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PACIENTES DIABÉTICOS, AMPUTAÇÃO E DEPRESSÃO: UMA REFLEXÃO

TEÓRICA

DIABETIC PATIENTS, AMPUTATION AND DEPRESSION: A THEORETICAL


REFLECTION

Elisângela Alves Santiago*


Fernanda Portela Belo**
Ananda Kenney da Cunha Nascimento***
Faculdade Estácio do Recife – Estácio – FIR

RESUMO

Este artigo tem como objetivo geral expor a relação entre pacientes diabéticos, amputação e depressão.
Como objetivos específicos, pretende-se: investigar a relação entre a depressão em diabéticos, após a
primeira amputação, e a possível influência na ocorrência de uma segunda amputação; identificar os
aspectos psicológicos de diabéticos amputados no que concerne à imagem corporal modificada; e
destacar a importância do acompanhamento psicológico a pacientes diabéticos amputados. A pesquisa
foi do tipo exploratória, de natureza qualitativa e utilizou-se do método bibliográfico, o qual consiste
em explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em artigos, livros, dissertações e
teses. E diante das informações levantadas, tornou-se evidente a relação entre o paciente diabético
amputado e a depressão, onde ambas patologias influenciam-se mutuamente, sendo o
acompanhamento psicológico de suma importância desde da notícia da amputação até a sua
reabilitação social.

Palavras-chave: Diabetes. Depressão. Amputação. Acompanhamento psicológico.

ABSTRACT

This article aims to describe the relationship between exposing diabetic patients, amputation and
depression. Specific objectives, aims to: investigate the relationship between depression in diabetic
patients after the first amputation, and the possible influence on the occurrence of a second
amputation; identify the psychological aspects of diabetic amputees in relation to the modified body
image, and highlight the importance of psychological assistance for amputees diabetic patients. The
research was an exploratory, qualitative in nature and used the bibliographical method, which is to
explain a problem from theoretical references in published articles, books, dissertations and theses.
And before the information gathered, it became evident the relationship between patient diabetic
amputee and depression, where both diseases influence each other, and psychological monitoring of
paramount importance since the news of amputation up their social rehabilitation.

Keywords: Diabetes. Depression. Amputation. Psychological Attendance.


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Este artigo surge do encontro entre as autoras, cujo interesse pelo tema se deu pelas
mesmas terem vivenciado, a marcante experiência de acompanhar um familiar em mais de
uma amputação por complicações do diabetes mellitus e observar outros pacientes internados
na mesma enfermaria passando pelo mesmo processo. Essa experiência trouxe uma
inquietação em torno dos fenômenos psicológicos suscitados por esse contexto e das
implicações que a depressão pode ter na recuperação do amputado diabético e,
principalmente, da importância do acompanhamento psicológico antes e após a cirúrgia de
amputação. Além disso, na procura por literatura científica nacional, foram encontrados
poucos resultados de estudos brasileiros que abordasse a depressão influenciando na
recuperação do diabético amputado.
Conforme Oliveira e Milech (2006, p. 7):

o diabetes consiste em uma deficiência absoluta ou relativa de insulina que irá


influenciar negativamente o metabolismo dos glicídios, proteínas, lipídios, água,
vitaminas e minerais, e, durante a sua evolução, na dependência do controle
metabólico obtido, podem advir complicações agudas e crônicas.

O diabetes mellitus (DM) é dividido em tipo 1 e tipo 2. O diabetes mellitus tipo 1


(DM1) é caracterizado pela deficiência grave de insulina. O diabetes mellitus tipo 2 (DM2) na
maioria das alterações é caracterizada pela resistência. (INZUCCHI, 2007).
Moreira et al. (2003, p. 20) complementa que a doença “afeta aproximadamente 7,6%
da população brasileira entre 30 e 69 anos. A hiperglicemia persistente, característica da
doença, atinge de forma significativa os indivíduos, exigindo alterações importantes em seus
estilos de vida.”. Ou seja, a partir do momento em que o indivíduo é diagnósticado com o
diabetes, é necessário readaptar a sua vida ao que o controle do diabetes exige, como
modificar hábitos alimentares, monitorização glicêmica, entre outros, evitando assim as
complicações da doença.
Segundo Lima e Leão (2004, p. 5), o “indivíduo diabético está a todo o momento
deparando-se com desafios inerentes à doença, que os leva muitas vezes a amputação dos
membros, tendo a relação com o corpo prejudicado”. Uma vez que a amputação modifica a
estrutura do corpo, será necessário que esta nova estrutura seja aceita pelo próprio diabético.
Em alguns casos não há a aceitação, incidindo assim em alterações no comportamento,
podendo levar à depressão.
Na Classificação Estatística Internacional de Doenças (CID – 10), a depressão situa-se
dentro do capítulo dos transtornos mentais e comportamentais, mais especificamente dentre os
transtornos do humor [afetivos], classificada entre o F32 e o F33. (BRASIL, 1993).
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De acordo com a CID – 10:

Nos episódios típicos de cada um dos três graus de depressão: leve, moderado ou
grave, o paciente apresenta um rebaixamento do humor, redução da energia e
diminuição da atividade. Existe alteração da capacidade de experimentar o prazer,
perda de interesse, diminuição da capacidade de concentração, associadas em geral à
fadiga importante, mesmo após um esforço mínimo. Observam-se em geral
problemas do sono e diminuição do apetite. Existe quase sempre uma diminuição da
auto-estima e da autoconfiança e freqüentemente idéias de culpabilidade e ou de
indignidade, mesmo nas formas leves. O humor depressivo varia pouco de dia para
dia ou segundo as circunstâncias e pode se acompanhar de sintomas ditos
“somáticos”, por exemplo perda de interesse ou prazer, despertar matinal precoce,
várias horas antes da hora habitual de despertar, agravamento matinal da depressão,
lentidão psicomotora importante, agitação, perda de apetite, perda de peso e perda
da libido. (BRASIL, 2007, p. 327).

Lin et al. (2004 apud DUARTE, 2012), em pesquisa sobre a influência de depressão
nos cuidados que o paciente tem com o diabetes, constatou que

houve uma associação entre a Depressão e diminuição da atividade fisica, descuido


com a dieta e menor adesão aos tratamentos medicamentosos com antidiabéticos
orais, anti-hipertensivos e redutores de colesterol. Os autores concluem que os
pacientes diabéticos e deprimidos apresentam menor iniciativa para cuidar
corretamente de sua doença, negligenciando na adesão aos cuidados gerais de saúde
e ao tratamento medicamentoso. (p. 243).

