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MANUAL DE APOIO

Projeto: Medida Formação Emprego + Digital

Área de Educação e Formação: 523 - Eletrónica e Automação

Designação da Ação e Código UFCD (se aplicável): 1408 - Comunicações Móveis e GPS

Ação Nº:

Duração Total (h): 25 horas

Datas de Realização:

Local de Realização:

Formador/a:

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Índice

Introdução ............................................................................................................................................. 3
Redes sem fios e redes móveis .................................................................................... 4
Cronologia da rede móvel em Portugal ..................................................................... 6
GSM ............................................................................................................................................... 6
UMTS ............................................................................................................................................. 6
Organismos reguladores das telecomunicações ...................................................... 11
Sistemas de Comunicação Móvel ....................................................................................................... 13
Estrutura Básica do sistema móvel .......................................................................... 24
Técnicas de acesso para sistemas de comunicação móvel ................................................................... 1
Padrões em sistemas de comunicação móvel ............................................................ 1
Sistemas de comunicação de dados móveis......................................................................................... 2
GPS 3
(Global Positioning System) (Sistema de Posicionamento Global) ...................................................... 3
O Sistema GPS ............................................................................................................. 5
Bibliografia............................................................................................................................................. 7

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Introdução
Vivemos numa época na qual é percebido um avanço tecnológico ímpar nas telecomunicações. São inúmeros os diferentes
sistemas existentes e a cada dia parece nos ser apresentado um novo. Mas qual é a tecnologia adequada? perguntam, confusos,
os profissionais de telecomunicações. Cada fabricante defende a sua ideia e ainda diz que a do concorrente é a menos indicada,
embora, muitas vezes, seja a adequada. Se não se conhece a tecnologia, corre-se o risco de deixá-la ditar as decisões importantes
nas organizações, decisões estas muitas vezes regadas de um modismo inerente a um lançamento tecnológico de impacto. É
importante conhecer a tecnologia para poder utilizá-la bem. Conhecendo-a e tomando as ações em função do mercado, as
organizações deixam de simplesmente “empurrar” essa ou aquela tecnologia para o cliente. A ele deve ser oferecido aquilo que
lhe é necessário, que realmente se adeque às suas necessidades. Não bastasse essa demanda por conhecimento da tecnologia,
o profissional, especialmente o profissional de telecomunicações, precisa se adequar à nova equação do mercado: ½.2.3 = P +
L, que significa que metade das pessoas chave nas organizações estão a ser pagas duas vezes mais que antes, tendo que produzir
três vezes mais e ainda manter (ou até superar) a produtividade e o lucro anteriores [2]. Para atender esses requisitos é preciso
acesso à informação e a capacitação para utilizá-la. De um lado as organizações precisam se antecipar às necessidades dos
clientes, estar próximo deles. De outro é preciso velocidade na tomada das decisões internas. E é nesse cenário é que surgem
as comunicações móveis. A cada dia há maior necessidade dos profissionais se deslocarem para fora de seus escritórios, para
perto do cliente e da tecnologia e apresentarem um desempenho no mínimo igual àquele que seria alcançado se estivessem
dentro da organização. As informações precisam ser consultadas e atualizadas quase que em tempo real, sejam estas
informações de caráter tecnológico ou relacionadas ao cliente. A variedade de serviços oferecidos a cada dia pelos sistemas de
comunicação móvel é o reflexo de toda essa necessidade de acesso e utilização da informação como fator determinante do
sucesso das organizações. Em 1947 a AT&T Bell Laboratories introduziu o conceito de telefonia celular com um sistema de
comunicação móvel que utilizava modulação AM. O baixo desempenho desse sistema levou a AT&T Bell Laboratories, em 1962,
a implementar um sistema com modulação em FM na faixa de VHF e com canais de 30KHz. Esse sistema teve a sua primeira
utilização comercial em 1979, com o nome de sistema AMPS (Advanced Mobile Phone System). Hoje, através da elaboração de
normas mundiais, tem-se tentado constantemente a interoperabilidade dos sistemas de comunicação móvel e a possibilidade
de comunicação global que permita a transmissão de voz, dados e aplicações multimédia. Devido principalmente à possibilidade
de implementação de novos serviços e também pela segurança na comunicação, os sistemas digitais têm se mostrado, cada vez
mais, candidatos a serem a base definitiva dos futuros sistemas, principalmente com o avanço da microeletrónica e com o
desenvolvimento das ferramentas de software. Hoje em dia já nem nos apercebemos de como estamos dependentes dos
sistemas móveis de comunicações. Este manual introduz os conceitos elementares associados às comunicações móveis e às suas
diferenças em relação aos outros sistemas de comunicações fixos.

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Redes sem fios e redes móveis

Diz-se que uma rede é sem fios quando a comunicação é possível sem recurso a ligações diretas por meio físico (cabo, tomadas,
etc.) entre utilizadores ou entre utilizadores e equipamentos, mas dentro da mesma rede.

Diz-se que uma rede é móvel quando um utilizador é capaz de se movimentar para fora da sua rede de assinatura, conservando
a comunicação e o seu endereço original.

A Fig. mostra alguns dos exemplos mais comuns no dia a dia. Repare que a maioria dos sistemas que utilizamos são sem fios, e
o único que é realmente móvel é o sistema utilizado pelo telemóvel.

Sistema Sem Fios Móvel


Telemóvel ✓ ✓
Bluetooth ✓ x
Telefone sem fios (casa) ✓ x
Walkie-talkie ✓ x

Redes sem fios e redes móveis

Cronologia e evolução

As comunicações móveis são o fruto de cerca de 100 anos de evolução nas telecomunicações, desde os tempos
longínquos (1876) em que Graham Bell transformou a voz em sinais elétricos e inventou o telefone, tal como
hoje o vemos nos museus e nos filmes de época.

