parte da cidade oriunda de uma expansao urbana Y wP

\l1
I
do século XIX, proposta por Cerda, area onde se aplicaram instrumentos
de ”remodela.<_;ao" de seus pontos fracos e uma ”qualifica<;ao funcional”
'- dos principles orlenitadores da politica cle orclenamento territorial em
rmano:
J <

dirigida a definir e reforgar a identidade de cada lugar. Finalmente, num


nlvel mais alto de planejamento, propuseram-se "planos gerais” para a I
)',
1—
- , ' 1 e f mulaqao cla politica cle
+‘~-‘loEmmi‘; lllgl-llllfiallatllalm 1:'1slaaJ§§1;lefi§?:laf]a1s3€ia€éea profiaaionals, érgflosa I
cidade, que definiam algumas estratégias de reequilibrio das suas diversas 1 9 *‘Mme
1 1 1 ' P‘ - d d ~ os sao
~ consultados 1 para cl e terminar
partes, especialmente em suas “novas centralidades” e nas zonas criadas ll“ M
H
O17
gggagllzlaclgilmegrfiecagllfiignclzllzlozlerllritério de Barcelona. Em muitos casos, I
para os Iogos Olimpicos de 1992.12 ~ Ovemo cla cidade trabalha com o setor privaclo na execuqao de grandes pr0- |
ll “| cle clesenvolvimento urbano;
Nesta experiéncia de Barcelona, pode-se ver a combinagao de diversas . .1 , . . - ti-
perspectivas de intervengao: instrumentos urbanisticos para a conserva- ~ loa eventos internafilflnalfi, tars
.
_ como_ _ os Iogos Olimpicos
. clef 1992
H firsac) u
E mo.
I "
|
pr . ‘dos Pam mforgar o prestlgro, atratr anvestimento p1‘1Vi':1Cl0, loca Sid an
gao do regioes combinados com a requalificacao funcional e economica de
var
‘.1 ll A os trabalhadores
' da cidade.
1 I Echficios e infra-estruturas
' ll coC1i1atru.,
: as
' p de |
areas e edificagoes degradadas, mesclando-se a manutengao e a transfor- Eelaventos
I1. r sac de alta quahdaade e aervem a uma~ dupla f-1nal1da~ e cl: ara u area
uma I
macao do tecido fisico social e economico da cidade, tudo sob a égide do tos a como um meio cle regeneragao e
; prazo, durante
. os even , . I
envolvimento ativo dos diversos atores, sob a coordenagao de um forte ; aadlcadente da cidade a longo pram,
Governo local. Nos anos 1990, essa “formula” barcelonesa foi alardeada I . , . , - - ‘ da para melho-
, ‘ '" cl d f C108 Lll2)l1COS é cuidadosamente planeja
por urbanistas, tendo sido ”exportada” para diversas cidades no mundo, agrglgggafisgltjimzstd ela cidgrde e evitar a duplicagao de esfor€°$;
que, através de diversos planos estratégicos tentaram emular, muitas ve~
l» (d) 9 pensamento e a arquitetura inovadores sao encorajados;
zes som sucesso, as estratégias adotadas pela capital da Catalunha.
(3)‘ D QVEITIO municipal
. ' investe
_ em _ infra-estrutura
_ A de
- transporte
Ociaia para 1'I‘lE¥1h°1‘fi1' 1
gsslilliclacle, facilitando assma as anvldades ecoznomicas e s

3 Alguns dos principles orientadores da politica de reabilitagao urbana infill-1@I'11=

(n) a énfase numa lideraruga politica local forte para conduzir 0 processo cle re-
lblllltaqao urbana;
l o provlmento da incentivos fiscais e subvengoes para a reabili.ta¢5° 9°‘ Mu‘
'1; Melon;
1 I
( ) a conservac; an cle eclificios dc: valor
1 _ _patrimonial para usos pifzblicos tale como
llcolaa, bibliotecas e centros CLlll11I‘El1S/

(pl) 0 uso de funclos pablicos para reabilitar edificios hiatéricos que as encon-
, Ia-um em mau estado;
( ) uma ItOIIVE
rill l lnas intervenqoes
1 '~ de reabilitaqao
" ' edilicia tanto l1'\lCE1‘1’lEl quanto
I lxternamente.
'1 ; , ~ . 1 Q I
115 I t rial. Spatial plmmmg - irenewal 1in Barn
and urban ~ lo-
T €l1:'l'l:l:lgliaatL;E:elll:1l\mDe3l:l-:pm::'lll..el.§l|p0x1lvel am: www.le8°°"B°V-hl‘)
MW ll: llh
I

npmmu u Ill 13' --


lmm, Rmwl I
I
mm, pm/r'!u I 1 " ' _
‘Mill MM’! I
g MTRIMONIC) C'Ul.TlJRAL. 9‘ C'um'¢Ii¢uI. pmllliran. lll|lH'|m|rHlon I 1 (‘an:umui¢dn Ivmgqrrrrlrr e rarlllnliznr/In: ll Pro/also l.:|,m1h|lm

0 Programa Main Street: uma perspectiva norte-americana Dlanto dosto quadro, alguns u rbanislas o politicos ainda aoroditavam sor
Na mesma época om quo os paises ouropous lanqavam a ”Doclaracao do posslvol a 1‘ocL|po1'm,‘ao dos volhps contros, da Mum blrrvl, quo l"ora o olxo
Armitorda", a manoira do so intorvir nos contros historicos comocava a sor artlculador das cidades americanas, mas insistiam na adooao do uma nova
mudada também nos Estados Unidos, emorgindo uma perspoctiva com llnha do inlorvonqao. Para olos, om vez do so tornar uma palida imila<;ao
énfaso na gestao local. Em agosto do 1976, Boston reabriu com grando su- do subt'1rbios, os contros das cidades doveriam explorar oxa ta mon to aqu
cosso o rovitalizado Quincy Market, no centro da cidado, produto do uma lo quo os fazia Linicos: a it
parcoria ontro a municipalidado o a Companhia James Rouse, inauguran- sua imagem urbana, o
do uma nova forma do intorvencgao sobre o patrimonio urbano nos Estados
sou papol na formacao
Unidos, quo so espalharia por todo pais. O fato é que o centro do Boston da lClL‘l'll'lCl£'|LlO local, sua
sofria, como os do muitas outras cidades americanas, do macigo éxodo co- cargo historica, sou po-
morcial para os suburbios, ofn curso desde o final da 2*‘ Guerra l\/Iundial e lonoial do "anima<;ao".
quo so acolorara a partir dos anos 1960: atraidos pelas facilidades dos novos Fol dontro desta pers-
poctiva que o profeito
subiirbios, acessiveis pelas freeways,
Kovin White, do Boston,
l os residentes motorizados abandona-
lldorou um projeto do l Imm u llmlwl.
vam os antigos contros, levando com
dois anos para revitali- I l lll
olos o comércio, na forma dos novos
zar o Quincy Market no
o gigantescos shopping malls.13
(‘ontro d_a cidade, roinaugurado em 26 do agosto do 1976, duranto a colo-
A primeira reagao ao abandono foi bl"a<;ao do Bicentonario da Nacao. Com seus edificios em. granito restaura-
uma tentati.va do so realizar uma es- dos o adaptados para novas utilizagoes, o Quincy Market logo so tornaria
pécie do ”facelzftirzg” nestes contros, um dos dostinos turisticos mais popularos da regiao, bem como modolo
tontando fazer com que so parecos- para projotos somelhantos em outras cidades americanas, apontando LI I11
som com os novos suburbios. Assim, ca minho para a recuporagao das areas centrais.
a maior parte esforgos do revitaliza-
N oslo mosmo poriodo, lideres comunitarios do pequenas cidades do moio-
gao concentrou-se, nossa primoira
oosto amoricano que sofriam do mesmo processo, podiram auxiho para
otapa, na criagao do uma imagem ur-
rovitalizar sous contros ao National Trust for Historic Preservation, organi-
bana moderna e limpa: uma nova in-
vaqao nao-govornamontal que tem como missao dar suporto a prosorva-
Pra-estru tura foi construid a, anuncios
qilo do patrimonio."5 O Trust organizou, ontao, uma conforéncia regional
do plastico comegaram a escondor as
o, a partir dai, foi desenvolvido um projeto piloto para tros comunidades:
fachadas antigas dos prédios, cria-
ram-so ”parquos tomaticos” nos contros, ignorando a verdado.ira historia Galosburg, om llinois, Hot Springs om South Dakota o Ma1<.iis<>|1,o111 ln-
da cidado o oxtonsas areas pedestrianr/.adas, ondo so instalavam cadoias dlana. /\ oquipo do projeto so dou conta do que para salvar as ocl|l1ta<_oos
do contros historicos toda a oconomia dos distritos comorciais tinha quo
L \ - \ ] ' ‘ ‘
do lolas do convonioncias como a 7-Elovon. No ontanto, esta ostratogia nao
sor rooslrululrada: as odifica<;6es doveriam ser adaptadas aos novos usos
funclonou, oontribuindo, ao contrario, para acolorar o processo do mu-
ooonomicos; os comorciantos noeossitariam do troinamonto o acom panha-
danoa para o sublflrbio. I-im meados dos anos ]{97(), oostado do LlL‘gl'£1Ll£lQi'l()
monto; osforcos promocionais bom concontrados doveriam sor l'U'llUH om
urbana das cidades americana:-l tinha atingido sou apico, como relata Jon
uma clara ost"ral"ogia do marketing o om um plano do aqiio ocolioinico.
C. Ton Ford: as propriodados u rba nas nao so ostavam liolalmonlo degrada- I

clan, mas grando parlo dolas abandonados, as taxas do criminalidado ox- --.._ -. . _

A oslralt"gia adotada foi omprosa rial: para cada uma dossas cidades, con-
plodlam, onquanto as oldados onfronlavam as pioros crisos financoiras do lralou-so um ;.',oronlo, quo dovorla lmplomonlar aquilo quo hoou conhoci-
sua historia. ('l'l"./\l*()Rl), 1990, p. 12(1). y , .
da oomo n classlra al1ordngorn don ”qunl|o _
pontos " '
doMmn ' ' I | I
hlml. design '

(melhorando a aparéncla flulcn do centro oomorcial através do l‘L‘l.'ll‘lllll't‘lt,‘l'lU


mrumomo cutrum. - Cnnnlm. palltim. lmlrummtnn I n Cnnnarzrnm Integrndn e rvvttnltzncttnt n Pm/vtn tmmlnha l

do odlticlos lwistorlcos, do lncentivo a novas otllticaqoes, do dosonvolvi- Valor total do rolnvosttimonto ptiblico o privaclo nas comunidades Mriln
mento do sistemas do gestao sonsivois ao design o do ongajamento om Street - UStll l7 bilhoos, com um, roinvestirnento modio do US$ 9,5 inillioos
pla11olamenl'o a longo prazo); organizaqao (construindo consonso o coo- para cada comunidado.
peraqéio ontro os muitos grupos o individuos quo participam do processo
do rovitalizacao); promo<;ao (difundindo as vantagons do centro comorcial Nllunelro do novos negocios gorados - 57.000
para froguosos, potonciais invostidores, novos negocios, cidadaos locais
Nllunero do novos emprogos criados — 231.000
o visitantes) o roostrurturagao oconomica (fortalecendo a base oconomica
existento na area, onquanto sao estudadas estratégias para sua oxpansao o Custo médio do cada omprego criado — 'US$ 2.394
Crlaqao do novas oportunidades e desafios).
Porcontual do re-invostimento na comunidado - USS; 40.35 roinvostid o por
Os projetos pilotos lancaram a base para aquola que seria a abordagem cada dolar gasto, o que faz do programa Main Street o mais oticiente oco-
Main Street, baseada fortemente na iniciativa privada e no envolvimento nomicamonto no pais.“
cliroto dos cidadaos. Trés anos mais tardo, os rosultados ja eram visiveis
nas tros cidades do projeto piloto: os gastos nos contros foram elevados om A crltica mais freqiionte ao programa é quanto a sua tendéncia do misturar
25%; a ooupaqao das lojas vazias tinha crescido enormemente; e o retorno proservagao com cenografia, criando-so ”falsos” contros historicos. Como
do cada dolar dos custos adrninistrativos e do infra-ostrutura era de um vimos, uma das énfases do Programa Main Street vai ser na qualidado do
para onze d6laros.'1"’ A vontade do outras comunidades em aprender as design dos contros das cidades, o que inclui os proprios edificios. Assim,
llqoos dossos tros programas piloto, levou a criagao do Main Street Center 0 programa muitas vezes cria uma ”aparéncia Main Street”, quo enfatiza as
junl-0 ao National Trust for Historic Preservation em 1980. Hoje o programa facl1adas o realiza adaptagoes ”estilisticas” que tornam homogénea a ima-
Main Street atinge mais do 1.600 comunidades por todo pais e, trabalhan- gem dessos conjuntos, nao levan.do em consideragao a trajetoria historico
do om parcoria com agéi-11cia.s do desenvolvimonto estaduais e municipais do muitas das construgoes. (Em alguns casos, chega-so a introduziir uma
ou orgainizaqoes privadas, o Main Street Center fornece as equipes locais do "patina" artificial.) Esse tratamonto cenografico atinge também o ospa-
fu11ci.onarios pL'1blicos, lideres empresariais e membros da sociedade civil go publico, onde so introduz elementos do ilurninagao pseuido-historicos,
as lerramontas o a. assistétncia técnica necessarias para revitalizar os contros born como materiais de pisos e mobiliario urbano atraentes, mas historica-
do suas cidades. monto inadoquados. Além disso, ao nao incluir as paisagons historicas na
eroabilitagzio, cria-so uma tensao entre os edificios reabilitados e o seu con-
Aqul é prociso obsorvar quo a primeira premissa do programa - molhora r a texto. Como conseqiiéncia o ernbelezamento substitui ou dilui a historia,
apméncia flsica da area com a reabilitagao do seus odificios — foi fortemen- e so perde o contexto historico. 19
te auxiliada por um timing afortunado, tendo coincidido o langamento do
Progralna corn a criagao do créditos fedorais para reabilitagao do odificaeoos Aposar disso, o inogavel o sucesso do Programa, especialmente no quo so
hlnttorlcaas e tundos do auxilio para o dosonho urbano, que domandavam quo rofere a sua metodologia do envolvimento das comunidades e no aul"ol’i-
o solor publico o o privado trabalhassom conjuntamente om projotos do do- nanciainonto, o quo levou o Main Street Center (renomoado National 'll'usl
sonvolvimon to. Com isso, embora nao contassom com financiamonto diroto, Main Street Center desde 2004) a tontar aplicar sua perspoctiva om outros
vttrlos dos projotos pudoram rocuporar ilnutnoras oditieagoos, quo toram ro- tomas, tais como a quostao da habitagao do interosse social, trabalhando
nbllll'adas.'7 Assim, vao so rounir na perspoctiva /\/lain Street o ongajamonlo om parcoria com organizacoos da area, tais como as conhocidas Communi-
civlco, oaraotoristico da historia da |Jl'0SL‘.l‘VElg‘§(iY do patrimonio no mundo an- ty Dovolopmont Corporations. (www.mainstroel:.org)
glo-saxonioo, o a perspoctiva do ganho oconomieo, com binaqao quo talvov. ox-
pllquo o grando sucesso do programa nos Estados Unidos. O programa Main
Street" descreve os sogulntos rosultados oconomicos do l 980 a 2002:
PATRIMONIIJ ('lH.'!'HRAl. - Fmtrrttnn, rmlltlrun, lHnfI'tHm'H!m4
. (‘unurrt'n;':7u tnlqqnnln 1' rrr'lIu!l's'tt;*t7u.' n I'm/rlo Lngntnlm

_ .
Main Btreehoa quatro pontos e on oito pflnetpioa O S S SS I
>4

OI qultro pontos Os oito prlncipios


A experiéncia do Main Street Center em ajudar as comunidades a trazer seus centros co-
O Nnttorml Trust Main Street Center oferece uma ampla estratégia de revitalizagao da zona merciaia de volta a vida tem demonatrado repetidas vezes ue a abordagem dos seus
com-arclal, que tam sido muito bem sucedida nas cidades, nacionalmente. Abaixo estao guatro pontos é exitosa. Ease sucesso é guiado por oito princgpios, que colocam a meto-
dwlcritos os qualro pontos da perspectiva da Main Street, que se juntam para construir um ologia da Main Street para além do outras estratégias de reclesenvolvimento.
llforqo, austentavel e complete, do revitalizagao dar comunidado.
' lntegralidade: nao existe um dnico foco - rnelhorias urbanas dispendiosas, recrutamento
de empresas de marca de rename ou interminaveis eventos prornocionais - que poasa
A organtzagzto aignifica colocar todos para trabalhar com 0 mesmo objetivo e reunir recur- revitalizar a Main Street. Para uma revitalizagao exitosa, sustentével e de longo prazo é
lol humanoa ea financeiroa adequados para implementar um programa de revitalizagao Main easencial uma abordagem abrangento (integral), incluindo a atividado de cada um dos
Street. Um cormalho diretivo e comissoes permanentes compoem a estrutura organizacional quatro pontos da Main Street.
fLl1'|.damen"tal do programa, tocada por voluntarios. Os voluntarios séio coordenados e apoia-
don também por um diretor do programa pago. Esta estrutura nao so divide a carga de traba- ' Progressividadez engatinhar vem antes de andar. Programas de revitalizagao bem suce-
1110 0 "lracga claramente as respon.aab1'.1idades, como também constroi consonso e a cooperagao didos comegam com atividades basicas, simples, que dernonstram que "coisas novas”
entra oa varios atores (st-alcehtolders). aatéo acontecendo no distrito comercial. Na medida em que a confianga do pfiblico no
distrito cresce e a compreensao dos participantes no processo de revitalizagao torna-so t
“-1

mais sofisticada, a Main Street é capaz do resolver problomas cada vez mais complexos e
A promegttu vendeuma imagem positiva do distrito comercial e encoraja os consumidores e criar projetos mais ambiciosos.
OI h'1v"esl*id.ores a vi ver, trabalhar, fazer compras, se divertir e investir no distrito Main Street.
Promovendo as caractteristicas dnicas do distrito para os resident-as, investidores, empresa~ Q Auto-ajuda: ninguérn de fora vai salvar sua Main Street. Os lideres locais devem ter a von.~
1'10! e v"isitantos,- uma estratégia prornocional efetiva forja uma imagem positiva através da tade e 0 desejo de mobilizar os rocursos e talento locais. Isso significa convencer os mo—
publieidade, at.iv'idade promocional de varejo, eventos especiais e campanhas de marketing radores e os proprietarios de negocios da recompensa que vao colher por investir tempo
rlnl1zacl.aa pelos voluntarios locais. Estas atividades incentivam a confianga dos investidores t
e dinheiro na Main Street - o coragtio da sua comunidado. Apenas a lideranga local podo
I dos ¢oru~1umido.rea no distrito a encorajam a atividado comercial e 0 investimento na area. -.- '.
produzir sucesso de longo prazo através da promogao e da demonstragao da participa<;€1o
"115 da comunidado <2 o compromisso com esforgo de revitalizagéio.
Design signifioa colocar a Mair: Street em forma. Capitalizar sobre seus melhores afivos - tais ¢ Ptzrcerias: tanto o setor pdblico quanto o privado tém um interesse vital no distrito e da-
como edificios historicos e ruas oirientadas para pedestres - é apenas uma parte da histc’>ria. vem tra.ba.lhar juntos para atingir objetivos comuns da revitalizagao da Main Street. Cada
Uma almoafera convidativa, criada através de vitrines atraentes, areas de estacionamen- setor tem um papel a desempenhar, e cada um deve compreender os pontos fortea o as
to, melhoriaa "nas edificaqoas, mobiliario urbano, si.na1iza<;éio, calgadas, iluminagao da rua 11 limitagées do outro, a fim de forjar uma parceria eficaz.
9 palaagiamo, transrnite uma mensagezm. visual positiva sobre 0 distrito comercial e aquilo
qua ele tam para ofarecer. Atividades de design também incluam incutir boas praticas na ' Identzf1'car e capitalizar sobre as ativos existentes: os distritos comorciais devem. capi.tal.i.:car
manutenqtio do diatrito c:omercia1., melhorar a sua aparéncia fisica através da reabilitagao sobre os ativos que os tornam dnicos. Cada distrito tem qualidades 1I1n.i.cas como editicios F
de adificloa hiato1'icoa, modidas dostinadas a incentivar as novas construgoes apropriadas, distintivos e escala humana para dar as pessoas um séntimento do pertenga. Estes locais
dllanvolv-ltmento do sistemas do gestao e o planejamento d.e longo prazo. »O ativos devern servir como a fundagéio para todos os aspectos do programa de revitalizagfio.
I
v Qualidade: enfatizar a qualidade em todos os aspectos do programa de revitalizagéio. Isto
A mstt'tttt4r'ngffi'o eecwrtotrrimz reforga os bens economicos ja existentes na comunidado, ao
mfllmo tempo om que expande e diversifica a sua base economica. O programa Main
at se aplica a todos os elementos do processo -—~ do design de fachadas até campanhas promo-
cionaia e programas educacionais. Orgamentos muito estritos e os eaforgos do ”cortar o r
Street contri mi para agugar a competitividade dos proprietéuios dos negocios existent-tes, A.
I colar" reforgam uma imagem negativa do distrito comercial. Em vez disso, concen"trar-so
atrair novas empraaas compativeis e proporcionar novos usos econolnicos para format em projatos do qualidade em detrimento da quantidade.
urna zona comeroial que responda as nocessidades dos consumidores atuais. Converter
llpaqoa cornerciais nfio utilizados ou subutilizados em propriedades oconomicamonto * Mudmzgrz: no primeiro momento, quase ninguém acredita que o Mair: Street pos:-sa roal-
produtivas tambdrm ajuda a aumentar a rentabilidade do distrito. mente vingar. As mudancgas do atitude e pratica sao lentas, mas definitiva.a - o apoio pL'1bl.i.co
. 1
para a mu.dan<;a ira se construir na medida em que 0 programa Main Street cresce e atin»
ge consiatentementte os seus objativos. Mudanga sign.ifica., também, partici.par do mollwroa
C01-ncidantemente, oa qua-tro pontos da abordagom Muir: Street correapondem as quatro praticas empresariais, alterar as formas do pensar e rnelhorar a aparéncia ffsica do distrito
torque do valor imobiliario, que -stio sociais, politicas, ft:-iicaa e eco|":(51'nieas. commercial. Um programa Main Street cuidadosamente plane-jado ajudara at mudar percep-
qoes e praticas do p1.'1bli.co para apoiar o suatontar o processo do revittal‘ir.aa;£io.
llatirado do site do Main Street Center: Ditsponivol om: www.mainal-reet.org (traduqao do
nut-or) ' Apltrnetloz para tar sucesso, Main Street deve moatrar rosu.ltados visfveia ue so odertwo
vir da conclusao dos projetos. Mudanqas vistveis t1'aq_f.'|entes ado um lonnaretcz quo o
aaforqo do revltalizaqfio esta em curno 0 undo bem aucedtdo. Pequanos projatoa no inicio
do programa abrem camlnho are outrun mniom na medida em que o esforqo do revita-
ltzaqlo amacluracu an ntlvldaxl conltlntl dl rlvltaltzaqao g-era confianqa no programa e
cada vez matom ntvlll do plrfltlplqlm
lhttndo do alto dn Main find. S ; S‘ em: www.ma1n|t'r|nt.or|
t'.'\'!*Rlt\»1ONtt I t ‘lH.'!'HlM!. t'mn':*Hnn, tmflflrna. lt|HH'ttHt|'HI|m ( 'n!mervmv1u ttth‘_|.;t’ttrl|t r trot!-t|lt'.’m,'fl|».' :1 !‘ru/rm Iaqnlnhn

Y
quais |() inlv|'vv|1qoos om
conjunlos urbanos 0 '15
planos urban1'sl'icos o do
I I
mi
I
dosonvolvitmonto urba-
no. Porém, como anota
A 0
.

O
¢ .
A -.
I

I“
r Marcia Sant'anna, aponas
.11

I
20% dos monumentos
I
rostaurados goraram ro-
\ I

cursos para sua propria


I consorvacao. Dos planos -mt I Ht.
.'\ 1m HHIHI
dirotoros financiados polo no \
-
I Programa, poucos foram implemontados por falta do articulacao com os
O .
I

:91 municipios o também por falta do uma logislagao quo obrigasso a sua oxo-
¢u<;a0.21
5:9?

Vai sor também na década do 1970 quo so iniciam as primoiras oxporiéncias


!

t I .
;.\.
municipais do prosorvacao do patrimonio, podendo so destacar as aocoos
trim =

ltflli‘ '!!
'31 .
pionoiras do Rio do Ianoiro o do Recife, quo nao contaram com a partici-
pacéio direta do IPI-IAN nom utilizaram o tombamento federal como ins-
trumonto do protogao. E intoressanto percebermos quo para o govorno
O projeto Lagoinha (Bolo Horizonto) municipal ficava mais facil articular as politicas do prosorvagiiio com o pla-
nu
nojamonto urbano, sondo do so destacar quo nos dois casos so lancou mfio
|?.r1q ua n to na Europa ganhavam corpo as idéias da consorvagao intograda
do instrumontos urbanisticos para a protocéio do areas historicas. Aposa r
0 da roabilitagéio, o nos Estados Unidos so dosonvolviam estratégias do
das dificuldados do so roalizar uma ofotiva intogracao ontro ossas politicos,
inlvrvoncao basoadas na gestao o nas parcorias pfiblico-privado, também
como mostramos, o fdto é quo a partir dosso momonto muitos municipios
no Brasil a quostao da consorvacao do conjuntos urbanos colocava-so com
brasiloiros passaram a langar propostas nao somente do consorvacao d 0 a ro~
forqa renovada nos anos 1970, quando so avolumavam as prossoos trazidas
as, mas incorporaram om certa modida a idéia do sua roaobilittaozio. l\Iosl*o
pola ind ustrialoizacao o polo dosonvolvimento acolorados. Nosse momonto,
sontido, por oxomplo, tom atuado dosdo 1979 sobro o sou contro o Rio d 0 ja-
us divorsos nivois do govorno véio procurar altornativas do gestao para os to noiro, quo parte da aplicagao
vonjuntos u rbanos, quo nao mais podiam sor tratados sob a porspoctiva da
da logislacao do uso do solo
cidado como “obra do arto", até ontao vigente-2°. ta
l\lvslo quadro, cabo so dostacar 0 Programa do Cidades Historicas (PCH),
a o fiscal, combinando aspoc-
tos do zonoamonto, prosor-
criado om 1975, quo introduziu mudanpas Inos conceitos dominantos, ao vawqao, posturas municipais,
propor a roinsorcao do bons imoveis nas cidades como "olomontos ama- l isomgoos fiscais, aos quais
mico.-:”, nao mais os tratando aponas como objotos ostéticos. Outro as- so somam progrossivamow
poclo inovador do PC"! 'l foi o ostimulo dado/as ati\/didados culturais locais, lo, uma ampla oxposiqfio no
como possivois gorndoms do uso para os momlmonlos |1isl"oricos, o quo midia 0 a adosfio do comu-
pvrmiliu um onvolvimonlo mais pro><imo da vomunidado local nas aqoos nidado local, no fimbilo do
do p1‘v.'-wrvnq;'\o. |ni1'ial|n1-nlv implanlado nas cidadvs do l\lordoslo, ondo conhecido projvlu ”( 'urrvdur ||'t!|'t’|'t l I

dovvriu arlirulnr m_'(n-H lignclnt-1 no turismo, o l’(‘| I so vxpnmiiu porn todo (‘ullum|", uma dos iniviuli-~ f*.t|' I/r ‘NH: IHI
\

u la-|'ril(ario l1i\L‘iUIld| durnndo dor. anos v |'inum‘iou W3 projvlos, unlrv us van do maior (mito no pntu."’
I’/l'!'RlMt'lNlt I I 'l!l.’l'llI~l/ll. ('mm'llua, polttlnm. tn.-|!rmm'ntn.~ ' t ’un.~wr:wom lttl|‘_\'lHtltl r rt-mtmn.-m,-m»; n l'm)r!o l.u;.;otulm

No caso bl‘t1Hl|(‘ll‘U, 6 intorossonto porcobormos quo omboro o qtlostoo do () Boirro do Ilogoinho, um dos mais trodicionois do llolo I loria/.onlo, do:-:l'|'u~
Fll'|onoio»mon to o do sustontobilidodo dos oroos consorvadas sojo lovontodo to do um cu rioso status no capital minoiro, oo sor oo mosmo tompo oonlrol
nosto rnoirlonto, om muitos dos casos, o ator principal ainda sora o podor o poriférico. Muito proximo ao Contro, o Lagoinho noscou como loool do
pdblioo, fronto oo rolativo dosintorosso do capital imobiliario om rolacao habitacao dos trabalhadoros da construcéio da, nova capitol, fora dos limi~
as Intorvoncoos om cu rso nos contros urbanos, situacao analoga aquolo os- tos do aroo urbana - goométrica o monumental - do projoto do Aoroo Rois
tudodo por Melo ('l998) om rolacao a algumas cidades moxicanas. Aposar do finale do século XIX. Dosdo o inicio do sua, ocupacéio, o Bairro oproson-
disso, c» rocorronto no Brasil dosdo os anos 1980 a tontativa do so intro- tou vida oconomica o cultural oforvosconto, caractorizando-so rapid o mon-
duzir ossa perspoctiva, com a aprosontacao do planos do roabilitacao do to como um contro do sorvicos ‘r
drool-1, quo, do forma diferonciada, propoom a. utilizagao do parcorias ontro ospocializados. A0 longo do sua
or-1 diforontos otoros.23. A tontativa do so implantar om meados dos anos historia, a fisionomia do lugar
l 990 um plano do roabilitacao intograda do um bairro poricontral do Bolo vai sor marcada por uma inton-
I ilori'/on to, conhocido como Projeto Lagoinha, paroco-nos oforocor um caso so sociabilidado, ondo so mos—
intorosson to para roflotirmos sobro os processos do conservacao urbana o clam uma roligiosidado arraiga-
roobilitoqoo dos contros historicos no Brasil, principalmento daquolos loca~ da, uma forte tradigao musical, "“
Iizodos nos grandes cidades. Naquolo Plano foi tontada a combinacéo das a boémia o a prostituic5o.24
pt*rspoctivos do consorvacéio com a da roabilitacao urbana, onvo1vondo-
so do forma diforonciada os divorsos atoros, num processo participativo. l\lo ontanto, a dospoito da vita-
Roolirodo numa parcoria ontro o podor pL'1blico o a Univorsidade Federal lidadooconomica o socio-cultu-
do Minas Corals, o Projeto Lagoinha consoguiu ostabolocor uma base mo- ral quo marca a regiéio, osta tom
lodologico bastante ll'l't(l‘lf'CSSEl1'llI€, embora tonha sido vitima da dosconti- vivido sob a amoaca das gran- fn".'|'ll‘J'}l|

Fl l Hill: 1,!‘

nuidodo odministrativa o so oncorrado om 1997, quando sous rosultados dos inotorvoncoos viarias desde a 1,1 twill]

L'l1lT1L‘Qi1 Vi] m Cl SCI" VISIVCIS.


n I I
década do 1930, quando so anuncia quo ali seria aborta uma avonida soni-
toria. Como so dou com varias rogioos poricontrais do outras cidados brasi-

.
V _ ‘. .-rm. v- .[.-.|:h.-V H :I':lW

a1%l"?i~»-'=-'-roe -1'i"
,-
Lav», 3. I 31.‘-.1»

1E1T'~‘~"'-5?’tI*"i’1
-at

. l V it I1" -Q
V I
loiras, a Lagoinha pagou o proco pola sua localizacéio, sofrondo proliundos
.. 19' .yv ft 1; ,;i';,\.'-;, .|,,\vfl Q»
'»»;}*:.\,,,:,,'_W.‘,} t I
. _ _ .- . -.2: guy 5 -_§_ V V ,t.-
”cirurgias” om sou tocido urbano, soguidamonto cortado por avonidos o
viodutos quo constituom, dosdo os anos 1970, o chamado Comploxo \/i~
orio do Lagoinfha. Avonidas largas o com transito posado, viadutos, odil‘i-
‘ m.~..,,

tgq,/"""’ W “""\'lVIom,.,,,,_(v‘ Wm
oocoos dogradadas o somi.-abandonados substituiram o ontigo bu rburinho
W‘ Y’ tipico do Logoinha, quo passou a oforocor uma imagem do dosoloooo o
quom so aproximava.

l\lo inicio do 1994, a aroo voltou a sor conario dosso tipo do intorvonqoo com
o oxtonsoo do Comploxo Viario da Lagoinho sobro o primoiro quortoiriio do
Ruo Ito pooorico, oixo comorciol vital do rogifio. Tomondo ossa intorvonooo vio=
rio como moto, o I ’rofoitu ro do Bolo Horizonto, om pa rcorio com o Univorsida-
do llodorol do Minas Gorois, p|*<>|0os, dosso vo'/,, um novo tipo do intorvonoiio
do podor pilblioo, com o objolivo do nao oponos rooli'/or o obro viorio, mos
do:-ioncodoor o roobililoooo do oroo. (‘om isso, orticulou-so um plano urbono,
quo odolovo as idoios bosiom-s oonlidos no por.~:poolivo do oonsorvoqoo inlogro»
ms rm
do (Cl), tll'llL‘l.l|tlLli.l.'~l, como voromos, com pl'oooL|pog‘i'>os com o suslonlobilidodo
|‘llt I'll
, llrlo ooonomloo o aoolnl, dorlvndon do porapoollvo do roobililoooo.
mills‘.
t'r\'t‘RlMUNIH1'lH.'l'HR/ll, ('mm'llos. pnltttrns, ltmlrmmwtam ~ ( '|Htm‘t'r'tlg‘flo tHlo'_g't'mltt t‘ t't'r'llttll;-m,'|'I|If H rm»/1-rt» ldotllttltti

Porn o roolizoooo do plono, quo l’oi donominodo ”l’rojolo l.ogoiuho”, lo»


mou-so como ponto do portido alguns ostudos dosonvolvidos polo odmi—~
nisl"rocZio municipal ("I993/96), o ”lnvontorio do Potrimonio Urbano o (‘ul~-
turol”, dosonvolvido polo Socrotorio Municipal do Cultura (vor oopllulo
l()) o o ”|f’osquiso dos Atividados Economicos do liogoinho”, dosonvolvida
polo Socrotoria l\/[unicipol do Inddstrio o Comércio, quo, codo quol 31 sun
manoira, trocavam diagnosticos do Bairro. Essos trobolhos, dosonvolvidos
o partir do perspectivas divorsas o visando objotos ospocificos do ta roo osl u
dada, mostraram-so complomontaros o iluminoram~so mutuomonlo, con-t
figurando, ao final, um quadro prociso do roalidado do rogifio. l’orlindo~-9
so, pois, do ostudos quo procuraram comproondor do tormo obrongonlo
o rogiao afotada o incorporando a perspoctiva da participocoo populor, o
Projeto Lagoinha propos—so a inverter a logica quo normolmon to norloio as
grandes intorvoncoos urbanas: o ponto do partida dovorio sor o roolidodo
do Bairro tal como ora vivida polos sous habitantes, sondo o sou fim 1'|llis=
mo, a melhoria da qualidado do vida.

Com isso, montou~so o Projeto Lagoinha, quo tovo por finalidod o o roohi I i lo-
coointograda do Bairro, tipo do intorvongéio quo procura trotor os diforontos
problomas da area do forma articulada o simultanoa, ontrolocondo oooos do
ti pos variados — do intervoncoos fisicas a projotos culturais - o do mogniludos
diforontos — grandes o poquonas intorvoncoos. Assim, a idéia do roobililoooo
intograda, tal como proposta pola oquipo técnico, buscovo um modolo do
dosonvolvimento quo, valorizando as ospocialidodos locais, pormilisso ina
torvoncoos mais adoquadas o bom sucodidas no tocido u rbono. 'l'rolovo~so,
pois, do uma intorvoncéio urbana, quo tinha com.o coroctoristicos p rin oi pois:

' o sou carater participativo - os proprios moradores oram rosponsovois


polo oncaminhamonto das agoos tais como o roforma do rosidonoios o/ou
roquolificacao do sous nogocios, intormodiodos polo od mi|1istrooa.3o muni-
cipol (orgoo goronciador), através do parcorias com o podor publioo o o so»
tor privodo (quo contribu1'o, por oxomplo, com as tin tos doodos oo projolo),
oontondo com o ossossorio do uma oquipo técnico;

0 por sou co rotor procossuol - oposor do projoto tor sido oloborodo om sun
lololidodo, provondo-so uma sorio do oooos o curto, modio o longo promo,
procurovo-so fugir do planojamonto tolo|iv.onl'o o toohodo, lroholliondo-so
com oona'n'ios o oooos osllologioos, quo orom roovoliodos o l‘L‘l.‘|tll7Ul‘t1LltlH on
It, l|'|\.jht:I longo do prooosso; 9
mtlm ‘HM-I /

0 por sou sonlido do pros1'rvng'oo o lnoonlivo as idonlidodos oullurois;


Cnnumapln intograda 0
PA'l'RlMONlU (‘lll.'l'llR/ll. t"mu*rlmn. lmllllrmi. lmllrltmrntmn

Uma intorvenqtlo intograda


I o, sobrotudo por suo proocupoooo com o monutoncoo dos condiqoos do
comércio o morodio, bom como o dosonvolvimonto o o melhoria dos con- O Projoto Logoinho, quo tinha como objotivo so oslondor por todo o Holt-
dlqoos do vida o trabalho no rogioo. ro, atuou inicialmonto concontrodo no ontorno dos obras do Comploxo
Viorio do Logoinho, aroa mais dogrododo o quo foi obioto do um plono
Assim, o Projoto Logoinha, dontro do perspoctiva do rcabilitacao intogra-
ostrotégico ospocifico, implomontodo ontro os mosos do moio o clozombro
d o, congrogavo projotos agrupados om quatro programas:
do 1996. Dontro do idéia do onvolvimonto publico-privodo, poslulovo-so o
5* §

' Programa do roqualifica<;ao ambiontal - provia a roqualificacao ambion- di,vis€1o do rosponsabilidados: onquanto ao podor publico coborio o oxoou-
tal do oroa do Lagoinha, com a rocuporacéio do propriedades isolados, cao das obras viarias, do molhorias urbanas o do roquoalificocoo do odilloios
conjuntos urbanos, quadras, vias publicas o areas dostinadas a oquipa- publicos, aos particularos caberia a rocuporacéo do sous imovois, sondo
monto do uso colotivo. ostimulados a adorir aos varios projotos formulados.
.4
' Programa do rovitalizacao oconomica — a partir da detalhado identifi- Entro as principais obras publicas oxecutadas, cabo destacar o l’ro<;o Vow.
coqao dos atividades oxistontos na Lagoinha, propunha ostimular sua do Molo, com 6.600 m2, construida no terreno romanosconto do domoliooo
pormané-11cpia, oforocondo-lhes assossoria técnica para quo ganhassom om do um quartoirao, com o objotivo do sorvir do antoparo ao Bairro om rolo-
oticiéncia goroncial. Foram dosonvolvidas linhas quo objotivavam o supor- gao ao posado transito das vias lindoiras. Além do tratamonto poisogislioo,
to/opoio, oxpansao o divorsificacao das atividades. jardins o fontos foram instalados ainda oquipamontos do uso comunilorio,
tais como bancos o lixoiras, buscando a humanizacéio da paisagom urhono
1' Programa do rovitalizacéio cultural - propunha fortalocor o rosgatar daquola area, muito arida.
praticas culturais locais, pormitindo, ao mosmo tempo, contato o intor-
combio com outras oxporiéncias, além do rossomantizar lugares oxprossi— Nosta mesma linha, o projeto provia o tratamonto do todas as prooos o
vos do Bairro. ruas do Lagoinha, tendo sido oxocutado o projeto piloto do Ruo Ito pooori~
ca, principal oixo comorcial local. Ali foi foita a substituigéio do quoso dois
1' Programa do dosonvolvimento urbano o social - propunha incontivar quilomotros do piso do passoio por ladrilho hidréiulico, rocu porondo-so
a pa rticipagao do comunidado o intormodiar as propostas dos programas aquolo material tradicional o garantindo acossibilidado o uma imogom ho-
orquitotonicos, oconomicos o culturais com as caréncias do populacéio local, mogonoa da rua. Em 1996, iniciou-so também, om parcoria com o populo-
através do colaboracéio com a comunidado do Bairro o suas organizacoos. "¢ _ ._l.._ .__-
cao, a arborizagao do rua, quo conformaria a imagem final do i11toi"vo|1q5o.

Articuladamonto ao Projeto, embora nao coordonadas por olo, Porom oxo-


cutadas também polo podor publico municipal outras importontos obros
no rogiao, tais como a roforma do Hospital Odilon Bohrons, a roforma dos
jordins do Conjunto IAPI, a construcao do abrigos nas parodos do onibus
o o rourbanizacz"1o do Vila Sonhor dos Passos, nu ma perspoctiva inlogrodo
do intorvoncoo.
at

Como intorvoncoo catalisadora, foi proposta ainda o rovitolizocoo do onligo


Morcodinho do l,ogoinha, rocuporodo com a intoncoo do so crior um ospooo
copoz do otondor as nocossidodos culturais o do lozor do comunidado, olom do
oforocor u mo altornativo 21 quostoo do obostocimonto do génortis, rosgotondo o
carotor roloronciol do odiliooqoo. Para osto projoto, torom roolizodos ostudos
minuoiosos iunlo 2» populooiio loool, concluindo-so quo o uso dosoiovol poro o
oquipomonto dovorio sor um mlslo do obostooimonto o oulturo, roouporondo-
so, do corto tormo, o cartltororlglrullrlo do ldolo do morcado.“-"
l.u,qomlm. l
I .
FATWMONIO t?LJL7‘lIRAla. a €‘:mwIhsn. pnlltlran. lnnrrannmrun (‘nv|nrrvn;v1n mhgqrmln v !':'fllh|Hzm,'fln: n I'm/rm la.ngnlnlur

A no at uo d|'/. ros wilo £1 rocu flora S‘(Io o consorva S‘fro doa imoveis 1arlicu- Duranlo o prooos:-so do dis-at*1'ibui<;fio das ti11tas o acompanhamonlo da pin-
lmoe-4, o projeto l|*aba||mva com a idoia do pa rcoria com a populaoéh local, lura, diver:-ms fatoros inl’luoncia1_1am o rosultado final, oonlribuindo para
prooumnclo mobiliza-la o fornocor~lho assistélwcia técnica para tal. Para a nao roalizacfio plena dos objetivos iniciais. Dontre os divorsos r1lasl"z‘u*L|-
lmm, ll'lHl‘i\lOLl-S(‘ no bairro, om parcoria com a Universidade Federal do los, ha quo so destacar" a precariedade das contdigoos do armav.onamonto
Mlnns (Iorai:-1 (UFMG), um l!:~:oritorio Técnico, que fez preliminarmente 0 o manipuula<;5o das tintas e a impossibilidade de um maior controlo sobro
|ov1mla|'nont'o d o.tal|1ac|o das 148 odificagoes que compunham a area de in.- os servigos prestados pelos pintores contratados pelos propriotarios dos
lorvonofio L‘Hl'l‘tlléglCi1 do Projeto, denominada “Face Sul da Lagoinha”, dos imoveis. l\lo entanto, pode-se destacar também como um dos pontos po-
quais -"/1 ('1 12) ora m pontos comorciais e V1, locais de residéncia36. sitivos a grande adesao dos moradores, principalmente da Rua Além Pa ra-
No inicio do ago:-;l*o do 1996, a comunidade local, reunida a partir de pro- iba, de carater mais residencial. Além de propiciar um melhor aspecto do
g|'nma.'-; or-xpocificos con forme os tipos de uso (comercial ou residencial) dos conjunto da rua - principalmente por se tratar de imoveis na sua maioria
ln1c'>voi:~:, foi convocada a participar como parceira do projeto, através da sua em estilo eclético - houve um envolvimento gradual por parte da com uni-
corltribuiqfio como rosponsauveul pela mao-de-obra nas intervengoes de recu- dade, a medida em que apareciam os primeiros resultados das pintrlras.
pornqfio dos imoveis. lmediatamente um numero expressivo de moradores No final de 1996, o processo de recuperagao ja parecia se estender por todo
o comorcianl"os so manifestou interessado em participar do projeto, iniciando- o Bairro, com varios moradores recuperando espontaneamente seus imo-
H0, orltfio, para os candidatos ao programa de recuperagéio fisica dos imoveis, veis, sem recorrer ao Escritorio Técnico.
£1!-I vistorias o o atondimonto visando a capacitagéio na gestao dessa proposta. - juntamente com a intervengao urbana, o projeto deu forte énfase ao “Pro-
nu

As VlH-l‘()l‘l£lS, roalizadas pelos técnicos do Projeto, objetivavam avaliar 0 grama de revitalizagéio econornica”, que procurava fortalecer a base oco-
ostado do oonsorvamgéio das edificagoes, fazer a caracterizagao arquitetonica nfwmica da Lagoinha objetivando o apoio, expansao e diversificagao das
clol‘nl|*mda o u ma ostimativa prévia da quantidade de tinta a ser usada. atividades. Com o comércio local, foram trabalhadas linhas de incentivo
(‘ornp|o|"nonl"_ando as vistorias, eram feitos estudos de cor, procurando- om parceria com o SEBRAE, que promoveu palestras e instalou 0 ”BaIc£io
Sebrae” junto ao escritorio do Projeto Lagoinha para apoiar a moderni-
se adequar a orientagao teérica a
zagéio dos negocios locais. Numa tentativa de reativar o comérci.o local
realidade do Bairro e a possibi-
caracterizado por brechos, vale o registro da realizagao do ”Leilao do /\rl‘os
lidade limitada de se criar cores.
o Antiguidades da Lagoinha”, realizado em dezembro de 1996, muito p ro-
Algumas edificagoes foram prio-
judicado pelo impacto das obras viarias.
rizadas levando-se em conside-
ragao 0 seu valor arquitetonico e (L) aspecto de animagao cultural nao foi esquecido e varias agoes fora m ro-
av pt!

