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César Kyn d’Ávila
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Sumário
Introdução
Ler em voz alta: o amor à criança que molda o amor pela leitura
Leia em voz alta, mesmo que você não seja muito bom nisso
Conclusão
Notas de Rodapé
Introdução
V ocê que está lendo este livro já deve ter ouvido falar sobre a
importância da leitura em voz alta para crianças. Eu também já
tinha ouvido falar, quando, por exigências profissionais, comecei a
pesquisar o assunto mais a fundo. Eu trabalhava como redatora para
um blog especializado em alfabetização de crianças, e a leitura em voz
alta era uma de minhas pautas mais freqüentes.
A família foi procurada pelo New York Times para que revelasse “o
segredo” daquele feito extraordinário do garoto do interior. À
pergunta: “Qual foi o curso preparatório que ele fez?”, os pais
surpreenderam a todos ao declarar: nenhum. (Os cursos preparatórios
para o act chegam a custar duzentos e cinqüenta dólares a hora). Mas,
como viriam a revelar em seguida, eles tinham o hábito de ler para o
filho diariamente, por trinta minutos, desde que ele era criança até à
adolescência. A casa de Christopher era repleta de livros. Seus pais
faziam questão de que a leitura fizesse parte de sua vida, porque isso
facilitaria o aprendizado de absolutamente qualquer coisa que ele
desejasse aprender no futuro. Trinta minutos diários de leitura em voz
alta de um amplo repertório de textos — literatura de ficção, poesia,
história, biografias etc. — era o melhor curso preparatório que um
adolescente poderia ter, e o mais econômico.
Algumas páginas depois, li sobre a história de Jennifer, cujos pais
ganharam uma edição do The Read-Aloud Handbook logo após seu
nascimento. Os capítulos introdutórios do livro bastaram para que os
pais estipulassem uma dieta de dez livros por dia para o bebê. Eles
leram para ela desde a maternidade, inclusive durante o período em
que ela ficou internada na uti neonatal, devido a uma cirurgia de
urgência logo após o nascimento. Os pais de Jennifer mantiveram uma
dieta de leitura em voz alta diária para a filha, lendo a cada
oportunidade. Aos sete anos de idade, ela era uma das leitoras mais
competentes de sua turma, apresentando um vocabulário excepcional
e lendo vorazmente por conta própria. Seu qi havia sido avaliado aos
quatro anos de idade, atingindo a marca de 110 (acima da média).
Alguns livros são assim: você é uma pessoa quando os abre, e outra
quando os fecha — mais alerta, mais viva, mais cheia de esperança.
Ao término da leitura, meu coração batia forte. Definitivamente, a
leitura em voz alta não era o equivalente literário de “dar comida na
boca do bebê” ou “ajudar a criança a tomar banho”. Não era algo que
fazíamos pela criança apenas porque ela ainda não era capaz de fazê-
lo por si mesma. Também não era algo que fazíamos apenas para
facilitar a alfabetização. Se a leitura em voz alta estava tão fortemente
associada ao futuro sucesso acadêmico da criança, era claro que seus
efeitos não se restringiam a um mero favorecimento do processo de
alfabetização. Ler para a criança era hormônio para a sua inteligência,
uma espinha dorsal em sua educação, o coração pulsante de uma vida
leitora, com todos os tesouros que a acompanham — e não só nos
primeiros anos da infância.
Para alguém que havia começado a ler em voz alta sob gritos de
protesto de um bebê, estávamos indo muito bem. Os livros ilustrados,
a maioria deles bem mais curtos que o de Quintana, ficavam à
disposição em cestos na sala, para que as crianças pudessem manuseá-
los à vontade. Elas já não admitiam ir para a cama sem ouvir uma
história. Meu coração se iluminava: éramos oficialmente uma família
leitora.
