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TEÓRICA
RESUMO
Este artigo tem como objetivo geral expor a relação entre pacientes diabéticos, amputação e depressão.
Como objetivos específicos, pretende-se: investigar a relação entre a depressão em diabéticos, após a
primeira amputação, e a possível influência na ocorrência de uma segunda amputação; identificar os
aspectos psicológicos de diabéticos amputados no que concerne à imagem corporal modificada; e
destacar a importância do acompanhamento psicológico a pacientes diabéticos amputados. A pesquisa
foi do tipo exploratória, de natureza qualitativa e utilizou-se do método bibliográfico, o qual consiste
em explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em artigos, livros, dissertações e
teses. E diante das informações levantadas, tornou-se evidente a relação entre o paciente diabético
amputado e a depressão, onde ambas patologias influenciam-se mutuamente, sendo o
acompanhamento psicológico de suma importância desde da notícia da amputação até a sua
reabilitação social.
ABSTRACT
This article aims to describe the relationship between exposing diabetic patients, amputation and
depression. Specific objectives, aims to: investigate the relationship between depression in diabetic
patients after the first amputation, and the possible influence on the occurrence of a second
amputation; identify the psychological aspects of diabetic amputees in relation to the modified body
image, and highlight the importance of psychological assistance for amputees diabetic patients. The
research was an exploratory, qualitative in nature and used the bibliographical method, which is to
explain a problem from theoretical references in published articles, books, dissertations and theses.
And before the information gathered, it became evident the relationship between patient diabetic
amputee and depression, where both diseases influence each other, and psychological monitoring of
paramount importance since the news of amputation up their social rehabilitation.
Este artigo surge do encontro entre as autoras, cujo interesse pelo tema se deu pelas
mesmas terem vivenciado, a marcante experiência de acompanhar um familiar em mais de
uma amputação por complicações do diabetes mellitus e observar outros pacientes internados
na mesma enfermaria passando pelo mesmo processo. Essa experiência trouxe uma
inquietação em torno dos fenômenos psicológicos suscitados por esse contexto e das
implicações que a depressão pode ter na recuperação do amputado diabético e,
principalmente, da importância do acompanhamento psicológico antes e após a cirúrgia de
amputação. Além disso, na procura por literatura científica nacional, foram encontrados
poucos resultados de estudos brasileiros que abordasse a depressão influenciando na
recuperação do diabético amputado.
Conforme Oliveira e Milech (2006, p. 7):
Nos episódios típicos de cada um dos três graus de depressão: leve, moderado ou
grave, o paciente apresenta um rebaixamento do humor, redução da energia e
diminuição da atividade. Existe alteração da capacidade de experimentar o prazer,
perda de interesse, diminuição da capacidade de concentração, associadas em geral à
fadiga importante, mesmo após um esforço mínimo. Observam-se em geral
problemas do sono e diminuição do apetite. Existe quase sempre uma diminuição da
auto-estima e da autoconfiança e freqüentemente idéias de culpabilidade e ou de
indignidade, mesmo nas formas leves. O humor depressivo varia pouco de dia para
dia ou segundo as circunstâncias e pode se acompanhar de sintomas ditos
“somáticos”, por exemplo perda de interesse ou prazer, despertar matinal precoce,
várias horas antes da hora habitual de despertar, agravamento matinal da depressão,
lentidão psicomotora importante, agitação, perda de apetite, perda de peso e perda
da libido. (BRASIL, 2007, p. 327).
Lin et al. (2004 apud DUARTE, 2012), em pesquisa sobre a influência de depressão
nos cuidados que o paciente tem com o diabetes, constatou que
1 MÉTODO
O diabetes mellitus (DM) não é uma única doença, mas um grupo heterogêneo de
distúrbios metabólicos que apresentam em comum a hiperglicemia. Essa
hiperglicemia é o resultado de defeitos na ação da insulina, na secreção de insulina
ou em ambos.
(8%). E ainda, no que se refere à mortalidade, em todo Brasil, de 2000 a 2010, o diabetes foi
responsável por mais de 470 mil mortes.
Nesse período, essa pesquisa apresentou que o número saltou de 35,2 mil para 54,8
mil. Isso significa que a taxa de mortalidade avançou de 20,8 para 28,7 mortes por 100 mil
habitantes. Esses números não podem ser ignorados pela saúde pública, pelas consequências
que podem acarretar, o que significa: mais internações hospitalares, mais amputações, mais
pessoas incapacitadas e até mesmo mais óbitos.