0 interesse e/ou possibilidade do alizadas por meio do “Programa de revitalizagao cultural”. Dentro ossas,
proprietario. A partir das visto- cabo destacar o projeto ”Sopro da Lagoinha”, que trabalhou com a pers-
rias iniciou-se o processo efetivo poctiva da revitalizagao da banda de musica Nossa Senhora da Concoiqfio,
do rfecuaporagao e pintura externa a mais antiga dar cidade, que se encontrava em processo de extincao pola
dos imoveis, para a qual havia a inca pacidado do renovagao de seus quadros. Para reverter essa situaqfio, o
pa rcoria com a empresa R. Fonso- projeto, coordonado pelo compositor de musica contemporanoa llduardo
ca Prod u tos Q'LlllT\lC()S, quo doou /\Ivaros, instalou uma pequena oscola do instrumentos do sopro junlo E1
as l'int'.1:»‘ Q1 /\:~;soci£1q5o do l\/lorado- igroja valolica local, promovondo concortos somanais, nos quais a corpo-
J
ros dc Lagoinha. No final do 'l 996, raqiio linha possibilidado do inlorcfimbio com outros grupos locais o na-
varias orl i*ic'nqoo.-;
|' “A id so oncontra- cionai.-a. 'l'amhom no.-:.-:a linha, oslava p|"ovi:~;la a inslalaqfio do um cinema
vam com s|.:a.~; laolmda:-2 rocupora- popularno Morcadinho do l,np,ui|1lm, rovilali/.ado. l
das. 1
FATRIMONIO CULTURAL - Canrvllnn. pnlltlrnu. lnntrumenlnn t Fnrlumlncml ll-rrvgralin v rm»ImII:nMn.~ n Pm/rm laqnlnhn

Inltrumentos de preservagao: legislaqao e negociaqao urbana momoria o da lClL“l1l‘lCl€ld0'CLlllLll'€|l o para a presorvaqao da qualldado do
moio ambion to u rbano consorvar-aquilo quo os conjuntos tom do essoncial,
Como provavelmente ja so podo perceber, o Projeto Lagoinha teve como
como sua volumotria, tragos basicos do fachada e, evontualmonto, mosmo
um dos sous prossupostos basicos 0 conceito contemporaneo — amplia-
tipologias om planta. No que so refere ao Projeto Lagoinha, esta foi dirol'|'iz
do - do patrimonio cultural, tontando responder os desafios colocados
sempre presente om todas as obras do restauragao o/ou recuporacao do
por osta concopmgéio. Aquis é importanto perceber que, como ja afirma-
patrimonio odificado.
mos em capitulo anterior, nao so trata simplosmonte do uma mudanga
quantltal-iva: a oxpansao do conceito faz com que so modifique o seu 5. Roavaliar a gestao do moio ambionto urbano. Antes do qualquer intor-
proprio ca rater, o que, por sua vez, faz com quo também a postura em venrgao no tocido vivo da cidado é muito importanto a percopgao dos mo-
rolaqao ao que so ontondo por patrimonio deva sofrer alteragoes. Em canismos criadores do significado om jogo ali: é vital perceber, acima do
rolaqtio ao Projeto Lagoinha, procurou-se responder a este desafio, par- tudo, como os moradores e usuarios utilizam e valorizam aqpuolos espa<;o:-1
tindo dos seguintes prossupostos: que constituom 0 sou dia-a-dia. P. nocessaria, para isso, a criagao do moca-
nismos quo pormitam a real e efetiva participacao dos agentos onvolvidos
1. Priorizar sempre 0 contexto urbanistico, porcebendo a cidado como um
no processo, om todos os seus momentos: na elaboragao, implantagao o
organismo vivo o comploxo, onde os bens naturais e culturais so relacionam
gestao dos projetos a serom eventualmente desenvolvidos. Esta foi a dire-
ontro si. Nesto sentido, o Projeto Lagoinha, em suas analises e proposicoes,
triz fundamental do Projeto Lagoinha, quo so so viabilizou pela intonsa o
procurou sompro privilegiar conjuntos e ambiéncias a odificacoes isoladas. -
constante participagao da comunidado envolvida.
2. Adotar um procodimento unitario, visando a melhoria do meio ambien-
6. Garantir a permanéncia da populagao do baixa renda nas areas a so-
to urbano como um todo, nao tratando desigualmente as chamadas areas
rom urbanizadas, preservadas, etc. Qualquer politica do preserva<;€1o dovo
hrisloricas o os outros espagos que compoem a cidade. N0 caso do Projeto
priorizar o bem estar dos moradores e usuarios, procurando evitar a sua
Lagoinha nao so lidava com um “centro historico” no sentido tradicio-
oxpulséio em docorréncia da valorizagao dessas areas. Ponto importantissi-
nal, mas com um bairro pericentral, moldado pela historia e objeto do in-
mo no que so refere especificamente ao Projeto Lagoinha: parecia-nos vital
lorvonqfies doscaracterizadoras. Nas intervengoes propostas, teve que so
garantir e estimular a permanéncia da populagao do Bairro evitando o co-
lirabalhar muitas vezes com territorios degradados, causados pelo proprio
nhecido processo do gentrification, muito comum em projetos do reabili-
processo do dosonvolvimento urbano.
-
tagéio. Para isso, foram formuladas estratégias tanto junto aos moradores
3. Nosse sontido, é fundamental a intogragao absolutaentre a politica es-
an
quanto junto ao comércio local.
poclfica do proservagao do meio ambionto urbano e a politica urbana do
Assim, o Projeto Lagoinha, nos anos do 1995 e 1996, procurou conjugal"
um modo geral. A0 so pensar em termos do preservagao ambiental, deve-se
uma série do agoos que, em seu conjunto, pareciam oforocer uma alterna-
tontar harmonizar sitios e edificagoes preexistentes com as novas, utilizando
tiva ao tombamonto. Por um lado, a aprovacao do uma Area do Dirotri-
para isso instrumentos urbanisticos mais gorais, como o Plano Dirotor para
zos Especiais para a regiao, instrumonto urbanistico destinado, simulta-
0 municlpio, a Lei do Uso e Ocupagao do Solo, os codigos do obras o pos-
noamonto a ”proteg€io do patrimonio cultural e da paisagom urbana", a
turas, ontro outros. l\leste sentido especifico, o Projeto Lagoinha procurou a
”revitaliza<;5o do areas dogradadas ou estagnadas” o ao "incromento ao
lntograqao com as formulagoos do Plano Dirotor o Lei do Uso e Ocupacao
dosonvolvimon to oconomico”. Por outro, u.ma série do obras pflblicas, q uo
do Solo, quo naquelo momonto ostavam om processo do aprovaqao om Belo
indicavam para a populaeao om geral o para a comunidado local a proo-
Horizonto, conseguindo insorir neles o impoftanto instrurmento da ”/\ro'a
cupaqao do Podor Ptiblico com a qualidade do vida da regiao. Pormoando
do Dlrotrizos Espociais da Lagoinha”, considerada como area passivol do
tudo isso, um processo do crosconto onvolvimonto da comunidado local,
rovltallzaqao. A inton<;€io foi ovitar o tombamento do imoveis individuais o
quo, com a assistoncia técnica do Podor Pablico, alavancava os projotos
garantir um marco jurldlco mais conlomporanoo para as intorvoncoos.
ospoclficos do prosorvaqao o dosonvolvimonlo.
4. Pariorlmr planos mfllfl fllmploz-I do rocuporaqao do ocliflolos o conjuntos,
no lnvéu do carlulmu reltauracoou. E1 importanto para a preuorvaqéo da
- -~ = "l‘l'9llfll. p-mllllrnl. lmlrmmwlunl
( 'ol|m'rnm1u lnlr_qr'lnln r rm'llnll".<.u¢nu: n I ‘av/viu laonlrllll:

Urn final nada foliz


do colaboraoao o do rogulaqiio do conflitos ontro oxoculivo, logislalivo o
(‘om isso, no final do l‘)%, os rosultados do Projeto Lagoinha comegavam sociedade civil” (FREY, 2000, p. 246)
a so l’a'/.or vislvois: além da oxocue:.'io das obras publicas viarias, do recu-
poraoiio do ruas, rosidéncias, da construgao do um ospago do COIné1"CiQ A intorrupgao do Projeto Lagoinha e a consoqtionto dosarticulaoao d a os-
la‘/.or o cultura (o l\/lorcadinho), do investimento om projetos culturais ("Cl tratégia intograda adotada provocaram uma série do impasses no quo so
Hopro da l.agoinha"), a metodologia da reabilitagao intograda consoguia refere ospocificamento a prosorvagao do patrimonio daquola rogiaso do Bo.lo
granjoar gmmlo adosao ao Projeto por parte da populagao do Bairro, que Horizonte, que permanecom até os dias do hoje. Por um lado, dosativou-so
so sonlia pa rcoira nas intorvongoes. Nosse momento, 0 Projeto comogava o envolvimonto da comunidado local, cuja participagao tom sido solicitada
11 lo!‘ lambom grando visibilidado na midia e om féruns do discussao e aponas em evontos esporadicos; por outro, interromporam-so os trabalhos
planojamo11l"o urbano, nacionais e internacionais, tendo sido apresentado do rocuporacao fisica da rogiao, soja por parte do Podor Pablico, ou da
om inu mo ros congressos o sorjninarios e alcangado promiagoos importantes propria comunidado local, doscronte do processo. Além disso, colocou-so
lunlo a ilislalicias representativas do planejamento urbano.” um impasse om rolagao a propria ostratégia do gestao: so hoje oxisto uma
Area do Dirotrizes Espociais destinada a proservagao e ao dosonvolvimen-
l\lo ontanto, como so poderia osporar, a implomontagao do projeto do tal to da Lagoinha provista no Plano Dirotor, osta nunca foi regulamontada,
rilmiligoiicia nao poderia dar-so em pouco mais do um ano do trabalho- o quo tira qualquor efotividade dosto instrumonto, que pormanoco como
no linal do "I996, ainda havia muito a so fazer om relagao a conservagao o u ma “carta do intongoos”, datada no tempo. Com isso, toda agao do prosor-
|‘ovil"ali'/.a¢;{io da area - rosguardando usos e ocupagao compativeis dan- vargao a ser ali emproondida dovo recorrer ao instrumonto do tombamento,
do oonlinuidado a rocuperacao oconomiqa, a rocuporagéio das odifidagoes oxatamento o quo so queria ovitar com 0 Projeto Lagoinha.
" ‘~"“l""S""-“‘ l’l"bll*3°~‘% @I1f1‘e outros. Algumas questoos, om particular, pre-
ooupavam sobromaneira a oquipo técnica da UFMG: a~ destinagéio a ser llinalmento, cabe chamar a atongao para a retomada com grande énfaso
d ada a alguns ospagos romanescentos do quadras que ainda ostavam sen- d a perspoctiva rodoviarista no governo do Belo Horizonte”, 0 quo levou a
do domolidas; a continuidade da agao do mobilizaeao e negociagéio com Pro foitura a concentrar sua agao em intervongoos urbanas mais convoncio-
a popL|laqé.i<> local o a regulamontagao da Area do Diretrizes Espociais da nais, bastante distantos da perspectiva da consorvagao ou da roabilitagao
l .agoinl1a, do manoira quo todo o investimento roalizado na rogiao nao urbana. Assim é que, desde 2004, esta om curso a duplicagao da Avenida
lorminasso, mais u ma vez, provocando os efoitos contrarios aos desojados Antonio Carlos, principal avonida que cruza a regiao da Lagoinha em di-
vom a oxptllsao da populagao o das atividades tradicionais. I |'oo{io no l\lorte, projeto quo prove a construgao do viadutos e trincheiras
1
om mais do oito cruzamentos, além da domoligao total do muitas quadras
'l‘ondo havido oloiooos em 1996, vivia-se naquole momonto uma transi ” no longo da via. Com isso, so retoma a perspoctiva anterior, da renova-
." ~ f -
‘l" H*‘~“l=1"- /\ oqulpo tocmca apresentou uma proposta do continuidade oao urbana indiscriminada o do privilégio ao automovel, rosponsavel pela
das aooos a ourto o médio prazo ao novo Govorno mas aposar do lon 1 Cloglmdaoao nao somente da histérica Lagoinha, mas do tantos bairros o
, . _ _ ~ I I c S U
dlllools nogooiaeoos — do ran to as quais a oquipo técnica procurou mait oomunidados no Brasil e no mundo.
‘ “ P‘ a . or
ainda quo proca ria mon to, o funcionamonto do oscritorio local L do p1o' l I
_ ~ - - -. "‘ ‘ ]o'o
-Ploonvluiu-so
I‘ 1 Urvol-1
u I. im irossibilidadc
1 ' ' , dc. continuacao
- ,~ da colaboracao~ ontro
‘o oi uri -1 o nlv 1'r." -
‘BIL ado, na- modida
' - rm
,- ' qm;,a nova, admmistracao
- - ~ naos» >9
Pl‘l‘ll‘Hdlu dar continuidade :1 perspoctiva adotada ato ontao Com isso o-
I |o|olo l.ago|nl1a la lmmou sondo mais uma \/itima da doscontinuidado
,‘ . ' . - - -| -1 ' ‘ , 0 r ~ . l l l I

£1Lll‘l1ll1l.'-il.'l‘i1llVil, quo caraoloriza a ;.';oslao publioa brasiloira, o que, do m~m~_


do win Klaus Iiroy. so opoo E1 oonsolidao.io '
do form-is
L I
nnisnllid1~.r
1, . Q ,‘ \ (1
mli ..
tlVt‘lH do.-4 Pl‘l)t‘t‘HHU.'-4 do |1op,ooialg‘{io pollltioa”, di;/ondo ro-zpoilo ”|fl(, qpvmt,
3 dollnlg'ao das prlorldndos lovnivas o matoriais, mas lroqilonlomonlo lam-
ll " u | l I l l > t ‘ l l

l;1ol11¢‘ml’or|m1s do coo 1-» ~- v l v r . l .


l‘“"ol" K‘ ill‘ P-HIM lpagao mmo lamln'~m .3 manoira
F/llfilMONltH'. Ul HUM! K nrnvllun. ymllllrrm. lnnlrllnlmlmn

PAISAGEM CULTURAL a TECNICAS AGRlCOLAS TRAIJICIONAIS:


PRESERVACAO E SUSTENIABILIDADE NO somzo (MG)

Donlro da porspoctiva aborta nas ultimas décadas pela ampliacao do con-


cell-o do pal'rimonio', algumas novas idéias tom desomponhado um pa pol
doolslvo o cinovador. Uma dolas vai sor a do "paisagom cultu:ral”, quo, do-
aonvolvida pola UNESCO dosdo o inicio dos anos 1990, combina do forma
lnoxl"rlcavol os aspoctos matoriais o imatoriais do conceito, muitas vozos
ponsados soparadamonto, indicando as intoragoos significativas ontro o ho-
mom o o moio ambionto natural. Com isso, ossa idéia parece oferocor uma
rloa porspoctiva quando aplicada "também as nogoes tradicionais do cam po
do prosorvaqao, podendo sorvir, por oxomplo, para ampliar a perspecti-
va do visada sobro os proprios contros historicos, permitindo loituras quo
Comproondam justamente as interagoos ontro os aspoctos natural o cultu-
ral, ma torial o lmatorial dessos conjuntos, muitas vozos ignoradas? A parti r
dosta com proonsao ampliada, paroco-nos possivol também so propor ostra-
téglas in togradas do intervongao quo, ao combinar ossos divorsos aspoctos,
liorminam por constituir rospostas muito mais complotas ao comploxo d o-
sallo d a oonsorvargfio urbana.

l’nra iluslra r ossas possibilidades, vamos tomar o caso da cidado do Sorro,


looalimd a no “Distrito do Diamante”, em. Minas Gorais, a 255 quil.6.motros
no Norto do Bolo I‘ lorizonto, o uma das poucas cidades da rogiao da mino-
raqlio a leor sua oconomia marcada também pola agricultura, desde o ini-
olo da ooupaoao. Conjunto urbano tombado nacionalmonto polo SPH/\l\l,
ainda om W38, o Sorro aprosonta um excopcional conjunto arq_uitot(3nico,
flu lado do fortos olomontos naturais ~ a Serra do Espinhago, matas o sltios
arquoologicos, o bons culturais imateriais do grando importancia, ligados
tanto a roligiosidado, quanto a sua longa tradicao rural, tais como o oo-
nhooldo ”Quoijo do Sorro”, rogistrado como patrimonio nacional om 2008.
ll!-lsos olomontos vao so combinar numa rica paisagom cultural, quo vai so
aprosonlar do forma bastante peculiar om relagao as dos demais Sltios Ur-
banos Naoionais do oiclo do ouro om l\/Iinas Gerais, principalmento no quo
Mo roloro £1 sua oonlorinaqao o ao papol quo a agricultura nolo dosomponha.
Para so iluslrar oonjuntamonto as possibilidades quo tal oonooilo olorooo,
val so analisa r aqui um plano do rovilali;/.aqiio da paisagom oullural alravos
dn agrioultura urbana, om curso no Sorro, quo parlo jusla1m~nlo da oom-
proonsao do oaralor rural dnquolo municlpio o da oo:il'or|11ai_'{io morl'ologi-
on rnullo p|'('upria do sou oonlro lllslorioo.
\
l’/i'l‘l€lMl9Nlt I ("lll.'l'lll~l/ll. l'mH'c'llon, lmllllms, llmlrunn-nhm I 'nIsn_\wnl mlluml v Iomlwm u,qrlmlns Inn!/rlmulla." pm-.»wr'mu,"nu v slmlvulnhllhlmlv no .‘»'vrru rM::1

l
l l l dosto oonooilo, a UNl'ZS(‘Udoliniu, ainda om I999, as paisagons oullurais
l l
do soguinlo forma, no documonlo,intilulado "I)irolrir.os oporaoionais para
n lIn|.1lomo|1laqao da Convonqao do l’alrimonio Mundial":

Paisagons culturais roprosontam o lrabalho combi-


nado da naluroza o do homom dosignado no Arligo
l da (‘onvon<;ao. lllas sao ilustrativas da ovolu<;ao da
sociodado o dos assontamontos humanos ao longo do
lompo, sob a influoncia das dotorminantos flsicas o/ou
oportunidados aprosontadas por sou ambionto natu-
ral o d.as sucossivas foroas sociais, oconomicas o cul»
turais, tanto intornas, quanto oxtornas. lilas doveriam
sor solocionadas com base tanto om sou o><l"raordinario
valor universal o sua roprosontatividado om termos do
rogiao goocultural claramente definida, quanto por
sua ca pacidado do ilustrar os olomontos culturais os-
sonciais o distintos daquelas rogi6os.5

I lm I993, o Parquo Nacional Tongariro, na Nova Zolandia, so tornou o pri-


lnoiro bom a sor inscrito na lista do Patrimonio Mundial, ja utilizando os
novos orilorios, sondo colocado sob a catogoria do paisagom cultural. /\
UN l~'.S(‘() assim doscrovo esso novo patrimonio da humanidado:
As montanhas no coragao do parquo torn i1npo|"l'a|1-
flu

cia cultural o roligiosa para 0 povo Maori, o s.i.mboli-


zam as ligagoes espirituais ontro osta comunidado o
Tontrativas do delimita<;z'i0 do um conceito sou moio ambionto. O parquo tem vulcoos extintos o
ativos, uma ampla gama do ocossistomas o algu mas
Aposa r da vordadoira oxplosao por quo tom passado o conceito do patri-
nu

paisagons espotacu.laros.6
m(‘mio dosd o os a nos 'l 960, o fato é quo tradicionalmonto so continuou por
muito lompo a lidar do forma muitas vezes ostanquo com o patrimonio l lojo, lo anos dopois do inicio da sua utilizagao pela UNESCO, 55 paisagons
oullural o com o patrim(‘>nio natural, domarcando-so cada uma das areas o culturais ja foram oficialmonto inscri.tas na Lista do Patrimonio Mundial,
pouoo so ponsando om sua conoxao. Assim, por oxomplo, a ”Convonoao do lnsoriooos quo roflotom também a divorsidado do conceito: dos rom.anoscon-
l’alrim(mio l\/lundial” da UNESCO, dosdo sua aprovaoao om. 1972, vinha los arquoologjcos do Valo Bamivan no Afoganistao até os torracos do arrow.
olassilioando sopa rada mon to o patrimonio cultural e o natural, passando nas llilipinas, do Parquo Nacional Uluru-Kata Tjuta na /\ustralia alto os jar-
a abriga r dolinitivamonto a nova catogoria do “paisagom. cultural" a ponas dlns liolanicos Roais om Kow, lnglatorra, as paisagons culturais da lista da
por ooasiao da lo“ sossao do Comito do Patrimonio l\/liundial, roali'/.ada lJNl'IS('() oobrom as divorsas rogioos do globo (embora a maior pa rto dolas
om Sanla w», Novo Moxico (IEUA), om 1992, dopois do anos do discussao nlnda osloja oonconlrada na lluropa) o roprosentam configuraqoos variadas.
sobro a ossoncia das paisagons culturais. Com isso, a Convonqao vai sor o
(‘omo so podo poroobor aponas polos oxomplos listados, o tormo “paisa-
primoiro inslrumonlo logal internacional a roconhocor o pmlrogor tal tipo
gom oullural” vai abarcar uma divorsidado do inaniloslaqoos dos lipo do
oomploxo do palrimonio - locada na inlcoraoao onlro naluro"/.a o cultura o,
lnloraooos onlro a humanidado o sou moio-ambionlo natural: do jardins
no mosmo lompo, ligado lambom inlrimafnonto as manoiras tradicionais do
prulolados a paisagons urbanas, passando por campos agrloolas, rolas do
vlvor.-" 'l'anlo para a UNl'1H(,'() quanto para o (‘omilo do l’alrim(mio Mun-
porop,|'inaoao onlro oulras, vomo voromos. ll vai sor juslamonlo ossa am-
dlal, osla nova |\orspooliva vom roprosonlar uma imporlanlo oonlribuioao
pllludo do tormo o sua rlolilnilaoao ainda um lanlo indolinida quo lova
pal'a so abordar a 1|uosll'\o do dosonvolvimonlo suslonlavol, ao onvolvor
n oonlrovorslas do loda nalurov.n, como inoslram varios osludiosos, quo
mais do porlo as p|‘¢'1p1‘las UUIHLll'1lLliltll‘H.‘l |)ando soqilolioia a a\lvl»|'rllu.;\'l1\ '1

apontam quo aposar do ronasolmonlo quo osso lormo vivo hojo, olo ainda o
- Cmwviéna, pulltlmn, imrrummlnu
Pnlun,w'mrnllmwl r lrwlrus u_qrh'uIns Irmllr/mm/s.' pn*sm-mv1n r suslvnmlvllhlmlv rm 5‘;-rm (Mt SJ

'

1-on grnus do intorvonqao humana. Assim, por oxom plo, a Cull":/ml Lnmismpv
Foumlalimx, orgaiiizaqao nao govornamontal onvolvida no assunto, propoo
dlvldir as paisagons culturais em quatro tipos: s.1'tiosl1isl"oricos, quo rofmom
rm nlmv, as palsagons significativas pola sua associagao com urn ovonto ativid ado ou
slm lam Ii pol-Isoa historica, tais como cam pos do batalhas o as corcanias das casas dos
HI Noon
olflmim. l prosldontos; paisagons hist('>ricas planejadas, paisagons que foram plano-
ladas ou oxocutadas intoncionalmonto por um paisagista, mostre do jardi-
_____......_.---------_-‘.-

maroado po.r um rolativo dosconhocimonto por parte até do exports, e por Mgorn, arquitoto, ou lhorticultor, do acordo com principios do projeto, ou
por um jardinoiro amador, trabalhando num estilo ou tradigao reconheci-
uma onorme polissomia?
Vol, tais como parquos, campi. o propriedades rurais; paisagens historicas
Ao mesmo tempo om que so mostra altamento complexa o ambigua, essa
I Vornacularos, paisagons quo so dosonvolvoram através do uso polo homem,
ldr.-..ia
‘- comeca a so ospalhar, penetrando também nas politicas do patri- fiujas atividades ou ocupagao moldaram aquola paisagom, tais como aldeias
rnonio om outros nivois — nacionais, regionais o locais, o marcando uma rurais, comploxos industriais e -~~- '
K I
HU‘l@ do iniciativas ao rodor do mundo. Nesto sontido, cabo so destacar, pnlsagons ag1"1'colas; o paisagons
por oxomplo, a agéio do English Heritage, orgao inglés do prosorvagéio, que olfnograficas, paisagens que
tom coordenado um "Programa do Caractorizagao das Paisagens Histo- Contom uma variodado do bens
rlcas", quo dosdo 1992 vom produzindo uma descrieéio gooroforenciada naturals o culturais que séio de-
cla dimenséio historica das paisagons rurais da Inglaterra, forramenta po- Hnldos como bons patrimoniais,
dorosa para o sou manojof‘ Nos Estados Unidos, pais com longa tradigao tais como assontamentos con-
do prosorvagao do patrirnonio natural, a tomatica das paisagons culturais toinpoifuioos, sltios religiosos
ganhou contorno definido nos anos 1980 o 1990, tendo o National Park Ser- lmgrados, o QSl'l"l.llLl.I‘El.S geologi-
llrml. l"\_'!lu, Ni
v!'r'z’, organ do preservagéio nacional, desenvolvido neste poriodo critérios can mas:-aivas.i'“ l
]!rHlH do Nrlu
para in torvongoos om paisagons culturais, quo sao consolidados em final
la o proprio Comito do Patrimonio l\/Iundial idontificou e adotou tros ca to-
dos anos 'l990 com o langamonto da Preservation Brief n. 36, quo, aos mol-
gorlas do paisagom cultural, variando daquolas paisagons o mais dolibo-
dos do Foito om outras areas do patrimonio, divide ossas intorvongoes om
prosorvaoao, 1"evitalizacao, restauro e reconstrugao.9 No Brasil, 0 Institu- rndamon to ”plasmada” pelo homem, passando por toda uma catogoria do
l:rnball'|os ”combinados”, até chogar aquolas monos ovidentomonto “mol-
lo do Patrimonio Historico o Artistico Nacional (IPHAN) promulgou em
cladas” polo homem (embora altamento valorizadas). As tros categorias
abril do 2009, a Portaria N”. 127, que ostaboloce a chancela da "paisagom
oxtraldas das l')irotri'/.es Oporacionais do Comité sao, ontao, as soguintos:
cultural brasiloira", dofinida ali como uma ”por<;ao peculiar do torritorio
nacional, roprosontativa do processo do interaeao do homem com o meio (i) "uma paisagom planojada o criada intonoionalmon-
natural, a qual a vida o a ciéncia humana imprimiram marcas ou atribu1'- to pol.o homem”
ram valoros". (\/or Anoxo 2, deste livro). Com isso, também om nosso pals (ii) uma "paisagom que so dosonvolvou organicamon-
to” quo podo sor u ma "paisagom roliquia (ou fossil)”
oomoqa a so institucionalizar uma das idéias mais rlcas quo ontraram no ou u ma "paisagom com continuidade”;
campo do patrimonio nos ultimos anos o quo tem tra'/.ido significativos (lll) uma paisagom cultural “associativa” quo podo
avanoos concoituais o motodologioos a aroa. sor valorizada por causa das ”assooiaooos roligiosas,
arl|'sl.ioas ou culturais dos olomontos naturais".
Velrias siio lambom as lonlalivas do dolanitar o ostabolocor catogorias don-
Uma arulliso aoadoniioa, roall'/.ada om 2000, dos osforoos oombinados do
l:ro do am plo univorsoabrangido polo conceito do "paisagom cultural", quo
Comlto do Palrimonio Mundlal, dos mtlltiplos ospocialislas ao rodor do
val abarcar, como vimos, uma divor.-zidado do maniloslagoos da inloraqiio mundo o das naooos para aplicar o conceito do “paisagom cultural”, von-
ontro a liumanldado o sou moio ambionto natural, com maloros ou mono- clulu quo:
FAT‘RlM6NlO CULTURAL - Crmrvlinl. pnllllrnn. lrlulrimnmiun
llulnnqmn rlrilurnl v lrlrulmn u_qrlrulnu lrmllrlmmln.' prvsmlmvlu v slmlrululvlllllmll- rm .‘~lm'ro (Mt ll

a pesa r do conceito do paisa l-irem ter so des l’)l‘L‘l1CllCl() l‘a l


I16 algum tempo de suas associacoes artisticas o|'igi- gratin, e essa visao sofreu uma prolunda revisao por autores tais como l\lestor
nais, (...) ainda ha uma visao dominante cla paisagem Goulart Reis Filho (lizrzilzlcfio url1r'mn no Brasil, 1968) e Roberta Marx Delson
como uma super;l1'cie inscrita, semelhante a um mapa
ou um texto, da qual o sentido cultural ou as formas
(New Tiiwns fin‘ colonial Brasil: Spatial and Social Plmznlng qflliv El'glileenll1 Cen-
sociais podem ser lidar simplesmente. tury, I979), que mostraram a existéncia de cidades planejadas no perlodo co-
lonial e do uma politica territorial exercida pela Coroa Portuguesa.
Nos L'lltimos anos, no entanto, tal concepgao comeca a ser contestada, in-
elusive dentro dos orgaos de preservacao, nacionais e internacionais, cami- Esta revisao levou a uma compreensao mais detalhada da forma urbana
nhando-se para uma concepcao mais ampla e di- das cidades brasiloiras, e varias obras recentes tém tentado estabelecer os
namica da, paisagem cultural. l\leste sentido, é que padroes roais e comploxos seguidos pelas nossas cidades tradicionais. O
recentemente se propos, por exemplo, a candida- into 6 que as cidades portuguesas apresentam uma coeréncia formal e
tura da cidade de Buenos Aires como patrimonio nao estruturaclas com base em. uma serie de principios que pode ser ob-
da humanidade, utilizando-se de forma transfor- servado na morfologia urbana tanto em Portugal quanto nos outros ter-
madora essa nova categoria: no dossié en'caminha- ritorios além-mar, em diversos periodos historicos (TEIXEIRA, 2000). A
do a UNESCO, combinam-se na paisagem cultural orga|1iz.aq€io das cidades no Brasil aconteceu por meio das "ordenangas"
buenairense desde a maneira de se utilizar 0 rio de que transplantaram a organizacgéio municipal portuguesa para a Colonia,
la Plata e suas margens até as manifestagoes artisti- produzindo uma forma urbana muito especifica que, nao obstante, tem
cas e culturais da capital argentina como 0 tango e suas regras proprias, constituindo aquilo que poderiamos denominar do
a literatura de Borges, passando pelo seu tracado e uma ”pais-agem cultural" bastante peculiar, nova idéia no campo dar pre-
conjunto riquissimo da arquitetura eclética. swvaqfio do patrimonio que estamos explorando.

Grande parte das cidades brasileiras do inicio de nossa colonizacéio — como


0 Rio de Janeiro, Salvador, e muitas outras — se desenvolveram tradicio-
Cenérios convergentes: bens culturais e nal1u~ais na paisagem cultural do Serro nalmente na costa, em areas de baias. O caso de Minas Gerais, no enta n to,
Pu ra ilustrar as possibilidades de utilizagao dessa perspectiva, que ilumina foi bastante peculiar, pelas razoes ja mencionadas anteriormente: a maior
t‘Xt1l‘£1l‘nL‘l1l'0 as interacoes entre os aspectos natural e cultural, material e parte das cidades aqui se desenvolveu proxima a rios e/ou em encostas su-
imaterial do patrimonio, vamos tomar a cidade do Serro, localizada no ewes, no longo da Estrad,a Real. O solo nessas regioes é normalmente bas-
"Distrito do Diamante", em Minas Gerais, a 255 quilometros ao Norte do tanto irregular e desfavoréivel a ocupacao humana: localizando-se numa
Belo Horizon te, e u ma das poucas cidades da regiao da mineracéio a ter sua altitude geralmei'1l"e elevada, a maior parte das cidades nessa regiao se es-
economia ma rcada também pela agricultura, desde o inicio. Localizada ao tende por areas acidentadas e ingremes, uma dificuldade que é au mentada
longo da chamada "Estrada Real", a paisagom cultural do Serro combina, pelo solo duro que faz ainda mais dificeis os trabalhos agricolas.
como mostraremos, uma topografia especifica, um signrificativo patrimo- A forma lineal" da maior parte das cidades é explicada pelo seu proprio
nlo edifieado, u ma riqueza de espécies vegetais e uma manoira tradicional processo de formaqao: em muitos casos, as cidades aparecem como u ma co-
Cle cultivar o solo, que liga o conjunto a outros do origem portuguesa. nexllo entre pequenos a rraiais mineradores, erigidos ao redor de pequenas
For muito tempo, a historiogra fia sobre as cidades coloniais brasiloiras, muito Cnpelas. l)ilerentemente das cidades coloniais de origem hispaniea, aqui
bem represenladas pela obra de Sergio Buarque de llolanda, Raf"/,es do Brasil filo havia uma Pluzu A/in]/or ou Plaza dc /lrmns, praqa principal onde a Cate-
(2000), apontava a sua oposiqao ao modelo das cidades de origem espanhola dral convivia com os edilicios pL'|blieos ~— servindo esses pequenos espaqos
nas Americas. De acordo com seu ponto de vista, onquanto essas eram pla- v-rg,_;-y urbanos articulados pelas eapelns de praqas ou Iargos. 'l‘ambem diferente-
neladas e organizadas de m1‘o|'do com um padriio rigidamenle orlogonal, se- mente das cidades hispfinieas, as cidades rnineiras nao seguiam um layoul
gulndo estrilainenle as ”le.¢'_|/rs ele Ins lulllus", nquelas seriam prod u icos do uma prévlo, m'tieulando-se geralmeliie ao longo de u ma via mais antign, na qual
ocupaqilo espontflnea. liwlcentemente houve u ma trrmsforimaqélo rm historio- comeqam a aparecer etlllieaqfien rolidenclals e comorciais. Como um resul-
tudo, n forma dam cidade! coltumn ll aciaptar aos c'ontornos do teerreeno de
P/l’l'lilM(5Nli1(‘lll.'7‘llRAl. Fmlrvlhm, ;mllllrnn, lllHll‘lillit’lliHH l'nlnli,omll mllm-Val w Mmlrmi ngrlmliis lrmllrlmmln: )wnvrmu,'flo v nmilrlllnlvlllilmlr no .‘iw'ru (Mill l

Llmn manoira "casual": ao inves do uma malha rlgida o ruas alinhadas, as A cidado do Serro mantorn a to hoje um osquoma urbano laasioo, proximo
cidades eolonlais brasiloiras -- o as mineiras em particular — so espalham a aquolo do soeulo XVlll, quando a sua ocupaqiio foi consolidada: a cidado
partir do sou ponto do partida para cobrir as oncostas, protogidas dos ven- so estondo linoarmonto, principalmento nas moias oncostas e proxima a
tos mais Fortes e das inundacoes, freqiientos nas areas mais baixas. eorrogos. /\ sua origom também é muito similar a do outras cidades minoi-
ras: a nova cidado so formou
Ho essas cidades tiveram u ma Faso ini.cia§l fortemente marcada por esse fo-
gradualmonio, articulando-
nfimeno ”ospontaneo”, numa faso subseqijiente do desenvolvimento, po-
so ao longo do um oi><o prin-
do-se obsorvar u ma ocu pacao "intencional" dos pontos dominantes do ter-
clpal que conectava dois
rltorlo para l’L|11q6os urbanas o edificios significativos — civis e religiosos,
assontamontos do mineiros,
acllflcaq<"ws quo iriam atrair o desenvolvimonto do logradouros ao seu re-
conhocidos como o ”Arraial
dor (Vasconcellos, 'l977).‘i' Um bom exemplo deste desenvolvimonto pode
do (‘ima" e o ”/\rraial do
ser dado, como mostramos om capitulo anterior, pela Praga Tiradentes,
lialxo”, quo corrospondom,
em Ouro Preto (MG), um ospago oficial desenvolvido no topo do Morro
eomo os nomes ja indicam,
do Santa Quitéria, o ponto mais alto na ocupagao da cidade, que separava
as partes alta o baixa da ci-
os dois assentamontos existentes, cuja ocupacéio foi planojada e executada
dado, nu m processo seine-
pelo liisl"ado. Um arranjo espacial diforonto pode ser notado ali, tendendo lhlml,-o no quo foi mostrado “
rl llul 1 HI

mais para um padrao regular, mais proximo ao padréio da malha, que re-
por Sylvio do Vasconcellos em relacao a Diamantina.(12) O seu crosci-
Flote o poder imperial o o seu podorfrescentemente repressivo.
monto seguiu uma tondéncia longitudinal, na direcao Leste-Oesto, com
Todo esso processo pode sor observado na cidade do Serro (MG), que apa- a cidade so a rticulando em torno do trés eixos principais — a rua Diroita, a
reeo no inicio do século XVIII com a descoberta do ouro naquela rogiao, run do Cima o a rua do Corto, que tem um ponto de confluéncia nao ontrad a
te11do sido inicialmente conhecida como -”Arraial das Lavras Velhas do da cidado da Estrada Real. l\lo entanto, ha certos tracos que diferonciam
lVllL|rul", proximo aos corregos do Lucas e dos Quatro Vinténs. Gracas a G cidado do Serro do todos os outros centros historicos de Minas Gorais,
Hm: rapido croscimonto, o arraial foi olevado a Vila do Principe em 1714, 6 esses so relacionam ospecial.mente a seu carater rural, que caractoriza a
tornado-so uma comarca em 1720, com a importante responsabilidado reglao dosdo os seus primoiros tempos. A sua topografia é marcada pola
lep,al-administrativa sobro quase todas as rogioes Norto e Nordeste da re- proseliqa do u ma cadeia do montanhas o por rios, e o seu clima é o tipico do
oonlemonto ostabolocida l’rov1'ncia do Minas Gerais. l11ontanl1as. O solo é pedregoso, no entanto, fértil o suficiente, e favora vol 21
lgrleultura, especialmente para o cultivo do milho, cana do agucar, feijéio,
A roglao pormanecou rolativamento isolada do rosto do Pais, nao aponas mandioca e banana. Com a decadéncia do ciclo do ouro, na segunda meta-
devido a sua distancia da costa, mas por causa das leis ostritas e rigorosos dfi do século XVlll, a cidade do Serro intensificou sua atividado agricola.'~"
qtlo lenlavam im podir o contrabando do diamantos, quo t;inha so tornado Na sua regiiio Norto, ha muitas fazendas do critagao do gado, o a prod ucao
vi " o principal produ- Clfl quello artosanal sem pro foi l:radicionaYl na rogiao, sondo bastan to conho-
to da regiao. l\lao
av /u
, --..,'l -~., ».... 1., ... .. .. .,,-. ‘-
-

|- 4. _
- r

.
I'_‘
,
Cida em todo o Pals, ao pon to do quoijo do Serro ter tido sou rogistro como
» |
‘ ‘ -m
5~
I"
.2_
t f .. ti-' . " my ‘J,’ Ju 1' D »- ' '
obstanto, a Vila do piirllnonio lmatorial tanto no Estado do Minas Gorais, quanto por parte
,-
"nu.s." ' 1-__ _' .£1ui_ r .- .
.:5 '"‘-~ =1’
'_j, V.* ;
_
|
_ 1 Q __ -l
.L
- _‘

. 1.’ 4
lnnupe .
love um
5
do lI’l~lAN.
|r
2,3.-.
Q
-H an"--*1
" ',-'1 "i
-~.- :.__
1,

"'-1
’ ’
nolavel croscimon-
'

\"-f.‘ ‘ ill Jliil w‘-


*-‘-.=
--- ;-_.31? ,_
p “J. gum ’9'3' . ' $5
-‘ I

\
ll‘1
“'3
I ,0

‘~.5
E»-i ‘l5
5i N
' 1:.31 ,_ .,
.d
‘X
K
_r_1_ \€'P,_
I-'h P‘F
___
'i
i-5
¢fy -I
-'-" ‘
..1 5;:
lo, mosmo quo nao Qtlllmlo /\ugusle do Sainl-I lilairo visitou o Serro, em 'l8'l7, a corrida do
W3 """'-I P _ .. _,_'l~i;,¢l_. Mhnifllfillltlfilllvi
V A comparavol aos do Oi-U0 la tinha terminado, mas olo deserovou a boa a pa roncia da cidade, as
" -- - -'r ‘Fr a .'.m~.la lull! ruas pavlmonlndas (o quo nao era comum na opoca), o a sua rica vida
“ L-" ~ -. .. .. - - -* .,'.. “K ~, M i Ouro Proto ou Sao
:4 n \\.|l‘ -I h»’n, W’ l ll. i _ |
=1,-M .....,." ,,i;-_;.-K li1{_\llll- ‘b¢[‘plLI WK M ~_‘p Vi) A joao del-Roi, no ieclal. Esszi vitalidade dovia-so om parte a seu carater agricola, quo im-
fldltl quo o Serro, nlli1vrc'l1lt'mi.*l1tt' do muilzas outras cidades do lislado,
H
ill
._ ‘I _. _
M - , ,_v|r Q
- '"‘ . ‘ll
l mosmo I-vorlodo. flvom uma tloeadénela muito profunda (S/\ll\l'l‘-l*lll./\lRll, l9'?5, pyl 45).
CULTURAI. C‘nm*vllnn, ;mllllvm|. lnnlrunwnlmi
I I 'ulsll,omll rullls'ul r lI'i‘Hli us ugrlmlus lrmlil'lomlls: ;m'.~u'nmvlo r .-iimh-ulnlrllhlmlr no .'~'rrm (Mi ll

lmqtlanlo as cidades hispano-amoricanas tinham um centro unico or *1-


nl'/.ado om torno da Plnzu Mm/or o oram organi/.adas rogularmonto , em
1-,1 O desafio cla conservaqao das paisagens culturais e a agricultura
0 ‘ ‘ I -

malha, estas tambem tinham limitos mui to procisos distinguindo so cla


. i i. L I L " ‘ ‘-
(‘onsorvar as paisagons culturais o u m dos dosa fios mais com ploxos com os
ramonto ontro o urbano o o rural. Do forma diforonto, a cidade portuguesa
quo so dopara a area do patrimonio hoje. So a sua concoituaoao ja so mos-
tomlla a lor um contorno improciso, com o urbano fundindo-so lentamente
irn uma tarofa dificil, tal dificuldado so aprofunda quando so passa para
ll" Fllrflll 5) medida em quo a cidado ficava menos densa quando se cami-
a formulacao do estratégias para o tratamonto dessa catogoria especial do
I1 l‘lava para a poriferia. Nas periferias dessas cidades, a ocupagao gradual-
patrimonio. O l\/lll'l0lll7l Park Service, orgao americano rosponsavel pola lor-
monto so tornava menos densa e os lotes, maiores, muitas vezes conheci-
mulacao do politicas do patrimonio nos Estados Unidos, como anotamos,
dos como ”sltios", sorviam para a pratica da. agricultura familiar l\lo caso
vom so omponhando significativamonte neste sentido, emitindo ainda om
do St rio, esso traco o muito pt.l.‘C€pl1V€l, na medida em que all se conserva
J “ \ _ - w '- I ) ' ~ .

i992 dirotrizos relativas as paisagens culturais, distinguindo-so ontro os


uma baixa ocupacao dos lotes, mantendo—se a relagao cheio-vazio da época
divorsos tipos do intervonigao — preservacao, restauragao, revitalizacao das
Colonial: lotos grandes e uma ocupagao pouco densa marcam todo o con-
paisagons. N50 so trata do tarefa facil, ja que nao so trata aponas do so
junto u rba no do Serro e nao apenas as periferias.
aler a dimonsao estética das paisagens, devendo um correto tratamonto
Outro traco morfologico definidor da paisagom do Serro vai ser a predo- das mesmas onvolvor simultaneamen.te tanto a dimenséio funcional dossas
minfi|1cia do terrenos muito ingremes, com as declividades variando de paisagens, quanto a su.a dimensao ecological“
30% a lllll%
I ,. o 11 uo t ormma
' por contribuir fortemente para moldar inclu-
A significacao o a auton-
slvo a propria arquitetura local, marcada por uma tipologia especifica de
lloidado dessas paisagens
sobrados, na qual, do acordo com artopografia, véio so acomodar mais an-
vao onvolvor também ele-
dares num dos lados da odiificacao, que terminam atingindo até quatro
mentos quo so relacionam
pavirnonlos, embora do outro lado aparecam apenas um ou dois desses
com a dimonsao imaterial
nndaros.
do patrimonio, depen-

'“‘ l dondo froqiiontemonto


Cla continuidade o da vi-
talidade do sistemas tra-
dicionais do cultura e do
producfio, quo criaram ao
longo do tempo padroos
Caraeloristicos do uso da
terra o um sentido unico do lugar. I-Ioje muitos desses usos tradicionais
da terra ~ -o os prod utos a eles relacionados — quo eram largamonto acoitos l
sem maior rolloxao, corrom o porigo do serem desestabilizados o destru-
ldos. lim todo planota, mudancas demograficas, o aumonto do valor da
terra, a imlusl"riali'/.ac5o da prod ucao agricola o a compo.tioao dos morca-
dos mundiais, oslao rovolucionando as relacoos sociais o oco|"1<">micas tra-
dicionais com a paisagom. /\ volocidado o o alcanco dossas mudancas sao
lnédilas o loin implicncao signilicaliva na gestao do patrim(‘inio cultural,
que lncluom a lragmonlsacao o a mudanca do paisagons culturais, a perda
do morcado dos produtos ii‘m'llclom\lH o mosmo a orosfio da identidade o
distirwao rogionais. Assim, preservar as paisagons culturais vai sor, muitas
vamos, dolrontm--so com as lornml tradicionais do producao, ontro as quais
. ‘\ ' . 1 ngrioullura, om todas SUM-dlmlfllfill. -
Cl.ll.'7"UlIAl.. - Cnmliol. pnllllran. lnnlrinmmmu F I'll/slmrlrl rnllurul 1- Walrus ngrlmlus !rmllrlnm|ls.' prrsrrriurfin r suslr-nlnlrlliilmlr mi .‘1't‘!‘lil ( Mi l l

