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II CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS E

TECNOLOGIAS AMBIENTAIS
TEMA: AMBIENTE E AGRICULTURA, COMO VIVER EM HARMONIA?

USO DA SERICINA NO DESENVOLVIMENTO DE CURATIVOS: UM ESTUDO


PROSPECTIVO

Ana Paula Sone (PQ), Beatriz Lemes Almeida (IC), Eduarda Ângela Tessari (IC), Camilo
Freddy Morejon (PQ), e-mail: anapaulasone@hotmail.com.
Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Engenharia e Ciências Exatas/Toledo,
PR.

EIXO TEMÁTICO: Inovação tecnológica para questões ambientais.

PARTICIPAÇÃO NO PRÊMIO TOLEDO BIODIVERSIDADE ( ) Sim ( X ) Não

PALAVRAS-CHAVE: sericina; patente; bases de dados.

INTRODUÇÃO

A utilização da ferramenta de prospecção tecnológica define o estado da arte,


apresenta rotas tecnológicas e também é fonte de excelentes indicadores de inovação, pois
após a mensuração dos resultados das buscas das Pesquisas e dos Desenvolvimentos
tecnológicos em determinados setores industriais é possível explicitar elementos para a
tomada de decisões (MANUAL 1994). A prospecção tecnológica é de estrema importância
em diversos níveis, pois os resultados do meio metódico de mapeamento inerente ao
desenvolvimento científico e tecnológico de um determinado assunto influenciam de forma
significativa no setor industrial, na economia, no meio ambiente, nas atividades de ciência,
Tecnologia e Inovação e na sociedade como um todo (MAYERHOFF, 2008).
De outro lado, a sericina é uma proteína extraída do casulo do bicho-da-seda,
Bombyx mori, que constitui-se principalmente, por duas proteínas, uma que apresenta de 70 a
80 % da massa total, a fibroína, e outra que representa de 20 a 30% sendo essa, a sericina
(ZHANG, 2002).
A sericina é uma proteína globular, rica em serina, ácido aspártico, glicina e treonina.
Esta proteína apresenta propriedades adesivas, é hidrofílica, solúvel em água quente e quando
dissolvida em água e, em seguida mantida à temperatura ambiente, apresenta característica
gelatinosa (MAUERSBERGER, 1954; PADAMWAR et al., 2005; KUNDU et al., 2008).
Essa proteína é explorada em muitas aplicações como cosméticos, suportes para enzimas
imobilizadas, suplemento alimentar e matéria-prima para medicamentos (KONGDEE et al.,
2004). Apesar de apresentar tais propriedades e alto potencial de aplicação, a sericina da seda
ainda é pouco explorada no Brasil para estes fins (MIYAKE et al., 2003).
Dentre as aplicações da sericina sendo investigadas para uso como materiais
médicos, pouco são os trabalhos que investigam a sua utilização como um biomaterial que
pode ser utilizado como curativos (PADAMWAR et. al., 2005).
A partir desse contexto, este trabalho teve como objetivo realizar a busca patentária e
científica em torno do assunto sericina para explicitar a fronteira do conhecimento e o nível
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do avanço tecnológico. Elementos imprescindíveis para avaliar o requisito de inovação de um


produto que esta em fase de desenvolvimento na Universidade Estadual do Oeste do Paraná.
Desse objetivo geral, decorrem os seguintes objetivos específicos: (a) apresentar o panorama
mundial e brasileiro do avanço científico e tecnológico em torno do assunto sericina; b)
elencar os principais países que trabalham nesse assunto; c) caracterizar e analisar as áreas de
predominância, tipos de publicação e os principais autores.

MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia contempla a busca de dados relacionados ao tema sericina, utilizando


pesquisa em bancos de dados no sistema de base Scopus, Patentscope (World Intellectual
Property Organization (WIPO – PATENTSCOPE)) e Science Direct. Para delineamento do
atual cenário tecnológico acerca do uso da sericina no desenvolvimento de curativos
Os campos utilizados para a busca de artigos foram as seguintes palavras chave: Sericin,
Sericin as biomaterials, Sericin biomaterial as dressings e sericin dressings

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos para as buscas de artigos científicos e de patentes com as


palavras chave pré-estabelecidas são apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1 - Palavras chave utilizadas na busca de documentos e quantidade de documentos


Palavra chave Scopus Scienci Direct Patentscope
Sericina 1436 1861 877
Sericina como biomateriais 486 818 3
Sericina como biomateriais para curativos 10 218 0
Curativos de sericina 47 310 12
Fonte: Autores (2017).