São variadas as manifestações clínicas do diabetes mellitus e sua variabilidade
depende de cada indivíduo. Como complicações clínicas decorrentes da falta ou déficit na
ação da insulina, Oliveira e Milech (2006) destacam: aumento do volume urinário ou vontade
de urinar várias vezes ao dia e também à noite, sede excessiva, fome excessiva,
emagrecimento, fraqueza, sensação de dormência, formigamento e prurido, distúrbio visuais e
distúrbios do aparelho genitourinário.
No que se refere às manifestações clínicas associadas à síndrome de resistência à
insulina, destacam-se: obesidade com distribuição de gordura na parte superior do corpo,
lesões de pele caracterizada pela presença de pele escura, grossa e aveludada, e disfunção
ovariana. (OLIVEIRA, MILECH, 2006).
É comum, na ausência de um bom controle glicêmico, as complicações associada ao
diabetes mellitus. As literaturas apontam para dois tipos de complicações, que são as
complicações microvasculares e macrovasculares: as complicações microvasculares do DM
caracterizam-se por doenças degenerativas não inflamatórias da retina, doença renal e
desordens do sistema sensorial, motor periférico e sistema nervoso central. E as complicações
macrovasculares do DM caracterizam-se por: doença arterial coronariana, a doença vascular
periférica e a disfunção eréctil. (INZUCCHI, 2007; OLIVEIRA, MILECH, 2006).
Dentre as complicações apresentadas, se faz necessário para este estudo destacar a
neuropatia e a doença vascular periférica por serem essas as principais causas de amputações
de membros inferiores. Conforme a SBP (2006, p. 102), a “ulceração ou amputação, afetam a
população diabética duas vezes mais que a não diabética, atingindo 30% naqueles com mais
de 40 anos de idade. Estima-se que 15% dos indivíduos com DM desenvolverão uma lesão no
pé ao longo da vida.”. Oliveira e Milech (2006, p. 224) afirmam que: “cerca de 20% das
admissões hospitalares em pacientes diabéticos sejam devidas ao chamado “pé diabético”.”.
Pé diabético, trata-se da designação dada a transtornos tróficos induzida pela
hipergligenia sustentada que, com ou sem co-existência de doença arterial periférica, e com
prévio traumatismo desencadeante, ocorrem na pele e estrutura osteoarticular do pé de
7
2.2 Depressão
Segundo Neto e Elkis (2007, p. 220), “o termo depressão é usado tanto para
caracterizar um estado afetivo normal quanto um sintoma, uma síndrome ou uma (ou várias)
doença(s)”. O estado afetivo normal refere-se às tristezas que acometem as pessoas no dia-a-
dia, como resposta à perda de um emprego ou de uma pessoa querida e que desaparece com o
tempo sem nenhum tratamento especial.
No que diz respeito à depressão como sintoma, os mesmos autores, dizem que “pode
surgir em outras condições médicas e mentais, em resposta a situações estressantes ou a
circunstâncias sociais, psicológicas ou econômicas adversas”. (p. 220). Desta forma, a
situação da amputação de um membro do corpo se enquadra nas situações e circunstâncias em
que a depressão pode surgir.
Batistoni (2005 apud TERRA, 2010, p. 69), “define-a como uma síndrome psiquiátrica
cujos principais sintomas são o humor deprimido e a perda de interesse ou de prazer em quase
todas as atividades.”.
Algumas características da depressão são sintomas psíquicos, através dos quais se
percebe um humor depressivo com sensação de tristeza, autodesvalorização e sentimentos de
8
Percebo e sou percebido através de meu corpo, pois ele é o veículo do ser-no-mundo
e, dessa forma, não se tem um corpo, mas é-se um corpo. O “corpo próprio” ou o
“corpo vivido” é aquele que, através do sensível, exerce a comunicação vital com o
mundo, sendo esse aquilo que se vive e não o que se pensa. O corpo é nosso meio de
ter o mundo e é por ele que há a relação com os outros, com as coisas, com o próprio
mundo, experienciando o próprio corpo.
Este ser-no-mundo só está aí pelo seu corpo, sendo um ser único em sua singularidade.