Nllo é or outra razao v. uo a UNESCO, ao im lomontar a cato oria do " ai-


li
lagoon cultural", incluiu na lista do Patrimonio Mundial algumas P
paisa- cultura familiar, prosonto om alguns dos nossos contros historicos o quo
gom: rolacionadas dlrotamento com a agricultura, ontro as quais poderia- passa a sor vista agora como posslvel protagonista das politicas oriontados
mos citar, como oxomplo, a Paisagem cultural da regiao do vinhedos do
. , ll '
para o dosonvolvimento. Isso fica mais patonte ainda, quando so percobo
Tol<a|", na tlutngria, incluida na Lista om 2002. A0 justificar ossa inclusao, quo om muitas das politicas publicas hoje introduzidas em nosso Pais, so
n SURNESCO oscrovo: protondo am pliar o conceito do dosonvolvimento com a in.trodug.%io da no-
qao do sustontabilidado, incorporando outras esferas, além da estritamento
A paisagom cultural do Tokaj demonstra visualmente oCon<°>mica, tais como a oducacgao, a saifide e a protecao ambiental (Pronaf,
a .l on ga tradigao da producao do vinho nesta regiao do
montanhas baixas e vales do rios. O padrao intricado W96: 6-7).
dos vinhodos, fazendas e pequonas cidades com sua
rode historica do poroes do fabricacao do vinho, ilus- Maria josé Ca rneiro comenta sobre essa revalorizacao da agricultura familiar:
tra cada facota da produgao dos famosos vinhos do
Tokaj, cuja qualidade e gestao tém sido estritamente Ha d.écadas rolegada a sogundo plano e até mesmo
rogulamentados por quase tros séculos. esquecida pelo Estado, a agricultura familiar e a sua
base fundiaria — a pequena propriedado - tom sobre-
Outra tontativa importante nesta diregao, que entrelaga ecologia, patri- vivido em moio a compoticao do condicoes e rocursos
monlo natural e conhecimontos tradicionais, vai ser o estudo do P.S. Ra- oriontados para favorocer a grande producao e a gran-
do propriedado — setores privilegiados no processo do
I'i"lfl'l<l‘li-il'l.l'1£1l‘l, da Universidade Iawaharlal Nehru, do Nova Deli, lndia, quo modernizacao da agricultura brasiloira. O aumonto
define o quo denomina do ”Sistemas do patrimonio agricola ongonhosos da produtividado, associado ao consumo do tecnolo-
globalmonto importantos” (“Globally Important Ingenious Agricultural Heri- gia, tem fundamontado a agao e o discurso moderni-
zadores até aqui. (CARNEIRO, 1997)
tags Sysicms” - GIAHS), categoria criada para designar
Assim, as propostas recentes do fortalecimento da agricultura familiar vol-
aquelos sistemas agrarios comploxos mantidos pelas
sociodades tradicionais, que sao goridas do forma ca- tadas para as domandas dos trabalhaderes — sustentadas em um modolo
sual ou com baixa intensidade, como um compononto do gestao social em parcoria com os agricultoros familiares e suas organi-
integral do uma paisagom cultural, consorvada. pelas zaqoos — vom represontar “um consideravel avango em relacao as politicas
sociedades através do um sistoma do valoros que tom
fortos i.nterconox6es socio-culturais com a paisagom al1l'erioros”, o quo podo ser observado ja no toxto do Programa l\lacional
na qual so localizam. Eles sao produtos do intoragoos do l*'ortaloc.imento da Agricultura Familiar (PRONAF), do 1996, quando
ococulturais no tempo e no ospago, e podem ainda os- so propoo a construir "novo paradigma do dosonvolvimento rural para o
tar so dosonvolvondo.15
Brasil, som os vicios do passado” (Pronaf, 1996: 14).
A seu vor, em tempos do global.iza<_;ao, faz-so ainda mais necessario o
Dentro dessa perspoctiva, dosempenha um papel importante a agricultu ra
Conhecimonto, rogistro o apoio a ossas praticas tradicionais, altamento
urbana, quo é realizada em pequenas areas dentro do uma cidado, ou no
flmoaqadas, o cujo desaparecimonto nao significaria aponas uma perda
seu ontorno (poriurbana), o destinada a produgao do cultivos para utiliza-
' cultural, mas também uma qfio o consu mo proprio ou para a venda em poquena oscala, om mercados
contribuicao nogativa para o locais. Como anota o ongenhoiro-agronomo Alexandre Dinnys Rooso, da
ompobrecimento ecologico do EMBRAI’/\/Cl’/\P, a agricultura urbana vai diferir da agricultura tradicio-
planota. P nal (rural) om varios aspoctos: ‘
No quo so roforo a prosorva- lnicialmonto, a area disponivol para o cultivo c- muito
cao da paisagom cultural, nos- restrita na agricultura urbana. Alom disso, lia oscassov.
q».
do conhoolmentos t4."cnicos por pa rto dos ag<.~|1t"os/pr<i-
ta mesma linha do racioclnio,
dulores dl|'otamonto onvolvidos; froqtiontomonlo nao
pa roco-nos promissora a onlaso n_\1-an-1

ha possibilidado do dodicacao oxclusiva a atividado;


quo tom sido dada no Brasil
_¢\ NW atualmonto in queltllo cla agri- \
mmuosro CULTURAL - Cnlmllal. political. lnutrmmmlml Pnlangvni rullural v Hmlma sgrlwlal tradicionais: pm»-numa c nuntmtubillrlndv no Sum (MG)

a atividado dostina-so, normalmonto, para utlllzaoao nhoclmon to tradicional, -dos sistemas de’uso da terra o das praticas natlvas
ou consumo proprio; ha grando divorsidado do cul- silo ossonclais para a sua sobrevivéncia”'° As paisagons naturais seriam,
tlvos; o a finalidado da atividado é distinlia, pois nor-
malmonte nao é requisito para a agricultura urbana a a sou vor, aqueles lugares por oxceléncia ondo "so podo aprender sobre a
obtonqao do lucro financeiro. (ROESE, 2003) relacao ontro o povo, a naturoza o os ocossistomas o como isso conforma a
cultura, a identidade e enriquoco a divorsidado cultural o biologica.” lista
Aposar dossas distincoos, pode-so obsorvar uma rolacao muito forte ontro a vai sor a idéia motriz do um plano que desenvolvomos, dosdo 2007, no mu-
agricultura rural/tradicional o a agricultura urbana, como anota aquolo autor, niclpio do Serro, com 0 patrocinio do Programa l\/IONUMENTA/U N ESCO,
na modida om quo osta ililtima vai ser normalmonte praticada mais intensa- e quo so propoo a promover a revitalizagao da paisagom cultural através
men to “om rogioos ou municipios quo tenham tradicao agricola no moio rural”. da agrictiltura urbana, partindo justamente da comproonsao do carater ru-
Aposar do sua valorizacao ser recente, a agricultura urbana vai sor, na vor- ral daquele municipio, corporificado nas praticas agricolas tradicionais, o
dade, uma pratica antiga, constituindo parte importante do saber-fazor da conformagao morfologica muito propria do seu centro historico. Assim
das comunidades. O quo so nota, recentemente, é que sua retomada em este projeto so propoe a salvaguardar um patrimonio imaterial -— as pra-
comunidades urbanas do baixa renda tom gerado rosultados muito posi- ticas, conhocimentos e técnicas tradicionais relativos ao cultivo, proparo
tlvos, contribuiindo tanto para a seguranca alimentar das familias envol- e coinservagao tanto do alimontos quanto do plantas modicinais, no Serro
vldas, quanto para o fortalecimento dos vinculos do vizinhanga e para a (MG), nao so através do sou inventariamento, mas também através do um
valorizacao da cultura o do conhocimonto popular. Assim, nao ha duvida plano do salvaguarda, que passa pela rovitalizacao da paisagom do nucloo
quo olomontos importantes do patrimonio cultural do um povo ostéio im- urbano e do seu entorno através da pratica sustentavel da agricultura fa-
bricados nossa pratica contenaria. Exatamente neste ponto é quo vemos a miliar. Para isso, combinam—se nesse plano, num entrelagamonto inédito
possibilidado do so ontrolacarem tomas até entao estanquos: por um lado, a em nosso Pals, as tematicas do planejamento urbano, da p1‘€S€l'VEl.§5l() do
qtiostao da a gricultura familiar, em sua versao urbana; por outro a questao patrimonio urbano e cultural e do incentivo a agricultura familiar.
da proservacao do patrimonio cultural, om suas vertentes material (paisa- Carlos Fernando do l\/loura Dolphim, do IPHAN, em sua ”Proposta do
gem cultural) o imato.rial (técnicas tradicionais), tudo isso porpassado pola intervongoes paisagisticas em sitios do centro historico o adjacéncias na
perspoctiva contomporanea da sustontabilidade. Essa dosejavel intogragati Cidade do Serro, MG", documento produzido para 0 IPHAN no ano 2000,
ontro as dimonsoos flsicas e técnicas e a dimensao cultural é algo que -~ chama a atongao para a riqueza contida naquola localidade o a nocossidado
om hora nao oxplicitamonto — é pressuposto das divorsas politicas sotoriais. do prosorva-la:
Assim, vai sor intoressanto perceber, por exemplo, como o proprio “Pro-
grama Nacional do Patriinonio lmatorial”, om implantacao polo IPHA N, O Serro é depositario do espécios domésticas do pa-
trimonio genético, algumas em vias do oxtincao. Na
através do. divorsas parcori.as, com instituicoes dos governos federal, osta- casa dos Otoni serviu-so uma variodado do mandioca
dual o municipal, univorsidados, organizacoos nao-governamontais, ontro inigualavel no sabor, tamanho o macioz. No pomar do
outros, ostaboloce ontro suas dirotrizos do pol1'ticas* do fomento a idéia do so uma rosidéncia reencontrei uma variodado do moxo-
rica pola qual vinha procurando ha anos. Conhocia-a
promover “a salvaguarda do bom cultural imaterial por moio do apoio as como laranja-cravo. Ali dao-lho o nomo do cravina. O
Cc)11cliq6os matoriais quo propiciam sua oxistoncia, bom como pola amplia- modorno interesse puramente comercial por novas
qao dos acessos aos benoficios gorados por ossa prosorvacao”. variodad.os do hibridos e a facilidado do so comprar
on><ortos destas variedados o rosponsavel polo dosa-
parocimonto do muitos cultivaros tradicionais do fru-
4'
las o legumes. A cidado quo ainda possui oxomplaros
dossas ospocios dovo prosorva-las com o mosmo zolo
Um plano do presorvaqao da paisagom cultural quo prosorva suas igrojas. O patrimonio gonotico so
assume sou plono valor quando os rocursos naturals
Na mosrna linha do racioclnlo, Motchild Rosslor, do (‘ontro do l’al-rimonio so assoclnm ao conhocimonto do formas para seu uso,
Mundial da UN ESCO, no FORUM UNl*iS(‘O roali"/.ado om 2005, aponta a ._1__ sobrotudo do lOl‘iTi£-‘IN poculiaros, como L" o caso do usos
intima ligaqao ontro a “protoqlo dos valoros o dopatrimonlii lntangivols” cullmlrlon como o tuba lnsuado o o cuscuz, folto tam-
9 n dal pallagenl naturals, undo quo “rnanutenqao do tocido social, do co- bém com tuba."
H

I’/i‘l‘Rlll/IONII l I ‘lll.'l‘lIR/ll. i‘omi'mm. ;mlllnw~, iH.‘¢lllll'lli‘lllil.'l

l’ui-"norm1'1/ll:/ml
.- . ' 1- I 1'1‘m'1'i/s rlgricoliis tradz'ci0rirIz's." o a”
_|
pi servacao 12 sustentabilidsde no Serro (A/l( '2)
lini sun o>1posicao, iii podomos porcobor o onti"ola1;amonto quo so da nas pra-
llciis ngrl1'olas, 1'nl"ro os olomoiitos naturais o culturais: o r.ico ”patrim6nio ---

_u,on1'~li1'o" s1'iassuiniria sou plono valor quando associado ”ao conhocimonto


do lornias para sou uso”. O quadro a seguir, tenta ilustrar, do forma grafica,
alguns 1lossos 1-l1-mon tos - naturais o culturais — "
lrii1li1'ional ligad o a prod uoao, preparo e. conservagao
quo compoem o saber-fazer
dos alimontos:

' Elementos culturais relacionados as praticas agricolas


Solo
Ciiltlvo Elomentos
SAgua
V naturais
ementeb ” apropriados
Clima
Culinaria .looal
Variedado do El m to
P1"P'*m produtos culturais
o on s Saber -fazor
P Temporo tradici»ona.l
Rocoitas
D ~.
lméq Métodos
Gelélas -tradicionais -
Corllai"vai;€lo Licoros agrogam valoros
_ Rapadura aos. produtos da
, agricultura
Fuba *

( alie anolar a1|ui quo a visa Y . i


1 1 gem 1 o nucleo
. urbano vai ter uma forte pre-
Hl'l'lt,‘1l dos vai/.ios, 3.,Yran 1l~o pailo
' ‘
> doles ocupado p olo cu lt'1V0 do divorsas
os|ii"1"ios, pratica 1 ] uo v om
. 1l osdo
‘ "' '
. o poiiodo
1 colonial , como atestado pelos
lllVl'l‘HU.'~i viiijaiilos quo. poi" la" passarain
' " - ' ' '
. . Saint Hilai
' re, em seu livro Via-
Hvlifl Pl'liI.'-l | irovi ncias.‘ do
i Rio
' do1 Janoiro
' .' o~ ,Mina
' s G orais, ja idontifica ali
|1lmil1i~1‘>1~s
1, 1 i o l-miiaiioiias,
- 1 mamooiros, ' l"1l‘£1I"l ' '
. s ]QlI‘£lS, pés do café couvo al-
i 1 -.'~lp(‘l‘lt‘H
Hllliils ’ ' .' do 1*1ii1"ubilacoa'-.,
-. - .\ * ontio" ou tros, cultivadas nos quintais l
I I

cad ii t‘1l'~l1I no iiu1loo' ‘ iiibano


‘ ' ” l)'1‘ ' l K (‘
. 1 s )ano as quo so abrom para o cam po”,
1lo~i1'r1~v1'. Ul-lo‘/.a-so do a ’l"1Ll'lV l ' ' ' '
g 1 . o panorama dVlSl€|I11 so as cas '
i‘llll‘t‘Il1l‘il(liI.'-l do massas ' ' t . . . f.‘as proximas
t‘.'~.P1‘.H.Sdh do vordura formada l
ar1ll|is,' mais aloni dose oi 1'ina-so " ' o valo " 't ' po o arvorodo dos
oslioilo quo so 1"-.l l
1l1lii1l1'1'1'm1'l|jolu|i1li ' " ' ~ vmlons;
1 tUllt‘(H|ll1lll() ' ' '0 . " .' lom o no p1'* do
" (S51)
4, . - iau o:(’ia. ll1lilorii
Nt1l'll)I"ltil. 'l'omo I. W38 ' ' ' '
. p. 280).
i ().ispo1‘lo1l1' ”]ar1l|m" 1 l os amplos 1|uiiilais
t1tltll‘lllilLlUH 1‘1 ms1-iv.i1los
' " "ato' '
l1()]t‘ '
lav com 1 | uo apaisagoni1loSorros1~
.
aPio>-.iiii1-n11-.'‘1|llU1l1 1i1 ~-iilpiiiim-.1oiili>u|.i
,
" .
" ' " ‘
g '" coos s1-in1-lliiiiilos no miiii1lo1lo
orlp,oiii lllHlltl|1il,I.‘HlllH, p1n'o>11-in vlo ll ' 1
| ,.is 1.1 llli.i1l.i M.|1lo||.i. 1

\ a

PATRIMONIU l‘lH.'!‘UR/ll. l‘mm*lhm, pulfllvnu, mntrmmwhm I'nhm_~.grm mllmwl v h*u'Hl¢'m1 u,q1'h'nlun h'mIh*lmm/n: )l!‘t’Nr'I*I':!g‘fllI v nunfvnmhlllchniv rm Harm (Mt I)

No enlnnl<>, hoje so pt*rceb0 uma perda 0 dcscaracterizaq€\o dessa paisa- Numa pvrspcctivn l11LllllCt.!lldllL‘.fl, o plano proposlo procura tratar" as di~
gvrn, om grande parte provocada pela ma utiliza<;5o da agricultura urba- versus dimensous do patrimonio cultural envolvidos, conjugando, no
na: turracuamuntos mal feitos, espécimes inadequadas a topografia, entre lado do um “Programa dc salvaguarda das praticas, con hucimen tos 0 l1’~c-
outros, atestam a perda progressiva do saber-fazer da agricultura urbana nlcus tradicionais relativas ao cultivo, re varo 0 conserva Q"50 dos alimon-
l"mdiciona|, que sempre caracterizou 0 conjunto do Serro. Assim, percebe- tos 0 plzmtas modicinais”, um "Programa de reabilitasgao da paisagom”,
mos que so Fazia urgente 0 inventariamento e a salvaguarda deste saber fa- quo cornbina intcrvencocs fisicas e projetos de acao cultural, ao lado ain-
zer l:radicional, nao so para se evitar 0 seu desaparecimento iminente, mas da do um “Programa dc fortalecimenito economico” e de um “Programa
para alavancar a preservacao da paisagem cultural caracteristica daquele dc fortalccimcnto institucional”, como pode ser visualizado no quad ro
conjtlnto tombado, ao mesmo tempo em que, num trabalho de extensao sugu i n to.
ngrlcola, poderia também estimular a agricultura familiar num nucleo
marcado por um baixo nivel de renda. Proposto cm 2007, esse trabalho foi elaborado, como anotamos, com o
patroc|'nio do Programa MONUMENTA do Governo federal, por uma
'l"|‘ata-so, assim, de um. projeto inédito e exemplar na area da extensao nu

e1 m pla equipe multidisciplinar — arquitetos, antropélogos, geogra Fos,


t1g|‘£‘|ria 0 da preservacao do patrimonio em nosso Pais: pela primeira vez, ugronomos, historiadores, entre outros profissionais —, como seria do so
no Brasil, prop6e—se um projeto de resgate das praticas agricolas tradicio- osporar num projeto dessa natureza, que visa o complexo tema da pai-
nais que selrvira de subsidio para se tratar e preservar de forma sustenta- sagom cultural. A partir de cuidadosos diagnésticos — que envolveram a
vel a "paisagom cultural” de um nucleo urbano tombado, categoria que, leitura da paisagom, o levantamento da agricultura local e um inventa rio
Como vimos, comeca a ser utilizada em nivel mundial. Combinam-se, na dos técnicas tradicionais de cu.ltivo, preparo e conservagéio dos alimontos
perspoctiva da paisagem cultural, a preservacao do patrimonio material (o 0 vrvas mcdicinais — e das proposigao de um plano abrangente, preparou-
conjLml"o urbano tombado) e imaterial (praticas, conhecimentos e técnicas sv, com a Prefeieturra local, um plano estratégico para as diversas aqoos
lrndicionais relativos a0 cultivo, preparo e conservacéio em areas urbanas, envolvidos, entre as quais foram eleitos alguns projetos pilotos. Dc-ntrc
l'£1nto dc alimontos quanto due plantas medicinais). esses, pode-se so citar as proposta de uma "Lei de Preservagao da Paisa-
gem Cultural", que incorpora desde diretrizes de uso e ocupac<;€1o para a
lli|‘mlmente, cabe destacar, 0 carater de sustentabilidade da proposta: ao
Men tratada, até um completo programa de agricultura urbana, passando
so propor um plano do salvaguarda de um saber fazer tradicional para
pela criacfao do um fundo rotativo para financiamento das atividades.
+.1lrnvt"s dole so perseguir a revitalizacao da paisagem cultural do Serro,
esta so abordando, simultaneamente, a dimenséio cultural e paisagistica,
|Tms também as suas bases sociais e economicas. A agricultura urbana
; parece-nos representar uma lmportante
\
.
1
t x
r
N.--I-lw:""r‘
9 atividado economica alternativa para a
l

A populacao do um municipio pobre e com


baixo lndicc do Desenvolvimcnto Huma-
no (IDH). Com isso, o plano vem atondvr
também as dir0l"ri'/.0s do Programa l\lacio-
nal do I’al'rim6nio lmatorial, ao ofurccvr
aos moradores do cidade n oportunidadv
do perceber a p¢1isag0|11 como patrimonio
a‘svr proservado, alrnvt'~s justmm=nl'v do
\

rusgntv 0 prvs0rvm,'5o do um saber fazvr _&_.i . _

tmdit'iom\l, quu tan1ln'm1 lhes rvvcrtn om


benvffcios eco|10|11icos, gn|'nt1telndo assim I mvumnr ola
H nlllilllrmltl all!
lxgua stnstvntnlvllldadv. p pm tnqvnr
CULTURAL - Cnnmm, pnlfflann. Innlrummlnn
!’:vlnn,qrrll rn/Imwl r h‘m/ma ugrlmlnn Irndlrlmlulm pr:-.~wrrm¢nu r mmlvnmhllhlmlv rm .*»‘:-rm ( M c I)

Alérn dlssc), tratou-so com culdaclo a questao da gvstélo, central neste tipo
dz! plano, e que sera realizada por meio do um Conselho Gestor, que rouno quu se refere ao cultivo, preparo 0 conservacfio do alimontos 0 orvas
represa~nta11|:es dos pocleres munici p ais e d1¢ 9some
l'~d a cl e civil, e que conta medicinais, e a rocuperagfio e preservacjio da paisagem cultural, (mica no
com a asslsténcia do um escritério técnico, que sera instalado a partir do Pals. Essa conjugagao de tantas dimensoes — economicas, sociais, cultu rais
uma ]J£1I'L&1‘1El
* \ ' entre,\ a Prefeitura Municipal, a Universidade Federal de Mi- e ecolégicas — comprova assim, a nosso ver, a potencialidade da idéia do
nas Gerais (UFMG) o o lnstituto de Estudos d» D *~ 1 “paisagom cultural” e 0 importan.te papel que ela podera desempenhar no
e esenvo vimento Susten-
lzével (IEDS). ll‘ cam po do patrimonio cultural nas proximas décadas.

ml as aim lam clulfirral do Sarto 3-

Programa ele salvaguarda das praticas, conhectmentos


l e técmicraa tradicionais relativas no cultivo, prepara e
p p conservaqfio dos alimontos e plantas medicinais.
$5 rnvltalizagfio A
culturral Programa ele reasbilitaqao da pain-agem
Programa de Eortalecimento economico
Programa de fortalecimento institucional

FlI“l&'|lI1‘w11l:e cabe observar que este plano V tem um sentido prospectivo, ar-
timllandouma p ro p ost"1d- -
¢ e preservacao "7 da palsagem
' » cultural, que explo-
ra as suas divorsas t dimens” . A l d -
oes o a ode uma d1m.ensao ' '*' eminenternente
lnvestlgativa -— estélo se investigando as diversas possibilidades de inter-
vancqéio sobre a ptaisa g em cu " lt ura -I —, parece-nos inegavel também que o
projeto tura um 3,rrande ism p a c t o no que se refere ao desenvolvimento so-
clal t‘ cultural , local e re 3.,riornl.
<. Traetaa-se,~ aJfi nal, de se mudar a "atitudo" da
populaqfio Frente a paisagom , est’lmu lx an d o-a a recuperar praticas, conhe-
cimentos e técnicas trad.icionais, que sera
muito util no que se refere ao tratamento a
ser dispensado aos vazios urbanos agricul-
turavcqis. Ao mesmo tempo, estara so ofcr0-
cendo u ma alternativa real de geracao d 0
renda para a populacfio dc um municipio
pobre e com baixo IDH. Os ganhos sociais
sao obvios nesse caso: melhoria na renda,
no adbasufcimento 0 mesmo na saudo da po-
pulaqao local, com a possibilridade do cul-
tivo 15 n1a11ipL1laQ5o do urvas mvdicinais. la
os ganhos culturais tannbém H50 do grando
monta, podenclo so destacar a recuperaqéo
2 plrenervaqflo de saber-fazer tradlclonal, no
__ o
\
l
o DESAFIO DA PREsERvAcAo DOCULMENTAL: A REosu|*ERAcA(>
no ACERVO oo LABORATORIO DE FOTO-ADOCUMENTACAO
SYLVIO DE VASCONCELLOS
Como obsorva Ramon. Gutierrez, somente nos ultimos anos comccou a
cxistir uma consciéncia acabada sobre o va.lor documental dos arquivos
dc arquitetura na América Latina, carecendo esses arqu.ivos, em geral, “dc
u ma tutela especifica, salvo naquelas reparticoes publicas ou escritorios
privados onde foi necessario conserva-los em atencao ao carater operativo
dos mesmos”. Mesmo nesses casos, trata-se muitas vezes simplesmente
do uma ”operacao de armazenamento, sem implicagao alguma de uma
tarefa de adequado acondicionamento e catalogagao, por isso é freqtiente
que os mesmos estejam também destinados ao sumigo quando muda o
rosponsavel pelo arquivo, se produza uma mudanga ou algum funcionario
considere necessario conseguir espa<;o”.1

J_

Hr!” rlrl l '-| llln‘ I’!


\ lll/l'Hl|'|lHll‘l Ila
HI‘/Hr.
P

lPAT'lilMt5N‘lt'l f‘lll.*l'llR/ll. ~- C‘m|c‘rltm|, imllllmn. lmllrlnwrllmi l U llvunfiu dn prvnmmrfln iimwnnvnlnl. u rm ilpmmiu do (it mm do Lalmruhll In do hits-1iiu*|l|l|enrm/In
I 1 Q 1 I I. -3

' .‘~l|/lrllo ill‘ Vim: 'um'i'llus

Nosto qundro, ocupa uma posicao ospocial o aoorvo do liaboratorio do do boloza, racionalidado o lunoionali<.la<.lo, om contraposiqao ao carator
Polo-doctlmontaoao Sylvio do Vasconcollos, sob a tutola da Escola do Ar- docoralivista antorior. Nosto sontido, é intoressanto porcobor quo a sua
qultotum da Univorsidade Federal de Minas Gerais, um dos raros casos funclacao coincide com o perlodo em que Lucio Costa assume a dirooao
do um urquivo do arquitetura intencionalmon;te construido, como parte da Escola Nacional de Belas Artes, promovendo importantes transfor-
do um projolo mais amplo do posquisa na area da, Arquitetura e do Urba- magoes, mudando seu corpo docente e orientagao de ensino e incluindo
rllsmo. Criado om 1954 com o objetivo de documentar fotograficamente o modernistas no juri do Salao Nacional de Belas Artes. Como se sabo,
acorvo a rquitotonico o artistico de Minas Gerais, e funcionando de forma esses acontecimentos foram seguidos da imediata reacao dos arquitetos
lntonslva duranto do"/. anos, o Laboratorio de Foto-documentagao produ- tradicionalistas, principalmente os ligados ao neocolonial, o que trans-
Zlu urn im prossionan to acervo que retrata de forma exemplar o interesse formou a luta pelo controle das instituicoes publicas num fato importan-
l1lsl=o|'lograFico dos a rquitetos modernistas, que compunham entao o corpo te durante a década de 1930 no Brasil.
Clocolito da llscola do Arquitetura. Rico acervo, constituido de mais de
5lJ.U(l(l lmagons, pormanoceu osquecido por décadas e somente nos anos A Escola de Arquitetura vai ter
1990 oomooa um trabalho sistematico de catalogagao e revalorizagao desse uma trajetoria paralela a evo— 1
lugao da propria arquitetura
rv

Fundo documontal, importante para a pesquisa da historia da arquitetura


lJt‘as|loira., llsto capltulo vai discutir a importante questao da preservagao moderna brasileira: nascida
do palri|m'inio documental, tomando como estudo de caso o projeto de sob os influxos da renovacao, o _-. -=,_ _§-= - <

1'aCLlporaq€'1o dosso acervo fotografico tao significativo. seu corpo docente inicial é for-
mado por arquitetos que ainda
trabalhavam dentro do esque—
ma academicizante de proje-
A lfllitéria de um fundo documental tagao. No entanto, vao ser as
A Escola do Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), obras pioneiras de Niemeyer
criada em 05 do agosto do 1930 e federalizada em 1949 (Lei 1'19 971), foi a pri- na Pampulha que constituem
lllilf /\'li'f-Illa‘ _.' l .
molra"da Amorica do Sul a nascer desvinculada das Escolas Politécnicas, de o grande referencial para a rllri/w ~‘lii(mli'l.'mi
Bolas Artos o iliilosofia. Esta autonomia merece destaque, uma vez que suas primeira geragao de alunos tall 1-, ill‘: illlil

dai egressos, que a partir do in-1'1:-ti


L‘n.l'1gonoros, obodocondo aos preceitos academizantes trazi.dos em 1816 pela
Q
J r Missao Artistica Francesa - es- final dos anos 1940 marcam a cena arquitetonica de Minas Gerais. Com a
pecialmente através do e><em-
,-I; Ill
absorcao gradual de ex-alunos em seu corpo docente, a Escola de Arqui-
, 1'4-ti 2 u-, ,1

plo dos trabalhos do Arqpuiteto tetura assiste a transformagao da formacao profissional, que passa do aca-
Henri Louis Victor Grandjean demicismo para 0 experimentalismo modernista. Assim, experimentacoos
do l.\/lontigny - tinham seus formais e técnicas aliadas a uma pesquisa do passado colonial brasileiro
currlculos baseados no ensino caracterizam o trabalho da Escola nos anos 1950 e 1960, o que também so
proconizado pola Academia rolaciona diretamente com a tendéncia maior na época. As divorsas m u-
do Bolas /\rtos da l?l|"anca. Sua dancas em seu curriculo atestam nao so a preocupacao constanto com a
lundacao dou-so sob a influ- formacao profissional do seus alunos, notadamenxte "na area do projeto,
oncia da Somana do Arte Mo- mas ovidonciam também a Gnlaso na toonologia o critica (historia o tooria)
dorna do 1922, o quo, alguns d a a rq u i to tu ra.
anos dopois, vai so roflotir na Quanlo 21 posquisa, dovom sor |'op,islrndos os primoiros osforoos om l 95‘),
arquitetura produzida por ocasiiio om quo so procurou slslomullv.ur a atividado alravt"s da oriaqao do
l sous alunos, om oonsoniincia l\lt'u'loo do Assossoranionlo ll l’osc.|ulsa, sob n suporvisiio do prol. Sylvio do
‘l com as novas coi1oollurlqOt~s Val-lconoollos. lr\lolalmt'nlo voltado para posqulsas blbllogral'loas, osto Nil-
F/\TRlMONlf7 (§'l!l.7"llR/ll. (.‘m|l-‘allow. lwllllvml. lilnlrurnrnlm t l ihmn/in ml prvsw'r»m,~nn ilm'mm=nml.' n nwmwrmgfiu rio mwwm tin l.nlmrnlilrln iiv l“um~lliu'|ln|mhn,'nu
HI/llllil ill‘ l/|l'm‘|IH|'i‘llim

1
l
cloo larnl:>t"rn dosomponha o pa pol do a poio
didatico, na modida om quo passa a so utili-
Bacon image» d@i:lt"
zar dos servicos do Laboratorio de Foto-do-
Laboratibrio do Futo~tdroiaum¢mltali 0 win do Vascutncerlltosr
cumentacao e da grafica, ja ha algum tempo 1.1. Cidades - registro das principais cidacles l'llSlIOI‘lC£lEl em
nosso Estado, ainda. preservtadas, nos anos 1950 e 1960.
presontes na Escola. Nesta oportunida.de _ 1.2. Arquitetura - registro detalhado dos principais
sao iniciadas as Edicoes Escola de Arquite- 1- AI‘¢1l~11t@ll~1T?=1 monumentos arquitetorticos nessas cidades.
tura que, entre 1961 a 1963 apresentam 67 $53255; 1.3. Arte Aplicada - registro da arte aplicada ligada aos
monumentos arquitetonicos documentados.
titulos cujos autores, em sua maioria pro-
1.4. Mobiliario.
fessores da Escola, tinham sua competéncia
1.5. Artes Plasticas.
reconhecida nacional e internacionalmen-
lo. (ontondo com um contmgcnte de oito arquitetos, tres datilografos,
" 2 0‘ " _ 1 -| ' 3 ' ' A . / 2.1. Arquitetura eclética - construgoes do final do século XIX a
1 década de 1930.
uma socreta ria, a Secao foi transformada, em 1963, em lnstituto Superior
2. Arquitetura 2.2. Arqiuitetura déco - registro das principais edificagfies déco
do l osquisas para o Planqamento. l\lo entanto, em 1964, por ocasiao do
. , ' 1 \ -- - )' . -~
em B810 da década de 1930 a de 1950.
golpo mili ta r, o lnstituto foi fechado, com a Escola de Arquitetura e seu H<?>1'1'Z01'1le 2.3. Arquitetura moderna - rogistro da producao da arquitetura
onsino sofrondo um duro golpe. r moderna, dos anos 1940 a 1960.
A 2.4. Interiores
Don tro da ostrutura de pesquisa da Escola, vem desempenhar um papel 3. Arquitetura ;= Re-gistro da producao -da Arquitetura moderna, dos anos 1940 a
contral o liaboratorio de Foto-documentagao, que, criado ja no ano de moderna no 1960, com .destaque para edificag-oes situadas no Rio de Ianeiro
TI954, vinha rogistrando, dentro dos mais altos parametros de qualidade Brasil fie a construca-o cl-e Brasilia.
técnica o ostética, a arquitetura brasileira tradicional e contemporanea. 4.
Alom disso, o Labotratorio oferecia estagios de fotografia de arquitetu- Universidade Registro dos espa.-cos -e dos eventos sigriificativos do cotidiano
e Escola de 0 da Escola do Arquitetura.
ra, Funcionando como um centro de exceléncia da fotografia, recebendo Arquitettira
Inclusive inumeros prémios, con.stituindo um raro servico fotografico
do onsino o rposquisa voltado para a arquitetura. Em suas atividades, o Desde 1964, com a desativacao do Nucleo de Assessoramento a Pesquisa,
l_..aboratt'>|'io do Foto-docurnentacao desenvolveu também pesquisas im- esse acervo permanecia inexplorado na Escola de Arquitetura: cuidadosa-
porlanlos do técnicas fotograficas, tais como o foco mobile, o Brum De mente conservado sob a guarda de alguns poucos funcionarios ciosos da sua
Mad dor motaliv.ado (processo de viragem) e o Sistema FORMALC, pre- importancia, a esmagadora maioria desses negativos nunca fora copiada om
sorvudor do policulas Fotograficas. papel, nao podendo ser utilizados para pesquisa.
Do intonso trabalho nas décadas do 1950 e 1960, resultou o acervo do Labo-
rntorio do lloto-documontacao Sylvio do Vasconcellos, constituido por cer-
ca do 50.000 imagons. A sua com posicao rofloto o "interosse teorico o o foco Um olhar modernista
l1lsl'oriogral'ico dos posquisadoros modernistas do ontao, contemplando o
lovanlamonlo do, praticamonto, toda a arquitetura colonial minoira, arqui- l\lao podemos desvincular o inicio desta trajetoria das transforrnaooos po-
totura das primoiras décadas do Bolo I-lorizon to, o oxom plaros da a rquito- las quais passava o Pais com o regime implantado por Gotifilio Vargas na
turn modorno brasiloira om sous primordios. Uma pro-classiticacao dosso década do 1930, e toda a discussao que se dava em torno da quostao da
nacionalidade o da identidade nacionais. Nesto contexto, Gottilio Va rgas,
acervo moslra os soguintoslocos tomaticos:
ainda om "I934, convida o minoiro Gustavo C‘apane.ma para assumir o Mi-
\

nist(\rio do l".ducao[io o SaL'ido, quo tratava ta mbom das quostoos da cultu ru.
'l'ondo om vista suas alinidados com a lradiqao brasiloira o considorando
sua origom num ostado com oxprossivos rogistros da arquitetura colonial
\
|
.
\ urbana, assim como suns umlzados com mlnoiros ”lolrados”, nao r» do so
l’A'l”RlM('iNlU t‘lll,'T'HRAl. L.‘nm'rlhm, pnllllrmi, lnulrulmmtuu H rlpflliflll an pronurymoflll dnmlnmlml: n rvrupvrucfln an numa ill! l.nlmruMrlu da- l"lllll"~lllll"lIl'llt='flFEM!!-
' .H‘_|/loin ale‘ VIIHI 'um'i'llua

ostranhar quo Capanoma tonha sido um minislro corcado polos intoloc- an patrlmonlo artlstlco na-
tuais modornistas - Carlos Drummond do Andrade, l\/lario de Andrade, cional, sondo também pu-
Lucio Costa, entre outros. (CAVALCAl\lTE, 2004). bllcados ostudos técnicos,
crlticas ospocializadas, pos-
l\losto quadro, deve se destacar o trabalho desenvolvido por Lucio Costa,
quisas ostoticas o um am-
ao mosmo tempo um dos mentores do Movimento Moderno, representan-
plo matorial sobro a arqui-
to do Congresso lnternacional de Arquitetura Moderna (CIAM) no Brasil
tetura o as artes em l\/linas
(MOTT'A, 1987), e atuante também na area da preservacao, sendo funcio-
Gorais o no Brasil. "
nario do Sorvigo do Patrimonio I-Iistorico e Artistico e Nacional (SP1-IAN),
ondo ora o Dirotor da Divisao de Tombamentos. l\leste quadro, a trajetoria Na ostruturacao do acervo,
do Lucio Costa era uma referéncia obrigatoria: de filiacao inicial ao movi- o destaquo vai ser coloca- l in Illl l\Hl
monto no.ocolonia1, o arquiteto viaja pelo interior de Minas Gerias desde do, como poderiamos es- i pl il‘.l at
a década do 1920, por orientacao do ”neocolonial” Iosé Mariano. Assim, porar, sobre a arquitetura e H mills! in
limailo mm
possula conhocimonto de grande parte do acervo de origem colonial deste as artes do origem colonial,
lista do, quo possui grande namero de bens e conjuntos urbanos considera- principalmente do século
clos do valor excepcional para a nacéio brasileira. Sua visao a respeito deste XVlll, o que tam.bém é demonstrado através das publicagoes realizadas
acervo oxcopcional fica muito clara através da publicacao do artigo “Docu- pola Escola do Arquitetura. Percorrendo as velhas cidades mineiras, os Fo-
rnontacao l\locossaria” em 1937, na revista de ng 1 do SPHAN, onde se evi- tografos do Laboratorio vao realizar um minucioso trabalho de rogistro
cl on cia sua leitura de uma conexao entre arquitetura colonial e modernista, sistomatico de todo seu conjunto, numa visao que ia da escala do urbano
lla mo q u o so torna um topos importante do discurso historiografico sobre a aos detalhes da arquitetura e das artes aplicadas, sem deixar de registrar
art uitotura brasiloira, como mostramos, em ca P itulo anterior. A minuciosamente os proprios edificios. Aqui cabe se perceber também quo
nosso trabalho, aten,d.ia-se também ao programa modernista proposto por
l\losto mosmo contexto, o arquiteto Sylvio de Vasconcellos, um dos funda-
Lucio Costa, nao se limitando as edificagoes de carater monumental, mas
doro_s do Laboratorio do Foto-documentacao, seguiu caminho semelhan-
rogistrando-se também exaustivamente a arquitetura civil e muito da pro-
lo ao do Lucio Costa, assumindo, ja em 1939, a convite do presidente do
ducao vernacular.“ Nao ha aqui uma ”discrimina<;ao monumental", traco
.'~ll'l IAN, Rodrigo l\/lello Franco de Andrade, a chefia (cargo hoje denomi-
quo muitas vozes se apontou como defeito nas politicas de preservaciio
nado su porintondonte) do Distrito do SPHAN em Minas Gerais, se respon-
ao rodor do mundo: as-
sabiliv.ando pola salvaguarda dos bens culturais do Estado até 1969. Sua
sim, ao lado das igrejas,
lrajotfwia ta mbém foi maltipla: arquiteto moderno prolifico, foi professor
casas sonhoriais, casas de
(do W48 a 1969), dirotor (1963 a 1964) da, Escola de Arquitetura da UFMG
camara o cadeia, prédios
o um dos iniciadoros do Sorvigo de Pesquisa. No ambito deste, implantou,
institucionais, rogistravam-
como vimos, o l..aboratorio de Foto-documentacao, cujo acervo fotografi-
so também as inamoras
co mostra o viés dos modornistas em rell,acao a arquitetura. interessante
rosidoncias humildos quo
porcobor como osso acervo fo,i gerado a parti r da dolimitacao, polos sous
compunham o conario das
ooordonadores, do um programa sistomatico do rogistro, quo privilogiava
cidados historicas minoi-
a arquitetura colonial, embora nao oxcluisso as demais etapas. Assim, fo-
ras o a a rquitotu ra rural.
ram programadas o roalizadas muitas viagons do rogistro, polo intorior do
Outro dolalho importanto:
Minas (lorais o por outras rogioos do Brasil, com o objolivo do lor|11m;a<>clo
osso lovanlamonlo nao ora
acorvo para auxllio ao onsino om Arquilolura, assim como para as posqui-
"suporlicial", caminhando
sas quo so roalimvain, quo rosullaram om int'1moras publicacoos, quo oram HHII ilill H [ll I ll
alt" os dotalhos o oloiiiontos wmlu llllillllil
vlslas como um moio pormanonlo do propaganda o tlillisao cultural. Nolas
forum gradallvamonlo roproduv.ldas também obras do arto |;>ortom~onlos El . conslrutlvos o as proprios lllllil lllillli H
Alma - I a mm
l‘/l’l'RlM(3Nll 'l 1 ‘lll.'l’llR/ll. I 'nn¢'rlloa. ltollllrus, lilslrmm'ulo.~i l I llrmlflll ll" l'l""'*"""ll‘/ll’
_ 'l'"'”""‘”l'll~' ll """lll"'l"l\'ll" ll“ ""*"""" ll" l"'m'm'M”" W mmfidwulllflilmlflfl
Pill/lf'lll Ill’ Vllm um rllala

técnicas tradicionais, minucio- om lormalo do 35 mm so oncontravam om siluaoao procaria t'l"n I‘l‘l‘~W*?"‘


samonto rogistradas polo l.abo- ao ostado do consorvacao o as condicoos do arquivamonto. 011111‘ anota r
ratorio. ainda quo om moados da década do 1990, osso acervo dh‘ 11°‘!-’i:*‘l'V‘”‘ "'“"?“'
trava-so praticamon to inoxplorado, nao havendo copias”posit1’vas”dama‘nor
Um outro foco complementar parto das imagons. No entanto, mesmo praticamonto mvisivol na tum‘
vai estar, dentro da leitura his- nacional, olo continuava atraindo o'in,teresse de alguns pesquisadoros qut
toriografica dominante entre sabiam do sua oxisténcia e de sua riqueza.
os modernistas, na propria ar-
quitetura que se produzia, que
era vista muito mais como uma
continuadora das boas praticas A retomada cle um ideal
do passado do que como uma Para rovortor osta situacao, um grupo de professores e discentes, sob Fossil
tabula rasa, uma ruptura radi- -~ . ,. . . ncarar o dos": IO t o
ooort"lo|1'a*Jao, cornt mu cm meados dos anos 19901; a e d t <~ Q I
cal com o passado. Assim, é . _ 1, - . " o- ocumenaao. -
orp,anw.ai o an quivo fotogralico do Laboratorio de ot f CQ iii/S
interessante perceber a auto- . <

vlo do Vasconcollos o dar tralamcnto digital ao acerv(c1>Ado_s otograIEl¢.Z,)L m


J - - . _ qt.‘ 4 l‘-

|'olorf*|1cia constante dos modernistas, preocupados em registrar a sua pro- . . . ' caeo L1.1(0'
ponlbllmmdo sou contcudo para a comunidade aca emi d pd. ‘L I.
pria ob ra o a dos seus contemporaneos: ao lado das viagens ao interior de . - 1- ' "
goral. A pa rtir dosta ideia base, estabeleceu-se a meta inicial e Ciglda Q/d
""'.'l'

. _. , ' ' ',_ CO E‘ "1 UH


l\/l inas, o Laboratorio organizava expedicoes para o Rio de Ianeiro, Brasilia o acorvo l'otograflco do Laboratorio, processa lo em um (par: d =im 1,
o oulros locais nos quais se construia a arquitetura moderna do perfodo. ~ 1 ° ' '

para ontao disponibllixa-lo de maneira ampla, vmculan o o


'

tp 1*‘
' . q‘ l —

llinalmonlo, um outro Viés modernista se apresenta no acervo do Labora- p,ons om formato digital na pagma eletronica da Escola de Arqluio um k @
U|.:M( }, Pu:-ll-ill1llll"dl"l(l() uma pesquisa por descritores. A ideia 1n1c1aldlarn-
lorio do lToto-documentacao: a preocupagao social, que se manifesta num ~ ' ' ro'et".m o-so
oxtonso rogistro do modo de habitar das classes populares, notadamente liéln provia a retomada da produgao a partir deste II1E1flI1€I1alé1p l ft L
. - ~ . T‘ A ' eci ‘cos a ar L11 e"ur1
num invontario das favelas de Belo Horizonte, que resultou no terceiro a reallmqao dt livros (~.lLlII‘O1'1lCOS sobre temas esp Cl H
livro d a série ”Documentario Arquitetonico”, Faoelas, publicado em 1961, urbanismo o artos om geral.
num registro pioneiro deste tipo de
edificacao e agenciamento urbano.4

De todo esse trabalho, resultou um


acervo valioso, composto por cerca 1
de 50.000 imagens, entre peliculas
fotograficas em acetato de celulose
, l .. . u,',',',o,'r.1-l
~— . . 0222112632 "J12-"3633
do 35 mm, peliculas fotograficas ‘NI’ "'.‘" llanhlldall

r‘ l l
6x6cm o 6><9cm e policulas avul-
sas "l3 x l8 cm, além do nu morosas
copias fotograficas o diapositivos.
lrlsto acorvo foi organizado, no lon- ‘J...-Lu.-rl 1" ll-'1'-'.|I»'fil'-l
7 . .. . i.'.'.'.u.'r. If
unnmm "--- ~""' "' ‘
go do tom po, om pastas a rquivad as ml: ill
om ordem l1tl|m"t'it‘a soqiioncial o
posloiio vorlical. (‘alvo rogislrar quo a maior parlo dos nogalivos (>><oc|n
Fol produvdda an tloomla do I‘-Joli o rogislra basicamonlo volumos o paisa- l

gons oxtornas, tondo sldo llstados om cadornos do rt-p,islro. Us nogalivos


. \
, ",',Hm,H llanimi-H
"". ll.“
ill" MM"
| [ll Ii _l_ > _ ll ---‘
' - ill t,‘ _ I I _
. H - _ I

¢UI.Tl.iRA.L -1 puiitlcsl. lnlmcmmm ‘

A partir deste entendimento e considerando as cliscussoes iniciais ocorri-


da, foram estabelocidos contatos corn outras instituigoes e pesquisadores
que vinham desenvolvendo estudos nos campos da digitalizacao e de tra-
tamento da informacao. A partir de entao, ampliou-se o grupo de estu-
do com a constituigao de uma equipe interdisciplinar mais ampla, envol-
vendo pesquisadores de varias instituicoes. O primeiro passo foi, entao,
promover a integracao entre os membros da equipe e, ao mesmo tempo,
apresentar e discutir o escopo e os objetivos do projeto. Nesta etapa, foram
discutidos os procedimentos metodologicos definidos no projeto original:
iclentificagao; classificagao; organizagao; digitalizacao; desenvolvimonto ‘ti
H 3%
ll W”
__-=%:__
at
Jllfilfljll in go
'l<l”"”°l *“*‘ ‘
lab)‘w I

de banco de dados; plano de preservacao; consolidacao dos métodos ar- ,r ll lil


ll‘ 4'

llmrlvl
yplijfi

l
%a»
l is
I
1111‘

!l.€|\"lWl(E€/1fll|lllll((]€g)l"flll:i% la
quivisticos. 5 r llUlIl“llV,'l\li
if/lb). ll ill Hr“?
‘"a;=&%§§ l llr 1.
tr » l amlr Ml ll iaufltl ,

ill am. lllll ll 1%§


Definiu-se, ainda, que a estrutura da base de dados so poderia ser criada ll. , 3%
E
quando se tivesse clareza da metodologia a ser adotada no tratamento da 1%‘ $

"fill?
informacao. l\lesse sentido, considerou-se também que, devido a nature- i/3;}. la..W Z1 laziasamaria
za arquivistica do acervo, os métodos de tratamento da informacao se- .§* =5?sat llilrlilllfi
W Mr y h ,4?» i
riam concebidos dentro da perspectiva da arquivologia.5 Com isso, foram
adotadas as seguintes proposigoes metodologicas pela equipe: adogao da Dsatlrlada a informaqao sobre a origem a a custéctia cla
Norma Internacional Geral de Descrigao Arquivistica (ISAD-G) e da Nor- unidade do dascriqao
ma Internacional de Registro de Autoridade Arquivistica para Entidades QQQQQ QQTVAQG dfi FQLD -Default comm“ a
Coletivas, Pessoas e Familias (ISAAR-CPF) e criacao de uma estrutura pre- Qfiggfizgfggfio Sylvie’ da todos as items
liminar de metadados6 a ser considerada no tratamento da informacao,
fitornando-se como base as normas acima mencionadas. Uma vez discutida I ~,,t is arms also raaasamtrwari 13$
$- is aroma
e aprimorada pela equipe, delineou—se uma estrutura basica para o banco %

de dados, que se utilizou em todo o trabalho. “ 1 Wallis. slam wmfi


=
M
MW§ l .§%%, lillllrllllllllll tal
\'JIN' 3’? /75)) R, alfl ~;r
fie ‘T

adfiw 2%§ as? ll M l.

l 1 lama ll fialitl‘illulitllo

llizqlllm la»
ll or »r*""’.‘~ £ J
waaaiamal/wmlla 1| lwilli. ,
H.’ 1' Ya , t if

Deltirmcla a informagfio sobre a aceaalbilldacle cla unlcladl


all clnscrlqlo
ma
i ,1}
'5...“ Q.“ llinhn, nlfmuinlrlaa
‘:7
A?
:"'
1-_.