Há muito que a leitura em voz alta saiu dos quartos das crianças para
os institutos de pesquisa, gerando, literalmente, centenas de milhares
de estudos que comprovam seus efeitos sobre o desenvolvimento da
linguagem oral, da consciência fonológica, da atenção, da imaginação
e de habilidades fundamentais para o aprendizado. Esse respaldo
científico para uma atividade aparentemente tão despretensiosa é um
dos aspectos mais surpreendentes da leitura em voz alta. A pesquisa
científica lança luz sobre aquilo que acontece no colo dos pais
quando, movidos por nada mais que o amor a seus filhos, lêem para
eles, apresentando-lhes palavras, frases, sons e ilustrações que vão
encantando seus ouvidos, seus olhos, e construindo o amor pelas
palavras e pela leitura.
Os benefícios [da leitura em voz alta] são ampliados quando a criança participa ativamente,
envolvendo-se em discussões sobre as histórias, aprendendo a identificar letras e palavras,
conversando sobre o sentido delas. Um dos pesquisadores que observaram pais lendo para
os filhos notaram diferenças na qualidade e na quantidade de instrução informal fornecida
por eles durante a leitura. Alguns faziam perguntas semelhantes àquelas que os professores
fazem na escola. Assim, seus filhos tinham a experiência da dinâmica de pergunta e resposta
que a criança encontraria mais tarde no ambiente escolar. Esses pais também relacionavam
as histórias à vida real. Por exemplo, se viam um coelho, comparavam-no àquele de As
aventuras de Pedro Coelho.8
Fecha parêntese.
O vocabulário é a base para o desenvolvimento lingüístico da
criança. Por desenvolvimento lingüístico, entendemos a capacidade de
compreender a linguagem e de empregá-la para expressar sentimentos
e idéias. A correlação entre vocabulário e competência leitora,
inteligência e habilidades gerais é amplamente demonstrada pela
pesquisa educacional. Sem um bom vocabulá- rio, a criança apresenta
dificuldades na hora de aprender a decodificar palavras escritas; e,
uma vez decodificadas, tem dificuldade em compreender o sentido do
que leu.
Por isso, os pais que lêem para os filhos podem até nem desconfiar,
mas estão aplicando uma estraté- gia baseada em evidências,
fundamentada por um corpo quase inabarcável de estudos científicos.
Praticamente não há nenhum aspecto da leitura para crianças que já
não tenha sido alvo de algum estudo.
Se uma fração da energia que os educadores gastam tentando transmitir informações fosse
investida em estimular o prazer dos estudantes em aprender, teríamos mais êxito. Literacia e
numeracia — e, na verdade, qualquer outro assunto — poderiam ser aprendidos com mais
excelência, adesão e profundidade, se os estudantes se tornassem capazes de derivar desse
estudo as recompensas intrínsecas do aprendizado — isto é, aprender pelo prazer de
aprender, não para obter uma nota ou outra “cenoura”. Hoje em dia, no entanto,
lamentavelmente, poucos estudantes acreditam que aprender possa ser prazeroso.22
Ora, o adulto que lê para a criança — ainda que ela já saiba ler —
está despertando justamente a sua motivação intrínseca para a leitura.
Ler em voz alta é uma maneira de fazê-la experimentar as
recompensas intrínsecas daquela atividade. É como se colocássemos
nosso ouvinte em um barco e disséssemos: “Recoste-se no banco e
aproveite a viagem enquanto eu conduzo”. A criança-passageira
experimenta, em primeira mão, o que a leitura pode fazer por ela. A
leitura em voz alta planta aquela semente que lhe diz: “Ler é tão bom,
que não quero passar um só dia sem isso”.
Inspirar o amor pela leitura é uma das
maiores vitórias de que qualquer modelo
educacional poderia se gabar.
Se, ao acordar amanhã, você lesse no jornal: “Escola abc transforma
seu filho em amante da leitura”, você procuraria saber mais sobre ela.
E se você descobrisse que essa escola produziu consistentemente, nas
últimas décadas, uma leva de leitores competentes (muitos dos quais
se tornaram escritores), você tomaria um empréstimo no banco para
garantir a matrícula do seu filho.