Sendo assim, não se pode pensar o sujeito separado do seu corpo. O corpo não é a morada do
sujeito, não é algo de que ele possa se despir, se desvencilhar, deixar de lado, o sujeito é seu
corpo. É através do seu corpo que o sujeito se apropria do mundo, se comunica, se expressa e
se reconhece como parte integrante de uma cultura.
De acordo com Pedrosa (2005 apud MARQUES, 2008, p. 31),
Dessa forma, o modo como o corpo é aceito e vivido pelo próprio sujeito, vai definir
os padrões das relações com outras pessoas e objetos, estabelecidas por ele. E esses padrões
de relações podem ser prejudicados diante de algum procedimento mutilatório, como é o caso
de uma amputação.
Segundo Carvalho (2003, p. 11), “amputação é a retirada parcial ou total de algum
membro, sendo considerada um processo reconstrutivo de uma extremidade sem função ou
com função limitada.”. A amputação dos membros é algo que não se pode mudar, é uma
solução radical, e sua ocorrência realiza-se justamente para preservar a vida do paciente
minimizando a dor e a infecção. Trata-se de uma perda física, que implica na mudança da
aparência, desvalorizando a imagem corporal.
A imagem corporal é a figura de nosso próprio corpo que formamos em nossa mente.
(SCHILDER, 1994). Ou seja, é a forma como vemos nosso corpo. Enquanto, o corpo físico é
objetivo, a imagem corporal é subjetiva.
No entanto, a formação da imagem corporal, não sendo apenas consciente é construída
a partir da referência do corpo de outras pessoas e a imagem dos outros não está ligada
somente à sua aparência física, mas também à qualidade do nosso relacionamento com eles.
Portanto, a formação da imagem corporal é algo gradativo que engloba inúmeros processos
funcionais e exteriores. Logo, uma alteração brusca nesse desenrolar afetará não só a imagem
como todo um esquema corporal. (FRANCHINI, 2008).
Conforme Ferreira (2005 apud BITTENCOURT, 2006, p. 34):
Franchini (2008, p. 51) destaca que: “nas situações de perda, o sentimento de culpa é
inevitável. Ao se sentirem responsáveis por não antecipar ou prever as complicações que
resultaram em amputação, os pacientes lamentam suas atitudes.”.
A mesma autora ainda destaca que o sentimento de culpa vem acompanhado de
arrependimento e remorso. Depois da amputação, o indivíduo experimenta diferentes fases,
tais como a assimilação, a elaboração e a aceitação da sua “nova” condição física e o modo de
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como ele vai lidar com todo esse turbilhão de emoções vai depender das suas pré-concepções,
da forma como ele e as pessoas que o rodeiam lidam com a dor e com a perda, do seu
ambiente familiar e da assistência física e mental que está recebendo. (FRANCHINI, 2008).
Além dos sentimentos citados acima, ainda é frequente pessoas com amputação
apresentarem tristeza, pesar, episódios de choro e isolamento social. Bem como, distúrbios de
autoimagem corporal, como percepção distorcida e negativa sobre a aparência física. Tudo
isso relacionado ao desconforto social, pois as pessoas olham primeiro para a ausência do
membro para depois olharem para o rosto do sujeito amputado. (GABARRA, CREPALDI,
2009).
Para Gabarra (2010, p. 18), “a perda de um membro é comparada a perda de uma
pessoa querida.”. Partindo dessa premissa, Parker (1975, apud Gabarra, 2010, p. 18),
Sendo assim, o paciente amputado também vivenciará as fases do luto, que conforme
Kubler-Ross (1996) são cinco, as quais serão descritas abaixo. Vale salientar que, nem sempre
estas ocorrem na mesma ordem e nem sempre todas são experimentadas.
A primeira fase diz respeito à negação e ao isolamento, muito comum no início da
doença, pois o paciente nega a sua doença e a gravidade do seu estado, recusa-se a falar sobre
a doença e tende ao isolamento.
A segunda fase é a raiva, durante a qual o paciente faz exigências, reclama, critica o
seu atendimento e solicita atenção contínua. Se for respeitado e compreendido, logo cessarão
suas exigências, pois será assistido sem necessidade de explosões temperamentais. A terceira
fase é a barganha que, em geral, consiste na negociação com Deus. Quase sempre almeja-se
um prolongamento de vida ou deseja-se alguns dias sem dor ou sem males físicos.