Seguiu-se o telégrafo e em 1987 Marconi fez a primeira transmissão morse sem fio. As transmissões de voz e
música via rádio seriam o passo seguinte, mas demoraria muito até que a tecnologia, o mercado e os preços
permitissem o verdadeiro advento das comunicações móveis.

Pode considerar-se o sistema AURORA (1978) como tendo sido o primeiro


Telefone de 1987
sistema móvel comercialmente viável.

Logo a seguir, surgiram muitos outros sistemas, sem critérios de estandardização, em


que os países tecnologicamente mais desenvolvidos tentaram fazer singrar os seus
próprios sistemas como se evidencia na tabela da Fig.

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Ano Sistema / Banda Países


1978 (1984) AURORA 400 (800) Canadá
1979 NTT 800 Japão
Dinamarca, Noruega, Suécia, Finlândia,
1981 (1986) NMT 450 (900) Bélgica, Hungria, Holanda, Espanha,
Turquia e Suíça
EUA, Canadá, México, Austrália, Nova
1983 AMPS 800
Zelândia, Taiwan, Coreia do Sul, Brasil, etc.
1984 RTMS 450 Itália
1985 TACS 900 Reino Unido, Irlanda
1985 Radiocom2000 450 França
1985 C-450 Alemanha, Áustria, Portugal e África do
Sul
1987 GSM 900 Europa, Ásia, África, Oceânia
1989 TDMA 800 EUA
1991 PDC Japão
Cronologia dos sistemas de comunicação móvel

A multiplicidade de sistemas levou a que houvesse a tentativa de uniformização universal, mas tal não veio a ser conseguido pois
Europa, EUA e Japão quiseram fazer prevalecer os seus interesses económicos e protecionistas acima dos interesses universais. A
Europa adotou o sistema GSM (que viria a ser aceite na maioria dos países), os EUA adotaram o AMPS e o Japão adotou o sistema
PDC.

Dado o fracasso da uniformização em relação às redes móveis iniciais, e porque um sistema só será realmente móvel se poder ser
utilizado em qualquer parte do mundo, tentou estandardizar-se a geração seguinte, adotando-se o sistema IMT2000/UMTS. Este
processo de convergência de sistemas móveis é ilustrado na Fig. e oportunamente se fará a sua descrição técnica.

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Evolução das redes móveis

Cronologia da rede móvel em Portugal

Na cronologia das redes móveis em Portugal [fonte: ANACOM em www.anacom.pt] são importantes as seguintes datas e eventos:

Rede Analógica

1989 - Lançamento do Serviço Móvel Terrestre, em tecnologia analógica (primeira geração), pelo operador constituído pelos CTT e
TLP, em consórcio, que daria posteriormente origem à TMN. Sistema alemão C-450 que veio a ser adotado em Portugal e na
Alemanha.

31 de outubro de 1999 – Abandono pela TMN da tecnologia analógica que no seu período áureo, antes dos telemóveis digitais,
atingira apenas cerca de 20.000 clientes.

GSM
1991 – Concurso público para atribuição de uma licença em tecnologia de segunda geração – GSM (faixa de 900 MHz).
Apresentaram-se a concurso 8 candidatos. A Telecel foi a vencedora.

1992 – Início da atividade do segundo operador móvel, a Telecel, e entrada em funcionamento da rede GSM do operador TMN, a
quem foi automaticamente atribuída uma licença GSM.

1997 – Atribuição de frequências em DCS 1800 aos operadores móveis presentes no mercado – TMN e Telecel.

1998 – Início da atividade do terceiro operador móvel, a Optimus.

UMTS
Abril de 1999 – Consulta Pública para recolha de manifestação de interesse sobre a prestação de serviços e/ou a constituição de
redes no âmbito do Sistema Universal de Telecomunicações Móveis (UMTS).

1 de agosto de 2000 – Abertura do concurso público para atribuição de quatro licenças de âmbito nacional para os Sistemas de
Telecomunicações Móveis internacionais (IMT2000/UMTS).

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11 de janeiro de 2001 -Emissão das licenças UMTS.

Outubro de 2001 – Arranque do UMTS adiado para 31 de dezembro de 2002.

3 de dezembro de 2002 – Celebração de acordos (três) entre a ONI SGPS e a OniWay, por um lado, e a TMN, a Optimus e a Vodafone,
por outro, na sequência da decisão da OniWay sobre a descontinuação da sua atividade.

30 de dezembro de 2002 – Prorrogação, até 31 de dezembro de 2003, do prazo para o início da atividade licenciada pelos
operadores UMTS.

13 de janeiro de 2003 –Revogação, por despacho do Ministro da Economia, da licença de UMTS da OniWay. E atribuição, por
despacho do Ministro da Economia, de frequências adicionais aos outros três operadores UMTS – Optimus, TMN e Vodafone.

21 de abril de 2004 – Início da oferta comercial do sistema UMTS pelo operador TMN.

5 de maio de 2004 – Início da oferta comercial do sistema UMTS pelo operador Vodafone.

4 de junho de 2004 – Início da oferta comercial do sistema UMTS pelo operador Optimus.

MvNO
9 de fevereiro de 2007 – ANACOM esclarece o enquadramento regulatório da atividade dos operadores de rede móvel virtual (sigla
inglesa, MVNO- Mobile Virtual Network Operator ).

Trata-se de operadores independentes que suportam a sua oferta de serviços de comunicações eletrónicas na rede de outro
operador móvel, não possuindo rede própria (os direitos de utilização de frequências e infraestruturas associadas à rede de acesso
rádio). Estes operadores:

▪ possuem clientes diretos, isto é, são responsáveis exclusivos pela relação com os utilizadores finais,
assegurando diretamente, perante estes e perante a ANACOM, o cumprimento das regras de proteção
dos utilizadores e assinantes específicas do sector das comunicações eletrónicas, tais como a
portabilidade, a utilização de contratos de adesão aprovados pelo regulador e a disponibilização de
serviços de apoio ao cliente, incluindo a prestação de informações e o tratamento de reclamações,
faturação e cobrança, assim como as demais condições do Decreto- Lei n.º 10/2004, de 10 de Fevereiro.

