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Universidade de Brasília

Instituto de Física
Física 1 Experimental (Turma 15)

Relatório 04:
Colisão Bidimensional

Grupo 1
Daniel Dezan Baby 232046097
Emanuel Messias de Oliveira Souza 232012983
João Carlos Amorim Feitosa 231028970

Professor:
Bernardo Forton Odlavson Gonçalves

28 de novembro de 2023
1 Introdução
A compreensão e descrição dos fenômenos físicos demandam a formulação de teorias
complexas, geralmente caracterizadas por um processo extenso de proposição e testes
experimentais de diversas hipóteses. Durante esse procedimento, é frequente a busca por
quantidades constantes, as quais possibilitam estabelecer relações entre os diversos elementos
que constituem o fenômeno em análise. Em sistemas isolados, nos quais não há a influência
de forças externas, a conservação de duas quantidades fundamentais é observada: a energia
total do sistema e o momento linear.

No contexto de colisões entre corpos em um sistema isolado, a lei da conservação do


momento linear é expressa pela equação vetorial (P1 + P2 = P1' + P2'), onde (P1) e (P2)
representam os momentos lineares dos corpos antes da colisão, enquanto (P1') e (P2')
representam os momentos lineares após o evento. Esta equação, de natureza vetorial, equivale
a três equações escalares correspondentes à conservação do momento linear em direções
perpendiculares x, y e z.

No decorrer deste experimento, será possível explorar a conservação do momento


linear em colisões bidimensionais não frontais. O enfoque incluirá a aplicação de regras de
operação com grandezas vetoriais, como a soma de vetores por meio da regra do
paralelogramo e a decomposição vetorial, proporcionando uma análise aprofundada do
comportamento do momento linear em diferentes direções perpendiculares. Através destas
ferramentas, pretendemos não apenas verificar a conservação do momento linear, mas
também compreender de maneira abrangente como essa conservação se manifesta em um
cenário de colisões bidimensionais não frontais entre corpos.

2 Objetivos
2.1 Objetivo Geral
Verificar a conservação do momento linear em uma colisão bidimensional não frontal
entre duas esferas. A análise abrangerá os estágios pré-colisão, durante o impacto e pós-
colisão, com foco na observação e registro do comportamento do momento linear ao longo
dessas fases. Além disso, busca-se determinar se as leis de conservação do momento linear
são aplicáveis a esse cenário específico de colisão, fornecendo insights sobre as interações
entre as esferas e a validade dos princípios fundamentais da física nesse contexto.
2.2 Objetivos Específicos
1. Medir e registrar os momentos lineares das duas esferas antes, durante e após a
colisão, investigando possíveis variações ao longo do processo.
2. Investigar a influência de parâmetros como massa, velocidade e ângulo de incidência
na conservação do momento linear.
3. Comparar experimentalmente os resultados obtidos com as previsões teóricas baseadas
nas leis de conservação do momento linear.
4. Avaliar a transferência de movimento durante a colisão, relacionando-a ao
comportamento do momento linear e identificando possíveis variações.
5. Implementar a decomposição vetorial do momento linear para analisar a conservação
em cada uma das direções.

3 Materiais e métodos
Ao desenvolver a Prática 4 da disciplina Física 1 Experimental, a qual tem o intuito de
determinar se o momento linear é conservado quando ocorre uma colisão bidimensional, fez-
se o uso de recursos específicos para executar a atividade em questão. Dessa forma, teve-se
como base teórica o material didático disponibilizado na plataforma Aprender3, da disciplina,
como o Roteiro do experimento, além do conteúdo expositivo disponibilizado pelo professor
Bernardo Forton Odlavson Gonçalves durante a aula expositiva. Outrossim, para a realização
do experimento prático, fez-se o uso dos materiais elencados a seguir:

3.1 Bolinha de Aço e de Plástico


As esferas foram utilizadas para realizar a comprovação de que o momento linear se
conservou ou não. Foram elas as utilizadas para a colisão bidimensional, onde a bolinha de
aço, em MRUV, colidiu com a bolinha de plástico, que estava em repouso.

3.2 Folha de papel pardo


Utilizada para fazer as marcações, em conjunto com o papel carbono, a fim de denotar
o deslocamento exercido de ambas as etapas da experimentação. Com ela foi possível marcar,
simulando um espaço vetorial R², as posições X e Y de cada etapa do experimento.

3.3 Trilho curvo


Utilizado para fazer a bolinha de aço estar em MRUV, foi responsável diretamente por
realizar a colisão frontal entra a bolinha citada e a bolinha de plástico. O trilho em si tem um
formato curvado e em sua base contém um parafuso, onde no plano cartesiano citado
corresponde a origem (0,0).