Acontece que você pode matricular seu filho nessa escola. Com um
cartão de biblioteca e meia hora por dia, você pode garantir a seu filho
um tipo raro de educação, com chances reais de estimular sua
inteligência, cativar seu coração e fortalecer sua vontade de aprender.
Basta que você crie esse espaço privilegiado onde os melhores livros
ganhem vida diariamente por meio da leitura em voz alta. Basta que
você reconheça que essa é uma das maiores heranças que você pode
deixar para seus filhos. E basta que comece
hoje.
Ler em voz alta: o amor à criança
que molda o amor pela leitura
A criança pode sentir muita satisfação ao interagir com a pessoa que lê para ela e com as
conversas que surgem durante a leitura, mas a leitura, no fim das contas, torna-se uma
atividade solitária. A linguagem do texto escrito precisa ser internalizada para que seja
compreendida. Além disso, se esperamos que a criança vá além das histórias infantis, ela
deverá necessariamente gostar de ler, e, o mais importante, desejar ler textos cada vez mais
complexos, tendo aprendido as recompensas relacionadas a essa atividade. Tudo isso pode
ser influenciado pela maneira como a criança foi condicionada, desde cedo, no processo de
ler histórias com os pais.28
A leitura para a criança, assim, desenvolve as duas condições
fundamentais de uma vida leitora: o desejo de ler, fundado na
experiência da leitura como algo essencialmente bom, e as habilidades
requeridas pela leitura.
Para mim, os primeiros momentos de vida ideal de leitor começam com um bebê no colo de
uma pessoa querida, “carregada nos braços”, lugar próprio para que o contato
compartilhado, o olhar e a experiência de ouvir alguém ler proporcionem as melhores portas
para esse mundo doce e novo. Antes que o bebê possa pronunciar as primeiras palavras, nos
cérebros mais jovens, essa dimensão física, que nunca envelhece, da primeira experiência
com a leitura conecta o sentir — táctil e emocional — com as regiões da atenção e da
memória, da percepção e da linguagem.29
O livro é objeto. A leitura é experiência. O livro ilustrado se entrega ao leitor com palavras e
desenhos. Na confusão e na violência de sentimentos que o habitam, o ritmo do livro, ao
longo das páginas, lhe traz ordem, paz e serenidade. Assim, a obra se oferece à partilha e à
transmissão. A leitura é o encontro com o outro. Ela é mais bem vivida pela criança com um
adulto próximo, que se interesse por sua vida de criança e pelo seu despertar para o mundo.
A leitura é tempo, tempo do relato e do encontro com o adulto próximo, ao mesmo tempo
barqueiro e testemunha. Pela graça de uma obra de qualidade, o livro ilustrado interessa,
num mesmo movimento, ao adulto e à criança. O adulto se admira e admira seu filho, sua
profundidade e sua sutileza. A criança se sente existir porque compreende e se sente
compreendida.31
É uma missão que pode parecer grande demais para simples pais e
mães, mas é precisamente a missão a que todo pai e mãe é chamado
desde o momento em que tem sob seus cuidados um outro ser
humano. Ela exige de nós, não a perfeição milimétrica, mas a
disposição incansável de melhorar e de buscar o que for preciso para
isso.
Tudo o que foi dito até aqui é um chamado a que os pais aproveitem
sua posição privilegiada na vida das crianças para fazer emergir, do
amor que permeia sua relação com os filhos, um amor duradouro pela
leitura. Aprender a ler, como já vimos no capítulo anterior, não é um
processo natural. A participação da família é de suma importância,
fornecendo à criança aquelas experiências que tornarão a aquisição da
leitura e da escrita um processo desejável e carregado de sentido.
Nenhum pai e nenhuma mãe, em sã consciência, deixaria passar uma
oportunidade dessas.
Você já sentiu vergonha ao fazer a coisa certa? É assim que algumas
mães se sentem, ao ler para o bebê recém-nascido, ou para a barriga.