A Tabela 1 apresenta a grande quantidade de produção bibliográfica e considerável


produção de patentes para o termo: “sericina”, evidenciando os esforços em relação às leis
ambientais, pois a sericina é recuperada dos efluentes gerados na industrialização da seda.
Observa-se a discrepância entre a produção de artigos e a produção de patentes.
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Figura 1 - (a) Publicações por ano nas bases Scopus e Science Direct; (b) número de publicação por País; (c)
número de publicações por autor; (d) porcentagem de cada tipo de publicação; e (e) porcentagem por área do
conhecimento.
(a) (b)

(c) (d)

(e)

Fonte: Autores (2017)

Observa-se na Figura 1(a) um aumento considerável pela publicação mundial no


banco de dados Scorpus e Science Direct, concluindo assim que a extração da sericina
industrial para posterior publicação esta em crescimento no âmbito da pesquisa, visando uma
redução do material poluidor gerado pelas indústrias.
Quando o termo pesquisado é “sericina” os países asiáticos lideram o ranking da
publicação no banco de dados Scorpus, como está apresentado na Figura 1(b). Em relação aos
países que mais publicam conteúdos referentes à sericina, a China é o principal publicador. O
Brasil também apresenta participação considerável quando se refere à publicação dessa
proteína (Figura 1(b)), estando nono lugar no ranking.
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Em relação a porcentagem de cada tipo de publicação destacam-se os artigos (85%)


seguido de documentos de conferencia (9%) (Figura 1 (d)). E no que diz respeito as áreas do
conhecimento, tem-se Ciência Ambiental (19%), Engenharias (14%), Bioquímica e genética
(14%), Engenharia Química (10%) e Química (9%), nas primeiras possições,
respectivamente.
A Figura 2 traz um panorama do cenário de produção tecnológica (patentes)
relacionadas ao termo: “sericina”, sendo: (a) número de depósitos de patentes por ano, (b)
número de depósitos de patentes por país e (c) principais classificações IPC das patentes
depositadas.

Figura 2 - Número de: (a) patentes depositadas por ano; (b) depósitos de patentes por país; (c) Classificações
IPC das patentes depositadas.
(a) (b)

(c)

Fonte: Autores (2017)

A Figura 2-(a) evidencia a tendência tímida de crescimento no número de depósitos de


patentes nos últimos anos. Em 2014, houve o deposito de 51 patentes, em 2015, 62 patentes
foram depositadas e em 2016 ocorreu o deposito de 85 patentes.
A Figura 2-(b) mostra que os países asiáticos são os que mais produziram patentes,
sendo eles a China (275 patentes), o Japão (255 documentos) e a Coreia do Sul (95 depósitos),
enquanto que o Brasil não aparece nesse ranking. A Figura 2-(c) indica que as classificações
IPC com maior número de depósitos foram a A61K (Preparação de medicamento) com 261
patentes, seguido por A61Q (uso em cosméticos) com 170 patentes e C07K (Peptídeos em
geral), com 132 patentes cada uma. O fato do pequeno número de desenvolvimento de novas
tecnologias (patentes) pode estar diretamente relacionado à deficiência das indústrias de seda
em tratarem seus poluentes líquidos, por exemplo, a sericina (produto sem valor comercial,
poluente, que é descartado no processo de degomagem na produção de seda).
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CONCLUSÃO OU CONSIDERAÇÕES FINAIS

A prospecção tecnológica realizada neste trabalho indicou o domínio das publicações


científicas em forma de artigo envolvendo o assunto sericina. Esse fato sinaliza o pouco
interesse da inovação tecnológica referentes ao assunto, mostrando que a maioria das
publicações sobre essa proteína fica restrita no âmbito de publicação de artigo sem nenhuma
visão de inserção do produto no mercado de trabalho.
A pesquisa realizada na base de dados Scorpus referente o termo “sericina” identificou
um avanço tecnológico desse assunto, informando que os países asiáticos, especialmente a
China e Japão são os que mais se destacam nesse termo. A ciências de materiais, seguido da
engenharia, bioquímica, genética e química são as áreas que aparecem com a maior
quantidade de publicações referente à sericina, mas que geralmente esses assuntos são
publicados na forma de artigos.
Neste contexto, apesar do crescente desenvolvimento tecnológico em forma de
patentes, observa-se que ainda há muito a se produzir nesta área de tecnologias para a
utilização da proteína sericina, principalmente no Brasil, visto que a grande maioria das
indústrias não possuem métodos eficientes ou ainda não possuem nenhum tratamento dos
efluentes gerados na industrialização da seda.

REFERÊNCIAS

KONGDEE, A., BECHTOLD, T., TEUFEL, L. Modification of Cellulose Fiber with SilkSericin.
Journal of Applied Polymer Science, v. 96, p.1421-1428, 2004.

KUNDU S.C., el. al. Natural protective glue protein, sericin bioengineered by silkworms: potential for
biomedical and biotechnological applications. Prog.Polym.Sci., 33, p. 998–1012, 2008.

MANUAL, Patent. Using Patent Data As Science And Technologies Indicators. Paris 108 стр,
ОЭСР, 1994.

MAUERSBERGER, H. R. Matthews`Textile Fibers Their Physical, Microscopic, and Chemical


Properties.6° ed. Chapman & Hall, Londres, 1954.

MAYERHOFF, Z. D. V. L. Uma análise sobre os estudos de prospecção tecnológica. Cadernos de


prospecção, v. 1, n. 1, p. 7-9, 2008.

MIYAKE T, et al. Acivicin induce filamentous growth of Saccharomyces


cerevisiae. BiosciBiotechnolBiochem 67(10):2283-5, 2003.

PADAMWAR, M. et. al. SilkSericin as a moisturizer: an in vivo study. Journal of Cosmetic


Dermatology, v.4, p. 250-257, 2005.

ZHANG, Y. Q. Application of natural silk protein sericin in biomaterials. Biotechnology Advances,


v. 20, p. 91-100, 2002.

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