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Clínica Analítico-Comportamental no Brasil: Histórico, Treinamento e

Supervisão.

Este texto aborda a evolução da Psicoterapia Comportamental, desde


suas origens até as mais recentes modalidades, conhecidas como
Terapias de Terceira Onda. A Psicoterapia Comportamental teve suas
raízes no Behaviorismo, com contribuições de figuras como Pavlov,
Thorndike, Watson e Skinner. Inicialmente, o foco estava na
modificação do comportamento, sem uma avaliação funcional
detalhada. No entanto, com o desenvolvimento da Análise do
Comportamento, houve uma mudança de perspectiva, levando a uma
abordagem mais analítica e funcional dos comportamentos
problemáticos.

A Psicoterapia Comportamental passou por diversas fases, desde a


abordagem inicial baseada no condicionamento respondente até a
introdução do paradigma do comportamento operante por Skinner.
Com o tempo, a análise funcional do comportamento tornou-se uma
parte central da prática terapêutica, permitindo uma compreensão
mais profunda das causas e consequências dos comportamentos
problemáticos.

A introdução das Terapias de Terceira Onda representou uma evolução


adicional, incorporando novos elementos como a análise funcional de
comportamentos privados e uma ênfase na aceitação de eventos
internos. Essas abordagens têm mostrado resultados promissores no
tratamento de uma variedade de problemas psicológicos e transtornos
psiquiátricos.

No contexto brasileiro, a Psicoterapia Comportamental também seguiu


um curso peculiar, com uma adesão precoce à análise Skinneriana e às
técnicas comportamentais, sem depender de explicações internalistas.
Isso reflete uma abordagem pragmática e focada na modificação do
comportamento, que tem sido eficaz no contexto clínico brasileiro.

Em resumo, a Psicoterapia Comportamental evoluiu ao longo do


tempo, incorporando novas teorias e técnicas, e as Terapias de Terceira
Onda representam a mais recente fronteira nesse campo, mostrando
promessa no tratamento de uma ampla gama de problemas
psicológicos.
O desenvolvimento da psicoterapia comportamental no Brasil teve suas raízes
nos anos 1950, com a tradução de obras-chave como "Princípios de Psicologia"
e "Ciência e Comportamento Humano", que introduziram o Behaviorismo. Em
1961, Fred S. Keller trouxe cursos para a USP, enquanto na PUC-RJ e na
Universidade de Brasília (UnB), iniciaram-se atividades relacionadas à Análise
Experimental do Comportamento (AEC). A década de 1970 viu a
regulamentação dos cursos de psicologia e o estabelecimento de associações
profissionais, como a Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP).

Os anos seguintes viram a formação de laboratórios e grupos de pesquisa em


diversas universidades, influenciando a criação de cursos de Modificação de
Comportamento. Em 1974, foi fundada a Associação de Modificação de
Comportamento, posteriormente evoluindo para a Associação Brasileira de
Análise do Comportamento (ABAC) em 1985. A ABAC tem desempenhado um
papel central na promoção da pesquisa e da prática em Análise do
Comportamento no país.

Na década de 1990, ocorreu a fundação da Associação Brasileira de Psicoterapia


e Medicina Comportamental (ABPMC), consolidando a psicoterapia
comportamental como uma abordagem reconhecida. Atualmente, os analistas
do comportamento brasileiros publicam amplamente em periódicos nacionais e
internacionais, contribuindo para o crescimento e desenvolvimento contínuo da
disciplina no país.
O ensino da Análise do Comportamento na graduação de Psicologia no Brasil é
frequentemente abordado em disciplinas como Psicologia Geral e Experimental
e Psicologia da Aprendizagem, e ocasionalmente em disciplinas práticas como
Psicologia Clínica e Psicologia do Excepcional, embora em algumas instituições
ainda seja incipiente em áreas como Psicologia da Saúde, Organizacional, Social
e do Esporte.

No entanto, muitas vezes o ensino na graduação se limita aos pressupostos


básicos do Behaviorismo Metodológico, levando a críticas infundadas à Análise
do Comportamento e à resistência de alunos que veem pouca aplicabilidade
clínica. As Terapias de Terceira Onda, por exemplo, são pouco exploradas na
graduação.

Por outro lado, na pós-graduação stricto e lato sensu, a formação em Análise do


Comportamento é mais aprofundada e estruturada, com programas específicos
em algumas instituições. Habilidades essenciais para o terapeuta
comportamental, como observação, análise funcional e empatia, são
desenvolvidas durante a formação, especialmente por meio de supervisão de
estágios e disciplinas práticas.

O vínculo terapêutico e a empatia são aspectos cruciais da prática clínica


comportamental, e o desenvolvimento dessas habilidades é facilitado por
programas de treinamento durante a graduação, como o treinamento em
entrevista clínica. A supervisão também desempenha um papel importante no
desenvolvimento dessas habilidades, proporcionando orientação e feedback
aos alunos.
A supervisão clínica é essencial para a formação de psicoterapeutas, fornecendo
orientação teórica, estabelecendo critérios éticos e promovendo o
desenvolvimento de habilidades clínicas. A formação do terapeuta é vista como
um processo contínuo, envolvendo não apenas a transmissão de conteúdos,
mas também a aplicação prática desses conhecimentos.

Durante a supervisão, o supervisor desempenha diferentes papéis para facilitar


o aprendizado do supervisionado. Isso inclui orientar sobre o que fazer, como
fazer e estar presente na atuação clínica. A aprendizagem é facilitada quando os
comportamentos do terapeuta são definidos claramente e decompostos em
unidades menores para avaliação e desenvolvimento progressivo.

Existem várias estratégias para estruturar a supervisão clínica, incluindo


discussões de casos, treinamento em análise de contingências e atendimento
clínico supervisionado. O uso de recursos como sala com espelho unidirecional,
gravações de áudio e vídeo e checklist podem melhorar a qualidade da
supervisão.

A qualidade da relação entre supervisor e supervisionando é crucial, pois


influencia a eficácia da supervisão. O supervisor deve fornecer feedback
construtivo e criar um ambiente não punitivo para encorajar a autoavaliação do
supervisionado. Além disso, a supervisão deve focar não apenas na técnica, mas
também na relação terapêutica e na análise funcional dos casos.

A autonomia do aluno também é importante e deve ser desenvolvida ao longo


do processo de supervisão. Os alunos devem ser preparados para enfrentar os
desafios da prática clínica, incluindo questões como diferenças entre a clínica-
escola e a prática privada.

Em suma, a supervisão clínica desempenha um papel fundamental na formação


de terapeutas comportamentais, fornecendo orientação, feedback e
oportunidades para desenvolver habilidades clínicas essenciais. A qualidade da
supervisão depende da relação entre supervisor e supervisionando, bem como
da utilização eficaz de recursos e estratégias de ensino.

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