Embora a atuação do psicólogo hospitalar com amputados venha crescendo, ainda é


escasso o acompanhamento psicológico após a alta hospitalar. Portanto, o objetivo geral é
expor a relação entre pacientes diabéticos, amputação e depressão, a partir de uma reflexão
teórica. Como objetivos específicos, pretende-se: investigar a relação entre a depressão em
diabéticos, após a primeira amputação, e a possível influência na ocorrência de uma segunda
amputação; identificar os aspectos psicológicos de diabéticos amputados no que concerne à
imagem corporal modificada; e destacar a importância do acompanhamento psicológico a
pacientes diabéticos amputados.
Diante do exposto, parte-se da seguinte questão: qual a relação entre pacientes diabéticos,
amputação e depressão?
Perante esta questão, a hipótese apresentada é a de que a visão do corpo incompleto
e/ou disfuncional pode levar à depressão e, como consequência desta, incidir em ocorrência
de uma segunda amputação.
Para tanto, este artigo abordará, inicialmente, a compreensão sobre o Diabetes
Mellitus, a amputação e a Depressão, para, posteriormente, apresentar a importância do
acompanhamento psicológico na assistência ao paciente diabético amputado, durante e após a
primeira amputação.
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1 MÉTODO

Esta pesquisa foi do tipo exploratória, cujo objetivo é possibilitar um maior


conhecimento a respeito do problema, de modo a torná-lo mais claro ou auxiliando na
formulação de hipóteses para serem testadas em pesquisas posteriores, possibilitando uma
aproximação conceitual. (CERVO, BERVIAN, SILVA, 2007). Conforme Gil (2008, p. 41),
“estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramente de ideias ou a descoberta de
intuições.”.
Para tanto, foi abordado numa perspectiva de natureza qualitativa, a qual para Silva e
Menezes (2005, p. 20), “considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o
sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito
que não pode ser traduzido em números”. A pesquisa qualitativa trabalha com o universo de
significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço
mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à
operacionalização de variáveis (MINAYO, 2001).
Deste modo, este estudo foi elaborado, a partir de material já publicado, portanto, fez-
se uso do método bibliográfico, o qual, de acordo com Cervo, Bervian e Silva (2007, p. 60)
“procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em artigos, livros,
dissertações e teses” e Gil (2008, p. 45) corrobora que “permite ao investigador a cobertura de
uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar
diretamente.”. Principalmente, quando requer dados muito dispersos pelo espaço.
Portanto, para compor a primeira seção, fez-se uso dos descritores: diabetes Mellitus e
depressão; já para a segunda seção, foram utilizados os descritores: corpo, amputação e
imagem corporal, quando apareceram relacionados aos aspectos psicológicos; e, por fim,
foram coletados dados de pesquisas que apresentam a necessidade do acompanhamento
psicológico a pacientes diabéticos amputados.

2 DIABETES MELLITUS E DEPRESSÃO: UMA COMPREENSÃO


PSICOPATOLÓGICA

2.1 Diabetes Mellitus


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O desenvolvimento do diabetes mellitus está muito associado ao estilo de vida. Ou


seja, existem fatores de risco como dieta mal balanceada, sedentarismo, obesidade, problemas
emocionais, gestação (diabetes gestacional) e adoção de estilo de vida pouco saudáveis, que
favorecem o aparecimento do diabetes nas pessoas geneticamente predispostas.
Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) (2006, p. 8),

O diabetes mellitus (DM) não é uma única doença, mas um grupo heterogêneo de
distúrbios metabólicos que apresentam em comum a hiperglicemia. Essa
hiperglicemia é o resultado de defeitos na ação da insulina, na secreção de insulina
ou em ambos.

Independente do defeito ser na ação ou na secreção da insulina, como aponta a SBD


(2006), a principal característica do diabetes é a elevada taxa de glicose no sangue.
O diabetes mellitus é classificado em dois tipos, são eles: o tipo 1 e o tipo 2. O
diabetes mellitus tipo 1 (DM1) é caracterizado pela deficiência grave de insulina, que ocorre
pela destruição das células beta, responsáveis por sintetizar e secretar o hormônio insulina,
deixando o indivíduo dependente desta. (INZUCCHI, 2007).
O diabetes mellitus tipo 2 (DM2) é muito mais comum que o DM1, e assim como esta,
também apresenta uma relativa deficiência das células beta. No entanto, a maioria das
alterações é caracterizada pela resistência à insulina. A principal diferença entre o DM1 e o
DM2 está no fato que, na primeira, a resistência à insulina resulta na diminuição da
distribuição da glicose, enquanto na segunda, há um aumento na produção da glicose.
(INZUCCHI, 2007).
Quanto ao tratamento, é necessário que o paciente seja avaliado de forma global. Em
primeiro lugar, identificando qual o tipo do diabetes mellitus e, em seguida, o nível
educacional do paciente, as condições sociais e econômicas, as condições emocionais, a
idade, o tempo de evolução da doença, dentre outras. (SBD, 2006).
O Ministério da Saúde (2012) recentemente divulgou a pesquisa Vigilância de Fatores
de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL), realizada
em 2012, na qual foi revelado um aumento de 5,3% para 7,4% de pessoas que se declararam
diabéticas entre 2006 e 2012. Esse aumento significa 40% desde o primeiro ano da pesquisa
em 2006.
A pesquisa também revelou que, o diabetes é mais comum nas mulheres (8,1%) que
nos homens (6,5%), que na faixa etária de 35 a 44 anos o aumento foi mais significativo, e
que a capital com maior percentual de diabéticos é São Paulo (9,3%), seguido de Curitiba
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(8%). E ainda, no que se refere à mortalidade, em todo Brasil, de 2000 a 2010, o diabetes foi
responsável por mais de 470 mil mortes.
Nesse período, essa pesquisa apresentou que o número saltou de 35,2 mil para 54,8
mil. Isso significa que a taxa de mortalidade avançou de 20,8 para 28,7 mortes por 100 mil
habitantes. Esses números não podem ser ignorados pela saúde pública, pelas consequências
que podem acarretar, o que significa: mais internações hospitalares, mais amputações, mais
pessoas incapacitadas e até mesmo mais óbitos.
São variadas as manifestações clínicas do diabetes mellitus e sua variabilidade
depende de cada indivíduo. Como complicações clínicas decorrentes da falta ou déficit na
ação da insulina, Oliveira e Milech (2006) destacam: aumento do volume urinário ou vontade
de urinar várias vezes ao dia e também à noite, sede excessiva, fome excessiva,
emagrecimento, fraqueza, sensação de dormência, formigamento e prurido, distúrbio visuais e
distúrbios do aparelho genitourinário.
No que se refere às manifestações clínicas associadas à síndrome de resistência à
insulina, destacam-se: obesidade com distribuição de gordura na parte superior do corpo,
lesões de pele caracterizada pela presença de pele escura, grossa e aveludada, e disfunção
ovariana. (OLIVEIRA, MILECH, 2006).
É comum, na ausência de um bom controle glicêmico, as complicações associada ao
diabetes mellitus. As literaturas apontam para dois tipos de complicações, que são as
complicações microvasculares e macrovasculares: as complicações microvasculares do DM
caracterizam-se por doenças degenerativas não inflamatórias da retina, doença renal e
desordens do sistema sensorial, motor periférico e sistema nervoso central. E as complicações
macrovasculares do DM caracterizam-se por: doença arterial coronariana, a doença vascular
periférica e a disfunção eréctil. (INZUCCHI, 2007; OLIVEIRA, MILECH, 2006).
Dentre as complicações apresentadas, se faz necessário para este estudo destacar a
neuropatia e a doença vascular periférica por serem essas as principais causas de amputações
de membros inferiores. Conforme a SBP (2006, p. 102), a “ulceração ou amputação, afetam a
população diabética duas vezes mais que a não diabética, atingindo 30% naqueles com mais
de 40 anos de idade. Estima-se que 15% dos indivíduos com DM desenvolverão uma lesão no
pé ao longo da vida.”. Oliveira e Milech (2006, p. 224) afirmam que: “cerca de 20% das
admissões hospitalares em pacientes diabéticos sejam devidas ao chamado “pé diabético”.”.
Pé diabético, trata-se da designação dada a transtornos tróficos induzida pela
hipergligenia sustentada que, com ou sem co-existência de doença arterial periférica, e com
prévio traumatismo desencadeante, ocorrem na pele e estrutura osteoarticular do pé de
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indivíduos diabéticos podendo levar a ulceração, infecção e gangrena. (OLIVEIRA,