▪ concebem e colocam no mercado uma oferta retalhista própria, tendo a liberdade de a diferenciar
da do operador em que se suportam, definindo a sua própria estratégia comercial.

Número total de assinantes

O número de assinantes das redes móveis em Portugal no fim de cada ano [fonte:

ANACOM] mostra bem como foi rápida e fulminante a adoção desta nova tecnologia.

▪ 1989 – 2.800 assinantes (rede analógica).


▪ 1990 – 6.500 assinantes (rede analógica).
▪ 1991 – 12.600 assinantes (rede analógica).
▪ 1992 – 37.300 assinantes (rede analógica + rede digital).
▪ 1993 – 101.200 assinantes.
▪ 1994 – 173.500 assinantes.
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▪ 1995 – 340.800 assinantes.


▪ 1996 – 663.700 assinantes.
▪ 1997 – 1,5 milhões de assinantes.
▪ 1998 – 3,1 milhões de assinantes.
▪ 1999 – 4,7 milhões de assinantes.
▪ 2000 – 6,7 milhões de assinantes.
▪ 2001 – 8 milhões de assinantes.
▪ 2002 – 8.670 milhões de assinantes.
▪ 2003 – 10.030 milhões de assinantes.
▪ 2004 – 10.362 milhões de assinantes.
▪ 2005 – 11.447 milhões de assinantes.
▪ 2006 – 12,2 milhões de assinantes (taxa de penetração de 115,7%)
▪ 2007 – 12,941 milhões de assinantes (3º trimestre 2007)

Número de assinantes por operador

A Fig. mostra o número de assinantes das redes móveis em Portugal por operador [fonte:WIKIPEDIA
http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_mobile_network_operators_of_Europe#Portugal ]

Operador Tecnologia Assinantes (milhões)

TMN GSM, GPRS, UMTS, HSDPA 6.004 (Setembro 2007)

Vodafone GSM, GPRS, UMTS, HSDPA 4.775 (Junho 2007)

Optimus GSM, GPRS, UMTS, HSDPA 2.60 (Janeiro 2007)

Radiomóvel (ZAPP) CDMA 0.040 (Janeiro 2007)

Distribuição de assinantes por operador [fonte: Wikipedia]

Comparando com os outros 24 países da UE, Portugal evidencia no final de 2007 uma das maiores penetrações de mercado, perto
dos 120%.

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Penetração dos sistemas móveis na UE25 [fonte ANACOM]

Gerações

Os primeiros sistemas de comunicação móvel (analógicos) eram equipamentos volumosos, pesados, caros e de grande consumo
de energia. Por essas características, eram normalmente instalados nos carros sendo raramente utilizados como equipamentos
realmente portáteis.

O boom dos sistemas de comunicação móveis deu-se na década de 90 com o avanço das tecnologias digitais proporcionado pelas
centrais digitais, técnicas de sinalização por canal comum e os enlaces digitais.

A substituição dos sistemas analógicos pelos sistemas digitais proporcionou melhor eficiência do espectro, qualidade de voz e
integração de serviços.

Por facilidade, tem-se descrito a evolução dos sistemas de comunicação móvel em termos de gerações.

A 1ª geração foi analógica ao que se seguiram as gerações digitais. Neste momento estamos na geração 3,5 como evidenciado na
Fig.

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Gerações das redes móveis

Mobile Satellite Systems - MSS

Embora ainda com muito poucos utilizadores, sobretudo pelos elevados custos de utilização, as comunicações móveis por satélite
oferecem ao utilizador um serviço global porque cobre qualquer ponto do mundo sobretudo aqueles em que não há qualquer
sistema terrestre móvel como por exemplo nos Himalaias, nos desertos ou nos polos.

Mobile Satellite System


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Os operadores satélites mais conhecidos são o GLOBALSTAR e o IRIDIUM ambos com apenas cerca de 250.000 assinantes cada e
em riscos de falência.

O sistema IRIDIUM utiliza 66 satélites de orbita baixa (LEOS) a cerca de 750km de altitude. Como a esta altitude cada satélite cobre
apenas uma pequena parte da superfície terrestre, são necessários muitos satélites para cobrir toda a superfície terrestre, o que
por si só justifica os elevadíssimos valores de instalação e manutenção destes sistemas satélite.

Organismos reguladores das telecomunicações

Tal como em muitas das áreas da nossa vida, também desde o advento das telecomunicações, se sentiu a necessidade de uma
regulamentação nacional e internacional. Os sinais de rádio ultrapassam fronteiras e mesmo dentro do próprio país facilmente
interferem entre si.

O ITU (international Telecomunications Union) é o organismo regulador internacional. É uma agência das Nações Unidas e atua no
sector das telecomunicações em 3 áreas distintas: fiscalização, estandardização e desenvolvimento.

A Anacom é o organismo regulador em Portugal e faz cumprir as normas definidas pelo ITU, regulamentando as especificidades
nacionais.

ITU (International Telecomunications Union)

O primeiro órgão regulador das telecomunicações internacionais data da época do telégrafo. Foi criado em 1865 e designava -se
também por ITU (International Telegraph union).

Com o advento do telefone e da telegrafia, foram criados em 1925 dois comités consultivos internacionais (CCI), um para serviços de
telefone (CCIF) e outro para a telegrafia (CCIT).

Dois anos mais tarde (1927) criou-se o comité consultivo internacional para a rádio (CCIR).

Em 1934 a ITU manteve a sigla, mas passou a ser a International Telecomunications Union e em 1947 tornou-se numa agência das
Nações Unidas.

Em 1956 e com o declinar do telégrafo, os comités CCIF e CCIT fundiram-se num só, o CCITT.