A quarta fase é a depressão que se estabelece quando o paciente não pode mais negar
sua doença, quando é forçado a submeter-se a mais uma cirurgia ou hospitalização, quando
começa a apresentar novos sintomas e tornar-se mais debilitado e mais magro, não pode mais
esconder a doença. Seu alheamento ou estoicismo, sua revolta e raiva cederão lugar a um
sentimento de grande perda. E a quinta e última fase é a aceitação que se dá quando não mais
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sente depressão e nem raiva. É o momento em que encontra paz e aceita o que está
acontecendo.
Desta forma, elaborar a perda de um membro envolve então, reorganizar todo um
esquema de consciência de si mesmo, tanto na relação de ser em si, quanto de ser no mundo.
Gabarra e Crepaldi (2009, p. 63) complementam que: “a elaboração do luto se inicia antes da
cirurgia e pode durar por tempo indeterminado.”.
Segundo Galli (2009, p. 60), “a percepção que cada um tem sobre si estará sempre
afetando suas outras atitudes, influenciando sua forma de ver e contatar a realidade.”.
Portanto, é necessário que o sujeito reformule a sua imagem corporal, aceitando-a para que
ele possa relacionar-se consigo e com outros de forma autêntica. Aceitando suas limitações e
lançando mão de estratégias para sua maior autonomia.
Assim, o psicólogo pode ser um agente facilitador nesse processo de readaptação do
paciente à nova condição de diabético amputado, o que implica em aceitar-se com uma
prótese ou com ausência do membro amputado. Portanto, com o intuito de ressaltar a
importância do papel desse profissional, segue, na próxima seção, uma reflexão sobre o
acompanhamento psicológico na assistência ao paciente diabético amputado.
Mas, antes mesmo do paciente receber à notícia da amputação, que é algo que vai
modificar sua forma de ser-no-mundo. Ao adentrar no hospital ele passa pelo processo de
descaracterização. Ou seja, o indivíduo único e singular, começa a fazer parte de uma rotina
hospitalar que lhe é imposta, deixando de lado suas particularidades. Visto que,
São poucas as pesquisas sobre os efeitos da amputação até dois anos após a cirurgia.
No entanto, esses estudos apontam para a sintomatologia depressiva logo após a amputação, o
que, evidencia que a depressão logo após a perda do membro pode ser considerada uma
reação natural. (HORGAN, MACLACHLAN, 2004 apud GABARRA, 2010).
Contudo, Fitzpatrick (1999 apud GABARRA, 2010, p. 49), “destaca que, nesse
período inicial, é difícil determinar se o diagnóstico é de depressão ou se é uma resposta de
adaptação ao processo de amputação.”. Isso demonstra que, existe uma grande dificuldade no
14
Durante o primeiro ano após a amputação, pode ocorrer aumento dos níveis de
depressão. Após o retorno para casa, diminuem os estressores relativos à
hospitalização, porém, surgem novos estressores referentes à diminuição da
mobilidade e ao aumento da dependência para os cuidados diários, antes sob a
responsabilidade da equipe de saúde. O retorno para o lar pode trazer os dados de
realidade sobre a situação de perda do membro e a clareza sobre os desafios de viver
nessa nova situação.
pés e um risco quatro vezes maior de apresentar perda da sensibilidade protetora plantar.
Embora o estudo não permita determinar relações de causa e efeito, esses achados sugerem
que esses pacientes possuem um risco maior para uma pior evolução do diabetes. (MICHELS,
2010). Ou seja, ter depressão parece influenciar comportamentos que interferem com o
autocuidado no DM, como a dieta, a atividade física e a aderência ao tratamento médico.
Nesse sentido, a atuação do psicólogo pode também se focar em uma atuação
educacional. Levando em consideração que, “não há sentimento, comportamento ou qualquer
outro modo de ser de uma pessoa que exista isoladamente como um fenômeno “em si”.”.
(GALLI, 2009, p. 59). Assim sendo, não se pode pensar a doença separada do sujeito, mas em
muitos casos a doença é o objeto que mais recebe atenção e a totalidade do indivíduo é
negligenciada.
Para Lederman (2001 apud SCOPEL, BARTILOTTI, 2006, p. 2),
A saúde e o bem estar estão associados às sensações do corpo de forma global, seja
de origem física ou psicológica unificando o corpo e a mente como uma única
estrutura. Assim, faz sentido dizer que as alterações no equilíbrio mental podem
refletir no âmbito físico e a recíproca se faz verdadeira.
