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Planeamento Familiar ao se constituir como um direito humano básico emerge como central em

questões de Saúde Pública, sobretudo no contexto dos debates sobre a igualdade de género e
promoção da Saúde Sexual e Direitos Reprodutivos, uma vez que confere uma série de benefícios
aos indivíduos, em especial à saúde da mulher e da criança. Para além de questões de provisão de
cuidados de saúde, existem aspectos sócioculturais que condicionam o acesso da mulher aos
serviços de Planeamento Familiar, como por exemplo as normas de género, as expectativas e os
papéis a elas associados. De acordo com o Population Reference Bureau (2014)², Moçambique
possui uma taxa contraceptiva total de 12%, que é a terceira mais baixa da África Oriental, depois
do Sudão do Sul com 4% e da Eritreia com 8%. As Ilhas Maurício apresentam a maior taxa
contraceptiva da região na ordem dos 76%, seguidas pelas Ilhas Reunião com 67%, pelo Zimbabwé
com 59%, pelo Ruanda com 52%, pelo Quénia com 46%, pela Zâmbia com 41% e pela Tanzania com
34%.Uma das razões para que a taxa contraceptiva em Moçambique continue baixa deve-se à
oposição dos homens em apoiarem as parceiras no uso dos serviços de Planeamento Familiar
(Mboane & Bhatta, 2015).Este policy brief resulta de um estudo qualitativo sobre as percepções
e experiências dos homens sobre o Planeamento Familiar, realizado no âmbito do Programa
Desafio.2. Quais foram os achados da pesquisa sobre o que os homens sabem e pensam sobre o
Planeamento Familiar?a) Conhecimento e uso de contraceptivos• No geral, os homens mostraram
fraco conhecimento sobre o Planeamento Familiar nos dois locais da pesquisa, mas com maior
incidência para Macarretane e os contraceptivos modernos mais conhecidos são: a pílula, a
injecção e o preservativo masculino; no entanto os mais utilizados são: a pílula (Macarretane)
e o preservativo (Mafalala);• Na perspectiva de alguns homens no meio rural, os
contraceptivos modernos alteram o corpo da mulher e o prazer sexual;• O uso de métodos
contraceptivos tradicionais como a cinza, as folhas e caule de imbondeiro, o capim, entre outros,
são vistos como não provocando nenhum dano ao corpo da mulher e nem alterando o prazer
sexual, contrariamente aos contraceptivos modernosb) Papel do homem e diálogo entre os casais
sobre o Planeamento Familiar• O Planeamento Familiar é visto como algo maioritariamente de
responsabilidade da mulher e quando o homem tem um papel no Planeamento Familiar é o de
permitir que a parceira faça uso deses serviços;• As mulheres, por causa dos papéis de género, têm
em geral fraca capacidade de dialogar e negociar o uso de contraceptivos com os parceiros, excepto
se forem mais instruídas e economicamente independentes.3. Implicações políticasO
reconhecimento da necessidade de envolver os homens no Planeamento Familiar tem
implicações sob o ponto de vista das políticas no sector da saúde.Os homens também têm
necessidades de saúde e pouco sabe-se sobre os seus desejos, dúvidas e expectativas, no que
concerne à sua sexualidade e preferências reprodutivas, o que implica criar condições para que
homens e mulheres possam ser atendidos em igualdade de circustâncias, sem nenhuma
discriminação nas Unidades Sanitárias por serem homens e que haja profissionais de saúde
treinados para atender os homens.4. Proposta de recomendaçõesa) A capacitação de homens como
educadores de pares no domínio do Planeamento Familiar para que possam sensibilizar aos demais
sobre a importância do Planeamento Familiar, uma vez que geralmente pessoas do mesmo sexo
têm mais empatia e partilham alguns interesses em comum;b) Introdução de temáticas de género,
Saúde Sexual e Reprodutiva e Planeamento Familiar nos currícula a partir do nível básico de ensino,
por forma a conscientizar os homens ainda em tenra idade, sobre a importância do seu
envolvimento nas questões reprodutivas;c) Criação de Unidades Sanitárias específicas ou de
condições de atendimento exclusivo para o aconselhamento e saúde dos homens, pois, à
semelhança das mulheres, eles também têm as suas dúvidas, anseios, expectativas e receios no que
concerne à saúde no geral, e à Saúde Sexual e Reprodutiva, em espec

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