Em 1992 na grande reforma da ITU o CCITT mudou o nome para ITU-T e passou a ser o responsável pela estandardização das
telecomunicações. O CCIR originou o ITU-R e passou a ser o responsável pela regulamentação e fiscalização. Simultaneamente criou-
se o ITU-D com funções de incentivar e tutelar o desenvolvimento das comunicações mundiais.

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• ITU-R – ITU Radiocomunications sector

• ITU-T – ITU Telecomunications Standards

• ITU-D – ITU Telecomunications Development

O ITU divide o mundo em três regiões para coordenação de suas atividades:

• Região 1: Europa, Antiga URSS, Ásia Menor e África

• Região 2: Américas e Hawai

• Região 3: Oceânia e o restante da Ásia

ANACOM

O ICP – ANACOM (Autoridade Nacional de Comunicações) é a autoridade reguladora do sector das comunicações -
telecomunicações e correios - em Portugal. Inicialmente designada por ICP (Instituto das Comunicações de Portugal), tem a nova
designação e estatutos desde 6 de janeiro de 2002 após a publicação a 7 de dezembro do Decreto-Lei n.º 309/2001.

A ANACOM tem por objeto a regulação, supervisão e representação do sector das comunicações. A ANACOM é, pois, a autoridade
reguladora das comunicações postais e das comunicações eletrónicas, conforme resulta da própria lei de bases dos serviços postais
(artigo 18º da Lei n.º 102/99, de 26 de julho) e da lei das comunicações eletrónicas

(artigos 4º e 5º da Lei n.º 5/2004, de 10 de fevereiro).

Para o efeito, são atribuições da ANACOM:

• Regulação de mercado

• Supervisão de mercado

• Representação do sector das telecomunicações

Mais detalhes sobre as atribuições da ANACOM e para consulta de algumas estatísticas extremamente interessantes das
telecomunicações em Portugal, visite www.anacom.pt

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Sistemas de Comunicação Móvel

Conceito de comunicação rádio

O telemóvel é na sua essência um equipamento emissor/recetor porque recebe e emite sinais de rádio.

As comunicações de rádio entre um emissor e um recetor podem ser do tipo simplex, half-duplex ou duplex.

Em simplex, a comunicação é feita numa única direção, ou seja, somente do emissor para o recetor, como mostra a Fig.

Comunicação Simplex

Um exemplo simplex é o de uma emissora de rádio FM. Ela emite, mas os rádios que captam a estação, não têm qualquer
possibilidade de comunicar com ela.

Em half-duplex a comunicação pode ser feita em ambos os sentidos, mas de modo alternado, ou seja, num determinado instante a
informação só vai ou só vem, tal como indicado na figura Fig.

Comunicação Half-duplex

Um exemplo half-duplex é a comunicação utilizando walkie-talkies. Quando uma pessoa fala a outra deve escutar. Quando a primeira
pessoa termina de falar, diz "terminado" e liberta o canal para a outra pessoa poder então comunicar.

A impossibilidade de falarem ao mesmo tempo é derivada de se utilizar a mesma frequência para emitir e receber.

Não há atualmente tecnologia que permita ao mesmo equipamento estar a emitir e a receber sinais na mesma frequência porque os
sinais emitidos são muito fortes e se sobrepõem aos sinais recebidos que são sempre muito, mas mesmo muito mais fracos.

Para que uma comunicação rádio possa ser feita em ambos os sentidos é necessário utilizar duas frequências diferentes, uma pa ra
emissão, outra para receção

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Estas frequências têm que ser suficientemente afastadas entre si para que não façam interferência uma na outra durante a
emissão/receção.

Comunicação Full duplex

Chama-se CANAL ao conjunto de frequências utilizado para fazer uma transmissão de sinal.

Um canal simplex ou half-duplex necessita apenas de um conjunto de frequências que será comum à emissão e à receção.

Um canal duplex obriga a dois conjuntos de frequências, um para emissão, outro para receção. O canal duplex é, portanto, formado
por dois canais simplex.

À comunicação emissor-recetor chama-se downlink ou ligação descendente e à comunicação recetor-emissor chama-se uplink ou
ligação ascendente.

Downlink-Uplink

Sempre que ligamos um telemóvel para receber ou para fazer uma chamada telefónica, ele comunica com uma estação base
próxima e é a partir dessa estação que o sinal será reencaminhado para outros telemóveis ou para a rede fixa.

Nunca se faz comunicação entre telemóveis diretamente.

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Conceito de plano de frequências

Os sistemas de comunicação móvel usam frequências de rádio para emissão e receção em duplex.

Nas comunicações móveis, o sistema adotado em Portugal utiliza três bandas de frequências:

▪ Banda GSM: [890-935 MHz] uplink e [935-960 MHz] downlink

▪ Banda DCS: [1.710-1.785 MHz] uplink e [1805-1880 MHz] downlink

▪ Banda UMTS: [1920-1980 MHz] uplink e [2110-2170 MHz]

A banda GSM900 foi posteriormente ampliada entre [880Mhz-890MHz] e [925MHz- 935MHz].

A frequência de uplink é sempre menor que a de downlink, porque as frequências mais baixas se atenuam menos na propagação o
que compensa o facto de o telemóvel emitir com potência muito mais baixa do que a estação base à qual vai se ligar.

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Conceito de célula

Os primeiros sistemas de comunicação por rádio móvel possuíam uma única estação base, com uma antena num ponto elevado e
dominante e alta potência de transmissão, cobrindo uma grande área e utilizando todo o espectro de frequências.

Comunicação 1ª geração

A comunicação ficava assim restrita à área coberta por essa antena e o volume de tráfego era limitado pelo número de canais
disponíveis.

Os sistemas deveriam estar geograficamente separados para evitar a interferência co- canal, mas isto gerava descontinuidade das
chamadas em andamento sempre que o utilizador necessitava de percorrer duas áreas de serviço distintas servidas por antenas e
frequências diferentes.

