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 É no período da Idade Média que teve início, no

ocidente, o conceito de hospital, como lugar de


atenção ao enfermo em regime de internação,
estando sua atividade diretamente ligada à Igreja
Católica, cujo principal objetivo era fornecer
auxílio material e espiritual ao indivíduo. Estes
hospitais tinham a finalidade de isolamento dos
enfermos para minimizar possíveis ricos e
epidemias, quase não existindo a prática de
procedimentos terapêuticos .
No renascimento, com o surgimento de outras
forças e organizações sociais, a Igreja perde a
hegemonia na assistência à saúde , passando os
nobres e ricos a também construírem hospitais, os
quais adquirem uma postura mais urbana,
começando a desvincular-se fisicamente das
instituições religiosas. Nesse surgimento do hospital
civil, identificam-se duas tipologias de edificações,
as enfermarias de cruzadas e a casa de campo, as
quais, segundo Binet (1996 apud MEDEIROS, 2005, p.
60), determina o fim da influencia da arquitetura
religiosa sobre os hospitais.
 Nas últimas décadas do renascimento, as ciências
médicas, como fisiologia e anatomia, e pesquisas
em hospitais começam a avançar, possibilitando
um maior conhecimento da precariedade dessas
unidades, relacionando pela primeira vez, o
espaço hospitalar a mortalidade de pacientes.
 A concepção espacial do tipo pavilhonar está
pautada principalmente nas questões de
salubridade, pois as laterais livres permitem a
ventilação cruzada e a iluminação natural; na
funcionalidade em relação às atividades; e na
articulação dos espaços através de circulações .
Nesse momento o número de leitos é reduzido e os
pacientes separados por enfermidades, propiciando
o surgimento dos hospitais especializado.
 Na defesa do edifício pavilhonar, Florence
Nightingale destaca-se com suas idéias, até então
revolucionárias, sobre técnicas de enfermagem com
ênfase na qualidade sanitária do edifício hospitalar,
auxiliando na diminuição da taxa de mortalidade
Figura 7: Planta do Hospital Lariboisiére, Paris
Legenda: (1) enfermarias; (2) refeitórios; (3) escritórios; (4) capela; (5) aposentos das religiosas;
(6) cirurgias; (7) posto de enfermagem; (8) cozinha; (9) farmácia; (10) pátio.
Fonte: MEDEIROS, 2005.
 As inovações tecnológicas da construção civil
aliada às técnicas de aperfeiçoamento da
medicina foram as forças que conduziram ao
aparecimento desse novo edifício hospitalar.
Passou-se a empregar o partido arquitetônico de
bloco vertical compactado, fazendo uso do
concreto armado e de elevadores. O hospital
passou a ser visto como um lugar para cura e não
mais de espera da morte, pelo aparecimento de
novos especialistas e técnicas de tratamento.
Maquete física do hospital e
maternidade São Camilo.
 Para administrar essa complexidade, os
estabelecimentos passam a ser tratados como
uma unidade fabril, gerenciada racionalmente e
com centralização de funções. O hospital
modernista era a “perfeita expressão arquitetônica
nesse período da medicina de alta tecnologia, o
contêiner da volumétrica máquina de curar”
 Através de história, percebe-se que a arquitetura,
inclusive a hospitalar, é o reflexo de uma série de
fatores políticos, sociais e econômicos. Dessa
forma, o principal desafio do hospital do futuro é
agregar as diretrizes e tendências atuais nessas
diferentes áreas à concepção espacial.
