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PROGRAMA Abordagem

do câncer
DE EDUCAÇÃO
na Atenção
PERMANENTE Primária à Saúde
EM SAÚDE
DA FAMÍLIA

UNIDADE 1
Câncer de Pele
Aula 1
ANDO TÃO À FLOR DA PELE: diagnóstico
precoce, diagnóstico e seguimentos pela
APS

Nesta unidade, discorreremos acerca do câncer de pele. Conheceremos estatísticas,


conceitos, classificações, noções sobre tratamento e o papel da Atenção Primária à Saúde
(APS) diante dessa patologia.

Dessa forma, é importante reconhecermos as nuances implicadas nessa patologia para


realizar a busca ativa dos casos e o diagnóstico precoce, além de prestar uma assistência
de forma mais qualificada.

O câncer de pele é o tipo mais frequente no Brasil, correspondendo


a 30% dos casos de neoplasias malignas.

Estimativa de novos casos: 5.670, sendo 3.000 homens e 2.670 mulhe-


res (INCA, 2016).

Os estados do Sul do país têm as maiores taxas brutas de incidência para cada 100 mil habi-
tantes em todo o Brasil (INCA, 2016). Veja no infográfico na plataforma.

Infográfico 1

Cursista, você não achou curioso que os estados do Sul tenham maiores taxas que os esta-
dos do Nordeste brasileiro?

Essa diferença se dá pelos fatores de riscos associados ao câncer de pele. São eles:

1- idade superior a 40 anos;

2- pessoas portadoras de doenças cutâneas;

3- pessoas com pele clara e sensível à ação dos raios solares;


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Câncer de Pele 3
4- sexo masculino;

5- tabagismo (fator de risco de câncer em lábios, especialmente os de tipo basocelular);

6- histórico familiar positivo para câncer de pele (INCA, 2016).

Assim, os estados do Sul do Brasil têm taxas mais altas pelo fato da maior parte da popula-
ção dessa região ter pele muito clara, que é um fator de risco associado ao câncer de pele.
Portanto, caros cursistas, faz-se necessário que reconheçamos esses fatores de riscos para
promover ações preventivas, especialmente no que concerne ao trabalho da educação em
saúde.

A pele é o maior órgão do corpo humano, constituindo 16% do peso


do nosso corpo! (KEDE; SABATOVICH, 2004)

Recordar é viver
Vamos relembrar nossos conhecimentos a respeito da anatomia da pele?

Você se lembra das características da lesão de pele da paciente que a Dra. Denise atendeu
na situação-problema?

Até aqui temos mencionado alguns tipos de câncer de pele, vamos conhecer mais a respeito
deles!

O câncer de pele se classifica, inicialmente, em 2 tipos: não melanoma e melanoma. Veja


a seguir.

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Câncer de Pele 4
NÃO MELANOMA – representa 95% dos cânceres de pele e pode
ser dos tipos:

- Basocelular (carcinoma de células basais); e

- Espinocelular (carcinoma de células escamosas).

O carcinoma basocelular tem origem nas células basais da epiderme


e representam 75% dos casos de câncer de pele. É mais comum em
idosos e aparece em áreas muito expostas ao sol, como o rosto e
o pescoço (INCA, 2016). Desenvolve-se lentamente e dificilmente se
espalha para outras áreas do corpo. Entre 35% e 50% das pessoas
que tiveram esse câncer de pele vão ter outro em um prazo de 5
anos após o diagnóstico. Isso significa que quem já teve câncer de
pele tem de fazer um acompanhamento permanente (https://www.
accamargo.org.br/sobre-o-cancer/tipos-de-cancer).

O carcinoma espinocelular é uma neoplasia maligna cutânea origi-


nada das células da camada espinhosa da epiderme, com potencial
para gerar metástases. A pele ao redor geralmente possui sinais de
lesões actínicas. Ocorre em áreas como face, tronco superior, ore-
lhas, lábio inferior, superfícies extensoras dos membros superiores
e dorso das mãos (TERZIAN, 2017, p. 68).

Vejamos algumas imagens para ilustrar esses tipos de câncer não


melanoma.

COMO RECONHECER UM
CARCINOMA ESPINOCELULAR
Lesão avermelhada com Nódulo avermelhado com
1 áreas que não cicatrizam 2 cascas duras e amareladas

E na parte superior
3 Pode surgir nos lábios 4 das orelhas


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COMO RECONHECER UM
CARCINOMA BASOCELULAR
Nódulo (bolinha) avermelhado
com finos vasinhos de sangue

Pode exibir brilho perolado

Pode ser pigmentado (escuro)

Ferida que não cicatriza

Figura 1 - Como vamos reconhecer um carcinoma espinocelular e


basocelular.

MELANOMA – tem origem nos melanócitos, as células produtoras


de melanina.

Figura 2 - Melanoma.


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Melanomas aparecem geralmente em pessoas de pele clara, no tronco, em homens, ou nos
membros inferiores, em mulheres, embora também possam acometer negros e afrodescen-
dentes (https://www.accamargo.org.br/sobre-o-cancer/tipos-de-cancer).

Essas classificações são baseadas em resultados histopatológicos, por isso é preciso muita
experiência para poder afirmar o tipo de câncer de pele apenas pelo exame físico das lesões.

Além da história, de exames físico e laboratoriais/imagem, as consultas de seguimento


devem incluir a educação e o preparo do paciente e dos familiares em reconhecer os sinais
e sintomas do melanoma, como o autoexame, a atenção para sinais e sintomas associados
com a doença e fotoproteção (AMB, 2001).

Existem fatores que devem ser considerados no seguimento de um paciente, tais como:
presença de nevos atípicos; espessura tumoral; história familiar de melanoma; estado emo-
cional do paciente (ansiedade) (AMB, 2001).