MILECH, 2006; DUARTE, GONÇALVES, 2011).
Os dados apresentados acima não podem ser negligenciados tanto pelas pessoas
acometidas quanto pelos profissionais de saúde, pois além de ser considerada uma
complicação crônica, é ainda uma situação mutilante, exigindo assim, maiores cuidados de
ambas partes para evitar as amputações.
De todas as complicações que afetam o portador de diabetes mellitus, a amputação de
membros inferiores é a mais traumática fisicamente e psicologicamente – tal temática será
abordada na seção 3, deste estudo. Isto pois, a amputação não significa apenas a perda de um
membro, mas, em muitos casos, a perda do emprego, da auto-estima, de liberdade, de
expectativas sobre o futuro, da qualidade de vida, de papeis sociais, do seu referencial no
mundo dentre outras consequências psicológicas, podendo levar o indivíduo à depressão.
(LUCAS et al., 2010; RAMOS, 2012; CHINI, 2005).
Diante disso, na seção seguinte abordaremos a depressão e seus aspectos, como
sintomas, causas, prevalência e tratamentos para um melhor entendimento dessa
psicopatologia.

2.2 Depressão

Segundo Neto e Elkis (2007, p. 220), “o termo depressão é usado tanto para
caracterizar um estado afetivo normal quanto um sintoma, uma síndrome ou uma (ou várias)
doença(s)”. O estado afetivo normal refere-se às tristezas que acometem as pessoas no dia-a-
dia, como resposta à perda de um emprego ou de uma pessoa querida e que desaparece com o
tempo sem nenhum tratamento especial.
No que diz respeito à depressão como sintoma, os mesmos autores, dizem que “pode
surgir em outras condições médicas e mentais, em resposta a situações estressantes ou a
circunstâncias sociais, psicológicas ou econômicas adversas”. (p. 220). Desta forma, a
situação da amputação de um membro do corpo se enquadra nas situações e circunstâncias em
que a depressão pode surgir.
Batistoni (2005 apud TERRA, 2010, p. 69), “define-a como uma síndrome psiquiátrica
cujos principais sintomas são o humor deprimido e a perda de interesse ou de prazer em quase
todas as atividades.”.
Algumas características da depressão são sintomas psíquicos, através dos quais se
percebe um humor depressivo com sensação de tristeza, autodesvalorização e sentimentos de
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culpa, fadiga ou sensação de perda de energia, diminuição da capacidade de pensar, de se


concentrar ou de tomar decisões. (DEL PORTO, 1999).
Como sintomas fisiológicos, destacam-se alterações do sono (insônia e/ou hipersônia),
alterações do apetite (anorexia e perda de peso, ou o inverso, bulimia e ganho de peso),
redução do interesse sexual. E, como evidências comportamentais, é comum retraimento
social, crises de choro, retardo psicomotor e lentificação generalizada, ou agitação
psicomotora, comportamentos suicidas; embora as pessoas profundamente deprimidas
raramente tenham a energia para cometer suicídio, é mais provável que o façam quando a
depressão começa a diminuir. (DEL PORTO, 1999). Vale ressaltar que, os sintomas podem
mudar com o tempo e que se agrupam em diversas combinações de acordo com cada sujeito.
Nos estudos pesquisados por Villano e Nanhay (2010, p. 18), que foram

realizados em comunidades no Brasil e no mundo, a prevalência de depressão em


um ano ficou na faixa de 8% a 12% da população. [E ainda,] houve associação com
ser mulher e solteira. O pico de prevalência seria o final da meia-idade, com a idade
de início principalmente entre 25 e 45 anos.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão ocupa o segundo