❖ eliminar os fatores ambientais estressantes como ruído, falta de
privacidade, iluminação excessivamente forte, baixa qualidade do ar
interior;
❖ conectar o paciente com a natureza através de janelas panorâmicas
para o exterior, jardins internos, aquários, elementos arquitetônicos com
água etc;
❖ disponibilizar oportunidades de socialização através de arranjos
convenientes de assentos que promovam privacidade aos encontros
de grupos de familiares, acomodações para a família e
acompanhantes nos ambientes de internação e para pernoite nos
quartos;
❖ promover atividades de entretenimento “positivas” como arte
interativa, aquários, conexão com a Internet, música ambiente,
acessibilidade a videos especiais com programas que possuam
imagens e sons reconfortantes e adequados à assistência à saúde;
❖ promover ambientes que remetam a sentimentos de paz, esperança,
reflexão, conexão espiritual, relaxamento, humor e bem estar
 A questão ambiental é muito importante porque estudos
feitos no Brasil e em outros países mostram que o espaço
físico é um componente na recuperação dos pacientes. O
termo hospitalização, por exemplo, está sendo substituído
por hospedagem. O desenho baseado em evidências
mostra claramente que há uma certeza de que o paciente
se sente melhor, menos estressado, psicologicamente mais
relaxado. O emocional do usuário precisa ser atendido. Não
é só a chamada humanização, que se faz através dos
profissionais, mas a ambientação que participa e contribui
para ela.
 Os Estabelecimentos Assistenciais de Saúde vêm
assumindo, nos últimos anos, uma postura de
empreendimento empresarial frente à
necessidade de desenvolver mecanismos de
planejamento que direcione e organize essas
instituições, cada vez mais, flexíveis e complexas.
O que os diferenciam das empresas prestadoras
de serviço é a natureza do seu trabalho.
 Para a organização Pan-Americana (2004), o hospital é
classificado como uma empresa social, não havendo
relações comerciais, mas condições de contrato e
produtividade social, caracterizando o trabalho, a
organização e a gestão do hospital público, onde suas
ações visam o cumprimento de objetivos fixados nas
políticas públicas de saúde. Dessa forma, ela tem sua
organização na prestação de serviços à sociedade que
respondam com efetividade às necessidades e às
demandas sociais, independente da natureza jurídica do
estabelecimento.
 Planejamento, em qualquer campo de atuação,
constitui um processo administrativo que visa
orientar um caminho a ser seguido para alcançar
um determinado resultado. Sua essência está na
determinação do ponto final, ou seja, saber aonde
se quer chegar e o caminho a ser percorrido para
atingir o objetivo. Cada vez mais, os gestores dos
EAS, vêm se conscientizando da importância de se
aplicar a prática de planejamento em suas
administrações.
 A estrutura formal da organização é aquela que
está prescrita, sendo comunicada por meio de
manuais, descrições de cargos, organogramas,
regras e regulamentos, evidenciando as linhas
hierárquicas existentes na organização.
O desenho organizacional de uma
empresa tem a finalidade de retratar o seu
funcionamento, mostrando objetivamente
como ela está moldada, ou seja, quais são os
órgãos que a compõem e como se dão as
suas relações.
Além disso, revela como as funções e
atividades estão divididas entre os
trabalhadores inseridos em uma organização.
As estruturas organizacionais são constituídas
pelos seguintes elementos: responsabilidade,
autoridade, comunicação e capacidade
decisória.
❖ Responsabilidade, esta refere-se às atividades e
obrigações que o indivíduo tem que cumprir na
sua unidade de trabalho.
❖ A autoridade significa o direito de se tomar
decisões e está diretamente relacionada à
hierarquia de forma proporcional, sendo que
quanto maior a hierarquia, maior será a
autoridade e vice-versa.
❖ Comunicação, a mesma caracteriza-se pelo
processo que transmite as informações entre os
diversos profissionais de uma empresa.
❖ Capacidade decisória possui uma importância
vital para as organizações, tendo em vista que o
processo decisório permite realizar uma análise
antecipada dos problemas que afrontam as
empresas, priorizando e dando consistência às
decisões a serem tomadas
A estrutura organizacional tem o objetivo de
atender a três funções básicas de uma empresa,
que estão relacionadas:
❖ Ás metas a serem atingidas;
❖ Ao comportamento dos indivíduos inseridos no
seu ambiente de trabalho;
❖ Ás relações de poder existentes.