Afinal, qual o sentido de ler para um bebê que ainda não entende o
que ouve? Há pelo menos duas boas razões. A primeira é que a leitura
para o bebê lhe proporciona uma experiência afetivamente
significativa, e esse afeto será associado ao momento da leitura,
tornando-o agradável e desejável desde os primeiros dias de vida. A
segunda é que o desenvolvimento do sistema lingüístico do bebê
começa muito antes de que ele seja capaz de articular seus
pensamentos.
Pense-se quantas coisas mais podem acontecer nessas regiões [cerebrais] quando os pais,
devagar, deliberadamente, lêem para os filhos, só para eles, num contexto de atenção
recíproca. Esse ato desconcertantemente simples traz contribuições imensas: proporciona
não só as associações mais palpáveis com a leitura, mas também uma interação entre pais e
filhos sem hora para terminar, que envolve atenção compartilhada, aprendizado de palavras,
frases e conceitos, e mesmo o conhecimento do que é um livro.
Uma das influências mais evidentes sobre a atenção das crianças pequenas envolve o olhar
compartilhado que ocorre e se desenvolve quando os pais lêem para elas. Com um mínimo
de esforço consciente, as crianças aprendem a voltar sua atenção visual para aquilo que está
sendo olhado pelos pais ou cuidador, sem perder nada de sua própria curiosidade e
comportamentos exploratórios. Como observa o filósofo Charles Taylor, “a condição crucial
para o aprendizado humano da linguagem é a atenção compartilhada”, que ele e outros
pesquisadores da ontogênese da linguagem julgam ser um dos traços mais importantes da
evolução humana.39
— Hum, interessante! Ela poderia ter levado flores. Vamos ver o que
ela levou? Doces! Ela levou doces para a vovó [pausa]. O que a
Chapeuzinho levou na cesta? — Doces.
7. Tenha livros pela casa, nos locais onde a criança costuma ficar.
Utilize cestos ou caixas para organizá-los.
Com essas dicas em mãos, resta a pergunta: o que ler para cada
idade? Se eu pudesse escolher uma mensagem para ficar gravada na
cabeça dos pais seria esta:
Como relatado por Meghan Cox Gurdon em seu livro The Enchanted
Hour, a equipe do Doutor Hutton descobriu, em outro estudo, que o
cérebro de crianças habituadas à leitura em voz alta freqüente, e que
tinham mais acesso a livros infantis em casa, apresentava uma
ativação mais robusta do que seus colegas que não se beneficiaram
dessas experiências. O cérebro dessas crianças era mais ágil e
receptivo a narrativas, indicando uma maior capacidade de processar o
que ouviam. Segundo Meghan, “esse foi o primeiro estudo mostrando
que o ambiente doméstico no qual se lê desde cedo para as crianças
faz uma diferença significativa nas funções cerebrais e, por
conseguinte, no desenvolvimento cerebral”.43
Meus pais não tinham formação superior e suavam para criar quatro filhos em um
apartamento de dois quartos. Eu era o primogênito e o mais difícil de todos. Hoje em dia
teriam me chamado de hiperativo e me dado remédios; naquele tempo, porém, nem essa
expressão existia, nem os fármacos.
Para minha sorte, meu pai encontrou uma maneira de me acalmar: ele lia para mim. Lia
desde livros infantis até jornais e revistas. O que aprendi dessas leituras foi simplesmente
isto: “Ler é tão bom, que eu não consigo me imaginar um só dia sem isso”.46
E por que é assim? O gosto pela leitura não deve ser romantizado.
Ler, compreender, empregar a linguagem e a palavra escrita não são
um processo natural, mas operações altamente sofisticadas que
requerem todo um ambiente preparado e circunstâncias favoráveis,
como já vimos. São o fruto de um cultivo paciente e amoroso de
certos hábitos, que podem ser reforçados ou dissipados pelo ambiente
familiar e cultural.