lugar dentre as doenças que causam incapacidade no trabalho e a projeção é que até 2020 ela
esteja no topo da lista. (IZAC, 2009).
Em relação a sua etiologia, não se pode pensar a depressão com uma única causa.
Segundo a American Medical Association (2002, p. 81), “a maioria dos médicos e
pesquisadores acreditam que existem três causas fundamentais da depressão – biológicas,
genéticas (herdadas) e emocionais e/ou ambientais – e que uma combinação de fatores
contribui para a doença”. É muito difícil distinguir entre estas causas, pois sugere-se que estas
não estão separadas e sim, entrelaçadas em um complexo relacionamento.
Quanto ao tratamento, foi identificado que em 2/3 das pessoas com depressão não o
fazem e, entre os pacientes que procuram o clínico geral e outras especialidades, apenas de 35
a 50% são diagnosticados corretamente. Foi constatado que a maioria dos pacientes
deprimidos que não é tratada irá tentar suicídio pelo menos uma vez e 17% deles conseguem
se matar. Com o tratamento correto, 70% a 90% dos pacientes recuperam-se da depressão.
(BALLONE, 2005; CANALLE, FURLAN, 2006).
Basicamente, o tratamento da depressão se dá por duas vias, o farmacológico e o
psicoterápico. Ressaltando que, um não exclui o outro. O farmacológico atua através dos
antidepressivos, e estes devem ser introduzidos gradativamente, começando com doses baixas
e aumentando de acordo com a reação do paciente. As intervenções psicoterápicas adequadas
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promovem alívio dos sintomas, aumentam a vinculação ao tratamento em geral, melhora a


compreensão da doença e auxiliam no processo de reorganização psíquica do paciente.
(CANALLE, FURLAN, 2006).
Na seção seguinte serão abordados os aspectos psicológicos envolvidos no processo de
adoecimento psíquico de pacientes diabéticos amputados, no que concerne ao corpo e a
imagem corporal.

3 CORPO, AMPUTAÇÃO E IMAGEM CORPORAL

Ao abordar o tema da amputação, se torna necessário antes, conhecer um pouco do


corpo que será amputado. Esse corpo, que é a forma como o sujeito se apresenta e se
reconhece perante o mundo. O dicionário Aurélio (1986, 482) defini-o como “a substância
física ou estrutura de cada homem ou animal.”. Tal definição restringe-se ao físico, no
entanto, o corpo não se resume só ao corpo físico. O corpo vai para além da dimensão
biológica, que é perceptível às pessoas. O corpo é a própria experiência do sujeito.
Na abordagem psicológica da Gestalt-terapia, o ser humano é visto como
essencialmente relacional. De acordo com Aguiar (2005, p. 43), “o ser humano cresce e
desenvolve-se ao longo do tempo na e a partir da relação: nós existimos a partir da relação, e
não há outra forma de nos constituirmos, a não ser na relação.”.
Nessa perspectiva, Merleau-Ponty (1994, apud CHINI, BOEMER, 2007, p. 160)
acrescenta que:

Percebo e sou percebido através de meu corpo, pois ele é o veículo do ser-no-mundo
e, dessa forma, não se tem um corpo, mas é-se um corpo. O “corpo próprio” ou o
“corpo vivido” é aquele que, através do sensível, exerce a comunicação vital com o
mundo, sendo esse aquilo que se vive e não o que se pensa. O corpo é nosso meio de
ter o mundo e é por ele que há a relação com os outros, com as coisas, com o próprio
mundo, experienciando o próprio corpo.

Este ser-no-mundo só está aí pelo seu corpo, sendo um ser único em sua singularidade.
Sendo assim, não se pode pensar o sujeito separado do seu corpo. O corpo não é a morada do
sujeito, não é algo de que ele possa se despir, se desvencilhar, deixar de lado, o sujeito é seu
corpo. É através do seu corpo que o sujeito se apropria do mundo, se comunica, se expressa e
se reconhece como parte integrante de uma cultura.
De acordo com Pedrosa (2005 apud MARQUES, 2008, p. 31),

O corpo tem um papel importante na vida do sujeito, na definição de padrões de


conhecimento de si próprio e de construção de identidades, pois este sujeito está
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ligado a regras de socialização e a práticas culturais. A autora acrescenta que é


através do corpo que o indivíduo se faz representar no mundo e que estabelece uma
relação com os outros.

Dessa forma, o modo como o corpo é aceito e vivido pelo próprio sujeito, vai definir
os padrões das relações com outras pessoas e objetos, estabelecidas por ele. E esses padrões
de relações podem ser prejudicados diante de algum procedimento mutilatório, como é o caso
de uma amputação.
Segundo Carvalho (2003, p. 11), “amputação é a retirada parcial ou total de algum
membro, sendo considerada um processo reconstrutivo de uma extremidade sem função ou
com função limitada.”. A amputação dos membros é algo que não se pode mudar, é uma
solução radical, e sua ocorrência realiza-se justamente para preservar a vida do paciente
minimizando a dor e a infecção. Trata-se de uma perda física, que implica na mudança da
aparência, desvalorizando a imagem corporal.
A imagem corporal é a figura de nosso próprio corpo que formamos em nossa mente.
(SCHILDER, 1994). Ou seja, é a forma como vemos nosso corpo. Enquanto, o corpo físico é
objetivo, a imagem corporal é subjetiva.
No entanto, a formação da imagem corporal, não sendo apenas consciente é construída
a partir da referência do corpo de outras pessoas e a imagem dos outros não está ligada
somente à sua aparência física, mas também à qualidade do nosso relacionamento com eles.
Portanto, a formação da imagem corporal é algo gradativo que engloba inúmeros processos
funcionais e exteriores. Logo, uma alteração brusca nesse desenrolar afetará não só a imagem
como todo um esquema corporal. (FRANCHINI, 2008).
Conforme Ferreira (2005 apud BITTENCOURT, 2006, p. 34):

Pode-se dizer que as cirurgias mutilatórias remetem a muitas perdas: perdas da


saúde e da condição de pessoa. Durante esta fase de aceitação da nova imagem é
comum que ocorra o processo de luto. Neste período podem emergir sentimentos
como: raiva, tristeza, medo, culpa, depressão, dor, dentre outros que afeta a vida do
paciente amputado. Para tanto é fundamental o papel do psicólogo que é o de
reforçar a auto-estima.