' l
I

.' ,'i'q_I.hL:I..'a -
CULTURAL - fionmfon. palltlm, lmlrrurnmma , in prvuvrvagwu dm'unumtnI.' n nvuprmpfln do mwuo do Lnhnrumrln de Frilcifldrirt-lmfifltapfla
" 5":/loin 11¢‘ VIM! ‘Hm '1'”: In

F Tendo om vista a do- A Rid! Latino-Americana de Arquivos cle Arquitetura (RELARQ)


5;_ '. finigao da estrutura
v-'.

de metadados, pas- P\t1'l31l‘I 0 processo do construqao do sistoma, o Laboratorio do Foto-do-


sou-se, entao, a cria- mmnntaqho Sylvio do Vasconcellos estabeldoceu contatos com varias insti-
gao de um sistema hdqflll no Brasil o na América Latina, e pode-so perceber que apesar da si-
de informagao que HIQIO do fragilidado institucional, quo ja apontamos, existem hoje varios
I Ill possibilitasse a re- aquivon do a1'quitotu1'a na América Latina, abrigados principalmente om
Uh! euitroa do documo11l"agao o universidades, que terminam sendo, no caso
cuperagao da infor-
HIl' ~
.-_~
‘ 0 J:a (5V»é '_,.":'A . I. <>"?i’»»,~.".»
W",'\.¢,“’*’$A "a ,~:_‘}~ . _,%a_‘- \ Q] noun Pafs (o do nosso continonte), os principais produtores do ciéncia
. . V J Q. r ‘

rr '11 ' magao em formato


| |I|| I ..=~- .... ....,,....~
....., ‘l..‘...:!m:!v!'1:.?l!2*1e!!9.i1l-._~..L,-._.--..QQ._Q.':a!::L.L.:L.:::ll::.:l@?'é!§§§§i§.l=E'a3:e:.:"
.lr!1!!:.:11azm9fi?....“~L*IlTI.7.IfI.T'fsE~FFoE“iv.£~a*2'x-=*-:'1 multimidia e 0 aces- I filfinologiafi’ Essos arquivos, no entanto, também seguem, em sua maior
| ‘fl. -’ m1 '
_, _ _,,_ _ ‘ H _ _ ,_ _. |_ _ _ cmnau du n.“r'nd.1 so ao acervo através fllfifl, inacossfvois aos posquisadores e usuérios comuns, sendo pouco u ti-
U1:
Uh‘
I mm fi;j';"~J. J.-‘:5;-n|;<;;i;"-~ V -- O
lilldol para a posquisa o a edL1cadg51o.
Ifl=|.hi|!u| fi3§UW"""'W DlmlMIn.iulrurtl,mr1 iii?"?¥T'ii1'i'E3FFi"i33i"i“¥ifii'rIii¥'L”5é' M, pI¢..nl|||a; |'?'i"i?5"'"" 4 [i3Tv“""'
o ma implementado
NOI filldmoa anos, o advento das modernas tecnologias de controle e ro-
utilizou a linguagem
do prograrna PI-IP e sistema gerenciador de banco de dados MySQL, euporaqao da informangéio parece trazer uma nova luz ao campo do patri-
ambos softwares livres. Os critérios que nortearam a escolha do sistema 5161110 documontal, na medida em que, com o advento da informatica, a
foram os soguintes: as caracteristicas do acervo, os recursos financeiros Vlllu do arquivo como instituimgao de guarda de documentos vem sendo
Cllsponfvois, a facilidade de operacionalizagléio e insergéio dos dados e as G1'lICeI‘lol:e1'no11to substituida por aquela que o situa enquanto gestor de s1s-
possibilidades do pesquisa através da Internet. A escolha do banco de tlmas do i11formac;5o, integrado a outros sistemas com 0 objetlvo ma1or
dados foi, ortanto, osterior ao dia S nostico das nocessidades e defini- dl galrantir o acesso do usuario as informagoes demandadas. Ou SG]E1, o
.
Q50 das dirotrizes do tratamento do acervo. QIXO vem sondo deslocado da questao da guards: para a do acesso. Dentro
dlltn Visao Contomporanea, é cada vez mais valorizado o intercéimbio do
Com 0 sistema criado, lflformaqoes ontro instituigoes, recuperando-se os documentos de interes-
puderam se indexar Dl C10 uauario a pa rtir de referéncias fornecidas pelas instituigoesm, o quo,
as imagens, de acordo Ilmultanoamonto, coloca na ordem do dia a questéio do acesso do pfllblico
com as normas interna- 6 films fontos inostimaveis de informagao.
cionais da arquivistica,
A0 mo:-imo tompo, a preméncia dad colaboragéio e do intercéimbio do in-
de maneira similar a
‘In tormaqm ontro as divorsas instituigoes em nosso continente vem sendo
outros projetos da mes-
'1 colocada soguidamonte como agao prioritaria por organismos nacionais o
Hal ma natureza ao redor
l11fi91'nBlcio11ai:-z, valondo recordar as recomendagoes da Fundacion I—Iist6-
uh‘ do mlmdo. Com isso,
In. rica Tavora no ”lroz_/Zrrn-u’ Expcrto do los Archivos en Lat"in0américa” (Madrid,
pode-se passar também
2000), quo julgou indisponsavol a criagao de um tipo do redo para atondor
a disponibilizag€1o do
amrvo do Laboralorio do Foto-documontagao, tendo sido criado simultaneamente prflicm-1 oonjuntas do capadcitaqao o difusao do patrimonio documontal do
um sistoma do busca do base booloana.“ Em maio do 2008, finalmointo, esse sistoma C(ml'lnonto, rocomondaqoos quo roa pa rocom na “1“Conforoncia Conoral do
f0idla].1onibilizado via onlino, através da pagina wwwfommpatrimonio.com.br/ IQ Red Iboroamorioana do Patrimonio Cultural" (REDIPAC: Madrid, nov.
Iaboremmrio , quo clispfio do divorsas forramonl"as criadas polo projolo. 2001) o na ”V“ Conforoncia Cumbro do los I\/linistro:~; do Cultura lboroa-
mericana", quando, om ambas, so con:-zidorou quo implomontar aq<"1os om
1

tido sorviria do ”valio:-m l'orra1m'nta roforoncial” para o l’o|"talooimonl'o do


Imblto cillturnl iboro-nmorivmm (nnv, 200%] )."
\ , ‘ - \
N10 C;‘lJl.T‘URAL. Cfimvvlmn. pnlltlrnn, lnnrrummmn
Q d!lqflm!u;1rauvrunMndwnmenml n rernipernpdn do nrmm do Lnlmramrln dv Mu dnmmwrlrmllu
HI/It'll! ali Vmwllm vllua

Pol t‘.Xfll“Ell11t‘l1l.'L‘£’l pa rtir dossas rofloxfnas quo a parocou a idéia da cria<;ao do


uma rodo ligando ossos arquivos, quo foi donominada Redo l..atino-Amo-
rlcana do Acervos do Arquitetura e Urbanismo (RELARQ), que, através
do um ofolivo trabalho om redo entre as instituigoes de nosso contiinente,
oo|"mllil‘L|i1'a u ma poderosa ferramenta do acesso e difusao dos acervos no
campo da Arquilotura. Com a RELARQ diversas instituigoes brasileiras e
InHno-amoricanas ostarlzio instituindo uma base de cooperagao com o obje-
tlvo primordial do rounir, em um iinico catalogo online de acesso piliblico,
ml lliforrriaqoos sobre acervos documentais de instituigoes distribuidas nos
CllVL‘l'!-BUS paises latino-americanos, bem como a possibilidade do pL'1blico
noes:-m r o SQLI con l:oL'1do.

Alorn da criagao do catalogo online, a Rede possibilitara ainda que insti-


Aw

lulqoo:-: situadas nesses paises passem a contar com uma base metodolo-
glca oom um para o tratamento digital de imagens e sua disponibilizagao
onlino, possibiilitando a otimizagao dos recursos disponiveis nos acervos
o Horvi<;os do documentagéio participantes. Com isso, ao lado do resulta-
do ol:1\/io do facilitar sobremaneira a difuséio, identificagéio, localizagao e
ace:-mo aos documentos nacionais e internacionais, através da web, a Rede
porniitira ainda a troca de informagao para diversos topicos, tais como o
(.?Hll1l3C'lL‘Cll11Ql1 to do politicas coordenadas de gerenciamento eletronico e
ln|'ormaoional por parte das instituigoes, a padronizagéio dos termos para
lil1doxa<;€1o o iocuporagao informacional, através da adaptagéio de critérios
lntorgiacionais, ontro outros. on Hm I
1/vi 1 ml»
/\o in logra r os divorsos paises latino-americanos nessa iniciativa inédita, a lhjlillr mm do
Rlil,./\RQ l‘o|"a grando alcance regional e pfiblico, disponibilizando univer-
rmlmonlfo acorvos riquissimos e de dificil acesso, o que certamente tera gran-
do lmpaclo no dosonvolvimenlro e na difusao da area da Historia da Arqui-
l:c!l*L|ra o do U rbanismo no Brasil e na Aimérica Latina. E preciso destacar que,
Com a |{[VIgl_JA]{QI, o grande plfifblico e os pesquisadores, terao pela primeira
var, HCUHHO a imagons do todo cont"inonte, através dos rocursos da Internet,
folnonlanclo-so com isso posquisas, exposiqoos, publicagoos, ontro outros.

N‘

\ _, *
ANEXO 1= FONTES PARA PESQUISK
(1.) No Brasil:
hllfltuto do Pntrimonio I-Ilstérico e Artistico Nacional (IPI-IAN)
WWW.lphan.gov.br
Orfanlnmo de proteqélo ao patrimonio, criado ao final dos anos 30, o IPI-IAN, vin-
Ed ado no Minlstério da Cultura, é o responsavel pela politica de preservaqao naqao
cm nivel federal no Brasil. Sua pagina na in-ternet é bastante rica, tendo informa-
fill institucionais, sobre a atuaqao do orgao em relagao ao patrimonio material e
e uterlal, bem como as publicaqoes do orgao tanto online quanto impressas. Traz
ilmbém relaqéio dos bens tombados e registrados, alem de sumula cle legislaqéio e
4| carta: patrimoniais. Importantes ferramentas sao os inventarios realizados pelo
61'|lo e flue compoem 0 Sistema Nacional de Informagoes Culturais/SNIC, do Mi-
nlltdrio a Cultura /MinC, ue odem ser consultados online Sistema de Geren
filmento de Patrimonio Arqueologico, o lnventario Nacional de Bens Imoveis em
HMO! Urbanos Tombados, o Guia dos Bens Tombados, o Acervo Iconografico e a
Ride Informatizada de Bibliotecas do Iphan, além de uma ferramenta de Consulta
dou Bens Culturais Procurados.
1
Z‘-

Inltituto Estadual do Patrimfinio Historico e Artistico de Minas Gerais


(IEPI-IA/MG) - www.iepha.mg.gov.br
criado em 1971, o IEPHA é uma fundagéio sem fins lucrativos vinculada z. Secreta-
flll do Estado de Cultura de Minas Gerais, que tem por finalidade pesquisar, pro te-
pr o promover os patrimonios cultural, historico, natural e cientifico, de natureza
material ou imaterial, de interesse de preservagéio no Estado de Minas Gerais. Sua
pl%na na internet traz uma ferramenta de busca dos bens tombados e protogidos
no llaclo de Minas Gerais, bem como informagoes sobre a Lei do ICMS cultural,
quo repassa um percentual daquele imposto a municipios que mantém politicas do
Prllervaqfio, 0 que resultou numa bem sucedida municipalizagéio dessas politicas.

Inltituto Estadual do Patrimonio Cultural (INEPAC)


Www.lnepac.rj.gov.br
Q INEPAC é 0 orgao de preservaqe"1o do patrimonio do Estado do Rio do Janeiro.
Em sua péglna na internot encontram-se, ao lado de i.nforma<;6es institucionais,
Um! ferramenta do busca dos bens tombados no Estado.

Inltiltulo do Patrimonio Artistico e Cultural da Bahia (IPAC)


Www.lpnc.ba.gov.br
Orglo do preervaqélo do patrlmonio do Estado da Bahia, o IPAC apresenta uma
plilna bastante lnformatlva, com leglalaqlo, mapeamen to dos bens tombados, sen-
do o grande dentaque a possibilidado de down oacl do traball1o do l11V@I'l'lIlll‘l0 do
Protoqlo do Acervo Cultural (IPAC), roalizado plonelraimente desde on anos 1970.

k l J
PATRIMONIO C.‘tlLTtJRAt. - Cmmvltna, polltlrnn. lnntrumrnhin l Arum

Labomtorio do Foto-documentagflo Sylvio do Vasconcellos International Centre for theStudy of the Preservation and Restoration of Cul-
www.forumpatrimonio.com.br/laboratorio tttral Property (ICCROM)
WWw.lccrom.org/
Pertenoelwto at Escola do Arquitotura da, UFMG, este Laboratorio abriga um dos
mais lmportantos acervos documentais sobre a arquitetura brasileira, hoje dispo- ICCROM é uma organizaqao intergovornamontal dedicada ‘a con_sorv~a<;ao do pa-
nlvel or: inc para o pdblico através do um sistoma do busca e indoxacao. Também trlmdnlo cultural. Criada em 1959, com sedo om Roma, essa orgamzac;ao servo aos
nesse site, pode ser oncontrado um tesauro do arquitetura o urbanismo. nus estados membros. Sua pagina na internot contém informalcoos sobro sua aqfio,
publlcaqoos, além do uma rica colocao do mais do 200.000 imagens.

Revlsta l
FORUM PATRIMGNIO — Ambiente Construido e Patrimonio Sustentavel A‘ T110 Getty Conservation Institute (GCI)
www.forumpatrimonio.co1n.br WWW.gotty.odu/conservation

Publicaqao cientifica quadrimostral, quo tom por objotivo o debate om profundida- Flnanciado polo Fundo I. Paul Getty, esso instituto trabalha internacionalmonto
do do quostoos re-lacionadas ao desenvolvimonto sustontavol, através da publica- para o avanqo da pratica da consorvacao nas artes visuais — ontondidas amplamen-
olo do contribuigoos técnicas o ciontificas originais abordando em especial o moio- te como incluindo objetos, colecoes, arquitetura e sitios histoncos. ~Roal1:/ia posqui-
nrnbiente o o patrimonio cultural e natural. In Clentlfica, oducacao e treinamonto, projetos do campo e a difusao do resultado
do seu trabalho e do outras instituicoes. Sua pagina na internot conta com. muitos
rocursos do posquisa, entre os quais podem so destacar muitas publicacoos gratui-
tits om formato Qpdf, além do uma lista comontada das cartas internacionais o do
acesso ao AATA Onlino (http://aata.gotty.odu/nps/), uma ampla base do dados do
mais do 100.000 rosumos do publicacoos relacionadas ao campo da, proserva<;ao o
(2.) No exterior: eonservaqéio do patrimonio material.

United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO)


National Park Service, Department of the Interior (NPS)
www.unosco.org
www2.cr.nps.gov
Fund,ada om 1945, ossa agéncia da ONU promovo a cooporagéio intern.acional en-
A Dlvisao do prosorvacao do National Park Service prové auxilio técnico asatividados
tro sous Estados membros nos campos da oducagao, ciéncia, cultura e comunica-
do preservaqao nos Estados Unidos, atuandooni quatro areas _pr1n.c1pais: plano]a-
'r;Elo. Sua pagina da internot, em inglés e francés, traz muitos rocursos, entre os monto o prosorvagao, subvongoos e isen<;6os fiscais, SlSt€I1"tfl.,Cl.€' l1'1f()I‘lTltlC00 googrtl:
quais conteiltdo atualizado sobre at discussao dos diversos aspoctos do patrimonio
flco (mapoamonto computadorizado) o treinamento. Sua pagina na internot possui
— material, intangivol, bens moveis, divorsidado cultural, entre outros. Traz tam-
um rico matorial sobro a presorvagao do patrimonio naquele pais, cabo-ndp so dosta-
bém uma ligaqao com a pagina do Patrimonio mundial, http://whc.unosco.org. A
car a série do normas e dirotrizos (standards and guidelines), quo aquolo orgao vom do-
UNESCO tem ta rnbém uma pagina em portugués, quo contem alguns dos rocursos
lenvolvondo ha décadas, o quo con.stituem uma base segura para so propor o avaliar
do pagina mundialt, http://www.brasil.ia.unesco.org/unosco lntorvonqoos sobro o patrimonio (http://www.n.ps.gov/history/standards.htm)

International Council on Monuments and Sites (ICOMOS) Prele1'vationDirectory.com


Www.loomos.org ‘ www.prosorvationdiroctory.com
Orga11l?.aqélo rnfio-govo1'11amo|1tal internacional, que roL'1no profissionais dodicados
Pal lna da internot voltada para a prosorvacao do patrimonlo, restauro o gostao do
ll consorvaqiio dos monumentos o sitios hist('n'icos, agrupando mais do 7.()00 mom-
ln ormaqflo sobro o patrimonio nos Estados Unidos o Canada. Lontom um amplo
bros no rodor do globo. Consagra-so a promover a tooria, a metodologia o a too-
dh'et(’n'lo do organizaqoos o rocursos na area do patrimonio, listando orgfios pL'|bli-
nologla nplioadas a co|1sorvm;Eio, protoqeio o difusao dos monumentos o dos sltios.
one o associaqoos dedicadas a prosorvacao do patrimonio, do acorvos, l‘0Vll't1lIY.dQtlt1
Sua ptlglna na internot oforoco uma rica fonte do posquisa, com uma ampla vario- cle Cel1t'ros, ontro outros.
dade do docurnontos, bases do dados, toxtos analftioos, ontro outros. A agina do
ICOCI;/IOIS ldlrasil é a www.lcomos.org.br, destacando-so nela uma lista divs organs
eltn ua is L e presorvaqlto no pals. A
\ \
I

t l
I A H ' 9 -' ' Amen:

ANEXO 2: LEGISLACAO BRASILEIRA "


DBCRETO- LEI N° 25 DE 30 DE NOVEMBRO DE 1937

URGANIZA A PROTECAO DO PATRIMQNIO HISTQRICO E ARTlSTICO NA-


CIONAL. _

Q Presldente daRop1§1blica dos Estados Unidos do Brasil, usando da atribuigao quo


lhe confero o art. 180 da Constituicao, decreta:

CAPITULD I
Do Pa trimonio Historico e Artistico Nacional

Artigo 1° - Constitui o patrimonio historico e artistico naciona1o_go_1_1jun_to dos bens


moveis o imoveis existentos no Pais e cuja conservagao seja do interesse pifrblico,
quor por sua vinculagao a fatos memoraveis da historia do Brasil, quor por sou
excepcional valor arquoolégico ou etnografico, bibliografico ou artistico.

§ 1" - Os bens a quo so refere o presente artigo so serao considorados parte into-
grante do patrimonio historico e artistico nacional depois do inscritos soparada ou
agrupadamente num dos quatro Livros do Tombo, do que trata o Art. 49 desta lei.

§2° - Equiparam-so aos bens a quo so refere o presente artigo e sao também sujoitos
a tombamento os monumentos naturais,,bem como os sitios o paisa ens ue im-
pprte consorvar e protoger pela feigao notavel com que tenham sido Sdotados
Cl pela
atureza ou agenciados pola industria humana.

Artigo 2° - A presente lei so aplica as coisas pertencentes as pessoas naturais, bem como
as pessoas juridicas do direito privado e do direito publico interno.

Artigo 3" - Excluem-so do patrimonio historico e artistico nacional as obras do ori-


gem estrangeira:

1") que pertencam as ropresentacoes diplomaticas ou consulares acreditadas no


Pals;
2°) quo adornom quaisquer veiculos pertencentes a empresas estrangoiras, que fa-
gam carroira no Pais;
3°) que so incluam ontro os bons reforidos no art. 10 da Introdu<;ao ao Codigo Civil,
e que continuam sujeitas a lei pessoal do proprietario;

4°) que pertencam a casas do comércio do objetos historicos ou artisticos;


5°) que sejam trazidas para exposicoes comornorativas, educafivas ou, comorciais;
6°) que sejarn importadas por emgresns estrangeiras expressamente para aclorno
dos respectives
, 0 estabelectmentol.
9 t mt 5 rafo
' dnico : As
9 o xas
.' mencionadas
, nas ali-,
mu 4 e 5 terlo guia do llcutfiacplrl livro trlnsito, fornecida pelo Servigo do Patrl- ,
monto Htltorico 0 Artllttco 1 oml.
MQWMGNIO CULTURAL - Counties. political. lmtrttmvntaa I , A A Amvm

cartruto 11 3") le a Impugnaqao for ofereclda dontro do prazo assinado, at--as-ts vista da mes-
Do Tom barn onto ma, dentro do outros quinze dias fatais, ao organ do que houver omanado a ini-
ctnttvn do tombamento, a fim do sustonta-la. Em seguida, inclopenclontemonte do
Artigo 4" - O Serviqo do Patrimonio l-Iistorico e Artistico Nacional possuira quatro cums, sera 0 processo rornetido ao Conselho Consultivo do Sorvico do Patrimonio
Livros do Tombo, nos quais sorao inscritas as obras a quo so refere o art. 1“ desta Hlltérlco l\laci.onal, quo proforira decisao a respeito, dontro do prazo do sossonta
lei, It saber: dias, a con tar do sou rocobimento. Dessa decisao nao cabera recurso.
\
1“) no Llvro do Tombo Arquoologico, Etnografico o Paisagistico, as coisas porton- ?lArtlgo 10" - O tombamento dos bons, a quo so refere o art. 6° desta lei, sera consido-
olntes as oatogorias do arto arquoologica, etnografica, amorindia o popular, e bom '7 raclo provisorio ou detinitivo, conforme esteja o respoctivo processo iniciado pola
Mlim as moncionadas no § 2“ do citado art. 1°; rtoetlficaqao ou concluido pela inscricao dos referidos bons no competon to Livro do
lbrnbo.
2") no Llvro do Tombo Historico, as coisas do interosse historico o as obras do arto
11lntorica; Pltrtlgrafo Cmico - Para todos os efeitos, salvo a disposigao do art. 13 dosta lei, o
tombamon to provisorio so oquipara ao definitivo.
3"’) no Llvro do Tombo das Bolas-Artos, as coisas do arto erudita nacional ou os-
trangelra;
4“) no Llvro do Tombo das Artes Aplicadas, as obras que so incluirem na categoria CAPITULO 111
clan artes aplicadas, nacionais ou ostrangoiras.
Dos ofoitos do tombamento =1
§ 1" - Cada um dos Li.vros do Tombo podera tor varios volumes.
Artlgo ll. - As coisas tombadas, que portencam a Uniao, aos Estados ou aos Muni-
Q2" - Os bens, quo so incluom nas categorias onumoradas nas alinoas 1, 2, 3 e 4 do oiplos, inalienaveis por natureza, so poderao ser transferidas do uma a outra das
presente artigoé sorao defiriidos e espocificados no regulamonto que for oxpedido j‘
Nferldas entidades.
para oxocuqao a presente oi.
Pnragrafo dnico. Feita a transforéncia, dola deve o adquirente dar imediato conho-
Artigo 5” - O tombamento dos bens pertencentes a Uniao, aos Estados o aos Mu ni- Clmonlro ao Servico do Patrimonio I-Iistorico e Artistico Nacional.
12117310! so Fara do oficio por ordem do Dirotor do Servigo do Patrimonio Historioo o
Art-inetico Nacional, mas devora sor notificado a entidade a quem portencer, ou sob Arttgo
l- '12 - A alienabilidade
~ das obras historicas ou artisticas tombadas, do P ro '
Cttjll guarcla estivor a coisa tombada, a fim do produzir os necessarios efeitos. prlodaclo do pessoas n.aturais ou juridicas do direito privado, sofrera as rostrigoos
U
oonstalttos da presente lei.
A1't'_lgo 6" - O tombamento do coisa portonconto a pessoa natural ou a pessoa juridi-
ca do direito privado so Fara voluntaria ou compulsoriamento. \_,lArt1go '13 - O tombamento dofinitivo dos bens do propriedado particular sora, por
lrdolatiiva do orgao competente do Servigo do Patrimonio Historico e Artistico Na-
Artlgo 7“ - Procodor-so-a ao "tombamento voluntario sempre que o proprietario o po- clonal, transcrito para os devidos ofoitos em livro a cargo dos oficiais do rogistro do
dtr e :1 coisa so revestir dos roquisitos necessarios para constituir parte integranto do imoveis o avorbado ao lado da. transcricao do dominio.
plt1'l111011tio liistorico o artistico nacional a juizo do Consolho Consultivo do Sorvioo
do PIt"l.'1'im0nio Historico o Artistico Nacional, ou sempre quo o mosmo p1'opriota|'io Q 1° - No caso do transferéncia do propriedado dos bens do quo trata este artigo,
muir, por oscrlto, a notificaqao, quo so lho afizer, pa ra inscricao da coisa em qualquor dot/ora o adquirente, dontro do prazo do trinta dias, sob pona do multa. do dez por
don Livros do Tom bo. A Cl11t'ro sobro o rospoctivo valor, fazé-la con.star do rogistro, ainda que so tra to do
lt1'lt1'tsmissao judicial ou causa mortis.
Artlgo 8" - Procoder-so-a ao tombamento compulsorio quando o jpropriotario so
recunar a anuira inscrioao da coisa. Q2” - Na hipotoso do deslocacao do tais bens, devera o propriotario, dentro do mos-
mo prazo o sob pona da mesma multa, inscrovo-los no rogistro do lugar para quo
Art-tgo 9“ - O tombamento compulsorio so Fara do acordo com 0 soguinto processo: tiveram sido doslocados.

1“) O Sorvlqo do Patrimonio I"-listorico o Artistico Nacional, por sou organ oom- I 3" - A transforéncia dovo sor comunicada polo adquirente, e a doslocatgao polo
patents, notlfloara o propriotario para anuir ao tombamento, dontro do pra"/.o do pwprlotario, ao Sorvico do l’atri|'m"mio lrlistorioo o Artistico Nacional, dontro do
quinine dias, a contar do rocobimonto da notililcaqao, ou para, so o quisor impugnar, mllmo prazo o sob a mesma pona.
Oflroeor dontro do mosmopra'1.o as razoos do sua .i|npt|gnaqao;
Artigo 14 - A coisa tom bada nao podora snlr do Pals, sonao por curto ppra'z.o, soln trans-
2') no caso do nlto haver lmpuirnaqflo dontro do prazo nsslnado, quo é fatal, o dire- flrlnela do clomlnlo o para Hm do lntorcaniblo cttltural, a juizo do Consolho Consultlvo
tor do Slrvlqo do Patrlmon o rllntorlco e Artiatlco Nacional mnndnrti or slm lea do Servlqo do Patrlmonlo lrllutorlco e Artluttco Naclonal.
l“~dlIPlCl1o que proeeda ta tnaertrglo dn coisa no competente Ltvro do Tombo; P - \
FAsTR!M;dON!OdClIL'T‘LlRAL - finlmfmn. pnllflvnn, Inurrmrnmhm ,
Avnwm-1

Arliigo ‘I 5 - 'I‘o|1lada, a m'1o sor no caso provisto no artigo antorior, a ox_porta<;ao para
fora do Pafs, da coisa lornbada, sora osta soq£'|osts|'ada pola Uniao ou polo Estado Arflgo 20 - As coisas tombadas fioam soujoilas a vigiol€111cia pormanonto do Sorvlqo
om quo so onconlirar. do Paltrimonio Flistorico o Artfstico Nacional, quo podora inspociona-las sompro
quo for julgado convonionto, nao podendo os rospoctivos propriota rios ou rospon-
Q 1" - Apurada a rosponsabilidado do propriotario, ser-lho-as imposta a multa do névois criar obstaculos a inspogao, sob pona doe multa do com mil réis, olovada an
cll1q|'Jonl'a por oonto do valor da coisa, quo permanocera seqiiostrada om garantia dobro om caso do roincidéncia.
do pagamonto, o até quo osto so faga.
A1'l'igo2?l - Os atontados comotidos contra os bens de quo trata o art. 1“ dosta loi sfio
§ 2" - No caso do roincidéncia, a multa sera elevada ao dobro. oquiparados aos comotidos contra 0 patrimonio nacional.

3° - A possoa quo ton tar a oxportagao d.e coisa tombada, além do incidir na multa a
Luo so roforom os paragrafos anteriores, incorrera nas penas cominada.s no Codigo
donal
"U-55. 3 para o crime do contrabando. cAPI"ruLo 1v
Artlgo "I 6 - N o caso do extravio ou furto de qualquer objeto tombado, 0 respoctivo Do direito do preferéncia
propriolario dovera dar conhocimonto do fato ao Servigo do Patrimonio I-Iistorico
9 Arl*Isl"ico Nacional, dentro do prazo do cinco dias, sob pona de multa de doz por Artigo 22 - Em face da alienagéio, onerosa de bens tombados, pertencentes a pos-
c‘onl"o sobro o valor da coisa. soas naturais ou a pessoas juridicas de direito privado, a Uniéo, os Estados o os
Municipios terao, nesta ordem, o direito de preferéncia.
Arflgo "IA7 - As coisas tombadas nao poderao, em’ caso nonhum, ser destruidas, demo-
§ Tl" - Tal alienagao nao sera permitida sem que previamente sejam os bons oforo-
Iidas ou mutiladas, nem, sem prévia autorizagao especial do Servigo do Patrimonio
I"Iisto1'ioo o Artfstico Nacional, ser reparadas, pintadas ou restauradas, sob pona do cldos, pelo mesmo prego, a Uniéio, bem como ao Estado e ao Municipio om q u o so
multa do cinqiienta por cento do dano causado. o11contraro;m.. O proprietario devera notificar os titulares do direito do preforonoia
a usa-lo, dontro de trinta dias, sob pona de perdéélo.
Palagrafo Lfmico: Tratando-se do bens pertencentesa Uniéio, aos Estados ou aos
MLl11iofpios, a autoridado rosponsavel pela infragao do presente artigo incorrora § 2° - L5. nula a alienagéo realizada com violagéio do disposto no paragra fo an torior,
por-isoalmo|1to na multa. flcando qualquer dos titulares do direito de preferéncia habilitado a soqiioslrar a
ooisa o a impor a multa de vinto por cento do seu valor ao transmitente o ao ad-
Arlrlgo 18 - Som prévia autorizagao do Servigo do Patrimonio Historico e Art1’sl"ico q'Llironl'o, que seréio por ela solidariamente responsaveis. A nulidade sora pronun-
Nacional, 11510 so podora, na vizinhanga da coisa tombada, fazer construgéio que lho Ciada, na forma da lei, pelo juiz que conceder o sequestro, o qual so sera lovantado
lmpoqa ou roduza, a visibilidade, nem nela colocar amimcios ou cartazes, sob pona dopois do paga a multa- e se qualquer dos titulares do direito de preferénoia niio
do sor ma ndada dostruir a obra ou. retirar o objeto, impondo-se neste caso multa do lzlvor adquirido a coisa no prazo de trinta dias.
c'i“nqUo|1l‘a por conto do valor do nhesmo objeto.
§3" - O direito de preferéncia nao inibe o proprietario de gravar livromon to a coisa
Artigo ‘I9 - O prop1"iotar"io do coisa tombada, que nao dispuser do rocursos para tombada, de penhor, anticrese ou hipoteca.
procodor as obras do conservagao o reparagéio que a mesma requerer, levaya ao co-
§ 45’ - Nonhuma venda judicial do bens tombados se podora realizar som quo, pro-
rll1oc?imonl"o do Sorvioo do Patrimonio Historico e Artistico Nacional o nocossidado
vlamonte, os titulares do direito de preferéncia sejam disso notificados ju.d.icia|-
das moncicmadas obras, sob pona do multa correspondente ao dobro da importan-
monto, nao podendo os editais de praga ser expedidos, sob pona do nulidado, an los
oia @111 quo for avaliado o dano sofrido pela mesma coisa.
do foita a not-ificagao.
Q 1" - Rooobida a oomunicagao, o consideradas nocossarias as obras, o dirotor do
nu

Q 5° - Aos titulares do direito de preferéncia. assistiréa o direito do romissao, so dola


Sarvlqo do l’atrim6ni.o Historico o Artistico Nacional mandara o><ocul'a-las, a ox-
nio lanqarom mao, até a assinatura do auto de arromatagao ou até a sonton<;a do
porlsas da Unifio, dovondo as mesmas iniciadas dohtro do sprazo do sois mosos,
adjudicaoao, as pessoas que, na forma da lei, tiverem a faculdado do romir.
ou providonciara para quo soja foita a dosapropriaqao da coisa.
Q 6° - O diroito do remissao por parte da U'ni:Zio, bom como do Estado o do Muni-
Q2" - A falta do qualquor das providénoias provi:-zl"as no paragrafo anl"orior, podora
o proprlotario roquoror quo soja oancolado o tombamento da coisa. ciplo om quo os bons oncontrarom, podora sor exorcido, donl'ro do cinoo dias a
partir da assinalura do auto do arromataqao ou da sonton<;a do adjudicaqiio, nao so
Q 3"’ - Uma voz quo vorifiquo havor urgénoia na roalizaqao do obras o consorvaqfio podendo oxtrair a carta onquanto nao so osgota r osto prazo, salvo so o arro1m1l;anl"o
ou roparaqiio om qualquor ooisa tombada, podora o Sorvioo do Pal-rimonio lslisl’<'>- cu o adjudicanto for qualquor dos tilularos do direito do proforonoia.
rico o ArHsl=|co Nacional tomar a iniciativa do projota-las o oxoouta-las, a oxponr-was
dn Unllio, Indopondontomonlo da comunioagao a quo alpudo oslo artigo, por parlo
do proprlolzirlo.
I
I

.' E ‘
CULTURAL Cnnnltoa. pntmrnu. Innrrummmn
! ' /l m'.\'ou

CAPl*ru|;.o v
CONSTITUICAO DA REPUBLICA FEDERATIVA oo BRASIL - was
Dlapoulqoos gorais
(ARTIGOS Rt-?.LA"l‘tVOS A CULTURA, AO PATRIMONIO CULTURAL E A rot!
Artl o 23 - O Podor Exocutivo providonciara a roalizacao do acordos ontro a Uniao TICA URBANA) '
o on listados, para molhor coordonacéio o dosonvolvimento das atividades relativas
h protoqéio do patrimonio historico o artistico nacional o para a uniformizacao da Art. 5” Todos sao iguais poranto a lei, som distingao do qualquor natu"ro'/.a, garan-
loglslacéio ostadual complomontar sobro o mosmo assunto. tlndo-so aos brasllolros o aos ostrangoiros rosidontos no Pals a inviolabilidado do
direito a vlda, 2» llbordado, at igualdado, at soguranca o a propriedado, nos tormos
Artlgo 24 - A Uniao mantora, para consorvacao o oxposigéio do obras ‘historicas soguintos:
o mftlstlcas do sua propriodado, além do Musou Historico Nacional o do Musou
Nacional do Bolas Artos, tantos ou.tros musous nacionais quantos so tornarom no- (---)
cossérlos, dovondo outrossim _provid.onciar no sentido a favorocor a instituicao do
musous ostaduais o m unicipais, com finalidados similaros. l..XXIll - qualquor cidadao é parte logitima para propor acao popular quo viso a
ano lar ato losivo ao patrimonio publico ou do entidade do quo o Estad.o pa.rticipo, a
Artigo 25 - O Sorvico do Patrimonio Historico o Artistico l\lacional procurara on- moralidado administrativa, ao moio ambionto o ao patrimonio historico o cultural
tondlmontos com as autoridados oclosiasticas, instituicoos ciontificas, historicas ou ficando o autor, salvo comprovada ma-fé, isonto do custas judiciais o do on us da
|. ' I

nrtlstlcas o possoas naturais o juridicas, com 0 objotivo do obtor a coopporacatw das sucumbéncia;
mosmas om bonoflcio do patrimonio historico o artistico nacional.
Art. 23. E competéncia comum Ada Uniao, dos Estados, do Distrito Fodoral o dos
aw

Artlgo 26 - Os nogociantos do antigfddado, do obras do arto do qualquor natureza, Municipios:


do rnanuscritos o livros antigos ou raros sao obrigados a. um rogistro ospocial no
Servtco do Patrimonio I-Iistorico o Artfstico Nacional, cumprindo-lhes outrossim (---)
aprofiont'a1' somostralmonto ao mosm.o rolacoos com.plotas das coisas historicas o
artlstloas quo possu1'.ro.m. Ill - protogor os documontos, as obras o outros bons do valor historico rt’ ‘t'
.. , a.. "1s"|t_‘o o
cultural, os monumentos, as paisagons naturais notavois o os sitios arquo(.1l.op;it‘<1s;
Artl o 27 - Som pro quo os agontos do loiloos tivorom do vondor objetos do naturo-
an lclzfintica 2» dos moncionados no artigo anterior, dovorao aprosontar a rospoctiva IV - impodir a evaséio, a dostruicao o a doscaractorizagéio do obras do arto o do ou-
rolaqao ao orgao com po-to.n;to do Sorvico do Patrimonio Historico o Artlstico Na- tros bons do valor historico, artistico ou cultural;
clonal, sob pona do incidirom na multa do cinquonta por conto sobro o valor dos
ol1jo"l'os vond id os. V - proporcionar os meios do acesso a cultura, a oducagao o a ciéncia;

Aftlgo 28 -- l\lonhu m objeto do naturoza idéntica a dos roforidos no art. 26 dosta loi Art. 24. Com.poto a Uniao, aos Estados o ao Distrito.Fodoral logislar conoorron to-
podora sor posto a vonda polos comorciantos ou agontos do loiloos, som quo tonha monto sobro:
tlldo proviamon to au ton ticado polo Sorvico do Patrimc">nio I—Ii.storico o Artistico l\l a-
Clonal, ou por porito om quo o mosmo so louvar, sob pona do multa do oinqtlonta (---)
por Conto sobro o valor atribufdo ao objoto. VI - florostas, caca, posca, fauna, consorvacao da n.atu.roza, dofosa do solo o dos
rocursos naturais, protocao do moio ambionto o controle da poluicao;
Partlgrafo L'Inico: A autonticaqatw do moncionado objoto sora foita modian to o paga-
monto do uma taxa do poritagom do cinco por con to sobroo valor da coisa, so osto Vll - protocao ao patrimonio historico, cultural, artistico, turistico o paisaglstioo;
for lnforlor ou oquivalon to a um con to do rois, o do mais cinco mil-réis por conto do
rélu ou Fra<;ao quo oxcoclor. p Art. 24. Compote 21 Uniao, aos Estados o ao Distrito Fodoral logislar concorronto-
mon to sobro:
Arttgo 29 - O titular do cliroito do jproforoncia goza do privilogio ospocial sobro o
Valor produzido om praca por bons tombados, quanto ao pagamonto do multas VI - florostas, caoa, posca, fauna, coinsorvagao da naturoza, dofosa do solo o dos
impostas om virtudo do infraqoos da proson to loi. rocursos naturais, protocao do moio ambionto o controlo da poluiqao;
Para rafo Cmioo -_ so torao l~'vrioridado sobro o l.wrivilo lwrio a tLuo so roforo osto. arti laIo Vll - '>roto‘fioao atrimonio lustorico, cultural. artlstlco turlsticoo 1aisa1"lstrico'
OI Crédltos l|1scr1tos no roglstro comtpotonto antos do tom amonto da coma polo ' I l l» I
Servlqo l\l|!l£‘lonal do l"t'|l"rlmOnio lo listorioo o Artlstico Nacional. Vlll - rospon sa' l:>'l"'
I Itl atl o por dano no moio ambionto, ao consumidor,
, . a bons, o diro'-|
ton do va or artlstico, ostotlco, lflslorlco, turlstloo o paisaglstico;
Artlgo 30 - Rovogam-so as dlnposlcoos om contra rio. V
IX - oducaqao, oullurn, onnlno o douporto;
Rio do jnnolro, om 30 do novombro do I937; cl to“ da lmlopondonoia o 49" ola Repu-
sbllca. - ' - \
‘l

Glfiilln Vlrln l
m

I‘/l'l'!~l!Mt'1Nl() t'lll.'l‘llR/ll. t'mn'rllns. /Iultllms, /nslrnlrnwllm


.’l Hr‘ \ llh

'|'|'|'u| .o vu '|'l'|'u|.o vm
I )a Urdom liconomica o Financoira l)a Ordom Social

t‘/\|'i"|‘u|.o |1 Q‘/\l’l'l"Jl.() 111


I)/\ ro1.I*|o'1c/x URBANA o/\ sou<:AcAo, DA CULTURA E DO DESPORTO
Art. I82. A pol itica do dosonvolvimento urbano, executada pelo Podor Pdblico mu- Sooao lf
nicipal, oonforme diretrizes gorais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o plono
dosonvolvimonto das funcoes sociais da cidado o garantir o bem- estar do sous DA CULTURA
lmbilantos.
Art. 215. O Estado garantira a todos o plono exercicio dos direitos culturais o aoosso
§ I" - U plano di rotor, aprovado pola Camara Municipal, obrigatorio para cidades as fontos da cultura nacional, o apoiara e incentivara a valorizacao e a difusfio d as
vom mais do vin to mil habitantes, é o instrumonto basico da politica do desenvol- manifestagoos culturais.
vimonto o do oxpansao urbana.
QUE
PC
- O Estado protegora as rnanifestacoes das culturas populares, indigonas o atro-
gi.