De repente eu sabia o que eram elas; escutei-as em minha cabeça, elas se metamorfosearam,
passando de linhas pretas e espaços brancos a uma realidade sólida, sonora, significante. Eu
tinha feito tudo aquilo sozinho. Ninguém realizara a mágica para mim. Eu e as formas
estávamos sozinhos juntos, revelando-nos em um diálogo silenciosamente respeitoso. Como
conseguia transformar meras linhas em realidade viva, eu era todo-poderoso. Eu podia ler.48
Esse é o mundo a que pertenço, que me escravizou e também libertou-me. Minha eternidade
não será, como desejava Borges, uma biblioteca, mas este interminável rolo de papiro, em
que continuarei compondo sonhos — no idioma dos anjos.50
O leitor que leu os capítulos anteriores deve estar ouvindo os ecos do
que já foi dito antes sobre a capacidade de leitura como preparação
para a vida. Não sou de disposições sombrias, mas, ao ver os dados
sobre os hábitos de leitura do brasileiro, sou levada a acreditar que,
continuem lendo.
Dois anos depois de publicado o estudo de Boa Vista, um grupo de
experts debruçou-se sobre as evidências e se colocou as seguintes
perguntas: a) será que o nível de literacia da mãe teria impacto sobre o
desenvolvimento lingüístico e cognitivo da criança? b) Será que, no
caso de mães com baixo nível de literacia, a intervenção da leitura em
voz alta continuaria sendo eficaz? Essa análise secundária, realizada
sobre o estudo original de Boa Vista, concluiu que:
■ Sim, o nível de literacia da mãe tem impacto sobre suas interações
verbais com os filhos e sobre o desenvolvimento lingüístico e
cognitivo deles — quanto maior o nível de literacia parental, melhores
as interações verbais com os filhos e seus índices de desenvolvimento
lingüístico e cognitivo. Do mesmo modo, quanto menor o nível de
literacia parental, menos freqüentes são essas interações, de mais
baixa qualidade, e pior o desenvolvimento lingüístico e cognitivo da
criança.
Porém,
■ A intervenção de leitura em voz alta melhorou a qualidade das
interações verbais entre pais e filhos, impulsionou a estimulação
cognitiva da criança, melhorou seu qi e o seu vocabulário receptivo —
tanto no caso de mães com alto nível de literacia quanto no caso de
mães com baixo nível de literacia.
Isso quer dizer que a leitura em voz alta deve ser promovida mesmo
no caso de famílias com baixo nível de literacia. Sim, estamos falando
de pessoas que não lêem muito bem. O estudo é claro:
Embora a leitura em voz alta seja uma atividade que pode envolver, para além da leitura
propriamente dita, contação da história com as próprias palavras e a interação verbal com a
criança, pais com baixo nível de literacia podem perceber suas limitações como uma
barreira à leitura para os filhos. Nosso estudo estende o alcance desses achados,
demonstrando que a leitura em voz alta promove benefícios mesmo no caso de pais com
baixo nível de literacia.53
A essa altura, você deve estar se perguntando: “Por que isso não está
publicado em outdoors pelo país inteiro?”.
Mas não deixa de ser impressionante que, sem nem parecer que é
assim, ao ler para nossos filhos estamos lhes fornecendo ferramentas
essenciais à vida. Ao ler em voz alta, diariamente, uma ampla
variedade de textos, estamos preparando-os para se sentirem
confortáveis nas situações em que suas capacidades intelectuais forem
requisitadas, transitando com mais facilidade por entre as demandas e
exigências da vida adulta. Estamos enriquecendo sua imaginação para
que, de certo modo, nada seja novo debaixo do sol, e eles tenham
mais recursos para lidar com as dificuldades e ambigüidades que a
vida lhes apresentará.
2 unesco, “How digital learning is improving livelihoods in Nigeria”, 2017. Disponível em:
https://www.unesco.org/en/articles/how-digital- learning-improving-livelihoods-nigeria.
5 Mário Quintana, Pé de pilão. Companhia das Letrinhas, 2018 (edições mais antigas
também das editoras Ática e Garatuja).
6 “The single most important activity for building the knowledge required for eventual
success in reading is reading aloud to children” (“Becoming a Nation of Readers”, p. 23).