Franchini (2008, p. 51) destaca que: “nas situações de perda, o sentimento de culpa é
inevitável. Ao se sentirem responsáveis por não antecipar ou prever as complicações que
resultaram em amputação, os pacientes lamentam suas atitudes.”.
A mesma autora ainda destaca que o sentimento de culpa vem acompanhado de
arrependimento e remorso. Depois da amputação, o indivíduo experimenta diferentes fases,
tais como a assimilação, a elaboração e a aceitação da sua “nova” condição física e o modo de
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como ele vai lidar com todo esse turbilhão de emoções vai depender das suas pré-concepções,
da forma como ele e as pessoas que o rodeiam lidam com a dor e com a perda, do seu
ambiente familiar e da assistência física e mental que está recebendo. (FRANCHINI, 2008).
Além dos sentimentos citados acima, ainda é frequente pessoas com amputação
apresentarem tristeza, pesar, episódios de choro e isolamento social. Bem como, distúrbios de
autoimagem corporal, como percepção distorcida e negativa sobre a aparência física. Tudo
isso relacionado ao desconforto social, pois as pessoas olham primeiro para a ausência do
membro para depois olharem para o rosto do sujeito amputado. (GABARRA, CREPALDI,
2009).
Para Gabarra (2010, p. 18), “a perda de um membro é comparada a perda de uma
pessoa querida.”. Partindo dessa premissa, Parker (1975, apud Gabarra, 2010, p. 18),

Realizou essa comparação entre grupos de amputados e grupo de viúvos e verificou


que, em ambas as situações, a reação emocional imediata das pessoas era o estado de
torpor, além de se referirem a memórias invasivas, evitação de lembranças e
sensação de presença. Com o passar do tempo, esses sintomas diminuíam, e as
pessoas retornavam ao trabalho, no entanto, o grupo de amputados tinha taxas
menores de retorno laboral e continuava mais preocupado com a perda de seu
membro do que o grupo de viúvos.

Sendo assim, o paciente amputado também vivenciará as fases do luto, que conforme
Kubler-Ross (1996) são cinco, as quais serão descritas abaixo. Vale salientar que, nem sempre
estas ocorrem na mesma ordem e nem sempre todas são experimentadas.
A primeira fase diz respeito à negação e ao isolamento, muito comum no início da
doença, pois o paciente nega a sua doença e a gravidade do seu estado, recusa-se a falar sobre
a doença e tende ao isolamento.
A segunda fase é a raiva, durante a qual o paciente faz exigências, reclama, critica o
seu atendimento e solicita atenção contínua. Se for respeitado e compreendido, logo cessarão
suas exigências, pois será assistido sem necessidade de explosões temperamentais. A terceira
fase é a barganha que, em geral, consiste na negociação com Deus. Quase sempre almeja-se
um prolongamento de vida ou deseja-se alguns dias sem dor ou sem males físicos.
A quarta fase é a depressão que se estabelece quando o paciente não pode mais negar
sua doença, quando é forçado a submeter-se a mais uma cirurgia ou hospitalização, quando
começa a apresentar novos sintomas e tornar-se mais debilitado e mais magro, não pode mais
esconder a doença. Seu alheamento ou estoicismo, sua revolta e raiva cederão lugar a um
sentimento de grande perda. E a quinta e última fase é a aceitação que se dá quando não mais
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sente depressão e nem raiva. É o momento em que encontra paz e aceita o que está
acontecendo.
Desta forma, elaborar a perda de um membro envolve então, reorganizar todo um
esquema de consciência de si mesmo, tanto na relação de ser em si, quanto de ser no mundo.
Gabarra e Crepaldi (2009, p. 63) complementam que: “a elaboração do luto se inicia antes da
cirurgia e pode durar por tempo indeterminado.”.
Segundo Galli (2009, p. 60), “a percepção que cada um tem sobre si estará sempre
afetando suas outras atitudes, influenciando sua forma de ver e contatar a realidade.”.
Portanto, é necessário que o sujeito reformule a sua imagem corporal, aceitando-a para que
ele possa relacionar-se consigo e com outros de forma autêntica. Aceitando suas limitações e
lançando mão de estratégias para sua maior autonomia.
Assim, o psicólogo pode ser um agente facilitador nesse processo de readaptação do
paciente à nova condição de diabético amputado, o que implica em aceitar-se com uma
prótese ou com ausência do membro amputado. Portanto, com o intuito de ressaltar a
importância do papel desse profissional, segue, na próxima seção, uma reflexão sobre o
acompanhamento psicológico na assistência ao paciente diabético amputado.

4 ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO NA ASSISTÊNCIA AO PACIENTE


DIABÉTICO AMPUTADO

A questão da amputação em diabéticos implica em reorganizações, redefinições na


vida e adaptações, que quando não atendidas podem levar à depressão. Conforme Franchini
(2008, p. 10), “a doença ou a privação da saúde constituem fatores negativos na vida de
qualquer ser humano.”. Essas mudanças obrigam à reorganização do comportamento referente
à relação consigo mesmo, com familiares e outras pessoas, às posses materiais, ao local de
trabalho, às expectativas e planos para o futuro e até mesmo à interpretação do passado.
(CAVALCANTI, 1994 apud GABARRA, 2010).
Segundo Gabarra (2010, p. 45):

A atuação do psicólogo pode ocorrer antes, durante e depois da cirurgia e cada um


desses momentos possui suas peculiaridades. É importante ressaltar que a última
fase é dividida em pós-operatório imediato e tardio. As possibilidades de
intervenção variam conforme a especificidade do paciente e de sua família, da
doença, da equipe médica e, da estrutura hospitalar – centro cirúrgico, unidade de
terapia intensiva, equipamentos e medicações disponíveis, entre outras.
13

Mas, antes mesmo do paciente receber à notícia da amputação, que é algo que vai
modificar sua forma de ser-no-mundo. Ao adentrar no hospital ele passa pelo processo de
descaracterização. Ou seja, o indivíduo único e singular, começa a fazer parte de uma rotina
hospitalar que lhe é imposta, deixando de lado suas particularidades. Visto que,

O paciente ao ser hospitalizado sofre um processo de total despersonalização. Deixa


de ter o seu próprio nome e passa a ser um número de leito ou então alguém
portador de uma determinada patologia. O estigma de doente – paciente até mesmo
no sentido de sua própria passividade perante os novos fatos e perspectivas
existenciais – irá fazer com que exista a necessidade premente de uma total
reformulação até mesmo de seus valores e conceitos de homem, mundo e relação
interpessoal em suas formas conhecidas. (ANGERAMI-CAMON, 2006, p. 16).

Desde o diagnóstico até a recepção da notícia de que será amputado, o paciente


diabético passa por diversos procedimentos de internamentos, curativos sucessivos,
antibióticos e entre outras interveções clínicas, sobrecarregando o seu estado emocional.
Quando se dá notícia da necessidade da amputação, é de suma importância que neste
momento o psicólogo esteja presente. E ainda após a amputação o psicólogo pode auxiliar o
paciente e seus familiares atuando como um elo de ligação entre esses, no período de
elaboração do luto e resolução da perda, acolhendo o problema, oferecendo espaço para uma
descarga emocional; depois, esclarece e orienta, para que, a partir daí, todos possam se
reorganizar, durante a hospitalização e posteriormente. Assim, como pode oferecer suporte
aos demais pacientes internados que vivem a expectativa da amputação e a perda de seus
colegas de quarto, os quais se encontravam em situações de adoecimento semelhantes.
(FRANCHINI, 2008; GABARRA, 2010).
De acordo com Cavalcanti (1994 apud FRANCHINI, 2008, p. 11),

Após a amputação, os pacientes se mostram desanimados e muitos não se queixam


porque acreditam que nenhuma ajuda é possível. Esse comportamento apático leva a
dificuldades diagnósticas, pois a equipe médica pode considerá-los “bem
adaptados”.