§ 2“ -_/\ propriedado urbana cumpre sua funcao social quando atende as exigéncias brasileiras, e das do outros grupos participantos do processo civilizatorio nacional.
fund a mon tais do ordonacéio da cidado expressas no plano diretor.
§ 2*’ - A lei dispora sobre a fixacao do datas comemorativas do alta significacao para
§ 3“ - As dosapropriacoes do imoveis urbanos serao feitas com prévia e justa inde- os diferentes segmentos étnicos nacionais.
|"’1iv.ac£ic> om dinhoiro.
§3Q A lei estabelecera o Plano Nacional do Cultura, do duracéio plurianual, visando
pi 4-“ ~ Iii faoultado a.o Pod.er Publico municipal, mediante lei espocifica para area ao desenvolvimonto cultural do Pais e a integragéio das acoes do podor pdblico q uo
incluid a no plano di;rotor, oxigir, nos termos da lei federal, do proprietario do solo conduzom a: (Incluido pela Emenda Constitucional n‘-1’ 48, do 2005)
urbano niio odificado, subutilizado ou nao utilizado, que promova seu adequado
a p rovoita m on to, sob pona, sucessivamente, do: I defosa o valorizacao do patrimonio cultural brasileiro; (Incluido pela Emonda
nu

Constitucional n9 48, do 2005)


I - paroola monto ou odificacéio compulsérios;
II producéio, promocéio e difusao do bens culturais; (Incluido pela Emenda Consti-
ll ~ im posto sobro a propriedado predial e territorial urbana progressivo no tempo; zucional n9 48, do 2005)
lll - dosapropriacao com pagamento mediante titulos da divida publica do omissao Ill formacao do pessoal qualificado para a gestao da cultura em suas multiplas
|.1roviamonto aprovada polo Sonado Federal, com prazo do resgate do ato doz anos, dimensoes; (Incluido pela Emenda Constitucional n9 48, do 2005)
om paroolas anuais, iguais o sucessivas, assogurados o valor real da indenizacao e
os iuros logais. IV domocratizacao do acesso aos bens do cultura; (Incluido pela Emenda Consli~
tucion.al n“ 48, do 2005)
Art. I83. Aquolo quo possuir como sua area urbana do até duzentos o cinqiienta \

motros quad rados, por cinco anos, ininterruptamente o sem oposicao, utilizando-a V valorizacao da divorsidado étnica e regional. (Incluido pela Emond.a Constitu-
para sua moradia ou do sua familia, adquirir-lho-a o dominio, dosdo que nao soja cional n“ 48, do 2005)
propriotario do outro imovol urbano ou rural. "
/\rl". 216. Constituem patrimonio cultural brasileiro os bons do naturoza matorial
§ I“ - (Hltulo do dominio o a concessao do uso sorao conforidos ao homem ou a l o imaterial, tomados individualmonte ou om conjunto, portadores do roforiinoia
mulhor, ou a ambos, indopondontomonto do ostado civil. 1 .\ ldontldado, a acao, a momoria dos diforontos grupos formadoros da sociodado
nrasiloira, nos quais so incluom:
§2“ ~ lisso diroilo nao sora roconhocido ao mosmo possuidor mais do uma vor,.
I - as formas do oxprossao;
ti?!“ — Us imovois ptiblioos niio sorao adquiridos por usuoapiao.
ll - os modos do criar, l'a'/.or o vivor;

ill - as t'|‘iao(>os oiontilioas, arllslims o looliologioas;

I
l "V —~ as obras, olvjolos, dooumonlos, odlllom;oos o domais ospaoos doslinados as ma=
nlfostaooos l1I‘llHllk‘U-t'l|lllll'flAlH}
mrmmosro cutrum. -A Cnsrillnl. political. lmtrummlml '- p ‘ A Moran

V - on confluntos urbanos o sltlos do valor historico, paisaglstlco, artlstico, arqueo- DBCRETO N“ 3.551, DE 4 DE AGOSTO DE 2000 *4
loglco, pa oontolog.ico, ocologico o clon ti fico.
INSTITUI o REGISTRO DE BENS CULTURAIS ore NATUREZA IMATERH-\t. ou ta
§ 1° - O Podor I”1I|’bIico, com a colaboracao da comunidado, promovora e protege- CONSTITUEM PATRIMONIO CULTURAL BRASILEIRQCRIA o PROGRAMA
rel o patrlmonio cultural brasileiro, por moio do invontarios, registros, vigiléliicia,
tombamento o dosapropriagéio, o do outras formas do acautelamonto e preservacao.
NACIONAL oo PATRIMONIO IMATERIAL E DA OUTRAS PROVIIDENCIAS.
O PRESIDENTE DA REPUBLICA, no uso da artribuicao que lhe confore o art. 84,
§ 2“ - Cabom a ad.m.inistrac€ao pdblica, na forma da lei, a gestao da documentacao lnclso IV, o tendo om vista o disposto no art. 14 da Lei no 9.649, do 27 do maio do
govornamontal e as providéncias para franquear sua consulta a quantos dela ne- 1998,
rossitom.
DECRETA:
§ 3“ - A lei ostabelocera incentivos para a producao e o conhocimonto do bens e
valoros culturais. Art. 1" Fica instituido o Registro do Bens Culturais do Natureza Imateri.al que cons-
tituom patrimonio cultural brasileiro.
§4“ - Os danos e ameagas ao patrimonio cultural serao punidos, na forma da lei.
§ 1° Esse rogistro so fara em um dos seguintes livros:
§ 5“ - Ficam tombados todos os documentos e os sitios detontores do reminiscéncias
hlstoricas dos antigos quilombos. _ I - Livro do Registro dos Saberos, onde seréio inscritos conhecimentos o modos do
fazor enraizados no cotidiano das comunidades;
§ 6 ° E facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo estadual do fo-
mon to a cultu ra até cinco décimos por cento do sua receita tributaria liquida, para o II - Livro do Registro das Celebracoes, onde seréio inscritos rituais e festas que mar-
l"I11anciamon to do programas e projetos culturais, vedada a aplicacéio desses recur- cam a vivéncia coletiva do trabalho, da religiosidade, do entretenimento e do ou-
sos no pagamento do: (Incluido pela Emonda Constitucional n9 42, do 19.12.2003) tras praticas da vida social;
I - dosposas com pessoal e oncargos sociais; (Incluido pela Emonda Constitucional III - Livro do Registro das Formas do Expresséio, onde seréio inscritas manifestacoos
n" 4-2, do 19.12.2003) Iltorarias, musicais, plasticas, cénicas e lddicas;
II - sorvico da divida; (Incluido pela Emonda Constitucional n8 42, do 19.12.2003) IV ~ Livro do Registro dos Lugares, onde serao inscritos mercados, feiras, sant'ua-
rios, pracas o demais espagos onde so concentram e reproduzem praticas culturais
I. l.l - qualquor outra dospesa corrento néio vinculada diretamente aos investirnentos coletivas.
ou acoos apoiados. (Incluido pela Emonda Constitucional n9 42, do 19.12.2003)
I
§ 2“ A inscricao num dos livros do rogistro tera sempre como reforéncia a continui-
dade historica do bem e sua relovancia nacional para a momoria, a identidade o a
formacao da sociedade brasileira.

§ 3“ Outros livros do rogistro poderao ser abertos para a inscricao do bens cul.tu rais do
narluroza imaterial que constituam patrimonio cultural brasileiro o nao so enquadrorn
nos livros dofinidos no paragrafo prim.eiro dosto artigo.

Art. 2“ Sao partes legitimas para provocar a instauracao do processo do rogistro:

I - o Ministro do Estado da Cultura;

ll - instituicoos vinculadas ao Ministério da Cultura;

Ill - Socrotarias do Estado, do Municipio o do Distri to Federal;


59
IV - sociodados ou associacoos civis.

Art. 3° As propostas para rogistro, acompanhadas do sua documontacao técnica,


Moron dirigidas no Prosidonlo do lnstituto do l’atrimonio I Iist'orIt‘o o /\|'tl'sl'ioo Na-
cional - ll’l- IAN, quo as submotorti no Consolho Consultivo do |’atrim<“mio Cultural.
5 1° A lnstrucao dos processos do reglltro uoré suporvisionada polo lI’l~-IAN.
I

5 2° A tnntruqfio conutnré do delcrlqlo pormenorlzada do bom a sor roglatrndo,


I
PATRlMf'5Nlt) C‘UI.’T‘URAl. - Crmrvllml; pullrlrnn, lnnmnmmmn I Anmm

r|companI1m"|a do docu |1l1e|1tm;€Io corroapondvnte, 0 cluveral mvnciorm r todos OH ulo- LEI COMPLEMENTAR N" 601, DE 23 DE OUTUBRO DE 2008‘
l11t’l"ll'UH q u v lhv seja m cu I tu ra I men to releva n tea.
DISPOE SOl3.Rl;i O IN VEl\lTARIO DO PATRIMON IO CU LTURAL DIE BliI\lf-5 IMO-
Q‘ 3° A l11str|.|cfio dos processos podera ser feita por outros organs do Ministério VEIS DO MUN IClPIO DE PORTO ALEGRE
do Cultura, pelas unidades do IPI-lAl\l ou por entidade, publica ou privada, que
dvIe|1I'm conhecimentos especificos sobre a matéria, nos termos do regulamento a O PREFEITO MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE.
at-:1‘ vxpedido pelo Conselho Consultivo do Patrimonio Cultural.
Faco saber que a Camara Municipal aprovou e eu sanciono a seguinte Lei Com-
§ 4-“ Ultimada a in.~:truc5o, o II’.HAl\l emitira parecer acerca da proposta de registro plementar:
I.‘ L‘I1VlflI'il o processo no Conselho Consultivo do Patrimonio Cultural, para delibe-
l'm,‘llo. Art. 1° Esta Lei Complementar dispoe sobre o lnventario do Patrimonio Cultural
de Bens Iméveis do Municipio, em atendimento ao art. 196 da Lei Orgéinica do Mu-
§ 5“ O parecer dc que trata 0 para grafo anterior sera publicado no Diario Oficial nicipio de Porto Alegre e ao art. 92 da Lei Complementar ng 434, de 1“ de dezcm-
do Unifio, para oventuais man"ifestac6es sobre 0 registro, que deveréio ser apresen- bro de 1999 (Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental), e alte‘raq60s
l§lClt'lH no Con:-telho Consultivo do Patrimonio Cultural no prazo de até trinta dias, posteriores.
vo|1l"ndo:-1 da data do publicagao d.o parecer.
Art. 29 O lnventario do Patrimonio Cultural de Bens Imoveis do Municipio serai
Art. 4° O p|'ocesso dc registro, ja instruido com as eventuais manifestacoes apre- implantado por meio da listagem dos imoveis, corn a indicacao das caracteristicas
HL‘l1lt1Lli.1h‘, Hera leva do a decisao do Conselho Consu.ltivo do Patrimonio Cultural. necessarias a sua identificacao.
ov

Art. 5" llrn caso dc decis€1o favoravel do Conselho Consultivo do Patrimonio Cultu- Pa.ré1grafo unico. O lnventario do Patriménio Cultural de Bens Imoveis do Muni-
ral, o bem sera inscrito no livro correspondente e recebera o titulo de ”Patrirn6nio cipio indicara as edificagoes lnventariadas de Estruturacéo e de Compatibilizaciio,
Cultural do Bras.i'I”. nos termos dos incs. I e II do paragrafo unico do art. 14 da Lei Complementar n"
434, de 1999, e alteracoes posteriores.
l’ar¢‘|g1'aI’o |.'|nico. Cabera ao Conselho Consultivo do Patrimonio Cultural determi-
rmr n abertura, quando for o caso, de novo Livro de Registro, em atendirnento ao Art. 39 Sera dada ciéncia de inclusiio de imoveis no lnventario do Patrimonio Cul»-
dl:-spout-o nos termos do § 3” do art. 1*’ deste Decreto. tural de Bens Imoveis do Municipio ao Poder Legislativo no prazo de 180 (con to 0
oitenta) dias, a partir da homologacao do Prefeito Municipal.
Art. 6“ Ao Ministério da Cultura ca.be assegurar ao bem registrado:
Art. 49 Durante os levantamentos necessarios a incluséio dos imoveis no Inventz.irio
l - L‘lUL‘LIl1’tL‘l1l‘a1(;fi0 por todos os meios técnicos admitidos, cabendo ao IPI—IAl\l man- do Patrimonio Cultural de Bens Imoveis do Municipio nao seré expedida Licenca
ter banco do dados com o material produzido durante a instru_<;éio do processo. de Demoligao ou aprovagao de projeto para os imoveis situados nos limites da kl rea
em estudo, sem a prévia avaliagao pela Equipe de Patrimonio Historico e Cultural
ll - ampla divt.|Ig'm;£io e promogéio. (EPAI-IC), da Secretaria Municipal da Cultura (SMC), referente ao respectivo inte-
resse na preservacéo.
Art. 7“ O ll’l-.lAl\l Fara a reavaliacao dos bens culturais registrados, pelo menos a
cacln clvz anos, e a encaminhara ao Conselho Consultivo do Patrimonio -Cultural Paragrafo L'1nico. Durante os levantamentos a que se refere o “caput” deste arti;_I,o,
para docidir sobre a revalidacéio do titulo de ”Patrim6nio Cultural do Brasil”. sera consignado nas respectivas certidoes e declaracoes o registro de que o imovvl
se encontra com restricao a Licenca de Demolicéo ou aprovacéio de projeto.
li’n1'e‘lg|'afo unico. Negada a revalidacao, sera man.tido apenas o registro, como refe-
l'@l1L‘lt‘| L‘Llll'L|l‘al do seu tempo. I ’ Art. 59 VETADO.
Art. H" l-lica instituldo, no éimbito do Ministério da Cultura, o “Programa l\lacional § 11> vemoo. I
do Patrlmonio lmaterial”, visando a implementaqao do politica especifica de inven-
térlo, roI’eltenciamonto e valorizacao desse patrimonio. § 2" VETADO.
Pt1I'l,IQ,'I'i.'lfU |.'|nico. O Mini:~;t6rio da Cultura esta1lvt'Iet"t-|"a$ no pra;/.o do noventa dias, as Art. 6° A iniciativa do processo de inclusao de imoveis no lnventario do Pa tri mfmio
nu

lJ£lHt‘H para o clvs-avrivolvilnvn to do Programa do que trata este a rtigo. Cultural do Bens lmoveis do l\/lLlnlCl7io Vwdora ser da Administ"ra S"Eio Munici ml ou
do |nte1'ess'ado, devendo, neste caso, o requerente mstruu" o processo com todos UH
Art. I-I“ Ifil-lte Decreto entra um vigor no data de sua publicacfio. t‘lt‘.lT\t‘I'\l."Ot-3 Iwcc:-::-ta‘: rios.
_ /

Art. 7° Us imovvl:-1 arrolndo.-4 porn invluutlo no lnvent1‘|rio do l’alrimonio Cultural


de Bens lmovvi.-4 do Munlrlplo silo pmmlvvin do innpugnaqiio polo pl'npl‘l0lill‘lU,
Branlllrl, 4 do ngonlo da- 2t)t.)(l; I79“ do lndvpvn¢.l(\m'la v I I2“ dn Rup|.'|blicn. nos termos do pare-cor do Conawllio Murllclpnl do l’nlrim(lnio I rim-a.~<» 0 Cultural
FERNANDO l~=lENRIIQUl§. canooso .(C()MI’All<l( ), iornologado pelo Prefelto Munlclpal.
1"“'*to AL - Cwmlmn. Pumlrnn. Inummummi pF"'“p"'-"'-"—“i"""“'
A umin

Q I" O p|'oprlela|'lo do Imovel sera notlflcado 0 ter-A o prazo de 30 (trinta) dias para
apresvnlaqilo do impugnaqao. l’aragrafo unico. A i|1stalt1¢ti<> do garagens comorciais e estabelecimuntos dv guarda
do velculos nas edificaqoes classificadas como lnventariadas de l:1strL1tura<;fio duve-
§ 2” A in1pug|;1aeao devera a presen tar os elementos necessarios, de fa to e de direito, ra ser submetida 2. IEPHAC.
pelos quais o proprietario se opoe a incluséio do imovel no lnventario do Patrim6-
nio Cultural de Bens lmoveis do Municipio. Art. "I4. O licenciamento de anL'1nci.os, publicida.des e divulgacoes, as inst"ala(;(‘Svs
de equipamen to de infra-estrutura aparente no mobiliario urbano e autorizac,;oes
“ A im pugnacao sera examinada pelos érgéios competentes e encaminhada ao de comércio ambulante em edificagoes lnventariadas de Estrutu.ra<;€|o e em seu en-
rym C,-L-J Ml’AllC. torno deverao observar a preservagéio das caracteristicas arquitetonicas, liistoricas
e culturais da edificacao e do entorno, além do Potencial Turistico, evitando-so a
§ 4" Apos manifesta<;€1o do COMPAHC, sera dada ciéncia aos proprietarios dos poluiqao visual e paisagistica.
imoveis incluidos no lnventario do Patrimonio Cultural de Bens Iméveis do Mu-
nlclpio, de forma coletiva, por meio de chamado em veiculo de comunicacao de Art. 'I 5. O Poder PL'1blico inspecionara os imoveis inventariados:
grandu\ cil- culaqao,
'~ para conhecimen.to da listagem publicada no Diario Oficial de
Porto Alegre (DOPA). I —— sempre que julgar necessario; e

Art. 8" A lista dos imoveis com inclusao no lnventario do Patrimonio Cultural de ll — obrigatoriamente, diante de denuncia de desrespeito a preservagao de imovvl
Bens lmoveis do Municipio, ja aprovada pelo COMPAHC e homologada pelo Pre- mventariado, nao podendo o proprietario, detentor ou possuidor impedir a inspe-
felto Municipal até a data da publicacéio desta Lei Complementar, sera publicada Q50.
no DO] IA, aplicando-se o prazo para contestagao previsto no § 19 do art. 79 desta
l. .el Com p lem en ta r. Art. "I6. Na restauracao ou na preservacéio das edificacoes Inventariad as do l~lstru-
turacao, a critério do orgéio municipal competente, podera ser autorizada a trans-
Art. 9“ A inclusao de i move-is no lnventario do Patrimonio Cultural de Bens Imo- feréncia de parte do Potencial Construtivo do imovel para outro imével si tu a do na
veis do Mu nicipio podera ser cancelada com base em parecer fundamentado do mesma. Macrozona, quando nao houver possibilidade ou interesse ambiental do
Conselho com petente, homologado pelo Prefeito Municipal. utilizacao no mesmo imovel inventariado, observado 0 disposto no art. 5“ desta
Lei Complementar.
Pa ragra to t'|ni.co. A clegradacao fisica da edificacgéio Inventariada de Estruturagao
nao podera ser alegada pelo proprietario como fundamentacéio para justificar o § I“ E passivel de Transferéncia o Potencial Construtivo resultante do somalorio
ci1|1cela1nento da incluséio de imovel na listagem do Inventario do Patrimonio Cul- da parcela de 50% (cinqiienta por cento) do Potencial Contrutivo Ocioso do imovvl
tural de Bens lmoveis do Municipio. e de 50% (cinqiienta por cento) da area construida da edificagéio a ser preservad a.

Art. lll. As edificagoes lnventariadas de Estruturacao nao podem ser destruidas, § 2° O Potencial Construtivo Ocioso, para fins de Transferéncia de Potencial Cons-
mutlladas ou demolidas, sendo dever do proprietario sua preservacao e conser- trutivo, é a diferenca entre a capacidade construtiva do imovel antes de in venta ria-
vaqao. do e a area construida do imovel inventariado.

I'a|'agraI'o unico. Podera ser autorizada, mediante estudo prévio junto ao orgao ‘I03 3“ O somatorio da Transferéncia de Potencial Construtivo de que tra ta o § 2“ deste
téc.|1ico com petente, a demolicao parcial, a reciclagem de uso ou 0 acréscimo de
I T 1 I ~ I Ad

£'ll"l‘lf.,() com a area constiulda da edificacao a ser preservada nao podera u Ilra passa r
area construlda, desde que se mantenham preservados os elementos historicos e o total do Potencial Construtivo do imével.
culturais que determinaram sua incluséio no lnventario do Patrimonio Cultural de
Bens lmoveis do Municipio. § 4“ Poclera ser autorizada a Transferéncia de Potencial Construtivo relativa Z1 odi-
Ficaeao lnventariada de Compatibilizacao, quando a preservacfio da ediI"'icaqfio ln-
Art. l I.-As edificacoes lnventariadas de Compatibiliza<_;ao poderao ser demolidas ou ventariada de Estruturacao assim justificar, limi.tada a 50% (cinqiienta por cento)
modiflvadas, por meio de Estudo de Viabilidade Urbanfstica (EVU), devendo a inter- do Potencial Construtivo original.
venqfilo ou a ed i Ficagao q ue a substituir observar as restricoes necessarias a preservacao
cultural e l1istorica da edificacfio de Flstruturaqao e do en torno a que estiver vinculado, § 5“ A Iil7erac5m da 'l"ransferéncia de Potencial Construtivo devera ser pa rcvlada,
ben1 como a paisagom urbana. observando as etapas de acordo com cronograma Fisico-financeiro das obras de
rvstauratgfio, salvo na lwipotese do o imovel encontrar-so nas condiqous adequadas
Art. "I2. Para as ed"iI'icae6es lnven ta riad as de I?.slruturacf|o, a aplica<;5o d a legislacao do preservaqao, caso em que a 'l"ransl’erC*ncia podera so dar em (mica pa rcela.
rt1I’el'e|1te 2| acessibilidade 0 2» protegfm coritra incemlio devera estar dovid’amen-
te v:ompalibiIi'/.ada mm as caractvrislicas arquitletfwnicas, fhisloricas e culturais do §(a” A utiliz/.a<;5o do l’olem"iaI Construtivo decorrenle do 'l‘ransI’v|'0|1cia do l’olencial
"lmovel. - C‘o|1strullivoécondicionada .\ com wrova do do sua averba ‘Ito na malrlvula do imo-
s_
vel orlgma‘n'|o |unto no Rep,lstro lmohiliario.
s
Art. I3. A atlvldndv proposta |;1ara. as edifieaqoes lnventariada-I
_ ‘
do l'1slrutu|'a Q'Zto
(‘levada ser compatlvel vom on c‘rlIc"rlos do prese|'vm;t'to dulermiltados pelo organ
municipal co|11petante. '
FATRIMONIO CULTURAL - Cmmiinn. palltlmn. imm-ummmn
t Arimlu

Art. ‘I7. Constatada qualquor das iiifraqoes previstas nesta Lei Complementar, sera
lavrado Auto do lnfracao pela auto.ri.dade competente, sendo notificado o infrator, décimos do mlléalmos) a ¢I..”l(i(-'»,()()7 (quatro mil, trozonlros o sols lnlolros o solo von-
o propriotario, o possuidor ou detentor do imovel, conferindo prazo de 15 (quinze) téfllnios) UFMH.
dias "pa ra apresentagéio cle defesa. Art 22 Na aplicacao das penalidades provistas nos arts I7 o I9 dosta l.oi Com ‘slo-
| I - - A i 1. _ u L L. 0 I A - A

Pa|‘ag1"afo ifmico. Os valores correspondentes as penalidades decorrentes da aplica- mentar, sora obsorvada a gravidado do dano, o valor do imovol protogido o ovonlual
Qi-'lo desta Lei Complementar serao depositados no Fundo Municipal do Pa.trim6- rolncidrfincia, observado o disposto nos §§ 1° e 2“ dosto artigo.
nio I"-listori co e Cultural (FUMPAHC). SM "I" Constitui roincidéncia a pratica do nova infra<;ao contra a prosorvaqao do patri-
Art. I8. Para mutilacgao, destruigao parcial ou demoligao do imével inventariado
|
mlinio'
cultural
'0
no prazo do 5 (cinco) anos.
som a devida licenca, ou se efetuada em desacordo com as orientacoes do Muni- § 2 U A multa aplicada no caso do reincidéncia podera ter seu valor calculado por
cipio do Porto Alegre, sera aplicada multa no valor de 6028,4098 (seis mil e vinte moio da majoracao dc até o dobro das penas ma'ximas previstas nesta l..oi (‘omplo-
o oito inteiros e quatro mil e noventa e oito décimos de milésimos) a 473.660,77 mon ta r.
(tzuatrocentos e setenta e trés mil, seiscentos e sessenta inteiros e setenta e sete cen-
ttsimos) UFMs, a ser especificada por decreto.

§ "I" l\lo caso de mutilacao, destruicao ou demolicao, o proprietario, as suas expensas, Art. 23. O Municipio de Porto Alegre publicara anualmente a area proforoncial do
real izara o salvamento arqueologico do terreno, sob orientacao do Municipio de Porto al:n'aingC~ncia para os imoveis inventari.ados interessados em participar do progra-
Alogre, observada a competéncia federal sobre a matéria. ma do incentivos previstos nesta Lei Compl.ementar.
§ 2" A d.emol.icao total do imével implicara também, para fins de nova construcéio "I" Seréio fixados o montante de indices construtivos disponibilizados o o valor
no terreno, a limitacao do regime urbanistico, nos termos do art. 87 da Lei Com- QUIZ Cstinado aos incenti.vos.
alomen tar n” 434, de 1999, e alteragoes posteriores, ou do total edificado do imovel
inventariado antes da demolicéio, o que for menor. § 2° Os critérios para. definigéio dos imoveis selecion.ados para o progra m a do incon-
tivos seréio definidos pelos orgéios municipais competentes.
§ 3“ O descu"|nprim.ento das determinagoes de manutencao do imovel restaurado
com rocursos decorrentes de Transferéncia de Potencial Construtivo implica multa
diaria do l07,650'l. (cento e sete inteiros e seis mil, quinhentos e um décimos de
milésimos) UFMs, contada a partir do nao-acolhimento do recurso do proprietario Art. 24. Esta Lei Compl.ementar entra em vigor na data de sua publicaciio.
até o efotivo cumprimento, comprovado em vistoria realizada pelo orgao munici-
pafil competente-_. l’REFE,l'TU‘RA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE, 23 d.e outubro do 2008.

Art. I 9. Nenh uma multa prevista nesta Lei Complementar podera ultrapassar 50% Eliseu Santos,
(cinqiien ta por cento) do valor do imével inventariado, conforme avaliacao efetua-
da pola Secretaria Municipal da Fazenda (SMF). Prefeito, em exercicio.

Art. 20. Constatado o descumprimento das determinacoes de manutencao e con- Sérgius Gonzaga,
servaqfio do imovel inventariado, sera o proprietario ou o responsavel notificado,
para quo, no prazo do 90 (noventa) dias, tome as providéncias necessarias. I Secretario Municipal da. Cultura.

§ I“ O doscumprimento do prazo referido no “caput” deste artigo implica auto de Ricardo Gothe,
llitniqiio com multa diaria de ]O7,6501 (cento e sete inteiros e seis mil., quinhentos Secretario do Planejamento Municipal.
o um décimos do 1nil.ésimos) UFl\/ls, até o efetivo cumprimento das disposicoes do
auto do infiatgao, comprovado em vistoria realizada pelo orgéio municipal compe- Rogistro-so o publique-so.
ton to. I
Virgilio Costa,
5‘ 2“ O doscu m primon to das determinacoes de manutoncao e conservacao do imo-
vol rosta u rado com rocursos decorrentes do 'l‘ransteréncia do Potencial Con‘strutivo SoCl'ot"£'1|'io Municipal do (Ioslao o
implica a dovoluqfio do "I (10% (com por cen to) do valor corrospondon to ao Potencial
Construtivo, comprovado om vistoria roal.i;1.ada polooi'g5o municipal com potonto. Acompanhamonto list ralt’-giro.

Art. Zl. A oxootwilo do obra nito provista no Docrolo n“ 'l2.7'l5, do 23 do marco do


2000, o om Ioglslaciio municipal portlnonlro, som prévio liconciamonto, sort‘: imodia-
l'£lme|l1l"'o E‘!-‘I‘\lDl€l'l‘ acla, o an Iriirator, ].1roprlotarlo, possuidor ou dotontor sora apli-
cada multa do Isl5‘l,2tI?I4 (oltocemtou o nenaoiita o um lntoiros o clots mil o qualtimo
{ T

I‘/l'I'Rl/VIONII I I ‘III.'I'lII\‘/II. ('iiim'i‘Io.~i, iuillllim, IIIHIIIHIIi‘IIIH.'"I


Iiiviiis

_ I
P()RT'ARIA N" 127, DE 30 DE ABRIL DE 2009
(‘()l\JS|l )liRAl\lI)O, quo a cliaiicola da I’aisagoni (‘L|ll'L:I‘:l'~,l‘i|('fili'l1l
ll\IH'l'I'l'U'l"O l)O I’A'I'RIMO.l\I.lO ll-IISTORICO Ii AR'l".ISTlCO NACIONAL lorixa a moIiva<,aoda dgdOl1LllT|€|l1d qut. ciia t qui 1 I
' ' flu I » J‘
i I ' \ ‘I ' ‘ I ‘X 1 ‘LIEU i ' I

I. . - . , . - _ 1' ~- “ < i‘”IlBi"1Sll(.‘lI"1 viloriza a rola-


l'IS"l 'A B ll I. ECE A CHANCELA DA PAISAGEM CULTURAL BRASILEIRA.
L ~OMS“ )[i'RANDO'
A ' , , quo. A £ham'ela'da
4 r _ .3“ Talbdgcnilfidldiiaatci
- - ' r Latdtiva
( coin‘ o IL-i‘l‘ll‘(’)l‘lU 1.
cao harmonica com a natuio./La, cstimu_.an o a c 1 9 .
O l’RIlSIl.)El\l"l"E DO INSTITUTO DO PATRIMONIO HISTORICO E ARTISTICO londo como promissa a qualidado do vida. da popu at,-HO,
l\IA(.‘.lOl\lAI.. - lPI~IAl\I, no uso do suas atribuicoes legais e regulamentares, e tendo
om vista o que prescreve a Lei n9 8.029, do 12 do abril do 1990, a Lei ng 8.113, do 12 ( i ONQIIDFRANDO
u _ J ‘- J I QiucI os instrumentos
' legais
. vigentes
I que tratam
- do ‘|J€ll'I‘ll"I'l(A)l1l()
. \ \

do d ozom bro do 1990, e o inciso V do art. 21 do Anexo I do Decreto n9 5.040, do 07 . tomados l11CilVlClL1EllII1€I'ltl€,
cultural o natuial, ' ' ' " contom
1189. Oh/5 l'1IIltI‘l.I6’l‘°ilITlL?l‘IlLI(HUD-
¢ 8 ‘-
1
do ab ril do 2004, que dispoe sobre a Estrutura Regimental do Instituto do Patrimo-
nio I-Alisto ri co o Artistico Nacional - IPHAN, e I- junto do fatoros implicitos nas paisagens cu. turais, res . .
- ' ' ' ’ >1 a porcoi.
*' t‘..‘'» L"lo tor-
|?,;-;i-aboloco.i* a chancela da Paisagem Cultural Brasileira, aplicave
(.‘Ol\ISlIi)ERAl\lDO, o disposto nos artigos 19, II, 23, I e III, 24, VII, 30, IX, 215, 216 e ritorio nacional.
225 d a Constituicao da Republica Federativa do Brasil;
I
'I'l'I‘UI.O I
('Ol\ISll)ERAl\lDO, 0 disposto no Decreto-Lei n‘-Q 25, do 30 de novembro do 1937,
quo organiza a protecao do patrimonio historico e artistico nacional, no Decreto- I )If~iI’( )SIgTOHS GERA.lS
I..oi no 3.866, de 29 de novembro de 1941, que dispoe sobre 0 tombamento do bens
no Sorvico do Patrimonio Histérico e Artistico Nacional, na Lei no 3.924, do 26 de
jullio do "I961, que disp6e sobre os monumentos arqueolégicos e pré-historicos, e ~

l- I)A l)liI~'ll\llCAO
no Decreto n° 3.551, do 04 do agosto do 2000, que institui o rogistro do bens cultu-
rais do natureza imaterial; Ar I". I’aisagom - , ~ I
Cultural - 1." e’ uniiqa porcao
Brasileira ” pegumeio
liar do territério
natural nacional
£1 qua] a vim; 0ro-H
|,,...H,.,-qmiivq do processo do intoracao do DHIEEHI com .-
C( 7l\lSll.')ERAl\lDO, a Lei ng 10.257, do 10 do julho do 2001, Estatuto da Cidade;
oli“*:*icia liii in a ria irn primiram marcas ou atribuiram valores.
( ‘(. )I\l SI I )E.RAl\l DO, quo o Brasil é autor do documentos e signatario do cartas inter-
iiaoionais que reconhocom a paisagom cultural e seus elomentos como patrimonio I'iii*'i'ii.',|'.iIo i'inico - A Paisagem Cultural Brasileira é declarada por chancela I nsI"|lul-
dn polo II’I IAN, mcdiantc . ' .. piocedimonto
~ ' ' 'co.
especifi
cu I I u ral e proconizam sua protegao;

('( )I\ISll')I?lRAl\lDO, que a conceituacao da Paisagem Cultural Brasileira fundamen-


Iaiso na Constituicao da Republica Federativa do Brasil do 1988, sogundo a qual o ll I)/‘\l"ll\lAl.Il)A|)F.
pa l*i'iiii(‘iiiio cultural é formado por bens do naturoza material e imaterial, tomados
individ ualmon to ou em conjunto, portadores do referéncia a identidade, a acao, A 'I 2" A ‘ll‘IIIt‘t‘l'I da Paisagem Cultural Brasileira tem por finalidado atondor ao
i‘i momoria dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais I li i orosso
l I pii
I i ll to I1‘ Pi )I'll'I'll3Lll1‘
I ~ para a preservagao do ~patrimonio
. ~cultural,
- complo-
. .
. ~ - trumentos de promocao e protccaoI~ ~ LX1b
1 *tonIos I nos
so inoluom as formas do expressao, os modos do criar, fazer e viver, as criacoos méiilamlo o Iiilogiando osi ins N
oioiiliiioas, £‘Il‘l'iSlI,lCEIS e tecnologicas, as obras, objetos, documentos, edificacoes o tfirmmi promiilvmliis na Constituiggao Federal.
domais ospacos destinados as manifestacoes artistico-culturais, os conjuntos urba-
iios o sitios do. valor historico, paisagistico, artistico, arqueologico, paleontologico,
ooologioo o ciontifico;
III ~ DA Iiiilo/\t'|/\
('Ol\lSlI )IiRAl\ll)O, que os fenomonos contemporaneos do expansao urbana, glo-
- - ' ~' ' ~- ii|i'”iiiiii'o
lniliziioao o massiticacao das paisagens urbanas e rurais coloca m om risco conloxtos Art. TI“. A t‘l‘It1l‘It‘l‘ltI da Paisagem Cultural ?1‘E1S1l€11.‘1E1 cloiisidcitll iliijtltiiukNIH‘/iw
do vida o tradiooos locais om todo o planeta; do oulturn o da tioao humana sobre as porcoos do 'i'Ll‘I‘1 011051 q_ . . . . E i 1| Lush HM
‘ Aw . 4) _ W W 1 \ ‘I 1 v II |' I I‘

4 vom an Iriinslormaooos iiiorontos ao ClQSQHV0lVlI‘I1U"ll() o~conomico_i sf or


(‘Ol\.‘.‘~ill )llRAI\ll)O, a nocossidado do acoos o iniciativas administrativas o institu- vats o vnlorlv.a a motivaqao rosponsa'voI pola. prosorvacao do pali imonio.
oioiiais do prosorvaoao do con toxtos culturais com ploxos, quo abranjam por<_'oos do
Ioi'rilc'irio nacional o dostaquom-so pola iiitoraofio peculiar do liomoni com o moio
natural;
iv I no I’/\c"|'o It l)A < }I~‘.S'|‘/\()
~

Ct INHII )I".l~IAl\.II It I, quo o roooiiliocimonto das paisagoiis culturais 1" |niiiidi.iliiioii--


. Ii I da l’.iis.igi
Art. 4“. /\ll1ItIi\\l¢__I ' . nit ‘ iilliinil
~ Iliaailoi
~ . ' i'r'iI lI1lJllt"1
| _ -_ no U.‘-ll‘.Il'i(‘l(‘L‘lllll'Iil(i
_ i_ _ p ‘I do if
Io |.'II'iilll'iIl'lO vom .1 I'iii.ilid.iilo do |ii'osoi'viio{io do palriiiioiiio o quo sua .idoc.'io inso-
ro o Hrasil ontro as iincoos t|Ilt' iirologoni l|'IHlllIIt‘iUI1dl|IH‘I1lt‘ o coiijiiiilo do I.iIoros p;1i'Iii quo pmlo olivo l vor H |.NNt\I ‘I ' I iiilillco I .1 sooim ado
f _» (‘IVII‘ o .i Il1Itl¢IlIVd_ piivai
_ | ti:‘i?
quo ooiiipooiii as palsagoiis; I ii gosmo miiipnilllliiii
vlsaiido - - A In dn | iorgao do Iorilloiio um tonal i_IlHHll'|l It‘tUl’I ii 4 I. » It

‘ do.
Ci.I1'I‘I.tRAL - Cnnéiim. political. instrumental:

Art. 5°. O pacto convencionadofara pi.-otecao da Paisagem Cultural Brasileira Al mlitiflltacbel aerllo analtaadas e an conteatac;t5ea'ju1 adan pelo Depar
cl-iancel.ada poderei ser integrado e Plano do Gestao a ser acordado entre as diver- 5 do Patrtmbnto Material e Flscalizaqtlo DEPAM/IPI~ AN, no prazo do
sas entidades, orgaos e agentes publicos e privados onvolvidos, o qual sera acom H dill, modlante provia oitlva cla Procuradoria Federal, remetondo so 0
panliado pelo IPHAN. IQ ldmlifiltrntivo para deliberacao ao Conselho Consultivo do Patrtmonto

"rtruro II Aprovada a chancela da Paisagem Cultural Brasileira pelo Conselho Con


GIO Patrtmbnto Cultural, a sumula da decisao sera publicada no Dlarlo
DO PROCEDIMENTO dl Unllo, sendo 0 rocesso administiativo remetido pelo Pl‘€'S1Cl@I'Il.L do
para lwmologaqito ’ll‘t£Il do Ministro da Cultura
A l rovaqao da chancela da Paisagem Cultural Biasileira pelo Consolho
V - DA LEGITIMIDADE 1V0 0 Pntrlmonio Cultural sera comunicada aos Estados membros e Mu
I onde a porgao territorial estivei localizada, dando se ciencia ao Minisléilo
Art. 6“. Qualquer pessoa natural ou juridica é parte logitima para requerer a ins- Fldirlil e Eltadual, com ampla publicidade do ato poi meio da CllVulgE1r,fi0
tau racao do processo administrativo visando a chancela do Paisagem Cultural Bra- 0| do comunicaqao pertinentes
sileira.
Art 7”. O requerimento para a chancela da Paisagem Cultural Brasileira, acompa-
nhado da documentacgéio pertinente, podera ser dirigido: Q ACQMPANI-IAMENTO E DA REVALIDACAO

.I - as Superintendéncias Regionais do IPHAN, em cuja circunscricao 0 bem so situar; O acom anhamerito da Paisagem Cultural Brasileira chancelada com pro-
I Inboraq0 do rolatorios do monitoramento das acoes previstas e do avalia
II - ao Presidente do IPHAN; ou Iédtca das qualidades atiibuidas ao bom
Ill - ao Ministro do Estado da Cultura. Ah
C ance ldP
a a aisagem Cl
u tural Brasileira deve ser revalidada num prazo
I do 10 anos
O processo do revalidacao sora formalizado e instruido a partir dos ielato
vi - DA INSTAURACAO nonitorameiito e do avaliacao, iuntando-so manifestagoes das instancias io-
I
local, para deliboracao pelo Conselho Consultivo do Patrimonio Cultural
Art. 8". Verificada a pertinéncia do requorimento para chancela da Paisagem Cul-
tural Brasileira sera instaurado processo administrativo. A declailo do Consolho Consultivo do Patrimonio Cultural a proposito da
Li manutonqao da chancela da Paisagem Cultural Brasileira sera ]JL1lJllLEtt.'l£t
., - O Departamonto
§ I" - . do Patriménio Material e Fiscaliza c ao - DEPAM/IPHAN e' o IO Ofictal da Uniao, dando so am P la Cl1VL1l 8 acao ao ato nos meios do coinu
organ rosponsavel pela instauragao, coordenacao, instrucao e analise do processo. perttnentes
§ 2° - A instauracgao do processo sera comunicada a Presidéncia do IPHAN e as Ella portziria entra em vigoi na data do sua publicacao
Superintendoncias Regionais em cuja circunscricao o bem se situar.
5RI\lAl\lDQ DE ALMEIDA

VII - DA INSTRUCAO
Art. 9°. Para a instrugao do processo administrativo poderao ser consultados os di-
vorsas setores in ternos do IPHAN que dotonham atribi.ii.<;6es na area, as entidades,
drgaos e agentes piliblicos o privados envolvidos, com vistas a celebracao do um
pact-o para a gostiio da Paisagem Cultural Brasileira a ser chancolada.

Art. 10. Finalizada a instrucao, o processo administrativo sora submotido para analise
luriclica e expodiqao do edital do notiI'i'ca<;€io da chancela, com publicacao no Diario
Ol"lclal da Untao o abertura do razo do 30 dias para manifestaqoos ou oventuais con-
teiltaipbes ao reconlioctmento palbn intoressados. I I
i
I

* fl 4a
-. Niims

|
-.
I
E

L
I avruoouc/to
-it
I Ffimqotu
Choay, em sou importante livro A alegoria do patri'm6m'o, aponta para um.a espé-
ni
-_||'_
I n fl aqtto patrimonial
. ' ' V n -
que assolaria -
nossa contemporaneidade: com a perda do que
d.l1'tO1't'ti1'tn do ”competéncia do edifficar”, nossa época estaria acometida por uma ”sindrome"
Qfll I coriclenaria a acumular continuamente objetos das mais diferentes natureza I

gnurvncloa. A perda da competéncia do edificar seria o ”acontecimento traumatico” s, a serem


que a
G141t'i.i
~ Ira cl 0 pa triménio " nos ajudaria a conjurar e ocultar. Isso explicaria, a seu ver, porque,
1
. nom ll sociedade errante”, 0 patrimonio historico teria so tornado uma das “palavras-
I I I n 0 0

lltlvl cla tribo midiatica , remetendo a uma mstituicao e a uma mentalidade Na m


at-ngloso geografo David Lowenthal ja apontava, alguns anos antes, em The Past. is a F0'I’€I'gH
esma
i g t A . I I c I

Im ry, 0 mesmo fenomeno. no final do seculo XX, o passado teria so tomado ompresente na
flllltgem americana, onde o ”patrim6nio so insinuaria por toda parte”.

I. OI warn-warns, em quichua, ou camellones, em espanhol, sao plataformas elevadas de terra


Wtlllzacta s ' 1 tura, com canais‘ adiacentes,
para agricu ' ' '
que garantem a irrigacao, '
uma técnica
qrtcola tradicional na regiao dos Andes, utilizada desde mais do mil anos antes do Cristo.
A use respeito, confira: ERIKSON, Clarck L.. "Agricultural landscapes as world heritage:
Nllid Held agriculture in Bolivia and Peru”. in: TEUTONICO, MATERO, 2003, p. 181-204.

3. GONZALES-VARAS, 1999, p. 54~60.


4. Cf. GETTY CONSERVATION INSTITUTE (GCI), 2000.

O FIM DA TR/IDIC/IO, A REII\_Ij/ENC/IO DA TRADICAO: NARRAR E CONSTRUIR NLIM


MLINDO EM TR/INSFORZI/I/ICAO
1. WILLIAM, 1979, p.118.
1. ENCYCLOPEDIA, 1997, p.117. O autor continua: ”Tradig6es sao manifestas na or a '
g n1za-
alto e orleritacao do assentamento, nos ritos do consagracao, nos tipos construtivos, sistemas
IIITLIILIMIS
i ' e f.0rmas d e te 1hado, tecnologia e técnicas de construgao, especializagao e papéis
dc género dos construtores, na relacao do espacos significativos, e nos elementos que sao
clocorados ou tém valor simbolico. Edificacées ropresentam a sintese do muitas tradita.” ("tra-
cluqtto do autor)
3. LARAIA, I988.