4 Dados experimentais
Inicialmente, para analisar se, no caso de uma colisão frontal bidimensional, o
momento linear foi conservado, buscou-se posicionar o papel pardo no solo e realizar a
marcação do ponto onde ocorre a colisão, que no caso será o ponto de origem do plano
cartesiano que foi montado no próprio papel. Esse ponto é marcado na posição do parafuso do
trilho, que é exatamente onde ocorre a dita colisão. Feita a marcação, realizamos a primeira
etapa do experimento, que seria fixar um ponto no trilho onde será solta a bolinha de aço e
sem a presença da outra bolinha, soltá-la e marcar a posição de sua queda no papel pardo, com
o auxílio do papel carbono. Feito isso repetidas vezes, fez-se a marcação da menor
circunferência possível que contivesse todos os pontos onde a bolinha caiu, e em seguida
traçamos o eixo X com relação ao ponto de origem já marcado.
Na sequência, as etapas experimentais foram meticulosamente executadas para
analisar a colisão entre a esfera de aço e a esfera de plástico. Com isso, a esfera de plástico foi
posicionada no parafuso ajustado em uma orientação oblíqua. Em seguida, a colisão foi
provocada soltando a esfera de aço da mesma altura definida anteriormente. O processo foi
repetido diversas vezes, e as posições médias alcançadas pelas esferas de aço e de plástico,
conectadas por retas, determinaram os vetores médios r1’ e r2’. A projeção no papel pardo da
posição da esfera de aço no instante da colisão foi determinada desenhando-se um círculo
com o raio da esfera de plástico centrado na posição da esfera de plástico. Em seguida,
desenhou-se outro círculo com o raio da esfera de aço, encostado no círculo da esfera de
plástico, e com o centro sobre o eixo y.
Os alcances r1’ e r2’ da esfera de aço e da esfera de plástico foram medidos em relação
às posições dessas esferas no instante da colisão. Essas medições fornecem informações
cruciais sobre o comportamento das esferas durante o impacto.
Finalmente, no papel jornal, foram registradas as coordenadas y de cada ponto de
impacto. Esses dados foram meticulosamente organizados em uma tabela para uma análise
mais aprofundada.
A Tabela 1 expõe as posições (X, Y) das colisões das bolinhas de aço (de massa m1) e
de plástico (de massa m2) com o papel pardo:
Tabela 1 – Posição das bolinhas 1 e 2 o em relação ao plano cartesiano do papel pardo
N° da R1x ± 1 R1y ± 1 R1x' ± 1 R1y' ± R2x' ± R2y' ±
colisão (mm) (mm) (mm) 1 (mm) 1 (mm) 1 (mm)
1 388 -1 155 -92 389 1U50
2 387 1 156 -86 400 147
3 386 3 149 -83 388 149
4 387 2 152 -92 395 150
5 387 4 147 -90 405 152
6 390 3 149 -88 399 150
7 386 -3 147 -92 399 153
8 385 -4 149 -88 397 158
9 392 -2 151 -88 400 148
10 388 -3 151 -89 405 148

5 Análise dos dados


Ao calcular os valores médios e desvios padrões de cada uma das componentes dos
vetores de alcance, obteve-se os dados elencados na Tabela 2:
Tabela 2 – Valores médios e erros experimentais dos componentes dos vetores alcance
R2y'
R1x (m) R1y (m) R1x' (m) R1y' (m) R2x' (m)
(m)
Rmedio (m) 0,388 0 0,151 -0,087 0,398 0,151
Desvio padrão
0,0007 0,0009 0,001 0,0009 0,002 0,001
(m)
ΔR (m) 0,002 0,002 0,002 0,002 0,003 0,002

Na sequência, em posse dos dados das massas da bolinha de aço, que é de 0,0113 ±
0,0001 kg, e da bolinha de plástico, cuja massa é de 0,00065 0113 ± 0,0001 kg, encaminhou-
se para o cálculo do momento linear as bolinhas, o qual é dado, neste experimento, pela
equação:
P=m×r
Nessa fórmula, P representa o momento linear, m representa a massa, e r representa os
componentes dos vetores de alcance para cada bolinha. Com isso, uma vez em posse de todos
os dados para calcular os momentos lineares das bolinhas, a Tabela 3 expõe os momentos
lineares das bolinhas em cada componente (X, Y), antes e depois das colisões (').
Tabela 3 – Valores médios e erros experimentais dos momentos antes e depois da colisão
M1r1x (kg.m/s) 0,00438 ΔM1r1x (kg.m/s) 0,00006
M1r1y (kg.m/s) 0,00000 ΔM1r1y (kg.m/s) 0,00002
M1r1x’ (kg.m/s) 0,00170 ΔM1r1x’ (kg.m/s) 0,00004
M1r1y’ (kg.m/s) -0,00100 ΔM1r1y’ (kg.m/s) 0,00001
M2r2x’ (kg.m/s) 0,00259 ΔM2r2x’ (kg.m/s) 0,00006
M2r2y’ (kg.m/s) 0,00098 ΔM2r2y’ (kg.m/s) 0,00003