São poucas as pesquisas sobre os efeitos da amputação até dois anos após a cirurgia.
No entanto, esses estudos apontam para a sintomatologia depressiva logo após a amputação, o
que, evidencia que a depressão logo após a perda do membro pode ser considerada uma
reação natural. (HORGAN, MACLACHLAN, 2004 apud GABARRA, 2010).
Contudo, Fitzpatrick (1999 apud GABARRA, 2010, p. 49), “destaca que, nesse
período inicial, é difícil determinar se o diagnóstico é de depressão ou se é uma resposta de
adaptação ao processo de amputação.”. Isso demonstra que, existe uma grande dificuldade no
14

diagnóstico da depressão nessa situação exigindo um olhar minucioso do psicólogo e dos


outros profissionais de saúde.
A avaliação adequada dos sintomas depressivos em pacientes com condições médicas
associadas é dificultada pela superposição dos sintomas da patologia clínica (fadiga,
inapetência, dor, insônia, lentificação), bem como de condições associadas à internação e à
percepção das conseqüências adversas das doenças (desalento e baixa auto-estima). (TENG,
HUMES, DEMÉTRIO, 2005).
Lustman (1987, apud SBD, 2009, p. 305) acrescenta que: “estudos demonstram que a
depressão é subdiagnosticada, em especial em pacientes com diabetes. Estima-se que apenas
um terço dos pacientes diabéticos com depressão recebe diagnóstico adequado.”.
Buzato et. at. (2001), realizou uma pesquisa para determinar a situação funcional de
pacientes submetidos à amputação de membro inferior após dois anos. Foram contatados
quarenta e oito pacientes submetidos à amputação de membro inferior para avaliar sua
situação quanto à reabilitação funcional, sendo o nível de reabilitação comparado com a
situação pré-operatória de independência. Foi identificado que antes da amputação, 15
pacientes tinham vida independente, 21 conseguiam se locomover a uma distância de até 500
metros, 7 estavam confinados a uma cadeira de rodas ou usavam muletas e 5 estavam restritos
ao leito. Após dois anos, 54,2 por cento dos pacientes haviam morrido e somente nove
estavam reabilitados.
Os dados dessa pesquisa são alarmantes, mas estes pouco dizem da subjetividade do
sujeito que vivenciou a amputação. Isto, pois, para a Psicologia, as patologias também têm
significados simbólicos, indicam conflitos não resolvidos da alma que precisam ser
decifrados.
Para Dahlke (2009), o diabetes mellitus, também chamado como melitúria, no seu
plano sintomático, refere-se ao “desejo de saborear coisas doces (amor) e a doce vida, numa
concomitante incapacidade de aceitar e deixar entrar o amor completamente.”. (p. 254). Por
isso, o tratamento psicoterápico, necessita basear-se em fazer o sujeito “reconhecer o medo e
a estreiteza com relação aos assuntos amorosos; e a incapacidade de admitir o amor em sua
esfera mais íntima (açúcar nas células).”. (p. 254). Isto se dá, porque toda doença passa uma
mensagem importante sobre a verdadeira condição humana e é preciso entender melhor o que
essa nova situação quer dizer.
Várias pesquisas apontam para a depressão associada ao diabetes mellitus, porém há
uma escassez de estudos que apontem para a depressão em diabéticos a partir da amputação e
como uma complicadora na recuperação. Em um estudo que objetivou analisar e combinar os
15

resultados de estudos primários, utilizando grupos-controle normais, foi detectado que a


prevalência de depressão em pacientes diabéticos era de 11% a 31%, enquanto que a presença
do diabetes aumenta em duas vezes o risco de depressão em comparação aos grupos controle,
sem diferença entre o diabetes tipo 1 ou tipo 2. (KESSLER et al., 2001 apud TENG, HUMES,
DEMÉTRIO, 2002).
Horgan e MacLanchlan (2004, apud GABARRA, 2010, p. 69) afirmam que:

Durante o primeiro ano após a amputação, pode ocorrer aumento dos níveis de
depressão. Após o retorno para casa, diminuem os estressores relativos à
hospitalização, porém, surgem novos estressores referentes à diminuição da
mobilidade e ao aumento da dependência para os cuidados diários, antes sob a
responsabilidade da equipe de saúde. O retorno para o lar pode trazer os dados de
realidade sobre a situação de perda do membro e a clareza sobre os desafios de viver
nessa nova situação.

Segundo Ciechanowski, Katon e Russo (2002 apud TENG, HUMES, DEMÉTRIO,


2005, p. 152), a presença de depressão também amplifica a percepção dos sintomas do
diabetes, ou seja, pacientes diabéticos deprimidos sentem mais sintomas do que os não-
deprimidos, mesmo com a gravidade do diabetes controlada. Isso quer dizer que, a depressão
também tem impacto nocivo sobre o controle glicêmico e o diabetes mal controlado
intensifica os sintomas depressivos.
Dessa maneira, a depressão pode promover um ciclo vicioso, prejudicando o controle
da doença e dificultando a realização de tarefas necessárias para atingir o bom controle
glicêmico. Trata-se de um processo de influência mútua, no qual deve-se atentar para o
tratamento medicamentoso e psicoterapêutico de ambas as doenças, visando à prevenção de
uma segunda amputação. (TENG, HUMES, DEMÉTRIO, 2005).
Também não se pode negligênciar o simbolismo da depressão para fortalecer o
tratamento psicoterápico. Por isso, Dahlke (2009) afirma que a depressão tem como plano
sintomático: “agressividade/energia vital reprimida que – orientada contra si mesmo – traz à
luz uma tendência para o suicídio.”. (p. 141). Desse modo, no tratamento psicoterápico, o
sujeito precisa ser estimulado a “atacar com força e insistência seus próprios muros de
proteção (orientar o fogo do autoconhecimento contra si mesmo).”. (p. 141).
Em um estudo transversal, com 126 sujeitos, adultos (idade 30 anos), com diagnóstico
de DM2 atendidos no ambulatório de endocrinologia do Hospital Universitário da
Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC), chegou-se à conclusão que, cerca de 1/4
dos diabéticos tipo 2 atendidos ambulatório apresentaram depressão. Os deprimidos tiveram
maiores taxas de história pessoal de depressão, menor frequência da atitude de examinar os
16