O conceito de célula patenteado em 1972 pelos laboratórios Bell (EUA), foi a chave que veio revolucionar as comunicações móveis.
Em vez de utilizar um emissor de alta potência para cobrir uma área, utilizam-se vários emissores de baixa potência para cobrir a
mesma área de modo a que não interfiram entre si.

As antenas não precisam de ser instaladas tão altas e por isso a mesma frequência pode ser reutilizada em distâncias pequenas
permitindo maior cobertura para mais assinantes.

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A contrapartida destas vantagens é a necessidade de instalar muito mais antenas e equipamentos aumentando o custo das
infraestruturas.

A Fig. dá um exemplo da diferença do conceito tradicional para o conceito célula. A área da figura pode ser coberta por só estação
rádio de alta potência com por exemplo 100 canais.

Conceito celular

Se utilizarmos estações de menor potência poderemos então atribuir 25 canais para cada uma dessas antenas e repetir os canais
atribuídos desde que a distância entre estações seja suficiente para eles não interferirem.

Assim as estações [1 e 7], [2 e 4], [3 e 5] e [6], ao transmitirem 25 canais cada uma totalizarão 175 canais em vez de 100 canais da
estação de antena de alta potência.

Este conceito celular permite, portanto, a reutilização de frequências e o aumento substancial de capacidade de tráfego dentro da
mesma área.

[Curiosamente o conceito celular influenciou até o nome dos equipamentos pois na maioria dos países, utiliza-se a designação de
“telefone celular” para o que em Portugal designamos por “telemóvel”].

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Na sua essência cada uma destas células pode ter o formato que se quiser, mas o formato mais intuitivo seria o formato circular, tal
como indicado na Fig. 2-7, porque a antena da célula, se fosse uma antena do tipo isotrópico, transmitiria por igual em todas as
direções.

Célula circular

Contudo, o projeto de redes móveis, fica mais fácil e aproxima-se mais da realidade prática se for utilizada a célula hexagonal, como
se mostra na Fig.

Célula hexagonal ou circular?

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Uma célula representa a área geográfica coberta pelo sinal de rádio emitido pela(s) antena(s) que comunica(m) com os telemóveis.
Quando se projeta um sistema celular idealiza-se uma área (célula) totalmente abrangida pelo sinal de rádio que só cobre essa área
e não interfere na área (célula) vizinha.

Repare que o formato circular deixaria zonas sem cobertura. O formato hexagonal é mais adequado porque permite visualizar muito
melhor, em teoria, a forma como o sistema está implementado no terreno.

Acresce que ao longo de todos estes anos de projetos e ensaios de redes móveis, provou realmente ser o formato que mais se
aproxima da realidade no terreno e por isso é o formato normalmente adotado.

Conceito de cluster

As células são agrupadas em clusters.

Chama-se cluster ao conjunto das células que utiliza todas as frequências disponíveis pelo operador, sem que haja repetição de
frequências.

Cluster

Neste exemplo o tamanho do cluster é de 7 células por isso n=7, mas poderia ser de qualquer outro valor. Os valores mais utilizados
são 3, 4 e 7.

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Clusters de n=3, n=4 e n=7

Ao fazer o projeto de uma rede de comunicações móveis, a distância entre centros de clusters é um dos fatores principais a calcular.
Ela depende de vários fatores, nomeadamente da potência de emissão, do relevo do terreno/obstáculos e do volume de tráfego
previsto.

Por essa razão o tamanho das células não é predefinido, sendo o projetista da rede quem determina quantas células vai haver e que
tamanho vão ter.

A Fig. mostra um exemplo de células de tamanho diferente fazendo parte da mesma rede.

Macro, micro e pico-células

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As células maiores (também chamadas de macro células) utilizam-se em zonas de pouco tráfego (poucos utilizadores) e dispersos
por grande área como acontece nos meios rurais. Podem ter diâmetros de 3 a 35Km embora na prática raramente excedam 10km.

Nos meios mais densamente povoados são habituais as micro células cobrindo áreas de ruas ou quarteirões (300m a 3 Km).

Em grandes edifícios como centros comerciais ou em casos como o metropolitano utilizam-se picocélulas (30m a 300m) uma vez que
as próprias paredes internas dos edifícios limitam o alcance da transmissão e a interferência entre células vizinhas, que assim podem
ficar muito juntas. Excecionalmente podem utilizar-se nanocelulas (3m-30m).

As distâncias referidas são apenas indicativas e o sinal não fica totalmente confinado dentro da célula pelo que haverá sempre uma
certa sobreposição entre células.

Célula hexagonal real

Contudo, isso até tem vantagens pois permite ao sistema detetar que um utilizador em movimento está a sair de uma célula e a
entrar noutra, dando assim tempo para fazer a comutação entre células sem que a comunicação seja interrompida.

Sectores

Frequentemente, as células são divididas em sectores o que as torna mais eficientes pois permite maior reutilização de frequências,
ou seja, maior número de chamadas em simultâneo.

As antenas transmitem para dentro da célula e nas células divididas em sectores, cobrem apenas uma parte da célula não a célula
inteira. Tudo depende da localização da antena em relação à célula.

Na Fig., mostram-se 3 exemplos de possível cobertura. O ponto representa a localização das antenas que cobrem as células. As
antenas podem estar localizadas no meio de 3 células (3 sectores), no meio de duas células (2 sectores) ou no centro da célula.

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Sectores

Na Fig. mostra-se uma torre com antenas de 3-sectores muito comum nas instalações que nos rodeiam.

Embora possamos imaginar cada célula como tendo as suas antenas no centro, e a apontarem em todas as direções, na prática a
célula é o hexágono a tracejado na Fig. 2-15 e, portanto, as antenas estão nos cantos da célula e não no seu centro.

Multisectores Antenas

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Fator de reuso

A reutilização de frequências é feita dividindo-se todo o espectro disponível em grupos de frequências. Estes grupos são utilizados
em células separadas entre si o suficiente para não haver interferência. As células que contêm o mesmo grupo de frequências são
denominadas co-células. Na Fig. as células 1 e 2 são co-células.