4. l..EWCOC.l<, Ronal.d. "Westernization and Cultural Interaction”, ENCYCLOPEDIA, 1997,


15.121. No que concerne a ar q uitetu ra vernacu I ar, o autor obsorva que ” dentro do uma tradi
Q I O, 0 d eseinvolvimento e a aceitacao do uma mudanca fisica pode ocorrer através da resolu-
glo do um problema que é in.erente a ordem existente." (Idem) (traducao do autor)

s. LEVI-STRAUSS, 1985, p.51.


is. LEVI-STRAUSS, 1985, p.82.
7. "lnI’luéncIai-1 trans-culturais acontocem so duas culturas tém base comum suficieiito para
que as idéias possam so deslonr
Lc fau~.'I monto- ti~o uma b()LlC'ClEICl(3
* < para~ outra.
- 'Isso
~ nao
“ acontoco
~
I 0 d UM soc I t.~cl a d es tem
A paradigmas, ou visoes do mi.ind.o, completamonto diferentes. Em lu-
gar do Interagir através do mistura, um conjun to do idoologias tormina por dostruir o outro,
com 0| efeltos corresponderites nas 'I‘tI.'Pt‘0SOI‘ll'EiQ6EB colotivas' da cultura, incluindo ai sua
lrquitotura vernacular." I...liVl-STRAUSS, I985, p.82.
s. GI-IEERBRANIT, iiiiizgp. 14-iiii.
ii. Dlrq! littbutro. It'll GI-IEEIIBIIANT, im pm-in.
\
I
PATFUMONIO CULTURAL - Cumwllnn. pnllflmn. lmm-umentnn
Nnfnll

'10. A exlsténcla cleste torritorlo lingtilstico e sua antigtlldade levaram os estudos mais recen- 1?
tes a concluir que os povos Tupis que habitavam a Costa Atléintica no século XVI, quando I1. LE 601111. 19118. p.115. i
aporta ram os portugu.eses, originavam-se de fato do noroeste do Brasil, atingindo através de
ondas migratorias 0 litoral, o que inverte a historia oficial. lI.C1NTA LARGA. 1988. P-15-
11. Do grupo Mondé fazem parte as tribos Cinta~Larga, Surui, Zoro, Gaviao, Arué, Salomai, ll. CINTA LARGA, 1988, p. 105.
Mondé e possivelmente os arredios Andaroup.
M. LBONARDI, '1.999, P. as-70.
12. Expediqéo Roosevelt: uma expedigéo cientifica para a Amazonia em 1913 e 1914.
. , ,, .. .=~ dc b'l'd.. d=- acial da o ulaqao indlgena, v
13. SPI —- Servigo de Protegao ao indio; FUNAI — Fundagao Nacional do fndio, que é 0 or- ul Dllmlll all W§sr.l'.ll1l.l'-€l.E.lll1l1i1;.ll..fLll:Z?1Itl1lb[:l)es 1c:'l1l9(ec1illarqC‘ri.'§tSiga Sa, quepoll:servou o fenomeno
5 Eio do g overno b ras1'1 e1ro
' que estabelece e executa a Politica Indigenista no Brasil, dando nu N IT filulknlltla X111 u 1nostrarldo que a lnudanqa do local cla aldeia acontecia em espaqos
cu1'.nprimen.to ao que determina a Constituigéo de 1988. "Na pratica, significa que compete n. "Q 0 0 ll) )Ll 185 .§..~...~.“ "sendo citadas como causas dessas muclangas diversos futures,
£1 FUNAI promover a educagao basica aos indios, demarcar, assegurar e proteger as terras :|:|P:o?11r3eanl:l<)rl‘e( de lnuitos habitantes, ou o aparecimento de form.iguei.ros" SA, Cristina;
por e.les tradicionalmente ocupadas, estimular 0 desenvolvimento de estudos e levantamen- “alblirvaqbes sobre a habita<;€1o em trés grupos incligenas brasi.leiros”. 111: CAIUBY. W33» P-
tos sobre os grupos indigenas. A Fundagao tem, ainda, a responsabilidade de defender as 107.
Cornunidades Indigenas, de despertar 0 interesse da sociedade nacional pelos indios e suas
causas, gerir 0 seu patrimonio e fiscalizar as suas terras, impedindo as agoes predatérias de I6. GI~1H.1£RBRAN'l". 1992, p. 126.
garimpeiros, posseiros, madeireiros e quaisquer outras que ocorram dentro de seus limites e
que representem um risco 2.. vida e .2. preservagao desses povos. Disponivel em: http://www. I7. A este respeito, confira as observagoes de Glaccaria e I-Ieide em relagao 2. habita<;fio Xa-
Ftlnai.gov.br/inde><.htm1 VI3'll:fl, Gl.ACCA.RlA, 1972 .
14-. CINTA LARGA, 1988. E importante chamar a atengéio aqui para 0 processo de exterminio 2!. A are .~.»..p..-11-.., ¢....rm. CAIUBY, 1983, p. 6.
através da propagagéio de doengas européias, que tem marcado a colonizagéio das Américas
desde 0 seu primérdio. Neste processo, os povos nativos tornam-se presas fziceis para as
cloenqas até entéio desconhecidas e para as quais néio apresentam nenhuma imunidade.
TR/l-DIC/l() MODERNIDADE: DIFERENTES APROXIMACCES
15. CINTA LARGA, 19ss, p. 9.
1. MARX; IENGIELS, 1998.
16. CINTA LARGA, 198s, p. 9.
2. IAMESON, 1997.
17. GI?-IEERBRANT (1992, p. 120-121) relata-nos situagoes semelhantesz
3. WELSCH. 1987, p.9.
”O_,desenvolvimento afetou 0 fluxo de agua na bacia amazonica, que serve nao apenas como
_u..ma redo insubstituivel de transporte, mas também prové as comunidades indigenas peixes ‘I

para suplementar a protema anunal, llmltada de outro . modo ao que podem a p anhar co m a
caqa na Floresta. A0 longo de grande parte da bacia, o mfunero crescente de usinas gigantes e 8. HAISERMAS, 1981. P. 8.
a poluiqao rapidamente crescente quase dizimararn o grande, mas inofensivo, pirarucu, que
jé foi a base alimentar da regiao porque pesa freqi'1ente1nente duzentos quilos. No inicio do 9. GIDDENS, Anthony. "Reason without Revolu.tion?”, In: BERNSTEIN, 1987, 13.97-98-
século XX, comérclo de p1rarucu seco ou. salgado era tao importante que ele era muitas vezes
c lmmado de bacalhau da agua doce. 7. 1-IABERMAS, 1981, p. 9.
Rlo acima, nos rios de montanha, 0 mercfirio utilizado pelos mineradores de ouro matou os ei-
. 9 . . . . -- .¢1 K ‘k. t‘ . ,n° 45.1/.6. 1981) 919 1- l"l9l1vm19Hl
8' "Numa ujlrlblvlsllll lll: llllivroollolinltwlrliarjl cll)al.1l“o como 2. critica da reificaqfio’, da
xes no longo de centenas de quilometros, nas mesmas regioes em que 0 solo é tao pobre queP as
rn l zas
\ cl a mandioca nao pesam um quarto do que pesam em outros locais. Assim, mais um outro sglglllzllagfiglcw nlllllfiler rbfdrnndlada paraloferecer uma explicaqao toorica para a decadérlcla do
(“tudo de ‘|S,_..~nll....1~m- _qQ¢ial' por um lado, e por outro o potencial critico encarnado nos novos
tormen to so abate sobre a populagao das aldeias: a desnutrig€1o.” (tradugao do autor)
movlmentos sovials — sem descartar o projeto da modernidade e cair num pos ou anl1-moclvr-
1s. BENJAMIN, 1989, p. 123. l1llm0",.conl'a-nos Giddens ln: BERNSTEIN, 1987, p.98.

19. cr. 1..u1<Acs, 1975. 9. PIABERMAS, 1983. P-36-

20. l5E'NJA'MlN, 1973, "p. 102 ou 1983, p. 457. Andrew Benjamin comenta: “O que esta cm IQ. PAZ, "1984-, p.26.
jogo aqui 1-‘: uma d.istin¢;€1o entre dois reinos; uma diferenqa do género. A escada,a experiéncia
do narrador marca um tipo do totalidade N50 é aponas a soma do l-ocla-4 as ox aoriéncias clo
‘ 4 | - ' L n _ I 1. 1 . S.
11. PAZ. 19!-34. 19.28.
m1|'|'ador. Um n1'1moro eles:-ms v><|:>erl0|1cias nao siio mais que o resultado do haver escutaclo
9, com I uso, tendo absorvldo e rcpt.-lrlclo. A tot-alicladv é a l-rndiqfio. () sou pm-1.=mdo nao oxistv 12. PAZ.‘ 1984. p.30.
torno uma sdrlv do vvvntos cllsvrvlon em si. Muito mais ele pornmrlvcv como rltual. A con-
tlnuldacle do ritual é 1.1 re|.1el"lqHo do narrador. A oac"nc'la, no longo da tgtral o rmrrndor so move 13. PAZ, 1984. 11-33-.
\ p odarlauerv1al*o»~como a repel - 1'tho' a a pormnnémla
1 da trndlgllo.
1 ‘ 1 ” B' . NJAMIN.
A I989,' p. 'I27.
"
trnduqlb do autor) _ \ 14. PAZ. 1984. P-47-

imimmmtul

1a. PAZ, 1984, 6.49.


16. HABERMAS, 1988, 6.86. UDELAIRB citncio pori1ABERMA‘5 1985 p 18

17.1-IABERMAS, 1988, 6.86. I thlorio dc l'art a touts entiére pour axe la ’beauté modemé et le critere dc la mocler
lllmblo Otre ceci, qu'elle est marquée au coin de la fatalité d'étre un jour Vantiquité at
1B.SU1\/IMERSON, 1982, 6.91-92. ill rivbla h celui qui est témoin do sa naissance C’est la la quintcssence de l'i1'nprévu
1.11 our Baudelaire comme une qualité inaliénable ciu beau Le visage. do la moctcrni
19. TAFURI, 1979, p. 37-40. ”A partir do 1nomento em que Brunelleschi institucionaliza um m me noun foudrole d'un regard immémorial Tel le regard do la Méduse pour lea
668156 ltngtiistico
'1 ' e um. sist ' bél ico baseados no confronto supra-historico com o gran-
" ema sun BENJAMIN, 1988 p 72
dc exernplo da Antigftidade, no momento em que Alberti jé nao se contenta com um histori-
cilmo m tico e explora racionaimente a estrutura daquele codigo nos seus valores sintacticos tl5ERMAS 1983 p86
bom como nos elnblematicos, nesse lapso de tempo, diziamos, esboga-se a primeira grande
tuntativa, na .l1.istéria moderna, de atualizagéo dos valores histéricos como tradu 50 de um BIRATS 1984 p 50
<2
tempo mltico para um tempo presente, de significados arcaicos para mensagens revoluciona-
1‘lllB, de ‘palavras’ antigas para agoes civis" .BERMAS 1983 86

20. PAZ, 1984, p.47. RGER, 1983 p 91

21. SUMMERSOIN, 1982, p.92. IRATQ1984 p 47 48


22. HABERMAS, 1983.16.86. BERMAS 1983 p86

23. HABERMAS, 1985, p.17. UIAMIN. 1986 115

24. 1*-IABERMAS, 1987, p.116. tR1NL'l'Tl l"l Manifesto do futunsmo” In TELLES 1985 p92 93

25. SUMMERSON, 1982, p.91. BERMAS 1988 687


26. lBENEVOl...O, 1960, p.140-146.
BIRATS I984 p 60

27. Citado por PATTETA, 19841, p.234. BERMAS 1988 p87


28. HABERMAS, 1987, p.117. BERMAS 1985 p20
_29.‘HABERMAS, 1987, p.117. BERMA8 198s p20 21
30. BENJAMIN, 1985, p.32. \l_lAMlN, I986, p 2'12

31. Para um comentario da situaqfio que se colocava para os arquitetos e urbanistas no final BBRMAS 1988 P20 2|
do século XIX ver I-IABERMAS, 1987, p.11.8-120.
IERMAS 1988 87
32. PEVSNER, 1982, p.360.
:13. BENJAMIN, 1988, p.213. RM D/1 ARQLH r1. FUR/i 1. PRESERVAC/10 no PAIRIMONIO 01/i1.oc.os
34. PEVSNER, 1982, p.872. 1!'Illa11te perceber as p0LL1ll£l1‘1Cl&1(.1G8 do papol do Estado frento ’1 ]JI'0Pl‘l0Cl£1LlL pt ivudu,
35. BENJAMIN, 1.985, p.31. ll refere .1 preservaqao do patrimonm, nos paises angle '-.axomcos A1-r-urn, na lngla
Ii I61‘ apenas mm o Anuent Monuments Pl‘Ol.0LfiO1'1 Act do 1882 que o hove: no tie
36. HABERMAS, 1988, P. 87. ti‘tn, pela primeira vez, um papel positivo na protc.-t,ao do '-1it|o~. 111stt’>r1to~1, n1esmoqtw
lira cautelosa e timida ironic 1. pressao tontra a intorferenua na propriedado privada
37. I".lAl3ERMAS, 1985, p.18. O Ito concuntra so em bens sobre os quais poderia havor pouta tontrovérsia, como
I
twoiogicon, e monumentos mcgaiilitos Strike, 1994 p I21) Nos Estados Unidos, por
35.1‘-'0t.;LIT'I‘.J-1.. 1987, 6.9. I mon o Anti uitiaa Act em 1906, que dava ao P1‘O81ClG1'1lC a posslbilidadt cle clenlgnar
1lntou nncicma I a nition do interesse 1'1int<'1rico ou ciontifito, do ptopriodacte federal :1
39. HABERMAS, 1983, p.86. ml Hiltoric Sim Act do 1935, qua dnva no Seu-etario do interior a possibilidado do
rpropriuclaclun 1.1.1.1116... ciu Iigniticnqlo nacional Na pratica, no entanto, as propria
40. HABBRMAS, 1985, p.18. I0 nmpro adquiriclu por ato: upociail do Congrauo
1] '
1
| mpattu, cmltn 9 din 4| I0: tinl Pram-vaton of New England Anflquitiol
mltitpi//mvw HMM
_ 111- flh1
-
__ ‘r

PATRIMON-IO CULT‘iiRA£. - Cnnreiimi, 1Jt1fff'ft‘!l!i, fi‘18f!'ii11it‘ilimi

3. A esse respeito confira http://www.history.org.


rllpoito do reanattment pode sor encontrado em CARNEGIE & MLCABF 2008
4. www.williamsburg.com.
10 Nlltn .1.-at cabe chamar a atencfio para a atuaqao da Society ofArch1toctural Historians
5. www.historicnewengland..org/index.h.tm. IAH tunclacla como American Society of AILl1llGClL1l'£1l l"llSl0I‘1£111S, na Univorsidade do I iar
varcl om 1940 °.eus obietivos pr1nc1pa1s foram , desde o1n1c1o, l organ17ar lT1L1ll.lpl01-1 16. t.ll'1H
6. "As colocffies do Historic American Buildings Su rvoy H.ABS e do Historic American Engineering Pltfl a np1'ene1'1lat,t1o, interprota1,ao o debate da historia da Arqultetura, 2 promover a apie
Record HAER estéo entre as maiores o mais u.sadas na Divisao do Impressos e Fotografias da Bi- single e compreensao do ambionto tonstruido através da historia, 3 Cl'tCOI‘E1]£iI‘ e Cl!’-l8C'lTlll"it'lI'
blioteca do Congresso. As colegées documentam realizacées na area da arquitetura, en.genharia e I POI 1.11911 no campo da historia da arquitetura e 4 promover a preservacao do monumentos
ciesinnosE.td.U'd - ' ' através de uma serie
9 a os n1 os e nos territories ' am la de t1' os ar uitetonicos
' “' e lljnl cntlvon no redor do mundo http //www sah org/ Reune professores Linivorsitarios,
lecnoiogias das engonharias, . incluindo
. . exemplos - CllVQI‘SOS
tao . quanto oP Pueblo de Acomo,
‘1 residen-
. .
Pllquinndores o ostudantos no campo da hr-.tor1a da arte e arquitetura, e, ontro outras all
olas, moinhos d.e vonto, edificios escolares, a Golden Gate Bridge e edifica 6es ro'etad F ank Vldudenl, eclita o prostigioso periodico /ourmzl of ihc SOC‘l€l'_1/ of /lrchiteciurrri H1~.torm11~. ]8Ai l e
Lloyd Wright. Administrado desde 1933 através de convénios do , cooperacao
1; pcom1 o National
as por rPark
Prnmovo um 1-"iominario anual do posquisa
rvice, a Blbiloteca do Congresso e o setor privado através de programas do National Park Service
1'egl.si1‘ou o ambionto construido dos Estados Unidos em levantamentos do muitos format 11 FONSECA 1997 p 88 86
proendendo mais do 350.000 desenhos métricos, fotografias de grande formato e historiasos, com-
escritas
so b rt-.1 mais do 35.000 estruturas e sitios historicos, que datam do periodo Pré-Colombiano ao Século 12 FONSELA 1997 p 98
XX.” http://lcweb2.1oc.gov/ammem/collections/habs_haer/ (traducéo do autor)
13 VASCONCI IOS 1946 p 31 A esse respeito, é interessante acompanhar, por exompio
7. Cabo ao Governo federal, do acordo com aquela pega legislativa: ll 101 tu rat-1 quo so propoem da obra contemporanea do Oscar Niemeyer, na qual so oxaitam a
liblrdnde formal e audaua, aliadas 2. Sl1‘I1pllClCl€1Cl0 de meios, tracos seguidamente apontados
“1 usar modidas, que incluem assisténcia financeira e técnica, para melhorar as condi " b 3uma comuns também 8 nossa arquitetura barroca
as quais nossa sociedade moderna e o nosso patriménio pré-historico e historico podem goesexis-
so
t' | 1' cm
. harrnonia produtiva e responder as domandas sociais, econémicas e de outra natureza, 14 COMl’A(.NON 199r . 44
das geracfies presentes e futuras;
ll MO'1'1"A 1987 p I08
2 exorcor lideranca na preservacéio do patriménio pré-historico e historico dos Estados Uni-
dos e da comunidado internacional das nac6es e na administragéo do ro rama nacional do
6 P 8 ' 16 LOWLNT1-IAL 1986 2(8
preservaciio om parcoria com. os Estados federais, as tribos indigenas, os nativos do Havai o
es govornos locais; 17 MOl'lA 1987 p 108
3 administrar o patriménio pré-historico e historico do propriedado, administragéio ou con- ll LOWINFI 1/tr 198(1 p 1 60 Sobre a questao do reconhecimento visual, confira lYl\lLl I
troie federal num ospirito do gestéio, para a inspiracao e benoficio das geragées presentes o
l."1'.‘1l-'uras;
7 A GU86 respeito, L0l1fil‘€1 WISNIK 2001
4- contribuir para a prosorvacéio do patriménio pré-historico e historico que n50 é de proprie-
dado feder.1 l , o= d ar o 1'11:’1 ximo
'. '
encoraiamento '
para que organ1zac;6es ' ' ’
e 1nd1v1duos se empo-
nhem na presorvaqfito por meios privados;
1LTERNA11v.4s LONITMPOR/i1\it"/t‘~. PARA POLUICAS DE PRFSERV/1C/1()
5 encorajar a preservagfio e a utilizagao publica e privada do todos elementos usaveis do
patrimonio edif-icado da Nagao; e BENJAMIM 1986 p 114
6 dar assisténcia aos Estados o aos governos locais, tribos indigenas e organizacfies dos nati- BENJAMIM 1986 p 119 F intoressanto obsorvarmos a atitudo ambivalonlo do Benjamin
Vos d o H ava 1 e ao National Trust for Historic Preservation nos Estados Unidos para oxpandir H8110 no abanclono da l.1‘€1L11<,£10 so 6 inogavel a presenca em sua obra do um forte tompo-
e acelerar sous prograrnas e atividades de preservacéo historica.” http://www2.cr.nps.gov/ lfifi noiliélgico, muito pioximo 21 4 r1t1ca l‘Ol’fli111llL£1 da modern:/agao, quando, por exemplo
laws/Ni--IPA19(16.htm (tradugéo do autor) tmlnilt n perda do nariatividade ou da beloza das velhas fotografias ou da atua dosapu
fill num mundo desencantndo, L"-l‘~l£'i nostalgia, ancorada em sua pL‘CtIliEl1 teoiia do ex
B. Para aquolo lei, 1.1m "historic conservation district" significa uma area quo possua: art lntla, nllo o leva a roiellai a modornidado tome um todo, ou a so fL‘£l'1€|1 para o mundo
ifltfimptirflneti i’elocontrt‘|r1o uinstatandosorurernediavolanupturaummatradigZ1o,l3en|a
"A edlfleaeoes historicas, 1111 Val compartilhar do alguns aspectos da tr1t|t.1moder|1|st.1a uma L0l'1ll1"1t.ilL1t1LlL‘tilllfltlfll
Ilneipaimente nos toso:-1 daquele:-1 retomadas 1naut(*nt1ta~.1 que so tentaram no ..6...|.. XIX
B edlf1eaq('Ses que tenham caracteristicas arqtiitetonicas simiiaros ou rolaeionadas, llll unticio, confirm MULi 1 R I987 p 9'1 97
C‘ coesilo cultural, ou ' ' l'°RTOGI~lESl I982 p I 1 Nessa mesma dlreqtlo aponta Alida Duarto Pl NNA 1997, que,
1%'tlnde a mettifora lmutieiairenna do corngflo lnfiei , fala do um e8pt‘11,0l11f|el , refer-111
D qualquor combl11a<;i1o don itenn antoriores." *l‘l'l‘l.l%1 lll, Section 301. i)isponivel em: <htt'p:// -. _I.1|_!_-- III! imutainilidade lntrlnueta l tidade tapilaliuta moderna
www2.cr.n pa.gt.sv/la w11/Ni--1 PA 1 9a0.l1t111>. (trad tiqiio do autor)
IOIL 1?. 1987 p 3&3
9. Um. bom sample dine ode nor encentrncie rm l'l]_J1'Il0.1'1il1¢flO cia Bntaiha ciu Cedar Crook,
I It

quo pads m vim nu pigffu web itttpi//www.c|cinrcml<b|1-tiofi|11:i.or3. Um bom nt1.1de.a


"..."“'*...".E1...‘°°..°'.’..'.‘.'1'.......'°""....‘2.1.9.3531’..“.°:.E.'P£r:2'.%'..s*esas-1!= 4 --
FATRIMONIOA CLILTURAL - Carmitaln, political, iiisirrmimimt ,_ Noland

el1egamos ao ponto do termos mais do uma cidade num ...'. século. Isso é particularmente come aunidoa do casos politicos dosonvolvidas om varlos paises .....;1t*.-......6..1.~..... Naquole
vlllvel om cidades como Bolo ll-‘lori7.ont"o, ondo, hojo, quase so o permanoncio do plano - tra- trabalho, a partir do porcopcata do falta do motodologias roconhocrldos e amplamente aceltas
lda lneilperadamonto pela visto privilegiado do alguma osquina - aparoce como t"estomunha para 0 reeonl1eclmento dos valores culturais, e também das clificuldades do so com paror os
da1i]ueIa cidado construlda num planalto poeironto, sobro os oscombros do arralal do Currol iflttltadoa no reconhecimento dos valores culturais e economicos, procurou-so iluminar va-
De Rel. A esse respeito, confira CASTRIOTA, 1998, p. 19-35. l'l0l desses as ectos. Confira as principais publicaqfios dorivados daquele trabalho: GE'l""l'Y
6. 5116118, 1992, p.107.
CON!-itiRVA1'lJ()N INSTITUTE GCI, 1998, 2000 6 2002.
3. Aioiu Rlegl, 1858 -‘.1905, historiador da arto, foi um dos mem.bros da chamada "Escola do
7. Sol-are a propriedado no Roma Antiga, confira CRETELLA ]R.,1.97'l, p.113-125. Mais sobro Viana”, tendo sido designado, em 1902, prosidonto da Comissao do Monum.ontos Historicos
o problems pode sor encontrado om FINLEY, 1976, que apresenta um estudo detalhado do dd Austria, o oncarregado por ola do roalizar a reorganizacao da logisla<;€1o do conservaefio
tema. don monumentos, ta refa para a qual preparou seu principal texto sobre o patriménio, O Culto
Meclerno dos Monumontos.
8. Nosse mesmo sontido, CHOAY, 1992 faz uma intoressanto abordagem do fondmono do ox-
pansflo do conceito do pa trimdnio, idontif1'cando uma tripla oxtensfio do mosmo: tipologica, 4. Maia sobro a rostatiracgao do Paco, confira CAMPELLO, 1984.
cronologlca o geografica.
B. A respeito do estética e dos ostudos culturais, confira os trabalhos essenciais do Raymond
9. A esso respeito, con fi ra a abordagem dialética que Herbert MARCUSE faz no onsaio ”Sobro Williams, Cultura o sociedade: 1780-1950, 1969 o Marxismo e Literatu.ra, 1979. Confira ainda
o Carelter Afirmativo da Cultura" 1.997, p. 89-136. Steven CONNOR, 1992.
1o. Nosse .46..1-1.16, ¢6..16.~1.~ MIAGALPIAES, 1.984, p. 40-44. 6. A esso respeito, confira BURKE, Peter. O quo é historia cultural?, 2005, no qual o au tor
aborcla a ernorgéncia, a partir do década do 1970, dos aspectos culturais do comportamento
11.. A esso respeito, confira BOSI, 1987, p. 33-40. l'1t.tmano comolcontro privilegiado do conhocimonto historico, 0 que ele chama do ”virada
¢ult'ural.".
'12. Sobre o lnstituto do tombamon to, confira os interessantes estu.dos do CASTRO, 1991 o do
PIREZS, 1994. 7. Confira no site: http://imagel.nps.gov/lizardtoch/iserv/getdoc?cat=l\lHLS&itom=Text/
NHLS-729ff82c55d34b5dao428oe9083802e0.cljvu8:D]VUOPTS&thumbnail.s=tru.e
13. Uma tentativa recento nossa dirocéio fo.i 2. oxperiéncia do lnventario do Patriménio Urbano
a Ctlltural do Bolo Hori:/.onl.'e (IPUC-BI-I), amplo sistoma do coleta o sistematiza<;€1o do infor- Q. CAMl’OF1OR.l'I'O, s/d.
maqélo, implantado, a partir do 1993, inicialmente pola Profoitura Municipal e, om seguida,
pela Universidade Federal do Minas Gorais. Associando pesquisa documental o trabalho do 9. Nosse mosmo sontido, CI-IOAY, 1992 faz uma intoressanto abordagem do fonomeno do ex-
campo, o l"PUC-B.l~l olabora diagnosticos das localidades estudadas, a partir do sous aspectos pamllo do conceito do patrimdnio, identificando uma tripla extonséio do mosmo: tipologieo,
arqultotfinioos, h"istoricos, sociolégicos, antropologicos o econfimicos, .nu.ma tentativa do criar fironologico e goografica.
um lrlsirtimento quo, ao mesmo tempo consiga registrar o patriménio urbano e cultural om
lieu sentido mais amplo o possa sorvir do base para um planejamento mais cuidadoso, quo ID. A esso respeito, confira a abordagem dialética que Herbert MARCUSE faz no ensa.io "So-
love om eonsidoroofio as particula.ridados o identidades proprios dos divorsos ”podacos” do lm 0 Carator Afirmativo da Cultura", 1997, p. 89-136.
motropole, Nosse sentido, confira CASTRIOTA, 1998, p.01-1.7 ou o capitulo “Inventories ur-
banos como instrumontos do consorva1;ao”, dosto volume. 11. A esso respeito, comenta Carlos Nelson Forreira dos Santos, roforindo-so ao caso brasi-
litre: “Quando so pensa om prosorvar, alguém logo aparoce falando em patrimonios o torn-
¢4.c|-1-1/tut, 1992, 6.46. lfilmantos. Também so consagrou a cronga do quo cabia ao govorno resguardar o quo valia o
pona. Como? Através do ospocialistas quo teriam o direito o poder-saber do anallsar odiffcios
15. CARTA do O1.1ro Proto, Ouro Preto, 1992 (mimoografado). I ¢ll pronunciar veredictos. Esses técnicos praticariam uma ospécio do acao sacordotal. Alri-
bulam carater di.stintivo a um dotorminado odificio o logo tratavam do sacra|.iz2’1-lo frento aos
16. SANTOS, '1 986, p. 59-63. Nosse sontido, confira também SANTOS, 1990, p. 33-74. fllpactlvos contoxtos profanos”. SANTOS, 1.986
17. 3ol1|'o o conceito do ”patrim<“1nio ambiental urbano", confira CURTIUS, 2003, p. 330. 12. A esso respeito, caberia aeompanhar toda a discuss€1o quo hoje so trava em torno do cho-
made "pJat‘ri1n011io intanglvel", quo vom sendo dosonvolvida pelos organs intornactonols
801710 a NliSC() (www.unesco.com) o, no Brasil, polo IPHAN (www.1phan.gov.br).
C('JNS1lRV/l(,I‘/lo 1: v/tros 1:s.- Pmzsstivosros "l"I?(')RiC().'~‘ '17/1S 1>o1.i'1'c/is 13. l'1l‘ltp://www.unesco.org/cultu re/ioh/indox.pl1p?topic-=mp&cp=MA#TOC 1. Acosso om: lll
110V. 2 UH
1. l.mportont'o posiqfio nosso area tom o filosofo jtirgon llabormas 1929-..., quo dosenvolvo
sua 'l"eoria do Aeoo Comunicotiva dontro do qual dofendo a 1.161.. do uma “otica t"liscursivo”
1‘. Conflra mais dotalhos sobro o rogistro do lioira do Caruaru no site: htt P ://1ortal.i-1l1an
l l -
lbaleada no dltllogo, por sujoitos eopo7.os do so posleionor criticomonto diante do normas. Do g‘V.b1'/portal/monto rl)oto lho(“on tou do.do?id-‘l 3492&sl glo-lnstitucionol&rol'or|1o-detoIheln 9
acordo com sua porspoot'lva, quo so opoe ao rolativismo rolnonto, vai sor polo uso do argu- fttolonal. Acosso om: 11) nov. 211118
montoa raelonols quo um grupo podo ohegor ao consonso, .1 solidorledodo o it eooporot;1’1o. A
ralpalto da rola1;iloonl-ro o atividado olontlfica o os valores, eoniiro |.AC1iY, 2008. 1!. ICOMOS. zoos, 6. .1.
2. O projeto A(.iO'l-IA iol uma pauqulna multldisolpllnar quo, eomblnada vom um projeto pa- MI iZANCl~lE'l'Tl
~ .1 211081:
I I 7.: "l'or um
"' lado,
. palrlmonlo
- matorial
‘ torna
ll "no uma tale
l l orla social
ralelo molar: a oconomia ela cannervaqlo do patrimonto, iniciou-no em ‘1995 e fol levada a cabo .81 8 valia quando 6 extlrpada do nun valeru culturais lmaterialn, portanto, irrelovaxtte para o
I111 2003, procurando invutlgar l quutle deu vale:-an no campo cla cenmvaqlo, tomando ~ A I-fl'tI1'1lO do deliavolvlmmto oriantacie. For outro lado, o desenvolvimonto
CUZTIJML - Cmmlm, political. inntrummtua
~ Nata:

ltlltintdvel, emuma forte orientaqao cultural, seja ela material ou imaterial, torna-se um progra-
ml Ioclnl 0 politica de pouco slgnificaclo e relevfincia para a grande maioria das pessoas enga]a- '15. CASEY, I993, p. 11. '
dll nu etrnnufonmqlo economlca e social."
16. Aqul ae pode perceber a clara lnfluéncia cle Merleau-Ponly e o tratamen to que este reserve
17. HUYSSEN, 2000. IO tema do "corpo" em suas diversas obras. Confira, principalmente, MEI~lLEA.U-PONTY,
1999.
15. Nclte sentido cabe destacar as chamadas "novas politicas urbanas", com a introducao de
pamrlau, a adoqao cla forma contra tual e as negociaqoes urbanas que ocorrem hoje no éimbito 17. Em HAYDEN, 1995, p. 3.
dnl politica; _pL'lblicat-1, sobretudo nas areas de reabilitac€1o, de preservagao de patrimonio, de
mlio-Ilmbiente, das politicas sociais e capacitacao de mao-de-obra, mas também na policia e 18. SANTOS, 1986.
M jultiqa clentre outras. Cf. ROLNIK, Raquel. Planejamento urbano nos anos 90: novas pers-
puctivas para velhos temas. In: RIBEIRO; SANTOS ]R., 1994, p.351-360. 19. HAYDEN, 1995, p. 5.

19. PEREIRA; MACHADO, 2008. A esse respeito, confira também PEREIRA, 2002. 20. CASEY, 1987, p. "186-187.
20. PEREIRA; MACHADO, 2008.
21. Idem, ibidem.

21. CF. GETTY CONSERVATION INSTITUTE C-Cl, 2000.


Z2. Parece-nos importante o conceito contemporaneo de patrimonio ambiental urbano, ma-
trlz a partir cla qual podemos pensar hoje a preservacfio do patrimonio, sem cair n.as limi-
Ii. http://www.11ps.gov/aboutus/mission.htm. tnqoes da visao tradicional. A esse respeito, confira 0 capitulo “Alternatives contemporiineas
para politicas de preserva<;€1o”, neste volume.

23. Para a autora, por exemplo, a ”memoria do lugar” poderia incluir memoria pessoa]. da
VI'C'ISSlTLl'DES DE UM CONCEITO: O LLIGAR E AS POLIITIC/lS DE PATRIMCNIO chegada e alguém 2. cidade e ligacoes emocionais ai, memoria cognitiva de seus nomes dc
mas e layout das ruas, e memoria corporal das jornadas rotineiras de casa ao trabalho. HAY-
1. A esse respeito, confira: United Nations Centre for Human Settlements HABITAT, 2001. DEN, 1995, p. 47

1. Unitecl Nations Centre for Human Settlements HABITAT, p. 38. 24. HAYDEN, 1995, p. 54.
3| 25. HAYDEN, 1995, p. 55.
4. A one respeito, confira HARVEY, 1. 993. 26. City Lore é uma organizagéio cultural dedicada a promover o patrimonio cultural vivo do
Nova lorque e outras cidades através cie publicagoes, media, e programas escolares e comu-
5. Clifford Geertz, Posfacio a Senses of Place; FELD & BASSO, 1996. nittlrlos. Confira: www.citylore.org y

6. Uma boa resenlw cla bibliografia recente sobre o assunto pode ser consultada em http:// 27. A Municipal Art Society é uma organizagéo privada, sem fins lucrativos e de participacao
WWw.augLmtal1a.ab.ca/~janzb/place/readfirsthtm. voluntéri.a, que se engaja em ”enriquecer a cultura, comunidades e 0 design fisico da cidade cle
Nova Iorque. Confira: www.mas.org
7. RAPOPOI-IT, 1994, P. 04.
Z5. http://www.placematters.net/pm_historic_register.html.
0. WEi35TER'S encyclopedic unabridged dictionary of the English language, 1989.
I9. Sobre a gentrificacao, que é definida pelo Longman Dictionary of Contemporary English,
9. Cltado por CASEY, il.997b. como “o processo pelo qual uma rua em que pessoas pobres viviam, muda quando pessoas
C0111 mais dinheiro passam a viver la”, confira o ensaio classico de Neil Smith, “New City,
NOW Frontier: the Lower East Side as Wild, Wild West", em SORKIN, 1992, p. 61-93.

11. A teorizaqao mais antiga a respeito do lugar seria a do Arquitas de Toronto, um pitagc'>rlco 30. HAYDEN, ‘I995, p. 62.
qtli vlvou no seculo IV a.C.. Como varios tratados da Antigiiidade, so sobreviveram fragmen-
hil dl nus eucrltos, nos quais a idéia principal parece ser a conclusfio ltigica de que o lugar 31. l'\l'l'p://www.placematters.net/pm_m_ission.html.
min anterior a todas as coisas, do que so segue que “ser é ser no lugar". Nada uxistiria so
nlo IXlll‘|!lIIe, entilo, num lugar, do que também so deduv. que o "lugar" em si 6 nada: so vlv
hill lllgo, teria que estar nu m lugar, e assim ad infinitu m. A esse respeito, veja CASEY, '1 903.
NAS .E.'NCRLI7.ll.I-IADAS no 1>1:si:1\/vt*>z..v1Mm\1'r0.- A TR/l]E'I"(')Rl/i DA PRi:s1*:1<v/to/it:
1:. Ii 997i’). D0 PA'I‘RlMONl() ISM num) !’RlI'I‘()
1:. Confirm KOYRE, rm. 1. EMITH, 196:9, p. 28.

Afilgl;
relpeito, confira principalmente CASEY, 1982; LTASEY, "19!-$7; CA!-IEY, 1993 e CA- I. Cf. MARX, 1980, p. 24.. E Interennantegpercubarmou como ossas leis também |.s llnham nldo
‘ 0 - , A pneldidau por vdrlan outrun tontativa: I ordunamento urbano.

l ' A - l.M|1| lob:-0 om tema, uontirll IMITI-1, 1988.


,,..
4-.

PATRIMONIO CULWRAL - Ccmuirnl. political. imtrummtaa . 1 Nam

4. D'AssUM.I*c;Ao, was, p. 132. INTERVENCOES SOBRE () PA'l"RIMONiO IJRIMNO: M()DI3LOS E PERSI-'EC'1'iVAS


B. A ulle respeito, confira Rl£.|S FILHO, 2000, p. 137. 1. SANTOS, 1986.
6. Ci. MARX, 1980, p. 54. 2. TIESDELL.; OC; I-liEA'I“I-i, 1996. 0
7. IULIAO, 1989, p. 8. (traduqfio do autor) 3. A esse respeito, confira STRIKE, 1994, p. 1.2. Na lnglaterra, por oxomplo, vamos tor o
Ancient Monuments Protection Act, om 1882, p.rim.eira vez em que o governo dosempenha
E. ANDRADE, 1975, p. 154. (traduqao do autor) um papel positivo na protecao do sitios historicos, m.esmo que de maneira cautelosa o timi-
ciu frente it pressao contra a interferéncia na propriedado privada. Assim, o ato concentra-
0. A use respeito, ct. ALBANO at al, 1.994, p. 88-89. le em bens sobro os quais poderia haver pouca controvérsia, como sitios arqucologicos, o
monumentos rnegaliticos STRIKE, 1994, p. 120. Nos Estados Unidos, por sua vez, temos o
10. Cf. FONSECA, 1997, p. 85-86.
Antiquities Act om 1906, quo dava ao presidente a possibili.dade de designar monumentos
'11. OMENY,1994-, p. 77. nacionais a sitios do interesse historico ou cientifico, de propriedado federal. Em 1935, o
National Historic Sites Act, dava ao Secretario do Interior a possibilidado de adquirir proprio-
12. AMARAL, 1995, p. 14. (tradugao do autor). dados historicas do significagéio nacional. Na pratica, no entanto, as propriedades sao sem p re
adquiridas por atos ospeciais do Congresso.
13. A esse respeito, cf. FONSECA, 1997, p. 98.
4. Sobre o instituto do tombamento, confira os interessantes estudos de CASTRO, 1991 o do
14. VASCONCELLOS, .1.946, p. 31. A esse respeito, é interessante acompanhar, por exemplo, PIRES, 1994.
il ielturas que se propoem da obra contemporéinea de Oscar Niemeyer, na qual se exaltam a
liborclada Formal e audacia, aiiadas a simplicidade de meios, tracos seguidamente apontados 5. SANTOS, ‘I986. O autor continua, de forma irreverente: "Como ninguém é seguro 0 su-
como comuns tambem 2.. nossa arquitetura barroca. Iiciente para inventar rituais a partir do nada, trataram de seguir o caminho mais Facil: im-
puseram as suas méios 0 que, por outras razoes, ja estava consagrado. N510 foi muito dificil
15. COMPAGNON, 1996, p. 44. cieclarar dignos de preservacao conventos, mosteiros, igrejas, palacios, fortalezas, sedes do
fazenda... De raro em. raro uma pequena construcao antiga justificada como ”curiosa”: ca peli-
16. MO'T'T‘A, 1987, p. 108. nhas, casas ru rais, hesitantes excegoes confirmadoras da regra comoda. Os simbolos do podor
nflo eram, por natureza, distintos? N50 foram propostos como contrapontos desde 0 comeco?
17.LOWEN1“l*-lAl., 1986, 13.263. Nflo expiicitavam quem mandava? Para nao comprometer a nobreza de boas in.tenc6es com
entes aspoctos menos excelsos, decidiu-se esfria-los com a antigiiidade. Quanto mais perto
1!. MC3'I'TA, 1987, p. 1.03. dos séculos XVII ou XVI melhor, porque assim as relacoes entre a forma. e aqueles outros
codlggos ficavam mais amenizadas. N50 é por outra razao que, ainda ha bem. pouco tempo,
19. i..OWfil:iNTl'"l.AL, 1986, p. 160. Sobre a questéio do reconhecimento visual, cf. LYNCH, 1972. era L ificii provar o valor de edificacoes do século XIX. No nosso proprio século, ontao, so o
que it‘: nascesse sob o signo da eternidade, isto é, como expresséio definitiva e irrecorrivoi do
I0. TRIBUNA do Ouro Preto, Ouro Preto, 1945, p. 4. trmmcondéncia do poder.”.

21. TRIBUN A do Ou ro Preto, Ouro Preto, 1945, p. 4. 6. CI‘ IOAY, 2001 .

Z2. ANDRADE, 1975, p. 153. (tradu<;€1o do auto.r) 7. A esso respeito, confira a abordagem dialética que Herbert Marcuse faz no ensaio "Sobre o
carater Aiirmativo da Cultura”. MARCUSE, 1997, p. 89 -136.
13. CASEY, 1987, p. 186-1.87. A esse respeito, 0 mesmo autor obsorva ainda: ”We might ovon
ny 1:11:11‘ memory is naturally place-oriented or at least place-supported." B. Nesto sontido, conforir MAGALHAES, 1984, p. 40-44

24. Coniira ALBANO ot al, 1994, _p. 104. 9. A este respeito, confira BOSI, 1987. A UNESCO também tem se debrucado sobro a quoslfio,
propondo a proteqfio ao chamado patrimonio intangivel, com a adocao do dois programas os-
I8. A esse respeito, cf. ALBANO et al, 1994, p. '1 ()4. pee ficos, os '1"osouros do Patrimonio Oral e imaterial da Humanidade e os Tosouros H u ma nos
ivos do Humanidado. No Brasil, também rocontomonto rotomou-so osta discussao com a pro-
16. EERNDT, 1995, p. 221. Esto tipo do conflito, so comoca a sor oquacionado nos ultimos mtiigaciio do Decreto N. 3.551, do 4 do agosto de 2000, que insti.tuiu o rogistro do bons imatoriais
mon, com a criacao, om 1993, do ”Grupo do Assossoramonto 'l‘écnico” GAT, quo foi formado I 0 Programa Nacional do Patrimonio lmatorial.
1-'11.11'1'\ll tentativa do realizar a articulaqao das divorsas osforas govornamontais envolvidos no
pi-como do preservaqiio do patrimonio. 10. lNS'1”i'I'U'TO DO l’A'l‘RlM‘ONlO I AIISTORICO E ARTISTICO, 1995.

27. Ct. FISCHER, 1994, p. 1107. 11. A esse respeito, 6 intoressanto conforlr BLEYON, 1979, cujo estudo mostra a inaclequaqiio
I don modos do protocflo tradicionais quando confrontados com a quostao da saivaguarda do
ll. lclern, p. 125. Pltrimtinlo urbano. O autor l11()lllTt‘t ainda como vao so roforqando o podor do int'orvo|1qt1o
dou governors locais o a introduclio do politicas do prol~ot;tio planolada com a cr|ar;i1o do se-
29. Idem, p. 132. itflrll protogidos, o delenvoivimento do acompanhamonto arquitetonico e a constituiqiio do
plrimotrou do ontorno, bum como 5 inltlurnq 0 das chamadas “ZOFIEII do carater pltoresco"
m France. Cains mom quo 0| mom protogidos aha prececllclon naquele pain elas ontornan
i. dei monumental tombado! dl l 0 matron quo GOiOt2I!'11_iDI11'l‘QI i.nto1?ros nab s pro-
MTRIMONIO CULTURAL - Casrnitaa. paiiiirsn, irintrummtm I I Nata:

4. D'AssuMP<,:Ao, 1959, p. 132. IN'i‘tIRVENCOES SOI1Ri+I(1 PATRIMONIO URHANO: Momf:i.os 1: Pr:RsP1:c'1':v/is


B. A amt respeito, conflra REIS Ii|l..iriO, 21100, p. 137. 1. sawros, toss.
e. cs. MARX, 1980, p. 54. 2. TIESDEi..l..; oc; I~lI2‘.A'1‘l-~l, 1996.
7. IULIAO, 1989, p. 8. (traduqiio do autor) 3. A esse respeito, confira STRIKE, 1994, p. 12. Na Ingiaterra, por exemplo, vamos tor o
Ancient Monuments Protection Act, em 1882, primeira vez em que o governo desem penha
H. ANDRADE, 1975, p. 154. (tracluqao do autor)
um papol positive na protecao do sitios historicos, mesmo que de maneira cauteiosa e timi-
9. A else respeito, cf. AI...BANO et al, 1994, p. 88-89. cia frente a pressao contra a interferéncia na propriedado privada. Assim, o ato concentra-
Ie em bens sobre os quais poderia haver pouca controvérsia, como sitios arqueoiogicos, o
10. Cf. FONSECA, 1997, p. 85-86. monumentos megaiiticos STRIKE, 1994, p. 120. Nos Estados Unidos, por sua. vez, temos o
Antiquities Act em 1906, que dava ao presidente a possibilidado de designar monumentos
11. BOMENY, 1994, p.77. nacionais a sitios do interesse historico ou cientifico, de propriedado federal. Em 1935, o
National Historic Sites Act, dava ao Secretario do Interior a possibili.dade de adquirir proprio-
12. AMARAL, '1 995, p. 14. (t.ra.duc£io do autor). dades historicas do significacao nacional. Na pratica, n.o entanto, as propriedades sao sempre
lldquiridas por atos ospeciais do Congresso.
13. A esse respeito, cf. FONSECA, 1997, p. 98.
4. Sobre o institu to do tombamento, confira os interessantes estudos de CASTRO, 1991 e do
14. VASCO.NCEI.l.OS, .1946, p. 31. A esse respeito, é interessante acompanhar, por exemplo, FIRES, 1994-.
ll ioituras que se propoem da obra contempor€mea de Oscar Niemeyer, na qual se exaitam a
iilflerdacie formal e audacia, aliadas a simplicidade de meios, traces seguidamente apontados .5. SANTOS, 'i.986. O autor continua, de forma. irreverente: "Como ninguém é seguro o su-
some comuns tambem 2. nossa arquitetura barroca. ficiente para inventar rituais a partir do nada, trataram de seguir o caminho mais facii: im-
puserarn as suas maos o que, por ou.tras razoes, ja estava consagrado. N50 foi muito dificil
.15. COMPAGNON, 19%, P. 44. deciarar dignos do preservacao conventos, mosteiros, igrejas, palacios, fortalezas, sedes do
faaenda... De raro em. raro uma. pequena construciio antiga justificada como ”curiosa”: ca poli-
16. ‘MO'iI‘ii‘A, 1987, p. ms. nhas, casas rurais, hesitantes excegoes confirmadoras da regra comoda. Os simbolos do poder
nlio eram, por natureza, distintos? N50 foram. propostos como contrapontos desde o comeco?
17. LOWi+1N1‘l~-lAl., last», p. 263. Niio expiicitavam quem. mandava? Para nao comprometer a nobreza de boas intencoes com
estos aspectos menos excelses, decidiu-se esfrié-los com a antigiiidade. Quanto mais perto
15. MOTTA, 1987, p. 103. dos séculos XVII ou XVI melher, porque assim as relagoes entre a forma e aqueios outros
codigos ficavam mais amenizadas. N50 é por outra razao que, ainda ha bem pouco tom po,
19. LOV\QEN'Fi'"IAi., 1986, p. 160. Sobre a questao do reconhecimento visual, cf. LYNCH, 1972. era dificii provar 0 valor de edificagoes do século XIX. No nosso proprio século, ontao, so o
quo Io nascosse sob o signo da eternidade, isto é, como expressiio definitiva e irrecorrivoi da
Z0. TRIEUNA do Ouro Preto, Ouro Preto, 1945, p. 4. iranscendéncia do poder.".