pés e um risco quatro vezes maior de apresentar perda da sensibilidade protetora plantar.
Embora o estudo não permita determinar relações de causa e efeito, esses achados sugerem
que esses pacientes possuem um risco maior para uma pior evolução do diabetes. (MICHELS,
2010). Ou seja, ter depressão parece influenciar comportamentos que interferem com o
autocuidado no DM, como a dieta, a atividade física e a aderência ao tratamento médico.
Nesse sentido, a atuação do psicólogo pode também se focar em uma atuação
educacional. Levando em consideração que, “não há sentimento, comportamento ou qualquer
outro modo de ser de uma pessoa que exista isoladamente como um fenômeno “em si”.”.
(GALLI, 2009, p. 59). Assim sendo, não se pode pensar a doença separada do sujeito, mas em
muitos casos a doença é o objeto que mais recebe atenção e a totalidade do indivíduo é
negligenciada.
Para Lederman (2001 apud SCOPEL, BARTILOTTI, 2006, p. 2),

A saúde e o bem estar estão associados às sensações do corpo de forma global, seja
de origem física ou psicológica unificando o corpo e a mente como uma única
estrutura. Assim, faz sentido dizer que as alterações no equilíbrio mental podem
refletir no âmbito físico e a recíproca se faz verdadeira.

Mas diagnosticar está muito além dos sintomas físicos, por isso Galli (2009, p. 61)
acrescenta que:

Diagnosticar um ser humano no contexto da psicoterapia implica acompanhá-lo,


conhecê-lo ao longo da sua existência, através das relações que ele estabelece com e
em seu mundo, através da sua relação comigo, com as relações que ele mantém com
seus eus, tus e issos, com os quais interage nos tempos e espaços que se percorrendo.

Diante disso, a Psicologia, como ciência e profissão, recebe a cada dia novos desafios,
o que exige dos profissionais dessa área ainda mais especificidade de ação para suprir os
espaços de trabalho que surgem. Com a necessidade de se pensar o processo saúde/doença
como um fenômeno social, num processo histórico e multideterminado. Então, promovê-lo
desta forma, fez sugerir à Psicologia da Saúde, com vistas à necessidade de uma ação
interdisciplinar. (MARTINS, ROCHA, 2001).
Entende-se por interdisciplinar, conforme Zannon (1993, p. 17), a prática que “implica
ações conjuntas, integradas e inter-relacionadas, de profissionais de diferentes procedências
quanto à área básica do conhecimento.”. E implicado nessa prática, está o psicólogo que
realiza seu trabalho em parceria com a equipe médica, em atividades individuais e ou em
conjunto, atendendo aos pacientes e aos familiares. (BRUSCATO, 2004).
Vinogradof, Yalon (1992, apud FRANCHINI, p. 9) destaca que:
17

Dentre as práticas que utiliza, destaca-se a psicoterapia de grupo, caracterizada pela


aplicação de técnicas psicoterapêuticas a um número determinado de participantes.
A interação entre pacientes e entre pacientes e terapeuta, com as oportunas
intervenções desse profissional (bem treinado), visam a proporcionar mudanças no
comportamento mal adaptado de cada um dos integrantes.

A atuação da psicologia na equipe interdisciplinar é considerada importante para atuar


com o paciente, sua rede de apoio e com a equipe de saúde, visando à minimização de
sofrimentos decorrentes da hospitalização, do adoecimento e do procedimento cirúrgico,
proporcionando desenvolvimento da autonomia e co-responsabilização no processo de
tratamento (ISMAEL, OLIVEIRA, 2008; ROMANO, 1999; SEBASTIANI, MAIA, 2005
apud GABARRA, CREPALDI, 2009).
De acordo com Gabarra (2010, p. 2), “o apoio psicológico ao paciente e à família no
período anterior à cirurgia diminui as taxas de ansiedade e depressão, favorece a recuperação
posterior com a redução do tempo de internação, bem como reduz complicações e medicações
analgésicas pós-operatórias.”.
Sebastiani e Maia (2005, p. 54) descrevem que na atuação do psicólogo no contexto da
cirurgia de amputação:

O psicólogo deve atuar com o objetivo de minimizar a angústia e ansiedade do


paciente favorecendo a expressão dos sentimentos e auxiliando na compreensão da
situação vivenciada, proporcionando também, um clima de confiança entre o
paciente e equipe de saúde, e facilitando a verbalização das fantasias advindas do
processo cirúrgico.

Estudos sugerem que a intervenção psicológica logo após a amputação pode favorecer
o desenvolvimento de estratégias cognitivas positivas focalizadas no problema, com
diminuição de estratégias negativas que são associadas à depressão, além de apresentar
adaptação positiva que perdure em longo prazo após a cirurgia. (PHELPS et al., 2008 apud
GABARRA, 2010).
Galli (2009, p. 62) diz que:

Terapeutas acompanham o paciente no indispensável encontro com a inevitável dor


da vida, com as possibilidades trágicas de sua existência, com suas perdas, com a
impermanência, com a própria morte. Fugir da dor da vida, apartar-se da própria
história, é perder o sentido da existência humana, é deixar de ser...

Numa pesquisa qualitativa longitudinal com dezessete amputados, foram detectados


baixos níveis de depressão e ansiedade. Mas Gabarra (2010) destaca que, o fato dos
participantes terem recebido acompanhamento psicológico durante o período de realização da
18

pesquisa pode ter influenciado nos resultados obtidos. Na literatura pesquisada, confirma-se
que a psicoterapia de apoio antes e depois da cirúrgia de amputação melhora os quadros de
humor deprimido, diminui os níveis de ansiedade e favorece o enfretamento da situação
vivida.
Em uma revisão de literatura sobre adaptação psicossocial em amputados, sugere-se
que os estudos sobre depressão em pessoas amputadas possuem resultados variados,
dificultando achados conclusivos. Segundo Horgan e Maclachlan (2004 apud GABARRA
2010), nas pesquisas não houve uma padronização dos métodos, com diversidade de
instrumentos para mensurar depressão, dificultando a comparação entre elas.
Saraceno (1999, apud VALLADARES, 2003, p. 5) afirma que, “a reabilitação
psicossocial precisa contemplar três vértices da vida de qualquer cidadão: casa, trabalho e
lazer.”. Portanto, o foco na adaptação ou reabilitação psicossocial consiste em um
direcionamento para o trabalho do psicólogo.
Franchini (2008, p. 19) acrescenta que:

A reabilitação deve acontecer de forma simultânea, tanto física (com os recursos


disponíveis, por exemplo, uma prótese) como psicológica, proporcionando-lhe uma
nova integração na sociedade, por meio da qual encontrará motivações outras para
elaborar projetos de vida e efetivar conquistas.