Define-se Fator de Reuso (N) como sendo o número de células adjacentes que utilizam o espectro original, ou seja, o número de
grupos de frequências.

Quanto menor o fator de reutilização, maior o número de canais por grupo, portanto mais canais por célula e maior volume de
tráfego oferecido por cada célula.

Podemos obter o fator de reuso N, dividindo a área total do cluster pela área de uma célula.

Matematicamente é possível obter uma relação entre D (distância entre cocélulas), R (o raio maior do hexágono) e o fator de reuso
N.

Fator de reutilização

À medida que aumentamos o fator de reuso N, ou seja, o número de células por cluster, estaremos diminuindo o número de canais
por célula, diminuindo o volume de tráfego por célula.

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Por outro lado, estaremos aumentando a relação D/R (podemos entender que estamos aumentando a distância de reutilização ou
que estamos diminuindo o raio das células). Isto implica na diminuição da interferência entre co-células, uma vez que a potência
transmitida decresce com a distância.

Considerando a diminuição do fator de reutilização, estaremos aumentando o tráfego nas células para um maior número de canais.
O oposto é a diminuição da relação D/R implicando uma menor qualidade do sinal recebido. A tabela seguinte, ilustra bem a relações
do fator de reuso com o tráfego e a qualidade do sinal recebido.

Fator de reuso N Relação D/R Canais por Célula Tráfego por Célula Qualidade na receção

3 3.00 138 alto baixa

4 3.46 104 ↓ ↑

7 4.58 59 ↓ ↑

9 5.2 46 ↓ ↑

12 6.00 34 baixo alta

Podem-se utilizar células de outro formato que não o hexagonal. Para o planeamento de microcélulas em região urbana, por exemplo,
padrões triangulares, quadrado ou até de outras formas podem ser utilizados.

Estrutura Básica do sistema móvel

Um sistema móvel celular, na sua forma mais elementar está representado na Fig.

Ao efetuar uma chamada, o telemóvel comunica com a Estação de Base (BTS - Base Station Transceiver) mais próxima ou com a que
tenha sinal mais forte.

A BTS encaminha o sinal para uma Controladora de Estações de Base (BSC). Existem cerca de 20 a 30 BTS por cada BSC.

A mobilidade do sistema é garantida pelos conceitos de handover, que permite a continuidade da chamada em andamento quando
se atravessa a fronteira entre células, e de roaming, que permite o acesso ao sistema em outra área de serviço que não àquela em
que o assinante mantém seu registo.

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O telemóvel transmite por rádio para a BTS da célula mais próxima

A chamada é enviada por cabo, fibra ótica ou feixe hertziano para uma BSC que a envia para o destinatário (telemóvel ou fixo)

A comunicação nunca se faz diretamente entre telemóveis

Estrutura básica de um sistema móvel

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Técnicas de acesso para sistemas de comunicação móvel

As técnicas de acesso são utilizadas para permitir o compartilhamento de uma determinada faixa de rádio frequência entre
vários terminais móveis. O compartilhamento se faz necessário, pois objetiva-se maximizar o número de usuários simultâneos
nessa faixa de frequências [10], [14].

Em se tratando de uma comunicação bidirecional, o canal pode ser dividido temporalmente ou na frequência. No primeiro
caso tem-se a duplexação por divisão de tempo (TDD – Time Division Duplexing). Quando o canal é dividido em frequência,
tem-se a duplexação por divisão em frequência (FDD – Frequency Division Duplexing). Em ambos os casos uma parcela do
canal é destinada à transmissão e outra à receção, independente do canal estar dividido temporalmente ou na frequência. A
técnica de duplexação TDD elimina a necessidade de utilização de faixa de frequência distintas para transmissão e receção,
mas possui um atraso inerente – a comunicação não é fullduplex no sentido real.

Os sistemas de comunicação móvel podem ser divididos em sistemas de faixa estreita e sistemas de faixa larga. A distinção
entre eles é feita baseada na comparação entre a largura de faixa de cada canal de usuário e a largura de faixa de coerência
esperada para o canal de comunicação.

Padrões em sistemas de comunicação móvel

Apesar da busca constante pela padronização ou pela interoperabilidade entre os sistemas de comunicação móvel, o número
de diferentes sistemas existentes é extremamente elevado. A rápida evolução tecnológica e o surgimento, a cada dia, de
novas necessidades de comunicação são os principais responsáveis por essa miscelânea. As seções anteriores abordaram
fundamentos relacionados às comunicações móveis. Esses fundamentos servirão como requisitos necessários ao
entendimento dos vários padrões e sistemas atualmente em funcionamento em todo o mundo e apresentados
resumidamente nessa seção. Mais detalhes sobre cada sistema aqui apresentado podem ser vistos nas referências [3], [10],
[14], [16], [19] e [20] e recomendações pertinentes.

Os sistemas de comunicação móvel podem ser agrupados em seis grandes categorias: os sistemas de telefonia sem fio
(cordless telephony), os sistemas celulares, os sistemas de Paging, os sistemas de comunicação de dados móvel LAN e WAN
e os sistemas de comunicação móvel via satélite. Com relação à evolução tecnológica e cronológica tem-se os sistemas de
primeira geração, segunda geração e os futuros sistemas de terceira geração. Dentre os sistemas de primeira geração
predominam aqueles com tecnologia analógica. Os sistemas digitais marcam o início da segunda geração e os serviços de
comunicação pessoal de voz, dados e multimídia (PCS – Personal Communication Systems) são alvo dos futuros sistemas de
terceira geração. Para a terceira geração existem duas visões até certo ponto contraditórias: uma visão idealizada da
convergência de todos os serviços nos sistemas PCS e uma realidade prática tendendo ao desenvolvimento de inúmeros
sistemas diferentes, baseados nos sistemas de segunda geração, interoperáveis e oferecendo as mais variadas formas de
serviços.