Mas diagnosticar está muito além dos sintomas físicos, por isso Galli (2009, p. 61)
acrescenta que:
Diante disso, a Psicologia, como ciência e profissão, recebe a cada dia novos desafios,
o que exige dos profissionais dessa área ainda mais especificidade de ação para suprir os
espaços de trabalho que surgem. Com a necessidade de se pensar o processo saúde/doença
como um fenômeno social, num processo histórico e multideterminado. Então, promovê-lo
desta forma, fez sugerir à Psicologia da Saúde, com vistas à necessidade de uma ação
interdisciplinar. (MARTINS, ROCHA, 2001).
Entende-se por interdisciplinar, conforme Zannon (1993, p. 17), a prática que “implica
ações conjuntas, integradas e inter-relacionadas, de profissionais de diferentes procedências
quanto à área básica do conhecimento.”. E implicado nessa prática, está o psicólogo que
realiza seu trabalho em parceria com a equipe médica, em atividades individuais e ou em
conjunto, atendendo aos pacientes e aos familiares. (BRUSCATO, 2004).
Vinogradof, Yalon (1992, apud FRANCHINI, p. 9) destaca que:
17
Estudos sugerem que a intervenção psicológica logo após a amputação pode favorecer
o desenvolvimento de estratégias cognitivas positivas focalizadas no problema, com
diminuição de estratégias negativas que são associadas à depressão, além de apresentar
adaptação positiva que perdure em longo prazo após a cirurgia. (PHELPS et al., 2008 apud
GABARRA, 2010).
Galli (2009, p. 62) diz que:
pesquisa pode ter influenciado nos resultados obtidos. Na literatura pesquisada, confirma-se
que a psicoterapia de apoio antes e depois da cirúrgia de amputação melhora os quadros de
humor deprimido, diminui os níveis de ansiedade e favorece o enfretamento da situação
vivida.
Em uma revisão de literatura sobre adaptação psicossocial em amputados, sugere-se
que os estudos sobre depressão em pessoas amputadas possuem resultados variados,
dificultando achados conclusivos. Segundo Horgan e Maclachlan (2004 apud GABARRA
2010), nas pesquisas não houve uma padronização dos métodos, com diversidade de
instrumentos para mensurar depressão, dificultando a comparação entre elas.
Saraceno (1999, apud VALLADARES, 2003, p. 5) afirma que, “a reabilitação
psicossocial precisa contemplar três vértices da vida de qualquer cidadão: casa, trabalho e
lazer.”. Portanto, o foco na adaptação ou reabilitação psicossocial consiste em um
direcionamento para o trabalho do psicólogo.
Franchini (2008, p. 19) acrescenta que:
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
1
Maiores informações disponíveis em <http://www.almamix.pt/index.php?option=com_content&id=118:oms-
saude-2010&catid=21:saude&Itemid=97>.
2
Ver site do Ministério da Saúde.
20
mudanças remetem à necessidade de reformulações em sua identidade para incluir esta nova
dimensão de experiência.
O apoio psicológico ao paciente e à família no período anterior a cirurgia diminui as
taxas de ansiedade e depressão, favorece a recuperação posterior e a redução do tempo de
internação, bem como reduz complicações e medicações analgésicas pós-operatórias.
Além disso, o apoio psicológico logo após a amputação pode favorecer o
desenvolvimento de estratégias cognitivas positivas focalizadas no problema, com diminuição
de estratégias negativas que são associadas à depressão, além de apresentar adaptação positiva
que perdure em longo prazo após a cirurgia.
Contudo, com esse estudo, nada se encerra. Uma vez que, na literatura nacional não
existem pesquisas que evidenciem o efeito da depressão em uma segunda amputação, e na
busca de pesquisas que embasassem tal relação, a maioria foi encontrada na literatura
estrangeira.
Dessa forma, se faz necessária a realização de pesquisas empíricas padronizadas,
porque acredita-se que estudos qualitativos com múltiplos instrumentos com pacientes
amputados em acompanhamento longitudinal possam clarificar aspectos relativos à estratégia
de enfrentamento, ansiedade, depressão. Além de pesquisas com psicólogos que estejam no
campo de atuação com essa especificidade.
No intuito de que se possa compreender e apreender o ser humano em suas vivências
de ser um diabético amputado, minimizando os efeitos negativos dessa vivência.
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