21. TRIBUNA do Ouro Proto, Ouro Preto, 1.945, p. 4. 6. CHOAY, 2001 .

2.1. ANDRADE, 1975, p. 158. (traduofio do autor) 7. A esso respeito, confira a abordagem dialética que Herbert Marcuse faz no ensaio "Sobre o
Caroter Afirmativo da Cultura”. MARCUSE, 1997, p. 89 -136.
13. CASEY, 1987, p. 186-187. A esse respeito, o mesmo au tor obsorva ainda: “We might oven
any ‘iZi1Hi"1‘I‘IfliTiOi‘y is naturally place-oriented or at least place-supported." 6. Nesto sentido, conferir MAGALHAES, 1984, p. 40-4.4
24. Contira ALBANO ot al, "I994, _p. "104. 9. A este respeito, confira BOSI, 1987. A. UNESCO também tem so debrucado sobre a quostfio,
propendo a protoqao ao chamado patrimonio intangivel, com a adocao do dois programas os-
25. Acne respeito, cf. ALBANO oi al, 1994, p. *1o4. piec ficos, os Tosouros do Patrimonio Oral e imaterial da Humanidade e os Tosouros iiu ma nos
ivos do I "iumanidado. No Brasil, também recentemente retomou-so esta discussao com a pro-
Z9. BERNDT, 1995, p. 221. Esto tipo do conflito, so comeca a sor oquacionado nos oltimos lntligtiqiiti do Decreto N. 8.551, do 4 do agosto do 2000, qu.e instituiu o rogistro do bons imateriais
I11-OI, com a criaqiio, em ‘I993, do ”Grupo do Assossoramonlo 'ii.'~cnico" (1/\'i", que foi iormado e o Programa Nacional do Patrimonio imaterial.
numa tentativa de reaiizar a art-icuiaqfio das divorsas osioras governamontais onvolvidos no
pfaclllo do preserva<;ao do patrimonio. 10. 1Ns"rrru'ro no I’/\'l‘RlM('1Nl() I-r||S"F(')R|C(1 Ii /\R"l‘iSTICO, -1995.
A I7.Ct.FIBC1-IER, 1994, p. I07. I1. A esse respeito, oitilorossanto conferir Hl....I.iY(‘)N, 1979, cujo estudo mostra a inacleqL|a<;Eio
dos modos do prolootio tradicionais quando confrontados com a quostao do saivaguarda do
II. Idem, p. 125. patrimonio urbano. O autor mostra ainda como viio so roforqancio o podor do Intorvonqao
dou governos locais e a introduqao do poiiticas do proloigoo pianoiada com a criaqao do se-
Ii. Idem, p. ‘I32. . tores protogidos, o desenvolvimonto do acompanhamonto arqullelonlco e a ooostltuiqao do
perimetran do entorno, bum some I it1lII1.11‘l¢ o das L‘i1t?ilT\t'iCil\I “Z0111!!! do carater pitoresco"
I 1 I
an Francs. Cube anota: que ol lltem pretlgidos ulio precedidon naqueie pais ele: entorno!
don monumlntol tombado: dll 0 matron qua colocara bairro: ifli2I1)I'0I lob a pro-
£2
.. ..

PATRIMONIO CLILTLIRAI. Fmirritnn, pcilltlrnn, inntrumrntun . I Nam

teqflo do chamado ”arqulteto do od"liica<;oes da liranqa ”batlmen ts do Franco" A esso respeito, 4. VlLI..A(,TA, 1999. ' '
confirm FRIER, 1979.
5. A esse respeito, con Ii ra VA RGAS, 2003.
12. A respeito da traiotoria das politlcas do preservacao nos Estados Unidos, contira os capi-
tuios ”l~Iistorla da arquitetura e proservacao do patrimonio: dialogos” e "Conservaqao into- 6. VARGAS, 2008.
grada e revltalizacao: o Projeto Lagoinha” neste volume.
7. VARGAS, 2003.
13. '1"lES'D ELL; oc; 1---mart-1, 1996, p. 4.
8. CASTRIOTA, 2003-b. l\/Iais sobre o patrimonio ambiental urbano, confira o capitulo “Alter-
14-. SAl\lT'ANl\IA, .4/a. nativas contemporaneas para politicas do preservatgao”, deste livro.

15. BERNDT, 1995, p. 221. 9. Num processo de abstracao, esse ti.po de planejamento termina reduzindo o ospaeo ao sou
valor do troca, que, como sabomos desde as analises da economia, prima pela fungibilldade
16. INSTITUTO DO PATRIMONIO HISTORICO E ARTISTICO, 1995, p. 232. universal.

17. IDEM, p. 127. 10. ROLNIK, 1997.

1B. O au tor lembra-nos que "a preservagao da forma tem implicagoes para as funcoes urba- 1.1. O ESTATUTO da Cidade, no seu artigo 35, estabelece que esse instrumonto pode ser uti-
nas, e a conserva<;5o entfiio se torna um instrum.ento de gestao urbana.” Assim, “usos do solo iizado em areas que 0 Pod.er Poblico con.sidere necessarias para a impla'n.tac;5o do equipm-
corrento e futuro, circuiacao, e nao menos importante, composicéio d.emografica e social em mentos urbanos e comunitarios; a preservacéio, quando 0 imovel for considerado do in torosso
tais oreas tornam-se envolvidas em questoes de conserva<;éio". BURTENSHAW, p. 154. Como historico, ambiental, paisagistico, social ou cultural; ou para servir a programas do regularl-
co|1se<.']ii£.-’~ncia de tal mudanca, a preservacao de edificios e espacos individuais passa a ser zaqiio Iundiaria, urban.iza<;ao de areas ocupadas por populacao de baixa renda e habitaqfio
vista como um.a condicao nocessaria, mas nao suficiente para a conservacao. do interesse social.

19. A respeito desse debate, confira LA REGINA, 1982. p. 39-55. Sobre a metodologia detalhado 12. A respeito da idéia de gentrificacéio, confira SMITH, 1996.
usada em Bologna, confira CERVELLATTI; SCANNAVINI, 1976.
20. Para uma discussao desse tema, confira SIMOES, 1994; SAVITCH, 1991. Sobre a perspec-
tiva da reabilitacgfio intograda, confira. BORIA, 1995. _ INVENT/IRIOS LIRBANOS como INSTRLIMENTOS DE CONSERVAQAO
21. SANCHEZ, 1999,13. 119. . COSTA, 1996, p. 457.
22. A esse respeito, confira PEREIRA, 2008. Neste sentido, cabe destacar as chamadas "novas 2. ANDRADE, 1987, p. 29.
politicas urbanas”, com a introducgéio de parcorias, a adocao da forma contratual as negocia-
goes urbanas que ocorrem hoje no ambito d.as politicas publicas, sobretudo nas areas do roa- 3. MOTFA, 1987, p. 108.
lvilltaqfm, de preservacao de patrimonio, de meio-ambiente, das politicas sociais e capacitaqiio
do mile-do-obra, mas também na policia e na justiga dentro outras. 4.. INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMONIO HISTORICO E ARTISTICO DE MINAS or.-
RAIS, 1.985, p.5.
23. ACSELRAD, 1999, p. 79.
5. s/10 PAULO, 1987, ip.5.
24. Como constata Erminia Maricato, na América Latina nao encontramos ainda nonhuma
experiencia significativa de reabilistacao urbana em grande escala, Alguns projetos pontuais, 0. 5/10 PAULO, 1987, p.9.
como os implementados em Salvador, Sao Luis, Recife; porto Alegre, Sao Paulo o Rio do
janelro servem como indicadores de uma “volta ao centro", quo nao conseguom uma escala 7. Neste sentido, realizou-se também nos anos de 95 e 96 uma experioncia-piloto: a partir
mais ampla exatamento pela falta cie uma politica urbana nacional, com linhas do financia- do IPUC - Lagoinha foi construido um projeto de reabilitacao intograda para aqueia rogliio,
monto proprias e o enfrentamento daqucla questao que parece central para a autora - a do cuias promissas o rosultados reiatamos em trabalho anterior. CAS'l"RlOTA; i.’ER|.iiRA, I997,
moradia social nas oreas a serem reabilitadas. MARICATO, 2001 P0 20-240

8. Cltacio em MEIR/\, 2002, p. 157.

DEMOCR/ICI/’l II P/lR'l"'lClP/IQ/IO: Pi./lN()S l")lRE'l'()RiIS II P()I.l'l'iC/IS I)() P/l'l'RlMONI() 9. Elena (lraoff anota quo ontro os bons selecionados haveria uma ”nitida prodominlincia
daqueies que apresentam valor historico -- vinculado a algum Iato ou personalidado do nossa
1. A esse respeito, confira CASTRIOTA, 2003. itlltoria -, ou dos quo ropresentam carocloristicas arquitetonicas rolacionad as in arqultotu ra do
origem porl'uguosa, ou dlta aqorlam1". (}l~iAl.iI1I1, 2001, p. 40.
2. A esse respeito, con lira CA5-l'l"RiO"'I‘A, 1999 o Cl IO/\Y, 2002. ' I-

_.—_1.\ c.
10. MEIRA, 2002, p. I57.
3. No capitulo “Nas encn.|r.lil1acias do desenvolvimonto", acompanhamos a trajotorin clan
political cle preservaqllo em Ouro Preto MG, que examplliicnm bom essa dlssoclaqflo entre 11. Apenar disso, e do aspecto participativo lntrocluzldo pelo 1" PDDU, ele ainda pode ser
politica: especlfican do patrimoalo a an politica! poblicas em geral. I clracterizacio, como mostra I-'1! ton Eltivliut Belle, como “um deudobramento da lnfluéncla
da Carta ciu Menu an canltruqla til cidade". HELLO, 2002, p. 117. .
m

PATRIMONIIJ (."'lll.1‘liR/ll. ~ t'om'wlms, pulltlrus, lnslrmmwdas " Nah-In

I2. (IRAI:ll-iii, 2001, p. 41. 28. ”/\pontaclo como docorroncia, em grando parte, dos progresses alcanqados pela propria
lncitlslrlallzrugao da roglao, o osvaziamento traz conarios tlplcamento pos-lndustrlals . paisa-
I3. Assim, por oxomplo, logo no inicio do um dossos textos, o arquiteto osclareco quo ao so gom urbana, mosmo do cidades iatlno-amoricanas como Porto Alogro.” CAS"I"EI.l..O, 2003,
substantivar a oxprossao "ambiontal urbano”, quis-so na verdado responder 2. ”imposit,;ao da p. 247
nocossidado do so precisar o que dontro das cidades é mais do quo o Patrimonio Historico, o
nao abrango todo o significacio do Patrimonio Cultural”. CURTIS, 2003, p. 329 29. Segundo o Art. 92 do 2" PDDUA, as "Areas do interosse Cultural" sao aquolas areas "que
aprosentam ocorroncia do Patrimonio Cultural que dove ser proservado a fim do ovitar a
14. CUR'l’|'S, 2003, p, 330. perda ou o dosaparecimento das caracteristicas que lhes con forom pocuiiaridado”, sondo quo
a proservacao do “Areas, Lugaros e Unidades" devora so fazer "pela definiqao do regime
'l 5. CURTIS, 2003, p. 334-334. urbanlstico ospeclfico, por tombamen.to e inventario".

'6. GRAEFF, 2001, p. 42. 30. Confira a Lei Complemontar N" 601, do 23 do outubro do 2008, quo ”di.spoe sobre o ln-
ventario do Patrimonio Cultural do Bens Imoveis do Municipio” do Porto Alogre, no Anoxo
-7. A.on1 disso, o inventario ainda permitiria "promover 0 acervo, visando ampliar a cons- 2 dosto livro.
eienl"iv.ac;ao da comunidado no sentido do sua preservacao; auxiliar na eiaboracao do roteiros
turistico-culturais; subsidiar programas do educatgao patrimonia.l e trabalhos do pesquisado-
ros; e por lim, aporfoicoar a atuagao do Poder Publico Municipal visando maior abrangéncia,
eficacila o agilidado o controle na tarefa do zelar polos bens culturais imoveis do Porto Alegro”. Rl.iGlS'l"'R(.) C LIL'i'lJ.R/ll. E OS DES/-IFIOS DO PATRIMONIO IMATERI/IL
E.PAl*iC, s/d
1. A propria Convongao para a Salvaguarda do Patrimonio Cultural Intangivol, a provada om
‘I 8. Ii. PA I IC, s/d. 2003, enuncia: ”Reconhecendo que os processos do mundializacao e do transformaoao social
por um lado criam. as condigoes propicias para um dialogo renovado entre as comunidades
19. Segundo o PDDUA, integram o patrimonio cultural do Porto Alogro o “conjunto do bons porém, por outro, também trazem consigo, ..., graves riscos do deterioraoao, dosapariqiio o
imoveis do valor significativo - odificacoes isoladas ou nao -, ambiéncias, parquos urbanos o dostruicao do patrimonio cultural imaterial, devido em particular a falta do rocursos para sal-
naturals, praqas, sitios e paisagens, assim como manifostagoes culturais - tradigoes, praticas vaguarda-lo.” Uma interessante discussao dosso topico é empreendida pelo socioiogo N ostor
e referoncias, donominados do bons intangivois -, que conferom identidade a estos espacos”. Canclini, no livro Consu.midores e cidadéios: Conflitos multiculturais da globaiizaqao 1999,
em quo mostra como a globalizacao, baseada nos modelos economicos e politicos neoliberals,
20. O Art. 14 define o Patrimonio Cultural, também do forma ampla, com.o “o conjunto do bons iortaloco os meios do comunicacao do massa como principal fonte do consumo da maioria
imoveis do valor signil‘icat.ivo - edificagoos isoladas ou nao -, ambioncias, parques urbanos o da populacao, principal.monte d.as classes populares, enfraquecendo as culturas locais, as-
naturais, pracas, sitios e paisagens, assim como manifestacoos culturais - tradicoos, praticas sim como os instrumontos do participacao politica tradicionais, como partidos, sindicatos
e roforoncias, donominados do bons intangiveis -, que conferem identidade a estos ospagos”. e movimentos sociai.s. Ao mesmo tempo, Canclini discute como a idontidad.o cultural dos
povos, cada vez mais fragmentada pela auséncia do um espaco publico atu.ante, om quo so
2]. No final dos anos 1990, a Secretaria do Industria o Comércio, através do Projeto Porto ponse a nacao como totalidade, pode ser alvo do politicas publicas. A sou. ver, apenas o lista-
Alogro Tecnopolo, havia identificado aquola rogiao como “do potencial tocnologico para a do, revitalizado, ”como ropresentante do interesse publico, como arbitro ou assogurador das
llnplantaqao do um programa do modornizacao economica”. Além disso, a Secretaria do Pla- nocessidades coletivas do informacao, recroacéio e inovacao, garantindo que estas nao soiam
nolamonto Municipal havia classificado aquela area como “Con-odor do Urbanidado”, iden- sempre subordinadas 2. rontabilidade comercial" poderia so contrapor a isso, permitindo quo
l"ll’lcando nela potencial do rovitali:/.a<_;ao e requalificacao ambiontal. BELLO; GR/\Elil"i, 2001 paises fora do oixo tocnologico-economico, como os da América Latina, possarn sobroviver ao
processo do globalizacao som perder sua cultura e identidade. Numa outra perspoctiva a rgu-
22. SIHIGAWA, 1998. montam autores como John Tomlinson, que sustenta que ao invés do destruir as idonl"idat'los
culturais, esse processo estaria criando-as e reforcando-as. TOMLINSON, 2006
23. U texto do aprosentacao do lnventario enuncia: ”Conjuntos do unidados também consti-
tuom sltuaqao a ser considerado nosto ambito. Tais conjuntos, como odificacoos soriadas nil 2. Disponivol em http://unosdoounosco.org/images/0013/001325/132540por.pdF.
gorninadas, sao importantos para a qualificacao paisagistica quando, por suas (llI11L?l1SOL‘H ou
especlflcldades, atuam na ostruturatgao do um dado conario”. 3.Confirahttp://www.brasilia.unesco.org/areas/cultura/aroastematicas/patrimonioimatorlal/
palrmimatoriai
24. (lilnthor Woimor comonta osto conjunto: “Na fase do grando ouforia do antes do guorra
l'oi construida a fabrica do cervoja dos irmaos Bopp, hoje Corvojaria Brahma, da (‘rislovao 4. RAMOS, 2(l05.
Colombo, 54-5. Ainda quo so tratasso do um ostabolocimen to fabril, sou acabamonlo concorria
cum os palacotos quo ostavam sendo construidos nos locais mais valori‘/ados tin cidado o so 5. N()(lUl'llR/\, 2007.
distingula destes pola ospocificidado do sua ostaluaria, inspirada na mitologia gormanica. A
época, estava sondo construido o prodio dos Corroios o '0l"ol.og|'aIos cuja torro o rolop,io cim- 6. Também a orieniaqao para o uso dos multimoios como suporto o recurso |nt'l"1>ci¢>l<'mg|t.*¢a
mou a atent;6o dos propriol"arios da fabrica...” WI.ilMIlR, I998, p. 26-27. na posqulsa ol|1ogral'ica vinha conlirmar tudo aquilo quo Mario havia ideallzado dosdo suas
vlagons otnograficas. A lologralla .~ a arma ossoncial na produqao do ovidoncias quo 1rocu-
25. WIilMlr~‘.R, lass, p. 2c.-27. ~ ram a|;'.n'ool'n:|or o outro. Nesta pe-l‘spot'iivn, ola 4 o oblolo fragmonto o vestlglo do roal e sua
‘—'I'='""'T\',$—' clescrit;i'io. 1.1 o cinema ti i’undarnonlal aara o rogistro do elemonto porforinatlro lradlqoos,
26. M/\llli=L.‘7., I997, p. Isa-I57. , pontos, dnncas, sons o Inlmn. Na slntemallz.m,*Eio da coieta musical a proposta ora allar o r:=-glslro
m...~sm.~.. t'onografo e lllme sonuro no rogistro nllo meciilnlco .mota.,;ao direta idem. NO(lUl~1l-
27. On moinhos Rlograndense e Chavcm nao considorados por (liinl‘lu~r Wolmor como do im- RA. 2007. p. 266.
portfincla internacional. WEIMER, 1995
7. ANABTASBAKIB, 2007, p. I.
I

Numa
PA‘I‘RlM('5Nlt 7 (‘iH.’i‘l IR/ll. Cmlrrlinn, imlillrns, Innlrimwntuu

4. /\ res wlio do Umiu de liologha, vonflra Cl‘.iRVlIlil.l_.A'l“'l; i"i(.'/\l\lN/\V""|Nl, l‘-J76 e (}Ul\l'/ZN


B. Alfredo Bo:-cl, em seu texto "Cultura como lradiqao” l-raga uma dislinqao muito dill entre
l.i:iS-VAlll/\S, I999, p. Iii-i()~."ii-I9. (lonzales-Varas slnteiiv.a essa perspectiva: “A com-iervm;ao
a vintlo vonvencional de cultura, que denomina de ”reii’icada", na medida em que a v0 como
e reabililaqao do centro liislorieo de Bolonha so configu ram por esses anos como u ma das
uma uomatoria do objetos e outra, ”erg<'>l"iea", que entende a cultura como trabalho, proces-
nlo, visando-we a cultu ra como vida pensada (BOS.l, 1987). Nessa mesma linha, um texto do
experlenclas mais importantos da Europa, nao so por seus logros culturais e urbanlstieo-ar-
quli"el'(\nicos ea nova metodologia de analise e planejamento urbano praticada, enraizada no
IPI--IAN chama a aienqiio para “a imporl'€mcia que tem os processos de criaqfio e manutenqéio
’métoclo ii wologieofl mas também pelo carater integral do projeto, que iogra sinletizar numa
do eo11l"wvime|"1l-o sobre o seu produto a festa, a danga, a pega de ceréimica, por exemplo”,
visao unilzlria todos os aspectos que vimos confluir na questfio dos centros liisiorieos, isto 1'-,
provuranclo enlatizar que interessa mais como patrimonio o ”conhecimento, o processo de
llnplicaqoes culturais, sociais, economicas e politicas. Ademais, a experiéncia de Bolonha se
erlaqiio e o modelo, do que o resultado, embora este seja sua expressao indubitavelmente
erige na teslemunha mais significativa da tendéncia ao planejamento setorial da rocu peraqiio
material" MINC‘/ll"l*lAl\I, 2003, p. 17.
do eeniro historico até englobar como objetivo primordial do planejamento a ‘requalifieaqiio
9. l-im 1997, a “Carta do Fortaleza", resultado do Seminario ”Patrim6nio imaterial: Estratégias da cidade existente’, dotando-o, em conseqiiéncia, de um n.ovo papel fisico, e<.1om")|nico o
noeial, no contexto urbano global; deste modo, também proporciona forma e conlefldos a
e llormas de l"roI:eq€\o”, promovido pelo IPHAN, recomendava que se aprofundassem os es-
iendencia que sera dominante nos decénios seguintes até nossos dias.” GOl.\l'ZALES-VARAS,
ludos na area, com auxllio das universidades e instituigoes de pesquisa, bem como se criasse
i999, p. 380
U111 Grupo do "l"rabalho destinado a regulamentar 0 instituto denominado ”registro", voltado
especil’icamenl"e para a preservaqiio dos bens culturais de natureza imaterial. Seguindo tais
5. Em 1960, foi editada a "Carta de Gubbio”, na qual uma serie de planejadores e cidades
orlenlaagoes, em 1998 vai ser criado o ”Grupo de Trabalho Patrimonio Imaterial” GTPI, que,
CUl1C()l‘Cl£ll’I'\ sobre uma serie de pontos da politica, dando origem a nova Associaqfio Nacional
n|.1os dezosselse meses, propoe a regulamentagao do instituto do ”registro cultural” em nosso
dos Centros Historicos e Artisticos ANCSA. A carta enfatiza a necessidade do ligaqoes corn o
pals, efetivada através do Decreto N” 3.551, de 4 de agosto de 2000.
plano diretor municipal, através da designagéio dos centros como areas a serem protogidas e
reabilitadas. A énfase estava nos modos de reabilitagéio: através de planos especiais deli nin-
lll. A esse respeito, confira CASTRIOTA, 2001.
clo z-’\reas non aedificandi, evitando-se tanto as demoligoes quanto os acréscimos estillstieos,
I 'l . l1 it p://porlal.iphan.gov.br/portal/m ontarPaginaSecao.do?id=13493&retorno=paginaIphan mesmo nos edificios modestos, redesenhando as propriedades e inserindo os melhoramenios
necessarios, reabrindo velhos jardins e concedendo direitos de propriedado. Sugeria-so ain-
l2. Como consta no site da UNESCO, os Estados Membros ”devem tomar todas as medidas da uma lei para regular tudo que se relacionava com o registro, financiamento e programaqao
never-1H&‘|l'ias para assegurar a salvaguarda de seu. patrimonio intangivel; dentro do quadro de das poiiticas nacionais para os centros historicos. Nesses primeiros anos, dois planos direl"o~
nuns atividades de salvaguarda eles devem buscar assegurar a maior participagao possivel res seminais se tornaram as referéncias no debate italiano, especialmente no que concernia 31
das comunidades, grupos e, onde apropriado, individuos, que criam, mantém, e transmitem metodologia e a relagéio com a comunidade local, Assis e Urbino, cada qual com uma erifasv
lal pal'rin1onio, e envolve-los ativamonte na sua gestao. Eles também devem procurar promo- cliferente o primeiro era mais orientado para as estruturas sociais e economicas, e o ultimo
ver n f|..|m;a"io desse patrimonio na sociedade e assegurar reconhecimento, respeito e melhoria para as fisicas. Mais sobre a experiéncia italiana, confira PICCINATO, 2005.
do palrimdnio cultural intangivel na sociedade". (tradugéio do autor). Disponivel em: <ht’cp://
WWW.L.1ne:-lCo.org/GL1liure/iC11/index.php?pg=OOO12>. 6. Gonzales-Varas comenta a esse respeito: “Com efeito, a Declaragéio de Amstercla si.|p(’w,
como aporte d.e primeira ordem, a afirmagao cabal da necessidade de integrar a politica do
e1a..|1o|\1s1ssc"/\, 2005, p. us. conservaqao do patrimonio arquitetonico com a politica urbanistica enquanto se afirma que
as poll ticas de renovagéio e restauragéio nao constituem uma atividado setorial isolada, mas
que, ao contrario, sao um elemento fundamental na politica urbanistica global”. (}()N'/./\-
l.l§iS-VARAS, 1999, p. 494
(\.' ~

('( )N.'~il.'.'RV/l C/i() ii RE/l.BlLlT/1C/l.O URBAN/l: O PROIETO LAGOINH/i


7. 7./-\NCHETI, 2007.
l. Cl" IL)/-\Y, 2001. i
1 8. A esse respeito, confira HABERMAS, 1992.
2. A eslv |'espeil;o, poderiamos dividir a conseifvaqao urbana em duas fases: uma que teria ini-
cio com a Carla de Gubbio ltalia, 1960, resultado do Convegno Nazionale per la Salvaguardia 9. GONZALES-VARAS, 1999, p. 495.
e ll Risanamvnl-o dei Centri Storici, e com a Lei Malraux ‘I962, e a segunda que comeqaria em
I972, com a consolidaqiio dos prineipios teoricos e operativos, so esboqados na primeira fase, 'l(). () autor lembra-nos que ”a preservagao da forma tem implicag;6es para as |'L1m;6vs ur-
v que seria ma reado pelo Ano do Pa trimonio liuropeu do '1 975. banas, 0 a eonservacgfio entao se torna um in.strumen.to de gestao urbana.” Assim, “usos do
solo corrento e futuro, circulaggao, e nao menos importante, composigfio demografica e social
3. Naseldo ern Roma em ‘I873, Gustavo Giovannoni, foi arquilselo, planejador urbano, his- W11 tais areas tornam-se envolvidas em questoes do conservaqiio”. (BUR'|"lil\lS| pl/\W, p. 'l54-)
iorlaL'|or da arte e escritor. Apos so graduar em lingenharia Civil no Universidade de Roma Como conseqi'1C*ncia do tal mudanqa, a preservagaca de edificios e espaqos individuals |..1assa a
ll~l95, espevialiv.ou-so em higiene publica, estudando depois arte u historia da arquitetura na ser vista como uma concliqao nocessaria, mas nao suficiente para a coiiservaqfio.
mesma universidacle, sob a orienl"a<,;fio do Adoio Venluri. A sua forn1a<,*iio mdllipla pormitin-
lhv encarar a relaqiio enlre eonservaqao 0 n1ocle|'11iv.aqi\o da cidade anliga. Assim, ao me.-ano 911. lNS'|‘l'|‘U'I‘() no |>/\'r|<1Mo|\||o 1 |1s'|'omco [2 /\R'i'lS'I'lCO, mus, p. 232.
lompo em que considerava a cidade |1islo|'ica eomo um monumenlo de eullura em si, por-
l2. Sobre a expo "2 ‘Z-> -
.
-IP‘ -- Q. 1 do liaru-Iona, conlira (}()l\l7./\l .liS-VAR/-\S, 91999, p. 4-20-4-22 e BUR]/\,
eebla que ela era lamlu'~m um lecklo vivo. A partir (lease duplo poslulado iunda sua teoria
l‘-N5. i
do l1"1nc-vrqiio do novo no anlip,o, conlemplando co|1m~rva/.io11ve modernizzazione. ('!pvrali~
vamente, ele reromendava aglr sobre o eenlro liisloriro romo um rirurglao, rellrando~sv on lfi. (‘(‘)|~"Rl".,‘il., l.l|m; R/\l)|<l"., liouolla. “l.ovnl (lovornmvni l‘rogrnms. |’rvsvrvnlion wlu-re ll
avrénvlinim postwlorvs para denvo|1g¢~sliianc1i' o levldoo|'ig|m1_l, para mvlhornr n virrulaeiio do vounln”. in: H'l'll'l"., Zliilfi, p. Ilia-147.
ar :1 l1l|.;lene para rm l1nl'1llm,‘fiI:‘!l. (‘om Cliovnnnoni l"mnl~u’~rn no vonnlderou o venlro lilnlorlvo,
pela prpnalra vez, como uma “zona especial", que deveria ter um regiuna urlmnlullco dialin- l4. 'l'Yl..l’-*.l<l, Ziiliil, p. l7Ii-I74. U Nailunnl ‘Ii-uul for llinloriv l':'enervailo|1 cl uma orgaisilzagaai
io, anquanio o rentaala da cidade poderia no clemmvolver de acordo vom n dinéimlua u rlmna. amerlvnaa do livro aclunflo modida um 19¢? por lei iecleral, vom o obleilvo da auxlliarna
Mala uolara Glovunoanl, coniirn C‘ HIOAY, 2001. * 9
FATRIMONIO C‘IJL'i'i.!RA£. - Cm-mites. palitlrnn. Imtrimirnmn _ Numa

p.r9lervaqI.'-Io do edlflelos o areas Iiistorlcas através do uma série do prograrnas o atividades. qiio l10l‘II'Oi!I£1 no area do preservaqao'cIo palrirn(inIo cultural; a l’ron’iIaeao I'A B / .‘-iI’/ M usou da
A sua mlasao osta formulada da seguinte forma: “O National Trust For Historic Preservation Casa Iirasllelra -- sat» Paulo, ‘I997 - Menefio honrosa na area do u rbanismo o o Granule Promio
iorneee llderaliqa, educaqao e defesa para salvar os diversos lugares historieos dos Estados do Urbanismo Irl-anual do XV Congresso Brasileiro do Arquitotos, Curitiba, I 997.
Unidos o para revitaiizar nossas comunidades." (tradugao do autor). Disponivel em: <http://
wwwpreservationnation.org/about-us/> 27. lintonde-so por ”rodoviarismo" o predominio do transporte por rodovias, que tom ma r-
cado o Brasil desde os anos 1950, quando essas substituiram o transporte ferroviario como o
15. COFRESI, l...ina,: RADKE, Rosetta. “Local Government Programs. Preservation where it moio hogemonico. Esta forma da producao do servigo de transporte con.dicionou a forma da
L‘.0Llnta”. In: S"I"lI’E, 2003, p. 147. urbanizaqfio do terri.torio nacional, nao so através da construgao de grandes rodovias ligando
cidades ou essas ao campo, mas também pelas intervengoes feitas no seio das proprias areas
lb. O sltlo eletronico do Main Street Centre relata a esse respeito: “Por todos os parametros, urbanas, que seguiam essa logica, colocando como prioridade garantir a fluidez do triinsito.
on negoeios tive.ram rnelhorias nos tres centros objetos dos projetos pilotos do Programa Main I .

Street. tlrn I"-lot Springs foram abertas sete novas empresas, em Madison, seis e 30 em Gales-
burg. O recolhimento de impostos sobre circulagao de mercadoria aumentou em 25 % em
Hot Springs, onquanto a taxa de ocupagéo em Galesburg subiu para 95%. Além disso, para I’/IISAGEM CULTURAL E TECNICAS AGRIICOL/iS TRADICIONAIS: PRESERV/IQ/l() II
cada dolar gasto .na gestao do projeto Main Street local, foram investidos 11 dolares por em- , l SUSTENT/IBILIDADE NO SERRO (MG)
presas privados em projetos de reabilitacao e reconversao.” (traducao do autor) . Disponivel
Gm: <l1ttp://www.mainstreet.org/content.aspx?page=1807&section=1> “I. A esse respeito, confira CHOAY, 2000.

17. Mais sobre os créditos federais para reabilitacao nos Estados Unidos, confira TYLER, 2000, 2. FOWLER, 2003.
p. I84-207. Contira também os comentarios sobre esses créditos no sitio eletronico do Na-
lflonal l"rust for Historic Preservation. Disponivel em: <http://www.preservationnation.org/ 3.. O Comité reconheceu que as paisagens culturais re p resentavam o “trabalho
- <.ombinado
~
lIliI.lt3H/I‘L‘l1fl'lDlll'IEl'ti01'!-tElX-C1‘€di'tS/> da natureza e do homem”, designado no Artigo 19 da Convengao. A esse respeito, contira
UNESCO, 2005.
‘Iii. I1ltp://www.mainstreet.org/content.aspx?page=1807&section=1. A respeito da relagao en-
tre sucesso economico e design no éimbito do Programa Main Street, confira a dissertagao de 4. BANDARIN, 2003.
Tamer Recep Ozdil, Assessing the economic revitalization impact of urban design improve-
ments: the Texas Main Street Program. OZDIL, 2006. 5. IJNESCO, 1999.

'l9..COFl{ESI, Lina; RADKE, Rosetta. “Local Government Programs. Preservation where it 6. 111ttp://whc.unesco.org/en/list/421
tsounts”. In: STIPE, 2003, p. 147. Confira ainda um interessante estudo de caso, que acompa-
aha a lm pla n tagfio do Programa Main Street, em St. Albans, West Virginia. I-IECI-IESKY, 2005 7. RIBEIRO, 2007.

20. A esso -res pei to, confira MOTTA, 2002. 8. -1ttp://www.nps.gov/hps/tps/briefs/brief36.htm

2'1. SAl\l'I"’Al\I NA, s/d. A respeito das realizagiies do o PCI-I, Ana Maria Siems Forte relata: "O 9. 11ttp://www.english-heritage.org.uk/server/show/c0nWebDoc.3943. A respeito de sua im-
PC]-I atuava em parcoria entre a Secretaria de Planejamento da Presidéncia da Repriblica, o plementagéio, conf-ira: wWw.1andscapecharacterorg.ul</elc.html.
ll‘l""lAN, ligado ao Ministério da Educagao e Cultura e a EMBRATUR vinculada ao Ministério
cla lndlllstria e Comércio, com dotagao orgamentaria especifica para atender a restau.ra<;éio dos I0. Confira: http://www.tclf.org/whatis.htm.
monumentos, com plementando os trabalhos ja realizados pelo IPHAN. .Aos estados benefi-
elndos polo PC H, além de contribuirem com recursos humanos, coube a participacéo efetiva I 'l. Esses pontos dominantes podem estar no topo das montanhas ou os pontos mais proo-
do recursos Financeiros. Também foram realizados investimentos na implantagao de estradas, rninentes nas meias encostas onde a cidade se desenvolve Confira, VASCOl\ICELI.OS, ‘I 977
do energla e saneamento basico. Entre TI. 973 e 1978 o PCI-I executou 18 projetos em Sergipe, 23
na Bahia, 8 no Rio Grande do Norto, 7 no Maranhao, 6 no Piaui, 4 em Alagoas, 3 no Ceara, 2 -2. Mais sobre esse ponto, confira CANNIGIA 8: MAFFEI, 2001.
mi Paraiba, 2 em Minas Gerais e 2 no Rio do Janeiro.” FORTE, 2006, p. 24. Mais sobre 0 PCH,
e_ont|ra I'-PONSECA, '1 997. ‘3. lnstitu to Estadual do Patrimonio Historico e Artistico do Estado do Minas (lerais, 20( )7.

22. l’lNl"llilRO, 2004, p. 69. Mais a respeito do projeto Corredor Cultural, confira: PlNHEI- I4. A esse respeito, confira HOI-IMAN N, 2008.
RO, 2002, p. "I40-I55, onde o arquiteto Augusto Ivan, mentor do projeto, descreve suas pre-
mlssas o sua forma do atuaeao. ' -5. (.'onfira: hlip://Ftp.fao.org/sd/SDA/GIAHS/backgroundpapers_ramakrishnan.pdt

(1. Ul\llllf~'»CiL), 2005, p. 5.


23. Aqul poderia mos citar o ”Corred or Cultural" no Rio do janoiro, o "Viva o Contro” om Sao
Patllo, o “Roviver” no Ma ranliiio, o Projeto Bairro do Recife, ontro outros, além da controver-
7'7. l)lil.l’l IIM, 2IIIlI), p. 2-3.
ln l|"Ito|'ven¢ao sobro o Polourinlio, em Salvador.
'8. Arqulioiura pi'|bll<'a
24. Mala sobre a historia da Lagoinlia, ronI"‘ira SII.VI.ilRA. 2005. A

25. Mala sobro a Inl-orvonqao no Morradlnho da Lagoinha, eoniira (‘AH'I‘l~lI()'i‘A & RLJUANI,
1997. '
\
26. [intro an pramlaeoou eataom clautaque a I'rarnlaqi\o IAB / Mt; - liolo I~iarIam1te,. I997 - Man- l
€‘Ui.'I‘U1lAL - Cmeitua. Political. Inammmaon

O DESAFIO D/I PRESERVAC/l0 DOClJMEN'l‘/ll..." /I RECLIPERAC/l0 DO ACERVO DO LA-


aoivrromo or FOTO-DOCUMISNTACAO SYLVIO ms VASCONCELLOS
1. GUTIERREZ, 2001.
2. Atraincio alunos e professores, Sylvio de Vasconcellos produziu grande m'1mero»de traba-
lhos que foram publicados, resultando em edicéio de textos diversificados. Foram criadas as
aeguintes coleqoes: ”Documentario Arquitetonico”, que visava ao registro de nossa memo-
ria arquitetonica; ”Tradu.g6es Escolhidas”, para a divulgacao de textos curtos, traduzidos
do revlstas in ternacionais; e uma colegao de carater especial, com cada volume dedicado ao
uatuclo de um monumento de importéincia da arquitetura tradicional mineira. Na série ”Do-
eL1m.e;|1te’1l'ioArquitetonico” foram publicados os seguintes titulos: N“ 1 — Alpendres, Escadas,
Telliados, Janelas e Torres Celso Pinheiro; n” 2 — Pisos Marina E. W. Machado; n9 3 — Favelas
Gui Mazzoni e Marcos Mazzoni; n“ 4 — Forros Iessé G. Brito e Armando Stambi; n” 5 - Primei-
PM casas em Belo Horizonte Mauricio I. Pinto de Moura. Na colecao ”Tradug6es Escolhidas"
foram publicados sete tituios: "A Pintura Moderna, 1905-1940"; ”Evolucao e tendéncias da
Pintura depois de 1944"; “O Canto da Televisao”; “A Evolugao do Arranha-Céu", traduzidos
E01‘ Andréa Va.sconcellos; ”Trinta Anos de Arquitetura”, por Jorge Dantas entao do DA da
lcola ; “O Mun.do Ekistico de Constantinos Doxiadis”, por Marina E.W. Machado; ”Viagem
no Brasil — 1896I pelo Prof- Clovis de Faria Alvim - Da Liltima série P ro 8 ramada foi editado
‘apenas, em apresentagao especial, o trabalho de Sylvio de Vasconcellos sobre a Capela de
ossa Senhora do O.

3. Lucio Costa, em seu texto ”Documenta<;ao Necessaria”, faz uma veemente defesa de um
Iltudo aprofundado de nossa ”antiga arquitetura”. Confira COSTA, 1996, p. 457-459.

4. MAZZONI, 1961,

5. Os métodos de tratamento da informagéio arquivistica foram desenvolvidos dentro da pers-


pael'lva do "Projeto Sistema de Arquivos da UFMG — Projeto Piloto Faculdade de Farmacia”.

6. Metadados DD ou Dicionzirio de dados, ou metainformagao, séio dados sobre outros dados.


Um item cle um metadado pode dizer do que se trata aquele dado, geralmente uma informa-
Q50 ll1_teli.givel por u.m computador. A importéincia dos metadados para a websemantica esta
lzlailcamente ligada a facilidade de recuperacéio dos dados, uma vez que teréio um significado
9 Um valor bem definidos. Nesse sentido, todos os documentos publicados na Web devem
I91‘ catalogados.

7. Unidade de descrieao: Documento ou conjunto de documentos, sob qualquer form.a fisica,


l.‘I'i1taClo como unidade, e que, como tal, serve de base a uma descrigao arquivistica. ISAD—G,
2000.

S. Na matematica e na ciéncia da computagao, as algebras booleanas sao estruturas algébricas


jtw eapturam a ”esséncia” das operacoes logicas "e", ”ou” e “nao”, bem como as operacoes
a teoria do coniuntos ”soma", “produto” e ”complemento".

9. A esse respeito, eonferi 1" CASTRIOTA, 2007.

10. ARQUIVO NACIONAL, 2000.

11. Mliwliaz, 2(.)04.


.1

Rafvrlmrinu IiiisiIa3rdflr'un

AIiRIiU, Regina; (II---IAGAS, Mario (orgs.). Menniriu r liulrhminio: ensaios eonlemporiineos. Rio
do janoiro: i)l’&A, 2003.

ALBANO, Celina et al.. Entre as limites do passado e as denmndns do futuro: analise da cidado
historica de Ouro Preto, Minas Gerais. Cadernos de Arquitetura e Urbanismo. Belo I iorizonlo:
PUC, 1994. (Caderno 1)

ALLISON, Geraid; BALI,Susan; CHESHIRE,Paul; EVANS,Alan; STABLER, ‘Mike. The Valor


of Conservation? A Literature Review of the Economic and Social Value of the Cultural Built
Heritage. London: English Heritage, 1996.

AMARAL, Aracy. Stages in the Formation of Brazil's Cultural Profile. The joiirnal of DecornIi1u'
and Propaganda Arts. Miami, n.21, 1995.

ANDRADE Rodrigo Mello Franco de. The Conservation of Urban Sites. In: UNESCO. The Con-~
‘Tl
scrvntion of Cultural Property. Paris: Unesco Press, 1975.

E ANi)RADE, Rodrigo Mello Franco de. Rodrigo e seus tempos. Rio de Ianeiroz Fundacao Nacio-
nal I’ro-Memoria, 1986.

ANDRADE, Rodrigo Mello Franco de. Rodrigo e 0 SPHAN. Rio de Ianeiro: Secretaria do Patri-
monio I-listorico e Artistico Nacional; Fundacao Pro-Memoria, 1987.

AI’i’Al)URAl, Arjun. The Social Life of Things: Commodities in Cultural Perspective. Cambridge:
£‘arnhri<;lge University Press, 1986.

Al’l’i .l".YA R I), Donald (org.). The Conservation of European cities. Cambridge, Mass. : MIT Press,
I979.

AR/\N'I'I-Z5‘, Antonio Augusto (org.). Produzindo 0 Passado. Sao Paulo: Brasiliense, 1984.

AIM JAN, Iiiuiio Carlo. I iistoria da Arte como Historic: dd Cidade. Trad. Pier Luigi Cabra. Sao
Paulo: Marlins Foiiies, I992.

Ai1ll.'i'll'U'l'l..l*i, l‘l1yuica Hook IV. Disponivel em: <http://classics.mit.edu/Aristotl.e/physics.4.iv.


l1i1'fll>. Aeeano om: 2| ahr. 2009.

' 1
5ABlill.UN, jean-Pierre; (‘.1-iAS'I'EL, Andre. La notion de patrimoine. Paris: Liana Levi, ‘I 994-.

BANUARIN, Fralieesco. Foreword. In: FOWLER, P.]. World Heritage Cultural Lamismprs 1.9.97
2002. mi»: UNIESCO, 2003. (Paper 6)
i5ARRli'I'O, Abliio. Belo Horizonte: Memoria Historica e Descritiva: Historia Modia. liolo I Iori—
zonle: llumla<,,‘€\o joao Pinheiro, 1994.

liAi-it-iUl., joso Roberto. Reiorma urbana e l~.<".sI"al"uto da Cidade. ELIRIJ (Santiago), v.28, n.8/i~,
p. ififi-~ I/I4, sop. 2002.

iil".A'l'i.l".Y, Timothy; MANNIN( I, Kristy. ‘lire II<'olo_e_|/ o/'I’lm'r: I’Ianning for Iieonomy, i".|1vi|'on
meni and ('ommunIIy. Wasiiinglon, i).('.: island I‘ress, I997.
I §
- fiflimitel. polities: iflI't1‘lJti'lliii‘III A I “film”! mmrwu

BELLO, Hol.ton Entivalet. Arquitetura e planejamento urbano em Porto Alegre dos anos 30 ifi dptifteldo ela vnnguarda para n estética cei-item Poi-Anon: ran P‘anta a Jtir
IIOI anos 70. In: KRAWCZYK, Flavio (org.) Du necessidade do moderno: o futuro de Porto Alegre
do século passado. Porto Aiegre: EU/Secretaria Municipal cte Cultura, 2002.
AHI mi Rwiltd. Slo Paulo, Ii. 5 n 7 p. 88, ago. 1983
iflll I hiltdria cultural? Rio de Jarieiro J Zahar, 2005
BENDIX, Regina. in Search of Authenticity: the Formation of Folklore Studies. Madison: Uni-
verity of Wisconsin Press, 1997. imca A rlltaiurnqlio do Page Revendo 240 anos cie trarisformaqoes Rwtstii
BENEVOLO, Leonardo. Historiu da Arquitetura Moderna. Séio Paulo: Perspectiva, 1976.
b to-tmaruaum Nnclmuii N" 20 1954 p I39 151
‘U’ ltalo. A Cum du Flor tem muita un pg rttincm Dis p onivei em <i1tt P // WWW
BBNEVOLO, Leon.ardo. Una in troduzione all ’archz'tettura. Bari: Laterza, 1960.
'!Mdi.llIl.pi1p?n:ime-Content&pa-sliowpage-&pid I77> Acesso em 20 nov
BENJAMIN, Andrew. Tradition and experience: Walter Benjamin's Some Motifs in Baudelai-
re". In: BENJAMIN, Andrew (ed.) The problems of modernity: Adorno and Benjamin. London:
IMIHQI (3.1... Archlterturrii composition nndbuiidmg typuiiigy Interpreting basic
New York: Routiedge, 1989.
ill Altman. 2001
BENJAMIN, Lukacs. The Theory ofNovel. [s.l.]: Bleyon, 1979.
llblth, McCABEi Scott Reenactment, history / fantasy and identity politics
Bl.-ZNJAMIN, Walter. Gesammelte Schriften. Frankfurt am Main: Herausgegeben von Rolf Tie- ininure events Forum UNESCO University and Heritage, 10th international
demann: Suhrkamp Verlag, 1983. v.2 ' I‘I1 Lnndlcapea in the 2 Ist Century Newcastle upon Tyne, 2005 Disponivel
V i'i¢l.nc.uk/uneacoiandscapes/files/McCABscott_CARNIIC.lEeliz pdi Acesso
BENJAMIN, Walter. Illuminations. London: Fontana, 1973.