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Um conceito amplamente explorado em sistemas celulares e que foi brevemente abordado em parágrafos anteriores é o
conceito de reuso de frequências – usuários em diferentes áreas geográficas (diferentes células) podem utilizar um canal com
a mesma frequência. Este conceito se aplica tanto a sistemas analógicos quanto digitais. O reuso de frequência aumenta
drasticamente a eficiência de utilização do espectro disponível, mas apresenta como efeito colateral a interferência co-canal.
Essa interferência deve ser considerada quando do planejamento de sistemas celulares [14].

Um conjunto de células que utiliza todo o conjunto de frequências disponíveis em um sistema celular é denominado de
cluster. De um cluster para outro tem-se a reutilização de todo o conjunto de frequências. Para uma geometria didática
hexagonal das células, um cluster pode somente possuir um número N de células dado por N = i2 + ij + j2 (8) onde i e j são
inteiros não negativos.

Em sistemas celulares o valor de N é escolhido de forma a assegurar uma determinada qualidade de serviço quando o terminal
móvel se encontra próximo aos limites de cobertura de uma célula. É importante citar que não existe um limite físico exato
para a cobertura de uma determinada célula. O termo “limite” é aqui utilizado no sentido de identificar as regiões extremas
de uma célula com intensidade de sinal tendendo à inoperabilidade do terminal móvel atendido por aquela célula.

Basicamente tem-se três tipos de células: as macro células, as micro células e as pico-células, classificação esta baseada nos
diâmetros típicos que são, respetivamente, 1 a 30Km, .200 a 2000m e 4 a 200m. O tamanho das células diminui com o
crescimento do sistema e com esse decréscimo no tamanho das células tem-se, basicamente:

• Aumento na capacidade de utilizadores.


• Aumento do número de handoffs por chamada.
• Aumento na complexidade de localização do utilizador.
• Menor consumo de potência do terminal móvel.
• Diferentes ambientes de propagação, o que leva a espalhamentos por multipercursos mais curtos.
• Diferentes arranjos das células, o que leva a maiores interferências e maior dificuldade no planeamento do
sistema.

Sistemas de comunicação de dados móveis

Até muito recentemente a única possibilidade de transmissão de dados sobre redes de comunicação móvel era através da
conexão de modems de baixa velocidade a terminais telefônicos móveis analógicos. Isso resultava em altíssimas taxas de erro
de bit devido às rápidas flutuações do sinal pelo efeito dos multipercursos, aos profundos desvanecimentos ocorridos em
momentos de sombreamento e aos freqüentes handoffs inerentes ao sistema. Mesmo com a utilização de poderosos
codificadores de canal o throughput nessa situação ainda era muito reduzido. Com o advento do GSM, pensava-se que esse
problema seria resolvido, mas apesar da evolução tecnológica desse sistema, muitos fatores inviabilizam a transmissão de
dados através dele. Dentre esses fatores pode-se citar: o processo de estabelecimento de chamada no GSM é muito longo e
chega a ser proibitivo em algumas aplicações computacionais; com um adequado esquema de codificação de canal pode-se
transmitir dados já armazenados como arquivos. Por outro lado, ter que pagar uma conexão telefônica para transmitir dados
pode ser um tanto ineficiente e caro. O serviço de transmissão de pacotes oferecido pelo GSM é aplicável em situações como

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informatização de transportes rodoviários. Nessa aplicação tem-se, entre outros serviços, a transmissão de informações
sobre o tráfego e guia de rotas para os motoristas [10].

Entre os sistemas provedores de serviços de comunicação de dados móvel dedicados pode-se citar: Modacom, Mobitex, RDS
ou RBDS e CDPD. Modacom é uma rede de comunicação de dados móvel Alemã baseada em uma “extensão” sem fio da rede
pública de pacotes X.25. A empresa Motorola, com a tecnologia DataTAC, baseada na utilização do protocolo LAP RD, adotou
o padrão Modacom através da empresa Hutchinson, em Hong Kong a na Ucrânia e da IBM nos EUA e Canada.

A rede Mobitex foi introduzida na Ucrânia, Holanda e França. Aplicações incluem transmissão de dados por computadores
portáteis a taxas de até 19.2Kbps, limite esse duas vezes maior que o esperado no sistema GSM.

O sistema RDS (Radio Broadcast Data System) é um sistema europeu que usa transmissões de rádio difusão em FM. Ele provê
comunicação unidirecional e as aplicações incluem paging e serviços para transporte rodoviário a 1200bps. Os receptores
RDS podem sintonizar-se automaticamente a uma determinada estação que transporta um determinado tipo de mensagem.
Nos Estados Unidos a versão do RDS é chamada de RBDS (Radio Broadcast Data System). Outros sistemas similares ao RDS
são o HSDS (High Speed Data System) da empresa Seiko e os sistemas FMSS e STIC que estão sendo utilizados nos EUA.

O CDPD (Cellular Digital Packet Data) é um sistema de transmissão de dados por pacotes que utiliza canais ociosos dos
sistemas AMPS e IS-54. Suas aplicações incluem: email, telemetria, verificação de crédito, fax, serviços para transporte
rodoviário e dados adicionais que melhoram o desempenho do sistema de posicionamento global GPS (Global Positioning
System).

GPS

(Global Positioning System) (Sistema de Posicionamento Global)

O GPS é um sistema de posicionamento geográfico que nos dá as coordenadas de um lugar na Terra, desde que tenhamos
um receptor de sinais de GPS. Este sistema foi desenvolvido pelo Departamento de Defesa Americano para ser utilizado com
fins civis e militares.

A nossa posição sobre a Terra é referenciada em relação ao equador e ao meridiano de Greenwich e traduz-se por três
números: A latitude, a longitude e a altitude. Assim, para saber a nossa posição na Terra basta saber a latitude a longitude e
a altitude. Por exemplo, os aeroportos têm as três coordenadas bem determinadas, que, aliás, estão escritas em grandes
cartazes perto das pistas. Os sistemas automáticos de navegação aérea utilizam esta informação para calcular as trajectórias
entre aeroportos.