Com todas as mudanças sóciohistóricas e em virtude das condições de saúde da


população, a intervenção psicológica com pessoas amputadas passou a ter uma grande
importância e demanda crescente. Isso se dá pela maior sobrevida das pessoas, pelo
desenvolvimento constante da medicina, pelo surgimento da biotecnologia, o que acarretaram
a incidência de doenças crônicas e comorbidades, como as doenças vasculares, o DM, a
hipertensão, entre outros fatores de risco para a amputação. (GAMBÁ et al., 2004; JORGE et
al., 1999; NUNES at al., 2006 apud GABARRA, 2010).
Para Chini e Boemer (2007, p. 163), “entende-se que há necessidade de um olhar multi
e interdisciplinar que ajude a pessoa a redimensionar seu existir, abrindo-se para novos
projetos de vida que os contemple nesse novo modo de ser-no-mundo.”.
O artigo 196 da Contituição Federal (1988, p. 33) diz que “A saúde é direito de todos e
dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do
risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para
sua promoção, proteção e recuperação”. Neste artigo destacamos a importância da atuação do
psicólogo inserido no serviço de recuperação da saúde. No entanto, este profissional deveria
estar, mas pouco se vê, inserido também na promoção e proteção da saúde. Pois esta,
19

conforme o conceito de saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS) é “um estado


dinâmico de completo bem-estar físico, mental, espiritual e social e não apenas a ausência de
doença ou enfermidade.”.1

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O respectivo estudo buscou lançar questionamentos acerca da relação entre a


depressão em diabéticos, após a primeira amputação, e a possível influência da depressão na
ocorrência de uma segunda amputação; evidenciando os aspectos psicológicos da cirurgia de
amputação e a importância do acompanhamento psicológico na prevenção da depressão para
evitar uma segunda amputação.
Diante dos dados levantados, em relação ao diabetes, constatamos que, de 2000 a
2010, o diabetes foi responsável por mais de 470 mil mortes em todo Brasil. Em relação à
depressão, a prevalência em um ano ficou na faixa de 8% a 12% da população do mundo,
ocupando o segundo lugar dentre as doenças que causam incapacidade no trabalho, com
projeção de que até 2020 ela esteja no topo da lista.
Observa-se um crescente aumento em ambas patologias, e os dados sobre essas duas
doenças quando analisadas separadamente já são motivo para uma atenção maior dos
governantes e profissionais de saúde. E quando associadas, a depressão ao diabetes, a
prevalência de depressão em pacientes diabéticos é de 11% a 31%.
A presença de depressão também amplifica a percepção dos sintomas do diabetes, ou
seja, pacientes diabéticos deprimidos sentem mais sintomas do que os não-deprimidos.
Em alguns tipos de cirurgia, a avaliação prévia e o acompanhamento psicológico são
obrigatórios, garantidos e exigidos através de Portarias do Ministério da Saúde 2. Podemos
citar as cirúrgias bariátricas (Portaria nº 390 de 06.07.2005) e as cirúrgias de transplantes
(Portaria nº 3.407 de 05.08.1998). Mas existem cirúrgias, como a cirúrgia de amputação, em
que não são garantidos e/ou exigidos o acompanhamento psicológico, mas, diante da pesquisa
realizada, acredita-se que deveria ser exigência, em virtude da complexidade dos sentimentos
envolvidos no processo cirúrgico que repercute na vida da pessoa e da sua família.
A perda de uma parte do corpo ocasiona mudanças na vida do sujeito: muda o corpo, a
forma de se locomover, o trabalho, o sustento pessoal e familiar, o contato social. Essas

1
Maiores informações disponíveis em <http://www.almamix.pt/index.php?option=com_content&id=118:oms-
saude-2010&catid=21:saude&Itemid=97>.
2
Ver site do Ministério da Saúde.
20

mudanças remetem à necessidade de reformulações em sua identidade para incluir esta nova
dimensão de experiência.
O apoio psicológico ao paciente e à família no período anterior a cirurgia diminui as
taxas de ansiedade e depressão, favorece a recuperação posterior e a redução do tempo de
internação, bem como reduz complicações e medicações analgésicas pós-operatórias.
Além disso, o apoio psicológico logo após a amputação pode favorecer o
desenvolvimento de estratégias cognitivas positivas focalizadas no problema, com diminuição
de estratégias negativas que são associadas à depressão, além de apresentar adaptação positiva
que perdure em longo prazo após a cirurgia.
Contudo, com esse estudo, nada se encerra. Uma vez que, na literatura nacional não
existem pesquisas que evidenciem o efeito da depressão em uma segunda amputação, e na
busca de pesquisas que embasassem tal relação, a maioria foi encontrada na literatura
estrangeira.
Dessa forma, se faz necessária a realização de pesquisas empíricas padronizadas,
porque acredita-se que estudos qualitativos com múltiplos instrumentos com pacientes
amputados em acompanhamento longitudinal possam clarificar aspectos relativos à estratégia
de enfrentamento, ansiedade, depressão. Além de pesquisas com psicólogos que estejam no
campo de atuação com essa especificidade.
No intuito de que se possa compreender e apreender o ser humano em suas vivências
de ser um diabético amputado, minimizando os efeitos negativos dessa vivência.

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* Graduanda do curso de psicologia da faculdade Estácio do Recife – Estácio - FIR. E-mail:


ely.santiago@bol.com.br.
** Graduanda do curso de psicologia da faculdade Estácio do Recife – Estácio - FIR. E-mail:
fernandapbelo@hotmail.com.
*** Orientadora desta pesquisa. Doutoranda em Psicologia Clínica, na linha de pesquisa
Práticas Psicológicas Clínicas em Instituições, pela Universidade Católica de Pernambuco –
UNICAP. Mestre em Psicologia Clínica, pela Universidade Católica de Pernambuco –
UNICAP (2010). Psicóloga clínica. Acompanhante terapêutica. Docente da Faculdade Estácio
do Recife – Estácio-FIR. E-mail: anandakcn@gmail.com.

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