Considerando os nevos serem sinais na pele (sardas, pintas, por exemplo), os pacientes
devem fazer o autoexame da pele para perceber alguma mudança preocupante de padrão,
como as características da regra ABCD a seguir.

• Assimetria (A): a forma de uma metade não é igual à outra.

• Bordas (B): as bordas da lesão são frequentemente imperfeitas,


chanfradas, pouco nítidas ou irregulares no seu contorno, e o pig-
mento pode estender-se para a região circunvizinha.

• Coloração (C): a cor não é uniforme, com tonalidades escuras, mar-


rons e bronzeadas possivelmente presentes, bem como áreas brancas,
cinzas, vermelhas, róseas ou azuis também podem ser encontradas.

• Diâmetro (D): existe uma modificação no tamanho, geralmente


um aumento; os melanomas são geralmente maiores que 6 mm
(GANZELI et al., 2011).

Vejamos o desenho a seguir como exemplo.

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BENIGNO MALIGNO

A Simétrico Assimétrico

B Bordas regulares Bordas irregulares

C Uma cor só Mais de uma cor

D Diâmetro < 6mm Diâmetro > 6mm

Figura 3 – Regra ABCD

Essas figuras lhe parecem familiares? Acredito que você recordou da


lesão da paciente atendida pela Dra. Denise na situação problema
deste módulo!

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Câncer de Pele 8
A Atenção Primária à Saúde tem como tarefas fundamentais promover ações que incenti-
vem os cuidados da pele, prevenindo, assim, o surgimento de novos casos e identificando
peles que tenham sinais sugestivos de lesões cancerígenas (ABCD), relacionando com fato-
res de riscos e com um exame físico bem realizado.

O que fazer na APS quando estamos diante de uma lesão suspeita? O que você faz?

Se a APS tiver uma atuação atenta e suspeitar precocemente da lesão, o próximo passo será
o biopsiar a lesão! Vamos nos lembrar da Dra. Denise da situação-problema solicitando a
biópsia da lesão de pele de Dona Valentina na unidade básica.

Se o(a) médico(a) da equipe estiver capacitado e existirem condições para a realização na


unidade de saúde, a biópsia poderá ser feita na APS. Caso contrário, ou após o diagnóstico
histopatológico, deveremos referenciar o paciente para o Dermatologista.

O dermatologista e o oncologista clínico deverão estadiar (determinar o quanto o câncer se


espalhou) para depois determinar o melhor tipo de tratamento.

Assim, podemos perceber o quão relevante é a APS na promoção da saúde e na prevenção


de doenças. O olhar de cada profissional se faz indispensável na identificação dos fatores de
riscos e na minimização de novos casos.

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TIPOS DE BIÓPSIA
Biópsia por Shaving

Neste tipo de biópsia, também chamada de saucerização, o médico anestesia a área, raspa
as camadas superiores da pele com uma lâmina cirúrgica, retirando a epiderme e a parte
exterior da derme. A saucerização não é indicada para as doenças inflamatórias de pele e
é mais bem empregada para o diagnóstico de tumores cutâneos fortemente sugestivos de
serem benignos. Não é indicada para suspeita de melanoma, pois a margem profunda sem-
pre poderá estar comprometida (WERNER, 2009).

EPIDERME

DERME

TECIDO SUBCUTÂNEO
(ADIPOSO)

Figura 4 – Saucerização

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Biópsia Punch

Na biópsia punch, o médico remove uma amostra mais profunda, utilizando um


cilindro cortante. O procedimento é realizado com anestesia e, geralmente, por dermatolo-
gistas (WERNER, 2009).

Biópsias Incisional e Excisional

Figura 5 – Biópsia punch

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Para examinar um tumor localizado nas camadas mais profundas da pele, o médico pode
utilizar a biópsia incisional ou a excisional, nas quais, sob anestesia local, o médico remove
uma camada da pele com um bisturi. A biópsia incisional é um tipo de biópsia em que ape-
nas uma parte da lesão é removida (GENOVESI et al., 1994), já a biópsia excisional remove
toda a lesão, indicada em suspeita de melanoma (GENOVESI et al., 1994).

Figura 6 – Tipos de biópsia

Exame das Amostras

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Todas as amostras de biópsias de pele são enviadas para análise por um patologista, que é
o médico especializado no exame anatomopatológico de células, tecidos e órgãos para diag-
nosticar a doença. Se células cancerosas estão presentes, o patologista determinará o tipo
de câncer de pele a que corresponde.

Agora que a biópsia foi feita, assim como o encaminhamento para o dermatologista, vamos
ajudar a dra. Denise no tratamento da lesão da nossa situação problema?

TRATAMENTO
O tratamento, como já dito anteriormente, dependerá do estadiamento das lesões, com
possibilidade de utilização das várias opções existentes, a saber:

Os tratamentos são conduzidos pelos outros níveis de atenção, cabendo à APS dar segui-

- Excisão Simples.

- Excisão com margem ampliada.

- Cirurgia para melanoma metastático.

- Quimioterapia.

- Radioterapia.

- Imunoterapia.

- Bioquimioterapia.

Fonte: Brasil (2014)

mento e monitoramento de reações adversas que cada modalidade terapêutica poderá


causar.

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Para finalizar, fica a sugestão de verem a esclarecedora webpa-
lestra preparada pelos profissionais do Telessaúde do Rio
Grande do Sul sobre o tema, que ajudará a reforçar o que
vimos nesta aula. Prepare a pipoca e desfrute.

https://www.youtube.com/watch?v=phBFTmTNeG4

Agora que aprendemos sobre o câncer de pele, vamos em frente no nosso curso. Na
próxima unidade, vamos estudar o câncer de próstata.

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