BENJAMIN, Walter. Obras escolhidusz magia e técnica, arte e politica. Sao Paulo: Editora Bra- It'll load Political pubiica e agricultura familiar uma leitura do Pronaf l.~itu
iiiliense, 1986. grtcultura, n 8 abr 1997

BENJAMIN, Walter. Paris, Capital do século XIX. In: BENJAMIN, Walter. Colegdo Grandes iPi'Ito. Ouro Preto [s 0] 1992(mimeog1)
Ciimtlstas 5UCilt?t'S. Sao Paulo: Atica, 1985.
ilmimbering /I Plieiimiieiiolaqicni Study Bloomington Indiana University
BERGSON, Henri. Aristotle’s Concept of Place. In: ___. Studies in Philosophy and the History ofPhilo-
sephy. Paris: Presses Universitaires de France, 1972. v. 5
l Gdlilrig Back into Plan. Tiiwrird ti Renewed Llnderstandmg of the Pime-Warlri
BERNDT, Angelita. Urban Conservation: Comparison between Brazil and England. Manches- dinnli University Press, 1993
l'el': University of Manchester; Department of Planning and Landscape, 1995.
S. The Fate of Place A i’I1iiosopl1i<.al History Berkeley UI'iIVL‘i‘9ll.y of Califor
BERNSTEIN, Richard J.. Habermus and Modernity. Cambridge: Polity Press, 1987.

BLEYON, Jean-Benoit. L’urbanisme et la protection des sites: la sauvegarde du patrimoine archi- I Smooth S P aces and Rou s h-ed sed Places The Hidden He-ito '5’ of Plat‘‘
tei:t'ural urbain. Paris: Librairie generate de droit et de jurisprudence, 1979. iiylicil, V51 n2 p 267 296 I997 Disponivei em <ht1p //www sunysbu|u/
liy/papers/caaey2I1lm> Acesso em 20 "ibr 2009
BOK, Sisseia. Common Values. Columbia: University of Missouri Press, 1995.
cu. A percepptio ric luqnr repensando o LOHLCIIO do lugar em arquitetura urba
BOMENY, Helena. Guardities da raztioz Modernistas mineiros. Rio de Janeiro: Editora UFRJ / igroi PROPAR UFRGQ 2007
Tempo Brasiieiro, 1994.
ioriardo Barci Ciemia e tocnoiogia para a Arquiletura e o Urbanismo con
BORJA, Jordi (ed.). Barcelona: un modelo de transformacion urbana. 1980-1995. Quito: Progra- Tiinareii sobre o quadro no Biasii in MUNO1! R Maria Dolores, Garcia A,
ma cle Gestion Urbana — PGU, 1.995. _ nvenitgnrtdn en Arqultccturn 1/ Lirbnm~ium Conception, Lhile Fatultad do Ar
Iimeaem y Diuei'io / Universidad dei Bio Bio, 2007
BOSI, Alfredo. Cultura como tradigéio. in: FUNARTE. Trudi'er.io e ci>ntradi'gr/70 ria cultura brasilei-
ra. Rio do Janeiro: Zahar, ‘I 987. lO1'til'Cl0I3m‘£‘l (Org ) tiriumlzng/Io Bneilleiru Rt‘Llt‘t-ItObl.‘Ilt‘IH Bolo I iori/onto (I

BOSI, Ecléa. Meinorin e .~mcir'rlnrle: lembranqas de velhos. Sao_PauIo: EDUSP, ‘I987.


ionnrde Barci. Inlarvoriqoen not-ire o pal: irnonio urbano mocioion e ponipac
BRUAND, Yves. Arqultrturri Ct1IIfC’I1'IPOt'lltIt’flH0 i3nisi'I. Sao Pa uio : Perspectiva, 1981 .~ ONTRO NACIIONAI oa ANI"UR,20(13,Btloi-lorlzonte,/imit-I ANPUR.
I;__ -

BUCI-i_WAL'I‘ER, Andrew. 0l7II‘It.'l“UtIlfi'itIl on.’i“h.v uptrttiml sltunttmi of the dor: Contemporary Ger-
man PI_i'lPlCl.‘iV6l. Cambridge: MIT Frau. 1985.
CASTRIOTA, Leonardo Barcl. O lnventario do patrimonio urbano e CLlll'l.ll‘Ell cle Belo l-Iorl- A 111...} Dirlllo ramario irmdmio. Rio ele Janeiro: Foronne. 1971
zonte - uma experléncla metodologlca. In: SEMINAIRIO l.-IISTORIA DA CIDADE E DO UR-
BANISMO, 5, 1998, Campinas. /lnais... Campinas: FAU/PUC, 1998b. N B. dl Vlvliiclmi cimi a iirqiilletiirn Pradlclorinl regliili-on de uma experlénclii técnica
Porto Allin: Editora Rltler clo Reta, 2003
CASTRIOTA, Leonardo Barci. Patrimonio cultural y participacion popular. Revista Ciiidad
Alteriiatlva, Quito / Equador, v.1, p. 157-162, 1998. l lfll Zllcla Ferrelrii A est ulsa em acervos e 0 remanejamenlo cla crlllca Mfllllli-ll rl
I410» 11. 4, clez. 1993
CASTRIOTA, Leonardo Barci (org.). Arqiiitetura da Modernidade. Belo Horizonte: Instituto de
Arquitetos do Brasil; UFMG, 1998. it'll Zlldn Ferrelra Acervos Génese do uma nova Crilica In MIRANDA, Wander
) A Damn do Arqiilvo Belo I-lorlzonte UFMG, Centros do Esludos Liteizlrlos da Fa
CASTRIOTA, Leonardo Barci; PEREIRA, Maria de Lourdes Dolabela. Projeto de Reabilitacao I Letru da UFMG, 1995
Integrada da Lagoinha. In: Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciéncia. Anais.... Belo
I-Iorlzonte: SBPC, v. 1., 1997. 11' A0 Llvla Romanelli Consideraqoes sobre a formacao do espaco urbano seu.-
ll Mlflfll. RL'Ul8lfl do Depni lriiiiento de Hisldria, Belo I-lorizonte, n 9, 1989
CASTRIOTA, Leonardo Barci. Projeto de Reabilitagao Integrada da Lagoinha. A<‘5’Ll - Arqui-
tetura e Urbanismo, S50 Paulo, v. 12, 1997. L Cllrlol Fernando de Moura Propostri de intervengfies paisagisticas em sltioq do ceiiliu
Id/uclricliin mi cidade do Seiro, MG Rio ClC-3]El1‘lE11‘O lPI—IAI\l 2000 (cligitado)
CASTRIOTA, Leonardo Barci.,: RUGANI, Iurema Marteleto. Mercadinho da Lagoinha - Res—
tauraqao e Conservacao. AP - Revista de Arquitetura, Belo Horizonte, 1997. Roberta M Novas vilas para U Bi 0'-Ill Coliinia PlEl1'1€]El1T1€1’1lIO espacial 0 social no ~iéu.ilo
ulna: Alva, CIORD, 1979
CASTRIOTA, Leonardo Barci; PEREIRA, Maria de Lourdes Dolabela . Preservation and De-
velopment: The Lagoinha Project. Traditional Dwellings and Settlements Review, Berkeley / Es- IN Ti A ldéln rle ciiltiira Sao Paulo Editora UNESP 2005
tados Unidos, v. 81, p. O1-17, 1996.
lmory, CATON Louis Fieitas, RHYNE, Jeffrey (orgs) Aesthetics in ii Miilliiiilliiriil
CASTRO, Sonia Rabello de. O Estado na preservagiio de bens culturais: o tombamento. Rio de York, Oxford Unlveii-lily Press, 2002
Janeiro: Renovar, 1991.
DPEDIA of vernacular architecture of the world Cambridge University Press, [997
CAVA LCANTE, L. (org). Modernistas na Repartigiio. Rio de Ianeiro: UER], 2000.
IQ PATRIMQN IO CULTURAL lnventario do Patrimonio Cultural de Porto Alegro
CAVALCANTE, L. O Governo Controla a Cultura. Histéria Viva: Grandes Ternas. S50 Paulo, novol: Critérios do Qelecao Porto Alegre EPAHC, 1996 (texto digitalizado)
n. 4. p. 60-65, 2004.
,Blmarcl M JOKILIIHTO ]ul<l<a Mmiageiiient Gtll6l€ll1’l€'- for World Ciiltiirril l leriliigi
Q» CERVELLATTI, Pier Luigi; SCANNAVINI, Roberto. Bolonia. Politica y Metodologia de la Res- ll ICCROM I998
l'am'iiei'on de Centres Historicos. Barcelona: Gustavo Gilli, 1976.
Ven,l3AS.5O Kellh H (org) Scii=.e~.qfPlncc New York School of American RL"-iL‘t1lLl'l
Cl"lAU'l. Marilena. Politica cultural, cultura politica e patrimonio historico. In: ___. O direito a
Meii"ii5ri'a: patrimonio historico e cidadania. Sao Paulo: DPH, 1992.
/I I Sl ll dldil ln Roiriaii P"’Perti/ Cambrid 8e University Press, 1976
CI'-IENEY, G. A. journey on the Estrada Real: Encounters in the Mountains of Brazil . Chicago:
Academy, 2004. Monica Mnrlimn os Dilcmas cla Proservacao Historica num Contexto Qoclal Ad
O Horlzorite Universidade Federal de Minas Gerais / Faculdade dc. Filosolia e Ll
CHOAY, Francoise. A alegoria do patrimonio. Sao Paulo: Estagao Liberdade; Unesp, 2001. (Edicéio mnnau,1994
lraiieesaz L'al.égori.e du patrimoine. Paris: PUF, 1996.)
K Marla Cecllla Lomlres O Pnlrimoiim c-iii Proce~.~.u 'Ilii)ei<5riii ila Pollliui Feileinl ilr
CLAV EL, Pierre. The Progressive City: Planning and Participation. 1969-1984. New Brunswick: O mi Braiill. Rio dejaneiro lidltora UPR]/lV1lI'lL IPHAN 1997
Irlutgers University Press, 1986 _
ria Marla Slems 'lliri~mmi lll rm iil mi Ri 0 ll(’ lflHt'll‘( iLli ll pu lllltlt’
t 'Ul ~il riiipii iliiiliillii'nll'o
CLIFORD, James. The Predicainent of Ciiltiiref Twentieth-Century Ethnography, Literature, do Rlu dc’ Iaiirliii Rlo tlejanelro Cl’DO(., 2006 (Pos (..|l‘£lCll.1El(|£lOL‘lTl lllstorla Polllltn
and Art. Cambridge, l\/l8SSElCl'lLlSSE"l‘S and London: Harvard University Press, 1988. llturnll)
COMPAGNON , A. Os cinco pamilnxos dii iiioderiildnde. Belo lr-.lorizonte: U l.-‘MG, 1996. ,P] Wiirld lle I'llage Ci Ill ma ll.ii l idmiipes 19022002 Pains UNIHC 0. Woild l~lerltage
J03 Dliiponlvel em <11lip.//ununcloouneiico org/linnges/tltll3/U01331/1331210 pdf>
/

CONNOR, Steven. 'I‘l:ieiii'_i/ mid Ciilriiriil Villlli’. Oxford: Basil Blacwell, 1992. _ l'il 21 nbr 2009
COSTA, Lucio. Liiislu Comm: regliitro do uma vlvencla. Silo l’|aulo, Arte Edltiirlal, 19%. Knrollru PETERSEN Patricia Hlllerlc prmrviillmi lii Hie USA. Berlin: Springer, 2002.
i
I
mmraromo cuiriiiuii - amass palitim. imirummtoa

FRANCO, L. F. O Estado como obra de arte?. In: NOBRE, A. L..; KAMITA, J. M.; CONDURU, IAIIRMAS, ltlrgon. Der plilloimi.il~iiiiclir Diiikiirn dar Modcriie. Fran.kturt__am Main: Sulirkamp
R. (org). Liicio Costa: Um modo de ser moderno. Rio de Janeiro: [s.e.], 2004. p.190-21.3 lN'll|i19B5.
FREY, Klaus. Politicas publicas: um debate conceitual e reflexoes referentes a pratica da anali- MBERMAS, Jtlrgon. Arqultelura moderna e pos-moderna. Novas Esliidos CEBRAP, n. IB,
le de politicas piliblicas. Planejamento e Politicas Piiblicas. n. 21, p. 211-259, jun. 2000. “I

FRIER, P.L. La iriise en valeur du patrhnoine architectural. Paris: Editions du Moniteur, 1979. MUERMAS, Jilrgen. Moderiilti/ and Post-riioderrdty: The Debate with Jean Francois Lyotard.
fll HOLUB, Robert C. Critic inlthe Public Sphere. New York: I-ioutledge, 1991.
FRIEDEMANN, John. Empowerment: The Politics of Alternative Development. Cambridge:
M , . . , p . . V y . > ' I.
Blackwell, 1992. ~ EBRMAS, Jtlrgen. Modernidade. Um pro]eto inacabado. In.__. Llm Ponto Cego no Pl‘0]t'lU
We
‘ W limo do Ilirgm Halieriiias. Sao Paulo: Brasiliense, 1992. -
GETTY CONSERVATION INSTITUTE (GCI). Assessing the Values of Cultural Heritage. Los An-
geles: Getty Conservation Institute, 2002. lUi.RVBY, David. A coridicdo pos-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudanca cultu-
lli llo Paulo, Loyola, 1993.
GETTY CONSERVATION INSTITUTE (GCI). Economics and Heritage Conservation. Los Ange-
lea: Getty Conservation Institute, 1998. HAYDEN, Dolores. The Power of Place. Cambridge: The MIT Press, 1995.
GETTY CONSERVATION INSTITUTE (GCI). Values and Heritage Conservation. Los Angeles: K-IWISON, R. Tlie l"'l0l’ll‘dgC’ll1ClMSlTyZ Britain in a climate of decline. Methu.en.: London, ‘I987.
Getty Conservation Institute, 2000. .
IIQLANDA, Sergio Buarque de. Raizes do Brasil. Rocco, Rio de Ianeiro, 1989.
GI"lEE‘RBRANT, Alain. The Amazon: past, present and future. London: Thames and Hudson,
‘1992. HOHMAN,
M‘ ‘ A : g
Heidi.q, Mediati.ng
p ' I
ecology
.
and. I history.
_
In:
I -
LONGSTRETI-I,
_ - I
Richard.
I: ,‘ '
Ciiltiiral
_ ‘ ' .
fldlcrlpaii Balancing nature and heritage in preservation practices London University of
GIDDENS, Anthony. Reason without Revolution?. In: BERNSTEIN, Richard]. Habermas and Minupwiii Press, zoos.
lVl0(lC'."l'ill"_l/. Cambridge: Polity Press, 1987.
Hi-IBEL. Achim. Di'riki~iialpflege. Geschichte. Themen. Aufgaben.. Eine Einfiihrung. Stuttgart:
GONCALVES, Iosé Reginaldo Santos. A Retorica do Perda: os discursos do patrimonio cultural Plmilipp Reclam, 2006.
no Brasil. Rio de Ianeiroz UFR], IPHAN, 1995.
HUYBEN, Andreas. S£’dllZh’i0S pela memoria. Rio de Janeiro: Aeroplane Ed., 2000.
GONZALES-VARAS, Ignacio. Coriservacion de bienes culturales. teoria, historia, priricipios y nor-
mas. Madrid: Catedra, 1999. ICOMOS. Results of the 16th ICOMOS General Assembly. Quebec, 29 September - 4 Oc-
Si him Z008. Disponivel em: <http://www.international.icomos.org/quebec2008/resuits/pdf/
GRAEF, Elena. Patriirionio cultural, a cidade e 0 plano diretor. Disponivel em: <http://www.por- CA16_ICOMOS_Results_EN.pdf>. Acesso em: 20 de Nov. 2008.
loalegre.rs.gov.br/planeja/spm2/18.htm>. Acesso em: 06 nov. 2008.
INBTITUTO no PATRIMONIO HISTORICO E ARTISTICO. Cartas P(iiri1i'10l’llHiS. Brasilia:
GRAEI-iii, Elena. Sobre o inventario do patrirnonio cultural em Porto Alegre. In: PREFEI- WI-IAN. 1995.
TURA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE. SECRETARIA MUNICIPAL DA CULTURA. A
Memoria Cultural numa Cidade Democratica. Porto Alegre: Unidade Editorial da Secretaria NQTITUTO ESTADUAL DO PATRIMONIO I-IISTORICO E ARTISTICO DE MINAS Gli-
Municipal da Cultura, 2001. RAI5. irivcPrildi'lo dc proiei;i'i0 do acervo Cllllii-ml dc Minas Gerais. Belo I-lorizonte: IEPH A, l 985.

GRAEFF, Elena; BELLO, Helton Estivalet. lnventario do patrimonio cultural do 4° Distrito em IAMESON, Frederic. Pas-riiodernismo: a logica cultural do capitalismo tardio. Sao Paulo: Atl-
Parro Alegre. Porto Alegre: Editora Ritter dos Reis, 2001. (Cadernos de Arquitetura Ritter dos ea, 1997. i
Reis, v. 3)
IENCKS, Charles. ll/l(l'Ull'l'llL’l‘ll‘0t~l iiiodernos en /\l‘qLlllL’Cl'lll‘(l. Madrid: Hermann Bluine, ‘I98.-’l.
GUTIERREZ, Ramon. Arquitetura Latino-/lmericana: Textos para reflexéo e polémica. S50 Pau-
lo: Studio Nobel, 1989. - IULIAO, Raquel Manna. Cliiiri*lies in Oiiro Preto and tlieir Spatial Piil'l'L’l‘l'it-1. Lonclon: Bartlett
Iclmol of Architecture and Planning, 1989.
GUVTIERREZ, Ramon. Os arqiiivos dc flfql-illfllilfll no miilexto lilllllfl-£lll'l(?l'lt‘llI10. Sao Paulo: Vitru-
VlLlll, 2001. l1)ispon.ivel em: <http://www.vitruvius.corn.br/arquitextos/arq0()O/esp044.asp>. KIEBOW, Gottfried. Driikiiiiilpjli'ei- iii l)i'ii!.~ii'l-iiiliiil. Eine liintuehrung. [)ami-itadt, Wlsseiiscliat-
Acesao em 25 rnai. 2008. iil-l¢l'\l Bucligeiiellscliatt, 2000.
1

HABERMAS, jtlrgen. 'l'l'li'lil‘l'(" das l\‘tll'l"lllll»lllll€flll'Ut’l'l llaiirleliis. Frankfurt am Main: Band l. PKOWARICK, Lucio. Cidade a Clcladarila: Cldaclflo Privado, Sub-Cidadao Pilibllco. Rt'!lliil'li Sao
Sulirkainp Verlag, 19!-l'l. p " (Paulo ltd Debate. alnr./]un., I991.
HABERMAS, jtlrgen. Modernidnde veriuii pos-mociernlclade. Arte rm Rrvi'iitii, sat. Paulo, ii. KOYIIE, Alexandre. Do iniirido forliade no imivma lri_/irilio. Rio de Janeiro: ltorenua; Sao Paulo
5, n. 71 p. 88, ago. 1983. Id. dc Universidade do Uta Paulo, 1979. J
, .
political. imiramcntal ":"." ' '1 ' iauimim l

LA REGINA, Adriano. Preservacdo i'i:vi'tali'zacdo do Patrliiioriio Ciiltiiral ria ltdlia. Sao Paulo:
FA UUSP, 1. 982. , Hubert. Ciiltiira 0 iiacliidade. Rio do Janalro: I-'-‘ax e Terra, 1997. y.l.

LACEY, Hugh. Valores e ati'vi'dade cientifica I. S50 Paulo: Associacao Filosofica Scientia Studia Brminla. Brasil, rldaileii: alternatlvas para a crise urbana- P@ll‘9P°|l"i Kl‘ V‘”"‘""
/ Editora 34, 2008.

LARAIA, Roque. Cultura: um conceito antropologico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1988. FT Manifesto do tuturismo. in: TELLES, Gilberto Mendonqa (org.). VHl1£Iiill‘Fiil
I moiiiirriliimo braiillelro. Petropolis: Vozes, 1983.
LARKHAM, Peter J.. Conservation and the changing urban landscape. Oxford ; New York : Per-
gamon Press, 1992. Yara Landre Pesqiiisa da-: Atividades Ecoiioiiiicas da Lagoirilia. Belo I--Iorbionte: Se-
Municipal cie lnciustrla e Comércio, 1993.
LAYE, Odo. Eloge de la Vie-Fleuve. Perspectives Africaines siir le Patrimoine Culturel. ICOMOS
14th General
- Assembly
. And Scientific Symposium, 2003 . Disponivel em : <http: //www. inter- Catl'lei'lne Tilt’ Slil"Ut’l/ Metliods- the contribution of surveys to sociological explana-
riat.io.nal.icomos.org/victoriafalls2003/papers/1%20-%20Allocution%20Yai.pdf>. Acesso em: 18 Eflltoni George Al.len 8: Unwin, 1982.
out. 2008 ' . ‘ I, 3.‘; _ _c__“_._'.g

LE BERRE, M. Synthetic report of the Expert Meeting on African Cultural Landscapes. Disponivel moderno no Brasil;Aobra do Lucio osta . . ao au o. . ~ . c cl ~ .
em: <hltp://whc.unesco.org/archive/tiwi99.pdf>. Acesso em: 18 out. 2008. millet-'l'acao de mestraclo)
. . .- »
KIi1‘ll'“'l.€Pil'll‘lCl‘\; lr.iNGELS, Fiiedrich. O Manifesto C0111!-ltilSlfl. Sao Paulo
» . -. 2 . A =5 oi cm po.'I99H-
LE GOFF, Jacques. Histoire et niéinoire. Paris: Gallimard, 1988. A

LEMOS, Carlos A. C. O que é Patrirnonio Cultural?. Sao Paulo: Brasiliense, 1981. (Colegao Pri- Murllo. Cidade l3rasi'lei'ra. Sao Paulo: EDUSP, 1980.
meiros Passos) . . . ~ . . ~ ' ' 1: HAU-
I, Gui 'l‘a.rcisio; MAZZONl,'Mar<.os de Carvalho. Favelas. Belo Horizontc
LEONARDI, Victor. Os historiadores e os rios: natureza e ruina na Amazonia brasileira. Brasi- 1961. (Documentario Arquitetonico; 3)
lia: Paralelo 15; UNB, 1999. , , . 1. ~- ..i J -' . ~ ’bl' .. c artici acao dos cidadéios na preservaeao

LEONIDIO, Otavio. Carradas de Razoes. Lucio Costa e a arquitetura moderna brasileira (1924-1951). llfliniiiiiigni
e ii i nos
' F
LHill.S§l“iilLi..[illliii;;igullicI2l1Z\h%zYKPF1av1o
.
o‘ . '. - ' (<>rs-)- Di ~w»===i
' le re: EU/Secreta.ria didi' weLli..
t-AMunicipal
Rio do Janeiro: Ed. PUC-Rio; Sao Paulo: Loyola, 2007. ' firm! O tuturo de Porto Alegre do século passado. Porto A g
fiuiiui-a, 2002.
LEVI-STRAUSS, Claude. 12.-in 6 histdrid. Lisboa: Editorial Presenga, 1952. .. W , ., . ., . ' ‘ ' :.P .' :P e"deia Sor-
MILB, P.. Patrii-rioiiw cl" action piibliqiie aii centre des villes 71'l£’JC1Ci5lI1’i(?% arts TESS b
LEVI-STRAUSS, Claude. Tristes tropicos. Sao Paulo: Companhia das Letras, 1996. lmiiin Nouvelle/Editions de llHEAL,'.l.998.
LISTOKIN, David; LISTOKIN, Barbara; LAHR, Michael. The Contributions of Historic Pre- MELLO.; S Liz y LU.
i A‘ |JL‘~lC|i.Il‘-3"!
"‘. it mc oscola
w -6 '“ urn
- depoimento ' Jornal ACR Edita. Belo ["'|<>l'i>’-Will‘.
servation to Housing an.d Economic Development. Housing Policy Debate. v. 9, n. 3. p. 431-478. [|,d.]. (mlmeogratado)

LONGSTREHT, Richard.‘ Cultural Landscapes. Balancing nature and heritage. In:__. Preser- MERLEAU-PON'l‘Y, Maurice. Fenoineiiologia da Percepciio. Sao Paulo: Martins Fontes, 'I 999.
vation practice. Minneapolis, London: University of Minessota Press, 2008. . . -_ 1- _ EREIRA, ML .' .de Lourdes Dolabela. ltlUt’l'll'i'll’l0 do Palriii~ii’i~
LOWENTHA L, David. The Past is ii Foreign Country. Cambridge: Cambridge University Press, llalo l-Iori.zoiilIelaSecretaria Municipal de Cultura, 1994-.
1. 986. .‘
i A - ' . V ..= C. I .tancias
~ - deliberativas
.- -' ~‘dos- ~ ClLHLL.l'lll€l
sistcmas -1 " " ll7.tlLTlUtlL‘

LYNCI-1', Kevin. What time is this Place?. Cambridge: M.I.T. Press, 1972. Mot??IRll' ivi
:vcsc pL'l‘DllIlE19nCl30
»i¢- cunho
~ soci'1l'
" contorno
' juridico
. dos conselhos. IN-
ESE:/IIZFTAIVO CI-‘PAM ‘-350 Paulo: Fundaeao Prefeito Faria Lima, 1999.
M.AGAl.i--IAES, Aloisio. Bens Culturais: instrumento para um desenvolvimonto h.armonioso.
Revlsta do Patri'iiiiiiii'o I--ii'stori'co e Artistico Nacional, Rio do Janeiro, 11.20 , 1984. MOWA l la A SPHAN em Ouro l’reto- uma historia do conceitos e critérios. Rt"UlHl'(I do l’alrl-
mdnia ‘Hlstiirim /ll‘l'i.*il'l(‘(l l\l(lt’l0illll. Rio do Janeiro, ii. 22; ‘I987. p.108-‘I22.
MAGALHAES, Aloisio. E Tri'iinfo? A questao dos hens culturais no Brasil. Rio de Janeiro:
Editora Nova Fronteira, 1997. ’ YMOTTA, Lia; SILVA. Maria l‘li.‘t"lll‘i7. Resemle (org.). lll'(l(’lll'(ll‘lU.'-I dc lili'llll]'li‘!l(‘tlil2 um panorama da
llplrilncla brasileira. Rio do Janeiro: ll’l IAN. '1 993-
MAI"-iIiUZ, Edi-ion. I n Fluencias do art deco na arquitetura gaificlia. in: Art lI)eco na America l§..atina.
1° Semlnilrio internacional. l’reli~iliira cl a Cid ad o do Rio do Janeiro/SM U. /liiai's..., Solar (lrandjean lMo"I'rA, l..lll. caudal mlnelraii o U lI’l~lAl\|. in: Ol..lVlilRA. lovlii 1-ll‘l‘l- ¢~'iii"'i*'= H'"i""'“ “
de Mon tlgny / PUC/R], "I997. I Dilation. Rio do Janeiro: tidltora FGV, 2002.

I
i MULLER. Michael. Arrhiivkiur and Avanigarda. liranliturt am Main: Atlionlu m. 1937-

I
M'1‘R.lMONIO CULTURAL - Caariltan. palltieau. iiiairmmmlnn '1" ,_ ' - 2 . Rrferliirian niiiimiaio l

NOVAES, Sylvia Caluby. l"ldlJilfli,‘t'lc'8 .ll‘l£llgL‘?l"ldt-I. Sao Paulo: Nobel; USP. 1983. ' - , _ ~ " - . - ‘ ‘ - dra Meluceo. l'il!llt1l‘lt‘lil
IIICI, Nicholaii Stanley: l‘AL.L.tiY]r.. M. Kirby. VAC-KARO. Alsllfln A)‘ J _ M C _
ORTIZ, R.. A Moderna Tl'adi'cdo Brasileira: cultura brasileira e industria cultural. Sao Paulo: Fliiiaaohiral iiiiiiirii lri the Coiiiirrontiiiii of Liilt:-iral l-li'rilagi.. Los Angelis. lhi. Getty oniier
Braiiiliense, 1989. new inltttute, ‘1990.
. A . . . - , ’.S.. GI l .ll l ~ ‘taut: lrigeriloiis Agrici-iitiiral t~lerli'iigi' S_i/slrii-is (GI/ll--iSi:
OSORIO, Leticia Marques (Org.). Estatuto da Cidade e Reforma Urbana: Novas Perspectivas
para as Cidades Brasileiras. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 2002.
blflhjroundpapera ramakri.sl1nan.pcif>. Acesso em: 10 mal. 2008.
PAGE, Max; MASON, Randall. Giving preservation a history. Histories of historic preservation in
moPQI{T Ami);-1, A Critical Look at the Concept ‘Place. The l\liill0t'liil Geograplur loiiriial til:
the Uni ted States. New York, London: Routledge, 2004.
mi». 11.40. 1994. .
PATTETA, Luciano. Historia de la Arquitectura: Antologia critica. Madrid: Hermann Blume, 1984.
FILHO Nestor (‘oulart Coiitrlliiii'ca'o ao estado da cvoliiciio urbana do Brasil 1500- ‘l 720. Sao
PAULA, Joao Antonio de. A idéia de Nagdo: a Republica e a Democracia no Brasil. Belo Hori- Pattie: Perspectiva, 2000.
zonte: Centre de Planejamento Regional, 1990. - ~ fiaginuitacao
.. . - " c Reforma
»' - .' o Futuro
' .. ". 9* SANTOS R., Orlando. Glolializacao, Lliliaiiii.
PAZ, Octavio. Os filhos do barro: do romantismo a vanguarda. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, $%g?dhsTrhsili:i|'as naJCrise. Rio cie Janeiro: Civilizacao Brasileira, 1. 994.
1984.
RIBEIRO, Rafael Winter. Paisagem Cultural e Patriinonio. Brasilia: lnstituto do Patrimfmio ills-
PENNA, Alicia Duarte. O espago infiel: quando o giro da economia capitalista impoe-se a cida- Mrico Q Artii-itlco Nacional - IPHAN, 2007.
de. Belo I-Iorizonte: IGC/ UFMG, 1997. (Dissertacao de mestrado)
IOSSI Aldo A dl‘i]l-ill't’l'l~ll'ii da cidade. Sao Paulo: Martins Fontes, 1995.
PEREIRA, Maria de Lourdes. Negociagoes e Parcerias: o desafio da gestao urbana democrati-
co-participativa. Revista Teoria e Sociedade, Belo Horizonte, n. 6, p. 212-244, out. 2000. [AIN'T it-ill I AIRI-i A Vli'it,f('l'l'-l pelas proviiicias do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Sao Paulo: (Jla.
lditorn Nacional, 1938.
PEREIRA, Maria de Lourdes e BRASIL, Flavia. Experiéncias de ”orgamento participativo”
na deinocra-tizacao da gestao urbana: a dimenséio politico-eleitoral. XX. In: CONGRESSO DA IANCl"lE? liernanda Politicas urbanas em ren.ova<;éio: uma leitura critica dos modelo:-4
4 .4 . . | \ ‘ I

ASSOCIAQAO DE POS-GRADUACAO EM CIENCIAS SOCIAIS. ANPOCS. Anais. CEIXEIIII- lmirgenteii. Rt'Ul8l'tl lirasileira dc Estados Urlianos e Regioiiais. n. 1, rnai. 1999.
bu, out. 1996. “" . , '. ~= 4“... A J do de sitios historicos no Brasil (1.937-1 990)- l')lHPl>0l'
ztllfiinf\-illilhilgl/NixlfilhS:hIiTi?iS'IRC;lfIeAel:l)s2ii-;mi.nair/SirchalQ/marcia.htm_>. Acesso em: 28 moi‘
PEREIRA, Maria de Lourdes D. ; MACHADO, Luciana Altavilla V. P. As politicas publicas
para a preservacao do patrimonio. FORUM. Conservacéio Urbana e Gestéio do Patrimonio. v. 2009.
2, n. '|., 2008.
IANTOS Carlos Nelson F dos Pro<-iervar nao é tombar, renovar nao é por tudo abaixo. Ra'-
L 1 ‘ ' ‘ ' ' ‘ ' K l

PESSOA, J. (org). Lucio Costa: documentos de trabalho. Rio de Janeiro; IPHAN, 1999. Ullitl Pro/t'lo. S50 Paulo, n. 86, abr. 1986.

PEVSNER, Nikolaus. Panorama da A.rquitetura Ocidental. Sao Paulo: Martins Fontes, 1982. QANTOS, Milton. Mvlriipolc corporativafi'agiiieiilado: o caso de Sao Paulo. Sao Paulo: Nobel, "I990.

PICCINATO, Giorgio. Historic centres under pressure. Lights and shadows from the Italian SANTOS Myrian Sepulved '1 dos Memoria coletiva e teoria social. S50 Paulo: Annabluine, 2003.
experience. 2005. Disponivel em: <http://aesop2005.scix.net/data/papers/att/197.fullTextPrint.
pclf>. Acesso em 20 jan. 2009. ‘AU PAU LO (cidade). PREFEITURA MUNICIPAL. SECRETARIA MUNICIPAI... DE CUI .-
TURA. DEl’AR"l‘AMEN"l“O DO PATRIMONIO HISTORICO. I riven tdrio geral do patri'ii~i0iilo aili-
PINHEIRO, Augusto Ivan de Freitas. Aprendendo com o patrimonio. In: OLIVEIRA, Lucia iiicrital r i‘iilliiral' l iberdade sat» Paulo: Departamonto do Patrimi“mio l~iist'6|'ic0. W37-
Lippi. Cidade: Historia e Desafios. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2002. .
BARLO, lilealii/.. ii-. . - cultura
limpo ),)(ISh!lili). . - do- memoria
' ' e- gum.
' ‘Id’!. sub'etiv-"1.
] ¢ Sin
1 l‘"iulo:
¢ corn i1:1-

PINHEIRO, Augusto Ivan de Freitas. A reabilitagao em processo. In: LIMA, Evelyn Furquim t'lhla clan l..etras, Belo I:-iorlzonte: l*.iditora da UFMG, 2007.
Werneck, MALEQUE, Miria Roseira (orgs.). Cultura, patriinonio e habitacdo: Possibilidades e mo-
lAVl'l"Ci"l. H. V.. l’iist-liidiisirliil Ci'li'cs: Politics and Planning. NOW Yfltk. Paris. £10‘-‘l l-"lldilll
delos. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2004.
Princenton: l”’rlnconton University l’reHH. ‘|‘)‘ll-
FIRES, Maria Coeli Simoes. Da protecrlo ao patri'iri6ni'o ciiltiiral: o tombamento como principal
lnstituto. Belo Horizonte: Del Rey, "I994. » .
ICHWARTYMAN S. et al. 'li'iiipiis rlr (lilJ'llll‘l¢‘l‘li(l. Silo Paulo: EDUSP, '1 984-.

I-’OLLlTT, ].J. Arte _l/ t'Ji‘Pt'l’lt'i'l(‘lil i'lt la Cirrrin Clasiifa. Madrid: Xarait lidieiones, ‘I987. BBGAWA. l—iu8o". Satire o ltl!lt‘i'll:lll‘lti til‘fJl4llt‘l0l'lli‘ii do 4“ Dial-r:'to dc l’i1i'i" /\l¢‘.'~"“'- l""'i" Al”ii"“
[l.l.], 1998. (Relatorio técnica).
PORTOGIPIESI, Paolo. Di-pola do araiiitrtiiira iiiiidiiri-ia. Sao Paiilo: .M.ll1'l‘ll'l!! Fontes, ‘I982.
IBGRE0 Roberto ' Ariilrica' Latina,
' Fin: dc Millriivi Raine: e Perspectivas cle sua Arquitetura. Sdo
, i'|:.i.lo: Studio Nobel. 19,91.’ A .
:1 -
— I" I l
J CULTURAL - Caneaitan, paiiiiaiiii, iriuiri-iiiimtoii
Refariiiriaii Biiiiiogriiflm

SEGRE, Roberto. i~-iavanzi: O resgate social da memoria, In: __. O direito ii merriiirin: pniriiiitiiiio
historico e cirinciania. Sao Paulo: DPH, 1992. YLLBR, Norman iiiiiiurii )ii"t'iii:'i‘U!7ii0ii an lntrociuction to itii hliitory, principle-ii, ancl practice
“W York. Loncion: W W Norton 8: Company, 2000
SILVA, Fernando Fernancles. /is Cidades Brasi'lei'ras e 0 Patrimonio Cultural do Hiiiriaiiidnrie. Sao
Paulie: Petropolis: Editora da Universiciacie de Sao Paulo, 2003. J NIQCO Operntiuiiai Git/lit’”iit'ii foi the iiiipiciiieiiiaiiiiii of the World i=-ieiilngt Cuiiveiitmii Paris
Wrldllerlta eCentei I999
SIMOES, Jose Geraicio. Revi'i'nii'::a;fio de CL’tliTOS Lirbanos. S50 Paulo: Polis, 1994.
ITNEBCO Dm‘iiii!t'iii0 (.miw;i!mii Reunion de Expertos sobre Paisaies Cuituiaiei-i en i iiariiii.
SMITH, Robert. A arquitetura civil cio Brasil colonial. Revista do IPHAN, Rio de Janeiro, n.17, JQ§'liI8l|iI cle iLiL"i‘\liiiLt1Li0i'i y salvaguaidn Santiago cle Cuba, nov, p 7 I0 2005
1969.
INITED NATIONS Ci3NTRi.‘. FOR HUMAN si: FTLEMENT9 (HABITAT) Ciilfls Hi n qioim
SMITH, Robert. Colonial towns of Spanish and Portuguese America. Jornal of the Society of H113 wuriri. Global report on human settlements 2001 London Earthscan Piiblicatioiis i.tti
/li“£"i‘iiiL’t‘i'iJi‘fli i-ii'si'0ri'ai-is, Ph"ilaclelp.hia, v.14, n. 4, p. 3-12, dec. 1955.

SORKIN, Michel (org.). Variati'oii on a Theme Park: The New American City and the End of MRGAS Ii Casiiiho/\ i iiiit'i’Z)t’ii§(7('H(’iii Cciiiro=. Lirbfiiios Baruer1,5I’ M=1l10l@.-2009
Public Space. New York: Hill and Wang, 1992.
IMg GAS J ifilio Celso Deni-iidad e, p £1198 g em urbana e vida da cidade J98 ando um Pt auto
STIPE, Robert E. (org.). A Richer Heritage. Historic preservation in the twenty-first century. I luz iiol'ii'e 0 debate porto aiegiense ARQUITEXTOS 039 Texto 0SPGLl€ll 195, ago 200'}
Lomion: The Unive.rsity of North Carolina Press, 2003. 1| oriivei em <htlp //www viiruvius com br/arquitextos/arq000/esp[95 asp> Acesso em
8m zoos
STRIKE, James. /lrctiitectiire in Conservation: Managing Development at Historic Sites (The
l"lEi‘l.l'£lgt? : Care-I’reservati0.n Management). London: Routledge, 1994. MQCONCFI i O‘-3 Syivio dc Contiibuicao para o estudo da arquitetura civil em Minas (.0
Ii I ll. /lirjilitviiiiiit I iigiuiimrm Belo i“lOi‘1/0i‘iiO, n 3, 110V/d@Z/ 1946
SUBIRATS, Ed uarcio. Da Variguarda no Pos-moderno. S50 Paulo: Nobel, 1984.
MBCQNCL I. L09 Sylvio de A Formagao urbana do Arraial do Teiuco In /lrqiiiteiiirn trvii I i
SUMMERSON, John. A ii'iigi.iagem cirissica do Arquitetura. Sao Paulo: Martins Fontes, 1982. llfi Pfltilti ll/\UU°il’, MFL, ll’l"l/\l\l 1980

TAFURI, Mantredo. Teorias e .Hi'Si0i“i"fl da Arqintectura. Lisboa: Presenca; Martins Fontes, 1979. !AUS,D A SlH’Ut'i/'-I iii bin in! Rt'*»t'(ii(/i Boston George Allen 81: Unwin, 1986

TAINTER, Joseph A,,: LUCAS, G. John. Epistemology of the significance concept. American IILLACA iilavio [ihplittiiiiiffl iirbnmiiioBra~.ii S5oPauio Studio Nobel, 1998
/liitiqi-iit_i/, v. 48, n. 4, p. 707-719, oct.1983,.
UALES, (iraciela Maria Pntriiimiiiu Arqiiitccioiiico Aportes a la cuituia nacional y ime
TATAESIBA, Luciana Teixeira. Os conselhos gestores e a clemocratizacéio das poiiticas pu- ifllnn. Btieiios A110‘-i Instituto Argentine do investigaciones de la Arquitectura y dei Uiha
blieaii no Brasil. in: DAGNINO, Evelina (Org.). Sociedade civil e espagos ptiblicos no Brasil. Sao ituno, lwii
Paulo: Paz e Terra, 2002, p. 47-103.
VEBSTi:iR'S entytlopedic unabiidged dictionary of the English language New Yoik (Ii i
TEAFORD, Jon C. "The Rrii.:gi'i Road to Rei'iai'ssmzce: Urban Revitalization in America, 1940-1985. M my l3ooi<ii, I989
Bliltimore: Johns .i.~.Iopi<ins University Press, 1990.
VEIMER (ltinlei /iiiyiiilcimn /Vl0(it‘i’iiisifl em Poilo /iieqit L’iIii’L 1930 e I945 Porto Aiegre i U/
TELLES, Antonio A. Queiroz. 'ibriiiimi-ieiitu e seu Regime Juridico. S50 Paulo: Revista dos Tri- bite Alegre. I998
btinals, ‘l 992.
VELSLII Wolfgang tiimvii ;m~.iiiiodeiiieA/iodeiiic Weinheim VCH Acta Humaniora, I987
TELES, G.M.. Vaiigi»iiii'dn Ei.iropéi'n e /ViU(iL'i’i1iSii'i0 i3rnsi'iciru. Rio cie Janeiro: Vozes, i 985.
Vii-LIAMS Raymond Liliilliiir-oiieiimii’ I780 I950 Sao Paulo Comp lid NdL.i0i1i‘ll, l9(19
TELLE5, 5.; CAMPOS, C. A. R.; MOTA, L..; ANDRADE, R. Patrirnonio Editicado i: conser-
Vnqflo/restatiraigao. Revistn do Pntri'm6iii'o HiSi(5Fi(‘() 0 /ir!-is!-r'co Nnciomii. Rio do Janeiro, n. 22, WLLIAMQ Raymond /\/ilii\iHiii()('i.ii(’iliiiii”li Rio dejaneiio Joi go /.ahar, I979
1 '

VIBNIK (iulll1ei'me ilititi to-iii! ‘vao Paulo C U‘-idi. & N iiiy 2(l()l
TEUTONIICO, Jeanne Marie (ed.); MATERO, i*irani< (ed.). /l/l(Ii’i(?,'{i'iig Clmii,ei': Sustainable
Apprcinelies to the Conservation of the Built Environment. Los Angeies : Getty Conservation "DUN Riehard Wiiiit’i ii¢'ii/iiiiiiii /\ii /\t‘Hll1t.'litH oi Redeinptioii New Yoik Loliimbia Uni
I1-'lll'i'tute, 2003. - » Prfilfil

TIESDELL, Steven; OC, 'Tiiner; i ~ii-"i.A'i‘l.-ii, 'i‘im. Rrm'tnIi'zi'ii,e iii'sinri'ctirinm Qil(i’i‘it'i‘H. Oxford: Ar- IANCHETI ‘-iilviu Memieii Ciiiinervaeflii iniegintia e Lli."~iL‘i‘iVUlVliT'it‘i1lU iiiiiileiiliivei in
¢i'iil;ICi‘"i.1i‘nl i-‘reins, 'i99i'i. in M0 ciu L‘iiiiiwr'iiii;'iiii e iimiiiimiiliiiieiiiu Urimiiu Siiiiteiiiiiuvi iiti i‘ii‘liHii in-opoiiliiii pain iiiiin
Mil Oiindw kenlro do Elitidfll Avnnqadoii tin Ciiiinervagflii inlegiadn, 2007 (Texto para
I
i
granule v.17 Sm: i Guile dl Canmvnqao Urbiinii)
1
ZANCPIETI, Silvio Mendez. O patrimbnio i1'fifl'l‘@1'ini e o cieaenvoivimento lultentlivei local.
In: Came-rvactio iirbmia: texto: cie momento. Oiindii: Centro cie 'EBl'i.iCiOB Avancacioiii cia Conser-
vnqlo Integradii, 2008 (Textos para discussao. N“ 30). Disponivei em: <http://www.cect-br.
org/novo/www/admin/arquivos/1/103164376i.494a5fb203352.pclf>. Acesso em: 10 nov. 2008.

*2‘

mi.‘-1’ __ _ '
M ‘ _.,: .-;__-.1 C ._ 1 __-

Você também pode gostar