Agora, com todos os dados de momento linear completos, é possível avaliar a


conservação do momento linear no plano horizontal onde serão comparadas as coordenas
R1x, R1y com as coordenadas R1x’, R1y’, R2x’ e R2y’. Essa comparação será feita levando-
se em conta a equação:
P 1=P 1’ + P 2’
Na qual P1 e P2 representam os momentos lineares antes da colisão que é dado para
quando a bola de aço é lançada sem o impacto e quando não há impacto com a bola de
plástico. P1’ e P2’ são os momentos lineares após o impacto das duas bolas, aço e plástico,
respectivamente. Como pela lei da conservação dos momentos lineares, o P inicial e o Pfinal devem
ser iguais.
Assim a equação pode ser descrita como:
m 1 v 1+m 2 v 2=m1 v 1 ’+ m2 v 2’
Obviamente o atrito é desprezado e neste sistema leva-se em conta somente o plano
horizontal, portanto, não há aceleração. Como o deslocamento é feito a partir do marco zero
igual a zero, a posição é dada tão somente pelo ponto de impacto final e como consideramos
que o tempo de queda para ambos os fatores é mesmo a equação anterior fica da seguinte
forma:
m 1r 1+m 2r 2=m1 r 1 ’+ m2 r 2’
Como no instante inicial a bola de plástico permanece imóvel, não havendo colisão
com a bolinha de plástico, o r2 = 0. Portanto a equação será:
m 1r 1=m1 r 1 ’+ m2 r 2’
Nesse sentido, agora é necessário verificar se no experimento houve a conservação do
momento linear. Para tal, iguala-se a equação, com os dados obtidos, para cada componente X
e Y. Assim, para o eixo X, tem-se:
m 1r 1 x=m1 r 1’ x+ m2 r 2 ’ x
m m m
(0,00438 ± 0,00006)(kg × )=(0,00170± 0,00004)(kg × )+(0,00259± 0,00006)(kg × )
s s s
m m
(0,00438 ± 0,00006)(kg × )=(0,0043± 0,0001)(kg × )
s s
Portanto, é nítido que, para o eixo X, houve a conservação do momento linear, pois os dois
lados da equação se igualam, com essa igualdade dentro da margem de erro de cada lado da equação.
Em sequência, para o eixo Y, tem-se:
m 1r 1 y=m 1r 1 ’ y +m2 r 2 ’ y
m m m
(0,00000 ± 0,00002)(kg × )=(−0,00100 ± 0,00001)(kg × )+(0,00098 ± 0,00003)(kg × )
s s s
m m
(0,00000 ± 0,00002)(kg × )=(−0,00002 ± 0,00004)(kg × )
s s
Com isso, é nítido que, para o eixo Y, também houve a conservação do momento linear, pois
os dois lados da equação se igualam, com essa igualdade dentro da margem de erro de cada lado da
equação.
Uma vez comprovada a conservação do momento linear, em ambos os eixos, tem-se o
diagrama que expõe os vetores mr (m1r1 + m2r2), com os seus respectivos erros, e a soma vetorial
(pela regra do paralelogramo) dos dois vetores (Figura 1).

Figura 1 – Diagrama vetorial de m1r1 + m2r2

6 Conclusão
A realização do experimento proporcionou uma análise aprofundada da conservação
do momento linear em uma colisão bidimensional não frontal. Ao observar o comportamento
do sistema isolado, verificou-se que o momento linear se manteve constante nas direções
perpendicular e paralela ao plano da colisão, ou seja, ao longo dos eixos x e y.

A aplicação da lei da conservação do momento linear, representada pela equação


vetorial P1 + P2 = P1' + P2', evidenciou a consistência do princípio fundamental da física. Os
momentos lineares antes e após a colisão foram analisados em três direções perpendiculares,
sendo que, no contexto deste experimento, a conservação foi observada nas direções x e y.

A interpretação dos resultados destacou a importância da consideração das condições


de isolamento do sistema para garantir a conservação total do momento linear. Em situações
onde não há ação de forças externas, a constância do momento linear nas direções específicas
pode ser verificada, fornecendo insights valiosos sobre o comportamento do sistema em
resposta a colisões bidimensionais não frontais.

Este experimento não apenas reforça a validade da lei da conservação do momento


linear, mas também ressalta a utilidade das ferramentas vetoriais, como a decomposição e a
soma de vetores, na análise precisa e na compreensão dos fenômenos físicos.

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