 A estrutura de uma organização apresenta quatro
características principais, assim denominadas:
diferenciação, formalização, centralização e
integração
 Os vários desenhos organizacionais são
representados por gráficos, denominados
organogramas, que representam as áreas de
trabalho de uma empresa e suas inter-relações,
podendo ser visualizadas mediante a utilização de
símbolos, geralmente retângulos, que mostram os
cargos ocupados e suas linhas de ligação,
evidenciando, assim, o grau de subordinação
entre as pessoas alocadas nos diversos setores.
 O organograma é de grande valia para fins da
análise organizacional, já que por meio dele
podemos detectar duplicação ou má distribuição
de funções, visualizar o fluxo de comunicação,
criar uniformidade de cargos, bem como ampliar
a visão de crescimento e mudanças
organizacionais.
O desenho organizacional de uma empresa é
dinâmico e mutável, sendo condicionado por
fatores internos como a complexidade da
organização, o tamanho do estabelecimento, o
número de profissionais existentes e o tipo de
produto/serviço prestado, bem como fatores
externos tais como: políticos, econômicos, sociais
e culturais
O Serviço de Enfermagem pode ter várias
denominações (Diretoria de Enfermagem,
Departamento de Enfermagem, Divisão de
Enfermagem, Coordenação de
Enfermagem,Chefia de Enfermagem, etc.),
dependendo da instituição hospitalar em que está
localizado.
Portanto, este serviço é o órgão centralizador
das questões relativas à profissão, ligadas
diretamente à assistência prestada aos clientes e
às condições de trabalho da equipe.
A estrutura hierárquica do Serviço de
Enfermagem nos hospitais, basicamente é
composta pelos seguintes profissionais: chefe do
serviço, assistente da chefia, supervisoras,
enfermeiras chefe de unidades, técnicos de
enfermagem, auxiliares de enfermagem e
secretárias, podendo ter algumas variações de
cargos, dependendo da instituição.
A chefia do Serviço de Enfermagem
geralmente ocupa na instituição a posição de
Responsável Técnica (RT) nessa área específica,
responsabilizando-se pelas ações de enfermagem
desenvolvidas no hospital inteiro, respondendo
legalmente perante ao Conselho Regional de
Enfermagem (COREn) por todas as atividades
técnicas e administrativas.
Na maioria dos hospitais, a estrutura
organizacional da enfermagem foi inspirada no
fayolismo, configurando uma estrutura rígida com
centralização do poder decisório, dificultando
sobremaneira a operacionalização da resolução dos
problemas ocorridos nos setores de trabalho, uma
vez que estes são passados por todos os níveis de
chefia até chegar à chefia geral do serviço. Neste
tipo de estrutura, a maioria das decisões não está
coerente com a realidade, visto que as pessoas
detentoras do poder decisório estão situadas no
ápice da cadeia hierárquica, distante do contato
com os trabalhadores e com as situações
vivenciadas nos setores.
As estruturas administrativas da
enfermagem de modo geral, em vários
hospitais ainda apresentam concepções
rígidas de poder decisório e autoridade,
impondo-se de forma distanciada e isolada da
base operacional, apresentando um fluxo de
comunicação truncado, não permitindo que
os atores institucionais entrem em sintonia com
os seus parceiros e com os próprios problemas
do seu local de trabalho.
Em muitas instituições o Departamento de
Enfermagem foi destituído, criando-se assim, a
gerência de enfermagem com caráter assessor.
Houve uma diminuição dos níveis hierárquicos e
maior aproximação entre as chefias e os
colaboradores, localizados na base do processo
produtivo, na tentativa de valorizar as relações
interpessoais. Estão sendo utilizadas estratégias
como reuniões para estimular a abertura nos
diálogos e obter decisões compartilhadas, que
favorecem a agilidade do processo de trabalho.
Outro ponto observado foi a valorização do trabalho
em equipe que está incorporando a participação de
outros profissionais da saúde, fortalecendo cada vez
mais o trabalho multiprofissional.

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