Devido ao desenvolvimento das tecnologias associadas aos satélites artificiais, hoje em dia, é possível haver um sistema de
posicionamento global. São ao todo 24 satélites que dão uma volta à Terra em cada 12 horas e que enviam continuamente
sinais de rádio. Em cada ponto da Terra estão sempre visíveis quatro satélites ecom os diferentes sinais desses quatro satélites
o receptor GPS calcula a latitude, longitude e altitude do lugar onde se encontra.

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Latitude

A latitude é a distância ao Equador medida ao longo do meridiano de Greenwich. Esta distância mede-se em graus, podendo
variar entre 0º e 90º para Norte ou para Sul. Por exemplo, Lisboa está à latitude de 38º 4´N, o Rio de Janeiro à latitude de 22º
55´S e Macau à latitude de 22º 27´N.

Longitude

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A longitude é a distância ao meridiano de Greenwich medida ao longo do Equador. Esta distância mede-se em graus, podendo
variar entre 0º e 180º para Este ou para Oeste. Por exemplo, Lisboa está à longitude de 9º 8´W, o Rio de Janeiro à longitude
de 34º 53´W e Macau à longitude de 113º 56´E.

Altitude

A Terra é aproximadamente esférica, com um ligeiro achatamento nos pólos. Para se definir a altitude de um ponto sobre a
Terra define-se uma esfera --- geóide --- com um raio de 6378 km. A altitude num ponto da Terra é a distância na vertical à
superfície deste geóide. Por exemplo, a altitude média do Aeroporto de Lisboa é de 114 m, mas a altitude média da Holanda
é negativa.

O Sistema GPS

A infra-estrutura tecnológica associada ao sistema GPS é constituída por três subsistemas:

1- sub-sistema de satélites --- segmento aéreo.

2- sub-sistema de controlo --- segmento terrestre.

3- sub-sistema do utilizador.

1- O sub-sistema de satélites é constituído pelos 24 satélites que dão duas voltas à Terra por dia, a uma altitude de 20200
km. As órbitas dos satélites foram escolhidas de modo que de qualquer ponto da Terra se possam ver entre 5 e 8 satélites.
No entanto, para calcular com precisão a nossa posição na Terra basta apenas receber em boas condições o sinal de quatro
destes satélites. Cada satélite da constelação GPS tem um relógio atómico e a informação sobre a hora local de cada satélite
é difundida em várias frequências através de sinais de rádio. Esta informação é suficiente para calcular a posição do ponto de
recepção.

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2- O sub-sistema de controlo é constituído por várias estações terrestres. Nestas estações terrestres são observadas as
trajectórias dos vários satélites GPS e é actualizado com grande precisão o tempo. Esta informação é transmitida aos satélites.

Com estes dados, o sistema informático em cada um dos satélites recalcula e corrige a sua posição absoluta e corrige a
informação que é enviada para a Terra. A estação primária de controlo da constelação GPS está localizada nos Estados Unidos,
no estado do Colorado.

3- O sub-sistema do utilizador é constituído por um receptor de rádio com uma unidade de processamento capaz de
descodificar em tempo real a informação enviada por cada satélite e calcular a posição. Cada satélite envia sinais de
características diferentes em intervalos de 30 em 30 segundos e de 6 em 6 segundos. Para haver uma determinação precisa
da posição são necessários pelo menos 12 minutos e 30 segundos de boa recepção dos vários tipos de sinais enviados. Na
informação enviada pelos satélites estão envolvidas técnicas matemáticas que permitem recuperar a informação perdida na
transmissão devido a más condições atmosféricas e ionosféricas (60-400 km). Mesmo assim, nos períodos de grande
actividade solar a maior parte da informação enviada pelos satélites perde-se não sendo fiável a informação processada pelos
receptores do sinal GPS.

De acordo com o tipo de utilizador (civil ou militar) os sinais dos vários satélites podem ser descodificados de acordo com o
fim em vista. Existem essencialmente dois modos de descodificação do sinal GPS. O modo Preciso (militar) e o modo Standard
(civil): A precisão destes dois modos de posicionamento é a seguinte:

Modo Preciso:

Precisão na latitude e longitude: 22 m*

Precisão na altitude: 27.7 m

Precisão no tempo: 200 nanosegundos

* 2 m desde 2000; 1cm em modo diferencial.

Modo Standard:

Precisão na latitude e longitude: 100 m

Precisão na altitude: 156 m

Precisão no tempo: 340 nanosegundos

O GPS pode ainda funcionar em modo diferencial, sistema DGPS. Neste caso, o sinal de GPS é armazenado em computador e
processado posteriormente com dados cruzados pedidos às estações de controlo fixas (segmento fixo). Com este processo,
eliminam-se erros sistemáticos e a precisão do GPS pode chegar a ser da ordem de 1 metro. Isto é particularmente útil em
trabalhos de cartografia em que as coordenadas espaciais são fixas no tempo.

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Bibliografia
Redes GSM, GPRS, EDGE e UMTS – José Umberto Sverzut – Exditora Érica, 2005, ISBN: 9788536500874.

http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_mobile_network_operators_of_Europe#Portugal

http://www.mpirical.com/companion/mpirical_companion.html

http://engr.smu.edu/~levine/ee8320/celpcs4.ppt

http://www.csie.ndhu.edu.tw/~robert/96fall_wireless.htm

http://www.esnips.com/web/Forouzan?docsPage=1#files

http://www.gsmworld.com/technology/glossary.shtml

http://www.colorado.edu/geography/gcraft/notes/gps/gps_f.html

http://www.trimble.com/gps/

http://www.gpsworld.com/gpsworld/

http://realestate3d.com/gps/

http://en.wikipedia.org/wiki/Main_Page

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