7 Ibid., p. 22.
8 Ibid., p. 23.
11 Ibid.
12 Patricia A. Ganea, Megan Bloom Pickard e Judy DeLoache, “Transfer between picture
books and the real world by very young children”, em Journal of Cognition and Development.
14 Ibid.
15 Betty Hart e Todd R. Risley, Meaningful Differences in the Everyday Experience of
Young American Children. Disponível em: https://eric. ed.gov/?id=ED387210.
16 Rachel E. Durham, George Farkas, Carol Scheffner Hammer, J. Bruce Tomblin e Hugh
W. Catts, “Kindergarten oral language skill: A key variable in the intergenerational
transmission of socioeconomic status”, em Social Stratification and Mobility, 2007, vol. xxv.
Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/ abs/pii/S0276562407000467.
20 The Reading Agency, “Literature Review: The impact of reading for pleasure and
empowerment”. Disponível em: https://readingagency.org.uk/news/The%20Impact%20of%20
Reading%20for%20Pleasure%20and%20Empowerment.pdf.
23 Kit Lawson, “The Real Power of Parental Reading Aloud: Exploring the Affective and
Attentional Dimensions”, em Australian Journal of Education, 2012, vol. lvi, n. 3. Disponível
em: https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/000494411205600305, p. 258.
24 Ibid.
25 Ibid., p. 259.
26 Ibid.
27 Ibid., p. 260.
28 Ibid.
29 Maryanne Wolf, O cérebro no mundo digital: Os desafios da leitura na nossa era. São
Paulo: Contexto, 2019, p. 150.
31 Geneviève Patte, Deixe que leiam, trad. de Leny Werneck. Rio de Janeiro: Rocco, 2012,
p. 127.
34 “In fact, measures of early parenting such as the ‘home- learning environment’, which
look at the frequency of reading and playing with children and the amount of books and
activities children have, have been more strongly associated with children’s later wellbeing and
attainment than have either family income, parental education or the school environment
alone”.
35 O caso é relatado no livro The Enchanted Hour, de Meghan Cox Gurdon, p. 14.
38 Ibid.
39 Ibid., p. 151.
40 Angela Notari-Syverson, Mary Maddox e Kevin Cole, Language Is the Key: Building
Language with Picture Books and Play. A Training Manual To Accompany the Video
Programs: “Talking and Books” [and] “Talking and Play”, 1998. Disponível em:
https://eric.ed.gov/?id=ED433079.
41 John Hutton, Jonathan Dudley, Tzipi Horowitz-Kraus, Tom DeWitt, e Scott Holland,
“Functional Connectivity of Attention, Visual and Language Networks During Audio,
Illustrated and Animated Stories in Preschool-Age Children”, em Brain Connectivity, 2019,
vol. xx, n. 20. Disponível em: https://www.researchgate.net/
publication/333496410_Functional_Connectivity_of_Attention_Visual_
and_Language_Networks_During_Audio_Illustrated_and_Animated_ Stories_in_Preschool-
Age_Children.
43 Ibid., p. 8.
44 Alice Ozma, The Reading Promise. Hachette Book Group, 2011, p. 12.
45 Ibid.
46 Do artigo: “A father plants a reading seed in New Jersey that blossoms 60 years later in
Poland”, disponível em: https://www. trelease-on-reading.com/poland.html. Acessado em 27
de fevereiro de 2022. Tradução da autora.
48 Alberto Manguel, Uma história da leitura. Companhia das Letras, 1997, p. 18.
49 Ibid., p. 24.
51 Alan L. Mendelsohn, Luciane da Rosa Piccolo, João Batista Araujo Oliveira, Denise S.
R. Mazzuchelli, Aline Sá Lopez, Carolyn Brockmeyer Cates e Adriana Weisleder, “rct of a
reading aloud intervention in Brazil: Do impacts differ depending on parent literacy?”, em
Early Childhood Research Quarterly, 2020, vol. liii. Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/ pii/S0885200620300831.
56 Ibid., p. 117.
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